UKE E TORI
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013 FILIPE LOPES FONSECA
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013
Durante o treino de Karaté existem dois papéis preponderantes de modo que a prática seja feita com honestidade, humildade e segurança. Chamamos a estes papéis, Uke e Tori. O Tori é o praticante que geralmente inicia o ataque de modo a acertar no Uke, completando com sucesso a técnica e proporcionando que este tenha uma melhor oportunidade para aprender, treinar e aperfeiçoar um movimento ou técnica, não contra o UKE, mas sim em prol dele. Quando o Tori, desfere o primeiro ataque, deve fazê-lo com intenção, decisão e com ki-me. Segundo a etiologia da palavra, Tori ( 取り significa "tomar ou escolha", isto é, aquele que executa o exercício (que é a ação). "Tori" é composto por dois kanji :
取 (Toru) , que significa "tomar";
手 (te) , o que significa a mão .
Ao contrário do que se possa pensar, o Tori possui o papel mais dificil, pois tem a tarefa de desferir um ataque honesto para que o Uke possa trabalhar nele. Um ataque honesto é mais do que estender um braço ou perna ou avançar com força e velocidade.
UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 2
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013
O UKE é o "defensor" ou praticante que recebe a técnica do TORI, seja ela um bloqueio, desvio, projecção e aplica a técnica de defesa neutralizando o ataque. Às vezes o Uke é referido como o "invasor", pois em alguns casos, pode iniciar o ataque em primeiro lugar. Segundo a etiologia da palavra, uke ( 受けsignifica "receber ou sofrer" ? ), isto é, aquele que sofre o dano. Num estado superior de concentração, o “Uke” pode não aguardar o ataque do outro, mas antes provocar o ataque - neste caso será mais correcto dizer o contra-ataque - aplicando, numa terceira fase, a técnica de neutralização. Dito de outra maneira este falso "uke" engoda o suposto "tori" de modo a, num terceiro momento, aplicar-lhe a técnica de neutralização. Há uma arte para ser um bom Uke e Tori. Existe uma relação importante entre os dois parceiros. Se um parceiro não executa a sua técnica corretamente, com entusiasmo e da maneira correta, além de não executar bem o exercicio e objectivo proposto, pode levar a lesões. Existem várias características a ter em conta duante um treino: - Agressividade/Decisão O Tori, quando lança o ataque inicial, deve fazê-lo com a intenção, decisão e com ki-me. Isso não significa excessivamente rápido ou difícilitador. Ao realizar o ataque, dá ao Uke uma oportunidade de aprender a técnica. UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 3
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013 O Uke deve estar pronto para defender o Tori e deve fazê-lo com a mesma decisão, timing e velocidade que o Tori. - Ausência de orgulho e ressentimentos/humildade Nunca dar a impressão de que se sabe mais, ou melhor, do que o parceiro com que se está a treinar. É bom ter orgulho em si mesmo, mas não subestimar o seu parceiro. Essa atitude priva-se de aprender algo novo. - Honestidade Deixar o nosso parceiro "sentir" uma boa técnica, dando-lhe um bom ataque. Cada ataque e defesa devem ser feitos com decisão para que se possam treinar todos os movimentos tais como ser projectado, imobilizado, desviado da trajectória. Para isto acontecer é necessário ajustar velocidade e força da técnica com as do parceiro. - Não ser facilitador Um Tori não deve facilitar o Uke, isto é, não deve denunciar ou mostrar como ele pode sair de cada técnica. Devemos proporcionar ao nosso parceiro uma oportunidade de aprender os movimentos, pois ele deve estar concentrado e estar atento a todos os promenores de modo a encontrar uma fragilidade na técnica ou movimento. Isto não quer dizer que não se possa dar um feedback, antes pelo contrário, um bom Tori deixa seu parceiro trabalhar o movimento, mas sempre faz anotações mentais das aberturas e oportunidades.
UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 4
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013
- Interacção entre os parceiros de treino É importante lembrar que ambos os parceiros estão a aprender . O Tori aprende a executar corretamente uma técnica eficaz ao passo que o Uke aprende a inutilizar a técnica do Tori da maneira mais rápida e eficaz. Assim a relação do Uke e Tori é realmente uma parceria, se um deles não faz bem, o outro também não vai treinar bem. - Segurança Deve-se estar sempre ciente do movimento do corpo e da distância do parceiro. O objetivo é não ferir ou lesionar o outro. Cada pessoa precisa estar alerta e concentrado no seu parceiro, bem como do meio ambiente que os rodeia, nomeadamente, outros colegas de treino, espelhos, colunas, etc… O Tori deve estar atento aos sinais do parceiro, se ele demonstra que não tolera mais a dor ou uma imobilização deve respeitar e aliviar de imediato a pressão.
A relação Uke e Tori é muito parecida com uma dança, um toma a iniciativa e o outro acompanha, sempre no mesmo timming. Esta relação inicia-se com uma saudação e acaba com outra, tudo isto tem uma enorme profundidade, um significado de respeito perante o outro.
UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 5
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013
O Uke e o Tori, têm um a mesma missão na prática, que é cooperar estrategicamente
e
fluidamente,
proporcionando
mutuamente,
experiências legitimas e edificantes a si e ao parceiro, de modo a desenvolver o potencial a níveis subtis de emissão e recepção das diferentes energias. Nessa relação, não se quer, nem fugir, nem confrontar o conflito, mas aprender a dissolvê-lo, seguindo com todas as forças de forma madura e humana em direção ao amor e a harmonia. A verdadeira vitoria, é a vitória sobre nós mesmo. Uke e Tori iniciam-se como dois opostos e ao se tornarem plenos em suas naturezas essenciais, harmonizam-se e unificam-se. No treino de karaté, não apenas o Tori, mas juntamente com o uke é que é que é possivel realizar uma técnica pois ambos interajudam-se entre si. Isto porque conseguir realizar a técnica na primeira tentativa é difícil. O tori treina com a reação suave do uke várias vezes seguidas, e assim o tori progride aos poucos para fazer o movimento ideal. Por isso, quero que o Uke tem de se dispor a sentir a técnica do Tori caso não consiga realizar o defesa, de modo também a preparar o corpo para o impacto de uma técnica. Durante o desenvolvimento do praticante, o Uke deve praticar com diversos Toris, pois cada um apresenta velocidade e força diferente que o UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 6
Exame Graduação para 1º DAN 10-06-2013 outro. Como o Uke não existe sem o movimento do Tori, o Uke deve se mover sem travar o movimento do segundo. O uke deve adaptar seu movimento em todos os momentos. Um dos aspectos importantíssimos durante a pratica do treino entre o Uke e o Tori, nunca se deve esquecer das 7 máximas do Karaté, as quais devem estar sempre presentes, tais como: - Oi - Timing - Ma-ai (distância de segurança) - Kimé/Decisão final - Respiração - Reacção/Explosão - Oportunidade
UKE e TORI – Filipe Lopes Fonseca
Página 7