Curso básico de redes - 5 Partes

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Curso básico de redes – parte em 5 Partes Parte 1: Este artigo é uma colaboração do leitor Felipe Alencar, do blog Onisciência. Deseja colaborar também? Envie um e-mail para pauta@guiadopc.com.br.

Introdução Hoje existem dois mundos. O mundo real. E o mundo virtual. Não sei se real é a denominação correta que posso dar ao primeiro, talvez físico seja mais adequado, mas o fato é que esses dois mundos existem e estão cada dia mais interligados! Sei que esse papo é meio filosófico e nos remete a Matrix (que já está fora de moda, o lance agora é A Origem), mas a Internet está cada vez mais presente na vida das pessoas. Muitos não sabem ou não conseguem mais viver sem ela! Mas enquanto muitos batem papo, namoram, fazem putaria, roubam, pirateiam, aprendem (ou se alienam, em alguns casos), poucos sabem como tudo isso é realmente possível. Como que é possível eu baixar músicas que estão em discos rígidos situados em locais que eu não faço a menor idéia de onde estejam!? Como que eu posso imprimir numa impressora que está noutro cômodo!? As possibilidades são praticamente infinitas, mas todas elas existem graças à Internet e às redes! No mundo virtual atendo por O Onisciente, no mundo real me chamo Felipe Alencar e estudo essa nóia toda, dentre outras coisas, e pretendo compartilhar com vocês, do Guia do PC, o pouco conhecimento sobre redes que eu tenho. A partir deste post, inicio uma série, ou um curso, como queiram chamar, sobre esse fascinante mundo de possibilidades praticamente infinitas! E pretendo abordar o tema de uma forma não tão profunda, técnica demais, que se torne chato, mas também não tão básica, que se torne por demasiada simplória. Bom, espero que eu não me empolgue e acerte na dose. Vamos começar com um pouco de história.

Um pouco de história Levando em conta o conceito de redes, a saber, interligar dois dispositivos de forma que eles possam compartilhar informações e serviços, podemos afirmar que as redes de computadores existem há muito tempo, antes mesmo do ENIAC até. Mas as redes como as conhecemos hoje, com seus padrões e diferentes tipos de cabeamento, começaram a tomar forma ainda durante a década de 60, mais especificamente em 1969. Nesse ano surgia a ARPANET (ARPA Network), inicialmente com apenas quatro nós, denominados de SRI, UCLA, UCSB e UTAH, situados respectivamente em Stanford, naUniversidade da Califórnia, na Universidade de Santa Bárbara e na Universidade de Utah e transmitiam a 50 kbps, o que era uma velocidade impressionante para links de longa distância na época. Esta rede era apenas para fins de teste. No entanto, ela foi tão bem implementada e funcionava de maneira tão satisfatória e segura que em apenas quatro anos, em setembro de 1973, ela já interligava trinta instituições, de universidades a empresas e órgãos militares! Abaixo vemos um mapa lógico da rede nesse período:


Ainda nesse ano, 1973, era desenvolvida, pela Xerox, uma importante tecnologia de interconexão para redes locais que futuramente iria se unir a ARPANET. Estou falando da Ethernet, cuja primeira transmissão bem sucedida foi feita nesse mesmo ano. Falarei mais sobre ele daqui a pouco. No ano seguinte, 1974, foi dado origem a dois protocolos importantíssimos! O TCP e o IP, que juntos, se tornaram os protocolos padrão para uso na ARPANET e, posteriormente, na Internet, estando em vigor até hoje. Essa rede possibilitou a vários pesquisadores e técnicos a fantástica oportunidade de compartilharem informações e conhecimento, tendo como resultado o desenvolvimento de tecnologias que usamos até hoje, tais como o e-mail e o FTP, só para citar algumas. A rede aumentou de maneira tal, que já estava se tornando difícil manter e distribuir a lista dos hostsconectados a ela, de modo que na década de 1980 foi criado o DNS (Domain Name System), com o intuito de dar nomes mais “amigáveis” aos hosts conectados na rede. Tal sistema, que só pra constar, faz parte da pilha de protocolos TCP/IP, continua a ser usado até hoje! Como já mencionei, a tecnologia de interconexão para redes locais Ethernet estava sendo desenvolvido pela Xerox. A primeira transmissão ocorreu a 2.94 megabits por segundo. Mas logo essa velocidade aumentou e surgiram as redes de 10 megabits, que foram usadas em larga escala. A partir de então, elas não pararam de evoluir. Originalmente, os projetos ARPANET e Ethernet eram duas coisas distintas. O primeiro interligava servidores entre universidades e o segundo interligava computadores numa rede local. Logo se percebeu que numa rede local todos os computadores poderiam compartilhar a conexão e acessar a internet. Assim, progressivamente, esses dois projetos foram se unindo e tornaram-se o que são hoje: praticamente uma coisa só! É extremamente difícil encontrar um uso para um computador desconectado da grande rede e é mais difícil ainda se deparar com uma rede local onde pelo menos um computador não seja o servidor de internet… enfim, a ARPANET, hoje Internet e a Ethernet caminham juntas, de mãos dadas. Esta foi uma breve história sobre o surgimento das redes, espero que tenham gostado e até o próximopost! Curso básico de redes, ENIAC, Ethernet, ftp, Internet, IP, rede, TCP

Curso básico de redes – parte 2


A evolução do cabeamento Praticamente tudo na informática passou por um processo evolutivo relativamente longo, abrangendo algumas décadas. Com as redes não foi diferente. Vimos isso no post anterior, que mostrou brevemente a história das redes de computadores. Após a implementação bem sucedida da ARPANET e do padrão Ethernet para transmissão de dados numa rede local, o próximo passo seria melhorá-los, naturalmente. Do padrão Ethernet original usado no PARC que transmitia a apenas 2.94 megabits, surgiu o padrão de 10 megabits. Que posteriormente foi substituído pelo padrão de 100 megabits, chamado de Fast Ethernet e pelo de 1000 megabits, o Gigabit Ethernet, mais comumente usados hoje em dia. E como dizia Cazuza, “o tempo não para”, e ele realmente não parou e já temos o padrão 10 Gigabit ou carinhosamente chamado de 10G, que transmite a 10.000 megabits por segundo! Enfim, uma evolução natural que também exigiu o aperfeiçoamento do cabeamento usado nas redes ao longo do tempo. Dos cabos coaxiais aos de fibra óptica, farei uma rápida passagem pela linha do tempo nos cabeamentos de rede. Tudo começou com aquele primeiro padrão a ser usado em larga escala, o de 10 megabits, também chamados de 10BASE-5. Ele usava um único cabo coaxial grosso e pouco flexível, chamado de thicknet, que interligava todas as estações de trabalho. Esse cabo era ligado num transceptor que ainda possuía um conector AUI de 15 pinos, interligando o transceptor à placa de rede. Com uma imagem fica mais fácil de entender:

Pois é, assim vocês já podem imaginar o incômodo que era essas redes. Não eram nada práticas! Assim, foi desenvolvido o padrão 10BASE-2, que ficou conhecido como thinnet. Era chamado assim por


que o fio usado era mais fino que no padrão anterior, por isso thin, que significa “fino”, diferindo do thick, que significa “grosso”. E já que estou falando de nomenclaturas, vou explicar o porquê do 10BASE-5 e 10BASE-2. Esse nome é, na verdade, a junção de três informações: o 10 diz respeito à taxa de transmissão, 10 megabits; o BASE é a abreviação de baseband modulation, indicando que o sinal já era transmitido de forma digital, sem a necessidade do uso de modems, como o sistema telefônico e, por fim, o número no final indica a distância máxima alcançada pelo sinal. No caso de 10BASE-5, o alcance máximo do cabo é de 500 metros, enquanto que no 10BASE-2 o cabo transmite o sinal a até 185 metros, é que eles arredondaram. Com as nomenclaturas devidamente explicadas, continuemos… As redes thinnet, configurando o padrão 10BASE-2, apesar de terem um alcance menor, eram mais práticas e, portanto, mais fáceis de trabalhar. Além de serem mais baratas. O seu cabo mais fino, o RG58/U era mais flexível e aquele transceptor gigante das redes 10BASE-5 foi miniatuarizado e movido para dentro da placa de rede. As estações de trabalho eram interligadas umas as outras através dos cabos conectados em forma de “T”, como na imagem:

Esse terminador (terminator) que você vê na segunda imagem, era usado nas extremidades da rede, para que o sinal não voltasse em forma de interferência. Apesar de mais prática e mais barata, as redes10BASE-2 ainda eram muito suscetíveis a falhas, como, por exemplo, se um cabo fosse desconectado ou rompesse, toda a rede saia do ar, e como não havia LEDs indicadores de conexão, era muito trabalhoso identificar onde estava o problema na rede. A evolução continuou e logo vieram os padrões de 100 e 1000 megabits, que ao invés de cabos coaxiais, utilizavam cabos de par trançado. Estes, ainda mais finos, ainda mais flexíveis, ainda mais baratos e têm um alcance ainda mais curto! De apenas 100 metros. Existem várias categorias deles e todos possuem um uso específico. A principal vantagem deles em relação aos cabos coaxiais é o suporte de maiores velocidades, inclusive ao novíssimo padrão de 10 Gigabits!


Cabos de Par Trançado

A evolução natural deles são os cabos de fibra óptica, que como vocês já podem imaginar, são ainda mais finos, ainda mais flexíveis, suportam velocidades ainda mais altas e não, não têm um alcance menor. Eles podem transmitir a até 2 Km! E usando-se repetidores de sinal, a distância se torna ilimitada. Seu custo ainda é alto, o que, na minha opinião, é o fator principal deles não terem se popularizado ainda. Os cabos de fibra óptica são mais usados na criação de backbones que interligam os principais roteadores da internet.

Cabos de Fibra Óptica

Por que não falar também das redes wireless e seus primórdios? Apesar delas não usarem cabos, elas se valem de um meio de transmissão comum, o ar. E elas também passaram por uma evolução e aperfeiçoamento. Acredito que assim como eu, vossas senhorias ficarão impressionados com a origem desta modalidade de acesso à grande rede. A primeira rede wireless, acredite se quiser, foi montada em 1970! Exatamente! Quase que concomitantemente com a primeira rede cabeada! Ela foi feita pela ALOHAnet e interligava computadores no campus da Universidade do Havaí, que se encontravam em ilhas diferentes. Usando tecnologia de rádio amador, os sinais eram mandados para um transmissor central que retransmitia a mensagem aos demais computadores conectados.

AAAHHH MULEEEEQUE!!!

Até a história do engenheiro que desenvolveu a primeira rede wireless é curiosa. O nome dele é Norm Abramson e ele ensinava engenharia na faculdade de Stanford. Só que o cara curtia muito o surf, e ligou para a Universidade do Havaí perguntando se eles não estavam precisando de um professor de engenharia por lá… Em 1969 ele se muda e em 1970 funda a ALOHAnet, interligando os computadores


entre as ilhas, e em 1971 recebe um terminal IMP para conectar sua rede wireless a recém-fundada ARPANET! Virei fã desse cara! Hoje, 40 anos depois da ALOHAnet, as redes wireless já conseguem transmitir (teoricamente) a até 300 megabits, com o padrão 802.11n e estão cada dia mais populares! Além dos tipos de cabeamentos usados, diversos padrões regem esse fantástico mundo das redes. Falarei sobre eles no próximo post. Até lá! Curso básico de redes, Ethernet, Internet, rede, wireless

Curso básico de redes – parte 3 Padrões Ethernet Em tudo na vida é preciso um determinado grau de organização, uma padronização para que tudo flua normalmente. Isso é especialmente verdade e imprescindível no que tange à tecnologia, que não vive sem padrões. E com as redes não poderia ser diferente! Existe uma diversidade de padrões que regulam e definem em detalhes como os dados são organizados e então transmitidos. O órgão responsável por desenvolver tais padrões é o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), que além dos padrões de rede, desenvolve inúmeros outros, dedicados a comunicação, eletricidade e tecnologia como um todo. O IEEE é dividido em grupos de trabalho. O grupo responsável pelos padrões de rede é nomeado de IEEE 802 LAN/MAN Standards Committee, e este grupo, por sua vez, é subdivido em grupos de trabalho menores que recebem números sequenciais. Dentre estes, os mais importantes são o: 802.3; 802.11; 802.15.1; 802.16. Vamos conhecê-los brevemente: • 802.3: é o responsável por padronizar as redes Ethernet cabeadas, além de desenvolver os algoritmos para detecção de colisões, correção de erros e “otras cositas mas”. Existem diversos padrões. Já citamos os 10BASE-5, 10BASE-2, que utilizam cabos coaxiais, mas há também o 10BASE-T, que é o padrão para cabos de par trançado; o 100BASE-T e o 1000BASE-T para as redes de 100 e 1000 megabits. Sem falar nos padrões envolvendo os cabos de fibra óptica. Enfim, o grupo 802.3 é o responsável por aumentar o número de fios atrás de nossas mesas! • 802.11: pode ser que a maioria já o conheça. Este grupo desenvolve padrões para as redeswireless. Dentre eles, destacarei os: 802.11b; 802.11a; 802.11g; 802.11i e o 802.11n. O 802.11btrabalha a apenas 11 megabits e numa frequência de 2.4 GHz. O 802.11a, que surgiu depois do “b”, já é mais rápido, trabalhando a 54 megabits e dentro de uma frequência mais alta, de 5 GHz. Devido a isso, o seu raio de alcance é menor, mas em compensação, é mais resistente a interferências. O 802.11g uniu o melhor dos dois mundos, operando a 54 megabits e na faixa de frequência de 2.4 GHz, mantendo o alcance inicial e a compatibilidade com o padrão 802.11b. Mas agora temos o 802.11n, que opera a até 300 megabits e permite escolher a frequência em que ele irá trabalhar, tanto 2.4 GHz como 5 GHz. Já o 802.11i tem que ver com outra atribuição tão ou até mais importante que as demais. Ele dita os padrões de segurança das redes wireless. Como qualquer um pode interceptar o sinal emitido pelas redes sem fio, a única forma de proteger os dados que trafegam por elas é encriptando-os. É aí que entra o padrão de encriptação WPA e WPA2, trazidos pelo 802.11i. • 802.15.1: Esse grupo é responsável pelo nosso velho conhecido Bluetooth, que também é considerado uma forma de rede sem fio, porém de menor porte e alcance. A grande vantagem dele é consumir pouca energia, podendo ser usado em dispositivos portáteis, tais como celulares. • 802.16: Ele também é um padrão de rede wireless, tal como o 802.11, porém com uma diferença: ele regula redes de longas distâncias, enquanto o anterior apenas no âmbito doméstico. Sabe as atuais redes 3G? Pois é, são regidas por esse padrão. E provavelmente essas redes sejam substituídas pelo padrão WiMAX, um forte candidato a desbancar as redes 3G e fornecer acesso àweb nas grande cidades. Bom, caso vocês queiram ler os textos técnicos da própria IEEE, basta acessar este link. Embora oEthernet seja o padrão dominante hoje em dia, sem praticamente nenhum concorrente, no passado não foi assim. No próximo post apresentarei a vocês os antigos rivais das redes Ethernet. Até lá! bluetooth, Curso básico de redes, Ethernet, IEEE, Internet, rede, wireless, WPA

Os finados rivais do Ethernet


O Ethernet, com seus diversos padrões, hoje domina absoluto no universo das redes locais. Eles são baratos, são rápidos, são flexíveis, é um padrão aberto, atendem às mais diversas necessidades… enfim, eles são tão eficientes que é difícil imaginar que alguma empresa ouse criar um padrão proprietário para competir de frente com o Ethernet. Sim, podemos dizer que a hegemonia no mundo das redes locais pertence aos padrões Ethernet por tempo indeterminado. Mas nem sempre foi assim. Logo nos primórdios, padrões proprietários ameaçavam tirar a Ethernet do mercado. Vocês conhecerão hoje os finados rivais do padrão Ethernet. O ARCNET e o Token Ring.

ARCNET Desenvolvido em 1976 e chegando ao mercado em 1977, o padrão proprietário ARCNET disputava diretamente com os padrões 10BASE-5 e 10BASE-2 do Ethernet. Suas principais vantagens em relação ao seu rival foi o custo, que no início era relativamente mais baixo e seu alcance. Os cabos coaxiais RG62/U, usados pelo ARCNET, podiam ser usados a até 610 metros, enquanto que os usados no padrão 10BASE-5 chegavam no máximo a 500 metros. Além disso, tinha toda a questão da praticidade, já que comovimos anteriormente, o 10BASE-5 era chato de se trabalhar e nada prático. Devido a isso, o ARCNETconseguiu se tornar mais popular que o Ethernet. Não obstante, ele também tinha os seus problemas. A taxa de transmissão era muito baixa, de apenas 2.5 megabits. Até mesmo o protótipo do Ethernet transmitia mais rápido, a 2.94 megabits! Além disso, por ser um padrão proprietário, a quantidade de fabricantes produzindo placas ARCNET era limitado e os preços não caiam na mesma velocidade que das placas Ethernet. Ao perceberem que o padrão aberto estava sendo mais aceito e adotado, eles posteriormente abriram o padrão e originou o ANSI ARCNET 878.1, o que trouxe mais opções de cabeamento, inclusive cabos de par trançado, e mais fabricantes produzindo as placas. Além disso, eles aumentaram a taxa de transmissão para 20 megabits em 1999, com o ARCNET Plus, mas já era tarde demais, as placas Ethernetjá estavam bastante acessíveis, o padrão já era mais flexível com o uso de cabos de par trançado e a taxa de transmissão era de 100 megabits desde 1995. Assim, o ARCNET não resistiu e acabou perecendo.

Placa ARCNET ISA

Token Ring O Token Ring surgiu um pouco depois, em meados dos anos 1980, e foi desenvolvido pela gigante IBM. Ela chegou a investir maciçamente no padrão, levando-o ao topo no âmbito corporativo! Ele já utilizava cabos de par trançado e a ligação entre as estações era feita através de um hub, chamado de MAU(Media Access Unit) ou ainda de MSAU (Multistation Access Unit). Cada MAU possui tipicamente 10 portas, sendo que 08 eram para a ligação com as estações e as outras 02 para serem usadas com outros MAUs.


Um MAU típico

Outra diferença em relação ao padrão Ethernet era que apesar de usarem cabos de par trançado, o padrão da IBM optou por usar blindagem nos cabos e um conector diferenciado, chamado de IBM Data Connector, que era bastante grande, medindo 3 x 3 cm. A blindagem, juntamente com o tipo diferente de conector, tornaram o cabo bem grosso.

IBM Data Connector

Qual era a vantagem do Token Ring em cima do padrão Ethernet? O seu trunfo não residia na velocidade de transmissão, que era baixa, de apenas 4 megabits, residia num recurso que dava nome ao padrão, o token. Como funcionava? Como os MAUs eram dispositivos burros, ou seja, apenas retransmitiam os pacotes para todas as estações, o risco de colisão de dados era muito grande. Para evitar esse incômodo, foi criado o sistema de token, que consistia em um frame de 3 bytes que era continuamente enviado de uma estação para outra. Quando uma máquina queria transmitir alguma informação, ela esperava a chegada do token, quando ele chegava, a estação sabia que podia transmitir, então enviava um pacote de dados à estação seguinte e logo em seguida um novo token. Se ela tivesse mais pacotes para enviar, esperaria a estação seguinte receber o token para só então enviar mais um novo pacote e assim sucessivamente. Isso melhorava consideravelmente o desempenho da rede. Mas isso trazia uma lado negativo junto. Apesar de evitar as colisões, o token aumentava a latência das transmissões. Por conta disso, as redes Ethernet, mesmo com as colisões, conseguia ser mais rápida que as Token Ring na força bruta, já que elas transmitiam a 10 megabits. Em 1989 a IBM aumentou a taxa de transmissão de seu padrão para 16 megabits, tornando-o significativamente mais rápido que as redes Ethernet. No entanto, depois da chegada do padrão10BASE-T, que usava cabos de par trançado, as redes Token Ring foram perdendo espaço, já que era mais barato montar uma rede no novo padrão Ethernet. E com a introdução do padrão 100BASE-T que, além de usar cabos de par trançado transmitia a 100 megabits, o padrão da IBM rapidamente entrou em extinção.


Tanto é que hoje, muito pouco ouvimos falar de redes Token Ring ou mesmo ARCNET, se é que ouvimos falar! Desapareceram para nunca mais voltar! Na maioria dos casos, o padrão aberto prevalece em face dos proprietários. Foi assim com as redes, foi assim com os protocolos de transmissão, foi assim com o PC, mas claro, sempre há exceções. ARCNET, Curso básico de redes, Ethernet, Internet, rede, Token Ring

Curso básico de redes – parte 5 Modelo OSI – uma breve explicação Não canso de afirmar que o assunto redes é algo fascinante. O número de possibilidades que se consegue interligando computadores é espantoso! Mas mais fascinante ainda é entender como tudo isso funciona, como tudo isso trabalha! A ISO (International Organization for Standardization Tabajara), uma entidade que reúne os grêmios de padronização/normalização de vários países, desenvolveu um padrão, ou modelo, para a conexão de computadores. É o famoso e tão falado Modelo OSI, que divide a rede em sete camadas e explica como essa “mágica” acontece. Existem muitos livros, cursos e metodologias que se destinam a explicar o modelo OSI das mais variadas formas. Alguns começam de baixo, explicando a camada física, que contém os cabos, outros já começam de cima, da aplicação ou do software que está solicitando dados da rede, enfim, da minha parte, tentarei ser o mais didático e claro possível na minha explanação, não fazendo confusão com algo que em si é simples. O modelo OSI (Open Systems Interconnection – Interconexão de Sistemas Abertos) divide a rede em sete camadas, são elas: 7. Aplicação; 6. Apresentação; 5. Sessão; 4. Transporte; 3. Camada de Rede; 2. Link de Dados; 1. Camada Física. Explicarei usando um exemplo prático. Imagine que você abra o navegador e acesse o endereço http://www.guiadopc.com.br. Estamos na camada 7 (Aplicação), onde o navegador, no caso o Opera, faz o papel do aplicativo que necessita acessar arquivos da rede. O Opera solicita os arquivos necessários ao sistema operacional que, por sua vez, abre uma Sessão, sim, esta é a camada 5. Por que eu pulei a camada 6? Por que ela não é obrigatória em todos os casos, não é usada sempre. Mas ela funciona mais ou menos como uma camada adicional, quando é necessário fazer algum trabalho extra, como, por exemplo, criptografar dados a fim de aumentar a segurança. Bem, continuando… O sistema operacional, após receber a solicitação do navegador, abre uma Sessão (Camada 5), que só é fechada quando o aplicativo recebe todos os dados solicitados. É nessa camada que o S.O verifica os arquivos recebidos, solicita retransmissões em caso de perda de pacotes ou reporta algum tipo de erro que esteja impossibilitando o recebimento dos dados.


Após verificar o endereço IP do site, o protocolo que será usado e outros detalhes, o S.O transforma a requisição feita pelo aplicativo, no caso o navegador, num pacote de dados. Isso acontece no quarta camada, a de Transporte, onde entra em cena o protocolo TCP (Transmission Control Protocol). Algo muito importante e que deve ser entendido perfeitamente, é que as camadas 4 e 3 trabalham em conjunto. Na camada 4 temos a atuação do protocolo TCP, enquanto que na camada 3 vemos a figura do protocolo IP entrar em ação. Explicando de forma genérica, o sistema operacional precisa enviar o pedido feito pelo navegador para o servidor onde o Guia do PC está hospedado. Para isso, o protocolo TCP transforma a requisição num pacote e o protocolo IP endereça esse pacote para o servidor do Guia do PC. Abaixo temos uma imagem ilustrando esse conceito:

Em um pacote TCP/IP, temos no máximo 1500 bytes. Destes, 40 bytes se destinam aos cabeçalhos TCP e IP. No cabeçalho TCP temos o número da porta de origem e número da porta de destino, no cabeçalho IP temos o número do IP de origem e o número do IP de destino, além de códigos de verificação, número do pacote, espaço para inclusão de opções etc… Assim sendo, dos 40 bytes reservados aos cabeçalhos, 20 dizem respeito ao TCP e os outros 20 se referem ao IP. Os 1460 bytes restantes são para o conteúdo do pacote.

É importante ressaltar que muito embora o TCP e o IP sejam dois protocolos distintos, eles têm íntima ligação, trabalhando em conjunto. Por isso que eles são chamados de uma forma que dá a entender que são um protocolo só, o TCP/IP. Ok, depois de ter criado o pacote e o endereçado corretamente, ele já está pronto para ser encaminhado ao servidor. Chegamos então à camada 2 (Link de Dados), onde nos deparamos com as placas de rede e switches. Ao receber os pacotes TCP/IP, a placa de rede não entende p**** nenhuma de tudo aquilo! Ela não entende TCP, ela não entende endereçamento IP, então, o que que ela vai fazer com isso tudo!? Ela vai trabalhar de acordo com aquilo que ela entende, que são endereços MAC. Endereços MAC nada mais são dos que os endereços físicos das placas de rede. Eles são únicos para cada placa e atribuidos ainda em fábrica, gravados na ROM. Em tese, cada placa de rede deve ter o seu endereço MAC que, por suas vez, não deve ser igual a nenhum outro. Eles são compostos por 48 bits (6 bytes) representados por 12 dígitos hexadecimais. Um exemplo de um endereço MAC: 00:10:50:4B:6D:80. Então, a nossa querida placa de rede transforma o pacote TCP/IP num frame Ethernet, contendo o endereço MAC de origem e o de destino. Bom, vamos de imagem que fica mais fácil de entender:


Este é o frame ethernet já completo. Aqueles 8 bytes lá no canto esquerdo, é um preâmbulo e uma sequência de inicialização que avisa aos outros micros da rede que uma transmissão está prestes a começar. Ele é descartado pelas placas de rede. Aí temos o cabeçalho MAC, formado por 14 bytes, que diz o endereço MAC de origem e o de destino, além do tipo de dados. No campo de Dados está o pacote TCP/IP cuja estrutura já vimos mais acima e por fim, 4 bytes de CRC, que as placas de rede usam para checar a integridade do frame depois temos o citoplasma, as mitocôndrias…. Após essa burocracia toda, finalmente chegamos até a camada 1 (Camada Física), representada pelos próprios cabos responsáveis de levar as informações de um canto a outro. Podem ser cabos de par trançado, cabos de fibra óptica, sinais de rádio das redes wireless, enfim, qualquer que seja o meio usado para o transporte dessas informações. Finalmente os dados são enviados ao servidor do Guia do PC, que responderá à requisição enviando os arquivos solicitados de volta, nos possibilitando acessar a página. Interessante salientar, também, a posição dos dispositivos usados nas redes dentro do modelo OSI e como isso nos ajuda a entender as suas funções. Por exemplo, os cabos atuam na camada 1, apenas fazendo o transporte dos bits, mas também temos a figura dos antigos hubs, chamados de burros, já que eles apenas retransmitiam as informações, sem entender absolutamente nada daquilo! Na camada 2, além das placas de redes, vemos o switch atuar nessa área, já que ele entende endereços MAC e é capaz de “fechar circuitos” entre dois computadores. E na camada 3, temos o roteador, que já entende endereços IP e descarta o frame ethernet com os endereços MAC. Para ficar mais fácil de entender, elaborei uma tabela com os integrantes de cada camada:

Este é o Modelo OSI e suas sete camadas, juntamente com a forma de atuação de cada uma delas. Como eu disse, seria apenas uma breve explicação, é claro que existem inúmeros outros detalhes que eu não abordei neste texto em prol da brevidade e para que todos pudessem ter uma visão geral de como funciona esse modelo. Mas a rede explica a rede, vocês têm todo o material do mundo à sua disposição, basta ter interesse em procurá-lo na grande rede. Espero que eu tenha feito bem minha parte e vocês tenham gostado e, principalmente, entendido esta explanação. Até a próxima!


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