Jornal Cocamar

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205,7 sacas de soja por alqueire. Seu Ricardo não é fraco não. Página 2

IZAÍAS De novo ele é o campeão do Concurso de Produtividade de Citrus. Página 3

Conheça, nas páginas 8 e 9, as mais recentes novidades na linha de café e bebidas a base de soja da Cocamar

O que eles têm a dizer sobre os desafios do agronegócio SILVIO CRESTANI NORBERTO ORTIGARA RUBENS NIEDERHEITMANN JOÃO PAULO KOSLOVSKI ANTONIO POLONI Confira nas páginas 12/13

GREENING, SÓ COM MANEJO RACIONAL Infestação no noroeste é de apenas 0,03%; em SP, de quase 2% Se os produtores de laranja do noroeste paranaense continuarem cuidando dos seus pomares da maneira como vêm fazendo, o greening vai encontrar dificuldade para disseminar-se e a citricultura continuará crescendo de forma sustentável. Para o especialista Renato Bassanezi, do Fundecitrus, que participou do Encontro

Para a pequena propriedade, o café é a melhor opção, mas tem que ser conduzido de forma empresarial” ANTO NIO LAV ANHO LI, ANT ONIO de Cianorte. Ele investiu R$ 37 mil para mecanizar o cafezal e mais R$ 30 mil em um secador. Calcula o retorno em dois anos

de Produtores de Citrus organizado no último dia 19 pela Cocamar, o Paraná é um modelo a ser seguido. Aqui, a infestação do greening – pior doença da laranja, ainda sem tratamento, é de 0,03%, contra quase 2% de pomares infectados no Estado de São Paulo. Na Flórida, não há controle sobre a enfermidade. Página 3

Parceria com o Rabobank deixa o Sistema Sicredi ‘ainda mais forte’ A parceria aprovada recentemente pela presidente Dilma Rousseff entre o Banco Cooperativo Sicredi e o holandês Rabobank, um dos maiores bancos de crédito cooperativo do mundo, abre perspectivas para que a instituição brasileira “fique ainda mais forte”, segundo avalia o presidente da Sicredi União, Wellington Ferreira. O Rabobank adquiriu 30% de participação no Banco Sicredi, fundado em 1996, o que significa um aporte de R$ 100

milhões no capital deste. Mais do que “um marco histórico”, a aproximação do Sicredi com o Rabobank revela, na visão do presidente, como o mercado internacional está vendo esse sistema de crédito cooperativo brasileiro. “O Rabobank se sentiu atraído pela solidez e a maneira sistêmica de atuar do Sicredi, que assim passa a ter uma nova dimensão”, cita Ferreira, resumindo: “ele vem para ser nosso parceiro”.

O Rabobank deverá colocar toda a sua ‘expertise’ a serviço do Sistema Sicredi. Vamos agregar novos conhecimentos que se transformarão em mais serviços e oportunidades” WELLINGTON FERREIRA, presidente da Sicredi União


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SAFRA 2010/11

A agricultura brasileira e os Dolfini: cada um tem o seu recorde Enquanto o país anuncia a maior safra de grãos de sua história, ao redor de 160 milhões de toneladas, os Dolfini são o destaque da Coodetec: em 5 alqueires, média de 205,7 sacas - e nunca produziram tanto! Da Redação

É

muita coisa. Nos últimos dias, o oitavo levantamento da safra 2010/11, realizado pelo Ministério da Agricultura, apontou para um volume de produção além do esperado pelos especialistas: 160 milhões de toneladas. São 10 milhões de toneladas a mais que o colhido na safra anterior. O acréscimo de apenas 3,9% na área cultivada (1,84 milhão de hectares a mais que o utilizado no ciclo 2009/2010) retrata a eficiência produtiva do país e de agricultores como Ricardo Dolfini, que tem propriedade no município de Floresta, pertinho de Maringá. Dolfini não é fraco não. Com

a ajuda dos filhos Humberto e Ricardinho, ele cultiva 170 alqueires. Na recente safra, o agricultor produziu tanta soja que até virou garoto propaganda da Coodetec – a cooperativa central de pesquisa e produção de sementes que pertence a 34 cooperativas brasileiras, entre elas a Cocamar. E foi merecido. A família semeou cinco variedades. A soja que mais chamou a atenção e agradou os Dolfini foi a CD 250RR-STS. Acredite: eles colheram 85 sacas por hectare, o que dá 205,7 por alqueire. “Gostei muito dessa soja, tanto pelo potencial produtivo quanto pelo ciclo”, declarou o pai.

A lavoura dos Dolfini agora está coberta de milho. Entre os híbridos escolhidos, também tem semente CD. O técnico agrícola da Cocamar de Floresta, Robson Fabro Arrias, destacou que Ricardo Dolfini é um excelente produtor. “Agricultor caprichoso, que segue as recomendações técnicas. Ele sabe que precisa investir para garantir o retorno e gosta das novidades.”

A lavoura de CD 316 está muito bonita. Tenho apoio técnico da Cocamar e da Coodetec” RICARDO DOLFINI

O Brasil está produzindo neste ano 10 milhões de toneladas de grãos a mais que no último ciclo. O crescimento é de 7% para um aumento de área cultivada que não chega a 4%. Na foto ao lado, a família Dolfini – Humberto, o pai e Ricardinho – com o técnico da Coodetec, Aurélio Prosdócimo

Percebemos um crescimento bastante acentuado na produção agrícola brasileira. Só nos últimos dez anos, o mundo consumiu 70 milhões de toneladas a mais do que produziu. Se conseguirmos resolver problemas de infraestrutura e de investimento, teremos grandes perspectivas para a produção agrícola brasileira” EDILSON GUIMARÃES, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura

Biotecnologia é a saída, diz relatório global A mais recente edição do Relatório Global sobre o Uso de Sementes Geneticamente Modificadas (GM), elaborada pela consultoria PG Economics, do Reino Unido, e referente ao período 1996-2009, reafirmou que a biotecnologia contribui para a segurança alimentar e a produção global de alimentos. Nesse período, além dos notáveis benefícios

econômicos, houve aumento significativo na renda dos produtores. Além disso, a adoção de sementes GM na agricultura favoreceu a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e diminuiu consideravelmente a pulverização das lavouras com agroquímicos. BENEFÍCIOS - "A tecnologia é importante para aumentar a produtividade das culturas, reduzir os riscos e elevar a produção global de culturas-chave, como milho, soja e algodão", afirma Graham Brookes, diretor da PG Economics. Os benefícios econômicos líquidos ficaram em US$10,8 bilhões, em 2009, e US$64,7 bilhões no período de 14 anos (1996 - 2009). O relatório mostrou que a renda do produtor mundial de cultivos GM atingiu 57% desse total - o equivalente a US$ 36,6 milhões - e resultou de redução dos custos de produção associados a ganhos de produtividade.

MENOS ÁREA - Desde 1996, os cultivos mundiais de soja GM somaram 83,5 milhões de toneladas, enquanto os de milho chegaram a 130,5 milhões de toneladas. A biotecnologia também contribuiu para um acréscimo de 10,5 milhões de toneladas na produção de algodão em pluma e de 5,5 milhões de toneladas na de canola. "Se a tecnologia GM não tivesse sido oferecida aos 14 milhões de agricultores em todo o mundo, teria sido necessário um acréscimo de 3,8 milhões de hectares para o plantio de soja, 5,6 milhões de hectares para o de milho, 2,6 milhões de hectares para o de algodão e 0,3 milhões de hectares para o cultivo de canola", comentou Brookes. Tal montante de área, ou seja, 12,3 milhões de hectares, demandados para o cultivo desses alimentos, representa o equivalente a cerca de 7% da terra fértil nos EUA ou a 24% da terra cultivável no Brasil.


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LARANJA

Indústria de Sucos Concentrados da Cocamar recebe prêmio nacional Unidade foi distinguida pela JBT/FMC como “Indústria Padrão no Brasil” em seu segmento; avaliação, que compreendeu todo o parque citrícola do país, é feita anualmente Rogério Recco

L

ocalizada em Paranavaí (PR), a Indústria de Sucos Concentrados da Cocamar acaba de ser distinguida com o prêmio de “Indústria Padrão no Brasil” em seu setor, confepela empresa rido JBT/FMC. Referente ao ano de 2010, é o mais importante reconhecimento da indústria citrícola do país. Para isso, uma equipe de especialistas avalia todo o parque processador de laranja no Brasil, analisando quesitos como eficiência de extração, produtividade, segurança ocupacional, organização, política de manutenção, limpeza e higiene, entre outros. A conquista do prêmio, simbolizado por um troféu transitório que fica um ano em poder da empresa ga-

nhadora, foi comunicada nos últimos dias pelo gerente geral da JBT/FMC na América do Sul, Paulo Barros, ao gerente industrial da unidade da cooperativa, Antonio Ailton Basso, o Tuna. De capital norte-americano, a JBT/FMC é uma corporação multinacional que detém os equipamentos de extração das indústrias, que os contratam por meio de leasing. Sua sede brasileira fica em Araraquara (SP). Segundo Tuna, o reconhecimento é atribuído anualmente a uma indústria e também à equipe da própria JBT/FMC que está envolvida com ela. E destaca: a eficiência de extração da unidade da Cocamar atingiu 94% em 2010 para uma média em indústrias brasileiras de 85%.

Acima, fachada da indústria, que fica às margens da BR-376, na saída para Maringá; à direita, o gerente industrial Tuna com o troféu: reconhecimento é o mais importante do setor

É um prêmio que demonstra o alto nível de qualificação da nossa indústria” A NTONIO ILT ON BA SSO, ANTO NIO A AILTON BASSO,

19 hectares com pomares. O produtor integra uma categoria intermediária, com áreas de 15,1 a 40 hectares. Em segundo lugar ficou Cecília Barros de Melo Falavigna, de Maringá, com média de 1.065 caixas em 29 hectares; na terceira colocação, Álvaro Damião, de Floraí, com 967 caixas em 35 hectares. Na faixa acima de 40 hectares, o primeiro e o segundo lugares couberam a dois pro-

milhões de caixas é a capacidade industrial. Neste ano devem ser processadas 4 milhões de caixas

13,8 mil hectares é a área cultivada: 7,8 mil no noroeste e 6,0 mil na região de Londrina

O TUNA, gerente industrial

Os vencedores do Concurso de Produtividade 2010/11 Durante o Encontro de Produtores de Citrus realizado pela Cocamar no último dia 19 em Paranavaí, foram divulgados os vencedores da edição 2010/11 do Concurso de Produtividade de Citrus. Considerando três categorias divididas por tamanho da propriedade, o campeão geral, com média de 1,412 caixas, foi Izaías Schelive, morador no município de Presidente Castelo Branco. Schelive, que já foi vencedor em outras edições do concurso, cultiva

7,2

dutores de Nova Esperança: Takeo Ninomiya e Celso Carlos dos Santos Júnior. Com 54 hectares de pomares, Ninomiya obteve média de 1.049 caixas, enquanto Júnior, que é dono de 58 hectares, garantiu 996. Em terceiro, Edilson Fernandes Lopes, de Paranavaí: com 56 hectares, ele colheu a média de 823 caixas. Como acontece todos os anos, o técnico premiado desta vez foi o engenheiro agrônomo Júlio Antonio da Costa Daniel.

Na categoria até 15 hectares, o primeiro foi Geraldo Aparecido Genovês: em 14 hectares de pomares, média de 1.153 caixas. Por sua vez, Augusta Frasson Ortiz, de Paranavaí, ficou em segundo, com 1.086 caixas de média em 8 hectares. Terceiro colocado, Tatsugi Sugawara, de Nova Londrina, conseguiu média de 1.045 caixas em 6 hectares. Menor produtor entre os classificados, Sugawara conta que lida há 8 anos com laranja, sendo atendido pelo técnico Joacir de Souza. O pomar ocupa o espaço que antes pertencia ao café. “A citricultura é uma forma de diversificar”, diz Sugawara, também pecuarista de corte em seu município.

Dirigentes, produtores premiados e familiares durante o Encontro de Produtores de Citrus promovido no dia 19

Manejo racional é essencial O especialista Renato Bassanezi, da Fundecitrus, afirmou durante sua palestra no Encontro de Produtores de Citrus promovido pela Cocamar no último dia 19 em Paranavaí, que o manejo racional do greening é essencial para manter a doença sob relativo controle. Segundo ele, ao eliminar plantas doentes e combater o vetor, o produtor “tem grande efeito sobre a doença e isto é suficiente para viabilizar o pomar, reduzir custos e manter a produtividade em crescimento”. Ele elogiou a boa situação dos pomares na região da Cocamar, onde o greening está presente em apenas 0,03% dos cultivos. No Estado de São Paulo, já são quase 2% de pomares infestados. “O Paraná precisa ser mantido neste padrão atraente”, disse. NA FLÓRIDA - Vai faltar suco de laranja no mercado internacional e o preço da fruta deve permanecer em patamares atraentes por vários anos. “Este é o momento de o produtor plantar”, afirma Leandro Cezar Teixeira, coordenador técnico de Culturas Perenes da cooperativa, que organizou o Encontro. No início de maio ele visitou regiões citrícolas da Flórida (EUA), o segundo maior produtor de laranja do mundo, depois do Estado de São Paulo.

O especialista Renato Bassanezi De uma produção de mais de 200 milhões de caixas por ano, a Flórida caiu para 140 milhões e deve reduzir ainda mais, segundo projeção feita pelos produtores e entidades locais. “Eles perderam o controle sobre o greening e o setor está muito preocupado porque não vê solução a curto ou médio prazo”, diz Leandro. Em 2009, 8% das plantas estavam doentes, em 2010 esse percentual subiu para 18% e este ano deve fechar entre 25% e 35%. O coordenador técnico explica: os produtores só têm feito o controle intensivo do inseto transmissor (psilideo), o que aumenta consideravelmente o custo de produção, mas não resolve o problema. Não há vistorias e muito menos erradicação das plantas doentes.


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OPINIÃO

Momento propício para reformar o crédito rural O Manual de Crédito Rural, em vigor desde 1965, nunca teve uma revisão geral de suas normas A necessária reforma das regras do crédito rural, em preparação final no Ministério da Fazenda, será essencial para ajudar o país as repetidas rolagens e pedrões de dívidas rurais, um anacronismo infelizmente transformado em tradição no campo brasileiro. Mais do que um instrumento de estímulo à produção de alimentos e controle da inflação, o que já seria fundamental ao planejamento do país, a revisão das normas do Manual de Crédito Rural (MCR) deve permitir um rearranjo nas finanças do setor. É preciso, a partir da incorporação dos novos conceitos embutidos na reforma do MCR, avançar na sustentabilidade da agropecuária. Limites de créditos maiores, menos burocracia bancária, sustentação de preços no auge das safras, incentivos ao cooperativismo de crédito e mais transparência com o dinheiro subsidiado pelo Tesouro Nacional denotam a necessidade de simplificação e garantia às operações de crédito rural. O momento de bonança no campo brasileiro é uma rara chance para “arrumar a casa”. Talvez, a primeira nas últimas três décadas. E parece que parte dos produtores está realmente atenta ao novo momento. A baixa inadimplência do setor, a menor da última década, segundo o BB, dá sinais animadores ao conjunto da sociedade.

A “descomotização” da política agrícola é bem-vinda, já que auxilia os esforços oficiais para estabilizar preços e garantir crescimento sustentado Da mesma forma, a destinação de recursos a juros baixos deve permitir aos produtores de alimentos básicos, como arroz, feijão, carnes, frutas e hortigranjeiros, elevar a oferta e garantir o abastecimento interno no longo prazo. Isso é algo plenamente possível em um país de exuberantes recursos naturais. Nesse sentido, a “descomotização” da política agrícola também é bem-vinda, já que auxilia os esforços oficiais para estabilizar preços e garantir crescimento sustentado. Mas isso não deve significar qualquer negligência ao papel vital das exportações do agronegócio para a saúde da economia brasileira. O Manual de Crédito Rural, em vigor desde 1965, nunca teve uma revisão geral de suas normas, como propõe agora o Ministério da Fazenda. Levando em consideração conceitos modernos e simplificadores das operações no campo, as regras devem beneficiar clientes, bancos e governo.

Os Ruiz foram parar em Itambé antes da mudança, em definitivo, para Cianorte

Terra escolhida a dedo Recepção gelada assusta, mas a qualidade da terra roxa convence os Ruiz a permanecerem no Paraná Marly Aires Chegando ao Paraná, em 1955, João Ruiz Pariz, a esposa Dolores e sete filhos foram recebidos com uma geada. Mesmo encantados com a terra roxa, os Ruiz quase voltaram para Presidente Bernardes (SP), onde tinham propriedade. Eles só ficaram mesmo porque a terra era muito boa, conta Antonio, um

dos filhos de João. O casal havia comprado sete alqueires de mata em Itambé no ano de 1949 e, antes da mudança, ajustou um empregado para formar o cafezal. A terra foi escolhida a dedo, de acordo com o dito: onde tem peroba é terra boa. Mas longe dos olhos dos donos, as coi-

Primeira soja em 1965 Depois do primeiro susto, as geadas deixaram de preocupar tanto e o café resistiu até 1975, quando a soja definitivamente ganhou espaço de cultura principal, depois de 10 anos de plantio. Na propriedade também são cultivados milho safrinha, mandioca e uma pequena área com gado de leite. Os primeiros cinco quilos de semente de soja foram plantados em 1965 em Itambé, em meio ao cafezal. Depois da experiência de debulhar a soja com o cambão, os irmãos Ruiz usaram um jipe, em 1966, para debulhar 100 sacas de soja dispostas sobre um pano estendido. Em vez de peneira, para

separar a palha, a família utilizava o vento. Com uma pá de madeira feita por eles, os grãos eram jogados para o alto, contra o vento, separando a sujeira ao mesmo tempo em que os amontoava.

sas não deram muito certo e a família decidiu tomar conta ela mesma do café, que estava abandonado. Mais tarde, em 1959, a família comprou cinco alqueires de mato em Cianorte. João, o filho mais velho, foi encarregado de abrir e plantar café, com a ajuda de Antonio, na época com 15 anos. “Abrimos as covas em meio aos troncos das árvores derrubadas. A gente jogava de 10 a 15 caroços para depois ralear para seis pés por cova”, conta Antonio. Só o mais velho permaneceu no

sítio. A família toda só se mudou para lá em 1967. Atualmente, dos sete irmãos – João, Miguel, Maria Aparecida, Aparecido, Antonio, Odilo e Leonildo, só os três últimos continuam trabalhando juntos em 100 alqueires próprios e 67 arrendados, em sociedade com Sérgio, filho de Leonildo. Aparecido, que já se aposentou, também ficou em Cianorte. João e Dolores, falecidos em 2002 e 2007, ainda tiveram 24 netos e 29 bisnetos.

Mas que “Doidura”! “Quando começou a se fazer curva de nível e plantio direto, tinha muito produtor que dizia que aquilo era doidura. Doidura hoje é pensar o que fazíamos naquela época”, afirma Odilo Ruiz. Ele conta que cansou de varar a noite tombando e gradeando a terra para plantar. “Era um poeirão só”. A família cansou de perder plantio ou de ver a chuva arrastar a terra para o rio. Mesmo tendo que fazer os “murunduns” com pá carregadeira e tombador e a trabalheira que isso dava, foi a salvação. “Sem isso só nos ia restar a escritura”, diz. Um dos primeiros produtores a fazer plantio direto na região, em meados da década de 80, os Ruiz abriram caminho e desmistificaram a prática. Dizia-se que não daria para plantar soja ou que não nasceria nada em meio a palhada.

João Ruiz Pariz e a esposa Dolores

Poucos entendiam a serventia da curva de nível ODILO RUIZ


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MILHO E BRAQUIÁRIA

Consórcio avança para o ‘nortão’ Área demonstrativa da Fazenda Ribeirão Vermelho, em Alvorada do Sul, é modelo para a difusão dessa tecnologia que já é bastante conhecida e praticada pelos agricultores da região noroeste Cleber França

O

consórcio milho safrinha e braquiária ganha terreno no norte do Estado. Na Fazenda Ribeirão Vermelho, situada em Alvorada do Sul, região de Londrina, o administrador Wilson Navarro está convencido que o capim é a aposta

para proteger o solo durante os meses quentes, produzir matéria orgânica, otimizar a fertilidade e ampliar a produtividade da lavoura. Embora o consórcio seja bastante conhecido dos produtores do noroeste do Estado, isto ainda não ocorre no norte.

Navarro disse que ficou intrigado quando recebeu as primeiras informações sobre isso. “Quando falaram em colocar capim no meio do milho safrinha, logo pensamos em pastagem, gado. Como não trabalhamos com pecuária, pareceu estranho”, afirmou o agricultor. Dos 70 alqueires da propriedade localizada às margens da Represa Capivara, cinco receberam o consórcio. Neste, milho e braquiária são semeados juntos, mas como o primeiro cresce mais rápido, o capim fica embaixo e só se desenvolve depois que o milho é colhido. Essa cobertura verde é, depois, dessecada, formando uma camada de palha que vai

manter o solo fresco e úmido por mais tempo após uma chuva, durante o verão. O engenheiro agrônomo da Cocamar no município, Rodrigo Nunes Karrum, destacou que apesar dos últimos dois anos de clima bom, são comuns veranicos na região de Alvorada do Sul: “Aqui é muito quente e a matéria orgânica se decompõe com facilidade, fator que faz também com que o solo seque rápido”. Karrum ressalta que a Cocamar é quem está implantando o sistema de consórcio no município e que, a partir dessa área piloto, mais produtores terão acesso à tecnologia.

“Braquiária só faz bem ao solo” No município de Cafeara, norte do Paraná, o produtor Paulo Roberto de Guerra Carvalho realiza, desde a década de 1990, integração lavoura-pecuária e plantio de seringueiras. Com respaldo de uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Agropecuária Oeste em sua propriedade, Guerra afirma que o sistema de integração das culturas de soja e braquiária é o que mais incorpora carbono no solo. ‘‘Preciso reter carbono para aumentar a matéria orgânica no solo. Economicamente o meu sistema não é viável se eu não preservar’’, salienta. BRAQUIÁRIA - No início, Guerra intercalava a soja de verão com o milho safrinha, consorciado com aveia e nabo. No entanto, o agricultor percebeu que o aproveitamento era baixo durante o inverno e passou a plantar braquiária após a colheita da soja. ‘‘A braquiária fica no campo até setembro ou outubro e, depois, começo o plantio da soja’’, explica. A fazenda Santa Helena possui 811 hectares, dos quais 400 são ocupados com integração lavoura-pecuária. A braquiá-

ria é utilizada para alimentar as 800 cabeças de gado de corte mantidas por Guerra. O agricultor também produz café e cana-de-açúcar. ‘‘Mas estou pensando em transformar a área de cana em integração porque o resultado é mais consistente’’, avalia.

300 mil hectares são cultivados no PR com integração lavoura-pecuária-floresta, segundo Sérgio Alves, pesquisador do IAPAR

A cobertura de palha protege o solo e favorece a cultura


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GERAL

AGRISHOW Como acontece todos os anos, a Cocamar possibilitou o deslocamento de cooperados de diversas regiões à Agrishow 2011, realizada e 2 a 6 de maio em Ribeirão Preto (SP). A feira, uma das maiores do mundo, negociou R$ 1,755 bilhão em máquinas, veículos e equipamentos. Passaram pelo parque de exposições 146.832 visitantes vindos de vários partes do país e do exterior.

MAIS GADO CONFINADO A Associação Nacional dos Confinadores projeta que haverá crescimento de 31% no volume de gado confinado pelo pecuarista brasileiro em 2011. De acordo com dados da entidade, que ouviu 61 pecuaristas associados, em 11 estados, 65% dos entrevistados acreditam que a produção de gado confinado no Brasil será maior do que em 2010. Segundo Bruno Andrade, zootecnista da Associação e responsável técnico pelo levantamento, a expectativa para uma maior produção de gado confinado é alta, mas a totalidade de gado para cumprimento da meta de 2011 não está totalmente adquirida, apresentando somente, entre todos os entrevistados, a quantidade suficiente para se repetir os números de 2010.

Inovação e prêmios na Festa do Trabalhador A Cocamar comemorou o Dia Mundial do Trabalho (celebrado a 1º de maio) no dia 30 de abril, reunindo seus colaboradores na Associação Cocamar em Maringá. Eles participaram de diversas atividades, como Cavalo e Touro Mecânico; Chute a gol, Astros e Estrelas, Soletrando; Garota e Garoto Cocamar, além da Campanha Inverno Solidário Cocamar 2011, com doação de agasalhos. No mesmo dia foi lançada a campanha do Planejamento Estratégico da cooperativa de 2011 a 2015, a “Odisseia Cocamar 2015 -Voando alto para conquistar crescimento com rentabilidade”. Para o diretor-secretário Divanir Higino da Silva, “foi uma forma de envolver a todos com o Planejamento Estratégico, pois somente com o conhecimento e dedicação de cada co-

CBN fatura prêmio com reportagem sobre a Cocamar Uma reportagem do jornalista Murilo Battisti sobre a usina de cogeração de energia da Cocamar, veiculada no início deste ano pela Rádio CBN Maringá, foi a vencedora do 2º Prêmio Top Etanol do Projeto Agora, uma iniciativa da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), sediada em São Paulo.

Mais de 2 mil colaboradores e convidados participaram do evento realizado na Associação Cocamar em Maringá, que uniu diversão e conhecimento laborador conseguiremos alcançar nossos objetivos”. A unidade de Cambé se destacou com a mais solidária na ar-

recadação de agasalhos e, na categoria individual, o primeiro lugar ficou com Ângela Maria de Oliveira.

Segundo a assessoria da Unica, foram ao todo 258 trabalhos inscritos. O número de inscrições foi quase 20% superior ao da primeira edição. O concurso está subdivido em dez categorias e vai distribuir um total de R$ 87.100,00 em valores brutos. Battisti venceu na categoria radiojornalismo com a reportagem “Cooperativa de Maringá produz energia com bagaço da cana”.

Expoingá O estande da Cocamar na 39ª edição da Expoingá, realizada de 5 a 15 deste mês no Parque Internacional de Exposições de Maringá, teve inovação e modernidade, segundo explica o gerente de Relações Humanas da cooperativa, Marçal Siqueira. “Com quatro entradas para ruas de intenso movimento, ele foi bastante visitado, comenta Siqueira. Com design ousado, o estande apresentou uma síntese do atual momento da Cocamar, em que o público conheceu, inclusive, as novidades da linha de varejo. Na parte externa, várias empresas parceiras fizeram a apresentação de seus produtos. CAFÉ – Além das atividades em seu estande, a Cocamar desenvolveu uma ação na chamada “Fazendinha”, um dos espaços mais visitados da feira, em que o público experimentou, entre outros produtos, o recente lançamento da linha de varejo, a bebida a base de soja com café, para ser apreciado quente ou gelado.

A beleza e a modernidade do estande chamaram a atenção do público. A Cocamar é a mais tradicional parceira da Expoingá e, na edição deste ano, sua presença ocorreu em várias frentes, fortalecendo ainda mais a realização


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VAREJO

Cocamar lança novidades em café e BBS na APAS 2011 Feira é uma das plataformas para manter o ritmo de crescimento das vendas ao varejo da cooperativa e chegar ao final do ano em R$ 500 milhões Rogério Recco

F

aturar R$ 500 milhões em 2011. Com essa meta, a área de varejo da Cocamar avança para bater um novo recorde com a comercialização de seu porftólio de produtos direcionados às gôndolas. E, por outro lado, manter a participação de 25% no faturamento global da cooperativa que foi de R$ 1,596 bilhão em 2010 e deve chegar a R$ 2 bilhões neste ano. Um dos principais impulsos nesse sentido deverá vir da APAS 2011, a maior feira do setor de supermercados do País, realizada de 9 a 12 de maio na Expo Center Norte em São Paulo.

INOVAÇÃO - Na feira, que foi visitada por 65 mil supermercadistas, a Cocamar apresentou várias novidades em sua linha de cafés e bebidas a base de soja (BBS) no estande especialmente projetado para lembrar uma cafeteria. Com a nova marca Talento, bebidas premium incluem o produto torrado e moído envasado a vácuo, um gourmet e três sabores de cappuccinos (café com leite, tradicional e com canela). Em outra frente, as marcas Purity e Talento se associaram para a concepção de três variedades de bebidas quentes, prontas para o consumo e vendidas em embalagens cartonadas, sendo que a inovação está na mistura de soja e café (sabores café com soja, cappucci-

25% é a participação do varejo no faturamento global da Cocamar.

no tradicional com soja e cappuccino com canela e soja). Para completar, os cafés Cocamar e Maringá, conhecidos dos consumidores, ganharam novas embalagens, ressaltando a cor vermelha para o produto extra-forte e o amarelo para o tradicional. RESPOSTA - A gerente de Marketing Rosana Diniz disse durante evento com representantes comerciais que as bebidas quentes são uma resposta ao mercado, que estava aguardando por pro-

dutos assim. “Atende pessoas com intolerância à lactose ou apreciadores em geral que não sabiam se era possível aquecer a bebida a base de soja”, comentou Rosana. Segundo ela, o consumo de cafés especiais vem aumentando e os apreciadores estão em busca de produtos diferenciados. “Acima de tudo, estamos oferecendo ao consumidor mais prazer no hábito de saborear café”, complementou.

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Abaixo, os novos produtos

Acima, a gerente Rosana Diniz. Nas fotos ao lado e embaixo, detalhes do estande na APAS


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NOVA LINHA DE CAFÉS

Ideias inovadoras x oportunidades As novidades da linha de cafés e BBS da Cocamar fazem parte de um trabalho da área de Marketing da cooperativa que inclui sensibilidade a sugestões, a realização de estudos de mercado e ao desenvolvimento de projetos para encantar os consumidores, segundo comentou Kaísa Abeche, responsável por setor de mídia. “Tudo começa com um funil de ideias”, afirmou Kaísa, acrescentando que a mistura de bebida a base de soja com café é uma novidade no mercado brasileiro “e uma grande oportunidade para o segmento de varejo da cooperativa”. A nova linha de produtos vai chegar às gôndolas de supermercados num momento de efervescência. No primeiro trimestre de 2011, a expansão das vendas nesse setor foi de 8,5%, abrindo espaço para lançamentos de cafés, por exemplo. Estudos apontam que, nos últimos anos, o consumo de cafés es-

O superintendente de Negócios José Cícero Aderaldo durante apresentação a representantes peciais aumentou 42% junto às classes mais abastadas (A e B), enquanto a evolução das vendas de BBS (bebidas à base de soja) avançou 20% na soma de todas as classes.

“Os produtos Purity cresceram 15% em volume de vendas no ano passado e estamos agora consolidando posição”, destacou o superintendente de Negócios da Cocamar, José Cícero Aderaldo.

Investir no prazer Para isso, a estratégia da Cocamar, pelo menos na área de cafés, está assentada sobre três pilares, conforme explicou a gerente de Marketing Rosana Diniz. O primeiro é o desenvolvimento dos produtos com arte; o segundo, a busca pelo prazer de saboreá-los e, o terceiro, o sabor propriamente. “O fio condutor é o prazer ao consumir café”, ressaltou a gerente. Por seu lado, as embalagens dos cafés Cocamar e Maringá ficaram bem mais bonitas e, em breve, pontos de vendas, como panificadoras, vão ganhar luminosos para ressaltar a marca Purity. Concursos culturais também fazem parte da programação.

8,5% foi a expansão das vendas no primeiro trimestre

Os consumidores que quiserem saber mais sobre os novos produtos podem acessar os sites www.cafestalento.com.br e www.cafemaringa.com.br.

Uma história ligada ao café Fundada em 1963 por 46 cafeicultores que buscavam melhores condições para trabalhar e preços justos para seu produto, a Cocamar tem uma história ligada ao café. No início dos anos 60, segundo lembra o engenheiro agrônomo José Cassiano Gomes dos Reis Júnior, que presidiu a cooperativa no período 19651971, o Paraná havia colhido a maior safra de sua história e os preços estavam em baixa. Não sem motivo, quem dependia dessa atividade acumulava dívidas. Se dependesse só da cafeicultura, a Cocamar teria fechado as portas em

1965. Por isso, diversificou. A forte geada de 1975 reduziu os cafezais paranaenses, que experimentariam uma nova fase apenas no começo dos anos 90, quando a Cocamar começou a divulgar o inovador sistema de plantio adensado (mais pés juntos), que trouxe aumento da produtividade. Agora, a cooperativa direciona os cafezais de sua região para a mecanização – a saída para não depender da mão de obra escassa e, ao mesmo tempo, assegurar competitividade.

O mercado de bebidas a base de soja está em franco crescimento e a incorporação do café a esse produto deverá surpreender e conquistar os consumidores. “A linha produzida pela Cocamar tem uma aceitação expressiva” DILEUSA OLIVEIRA, diretora da empresa LDR, de São Paulo, que atende a supermercados da região do ABC


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cocamar

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JORNAL DE SERVIÇO

CAFÉ

A colhedora já faz parte da paisagem Neste ano, pela primeira vez, uma máquina trazida de Minas Gerais está trabalhando na colheita do café na região da Cocamar Cleber França

Q

uinta-feira, 12 de maio de 2011. Foi nesse dia que, efetivamente, uma colhedora de café começou a trabalhar nas lavouras da região da Cocamar. Logo de manhã, a barulheira foi ouvida na propriedade do cooperado Luiz Antonio Tescaro, localizada na Gleba Pinguim em Maringá. Como o cafezal ainda não estavam to-

talmente adequado à operação com máquina, houve dificuldades iniciais, logo superadas. “É a salvação da lavoura”, sorriu o cafeicultor. Segundo ele, é quase impossível achar mão-de-obra e quando há trabalhadores disponíveis, eles custam caro e nem sempre são qualificados para o serviço. “Agora, esse bicho aí faz o

trabalho de 50 pessoas e a tecnologia da mecanização é até simples”, acrescentou Tescaro.

“Falta mão -de- obra e a que tem não é qualificada para esse serviço”, diz o cooperado Luiz Antonio Tescaro, de Maringá

O engenheiro agrônomo Renato Franco da Silva, da Cocamar, explicou que a colheita manual nos 12 hectares de cafezais da família Tescaro demoraria quase três meses para ser finalizada. Com a colhedora, a serviçada toda não leva mais que uma semana. Além da agilidade, outra vantagem está na melhor qualidade do café. A diferença de preço entre um café de bebida boa de um ruim pode chegar a R$ 200 a saca. Mas o principal benefício, todos sabem, é a redução do custo da colheita. Para se ter ideia, o produtor Tescaro, ao

lado do agrônomo Renato, calcula que a economia trazida pelo uso da máquina pode passar dos R$ 30 mil. “Enquanto o custo de colheita manual é R$

12 o saquinho, o da colheitadeira fica no máximo em R$ 4”, estimou o cafeicultor, que espera colher 1.800 sacas em coco nesta safra.

Nosso próximo passo é a aquisição de um secador, do jeito que os técnicos da Cocamar estão falando. Aí, sim, o negócio vai ficar bem melhor”

Secador substitui o terreiro Marly Aires

Em Alvorada do Sul tem café na mistura Aos 73 anos o agricultor Henrique Voltarelli, de Alvorada do Sul, é considerado um dos mais diversificados do município. No sítio de apenas 2,5 alqueires, que fica pertinho da cidade, o café lidera a diversificação dos negócios, que tem banana-maçã, abacaxi, laranja, mexerica e cana-de-açúcar para produção de cachaça. Banana e mexerica são ven-

didos diretamente para o governo estadual. As frutas vão direto para a mesa dos estudantes do município. O restante da produção é vendido nas ruas: com uma camioneta Voltarelli percorre a cidade, entregando os produtos de casa em casa. Do cafezal ele colhe 100 sacas em média por ano. E, do pomar, 250 caixas de banana,

250 de laranja e 2 mil abacaxis. No alambique artesanal, equipado com um moderno engenho feito de cobre, ele produz 5 mil litros de cachaça, sendo tudo entregue para comerciantes e para atender encomendas. Com os recursos que obtém nessa terra, Voltarelli mantém a custo baixo uma área de 12 alqueires ali mesmo em Alvorada do Sul, onde cultiva grãos.

Voltarelli: “ Tem um pouco de tudo aqui. O mais importante é a qualidade de vida, uma verdadeira terapia que, com certeza, faz muito bem para a saúde”

Depois de substituir as lavouras antigas e fazer adaptações para a colheita mecânica, além de adquirir todos os equipamentos necessários ao trabalho na roça, o cafeicultor Antonio Lavanholi, de Cianorte, completa a modernização do cafezal com a compra de um secador – equipamento que tem capacidade para 5 mil litros. Lavanholi é um dos produtores que vão ter a lavoura colhi-

da pela máquina que a Cocamar trouxe este ano de Minas Gerais. “O terreiro que temos não daria conta de secar tudo”, explica. De seus 14,5 hectares, 11 estão ocupados com 40 mil pés de café que devem produzir 300 sacas beneficiadas. A SECA - No terreiro, se não chover, os grãos levariam no mínimo 30 dias para secar. No secador, 12 dias são suficientes para os grãos verdes e apenas dois dias para os vermelhos.

Praticamente todo serviço é executado pelo próprio Lavanholi, que foi comprando os equipamentos aos poucos. Ele possui um trator Agrale 4100 de 17 cv, um pulverizador de 200 litros, uma adubadeira mecânica que joga o adubo debaixo da saia da planta, uma carreta de 2 mil quilos para transporte da safra e insumos, uma roçadeira, um arruador, um so-prador, uma barra de aplicar inseticida via solo e uma derriçadeira/esqueletadeira.

Para a pequena propriedade, o café é a melhor opção, mas tem que ser conduzido de forma empresarial, com tecnologia, como é feito em qualquer outra atividade. Com mecanização, redução de custos, produtividade e qualidade, o café se torna altamente viável e lucrativo” ANTONIO LAVANHOLI, ao lado, na foto, do secador que acabou de comprar


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