projeto de desenho urbano
universidade de sĂŁo paulo faculdade de arquitetura e urbanismo
guilherme gabriel alves 5915329 orientador: silvio soares macedo tfg II - 2Âş semestre 2011
01 02 introdução
inserção 5 tecido urbano 9 infraestrutura de transportes 11 uso do solo 13
desenho urbano como qualificador da cidade conceito 17 contexto 18 planos e projetos 18
03 04 produção do espaço urbano
panorama das transformações 33 agentes e iniciativas 39 conclusões 53
projeto
perímetro de desenho 61 partido / conceito / propostas 67 plano geral 73 detalhe 81 estruturas 85 unidade habitacional 135 conclusão 143
Este trabalho parte do desejo de projetar a cidade. A forma urbana resultante do processo histórico da Barra Funda é caracterizada principalmente pela antiga ocupação industrial, presença de muitas áreas vazias, subutilizadas e com uso transitório, parcelamento baseado em grandes lotes, sistema viário fragmentado, disponibilidade de infraestrutura urbana, baixíssima densidade populacional e pela dispersão dos lançamentos imobiliários.
Este cenário suscita o desejo de projetar a cidade, tendo em vista o grande potencial de transformação urbana que a região possui. O escopo deste trabalho é elaborar uma proposta de desenho urbano para um setor determinado do distrito da Barra Funda, considerando como pressupostos de projeto, as problemáticas, características da ocupação, paisagem urbana, reflexões e referências observadas.
Nota-se também que os agentes responsáveis pela produção do espaço urbano, o poder público e a iniciativa privada, se mostram incapazes de atribuir qualidades funcionais e estéticas fundamentais a cidade. De fato, essa incapacidade ou desinteresse, principalmente do poder público, se dá pela falta de projetos urbanos para os espaços públicos e particulares.
Para isso é necessário abordar algumas questões fundamentais como: a forma do espaço urbano, conceitos básicos e referenciais de desenho urbano, o histórico das principais transformações, e os elementos e iniciativas responsáveis pela recente produção do espaço urbano.
01 02 introdução
inserção tecido urbano infraestrutura de transportes uso do solo
desenho urbano como qualificador da cidade conceito contexto planos e projetos
03 04 produção do espaço urbano
panorama das transformações agentes e iniciativas conclusões
projeto
perímetro de desenho partido / conceito / propostas plano geral detalhe estruturas unidades habitacionais bibliografia
inserção A primeira aproximação com as problemáticas e dinâmicas do distrito da Barra Funda, se dá pela inserção da região em duas escalas: metropolitana e distrital, ilustrando sua localização, limites, principais estruturas e pontos de interesse, referentes a estas escalas de abrangência. Na escala distrital são observadas também as formas do tecido urbano, as principais redes estruturais de transportes e o uso do solo. A Barra Funda é um distrito de 5,6 quilômetros quadrados, localizado na região oeste do município de São Paulo. Está subordinado à subprefeitura da Lapa, que agrega ao todo seis distritos: Jaraguá, Jaguaré, Vila Leopoldina, Lapa, Perdizes e Barra Funda. Seus limites físicos são: a Marginal Tietê, os distritos de Perdizes, Lapa, Bom Retiro e Santa Cecília. Apresenta um das menores densidades populacionais do município de São Paulo, com apenas 12.977 habitantes, o que significa uma densidade de 23,17 habitantes por hectare. A faixa predominante de renda das famílias é de 15 salários mínimos, representando as classes média e média alta. Esta população concentra-se no setor sul do distrito, na fronteira com Perdizes e Santa Cecília.
Vista aérea da várzea do Rio Tietê e verticalização do espigão da Paulista, a partir da Zona Norte. Fonte: Google Earth, 2011.
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Zona Norte
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A
Jaraguá Barra Funda
Lapa V. Leopoldina
Perdizes
Centro
Jaguaré
Zona Leste Zona Oeste
B
Zona Sul
Inserção Metropolitana
Fonte: Autor sobre Google
Legenda Marginais Rodovias Subprefeitura da Lapa Distritos
A B 1 2
Marginal Tietê Marginal Pinheiros Rod. Castelo Branco Rod. Anhanguera
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Rod. dos Bandeirantes Rod. Pres. Dutra Rod. Fernão Dias Rod. Ayrton Senna
0
1,5
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Freguesia
Lapa
Inserção Distrital Legenda Marginal Tietê Distrito da Barra Funda Ferrovia
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300
600 m
do Ó
Limão Casa Verde
Santa Cecília
Perdizes
Fonte: Autor sobre Google
tecido urbano A configuração da atual paisagem urbana foi definida pela implantação da ferrovia, sendo responsável pelo processo de desenvolvimento urbano e pela consolidação da ocupação industrial, marcada pelas construções industriais e fabris. A dinâmica da evolução industrial, observada durante as décadas de 1960 e 70, desativou sucessivamente as unidades existentes ao longo da ferrovia, na medida em que se transferiam para os eixos rodoviários. A região, que era considerada como um importante pólo industrial perde essa característica, assim como a Mooca e o Ipiranga. A estrutura fundiária existente, fruto do processo histórico de ocupação, é caracterizada pela distinção entre as margens norte e sul da ferrovia: A sul das linhas ferroviárias, incorporando parte dos bairros de Perdizes, Pompéia e Santa Cecília, predomina o uso residencial e comercial dispostos em quadras reticuladas e com dimensões regulares. O sistema viário também apresenta dimensões regulares e certa continuidade com áreas vizinhas. A norte existe o predomínio do uso comercial, de serviços e industrial, com lotes e quadras de significativas dimensões e formas irregulares, juntamente com glebas de propriedade pública e privadas, ainda com baixa ou nula utilização. Pelo parcelamento em grandes e descontínuos lotes, o traçado viário é caracterizado pela fragmentação. Possui grandes eixos não uniformes e de larguras distintas, ligados a rotatórias, com linguagem tradicional, europeizada.
Ferrovia como barreira urbana. Fonte: Autor, 2011.
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Freguesia do Ó
Limão Casa Verde
Lapa
Santa Cecília Pompéia
Perdizes Fonte: Autor sobre base de AutoCad
Legenda Trem - CPTM Área dos Distritos Vizinhos Espaço Livre Público Área do Distrito da Barra Funda
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200
400 m
infraestrutura de transportes A acessibilidade, fruto da infraestrutura de transportes e do parcelamento do solo, possui claramente uma distinção, a eficiência entre as escalas de atuação. Com relação a macro-acessibilidade, existe uma infraestrutura de grande porte que faz a conexão da Barra Funda com praticamente toda a cidade. A micro-acessibilidade, por sua vez, é truncada e pouco eficiente.
macro-acessibilidade Com relação ao viário principal, existem grandes eixos que cruzam o distrito no sentido norte-sul e leste-oeste. A Marginal do Rio Tietê é a principal conexão viária, permitindo o acesso as principais rodovias e aos bairros das zonas Norte, Leste e Oeste. As Avenidas Marques de São Vicente e Francisco Matarazzo fazem a interligação no sentido leste-oeste, entre a Lapa e o centro da cidade. Já no sentido norte-sul, ligando a região de Pinheiros, Pacaembu e Paulista à zona Norte. Destaque para a grande cobertura do Terminal Intermodal da Barra Funda. Fonte: Quapá, 2005.
Com relação ao sistema de transporte público, existe o Terminal Intermodal da Barra Funda, compreendendo a última estação da linha vermelha do metro [ligação leste-oeste, com conexão com as linhas azul e futuramente verde, através da nova linha amarela], as estações 7 e 8 da CPTM, que levam respectivamente a Jundiaí e Itapevi, e por fim o terminal rodoviário, possuindo linhas que atendem a vários estados do país. Existem também dois corredores de ônibus, nas Avenidas Marques de São Vicente e Francisco Matarazzo, cujos trajetos conectam o centro da cidade a Zona Norte e a Lapa respectivamente. Toda essa infraestrutura garante para a Barra Funda uma completa e diversificada acessibilidade na escala metropolitana.
micro-acessibilidade
Extensa rua paralela a ferrovia, dificultando a movimentação de pessoas e automóveis. Fonte: Autor, 2011.
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A acessibilidade na escala de bairro, considerando pedestres e automóveis, apresenta muitas dificuldades. Devido ao processo de ocupação industrial da porção territorial entre a ferrovia e o rio Tietê [marcada pelas grandes quadras], e a forma de inserção das linhas férreas, formam-se grandes barreiras, tornando a acessibilidade truncada e ineficiente.
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Fonte: Autor sobre base de AutoCad
Legenda Sistema Viário Trem - CPTM Corredor de Ônibus Metrô - linha Vermelha
Estação da CPTM Estação do Metrô Rodoviária
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400 m
uso do solo O uso solo predominante é o comercial e de serviços de médio e grande porte, fruto da sucessiva substituição das antigas instalações industriais. Podem ser identificados três padrões de edifícios industriais, comerciais e de serviços. O primeiro padrão encontrado se refere aos grandes e completos estabelecimentos comerciais localizados na Marginal Tietê. Outro padrão representa os grandes galpões construídos a partir de materiais simples, estruturas pouco complexas e de baixo gabarito, localizados principalmente nas áreas próximas a ferrovia. O terceiro tipo se refere aos edifícios com destinação comercial e de serviços localizados principalmente nos lotes fronteiriços a Avenida Marques de São Vicente e Francisco Matarazzo, possuindo melhor padrão construtivo. O uso residencial é predominante no setor a sul da ferrovia, devido a sua proximidade com equipamentos públicos e privados, transportes e os bairros consolidados de Perdizes e Pompéia. Apresenta trechos com habitações unifamiliares, e outros com habitações multifamiliares, concentrando-se no entorno do Parque da Água Branca. Os novos edifícios residenciais estão sendo implantados de forma dispersa no território, acompanhando a oferta de terrenos e áreas passíveis de demolição. Percebe-se ainda uma maior concentração no setor a sul da ferrovia, porém já existem pelos menos cinco lançamentos imobiliários no setor norte. Os edifícios lançados seguem o mesmo padrão encontrado em São Paulo, isolados no lote ou agrupados em grandes condomínios, com gabaritos, formas, soluções e estéticas arquitetônicas genéricas, estereotipadas e amplamente reproduzidas pelo mercado imobiliário. Seu território é pontuado por vários e grandes equipamentos públicos e privados, como Parque da Água Branca, Memorial da América Latina, Sesc Pompéia, Estádio Palestra Itália, centro de treinamentos do Palmeiras e do São Paulo Futebol Clube, parque de diversões Playcenter, dois shopping centers, universidades, hipermercados, Rede Record de Televisão, Fórum Cri-
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minal, Superior Tribunal de Justiça do Estado, além do Terminal Intermodal da Barra Funda. Com relação aos espaços livres de lazer e esporte, como a praça e o parque, eles são insuficientes ou praticamente inexistentes. As poucas praças estão muito atreladas ao sistema viário, dispostas nos canteiros das rotatórias, condição que dificulta a apropriação destes espaços por parte das pessoas. O parque da Água Branca, com uma área de aproximadamente 150.000 m2, é o único da região, e encontra-se mais conectado ao distrito de Perdizes do que o da Barra Funda. A vegetação presente se expressa quase que exclusivamente dentro do Parque da Água Branca, possuindo alguns maciços arbóreos de grande porte. A arborização viária acontece de forma aleatória, esparsa e em pequena quantidade. No trecho industrial ela praticamente inexiste, já nas proximidades do bairro de perdizes, pela presença de núcleos habitacionais, as árvores são mais presentes, porém ainda com plantio eventual. Os elementos morfológicos observados, como o solo, o lote, o quarteirão, o traçado viário, o edifício, a praça, o parque e a vegetação, são fundamentais para uma aproximação as questões e problemáticas da Barra Funda. Esta paisagem identificada, que é fruto da materialização histórica da relação dinâmica entre os elementos e sistemas naturais e fabricados pela atividade humana [SANTOS, 1978], é exemplificada no corpo do trabalho, através da compreensão do histórico de formação e da produção recente do espaço urbano.
Centro de Treinamento
Fórum
Estação Água Branca TRT
UNESP Terminal Intermodal Shop Bourbon
Parque Antártica
Memorial da Amérca Latina
Shop West Plaza
Parque da Água Branca
Fonte: Autor sobre base de AutoCad
Legenda Comércio e Serviços Industrial Institucional Parque
Residencial Horizontal Residencial Vertical Habitação Precária Lançamento Imobiliário Vertical
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01 02 introdução
inserção 15 tecido urbano 17 infraestrutura de transportes 18 uso do solo 22
desenho urbano como qualificador da cidade conceito contexto planos e projetos
03 04 produção do espaço urbano
panorama das transformações agentes e iniciativas conclusões
projeto
perímetro de desenho partido / conceito / propostas plano geral detalhe estruturas unidades habitacionais bibliografia
conceito Percebe-se, na realidade de muitos países, a existência de grande distanciamento entre o planejamento urbano e a arquitetura, o primeiro atuando superficialmente sobre o solo e o segundo individualmente sobre a cidade. A partir deste distanciamento se insere o conceito de desenho urbano. Entende-se desenho urbano como campo disciplinar responsável pelo estudo da forma e do espaço urbano, e do modo como são produzidos pela sociedade [HEPNER, 2010]. A atuação prática do desenho urbano tem como objetivo preencher a lacuna entre o planejamento urbano e a arquitetura, possibilitando maior controle da forma física da cidade. O planejamento urbano comumente aborda aspectos gerais da cidade, englobando dimensões sócio-econômicas e políticas, e se atendo a definição de zonas, índices e coeficientes, os quais são pouco eficientes na determinação do perfil urbano. A arquitetura se enquadra no outro extremo desta estrutura, cabendo determinar o aspecto físico dos edifícios ou do conjunto deles. Deste modo a prática se torna somatória de intervenções individuais e desconexas. O desenho urbano assume postura interdisciplinar, atuando como ponto de conexão entre a escala macro e micro de intervenção na cidade. As preocupações essenciais são: criar técnicas e instrumentos de controle do desenvolvimento do meio ambiente construído; interpretar os valores e necessidades individuais e de grupo; identificar as qualidades físico-espaciais; desenvolver técnicas operacionais do ambiente urbano; solucionar problemas interdisciplinares e desenvolver meios de implementação [DEL RIO, 1990. Pág. 51]. Para isso, são considerados aspectos sociais, geográficos, econômicos, ambientais, estéticos, filosóficos, psicológicos, arquitetônicos, paisagísticos, etc. Portanto, pode-se dizer que o desenho urbano adota nova forma de ver, analisar e entender a cidade, através da valorização do detalhe, do específico e das diversas escalas de intervenção, não atuando apenas sobre o edifício ou a cidade, mas em ambos.
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contexto
planos e projetos
As cidades durante o século XX passaram por grandes transformações com relação ao uso e ocupação de seu solo, motivadas pelos incrementos tecnológicos e industriais, assim como desenvolvimento social e econômico. Muitas cidades, localizadas em países do primeiro e principalmente do terceiro mundo, viram suas áreas centrais passar por progressivo processo de abandono e subutilização [BELLEZA, 2002. Pág. 81].
São estudados alguns projetos urbanos emblemáticos, que apresentam características semelhantes às encontradas na área foco deste trabalho, assim como se revelem transformadores do espaço urbano. Desta forma, as intervenções elencadas em antigas glebas industriais, centrais ou subutilizadas, são tomadas como referências conceituais e projetuais, enriquecendo a construção de uma proposta.
Segundo Del Rio, esse “abandono” das áreas centrais se deu primeiramente pelo seu processo de desenvolvimento, que aos poucos impôs novas lógicas econômicas que não mais se viabilizavam nas antigas estruturas.
Os exemplos citados estão evidentemente inseridos em contextos urbanos, culturais, sociais e climáticos diferentes, porém alguns conceitos relacionados à configuração dos espaços livres e edificados, e soluções estratégicas para sua implementação, podem ser traduzidas e incorporados a realidade brasileira, mais especificamente a realidade paulistana.
Essas regiões foram e ainda são temas de inúmeros projetos de renovação e requalificação dos espaços públicos e privados, patrocinados tanto pelo poder público quanto pela iniciativa privada. Destacam-se também, além das áreas centrais, o progressivo processo de abandono de áreas portuárias e as ocupadas pelos primeiros “surtos” industriais. Neste contexto se insere a Barra Funda. As novas dinâmicas urbanas, aliadas as mudanças sócio-econômicas, transformaram essas vastas áreas bem localizadas em territórios obsoletos e extremamente subutilizadas. Em muitas cidades o governo e a sociedade conseguiram se organizar para incentivar e promover a transformação destas áreas, buscando recuperar ou introduzir uma vida urbana. A promoção de planos urbanísticos associando o poder público e a iniciativa privada foi fundamental para obtenção de positivos resultados sociais, econômicos e urbanísticos. Cidades e bairros como Londres, Buenos Aires, Barcelona, Berlin, Nova Iorque, Maastricht, Almere, Barra da Tijuca, dentre outras, elaboraram planos urbanísticos de intervenção, onde as antigas áreas fabris, portuárias ou com baixa densidade populacional foram transformadas em movimentados centros comerciais, residenciais, de lazer e turismo.
Ressalte-se que os casos foram observados a partir de alguns parâmetros de qualidade de projeto urbano, como: - integração do novo tecido urbano com a cidade existente; - hierarquização de vias, estabelecendo eixos principais, secundários e até terciários; - construção do espaço da “rua” através dos edifícios, configurando-a como espaço de circulação e estar; - convivência entre pedestre e automóvel, considerando as hierarquias e sua distribuição pela cidade; - diversidade de usos dentro bairro, misturando de forma projetada habitação, comércio, serviços e equipamentos públicos, respeitando os conflitos de uso, como ruídos e grande movimentação de pessoas e automóveis; - apropriação de elementos históricos ou paisagísticos na concepção do projeto, com integração espacial entre novos e antigos edifícios, consideração das visuais a elementos naturais, como lagos, maciços arbóreos, etc; - consideração das características climáticas locais, observadas na orientação das construções, e na insolação de áreas livres e equipamentos.
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maastricht_holanda perpendiculares à alameda monumental, distribuindo os fluxos de pedestres e automóveis pelo bairro. Os percursos de pedestres mereceram destaque no projeto, pois existem rotas específicas para este fim que cruzam as quadras e as alamedas. O dimensionamento destes espaços considerou a existência do pedestre, ciclista, equipamentos urbanos e vegetação, distribuindo por faixas de uso. A antiga cidade holandesa de Maastricht até a década de 1980 mantinha uma grande área subutilizada de 23 ha, pertencente a uma indústria cerâmica, próxima ao centro histórico. Considerando sua localização estratégica, a reurbanização deste trecho da cidade foi considerada pelos órgãos públicos de extrema importância. O terreno da indústria Céramique se encontrava todo murado, sem qualquer ligação com a cidade, se constituindo como uma barreira física entre o centro e as áreas periféricas. A disposição da área permitia realizar importantes conexões, criando uma nova coerência para esta parte da cidade. Desta forma, o plano apresentado pelo arquiteto Jo Coenen, em 1988, tinha como principais objetivos iniciais: reconciliar o território com o centro histórico da cidade; formar uma extensão do centro com a mesma mistura de funções; considerar questões de planejamento urbano, arquitetura e tratamento de espaços livres públicos [BELEZZA, 2002. Pág. 116].
As quadras se configuram por grandes blocos contíguos, com limites marcados pelas construções, que variam de 5 a 7 pavimentos. Em alguns trechos dos edifícios, existem aberturas para rua, estabelecendo articulações físicas e espaciais entre as áreas internas e externas à quadra. Deste modo, são criadas algumas espacialidades diferentes, com alargamentos e projeções que se incluem ao desenho da rua, enriquecendo as diversas percepções do lugar, não existem apenas os grandes cinturões construídos. Cada setor recebeu um tipo de tratamento paisagístico, considerando o uso e o porte do espaço disponível, assim como a necessidade de incidência de luz. Na alameda monumental a arborização é mais intensa, com espécies de maior porte e espaçamentos que garantem cobertura das calçadas e parte dos leitos carroçáveis. As vias secundárias receberam pouca vegetação, existindo algumas árvores de grande porte e uma vegetação rasteira contínua.
O plano foi bastante detalhado nas definições de arruamento, espaços públicos, porte das edificações, tipo de materiais e revestimentos das construções, além do plantio da vegetação.
Todas essas características urbanísticas, edilícias e paisagísticas, contribuem para a formação de espaços atrelados a escala do pedestre, na medida em que as proporções, gabaritos e distanciamentos permitem a apropriação e o reconhecimento de todos os lugares da cidade pelas pessoas.
Com relação à trama urbana, o plano se integra a cidade existente por meio de conexões viárias de estrutura ortogonal, hierarquizadas. A principal via que realiza a conexão do centro aos bairros periféricos, se configura como uma alameda monumental com 42 m de largura. As vias menores estabelecem ligações
Portanto, em Maastricht percebe-se a completa valorização do desenho urbano, como instrumento básico de qualificação dos espaços da cidade. Com relação ao desenho propriamente dito, o projeto não apresenta muitas inovações, mas consegue com sucesso, reinserir a área dentro do contexto urbano da cidade.
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Plano Céramique. Fonte: BELEZZA, 2002.
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Espaço livre intraquadra. Fonte: Google Earth, 2011.
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Principal eixo viário. Edifícios de baixo gabarito e largas calçadas. Fonte: Google Earth, 2011.
palomeras bajas_madrid tro das superquadras; e vias terciárias, sendo as ruas sem saída que se adentram as superquadras.
Nas regiões periferias cidade de Madrid, a partir da década de 1980, estão sendo construídos bairros inteiros, projetando novas áreas habitacionais com qualidades da cidade tradicional, como traçado reticular das ruas, edifícios alinhados no recuo, praças e demais áreas públicas que apresentam dimensões generosas e sofisticado tratamento. Uma publicação realizada pela gestão municipal de desenvolvimento urbano de Madrid, dentre os anos de 1985 e 1993, destaca essa produção residencial na periferia, enfatizando os elementos, formas e características dos novos setores habitacionais. Vale destacar o plano urbanístico para Palomeras Bajas, na região sul de Madrid, por se tratar da maior operação de reforma integral urbana ocorrida na cidade nas últimas três décadas. A área possui cerca de 1.200.000 m2, com estrutura urbana clara e complexa ao mesmo tempo, estando condicionada pela topografia, edificações pré-existentes, e principalmente pela conexão com o sistema viário do entorno. O desenho do plano busca a conformação espacial de modelo clássico: quadras semelhantes e quadradas, retícula rigorosa, hierarquização viária, etc. No sistema viário são identificadas três hierarquias: vias principais, que mais largas e se conectam as externas ao bairro; vias secundárias, que rodeiam o períme-
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O tecido urbano se apresenta em quadras padrão de 72,5 x 72,5 m, que se agrupam em superquadras, também quadradas, reunindo quatro delas. As edificações possuem 5 pavimentos, são contíguas e alinhadas ao recuo frontal, configurando pátios internos únicos, de administração condominial. A ocupação é basicamente residencial multifamiliar, abrigando 10.000 unidades habitacionais. Além disto, estão dispostos em alguns pontos, prioritariamente no piso térreo das edificações residenciais, usos comerciais e de serviço, que representam 7% da área construída total. Os espaços livres públicos e privados são generosos e com esmerado tratamento. Os públicos se configuram pelos leitos carroçáveis, calçadas arborizadas, praças e equipamentos institucionais. Na medida em que esses espaços recebem tratamento arquitetônico e paisagístico, e por estarem rodeados de instalações comerciais, e edifícios residenciais baixos e próximos, a “rua” se torna um lugar atrativo para estar, não apenas para passar. Nos espaços livres privados, que se restringem aos pátios internos das quadras, os usos, funções e tratamentos são diversos, existindo quadras esportivas, piscinas, áreas de estar, etc. Os pátios também exercem a função de acesso a iluminação natural direta para habitações, na medida em que os distanciamentos e gabaritos das construções, considerando a latitude da cidade, permitem que todas as unidades sejam ensolaradas por pelo menos algumas horas. Diferentemente dos outros planos de intervenção urbana, este é totalmente de promoção pública, o que não reduziu ou dificultou a criação de espaços urbanos livres e construídos com qualidade. De fato, precisa ser considerado o os condicionantes urbanos, econômicos e sociais espanhóis, visto que conseguem concretizar ações como esta por praticamente todo o perímetro periférico da cidade de Madrid.
Espaço da rua construido pelos edifícios contíguos de 4 pavimentos. Fonte: Google Earth, 2011.
Espaço da rua construido pelos edifícios contíguos de 4 pavimentos. Fonte: Google Earth, 2011.
Vista aérea do bairro. Fonte: Lucio, 1995.
nova icária_barcelona A cidade de Barcelona, a partir de 1980, foi motivo de discussões acerca de seus espaços urbanos mais significativos. Um dos principais pontos era uma área industrial em processo de desativação e abandono, junto ao centro da cidade, do porto e do mar. Esta área degradada encontrava-se como uma ilha, isolando a cidade da fronteira litorânea, que havia se transformado em um depósito de sucatas industriais. Frente a isso, este território desconexo e amplamente subutilizado se tornou uma grande oportunidade projetual, possibilitando a prática de conceitos e métodos de intervenção urbana, a partir de todos os seus potenciais urbanísticos. Esta região foi alvo das amplas reformas realizadas para os Jogos Olímpicos de 1992, mas especificamente para a disposição da Vila Olímpica, batizada de Nova Icária. A proposta da Vila Olímpica era que após o término dos jogos um novo bairro fosse formado, se preocupando com a recuperação da orla marítima e recomposição do fragmentado tecido urbano deste trecho da cidade. As premissas fundamentais do plano eram: a revisão da infraestrutura; do sistema viário; rebaixamento dos ramais ferroviários; continuidade social e espacial entre a área de intervenção e os bairros visinhos. A integração espacial não se deu apenas pela reprodução do plano de Cerdá, mas respeitando o passado através da manutenção dos gabaritos consolidados, e propondo um novo desenho de quadra [La Villa Olímpica – Barcelona 1992]. O plano foi pensado para ser desenvolvido em etapas, cujas fases deveriam completar a anterior, corrigindo distorções e erros, garantindo a unidade do conjunto. Outra característica do plano é a definição de faixas paralelas ao mar com objetivos e usos distintos, sendo representadas: pela orla, cuja pretensão era desenvolver o local para usos de recreação e lazer, e abri-la para a cidade de Barcelona como um todo; pela faixa de atividades costeiras, contemplando usos diversificados como hotéis, escri-
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tórios, etc.; pela principal avenida, integrada ao sistema rodoviário, que foi dividida em duas partes, uma via de superfície para transito local e uma rebaixada expressa; e por fim pela área formada pelo núcleo urbano, com múltiplos usos de predominância residencial [La Villa Olímpica – Barcelona 1992]. Diferentemente do plano de Cerdá, que se caracteriza pelas quadras bloco com pátios centrais ocupados e recortados pela divisão de lotes, o projeto da Vila Olímpica concebeu as quadras também como um cinturão edificado, mas internamente foi proposto um desenho diferenciado, com construções de gabaritos mais baixos, configurando-se como pequenas vilas residenciais. A orla marítima configura-se como o principal espaço livre público do plano, recebendo diversos tipos de tratamento e usos. Pela costa existem alguns passeios públicos, uns mais próximos a faixa de areia outros junto à avenida. Algumas áreas se configuram como grandes jardins ornamentais e outras como parques urbanos, com passeios, equipamentos e espaços de estar e lazer. Parte dos equipamentos construídos para os Jogos permaneceram na zona costeira, atribuindo novos usos que se integram ao dia a dia da cidade. O processo de revitalização deste trecho da cidade foi implantado com grande participação da iniciativa privada, a partir de rígidos padrões impostos pelos responsáveis pelo plano urbanístico. Deste modo, o desenho das intervenções não era de responsabilidade dos empreendedores imobiliários, cabendo a eles trabalhar dentro das diretrizes do plano. Uma das principais críticas existentes é a opção pela demolição total da antiga área fabril, porém a área encontrava-se muito degradada, sendo considerada também a inexpressividade das construções existentes. Percebe-se em Barcelona um resultado urbanisticamente e paisagisticamente harmônico e respeitoso a escala da cidade, não desconsiderando a escala do pedestre, tão importante para a efervescência da vida urbana. Deste modo a área ganhou nova importância dentro do contexto da cidade.
Tratamento da orla marítima. Fonte: Google Earth, 2011.
Divisão dos principais setores. Fonte: La Villa Olímpica – Barcelona 1992.
Espaço da rua construído pelos edifícios contíguos. Fonte: Google Earth, 2011.
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Quadras com limites marcados e interior com construções distintas: casas e pequenos edifícios. Fonte: La Villa Olímpica – Barcelona 1992.
Edifícios curvos configurando os espaços livres. Fonte: Google Earth, 2011.
almere_holanda partir de 1995. A proposta do plano, que ocupa uma área de 130.000 m2, foi reverter a situação urbana encontrada, criando uma centralidade para cidade. Para isso buscou-se: aumentar a diversidade de usos do solo, que era composto basicamente pelo uso residencial e comercial de pequeno porte; consolidar um centro de negócios; redefinir o desenho urbano existente, caracterizado pela extensa repetição de formas e estruturas urbanas; aumentar as opções de circulação; aumentar a densidade populacional; aproveitar a oferta infraestrutura de transportes [Informação do Office of Metropolitan Architecture - OMA]. O projeto não tinha como objetivo recriar desenhos tradicionais, mas sim buscar uma maneira diferente de se construir a cidade. Pode-se traduzir o plano pela somatória de “layers”, ou seja, camadas da cidade que se sobrepões na vertical e na horizontal. A cidade de Almere localizada a 30 km de distância de Amsterdã, fundada a pouco mais de 30 anos, está dentro de uma política de criação de novas cidades na Holanda. A cidade foi construída seguindo o modelo americano de urbanização, com baixa densidade, sem mistura de usos nas quadras, muitas áreas verdes e grande dependência do automóvel. Almere é caracterizada por ser uma cidade dormitório, muito dependente da infraestrutura comercial e de serviços de Amsterdã. Nesse contexto, as entidades planejadoras buscavam equilibrar a relação emprego-moradia, através de novas propostas de desenho urbano para alguns trechos da cidade. Várias áreas ainda pouco ocupadas foram motivo de concurso público, para que arquitetos e colaboradores elaborassem projetos urbanos específicos. A área mais central da cidade, por não possuir uma urbanidade consolidada, com pouquíssimas opções de comércio, serviços, cultura e lazer, e por estar muito próxima a principal estação ferroviária, foi motivo de um dos maiores e mais importantes projetos, realizado pelo escritório OMA, coordenado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, a
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As funções e usos da cidade se distribuem por várias camadas: na inferior estão dispostas as garagens, acessos, docas e vias de maior movimento, no nível “térreo” [referente ao mesmo nível do restante da cidade] estão os passeios de pedestres, praças, instalações comerciais e algumas vias de pequeno e remoto transito de veículos; nas camadas superiores se distribuem os usos habitacionais e corporativos, ocupando tanto as coberturas dos estabelecimentos comerciais, quanto os pavimentos dos maiores edifícios. O mix de usos inclui 1100 unidades residenciais e uma área comercial de 53.000 m2. Estes usos se distribuem principalmente na camada “térrea”, através de eixos formais configurados como grandes bulevares exclusivamente de pedestres [POWELL, 2000. Pág. 108]. O plano criou um “coração” comercial, cultural e habitacional para a cidade de Almere, definindo uma nova existência cívica. Propõe um desenho urbano diferente, onde carro e pedestre se encontram em camadas verticais distintas, não ocorrendo conflitos de uso do espaço.
Setor comercial com destaque para edifício residencial. Fonte: Google Earth, 2011.
Relação entre “camadas”. Fonte: Google Earth, 2011.
Relação entre “camadas”. Fonte: Google Earth, 2011.
Relação entre comércio e habitação. Fonte: Google Earth, 2011.
Fonte: Google Earth, 2011.
península_barra da tijuca, rj As quadras são ocupadas por condomínios de edifícios, que se agrupam em duas, três ou mais torres, com gabarito estabelecido de 16 pavimentos. As formas e tratamento arquitetônico não são padronizados, o que permite certa identidade e reconhecimento dos edifícios. Na maior parte, as lajes dos edifícios são grandes, possuindo até 12 apartamentos por andar, situação comumente encontrada no mercado imobiliário do Rio de Janeiro. A ordenação de alturas, aliada aos generosos distanciamentos entre os edifícios e ao regrado plantio de árvores nas calçadas e canteiros centrais constroem e qualificam o espaço da rua. Isso porque estimulam o sentido de identificação do lugar, estabelecendo e fortalecendo os padrões volumétricos, e também tornam o caminhar do pedestre protegido da intensa e constante insolação do Rio, através das copas das árvores, criando um “teto” para a rua.
O empreendimento Península ou Gleba E, localizado na Barra da Tijuca, foi responsável pela ocupação de uma península natural de 780.000 m2.
O sistema de espaços livres públicos se completa pela existência de dois parques, com 45.000 m2 cada, e pela área de preservação de manguezal que rodeia praticamente todo o perímetro da península, possuindo aproximadamente 300.000 m2.
Lançado na década de 1990, pela empreendedora privada Carvalho Hosken S.A., a área foi totalmente projetada, através da concepção de plano urbanístico, atribuindo funções, usos e volumetrias para seus espaços. Configura-se como loteamento com porte de bairro, cujo arruamento tradicional define quadras que se subdividem em lotes, destinados para construção de condomínios verticais independentes.
Os parques menores não estão totalmente vinculados ao sistema viário, pois estão dispostos no interior de duas quadras, possuindo alguns acessos voltados para as vias. A área de preservação de manguezal, pela densidade da vegetação, dificulta a integração física e visual dos espaços livres internos ao bairro à lagoa, porém em alguns pontos a conexão existe, através de píers e caminhos de pedestres que circundam grande parte do perímetro.
O tecido urbano construído estrutura-se por duas avenidas principais com canteiros centrais arborizados, medindo 30 m de largura. Completando esse sistema existem outras vias menores, que também permitem o acesso aos condomínios. Pela própria configuração da península, e considerando a trama urbana da Barra da Tijuca caracterizada por grandes quadras e poucas conexões menores, a acessibilidade da Gleba E se dá quase que exclusivamente por automóvel, em apenas dois pontos, facilitando a restrição ao acesso.
No caso da Gleba E ou Península, é verificado a autonomia do empreendedor privado na concepção e construção do projeto, considerando elementos que extrapolam as mínimas e genéricas restrições urbanísticas presentes na legislação. O plano não se atenta apenas a configuração interna dos condomínios, visto que delineia as relações entre edifícios, condomínios e espaços livres, sempre com uma visão de conjunto e formação de paisagem urbana projetada.
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Alameda com áreas definidas para estacionamento e arborização. Fonte: Autor, 2011.
Fonte: Campos, 2008.
Parque linear na área de preservação do manguezal. Fonte: Autor, 2011.
Praça que conecta a alameda ao manguezal. Fonte: Autor, 2011.
conclusões As propostas apresentadas comprovam a importância do desenho urbano como ferramenta de qualificação da cidade, recuperando ou transformando áreas vazias e degradadas em centros verdejantes. Nota-se também o abandono do planejamento urbano meramente regulador e restritivo, e da livre atuação do mercado imobiliário, tornando desta forma o arquiteto como mediador entre interesses públicos e privados, surgindo como profissional habilitado para resolver o os problemas e o desenho da cidade. Os Estados, impossibilitados de assumirem sozinhos os custos gerados por grandes projetos transformadores, perceberam que a associação com o empreendedor privado era uma alternativa para recuperação de trechos problemáticos da cidade. As maneiras de obtenção de recursos e implantação dos projetos são diferentes em cada país, mas a participação do investimento privado é comum em todos os casos. As cidades brasileiras, com raras exceções, estão carentes de projetos urbanos. Observa-se a falta ou ineficiência de incentivos públicos para que projetos urbanos sejam elaborados e viabilizados. Deste modo, a iniciativa privada atua baseada em interesses próprios, não considerando os contextos urbanos e a inserção de seus empreendimentos, deixando de atribuir qualidades a cidade.
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01 02 introdução
inserção 15 tecido urbano 17 infraestrutura de transportes 18 uso do solo 22
desenho urbano como qualificador da cidade conceito contexto planos e projetos
03 04 produção do espaço urbano
panorama das transformações agentes e iniciativas conclusões
projeto
perímetro de desenho partido / conceito / propostas plano geral detalhe estruturas unidades habitacionais bibliografia
panorama das transformações O bairro da Barra Funda, um dos mais tradicionais de São Paulo, teve sua origem relacionada ao grande crescimento da cidade, impulsionando a expansão do espaço urbano sobre áreas rurais. Esse grande crescimento urbano ocorreu a partir da década de 1870, devido a três fatores fundamentais: a circulação de riquezas originárias do café do interior do Estado; a chegada de inúmeros imigrantes europeus, pela grande necessidade de mão-de-obra cafeeira; o investimento de excedentes agrícolas na produção de manufaturas, iniciando um intenso processo de industrialização na cidade de São Paulo [BRUNELLI, 2006. pág. 18]. Todas as transformações sociais, econômicas e políticas que ocorreram a partir desse período, conferiram a São Paulo um aspecto mais urbano. É neste contexto histórico que surge a Barra Funda, como muitos outros bairros. A origem do bairro está relacionada à divisão do Sítio de Iguape, que pertencera ao Barão de Iguape. Desta divisão surgiu a Chácara do Carvalho, constituindo-se em 1892, através da promoção de arruamento, o bairro da Barra Funda. Segundo HOMEM [in CANUTTI, 2008. pág. 13], essa chácara ultrapassa os seus limites atuais, se estendendo também pelo Bom Retiro. Os meios de transportes também foram importantes para o surgimento da área. O aparecimento do transporte sobre trilhos, na segunda metade do século XIX, com as estradas de ferro Sorocabana e São Paulo Railway [Santos-Jundiaí], provocaram uma valorização das áreas por elas percorridas. A origem das estradas de ferro em São Paulo, fator fundamental para a urbanização da cidade, está relacionada aos interesses dos barões de café, que viram com a sua implantação uma possibilidade de aumentar a produção. Segundo LENGENBUCH, a finalização da estrutura básica ferroviária do Planalto Paulistano é a primeira tentativa importante de intensificar a produção agrícola e o povoamento da cidade [CANUTTI, 2008. pag. 27].
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A ferrovia incentivou a instalação de indústrias às suas margens, atraiu população para o centro, que foi se expandindo e consolidando fora de seus limites tradicionais, transformando a morfologia urbana da cidade . Com a instalação das indústrias surgiram novas questões, como o aumento populacional, o surgimento de novas classes sociais e a necessidade de urbanização para suprir todas as demandas. Entre os anos de 1900 e 1920 o parque industrial da cidade se amplia, influenciado pelo processo de substituição das importações, durante a Primeira Guerra Mundial. Esse período aumentou consideravelmente a procura por artigos manufaturados nacionais. O Estado de São Paulo tornou-se o maior centro policultor do país. A industrialização e a imigração repercutiram na ocupação espacial da cidade. A Barra Funda se tornou um bairro misto, possuindo áreas industriais e operárias. A paisagem urbana foi aos poucos se segregando, a zona fabril se concentrou na Várzea da Barra Funda ou Barra Funda de Baixo, e a Barra Funda de Cima, influenciada pelos bairros de Santa Cecília, perdizes e Campos Elíseos, caracterizou-se como uma zona residencial para classe média, oficinas e pequenas indústrias, possuindo traços singelos dos bairros operários italianos. Portanto, as indústrias estavam agora concentradas próximas a ferrovia. Na primeira metade do século XX, a imigração italiana foi responsável por considerável parte do povoamento do bairro [MACHADO,1995. pág. 15]. Os negros também foram importantes na constituição da população, pois residiam em casas humildes e trabalhavam em estabelecimentos comercias e em casas nobre nos bairros vizinhos. Todo esse panorama de crescimento populacional, industrialização, proliferação de habitações operárias precárias ao norte do bairro e instalação de casarões da elite paulistana ao sul, entre outros, fez-se necessário o desenvolvimento de melhorias na infraestrutura. As benfeitorias foram realizadas de acordo com os
interesses da iniciativa privada, visto que não existia vetor de expansão urbana definida pelo Estado [CANUTTI, 2008. Pág. 43]. O serviço de transporte público se inicia com a implantação da primeira linha de bondes elétricos da capital em 1902, unindo o bairro ao Largo São Bento. Neste trajeto passava pelas ruas Barra Funda, Brigadeiro Galvão, até a Rua Anhanguera, seu ponto final. O bonde não influenciou na formação do bairro, pois seu traçado já estava determinado [BRUNELLI, 2006. pág. 23]. A crise de 1929 reduziu drasticamente o preço da saca de café, interferindo no processo de desenvolvimento econômico de São Paulo, porém não o interrompeu. As oscilações econômicas e políticas retardaram o crescimento industrial, obrigando fazendeiros, comerciantes e industriais a se reorganizarem. Neste período ocorre uma alteração na organização social: a saída da classe média, composta por pequenos industriais, comerciantes e produtores de café, assim como a proliferação de pensões e cortiços. O processo de industrialização estava intrinsecamente ligado ao da urbanização, situação que exigia grandes intervenções urbanísticas na cidade. Mas a falta de investimentos agravou as deficiências em infraestrutura e serviços, tornando precário o sistema de circulação de bondes e de energia elétrica. Algumas intervenções foram realizadas pela iniciativa privada entre os anos de 1929 e 1945, como por exemplo, o desmembramento do lote Chácara do Carvalho e implantação da Vila dos Ferroviários, viabilizado pelo IAP [Instituto de Aposentadoria e Pensões] nos anos de 1940 [BONDUKI, 2004. pág. 134]. Outras obras foram realizadas, conforme propostas do Plano de Avenidas, iniciadas na gestão de Prestes Maia. Entre elas está o prolongamento da Avenida Pacaembu, a construção do Viaduto do Pacaembu e a retificação do Rio Tietê. A retificação permitiu que a várzea fosse ocupada, valorizando e adensando a área . Pela proximidade com o centro a Barra Funda foi objeto de vá-
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rias propostas de intervenções viárias, o que deslocou os eixos comerciais das estações ferroviárias para as avenidas.
uma faixa de território urbano com maior concentração de escritórios, comercio, serviços e habitação [ANELLI, 2007].
Entre as décadas de 1940 e 1960, diante da complexibilidade dos problemas urbanos, ocorre uma grande retração econômica no bairro. O governo, neste período, adotava uma política descentralizadora, influenciado por tendências internacionais, incentivando a realocação das indústrias de áreas centrais para os eixos rodoviários, desestimulando aplicação de investimentos privados na área. Essa política buscava aliviar o trânsito pesado do centro, direcionando as indústrias para fora da cidade de São Paulo [CANNUTI, 2008. pág. 8].
Em virtude do momento político vivido pelo país, o projeto de lei proposto no PUB foi arquivado, retardando a criação de um plano geral para a cidade de São Paulo.
A partir dos anos de 1960 ocorre um segundo momento de grandes transformações, marcado principalmente pelas medidas governamentais de planejamento urbano. Foi aprovada a lei de uso e ocupação do solo, a modernização dos transportes e o prolongamento do sistema viário, definindo ainda mais o perfil industrial do bairro. Na década de 1970 foi elaborado o Plano Urbanístico Básico – PUB, que abordou a cidade sobre aspectos habitacionais, transportes e saneamento [SOMEKH, 2002]. O PUB destacou a importância de fornecer equipamentos públicos, do estímulo ao desenvolvimento econômico, da distribuição da população pela cidade e da elaboração de mecanismos de ordenamento do solo. Em relação ao sistema de transportes, o PUB reavaliou a proposta radio-concêntrica do Plano de Avenidas, considerando que este não possibilita a criação de novas centralidades, fortalecendo apenas o centro tradicional. A proposta do novo plano era implantar vias expressas de forma ortogonal ao tecido urbano existente, reforçando o conceito de criação de múltiplas centralidades. Reforçando essas propostas, foi criada em 1966 a Companhia do Metropolitano de São Paulo [Metrô], que se sustentava em partes no conceito de “corredores de atividades múltiplas”, cujas estações estariam associadas a
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No ano de 1971, foi aprovado o PDDI, Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, que manteve a proposta de remodelação do sistema viário, com ampliação do transporte coletivo, proposto pelo PUB. A forma de implementação das diretrizes propostas pelo PDDI, ainda não estava detalhada, necessitando de complementos que viabilizassem sua operação. Em 1972 a lei de zoneamento foi aprovada, instituindo zonas de uso do solo, criando categorias específicas ou mistas de uso em cada região, controlou também a densidade das edificações, através de coeficientes de aproveitamento do terreno mínimos e máximos, taxas de ocupação, recuos frontais, laterais e de fundo, largura mínima de testadas e tamanhos mínimos de lote [NOBRE, 2004]. Esta legislação consolidou a verticalização em muitos bairros de São Paulo e o modelo de ocupação da torre isolada no lote. O zoneamento de 1972 completou Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, de 1971, definindo oito zonas de uso e ocupação. Depois de 1972 outras dez zonas foram criadas [MACEDO, 1987]. Além do controle feito pelos coeficientes de aproveitamento e pelas taxas de ocupação, a obrigatoriedade de recuos constitui uma restrição ao direito de construir, originado áreas na frente, laterais e no fundo, o que faz surgir áreas verdes privadas não edificantes. Esses recuos em muitos casos criaram sub-espaços, ou seja, áreas sem uma função definida, como acesso, corredores e caminhos pouco utilizados, não possibilitando a realização de atividades de lazer. De acordo com os coeficientes estabelecidos, recuos, formas de
ocupação dos lotes e os tecidos urbanos resultantes, a legislação cria de certa forma uma paisagem homogênea, partindo do ponto de vista da altura das edificações e da ocupação do lote. Na Barra Funda, o zoneamento definiu grande parte do território como zona industrial, consolidando o perfil urbano pré-existente. De certa forma, esse uso do solo desestimulou e dificultou a ação do mercado imobiliário. Os investimentos privados neste período se concentram no vetor sudoeste da cidade. Porém, o zoneamento associado à política dos anos de 1960 de retirada das indústrias do centro, gerou uma situação contraditória, ocorrendo o fechamento de grandes indústrias, desocupação e ociosidade de algumas áreas. Neste momento também ocorreram grandes obras viárias, modificando a configuração espacial do bairro. Foram construídos nos anos 1970 o Viaduto Antártica e o Pompéia, que possibilitaram novos meios de interligação do centro com o norte da cidade. Essas obras estimularam a ocupação do trecho entre a ferrovia e o rio Tietê, chamado de várzea da Barra Funda.
ticos na cidade de São Paulo, é inaugurada em 1988 a Estação Barra Funda, dando continuidade a linha Leste-Oeste do metrô. No ano seguinte é concluído o Terminal Intermodal Barra Funda, com implantação de uma rodoviária conectada ao metrô, é inaugurado também o Memorial da América Latina, voltado para as atividades culturais e de lazer. Essas obras criaram expectativa com relação às melhorias e valorização que o bairro viria a passar [BRUNELLI, 2006. pág. 24]. A proposta da implantação deste terminal intermodal, de certa forma era melhorar o sistema de transporte metropolitano e valorizar a região como um todo. Mas não é apenas o sistema de transporte responsável pela valorização da terra, importa também outros fatores estruturais e sociais [GOTTDIENER, 1993. pág. 54]. De fato na Barra Funda, a implantação de grandes equipamentos públicos não foi suficiente para modificarem drasticamente a morfologia urbana da região, até meados da década de 1990.
A ocupação desta área foi desigual e esparsa, marcada por um parcelamento fragmentado e em grandes quadras. Muitas áreas ficaram ociosas, pois havia constantes problemas de drenagem urbana, remanescentes da retificação do rio Tietê [CANNUTI, 2008. pág. 82].
A criação do instrumento urbanístico Operação Urbana, cujo objetivo central é estimular a ocupação e a requalificação de regiões da cidade, motivou novas transformações na Barra Funda [MAGALHÃES, 2005]. Áreas urbanas com antigas zonas industriais desativadas ou subutilizadas, localizadas no centro expandido da cidade, passam a ser interessantes para criação de grandes projetos urbanos de requalificação e reestruturação.
Em contraposição ao parcelamento em grandes quadras do setor norte da Barra Funda [entre a ferrovia e o rio Tietê], o setor sul na década de 1970 [conectado com Perdizes] encontra-se totalmente ocupado com habitações e pequenas indústrias.
Até o ano de 1995, poucas obras privadas de grande porte haviam sido realizadas, uma delas foi o Shopping West Plaza, em 1991, demonstrando pouco interesse dos empreendedores privados.
A partir de meados da década de 1980, período de transformações políticas, sociais e econômicas, como democratização, incremento nas atividades comerciais e de prestação de serviços, dispersão industrial, modificaram socialmente e fisicamente a Barra Funda.
Com a criação da Operação Urbana Água Branca em 1995, novos usos foram estabelecidos na região, assim como possibilidades de investimentos privados. A alteração de usos proposta pela Operação Urbana começou a acontecer no final da década de 1990, com a implantação de hotéis, supermercados, universidades e a construção do Fórum Criminal e Trabalhista.
Dentro da proposta de implantação de grandes projetos urbanís-
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Porém a adesão do mercado imobiliário a OUAB não foi significativa, pois apenas o “Centro Empresarial Água Branca”, um conjunto de torres de escritórios, usufruiu das vantagens oferecidas. Como contrapartida foi realizado o prolongamento da Avenida Auro de Moura Andrade e a restauração da “Casa das Caldeiras”, patrimônio histórico tombado. Segundo a SEMPLA, um dos motivos do insucesso da OUAB é a inexistência de um plano urbanístico para a área de intervenção. Em 2002 é criado o Plano Diretor Estratégico de São Paulo [PDE], que propôs a utilização de instrumentos urbanísticos, como imposto territorial progressivo, transferência de potencial construtivo, etc., para viabilizar os objetivos do plano. Um dos objetivos é orientar as ações no processo de produção e consumo do espaço urbano, garantindo apenas parâmetros mínimos de construção, não considerando a qualidade espacial e ambiental das construções e espaços livres. O PDE dividiu a cidade em três áreas com problemáticas distintas: área consolidada, área intermediária e área periférica. A Barra Funda foi inserida na área intermediária, devido à subutilização de parte do seu território urbano. A implementação do PDE, e consequentemente o Plano Regional Estratégico da Subprefeitura da Lapa – PRE em 2004, que definiu grande parte do bairro como zona de ocupação mista, estimularam o desejo de atrair o setor residencial para a região. Nesse contexto de operação urbana e novo zoneamento, emerge o desejo de elaboração de um plano urbanístico, que se daria por meio de um concurso. Em 2004 foi criado o Concurso Bairro Novo promovido pela prefeitura e pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil. O objetivo era criar um projeto para a construção de um bairro residencial através da parceria entre o Poder Público e a iniciativa privada [SEMPLA São Paulo – Termo de Referência, 2004]. O projeto vencedor consistia em edifícios de 6 andares contíguos, formando quadras fechada com pátios centrais, em uma
Vista aérea da Barra Funda. Edifício do TRT em destaque na paisagem, assim como o Forum Criminal. Fonte: Quapá, 2005.
malha urbana reticulada. Porém em 2005, em virtude das eleições municipais que substituíram o partido governante da cidade, o contrato com a equipe vencedora foi suspenso. Mesmo com o insucesso desta iniciativa, já existia certo interesse do mercado imobiliário na região. Nota-se um crescimento nos lançamentos residenciais e comerciais de grande porte, principalmente no setor sul da ferrovia, referente ao bairro da Água Branca. Esse processo de transformação urbana vem ocorrendo também a partir de meados dos anos 2000, após o concurso Bairro Novo, no setor a norte da ferrovia, onde ainda existe predominância do uso industrial. O mercado imobiliário de certa forma pressiona o setor industrial, instalando nessas áreas empreendimentos residenciais e comerciais de grande porte. Entre 2006 e 2010 foram lançados muitos empreendimentos residenciais e comerciais, como o Shopping Center Bourbon, o Hipermercado Sonda e a reforma do estádio Palestra Itália, com construção de um grande centro multiuso.
mente a Barra Funda neste contexto. A operação urbana Lapa-Brás engloba em seu perímetro áreas motivo ou propostas de operações, como trechos da Diagonal Norte, Sul, Centro e a totalidade da Água Branca. Não se pretende anular os trabalhos já realizados por estas operações urbanas, mas consolidar e compatibilizar os projetos existentes com os propostos. Neste panorama, a paisagem industrial aos poucos se transforma por meio das iniciativas públicas e privadas que atraem para a região novas atividades, buscando desvincular a sua antiga imagem industrial, para algo novo, mas que ainda não possui uma própria identidade. A Barra Funda que durante toda sua história sofreu grandes transformações, está mais uma vez se modificando, reconfigurando a sua morfologia urbana e paisagística.
As transformações sócio-espaciais ocorridas após meados de 1990 estiveram, na maioria dos casos, relacionadas às mudanças das formas de produtivas do capitalismo, aos estímulos propiciados pelo Terminal Intermodal da Barra Funda, pelos desdobramentos da Operação Urbanos Água Branca e pela mudança no zoneamento. Em 2010 mais um estímulo foi criado para a região: a Operação Urbana Lapa-Brás, com uma área de abrangência que se inicia na Lapa, passando pela Barra Funda, Santa Cecília, Bom Retiro, Luz, Pari e Brás. O objetivo desta operação urbana é a criação de um projeto estruturador que além de recuperar a orla ferroviária no eixo longitudinal, contemple e qualifique uma série de eixos transversais, por possuírem grande potencial de transformação [Termo de Referência da Operação Urbana Lapa-Brás], inserindo intensa-
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agentes e iniciativas A partir do panorama histórico das transformações ocorridas, é notório que alguns agentes ou iniciativas foram ou ainda são responsáveis pela produção do espaço urbano na região. Destacam-se como elementos indutores a Operação Urbana Água Branca, o projeto urbanístico elaborado pela EMURB, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, o concurso Bairro Novo, a Operação Urbana Lapa-Brás e a produção do mercado imobiliário. Para compreender como esses agentes e iniciativas atuam e delineiam o perfil do espaço urbano, é fundamental apresentar suas principais características e diretrizes projetuais. O escopo destas análises é construir uma simulação da paisagem urbana produzida, considerando regras e parâmetros já estabelecidos pelos órgãos públicos, assim como as principais tendências volumétricas e espaciais das edificações e dos espaços livres privados. Desta forma é possível embasar e estabelecer um posicionamento arquitetônico e paisagístico frente a esse conjunto de propostas, que de forma significativa influenciam na construção e na reestruturação da cidade.
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operação urbana água branca A Operação Urbana Água Branca [OUAB] constitui-se como um conjunto de medidas que estimulem a integração das ações e interesses do poder público, da iniciativa privada e dos moradores locais, buscando concretizar transformações urbanísticas através de recursos privados, em sua maioria [BRUNELLI, 2006. pág. 83]. O perímetro da OUAB é muito similar ao do distrito da Barra Funda, compreendendo um polígono de 540 ha, formado pelas avenidas Presidente Castelo Branco, Pacaembu, Francisco Matarazzo, Pompéia, Santa Marina e Comendador Martinelli e as ruas Paraguaçu, Traipu, Turiaçu e Carlos Vicari.
tação do perímetro e das propostas da OUAB: - proximidade da região com o centro histórico e com bairros consolidados da cidade, como Perdizes, Pompéia e Pacaembu; - boas condições de macro-acessibilidade, em virtude do porte do sistema viário e do Terminal Intermodal da Barra Funda, que possui conexões na escala de abrangência metropolitana; - problemas referentes à micro-acessibilidade, por ter malha urbana fragmentada e bastante deficiente; provocando obstáculos a permeabilidade de pedestres e veículos; - problemas de drenagem urbana, provocados também pela ocupação da várzea do rio Tietê - orla ferroviária, como uma grande barreira urbana, fragmentando a Barra Funda em dois trechos urbanisticamente distintos; - existência de glebas vazias ou subutilizadas, somando cerca de 1.100.000 m2. Estas que estão nas mãos do poder público e de poucos proprietários [MAGALHÃES, 2005];
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- oferta de equipamentos de lazer e cultura de médio e grande porte, tanto públicos quanto privados; - presença de diversos bens históricos; - baixa densidade populacional, cerca de 24 hab/ha.
Mapa de abrangência da intervenção da OUAB. Área equivalente ao distrito da Barra Funda, com exceção do Parque da Água Branca e área residencial horizontal vizinha ao parque. Fonte: EMURB.
Frente ao panorama histórico, verificam-se algumas questões urbanas e paisagísticas que foram determinantes para a delimi-
Esse cenário de obstáculos, deficiências e potenciais, são fundamentais para que se justifique a criação da Operação Urbana, estabelecendo mecanismo, ações legais e diretrizes que estimulem a requalificação e o desenvolvimento desta região. A OUAB, assim como outras operações urbanas, é um instrumento legal que possibilita a execução de obras em um deter-
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emurb minado perímetro urbano, que não estejam previstas pela de Lei de Ordenação do Uso e Ocupação do Solo – Zoneamento. Investidores e proprietários de imóveis abarcados pelo perímetro da operação podem mediante pagamento de contrapartida, usufruir de vantagens, como por exemplo: - alterar índices de uso e ocupação do solo; - transferir potencial construtivo não utilizado dos imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico, firmando a responsabilidade de manter e preservar os bens imóveis; - regulamentar construções, reformas e almpliação realizadas em desacordo com a legislação; - instalar usos que não estejam previstos pela Lei de Zoneamento [MAGALHÃES, 2005]. Os recursos obtidos através das contrapartidas são utilizados exclusivamente dentro do perímetro da OUAB, aplicados em obras que beneficiem a região como um todo. Portanto, o principal instrumento urbanístico utilizado para viabilizar esta operação urbana é o solo criado ou a concessão onerosa do direito de construir.
A elaboração do plano urbanístico da OUAB foi realizada pela Empresa Municipal de Urbanização do Município de São Paulo – EMURB/SP, tendo como principais diretrizes: - melhoria das condições de mobilidade, com complementação e reestruturação do sistema viário; - reurbanização da orla ferroviária; - estabelecimento de novos padrões de uso e ocupação do solo, buscando o aumento da densidade populacional; - ocupação dos grandes vazios urbanos; - criação de um sistema de espaços livres interligados, auxiliando no controle da permeabilidade urbana; - recuperação de referenciais paisagísticos, como a visão da Serra da Cantareira, do Espigão da Avenida Paulista e a várzea do rio Tietê.
Desta forma, a OUAB pretende orientar e estimular o uso do solo para o setor terciário, concedendo benefícios que atraiam investimentos privados para a região. Com o entendimento dos problemas e potenciais da Barra Funda, assim como os mecanismos que viabilizam a implantação de um projeto urbanístico por meio de operação urbana, é fundamental observar as propostas elaboradas pela EMURB.
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Plano geral, com infraestrutura viária e novos usos. Fonte: EMURB
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Legenda: Áreas Verdes Concessão Urbanística Institucional Habitação de Interesse Social
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A partir destas diretrizes gerais, o EIA – Estudo de Impacto Ambiental – solicitado pela EMURB, divide a área da OUAB em 9 setores, agrupando características semelhantes de uso e ocupação do solo, potencialidades, distribuição do sistema viário e oferta de transportes públicos.
Setor B – Santa Marina/Gleba Tecnisa – possui a menor densidade populacional, 6 hab/ha, somando 362 pessoas. Essas residências são remanescentes das vilas operárias, correspondendo a vilas de sobrados geminados. O padrão construtivo predominante é o de galpões de médio e grande porte. Existe uma grande área ocupada com o desativado centro esportivo da Telefonica e o Clube Nacional. Outra parte, cerca de metade do trecho pertence à Tecnisa, que planeja o seu parcelamento. Setor C – Orla Ferroviária – possui uma das maiores densidades com relação aos outros setores, 102 hab/ha. Este trecho destaca-se pela sua localização estratégica, pois se conecta facilmente com o centro da cidade e com a Lapa, tanto pelo sistema viário como pelo ferroviário.
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Divisão da OUAB em 9 setores. Fonte: EMURB
Setor A – ZEIS/Centro de Treinamento – apresenta uma ocupação muito esparsa, com edificações usadas para atividades comerciais. Isso ocorre devido à maior proximidade com a Marginal Tietê e as rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera. Existe uma área pública de 170.000 m2² utilizada pela CET e como centro de treinamento dos times de futebol Palmeiras e São Paulo, concessão válida até 2020. Neste setor está presente a única favela inserida no perímetro da OUAB, a do Sapo. Após a construção das habitações de interesse social propostas, a área será regularizada e transformada em um parque.
Apresenta intensa atividade do mercado imobiliário, com lançamentos comerciais e residenciais de médio padrão. Setor D – Sociedade Esportiva Palmeiras/West Plaza – trata-se do menor setor, com uma densidade de 52 hab/ha. Caracteriza-se urbanisticamente como uma zona de transição entre os bairros de Perdizes, Pompéia e Pacaembu, com as residências de médio e alto padrão, e a orla ferroviária. A estrutura fundiária é regular, caracterizada por vias que se conectam a outras. A paisagem é basicamente horizontal, com edifícios baixos e residências de até dois pavimentos. Existe uma forte presença de grandes equipamentos comerciais e culturais, como o Shopping Bourbon e West Plaza, o Sesc Pompéia e a sede da Sociedade Esportiva Palmeiras. Setor E – Gleba Pompéia/Marginal Tietê – não apresenta população residente. A ocupação é predominantemente industrial, com oficinas, transportadoras e terrenos vazios ou subutilizados. O sistema viário é bastante fragmentado e incompleto, o que gera quadras irregulares e extensas, dificultado a circulação de
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pedestres. Outro ponto significativo é a inexistência de áreas verdes públicas e a escassa arborização viária.
membrados para execução de empreendimentos residenciais de maior porte.
Setor F – Parque Industrial Tomás Edson – assim como o setor E, não apresenta população residente, mesmo que a área tenha sido alterada pelo Plano Diretor Regional com zona de uso misto. A estrutura fundiária é marcada por grandes lotes irregulares, sem áreas verdes.
Com a caracterização geral dos setores, a EMURB propõe para cada um deles incentivos, complementos, re-ordenamentos, dentre outras obras de intervenção.
No trecho próximo a Marginal Tietê percebe-se a gradual substituição do uso industrial pelo de comércio e serviços, em virtude da grande movimentação de veículos.
Para observar de forma crítica as propostas urbanísticas e paisagísticas da OUAB, é interessante pensar em alguns pontos: adensamento populacional, espaços livres públicos e sistema viário.
Setor G – Play Center/Fórum Dr. Mário Guimarães – possui uma densidade populacional de 32 hab/ha, com perfil de renda média baixa. A ocupação predominante é de galpões industriais de médio porte, com atividades diversificadas.
adensamento populacional
O sistema viário também é incompleto, possuindo basicamente vias no sentido norte-sul, inexistindo vias ortogonais, dificultando a circulação de veículos e principalmente pedestres. Setor H – Terminal Intermodal da Barra Funda/Memorial da America Latina – apresenta densidade de 76 hab/ha. Caracteriza-se na parte a cima da ferrovia por um parcelamento em lotes pequenos, com sistema viário desconexo, predominando os usos de comércio, serviços e oficinas de pequeno porte. A parte sul, destaca-se pelos equipamentos públicos e privados, como o Memorial da América Latina e as universidades Uninove e Unesp. A circulação de pedestres gerada pelas universidades é bastante intensa e dificultada pela insuficiente presença de vias conectoras. Setor I – Bairro de Perdizes – área com maior valor imobiliário, dentro dos limites da OUAB e maior densidade populacional, 303 hab/ha. Predomina o uso residencial vertical de médio e alto padrão, com alguns pontos ainda horizontais. A estrutura fundiária se difere muito dos outros setores, pois é caracterizado por lotes pequenos e médios, que tem sido re-
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Para todos os setores pretende-se aumentar a densidade demográfica, partindo dos atuais [2010] 24 hab/ha para 100 a 320 hab/ha. Esse acréscimo implantado e ocupado por completo, geraria uma população de aproximadamente 85.000 pessoas. Um incremento de 72.000 pessoas, visto que a população residente, segundo senso 2010, é de apenas 13.000. Esse dado indica que o distrito é o penúltimo no ranking populacional do município de São Paulo, sendo maior que o distrito de Marzilac, no extremo da zona sul. O adensamento populacional é proposto ainda de forma genérica, pois os valores estipulados das densidades para as áreas da operação são baseados em índices urbanísticos simplificados e estimativas matemáticas. A forma urbana gerada pelo adensamento não é projetada, assim como a relação das unidades 500 0 habitacionais com a cidade. A simplificação ou ausência da forma urbana projetada, não garante que o adensamento populacional ocorra como planejado pelo território da operação urbana, podendo surgir grandes núcleos habitacionais com baixíssima densidade, próximos aos grandes equipamentos públicos, e poucos trechos super adensados, com comprometida qualidade ambiental e urbana, além de estarem afastados do sistema de transporte público.
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espaços livres públicos Os espaços livres públicos foram significativamente ampliados na proposta urbanística da OUAB, visto a insuficientes e a grande deficiência estrutural e funcional destes espaços. Foram elaborados diversos espaços livres públicos, classificados como áreas verdes, para funcionarem como conectores, possibilitando a formação de um sistema único. As áreas verdes com dimensões mais significativas estão na gleba do Centro de Treinamento [setor A], na gleba Tecnisa [setor B] e na gleba Pompéia [setor E]. Esses espaços não estão fisicamente ligados, porém são previstos como um conjunto articulado por meio de arborização viária, principalmente.
Os espaços livres de lazer e esporte são em número e em porte significativos, se comparados com trechos urbanos de São Paulo, sendo o pior deles a zona Leste. Os cinco principais espaços estão margeados e conectados pelo sistema viário, sendo posicionados basicamente nos centros das grandes glebas destinadas a promoção de habitação. Essa disposição não privilegia apenas algumas partes do solo urbanizado, possibilitando que os acessos sejam similares para muitos futuros moradores. Além destes espaços maiores, estão previstas algumas praças, dispostas em terrenos remanescentes públicos ou cedidos pela iniciativa privada. Como exemplo, a criação de uma praça no entorno do edifício tombado da Casa das Caldeiras e outra no entroncamento do Viaduto Antártica com a Avenida Francisco Matarazzo. Algumas dessas praças já possuem o projeto paisagístico mais detalhado, pois se pretende implantá-las em curto prazo, porém os espaços livres maiores ainda não foram projetados de fato nas propostas da OUAB.
sistema viário As obras viárias representam grande parte das propostas da OUAB. São propostos prolongamentos viários, alargamentos de ruas, reconfigurações geométricas, além de abertura de novas vias. Esse enfoque ocorre pelos inúmeros problemas fundiários, como por exemplo, grandes quadras, terrenos irregulares e ruas desconectadas. A principal característica do sistema viário proposta é a conexão com existente, apresentando um desenho que, em muitas situações, se completa, por meio dos prolongamentos viários.
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Outra proposta importante para a estruturação viária é a criação de duas avenidas que margeiam a ferrovia, fazendo a interligação leste-oeste em escala distrital. A solução projetual adotada cria corredores viários paralelos à orla ferroviária, apresentando espacialidade opressiva e desinteressante paisagisticamente. Destaque para os espaços livres públicos criados pela OUAB. Fonte: EMURB Legenda: Espaços livres públicos propostos pela OUAB Perímetro da OUAB Sistema viário existente
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Plano urbanístico com destaque para sistema viário e novos usos. Fonte: EMURB.
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Legenda: Novo traçado ferroviário Viário proposto Habitação de Interesse Social Área verde Área verde concedida até 2020 Institucional Concessão urbanística
Na medida em que se implanta uma via rente a grandes muros, ela se transforma em uma via expressa para automóveis, inibindo a circulação de pedestres e a instalação de pequenos e médios estabelecimentos comercias, o que gera uma urbanidade não propícia para estar, apenas para passar. A circulação de pedestres também é dificultada, pois muitas das quadras propostas, principalmente na Gleba Tecnica, possuem grandes dimensões, 120 x 300 m, 150 x 250 m, dentre outras. Na escala do automóvel esses percursos não se configuram como barreiras, porém para o pedestre, os cruzamentos entre quadras não são realizados com rapidez e facilidade. Atualmente [2010], existem apenas quatro transposições de pedestres em um percurso com mais de 4,5 km. Duas delas são nas estações da Água Branca e Barra Funda, possuindo uma
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passagem segura para os pedestres. As outras transposições são realizadas pelos viadutos Pompéia e Antártica. O viaduto Antártica apresenta apenas um corredor para pedestres com aproximadamente 90 cm de largura, já o Pompéia possui duas passagens com pelo menos 2,5 m de largura. Essas situações só ressaltam a condição de barreira urbana provocada pela ferrovia e pelo próprio insuficiente e fragmentado sistema viário da Barra Funda. A EMURB, por meio de diversos estudos de fluxos, impactos urbanísticos e ambientais, usos do solo e mapas temáticos, elabora suas propostas de intervenção ainda de forma incipiente, enfatizando apenas a requalificação viária e a implantação de áreas verdes.
plano diretor estratégico O Plano Diretor Estratégico – PDE [lei 13.430], implementado em 2002 no município de São Paulo, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana, organizando o funcionamento da cidade. Na medida em que o Plano Diretor determina as políticas de desenvolvimento urbano, econômico, social e ambiental, são indicados e localizados no território os instrumentos do Estatuto da Cidade, como: Planos Regionais, Lei de Usos e Ocupação do Solo, Plano de Circulação e de Transportes, Plano de Habitação e Operações Urbanas. O PDE compartimenta a cidade em três níveis, com finalidades distintas. O primeiro nível são as Macrozonas, tendo como objetivo da divisão a questão ambiental. O segundo nível são as Macroáreas, cujos objetivos estão relacionados ao suporte da infraestrutura. O terceiro nível corresponde as Zonas, definindo usos e regrando os seus conflitos. O conceito de Macroáreas está muito relacionado à política de desenvolvimento, pois são definidas grandes áreas que avaliam o grau de estruturação e qualificação urbana, considerando principalmente o saturamento ou a falta de infraestrutura. As principais Macroáreas existentes são: Urbanização Consolidada, Reestruturação e Requalificação, Urbanização em Consolidação, e Urbanização e Qualificação. A região da Barra Funda, assim como toda orla ferroviária, o centro tradicional da cidade e locais com grande oferta de transporte coletivo, foram classificados como Macroárea de Reestruturação e Requalificação, objetivando principalmente o adensamento destes territórios urbanos, através da mudança dos usos do solo.
Mapa do Município de São Paulo. com delimitação das Macroáreas. Destaque para Barra Funda. Fonte: site da PMSP. Legenda: Urbanização Consolidada Reestruturação e Requalificação Urbanização em Consolidação Urbanização e Qualificação
Proteção Integral Uso Sustentável Conservação e Recuperação Destaque Barra Funda
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Em 2004, foram criados os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras – PRE, que objetivam criar parâmetros e diretrizes urbanísticas mais específicas, visto que a escala de abrangência está mais próxima do que nas Macroáreas. São nos PRE que estão definidos o uso e ocupação do solo, chamado também de zoneamento. A Barra Funda está inserida na subprefeitura da Lapa, cujo PRE tem como principais objetivos quanto ao uso e ocupação do solo: - transformar zonas industriais em mistas; - permitir a permanência e expansão das indústrias nas zonas mistas; - estimular atividades culturais e diversificação das atividades comerciais e de prestação de serviços; - estimular atividades esportivas em áreas desocupadas. Dentre esses objetivos, a mudança do uso do solo industrial para misto, em toda a área do distrito da Barra Funda foi fundamental para implantação de empreendimentos residenciais, como parte das propostas da OUAB. Situação, que de certa forma não expulsa completamente as indústrias do local, mas incentiva a diversificação do uso do solo urbano. Diversificação que estimula novas atividades comerciais, culturais, esportivas e o aparecimento de novos núcleos habitacionais.
No contexto de aproveitar as potencialidades como localização estratégica e boas condições de infraestrutura de transportes, o distrito caracteriza-se predominantemente pelo uso do solo misto de alta densidade – denominado ZM-3. Esta zona se subdivide em duas: ZM-3a e ZM-3b, diferenciando-se uma da outra pelo coeficiente de aproveitamento básico. Essa classificação confirma e estimula o interesse de adensar a região, mas não garante que de fato aconteça, ou ainda como aconteça. O zoneamento é uma ferramenta urbanística importante para garantir que condições mínimas de qualidade ambiental, urbanística e sanitária sejam atendidas pelas construções. Porém não projeta a paisagem urbana, visto que se preocupa mais com a ocupação dos lotes individualmente, e não com uma visão de conjunto da cidade Os coeficientes e taxas de ocupação privilegiam as questões de insolação e ventilação mínimas, mas não o desenho das construções e dos espaços livres. A permeabilidade é definida por porcentagens, se preocupando com a drenagem do solo, não existindo qualquer regulação quanto à qualidade. Portanto, a transformação da Zona Industrial em Zona Mista, visando à promoção do desenvolvimento urbano com diversidade de usos, juntamente com as diretrizes da OUAB, foram fundamentais para o surgimento de uma iniciativa projetual: o concurso Bairro Novo. Zoneamento da subprefeitura da Lapa. Fonte: PMSP
Legenda Limite do Município de São Paulo Limite das Subprefeituras Limite dos Municípios Vizinhos de São Paulo Limite da Área de Proteção Ambiental Limite da Macrozona de Proteção Ambiental Rodoanel Sistema Viário Estrutural Ferrovia Hidrografia Limite da Área de Proteção dos Manancias Macrozona de estruturação e qualificação urbana
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Zona Exclusivamente Residencial de Baixa Densidade Zona Exclusivamente Residencial de Média Densidade Zona Exclusivamente Residencial de Alta Densidade Zona Predominantemente Industrial Zona Mista de Baixa Densidade Zona Mista de Média Densidade Zona Mista de Alta Densidade - a Zona Mista de Alta Densidade - b Zona de Centralidade Polar - a Zona de Centralidade Polar - b Zonas especiais Zona Especial de Interesse Social - 1 Zona Especial de Interesse Social - 2 Zona Especial de Interesse Social - 3 Zona Especial de Interesse Social - 3 Zona Especial de Proteção Ambiental Zona Especial de Produção Agrícola e de Extração Mineral Zona Especial de Preservação Cultural Zona de Ocupação Especial
concurso bairro novo O concurso promovido pela parceria entre a Prefeitura e o Instituto de Arquitetos do Brasil, possuía como principal função, o suprimento da necessidade de um plano urbanístico para a Barra Funda, considerando seu enorme estoque de terrenos, áreas subutilizadas e sua posição estratégica frente ao setor consolidado da cidade de São Paulo. De certa forma o concurso representou uma possibilidade de revisão da lei da Operação Urbana, e de se elaborar um plano urbanístico, sendo mais uma tentativa de estimular o “desenvolvimento” da região.
Carolina de Carvalho e Dante Furlan, tem como referência a cidade tradicional, configurando em uma malha ortogonal com quarteirões fechados através de edifícios contíguos de 6 pavimentos. Essa tipologia baseia-se no padrão construtivo das cidades brasileiras na primeira metade do século XX, com prédios construídos no alinhamento das ruas, sem afastamentos laterais e com generosos recuos de fundo.
O Termo de Referência do concurso fornecia aos arquitetos elementos para reflexão de como seria um “bairro ideal”, para uma cidade “moderna, justa e bonita” e como poderia ser a cidade do “século XXI”. Essas ideias estão presentes na justificativa do concurso: “Como deve ser o bairro ideal para morar em São Paulo no século XXI? Quais as características de suas ruas, seus espaços públicos, suas habitações, seus locais de trabalho e de lazer, seu abastecimento local? Como se deve nele circular: a pé, de automóvel, com veículo especial? E qual a mescla de atividades mais adequada para obter a melhor qualidade de vida possível, maximizando a tecnologia de ponta deste século e refletindo a cultura e os hábitos paulistanos, cosmopolitas? Qual o projeto de um novo grande bairro que possa ser exemplar e paradigmático de uma São Paulo metrópole global, mais justa, moderna e bonita?” [SEMPLA São Paulo. Termo de Referencia do Concurso Bairro Novo, 2004]. Todos esses questionamentos deveriam ser respondidos de forma projetual, elaborando um conjunto de intervenções de reordenação urbanística, que abarcassem algumas questões como: transporte público, infraestrutura urbana, espaços livres públicos, questões ambientais, desenho da paisagem, legislação e gestão da área. O projeto vencedor, da equipe dos arquitetos Euclides da Cunha,
Proposta vencedora. Destaque para edifícios e parque. Fonte: Vitruvius.
Com relação ao parcelamento do solo, os lotes com acesso pelas principais vias são destinados ao uso misto, com comércio e habitação, os localizados nas quadras internas são de uso exclusivamente habitacional. As esquinas são classificadas como elementos estratégicos para a disposição de pontos comerciais. As áreas verdes possuem algumas hierarquias, como as praças internas das quadras, de propriedade privada; as praças do centro do bairro, formadas pelo desenho do sistema viário; o centro de feiras e convenções; e um parque junto ao trevo da Ponte Júlio de Mesquita Neto, lindeiro a Marginal Tietê.
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Portanto, o concurso Bairro Novo representou uma tentativa de projetar e viabilizar o desenvolvimento do mercado imobiliário, não pautado simplesmente em poucos e esparsos interesses privados, mas na conformação de um bairro, imaginado sua implantação ao longo dos anos.
Na superfície seria construída uma avenida sem características de via expressa, com travessias em nível, ciclovias, calçadas largas e arborização intensa, unindo os dois trechos urbanisticamente tão distintos da ferrovia, o norte e o sul .
Mesmo com a suspensão do contrato realizado com a equipe vencedora, no período de troca de governo municipal, as atenções do mercado imobiliário e do poder público se voltam para a região.
operação urbana lapa-brás No contexto de avanço do crescimento populacional e aproveitamento das potencialidades urbanas da Barra Funda e regiões próximas, a Operação Urbana Consorciada Lapa-Brás [OUCLB] surge como uma ferramenta para solucionar os presentes e os futuros problemas de infraestrutura e habitação. A OUCLB pretende aproveitar o grande potencial de substituição de usos da região, modificando grandes trechos urbanos vazios ou subutilizados industrialmente com usos comerciais e habitacionais, a partir de incentivos a iniciativa privada e elaboração de grandes planos urbanísticos. Outro ponto em que se baseiam as propostas da operação é a diferença da qualidade urbana entre o trecho sul e o norte da ferrovia, sendo que o primeiro possui boas condições de mobilidade, maior diversidade de usos e significativas densidades demográficas, em contraposição ao segundo, que não apresenta nenhuma dessas características. A existência da ferrovia dividiu fisicamente e socialmente a região, dificultando a conexão das vias coletoras do sul para o norte. Para resolver o problema da mobilidade e desenvolver urbanisticamente a região, foi planejado o enterramento dos trilhos das linhas ferroviárias 7 e 8 da CPTM. O trecho rebaixado percorre da estação Lapa até a estação Brás, somando 12 km de extensão.
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Imagem dos trilhos rebaixados CPTM Imagem de divulgação da proposta de enterramento dos trilhos e construção de nova avenida. Fonte: site CPTM.
Outras propostas são: a demolição ou desmontagem do Minhocão, da Praça Roosevelt até o Largo Padre Péricles, mudança do Terminal Rodoviário da Barra Funda para o Pátio da Lapa, renaturalização de alguns córregos canalizados e ocultos, melhorarias na drenagem e aumento das áreas verdes urbanas. A OUCLB divide a região em 8 grandes setores, agregando semelhanças em relação a potenciais e deficiências. A outra divisão se relaciona ao controle do processo de atuação dos agentes interessados: a área de transformação induzida, tendo o Poder Público como maior controlador do processo de transformação urbana; e a área de transformação incentivada, processo semelhante as outras operações urbanas, tendo por parte do Poder Público o estímulo e o controle dos parâmetros construtivos básicos, presentes no zoneamento.
mercado imobiliário Toda a orla ferroviária e parte das grandes glebas vazias ou subutilizadas da Barra Funda estão classificadas como Área de Transformação Induzida, possibilitando que o poder público desempenhe maior poder de indução sobre a transformação urbana. Nessas áreas poderão existir projetos urbanísticos específicos, não controlando apenas o tipo e a intensidade de uso do solo, mas características e detalhes da forma urbana.
O mercado imobiliário é um dos grandes responsáveis pela produção do espaço urbano nas cidades brasileiras. Não sendo diferente na cidade de São Paulo e na Barra Funda. Para compreender a dinâmica deste setor, é fundamental observar a sua estrutura básica, o modo de relação com o mercado consumidor, a lógica da redução de custos e da repetição de modelos e soluções projetuais. Pode-se dizer que o mercado imobiliário é sustentado por três pontos fundamentais: a incorporação, a construção e o financeiro. Os incorporadores são responsáveis pela procura dos lugares para construção dos edifícios. Os construtores se encarregam de agregar valor ao solo, com a própria construção, e o financeiro se vale da viabilização do empreendimento. Nessa estrutura existem muitas empresas que exercem todas as funções, incorporando, construindo e viabilizando.
Mapa com os 8 setores do projeto da OUCLB, destacando as áreas de transformação induzida e incentivada. O distrito da Barra Funda se refere aos números 3 e 4. Fonte: Secretaria de Desenvolvimeno Urbano - Prefeitura da Cidade de São Paulo.
Apenas com o Termo de Referência finalizado em maio de 2010, pretende-se enviar ao legislativo o projeto de lei da Operação Urbana até o último trimestre de 2011. O Termo de Referência de uma operação urbana funciona como um conjunto de diretrizes que orquestre a contratação de um projeto estruturador, um ante projeto, estudos de viabilidade econômica, capacidade de suporte de infraestrutura, além de um Estudo e Relatório de Impacto Ambiental [EIA-RIMA]. Assim como a OUAB, a AUCLB dará continuidade às sucessivas tentativas de transformação da região, criando estímulos para o desenvolvimento urbano através de grandes obras de infraestrutura, remodelamentos viários, criação de grandes espaços livres de lazer, e acima de tudo, ampliando o interesse de atuação do mercado imobiliário na Barra Funda.
O mercado consumidor exerce grande influência nas decisões de construtoras e incorporadoras. A adoção de métodos de análise do mercado busca o sucesso do projeto, a concretização e a venda de determinado produto imobiliário. O marketing é um dos métodos mais recorrentes, funcionando como mecanismo de divulgação nas mais diversas mídias. Para isso se define exatamente o publico que se pretende atingir. Os valores de investimentos nas ações mercadológicas nos dias de hoje [década de 2000 e 2010] superam os custos com projeto arquitetônico. As empresas de marketing usam muitos recursos para divulgar os empreendimentos, a começar por stands de venda cinematográficos, com muitas unidades decoradas, maquetes em grande escala, recepções, festas de inauguração, shows com cantores famosos, atividades recreativas, tudo no intuito de atrair compradores ou apenas curiosos, além de material de divulgação na internet, propagandas na televisão, em revistas e malas diretas. Esses materiais de divulgação em muitos casos usam slogans, ou seja, frases de impacto, para atrair compradores. É o caso do The Penthouses Tamboré, da construtora Company S.A,
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que em seu material de divulgação se utiliza de slogans como: “Über-Luxo”, “Para quem deseja estar acima de tudo” e “Você mais perto do topo do mundo”. A intenção é atrair um público consumidor muito específico e principalmente exigente. Podemos dizer que esses produtos imobiliários em geral não são vendidos apenas pelas qualidades internas e externas do imóvel, mas pelo volume dos investimentos em marketing. Ainda neste processo de análise do mercado imobiliário, os consumidores das classes médias e baixas buscam pelo menor valor de compra do imóvel residencial, fato que provoca reação na construção civil. Cada vez mais, as construtoras buscam facilidades e redução de custos, utilizando-se de reprodução, padronização e de simplificação das formas. Assim a produtividade aumenta junto com a redução do custo final do produto.
Algumas construtoras implantam projetos iguais em regiões completamente distintas, existem casos de apartamentos similares ou sendo construídos tanto na região sudeste quanto na nordeste do país, que de fato apresentam climas bastante diferentes, com necessidades, costumes e públicos distintos. Isso sem duvida prejudica muito o consumidor na questão da qualidade do espaço que irá residir, mas por outro lado reduz os custos com projetos e comissões de arquitetos e engenheiros. Na maioria dos casos ocorre o empobrecimento da arquitetura tanto do apartamento quanto dos espaços livres, em virtude da simplificação e repetição das formas, cujos edifícios saem praticamente de uma “linha de montagem”. Neste cenário da produção de apartamentos, o arquiteto participa muito pouco no que diz respeito ao desenho das unidades. Grande parte das decisões técnicas e práticas são de responsabilidade da dupla incorporadora e vendedora, sendo este último o que tem contato com o comprador no stand de vendas. Os elementos que definem a produção de prédios residenciais principalmente na cidade de São Paulo são: redução de custos, margem de lucro, pesquisas de mercado e localização. Os incorporadores que buscam lucro e venda rápida do produto estão mais interessados nos parâmetros construtivos, como os coeficientes de aproveitamento e plena otimização do terreno, do que com as qualidades que bons projetos de arquitetura podem acrescentar. Com relação a significativa produção imobiliária na Barra Funda, destaca-se o período histórico dos anos de 1980, momento de consolidação do sistema de transporte de massa sobre trilhos e a inauguração do Memorial da América Latina. Porém os lançamentos estavam restritos as áreas lindeiras aos bairros de Perdizes, Pompéia e Santa Cecília, mantendo a maior parte inerte aos lançamentos imobiliários. Em um segundo momento, referente aos anos 2000, pode-se dizer que a escassez de terrenos em áreas consolidadas e tra-
Imagem aérea de um empreendimento residencial próximo a Barra Funda. Ao todo são 11 torres, iguais. Fonte: Arquivo Quapá, 2004.
dicionais da cidade, juntamente com o crescimento do mercado imobiliário e as diretrizes do PDE de São Paulo, incentivaram a busca de regiões alternativas para o lançamento de novos empreendimentos. Segundo a Embraesp, entre os anos de 1992 e 2004 foram lançados 10 empreendimentos residenciais verticais, já entre os anos de 2005 e 2009 foram lançados 23, aumento significativo [EMBRAESP; Sempla/Dipro, in infocidade, 2009]. Esse expressivo aumento dos lançamentos imobiliários, identificados a partir de meados da década de 2000, foram motivados principalmente pelos seguintes fatores:
- “boom” imobiliário ocorrido em diversas partes do país, mas principalmente em São Paulo, entre os anos de 2006 e 2008. Momento de abertura do capital das incorporadoras e construtoras na bolsa de valores, além da diminuição da taxa de juros, do desemprego, o crescimento das riquezas nacionais e do crédito liberado para os financiamentos imobiliário. Com este panorama de dinâmicas e fatores que pautam a produção imobiliária, vale ilustrar alguns empreendimentos lançados na Barra Funda, destacando a distribuição e porte das edificações e a relação com entorno.
- facilidade de acesso a importantes vias de circulação, como Marginal Tietê, Av. Pacaembu, Av. Francisco Matarazzo, as rodovias Anhanguera, Bandeirantes e Castelo Branco; - oferta de transportes coletivos, composta pelos serviços de trens metropolitanos, metrô, linhas de ônibus municipais e intermunicipais; - presença de equipamentos coletivos de cultura, lazer e esporte, como o Memorial da América Latina, Sesc Pompéia, Parque da Água Branca;
Liv Barra Funda. Destaque na paisagem ainda bastante horizontal. Fonte: Autor, 2011.
- existência de consideráveis centros de consumo, tais como o Shopping West Plaza e o Shopping Bourbon, além de grandes eixos comerciais ao longo das avenidas Pompéia, Francisco Matarazzo e Marques de São Vicente; - mudança da Zona Industrial para Zona Mista em praticamente todo o distrito, permitindo novos usos; - existência de numerosos terrenos vazios ou subutilizados, de diversos tamanhos e em várias localizações; - divulgação em diversas mídias da Barra Funda através do Concurso Bairro Novo realizado em 2004; Rail Pompéia. Destaque para a proximidade entre os edifícios e os grandes galpões. Fonte: Autor, 2011.
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conclusões A partir das ações dos agentes produtores do espaço urbano, surgem algumas questões que são fundamentais para entender as dinâmicas de configuração do perfil da paisagem, considerando o contexto da Barra Funda: Qual a forma da cidade que as políticas de planejamento, através da lei de zoneamento, aliado as operações urbanas e ao mercado imobiliário podem gerar? Como garantir padrão de qualidade urbana e paisagística para a cidade? A cidade que surge a partir desses parâmetros não pode ser considerada uma certeza, mas grande probabilidade, imaginando a continuação do padrão encontrado na cidade de São Paulo. A paisagem urbana gerada por esse cenário probabilístico é a somatória de grandes condomínios residenciais e comerciais, entre antigas instalações industriais, gerado cidade murada, com vários conflitos de usos e pouco diversa. A rua se torna apenas meio de circulação de automóveis, pois as antigas relações de vizinhança e pequeno comércio deixam de existir nesse modelo de ocupação. Para visualizar esse modelo urbano, por meio de simulação de ocupação, são considerados os índices urbanísticos estabelecidos pela legislação, o sistema viário existente e o proposto pela OUAB, e das tendências do mercado imobiliário com os grandes condomínios verticais. A simulação considerou os seguintes valores: - coeficiente de aproveitamento máximo para ZM-3a: 2,5; - taxa de ocupação máxima: 0,5; - taxa de permeabilidade mínima: 0,15; - torres com gabarito predominante de 16 a 28 andares; - torres com dois, quatro e oito apartamentos por andar, em formato laminar ou quadrado;
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Forma Urbana atual, 2011. Fonte: Autor, 2011.
Simulação - Forma Urbana, 2021. Fonte: Autor, 2011.
Com este cenário probabilístico, percebe-se que a produção do espaço urbano através de iniciativas públicas e privadas, como as operações urbanas, o Plano Diretor Estratégico e o mercado imobiliário, influenciam diretamente no desenho e na produção dos espaços da paisagem urbana. Frente a esse panorama pode-se elaborar algumas conclusões. A produção do espaço das cidades ocorre de maneira gradual e nem sempre planejada, sendo motivo de muitos problemas, disputas e conflitos, que acabam aparecendo e se registrando na forma urbana. O planejamento urbano estatal, por mais que atue como intermediador do processo de produção e apropriação do espaço esbarra em inúmeras limitações, reduzindo sua capacidade de influenciar a configuração da forma urbana. A maneira que as entidades planejadoras enxergam o espaço urbano ainda é abstrata e simplificada. Os Planos Diretores e as leis de uso e ocupação do solo, comumente se limitam ao estabelecimento de parâmetros máximos e mínimos para as edificações e utilização do espaço privado, considerando a capacidade de suporte da infraestrutura e a distribuição pretendida de funções e atividades. A qualidade da relação estética, ambiental e espacial entre os espaços públicos e privados é muito subjetiva, pois são estabelecidas apenas medidas edilícias genéricas e bastante simplificadas, relacionadas às normas mínimas de insolação e ventilação dos edifícios. Existem poucos ou até nenhum controle sobre o aspecto final da forma urbana, tornando outros agentes, além do planejamento, responsáveis pela construção da cidade. A forma urbana de modo geral é resultado de concepções e interesses diversos, se configurando gradualmente a partir de inúmeras de decisões de agente públicos e privados que incluem empresas concessionárias de serviços públicos, agências reguladoras, bancos de investimentos, investidores, proprietário de imóveis, locatários, construtores, incorporadores, projetistas e
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consumidores. A consolidação da forma urbana não exclusivamente responsabilidade de um desses agentes, mas o reflexo da atuação de cada um deles. Um dos fatores que mais influenciam na produção do espaço urbano nas cidades do mundo capitalista é a atividade imobiliária, não devendo ser ignorado o seu potencial de criar projetos positivos para a cidade. O mercado imobiliário deve ser visto como interlocutor que precisa ser equacionado, não apenas seguindo os subjetivos parâmetros estabelecidos pelo poder público através da lei, mas articulando suas atividades com projetos urbanos, incentivando e concretizando um projeto mais amplo e detalhado de cidade. No Brasil destaca-se a desconexão entre os agentes imobiliários e o poder público, sendo a lei um dos únicos pontos de relação, dificultando ou até inviabilizando a construção de cidade integrada, justa e bonita. Mesmo que existam iniciativas como as operações urbanas, a relação entre mercado e poder público ainda é deficiente. Pode-se dizer que a maior relação entre as operações urbanas em São Paulo e o mercado imobiliário, é o fato das operações geralmente ocorrem onde já existe grande interesse do mercado [NOBRE, 2002]. Neste cenário de “livre” atuação do mercado imobiliário, cujas regras de atuação são poucas e ineficientes, observa-se nos empreendimentos lançados, o atendimento das regras mínimas estabelecidas para as edificações, mas as relações físico-espaciais destes com a cidade são praticamente inexistentes. Isso acontece devido aos extensos e desqualificados cercamentos, que provocam considerável ruptura visual entre espaços públicos e privados. Não está no mérito desta questão criticar os problemas sociais gerados ou sugestionados pelos cercamentos, mas entender que outras formas de projetar a transição entre os espaços públicos e privados podem ser elaboradas, tornando-os mais interessantes urbanisticamente e paisagisticamente. Neste ponto,
se percebe a grande necessidade da existência de um projeto urbano e a deficiência dos instrumentos urbanísticos vigentes na configuração do perfil da cidade. Essa questão está muito presente na Barra Funda pela existência de grandes glebas vazias ou subutilizadas, que propiciam a reprodução de um modelo produzido e difundido pelo mercado imobiliário na cidade: os grandes condomínios residenciais verticais. Empreendimentos que se tornam como grandes fragmentos urbanos, se fechando em grandes áreas muradas. Por outro lado, os grandes condomínios residenciais possuem sofisticados projetos de implantação, dispondo as torres de modo a criar espaços expressivos e com amplo tratamento paisagístico. Pode-se dizer que internamente esses condomínios resolvem de forma eficiente seus fluxos, visuais e relações espaciais, porém externamente o tratamento é raro, excluindo o entorno imediato das considerações projetuais. Com relação à OUAB, pode-se dizer que como discurso, ela possui objetivos e diretrizes que estimulam o desenvolvimento e a requalificação urbana, na medida em que pretende transformar os usos do solo da região e ampliar o sistema viário. Porém como forma de implantação, a operação não delineia parâmetros urbanísticos e qualitativos mais específicos.
As propostas da OUCLB, na medida em que pretendem reurbanizar a orla ferroviária da região central até a Lapa, com enterramento das linhas, criação de uma “via parque” e desenvolvimento de novos núcleos habitacionais, são benéficas para a inserção destes territórios fragmentados e subutilizados na cidade consolidada. Porém, a criação de “via parque” sobre os trilhos é bastante questionável, visto que uma avenida de longa abrangência e intenso fluxo de veículos acabaria se tornando nova barreira, e também pelo fato da região ter grande oferta de transporte público de massa. Portanto, o entendimento da produção do espaço urbano se faz a partir da somatória de inúmeros fatores e iniciativas, deixando explicita a necessidade de projeto urbano, elaborando detalhes e especificações para cada trecho da cidade, que considerem os elementos, dinâmicas e estruturas pré-existentes. O entendimento de conceitos e exemplos reais de desenho urbano, e a avaliação dos agentes produtores do espaço urbano, são fundamentais para que uma proposta projetual possa ser elaborada e embasada, considerando os aspectos já observados e os desejados para a Barra Funda, a partir de uma visão de arquitetura da cidade.
Mesmo com a iniciativa de parcelamento das grandes glebas, proposta pelo plano da EMURB, a ocupação destas áreas continua sem um plano de desenho urbano detalhado, possibilitando inúmeras e genéricas formas de ocupação. O concurso Bairro Novo foi uma iniciativa que incorporou desenho urbano, pois na medida em que projeta e equaliza a atuação das iniciativas privadas, evita que a cidade se configure de acordo com o interesse de poucos e que tenha preocupações que vão além das normatizações e questões financeiras. Porém por motivos políticos não foi concretizado, deixando a área como estava antes, sem projeto de cidade.
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01 02 introdução
inserção 15 tecido urbano 17 infraestrutura de transportes 18 uso do solo 22
desenho urbano como qualificador da cidade conceito contexto planos e projetos
03 04 produção do espaço urbano
panorama das transformações agentes e iniciativas conclusões
projeto
perímetro de desenho partido / conceito / propostas plano geral detalhe estruturas unidades habitacionais bibliografia
escala de trabalho
[1:5000] delimitação do perímetro de desenho [texto] [1:2000] [1:1000] [1:500] [várias] [1:100]
partido / conceitos / propostas estudo conceitual plano geral detalhe
estruturas urbana uso do solo C.A.
uso do solo especificações
estruturas
grandes eixos alamedas vilas
Parques / Espaço da Rua / Edifícios Praças / Espaço da Rua / Edifícios Espaço da Rua / Edifícios
unidades habitacionais
conceito unidades
04 60
delimitação do perímetro de desenho [1:5000] Após o estudo e reconhecimento do distrito da Barra Funda como um todo foi delimitado um recorte para elaboração de projeto urbano. A escolha da área foi determinada pelo fato de resumir os principais pontos, características, problemáticas e potenciais, identificados no distrito. O conjunto destes elementos faz com que a área possua grande potencial de transformação urbana. Esses potenciais fundamentam e estruturam a proposta de transformar, reurbanizar e qualificar este setor do distrito da Barra Funda. Identificam-se no local os seguintes fatores:
Freguesia do Ó
Limão Casa Verde
parcelamento e uso do solo - Parcelamento do solo em grandes lotes. O trecho possui aproximadamente 70 ha, dividido em dois grandes setores: a gleba Pompéia, que representa 30 ha; e outros lotes, que somados chegam a 60, com áreas a partir de 3.000 m2. - Instalações comerciais e industriais de baixa relevância construtiva e gabarito. As construções do trecho não ultrapassam os três pavimentos, sendo que a predominância são as de um e dois. - Áreas com uso transitório. Se localizam predominantemente na gleba Pompéia, contemplando as seguintes instalações: pátio de leilões de automóveis, com aproximadamente 9 há, pátio de empresa de ônibus, circo, escola de futebol, dentre outros. - Atual tendência de substituição do uso industrial para comércio e serviços. Identifica-se essa mudança de uso, principalmente nas quadras próximas e lindeiras a Avenida Marquês de São Vicente. O comércio se localiza predominantemente nos lotes voltados para a avenida, já os serviços se encontram em lotes voltados para ruas menores.
Lapa
Santa Cecília
Perdizes
circulação e transporte Limite da área motivo de projeto. Fonte: Autor sobre Google, 2011.
0
04 61
500
1000 m
Rua típica do setor, somando cerca de 20 m de largura, de muro a muro. Fonte: Autor, 2011.
- Ferrovia como grande barreira urbana. Representa o maior obstáculo da área. - Circulação de pedestres bastante dificultada, tanto pela barreira da ferrovia, com puquíssimas transposições, quanto pelo parcelamento em grandes quadras. - Eixos viários importantes. Conformação de grande quadrante viário, formado pelas Avenidas Marquês de São Vicente, Antártica, Francisco Matarazzo e Nicola Boer. - Proximidade com Terminal Intermodal da Barra Funda. Dista cerca de 700 m, considerando a partir do centro da área selecionada - Corredores de ônibus. Estão presentes nas Avenidas Marquês de São Vicente e Francisco Matarazzo.
construções simbólicas e de grande porte - Centro Empresarial Água Branca. Conjunto formado por 4 torres de escritórios idênticas de 21 pavimentos, configurando-se também como referencial vertical da paisagem da Barra Funda, podendo ser visto a partir da Marginal Tietê.
Vista do Centro Empresarial da Água Branca. Fonte: Autor, 2011.
Centro Empresarial da Água Branca. Fonte: Autor, 2011.
Vista da Casa das Caldeiras. Fonte: Autor, 2011.
- Edifícios remanescentes das antigas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo: Casa das Caldeiras e do Eletricista. O complexo industrial desativado em 1970 marcou a expansão das Indústrias Matarazzo na Cidade de São Paulo, ocupando um terreno de 113.000 m2. Os edifícios remanescentes foram tombados em 1986, pelo CONDEPHAAT, porém encontravam-se em péssimo estado de conservação. Em 1999, como contrapartida para construção do Centro Empresarial Água Branca, os dois edifícios tombados foram restaurados, e ocupados por um centro de eventos, de propriedade privada.
comércio e serviços locais, como restaurantes, bares, lojas e supermercados] e Marquês de São Vicente [com predominância de comércio e serviços maiores, como transportadoras, distribuidoras, etc]. - presença de equipamentos de cultura e lazer, como o Memorial da América Latina, Sesc Pompéia e Parque da Água Branca, a no máximo 1500 m de distância.
De típica arquitetura fabril, o edifício da Casa das Caldeiras possui grandes janelas, alto pé-direito, galerias internas, fornalhas e três chaminés com aproximadamente 50 m de altura, que se destacam verticalmente na paisagem.
entorno - proximidade com bairros consolidados de Perdizes, Pompéia, Pacaembu e Santa Cecília. Condição que de certa forma já estimulou a ocupação residencial no setor sul do distrito. - proximidade com centros de comércio e serviços consolidados, como o Shopping Center Bourbon e West Plaza, e as Avenidas Francisco Matarazzo [com predominância de
Vista aérea do Parque Água Branca. Fonte: Quapá, 2005.
Vista panorâmica do Centro Empresarial, e do Shopping Center Bourbon. Fonte: Panoramio.
04 64
Av. Nicolas Boer
Legenda Viário existente Linha ferroviária
1
Escola de Futebol
2
Churrascaria
3
Banco
4
Circo
5
Leilão de automóveis
6
Industria de embalagens metálicas
7
Unesp - Campus Barra Funda
8
Estacionamento de ônibus
9
Terminal Intermodal da Barra Funda
10
Casa das Caldeiras
11
Centro Empresarial Água Branca
12
Casa do Eletricista
13
Sesc Pompéia
14
Bourbon Shopping São Paulo
15
Estádio Palestra Itália
16
Shopping West Plaza
17
Memorial da América Latina
1
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Av. Francisc o
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Matarazzo
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16
9
17
partido
conceitos
Serão colocados alguns pontos fundamentais relacionados à elaboração do projeto, como partido, conceitos, propostas e desenhos. Esses produtos foram completados e enriquecidos após a elaboração de vários estudos, dos atendimentos com orientador e apresentações em pré-banca.
rua / vizinhança / morar - expressiva teia de situações que quebram a disciplina urbana de hierarquias, funções e regras gerais; - vivência urbana marcada pela surpresa e diversidade;
Destaca-se como principais pontos do partido: - eliminação da barreira ferroviária; - consideração do sistema viário existente; - aumento da densidade populacional ; - cidade na escala do pedestre; - uso misto dentro do bairro, lote, quadra e edifício; - diversidade de tipos de habitação, escritórios, comércio e serviços; - demarcação visível entre espaços públicos e privados; - espaços livres públicos diversificados e atraentes; - diversas percepções do lugar; - contato com o passado; - consideração de características climáticas locais.
- rua como lugar do inesperado; - gradual descoberta, despertando a curiosidade, tanto na escala do pedestre como do automóvel; - rua como espaço de sociabilidade, gerando vida, efervescência, “olhos”, “segurança”, etc.; - calçada como espaço das pessoas na rua; - comer na rua; - rua diversificada, cheias de atividades e verdejante, com lojas, serviços nas esquinas, espaços de convivência, vegetação, elementos escultóricos, pontos de ônibus, bancas de jornal, pontos de parada e estar, estacionamentos de veículos, etc.; - pólos comerciais e institucionais, estimulando os fluxos de circulação e a efervescência urbana; - espaços mistos e diversificados estrategicamente posicionados, mantendo a intimidade residencial; - edifícios marco e simbólicos entrelaçados a trama urbana; - viver perto da agitação, com sossego e privacidade; - diálogo entre casa e rua. Quando da casa vemos a rua e inversamente também; - apropriação do espaço da rua pelos moradores, por meio de referências familiares e marcações físicas, fazendo a pessoa se sentir em “casa” mesmo que ainda esteja distante de sua porta.
04 67
rua e arquitetura tropicalizada
família brasileira / paulistana
cor _ elementos coloridos incorporados aos edifícios, pisos das calçadas e esculturas, criando pontos de referência e identidade visual para as ruas;
- sociabilidade - multiplicidade cultural e social - deseja privacidade
segunda pele _ segunda pele nas fachadas, variando de acordo com orientação solar, usos e necessidades do edifício. Funcionado como elemento que garante o conforto ambiental nos meses mais quentes, além de permitir o controle da intimidade, questão do ver e ser visto;
- ver e ser visto - olhar a rua e se distrair com o movimento - conversas, festas, reuniões e fofocas na porta de casa - mulheres do comando das famílias
elementos vazados _ favorecem a ventilação e iluminação de ambientes internos, e também mantém a privacidade; vegetação tropical _ diversos tipos de palmeiras, árvores frondosas, arbustos e forrações com florações marcantes, cores vibrantes, portes diferenciados, etc.; diversidade _ soluções diferenciadas na forma, volumes e acabamentos dos edifícios; texturas/materiais/elementos – vidro, madeira, concreto, pedra, água, vegetação.
- 5 tamanhos de famílias mais frequentes; de uma a 5 pessoas. Segundo o IBGE, as porcentagens de famílias com respectivos integrantes são:
50% - 4 a 5 pessoas – casal com filhos
18% - 3 a 4 pessoas – mulher com filhos
15% - 2 pessoas – casal sem filhos
10% - 1 pessoas
7% - outros
Esses valores são importantes para o entendimento das famílias, dinâmicas, necessidades dos usuários, etc. Além de nortear as proporções entre tipos de unidades habitacionais.
04 68
casa brasileira / paulistana - cozinha como área funcional e de convívio da família; - trabalhar em casa; - 1 a 2 automóveis por família; - deseja privacidade, mas também quer proximidade da agitação; - calçada como extensão da casa ou apartamento; - quintal, terraço ou jardim de inverno, para secar roupa, cultivar plantas, etc.
edifícios - edifício de apartamentos como uma vila de casas, considerando os de 4 pavimentos e as grandes torres; - nas grandes torres, a vila se configura a partir da criação de estares condominiais, e pelas conexões físicas e visuais que acontecem a cada grupo de 3 ou 4 pavimentos, com escadas e elevadores alternativos às grandes circulações verticais, e aos recortes presentes nas lajes, favorecendo as relações de vizinhança; - quebra do corredor convencional, criando rotas alternativas e mais atraentes para a circulação expressa, e também contemplando estares com visuais tanto para rua quanto para espaços internos ao edifício; - “corredor” como uma extensão da calçada, levando o “desenho” da calçada até a porta dos apartamentos, enfatizando a ideia de vila de casas; - flexibilidade de arranjos de apartamentos; possibilitando diversificadas formas de circulação e acessos; - unidades distribuídas de modo a criar fachadas diversas, tanto as mais dinâmicas e com muitos volumes salientes e recuados, como também edifícios retos e de formas puras; - modularidade de ocupação através de retícula que norteia o arranjo de apartamentos, otimizando a construção, e facilitando a distribuição estrutural e das instalações prediais; - edifícios que combinam nos mesmos pavimentos apartamentos de tamanhos diferentes: 30, 60 e 120 m2; - diversidade de usos dentro dos edifícios: lojas no térreo e apartamentos nos demais pavimentos; lojas apenas nas esquinas; andares de misturam áreas corporativas com apartamentos, respeitando acessos independentes, e destinando para as unidades residenciais as faces mais ensolaradas; e edifícios que agregam flats e áreas corporativas.
04 69
tipos de residência
tipos de comércio/serviço/corp.
Os tipos de residências se fundamentam no tamanho, características, desejos, interesses e necessidades das famílias consideradas:
Os tipos de comércio, serviços e unidades corporativas se fundamentam nas características, interesses e necessidades observadas nestes setores, na cidade de São Paulo:
casa
escritório de vila
casa + comércio
escritório em edifício alto
apartamento + comércio
lajes corporativas
apartamento + quintal
lojas de rua
apartamento + terraço
lojas de vila
apartamento + jardim de inverno apartamento térreo apartamento térreo com desnível entre ambientes apartamento com pé-direito um e meio apartamento duplex apartamento tipo flat
04 70
propostas - supressão da barreira da ferrovia por meio de extensa laje sobre os trilhos que conecta os dois lados da cidade, construindo deste modo uma grande esplanada; - modificação dos atuais parâmetros urbanísticos, como aumento do coeficiente de aproveitamento, para incrementar a densidade populacional, e da taxa de ocupação, buscando viabilizar a volumetria proposta; - manutenção de parte das vias, considerando a estrutura fundiária existente; - criação de malha urbana que se sobrepõe ao tecido existente, configurando sistema de espaços livres formado por setores diversos; - hierarquização de vias, estabelecendo eixos principais, secundários e terciários, de acordo com os usos e porte das edificações; - estabelecimento de quadras urbanas menores do que as encontradas na Barra Funda, favorecendo o deslocamento de pedestres e o encontro das pessoas; - dimensionamento de ruas considerando a existência de automóveis, pedestres, ciclistas, equipamentos urbanos e arborização, distribuídos por faixas de uso, além de considerar o uso das edificações [habitacional, corporativo, comercial e de serviços]; - plano pensado para ser construído em etapas, cujas fases são complementares as anteriores, corrigindo erros e distorções, garantindo a unidade do conjunto; - forma urbana compreendida por diferentes setores, agregando características e espacialidades distintas. Pretende-se trabalhar com contrastes, plasticidades, planos visuais e riqueza de estruturas, no que se refere aos edifícios, espaços livres e vegetação, cuja totalidade configura o perfil da paisagem urbana.
04 71
Deste modo são criadas três estruturas urbanas distintas:
grandes eixos / alamedas / vilas tipos, portes e padrões de edifícios variando de acordo com as três estruturas urbanas. - nos grandes eixos destacam-se os edifícios altos de uso misto, variando de 15 a 60 andares, e nos embasamentos, áreas comerciais e corporativas. Em cada um dos dois eixos criados existe um parque que se insere na trama urbana. - nas alamedas, estrutura de escala intermediária, concentram-se os edifícios contíguos de 4 a 5 pavimentos, que delimitam o espaço da rua, além de sistema de praças que se desenvolve ao longo de uma via. - as vilas residenciais, que correspondem aos conjuntos de casas que pela própria distribuição física, configuram pequenas praças ou pátios internos. E as vilas corporativas que misturam lojas, escritórios, hotéis e algumas unidades habitacionais, mantendo similar configuração espacial. Todas essas características urbanas e paisagísticas contribuem para a formação de espaços com vida urbana e atrelados a escala do pedestre, na medida em que os usos das edificações, os atrativos nas calçadas, os olhos da rua, os gabaritos e distanciamentos, favorecem a efervescência, aproximação e reconhecimento dos diversos lugares da cidade pelas pessoas.
estudo conceitual
04 72
plano geral [1:1000]
Legenda
Plano em números
Leito carroçável
Área total_ 770.000 m²
Ciclovia
Áreas públicas_ 300.000 m² [espaços livres e construídos] [39%]
Calçada
Áreas particulares_ 470.000 m² [61%]
Calçada
Quadras_ 42
Calçada
Ruas_ 21
Área privada mista
População estimada_
Grama
Densidade bruta_ 370 hab./ha.
Água
Densidade líquida_
1 Casa das Caldeiras 2 Conjunto Empresarial Água Branca
0
100
04 73
28.000 pessoas
Área privada residencial
200
300 m
1:7500
590 hab./ha.
Av. M a
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1 2 Av. Francisco Matarazzo
04 74
plano geral _ estruturas urbanas Av. M a
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Av. Francisco Matarazzo
Legenda
04 75
Estruturas Urbanas
Nomes das alamedas
Eixos
Praças
Verde
Alamedas
Redonda
Azul
Vila residencial
Amarela
Casa das Caldeiras
Vila corporativa
Laranja
Sem definição
Espaço condominial
Vermelha
Ferrovia
0
150
300
450 m
1:7500
plano geral _ uso do solo Av. M a
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Av. Francisco Matarazzo
Legenda residencial misto - comercial/residencial/serviços comercial/serviços e corporativo institucional
0
150
300
450 m
1:7500
04 76
plano geral _ C.A. Av. M a
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Av. Francisco Matarazzo
Legenda Leito carroçável Ciclovia C.A 3,0 C.A. 4,0 C.A. 6,0
04 77
0
150
300
450 m
1:7500
plano geral
04 78
plano geral
04 79
plano geral
04 80
detalhe [1:500]
Legenda Piso para tráfego de automóveis claro Piso para tráfego de automóveis escuro Ciclovia Piso médio Piso claro Piso escuro Piso amarelo Piso laranja Piso vermelho Piso verde Grama Grama Água
0
04 81
40
80
160 m
1:2000
detalhe _ usos
Legenda Piso para tráfego de automóveis claro Piso para tráfego de automóveis escuro Ciclovia Piso médio Piso claro
2
Piso escuro
3
Grama Água
1
Casa
2
Apartamento / Flat Loja / Escritório / Hotel Institucional
2 3
1 Acesso de pedestres - Edifício corporativo
6
2 Acesso de pedestres - Edifício residencial 3 Acesso de veículos ao estacionamento subterrâneo
3
4 Escola 5 Hotel 6 Flat
0
04 83
1
40
80
160 m
1:2000
2
2
3
3
2
5
3
5 3 2 1 2 2
4
1 1
4 1
3
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1
1
1 1
3
1 1
1
1
1 2
3 1
1
6 1 1 2 3
1
1
3
1 1
3 3
6
1
estruturas [várias] grandes eixos
interligar a área de projeto à Estação Intermodal da Barra Funda, por meio de percursos periféricos e internos ao parque.
vilas
Os principais equipamentos institucionais, como escolas, universidades, centros de cultura e lazer, postos de saúde, etc., estão distribuídos principalmente ao longo dos grandes eixos, aproveitando a facilidade de acesso e visibilidade, contribuindo para aumentar o movimento de pessoas nas áreas comerciais, considerando os grandes fluxos movimentados por esses equipamentos institucionais.
grandes eixos
tratamento dos espaços livres
alamedas
Estrutura reticular formada por dois parques urbanos, envoltos por edifícios de uso misto de grandes e diversas alturas, variando de 15 a 60 pavimentos. Os primeiros andares destinam-se ao uso comercial, de serviços e corporativos, configurando os limites visuais do espaço da rua. Deste modo os eixos proporcionam visuais e estabelecem rotas claras de circulação, criando grandiosas perspectivas da cidade. Os dois eixos foram denominados de Casa das Caldeiras e Ferrovia, e se fundamentam em alguns princípios: - o primeiro em virtude da perspectiva que se pretende criar com a edificação de valor histórico e simbólico, localizada em uma das extremidades do eixo, representa desta forma o contato com o passado industrial da região. Além disso, funciona como interligação tanto de pedestres quanto de automóveis entre as Avenidas Francisco Matarazzo e Marquês de São Vicente; - o segundo eixo se vale pela presença da linha férrea, assumindo desenho linear e paralelo aos trilhos, que serão mantidos sob a esplanada construída. Tem como proposta
04 85
- passeio de pedestres principal com largura de 10 a 15 metros; - vagas de estacionamento de veículos paralelas e perpendiculares a rua; - desenho de piso geométrico e direcional para pontos comerciais, vilas corporativas e parques; - pontos de parada com quiosques, mesas e bancos; - pequenas fontes d’água; - árvores de grande porte, sombreando parte dos percursos; - diversos tipos de palmeiras; - grama e forrações coloridas nos canteiros.
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Av. Francisco Matarazzo
0
150
300
450 m
1:7500
04 86
grandes eixos _ detalhe
Legenda Piso para tráfego de automóveis claro Piso para tráfego de automóveis escuro Ciclovia Piso médio Piso claro Piso escuro Piso amarelo
0
04 87
Piso laranja
1 Acesso de pedestres - Edifício corporativo
Piso vermelho
2 Acesso de pedestres - Edifício residencial
Piso verde
3 Acesso de veículos ao subsolo
Grama
4 Escola
Grama
5 Hotel
Água
6 Flat
40
80
160 m
1:2000
Al
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eixo ferrovia _ parque
4
4
15 3
2
2
2
8
16
13 9
4
1
14
Atividades Recreação Lazer Esportivo Contemplação Convívio social Circulação Estares ensolarados
04 89
Estares sombreados Atividades com água Pequeno comércio
7
16
10 4
7 6 11
1
5
12
9
16
0
Programa 1 Espelho d’água 2 Quadras 3 Pista de Skate 4 Quiosques / Mesas 5 Equipamentos infantis 6 Elementos com água
11 Escorregador 12 Parede de escalada
40
80
120 m
1:2000
Especificações
13 Passarela
Pedrisico
Grama
14 Casa das Caldeiras
Leito Carrocável
Grama
Ciclovia
Forração
Piso médio
Forração
Piso claro
Forração
Piso escuro
Forração
Saibro
Forração
15 Edifício institucional 16 Edifício misto
7 Bosque
Números
8 Clareira
Área total_100.000m²²
9 Pista de corrida
Dimensões_100 x 1000m
10 Marquise
Grupo de quiosques_4
Água Quiosque
Visão aérea do parque ferrovia. Destaque para o grande espelho d’água e bosque ao fundo.
eixo ferrovia _ corte
727,00 723,00 720,00
Conjunto Residencial
EdifĂcio Misto 4 pavimentos
Alameda Ferrovia
Parque Ferrovia
04 74
740,00
727,00
720,00
Trens
Parque Ferrovia
Alameda Ferrovia
EdifĂcio Misto 50 pavimentos
0
8
16
24 m
1:400
eixo casa das caldeiras _ parque
10 6
1
2
4
9
6 10
1
6
Atividades Contemplação Cenário Circulação Convívio social Lazer cultural Estares ensolarados Estares sombreados
04 95
Atividades com água Pequeno comércio
4
5 7
10 8
4
1
7 3
4
4
3
0
6
40
80
120 m
1:2000
Programa
Números
1 Espelho d’água
Área total_60.000m²²
Pedrisico
Grama
2 Centro de Cultura - Casa das Caldeiras
Dimensões_77 x 780m
Leito Carrocável
Grama
3 Esculturas
Grupo de quiosques_6
Ciclovia
Forração
4 Quiosques / Mesas
Centro Cultural_2.500m²
Piso médio
Forração
5 Solários
Piso claro
Forração
6 Bancos
Piso escuro
Forração
7 Elementos com água
Saibro
Forração
8 Bosque 9 Clareira 10 Passarela
Especificações
Água Quiosque
Parque Casa das Caldeiras. Visão dos elementos com água no primeiro plano. Chaminés da Casa das Caldeiras ao fundo.
eixo casa das caldeiras _ corte eixo casa das caldeiras
736,00
723,00 719,00
Parque Casa das Caldeiras
Alameda Casa das Caldeiras
EdifĂcio Misto 45 pavimentos
Vila Corporativa
724,0 720,00
Acesso Flat
Alameda Laranja
Conjunto Residencial
0
8
Vila Residencial
16
24 m
1:400
eixo casa das caldeiras _ edifício 50 ed
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Ca
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3
1 3
Ala
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1 Acesso garagem 2 Acesso Flat 3 Lojas / Escritórios 4 Acesso ed. residencial 5 Acesso ed. corporativo
Edifício em números Pavimentos_ 50 [4 corp. + 46 res. + cob.] + subsolo Unidades res._ 230
Am
are
la
50% 120m² 40% 60m² 10% 30m²
Unidades por pavimentos_ 3 a 7 População estimada
1015 pessoas
Unidades corp._ 120 [80 vila + 40 torre] Unidades Flat_ 140
723,00
Elevação - Alameda Casa das Caldeiras 0
Vista a partir da Alameda Casa das Caldeiras
10
20
30 m
1:1000
planta_10º pavimento
planta_11º pavimento
planta_12º pavimento, etc
planta_13º pavimento, etc
Vazios Circulação e áreas condominiais - Residencial Circulação Corporativa
0
5
10
15 m
1:400
04 102
eixo casa das caldeiras _ edifício 45 da
Am
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Ala
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1
Ca
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3
Ala
me
da
4
1 Acesso garagem 2 Acesso Flat 3 Lojas 4 Acesso apartamentos
3
Edifício em números Pavimentos_ 45 [4 corp. + 40 res. + cob. comum + subsolo] Unidades res._ 340
35% 120m² 55% 60m² 10% 30m²
Unidades por pavimentos_ 8 a 9 População estimada Unidades corp._ 50
1340 pessoas
Unidades Flat_ 100
723,00
Elevação - Alameda Casa das Caldeiras 0
04 59
Vista a partir da Alameda Casa das Caldeiras
10
20
30 m 1:1000
planta_1º, 4º,7º pavimento, etc
planta_11º, 13º, pavimento, etc
planta_16º, 27º pavimento, etc
Vazios Circulação e áreas condominiais
0
5
10
15 m
1:400
04 104
alamedas Estrutura urbana que articula seus espaços livres e edificados por meio de formas reticulares e sinuosas, trabalhando com a questão dos planos visuais, plasticidades e surpresas, devido a parcialidade do espaço percebido pelo pedestre. Estes espaços são estruturados por edifícios predominantemente residenciais, contíguos, de 4 a 5 pavimentos e alinhados ao recuo, tendo por finalidade a definição do espaço da rua, assim como também a demarcação evidente entre espaços públicos e privados. Em alguns momentos ocorrem quebras nessa estrutura, permitindo diferentes articulações e visuais entre os espaços internos e externos as quadras, enriquecendo as percepções do lugar. Garante-se deste modo que a rua seja vista e possua vitalidade, na medida em que residências e instalações comerciais e de serviços estão voltadas para estes espaços, sendo as últimas concentradas nas esquinas. A regularidade de alturas é quebrada pelos altos edifícios dispostos nos grandes eixos, que além de pontuarem e definirem o plano de fundo das visuais deste trecho da cidade, também estabelecem referenciais de localização. Além do espaço da rua, existe um sistema de praças que se desenvolve e se articula por meio de uma alameda sinuosa, percorrendo grande parte do plano, criando deste modo áreas de lazer e convívio cotidiano.
tratamento dos espaços livres - 2 tipos de alamedas: retas e sinuosas; ambas com pisos direcionais para pontos de interesse; - retas: possuem desenho de piso marcado pelas linhas e formas retas, paralelas ou não entre si;
04 105
- sinuosas: possuem desenho de piso com linhas e formas orgânicas; - fácil identificação das alamedas pelas pessoas, devido aos evidentes referenciais, como os nomes das ruas relacionados às cores dos pisos, e também as formas das ruas, relacionadas aos desenhos dos pisos; - passeio de pedestres com largura de 3 a 9 metros; - vagas de estacionamento de veículos paralelas e perpendiculares a rua; - praças com equipamentos infantis secos e molhados, pergolados, estares, caminhos, etc; - pontos de parada com quiosques, mesas, bancos, bancas de jornal; - pequenas fontes d’água; - árvores de médio e pequeno porte, sombreando parte dos percursos; - diversos tipos de palmeiras; - grama e forrações coloridas nos canteiros.
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Av. Francisco Matarazzo
0
150
300
450 m
1:7500
04 106
VisĂŁo de uma alameda. Destaque para edifĂcio de uso misto.
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alamedas _ detalhe
2
Legenda Piso para tráfego de automóveis claro Piso para tráfego de automóveis escuro Ciclovia Piso médio Piso claro
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Piso escuro Piso amarelo
0
04 109
6
Piso laranja
1 Acesso de pedestres - Edifício corporativo
Piso vermelho
2 Acesso de pedestres - Edifício residencial
Piso verde
3 Acesso de veículos ao subsolo
Grama
4 Escola
Grama
5 Hotel
Água
6 Flat
40
80
160 m
3
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1:2000
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1 3
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6 1 1
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3
1 1
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3
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3 3
6
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1
alamedas _ corte
723,00 719,00
Alameda Praças
Praça
Edifício Misto 10 pavimentos
Alameda Vermelha
724,00 720,00
Conjunto Residencial
720,00
Alameda Verde
Conjunto Residencial
Vila Residencial
0
10
20
30 m
1:500
Visão da praça em frente ao edifício “terraços”. Destaque para rua e fonte.
Visão da praça em frente ao edifício “ponta”
Al
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alamedas _ edifício ponta
Ve r
de
Elevação - Alameda Praças
Pra
ças
1
me
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Elevação posterior
Ala
0
2
Planta de cobertura
Edifício em números
1 Edifício 4/5/6/7/8 pav. + sub. Unidades_70
População_
04 117
30% 120m² 70% 60m² 245 pessoas
2 Edifício 8 pav. + sub. Unidades_112
População_
30% 120m² 70% 60m²
392 pessoas
10
20
30 m 1:750
alamedas _ edifício cubo Edifício em números
População estimada
La ra nja ed a Al am
298 pessoas Ala
me
Elevação - Alameda Laranja 0
Vista aérea - conjunto edificado
10
20
30 m 1:750
da
Am
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as
Unidades por pavimentos_ 14 a 17
ç ra
37% 120m² 43% 60m² 20% 30m²
aP
ed am
Unidades res._ 85
Al
Pavimentos_ 4 + subsolo
Visão da esquina entre a Alameda Laranja e Praças. Destaque para edifício “cubo”.
alamedas _ edifício veneziana
Edifício em números Pavimentos_ 4 + subsolo Unidades res._ 30
33% 120m² 60% 60m² 07% 30m²
Unidades por pavimentos_ 6 a 9 População estimada
105 pessoas Corte perspectivado 0
Elevação - Alameda Verde
04 59
2
4
6m
1:200
planta_1º pav.
planta_2º pav.
planta_3º pav.
planta_4º pav.
04
Vazios Circulação e áreas condominiais
0
5
10
15 m
1:400
122
alamedas _ edifício terreços 1 Estacionamento lojas 2 Acessos - doca / garagem 3 Flat 4 Lojas 5 Apartamentos
54
Al
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m
1
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Pavimentos_ 10 + subsolo Unidades res._ 120
da
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2
Edifício em números
Ve r
3
Pra
ças
49% 120m² 27% 60m² 24% 30m²
Unidades por pavimentos_ 13 a 16 População estimada Unidades corp._ 19
480 pessoas
Unidades Flat_ 40
Elevação - Alameda Praças 0
10
Vista - Alameda Vermelha
04 59
Vista - Alameda Praças
20
30 m 1:750
planta_1º pav.
planta_3º pav.
planta_4º pav.
planta_5º pav.
04 124
Vazios Circulação e áreas condominiais
0
5
10
15 m
1:400
vilas Possuem dois tipos: residenciais e corporativas. As vilas residenciais se configuram como a menor estrutura urbana, contemplando áreas públicas representadas pelas vias de acesso e pequenas praças, e privadas pelos quintais. São compostas por casas de 2 a 3 pavimentos, com acesso de pedestres e veículos direto pela rua.
- equipamentos infantis;
As vilas corporativas possuem escala urbana similar a das vilas residenciais, porém tem predominância de escritórios e áreas comerciais, abrigando também hotéis e alguns núcleos habitacionais.
- grama e forrações coloridas nos canteiros;
Os espaços livres criados nesses setores se equivalem a pátios internos, tendo as construções como limites, acesso restrito de veículos e grande permeabilidade na circulação de pedestres. Deste modo as vilas residenciais se configuram como áreas tranquilas e íntimas, porém muito próximas de pontos comerciais e de maior movimento, já as corporativas como núcleos de serviços e atividades comerciais e empresariais.
tratamento dos espaços livres - 2 tipos de vilas: residenciais e corporativas; - residenciais: possuem desenho de piso marcado pelas linhas e formas retas, paralelas entre si, com variações de largura e comprimento; - corporativas: possuem diversos desenhos de piso, seguindo as linhas e formas geométricas, e variando de acordo com uso, como por exemplo, o hotel, que possui um desenho particular. Todos favorecem o direcionamento dos pedestres para pontos comerciais e outros vilas; - vagas de estacionamento de veículos paralelas a rua; - configuração de pequenas praças; - pontos de parada com mesas, bancos e quiosques;
04 125
- pequenas fontes d’água; - árvores de médio e pequeno porte, com predominância de espécies de pequeno porte; - diversos tipos de palmeiras; - concregrama nos percursos de veículos.
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Av. Francisco Matarazzo
Vila residencial Vila corporativa
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450 m
1:7500
04 126
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vilas _ detalhe
2
3
Legenda Piso para tráfego de automóveis claro
1 2
Piso para tráfego de automóveis escuro Ciclovia Piso médio Piso claro
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Piso escuro Piso amarelo
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6
Piso laranja
1 Acesso de pedestres - Edifício corporativo
Piso vermelho
2 Acesso de pedestres - Edifício residencial
Piso verde
3 Acesso de veículos subsolo
Grama
4 Escola
Grama
5 Hotel
Água
6 Flat
40
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vila corporativa _ corte
736,00
723,00
719,00
Edif铆cio Misto 45 pavimentos
Vila Corporativa / Lojas - Escrit贸rios
Acesso Flat
0
5
10
15 m
1:330
vila residencial _ corte
724,45 723,00
723,00
721,55
Quintal
Casa
Rua
Jardim
Rua
Quintal
Casa
0
5
10
15 m
1:330
vila residencial - casa
Elevação frontal - Casa A
Corte perspectivado - Casa A
Elevação posterior - Casa A
04 131
0
1,25
2,5
3,75 m 1:125
Casa B_ pav 0,00 e - 1,45 m
Casa A_ pav 0,00 e - 1,45 m Casa B_ pav 1,45 e 2,90 m
Casa B_ pav 4,35 e 5,80 m
Casa A_ pav 1,45 e 2,90 m Casa B_ pav 7,25 m
Casa C_ pav 0,00 e - 1,45 m
Casa A_ pav 5,80 m
Casa C_ pav 1,45 e 2,90 m
Casa C_ pav 4,35 m
0
1
2
3 m 1:125
0
2,5
5
7,5 m 1:250
unidade habitacional As unidades são determinadas pela malha reticular criada nos edifícios. Os agrupamentos variam de um a quatro módulos [5,5 x 5,5 metros cada módulo], configurando unidades de 3 tamanhos diferentes: 30, 60 e 120m2 Alguns pressupostos de projeto foram norteadores na concepção das unidades: - multifuncionalidade dos espaços; - conforto térmico e intimidade, através da segunda pele na fachada, permitindo o controle da iluminação direta pelo usuário; - conforto ergonômico, tendo cuidado com as dimensões do projeto, os alcances e passagens, e as possibilidades de distribuição de mobiliário; levando em consideração as dimensões comerciais; - adaptabilidade na distribuição dos ambientes, com opção de mais ou menos um banheiro, uma sala maior, jardim de inverno, mais ou menos um dormitório, um dormitório maior, uma cozinha maior, mais espaço para armários nos corredores, lavado, área de trabalho, um pé-direito mais alto, etc.; - sala com possibilidade de criar jardim de inverno, com piso diferenciado, acesso a água e ralo; - cozinha com iluminação e ventilação natural, e opção de se integrar a sala de estar e jantar com a abertura de divisórias rolantes; preocupando-se com a questão da fritura, odores e sujeira; - lavanderia com iluminação e ventilação natural, através de janelas e elementos vazados; - preocupação com o “guardar coisas”, através de nichos pré- estabelecidos, e da possibilidade de colocação de armários sem prejudicar a circulação dos ambientes; - minimização dos corredores, evitando a perda de área útil com circulação;
04 133
opçþes de acoplamento de unidades
30m2 60m2 60m2 120m2
04 134
unidades [1:100]
unidades _ 30m2
famílias
apartamento A30
5 pessoas mãe / pai / 2 filhos / avó mãe / pai / 3 filhos
4 pessoas mãe / pai / 2 filhos mãe / 3 filhos
B30
3 pessoas mãe / pai / filho mãe / 2 filhos
2 pessoas
C30
casal estudantes amigas
1 pessoa solteira estudante
04 135
0
1
2
3 m 1:125
unidades _ 60m2 B60
apartamento A60
C60
0
1
2
3 m 1:125 D60
E60
Conceito volumĂŠtrico - A60
F60
0 1 2 3 m 1:200
unidades _ duplex 60 e 120 m2 BD60
Apartamento AD60
0
1
2
3 m 1:125
0
1
2
3 m 1:125
Apartamento D90
BD90
CD120
0 1 2 3 m 1:200
0
04 137
1
2
3 m 1:125
unidades _ duplex 120 m2 Apartamento DD120
ED120
FD120
0
1
2
3 m 1:125
GD120
Conceito volumĂŠtrico - DD120
0 1 2 3 m 1:200
unidades _ 120 m2 Apartamento A120
B120
C120
0 1 2 3 m 1:200
0
1
2
3 m 1:125
Conceito volumĂŠtrico - A120
unidades _ 120 m2 Apartamento D120
E120
F120
0
1
2
3 m 1:125
G120
Conceito volumĂŠtrico - D120 sala com pĂŠ-direito 1,5x
0 1 2 3 m 1:200
04 141
conclusão Os resultados projetuais obtidos foram embasados e estruturados pelos estudos realizados nos três primeiros capítulos deste trabalho. De fato, a consideração dos fatores locais, como usos do solo, infraestrutura, contexto urbano, e problemáticas em geral, foram importantes para a realização do projeto coerente e inserido na atual situação da Barra Funda. A escolha da área, determinada pelo fato de resumir os principais pontos, características e potenciais identificados no distrito, foi muito positiva para a elaboração do projeto. A significativa dimensão da gleba permitiu a elaboração de diversas estruturas e formas urbanas, enriquecendo a proposta, que buscou diversas formas de percepção do lugar por parte das pessoas. A presença da linha férrea na área foi um interessante desafio projetual, pois exigiu uma solução que eliminasse a barreira dos trilhos, transpondo as duas partes do distrito, setor norte e sul. A solução de construir uma esplanada sobre os trilhos, sem enterrá-los, partiu do pressuposto de tirar partido do desnível existente, viabilizando essa alternativa, de execução mais rápida e com menos transtornos para a cidade.
As escalas de projeto seguiram uma linha crescente, partindo das necessidades e exigências da escala distrital [1:5000], passando pelas escalas de desenho urbano [1:1000 e 1:500], até a concepção de edifícios e unidades habitacionais [1:100]. Pensar, estudar, conceituar, elaborar e projetar sobre essas escala, enriqueceu e atribuiu qualidades aos desenhos propostos, visto que cada escala pede soluções particulares, mas ao mesmo tempo exige a constante conexão de propostas, a ida e vinda de ideias. Portanto, posso dizer que realizar esse projeto foi sem dúvida uma experiência projetual singular para minha formação acadêmica, pois exigiu o pensar e o refletir sobre a arquitetura e a paisagem ... da cidade, da rua e da casa.
Outro ponto fundamental é a proximidade com a Estação Intermodal da Barra Funda. Buscou-se criar conexão direta, facilitando e qualificando o percurso realizado por pedestres e automóveis até a estação. Deste modo se estrutura o conceito do Grande Eixo Ferrovia e do Parque Ferrovia, que funcionam como eixo interligador, atribuindo outras funções além da circulação, como esporte, lazer e cultura. O edifício histórico e simbólico da Casa das Caldeiras fundamentou a concepção do segundo eixo, o Grande Eixo Casa das Caldeiras, visto que além da criar uma grande perspectiva da cidade, realiza a conexão entre as Av. Francisco Matarazzo e Marquês de São Vicente [importantes eixos comercias e de serviços; e possuidoras de corredores exclusivos de ônibus]. Como forma de atribuir qualidade a este espaço se insere o Parque Casa das Caldeiras, que além de reunir inúmeras plasticidades paisagísticas e arquitetônicas, permite a contemplação e o lazer.
04 142
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04 144
agradecimentos A minha família pela força, paciência e ajuda incondicional, em especial minha mãe que suportou toda a bagunça dos papéis enormes espalhados pela casa toda, e pelo completo suporte emocional. Ao meu grande amigo Eduardo, pelas várias conversas sobre nossos trabalhos, troca de experiências, e também aos seus conselhos e opiniões tão importantes para mim. Ao meu orientador, Silvio, pelas inúmeras conversas que tivemos no Quapá durante o ano todo, e que desde o primeiro ano da Fau foi meu professor, o mais atencioso de todos ... e sem dúvida um grande amigo.