Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | Serviço Educativo_Exposição"Para além da história"_2012

Page 1

Centro Internacional das Artes José de Guimarães Plataforma das Artes e da Criatividade

PARA ALÉM DA HISTÓRIA

OLÁ! BEM VINDO(A) AO CIAJG – CENTRO INTERNACIONAL DAS ARTES JOSÉ DE GUIMARÃES E À EXPOSIÇÃO PARA ALÉM DA HISTÓRIA.

Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) Plataforma das Artes e da Criatividade MORADA Av. Conde Margaride, nº 175 4810-535 Guimarães PORTUGAL TELEFONE + 351 300 400 444 HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO SEGUNDA A DOMINGO 10H00 ÀS 19H00 (ÚLTIMA ENTRADA ÀS 18H30)

TARIFÁRIO 4 EUR Portadores do CARTÃO GUIMARÃES 2012 usufruem de um DESCONTO de 50%

3 EUR Menores de 25 anos, estudantes, maiores de 65 anos, reformados, pessoa com deficiência e acompanhante, cartão quadrilátero cultural

ENTRADA GRATUITA Crianças até 12 anos quando acompanhadas por adulto pagante

O CIAJG é um espaço dedicado à arte contemporânea, ou seja, à arte do nosso tempo, e às relações que ela estabelece com artes de outras épocas e de diferentes culturas, partindo do importante e singular trabalho de colecionador que o artista José de Guimarães vem desenvolvendo com a sua própria obra, como se fossem duas faces da mesma moeda. O CIAJG JUNTA: Peças das três coleções de José de Guimarães: - arte tribal africana - arte pré-colombiana - arte arqueológica chinesa

Obras do próprio José de Guimarães e de outros artistas contemporâneos: Daniel Barroca Mestre Caçoila Hugo Canoilas Pedro Valdez Cardoso Filipa César Mattia Denisse Otelo Fabião

João Maria Gusmão e Pedro Paiva Manuel Santos Maia Rui Moreira Pedro Paixão Teixeira de Pascoaes Thierry Simões Michel Giacometti

Benjamim Pereira António Reis Alain Resnais e Chris Marker Jean Rouch f. marquespenteado (artista em residência)

DESIGN SUSANA SOUSA | ILUSTRAÇÃO PEDRO OLIVEIRA

Objetos populares, religiosos e arqueológicos de Guimarães, presentes nas coleções de: Museu de Alberto Sampaio Sociedade Martins Sarmento

INFOS GUIMARÃES 2012 t. 300 40 2012 e. info@guimaraes2012.pt w. guimaraes2012.pt f. facebook.com/guimaraes2012

Algumas palavras sobre o que estás prestes a ver... Talvez um bom início possa ser:

GLOSSÁRIO Anciães/Ancião Pessoa de idade avançada, antigo, velho, respeitável. Os anciãos assumem papeis de conselheiros e transmissores da cultura local. Arqueológico Arqueologia é a disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais. Artista em residência Artista que se desloca temporariamente para residir numa localidade que não a sua e desenvolver o seu trabalho de criação. Cerimónia de Iniciação Celebração que marca um começo ou uma passagem, por exemplo, da infância para a idade adulta. Ex-voto Pode ser um quadro, uma pintura ou um objeto. Ex-votos são oferendas feitas aos santos por devoção para obter uma graça ou milagre pedidos. Festas Nicolinas Nicolinas são as festas dos estudantes de Guimarães, celebradas anualmente em honra de São Nicolau de Mira entre finais de Novembro e princípios de Dezembro.

Fofado Técnica que se aplica em papel de seda, que consiste em amachucar cuidadosamente o papel de forma a ter um aspeto macio e fofo. Utilizada nos carros alegóricos da marcha gualteriana. Guerra Colonial Designa-se por Guerra Colonial, o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1975. Instalação Obra criada para um determinado lugar que implica a disposição de objetos, materiais e elementos diversos, num espaço que o espetador pode percorrer. Jade Pedra ornamental muito dura e compacta, variando, na cor, de esbranquiçada a verde-escura, muito presente em território chinês. Marcha Gualteriana Cortejo alegórico que encerra as Festas Gualterianas. Estas festas, em honra de S. Gualter, realizam-se todos os anos em Guimarães no primeiro fim de semana de agosto, desde 1906.

Pátria Deriva do latim patriota, terra paterna. Indica a terra natal ou adotiva de um ser humano, que se sente ligado por vínculos afetivos, culturais, valores e história. Pintor Naïf Nome dado aos pintores “não profissionais”, ou seja, que pintam sem o apuro técnico de quem estudou pintura. São Torcato Santo português, natural de Guimarães, que viveu entre os séculos VII e VIII. É também uma freguesia portuguesa do concelho de Guimarães. Terracota A terracota é um material constituído por argila cozida no forno, sem ser vidrada, e é utilizada em cerâmica e construção. O termo também se refere a objetos feitos deste material e à sua cor natural, laranja acastanhado.

Museu da Irmandade de São Torcato Museu da Agricultura de Fermentões

Associação Artística da Marcha Gualteriana Veneravél Ordem Terceira de São Francisco

o mundo não é a preto e branco... Ou seja, há coisas que se explicam facilmente, outras há que são mais difíceis, outras ainda que dependem do ponto de vista. Cada pessoa vê o mundo à sua maneira, com as cores que entende ou conhece; com a arte é assim também.

A exposição Para Além da História mistura, de propósito, tempos, culturas e formas artísticas. É, também por isso, um convite para que te sintas livre. Não te preocupes em perceber tudo como as diferentes matérias da escola. Leva o tempo que quiseres e deixa-te viajar ao longo desta exposição; vê-a através de um olhar que é só teu, com as tuas cores.


Exposição / Exhibition Curadoria Nuno Faria Consultores Eglantina Monteiro (Coleção de Arte Tribal Africana ) María Jesús Jiménez Díaz (Coleção de Arte Pré-Colombiana) Rui Oliveira Lopes (Coleção de Arte Chinesa Antiga) f.marquespenteado (Núcleo Mole) Organização Curatorial Nuno Faria Sandra Guimarães Produção A Oficina CIPRL

EXPOSIÇÃO

PARA ALÉM DA HISTÓRIA

Produção Executiva João Covita Pedro Silva Atelier José de Guimarães Maria Castel-Branco Luís Castel-Branco Marques Miguel Marques Projeto Expositivo Luís Tavares Pereira, [A] ainda arquitectura, lda. colaboração: Diogo Paradinha, Hugo Cruz e Tiago Costa Desenho de Luz Jorge Costa Infografia Susana Sousa

Textos Nuno Faria Eglantina Monteiro María Jesús Jiménez Díaz Rui Oliveira Lopes Tradução 

 Cláudia Gonçalves
(textos María Jesús Jiménez Díaz: Espanhol para Português) Miguel Moore (todos os conteúdos para Inglês) Revisão Miguel Moore Montagem
 Técnicos de Museografia Artur Campos
 Ricardo Dias

Nelson Faria
 Carlos Lopes
 Jaime Guimarães
 Miguel Barbosa
 Luis Vieira
 Martim Dias
 Emílio Barbosa Carlos Rego

 Eletricidade e iluminação Contraluz

 Registo e Conservação 
 20|21 Conservação e Restauro de Arte Contemporânea

 Transportes FeirExpo

 Seguros Hiscox

Este projeto, inserido na programação de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, é uma iniciativa da Câmara Municipal de Guimarães em colaboração com a Fundação Cidade de Guimarães. A exposição inaugural “Para Além da História” é produzida pel’ A Oficina e conta com o apoio financeiro do QREN, no âmbito de Guimarães 2012.

Este mapa de bolso foi criado pelo Serviço Educativo d’A Oficina

FEITIÇOS/ TRANSFORMISMO GABINETE DE DESENHO

Os objetos que estão nessa espécie de floresta de esculturas estão envolvidos em mistério.

¬

As máscaras são objetos misteriosos. Parecem dizer sim e não ao mesmo tempo, escondem e mostram.

¬

Há uma figura que parece ter o outono na cabeça…

ALFABETO AFRICANO ¬ CURIOSAMENTE, COMEÇAMOS A PRETO E BRANCO.

#2

#1

Esta enorme escultura, com a forma de pássaro, chama-se Calau. Tem ainda mais dois nomes: kasingele e poropianong, que relembram a autoridade dos anciãos que orientam cerimónias de iniciação. Aqui está o Calau, no início da tua visita…

¬

Observa todas as máscaras que os teus olhos consigam. Imagina que todas elas pertencem a um mundo especial. Como será o resto desse mundo? Claro? Escuro? Ruidoso? Silencioso?...

Nesta sala encontras também as Joias de Odila, em tons de vermelho e preto, homenagem do artista f. marquespenteado à ama negra que teve durante a infância, no Brasil. Este artista utiliza o bordado na base de muitos dos seus trabalhos. Poderás encontrá-los ao longo da exposição, pois o marquespenteado foi convidado para passar algum tempo em Guimarães e criar de propósito obras para esta exposição.

Alfabeto: o que nos permite ter as primeiras noções de uma linguagem. Este, mais do que um alfabeto de letras, é um alfabeto de formas; vai além das palavras, traduz a cultura de um povo, pelos olhos do artista José de Guimarães.

¬

Fecha os olhos por um bocadinho. Presta atenção no que ouves. Talvez ouças outras pessoas que estão próximas, mas tenta concentrar-te no som dessa máquina de projeção. Esse som…até onde te leva?

Neste gabinete de desenho, encontras um conjunto de diferentes modos de desenhar, isto é, de projetar e construir o mundo. O desenho tem essa capacidade única de estar na origem das coisas, reais ou imaginárias. Permite-nos ver mais além. Como ler. E assim vamos construindo as nossas próprias imagens sobre o mundo.

MAGIAS

Repara na figura nº 2. Esta figura e outras semelhantes representam a relação entre o visível e o não visível. As mais conhecidas pertencem à categoria nkondi, que significa “caçador”.

PROJEÇÃO

No conjunto de filmes escolhidos para esta exposição, realizados entre Angola, Quénia e São Tomé, os artistas João Maria Gusmão e Pedro Paiva filmam com uma câmara de alta velocidade e projetam as imagens em câmara lenta, o que origina uma outra forma de perceber o que vemos.

¬

Repara na coruja desenhada pelo artista Pedro Paixão. Mais à frente voltaremos a falar sobre isto.

¬

Passeando por estas máscaras, descobrimos uma com espelhos no lugar dos olhos… Uma outra está, ao mesmo tempo, virada para a frente e para trás…

¬

À esquerda da máquina de projeção, está um pequeno corredor que dá acesso à sala #6. Gostas de como a luz natural entra neste corredor?

Logo à entrada, em cima da mesa, encontras desenhos de viagens imaginárias. Observa- -os e pensa porque são desenhos do imaginário.

Agora que sais desta sala, encontras do teu lado direito a sala #4.

#3

#4

#5

Para seguir para a sala #5, volta ao início da sala #2, regressando à floresta de esculturas.

Avança em direção à cabine telefónica. Ela faz parte da recriação de uma instalação do Museu de Luanda, no ano de 1968, numa altura em que José de Guimarães se encontrava em Angola, como militar, durante a guerra colonial e que marca um momento muito importante no percurso deste artista. Segue até à sala #3.

¬

Passa os olhos por todas as formas. Escolhe uma. E agora pensa como explicarias a alguém o que essa forma significa.

#6

#7

OBJETOS ESTRANHOS: ENSAIO DE PROTO-ESCULTURA ¬

Proto significa “primeiro”

Conjunto de objetos aos quais não é fácil dar um nome ou categoria. Lembra-te: o mundo não é preto e branco. Encontras nesta sala objetos que, ora ainda não têm forma, ora são compostos por bocados soltos, ora são o negativo ou o molde de formas reconhecíveis, por exemplo, partes do corpo humano.

¬

Observa a peça de Otelo Fabião que está no centro e pensa que nome lhe darias. Consegues dizer que materiais utiliza o Otelo?

Outros objetos inquietantes aqui presentes são os ex-votos em cera. Os ex-votos tanto podem ser alimentos, objetos antigos, objetos inteiros ou objetos por partes. Avançando, entras na sala #7.

#8

LABIRINTO

FIGURA

Neste espaço, encontras objetos das coleções de arte pré-colombiana e arte arqueológica chinesa. São têxteis e objetos de jade, bronze, cerâmica e terracota. Muitos destes objetos foram encontrados em túmulos.

Sala dedicada à representação da figura humana em diferentes tempos, materiais e culturas. Por isso há exemplos que nos parecem mais familiares do que outros. Observa as diferenças entre, por exemplo, a Croça, capa para a chuva normalmente usada por pastores, e a figura Lokapala, que significa guardião do mundo.

¬

Encontras aqui dois músicos que tocam silenciosamente. Consegues imaginar a música que eles tocam?

¬

Repara na lanterna em forma de pato. Esta lanterna permite controlar se a luz é mais forte ou mais fraca e para onde está virada. Tem mais de 2000 anos. Tens em casa alguma lanterna que faça o mesmo? A sala #8 está mesmo à espreita, em frente à múmia das penas amarelas.

Nesta sala encontras também uma janela que dá para outra sala que ainda não viste. É um ponto de vista a experimentar. No canto oposto tens as escadas que te levarão até à sala #9.

#9

EMERGÊNCIA/ ALIANÇA Esta sala reúne um conjunto de objetos e imagens em que a forma circular e a ideia de repetição estão presentes. Os exemplos são vários: os desenhos, os vídeos que se repetem, as máscaras sol e lápides que se relacionam com outro tipo de círculo: o ciclo da vida e da morte. O círculo é um símbolo muito antigo, comum a diferentes povos e que tem atravessado todos os tempos da História. Para entrares na sala #10, atravessa esse grande círculo que se chama Anel de Catarina.

¬

Lembras-te das Joias de Odila? O Anel de Catarina é do mesmo artista que, aqui, se inspirou na história de Santa Catarina de Siena. Conta-se que, num sonho, Catarina recebeu de Cristo um anel que usou toda a vida. Mais uma vez o f.marquespenteado utiliza o bordado, desta vez sobre tripas de porco.

#10

#11

#12/ 13

NÚCLEO MOLE

RELICÁRIOS

CORTEJO

Mole: aquilo que, aparentemente, não tem forma (ou tem mais do que uma forma). Nesta sala convivem trabalhos de artistas do nosso tempo e bordados de origem religiosa e popular de diferentes épocas.

Um relicário é um recipiente onde se guardam relíquias de santos, normalmente partes do corpo, qualquer objeto que lhe pertenceu ou fez parte do seu sofrimento.

¬

Nesta sala convivem coisas diferentes mas próximas por serem celebrações. São relicários contemporâneos de José de Guimarães, ex-votos em pintura vindos das coleções de instituições locais e um pequeno conjunto de pinturas da autoria de Mestre Caçoila.

Estas duas salas aparecem quase em simultâneo. À esquerda vês um conjunto de objetos de José de Guimarães. Nestas peças, ele utiliza luz de néon. Ao fundo, encontras uma obra que se chama O Grande Desastre. Vês algum veículo? A sala #13 é composta por uma série de objetos, esculturas e pinturas de diferentes tamanhos e origens. Todas as obras se ligam à ideia de celebração e parecem estar num grande cortejo a que o arco de corações dá início. É por isso uma sala cheia de vida, de cor e de festa.

O tambor que vês está relacionado com as Festas Nicolinas, que se celebram em Guimarães entre o fim de novembro e o início de dezembro.

¬

Numa das paredes, encontra-se a obra Pátria, de José de Guimarães. Sabes o que é uma pátria? Repara a que altura está o teto. Esta é uma das salas mais altas da exposição. Ao fundo, à direita, encontras a sala #11.

¬

Relicário, em latim, significa “coisa deixada”

¬

Mestre Caçoila, natural de Guimarães, foi um alfaiate e também pintor naïf, sempre muito atento ao que se passava na cidade.

¬

Repara nos ex-votos desta sala. São pinturas que contêm uma história. Há um ex-voto em honra de S. Torcato que descreve como um homem se salvou após os seus companheiros se terem transformado em assassinos. Porque estará S. Torcato sempre deitado? Terás de descer as escadas para visitar as últimas salas.

¬ O arco de corações é uma construção da Associação Artística da Marcha Gualteriana e de f. marquespenteado. Por isso vês não só a típica técnica do fofado mas também o bordado que está sempre presente na obra daquele artista.

Repara nos diferentes materiais utilizados. Há missangas de diferentes feitios e tamanhos, esculturas com conchas e beijinhos do mar. Observa as peças do artista Pedro Valdez Cardoso. O Pedro utiliza materiais do dia a dia, como esfregonas, frigideiras, tubos de aspirador ou pratos de plástico. Ao fundo da sala, encontras um conjunto de peças da Série México. São de autoria de José de Guimarães e referem-se às celebrações mexicanas do Dia dos Mortos. Nestas celebrações, festeja-se com música, bebida e comida que honra, mais do que a morte, a vida dos que já morreram.

E estás no final da visita. As pistas que te deixámos neste mapa de bolso são possibilidades. Esperamos que voltes e experimentes outros pontos de vista, outras formas de navegar nesta exposição. Para Além da História que é contada, há imensas formas de a contar…


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.