Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | jornal 2º ciclo expositivo 2018

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O segundo ciclo expositivo do CIAJG desenvolve-se em duas etapas, numa primeira fase, Leopard in a Cage, de Julião Sarmento, Mundo Flutuante, de Pedro A.H. Paixão, e Lábios de Flamingo, e a partir de setembro, o projeto expositivo de Ann Hamilton. Como vem sendo prática habitual, apresentamos um conjunto de propostas expositivas que dialogam com a coleção e as temáticas que a atravessam e constituem. Entre outras questões, trazem-nos à geometria das relações entre homem e animal, a meio caminho entre observação distanciada e vontade de incorporação, como se no estranho reino animal vislumbrássemos com nostalgia, e em simultâneo, o nosso passado e a impossibilidade de um futuro idílico. The CIAJG’s second exhibition cycle is divided into two stages – starting with Leopard in a Cage, by Julião Sarmento, Floating World, by Pedro A.H. Paixão, and Flamingo’s Lips; followed, from September onwards, the exhibition project by Ann Hamilton. Continuing the approach adopted in our previous exhibitions, this new exhibition cycle will forge a dialogue with the

collection and the transversal themes that underpin its creation. Among other issues, it will highlight the geometry of the relationship between man and animal, halfway between detached observation and the will to become involved, as if – by observing the strange animal kingdom – we might nostalgically and simultaneously glimpse our past and the impossibility of an idyllic future.

TODO O ANO TEORIA DAS EXCEÇÕES ENSAIO PARA UMA HISTÓRIA NOTURNA COLEÇÃO PERMANENTE E OUTRAS OBRAS CICLO DE CONVERSAS ANN HAMILTON GERMAIN VIATTE EMANUELE COCCIA 01 SETEMBRO A 21 OUTUBRO EXPOSIÇÃO DE ANN HAMILTON


CIAJG

PISO 0 / SALAS #9-11 | GROUND FLOOR / ROOMS #9-11

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INAUGURAÇÃO / OPENING 29 JUNHO / JUNE 2018

CURADORIA / CURATED BY FILIPA OLIVEIRA E/AND NUNO FARIA

Julião Sarmento (Lisboa, 1948), um dos mais destacados artistas contemporâneos portugueses, vem construindo desde o final dos anos 1960 uma obra extraordinariamente prolífica que define um notável sentido de repetição, por um lado, e de rutura, por outro. Os sucessivos trabalhos ou séries que vai concebendo apresentam uma enorme diversidade de meios – pintura, filme, fotografia, desenho, som, tapeçaria, escultura – ao mesmo tempo que obedecem a um léxico temático reduzido e desenvolvido com minuciosa coerência. Leopard in a Cage (leopardo numa jaula) propõe, do ponto de vista curatorial, o desafio de recuperar um conjunto de projetos que nunca antes haviam sido mostrados ou mesmo realizados, que são apresentados em diálogo com trabalhos novos, especificamente concebidos e produzidos para esta exposição. O título da exposição cita um projeto de 1975, “Um Leopardo na S.N.B.A.”, que, visto a esta distância temporal, condensa muitos dos traços distintivos da obra do artista. O projeto, que nunca viria a realizar-se, e que é agora apresentado enquanto tal, estabelece, simultaneamente, o tema animal, referencial nestes e nos anos seguintes do trabalho de Julião Sarmento, o tema do desejo, uma estética do rigor e da contenção, um trabalho com as coordenadas invisíveis do tempo e do espaço, o campo de interpretação deixada ao espetador. Talvez aquilo que sobressaia da imensa diversidade de projetos e de meios nesta exposição seja a forma como o artista parece reclamar para o processo criativo uma liberdade radical e inalienável, uma insaciável curiosidade por tudo aquilo que o rodeia, apropriando-se de objetos de uso comum (um simples, efémero e pequeno bilhete de elétrico que é transposto, em aumento de escala, para tapeçaria), citando obras de outros artistas (Carl Andre) ou criando dois conjuntos de pinturas aparentemente monocromáticas, respetivamente com todos os tons de brancos e pretos encontrados no atelier. A exposição é assim um desconcertante palimpsesto em que tudo parece ser dito duas vezes, em modo de repetição, mas em que nada é exatamente o mesmo, em que nada é igual. Neste regime de alteridade, cabe ao espetador a aliciante tarefa de nomear (distinguir) aquilo que vê ou de imaginar (construir) aquilo que ouve, ampliando, através da experiência estética, a perceção ou o conhecimento do real.

JULIÃO SARMENTO LEOPARD IN A CAGE UNEDITED PROJECTS (1969-2018) Julião Sarmento (Lisbon, 1948) - one of Portugal’s most prominent contemporary artists - has been building an extraordinarily prolific oeuvre since the late 1960s which establishes a remarkable sense of repetition, while simultaneously breaking with the past. His successive works or series explore a tremendous diversity of media – including painting, film, photography, drawing, sound, tapestry, sculpture - while observing a minimalist thematic lexicon that is developed with meticulous coherence. From a curatorial perspective, Leopard in a Cage proposes the challenge of recovering a set of projects that have never previously been exhibited or performed, presented in dialogue with new works that have been specifically designed and produced for this exhibition. The exhibition’s title is a reference to a 1975 project, "A Leopard in the S.N.B.A.", which, with the benefit of hindsight, condenses many of the distinctive features of Sarmento's oeuvre. The project, which was never produced, and which is presented as it was originally conceived, simultaneously establishes the theme of the animal - which was a key reference during this period and in the following years of Julião Sarmento's work - together with the theme of desire, with an aesthetic of rigour and restraint, in an oeuvre based on the invisible coordinates of time and space, in a field of interpretation that is left to the viewer. Perhaps the primary conclusion from the immense diversity of projects and media presented in this exhibition is the way that the artist seems to claim a radical and inalienable freedom for the creative process, an insatiable curiosity for everything around him, appropriating everyday objects (e.g. a simple, small, ephemeral tram ticket that is transposed, through an enlargement of scale, into tapestry), citing works by other artists (e.g. Carl Andre), or creating two sets of apparently monochromatic paintings, respectively with all the shades of white and black found in his atelier. The exhibition is thus a disconcerting palimpsest, in which everything seems to be repeated twice, but wherein nothing is exactly the same, nothing is identical. In this regime of alterity, the spectator has to name (distinguish) that which he sees, or imagine (build) that which he hears, and through this aesthetic experience amplify his perception or knowledge of reality.

Julião Sarmento Projeto para Tapeçaria Lisboa, 1964


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PISO 0 / SALAS #9-11 | GROUND FLOOR / ROOMS #9-11

Julião Sarmento Cheeta, 1975 Cortesia do artista / Artist Courtesy

Julião Sarmento Leão, 1975 Cortesia do artista / Artist Courtesy


Em 1947, o escritor e homem de cultura André Malraux publicou Les Voix du Silence (As Vozes do Silêncio) – edição que, em 1963, viria a ser revista e aumentada –, onde reuniu, sem ordenação cronológica ou estilística, um conjunto de ilustrações de obras de arte que cobriam um extenso período, desde a pré-história até à época contemporânea. Este livro, que viria a tornar-se numa das mais luminosas e influentes reflexões sobre o papel do museu na redefinição do estatuto e da interpretação das obras de arte, abriu, na esteira do Atlas Mnemosyne de Aby Warburg, um imenso campo de possibilidades combinatórias que conduziram a uma reconsideração – para não dizer desconsideração – da influência do tempo histórico sobre a produção artística. Lábios de Flamingo é o Museu Imaginário dentro do Museu – como se de todos os museus do mundo para aqui afluíssem todas as obras de arte que imaginámos um dia ver reunidas. Numa época em que a migração das imagens se tornou tão comum, quisemos criar um observatório, um lugar da imaginação de onde pudéssemos olhar para um conjunto de imagens, que na sua grande maioria nos são familiares, e voltar a pensar sobre elas. Para tal, definimos um conjunto de temas, mais ou menos transversais, que são o mote para reunir imagens das mais variadas proveniências e épocas, que, em conjunto, nos permitem viajar pela imaginação através do tempo e do espaço – como se entrássemos numa máquina de atravessar o tempo à velocidade da luz. A luz que vem dos retroprojetores, dispositivos que reenviam inelutavelmente para as salas de aula de antanho, onde e quando as aulas de história da arte eram uma espécie de caverna de onde surgiam imagens mágicas – mágicas como se as víssemos pela primeira vez. E as reconhecêssemos.

CURADORIA / CURATED BY FILIPA OLIVEIRA E/AND NUNO FARIA

INAUGURAÇÃO / OPENING 29 JUNHO / JUNE 2018

PISO -1 / SALA #13 | LOWER FLOOR / ROOM #13

In 1947, the French writer and man of culture, André Malraux, published Les Voix du Silence (The Voices of Silence). The edition was revised and expanded in 1963, to include, without any chronological or stylistic order, a set of illustrations of works of art covering an extensive period – ranging from prehistory to the contemporary era. This book, which subsequently became one of the most illuminating and influential reflections on the role of the museum in redefining the status and interpretation of works of art, following in the wake of Aby Warburg’s Atlas Mnemosyne, opened up a vast field of combinatorial possibilities, leading to reconsideration – and one might even say disregarding – of the influence of historical time on artistic production. Flamingo’s Lips is the Imaginary Museum inside the Museum – as if it combined all the works of art from all the world’s museums, that we could ever imagine being seen together. At a time when the migration of images has become so commonplace, we wanted to create an observatory, a place for the imagination, from which we could look at a set of images, most of which are familiar to us, and reconsider them. For this purpose, we have defined a more or less transversal set of themes, which underpin this collection of images from a wide array of different origins and epochs, that enables us to use our imagination to travel across time and space - as if entering a machine that could cross time at the speed of light. The lighting is cast by overhead projectors, devices that inevitably make us think about the classrooms of yesteryear, where and when art history classes were a kind of cave, from which magical images emerged – magical, as if we were seeing them for the first time. And we recognised them.

FLAMINGO'S LIPS

JULY 06 TO 12 CAN SCULPTURE CHANGE THE WORLD?

JULY 27 TO AUGUST 03 KARAWANE JOLIFANTO BAMBLA O FALLI BAMBLA AUGUST 04 TO 12 THE WILD ONES

JULY 20 TO 26 I DON’T KNOW HOW TO DRAW

04 A 12 AGOSTO OS SELVAGENS

Albrecht Durer Rinoceronte, 1515 Xilogravura

27 JULHO A 03 AGOSTO KARAWANE JOLIFANTO BAMBLA O FALLI BAMBLA

JULY 13 TO 19 BETWEEN THE MUSEUM AND THE MARKET, I CHOOSE THE MARKET

20 A 26 JULHO EU NÃO SEI DESENHAR

13 A 19 JULHO ENTRE O MUSEU E O MERCADO, ESCOLHO O MERCADO

JUNE 29 TO JULY 05 MR. DÜRER’S RHINOCEROS

06 A 12 JULHO PODE A ESCULTURA MUDAR O MUNDO?

29 JUNHO A 05 JULHO O RINOCERONTE DO SENHOR DURERO


John James Audubon, Phoenicopterus ruber, the Greater Flamingo, 1827 e 1838 [Desenhado por John James Audubon (1785-1851) para o livro The Birds of America]

Joseph Beuys I Like America and America Likes Me, 1974 Performance, Galeria René Block, Nova Iorque Fotografia: Caroline Tisdall

Jules Agostini, Fotografia da Casa de Gauguin em Punaauia, 1896.

Paul Gauguin Ia Orana Maria (Avé Maria), 1891 Óleo sobre tela The Metropolitan Museum of Art Collection


CIAJG

PISO 1 / SALAS #2-8 | 1ST FLOOR / ROOMS #2-8

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INAUGURAÇÃO / OPENING 29 JUNHO / JUNE 2018 CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA

O trabalho de Pedro A.H. Paixão (Lobito, Angola, 1971) tem, nestes últimos anos, vindo a ganhar a presença, o protagonismo público e a ressonância crítica que se adivinhavam há muito tempo. Afastado, com episódicas aparições, da visibilidade e do mediatismo durante anos de intenso e quase secreto labor, o artista veio a edificar um pensamento e uma obra de uma profundidade e uma potência raras em que o desenho se constitui como a espinal medula, o eixo por onde fluem as forças que vem construindo e fazendo confluir desde o labirinto do tempo até a uma clareira em que tudo parece correr sem barreiras ou fronteiras — para além da História nos interstícios de uma geografia complexa em que o pensamento arcaico é convocado e permanentemente revisitado para poder (re)pensar o lugar do contemporâneo. Esta exposição, na qual Pedro A.H. Paixão foi desafiado a interagir de forma extensiva com a coleção do CIAJG, tem como mote de base lançar um olhar abrangente sobre a produção do artista, acolhendo obras dos primeiros anos do seu percurso e trabalhos muito recentes, mas abre igualmente o campo a novas abordagens e à exploração de meios que não tinham sido antes tratados de maneira tão aprofundada como agora. Assim, para além de se apresentar um amplo conjunto de trabalhos em vídeo, um meio que Pedro A.H. Paixão nunca, em rigor, deixou de explorar, mas que nos últimos anos perdeu intensidade em favor do trabalho em desenho (aqui também presente em extensão), é o projeto sonoro, especificamente concebido para o espaço da coleção e em estreito diálogo com algumas das peças que a constituem, que surge como a grande novidade e o elemento unificador e perturbador, que sublinha e confere às obras expostas o seu carácter de inquietante e familiar estranheza. Quem agora nos visita terá a oportunidade de conhecer ou reconhecer uma obra rara que traz para o plano do visível as dimensões política e poética, a potência do acontecimento a surgir e o testemunho das vozes silenciadas pela crueldade da História, o íntimo e o público, a luz e a escuridão – como se o desígnio, a potência do pensamento artístico, conferisse àquele que faz, o artista, a capacidade de ampliar os limites de (auto)conhecimento e de desconstrução da entidade antropológica a partir dos seus poderes mágicos, xamânicos de transformação em tantas outras entidades: geológica, animal, vegetal, espiritual.

Pedro A.H. Paixão Little Diamond Crown (Nina Simone in memoriam), 2015 Cortesia/ Courtesy Coleção / Colection Manuel de Brito

PEDRO A.H. PAIXÃO FLOATING WORLD WORKS: 1996-2018 Over recent years, the oeuvre of Pedro A.H. Paixão (Lobito, Angola, 1971) has gained a long overdue presence, public protagonism and critical resonance. Withdrawn, with episodic apparitions, from the visibility and media presence over years of intense and almost secretive work, the artist has forged a thinking and oeuvre of rare depth and power. Drawing is the spinal cord of his oeuvre, the essential conduit for the forces that he has built up and combined from the labyrinth of time into an open clearing, wherein everything seems to advance without barriers or borders. He has forged a world beyond History, in the interstices of a complex geography, in which archaic thinking is conjured up and permanently revisited, to be able to (re)think the place of the contemporary. The core idea underpinning this exhibition – in which Pedro A.H. Paixão has been challenged to interact extensively with the CIAJG’s collection – is to cast a comprehensive gaze over his oeuvre, embracing works from his early career together with very recent works. It opens the door

Pedro A.H. Paixão The Big Wave Rider, 2017 Cortesia do artista / Artist Courtesy

to new approaches and exploration of resources that haven’t previously been analysed so profoundly. In addition to presenting a wide range of video works – a medium that Pedro A.H. Paixão has consistently explored, albeit to a lesser extent in recent years in favour of drawing (with many drawings on display) – he presents a sound project, specifically designed for the Collection’s space, in close dialogue with some of his works. This sound project is the main novelty and unifying and disturbing element of the exhibition, which underlines and confers a disquieting character and strange familiarity to the works on display. Visitors will have the opportunity to discover, or rediscover, a rare oeuvre which reveals political and poetic dimensions, the power of the event to emerge and the testimony of voices silenced by the cruelty of History, the intimate and public spheres, light and darkness. In this context, it seems as if this objective – the power of artistic thinking – confers to his oeuvre the ability to extend the limits of (self) knowledge and deconstruction of the anthropological entity, through its magical, shamanic powers of transformation, into so many other entities – geological, animal, vegetable, spiritual.


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PISO 1 / SALAS #1-8 | 1ST FLOOR / ROOMS #1-8

CURADORIA / CURATED BY NUNO FARIA

Lógica circular, eterno retorno, repetição e diferença: a nova montagem da coleção permanente, vigente durante o ano de 2018, regressa ao mapa delineado pela exposição inaugural do CIAJG, Para além da História. Trata-se de prosseguir um projeto sem tempo plenamente consciente do tempo em que é realizado, afirmativamente contemporâneo sem ser exclusivamente constituído por objetos de arte contemporânea. A sua natureza é ser transversal, poroso, impuro, aberto e circular, procurando nexos, relações, permanências; por outras palavras, sonda o impercetível que o tempo histórico, tão marcado por uma memória seletiva e fatalmente grosseira, acaba por expurgar. É um projeto que recoloca o objeto – considerado como uma entidade que existe além da sua objetualidade – no centro da relação percetiva. Voltar a olhar para determinados objetos que nos são estranhos ou familiares, longínquos ou próximos, num contexto específico; considerar o poder mágico dos objetos, a energia que, para além da forma, corporizam e transportam no espaço e no tempo, é um dos reptos do projeto. Os objetos são convocados, reunidos e dispostos como constelações de energia, campos magnéticos, campos de tensão movidos por atração ou repulsa, que nos perturbam, emocionam ou interrogam com uma intensidade tanto mais forte quanto insondável. Teoria das Exceções é um livro do escritor e ensaísta francês Philippe Sollers. Como o título deixa adivinhar, trata-se de um mapeamento de alguns universos autorais, idiossincráticos e singulares, que se constituíram como momentos de rutura na história da literatura. Contudo, o título do livro tem um alcance mais longo, apontando e fazendo a teoria de uma espécie de paradoxo que é a possibilidade de sistematização daquilo que por natureza é excecional, descompassado ou afásico; daquilo que vem fora de um cânone. É nesta zona de sombra que se situam os chamados "autores malditos", mas também os autores anónimos, os loucos, os visionários, os excêntricos, aqueles que se deram aos insondáveis mistérios da escuridão – do significado, da forma, da palavra, etc. – e que se situam nas margens da grande narrativa da História. Não quer isto dizer que a História não registe ou inscreva as obras desses autores. Acontece que nessa narrativa surgem como intervalos, momentos inscritos a negativo, a contra-pêlo de uma conceção teleológica do tempo. São exceções que, a pretexto de não desmancharem uma trama legível, confirmariam, segundo a versão oficial, a lógica da história. Se colocadas lado a lado, constituiriam aquilo que se chamaria com propriedade uma História Noturna.

Obras de / Works by

e / and

José de Guimarães, Franklin Vilas Boas, Rosa Ramalho, Rui Moreira, Jaroslaw Fliciński

Arte Africana, Arte Pré-Colombiana e Arte Chinesa Antiga da Coleção de José de Guimarães African Art, Pre-Columbian Art and Ancient Chinese Art of the José de Guimarães Collection

THEORY OF EXCEPTIONS ESSAY FOR A NOCTURNAL HISTORY PERMANENT COLLECTION AND OTHER WORKS Circular logic, eternal return, repetition and difference: The new format of the permanent collection, on display during 2018, returns to the structure that was initially defined by the CIAJG’s inaugural exhibition, Beyond History. This involves pursuing a timeless project that is fully aware of the epoch in which it is produced. It has a decidedly contemporary feel without being exclusively constituted by contemporary art works. The exhibition is transversal, porous, impure, open and circular. It seeks connections, relationships, and a sense of permanence. In other words, the exhibition probes the imperceptible elements that are ultimately expurgated from recorded history, which is always marked by a selective and fatally simplistic memory. The project repositions the object - considered as an entity that exists beyond its own objectuality - at the heart of the perceptual relationship. Taking a new look at certain objects that seem strange or familiar, distant or near in a specific context. One of the project’s main challenges is to consider the magical power of objects - the energy that they embody and transport in space and time, beyond questions of form. Objects are convened, collected and arranged as energy constellations, magnetic fields and fields of tension propelled by forces of attraction or repulsion, which disturb, excite or question us with their strong and unfathomable energy. Theory of Exceptions is a book by the French writer and essayist, Philippe Sollers. As the title suggests, it maps out several idiosyncratic and singular authorial universe, which constitute points of rupture in the history of world literature. However, the book’s title has a longer reach, it traces and develops the theory of a special paradox - the possibility of systematizings things that by their very nature are exceptional, uncomplicated or aphasic; and thus lie outside any established canon. This shadowland habours so-called "accursed authors" and anonymous authors, the insane, visionaries and eccentrics, all those who have delved into the unfathomable mysteries of darkness – of meaning, form, word, etc. . - and lie on the margins of the great narrative of official History. This does not mean that History does not record or register the works by these authors. But in this official narrative they appear as intervals, moments that are seen as a “flip-side” to the main flow of events - a counterpoint to the teleological conception of time. They are exceptions that according to the official version of events confirm the logic of history, and therefore don’t undermine the overall legible narrative. When placed side by side, they would constitute what may be appropriately called a Storia Notturna, or Nocturnal History.


CIAJG

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EM PARCERIA COM CONTEXTILE 2018 BIENAL DE ARTE TÊXTIL CONTEMPORÂNEA

o projeto é

the project is

uma memória uma fábula de relações uma coleção uma acumulação de peles cada uma delas diferente cada uma delas maior que a sua própria insignificância um enxame uma massa individualizada um corpo uma mão um toque do toque à pulsão exercitando a voz uma linha entre os sentidos absorventes e os ossos resistentes

a memory a fable of relations a collection an accumulation of skins each distinguished each larger than its own insignificance a swarming a mass individuated a body a hand a touch from touch a tending in tending a voice a line between the absorbing senses and the resisting bones

Ann Hamilton (EUA, 1956) é uma artista visual reconhecida internacionalmente pelo envolvimento sensorial das suas instalações multimédia em grande escala. Reconhecíveis por uma acumulação densa de materiais, os seus ambientes efémeros criam experiências imersivas que respondem poeticamente à presença arquitetónica e à história social dos locais onde intervém. Ann Hamilton (USA, 1956) is a visual artist internationally recognized for the sensory surrounds of her large-scale multi-media installations. Noted for a dense accumulation of materials, her ephemeral environments create immersive experiences that poetically respond to the architectural presence and social history of their sites.

— a blade in hand detaches skin from body worn warmth in pieces backs and feet carrying and forgetting the animal shields offering human cover

— uma lâmina na mão destaca pedaços de pele do cálido corpo usado costas e pés carregando e esquecendo os escudos animais que dão proteção ao homem luva, camisola, casaco, manta, tenda,

a glove, sweater, coat, blanket, tent, the puncture of a threading needle suturing the distance between the near at hand and the far away is an origin the image or the material memory of times sacrifice in a photograph we reach to touch

a picada de uma agulha de coser suturando a distância entre o próximo, ali à mão, e o longe é uma origem a imagem ou a memória material de tempos de sacrifício numa fotografia que estendemos a mão para tocar Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) Horário de funcionamento terça a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00 (últimas entradas às 12h30 e às 18h30)

QUINTA 12 JULHO, 18H30

ANN HAMILTON

QUINTA 13 SETEMBRO, 18H30

QUINTA 27 SETEMBRO, 18H30

GERMAIN VIATTE

EMANUELE COCCIA

Tarifário 4 eur / 3 eur Cartão Jovem, Menores de 30 anos, Estudantes, Cartão Municipal de Idoso, Reformados, Maiores de 65 anos, Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência, Deficientes e Acompanhante / Cartão Quadrilátero Cultural desconto 50% / Entrada Gratuita crianças até 12 anos / domingos de manhã (10h00 às 12h30) José de Guimarães International Arts Centre (CIAJG) Opening hours tuesday to sunday, 10.00am-1.00pm / 2.00pm-7.00pm (last visits 12.30am and 6.30pm) Tariffs 4 eur / 3 eur Holders of the Cartão Jovem, Under 30 years, Students, Holders of the Cartão Municipal de Idoso, Reformados (Senior and Pensioner’s Card), Over 65 years, Handicapped patrons and the person accompanying them / Cartão Quadrilátero Cultural 50% discount / Free Entrance children until 12 years old / sunday morning (10.00 am to 12.30 pm)

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