Guimarães Arte e Cultura | Jornal Festivais Gil Vicente 2018

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Festivais Gil Vicente 2018

Assinatura   Geral (todos os espetáculos) 25,00 eur

Quinta 07 / 21h30 CCVF / Pequeno Auditório

Assinatura  4 espetáculos (à escolha) 20,00 eur

Pulmões

Assinatura  3 espetáculos (à escolha) 15,00 eur

Luís Araújo

Preço especial Alunos de Escolas  de Artes Performativas e Rede TO 4,00 eur PREÇOS COM DESCONTO (C/D) Cartão Jovem / Menores de 30 anos e Estudantes / Cartão Municipal de Idoso, Reformados e Maiores de 65 anos / Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência; Deficientes e Acompanhante / Sócios do CAR – Círculo de Arte e Recreio

[Estreia]

P.06

Cartão Quadrilátero Cultural desconto 50% VENDA DE BILHETES www.ccvf.pt oficina.bol.pt Centro Cultural Vila Flor Casa da Memória Centro Internacional das Artes José de Guimarães Multiusos e Complexo de Piscinas de Guimarães Lojas Fnac, El Corte Inglés, Worten, Entidades aderentes da Bilheteira Online SERVIÇO DE BABY-SITTING Centro Cultural Vila Flor Funcionamento em dias de espetáculo e durante o período de apresentação Dos 3 aos 9 anos Capacidade máxima 20 crianças Preço 1,00 eur

Atividades Paralelas

P.22 30 maio a 16 junho Vários locais

LAB’UM nos Festivais Gil Vicente Laboratórios e Apresentações de alunos e ex-alunos da Lic. em Teatro ILCH-UM

04 a 17 junho Vários locais

2º Encontro do Gangue de Guimarães Residências Artísticas / Oficina de Dramaturgia

Sexta 08 / 21h30 CCVF / Grande Auditório

Retábulos Teatro Oficina [Estreia]

P.08


Festivais Gil Vicente 2018

Sábado 09 / 21h30 CCVF / Pequeno Auditório

Sexta 15 / 21h30 CCVF / Pequeno Auditório

Se Eu Vivesse Tu Morrias

Sobre Lembrar e Esquecer

Miguel Castro Caldas & Lígia Soares, Miguel Loureiro e Tiago Barbosa, Filipe Pinto, Gonçalo Alegria e Salomé Marques

Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori, Paula Diogo e Sónia Baptista

P.10

P.18

Quinta 14 / 21h30 CCVF / Grande Auditório

Sábado 16 / 21h30 CCVF / Grande Auditório

Casimiro e Carolina

Perplexos

Tónan Quito

P.20

P.14

Cristina Carvalhal


Festivais Gil Vicente 2018

This edition of the Gil Vicente Festivals was built upon a symbolic geographical axis where certain boundary experiences will play out.

This is a boundary for the theatre, which based on the text, attempts to explore the distinctive space between ‘seeing’ and ‘reading’ in “If I Lived, You Would Die” (“Se Eu Vivesse Tu Morrias”). This is a boundary for love, which, represented in the festive setting of “Casimir and Caroline,” in the context of crisis and depression (and indeed comparable to our present reality) seems unable to survive the rupture which urgently raises the question: can two people fall in love in a time of crisis? This is a boundary which places us on the edge between what is real and absurd, as in “Perplexos”, where the constant interplay of reformulations will cause significant anxiety. This is a boundary of planetary dystopia, which comes in a dizzying gallop and causes us to reflect upon how we should face the acts and actions of citizenship in “Lungs” (“Pulmões”).

And perhaps surpassing all boundaries, we note the loss of memory. What can we do when everything is out of our control? Perhaps we should move our memories to that light-filled space, as is suggested by the show, “On Remembering and Forgetting” (“Sobre Lembrar e Esquecer”). Finally, and so that our experience can transcend all boundaries, let’s enjoy the ‘invisible’ play that can only be truly seen by honest folk. A plot woven by the audience, who have to take over the stage because the show in fact doesn’t ‘really’ exist. This is where “Retábulos” comes from, blending Miguel de Cervantes and Jacques Prévert. More than ever, this art of the body will leave nothing that has yet to be explored. Thus, make your choices as to the most convenient paths you’d like to take and enjoy the theatre as a public space for debate since it was indeed born for this very reason. Rui Torrinha


Esta edição dos Festivais Gil Vicente foi construída a partir de um eixo geográfico simbólico, no qual experiências limite se vão desenrolar.

Limite para o próprio teatro, que a partir do texto ensaia a tentativa de exploração de um intervalo particular situado entre o ver e o ler em “Se Eu Vivesse Tu Morrias”. Limite para o amor, que representado numa feira por “Casimiro e Carolina”, em contexto de crise e depressão – um paralelo à realidade atual – parece não sobreviver à rutura, para que levantemos uma questão sem demoras: é possível amar em tempos de crise? Limite por nos colocar na fronteira entre o real e o absurdo, em “Perplexos”, onde o constante jogo de reformulações nos provocará inquietação. Limite pela distopia planetária que se aproxima em galope vertiginoso e da qual importa refletir sobre como enfrentá-la também, enquanto ato de cidadania em “Pulmões”.

E talvez a mais limite de todas, a perda da memória. O que fazer então quando tudo nos foge ao controlo? Possivelmente mover as nossas lembranças para uma zona de luz, tal como nos sugere a peça “Sobre Lembrar e Esquecer”. Finalmente, e para que a experiência ultrapasse todos os limites, assistiremos a uma peça invisível que só poderá ser vivida por pessoas de bem. Uma trama urdida pelo próprio público que acaba a tomar a cena face à inexistência de espetáculo. Tudo isto a partir de “Retábulos” misturados de Miguel Cervantes e Jacques Prévert. Mais do que nunca, esta arte de corpo vivo nada deixará por explorar. Escolham-se por isso os caminhos mais convenientes e tome-se o teatro enquanto espaço público de debate, porque na realidade nasceu para tal fim. Rui Torrinha


“Existe uma ecologia das ideias danosas, assim como existe uma ecologia das ervas daninhas.” Gregory Bateson

Estreia

Pulmões

Direitos Reservados

“Pulmões” é a história de uma conversa: um casal na casa dos trinta, M e W, durante uma ida ao Ikea discute a possibilidade de ter um filho e do impacto que isso terá neles e no planeta. “Será que sou boa pessoa? Serei um bom pai? Que tipo de mundo herdará o nosso filho? É sensato ou necessário trazer mais uma criança a este mundo?” Um fait-divers, uma conversa casual e inesperada que coloca, num ambiente pret-a-porter, este casal em jogo e com isso confronta-nos a todos com a iminência de uma catástrofe que pode produzir consequências cataclísmicas. Com encenação de Luís Araújo – que depois de “Subterrâneo” (2016) volta a assinar uma criação para o Ao Cabo Teatro – “Pulmões” não é explicitamente uma peça sobre as mudanças climáticas, é uma peça sobre pessoas: um jovem casal confrontado com uma possibilidade inesperada que os leva a reavaliar o resto das suas vidas de uma forma que seja imediatamente reconhecida como possibilidade no presente e a tentar imaginar um futuro reconhecível, que tenha no presente e na sociedade em que agora vivemos uma espécie de manual de instruções. Escrita por Duncan Macmillan, autor ainda desconhecido em Portugal, “Pulmões” é talvez a primeira peça a encarar de frente a geração Millennial e as suas inquietações. O seu naturalismo burilado é de uma complexidade impressionante e a contenção da escrita e recusa da mimese realça a sua pungência temática, criando quase uma sensação de teatro radiofónico que potencia a dinâmica deste texto como anatomia de uma relação ao mesmo tempo que extrapola o conjuntural para se situar no universal.

Luís Araújo Quinta 07 / 21h30 · CCVF / Pequeno Auditório

Após o Espetáculo CCVF / Foyer Pequeno Auditório — HÁ CONVERSA COM… Luís Araújo


M Estás a ficar com dúvidas.

“(…)

M É melhor falarmos disto.

W Podia voar todos os dias durante sete anos ida e volta Nova Iorque e mesmo assim a pegada de carbono não era tão grande como a de ter um filho.

(…)”

W Dez mil toneladas de dióxido de carbono. É o peso da Torre Eiffel. Eu vou parir uma Torre Eiffel. E se tivéssemos um segundo não era simplesmente o dobro porque a possibilidade de eles se reproduzirem e quantos filhos é que eles podem ter e quantos filhos é que os filhos dos filhos deles podem ter e quantos é que os filhos dos filhos dos filhos deles podem ter aumenta exponencialmente. Que se fodam a reciclagem mais os carros elétricos, mais a eficiência energética, mais as lâmpadas ecológicas: a não ser que pessoas educadas e ponderadas como nós parem de fazer bebés, o mundo está todo fodido foda-se.

“Pulmões” é o ponto de partida para um díptico que tem como conceito operativo o mito matricial do fim do mundo como catalisador de reflexão e debate sobre a sustentabilidade da espécie humana e cujo ponto de queda será o espetáculo “Jane Fonda” (2019) escrito e encenado por Luís Araújo.

Direitos Reservados

Numa era em que o terrorismo e o aquecimento são fenómenos globais, numa era de crises económicas, políticas e humanitárias, de pegadas ecológicas, escaladas nucleares e outros sinais inquietantes de um futuro cada vez mais presente, a obra de Macmillan explora a nossa relação com os outros e o ambiente e as consequências das nossas ações e, em simultâneo, expõe uma geração que fez da incerteza (económica, social, política, ambiental) um modo de vida. Uma geração que, tal como o planeta, vive num estado de ansiedade perpétua enquanto caminha de forma cada vez mais consciente em direção a um horizonte apocalíptico.

“There is an ecology of bad ideas, just as there is an ecology of weeds.” Gregory Bateson

DE DUNCAN MACMILLAN TRADUÇÃO FERNANDO VILLAS-BOAS ENCENAÇÃO LUÍS ARAÚJO CENOGRAFIA E VÍDEO ANTÓNIO MV DESENHO DE LUZ NUNO MEIRA SONOPLASTIA PEDRO AUGUSTO INTERPRETAÇÃO MARIA LEITE, LUÍS ARAÚJO PRODUÇÃO AO CABO TEATRO

DURAÇÃO 1H45 MIN. APROX. S/INTERVALO MAIORES DE 16 PREÇO 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

"Lungs" is a story about a conversation: A couple in their thirties, M and W, during a trip to Ikea discuss the possibility of having a child and the impact this will have on their lives, and on the planet. "Am I a good person? Will I be a good parent? What kind of world will our son inherit? Does it make sense or is it necessary to bring another child into this world?" By means of this fait-divers, a casual and unexpected conversation in a pret-a-porter environment poses fundamental challenges to the couple, and thereby confronts us with the imminence of an impending catastrophe, that mighty have cataclysmic consequences for us all. Directed by Luís Araújo - who after "Underground" (2016) directed another work for Ao Cabo Teatro - "Lungs" is not explicitly a stage play about climate change. It’s primarily about people: a young couple is confronted with an unexpected possibility, that leads them to rethink

the rest of their lives, in a way that is recognised as a clear possibility in the immediate present, as they try to imagine a recognisable future, using a kind of instruction manual from the contemporary society in which we all live. Written by Duncan Macmillan, who is still relatively unknown in Portugal, "Lungs" is perhaps the first stage play to address the Millennial generation and its anxieties. His chiselled naturalism conveys an impressive complexity, whereas his constrained writing and rejection of mimesis emphasises the story’s thematic pungency, almost creating a sensation of a radio play, which enhances the dynamics of the text as an anatomy of the relationship, thereby extrapolating the individual situation into something of universal relevance. In an age in which terrorism and global warming are worldwide phenomena, accompanied by economic,

political and humanitarian crises, ecological footprints, nuclear escalations and other disturbing signs of a potentially ominous future that is increasingly sensed in the present day, Macmillan explores our relationship with others and the environment, and the consequences of our actions. At the same time, it shows a generation that has learned to deal with uncertainty (economic, social, political, environmental) as a way of life. A generation that, like the planet, lives in a state of perpetual anxiety, as it advances, ever more consciously, towards a potentially apocalyptic horizon. “(…) W I could fly to New York and back every day for seven years and still not leave a carbon footprint as big as if I have a child. M You're having second thoughts.. W Ten thousand tonnes of CO2. That’s the weight of the Eiffel Tower. I’d be giving birth to the Eiffel Tower. And

if we had a second it doesn’t just double because the chances of them reproducing and how many they might have and how many their children’s children might have and how many their children’s children’s children might have, that goes up exponentially. Fuck recycling or electric cars, fuck energy efficient fucking light bulbs, unless educated, thoughtful people like us stop making babies the world is totally fucking fucked. M We should talk about this.. (…)” "Lungs" is the starting point for a diptych, whose operational concept is the archetypal myth of the end of the world as a catalyst for reflection and debate about the sustainability of mankind and whose starting point will be the performance "Jane Fonda" (2019), written and staged by Luís Araújo.


Teatro Oficina Estreia

Retábulos O “Teatro” na cidade e a “cidade” num teatro.

Sexta 08 / 21h30 · CCVF / Grande Auditório

“Agora temos aqui finalmente uma cidade, vamo-nos agarrar a isto, criar raízes.” Miguel de Cervantes, em 1615, publica oito comédias e entremezes ‘nunca antes representados’ nos quais se encontra O Retábulo das Maravilhas, obra que conta a história de uma companhia de teatro (familiar e indigente) que, chegada a uma cidade, decide apresentar uma peça que só pode ser vista por pessoas honestas, de coração puro. É um engodo, o Retábulo é tão maravilhoso quanto invisível, mas todos suspendem a descrença e veem efetivamente, aliás, sentem: medo, desejo, a água do rio Jordão que supostamente inunda o palco. Tornam-se verdadeiros e empenhados espetadores. Jacques Prévert, em 1935, reescreve o mesmo Retábulo, e faz dos notáveis da terra os únicos privilegiados com acesso ao espetáculo, numa versão politizada, um verdadeiro manifesto. Um protesto por melhores condições de vida, também elas invisíveis, em que as profissões menos favorecidas tomam conta do palco e tentam fazer a revolução. O Teatro Oficina, hoje, mistura os dois retábulos, improvisa com o(s) corpo(s) e leva a cidade para cima do palco – a Cia de Teatro de Guimarães, mais do que um espetáculo, quer criar raízes neste cidade/território. A revolução está em marcha! Uma cidade feita de professores, estudantes, advogados, gestores, desempregados, reformados ou estagiários que agora é convocada a representar no palco do CCVF uma cidade de Alcaides e Go-

vernadores mas que se torna palco de manifestos quando irrompem Cantoneiros ou Mendigos. Uma cidade de trabalho que é invadida por Crianças, tornando-se palco de imaginação. Uma cidade a fazer de palco num jogo de espelhos ou coincidências. Toda a cidade é um palco, parafraseando o outro. E aqui coloca-se um palco em cima do palco (uma cidade noutra, em abismo?). O elenco escolhido para mais esta investigação da arte do teatro não é inocente, são os suspeitos do costume. Desde outubro de 2017 que os alunos das nossas OTO (Oficinas do Teatro Oficina), como em todos os anos ‘letivos’, vão criando raízes no Espaço Oficina, todas as semanas. Este processo é aparentemente muito simples: as pessoas vão chegando do seu dia a dia e decidem fazer teatro, aproximando-se de quem faz do teatro o seu dia a dia. E naquele instante somos todos iguais: intérpretes numa improvisação, leitores de um texto, bailarinos cheios de movimento, espetadores mais ou menos experientes. Mas, na verdade, essa simples relação é uma máquina de imaginação e questionamento constante – o Espaço Oficina como território visível da imaginação de pessoas dos 8 aos 64 anos que agora explode nestes Retábulos, vendo-se ao espelho, atrevendo-se a ver, emancipadamente. “Vamos, e não esqueçam as qualidades que têm de ter os que se atreverem a ver o maravilhoso Retábulo das Maravilhas!” Nuno Preto e João Pedro Vaz


© Paulo Pacheco

RETÁBULOS GUIÃO JOÃO PEDRO VAZ E NUNO PRETO A PARTIR D’O RETÁBULO DAS MARAVILHAS DE MIGUEL DE CERVANTES (1615) E JACQUES PRÉVERT (1935) E DE ALGUNS POEMAS SOLTOS DO PRIMEIRO ENCENAÇÃO NUNO PRETO COM A COLABORAÇÃO DE JOÃO PEDRO VAZ COM CAROLINA AMARAL*, NUNO PRETO*, REBECA DA CUNHA* E OS ALUNOS DAS OFICINAS DO TEATRO OFICINA RETÁBULO DAS MARAVILHAS ALBERTINA CASTRO, ANA ELISA CASTRO, ANA FRANCISCA RIBEIRO, ANA RITA RIBEIRO, ANA SOFIA COSTA, ANA SOFIA GONÇALVES, ANDREIA SANTOS, BEATRIZ ARAÚJO, BEATRIZ RODRIGUES, CAROLINA PAREDES, IOLA CASTRO, ISABEL FERNANDES, JOANA RIBEIRO, JOAQUIM PEDRO SILVA, MARIA LEONOR FERREIRA, NUNO PACHECO, RENATO BACÊLO, ALEXANDRE NUNES, ANTÓNIO MATOS RETÁBULO DO PROTESTO CARLA SOFIA RODRIGUES, CATARINA SILVA, MARIA RITA MATOS, SARA FONSECA

RETÁBULO DOS NOVOS ALICE CONTREIRAS, ANA ISABEL DIAS, ANA LUÍSA CUNHA, ANDREIA CONTREIRAS, MARCELA ABREU, CLARA MATOS, IVANA MARQUES, MARIA MATILDE SIMÕES RETÁBULO DAS CRIANÇAS ALDA RIBEIRO, BRUNA FILIPA FERNANDES, CAMILA LEITE, FRANCISCA CASTRO, HELENA MOREIRA, INÊS SAMPAIO, INÊS RIBEIRO, ISABEL GONÇALVES, JOSÉ MIGUEL FERNANDES, LEONOR SIMÕES, LUCAS OLIVEIRA, MARIA FREDERICO VIEIRA, MARIA LEONOR CARDOSO, MARTA SILVA, PEDRO LOBO, TOMÁS PEREIRA DURAÇÃO 70 MIN. APROX. S/INTERVALO MAIORES DE 12 PREÇO 5,00 EUR / 3,50 EUR C/D 2,50 EUR (CARTÃO REDE TO) OFICINAS DO TEATRO OFICINA 2017-18 FORMADOR NUNO PRETO* MÓDULOS EXTRA CHEILA PEREIRA*, CLÁUDIO VIDAL*, BRUNO LABORINHO* E DANIELA FREITAS* * ATORES, ATRIZES E FORMADORES DO GANGUE DE GUIMARÃES

The "Theatre" in the city and the "city" inside a theatre.

"Now we finally have a city here, let's seize this, and lay down roots." In 1615, Miguel de Cervantes published eight comedies and interludes that had "never previously been performed", including El Retablo de las Maravillas (The Altarpiece of the Wonders), a work about a theatre company (family-run and poverty-stricken) that arrives in a city and decides to present a play that can only be seen by honest, pure-hearted people. But it’s ultimately a deception. The altarpiece is not only wonderful - it’s also invisible. But everyone suspends their disbelief and can actually see it. In fact, they feel it. They feel fear, desire, and the waters of the Jordan River that supposedly flood the stage. They thus become true and committed spectators. In 1935, Jacques Prévert rewrote the Retablo. He made the local notables the only privileged people who could see the spectacle, in a politicised version, as a true manifesto. A protest to achieve better living conditions, which are also invisible, in which persons from

underprivileged professions occupy the stage and try to make a revolution. The Teatro Oficina now combines the two Retablos, using the actors’ bodies to improvise, and placing the city on the stage – the Cia de Teatro de Guimarães. More than a performance, the work aims to lay roots in this city / territory . The revolution is underway! A city formed by professors, students, lawyers, managers, the unemployed, pensioners and interns is now convened to the CCVF’s stage. They will depict a city of Wardens and Governors, who will exclaim various manifestos when the Stone Masons or Beggars appear. A working city that is invaded by Children, thereby becoming a launch pad for the imagination. A city that serves as a stage, in a game of mirrors or coincidences. The entire city is a stage, paraphrasing the other. And in this case a stage is placed upon the stage (one city built upon another, in a neverending spiral?). The cast for this latest enquiry into the art of the theatre has been chosen carefully. They

are the usual suspects. Since October 2017 the students of our OTO (Oficinas do Teatro Oficina), as in all 'academic years', lay down roots in the Espaço Oficina every week. This process is apparently very simple: people come from their daily lives and decide to put on stage plays, drawing closer to people who dedicate their daily lives to working in the theatre. And at that precise moment we are all the same: performers who are asked to improvise, readers of a text, dancers filled with movement, more or less experienced spectators. But this simple relationship is actually a machine designed to trigger the imagination and constant questioning - the Espaço Oficina as the visible territory of the imagination of persons aged from 8 to 64 which now explodes in these altarpieces, as they see themselves in the mirror, daring to look at themselves. “Come, and don’t forget the qualities required by those who dare to see the wonderful Altarpiece of the Wonders!” Nuno Preto and João Pedro Vaz


Se Eu Vivesse Tu Morrias

© Vitorino Coragem

Miguel Castro Caldas & Lígia Soares, Miguel Loureiro E Tiago Barbosa, Filipe Pinto, Gonçalo Alegria e Salomé Marques


Sábado 09 / 21h30 CCVF / Pequeno Auditório Este trabalho tem o caráter de um ensaio, de uma tentativa, de uma investigação; trata-se da exploração de um dos limites do teatro: o texto. O texto está disponível ao mesmo tempo que a sua representação; os espetadores poderão alternar entre a leitura e a visão do espetáculo. Interessa neste projeto esse intervalo particular, entre ver e ler. Embora ler seja simultaneamente ver, a leitura representa uma espécie de cegueira – só se lê se não se virem as letras, as palavras, as frases, o texto; só se acede ao significado se se descartar a forma. Este projeto acontece precisamente nesse intervalo: entre ler e ver, entre o livro e o palco, na intermitência da atenção do espetador, entre o levantar e o baixar da cabeça, num movimento de gola. Dir-se-ia, então, que este projeto serve para investigar a visibilidade do texto teatral, inclusive as didascálias – esse texto afónico que coreografa tudo o que se vê num palco. Filipe Pinto

This work is a kind of a rehearsal, an attempt, an investigation; it explores one of the limits of theatre: the text. The text is available at the same time as its representation. The spectators can switch between reading and watching the performance. The project is interested in this specific interval between seeing and reading. Although reading simultaneously requires the act of seeing, it also represents a kind of blindness. One can only read if one looks beyond the letters, words, sentences, text. One can only understand the meaning if one discards the form. This project takes place precisely in this interval: between reading and seeing, between the book and the stage, in the intermittent space of the spectator’s attention, between the raising and lowering of the head, in a movement of the neck. One might therefore say that this project serves to investigate the visibility of the theatrical text, including the stage directions - this aphonic text which choreographs everything seen on stage. Filipe Pinto

Repare-se nesta fotografia do Vitorino Coragem. Foi feita num ensaio.

Fotografia de ensaio / Rehearsal picture © Vitorino Coragem

Look at this picture by Vitorino Coragem. It was taken during a rehearsal.

It shows Lígia Soares and Tiago Barbosa. Let’s imagine that we are there, observing. Lígia is in love. This is clear by the way she gently holds the nape of James's neck. But she has her notebook in her hand. And her gaze (barely visible, but it can be seen, for an instant) is reading the text. The couple’s passion is written in the notebook. And once it has been written down it’s already over. It’s already gone by. The passion between these two no longer exists. It's a corpse.

É a Lígia Soares e o Tiago Barbosa. Vamos supor que estamos lá, a olhar. A Lígia está apaixonada. Vê-se pela maneira como toma para si a nuca do Tiago. Mas tem o caderno na mão. E o olhar (quase não se vê, mas vê-se, chega-se a ver) está a seguir o texto. A paixão destes dois está ali escrita. E estar escrita é já ter passado. Já ter sido. A paixão entre estes dois já não existe ali. É um cadáver. Foi este o ponto de partida para o nosso trabalho, em meados de 2015. Como pode um cadáver estar tão vivo perante os nossos olhos. Jean Genet

dizia que é à imemorial noite povoada pelos mortos que a arte se dirige. E é claro que o Walter Benjamin, anos antes, lhe respondeu que é o contrário, é a imemorial noite povoada pelos mortos que se dirige a nós: “Não passa por nós um sopro daquele ar que envolveu os que vieram antes de nós? Não é a voz a que damos ouvidos, um eco de outras vozes já silenciadas?” Fui falar destas coisas com a Lígia Soares, mostrei-lhe outra fotografia, com outros dois apaixonados, também atrapalhados entre os corpos e os papéis. Pedi-lhe ajuda. Começámos a pensar, a discutir.


Festivais Gil Vicente 2018

CONCEÇÃO MIGUEL CASTRO CALDAS, LÍGIA SOARES E FILIPE PINTO DIREÇÃO E TEXTO MIGUEL CASTRO CALDAS CRIAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E FIGURINOS LÍGIA SOARES, MIGUEL LOUREIRO E TIAGO BARBOSA CRIAÇÃO, CENOGRAFIA, IMAGEM, FIGURINOS FILIPE PINTO CRIAÇÃO, SOM, VÍDEO, LUZ GONÇALO ALEGRIA DIREÇÃO TÉCNICA CRISTOVÃO CUNHA CRIAÇÃO E ASSISTÊNCIA AOS ENSAIOS CATARINA SALOMÉ MARQUES PRÉ-PRODUÇÃO MARTA RAQUEL FONSECA PRODUÇÃO EXECUTIVA VÂNIA FARIA GESTÃO E DIFUSÃO [PI] PRODUÇÕES INDEPENDENTES COPRODUÇÃO FUNDAÇÃO CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS – CULTURGEST E FUNDAÇÃO GDA APOIO À PRODUÇÃO POLO CULTURAL DAS GAIVOTAS - CML, AND_LAB, RESEARCH ON ART-THINKING & TOGETHERNESS, MÁQUINA AGRADÁVEL - ASSOCIAÇÃO CULTURAL, ENSEADA AMENA ASSOCIAÇÃO CULTURAL O ESPAÇO DO TEMPO [PI] PRODUÇÕES INDEPENDENTES É UMA ESTRUTURA APOIADA PELA REPÚBLICA PORTUGUESA – MINISTÉRIO DA CULTURA / DIREÇÃO-GERAL DAS ARTES AGRADECIMENTOS ANA MATOSO, ANTÓNIO GOUVEIA, BRUNO HUMBERTO, FERNANDA EUGÉNIO, MARTA REMA, MIGUEL CARDOSO, SUSANA GONÇALVES DURAÇÃO 90 MIN. APROX. S/ INTERVALO MAIORES DE 16 PREÇO 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

Incentivou-me a reunir uma equipa. Então fui falar com as pessoas que eu sabia que eram as certas para construir este projeto. A Marta Raquel Fonseca desenhou comigo um plano de produção. A Culturgest aceitou produzir. Tentámos encontrar coprodutores, a Marta enviou cartas a tudo o que era programador. Uns responderam e outros não. Reuni-me com uma grande parte deles, não conseguimos nada, apesar de estarmos a uma distância de mais de um ano. Mas precisávamos de mais verba. Concorremos ao apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Não ganhámos. Resolvemos avançar, a estreia já estava agendada para dezembro de 2016. Para mim era muito importante fazer este projeto com vagar e haveria ainda tempo para conseguir apoios e coprodutores. O plano consistia em fazer vários períodos de ensaios, durante um ano, e entre eles ir escrevendo o texto. Começámos em fevereiro de 2016 a fazer encontros intensivos de uma semana. Nem toda a equipa estava ainda disponível. Éramos eu, a Lígia Soares, o Filipe Pinto, no início. Estivemos numa sala da Culturgest a pensar, a desenhar, a escrevinhar. O Francisco Frazão também apareceu, sugeriu leituras, pensou connosco. Concebemos o conceito e o espaço cénico. A Salomé Marques também nos ajudava, estagiando. Comecei a escrever a peça. Em abril chegou o Tiago Barbosa e o Gonçalo Alegria. Continuámos a discutir. Lemos mais. Colocámos hipóteses. Experimentámos. Concorremos ao apoio da GDA, e ganhámos. Reparámos que o júri era composto por todos os programadores dos teatros municipais e nacionais de Lisboa e Porto. Achámos isso estranho. Em maio juntou-se o Miguel Loureiro. Já havia mais ou menos um enredo parvo, como queríamos, que servisse de esqueleto aos assuntos

que nos interessavam. Voltámos ao ponto zero. Questionámos tudo. Reformulámos. Afinámos. Continuámos. Almoçávamos na cantina da Caixa Geral de Depósitos, onde nos sentíamos dentro do Playtime do Tati. O texto ia sendo escrito. Em julho continuámos outra vez. Íamos pensando a música, as luzes, com o Gonçalo Alegria. Concorremos aos apoios pontuais da DGArtes, perdemos, diluídos na enorme quantidade de projetos que concorriam sem nada obter. Em novembro começaram os propriamente ditos ensaios, no Polo Cultural da Gaivotas. O Gonçalo Alegria fez a música e as luzes. O Filipe concebeu o cenário, que é um livro. Estreou na Culturgest. Correu muito bem. Nenhuma crítica foi ver. Os programadores foram todos. Os amigos também. E os desconhecidos também, em grande número. Entretanto, em 2017 o espetáculo foi à Plataforma PT em Montemor-o-Novo, em inglês, com o apoio da Culturgest e do Espaço do Tempo e com tradução do Miguel Cardoso. Trata-se de um festival para programadores estrangeiros verem o que há à venda. As pessoas gostaram mas tivemos azar porque, como era de manhã, os programadores estrangeiros de teatro ficaram a dormir. Só foram ver os de dança e os portugueses. O programador do Centro Cultural Vila Flor gostou da versão em inglês. Disto resultou que vamos apresentar o espetáculo em Guimarães em português. Também vamos ao Teatro Viriato, em Viseu. Estivemos também no TAGV, em Coimbra, no festival END. Fomos a S. Miguel, Açores, no festival Walk & Talk. Ganhámos um prémio da SPA. E voltamos à Culturgest. Foi a primeira vez que a Culturgest repôs um espetáculo de Teatro. É uma honra para nós. Miguel Castro Caldas


Festivais Gil Vicente 2018

This was the starting point for our work in mid 2015. How can a corpse be so alive before our eyes? Jean Genet said that each work of art must descend into the immemorial night, populated by the dead. And of course Walter Benjamin, many years earlier, said that it is the immemorial night, populated by the dead, that talks to us: "Doesn't a breath of the air that pervaded earlier days caress us as well? In the voices we hear, isn't there an echo of now silent ones?" I went to discuss these things with Lígia Soares. I showed her another photograph, depicting two other lovers, who also revealed a clumsy relationship between their bodies and the papers. I asked her to help me. We started to think and discuss ideas. She encouraged me to put together a team. So I decided to talk to people that I knew were right for the project. Marta Raquel Fonseca drew up a production plan with me. Culturgest agreed to produce the show. We tried to find co-producers. Marta sent out letters to every cultural programmer we know of. Some responded and others didn’t. I met many, but we didn’t get any support, even though we had more than a year before the scheduled premiere. We needed more money. We applied for support from the Calouste Gulbenkian Foundation. But we weren’t successful. We nonetheless decided to advance, and the premiere was already scheduled for December 2016. It was very important for me to put together this project slowly, and there would still be time to gain further support and coproducers. The plan consisted of organising several periods of

rehearsals, over a one-year period, and write the text in the interim period. In February 2016 we started holding intensive one-week meetings. Only part of the team was available. Initially it was formed by myself, Lígia Soares, and Filipe Pinto. We were in a room in Culturgest - thinking, drawing, scribbling. Francisco Frazão also appeared, suggested readings, and discussed ideas with us. We conceived the concept and the set design. Salomé Marques also helped us, as an intern. I started writing the play. In April, Tiago Barbosa and Gonçalo Alegria joined the team. We continued to discuss ideas. We read more. We put forward hypotheses. We experimented. We applied for support from GDA, and were successful. We noticed that the jury was comprised by all the programmers of the municipal and national theatres in Lisbon and Porto. We thought that was strange. In May, Miguel Loureiro joined the team. We already had a more or less whimsical plot, which is what we were looking for, that would serve as a skeleton structure for the things that really interested us. We started again from scratch. We questioned everything. We reformulated our ideas. We fine-tuned. We continued. We had lunch in the canteen of the Caixa Geral de Depósitos, where we felt that we were inside Tati's Playtime. The text was being written. In July we restarted the process. We were thinking about the music and lights, with Gonçalo Alegria. We applied for one-off support from DGArtes, but we were unsuccessful, diluted amongst the huge amount of projects that competed, without receiving anything.

© Vitorino Coragem

Após o Espetáculo CCVF / Foyer Pequeno Auditório — HÁ CONVERSA COM… Miguel Castro Caldas

The rehearsals began in November, in the Gaivotas Cultural Centre. Gonçalo Alegria was responsible for the music and lighting design. Filipe designed the set - which is a book. The premiere was in Culturgest. It went very well. No theatre critics attended. But all the programmers went. Our friends as well. And many strangers, in large numbers. In the meantime, in 2017, the show was staged in the Plataforma PT in Montemor-o-Novo, in English, with support from Culturgest and the Espaço do Tempo, translated by Miguel Cardoso. It's a festival for foreign programmers to see what's available. People liked it but we were unlucky because, since it was shown in the morning, the foreign

theatre programmers fell asleep. They only went to see the dance performances and the Portuguese plays. The programmer from the Centro Cultural Vila Flor liked the English version. As a result, we will present the show in Guimarães, in Portuguese. We will also stage the show in the Teatro Viriato, in Viseu. We also went to the TAGV, in Coimbra, during the END festival. We went to S. Miguel, Azores, for the Walk & Talk festival. We won an SPA prize. And we returned to Culturgest. It was the first time that Culturgest restaged a stage play. It was a big honour for us. Miguel Castro Caldas


Casimiro e Carolina Tónan Quito Quinta 14 / 21h30 CCVF / Grande Auditório

“E o amor não conhece fim.” Não poderia haver melhor altura para fazer “Casimiro e Carolina” (1931/32), de Horváth, do que esta em que vivemos; nestes dias tão violentos. Esta peça fala sobre as sequelas da crise de 1929, a fazer lembrar esta que ainda atravessamos. A depressão é grande, o desemprego elevado, mas apesar das medidas de austeridade tomadas pelo governo as personagens encontram-se numa festa da cerveja, para se divertirem, beberem e esquecerem os problemas celebrando o acre da cerveja... beber e sonhar... Tudo lhes é permitido. Nesta peça há zeplins, freak-shows, montanhas russas, escorregas, música e álcool. E há Casimiro e Carolina, um casal que se ama – ele desempregado, desesperado, ela trabalha – a quererem por uns momentos viver tudo o que a feira tem para dar: as luzes, a música, o sonho. Até que entram em rutura, discutem, separam-se e a ferida fica aberta. O desespero do qual fugiam fica visível. Como ficaremos nós quando estas políticas passarem? Vão passar? Há esperança? Mas Casimiro e Carolina amam-se. E é uma história sobre o amor também. É possível amar em tempos de crise?


AUTOR ÖDÖN VON HORVÁTH TRADUÇÃO MARIA ADÉLIA SILVA MELO DIREÇÃO TÓNAN QUITO ACONSELHAMENTO ARTÍSTICO PATRÍCIA COSTA VERSÃO CÉNICA E INTERPRETAÇÃO DIANA NARCISO, ELIZABETE FRANCISCA, JOANA BÁRCIA, MIGUEL MOREIRA, ÓSCAR SILVA, PEDRO GIL, RITA DELGADO, RITA ROCHA SILVA E TÓNAN QUITO CENOGRAFIA F. RIBEIRO DESENHO DE LUZ DANIEL WORM FIGURINOS JOSÉ ANTÓNIO TENENTE MÚSICA PEDRO COSTA ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO OTELO LAPA PRODUÇÃO HOMEMBALA COPRODUÇÃO TNDM II, TEATRO MUNICIPAL DO PORTO, CENTRO CULTURAL VILA FLOR APOIO CERVEJA SAGRES DURAÇÃO 1H40 MIN. S/ INTERVALO MAIORES DE 12 PREÇO 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

“And love knows no end.” problems, as they celebrated the pungent smell of the beer... drinking and dreaming... Everything is permitted. This stage play features zeppelins, freak-shows, roller coasters, slides, music and alcohol. And there is Casimiro and Carolina, a loving couple he is unemployed, desperate, she is employed – and they want to experience everything the beer festival has to offer, for a few moments: the lights, the music, the dream. Until

they come into conflict, argue, separate, leaving an open wound. The desperation from which they are fleeing is perfectly visible. How will we be when these policies are relinquished? Will they ever be relinquished? Is there any hope? But Casimiro and Carolina love each other. And it's a love story too. Is it possible to be in love during periods of crisis? © Filipe Ferreira

There could be no better time to stage Horváth’ "Casimiro and Carolina" (1931/32) than the present; in this violent epoch. The stage play talks about the aftermath of the 1929 financial crisis, and reminds us of what we are still going through. It was the period of the great depression with high unemployment, but despite the austerity measures taken by the government, the characters meet at a beer festival, to have fun, drink and forget about their


Festivais Gil Vicente 2018

Após o Espetáculo CCVF / Foyer Grande Auditório — HÁ CONVERSA COM… Tónan Quito

“(…) As pessoas estão todas a querer sobreviver. Cada um tem a sua fuga ao insuportável que a vida de cada um tem a dado momento. Uns drogam-se, outros bebem, outros viajam, outros vão ao cinema, e há uns que vivem isso de uma forma mais saudável e outros para quem foder-se todo é a maneira saudável de se viver. Não há um juízo nisto, cada um é livre, isto já é bastante complicado, cada um faça o que quer. Apesar de o Horváth ser bastante crítico em relação à sociedade e ao modo como as pessoas se organizam e vivem, ele não tem a intenção de fazer uma peça para mudar as mentalidades. O Horváth diz que é um cronista, escreve as coisas como são, não inventa nada. Só vê, observa, e escreve sobre o que observa. Ele viu as pessoas, em 1931, a irem para a festa da cerveja quando havia problemas gravíssimos. Como é que é possível? Aquilo a que ele assistiu – e a que nós assistimos hoje – é que as pessoas preferem ir divertir-se a perceberem os problemas que têm pela frente. E o que aconteceu foi que o Hitler assumiu o poder dois anos depois, e usou a festa da cerveja como propaganda – discursou na festa da cerveja em Munique, o Horváth assistiu a esses discursos. O que o Hitler aproveita é que as pessoas estão desempregadas, desesperadas, querem esquecer. Quando tu te demites de uma participação e de encarares os teus problemas metendo a cabeça na cerveja, há problemas maiores, coletivos, que acontecem. E nós hoje temos um Trump, um Putin, o gajo da Coreia do Norte, com um poder enorme, e metemos a cabeça na cerveja... Vai acontecer alguma coisa muito grave, como está a acontecer no Brasil, ou mesmo cá, com os presidentes dos maiores clubes com grandes corrupções e a fazerem o que bem lhes apetece, e as pessoas continuam a ir ao futebol e a achar tudo muito bem. Em vez de as pessoas se organizarem…(…)” Tónan Quito em entrevista ao TNDM II, a 23 de março de 2018 (durante o período de ensaios, a três semanas da estreia)

“(…) Everyone wants to survive. Everyone has his way of escaping from the unbearable nature of their lives at certain moments in time. Some people get addicted, others drink, others travel, others go to the movies. There are some who live in a healthier way, and others for whom fucking everything up is the healthy way to live. This involves no moral judgment. Everyone is free. This is already quite complicated. Everyone does what he wants. Although Horváth is quite critical of society and the way that people

organise and live their lives, he does not try to change mindsets. Horváth says that he is a chronicler, he writes things as they are, he does not invent anything. He just watches, observes, and writes about what he observes. In 1931 he saw people going to the beer festival when there were serious problems. How was that possible? What he saw - and what we see today - is that people prefer to have fun, instead of thinking about the problems that lie ahead. And Hitler came to power two years later, and used the beer


festival for propaganda purposes - he addressed the beer festival in Munich, and Horváth attended the speeches. Hitler took advantage of the fact that people who are unemployed and desperate want to forget about their problems. When you avoid becoming involved and facing your problems, and decide to forget your problems by drinking beer, there are bigger, collective problems about to happen. And today we have Trump, Putin, the guy from North Korea, with tremendous power, and we put our heads in our beers ... something very

serious will happen, as is currently taking place in Brazil, or even here, with the presidents of the biggest clubs involved in major corruption scandals and doing whatever they want, and people continue to go to football matches and think that everything’s okay. Instead of people organising resistance… (…)” Tónan Quito in an interview with the TNDM II, on March 23, 2018 (during the rehearsal period, three weeks before the premiere)

© Filipe Ferreira

© Filipe Ferreira

Festivais Gil Vicente 2018

Apoio


Sobre Lembrar e Esquecer Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori, Paula Diogo e Sónia Baptista Sexta 15 / 21h30 CCVF / Pequeno Auditório

Nos últimos 5 anos de vida a minha avó perdeu as faculdades muito rapidamente. Ela, que sempre tinha sido uma mulher ativa e independente, viu gradualmente o seu corpo e a sua cabeça a deixarem de lhe obedecer da forma habitual. Para a obrigar a recordar-se de quem era, a minha tia pediu-lhe para escrever num caderno um pouco da sua história: o nome, com quem era casada, onde vivia e onde tinha vivido até à data, onde tinha estudado, onde tinha nascido, onde tinha trabalhado, o número de filhos, netos e bisnetos que tinha, os seus nomes, etc. Pensei que este poderia ser o ponto de partida para um espetáculo sobre as tarefas que inventamos para organizar as nossas lembranças e para as obrigarmos a mover-se para uma zona de luz. Paula Diogo

Paula Diogo convidou Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori e Sónia Baptista para esta investigação sobre a memória. As cinco criadoras vindas de lugares e experiências distintas estabeleceram um território de partilha para refletir sobre aquilo que nos move, sobre o mundo que nos rodeia, sobre os encontros que nos devolvem a nós próprias mais fortes. E sobre aquilo que esquecemos. “Sobre Lembrar e Esquecer” é o primeiro capítulo de uma trilogia inspirada pelo livro Les Formes de l’oubli do antropólogo Marc Augé e que contará com a participação de outros artistas. A seguir virão outros dois espetáculos: “A estação de Outono” com Paula Diogo e Alexander Kelly e “Paisagem” com Paula Diogo e Tónan Quito. Três espetáculos para refletir sobre o modo como as lembranças operam nas nossas vidas: o que escolhemos recordar ou esquecer ou o que somos capazes de recordar e esquecer. Por hábito, por condicionamento, por autopreservação, por acidente. Nós somos as nossas memórias. E se as nossas memórias não são mais do que um produto da

nossa imaginação (como disse André Breton), o que somos nós então? “Um espetáculo delicado e tocante. Assistir a ‘Sobre Lembrar e Esquecer’ é como ler o diário de uma pessoa que conhecemos e amamos e que já não está aqui, e lemos não apenas o diário mas as memórias que temos daquela pessoa e que se sobrepõem às palavras em camadas semitransparentes, como se o diário fosse uma daquelas enciclopédias antigas com mapas de países e corpos que se revelam aos poucos, a pele, a carne, os ossos. Paula Diogo, Masako Hattori, Sónia Baptista, Estelle Franco e Mariana Ricardo construíram um modelo quadridimensional de algo que não conseguimos conter ou definir, mas que sabemos o que é, conhecemos seu gosto e cheiro, já passamos por esta encruzilhada. Algo que compartilhamos com os elefantes, as sequoias, as ilhas, as ruínas. Um clique, um encaixe. Um deslizar que leva as coisas certas para os lugares certos.” Alex Cassal, dramaturgo


DIREÇÃO DE PROJETO PAULA DIOGO CRIAÇÃO ESTELLE FRANCO, MARIANA RICARDO, MASAKO HATTORI, PAULA DIOGO E SÓNIA BAPTISTA INTERPRETAÇÃO ESTELLE FRANCO, MASAKO HATTORI, PAULA DIOGO E SÓNIA BAPTISTA APOIO DRAMATÚRGICO ALEX CASSAL DESENHO DE LUZ DANIEL WORM D'ASSUMPÇÃO ESPAÇO CÉNICO BÁRBARA F. FERNANDES E FRAME COLECTIVO FOTOS JOÃO TUNA LEGENDAGEM PATRÍCIA PIMENTEL PRODUÇÃO EXECUTIVA DANIELA RIBEIRO COPRODUÇÃO MÁ-CRIAÇÃO E TEATRO MARIA MATOS

APOIO À CRIAÇÃO ARQUIPÉLAGO CENTRO DE ARTES PERFORMATIVAS (AÇORES), CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA / POLO CULTURAL DAS GAIVOTAS / BOAVISTA, CAUSAS COMUNS, CENTRO DE CRIAÇÃO DE CANDOSO (GUIMARÃES), O ESPAÇO DO TEMPO (MONTEMOR-O-NOVO), FÓRUM DANÇA APOIO FINANCEIRO GOVERNO DE PORTUGAL / DIREÇÃO-GERAL DAS ARTES, FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN DIGRESSÃO FESTIVAL GIL VICENTE, CENTRO CULTURAL VILA FLOR, GUIMARÃES, FESTIVAL CITEMOR, TAGV/COIMBRA - 21 DE JULHO 2018 ESPETÁCULO FALADO EM PORTUGUÊS, FRANCÊS, JAPONÊS, INGLÊS E ESPANHOL COM LEGENDAS EM PORTUGUÊS

© João Tuna

DURAÇÃO 80 MIN. S/INTERVALO MAIORES DE 12 PREÇO 7,50 EUR / 5,00 EUR C/D

© João Tuna

In the last 5 years of her life my grandmother lost control of her faculties very quickly. She had always been an active and independent woman, but her body and head gradually ceased to obey her normal commands. To make her remember who she was, my aunt asked her to write in a notebook a little bit about her history: her name, who she was married to, where she lived, and where she had lived up until then, where she had studied, where she had been born, where she had worked, how many children, grandchildren and great-grandchildren she had, their names, etc. I thought that this could be the starting point for a performance about the tasks that we invent to organise our memories and shed light upon them. Paula Diogo

Paula Diogo invited Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori and Sónia Baptista for this research into memory. The five artists from different places and experiences established a sharing space to think about what moves us, and the world around us, and the encounters that make us stronger. And what we forget. "On Remembrance and Forgetting" is the first chapter in a trilogy inspired by the book Les Formes de l'oubli (Oblivion) by the anthropologist Marc Augé, which will feature other artists. There will be two other performances: “A estação de Outono” (The Season of Autumn) featuring Paula Diogo and Alexander Kelly and “Paisagem” (Landscape)

with Paula Diogo and Tónan Quito. Three performances to think about how memories work in our lives: what we choose to remember or forget or what we are able to remember and forget. Through habit, conditioning, self-preservation, or accident. We are our memories. And if our memories are nothing more than a product of our imagination (as André Breton said), what are we then? "A delicate and touching spectacle. Watching 'About Remembrance and Forgetting' is like reading the diary of someone who was near and dear to us who has passed away, in which we don’t only read the diary but also review the memories we have of

that person, which overlap the words in semi-transparent layers, as if the diary was one of those ancient encyclopaedias featuring maps of countries and bodies that gradually reveal themselves - the skin, flesh and bones. Paula Diogo, Masako Hattori, Sónia Baptista, Estelle Franco and Mariana Ricardo have built a four-dimensional model of something that we cannot contain or define, but we know what it is, we know its taste and smell, we have already passed this crossroads. Something we share with elephants, sequoias, islands, ruins. With one click, everything falls into place. A sliding process that takes the right things to the right places.” Alex Cassal, Playwright


Festivais Gil Vicente 2018

Cristina Carvalhal Sábado 16 / 21h30 · CCVF / Grande Auditório

Durmam, durmam, pequeninos

Perplexos

Direitos Reservados

Como fazer uma sinopse desta peça? “Perplexos” fala de casais, das férias deles, dos filhos, das empregadas domésticas, de Darwin e da lei do mais forte, de bailes de máscaras e por aí fora. As personagens multiplicam-se. A realidade parece estar constantemente a ser reformulada, raiando o absurdo. Afinal, o que é que é real? Talvez apenas uma certa apetência pelas grandes questões filosóficas que nos perturbam desde Sócrates. Em 2011, a convite de As Boas Raparigas, encenei “A Pedra” de Marius von Mayenburg. Na altura fiquei fascinada pela forma da peça, o modo como o autor, através do quotidiano de uma família, nos conta quase 60 anos da história alemã, de 1935 a 1993. A peça interroga a importância do passado Nacional Socialista na construção da identidade do povo alemão, levantando questões associadas à culpa e responsabilidade, que parecem continuar a assombrar o presente de muitos alemães, adquirindo especial relevância para todos os que habitam esse espaço comum chamado Europa, e o mundo tal como hoje o conhecemos. Mas o mais entusiasmante na peça, para além da sua estrutura formal, é a perspetiva escolhida por Mayenburg de abordar a narrativa a partir da plasticidade da memória, não só a sua capacidade seletiva, mas também a sua capacidade de reinvenção. Cientificamente falando, de cada vez que nos lembramos de algo, há um processo molecular a acontecer nas nossas sinapses que “reconstrói”, no momento, essa memória. Ou seja, de cada vez que lembramos, construímos, de novo, essa mesma narrativa, e por isso a memória é imprecisa, lembrar é inventar.

«Vive, dizes, no presente; Vive só no presente. Mas eu não quero o presente, quero a realidade; Quero as coisas que existem, não o tempo que as mede. O que é o presente? É uma coisa relativa ao passado e ao futuro. É uma coisa que existe em virtude de outras coisas existirem. Eu quero só a realidade, as coisas sem presente. (…)» Alberto Caeiro


Festivais Gil Vicente 2018

Após o Espetáculo CCVF / Foyer Grande Auditório — HÁ CONVERSA COM… Cristina Carvalhal

DE MARIUS VON MAYENBURG ENCENAÇÃO CRISTINA CARVALHAL TRADUÇÃO RICARDO BRAUN INTERPRETAÇÃO NUNO NUNES, PEDRO LACERDA, SARA CARINHAS E SÍLVIA FILIPE CENÁRIO E FIGURINOS ANA LIMPINHO CONFEÇÃO DOS DISFARCES ROSÁRIO BALBI EFEITOS ESPECIAIS JOÃO RAPAZ E JANAÍNA DRUMMOND DESENHO DE LUZ JOSÉ ÁLVARO CORREIA DESENHO DE SOM SÉRGIO DELGADO PRODUÇÃO BRUNO REIS ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO DIOGO COSTA APOIO TNDM II COPRODUÇÃO CAUSAS COMUNS, SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL E TEATRO VIRIATO AGRADECIMENTOS ANTÓNIO PALMA, CUCHA CARVALHEIRO, JOÃO GAMEIRO NEVES, JOÃO VIEIRA DE ALMEIDA, MIGUEL SANTANA, NUNO NABAIS, VASCO FERREIRA DURAÇÃO 1H35 MIN. S/INTERVALO MAIORES DE 16 PREÇO 7,50 EUR / 5,00 EUR C/

«Live, you say, in the present; Live only in the present. But I don’t want the present, I want reality; I want things that exist, not time that measures them. What is the present? It’s something relative to the past and the future. It’s a thing that exists in virtue of other things existing. I only want reality, things without the present. (…)» Alberto Caeiro

Em “A Pedra”, a pergunta que fica é, até que ponto é consciente uma determinada reescrita do passado, nomeadamente quando se fala de nazismo. “Perplexos” parece ir ainda mais longe nesta questão da memória, e consequentemente, da identidade, como se cada nova cena nos convocasse a esquecer, ou a permanentemente reconfigurar o presente, negando mesmo as memórias mais imediatas. E o que significa histórica e politicamente essa erosão da memória? Como poderemos pensar, pensar na aceção de Arendt, procurar entender o significado do mundo e o sentido das nossas ações? Como poderemos aceder a um entendimento crítico do papel do passado no presente e ser historicamente responsáveis? E, assim sendo, de que falará o teatro? Que histórias contará? Como responder quando nos perguntam – é sobre o quê, a peça que estás a fazer? Faz sentido pensar em personagens? Para alguns, o teatro pós-dramático é característico de um mundo em que não existem narrativas porque não é possível eleger um assunto como dominante. A experiência do mundo é tão confusa e ausente de referentes que não é possível identificar responsabilidades ou ter esperança em alguma coisa. Resta-nos adormecer, porventura sonhar, e acreditar que outro dia já lá vem – como ironiza Mayenburg, mas usando a tradicional forma teatral, ou “ao velho estilo” como diria a Winnie, de Happy Days. Cristina Carvalhal

Sleep, sleep, little ones How can we summarise this play? "Perplexes" talks about couples, their vacations, their children, maids, Darwin and the law of the survival of the fittest, masked balls, and so forth. The characters multiply. Reality seems to be constantly reformulated, bordering on the absurd. After all, what is reality? Perhaps only a certain appetite for the great philosophical questions that have disturbed us since Socrates. In 2011, after an invitation from As Boas Raparigas, I directed the stage play, "The Stone" by Marius von Mayenburg. At the time I was fascinated by the form of the play, and the way that the author, through the daily life of a family, recounts almost 60 years of German history from 1935 to 1993. The play questions the importance of the National Socialist past in terms of

building the identity of the German people. It raises issues associated with guilt and responsibility, which still seem to haunt the present of many Germans, and assumes special relevance for all those who inhabit this common space, called Europe, and the world as we know it today. But the most intriguing facet of the play, beyond its formal structure, is the perspective that Mayenburg chose to approach the narrative via the plasticity of memory, not only in terms of its selective capacity, but also its capacity for reinvention. Scientifically speaking, every time we remember something, a molecular process occurs in our synapses which "reconstructs" that memory in the present. In other words, every time we remember something, we reconstruct the original

narrative. Each memory is therefore imprecise. To remember is to invent. In "The Stone," the question remains, to what extent do we consciously rewrite the past, especially when we’re talking about Nazism. "Perplexes" seems to go even further in teema of memory, and consequently of identity, as if each new scene demands that we forget, or permanently reconfigure the present, even denying our most immediate memories. And what does this erosion of memory mean, historically and politically? How can we think, in the meaning of the term defined by Arendt, seek to understand the meaning of the world and our actions? How can we access a critical understanding of the role of the past in the present and be historically responsible? And in this case, what will

the theatre talk about? What stories will it tell? How should we respond when we are asked – what is your play about? Does it make sense to think about characters? For some people, postdramatic theatre is characteristic of a world in which there are no narratives, because it is not possible to choose any one subject as a dominant element. The experience of the world is so confused and without referents that it is not possible to identify any responsibilities or hope for anything. It remains for us to fall asleep, to dream, and to believe that another day is around the corner, as Mayenburg ironically remarks, but using the traditional theatrical form, or "in the old style" as Winnie from Happy Days would say. Cristina Carvalhal


Festivais Gil Vicente 2018

ATIVIDADES PARALELAS 30 maio a 16 junho Vários locais

LAB’UM nos Festivais Gil Vicente Laboratórios e Apresentações de alunos e ex-alunos da Lic. em Teatro ILCH-UM O Espaço Oficina tem sido um espaço de trabalho regular para a Licenciatura em Teatro ILCH-UM. LAB’UM é agora o nome assumido desta colaboração com A Oficina que passa também a acolher projetos de alunos e ex-alunos em vias de profissionalização. Para abrir este primeiro ano de LAB’UM, os FGV’s acolhem uma mostra (off?) que se torna uma radiografia dos estudantes e licenciados de teatro de/ em Guimarães. The Espaço Oficina has been a regular working space for students pursuing a Degree in Theatre ILCH-UM. LAB’UM is now the name adopted by this collaboration with Oficina which also welcomes projects from former students who are just starting out their careers. For the first year of LAB’UM, the Gil Vicente Festivals welcomes an exhibition that takes an X-ray style look at the students and graduates of theatre in and from Guimarães.

Laboratórios da Licenciatura em Teatro ILCH-UM Espaço Oficina LAB 6 (3º ANO) COM VICTOR HUGO PONTES AULA ABERTA: 30 MAIO, 21H30

TEATRO E MÚSICA (3º ANO) COM PEDRO TELLES APRESENTAÇÃO: 05 JUNHO, 21H00

LAB 2 (1º ANO) COM JOANA PROVIDÊNCIA 04 A 08 JUNHO AULA ABERTA: 08 JUNHO, 17H00

LAB 4 (2º ANO) COM VERA MANTERO 11 A 15 JUNHO

12 E 13 JUNHO, 21H00 · ESPAÇO OFICINA

Once upon the time. Où est la felicité? ENCENAÇÃO MIGUEL MARTINS TEXTO (ADAPTAÇÃO DE) “ÀS VEZES QUASE ME ACONTECEM COISAS BOAS QUANDO ME PONHO A FALAR SOZINHO” DE RUI PINA COELHO (2013) INTERPRETAÇÃO DIANA SILVA, INÊS GUEDES E RAQUEL SILVA

Apresentações de alunos e ex-alunos da Lic. em Teatro ILCH-UM 09 junho, 16h00 às 19h00 Espaço Oficina

Agarra(me) Projetos independentes | Licenciatura em Teatro ILCH-UM | 3º ano (Finalistas) Estudos de Interpretação IV (Coordenação Geral: Tiago Mora Porteiro)

CRIAÇÃO E ENCENAÇÃO EVA SOFIA RIBEIRO DRAMATURGIA EVA SOFIA RIBEIRO E MARIANA DIXE INTERPRETAÇÃO FRANCISCA SARMENTO, MARA SANTOS, BEATRIZ LEMOS E PATRÍCIA VALENTE ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO, APOIO TÉCNICO E APOIO MORAL MARIANA DIXE APOIO TÉCNICO E AUDIOVISUAL DIOGO CLARO AGRADECIMENTOS RUTE ISABEL FERNANDES DURAÇÃO 45 MIN.

04 JUNHO, 19H00 · ESPAÇO OFICINA

P.S. Tens a P*la pequena

Psss…

TEXTO E ENCENAÇÃO MARIANA COSTA CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO ADRIANA OLIVEIRA, CAROLINA VEIGA, LARA LINHARES, NUNO NEVES

CRIAÇÃO ZACARIAS GOMES INTERPRETAÇÃO MARTA FERREIRA E ZACARIAS GOMES DIREÇÃO DE ATORES RUTE FERNANDES AGRADECIMENTOS FRANCESCA RAYNER E GABRIELA ANDERSON DURAÇÃO 30 MIN.

04 JUNHO, 21H00 CENTRO AVANÇADO DE FORMAÇÃO PÓS-GRADUADA, UM (COUROS)

Porta Branca

Baal

CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO CÁTIA GONÇALVES, JOANA TOPA, RUI MOREIRA

DRAMATURGIA MARA SANTOS E MIGUEL RODRIGUES ENCENAÇÃO MIGUEL RODRIGUES INTERPRETAÇÃO JOSÉ DIAS, MARA SANTOS, RUI MOURA

08 JUNHO, 19H00 / 09 JUNHO, 23H00 · CAAA

Soy yo

Desistencialismo – em exposição TEXTO E ENCENAÇÃO INÊS SOUSA CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO FRANCISCA SARMENTO, SÍLVIA FERNANDES, SÓNIA RIBEIRO, STIVEN MUNÉVAR

08 E 09 JUNHO, 15H00 · LABORATÓRIO DAS ARTES (TOURAL)

Ambienciar(se) CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO LEONOR COELHO E VANESSA BRESSAN FRAGMENTOS TEXTUAIS MARIA GABRIELA LLANSOL TÉCNICA E SONOPLASTIA JOHNNY RICARDO *LOTAÇÃO: 15 PESSOAS, SESSÕES CONTÍNUAS DE ACORDO COM O PÚBLICO EXISTENTE

CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO BÁRBARA FONSECA E MARTA FERREIRA (NOMES FICTÍCIOS) DURAÇÃO 35 MIN.


Festivais Gil Vicente 2018

Apresentações de alunos e ex-alunos da Lic. em Teatro ILCH-UM 16 junho, 16h00 às 19h00 Espaço Oficina

Incómodo ENCENAÇÃO E DRAMATURGIA NELMA SILVA E SABRINA REBELO INTERPRETAÇÃO RAQUEL FERREIRA E TATIANA SILVA DURAÇÃO 20 MIN.

Nefertiti CRIAÇÃO MIGUEL MARTINS INTERPRETAÇÃO CHARLES BIRCH, LEONOR COELHO, MIGUEL MARTINS, VANESSA BRESSAN DURAÇÃO 35 MIN.

Wanna Brit’ - Dirty Names CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DI LE FAY DURAÇÃO 5 MIN.

The American Dream ENCENAÇÃO NII RIBEIRO DRAMATURGIA NII RIBEIRO E RUI MOREIRA INTERPRETAÇÃO ADRIANA OLIVEIRA, INÊS GUEDES, NUNO NEVES E STIVEN MUNÉVAR DURAÇÃO 35 MIN.

Wanna Brit’ - Devil Toby welcomes you to Hell CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DI LE FAY DURAÇÃO 3 MIN.

ENTRADA LIVRE TODAS AS IDADES

04 a 17 junho Vários locais

04 a 17 junho Centro de Criação de Candoso

2º Encontro do Gangue de Guimarães

Residências Artísticas

Residências Artísticas / Oficina de Dramaturgia

CCVF / Palácio Vila Flor

O Gangue de Guimarães chega de novo para ocupar (pacificamente) os Festivais Gil Vicente, repetindo o formato inaugurado em 2017 – artistas em residência em Candoso, dramaturgos em Oficina no Vila Flor. No final, os Festivais prolongam-se até domingo, 17 de junho, para um encontro, aberto ao público, onde os projetos em residência e os dramaturgos se revelam um pouco. E acabamos todos à sombra das árvores do Centro de Criação de Candoso em animado debate.

Com Miguel Castro Caldas para dramaturgos do Gangue e da Rede TO

The “Guimarães Gangue” has once again arrived to peaceably invade the Gil Vicente Festivals, repeating the format they inaugurated in 2017 – artists-in-residence in Candoso, playwriting workshops at Vila Flor. The festival will run until Sunday, June 17th, with an encounter open to the public with the projects developed by the playwrights during the artistic residency will be shown a bit. And we’ll all wrap things up in the shade at the Candoso Creation Centre for a lively debate.

Artistas do Gangue escolhidos por convocatória

04 a 17 junho

Oficina de Dramaturgia

17 junho / 15h00-18h00 Centro de Criação de Candoso

Encontro Final Apresentações finais das residências / Debate


www.ccvf.pt  Avenida D. Afonso Henriques, 701  4810-431 Guimarães  Tel: 253 424 700 · email: geral@ccvf.pt

Central de Informação | 2018

Colaboração


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