TEATRO CONTEMPORÂNEO GUIMARÃES
FESTIVAIS GIL VICENTE 02—11.06
Festivais Gil Vicente 2016
quinta 02 | 21h30
Assinatura Festivais Gil Vicente 2016 30,00 eur Acesso a todos os espetáculos + 1 visita às exposições patentes no Centro Internacional das Artes José de Guimarães Preço especial Escolas de Artes Performativas 4,00 eur Através do desconto especial para Escolas de Artes Performativas (que pretende tornar mais acessíveis os espetáculos de dança e de teatro para o público que está em formação especializada), os alunos e professores que pretendam assistir aos espetáculos dos Festivais Gil Vicente poderão aceder a bilhetes no valor de 4,00 euros. Preços com desconto (c/d) Cartão Jovem, Menores de 30 anos e Estudantes Cartão Municipal de Idoso, Reformados e Maiores de 65 anos Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência; Deficientes e Acompanhante Sócios do CAR – Círculo de Arte e Recreio Cartão Quadrilátero Cultural_desconto 50% Venda de bilhetes oficina.bol.pt www.ccvf.pt Centro Cultural Vila Flor Plataforma das Artes e da Criatividade Casa da Memória Multiusos e Complexo de Piscinas de Guimarães Espaço Guimarães Lojas Fnac, El Corte Inglés, Worten Entidades aderentes da Bilheteira Online Toda a informação em www.ccvf.pt
RICARDO III
P.06 Tónan Quito
sexta 03 | 21h30
CICLO NOVAS BACANTES
P.08 João Garcia Miguel
Atividades Paralelas P.18
01 a 08 junho
Sexta 03 | Após o espetáculo
10h00-16h30
“Ciclo Novas Bacantes”
CCVF / Palácio Vila Flor
PAC / Cafetaria
Workshop de Dramaturgia
Há Conversa com…
com a Lark Foundation
João Garcia Miguel
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sábado 04 | 21h30
sexta 10 | 18h30 e 21h30
O MISANTROPO
MUSEU DA EXISTÊNCIA
P.10
P.14
quinta 09 | 21h30
sábado 11 | 21h30
Nuno Cardoso
ÁGUAS PROFUNDAS + TERMINAL DE AEROPORTO
P.12 Nuno M Cardoso
Amarelo Silvestre
THE CHERRY ORCHARD
P.16 tg STAN
Quarta 08 | 22h00
Sexta 10 | Após o espetáculo
Durante o Festival
CAR – Círculo de Arte e Recreio
“Museu da Existência” (sessão das 21h30)
CAR – Círculo de Arte e Recreio
Debate “Numa Relação
PAC / Cafetaria
Meeting Point
com Shakespeare”
Há Conversa com… Rafaela Santos e Fernando Giestas
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Festivais Gil Vicente 2016
Festivais Gil Vicente 2016
As artes sempre se revelaram fundamentais na progressiva tecitura civilizacional urdida pelo homem. E mais do que qualquer outro motor de desenvolvimento social ou cultural, tem sido através das artes e do permanente questionamento de matérias primordiais que o mundo vai avançando. Porque, na verdade, este só se transforma para melhor quando o pensamento engrandece. E é no palco que essa grandiosidade produzida pelas maiores mentes da história humana melhor se representa. Viva o teatro! Levante-se então a cortina para que os Festivais Gil Vicente nos conduzam através de um programa também ele grandioso. Teremos várias peças para grande palco. Com grande elenco. E de textos de autores absolutamente incontornáveis (Shakespeare, Molière, Simon Stephens e Tchekhov). Bem como 2 objetos artísticos que desafiam convenções, tal como desejamos que as novas dramaturgias sejam capazes de o fazer. Abriremos com Shakespeare. Claro. Passaram 400 anos do seu desaparecimento, mas a sua obra é mais essencial que nunca. E Tónan Quito ao encenar “Ricardo III”, com um elenco que atravessa gerações, traz à cena uma trama muito familiar que não deixou ninguém indiferente após uma longa carreira no TNDMII. Momento glorioso de abertura do festival. Seguiremos no desafio às convenções. João Garcia Miguel concebeu um objeto teatral a partir de “As Bacantes” e construiu-o em várias partes. A forma e a sua sequência não é totalmente óbvia, propondo-nos um olhar (possivelmente) ritualista sobre uma dita hora em que nos encontramos em território desconhecido. E a partir da obra de Molière (“O Misantropo”), soube Nuno Cardoso transportar-nos para um jogo de contrastes e incidências que assentam ora na força
imparável do texto, ora na eventual desmontagem da negrura que este possa carregar, ao criar um contexto de festa onde o hedonismo se instala e o espetador jamais lhe escapa. Na segunda semana, Nuno M Cardoso encena em dose dupla com “Águas Profundas + Terminal de Aeroporto”. A primeira estruturada em 3 cenas protagonizadas por um par de atores de grande classe, em cada uma delas. E a segunda num monólogo que trata da mesma matéria da peça anterior. Fala-se de amor e perda. Desolação e condição humana. Seguir-se-á a importância da memória. Uma exploração dos afetos e da relação que mantemos com objetos que simbolizam para nós a necessidade ligação com significado. Uma peça delicada (“Museu da Existência”) e de proximidade num tempo onde tudo parece deslocar-se com sentidos difusos. E o festival fechará com o regresso da companhia belga tg STAN e “The Cherry Orchard”. Um clássico incontornável em versão internacional por um conjunto de atores que tem afirmado a sua importância na história do teatro contemporâneo. Agora que o programa é público… ocupemos o teatro que é de todos! Rui Torrinha
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The arts have always been a fundamental element in humanity’s perpetual weaving of the fabric of civilization. It is in the arts and in our constant questioning of our primordial material that we note the supreme driving force, greater than any other, which is at the core of the social and cultural development that moves the world forward. Because in fact, the world can only be transformed for the better when human thought is broadened, and it is on the stage that the magnificence created by some of the greatest minds in human history is best acted out. Long live the theatre! Thus the curtain rises once again on the Festivais Gil Vicente, and may its programming be worthy of such grandness. This year we will have four large-scale plays with impressive casts of performers tackling the heavy-weights of drama – Shakespeare, Molière, Simon Stephens and Chekhov – as well as two artistic pieces which will challenge conventions in just the way one would expect new playwriting should do. We will be opening with Shakespeare, of course. It has been 400 years since his death, yet his works are more than ever the quintessence of the art. Tónan Quito will direct “Richard III” with a cast that spans generations, bringing a very familiar plot
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to the stage that left no one untouched following his long career at the Dona Maria II National Theatre. What a glorious way to open the festival. Next we challenge conventions. João Garcia Miguel has created a theatre piece based on “The Bacchae” and has built it in several parts. The form and the sequence are not totally obvious, thus offering a (possibly) ritualistic glimpse into a given moment in which we find ourselves in uncharted territory. Taking up Molière’s work, “The Misanthrope”, Nuno Cardoso shows us a game of contrasts and incidences which is based at times on the unstoppable force of the text and at other times on the possible taking apart of
the darkness of the text by creating a festive context where hedonism finds a home and the audience is never able to escape. In the second week of the festival, Nuno M Cardoso will present a tandem of shows, “Águas Profundas + Terminal de Aeroporto” (“Wastwater” + “T5”). The first is structured on three scenes performed by a pair of top class actors in each one. The second is a monologue which takes up the same material of the previous play. They speak of love and loss. Of desolation and the human condition. Next comes the importance of memory. An exploration of affection and the relationship we keep with the objects which represent in our minds the need to be linked to meaning.
A delicate play, “The Museum of Existence,” brings us close to the time in which everything seems to move off in different directions. And the festival will close with the Belgian company tg STAN who returns to Guimarães with “The Cherry Orchard”, an undeniable classic presented in an international version with a group of actors who have established their prominence in the history of contemporary theatre. Now that the program has been made public, it’s time for everyone to fill the theatre since indeed the theatre belongs to all of us! Rui Torrinha
Festivais Gil Vicente 2016
Ricardo III
Quinta 02 | 21h30
Tónan Quito
CCVF / Grande Auditório
RICARDO III
De William Shakespeare
Tradução Rui Carvalho Homem Direção artística Tónan Quito
Versão cénica e interpretação António Fonseca, Márcia Breia, Bernardo Almeida, Miguel Moreira, Miguel Sobral Curado, Paulo Pinto, Filipa Matta, Romeu Runa, Sofia Marques, Teresa Sobral, Tónan Quito, Miguel Loureiro, Raquel Castro (elenco original) Elenco juvenil Carolina Cabrita,
“AGORA O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO FOI CONVERTIDO EM GLORIOSO VERÃO POR ESTE SOL DE YORK, E TODAS AS NUVENS QUE AMEDRONTAVAM A NOSSA CASA ESTÃO ENTERRADAS NO MAIS INTERNO FUNDO DO OCEANO.” in Ricardo III de William Shakespeare
Leonor Cabrita, Nuno Represas Música original e interpretação musical ao vivo Gonçalo Marques (trompete), João Lopes Pereira (percussão) Cenografia F. Ribeiro Figurinos José António Tenente Desenho de luz Daniel Worm Desenho de som Pedro Costa Apoio à criação Filipa Matta Coordenação do elenco juvenil Luís Godinho Produção executiva Stage One Produção HomemBala Coprodução TNDM II e Centro Cultural Vila Flor Residência artística Espaço Alkantara Apoio à tradução CETAPS, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, FCT Apoio Htecnic, Murganheira, Servilusa, Câmara Municipal de Lisboa, Quinta da Murta
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Duração 150 min. s/ intervalo
Agora que se descobriram os ossos de Ricardo III é o momento perfeito para fazer desenterrar a peça “Ricardo III” (1592) de Shakespeare. O autor usa a história de Inglaterra e conta-nos a subida ao trono mais maquiavélica de que há memória. Agora, que continuamos a assistir a violentos e sangrentos exercícios de poder, é o momento para contar esta história; deste Ricardo, um rei improvável, um indivíduo que tudo fez para ascender ao poder: matando inimigos, amigos, família, mentido, tecendo incríveis enredos. Agora, também, porque fazer “Ricardo III” é entrar numa zona maldita do ser, disto de se ser humano. Um indivíduo deformado fisicamente, manipulador, amoral, sedento de poder que despreza tudo e todos. Vamos oscilando entre o desprezo e o fascínio por este ser ardiloso, acabando por torcer por ele. É estranho como admiramos este déspota e vemos cada morte como uma conquista. E assim vamos seguindo-o, de morte em morte, de mentira em mentira. Como é que tudo isto foi e é possível? Como foi possível escrever semelhante história? Só mesmo Shakespeare. O que escreveu é complexo, universal, intemporal; mas que sentido fazem os nossos dias quando vemos “Ricardo III”? O que é que evoluímos? Seremos todos Ricardos? Somos, na medida em que “Ricardo III” é o centro de si próprio, é apenas um ator a descobrir-se, a querer poder, a errar; a explosão do eu: “Ricardo ama Ricardo, ou seja, eu e eu”. Agora, porque é com esta palavra que começa a peça...
Now that the bones of Britain’s King Richard III have been discovered and reburied, it seems to be the perfect moment to ‘dig up’ Shakespeare’s 1592 play, “Richard III”. The celebrated English playwright is using history to recount one of the most Machiavellian rises to the power in human memory. And now, against the violent and bloody backdrop of real facts, it is time to tell the tale of Richard III: an improbable king, an individual who did everything he could to gain the throne of England by killing enemies, friends, and family alike and by weaving incredibly tangled webs of deceit. And now, once again, we are bringing back “Richard III” because with the play we enter the wicked domains of what it is to be human. A physically deformed individual, a manipulating and amoral person, power-hungry and despising everyone. We vacillate between contempt and fascination for the crafty and cunning Richard and we end up rooting for him. How strange is it that some may come to admire this despot or that we might view each death as a conquest? And he we follow him from death to death and from lie to lie. How was all of this possible? How could such a story have been written? Only Shakespeare had the talent to do so. What he has written is complex, universal, and timeless, but what sense should we make of “Richard III” when we see it performed today? Do we see that we have evolved? Might we all be like Richard? We are to the extent that in the play Richard is the center of his own world and this is an actor who depicts someone who is discovering himself, yearning for power and making grave errors. It is the explosion of the ego: “Richard loves Richard, that is, I and I. Is there a murdered here? No.” (Act 5, Sc. 3). Now, in the words of the play’s beginning… “Now is the winter of our discontent Made glorious summer by this son of York, And all the clouds that lour'd upon our house In the deep bosom of the ocean buried.” Richard III, (Act 1, Scene 1) by William Shakespeare
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Algumas notas sobre a peça
Pelo contrário, a narrativa histórica assume nas
Notes on the play
the closeness of purpose motivating the creators of
Shakespeare inscreve num padrão trágico o
crónicas um cariz judicativo, moralizante, por vezes
Shakespeare’s tragedy focuses on an epoch in
the sources whose intention it was to memorialize the
segmento da história inglesa que contém a
vituperativo. Tais feições revelam a proximidade
English history dealing with the rise and fall of Richard
historical period prior to the ascension of the Tudor
ascensão e queda de Ricardo III, sendo que se
entre a produção de tais fontes e o propósito
III, in what turned out to be the final and decisive
Dynasty (begun with the crowning of King Henry VII,
trata do segmento final e decisivo do conflito
de memorialização do segmento da história
conflict of the War of the Roses, the prolonged 15th
Count of Richmond, following Richard III’s death on
que ficou conhecido por “Guerras das Rosas”,
inglesa anterior à dinastia Tudor (inaugurada
century dynastic quarrel for the throne of England
the battlefield) as a sinister epoch for England in
uma prolongada querela dinástica pelo trono de
justamente com a coroação do conde de Richmond
which pitted the House of York against the House
which the Tudors have arrived to save and redeem
Inglaterra que, na segunda metade do séc. XV, opôs
como Henrique VII após a morte em batalha de
of Lancaster, rival families whose coat of arms
the country. The dramatic goal of writing a play
as casas de York e Lancaster, heraldicamente iden-
Ricardo III) como um momento sinistro — e dos
featured (respectively) a white rose and a red rose.
centered on a loathsome figure made memorable by
tificadas (respectivamente) por uma rosa branca
Tudor como uma dinastia salvífica e redentora. O
Shakespeare’s play however takes historical time
his ignoble life, together with the propaganda value
e uma vermelha. Contudo, o tempo dramático da
propósito dramatúrgico de criação de uma peça
and condenses it significantly: the first two acts of
of such a theatrical production, is what historians
ação desta peça comprime significativamente
centrada numa figura tornada memorável pela
“Richard III” correspond to events which took place
would later come to call the construction of “the
o tempo histórico: os dois primeiros actos de
sua vitalidade perversa converge, desta maneira,
over a dozen years (1471-1483) and later features the
Tudor myth.” […] When considering a moment in
Ricardo III correspondem a acontecimentos que
com o propósito propagandístico de produção do
death of King Richard III in the Battle of Bosworth
English history through a play such as “Richard III”
se distribuíram ao longo de uma dúzia de anos
que na historiografia posterior se convencionou
Field in 1485 (depicted at the end of the play) which
[…] which was first performed slightly more than
(1471-83); as “Guerras das Rosas” terminariam
designar como “o mito Tudor”. […] Ao considera-
effectively concludes the War of the Roses with
a century after the actual events, Shakespeare and
em 1485 com a morte de Ricardo III na batalha
rem, através de uma peça como Ricardo III, um
the consequent arrival to the throne of Henry VII,
his contemporaries could hardly show any type of
de Bosworth Field (dramatizada no desfecho
momento da história inglesa […] pouco mais de
Count of Richmond and the first king of the Tudor
ambivalence. On the one hand, “Richard III” would
desta peça) e a consequente acessão ao trono do
um século anterior àquele que viviam, Shakespeare
dynasty. […] The inconsistencies between what
contribute to the formulation of opinions on a period
conde de Richmond como Henrique VII, primeiro
e os seus contemporâneos não poderiam senão
is commonly accepted as the historically correct
that was noted for its malignance and which marked
rei da dinastia Tudor. […] As descontinuidades
experimentar alguma ambivalência. Por um lado,
sequence of events and the dramatic interpretation
the clear contrast with what followed it – quite a
entre o que hoje se entende ter sido o processo
Ricardo III contribuía para um olhar sobre esse
of the most famous of Shakespeare’s historical
significant contrast for the better in terms of Tudor
histórico e a respectiva elaboração dramática na
período que lhe acentuava a malignidade e vincava
plays is what justifies some observations here on
propaganda (note the words Richmond uses to
mais famosa das peças históricas de Shakespeare
o contraste com o que se lhe tinha seguido, um
the playwright’s use of his sources. It is well known
end the play). However, the knowledge of what life
justificam algumas observações sobre o uso que
contraste decisivo para a propaganda Tudor
that when Shakespeare and his contemporaries
was like during the more than a century of dynastic
o dramaturgo fez das suas fontes. Como é bem
(veja-se a fala com que Richmond encerra a
conceived and wrote their dramas, they relied heavily
continuity under the Tudors could not gloss over
sabido, o drama de Shakespeare e dos seus con-
peça). Por outro lado, a consciência de mais de
on pre-existing texts and accounts; however, they
the great turbulence (although circumstances were
temporâneos evidencia processos de concepção e
um século de continuidade dinástica sob os Tudor
freely appropriated and reformulated true events
different) caused by the extreme institutional violence
escrita que assentam, em importante medida, na
não podia elidir a também grande turbulência,
given their overriding need to adapt the story to
of the reigning Tudors – the dangers surrounding
apropriação e reformulação, com vista às neces-
ainda que com alguns fundamentos distintos, que
either stage requirements or the public’s expecta-
the throne, religious persecution, external threats,
sidades concretas da cena e às expectativas do
tinha marcado os reinados Tudor com abundante
tions. This process of adaptation occurs for the most
and the executions for treason of prominent figures
público, de relatos e textos pré-existentes. Tais
violência institucional: os perigos que rodeavam
part with dramas that portray historical events, and
– and all of this would suggest, quite to the contrary,
processos confirmam-se, por maioria de razões, em
o trono, as perseguições religiosas, as ameaças
a text such as “Richard III” shows clear evidence
certain similarities between the action on stage
peças que ostensivamente se apresentam como
externas, as execuções por traição de figuras na
of Shakespeare’s intensive and transformative
and real life under the Tudors. […] The weight of
a dramatização de uma factualidade histórica — e,
esfera do poder sugeririam similitudes entre a
re-writing of original sources. The result enhances
historical knowledge, itself not impeding anyone’s
contudo, um texto como Ricardo III evidencia a
cena e a experiência vivida. […] Todo um lastro
individual character development (their actions,
appreciation of the tyrannical uniqueness of the
intensa reescrita transformativa das suas fontes
de experiência histórica, portanto, que embora
intensions, motivations) just as the management
likes of Richard III, would not have prevented any
por parte de Shakespeare. O resultado é um
não inibindo a percepção retrospectiva da singu-
of dramatic time compresses and intensifies the
of the first audiences at the play from recognizing
enriquecimento da trajetória das personagens
laridade e alteridade tirânica de um Ricardo III,
action, which in some cases blatantly diverges from
the familiar fall from grace of a prominent figure in
(actos, intenções, motivações), como também
não deixaria de permitir a alguns dos primeiros
what is known about the true chronology of events.
the court nor the paralyzing fear of the arbitrariness
uma gestão do tempo dramático que comprime e
espectadores da peça uma certa familiaridade com
[…] It should be noted that in the sources available
of those in power. […]
intensifica a ação e, nalguns casos, diverge vinca-
a súbita queda em desgraça de figuras gradas da
to Shakespeare, he would have found the figure of
Rui Carvalho Homem
damente da cronologia conhecida. […] Note-se
corte e com o temor paralisante inspirado pelas
Richard prior to 1485 (the year of his death at the
—
que em tais fontes Shakespeare encontrou já um
arbitrariedades de quem manda. […]
Battle of Bosworth Field) presented in such a way that
(Excerpt from the original program notes of the play
tratamento da figura de Ricardo e do processo
Rui Carvalho Homem
has little to do with the unbiased descriptions that we
when performed at the Teatro Nacional D. Maria II.)
histórico anterior a 1485 (ano da morte de Ricardo
—
associate with historical accounts today. Much to the
na batalha de Bosworth Field) que pouco tem a
(Excerto do texto originalmente escrito para o
contrary, historical narrative from those chronicles
ver com a ostensiva neutralidade descritiva que
programa do espectáculo do Teatro Nacional D. Maria
took on a markedly judgmental, moralizing and
hoje associamos a um relato historiográfico.
II. Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.)
sometimes insulting tone. Such characteristics show
Festivais Gil Vicente 2016
Ciclo Novas Bacantes
Sexta 03 | 21h30
João Garcia Miguel
PAC / Black Box
CICLO NOVAS BACANTES PARA TODOS OS FINS HÁ UM COMEÇO BEM NO MEIO DO CAMINHO
Encenação João Garcia Miguel Intérpretes Sara Ribeiro,
Frederico Barata, Rita Barbita Imagem Tyrone Ormsby
Servirmo-nos de um texto clássico é como sermos empurrados a espreitar a nossa alma quando ela adormece. Usar um texto clássico é um exercício de mistério e procura sobre o que nos escapa e arrebata. É uma prática de superação e de transformação sobre o que desconhecemos. No texto “As Bacantes” de Eurípides sentimos que se levantavam tantas interrogações e possibilidades de resposta, que uma apropriação do texto de modo tradicional nos fez sentir que estaríamos a mergulhar numa limitação inconsolável. No percurso da companhia a busca de uma diferença, uma singularidade, acompanha cada nova criação. Assim, acabámos por construir um espetáculo que contém em si quatro experiências a solo. Quatro visões sobre as Bacantes que são, no fundo, quatro objetos artísticos apresentados a solo, com uma atriz, um ator, uma performer e uma bailarina. Como um puzzle, o espetador pode construir a sua perspetiva a partir de um destes solos sobre as Bacantes. “Ciclo Novas Bacantes” é o nome que une todas as partes, os quatro olhares em torno da obra de Eurípides.
Apoio ao movimento de Frederico Barata e Rita Barbita Lara Guidetti Produção Raquel Matos Produção italiana Fábio Ferretti Direção Técnica Luís Bombico Direção de som Manuel Chambel Assistente estagiária Raquel Veloso Designer gráfico Tyrone Ormsby Uma coprodução Cia JGM, Sanpapié, Centro Cultural Vila Flor, Centro Cultural de Ílhavo, Teatro Cine Torres Vedras, Teatro Ibérico e Cine Teatro Louletano A Cia JGM é uma estrutura financiada pela DGArtes e pelo Governo de Portugal Com apoio de Câmara Municipal
To serve ourselves a classical text is like being pushed to peek into our soul when it is asleep. Using a classical text is an exercise of mystery and a search for what escapes and snatches us. It is a practice of suppuration and transformation over what we do not know. In the text Bacchae from Euripides we feel that many questions and possibilities for answer are aroused, that an appropriation of the text in a traditional way made us feel like we would be diving into a inconsolable limitation. The course of the company, the search for a difference, a singularity, accompanies each new creation. So, we have ended up building a show that contains in itself four solo experiences. Four visions over Bacchae, that deeply are four artistic objects presented solo, with an actress, an actor, a performer and a dancer. Like a puzzle the viewer can build their own perspective from any one of the solos about Bacchae. “Ciclo Novas Bacantes” (New Bacche Cycle) is the name that unites all parts, the four visions around Euripides work. For all endings there is always a beginning right in the middle of the journey
de Torres Vedras, Câmara Municipal de Ílhavo, Atelier Real, Rui Viola Produções, Coisa e AUDEX _ Duração 50 + 45 min. (c/intervalo) + 30 min. (performance na Cafetaria)
© Tyrone Ormsby
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© Tyrone Ormsby
O engano da esperança é o que nos mantém vivos. A
texto para ser dito, cantado, sonhado e sentido. Ali
The illusion of hope is what keeps us alive. The unceasing
meant to be spoken, sung, dreamt about and felt. Also
busca insistente desse ser interior, perfeito endromi-
se manifesta, também, o desejo de ser solidário com
search of this internal being, this perfect trickster, this
manifest is the desire to show solidarity with our Syrian
nador, desse animal enganador, animal de promessas
os nossos irmãos Sírios e todos aqueles que sofrem
deceitful creature, this animal of promises which nature
brethren and all those who suffer from the terrors of
que a natureza criou e lhe deu capacidades de
os terrores da ganância humana. Para a Rita Barbita
created and endowed with the ability to mislead – this
human greed. For Rita Barbita, who has been working
se iludir, anima-nos. Anima-nos esse instante de
que está connosco há dois anos a trabalhar criei uma
drives us. This flicker of hope which dwells in the heart
with us for two years, I have created a performance on
esperança que habita no coração de todos os animais
performance com o título tema: Pés Descalços. Ali
of the human animal drives us. Are we driven to see
the theme “Pés Descalços” (“Bare Feet”) which speaks
humanos. Anima-nos saber que a esperança é um
falamos de uma promessa e desejo! Perguntas e
that hope is nothing but a sham and that we propose
of a promise and of desire! Questions and deceits,
engano e que nos propomos falar através dela nesta
enganos, sonhos, múmias e astronautas! Quando
discussing it in this play? Perhaps. And what now?
dreams, mummies and astronauts! When can we dance
peça? Talvez. Então?
poderemos dançar livres do medo de ser devorados
Swept away by the possibilities afforded by Euripides’
free from the fear of being eaten by the hunting dogs or
Arrebatados pelas possibilidades de Bacantes de
pelos cães de caça e os caçadores da noite? Falta,
text, “The Bacchae”, we have taken an approach of the
caught by the night hunters? Rounding out the cycle
Eurípides investigámos modelos de abordagem com
ainda, para completar este ciclo: Céus, uma peça
various secondary paths and off-roads which might offer
is “Céus” (“Heavens”), a piece for Italian dancer Lara
várias vias secundárias, vários meios caminhos, que
com a bailarina italiana Lara Guidetti a apresentar
the possibility of conclusions or restarts. Or they may
Guidetti who is performing the future moment.
contivessem os fins e recomeços. Que contivessem
em momento futuro.
contain questions of the body and the subconscious
This piece began at a stopping point where the world
as questões do corpo e do inconsciente que
Esta peça começou num ponto parado onde o
which follow us. Or they may deal with the body as a
twists and opens itself up for surprise. Half way. We
nos acompanham. Que contivessem o corpo
mundo se torce e se abre sobre a surpresa. A meio
poetic object along with its animalistic components.
began at a place where there is no flesh, no body, no
enquanto objeto poético e as suas componentes
caminho. Começámos onde não há nem carne, nem
Or they may deal with the body of the artist and the
muscle, no fat. There is shaking, and perhaps light. We
de animalidade. Que abordassem o corpo do artista
corpo, nem músculo, nem gordura. Há tremor e
body of the audience member. Or they may surpass the
say ‘perhaps’ because we have doubts. It gets difficult at
e o corpo do espetador. Que ultrapassem o êxtase
talvez luz. Talvez, dizemos porque duvidamos. No
ecstasy of the reading, the silent glance, the obstacle
mid-journey. All things have two sides that the other two
da leitura, do olhar silencioso, do obstáculo de um
meio do caminho é difícil. Todas as coisas têm dois
from a singular moment. For this reason, we propose
sides also have. Following the first comes the second.
tempo único. Por isso, propomos uma obra que
lados que outros dois lados têm. Atrás do um vem
a performance which is an experience, a game which
From inside the second the fourth emerges. The eye
é uma experiência, um jogo que se refaz a cada
o dois. De dentro do dois sai o quatro. Os buracos
is remade every time we occupy the ground which
sockets see what the eyes cannot see. The hollow cannot
apropriação dos solos que a constituem.
dos olhos vêm o que olhos não vêm. Os buracos
comprises the piece.
see what the oracle sees. Similarly, the wound carries
Assim, a peça tem duas partes separadas por
não vêm o que os oráculos vêm. Do mesmo modo
The play, thus, has two parts, separated by the inter-
the inverse of disdain from the weapon that caused it;
um intervalo. Na primeira parte, temos dois solos.
que a ferida contém o desenho inverso da arma
mission. In the first part, we have two solos. Frederico
also, affection is mirrored in the act of violence which
Para o Frederico Barata trabalhámos três contos
que a causou, também o afeto amoroso espelha o
Barata will be responsible for three of Miguel Torga’s
originated it. A wellspring erupts in relation to the pain
de Os Bichos de Miguel Torga. Bambo, o Sapo;
ato de violência que lhe deu origem. A fonte brota
short stories taken from his work “Os Bichos” (“The
which the Earth lets escape from beneath the dark skin
Cegarrega, a Cigarra; Miúra, o Touro. O corpo que
conforme a dor que a terra deixa escapar por debaixo
Animals”): Bambo the Toad, Cegarrega the Cricket,
which covers it. Man ripped out his eyes and cast them
dança como um ponto parado onde tudo se move
do escuro da pele que a cobre. O homem arrancou
and Miúra the Bull. This is the body which dances but
up to the top of a tree and saw the utmost in beauty of
por dentro e ao seu redor! O perseguir de um
os olhos e atirou-os para cima de uma árvore e viu
does so as a point standing still where everything within
all that was laid out before him, filling his blind body with
estado sem palavras que o possam descrever. Para
a suprema qualidade da beleza das coisas irradiar
it and around it moves. For Sara Ribeiro, I wrote a text
a light that is both illuminating and radiant. And what
a Sara Ribeiro, a negra, escrevi um texto que é um
e encher-lhe o corpo cego de uma luz radiosa,
which is the diary of a fake lion who dies and is reborn.
remains is the surrounding luminous silence
diário de um falso Leão que morre e ressuscita.
radiante. E o resto que é tudo o que está em volta
Euripides’ “The Bacchae” soars in the air. This is a text
Sobrevoa ainda as Bacantes de Eurípides. É um
é silêncio luminoso.
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Festivais Gil Vicente 2016
O Misantropo
Sábado 04 | 21h30
Nuno Cardoso
CCVF / Grande Auditório
O MISANTROPO Encenação Nuno Cardoso Tradução Alexandra Moreira da Silva Elenco Afonso Santos, António Parra, Carolina Amaral, Joana Carvalho, Luís Araújo, Mário Santos, Micaela Cardoso, Pedro Frias, Rodrigo Santos Assistência de encenação Ana Luena Cenografia F Ribeiro Desenho de luz José Álvaro Correia Operação de luz João Teixeira Sonoplastia e operação de som Pedro Lima Direção de produção Pedro Jordão Produção executiva Alexandra Novo Direção administrativa e financeira José Luís Ferreira Design gráfico Drop.pt Coprodução Teatro Nacional São João, São Luiz Teatro Municipal, Centro Cultural Vila Flor, Teatro Viriato Apoios CACE Cultural do Porto, Anjos Urbanos Ao Cabo Teatro é uma estrutura apoiada pela DGArtes e pelo Governo de Portugal _ Duração 135 min. s/intervalo Maiores de 12
“NÃO, É GERAL ESTA AVERSÃO, ODEIO OS HOMENS TODOS, UNS PORQUE SÃO MAUS E MALVADOS, E OUTROS PORQUE ACEITAM A MALVADEZ, E NÃO SENTEM PELOS PRIMEIROS ESTA RAIVA VIGOROSA QUE O VÍCIO DEVE ATIÇAR EM TODA A ALMA VIRTUOSA.” Texto satírico de enorme subtileza e inegável apuro formal, “O Misantropo”, de Molière, é uma análise impiedosa da sociedade e das suas regras que se mantém surpreendentemente atual, expondo diferentes relações de poder e jogos de enganos, numa oscilação constante entre a sinceridade e a hipocrisia, entre a atração e a repulsa pelas convenções. A encenação de Nuno Cardoso, que aqui reincide na abordagem ao teatro clássico francês, um ano depois de “Britânico”, de Racine, conta com uma nova tradução de Alexandra Moreira da Silva, capaz de um discurso concreto, material, tangível, no seu pleno respeito formal pelo texto original.
An enormously subtle satiric text and one of unequalled formal precision, Molière’s “The Misanthrope” is a merciless critique of society and its rules, a play which is surprisingly current with its exposure of a variety of power relationships and games of duplicity in a constant back-and-forth between sincerity and hypocrisy and between the attraction and repulsion of convention. Directed by Nuno Cardoso, who has returned to classical French theatre following last year’s performance of Racine’s “Britannicus”, the performance will feature a new translation by Alexandra Moreira da Silva, who offers a concrete, material and tangible discourse which nevertheless fully respects the formality of the original text. “My hate is general, I detest all men, Some because they are wicked and do evil, Others because they tolerate the wicked, Refusing them the active vigorous scorn Which vice should stimulate in virtuous minds.”
© Rui Oliveira
Desertos
Deserts
Na célebre “Carta escrita sobre a comédia de O
Estamos, assim, perante Alceste e o seu duplo: o
In Donneau de Visé’s famous “Letter on the comedy The
can make him seem ridiculous to the audience) but
Misantropo” (1666), da autoria de Donneau de Visé,
homem sensível, emotivo, combativo e intolerante,
Misanthrope” (1666) which responded to the publication
also an individual whose critiques take on a philosophic
que introduziu a publicação da primeira edição da
que facilmente se pode tornar ridículo aos olhos
of the first edition of the play and which is said to have
slant. He is gauging the present and has transformed his
peça, e que terá tido a anuência e talvez mesmo
do espectador, e o indivíduo cujo discurso crítico
received Molière’s consent if not involved his outright
profoundly skeptical vision of the future into a metaphor:
a colaboração de Molière, Visé salienta o facto de
assume contornos de opção filosófica, que pensa
participation, Visé underscores the fact that we hear the
call it misanthropy, yes, or if you prefer, the desert. It
ouvirmos o herói falar de “uma parte dos Costumes
o presente e transforma a sua visão profundamente
main character speak of “the customs of the time” and
is precisely in reaction to this complex and paradoxical
do Tempo” e acrescenta: “O que é admirável é que,
céptica do futuro numa metáfora: a misantropia
adds “what is admirable is that although it may seem
Alceste that we witness the world of the court and of
ainda que de alguma forma pareça Ridículo, ele
ou, se preferirmos, o deserto. É precisamente em
ridiculous, he says the truest things.” Indeed, Alceste
powerful men unveiled, yet we also note the world of
diz coisas justíssimas.” Na verdade, Alceste não é
reacção a este Alceste complexo e paradoxal que
is not your run-of-the-mill hero. Alceste is an individual
feminine power reveal itself, both of them at a perfect
um herói como os outros. Alceste é um indivíduo
se vão desvelar, por um lado, o mundo da corte e
whose life is in precarious balance; he is a social animal
boiling point. Alceste watches it all. As the modern hero
em equilíbrio precário, um animal social em vias
do poder e, por outro, o mundo do poder feminino,
that is an endangered species, a person who is dangling,
that he is, he has not yet found his place; he removes
de extinção, um ser em suspenso – em espera.
ambos em perfeita ebulição. Alceste assiste. Como
as if just barely holding on.
himself from a place, or he imposes himself upon the
Aristocrata elegante, apreciado por muitos dos
herói moderno que é, ainda não encontrou o seu
An dapper aristocrat appreciated by many who appear
place. He refuses, but he also consents. And perhaps,
que frequentam o mundo – entenda-se, pela alta
lugar, afasta-se ou, pelo contrário, impõe-se. Recusa,
in Society – that is to say, the Parisian upper crust who
as Maurice Blanchot points out, “in the place of the
sociedade parisiense que frequenta os salões
mas também consente. E talvez, como refere Maurice
frequent posh salons (some more often than others) and
refusal – which is without a place – […] we should
e, de forma mais ou menos assídua, a corte –,
Blanchot, “no lugar da recusa – que é sem lugar –
the Court – and loved and desired by women, Alceste
perhaps, while keeping well outside of mysticism, hear
amado e desejado pelas mulheres, Alceste assume
[…] devêssemos, fora de qualquer misticismo, ouvir
unabashedly assumes his “dark humours”, his obsessions,
what we hear not: the undemanding, the disastrous
completamente os seus “negros humores”, as
aquilo que não ouvimos: a exigência não exigente,
his disproportionate demands and even his nostalgia for
demand of the neutral – the effraction of the infinitely
suas obsessões, a desmesura da sua exigência e
desastrosa, do neutro, o devassamento do infinita-
the past. It is his sharp and critical assessment of the
passive where undesirable desire and the push of
até uma certa nostalgia do passado. O seu olhar
mente passivo onde se encontram, separando-se,
aristocracy who have abandoned the art of practicing the
deathless dying meet, parting.”
incisivo e crítico relativamente a uma nobreza que,
o desejo indesejável, o impulso do morrer imortal”.
ideals of “well-bred men” (the savoir vivre whose main
Alexandra Moreira da Silva*
pouco a pouco, abandona a arte de praticar os
Alexandra Moreira da Silva*
objective is to reach individual and collective achievement through impeccably sculpted sociability) in their desire
*Professor at the Institute of Theatre Studies at the New
tem como principal objectivo atingir a plenitude
*Professora no Instituto de Estudos de Teatro da
to please the king and gain his favors which has caused
Sorbonne University – Paris III and researcher at the
individual e colectiva, através de uma sociabilidade
Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris III e in-
Alceste to scorn the company of those who disavow the
Margarida Losa Institute of Comparative Literature (FLUP).
cuidadosamente cinzelada – para se dedicar à arte
vestigadora do Instituto de Literatura Comparada
graciousness of social relationships for courtly games
de agradar ao rei e de obter os seus favores, afasta-o
Margarida Losa (FLUP).
of intrigue and duplicity, and in so doing, he has opted
(Excerpt of the text originally written for the program notes
for the prudence of cynicism.
for the performance at the Teatro Nacional São João.)
ideais do “homem de bem” – um savoir vivre que
de todos aqueles que, doravante, subordinam as relações íntimas e sociais aos mais variados jogos
(Excerto do texto originalmente escrito para o
Thus we are faced with Alceste and his alter ego: he is
e duplicidades, optando pela prudência do cinismo.
programa do espectáculo do Teatro Nacional São
sensitive, expressive, combative, and intolerant (which
João. Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.)
Festivais Gil Vicente 2016
Águas Profundas + Terminal de Aeroporto
Quinta 09 | 21h30
Nuno M Cardoso
CCVF / Grande Auditório
ÁGUAS PROFUN “Águas Profundas + Terminal de Aeroporto” é “Wastwater” e “T5”, díptico de peças do dramaturgo britânico Simon Stephens situadas nas imediações de um aeroporto. As peças tratam de amor e perda de diferentes formas, bem como a experiência da vida moderna numa cidade onde se chega, se espera ou se parte. É sobre relações e sobre decisões, a desolação sem a esperança e a fuga. “Águas Profundas + Terminal de Aeroporto” is “Wastwater” and “T5”, a tandem of plays from the English playwright Simon Stephens which take place near an airport. The plays deal with the themes of love and loss in different ways as well as the experience of modern life in a city where one arrives, one waits, and one departs. The question is one of relationships, decisions, hopeless desolation, and escape.
Águas Profundas de Simon Stephens Tradução Jorge Palinhos Dramaturgia e Encenação
© Inês d' Orey
Nuno M Cardoso Assistência de Encenação Mafalda Lencastre Interpretação Albano Jerónimo, António Durães, Íris Cayatte, Maria João Luís, Olinda Favas, Pedro Almendra, Nuno M Cardoso Figuração Ana Príncipe Cenografia Pedro Tudela
Águas Profundas [Wastwater]
“TOMAS UMA DECISÃO. E FICA PARA SEMPRE CONTIGO. É COMO SE AS CONSEQUÊNCIAS DISSO SE NOS ENTRANHASSEM NOS OSSOS.”
Figurinos Helena Guerreiro Luz Rui Monteiro Som / Música Marco Pereira /
Localizado nas imediações do aeroporto de Heathrow, “Wastwater” é um tríptico elíptico – um instantâneo de três
Set in an area near Heathrow, “Wastwater” focuses on three couples who must each make a choice which will define the consequences
diferentes 'casais' que têm de fazer uma escolha que definirá as
of their future. Harry is ready to leave England, and Frieda knows that
Miguel Pereira
consequências do seu futuro. Henrique está prestes a sair de
she will never see him again. Lisa and Mark are about to engage in a
Inglaterra, Irene sabe que nunca mais o vai ver. Isabel e Marco
sexual betrayal that will take them to a place much darker than they
Produção Executiva Stage One
estão no limiar de cometer uma traição sexual que os levará a
had ever imagined. Sian has some horrible business to attend to with
um lugar mais obscuro do que tinham alguma vez pensado. Ana
Jonathan and she won’t accept ‘no’ as an answer. These scenes are
tem uma terrível transação a fazer com João. Ela não vai aceitar
intelligently intertwined not only in terms of location but also by the fact
o não como resposta. As cenas estão inteligentemente ligadas,
that the people and the incidents mentioned in one scene appear later
não só pela localização, mas pelo facto de que as pessoas e os
in another. The play bears the name of the deepest lake in England and
incidentes mencionados numa cena surgem mais tarde noutra.
given its location in the Lake District, it is fair to say that the waters
Fotografia Inês d’Orey
A peça, no original, tem o nome do lago mais profundo de
rarely lack for a shadowy, gloomy side.
Inglaterra, que devido às vizinhanças que o lago tem nunca está
These are three contemporary scenes in apparently disconnected
Vídeo Juliana Constantino
completamente sem sombra.
dialogue, each one between a man and a woman and all quite near
Três cenas contemporâneas em diálogo aparentemente desco-
Heathrow Airport. The link amongst the scenes is Frieda, a loving
nectadas, cada uma entre um homem e uma mulher, e todas em
mother who says farewell to her adopted son Harry, whom she has
locais perto do aeroporto de Heathrow. A ligação entre as
been taking care of for so many years and who is about to depart for
cenas é Irene, uma amorosa mãe adotiva que diz adeus a
a new life in Canada, albeit tormented by guilt since four years earlier
Henrique, de quem ela tomou conta durante vários anos, um
he witnessed his half-brother Gavin die in a car accident after a night
jovem atormentado pela culpa – quatro anos antes, numa noite
out of drinking. In the second scene, school teacher Mark is nervously
de copos, o seu amigo Guilherme teve um acidente de carro e
awaiting a moment of extra-marital sex in a luxurious hotel room with an
morreu – e está agora a preparar-se para um novo início de vida
older woman who reveals the dark side of her life in the police force,
no Canadá. Na segunda cena, Marco um professor duma escola
as a porn actress and a heroin user before she asks him to beat her. In
de artes prepara-se nervoso para ter sexo adúltero num luxuoso
the third and most disturbing scene, we witness a terrified middle-aged
quarto de hotel com Isabel, uma mulher mais velha onde revela
man buying a child who was trafficked in the Philippines. There is a
segredos obscuros da sua vida de polícia, atriz pornográfica e do
strong hint of paedophilia. In “Wastwater” the themes we can expect
seu consumo de heroína, antes de pedir que lhe bata. Na terceira
include sex and paternity, loneliness and dependency. Still waters run
e mais perturbadora cena, assistimos a um aterrorizado homem
deep but none are deeper than what you will find in Wastwater in the
de meia-idade a comprar uma criança que foi traficada das
Lake District, not even metaphorically speaking in this exceptional
Filipinas. Há uma forte sugestão de pedofilia. Em “Wastwater”, os
piece by Simon Stephens.
Produção Técnica Ana Rocha | Luísa Osório Estagiária Lisandra Caires
Produção Cão Danado Coprodução Centro Cultural Vila Flor, Teatro Nacional São João Apoio à residência O Espaço do Tempo Espetáculo coproduzido no âmbito da rede 5 Sentidos o Cão Danado e Companhia é uma estrutura financiada pela DGArtes | Ministério da Cultura
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Duração 90 min. aprox. c/ intervalo Maiores de 14
temas que poderemos esperar incluem sexo e paternidade, solidão e dependência. Águas paradas são profundas, mas nenhumas são mais profundas do que as de Wastwater em Lake District, nem sequer metaforicamente na peça homónima de Simon Stephens.
“You make one decision. It stays you. It’s like the consequences of it get deep into your bones.”
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DAS + TERMINAL DE AEROPORTO Terminal de Aeroporto [T5]
Terminal de Aeroporto de Simon Stephens
“NÃO FIZ NADA DO QUE PRECISAVA FAZER HOJE. E NADA FAREI. HOJE IREI POR OUTRO CAMINHO. MANTENHO O MEU CORAÇÃO SOB VIGILÂNCIA. MANTENHO OS MEUS OLHOS SEMPRE ABERTOS.”
Tradução Jorge Palinhos
Dramaturgia e Encenação
Nuno M Cardoso
Assistência de Encenação
Mafalda Lencastre
Interpretação Rita Brütt
Cenografia Catarina Braga Araújo Figurinos Nuno Baltazar Luz Rui Monteiro
“T5” foi originalmente escrito como sendo uma parte de
“T5” was originally written as part of “Wastwater”, and it recounts a
“Wastwater”. Retrata uma viagem pelo coração invisível de uma
journey through the invisible heart of a city on a magic and dark flight
cidade através de um voo mágico e sombrio pelos limites do nosso
through the limitations of the 21st century. When Cassie’s mother
século. Quando a mãe de Sandra assiste a um adolescente ser
witnesses a teenaged boy being stabbed to death in a park near her
morto à facada no parque perto de sua casa ninguém consegue
house, no one knows how she will react to the situation. This 30-year
Produção Técnica Ana Rocha |
prever como responderá à situação. Esta mulher de 30 anos é
old woman is quite ordinary yet while on a simple Metro ride to the
comum, no entanto, é impelida no percurso de uma viagem de
airport she is taken to her limits. And it is in her reaction to going
Luísa Osório
metro em direção ao aeroporto para um limite. E é na reação ao
beyond her limits that the play unfolds. In his precise, tough, and bitter
ultrapassar esse limite que se inscreve a peça. Na sua linguagem
language, Simon Stephens catches us on a day that begins normally
precisa, dura e amarga, Simon Stephens leva-nos através de um
enough but which then deviates from the norm within a world of
dia que inicia normalmente mas que, de seguida, diverge da norma
familiar unreality. “T5” is a spiraling, stifling scream. It is cold sweat. It
num mundo de irrealidade familiar. “T5” é um grito em espiral
is hyperventilation, disassociation, and evasion.
Produção Executiva Stage One
Estagiária Lisandra Caires Fotografia Inês d’Orey Vídeo Juliana Constantino Produção Cão Danado
“I did nothing that I needed to accomplish today.
Coprodução Centro Cultural Vila
And I won’t do anything more. Today I’m going to take
Flor, Teatro Nacional São João
another path. I’m keeping watch over my own heart.
Apoio à residência O Espaço
I always keep my eyes open.”
do Tempo Espetáculo coproduzido no âmbito da rede 5 Sentidos o Cão Danado e Companhia é uma estrutura financiada pela DGArtes | Ministério da Cultura Apoios Águas Profundas + Terminal de Aeroporto Ixia Salon, Fly London, Porto Lazer Apoios o Cão Danado e Companhia Air Quality, Qbetter, Sítio do Cano Amarelo, Mira Forum, Velha a Branca Agradecimentos Águas Profundas + Terminal de Aeroporto Alexandrina Pinto, Américo Gomes, Ana Carina Paulino, Ana Moreira, Antonieta Ferreira, António Júlio, Carla Neiva, Carlos Quirin, Centro de Inovação da Mouraria, Equipa das Piscinas Municipais Eng. Armando Pimentel, Hélder Maia, Helena Machado, Ludovica Daddi, Luís Silva, Nuno Meira, Paulo Capelo Cardoso, Pedro Barbosa, Roberto Merino, Tiago Mendes. _ Duração 30 min. aprox. Maiores de 14
© Inês d'Orey
reprimido. É um suor frio. É hiperventilação, dissociação, evasão.
Música David Santos | noiserv
Š Paulo Pacheco
Š Direitos reservados
Festivais Gil Vicente 2016
Museu da Existência
Sexta 10 | 18h30 e 21h30
Amarelo Silvestre
PAC / Black Box
Direção Artística Fernando Giestas
Um homem, Senhor Melo, decidiu construir um Museu com objetos que as pessoas fazem existir. Objetos com memórias vivas. O chapéu salva-vida, o pão torrado que alimentou um amor clandestino, a aliança da revolução que acabou com a guerra, a boneca que não se pode partir e tantos outros. É isso o Museu da Existência. Os objetos e as histórias são das pessoas que abriram a porta de casa ao Senhor Melo, um pouco por todo o país. Ele falou-lhes do Museu da Existência e elas decidiram fazer parte. Emprestaram e doaram as suas próprias memórias vivas. Os seus objetos. O futuro dos museus é dentro das nossas casas. Quem o diz é Orhan Pamuk, Prémio Nobel da Literatura 2006, autor do livro "Museu da Inocência", que conta a história de Kemal, um homem que construiu um museu de objetos a partir do momento mais feliz da vida dele próprio: o Museu da Inocência, em Istambul, na Turquia. O Senhor Melo conheceu Kemal e decidiu construir o seu próprio museu de objetos, a partir dos momentos mais felizes da vida das pessoas. É isso o Museu da Existência. Uma casa.
e Rafaela Santos Dramaturgia Fernando Giestas Encenação Rafaela Santos Cocriação e Interpretação João Melo Conceção plástica, Cenografia e Figurinos Ana Seia de Matos Conceção e Design dispositivo cénico Henrique Ralheta Conceção plástica digressão Carolina Reis Desenho de luz Jorge Ribeiro Apoio espaço sonoro Ana Bento Fotografia e Design gráfico Luís Belo Consultoria museológica Susana Medina Produção executiva Paula Trepado Criação Amarelo Silvestre Coprodução Amarelo Silvestre, Teatro Viriato e Centro Cultural Vila Flor Projecto cofinanciado pela Direção-Geral das Artes (Apoio Pontual 2015)
A coleção do Museu da Existência a apresentar nas diferentes localidades inclui também objetos de pessoas desses municípios.
A man, Mr. Melo, has decided to build a museum containing objects that people themselves will breathe life into. The objects are imbued with living memories. A life-saving umbrella, a slice of toast which fed a clandestine love affair, a ring from the revolution which ended the war, a doll that can never leave, and many others. This is the Museum of Existence. The objects and the stories are from those people throughout the country who opened their homes to Mr. Melo. He told them about the Museum of Existence and these individuals decided to take part. They lent or donated their own living memories. They offered their objects. The future of museums is within our very homes, or so says Orhan Pamuk, 2006 Nobel Prize Winner in Literature and author of the book "The Museum of Existence", which tells the story of Kemal, a man who builds a museum from the objects related to the happiest moment of his life: the Museum of Innocence in Istanbul. Mr. Melo knows Kemal and has decided to build his own museum of objects from the happy moments of these people’s lives. This is the Museum of Existence. A home. The collection from the Museum of Existence that is to be presented at different locations will also include objects from people of those municipalities.
Parceria As Casas do Visconde, Agrupamento de Escolas de Canas de Senhorim Apoio Câmara Municipal de Nelas, Lusofinsa e Borgstena Agradecimentos Chapelaria Confiança, Sapataria Custódio Domingos, Ourivesaria Lifon e Relojoaria Suíça (Viseu),
EXCERTOS DE HISTÓRIAS ASSOCIADAS A OBJETOS QUE EXISTEM NO MUSEU DA EXISTÊNCIA Excerpts of the stories associated with the objects on display at the Museum of Existence Lápis de carvão para a mãe
Chave de casa
Verniz cinzento para unhas
Valor do objeto: A memória da mãe
Valor do objeto: A vizinha tem a chave
Valor do objeto: Lembra a Cláudia os
homenageada com lápis de carvão.
de casa da Dona Alcinda. E ainda bem.
momentos mais infelizes da vida. Pro-
Proprietário: Dona Esmeralda (empréstimo
Salvou-lhe a vida. Proprietário: Museu da
prietário: Museu da Existência (coleção
ao Museu da Existência). Origem: Ovar.
Existência (coleção própria). Origem: Viseu.
própria). Origem: Coimbra.
Método e data de recolha: Em mão, por
Método e data de recolha: aquisição, por
Método e data de recolha: aquisição, por
mim próprio, de meu nome Melo, a 26 de
mim próprio, de meu nome Melo, a 5 de
mim próprio, de meu nome Melo, a 23 de
abril de 2016.
abril de 2016.
novembro de 2015.
“Faz 11 anos no dia 1 de junho de 2016 que a
A Dona Alcinda, 82 anos, esteve “a duas horas
O pai da Cláudia ofereceu à mãe um verniz
minha mãe morreu”. Dia Mundial da Criança.
de morrer”. Foi em setembro de 2011. Diz a
cinzento nos dias em que o amor era mais forte
Esse dia foi terrível. Avisou-me, prudente, a Dona
própria: “A minha vizinha, a Dona Maria de Lurdes,
do que a vontade de bater. Quando a Cláudia era
Esmeralda, 72 anos: “se eu começar a chorar”
foi quem, abaixo de Deus, me salvou a vida.”
criança brincava às mulheres adultas e pintava as
ao contar esta história “não se admire”.
Conta a vizinha-salvadora: “Eu sabia que a Dona
unhas com o verniz cinzento. Foi esse verniz que
Alcinda estava doente. Telefonei-lhe, mas ela não
a Cláudia guardou quando ela e a mãe saíram
Value of the object: Memory of one’s
atendeu. Eu estranhei. Telefonei-lhe mais uma vez
de casa a fugir do pai.
mother, commemorated in a charcoal
e ela nada. Eu tive um pressentimento. Então,
pencil. Owned by: Dona Esmeralda (on loan
chamei uma amiga e fomos as duas lá a casa.
Value of the object: A reminder to Cláudia
to the Museum of Existence). Origin: Ovar.
Eu tenho a chave.”
of the unhappiest moments of her life.
Ourivesaria Joyarte, A Velocipédica, Ernesto Augusto dos Santos e Residencial Rossio (Canas de Senhorim); a todos os que contribuíram para este projeto, com histórias e objetos — Lotação 30 lugares (cada sessão) Duração 90 min. aprox. s/ intervalo Maiores de 12
Method and date of collection: Delivered in
Owned by: Museum of Existence
person, by myself, under the name of Melo,
Value of the object: Dona Alcinda’s
(own collection).
on 26 April 2016.
neighbour has a key to her house. And
Origin: Coimbra. Method and date of
“On June 1st 2016 it was the 11th anniversary of
so much the better as this saved her life.
collection: Acquired, by myself, under
my mother’s death. The International Day of the
Owned by: Museum of Existence (own
the name of Melo, on 23 November 2015.
Child. That was a horrible day. Dona Esmeralda,
collection). Origin: Viseu. Method and date
Cláudia’s father gave her mother the gift of some
72 years old, wisely noted: “if you start crying”
of collection: Acquired, by myself, under
grey fingernail polish during the time when love
when telling this story, “it won’t be surprising”.
the name of Melo, on 5 April 2016.
was stronger than the urge to hit. When Cláudia
Dona Alcinda, 82 years old, was two hours away
was young, she would play ‘dress up’ and would
from death in September of 2011. “My neighbour,
paint her nails grey. This was the fingernail polish
Dona Maria de Lurdes, was the one sent by God
which she took with her when she and her mother
to save my life”. The neighbour recounts: “I knew
were forced to leave home and run away from
that Dona Alcinda was ill. I rang her but she did
her father’s violent behaviour.
not answer her phone. I found it strange. I rang her again and still nothing. I felt something was wrong. So I called a friend and the two of us went over to her house. I have the key, you see”.
The Cherry Orchard
Sábado 11 | 21h30
tg STAN
CCVF / Grande Auditório
© Koen Broos
Festivais Gil Vicente 2016
Texto Anton Tchekhov Criação e interpretação Evelien Bosmans, Evgenia Brendes, Robby Cleiren, Jolente De Keersmaeker, Lukas De Wolf, Bert Haelvoet, Minke Kruyver, Scarlet Tummers, Rosa Van Leeuwen, Stijn Van Opstal, Frank Vercruyssen Desenho de luz Thomas Walgrave Figurinos An d’Huys Cenário em colaboração com Damiaan De Schrijver Equipa Técnica Tom Van Aken, Chris Vanneste, Tim Wouters Produção STAN Agradecimentos Cynthia Loemij, Woedy Woet, Kopspel vzw Estreia da versão alemã 14 maio 2015, Théâtre Varia Kunstenfestivaldesarts, Brussels Estreia da versão francesa 24 setembro 2015, Théâtre Garonne, Toulouse Estreia da versão inglesa 7 outubro 2015, Dublin Theatre Festival, Ireland Coprodução Kunstenfestivaldearts, Festival d’Automne (Paris), Théâtre de la Colline (Paris), TnBA (Bordeaux), Le Bateau Feu (Dunkerque), Théâtre de Nîmes, Théâtre Garonne (Toulouse) e STAN Este projeto é coproduzido por NXTSTP, com o financiamento de
“A PRÓXIMA PEÇA QUE EU ESCREVER SERÁ DIVERTIDA, MUITO DIVERTIDA, PELO MENOS NA INTENÇÃO.”
THE CHERRY ORCHARD Tchekhov para a sua mulher, Olga Knipper, 7 de março de 1901
Culture Programme of the European Union STAN são Jolente De Keersmaeker,
Sara De Roo, Damiaan De Schrijver, Sigrid Janssens, Ann Selhorst,
Renild Van Bavel, Veerle Vandamme,
Frank Vercruyssen, Thomas Walgrave e Tim Wouters
STAN é financiado por The Flemish Community
STAN é associado do Théâtre Garonne Toulouse Espetáculo em língua inglesa
Apoio à apresentação Alkantara, NXTSTP/ Programa Cultura da União Europeia _
Duração 140 min. aprox. s/ intervalo Maiores de 12
Tchekhov trabalhou em “The Cherry Orchard” ao longo de anos, ponderante, hesitante, mudando sempre de tom, enquanto lutava contra o seu estado de saúde. Ele sofria há anos de tuberculose crónica e estava em rápido declínio, muitas vezes cansado para prosseguir a sua escrita. A 28 de julho de 1903, ele escreveu a Konstantin Stanislavski a partir da sua casa de campo em Ialta, na Península da Crimeia: “a minha peça ainda não está pronta, está a progredir de forma lenta, o que só pode ser explicado pela minha preguiça, pelo tempo maravilhoso e pela dificuldade do tema”. No Teatro de Arte de Moscovo, o manuscrito era esperado com impaciencia, excitação e ansiedade e, a 27 de setembro, Tchekhov escreveu à sua mulher, Olga Knipper: “Minha querida, posso dizer que a peça está pronta, que todos os 4 atos estão completos. Estou agora a fazer uma cópia decente. Consegui fazer deles personagens vivos, mas como a peça é de facto, não te consigo dizer.” E a 15 de outubro: “Peça enviada. Saudável. Beijo. Cumprimentos, Antonio.” O manuscrito foi recebido em Moscovo de forma estática. A 19 de outubro, Olga escreveu: “que dia maravilhoso, meu querido, meu amado! Eu não consegui escrever-te, a minha cabeça estava prestes a explodir. Eu esperava a peça há dois dias e começava a ficar preocupada por ainda não ter chegado. Finalmente, ontem de manhã ela foi trazida até mim. Quando terminei de lê-la, eu corri para o teatro. Felizmente o ensaio tinha sido cancelado. (…) Se visses a cara de todas aquelas pessoas, vergadas ao texto! Naturalmente, todos insistiram em lê-lo em voz alta pelo menos uma vez. Fechamos a porta, tirámos a chave e começamos”. “The Cherry Orchard” estrearia finalmente a 17 de janeiro de 1904. Seria a última peça de Tchekhov. Morreu uns meses mais tarde, a 04 de julho de 1904. 16
Em “The Cherry Orchard” estão presentes todos os elementos típicos de uma peça de Tchekhov: o movimento contínuo das personagens, o tempo e a intensidade em constante mudança; diálogos que aparecem de forma aleatória e sem relação aparente, abruptamente interrompidos por intervenções aparentemente irrelevantes; informações e sentimentos importantes que surgem sem aviso prévio; a elegância dos pormenores; a economia das palavras – Tchekhov era mestre na economia de expressões – a estrutura aberta, o campo dramático em vez das falas dramáticas, sem emoções exageradas, sem ostentação, sem verdades importantes. A verdade, nesta peça, é modesta, simples e indireta; tem raízes no ritmo familiar das nossas vidas. Nada é sobrevalorizado, as proporções são familiares e, ainda assim, tudo se transforma, graças à imaginação que nos permite penetrar profundamente na estranheza do dia a dia. “Uma comédia de elevada seriedade” como o escritor americano Richard Gilman lhe chamou. O método de Tchekhov é muitas vezes comparado ao de um compositor ou pintor: uma pincelada aqui, outra ali, estender esta linha, um borrão repentino, o preenchimento gradual de uma área, marcas, manchas, o escuro e a luz, esfregar, construir… a 11 de março de 1889 ele escreveu uma carta ao seu irmão Alexandre: “Reescrita drástica não precisa de te assoberbar, quanto mais o resultado for um mosaico, melhor.” Ainda assim, independentemente das demais tentativas feitas para compreender a peça, “The Cherry Orchard” permanece um enigma e Tchekhov não pode ser rotulado. Desde o início da história da sua representação, a peça já foi dividida em vários polos interpretativos: naturalismo ou poesia, realismo ou simbolismo, lamento social ou profecia, comédia ou tragédia… não raras vezes motivada por vistas curtas, a peça já foi apelidada de tudo um pouco: uma afirmação política, um retrato poético-melancólico daquele tempo, uma contemplação nostálgica, uma ode ao progresso, uma sátira social. As personagens estão constantemente dependentes do que dali emerge, favorecendo sempre uma ideologia ou outra. Será Lopakhin agora um herói que defende o progresso e o capitalismo? Ou será ele um camponês em ascenção, sem modos, cego pelo lucro? Lyubov é uma criança egoísta e mimada que representa a glória passada da aristocracia rural? Ou é uma sensual e irresistível ode à sensualidade e à fragilidade humana? Será ela um símbolo da futilidade, do direito à beleza, de tudo aquilo que não tem valor económico, como a cultura? Será Trofimov um espírito iluminado ou será um pedante ocioso? Será que Tchekhov nos
dá a sua perspetiva através das personagens? Ou simplesmente as deixa falar? Serão as opiniões daquelas personagens também os temas da própria peça? Ou são apenas opiniões que são expressas na peça? Pode ser simplesmente a exposição das camadas humanas em toda a sua complexidade? Será que a peça não revela completamente todos os seus segredos, que as personagens não explicarão por que fazem o que fazem? Tchekhov estará, sem dúvida, à voltas na tumba e segredando baixinho ao nosso ouvido: “Tudo isto, tudo o resto... ou não… descubram vocês mesmos.” Certamente esta peça é tão alusiva quanto a própria vida. Em 1904, o poeta russo Andrei Bely escreveu um ensaio sobre “The Cherry Orchard” em que não identifica o método de Tchekhov como instrumento técnico, mas antes fala daquilo a que nós podemos chamar de ‘vislumbre’, “à medida que cai uma claridade sem paralelo nos elementos mais minuciosos, na extrema momentaneidade da nossa experiência. É esta aproximação para com a humildade, o que é casual e fragmentário, o desprezível – a própria base da revolução que Tchekhov trouxe ao teatro – que liberta o que era até então desconhecido, o que poderíamos chamar de música que ainda não foi ouvida. Um instante de vida tomada por si própria enquanto se torna uma porta para o infinito. A minúcia da vida aparece mais clara do que nunca para nos guiar para a eternidade. (…) Em “The Cherry Orchard”, Tchekhov desenha os percalços da vida e o que à distância parece sombrio, torna-se uma abertura para a eternidade.” * Anton Pavlovich Tchekhov deixou uma marca indelével na história do teatro, e a sua prosa, as suas cartas e as suas peças permanecem entre o melhor da literatura mundial. A sua compreensão dos sentimentos mais íntimos do homem não tem paralelo, a sua visão do comportamento humano não pode ser igualada. Ele era um revolucionário moral; ele ensinou-nos a olhar as pessoas como elas são; pequenas ou grandes, fortes ou fracas, boas ou más, corruptas ou sérias… ele permanece o mestre do drama do que não é dramático e pertencerá sempre ao pequeno grupo de autores que são essenciais para a nossa jornada enquanto seres humanos, a quem a perspicácia pode continuar a ajudar-nos a preservar ou recuperar a nossa sanidade mental individual e coletiva… Então, porque fazer “The Cherry Orchard” em 2015? Porque sim… ou porque sim, ou porque sim… porque sim… *Chekhov’s plays: An Opening Into Eternity, de Richard Gilman Todo o texto em dívida com Richard Gilman.
“The next play I write will definitely be funny, very funny, at least in intention.” Chekhov to Olga Knipper, 7 March 1901 Chekhov worked on The Cherry Orchard for years,
In The Cherry Orchard, all the elements of a typical
quently motivated by ideological short-sightedness,
rather speaks of what we ourselves might call his
ponderously, hesitantly, changing tone, all the while
Chekhov play are present: a continuous movement
the play has already been called everything: a political
‘glance’, “as it falls with unparalleled clarity on the
struggling with his health. He had been suffering
of characters, a tempo and intensity that constantly
indictment, a poetic-melancholic image of time, a
most minute particulars, on the extreme momentari-
from chronic tuberculosis for years and was now in
change; dialogues that randomly appear and are
nostalgic contemplation, an ode to progress, a social
ness of our experience. It’s this approach toward the
rapid decline, often too tired to go on writing. On 28
unrelated, abruptly interrupted by seemingly irrelevant
satire. The characters are constantly, depending on
humble, the casual and fragmentary, the scorned
July 1903 he wrote to Konstantin Stanislavski from
interventions or information; important data or
what emerges, favouring some ideology or another.
– the very basis of the revolution Chekhov brought
his dacha in Yalta on the Crimean peninsula: “My play
feelings that are shared almost without notice;
Is Lopakhin now a hero who stands for progress and
about in the theatre – which sets free the previously
isn’t ready yet, it is progressing slowing, which can
the elegance of the details; the economy of words
company affiliation? Or is he an upstart peasant with
unknown, what we might call the music that hasn’t
only be explained by my laziness, by the wonderful
– Chekhov remains the master of the economic
no manners, blinded by profit? Is Lyubov a spoiled
yet been heard. An instant of life taken by itself as it
weather, and by the difficulty of the subject.” At the
expression – the open structure, a dramatic field
and selfish brat who represents the past glory of
is deeply probed becomes a doorway to infinity. The
Moscow Art Theatre the manuscript was awaited
rather than a dramatic line, no exaggerated emotions,
the old landed gentry and could better perish with
minutiae of life will appear ever more clearly to be
with impatience, excitement, and anxiety, and on 27
no boasting, no important truths. The truth in this
her entire clique as swiftly as possible? Or is she a
the guides to Eternity. (…) In The Cherry Orchard,
September, Chekhov wrote to his wife, Olga Knipper:
piece is modest, simple, indirect; it is rooted in the
sensual and irresistible ode to fragile humanity and
Chekhov draws back the folds of life and what at a
“My dear horsey, I have already wired to say that the
familiar rhythms of our lives. Nothing is inflated,
the essential uselessness of our lives? Does she stand
distance appeared to be shadowy folds turns out
play is ready, that all four acts are complete. I am
the proportions are familiar, and yet everything is
as a symbol for the right to that uselessness, for the
to be an aperture into Eternity.” *
now making a fair copy. I have managed to make
transformed, thanks to an imagination that allows
right to beauty, to everything that has no economic
Anton Pavlovich Chekhov has left an indelible stamp
them living people, but what the actual play is like, I
us to penetrate deeply into the strangeness of the
value, to culture? Is Trofimov an enlightened spirit
on the history of theatre, and his prose, letters, and
don’t know.” And on 15 October: ‘Play sent. Healthy.
everyday. “A True Comedy of High Seriousness”, as
or a verbose wiseacre who is also idle? Or could it
plays are still among the finest in world literature.
Kiss. Regards, Antonio.”
American writer Richard Gilman called it.
perhaps be that moral judgments are not addressed?
His grasp of man’s innermost feelings is unparal-
The manuscript was ecstatically received in Moscow.
Chekhov’s method is often compared to that of a
Does Chekhov make his own mind known through
leled, his insight into human behaviour unequalled.
On 19 October, Olga wrote: “What a thrilling day
composer or a painter: a brushstroke here, another
his characters? Or does he just let them speak? Are
He was a moral revolutionary; he has taught us to
yesterday, my darling, my beloved! I couldn’t write to
one there, extend this line, a sudden spot, the gradual
the opinions those characters share with us also the
look at people as they are, big and small, strong and
you, my head was fit to burst. I had been expecting
filling-in of an area, marks, blemishes, dark and light,
‘themes’ of the play? Or are they just opinions that
weak, good and bad, corrupt and grand ... he remains
the play for two days and was becoming incensed
rubbing out, building up, ... on 11 May 1889 he wrote
are expressed in the play? Could it be that the many
master of the drama of the undramatic, and will
that it had not arrived. Finally, yesterday morning it
in a letter to his brother Alexander: “Drastic rewritng
layers of human activity are simply displayed in all
forever belong to that small group of authors who
was brought to me. (…) When I had finished reading
need not unsettle you, as the more of a mosaic the
their complexity? That the play does not completely
are essential to our quest as human beings, whose
it, I ran to the theatre. Fortunately, the rehearsal had
result is, the better.” Thus, a dramatic field ...
reveal all his secrets, that the characters will not
perspicacity can continue to help us preserve or
been cancelled. (…) If you had seen the faces of all
And yet, however many attempts have been made
explain to us why they do what they do ...?
recover our individual and collective mental health…
those people bent over The Cherry Orchard! Naturally,
to understand the play, The Cherry Orchard remains
Chekhov is no doubt fondly chuckling in his grave and
So why create The Cherry Orchard in 2015? That is
everyone insisted on reading it aloud at once. We
an enigma and Chekhov cannot be piegeonholed.
whispering softly in our ear: “All this, and everything
why… or that is why... or that is why... or ...
locked the door, removed the key, and began.” The
Since the beginning of its performance history, this
else ... or not ... Find out for yourself.”
Cherry Orchard would eventually premiere on 17
play has been torn between interpretive polarities:
In 1904, Russian poet Andrei Bely wrote in an essay
* Chekhov’s plays: An Opening Into Eternity, by
January 1904. It would be Chekhov’s last play. He
naturalism or poetry, realism or symbolism, social
on The Cherry Orchard that he doesn’t identify
Richard Gilman
died a few months later, on 4 July 1904 ...
lament or prophecy, comedy or tragedy... Not infre-
Chekhov’s method as a technical instrument, but
This entire text is indebted to Richard Gilman.
17
Festivais Gil Vicente 2016
Atividades Paralelas
ATIVIDADES PARALELAS
01 a 08 junho | 10h00-16h30
Sexta 03 | Após o espetáculo
CCVF / Palácio Vila Flor
“Ciclo Novas Bacantes” PAC / Cafetaria
Workshop de Dramaturgia
Lark is an international theatre laboratory
Com a Lark Foundation
located in New York and dedicated to
Há Conversa com…
A Lark é um laboratório internacional de
supporting the playwrights and the stories
João Garcia Miguel
teatro, com sede em Nova Iorque, que se
which are a reflection of the community.
“Há conversa com...” acontece
dedica a apoiar dramaturgos e histórias
Its mission (which overlaps with Teatro
regularmente após um espetáculo com
que sejam o reflexo da comunidade.
Oficina’s) is to invade the city’s theatre
o desejo de aumentar o vocabulário
A sua missão, que se cruza novamente
festival for a rewriting of the way we write
comum entre artistas e públicos e de
com a do Teatro Oficina, invade o festival
and of how we question ourselves about
promover o sentido crítico e a capacidade
de teatro da cidade, para uma reescrita
the type of theatre we want. Laureen
de fruir dos objetos artísticos. No âmbito
da forma como escrevemos, enquanto
Yee and Rogelio Martinez will join Jacinto
dos Festivais Gil Vicente, teremos uma
nos interrogamos que teatro queremos.
Lucas Pires, resident playwright at the
conversa com João Garcia Miguel sobre
Laureen Yee e Rogelio Martinez juntam-
Teatro Oficina in 2016, for this writing
o processo de criação da peça “Ciclo
‑se a Jacinto Lucas Pires, dramaturgo
laboratory, which invites authors, actors,
Novas Bacantes”.
residente do Teatro Oficina em 2016,
students, and others interested in the
para este laboratório de escrita,
theatre arts to ponder the rules and
“Conversations with...” is a post-show
convidando autores, atores, estudantes
principles surrounding the spoken
event that takes place frequently as a
e interessados na criação teatral a pensar
word on stage.
way to expand the vocabulary needed
connosco as regras e princípios da palavra no palco.
when artists and audience members come Data 01 a 08 de junho Horário 10h00-13h00 e 14h00-16h30 Local Sala S1 do Palácio Vila Flor
together to discuss a performance. The goal is to encourage the ‘critical
Orientação Laureen Yee, Rogelio Martinez
spirit’ and to enhance one’s appreciation
e Jacinto Lucas Pires
of the arts. During the Festivais Gil
Público-alvo estudantes e profissionais
Vicente, our guest will be João Garcia
da área do teatro No máximo de participantes 30
Miguel, who will speak about the creative
Data limite de inscrição 30 de maio
processes involved in putting together the
Preço 50,00 eur (com direito a bilhetes
show “Ciclo Novas Bacantes”.
para os espetáculos dos Festivais Gil Vicente que se realizam no Grande Auditório do CCVF) Inscrições através do site www.ccvf.pt
Todas as idades
18
Quarta 08 | 22h00
Sexta 10 | Após o espetáculo
Durante o Festival
CAR – Círculo de Arte e Recreio
“Museu da Existência”
CAR – Círculo de Arte e Recreio
(sessão das 21h30) Debate “Numa Relação
PAC / Cafetaria
Meeting Point Durante os Festivais Gil Vicente, o
com Shakespeare” 400 anos após a sua morte, assinalados
Há Conversa com…
Círculo de Arte e Recreio será um ponto
em 2016, William Shakespeare mantém-se
Rafaela Santos e Fernando Giestas
de encontro do festival, onde artistas e
como uma das mais influentes figuras do
“Há conversa com...” acontece
público se poderão juntar num espaço de
teatro contemporâneo, dada a essência
regularmente após um espetáculo com o
partilha, debate e convívio. Um espaço de
e atualidade da sua obra. Decidimos
desejo de aumentar o vocabulário comum
festa e um espaço comum dos que amam
assim debater, nesta edição dos Festivais
entre artistas e públicos e de promover
o teatro e convivem com o teatro.
Gil Vicente, a paixão e o fascínio em
o sentido crítico e a capacidade de
torno da sua personalidade por parte de
fruir dos objetos artísticos. No âmbito
During the Gil Vicente Festivals, the Arts
criadores que ciclicamente com ele se
dos Festivais Gil Vicente, teremos uma
and Recreation Circle will be a meeting
encontram para formular novas ideias a
conversa com Rafaela Santos e Fernando
point of the festival, where artists and
partir do seu universo. Será Shakespeare
Giestas sobre o espetáculo “Museu da
audience can join in a sharing
uma fonte de inspiração inesgotável?
Existência”.
environment to debate and enjoy social
A convocatória para o debate está feita.
gathering. A place to celebrate and a “Conversations with...” is a post-show
place that is a common area for those
The year 2016 marks the 400th
event that takes place frequently as a
who love theatre and live with theatre.
anniversary of the death of William
way to expand the vocabulary needed
Shakespeare, who nevertheless remains
when artists and audience members
as one of the most influential figures in
come together to discuss a performance.
the modern theatre given the profound
The goal is to encourage the ‘critical
essence and contemporary relevance of
spirit’ and to enhance one’s appreciation
his work. At the Festivais Gil Vicente we
of the arts. During the Festivais Gil
have thus decided to debate the passion
Vicente, our guests will be Fernando
and fascination surrounding his
Giestas and Rafaela Santos, who
personality with performers who are
will speak about the show “Museu
regularly spurred on to approach new
da Existência”.
ideas by entering the Bard’s universe. Is Shakespeare truly a limitless source of inspiration? The invitation to the debate has been made, so come join us. Moderação Francesca Rayner Painel Marcos Barbosa, Jacinto Lucas Pires, João Pedro Vaz Entrada livre Todas as idades
19
Todas as idades
Todas as idades
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www.ccvf.pt Avenida D. Afonso Henriques, 701 4810-431 Guimarães Tel: 253 424 700 · email: geral@ccvf.pt