JORNAL DO SERVIÇO EDUCATIVO OUTUBRO A DEZEMBRO 2012 | NUMERO 22 Coordenação Elisabete Paiva Edição Elisabete Paiva e Sandra Barros Produção Gráfica Susana Sousa Comunicação Bruno Barreto Marta Ferreira
Design Atelier Martino&Jaña Textos de Camila Caetano Delfim Ferreira Lara Soares Luís Costa Manuel M. Fernandes Sandra Barros Ilustração Sérgio Domingues
Laboratório LURA Marina Palácio Distribuição Andreia Abreu Andreia Novais Carlos Rego Hugo Dias Paulo Covas Pedro Silva Sofia Leite Susana Pinheiro
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL servicoeducativo@ aoficina.pt ISSN 1646-5652 Tiragem 3000 exemplares
«ESSE MÉTODO ESTÓICO DE BASTAR ÀS NOSSAS NECESSIDADES SUPRIMINDO OS NOSSOS DESEJOS EQUIVALE A CORTARMOS OS PÉS PARA JÁ NÃO PRECISARMOS DE CALÇADO.» Jonathan Swift
JORNAL DE ARTES E EDUCAÇÃO
EDITORIAL
PISTAS
Imaginar significa “representar no espírito”, “idear” ou “conjeturar”; significa pois, entre outras coisas, produzir imagens, seja sobre si próprio, os outros ou as coisas em volta. Libertas de não ser a própria coisa, essas imagens revelam outras formas, sentidos ocultos naquilo que nos é familiar e (aparentemente) conhecido. Imaginar é por isso uma das formas mais profundas de conhecer e imaginar-se uma poderosa ferramenta de emancipação. Se, como diz uma boa amiga nossa, a criatividade não vem do nada e a imaginação não se alimenta do “monstro obeso do vazio”, pois donde vêm as ideias e os pensamentos, de que se alimentam as imagens que na cabeça construímos? Rapidamente se percebe que a imaginação é muito gulosa e precisa de bom alimento, oriundo das mais refinadas culturas. Assim, sugerimos bons livros e muitas viagens por sítios longe do nosso
sofá, espetáculos de palco e de rua, grandes e pequenos, silenciosos ou delirantes, filmes e serões de conversa, com chás, licores ou outras bebidas da preferência de cada um… Imaginemos, então! Perto de nós, num pequeno país, um silêncio fundo se cava dentro dos teatros, museus e outros espaços culturais, aguardando o ano que vem. Perto de nós, um país como o de ontem, como o de ainda há pouco, começa a ressurgir. Imaginemos esse país. Imaginemos
um país sem teatros, sem museus e sem bibliotecas… sem universidades ou cinemas. País a preto e branco, país só para alguns, país muro de quintal. Ontem, nesse país, um poeta cantava: “Só há liberdade a sério quando houver / A paz, o pão, habitação, saúde, educação” e, hoje, nós gostaríamos de acrescentar “… e imaginação”.
Elisabete Paiva
ARQUIVOS e outras formas de construção de memória Lara Soares e Sandra Barros pág. 02
PISTAS
A Beleza Sandra Barros pág. 03
TRILHOS
Notas de um percurso de campo Manuel M. Fernandes pág. 08
A MONTANTE
A incomodidade da comunidade: aproximações críticas ao trabalho criativo com comunidades Luís Costa pág. 04
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Lara Soares e Sandra
Barros*
PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS
ARQUIVOS e outras formas de construção de memória COMO GUARDAR UM ESPIRRO, DESENHAR UM ABRAÇO OU DAR CORPO À EMOÇÃO QUE UMA MÚSICA NOS FEZ SENTIR? A maioria de nós saberá dizer, melhor ou pior, o que entende por arquivo. Sabemos dizer que há vários tipos de arquivo, nem que mais não seja porque nos lembramos do «arquivo morto» (que não corresponde ao termo técnico utilizado pelos arquivistas) e sabemos que se um está “morto”, outro deve haver mais “vivo”. Sabemos também dizer, mais uma vez, melhor ou pior, para que serve um arquivo – local onde se guarda documentação importante para a posterioridade. Neste sentido, o arquivo funciona como a memória organizada da
instituição a que se refere. E isto porque os arquivos são a evidência das atividades de instituições e indivíduos; constituem uma fonte de informação insubstituível relativamente à história dos países, e à sua evolução política, económica, demográfica e social. Existem os arquivos públicos (indispensáveis para a proteção da propriedade e outros direitos legais dos cidadãos), os empresariais, os eclesiásticos e os de família ou privados (que poderão viajar entre a árvore genealógica de uma família e o dentinho do neto no brinco da avó…). Em todos os casos, um arquivo supera a ideia de simples depósito ou coleção. Ele presta-se a um possível uso no presente e, essencialmente, no futuro. É neste sentido que a dimensão memorável de um arquivo ganha maior foco. Debatendo esta ideia de arquivo/arquivar e de construção de memória, o Serviço Educativo
(SE) apostou num aprofundamento do programa Arquivos, decorrido entre março e julho de 2012 (neste, os participantes construíam um pequeno arquivo pessoal a partir de uma exposição e dos materiais que ela evocava). Nesta nova edição, uma nova camada a esta ideia de arquivo é acrescentada – será possível arquivar o que, à partida, não é arquivável? O que nasce a partir da experiência, que nos tem de passar pela pele e pelos sentidos, é passível de ser arquivado? E se sim, de que forma? Como guardar um espirro, desenhar um abraço ou dar corpo à emoção que uma música nos fez sentir? Sabendo que a arte tem a capacidade de abrir portas aparentemente fechadas, o SE convidou cinco artistas e uma investigadora para desenvolver uma pesquisa com crianças e jovens sobre a memória e o modo de a construir. Estes novos Arquivos
são oficinas de pesquisa com várias sessões que tocam duas linhas: uma mais ligada às experiências do quotidiano e à possibilidade da sua reescrita através de práticas experimentais, outra mais ligada à própria experiência artística enquanto acontecimento subjetivo, único e difícil de sujeitar a catalogações.
Pensámos que para desenvolver mais eficazmente estas ideias seria fundamental haver um primeiro momento para os participantes, em que estes conceitos fossem abordados e tratados – isto acontecerá na oficina 1˚ Arquivo. Desta forma, todos os participantes podem seguir para os arquivos que escolherem, usando uma plataforma comum de entendimento dos conceitos envolvidos. Após este momento, existem outras quatro possibilidades de oficinas (que podem ser frequentadas exclusivamente ou combinadas), e que tocam diferentes áreas artísticas: as narrativas dos lugares e das pessoas, o corpo e o movimento, as formas visuais e as formas sonoras. Junho de 2013 será o momento para reunir todos os arquivos numa exposição coletiva, a partir dos materiais gerados nas diferentes oficinas. De participação gratuita, destinados especialmente a crianças e jovens, estes Arquivos são naturalmente estendidos às suas famílias e professores, porque a memória é complexa, como todas as coisas preciosas, e precisa não só de mim mas, muitas vezes, de nós. Este projeto decorre até junho de 2013; para mais informações, contactar o Serviço Educativo através do e-mail servico. educativo@guimarães2012.pt.
* Integram a equipa do Serviço Educativo
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PISTAS CAMINHOS PARA FAZER JUNTOS
A Beleza Sandra Barros*
É pela reflexão, pelo questionamento e pela partilha de diferentes pontos de vista que crianças serão adultos mais conscientes do seu lugar e da sua voz enquanto cidadãos ativos e, sem qualquer dúvida, seres humanos mais abertos à diferença e à semelhança em relação ao outro.
Já aconteceu a quase todos nós – sermos surpreendidos pela profundidade da resposta de uma criança. Este efeito
de considerarmos que há assuntos para os quais as crianças “terão ainda de crescer” para poder refletir/falar sobre. Dieu, L'Amour, La Justice, La Beauté – Quatre Petites Conférence (Deus, o Amor, a Justiça, a Beleza – Quatro Pequenas Conferências) é uma obra que resulta da transcrição de quatro conferências, pensadas para crianças com mais de dez anos, que o filósofo Jean-Luc Nancy apresentou no Teatro de Montreuil, diante de um público familiar, onde propôs uma introdução contemporânea e original a quatro grandes questões da filosofia – Deus, Amor, Justiça e Beleza. Há, no céu, alguém, criador de todas as coisas? O que podemos considerar «justo»? O que significa amar? Porque é o amor tão poderoso e tão difícil? O que é a beleza? La Beauté é um pequeno livro que resulta da obra maior de Jean-Luc Nancy, retratando a conferência dedicada à beleza. Com uma linguagem simples e clara, a conversa com os interlocutores, ativos e perguntadores, aborda o conceito de beleza, e os equívocos gerados por vocábulos que se aproximam: bonito, prazenteiro, simpático, etc.. Os aspetos mais pertinentes desta conferência, destinada a crianças, são a manifesta insistência de que ainda hoje se pode falar de beleza no meio de um contexto mediático de excesso de opinião e de valorização de obras por autoridades subjetivas; a insistência do filósofo de que há sempre uma equivalência entre beleza e verdade e, finalmente, a de que a beleza se pode manifestar de modos inquietantes.
surpresa dá-se, creio, pelo inconsciente preconceito que temos sobre as crianças, nomeadamente por duvidarmos da sua capacidade de reflexão e compreensão de questões aparentemente complexas e universais. Efetivamente, partimos do princípio de que, se há questões às quais a maioria dos adultos morre sem dar resposta, então, as crianças, enquanto pessoas com menos experiência de vida, não possuem ferramentas para avaliar a profundidade de uma pergunta ou tema e são, por isso, incapazes de refletir ou produzir um raciocínio “com sentido” (aqui as aspas porque o «sentido» é posto em causa por nós, adultos; para as crianças, essa dúvida sobre a validade do raciocínio exercido não se coloca do mesmo modo). As diversas situações em que somos apanhados de surpresa pela resposta (ou contra pergunta) de uma criança são a prova de que é um princípio errado, este
"A beleza absoluta manifesta-se em muitas coisas belas e em muitas pessoas belas, ainda que não possamos dizer nunca que esta coisa, esta pintura, esta música ou esta pessoa é a própria beleza. Ao mesmo tempo, todos sabemos que só falamos de qualquer coisa de belo porque sabemos o que é a beleza. Ouvindo-me falar, diriam talvez que não é verdade, que não sabem de todo o que é a beleza. Pensam talvez que de qualquer maneira a beleza é muito relativa, que cada um tem a sua definição de beleza, vocês acham isto belo mas um outro não, ou então vocês acham isto belo num dia mas não no seguinte, que o que é belo na China não o é em África nem na Europa. Não é verdade, nós sabemos o que é a beleza. Gostaria de tentar mostrar-vos que vocês sabem, que todos nós sabemos." Jean Luc-Nancy, in A Beleza Há muito tempo que o Serviço Educativo d’A Oficina acredita ser vital a criação de tempos e lugares de reflexão dos mais jovens, sendo disso exemplo as frequentes oficinas de filosofia nos programas de atividades de férias dos mais pequenos. É pela reflexão, pelo questionamento e pela partilha de diferentes pontos de vista que crianças serão adultos mais conscientes do seu lugar e da sua voz enquanto cidadãos ativos e, sem qualquer dúvida, seres humanos mais abertos à diferença e à semelhança em relação ao outro.
* Integra a equipa do Serviço Educativo.
No desejo de ampliação de tempos, lugares e formatos de reflexão, é apresentada em estreia, nos dias 02 e 03 de novembro, no Espaço Oficina, A beleza, pequena conferência. Maria Duarte, Gonçalo Ferreira de Almeida e João Rodrigues, partindo da conferência de Jean-Luc Nancy, propõem-se reunir uma audiência jovem em torno das palavras de um dos maiores filósofos da contemporaneidade. É precisamente aí, reunidos perante algo que podemos dizer “nosso”, que os temas reunidos podem justificar o ato teatral. Ele permite que a palavra ganhe sonoridade, fazendo-se escutar e dando corpo à voz muda que o livro de Nancy propaga. É assim expectável que nos demos conta de estarmos perante questões que encontram na voz, e no “ao vivo”, a sua maior pertinência. Não passa aqui despercebido que o jogo é de espelhamento: adultos que dirigem às crianças questões sérias de modo simples mas segundo as dinâmicas da representação.
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Luís Costa*
A MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS
A INCOMODIDADE DA COMUNIDADE: aproximações críticas ao trabalho criativo com comunidades 0. Um prólogo “Eu sou uma força do passado. Apenas na tradição está o meu amor. Venho das ruínas, das igrejas, dos retábulos, das aldeias abandonadas (...) onde viviam os meus irmãos. (...)” (Pier Paolo Pasolini, “Poesie mondane,” Bestemmia 619)
(…) vamos compreendendo as dificuldades crescentes de desenvolver/ acolher projetos artísticos em articulação com comunidades num contexto cada vez mais socialmente correto, em que a adesão a causas sociais ou ecológicas é tão rapidamente consumida quanto qualquer outro bem, serviço ou sonho de sucesso.
O que se segue são reflexões pessoais que não pretendem servir de cartilha a ninguém. Partem apenas de ansiedades crescentes com muito do que vejo, ouço e leio sobre arte comunitária, inclusive (há que dizê-lo com frontalidade) com projetos acolhidos no nosso Nodar Rural Art Lab da Binaural/Nodar. A fragilidade que deteto em muito desses “projetos” é, provavelmente, apenas minha. Não obstante, sinto ser útil dizer porque penso o que penso, nem que seja para ajudar a responder àqueles que nos perguntam: como têm paciência para trabalhar arte, som e média no vosso contexto rural, sem se cansarem, sem quererem debandar na senda de outro Graal?
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Comunidade: um conceito que se vai tornando incómodo (pour moi). Então como é? Fazeis das vossas relações sociais palimpsestos incessantes, nuvens de átomos saltitantes (e incertos, como
postulou Heisenberg), enxames de indiferença sorridente (tchim tchim) em que os arcaicos sentidos da comunidade (família, trabalho, necessidade, território) foram sendo progressivamente obnubilados, e agora quereis angelicamente redescobrir aqueles perseverantes marginais (por estarem nas margens do foco, seja nas favelas, nos bairros históricos, nas aldeias rurais, nos orfanatos, nos asilos de idosos, nas fábricas), que vivem a necessidade quotidiana, que não esquecem o(s) que já foram ou que se desviam da atenção inusitada. Tendes toda a legitimidade, claro, mas às vezes estranho o interesse. Porque, como nos têm dito (Toni Negri, Giorgio Agamben, Jean-Luc Nancy, Maurice Blanchot, ou mesmo Pier Paolo Pasolini), vivemos uma “crise do comum”. O comum é hoje fundamentalmente espectral pois feito de formas espetaculares, aceleradas, unitárias e efémeras. E então o risco é precisamente o de embarcardes com os vossos projetos de criação em ligação com comunidades em apenas mais um exercício de cinismo mediático, ao saberdes que para vós é apenas mais um projeto, que ajudará à vossa legitimação artística/ social/universitária, ao pressupordes estabilidade em comunidades que não o são (estou a fazer um projeto com a comunidade moldava em Alfama. Não é fantástico?), ao trabalhardes com clichés bem identificados desde o pós segunda guerra mundial (“os clichés da relação, os clichés do amor, os clichés do povo, os clichés da política ou da revolução, os clichés daquilo que nos liga ao mundo” como refere Peter Pál Pelbart a propósito de Deleuze). É pois importante termos noção exata do que queremos (qual a necessidade, para mim e para a comunidade, deste projeto?
Em que riscos incorrerei? Como obviar a esses riscos? O que darei em retorno?) e de como o queremos fazer (rapidez vs. lentidão, discrição vs. exposição, extensão vs. intensidade), antes de entrarmos numa comunidade para propor e desenvolver projetos artísticos/criativos.
2 (Para mim) não há projeto viável em comunidade sem vida em comunidade Vivemos desde há sete anos (como o tempo passa) num contexto bem preciso: o mundo rural de montanha (Maciço da Gralheira, São Pedro do Sul). Fizemos um caminho de retorno, difícil mas necessário, às origens, como forma (também) de limpar muito do excesso acumulado em vivências urbanas: desejos tão intensos quanto supérfluos, sociabilizações tão aceleradas quanto efémeras, leituras tão densas quanto inócuas, opiniões tão veementes quanto transitórias. Foi também este exercício de autocrítica (o que estou aqui a fazer?) que tornou possível (sustentável, como agora se diz) escolher uma nova Weltanschauung (cosmovisão?): pensar mais em profundidade e menos em extensão, sair de casa com vontade de estar com o outro e não para me desviar do outro (com medo de tropeçar), aceitar o semelhante na sua totalidade (seja agricultor, seja o que for), renovar o sentido perdido da família (descobrindo por exemplo a árvore genealógica), aceitar a religião enquanto mediação fundamental entre espaço, comunidade(s) e devir, deixar o tempo correr lentamente para aceitar muito do que vem até nós (em vez de esgravatar ansiosamente cada “janela de oportunidade”). Afinal, no fim de tudo estaremos mortos, não é? E só assim, depois de limpar a vida individual, houve coragem para construir
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A MONTANTE AS NOSSAS REFERÊNCIAS
(…) o hoje acontece com conceitos como comunidade, sustentabilidade, solidariedade, biodiversidade, responsabilidade social, etc., conceitos que se afastaram irremediavelmente dos seus impulsos de base (…)
alicerces de trabalho criativo em comunidades específicas. Só o estar, viver um território na íntegra nas pregas do tempo, seja ele Kronos (o tempo cronológico sequencial, o que nos dá noção do que passa irremediavelmente, como a morte dos entes queridos), Kairós (o tempo de Deus, ou o tempo cósmico, ou, porque não, o tempo da arte) ou ainda Aión (o tempo da vida que não morre, como o das estações do ano), conferiu suficiente densidade a essa vivência para se transformar em ações concretas, prenhes e necessárias com pessoas reais (ou seja, com nome, com história que conhecemos e que acompanhamos).
3 O trabalho em comunidade como desejo de viver narrativas perdidas Que não nos desenganemos: Nem tudo são rosas neste nosso reino rural. Pelo facto de na Binaural/Nodar simultaneamente desenvolvermos criações artísticas pró-
comunidade documentada em apresentações públicas que são sempre organizadas na região.
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O artista na era da hipersensibilidade social Em jeito de conclusão, vamos compreendendo as dificuldades crescentes de desenvolver/acolher projetos artísticos em articulação com comunidades num contexto cada vez mais socialmente correto, em que a adesão a causas sociais ou ecológicas é tão rapidamente consumida quanto qualquer outro bem, serviço ou sonho de sucesso. Como consequência, são muitos os
jovens criadores saídos das universidades de artes que, sem a densidade desejada, se deixam seduzir por ideias formatadas e as aplicam à primeira comunidade que lhes aparece pela frente. Como gosto de dizer: quando um conceito ético chega à publicidade de uma empresa, há que abandoná-lo sem contemplação e substituí-lo por outros mais densos, mais complexos, menos sujeitos a simplificações e inclusive a utilizações políticas e mercantis. É que o hoje acontece com conceitos como comunidade, sustentabilidade, solidariedade,
prias que são fundadas na permanência e vivência quotidiana junto com as comunidades locais e, por outro, de acolhermos criações de artistas residentes que não conhecem o território de antemão e que trabalham na zona apenas por algumas semanas, colocamo-nos bastas vezes na posição difícil (esquizofrénica?) de acolhermos abordagens que precisamente tentamos evitar. Como lidamos então com esta dualidade metodológica? Desde logo, há que perceber que o artista representa também um feixe de comunidades e, como tal, chega ao território com a sua carga de representações sociais: de origem, de prática, de ideologia, de valores, de aceitação da diferença, etc. Como tal, tivemos que perceber que muitos dos que querem criar em Nodar, fazem-no também por um desejo de viverem uma narrativa perdida (no caso, uma narrativa rural com comunidades de montanha prenhes de uma
cultura arcaica em comunhão com uma paisagem imaculada, o que só é verdade em parte, claro), tendo em conta precisamente algum mal-estar que evidenciam por viverem vidas incessantes feitas de projetos, viagens, vida social e cultural intensa, sem tempo para sedimentar ideias e caminhos. Perante a compreensão recíproca e honesta das ansiedades e representações em jogo, atuamos no terreno com os artistas de forma permanente, mediando o trabalho de campo, sugerindo abordagens, tentando evitar equívocos, promovendo atitudes sensatas (de parte a parte), desmistificando a necessidade de compreensão do outro (os mal-entendidos são quase sempre mais prenhes em termos criativos do que a plácida aceitação), falando sempre com todos, exigindo sempre o encontro/confronto final do artista com a
biodiversidade, responsabilidade social, etc., conceitos que se afastaram irremediavelmente dos seus impulsos de base, sendo por exemplo utilizados pelas empresas, pelos municípios para se tentarem diferenciar dos demais e, globalmente, pela sociedade contemporânea para criar um “manto” moralista que de alguma forma a exonere de responsabilidades quotidianas mais árduas de gerir. Tentamos obviar a estes riscos com escolhas temáticas que propomos para as obras a criar (para que, de alguma forma, sejam limitadas as sobre-simplificações das criações e seja promovido o contacto com realidades escondidas da vida quotidiana), e com uma análise rigorosa prévia do percurso artístico e teórico do artista a acolher. Não se trata tanto de uma questão de valorizar a extensão de um currículo criativo, mas mais uma busca de ângulos particulares de temas, de “pregas” estéticas que antecipem uma intervenção exigente na relação com o território e com os processos criativos. Sendo certo que não existem garantias num terreno (o da arte socialmente empenhada) tanto mais popular quanto instá-
vel, penso no fundo que há pelo menos um nível de exigência que assegura alguma validade no trabalho criativo comunitário: a comunicação desassombrada e incessante com a pregnância autêntica do real, nos seus detalhes mais ínfimos e mesmo nas suas contradições e impossibilidades.
* Fundador e presidente da Binaural/Nodar www.binauralmedia.org
LABORATÓRIO PARA METER AS MÃOS NA MASSA
Conceção Marina Palácio em colaboração com o Serviço Educativo
LABORATÓRIO PARA METER AS MÃOS NA MASSA
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TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR
Notas de um percurso de campo Manuel M. Fernandes* 18 de julho de 2012. 10 horas da manhã.
Quinze minutos mais tarde.
Cerca das 11 e meia.
Preparamo-nos para partir do Centro Cultural. O dia está a aquecer e hoje vai estar muito calor. Há grande expetativa neste grupo de crianças irrequietas, algumas das quais nunca caminharam fora das ruas da cidade: “Vamos ver raposas? E lobos?!” Não sabemos ainda que animais irão aparecer, mas por enquanto podemos imaginar tudo.
Chegamos ao sítio onde começa a caminhada. Um estradão de terra batida leva-nos monte acima. O sol é impiedoso e aqui não há sombras. Após duas centenas de metros de percurso, surgem manifestações espontâneas: “Ainda vamos andar muito? Já estou cansado!” Paramos para descansar e beber, mas o caminho continua a subir.
Cerca das 10 horas e meia.
Um pouco adiante.
Atingimos finalmente o pequeno planalto de Santa Marinha, no limite dos concelhos de Guimarães e de Fafe. Descansamos e merendamos junto a um muro de pedra, à sombra de um carvalhal frondoso. É tempo de observar as folhas recortadas dos carvalhos (que as crianças parecem nunca ter visto) e as folhas carnudas das
Passámos São Torcato e chegamos a Rendufe, no limite do concelho de Guimarães. É breve o percurso em camioneta pela paisagem viçosa do vale do Selho: campos de milho, renques de árvores com videiras enroscadas, castanheiros em flor e pequenos maciços florestais. Nada disto entusiasma os nossos pequenos exploradores que, por enquanto, olham a paisagem com indiferença.
Surge numa curva um depósito de água e está alguém a sair dele. Conversamos com o funcionário da companhia das águas, que gentilmente acede a mostrar o reservatório às crianças. Sacia-se a curiosidade do grupo e goza-se a sombra e a frescura do interior. A água do rio Ave, a quilómetros de distância, é bombeada para este depósito, que abastece Rendufe.
pequenas plantas que vivem nas pedras do muro, semelhantes ao arroz-dostelhados. Frente a nós, uma multidão de arbustos de flores amarelas emoldura o caminho.“São giestas!”, afirma um miúdo. Quase acerta: são codessos que florescem em pleno verão.
extremo do planalto, e é hora de almoçar sobre as mesas de pedra em redor. Abrem-se farnéis e logo se constata que poderíamos ficar aqui durante dois dias, dada a quantidade de comida que as crianças trazem nas mochilas… Após o piquenique, explora-se o local: espreita-se a capela singela e sobe-se ao varandimmiradouro, donde se avista o vale do rio Ave, o castelo da Póvoa de Lanhoso e os picos da serra do Gerês. “Onde fica Porto Campanhã?”, pergunta gravemente a miúda mais nova do grupo. Antes de continuarmos a caminhar, é ainda tempo de tirar uma foto de grupo, que documentará o dia em que algumas destas crianças fizeram pela primeira vez um percurso no campo.
Um pouco mais tarde. O grupo percorre o planalto e parece ter encontrado força nova para caminhar. Os mais pequenos são os mais determinados, avançando na dianteira. Subimos um outeiro, onde uma brisa mais fresca antecipa uma paisagem subitamente aberta: montes e vales desdobram-se perante nós até ao horizonte. Apetece ficar aqui a fruir o silêncio e a olhar apenas. Descemos o outeiro e prosseguimos a caminhada, agora em terreno mais suave e com mais sombras. Cerca do meio-dia e meia hora. Atingimos a capela de Santa Marinha, no
Cerca das 14 horas. Os adultos que acompanham o grupo têm de render-se à evidência: não há café próximo… Hoje, a cafeína
terá de esperar. A caminhada continua entre plantações de eucalipto, com passagem por
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TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR
trechos de mato em que o tojo e as silvas dificultam a passagem. Desta vez ninguém fica para trás e todo o grupo segue animado e a bom ritmo. Meia hora depois. Fecha-se o círculo do nosso percurso, no bosque de carvalhos e pinheiros onde havíamos estado de manhã. É o momento de descansar descontraidamente à sombra das árvores e de procurar paus, pinhas e outros objetos naturais que se convertem em espadas e espingardas nas mãos dos miúdos. “E isto, o que é?”, pergunta uma miúda que encontrou um bugalho. Curiosa novidade! Abrimo-lo para ver se ainda contém um inseto ou o seu ovo. Todo o
grupo se dedica prontamente à colheita de bugalhos, juntando-os sobre um penedo e explorando meticulosamente o interior de cada um. Antes de sairmos do bosque, demos ainda a devida atenção a dois penedos escavados junto ao solo, testemunho de uma necrópole rupestre da época medieval.
várias sensações que experimentaram. Uma das estagiárias que acompanha o grupo surpreendeu-se especialmente com a panorâmica sobre a paisagem envolvente. Ninguém reclama a falta de raposas e de lobos: na verdade, o calor do dia parece ter desencorajado as próprias aves…
Perto das 16 horas
17 horas.
O grupo regressa de camioneta a Guimarães, sob o calor sufocante da tarde. Faz-se um primeiro balanço da caminhada: “Eu não gostei de nada!”, afirma perentória uma das miúdas mais velhas. Outros miúdos e miúdas, porém, fazem um breve inventário das suas descobertas ao longo do percurso e das
Conclui-se a aventura deste dia, no fresco interior do Centro Cultural. Não sabemos ao certo o que irão os miúdos relatar aos seus pais sobre a experiência que hoje viveram. (Viríamos depois a saber que alguns dos miúdos acharam o percurso “maravilhoso”.) Será que contribuímos para abrir o horizonte das vivências destas
crianças da “back seat generation”? Será que despertámos a vontade de realizarem novos percursos fora da cidade? Oxalá que sim. Esse capítulo abre-se agora e está ainda por percorrer.
*AVE – Associação Vimaranense para a Ecologia
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Delfim Ferreira *
Soltou-se a criatividade, a imaginação e todos voámos nas asas do sonho. Acima de tudo soltaramse as amarras a que por vezes alguns "cultos" procuram prender os "ignaros" usando a "cultura" como arma de arremesso.
TRILHOS MARCAS QUE FICARAM E QUEREMOS PARTILHAR
Qual capital europeia da cultura? Franquear as portas de casa a uma comunidade e, à volta de uma lareira, de um vinho e petiscos, soltar a memória, colocar o cinto de segurança das emoções e fazer cultura no sentido etimológico do termo.
A atribuição a Guimarães da organização da "Capital Europeia da Cultura 2012", numa primeira fase traduziu-se em orgulho para os vimaranenses, numa segunda desenvolveu grandes expetativas e numa terceira começou a gerar apreensões por falta de ligação com a comunidade. A viragem produzida com o slogan e ação do movimento "eu faço parte", com serenidade, mas também lucidez, começou a propiciar uma identificação progressiva da cidade com o seu evento e disso foi bem exemplo a cerimónia de abertura a 21 de Janeiro. De facto, não só a produção mas os conteúdos que preencheram o 21 de Janeiro, ao recusarem a ostentação fácil mas colocando a qualidade e a elevação no posto de comando, contribuíram para acréscimo da nossa auto estima e, de algum modo, Portugal e os portugueses reviram-se em Guimarães, também em termos de dignidade e orgulho nacional. Mas... faltava alguma coisa.
Recordo que, no dia seguinte, alguns jornalistas da imprensa local, dirigiramse a Castelões (freguesia rural mais remota da sede do concelho) com o intuito de avaliarem o impacto da CEC nas freguesias não urbanas. Não poderiam ter sido mais bem recebidos – pelo Domingos do Café Caravela e sua esposa, que amiúde se queixam das elevadas taxas cobradas (seja pelo Governo ou
à volta de uma lareira, de um vinho e petiscos, soltar a memória, colocar o cinto de segurança das emoções e fazer cultura no sentido etimológico do termo. E assim foi. No dia 5 de Maio, com os animadores culturais e mais 30 e poucos aldeões lá fizemos a festa, onde não faltavam evidentemente a "Ti" Rosa, "Ti" Céu e mesmo o pároco da freguesia, entre outros e outras. Estivemos mesmo "em festa... Pá!!!". Soltou-se a criatividade, a imaginação e todos voámos nas asas do sonho. Acima de tudo soltaram-se as amarras a que por vezes alguns "cultos" procuram prender os "ignaros" usando a "cultura" como arma de arremesso. E não é que os dois Domingos (o Carriço e o do Café), talvez os mais incrédulos, eram dos mais animados a contar e recriar histórias, sempre animados pelos inexcedíveis José Craveiro e Cristina Taquelim. Tenho a certeza que nessa noite se fez história e a CEC deu o maior contributo cultural à nossa capital. Fez- se CULTURA em Castelões e ela foi e está a ser cimento de agregação na freguesia. Ao que consta, o Carriço agora também já é animador cultural. Mais que atores, estas gentes, do antes quebrar que torcer, foram autores, criadores. Libertaram o que de melhor há na ge-
nialidade da cultura popular. Sentiram-se verdadeiramente cultos no apelo às suas tradições, valores, referências, no registo de memória dos seus ancestrais. Já ia alta a noite e ninguém queria arredar, com as cantigas ao desafio e a garganta de rouxinol do Domingos, o do CARAVELA, claro, que tanto se havia insurgido, aos jornalistas, contra a CEC. As pessoas despediam-se com comoção "até amanhã" como se amanhã houvesse mais. E, de facto, tem havido sempre amanhã. A CEC entrou e permanece em Castelões. Afinal, nós também FAZEMOS PARTE. Algo de tão simples mas que realizou uma diferença tão significativa por intermédio do Xavier, da Lara, da Elisabete, da Cristina, do José, entre outros, que tiveram visão, que lideraram este projeto e que, acima de tudo, sabem do impacto agregador e integrador da cultura nas comunidades locais e de como também as torna mais solidárias. Passava já das duas da manhã quando toda esta boa gente regressou a Penates, navegaram no passado com a memória, é certo, mas ficaram com mais esperança para afrontar o futuro. A lua rendilhava nos ramos dos castanheiros e do velho freixo que teima em se manter em pé e dar testemunho de outros tempos. Pediram-me para abrir as portas de
pela autarquia) face ao parco negócio que exploram. Alguns fregueses, daqueles que só falam por intermédio do voto, ou nem isso, cedo ficaram ávidos de fazerem ouvir a sua voz e lá juntaram opinião. Qual quê! Qual capital europeia da cultura? Se aqui não chega água nem saneamento básico, porque raios, porque obra ou artes, haveria de chegar a cultura? Um dia, ao chegar a casa, sou interpelado pelo Carriço, outro Domingos que não o do café. Adiantava ele que uns "gajos" da CEC andavam em busca de uma casa com cozinha rústica, ao que tinha entendido, para contarem umas histórias, mas também não se coibiu de referir que como lhe tinha parecido ser gente boa, acabou por sugerir a minha casa. Compreendi que se tratava do projeto " Histórias (ou serão Estórias?) do Princípio do Mundo". Franquear as portas de casa a uma comunidade e
casa e, ao deitar, foi de facto de casas que me lembrei, as do Régio, claro... Mas não me contive sem antes reler o poema "Falemos de Casas" de Herberto Hélder e... claro... continuemos. "... Falemos de casas como quem fala da sua alma" Bem Hajam!!!
*casa acolhedora de Histórias do Princípio do Mundo
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NA LURA ESPAÇO DE TODOS PARA TODOS
Uma fracção de segundo Camila Caetano
O espectáculo terminara e Natacha e o restante público aplaudiam. Os artistas que no palco recebiam as palmas, fizeram uma vénia e saíram…uma vez, e outra ainda, até que não voltaram. E o palco ficou vazio e escuro. As luzes da plateia tornaram-se mais intensas e as cadeiras começaram a fazer-se ouvir, à medida que as pessoas se levantavam e o acento batia nas costas. Era altura de sair. Por entre a valsa das cadeiras, Natacha ouve um pequeno miado vindo do palco vazio e escuro. Sai do seu lugar e avança na direção do som…sim, é um pequeno gato e está no palco, ela ouve-o cada vez mais claramente, só não o vê. Nesta altura, Natacha ainda não reparou, mas está absolutamente sozinha no teatro. Já todos se foram embora. Mas só lhe interessa salvar o gato que parece aflito e por isso avança, avança na direcção do palco, onde imagina estar o gato. Aproxima-se dos grandes panos pretos; são negras pernas
que vão desde o chão do palco até…às estrelas?! O gato só pode estar ali. Na procura, Natacha bate numa perna sem querer e a perna agita-se suavemente e ladra-lhe baixinho. Natacha surpreendese e ri. O riso não cai bem às restantes pernas que, qual matilha, se insurgem contra Natacha, agitam-se e ladram-lhe ferozmente. Natacha assusta-se, quer sair do palco, voltar ao porto seguro da plateia. De repente apercebe-se que o fosso de orquestra está a subir e, a bordo, um urso polar. Estarrecida, é como fica a rapariga. Com a presença do urso, a matilha de pernas abranda e extingue finalmente o queixume. O fosso da orquestra sobe até à altura do palco e pára com um som seco. O urso avança sem a olhar. Parece não dar pela sua presença. Cada passada sua é pesada e ecoa na pele de Natacha. O urso atravessa o palco e dirige-se a bastidores. Ela quer segui-lo, mas teme um novo ataque da matilha de pernas.
várias ao mesmo tempo e chove em todo o lado. À chuva junta-se o vento e o cesto é agora uma folha de outono, sem peso, à deriva. Entre um clarão e um trovão, Natacha desequilibra-se, é projectada para fora do cesto e cai, cai, cai como se se chamasse Alice. Cai nas estações do ano, no mar e no deserto, cai ao longo dos tempos, cai…e não se magoa porque uma gigante almofada de nevoeiro a segura antes de bater no chão. Boiando no mar branco que cheira a livros, Natacha acalma o coração enquanto uma melodia inaudita lhe sorri aos ouvidos. Os olhos fecham-se nesse embalo… De súbito, uma mão no seu ombro. - Natacha, vamos? O pai… ela… e as pessoas que começam a sair da plateia…
Aceitam-se Colaborações, Sugestões, Ideias e Outras Coisas… para publicação neste Jornal servicoeducativo@aoficina.pt
Dividida entre o receio e a curiosidade, Natacha dá a mão ao próprio medo e atravessa o palco, passando pelas pernas que, estranhamente, não se manifestam. Chega à zona de bastidores e…não há urso algum, desapareceu. Brilhando no escuro de bastidores, um cesto suspenso. Parece convidá-la a entrar e Natacha cede à vontade. Mete-se dentro do cesto e uma inspiração que lhe infla o peito faz o cesto subir lentamente… Na suave ascensão, Natacha deslumbra-se com engrenagens estranhas, com cordas que parecem de marinheiro e motores que entoam a música dos estalidos. Numa estranha árvore negra e recta, negras aves abrem a boca e chilreiam luz. Algumas agitam-se e a dança luminosa e leve de um pôr-do-sol faz sorrir a rapariga. Então, de repente, tudo pára. Tudo, até o cesto e, por momentos, também o coração de Natacha. O pôr-do-sol dá lugar à estranha luz que antecede uma tempestade. Uma gota, duas gotas, outras,
(texto escrito segundo Antigo Acordo Ortográfico)
MAPA DE BOLSO A nossa agenda do trimestre
VISITAS
ESPETÁCULOS
Visitas Orientadas • Maiores de 6 anos
Teatro 17 de outubro • 15h00 18 e 19 de outubro • 10h00 e 15h00 20 de outubro • 11h00 e 16h00 • 6 aos 10 anos
Todo o ano
Visitas Orientadas ao CCVF + Visitas Orientadas Até 09 de dezembro • Maiores de 4 anos
LABORATÓRIOS DE CRIAÇÃO E FORMAÇÃO PARA JOVENS
Catabrisa ** Joana Providência, Gémeo Luís & Eugénio Roda Teatro/Conferência 02 de novembro • 10h00 e 15h00 03 de novembro • 11h00 e 16h00 • Maiores de 10 anos
Archigram – A beleza, Experimental pequena Architecture conferência ** 1961-1974+ Maria Duarte, João Rodrigues e Gonçalo Ferreira de Almeida Edifícios e Vestígios+ Entretecer ** Pé de Pano Reakt – Olhares e Processos+ Barriga da Baleia ** Para Além António Jorge Gonçalves e Ana Brandão + da História Dança/Teatro 21 de novembro • 10h00 e 22h00 • Maiores de 8 anos
Até 16 de dezembro
Teatro 06 e 07 de dezembro • 10h00 e 15h00 08 de dezembro • 11h e 16h • 3 aos 5 anos
Até 31 de dezembro
Construção e Criação Musical 03 a 04 de novembro • 11h00 - 13h00 e 14h30 - 18h30 • 14 a 18 anos
Reciclar/ Improvisar * Gustavo Costa
OFICINAS PARA ADULTOS Oficinas para educadores 06 outubro • Ninho de Objetos 27 de outubro • Ninho de Corpo
Ninhos partilhados * Ana Luísa Azevedo e Teresa Prima Oficinas Até junho de 2013
OFICINAS OFICINAS PARA CRIANÇAS E JOVENS Objetos e Corpo 07 de outubro • Ninho de Objetos 28 de outubro • Ninho de Corpo • 10h00 • 1 aos 3 anos • 11h30 • 3 aos 5 anos
Ninhos ** Ana Luísa Azevedo e Teresa Prima Oficinas de artes 17 a 21 de dezembro • 09h00 - 18h00 • 6 aos 10 anos
Natal feito com as mãos + Oficinas de artes Até de março de 2013 • 6 aos 14 anos
Arquivos +
Corpo comum + Vários artistas Formação 03 e 04 de novembro • Bloco I 08 e 09 de dezembro • Bloco II • Maiores de 15 anos
Caminhos do olhar + Magda Henriques Seminários 23 a 25 de novembro
Artes e Comunidades Continuidade e rutura + Augusto M. Seabra, Luís Costa e Marcelo Evelin
Projeto de pesquisa e criação
Preços + * **
Reservas para espetáculos
consultar condições específicas Tlf 253 424 700 / Fax 253 424 710 bilheteira@ccvf.pt em www.ccvf.pt € 5,00 € 2,00 Informações e reservas para outras atividades Tlf 253 424 700 servicoeducativo@aoficina.pt ou servico. educativo@guimaraes2012.pt
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