UM COWORKING PÚBLICO NA CIDADE DE MARÍLIA
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
VOL. 1 / Nº 1 ISSN 2020-001 CDD 720
Revista TFG - Arquitetura e Urbanismo (recurso eletrônico) / Núcleo Docente Estruturante de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de Marília, Vol. 1, nº 1 (nov. /dez. 2020) Marília: UNIMAR, 2020. TRIMESTRAL Endereço Eletrônico: https://oficial.unimar.br/cursos/arquitetura-e-urbanismo/ ISSN 2020-001 versão eletrônica 1. Coworking público 2. Espaço de escritórios compartilhados 3. Arquitetura corporativa CDD - 720
REVISTA TFG - ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE DE MARÍLIA ARQUITETURA E URBANISMO
ISSN 2020 - 001 REVISTA TFG
VOL. 1
CDD - 720 NOV./DEZ. 2020
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA Reitor MÁRCIO MESQUITA SERVA
Vice-Reitora REGINA LÚCIA OTTAIANO LOSASSO SERVA
Pró-Reitora de Pós-Graduação FERNANDA MESQUITA SERVA
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Pró-Reitora de Ação Comunitária FERNANDA MESQUITA SERVA
Curso de Arquitetura e Urbanismo FERNANDO NETTO
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA NDE – NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE
Ms. FERNANDO NETTO - Coordenador
Dr. IRAJÁ GOUVEA - Docente
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NÚCLEO INTEGRADO DE PESQUISA E EXTENSÃO – NIPEX DRI
Dra. WALKIRIA MARTINEZ HEINRICH FERRER – Coordenação
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COMISSÃO EDITORIAL – REVISTA TFG
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COORDENAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO
Prof. Ms. FERNANDO NETTO
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília
DR.ª SONIA CRISTINA BOCARDI DE MORAES Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília
MS. FERNANDO NETTO Coordenador e docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Marília
PROFESSORES DO CURSO
DR.ª SONIA MORAES
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DOCENTES DA TURMA QUE NÃO ATUAM MAIS NO CURSO: Léia, Renan, Ishii, Patrícia, Gustavo, Armando e Osmar.
ESP. MARCEL
PETRUCCELLI
LO SALMON
MS. WALNYCE O. SCALISE
MS. WILTON F. C. AUGUSTO
ESP. LUIZ FERNANDO GENTILE
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ARQUITETOS CONVIDADOS - BANCAS 2020
DORIVAL LOPES JR.
CRISTINA BONDEZAN
VALDEMIR PIMENTEL
LARISSA BRITO
MARCOS PAULO PINTO
ÉRICO CABRAL
ROBSON RODA
CARLA ANDRADE
LUIS SERGIO AZEVEDO
MARY MOTTA
CAROL ALTIZANI
RICARDO SALOMÃO
REGINA VILELA NUNES
DÉBORA YOSHIDA
RAFAEL RODRIGUES
GABRIELA MARTINHÃO
CAMILA NEGRÃO
CAROLINA ZEQUINI
JOÃO PAULO SOARES
VANESSA NEGRÃO
ANA C. PADILHA
LAURO ZANINE
JOICE MIYASAKI
PATRICIA PAIXÃO
13 RESUMO 14 ABSTRACT 16 INTRODUÇÃO 20 A EVOLUÇÃO DOS ESCRITÓRIOS 23 O SURGIMENTO E A IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS DE COWORKING 27 WORKTIBA O PRIMEIRO COWORKING PÚBLICO DO BRASIL 30 LEGISLAÇÃO 32 PROJETOS CORRELATOS 34 COWORKING MANIFESTO 41 CENTRO COWORKINO NAGATINO 2.0 45 COWORKING SECOND HOME 53 ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO 55 TERRENO 1 56 TERRENO 2 57 TERRENO 3 64 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO 67 ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA 70 PARTIDO ARQUITETÔNICO 71 NEXO COWORKING 89 CONSIDERAÇÕES FINAIS 91 REFERÊNCIAS
RESUMO Coworking é o nome dado aos espaços de escritórios compartilhados que surgiram no século XXI, com o intuito de reunir diversas empresas em um mesmo local a fim de se cortar despesas provenientes de um escritório próprio. Esse tipo de espaço, geralmente, é utilizado por microempreendedores, trabalhadores autônomos, startups, freelancers e pequenas empresas. Tendo em vista que o município de Marília vem obtendo crescimentos no número de MEIs, o objetivo deste trabalho é propor um coworking público na cidade, com o intuito de oferecer aos novos microempreendedores um local para se trabalhar. A elaboração da proposta se deu através do estudo da evolução histórica dos escritórios, o surgimento dos coworkings, legislações pertinentes, leitura de projetos correlatos e análise das pesquisas do Censo Coworking Brasil 2018 e 2019. Além disso, foram analisados três terrenos do município de Marília, onde um deles foi selecionado para receber o coworking. O terreno selecionado está localizado próximo a Prefeitura Municipal, no centro da cidade, características que favoreceram a seleção do espaço. Com o terreno selecionado, consultou-se o Código de Obras e a Lei de Zoneamento e Uso de Solo de Marília, a fim de viabilizar o desenvolvimento do programa de necessidade e prédimensionamento. Feito isso, desenvolveu-se o organograma e fluxograma, esquemas utilizados para organizar os fluxos e relações entre os espaços que compõem o projeto. O partido arquitetônico se baseou nos conceitos de networking, priorizando, desta forma, os espaços de convívio. Palavras-chave: Coworking público. Espaço de escritórios compartilhados. Arquitetura corporativa.
ABSTRACT Coworking is the name given to the shared office spaces that emerged in the 21st century, with the aim of bringing together several companies in the same place in order to cut expenses coming from an own office. This type of space is generally used by microentrepreneurs, self-employed workers, startups, freelancers and small companies. Bearing in mind that the municipality of MarĂlia has been growing in the number of individual microentrepreneurs, the objective of this work is to propose a public coworking in the city, in order to offer new microentrepreneurs a place to work. The proposal was elaborated through the study of the historical evolution of the offices, the appearance of coworkings, pertinent legislation, reading of related projects and analysis of the researches of the Census Coworking Brazil 2018 and 2019. In addition, three lands of the municipality of MarĂlia were analyzed, where one of them was selected to receive coworking. The selected land is located near the City Hall, in the city center, characteristics that favored the selection of the space. With the land selected, the Construction Code and the MarĂlia Land Zoning and Use Law were consulted, in order to enable the development of the need and pre dimensioning program. That done, the organization chart and flow chart were developed, schemes used to organize the flows and relationships between the spaces that make up the project. The architectural party was based on the concepts of networking, thus prioritizing social spaces. Keywords: Public coworking. Shared office space. Corporate architecture.
POR QUÊ? PARA QUÊ? PARA QUEM?
INTRODUÇÃO O microempreendedor ou trabalhador autônomo podem ser o início de uma grande empresa, e oferecer apoio a eles pode contribuir ainda mais com essa concretização. Com a surgimento de novas empresas, consequentemente, surgem também novos postos de trabalho. Abrir um negócio, geralmente, requer investimentos iniciais, como, por exemplo, realizar a compra ou aluguel de um espaço para se trabalhar, sendo esse, na maioria dos casos, um dos investimentos mais altos, o que pode ser um inconveniente para o microempreendedor. Além disso, o empreendedorismo na cidade de Marília-SP é um tópico que se vê em destaque nos últimos anos, já que o número de abertura de microempresas está em constante crescimento. Portanto, o trabalho desenvolvido objetiva a criação de um espaço de coworking público na cidade de Marília, para oferecer um local de trabalho para àqueles que têm um pequeno negócio e não possuem condições de manter um espaço físico próprio, tendo em vista que o empreendimento incentivará a abertura de novas MEIs e consolidará as já existentes, o que, a longo prazo, contribuirá com o desenvolvimento econômico do município, gerando novos negócios e postos de trabalho.
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“Nexo” significa vínculo, ligação e conexão. Sendo assim, o espaço receberá o nome de Nexo Coworking, em virtude de seu partido arquitetônico, que tem como objetivo oferecer áreas de convivência agradáveis, que estimulem a reunião de pessoas e, consequentemente, a formação de uma rede de contatos – o networking. O Nexo Coworking terá 73 estações de trabalho que poderão ser ocupadas de duas formas: 1) 50 estações de trabalho serão ofertadas em edital público, através de critérios definidos pela Prefeitura Municipal de Marília, onde os empreendedores selecionados poderão usufruir o espaço por 6 meses. Excedendo esse prazo, ciclicamente, as estações serão ocupadas por novos empreendedores, por meio de processos seletivos. 2) 23 estações de trabalho serão abertas à comunidade e funcionarão por agenda, onde empreendedores e universitários poderão agendar a utilização de uma estação de trabalho na recepção do coworking. As estações de trabalho dessa modalidade não poderão ser agendadas por um período maior que 9 horas, e nem por mais que 3 dias consecutivos, para garantir que diferentes pessoas consigam usufruir o espaço.
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REFERENCIAL TEÓRICO
A evolução dos escritórios De acordo com Rémy Cagnol (2013), os primeiros escritórios surgiram em mosteiros europeus, na Idade Média, sendo utilizados pelos monges para a produção intelectual da época. Inicialmente chamados de Scriptorium, eram dedicados à escrita e reprodução de manuscritos por escribas monásticos. Nesse período histórico, todo conhecimento era detido pela igreja. Foi a partir do renascimento do século XIII que a produção intelectual foi atribuída à ciência e ao comércio, quando o lucro não era mais considerado imoral e quando surgiu os primeiros registros de empreendedorismo. Nessa época, os escritórios começaram a ser usados para a contabilidade e elaboração de contratos, vindo mais tarde a ser utilizado para a engenharia e criação artística. Entre os séculos XVII e XVIII, a demanda das atividades administrativas aumentaram acentuadamente, devido a centralização dos estados na Europa. (CAGNOL, 2013) O Pálacio Uffizi é um marco histórico da época. O edifício foi projetado por Giorgio Vasari, em Florença, a pedido de Cosimo I de Medici, para atividades administrativas e judiciais. (SILVA, 2012) Nesta época, o arquivamento de informações ainda era importante para o comércio, mas o escritório também passou a ser utilizado por intelectuais e artistas que, por sua vez, se isolavam em escritórios independentes. (CAGNOL, 2013) Nos Estados Unidos, no final do século XIX, com a criação do modelo de administração desenvolvido por Frederick Taylor, o Taylorismo, escritórios comerciais, companhias de seguros e agências governamentais passaram a ser projetados com grandes pátios, onde os funcionários organizavam-se em linha de produção e todo o trabalho era produzido de forma estrita, racional e funcional, enquanto os supervisores se alocavam em mezaninos, para que pudessem supervisionar o trabalho dos empregados. A arquitetura do espaço de trabalho expressava fortemente o nível hierárquico dos trabalhadores. Essa organização hierárquica perdurará até a década de 1960. (CAGNOL, 2013)
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Com o intuito de promover maior interação entre os funcionários, em 1950, as empresas passaram a dispor os trabalhadores em grandes espaços abertos, reduzindo as segregações hierárquicas. Mas, com o tempo, desconforto acústico e falta de privacidade passam a se tornar reclamações frequentes o que, na década de 60, dará origem aos “cubículos”, definição dada às mesas com divisórias de 1,80 metros de altura. (RYDLEWSKI; PASTORE; BIGARELLI, 2019) Foi também a partir dos anos 50 que o modelo modernista começa a ser questionado e arquitetos e designers passam a se preocupar com interior dos edifícios e o layout da área de trabalho, já que esses interferem diretamente na produtividade. Até então, sentar-se confortavelmente era considerado como preguiça. Além disso, as cadeiras representavam status na empresa, de modo que durante décadas, homens e mulheres tiveram cadeiras diferentes. (CAGNOL, 2013) Em 1970, a ergonomia é introduzida nos espaços de trabalho, quando Henry Dreyfuss e Niels Diffrient publicam, respectivamente, “Human Scale” e “Measure of a Man”, dois trabalhos voltados a ergonomia para designers, que reúnem pesquisas de diferentes campos, como medicina e psicologia. Inspirados nesses trabalhos, arquitetos começam a construir ambientes de trabalho focados nas necessidades ergonômicas dos trabalhadores, a fim de garantir maior produtividade. (CAGNOL, 2013) A partir dos anos 2000, com a grande expansão das TICs – tecnologias da informação e comunicação – as empresas começam a projetar espaços de trabalho informais e agradáveis, com o intuito de estimular a criatividade e inovação na nova geração de trabalhadores. Espaços abertos, sofás, pufes e até mesmo parques ou vegetações passam a fazer passam a fazer parte dos escritórios. A segregação hierárquica do século passado é banida dos espaços de trabalho e a interação entre os funcionários, independentemente da posição, começa a ser incentivada. Pouco mais tarde, a evolução tecnológica somada à pluralidade dos espaços e incentivo à criatividade e inovação, resultará a uma nova modalidade de trabalho: o trabalho à distância. (CAGNOL, 2013) 21
O surgimento e a importância dos espaços de coworking Segundo Swantje Robelski et.al. (2019), o desenvolvimento tecnológico das últimas décadas tem afetado diretamente na maneira de trabalhar. O avanço das tecnologias da informação possibilitou que os trabalhos saíssem dos escritórios e se tornassem temporal e espacialmente flexíveis – a qualquer hora e em qualquer lugar –, o que deu origem aos trabalhos remotos – ou teletrabalhos e trabalhos a distância. Uma das primeiras modalidades originadas do surgimento dos trabalhos remotos foi o home office. Nesta modalidade, o trabalhador executa suas atividades em domicílio, 23
através de equipamentos providos de tecnologia da informação. O inconveniente desse regime surge quando se percebe que o home office isola o trabalhador de suas interações sociais, uma vez que o submete a trabalhar dentro de casa, na maioria das vezes, em período integral. Há também profissionais que não conseguem separar as atividades do trabalho das tarefas pessoais, e outros que necessitam fazer reuniões presenciais com clientes e demais membros da empresa, mas não possuem um local apropriado dentro de casa para realizá-las. Com isso, como uma alternativa ao home office, surgem novos conceitos para
os trabalhos remotos: os espaços de coworking. (ROBELSKI; et.al., 2019) Os coworkings são espaços de escritórios compartilhados, onde os coworkers – usuários do espaço de coworking – compartilham entre si todos os recursos básicos para se trabalhar, tais como mesas, computadores, impressoras, internet, salas de reuniões, entre outros. Esse modelo de espaço surgiu da necessidade de eliminar o isolamento social provocado pelo home office e para se cortar custos provenientes de escritórios próprios, ou até mesmo do aluguel de salas comerciais. Geralmente, os coworkings são utilizados por
profissionais ligados às áreas inventivas, como Publicidade e Propaganda, Design Gráfico, Design de Moda, Arquitetura etc. Além dessas, freelancers, startups e pequenos empreendedores de outras áreas também frequentam esse tipo de espaço. (CRIVELARO; et.al., 2018) O Censo Coworking Brasil 2019 revela que 53% dos coworkers permanecem nestes espaços entre 3 a 12 meses, e que 74% das empresas que frequentam os coworkings possuem de 1 até 6 pessoas. (COWORKING BRASIL, 2020) A empresa Diálogo Logística é um exemplo das que se enquadram nesse grupo. De acordo com uma entrevista realizada pela Revista HSM: 24
A empresa começou em um coworking em março de 2015. Os sócios optaram pelo espaço compartilhado pelos custos mais baixos e pelo ambiente de inovação e tecnologia. Mas, depois de ocuparem uma sala por cinco meses, a empresa cresceu além da capacidade do ambiente e tiveram que procurar um local próprio para poder receber fornecedores e clientes. [...] A empresa começou com dois funcionários no coworking e hoje, quatro anos depois, são mais de 100 colaboradores e um crescimento anual acima de 100%. (REVISTA HSM, 2019, acesso em 04 de mar. 2020)
Sendo assim, os coworkings surgiram para atender, a princípio, as pequenas empresas e microempreendedores, que muitas vezes não possuem condições financeiras para assumir os custos provenientes de um espaço físico próprio, por estarem iniciando no mercado de trabalho. É onde os coworkings assumem um papel importante no desenvolvimento econômico da região de onde estão inseridos, já que ele pode ser a base para transformar microempresas em grandes negócios. 26
WORKTIBA O PRIMEIRO COWORKING PÚBLICO DO BRASIL Fundado em março de 2017, em Curitiba, o Worktiba foi o primeiro espaço de coworking público no Brasil. O projeto foi uma iniciativa da prefeitura da cidade vinculado ao Programa Viva Curitiba Tecnológica. “De acordo com a prefeitura de Curitiba, o projeto saiu do papel com custo zero, uma vez que o local já existia e apenas foi adaptado para as necessidades de um local de trabalho.” (MALLMANN, 2018) O coworking é voltado a todas as empresas que tenham projetos relacionados a responsabilidade social, 27
tendo 40 estações de trabalho que são ofertadas por meio de edital público. As despesas do espaço são custeadas pela cidade e que não exige, necessariamente, que os participantes realizem serviços para que possam utilizar o coworking. (WORKTIBA, 2020) Com 225 metros quadrados, além das 40 estações de trabalho, o Worktiba oferece 5 computadores fixos, biblioteca, auditório, espaço de reunião, acesso livre à internet, acessibilidade para pessoas com deficiência e estacionamento gratuito. (WORKTIBA, 2020)
A startup Mundo Adaptado surgiu das dificuldades que Carla Delponte, proprietária da startup e coworker do Worktiba, enfrentou para encontrar informações, serviços e produtos para seu filho, que nasceu com prematura extrema de 5 meses e possui paralisia cerebral. Diante dessas dificuldades, Carla criou uma plataforma colaborativa para pais e profissionais da saúde se ajudarem e, em paralelo, desenvolveu um Marketplace que reúne em uma única plataforma produtos de diferentes fornecedores voltados a crianças deficientes.
Carla ressalta ainda que, inicialmente, acreditava não ter condições para realizar o projeto, mas conseguiu devido ao apoio proporcionado pelo espaço Worktiba e por outros coworkers. (WORKTIBA, 2020) Portanto, conclui-se que incentivar os pequenos empreendedores pode não só beneficiar a economia, mas também a expansão e criação de novos serviços que ainda não são tão difundidos no mercado, o que, por fim, beneficia toda uma coletividade. 28
Legislação O Código de Obras e Edificações do Município de Marília (Lei Complementar nº 42, de 28 de setembro de 1992) e a Lei de Zoneamento e Uso do Solo (Lei nº 4455, de 18 de junho de 1998) são instrumentos que normatizam os critérios relacionados à construção civil e ordena a expansão da cidade de Marília. O Coworking será orientado, a princípio, pelas Seção IV – das edificações públicas – (1998, p.12) do Capítulo III do Código de Obras e Edificações do Município de Marília, que descreve: Art. 69 - Toda edificação destinada ao uso do serviço público, deverá obedecer as disposições contidas nesse código, especialmente as dos artigos 45, 46 e 54, além das normas federais e estaduais relativas a matéria. (MARÍLIA, 1992, p.25) A Tabela V (1992, p.55) do Código de Obras e Edificações do Município de Marília, que se refere a edificações comerciais e serviços, também normatizará o projeto arquitetônico do Coworking, tratando-se das dimensões, ventilação e iluminação mínimas. Também levar-se-á em consideração recomendações da ABNT NBR 9050, que:
as
Visa proporcionar a utilização de maneira autônoma, independente e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção. (NBR 9050, 2015, p.1) 30
Coworking Manifesto O Coworking Manifesto é um espaço de escritórios compartilhados de 400,00m² construído em 2017 no Comércio Local Norte 206, na quadra SQN 206, em Brasília. (ARCHDAILY, 2018) O projeto é de autoria do Studio VRM, escritório de engenharia e arquitetura fundado por Rafael Motta – Engenheiro Civil – e Victor Milani – Arquiteto e Urbanista –, em 2016. (STUDIO VRM, 2020)
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3
O Coworking Manifesto dispõem de recepção (1), cafeteria (2), salas de reunião (3), estações de trabalho (4), auditório (5), área de lazer contendo uma mesa de bilhar e uma sala de TV (6) integrada a copa (7) e sanitários (8).
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O Comércio Local Norte 206 é um centro comercial localizado na Quadra SQN 206, onde o Coworking Manifesto está situado. Projetadas pela arquiteta Doramélia da Motta entre 1971 e 1976 – quando Doramélia ainda era estudante de arquitetura na Universidade de Brasília –, as Quadras SQN 205 e 206 dispõem as entradas das lojas de frente para as áreas residenciais e concentra 37
toda área de serviços, carga e descarga dos edifícios comerciais em uma única rua. (RACANICCI, 2016) Por pertencer a um edifício comercial, a fachada recebe os mesmos elementos estéticos do prédio: simetria, entrada principal ao centro de quatro janelas com arcos e pintura na cor bege claro.
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Com isso, concluímos que o projeto se mostra compacto, oferecendo em 400,00m² toda estrutura necessária para se trabalhar. Os materiais e paleta de cores empregados trazem a formalidade de um ambiente corporativo. Contudo, pode-se considerar como um ponto
negativo a ausência de áreas externas, tendo em vista que o coworking está inserido em um centro comercial. A presença de ambientes externos e áreas verdes poderiam valorizar o projeto, proporcionando-o informalidade e dispondo de mais opções de espaço para lazer ou até mesmo trabalhar.
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Centro Coworking Nagatino 2.0 Concebido no nível superior de uma antiga fábrica de móveis, o Centro Coworking Nagatino 2.0 – também nomeado de Coworking Free Swimming – possui 748,00m², sendo 603,00m² no primeiro pavimento e 145,00m² distribuído entre seus 4 mezaninos. O coworking foi projetado pelo escritório Ruslan Aydarov Architecture Studio no ano de 2013 em Moscou. (ARCHDAILY, 2014) 41
Ruslan Aydarov Architecture Studio é um escritório de arquitetura russo fundado em 2006 por Ruslan Aydarov e Anna Timofeeva. Atualmente, de acordo com seu portifólio, a especialidade do Ruslan Aydarov Architecture Studio é em Arquitetura de Interiores. (ARB PROJECT, 2020)
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1
PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO
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PLANTA BAIXA PAVIMENTO SUPERIOR
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A estrutura do Coworking Free Swimming inclui recepção (1), cafeteria (2), áreas de lazer (3), auditório (4), 100 estações de trabalho (5), uma minipousada com 5 camas (6), sala para crianças (7) e sanitários (8), conforme as plantas baixas. (ARCHDAILY, 2014) Concluindo, o coworking traz dois ambientes diferenciados que são a mini-pousada e a sala para crianças, permitindo que os coworkers possam repousar e trazer seus filhos no ambiente de trabalho, podendo
assim permanecer por mais tempo no coworking quando necessário. O visual interno do Coworking Free Swimming mistura elementos industriais, como as estruturas metálicas superiores aparentes e as chapas de OSB utilizadas como revestimento em algumas paredes, com elementos contemporâneos, como as cores branco e cinza, presentes na maioria dos mobiliários, com a cor laranja em poucos pontos, como em alguns sofás e nos assentos de algumas cadeiras, quebrando a neutralidade do ambiente. 44
Coworking Second Home O Second Home é um coworking construído no ano de 2014 em Londres, na região de Spitafields, no bairro de East End. Projetado pelo escritório Selgascano, o coworking possui espaço para abrigar cerca de 30 empresas. É possível alugar desde uma estação de trabalho individual até um espaço que comporta 75 pessoas. (ARCHDAILY, 2015) Selgascano é um escritório de arquitetura espanhol, fundado pelos arquitetos Josè Salgas e Lucía Cano, em 1998. A dupla já foi contemplada com o Prêmio de arte Kunstpreis e o Akademie der Kunste, e foi nomeada como “Arquitetos do Ano” pelo Conselho Alemão de Design. Possuem projetos nacionais e internacionais, sendo alguns deles a Silicon House, em Madrid, o Centro de Congressos e o Congressos El ‘B’ Cartagena, em Cartagena e o Second Home, coworking abordado neste capítulo. (VIVADECORA, 2018)
O coworking Second Home possui uma arquitetura muito singular, se comparado aos outros dois coworkings analisados. Nele, é empregado cores quentes, tais como o amarelo e laranja, e divisórias transparentes, que auxiliam no conforto acústico pela forma curva em que foram aplicadas. Embora não possua ambientes externos, o projeto traz a presença de vegetação em diversos pontos. (ARCHDAILY, 2015) 47
É composto por uma recepção (1), uma grande cafeteria com área de mesas que se projeta para fora da edificação numa espécie de túnel (2), sala de reunião com mesa automatizada em U, sendo possível projetála para o teto para flexibilizar o espaço (3), salas com divisórias transparentes (4) e área de lazer (5), de acordo com sua isometria.
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Suas cores predominantes podem ser um ponto bastante positivo, já que, segundo Marie Louise Lacy (1996), o laranja estimula a conversação, vitalidade, afetividade e criatividade, mas também pode ser excessivamente forte para algumas pessoas e estimular a curta permanência no espaço, e o amarelo é capaz de abrir a mente e estimulá-la para novas
ideias. Desta forma, observa-se que as cores foram corretamente aplicadas nos ambientes do coworking, já que o laranja foi utilizado somente na cafeteria, local em que, geralmente, as pessoas se reúnem rapidamente para um lanche e uma conversa, enquanto o amarelo foi aplicado em todos os espaços de escritório, ambiente em que o estímulo das ideias se faz necessário. 50
Portanto, conclui-se que o principal diferencial do coworking Second Home é nitidamente sua arquitetura, que se revela através das formas curvas e cores vivas, trazendo modernidade ao espaço. As linhas orgânicas quebram a formalidade de um escritório e exercem um papel importante na integração dos espaços. 51
Estudo de implantação
O Nexo Coworking será concebido no município de Marília, cidade localizada no estado de São Paulo, a 443 km da capital. Marília é conhecida como a Capital Nacional do Alimento, por possuir cerca de 1100 empresas do setor alimentício (PREFEITURA DE MARÍLIA, 2020), mas também vem se destacando pelo crescente aumento de microempreendedores individuais, como constatado nos dados levantados pelo Governo Federal e Portal do Empreendedor. (MARÍLIA NOTÍCIA, 2019)
13464 12355 10269
6175
5974
2014
2015
nº de microempreendedores
8058
4868 3615 2167 1057 119 2009
2010
2011
2012
2013
2016
2017
2018
2019
Terreno 1 O primeiro terreno – destacado na figura acima – para se propor a implantação do coworking está localizado na Rua Álvares Cabral, entre a Rua Benjamin Constant e Avenida Tiradentes. Possui aproximadamente 510,00m², com 17,00m de frente e 30,00m de lateral. (GOOGLE MAPS, 2020) A princípio, o ponto positivo levantado nesta área foi devido a sua proximidade do centro da cidade, restaurantes, supermercado e do terminal urbano de Marília. O ponto negativo é que o terreno está localizado em uma via com grande fluxo de veículos e somente uma faixa de 55
tráfego. Desta forma, mesmo propondo um estacionamento próprio para o coworking, o acesso a garagem seria dificultado pelo trânsito, além de que o terreno em si não dispõe de uma boa área para receber um estacionamento.
Terreno 2 O segundo terreno – destacado na figura abaixo – está na Rua Aimorés, entre a Rua Coronel José Brás e a Rua Sete de Setembro. Tem 300,00m² de área, com 10,00m de frente e 30,00m de lateral, aproximadamente. (GOOGLE MAPS, 2020)
Após analisar o entorno do terreno 2, verificou-se que o local não era muito apropriado para abrigar um coworking, tendo em vista que a região possui uma variedade de serviços muito pequena, limitando-se a clínicas médicas e alguns restaurantes. Além disso, a região é majoritariamente residencial e um pouco afastada do centro da cidade.
Terreno 3
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O terceiro e escolhido terreno – destacado na figura acima – para a elaboração da proposta do coworking está situado na Avenida Sampaio Vidal, na quadra do lado direito da Prefeitura de Marília, entre a Rua Bandeirantes e Rua Álvares Cabral. De acordo com as informações levantadas via satélite no Google Earth (2020), o terreno possui aproximadamente 1022,00m², contando com 32,00m de frente e 32,00m de lateral.
O terreno possui ótimos pontos positivos para a concepção do projeto, tendo em vista que ele está próximo à Prefeitura Municipal de Marília, órgão responsável pela gestão do coworking, e de demais edifícios públicos, como o Museu de Paleontologia e o Teatro Municipal. Além disso, a área está dentro do centro da cidade, local em que abriga os mais variados serviços do município.
De acordo com perfil topográfico levantado através do Google Earth (2020), o terreno 3 possui uma declividade tênue, com apenas 4,68% de inclinação, resultando em 1,50m de desnível, aproximadamente.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
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Na Lei de Zoneamento e Uso de Solo de Marília, o terreno escolhido se enquadra na Zona Especial dos Corredores 3 (vias de apoio) – ZEC 3 –, onde o uso C-3 – Conjunto de lojas e escritórios de até dois pavimentos destinados ao uso comercial (C-1 e C-2) e/ou prestação de serviços (S-1 e S-2) – é tolerado. Desta forma, o coworking poderá ser edificado nessa área. Para empreendimentos classificados como C-3, nesta região, o recuo mínimo frontal é de 4,00m, a taxa de ocupação é de 80% e o coef iciente de aproveitamento é 3. Isso significa que a projeção da construção sobre o solo não pode exceder 817,60m², e as áreas úteis de todos os pavimentos devem se limitar a 3066,00m². LEGENDA ZC
ZEC 1
ZEC 3 60
PRO POS TA
PRO JE TUAL
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Programa de necessidades e prédimensionamento O programa de necessidades do Nexo Coworking foi elaborado com base no Censo Coworking Brasil 2018, que traz uma pesquisa onde revela o perfil do coworker brasileiro. Nessa pesquisa, os 600 coworkers entrevistados puderam avaliar quais os serviços mais importantes em um espaço de coworking. Dentre os itens mais bem avaliados, estão: 1. Sala de reuniões; 2. Espaço de convivência; 3. Copa/cozinha; 4. Área ao ar livre; 5. Estacionamento facilitado; 6. Armário privado.
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Com base na pesquisa, o programa de necessidades reuniu os ambientes nela considerados mais importantes com os demais espaços fundamentais de um coworking, observados através da análise de projetos correlatos.
SETOR
AMBIENTE ÁREA DE LAZER EXTERNA
CONVIVÊNCIA
ÁREA DE LAZER INTERNA CAFETERIA AUDITÓRIO ESPAÇO DE MESAS COMPARTILHADAS
ESTAÇÕES DE TRABALHO
MESA PRIVADA SALA DE REUNIÃO SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUAL SALA PRIVADA
ADMINISTRAÇÃO
RECEPÇÃO ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE SERVIÇO BICICLETÁRIO
SERVIÇO
COPA DEPÓSITO SANITÁRIO
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* Como o tamanho individual desses ambientes difere um pouco entre um e outro, foi considerado o tamanho médio para este campo.
QUANTIDADE
TAMANHO UNIT. (M²)
TAMANHO TOTAL (M²)
01
112,53
112,53
01
38,62
38,62
01
7,43
7,43
01
52,31
52,31
01
190,80
190,80
06
3,21*
19,31
03
12,70*
38,12
02
3,85*
7,70
03
9,79*
29,39
01
50,18
50,18
01
3,90
3,90
01
2,03
2,03
01
12,50
12,50
01
8,42
8,42
01
2,34
2,34
09
6,17*
55,56
TOTAL GERAL
631,14 66
Organograma e fluxograma Para estruturar os espaços e definir os fluxos, foi priorizado um dos principais objetivos de um coworking: o networking. Desta forma, dispôsse o setor de convivência no topo, tornando-o o principal ambiente, proporcionando e facilitando o encontro dos coworkers.
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Aos redores da área de convivência, foram dispostos os setores administrativos e as estações de trabalho. O setor de serviço foi colocado nas extremidades do projeto de modo com que somente desempenhassem o papel de suporte aos principais ambientes.
BICICLETÁRIO
ÁREA DE LAZER INTERNA
ÁREA DE LAZER EXTERNA
CAFETERIA
SANITÁRIO
RECEPÇÃO
COPA
AUDITÓRIO
MESA COMPARTILHADA
ÁREA DE SERVIÇO
ADMINISTRAÇÃO
SANITÁRIO
SANITÁRIO
SALA DE REUNIÃO
DEPÓSITO
SALA PRIVADA
MESA PRIVADA
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUAL
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Partido arquitetônico Networking, em sua tradução literal, significa trabalho em rede, e é o termo utilizado para nomear a rede de contatos do meio profissional. Construir uma rede de contatos é fundamental para o fortalecimento e expansão de um negócio. Em vista disso, o Nexo Coworking terá os espaços de convivência como protagonistas, tendo em vista que áreas de lazer atrativas estimulam a reunião de pessoas e, consequentemente, fortalecem o vínculo social e favorecem a troca de experiências e ideias.
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LOCALIZAÇÃO Marília é um município situado na região Centro-Oeste Paulista, cidade que abrigará o Nexo Coworking, já que atingiu, em 2019, o número 13464 MEIs, de acordo com os dados levantados pelo Governo Federal e Portal do Empreendedor. Em vista disso, faz-se necessária a instalação de um coworking público na cidade, afim de incentivar a abertura de novas microempresas e apoiar as já existentes.
dá acesso à vários locais importantes, como o Centro Comercial, Câmara Municipal, Espaço Cultural, Museu de Paleontologia, entre outros.
O Nexo Coworking será concebido em um lote de esquina, localizado no cruzamento da Rua Álvares Cabral com a Avenida Sampaio Vidal, uma das principais avenidas da cidade, já que ela
A face frontal do lote – voltada para Avenida Sampaio Vidal – está voltada para o Oeste, enquanto a face lateral direita – voltada para a Rua Álvares Cabral – está voltada para Sul.
O lote que receberá o coworking está situado em frente ao Museu de Paleontologia, e a uma quadra da Câmara Municipal, órgão responsável pela gestão do empreendimento, o que favoreceu a escolha do espaço.
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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IMPLANTAÇÃO O conforto térmico e lumínico do Nexo Coworking são itens que foram levados em consideração desde sua implantação. Sabendo que a lateral esquerda e a face frontal estão voltadas para o Norte e Oeste, respectivamente, nelas foram dispostos todos os ambientes de curta permanência, como estacionamento, bicicletário, banheiros, área de serviço, auditório, cafeteria e sala de reunião.
A lateral direita, voltada para o Sul, e face posterior, voltada para o Leste, abrigam os ambientes de longa permanência, sendo a área de lazer interna, a recepção, as mesas compartilhadas, copa e salas privadas. Desta forma, é possível, somente com a orientação dos espaços, garantir uma melhor eficiência energética e conforto ambiental do coworking.
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades do Nexo Coworking foi desenvolvido a partir da análise de pesquisas realizadas pelo Censo Coworking Brasil 2018, que levantou os ambientes mais procurados pelos brasileiros em um coworking, e através do estudo dos 3 projetos correlatos analisados neste artigo.
Com isso, o Nexo Coworking é composto por 1 estacionamento, 1 bicicletário, 1 cafeteria, 1 área de lazer externa, 1 área de lazer interna, 1 recepção, 1 auditório, 1 área de serviço, 9 sanitários, 73 mesas compartilhadas, 6 mesas privadas, 1 copa, 1 depósito de materiais, 3 salas de reunião, 2 salas de atendimento e 3 salas privadas.
IMPLANTAÇÃO DO
IMPLANTAÇÃO DO
DEFINIÇÃO
DEFINIÇÃO
EXTENSÃO DO
ESTACIONAMENTO
PAVIMENTO TÉRREO
DOS ACESSOS
DO MEZANINO
PÉ DIREITO
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
3/9
5
9
8 7
6 4 10
5 3 2
1
11
PLANTA BAIXA – TÉRREO 0
1m 2m
4m
6m
1 - Área de lazer externa 2 - Área de lazer interna 3 - Cafeteria
10m
4 - Recepção 5 - Sanitários 6 - Área de serviço
FACHADA FRONTAL
0
1m 2m
4m
7 - Auditório 8 - Mesas compartilhadas 9 - Copa
6m
10m
10 - Estacionamento 11 - Bicicletário
PLANTA BAIXA – TÉRREO O objetivo do Nexo Coworking é ser atrativo ao público, afim de estimular a reunião e interação de pessoas. Sendo assim, a fachada da Avenida Sampaio Vidal receberá a cafeteria, fortalecendo, desta forma, a importância da Avenida para com o Município. Além disso, a cafeteria exercerá um importante papel estético e funcional para o logradouro. A fachada da Rua Álvares Cabral dará acesso a recepção do coworking e seu uso será destinado aos coworkers, estudantes e visitantes. Embora a cafeteria e a recepção possuam acessos independentes, ambas se integram através da área de lazer interna, que é aberta ao público. Apesar do Nexo Coworking ser um espaço público, só se pode ter
acesso ao auditório e às estações de trabalho caso você seja um estudante ou coworker aprovado pelos critérios de utilização do espaço. Sendo assim, os demais espaços do coworking são restringidos pela recepção, através de uma catraca. Ao lado da catraca, há um painel em marcenaria com uma porta, utilizada para dar acesso ao auditório e às estações de trabalhos para pessoas portadoras de necessidades especiais. Ao passar pela catraca – ou pela porta em marcenaria – se pode acessar o elevador, o auditório ou o grande espaço de mesas compartilhadas. O espaço de mesas compartilhadas possui um pé direito duplo, que se integra ao pavimento superior, reforçando o conceito de networking do Nexo Coworking.
ÁREA DE
ÁREA RESTRITA A COWORKERS,
ACESSO PÚBLICO
ESTUDANTES E VISITANTES
FACHADA LATERAL DIREITA
0
1m 2m
4m
6m
10m
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4/9
5 12 13 8 13 14
14
14
14
14
13
17 16 15
14
15
17
17
PLANTA BAIXA – SUPERIOR 0
1m 2m
4m
6m
10m
5 - Sanitários 8 - Mesas compartilhadas 12 - Depósito
CORTE AA
0
1m 2m
13 - Sala de reunião 14 - Mesa privada 15 - Sala de atendimento
4m
6m
10m
16 - Administração do coworking 17 - Sala privada
PLANTA BAIXA – SUPERIOR No pavimento superior, foram colocados os ambientes que necessitam de maior concentração e privacidade, mas sem desintegrá-los do espaço de mesas compartilhadas. Por esse motivo, optou-se por dispô-los em um mezanino. O mezanino comporta a sala de administração do coworking, 3 salas de reunião, 6 mesas privadas, 3 salas privadas, 2 salas de atendimento individual e 8 mesas compartilhadas.
CORTE BB
0
1m 2m
4m
6m
10m
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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PLANTA BAIXA – COBERTURA 0
1m 2m
4m
6m
10m
A cobertura foi projetada entre platibandas, com estrutura metálica e telhas sanduíche termoacústicas, por ter vários benefícios como, por exemplo, a resistência, durabilidade e sustentabilidade. O volume da caixa d’água foi previsto acima dos banheiros das estações de trabalho. Nele, estão duas caixas d’água e um reservatório de águas pluviais, que é utilizada nas bacias sanitárias do coworking. A cisterna foi locada ao lado do volume da caixa d’água, no estacionamento.
CORTE CC 0
1m 2m
4m
6m
10m
6m
10m
6m
10m
CORTE DD 0
1m 2m
4m
CORTE EE 0
1m 2m
4m
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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VOLUMETRIA O Nexo Coworking possui uma volumetria marcante, seja por suas marquises e beirais em meia esquadria, ou por receber cores vibrantes, como o amarelo e o laranja. As marquises recebem o formato de meia esquadria porque estas convidam as pessoas a entrar no edifício, uma vez que a união dos planos em 45º formam linhas que direcionam o olhar do observador para o centro. As principais cores escolhidas para compor a paleta do Nexo Coworking são o laranja e o amarelo, tendo em vista que são cores que, além darem destaque, estimulam a criatividade e comunicação, o que reforça novamente o conceito de networking, que é empregado em todo o coworking e é visto como uma estratégia para o desenvolvimento de novos negócios. Para equilibrar a vitalidade que o laranja e amarelo trazem, são empregados a cor preta, presente em alguns volumes da fachada, o azul, presente em alguns mobiliários, como mesas e sofás, e o cinza, que aparece no concreto aparente utilizado no volume que abriga as estações de trabalho.
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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MATERIALIDADE Os materiais em maior proporção serão vidro, aço e concreto. O vidro e o aço estarão presentes nas portas, janelas e divisórias que serão utilizadas para separar espaços privados. O concreto aparecerá no exterior e interior do grande bloco que abriga as estações de trabalho. A paleta de cores empregada no projeto será composta pelo cinza, preto, azul, amarelo e laranja. O cinza estará presente no concreto aparente, material utilizado como revestimento interno em todas as paredes. O preto será utilizado nos beirais e em algumas paredes
externas da fachada, contrastando a cor laranja aplicada nas marquises dos acessos do coworking, de modo com que impacte o entorno e estimule o olhar das pessoas. O azul, amarelo, e ainda o laranja e preto, aparecerão nos mobiliários e marcenarias. Objetiva-se, com isso, despertar a criatividade e comunicação, comportamentos que são estimulados quando é feita a combinação do azul, laranja e amarelo, de acordo com a obra de Marie Lacy (1996), que trata do poder das cores nos ambientes.
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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SUSTENTABILIDADE O projeto do Nexo Coworking foi elaborado com foco nos critérios do Selo Casa Azul Caixa, a fim de se tornar uma edificação menos poluente. Com isso, foram adotadas estratégias que possibilitaram o cumprimento de 18 critérios do Selo Casa Azul, o que resultou na conquista de 54 pontos. Somente com as soluções arquitetônicas, o projeto é elegível a classificação bronze do Selo.
Qualidade e Infraestrutura no Espaço Urbano O projeto está inserido em um terreno com vias pavimentadas, de fácil acesso, próximo a transportes públicos e a espaços de lazer.
Relação com o Entorno: Interferências e Impactos no Empreendimento O empreendimento está localizado em uma região segura, não recebendo ou oferecendo riscos à população.
Soluções Sustentáveis de Mobilidade
Orientação ao Sol e aos Ventos
O coworking possui 1 bicicletário, incentivando, assim, um meio de transporte menos poluente.
Os ambientes de longa permanência foram implantados na face leste.
Elevadores Eficientes
Dispositivos Economizadores de Água
O elevador é dotado de um Sistema Regenerativo e possui lâmpadas LED na cabine.
Todas as instalações sanitárias possuem dispositivos economizadores de água.
Co
Nas área do cowo coleta se
Desem e
Todos possuem com, no de piso, 15.575:20
Área
O Nexo 44% de 14% acim
oleta Seletiva
as externas e internas orking, há lixeiras de eletiva.
mpenho Térmico e Lumínico
os ambientes m iluminação natural o mínimo, 8% da área , de acordo com NBR 013.
as Permeáveis
o Coworking possui e áreas permeáveis. ma da legislação.
Melhorias no Entorno
Paisagismo
O coworking proporciona melhorias no aspecto visual da região e possui área de lazer pública, onde todos podem ter acesso.
Toda área de lazer externa é composta por paisagismo e mobiliários urbanos abertos a comunidade.
Adequação às Condições do Terreno Apesar do terreno possuir baixa declividade, ainda assim, o projeto foi implantado com pouca intervenção em seu perfil natural.
Ventilação e Iluminação Natural dos Banheiros
Iluminação Natural de Áreas Comuns
Todas as áreas comuns possuem dispositivos economizadores de energia (sensores de presença e minuterias).
Todos os banheiros possuem ventilação e iluminação natural com, no mínimo, 12,5% de sua área de piso.
Todas as áreas comuns possuem iluminação natural com, no mínimo, 12,5% de sua área de piso.
Aproveitamento de Águas Pluviais
Aplicação do BIM na Gestão Integrada do Empreendimento
Qualidade e Infraestrutura no Espaço Urbano
Dispositivos Economizadoresde Energia
Possui uma cisterna, que aproveita a água da chuva nas bacias sanitárias.
O projeto arquitetônico foi desenvolvido no Revit.
Todas as estações de trabalho possuem internet e tomadas USB.
GUILHERME JOSÉ OLIVEIRA MELO
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Considerações finais O crescente número de abertura de empresas no município de Marília, sendo na maior parte delas MEIs, foi o que motivou a elaboração da proposta de um coworking público na cidade, já que esse empreendimento está em constante crescimento no mundo e exerceria um importante papel para os empreendedores da região. O objetivo específ ico pretendido com um coworking público, é de o servi-lo como uma base para os trabalhadores que decidem se aventurar no empreendedorismo, mas que, às vezes, não possuem estruturas f ísicas apropriadas para tal. Como objetivo geral, pretende-se melhorar a longo prazo a economia da cidade, posto que microempreendedores que iniciam em um coworking tendem a crescer, o que futuramente se faz necessária a contratação de novas pessoas na empresa, contribuindo, desta forma, para o aumento de empregos. Desta forma, concluimos que a implementação do Nexo Coworking em Marília trará não só benefícios econômicos, mas também sociais, uma vez que o empreendimento assumirá um importante papel no desenvolvimento profissional daqueles que optam por empreender e estão trabalhando constantemente no desenvolvimento e aprimoramento de novos produtos e serviços.
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REFERÊNCIAS ARB PROJECT. ARB Project. 2020. Disponível em: <https://arb-project.com/>. Acesso em 30 de mar. 2020. ARCHDAILY. Centro Coworking Na gatino 2.0 / Ruslan Aydarov Architecture Studio. 21 de jun. 2014. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/622165/centrocoworking-nagatino-2-dot-0-slash-ruslan-aydarov-architecture-studio>. Acesso em 30 de mar. 2020. ARCHDAILY. Escritório Secondhome Londres / Selgascano. 13 de jul. 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/770151/escritorio-second-home-londresselgascano?ad_medium=gallery>. Acesso em 30 de mar. 2020. ARCHDAILY. Manifesto coworking / StudioVRM. 23 de set. 2020. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/901086/manifesto-coworking-studiovrm?ad_ medium=gallery>. Acesso em 29 de mar. 2020. CAGNOL, R. Petite histoire de l’espace de travail. 04 de dez. 2013. Disponível em: <http://www.deskmag.com/f r/-architecture-bureau-petite-histoire-de-lespace-detravail>. Acesso em 11 de mar. 2020. COWORKING BRASIL. Censo Coworking Brasil 2018. Disponível em: <https:// coworkingbrasil.org/censo/2018/coworkers/>. Acesso em 29 de abr. 2020. COWORKING BRASIL. Censo Coworking Brasil 2019. Disponível em: <https:// coworkingbrasil.org/censo/2019/>. Acesso em 06 de abr. 2020. CRIVELARO, M.; et.al. Coworking/Coliving. São Paulo. 2018. Disponível em: <https:// www.amazon.com.br/Coworking-Coliving-Millennials-Lifestyle-Working-ebook/dp/ B07MFG4TFX>. Acesso em 25 de fev. 2020. LACY, M. O poder das cores no equilíbrio dos ambientes. 4ª edição. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix. 2007. MALLMANN, T. Coworkings públicos no Brasil: iniciativas começam a ganhar força. 16 de ago. 2018. Disponível em: <https://coworkingbrasil.org/news/coworkingspublicos-no-brasil/>. Acesso em 06 de abr. 2020. MARÍLIA. Lei nº 4455, de 18 de junho de 1998. Lei de zoneamento e Uso de solo. Marília, 25 de set. de 2019. 21p. MARÍLIA NOTÍCIA. Número de MEIs em Marília cresce 67% na gestão Daniel Alonso. Marília. Disponível em: <https://marilianoticia.com.br/quantidade-de-meis-em-mariliacresce-67-no-atual-governo/>. Acesso em 25 de mai. de 2020. PREFEITURA DE MARÍLIA. Marília abre 413 novas empresas já no primeiro mês do
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