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A praça central de Iracemápolis é como qualquer outra praça central de cidade de interior: com um lago artificial no meio, árvores e agências bancárias nas cercanias. E isso é quase tudo o que há de mais importante no centro do
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município, a 115 km de São Paulo. Porém, ao menos no caso desta cidade onde o único hotel tinha sido fechado pela falta de movimento, os tempos estão mudando.
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O que pôs Iracemápolis no foco do mercado foi o anúncio da Mercedes-Benz, a maior empresa do grupo Daimler, vai inaugurar uma fábrica de automóveis no país, logo ali. Após encerrar a produção do Classe A em 2004, em sua fábrica de Juiz de Fora (MG), a empresa volta com um novo foco – os cupês e sedãs médios como o C180, conhecidos pela durabilidade e potência.
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A expectativa em relação ao terceiro maior nome do setor do planeta não é pequena: em 2016, quando a fábrica estiver funcionando, o orçamento da cidade
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28/2/2014 Você e outras 4.090 pessoas curtiram Canal da Peça.
Pequenas cidades se preparam para receber montadoras
pequena: em 2016, quando a fábrica estiver funcionando, o orçamento da cidade deverá dobrar. Além disso, os postos de trabalho crescerão 55%.
Você pratica a direção defensiva? Novo Classe-S da Mercedes: tecnologia
A mesma realidade é vivida por outras cidades na região e mesmo em outros estados: Itirapina, com 15.000 habitantes, vai receber a segunda planta de automóveis da Honda no país – ela dará apoio ao complexo de Sumaré (SP) para
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a produção do compacto Fit; no final de 2013 a BMW lançou a pedra fundamental da construção de uma fábrica em Araquari, no norte de Santa Catarina. As empresas de RH da região já começam a selecionar candidatos para as vagas.
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A lista não para por aí. A chinesa Geely, cuja base de operações fica em Itu, a 102 km da capital, está à procura de uma sede para a unidade brasileira. Conhecida por ser a primeira montadora do país a não contar com recurso estatal (e por ter ações na Hang Seng, a bolsa de valores de Hong Kong), a empresa já começa a preparar terreno para a entrada do seu primeiro modelo no mercado brasileiro: o EC7 é um sedã-médio que será vendido por R$49.900 a partir de março, com produção no Uruguai.
Políticos e executivos inauguram pedra fundamental da fábrica da BMW, em Araquari (SC): legislação e localização quase sempre são fatores fundamentais para a escolha das montadoras (Foto: BMW / divulgação)
Fatores A escolha de desses para a produção local de grandes montadoras representa muito além do velho pretexto da redução tributária. No caso da Mercedes, diversos cenários contribuíram para a escolha de Iracemápolis. A cidade é localizada na região de Piracicaba, sede de uma quantidade significativa de fornecedores de matéria-prima para a produção de automóveis, inclusive autopeças. A cidade de Campinas, a menos de 100 km, é um foco importante de pesquisa e tecnologia com a presença de instituições como PUC e UNICAMP. Junto a isto, a qualificação de mão-de-obra vem com a instalação de ensino profissionalizante nas cidades da região. Em abril devem ser iniciadas as obras para a construção de uma unidade do SENAI da cidade. Por telefone, o prefeito de Iracemápolis, Valmir de Almeida, contou ao Canal da Peça como foi a fase final deste processo. Dono de uma fala interiorana bastante calma, ele explicou como a cidade de 20 mil habitantes venceu concorrentes em cinco estados. “A [agência de desenvolvimento do estado] Investe SP que nos mostrou a proposta [...] eles não falavam para o que era, nem de onde, muito menos que se tratava de uma montadora. Só na fase final que descobrimos ara quem era a proposta”. Na última etapa, as disputas entre a cidade e as concorrentes Salto (SP) e Joinville (SC) foram classificadas como “acirradas” pelo prefeito. Para o desenvolvimento do polo a localização se mostrou outro fator fundamental: as futuras bases da Mercedes e Honda estarão localizadas a cerca de uma hora da capital paulista e menos de 200 km do porto de Santos, o maior do país. A região, altamente irrigada por rodovias, permite o fácil escoamento da
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do país. A região, altamente irrigada por rodovias, permite o fácil escoamento da
produção. A futura sede da BMW estará a uma hora dos portos de Navegantes e Paranaguá, dois dos principais estuários da região sul. O mercado brasileiro já é fruto do flerte de grandes montadoras há algum tempo. O aumento do poder de compra do cidadão médio, aliado com a proporção carro/habitante relativamente baixa, sempre foi um propulsor das vendas. Porém, com a adoção de medidas mais taxativas para a importação de carros em 2011, a dinâmica do mercado apontou para a produção de diversas marcas dentro do território nacional – trazer a tecnologia é menos prejudicial se comparado a perder a ação neste mercado. Localização, novas propostas de mercado e uma capacidade de absorção cada vez maior pelo público-alvo são fatores atrativo para o mercado brasileiro. O diretor de projetos estrangeiros da Geely no Brasil, Lin Zhang, garantiu cinco estados já estão em negociação com cinco estados, apesar de São Paulo ser o favorito.
Multifuncional A vinda da montadora chinesa para o Brasil constitui um caso ainda mais curioso: enquanto a Mercedes promete fazer por aqui a versão nacional de apenas alguns de seus modelos, a Geely pode apontar para planos mais ambiciosos – a do compartilhamento de fábrica. Isso se deve ao fato do grupo de investimentos, responsável pela companhia, também ser responsável pelas ações da sueca Volvo e da inglesa Manganese Bronze – conhecida pelos seus famosos táxis londrinos. Ainda segundo Zhang, em entrevista ao Valor na mesma oportunidade, “Estamos considerando apenas a Geely, mas não há uma decisão de que a Volvo não pode se juntar mais tarde. Faz sentido que a fábrica seja compartilhada”.
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Valmir de Almeida (PT, prefeito de Iracemápolis: a cidade já está acelerando (Foto: Divulgação)
Quando perguntado sobre a vida da Iracemápolis pré-multinacional, o prefeito enumerou uma série de empresas já presente no cenário: uma fábrica de móveis, outra de capacetes, uma de brinquedos. Todas, até hoje, faziam sombra para toda-poderosa Usina Iracema, capaz de processar 3 milhões de toneladas de cana por safra. Mas até a gigante do açúcar também será uma coadjuvante perto das empresas do novo polo industrial da cidade. A intenção do poder público é simples: o principal atrativo ao trazer a marca principal (a montadora alemã) é a instalação de um parque industrial para abastecê-la. Com previsão para ser criado no próximo mês, o distrito seria composto por 200 lotes para indústrias de médio porte. Para atrair a chegada de tantas indústrias, o município precisou adotar recentemente uma legislação tributária mais flexível: ela permite o reembolso do valor da planta da empresa pela prefeitura no prazo de 20 anos – bastante diferente do código anterior.
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Pequenas cidades se preparam para receber montadoras pela prefeitura no prazo de 20 anos – bastante diferente do código anterior. Tudo isso, porém, ainda não afastou o medo de alguns moradores da cidade. Nem mesmo o prefeito deixou de sentir as diferenças. “Aquele andamento da cidade já está meio acelerado[...] Alguns já tem essa noção. Mas a maioria ainda não se deu conta da mudança e da relevância do que está para acontecer”, complementa. Quando se refere aos “alemães”, ele reafirma “não é ainda o que gostaríamos que fosse mas, depois que batemos o martelo, realmente já está tudo mais acelerado”. Os carros da Classe C, primeiro modelo confirmado para produção na fábrica em Iracemápolis, chega facilmente aos 220 km/h. É esperar pra ver acelera mais rápido.
*Guilherme Mendes é repórter do Canal da Peça Categorias
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