Manejo químico de plantas daninhas em pastagens de Tifton 85 2 de janeiro de 2017 em Artigos A baixa produtividade das pastagens no território brasileiro pode ser justificada por diversos fatores, no entanto, um dos mais relevantes é a capacidade plantas daninhas em causar a degradação das áreas de pastagem. Segundo Muzik (1970), as plantas daninhas causam maiores danos e prejuízos aos produtores agrícolas do que as pragas e doenças, constituindo-se a maior barreira para o desenvolvimento de muitas regiões do mundo. De acordo com Narwal (1996), as plantas daninhas promovem, anualmente, perdas nas atividades agrícolas de aproximadamente 12%. As plantas daninhas presentes nas áreas de pastagem podem afetar diretamente a “utilização da forragem” por parte do animal em pastejo e a conversão alimentar: 1) animais evitam as áreas infestadas por plantas daninhas, ocorrendo a seleção de pastejo (Foto 1), o que prejudica a utilização da pastagem e 2) ambientes sombreados aumentam a relação haste/folha, diminuindo a qualidade da forrageira, prejudicando a conversão (GOULART et al., 2007). Foto 1: Pastagem de tifton – Seleção de pastejo devido a presença de plantas daninhas. De acordo com estudos realizados por Goulart e Corsi (2009) as plantas daninhas dificultam o pastejo em suas proximidades. Plantas sem espinhos (ex: leiteiro) tem ação de impedir o acesso animal em até um raio de 1 m, enquanto que plantas com espinho (ex: Joá) impedem o consumo em um raio de até 1,5 m. O objetivo deste artigo é discutir sobre o manejo químico de plantas daninhas em pastagens de tifton 85, levando em consideração as principais moléculas de ação herbicida disponíveis no mercado. Manejo químico
Antes de iniciar o manejo químico é muito importante realizar o levantamento das plantas daninhas infestantes, identificando as espécies presentes, levando em consideração a frequência de ocorrência, densidade populacional e a dominância sobre a forrageira. Feito isso o próximo passo é definir qual herbicida é o mais indicado para tal situação (Oliveira & Freitas, 2008). Ingredientes ativos presente nos herbicidas 1) 2,4D, AMINOPIRALIDE, FLUROXIPIR E TRICLOPIR Os herbicidas que possuem em sua fórmula estes ingredientes ativos, são indicados para o controle em pós-emergência de plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas e semiarbustivas.
2) 2,4D + PICLORAM São indicados para o controle de plantas daninhas dicotiledôneas herbáceas, semiarbustivas, arbustivas. Quando destinados ao controle de arbustos, elimine a parte aérea da planta, próximo ao solo e logo em seguida aplique o herbicida sobre o toco. Obs: Cuidado o ingrediente ativo “Picloram”, pois possui um longo período residual. De acordo com Silva e Silva (2007), citado por Bibiano et al. (2012), o picloram apresenta uma longa persistência nos solos (meia vida de 20 a 300 dias), ocorrendo sua degradação mais rápida em condições de calor e alta umidade. Em função de seu longo efeito residual, em muitos casos, quando são implantadas culturas sensíveis como o feijão, soja, olerícolas, frutíferas entre outras, em áreas onde foi utilizado herbicida à base de picloram, ocorrem problemas de fitotoxidade que podem ser notados visualmente (BIBIANO et al 2012). Bibiano et al. (2012) demonstrou em um ensaio experimental realizado na casa de vegetação na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) em Diamantina/MG, o efeito da contaminação do solo sobre a germinação em plantas de feijão. Marca comercial utilizada foi o padron® (Picloram. sal trietanolamina 388 g/L), nas seguintes doses 0,000; 0,004; 0,008; 0,017; 0,033; 0,066; 0,133, 0,266 l .ha-1.
Figura 1. Plantas de feijão tratadas com diferentes doses de picloram em préemergência, aos 5 dias após a semeadura (1 = 0,266 l.ha-1 de padron®) 3) MSMA São indicados para o controle em pós-emergência de mono e dicotiledôneas que se reproduzem por sementes, apresentando melhores resultados no controle das monocotiledôneas. São muito utilizados para o controle de plantas do gênero brachiaria. 4) DIURON Utilizados para o controle de plantas daninhas mono e dicotiledôneas em pré e pósemergência, no entanto costuma ser mais eficiente no controle das dicotiledôneas. O uso de produtos que apresentam associações entre os ingredientes ativos Diuron + MSMA é muito comum entre os produtores rurais. Geralmente, este manejo é adotado em áreas que apresentam altas infestações de monocotiledôneas (ex: braquiária, capimcolchão, etc), dicotiledôneas (ex: caruru, joá, guanxuma, etc) e possuem um vasto banco de sementes. Estes tratamentos apresentam bons resultados em virtude dos produtos à base de Diuron serem excelentes no controle de dicotiledôneas e na pré-emergência das plantas daninhas em geral e os produtos a base de MSMA serem bastante eficientes no controle das monocotiledôneas. Antes de realizar qualquer manejo químico, é imprescindível consultar um profissional especializado. A utilização de herbicidas de maneira errônea ou em momentos inoportunos causam impactos negativos no custo de produção além de prejudicar o meio
ambiente. Referências: BIBIANO, C. S. et al,. Efeitos de subdoses de picloram em pré e pós emergência do feijão. XXVII Congresso brasileiro da ciência das plantas daninhas na era da biotecnologia. 3 a 6 de set. 2012. GOULART, R. C. D & CORSI. M. Efeito da planta daninha na utilização da forragem pelos animais. Informativo Técnico 01, p. 1–6, abri, 2009. Disponível em: http://www.projetocapim.com.br/boletim_tecnico/001%20-%20daninhas%20e %20utiliza%C3%A7%C3%A3o.pdf . Acesso em: 17 de abri. 2013. GOULART, R. C. D et al,. Plantas daninhas influenciando a morfologia do capim colonião (Panicum maximum). 44° Reunião anual da sociedade brasileira da zootecnia. 23 a 27 de Jul. 2007. MUZIK, T.J. Weed biology and control. New York: McGraw-Hill, 1970. 273p. NARWAL, S.S. Potential and prospects of allelopathy mediated weed control for sustainable agriculture. In: NARWAL, S.S.; TAURO, P. (Ed.). Allelopathy in pests management for sustainable agriculture. Jodhpur: Scientific Publishers, 1996. p.23-66. OLIVEIRA, A.R.; FREITAS, S.P. Levantamento fitossociológico de plantas daninhas em áreas de cana-de-açúcar. Planta Daninha, v 26, n.1, p 33-46,2008.