TOCA - Habitação Contemporânea e a Questão da Reprodução de um Modelo Habitacional Hegemônico

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TO CA Habitação Contemporânea e a Questão da Reprodução de um Modelo Habitacional Hegemônico G U I L H E R M E M A Z Z E I 2 0 1 6



Ficha catalográfica

M477t

Mazzei, Guilherme TOCA: habitação contemporânea e a questão da reprodução de um modelo habitacional hegemônico / Guilherme Mazzei. Ribeirão Preto, 2016. 54 f.; il Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Estácio|UniSEB de Ribeirão Preto, como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação da Profª. Me. Tânia Maria Bulhões Figueira. 1. Habitação. 2. Plurifamiliar. 3. Flexibilidade. 4. Tripartite. 5. Planta livre. I. Título. II. Tânia Maria Bulhões Figueira.

CDD 307.3


Curso de Arquitetura e Urbanismo

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Ata de defesa Em 08 de dezembro de 2016, às 09h50, na sala 3E da unidade Ribeirânea do Centro Universitário ESTÁCIO|UNISEB, presente a Comissão Julgadora, presidida pelo(a) Prof. Ms. Tânia Maria Bulhões Figueira, orientador(a) do(a) candidato(a), integrada pelos examinadores Prof. Ms. Onésimo Carvalho de Lima e Prof. Ms. Rita Fantini Lima iniciou-se a defesa pública do Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo de Guilherme Palma Mazzei, intitulado TOCA - Habitação Contemporânea e a Questão da Reprodução de um Modelo Habitacional Hegemônico. Concluída a arguição, em sessão secreta, procedeu-se ao julgamento na forma regulamentar, tendo a Comissão Julgadora atribuído as seguintes notas: Prof. Ms. Onésimo Carvalho de Lima .................................................................................. nota: 10,0 Prof. Ms. Rita Fantini Lima .................................................................................................. nota: 10,0 Acompanham esta ata cópias das súmulas de avaliação preenchidas pela Comissão Julgadora. De acordo com os critérios de avaliação definidos no Regulamento Interno do Trabalho Final de Graduação, considerando as médias obtidas nas disciplinas Projeto Integrado I – 9,2 e Projeto Integrado II – 9,3, o(a) candidato(a) foi considerado(a) APROVADO(A) no Trabalho Final de Graduação com nota: 9,6, cujo lançamento está sujeito à entrega, em mídia digital, do Caderno de Projeto finalizado, acompanhado da autorização para a publicação do trabalho pela Biblioteca Digital do Centro Universitário ESTÁCIO|UNISEB, assinada pelo(a) candidato(a) e pelo(a) professor(a) orientador(a). Para constar, é lavrada a presente ata, que vai assinada pela professora coordenadora do Trabalho Final de Graduação e pela Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Ribeirão Preto, 08 de dezembro de 2016.

Prof.ª Dr.ª VERA LUCIA BLAT MIGLIORINI

Prof. Ms. CATHERINE D’ANDREA

Coordenadora do TFG

Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo


G U I L H E R M E

M A Z Z E I

TO CA Habitação Contemporânea e a Questão da Reprodução de um Modelo Habitacional Hegemônico IMAGEM 1: ARQUITETO LUCIO COSTA

Trabalho final de curso apresentado ao Centro Universitário Estácio UniSEB, para cumprimento das exigências para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista, em 2016, sob orientação da Profa. Me. Tânia Maria Bulhões Figueira.

R I B E I R Ã O P R E T O 2 0 1 6

"Enquanto satisfaz apenas às exigências técnicas e funcionais – não é ainda arquitetura; quando se perde em intenções meramente decorativas – tudo não passa de cenografia; mas quando - popular ou erudita – aquele que a ideou, pára e hesita, ante a simples escolha de um espaçamento de pilar ou da relação entre a altura e largura de um vão, e se detém na procura obstinada da justa medida entre cheios e vazios, na fixação dos volumes e subordinação deles a uma lei, e se demora atento ao jogo dos materiais e seu valor expressivo – quando tudo isso se vai pouco a pouco somando, obedecendo aos mais severos preceitos técnicos e funcionais, mas também, àquela intenção superior que seleciona, coordena e orienta em determinado sentido toda essa massa confusa e contraditória de detalhes, transmitindo assim ao conjunto, ritmo, expressão, unidade e clareza – o que confere à obra o seu caráter de permanência [...]"

L U C I O

C O S T A

A todos que me motivaram, a tudo que me incentivou; às conquistas, aos pesares e às horas entre os dias bons e maus: O B R I G A D O


r e s u m o R E S U M O

De forma sucinta, o presente trabalho irá discutir a questão da habitação contemporânea e o problema da reprodução de um modelo de habitação hegemônico, apontando a flexibilidade como estratégia teórica e prática para uma possível solução projetual – que se pretende elaborar e desenvolver – distinta das que seguem os paradigmas postulados (ou, de certa forma, vinculados) ao modelo habitacional tripartido e conformado por cômodos estanques. Este modelo atende um programa de necessidades que deriva dos comportamentos e ideários da família nuclear burguesa do século XIX, à qual habita em espaço segmentado, rígido e excludente, organizado em três zonas bem definidas: íntimo (quartos e lavatórios de uso restrito aos moradores), convívio (salas de recepção, jantar e estar, para raras recepções e convívio dos moradores) e serviço (abrange cozinha e demais áreas de serviço, de uso restrito dos serviçais, onde os senhores não circulam). Voltar-se, então, para a análise atenta da historiografia da habitação (em âmbito internacional e nacional) é mister para constituição de uma fundamentação teórica consistente, permitindo-nos compreender que, em essência, a conformação dos espaços que constituem a moradia são reflexos dos comportamentos e da cultura que orientam uma determinada sociedade em um dado período histórico. Tendo isso em vista, parte-se da análise da organização social medieval, cuja produção, grosso modo, voltava-se ao cultivo da terra e cuidado com animais – ou seja, era orientada pelas leis da natureza – tendo como correspondência de infraestrutura o modo de produção feudal, a fim de compreender como as características de tal sociedade influenciaram a organização espacial dos espaços de sua moradia. Posteriormente, pretende-se compreender como ocorreu a ascensão da família nuclear burguesa que tornou-se reflexo de uma organização social baseada em uma economia de base industrial e cujos comportamentos e cultura influenciaram de sobremaneira a organização espacial da casa dos séculos XVIII e XIX na Europa, com respaldos observáveis até os dias atuais – não apenas se considerarmos o território europeu, mas também o brasileiro – daí sua denominação pelo presente trabalho de modelo hegemônico. Por fim, pretende-se problematizar a reprodução de tal modelo ao longo de, aproximadamente, 200 anos, salientando questões relativas à cultura contemporânea, aos novos modos de vida estabelecidos, até chegar nos heterogêneos grupos familiares que compõem a sociedade atual; descrevendo, pari passu, as modificações nas configurações das habitações e do modo de morar da sociedade contemporânea.


í n d i c e Í N D I C E

1 .

I N T R O D U Ç Ã O T E Ó R I C A 1.01 da habitação de influência ocidental 1.02 do conceito de flexibilidade associado à arquitetura

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O B J E T O B

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4. DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS 4.01 sobre Mies e seu conjunto habitacional 4.02 sobre Álvaro, Adhemar e Esther 4.03 sobre o grupo PLOT e as habitações VM 4.04 sobre o huma Klabin do escritório UNA

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5 . LEVANTAMENTOS DA ÁREA DE INTERVENÇÃO 5.01 caracterização histórica 5.02 localização 5.03 dados oficiais 5.04 tipos de uso do solo 5.05 gabarito 5.06 figura-fundo 5.07 equipamentos 5.08 hierarquia viária física e funcional 5.09 vegetação e aspectos naturais

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A N T E 6.01 memorial 6.1.01 6.1.02 6.1.03 6.1.04 6.1.05

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L I S T A

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P R O J E T O justificativo implantação e planta de cobertura cortes e elevações layout térreo, garagem e cobertura plantas pavimento tipo A plantas pavimento tipo B O D E

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I M A G E N S

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1 . 0 1 I N T R O D U Ç Ã O

T E Ó R I C A

d a h a b i t a ç ã o d e i n fl u ê n c i a o c i d e n t a l

No decorrer dos anos, o espaço de morar configurou-se como palco das principais mudanças comportamentais existentes nas mais variadas organizações sociais, ou seja, locus de reprodução de costumes e modos de vida dos perfis familiares estabelecidos em um dado período histórico. Assim, é correto afirmar que a configuração arquitetônica de uma habitação carrega consigo a reverberação dos hábitos do grupo que ali reside, assim como informações de caráter social, econômico e cultural, uma vez que absorve e reflete o íntimo de cada ser utente do espaço. Contudo, no que se refere à maioria das habitações contemporâneas das metrópoles e cidade médias de influência ocidental, sua arquitetura não faz referência à cultura ou aos modos de vida dos diversificados grupos familiares que se conformaram, sobretudo, desde a segunda metade do século XX. É aqui, então, que reside o ponto de partida para a discussão teórico-conceitual do presente trabalho. Para a apresentação da temática e seu entendimento, deve-se observar o contexto histórico europeu entre os séculos XVIII e XIX, período de gênese e desenvolvimento dos primeiros polos industriais (e, como não poderia ser diferente, urbanos) da Europa e de intensa modificação da composição familiar existente até então, bem como da relação entre seus membros, como aponta TRAMONTANO (1997, p.1). Este fato deveu-se à substituição gradual dos últimos remanescentes da organização social medieval (produtora de itens agrícolas, advindos da pecuária e/ou do extrativismo, sobretudo para subsistência ou pequenos comércios), pela família nuclear burguesa, que se conformou principalmente a partir do êxodo rural e estabelecimento de vida urbana, tanto no sentido de se conformar parte desta sociedade como detentora dos bens de produção industrial (extratos mais abastados), como no de se abandonar a vida no campo para atender à demanda de mão-de-obra nas indústrias das crescentes aglomerações urbanas (extratos menos abastados). Tendo este panorama em vista, afirma-se que o processo de industrialização pode ser considerado agente das profundas mudanças comportamentais e culturais do grupo familiar daquele período. O modelo de habitação que vigorou na época supracitada pertenceu à família nuclear burguesa europeia: era rígido, bem definido e hierarquizado, como as característica e cultura do grupo que ali residia. O homem/pai trabalhava fora durante o dia e era detentor

de toda e qualquer autoridade dentro da casa (figura que representava, metaforicamente, a instância pública daquela sociedade); à mulher/mãe cabia submeter-se às vontades do marido, gerar herdeiros e garantir o perfeito funcionamento das atividades domésticas (figura que representava, metaforicamente, a instância privada daquela sociedade); e os filhos deveriam amadurecer sem desvios de carácter sobre aquilo que se considerava por este extrato social como correto até atingirem idade de assumir, dentro do mesmo padrão, suas respectivas famílias. Os empregados ocupavam um patamar diferenciado (negativamente) de hierarquia social: não frequentam (no âmbito da casa) os mesmos espaços que os senhores, fato que acabou por constituir uma importante característica em relação aos espaços da habitação ocupados por este grupo – espaços de rejeição. Esta habitação, portanto, pode ser caracterizada por três áreas (ou zonas) de usos distintos em termos de distribuição programática: espaços de rejeição/serviços, espaços de privilégio/social e espaços de intimidade/privacidade. O primeiro engloba, basicamente, cozinha e aposentos dos empregados, geralmente localizados aos fundos da residência, com acessos e circulações próprios para impedir o ocasional encontro dos serviçais com seus senhores. A segunda área refere-se às salas e vestíbulos, onde tem-se o convívio familiar e ocasionais recepções. A última área corresponde aos aposentos dos senhores, possui caráter altamente pessoal e privativo, exclusivo dos moradores e alguns serviçais que trabalhavam auxiliando seus senhores na atividades de higiene pessoal e organização destes cômodos– para tanto, corredores de circulação dos serviçais e dos senhores eram devidamente construídos para que não ocorressem encontros indesejados. Esta tripartição burguesa da habitação ficou conhecida como tripartite, e, como reflexo do pensamento cultural da época, suas divisões estanques representavam uma sociedade rígida e moralista e que, segundo ARAUJO (2006, p.13), compreendia a casa como pilar da ordem social (status quo) vigente. Certamente está descrição não faz referência às moradias da classe do proletariado. Esta vivia em habitações precárias, de um único cômodo, o qual geralmente abrigava várias famílias e sem a infraestrutura necessária, criando condições insalubres para sobrevivências de tais extratos sociais menos abastados. Doenças, enfermidades e mortes despertaram na classe trabalhadora insatisfações suficientes para exigirem de seus empregadores – detentores dos meios de produção – melhorias na qualidade de vida. A resposta veio, com medo de uma revolução e perda de mão-de-obra, na forma das vilas operarias, na grande

maioria dos casos. Estas, assim como as leis sanitaristas impostas na passagem do século XIX para o XX, vieram para inserir os valores morais burgueses da “casa estojo” em uma parte considerável da população que não tinha acesso a estes privilégios, incentivando o modo de vida da família nuclear. Além da pulverização dos princípios deste grupo, foram garantidas habitacões com gabarito mínimo, divisão interna do espaco e cômodos de tamanhos mais compatíveis às necessidades da família de pequeno porte (daí, nuclear).

IMAGEM 2: APARTAMENTO CONSTRUÍDO NA PARIS HAUSSMANIANA COM INDICAÇÃO DE SETORIZAÇÃO TRIPATITÁRIA: SERVIÇO EM ROXO, CONVÍVIO EM AMARELO E INTIMO EM VERDE.

Paralelamente às questões inerentes à organização espacial da habitação desta época, se faz necessário contextualizar, grosso modo, a produção arquitetônica encontrada até então, com o objetivo de ressaltar que antes da industrialização ela estava eminentemente vinculada a uma representação pura de estilos. Nas décadas iniciais do século XX e, sobretudo, após a Primeira Grande Guerra, a arquitetura passou a considerar outras instâncias da vida humana em seus projetos, como questões sociais, políticas e econômicas. Neste período evidenciaram-se, por exemplo, algumas discrepâncias entre o grupo familiar burguês, sua organização habitacional e as novas composições sociais

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O surgimento de tipos familiares para além da família nuclear dá-se com maior ênfase na segunda metade do séc. XX devido, principalmente, a um conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais e comportamentais que já vinham despertando desde o início do século, atingindo grande visibilidade neste período. TRAMONTANO (1998) e JORGE (2012) apontam a emancipação financeira feminina e sua reivindicação por equivalência no mercado de trabalho, a liberdade sexual, os novos métodos contraceptivos mais acessíveis e eficazes, o direito da mulher ao divórcio sem ser estigmatizada pela sociedade, a crise do casamento estável, o individualismo e a crescente autonomia dos indivíduos como alguns dos fatores que promoveram novas configurações familiares, sobretudo na década de 1970. Tais fatores atuaram no sentido de alterar o tamanho, a estrutura e a função da família.

que começaram a aparecer. Tal fato deveu-se, principalmente, à abertura (ainda que preliminar e mínima) conquistada pelas mulheres que passaram a desenvolver um papel social maior frente à ida de muitos homens para as batalhas das guerras mundiais e civis, desconfigurando de forma contundente (porém pouco reconhecido) o perfil patriarcal da família nuclear burguesa. A própria arquitetura, por sua vez, encontrou-se frente a um desafio de reconstruir cidades avassaladas pelos conflitos da guerra. Como defende TRAMONTANO (1997, p.6) coube ao movimento moderno ser o primeiro a discutir e revisar integralmente o desenho e a produção de espaços de morar, com critérios claramente formulados, os quais nortearam e ainda norteiam até os dias atuais parte dos projetos de habitação no mundo ocidental. A proposta moderna para o primeiro pós-guerra refletiu características do movimento no sentido de valorização da razão, racionalização no uso de materiais e produção em série (possibilidades advindas do modo de produção industrial), visando atender uma grande demanda populacional e, portanto, resultando em uma habitação tipo que podemos denominar de célula de morar, adequada a um modelo de homem (modulor), a um modelo de cidade (máquina) e de paisagem concebidos em sua formulação (zoneamento industrial da cidade máquina em áreas para habitar, trabalhar, circular e recrear – referências diretas às elaborações de Le Corbusier para o CIAM, 1933 e 1941). No caso específico dos espaços da moradia e sua distribuição, a cozinha, que ocupava os fundos da casa burguesa, foi trazida para frente junto à sala de estar, constituindo um novo espaço de convívio. Soluções flexíveis para os espaços internos da casa, como a utilização de divisórias móveis leves, chegaram a ser propostos em alguns projetos, mas a maior parte foi substituída por cômodos estanques, por ser uma prática conhecida funcionalmente e financeiramente pelos investidores urbanos de até então. Apesar dos princípios modernos estarem sedimentados nos primeiros 40 anos do século XX, para reconstrução e requalificação das habitações, a impessoalidade do modelo burguês, associado à indisposição do mercado em incorporar novas ideias qualitativamente vantajosas, contribuíram para a manutenção do modelo da habitação da burguesia europeia do séc. XIX como configuração hegemônica dos espaços de morar. "Mesmo que agora tendam a habitá-la grupos domésticos cujo perfil difere cada vez mais da família nuclear convencional, e cujos modos de vida apresentam uma diversidade cada vez maior, o desenho dos espaços desta habitação permanece intocado, sob a alegação de que se chegou a resultados projetuais economicamente viáveis, que atendem às principais necessidades de seus moradores (TRAMONTANO, 1997, p.6)." 1

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a constituição familiar brasileira é composta por grupos nucleares variados (casal com filhos, casal sem filhos, mulher com filhos, homem com filhos – monoparental), por homens/mulheres que moram sozinhos (unipessoal), casal de mesmo gênero e famílias estendidas das mais diversas configurações (com ou sem relação consanguínea e que constituem, portanto, coabitações); os levantamentos realizados entre 1992 e 2009 indicaram a dissolução da família nuclear (casal de gênero distinto com filhos) e identificaram a ascensão de novas formas de organização familiares como a unipessoal, casais sem filhos (de mesmo gênero ou de gênero distinto), mulheres sem cônjuges com filhos, homens sem cônjuges com filhos (monoparentais), coabitações, dentre outros tipos. As tecnologias de informação e comunicação associadas ao fenômeno da globalização (instauradas desde os anos 1970 e difundidas em escala mundial nas décadas de 80 e 90) também podem ser entendidas como um incentivo ao "outing"1 de outros ou mais grupos familiares, pois constituem uma ferramenta valiosa para a integração das nações e pulverização de seus diferentes modos de vida e situação cultural. A universalização dos meios de comunicação e tecnologias nas mais distintas cidades do mundo, sobretudo nos países ricos e emergentes, resulta num intercâmbio de hábitos que acabam por criar influências estrangeiras, incentivando o surgimento de tipos comportamentais que vão além daqueles de influência local. Estes fenômenos indicam possibilidades e encorajam cidadãos de países com sistemas mais rígidos à romperem padrões, uma vez que a liberdade de um serve para fomentar a ânsia à livre expressão de outro. IMAGEM 3: OS ARRANJOS FAMILIÁRES ATUAIS.

No contexto específico da Arquitetura e Urbanis-

expressão estrangeira proveniente da língua inglesa P Á G I N A

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mo, o surgimento e a proliferação dos novos grupos familiares já identificados motivaram, a partir de 1970, novos estudos sobre habitações promovidos por escritórios e grupos de arquitetos contemporâneos, destacando-se o escritório alemão Archigram. O grupo, como reflete TRAMONTANO (1997, p.7), propôs novas reflexões pautadas no desenvolvimento tecnológico, na massificação deste através da imagem midiatizada e no individualismo crescente do ser humano devido sua aproximação com novos aparelhos tecnológicos de informação e comunicação em detrimento das relações humanas realizadas por contato pessoal (ou social) direto. Uma das experiências projetuais deste grupo foi o projeto de uma habitação que consistia em cápsulas cujas funções eram individuais e solitárias (herança da célula de morar moderna), na qual a vida social dar-se-ia dispersa no âmbito da cidade e do território urbano, em uma relação estabelecida pela cultura dessa época; no entanto, assim como os modernos, a habitação não seria dissociada da cidade, mas interdependente. Este pensamento foi influenciado pelo pós-guerra, pois consideravam o espaço privado transitório e provisório, devido à toda destruição provocada pelos conflitos. Essa tentativa de redefinição da habitação contemporânea fracassou, uma vez que foi considerada como uma caricatura excessiva das tendências sociais da época.

IMAGEM 4: CÁPSULA DA PLUG-IN-CITY, PROPOSTA POR PETER COOK DO GRUPO ARCHIGRAM.

Após todo o exposto, questiona-se o que seria a habitação dita contemporânea nos dias atuais. Sua concepção é comumente balizada pelos gestores da cidade, aqueles que patrocinam o desenvolvimento imobiliário. Não necessariamente são formados em áreas afins à arquitetura e ao urbanismo e, mesmo quandoo são, entendem a habitação como um investimento imobiliário, valorizando interesses econômicos em detrimento de outros. Questões como programa de necessidades, conforto ambiental, partido arquitetônico, adequação do projeto ao entorno e sua relação com a vizinhança e com o espaço urbano ficam em segundo plano, atrás de questões financeiras – isso, quando comparecem à instância de projeto. A repetição de uma habitação tipo, que atende exigências mínimas relativas à moradia, com normas dimensionais padronizadas e cômodos engessados caracterizam uma espécie de “fórmula” para obtenção do baixo custo produtivo e em curto tempo de execução pleiteada pelo mercado imobiliário. O produto desta operação é a manutenção da tripartição dos espaços como partido arquitetônico dominante, apesar da habitação destinar-se a grupos distintos da família nuclear, como deixa claro os estudos de TRAMONTANO (2006). O morar configura-se em cômodos rígidos, com funções estanques já definidas: dormitórios, cozinhas, salas e banheiros invariáveis ou, até mesmo, inertes; situação grave e contraditória uma vez que os tempos são de uma sociedade mutante e diversa. Os espaços são pensados para a realização de uma atividade específica através de um método específico, e não para o desempenho de uma ação a partir das inúmeras possibilidades permitidas ao ser utente do local. Neste ponto, pode-se considerar também a rotatividade das tecnologias que auxiliam na vida cotidiana, as quais estão em constante processo de mutação e são prejudicadas pela rigidez dos espaços habitacionais. A arquitetura contemporânea alcançou imenso prestígio no desenvolvimento de programas de edifícios comercias, de prestação de serviços, de saúde e de fins públicos. Contudo, os edifícios de morar, indissociáveis da vida humana, não são suficientemente bem interpretados e desenvolvidos para atender o programa de necessidades da sociedade atual.

espaço de rejeição – e não há mais esta necessidade, tendo em vista que a rejeição se justificava principalmente pelo fato de que o preparo de alimentos no século XVIII e XIX era algo precário que se vinculava, inclusive, à execução dos animais e sua devida higienização. Pelo exposto, observa-se, por fim, que a casa deve ser entendida como um organismo vivo que está em uma associação interdependente com o morador, suas necessidades, e que deve, para além de vincularse ao espaço urbano no qual está inserida, repercutir a contrapartida infra e superestrutural da sociedade vigente.

IMAGEM 5: PLANTA PRIMEIRO E SEGUNDO PAVIMENTO DA HABITAÇÃO DE 3 DORMITÓRIOS DO CONDOMÍNIO RESIDENCIAL EVIDENCE, EM RIBEIRÃO PRETO, SP. TRIPARTIÇÃO: SERVIÇO EM ROXO, CONVÍVIO EM AMARELO E ÍNTIMO EM VERDE.

De maneira genérica, sabe-se que o utente unipessoal não precisa de um apartamento com três quartos. Um lavatório pode sim tornar-se um espaço de convívio. Em uma sociedade que se pretende cada vez mais igualitária, torna-se extremamente ofensivo a distinção entre "entrada de serviço" e "entrada social" com o intuito de distanciar pessoas dentro de uma habitação. Um quarto pode ser um espaço de recepção. Os modernos provaram que a cozinha pode funcionar muito melhor como um espaço de convívio do que como um

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1 . 0 2 I N T R O D U Ç Ã O

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c o n c e i t o a s s o c i a d o

T E Ó R I C A

d e fl e x i b i l i d a d e à a r q u i t e t u r a

O conceito de flexibilidade associado à arquitetura não é contemporâneo. O tema recebeu grande atenção durante o II CIAM, realizado em Frankfurt em 1929, quando foi apresentado pelos modernos como resposta eficaz à necessidade de produção habitacional urgente que se deu no período entre guerras. Foram analisadas, principalmente, estratégias de dimensionamento de espaços, de compartimentação, de mobiliários flexíveis e de possíveis variações de configuração e usos dos espaços internos das moradias desta época, como notam TRAMONTANO (1998) e JORGE (2012). A partir destes estudos surgiram propostas e soluções projetuais que evidenciaram os benefícios da planta livre (tendo Mies van der Rohe como principal expoente na difusão deste conceito, tal qual mostra a leitura projetual efetuada pelo presente trabalho sobre a WeisnhofSiedlung apresentada mais a frente) e estimulavam o desenvolvimento de elementos para aproveitar de diversas formas as novas configurações possíveis para constituir novos espaços (como divisórias fixas e móveis, geralmente constituídas por materiais leves, portas de correr, mobiliários multifuncionais e móveis deslizantes e/ou articulados). Tais propostas, naturalmente, não foram absorvidas completamente pelo mercado imobiliário no período (tão pouco nos dias de hoje), pois configuram mudanças para os investidores, grupo este que entende mudança como risco financeiro, levando-os a manutenção do modelo habitacional burguês oitocentista.

“Os edifícios e as cidades devem ter a capacidade de se adaptarà diversidades e à mudança e também conservar a sua identidade. [...] O essencial, portanto, é chegar a uma arquitetura que, quando os usuários decidirem dar-lhe um uso diferente do que foi originalmente concebido pelo arquiteto, não seja perturbada a ponto de perder a sua identidade. Para dize-lo mais contundente: a arquitetura deveria oferecer um incentivo para que os usuários a influenciassem sempre que possível, não apenas para reforçar a sua identidade, mas especialmente para reafirmar a identidade de seus usuários (JORGE, 2012, apud HERTZBERGER, 1999, p. 147).”

A flexibilidade é introduzida neste trabalho como um fruto dos estudos iniciados na primeira metade do século XX, e como uma estratégia projetual para constituição do objeto a ser edificado, contrapondo-se às moradias contemporâneas estanques, orientando mudanças físicas e de função dentro da habitação, transformando-a em um ambiente compatível às necessidades dos usuários da atualidade. Quando relacionado à arquitetura, o termo indica soluções que justificam sua utilização como partido projetual e alternativa à problemática da repetição de um modelo de habitação hegemônico. Garante que os tipos habitacionais respeitem a pluralidade do indivíduo ou grupo utente; considera a participação, a diversidade de modos de vida e os múltiplos desejos e necessidades dos usuários; e assegura a redução do impacto ambiental geral do edifício, visando mantê-lo ativo, útil e sem necessidade de substituição pelo maior intervalo de tempo possível.

A relação entre arquitetura e flexibilidade pode ser entendida através da definição de dois conceitos essenciais, elaborados por Gyula Sebestyen em "What do we mean by 'flexibility' and 'variability'?": o de flexibilidade inicial ou variabilidade, e o de flexibilidade subsequente, funcional ou continua. O primeiro refere-se ao grau de variações arquitetônicas possibilitado pela composição estrutural do edifício no momento da sua construção; a simplificação dos elementos estruturais originando grandes vãos e divisões internas não portantes e removíveis, a vedação perimetral da edificação, a desvinculação de instalações, tubulações e acessórios da parede de alvenaria e o distanciamento da área úmida e das instalações de serviços em relação à seca são algumas práticas projetuais indicadas por JORGE, 2012 (apud BRANDÃO e REINECK, 1997, p. 2), que possibilitam aferir elevado grau de flexibilidade ao projeto. O segundo conceito identifica

IMAGEM 6 E 7: INTERIOR DA HABITAÇÃO WEISSENHOF PROJETADA EM 1927 POR MIES VAN DER ROHE: PLANTA LIVRE ORGANIZADA POR DIVIRÓRIAS MÓVEIS DE MADEIRA.

elementos que permitem ao usuário a adaptação dos seus espaços, dos equipamentos e do mobiliário em qualquer momento da vida útil da habitação, sem que a estrutura portante da edificação sofra qualquer mudança; divisórias leves, paredes móveis e/ou retráteis, portas de correr, mobiliários multifuncionais e móveis deslizantes e articulados são alguns dos elementos identificados. Os edifícios devem ter a potência de se adaptar ao estado permanente de mudança do grupo familiar contemporâneo e sua gradativa diferenciação de necessidades de moradia. A planta flexível permite que a arquitetura acompanhe as modificações destes grupos, atendendo às necessidades e aspirações de diferentes indivíduos dentro de um mesmo espaço, dando margem, inclusive, para alterações futuras. A manutenção de um modelo habitacional hegemônico, de planta com layout rígido, mobiliário exclusivo para o espaço e cômodos de funções determinadas e invariáveis vão contra às necessidades e princípios da sociedade atual. Outra esfera importante que abrange o conceito de flexibilidade diz respeito à participação do usuário na aplicação da flexibilidade subsequente para a configuração do seu habitat, explorando dimensões psicológicas, sentimentais, de compreensão espacial e de necessidades próprias. Este envolvimento permite que o ser utente da edificação interaja no processo de composição espacial que hoje é completamente externo a ele, contrapondo-se às soluções padronizadas.

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Desta maneira, criam-se meios para que o usuário possa elaborar soluções para aferir suas características pessoais no espaço de morar, estimulando um autoconhecimento em função da compreensão das ações cotidianas que desempenha, da forma como estas ações podem ser executadas e da relação do indivíduo como grupo familiar no qual está inserido e com sua vizinhança. Esta interpretação de necessidades espaciais está mais apta a atingir um alto nível de satisfação do morador do que a interpretação estereotipada realizada pelos investidores do mercado imobiliário prontos em atender às necessidades de uma sociedade com características do séc. XIX. A questão da sustentabilidade, ou melhor, da redução de impactos ambientais oriundos do processo de construção dos edifícios como um todo e de sua vida útil, de certa forma, reduzida, também está profundamente enraizada nos preceitos da flexibilidade. A planta flexível contribui para minimizar as possibilidades de obsolescência do edifício, pois o compreende como um organismo vivo e que responde às variações dos diferentes grupos familiares e suas necessidades ao longo da vida útil da habitação, assegurando qualidade arquitetônica residencial. Assim, a flexibilidade minimiza custos a longo prazo, pois, diferente do que acontece na habitação contemporânea tradicional, o “descarte” ou alteração (reforma) da moradia a partir do surgimento de novas necessidades do grupo familiar não é considerado. A definição dos conceitos de flexibilidade inicial e flexibilidade subsequente podem ser entendidos como justificativas ao fato de que a planta flexível é, de certo modo, sustentável em termos de redução de impactos ambientais, econômicos e, por conseguinte, sociais.

incompreensão do usuário do espaço em relação as suas próprias necessidades ao longo das vicissitudes que a vida lhe interpela. O pacto entre a arquitetura e a flexibilidade indica uma das possíveis soluções que devem ser estudadas e incentivadas pelo arquiteto e urbanista e profissionais de áreas afins para consecutiva absorção desta estratégia projetual e dos objetos por ela edificados, afim de difundi-la com maior contundência junto à sociedade e aos investidores do mercado imobiliário. Cabe ao arquiteto e urbanista projetar a interface que permitirá ao morador pensar e traduzir espacialmente uma resposta ao seu programa e suas pessoalidades. Apontar a flexibilidade como solução à adaptação espacial a fim de dar suporte às novas configurações familiares, novos hábitos de comportamento e novas tecnologias indica um partido muito coerente para a criação desta interface. Talvez a questão não seja a existência de um modelo habitacional dominante, mas a inexistência de uma alternativa (ou alternativas) de melhor qualidade espacial.

“Em primeiro lugar, a estrutura permite leiautes diferentes que podem mudar no longo do prazo: em segundo, exceto pela cozinha e pelo banheiro, não há um uso designado para os outros espaços, assim, os usuários podem decidir como ocupar os diferentes cômodos; e em terceiro lugar, a utilização de paredes móveis dá aos usuários a possibilidade de alterar fisicamente os espaços. Este nível de flexibilidade faz com que os apartamentos tenham uma vida útil mais longa: eles podem ser modificados ou no curto prazo, para acomodar as unidades familiares do dia-a-dia, ou para acomodar uma família crescente e em transformação; ou permitir, no longo prazo, a reconstrução dos interiores para criar diferentes unidades dentro da casa estrutural do edifício (FRENCH, 2009, P. 48).” O projeto da habitação contemporânea encontra-se em um momento de urgência. Seu entendimento como um objeto de consumo e descarte eminente, mesmo que a médio/longo prazo, evidencia o ponto de

IMAGEM 8: MIES CAN DER ROHE, 860-880 LAKE SHORE DRIVE APARTMENT BUILDINGS, CHICAGO, 1948-51; EM CONSTRUÇÃO, 1950-1.

IMAGEM 9: MIES CAN DER ROHE, 860-880 LAKE SHORE DRIVE APARTMENT BUILDINGS, CHICAGO, 1948-51; FRANK SCHERSCHEL, REFLEXÕES, COMO PUBLICADO POR LIFE MAGAZINE, 1957.

P Á G I N A

0 8


4 .

D A S R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S m o d e r n o s x c o n t e m p o r â n e o s

As referências projetuais foram selecionadas para dar suporte ao tema da pesquisa, de acordo com o objeto escolhido e de forma que justifiquem a fundamentação teórica levantada. Sendo assim, quatro projetos foram selecionados: dois deles pertencem ao movimento moderno (um nacional e outro internacional) e os outros dois são representantes da arquitetura contemporânea (também sendo um em cada âmbito). Os pro-

IMAGEM 10: PERSPECTIVA DIGITAL EDIFÍCIO TOCA

2 . O

O B J E T O

P R O P O S T O

h a b i t a ç ã o v e r t i c a l p l u r i f a m i l i a r

O grupo de gestores da cidade, responsáveis pela construção das moradas contemporâneas, é composto por profissionais que não necessariamente se relacionam com formações técnicas inerentes ao universo da arquitetura e do urbanismo ou, quando possuem tal formação, o interesse econômico se sobrepõe a outros. Prioriza-se, comumente, a edificação de uma habitação comercial pré-definida, de técnicas construtivas e materialidades já absorvidas pelo mercado e pela mão-de-obra, as quais resultam na construção repetida de uma habitação tipo, que atende exigências mínimas relativas a moradia de um grupo familiar padronizado, com normas dimensionais rígidas e cômodos engessados, caracterizando uma espécie de “fórmula” para obtenção do baixo custo produtivo e em curto tempo de execução. Os edifícios de morar não são bem interpretados e desenvolvidos para atender o programa de necessidades da sociedade atual, sendo assim, propõe-se

criar como objeto arquitetônico desta pesquisa uma habitação vertical plurifamiliar, tendo como diretrizes os conceitos de flexibilidade (consideração da pluralidade dos programas de necessidades, participação dos moradores na configuração do espaço e dilatação da vida útil da edificação).

3 .

O B J E T I V O

a f e r i r a p o t ê n c i a d e s e a d a p t a r a o e s p a ç o d e m o r a r

jetos modernos foram escolhidos por representarem o primeiro momento em que o desenho da habitação e sua produção foram discutidos e revisados integralmente; já as edificações contemporâneas servem como referências da arquitetura em que vive-se nos dias de hoje e que abriga os diversos grupos familiares que vem surgindo.

potência de se adaptar ao estado permanente de mudança dos grupos familiares contemporâneos e, consequentemente, das gradativas diferenAferir ao espaço de morar a

ciações do programa de necessidade da habitação.

Firmar um pacto entre a arquitetura e a flexibilidade, indicando esta aliança como uma das possíveis soluções que podem ser estudadas e incentivadas pelo arquiteto e urbanista - e profissionais de áreas afins - para consecutiva absorção desta estratégia projetual e dos objetos por ela edificados, a fim de difundi-la com maior contundência junto a sociedade e ao grupo de gestores da cidade responsáveis pelo desen-

Estimular, segundo os conceitos da flexibilidade continua definidos por

volvimento imobiliário.

Gyula Sebestyen em "What do we mean by 'flexibility'

o autoconhecimento do ser utente do espaço em relação às necessidades de morar, do bem estar e da relação e responsabilidade da casa com o espaço urbano, e em como estas questões interferem no programa da moradia.

and 'variability'?",

IMAGEM 11: MONTAGEM COM EDIFÍCIOS PERSPECTIVAS DOS EDIFÍCIOS REFERÊNCIAS. DA ESQUERDA PARA DIREITA: HABITAÇÃO WEISSENHOF, EDIFÍCIO ESTHER, CASAS VM E EDIFÍCIO HUMA KABLIN.

P Á G I N A

0 9


W E I S S E N H O F S I E D L U N G 1 9 2 7 L U D W I G M I E S V A N D E R R O H E S T U T T G A R T - A L E M A N H A

p2

p1

C O N C E I T U A Ç Ã O / P A R T I D O

Inspirado por tais princípios, Mies propos o Weissenhofsiedlung, um edifício multifamiliar que rompeu com qualquer modelo de habitação construído até então. O arquiteto alemão visou obter a máxima eficiencia do edifício com o mínimo de recursos, possível através da elaboração de uma construção de estrutura funcional, do uso de materiais industrializados e da racionalização dos elementos compositivios. Mies criou o conceito de planta-livre, geradora de um espaço universal, generalsita, capaz de abrigar programas variados e atender exigências diversificadas. A simplificação de elementos estruturais, a parede como elemento independente da estrutura e a organização interna através da subdivisão espacial por painéis leves são estratégias combinadas que conferem peculiaridade à sua obra. “Consiste num bloco de apartamentos de quatro pavimentos, comprido e estreito, em estrutura de aço e paredes divisórias interiores independentes, destaca-se pela liberdade da distribuição interior. Cada unidade residencial poderia ser subdividida em vários tamanhos, com divisórias que poderiam ser acrescentadas ou retiradas, a critério do usuário IMAGEM 12: ARQUITETO MIES VAN DER ROHE (ZIMMERMAN, 2006).”

IMAGEM 14, 15, 16 E 17: PERSPECTIVA FOTOGRÁFICA A PARTIR DO GOOGLE STREET VIEW

eg

sol poente rua pan kokw

A Deutscher Werkbund foi uma exposição de arquitetura e urbanismo moderno realizada em Stuttgart, Alemanha, em 1925 sob curadoria do arquiteto Ludwig Mies van der Rohe. Na ocasião, Mies convidou um grupo seleto de arquietos (modernos) para desenvolverem diversas edificações em um bairro experimental constituido por projetos cujos conceitos definiram tal movimento dentro da arquitetura e do urbanismo. O emprego de materias industrializados no sistema construtivo (dos objetos aos edifícios) associou racionalização, produção em larga escala e, portanto, qualidade ao trabalho dos arquitetos, designers, industriais e empresários no propósito comum de reconciliar os princípios do bom desenho com a produção industrial.

p e r s p e c t i v a a p a r t i r d a r u a a m perspectiva a partir da rua w e i s s e n h o f s e n t i d o o e s t e l e s t e bruckmannweg sentido norte sul

M i e s e s e u c o n j u n t o h a b i t a c i o n a l

p4

perspectiva a partir da rua bruckmannweg sentido nordeste sudeste

s o b r e

p3

perspectiva a partir da rua pankokwef sentido sul norte

4 . 0 1 D A S R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S

p3

p1 edificio

rua

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multifam

rua bru ckmannw eg

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p2

iliar

p4

ventos predominantes

sol nascente IMAGEM 13: IMPLANTAÇÃO COM ESTUDOS SOLARES, DE VENTOS E INDICAÇÕES DE VISTAS

P Á G I N A

1 0


I M P L A N T A Ç Ã O

.

Eixo de Simetria

Terraço

As três plantas indicadas em vermelho possuem a mesma tipologia habitacional (I) com diferentes configurações internas, evidenciando as paredes móveis e as fixas. planta cobertura

0 1 weissenhofsied

P L A N T A S , C O R T E S E L E V A Ç Õ E S

E

“Em primeiro lugar, a estrutura permite leiautes diferentes que podem mudar no longo do prazo; em segundo, exceto pela cozinha e pelo banheiro, não há um uso designado para os outros espaços, assim, os usuários podem decidir como ocupar os diferentes cômodos; e em terceiro lugar, a utilização de paredes móveis dá aos usuários a possibilidade de alterar fisicamente os espaços. Este nível de flexibilidade faz com que os apartamentos tenham uma vida útil mais longa; eles podem ser modificados ou no curto prazo, para acomodar as atividades familiares do dia-a-dia, ou para acomodar uma família crescente e em tranformação; ou permitir, no longo prazo, a reconstrução dos interiores para criar diferentes unidades dentro da casca estrutural do edifício (FRENCH, 2009, p. 48).” O sistema estrutural do edifício dá-se por pilares e vigas de aço, permitindo maior liberdade para a divisão dos espaços internos devido à obtenção de grandes vãos, associados a alta resistência da estrutura metálica. Esta aplicação permite limitar o uso de paredes estruturais e introduzir divisórias moveis e leves, permitindo a criação de espaços abertos e fachadas com extensas aberturas. Tem-se então a planta livre: um espaço neutro caracterizado pela ausência, total ou parcial, da compartimentação rígida característica do modelo de habitação burguês do século XIX. A separeção dos elementos portantes e não-portantes cria um espaço menos estanque e mais experimental para novas soluções arquitetônicas, o qual promove a igualidade funcional dos espaços e a liberdade dos planos abertos, atribuindo flexibilidade à habitação e rompendo com uma constituição hierárquica dos espaços que constituem a moradia, o que resulta no rompimento simbóli-

5m

3

planta cobertura

3.2m

O local escolhido para a implantação do bairro experimental não é acidentado em termos topográficos. O lote destinado à execução do projeto de Mies localiza-se na parte central norte da gleba. A habitação plurifamiliar é constituida por um elemento de forma pura e linhas retas. Está estratégicamente posicionado para evitar os fortes ventos predominantes que sopram com baixas temperaturas (dada à proximidade com o círculo polar ártico) no sentido norte-sul durante todo o ano. Nestes dois lados as fachadas são opacas e com poucas aberturas. Já as fachadas leste e oeste são translucidas, livres, tomadas por grandes janelasfita, a fim de garantir o máximo aproveitamento do sol da manhã e da tarde, além de interligar os espaços interno e externo, e o aproveitamento do potencial visual da região.

planta terceiro pavimento

Eixo de Simetria 3.2m

2m

2.4m

2m

3.2m

3.2m

4.2m

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3.2m

3.2m

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2.4m

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4.2m

3.2m

3.2m

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2.4m

2m

3.2m

Lolização de pilares metálicos E IDENTIFICAÇÃO DE MODULAÇÃO ESTRUTURAL

planta segundo pavimento

Eixo de Simetria

área molhada

Circulação Vertical

Infraestrutura planta segundo pavimento

planta terreo

Eixo de Simetria

Tipologia Habitacional I

Tipologia Habitacional II

Tipologia Habitacional III

Tipologia Habitacional IV IMAGEM 18: PLANTAS EDIFÍCIO P Á G I N A

1 1


co com as relações hierarquicas entre aqueles que ocupam áreas caracterizadas, até então, como de serviços e aqueles que ocupam áreas ditas sociais e íntimas. As paredes periféricas do bloco do apartamento, responsáveis pela vedação do espaço externo, são executadas em alvenaria coberta por um reboco liso, com grandes janelas e portas de vidro. As paredes internas fixas estão alinhadas em todos os pavimentos e são construídas com paineis de gesso, nos locais em que estão associados os sistemas de infraestrutura, instalaçoes, circulação e equipamentos mecânicos, caracterizando as únicas áreas estanques da planta. Todas as demais divisões internas são paredes móveis, compostas por paineis leves de madeira, possibilitando a (re)configuração dos espaços de forma funcional, econômica e rápida.

implantação dos edificíos escalonados em diferentes níveis, de acordo com a topografia natural, gerando menor movimentação de terra, e tornando a obra menos impactante em termos de movimentação topográfica (o que implicaria a não configuração de um prisma puro). R E L E V Â N C I A D A L E I T U R A P A R A O P R O J E T O A coragem e a irreverência deste projeto em propor e executar uma arquitetura completamente nova da existente caracteriza o principal ponto a ser compreendido. IMAGEM 22: MIES VAN DER ROHE "(...)

Pessoalmente, gosto de ter limites. Penso que para os que têm poucas habilidades seria muita liberdade. Quando se tem menos limites deve-se tomar mais cuidado. (...)"

São 24 habitações distribuidas em 3 pavimentos. Existem quatro tamanhos de apartamentos simplex identificados e inúmeras configurações possíveis para cada um deles. O acesso dá-se por quatro escadas, cada qual garante a circulação para cada dois apartamentos, ligando o pavimento térreo até o quarto pavimento. O último pavimeno possui terraços de uso e fruição comum além de espaços técnicos e de armazenamento (não há habitações). Este projeto é considerado um paradigma fundamental para o desenvolvimento da flexibilidade espacial da habitação. A divisão dos compartimentos internos foge do sistema convencional que determina um aposento para cada função. permite à família a própria transformação dos ambientes. Este foi o fator fundamental para a seleção deste projeto como estudo de referÊncia. A fachada é abstrata, o que significa que não é possível identificar o programa pelo lado de fora. Além desta característica, as fachadas não possuem hierarquia entre sí (o que reforça o valor simbólico identificado na página anterior, nada possui hierarquia pois todos merecem igual tratamento), todas recebem tratamentos semelhantes sem que uma elevação principal seja eleita. Através das elevações evidensia-se a forte simetria do edifício, a qual é refletida nas plantas, e garante ritmo à edificação. Não se pode encontrar disponíveis peças gráficas de cortes do edifício para análise, contudo, a partir das elevações, pode-se chegar às seguintes interpretações acerca da movimentação de terra. Apesar da baixa declividade do terreno, observa-se a valorização da forma pura do objeto em detrimento da qualidade natural do terreno, evidenciado pelos taludes, afim de obter um platô para implantação do projeto. Uma solução possível, contra os princípios modernos, seria, a

IMAGEM 20 E 21: INTERIOR DAS HABITAÇÕES: MOBILIÁRIO COMO DIVISOR DE ESPAÇOS E PAREDES LEVES

A criação do espaço universal a partir da planta livre e o rigoroso detalhamento que chega até a escala do mobiliário multifacetado, que ora é uma estante, ora uma divisória leve e móvel que pode criar infinitos espaços a partir do seu ágil deslocamento, também deve ser considerado. Assim como a implantação do edifício, que bloqueia os ventos frios interrompendo-os com as fachadas opacas, nos sentidos norte e sul, e abre as demais elevaçoes (leste e oeste) para garantir o melhor aproveitamento do sol durante todo o dia. A associação dos elementos estanques aos sistemas de infraestrutura, intalações, circulações e equipamentos mecânicos contribui para a flexibilização do restante do espaco da moradia, assim como a separação dos elementos portantes dos não-portantes, criando um espaço mais experimental para novas soluções arquitetônicas, promovendo a igualidade funcional dos espaços e a liberdade dos planos abertos e contínuos.

fachada norte

Eixo de Simetria

Eixo de Simetria

fachada leste fachada SUL

fachada oeste

fachada NORTE

IMAGEM 19: ELEVAÇÕES EDIFÍCIO P Á G I N A

1 2


4 . 0 2 D A S R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S

E D I F Í C I O E S T H E R 1 9 3 8 ÁLVARO VITAL BRAZIL + ADHEMAR MARINHO S Ã O P A U L O - B R A S I L

edificio arthur nogueira sol nascente

I M P L A N T A Ç Ã O A implantação do edifício no lote, quando pensada na década de 30, pretendia ser livre e favorecer à contemplação das formas puras e claras do prédio por todos os lados. Seu posicionamento possibilitaria a insidência do sol da manhã nas fachadas sudeste e nordeste e sol da tarde nas demais fachadas. Os ventos predominantes não parecem ter influenciado o posicionamento das aberturas. Nota-se que as características discutidas para a implantação foram logo alteradas pela construção do Edifício Arthur Nogueira faceando a elevação sul do Esther, assim como de outros edifícios verticalizados que surgiram posteriormente no entorno do Esther, o que denota que pensar IMAGEM 23: EDIFÍCIO ESTHER, PERSPECTIVA FOTOGRÁFICA DA ELEVAÇÃO NORTE em concordância com o entorno urbano é fundamental.

p4

rua gabus mendes

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edificio esther

avenida ipiranga

sol poente

p2

p1 praca da republica IMAGEM 24: IMPLANTAÇÃO COM ESTUDOS SOLARES, DE VENTOS E INDICAÇÕES DE VISTAS

perspectiva a partir da avenida ipiranga evidencia relacao com o passeio publico avantajado e fachada norte como unica elevacao com vista livre

O edifício foi concebido a partir dos princípios do racionalismo funcionalista. Diferente de outros projetos modernos brasileiros do período, frutos de iniciativa do poder público, o Edifício Esther é um investimento de iniciativa privada dirigido aos empreendedores imobiliários para fins de renda. Portanto, constroe-se um cenário em que a iniciativa privada é patrocinadora da renovação construtiva e plástica da arquitetura e do urbanismo, mesmo que atrelada aos interesses comerciais do mercado imobiliário.

rua 7 de abril

C O N C E I T U A Ç Ã O / P A R T I D O Localizado na Praça da República, centro da capital do estado de São Paulo, o Edifício Esther foi fruto de um concurso particular, vencido pela dupla de arquitetos cariocas Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho, em 1936. A disputa foi encomendada pela família Nogueira, proprietária da Usina de Açúcar Esther, no intuito de associar à usina uma imagem de modernidade, além criar um escritório para a empresa. O projeto previa abrigar comércios, escritórios e residências de diferentes tipologias. Originou-se então, em 1938, uma obra fundamental do Movimento Moderno Brasileiro.

da

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ventos predominantes

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Á l v a r o , A d h e m a r E s t h e r

perspectiva a partir da avenida ipiranga sentido oeste leste ressalta a praca da republica como principal potencial visual do edificio esther

s o b r e

p3

p4

perspectiva a partir da rua sete de setembro sentido norte sul caracterizando o uso comercial do pavimento terreo do edificio e o forte adensamento vertical causado pelo insercao de edificios altos no entorno do objeto de estudo perspectiva a partir da rua basilio da gama sentido sul norte ressalta intervencoes extemporaneas como a adicao de aparelhos de ar condicionado na fachada sul e grafites no p a v i m e n t o t e r r e o

a esquerda perspectiva do edifico esther na primeira metade do seculo xx evidencia o baixo adensamento vertical da regiao no periodo e o conflito com o edificio arthur nogueira ao fundo. IMAGEM 25, 26, 27, 28 E 29: PERSPECTIVA FOTOGRÁFICA A PARTIR DO GOOGLE STREET VIEW

P Á G I N A

1 3


A principal preocucação em relação ao posicionamento do edifício no lote parece ser em alinhar a grande elevação norte à via de maior fluxo: Av. Ipiranga. Esta medida garante à edificação visibilidade e imponência, características desejadas pelo cliente. Assim, observa-se a preocupação formal dos arquitetos em privilegiar esta fachada, concedendo apenas a ela recuo avantajado na entrada e sacadas. estas medidas acabam por hierarquizá-la em relação às demais elevações. A preocupação com o projeto esta à frente daquela com o terreno. Este é entendido como um contratempo, característica do pensamento moderno, pois prejudica o desenho puro da construção. A análise da movimentação de terra realizada junto aos cortes também permite chegar nesta conclusão.

P L A N T A S , C O R T E S E L E V A Ç Õ E S

E

O programa do edifício distribui-se em 10 pavimentos mais o térreo, o subsolo e a área técnica. São 103 unidades de usos misturados (comercial, prestação de serviços, residencial simples e residencial duplex). As lojas estão concentradas nas quatro faces do pavimento térreo; escritórios e consultórios nos andares um, dois e três; e unidades habitacionais de diversos tipos do quarto ao décimo andar. A intenção, ao promover o uso misto, é de criar espaços de aluguel para gerar renda e garantir a autonomia do investimento e lucro para o investidor. O edifício possui sistema portante independente, de acordo com os preceitos da planta-livre moderna. Também utiliza os conceitos de terraço-jardim e da janela em fita. As lajes contínuas flexibilizam a planta e o programa interno da edificação. Os pilotis evidenciam a liberdade estrutural que permite a criação de grandes vãos. O projeto estrutural associado ao conceito da flexibilidade remete à leitura projetual apresentada anteriormente, consagrando Mies van der Rohe como um dos pais do movimento moderno e com teias de influência que se estendem até a arquitetura brasileira. Ainda sobre o sistema estrutural, são utilizas no projeto vigas invertidas com as quais o espaço por elas delimitado é preenchido com escória de carvão, o que possibilita a instalação livre da rede hidráulica em seu interior, remetendodo-se ao piso elevado. No terraço utilizou-se terra adubada, argila branca, feltro de amianto e impermeabilização. As fachadas são emolduradas em vidrolite preto marcando a estrutura, os planos possuem massa raspada pigmentada, as escadas laterais são indicadas pelo

volume envidraçado saliente e as janelas em extensão possuem persianas justapostas em faixas contínuas. As elevações são parcialmente abstratas pois indicam o tipo de uso de cada pavimento mas não indicam o programa. Na elevação norte observa-se a distribuição dos escritórios nos pavimentos 1, 2 e 3 devido às janelas em fita, a distribuição das habtações nos pavimentos superiores é indicada pelas sacadas, e da área técnica na cobertura é indicada pelo volume da caixa d’água. As habitações acontecem no edifício a partir do quarto andar, onde são identificados duas tipologias de moradia (A e B), no quinto e no sexto pavimentos existem habitações do um terceiro tipo (C), no sétimo e oitavo pavimentos estão as habitações tipo D e E, no nono andar tem-se habitações E e F (dúplex) e no décimo andar tem-se o segundo andar da habitação f (dúplex) e habitação A. São sete tamanhos variados de habitações com plantas livres, as quais possibilitam diversas composições por possuírem um sistema portante independete. As áreas rígidas são reduzidas e apresentam-se alinhadas verticalmente, assim como na Weissenhofsiedlung de Mies van der Rohe. Nestas áreas estão alocados os sistemas de infraestrutura, instalações, circulações e equipamentos mecânicos. As demais divisões internas, em sua maioria, são flexíveis, podendo ser removidas ou não. Sendo assim, a concentração espacial das áreas estanques em uma parcela da planta libera todo o restante da habitação, viabilizando a reorganização dos espaços e do programa de necessidades de acordo com o grupo utente.

R E L E V Â N C I A P A R A P R O J E T 0

O

Destaca-se como característica projetual de relevância a estruturação da planta livre. A utilização da viga invertida vale ser ressalvada pois oferece uma contribuição a mais à flexibilização da planta, garantindo espaco para a rede hidráulica, e reduzindo a utilização de estruturas estanques como paredes hidráulicas. Conceitos herdados do pensamento moderno internacional, como as janelas em fita e o terraço jardim, otimizam o espaço e configuram soluções que contribuem para a economia energética e para a redução de impactos ambientais por parte do edifício. A possibilidade de conversão de duas tipologias habitacionais em uma maior, e vice-versa, é um aspecto da teoria da flexibilidade aplicada à arquitetura que contribui para a longevidade do edifício e sua adaptação aos diferentes grupos familiares existentes (e que virão a existir) e suas necessidades de composição espacial para habitações diversas.

piso acabado contrapiso

laje invertida

preenchimento com escoria de carvao

viga

IMAGEM 31: ESQUEMA VIGA INVERTIDA

No último pavimento observa-se, pelo corte, o posicionamento centralizado das caixas d`água, as quais indicam onde estarão concentrados os equipamentos estanques nos diversos pavimentos. Há, ainda, um subsolo sobre o qual planta alguma foi encontrada, mas que pode ser evidenciado pelo corte indicado. A partir deste corte pode-se observar a criação de taludes para a implantação do projeto, considerando a movimentação de terra como solução projetual. Outra solução possível para a execução do edifício seria a consideração do perfil natural do terreno e subordinação do objeto arquitetônico a este como medida de menor impacto ambiental e econômico.

IMAGEM 32: EXECUÇÃO VIGA INVERTIDA EDIFÍCIO ESTHER. “O espaço por elas delimitado

é preenchido com escória de carvão, o que possibilita a instalação livre da rede hidráulica em seu interior”. P Á G I N A

1 4


Planta baixa lado norte pav. 4

Planta baixa lado sul pav. 5 e 6

Hab.f Duplex Pav. 2

Hab.A

Hab.f Duplex Pav. 2

Hab.A

Hab.C

Hab.A

Limite entre habitações

Pav. 10 - Habitação A e Habitação F (pav. 2 da tipologia dupléx) área molhada

Circulação Vertical

caixad`água

Infraestrutura planta baixa pav. 10

acessoáreatécnica

Hab.C

Hab.C

Hab.B Hab.B

Hab.A

Hab.A

Hab.C

Hab.B Hab.B

Pavimento 5 e 6 - Habitação C (em planta, apenas é removida a divisória que separa as habitaçoes tipo A e B) Pavimento 4 - Haabitações tipo A e B L i m i t e e n t r e h a b i t a ç õ e s

Hab.A

planta baixa pav. 4, 5 e 6

pav.10 Hab.f Duplex Pav. 1

Hab.E

Hab.f Duplex Pav. 1

pav.9 Hab.E

pav.8 pav.7 pav.6 pav.5 pav.4 pav.3 pav.2 pav.1 térreo

Pav 9 - Habitação “F” (pav. 1 da tipologia dupléx)

Planta baixa lado sul pav. 7

Hab.D

sub-solo

Limite entre habitações

Pav. 9 - Habitação “E”

Hab.E

Hab.E`=D +E

planta baixa pav. 9

Pavimentos 1, 2 e 3 - Prestação de serviços e escritórios Acesso pavimentos superiores

planta baixa pav. 1, 2 e 3

Planta baixa lado norte pav. 8

Hab.E

Hab.E`

Hab.D

Hab.D

Hab.A

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.C

Hab.B

Hab.B Hab.A Hab.A Hab.B

Hab.B Hab.A

Pavimentos 3 - Prestação de serviços e escritórios Pav. 8 - Habitação “E` ” (possibilidade de soma das áreas das habitações “D” e “E” por meio da abertura da parede indicada) Limite entre Pav. 7 - Habitação “D” e Habitação “E” habitações

Pavimentos 2 - Prestação de serviços e escritórios planta baixa pav. 7 e 8

Pavimentos 1 - Prestação de serviços e escritórios

Térreo - Uso Comercial

Acesso ao subsolo

Acesso ao edifíco

Acesso pavimentos s u p e r i o r e s

planta baixa térreo

Térreo - Uso Comercial

IMAGEM 30: PLANTAS ELEVAÇÃO E DIAGRAMA ESQUEMÁTICO - ESTUDOS P Á G I N A

1 5


4 . 0 3 D A S R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S

n

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s o b r e o e s c r i t ó r i o B I G + J D S e a s h a b i t a ç õ e s V M

H O U S E S 2 0 0 4 P L O T = B I G + J D S S T U T T G A R T - A L E M A N H A

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sol nascente

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Slusevej

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Bjark Ingels, arquiteto fundador do grupo BIG (Bjark Ingels Group), aposta nas necessidades diversas dos grupos familiares contemporâneos como partido arquitetônico. Vai contra a produção homogeneizada das habitações disseminadas pelo mercado imobiliário que, de acordo com sua citação, não condiz sempre com os anseios do indivíduo utente. Propõe uma reinterpretação do pensamento moderno, humanizando pontos estanques do movimento e fazendo referência àqueles que valem ser considerados, alinhando-os com as variantes impostas pelo meio natural e social.

ES

S OU

C

As residências VM foram projetadas para implantação em um novo bairro criado na cidade de Copenhaga, na Dinamarca. O bairro, chamado Ørestad, encontra-se em uma região erma, rodeada de estaleiros de construção que acompanham o desenvolvimento da crescente vizinhança. O objetivo dos arquitetos é edificar uma habitação que chame a atenção de futuros moradores, apropriando-se das qualidades naturais oferecidas pelo terreno/entorno e propondo uma implantação diferente daquela proposta pelo plano de urbanização de Copenhaga (como aponta Ingels, blocos quadrados ao redor de praças, principal elemento em 90% do tecido urbano da cidade).

suburbio

novo bairro

Ørestads Blvd.

C O N C E I T U A Ç Ã O / P A R T I D O

a

V M

Pocket Park

ventos predominantes

N

I M P L A N T A Ç Ã O

N

N

bloco habitacional t r a d i c i o n a l

dois retângulos

condicionando a alteração do segundo bloco

modificaram o ângulo do primeiro edifício

N

N

As habitações VM recebem este nome por assemelharem-se, em implantação, às letras “V” e “M”. Constituem dois blocos que apresentam-se em um terreno quadrado e delimitado por dois canais. O estudo volumétrico partiu de dois retângulos, posicionados em cada extremidade do terreno, perpendicular aos canais, com um espaço central para um pátio (referência clara aos estudos de implantação das primeiras habitações modernas. Para garantir a vista dos apartamentos para a paisagem e tirar proveito da luz do sol da manhã e da ventilação, os arquitetos modificaram o ângulo do primeiro edifício, o que condicionou a alteração do segundo bloco. Desta forma, romperam com a malha ortogonal de residências do entorno, eliminando a vista direta entre os IMAGEM 33: ARQUITETO BJARKE INGELS DO GRUPO BIG. apartamentos vizinhos e aproveitando ao máximo os “Se todossomos diferentes, porque é que a maioria limites das leis de zoneamento. Os blocos elevam-se a 12 andares no sentido da nova cidade a oeste e baixam até 4 dos apartamentos são idênticas?” Bjark Ingels, 2011, andares no sentido dos subúrbios à leste. pag. 72

elevaram 12 andares no sentido oeste e baixam até 4 andares no sentido leste

IMAGEM 34: IMPLANTAÇÃO COM ESTUDOS SOLARES, DE VENTOS E INDICAÇÕES DE VISTAS E ESTUDOS VOLUMÉTRICOS DE IMPLANTAÇÃO

P Á G I N A

1 6


P L A N T A S , C O R T E S E L E V A Ç Õ E S

E

“Todos os nossos conhecidos que tinham comprado casa recentemente passaram os primeiros meses a derrubar paredes para unir espaços. Então decidimos não colocar paredes, fazer apartamentos só com um espaço.” Bjark Ingels, 2011. pag. 70.

A complexa composição das 225 unidades habitacionais, distribuidas entre mais de 80 tipologias diferentes de moradias torna esta leitura projetual um desafio. O projeto é um aglomerado de apartamentos de distancias espaciais distintas, multinivelados e com acessos diversos. Contudo, mesmo considerando que poucas peças gráficas foram encontradas, muitos esquemas e diagramas foram disponibilizados em publicações, facilitando a compreensão do projeto. Com o objetivo de garantir uma moradia condizente com as necessidades dos diversos grupos familiares contemporâneos, foram propostos apartamentos de planta livre. As moradias não apresentam divisões internas, são compostas por um grande e único espaço, rico em flexibilidade para atender às necessidades dos usuários. As únicas áreas estanques são aquelas em que os sistemas de infraestrutura, instalações, circulações e equipamentos mecânicos estão associados. As tipologias são predominantemente duplex ou triplex, todos os apartamentos possuem amplas aberturas, um espaço de pé-direito duplo voltado para o norte e vistas panorâmicas para o sul. O edifício V possui apartamentos com varandas externas atirantadas, na fachada sul. O volume do edifício proporciona melhor luz, ventilação e vista para o entorno. O acesso aos apartamentos acontece através de uma passagem exterior conectada a três torres de escada e elevadores, colocados em cada extremidade e um na parte central do edifício em forma de “V”.

esquema volumétrico com as tipologias h a b i t a c i o n a i s d o e d i f í c i o V

esquema volumétrico com as tipologias h a b i t a c i o n a i s d o e d i f í c i o M

O edifício M apropria-se da lógica da laje diagonal utilizada no edifício V, dividindo-a em pequenas partes. Desta forma, pode-se criar circulações centrais curtas entre os andares e apartamentos, providas de luz natural e qualidade visual de ambos os lados, como “buracos de bala” que atravessam o edifício. Em alguns pontos deste corredor existem pequenos espaços coletivos para convivência. Enquanto Le Corbusier e outros arquitetos do movimento moderno projetavam apartamentos estreitos ao redor de longos metros de corredores de uso restrito, esta reinterpretação pode enxergar novas qualidades para o espaço de circulação. VIsto a localização distante do restante da cidade em que os edifícios estão inseridos, o projeto tem a preocupação em promover a socialização entre os moradores: além da criação dos espaços de convivência nos corredores de acesso aos apartamentos, o arquiteto aponta o posicionamento das varandas do edifício V também como uma forma de integrar as habitações dos diferentes pavimentos, uma vez que o deslocamento de cada sacada cria uma ligação entre os vizinhos em um raio vertical de 10 metros.

Detalhe varanda atirantada, garante a leveza dos v o l u m e s s a l i e n t e s ( s a c a d a s ) Corte do Residencial V com indicação das diferentes tipologias habitacionais por andar IMAGEM 35: CORTES E ESTUDOS VOLUMÉTRICOS

IMAGEM 36: PAINEL DE AZULEJO PARA MARCAR ACESSO DO EDIFÍCIO M

P Á G I N A

1 7


Os diferentes tipos de habitações entrelaçam-se em complexas composições na fachada. Devido a esta composição tridimensional complexa, as fachadas tornam-se abstratas, assimétricas, e sem hierarquização entre si. A expressividade formal do conjunto é balanceada com a escolha de poucos materiais: madeira, vidro e alumínio. Apenas nas duas entradas principais, onde o arquiteto julgou necessário fazer algum tipo de identificação visual para facilitar o acesso, grandes painéis de azulejos de 10x10cm em dez cores diferentes estampam as faces dos clientes que investiram na construção dos edifícios.

IMAGEM 37: VISTA DAS SACADAS TRIANGULARES DA ELEVAÇÃO SUL DO EDIFÍCIO V, COM VISTA PARA O POCKET PARK

R E L E V Â N C I A D A L E I T U R A P A R A O P R O J E T O

IMAGEM 38: PERSPECTIVA FOTOGRÁFICA DA ELEVAÇÃO NORTE DO EDIFÍCIO M EVIDENCIANDO O PÉ-DIREITO DUPLO DAS UNIDADES, VARANDAS ATIRANTADAS E ABERTURAS AMPLAS.

O tratamento que o projeto tem para com as qualidades naturais oferecidas pelo entorno e pelo terreno e o questionamento do tipo de implantação proposto pelo plano de urbanização do município que domina os lotes do município, são principios que diferenciam o objeto das habitações contemporâneas oferecidas pelo mercado imobiliário. A consideração das necessidades diversas dos grupos familiares hoje existentes também é um a característica que vai contra a produção homogeneizada das habitações dissemidas pelos especuladores imobiliários. A composição volumétrica multinivelada e assimétrica das unidades garante a cada habitação características espaciais exclusivas, sendo o único projeto selecionado dentro das leituras projetuais escolhidas que oferece mais de 80 tipologias de apartamentos. A utilização de lajes diagonais para melhor aproveitamento do potencial visual, da luz e dos ventos, além de criar espaços mais curtos de circulação também qualifica estes locais como áreas de convívio. O projeto também promove a integração da arquitetura com outras artes quando propõe os painéis de azulejo para marcar os acessos do edifício (alusão direta ao movimento moderno brasileiro).

IMAGEM 39: ESPAÇO INTERNO DE UMA DAS HABITAÇÕES DE TIPOLOGIA DUPLEX P Á G I N A

1 8


o da mota rua calixt

s o b r e o H u m a K l a b i n e s c r i t ó r i o U N A

d o

metro vila mariana sol poente

c i clofaixa

4 . 0 4 D A S R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S

R E S I D E N C I A L H U M A K L A B I N 2 0 1 2 U N A A R Q U I T E T O S S Ã O P A I L O - B R A S I L

C O N C E I T U A Ç Ã O / P A R T I D O “Transmitir a ideia de que a cidade, o bairro, o condomínio e a rua são extensões do nosso próprio lar e por isso, um dos pontos centrais do projeto é a procura de soluções tanto do muro para dentro, quanto do muro para fora.” http://eye4design.com.br O Residencial Huma Klabin é um investimento da empresa Huma Desenvolvimento Imobiliário, a qual teve seus ideais traduzidos arquitetônicamente pelo escritório paulista Una Arquitetos. Localizado na Vila Mariana, bairro da cidade de São Paulo, o projeto tem como princípio promover a integração entre o edifício e as demais escalas urbanas, da rua à cidade. Considera a relação da edificação com o terreno, o entorno e os elementos naturais; com a infraestrutura urbana e equipamentos ofertados pelo bairro e a relação destes com o restante do município; além de considerar as diversas características e necessidades dos grupos familiares contemporâneos.

ventos predominantes metro chacara klabin sol nascente potencial visual IMAGEM 4O: IMPLANTAÇÃO COM ESTUDOS SOLARES, DE VENTOS E INDICAÇÕES DE PROXIMIDADES E POTENCIAL VISUAL.

O recuo frontal exigido por legislação foi incorporado como um jardim que se oferece à cidade, faceando a Rua Calixto da Mota. A própria construção estabelece o limite com a rua uma vez que o pavimento térreo esta elevado em relação ao nível do passeio (evidente na elevação norte). Este volume mais próximo do passeio constitui um dos volumes com 12 andares de apartamentos. O outro volume, apoiado sobre o primeiro e mais recuado em relação à rua, possui um andar a menos. Entre as duas torres há um espaço livre (indicado na implantação) para a circulação e acesso até às unidades, o que contribui para a iluminação e ventilação dos edifícios e possibilita uma comunicação visual direta com a Rua que liga o Edifício à cidade. O terreno possui vistas amplas, os edifícios altos que o cercam geram grandes frestas, garantindo qualidade visual às habitações. O projeto cria uma estrutura que alterna as direções das aberturas dos apartamentos, proporcionando o melhor aproveitamento visual, dos ventos e da iluminação natural para todas as unidades (sol da manhã para fachadas leste e norte e sol da tarde para sul e oeste; ventos predominates sopram no sentido sudeste-noroeste). Além disso, a implantação respeita as construções vizinhas, pois preserva distâncias adequadas entre os edifícios. O endereço para a implantação do edifício não foi escolhido ao acaso, a qualificação da vizinhança na qual esta inserido o terreno e sua relação com as redes de infraestrutura e serviços representam questões a serem analisadas em uma cidade como São Paulo. O Huma Klabin localiza-se na Vila Mariana, onde os edifícios de uso misto garantem vivacidade à região, além de ser servida de infraestrutura de transporte público (duas estações de metrô à dois quarteirões), ciclofaixa, comércios, serviços e lazer.

Evidencia o potencial da arquitetura, mais especificamente da arquitetura de habitação, em influenciar o pensamento e comportamento social não apenas na escala íntima e privada da moradia, mas também na escala da vizinhança, do bairro e da cidade, cumprindo, desta forma, seu papel social.

I M P L A N T A Ç Ã O Acesso Subsolo 1

A implantação preocupa-se em acomodar o edifício para aproveitar os desníveis existentes nos dois sentidos (evidente na elevação norte). Esta diferença de nível na rua de mais de dois metros entre uma divisa e outra serve como partido para criação dos acessos aos dois subsolos de estacionamento, sem que haja muita movimentação de terra. Acima do nível mais alto desse acesso localiza-se o andar térreo, de convivência dos

moradores, que conta com espaço para festas, lavanderia coletiva e academia com sauna, a qual possui, em sua cobertura, piscina e solário. Esse escalonamento resulta numa construção que amplia as áreas comuns e respeita a topografia original do terreno, prática contrária àquela utilizada nos projetos modernos apresentados anteriormente.

Acesso Subsolo 2 Térreo Subsolo 1 Subsolo 2 IMAGEM 41 E 42: DA ESQUERDA PARA A DIREITA, ELEVAÇÃO OESTE E ELEVAÇÃO NORTE, SEM ESCALA.

P L A N T A S C O R T E S E L E V A Ç Õ E S

E

O edifício possui um andar tipo com quatro apartamentos de 44,00m2 e um apartamento maior com 67,00m2. O último pavimento possui apartamentos duplex, em que a planta do primeiro piso desta modalidade segue a planta do andar tipo, com o acréscimo da escadaria que dá acesso ao segundo pavimento, no qual a cobertura pode ser utilizada como um espaço de convívio (como

P Á G I N A

1 9


sugerido nas plantas humazidas), o qual cria a possibilidade para instalação de piscinas. As unidades são sustentadas, principalmente, por suas paredes periféricas (empenas de concreto armado), que possuem função estrutural. Ainda assim, possuem faces que são completamente abertas, garantindo luz natural e ventilação em abundância. Esta solução, além de econômica e de menor impacto ambiental, dá independência para a planta, podendo originar espaços únicos ou rapartidos sem que haja preocupações estruturais, uma vez que todo o sistema portante esta isolado nas estremidades do apartamento. Portanto, o projeto considera a possibilidade do re-arranjo da planta a partir das necessidades de cada grupo familiar, fator importante em uma capital multifacetada como São Paulo.

01 Circulação p

l

a

n

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Área molhada a

b

a

i

Estar comum/Recepção com pé direito elevado

Instalações x

a

c

o

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piscina e solar

3

Garagem Subsolo 1 -

s

u

b

s

o

l

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1

Os sistemas de infraestrutura, instalações, circulações e equipamentos mecânicos, inerentes à habitação promovem a rigidez do espaço e estão associados às paredes, nas extremidades, também visando liberar o restante da planta para possibilitar modificações espaciais. Os elevadores e escadarias estão centralizados entre às cinco unidades habitacionais em cada pavimento e, acima das escadarias na área técnica, localizam-se as caixas d`água. Os apartamentos ampliam-se através das varandas que compõem uma face inteira da habitação, iluminando e arejando todos os espaços da moradia. São protegidas por painéis translúcidos de enrolar, que permitem controlar a incidência de sol, ventos e chuva, e dão dinamismo às fachadas, que mudam seu aspecto de acordo com os painéis. Todas as unidades de cobertura possuem, além das varandas, um solário. O edifício é construido em concreto armado aparente. Esta solução estrutural reflete não apenas o sistema portante do residencial como, também, o acabamento, a volumetria e sua expressão, que nascem da qualidade técnica e racionalidade associados a este material. A materialidade interna também foi pensada a partir de suas qualidades técnicas e estéticas: forros em placas de madeira e painéis internos em gesso a fim de configurar ao espaço eficiência termo-acústica, e vidro em toda a face que se abre às varandas. A utilização de materiais leves, como a madeira e o gesso acartonado, para a elaboração de divisórias de espaços é uma solução interessante pois são materias de fácil remoção e movimentação, o que contribui para o aproveitamento da dinâmica da planta livre e suas possíveis reconfigurações. A análise das elevações não permite classificar uma delas como principal, não há qualquer relação de

acesso piscina e solar Espaço comum/Eventos

Circulação

Instalações

Área molhada

Espaço comum/Eventos

p l a n t a

b a i x a

c o m

-

3

Academia e sauna

Lavanderia coletiva l a y o u t

01

p a v i m e n t o

t é r r e o

piscina e solar Unidade Hab. Duplex 124 m2 Unidade Hab. Duplex 87 m2

Unidade hab. 67m2 Unidade hab. 44m2 Circulação

01

Circulação p l a n t a

Área molhada b a i x a

Instalações c o m

Unidade hab. 67m2

l a y o u t

-

3

Academia e sauna

Unidade hab. 44m2 p a v i m e n t o

Garagem e Bicicletário

t i p o

IMAGEM 43, 44 E 45: PLANTAS EDIFÍCIO HUMA KLABIN.

Espaço comum/Eventos

IMAGEM 46 E 47: CORTES EDIFÍCIO HUMA KLABIN.

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hierarquia, todas recebem o mesmo tratamento, refletindo a preocupação projetual com a qualidade de todos os espaços e o aproveitamento de todas as vistas do entorno. A análise também permite concluir que as fachadas são abstratas, não sendo possível identificar o programa interno de cada unidade a partir da leitura das aberturas.

R E L E V Â N C I A D A L E I T U R A P A R A O P R O J E T O O projeto é exemplo de habitação contemporânea de qualidade, fruto do cruzamento entre o investidor financeiro que produz o mercado imobiliário e o arquiteto humanizado e de acordo com seu papel social dentro da arquitetura, atento às necessidades da sociedade contemporânea. o edifício conversa com toda a região na qual está inserido, indo contra aos projetos de habitação que são carimbados em qualquer terreno, indiscriminadamente. Além disso, suas práticas de implantação respeitam todo seu terreno e entorno, desde às considerações topográficas para minimizar intervenções no perfil natural do terreno até à escolha da materialidades que descartam a utilização de revestimento, configurando-se como a própria solução formal.

Planta humanizada da unidade habitacional duplex de 124 m2 - Primeiro Pavimento

A localização do edifício próximo à ciclofaixa permitiu a construção de uma política colaborativa entre o morador, o meio ambiente e o município: cada apartamento vem com uma bicicleta dobrável, iniciativa que visa incentivar o transporte intermodal e não poluente, reforçar a cultura de comunidade no bairro, contribuir para o meio ambiente e saúde do indivíduo, além de colaborar com a dissolução do tráfego de automóveis caótico de são Paulo.

Planta humanizada da unidade habitacional duplex de 87 m2 - Primeiro Pavimento

Planta humanizada da unidade habitacional duplex de 87 m2 - Segundo Pavimento

Planta humanizada da unidade habitacional duplex de 124 m2 - Segundo Pavimento

A utilização da planta livre como solução para promover a flexibilidade do espaço a partir de um sistema portante sustentado por empenas, o afastamento entre os dois volumes na constitução de um único objeto otimizando a luz e os ventos oferecidos pelo local, a criação de espaços de serviços e lazer de uso comum, também são características do projeto que valem ser resaltadas como referência.

Varanda

IMAGEM 48: PERSPECTIVA DIGITAL UNIDADE HABITACIONAL 44M2 SIMPLEX.

IMAGEM 49: PERSPECTIVA DIGITAL COM VISTA PARA FACHADAS OESTE E SUL

Empena estrutural em concreto armado

Abertura em vidro: extensão do apto e aproveitamento de luz e ventos

PLanta baixa tipo da unidade habitacional simplex de 67 m2

Planta baixa tipo da unidade habitacional simplex de 44 m2

IMAGEM 50, 51, 52, 53, 54 E 55: PLANTAS UNIDADES HABITACIONAIS

P Á G I N A

2 1


5 . 0 1 L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O c a r a c t e r i z a ç ã o h i s t ó r i c a d a á r r e a

agiram como um catalisador do crescimento, atraindo muitos trabalhadores para as terras prosperas de Ribeirão Preto.

atividades comerciais e de serviços (apesar da tendência de descentralização destas atividades). Toda a área do Quadrilátero Central pertence, ainda hoje, à Igreja; e por meio da enfiteuse, para qualquer transação comercial que envolva imóveis ali localizados deve ser recolhido o laudêmio.

Durante as primeiras décadas do séc. XX as redes de serviços e infraestrutura urbana começaram a ser implantadas efetivamente: expansão da malha viária, construção de redes de abastecimento de água, drenagem de águas pluviais e de escoamento de esgoto, serviços públicos de coleta de lixo, limpeza e iluminação. Nos anos 20 houve a canalização e retificação do córrego Ribeirão Preto e do retiro Saudoso e das avenidas que os margeavam, limitando a malha urbana central e criando acesso entre esta área e os bairros mais distantes que surgiam. Em 1922 iniciaram as obras da Av. Nove de Julho e Independência, limitando o Quadrilátero no polígono que se conhece hoje. A ampliação das redes de infraestrutura e dos serviços urbanos, de maneira geral, acompanhava o surgimento de novos bairros.

Os índios Caiapós foram os primeiros habitantes do atual município de Ribeirão Preto, localizado nas bacias dos córregos das Palmeiras, do Tanquinho, do Retiro Saudoso e do Ribeirão Preto. Durante o século XVIII a descoberta do ouro em Goiás intensificou o fluxo pela Estrada do Anhanguera, que saia de São Paulo e passava próximo à atual cidade de Ribeirão Preto mas sem adentra-la: a cidade permanecia a Oeste, no "sertão desconhecido". O ciclo do ouro foi fundamental para aproximar outros povos desta região. Na segunda metade do mesmo século, com o esgotamento das minas, migrantes instalaram-se na região da estrada motivados pela disponibilidade de terras ali encontrada e pela possibilidade de desenvolvimento da atividade agropecuária na região. Contudo, foram os bandeirantes que adentraram realmente a região de Ribeirão Preto, no intuito de abrir novas estradas rumo à Goiás, e assim os posseiros foram permeando o “sertão desconhecido” na medida que iam esgotando os nutrientes do solo onde se instalaram originalmente. No início do século XIX, por iniciativa dos próprios fazendeiros da região, foi solicitada a construção de uma igreja no local, para que os moradores não precisassem ir para outras Vilas cumprir seus deveres católicos. No dia 19 de julho de 1856, após generosa doação de terras das fazendas do Retiro e da Barra do Retiro à Igreja, foi autorizada a constituição do patrimônio de São Sebastião do Ribeirão Preto e, com isso, uma cidade passou a ser oficialmente configurada. Em 1863 foi demarcado o largo da primeira matriz e ao seu redor a cidade se desenvolveu: trata-se da região entre os Córregos do Retiro Saudoso e o Ribeirão Preto, entre as ruas Tibiriçá, General Osório, Cerqueira César e Duque de Caxias, onde hoje localiza-se a Praça XV de Novembro. O traçado ortogonal e rígido ainda pode ser observado na região, conhecida nos dias de hoje como Quadrilátero central de Ribeirão Preto (o qual constitui a área de estudo em que será implantada a intervenção proposta). O Quadrilátero Central corresponde a uma área do município de Ribeirão Preto, limitada pelas avenidas Francisco Junqueira, Independência, Nove de Julho e Jerônimo Gonçalves, a partir de onde o tecido urbano da cidade começou a se desenvolver. Como a maioria das áreas centrais das cidades brasileiras, é uma região que concentra edifícios públicos, monumentos, marcos físicos e culturais, além de infraestrutura, equipamentos,

IMAGEM 56: MALHA VIÁRIA DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO EM 1874.

O “ouro” de Ribeirão era o solo: rico em nutrientes e favoráveis à agricultura, o que chamou atenção da imprensa e sobretudo dos fazendeiros que já haviam esgotado os recursos oferecidos por suas terras. A experimentação da cafeicultura na região foi fundamental para a criação e expansão da cidade, que se desenvolveu graças ao capital agrícola. O solo, a topografia e o clima somaram-se as técnicas agrícolas mais eficientes trazidas por cafeicultores jovens garantindo que a recente produção do Oeste Paulista atingisse um resultado de produtividade, segundo SILVA (2006), cinco vezes maior do que o resultado obtido no Vale do Paraíba, de tradição na produção cafeeira. Todas estas condições favoráveis à expansão criaram a necessidade de aumentar a mão de obra, trazendo para a região o trabalho livre e a introdução de imigrantes. A expansão do café estimulou também investimentos no setor não-agrícola (industrial) e na urbanização. As companhias de estradas de ferro Mogiana e Paulista foram responsáveis pela criação das estradas de ferro que garantiam maior eficiência no transporte do café (antes feito por tropas de burros). As estradas

Nos anos 90, um concurso público foi promovido para revitalização da área central da cidade, o qual contribuiu para a implantação de um calçadão em trechos das ruas General Osório, Tibiriçá e Álvares Cabral. Contudo, o projeto vencedor não foi executado devidamente, criando um resultado pouco satisfatório visto o baixo rigor técnico com que foi executado. Uma das últimas intervenções urbanística ocorrida no Quadrilátero Central foi a requalificação da Praça XV de Novembro, evocando suas características originais na recuperação paisagística e na disposição do mobiliário urbano. Quarteirão Paulista

edificio diederichsen

Biblioteca Altino Arantes

Museu de Arte de Ribeirão Preto CATEDRAL

Prefeitura

IMAGEM 57: MARCOS REFERENCIAIS DO QUADRILÁTERO CENTRAL.

P Á G I N A

2 2


O Quadrilátero Central pode ser dividido em três áreas específicas de acordo com o padrão urbano encontrado em cada uma, que facilitam a compreensão atual da regiáo. PRIMEIRA ÁREA

A primeira área corresponde ao núcleo histórico-cultural da cidade, que abrange o Quarteirão Paulista (complexo arquitetônico eclético formado pelo Teatro Pedro II, pelo antigo Palace Hotel - hoje Centro Cultural Palace, e pelas instalações da choperia do Pingum), o Edifício Diederichsen, Biblioteca Altino Arantes, Museu de Arte de Ribeirão Preto, Prefeitura Municipal, entre outros patrimônios. Concentra intensa atividade comercial e de serviços que atende de maneira geral às faixas de renda média e média baixa: o Mercado Central e o comércio informal são características desta área.

SEGUNDA ÁREA L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O l o c a l i z a ç ã o n

IMAGEM 58: QUADRLÁTERO CENTRAL E SUA TRIPARTIÇÃO DE ACORDO COM SUAS ESPECIFICIDADES URBANAS

n

As ruas Saldanha Marinho e José Bonifácio, assim como suas transversais, compõem a "Baixada", área onde os prédios históricos encontram-se abandonados, em precário estado de conservação. Cedem espaço para cortiços e hotéis de alta rotatividade, que atraem a prostituição no período noturno. Cedem espaço, também, a uma força jovem e organizada que vem ocupando esta região com diversos eventos culturais e sociais associados ao projeto Baixada Cultural, ao Memorial da Classe Operária, ao espaço Armazém Baixada e ao Estúdio Kaiser (antiga cervejaria Antártica), localizados nesta área, que visam não apenas promover uma cultura periférica como também recuperar a vivacidade e a história desta importante parte da cidade.

TERCEIRA ÁREA

IMAGEM 59: LOCALIZAÇÃO DO QUADRILÁTERO CENTRAL NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO/SP.

5 . 0 2 L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

A segunda área corresponde a região mais alta do Quadrilátero Central, de caráter residencial, constituída por edifícios altos, que dinamizam o uso do solo neste entorno. Diferente das outras duas áreas, esta não passou pelo processo de abandono e desvalorização comum na maioria das áreas centrais norte e sul-americanas. Nesta região, o uso misto dos edifícios garante a circulação de pessoas na área dia e noite, as edificações multifamiliares mesclam-se em um mesmo edifício com atividades de comércio e serviços geralmente voltados a entender a classe média e a classe média alta. A terceira área possui os menores índices de adensamento populacional e ocupacional do Quadrilátero Central. Encontra-se em uma região de baixa topografia, contido pelo viaduto existente entre as avenidas Independência e Francisco Junqueira. Não atraiu edifícios altos residenciais de classe média e média alta com a mesma intensidade verificada na segunda área. Contudo, um futuro adensamento desta área deve ser considerado, já que na região pode-se encontrar vários polos geradores de tráfego, como hotéis e escolas particulares.

RUA VISCONDE DE INHAUMA

l o c a l i z a ç ã o

RUA MARIANA JUNQUEIRA

PRAÇA XV

PRAÇA CARLOS GOMES

PREFEITURA

n

IMAGEM 61: LOCALIZAÇÃO DA DA QUADRA E DO LOTE DE INTERVENÇÃO

IMAGEM 60: LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO QUARTEIRÃO DO LOTE DE INTERVENÇÃO.

P Á G I N A

2 3


5 . 0 3 L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O d a d o s

o fi c i a i s

A análise dos mapas de dados oficiais do município permitem levanar características fundamentais para a caracterização da área de intervenção. O mapa de Áreas Especiais qualifica a área de intervenção como Área Especial do Quadrilátero Central, que abrange a área urbana situada entre as avenidas Nove de Julho, Independência, Francisco Junqueira e Jerônimo Gonçalves, a qual, de acordo com o plano diretor, será objeto de programa de reestruturação e requalificação urbana. Já o mapa de Macrozoneamento caracteriza a região como Zona de Urbanização Preferencial, composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas. O mapa de Zoneamento Industrial informa que a região destina-se à localização de estabelecimentos cujo processo produtivo associado a métodos especiais de controle de poluição, não causem inconvenientes à saúde, ao bem-estar e segurança das populações vizinhas, classificadas com índice de risco ambiental até 1,0 (um). O cruzamento das informações dos três mapas classifica o quadrilátero central como uma região onde há incentivos para a realização de projetos de reestruturação e reqalificação, dotada de infra-estrutura e equipamentos que permitem altas densidades demográficas e livre de estabelecimentos que possam causar inconvenientes à população do entorno.

IMAGEM 62: MAPA DE ÁREAS ESPECIAIS DE RIBEIRÃO PRETO/SP

IMAGEM 63: MAPA DE MACROZONEAMENTO DE RIBEIRÃO PRETO/SP

IMAGEM 64: MAPA DE ZONEAMENTO INDUSTRIAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP

P Á G I N A

2 4


5 . 0 4 L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

Av. Dr. Francisco Junqueira

c o n d i c i o n a n t e s u r b a n í s t i c o s : u s o d o s o l o

Praça XV de Praça Carlos Novembro G o m e s

Av. Jerônimo Gonçalves

A área é marcada pela abrangência de diversos tipos de uso. Na porção norte, nas proximidades da Praça XV, prevalece o uso comercial devido, sobretudo, a proximidade com o calçadão. Na porção noroeste concentram-se lotes residenciais, que pode ser associado a proximidade com a Av. Nove de Julho, onde este tipo de uso foi tradicional no passado do município. Os demais tipos de uso identificados são Institucional, prestação de serviços e áreas verdes, os quais aparecem dispersos pelo quadrilátero.

LOTE DE INTERVENÇÃO

sem escala

á r e a

v e r d e

Av. Nove de Julho

n R e s i d e n c i a l

50m 0

150m 100m 200m

300m

50 000 escala 1:1

Prestação de serviços Institucional quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

uso

C o m é r c i o

de

uso

IMAGEM 66:MAPA DE USO DO SOLO LOTE A LOTE, ÁREA DE INFLUÊNCIA DO LOTE DE INTERVENÇÃO

tipos

O lote escolhido para a intervenção corresponde a um estacionamento, o qual sera desapropriado uma vez que não cumpre com sua função social, sobretudo em uma área especial, zona de urbanização preferencial, conforme é indicado nos mapas de dados oficiais do municípipo.

n Praça Luis de Camões

de

A análse na área de influência foi feita lote a lote. Desta forma, nota-se a heterogeneidade dos tipos de uso em cada lote, e torna possível a identificação de edifícios mistos, geralmente mesclando uso residencial e comercial, ou residencial e prestação de serviço ou, ainda, residencial, comercial e prestação de serviços.

Praça das Bandeiras

Praça Aureliano de Gusmão

tipos

Os multiplos usos da região tornam a movimentação de pessoas constante no quadrilátero, uma vez que as residências contribuem para o dinamismo da área em horários alternativos ao comercial. Assim, mesmo quando os lotes comerciais, institucionais e de prestação encerram seus serviços, existe uma população residente desta parcela da cidade que garante a vivacidade do local, o que também contribui para a segurança da região.

Praça Barão do Rio Branco

Av. Independência

O mapa ao lado indica os tipos de uso predominates nos quarteirões do quadrilátero central de `Ribeirão Preto, limitado pelas vias arteriais indicadas (Av. Dr. Francisco Junqueira, Av. Independência, Av. Nove de Julho e Av. Jerônimo Gonçalves). A análise deste mapa possibilita a compreensão do caráter da região, da freqência de fluxos, entre outros esclarecimentos, sobretudo quando cruzado com outros mapas de condicionantes urbanísticos.

IMAGEM 65:MAPA DE USO DO SOLO POR PREDOMINÂNCIA, QUADRILÁTERO CENTRAL

O lote é valorizado pela proximidade com a praça XV de Novembro, a Praça Carlos Gomes, o Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP) e com o quarteirão paulista, além de estar inserido no quadrilátero central. Outra característica importante do seu entorno é a presença do Palacete Albino de Camargo Neto, edificação que data do início do século XX, de inestimável importância patrimonial e histórica para o município. Apesar de ser tombado pelo CONPPAC, nenhuma medida de conservação ou restauro foi tomada, e o palacete permace esquecido, como uma ruína perdida na cidade.

IMAGEM 67: RESQUÍCIOS DO PALACETE ALBINO DE CAMARGO NETO

P Á G I N A

2 5


5 . 0 5 L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

c o n d i c i o n a n t e s u r b a n í s t i c o s : g a b a r i t o

O mapa da esquerda indica o gabarito por predominância em cada quadra do quadrilátero central. A partir dele pode-se concluir que o número de pavimentos é predominantemente baixo, entre 1 e 2 pavimentos, na maior parte da região. O mapa da direita indica o estudo de gabarito realizado na área de influência lote a lote. A partir dele, da perspectiva digital e do SkyLine observa-se a concetração de edifícios altos ao longo da Rua São Sebastião. Há mais alguns casos dispersos distribuidos pela área.

v1

O lote escolhido para intervenção esta rodeado de poucos edifícios altos, o que favorece a exploração de potenciais visuais, da ventilação e da iluminação natural. Nota-se que a verticalização é uma prática pouco adotada na área de influência, e que poderia ser mais explorada a fim de proporcionar maior desfrute da área central do município a um maior número de pessoas. A região oferece suporte de infraestrutura e serviços pois é classificada como zona de urbanização preferencial, e o alto número de edificações baixas faz crer que o potencial da área não esta sendo aproveitado em sua totalidade.

Av. Dr. Francisco Junqueira

Praça XV de Praça Carlos Novembro G o m e s

Praça Barão do Rio Branco

Av. Jerônimo Gonçalves

Rua São Sebastião

n Av. Independência

Praça das Bandeiras

Praça Aureliano de Gusmão

Catedral

LOTE DE INTERVENÇÃO

sem escala

Praça Luis de Camões

n

1 a 2 pavimentos

50m 0

3 a 7 pavimentos 8 a 18 pavimentos mais de 18 pavimentos quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

150m 100m 200m

IMAGEM 70: MAPA DE GABARITO LOTE A LOTE E PERSPECTIVA DIGITAL, ÁREA DE INFLUÊNCIA DO LOTE DE INTERVENÇÃO

300m

escala 1:5 10 000

númerodepavimentos

númerodepavimentos

Av. Nove de Julho

IMAGEM 68:MAPA DE GABARITO POR PREDOMINÂNCIA, QUADRILÁTERO CENTRAL

IMAGEM 69: SKYLINE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA A PARTIR DA RUA SÃO SEBASTIÃO P Á G I N A

2 6


5 . 0 6 c o n d i c i o n a n t e s u r b a n í s t i c o s : fi g u r a - f u n d o

Observa-se que os quarteirões mais densos encontram-se, de forma geral, mais próximos das vias arteriais. Também é notável que a maior parte dos quarteirões apresentam-se com ocupação superior a 50%, sendo poucos aqueles com 40% ou menos, confirmando a característica de alta densidade das regiões centrais.

O mapa da esquerda indica o nível de ocupação em porcentagem de cada quarteirão do quadrilátero central após análise da situação figura-fundo de cada um deles.

O mapa ao lado direito indica a projeção de cada edificação dentro lote, permitindo identificar com mais precisão lotes vazios e o nível de permeabilidade do

L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

solo em cada quarteirão. Observa-se que os maiores vazios encontrados são “ocupados” por estacionamentos de automóveis, uma grande incoerência visto as características do entorno e a relevância social deste tipo de “equipamento”. A ocupação horizontal e a atribuição de um uníco uso ao lote restringe o seu potencial dentro da centralidade, já que a região é provida de infraestrutura e equipamentos para atender programas densos e múltiplos.

Av. Dr. Francisco Junqueira

v1

Praça XV de Praça Carlos Praça Barão do N o v e m b r o G o m e s Rio Branco

v3

Av. Independência

Av. Jerônimo Gonçalves

v2

Praça das Bandeiras Praça Aureliano de Gusmão

Praça Luis de Camões

n sem escala

LOTE DE INTERVENÇÃO

n

0-20% do ocupado DOlote QUARTEIRÃO OCUPADO

50m 0

30-40% do ocupadoOCUPADO DO lote QUARTEIRÃO DO lote QUARTEIRÃO 50-60% do ocupadoOCUPADO

70-80% do ocupadoOCUPADO DO lote QUARTEIRÃO 90-100%DO do QUARTEIRÃO lote ocupadoOCUPADO

150m 100m 200m

300m

escala 1:1 50 000

taxa de ocupação

taxa de ocupação

Av. Nove de Julho

v1

v2

v3

quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

IMAGEM 71:MAPA DE FIGURA-FUNDO POR PREDOMINÂNCIA, QUADRILÁTERO CENTRAL.

IMAGEM 72: MAPA DE FIGURA-FUNDO LOTE DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO LOTE DE INTERVENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE VAZIOS URBANOS P Á G I N A

2 7


5 . 0 7

variedade de equipamentos e que atendem da escala do bairro até a escala regional. Sendo assim, o espaço deve ser pensado para receber não apenas os munícipes como também os moradores das cidades vizinhas que suprem a falta de equipamentos de suas cidades em Ribeirão Preto. O mapa da direita indica de forma mais detalhada os equipamentos nos arredores do lote de intervenção escolhido. A área concentra, naturalmente, um alto número de equipamentos, de diferentes escalas e

L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

c o n d i c i o n a n t e s u r b a n í s t i c o s : e q u i p a m e n t o s

O mapa da esquerda indica os equipamentos urbanos do quadrilátero central e os classifica quanto ao tipo e escala de abrangência. Nota-se que na área há

abrangências. Contudo, identifica-se na área uma carência de mobiliário urbano que de suporte a todas as pessoas que frequentam essa região: os pontos de ônibus em sua maioria não oferecem abrigo ou assentos, as calçadas são pouco acessiveis e mal conservadas, há poucas lixeiras e mobiliário para convívio, descanso e permanência (os poucos encontram-se nas praças).

Av. Dr. Francisco Junqueira

Av. Dr. Francisco Junqueira

F

R. Visconde do Rio Branco

D

L

H

I

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J1 L N

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J2

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J1

I

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DEF

J2

v1

R. General Osório

ésar ira C rque R. Ce

F

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DEF

R. Duque de Caxias

ado alg sS nde rco . Ma mte R. C

K

O F

K

as R.BarãodoAmazon

I

D

Av. Independência

Av. Jerônimo Gonçalves

N

R. Mariana Junqueira

EF EF

DEF

R. Vinc. de Inha uma

M

M

çá

N

A

iri

E

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Tib

L

R.

I

L

R. Á lva res Cab ral

I

R. São Sebastião

B M

I

sem escala

LOTE DE INTERVENÇÃO

Av. Nove de Julho

n 50m 0

150m 100m 200m

300m

natureza do equipamento

A. UBDS B. Hospital C. Creche D. Educação Pré-Escolar E. Ensino Primeiro Grau F. Ensino Segundo Grau G. Educação Especial H. Área Verde/Praça I. Adm. Pública J. Abastecimento J1. Supermercado J2. Farmácia K. Segurança Pública e Proteção L. Cultura e Religião M. Banco N. Hotel O. Ensino Terceiro Grau

escala de abrangência do equipamento

e q u i p a m e n t o s

escala 1:10 000

PARTICULAR ESTADUAL MUNICIPAL

quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

escala regional escala municipal escala do bairro

IMAGEM 73: MAPA DE EQUIPAMENTOS E SUA ABRANGÊNCIA

Biblioteca Cultural Altino A r a n t e s

Prefeitura Ribeirão

CEREST - Centro de Referência em Saúde do Trabalho

B

MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto

Escola B a

IPM - Instituto de Previdência dos Municipários

SESC

RIBEIRÃO

Estadual r r

PRETO

Cônego o s

Federação paulista das Igrejas Adventistas Comunidade Ribeirão

Metodista de Preto

a

n

c

o

SASSOM Serviço de Assistência à Saúde dos M u n i c i p á r i o s Templo Evangélico Presbiter i a n o

Municipal de Preto

Quarteirão

Paulista

IV Tabelião de Notas de Ribeirão Preto Biblioteca Padre Euclides

Associação Servidores Municipais Ribeirão Preto

Colégio

S e i c h o - N o - I e

Secretaria S a

Bauhaus formação

Procuradoria Regional de Ribeirão Preto / Procuradoria Geral do Esrado de SP / Cartório da 305 Zona Eleitoral

-

Escola de técnica

Auxiliadora Municipal ú d

P

r

a

ç

a

da e

IMAGEM 74: PERSPECTIVA DIGITAL DA ÁREA DE INFLÊNCIA DO LOTE DE INTERVENÇÃO COM INDICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

P Á G I N A

2 8


5 . 0 8

ao quadrilátero central em todo seu perímetro e a circulação em seu interior. Nota-se que há um número maior de pontos de ônibus nas vias coletoras, que são vias mais lentas do que as arteriais, facilitando a parada de ônibus para embarque e desembarque de passageiros, uma vez que as avenidas não possuem faixa preferencial para a circulação de ônibus.

L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O

condicionantes urbanísticos: hierarquia viária física e funcional

O mapa ao lado indica a hierarquia viária física e funcional das vias que compõem o quadrilátero central, assim como indica as paradas de ônibus. O quadrilátero é limitado por quatro vias arteriais, Av. Jerônimo Gonçalves, Av. Dr. Francisco Junqueira, Av. Independência e Av. Nove de Julho, as quais possibilitam o trânsito entre as regiões do município e distribuem o fluxo para as vias coletoras e locais, garantindo acesso

quadrilátero. de forma geral, prevalece o gabarito baixo em todo o quadrilátero, independente do tipo de via. As vias arteriais aproveitam a topografia natural do terreno para constituir a divisa do quadrilátero central, que pode ser bem evidenciado no mapa de aspectos naturais. A perspectiva acima evidencia como o lote de intervenção é privilegiado pela proximidade de pontos de ônibus, além de estar próximo ao calçadão, ao mercado municipal entre outros equipamentos e serviços. Tais aspectos podem servir de partido para incentivar o uso de outras modalidades de transporte além do automóvel particular, sugerindo meios mais sustentáveis, econômicos e saudáveis (à exemplo do projeto referência do escritório Una Arquitetos).

Cruzando o mapa de vias com o de uso do solo, figura-fundo, gabarito e aspectos naturais chega-se as conclusões: o lotes comerciais concentram-se nas proximidades das vias arteriais, assim como as quadras de ocupação mais densa. Ainda assim, por tratar-se de uma região central, encontram-se bastante lotes comerciais e quadras de ocupação mais densa no interior do

Av. Dr. Francisco Junqueira

Av. Dr. Francisco Junqueira

R. Visconde do Rio Branco

R. Mariana Junqueira R. Duque de Caxias

Praça XV de Praça Carlos Praça Barão do N o v e m b r o G o m e s Rio Branco

R. Visconde do Rio Branco

R. Mariana Junqueira

R. General Osório R. São Sebastião

R. Duque de Caxias

v1

R. Américo Brasiliense Praça das Bandeiras

R. Vinc. de Inha uma

çá iri Tib

R. rui barbosa

Praça Luis de Camões

ésar ira C rque R. Ce

R. Campos Sales

as R.BarãodoAmazon

R. Prudente de Morais

R. General Osório

R.

Lafaiete

R. Á lva res Cab ral

R.

ado alg sS nde rco . Ma mte R. C

R. Florêncio de Abreu Praça Aureliano de Gusmão

R. São Sebastião R.bernardinodecampos LOTE DE INTERVENÇÃO

PONTO DE ÔNIBUS R. Quintino Bocaiuva

sem escala

quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

0

150m 100m 200m

300m

escala 1:10 000

V i a

A r t e r i a l

V i a

C o l e t o r a

V

i

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L

o

c

a

l

Calçadão - Acesso exclusivo p a r a p e d e s t r e s

hierarquia funcional

Av. Independência

R. Floriano Peixoto

R. Mal. Deodoro

R.SetedeSetembro

r. Garibaldi

R. São José

R. Cmte. Marcondes Salgado

R. Cerqueira César

R.BarãodoAmazonas

R. Vinc. de Inhauma

R. Tibiriçá

R. Álvares Cabral

R. Amador Bueno

R. Saldanha Marinho

r. josé Bonifácio

Av. Jerônimo Gonçalves

n 50m

hierarquia física

Av. Nove de Julho Mão simples, 2 faixa de circulação + 1 de estacionamento Mão simples, 1 faixa de circulação + 2 de estacionamento Mão dupla, 2 faixas de circulação + 1 de estacionamento com canteiro central Mão dupla, 3 faixas de circulação com canteiro central

IMAGEM 75: A ESQUERDA, MAPA DE HIERARQUIA VIÁRIA FÍSICA E FUNCIONAL DO QUADRILÁTERO CENTRAM. IMAGEM 76: A DIREITA, PERSPECTIVA DA ÁREA DE INFLUÊNCIA COM INDICAÇÃO DE PONTOS DE ÔNIBUS.

P Á G I N A

2 9


5 . 0 9

Ribeirão Preto. A sudoeste tem-se o ponto mais alto da topografia, com uma inclinação que cai no sentido dos córregos. Esta inclinação favorece a iluminação natural e a drenagem de águas pluviais para os córregos. Os ventos predominantes sopram no sentido sudeste-noroeste.

O mapa abaixo evidencia os aspectos naturais do quadrilátero central, o qual é limitado a nordeste pelo Córrego Retiro Saudoso e a Noroeste pelo Córrego Ribeirão Preto. A sudoeste tem-se o ponto mais alto da

A área conta com seis praças: a Praça XV de Novembro, Praça Carlos Gomes, Praça Barão do Rio Branco, Praça das Bandeiras, Praça Aureliano de

L E V A N T A M E N T O S D A Á R E A D E I N T E R V E N Ç Ã O condicionantes urbanísticos: vegetação

Gusmão e Praça Luis de Camões. Nota-se na vista aérea as massas de vegetação que representam as praças. O mapa de vegetação permite identificar os principais potenciais visuais a serem aproveitados na área de influência. Tem-se a Praça XV de Novembro e a Praça carlos gomes como as massas de vegetação mais próximas e que constituem uma bela paisagem, assim como a subida do vale dos Córregos Retiro Saudoso e Ribeirão Preto.

Córrego Retiro Saudoso

Preto eirão go Rib Córre

sol nascente

Praça XV de Praça Carlos Novembro G o m e s Praça Barão do Rio Branco

Praça das Bandeiras

Praça XV de Praça Carlos Novembro G o m e s

Praça Barão do Rio Branco Praça Aureliano de Gusmão

Praça das Bandeiras Praça Luis de Camões

Praça Aureliano de Gusmão

IMAGEM 78: VISTA AÉREA ÁREA DE INFLUÊNCIA Praça Luis de Camões

sol poente P r a ç a

quadra do lote de i n t e r v e n ç ã o

50m 0

150m 100m 200m

300m

escala 1:10 000

n

C a r l o s

G o m e s

P r a ç a

Praça Aureliano de Gusmão

P r a ç a

X V

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N o v e m b r o

P r a ç a

L u i s

d e

C a m õ e s

ventos predominantes

IMAGEM 77: MAPA DE VEGETAÇÃO

d a s

B a n d e i r a s

Praça Barão do Rio Branco

IMAGEM 79: PRAÇAS LOCALIZADAS NO QUADRILÁTERO

P Á G I N A

3 0


6 .

A N T E P R O J E T O

m e m o r i a l j u s t i fi c a t i v o

Rua Mariana Junqueira

+532

40,41m 48,88m

39m 40m

Lote de Intervenção Área 1920,25

30,67m

Resquícios do Palacete Albino de Camargo Neto

49,68m

+534

S.A.S.S.O.M.

13,02m

sol poente

28,57m

+533

Rua Visconde de Inhauma

A organização deste memorial e das peças gráficas produzidas, bem como das vizualizações digitais serão dispostas da maior escala para a menor escala: primeiro serão apresentados implantação, elevações e cortes para compreensão do edifício como um todo e sua relação com o entorno; em seguida as plantas internas dos espaços comuns do edifício e por último as plantas das habitações. Todo o desenvolvimento teórico apresentado foi utilizado como guia para balizar e justificar as escolhas projetuais que serão apresentadas a seguir, explicando assim a manutenção destas neste caderno. Os estudos preliminares apresentados nas bancas anteriores apresentam-se aqui corrigidos de acordo com as reflexões realizadas. O lote escolhido encontra-se na esquina entre as ruas Mariana Junqueira e Visconde de Inhauma, possui 1920,25m2, formando um polígono de quatro lados (40m, 48,8m, 40,55 e 49,68m, conforme indicado no mapa de caracterização física do lote, ao lado); o perfil natural do terréno é pouco ingreme, e na porção oeste possui resquícios do palacete Albino de Camargo Neto. O anteprojeto foi pensado, naturalmente, soba luz das restrições legais cabíveis à área: a taxa de ocupação mínima do solo é de 80%, o coeficiente de aproveitamento é de até cinco vezes a área do terreno, taxa de permeabilidade de 15%, recuo frontal igual ou superior a 4m e recuoo laterais igual ou superior a altura do edifício dividido por 6 (h/6), densidade populacional máxima permitida é de até 2000 hab./ha. Com a densidade populacional máxima para a ZUP determianda na legislação (2000hab./ha) e a área total do terreno (1920,25m2) podemos obter o número de unidades habitacionais previstas para a lote (113unidades habitacionais para a densidade máxima). Para o projeto foi considerado um índice de densidade populacional intermediário entre o básico (que determina pelo menos 25 unidades) e o máximo, chegando-se então ao objetivo de projetar 36 unidades habitacionais. Para o coeficiente de aproveitamento de 5, chegamos a uma área máxima edificável de 9601,25m2, sendo que a área total construída somada a área constrída do palacete Albino de Camargo Neto (pré-existente no terreno de intervenção) totaliza 5255,06m2, resultando um coeficiente de aproveitamento também intermediário.

sol nascente

8,45m

40,55m

ventos predominantes

Caracterização Física do Lote - Escala 1:500

Corte sudeste - noroeste - escala 1:200

Corte sudoeste - nordeste - escala 1:200

P Á G I N A

3 1


6 . 0 1 A N T E P R O J E T O

m e m o r i a l j u s t i fi c a t i v o : i m p l a n t a ç ã o e elevações

A implantação do edifício ocorre toda no nível da rua, visto a baixa declividade do terreno, adotando-se a cota de nível 533 como o nível 0 do projeto. O edifício foi conformado na porção sudeste do terreno, com suas elevações paralelas aos limites do lote, como os demais edifícios do entorno. Desta forma, todo o lado noroeste do foi liberado para a criação de uma praça que permite a interação entre o edifício, e os resquícios do palacete Albino de Camargo Neto, para o qual nenhuma intervenção direta será proposta, apenas a conservação e manutenção dos elementos arquitetônicos que ali se encontram, como um objeto escultórico na praça, destinado a contemplação. A vegetação arbustiva no meio da praça e a disposição do mobiliário incentiva a circulação e a atenção visual para o palacete, as vegetações mais altas estão dipostas em dois eixos faciando os lados sudeste e sudoeste do lote, garantindo visibilidade ao pedestre para circulação dentro da praça, para admiração do palacete e contemplação do edifício. A porção sul e leste do edifício recebe o sol da manha, a porção oeste e norte o sol da tarde; os ventos predominantes atingem o edifício no sentido sudeste noroeste. Os acessos para pedestres acontecem tanto pela rua Maariana Junqueira quanto pela rua Visconde de Inhaúma, já o acesso para veículos ocorre pela rua Mariana Junqueira.

IMAGEM 81: PERSPECTIVA DIGITAL A PARTIR DA RUA VISCONDE DE INHAUMA COM VISTA PARA O PALACETE , PARA A PRAÇA E PARA O EDIFÍCIO TOCA AO FUNDO

A paginação de piso na praça foi feita no sentido diagonal para induzir que os pedestres circulem pelo espaço e o experimentam. No passeio foi mantido o ladrilho hidráulico pré-existentee na praça foram utilizadas placas de concreto desempenado 90cmx90cm, ora espaçadas a 10cm, ora a 3cm, possibilitando o crescimento de gramíneas entre as placas e nunca criando um perscurso específico, garantindo acesso a praça por varios pontos. O volume do edifício segue uma forma pura, assim como são os elementos utilizados na sua construção, de materialidades expressivas, que dispensam a utilização de revestimentos. As fachadas são abstratas, pois o programa interno das unidades habitacionais não pode ser identificado a partir delas e não possuem hierarquia entre si. Nas vizualizações ao lado obervamos o concreto aparente tanto no edifício, quanto no piso e mobiliário da praça. Todas as portas e esquadrias são em madeira natural

ACESSO PEDESTRE

ACESSO PEDESTRE

ACESSO VEÍCULO PLACA DE CONCRETO DESEMPENADO 90X90 ESPASSADAS A 10cm

IMAGEM 82: PERSPECTIVA DIGITAL A PARTIR DA ESQUINA ENTRE AS RUAS MARIANA JUNQUEIRA E VISCONDE DE INHAUMA P Á G I N A

3 2


ACESSO PEDESTRE

ACESSO PEDESTRE ACESSO PEDESTRE vegetação arbustica

PLACA DE CONCRETO DESEMPENADO 90X90 ESPASSADAS A 3cm

ACESSO VEÍCULOS

LADRILHO HIDRÁULICO

ACESSO PEDESTRE

vegetação arbustica

PLACA DE CONCRETO DESEMPENADO 90X90 ESPASSADAS A 10cm

vegetação arbustica

IMAGEM 83: IMPLANTAÇÃO EDIFÍCIO TOCA COM ESCALA GRÁFICA

P Á G I N A

3 3


O programa para o pavimento térreo é de uso misto, com o objetivo de aferir dinamismo ao lote visto sua localização na região central de Ribeirão Preto. Na parte sudoeste do pavimento térreo, alinhado ao palacete, encontra-se um equipamento de caráter municipal, um Centro de Documentação e Apoio ao Patrimônio Arquitetônico de Ribeirão Preto, em resposta ao descaso da cidade em relação a preservação de seus edifícios históricos, tendo como exemplo o palacete que se encontra bem a frente. Abrindo-se para a praça existe um café, o qual pode ser acessado por ambas as ruas que faceiam o edifício tendo em vista que o pavimento térreo apresenta a parte pública elevada, possibilitando o cruzamento do terreno pelo pedestre e criando abrigo. Além destes equipamentos, existem dois sanitários acessíveis e bebedouros que dão suporte à praça, além de um depósito para o armazenamento de materiais e utensílios de manutenção da praça. No ambito privado do projeto, existem dois acessos ao edifício residencial, um mais amplo na elevação noroeste e outro na elevação nordeste, onde encontra-se a portaria que filtra o acesso ao edifício residencial para as duas entradas e para o depósito de armazenamento. Existem ainda dois acessos nos lados sudoeste e nordeste que permitem a entrada do morador no corredor onde encontra-se o bicicletário externo, garantindo fácil acesso à rua. O programa para o térreo do edifício residencial ainda conta com um sanitário acessivel que da suporte aos que ali circulam bem como para o espaço para eventos de uso comum dos moradores com abertura para o jardim do bicicletário. O restante do espaço é ocupado pelas escadarias e elevadores, e um espaço de permanência entre estes com vista para o jardim do bicicletário através de uma parede tomadas por elemento vazado que garante a circulação de ar nesta parte do edifício.

ACESSO CAFÉ PLACA DE CONCRETO DESEMPENADO 90X90 ESPASSADAS A 10cm

PLACA DE CONCRETO DESEMPENADO 90X90 ESPASSADAS A 3cm

IMAGEM 84: PERSPECTIVA DIGITAL COM VISTA PARA O CAFÉ E PARA A PRAÇA

Na rua Mariana Junqueira tem-se o acesso a rampa que leva a garagem dos edifícios residenciais. A garagem possui 36 vagas e um bicicletário (além do bicicletário no pavimento térreo) que garante a cada habitação uma vaga para veículo particular. Esta medida visa motivar a utilização de meios móveis menos pouentes bem como do transporte público, o qual abastece a região com inumeras linhas como analisado nos levantamentos. Antes de chegar nas habitações, há um útimo espaço de convivência de usufruto dos moradores na cobertura do edifício. A utilização da cobertura como um espaco de uso comum visa distribuir o privilégio da melhor vista entre todos os moradores. Neste pavimento existem dois solários para aproveitamento do sol com duchas e espreguiçadeiras, além de um amplo bar com vista para a cidade. IMAGEM 85: CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E APOIO AO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO

IMAGEM 86: BICICLETÁRIO EXTERNO P Á G I N A

3 4


IMAGEM 87: PLANTA BAIXA PAVIMENTO TÉRREO ESCALA 1:200 P Á G I N A 3 5

E

D

R. VISCONDE DE INHAÚMA G

F

CORTE 3

ELEVAÇÃO NOROESTE

C

B

A

1

PASSEIO

PRAÇA 1190,90m2 +0,00 (533)

PASSEIO

152,860 m2

PALACETE ALBINO DE CAMARGO NETO

R. MARIANA JUNQUEIRA

RAMPA I=25%

ELEVAÇÃO SUDOESTE

2

2

ELEVAÇÃO NORDESTE

3

3

F

+0,03 (533,03)

4

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E SUPORTE AOS EDIFÍCIOS HISTÓRICOS DE RIBEIRÃO PRETO

CAFÉ +0,03 (533,03)

F

4

F

5

5

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

4

F

3

2

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

1

VAGA CARGA/ DESCARGA

TOCA +0,03 (533,03)

5

12

CORTE 2 CORTE 2

CORTE 1 CORTE 1

1

22 x 0,182 = 4,000

GSPublisherVersion 0.0.100.100

6

6

0

7

7

N

G

F

CORTE 3

E

D

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B

A

ELEVAÇÃO SUDESTE


IMAGEM 88: PLANTA BAIXA GARAGEM ESCALA 1:200 P Á G I N A 3 6


IMAGEM 89: PLANTA BAIXA COBERTURA ESCALA 1:200 P Á G I N A 3 7


IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL BAR COBERTURA

IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL BAR COBERTURA


IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL SOLAR COBERTURA

IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL SOLAR COBERTURA


IMAGEM 90: ELEVAÇÃO NORDESTE ESCALA 1:200 P Á G I N A 3 8


IMAGEM 91: ELEVAÇÃO NOROESTE ESCALA 1:200 P Á G I N A 3 9


IMAGEM 92: ELEVAÇÃO SUDOESTE ESCALA 1:200 P Á G I N A 4 0 GSPublisherVersion 0.0.100.100


0

1

2

3

4

5

IMAGEM 93: ELEVAÇÃO SUDESTE ESCALA 1:200 P Á G I N A 4 1

GSPublisherVersion 0.0.100.100


+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTURA

+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTURA

+32,00 9 PISO 8

+32,00 9 PISO 8

+28,00 8 PISO 7

+28,00 8 PISO 7

+24,00 7 PISO 6

+24,00 7 PISO 6

+20,00 6 PISO 5

+20,00 6 PISO 5

+16,00 5 PISO 4

+16,00 5 PISO 4

+12,00 4 PISO 3

+12,00 4 PISO 3

+8,00 3 PISO 2

+8,00 3 PISO 2

+4,00 2 PISO 1

+4,00 2 PISO 1

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

IMAGEM 94: CORTE 1 ESCALA 1:200 P Á G I N A 4 2


+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTURA

+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTUR

+32,00 9 PISO 8

+32,00 9 PISO 8

+28,00 8 PISO 7

+28,00 8 PISO 7

+24,00 7 PISO 6

+24,00 7 PISO 6

+20,00 6 PISO 5

+20,00 6 PISO 5

+16,00 5 PISO 4

+16,00 5 PISO 4

+12,00 4 PISO 3

+12,00 4 PISO 3

+8,00 3 PISO 2

+8,00 3 PISO 2

+4,00 2 PISO 1

+4,00 2 PISO 1

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

IMAGEM 95: CORTE 2 ESCALA 1:200 P Á G I N A 4 3

GSPublisherVersion 0.0.100.100


GSPublisherVersion 0.0.100.100

+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTURA

+40,00 11 TÉCNICA

+36,00 10 COBERTURA

+32,00 9 PISO 8

+32,00 9 PISO 8

+28,00 8 PISO 7

+28,00 8 PISO 7

+24,00 7 PISO 6

+24,00 7 PISO 6

+20,00 6 PISO 5

+20,00 6 PISO 5

+16,00 5 PISO 4

+16,00 5 PISO 4

+12,00 4 PISO 3

+12,00 4 PISO 3

+8,00 3 PISO 2

+8,00 3 PISO 2

+4,00 2 PISO 1

+4,00 2 PISO 1

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

±0,00 1 TERREO

-4,00 0 GARAGEM

IMAGEM 96: CORTE 3 ESCALA 1:200 P Á G I N A 4 3 GSPublisherVersion 0.0.100.100


6 .

A N T E P R O J E T O

m e m o r i a l j u s t i fi c a t i v o : u n i d a d e s habitacionais

Conforme evidenciado nos cortes e elevações o edifício é composto por 11 pavimentos: subsolo, térreo, oito pavimentos habitacionais e cobertura, além da laje técnica. Foram projetadas 36 unidades habitacionais distribuidas em dois pavimentos tipo, A e B, sendo nove habitações a cada dois pavimentos. Cada pavimento tipo possui duas unidades de simplex de 40m2, uma unidade simplex de 65m2, uma unidade simplex de 97m2 e uma unidade duplex de 194m2. As estruturas foram projetadas segundo os conceitos de flexibilidade aplicado a arquitetura e tendo como luz as referências projetuais lidas. Para garantir a flexibilidade inicial do edifício como um todo, a qual irá possibilitar a flexibilidade subsequente, as estruturas foram todas concentradas nos limites de cada habitação na forma de empenas estruturais de concreto, as quais possibilitam a criação da planta livre além de garatir a cada unidade habitacional toda uma fachada translúcida, cada qual posicionada para um visual da cidade. Existem dois shafts alinhados com as caixas d’água (um atrás dos elevadores e outro na escada de emergência) responsáveis por distribuir a água pelo encanamento. Este, por sua vez, corre por meio da laje semi-invertida preenchida com escória de carvão podendo ramificar em qualquer ponto da unidade habitacional independente de paredes estruturais e/ou hidráulicas.

IMAGEM 98 E 99: PERSPECTIVA DIGITAL HABTAÇÃO DUPLEX 194m2, ESCRITÓRIO SEPARADO POR DIVISÓRIA DESLIZANTE DE MADEIRA, ESPAÇOS DE CONVÍVIO AO FUNDO, INTEGRADOS. UTILIZAÇÃO DE MOBILIÁRIO COMO DIVISOR DE ESPAÇOS.

Os vãos entre as empenas que possibilitam as aberturas são estruturados com ajuda de vidas de concreto protendido Com o projeto estrutural garantindo a flexibilidade inicial, a flexibilidade subsequente foi prontamente utilizada na concepção dos layouts proposto para os dois pavimentos tipo. Nove sugestões de layouts internas foram compostas por meio da utilização de vedaçoes leves como divisórias de madeira natural impermeabilizada, divisórias de vidro temperado 6mm, gesso acartonado ou por meio da utilização estratégica de mobiliários como divisores de ambiente. Todas as habitações possuem caixilharias de madeira, vedações que se estendem por todo o pé-direito, e venezianas de correr aclopadas ao guarda corpo das sacadas. IMAGEM 100: PERSPECTIVA DIGITAL HABITAÇÃO 65m2 P Á G I N A

4 5


IMAGEM 101: PERSPECTIVA DIGITAL HABITAÇÃO 40m2

IMAGEM 102: PERSPECTIVA DIGITAL HABITAÇÃO 97m2 P Á G I N A

4 6


IMAGEM 103: PERSPECTIVA DIGITAL HABITAÇÃO 97m2

IMAGEM 104: PERSPECTIVA DIGITAL HABITAÇÃO 65m2 P Á G I N A

4 7


IMAGEM 105: PLANTA BAIXA TIPO A - FLEXIBILIDADE INICIAL ESCALA 1:125 P Á G I N A 4 8

G

F

CORTE 3

E

D

C

B

3

3

PROJ. VIGA (H=1m)

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

22 x 0,182 = 4,000

ELEVAÇÃO SUDOESTE

PROJ. VIGA (H=1m)

Área: 65,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 4 SIMPLEX

Área: 97,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 3 SIMPLEX

Área: 194,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 2 DUPLEX

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

PROJ. VIGA (H=1m)

PROJ. VIGA (H=1m)

PROJ. VIGA (H=1m)

4

PROJ. PERGOLADO

4

5

5

0

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

Área: 40,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 1 A SIMPLEX

1

2

9

8

7

6

5

4

3

2

1

11

10

3

Área: 40,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 1 B SIMPLEX

12

ELEVAÇÃO NORDESTE

22 x 0,182 = 4,000

CORTE 2 11

CORTE 2

CORTE 1 CORTE 1

6

6

PROJ. VIGA (H=1m)

4

7

7

E

D

C

B

5

N

G

F

CORTE 3

PROJ. VIGA (H=1m) PROJ. VIGA (H=1m)

GSPublisherVersion 0.0.100.100

ELEVAÇÃO SUDESTE

ELEVAÇÃO NOROESTE


IMAGEM 106: PLANTA BAIXA TIPO B - FLEXIBILIDADE INICIAL ESCALA 1:125 P Á G I N A 4 9

G

F

CORTE 3

E

D

C

3

CORTE 2 CORTE 2 ELEVAÇÃO SUDOESTE

PROJ. VIGA (H=1m)

Área: 65,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 4 SIMPLEX

Área: 97,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 3 SIMPLEX

Área: 194,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 2 DUPLEX

PROJ. VIGA (H=1m)

PROJ. VIGA (H=1m)

PROJ. VIGA (H=1m)

4

PROJ. PERGOLADO

4

5

5

0

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

Área: 40,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 1 A SIMPLEX

1

2

9

8

7

6

5

4

3

2

1

11

10

3

Área: 40,00m2 P.D.U.: 3m

APTO 1 B SIMPLEX

12

B

3

22 x 0,182 = 4,000

ELEVAÇÃO NORDESTE CORTE 1 CORTE 1

6

6

PROJ. VIGA (H=1m)

4

7

7

E

D

C

B

5

N

G

F

CORTE 3

PROJ. VIGA (H=1m) PROJ. VIGA (H=1m)

GSPublisherVersion 0.0.100.100

ELEVAÇÃO SUDESTE

PROJ. VIGA (H=1m)

ELEVAÇÃO NOROESTE


IMAGEM 107: PLANTA BAIXA TIPO A - FLEXIBILIDADE CONTINUA ESCALA 1:125 P Á G I N A 5 0

G

F

CORTE 3

E

D

C

3

22 x 0,182 = 4,000

ELEVAÇÃO SUDOESTE

22

21

20

19

18

17

16

15

14

13

12

11

CORTE 2

B

3

CORTE 2

ELEVAÇÃO NORDESTE

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

4

4

5

5

0

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

CORTE 1 1

CORTE 1

GSPublisherVersion 0.0.100.100

2

3

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

6

6

4

7

7

5

N

G

F

CORTE 3

E

D

C

B

ELEVAÇÃO SUDESTE 22 x 0,182 = 4,000 12

ELEVAÇÃO NOROESTE


9

11

8

10

7

6

5

4

3

2

1

6

7

G

F

CORTE 3

E

D

C

6

7

B

ELEVAÇÃO SUDESTE 22 x 0,182 = 4,000 12

G

F

E

D

C

CORTE 3 ELEVAÇÃO NOROESTE

B

3

ELEVAÇÃO SUDOESTE

4

5

13

14

15

16

17

18

19

20

CORTE 2 3

CORTE 2

ELEVAÇÃO NORDESTE

4

5

21

CORTE 1 22

CORTE 1

GSPublisherVersion 0.0.100.100

IMAGEM 108: PLANTA BAIXA TIPO B - FLEXIBILIDADE CONTINUA ESCALA 1:125 P Á G I N A 5 1



IMAGEM 110: PLANTA BAIXA LAYOUT TIPO B ESCALA 1:125 P Á G I N A 5 3

G

F

CORTE 3

E

D

C

B

3

3

ELEVAÇÃO SUDOESTE

DW

F

W DR

4

4

5

5

DR W

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

W

ELEVAÇÃO NORDESTE CORTE 2 F W DR

CORTE 2

DR

CORTE 1 CORTE 1

GSPublisherVersion 0.0.100.100 F

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

6

6

7

7

G

F

CORTE 3

E

D

C

B

ELEVAÇÃO SUDESTE 22 x 0,182 = 4,000 12

ELEVAÇÃO NOROESTE


IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL DUPLEX

IMAGEM: PERSPECTIVA DIGITAL DUPLEX


IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 60M2

IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 60M2


IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 40M2

IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 40M2


IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 40M2

IMAGEM: PERSPECTIVA HABITAÇÃO 80M2


7 .

B I B L I O G R A F I A

GUERRAND, Roger-Henri. EspaÁos privados. In: PERROT, M. (Org.), HistÛria da vida privada. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, vA, p. 325-411. TRAMONTANO, M. . Apartamentos, arquitetura e mercado: estado das coisas. In: Oficina Verticalização das cidades brasileiras, 2006, São Paulo. Verticalização das cidades brasileiras, 2006. Disponível em: http://www.nomads.usp.br/site/livraria/livraria.html Acessado em: dd / mm / aaaa TRAMONTANO, M. Habitações, metrópoles e modos de vida. Por uma reflexão sobre o espaço doméstico contemporâneo. 3o. Prêmio Jovens Arquitetos, categoria "Ensaio Crítico". São Paulo: Instituto dos Arquitetos do Brasil / Museu da Casa Brasileira, 1997. 210mm x 297mm. 10 p. Ilustr. Disponível em: http://www.nomads.usp.br/site/livraria/livraria.html Acessado em: dd / mm / aaaa

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5 4




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