Neuron - Espaço de Eventos e Festivais (TCC)

Page 1



CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO UNASP – CAMPUS ENGENHEIRO COELHO ARQUITETURA E URBANISMO

Guilherme Cardoso de Moraes

NEURON - ESPAÇO DE EVENTOS E FESTIVAIS

Engenheiro Coelho 2017



Guilherme Cardoso de Moraes

NEURON - ESPAÇO DE EVENTOS E FESTIVAIS

Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Adventista de São Paulo do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do Prof. Ms. João Paulo Marquesini Soares.

Engenheiro Coelho 2017



GUILHERME CARDOSO DE MORAES

NEURON – ESPAÇO DE EVENTOS E FESTIVAIS

Relatório final, apresentado ao Centro Universitário Adventista de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Engenheiro Coelho, 28 de Novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________ Prof. MSc. João Paulo Marquesini Soares Orientador

_____________________________________ Arq. Maristela Cristina Correa Convidado Interno

_____________________________________ Arq. Ana Paula Marquesini Soares Convidado Externo



AGRADECIMENTOS

A instituição, Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus de Engenheiro Coelho (UNASP-EC), pela possibilidade de vivenciar e aprender no curso de Arquitetura e Urbanismo, a me tornar um profissional da área. Ao meu orientador, Prof. Ms. João Paulo Marquesini Soares, que me acompanhou ao longo de todo o processo incentivando a alcançar maiores resultados dentro deste trabalho árduo de estudos, análises, levantamentos, criação e de projeto, assim como, à vivenciar o meu tema e agregar experiências. A minha família, pela base, suporte, companheirismo, por estarem presentes e por tornarem possível a realização dessa jornada ao longo destes 5 anos, de crescimento pessoal e profissional. Aos professores, que ajudaram diretamente ou indiretamente, nesse trabalho de alguma forma e principalmente nesse processo de formação como profissional, transmitindo seus conhecimentos e incentivando a buscar conhecer e aprender além do conteúdo apresentado, sendo de grande valor para minha carreira e vida. Aos amigos, que participaram diretamente e indiretamente desse trabalho e principalmente aos que se submeteram aos estudos de caso comigo, ao longo desse processo. Também aos que de alguma forma contribuíram com a troca de conhecimentos ao longo desses anos, pelas conversas, debates, discussões, ensinamentos e pela amizade. Aos colegas, que não estiveram puderam estar presentes ao longo do curso e último ano, mas que de alguma forma participaram dos meus dias e contribuíram em minha evolução pessoal e experiência.



O corpo é o suporte físico pelo qual o indivíduo atua

sobre o mundo e exterioriza suas experiências.

(Arjen Mulder)



RESUMO

Esse trabalho monográfico, que tem como título “Neuron - Espaço de Eventos e Festivais”, tem como objetivo debater e analisar os espaços de eventos em âmbito regional e nacional, que são edificações permanentes ou ocasionais, que recebem adaptações no espaço para a ocorrência do evento. O evento, que é um acontecimento, contempla em suas ocorrências os festivais de pequeno a grande porte.

Buscando entender, a relação da vivência do público com o espaço de

eventos e com os festivais, e como essas experiências transcendem do indivíduo por meio de sua criatividade. Assim, foram analisados os festivais de grande expressão, no mundo e que ocorreram no país ao longo dos últimos anos, verificando seus conceitos, tipologias, objetivos, classificação, dimensão, localização, público e dinâmica de mobilidade interna e externa. Verificando os espaços de eventos da cidade de Campinas e região, que são usados e tem maior potencial – que se aproximavam da tipologia deste trabalho. Também, foi desenvolvido uma dinâmica de visão e missão do espaço, com cunho empresarial, para auxiliar no conceito do projeto e criar uma identidade ao empreendimento, que é o espaço de eventos em relação a uma cidade e sua implantação. Detectado o déficit em locais adequados e próprios, para a ocorrência de eventos, onde estes são centralizados na capital em São Paulo ou no interior em Itu/SP. O espaço de eventos, irá propor uma área para a ocorrência dos eventos e festivais – que desenvolvem conceitos artísticos e sociais –, em suas diversas tipologias, formas e conceitos, atividades culturais nos espaços internos e externos, mantendo a experiência na vida de seu público sempre ativa.

Palavras-chave: espaço de eventos; festivais; experiência; vivência; arquitetura do entretenimento; espaço; usuário.



ABSTRACT

This monograph, with the title “Neuron – Space of Events and Festivals”, it has with objective to debate and analyze the regional and national scope of the event spaces, that are occasional or permanent building, this receipt adaptations in his space to the event occurrence. The event, contemplates small and large festivals in his occurrence. Looking for understand, the public experience relation with the space of the events and festivals, and how that experience transcends from the person for his creativity. Therefore, were analyzed the relevant festivals in the world that occurred in this country during the last years, checking his concepts, typologies, objectives, classification, dimension, place, public and access/mobility. Verifying the event spaces at the Campinas city and neighborhood, that have a large potential – that make relation with this work. Also, was developed a dynamic of vision and mission of the space, with business impress, to help the project concept and create a profile to the enterprise, the Event space in relation to the city and his installation. Detected the deficit at the appropriate place, to the event occurrence, where that ones are centralized in São Paulo or Itu/SP. Event space will propose an area to the occurrence of the events and festivals – who develop artistic and social concepts, cultural activities at the inside and outside spaces, keeping the life experience of his public always active.

Keywords: espaço de eventos; festivais; experiência; vivência; arquitetura do entretenimento; espaço; usuário.



LISTA DE ILUSTRAÇÕES Mapas Mapa 01 – Localização da RMC no Brasil e no Estado de São Paulo ...................... 26 Mapa 02 – Região Metropolitana de Campinas ........................................................ 27 Mapa 03 – Sistema Multimodal de Transporte .......................................................... 28 Mapa 04 – Tipos de terreno em Campinas ............................................................... 29 Mapa 05 – Glebas em potencial e espaços de eventos no entorno .......................... 31 Mapa 06 – Gleba com maior potencial escolhida para projeto .................................. 32 Mapa 07 – Detalha do zoneamento (gleba na zona 3) ............................................ 115 Mapa 08 – Macrozonas estabelecidas na revisão da LUOS de 2015 ..................... 118 Mapa 09 – Zonas de Atividade Econômica – ZAE .................................................. 119 Mapa 10 – Gleba do projeto (espaço de eventos com festivais) ............................. 123 Mapa 11 – Mobilidade e acessos ............................................................................ 124 Mapa 12 – Estudo de conforto acústico e térmico................................................... 127 Mapa 13 – Setorização da gleba ............................................................................. 128 Figuras Figura 01 – Cidadãos da BRC................................................................................... 75 Figura 02 – Mapa da BRC de 1992 ........................................................................... 76 Figura 03 – Mapa da BRC de 1996 ........................................................................... 76 Figura 04 – Mapa da BRC de 1997 ........................................................................... 76 Figura 05 – Mapa da BRC de 1998 ........................................................................... 76 Figura 06 – Mapa dos locais do BRC em 10 anos (1997 a 2007) ............................. 77 Figura 07 – The Man 2016 ........................................................................................ 78 Figura 08 – The Man 2015 ........................................................................................ 78 Figura 09 – Instalações do Burning Man ................................................................... 78 Figura 10 – Foto área da BRC 2016 ......................................................................... 79 Figura 11 – Mapa da BRC de 2016 ........................................................................... 79 Figura 12 – Mapa do festival em 2012 no Jockey Club em São Paulo ..................... 82 Figura 13 – Lollapalooza edição de 2017 .................................................................. 83 Figura 14 – Mapa do festival em 2017 no Autódromo de Interlagos ......................... 84 Figura 15 – Mapa do festival em 2015 no Brasil ....................................................... 85


Figura 16 – Foto aérea noturna durante o evento em 2015 ...................................... 85 Figura 17 – Palco Kinetic Field .................................................................................. 86 Figura 18 – Palco Neon Garden ................................................................................ 86 Figura 19 – Palco Bass Pod ...................................................................................... 86 Figura 20 – Palco Boombox Art Car .......................................................................... 86 Figura 21 – Brinquedos do festival ............................................................................ 86 Figura 22 – Instalações de arte ................................................................................. 87 Figura 23 – Performers do festival ............................................................................ 87 Figura 24 – Palcos durante o festival ........................................................................ 89 Figura 25 – Palcos do Ultra (UMF) em 2011 no Sambódromo do Anhembi ............. 90 Figura 26 – Palco do XXXPerience em 2010 (transição para festival) ...................... 91 Figura 27 – Palco da XXXPerience em 2013 – edição especial................................ 92 Figura 28 – Pôster da história da trilogia XXXPerience ............................................. 93 Figura 29 – XXXPerience, edição 18, no Vale dos Dragões em 2014 ...................... 93 Figura 30 – XXXPerience, edição 19, no Portal dos desejos em 2015 ..................... 94 Figura 31 – XXXPerience, edição 20, no Reino Mágico em 2016 ............................. 94 Figura 32 – Projeto do palco Love Stage, 2015 ........................................................ 95 Figura 33 – Projeto do palco Union Stage, 2015 ....................................................... 95 Figura 34 – Projeto do palco Joy Stage – edição especial de 2015 .......................... 95 Figura 35 – Projeto do palco Pace Stage, 2015 ........................................................ 95 Figura 36 – Festival Tomorrowland Brasil 2016 ........................................................ 96 Figura 37 – Palco Principal Mainstage ...................................................................... 98 Figura 38 – Palco Frame Stage................................................................................. 98 Figura 39 – Palco Garden Mushroom ....................................................................... 98 Figura 40 – Palco Oriental Stage .............................................................................. 98 Figura 41 – Palco Open Stage .................................................................................. 98 Figura 42 – Palco Grand Theatre .............................................................................. 98 Figura 43 – Palco Flower Stage ................................................................................ 98 Figura 44 – Vista do projeto do espaço da Laroc Club ............................................ 107 Figura 45 – Fotos do espaço da Laroc Club............................................................ 107 Figura 46 – Mapa do espaço e seus ambientes ...................................................... 108 Figura 47 – Fotos do espaço da Folk Valley ........................................................... 109


Figura 48 – Fachada do Jockey Club de Campinas/SP casa do Club 88 ............... 109 Figura 49 – Fachada da Red Eventos ..................................................................... 110 Figura 50 – Festa do Peão de Americana ............................................................... 111 Figura 51 – Fachada FIDAM ................................................................................... 111 Figura 52 – Expo Dom Pedro (espaço de eventos)................................................. 112 Figura 53 – Foto externa da casa............................................................................ 113 Figura 54 – Rosa dos ventos................................................................................... 126 Figura 55 – Carta Psicométrica e ZBBR de Campinas ........................................... 126 Figura 56 – Barreira acústica vista superior e frontal .............................................. 127 Figura 57 – Vista noroeste do centro cultural The Shed na 30th Street .................. 133 Figura 58 – Espaço cultural The Shed, proposta do uso ......................................... 134 Figura 59 – Esquema do espaço cultural The Shed................................................ 135 Figura 60 – Pavilhão Itália na Expo Milão 2015 ...................................................... 136 Figura 61 – Praça interna do pavilhão ..................................................................... 137 Figura 62 – Textura dos galhos de árvores no interior e na fachada ...................... 137 Figura 63 – Fachada do Centre Pompidou-Metz na França.................................... 138 Figura 64 – Fachadas externas diurna e noturna .................................................... 139 Figura 65 – Estrutura da cobertura no interior do Centre Pompidou-Metz .............. 140 Figura 66 – Implantação do Espaço de Eventos e Festivais (ambientes) ............... 150 Figura 67 – Acesso portaria dos estacionamentos e portal principal ...................... 151 Figura 68 – Vista aérea do complexo 01 ................................................................. 151 Figura 69 – Rampa da experiência de acesso ao complexo ................................... 152 Figura 70 – Esquema da estrutura da rampa de experiência .................................. 152 Figura 71 – Vista do píer na rampa ......................................................................... 152 Figura 72 – Sistema de luzes temáticas e quantitativos de usuários ...................... 152 Figura 73 – Vista aérea do complexo 02 ................................................................. 153 Figura 74 – Poste de luz e som da área dos festivais ............................................. 153 Figura 75 – Vista aérea do complexo 03 ................................................................. 154 Figura 76 – Vista aérea do complexo 04 ................................................................. 154 Figura 77 – Vista aérea do complexo 05 ................................................................. 154 Figura 78 – Pontos de Palcos ................................................................................. 155 Figura 79 – Ponto de Palco 01 ................................................................................ 155


Figura 80 – Ponto de Palco 01 (vista do palco para o público) ............................... 156 Figura 81 – Ponto de Palco 02 ................................................................................ 156 Figura 82 – Possibilidade de 4º Ponto de Palco ...................................................... 156 Figura 83 – Placa cimentícia permeável (Megadrenante – Granili) ......................... 157 Figura 84 – Croquis de desenvolvimento da forma e ambientes............................. 158 Figura 85 – Diagrama de perfuração da malha (casca) .......................................... 159 Figura 86 – Estrutura do Painel FR (Fire Retardant) ............................................... 160 Figura 87 – Diagrama e indicação de acessos e saídas principais ......................... 160 Figura 88 – Laje alveolar protendida 2400mm ........................................................ 161 Figura 89 – Esquema de dimensões da viga .......................................................... 162 Figura 90 – Forro Corta Fogo (exemplo sem lã de vidro) ........................................ 162 Figura 91 – Forro FGE Curvo (exemplo de aplicação) ............................................ 163 Figura 92 – Parede de Alto Desempenho Acústico ................................................. 163 Figura 93 – Parede Acústica ................................................................................... 163 Figura 94 – Sistema do piso flexível em Poliuretano ............................................... 164 Figura 95 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 01.................................................. 164 Figura 96 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 02.................................................. 165 Figura 97 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 03.................................................. 165 Figura 98 – Estrutura de sustentação em aço (Palcos diversos) ............................ 165 Figura 99 – Lounge (Térreo da Discoteca) .............................................................. 164 Figura 100 – Sustainable Dance Floor (Pista de dança) ......................................... 166 Figura 101 – Diagrama de energia (Power Diagram) .............................................. 167 Figura 102 – Pista de dança (Sustainable Dance Floor) ......................................... 167


LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Análise dos festivais (parte 01).............................................................. 99 Tabela 02 – Análise dos festivais (parte 02)............................................................ 100 Tabela 03 – Agenda cultural e locais usados (parte 01) ......................................... 103 Tabela 04 – Agenda cultural e locais usados (parte 02) ......................................... 104 Tabela 05 – Agenda cultural e atividades ocorridas (quantitativos) ........................ 104 Tabela 06 – Programa de necessidades do auditório ............................................. 144 Tabela 07 – Programa de necessidades do espaço de eventos gerais .................. 145 Tabela 08 – Programa de necessidades da discoteca ............................................ 145 Tabela 09 – Programa de necessidades da gerência ............................................. 146 Tabela 10 – Programa de necessidades da praça de alimentação ......................... 146 Tabela 11 – Programa de necessidades do ambulatório e camarins gerais ........... 147 Tabela 12 – Programa de necessidades dos sanitários gerais ............................... 147 Tabela 13 – Programa de necessidades dos espaços externos ............................. 148 Tabela 14 – Capacidade máxima de público no projeto.......................................... 149 Tabela 15 – Dimensão das vigas de perfil I laminadas. .......................................... 161


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 23 1.1 Apresentação ...................................................................................................... 25 1.1.1 A cidade ........................................................................................................ 25 1.1.2 Mobilidade ..................................................................................................... 27 1.1.3 Dados Gerais ................................................................................................ 28 1.1.4 História .......................................................................................................... 30 1.2 Apresentação da situação ................................................................................... 30 1.2.1 Áreas em potencial ........................................................................................ 30 1.2.2 Localização da gleba ..................................................................................... 32 1.3 Problemática ....................................................................................................... 33 1.4 Justificativa da proposta ...................................................................................... 33 1.5 Objetivos ............................................................................................................. 34 1.5.1 Objetivo geral ................................................................................................ 34 1.5.2 Objetivos específicos..................................................................................... 35 2 ESPAÇO DE EVENTOS ........................................................................................ 37 2.1 Espaços de eventos permanentes e ocasionais ................................................. 41 2.2 Espaços adaptados e espaços próprios .............................................................. 42 2.2.1 Espaços funcionais e flexíveis ....................................................................... 44 2.3 Espaços culturais ................................................................................................ 45 2.4 Classificação dos eventos ................................................................................... 46 2.5 Tipologias dos eventos ........................................................................................ 47 2.6 Arquitetura do entretenimento ............................................................................. 48 3 FESTIVAIS ............................................................................................................. 51 3.1 Tipologias dos festivais ....................................................................................... 53 3.2 Festivais e seus conceitos................................................................................... 54 4 EXPERIÊNCIAS NO ESPAÇO .............................................................................. 57 4.1 Experiência do usuário nos espaços ................................................................... 60 4.2 A experiência do usuário nos festivais e shows .................................................. 62 4.3 A identidade do espaço no usuário ..................................................................... 68 5 LEVANTAMENTOS ............................................................................................... 73


5.1 Levantamento Internacional ................................................................................ 75 5.1.1 Burning Man (Nevada, EUA) ......................................................................... 75 5.1.1.1 A Black Rock City .................................................................................... 75 5.2 Levantamento Nacional ....................................................................................... 80 5.2.1 Festivais no Brasil ......................................................................................... 80 5.2.1.1 Lollapalooza ............................................................................................ 80 5.2.1.2.1 O festival ........................................................................................... 81 5.2.1.2.2 O mundo Lolla ................................................................................... 82 5.2.1.2 Eletric Dance Carnival (EDC) .................................................................. 84 5.2.1.2.1 O mundo EDC ................................................................................... 84 5.2.1.2.2 O festival ........................................................................................... 85 5.2.1.3 Ultra Music Festival ................................................................................. 88 5.2.1.3.1 O UMF Brasil ..................................................................................... 88 5.2.1.3.2 Os palcos .......................................................................................... 89 5.2.1.4 XXXPerience ........................................................................................... 90 5.2.1.4.1 O festival ........................................................................................... 91 5.2.1.4.2 A trilogia ............................................................................................ 92 5.2.1.5 Tomorrowland ......................................................................................... 95 5.2.1.5.1 As pessoas do amanhรฃ ..................................................................... 96 5.2.1.5.2 O festival ........................................................................................... 97 5.2.1.6 Anรกlise geral dos festivais ....................................................................... 99 5.3 Regional e Local................................................................................................ 103 5.3.1 Agenda cultural de Campinas ..................................................................... 103 5.3.1.1 Locais usados e atividades ................................................................... 103 5.3.2 Espaรงos de eventos em Campinas e entorno ............................................. 105 5.3.2.1 Laroc Club ............................................................................................. 107 5.3.2.2 Folk Valley ............................................................................................. 108 5.3.2.3 Club 88 .................................................................................................. 109 5.3.2.4 Red Eventos .......................................................................................... 110 5.3.2.5 Parque de Eventos CCA ....................................................................... 110 5.3.2.6 FIDAM ................................................................................................... 111 5.3.2.7 Expo D. Pedro ....................................................................................... 112 5.3.2.8 Campinas Hall ....................................................................................... 112


5.3.3 Espaços adaptados e/ou permanentes ....................................................... 113 5.4 Condicionantes Legais ...................................................................................... 114 5.4.1 Revisão da Legislação ................................................................................ 115 5.4.2 Novo Zoneamento ....................................................................................... 117 5.4.3 Novo Uso e Ocupação do Solo ................................................................... 118 6 ÁREA DE INTERVENÇÃO .................................................................................. 121 6.1 Área do projeto .................................................................................................. 123 6.2 Estudo da malha viária ...................................................................................... 124 6.2.1 Acessos, fluxos e circulação ....................................................................... 124 6.3 Estudo de conforto ............................................................................................ 125 6.3.1 Térmico e Acústico ...................................................................................... 125 6.3.1.1 Barreira acústica.................................................................................... 127 6.4 Setorização dos espaços .................................................................................. 128 7 REFERÊNCIAS DE ESPAÇOS E PROJETOS ................................................... 131 7.1 The Shed (NY, EUA) ......................................................................................... 133 7.2 Pavilhão da Itália (Milão, Itália).......................................................................... 136 7.3 Centre Pompidou-Metz (Metz, França) ............................................................. 138 8 PROPOSTA DO ESPAÇOS DE EVENTOS ........................................................ 141 8.1 Visão e Missão do espaço................................................................................. 143 8.2 Conceito e Partido ............................................................................................. 143 8.3 Programa de necessidades ............................................................................... 144 8.3.1 Espaço ........................................................................................................ 144 8.3.2 Serviços e Suporte ...................................................................................... 146 8.3.3 Áreas Externas ............................................................................................ 148 8.4 A implantação.................................................................................................... 149 8.5 O projeto (Neuron) ............................................................................................ 157 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 169 10 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 173 11 ANEXOS ............................................................................................................ 183


INTRODUÇÃO LOCAL . PROBLEMA . JUSTIFICATIVA . OBJETIVO


24


25

1 INTRODUÇÃO

O evento, reflete muitos acontecimentos e tipologias, em seu termo. Assim, ao nos deparamos com o problema dos espaços de eventos, que são adaptados para uso temporário ou de longo prazo, devemos buscar compreender a relação desse tema, onde, o evento se configura em um plano geral do espaço, em que é a ocorrência de um determinado acontecimento1 ou vários. No festival, ocorrem shows, apresentações, espetáculos, amostras, exposições, etc. Os shows, se vinculam as apresentações musicais, assim como podem ser de dança, teatro, humor, entre outros. Neles, podem conter características espetaculares, que se referem ao aspecto mais qualitativo, no entanto, em um uso mais social e de marketing, que visa outros intuitos e finalidades, referente a divulgação dos eventos nas mídias e afins, o termo representa as próprias ocorrências de eventos. Contudo, as nomenclaturas neste trabalho, abordarão o evento como plano geral, em que ocorrem os festivais e dentro deles haverá outras ocorrências menores na instancia do evento.

1.1 Apresentação

1.1.1 A cidade

A cidade de Campinas, localiza-se no Brasil, na região Sudeste do pais, no interior do Estado de São Paulo, a 97 quilômetros da capital São Paulo e 173 quilômetros do porto de Santos/SP, circundada por três grandes rodovias, que recebe um grande fluxo de veículos (Rodovia Anhanguera, Rodovia Bandeirantes e Rodovia Dom Pedro I); distribui-se em diversos bairros e quatros distritos (Joaquim Egídio, Sousas, Barão Geraldo e Nova Aparecida). Com mais de 1 milhão de habitantes, a cidade tem a oferecer comércio diversificado, amplas áreas verdes e inúmeros espaços de lazer, esporte e cultura. O Aeroporto Internacional de Viracopos, é o principal aeroporto de cargas nacional e o maior da América Latina, contempla voos nacionais e voos internacionais. Conta também com o Aeroporto

1

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1 ed. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 2009. LIX; 1986, 3 cm. ISBN 978-7302-963-5.


26

Campos dos Amarais, que atua em menor escala em relação ao Aeroporto Internacional de Viracopos. (PMC, 2010, 2015a, 2015b). Sendo a cidade, o segundo centro econômico, industrial científico e tecnológico do Estado, atrás apenas da capital; e a quinta com melhor infraestrutura urbana. É um dos principais polos nacionais de eventos e congressos, com média entre 6 mil eventos por ano e 2 milhões de participantes. (PMC, 2010, 2015a).

Mapa 01 – Localização da RMC no Brasil e no Estado de São Paulo. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/cd/SaoPaulo_RM_Campinas.svg/1200pxSaoPaulo_RM_Campinas.svg.png

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é composta por 20 municípios (incluindo Campinas), com um território aproximado de 3.673 km², com uma população de 2,8 milhões (1,5% do Brasil ou 6,8% do Estado de São Paulo), com PIB de US$ 50 bilhões, representando 7,9% do PIB do Estado e 2,3% do PIB brasileiro. (PMC, 2015a).


27

Mapa 02 – Região Metropolitana de Campinas Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1e/Mapa-RMC.svg/1090px-Mapa-RMC.svg.png

1.1.2 Mobilidade

As grandes rodovias – Rodovia Anhanguera (SP 330), Rodovia Bandeirantes (SP 348) e Rodovia Dom Pedro I (SP 065) –, recebem o fluxo de rodovias intermediarias, como a Rodovia Adhemar de Barros, Rodovia Professor Zeferino Vaz (SP 332) – anteriormente Rodovia Milton Tavares de Souza –, e Rodovia Santos Dumont (SP 075) – que posteriormente se torna Rodovia Engenheiro Ermênio de Oliveira Penteado. As rodovias de menor fluxo interligam-se tanto nas grandes rodovias como nas intermediárias, sendo elas a Rodovia Adalberto Panzan (SP 101/330) e Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP 101); Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP 083). Formando assim, um eixo circular ao entorno da malha urbana principal e concentrada de Campinas, auxiliando nos fluxos e deslocamentos entre os bairros e destinos tanto interior, quanto capital. (PMC, 2010, 2015a, 2015b). Os deslocamentos pelo transporte público podem ser feitos com o bilhete único, possibilitam o sistema de integração entre os veículos e redução de custos com vale transporte. A frota de táxis tem cerca de 800 veículos prestando serviços em 56 pontos fixos. A malha viária existente, composta por duas ferrovias, é usado


28

para o transporte de cargas até a capital paulista, porto de Santos e o interior do estado. (PMC, 2010). O Aeroporto Internacional de Viracopos, recebe 39% do valor e 27% do peso da carga aérea brasileira importada e exportada. A capacidade anual de passageiros (projeções e dados da Infraero), em 2006 foi de 826.246 passageiros; em 2009: 3.364.300 passageiros. Segundo o resumo de movimentação aeroportuária de Viracopos em 2013 a capacidade atingiu 9.295.349 passageiros, em 2014 chegou a 9.846.853, em 2015 prosseguiu com o aumento (de 4,9%), com a marca de 10.324.658 passageiros, e em 2016 uma pequena queda (-9,7%) para 9.325.252 passageiros no ano. De acordo com os dados do Guia de Investimentos de Campinas de 2010, a projeção da Infraero para 2025 é de 60 milhões de passageiros. (PMC, 2010; VIRACOPOS, 2016).

Mapa 03 - Sistema Multimodal de Transporte Fonte: http://ambientecampinas.wix.com/caderno#!transporte

1.1.3 Dados gerais

A cidade de Campinas, localiza-se a 680 metros acima do nível do mar, nas coordenadas geográficas referentes a latitude Sul 22°53‟20” e longitude Oeste 47°04‟40”, com uma área total de 796,4 quilômetros quadrados em seu território. Deste total a área do perímetro urbano contempla 388,9 quilômetros quadrados e


29

sua área rural 407,5 quilômetros quadrados. A população segundo dados do censo demográfico do IBGE atingiu em 2010 a marca de 1,1 milhão de habitantes e PIB de US$ 18,8 bilhões. (PMC, 2007, 2017a). O clima de campinas é tropical de altitude, classificado como Cwa (w – invernos secos ou pouco chuvosos; a – verões quentes e úmidos com chuvas de verão. Classificação de Köpeen-Geiger). (PMC, 2015a). Os ventos predominantes na direção sudeste, com velocidade média de 2,0 m/s e umidade relativa do ar – média anual de 72,1%. Segundo dados do Cepagri2 (2017), a temperatura tem média anual de 22,4°C (atingindo na média máxima 28°C e média mínima de 16,8°C) e precipitação anual com média de 1.424,5mm (e máxima em 24 horas de 143,4mm). O relevo do município é predominantemente suave ondulado a ondulado com declives inferiores a 7% (Mapa 04), fazendo assim, parte da transição entre o Planalto Atlântico Paulista e a Depressão Periférica. (VALLADARES, G. S.; COELHO, R. M.; CHIBA, M. K., 2008).

Mapa 04 – Tipos de terreno em Campinas Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/publicacoes/planodiretor2006/mapas/mapa12.jpg

2

Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura – CEPAGRI (FEUGRI/UNICAMP).


30

1.1.4 História

Originada no século XVII como pouso3, utilizada como descanso4, formando 3 grandes descampados (campinhos) em meio à mata, ganhou o nome de “Campinas do Mato Grosso”. Na segunda metade século XIX, mudou a identidade socioeconômica com desenvolvimento da indústria açucareira. Contudo, com a chegada dos fazendeiros e a produção do café, foi elevada a cidade em 1842. O desenvolvimento econômico, social e cultural, levou a cidade a disputar no final do século XIX a primazia com a capital do Estado. Com o impulso dos cafezais, a cidade experimentou um intenso percurso de “modernização” de seus meios de transporte, de produção e de vida. Com a crise em 1930, mudou para uma fisionomia industrial e de serviços, concentrando uma população de migrantes e imigrantes. Ocasionando entre 1930 e 1940, multiplicação dos bairros, dos estabelecimentos e a implantação das grandes rodovias. (PMC, 2007, 2017a, 2017b, 2017c).

1.2 Apresentação da situação

1.2.1 Áreas em potencial

Ao buscar áreas com potencial para o projeto, tomou-se como base e analise os festivais, que ocorreram no país e os locais de sua realização (ver item 5.2) e da agenda cultural da cidade (ver item 5.3.1), considerando também os espaços usados para eventos na região e cidade (ver item 5.3.2). Com isso, foi levantando áreas com metragem quadrada elevada, com fácil acesso do público e que causasse menor impacto à mobilidade das vias durante os eventos. As áreas levantadas se mantiveram nas proximidades da Rodovia Dom Pedro I e Rodovia Adhemar de Barros (Mapa 05). Localizando-se ao lado da rodovia e outras mais distantes com necessidade de acesso em via secundária para chegar ao local. As glebas foram classificadas em menor potencial, médio potencial e maior potencial. Ao analisarmos a necessidade de um acesso mais próximo da cidade com melhor infraestrutura para a mobilidade do evento, as glebas ao longo da Rodovia 3 4

Pelos viajantes da rota de São Paulo a Goiás e/ou Mato-Grosso. Entre bandeirantes, mascates, tropeiros, comerciantes e soldados, que passavam pela estrada.


31

Adhemar de Barros foram classificadas com menor potencial, apresentavam uma área quadrada de 1,5 km² a 2,17 km², e com zoneamento menos favorável a implantação, foram descartadas. As glebas com médio potencial, se localizavam entre ambas as rodovias, com área quadrada entre 1,26 km² e 1,93 km², mas afastadas da via, o que favorecia a tipologia de eventos como os festivais, mas o acesso não se mostrou favorável as necessidades do projeto, uma vez que o acesso não era imediato e com infraestrutura baixa, outro aspecto, foi a proximidade de condomínios de alto padrão, que poderiam ser afetados em maior escala pelo desconforto gerado pelos eventos em seu requisito sonoro (acústico).

Mapa 05 – Glebas em potencial e espaços de eventos no entorno Fonte: Google Maps – edição do autor (sem escala)

As glebas com maior potencial foram selecionadas, a partir de análise dos espaços de eventos existentes em campinas e sua dinâmica de uso (ver item 5.3.2). As glebas com maior potencial variam entre 0,752 km² e 1,51 km², ao avaliar o fácil acesso e potencial da infraestrutura da malha viária, os acessos, a proximidade com o perímetro urbano, a legislação vigente e o processo de revisão da lei de uso e ocupação do solo (ver item 5.4), a metragem quadrada necessária para o projeto, dois das três glebas, não atenderam os parâmetros, sendo descartados. Assim,


32

apenas uma gleba atendeu as necessidades projetuais e suas condicionantes legais, de conforto, de acesso, e etc.

1.2.2 Localização da gleba

A gleba escolhida (Mapa 06) de aproximadamente 1,09 km² (1.090.000 m²), atendeu as necessidades e projeções de acesso, com um fluxo da mobilidade tendo pouco impacto durante a ocorrência dos eventos e festivais, devido a rodovia contar atualmente com a via principal, via marginal de ambos os lados e uma terceira via lateral ao lado do terreno, que faz ligação de acesso no trevo existente entre a Rodovia Dom Pedro I e Avenida Mackenzie, que dá acesso ao Shopping Iguatemi ao oeste (que se torna Avenida Isaura Roque Quércia a leste, dando acesso a zona norte do distrito de Sousas e novos condomínios de alto padrão), até o acesso do trevo em construção da rodovia com a Avenida Carlos Grimaldi, que dará acesso a Estrada da Roseira a leste (que também se conecta a Av. Isaura Roque Quércia, ao ficar próximo do distrito de Sousas). Levando em conta a maior proximidade até o Aeroporto Internacional de Viracopos, acesso a rodovias que ligam até a capital e grandes cidades do país, assim como também, contempla áreas próximas de vegetação intensa e APPs, que auxiliam no bloqueio acústico e tornam-se áreas para o direcionamento sonoro dos palcos dos festivais, que serão propostos.

Mapa 06 – Gleba com maior potencial escolhida para projeto Fonte: Google Maps – edição do autor (sem escala)


33

1.3 Problemática

Projetar um espaço de eventos, de festivais e cultura, que atenda os eventos e festivais de pequeno, médio e grande porte, que acontecem no cenário regional, nacional e internacional. Propiciando ambientes internos e externo funcionais, em um espaço, que não agrida o contexto urbano próximo e possibilite a experiência do usuário no espaço; criando uma identidade do espaço com o usuário, e vice-versa, condicionando a experiência pela conexão/interação de ambos, dentro da atmosfera presente nos ambientes do evento e das ações do público dentro destes.

1.4 Justificativa da proposta

O espaço de eventos, de festivais e cultura, é a proposta de projeto, que visa atender um déficit existente, não somente no âmbito local e regional, mas que ocorre em todo o país; pois, os espaços e locais, que realizam estes eventos, atualmente recebem com maior frequência, os eventos internacionais – dentre eles, os espetáculos, turnês musicais e os festivais –, são espaços, que necessitam ser adaptados com infraestrutura, para possibilitar o acontecimento dos shows, espetáculos, peças e, etc. de tais eventos. Com isso, para atender essa necessidade de um espaço próprio para a realização de diversos tipos de eventos e festivais, o projeto será proposto na cidade de Campinas, por ser uma das maiores cidades do Estado (ver item 1.1.1 e 1.1.3). Assim, a cidade contempla uma infraestrutura e mobilidade, que supre as necessidades e dá qualidade para a localização, e proporciona condições para que o projeto ocorra com maior eficiência, devido sua localização, mobilidade, clima, áreas de interesse de desenvolvimento econômico, e sua importância no cenário nacional. Campinas está próxima de grandes cidades e capitais, o que facilita o acesso do público dos eventos e turistas em geral, além dos moradores da região e cidades próximas da RMC pelas principais rodovias (ver item 1.1.2) e pelo Aeroporto Internacional de Viracopos. Com base de incentivos públicos e privados, o espaço ganhará em tecnologia e variedades de atrações, assim como uma programação aberta a cidade para gerar uso continuo, além dos eventos pontuais; em que ocorrerá a mobilização de linhas


34

exclusivas de transporte público e serviços de translado privados, voltados para o espaço durante estes eventos pontuais, – como já ocorre em outros grandes eventos, com a participação efetiva dos serviço público –, consolidando o evento e sua dinâmica, gerando diversos retornos e destaques para a cidade através da mídia do evento e do espaço, propiciando a ocorrência de outros eventos de grande expressão. Ao analisar os festivais, nota-se princípios, conceitos e na maioria dos festivais, além do contexto musical, há vertentes artísticas e performances, relacionadas as ações e atitudes, que vão além do festival, mas englobam a arte dentro de sua atmosfera, não sendo apenas só cenografias e fantasias, mas a experimentação de emoções e da própria criatividade do seu público, como parte integrante e participativa no desenvolvimento do evento. A experiência do público (usuários) nos espaços de eventos, tem relação com os espaços usados não serem edificados para tais finalidades, mas são espaços adaptados, com isso, os usuários não criam uma identificação com o mesmo (um laço sensorial com o local), onde por muitas vezes o principal destaque, é apenas o evento, o espetáculo, o show, a peça, etc. ocorrido naquele lugar. No entanto, a arquitetura do local deve passar uma mensagem, proporcionar uma experiência, ser versátil, ser convidativa a interação, ser própria para tal uso, assim como ocorre em outras tipologias arquitetônicas. Assim, um espaço de eventos, que tem vertentes culturais, necessita transcender as sensações pessoais e/ou coletivas dos indivíduos, pois deve buscar gerar sentimentos em seus usuários, incentiva-los a participar e interagir com o ambiente, se apropriar do espaço, ou seja, todos que experienciam momentos dentro destes espaços devem sair com uma nova história para contar, um novo modo de pensar, uma nova experiência.

1.5 Objetivo

1.5.1 Objetivo Geral

Criar um espaço de eventos na cidade de Campinas, que receba programações culturais, atendendo aos eventos gerais da agenda cultural da cidade


35

e região; e proporcione locais tanto interno como externo, que sejam adequados para os festivais de pequeno à grande porte, que poderão ocorrer no espaço. 1.5.2 Objetivos Específicos

1. Desenvolver a mobilidade e acessos do espaço de eventos; 2. Setorizar os ambientes da área de intervenção para maior conforto dos usuários; 3. Projetar espaço para eventos, festivais e usos culturais; 4. Moldar a forma estética do edifício criando um diálogo com os eventos e festivais propostos; 5. Aplicar sistemas estruturais, que permitam maiores vãos e que tenham melhor qualidade e durabilidade estrutural e proporcionem uma forma estética agradável; 6. Aplicar materiais que auxiliem a gerar eficiência nas condições térmicas e acústicas; 7. Propor estratégias sustentáveis para gerar eficiência dos recursos do edifício e espaço de eventos; 8. Separar ambientes de público e serviços/funcionários para não ocorrer conflitos de usos; 9. Criar estacionamento e áreas de acesso distintos para serviços e para público; 10. Projetar espaços, que propiciem encontros e experiências entre os indivíduos; 11. Criar ambientes, que incentivem a criatividade de cada pessoa presente no espaço de eventos e durante as programações; 12. Planejar e direcionar o posicionamento dos palcos dos festivais e eventos propostos na área externa; 13. Propor área de acampamento para uso em festivais, que proporcionem essa opção ao público; 14. Projetar barreira acústica que auxilie na inibição da propagação acústica dos eventos no sentido da zona urbana; 15. Realizar projeto paisagístico para melhoria da qualidade acústica, térmica e atmosférica do terreno; 16. Arborizar área próxima do evento, para fechamento da vegetação e requalificação da área verde;


36

17. Propor รกreas de expansรฃo, para futura necessidade do espaรงo e dos festivais.


37


EVENTOS PERIODOS . ESPAÇOS . TIPOLOGIAS . ARQUITETURA


39


40

2 ESPAÇO DE EVENTOS

Os espaços de eventos, são espaços que recebem os usos das ocorrências a que chamamos de “eventos”, sendo estes programados ou ocasionais, com estruturas flexíveis, dispostas em espaços físicos próprios a esta tipologia ou adaptados em outros espaços e tipologias relacionadas. (VARGAS; LISBOA, 2011). Onde segundo Ana Filipa da Silva Queirós (2014, p. 20): Um evento é uma ocorrência num determinado lugar e período de tempo, um conjunto especial de circunstâncias, uma ocorrência notável. (GETZ, 2007). Os eventos são partes intemporais e vitais da própria

vida

da

civilização

e

têm

como

objetivo

celebrar

acontecimentos importantes e significativos. (GETZ, 2007). Os eventos, que começaram, por base de competições e comemorações, ao longo do tempo ganharam características e aspectos econômicos, históricos, sociais, políticos, e atualmente, são relacionados de forma geral, ao marketing5 voltado as empresas e marcas em suas ocorrências. (FLORES, 2012). Assim, a criatividade, passou a ser fator indispensável para o sucesso de um evento, para se tornar marcante ao público, sendo gerador de emoções e sensações – antes, durante e depois da realização do evento. (SILVA, A.M., 2009). Com isso, de acordo com Melo Neto (2007, p. 56): O evento tem características de um produto – deve ser inovador, satisfazer às necessidades do público, criar expectativas, ser acessível a um grande número de pessoas, possuir um nome de fácil memorização e um forte apelo promocional. [...]. O bom evento é algo inusitado, inovador e desafiante. Uma oportunidade de vivenciar algo realmente diferente, pois somente dessa forma o público vai dele participar. [...]. Assim, podemos afirmar que o evento é uma promessa de entretenimento e lazer, uma expectativa de sucesso e uma certeza de vivências emotivas. O público, ao participar de um evento, busca distração, sucesso, emoção, beleza e novidade. (grifo do autor).

5

Segundo Lindon, et. al. (2004, apud. CARAPINHA, 2013), ”o marketing é o conjunto dos métodos e dos meios de que uma organização dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objetivos”.


41

Os eventos, em grande parte, constituem a composição do fluxo das pessoas6. Weber (2002, apud. SILVA, M.B.R, 2008), informa, que “são realizados no Brasil mais de 320 mil eventos por ano, mobilizando cerca de 400 empresas organizadoras e atrai quase 80 milhões de participantes”. Onde, em São Paulo, ocorrem e são promovidos, “aproximadamente 90 mil eventos ao ano (diferenciados em público alvo e magnitudes) atraindo por volta de 16 milhões de visitantes”, de acordo com os dados do São Paulo Convention & Visitors Bureau (2005, apud. BRAZ, 2008). Esse crescimento, teve início, a partir do crescimento do turismo de eventos, que ao se consolidar como atividade econômica, teve como reflexo, os destinos turísticos, em que se encontravam os eventos e festivais, assim, potencializando a ocorrência desses eventos. (BEZERRA, 2011). Anteriormente, segundo Fábio Cézar Braz (2008), “a ideia de turismo, por muito tempo associada ao lazer e/ou descanso; [emerge como] uma prática social na qual o indivíduo busca experienciar lugares diferentes, relacionar-se com outras pessoas, e enfim, deixar a repetição do seu diaa-dia”. Assim, Canton (2002, apud. BARBOSA, 2013), afirma que: No século XX este tipo de turismo se apresentou de forma contínua a inserida em um processo histórico presente de forma significativa e criativa. A criação de uma atividade dinâmica e rentável ocasionou o surgimento de uma diversificada tipologia de eventos, e logo, estes passaram a refletir diretamente no desenvolvimento econômico local. Destacam-se como os primeiros estimuladores deste processo os avanços tecnológicos dos transportes e das comunicações, da hotelaria, da comercialização de bens e serviços, assim como a própria cidade como um todo.

Barbosa (2013), complementa, ao constatar que “a influência do crescimento do segmento de eventos é ratificada no impulso econômico, [quando este] é percebido diretamente pela comunidade, [e nas ocasiões, que] existem programas que apoiam e estimulam a realização destes eventos”. Assim, de acordo com Hall (2001, apud. BARBOSA, 2013, p. 89): A indústria do turismo de eventos, principalmente dos de grande porte, incluindo os megaeventos, assumiu um papel fundamental para o desenvolvimento da atividade turística, assim como possibilitou, que novas estratégias para a promoção urbana fossem realizadas, inserindo a 6

(ANDRADE, 2007, apud. FLORES, 2012).


42

comunidade local em um novo contexto socioeconômico. Desta forma, explica-se o grande crescimento de eventos realizados em todo o mundo, assim como os investimentos de grandes destinos turísticos, que se transformaram em grandes centros receptores de eventos.

Melo Neto (2000, apud. SILVA, M.B.R., 2008), reafirma esses contextos, ao dizer, que os eventos se tornaram elementos de transformação social, de aculturação, de educação, conscientização e mobilização de massas, sendo também os melhores geradores de conteúdo para a mídia. Segundo SILVA, A. M. (2009), “os eventos são formas de unir um determinado número de pessoas num ambiente atrativo, sociável”. Desempenhando funções, como o próprio lazer e entretenimento da população, além de estimular os negócios e disseminação do conhecimento7; e podem representar a valorização dos conteúdos locais, nas ocasiões, em que são identificados pelo público, os espaços em que recebem essas ocorrências. (ANDRADE, 2007, apud. FLORES, 2012). Portando, os eventos, em seus objetivos principais, além de questões de marketing, economia, turismo, e etc., buscam “criar experiências entre o público e marca e provocar sensações nesses consumidores8" (público) dessas ocorrências de eventos – festivais, festas, e reuniões em geral. (BEZERRA, 2011). Onde, “os eventos criam, recriam, inovam e reinventam, não sendo mais simples fatos, mas acontecimentos e agentes transformadores de toda a sociedade9”, assim, Melo Neto (2001, apud. BEZERRA, 2011), enfatiza, que “os eventos propiciam ao homem, o espaço para expandir seus contatos pessoais e profissionais, para apostar na criação e recriação de temas, para desenvolver seu senso crítico e aprimorar sua visão”.

2.1 Espaços de eventos permanentes e ocasionais

Os espaços permanentes, são espaços fixos concebidos para uma atividade principal de evento, que podem receber outras atividades, essa concepção inicial define a ocupação espacial, dimensão e localização do espaço. Estes que podem ser pavilhões de exposições, centros de convenções, auditórios, salas de concerto,

7

(SILVA, M.B.R., 2008). (KLOTER, 2006, apud. BEZERRA, 2011). 9 (MELO NETO, 2000, apud. SILVA, 2008). 8


43

salões de festas, estádios, casas de música, entre outros, tem exigências mais claras,

como

acessibilidade

para

carga

e

descarga,

transporte

coletivo,

estacionamentos, proximidades a infraestruturas de serviço e mobilidade, etc., por isso, necessitam de uma infraestrutura própria de gerenciamento e manutenção. Neste caso, esses espaços, devem permitir e otimizar a sua ocupação e custos, devido a diversidade de interesses e demandas para a realização de novos eventos, adaptando-se a eles. (VARGAS; LISBOA, 2011). Em contrapartida, segundo Vargas e Lisboa (2011), “os espaços ocasionais de eventos, são espaços estratégicos, utilizados temporariamente, de acordo com os objetivos do evento”. Elas10 complementam, afirmando, que estes espaços temporários, podem se apropriar de logradouros públicos, como ruas, praças, viadutos e parques. Os eventos, trabalham a apresentação com o público e o espaço fixo delimitado, se apresentando de forma muito diferente, dos que trabalham a apresentação com o público e o movimento, em que o espaço não é completamente definido, assim as dinâmicas espaciais não se vinculam ao formato do evento e local de apresentação, mas sobre a relação entre ambas, onde o público pode ser fixo, mas diferente ao longo do percurso. (VARGAS; LISBOA, 2011).

2.2 Espaços adaptados e espaços próprios

Assim, como ocorre nos espaços permanentes ou ocasionais, estes podem ser próprios para receber os eventos, ou adaptados, onde o espaço do novo uso, se apropria do antigo espaço – que são reformados para receber tais eventos, podendo ser locais tombados e restaurados, vazios urbanos, e espaços, que alteram o projeto original, e mudem sua tipologia para atender esse novo uso. (BUBNIAK, 2012; LEMOS, 2006, apud. RODRIGUES; CAMARGO, 2010). Por isso, em muitos casos, as edificações são muito mais encaradas e valorizadas como potenciais econômicos agregados, do que pelos potenciais socioculturais, assim, esses patrimônios edificados, são objetos de adaptações para

10

(VARGAS; LISBOA, 2011).


44

diversos usos11, em diversos casos, se tornam espaço de eventos, mesmo sem a infraestrutura e dinâmica espacial adequada. (RODRIGUES; CAMARGO, 2010). Segundo Francisco Paulo de Melo Neto (2007), “[...] um dos fatores que inviabilizam qualquer evento, pelos seus altos custos, é a construção de obras de infraestrutura e de instalações. Portanto, a existência de um espaço próprio para eventos de qualquer natureza é algo precioso [...]”. Dentro do estado de São Paulo, há diversos espaços próprios para usos diversificados, que contemplam as diversas tipologias. Em São Paulo, há espaços de eventos muito diversificados em características e tamanhos, onde há 6 grandes recintos, com metragens superiores a 20 mil m², sendo eles o Parque Anhembi, Expo Center Norte, Centro de Exposições, ITM Expo Feiras e Convenções, Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão Bienal), Transamérica Expo Center. (BRAZ, 2008). Contudo, um exemplo claro de adaptação, segundo Braz (2008), fica sendo o “pavilhão de 20 mil m², no Ibirapuera, adaptado, que não fora construído para abrigar empresas expositoras, grande número de visitantes e toda a infraestrutura necessária”, espaço esse, que recebia as feiras, exposições, entre outras ocorrências de eventos, em São Paulo, antes da criação na década de 1960, do parque Anhembi, e em 1970 do Centro de Exposições Imigrantes, este último, que foi edificado, devido a obsolescência do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, advindo da grande demanda por espaço, que aumentava a cada ano. (BRAZ, 2008). Segundo as análises e leituras feitas nesse trabalho, no caso dos festivais, tem sido adotado principalmente para a ocorrência destes eventos, na cidade de São Paulo, o Autódromo de Interlagos, o Jockey Club, o Sambódromo do Parque Anhembi, e o Parque Maeda, localizado em Itu/SP. Onde os pequenos festivais, de menor expressão, têm ocorrido em áreas rurais e em cidades menos urbanizadas. Assim, espaços menores ou os citados acima, apesar de fixos, em algumas tipologias de eventos, tem a necessidade de adaptar o espaço, apesar de sua estrutura própria não ser voltada a esses usos (salvo Parque Maeda, feito exatamente para eventos de grande porte), estes recebem e realizam tais ocorrências de eventos.

11

Como escritórios, restaurantes, mercados, centros culturais, centros esportivos, hotéis, habitação, e como em muitos casos em espaços de eventos, além de outras tipologias possíveis, de acordo com a edificação a que se está adaptando, considerando seu foco de mudança e localização.


45

Ao retomarmos, a relação de usos dos espaços de eventos, analisou-se, que na cidade de Campinas, os espaços contemplam áreas de 5 mil a 13 mil m², onde tem a possibilidade de ocorrer eventos abertos e fechados, ou seja, com número restrito de público ou tipologia de uso do espaço, sendo eles, a Laroc Club, Folk Valley, Club 88, Expo Dom Pedro e Campinas Hall, entre outros, onde na Região Metropolitana, ganham destaque com grandes áreas a Red Eventos em Jaguariúna, o Parque de Eventos CCA e a FIDAM em Americana. 2.2.1 Espaços funcionais e flexíveis

Os espaços funcionais e flexíveis, passaram a ser discutidos e pensados no século XX, difundidos com a arquitetura moderna, onde o modo de construir torna independente a estrutura das paredes, permitindo maior liberdade na organização e liberação dos espaços internos, responsáveis por criar espaços com maior potencial de receber uma demanda de atividades humanas, que se amplia; adequando-se as especialidades e desejos dos eventos e seus usuários. (MACIEL, 2007). Dessa ideia moderna de flexibilidade, contextualiza o conceito de espaços arquitetônicos híbridos, que segundo Adriana de Souza e Silva (2004, p. 282), o espaço hibrido é: [...] definido pela mistura, ou o desaparecimento das bordas, entre espaço físico e digitais. Espaços híbridos são espaços nômades, criados pela constante mobilidade dos usuários, que carregam aparelhos portáteis de comunicação, [...]. Tais espaços possuem três características principais: mobilidade, sociabilidade e conectividade.

A autora ainda complementa dizendo que “um espaço hibrido também é um espaço conectado, e dessa forma, se constitui por uma rede móvel, que inclui tanto pessoas quanto as tecnologias nômades, que operam estes espaços físicos [...]”. (SILVA, A. S., 2004, apud. REQUENA, 2007). Segundo Maciel (2007), “o melhor exemplo de espaço híbrido é a cidade: toda a ideia de urbanidade se funda na riqueza e na diversidade geradas pela sobreposição de usos no espaço”. A exemplo de funcionalidade e flexibilidade para receber eventos, voltamos a citar o Parque Anhembi, que devido a sua dimensão, se tornou mais do que um complexo de eventos e feiras de negócios, pois sua concepção original sofreu alterações, para conseguir maior versatilidade e


46

flexibilidade em seus espaços, tornando-se referência no seguimento de eventos em geral. (BRAZ, 2008). O complexo recebeu em seu último projeto de construção, um novo espaço, chamado “Arena Skol”, em parceria com a cervejaria Ambev12. O grande espaço, de 23.150 m², com capacidade de 37.700 pessoas, localizado a oeste do Sambódromo, recebe competições esportivas e grandes eventos à céu aberto, como raves, espetáculos musicais diversos, especialmente shows de rock; possuindo estrutura fixa para a realização de atividades culturais e esportivas, com torres multimídia como apoio para equipamentos de som, luz, telecomunicação e geradores de efeitos especiais, tendo em seu grande diferencial no espaço, a facilidade de montagem e desmontagem dos eventos, que nele ocorrerem. (BRAZ, 2008).

2.3 Espaços culturais

Os espaços culturais, estão desde seu início, a refletir arquitetonicamente e conceitualmente, ideias anteriores, do entendimento de cultura, onde Williams (1992, apud. BEZERRA, 2011), afirma que a “cultura é o processo de desenvolvimento e enobrecimento das faculdades humanas”. Assim, para Coelho (2008, apud. BEZERRA, 2011), “a cultura compreende as crenças, conhecimentos, a moral, os costumes e outras capacidades adquiridas pelo homem enquanto membro da sociedade”. Por isso, a realização dos eventos culturais, tem como fundamental necessidade, a participação do público para a construção do conhecimento, dentro destes espaços e eventos. (BEZERRA, 2011). Os espaços culturais, segundo Renata Ribeiro Neves (2013), “permitem a descoberta do conhecimento e o acesso às atividades relativas à informação, discussão e criação”. Esses espaços, recebem os eventos, que de acordo com Beatriz Braga Bezerra (2011), “proporcionam ao público o contato com obras de arte; manifestações artísticas e agentes culturais”. Eles devem proporcional atividades culturais diversificadas, com um programa de necessidades e atributos ambientais para um bom funcionamento, qualidade e bem-estar do usuário, integrando e democratizam o espaço. (NEVES, 2013). 12

A empresa é a maior indústria privada de bens de consumo do país e maior cervejaria da América Latina. Assim, estabeleceu, além do espaço, a exclusividade de vendas da marca Skol nos bares, com concessão por cinco anos.


47

Atualmente, esses espaços são expressados na arquitetura em forma de centros culturais, assim complementa Renata R. Neves (2013), ao dizer, que são criados com objetivos “de se produzir, elaborar e disseminar praticas culturais e bens simbólicos, [...] para se fazer cultura viva, por meio de obra de arte, com informação, em um processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico”. Estes, que surgem em resposta ao novo panorama de espaços, com característica efêmera das artes pós-moderna, com enfoque para as exibições temporárias e performances em festivais. (ALVES, 2010, apud. TAVARES; COSTA, 2013). Contudo, não existe um modelo de centro cultural, que seja um padrão a ser seguido, mas isso, não dá a possibilidade de espaços aleatórios, como por exemplo, os halls de banco ou de shopping, serem intitulados como “centro cultural ou corredor cultural”, assim como, qualquer antessala vir a ser considerada como uma galeria, pois o usuário, ao entrar em um centro cultural, e/ou espaço cultural (projetado devidamente para essa tipologia), “deve viver experiências significativas e rever a si próprio e suas relações com demais”. (NEVES, 2013).

2.4 Classificação dos eventos

Os eventos, ao serem identificados em suas tipologias, podem ser classificados com a utilização de critérios, que variam entre autores e especialistas, que buscam agrupar os tipos de eventos (FLORES, 2012). De acordo com Vanessa Martin (2003) citado por Flores (2012), a classificação, poderá ser definida, a partir da abrangência, onde os eventos se definem segundo seu alcance, que relacionam a captação dos participantes, sendo mundiais, internacionais, latino-americanos, brasileiros, regionais ou municipais. Assim, também é classifica a partir da competição, incluindo todo tipo de evento, que possibilita uma competição, com premiação13; e classificada como demonstração ou exposição, que pode haver competição, mas a motivação é a apresentar um produto ou serviço nos eventos14. Segundo ela, também são classificadas por data ou frequência, por meio de 4 critérios.

13 14

Esses eventos têm cunho esportivo, cultural, artístico, entre outros. (MARTIN, 2003, apud. FLORES, 2012). Em eventos como desfiles, inaugurações, leilões, shows e noites de autógrafos. (Ibid., apud. FLORES, 2012).


48

Permanentes – eventos que ocorrem periodicamente;

Esporádicos – acontecem entre intervalos irregulares, sem período definido;

Únicos - recorrente em tipologias de lançamentos e noites de autógrafos;

Oportunidade – que ocorrem nos períodos de grandes eventos internacionais, eventos marcantes ou tradição local.

Classificada pela categoria e função estratégica, que visam a finalidade do evento e função dentro do marketing, adequando a subcategorias como a promocional, comercial, institucional, divulgação, integração ou de incentivo, social ou misto. A classificação por dimensão, utiliza do número total de público, dividindo em: 

Macro ou megaevento – contempla milhares de participantes, de abrangência mundial (organizado por entidades públicas e governo);

Grande porte – menor que o macro evento, mas mobiliza milhares de pessoas (mais organizado por empresas privadas);

Médio porte – com adesão menor a mil pessoas;

Pequeno porte – abrange apenas um segmento/setor, com número reduzido de público.

A autora15, também utiliza da classificação por objetivo ou área de interesse, que pode vincular-se a finalidade e objetivos do evento, como artístico, assistencial, científico, cívico, cultural, desportivo, divulgação, ecoturismo, educativo, empresarial, expositivo, informativo,

filantrópico, institucional,

folclórico, político,

gastronômico, promocional,

governamental, religioso,

social,

incentivo, técnico,

turismo/lazer, etc. E a classificação pelo perfil de participantes, podendo ser geral (de diferentes setores), dirigido (junção de vários grupos profissionais com atividades e interesses em comum), e especifico ou especializado (compostos de técnicos e profissionais com atividades e interesses comuns). Com isso, ela finaliza, classificando pelo tipo de adesão, que leva em consideração a condição de adesão por meio do público, sendo fechados – restritos, que se recebe convite e tem as despesas pagas pelo organizador –, e abertos – que são pagos individualmente ou de acesso livre. 15

(Ibid., apud. FLORES, 2012).


49

2.5 Tipologias dos eventos

Os eventos, como “acontecimentos previamente planejados”16, contemplam diversas tipologias, contudo são difundidos em abertos ou fechados, tendo adesão gratuita ou paga, com abrangência municipal, regional, nacional ou internacional. Voltam sua finalidade a cultura, ao comercio, as artes, a educação, ao esporte, ao lazer e turismo, a religião, ao social, entre outros, como citado anteriormente (item 2.4), tendo ocorrência semestral, anual e bianual, atingindo desde um porte pequeno até um porte grande de público. (GIRALDI, 2009b). Os tipos de eventos, de forma geral, são divididos, em suas ocorrências mais comuns e frequentes, segundo Rita de Cássia Giraldi (2009b) em: programa de visitas, concursos, exposições, vernissage17, feira, salão18, mostra, encontro – que ocorre conferência ou videoconferência, palestra, simpósio, painel, mesa-redonda, convenção, congresso, seminário, fórum, debate, brainstorming19, conclave, semana, entrevista coletiva, jornada, workshop, oficina, colóquio, torneio, visita e happy hour –, festival, festas, lançamentos de pedra fundamental, lançamento de livro, leilão, show, desfile. Contudo, neste trabalho, vamos nos atentar para as exposições, vernissage, feiras, que podem conversar com o tipo de evento de salão, assim como o festival, que podem ou não englobar as festas e os shows, que são tipologias independentes de uma ocorrência maior. (GIRALDI, 2009b). O aspecto da tipologia do encontro, poderá ter ocorrência, mas não em sua completude de ramificações, como apresentadas anteriormente, uma vez, que o projeto de espaço de eventos deste trabalho, visa o uso diário com enfoque cultural, e as ocorrências de eventos de grande dimensão, em períodos específicos.

2.6 Arquitetura do entretenimento

16

(BRITTO; FONTES, 1997, apud. GIRALDI, 2009a) Exposição de artes plásticas. 18 É amplo, fixo e visa apenas divulgar, mas atualmente possui as mesmas características das feiras. 19 Segundo o Prof. Esp. MBA Heuber Gustavo Frazão (2011), “Brainstorming ou ‘tempestade de ideias’ é uma técnica para explorar o potencial de ideias de um grupo de maneira criativa e com baixo risco de atitudes inibidoras”. (SENAI. Aula 01. Concepção – Análise e Levantamentos de Requisitos). Fonte: https://heuberlima.files.wordpress.com/2011/08/senai-requisitos-aula3-brainstorming.pdf 17


50

A arquitetura do entretenimento, de acordo com as leituras e estudos realizados ao longo desse trabalho, foi possível constatar, que ela tem associado o marketing20 e cenografia e as temáticas dos eventos, como ferramentas de criação, design e planejamento, para realizar experiências marcantes. Segundo Leonardo Fontenele21 (2015), “ao transmitir fatos e emoções, um empreendimento consegue estabelecer, de forma definitiva, uma conexão emocional com o visitante”, que são atingidos a partir do uso da cenografia no espaço, esta que por sua vez, aliada ao design de performance, que ao longo da última década22: [...] têm-se progressivamente deslocado da caixa negra do teatro para um território híbrido, situado na intersecção entre teatro, arquitetura, exposição, artes visuais [e mídia]. São espaços simultaneamente híbridos, mediados, narrativos, e o resultado de transformações no entendimento transdisciplinar do espaço e numa consciência distinta de intervenção social. Esses dois fatores de “expansão” podem ser vistos como forças centrais na prática e no pensamento cenográfico contemporâneo. (Scenography Expanding Symposia, 2010, apud. ROSSINI, 2012, p.161).

No âmbito da cenografia contemporânea, que projeta e instaura novos espaços para serem vivenciados pela experiência direta do corpo (ROSSINI, 2012), o cenógrafo português Ribeiro (2007, apud. ROSSINI, 2012, p.162), afirma que: Os diversos aspectos do trabalho cenográfico são motivados pela questão da habilidade do espaço, no sentido de sua natureza experimental e/ou vivencial e consequentemente das suas repercussões na percepção do corpo e do espaço. [...] a cenografia é pensada como criação de espaços que efetivamente possam ser habitados, ao invés da concepção estática e unidirecional dos cenários clássicos.

Com isso, de acordo com o escritório de cenografia, Fósforo23 (2017), “o uso da cenografia em festivais e shows é essencial para a construção de uma identidade para o evento. Além disso, a concepção criativa do espaço estabelece uma conexão 20

Holye (2003, apud. SILVA, A. M., 2009), constata que o “o marketing de grandes eventos atrai a imaginação das pessoas e nos permite moldar nossas imagens conforme o espírito do nosso público-alvo”. 21 Arquiteto, fundador e presidente da IMAGIC! – empresa de arquitetura e urbanismo, fundada em 1988, atualmente líder no seguimento de arquitetura do conteúdo, que alia arquitetura, publicidade e marketing –, com sede em São Paulo e com mais 5 unidades em Brasília, Fortaleza, Miami (EUA), Lisboa e Porto (POR). 22 Fonte: Folder de divulgação Scenography Expanding Symposia 2010 em Rita, Belgrado e Évora, publicado em língua portuguesa. 23 Escritório de Cenografia e Arquitetura, formada por arquitetos, localizada em Belo Horizonte – MG, Brasil, que desenvolve projetos de comerciais, corporativo, eventos e expografia. Fonte: http://fosforocenografia.com.br/


51

natural entre público, artista e espetáculo”. Por isso, Miriam do Camo e Pedro Carvalho24 (2015), afirmam, que para eles: A cenografia para festivais prende-se mais com conceito de Design e de Arquitetura e até mesmo com o do Urbanismo. [...] [em que] a cenografia é parte da experiência de fruição do festival, mas atua também como agente de comunicação da própria identidade do festival. [Onde, a cenografia também é] [...] uma parte integrante e estruturante da experiência de qualquer festival ou evento a acontecer numa escala macro, para acolher multidões, de uma forma agradável e urbana, sendo intuitiva [e prazerosa] para todos.

Desta forma, a cenografia dos palcos desses festivais e shows, segundo BRANDÃO (2013), “utiliza elementos como luzes, cores, formas, linhas e volumes para criar uma ambientação do espetáculo, ou seja, sua constituição visual”. Nesse contexto, um dos grandes profissionais da cenografia, foi Mark Fisher, que era especialista em criar os mais incríveis e admirados designs para shows, com sua empresa Stufish25, sendo ele, arquiteto especializado em “arquitetura do entretenimento”. Atualmente o mercado de shows, está crescendo, e de acordo com Ana Brandão (2013), “estimativas da consultoria PwC, o mercado de shows no país deve crescer anualmente 7,3% em média até 2016”. Onde os festivais de música, como Rock in Rio, Lollapalooza, entre outros, são geradores de um grande número de shows, sendo uma área lucrativa. A autora ainda complementa, ao apresentar o “estudo encomendado pela produtora Geo Eventos, responsável pelo Lollapalooza, [onde] foram movimentados mais de 2 bilhões de reais em patrocínios de eventos de entretenimento em 2012”.

24

Dupla de designers, responsáveis pelo escritório Transformart, com vasto currículo, são responsáveis pela cenografia do Reverence Valada e do Sol da Caparica, da execução do projeto cenográfico do Alive, trabalhando diretamente com artistas como os GNR, o projeto MEO LikeMusic ou festivais turcos e italianos. 25 Entre seus clientes fiéis destacam-se U2, Rolling Stones e Madonna, atendendo a muitos artistas como ACDC, Elton John e Metallica. Sendo responsável também por projetos com o Cirque du Soleil e pelas cerimônias de abertura e encerramento dos jogos olímpicos de Pequim em 2008. Fonte: http://www.tendere.com.br/blog/2013/07/12/arquitetura-do-entretenimento-mark-fisher-e-a-cenografia-dosshows/


FESTIVAIS TIPOLOGIAS . CONCEITOS


53


54

3 FESTIVAIS

De acordo com Getz (1991, apud. QUEIRÓS, 2014), “festival é um evento especial, único que ocorre com pouca frequência. É um fenômeno social encontrado em quase todas as culturas humanas. Para os seus participantes é uma oportunidade de lazer, social e cultural, de viverem novas experiências”. Segundo Tum, Norton e Wright (2007, apud. BARBOSA, 2013, p.89): Os festivais, eventos culturais e festas temáticas são atividades que possuem uma representatividade muito grande para a comunidade, pois além de promover o envolvimento dos residentes, proporcionam a oportunidade de receber visitantes, promover a localidade e impulsionar a economia local.

Os festivais permitem, que seu público (visitantes), expressem sentimentos, de pertencimento a um determinado grupo, fornecendo a ligação a um estilo de vida, promovendo experiências fora do cotidiano, em momentos de alegria, prazer, diversão e satisfações especificas. Assim, para atrair os visitantes, os festivais de música, em sua maioria ocorrem nos períodos próximo do verão, oferecendo momentos inovadores de experiência cultural, étnica e local, proporcionado ao público espaços criativos e atraentes, possibilitando a livre ocorrência da experiência de cada participante nesses ambientes. (QUEIRÓS, 2014).

3.1 Tipologias dos festivais

Segundo as leituras e estudos realizados ao longo da pesquisa e desenvolvimento desta monografia, foi possível conceber e interpretar as tipologias de festivais e conceitos atuantes na formulação de seus eventos, sua ênfase e temática, que estão descritas a seguir. Os festivais em sua maioria, visam a promoção de eventos musicais, proporcionando tipologias, estilos e gêneros musicais diversos. A vasta abrangência passa dos gêneros de músicas: eletrônica, alternativo, rock, pop, mpb, sertaneja, country, entre outras; que com maior relevância, são disseminados, os diversos ramos da música eletrônica e suas vertentes, o mesmo ocorre com o rock, que tem suas inúmeras vertentes, assim como o alternativo, que também por vezes pertence a este gênero. Estes que estão presentes em festivais de grande renome e mais


55

conhecidos, como o Lollapalooza, Eletric Dance Carnival (EDC), XXXPerience, Tomorrowland, Rock in Rio, SWU, Ultra Music Festival, Planeta Terra Festival, João Rock, Popload Festival, Sónar, Burning Man, assim como em muitos e inúmeros outros festivais, que ocorrem no país e no mundo. A cultura presente nesses espaços, podem ser classificadas por suas tipologias, onde há festivais com intuito apenas musical, e outros, que além da junção com a música, abrangem o viés da arte e performance, assim como também, há os de cunho sustentável, que buscam realizar melhorias além de suas instalações e usos durante o festival, e em comunidades próximas ou em pontos específicos de uma cidade; além dos que abrangem a família, como parte integrante da cultura do festival; e os de cunho comunitário/social, que integram o participante no desenvolvimento dos espaços e instalações do festival. Todos estes festivais, proporcionam a possibilidade da interação e participação do público, não se restringindo apenas e exclusivamente a participação como plateia durante as ocorrências de shows e apresentações no evento, mas como integrantes da experiência proposta em seus ambientes, dando o senso e sentimento de pertencimento – se faz parte da cultura do evento –, tanto no evento em si, como nas instalações e performances, como nos espaços de diversão e lazer, estes permitem, que amigos e familiares, se proponham a vivenciar juntos, o festival; assim como também, em seus programas sociais e sustentáveis que ocorrem de forma paralela e integrada ao festival.

3.2 Festivais e seus conceitos

Os festivais, carregam simbolismos e elementos culturais, sendo as mais comuns celebrações culturais, em que muitos destes trazem longas tradições. Proporcionando vivência de experiências inovadoras, sendo fontes de animação e entretenimento, contribuindo para a história, enriquecimento cultural e de valores. (CARAPINHA, 2013). Getz (1991, apud. QUEIRÓS, 2014, p.21), simplifica o conceito e definição dos festivais, utilizando de 6 ideias conceituais principais: 1. Festival é uma celebração pública e temática: Festival é um evento especial, único que ocorre com pouca frequência. É um fenómeno social


56

encontrado em quase todas as culturas humanas. Para os seus participantes é uma oportunidade de lazer, social e cultural, de viverem novas experiências. Festivais ou eventos especiais são eventos de natureza festiva com atividades diversificadas que proporcionam várias experiências. 2. Festival é um estado de espirito: Estados emocionais que o festival proporciona através de um vasto leque de experiências, como: alegria, libertação, prazer, boa disposição, afirmação pessoal. 3. Festival é mais do que uma feira e mais do que um espetáculo: É comum encontrar algumas definições de festival como sendo uma feira ou um espetáculo de entretenimento. Um festival é mais do que uma simples feira ou um espetáculo orientado para o negócio. É um evento especial com [raiz] emocional. 4. Festival é algo simbólico: Festivais ou eventos especiais criam laços de diversão e de expetativas entre as pessoas, entre várias comunidades e entre vários grupos. 5. Festival com significados políticos: festivais e eventos de grande dimensão, para além do significado social e cultural têm também significados políticos e valor simbólico para a comunidade. 6. Festival é um fenómeno popular: Os festivais são simbólicos para a cultura popular. São fenómenos populares com um poder “mágico” para atrair visitantes de todo o mundo promovendo o seu desenvolvimento. Assim, os festivais de música, caracterizam-se pelas experiências e prazer, que oferecem ao público, que vivenciam uma junção de diversas experiências dentro desses espaços. (GETZ, 1991, apud. QUEIRÓS, 2014).


57


EXPERIÊNCIAS ESPAÇOS . FESTIVAIS . IDENTIDADE . USUÁRIO


59


60

4 EXPERIÊNCIAS NO ESPAÇO

A experiência no espaço, é desenvolvida, segundo os estudos realizados e relatados anteriormente, tanto no âmbito do evento em si, como em suas tipologias como os festivais; é efetivamente atingida pelo usuário, onde são dadas as condicionantes produzidas pelo espaço, ambiência, cenografia, assim como das vivências deste indivíduo, antes, durante e posterior ao evento. De acordo com Shedroff (2009, apud. CORREIA; DICK, 2016, p.115), há 3 estágios principais para a experiência: A atração é necessária para iniciar a experiência. Pode ser cognitiva, visual, auditiva ou outro sinal para os sentidos. A atração pode ser intencional ou parte da experiência. O engajamento é a experiência em si. Para existir interesse em continuar a experiência é necessário que esta seja suficientemente diferente do ambiente à sua volta – a fim de reter a atenção do usuário – e que seja cognitivamente importante. A conclusão pode vir de várias formas, mas ele sempre deve prover algum tipo de resolução, seja por significado [um desfecho pelo próprio contexto] ou por uma atividade agradável e satisfatória. Ainda é possível uma extensão da experiência; algo que possa meramente prolongar a experiência, revivê-la, ou formar uma ponte para outras experiências. (grifo do autor).

A experiência, além de seus estágios, pode ser definida por Buccini (2006, apud. CORREIA; DICK, 2016, p.115) em 6 categorias: 1. Experiências relacionadas aos sentidos: são consideradas as mais básicas e diretas, pois estão diretamente ligadas aos órgãos sensoriais. 2. Experiências relacionadas aos sentimentos: configuram as reações emocionais provenientes do uso de um produto, exigindo um nível cognitivo mais avançado. 3. Experiências sociais: são aquelas que ocorrem entre indivíduos, mas são intermediadas por um produto. 4. Experiências cognitivas: são relacionadas ao pensamento e à interpretação de códigos pelo usuário. 5. Experiências de uso: abordam aspectos referentes à usabilidade e funcionalidade dos produtos.


61

6. Experiências

de

motivação:

acontecem

quando

um

produto

é

responsável por um comportamento especifico do usuário.

4.1 Experiência do usuário nos espaços

Luciane Siqueira (2001) aponta, que desde os tempos remotos... [...] o homem necessita da criação da arte entendida como materialização de seu psiquismo em interação com o mundo que o cerca. [...]. Psicologicamente, percebemos situações e as vivências de acordo com referenciais pessoais e culturais. Este mecanismo se aplica na percepção e significado do espaço e na forma de arquitetura.

Assim, segundo Hiller (1996, apud. TAVARES; COSTA, 2013), “o espaço é percebido, experienciado e voltado ao humano, [...] [tonando-se] assim o principal agente externo do espaço arquitetônico”. Dado esses aspectos, Manzini e Meroni (2005, apud. CORREIA; DICK, 2016, p.115), ressaltam que: [...] projetar a experiência significa projetar uma situação estabelecendo seus limites e fomentando sua realização. Logo projetar-se uma série de condições e trabalha-se com uma probabilidade de que os eventos ocorram de maneira planejada, mas não se projeta a experiência em si. A experiência é guiada pelo próprio usuário, com sua própria bagagem cultural e percepção, gerando uma experiência individual.

Nilton César Nardelli (2007, p.88), complementa, ao condicionar o desenvolvimento da experiência no projeto, pelo design de experiência 26, dizendo que: [...] o design para experiência propõe uma participação menos passiva e maior liberdade do indivíduo frente às possibilidades dadas pelo objeto. Nessa postura conceptiva, a relação com o objeto é pensada de forma a fomentar experiências no cotidiano. A interação surge como elemento essencial a ser explorado pelo projeto, constituindo-se como um catalisador nas relações entre objeto e indivíduo.

Influenciado nas emoções do usuário, a partir da manipulação de elementos tangíveis, ao controlar qualidades sensoriais, formais e comportamentos, visando estimular determinadas emoções. Em que, se os elementos, que tornam as 26

Abrange um agrupamento de trabalhos embasados em conceitos e práticas bastante próximos, que buscam explorar de diversas maneiras o fomento de experiências a partir dos produtos desse design. (NARDELLI, 2007).


62

experiências superiores, sejam identificados e reproduzidos, assim, essas experiências poderão ser projetadas, tornando-se potenciais objetos de design. (CORREIA; DICK, 2016). Contudo, no design de experiência, não devemos nos atentar extremamente aos usos, que são sempre vinculados a funcionalidade, mas nas formas de apropriação também, que incluem atividades pouco funcionais, dado a relação pequena com a atividade de tarefa e da vivência, possibilitando uma maior liberdade de emergir as experiências, onde se torna possível conceber e propor de novas formas e maneiras a abordagem de como produzir os espaços, em que o indivíduo se envolva, de forma a fomentar e explorar a sua vivencia, proporcionando a experiência. (NARDELLI, 2007). O design para experiência, atua sobre o cotidiano, em aspectos culturais e contextuais, que englobam os indivíduos e suas relações com os objetos e espaços; estes formam um conjunto de relações que constroem um sistema social, em que as experiências podem emergir a todo momento, dando uma maior dimensão perceptiva aos objetos, o indivíduo é envolvido através da exploração dos seus sentidos. (NARDELLI, 2007). Esse cotidiano, que recebe essa ação, nada mais é, do que “um conjunto de tarefas a serem cumpridas”, fato este, que se faz perder a espontaneidade, e reflete nos ambientes que se apropriam do desenho desse espaço apenas como uma vivência. (NARDELLI, 2007). Assim, de acordo com Rifkin (2000, p.211, apud. NOJIMOTO, 2009, p.34): Os novos homens e mulheres pós-modernos estão constantemente procurando por novas experiências vividas, assim como seus pais e avós burgueses estavam continuamente tentando fazer novas aquisições. As novas industrias da cultura, uma após a outra, estão criando um número quase infinito de roteiros para proporcionar experiências de vida, assim como as industrias manufatureiras proveram um vasto número de produtos para serem comprados (tradução da autora).

Por isso a experiência projetada, vai além de apenas pensar o espaço, serviço e objeto, de acordo com Manzini e Meroni (2005, apud. NARDELLI, 2007, p.104): Projetar uma experiência significa, portanto, projetar-lhe as situações, predispor-lhe as condições. Não se trata assim, de projetar apenas objeto,


63

um lugar ou um serviço, mas, juntamente com estes, um contexto ambiental e cultural definido.

Assim, a experiência não se mostra um fato rotineiro e simples vivência, mas pode ter aspecto transformador, íntimo/pessoal do indivíduo, que gera narrativas através dessas interações, condicionadas pelo projeto (NARDELLI, 2007). Essas interações, formulam um complexo de elementos, que nada mais é, do que um sistema, em que as interações não ocorrem de forma isolada, mas entre si e o ambiente (NOJIMOTO, 2009). Por isso, é plausível dizer, que “dentro deste sistema que leva à experiência”, os objetos e espaços surgem como eventos, que dinamizam e movimentam esse mundo em que o indivíduo realiza suas trocas com o espaço e outros indivíduos, proporcionando assim diversas e

distintas experiências.

(NARDELLI, 2007).

4.2 A experiência do usuário nos festivais e shows

A experiência do usuário nas festividades, acontece muito antes de a nomenclatura e infraestrutura atingir os dias atuais, nesses aspectos, podemos identificar uma estrutura presente em particular da experiência atrelada a dança. A dança, desde os gregos, representava uma incorporação a comunidade mais profunda do que compartilhar costumes, assim, um neurocientista, coloca que a dança, “é a biotecnologia da formação de grupo”; servindo para ligar as pessoas, a menos que seja intrinsecamente prazeroso. (EHRENREICH, 2010), pois segundo Barbara (2010, p.38-39): [...] tendemos a gostar de canções rítmicas, e ao assistirmos à dança de outras pessoas, é possível que seja preciso um esforço para não acompanharmos. [...] os humanos experimentam fortes desejos de sincronizar os próprios corpos com os dos outros. O estimulo, que pode ser auditivo, visual ou derivado de uma sensação interna nas próprias respostas musculares de cada um ao ritmo, pode, em palavras tiradas do relatório de pesquisa de um psiquiatra, “conduzir ritmos corticais até produzir uma experiência intensamente prazerosa e inefável nos humanos”. (FREY; WOOD, 1998, p.147).

De forma simples, de acordo com a autora, podemos entender que “a percepção está conectada à execução da mesma ação”. Em que ao vermos uma


64

dança ou dançarino, iniciamos inconscientemente “os processos neurais que são a base de nossa própria participação na dança”; para tal explicação, a neurocientista Marcel Kinsbourne citada por Cowley (1996, p.40-41, apud. EHRENREICH, 2010, p.40), comenta que: O comportamento percebido estimula mais do mesmo no observador, que se torna um participante (...). O ritmo do tambor inibe o julgamento independente e induz a uma reversão ao estado primordial. Para citar [Walter J.] Freeman (...) “dançar é engajar-se em movimentos rítmicos que incitam movimentos correspondentes em outros”. Dançarinos sincronizam, tornam recíproco ou alternam – todas essas sendo formas estimulantes para a criança. Compassar com outros um ritmo compartilhado – marchar, cantar, dançar – pode provocar uma sensação primitiva de pertencimento irracional e atraente, assim como um estado mental coletivo. (grifo da autora).

A dança anteriormente e ao longo da história, se estabeleceu inicialmente em rituais para alguns povos, em seus momentos de experiência com a transcendência ou êxtase durante as festividades, a exemplo disso temos, as impressões relatadas por Herman Melville, no final do século XVIII e início século XIX, no Taiti, em que grupos de garotavas dançavam o chamado “Lory-Lory”, segundo ela: [...] sublevando um estranho canto, elas começavam a se agitar com suavidade, gradualmente acelerando o movimento até que, afinal, por alguns apaixonados segundos momentos, [...], entregavam-se a todo o espírito da dança, aparentemente esquecidas de tudo o que as rodeava. (MOOREHEAD, 1966, apud. EHRENREICH, 2010, p.10).

Na Grécia a palavra nomos, significa lei, mas também significa melodia. A dança era um tema onipresente na arte da Grécia Antiga; os vasos eram com frequência enfeitados com figuras dançantes, os grandes dramas dos templos, nada mais eram do que performances musicais, em que o coro cantava e dançava. Assim, os gregos, deixaram a evidência mais clara sobre o ritual extático, sendo a dança uma variedade extática ou algo mais grandioso, mostrando-se ser uma das atividades centrais e definitiva na comunidade. (EHRENREICH, 2010). Na cultura europeia, as danças foram retiradas de dentro das igrejas, ficando restritas apenas as comemorações externas ao domínio físico da igreja, assim, tanto a dança, como as bebedeiras e outras brincadeiras, que incomodavam as autoridades eclesiásticas se converteram em festividades, e encheram o calendário


65

do final dos tempos medievais e início da igreja moderna. De certa forma, “em sua batalha contra a tensão extática dentro do cristianismo, a Igreja, sem dúvida, inadvertidamente, inventou o Carnaval”27, ou seja, as festividades do homem, passaram a se relacionar fora do recinto sagrado, podendo ganhar inúmeras formas e variações externas como os inúmeros festivais, que ocorreram na Grécia em outras eras. (EHRENREICH, 2010). Contudo, a partir do século XVI ao século XX, inúmeros foram as ações dos governos e da igreja com atos de legislação como tentativa de eliminar o Carnaval e as festas populares da vida europeia, o que em pouco tempo, desenvolveu-se em inúmeras localidades a doença da melancolia, ou a que conhecemos atualmente como depressão. O escritor inglês Richard Browne28, descreveu a partir de uma visão cientifica da época, que cantar e dançar, poderiam vir a curar a melancolia. (EHRENREICH, 2010). Assim, Browne (1729, p.55, apud. EHRENREICH, 2010, p. 181) dizia que “graças aos encantos da música (sem os quais dançar seria insípido), a mente se enche de ideias alegres alentadoras os espíritos flutuam com vigor e a atividade recupera toda a máquina”; toda via, ele não recomendava nenhuma saturnália29. Por isso, de acordo com a antropóloga Bervely Stoeltje 30, a distinção entre ritual e festival, foi desenvolvida em consequência de inúmeras “tentativas dos sistemas religiosos modernos de obliterar religiões nativas”. Uma vez, que as culturas nativas de cada continente colonizado, foram inibidas, interrompidas e impedidas de se manifestarem, não sendo tolerados os rituais nativos, estes puderam e tentaram sobreviver como festividades “seculares”. (EHRENREICH, 2010). Segundo o antropólogo Roger D. Abraham (em TURNER (Org.), 1982, p.167168, apud. EHRENREICH, 2010, p.29):

27

Tecnicamente, a palavra carnaval se refere ao feriado específico que precede a quaresma, mas o termo também é utilizado de maneira genérica para denotar festividades similares, que ocorrem ao longo do ano. (ENRENREICH, 2010, p.100), ou seja, não era propriamente dito o carnaval em inúmeras edições que passou a ocorrer, mas sim inúmeras festividades, que naquele período eram denominadas também com o mesmo termo carnaval. 28 Pouco mais de um século depois de o [pastor anglicano Robert] Burton ter escrito The Anatomy of Melancholy [de 1621]. 29 Refere-se ao “ritual de inversão” encontrado nas saturnálias romanas, em que membros de grupos subordinados – no caso, mulheres -, assumiam temporariamente o papel de seus superiores sociais. No festival romano saturnal, os mestres tinham que servir seus escravos. (EHRENREICH, 2010). 30 STOELTJE, Berverly, “Festival”, citada em BAUMAN, RICHARD (Org.). Folklore, cultural performance and popular entertainments. Nova York: Oxford University Press, 1992.


66

O vocabulário da festividade é a linguagem das experiências externas por meio de contrastes (...). O corpo se torna um objeto para vestir, fantasiar e mascarar (...). E, sabe-se, cantar, dançar e outros tipos de brincadeira são parte das celebrações festivas, mais uma vez com a ideia de levar o indivíduo para além dos limites usuais. Todos esses aspectos sublinham o espírito de aumentar, alongar a vida o máximo possível, que está no cerne das celebrações festivas.

Nesse momento, os festivais, passaram a ganharam importância e constância, gerando experiências com base em comemorações, as vivências do diaa-dia se voltaram para as festividades, em que todos buscavam transcender as alegrias e ideais em ambientes abertos, adaptando os espaços públicos para tais eventos. O ato de dançar, permitia com liberdade expressar as emoções e sensações de cada indivíduo, possibilitando a socialização e interação entre eles em tais eventos, crescendo a cada período, com novas tipologias de eventos, gêneros musicais e estilos. Em meados do século XX, tanto os EUA como a Inglaterra, carregavam o fardo do legado puritano do século XVI, pois contribuíram para a supressão das tradições festivas extáticas entre os povos colonizados, se tornaram cenários para um comportamento irrefreável, onde no final dos anos 50 e começo dos anos 60, o rock se manifestou como uma simplória forma de recusa a ficar parado e obedecer a essa postura estática como adequada; fazendo garotos e garotas saírem pulando de seus assentos, cantando e gritando em qualquer show do novo gênero musical, sendo tidos como “bagunceiros” pelas autoridades, gerando conflitos entre fãs e a polícia, uma vez, que os fãs queria liberdade de movimento e auto expressão física, e queriam se misturar uns com os outros, movendo-se no ritmo da música, transcendendo para além das apresentações e das casas de espetáculos e teatros até as ruas. (EHRENREICH, 2010). O rock também quebrou e modificou as formas dos eventos ocorrerem, pois de acordo com Barbara Ehrenreich (2010, p. 254-255): Quando se tratava de rock, os jovens já não estavam dispostos a aceitar a forma convencional de espetáculo, em que grandes quantidades de pessoas devem permanecer sentadas em silêncio enquanto uns poucos talentosos tocam. [...]. Mas a rebelião do rock também foi algo mais simples e menos ostensivamente “político” – uma rebelião contra o papel instituído à plateia. Na história das festividades, a grande inovação da era


67

moderna havia sido a substituição de velhas formas mais participativas de festividade por espetáculos em que a multidão serve apenas como público.

A herança do rock and roll, foi a experiência participativa, enraizada nas tradições religiosas extáticas. Barbara (2010, p.264-265), confirma isso, ao dizer que: As primeiras plateias de rock que bateram os pés e saltaram de suas poltronas para dançar estavam anunciando, com consciência ou não, o renascimento da tradição extática que vinha sendo reprimida e marginalizada pelos europeus e euro-americanos havia séculos.

Dado isso, o rock se tornou muito mais do que um gênero musical, na metade da década, começou a ser um ponto de convergência de uma cultura alternativa, passando a transbordar dos teatros, conduziu os shows a locais mais abertos, expansivos e adequados, e com cenários lúdicos contagiantes com os “salões psicodélicos iluminados” através de luzes estroboscópicas nos festivais ao ar livre, como os que ocorreram em Monterrey até chegar ao Woodstock31. (EHRENREICH, 2010). Barbara (2010, p. 266), complementa a esse respeito dizendo, que nesses cenários, “os jovens começaram a reunir os antigos ingredientes do Carnaval: „fantasiavam-se‟ com calças jeans rasgadas e camisetas desbotadas, vestidões, plumas, e cachecóis ondulados. Pintavam seus rostos e se perfumavam [...]”, para a maioria destes participantes os festivais iam além das “interrupções temporárias de vidas estupidas e dedicadas ao trabalho”. Assim, na era moderna, Ehrenreich (2010, p.219), comenta que “as pessoas se reúnem em grandes grupos com a expectativa de viver experiências [...] ou ao menos diversão”, tendo como ocasião um evento esportivo, um show, uma peça de teatro, desfiles e cerimonias públicas. Nos espetáculos de massa, os objetos de atenção são parte da atração, a autora ainda complementa, ao dizer que “crucial à

31

Segundo Bárbara Pires Maciel (2011, p. 10): “O festival Americano Woodstocl, de 1969, foi um dos primeiros festivais, mas claramente o mais importante, dedicado à música ligeira, mais concretamente pop e rock. Foi um festival que juntou uma geração contra-cultural e representou um ponto de viragem no uso da música como um meio para a expressão política e serviu como uma rampa de lançamento para festivais do gênero. [...] O primeiro Woodstock (Woodstock Music & Art Fair) teve lugar em agosto de 1969 numa quinta em Bethel no estado de Nova Iorque, nos EUA. Mais de meio milhão de pessoas assistiram a 32 atuações de artistas emergentes *...+”. Fonte: Dissertação de mestrado: Festivais de Música e Turismo – Dois estudos de caso: Les Aralunaires e Milhões de Festa. Disponível em: <https://meloteca.com/teses/barbara-maciel_festivais.pdf>. Acessado em 05 Jun 2017.


68

experiência é o conhecimento de que centenas de milhares de outras pessoas estão assistindo ao mesmo espetáculo”. Em que, na composição dos espaços e ambientes de entretenimento, segundo Ana Brandão (2013), “a experiência de um show é muito influenciada, além da música e dos integrantes da banda, pelos elementos que constituem o cenário do palco e tornam o concerto mágico”. Assim: Tais experiências [memoráveis e especiais] podem ocasionalmente ser vinculadas a produtos individuais, mas aparecem mais no desenho de espaços, instalações, e atrações encontradas em exposições e parques de diversão. (HEKKERT; SCHIFFERSTEIN, 2008, p.2, apud. NOJIMOTO, 2009, tradução e grifo da autora).

As experiencias nos festivais de música, geram altos níveis de prazer, pois advém da relação com aspectos multissensoriais, ou seja, pela fantasia e pela emoção, que refletem os desejos do público, em interação com os diferentes elementos do ambiente/evento. Sem contar, que a experiência dos participantes, também depende de fatos externos, que condicionam sua participação. Onde a experiência vivida pelo usuário é constituída de três elementos: o mais alto nível de prazer, felicidade e realização; nos festivais concentra-se no prazer proporcionado por ele aos participantes, assim, a experiência acontece quando as expectativas são superadas ou correspondidas. (QUEIRÓS, 2014). Por isso, o layout/disposição e a distribuição do espaço dentro dos festivais, condiciona imensamente ou totalmente a experiência do usuário (festivaleiro) no festival. A cenografia é parte dessa experiência do festival, atuando como identidade do festival, uma vez, que o público, gosta de se identificar com algo, torna a cenografia parte integrante e estruturante da experiência, acolhendo multidões de forma agradável e prazerosa a todos. (CARMO; CARVALHO, 2015). De acordo com Miriam do Carmo e Pedro Carvalho (2015): A experiência do público dos festivais é muito condicionada pelo espaço que o rodeia. O sucesso de um festival poder-se-á avaliar pela sua capacidade de envolver as pessoas num ambiente que lhes proporciona prazer sensorial. É nesse [...] [aspecto] a cenografia desempenha um papel crucial [para atingir a experiência por completo nesse espaço].

Assim, de acordo com Ana Filipa da Silva Queirós (2014, p. 12):


69

Nos festivais de música, a experiência atrai atenção e a emoção dos seus participantes (PETTERSSON; & GETZ, 2009), tornando as suas experiências de consumo multidimensionais que incluem dimensões hedónicas como: sentimento, fantasia e divertimento (HOLBROOK; & HIRSCHMAN, 1982). Os consumidores desejam experiências, desejam ser estimulados, instruídos e desafiados, por isso a experiência promovida através de eventos tem sido tão importante (ARRUDA; & TARSITANO, 2012). A experiência é definida não só como o ato de viver através da observação e participação em eventos, como também inclui a formação e o conhecimento adquirido ao longo de um determinado evento (HOCH, 2002). A experiência advém da emoção de cada consumidor (LEENDERS et. al., 2005), quando existe uma emoção forte as pessoas falam sobre as suas experiências todos os dias. (SMILANSKY, 2009).

4.3 A identidade do espaço no usuário

Os usuários, nem sempre se identificam com o espaço – em que habitam, trabalham, socializam, se divertem, etc. –, presentes em seu cotidiano. Contudo, através dos estudos aqui realizados ao longo dessa monografia, entende-se, que é a partir das vivências e experiências nos espaços, que o usuário é levado a se identificar com o espaço, ou seja, os acontecimentos se tornam histórias/memórias e condicionam a identificação com o espaço, uma vez que ele experencia momentos, que vão além das tarefas rotineiras e se tornam experiencias sólidas, que se sedimentam em uma narrativa de vivências passadas formando uma experiência. (NARDELLI, 2007). Walter Benjamin (1987b, apud. NARDELLI, 2007, p.163), formulou a distinção entre vivência e experiência, “constatando que nem todo conjunto de vivências, intensas ou banais, constitui, necessariamente, uma experiência”. John Dewey (1980, apud. NOJIMOTO, 2009) em sua obra “Arte como experiência”, no capítulo “Como se tem uma experiência”, confirma a ideia de Benjamin, dizendo que “[...] a existência de experiências faria parte da interação do indivíduo com o mundo, mas nem todas as coisas resultariam em experiências de fato [...]”, uma vez que: A experiência ocorre continuamente, porque a interação da criatura viva com as condições que a rodeiam está implicada no próprio processo da vida. Sob condições de resistência e conflito, aspectos e elementos do eu


70

e do mundo implicados nessa interação qualificam a experiência com emoções, ideias, de maneira tal que emerge a intenção consciente. Com frequência, entretanto, a experiência que se tem é incompleta. As coisas são experimentadas, mas não de modo tal que se componham em uma experiência. Há distração; o que observamos e o que pensamos, o que desejamos e o que alcançamos, permanecem desirmanados um do outro. (DEWEY, 1980, p.89, apud. NOJIMOTO, 2009, p. 74-75).

Assim, pode-se distinguir vivência e experiencia, entendo que: Enquanto a primeira seria uma relação superficial, controlada e roteirizada por informações definidas, que dão forma a uma tarefa, a segunda compreende uma relação mais densa, composta por mensagens de limites menos rígidos e abertas a interpretações variadas, construindo a possibilidade de desenrolarem-se narrativas diversas. (BENJAMIN, 1987b, apud. NARDELLI, 2007, p. 109).

Com isso, Nilton (2007, p.163-164), conclui que a experiência: [...] apoia-se na história, na lembrança e na narrativa e possui um papel importantíssimo por trazer ao sujeito outra dimensão do tempo vivido. Sendo assim, a experiência lentifica o tempo enquanto a vivência o comprime. Ainda nessa linha, a vivência pode ser entendida como a verticalização das sensações, o que as torna um evento efêmero e individual. A experiência, ao contrário, é uma horizontalização das sensações, ela nos liga aos outros em uma espécie de dilatação do tempo.

O autor ainda, evidência que, “o conteúdo das experiências é constituído pelo mundo [...], [firmando] uma forte conexão entre consciência e experiência”. A experiência em conjunto com a consciência, formulam os conceitos mais discutidos em Filosofia, dado esse contexto, o filósofo Simon Blackburn (1997, apud. NARDELLI, 2007, p.157), entende a experiência como: [...] um fluxo de acontecimentos que constitui a vida consciente do seu possuidor e envolve também relações com outros acontecimentos que podem originar-se tanto no interior da consciência de outros indivíduos como da realidade física exterior que estes habitam.

Em oposição a linha racionalista, que “pregava que a base de todo conhecimento humano estava na consciência”, John Locke e outros empiristas, entendem, que deriva das impressões dos sentidos e da experiência todo o conhecimento do mundo. Atualmente, a experiência é entendida como um meio-


71

termo dessas teorias. (NARDELLI, 2007). Segundo Nilton (2007, p. 158-159), Kant defendia a ideia de que: [...] a experiência era em si mesma sintetizada por várias operações mentais ativas, e que tanto os sentidos quanto a razão eram muito importantes para a experiência de mundo. [...]. Assim, a magnitude de uma experiência só seria capaz de ser compreendida em sua totalidade quando vivenciada [...].

Nas palavras do arquiteto Lars Spuybroek, a experiência é entendida como a experiência do corpo, para ele a: Experiência começa com a pura sensação ou sentimento e leva a um tipo de saber prático, um conhecimento como uma forma de reflexão corporal e habilidosa, e uma memória motora, [...]. (SPUYBROEK, 2008, p.17, apud. FERRANTE, 2013, p. 107, tradução da autora).

Voltando-se o olhar para o usuário, podemos ressaltar, que para atingir tais experiências, que aproximem o indivíduo do espaço, deve-se entender que “o corpo é o meio pelo qual conhecemos o mundo, perceptivo e sensível”32. Em que “[...] o corpo relaciona-se com o mundo e o espaço construído da arquitetura e das cidades”33, pois “um corpo ativo que vivência o mundo e o espaço, [...] [sintetiza] a noção de experiência”34. Onde, “os sentidos humanos contribuem para o modo como um produto é experimentado” (SCHIFFERSTEIN; SPENCE, 2008, apud. NOJIMOTO, 2009), ou seja, os produtos, são os espaços e por vezes os objetos destes ambientes. Assim, as sensações, dão base para a consciência captar impressões do mundo exterior, e pelas reflexões, a consciência conhece suas operações, ou seja, as sensações e reflexões dão insumos para que a consciência alcance as ideias simples e dão forma as ideais complexas, todas responsáveis por auxiliar na formulação de experiências. (NOJIMOTO, 2009). Nesse aspecto, o olfato, se mostrou o sentido que está mais intensamente ligado ao processo cognitivo da memória, assimilando um caráter nostálgico a ele, em que Ackerman (1995, p. 11, apud. NOJIMOTO, 2009, tradução da autora), afirma que “quando damos um perfume para alguém, estamos dando memória líquida”, assim: 32

(FERRANTE, 2013, p.118) (Ibid., 2013, p.123). 34 (Ibid., 2013, p. 113). 33


72

Nenhum outro (sentido) se comunica tão imediatamente e diretamente com as áreas da memória no cérebro, contornando a cognição consciente para ressaltar o emocional; estados associados às combinações químicas do instante em que o neurônio específico para aquele odor foi primeiramente estimulado. (JONES, 2006, p.13, apud. NOJIMOTO, 2009, p.96, tradução da autora).

Portanto, de acordo com Cynthia Nojimoto (2009, p. 50): [...] o envolvimento do indivíduo com o produto, o evento, o ambiente ou serviço é a própria experiência em si e “precisa ser suficientemente diferente do ambiente ao redor da experiência para manter a atenção da experiência”. (SHEDROFF, 2001, p.4, tradução da autora). A ideia de envolvimento do indivíduo torna-se um requisito e se for seguido conforme o apontado por Pine e Gilmore (1999) é elemento essencial para a constituição de experiências positivas.

Esta atenção na experiência, comentada por Shedroff, e em seu aspecto positivo como dito por Pine e Gilmore, é reforçada pela interação do usuário com a experiência e com o espaço, que ela ocorre. Onde Mulder (2004, apud. NARDELLI, 2007, p.167), reforça ao dizer que “a interação [...] é uma das formas de criar novas experiências que influenciarão os comportamentos futuros frente a outras situações”. Assim, se esta interação do indivíduo com o espaço está estimulando e modificando o comportamento por meio de fomentos de novas experiências, este, auxilia também na construção de “parte considerável do que compõem o próprio indivíduo”. (NARDELLI, 2007); gerando assim, uma identificação deste com o espaço. Segundo Isabela Paiva Gomes Ferrante (2013, p.125-126): A arquitetura só pode ser verdadeiramente experimentada em sua completa e integrada característica multissensorial (PALLASMAA, 2005, p.26). [...]. No interior do mundo e dos espaços vividos, nos deparamos com uma quantidade enorme de sensações que interagem entre si. A experiência sensorial do mundo se faz com todo o nosso corpo ao mesmo tempo, e, portanto, não podemos “reduzir a significação do percebido a uma soma de “sensações corporais‟” (MERLEAU-PONTY, 2005, p.317, grifo nosso). Em outros termos, falar em “características multissensoriais” do espaço não se refere somente à importância da visão, audição, olfato, paladar e tato para a percepção e experiência do espaço arquitetônico, mas também


73

à simultaneidade ou totalidade das sensações. A experiência sensorial se faz com o todo o nosso corpo ao mesmo tempo e “abre-se para um mundo intersensorial”

(MERLEAU-PONTY,

2005,

p.304).

Assim,

multissensorialidade e intersensorialidade contradizem a hipótese que domina o senso comum de que a cada estimulo atribui-se apenas uma sensação ou que cada sensação ativa apenas uma determinar parte do corpo.

Assim, se conhece um novo sentido de percepção e identificação própria do usuário com espaço, por meio de: [...] um olhar para o espaço que não é apenas visual, mas abrange um enxergar sensitivo”. [...] [capta-se] cenários de sentimentos e sentidos que pertencem aos seus usuários. [A percepção é aguçada, e assim] [...] na sensibilidade encontramos a arquitetura-identidade, afetividade, sensorial e subjetiva. Onde o homem é tocado e toca todos os lugares. (MACHADO; et. al., 2015, p. 14).


LEVANTAMENTOS FESTIVAIS . ESPAÇOS . LEGISLAÇÃO ANALISES


75


76

5 LEVANTAMENTOS

5.1 Levantamento Internacional

5.1.1 Burning Man (Nevada, EUA)

O Burning Man, é um evento, que ocorre uma vez por ano, no deserto de Black Rock, em Nevada, com sede do Burning Man Project em San Francisco, no estado da Califórnia, nos EUA. O festival, não é habitual, pois é uma vibrante metrópole participativa, que reúne no evento dezenas de milhares de pessoas, que auxiliam a construir a Black Rock City35; onde quase tudo que ocorre é criado inteiramente pelos cidadãos – participantes ativos na experiência. (BURNING MAN, 2017). A cultura é única e distintiva, emerge da experiência do festival, enraizados pelos 10 Princípios36, que se manifestas a todos por intermédio da arte, do esforço comunitário e de inúmeros atos individuais de auto expressão (Figura 01), o que para muitos é um modo de vida. (BURNING MAN, 2017).

Figura 01 – Cidadãos da BRC. Fonte: http://galleries.burningman.org/plugins/burningman/pages/browse.php

5.1.1.1 A Black Rock City

A Black Rock City (BRC), começou em 1991, com o deslocamento da queima do homem de Baker Beach, em San Francisco, para o deserto Black Rock em 35

Uma metrópole temporária dedicada à comunidade, à arte, à auto expressão e à autossuficiência. Inclusão, gifting (atos de doação), decomodificação (sem patrocínios), sem rastreamento (sem poluição), auto expressão, esforço comunitário, responsabilidade cívica, autossuficiência, participação e imediatismo. Fonte: https://burningman.org/culture/philosophical-center/10-principles/ 36


77

Nevada. A viagem de vários quilômetros, ocasionou a necessidade de gerar um acampamento a princípio em círculo37, para as noites. No ano seguinte (Figura 02), um plano informal foi feito para estabelecer o acampamento, que posteriormente recebeu 4 vias (indicando os pontos carteais). O fundador Larry Harvey, estabeleceu um centro gradualmente desenvolvido, para centralizar os serviços e fornecer o local de encontro (Figura 03). Os planos seguintes (Figura 04 e 05), buscaram que o fluxo de pessoas e suprimentos fosse desimpedido, com layout que incorporasse características dos eventos anteriores e passível de expansão, facilitando a arte e expressão da comunidade, apoiando as tradições passadas e os princípios do festival. (GARRETT, 2010).

Figura 02 – Mapa da BRC de 1992

Figura 03 – Mapa da BRC de 1996

Figura 04 – Mapa da BRC de 1997

Figura 05 – Mapa da BRC de 1998

Fonte: https://journal.burningman.org/2010/04/black-rock-city/building-brc/designing-black-rock-city/

37

Formou-se institivamente a partir do tradicional círculo de fogueira no desejo de “fazer círculos nos vagões” contra o espaço quase ilimitado.


78

Figura 06 - Mapa dos locais do BRC em 10 anos (1997 a 2007). Fonte: https://journal.burningman.org/2010/04/black-rock-city/building-brc/designing-black-rock-city/

Em resumo (Figura 06), as 5 ruas anulares criadas em 1997, passaram a 13 em 2013, o arco da cidade, que inicialmente era menos da metade, passou a se estender a dois terços de um círculo ao redor do Homem. A cidade projetada em 1998, para acomodar 9 mil participantes, se desenvolveu a capacidade para 50 mil em 10 anos. (GARRETT, 2010). Assim, Rod Garrett (2010), afirma que: [...] embora possa haver semelhanças entre esta e algumas cidades idealizadas ou utópicas atuais, Black Rock City tem uma casa, uma história contada e uma cultura para habitá-la, ainda que fugazmente. É ao mesmo tempo um fenômeno muito real e ainda extremamente efémero, como ele deve anualmente surgir de nada, florescer por alguns dias, e depois desaparecer completamente38. (tradução nossa).

A forma atual (Figura 10 e 11) resultou da interação continua dos fatores: circunstância histórica, questões de segurança pública, necessidades logísticas, condições ambientais, política, ideais sociais, viabilidade econômica, usos concorrentes ou potencialmente conflitantes do espaço dentro da comunidade, as 38

No original em inglês: “[...] though it further develops each year, the plan of 1998 remains the basic framework. This referenced ancient megalithic sites and city-states, as well as various Renaissance and contemporary planning concepts. However, while there may be similarities between this and some current idealized or utopian cities, Black Rock City has a home, a storied history, and a culture to inhabit it, albeit fleetingly. It is at once a very real and yet extremely ephemeral phenomenon, as it must annually arise from nothing, flourish for a few days, and then vanish completely”. (GARRET, 2010).


79

percepções estéticas, a necessidade de uma espécie de simbolismo espiritual e, naturalmente, as próprias inspirações individuais. O zoneamento começou desde 1997, para localizar os campos temáticos de forma coerente, assim o festival abriga áreas como a Walk-in camping, o aeroporto, DPW e sede de aplicação da lei, e as grandes instalações de som nas extremidades da cidade, uma zona ao redor do Homem (Figura 07 e 08), e outras dentro e fora do arco da BRC, reservado para instalações de arte em grande escala (Figura 09). (GARRETT, 2010).

Figura 07 – The Man 2016

Figura 08 – The Man 2015.

Fonte: http://galleries.burningman.org/pages/themes.php?theme=

Figura 09 – Instalações do Burning Man. Fonte: http://galleries.burningman.org/plugins/burningman/pages/browse.php


80

Figura 10 – Foto área da BRC 2016 Fonte: https://www.playedm.com.br/wp-content/uploads/2016/06/main_1500-1.jpg

Figura 11 – Mapa da BRC de 2016 Fonte: https://burningman.org/culture/history/brc-history/event-archives/2016-event-archive/2016-black-rock-cityplan/


81

5.2 Levantamento Nacional

5.2.1 Festivais no Brasil

Os festivais pelo mundo, ganharam uma nova rota e estão fazendo grande uso dela, segundo o G1 (2012) – Portal de Notícias da Globo –, o público de música eletrônica cresceu 56,64% no Brasil em 2011, alcançando 19,5 milhões de pessoas, com arrecadações na casa dos R$ 879 milhões, em festivais do gênero eletrônico. Os patrocinadores de bebidas investiram 60% a mais que em 2010, atingindo R$ 460,8 milhões, e o gastos dos participantes dos eventos com alimentação e bebida cresceu 115,4% ao ano, chegando a R$ 1,07 bilhão, de acordo com o levantamento dos organizadores do Rio Music Conference, que ocorreu no Rio de Janeiro, nos dois últimos finais de semanas em fevereiro de 2012. O aumento foi reflexo da realização de mais festivais e turnês de artistas internacionais no país, que ao longo do ano recebeu festivais como: Creamfields, Ultra Music Festival e o Rock in Rio, Planeta Terra, SWU e XXXperience. Os DJs internacionais, que tocaram e comandaram as pick-ups, consta: David Guetta, Ferry Corsten, Sven Väth, Erick Morillo, Fatboy Slim, Bob Sinclair, Armin van Buuren, The Prodigy e Nalaya, além dos diversos DJs nacionais, que participaram e fizeram diversos eventos. Um quarto do público de música eletrônica se concentrou em São Paulo, devido a ocorrência das maiores festas e localização das principais discotecas do país. O estudo contabilizou 3 grandes festivais, 16 eventos de médio porte e 500 festas pequenas, que foram realizadas nas principais discotecas brasileiras. (G1, 2012).

5.2.1.1 Lollapalooza

O termo surgiu nos séculos XIX e XX como expressão, que significava “uma coisa, pessoa ou evento extraordinário ou incomum; um exemplo de circunstância ou evento excepcional”. (EGO, 2015). Perry Farrell havia gostado da sonoridade da palavra ao ouvi-la no programa humorístico “The Three Stooges” e o adotou o nome no festival. (BONFIM, 2015). O Lollapalooza nasceu em 1991 com a ideia de Perry Farrell (músico do Jane‟s Addiction), de se despedir da banda em uma turnê, apresentando-se por diversas cidades nos Estados Unidos e Canadá junto de outras


82

bandas, incluindo ainda apresentações de circo na turnê (EGO, 2015), viajando por mais de um mês. (BONFIM, 2015). O festival alternativo, teve sua inspiração no festival “A Gathering of the Tribes” ocorrido em 1990 (criado por Ian Astbury da banda The Cult), chamando a atenção pelo line-up bastante eclético do festival, com o tradicional Rock, músicas Folk e Rap, onde os gêneros juntos eram dificilmente aceitos pelo público daquela época. Farrell após o fim da turnê e banda, viu no festival uma oportunidade de continuidade da carreira, na edição seguinte além dos destaques das bandas, o evento ficou marcado por uma estética diferente, onde nos intervalos ocorria a participação do circo. Após uma pausa desde 1998, Farrell retornou com a banda e o festival em 2003, mas em 2005 com a parceria da C3 Presents, retornou com novo formato, composto por dois dias com mais de 70 artistas e 5 palcos, reforçando a ideia de festival alternativo, unindo públicos diferentes. (BONFIM, 2015).

5.2.1.1.1 O Festival

Em 2011, o Lollapalooza passou de um evento unicamente norte-americano e passou a acontecer em outros países. (BONFIM, 2015). No Brasil a primeira edição (Figura 12) ocorreu em 2012 no Jockey Club de São Paulo em dois dias de festival, que reuniu 135 mil pessoas no evento; desde então o país recebe anualmente uma edição do evento de música. (EGO, 2015).


83

Figura 12 – Mapa do festival em 2012 no Jockey Club em São Paulo. Fonte: http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2011/11/28/mapa_lollapalooza2012.jpg

5.2.1.1.2 O mundo Lolla

A experiência no mundo Lolla vai muito além da música, como Perry Farrell costuma dizer, o Lolla é um “estilo de vida alternativo”, onde todos podem vivenciar isso das mais variadas formas nos espaços espalhados pelo Autódromo de Interlagos (Figura 13), com áreas de descanso, brinquedos, food trucks, e muitas outras atividades, além das músicas nos palcos Axe, Skol, Onix e Trident At Perry‟s (Figura 14); esse conjunto do festival busca muito mais para marcar os momentos, para sempre na memória – uma experiência de vida. (LOLLAPALOOZABR, 2016). Em 2005, com um formato voltado também para a família, nasceu o Kidzpalooza, com apresentações voltadas ao público infantil, abrigando a partir desse momento, em todas as edições seguintes, um espaço dedicado as crianças, dando a possibilidade dos pais curtirem os shows enquanto os filhos se divertem nesse local. (EGO, 2015). Utilizando do conceito “o rock vem de berço” e formar novas gerações ao som de boa música é uma missão. (BONFIM, 2015).


84

Figura 13 – Lollapalooza edição de 2017. Fonte: https://www.facebook.com/pg/LollapaloozaBR/photos/?ref=page_internal

Figura 14 – Mapa do festival em 2017 no Autódromo de Interlagos. Fonte: https://www.lollapaloozabr.com/mapa-do-festival/


85

5.2.1.2 Eletric Dance Carnival (EDC)

A experiência do EDC se manifesta em diversos aspectos, o seu mundo, proporciona diferentes espaços e temáticas, misto de tecnologia e natureza. Os palcos propõem cenários diversos e de sonhos. A arte é parte predominante nos campos do festival, além dos performers com suas fantasias, que estão espalhados por todo o evento. O festival ocorreu de 4 a 5 de dezembro de 2015 no Autódromo de Interlagos em São Paulo, atingindo um público de 90 mil em dois dias de festival, com média de 45 mil pessoas por dia. (EXPERIENCE, 2015). O festival teve origem em uma rave, que ocorreu em 1992 em Los Angeles (EUA), mas a primeira edição em formato de festival, também ocorreu na mesma cidade, somente em 1997, a partir desse ano, o EDC aconteceu pelo Estados Unidos com diversas edições, e se tornou assim uma das marcas mais fortes e influentes da música eletrônica. (EXPERIENCE, 2015).

5.2.1.2.1 O mundo EDC

Quando as cores vivas dão lugar às luzes de neon e paisagens de sonho, a imaginação ganha vida. Durante a madrugada, enquanto todos dormem, o EDC proporciona em seu mundo único a procura da aventura, reafirmando a ligação espiritual pela profunda paixão por música, arte e descobertas. Cada espaço representa a união diferente da natureza com a tecnologia; em alguns pontos o fogo reina, em outros, o ar e água fornecem inspiração. Ao explorar a fantástica paisagem dos sonhos, você headliner irá desbloquear a energia da noite e de suas maravilhas. O objetivo é criar um ambiente onde o headliner (usuário), possa celebrar a vida, o amor, a arte e a música, sendo a versão mais verdade de si mesmo. Inspirado a interações, a compartilhar experiências, gerando uma energia positiva a comunidade formada nesse clima do festival. (EDC BRASIL, 2015).


86

5.2.1.2.2 O festival

Figura 15 – Mapa do festival em 2015 no Brasil – Autódromo de Interlagos/SP Fonte: https://i1.wp.com/comfortclub.com.br/wpcontent/uploads/edc_brasil_2015_misc_festival_guide_map_Portugese_r01-e1449069743757.jpg

Figura 16 – Foto aérea noturna durante o evento em 2015 no Autódromo de Interlagos/SP Fonte: www.dronestagr.am/wp-content/uploads/2015/12/DJI_0649-1200x674

Os palcos propõem temáticas diferenciadas e tem enorme destaque sua cenografia e espetáculo, contanto com os palcos Kinetic Field – é um dos maiores


87

palcos temáticos do mundo (Figura 17); Neon Garden – campo com techno e ritmos de vários matizes (Figura 18), Bass Pod – campo de provas da Bassrush, com som de drum & bass, trap e sons graves (Figura 19), Boombox Art Car – obra de arte móvel percorre o festival todo com DJ‟s de todos os estilos (Figura 20). (EDC BRASIL, 2015).

Figura 17 – Palco Kinetic Field

Figura 19 – Palco Bass Pod

Figura 18 – Palco Neon Garden

Figura 20 – Palco Boombox Art Car

Fonte: http://brasil.electricdaisycarnival.com/experiencia/

Os brinquedos (Figura 21) convidam o público a embarcar no clima de carnaval e elevar sua experiência nas alturas, com a paisagem sendo pontuada com as atrações favoritas do festival. (EDC BRASIL, 2015).

Figura 21 – Brinquedos do festival Fonte: http://brasil.electricdaisycarnival.com/experiencia/


88

A arte é parte vital da experiência, as instalações artísticas (Figura 22) são interativas e espalhadas por todo o espaço, fazendo pontes entre a natureza e tecnologia, inspirando todos que tiverem contato. (EDC BRASIL, 2015).

Figura 22 – Instalações de arte Fonte: http://brasil.electricdaisycarnival.com/experiencia/

Os performers (Figura 23), que são os Funkdafied Insomniac, durante todo o festival, estão a encantar com suas extravagantes fantasias criadas exclusivamente para o EDC. Este grupo conta com dançarinos, pernas de pau, trapezistas, artistas circenses e outros caprichosos personagens, que buscam romper os limites da imaginação. (EDC BRASIL, 2015).

Figura 23 – Performers do festival Fonte: http://brasil.electricdaisycarnival.com/experiencia/


89

5.2.1.3 Ultra Music Festival

O UMF Brasil é a versão nacional do evento norte-americano Ultra Music Festival, criado no ano de 1997, em Miami, por Russell Faibisch, produtor executivo, que começou a produzir eventos de música eletrônica, levando ao Ultra Music Festival em 1999 nas areias de Miami, sendo realizado então, todo ano no mês de março. (ULTRA WORLDWIDE, 2017). A sede foi escolhida em Miami, devido à similaridade com a cidade, o mercado potencial muito forte, e pela inexistência de festas concorrentes na mesma época do ano. (FERREIRA, 2016). A marca escolhe seguir uma visão única e criativa em crescimento total orgânico focado no verdadeiro amor pela música, artistas e fãs, a marca Ultra e Ultra Worldwide, representam não apenas a maior e bem-sucedida marca independente de música eletrônica, mas também a marca de festival mais internacional do mundo, abrangendo mais de 20 países e 5 continentes. (ULTRA WORLDWIDE, 2017). O evento Ultra acontece em três vertentes, sendo elas a versão Ultra Festivals (formato urbano); Ultra Bech (formato praia) e; Road to Ultra (formato estrada). A versão Ultra Festivals, acontece, além de Miami sede e Nova Iorque nos Estados Unidos, em Joanesburgo e na Cidade do Cabo na Africado do Sul; em Seul na Coreia do Sul; em Singapura, na República de Singapura; em Split na Croacia; em Shanghai na China; em Tóquio no Japão; e em Ibiza na Espanha, além de São Paulo e Rio de Janeiro receberem o festival no Brasil. A versão Ultra Beach, acontece em Bali na Indonésia e Hvar Island na Croácia. No entanto, a versão Road to Ultra, acontece na cidade de Taipei em Taiwan; em Manila nas Filipinas; no Distrito Cultural Oeste de Kowloon em Hong Kong; em Nova Delhi e Mumbai na India; em Bangkok na Tailândia; em Buenos Aires na Argentina; em Lima no Peru, em Santiago no Chile; em Santa Cruz na Bolivia; em Asunción no Paraguai, em San Juan no Porto Rico e; Melbourne na Austrália.

5.2.1.3.1 O UMF Brasil

O festival no Brasil, leva a assinatura da XYZ Live, empresa de conteúdo e entretenimento e esportes, sob o comando de Bazinho Ferraz, que adotou a versão atual do festival, mais que apenas um show de música eletrônica, mas uma


90

celebração de dance music, com DJs, bandas e Live PAs. Onde durante a semana acontece vários eventos, transformando a cidade em uma sede clube da cultura mundial, acontecendo a Ultra Week – festas nas principais casas noturnas da cidade do festival. O festival, vai além da música, contanto também com um palco para performances incríveis de circo, teatro, dança e outras várias manifestações artísticas (Figura 24); promovidas em parceria do UMF e a empresa Artevolante de Ibiza. As atrações contam com malabaristas, dançarinas, pole dancing, números aéreos, zorbing ball, contorcionistas, números aquáticos, acrobatas e light robot. (MIDIORAMA, 2011).

Figura 24 – Palcos durante o festival Fonte: https://ultrabrasil.com/gallery/

5.2.1.3.2 Os palcos

Em 2010 utilizou 4 palcos, sendo o palco principal o UMF Main Stage, o Stop Play Moon, o We Love Brasil e a Tenda The Week, ocorrendo no Jockey Club de São Paulo. (DA REDAÇÃO, 2010). Em 2016, ao voltar para o Brasil, o festival desembarcou no Sambódromo do Rio de Janeiro, utilizou o tradicional palco Ultra Main Stange, o palco Resistence, e o UMF Radio. (FERREIRA, 2016). No Brasil, o uso mais comum fica por conta de 2 a 3 palcos (Figura 25), sendo os principais o Ultra Stage que se dedica as apresentações ao vivo, com os principais headliners do evento. O Ultra Arena, por outro lado, se dedica as batidas das quebradas, do dubstep ao mushup e maximal. (MIDIORAMA, 2011).


91

Figura 25 – Palcos do Ultra (UMF) em 2011 no Sambódromo do Anhembi. Fonte: http://www.midiorama.com.br/wp-content/gallery/umf-ultra-music-festival-2011/mapa-vip-umf.jpg

5.2.1.4 XXXPerience

O festival, nasceu em 1996 como uma rave, tornando-se uma mega-rave posteriormente chamada como “open-air” (por questões de mídia e marketing), ocorrendo em diversas datas e lugares do país, com público crescendo a cada novo evento, na celebração de aniversário do evento em 2002 e marca de 50 edições, surgiu a ideia de uma Edição Especial anual. O ápice ocorreu em 2006, ao completar 10 anos, e reunir 30 mil pessoas na Arena Maeda, em Itu/SP. No ano seguinte atinge 100 edições com o evento no Rio de Janeiro. Em 2008 inicia-se o processo de transição de rave para festival, que foi concluída em 2010 (em 2009 o Castelo dos Sonhos consolidou o festival como maior evento do Brasil). Em 2012, o festival passa a acontecer em 2 dias e continuar a receber prêmios como melhor festival e evento. (COSTA, 2016; RAPHAEL, 2016).


92

Segundo Edson Bolinha e Erick Dias (COSTA, 2016), sócios da No Limitis Eventos – produtora de eventos, responsável pelo XXXPerience desde o início da transição de rave para festival –, a marca teve 4 fases, sendo eles, [...] o período de introdução da rave (1996 a 2000); o protagonismo durante o “boom” das mega-raves (2001 a 2007); a transformação “festa-festival” (2008 a 2010 - Figura 26); e por fim, a consolidação como um autêntico festival de música eletrônica (2011 até hoje).

A cenografia passou a ter um grande peso, e ser o segundo maior investimento do festival, por ganhar mais importante a parte artística. (COSTA, 2016).

Figura 26 – Palco do XXXPerience em 2010 (transição para festival). Fonte: http://projetopulso.com.br/entrevista-o-presente-passado-e-futuro-da-xxxperience/

5.2.1.4.1 O festival

Os palcos que antes eram apenas um (exemplo, figura 27), ganhando posteriormente a divisão em 4 palcos, e a pedido do público, foi removido do Backstage (que dividia as pistas e acessos), passando a ser livre a circulação, sendo instalado camarotes na pista. O evento ganhou brinquedos como uma roda gigante com projeção mapeada (pela Skol Beats), a Downtown XXX (área com diversos serviços

como

praça

de

alimentação,

XXX

Store,

Lockers, Wi-Fi

Zone,

QuickMassage, Recarga de Celulares, entre outros). (COSTA, 2016). Os quatro palcos então, passaram a ser produzidos pelas temáticas músicais, sendo o Peace Stage a receber Psytrance; o Union Stage a disseminando o Techno;


93

Love Stage estabelecido pelo Electro-house e Joy Stage apresentando o Deep e Tech-house. (REDAÇÃO, 2014).

Figura 27 – Palco da XXXPerience em 2013 – edição especial. Fonte: http://cabinecultural.com/2014/05/21/xxxperience-festival-anuncia-primeiras-atracoes-para-sua-edicaocomemorativa/xxxperience-festival-gui-urban/

5.2.1.4.2 A trilogia

O festival celebrou a maioridade em 2014, lançando o conceito XXX Trilogy, como parte da celebração de 20 anos, sendo concluído em 2016 nas edições especiais. A trilogia intitulada “Uma aventura pelo caminho da magia” (Figura 28), iniciou em 2014 com o “Vale dos dragões” (Figura 29), passou a desbravar em 2015, o “Portal dos desejos” (Figura 30), e fechando o conceito em 2016, com o Reino Mágico (Figura 31).


94

Figura 28 – Pôster da história da trilogia XXXPerience. Fonte: www.radiodaweb.com/noticias/imagens/noticia2cont25-05

Figura 29 – XXXPerience, edição 18, no Vale dos Dragões em 2014. 39 Fonte: coletânea de imagens

39

1.http://projetopulso.com.br/entrevista-o-presente-passado-e-futuro-da-xxxperience/. 2.https://ohmdj.wordpress.com/2015/07/22/xxxperience-festival-preparado-para-entrar-no-portal-dosdesejos/ 3.https://www.facebook.com/pg/experimenteavida/photos/?ref=page_internal 4.http://www.saopaulo.com.br/xxxperience-o-maior-festival-de-musica-eletronica-do-brasil/


95

Figura 30 – XXXPerience, edição 19, no Portal dos Desejos em 2015. 40 Fonte: coletânea de imagens

Figura 31 – XXXPerience, edição 20, no Reino Mágico em 2016. 41 Fonte: coletânea de imagens

Divididos nos 4 palcos do evento, como nas edições anteriores, a trilogia em 2014, 2015 e 2016 apresentou os palcos Love Stage (Figura 32), Union Stage (Figura 33), Joy Stage (Figura 34), e Peace Stage (Figura 35).

40

1. https://www.facebook.com/pg/experimenteavida/photos/?ref=page_internal 2. http://paranashop.com.br/2016/04/dj-chapeleiro-vem-embaldo-para-xxxperience-curitiba/ 3. https://www.elefantevoador.com/2015/11/21/elefante-voadoxxxperience-19/ 4. https://thump.vice.com/pt_br/article/xxxperience-20-anos-gifs 41 1. https://www.facebook.com/pg/experimenteavida/photos/?ref=page_internal 2. http://projetopulso.com.br/entrevista-o-presente-passado-e-futuro-da-xxxperience/ 3. http://stereominds.com.br/materias/xxxperience-20-review/ 4. http://setorvip.com.br/30-mil-pessoas-comemoram-os-20-anos-do-xxxperience-festival/


96

Figura 32 – Projeto do palco Love Stage,2015 2015

Figura 33 - Projeto do palco Union Stage,

Figura 34 - Projeto do palco Joy Stage – edição especial de 2015

Figura 35 - Projeto do palco Pace Stage, 2015. 42 Fonte: http://alieningressos.com/blog/?p=26

5.2.1.5 Tomorrowland

O Tomorrowland é um festival de música eletrônica, originado na cidade de Boom em Bruxelas na Bélgica – “Boom” significa “árvore em neerlandês, língua falada na região de Flandres, idealizado pelos irmãos belgas Manu e Beers Michiel. O festival ficou famoso pelo seu desempenho com fogos-de-artificio, fontes de água, fogo, contos de fadas e simbolismo New Age (Nova Era). O festival sempre buscou produzir algo semelhante ao mundo Disney World, atualmente com a produtora ID&T 42

Título: XXXPERIENCE vem ai! Hora de entrar no portal dos desejos.


97

Entertainment – maior empresa de entretenimento e organização de eventos de música e dança do mundo –, passou a aplicar os temas “Yesterday is History” (Ontem é história), “Today is a Gift” (Hoje é uma dádiva), e “Tomorrow is Mystery” (Amanhã é mistério), mantende a busca desse ambiente lúdico, que conversa com a natureza. (PETERSON, 2015). O conceito da festa se aplica como “uma terra mítica que vibrou na batida da música. Seres extraordinários que habitam e nos envolveram numa experiência que transcendeu nossos sentidos”. (SKOL BEATS, 2015). O espaço conta com o palco principal e mais 16 stands, que abrigam os mais de 200 djs, que tocam durante o evento, além da “Dreamville” (área de campismo), sendo opcional e dando a possibilidade de público usar hotéis próximos ou acampar no festival. (PETERSON, 2015).

Figura 36 – Festival Tomorrowland Brasil 2016 (Fonte: https://www.tomorrowland.com/en/festival/welcome)

5.2.1.5.1 As pessoas do amanhã (The people of tomorrow)

O festival, propõem conceitos, em que acreditam e se comprometem para com o meio, levando para sua temática aspectos da vida em si e de seu viver. Assim, acreditam, em desfrutar da vida ao máximo, sem se comprometer com tudo; entendendo que são responsáveis pela próxima geração, respeitando ao próximo e a natureza. Onde respeito, saúde, natureza, responsabilidade e inovação são os


98

cinco círculos do amor de amanhã, que são base dentro deste conceito, por isso, ao assumirem o compromisso de criar uma realidade, que se relaciona de forma positiva com a mãe natureza, contribuem para o bem-estar das próximas gerações, e lançam o desafio de se fazer algo bom no “hoje”, para serem gratos pelo amanhã. (TOMORROWLAND, 2017).

5.2.1.5.2 O festival

O Brasil recebeu o festival em 2015 e 2016 no Parque Maeda em Itu/SP, com a temática do festival denominada “Book of Wisdom” (Livro da Sabedoria) em 2015 e “The Key to Happiness” (A chave para a felicidade) em 2016, por isso, neste festival, segundo seus idealizadores: [...] nós celebramos a vida, unimos corações de todo o mundo. Um mundo, um coração. Porque sabemos que o coração é a fonte de energia mais poderosa do mundo, e nós somos capazes de criar o poder de fazer deste mundo,

um

lugar

melhor,

com

mais amor

e mais felicidade43.

(TOMORROWLAND, 2017, tradução nossa).

O festival contemplou desde a envolvente Deep House, passando pelo enérgico Techno, até as batidas frenéticas do Trance. Os palcos no total foram 7 (ver figura 37 a 43), mudando de nome a cada dia, recebendo selos de destaque e festas, misturando e mixando todos os gostos, levando o Tomorrowland Brasil a ser muito mais que um festival, se tornando um incrível conto de fadas alucinante. (SKOL BEATS, 2015).

43

No original em inglês: “[...] we celebrate life. We unite hearts from all over the world. One world, one heart. Because we know the heart is the most powerful energy source in the world, we are able to create the power to make this world a better place. More love more happiness”. (TOMORROWLAND, 2017).


99

Figura 37 – Palco Principal Mainstage

Figura 38 – Palco Frame Stage

Figura 39 – Palco Garden Mushroom

Figura 40 – Palco Oriental Stage

Figura 41 – Palco Open Stage

Figura 42 – Palco Grand Theatre

Figura 43 – Palco Flower Stage Fonte: http://www.skol.com.br/beats/tomorrowland/2015


100

5.2.1.6 Análise geral dos festivais

Os dados apresentados a seguir (Tabela 01 e 02), foram levantados e coletados em diversos mídias de informação, e divulgação e anúncios dos eventos, com balanços finais e informações gerais, referentes aos festivais, que tiveram ocorrências no Brasil, ao longo dos últimos anos e referente a algumas das primeiras edições, levando em consideração os anos de ocorrência dos festivais citados, e para os anos de maior destaque, nos que ocorreram anualmente. Ao analisarmos os eventos em suas dinâmicas, notou-se que a variação de espaço ficou evidentemente grande, onde os locais escolhidos, determinavam a condicionante de espaço útil, no entanto, os festivais, não utilizavam em muitos casos o espaço total, utilizando apenas espaços menos ou parcelas do local.

Tabela 01 – Análise dos festivais (parte 01) Fonte: produção do autor


101

Tabela 02 – Analise dos festivais (parte 02) Fonte: produção do autor

Assim, foram analisados o festival Lollapalozza, com viés familiar e de música alternativa, que ocorreu em São Paulo em todas as edições, utilizando espaços como o Jockey Club e posteriormente o Autódromo de Interlagos, quando ampliou o uso de 120 mil m² para 300 a 400 mil m², melhorando o transporte e acesso por meio do fácil acesso pelo transporte público, atingindo atualmente média de 85 mil pessoas por dia de evento. O EDC, considerado um carnaval fora de época, que proporcionava a interação do usuário com o espaço, se estabeleceu, em edições recentes no país, tendo até o momento apenas uma edição realizada, sendo


102

estabelecido no Autódromo de Interlagos com área de uso de 300 mil m². O UMF 44, um evento com viés musical e cultural, ocorreu em diversos locais da região sudeste, com áreas relativamente menores no seu início, com crescimento nos anos posteriores, atingindo média de público de 30 mil pessoas por dia, atualmente no Sambódromo do Rio de Janeiro. O XXXPerience, que foi criado no país e se tornou um festival, e que busca aliar a música a um viés da arte e mundo lúdico, ocorreu em inúmeras edições, por diversos lugares do país, até se estabelecer anualmente com sua edição especial no Parque Maeda em Itu/SP, com área de 1,2 milhões m², além de suas edições alternadas ao longo do ano, atingindo na edição especial um público de 30 mil pessoas por dia, utilizando apenas 22 mil m² da área total. Assim, ocorreu o Tomorrowland, que utiliza o viés de arte e performance, aliado ao mundo mágico e lúdico, ocorreu também no Parque Maeda, em uma área de apenas 117 mil m², com 60 mil pessoas por dia, com acampamento e interações dos participantes no espaço. Estabelecendo o país como destino de grandes festivais, gerando mais assim, mais ocorrências de inúmeros festivais desde então. Por outro lado, o Rock In Rio45, criado e idealizado no Rio de Janeiro, que buscou se tornar um grande evento musical e de rock, com viés musical e cunho social, ocorreu em suas primeiras edições em 1985, 1991 e 2001, em áreas com 250 mil m², onde foram construídos para tal uma cidade denominada “Cidade do Rock”, contudo, o evento voltar a ocorrem novamente apenas em 2011 no país, se estabelecendo como ocorrência a cada 2 anos, em uma nova Cidade do Rock de apenas 150 mil m², com uma dinâmica de transporte desenvolvida para o período do festival, juntamente com a prefeitura. O SWU46, que fora realizado apenas em duas edições, abrigou por volta de 60 mil pessoas por dia, em espaços de mais de 1 milhão m², utilizando apenas 400 a 445 mil m², em seu festival, contendo um viés sustentável, com possibilidade de acampamento no festival e interação nos projetos. Outros grandes eventos, que ocorrem em São Paulo, são o Planeta Terra Festival, que comporta por volta de 30 mil pessoas em espaço as de quase ou superior a 100 mil 44

O Ultra Music Festival, ocorreu em 7 dias totais*, contudo, o evento musical aconteceu apenas em 1 noite, onde recebeu 25 mil pessoas** nesse show. 45 O Rock in Rio, recebeu em um único dia o recorde de 198 mil pessoas* no show do A-Ha, em 1991. Em 2001, quando retornou o seu recorde ocorreu no show do Red Hot Chili Peppers (RHCP), com 250 mil pessoas**. Outro destaque foram as construções da 1ª Cidade do Rock* na primeira edição, em 1991; a 2ª Cidade do Rock com capacidade de 250 mil pessoas, em 2001; e a 3ª Cidade do Rock em conjunto com o governo do Rio de Janeiro (para o legado olímpico), em 2011, local do atual Parque dos Atletas na Barra Funda/RJ. 46 A área creditada na tabela, é apenas referente a arena de shows, não estando contabilizado as de mais áreas do festival.


103

m², mesmo quando suas condicionantes do local, contemplam mais de 150, 300 ou 600 m²m ocorrendo apenas em um dia. Assim como o Popload Festival, com espaços menores, e ocorrendo de 1 a 2 dias, de acordo com a edição, com público de 6 mil pessoas por dia. Sónar47, com viés musical e cultural, ocorreu em espaços menores em São Paulo, tendo diversos dias de eventos culturais pela cidade, onde os shows se concentravam apenas em um dia em local especifico. A região Sul, além de receber alguns festivais citados e outros em períodos aleatórios, recebe o Planeta Atlântida no Rio Grande do Sul, com viés cultural, sendo realizado em 2 dias, com média de público entre 40 a 50 mil pessoas, no SABA – Sede Campestre, em um espaço de 78 mil m². Contudo, há um grande evento no interior do estado, em Ribeirão Preto, chamado de João Rock, com viés musical de rock e diversidade cultural, ocorrendo em apenas 1 dia, com público na casa dos 50 mil, se fazem presente no Parque Permanente de Exposições, com área de 190 mil m², onde o festival ocorre em apenas 90 mil desse total. Atualmente o Jockey Club de São Paulo, recebeu pela primeira vez o festival holandês Dekmantel, ocorrendo em 2 dias, com 5 mil pessoas, sendo realizado em uma área de 105 mil m², que são referentes a pista de corrida, dos 600 mil que pertencentes ao Jockey. De forma geral, é possível perceber que as dinâmicas de espaços variam de pequenos a espaços superiores a 1 milhão de metros quadrados, ocorrendo em diversos dias ou apenas em um único dia, os transportes podem a vir a ser privados, coletivos ou fretados, onde recebem também uma infraestrutura da própria cidade durante a duração do evento, com transportes públicos com destino até o presente evento, mas contudo por vezes, pode a vir a ser um grande conflito esta mobilidade, quando não tão bem planejada, ou com seu acesso, dificultado ou grande mente distanciado, além de seu porte para receber esse fluxo de veículos. Onde a maioria destes, propõe em seu viés, artístico, cultural, performático, sustentável e social, a integração do público, assim como durante os shows, também no espaço, e por vezes, em seus projetos paralelos ao evento. Com condicionantes, as vezes de permanência no festival, nos casos dos acampamentos, além de manter em seus eventos, setores para alimentação e diversão, como brinquedos, proporcionando o lazer e entretenimento, em mais de um aspecto do evento, ou seja, indo além do show em si, mas em sua dinâmica de espaço, gerando ambientes para alimentação 47

Ocorreu em 5 dias totais*, tendo apenas 1 noite de show, que contabilizou 6,5 mil pessoas** nos shows da última noite.


104

e conversação, divertimento, e participação/interação com as instalações e performances, que criam a atmosfera do ambiente de cada temática e evento.

5.3 Regional e Local

5.3.1 Agenda cultural de Campinas

Os dados levantados são referentes as 3 primeiras páginas do site da Prefeitura de Campinas, no espaço Cultura, onde foram, analisadas as 18h40 do 15 de Março de 2017, os itens Música/Shows, Teatro, Dança e Exposição, que foram ocorreram em Campinas ou por grupos da cidade em outro local.

5.3.1.1 Locais usados e atividades

Após a análise realizada, foi possível gerar uma análise quantitativa de locais usados e suas atividades estabelecidas nos espaços citados, assim, como também, quais atividades ocorreram com maior frequência nos últimos meses na cidade.


105

Tabela 03 – Agenda cultural e locais usados (parte 01). Fonte: produção do autor


106

Tabela 04 – Agenda cultural e locais usados (parte 02) Fonte: produção do autor

Tabela 05 – Agenda cultura e atividades ocorridas (quantitativos) Fonte: produção do autor

Nota-se que há 9 espaços diversificados, que variam sua tipologia de uso, mas com destaque entre os espaços usados por tipologia, 8 instituições foram usadas no período avaliado da agenda. Os teatros (ver tabela 03), receberam a maior concentração de uso e com 3 focos de uso diferentes dos 4 possíveis citados, tendo um número relevante de apresentações/espetáculos de dança, um número


107

elevado de atividades de teatro (peças, stand up, shows de humor, etc.). Um dado constatado se mostrou diferente em sua relevância, pois, foi o uso por parte de shows de música, por 4 vezes no Teatro Castro Mendes e também 4 vezes no Teatro Iguatemi e 1 vez no Teatro do SESI, totalizando entre todas as atividades, os teatros em geral com 41 usos ao longo da agenda analisa, que mostraram o uso divertem destes espaços com sua tipologia arquitetônica proposta. Onde os locais com maior uso e relevância, foram o Teatro Iguatemi, foi responsável por 19 atividades deste total, o Teatro Castro Mendes por 13 atividades e o Teatro do SESI por 6 atividades. As instituições (Tabela 02), contabilizaram 24 usos, com um certo equilíbrio entre elas, o destaque ficou para o SESC com 8 atividades desse total e o MIS com 7 atividades deste total. Os shows de forma geral, tiveram uma constância maior nos bares e lanchonetes (Tabela 04). Os dados levantados da agenda cultura (ver item 5.3.1), analisados no período variável de cada atividade na agenda, realizados em 15 de Março de 2017, contabilizaram (ver tabela 05) o total de 47 espaços usados na cidade, recebendo e realizando 117 atividades em Campinas – exceção para as atividades no Theatro Municipal de Paulínia e apresentações nas praças em Paulínia –, deste total, foram 31 exposições, 31 apresentações/espetáculos de dança, 25 apresentações (dança, peça, humor, etc.) de teatro, e 30 shows (realizados em espaços adaptados e por vezes compatíveis com a atividade). Segundo as atividades realizadas, no período levantado da agenda (ver item 5.3.1), ao analisar as tipologias dos eventos, nota-se, que em muitos casos, as programações ocorreram em locais que necessitaram ser adaptados para tal programação, além da tipologia de uso edifício, que recebia o evento ser incompatível/adversa com a necessidade da atividade proposta, ou seja, gerando a necessidade da adaptação especifica da infraestrutura do espaço para a realização do evento, em sua tipologia, para gerar a ambiência necessário do evento, nestes locais, salvo aqueles eventos, que se apresentaram no local próprio e com tipologia compatível, necessitando de menor ou nenhuma adaptação especifica do ambiente para a realização da atividade.

5.3.2 Espaços de eventos em Campinas e entorno


108

Os espaços de eventos existentes – para a realização de eventos em geral, desde eventos sociais, corporativos e para festas –, em Campinas, foram levantados e divididos por seus potenciais de usos e possibilidades de infraestrutura (Figura 05 ver item 1.2.1). Os espaços analisados foram classificados na cor vermelha, quando o espaço apenas realizava eventos sociais de pequeno porte, totalizando 6 espaços, sendo eles o Espaço Santa Maria, Faro Eventos, DPL Eventos Musicais, Villa Rossi Espaço e Eventos, Salão de Festas Espaço Legal e, Espaço Vereda Campinas, onde

estes não foram

considerados para

uma

análise

mais especifica,

posteriormente. Os espaços na cor laranja e amarela tinham um porte médio ou grande, mas com uso social e corporativo, totalizando 6 espaços (4 laranjas e 2 amarelos), onde estes não foram considerados para uma análise mais especifica, posteriormente, assim como os vermelhos. Os espaços em verdes atendiam a tipologia de espaço para eventos de shows, corporativo e exposições, mas também contemplavam eventos sociais, tendo áreas com capacidade de realizar eventos de médio a grande porte, mas devido a diversas tipologias de eventos, não foram considerados para analise especifica. Contudo, os espaços em roxo e azul, se mostraram com maior potencial e capacidade de atender e exercer a tipologia de eventos, shows e festas de grande porte, onde os espaços em roxo (4 espaços, sendo eles a Expo Dom Pedro, Philadelphia Eventos, Campinas Hall e, Clube Concórdia – este último considerado, devido a sua grande dimensão e potencial) contemplavam diversas tipologias também, o que já não ocorreu com os espaços em azul (6 espaços, sendo eles a Laroc Club, Folk Valley, Club 88, Red Eventos, Parque de Eventos CCA e, FIDAM), que eram propostos para a tipologia especifica de shows, eventos culturais, espetáculos, etc., assim como a proposta de projeto deste trabalho de conclusão de curso em arquitetura e urbanismo. Ao analisar a crescente no eixo dos espaços na cidade de Campinas, notouse que o eixo da Rodovia Dom Pedro I, se mostrou propenso a ser o eixo para a melhor instalação destes, assim como para a localização do projeto. Com isso, para melhor entender os espaços existentes, foram analisados todos os 6 espaços demarcados e classificados em azul (ver item 5.3.2.1 a 5.3.2.6), e 2 espaços dos 4


109

totais em roxo (ver item 5.3.2.7 e 5.3.2.8), que se mostraram ter maior relevância de uso em eventos, festas, shows, exposições e etc.

5.3.2.1 Laroc Club

Figura 44 – Vista do projeto do espaço da Laroc Club Fonte: http://www.twotags.com.br/blog/wp-content/uploads/2015/10/9uphw23059.jpg

A Laroc48 Club (Figura 44 e 45), propõe “o melhor da música eletrônica em um lugar paradisíaco”, planejado para oferecer sensações únicas ao público (amantes da música eletrônica), comportando 6 mil pessoas em seus 6 mil m² construídos e mais áreas livres49, atendendo aos riders dos grandes DJs internacionais e nacionais, considerado o primeiro sunset club50 do país. (LAROC, 2017).

48

A origem do nome, deriva do francês “La Roc”, significando “A Rocha”, devido sua localização em meio a natureza, em uma zona rochosa e montanhosa. 49 Composto por longe, bangalôs, camarotes, piscina, pista coberta e food trucks. 50 Evento que começa antes do pôr-do-sol, para o público desfrutar das paisagens e contemplar o entardecer, aproveitando um ambiente sonoro até a madrugada.


110

Figura 45 – Fotos do espaço da Laroc Club.

Fonte: http://www.laroc.club/club.html

5.3.2.2 Folk Valley

Figura 46 – Mapa do espaço e seus ambientes. Fonte: https://www.suamusica.com.br/noticia/gusttavo-lima-realizara-show-de-inauguracao-da-folk-valley-emvalinhos-sp


111

A Folk Valley51 (Figura 46 e 47), propõe “os melhores shows ao vivo em meio à natureza”, em meio a um vale reservado para espetáculos, criado para preencher a lacuna regional, gerada pelo público dos grandes shows e espetáculos musicais (de diversos gêneros) nacionais e internacionais, comporta 6 mil pessoas em seus 5 mil m² construídos e mais áreas livres, trabalhando a tipologia sunset, para desfrute do

público

dos

ambientes,

programação

musical,

paisagem

durante

as

apresentações dos artistas nacionais e internacionais. (FOLK, 2017).

Figura 47 – Fotos do espaço da Folk Valley.

Fonte: http://www.folkvalley.com.br/club.html

5.3.2.3 Club 88

51

A origem do nome, se dá no desmembramento da palavra inglesa “Folk-Lore”, que associa o significado à música gerada a partir do saber popular, rica em cultura; a palavra “Valley”, foi adicionada devido a implantação em meio ao vale de montanhas, favorecendo a formação de um cenário com paisagens compostas pela natureza, integrando de forma sustentável a estrutura ao local.


112

Figura 48 – Fachada do Jockey Club de Campinas/SP casa do Club 88. Fonte: http://club88.com.br/o-club/

O Club 88 (Figura 48), foi criado a partir de um conceito, em que o número 88 veio a carregar diversos significados52. O discurso, que deu força a esse contexto, promovia a liberdade e o hedonismo, o que criou paralelos com o movimento hippie, alavancando as raves e free parties53. O número oito54, embasou a ideia do universo de infinitas possibilidades, sonoridades e experiências da casa, que objetivou ampliar as perspectivas e horizontes dos ouvidos e mentes do público. E por fim, devido a herança do piano de cauda de 88 tecladas do Jockey Club, que se localizava na atual cabine de DJs, o número 88 passou a representa-lo e homenageá-lo; assim, os salões recebem noites históricas55, onde os melhores dos trabalhos são apresentados, dentro da visão de liberdade e vontade de promover as inovações e criatividades das manifestações artísticas. (CLUB 88, 2017).

5.3.2.4 Red Eventos

A Red Eventos (Figura 49), realiza shows e eventos a 17 anos, sendo um dos maiores complexos de entretenimento e negocio do interior do estado de São Paulo, com localização condiciona a facilidade para hotéis, aeroporto internacional próximo, helipontos e malha viária duplicada da Rod. Adhemar de Barros. O complexo de 52

Pois, em 1988 foi o marco do início do segundo Summer of Love, considerado o movimento mais marcante da cultura da música eletrônica. 53 Ações que mudaram a cultura jovem inglesa, europeia e o mundo. 54 É considerado símbolo de poder, infinito e do fluxo constante de renovação. 55 Recebendo os maiores artistas do país, como DJs consagrados, personalidades pop, autoridades da música negra, artistas urbanos, figuras da moda.


113

mais 450 mil m², proporciona a cenografia, a sonorização, a iluminação, a decoração e a segurança do espaço, que se divide em 4 ambientes principais56, comportando até 30 mil pessoas, com estacionamento de até 10 mil veículos. (RED EVENTOS, 2017).

Figura 49 - Fachada da Red Eventos.

Fonte: http://redeventos.com.br/sobre-a-red/

5.3.2.5 Parque de eventos CCA – Festa do Peão

O espaço de eventos do Clube de Cavaleiros de Americana (Figura 50), com área de mais de 200 mil m², é responsável por receber a Festa do Peão de Americana, e de mais eventos de grande porte e tipologia, em seu complexo, também se encontra o Americana Hall (espaço de eventos de 3.200 m², que recebe eventos sociais e corporativos de pequeno porte).

56

Hall e sala de apoio; Salão Norte; Pavilhão Red; e o Tatersal. Fonte: http://redeventos.com.br/sobre-a-red/


114

Figura 50 - Festa do Peão de Americana. Fonte: https://countryfestbrasil.files.wordpress.com/2010/05/aerea.jpg

5.3.2.6 FIDAM

Figura 51 – Fachada FIDAM.

Fonte: http://www.fidam.com.br/

A Feira Industrial de Americana – FIDAM57 (Figura 51), é um espaço, que recebe diversos eventos e atrações58; conta com uma área de 26.580 m², onde constam seus pavilhões, seu auditório, a sala de apoio, e etc., além de uma área de 15 mil m² para eventos externos, e estacionamento de até 800 veículos.

57 58

Começou a ser construída em 1967, no Palácio das Industrias, em conjunto com outras empresas e serviços. Eventos como exposições, corporativos, feiras, festas, shows, instalação de parques de diversão, e etc.


115

5.3.2.7 Expo Dom Pedro

A Expo Dom Pedro (Figura 52), iniciou suas atividades em 2014, com área de 13 mil m² construídos, se divide em dois, sendo o Centro de Convenções59 e o Pavilhão de Exposições60, para atender diversos tipos e portes de eventos61. Os eventos podem utilizar da soma das áreas, quando necessário, recebendo até 15 mil pessoas, dando liberdade cenográfica para os eventos. (EXPO, 2015).

Figura 52 – Expo Dom Pedro (espaço de eventos). Fonte: http://expodpedro.com.br/imagens/987544692.pdf

5.3.2.8 Campinas Hall

O espaço (Figura 53) conta com 20 mil m², estacionamento de 400 vagas, salões, palco, camarote, tendas, decks e jardins. A diversidade de ambientes, permite dimensionar segunda a necessidade do evento (médio à grande porte), atendendo a aniversários, formaturas, casamentos, bodas, feiras, exposições, comemorações, coquetéis e jantares. (CAMPINAS HALL, 2013).

59

Com 5 mil m², 7 salas de apoio moduláveis, 3 amplos foyers, cozinha industrial e camarins independentes, em um espaço que acomoda até 2 mil pessoas. 60 Com 7 mil m², ampla área de deposito, lanchonete, 3 docas para carga e descarga, cozinha de apoio, iluminação eletrônica. 61 Anexo ao complexo do shopping center (Parque Dom Pedro Shopping), ganha com isso, uma praça de alimentação diversificada, inúmeras lojas, serviços, entretenimento e 8 mil vagas de estacionamento.


116

Figura 53 – Foto externa da casa. Fonte: http://www.campinashall.com.br/#!/cpshall_galeria_exteriores

5.3.3 Espaços adaptados e/ou permanentes

Estes espaços analisados em Campinas, assim como os de mais espaços apontados no mapa de espaços eventos (Figura 05 – ver item 1.2.1), tem em sua característica predominante durante as propostas de eventos e atividades, a necessidade de adaptação temporária de acordo com cada evento de uma grande infraestrutura, para caracterizar o espaço para tal evento, outros locais apontados, porém, foram adaptados para uso permanente, dando novos usos a espaços antigos e/ou sem uso. Por isso, constatou-se que apenas o espaço da Laroc Club e da Folk Valley, localizados a margem da Rodovia e dentro do perímetro urbano de Valinhos, pertencendo assim a esta cidade, foram projetados para receber a tipologia dos eventos e shows específicos, de uso privado, mas promovendo eventos para os públicos de música eletrônica e espetáculos/shows musicais de diversos gêneros, tanto nacionais como internacionais, estabelecendo a programação como sunset clubs, dando início aos eventos no fim da tarde até o fim da noite. O espaço do Club 88, contudo foi introduzido e adaptado para uso dentro do Jockey Clube de Campinas, tornando-se a casa do Club e endereço fixo para eventos culturais e de música eletrônica, pop, música negra, além de se tornar reduto de artistas urbanos, figuras da moda, promovendo a integração do espaço e


117

cultura ali presenta. Contudo, os espaços da Red Eventos, Parque de eventos CCA e FIDAM, foram criados a partir da necessidade de algum evento em suas cidades, ou com a premissa de atender a demanda de eventos de grande porte da região, produzindo uma estrutura neutra, que se transforma conforme a necessidade e após a realização do evento proposto, volta a sua neutralidade e se mostra limpo dos adereços e cenografia, que ali se montou para tal realização de cunho temporário. O mesmo ocorre no espaço do pavilhão e do centro de convenções da Expo Dom Pedro, que foram moldados em seus grandes vazios, e ambientes híbridos, assim como ocorre no Anhembi em São Paulo, para dar grande flexibilidade de construção do evento dentro deste espaço, como também ocorreu nos diversos ambientes e espaços do Campinas Hall, que busca uma temática mais rustica e de casa, e propõe os eventos em todos os ambientes ao mesmo tempo, ou na divisão e usos simultâneos para diferentes tipologias. Todos os espaços relacionados a cima, compreendem grandes áreas em um único espaço ou em seu conjunto de ambientes, comportando tanto eventos de pequeno como médio e de grande porte, recebendo diversas tipologias, salvo os de cunho especifico citados acima e classificados como espaços em azul e que tem cunho privado e um conceito de evento. Por isso, estes espaços, contemplo uma atividade necessária, a do evento musical, cultural e pequenos festivais com maior ênfase no cunho privado em suas atividades e proposta em um âmbito mais regional e local.

5.4 Condicionantes Legais

A lei de uso e ocupação do solo de Campinas, de 1988, atualizada em 2011, consta que a área escolhida para o projeto do espaço de eventos e cultura com festivais, encontra-se no zoneamento municipal na zona 3 (Mapa 07) - zona estritamente

residencial,

destinada

aos

usos

habitacionais

unifamiliares

e

multifamiliares; o comércio, os serviços e as instituições de âmbito local serão permitidos com restrições quanto à localização. (PMC, 2011). Localizando-se no código cartográfico 326454970001, na macrozona 8, segundo a base de dados cartográficas do SEPLAN. No entanto, em 2015 com a nova gestão da prefeitura iniciou uma revisão da lei de uso e ocupação do solo (LUOS – Lei 6031/1998), com a participação aberta da população, que segue em andamento atualmente.


118

Mapa 07 – Detalhe do zoneamento (gleba na zona 3). Fonte:https://zoneamento.campinas.sp.gov.br/zoneamento.php?cod_cartografico=326454970001&UTM_E=2936 68&UTM_N=7468884

5.4.1 Revisão da Legislação

A proposta participativa da LUOS de 2015 (PMC, 2015), estabeleceu sistemas estruturadores a partir da análise da rede de mobilidade, do sistema de espaços livres, das paisagens culturais, das centralidades e do uso real do solo. Assim, como também, adequou as macrozonas, nas seguintes classificações: 1. Ambiental – áreas com meio ambiente natural e cultural preservado com fragmentos de mata, importantes bacias e recursos hídricos; 2. Rural – áreas com atividade econômica de natureza rural;


119

3. Urbana – áreas urbanas de preservação da urbanização consolidada e de transformação e; 4. Macrometropolitana

área

urbana

diretamente

influenciada

por

estruturas viárias e presença de atividades econômicas de abrangência macrometropolitana, nacional e internacional. O macrozoneamento proposto para Campinas, serviu de embasamento para os parâmetros da nova lei de uso e ocupação do solo, que abordam a densidade, forma ou ocupação, usos, e impactos urbanos e ambientais. Os novos parâmetros de densidade e de ocupação - a partir do/da: 1. Coeficiente de aproveitamento – CA; 2. Índice de fruição publica – IFP; 3. Altura máxima da edificação; 4. Índice urbanístico ambiental; 5. Índice de permeabilidade – IP; 6. Índice de retenção de escoamento superficial pluvial – I Ret. e; 7. Índice de arborização – I Arb. Classificou os usos do solo em 4 categorias, sendo elas: 1. Residencial – destinado exclusivamente à moradia unifamiliar ou multifamiliar (HU, HMH e HMV); 2. Não-residencial – destinado à uma ou mais das seguintes atividades: comercial, industrial, institucional e prestação de serviços (CSEI e IND – Horizontal e Vertical); 3. Misto – associa os usos residencial e não-residencial no mesmo lote ou edificação (HCSEI – Horizontal e Vertical); 4. Ambiental – destinados à conservação, preservação e/ou recuperação do ambiente natural. E os parâmetros de controle dos impactos urbanos e ambientais, que estudam a definição dos parâmetros para impactos sonoro, ambiental sobre o trafego de veículos, permitindo o enquadramento das atividades, conforme os níveis de classificação dos impactos: 1. Impacto não significativo – atividades totalmente compatíveis com o uso residencial, que apresentem nível de ruído máximo de 50 dB diurno e 45 dB noturno;


120

2. Baixo impacto – usos não residenciais compatíveis com o uso residencial, que apresentem nível de ruído máximo de 55 dB e 50 dB noturno; 3. Médio impacto – uso não residencial, cujo nível de impacto permite sua instalação nas proximidades do uso residencial, que apresentem nível de ruído máximo de 60 dB diurno e 55 dB noturno. 4. Alto impacto - uso não residencial, cujo nível de impacto restringe sua instalação em qualquer localização, que apresentem nível de ruído máximo de 65 dB diurno e 60 dB noturno. 5. Altíssimo impacto - uso industrial e correlatos, cujas atividades apresentam níveis de impacto e nocividade incompatíveis com o uso residencial, que apresentem nível de ruído máximo de 70 dB diurno e 60 dB noturno. As zonas de uso e ocupação, responsáveis por agrupar parâmetros urbanísticos de forma a construir diferentes densidades e combinações de uso, estas foram divididas em: 1. Zonas de uso: zona periurbana, zona residencial, zona mista, zona de centralidade e zona de atividade econômica, e; 2. Zonas especiais: zona de preservação ambiental e sistema de espaços livres, zona especial de interesse social e zona especial de preservação da paisagem cultural.

5.4.2 Novo Zoneamento

O zoneamento da região, se enquadra na macrozona macrometropolitana (Mapa 08), que tem o objetivo e função social, de promover a urbanização de caráter macrometropolitano, visando a qualidade urbanística vinculada ao desenvolvimento econômico, priorizando usos de escala macrometropolitana, tais como aqueles ligados ao desenvolvimento tecnológico, pesquisa, educação, serviços, logísticas, atacadista e industrial, promovendo a regularização fundiária. (LUOS, 2015).


121

Mapa 08 – Macrozonas estabelecidas na revisão da LUOS de 2015. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/luos/propostas_luos_em_debate.pdf

5.3.3 Novo Uso e Ocupação do Solo

O novo zoneamento, se adequou a Zona de Atividade Econômica 1 – ZAE 1 (Mapa 09), que tem como objetivos, reconhecer/promover áreas para usos industriais, logística e prestação de serviços industriais de baixo, médio e alto impactos; e aqueles ligados à ciência, tecnologia e informação. Estabeleceu então, a densidade e uso, sendo o coeficiente de aproveitamento de 1,5, permitindo os usos industriais e correlatos de baixo, médio e alto impacto. As tipologias de atividades previstas foram as CSEI (comercio, serviço, institucional, industrial) e IN (industrial). Exigindo o índice permeabilidade para macrozonas urbanas e macrometropolitanas (nas áreas não parceladas até 2015) menores que 5 mil m² de 20% e maiores que 5 mil m² de 30%; e índices de arborização das macrozonas urbanas e macrometropolitanas (nas áreas não parceladas até 2015) de áreas menores que 5


122

mil m² de 20% e maiores que 5 mil m² de 30%; e não exige espaço de fruição pública nessas zonas. (PMC, 2015).

Mapa 09 – Zonas de Atividade Econômica – ZAE Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/luos/propostas_luos_em_debate.pdf


123


INTERVENÇÃO ESTUDOS


125


126

6 ÁREA DE INTERVENÇÃO

6.1 Área do projeto

A área do projeto escolhida, assim como referenciada no item 1.2.2, foi realizada após os levantamentos e analises dos espaços dos festivais realizados no país (ver item 5), assim como nos espaços de eventos da região (ver item 5.3), que tem potencial para atuar na temática de eventos e festivais deste trabalho.

Mapa 10 – Gleba do projeto (espaço de eventos com festivais) Fonte: Google Maps – edição do autor (sem escala)

Assim, a área de aproximadamente 700 mil m², foi escolhida para comportar o espaço de eventos, assim como o restante da área, para abrigar os eventos e festivais na área externa, com estacionamentos, portarias e área de acampamentos


127

e acessos, que facilita-se a melhor mobilidade do local, não prejudicando os fluxos gerais da região.

6.2 Estudo da malha viária

Assim, como já previsto anteriormente, o local escolhido, foi condicionado pela malha viária que auxiliava em sua dinâmica de mobilidade e fluxo durante os eventos, assim, foi realizado uma análise para sua implantação.

6.2.1 Acessos, fluxos e circulação

Mapa 11 – Mobilidade e acessos Fonte: Google Maps – edição do autor (sem escala)

Os acessos e fluxos, ocorrem por dois caminhos, que darão acesso ao evento, e nortearam o fluxo (Mapa 11), por isso, há possibilidade de quem sai da cidade de Campinas para se dirigir ao evento de acessar pela Av. Mackenzie, que dá acesso a Av. Isaura Roque Queirós, sentido distrito de Sousas e pela avenida Av.


128

Carlos Grimaldi, que dá acesso a Estrada da Roseira. Ambos acessos, tem em seu “nó”, trevos, advindo da Rodovia Dom Pedro I, que acompanha em paralelo a gleba. Assim, todos que estiverem na Av. Mackenzie ou Carlos Grimaldi e Rodovia, serão condicionados ao trevo, para acessar os dois caminhos. Vale ressaltar que a Rodovia Dom Pedro I, atualmente conta, além de suas pistas centrais principais, com marginais em ambos os lados, e exclusivamente ao lado da gleba sentido interior, do trevo da Av. Mackenzie até o trevo da Av. Carlos Grimaldi, com uma 3ª pista, que liga independentemente um trevo ao outro, sem a necessidade de acesso a marginal ou pista central. Por isso, a condicionante de dois acessos, auxiliam na dinâmica do evento, podendo se condicionar a eventos de pequeno porte a médio pelo acesso na Estrada da Roseira, até a portaria, assim como, será condicionado durante grandes eventos, de médio a grande porte – como é em grande parte a maioria dos festivais, e serão algumas das propostas para o espaço –, através da Av. Isaura Roque Queirós, sendo contornado e acessado na portaria, com percurso maior, a fim de não gerar problemáticas ao fluxo principal e secundário da rodovia.

6.3 Estudo de conforto

6.3.1 Térmico e Acústico

Devido a sua localização, os ventos, predominantes se mostram presentes em maior escala e força, ao sudeste (Figura 54), como relatado no item 1.1.3, assim, para evitar, que o clima seja extremamente seco e frio nos meses mais amenos, ou extremamente seco em outubro como constatado em análise bioclimática pelo software ZBBR62 e Projeto EEE63 (Figura 55), será proposto espaços de sombreamento, captação de luz solar e coleta de água, assim como fontes para o refrescamento e umidificação do ar, na gleba, onde se encontra os ambientes que receberão os palcos do festival e suas instalações.

62

Zoneamento Bioclimático do Brasil – UFSCar, que gera classificação bioclimática das sedes dos municípios brasileiros e diretrizes construtivas. Fonte: http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/zbbr 63 Criado pela UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, que gera dados climáticos, estratégias bioclimáticas, componentes construtivos e equipamentos adequados em análises por tabela, gráficos, etc. Fonte: http://projeteee.ufsc.br/


129

Figura 54 – Rosa dos ventos Fonte: projeto EEE (cidade de Campinas) – edição do autor.

Figura 55 – Carta Psicométrica e ZBBR de Campinas. Fonte: Produção do autor pelo software Climate Consult 6.0 e software ZBBR

Assim, ao depararmos com a condicionantes das ocorrências do eventos, nota-se necessário, o condicionamento do som dos palcos e do espaço de eventos, onde a sudeste, além da quebra dos ventos predominantes, por uma barreira de pinheiros e vegetação, presente nas APPs, o som deve ser direcionado no sentido da continuidade das APPs (Mapa 12), uma vez, que não se encontra estabelecidas nessa direção a nordeste, edificações e construções, não dando a possibilidade de problemas, assim, como seria feito por instrumento legal e técnico o Estudo de Impacto de Vizinhança, para a implementação do projeto.


130

Contudo, será proposto para proporcionar melhor conforto acústico, uma barreira acústica em paralelo a Rodovia Dom Pedro I, afim de proteger e a malha da cidade urbana, e bairros próximos da rodovia a oeste da gleba do projeto.

Mapa 12 – Estudo de conforto acústico e térmico Fonte: Google Maps – edição do autor. (sem escala)

6.3.1.1 Barreira acústica

A barreia acústica (Figura 56), será um bloqueio em paralelo da Rodovia Dom Pedro I, iniciando do ambiente rearborizado, ganhando volume e altura conforme se aproxima do espaço de eventos denominado Neuron; sua estrutura recobre o acesso de serviços e caminho para os backstages dos pontos de palcos dá área externa dos festivais.

Figura 56 – Barreira acústica vista superior e frontal Fonte: Produção do autor (sem escala)


131

A estrutura é formada por uma malha estrutural, com largura de 1,50 m para se tornar uma estrutura autoportante, podendo se sustentar, tornando-se uma barreira robusta, com altura inicial de 4,50 metros, atingindo em maiores dimensões aproximadamente 16 metros, no trecho atrás da área dos palcos, subindo 10 metros no taludo que segue paralelo ao do edifício Neuron, tendo um trecho de aproximadamente 9,40 metros de altura, que se inclina sobre os acesso de serviços, entre 30 a 50 metros de extensão.

6.4 Setorização dos espaços

Ao se constatar tantas premissas e condicionantes de entorno, com os estudos e análises realizadas, foi possível, desenvolver o estudo e setorização (Mapa 13) e posicionamento dos espaços a serem instalados cada elemento do espaço de eventos e suas necessidades do complexo, como área de implantação, setores de palcos dos festivais e eventos, área de público e instalação dos parques, ambientes de diversão e alimentação, além dos espaços de sombreamento, aproveitamento de luz solar e coleta de água de chuva, assim como áreas de estacionamentos, acampamento, barreira acústica, arborização, e áreas suscetíveis para ampliação futura da gleba e espaço de eventos.

Mapa 13 - Setorização da gleba Fonte: Google Maps – edição do autor (sem escala)


132

A partir da setorização, onde foram previstas o local do espaço de eventos, assim como a barreira acústica, devido ao espaço em si, como os pontos de palco, suas áreas de serviços e estacionamentos, além de pontos de propostas de fechamento e recuperação da vegetação, foi possível passar a desenvolver o projeto do espaço de eventos e seu complexo com os programas de necessidades e suas áreas para atender a proposta.


133


REFERÊNCIAS PROJETOS


135


136

7 REFERÊNCIAS DE ESPAÇOS E PROJETOS

Os projetos a seguir, se tornaram referencias em suas condicionantes, resoluções e propostas, em sua estética, forma, conceito, tendo estes como norteadores, de projeto e das possibilidades de flexibilidade do espaço, assim como suas estruturas e sistemas, ampliando as possibilidades de criação e integração da proposta do espaço de eventos.

7.1 The Shed (NY, EUA)

Figura 57 – Vista noroeste do centro cultural The Shed na 30th Street. Fonte: http://theshed.org/

The Shed (Figura 57 e 58), o centro cultural conversível (galpão cultural telescópio) como ficou conhecido, localizado em New York, adjacente ao High Line Park, na West 30th Street, foi desenvolvido por Diller Scofidio + Renfro64 com colaboração de Rockwell Group65, dentro do projeto “New York‟s Hudson Yards Development Project”. Sendo aprovado em 2004 com uma proposta menor de 9.300 64

Diller Scofidio + Renfro é um estúdio de design interdisciplinar que integra arquitetura, artes visuais e artes cênicas. Localizado em New York (EUA), liderado por 4 sócios (Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio, Charles Renfro e o mais rescente Benjamin Gilmartin), trabalhando com uma equipe de arquitetos, artistas e administradores. Fonte: http://www.dsrny.com/projects/info 65 Rockwell Group, é uma empresa de arquitetura e design, fundada em 1984 por David Rockwell, com sede localizada em Nova York (EUA) e escritórios em Madri (ESP) e Xangai (CHN), busca enfatizar a inovação e a liderança de pensamento. Fonte: https://www.linkedin.com/company-beta/20589/


137

m², em relação a atual em construção, contendo em seus arredores espaços públicos. (RACKARD, 2013). O conceito do galpão, surgiu a partir da compreensão, de que: [...] muitos dos grupos culturais de Nova York não possuem um imóvel para abrigar grandes públicos, nem possuem os meios para expandir qualquer local existente. Consequentemente, a cidade está propensa a perder estes grupos devido à falta de espaços para exposições disponíveis. Para remediar esta situação, o Galpão Cultura será um Kunsthalle, um espaço cultural sem exposições permanentes. Com isso, proporcionará uma casa para exposições temporárias, feiras e concertos, como a anual Semana de Moda de Nova York, que atualmente ocorre em tendas pop-up. (ROCKARD, 2013, grifo do autor).

Segundo o escritório Diller Scofidio e Renfro (2016), o espaço de 200.000 m², foi “projetado para acomodar fisicamente e operacionalmente a grande gama de desempenho de arte visual e trabalhos multidisciplinares”. Buscando comissionar, programar e apresentar trabalhos inovadores de todo o mundo, através das artes e indústrias criativas66. (DSRNY, 2016).

Figura 58 – Espaço cultural The Shed, proposta do uso. Fonte: http://theshed.dsrny.com/

66

Incluindo cinema, moda, vídeo, artes cênicas, culinárias, música e publicações.


138

Em sua estrutura, conta com 6 níveis e o involucro (cobertura de vidro) conversível67, que se projeta sobre a praça, gerando um espaço de 20.000 m² com variedades infinitas de usos (Figura 59). Contemplado com 2 galerias flexíveis, 1 teatro de 500 lugares, espaço de evento, espaço de ensaio, laboratório de criação, com terraço equipado com café e espaço de exposição adicional. (DSRNY, 2016).

Figura 59 – Esquema do espaço cultural The Shed alinhado e expandido sobre a praça. Fonte: http://theshed.org/

A versatilidade do espaço cultural68, buscou atendeu as necessidades e diversidades da região e cidade. A possibilidade de se configurar diversos palcos, de várias formas, tamanhos e também em seus posicionamentos, auxilia em atender sua gama de eventos, independente da tipologia e uso. Os painéis, e fechamentos automatizados, por serem moveis em alguns níveis pontuais, dão essa possibilidade, ao se tornarem novas aberturas, além de possibilidades do uso do grande pé-direito gerado ao expandir a estrutura “conversível”. Os espaços de convívio, não se restringem apenas a implantação do projeto edificado, mas a sua condicionante do espaço público para o ambiente, se mantem integrando tanto em seu momento aberto, quanto no fechado (durante eventos específicos) mesmo enquanto ampliado sobre a praça. Além disso, enquanto a estrutura está alinhada ao edifício, proporciona uma possibilidade de uso externo da fachada, durante shows que necessitam de mais espaço, assim como quando expandida em seu interior, não restringindo apenas ao espaço físico interno para acomodar todos os eventos, que poderia não ser viáveis, dentro das dimensões de cada nível. Por isso, não é um projeto meramente estético, que desperta curiosidade por sua movimentação, mas

67

Capaz de expandir e contrair rolando a estrutura sobre trilhos, através da adaptação do sistema de construção convencionais de pórticos. Fornecendo a praça pública quando alinhado, e um grande espaço multiuso quando expandido, com som e temperatura controlada e fornecendo luz natural. (DSRNY, 2016). 68 Ver animação do projeto em: <https://vimeo.com/174245694>. (Título: Shed Fly Through Animation).


139

sua funcionalidade e resolução em relação as necessidades, que dá diversas possibilidades de uso e configurações, chamam a atenção e dão o diferencial necessário, para reafirmar o potencial e qualidade do projeto.

7.2 Pavilhão da Itália (Milão, Itália)

Figura 60 – Pavilhão Itália na Expo Milão 2015 Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/767186/expo-milao-2015-pavilhao-da-italia-nemesi

O Pavilhão da Itália (Figura 60), do escritório Nemesi69 é o projeto de um concurso internacional de arquitetura, para a Expo Milão 2015 (Expo 2015 SpA), que ocupa o edifício permanente do Palazzo Italia e é complementado com algumas edificações temporárias ao longo do eixo Cardo. O espaço, inclui espaços de exposição, um auditório, espaços para delegações, escritórios, espaços para eventos, áreas de encontro e um restaurante. Sendo projetado contemplando questões de sustentabilidade. (ARCHDAILY BRASIL, 2015). Segundo o escritório Nemesi, o estalo de desenvolvimento do projeto foi “o conceito de coesão no qual a força de atração redescobre um sentido de comunidade e pertencimento. [Onde] a praça interna representa a energia da comunidade”. (ARCHDAILY BRASIL, 2015).

69

O Nemesis e Partners SRL, fundado em 1997 por Michele Molè, liderada por ela e Susanna Tradati desde 2008, é um estúdio de arquitetura e design urbano, que fica no distrito de Pietralata em Roma, que opera em diferentes escalas de projeto. Fonte: http://www.nemesistudio.it/it/2014-11-26-09-46-35/profilo.html


140

Figura 61 – Praça interna do pavilhão. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/767186/expo-milao-2015-pavilhao-da-italia-nemesi

Este espaço, “coração simbólico do complexo” (Figura 61), se torna o ponto de início do tour de exposição, dentro dos quatro volumes que compõem o Palazzo Italia. O edifício concebido pelo Nemesi, se baseia na ideia de uma “floresta urbana” com seu envelope externo (Figura 62), utilizando de uma textura geométrica de sobreposição aleatória de galhos de árvores de um bosque. (ARCHDAILY BRASIL, 2015).

Figura 62 – Textura dos galhos de árvores no interior e na fachada Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/767186/expo-milao-2015-pavilhao-da-italia-nemesi

A configuração do espaço, se dá para o público, ou seja, a proposição arquitetonica em sua funcionalidade e conceito, é desenvolvida a partir da atenção “a quem vai usar e qual é a intenção do espaços criados”. Assim, os sentidos de comunidade, pertencimento do local, onde os visitantes fazem o valor do espaço, configura a dinamica do espaço, tanto no uso da praça interna, como nos espaços


141

de exposição, auditório, espaço de eventos, áreas de encontro, e etc., que foram voltados para o usuário, que pode e deve, se apropriar do espaço e assim como dito pelo Nemesi, sentir o aspecto do pertencimento do espaço, e união como uma comunidade. Em seu ambito estético, a natureza em suas faces de outono no inverno europeu, refletem em grande parte, além das estruturas dos galhos das árvores, as conexões e sensação de conjunto, que era desejo de ser dado ao espaço, uma vez que o ponto de encontro e convivio, sempre se faz presente em baixo de uma sombra de árvore, e do mesmo modo, atrela os conceituais do encontro e conforto, presente na natureza.

7.3 Centre Pompidou-Metz (Metz, França)

Figura 63 – Fachada do Centre Pompidou-Metz na França Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/617797/centre-pompidou-metz-slash-shigeru-ban-architects

O Centre Pompidou-Metz (Figura 63), do escritório Shigeru Ban Architects70 e Jean Gastines Architectes71, com Philip Gumuchdjian Architects72, localizado em

70

Escritório localizado em Tóquio no Japão, fundado em 1895. Onde as obras de Shigeru Ban, são caracterizadas pela liberdade e inovação.


142

Metz na França, foi construido após um concurso internacional para a escolha do projeto, realizado por Jean-Marie Rausch, prefeito de Metz e Presidente da Comunidade Urbana da Grande Metz. (CPM, 2017). Segundo o arquiteto Shigeru Ban (ARCHDAILY BRASIL, 2014), o primeiro pensamento “ao começar o desenho foi sobre os fenômenos recentes relativos aos museus de arte de todo o mundo. [...] A estratégia foi criar uma arquitetura escultórica em uma cidade internacionalmente desconhecida para restaurar o turismo, [...]”. Criando um conceito de design que considera-se a facil visualização e exposição da arte, deixando uma impressão profunda aos visitantes. Onde foram desenvolvidos volumes simples, com circulação clara; dispostos em 3 dimensões, simplificando a relação funcional entre eles (Figura 64). Em seu principal objetivo, era aumentar a capacidade de receber e exibir obras para o público, sendo gerada uma cobertura de 18 metros de pé-direito. Estabelecendo a continuação conceitual com a cidade, as grandes janelas das galerias-tubo se voltam para pontos turisticos. (ARCHDAILY BRASIL, 2014).

Figura 64 – Fachadas externas diurna e noturna Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/617797/centre-pompidou-metz-slash-shigeru-ban-architects

A estruta da cobertura de madeira, em forma de hexágono, sobrepõe todos os volumes, unificando o edificio (Figura 65). Esse padrão foi composto por hexágonos e triângulos equiláteros, apenas 4 elementos de madeira nunca se cruzam, assim as intersecções não utilizam articulações mecânicas de metal, sobrepondo cada membro entre si, como cestos de bambu. (ARCHDAILY BRASIL, 2014). 71

Escritório localizado em Paris na França, fundado em 1985, se associando com Shigeru Ban desde 2000 em todos os projetos que desenvolve na Europa. 72 Escritório localizado em Londres na Inglaterra, fundado em 1998, colaborando informalmente a mais de 10 anos com Shigeru Ban.


143

Figura 65 – Estrutura da cobertura vista do interior do Centre Pompidou-Metz Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/617797/centre-pompidou-metz-slash-shigeru-ban-architects

O espaço busca reenquadrar a cidade em uma dinâmica economica do turismo, criando um espaço em que os conceitos de arte e marcos da cidade são evidenciados pelo direcionamento dos volumes internos de exposição para tais marcos, atrelando o espaço externo com o interno, assim como ocorre no centro do museu e por toda a sua cobertura, que se integram ao parque circundante, se tornando um espaço de encontro, convidando os usuários a desfrutar das obras e dos espaço conforme adentrarem no local. O espaço que busca uma facil visualização e exposição das artes, também propõe deixar arquitetonicamente uma impressão há quem o visita, assim, sua marcante estrutura da cobertura em madeira, advém das malhas que formam os cestos e chapéus asiaticos, em que sua trama é auto portante, dando grande rigidez e sustentação a sua forma, por vezes menos linear. Em sua forma, é facilmente percebivel o padrão de triângulos e hexágonos, responsáveis por auxiliar na rigidez da estrutura, que em sua planta baixa, se mostra um perfeito hexagano, contudo, seu volume está movimentado no terceiro plano, dando a forma menos linear vislumbrada em planta. A cobertura, por sua vez, poderia ser de qualquer metal, mas a madeira em sua estrutura (não a torna menos resistente), proporciona maior flexibilidade em relação a sua forma complexa, recebendo uma casca que lhe proporciona o fechamento da malha estrutural e acabamento em seu volume.


PROPOSTA VISÃO . MISSÃO . CONCEITO . PARTIDO PROGRAMA . PROJETO


145


146

8 PROPOSTA DO ESPAÇOS DE EVENTOS

8.1 Visão e missão do espaço

Visão: proporcionar vivências, que juntas caracterizem experiências no espaço. Missão: despertar e potencializar a criatividade de quem se propõem a vivenciar o espaço e criar experiências.

8.2 Conceito e Partido

O homem é um ser social, que necessita de espaços de interação e socialização73 (FRANCA, 1954). O espaço deve proporcionar liberdade de expressão, criatividade, experiências sensoriais e conectividade com o entorno e seus usuários. A identificação do usuário com o espaço, ocorre por meio de referências do espaço e por sua integração, estes permitem o reconhecimento da ambiência, que desbloqueia seus potencias criativos; possibilitando que os sonhos destes usuários em seu estado lúdico/fantasioso, transcendam sua criatividade no espaço. Partindo dessa ideia, do homem e sua natureza criativa, nos deparamos com as tramas e malhas, (formuladoras de encontro em um espaço), assim, como também as malhas naturais, que existem em todos os elementos de criação e vida na natureza, em suas formas e sistemas, mesmo que tecnológica, estando presentes, desde o sistema neurológico74, no desenvolvimento das árvores, em seus ramos e galhos, no sistema de caminhos e ambientes de encontro em um formigueiro; assim como em redes e seus pontos de intersecção (nós), teias de aranhas75, nos ninhos de pássaros, que pelo encaixe de pequenos galhos, formam a estrutura principal. Cada vivência e descoberta dos espaços, que ocorre, são potencializadas pelos caminhos, responsáveis por conduzir os usuários, mesmo que em suas 73

Segundo Leonel E. S. Franca (sacerdote católico) em sua obra, A formação da personalidade de 1954, “o homem é social, essencialmente social; viver em contato com seus semelhantes não é para ele uma simples contingência, é a condição mesma de sua existência, desenvolvimento, atividade e progresso”. 74 Onde os neurônios se ligam aos outros pelos caminhos chamados de axônio. 75 Que parte de um centro, ampliando inúmeras vezes seu diâmetro.


147

variadas ramificações, para os próximos eventos, onde ocorrem trocas e encontros. Esses espaços e caminhos, formam o conjunto da trama, que conecta todos, em um único sistema, e busca despertar/potencializar sua imaginação, a fim de expor sua criatividade ao interagir com os espaços. Assim, criando experiências para os usuários.

8.3 Programa de necessidades

O programa contempla em sua disposição os núcleos com seus respectivos espaços e divisões em ambientes com suas repetições, assim como as áreas em metros quadrados (m²), a capacidade de lotação por ambiente – utilizando de uma a grande dimensão por pessoa para maior segurança, conforto e liberdade de vazão para saída em caso de emergência.

8.3.1 Espaço


148

Tabela 06 – Programa de necessidades do auditório Fonte: Produção do autor

Tabela 07 – Programa de necessidades do espaço de eventos gerais Fonte: Produção do autor


149

Tabela 08 – Programa de necessidades da discoteca Fonte: Produção do autor

8.3.2 Setor de Serviços e Suporte


150

Tabela 09 – Programa de necessidades da gerência Fonte: Produção do autor

Tabela 10 – Programa de necessidades da praça de alimentação Fonte: Produção do autor


151

, Tabela 11 – Programa de necessidades do ambulatório e camarins gerais Fonte: Produção do autor

Tabela 12 – Programa de necessidades dos sanitários gerais Fonte: Produção do autor


152

8.3.3 Áreas externas

Tabela 13 – Programa de necessidades dos espaços externos Fonte: Produção do autor

Assim, com esse programa de necessidades e implantação (ver item 8.4), foi possível chegar a uma estimativa de capacidade máxima, utilizando de valores de dimensionamento de área por pessoa, que variam entre 0,70 m² a 1,00 m² ou mais, para que haja maior aproveitamento do espaço, mas não ocorra excessos, onde de acordo com cada dinâmica de evento, o espaço poderá atingir uma carga mínima, média e em casos exclusivos a máxima de público (Tabela 14).


153

Nesse levantamento, não foram considerados a capacidade dos ambientes com a quantidade de funcionários do espaço e terceirizados, assim como, os prestadores de serviços e contratados temporários, dado a imprevisibilidade desse parâmetro pela diversidade de eventos, sendo um fator determinado pelo agente promotor e organização do evento de acordo com seu porte e estrutura requerida.

Tabela 14 – Capacidade máxima de público no projeto. Fonte: Produção do autor

8.4 A implantação Chegando ao resultado final (Figura 66), com mais itens propostos, além dos mencionados acima, foram previstos pontos com tendas médicas e tendas para áreas vips dos palcos dos festivais, assim como a proposta de uma rampa de experiência, inicial, que começa a despertar no usuário a vivência que o espaço propõe, a fim de fomentar as experiências.


154

Figura 66 – Implantação do Espaço de Eventos e Festivais (ambientes) Fonte: Produção do autor (sem escala)

Assim, temos o item 01. Espaço de eventos (Neuron), 02. Área dos festivais, 03. Pontos de palcos, 04. Áreas de sombreamento e pontos de alimentação, 05. Pontos médicos, 06. Setores Vips, 07. Estacionamentos de serviços e público do espaço e festivais, 08. Área de acampamento, 09. Portarias de acesso ao estacionamento e portais de acesso a rampa para o espaço de eventos e festivais, e do acampamento, 10. Área de arborização, 11. Áreas de expansão futura.


155

Figura 67 – Acesso portaria dos estacionamentos e portal principal Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 68 – Vista aérea do complexo 01 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Ao acessar a portaria dos estacionamentos e posteriormente chegar aos portais do espaço de eventos e festivais (Figura 67 e 68), os usuários são condicionados a passarem pela rampa de experiência (Figura 69 e 70), que por sua vez irá ao adentrar nos corredores fechados e grandes piers abertos – que podem receber pequenas exposições, amostras, entre outras ocorrências de usos (Figura 71), visualiza um sistema de LED, além das perfurações laterais, para gerar uma iluminação temática (Figura 72), que deverá se modificar conforme um padrão de número de usuários que passarem pelo acesso e estiverem presentes no complexo,


156

se alternando em cores, variando em progressão aritmética de 5 mil a 25 mil pessoas durante eventos; e entre 50 mil a 250 mil durante festivais.

Figura 69 – Rampa da experiência de acesso ao complexo Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 70 – Esquema da estrutura da rampa de experiência Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 71 – Vista do pier na rampa Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 72 – Sistema de luzes temáticas e quantitativos de usuários. Fonte: Produção do autor (sem escala)


157

A área dos festivais, dado a sua dimensão e variedade de palcos (Figura 73), conta com um sistema de postes de luz e som (Figura 74), que são responsáveis por auxiliar na criação da atmosfera lúdica do espaço durante a noite com suas formas de iluminação em LEED, que pode variar e ser automatizada.

Figura 73 – Vista aérea do complexo 02 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 74 – Poste de luz e som da área dos festivais. Fonte: Produção do autor (sem escala)

A área de festivais conta com inúmeras fontes/espelhos d‟água para refrescar o ambiente da área do público dos palcos, assim, como manter a umidade em meses mais secos (Figura 75 a 77).


158

Figura 75 – Vista aérea do complexo 03 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 76 – Vista aérea do complexo 04 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 77 – Vista aérea do complexo 05 Fonte: Produção do autor (sem escala)


159

Os palcos ganhara 3 pontos de montagem para palcos principais (Figura 78 a 82), variando sua forma e dimensão conforme o evento, sendo o som direcionado para as APPs como planejado. Nos casos de maior necessidade de palcos, atrações e ambientes, pode-se gerar mais um ponto de palco principal com a estrutura do espaço de eventos fixo (Figura 00), além da possiblidade de outros palcos menores espalhados pela área de festivais, assim como brinquedos e equipamentos de diversão na área de sombreamento.

Figura 78 – Pontos de Palcos Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 79 – Ponto de Palco 01 Fonte: Produção do autor (sem escala)


160

Figura 80 – Ponto de Palco 01 (vista do palco para o público) Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 81 – Ponto de Palco 02 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 82 – Possibilidade de 4º Ponto de Palco Fonte: Produção do autor (sem escala)


161

Assim, ao prever meses mais chuvosos, e um calçamento para melhor tráfego de público (em dias de festivais e eventos externos), foi implementado o piso drenante da Braston76.

Figura 83 – Placa cimentícia permeável da Braston (Megadrenante – Granili) Fonte: http://braston.com.br/produtos/megadreno/#modelo

O piso da linha Megadreno77, no modelo Granili, tem acabamento Fulgê Leve, sendo da categoria Bronze e na cor Platina, com granilhas expostas78 e dimensão de suas placas em 77x77x10cm (Figura 83), devem ser aplicadas sobre o solo, dispensando o uso do contrapiso, pois são placas cimentícias permeáveis, com centenas de pequenas aberturas, permitindo a passagem de 3 litros de água pelo piso até alcançar o solo em aproximadamente 5 segundos.

8.5 O projeto (Neuron)

Os croquis iniciais (Figura 84), compõem as vistas sul e leste das fachadas, a que não tem uma face chapada especifica, para delimitar lados de fachadas. Auxiliando no desenvolvimento da disposição dos ambientes, além das primeiras ideias, com alturas e as formas do espaço. 76

Braston – Pisos personalizados, com matriz em Campinas/SP, e mais de 50 anos no mercado, fabrica pisos com base cimentícia, sendo a primeira a desenvolver placas de concreto permeáveis (Megadreno), participa ativamente do desenvolvimento da norma para Pavimentos Permeáveis de Concreto (CE-18 ABCP). Fonte: http://braston.com.br/a-empresa/ 77 Fonte: http://braston.com.br/produtos/megadreno/#modelo 78 Composição: fabricados à base de cimento, pedras, fibra de coco, aditivos plastificantes e aglomerantes. Desempenho: Drena aproximadamente 1 litro de água por segundo. Suportar até o tráfego intenso de caminhões pesados, além de pedestres e veículos, com tamanho da granilha de 00 a 20 mm. Fonte: https://www.aecweb.com.br/prod/e/piso-drenante-braston_6479_32995


162

Figura 84 – Croquis de desenvolvimento da forma e ambientes. Fonte: Produção do autor (sem escala)

Após conceber o volume, o espaço ganhou aberturas (perfurações) no fechamento em chapas de ACM79, para uma ambiência interna, além de iluminação e estética (Figura 85).

79

O ACM (Material de Alumínio Composto, no inglês, Aluminum Composite Material), é um tipo de revestimento em alumínio de alta resistência, com núcleo de polietileno entre duas lâminas de alumínio sob tensão, variando a espessura, métodos de acabamento e pintura de acordo com o projeto; sendo leves, mas resistentes e principalmente maleáveis, podendo ter as chapas moldadas em diferentes e inúmeras formas. Fonte: http://www.francaplacas.com.br/noticias/acm-o-que-e-para-que-serve-e-indicacoes-de-uso-nacomunicacao-visual-41.html


163

Figura 85 – Diagrama de perfuração da malha (casca), criação de ambiência interna. Fonte: Produção do autor (sem escala)

Desenvolvendo essas aberturas de forma não totalmente alinhada a malha de desenho de 30x30 metros. Em que a estrutura de aço inoxidável, que forma a malha estrutural autoportante de 60x60 cm de espessura, se torna aparente nas fachadas não definidas, que ganham fechamento em policarbonato80 compacto anti-abrasiva81 cristal de 6mm de espessura, 2050mm de largura e 3000mm de comprimento e peso de 7,2 kg/m² e redução de som em 29 dB, acompanhando a curvatura da malha perfurada, afim de gerar internamente a iluminação natural temática desejada nos núcleos e espaço central. Os painéis de alumínio composto (ACM), tem característica resistente ao fogo (FR – Fire Retardant), da Alucomaxx (Figura 86); com painéis de espessura de 4 mm e largura de 1250 a 1500mm, formada pela camada de pintura Nano-PVDF82 sobre o alumínio de alta resistência, e por composto retardante à chama não halogêneo de resinas poliolefinicas e carga inorgânica; tendo perda na transmissão de som (bloqueio) de 26 dB, resistência térmica de 0,0103 m²K/W e coeficiente de transmissão de calor de 5,54 W/m²K, resistindo a temperaturas de – 75 a +85 °C graus. 80

Da Polysolution – soluções sustentáveis em policarbonato, empresa especializada em distribuição de policarbonato, sistema e seus derivados. Fonte: http://www.polysolution.com.br/ 81 Proteção especial contra riscos. 82 Resina Nano-PVDF (Fluoreto de Polivinilideno), conhecido como Kynar, conta com sistema autolimpante (Nanotecnologia e Effect Lótus), em que são acrescidos NANO pigmentos em sua composição (0,001 micron – 0,03 micron). Fonte: http://www.alucomaxx.com.br/downloads/


164

Figura 86 – Estrutura do Painel FR (Fire Retardant) Fonte: http://www.alucomaxx.com.br/downloads/

Os acessos (Figura 87), serão delimitados para uso do público e das atrações 3 pontos principais, voltados ao estacionamento de serviço, rampa e escadaria e para a área dos festivais. Em momentos de emergência, as fugas do recinto ganham a disponibilidade do uso das demais saídas de ambas opostas aos acessos principais, tendo o ganho de 5 sentidos de saída de emergência do local, em que todas as aberturas contemplam portas giratórias para o lado externo, em 2 conjuntos de aberturas, que podem variar de 8 metros a 4 metros de aberturas.

Figura 87 – Diagrama e indicação de acessos e saídas principais. Fonte: Produção do autor (sem escala)


165

A malha estrutural, citada anteriormente, terá engastamento também nas lajes alveolares protendidas de módulos de 2400m por 6 metros (Figura 88). As lajes alveolares protendidas a serem aplicadas nesse edifício de grandes dimensões, serão desenvolvidas pela Nordimplianti Concrete Experienceão produzidas pela Extrusora Evo e240, ou seja, por sistema de extrusão.

Figura 88 – Lage alveolar protendida 2400mm Fonte: http://www.nordimpianti.com/Elementos-de-Concreto/Lajes-Alveolares

As lajes escolhidas estão dispostas em 2 alturas de acordo com os ambientes (pavimento superior geral; 1º pavimento e mezanino da discoteca). Assim, a discoteca, que denota alturas diversas as alturas gerais do restante do espaço de eventos, em seu 1º pavimento e no mezanino irá receber as lajes de 320mm, que suporta até 916 Kg/m; o restante do edifício em seu pavimento superior irá receber as lajes de 400mm, que suporta até 1037 Kg/m. Sendo sustentadas por uma segunda malha de vigas em I laminadas em padrão europeu (Tabela 00 e Figura 89), pela bitola W 410 x 67,0 no caso da laje de 400mm e pela caso da laje de 320mm.

W 250 x 89,0 no


166

Tabela 15 – Dimensão das vigas de perfil I laminadas Fonte: http://www.estreladosmetais.com.br/arquivo/ferroso/dados/viga_i_u/viga.php

Figura 89 – Esquema de dimensões da viga Fonte: http://www.estreladosmetais.com.br/arquivo/ferroso/dados/viga_i_u/viga.php

O fechamento dessa estrutura com lajes alveolares e uma segunda malha de vigas formando nervuras, será por meio de Forro Drywall Corta Fogo (Figura 90) padrão Gypsum, que são formadas por 2 chapas de resistência a fogo 83 (RF), fixadas em ambos os lados por estruturas metálicas, sendo presos à laje alveolar, que receberá tratamento acústico final com lã de vidro de 63,5mm, instalando a lã no vazio entre as chapas e a laje alveolar protendida.

Figura 90 – Forro Corta Fogo (exemplo sem lã de vidro) Fonte: http://www.gypsum.com.br/pt-pt/produto-e-sistema-drywall/sistemas/forro/forro-corta-fogo

Em um caso exclusivo, apenas para o auditório, que contempla um forro curvo, para gerar melhor acústica para a plateia, este receberá o Forro FGE Curvo 83

Chapa RF – espessura 12,5mm, largura 1200mm, comprimento 2400mm.


167

(Figura 91) padrão Gypsum, compostos por 1 chapa standard84 (ST) curvadas e fixadas com base em gabaritos curvos metálicos ou de madeira, podendo estar suspensos ou presos na laje.

Figura 91 – Forro FGE Curvo (exemplo de aplicação) Fonte: http://www.gypsum.com.br/download/file/pt/13588d048aea43e2ac1ca78a00f4772e/detalhes-tecnicosforro-curvo?rev=95d2dadf-ad49-45d0-9214-53b1636a576f

Assim, os componentes são 1. Chapa ST BR, 2 Canaleta S47, 3. Gabarito de curvatura, 4. Regulador S47, 5. Massa de rejunte Gypsum 90, 6. Fita JT e 7. Parafuso TA 3,5x25mm; suportando uma carga máxima por pendural de 0,25 KN e com área de dilatação de 225m², atingindo rebaixo máximo de 2 metros, com peso especifico de 22Kg/m². Tendo curvatura recomendável a partir de 1 metro de raio. As paredes do espaço são de Drywall padrão Gypsum, recebendo tratamento acústico, utilizando de chapas com resistência a fogo (RF) de 60 minutos, para os ambientes secos e de público e chapas de resistência a umidade 85 (RU) para as áreas molhadas, estabelecendo 2 dimensões como padrão (40 e 20cm). As paredes de 40cm externas de cada núcleo, serão paredes duplas de Paredes de Alto Desempenho Acústico de 61 dB com lã de vidro, por parede (Figura 92); as paredes de 20cm dividem e dimensionam os ambientes internos, e são Paredes Acústicas de 60 dB com lã de vidro (Figura 93).

84 85

Chapa ST – espessura 12,5mm, largura 1200mm, comprimento 1800mm a 3000mm. Chapa RU – espessura 12,5mm, largura 1200mm, comprimento 2400mm.


168

Figura 92 – Parede de Alto Desempenho Acústico

Figura 93 – Parede Acústica

Fonte: http://www.gypsum.com.br/pt-pt/produto-e-sistema-drywall

O espaço de eventos, receberá em todo os seus ambientes, o piso flexível de borracha com revestimento de poliuretano colorido (Figura 94), podendo variando espessura de 3 a 7 mm; dando maior resistência e amortecimento principalmente ao espaço de palcos diversos, que receberá inúmeras tipologias de eventos e estruturas (Figura 95 a 97), comportando uma estrutura em aço a 15 metros de altura para sustentar e proporcionar estruturas, assim como montagens e usos em apresentações e exposições que requerem estar penduradas sobre o espaço ambiente (Figura 98).

Figura 94 – Sistema do piso flexível em Poliuretano Fonte: http://www.elasta.com.br/piso-esportivo/piso-para-quadras-esportivas/


169

Figura 95 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 01 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 96 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 02 Fonte: Produção do autor (sem escala)

Figura 97 – Espaço multiuso (Palcos diversos) 03 Fonte: Produção do autor (sem escala)


170

Figura 98 – Estrutura de sustentação em aço (Palcos diversos) Fonte: Produção do autor (sem escala)

O ambiente térreo da discoteca, denominado lounge (Figura 99), propõe ambientes de suporte como os sanitários e depósito e os de serviços como o caixa, bar e mesas, assim como os acentos e sofás para conversação em um espaço mais tranquilo, que a pista de dança e mezanino – que se delimitam ao evento e as apresentações.

Figura 99 – Lounge (Térreo da Discoteca) Fonte: Produção do autor (sem escala)

Contudo, a discoteca receberá a implantação no pavimento da pista de dança, o piso “Sustainable Dance Floor”, da Energy Floors86 (Figura 100), que produz energia cinética com o movimento de dança dos usuários nos módulos em

86

Energy Floors, empresa baseada em Roterdã, na Holanda, voltada a criação de projetos e produtos para um mundo mais sustentável, menor impacto ambiental e uso de energia renovável, com interação e diversão para os usuários.


171

energia elétrica. Interagindo com o público, e envolvendo “em uma experiência energética interativa”. Possibilitando alimentar os plugins de energia, que podem produzir inúmeros efeitos nos LEDs – gerar experiências de marca personalizada. (Figura 102).

Figura 100 – Sustainable Dance Floor (Pista de dança) Fonte: http://www.energy-floors.com/sustainable-dance-floor/

Figura 101 – Diagrama de energia (Power Diagram) Fonte: http://www.robaid.com/wp-content/gallery/tech5/sustainable-dance-club-pavement-power-diagram.jpg

Os módulos se flexionam ligeiramente quando pisados em até 1 mm, o sistema eletromecânico recebe o movimento vertical, que se torna rotativo e impulsiona o gerador de cada módulo (Figura 101), que pode variar de tamanho, e pode produzir até 35 watts de saída, variando de 5 a 20 watt por pessoa em média.


172

Figura 102 – Pista de dança (Sustainable Dance Floor) Fonte: Produção do autor (sem escala)


173


CONSIDERAÇÕES FINAIS


175


176

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O espaço de eventos e festivais, denominado Neuron, foi uma proposta para analisar e discutir a qualidade e a adaptação dos espaços de eventos no país, para a realização desde pequenos a grandes eventos, de forma que os locais possam vir a comportar a gama de público, gerado em ocorrências pontuais de eventos, assim como os usos cotidianos dos espaços culturais da cidade, em que são realizados apresentações de tipologias incompatíveis com o local disponível para tal, bem como os espaços são inadequados para tal tipologia, tornando tal experiência do usuário no espaço menos marcante, por vezes negativa. Espaços de eventos com qualidade e próprios para tais eventos em sua grande variedade de tipos, usos e públicos, se mostra cada vez mais, além de um déficit, restrito aos grandes pontos adaptados ou reformados, como os usados em São Paulo ou no interior do estado em Itu/SP, e Rio de Janeiro – centro de muitos eventos de entretenimento diversificado. O incentivo do uso de transporte coletivo e alternativos, que sejam menos poluentes, também deve ser uma recomendação e proposta dos eventos, na atual realidade. Na economia, a movimentação e ganhos ao comercio e serviços local é notável, pela injeção de marketing e turismo que o evento proporciona com a demanda de público. Por isso, o projeto, buscou além de analisar referenciais projetuais para tornar a forma, estética, estrutura e marca do ambiente edificável, analisou os eventos, os festivais, e como o usuário interage e se relaciona com o espaço. A proposição de criar um espaço próprio de eventos, na segunda cidade de maior expressão do estado, reflete a necessidade de descentralizar os eventos apenas da capital e de um único espaço de eventos no interior do estado. A demanda gerada é atendida pela infraestrutura da cidade e do espaço projetado, além da participação em conjunto com o poder público, contudo, para não ocorrer apenas usos pontuais, é absorvido os eventos culturais da cidade e região, mantendo seu uso e demanda de público. As proposições de planejamento da área dos festivais, se consolidaram ao desenvolver o espaço que atendia as necessidades de conforto acústico, térmico e visual dos usuários, proporcionando condições agradáveis para interação, socialização, diversão e vivência dos ambientes pelo mesmo, agregando suas novas experiências; assim como no espaço Neuron, em que as apresentações podem realizar com públicos delimitados ou não,


177

usando-se dos núcleos ou se interligando no espaço central aos demais e área externa. Portanto, ao criar ambientes que proporcionam parâmetros para a experiência e vivência do usuário no espaço, gera uma marca do local em sua memória, familiarizando-o com o espaço, não sendo exclusivamente a experiência marcada pela ocorrência do evento e festival, que tendenciosamente são geradores de experiência para os usuários, mas também e principalmente pelo local em que eles ocorrem. A experiência do público, inicia-se desde o primeiro momento em que entra no complexo, durante o evento, até sua saída do local, por isso a interação, deve ocorrer além de usuário-usuário e usuário-evento, como usuário-espaço. O contexto cenografia dos eventos, como também nos festivais, que utilizam dos núcleos do espaço fechado e das áreas abertas, devem criar uma atmosfera lúdica e fantasiosa auxiliando a despertar a criatividade e a imaginação de seu público, desprendendoos da rotina, fazendo-os transparecer sua real natureza, mantendo ativa a experiência em seu público.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


179


180

10 REFERÊNCIAS ARCHDAILY BRASIL. Centre Pompidou-Metz/Shigeru Ban Architects. Traduzido por SBEGHEN, Camilla. Publicado em 5 Jun 2014. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/617797/centre-pompidou-metz-slash-shigeru-banarchitects>. Acessado em 05 Jun 2017. _________. EXPO MILÃO 2015. Pavilhão da Itália/Nemesi [Italy Pavilion – Milan Expo 2015/Nemesi]. Traduzido por BARATTO, Romullo. Publicado em 23 Mai 2015. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/767186/expo-milao-2015-pavilhaoda-italia-nemesi>. Acessado em 12 Abr 2017. BARBOSA, Fabrício Silva. Marketing Estratégico para Eventos: Um estudo de caso das estratégias de Marketing utilizadas pela Oktoberfest de Santa Cruz do Sul/RS. CULTUR – Revista de Cultura e Turismo. v.7, n.1, p. 88 -104. Fev 2013. Disponível em: <http://periodicos.uesc.br/index.php/cultur/article/view/310>. Acessado em 27 Mai 2017. BEZERRA, Beatriz Braga. AGUIAR, Eduardo da Costa (Orientador). Patrocínio de eventos: ferramenta estratégica de comunicação e vendas. 2011. 32f. Monografia apresentada para conclusão do curso de Pós-graduação em Gestão da Comunicação Empresarial – Faculdade Frassinetti do Recife, Recife, 2011. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/_esp/autor.php?codautor=2000>. Acessado em 26 Mai 2017. BONFIM, Débora Rodrigues; FARIA, Marcella Schneider (Orientadora). Brand Experience no Lollapalooza: análise das estratégias de comunicação das marcas patrocinadoras do festival. FAPCOM – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação. Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social em Publicidade e Propaganda. São Paulo, 2015. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/DboraBonfim/brand-experience-no-lollapalooza-analisedas-estratgias-de-comunicao-das-marcas-patrocinadoras-do-festival>. Acessado em 01 Abr 2017 BRANDÃO, Ana. Arquitetura do entretenimento – Mark Fisher e a cenografia dos shows. Blog Tendere. Publicado em 02 Jul 2013. Disponível em: < http://www.tendere.com.br/blog/2013/07/12/arquitetura-do-entretenimento-markfisher-e-a-cenografia-dos-shows/>. Acessado em: 03 Jul 2017 BRAZ, Fábio Cézar; CRUZ, Rita de Cássia Ariza (Orientadora). Eventos/feiras de negócios na (re)produção do espaço urbano da metrópole: estudo de caso do Parque Anhembi e Centro de Exposições Imigrantes. Dissertação de pós-graduação stricto sensu em Geografia Humana (USP), São Paulo, 2008. 145f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-26092008-174607/pt-br.php>. Acessado em 09 Dez 2016. BUBNIAK, Taiana. Estruturas antigas ganham novos usos. O retrofit, conceito da arquitetura que diz respeito à modificação e reforma de estruturas antigas, é tendência para o centro da cidade. Imóveis - Arquitetura. Gazeta do Povo. Publicado em 27 Mar 2012. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/imoveis/estruturas-antigas-ganham-novos-usos8gab7jrxylqmqfyit40szmh5a>. Acessado em 02 Jun 2017.


181

BURNING MAN. About Us. Site Oficial Burning Man Project. Disponível em: <https://burningman.org/>. Acessado em 02 Abr 2017. CAMPINAS HALL. A casa. Bem-vindo ao Campinas Hall. 2013. Disponível em: <http://www.campinashall.com.br/#!/cpshall_sobre>. Acessado em 12 Mar 2017. CARAPINHA, Ana Marta Santinhos; GUERREIRO, Marta M. M. O festival internacional de folclore – folkfaro. Relatório de Projeto – Mestrado em Marketing. Universidade do Algarve – UAlg, Faro (Portugal), 2013. 154f. Disponível em: <https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/3549/1/RELATORIO_MESTRADO_FINA L.pdf>. Acessado em 05 Jun 2017. CARMO, Miriam do; CARVALHO, Pedro. Entrevista: A cenografia e arquitetura dos festivais de música em Portugal, por Miriam do Carmo e Pedro Carvalho (Transform-arte). APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música. Publicado em 27 Jul 2015. Entrevista concedida a Tiago Fortuna. Disponível em: <http://www.aporfest.pt/single-post/2015/07/27/ENTREVISTA-A-cenografia-earquitetura-dos-festivais-de-m%C3%BAsica-em-Portugal-por-Miriam-do-Carmo-ePedro-Carvalho-Transformarte>. Acessado em 04 Jul 2017. CEPAGRI. Clima de Campinas. Dados Médios da FEAGRI/UNICAMP. Disponível em: <http://www.cepagri.unicamp.br/outras-informacoes/clima-de-campinas.html>. Acessado em 3 Abr 2017. CLUB 88. O clube. Site Oficial Clube 88 – Where Music Matters. 2017. Disponível em: <http://club88.com.br/o-club/>. Acessado em 12 Mar 2017. CPM – CENTRO POMPIDOU-METZ. Accueil – Le Centre Pompidou-Metz – L‟architetucture. [Bem-vindo – O Centro Pompidou-Metz – A arquitetura]. Site Oficial Centre Pompidou-Metz, 2017. Disponível em: <http://www.centrepompidoumetz.fr/>. Acessado em 05 Jun 2017. CORREIA, Ricardo Toller; DICK, Maurício Elias. Design para experiência e computação física: uma proposta de análise. Revista DAPesquisa, v.11, n.15, p.112-129. 2016. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/view/6817>. Acessado em 26 Mai 2017. COSTA, Franklin. Entrevista: O presente, passado e futuro da XXXperience. Projeto Pulso. Publicado em 21 Set de 2015. Disponível em: < http://projetopulso.com.br/entrevista-o-presente-passado-e-futuro-da-xxxperience/>. Acessado as 03 Mar 2017. DA REDAÇÃO. Veja o line-up completo do UMF Brasil. Evento de música eletrônica reunirá mais de 40 atrações na Chácara do Jockey, em São Paulo, no dia 6 de novembro. Rolling Stone, UOL. Publicado em 23 Out 2010. Disponível em: <http://rollingstone.uol.com.br/noticia/umf-brasil-anuncia-line-upcompleto/#imagem0>. Acessado em 02 Mar 2017. DSRNY. The Shed – Project Description. Escritório Diller Scofidio + Renfro. 2016. Disponível em: <http://theshed.dsrny.com/>. Acessado em 22 Mar 2017.


182

EDC BRASIL. O mundo do EDC – Palcos, Brinquedos, Arte, Performers. Experiência. Site Oficial EDC Brasil. Disponível em: <http://brasil.electricdaisycarnival.com/experiencia/>. Acessado em: 01 Mar 2017. EHRENREICH, Barbara. Dançando nas ruas: uma história do êxtase coletivo. [Dancing in the streets]. Traduzido por Julián Fuks, editora Record, 1º ed. Rio de Janeiro, 2010. EGO. Lollapalooza: conheça a história e veja curiosidades sobre o festival. Revista Ego da Globo. Publicado em 27 Mar 2015. Disponível em: <http://ego.globo.com/lollapalooza/2015/noticia/2015/03/lollapalooza-conhecahistoria-e-veja-curiosidades-sobre-o-festival.html>. Acessado em 01 Abr 2017. EXPO DOM PEDRO. Folder Digital. Site Oficial Expo D. Pedro – Downloads. 2015. Disponível em <http://expodpedro.com.br/imagens/1730791019.pdf>. Acessado em 12 de Mar 2017. FERRANTE, Isabela Paiva Gomes. MAZZILLI, Clice de Toledo Sanjar (Orientadora). Entre a arquitetura experimental e a arquitetura para a experiência: Máquinas, corpos e próteses de Lars Spuybroek/NOX. Dissertação de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, 2013. 281f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-28012014-093025/ptbr.php>. Acessado em 11 Ago 2017. FERREIRA, Kaio. Ultra Music Festival Brasil 2016, Rio de Janeiro, Shows – Line Up. Confira Mais – um festival de novidades. Publicado em 10 Set 2016. Disponível em: <https://confiramais.com.br/ultra-festival-brasil-programacao-shows/>. Acessado em 02 Mar 2017. FIDAM. A FIDAM e Estrutura. FIDAM - Feira industrial de Americana, Site Oficial FIDAM, 2017. Disponível em: <http://www.fidam.com.br/index.php>. Acessado em 12 Mar 2017. FLORES, Ana Camila Antunes. SOUTO, Claudia Buzatti (Orientadora) Produção de Eventos: Um estudo de caso do 10º Fórum de Comunicação – UNIFRA 2012. Monografia de Trabalho de Final de Graduação em Comunicação Social: Publicidade e Propaganda. Santa Maria, RS, 2012. 159f. Disponível em: <https://lapecpp.files.wordpress.com/2011/05/ana-camila-antunes.pdf>. Acessado em 28 maio 2017. FOLK VALLEY. Club. Site Oficial Folk Valley, 2017. Disponível <http://www.folkvalley.com.br/club.html>. Acessado em 18 Abr 2017.

em:

FONTENELE, Leonardo. Quando marketing, entretenimento e arquitetura andam juntos. AECweb – O portal da Arquitetura, Engenharia e Construção. Publicado em 27 Mar 2015. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/a/quando-marketingentretenimento-e-arquitetura-andam-juntos_11039>. Acessado em 04 Jun 2017. FÓSFORO. Cenografia: entenda o que é e seus benefícios. Escritório Fósforo – Cenografia e Arquitetura. Publicado em 23 Dez 2015. Disponível em: <http://fosforocenografia.com.br/blog/cenografia-entenda-o-que-e-e-seusbeneficios/>. Acessado em 04 Jun 2017.


183

FRANCA, Leonel E. S. A formação da personalidade. Rio de Janeiro: Agir, 1954. 1º ed. 488p. (Obras Completas do Padre Leonel Franca, 15). G1 – Portal de Notícias da Globo. Público de música eletrônica cresceu 56,64% no Brasil em 1 ano, diz estudo. Pop & Arte. Publicado em 15 Fev 2012 as 14h38. Disponível em: <http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2012/02/publico-de-musicaeletronica-cresceu-5664-no-brasil-em-1-ano-diz-estudo.html>. Acessado em: 03 Mar 2017. GARRETT, Rod. Designing Black Rock City. Burning Man Journal. Site Oficial Burning Man. Publicado em 20 Abr 2010. Disponível em: <https://journal.burningman.org/2010/04/black-rock-city/building-brc/designing-blackrock-city/>. Acessado em 02 Abr 2017. GIRALDI, Rita de Cássia. As diferentes óticas do conceito evento. Aula da disciplina de Eventos de lazer e turismo da Escola de Artes Ciências e Humanidades – USP, 2009a. Apresentações, Slide Share. Publicado em 27 Out 2013. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ritadecassiagiraldi/presentations>. Acessado em 26 Mai 2017. __________. Os diversos tipos de eventos e suas principais. Aula da disciplina de Eventos de lazer e turismo da Escola de Artes Ciências e Humanidades – USP, 2009b. Apresentações, Slide Share. Publicado em 27 Out 2013. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ritadecassiagiraldi/presentations>. Acessado em 28 Mar 2017. LAROC. Club. Site Oficial Laroc Club, 2017. <http://www.laroc.club/club.html>. Acessado em 12 Mar 2017.

Disponível

em:

LOLLAPALOOZA BRASIL. A experiência. Site Oficial Lollapalooza Brasil, 2016. Disponível em: <https://www.lollapaloozabr.com/a-experiencia-lollapalooza-brasil/>. Acessado em 02 Abr 2017. MACHADO; Maria Luísa de Carvalho Viégas; GONZAGA, Ana Carolina Oliveira de; SILVA, Carla Valéria Lima da; CALHEIROS, Fernanda Madeira; CAVALCANTE, Mariana Magalhães. Arquitetura identidade: o homem como essência do espaço que ocupa. GT10 – Práticas Investigativas na Educação Superior. Revista Encontro Internacional de Formação de Professores e Fórum Permanente de Inovação Educacional (ENFOPE/FOPIE), v.8, n.1, 2015. ISSN: 2179-0663. Disponível em: <https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/article/view/1786>. Acessado em 08 Set 2017. MACIEL, Carlos Alberto. Arquitetura “Flex”?. Hoje em dia, Belo Horizonte - MG, p.10, 22 Abr 2007. Disponível em: <http://www.arquitetosassociados.arq.br/?artigo=arquitetura%E2%80%9Cflex%E2%80%9D>. Acessado em 03 Jun 2017. MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing de Eventos. Rio de Janeiro, 5º ed. Sprint, 2007. MIDIORAMA. UMF Brasil anuncia horários e divisão de palcos do megafestival no dia 3 de dezembro. Publicado em 28 Set 2011. Disponível em:<


184

http://www.midiorama.com.br/works/2011/7676/ultra-music-festival-2/>. em 02 Mar 2017.

Acessado

NARDELLI, Nilton. TRAMONTANO, Marcelo (Orientador). Design para a experiência – e o uso das tecnologias de informação e comunicação. Dissertação de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da EESC, USP, São Carlos, 2007. 236f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18142/tde17102008-163629/pt-br.php>. Acessado em 26 Mai 2017. NEVES, Renata Ribeiro. Centro Cultural: a Cultura à promoção da Arquitetura. 2012. Revista Especialize On-line IPOG, Goiânia. 5ª ed, n. 5, v. 1, jul. 2013. NOJIMOTO, Cynthia. TRAMONTANO, Marcelo (Orientador). Design para experiência: processos e sistemas digitais. Dissertação de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da EESC/USP, São Carlos, 2009. 212f. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18142/tde-10092009-154626/ptbr.php>. Acessado em 7 Ago 2017 PETERSON, Bruce. História do Tomorrowland. Blog EDM Music Mundial – Eletro Dance Music Notícias e Novidades DJs e Festivais. Publicado em 27 Jul 2015. Disponível em: <https://edmmusicmundialdotcom.wordpress.com/2015/07/27/historia-dotomorrowland/>. Acessado em 26 Fev 2017. PMC – PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS. A cidade mais surpreendente do Brasil - Guia de Investimentos. Indicadores de Excelência, 2015a. Disponível em <http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/desenvolvimentoeconomico/guia_investimentos_pt.pdf>. Acessado em 03 Abr 2017. __________. A cidade. Dados do Município e RMC. 2017a. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/dados-do-municipio/cidade/>. Acessado: 27 Mar 2017. __________. Caderno. Caderno do Empreendedor e da Cidade Sustentável. 2ª Edição, 2015b. Disponível em: < http://ambientecampinas.wix.com/caderno>. Acessado em 03 Abr 2017. __________. Campinas - Guia de Investimentos. Indicadores de Excelência, versão 2010. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/Guia_Investimentos.pdf>. Acessado em 28 Mar 2017. __________. Proposta para revisão participativa da lei de uso e ocupação do solo (LUOS). Secretária do Planejamento, Desenvolvimento Urbano. 2015c. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/luos/propostas_luos_em_debate.p df>. Acessado em 15 Ago 2016. __________. Indicadores Econômicos do Munícipio de Campinas. Secretária do Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 2007. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/seplama/indic_econ2007.pdf>. Acessado em 15 Ago 2017.


185

__________. Lei 6031/1988. Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS). Compilação atualizada com legislação complementar. 4º Edição de atualização, 2011. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/arquivos/seplama/lei_6031.pdf>. Acessado em 15 Fev 2017. __________. Origens. 2017b. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/sobre-campinas/origens.php>. Acessado: 27 Mar 2017. __________. RMC. Histórico dos Municípios da RMC – CAMPINAS. 2017c. Disponível em: <http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seplama/dados-domunicipio/rmc2014/>. Acessado em: 27 Mar 2017. QUEIRÓS, Ana Filipa da Silva; BARBOSA, Maria B. C. F. (Orientadora). A experiência nos festivais de música. Dissertação de Mestrado em Marketing pela Universidade de Aveiro – UA, Aveiro (Portugal). 2014, 129f. Disponível em: <https://ria.ua.pt/bitstream/10773/13429/1/A%20experiencia%20nos%20festivais%2 0de%20musica.pdf>. Acessado em 05 Jun 2017. RACKARD, Nicky. “Diller Scofidio + Renfro projetou um Galpão Cultural Telescópio para Nova York” [Diller Scofidio + Renfro Designs Telescopic „Culture Shed‟ for New York]. ArchDaily Brasil. (Traduzido por BRITTO, Fernanda). Publicado em 24 Mar 2013. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01105260/diller-scofidio-plus-renfro-projetou-um-galpao-cultural-telescopico-para-novayork>. Acessado em 22 Mar 2017. RAPHAEL, Viktor. XXXPerience: 20 anos de história. Publicado em 07 Nov 2016. Disponível em: <http://beatforbeat.com.br/site/xxxperience-20-anos-de-historia/>. Acessado em 03 Mar 2017 RED EVENTOS. Sobre a Red Eventos. Site Oficial Red Eventos, 2017. Disponível em: <http://redeventos.com.br/>. Acessado em 12 Mar 2017. REDAÇÃO RADIO DA WEB. XXXPerience divulga primeiros nomes da edição #XXX18. Notícias. Radio da Web. Publicado em 23 Mai 2014. Disponível em: <http://www.radiodaweb.com/noticias/noticia=2-XXXPerience-divulga-primeirosnomes-da-edicao-XXX18.php>. Acessado em 11 Abr 2017. REQUENA, Carlos Augusto Joly; TRAMONTANO, Marcelo (Orientador). Habitar Híbrido: Interatividade e Experiência na Era da Cibercultura. Dissertação de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da EESC, USP, São Carlos, 2007. 147f. Disponível em: <http://www.gutorequena.com.br/site_mestrado/habitar%20hibrido.pdf>. Acessado em 03 Jun 2017. RODRIGUES, Ângela Rösh; CAMARGO, Mônica Junqueira de. O uso na preservação arquitetônica do patrimônio industrial da cidade de São Paulo. Revista CPC. São Paulo, n.10, p.140-165, mai/out 2010. Disponível em: <http://www.usp.br/cpc/v1/imagem/conteudo_revista_arti_arquivo_pdf/06_10r08.pdf> . Acessado em 02 Jun 2017.


186

ROSSINI, Elcio. Cenografia no teatro e nos espaços expositivos: uma abordagem além da representação. TransInformação, Campinas, 24(3):157-164, set/dez, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tinf/v24n3/a01v24n3.pdf>. Acessado em 03 Jun 2017. SILVA, Advaldo Maciel da. GODOY, Marcelo (Orientador). Marketing de Eventos. Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso em Comunicação Social. Publicidade e Propaganda. Brasília, 2009. 28f. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/1943/2/20528890.pdf>. Acessado em 26 Mai 2017. SILVA, Adriana de Souza e. Arte e tecnologias móveis: Hibridizando espaços públicos. In: PARENTE, A. (Org.). Tramas da rede: Novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2004. Disponível em: <https://repository.lib.ncsu.edu/bitstream/handle/1840.2/95/Tramas_1004.pdf?seque nce=1&isAllowed=y>. Acessado em 03 Jun 2017. SILVA, Mariângela Benine Ramos. O evento como estratégia na comunicação das organizações: modelo de planejamento e organização. v. 1, 2008. Recuperado em: <http://ead2.iff.edu.br/pluginfile.php/26430/mod_resource/content/2/Modelo%20de% 20planejamento%20de%20eventos.pdf>. Acessado em 26 Mai 2017. SIQUEIRA, Luciane. A expressão sócio-cultural na imagem da arquitetura do ocidente de finais de séculos XIX e XX. Arquitextos, São Paulo, ano 01, n. 012.10, Vitruvius, Publicado em Mai 2001. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/01.012/896>. Acessado em 28 Mai 2017. SKOL BEATS. Cobertura completa do Tomorrowland Brasil 2015. Tomorrowland Brasil. Skol Beats, 2015. Disponível em: <http://www.skol.com.br/beats/tomorrowland/2015>. Acessado em 26 Fev 2017. TAVARES, Rodrigo dos Passos; COSTA, Luciana Santiago. Cultura e Arquitetura: a metamorfose do tipo arquitetônico do edifício cultural. ARIC – Faculdade Damas da Instrução Cristã. Architecton – Revista de Arquitetura e Urbanismo, v. 3, n. 4, 2013. Disponível em: <http://www.faculdadedamas.edu.br/revistafd/index.php/arquitetura/article/view/329>. Acessado em 28 Mai 2017 TOMORROWLAND BELGIUM. Welcome. Festival. Live Today, Love Tomorrow, Unite Forever – Tomorrowland Belgium. Disponível em: <https://www.tomorrowland.com/en/festival/welcome>. Acessado em 26 Fev 2017. ULTRA WORLDWIDE. Ultra Worldwide is the global edition of the World‟s Premier Electronic Music event, Ultra Musical Festival. About, 2017. Disponível em: <https://umfworldwide.com/about/>. Acessado em 16 Abr 2017. VALLADARES, G. S.; COELHO, R. M.; CHIBA, M. K. Mapa Pedológico do Município de Campinas, SP. Embrapa Monitoramento por Satélite, 2008, Comunicado Técnico 24 ISSN 1415-2118. Disponível em:


187

<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/107206/1/2211.pdf>. Acessado em: 06 Abr 2017. VARGAS, Heliana Comin; LISBOA, Virgínia Santos. Dinâmicas espaciais dos grandes eventos no cotidiano da cidade: significados e impactos urbanos. Cadernos Metrópoles (PUCSP), São Paulo, v. 13, n. 25, p.145-161, jan/jun 2011. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/metropole/article/view/5985>. Acessado em 12 Dez 2016. VIRACOPOS, Institucional. Resumo de movimentação aeroportuária de 2013 a 2016. Estatísticas e Publicações. Disponível em: <http://www.viracopos.com/institucional/estatisticas-e-publicacoes/>. Acessado em 03 Abr 2017. VIVEIRO, Thaís. EDC Brasil: carnaval de música eletrônica em São Paulo. Original Miles - Boutique de Viagem. Publicado em Ago 2015. Disponível em: <http://originalmiles.com.br/edc-brasil/>. Acessado em 01 Mar 2017.


188


ANEXOS PRANCHAS TÉCNICAS


190


191


192


193


194


195


196


197


198


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.