Armação para óculos com reaproveitamento dos resíduos gerados na empresa dropedeck's

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIBRASIL GUILHERME WENCESLAU DE FENDI LEONARDO SOARES DA SILVA

ARMAÇÃO PARA ÓCULOS FEITA COM REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS NA EMPRESA DROPEDECK’S

CURITIBA 2015


GUILHERME WENCESLAU DE FENDI LEONARDO SOARES DA SILVA

ARMAÇÃO PARA ÓCULOS FEITA COM REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS GERADOS NA EMPRESA DROPEDECK’S

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de bacharel em Design. Escola de Comunicação das Centro Universitário UNIBRASIL.

Orientador: Marinho

CURITIBA 2015

Professor

Nelson

Potenciano


AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus que devido a muitas dificuldades

nos

permitiu

de

chegar

onde

chegamos,

agradecemos a nossa família, amigos e professores que nos apoiaram e deram forças para não desistirmos, agradecendo o professor orientador Nelson Potenciano Marinho que se mostrou pronto a todos os momentos para nos orientar, agradecimentos às professoras Claudia Eugênia e à professora Alice Ribeiro que quando solicitadas não hesitaram em auxiliar, e em especial a toda família Dropedeck’s que esteve junto desde o princípio do projeto e ao Senhor Leo que nos ajudou a materializar o produto com seu vasto conhecimento em óptica. A todos o nosso sincero agradecimento, muito obrigado!


EPIGRAFE

Há dois tipos de pessoas que vão te dizer que você não pode fazer a diferença neste mundo: as que têm medo de tentar e as que têm medo de que você se dê bem. Não desista! (RAY GOFORTH)


RESUMO

Com o avanço na problematização ambiental causada por geração de resíduos e descartes indevidos através da grande alta populacional e a crescente industrialização, o mundo assiste a uma propagação da consciência ecológica e crescente preocupação com alternativas de desenvolvimento sustentável, que vêm permitindo que a busca de mecanismos de ação para utilização responsável dos recursos naturais seja inserida na agenda da ação do Estado. Com isso são inúmeras as formas de reaproveitamento de matérias, uma delas é a geração de novas matérias-primas provenientes dos resíduos gerados seja ele qual for. Por conta dessa alta demanda, surgiu a necessidade de propor um produto derivado da geração de resíduos de uma empresa onde seu ramo de atividade é shapes de longboard, um esporte que surgiu diante da dificuldade dos surfistas praticarem seu esporte quando o mar encontrava-se agitado. Perante a essas afirmações o projeto em desenvolvimento tem como objetivo desenvolver uma nova matéria-prima com os resíduos descartados pela empresa Dropedeck’s afim de produzir um óculos de madeira inserindo design com funções praticas, estéticas e simbólicas, com maior influência no conceito sustentável do reaproveitamento de material. Para que a aplicação dos conceitos fossem executados com coerência adaptou-se a metodologia de Bernd Löbach, onde o autor impõe a importância do design para solucionar algum problema encontrado. Partindo de estudos que fundamentam os conceitos metodológicos buscou-se levantamentos bibliográficos, estudo de campo e usuários, para que pudesse desenvolver uma fundamentação teórica especifica e embasada para uma melhor compreensão do estudo pretendido. Concretizando o projeto, com base nos métodos teóricos, foi materializado um óculos de madeira que suprisse a necessidade da Empresa Dropedeck’s de minimizar os resíduos gerados em sua produção e com isso, apresentando ao usuário um produto que dispõe de um apelo estético sem deixar de lado o seu conceito principal que é a reutilização de um material considerado baldado. Palavras-chave: Problematização ambiental. Reaproveitamento de materiais. Óculos. Resíduo. Reutilização.


FIGURAS:

FIGURA 01 PRIMEIRO LONGBOARD ............................................................ 18 FIGURA 02 SKATE E SUAS PEÇAS ............................................................... 18 FIGURA 03 SLALOM ....................................................................................... 19 FIGURA 04 DOWNHILL SPEED ...................................................................... 19 FIGURA 05 FABRICA DROPEDEK’S .............................................................. 21 FIGURA 06 SELEÇÃO DAS LÂMINAS ............................................................ 23 FIGURA 07 APLICAÇÃO DA COLA ................................................................. 24 FIGURA 08 MOLDES FRAGMENTADOS DE MADEIRA ................................ 25 FIGURA 09 MOLDE PRONTO ......................................................................... 25 FIGURA 10 MOLDE PARA PRODUZIR O MOLDE DE CONCRETO .............. 26 FIGURA 11 MOLDE DE CONCRETO .............................................................. 26 FIGURA 12 PRENSA MANUAL ....................................................................... 27 FIGURA 13 PRENSA HIDRÁULICA ................................................................ 28 FIGURA 14 CORTE NA SERRA FITA ............................................................. 29 FIGURA 15 CORTE COM CNC ....................................................................... 29 FIGURA 16 TIPOS DE MODELOS .................................................................. 30 FIGURA 17 FASE DE ACABAMENTO ............................................................ 31 FIGURA 18 FURAÇÃO AUTOMÁTICA ............................................................ 32 FIGURA 19 APLICAÇÃO DE SELANTE .......................................................... 33 FIGURA 20 SERIGRAFIA ................................................................................ 35 FIGURA 21 APLICAÇÃO HEAT TRANSFER ................................................... 36 FIGURA 22 APLICAÇÃO FIBERGLASS .......................................................... 37 FIGURA 23 GERAÇÃO DE RESÍDUOS............................................................38 FIGURA 24 LUSTRE 85 LAMPS...................................................................... 47 FIGURA 25 STICK LAMP................................................................................. 48 FIGURA 26 POLTRONA RAG CHAIR ............................................................. 49 FIGURA 27 IRMÃOS CAMPANA ..................................................................... 50 FIGURA 28 POLTRONA MULTIDÃO ............................................................... 52 FIGURA 29 POLTRONA SACO PLÁSTICO .................................................... 55 FIGURA 30 POLTRONA RIO MANSO ............................................................. 56 FIGURA 31 EQUIPE ZEREZES ....................................................................... 56 FIGURA 32 ÓCULOS RESTUS ....................................................................... 57


FIGURA 33 PRIMEIRO ÓCULOS .................................................................... 62 FIGURA 34 PRIMEIRO ÓCULOS COM HASTES ........................................... 63 FIGURA 35 PRIMEIRO ÓCULOS DE POLÍMERO .......................................... 63 FIGURA 36 ÓCULOS GATINHO ..................................................................... 64 FIGURA 37 ÓCULOS COM FIBRA DA PLANTA CANNABIS .......................... 65 FIGURA 38 ÓCULOS FEITO COM DISCO DE VINIL ...................................... 65 FIGURA 39 ÓCULOS COM LÂMINA DE PEDRA ............................................ 66 FIGURA 40 ÓCULOS FEITO COM SHAPE DE SKATE .................................. 67 FIGURA 41 ÓCULOS FEITO COM MADEIRA CERTIFICA ............................. 67 FIGURA 42 ÓCULOS FEITO COM LASCAS DE MADEIRA............................ 68 FIGURA 43 COMPOSIÇÃO DO ÓCULOS ....................................................... 69 FIGURA 44 PEÇA PIVOT GRIND .................................................................... 72 FIGURA 45 TÊNIS PRODUZIDO COM MATERIAL RECICLADO ................... 72 FIGURA 46 SHAPE PRODUZIDO COM RESTOS DE REDE DE PESCA ...... 73 FIGURA 47 ALTERNATIVA 1............................................................................76 FIGURA 48 ALTERNATIVA 2............................................................................76 FIGURA 49 ALTERNATIVA 3............................................................................77 FIGURA 50 ALTERNATIVA 4............................................................................77 FIGURA 51 ALTERNATIVA 5............................................................................78 FIGURA 52 ALTERNATIVA 6............................................................................78 FIGURA 53 ALTERNATIVA ESCOLHIDA.........................................................80 FIGURA 54 MODELO........................................................................................83 FIGURA 55 TESTE DE USABILIDADE DO MODELO......................................83 FIGURA 56 ENCAIXE NASAL...........................................................................84 FIGURA 57 TACOS DE MADEIRA SUCUPIRA................................................85 FIGURA 58 RECORTE EM CNC.......................................................................86 FIGURA 59 PEÇAS USINADAS........................................................................86 FIGURA 60 MODULAÇÃO DO MOLDE............................................................87 FIGURA 61 UNIFICAÇÃO DO MOLDE 1..........................................................87 FIGURA 62 UNIFICAÇÃO DO MOLDE 2..........................................................88 FIGURA 63 MOLDE DO ÓCULOS....................................................................88 FIGURA 64 SELEÇÃO DOS RESÍDUOS..........................................................89 FIGURA 65 MODULAÇÃO DAS LÂMINAS.......................................................91 FIGURA 66 PRENSAGEM DO COMPOSTO....................................................91


FIGURA 67 COMPOSTO PRENSADO............................................................92 FIGURA 68 MEDIDA DO COMPENSADO.......................................................92 FIGURA 69 RECORTE COM MICRO RETIFICA.............................................94 FIGURA 70 USINAGEM DA ARMAÇÃO..........................................................95 FIGURA 71 USINAGEM DA ARMAÇÃO REALIZADA.....................................95 FIGURA 72 USINAGEM HASTE......................................................................96 FIGURA 73 ACABAMENTO COM LIXA MANUAL ARO..................................97 FIGURA 74 ACABAMENTO COM MICRO RETIFICA ÓCULOS.....................97 FIGURA 75 ACABAMENTO FINAL ARO.........................................................98 FIGURA 76 ACABAMENTO DAS HASTES.....................................................98 FIGURA 77 ACABAMENTO FINAL DAS HASTES..........................................99 FIGURA 78 PEÇAS ACABADAS.....................................................................99 FIGURA 79 MATERIAL PARA APLICAÇÃO DA ARTE..................................100 FIGURA 80 APLICAÇÃO DA ARTE................................................................101 FIGURA 81 ARTE APLICADA.........................................................................101 FIGURA 82 HASTES COM A ARTE APLICADA.............................................102 FIGURA 83 CHARNEIRAS..............................................................................103 FIGURA 84 REBAIXO PARA FIXAÇÃO DAS CHARNEIRAS.........................104 FIGURA 85 CHARNEIRAS COLOCADAS.......................................................104 FIGURA 86 MONTAGEM DO ÓCULOS...........................................................105 FIGURA 87 ÓCULOS COM AS HASTES RECOLHIDAS.................................105 FIGURA 88 FRISOS PARA ENCAIXE DA LENTE............................................106 FIGURA 89 LENTE PARA O ÓCULOS DE MADEIRA......................................107 FIGURA 90 ÓCULOS MONTADO.....................................................................108 FIGURA 91 PEÇAS ISOLADAS.........................................................................109 FIGURA 92 APLICAÇÃO DO SELADOR...........................................................109 FIGURA 93 APLICANDO O VERNIZ NAS PEÇAS DO ÓCULOS.....................110 FIGURA 94 PROTÓTIPO FINALIZADO.............................................................111 FIGURA 95 CENA DE USO 1............................................................................112 FIGURA 96 CENA DE USO 1............................................................................112 FIGURA 97 CENA DE USO 1............................................................................113 FIGURA 98 CENA DE USO 1............................................................................113


LISTA DE QUADROS QUADRO 01 – PROCESSO DE DESIGN........................................................59 QUADRO 02 – FASES DO PROCESSO DE DESIGN.....................................60 QUADRO 03 – CLASSIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES DE UM PRODUTO..........71 QUADRO 04 – GRAU ESFÉRICO DAS LENTES...........................................106


LISTA DE TABELAS TABELA 01 – MATRIZ DE DECISÃO...............................................................79 TABELA 02 – MODELOS DE CHARNEIRAS.................................................102 TABELA 03 – CUSTO DO PROTÓTIPO........................................................114


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ....................................................................... 16 2. DESIGN E SUSTENTABILIDADE .............................................................. 16 3. HISTÓRIA DO LONGBOARD ..................................................................... 17 4. A FABRICA DE SHAPES DROPEDECK’S ................................................. 20 4.1 PRODUÇÕES DE SHAPES ....................................................................... 21 4.1.1 Preparações das lâminas de madeira ..................................................... 22 4.1.2 Aplicações da cola nas lâminas .............................................................. 23 4.1.3 Moldes ..................................................................................................... 24 4.1.3.1 Moldes de madeira ............................................................................... 25 4.1.3.2 Moldes em concreto ............................................................................. 26 4.1.4 Prensagens ............................................................................................. 27 4.1.4.1 Prensas manuais .................................................................................. 27 4.1.4.2 Prensas hidráulicas .............................................................................. 28 4.1.5 Recortes .................................................................................................. 29 4.1.6 Acabamento ............................................................................................ 30 4.1.7 Furações ................................................................................................. 31 4.1.8 Aplicação de selante ............................................................................... 32 4.1.9 Pintura ..................................................................................................... 33 4.1.10 Aplicação da arte ................................................................................... 34 4.1.10.1 Serigrafia ou silk screen ..................................................................... 34 4.1.10.2 Estêncil ............................................................................................... 34 4.1.10.3 Heat transfer ....................................................................................... 35 4.1.10.4 Aplicação fiber glass........................................................................... 35 4.2. RESIDUOS GERADOS NA PRODUÇÃO DO SHAPE DROPEDECK’S ... 36 5. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ..................... 37 5.1 GESTÃO DE RESÍDUOS ........................................................................... 40 6. CICLO DE VIDA DO PRODUTO ................................................................. 41 6.1 FASE DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO ............................................... 41 6.1.1 PRÉ-PRODUÇÃO ................................................................................... 41 6.1.2 PRODUÇÃO............................................................................................ 42 6.1.3 DISTRIBUIÇÃO ....................................................................................... 42


6.1.4 USO......................................................................................................... 43 6.1.5 DESCARTE ............................................................................................. 43 6.2 DESIGN E A REUTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS ...................................... 44 6.2.1 Droog Design .......................................................................................... 45 6.2.1.1 Stick lamp ............................................................................................. 46 6.2.1.2 Rag chair .............................................................................................. 46 6.2.2 Irmãos Campana ..................................................................................... 47 6.2.2.1 Poltrona multidão ................................................................................. 49 6.2.3 Bienal Brasileira de Design ..................................................................... 51 6.2.3.1 Poltrona saco plástico – Nido Campolongo .......................................... 52 6.2.3.2 Poltrona Rio Manso – Carlos Motta ...................................................... 53 6.2.4 Grupo Zerezes ........................................................................................ 54 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 7. METODOLOGIA DO PROJETO .................................................................. 55 7.1 ANÁLISE DA NECESSIDADE DE PRODUTO ........................................... 58 7.2 DESENVOLVIMENTO HISTORICO ........................................................... 59 7.3 ANÁLISE DE SIMILARES .......................................................................... 62 7.4 ANÁLISE ESTRUTURAL DOS ÓCULOS................................................... 66 7.5 ANÁLISE DO PUBLICO ALVO ................................................................... 67 7.6 ANÁLISE DAS FUNÇÕES ......................................................................... 69 7.7 REQUISITOS DE PROJETO ..................................................................... 72 8. FASE CRIATIVA .......................................................................................... 73 8.1 GERAÇÃO DAS ALTERNATIVAS ............................................................. 73 8.1.1 Alternativa 01 .......................................................................................... 74 8.1.2 Alternativa 02 .......................................................................................... 74 8.1.3 Alternativa 03 .......................................................................................... 75 8.1.4 Alternativa 04 .......................................................................................... 75 8.1.5 Alternativa 05 .......................................................................................... 76 8.1.6 Alternativa 06 .......................................................................................... 76 8.2 DEFINIÇÃO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA ........................................... 77 8.3 ALTERNATIVA ESCOLHIDA ..................................................................... 78 9. FASE DE EXECUSÃO ................................................................................. 79 9.1 DETALHAMENTO TÉCNICO DO ÓCULOS .............................................. 79 9.2 ERGONOMIA ............................................................................................. 80


9.2 CONTRUÇÃO E ANALISE DO MODELO .................................................. 86 9.3 CONSTRUÇÃO DO MOLDE ...................................................................... 87 9.4 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DO ÓCULOS ....................................... 92 9.4.1 Seleção dos resíduos para a produção do óculos ................................... 93 9.4.2 Modulação das lâminas do óculos .......................................................... 94 9.4.3 Prensagem do composto......................................................................... 95 9.4.4 Recorte do óculos ................................................................................... 97 9.4.5 Acabamentos do óculos ........................................................................ 100 9.4.6 Aplicação da arte no óculos .................................................................. 104 9.4.7 Montagem do óculos ............................................................................. 106 9.4.8 Aplicação do selante e verniz no óculos................................................ 110 9.4.9 Cenas de Uso........................................................................................ 112 9.4.10 Relação de custos do protótipo ........................................................... 114 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 115 CONCLUSÃO ................................................................................................. 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 118 APÊNDICE ..................................................................................................... 122


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INTRODUÇÃO

Todos os materiais que sobram após uma ação ou processos produtivos podem ser classificados como resíduos. Uma parte dos resíduos gerados nas diversas atividades humanas e produtivas ainda possuem um valor comercial quando seu manejo é feito de forma coerente e adequada. Por isso, tem-se que adotar uma nova postura e encarar o resíduo como uma matéria-prima de grande potencial. Em questão a Empresa Dropedeck’s, possui um acervo de resíduos de grande proporção que afetam tanto ao meio ambiente por tratar-se de um material poluente, e também afeta o layout da empresa, pois o material estocado acaba tomando espaço interno da empresa. Então como solucionar o problema de geração e acumulo de resíduos observados na Dropedeck’s? Em um processo de design que almeja-se o desenvolvimento de um produto, cabe ressaltar que, para Munari (2008) a criação acontece a partir da análise de um problema e a possibilidade de resolvê-lo de forma criativa. Portando o intuito do projeto a ser desenvolvido é converter o resíduo da produção de shapes de

longboard

da

Empresa

Dropedek’s

em

nova

matéria-prima

para

o

desenvolvimento de óculos de madeira, assim, diminuir ao máximo a perda de material e promover a reutilização de materiais que beneficiam tanto o âmbito social como o âmbito ambiental. Para que seja possível alcançar o objetivo deste estudo será necessário realizar etapas para a elaboração deste projeto sendo elas: objetivos específicos, o desenvolvimento teórico, sendo ele todo o aparado de métodos e conceitos para o direcionamento do produto final, essas teóricas são encontradas em todo tipo de aparado bibliográfico sendo ele impresso ou digital, visitas a exposições entro outro meios. Para a materialização do produto será realizado no desenvolvimento do projeto de produto, análises e estudo sobre o produto, coletas de dados referente ao produto, processo construtivo , para que seja concretizada a fase executiva que consiste na geração de alternativas, detalhamento técnico e execução do protótipo, com isso é de grande importância o conhecimento no processo produtivo dos shapes e acessórios para longboard, compreendendo etapas e processos, pois o produto em desenvolvimento busca usar dos mesmos aparatos da produção dos shapes para a sua criação.


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No contexto sustentável de reaproveitamento de material, encontramos inúmeros casos de empresas que oferecem soluções de alto nível, com inovações e adaptações a fim de suprir necessidades tanto social como empresarial de minimizar ou até mesmo sanar diferentes tipos de problemas ambientais. Com isso o design é uma ferramenta de grande potencial com sua capacidade de inovar e solucionar problemas, a fim de produzir produtos que mesmo utilizando de materiais descartados mantem o mesmo apelo funcional, confortável, dinâmico e estético que muitos dos produtos dispõe. O desafio do tema do projeto é aplicar as teorias de design de produto, com conceito principal de minimizar os resíduos gerados, com um produto que forneça ao usuário a mesma praticidade que o produto comum dispõe, e que agrade esteticamente com um apelo simbólico por se tratar de um produto ecologicamente correto. Com base nesse entendimento defini-se como método para direcionamento deste estudo a metodologia de Bernd Löbach (2001), onde o autor defende que o conceito de design compreende na concretização de uma ideia a fim de solucionar um problema encontrado, e que a função do designer está em sua capacidade de reunir informações para a solução de tais problemas e também a competência criativa que ele deve possuir (LÖBACH, 2001). Para um melhor conhecimento do usuário a ser alcançado com o produto, serão aplicados métodos de pesquisa com base na análise qualitativa, que é um meio de coletar dados que influenciam e fortificam o desenvolvimento do projeto, pois é aplicada junto ao futuro consumidor final do produto. A materialização do produto proposto inicia com a geração de ideias com base nos conceitos, analises e observações definidas nas etapas anteriores, onde é realizado gerações de alternativas, que com base na matriz de decisão uma das delas, aquela que melhor se enquadra aos requisitos do projeto é definida, onde se realizam as adequações técnicas de processos e materiais, que através de um modelo em escala real são devidamente analisada e testadas a fim de encontrar possíveis erros de execução, minimizando o processo de prototipagem do modelo final, caracterizando sua montagem, testes físicos diretamente com o usuário consumidor. A proposta de criar um óculos com resíduos contribuirá com a minimização de geração de impactos ambientais, conscientizará sobre a reutilização da matériaprima e agregara valor ao um produto que antes era condenado a descarte.


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2. DESIGN E SUSTENTABILIDADE

Com a grande produção de bens e serviço desconsiderando os riscos e impactos ambientais é possível perceber o avanço da problematização que acarreta ao meio ambiente com geração de resíduos sendo elas emissão de gases, ruídos, poluição visual entre outros problemas observados no decorrer dos anos. Com isso o termo sustentabilidade vem se fortificando em diversas áreas e principalmente no âmbito de pesquisa, possibilitando meios de reduzir ou eliminar os impactos citados acima, mantendo qualidade de vida e fazendo com que se possa substituir produtos e processos por outros menos nocivos ao meio ambiente. Nesse caso é importante entender o significado da sustentabilidade para procurar adequadamente o que é necessário em termos de sustentabilidade para a minimização ou até mesmo o fim de processos e serviços prejudiciais ao meio ambiente de cada setor especifico, como no design por exemplo. O termo sustentabilidade ambiental foi introduzido em 1987 pela World Commission for Environment and Development (WECD) e refere-se “às condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao que será transmitido às gerações futuras” (MANZINI & VEZZOLI, 2002). A WECD também considera o desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender as suas próprias necessidades. Manzini e Vezzoli (2002), consideram a sustentabilidade como sendo interesse e responsabilidade de todos os indivíduos sociais. Dessa forma os designers e projetistas desempenham uma importante função na capacidade de transformação. Krippendorff (2006) acredita que os projetos modificam coisas, desenvolvem tecnologias e, geralmente, envolvem pessoas de diversas áreas com o objetivo principal de fazer do projeto um modelo do design participativo. Para contribuir com o ambiente construtivo de projetos e produtos, nos anos 90 as indústrias eletrônicas dos Estados Unidos buscavam uma forma de produção que causasse o mínimo de impacto adverso ao meio ambiente. Contudo a American Eletronics Associotion desenvolveu uma força tarefa para o desenvolvimento de projetos com preocupação ambiental e produção que primeiramente beneficiasse somente os membros da associação. Desde então o nível de interesse pelo assunto


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tem crescido significadamente e os termos Ecodesign e Design for Environment tem se tornando comuns e seguidamente relacionas com programas de gestão ambiental e de prevenção a poluição. Fiksel (1996) define o conceito de o Ecodesign como sendo um conjunto de práticas de projetos, orientadas a criação de produtos e processos eco-eficientes, tendo respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, durante todo o ciclo de vida destes produtos e processos, sendo que o principal objetivo é a criação de produtos ecoeficientes ou seja que satisfaçam a necessidades humanas com preços competitivos e que promovem a redução dos impactos ambientais e de consumo de recursos naturais. Atualmente a pratica de Ecodesign e essencial para as empresas que já reconheceram que a responsabilidade ambiental é de vital importância para o sucesso do longo prazo, pois promove vantagens como, redução de custos, menor geração de resíduos, gera inovações em produtos e atrai novos consumidores.

3. HISTÓRIA DO LONGBOARD

De acordo com a revista CRVISER (2011) edição 03 o longboard originou-se na Califórnia e no Havaí por volta dos anos 50. A pratica se deu quando surfistas da região sentiram a necessidade de simular os movimentos do surfe mesmo quando o mar encontrava-se desapropriado para a pratica devido ao clima e a situação em que o mar se encontrava. Os primeiros longboards eram feitos com tábua de madeira. Os trucks que são as peças onde são conectadas as rodas e de patins que na década de 50 foi muito popular, foram adaptados juntos com suas rodas de ferro constituindo o primeiro longboard, conforme mostra figura 01. Com o passar do tempo as peças foram sendo desenvolvidas com outros materiais, proporcionando melhores desenvolturas para o longboard. Em 1959 os primeiros longboards foram comercializados, podendo ser encontrados em lojas de brinquedos e conveniências. As primeiras peças fabricadas com a fibra de vidro mesmo material da prancha de surfe não demorou para serem consideradas perigosas para a pratica do esporte. As rodas por sua vez foram substituídas por rodas de cerâmica e mais tarde para uretano um componente semelhante a borracha, material que até os dias atuais é a melhor opção para as


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rodas, proporcionando melhor contato com o piso, já os trucks foram desenvolvidos especialmente para o longboard. FIGURA 01: PRIMEIRO LONGBOARD

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)

O longboard é um produto semelhante ao skate convencional, é constituído por um shape que possui o tail (parte de traz) e o nouse (parte da frente), lixa, parafusos, amortecedores, porcas, rolamentos, trucks, e rodas conforme mostra figura 02. O longboard possui suas particularidades como a largura do shape, proporcionando melhor estabilidade e aerodinâmica, o diâmetro das rodas são maiores podendo chegar a 86 milímetros, os trucks são largos dando estabilidade ao longboard, os amortecedores são macios e os rolamentos proporcionam maior poder de velocidade. FIGURA 02: SKATE E SUAS PEÇAS

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)


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Os modelos de longboards são variados conforme a modalidade para qual será destinado, os shapes podem ser mais largos ou estreitos, as rodas variam os seus tamanhos e os trucks diversificam os tamanhos de eixos. Para um melhor entendimento serão apresentadas algumas modalidades e as diversificações de peças para cada estilo. Conforme apresentado na figura 03, o slalom é uma modalidade onde a intenção é desviar de obstáculos, fazer zig zag rápidos entre cones, desafiando o equilíbrio. Os trucks usados são altos e curtos, giram muito mas tem pouca estabilidade em alta velocidade. Os shapes são pequenos por volta de 300 milímetros já as rodas são finas e macias. FIGURA 03: SLALOM

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)

Na categoria de downhill speed, conforme figura 04, a velocidades são altas podendo ultrapassar os 100 km/h, a descarga de adrenalina é muito elevada, mas os riscos também são bem grandes por isso nessa modalidade o uso de equipamentos são fundamentais para a preservação do atleta. Os shapes costumam ser de 400 milímetros e os trucks baixos entre 45º e 35º (graus) referente ao chão, as rodas variam de acordo com as descidas, podendo ser lisas ou com hachuras.


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FIGURA 04: DOWNHILL SPEED

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)

O longboard que de princípio era usado pelos surfistas somente para treino enquanto o mar se encontrava agita, hoje conquistou espaço no mercado e é considerado um esporte popular entre crianças, adultos, homens e mulheres. Para muitos o esporte é simplesmente lazer nos fins de semana, outros são praticantes e consideram o longboard como um meio de transporte e para outros é estilo de vida. 4. A FABRICA DE SHAPES DROPEDECK’S

Na metade do ano de 2010 na cidade de Quatro Barras região metropolitana de Curitiba dois amigos Diego Batista de Proença e Athos Reis Moreira que em comum praticavam o esporte longboard tiveram a ideia de produzir seus próprios shapes. A ideia surgiu da necessidade de ambos trocar seus shapes, pois os atuais já encontravam-se desgastados fizeram uma análise de diferentes marcas e constaram que os preços estavam altos. Com isso foram em busca de informações e conhecimentos para a produção de shapes de longboard, madeiras usadas, prensas, maquinários e assim começaram a produzir as primeiras peças. De início, os shapes não eram resistentes e não tinham aerodinâmica para a pratica do esporte, mas com o tempo, foram adquirindo experiência e aos poucos as peças começaram a se tornar resistentes e também proporcionavam grande poder de velocidade.


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Os shapes agradavam os praticantes e amigos que com eles conviviam e assim uma produção que a princípio era própria tornou-se comercial com encomendas primeiramente de praticantes da região e por meio de divulgação nas mídias sociais acabou se espalhando por todo o Brasil. Hoje a Empresa Dropedeck’s possui uma fábrica própria que conta com 4 (quatro) atletas profissionais de longboard que divulgam a empresa através de campeonatos por toda a região Sul do Brasil e alguns eventos na cidade de São Paulo, e com isso vem conquistando cada vez mais o mercado desse segmento. FIGURA 05 – FABRICA DROPEDECK’S

FONTE: AUTORES (2014)

4.1 PRODUÇÕES DE SHAPES A produção das peças na Dropedeck’s segue um conceito de exclusividade por se tratar de um processo manual e artesanal, principalmente tratando-se dos acabamentos. Um shape nunca ficará igual ao outro, mesmo sendo o mesmo modelo, pois todo o acabamento é feito manualmente. O processo produtivo é formado inicialmente na compra das lâminas de madeira marfim, em seguida é feito a modulação das lâminas com resina e fibra de vidro para colar e dar resistência ao shape, com isso o modulo é prensado em uma prensa manual confeccionada pelos próprios proprietários da Empresa e na prensa ficará por até 2 (dois) dias. Após a prensagem o modulo é riscado no formato da peça a ser produzida e assim dá início ao processo de acabamento.


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A fabricação dos shapes de longboards podem ir desde o processo mais automatizado, confeccionando as peças em serie com maquinários de alta precisão e tecnológicas ou até mesmo no modo artesal com produções individuais. A seguir todos os processos citados anteriormente serão descritos detalhadamente com base no processo de produção da Dropedeck’s e junto serão expostas outras formas e também maquinários usados na produção de outras empresas do mesmo segmento.

4.1.1 Preparações das lâminas de madeira

Grande parte das empresas da produção de shapes utilizam lâminas de madeira marfim ou maple, com espessura de 2 milímetros com medidas pré estabelecidas de 1 metro de comprimento por 30 centímetros de largura, medidas que podem variar conforme modelos a serem fabricados. A preparação das lâminas é o processo inicial para a produção dos shapes de longboard. É nessa etapa que as lâminas são separadas conforme a qualidade e cortadas seguindo o tamanho do modelo da prancha a ser produzido, o processo é feito manualmente pelo responsável do setor. Após o processo de preparação, as lâminas recebem lixamento superficial com lixa fina própria para madeira com o intuído de que a cola penetre nas fibras da madeira potencializando o ato de colar as lâminas quando prensadas. Na Empresa Dropedeck’s as lâminas de madeiras marfim são fornecidas no tamanho de 2 metros de comprimento por 1,5 metros de largura com 4 milímetros de espessura. A chapas são selecionadas no local de compra pelo fornecedor e seguem sempre o mesmo padrão de qualidade, não existindo distinções no momento da escolha das lâminas. Portando na Dropedeck’s não é feito a separação das lâminas, são apenas cortadas conforme o modelo da peça a produzir e em seguida é usado um equipamento manual feito pela própria Empresa para raspar as lâminas fazendo com que a cola penetre bem na madeira conforme mostra a figura 06.


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FIGURA 06 – SELEÇÃO DAS LAMINAS

FONTE: AUTORES (2014)

4.1.2 Aplicações da cola nas lâminas

Com as lâminas já preparadas a próxima etapa e a aplicação da cola em cada lâmina que será usada na produção do modelo escolhido. Para o processo de aplicação da cola são variados tipos de colas usadas para fabricar as peças como resina epóxi, fenol-resocinol e acetato. A cola mais usada nas empresas de shapes é a “multibond SK-8”, produzida pela Empresa Frankin Adesives. A cola é líquida e pode ser aplicada com um pincel ou com espátula semelhante as usadas em serigrafias. Para realizar a junção entre as lâminas é aplicado cola em cada face umedecendo as fibras da madeira colando umas sobre as outras formando um painel compensado. A quantidade de lâminas usadas é decorrente do modelo a ser produzido, assim é possível obter diferentes espessuras de pranchas. Por sua vez a Dropedeck’s utiliza como cola a resina epóxi quimicamente conhecida como poliepóxido, é um plástico termofixo que endurece quando se mistura com um reagente catalizador potencializando a aderência das pranchas. Em cada lâmina é derramado a resina epóxi distribuída igualmente por uma espátula em toda a superfície da madeira conforme demonstrado na figura 07, em seguida as lâminas são coladas uma a uma juntamente com uma folha de fibra de vidro que é um material leve composto da aglomeração de finíssimos filamentos de vidro que não são rígidos e são altamente flexíveis proporcionando ao shape maior resistência a tração, flexão e impacto. Em alguns casos a Dropedeck’s utiliza


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uma coloração na resida que é feito por pigmentos orgânicos dando a prancha um design diferenciado devido as cores entre as lâminas. Na Dropedeck’s após inúmeros testes realizados para obter um padrão de shape que seja leve e resistente foi estabelecido que os shapes deverão ser compostos por 4 lâminas de 4 milímetros e juntamente com a resina e a fibra de vidro totalizando 18 milímetros, medida antes de prensar a peça. FIGURA 07 – APLICAÇÃO DA COLA

FONTE: AUTORES (2014)

4.1.3 Moldes

Os moldes são responsáveis pela conformação dos shapes dando a eles exclusividade e formatos conforme o modelo escolhido. Com os moldes é possível estabelecer a inclinação do nose que é a parte de traz do shape, do tail que é a parte da frente e a angulação da parte côncava da prancha. Nas empresas de shapes é possível encontrar diferentes formas de produção dos moldes. A seguir serão apresentadas brevemente os tipos de moldes para a produção de shapes.


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4.1.3.1 Moldes de madeira:

Por se tratar de um material firme, estável de fácil manuseio e geralmente barato, os moldes em madeira são os mais utilizados pelas empresas de shapes, conforme representado na figura 08 a confecção dos moldes são produzidos com madeira maciça esculpidas no formato desejado ou em tiras cortadas, lixadas e coladas uma a uma. FIGURA 08 – MOLDES FRAGMENTADOS DE MADEIRA

FONTE: REVISTA TRIBO (2014) FIGURA 09 – MOLDE PRONTO

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)


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4.1.3.2 Moldes em concreto:

Para produção de moldes em concreto é necessário um molde base em madeira com o modelo especifico da peça onde será acrescentado o cimento dando o formato da parte negativa e positiva do molde. FIGURA 10 – MOLDE PARA PRODUZIR O MOLDE DE CONCRETO

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)

Posteriormente a construção do molde base, o cimento é despejado no seu interior e após se solidificar e desfeita a caixaria base para que o molde de concreto seja retirado (figura 11). FIGURA 11 – MOLDE DE CONCRETO

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)


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Atualmente a Dropedeck’s utiliza-se de pequenos calços de madeiras para dar os formatos no tail e o nose das peças, não existindo um molde base, pois são inúmeros os modelos de pranchas fabricadas, e seria inviável produzir um molde para cada modelo devido ao custo e diversificações de shapes.

4.1.4 Prensagens

A prensagem é o processo de pressão que as lâminas de madeira são submetidas junto ao molde para serem moldadas e fixadas. Nesta etapa as lâminas com a cola e seus componentes já aplicados e posicionadas umas sobre as outras formando um compensado de 18 milímetros são inseridas na prensa junto ao molde. Dias depois após todas as lâminas se unirem perfeitamente os shapes são retirados das prensas e estão prontos para receberem os devidos recortes e acabamentos. Normalmente a espessura final da peça é 15 milímetros variando conforme força atribuída aos moldes e principalmente ao modelo produzido. As prensas hoje usadas na produção de shapes podem ser tanto manuais ou por sistemas hidráulicos e elétricos, onde se pode calcular a pressão e força que será atribuída a peça. A seguir serão demonstradas as prensas usadas no processo de prensagem dos shapes.

4.1.4.1 Prensas manuais

As prensas manuais são produzidas em madeira ou ferro, e para seu funcionamento não é necessário nenhum disposto elétrico ou a ar. A força atribuída no ato de prensar as pranchas junto ao molde é dada pelos parafusos manualmente apertados que atravessam as duas extremidades da prensa, observamos conforme mostra figura 12.


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FIGURA 12 – PRENSA MANUAL

FONTE: REVISTA CEMPORCENTO (2014)

4.1.4.2 Prensas hidráulicas

São as prensas que necessitam de um sistema a ar (figura 13) para seu funcionamento, e com ela é possível controlar e estabelecer a quantidade de força que será empregada no ato de prensar a peça. Com a prensa hidráulica a possibilidade de ter peças com o mesmo formato e curvatura é maior que a prensa manual, pois como já mencionado todo o sistema de força é atribuído automaticamente pelo operador da prensa. FIGURA 13 – PRENSA HIDRAULICA

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)

Na Dropedeck’s a prensa utilizada é manual, produzida com vigas de madeira pelos próprios proprietários, seu sistema de prensagem é feito através de parafusos que atravessam as duas extremidades da prensa e acomodam duas pranchas por vez. Os tacos de madeira como descrito na sessão de moldes são


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posicionados no ato de prensar a prancha nos lugares estipulados pelo modelo a produzir. Com essa prensa e esse sistema de posicionamento dos tacos de madeira é possível produzir todos os modelos desejados na mesma prensa. Por ser um processo manual todas as peças produzidas têm suas particularidades mediante a conclusão do processo de prensagem, tornando os shapes exclusivos mesmo quando tratando-se do mesmo modelo.

4.1.5 Recortes

Após a prensagem, o conjunto de lâminas está pronto para o recorte. O compensado é marcado com base em um gabarito de madeira com medidas finais do modelo do shape a ser produzido e assim é recortado. Os maquinários geralmente usados são serra fita que é uma máquina cuja a serra se movimenta continuamente pela rotação de volantes e polias ou por usinagem controlado por computador, mais conhecida como CNC (comando numérico computadorizado) são maquinas programas por sistemas computorizados conforme mostram as figuras 14 e 15. FIGURA 14 – CORTE NA SERRA FITA

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)


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FIGURA 15 – CORTE COM CNC

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)

O recorte na Dropedeck’s é feito manualmente com uma serra manual ticotico, um maquinário elétrico que efetua um movimento vaivém com sua serra possibilitando realizar cortes detalhados e curvos. O corte é realizado através de um gabarito feito em adesivo, e é nesse processo que o shape recebe diferentes formatos de acordo com a figura 16. FIGURA 16 – TIPOS DE MODELOS

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)

Além disso é na etapa de recorte que o maior volume de resíduo é gerado, resíduo que em sua composição unem diferentes matérias, madeira, resina epóxi e fibra de vidro que juntos são considerados poluente ao meio ambiente pois após a etapa de prensagem não podem ser separados.


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4.1.6 Acabamentos

Após o shape ser cortado, suas extremidades ficam com imperfeições causadas pelas serras dos maquinários de corte, e é a etapa de acabamento a responsável por tratar através de lixamento os defeitos, plainando e arredondando as bordas para que a peça fique uniforme. FIGURA 17 – FASE DE ACABAMENTO

FONTE: OS AUTORES (2014)

O acabamento é um processo considerado manual, mesmo quando auxiliado por maquinários pois necessita de pequenos detalhes que feitos manualmente possibilitam melhores resultados. Os equipamentos usados nessa etapa variam conforme a necessidade do acabamento do shape, entre elas as tupias que são maquinas que possibilitam o acabamento arredondado são as mais usadas, mas por proporcionar melhor acabamento boa parte das empresas do segmento utilizam a lixamento manual ou uma lixadeira rotativa como última etapa do processo. A Dropedeck’s utiliza uma lixadeira elétrica manual com disco flap, equipamento que é usado para desbastar as imperfeições do shape antes de receber o acabamento final com lixa manual.


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4.1.7 Furações

O processo de furação é realizado para que os trucks do skate sejam fixados junto ao shape quando montado. A posição e quantidades de furos são feitos conforme o modelo escolhido, podendo variar de 8 a 16 ou mais furos. Um shape com 8 furos não possibilita o posicionamento do truck pois cada truck possui 4 furos. Já o shape com mais furos possibilita que acha posicionamento do truck, aonde é possível monta-los mais próximo do tail ou do nose do shape, montagem que diversificam a estabilidade do skate. Os maquinários mais usados para esta etapa são as furadeiras mecânicas (figura 18) são as que contém um cabeçote de quatro ou mais brocas operadas automaticamente com auxílio de um servo motor, que permitem realizar furações múltiplas, e padronizadas evitando que as furações fiquem desalinhadas. Outra maneira de executar a furação é a utilização de furadeira manual com apenas uma broca, as furações com essa ferramenta são feitas com auxílio de um gabarito com as furações já definidas. FIGURA 18 – FURAÇÃO AUTOMATICA

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)

As furações nas pranchas produzidas pela Dropedeck’s são realizadas por uma furadeira manual, com auxílio de um gabarito com as furações definidas e a posição dos furos é estabelecida com referência ao modelo do shape a ser produzido.


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4.1.8 Aplicação de selante

Na etapa de finalização, o shape recebe camadas de selante para que a madeira seja protegida contra umidade e evitando desfolhamento das lâminas. Esse processo de aplicação do selante pode ser executado de várias formas, sendo manualmente com pincel ou com pistola de pintura, onde é aconselhado realizar a aplicação em cabines com cortina d`água para obter um produto com qualidade e, especialmente para segurança dos trabalhadores, pois trata-se de produtos químicos que são prejudiciais à saúde. Após a secagem do selante o shape está protegido e pronto para receber a pintura. FIGURA 19 – APLICAÇÃO DE SELANTE

FONTE: REVISTA TRIBO (2014)

4.1.9 Pintura

O processo de pintura é feito para colorir as pranchas, variando as cores e técnicas de aplicação conforme a peça a ser produzida. A etapa requer muita atenção pois um erro pode comprometer todo o trabalho já realizado. Semelhante ao processo de aplicação do selante a pintura utiliza-se dos mesmos equipamentos, já as técnicas de pintura são variadas possibilitando criar diferentes formas e design no ato de pintar a prancha. Em muitos casos a aplicação da arte no shape é feito antes da pintura, um exemplo da Empresa Dropedeck’s, que utiliza a técnica de estêncil onde é colado


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um adesivo na prancha e em seguida é pintado, e mediante a secagem é retirado o adesivo dando o formato desejado do desenho. A pintura na Dropedeck’s é realizada por meio de uma pistola para pintura, acoplada em um compressor a ar onde se pode regular a pressão e quantidade de tinta que sairá ao acionar a pistola de pintura. Para dar formas nos desenhos desejados as partes que não necessitam ser pintadas são isoladas com fita crepe e após a secagem são retiradas sem danificar a pintura. Para a pintura a Dropedeck’s utiliza tinta à base de poliuretano mais usadas em automóveis, pois é fácil de limpar, resistente à água, resiste a danos de produtos químicos como a gasolina, também resiste bem ao desgaste por abrasão, bem como às condições climáticas e aos raios ultravioletas. E por fim é dado o ultimo acabamento com verniz poliuretano, fortificando ainda mais o poder de proteção a pintura.

4.1.10 Aplicação da arte

A aplicação do design no shape pode ser feito através de diferentes métodos, o mais comum entre as empresas do segmento é a serigrafia. Outas técnicas são a de estêncil, aplicação de transfer e com lâminas de fibra de vidro. A seguir serão brevemente apresentadas as técnicas para aplicação da arte descritas acima.

4.1.10.1 Serigrafia ou silk-screen

A serigrafia mais conhecida como silk-screen é o modo de impressão feito através de uma tela matriz serigráfica gravada pelo método de fotosensibilidade aonde ao fim do processo colocada em uma mesa de luz os pontos escuros correspondem aos locais vazados que a tinta irá passar. A forma de aplicação é feita através de maquinários ou manual.


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FIGURA 20: APLICAÇÃO SERIGRAFIA

FONTE: KILWAG (2014)

4.1.10.2 Estêncil

O estêncil é a técnica que utilizada uma matriz vazada com a figura desejada, que após aplicado tinta é retirada dando o formato do desenho. A matriz pode ser feita em diversos matérias, como papel cartolina, adesivos e chapas de raio-x.

4.1.10.3 Heat transfer

O heat transfer é a técnica de transferir a imagem impressa para o shape. A imagem impressa no papel é colocada em contato com o shape, aplica-se calor e pressão com o auxílio de prensas rotativas de transferência para que o desenho se solte da folha e se transfira para prancha.


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FIGURA 21: APLICAÇÃO HEAT TRANSFER

FONTE: REVISTA CRVISER (2014)

4.1.10.4 Aplicação fiberglass

A aplicação com fiberglass traduzida para o português fibra de vidro é bastante usada na produção de shapes de prancha de surf, é uma técnica para dar resistência a peça e ao mesmo tempo proporcionar ao shaper inúmeras possibilidades de decorar o shape ao modo que preferir. A Dropedeck’s utiliza como já mencionado na sessão de pintura a técnica de estêncil e recentemente vem inovando trazendo da produção de pranchas de surf a técnica de aplicar a arte através das folhas de fibra de vidro. Com isso vem realizando diferentes testes para adaptar para os shapes de longboard a aplicação, foram feitos testes com diferentes folhas e modos de impressão, chegando ao um resultado que a melhor folha para desenho a mão livre e impressão a jato de tinta colorida e monocromática é o papel vegetal. A técnica se faz mediante a um desenho feito em papel vegetal a mão livre, impresso colorido ou monocromático, onde em seguida é aplicada uma camada fina de resina, a mesma resina usada na etapa de modulação das lâminas do shape, sendo distribuída uniformemente em toda a face que será aplicada e assim é colada a arte desejada. Mediante a arte colada o processo de laminação começa com uma fina camada de resina distribuída encima da folha colada e após uma malha de fibra de vidro é colocada e novamente é atribuída uma camada fina de resina, a laminação seguinte segue o mesmo padrão.


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A técnica possibilita que seja laminada diversas vezes, sendo que quanto mais camadas mais resistência a arte e o shape receberá, normalmente 5 (cinco) camadas é o suficiente para a aplicação dessa arte. FIGURA 22: APLICAÇÃO FIBERGLASS

FONTE: OS AUTORES (2015)

Dentre as técnicas apresentadas existem outras formas de aplicar a arte na prancha produzida como o pirógrafo, mais é possível observar que as empresas do segmento optam por não decorar o shape, valorizando cada vez mais o aspecto natural da madeira. 4.2. RESÍDUOS GERADOS NA PRODUÇÃO DO SHAPE DROPEDECK’S

Após as fases e métodos de produção descritos acima, pode-se observar um acumulo de resíduo na fase de corte do shape, resíduo no qual se encontram diferentes materiais sendo eles a madeira, fidra de vidro e resina epóxi. A composição desses materiais quando unidos é considerada totalmente prejudicial ao meio ambiente, pois trata-se de substancias toxicas que não podem ser separadas devida a junção na fase de prensagem no processo de produção. Atualmente na Dropedeck’s os resíduos gerados ficam estocados em um espaço prejudicando o layout da empresa, ocupando um área que possivelmente seria usado para alguma fase de construção do shape, conforme mostra figura 23.


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FIGURA 23: GERAÇÃO DE RESÍDUOS

FONTE: OS AUTORES (2014)

5. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No dia 02 de agosto de 2010 o então presidente Luís Inácio Lula da Silva sancionou a Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que entre outras diretrizes responsabiliza as empresas pelo recolhimento de produtos descartáveis. Para criar tal lei, que reformula toda uma política nacional de descarte, há sem sombra de dúvidas a necessidade de realizar estudos aprofundados que não afetem sua abrangência, caso contrário, ela certamente resultará em contradições e se tornará inútil.

Deste modo, a definição científica ou técnica do que possa vir a ser

considerado resíduo sólido ou lixo é fundamental, uma vez que assegura a compreensão e limitação do problema, possibilita a sua classificação e auxilia na elaboração de estratégias de descarte e reaproveitamento. Portanto para efeito da Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010), ficou estabelecido que resíduo sólido é: Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, no estado sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes ou líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpo


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d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.

A norma NBR 10.004/2004 da coletânea ABNT (Associação Brasileiras de Normas Técnicas) define resíduos sólidos como: Resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face a melhor tecnologia disponível (2004).

São diferentes os modos de se classificar os resíduos sólidos. As mais corriqueiras são quanto aos riscos possíveis de contaminação do meio ambiente e quanto a natureza ou origem. Segundo a norma NBR 10004 da ABNT os resíduos sólidos podem ser classificados pelas as seguintes classes: Classe I ou perigosos, são os resíduos que em função de suas características intrínsecas de corrosividade, reatividade, toxicidade e inflamabilidade apresentam riscos à saúde pública por meio do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quanto manuseados ou dispostos de forma inadequada. Classe II ou não-inertes, são os que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações dos outros resíduos. Classe III ou inertes, aqueles que por suas características inerentes, não oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma representativa, segundo a norma NBR 10007, e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização segundo a norma NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Quanto à natureza ou origem, fundamental elemento para a distinção dos resíduos sólidos, segundo este critério, os distintos tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes: 

Lixo doméstico ou residencial, resíduos gerados nas atividades cotidianas e diárias em casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.


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Lixo comercial, resíduos originados por estabelecimentos comerciais, cujas características dependem da atividade desenvolvida. Na chamada limpeza urbana, os tipos doméstico e comercial constituem o lixo domiciliar, que, junto com o lixo público, representam a maior parcela dos resíduos sólidos produzidos nas cidades.

Lixo público, resíduos presentes nos avenidas e ruas públicas, em geral resultantes da natureza, tais como: folhas, galhos, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos de embalagens e alimentos.

Lixo domiciliar especial, compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus. Observe que os entulhos de obra, também conhecidos como resíduos da construção civil, só estão enquadrados nesta categoria por causa da sua grande quantidade e pela importância que sua recuperação e reciclagem vêm assumindo no cenário nacional.

Lixo de fontes especiais, resíduos que, em função de suas características peculiares, passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, disposição, estocagem, transporte e descarte final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais, merecem destaque:

Lixo o industrial, resíduos muito variados gerados pelas indústrias, que apresentam características diversificadas dependendo do tipo de produto manufaturado. Devem, portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR10004 da ABNT para se classificar os resíduos industriais. Dentre outros resíduos e de extrema importância o descarte de forma

correta segundo as classificações apresentadas acima, pois cada classe a um destino final correto e diferenciado um do outro, possibilitando assim quando possível a reciclagem devida para cada tipo de resíduo.


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5.1 GESTÃO DE RESÍDUOS

Gestão de resíduos envolve atividades referentes a tomada de decisões estratégicas dentro do ciclo produtivo da empresa, contempla os aspectos institucionais,

administrativos,

financeiros,

ambientais,

sociais

e

técnico-

operacionais. Significa mais do que o gerenciamento técnico-operacional do serviço de limpeza. Extrapola os limites da administração pública, considera o aspecto social como parte integrante do processo e tem como ponto forte a participação não apenas do primeiro setor (o setor público), mas também do segundo (o setor privado) e do terceiro setor (as organizações não-governamentais), que se envolvem desde a fase dedicada a pensar o modelo de planejamento e a estabelecer a estratégia de atuação, passando forma de execução e de implementação dos controles. O conceito de gestão integrada trabalha na própria formação do processo e o envolve como um todo. Não é simplesmente um projeto, mas um processo, e, como tal, deve ser entendido e conduzido de forma integrada, tendo como plano de fundo e razão dos trabalhos, nesse caso, os resíduos sólidos e suas diversas implicações. Deve definir estratégias, ações e procedimentos que busquem o consumo responsável, a minimização da geração de resíduos e a promoção do trabalho dentro de princípios que orientem para um gerenciamento adequado e sustentável, com a participação dos diversos segmentos da sociedade, de forma articulada. A Gestão Integrada de Resíduos Sólidos pode ser entendida como a maneira de “conceber, implementar e administrar sistemas de manejo de resíduos sólidos urbanos, considerando uma ampla participação dos setores da sociedade e tendo como perspectiva o desenvolvimento sustentável”. Por exemplo, relaciona-se à

prevenção,

redução,

segregação,

reutilização,

acondicionamento,

coleta,

transporte, tratamento, recuperação de energia e destinação final de resíduos sólidos (Modelo de gestão de resíduos sólidos no Brasil,1996) Esse sistema deve considerar a ampla participação e intercooperação de todos os representantes da sociedade, do primeiro, segundo e terceiros setores, assim exemplificados: governo central; governo local; setor formal; setor privado; ONGs; setor informal; catadores; comunidade; todos geradores e responsáveis


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pelos resíduos. Deve ser baseada em princípios que possibilitem sua elaboração e implantação, garantindo um desenvolvimento sustentável ao sistema.

6. CICLO DE VIDA DO PRODUTO

6.1 FASES DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO

O ciclo de vida do produto refere-se a todo o processo que o incorpora, desde a extração dos recursos necessários para a sua produção até o esgotamento dos mesmos recursos após o uso do produto. Esse ciclo é dividido nas seguintes fases: Pré-produção, produção, distribuição, uso e descarte. A seguir serão exibidas detalhadamente cada fase do ciclo de vida do produto para uma melhor compreensão dos processos fundamentais que as caracterizam.

6.1.1 Pré-produção

A fase de pré-produção ocorre na produção das matérias-primas a serem utilizadas, a escolha e aquisição dos recursos para a produção, o transporte dos recursos até o local de produção e a transformação dos recursos em materiais e energia. Os recursos acima citados podem ser divididos em recursos primários que são recursos virgens e os secundários são eles os recursos reciclados. Os recursos primários são os que derivam da natureza exemplo dos minerais e metais quando extraídos do solo, esses recursos são classificados como não renováveis, já os recursos cultivados pelo homem após sua colheita como por exemplo os grãos e frutas são classificados como renováveis. Segundo MANZINE e VEZZOLI (2002) tanto os recursos primários e secundários passam por uma série de processos de tratamentos e transformações. Já os recursos secundários vêm dos descartes e dos resíduos gerados ao fim do processo de produção e das atividades de consumo, e esses recursos podem ser classificados em dois momentos. 1. Pré-consumo: são estabelecidos pelos descartes, resíduos, ou excessivos materiais gerados durante a produção


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2. Pós-consumo: são os materiais originários das embalagens e produtos após passarem pelas mãos do consumidor final. Os recursos descritos acima, especialmente os de pós-consumo após reprocessados podem ser usados para produção de novos produtos.

6.1.2 Produção

Nas fases do ciclo de vida do produto, a produção é uma das fases de maior importância, é composta por três períodos essenciais na produção dos produtos são elas: a transformação dos materiais, a montagem e o acabamento. Porém é necessário que sejam apontados outros processos, tais como, pesquisa, desenvolvimento, projeto, controles produtivos e gestão de produção visando um melhor desempenho e a minimização e energia e matérias durante a produção. (MANZINE e VEZZOLI, 2005) Após o transporte dos recursos da fase de pré-produção para a fase de produção, os materiais sofrem transformação alcançadas através de maquinários e até mesmo manualmente, transformando-os em componentes que em seguida são montados, a fim de se obter um produto final. Com o produto final já estabelecido é possível realizar diversos tipos de acabamentos como por exemplo, selagem e pintura. No processo produtivo e de importância avaliar a minimização de perdas e refugos, assim como da energia e do consumo de recursos. Para isso, é necessário escolher os processos produtivos que reduzam o consumo de materiais e energia e adotar sistemas que otimizem os processos de transformação, reparos e descarte tornando o produto pronto para distribuição.

6.1.3 Distribuição

Finalizado o processo produtivo o produto será distribuído para o consumidor diretamente ou para outros postos de distribuição. Essa fase é composta por três momentos fundamentais: a embalagem o transporte e o armazenamento. A embalagem é a primeira e mais importante forma de contato entre o produto e o seu consumidor, e além de agregar valores ao produto, a embalagem


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tem como principal função protegê-lo e garantir a sua integridade durante o seu transporte e armazenamento e é feita para que o consumidor final receba seu produto de forma correta e funcional. O transporte pode ser feito para um local intermediário ou diretamente para o consumidor final, através de meios como trem, caminhão, avião e outros segmentos de transporte. O armazenamento é os locais que o produto final fica estocado enquanto espera para ser transportado, e quando está sendo transportado o modo que foi organizado dentro dos meios de transporte.

6.1.4 Uso

A fase de uso do produto é caracterizada por duas etapas, sendo elas o uso/consumo e o serviço. Como uso e consumo o produto é usado por um determinado período de tempo, ou dependendo das suas características é consumido rapidamente, exemplo de produtos alimentícios. O uso de um produto absorve

recursos materiais

e

energéticos

para

o

seu funcionamento,

e

consequentemente produz resíduos. Durante o uso e manuseio dos produtos esses podem demandar de outras atividades de serviços para manutenção e reparos do seu funcionamento, caracterizando a fase de serviços do produto O produto em posse do consumidor pode ficar em uso enquanto não houver outro destino para o mesmo, ou enquanto não se encontre um descarte devidamente correto para o fim do uso do produto. Esse descarte pode acontecer por inúmeros motivos.

6.1.5 Descarte

O descarte de produtos tem se tornado muito precoce em função da chamada obsolescência programada. CARRASCOZA e SANTARELLI (2008) chamam atenção para a sociedade de consumo que após a Segunda Guerra Mundial, sustenta a economia e leva o consumo a alcançar um lugar de destaque na vida cotidiana e, onde a publicidade e o marketing têm usado argumentos para que se viva em função deste consumo.


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O fato de descartar um produto não evita as inúmeras possibilidades de aproveitamento, sendo ela recuperação da sua funcionalidade ou até mesmo gerar uma nova matéria-prima com o descarte do produto. Dentro do ciclo de aproveitamento de um produto quando o indivíduo descarta-o mencionamos a reutilização como um dos principais métodos de reaproveitamento. A reutilização por sua vez é caracterizada pela redução dos descartes, fazendo com que se possa reutilizar os produtos rejeitados resgatando as mesmas funções que antes nele era agregado ou até mesmo um novo procedimento de fabricação, submetendo a novos processos que permitam que ele seja reutilizado como novo (MANZINI & VEZZOLI, 2005). Outra alternativa não menos importante é a reciclagem sendo ela por um método de compostagem ou incineração. A reciclagem pode ocorrer por um processo de anel fechado, pelo qual o material recuperado é utilizado no lugar de materiais virgens para a produção de um mesmo produto de onde foi derivado. Ou por um processo de anel aberto, aonde os materiais são conduzidos para um produto-sistema diferente dos de origem (MANZINI & VEZZOLI, 2005). Recentemente, diferentes designers vêm trabalhando duramente com o intuito de delongar este ciclo de vida dos produtos, seja desenvolvendo produtos mais resistentes, que possam ser desmontáveis, promovendo assim a troca e o descarte apenas das peças que encontrar-se danificadas, ou seja desenvolvendo novos produtos a partir de objetos que seriam descartados. Um determinado produto pode ser considerado banal até o momento em que entra em contato com um indivíduo que decide transformá-lo em um novo produto, a partir deste momento este produto passa a ter uma nova dimensão emocional.

6.2 DESIGN E A REUTILIZAÇÃO DOS PRODUTOS

São inúmeros os casos de empresas e designers que atualmente promovem a reutilização de materiais no desenvolvimento de novos produtos aparentando ser uma nova tendência mundial frente às novas possibilidades sustentáveis que estão sendo propagadas. Para a exemplificação deste projeto, foram selecionados alguns produtos consagrados, criados a partir da reutilização de materiais. A fundação Droog Design, que, apesar de não defender de maneira direta a reutilização de materiais como alternativa sustentável, desenvolve trabalhos


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importantes que podem ser relacionados ao assunto abordado. Da mesma forma, foram realizadas algumas considerações sobre os trabalhos dos consagrados designers brasileiros, como exemplo Irmãos Campana, que detêm sua identidade criativa a partir do reuso de materiais. Por fim é observada também a preocupação pelo tema, abordado pela Bienal Brasileira de Design de 2010, realizada em Curitiba, que exibiu em sua amostra inúmeros objetos criados a partir da reutilização de materiais.

6.2.1 Droog design

No início dos anos 90, o design holandês sofria uma opressão cultural pósmoderna baseada nos princípios racionais propostos pelos Movimentos Modernos de design. Não havia uma identidade definida e tudo o que era feito, praticamente seguia os princípios do funcionalismo (RAMAKERS, 2002). Atentos a isto e influenciados pelo movimento Antidesign e pelo grupo italiano Memphis, a crítica de arte Renny Ramakers e o designer Gijs Bakker, formaram em 1993, a Fundação Droog Design, que pretendia desenvolver produtos a partir do resgate da mistura de materiais e significados, a fim de possibilitar o surgimento de uma expressão criativa e de uma identidade holandesa no design. Segundo RAMAKERS (1998), a primeira mostra organizada pelos fundadores da Droog Design ocorreu na Feira de Móveis de Milão em 1993, onde foram expostos quatorze objetos de designers holandeses que defendiam uma nova abordagem na concepção de materiais empregados no desenvolvimento de produtos. A exposição foi um sucesso e muitas das peças apresentadas, como o lustre 85 Lamps (figura 24), tornaram-se verdadeiros ícones da década de 90 ao passo que novos designers holandeses, como Hella Jongerius e Marcel Wanders, ganharam notoriedade. A Droog Design se tornou uma referência nos anos 90 por ter sido inusitada e até hoje desenvolve produtos fiéis ao seu manifesto, a partir da mistura de materiais inesperados, que possibilitam fortalecer a relação afetiva entre o usuário e o produto, e que resgatam valores culturais holandeses que passam despercebidos (RAMAKERS, 2002).


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FIGURA 24: LUSTRE 85 LAMPS

FONTE: DROOG.COM (2011)

6.2.1.1 Stick Lamp

A peça Stick Lamp (figura 25) do designer associado da fundação Droog Design Chris Kabel, reforça o comprometimento da fundação com seus ideais, é

um

projeto baseado na reutilização das embalagens de lâmpadas

comercializadas na Holanda.

Após a compra da lâmpada, certamente a

embalagem plástica que a protege é descartada, porém através deste projeto, é atribuída uma nova função ao que antes seria considerado lixo e sem valor. Simplesmente com a adição de uma fita adesiva, que auxilia na fixação da luminária, são criadas inúmeras novas possibilidades de uso para a lâmpada, que poderá ser aderida agora a qualquer parede, porta ou teto. Não há informações se o projeto de Chris Kabel atualmente é desenvolvido a partir da reutilização do material, mas de qualquer forma, o produto transmite e fortalece a idéia de que é possível desenvolver produtos funcionais sem que haja a necessidade de dispor novos recursos naturais para a obtenção de matériaprima, bem como gerar novos resíduos (RAMAKEKS 1998).


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FIGURA 25: STICK LAMP

FONTE: DROOG.COM (2012)

6.2.1.2 Rag Chair

Outro exemplo de produto da fundação que se baseia na reutilização de materiais ou objetos é a clássica poltrona Rag Chair, de Tejo Remy (figura 26). O intuito do projeto, segundo RAMAKERS (1998), é permitir que renasça um novo vínculo entre o usuário e seu passado, pois a poltrona é desenvolvida através da incorporação de roupas e trajes velhos do usuário que não são mais utilizados para estruturar a forma do produto.


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FIGURA 26: POLTRONA RAG CHAIR

FONTE: DROOG.COM (2012)

Segundo a Droog Design, este produto trata muito mais de um projeto ligado ao fortalecimento da sensação emotiva entre o usuário e os materiais do que uma proposta sustentável que esteja diretamente preocupada com a geração dos resíduos. Mas de qualquer forma, é de importância exemplificar novos meios projetuais que mesmo indiretamente possibilitam amenizar o problema em questão.

6.2.2 Irmãos Campana

Os Irmãos Campana, Humberto e Fernando conforme mostra figura 27, brasileiros, exemplos fundamentais no design de reutilização não são designers por formação. O primeiro formou-se em direito e obteve contribuições de ideias e conhecimentos sobre design acrescidos do seu irmão, Fernando, então formado em arquitetura (CRESTO, 2009).


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FIGURA 27: IRMÃOS CAMPANA

FONTE: PORTAL ARQUITETÔNICO (2012)

Sua primeira exposição, Desconfortáveis, foi organizada pela empresa paulista Arquitetura da Luz, em 1989, e exibiu uma série de sofás e cadeiras confeccionados em chapas de ferro e cobre sem acabamento ou revestimento. Eram objetos com grande força expressiva, com forte apelo emocional em sua ostensiva frieza, eram originais, não repetiam nenhuma fórmula de sucesso, não eram o reflexo da estética italiana, que na década de 1980, parecia hipnotizar os criadores brasileiros (Estrada apud CAMPANA, 2003). Em um primeiro momento seu trabalho chocou a todos que o viram, porém foi reconhecido pela sua singularidade na forma de utilização dos materiais. Em suas obras é possível ver que é agregada grande importância aos materiais utilizados, normalmente materiais inusitados, como sarrafos de madeira, plástico-bolha, mangueiras de PVC e brinquedos, diferentes dos que são comumente empregados na produção de móveis. Na sua constante busca por novos materiais, muitas vezes os irmãos acabam invertendo as funções, como o que ocorreu com a Cadeira Plástico Bolha, aonde o plástico, habitualmente utilizado para embalar e proteger produtos, assumiu a função de móvel (CAMPANA, 2003). De acordo com CRESTO (2009), para os designers, o material utilizado, é o foco de pesquisa, é o elemento que os distingue no design, sobretudo no mobiliário. Eles praticam com a adoção dessas matérias-primas, um tipo de reaproveitamento, procurando dar um novo uso ou função para um material descartado ou industrial. O discurso do reuso, fortemente empregado pelos irmãos, baseia-se em estratégias de reaproveitamento comumente utilizadas pelas populações pobres


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brasileiras, que recriam objetos e materiais utilizando técnicas mais rudimentares (LEON, 2005). Estas técnicas de criar novos objetos são conhecidas como as famosas gambiarras, descritas por BOUFLEUR (2006) como “uma atitude de improvisação, criatividade, solução alternativa, conserto improvisado”, além de “soluções criativas para problemas corriqueiros”. O autor também defende o fato de que o termo gambiarra enfatiza o estado criativo, a capacidade inventiva e inovadora, a inteligência e a dinâmica popular do povo brasileiro, sendo também entendida como uma prática de reciclagem e reutilização. Diante disto os irmãos Campana afirmam: Para nós é um gesto espontâneo reinterpretar os objetos do design por meio da nossa experiência cotidiana. Podemos definir essa atitude como uma espécie de antropofagia: absorvemos tudo, dos gestos informais de quem recolhe papel ou latinhas pela rua, até os mecanismos das grandes indústrias, passando pela maneira de se trabalhar no campo. (Campana apud CAMPANA, 2003)

Para CRESTO (2009), os irmãos aplicam em suas obras o conceito de “refuncionalização dos produtos”, no qual estes são deslocados da sua origem, dando origem a novos produtos, fazendo referência aos princípios aplicados nas obras de Marcel Duchamp, que consistiam na escolha de um objeto comum para ser utilizado em um novo contexto, passando de um objeto sem valor a um novo, com status de obra de arte. A partir desta nova maneira de explorar os materiais, os irmãos desenvolveram uma plasticidade em seus produtos, definindo assim a sua identidade própria dentro do design, um entremeio entre arte e design, indo do kitsch ao design de luxo, exposto em salões internacionais e ganhando prêmios consecutivos.

6.2.2.1 Poltrona Multidão

Nem todos os produtos desenvolvidos pelos Irmãos Campana fazem reuso de objetos provenientes de descarte, como pode ser visto no caso da Poltrona Multidão (figura 26). Para desenvolver a poltrona foram utilizadas bonecas de pano confeccionadas por artesãs de uma comunidade carente do estado da Paraíba, mediante a retalhos de tecidos que eram gerados em outras produções do centro de costura da comunidade.


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FIGURA 28: POLTRONA MULTIDÃO

FONTE: CAMPANAS.COM (2014)

A poltrona faz parte de uma série de móveis criados entre 2001 e 2002 com uma linguagem baseada na questão do acúmulo, comparado pelos autores ao kitsch (CRESTO, 2009). A poltrona feita com uma base de aço inoxidável e aplicação das bonecas de pano para formar o assento e encosto, podem ser utilizadas como um exemplo de aproximação entre os seus autores e as obras frequentemente encontradas na produção dadaísta pelo fato de utilizarem um objeto artesanal comum para a criação de um novo produto, valorizando desta forma, artesanato e a cultura local. Ao tratar-se da funcionalidade do produto, deve-se questionar-se o ato de sentar é realizado sem impedimentos, com conforto, facilidade, se as questões de resistência e ergonomia são devidamente respeitadas. Porém neste caso, é possível notar que a questão funcional é apenas uma função secundária, assim como na maioria dos seus produtos, os irmãos Campana pretendem fazer com que as pessoas reflitam sobre os objetos pela forma que são produzidos e os materiais utilizados. Hoje os irmãos Campanas buscam em suas criações a interação com comunidades, fabricas e industrias, agregando valores consideráveis tanto operacionais como fontes de inspirações mantendo seu repertorio sempre atualizado.


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6.2.3 Bienal Brasileira de Design

Após sofrer um longo período de exploração relacionada a questões sociais e ambientais, o Brasil vem dando passos importantes em um caminho rumo à sustentabilidade. E um dos impulsos dessa caminhada, certamente é o design brasileiro, que vem sendo visto como referência em sustentabilidade, conforme afirma Borges (2010): O design brasileiro vive hoje seu melhor momento. Essa avaliação é unânime entre os observadores da cena nacional e internacional dessa atividade. (...) A meu ver, o Brasil reúne condições excepcionais para ser um dos líderes do movimento pelo design sustentável no cenário internacional, a começar pela própria tradição ecológica de nosso povo.

Equipada de postura inovadora e larga experiência em design, Curitiba (já com o título Sustainable City Award 2010) foi eleita para ser sede da 3ª Bienal Brasileira de Design. O evento ocorreu entre os dias 14 de setembro e 31 de outubro de 2010, e teve como tema “Design, inovação e sustentabilidade”. É possível notarmos, nesta 3ª Bienal, que o assunto sustentabilidade muito se propagou desde o momento em que começou a ser fortemente discutido pelas autoridades de 40 anos atrás: Garantidos o aprofundamento temático e, simultaneamente, a expansão dos limites do próprio evento, desenhamos um conjunto de mostras que deveriam se integrar organicamente e que expressassem uma visão plural, tendo como ponto de partida a definição elaborada em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, de que “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades”. (BORGES, 2010)

O aprofundamento temático desta Bienal uniu mostras com os seguintes títulos: “Design, inovação e sustentabilidade”, uma mostra nacional de projetos de design de serviços, design de produto e design gráfico; “Design Urbano: uma trajetória”, sustentabilidade ligada à cidade de Curitiba; “Sustentabilidade: e eu com isso?”, exposição de cartazes de estudantes e profissionais; “Memória da indústria: o caso da CIMO”, cerca de 40 peças originais de mobiliário do portfólio da antiga empresa; “Memória do design no Paraná”, projetos de quatro designers paranaenses tanto da área de produto como da área gráfica, estes

com

atuação marcante entre as décadas de 1960 e 1980;

“Bienais de

design, primórdios de uma ideia”, as histórias das primeiras bienais de design no Brasil;

“Novíssimos”, projetos nacionais de estudantes e recém-formados; “A


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reinvenção da matéria”, uma exposição de produtos providos de novas matériasprimas, ainda pouco exploradas, como a fibra de bananeira e borrachas extraídas da Amazônia, além de produtos com materiais extraídos do lixo; “It’s a small world”, uma mostra do design dinamarquês (BORGES, 2010). A partir desse conjunto de exposições, BORGES(2010) relata que: Esperamos oferecer uma visão plural do design. Tendo renascido de um movimento de empresários, o Movimento Brasil Competitivo, e da esfera econômica do poder público, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Bienal Brasileira de Design é comprometida desde a sua gênese com a ideia do design como fator de competitividade da indústria brasileira. A recém-ocorrida inclusão do Ministério da Cultura entre seus promotores traz um reforço ao modo de ver o design não só em sua importância para o desenvolvimento econômico do país, como também para a sociedade e a vida dos cidadãos.

Sem dúvida, a sinergia por parte dessas mostras contribui na difusão do pensar criativo, da inovação e na reflexão sobre a sustentabilidade. 6.2.3.1 Poltrona saco plástico – Nido Campolongo

Lixo transformado e deslocamento de funções são procedimentos com os quais Nido Campolongo vem se destacando no design brasileiro. Agora ele mantém os procedimentos, mas sai do âmbito exclusivo dos papéis e papelões para novos materiais. Esta peça tem estrutura de puçá, um tipo de rede de tela metálica ou nylon usada para pegar peixes, e é coberta por sacos plásticos vindos de cooperativas de coleta de lixo. Os sacos são pressionados e amarrados no puçá, de maneira artesanal. Dependendo de como os puçás são amarrados uns aos outros, o produto toma a forma de pufe, poltrona ou sofá. A estética orgânica da Poltrona Saco Plástico (figura 29) é um resultado lógico que provém da disposição dos sacos plásticos em torno da estrutura de puçá, dificilmente este produto terá cópias fiéis por se tratar de um produto artesanal. Porém, o que devemos considerar é sua estética comunicativa, a qual questiona a prática de consumo de sacos plásticos. Aqui, funções práticas não têm tanta importância quanto o caráter comunicativo, mas se as considerarmos é possível perceber que o produto não atende as mais básicas funções relacionadas à limpeza, transporte e armazenamento.


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FIGURA 29: POLTRONA SACO PLASTICO

FONTE: NIDOCAMPOLONGO.COM (2014)

6.2.3.2 Poltrona Rio Manso – Carlos Motta

Carlos Motta foi um dos primeiros designers no Brasil, a usar madeira de demolição ou de “redescobrimento”, como ele chama em seus móveis. Em geral, o designer utiliza peroba rosa, encontrada em casas paulistanas, empregada em linhas como a poltrona Rio Manso representada pela figura 30, composta por poltrona e por sofás de dois e três lugares. A coleção usa um pouco de cola industrial a base de água e tem opções como a de estofados soltos ou apenas na madeira. Por acreditar na longevidade técnica e estética de seus móveis, Carlos Motta dá garantia eterna ao produto. Em seu design predomina a simplicidade, o despojamento e o constante aperfeiçoamento visando o conforto do usuário.


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FIGURA 30: POLTRONA RIO MANSO

FONTE: CARLOSMOTTA.COM (2014)

6.2.4 Grupo Zerezes Com a união dos conceitos poético e sustentabilidade um grupo de quatro amigos jovens (figura 31) e idealistas deram início ao projeto de óculos de madeira feito a partir de madeiras encontradas pelas ruas da cidade Rio de Janeiro como relembra Luiz Eduardo. “Foi um acaso. Encontrávamos madeiras em abundância em caçambas e entulho de obras. Com o tempo fomos entendendo o valor delas, muitas eram nobres”. Percebemos que poderíamos trabalhar com o que estava sendo descartado”. FIGURA 31: EQUIPE ZEREZES

FONTE: REVISTA ABC DESIGN (2014)

Com a realização do Rio+20 em 2012 a Zerezes chegou ao mercado. As coleções são nomeadas pela origem da madeira e além de aproveitamento dos descartadas a empresa utiliza madeiras certificadas e documentadas.


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A coleção ganhou o afetivo nome de Madeiras Redescobertas, as edições dos óculos são limitadas já que com as sobras só é possível produzir uma pequena quantidade de peças. Todas são marcadas com o número de série. Há modelos feitos com madeiras como peroba, jacarandá ou pinho de riga. E para dar conceito e agregar valor ao produto cada haste dos óculos recebe o nome da rua que as madeiras foram encontradas, assim quem comprar o produto saberá exatamente da onde ele surgiu. Com a produção dos óculos acrescendo a geração de resíduos aumentou durante o processo produtivo. Com isso os jovens sócios com ajuda de financiadores conceberam uma nova forma de reaproveitar as sobras. Foi desenvolvido um compósito feito da união da serragem com resina de base vegetal. Depois de muitas experimentações e pesquisas para assegurar a qualidade do material, tiveram sucesso em produzir óculos feitos com esta nova matéria-prima. Conseguiram assim reduzir o desperdício e dar vida nova a algo que seria descartado, concretizando o óculos chamado de restus, como como a figura 32. FIGURA 32: ÓCULOS RESTUS

FONTE: ZEREZES.COM (2014)


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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

A etapa de desenvolvimento do projeto tem como finalidade através de um método estabelecido analisar todos seus requisitos sendo eles técnicos, formais e ambientais afim de filtrar as melhores condições de desenvolvimento para continuidade do projeto.

7. METODOLOGIA DO PROJETO

Para o desenvolvimento de determinado produto é de extrema importância que se tenha um planejamento especifico, tornando a execução do projeto evidente e compreensiva em suas diferentes fases, tendo por base procedimentos racionais e sistemáticos. Atendendo a necessidade de um método de pesquisa, será definido como base para direcionamento deste projeto o estudo metodológico de Bernd Löbach (2001), aonde o autor defende que o conceito de design compreende na concretização de uma ideia a fim de solucionar um problema encontrado (quadro 01), e que a função do designer está em sua capacidade de reunir informações para a solução de tais problemas que lhe são apresentados e também a competência criativa que ele deve possuir (LÖBACH, 2001). O autor ainda esclarece: As fases deste processo se denominam design, tanto em nível parcial, como na totalidade do processo. [...] o design também é a produção de um produto ou sistema de produtos que satisfazem ás exigências do ambiente humano. Ele começa pelo desenvolvimento de uma ideia, pode concretizarse em uma fase de projeto e sua finalidade seria a resolução dos problemas que resultam das necessidades humanas. (LÖBACH, 2001)

Löbach (2001) explica que a configuração como conceito geral, pode ser o processo de materialização de uma ideia. Seguir uma estrutura fundamentada em ordem lógica e cronológica, estabelece assim a concretização dos conceitos de design a fim de alcançar os objetivos definidos. O fluxograma abaixo caracteriza o processo de design e suas diretrizes, a fim de visualizar a funcionalidade das suas atividades.


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QUADRO 01: O PROCESSO DE DESIGN

FONTE: LÖBACH (2001)

No fluxograma acima é possível constatar o processo de design e a analogia com a indústria e o método de uso estabelecida por Löbach (2001). O processo de design tendo principal evidência o objeto como produto industrial, relaciona-se com 4 fundamentais fatores, o (usuário) comprador são os responsáveis por disponibilizar recursos financeiros através da compra para o (empresário) sendo ele o fabricante que estabelece o (setor de design) aonde são projetadas e desenvolvidos os objetos de design constituindo o (produto industrial). Neste complexo existe dois processos primordiais, o processo de design e o processo de uso, são o que estabelece os conceitos no desenvolvimento do produto com base nestas análises, o projeto de produtos industriais com funções - relação projeto produto - e a experimentação das funções do produto - relação produto usuário. Para que o processo de design seja elaborado de forma coerente e que se obtenha os resultados desejados, Löbach (2001) indica as principais fases para o método construtivo conforme mostra o quadro 02. O processo de resolução de problemas é caracterizado por 4 fases a análise do problema, a geração de alternativas, a avaliação das alternativas e a realização da solução. Este trabalho estará fundamentado nos conceitos destas fases no desenvolvimento do processo de design. Que de acordo com Löbach (2001) é um processo criativo e de solução de problemas onde: 

Existe um problema que pode ser bem definido;


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Reúnem-se informações sobre o problema que são analisadas e

relacionadas criativamente entre si; 

Criam-se alternativas de soluções para o problema, que são julgadas

segundo critérios estabelecidos; 

Desenvolve-se a alternativa mais adequada (transforma-se em

produto) Abaixo através de um fluxograma, as fases que caracterizam o processo de design estão apresentadas através de suas etapas desde o nascimento da ideia até a fase de materialização do produto QUADRO 02: FASES DO PROCESSO DE DESIGN

FONTE: LÖBACH (2001)

Com o método já estabelecido por Löbach (2001), o trabalho seguira suas fases e etapas afim de solucionar um problema detectado na Dropedeck’s, que é a geração de resíduo no processo de produção dos shapes para longboard. Para que um produto se materialize segundo Löbach (2001) precisamos detectar a necessidade não só de mercado mais como da sociedade, para que através de um problema encontrado o produto possa ser desenvolvido com o intuído de proporcionar melhor comodidade ao usuário e minimizar dificuldades em meio a sociedade.


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7.1 ANÁLISE DA NECESSIDADE DO PRODUTO

Com a intenção de proporcionar ao usuário um novo material para um produto e ao mesmo tempo solucionar um problema agravante na meio ambiente que é a geração e descartes de resíduos, empresas apostam em novas matériasprimas para a produção dos seus produtos, como as madeiras de reaproveitamento, proporcionando aspectos ambientais e sustentáveis para as peças desenvolvidas e satisfazendo com modelos que cativam a todos os consumidores. Löbach (2001) define as necessidades e seu processo dessa maneira: As necessidades têm origem em alguma carência e ditam o comportamento humano visando à eliminação dos estados não desejados [...]. Quando as necessidades são satisfeitas, o homem sente prazer, bem estar, relaxamento. A satisfação de necessidades pode, portanto, ser considerada como a motivação primária da atuação do homem. (LOBACH, 2001)

Com o objetivo de suprir essa necessidade, o projeto em desenvolvimento tem como objetivo a aplicação dos conceitos de design de produto, colocando em destaque o reaproveitamento de material, e aspectos ambientais que mediante a minimização dos resíduos serão parcialmente sanados. . 7.2 DESENVOLIMENTO HISTÓRICO

Para muitos os óculos é artigo de coleção, uns não saem de casa sem eles já outros e marca registrada da sua personalidade. São peças funcionais ou até mesmo meros acessórios estéticos, os óculos têm reservados seu lugar diante da população quando o assunto é moda, e agora estão ganhando espaço na era da sustentabilidade. Nos textos do filosofo chinês Confúcio 500 anos antes de cristo, foram registradas as primeiras referências a objetos semelhantes aos óculos, que eram usados como adorno e principalmente como distinção social. A palavra óculos vem do latim ocularium, um termo da Antiguidade Clássica que dava nome as aberturas na altura dos olhos das armaduras para que os soldados enxergassem. Existem diferentes controvérsias sobre a origem do primeiro modelo de óculos semelhante ao que hoje é usado. Para alguns historiadores a primeira aparição foi na Alemanha por volta de 1270, aonde os óculos se assemelhavam a


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um compasso (figura 33), com dois aros de ferro unidos por rebites que não possuíam hastes. FIGURA 33: PRIMEIRO ÓCULOS

FONTE: ABC DESIGN (2014)

Já para outros o surgimento se deu na Itália, aonde quem produzia de forma arcaica eram os monges, as armações eram feitas a partir de ossos, metal e couro com formato em ”V” invertido para encaixe do nariz, conhecidos como pince-nez. No século XVll foram desenvolvidos os primeiros modelos com hastes fixas (figura 34), mesmo coma nova criação os modelos não substituíram o pince-nez, que ainda continuaram a serem usados por homens e mulheres até a década de 20, quando ai sim foram substituídos pelos modelos Numont, produzidos com aros superiores ou inferiores finos e leves e cujas versões modernas são sucesso de vendas até hoje.


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FIGURA 34: PRIMEIRO OCULOS COM HASTES

FONTE: ABC DESIGN (2014)

Na década de 40 foram produzidos os primeiros óculos de plástico, tornando-se leves e duradouros possibilitando a produção de diferentes formatos e cores. A década foi marcada por modelos arredondados, conforme apresentado na figura 35. FIGURA 35: PRIMEIRO OCULOS DE POLIMERO

FONTE: ABC DESIGN (2014)

Nos anos 60 os óculos passaram a ser modernismo, não era ninguém a garota que não tivesse um óculos modelo gatinho (figura 36), exemplifica Lula Rodrigues estilista e consultor de moda (2010).


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FIGURA 36: OCULOS GATINHO

FONTE: ABC DESIGN (2014)

Como tudo na moda é cíclico, a evolução dos óculos ocorre conforme a necessidade e tendências de cada época, a partir da década de 70 as armações passaram a possuírem cores e diferentes formatos. Lula Rodrigues (2010) aposta como principais tendências para os dias de hoje a volta dos modelos antigos e de novos materiais para a produção de óculos. Perante a isso para o desenvolvimento desse projeto pode-se identificar as influências e tendências de cada época e aplicar na atualidade, desenvolvendo diferentes modelos com materiais sustentavelmente corretos.

7.3 ANÁLISE DE SIMILARES

A análise de similares é a fase de pesquisa para observar no mercado quais os produtos oferecidos com a mesma finalidade de reaproveitamento de material que o projeto em desenvolvimento pretende. A análise buscou observar os óculos que reutilizam de materiais descartados, e que possuem materiais diferenciados para a confecção das peças, com a finalidade de obter um claro entendimento sobre novidades e tendências que possam ser encontradas no mercado para o segmento de óculos. Os requisitos a serem observados para compreender o que o mercado oferece são desde materiais empregados na produção, as formas dos produtos, o poder de reutilização dos matérias descartados, a criatividade e estética do produto, a usabilidade e por fim o processo de fabricação das peças.


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FIGURA 37: OCULOS COM FIBRA DA PLANTA CANNABIS

FONTE: YPENESS (2014)

Apesar de muitas pessoas não terem conhecimento, a fibra da planta Cannabis tem sido utilizada há séculos na indústria, com aplicações que vão desde a área têxtil, para roupas, até a partes de carros. Segundo a empresa Hemp Eyewear, é a fibra mais forte do mundo e um material mais sustentável que a madeira. Com a ideia de sustentabilidade a empresa resolveu desenvolver o óculos feito a partir da fibra da planta conforme mostra a figura 37, através do processo de prensagem por moldes e prensas. Os óculos serão comercializados somente no início de 2015. FIGURA 38: OCULOS FEITO COM DISCOS DE VINIL

FONTE: YPENESS (2014)


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Mesmo com o advento da música digital, existe um certo charme associado ao vinil, que hoje é quase um objeto de coleção. Mas a empresa Tipton Eyeworks, de Budapeste, Hungria, levou a paixão pelos discos mais longe e criou uma linha de inovadores óculos feitos a partir de LPs que, de outra forma, iriam a descartes, (figura 38). O fabricante afirma que a escolha do material se dá pela sua durabilidade, resistência e praticidade. E com maior conceito o reaproveitamento, pois cada vez mais os discos de vinil se tornam peças descartadas. Vinylize nome da linha onde seu processo de fabricação é todo manual, produz peças tanto masculinas e femininas, peças que seu preço mínimo é de R$ 998,00 reais. FIGURA 39: OCULOS COM LÂMINA DE PEDRA

FONTE: YPENESS (2014)

A marca Shwood lançou a Stone Collection uma coleção para óculos feitos de pedra (figura 39). Uma marca conhecida por produzir óculos de madeira inovou na matéria-prima sem deixar o conceito de inovação, trabalhos manuais e utilização de elementos da natureza de lado. A base ainda continua sendo de madeira conforme modelos anteriores, garantindo sustentação ao produto, mas na armação são utilizadas lâminas de pedra ardósia, aonde são retiradas folhas finas para que o óculos não pese exageradamente em seu rosto. Seu design ganha um toque rustico e vintage. Os preços variam de 295 a 325 dólares.


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FIGURA 40: OCULOS FEITO COM SHAPE DE SKATE

FONTE: YPENESS (2014)

Conforme a figura 40 os Sk8 Shades são óculos feitos com shapes de skate usados que pelo usuário seria descartado, e para Dave de Witt é uma matéria-prima de grande potencial para a produção de óculos. O processo de fabricação é semelhante ao do shape de skate pois utiliza basicamente das mesmas fases e meios produtivos aonde seu processo pode demorar de 3 a 5 dias pois Dave de Witt pressa principalmente pelo acabamento perfeito de suas peças. Os óculos só estão à venda via loja virtual Etsy e o preço gira entorno de R$250,00 reais. FIGURA 41: OCULOS FEITO COM MADEIRA CERTIFICADA

FONTE: YPENESS (2014)

Por sua vez a empresa Notiluca situada em São Paulo tem a sustentabilidade como base para o desenvolvimento das suas peças. A empresa


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concentra sua atenção em 3 pilares: a beleza, funcionalidade e bem estar. Seus produtos feitos totalmente artesanais um a um, são produzidos com madeiras certificadas pelo IBAMA garantindo um manejo florestal responsável, e buscam aproveitamento máximo para a matéria-prima, chegando a utilizar 90% do que é comprado conta Fernando um dos idealizadores da empresa. Os produtos estão à venda em diversas cidades do Brasil e o preço inicial é de R$450,00 reais. FIGURA 42: OCULOS FEITO COM LASCAS DE MADEIRA

FONTE: YPENESS (2014)

A empresa do grupo Zerezes já mencionada em etapas anteriores do projeto é idealizada por um grupo de amigos do Rio de Janeiro que juntos tinham em comum a ideia de desenvolver um produto de baixa impacto ambiental e alto impacto sensorial, conferindo um novo significado ao descarte. A produção das peças se dá no ato que são redescobertas madeiras encontradas pelas ruas do Rio de Janeiro em caçambas, canteiros de obras e restos de marcenaria. Madeiras que após trituradas são colocadas em moldes junto com reagentes catalizadores proporcionando a secagem e resistência da peça que após essa fase sem tratadas uma a uma (figura 42). Além de se preocupar com a sustentabilidade a empresa Zerezes busca em suas peças funções simbólicas pois cada óculos recebe em sua haste o nome da rua de onde a matéria-prima foi retirada.


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7.4 ANÁLISE ESTRUTURAL DOS ÓCULOS

Como foi possível observar nas sessões anteriores, as formas e matérias para a produção de óculos e extremamente variada, mas por se tratar de um produto que diante de diferentes finalidades, sendo elas estética ou necessidade segue uma composição padrão, O exemplo abaixo é um óculos de leitura, conforme mostra figura 43. FIGURA 43: COMPOSIÇÃO DO ÓCULOS

FONTE: PAPOFISICO.COM (2014)

Os óculos são constituídos por duas hastes, que são os suportes para que os óculos parem atrás da orelha, as ponteiras que são as proteções para as pontas das hastes, as charneiras são elas as responsáveis pela articulação das hastes, os aros onde é fixada as lentes dos óculos, a ponte são elas os suportes para que o óculos encaixe no nariz, e as plaquetas responsáveis por proteger o contado da ponte com o nariz.

7.5 ANÁLISE DO PUBLICO ALVO

Para que o desenvolvimento do projeto de produto seja coerente com as expectativas e necessidades do público alvo, um questionário foi aplicado através de pesquisa qualitativa para o conhecimento e definição deste público. O questionário foi aplicado via focus grups, onde reuniu-se um grupo de 38 pessoas no ambiente da prática de longboard, ambiente no qual se encontrava praticante do esporte e


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também diferentes outros tipos de pessoa, exemplo familiares de praticantes, fotógrafos entre outros. A pesquisa primeiramente tinha como finalidade estabelecer o perfil do usuário, e junto com ele estabelecer alguns parâmetros para a continuidade do projeto, sendo que as perguntas seriam para que o usuário contribuísse com os requisitos do projeto, e estabelecer referências às influencias formais, materiais, de poder aquisitivo e de usabilidade. Como questão principal da análise foi possível identificar o produto com maior percentual de aceitação quando 21 pessoas apontaram sendo como destaque a produção de um óculos feito com reaproveitamento de material. Sendo assim o projeto a ser desenvolvido tem como objetivo produzir um óculos com o reaproveitamento dos resíduos. O analise apontou que dos 38 entrevistados, 25 são do sexo masculino e 13 do sexo feminino, sendo que 26 pessoas têm idade entre 18 a 30, 6 possuem idade entre 31 a 40 anos e somente 6 possuíam idade inferior a 18 anos. Com os questionamentos observou-se que 7 pessoas possuem o ensino médio incompleto, 18 concluíram o ensino médio, 8 estão cursando graduação e 5 já possuem alguma formação superior, sendo que dos já graduados 3 são funcionários públicos e outros 2 autônomos. Dentre os entrevistados 31 são praticantes do longboard, sendo que 25 praticam casualmente principalmente nos fins de semana, já 13 pessoas praticam diariamente e pretendem continuar para que se aperfeiçoem cada vez mais no esporte. Com a intenção de descobrir se algum dos entrevistados conhecem a produção de shape de longboard a fim de identificar se possuem conhecimento sobre a geração de resíduos nesse segmento, uma pergunta foi destinada aos usuários sendo que somente 12 deles possuem tal conhecimento na produção dos shapes. Quando os questionamentos destinaram-se a sustentabilidade todos os entrevistados se preocupam com o assunto, sendo que 35 pessoas fazem a reciclagem tanto no ambiente domiciliar quanto fora de casa, e somente 3 dos entrevistados não fazem nenhum tipo de ação para contribuir com o termo questionado, mas mesmo assim se sentem no direito de intervir em algumas das suas particularidades.


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Ainda perguntas destinadas a sustentabilidade 27 dos entrevistados responderam que costumam a usar materiais descartados para utilizar em outros afazeres, sendo mantendo a sua função ou atribuindo outra função ao resíduo. Já 100% dos entrevistados disseram que comprariam e utilizariam produtos feitos a partir do reaproveitamento de material, sendo que 23 deles atribuíram a função estética do produto sendo como principal influência para optar com matérias de reaproveitamento, já 15 dos entrevistados optaram pela função pratica ao escolher produtos feitos com matéria reaproveitados. Com a aplicação do questionário foi possível estabelecer alguns parâmetros para a continuidade do projeto e identificar dentro do ciclo dos usuários que mediante as questões questionadas todos os entrevistados estão cientes da importância de reaproveitar materiais e também da preservação ao meio ambiente, levando em conta a geração futura.

7.6 ANÁLISE DAS FUNÇÕES

Para a construção de um produto é necessário focar determinadas função afirma Löbach (2001), para isso o autor destaca 3 principais funções sendo a pratica, estética e a simbólica conforme mostra o quadro 03, porém em determinados produtos uma função é mais importante do que a outra. QUADRO 03: CLASSIFICAÇÃO DAS FUNÇÕES DE UM PRODUTO

FONTE: LÖBACH (2001)


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Função Prática: é a capacidade do produto atender as necessidades de uso em relação ao usuário, conforme sua funcionalidade, ergonomia e usabilidade. FIGURA 44 – PEÇA PIVOT GRIND

FONTE: SKATE HOME (2014)

A peça Pivot Grind (figura 44) vendida pela empresa Skate Home busca funcionalidade e viabilidade a um cabideiro feita a partir de peças de skate. Löbach (2001) destaca que “o objetivo do desenvolvimento de produtos é criar as funções práticas adequadas para que mediante seu uso possam satisfazer as necessidades físicas”. Função Estética: está na capacidade de sensibilizar pelo menos um dos sentidos humanos, projetando os produtos de forma que os elementos estéticos, cores, formas texturas e outros, se se unem de forma harmoniosa cumprindo sua função de atrair a atenção e seduzir os usuários. A função estética é a que estabelece o primeiro contado com o usuário, e é a função mais interligada ao design. FIGURA 45: TÊNIS PRODUZIDO COM MATERIAL RECICLADO

FONTE: YPENESS (2014)


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Exemplo do tênis feito pela ONG Everything You Buy is Rubbish produzido com 100% dos lixos retirados de rios no Reino Unido (figura 45) aonde exibe cores vibrantes linhas simples e um bom acabamento, transmitindo modernidade e qualidade. Löbach (2001) aponta que a Função Estética “é considerada como processo no qual se possibilita a identificação do homem” e ainda destaca a importância desse processo dizendo que tal função “se impõe à nossa percepção, ela se une a outras funções e as supera.” Função Simbólica: é o fato do produto estimular a espiritualidade do usuário com ligações de experiências anteriores com o produto. FIGURA 46: SHAPE PRODUZIDO COM RESTOS DE REDE DE PESCA

FONTE: YPENESS (2014)

Na busca de experiências anteriores, destaca-se o skate feito pela empresa Bureo que tem como matéria-prima redes de pesca descartadas pelos pescadores, redes que até então proporcionaram momentos alegres e tristes diante a uma pescaria, podem ser reutilizadas para outro fim, (figura 46). Löbach (2001) destaca que a Função Simbólica “deriva dos aspectos estéticos do produto” e ainda esclarece que “só será efetiva se for baseada na aparência percebida sensorialmente e na capacidade mental da associação de ideias”. Mediante ao estudo da análise das funções, o produto em desenvolvimento busca satisfazer o usuário de uma forma pratica desafiando suas formas estéticas e cativando com função simbólica, criando um óculos que diferente das suas técnicas


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e processos de produção continue oferecendo a mesma funcionalidade que o óculos sempre o forneceu, sendo ela casual ou necessidade, proporcionando através das suas formas e aplicações um produto que atraia e seduza esteticamente, e através do seu apelo sustentável de reaproveitamento de material, retirando do meio ambiente

resíduos

que

possivelmente

traria

algum

dano,

estimulasse

simbolicamente o interesse do usuário por um produto ecologicamente correto, transmitindo a ele o apelo sustentável, de que um simples gesto de contribuir com o próximo, e geração futura pode fazer grande diferença.

7.7 REQUISITOS DO PROJETO

Os requisitos do projeto é todas as condições que atendem plenamente para a elaboração do objetivo do desenvolvimento do projeto, são todas as condições e capacidades para resolver a necessidade e problema encontrado no início da construção do projeto Este projeto tem como objetivo principal a minimização e reutilização de resíduos gerados em uma empresa cujo seu segmento é a produção de shapes para longboard

com

exclusividade,

contemplando

características

como:

reaproveitamento, sustentabilidade, design, qualidade, usabilidade, estética e conceito. E para que isso possa ser possível serão estabelecidos alguns requisitos de projeto fundamentais para a continuidade de desenvolvimento do produto: requisitos técnicos, requisitos ambientais e requisitos de materiais Requisitos técnicos: 

Formas geométricas

Adequando as tendências atuais de mercado

Exploração de recursos operacionais

Fácil produção

Encaixes

Ergonomia a armação do óculos


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Requisitos ambientais: 

Reaproveitamento de material descartados

Sustentabilidade

Minimização de resíduos

Produto corretamente ecológico

Requisitos de materiais: 

Reciclável

Impermeável

Leve

Durável

Ecologicamente correto

Com

os

requisitos

citados

ocasiona

um

direcionamento

para

o

desenvolvimento do produto desejado, tornando-se metodologicamente aplicável pois estão selecionadas diretrizes para que possa ser possível o desencadear do desenvolvimento.

8. FASE CRIATIVA

8.1 GERAÇÃO DAS ALTERNTIVAS

Nesta sessão serão apresentadas as alternativas geradas com base no estudo antes apresentado na fundamentação teórica, baseando-se em tendências, produtos similares, usuários e processos de fabricação, com foco principal no conceito de propiciar uma nova maneira de aplicação dos resíduos gerados na produção de shape que possibilitasse chamar a atenção do usuário para a reutilização de matérias descartados. Na geração das alternativas buscou-se apenas diferenciar formas e estilos paras as armações dos óculos, porém requisitos como cores e aplicações das técnicas de arte serão discutidas em sessões seguintes. As ferramentas usadas para a criação das alternativas foram virtuais, sendo elas o Illustrator e o Solidworks, plataformas que permitem gerar a partir de esboços ou vetores objetos tridimensionais e bidimensionais possibilitando a visualização de cotas e possíveis testes para montagens e articulações do produto a desenvolver.


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8.1.1 Alternativa 01 FIGUR 47: ALTERNATIVA 1

FONTE: OS AUTORES (2015)

Alternativa com linhas retas e poucas curvas, pensada no modo de produção, facilitando assim seu recorte e acabamento.

8.1.2 Alternativa 02 FIGURA 48: ALTERNATIVA 2

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Alternativa com linhas curvas, desenvolvida com conceito nas tendĂŞncias de mercado dos anos 60 onde o modelo mais usado era o gatinho.

8.1.3 Alternativa 03 FIGURA 49: ALTERNATIVA 3

FONTE: OS AUTORES (2015)

Modelo com espessura grossa e linhas acentuadas, desenvolvida para um melhor aproveitamento de material, visando modelos masculinos. 8.1.4 Alternativa 04 FIGURA 50: ALTERNATIVA 4

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Modelo de fina espessura, desenvolvida para proporcionar estilo e design, pensando ergonomicamente no encaixe para o rosto e nariz. 8.1.5 Alternativa 05 FIGURA 51: ALTERNATIVA 5

FONTE: OS AUTORES (2015)

Modelo de fina espessura, com linhas mais retas pensando em seu modo de produção, desenvolvida ergonomicamente para encaixe no rosto e nariz. 8.1.6 Alternativa 06 FIGURA 52: ALTERNATIVA 6

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Modelo de fina espessura, com baixo aproveitamento de material, com linhas mais retas pensando em seu modo de produção.

8.2 DEFINIÇÃO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA

Para a definição da alternativa escolhida foi utilizado uma técnica definida como matriz de decisão que segundo Mello (2011) é um método para escolha de conceitos, no caso um método para escolha de um produto que melhor defina a solução do problema encontrado, apresentada na tabela 01. Com base na aplicação da ferramenta matriz de decisão, foi possível selecionar a alternativa que melhor atendeu aos requisitos do projeto mencionado na sessão 6.5. Observando a possibilidade de diversificar a haste da armação a matriz de decisão foi dividida em duas partes, sendo uma a análise da alternativa do aro e outra a alternativa da haste, conforme mostra o quadro abaixo 01. Para pontuar as alternativas que mais ou menos se adequam aos requisitos estabelecidos foram atribuídas notas de 0 a 4, sendo que 0 (zero) para alternativas que não atendem e 4 (quatro) para as que melhor atendem os requisitos do projeto. TABELA 01: MATRIZ DE DECISÃO

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Com isso foi possível pontuar e selecionar a alternativa de ambas as peças que possuem melhores critérios, dando uma somatória das atribuições de 32 pontos para a alternativa 2 da haste e uma pontuação de 36 para a alternativa 4 do aro do óculos.

8.3 ALTERNATIVA ESCOLHIDA FIGURA 53: ALTERNATIVA ESCOLHIDA

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com base na matriz de seleção foi definida a melhor alternativa, a que mais se adequa aos requisitos de projeto. Durante o desenvolvimento buscou-se um melhor aproveitamento de material e que a alternativa possibilitasse a aplicação da arte visando sempre a melhor forma ergonômica e estética para uso do produto.


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9. FASE DE EXECUSÃO

9.1 DETALHAMENTO TÉCNICO DO ÓCULOS

As orientações técnicas do produto são responsáveis pela produção da peça em desenvolvimento, com base nos desenhos e definições pode-se compreender através das diferentes vistas que um desenho técnico possibilita expor, o desenvolvimento do produto. Cadê lembrar que para o desenvolvimento do óculos como um todo, as medidas podem sofrer variações de 0,5 milímetros para menos ou para mais, não possuindo uma exatidão em seu dimensional. Com o detalhamento técnico é possível observar vistas expandidas, onde possibilita uma melhor compreensão das peças que compõem o produto e sua devida posição quando montada. Na sequência serão apresentados os desenhos técnicos para a produção das peças que caracterizam o óculos, e uma vista expandida com todas as peças, seus dimensionais e em caso de peças terceirizadas, a amostragem dos seus fornecedores.

9.2 ERGONOMIA Para se desenvolver um projeto e a construção de um móvel, entender a ergonomia é muito importante. Gomes (2003) afirma que “a ergonomia objetiva sempre a melhor adequação ou adaptação possível do objeto aos seres vivos em geral.” Destaca ainda que tudo isso se diz respeito à segurança, a eficácia, ao conforto e a funcionalidade do produto. A ergonomia é uma disciplina científica, relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e a aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos, a fim de otimizar o bem estar humano e o desenho de todo o sistema. Sendo assim, pode ser dividida em três áreas: Ergonomia Física: que está relacionada à Anatomia Humana, Antropometria e Biomecânica. Ergonomia Cognitiva: que é relacionada totalmente aos Processos Mentais e


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Racionais. Ergonomia Organizacional: a qual está ligada a Estruturas Organizacionais, Sociotécnicas e também na Política dos Processos Construtivos (ABERGO, 2000). Todos os objetos e estruturas foram criados de maneira que suprissem, auxiliassem e facilitassem o desenvolvimento do ser humano ergonomicamente, evitando problemas físicos (MORAES; MONT’ALVÃO, 1998). Aponta-se que: Ergonomia é um corpo de conhecimento sobre as habilidades humanas, limitações humanas e outras características humanas que são relevantes para o design. Projeto ergonômico é a aplicação da informação ergonômica ao design de ferramentas, máquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para o uso humano seguro, confortável e efetivo. A palavra significante nestas definições é design, porque ela nos separa de disciplinas puramente acadêmicas como antropologia, fisiologia e psicologia. (MORAES; MONT’ALVÃO, 1998)

Para o direcionamento e construção técnica do óculos, buscou-se as normas compatíveis para a o produto em questão. Para a medição do aro utilizou a norma NBR 14993, DE 10/2003 Óptica e Instrumentos ópticos – Óptica oftálmica – Sistema de medição para armações para óculos.

9.3 CONTRUÇÃO E ANÁLISE DO MODELO

A construção do modelo tem por finalidade observar e analisar as medidas ergonômicas e formato do óculos junto ao rosto do usuário. Para que se possa ter os resultados desejados com a análise foram convidados 3 usuários para que se testasse o modelo. O modelo foi construído em escala real 1:1 em chapa MDF de 6 milímetros, usinada em maquinário CNC (Comando numérico computadorizado) onde através de vetor do desenho a ser produzido é feito a programação da peça. Para a produção do modelo não foram consideradas os acabamentos, constituindo uma peça reta sem curvatura e nenhum detalhe acabado, conforme mostra figuras 54.


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FIGURA 54: MODELO

FONTE: OS AUTORES (2015)

Diante da análise realizada com o modelo, foi possível observar que tanto as medidas retas quanto as curvas da armação estão ergonomicamente dentro do padrão estabelecido pela norma da ABNT NBR 14993, DE 10/2013, porém os argumentos dos usuários que testaram o modelo foi que a parte onde a armação encaixa na parte nasal estaria justa, não dando devidamente o encaixe certo como mostra figura 55 e 56. O questionamento foi verificado e em seguida identificado o problema devido a espessura da madeira usada para a produção do molde, com isso foi feito um acabamento somente na parte questionada, arredondando e diminuindo a espessura e em seguida testado novamente, obtendo uma melhor aceitação dos usurários tratando de uma peça modelo. FIGURA 55: TESTE DE USABILIDADE DO MODELO

FONTE: OS AUTORES (2015)


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FIGURA 56: ENCAIXE NASAL

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com essa fase do projeto pode-se validar o produto a produzir, com isso será minimizado o desenvolvimento do protótipo, pois com a análise do modelo foi verificado possíveis problemas com a produção da peça, resolvendo antes de iniciar o molde e produção do protótipo.

9.4 CONTRUÇÃO DO MOLDE

O molde é uma ferramenta que permite a conformação de um material, ele é constituído basicamente por duas partes, sendo uma a negativa e outra a positiva da peça a produzir. Os moldes podem ser fabricados de diferente formas e materiais diversificando conforme o projeto que ele será destinado. Os materiais mais usados são os termoplásticos, vidros, madeiras, borrachas entre outros e seus processos de fabricações são por injeção, compressão, sopro, termoformação e outros. Para o projeto em desenvolvimento a finalidade do molde é estabelecer as curvaturas ergonomicamente necessárias no óculos, para isso foi adquirido um modelo de óculos fornecido em mercado a fim de analisar o raio do curvatura para que fosse possível produzir o molde. Com o raio de curva já estabelecido deu início ao processo de produção do molde, onde foram estudados a viabilidade dos processos e matérias que melhor se adaptavam aos custos e processos de produção. Mediante a isso foi feito contato com empresas metalúrgicas pois a primeira opção era a produção do molde em aço, levando em conta a precisão da peça, constatado após alguns orçamentos que o custo de produção e de projetista era elevado partiu para outros tipos de material.


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Após testes realizados foi possível constatar que a melhor opção de material para o molde é a madeira, pois trata-se de um material relativamente barato e de fácil manuseio. Para a produção do molde foi usado 8 (oito) tacos de assoalho de madeira sucupira descartados, com espessura de 10 milímetros cada com 230 milímetros de comprimento por 100mm de largura, conforme mostra figura 57. FIGURA 57: TACOS DE MADEIRA SUCUPIRA

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com o material já definido buscou-se então modos de produção, processos e maquinários que fossem acessíveis e de possível manuseio com baixo custo de produção. Assim deu início a testes com diferentes maquinários manuais e automatizados para o corte dos tacos de madeira. A primeira alternativa foi obter o recorte do molde através de uma serra ticotico, maquinário manual onde o poder de precisão é baixo, onde constatou que é inviável pois uma peça não receberia o mesmo recorte que a outra. Em uma segunda alternativa buscou-se em uma serra fita a realização do corte, mesmo tratando de uma máquina automática e de bancada fixa o manuseio do material a ser cortado é manual, com isso não foi possível estabelecer um padrão de corte para as peças. Pensando em padrão de corte para os tacos de madeira, a terceira opção foi o corte em maquinário CNC, através de um comando computorizado foi estabelecido um gabarito onde todas as peças fossem usinadas em um único eixo X e Y, resultando em peças uniformes em seu corte, representado pela figura 58.


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FIGURA 58: RECORTE EM CNC

FONTE: OS AUTORES (2015)

Opção que após alguns testes foi definida como alternativa final para o processo de recorte dos tacos de madeira, resultando na peças positivo e negativo possibilitando posicionamento uniformes das peças para a construção do molde, (figura 59) FIGURA 59: PEÇAS USINADAS

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com as peças para a produção do molde devidamente cortadas e numeradas em uma sequência de 1 a 8 para melhor posicionamento quando prensadas, deu início a modulação. Com a mesma resina epóxi usada nos shapes de longboard mencionada na sessão de produção dos shapes, os tacos de madeira foram resinados nas suas


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fases, e empilhados um em cima do outro formando um único bloco, processo representado pela figura 60. FIGURA 60: MODULAÇÃO DO MOLDE

FONTE: OS AUTORES (2015)

Após a modulação das peças, o bloco é submetido a uma unificação feita com pressão com uma morsa torno de bancada auxiliada por dois grampos sargento, onde o aperto é feito manualmente. FIGURA 61: UNIFICAÇÃO DO MOLDE 1

FONTE: OS AUTORES (2015)


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FIGURA 62: UNIFICAÇÃO DO MOLDE 2

FONTE: OS AUTORES (2015)

Após aproximadamente 36 horas mediante a reação e endurecimento da resina, o molde é retirado do processo de prensagem, onde constatou que era necessário acabamentos para melhor unificação da peça. O molde foi submetido a uma plaina automática, tornando todas suas fases uniformes. FIGURA 63: MOLDE DO ÓCULOS

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com os devidos acabamentos realizados o molde está pronto para ser submetido a conformação das lâminas que darão forma ao produto em desenvolvimento, conforme mostra figura 63.


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9.5 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO DO ÓCULOS

Com o intuito de materializar todo o estudo apresentado no decorrer do projeto, foi construído um protótipo buscando acabamento, processos e materiais, sendo o mais próximo ao produto final. O desenvolvimento do protótipo é dividido em etapas que juntas concretizam a ideia final, sendo essas etapas as seleção da matéria-prima, a laminação e modulação da matéria prima, a prensagem do composto, os recortes e por fim seus devidos acabamento e aplicações de arte. Para um melhor entendimento das fases de construção do protótipo, elas serão detalhadamente apresentadas a seguir.

9.5.1 Seleção dos resíduos para a produção do óculos

Com conceito principal do desenvolvimento do projeto que é a minimização e reutilização dos resíduos gerados na produção dos shapes de longboard é nessa etapa que são selecionados e reutilizados os resíduos para a produção do óculos. Primeiramente é realizada uma seleção dos resíduos, sendo eles os menos danificados pelos cortes do processo produção do shape e os que possibilitam a laminação dos seus pedaços, transformando-o em uma nova matéria-prima FIGURA 64: SELEÇÃO DOS RESÍDUOS

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Com os pedaços de resíduos já selecionados, eles por sua vez são submetidos a cortes deixando as peças devidamente uniformes e em seguida a uma nova prensagem através do mesmo processo já feito para a conformação das pranchas, com resina e prensado com a mesma prensa que a Empresa Dropedeck’s utiliza para a compressão dos shapes de longboard transformando-os em um novo compensado. Após o compensado ser desformado, o processo a seguir é a laminação de tiras com 2 a 4 milímetros de espessura cada. O processo é feito com auxílio de um maquinário serra fita de bancada. Com isso as lâminas estão prontas para receber a modulação e conformação no molde já produzido.

9.5.2 Modulação das lâminas do óculos

Nesse processo as lâminas são submetidas a conformação junto ao molde desenvolvido, as técnicas e matérias para essa etapa é a mesma usada na produção do shape de longboard. A modulação inicia com a escolha das lâminas retiradas dos resíduos, com isso são feitas as separações das lâminas que agradam esteticamente, sendo uma a frente e outra a parte posterior do óculos. Com testes realizados para observar a espessura e resistência da peça encontrou-se a melhor composição de lâminas, sendo que para o aro do óculos 10 lâminas de 2 milímetros é o suficiente para uma boa composição, já para as hastes serão usadas 8 lâminas de 2 milímetros cada. Mediante as lâminas separadas, é preparada a resina epóxi com seu reagente catalizador para que possa ser aplicada uma a uma em ambas a faces, onde novamente serão moduladas e em seguida colocadas junto ao molde para ser prensadas.


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FIGURA 65: MODULAÇÃO DAS LÂMINAS

FONTE: OS AUTORES (2015)

9.5.3 Prensagem do composto

Com o composto devidamente posto no molde, a composição está pronta para ser prensada. O processo é feito na mesma prensa usada para prensar os shapes de longboard, prensa operada manualmente com devidos apertos feitos através de parafusos, como já mencionado na sessão de processo produtivo do shape. Na prensa é colocado o molde com o composto das lâminas e assim é dado os apertos necessários para a conformação da peça desejada. FIGURA 66: PRENSAGEM DO COMPOSTO

FONTE: OS AUTORES (2015)


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O composto fica aproximadamente 24 horas prensada para que a resina solidifique e unifique todas as lâminas, resultando em um compensado com as curvaturas desejadas. FIGURA 67: COMPOSTO PRENSADO

FONTE: OS AUTORES (2015)

Mediante a deformação do composto, é retirada o excesso de resina que escorre nas lâminas durante o solidificação com auxílio de uma lixadeira automática e assim o compensado está pronta para ser recortado. As medidas finais do compensado variam de 250 a 300 milímetros de comprimento por aproximadamente 120 milímetros de largura. Devido ao tamanho e formato do molde desenvolvido, será possível retirar apenas uma peça de um único modelo de armação. FIGURA 68: MEDIDA DO COMPENSADO

FONTE: OS AUTORES (2015)


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9.5.4 Recorte do óculos

O processo de recorte do óculos constitui na fase onde o produto é devidamente materializado, sendo possível realmente sentir e testar as textura, ergonomia, leveza, profundidade e curvaturas. O corte indiferente das suas técnicas e processos, necessitam de desenhos técnicos devidamente cotados, possibilitando melhor compreensão do dimensional mediante ao processo que será submetido o compensado a ser cortado. Para que fosse possível recortar o óculos, foi necessário testes com diferentes maquinários sendo eles manuais e automáticos como tupias, mini retifica e CNC, possibilitando analisar e adaptar a qual forma o compensado melhor se comportava durante o processo de corte nele empregado. Devido ao processo de construção do shape utilizar-se de uma tupia, um maquinário manualmente operado, onde que com auxílio de uma fresa é possível fresar furos, recortes e dar acabamento diversos, foi então a primeira opção para o recorte do óculos. Após alguns testes de corte, analisou-se a dificuldade de manter uniformidade entre os dois lados da peça, tratando de uma peça que é necessário manter padrão entre os lados para fim de inserir a lente no óculos, portando a tupia manual não foi a opção escolhida para o recorte do produto. Em um segundo momento utilizou-se de uma micro retifica, maquinário manualmente operado que possibilita com suas diferentes ferramentas que pode ser incorporada, acabamento, recortes e detalhes em espaços pequenos. Com esse tipo de maquinário foi possível observar a mesma dificuldade de obter lados iguais na peça, dificultando eventuais acabamentos e a adaptação das lentes na armação do óculos, e devido aos veios da madeira serem contínuos dificultou-se o corte em curva, desalinhando o maquinário seguindo o veio da madeira.


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FIGURA 69: RECORTE COM MICRO RETIFICA

FONTE: OS AUTORES (2015)

A terceira opção de corte trata-se de um maquinário CNC comandado por um computador, por sua vez, através de um software possibilita transmitir para o maquinário o desenho desejado para que possa ser fresado nas coordenadas programadas. O maquinário corta com auxílio de uma ferramenta fresa, no caso do produto em desenvolvimento utilizou-se uma fresa de 2 milímetros de diâmetro para formar o corte desejado. Com esse tipo de maquinário é possível estabelecer um padrão de corte para os dois lados da peça, e conforme a programação feita é aceitável fresar mais de uma peça com mesma chamada de programa minimizando tempo e adquirindo peças a mais por minuto. Por se tratar de um compensado curvado que é submetido ao corte, observou a dificuldade para fresar com o maquinário CNC, com isso mesmo tratando de um processo automático algumas operações receberam ajustes manuais para que tivessem um perfeito corte. Com esses diferentes testes de maquinários e técnicas para cortar o óculos, foi possível identifica a melhor opção para o processo, levando em conta: padronização de cortes em ambos os lados da peça, melhor acabamento ao fim do corte, minimização de tempo, qualidade de corte. Com isso a melhor opção é o maquinário CNC que mesmo necessitando de ajustes manuais para um perfeito corte é a opção que melhor se enquadra nos requisitos para escolha do processo. Para realizar o corte no compensado curvado e que não disponibiliza de cantos totalmente retos e parametrizados, foi necessário realizar um gabarito da


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armação em uma madeira base para que quando fresado a peça desejada ficasse centralizada. Feito o gabarito, o compensado a ser usinado foi medido afim de estabelecer com base na curvatura nasal que encontra-se simetricamente no meio da peça o centro do óculos, e em seguida traçado um risco verticalmente no centro. No gabarito feito em uma madeira base foi realizado a mesma medição para encontrar o centro da peça, para que quando posicionado as duas peças ficassem centralizadas em seus riscos. Com as peças centralizadas o compensado foi pregado em suas partes de refúgio, e deu-se início a usinagem. FIGURA 70: USINAGEM DA ARMAÇÃO

FONTE: OS AUTORES (2015)

Após aproximadamente 7 minutos, o compensado foi usinado materializando o produto em desenvolvimento. FIGURA 71: USINAGEM DA ARMAÇÃO REALIZADA

FONTE: OS AUTORES (2015)


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As hastes dos óculos foram submetidas ao mesmo processo de usinagem feita nas armações. Primeiramente foi estabelecido um gabarito em uma madeira base e em seguida o compensado foi pregado e dado início a usinagem. Diferente da armação que fresa apenas uma peça por vez devido ao tamanho do compensado, o compensado das hastes foi modulada para que no ato de usinar as peças direita e esquerda que compõe um óculos fossem feitas ao mesmo tempo, totalizando duas hastes. FIGURA 72: USINAGEM HASTE

FONTE: OS AUTORES (2015)

Finalizado o processo de corte das peças que compõe o óculos, sendo elas a armação e as hastes o processo seguinte é os acabamentos estéticos e ergonômicos.

9.5.5 Acabamentos do óculos

A fase de acabamentos é responsável por dar o tratamento final a peça, retirando imperfeições deixadas no decorrer da usinagem. Para esse processo são utilizados equipamentos manuais e também automáticos, bem como lixa para madeira com gramatura 120 a 280, a fim de realizar os acabamentos superficiais e mais precisos, e para acabamentos onde são necessários desbastes com maior intensidade é utilizada a micro retifica com ferramentaria própria para o processo em pequenos acabamentos. No aro do óculos foi utilizada lixa para madeira com gramatura inicial de 120, realizando os acabamentos superficiais, retirando as rebarbas deixadas após a


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usinagem, em seguida com lixa de gramatura 80 realizou-se os acabamentos em torno da peรงa para chanfrar os cantos retos, deixando a peรงa esteticamente e ergonomicamente uniforme. FIGURA 73: ACABAMENTO COM LIXA MANUAL ARO

FONTE: OS AUTORES (2015)

Em um segundo momento com a micro retifica devidamente equipada com ferramental para lixar sendo que a lixa possui a gramatura 120, foi realizado os acabamentos com maior intensidade de desbaste, como o encaixe nasal para melhor conforto quando junto ao rosto. FIGURA 74: ACABAMENTO COM MICRO RETIFICA ร CULOS

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Com a intenção de unificar todo aro do óculos a lixa manual de gramatura 120 foi usada para dar fim ao processo de acabamento da armação. FIGURA 75: ACABAMENTO FINAL ARO

FONTE: OS AUTORES (2015)

Já para as hastes do óculos, somente a lixa manual foi utilizada para o acabamento total da peça, sendo que primeiramente com a lixa de gramatura 120 retirou-se as rebarbas e imperfeições deixadas devido ao processo de usinagem. Em seguida com lixa de gramatura 80 foram quebrados os cantos vivos da peça, chanfrando as faces retas para uma melhor ergonomia.

FIGURA 76: ACABAMENTO DAS HASTES

FONTE: OS AUTORES (2015)


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Finalizando as hastes, a lixa manual de 120 foi utilizada unificando a peça por inteiro dando fim ao processo de acabamentos. FIGURA 77: ACABAMENTO FINAL DAS HASTES

FONTE: OS AUTORES (2015)

Enfim com o processo de acabamento completo, as peças estão prontas para serem montadas materializando o produto final. FIGURA 78: PEÇAS ACABADAS

FONTE: OS AUTORES (2015)

9.5.6 Aplicação da arte no óculos

Com a intenção de diversificar a arte que será aplicada no produto e para manter o conceito principal aparente, tratando de óculos feitos com madeira


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reutilizada, optou-se em aplicar a arte somente nas hastes, possibilitando a troca das peças com diferentes aplicações. Pretendendo manter as técnicas de aplicação da arte nos shapes de longboards, optou-se por aplicar a técnica de fiberglass, como já apresentada na sessão de aplicação da arte é um método que permite tanto estruturar a peça, dando mais resistência ao produto e diversificar os desenhos através de um processo onde utiliza fibra de vidro, resina e a arte feita a mão ou impressa em papel vegetal. O processo de aplicação se inicia quando a peça onde será aplicada a arte passa pelo método de acabamento, em seguida a arte escolhida é colado nas hastes com auxílio da resina e assim as fibras de vidro são laminadas. FIGURA 79: MATERIAL PARA APLICAÇÃO DA ARTE

FONTE: OS AUTORES

Por se tratar de uma peça pequena e que não recebe tanto atrito, testou-se a quantidade de laminas de fibra de vidro que seriam necessárias para uma boa resistência de peça, obtendo o resultado de 2 folhas do material para concretizar a aplicação da arte.


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FIGURA 80: APLICANDO A ARTE

FONTE: OS AUTORES (2015)

FIGURA 81: ARTE APLICADA

FONTE: OS AUTORES (2015)

Por fim após 12 horas até a peça estar totalmente seca devido a aplicação da resina, as hastes receberam o acabamento para a retirada de sobras tanto da fibra de vidro e resina quanto do desenho aplicado, resultando na peça final.


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FIGURA 82: HASTES COM A ARTE APLICADA

FONTE: OS AUTORES

9.5.7 Montagem do óculos

A montagem do óculos é a junção de todos os componentes que o caracteriza, sendo eles a armação, as hastes direita e esquerda e as charneiras responsáveis pela articulação das hastes do óculos e as lentes. Para o projeto em desenvolvimento as charneiras foram adquiridas através do fornecedor Taili Glasses Parts, onde foi possível encontrar os mais diversos modelos da peça desejada. TABELA 02: MODELOS DE CHARNEIRA

FONTE: FERNANDO MAIA (2015)


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Com o auxílio de profissionais da área de optometria cuja profissão se especializa em diagnosticar e compensar, através de artefatos ópticos e equipamentos oftalmológicos a problemas causados na visão, buscou-se conhecer os diferentes modelos encontrados e com isso selecionar a melhor opção de charneira para os óculos de madeira, resultando na peça como mostra figura abaixo. FIGURA 83: CHARNEIRAS

FONTE: OS AUTORES (2015)

Após adquirir as charneiras, o aro e as hastes do óculos foram preparadas para a fixação das peças em suas devidas posições. Com uma fresa de 2 milímetros acoplada na micro retifica, o aro e as hastes foram marcadas com base nas medidas da charneiras posicionadas manualmente indicando um gabarito para o rebaixo em ambas as peças de madeira. Com base nas marcações, com auxílio de uma fresa de 2 milímetros acoplada na micro retifica foi realizada o processo de rebaixo com 1 milímetro de profundidade, tanto nas hastes como no aro do óculos, para que as charneiras fossem embutidas, proporcionando um melhor posicionamento e acabamento quando coladas.


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FIGURA 84: REBAIXO PARA FIXAÇÃO DAS CHARNEIRAS

FONTE: O AUTORES (2015)

Para colar as charneiras foi utilizado uma cola adesivo instantânea multiuso da marca Tek Bond, uma cola de rápido secagem e de grande resistência mediante sua solidificação. As charneiras foram desparafusas para um melhor manuseio resultando na peça macho e fêmea, onde a peça macho foi colada no aro e a fêmea na haste. FIGURA 85: CHARNEIRAS COLADAS

FONTE: OS AUTORES

Após alguns minutos para que a cola adesivo reagisse e solidificasse, as charneiras foram parafusadas unindo as hastes junto ao aro para testar o seu posicionamento quando recolhida.


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FIGURA 86: MONTAGEM DAS CHARNEIRAS

FONTE: OS AUTORES (2015)

FIGURA 87: ÓCULOS COM AS HASTES RECOLHIDA

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com as hastes posicionadas corretamente, o passo seguinte é a elaboração de frisos onde será encaixadas as lentes do óculos. Com o auxílio da micro retifica, ferramentada com uma fresa de 2 milímetros, os frisos cuidadosamente pois qualquer erro comprometerá toda a peça, foram feitos com profundidade de 1 milímetro e largura de 2 milímetros, medidas essas aproximadas, tendo variações tanto para mais como para menos, por trata-se de um processo manualmente realizado.


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FIGURA 88: FRISOS PARA ENCAIXE DA LENTE

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com as cavidades para o posicionamento das lentes realizado, o processo seguinte é a adaptação das lentes no óculos. Como na procura de encontrar as charneiras que melhor se adaptavam aos óculos de madeira, a etapa de aplicação da lente exigiu a mesma tarefa. Com o auxílio de um profissional da área foi possível identificar a lente que melhor se enquadra ao óculos de madeira, devido a derivadas lentes que o mercado disponibiliza, como tipos de materiais que são produzidas, se possui adição ou não, grau cilíndrico, grau esférico e outros requisitos. O quadro abaixo exemplifica a variação de grau esférico das lentes, para uma maior compreensão de uns dos requisitos das lentes. QUADRO 04: GRAU ESFÉRICO DAS LENTES

FONTE: LENTES HOYA (2015)

A escolha da lente para o óculos de madeira partiu da definição de que seria solar e sem grau devido o produto ser uma amostragem e levando em conta o custo de produção da lente. Em segundo momento foi observado que devido ao grau de


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curvatura da armação do óculos, o grau esférico da lente não poderia ser maior que +2, pois não encaixaria na armação. Através dos requisitos definidos para a escolha que melhor se adapta ao óculos de madeira em desenvolvimento, foi selecionada o modelo com grau esférico +2, lente solar com degrade e sem grau cilíndrico, conforme mostra figura abaixo. FIGURA 89: LENTE PARA O ÓCULOS DE MADEIRA

FONTE: OS AUTORES (2015)

Com topo o processo que compõem a fase de montagem do óculos realizada, analisou-se o óculos por inteiro quando junto ao rosto, observando a ergonomia como um topo, desde o dimensional da peça, o encaixe nasal, encaixe das lentes e as articulações. Após aprovação, deu por concluído o processo de montagem concretizando o óculos de madeira.


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FIGURA 90: ÓCULOS MONTADO

FONTE: OS AUTORES (2015)

9.5.8 Aplicação do selante e verniz no óculos

Com o intuito de fortificar, impermeabilizar e dar resistência a madeira, a etapa de aplicação do selante e do verniz é realizada ao fim do processo de construção do óculos de madeira. A primeira aplicação realizada é a do selante, um reagente químico responsável por fechar os poros da madeira, protegendo a de forças climáticas, e de insetos como o cupim. Para a aplicação no óculos, primeiramente as peças são desmontadas retirando as lentes e as hastes para uma melhor aplicação do selante. Em seguida as peças como as charneiras e o interior do aro onde são colocadas as lentes são isoladas com auxílio de uma fita crepe, protegendo as partes para que não recebam a aplicação do reagente, pois possivelmente dificultaria ou até mesmo impediria as montadas após a aplicação do selante.


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FIGURA 91: PEÇAS ISOLADAS

FONTE: OS AUTORES

Como na fase de aplicação do selante nos shapes de longboard produzido na Dropedeck’s o óculos recebe o mesmo processo para a aplicação, com auxílio de um compressor acoplado a uma pistola de pintura o selante é aplicado uniformemente. FIGURA 92: APLICAÇÃO DO SELADOR

FONTE: OS AUTORES

O verniz por sua vez é uma película de acabamento fortificante e proteção, responsável por fortalecer a peça e dependendo do produto aplicado, dar brilho ao produto seja ela qual for. O verniz por muitas vezes é o reagente que protege a pintura da peça, pois cria uma película protetora, podendo ser usados elementos a fim de limpar a peça sem comprometer o produto.


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Nos óculos de madeira, o verniz tem a função de proteger a peça como um topo, mais de maneira especifica proteger e dar impermeabilidade as hastes, protegendo a aplicação da arte. As peças seladas são submetidas a uma leve aplicação de lixa fina gramatura 120 sempre no sentido da fibra da madeira, para dar mais aderência quando envernizadas. Como na aplicação do selante o verniz é aplicado com os mesmos equipamentos, com auxílio de um compressor acoplado a uma pistola de pintura, onde são passadas duas camadas de verniz em um intervalo de 5 minutos. FIGURA 93: APLICANDO O VERNIZ NAS PEÇAS DO ÓCULOS

FONTE: OS AUTORES (2015)

Mediante a secagem as peças estão prontas para ser montadas novamente, idealizando ai sim o produto óculos de madeira com reaproveitamento de resíduos descartados da empresa Dropedeck’s.


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FIGURA 94: PROTÓTIPO FINALIZADO

FONTE: OS AUTORES (2015)


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9.5.9 Cenas de uso FIGURA 95: CENA DE USO 1

FONTE: OS AUTORES (2015)

FIGURA 96: CENA DE USO 2

FONTE: OS AUTORES (2015)


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FIGURA 97: CENA DE USO 3

FONTE: OS AUTORES (2015)

FIGURA 98: CENA DE USO 4

FONTE: OS AUTORES (2015)


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9.5.10 Relação de custo do protótipo

Com o intuito de contabilizar e compreender os custos de produção do protótipo, foi realizada um levantamento e quanto foi gasto para a idealização do produto. Para um melhor entendimento elaborou-se a tabela 03, apontando todos os gastos detalhadamente. TABELA 03: CUSTOS DO PROTÓTIPO

FONTE: OS AUTORES (2015)

O protótipo foi produzido inteiramente pelos integrantes do grupo do projeto, com auxílio da empresa Dropedeck’s, cedendo o espaço aonde foi utilizado os mesmos

equipamentos

para

a

produção

dos

shapes

de

longboards,

e

disponibilizando dos seus conhecimentos e experiências na produção dos shapes, transmitindo para a produção do óculos, técnicas e meios produtivos, facilitando ainda mais a idealização do protótipo. Conhecer analisar os custos para a produção de um produto é de total importância para uma possível comercialização, pois com isso é possível analisar e identificar a viabilidade de produto, considerando em uma maior escala de produção.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto desenvolvido que tem como principal conceito a reutilização de materiais descartados com os aspectos funcionais e estéticos determinados, foi crucial para uma melhor compreensão através dos estudos levantados sobre os problemas ambientais quando a um excessivo acumulo e descarte de resíduos no meio ambiente. Com o estudo foi possível compreender com maior clareza e detalhes as etapas conceitual e estrutural de um produto, a cada etapa sendo ela produtiva ou teórica era um desafio, alavancando ainda mais o conhecimento. Mediante isso foram encontradas alguns desafios no decorrer do projeto tais como: estrutural do óculos, ergonomia das peças que consistem o óculos, complicações com os moldes na fase executiva devido ser de madeira e feito fragmentado o molde ficou quebradiço quando sofria pressão ao prensar os compostos, mais ao mesmo tempo desempenhou tarefas com facilidade devido ao conhecimento na produção de shapes de longboard, pois o processo de produção do óculos é muito similar, resultando em um produto satisfatório, possibilitando uma possível continuidade, perante ao investimento para a aquisição de um molde feito à base de aço para que não sofra alterações quando manuseado. Com base nos produtos similares, observou-se que todos disponibilizam de moldes próprios para a produção dos óculos, adquirindo peças uniformes e com alta precisão em suas curvas, diferente do modelo produzido, pois a critério de custo e de manuseio optou-se por um molde de madeira fragmentada, obtendo uma análise de que não é a melhor opção para a produção dos óculos, mais com base no corte da peça e nos acabamentos houve uma igualdade entre os similares, pois a grande parte deles fazem esses processos com os mesmos tipos de maquinários que foi usado para a criação do produto, sendo que para corte usou um maquinário CNC e para os acabamento a lixa manual é fundamental. Perante a todos os levantamentos feitos, vale apontar a minimização dos resíduos gerados na produção dos shapes, pois como objetivo geral do projeto pode executar o protótipo reutilizando os resíduos pretendidos, tornando o que era descarte em nova matéria prima.


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CONCLUSÃO

O projeto desenvolvido teve como principal função a conscientização sobre problemas ambientais referentes ao grande acumulo e descartes de resíduos sendo ele classificado em diferentes classes, propondo a minimização de uma pequena parcela dos resíduos na criação de um óculos que agregue em sua composição a matéria-prima extraída dos recursos baldados. Através dos estudos aplicados ao longo do projeto, foi de extrema importância para a compreensão de aspectos relacionados ao meio ambiente e inúmeras formas de minimizar o acumulo dos resíduos sendo social ou industrial, aplicou-se pesquisas especificas em determinados assuntos, que se faz importante tratando de um produto voltado ao mercado consumidor, com pesquisas referentes a aspectos históricos dos óculos onde é possível analisar os conceitos agregados em cada estágio de evolução, a necessidade do mercado de depender do produto oferecido, os similares, as tendências de mercado para esse conceito sustentável onde autores apresentam possibilidades de reutilização, e diferentes referencias para comprovar o quão importante é a conscientização para o assunto abordado. Perante a isso o papel do design foi compreender o problema encontrado e aplicar soluções viáveis para alcançar os objetivos estipulados no projeto, capazes de solucionar por inteiro ou parcialmente os problemas vivenciados nos descartes dos resíduos, oferecendo competência criativa e inovadora para propor soluções que supra a necessidade de minimizar a questão. Com finalidade de prosseguir no desenvolvimento do projeto, recomenda-se pesquisas voltadas a processos de utilização dos materiais descartados, a fim de aprimorar as opções que possam ser desencadeadas buscando melhores manejos do descartes, passando a usar com maior área o resíduo. Recomenda-se um maior conhecimento na área óptica, para poder executar as tarefas com maior precisão e confiança, pois trata-se de uma área que exige muito cuidado no desenvolvimento de produtos, sendo eles estruturas e ergonômicos. Tratando-se de ergonomia, é aconselhável um investimento para adquirir as normas da ABNT responsáveis pelas medições, restrições e adequações dos óculos e todos seus aparados, tratando de um produto que além de estético é de grande


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função pratica, com isso é necessário um estudo acentuado neste requisito do projeto. Buscando um aperfeiçoamento na fase executiva do produto em questão, recomenda-se uma pesquisa para observar os melhores processos de modulação do composto, analisando seus moldes, a cola usada, a força de prensagem, buscando aprimorar a fase de materialização do produto. Com a conclusão dessa etapa do projeto, observou a importância que o designer como meio criativo e de soluções tem perante a sociedade, pois é dele o pensamento criativo, levando em conta aspectos para a conscientização da sociedade através de seu compromisso em desenvolver algo que compreendem as fases que caracterizam o produto, buscando a diversificação para quando o produto é industrial ou peças limitadas. Por isso todo o conhecimento teórico e prático construtivo faz por indispensável na evolução do desenvolvimento de projeto, tanto quanto a idealização material do produto, suprindo alguma necessidade e solucionando problemas encontrados. Conclui-se como satisfatório a aplicação do conceito proposto no decorrer do projeto, oferendo ao usuário um produto indispensável por muitos deles com aspecto ambiental sustentável e ecologicamente correto, no qual atende tanto os requisitos funcionais práticos e agregando valor estético e simbólico.


118

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APÊNDICE

Questionário Para que o projeto de diplomação que tem como tema a criação de um produto feito com resíduos gerados na produção dos shapes da Empresa Dropedeck’s tenha continuidade é necessário a aplicação do questionário para identificar o perfil do usuário e se possível identificar o produto desejado pelos usuários. Assinale as alternativas e quando possível de sua opinião para as perguntas em aberto. 1. Indique seu sexo 1Masculino 2Feminino 2. Indique sua idade 1De 13 a 18 anos 2De 18 a 30 anos 3De 31 a 40 anos 3. Indique seu grau de escolaridade 1Ensino Médio incompleto 2Ensino Médio completo 3Superior incompleto 4Superior completo 5Pós-Graduação 4. Profissão ou Área de Estudo: 5. Você pratica longboard 1Sim 2Não 6. Se pratica longboard, indique a frequência 1Nos fins de semana 2Algumas vezes por semana 3Todos os dias 7. Conhece o processo de fabricação dos shapes de longboard


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1Sim 2Não 8. Em questão da sustentabilidade o que você faz para contribuir? 1Reciclagem 2Estratégia para minimização de recursos naturais 3Não tenho muita preocupação 9. Você costuma a reutilizar matérias descartados? 1Sim 2Não 10.

Compraria algum produto feito com reaproveitamento de material descartado? 1Sim 2Não  SE SUA RESPOSTA FOR SIM PARA O A PERGUNTA 10, RESPONDA E DE SUA OPINIÃO PARA A QUESTÃO ABAIXO

11.

Qual a sua preferência de produto feito com reaproveitamento dos resíduos gerados na produção de shapes para longboard 1Óculos 2Brindes promocionais (chaveiro, caneta) 3Brinquedos 4Móveis 5Produção de outro shape 6Outros. Qual? 712. Pra você por se tratar de um produto feito com reaproveitamento de materiais descartados qual a função que ele representa? 1Função pratica (permanece com a função de uso) 2Função estética (o que importa é o design sendo forma e cores) 3Função simbólica (transmite emoções) Obrigado! Deixe seu contato, o qual preferir.


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