A Coletiva Gulabi Antifa é um grupo de mulheres antifascistas formado em 2015, atuante na cidade de Curitiba/PR. O nome da coletiva faz referência à chamada Gulabi Gang (“gangue rosa”, em híndi*), um grupo indiano de mulheres que combatem violência de gênero com ação direta. Em nosso contexto, observamos uma grande dificuldade de avançar em nossas pautas – enquanto mulheres dentro de espaços compostos em sua maioria por homens, com históricos de relações machistas e opressoras. A coletiva surgiu com a proposta de pautar o feminismo como ferramenta essencial na luta contra o capitalismo e o patriarcado, assim como a importância da organização das mulheres na busca de seu empoderamento e emancipação. Como mulheres antifascistas, sabemos da importância de nos posicionar e combater todas as formas de opressão e exploração, seja de gênero, sexualidade, raça/etnia, classe, capacitismo, nos opondo a qualquer forma de marginalização e repressão do estado. Queremos a possibilidade de viver no mundo de maneira múltipla, seja de forma coletiva ou individual, respeitando assim a diversidade. A coletiva tem como objetivo criar um espaço seguro para que as mulheres possam se auto organizar, a partir de uma cultura de segurança, autoestima, autocuidado e respeito mútuo, incentivando capacidades já existentes, contrariando a estrutura machista que nos é imposta. Trabalhando enquanto grupo a importância da nossa autonomia, cooperativismo, solidariedade, liberdade de expressão entre as mulheres, avançando na busca por liberdade, com união em meio a uma cultura que nos incentiva a sermos rivais. Entre em contato! Facebook: Gulabi Antifa | gulabiantifa@gmail.com | Blog: gulabiantifa.wordpress.com
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índice Ser mulher na nossa sociedade .................................. página 6 poesia de Isa Araujo
Autocuidado ........................................................................ página 7 Isa Araujo e Ju Maria
Não me peça ........................................................................ página 9 poesia de Sueli Crespa
Ser mulher negra – Racismo e solidão .................. página 10 Karina Duarte Contatos de órgãos públicos em ............................... página 12 defesa da mulher Tá de brincadeira .............................................................. página 13 Mari Ferraz
Cadê a mãe dessa criança? ............................................ página 15 Samaye Ingrithy
Classificados das manas ............................................... página 17
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Ser mulher na nossa sociedade, É um ato de coragem, Feminismo é só uma blindagem. Historicamente nós somos silenciadas, nós somos violentadas, nós somos inferiorizadas, Historicamente nós somos... transformadas em dados de estupro Números de feminicídio Estatísticas de violência Lutamos todos os dias por sobrevivência. Ser feminista é ser sinônimo de resistência é buscar juntas nossa essência, Ressignificar nossa existência. “Tamo junta” é mais que uma expressão É afirmação De que a nossa luta não é em vão Que por mais que o mundo esteja na podridão Que nos queiram enquadrar num padrão, Nos colocar como servas do marido , padre ou patrão Nós mulheres, somos símbolo de rebeldia, insubmissão Por nós e pelas que ainda virão Lutamos Continuamos Nos erguemos e mostramos Que nosso lugar é onde nós desejamos Que o topo também é nosso Que por mais que a sociedade diga não, Eu mulher, posso !
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AUTOCUIDADO
Não temos tempos de descanso. Dentro ou fora de casa estamos sempre trabalhando e gerenciando o bem-estar dos outros. Quando chegamos em casa após um longo dia de trabalho temos que nos preocupar em organizar as coisas em casa, lavar a louça e a roupa de todos, se preocupar com o café da manhã, almoço e janta, cuidar da rotina das crianças e com todas as tarefas domésticas as quais nos são impostas.
são para cuidar do bemestar e interesse dos outros como domésticas, babás, enfermeiras, auxiliares de limpeza e cozinha, cuidadoras, garçonetes, atendentes, vendedoras, telemarketing e etc. Todas essas situações refletem na nossa saúde física e mental, sobrecarregamos com o peso dos outros e não termos tempo para cuidar de nós mesmas. Nos cobramos e nos responsabilizamos pelos problemas dos outros, colocando acima dos nossos e ficamos em segundo plano. Nos sentimos mal quando as coisas não estão em ordem e em harmonia, como se fossemos as únicas responsáveis por isso e tivéssemos controle de tudo. Enquanto todo mundo pode relaxar estamos sempre em alerta, pilhadas com alguma coisa que tem que ser feita.
Mesmo que as mulheres tenham conquistado espaço no mercado de trabalho, os empregos, principalmente das mulheres negras e periféricas, ainda são precários e estressantes. Recebemos os menores salários em empregos que geralmente
Mesmo quando nos incomodamos com essas situações não nos sentimos no direito de reclamar, convencendo a nós mesmas que estamos erradas, ficamos quietas, aceitamos e continuamos sobrecarregadas física e
Nós mulheres somos sempre responsáveis pelo cuidado. Com os filhos, com a casa, o cuidado com os outros como enfermeiras, professoras, assistentes sociais, etc. Desde muito cedo somos educadas ao cuidado, mas nunca aprendemos a cuidar de nós mesmas e não achamos que merecemos ser cuidadas por nós e pelos outros.
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mentalmente. Durante a nossa criação nos deparamos com situações e ensinamentos que estimulam esse comportamento de aceitar caladas o que nos deixa cansadas, doentes ou incomodadas. Nossas opiniões, vontades e necessidades sempre foram anuladas, seja dentro da família, sala de aula ou nos locais de trabalho. Quando rompemos as barreiras da criação e tentamos nos expressar somos vistas como loucas ou nem mesmo somos ouvidas. É comum as mulheres serem chamadas de histéricas, emocionadas e desequilibradas quando não aguentam mais carregar todo esse peso e explodem, quando falam do que as incomoda e não querem mais aceitar caladas. Em uma sociedade que nos adoece é importante que a gente aprenda a olhar para nós mesmas e para as mulheres a nossa volta com mais amor, cuidado e respeito. Compreender os momentos em que precisamos parar, descansar e parar de nos responsabilizar por tudo. E como fazer isso no nosso cotidiano?
Tire um tempo para si, faça algo que goste como pintar as unhas, tomar um banho relaxante demorado e com ervas, ler um livro, assistir um filme, escutar uma música, dançar, comer sua comida preferida ou simplesmente descansar, dormir e colocar as pernas pro ar; Nós também merecemos descanso! Fortaleça a si e as mulheres a sua volta sem olhar para elas como rivais ou inimigas, construindo juntas espaços coletivos de lazer, trocas e reconhecimento. Fale, é importante colocar para fora tudo que te angustia. Caso na sua família ou comunidade você se sinta insegura ou não seja acolhida, procure espaços com outras mulheres para ser ouvida e bem recebida. Confie em outras mulheres! Cuide da sua saúde física e mental, você não dá conta e não é responsável por tudo e por todos; se não der conta de cuidar de si mesma, logo não conseguirá cuidar de mais nada nem ninguém. Ame-se em primeiro lugar!
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tá de brincadeira Quem não sente saudade dos tempos de infância e do tempo que os anos não trazem mais. A vida era mágica, o olhos era transformador e qualquer lugar era lugar para ser desbravado! E na pegada da saudades, listamos aqui algumas brincadeiras que buscamos na memória e que podem ser brincadas por qualquer gente. CAÇADOR/ QUEIMADA Vamos dar aquele forçadinha na memória e lembrar como se joga: O objetivo é "acertar" o maior número de integrantes do outro time e vence quem acabar com o grupo adversário primeiro, sem deixar nenhuma pessoa em campo. Precisamos de uma bola e um lugar para dividir o grupo. CABRA - CEGA Sair atrás da galera no escuro? essa é a diversão da brincadeira, uma das participantes de olhos vendados procura o resto das pessoas, quem for pego assume a venda. PEGA - PEGA Esse é das clássicas, um persegue os outros, que tentam não serem apanhados. Todas as idades podem brincar a qualquer momento e em quase toda e qualquer lugar. Só precisa de um pouquinho de energia - o que as crianças possuem de sobra. PULAR ELÁSTICO Você se lembra? Quanto maior e mais alto o elástico maior a diversão, uma brincadeira cheia de sequências onde o elástico é enrolado na perna e o objetivo é desenrolá-lo enquanto pula e ainda por cima deve-se cair com os pés "fora" ou "dentro" ou "em cima". Na falta de um elástico propriamente dito, por que não improvisar e pedir pra mãe, pras tias e pras vós aquela meia-calça velha e toda furada que tá guardada na gaveta? Usar a imaginação pra garantir a diversão! DESENHAR Se lembra de quando colocava no papel suas ideias e de alguma forma tornava seus sonhos reais? Parece que só podemos embarcar na aventura de rabiscar e colorir o papel se formos seguir isso como profissão , podemos encarar isso como uma brincadeira, um passatempo, como uma diversão que vai ajudar em nossa criatividade. E isso não serve só para as crianças, tá?! Isso é pra todo mundo que se lembrou do quanto gostava de desenhar, mas por algum motivo acabou deixando de lado por não ter incentivo ou por qualquer outra razão. DANÇAR Quais eram/são as melhores musicas por causa das coreografias? Quem não passou a tarde inteira ensaiando, criando passinhos, ouvindo a rádio… parecia até que ía fazer uma apresentação em público. Um ótimo exercício para fazer entre amigas, compartilhar dos bons sons e do suor!
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Aproveita as dicas pra juntar as amigas, as crianças e cair na brincadeira, usar todo potencial da criatividade, todo potencial para brincar. De alguma forma a brincadeira está na gente de alguma forma no que fazemos no dia a dia. Sejamos rebeldes adultas que brincam, que teimam em não estar no corpo crescido que ganharam . Sejamos brincantes, crianças ou não. Não tenhamos medo de não crescer. !
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