CONSTRUÇÃOCIVIL
Caderno Especial do Jornal do Comércio | Porto Alegre, terça-feira, 12 de setembro de 2017
CLAITON DORNELLES /JC
CONJUNTURA
Boas perspectivas para a retomada
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CONSTRUÇÃO CIVIL
Caderno Especial do Jornal do Comércio Porto Alegre, terça-feira, 12 de setembro de 2017
ÍNDICE
Conjuntura ...................................2 a 4 Inovação ......................................5 a 7 Mercado.............................................8 Crédito imobiliário....................10 e 12 Infraestrutura.....................14, 15 e 18 Mão de obra .............................19 e 20 Sustentabilidade ......................22 a 24
CONJUNTURA
Mercado enfrenta efeitos da recessão Ainda é cedo para falar em otimismo na construção civil, embora empresários e entidades do setor estejam esperançosos com as perspectivas a médio e longo prazos. Indicativos como a queda na taxa de juros e o controle da inflação têm trazido boas expectativas ao mercado – vide os resultados da Sondagem Indústria da Construção, divulgados em agosto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em Porto Alegre, um outro sinal positivo vem do mercado imobiliário, com crescimento na venda dos imóveis novos nos últimos 12 meses. Mas ainda há números negativos em fatores como nível de atividade e horas contratadas, sugerindo que a recessão não foi definitivamente superada. Em Porto Alegre, o Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) comemora o aumento na venda de imóveis verificado ao final do primeiro semestre deste ano. O acumulado de vendas de 12 meses, entre julho de 2016 e junho deste ano, mostrou elevação de 6,72%, com um total de 3.716 unidades vendidas. “Até maio, fazia 18 meses que esse acumulado não vinha dando positivo”, observa o presidente do sindicato, Ricardo Sessegolo. A média mensal de imóveis vendidos também oferece algum alento: neste ano, está por volta de 350 unidades ao mês – em 2015 e 2016, por exemplo, essa média era de 280. “Já tivemos picos de 500 unidades mensais, em 2010 e 2011, mas às vezes há patamares ilusórios”, diz Sessegolo. A Sondagem Indústria da Construção, realizada pela CNI, com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic),
JONATHAN HECKLER/JC
Níveis de atividade e de emprego seguem negativos
informa que o nível de pessimismo dos empresários do setor já é menor do que no ano passado. O indicador de expectativa do nível de atividade, por exemplo, chegou a 49,8 pontos – acima da linha dos 50 pontos, o índice é considerado otimista. No entanto o mesmo estudo evidencia a retração do setor: os níveis de atividade e de emprego seguem negativos, embora em um ritmo menos intenso do que em 2016 – no mês passado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentou o primeiro resultado positivo após 33 meses seguidos de fechamento do número de vagas no setor. No Rio Grande do Sul, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da construção civil – índice que mede o valor dos produtos e serviços de um setor em um determinado período – apresenta taxas negativas desde 2014. “No terceiro trimestre de 2015, pareceu que teríamos o início da reversão. As perdas diminuíram, mas, ao final de 2016, apareceu uma nova queda, e também no início de 2017”, explica
o economista Fernando Cruz, da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Entre outros fatores que sugerem cautela quanto às projeções futuras, Cruz cita o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e fortemente relacionado à perspectiva de novos investimentos. O Icei específico da construção civil, por exemplo, cresceu em 2016, mas voltou a cair neste ano, despistando os analistas. “Não sabemos se isso é uma tendência”, admite Cruz. Entre números positivos e negativos, a posição dos empresários é de expectativa. “Não é otimismo, mas a certeza de que as coisas estão retornando e que as empresas estão se preparando para voltar a lançar”, diz Sessegolo. “Mesmo na crise, é preciso fazer produtos que saiam. O mercado pode diminuir, mas as pessoas vão seguir casando, descasando, aumentando famílias, filhos saindo da casa dos pais”, acrescenta.
Tendências ...............................25 a 27
PERFIS Sinduscon ....................................... 28 Cyrela .............................................. 29 Melnick ........................................... 30 Nex Group ........................................31
Indústria de materiais apresenta queda Um dos principais componentes da cadeia produtiva da construção civil – a produção e a venda de materiais – não apresenta números favoráveis em 2017. Conforme as estatísticas divulgadas pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat) em agosto, referentes ao mês de julho, o faturamento do setor caiu 6,2% no acumulado de 12 meses. Mesmo superando em 3,7% o mês anterior (junho), o desempenho do setor ficou 2,7% abaixo do verificado em julho de 2016. O presidente da entidade, Walter Cover, descreve a situação como “crítica”. “Devemos ter uma queda superior a 5% no ano e, com isso, estamos produzindo e comercializando menos do que em 2004. O segmento
do varejo, que vende materiais principalmente para reforma de edificações, tem um pequeno crescimento de 3%, mas o das construtoras, responsável por novas edificações e obras de infraestrutura, tem uma queda de 15%”, informa o dirigente. Ainda é difícil arriscar um prognóstico sobre as perspectivas para o ano que vem, segundo Cover, em função da instabilidade política. Sem apontar números específicos, o presidente vê o mercado gaúcho em situação um pouco melhor do que o de outras regiões. “No Rio Grande do Sul, o varejo tem desempenho similar ao desempenho nacional, porém apresenta um desempenho das construtoras melhor que a média nacional”, diz Cover.
Distratos impactam setor Um dos obstáculos que a recessão trouxe ao mercado da construção foram os distratos – casos em que os compradores desistem dos imóveis adquiridos na planta. Com o desemprego, houve muito mais casos desse tipo, especialmente no final de 2015 e no início de 2016. “Em Porto Alegre, chegamos a cerca de 23% de distratos. Agora, está por volta de 15%, um índice que
consideramos normal”, ameniza o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Sessegolo. “Os distratos nos impactaram muito, bem mais do que em outros tempos”, diz o diretor-presidente da incorporadora e construtora Arquisul, Paulo Roberto Silveira. “Mas é um processo praticamente resolvido”, afirma. MARCELO G. RIBEIRO/JC
EMPREGOS FORMAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Empregos formais (%) na construção civil Abrangência Brasil Rio Grande do Sul Região Metropolitana POA Porto Alegre
Mês/Mês 05/2017
Acumulado/ano 01 a 05/2017
-0,18 -0,61 -0,62 0,19
-1,00 0,40 0,23 -0,66
Acumulado 12 meses 04/2016-05/2017 -12,01 -7,47 -6,71 -7,30
2016
Evolução anual 2015
2014
-13,48% -7,73% -5,74% -5,83%
-13,66% -9,83% -11,84% -6,04%
-3,53% -0,66% -1,71% -1,04%
FONTE: MTE-CAGED. ELABORAÇÃO: DEE - SINDUSCON-RS
Cancelamentos na Capital chegaram a 23%, diz Silveira
EXPEDIENTE Editor-Chefe: Pedro Maciel (maciel@jornaldocomercio.com.br) Editora Cadernos Especiais: Ana Fritsch (anafritsch@jornaldocomercio.com.br) Reportagem: Lissandra Mendonça e Luís Bissigo Produção: Fernanda Crancio Projeto gráfico e diagramação: Luís Gustavo S. Van Ondheusden Revisão: André Fuzer, Rafaela Milara e Thiago Nestor
CONSTRUÇÃO CIVIL
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OSPA/DIVULGAÇÃO/JC
CONJUNTURA
Imóveis menores ganham terreno A população de Porto Alegre se acostumou, nos últimos anos, a ver surgirem novos edifícios que se destacam pelo porte e pela altura, sejam residenciais ou comerciais. Mas não só de prédios altos e grandes condomínios será feito o futuro das construções da cidade. Dentro de bairros mais tradicionais ou mais próximos do Centro, por exemplo, as incorporadoras e os escritórios de arquitetura têm encontrado espaço para construções menores, apostando em imóveis direcionados a nichos específicos do mercado, inclusive com projetos premiados internacionalmente. Esse movimento decorre da escassez de terrenos maiores disponíveis nas áreas mais próximas aos bairros centrais. Assim, a busca por localizações mais valorizadas também envolve soluções mercadológicas e arquitetônicas diferentes do modelo de condomínio-clube, por exemplo. Um caso é o projeto Yourban, um prédio em construção em uma área de 753 metros quadrados no cobiçado bairro Menino Deus. Com previsão de 2,3 mil metros quadrados de área construída, o prédio é considerado de pequeno porte para os padrões de Porto Alegre. “As pequenas construtoras têm investido nisso, de aproveitar dois ou três terrenos juntos, por exemplo, em localizações específicas”, explica Gusta-
vo Stefanini, sócio da ST4 Incorporações, realizadora da obra. Com lançamento previsto ainda para 2017, o Yourban terá 13 apartamentos distribuídos em oito andares. “Será um prédio mais enxuto em infraestrutura. Tem um salão de festas e um bicicletário, mas não tem piscina ou salão gourmet, por exemplo”, esclarece Stefanini. Além da localização, também vai influir no valor do imóvel a possibilidade de os clientes escolherem configurações internas personalizadas. “A ideia é colocar no apartamento o que o cliente quer. Há quem faça adaptações depois de o apartamento estar pronto. Mas aí é mais um custo para o cliente e são mais resíduos para a cidade”, explica Stefanini. O projeto arquitetônico - um dos vencedores do International Property Awards Americas 2016 - é outro diferencial do prédio. Para o melhor aproveitamento do espaço, optou-se por apartamentos duplex no último andar e por sacadas dispostas de forma alternada. O salão de festas envidraçado estará no térreo, com a proposta de garantir mais segurança tanto interna quanto externamente, graças à conexão visual com a rua. “Os dois lados estão se vendo. As pessoas estão percebendo que ver e ser visto dá mais segurança”, explica a arquiteta Ellen Bernardi, líder do proJONATHAN HECKLER/JC
Instabilidade política ainda freia o desenvolvimento, diz Wollmann
jeto e sócia do escritório OSPA. Outro dos sócios da OSPA, Lucas Obino, conta que o escritório trabalha em outros projetos de dimensões semelhantes em bairros como Cidade Baixa, Três Figueiras e Chácara das Pedras. Todos, de alguma forma, buscam uma proximidade maior com o ambiente externo. “Há um movimento no urbanismo de os centros urbanos se voltarem às ruas. O Brasil foi vanguarda do movimento modernista, que era urbanismo do pós-guerra, tudo tinha escala industrial. Era um mundo dentro de um prédio. Hoje, a preocupação é com a colocação do prédio na rua”, analisa Obino. Projetos assim poderão ganhar ainda mais destaque em um futuro próximo, devido às próprias mudanças no comportamento do público. Ellen e Obino revelam que há uma procura crescente por apartamentos menores, com 20 a 60 metros quadrados. E as novidades da tecnologia e da vida urbana poderão determinar a diminuição ou mesmo a ausência de vagas de garagem em projetos futuros - na medida em que parte do público começa a substituir o automóvel próprio pelo uso de serviços particulares, como o Uber. “Um sinal disso é que já começa a haver demanda por projetos com porte-cochère (entrada coberta na fachada) em vez de garagem”, diz Obino.
Yourban é considerado de pequeno porte para os padrões
Profissionais criticam estratégias oficiais A conjuntura econômica e política não é o único fator a trazer dificuldades ao mercado da construção. Além de identificar a retração sofrida quanto aos investimentos e ao nível de empregos, entidades de áreas como a engenharia e a arquitetura sustentam que o desenvolvimento da área construtiva passa também por decisões estratégicas do poder público. Uma constatação imediata é a perda de vagas. O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (Senge-RS) contabilizou um número crescente de rescisões de contratos nos últimos anos. O total anual, que em 2014 seria próximo de 200 rescisões, aumentou para 478 em 2015 e ficou em 437 em 2016. Nesse contexto, 2017 parece sinalizar uma
recuperação - até a primeira quinzena de agosto, foram 166 rescisões. “Isso abrange todas as áreas da engenharia, mas é especialmente pela construção civil”, afirma Alexandre Wollmann, vice-presidente do sindicato. Wollmann acredita que a instabilidade política nacional ainda é o principal freio ao desenvolvimento e aos novos investimentos, e está relacionada com erros estratégicos da atual gestão. “A reforma trabalhista, do jeito que foi imposta, deixou incertezas. Até o Judiciário tem dúvidas. Por que não se discutiu as reformas política e tributária primeiro? Os governos só enxergam despesa, não pensam em melhorar a receita”, observa. Nas empresas de arquitetura, também houve reduções. Mesmo
sem números detalhados, a divisão gaúcha da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA) reconhece que o mercado encolheu. “Os escritórios fizeram cortes, inclusive da associação”, relata Paulo Henrique Rodrigues, presidente da entidade no Rio Grande do Sul. Rodrigues ressalta a necessidade de um planejamento público mais consistente para que a construção civil possa se desenvolver em todas as áreas, especialmente na Região Metropolitana. “Em Porto Alegre, está começando um deslocamento para outros centros”, analisa. “O ideal seria o poder público garantir transporte, segurança e infraestrutura em áreas mais afastadas”, acrescenta Rodrigues.
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CONSTRUÇÃO CIVIL
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CONJUNTURA JONATHAN HECKLER/JC
VENDA DE IMÓVEIS NOVOS E USADOS Venda de imóveis novos e usados (total de escrituras - Porto Alegre) Período de 12 meses
Quantidade de guias
Agosto/2011 a julho/2012 Agosto/2012 a julho/2013 Agosto/2013 a julho/2014 Agosto/2014 a julho/2015 Agosto/2015 a julho/2016 Agosto/2016 a Julho/2017 Variação em 5 anos: -18,8%
40.198 39.870 37.908 38.104 34.948 32.656
*SEM VARIAÇÃO, POR SE TRATAR DO PERÍODO DE REFERÊNCIA
Variação -* -0,82% -4,92% 0,52% -8,28% -6,56% FONTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE
Corretores combatem concorrência ilegal
Conforme Schukster, tudo tende a melhorar, e quem está alugando também pode negociar
Imobiliárias projetam dois anos de recuperação O período de austeridade na economia brasileira também exerce seu impacto em uma parte importante do mercado da construção - a compra, a venda e os aluguéis de imóveis usados. Depois de períodos de grande valorização, até o início desta década, o setor experimentou retrações em diferentes aspectos - como preços, procura e tempo de locação. Mas também existe a expectativa de que os próximos dois anos tragam uma nova fase positiva para a área imobiliária. Um dado curioso fornecido pelo Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi-RS) sugere que o investimento em imóveis não deixou de ser uma opção rentável. De acordo com a entidade, a variação do preço médio do aluguel por metro quadrado ficou acima da inflação, no acumulado dos últimos 100 meses. Em números de junho deste ano, esse acumulado foi de 81,14% nos aluguéis, contra 57,82% no IGP-M - mesmo com as quedas de preços verificadas em 2016 e 2017. “Tudo indica que tende a melhorar. Quem está alugando também pode negociar, tem alguma gordura”, explica o presidente do Secovi, Moacyr Schukster. “Tem que comprar imóvel agora, que o preço está estável. O preço da locação parou de cair, e o preço da venda está subindo”, acrescenta
o dirigente. Schukster admite que o ritmo do mercado tornou-se bem mais lento nos últimos dois anos. Um aspecto dessa desaceleração é o tempo médio para locação de um imóvel colocado em oferta, que está em torno de 11 meses. “Essa média já foi de quatro a cinco meses. Mas é preciso haver flexibilidade, esse número tem variações, por exemplo, se trata-se de imóveis novos ou não”, observa o presidente. Também houve queda no total de venda de imóveis. Em Porto Alegre, por exemplo, o número de escrituras emitidas mensalmente - incluindo imóveis novos e usados - caiu 18,8% nos últimos cinco anos, conforme dados referentes ao mês de julho. Nos últimos 12 meses, por exemplo, foram 32,6 mil escrituras, uma queda de 6,56% em relação ao período dos 12 meses anteriores. O preço médio do metro quadrado de imóveis usados para venda teve queda da metade de 2015 para 2016, mas apresentou leve aumento de 2016 para 2017. “Os preços ficaram estáveis. A oferta se ajustou à demanda, que reduziu, e as negociações aumentaram”, ressalta Schukster. Outro efeito do período recessivo se fez sentir dentro das imobiliárias, que tiveram de reduzir levemente o quadro de pessoal - em torno de 3% nos últi-
mos 12 meses. “Nos últimos três anos, ficou estável o número de funcionários”, informa Schukster, citando dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged): o total de empregados do setor em Porto Alegre era de 4.456 pessoas em junho de 2014, e o número de junho de 2017 é bastante próximo: 4.490. A volta aos patamares alcançados pelo mercado imobiliário no início desta década passa pela retomada da economia em três aspectos essenciais, segundo Schukster: a possibilidade de financiamento, o nível de emprego e a recuperação da renda. “Se falta um desses fatores, o mercado fica desequilibrado. O imóvel ainda é atraente para as pessoas, mas as verbas de financiamento se reduziram bastante”, analisa o dirigente. Schukster considera que o mercado já dá sinais de reação e acredita em números mais favoráveis no médio prazo. “Em dois anos, os imóveis vão ficar com preço muito maior. Mas o imóvel não dá saltos. A linha é ascendente. Em dois anos, deveremos chegar ao patamar de cinco anos atrás. Vai depender da recuperação dos empregos”, prevê o dirigente, acrescentando algum otimismo à análise: “O mercado segue pujante, os negócios continuam sendo feitos, não está tudo parado”.
Além das dificuldades impostas pelo cenário econômico, o mercado imobiliário enfrenta um desafio extra, do ponto de vista dos corretores de imóveis que atuam na linha de frente das vendas e aluguéis. “Sem imobiliárias e corretores, não se comercializa imóveis. Mas vivemos uma realidade complexa, na qual todos acham que são corretores. Nosso desafio maior, hoje, é combater o exercício ilegal da profissão”, explica o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RS), Márcio Bins Ely. Segundo o conselho, foram registrados mais de 35 mil autos de infração referentes à atuação de corretores não registrados, envolvendo aluguéis e vendas. Um agravante em um mercado que vive um período delicado, com os efeitos da recessão. “Queremos fazer uma parceria com o Ministério Público para coibir essa atividade ilegal”, projeta Ely. Mesmo sem citar números, o presidente reconhece que o período de instabilidade econômica se fez sentir na área imobiliária. “Vivemos momentos de crise política, que se refletiram na economia. Houve retração, uma dificuldade enorme. O imóvel custa, às vezes, a economia de uma vida inteira”, observa Ely. O panorama econômico do Estado, em particular, não vem
oferecendo melhores perspectivas. Mas, com a atuação distribuída em diferentes partes do Estado, o Creci constata que os efeitos da recessão não são os mesmos em todo o Rio Grande do Sul. “A dificuldade financeira extrema afetou o mercado em todas as regiões do Estado. Mas existem alguns detalhes, algumas regiões que atravessam melhor a crise. A safra de soja atenuou a situação no Interior, e a Serra é mais industrializada. Gramado e Canela também sentiram menos a crise, devido ao turismo”, descreve o presidente. Mesmo com o quadro recessivo, o número de corretores em atividade no Rio Grande do Sul vem crescendo. Este ano, até o mês de julho, foram registrados 1.814 novos profissionais, número que já supera o total de registros feitos em 2016. O total de corretores vinculados ao conselho é de quase 28 mil pessoas. Ely vê nesse crescimento um sinal de que o mercado está se reaquecendo, e acredita no potencial do mercado porto-alegrense no médio e no longo prazos. “A cidade tem um grande desafio, que é a região do Quarto Distrito. Uma área bem localizada, com vista para o Guaíba, próxima do Centro, da rodoviária e do aeroporto. Porto Alegre não pode prescindir de uma área tão nobre”, diz Ely. MARCELO G. RIBEIRO/JC
Número de corretores em atividade vem crescendo, diz Ely
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CONSTRUÇÃO CIVIL
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INOVAÇÃO
Regras da ABNT movimentam a construção As regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) vêm movimentando a cadeia da produção da indústria da construção civil em todo o País. Em vigor desde 2013, a Norma de Desempenho nº 15.575 associa a qualidade de produtos ao resultado que eles conferem ao consumidor e indica como fazer essa avaliação. Além de beneficiar o consumidor, a norma divide responsabilidades entre fabricantes, projetistas, construtores e usuários. Estabelece, ainda, o atendimento quanto à segurança, habitabilidade e sustentabilidade que devem proporcionar cada um dos sistemas que compõem um imóvel. De acordo com a doutora em Engenharia Civil Luciani Somensi Lorenzi, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e membro titular do Comitê Técnico para Produtos Inovadores do Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos
Inovadores e Sistemas Convencionais (CT-Sinat Inovadores), a Norma nº 15.575 veio para fazer com que a cadeia da construção civil girasse mais rápido para melhoria da qualidade das edificações habitacionais. “Muitos dos requisitos que são exigidos na Norma de Desempenho são cobrados desde 1980, só que não eram feitos”, enfatizou durante a palestra “A Norma de Desempenho e o seu impacto na indústria da construção civil”, que ocorreu durante a 20ª Feira Internacional da Construção (Construsul), realizada de 2 a 5 de agosto, em Novo Hamburgo. A partir de então, segundo ela, o usuário começou a ficar mais atento e exigente a certos requisitos, como, por exemplo, o desempenho acústico. “Temos que pensar neste novo usuário, no que ele vai exigir de nós. Temos que focar este novo nicho de mercado”, destaca. Luciani explica que, para
atender à norma de desempenho, é preciso pensar primeiro na função, ou seja, para quê vai servir tal edificação. O segundo ponto é o meio no qual vai ser construído o edifício, quais as condições bioclimáticas da região e, por último, mas igualmente importante, em que sistema construtivo será utilizado. “No Rio Grande do Sul, temos dois tipos de sistemas construtivos dominantes, o convencional (estrutura de concreto armado e vedação em alvenaria de bloco cerâmico) e a alvenaria estrutural de bloco cerâmico”, afirma. A professora e também pesquisadora do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme/Ufrgs) desenvolveu, em conjunto com outros pesquisadores, o Catálogo de Desempenho, a pedido do Ministério das Cidades, em 2015. Inicialmente, foram analisados 1.008 ensaios, referentes a sistemas de vedação vertical e sistemas de
JONATHAN HECKLER
Para Luciani, resultado é visto na qualidade das habitações
pisos, quanto ao desempenho acústico. “O catálogo está ajudando muitos projetistas”, ressaltou. Além dessa iniciativa, o Leme, juntamente com ITT, da Unisinos, integra a Rede de Desem-
Pesquisadores buscam aproximação com a indústria Unir o conhecimento acadêmico com a prática nas empresas é um dos desafios das universidades gaúchas. No Rio Grande do Sul há algumas iniciativas neste sentido. Uma delas foi a reforma curricular no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e a inclusão de disciplinas optativas no currículo no curso de Engenharia Civil da Unisinos. As duas universidades oferecem disciplinas que estão ali-
nhadas com o atual momento do setor da construção civil voltados para a área de desempenho de edificações, como: desempenho de edificações, segurança contra incêndio em edificações, tecnologia de concretos especiais, empreendedorismo, gestão de projetos e inovação, entre outras. Professor da disciplina de Desempenho nas Edificações e coordenador operacional do Instituto Tecnologia em Desempenho e Construção Civil (ITT RODRIGO BLUM/DIVULGAÇÃO/JC
Christ diz que ITT já colaborou com mais de 300 empresas
Performance) da Unisinos, Roberto Christ explica que a dificuldade de integração entre as universidades e as empresas se dá pela herança cultural europeia. “A Europa desenvolve seus produtos nas empresas, lá não vão para a academia. O ITT quer mudar essa lógica. Apesar de estar situado em uma universidade, é totalmente voltado para a cadeia produtiva da construção civil”, destaca Christ. O instituto, que esteve com um estante na 20ª Construsul, desenvolve pesquisas a partir das necessidades das empresas. “O empresário nos traz a ideia, e nós tiramos do papel para que ela possa ter produtividade, aceitação no mercado, competitividade, sustentabilidade e desempenho”, explica o coordenador. Christ estima que o ITT tenha colaborado, de 2013, quando começou a funcionar, até hoje, com mais de 300 empresas do Estado, do Brasil e do mundo. “Tivemos empresas da Espanha, Estados Unidos e Venezuela que vieram homologar sistemas conosco, pois as normas técnicas são diferentes
para cada país.” O ITT oferece serviços, por exemplo, de determinação do índice de redução sonora em laboratórios de sistemas de vedação verticais (paredes, fachadas, pisos, janelas e portas), com a utilização de câmeras reverberantes. Na estrutura da universidade também foi desenvolvida uma câmara de estanqueidade, que realiza ensaios em sistemas verticais de vedação externa e interna, permeabilidade à água e estanqueidade de esquadrias, além de uma série de outros equipamentos. Os produtos desenvolvidos pelo instituto seguem a Norma de Desempenho nº 15.575, da ABNT. A norma diz respeito a todo o sistema construtivo. “Tijolo é só um elemento dentro da parede. Não se faz uma parede só com o tijolo. E todo mundo tem que atender à norma. O fabricante tem que saber qual o desempenho do seu produto em uma determinada utilização. O projetista tem que especificar as características, o incorporador pega a especificação e vai atrás de empresas que atendam àquilo”, esclarece Christ.
penho Sibratec, formada por 11 instituições, financiadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que fornecerá ensaios, consultoria e cursos às empresas sobre tecnologia e inovação.
Entenda a Norma nº 15.575 A Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais é dividida em seis partes: requisitos gerais do projeto/obra e outras cinco referentes aos sistemas que compõem o edifício (estrutural, pisos, vedação vertical, cobertura e sistemas hidrossanitários). Para cada uma delas são estabelecidos requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos) e parâmetros. Os métodos de avaliação são compostos por procedimentos para medir se os sistemas atendem aos requisitos. Estão especificados, por exemplo, os impactos que uma parede deve aguentar, a resistência ao fogo de estruturas, paredes e coberturas que devem ter, o peso que tubulações hidrossanitárias devem suportar, além de temperaturas mínimas e máximas em recintos de permanência prolongada, isolação acústica e uma série de situações de risco para o imóvel.
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CONSTRUÇÃO CIVIL
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INOVAÇÃO DÊNIS SIMÕES/AGÊNCIA BRASÍLIA/DIVULGAÇÃO/JC
Brasil tem muitos desafios no sistema construtivo Após um período de queda de produtividade, demissões e fechamento de empresas, a indústria da construção civil busca a retomada do crescimento por meio da inovação. A 20ª Construsul – Feira Internacional da Construção, realizada em Novo Hamburgo em agosto, demonstrou o interesse do setor em investir em sistemas construtivos cada vez mais industrializados para aumentar a produtividade e acelerar as obras. Os destaques ficaram por conta dos pré-fabricados de concreto, Drywall, Sistema CES (Construção Energitérmica Sustentável), Light Steel Framing (perfis de aço galvanizado formados a frio), entre outras novidades. A ideia é reduzir o tempo de execução, racionalizar materiais e mão de obra e diminuir insumos, garantindo a sustentabilidade. Entretanto o Brasil ainda tem muitos desafios pela frente. É o que afirma Maria Angelica Covelo Silva, consultora da NGI Consul-
toria e Desenvolvimento. “Temos ainda um sistema construtivo muito tradicional e artesanal”, ressalta. Para a consultora, esse método artesanal foi o responsável em colocar o País entre os últimos colocados na pesquisa ReinventingConstruction: A RoutetoHigher Productivity, do Mckinsey Global Institute. Entre 40 países, o Brasil está atrás somente do México. Nosso índice de produtividade ficou com déficit em 2015, de US$ 1,21 bilhões. “Uma parcela do setor investiu em racionalizar, mesmo com a tecnologia tradicional. No Rio Grande do Sul temos até uma condição diferente, melhor que em outros estados, pois tem a alvenaria racionalizada, com blocos cerâmicos de alto padrão”, diz Maria Angelica. “Apesar desses esforços, a nossa produtividade ainda é muito baixa.” Com o boom imobiliário em 2008 e 2009, no qual houve financiamento expressivo para a
Método tradicional e artesanal de construção coloca o Brasil entre os últimos países em produtividade
habitação, principalmente com os programas governamentais, as empresas que começaram a atuar neste segmento perceberam que não poderiam trabalhar com sistemas artesanais por conta da larga escala. “Nós tivemos, no programa Minha Casa Minha Vida, sistema de parede de concreto moldado in loco que tem alta produtividade. As empresas buscaram alternativas para dar
Empresas se queixam da falta de qualificação Não foi só em produtividade que o Brasil perdeu nos últimos anos. Segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, as empresas de construção registraram uma retração de 16,5% em comparação com o ano anterior. Foram movimentados R$ 354,4 bilhões em incorporações, obras e serviços contra R$ 395,1 de 2014. Na opinião do coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), Márcio Marun Gomes, grande parte das empresas de engenharia tem dificuldades para investir em inovação para aumentar a produtividade. “O investimento é alto, e as empresas de engenharia não estão capitalizadas. Elas precisam fazer a venda para colocar dinheiro na obra”, reflete. Outro fator que inibe os investimentos em inovação é a falta de qualificação da mão de obra,
ARQUIVO/CREA/DIVULGAÇÃO/JC
Gomes ressalta fatores que inibem investimentos
segundo Gomes. “A inovação introduz equipamentos e materiais caros, que precisam ser operados por mão de obra qualificada. Só para dar um exemplo: um equipamento para perfuração de estacas em fundações pode custar próximo de R$ 3 milhões. Como a empresas pode colocar um trabalhador que ganha R$ 2 mil para operar esse equipamento?”, questiona. Para o dirigente, as indústrias brasileiras precisam pagar melhor o trabalhador, que deve ser melhor qualificado. “Há três anos, quando a construção civil ainda estava no auge, havia pedreiros ganhando R$ 5 mil por mês. Hoje, com o mercado em crise, não é mais assim”, afirma. “E existe o preconceito. O trabalhador prefere trabalhar no ar-condicionado em vez de trabalhar na obra, mesmo que a remuneração seja superior. As pessoas não querem mais trabalhar na construção civil, porque a consideram uma atividade de segunda categoria.”
conta da demanda”, lembra a consultora. Contudo, além de sistemas cada vez mais industrializados, o Brasil precisa adotar outras medidas, segundo Maria Angelica. Para ela, na atual conjuntura, muitas construtoras não têm interesse em acelerar obras. “As empresas não percebem benefício em aumentar a produtividade com sistemas industrializados
que reduzam os prazos de conclusão das obras, porque nosso financiamento ainda é estimulante de uma lentidão de produção. Uma parte do financiamento vem da venda das unidades”, acredita. “Quando se vendia rapidamente, para as empresas, fazia sentido acelerar a obra e entregar o quanto antes. Hoje, na crise em que a gente está, não interessa muito fazer rápido”, conclui.
Cursos e seminários de formação são a alternativa A baixa qualificação na indústria da construção civil é apontada como entrave para a inovação desde 2013 pela Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE (Pintec). No período, 72,5% das indústrias atribuíram importância alta ou média à falta de pessoal qualificado entre os obstáculos para inovar. Mas, então, o Brasil não está mais formando engenheiros? Está, mas a procura pelo curso de Engenharia Civil vem decrescendo. No vestibular da Universidade de São Paulo (USP) deste ano, foram 27,7 candidatos por vaga. Em 2016, a relação era de 33,6. Já no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a densidade foi de 8,0 em 2017, contra 11,0 no ano anterior. Para o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), José Luiz Lima Lomando, a entidade tem papel fundamental no preenchimen-
to dessa lacuna que é a falta de qualificação em novas tecnologias. “Oferecemos cursos, seminários, formação de mão de obra para mestres, contramestres e empreiteiros. As empresas bem situadas valorizam seus empregados e sabem que eles precisam ter conhecimento técnico e estarem atualizados”, destaca. A Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) do Sinduscon, coordenada por Lomando, já realizou atividades de formação sobre Drywall, Tecnologia de vedações externas e internas com foco na produtividade, e Vedação contra incêndio. “Procuramos fazer palestras todos os meses sobre o que é novidade, e estão sempre lotadas”, enfatiza. Segundo ele, os novos sistemas construtivos levam os filhos de pedreiros de volta à obra. “Eles podem trabalhar com iPad, parafusadeira elétrica, perna de pau mecânica. É um serviço limpo e seco.”
CONSTRUÇÃO CIVIL
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INOVAÇÃO
Novos métodos construtivos reduzem tempo das obras Foi-se o tempo em que, quando visitavam um imóvel, os compradores davam “batidinhas” na parede para ver se o material era sólido. Hoje, o som oco não é mais considerado sinônimo de baixa qualidade, mas de modernidade. Os novos sistemas construtivos incorporam cada vez mais drywalls, blocos pré-moldados e materiais como o EPS (isopor) na construção de paredes. Esses sistemas ainda são muito novos para os consumidores brasileiros, mas estão ganhando aceitação em ritmo acelerado. A tecnologia drywall, por exemplo, passou a ser empregada no Brasil há pouco mais de 10 anos. Contudo, conforme dados da Associação Brasileira do Drywall, o mercado deste material cresce em torno de 15% ao ano. “Somente agora que o mercado quebrou a resistência em comprar imóveis com paredes de drywall. Há pouco tempo, no Brasil, se fazia casa para durar 100 anos, e, mesmo assim, a gente vê várias delas sendo desmanchadas. Nos Estados Unidos, a cultura é outra.
CLÁUDIO BERGMAN/DIVULGAÇÃO/JC
Lomando aponta facilidade para personalizar ambientes
Os imóveis são feitos para durar uma geração”, diz o coordenador adjunto da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), Márcio Marun Gomes.
Com métodos cada vez mais industrializados, construir um edifício ficou muito mais rápido. “Uma empresa do Paraná ergueu um prédio de quatro andares em sete dias com paredes pré-moldadas”, exemplifica o coordenador operacional do Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil (ITT Performance) da Unisinos, Roberto Christ. Essa rapidez só é possível porque as peças chegam prontas e são apenas montadas no canteiro de obras. Esquadrias padronizadas também diminuem consideravelmente o tempo de execução da obra, segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), José Luiz Lima Lomando. “Todas as janelas têm as mesmas medidas, então, se falta uma, é só substituir por outra já fabricada”, explica. Ele destaca, também, a facilidade de personalizar ambientes. “É fácil incluir ou retirar uma parede pré-moldada. Pode-se, por exemplo, transformar dois quartos em um só sem esforço”, completa.
Para saber mais Quem se interessa em conhecer exemplos de novos sistemas construtivos tem uma boa amostra no catálogo do Sinat – Sistemas Convencionais e Inovadores, mantido pelo Ministério das Cidades. Para conhecer os ensaios dos dois tipos – convencionais e inovadores –, basta se cadastrar no
site http://app.cidades.gov.br/ catalogo. São considerados inovadores os sistemas que não sejam objeto de norma brasileira prescritiva e não tenham tradição de uso no País. Os demais, já reconhecidos pelas normas da ABNT, são tratados como convencionais. No portal, é
possível conhecer exemplos de projetos de pré-moldados de concreto armado, paredes maciças moldadas com polímero e armadura de vidro protegida com poliéster, painéis pré-fabricados mistos de concreto armado e blocos cerâmicos, Light Steel Frame com fechamento em chapas OSB, entre outros.
Processos modernos Além da produtividade, a preocupação com obras mais limpas e seguras é tendência na construção civil. Entre as novidades da 20ª Construsul estão gruas operadas com controle remoto. “Essa mudança é importante para a construtora, por evitar qualquer acidente”, ressalta a gerente-geral de uma fabricante de gruas, Yves Souza. Todo o maquinário para construções se modernizou. É possível ver uma máquina de solda que reduziu seu peso de
30 quilos para cerca de dois quilos, e com economia de energia elétrica. Tijolos com alta performance também foram inovações econômicas apresentadas na feira. “Trabalhamos com blocos cerâmicos estruturais e de vedação com design diferente e específico, com furos verticais, permitindo a passagem de eletrodutos e evitando quebras nas paredes em casos de reparos em algum fio com problema”, diz o diretor de uma fábrica de blocos cerâmicos, Juan Carlos Germano. GUILHERME GARGIONI/DIVULGAÇÃO/JC
Tijolos de alta performance têm blocos cerâmicos estruturais
Tecnologia é aliada da sustentabilidade A inovação passa, também, pela preocupação com a sustentabilidade. Um dos sistemas apresentado na Construsul, o LightSteel Frame (LSF), montado com estruturas de aço galvanizado, é bastante ecológico. O baixo peso dos materiais reduz a demanda de transporte, não necessita de bases muito profundas no solo, nem de muita água. A construção com o sistema LSF reduz o consumo de energia desde a fabricação
dos perfis até a execução do projeto. Assim também ocorre com o Painel SIP, usado em divisórias. Montado com duas placas OSB e um núcleo isolante em EPS, é usado nos Estados Unidos, no Chile e na Europa. Os painéis são prontos para serem instalados, têm isolamento térmico correspondente a uma parede de tijolos de 1.000 mm de espessura, são resistentes ao fogo e ecossustentáveis.
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CONSTRUÇÃO CIVIL
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MERCADO
MARCO QUINTANA/JC
Empresários e governo se unem para liberar obras A burocracia e consequente demora na liberação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) é uma dor de cabeça para as empresas da construção civil. O problema se agravou ainda mais após a entrada em vigor da Lei Kiss, segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Sessegolo. “Depois da mudança da lei vivemos um martírio na demora na liberação de um projeto. A obra está pronta e não tem aprovação”, afirma o dirigente. Ciente da falta de pessoal e estrutura do Corpo de Bombeiros, o sindicato, em parceria com outras entidades e o Estado, criou uma ação conjunta para reduzir o tempo de espera, sem comprometer a segurança. Há um ano e meio estagiários de Engenharia Civil, a partir do 6º semestre, recebem orientação dos bombeiros e ajudam na aprovação e análise dos PPCIs. O convênio começou em Porto Alegre e já se expandiu para Caxias do Sul
e Pelotas. “Hoje, minimizamos o problema, mas estamos longe do ideal”, comenta Sessegolo. O presidente do Sinduscon-RS diz que o setor reivindica que profissionais de engenharia possam ser credenciados pelos bombeiros para fazer este trabalho. Ele ressalta que a aprovação final sempre será de responsabilidade da corporação. Sessegolo dá como exemplo as vistorias em obras feitas pela Caixa Econômica Federal para liberação de financiamentos, nas quais o banco usa os serviços de engenheiros credenciados. O comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul (Cbmrs), coronel Adriano Krukoski Ferreira, afirma que a Lei de Segurança Contra Incêndios, promulgada em 2013, não alterou a fiscalização, mas definiu detalhadamente as responsabilidades de cada órgão envolvido e tornou as exigências mais rígidas. Ele reconhece a carência de efetivo, mas garante que neste ano entraram 319 bombeiros nos quartéis, outros MARCO QUINTANA/JC
Para Maria Cristina, simpliicações estimulam mercado
188 estão se formando na academia e foi autorizada pelo Estado a contratação de 450 soldados e 50 capitães. “A segurança contra incêndios envolve 100% do efetivo em algum momento. É a disciplina com maior carga horária nos cursos de formação, especialização e de ascensão funcional da carreira”, afirma o coronel. Krukoski diz que medidas para agilizar a liberação de obras e reformas foram tomadas. Ele cita como exemplo o Certificado de Licenciamento do Corpo de Bombeiros (CLCB) para edificações com até 200 metros quadrados e do Plano Simplificado (Psppci) de risco baixo e médio para edificações com até 750 metros quadrados totalmente eletrônicos. “O cidadão ou o profissional faz o todo o processo à distância. Com isso, conseguimos otimizar o emprego dos recursos humanos com a centralização eletrônica das análises”, afirma. Outra ação, destacada pelo coronel, é a emissão de resoluções técnicas para desburocratizar o processo sem flexibilizar a
Krukoski reconhece carência de pessoal e prevê efetivo maior
segurança das edificações. Hoje, o Cbmrs analisa apenas seis medidas de segurança contra incêndios e as demais são da responsabilidade dos profissionais e proprietários. “No prazo de 18 meses teremos inclusive o Plano
de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI) totalmente eletrônico. Não há condições ou margem maior para a desburocratização sem colocar em risco as edificações e seus usuários”, observa Krukoski.
Prefeitura quer facilitar licenciamento em Porto Alegre Em maio deste ano, foi assinado um decreto de licenciamento expresso, que altera parcialmente os procedimentos administrativos de aprovação e licenciamento de edificações na Capital. Segundo a diretora do Escritório de Licenciamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Maria Cristina Cademartori, as mudanças possibilitam a tramitação de algumas licenças exclusivamente pelo meio eletrônico e a emissão de licenças na hora para algumas obras de simples natureza. Ela ressalta também que não existe abrandamento das normas. “O que está mudando é o processo de licenciamento, que é concluído de forma mais ágil e integrada. Todas as análises estão sendo feitas, e todas as competências, preservadas”, afirma. Inicialmente, este processo era realizado através do atendimento presencial. Com a possibilidade de emissão on-line, os prazos para obtenção de licenças, que costumavam levar uma média de 30 a 40 dias para tramitação, estão sen-
do liberados de forma imediata. A proposta ainda aumenta o prazo de validade dos projetos aprovados e licenciados de dois para quatro anos. No processo de licenciamento expresso para habitação unifamiliar, o profissional tem a possibilidade de anexar uma declaração de entendimento da legislação junto ao projeto e já obter a permissão para construir. A medida busca transferir a responsabilidade de obras de pequeno porte que não tenham impacto ambiental e urbanístico na cidade para os arquitetos e engenheiros que as projetarem. “Esta modalidade deve desonerar a prefeitura em 30% do volume de processos, resultando na agilização da aprovação dos demais projetos”, observa Maria Cristina. Outra medida que deve trazer celeridade aos procedimentos de aprovação é a unificação do processo de análise de Estudo de Viabilidade Urbanística de 1º Grau (EVU) à etapa de aprovação do projeto arquitetônico, reduzindo o tempo de avaliação, que até a assi-
natura do novo decreto, era de 120 dias. Atendendo a uma antiga solicitação dos profissionais da construção, a nova norma também permite que as edificações que não apresentarem prejuízos à estabilidade estrutural, como demolições de edificações existentes, por exemplo, fiquem dispensadas de qualquer processo administrativo, possibilitando que os profissionais tenham autonomia e responsabilidade sobre os projetos e permitindo que os técnicos da secretaria possam concentrar seus esforços na análise de propostas mais complexas, que atualmente levam anos para serem aprovadas e precisam ser avaliadas com maior detalhamento. Maria Cristina afirma que Porto Alegre é uma das cidades mais difíceis do Brasil para se construir. “Essas simplificações estimulam o mercado da construção civil, aumentam a construção de novas residências, novos comércios, a venda de materiais e, consequentemente, a geração de empregos”, completa a diretora.
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CRÉDITO
DENIS RIBEIRO ABECIP/DIVULGAÇÃO/JC
Consórcio de imóveis em alta
Consumidor está mais cauteloso Diferente do cenário econômico de 2009 – ano em que foi lançado o Minha Casa Minha Vida (MCMV) –, a incerteza em relação ao futuro do País faz com que o trabalhador coloque o pé no freio na hora de assumir um financiamento imobiliário. O pesquisador em economia da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Bruno Paim, diz que a recém-aprovada reforma Trabalhista também pode influenciar nesta tomada de decisão. “Vivemos um cenário muito distante daquele boom do mercado imobiliário. Naquela época se tinha mais emprego e o salário real vinha crescendo. Agora, o desemprego pode até estar reduzindo, mas não se sabe a qualidade desse emprego para assumir uma dívida longa”, afirma. O crédito imobiliário tem um custo mais baixo – em torno de 10% ao ano – se comparado com os outros, como o cartão de crédito que chega a 400%. Apesar de ocupar uma parcela pequena da renda mensal, porque os prazos são longos, aumenta bastante o endividamento das famílias. Paim lembra que a redução dos gastos públicos e a restrição ao crédito afetaram o programa habitacional. Durante muito tempo a despesa com o MCMV foi o que manteve o investimento público crescendo. Segundo Paim, o programa teve uma redução de liberação de crédito de 55% no
primeiro semestre. “É difícil esperar uma melhora do setor sem a retomada dos gastos públicos. Estamos em uma espiral negativa. Neste momento se percebe a importância que os gastos sociais têm para a economia. Demanda existe porque Brasil tem um déficit habitacional enorme”, completa. Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), acredita que a queda dos juros, da inflação e do desemprego – embora de uma maneira muito tímida – são indicadores positivos para o futuro do mercado imobiliário. Ele reconhece que o primeiro semestre do ano, assim como 2016, foi difícil. Queda no volume de produção, poucos lançamentos e empresas trabalhando para reduzir seus estoques foram as alternativas para sobreviver em meio à recessão. “Já começamos a ver alguns indicadores internos do mercado que sinalizam a retomada. Alguns analistas apontam que os juros podem ficar no patamar de 8% no fechamento do ano. Isso é uma variável importantíssima para o mercado imobiliário, que depende de juros baixos e de confiança”, diz o dirigente. Abreu explica que os lançamentos de imóveis novos foram muito fracos nos últimos anos, mas que o financiamento para o mercado de usados já tem um
Abreu Filho estima que o mercado melhore em 2018
crescimento de 10% este ano. “Existe uma aposta que o segundo semestre seja mais acelerado e que 2018 seja melhor que 2017”, diz ele, salientando que o resultado das eleições pode atrasar ou acelerar a retomada do crescimento. “É muito difícil especular nesse cenário político”, completa. A retração do mercado é confirmada pelos números de financiamentos concedidos, tanto para construção como aquisição de imóveis. Conforme dados da Abecip, em 2014 foram financiados
em todo Brasil 538.347 unidades. Só no Rio Grande do Sul, no mesmo ano, foram 36.400 unidades. Em 2016, esses números caíram para 199.689 unidades (Brasil) e 17.089 unidades (Estado). Segundo a Caixa Econômica Federal, no primeiro trimestre deste ano foram fechados 7.474 contratos imobiliários no Rio Grande do Sul, que resultaram em R$ 928,17 milhões. Destes, 3.505 contratos são referentes ao Minha Casa Minha Vida e totalizaram R$ 417,92 milhões.
O consórcio de imóveis registrou o segundo melhor volume em junho, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). Os dados mostram que as vendas de novas cotas no consórcio de imóveis mantiveram o ritmo de alta, com 8,7% de aumento e avanço de 15,6% no tíquete médio. O crescimento foi de 27,6% nos créditos comercializados no primeiro semestre deste ano em relação a 2016. O destaque foi o volume de 20 mil adesões apontadas em junho, segundo maior do ano, atrás apenas das 24,3 mil novas cotas comercializadas em abril. Nos seis primeiros meses deste ano, quase 1,65 mil consorciados-trabalhadores participantes dos grupos de consórcios de imóveis utilizaram parcial ou totalmente seus saldos nas contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ultrapassando R$ 65,6 milhões.
Nova linha de crédito para lotes deve movimentar o mercado imobiliário O anúncio do governo federal de uma nova linha de crédito para loteamentos urbanos, inédita no mercado brasileiro, deve dinamizar o setor, principalmente no interior do Estado. Pelo menos essa é a expectativa da Alphaplan Inteligência em Pesquisas. A previsão é que a Caixa Econômica Federal libere R$ 1,5 bilhão em recursos já neste ano para loteadoras e urbanizadoras com faturamento fiscal anual superior a R$ 15 milhões. Por ser um recurso mais barato para as empresas, a previsão é que o preço final do imóvel também seja reduzido para quem for financiar. Um estudo feito pela Alphaplan com 93 municípios gaúchos
mostra o tamanho e o poder do mercado de loteamentos. Segundo o instituto, somente no Rio Grande do Sul são mais de 400 mil famílias com perfil de interesse em lotes. Deste número, 50% estão em cidades do Interior. Outro dado que chama atenção no levantamento é que 94% dos entrevistados – residentes em cidades mais distantes dos grandes centros urbanos – preferem morar em casas. “Ao invés de comprar um apartamento, que tem um custo bem mais elevado, esse perfil de consumidor busca um terreno, que é a esperança de no futuro ter a sua casa própria”, explica Tiago Dias, economista e diretor da Alphaplan. Ele ressalta, ainda, que a aquisição de um terre-
no tem uma entrada menor e, consequentemente, parcelas também inferiores se comparadas ao financiamento de um imóvel pronto. Segundo o economista, desde 2015 é possível perceber uma expansão do volume de lançamentos de loteamentos e condomínios fechados no Estado. A disposição do governo em liberar recursos para loteamentos urbanos também pode ser um bom negócio para investidores, que veem nos terrenos urbanizados uma opção de diversificação de risco, além de um retorno mais rápido do dinheiro empregado. “O anúncio dessa nova linha de crédito pode ativar áreas em regiões mais distantes de Porto Alegre”, completa.
BBC FOTOGRAFIAS/DIVULGAÇÃO/JC
Dias destaca oferta de loteamentos e condomínios fechados
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FOTO OBTIDA NO LOCAL.
o projeto mais inovador na área da saúde no Brasil está pronto. Com localização privilegiada, o Medplex Santana Torre Norte possui o primeiro Hospital de Curta Permanência do sul do país e reúne diversos serviços de saúde em um único lugar.
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CRÉDITO MRV/DIVULGAÇÃO/JC
Obras da Faixa 2 do MCMV são alternativa para as construtoras O Minha Casa Minha Vida (MCMV), criado em 2009 com o objetivo de tornar a moradia acessível às famílias carentes, tinha como meta inicial construir 1 milhão de habitações para a população com renda de até 10 salários-mínimos, priorizando aqueles com renda inferior a três salários. A medida do governo federal aqueceu a economia e fez com que as empresas da construção civil comprassem terrenos e investissem em inovação e tecnologia. No entanto, o oásis daquele período passou e, a partir de 2014, os empresários – que antes eram pagos em três dias – passaram a receber com até 120 dias de atraso. “O governo foi irresponsável e nefasto quando parou de pagar”, afirma o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) Hugo Scipião Ferreira Junior. A empresa de Scipião é focada em empreendimentos para famílias de baixa renda. Ele conta que as obras mais populares, destinadas à fatia da população que se enquadra na Faixa 1 (renda até R$ 1,8 mil) estão com poucas unidades a serem construídas devido à falta de re-
cursos da União. “O subsídio era muito alto – 90% – e se tornou insustentável”, diz o empresário. Além disso, notícias do uso das moradias para o tráfico de drogas, principalmente no Rio de Janeiro, vendas das unidades, troca de chaves e fraudes nas declarações de renda também acabaram prejudicando o programa. Apesar dos problemas, segundo o diretor, o MCMV atendeu seu objetivo inicial que era dar habitação às pessoas que não tinham acesso a financiamento. A tábua de salvação para as construtoras que atuam nesse mercado de imóveis populares está sendo o financiamento da Faixa 2 (limite de renda mensal de R$ 4 mil). Segundo Scipião, a cidade de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, é um exemplo de muitas obras neste padrão. “Hoje, as empresas estão trabalhando muito mais na Faixa 2. Quanto mais longe estivermos das decisões do governo, melhor. Não temos ideia do que pode acontecer”, ressalta. Em meio à crise, outro nicho que se abriu foi a Faixa 1,5 (limite de renda mensal de R$ 2,6 mil). “Essa faixa surgiu para atender as pessoas que não se enquadram no limite da Faixa 1 e não
Parque Porto Burnier, da MRV, exemplo de imóvel de padrão popular
têm capacidade de pagamento da Faixa 2”, explica o vice-presidente. Para São Leopoldo, por exemplo, a Faixa 1,5 traz unidades no valor limite de R$ 125 mil e subsídio que pode chegar a R$ 37 mil. Além da ajuda financeira do governo, as famílias que se enquadram nas faixas 1,5 e 2 têm direito a financiamento com taxa de juros abaixo da praticada no mercado. Apesar das dificuldades, o dirigente acredita que o mercado está sinalizando que vai precisar retomar o ritmo para poder atender – daqui a um ano ou dois – a demanda, já que hoje as unidades que estão sendo vendidas fazem parte do es-
Entidades querem que recursos do programa façam parte do orçamento Nos últimos anos, o governo federal reduziu a participação no Minha Casa Minha Vida com o uso de recursos orçamentários. Na primeira fase do programa a parcela de recursos públicos provenientes do Tesouro Nacional como contrapartida aos subsídios cobria 25% e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), os outros 75%. Na segunda fase, este percentual foi reduzido para 17,5% e, atualmente, a parcela pública da contrapartida está limitada a 10%. Com a proximidade das eleições presidenciais de 2018, o vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Rafael Rihl Tregansin, garante que as entidades não vão permitir que
o Minha Casa Minha Vida caia no esquecimento. “O programa veio em uma época em que não tinha financiamento habitacional no País, alavancou o setor e trouxe muitos benefícios para indústria da construção”, lembra ele. Segundo Tregansin, a expectativa para o primeiro semestre de 2018 é de mais lançamentos em comparação com 2017 e 2016 dentro das faixas 1,5, 2 e 3. Para a segunda metade do ano, espera-se uma parada em função das eleições, pois as contratações com os bancos ocorrem no início de 2019 e dependem também da boa vontade do governo federal. “As entidades da indústria da construção civil querem que a verba destinada à habitação social seja um percentual do orçamento geral da União. É desta maneira que enxergamos ser
possível transformar um programa de governo em um programa de estado, que venha dar estabilidade a esse segmento da construção civil que atende a camada mais baixa da população”, afirma. Em julho deste ano, a secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Maria Henriqueta Arantes, disse que equipes técnicas do governo e da iniciativa privada deverão concluir até dezembro os estudos para inclusão de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Minha Casa Minha Vida. O desafio do governo é conciliar o aumento de demanda, resultado do aquecimento do setor, com a restrição de crédito oficial. A inclusão das PPPs no programa permitiria aumentar a construção de moradias com a participação de recursos privados. Para aumentar o retor-
toque. “Mas para essa retomada acontecer, a renda dos brasileiros tem que melhorar”, completa Scipião. Outra possibilidade de financiamento com o uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é a chamada linha pró-cotista, que financia, em condições especiais, imóveis com valor entre R$ 180 mil e R$ 800 mil a trabalhadores com mais de três anos de contribuição. É o crédito mais barato, depois do Minha Casa Minha Vida. No entanto, está suspenso, por esgotamento de recursos da Caixa Econômica Federal. A possibilidade é que seja retomado apenas em 2018.
SINDUSCON/DIVULGAÇÃO/JC
A expectativa é de mais lançamentos, diz Tregansin
no dos investimentos e permitir a continuidade do programa é preciso reduzir a inadimplência, que está elevada, no Faixa 1 do Minha Casa Minha Vida. Segundo Henriqueta, será implantado neste segundo semestre um projeto educativo de retomada da adimplência dos beneficiários. O coordenador do Programa Minha Casa Minha Vida da Cbic, Carlos Henrique Passos, afirma que a possibilidade de orçamentos menores ou a impossibilidade de suplementações ao longo do ano preocupam. “Essa possibilidade de restrição na suplementação dos valores de contratação nos próximos anos impõe ao governo a necessidade de uma discussão ampla com as entidades de classe e com a Cbic em buscar outras alternativas para sustentação dos empreendimentos”, comenta.
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INFRAESTRUTURA MARCO QUINTANA/JC
Fabiano Pereira explica que o Estado só coleta e trata 14% do esgoto, incluindo Porto Alegre
Rio Grande do Sul busca universalizar o saneamento Em meio às dificuldades financeiras vividas pelo Rio Grande do Sul, os investimentos e a busca de parcerias para ampliar a rede de saneamento do Estado figuram entre as prioridades do poder público para os próximos anos. Lançado neste mês, o Plano Estadual de Saneamento prevê obras e iniciativas para dar mais alcance ao abastecimento de água, ao tratamento do esgoto, ao manejo do lixo e à drenagem de águas pluviais urbanas em diferentes partes do Estado. No caso da Região Metropolitana, uma Parceria Público-Privada (PPP) deverá contemplar obras em nove municípios nos próximos 11 anos, com investimentos de R$ 1,85 bilhões. Já aprovada pelo Conselho Gestor do Programa Estadual de PPP do governo do Estado, a proposta para a Região Metropolitana agora depende da anuência dos municípios envolvidos - Alvorada, Viamão, Gravataí, Cachoeirinha, Sapucaia, Canoas, Esteio, Eldorado do Sul e Guaíba - para a prorrogação dos contratos com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Antes de ser aberta a licitação, o que está previsto ainda para este semestre, haverá também audiências públicas. A expectativa da Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação é começar as obras - que devem contemplar mais de 1,2 milhão de pessoas e gerar ao todo 32,5 mil
empregos diretos, indiretos e induzidos - em 2018. “Buscamos universalizar o saneamento. Hoje, o Rio Grande do Sul só coleta e trata 14% do esgoto, incluindo Porto Alegre”, explica o secretário de Obras, Fabiano Pereira. Nesse sentido, vêm sendo construídas estações de tratamento de esgoto (ETEs) em diferentes áreas do Estado. Uma delas foi inaugurada recentemente em Venâncio Aires, com abrangência inicial de 3 mil pessoas, mas previsão de chegar a 23 mil. Cidades como Capão da Canoa, Cachoeirinha, Santa Maria, Erechim e Passo Fundo também serão contempladas - nessas e em outras cidades, os projetos estão em diferentes fases, da licitação à execução. Em Farroupilha, por exemplo, já foi dada a ordem de início para a construção da ETE local. “Toda sexta-feira vou visitar obras. Estou há 100 dias no cargo e, nesse período, já foram dadas mais de 40 ordens de início de construções”, comemora o secretário. Além do saneamento, a pasta de Obras também lida com áreas como educação, segurança e habitação. Na primeira, por exemplo, a notícia é a liberação de recursos da ordem de R$ 40 milhões, buscados junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), para reformas e pequenas ampliações em escolas estaduais gaúchas. “O dinheiro
agora vai para a conta da escola, a própria direção seleciona a empresa, o que dá agilidade aos procedimentos”, explica Pereira. O secretário calcula que, nos primeiros meses de 2018, em torno de 500 escolas gaúchas estarão em obras. No aspecto da segurança, uma novidade foi a retomada, este ano, da construção da nova sede do Instituto-Geral de Perícias (IGP), em Porto Alegre. Dos R$ 29,2 milhões do custo total, R$ 3,3 milhões são do orçamento do Estado, e o resto vem de recursos federais. Quanto a novos presídios, ficou acertada a troca de uma área do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) para a construção de uma unidade em Bento Gonçalves. Ainda em fase de adequação legal, esse processo pode levar à licitação ainda este ano. Na área da habitação, o Estado vem dando contrapartidas para a construção de moradias em diferentes municípios, como Arroio dos Ratos, Porto Alegre, Gravataí, Bagé e Sapucaia do Sul. Em alguns casos, o governo estadual entra com os terrenos, para as empresas construírem e a Caixa Econômica Federal financiar. Também deverá haver ações específicas de regularização fundiária. “Temos em torno de 51 mil pessoas sem escritura definitiva de seus imóveis. Pretendemos começar um mutirão de regularização”, antecipa Pereira.
Empresas alertam para critérios de concessões e PPPs Diante da carência de recursos oficiais para investimentos, em âmbito nacional, estadual e municipal, a busca de alternativas junto à iniciativa privada na forma de concessões ou parcerias (PPPs) - é considerada o principal caminho para recuperar o ritmo das obras públicas. Entre os empresários e profissionais do setor, parece haver consenso quanto à validade dessas iniciativas, embora haja demandas específicas quanto à viabilidade da participação dos empreendedores nos negócios. O Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem (Sicepot) alerta, por exemplo, para as dificuldades impostas pelas taxas de juros mais altas. “O governo aponta para concessões à iniciativa privada em áreas como iluminação pública, fornecimento de água e estradas. Isso exige financiamentos a longo prazo, com juros compatíveis. O ideal seria de 7% a 9%, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) fala em taxas de 14%”, observa o presidente da entidade, Ricardo Portella. Portella considera fundamental o equilíbrio das contas públicas para que os governos recuperem a capacidade de
manter serviços e coordenar investimentos. O presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs), Luis Roberto Ponte, compartilha de opinião semelhante, defendendo reformas como a da Previdência como etapas indispensáveis. “Perdeu-se a governabilidade, por falta de recursos. Essa falta de recursos deriva do corporativismo, dos gastos com desnecessidades. Os estados, a União e muitos municípios não têm dinheiro”, lamenta Ponte, que já foi deputado federal e exerceu cargos nos governos federal e estadual. Com base na experiência vivida tanto no poder público como na iniciativa privada, como presidente da Construtora Pelotense, Ponte reconhece o esforço do atual governo do Rio Grande do Sul em direção à retomada dos investimentos em infraestrutura. “Quando o governo fala em ‘fazer o que tem que ser feito’, sinaliza que algo será feito, mesmo que seja impopular. O povo quer resultados, mas o governo tem que enfrentar essa opinião. O bom governante arrecada com justiça, combatendo a sonegação e gastando de acordo com as prioridades da sociedade”, define o engenheiro. CLAITON DORNELLES /JC
Ponte reconhece esforço do atual governo gaúcho
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INFRAESTRUTURA MARCELO G. RIBEIRO/JC
Empresas estão retomando aportes na expectativa de ter o mercado restabelecido, diz Biolchi
Investimentos privados tendem a crescer O recente anúncio de novos investimentos da General Motors (GM) no complexo automotivo de Gravataí, movimentando cerca de R$ 1,4 bilhão, é um destaque importante no cenário dos novos empreendimentos no Rio Grande do Sul. O processo de atração de empresas para o Estado tende a se intensificar, com reflexos diretos e indiretos no setor da construção civil. Pelas contas da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect), nos últimos dois anos, já foram aprovados e implantados 64 novos negócios no Estado, gerando cerca de 10 mil empregos e movimentando ao todo R$ 4 bilhões – número que se torna mais expressivo por não incluir os valores anunciados pela GM. A carteira de projetos da Sala do Investidor – espécie de central de atendimento físico e virtual aos empreendedores interessados em desenvolver projetos no Estado – contabiliza outros 49 projetos em andamento, com possibilidade de gerar cerca de 5 mil empregos, envolvendo R$ 4,7 bilhões. As 119 propostas ainda pendentes sugerem um potencial importante para os próximos anos, podendo chegar a quase R$ 30 bilhões.
“Desses investimentos, em média, 30% a 40% acabam repercutindo na construção civil. Até as empresas que já têm suas instalações precisam adaptar ou ajustar alguma coisa”, estima o titular da Sdect, Márcio Biolchi. O secretário acrescenta que muitos dos projetos são voltados ao setor de energia, como usinas e parques eólicos, o que envolve um bom volume de obras. Ele ressalta ainda que a Sdect – em conjunto com a Secretaria de Minas e Energia, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o Badesul e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) – relançou um programa voltado à instalação de unidades como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). “Isso tem um potencial de gerar 12 mil empregos, com 91 projetos e R$ 10 bilhões de investimentos”, destaca Biolchi. A intensa movimentação de empresários e autoridades na Sala sugere que os investimentos realmente poderão se acelerar. Inclusive com recursos vindos de outros países: em agosto, por exemplo, a secretaria recebeu comitivas de países como Índia, França e China. Deste último
país, por exemplo, o governo ouviu sugestões e propostas da China Railway Rolling Stock (CRRC), considerada uma das maiores fornecedoras mundiais de equipamentos de transporte ferroviário. “O pronto-atendimento (aos possíveis investidores), por mais subjetivo que seja, demonstra a disposição do Estado (em atrair negócios). Ouço muito dos empresários a frase: ‘É muito bom saber que o Estado quer receber’. A ‘parte anímica’ conta muito”, explica Biolchi. Um exemplo mencionado pelo secretário também está relacionado com o setor automotivo: “Já recebemos outras seis empresas que irão investir no Estado também, em função da GM. No processo de disputa por fornecimento (para a GM), algumas já foram selecionadas. Algumas já estão no Estado, outras vão vir”. Para Biolchi, essa movimentação sugere que a retomada do desenvolvimento não está distante. “Estamos começando a perceber a perspectiva de um novo ciclo econômico, reaquecendo a produção. As empresas estão retomando investimentos, na expectativa de ter o mercado restabelecido em um ou dois anos”, prevê o secretário.
Construtoras aguardam novo ciclo no Brasil As construtoras voltadas a obras de maior porte – especialmente nos setores industrial e corporativo – avaliam com cautela as perspectivas para o ano de 2017. Nessa área, as restrições impostas pelo período recessivo acabam se refletindo em uma desaceleração nos investimentos – e, por consequência, no início de novas obras. “O ano de 2016 ainda foi bom, mas neste ano tivemos redução na carteira. Os anos de 2014 e 2015 foram razoáveis, e 2017 deverá ser razoável também, em função de projetos antigos. Os projetos novos têm suas decisões postergadas, ainda em função da instabilidade política”, explica o diretor-presidente da construtora Tedesco, Pedro Silber. Integrante do grupo alemão HTB, a Tedesco está envolvida em obras importantes, como o novo prédio do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre – que está por ser concluído –, e a expansão do parque industrial da Yara Fertilizantes, em Rio Grande. Esta última, cujo investimento total será próximo de R$ 1 bilhão, figura entre as maiores obras privadas no Estado e deve se estender até 2019. Silber acredita que só em 2019 o País deverá começar um novo ciclo de grandes obras, em função das incertezas do cenário político e econômico. “Poderão surgir projetos pontuais. Mas é improvável que haja mudanças mais significativas até a eleição”, prevê o empresário. “O setor (da construção) acaba sendo o primeiro que para e o último que anda. Nosso ciclo de maturação
é muito longo, e a atividade demanda capital muito importante”, observa Silber. No interior do Estado, as construtoras também percebem uma redução nos investimentos, em função do contexto nacional. Mas há quem possa comemorar desempenhos positivos. A construtora Zagonel, de Lajeado, por exemplo, teve em 2016 o ano de melhor resultado de suas quatro décadas de atividade, com faturamento 18% maior do que o de 2015. “Procuramos balancear as atividades entre os setores em que atuamos, o imobiliário, o corporativo e a urbanização. Todos vêm registrando crescimento. Existem muitas oportunidades. Empresas organizadas e estruturadas geralmente continuam a investir, mesmo em meio à crise”, explica o diretor-presidente da empresa, José Zagonel. Com obras corporativas em andamento em Porto Alegre e Santa Cruz do Sul, a Zagonel concluiu recentemente o novo centro administrativo da Sicredi em Lajeado. Na área imobiliária, há lançamentos planejados em Gramado, Teutônia e no Mato Grosso do Sul. “Nossa expectativa para o ano de 2018 é crescer 30% em faturamento”, adianta o presidente, para quem a conjuntura nacional deve melhorar no médio prazo. “O Brasil está conseguindo debater temas delicados, como a reforma da Previdência e a modernização das relações do trabalho. Isso deve favorecer a sociedade como um todo e melhorar o ambiente de negócios”, destaca Zagonel. JONATHAN HECKLER/JC
Silber acredita em um novo cenário só a partir de 2019
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INFRAESTRUTURA JONATHAN HECKLER/JC
Prefeitura tenta garantir recursos para obras da Copa Os porto-alegrenses têm boas chances de ver concluídas em 2018 algumas das construções mais importantes da estrutura viária da cidade. As obras da Copa, interrompidas por falta de recursos, poderão ser retomadas nos próximos meses se a administração municipal conseguir alterar o contrato de financiamento dos trabalhos junto à Caixa Econômica Federal. Nos cálculos da Secretaria de Planejamento e Gestão, são necessários R$ 484 milhões para concluir as nove obras pendentes e iniciar outras quatro, em diferentes regiões da cidade. Em alguns casos, falta pouco para o trabalho ficar pronto. As trincheiras da rua Anita Garibaldi e da avenida Ceará na Terceira Perimetral, por exemplo, levariam em torno de quatro meses para a conclusão, a partir da retomada dos trabalhos. No caso da trincheira da avenida Cristóvão Colombo, seriam seis meses. Outras reformas vão demorar mais - a duplicação da avenida Tronco e o prolongamento da avenida Severo Dullius vão demandar, respectivamente, 24 e 18 meses. Ainda sem data para começar, a trincheira da avenida Plínio Brasil Milano e a segunda parte da duplicação da rua Voluntários da Pátria devem envolver dois anos de construção. Para recomeçar essas obras, a prefeitura pretende realocar recursos já aprovados para uma das partes mais importantes do conjunto de construções pendentes - a implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT, ou Transporte Rápido por Ônibus) nas avenidas Protásio Alves, Bento Gonçalves e João Pessoa. “Identificamos que o valor reservado no financiamento (R$ 249 milhões) era insuficiente para que pudéssemos executar integralmente o escopo do que tinha sido apresentado (para o BRT)”, diz o secretário de Planejamento e Gestão, José Alfredo Parode. “Concluímos que R$ 115 milhões poderiam ser remanejados. Na contratação original, era o valor da contrapartida do município”, acrescenta. Outra fonte de recursos será um empréstimo de R$ 120 milhões, já aprovado pela Câmara Municipal. A questão do BRT passa pela
elaboração de um novo projeto, que contemple também avenidas como Farrapos, Assis Brasil e Sertório - áreas que não estavam na proposta original devido à perspectiva de implantação de uma linha de metrô para servir a zona Norte. Agora, sem maiores chances do metrô ser concretizado, a região também seria incluída na rede BRT. “Esse novo projeto deve contemplar também uma integração viária e tarifária com a Região Metropolitana. A ideia é criar um sistema integrado para desafogar o Centro de Porto Alegre”, explica Parode. A estimativa é que, para tanto, seria necessário mais R$ 1,2 bilhão. “Só para fazer o projeto, custa em torno de R$ 5 milhões”, calcula. A retomada das obras ainda depende da aprovação do Ministério das Cidades, uma vez que a Caixa Federal deu parecer favorável à proposta da prefeitura. Enquanto isso, outros trabalhos estão em andamento. A Fase 1 da Orla do Guaíba, no trecho entre a Usina do Gasômetro e a Rótula das Cuias, deve ser entregue em novembro - a Fase 3, entre o Arroio Dilúvio e o Parque Gigante, ainda não tem data para começar. Em fase de estudos, a requalificação do Gasômetro deve começar nos primeiros meses de 2018. Neste mês, está começando a construção de uma nova avenida, nas margens do Arroio Cavalhada, ligando as avenidas Icaraí e Diário de Notícias. Também estão em execução obras de pavimentação em 19 quilômetros de vias em regiões como Lomba do Pinheiro, Ilhas, Aberta dos Morros, Restinga e Belém Novo, além de 78 quilômetros de recapeamento em avenidas como Mauá, Protásio Alves e Osvaldo Aranha. Parode assegura que outros projetos serão implantados, envolvendo saneamento, habitação e mobilidade urbana. “Nosso passo seguinte é um planejamento estratégico para pensar a cidade de 2050, com metas a curto, médio e longo prazo. O desafio é que governantes e sociedade tenham compromisso com essa perspectiva. O planejamento é determinante para a qualidade de vida das gerações futuras”, afirma o secretário.
Tempo para concluir os trabalhos na trincheira da Cristóvão Colombo é estimado em seis meses
Nova ponte pode ser concluída em dois anos Não será antes de 2019 a conclusão de duas das principais obras de grande porte mais aguardadas no Rio Grande do Sul - a nova ponte do Guaíba e a duplicação da BR-116 entre Guaíba e Pelotas. Ambas tiveram o ritmo reduzido - e até mesmo sofreram interrupções - em função das dificuldades de orçamento. A nova ponte, da qual 51% dos serviços previstos já foram realizados, foi retomada no final de 2016, depois de uma interrupção de quatro meses. “Em 2017, pelos valores disponíveis e pelas informações que temos, a obra se mantém. Está em ritmo mínimo para não haver descontinui-
dade. Diferentemente de 2016, este ano há recursos (para essa obra) no orçamento, é só questão de ser disponibilizado”, diz o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Rio Grande do Sul, Hiratan Pinheiro da Silva. A expectativa de aprontar a ponte até o final de 2019, no entanto, pode não se concretizar. “A incerteza ainda é a questão do reassentamento nas vilas Tio Zeca e Areia, que ficam bem no ponto onde a ponte termina. Isso envolve outros atores”, diz Silva. No mês passado, o governo do Estado transferiu ao Dnit áreas
de 21.031 metros quadrados da extinta Companhia de Habitação do Estado (Cohab), localizadas naquela região. Na BR-116 a questão é um pouco mais complexa. Nenhum dos nove lotes em que a obra está dividida - além de dois lotes referentes ao contorno da estrada - está pronto. O grande obstáculo é a falta de recursos. “O valor previsto para o ano é de R$ 59 milhões, mais R$ 12 milhões para contorno. É aquém do necessário”, lamenta Silva, lembrando que o total necessário para concluir os 221 quilômetros da duplicação é de R$ 660 milhões. JONATHAN HECKLER/JC
Conforme o Dnit, 51% dos serviços previstos já foram realizados
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MÃO DE OBRA
Mercado ensaia tímida retomada nas contratações Os números divulgados pela Câmara Brasileira da Construção Civil (Cbic) indicam que o segundo semestre de 2017 pode marcar um início da retomada nas contratações, ainda tímida, da construção civil no País. Depois de 33 meses demitindo mais do que contratando, no mês de julho, o número de vagas formais criadas pelo setor cresceu. Embora o volume seja pequeno, 724 contratações em todo o Brasil, a notícia pode ser um indicativo de que o pior da crise já ficou para trás. Para o segmento que já empregou 3,426 milhões de trabalhadores em 2013, atingir o mesmo nível produtivo ainda pode levar alguns anos. No Rio Grande do Sul, atualmente, estima-se que a construção civil gere 122.609 empregos com carteira assinada. Este número já foi de 161.047 em 2013 no Estado. Mas os 38.438 postos perdidos a partir de 2014, em decorrência da crise econômica, ainda estão longe de serem recuperados. Segundo o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do RS (Sinduscon-RS) e coordenador da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT), Rafael Lonzetti, há um cenário um pouco mais promissor do que o do ano passado. “Parou de
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Para Santana, instabilidade política prejudica o segmento
piorar. Estamos começando a ver uma luz no fim do túnel por conta da redução dos juros, o desemprego parou de crescer, mas o mercado está muito dividido. Vejo empresas que querem investir e, ao mesmo tempo, vejo empresas que vão esperar um pouco mais para ver o que vai acontecer. Porque hoje a crise é uma crise política, uma crise moral também”, analisa Lonzetti. Para o dirigente, nesse pro-
cesso, as grandes empresas que tinham volume de obras com vários canteiros de obras foram as que mais sofreram e muito por conta dos distratos dos compradores. “Essas tiveram que se readaptar de forma mais ampla e rápida. A construtora pequena conseguiu reagir melhor a essas mudanças”, acredita Lonzetti. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre (Sticc), Gelson Santana, concorda que a instabilidade política é um dos atuais entraves para um início da retomada do segmento. Na sua avaliação, os dois setores que alavancam a economia - o agronegócio e a construção civil - não estão recebendo a atenção devida do atual governo. “Acho que chegamos ao fundo do poço. Pior que isso só se parar o País”, lamenta o dirigente. Conforme os dados do Sticc, há cerca de 300 obras públicas paradas no Estado que, se reativadas, poderiam ser um caminho para estimular o mercado. Projetos de escolas, de obras de saneamento e de creches com financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deveriam voltar a receber investimentos do governo.
Ano deve superar matrículas em cursos profissionalizantes Em 2016, 1.621 alunos passaram pelo Centro de Formação Profissional Senai de Construção Civil no Estado. Os cursos de edificador predial, pedreiro, eletricista e instalador predial foram responsáveis por 562 matrículas. Essas formações são gratuitas e dentro da modalidade de aprendizagem industrial, contrapartida do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) às empresas. Ainda há cursos de formação inicial e de continuidade pagos, que capacitam para áreas específicas, como auxiliar de pedreiro, assentador de placas cerâmicas, gesso acartonado, pintura de obras, leitura e interpretação de plantas. A previsão é de que 2017 su-
pere o número de matrículas da escola. “A construção não é o segmento que mais nos procura, porque existe a questão sazonal, mas quando voltarem os investimentos vai faltar profissional no mercado. Havendo aquecimento da economia, isso vai crescer”, explica o diretor regional do Senai-RS, Carlos Trein. Ele ressalta que a indústria não é a mesma de 30 anos e que cresce a exigência por profissionais qualificados e com habilidades mais desenvolvidas. Nesse sentido, segundo Trein, o Senai está preparando, em parceria com entidades, cursos que atinjam desde níveis básicos, de supervisão, até gerenciais. MARCO QUINTANA/JC
Senai capacitou mais de 1,6 mil proissionais em 2016
Boas práticas garantem segurança nos canteiros de obras A preocupação com a disseminação das boas práticas na segurança, na saúde e a valorização do trabalhador é o atual foco da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT) do Sindicato da Construção Civil do RS (Sinduscon-RS). A prática das normas
regulamentadores passou a ser algo básico para os associados da entidade. O coordenador da CPRT, Rafael Lonzetti, ainda cita o diálogo permanente com a Superintendência Regional do Trabalho. O resultado deste esforço aparece na redução de acidentes nos cantei-
ros de obras e nos três anos sem acidentes fatais entre empresas associadas. Seguindo a tendência de protagonizar iniciativas para qualificar o mercado, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sticc) apoiou a criação da Obra Pú-
blica Legal (OPL), lei em vigor em Porto Alegre e Guaíba, para premiar boas práticas na área pública. A construtora é avaliada nos estágios da obra e recebe pontuação que dá direito a um selo de qualidade que impactará positivamente em novas licitações.
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MÃO DE OBRA CLESER MANSUR/DIVULGAÇÃO/JC
Reforma trabalhista traz mais segurança jurídica A reforma trabalhista trouxe mudanças que irão impactar as relações de trabalho dos segmentos produtivos. A força deste impacto será conforme as necessidades e características de cada setor. Polêmica, a nova legislação também divide opiniões quanto à geração de mais postos de trabalho. Para o advogado Marco Antonio Lima, haverá mais segurança jurídica nos planos de demissão voluntária, na rescisão do contrato de trabalho por acordo entre empregado e empregador, e na regulamentação da comissão de empregados em empresas com mais de 200 funcionários. Conforme Lima, vários pontos serão importantes para as empresas da construção civil, em especial a maior segurança jurídica em relação ao que é negociado com o sindicato, a aplicação do contrato de trabalho intermitente, a rescisão do contrato de trabalho por acordo entre as partes, com redução dos encargos decorrentes, e a prevalência do negociado sobre
o legislado, entre outros. “Os direitos previstos hoje na legislação trabalhista ficarão mantidos, não havendo perdas aos empregados. O que a nova legislação corrige é o excesso que vinha sendo praticado pela Justiça do Trabalho, que atuava às vezes como 'Legislativo', baixando orientações jurisprudenciais e súmulas com obrigações ao empregador e direitos aos empregados, sem lei que as amparasse”, diz o advogado. Na opinião dele, a nova legislação deve causar um efeito positivo na economia, com geração de novos postos de trabalho e transferência de trabalhadores da informalidade para a formalidade plena, repercutindo em maior segurança a todos e arrecadação do Estado. Lima diz que a valorização da Convenção Coletiva de Trabalho e do Acordo Coletivo de Trabalho vai contribuir para este cenário por gerar melhor adaptação da lei à realidade geoeconômica de cada segmento. “Consequentemente, haverá
incentivo para criação de mais postos de trabalho e motivação para concessões de vantagens pelos empregadores, que eram antes evitadas, já que havia o temor permanente e nocivo quanto incorreta intervenção da Justiça do Trabalho, quando levado o tema ao Judiciário em reclamações trabalhistas, muitas das vezes, oportunistas”, frisa. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sticc), Gelson Santana, as reformas tributária e fiscal deveriam ser as prioridades, porque estas mudanças, sim, gerariam postos de trabalho. Ele acredita que a reforma tributária geraria mais emprego e renda, porque as empresas já são bastante oneradas, e não há a devida contrapartida para a população. Para o dirigente, reduzir e simplificar a cobrança de impostos seria positivo para a sociedade. Santana classifica a reforma trabalhista como um retrocesso do ponto de vista dos direitos do trabalhador. “Não era esta refor-
Entidades promovem cursos de capacitação Para estimular a qualificação do mercado, o Sinduscon-RS criou um curso de Gestão direcionado aos empreiteiros que prestam serviços para as empresas associadas. “Esses profissionais precisam ser treinados, conhecer as normas regulamentadoras, saber como faz uma segurança na obra”, diz Rafael Lonzetti, coordenador da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT) do Sinduscon-RS. A formação, desenvolvida em parceria com o Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul (Sesi) e realizada no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul(Senai), dura três meses. O conteúdo é voltado para a prática, e os instrutores são pessoas que atuam em obras, o que facilita a didática. Na avaliação do vice-presidente do Sinduscon-RS, essa iniciativa ainda precisa avançar. Estima-se que no mercado haja em torno de mil empreiteiras. No último módulo promovido, que terminou em março deste ano, 21 empresas participaram. Um segundo módulo já está previsto para o segundo semestre. “Estamos sendo protagonistas nesta área, que deveria ser de responsabilidade do go-
verno”, acredita o dirigente. Do lado do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil, os esforços se concentram na capacitação da mão de obra. Desde 1990, existe uma escola de formação de jovens aprendizes, em um curso com duração de quase dois anos. Em cinco anos, estes estudantes podem se tornar mestre de obras. O Sticc mantém também uma escola profissional de adultos com cursos de pedreiro, azulejistas, pintor e ferreiro. Os números divulgados pelo sindicato indicam que há um aumento da procura pelos cursos profissionalizantes, por conta do índice de desemprego. Mas, em geral, quando o aluno conquista uma vaga no mercado, abre mão dos estudos. Por isso, Santana defende que deveria haver uma contrapartida para quem busca qualificação. O trabalhador teria uma jornada de quatro horas e, nas outras quatro horas, faria o curso para se qualificar. “Esse deveria ser o papel do governo, do Estado e dos grandes empresários. Sem este investimento, o País não vai prosperar”, reivindica Santana.
Lima crê que nova legislação terá efeito positivo na economia
ma trabalhista que o Brasil precisava. Em 2013 e 2014, o Brasil estava com pleno emprego sem fazer reforma na CLT. Esta
CLAUDIO BERGMANN/DIVULGAÇÃO/JC
Com treinamentos, Sinduscon está sendo protagonista, diz Lonzetti
reforma deveria ter sido discutida com a sociedade, para que fosse bom para todos”, sustenta Santana.
Informalidade é um problema do setor O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS) estima que 57% da mão de obra do setor não tenha carteira assinada. A entidade pretende criar uma campanha de conscientização para reduzir esse número e quer envolver outras instituições ligadas ao setor. Na avaliação de Rafael Lonzetti, vice-presidente e coordenador da Comissão de Política e Relação do Trabalho (CPRT) do Sinduscon-RS, a iniciativa beneficia trabalhadores, que vão passar a ter seus direitos garantidos; o governo, que vai arrecadar mais; e as empresas. “Essas organizações, em geral, não investem em treinamento, muitas vezes recrutam mão de obra de maneira informal. Na área de reformas e manutenção predial, é mais comum encontrar situações como estas”, diz. Conforme dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil (Sticc), no Brasil, mais de 80% dos acidentes são com trabalhadores terceirizados, que recebem salários inferiores aos formais. “Desde 2010, houve mais de 30 mortes na construção civil. A grande maioria destes acidentes acontece com terceirizados”, lamenta o presidente do Sticc, Gelson Santana.
Jornal do Comércio
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NOVO LOCAL
01 a 04 FIERGS PORTO ALEGRE RS AGOSTO 2018
Quarta a sexta: 14h às 21h Sábado: 11h às 18h
Nos vemos em 2018!
APOIADORES CONSTRUSUL 2017
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SUSTENTABILIDADE SALVI CRUZ/DIVULGAÇÃO/JC
Cresce a busca pela eficiência energética Os aspectos econômicos da busca por sustentabilidade na construção civil deverão ganhar cada vez mais importância nos projetos - da concepção à operação dos edifícios a ser construídos nas próximos décadas. Sistemas de reaproveitamento da água e de economia e geração de energia elétrica passarão a ser ainda mais presentes nos empreendimentos, levando a um contexto de exploração mais racional dos recursos. Essa perspectiva, carregada de otimismo, é reforçada pelos dados do Green Building Council (GBC), entidade responsável pela emissão de certificações de construções verdes em 165 países do mundo, segundo a qual o Brasil tem destaque nesse cenário global. Conforme o diretor executivo do GBC Brasil, Felipe Faria, o País ocupa o quarto lugar na escala mundial de projetos registrados para obtenção de certificados - em especial, a Certificação LEED (sigla para Leadership in Energy and Environmental Design, ou Liderança em Energia e Projeto Ambiental). Com 1.280 projetos registra-
dos e 440 certificados, o cenário brasileiro só fica atrás de China, Canadá e Índia. E o País já apresenta destaques em categorias novas, como Casa e Condomínio - referentes à sustentabilidade em empreendimentos residenciais - e Net Zero Energy - voltada aos projetos de autossuficiência em consumo e geração de energia. Essas duas novas certificações foram lançadas oficialmente no Brasil em agosto, durante a oitava edição da Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo, realizada em São Paulo. A busca pela autossuficiência em energia foi um dos destaques do lançamento, com 11 projetos registrados e dois já certificados um no Mato Grosso, outro no Paraná. Ambos comprovaram que o consumo de energia local da operação anual é zerado por uma combinação de alta eficiência energética e de geração de energia por fontes renováveis. “É um bom número para começo. Se falarmos em prédios autossuficientes, já se pensa em Estados Unidos ou Europa, mas aqui é uma forte tendência”, avalia Faria. “O
mais importante é que tudo isso tem viés de ganhos econômicos. Isso é o que vai fazer ficar escalonado”, diz o diretor executivo. Faria enfatiza que a questão econômica será cada vez mais determinante na busca pela sustentabilidade, citando estudos que demonstraram a valorização do metro quadrado de construções certificadas em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. “Foi verificado que esses prédios tiveram 7% menos vacância de salas comerciais no Rio, e 9,5% em São Paulo”, compara. “O acréscimo de custo (na construção) fica entre 0% e 6%, e o payback de curto prazo das reduções de consumo pode chegar a uma média de 40% na água e de 25% a 30% na energia elétrica”, completa Faria. “É muito mais fácil investir em eficiência energética do que aumentar a produção de energia”, diz. Conforme o diretor, a conscientização do público e dos empreendedores quanto à sustentabilidade deixa de considerar apenas o aspecto sócio-ambiental e percebe também as vantagens econômicas. “Isso (a eficiência das
Faria reforça peso da questão econômica nos processos
edificações) é o agora, já representa uma vantagem competitiva. O mercado da construção é cruel, você passa a ser julgado com valores de 2021, e tudo muda muito rápido. O consumidor se torna mais crítico. Corre-se o risco de concluir em quatro anos algo já ultrapassado, é preciso pensar bem à frente”, salienta Faria. Nos Estados Unidos, por exemplo, as certificações já fazem parte dos requisitos para a aprova-
ção de novos projetos. Faria acredita que o Brasil não está distante de adotar regras semelhantes, lembrando que já houve projetos de lei em São Paulo prevendo descontos de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para prédios certificados. Embora a proposta não tenha avançado no Legislativo paulistano, outros municípios daquele estado já adotaram o chamado IPTU Verde, mas ainda com imperfeições na fiscalização.
Lojas apostam na certificação LEED para garantir economia de consumo JEFFERSON BERNARDES/AGÊNCIA PREVIEW/JC
Novo prédio da sede administrativa da Lojas Renner, em Porto Alegre, reduz gasto de energia
Entre as construções que obtiveram a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) no Rio Grande do Sul estão a Arena do Grêmio, a loja da rede C&A na Rua dos Andradas, o head office da Coca-Cola Vonpar (em Porto Alegre) e o Shopping São Pelegrino (em Caxias do Sul). Outras edificações estão registradas e aguardam certificação, como é o caso da nova sede administrativa das Lojas Renner, inaugurada em março deste ano na Capital. O prédio, com 32,7 mil metros quadrados, conta com energia 100% renovável, apostando no uso de lâmpadas de LED - que garantem 15% de economia no consumo. Também houve a preocupação com a questão térmica, com o uso de vidro na fachada e de tinta térmica em toda a cobertura do prédio. O sistema de reaproveitamento de água garante a redução do consumo em 55%, e 50% dos materiais utilizados na construção foram extraídos, processados e fabricados localmente.
“Começamos a trabalhar as premissas que julgamos importante para todas as lojas da rede”, explica a gerente-geral do departamento de Arquitetura e Engenharia da Renner, Alessandra Shargorodsky. Ela acrescenta que a empresa já tem uma loja certificada, no RioMar Shopping Fortaleza (CE), e espera certificação para outras duas unidades - uma no RioMar Kennedy, também em Fortaleza, e outra na Vila Mariana, em São Paulo. Um dos recursos explorados na busca pela eficiência energética foi a automatização dos sistemas de energia elétrica e de climatização em 50 das 312 lojas da rede. “Podemos monitorar melhor como os equipamentos estão funcionando”, esclarece Alessandra. Outra mudança foi o uso das lâmpadas de LED, presentes em toda a rede. Mas a adoção dessa tecnologia não foi apenas um processo de substituição de redes e luminárias. “Tivemos que passar por vários testes para achar a lâmpada mais eficaz”, explica.
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SUSTENTABILIDADE
Conforto térmico em telhados e paredes verdes JONATHAN HECKLER/JC
Na escola Universo Mágico, gramado ica no terraço, em uma área que também serve de jardim para as crianças brincarem
A
presença do verde em Porto Alegre não pode ser menosprezada – segundo dados do Censo do IBGE de 2010, a capital gaúcha é uma das quatro grandes cidades mais arborizadas do País. Além de espaços tradicionais da cidade, como canteiros, praças e parques, a vegetação começa a ganhar espaço também em meio ao concreto e ao vidro dos prédios – na forma de telhados e paredes verdes, que oferecem vantagens ambientais e térmicas às construções. No caso de Porto Alegre, as paredes verdes ainda não têm uma presença tão forte. Mas se destacam em dois empreendimentos importantes apresentados à população neste ano – a nova sede da Unisinos, na avenida Nilo Peçanha, e a loja da rede Lebes no antigo Edifício Guaspa-
ri, no Centro Histórico. Os telhados verdes, menos visíveis, estão em áreas como o espaço Multipalco, ao lado do Theatro São Pedro, e o topo da loja C&A da Rua dos Andradas, por exemplo. Uma das principais empresas de pesquisa e instalação de paredes e telhados verdes no país, a Ecotelhado tem sede em Porto Alegre e vê o mercado crescer cada vez mais. “Em 10 anos, já construímos mais de 500 mil metros quadrados (de telhados e paredes verdes) em todo o Brasil e também em outros países”, contabiliza o engenheiro agrônomo João Manuel Feijó, um dos fundadores da Ecotelhado. Segundo ele, a procura cresce na ordem de 20% a cada ano. “Quando começamos, alguns arquitetos riam dessa ideia. Hoje, não há um arquiteto que não tenha feito algum projeto com te-
lhado verde, por exemplo. Ainda é uma minoria em projetos novos, mas vem crescendo”, explica Feijó. Um desses telhados construídos recentemente está no topo da escola de educação infantil Universo Mágico, no Jardim do Salso, na Capital. O gramado fica no terraço, em uma área onde as crianças da escola podem brincar ao ar livre. “Buscamos que as crianças sempre tenham contato com a grama, com a natureza”, conta a diretora da escola, Sandra Wiebbelling. A ideia de transformar o topo da nova sede da escola – concluída em março – em um gramado surgiu por sugestão do engenheiro responsável pela obra. Os efeitos na temperatura se fizeram sentir, especialmente no verão. “O telhado deu uma diferença de temperatura, fica mais fresquinho. De
fato, usamos menos o ar-condicionado nas salas de aula do último andar”, relata a diretora. A estrutura do telhado verde – em que uma espécie de bandeja plástica fica abaixo da camada de terra onde o gramado é plantado – permite o reaproveitamento da água da chuva. “Nem precisamos molhar a grama no inverno”, conta Sandra, lembrando que a escola deverá aproveitar a água da chuva em banheiros e jardins, depois de concluída a segunda fase da construção, prevista para ser concluída no ano que vem. “Vamos ter também um telhado com placas fotovoltaicas, para gerar energia e amortecer o consumo”, adianta a diretora. As soluções verdes contemplam pelo menos três aspectos importantes em uma construção sustentável: a possibilidade de reaproveitar a água, a renova-
ção do ar e o isolamento térmico. “Hoje, em torno de 40% dos gastos com energia são com climatização. Os telhados e paredes verdes ajudam nisso. A planta consome energia na fotossíntese. O vidro, por exemplo, reflete a luz”, compara Feijó. Outros itens de sustentabilidade que ainda poderão ganhar espaço nas casas e condomínios, por exemplo, são o tratamento dos resíduos via compostagem e a produção de alimentos em hortas. “Em alguns lugares, como em Cingapura ou São Francisco, em torno de 20% do consumo da cidade é produzido nos próprios terrenos. Existe também a tendência à autossuficiência em energia, por exemplo. A resiliência de uma cidade se mede pela autossuficiência dos indivíduos em todos os aspectos. Hoje, isso é cada vez mais valorizado”, diz Feijó.
Análise de desempenho adequado é novo desafio do setor Enquanto o Brasil vê crescer o número de projetos e construções registrados para obter certificados de construção sustentável, um novo desafio vai se impor ao setor: a certeza de que a operação desses imóveis vai efetivamente garantir a eficiência energética planejada previamente. Essa tem sido uma das preocupações do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) integrada por pesquisadores, construtoras, projetistas, representantes de governo e entidades da construção civil de todo o País.
“As certificações avaliam projetos, e agora chegamos à etapa de avaliar a operação. Um edifício com certificado não necessariamente tem um desempenho adequado durante sua operação. Como também um grupo de edifícios certificados não representa uma cidade ou bairro sustentável”, analisa a gerente executiva do CBCS, Carolina Mendes. Segundo ela, o conselho vai buscar articular o setor para que essa avaliação seja feita pelo modelo de Avaliação de Ciclo de Vida Modular, com base em cinco indicadores: CO2, demanda cumulativa de energia, demanda de água, resíduos e recursos na-
turais. “Outra análise que deve ser feita num futuro breve é quanto ao desempenho dessas edificações frente ao cenário de mudanças climáticas”, alerta. O período de austeridade econômica também poderá servir para uma reavaliação dos critérios do mercado da construção quanto à sustentabilidade. “Agora, talvez seja um momento de reorganização e realinhamento para que, no momento em que o crescimento volte a ocorrer, seja de maneira sustentável. Isso também pode ser uma crítica ao que vem sendo desenvolvido até este momento. Já tínhamos um paradigma de
sustentabilidade implementado ou a busca por certificações atendia somente a demandas de mercado?”, questiona Carolina. Um outro desafio, do ponto de vista do conselho, é o trabalho de conscientização do público. “É necessário levar o conceito e o conhecimento da sustentabilidade ao usuário, para que ele o aplique em sua edificação, sendo numa reforma ou na operação de sua unidade construída. As pessoas aqui são o principal elo para o sucesso das construções sustentáveis. Para isso temos que chegar mais perto delas mostrando como fazer e o que fazer”, ressalta Carolina.
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SUSTENTABILIDADE FREDY VIEIRA/JC
Falta de planejamento urbano atrapalha o desenvolvimento harmônico de cidades Muitos desafios estão no caminho do desenvolvimento sustentável das cidades em todo o mundo. Os municípios, quase sempre carentes de recursos para investimentos em infraestrutura, precisam superar um obstáculo ainda mais severo: a falta de um planejamento urbano mais detalhado, que leve em consideração a sustentabilidade e a inclusão - fatores que estão entre as principais diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) para a urbanização no planeta. Essas orientações globais - voltadas a aspectos como transporte público, controle das emissões de carbono, igualdade de oportunidades e gestão adequada dos recursos naturais - foram renovadas na terceira edição da Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III). Realizado em Quito, no Equador, em outubro de 2016, o evento reuniu cerca de 36 mil pessoas de 167 países. “A faceta mais importante desse debate é fazer com que as cidades sejam mais úteis, e mais utilizadas pelas pessoas”, resume o arquiteto Alberto Cabral, integrante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU-RS), que acompanhou as discussões da conferência.
As diretrizes deliberadas no Equador convergem para a busca da melhoria da qualidade de vida nos centros urbanos. Nesse sentido, medidas como a implantação de sistemas de tratamento de água e esgoto e de criação de fontes de energia são apontados como itens essenciais. O transporte público é outro aspecto importante, também no sentido da inclusão das populações das áreas mais periféricas. “A distância não é necessariamente um problema, desde que haja transporte público adequado”, observa Cabral, citando cidades como Vancouver (Canadá) e Seul (Coreia do Sul) como bons exemplos nesse sentido. Um dos problemas mais comuns das cidades, na visão do arquiteto, é a estrutura fiscal. “As cidades são geradoras de riquezas. Em torno de 70% da população mundial habitam cidades, e devem ser mais de 80% até 2050. As cidades vão gerar ainda mais receitas, que em geral vão para governos centrais, que retornam só um percentual. Essa estrutura financeira terá de mudar”, prevê Cabral, lembrando que uma exceção é o Canadá, onde o sistema de arrecadação está nas grandes cidades, permitindo que os municípios administrem suas receitas.
Para Cabral, distância não é problema, desde que haja transporte público
Além do aspecto financeiro, há outra questão primordial a ser enfrentada pelas cidades brasileiras na trilha da sustentabilidade: a falta de planejamento. “Poucas cidades do Brasil têm planejamento urbano. Em Porto Alegre, por exemplo, essa questão ficou jogada à quinta necessidade, praticamente não existiu nos últimos 20 anos. A prefeitura simplesmente homologou os projetos propostos pela iniciativa privada. O empreendedor faz e o município fica a reboque”, diz o arquiteto, acrescentando críticas ao Plano Diretor da Capital: “O Plano Diretor é aberto, pode-se propor exceções na forma de projetos especiais. É rígido por um lado, mas flexível por outro”. Cabral reconhece exceções nesse padrão, inclusive no interior do Rio Grande
do Sul - Teutônia, segundo ele, é um caso de cidade que obteve bons resultados a partir de um planejamento simples. “Mas são sempre casos pontuais. Das grandes cidades, nenhuma tem características que levem a ser cidades inclusivas. Brasília, por exemplo, tornou-se uma ilha de exclusão, com prédios quase isolados”, compara o arquiteto. No caso específico de Porto Alegre, o arquiteto acredita que uma alternativa seria a divisão do município em subprefeituras, ou áreas administrativas similares, para que a gestão dos bairros pudesse ser compartilhada, “e não ficar à mercê de um prefeito que só conhece uma parte da cidade”. “Porto Alegre poderia ser dividida em quatro ou cinco partes, cada uma com autonomia”, conclui Cabral.
Novo prédio da Unisinos em Porto Alegre combina economia e paisagismo As paredes verdes da fachada da nova sede da Unisinos em Porto Alegre, inaugurada recentemente no bairro Boa Vista, são o aspecto ambiental mais visível para o público que circula pela região. Mas trata-se mais de uma questão visual e paisagística do que de sustentabilidade, de acordo com o projeto. “Havia uma linha de árvores na calçada. A preocupação era recompor essa paisagem, fazer com que o projeto se encaixasse da maneira mais sutil possível, não agredisse (o ambiente)”, explica o arquiteto Tarso Carneiro, da AT Arquitetura, escritório que fez o projeto arquitetônico e a coordenação de projetos da edificação. Carneiro explica que a parede verde - e também o telhado verde, implantado na cobertura
JONATHAN HECKLER/JC
Parede e telhado verdes amenizam a temperatura local
do prédio comercial do complexo - contribuem para renovar o oxigênio e amenizar a temperatura no local. Mas, lembrando
que “sustentabilidade se sente no bolso”, o arquiteto esclarece que o projeto buscou especialmente a eficiência no con-
sumo de energia: “Iluminação e ar-condicionado são os grandes consumos de energia em um prédio. Trabalhamos no sentido de reduzir esse consumo, por meio do isolamento térmico eficiente da periferia do prédio”. Para isso, além do telhado verde, foram usados vidros insulados de 28 mm de espessura (duas camadas de vidro, com uma camada de vácuo entre elas) com um pigmento de prata que reflete a luz e não deixa o calor entrar. Outro item foi uma fachada ventilada nas laterais, com uma camada externa de cerâmica. “Isso tudo deu uma boa inércia térmica para o prédio, então o ar-condicionado consome bem menos energia”, diz Carneiro. Sem citar números exatos, o arquiteto calcula que, “em pouco
tempo”, o gasto com esses materiais será compensado com a economia na conta de energia elétrica. Também norteou o projeto a relação entre os prédios e o entorno. A área comercial, por exemplo, foi concebida para atrair um público que não se limitasse aos estudantes da universidade - em vez de vitrines, o olhar do transeunte é atraído pela parede verde. O estacionamento, que representa praticamente metade da área construída, está no subsolo. Há também um bicicletário com vestiário, para quem se desloca até ali pela ciclovia. “Isso também é sustentabilidade, é contribuir para termos uma cidade melhor, onde as pessoas possam caminhar ou chegar de bicicleta”, define Carneiro.
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TENDÊNCIAS SOLARIUM/DIVULGAÇÃO/JC
Paredes em destaque A tendência por revestimentos de parede diferenciados, com tridimensionalidade, textura e acabamento dos mais diversos, surgiu com tudo neste ano. Eles podem aparecer separadamente em cada ambiente ou, até mesmo, combinados em um só lugar, como na Cozinha Gourmet montada por Paula Lino na Casacor RS. Ela usou vidro, que traz praticidade na limpeza e leveza, azulejos em formatos pequenos, de 20x20cm, madeira e PVC, formando molduras. O estilo industrial, inspirado na Nova Iorque dos anos 1950, foi uma forte aposta da ExpoRevestir 2017/2018, que ocorreu em São Paulo em março deste ano. Na Casacor RS, em agosto, a tendência se confirmou. O estilo esteve presente no Estúdio de Design projetado pelos arquitetos Márcio Moreira e Magali Montani e pela design de interiores Ana Paula Weber. O revestimento da Linha Cinética, da Solarium, foi inspirado nos brises, sugerindo movimentos uni-
formes e incidência de luz. A criação é de Vivian Coser. Outros revestimentos de aspecto rústico estiveram em diversos ambientes da mostra gaúcha, como a Morada da Praia, da Espaço 3 Arquitetura, que tem uma parede de tijolos toda cinza. Na Patente do Século XXI, realizada pelo Studio Marcelo Oliveira, pedras, madeiras de pinus e tecnocimento são os principais materiais no acabamento, além de um cobogó de concreto que remete aos muros que eram edificados de elementos vazados no século passado. Para a proprietária da Solarium, Ana Cristina de Souza Gomes, os novos revestimentos fazem sucesso, pois representam uma alternativa econômica a quem não pode ter obras de arte nas paredes. “Além disso, hoje, a maioria das pessoas mora em apartamentos que são padronizados, todos iguais. O revestimento ajuda a customizá-los e agrega valor ao imóvel”, ressalta.
Novos revestimentos são alternativas econômicas e substituem as obras de arte
Ambientes mais transparentes Os cobogós, comuns na arquitetura modernista de Brasília, estão em alta. São inúmeros os lançamentos deste ano. A Solarium, por exemplo, apresenta a linha Joá, de Zanini de Zanine, com desenhos delicados; a Betonart criou a linha Duna, com texturas que lembram colmeias, própria para jardins. Na Casa Cor RS, os biombos tomaram conta de diversos espaços. No Lounge Gourmet, assinado por Juiana Carvalho, Camila Sanguiné e Heloisa Bocorny, o biombo imperial da Mentha, em madeira cortada a laser, conferiu luminosidade. No Home Office do Casal, de Carol Fernandes Heck e Gustavo Heck, uma peça da linha Mandala, da mes-
ma marca, dividiu o ambiente do restante da casa. Segundo Ana Cristina de Souza Gomes, a volta dos cobogós demonstra o quanto os valores humanos influenciam na decoração. “O mundo mudou. Hoje, não se procura só a beleza. As pessoas estão gastando com responsabilidade”, afirma. “Neste sentido, o cobogó é interessante, pois, além de ser bonito, tem as funções de dividir ambientes, ventilar espaços pequenos e trazer transparência”, diz. A funcionalidade do material ficou evidente também na 20ª Construsul, que trouxe diversos exemplos de cobogós.
Cores e formas As cores também estão em voga nos revestimentos de parede. Elas aparecem em ladrilhos e porcelanatos. A Portobello, líder em revestimentos cerâmicos no Brasil, apresenta a linha Color Market, desenvolvida em parceria com a Pantone, que apresenta cores com histórias, em que o clássico “englishbrick” é a base. A linha Rio Retrô é inspirada no bairro Leblon do Rio de Janeiro. As peças, unidas, lembram um patchwork em tons pasteis. Os produtos Zen, da linha Nord, reproduzem ladrilhos de
20x20cm, que interpretam detalhes dos jardins japoneses. As formas geométricas aparecem na linha Quadrante, em branco e azul, originando murais artísticos. Já a linha Azuleja tem como mote democratizar o azulejo, permitindo que ele seja aplicado na casa toda, e não apenas no banheiro ou na cozinha. As placas são de 30x60cm e oferecem quatro padrões. Completando as novidades, a Algarve viaja ao Sul de Portugal e traz uma pintura levemente desgastada, lembrando jeans estonado. PORTOBELLO/DIVULGAÇÃO/JC
CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
Na Casa Cor RS, os biombos tomaram conta dos espaços, valorizando a volta dos cobogós na decoração
As cores também estão em alta nos revestimentos em ladrilhos e porcelanatos nas paredes
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TENDÊNCIAS CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
Decoração iluminada Encarada muitas vezes como um aspecto técnico de uma construção ou reforma, a iluminação nem sempre é vista como parte da decoração. A luz certa, entretanto, é fundamental para criar o clima desejado ou evidenciar um elemento decorativo. Tanto que, atualmente, há profissionais que trabalham exclusivamente com luminotécnica, que é o estudo da implementação de iluminação artificial em ambientes externos e internos. A especialista Sandra Thomé explica que, neste ramo, menos é
mais. “A iluminação deve ser sutil, não se sobressair àquilo que se pretende iluminar”, indica. Ela está atenta às tendências na área e já aponta algumas que se destacam dentro e fora do País. “A iluminação linear no piso que se espelha no forro é bastante atual. Intimista, ela vem sendo utilizada fora do Brasil há algum tempo, e aqui é novidade”, conta. Segundo Sandra, a luz linear é agradável, porque é antiofuscante, ou seja, não “machuca” os olhos. Na edição deste ano da Casa
Arte em toda parte Não é preciso ir a lugares especializados para apreciar a arte. Ela pode estar nas paredes da sala, nos quartos, no hall, na cozinha, no banheiro e até na fachada do edifício. É reveladora do estilo, das referências e da personalidade dos moradores da casa. Em Porto Alegre, a Lei nº 10.036/2006, que entrou em vigor em 2015, exige a colocação de obras de arte em novas construções que tenham área maior que 2 mil metros quadrados. “Com isso, a inclusão de obras de arte em frente aos prédios virou tendência entre os arquitetos e paisagistas, o que valoriza o imóvel”, opina a diretora de Marketing
da Decor+ e proprietária da Gravura Galeria de Arte, Regina Teitelbaum. A galeria, inclusive, foi uma das fornecedoras da Casa Cor RS, com obras em 12 ambientes. O olhar artístico já começava na fachada do Petrópole Tênis Clube, no espaço denominado Jardim, Arte e Luz, de Soraia Pereira, com destaque para a escultura Ginastas de Pedro Girardello. “A arte é a cereja do bolo. Sempre vai valorizar o espaço”, ressalta Regina. “Neste ano, ela aparece nas técnicas mais variadas, desde fotos até desenhos e pinturas em diferentes suportes, como papel, caixas e tecidos”, completa.
Cor RS, a iluminação preferida da especialista foi a do Grande Hall, assinado por Henrique Steyer. Minimalista, a luz linear refletiu nos feixes de bronze do chão, criando uma passarela por onde o visitante entrava na mostra. Outro destaque foi a iluminação contínua da Área de Serviço criada por Cristiani Mörschbächer e Karina Vescovi Lopes, que percorria paredes e pisos em linhas retilíneas e transversais. Foi utilizado um perfil de 10mm de LED, subindo através de um espelho.
Luz certa é fundamental para criar o clima desejado
Peças feitas em metais brilhantes Entre as tendências em luminárias, as feitas em metais brilhantes, como o cobre, estão em evidência. O escritório de Daniel Wilges trouxe a novidade nas luminárias em latão dourado, desenhadas exclu-
sivamente para o projeto Sky Lounge e executadas pelo Laboratório da Luz. O arquiteto quis mostrar, ainda, outros efeitos modernos da luz e criou um teto que lembrava o céu. Ele descreveu CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
Cobre está em evidência e conversa com estilo industrial
o espaço como “naturalmente sensorial”. “A escada em madeira natural é abraçada por um grande bloco revestido com espelhos que embute iluminações, cuja forma favorece efeitos visuais e amplitude de espaço”, enfatizou Wilges. O projeto luminotécnico foi uma parceria com Eduardo Becker. O metal conversa com o estilo industrial, bastante em voga neste ano, assim como as cúpulas pretas, presas ao teto ou não. Elas integraram a decoração de quartos, escritórios, salas de jantar e banheiros, entre outros espaços da Casa Cor RS. Na Cafeteria Decor & Moda, de Adriane Karkow, um dos destaques foi o metal rosé, em uma iluminação cênica.
Referências urbanas
Esculturas em frente aos prédios viraram tendência
Uma das grandes novidades da Casa Cor RS é o grafite nas paredes. Multicoloridos, representam verdadeiras obras de arte que se integram plenamente aos mais variados espaços. E não pense que a novidade agrada somente aos mais jovens. Ela está, sim, no Living Jovem, de Paula Schwartz, em uma tela de 10m², do design Jackson Brum. Porém marca presença, também, no Street Loft elaborado para homens bem-sucedidos, em uma parede clássica de boiseries, na obra de Erick Citron. “A base em diversos matizes de cinza é neutra e serve de fundo para uma mescla de cores intensas e pontuais”,
descreveu o responsável pelo ambiente, Sandro Jasnievez. Com os ambientes externos, as paredes grafitadas têm ainda mais intimidade,
exemplo do Deck elaborado pela W4 Arquitetura, que apresentou – em grafite delicado da Projetovhr – o rosto da blogueira Bru Tramontina. CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
Paredes graitadas ganharam espaço em diversos projetos
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TENDÊNCIAS
Paisagismo mais consciente e sustentável O paisagismo evoluiu ao longo dos anos e está mais sustentável e consciente. É o que afirma a paisagista gaúcha Susana Nedel, 40 anos de profissão. “Hoje, as pessoas querem coisas que vão usar realmente. Querem tecnologia de ponta, economizar energia, o melhor produto pelo melhor preço e sem exageros”, explica Susana. Essa nova consciência é uma tendência, segundo ela. Por isso, os revestimentos estão mais práticos para limpeza, o número de luminárias diminuiu em cerca de 1/5, e as lâmpadas de LED, mais econômicas, são a preferência. “A ideia é usufruir dos espaços, e não apenas contemplá-los.” Como exemplo dessa mudança de valores, Susana cita o trabalho que fez há cerca de 30 anos para um comércio no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. “Na época, fiz uma treliça com fibra de vidro e poucas plantas, mas o cliente disse que
estava muito simples, queria algo mais imponente”, relembra. Em trabalho recente, no Boulevard Laçador, a paisagista criou um espaço com pequenos arbustos, onde o conforto foi o foco principal, com bancos colocados estrategicamente à sombra. Nada da antiga pompa e circunstância que era exigida anos atrás. Para Susana, porém, não existe “planta da moda”. “Claro que existem algumas tendências. Hoje em dia, não vemos tantas samambaias como antigamente, por exemplo. As pessoas, principalmente no litoral, estão preferindo Kaizukas, que são plantas resistentes”, destaca. O importante, segundo ela, é que a família crie uma conexão com o espaço. A harmonia de um jardim se dá pelo equilíbrio na quantidade de espécies e a relação entre elas. “Não adianta enchê-lo de plantas, porque o espaço fica sem identidade. É preciso fazer sentido, ter função.”
SUSANA NEDEL/DIVULGAÇÃO/JC
Espaço no Boulevard Laçador tem pequenos arbustos e bancos à sombra
Temperos, hortaliças e árvores frutíferas em casa Árvores frutíferas e temperos estão em alta. “Essa é uma geração saúde, que gosta de temperos fresquinhos, que prefere colher um limão do pé para fazer sua caipirinha, sem agrotóxico”, esclarece a paisagista Susana Nedel. Para quem tem interesse em cultivar pequenas hortas no jardim, segue a dica: temperos precisam receber luz solar direta. Mesmo em cima de balançadas, se houver vidro ou qualquer outro bloqueador dos raios, as plantas não se desenvolverão. “Sobrevi-
vem, mas não ficam bonitas”, diz. Na mesma linha, o paisagista Fernando Thunm também vem investindo nas árvores frutíferas em seus projetos. Na Casa Cor RS deste ano, ele apresentou um Rooftop com quatro jabuticabeiras frondosas. “É uma árvore muito ornamental e resistente”, diz Thunm. O próprio paisagista cultiva jabuticaba, bergamota poncã e tomate-cereja em sua pequena sacada. Ele diz que não há regras para usar esse tipo de planta,
apenas garantir que fiquem em um local que tenha bastante sol. Outro espaço da mostra, o Terraço Jardim, do arquiteto e urbanista Paulo Hoffmeister Neto, apresenta uma série de temperos e até hortaliças, em uma pegada totalmente sustentável, plantadas em caixotes de feira, sem esquecer a parada para um bate-papo entre amigos e contemplação. “O projeto foi feito visando possibilitar a interação das pessoas com o ambiente ao redor”, descreveu para os visitantes.
Calor valoriza o aconchego CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
CRISTIANO BAUCE/DIVULGAÇÃO/JC
Área ao redor da lareira remete a acampamento
O porcelanato na piscina e as lareiras em piso cimentício e quartzito são as inovações introduzidas por Fernando Thunm em seu ambiente na Casa Cor RS. “A lareira causa um ótimo efeito visual e esquenta. Faz alguns anos que utilizo (lareiras) nos meus projetos, mas ela ainda é vista com muita surpresa”, conta o paisagista. O espaço ao redor da lareira remete a uma fogueira de acampamento. Não é para menos. A ideia de Thunm era, justamente, criar um luTerraço Jardim ganhou hortas em caixotes de feira, mantendo linha sustentável
gar aconchegante para que as pessoas pudessem se reunir e se esquentar. “Por isso também coloquei um banco que parece envolver em um abraço.” A luz amarelada em diversos pontos do Rooftop esquenta ainda mais o ambiente. “90% do aconchego se dá pela iluminação”, afirma o paisagista. Foram utilizadas cordas de luz embaixo das duas lareiras e nos brises, além de canhões direcionados à fachada do Petrópole Tênis Clube, onde ocorreu a mostra.
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SINDUSCON MARCELO G. RIBEIRO/JC
Sessegolo ressalta que aspectos tecnológicos também estão na pauta de eventos do sindicato
Entidade intensifica ação institucional portantes para as empresas vinculadas. O site do sindicato, por exemplo, traz dados atualizados sobre o mercado - é possível consultar a evolução salarial do setor ou do Custo Unitário Básico (CUB), entre outros indicadores. Os aspectos tecnológicos, cada vez mais importantes na construção civil, também estão na pauta de eventos como seminários e cursos. “Nossa primeira preocupação é o desenvolvimento das empresas nessas questões técnicas e tecnológicas. Recentemente, tivemos cursos de Dry Wall e patologias de fachadas, por exemplo”, explica Sessegolo. Em paralelo às ações de qualificação do setor, o Sinduscon também tem intensificado a atuação institucional, especialmente na relação com as administrações públicas. “O que mais nos toma tempo é o relacionamento com os governos municipal e estadual”, afirma Sessegolo. Nesse contexto, uma das questões mais decisivas para o setor em Porto Alegre é a demora na aprovação de novos projetos - que se agravou na atual gestão, com as mudanças nas secretarias municipais. “Os setores de aprovação e licenciamento estão parados, sem orientação. Ninguém assina nada. Estão faltando lugar e pessoas (para a função)”, alerta Sessegolo, lembrando que a nova estruturação do serviço foi
aprovada pela Câmara Municipal e a reforma administrativa foi sancionada pelo prefeito no final de agosto. Na esfera estadual, o Sinduscon tem lutado para minimizar os entraves decorrentes da nova legislação sobre prevenção e combate a incêndios - a chamada “Lei Kiss”. O problema, segundo a entidade, está na necessidade de uma estruturação mais adequada para o cumprimento das novas regras. “Com a mudança, o Corpo de Bombeiros passou a ter mais atividades, sem tanta estrutura para isso. Os projetos acabam levando meses para ser aprovados por eles, que também estão encarregados de vistoriar as obras. Estamos há dois anos sofrendo com isso, o risco se torna muito alto”, observa Sessegolo. Quanto à conjuntura nacional, o sindicato vê boas chances de terminar este ano - e atravessar o próximo - em uma situação mais confortável. “A taxa de juros é decisiva para o setor. A sinalização de algo em torno de 9%, podendo chegar a entre 7% e 8% até o final do ano, é excepcional. É um dos principais indicadores de que a economia está começando a retomar (o crescimento). E 2018 será ano de eleições, o governo deverá soltar mais verbas, vai girar mais dinheiro no mercado”, prevê Sessegolo.
A restauração do Monumento ao Laçador e a reforma de parte da área do Parque da Redenção estão na pauta do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS) para o ano que vem. As duas ações fazem parte do projeto Construção Cultural - Resgate do Patrimônio Histórico, uma das principais frentes de relacionamento do sindicato com a sociedade gaúcha. Iniciado em 2014, o projeto começou pela revitalização de 32 monumentos e marcos históricos da Redenção. Em uma etapa seguinte, foi realizado o diagnóstico da estátua do Laçador, já concluído. A fase agora é de elaboração do projeto de restauro, com previsão de começar os trabalhos no segundo semestre de 2018. Conforme o vice-presidente do Sinduscon, Zalmir Chwartzmann, haverá pelo menos dois grandes desafios no momento de realizar a obra do Laçador. Um é a delicada logística de retirada, deslocamento e recolocação de um monumento desse porte. Outro é mais sutil: a localização ideal da estátua. “Já existe uma discussão sobre se o ponto atual é o melhor lugar para o Laçador. A cidade terá de enfrentar esse tema”, adianta Chwartzmann, também coordenador do projeto de resgate do patrimônio histórico. A reforma do Recanto Europeu e do Re-
Mais de R$ 1,5 milhão já foram gastos nos três anos do projeto de restauração do patrimônio histórico, incluindo o diagnóstico do Laçador
canto das Rosas do Parque Farroupilha deverá começar antes, já no primeiro semestre de 2018. Serão recuperados pontos como a Fonte Francesa e o Pergolado Romano, incluindo jardinagem e reforma do piso e do sistema hidráulico. “O Recanto Europeu está muito degradado, acabou se tornando uma área de difícil acesso, porque de um lado estão os fundos do Auditório Araújo Vianna e de outro, a avenida José Bonifácio”, descreve Chwartzmann. Para o engenheiro, assim como no caso do Laçador, a restauração deverá despertar novos questionamentos - nesse caso, sobre a possibilidade de cercar a Redenção: “Parque preservado é parque cercado. Esse debate vai acabar vindo à tona novamente”. Chwartzmann estima que mais de R$ 1,5 milhão já foram gastos nos três anos do projeto de restauração do patrimônio, incluindo o diagnóstico do Laçador. Os recursos são captados via Lei de Incentivo à Cultura (LIC), com crescente interesse dos empresários. “O projeto piloto era para recuperar 12 monumentos. As empresas se apaixonaram pela ideia e, em duas horas, já tínhamos todo o dinheiro”, lembra o dirigente. “Percebemos que o projeto era importante para a cidade e serviria de exemplo. Existem mais empresas interessadas em participar. E vimos que a comunidade estava se apropriando do projeto. Isso é responsabilidade social”, diz Chwartzmann.
KLER/JC AN HEC JONATH
O desenvolvimento das empresas da construção e a representatividade do setor junto ao poder público são os objetivos prioritários do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS). Prestes a completar 68 anos de fundação, a entidade tem buscado contribuir para a qualificação dos empreendimentos e dos profissionais envolvidos, ao mesmo tempo em que atua na defesa dos interesses do ramo construtivo em meio às administrações do Estado e dos municípios. Com atuação espalhada por mais de 300 cidades gaúchas, o sindicato representa cerca de 11 mil empresas afiliadas, principalmente incorporadoras e construtoras. A direção do Sinduscon estima que 95% desse universo empresarial é composto de pequenas companhias, somando um total de cerca de 123 mil trabalhadores. O número, embora expressivo, dá uma ideia das dificuldades enfrentadas pela indústria da construção em decorrência da recessão. “Eram em torno de 154 mil colaboradores em 2014. A crise teve esse impacto”, reconhece o presidente do sindicato, Ricardo Sessegolo. Mesmo nesse cenário, a entidade não deixou de apostar na disseminação de informações im-
Monumentos da Capital terão restauro em 2018
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CYRELA GOLDSZTEIN/DIVULGAÇÃO/JC
CYRELA GOLDSZTEIN
Incorporadora dá ênfase à inovação É praticamente impossível falar em estagnação do mercado imobiliário se o ponto de partida da análise é o momento da Cyrela Goldsztein em Porto Alegre. Nas últimas semanas, a incorporadora entregou à cidade três grandiosos projetos - uma das torres do Medplex Santana, no bairro homônimo, além dos prédios Axis Nova Carlos Gomes e Porto Alegre Incomparável, ambos no Petrópolis. E ainda houve fôlego para o lançamento de um novo edifício - o residencial NY,205, no Auxiliadora. Além dos produtos entregues agora, a empresa segue com pelo menos outras seis obras em andamento no Estado. Uma delas, por exemplo, é o Axis Triple Business, no Boa Vista, que combina hotel, prédio de escritórios e centro de convenções. Uma inovação bem de acordo com a proposta diferenciada da empresa. “Urbanismo não é só pensar em construir prédios diferentes, redondos, quadrados ou triangulares. É preciso pensar em alternativas de negócios imobiliários. Aí (no Triple Business) você está falando em hotelaria, empreendimentos office e corporativos. Tudo isso é urbanismo e também sustentabilidade”,
afirma o diretor de Incorporação e Novos Negócios da Cyrela Goldsztein, Ricardo Jornada. Essa busca constante de inovação dentro do mercado imobiliário tem sido uma das principais características da empresa - uma das maiores do ramo da construção, com cerca de 5 mil colaboradores no País. Essa posição também depende de uma análise detalhada das expectativas dos clientes, segundo Jornada. “Uma das artes, na incorporação imobiliária, é você poder oferecer aquilo que as pessoas podem ter. Você fazer coisas maravilhosas, mas inacessíveis à população, não adianta. Temos no Brasil, especialmente em Porto Alegre, algumas limitações, tanto de renda como de população. Atuamos no centro do mercado, fazemos coisas para a classe A e também para a B e a C”, destaca o diretor. Jornada admite que o contexto de recessão econômica e instabilidade política teve seu impacto sobre a empresa nos últimos anos. Segundo ele, o momento foi enfrentado com cautela e planejamento. “Fomos a primeira empresa do mercado brasileiro que reconheceu os problemas gerados pelo boom imobiliário, ou CYRELA GOLDSZTEIN/DIVULGAÇÃO/JC
NY,205 permite integração ou separação das unidades
seja, o estouro de custo de obra e o excesso de estoque. E administramos isso com mão de ferro. Corremos riscos comerciais, mas não corremos riscos nem jurídicos nem financeiros”, resume o diretor, acrescentando: “Tivemos o último balanço trimestral complicado, mas daqui para a frente a empresa deve, cada vez mais, gerar caixa e navegar acima da onda. Nós fizemos a travessia. Estamos preparados, sim, para um ano forte em 2018”. A busca pela inovação é considerada, nesse contexto, a melhor resposta às adversidades da economia. “É vital ser inovador em meio à crise. Se tem algum lado positivo numa crise, é exatamente aquele que te obriga a pensar e encontrar novas saídas. As zonas de conforto são muito contagiantes para você fazer mais do mesmo. Não tem nada mais insano do que você fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, observa Jornada. As mudanças no comportamento dos consumidores, especialmente os mais jovens, também estão na pauta da Cyrela Goldsztein para o futuro, na visão do diretor. “O conceito de propriedade está mudando. A gera-
Empresa está preparada para um 2018 forte, diz Jornada
ção mais recente valoriza menos as raízes. São pessoas do mundo, que ficam menos tempo no mesmo emprego. Se isso é verdade, menos essas pessoas comprarão um imóvel”, projeta Jornada. “As empresas têm de estar
pensando nesses conceitos novos, de compartilhamento, de novas formas de financiamento, ou de fornecer o imóvel. São muitos questionamentos que uma empresa como a nossa tem de estar fazendo o tempo todo.”
Conceitos contemporâneos ganham destaque O lançamento mais recente da Cyrela Goldsztein em Porto Alegre representa uma aposta concreta na flexibilidade. O NY,205, com previsão de entrega em dezembro de 2019, se propõe a ser o primeiro residencial da cidade a contar com o conceito My Plan, que permite a integração ou a separação das unidades ao longo do tempo. São seis opções de plantas moduláveis, de 43 a 127 metros quadrados, com a possibilidade de combinações de um a três dormitórios. A própria rede elétrica foi planejada de forma que os pontos possam atender tanto os apartamentos individuais como as junções. “Isso para nós significa sobrevivência: encontrar novos caminhos o tempo todo. Precisamos inovar sempre, buscar novos segmentos”, ressalta Ricardo Jornada. Outra inovação importante foi entregue à cidade na segun-
da quinzena de agosto: o Axis Nova Carlos Gomes, no Alto Petrópolis. O projeto foi apresentado como o primeiro em Porto Alegre a ser concebido como um back to back. Ou seja: os prédios comercial e residencial são construídos de costas um para o outro, em um volume único, mas com entradas e fachadas independentes - o comercial está voltado para a avenida Senador Tarso Dutra, e o residencial, para a rua Curvelo, no lado oposto. A proposta vai permitir, por exemplo, que os proprietários morem e trabalhem no mesmo local. E também que o estacionamento, destinado às duas torres, seja aproveitado de forma mais racional, em um serviço chamado Smart Parking - um sistema de ocupação rotativa com funcionamento 24 horas, para proprietários e visitantes. “Isso é extremamente moderno. As pessoas
vão compartilhar as vagas de garagem, o que reduz custos, agride menos o solo e também ajuda a desobstruir as ruas”, descreve Jornada, para quem o projeto está de acordo com a ideia de sustentabilidade urbana: “As cidades vão ficar melhores, mais civilizadas. Você vai racionalizar o uso dos recursos naturais, que é algo em que temos de pensar sempre”. Vizinho do Axis no Petrópolis, também acaba de ser entregue o residencial Porto Alegre Incomparável. Como o nome indica, a ideia é de que o panorama a ser vislumbrado dos apartamentos seja o mais amplo possível, abrangendo uma boa parte da paisagem da cidade. “É um prédio mais tradicional, mas incomparável porque tem a vista mais espetacular que Porto Alegre pode ter, no ponto mais alto da cidade”, explica Jornada.
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MELNICK EVEN
Recorde de lançamentos imobiliários em 2016 Mesmo em meio às dificuldades impostas ao mercado pela recessão econômica, a Melnick Even se mantém como uma das empresas mais ativas do cenário da construção civil no Estado. Tanto que, em 2016, a incorporadora, uma das mais premiadas do Estado, teve um de seus períodos mais produtivos, inclusive batendo o próprio recorde de novos lançamentos – foram 12 projetos, praticamente um por mês. Em 2017, o trabalho não para: a companhia está envolvida em 19 obras em andamento no Rio Grande do Sul, espalhadas por sete cidades. Nessa conta estão 13 canteiros em Porto Alegre e Canoas – incluindo torres residenciais e comerciais, condomínios de casas e prédios de uso misto, de diferentes padrões – e seis loteamentos – em Xangri-Lá, Gravataí, Rio Grande, Pelotas, Caxias do Sul e na Capital. O diretor da Melnick Even, Juliano Melnick, admite que houve retrações significativas no setor, sem que o impacto fosse tão grande no ritmo dos projetos: “Conseguimos não perder em volume de lançamentos e vendas, e manter a máquina rodando como se não houvesse crise”. Um dos principais obstáculos enfrentados pelas incorporadoras na fase atual foi o crescimento dos distratos – casos em que os compradores desistem de imóveis adquiridos na planta ou em cons-
trução. “Isso cresceu muito nos últimos dois anos, mas, no ano que vem, deve começar a reduzir, com melhora da economia e queda dos juros”, prevê Melnick. Esse fenômeno, segundo ele, fez com que a recessão tivesse um efeito diferente no mercado porto-alegrense: “Aqui, tivemos crise sem superoferta. Nos últimos cinco anos, venderam-se mais imóveis do que foram lançados. O estoque ficou baixo, mas não em um nível crítico, por causa dos distratos. Isso fez com que a cidade enfrentasse a crise um pouco melhor que outras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília, por exemplo”. O ritmo intenso de lançamentos de 2016 foi freado neste ano por um outro fator, ainda mais específico da capital gaúcha: a demora na aprovação de projetos por parte da prefeitura municipal. Devido às mudanças na estrutura das secretarias, o processo se tornou mais lento – tanto que, apenas em junho, a empresa teve o primeiro empreendimento aprovado no ano. “A situação é dramática nesse aspecto. É normal (que haja um período mais lento) quando começa uma gestão. Por um lado, entendemos. Por outro, queremos manter os empregos e os investimentos. Sabemos das dificuldades, mas ficamos desapontados, pela nossa capacidade de realizar, que não é atendida. Esperamos que normalize e agilize
Complexo une saúde, moradia e comércio no bairro Teresópolis
no segundo semestre”, diz o diretor. Em um contexto mais amplo da conjuntura econômica, a perspectiva é um tanto mais favorável, na opinião do empresário. “Apesar da crise política, a crise econômica está diminuindo. Há queda nos juros, a inflação está baixando, isso é muito bom para o nosso negócio. Estamos nos encaminhando para o final dessa crise. Temos praticamente 1 milhão de novas famílias no Brasil por ano. Essas famílias precisam de um lugar para morar. Há déficit habitacional no País e necessidade de lares, então temos clientes em potencial”, observa Melnick. Em paralelo aos empreendimentos, a Melnick Even também tem apostado na responsabilidade social – e uma das ações mais importantes nessa seara é o Projeto Praças. Desde 2003, a empresa já adotou 10 áreas verdes em Porto Alegre, realizando reforma, jardinagem e manutenção. Neste ano, a empresa – em parceria com Panvel, Zaffari e Hospital Moinhos de Vento – assumiu o compromisso de revitalizar e manter o Parque Moinhos de Vento (Parcão). O trabalho deverá envolver cerca de R$ 1,8 milhão em 48 meses. A proposta é contribuir para o bem-estar da cidade como um todo. “Quanto melhor for a cidade, melhor será para vender apartamentos nessa cidade”, resume Melnick. FREDY VIEIRA/JC
Da esquerda para a direita, Daniel Matone, diretor administrativo e inanceiro; Leandro Melnick, presidente; Michel Gasparin, diretor comercial; Milton Melnick, diretor institucional; João Rubem Piccoli, diretor técnico; Juliano Melnick, diretor de desenvolvimento de produto; e Marcelo Guedes, diretor de incorporação
ANA SCHANTZ/DIVULGAÇÃO/JC
Projeto do Hub da Saúde, na avenida Aparício Borges
O primeiro lançamento da Melnick Even em 2017, apresentado comercialmente em agosto, é um projeto ambicioso, que une comércio, moradia e saúde. O complexo Linked Teresópolis, concebido em parceria com o Grupo Zaffari e o Hospital Moinhos de Vento, terá um shopping center, um supermercado, uma torre residencial e um prédio comercial para uso médico – com consultórios e um centro médico na base. Tudo no mesmo local – uma área entre as avenidas Aparício Borges e Teresópolis. O Linked é parte de um projeto mais amplo, o Hub da Saúde, todo voltado ao conceito de integração. A primeira unidade do Hub, o Maxplaza, foi lançada em 2015 e está sendo construída em Canoas, reunindo shopping, clínicas, consultórios, apartamentos, salas comerciais, hotel e centro de eventos. O Hub deverá contar com mais três unidades – ainda aguardando aprovação do município – em diferentes regiões de Porto Alegre: zona Norte, Cavalhada e Pontal do Estaleiro. A ideia, segundo Juliano Melnick, é descentralizar o atendimento de saúde. “Hoje, os hospitais atendem a casos de alta, média e baixa complexidade. E estão lotados, é preciso descongestionar (esse serviço).
Nossa proposta é implementar unidades do Hub em diferentes zonas da cidade e, nelas, oferecer atendimento de baixa e média complexidade. Assim, vamos levar a saúde para perto da população, desafogar os hospitais e baratear serviços”, descreve o diretor. O Hub da Saúde segue uma tendência nacional de complexos de saúde integrados, vide projetos semelhantes em cidades como Belo Horizonte, Curitiba e a própria Porto Alegre – o Medplex Santana, da Cyrela Goldsztein, que teve uma das torres entregues recentemente. Um dos diferenciais do projeto da Melnick Even é a criação de uma rede de saúde, interligando as diferentes unidades do Hub e o Hospital Moinhos de Vento. “Os ambientes da torre de saúde são especialmente projetados para consultórios. Isso poderá contribuir para expandir o negócio médico”, ressalta Melnick. Com um total de mais de 300 salas e apartamentos, o Linked – com inauguração prevista para 2020 – teve um lançamento promissor. “Foi tudo reservado no primeiro fim de semana. Todos os contratos foram emitidos, temos uma lista de espera. Talvez no primeiro mês, o Linked chegue a 80% de vendas”, projeta Melnick.
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Life Park, em Canoas, atrai famílias que buscam mais qualidade de vida Famílias que optam por um estilo de vida tranquilo, que não abrem mão de opções de lazer, oportunidades de trabalho, infraestrutura e facilidade de transporte encontram a união destas características no empreendimento Life Park Condomínio Clube, em Canoas. Buscando atingir o público que quer estar próximo à cidade, mas sem perder o contato com a natureza, a Nex Group reconheceu no local o cenário ideal para desenvolvimento imobiliário. O presidente da empresa, Carlos Alberto Schettert, diz que a construtora e incorporadora entrou no mercado para inovar. “Mais do que transformar desafios em satisfação para os clientes, oferecemos produtos acima das expectativas, atendendo a diferentes momentos e necessidades”, afirma. A preservação ambiental e o contato com a natureza foram priorizados no empreendimento. Como aspectos sustentáveis, o Life Park conta com soluções como coleta de água da chuva e aproveitamento de energia solar, que minimizam o consumo energético e poupam os recursos naturais. Muito além de um local para moradia, o Life Park
é um ambiente de convivência em harmonia com o meio ambiente, que o transformou em case de sucesso imobiliário na região metropolitana. O empreendimento, que acompanha o momento de progresso de Canoas, está instalado em uma área nobre, a apenas 13 km da região Central de Porto Alegre, entre os bairros Jardim do Lago e Moinhos de Vento – no centro do novo eixo de valorização imobiliária do município. O local vem recebendo a atenção de grandes corporações, como a Multiplan, prestes a inaugurar seu mais novo empreendimento, o Park Shopping, que fica a poucos metros do Life Park. De um lado, toda a conveniência para compras, serviços e entretenimento será suprida pelo novo shopping, além das facilidades trazidas por restaurantes, hipermercado, escolas e serviços de saúde localizados no entorno. De outro, o parque Capão do Corvo garante bem-estar e contato com a natureza na maior área verde preservada de Canoas. O terreno de 17 hectares abriga mais de 120 espécies de aves, além de plantas e
A construtora e incorporadora entrou no mercado para inovar, diz Schettert
de um lago natural, com estrutura para a prática de esportes ao ar livre e lazer em família. Além da localização privilegiada, outros diferenciais foram idealizados para facilitar a vida dos moradores do Life Park. Um deles é a infraestrutura, pensada de forma a aliar o conforto com conceitos atuais relacionados a sustentabilidade e paisagismo. Os apartamentos, de dois e três dormitórios, contam com suíte e churrasqueira e têm paredes em drywall, o que permite que a configuração dos cômodos seja personalizada. No projeto arquitetônico assinado por Ciro Clemik, as torres em “Y” foram desenhadas para o uso inteligente da área de implantação, que prioriza a privacidade e a livre circulação dos moradores. O empreendimento foi lançado em três fases distintas, cada uma com um condomínio NEX GROUP/DIVULGAÇÃO/JC
Mirantes do Parque oferece bem-estar, segurança e contato com a natureza
independente, mas com áreas de lazer integradas. Ao todo, são 11 torres, que totalizam mais de 1,5 mil apartamentos. “O projeto foi concebido para oferecer segurança e tranquilidade para que os moradores aproveitem as áreas de convivência do térreo. Trata-se de um verdadeiro parque urbano, onde é possível deixar que as crianças brinquem livremente e aproveitem o espaço externo”, observa Schettert. O estacionamento no subsolo reforça a conveniência e a segurança, enquanto a entrada tem portaria independente para cada uma das três fases, com segurança 24 horas. Já a estrutura de lazer foi projetada não só para relaxar, mas também para colocar em prática o conceito que une parque e atrações de clube. São 27 espaços, localizados ao longo dos 5,2
hectares ocupados pelo empreendimento. A atividade física pode ser realizada nas piscinas adulto e infantil – que contam com bar exclusivo – e nas quadras poliesportivas e de street ball. Quem é adepto das bikes poderá utilizar o bicicletário para estacioná-las. Há espaço para caminhadas em meio à natureza e para a prática de pilates e de artes marciais. As crianças têm diversão garantida em locais como a brinquedoteca, onde são disponibilizados brinquedos diversos e jogos teen; ou no playground, com grande estrutura de lazer para os pequenos. O convívio entre os moradores é estimulado pelas praças privativas dentro do condomínio, bem como pelo Fireplace, que traz o charme do inverno em um ambiente aconchegante; ou pela Enoteca, pensada para agradar aos apreciadores de vinho.
Cidade se prepara para o futuro O bom desempenho do Life Park Condomínio Clube, que teve todas as unidades vendidas, motivou a incorporadora a lançar mais um empreendimento com conceito semelhante na região. O Mirantes do Parque é mais uma ilha de bem-estar, segurança e contato com a natureza em meio à infraestrutura e conveniência do bairro Marechal Rondon. Maior município da Região Metropolitana de Porto Alegre, Canoas vive um momento de renovação. Considerada por muito tempo cidade-dormitório, vem passando por transformações que envolvem obras de mobilidade urbana e instalação de novos centros de compras. Entre
elas estão o inédito sistema de aeromóvel, a ampliação do parque municipal Getúlio Vargas (Capão do Corvo), o novo ParkShopping Canoas e o Parque Canoas de Inovação (PCI). Terceira posição no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, a cidade sedia diversas empresas de atuação nacional e internacional. A educação é outra importante característica do município, que possui a segunda maior rede de ensino do Estado. “Estes aspectos são o cenário ideal para a criação de um novo polo imobiliário na Região Metropolitana de Porto Alegre”, completa o presidente da Nex Group, Carlos Alberto Schettert.
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Jornal do Comércio
Construindo e Desenvolvendo o RS A Construção Civil é um dos principais motores do desenvolvimento, devido à sua extraordinária capacidade multiplicadora nas diversas etapas da atividade econômica, gerando emprego, renda e riqueza. O Sinduscon-RS, desde 1949, orgulha-se de fazer parte deste esforço da sociedade, em busca do bem estar de todos os gaúchos.