Dia do Meio Ambiente

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CLAITON DORNELLES/JC

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MEIO AMBIENTE Porto Alegre, terça-feira, 5 de junho de 2018

Esta edição faz parte dos festejos comemorativos do Dia Mundial do Meio Ambiente

Harmonia com o

PLANETA


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MARCO QUINTANA/JC

LIVRE DE AGROTÓXICOS

Serviços de entrega de orgânicos se multiplicam em Porto Alegre Pelo menos 17 marcas atuam no mercado da Capital, sete delas criadas nos últimos dois anos; é uma opção para quem não tem tempo de ir às feiras ecológicas da cidade Receber orgânicos fresquinhos na porta de casa está cada vez mais fácil em Porto Alegre. Nos últimos dois anos, sete marcas que oferecem o serviço foram criadas na Capital. Ao todo, a reportagem encontrou 17 empresas que atuam no ramo. O serviço acompanha o crescimento das feiras também: se há cerca de três anos o número de opções para comprar orgânicos na cidade não ultrapassava cinco ou seis, a Emater contabilizou 30 em 2017. As feiras tomaram espaço em universidades, shoppings e centros comerciais. E o delivery de orgânicos, cujo precursor foi o Sítio do Guido, em 2007, pega carona nesta tendência. Técnico em Agricultura e chefe do Escritório Municipal da Emater em Porto Alegre, Luís Paulo Vieira Ramos acredita que a procura por produtos orgânicos tem alavancado o aumento da produção e o surgimento de feiras, lojas, boutiques e distribuição de cestas. “A Emater desconhece o número e funcionamento das entregas de cestas na Capital, mas a Rama (Associação dos Produtores da Rede Agroecológica Metropolitana) possui 45 fornecedores certificados e mais da metade entrega cestas ou fornece para algum tipo de entrega programada”, afirma.

Hoje, há marcas com diferenciais para vários tipos de públicos. Entre eles estão planos mensais com um número determinado de itens, kits semanais ou até a escolha dos alimentos avulsos por internet e WhatsApp, dependendo da necessidade dos clientes. A maioria das empresas vende alimentos de produtores parceiros, mas há também aquelas marcas que comercializam o que plantam. Existe ainda uma voltada apenas para as frutas e verduras que foram rejeitadas pelos supermercados por causa da estética, seja por serem tortos, pequenos ou com uma coloração menos vibrante. Com tantas opções, quem não tem tempo, não pode ou até não gosta de ir às feiras orgânicas pode receber comida livre de agrotóxicos em casa, direto dos produtores locais. É o caso da autônoma Carolina Pires Pizzato, que não consumia orgânicos antes de conhecer a Hortalícias, um desses serviços de entrega. “A oferta de orgânicos que eu conhecia era das feiras, mas os horários nunca batiam com os meus. Então, acabava comprando no supermercado, com agrotóxicos. Agora, peço poucas quantidades, mas quase toda a semana, porque eles combinam comigo um horário de entrega”, conta. Outra vantagem, segundo ela, é que é possível participar de mutirões de plantio ou colheita no sítio da marca, atividade que conecta os consumidores com a terra. Para quem vende, o investimento em orgânicos é uma aposta para o futuro. “O público-alvo

Bohn, sócio da Hortalícias, entrega encomenda para a cliente Carolina na porta de casa dos orgânicos ainda é pequeno, mas tende a crescer muito com a conscientização sobre os malefícios do uso de agrotóxicos. É uma questão de educação da população, que já vem crescendo nos jovens”, explica Maira Petrini, professora universitária de Administração e uma das criadoras da

Mais Quitanda, serviço de assinatura de orgânicos. Segundo a educadora, que pesquisa sustentabilidade e negócios de impacto social, há três públicos que vem se destacando na procura por orgânicos: jovens de 25 a 30 anos, pais com filhos pequenos e pessoas que

recebem orientação nutricional, principalmente de profissionais ligados à nutrição funcional. O engajamento de influenciadores digitais e famosos em defesa dos orgânicos, como a chef de cozinha Paola Carosella, também contribui para o crescimento do mercado.

Expediente  Editor-chefe: Guilherme Kolling (guilhermekolling@jornaldocomercio.com.br)  Editora Cadernos Especiais: Ana Fritsch (anafritsch@jornaldocomercio.com.br)  Produção: Fernanda Crancio  Reportagem: Lara Ely/  Projeto gráfico e diagramação: Luís Gustavo S. Van Ondheusden  Revisão: André Fuzer, Rafaela Milara e Thiago Nestor


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ONDE ENCONTRAR

FRESH ORGÂNICOS/DIVULGAÇÃO/JC

• Fresh Orgânicos – Site de orgânicos que entrega para todo o País. Fundado em 2014 pela especialista em Marketing Estratégico Danieli Schumann, tem o objetivo de fazer a ponte entre o agricultor e o consumidor. Cinco pessoas trabalham na marca, que possui parceria com mais de 10 produtores da região de Porto Alegre e outros do interior do Estado. Para a Capital, oferecem o serviço de assinatura mensal de kits de três tamanhos, pequeno (R$ 232,00), médio (R$ 255,00) e grande (R$ 305,00), que são montados pelos clientes no site da marca e entregues toda semana. Também oferecem um plano médio quinzenal (R$ 130,00). Além disso, possuem o sistema de compras avulsas, que incluem outros orgânicos, como castanhas, iogurtes e granolas, entregues em território nacional. Contato: freshorganicos.com.br

• Horta Alegre – Sistema de coprodução em que os associados, por meio das mensalidades, apoiam os agricultores orgânicos locais e recebem alimentos em casa semanalmente. Por saberem quem vai receber o alimento, os agricultores podem se programar e reduzir perdas e desperdícios. Periodicamente, acontecem atividades especiais nos sítios onde os alimentos são produzidos, estreitando os laços entre produtores e consumidores. Oferecem cinco tipos de cestas, com valores mensais entre R$ 119,00 e R$ 219,00. Contato: hortaalegre.com.br

Mais Quitanda – Clube de assinatura de orgânicos criado em 2017 por Alexandre Christimann, que atuava na área de TI, e Maira Petrini, professora universitária de Administração. Possui parcerias com duas cooperativas de pequenos produtores e duas famílias. É possível assinar mensalmente dois tipos de kits de legumes e frutas (R$ 158,80 e R$ 219,60), um só de frutas (R$ 139,60) e um de ovos (R$ 31,60). Os assinantes recebem kits toda semana em caixas de madeira retornáveis e participam do Clube +Q, programa de fidelidade que possui acúmulo de pontos e benéficos. Também é possível assinar kits quinzenais de queijos (R$ 37,20) e ovos (R$ 29,80), ou comprar kits avulsos no site, além de produtos processados, como molho de tomate, biscoitos e barras de cereal. Contato: www.maisquitanda.com.br • Sítio do Guido – Iniciou o cultivo de hortaliças de acordo com os preceitos agroecológicos em 1986, mas apenas em 2007 começou a comercialização. Pelo site do sítio, é possível montar uma cesta de orgânicos escolhendo oito produtos, um chá e um tempero por R$ 50,00. Na página, também é possível encontrar a lista de bairros atendidos pelo serviço de entrega. Os pedidos também podem ser feitos por telefone. Contato: www. sitiodoguido. com

HORTIBOX/DIVULGAÇÃO/JC

• Loja da Reforma Agrária – Loja de produtos orgânicos e integrais oriundos dos assentamentos de reforma agrária organizados pelo MST. Funciona na Loja 15 do Mercado Público e entrega pedidos feitos por telefone, principalmente de clientes fiéis que, por algum motivo, não conseguiram fazer as compras da semana no local. Contato: lojadareformaagraria.com.br

• Oxi Orgânicos – Delivery de orgânicos pela internet e telefone. Foi criado em 2016 pela designer de interiores Laires Holdefer, que decidiu investir na entrega dos produtos depois da maternidade, quando teve dificuldade para ir às feiras orgânicas com a filha pequena. Hoje, a marca conta com mais dois colaboradores e parceria com 13 produtores orgânicos. Tem a proposta de oferecer a experiência de uma feira on-line, além de vender refeições orgânicas prontas e alimentos processados, como biscoitos e farinhas. Contato: oxiorganicos.com.br

• Quitanda Virtual – Delivery de produtos orgânicos criado em 2013. Oferecem três tamanhos de cestas mensais: pequena (R$ 190,00), média (R$ 215,00) e grande (R$ 279,00), que são entregues semanalmente. Também possuem cestas e produtos para venda avulsa, tanto frescos como processados. É possível filtrar no site os veganos, sem açúcar, sem lactose e sem glúten. Contato: www.quitandavirtual.com.br

• 400g – Serviço de assinatura de sacolas com frutas e verduras fora do padrão estético. Com o lema “sabor à mesa sem padrão de beleza”, a estudante de Administração formada em Relações Internacionais Rafaela Dal Ben Gomes criou a marca em janeiro deste ano para evitar o desperdício de 30% das produções de hortifrúti por não atenderem às exigências estéticas estabelecidas pelos supermercados. Trabalha com mais duas pessoas e faz parceria com 20 produtores orgânicos e convencionais. As bags da marca podem ser compradas pela internet nos tamanhos P (R$ 25,00), M (R$ 35,00) e G (R$ 45,00), e são entregues todas as segundas-feiras com itens da safra. Contato: www.400g.com.br

• Mercado dos Orgânicos – Loja virtual de produtos orgânicos, naturais e veganos. Foi criada em 2013 por um casal de publicitários que se mudou para o Interior para produzir uvas orgânicas e vendeu a marca para Ramine Baigorra, também publicitária. Pelo site, vendem alimentos orgânicos não perecíveis para todo o Brasil. Já pelo WhatsApp, comercializam hortifrúti sem quantidade ou valor mínimo, com foco naquelas pessoas que não conseguem consumir kits fechados. São clientes que moram sozinhos ou fazem apenas uma refeição em casa, por exemplo. Possuem parceria com diversos produtores de Porto Alegre e do Interior. Contato: www. mercadodosorganicos.com.br

MERCADO DOS ORGÂNICOS/DIVULGAÇÃO/JC

COOPERATIVA GIRASOL/DIVULGAÇÃO/JC

• Empório do Bem – Delivery virtual de produtos orgânicos, tem a proposta de “fazer a feira” para os clientes. Fundado pela relações públicas Paula Defaveri em 2012, nasceu do seu desejo de receber os produtos em casa quando não podia ir à feira por causa do filho pequeno. Após o falecimento da fundadora, a marca é comandada pela irmã, Luciane Defaveri, que quis dar continuidade ao sonho de Paula de contribuir para o fortalecimento da agricultura orgânica. Quatro pessoas trabalham na marca atualmente, que possui parceria com diversos produtores rurais. O site vende separadamente alimentos frescos e produtos orgânicos processados, como pães e geleias, além de cestas de quatro tamanhos: bebê (R$ 45,00), solteiro (R$ 57,00), casal (R$ 68,00) e família (R$ 82,50), além do custo do frete. Contato: www.oemporiodobem.com.br

• Junta Pedido – Site e aplicativo de compras que incluiu cestas de orgânicos em 2017, com o objetivo de oferecer produtos ao custo de feira. O download é gratuito, e é preciso fazer um cadastro, inclusive no site. Conforme o endereço cadastrado, o consumidor terá acesso aos produtores que fazem entregas naquela região. O pedido mínimo e a taxa de entrega variam conforme o vendedor e o endereço do consumidor. Contato: www.juntapedido.com

• Hortibox – Vende produtos do próprio sítio pelas redes sociais. Foi criada em 2017, com objetivo de escoar a produção de orgânicos realizada há sete anos por dois casais de amigos no Sítio Natural, no interior de Porto Alegre. O sítio foi fundado pela corretora de seguros Tatiana Petzhold, pelo fotógrafo André Chassot, pela despachante Cristine Saldanha e pelo jardineiro Roger Falavigna Viann. Já a Hortibox foi criada por Rodrigo Camargo e Michelle Feijó, ambos advogados. Eles anunciam a lista de produtos semanalmente pelo Instagram, entre a quarta e a quinta-feira, e recolhem os pedidos até sábado de tarde, pelo WhatsApp, sem valor mínimo. No domingo, colhem apenas o que venderam e entregam na segunda-feira, com taxa de R$ 7,00. Contato: www.instagram.com/hortibox

SÍTIO DO GUIDO/DIVULGAÇÃO/JC

• Cooperativa GiraSol – É uma iniciativa de economia solidária criada em 2006 que tem como objetivo a prática do comércio justo e do consumo sustentável. Oferece o serviço de compras programadas de orgânicos. Basta acessar a aba “Loja” no site da cooperativa, escolher os itens e programar a retirada em um dos pontos disponíveis. Os pedidos devem ser realizados até o meio-dia de segunda-feira, e as entregas acontecem nas quartas-feiras. Os associados da cooperativa compram a preço de custo. Contato: coopgirasol.com.br

• Hortalícias – Vende produtos orgânicos produzidos pela própria marca por meio das redes sociais e WhatsApp. Foi fundada em 2017 pelos colegas de Biologia Leonardo Bohn e Lucas Silveira, que trabalhavam como consultores ambientais, porém buscavam a realização pessoal através da produção de alimentos saudáveis. Eles produzem hortaliças a partir de princípios e práticas agroecológicas, e também trabalham em rede com outros agricultores da região. As ofertas são divulgadas nas terças-feiras nas redes sociais da marca e enviadas aos clientes por WhatsApp, onde eles podem escolher os itens que querem comprar. O valor mínimo para realizar o pedido é de R$ 25,00, e a entrega custa R$ 8,00. Contato: www.facebook.com/hortalicias

LOJA DA REFORMA AGRÁRIA/DIVULGAÇÃO/JC

• Cesta Feira – Loja virtual de produtos orgânicos. Criada em 2013 pela zootecnista que cursava mestrado em Desenvolvimento Rural Bárbara Machado Behs e uma sócia, a marca segue, hoje, sob o comando de Bárbara. Tem parceria com 15 produtores rurais e vende também produtos orgânicos processados, que vão de alimentos a cosméticos. Oferecem o serviço de assinatura mensal de cestas de hortifrúti de dois tamanhos (R$ 170,00 e R$ 300,00), entregues toda semana com produtos da estação. Também é possível comprar os kits individualmente (R$ 40,00 e R$ 75,00) ou cestas para presente. Contato: www.cestafeiraorganicos.com.br

AROMAS E SABORES DO CAMPO/DIVULGAÇÃO/JC

• Aromas & Sabores do Campo – Vende orgânicos pelas redes sociais e WhatsApp. Foi criada em 2016 por um grupo de agricultores assentados de Viamão. Envolve 10 famílias e tem parcerias com outros produtores orgânicos do Interior. O grupo divulga semanalmente uma lista de mais de 50 itens orgânicos no Facebook, entre legumes, frutas, ovos, grãos, doces e sucos, que variam conforme a safra. Os pedidos são recebidos por WhatsApp e entregues nas terças-feiras. Não tem valor mínimo para os pedidos, e a taxa de entrega é de R$ 5,00. Contato: www. facebook.com/aromasesaboresdocampo

• Tribo Viva – É uma rede de consumo colaborativo que facilita a entrega de orgânicos produzidos por pequenos produtores. Criada em 2014, divulga semanalmente cestas de alimentos de grupos de agricultores, como o Mulheres da Terra, do assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, e a Cooperativa de Produtores de Morango Ecológico (Ecomorango), de Bom Princípio. Os alimentos podem ser coletadas nos coordenadores de entrega ou entregues por um serviço de bike-entrega parceiro da rede. Contato: www.triboviva.com.br


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CONSUMO CONSCIENTE

Sistema B: é possível empreender e fazer o bem Selo foi criado para inspirar negócios a gerarem impacto positivo na sociedade Usar a força do mercado para solucionar problemas sociais e ambientais. Essa é a proposta do selo B, movimento criado para inspirar negócios a gerar impacto positivo na sociedade. Ao criar produtos que pretendem ser referência de novos modelos econômicos, centenas de empreendedores vêm tecendo uma rede de alternativas

para viver de forma colaborativa, sustentável e independente do mercado financeiro tradicional. São, ao todo, 2,4 mil empresas no mundo e mais de 100 no Brasil. Grandes marcas como a sorveteria Ben & Jerrys, os alimentos da Mãe Terra e a Fazenda Da Toca, e os cosméticos da Natura são alguns exemplos. Nos encontros, virtuais ou presenciais, seus participantes debatem tendências em inovação, compartilham sua visão de futuro e geram conhecimento sobre como os negócios podem alcançar

objetivos para além do lucro. Pioneira entre as companhias de capital aberto, a Natura é a grande referência no País. Paula Contim, coordenadora de Sustentabilidade, diz que a empresa usa métricas para dimensionar impactos positivos da sua atuação. Inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), o indicador apontou que a qualidade de vida das consultoras teve uma melhora de 7,8% e, quanto maior o tempo como consultora, melhor.

DOBRA/DIVULGAÇÃO/JC

Moldes estão disponíveis para qualquer pessoa

participar de grupos ligados ao tema sustentabilidade que foram decisivos para aprimorar sua visão. Segundo a especialista, para ganhar a certificação, a empresa tem que alcançar a pontuação 80. Ir até o final do questionário e ter as práticas documentadas é o grande desafio. Mas quem encara não se arrepende: benefícios como estar conectado a grandes líderes do mercado e participar de um círculo de indicações são vantagens, além do próprio selo. “Para o consumidor, fica mais fácil diferenciar o que é greenwashing (marketing verde) de uma empresa que está mudando o mundo de verdade. Essas marcas viram os grandes inspiradores e passam a ser admiradas por toda a cadeia, influenciando a mudança para que existam mais negócios bons para o mundo, e não apenas os melhores do mundo”, completa Camila.

soja, gado e extrativismo, trabalhar com o manejo sustentável é um desafio e, ao mesmo tempo, um diferencial competitivo. O caso da produção de ucuuba, uma manteiga natural extraída pelas comunidades tradicionais da Amazônia, é simbólico: o manejo que respeita o ciclo natural faz com que a comunidade ganhe o triplo do que com a derrubada das árvores para extração de madeira. “Com isso, estamos conseguindo reverter da extinção da ucuubeiras”, comemora Paula.

VIRADA SUSTENTÁVEL/DIVULGAÇÃO/JC

Voluntária ajuda na adaptação No Rio Grande do Sul, empresas que buscam a certificação podem contar com o apoio especializado de Camila Luconi Viana, voluntária da organização desde 2016. Além de disseminar o conceito em solo gaúcho, ela auxilia de forma presencial ou a distância para apoiar na certificação. “Uma espécie de autodiagnóstico, o questionário permite que a empresa melhore por conta própria, apontando suas práticas em relação a temas como governança, meio ambiente, trabalhadores e comunidade. Depois, a segunda etapa é o envio de documentos para o BLab nos EUA, com evidências como, por exemplo, uma cópia da política de diversidade”, afirma. Camila conta que se conectou ao tema da sustentabilidade em 2008, quando trabalhava em uma multinacional. Voluntária também na Net Impact, teve oportunidade de conhecer diversas iniciativas e

“Como a gente transforma os desafios do planeta em oportunidade de negócio? Buscamos um tipo de inovação que possa regenerar o meio ambiente e não apenas extrair”, afirmou durante participação em um evento na Pucrs, em Porto Alegre. Segundo Paula, por conta dessa visão sobre desenvolvimento, o equivalente a 257 mil hectares de mata ainda estão em pé na Amazônia. Em um ecossistema em que a economia é movida a hidrelétrica, mineração, madeira,

Copo eco reduz consumo de plástico Mais do que simplesmente distribuir embalagens plásticas para bebidas, a empresa MeuCopoEco vende um serviço com a ideia de reduzir o consumo, algo que é aplicável a eventos de grande porte até aniversários de família. De acordo com Manuela Fretta, coordenadora de marketing, a marca é muito mais do que um copo: é uma ferramenta para acabar com a cultura de consumismo. Nascida há seis anos, em Florianópolis, a marca apresenta-se como uma empresa de sustentabilidade que se mostra através do copo. Faz isso por meio do conceito-caução: a pessoa paga

para usar o objeto, com a proposta de que o valor seja devolvido depois. Se gostar do copo, pode levá-lo para casa pelo preço da caução. Manuela esclarece que a ideia não é estimular que as pessoas tenham uma coleção de copos, e sim, substituir o descartável e criar uma nova cultura de consumo consciente. As sobras dos eventos são reaproveitadas em outros. “O plástico demora mais de 100 anos para se decompor, e a realidade da reciclagem no Brasil é que menos de 3% do lixo será reciclado. Por isso, a empresa nasceu com a lógica de uma empresa B”,afirma Manuela. COPOECO/DIVULGAÇÃO/JC

Camila auxilia empresas que buscam ceriicação na área

Dobra sem segredos Em Montenegro, a Dobra, empresa de carteiras, faz peças dobráveis, deixando o molde disponível para quem quiser fazer a sua própria carteira em casa. Além disso, com um modelo de gestão horizontal e inspirada na lógica da abundância, aposta em conceitos como capitalismo consciente, economia colaborativa, movimento maker (extensão da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself) e cultura open source (código aberto). A técnica é sem segredos. Quem quiser saber como

funciona o produto, é só informar o nome e o e-mail, e o arquivo dos moldes em pdf é enviado na hora. Guilherme Hommerding Massena, cofundador, diz que responder ao questionário do Sistema B fez a diretoria refletir sobre que tipo de empresa que haviam criado, levando a uma série de adaptações internas e pequenas mudanças de rota para alcançar seu objetivo: deixar um legado e inspirar outras empresas. A marca ainda está nos seus primeiros anos de vida, por isso tem o selo de empresa B pendente.

Marca apresenta-se como uma empresa de sustentabilidade que se mostra através do copo


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ARTE CUSTOMIZADO/DIVULGAÇÃO/JC

MODA

Como ser ecofashion da cabeça aos pés A tendência ecológica avança conforme aumentam as informações sobre consumo consciente. Comprar de estilistas locais é uma alternativa Ser ecológico nunca sai de moda, mas a moda ecológica avança conforme aumentam as informações sobre consumo consciente. Quanto mais as formas tradicionais de produção são questionadas, mais consumidores passam a buscar marcas que produzem roupas, sapatos, acessórios e até cosméticos com matéria-prima sustentável e confecção artesanal. Tecidos orgânicos, estamparias naturais

e uso de materiais reciclados na fabricação são alguns dos exemplos de como diminuir o impacto ambiental da indústria da moda. A expansão de marcas handmade com pegada ecológica acompanha também o aumento das feiras de rua de Porto Alegre, espaços onde vemos cada vez mais empreendedores locais expondo peças autorais e, muitas vezes, únicas. Nessas feiras, a relação entre fabricante e consumidor também muda: compra-se diretamente de quem faz, sem intermédio de uma loja. Além disso, comprar de estilistas locais diminui as emissões de gases do efeito estufa durante o transporte.

Aumenta a busca por grifes que produzem roupas, calçados e acessórios com matéria-prima sustentável


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Listamos pessoas, movimentos, lugares e marcas que podem servir de inspiração na moda

#movimentos

#lugares Casa Modaut – Espaço físico do movimento que promove a moda autoral, por acreditar que a autoralidade e o consumo local são caminhos para um mundo mais sustentável. Surgiu para conectar empreendedores do segmento aos consumidores e valorizar o consumo local. A loja, que é também coworking e espaço de eventos, fica na avenida Miguel Tostes, 897, no bairro Rio Branco.

Fashion Revolution – Criado após o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que matou mais de mil trabalhadores da indústria da moda em 2013, o movimento questiona qual o verdadeiro custo da moda.“Não queremos que suas roupas custem a vida das pessoas ou do planeta”, diz o site da iniciativa, que promove mundialmente a Fashion Revolution Week. É uma semana de conscientização sobre o processo de produção, consumo e pós-consumo da moda, que tem como fio condutor o questionamento: “quem fez suas roupas?”.

Moda Livre – Disponível para Android e iPhone, aplicativo da Repórter Brasil avalia as ações que as principais empresas do setor vêm tomando para evitar que suas peças sejam produzidas por mão de obra escrava. Marcas ganham cores verde, amarela e vermelha, da melhor para a pior avaliação.

#leituras

Moda e Sustentabilidade – design para a mudança – Kate Fletcher e Linda Grose Moda com Propósito – André Carvalhal

#roupas

CÉU HANDMADE/DIVULGAÇÃO/JC

Céu Handmade – Empresa que faz customização artística de roupas, acessórios e objetos, dando uma cara nova para peças antigas e reduzindo o impacto ambiental da produção. Além de vender peças prontas, oferece o serviço de customização por encomenda ou em eventos.

Justa Trama – Uma cooperativa que trabalha com base na economia solidária e acredita no comércio justo e solidário. Atua desde o plantio do algodão agroecológico até a comercialização de peças de confecção produzidas com o insumo.

THIAGO MACHADO/ESPECIAL/JC

Ateliê Carina Brendler – Designer que trabalha com reaproveitamento de retalhos para fazer vestidos em seu ateliê, no bairro Rio Branco. Borda e customiza roupas de festa, transformando peças usadas em novas e sofisticadas. Confecciona vestidos sob medida – para evitar desperdícios – para alugar. O empreendimento fica na rua Coronel Paulino Teixeira, 85.

#app

Slow Fashion – Inspirado no movimento slow food, que contesta a indústria de fast food, o slow fashion questiona a forma de fabricação, consumo e descarte proposto pela moda de massa, a fast fashion. Assim como na alimentação, o movimento incentiva que as pessoas tenham maior consciência de que, como e por que estão consumindo. A ideia é que, a partir da conscientização, os consumidores busquem uma produção de moda que respeite aspectos éticos, ambientais, sociais, econômicos e culturais.

#sapatos

#inluencers

Insecta Shoes – Sapatos e acessórios ecológicos e veganos, feitos a partir da reutilização de roupas vintage e garrafas de plástico recicladas. Igualdade de gênero e comércio justo também são princípios da marca.

Chiara Gadaleta – Palestrante, consultora e colunista da Revista Vogue, criou o Movimento Ecoera, uma plataforma de serviços e produtos sustentáveis.

Louloux – Produtos feitos a partir da reutilização do material excedente de produção de outras marcas, feito a mão e apoiando o pacto global da ONU. Arte Customizando – Calçados antigos ganham cores que lembram murais de grafite, desenhos japoneses e até super-heróis por meio da customização da marca, o que também reduz o impacto ambiental da produção.

Gringa – Cozinheira, cineasta, youtuber e blogueira, Paola Salerno Troian é vegana e adepta do minimalismo. Produz conteúdo sobre alimentação, feiras orgânicas e consumo consciente. Impacta o Mundo – Plataforma de curadoria de conteúdos de impacto social coordenada por Aline Neglia, ex-executiva do Grupo Telefônica para Inovação Sustentável, especialista em marketing e pós-graduanda em Gestão de Responsabilidade Socioambiental.

#beleza

Bioglitter – O questionamento sobre o impacto ambiental negativo do uso do glitter convencional no Carnaval, por ser um microplástico, motivou o surgimento de diversas marcas de bioglitter, produto feito com materiais biodegradáveis. Em Porto Alegre, a Glitter Ecológico e a Viva Purpurina Biodegradável fabricam o produto. Sagrada Flor – Todos os produtos são 100% puros, livres de parabenos e metais pesados. As fórmulas são desenvolvidas por Graziela Dotta, formada em Biologia pela Universidade de São Paulo, PhD pela Universidade de Cambridge, Terapeuta Floral e Cosmetóloga Natural.

VIVA PURPURINA/DIVULGAÇÃO/JC


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INOVAÇÃO

Empresas criam soluções tecnológicas para diminuir o impacto ambiental Na bola da Copa, em uma lixeira falante, na parada de ônibus ou na impressora de astronautas, a tecnologia vira aliada do meio ambiente

em todas as empresas permitem que seus funcionários testem soluções inovadoras. A Thoughworks, uma companhia de tecnologia sediada no Tecnopucrs, não apenas permite como incentiva a prática em seus funcionários — proposta que se percebe desde a chegada, pelos ambientes

N

criativos e descolados. Foi em uma de suas idas à cozinha que o desenvolvedor e líder de inteligência artificial na TW Brasil Andherson Cardoso Maeda, 35 anos, teve a ideia de criar uma lixeira inovadora. Ele se deu conta que nem todos os colegas de trabalho sabiam os itens que deveriam ser destinados em cada compartimento. Então, pensou: “Por que não usar meu conhecimento para um projeto sustentável?”. Isso o motivou a desenvolver “lixeiras falantes”, que alertam sobre qual resíduo deve ser depositado nelas — orgânico ou reciclável. “Se eu jogar fora algo no lugar errado, isso pode comprometer o todo. Vejo que muitas pessoas têm dúvidas do que vai em cada lugar. Então pensei em bolar a lixeira IOT (Internet of Things, internet das coisas). Na prática, trata-se de uma placa que vai dentro de uma caixa entre as lixeiras de resíduos recicláveis e orgânicos com sensor de aproximação de acordo com diferentes algoritmos. Ela faz

LUIZA PRADO/JC

Maeda desenvolveu lixeiras falantes que indicam o ipo de resíduos a leitura com sons e luz para deficientes visuais e auditivos. Assim que o protótipo estiver pronto, sua fórmula ficará disponível na web, e o produto poderá ser testado na empresa”,explica. Parece bacana, né? Maeda e seus colegas estão curiosos para ver o produto em operação. Mas a inovação não para por aí: da mesma mente criativa responsável

pelo projeto da lixeira falante está saindo um agente conversacional (tipo Pokémon Go) para tratar sobre justiça econômica e social, pilares organizacionais da empresa. Maeda explica que está criando um avatar que conversa com as pessoas sobre temas como racismo, igualdade de gênero e cultura de pessoas trans. É a tecnologia à serviço de um mundo melhor.

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Entre ciclistas e astronautas MLADEN ANTONOV/AFP/JC

Telstar contém borracha feita da cana-de-açúcar e fabricada no Polo Petroquímico de Triunfo

Bola verde nos gramados russos Quando a Telstar 18 rolar nos gramados russos, durante o evento máximo do futebol planetário, o mundo inteiro estará vendo uma tecnologia ecológica oriunda do Rio Grande do Sul. É que a bola da Copa do Mundo contém borracha feita a partir da cana-de-açúcar brasileira, fabricada no Polo Petroquímico de Triunfo. Líder mundial na produção e comercialização de borracha sintética, a fabricante Arlanxeo é a responsável pela alta performance. O design troca os gomos

pretos do desenho clássico por outros texturizados, com alusão à tecnologia digital. Ela será a primeira bola de mundiais a utilizar um chip NFC, que poderá enviar informações a smartphones cadastrados. Pela primeira vez, os 32 times classificados para a competição terão seus toques na bola monitorados o tempo todo pelos fãs. A alta performance é garantida por características como elasticidade e resiliência. A bola feita para resistir a todas as condições climáticas

a longo prazo foi testada em jogos de grandes clubes, como o Real Madrid. “A sustentabilidade ecológica foi um critério essencial na seleção de produtos para a bola de futebol da Copa do Mundo. Queríamos criar a nova bola utilizando materiais de alta tecnologia, que possuem características de performance impressionantes, além de serem sustentáveis”, afirma Stefan Bichler, gerente de projetos de Operações de Futebol na Adidas, marca esportiva que assina as bolas Tesltar 18.

Um programa para incentivar o ciclo reverso do plástico, chamado Wecycle, criou um selo para identificar os produtos confeccionados a partir de itens reutilizados. Dessa forma, empresas e produtos são reconhecidos pela excelência nos processos de reciclagem e responsabilidade socioambiental. O Wecycle busca fomentar negócios que valorizem os resíduos plásticos ao longo de toda a cadeia produtiva, contribuindo com ações a favor da reciclagem, do pós-consumo e do meio ambiente. A iniciativa já resultou na parceria com diversas organizações para o desenvolvimento de produtos, soluções e processos ligados à reaproveitamento do plástico”afirma Fabiana Quiroga, responsável pela plataforma. Criada pela Braskem, o Wecycle já contribuiu para a criação de caixas organizadoras, kit de material de pintura e quadros para bicicletas a partir de plástico reciclado. No caso das bicicletas, as Muzzicycles, as resinas de polietileno foram recicladas por cooperativas que estão no programa “ser+realizador”. Esse plástico reutilizado garante ao meio de transporte vantagens como maior resistência e absorção do impacto, além da garantia vitalícia. A empresa busca ainda investir em ações de educação ambiental nas comunidades onde atua, com

Árvores e paradas de ônibus solares na Capital Instalada desde abril, a primeira parada de ônibus sustentável de Porto Alegre deve começar a emitir energia nas próximas semanas. Conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a ligação para compensação energética já está concluída. A primeira medição sobre a economia poderá ser feita em julho. A estrutura instalada na avenida Goethe, em frente ao Parque Moinhos de Vento, permitirá a recarga de baterias de equipamentos eletrônicos como celulares por meio de entrada USB. A geração de 1,8 mil watts será suficiente para alimentar outras 50 paradas comuns. Projeto antigo da ONG Toda Vida, da engenheira Ligia Miranda, a parada deve ser a primeira de

uma série de cinco instaladas ao longo do ano. Com patrocínio do Shopping Total e parceria das empresas OZ Engenharia e Sevenia, a instalação não teve custo para a prefeitura, que vai disponibilizar o espaço para testes. Foi possível graças a um Termo de Cooperação Técnica entre a Associação Todavida e a EPTC. Além desse projeto, Ligia batalha por outra ação de sustentabilidade em meio urbano: a implantação de microflorestas em Porto Alegre. O objetivo é melhorar a temperatura da cidade e criar áreas de convivência entre as pessoas, com mais segurança e espaço para o convívio. Os engenheiros da OZ e da Sevenia são parceiros da ideia: junto à criação das áreas verdes, com mudas de frutíferas e

mata nativa, a proposta é “plantar” árvores solares que captam a energia do sol e carregam celulares, a exemplo do que foi realizado no Tecnopucrs, Feira do Livro, Unisinos e no Caminho do Gol, durante a Copa do Mundo na Capital. Trabalhando com tecnologias deste tipo desde 2013, o fundador da OZ Engenharia Fábio Rahmeier diz que a inovação desperta curiosidade e torna as pessoas multiplicadoras do conceito. “As pessoas ficam encantadas e buscam se informar mais em como podem ajudar o meio ambiente”, afirma. Outra empresa que emprega a criatividade para disseminar energia solar é a Seffi, responsável pela instalação de uma floresta solar no Parque Getúlio Vargas, em Canoas. Em 2017, quando um

foco no uso consciente. “Os desafios do Wecycle são grandes. Tanto tecnológicos, para buscarmos a produção de produtos reciclados com qualidade, como no engajamento e mudança de percepção da sociedade de que resíduo reciclável tem valor e deve ser separado e destinado corretamente, retornando para o processo produtivo”, completa Fabiana. Outra inovação da empresa em termos de sustentabilidade levou o nome da Braskem para além dos limites da Terra: as impressoras 3D que utilizam o polietileno verde (plástico feito a partir da cana-de-açúcar) estão em uso na Estação Espacial Internacional. A solução é usada pelos astronautas para imprimir suas ferramentas no espaço. Com a tecnologia, eles não precisam levar um monte de peças às viagens espaciais, o que diminui o peso e o consumo de combustível das estações. A inovação ainda poderá ajudar a tornar a vida em Marte possível. O próximo passo será implantar uma recicladora na Estação Espacial. A Braskem tem ainda um programa de aceleração de startups que possuem soluções inovadoras usando a química e o plástico. Neste ano, destacou uma única empresa gaúcha: a Silo Verde, de São Leopoldo, que produz silos a partir de plástico reciclado.

CLAITON DORNELLES /JC

Instalada no Parcão, estrutura permite recarregar bateria do celular grande shopping foi inaugurado na região, eles foram contratados para criar ações de compensação de impacto ambiental, o que foi realizado com a instalação de 16 árvores com placas fotovoltaicas

no entorno do empreendimento. O trabalho resultou em uma verdadeira floresta solar capaz de captar toda a energia utilizada no parque - e manter a conta de luz em taxa básica.


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EDUCAÇÃO ACERVO IECAM/DIVULGAÇÃO/JC

Julia presta consultoria e orienta organizações a focarem em ações voltadas à sustentabilidade

Projetos auxiliam empresas a adotarem práticas sustentáveis Iniciativas voltadas para os objetivos da ONU, etnodesenvolvimento em aldeias indígenas e até stand up comedy pretendem ampliar o conceito de sustentabilidade Separar o lixo, neutralizar emissões de carbono e plantar árvores. Quando se fala em sustentabilidade, a maioria das pessoas ainda faz uma associação direta com questões ambientais, sem imaginar que conceito é muito mais amplo. Cunhado durante a Eco-92, representa um cuidado com o presente pensando nas gerações futuras, modelo de desenvolvimento que vai além dos recursos naturais. Mas como traduzir na prática essa visão de mundo? Ao tentar responder à pergunta, incógnita para grande parte dos brasileiros, a relações públicas Julia Caon Froeder se deparou com uma oportunidade de negócio:

ajudar organizações a adotarem os 17 objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) para Desenvolvimento Sustentável, os famosos ODS. Decidiu, então, criar a Franca, uma empresa que presta consultoria e ensina outras a se posicionarem em relação ao tema. A iniciativa estimula o protagonismo de escolas, universidades e empresas por meio de exemplos que podem ser adotados tanto no dia a dia quanto em eventos. Entre outros aspectos, Julia opina sobre a escolha de fornecedores e parceiros, estimula a contratação de mão de obra local, discute direitos relacionados às questões de gênero e acessibilidade. A comunicadora conheceu o tema quando fazia a monografia da faculdade. Ela recorda que, à época, o pai trabalhava com a produção de cobertores de garrafas pet recicladas. Desde então, ela viaja para aprender sobre o assunto. No ano passado, foi à

Dinamarca participar de intercâmbio junto a outros jovens multiplicadores. “Somos um negócio social que atua no engajamento de pessoas, coletivos e organizações. Disseminamos os ODS em eventos e projetos de educação por meio de métodos ágeis e em colaboração com stakeholders (partes interessadas em um negócio)”, afirma Julia. Trabalho não falta: os 17 itens listados para pensar um futuro melhor englobam ações que passam por saúde, ambiente, diversidade, trabalho, desigualdade, entre outros. Ela aborda o assunto em oficinas, palestras e consultorias, que costumam acontecer em espaços acadêmicos, cafés descolados ou coworking onde o grupo aproveita para fazer contatos. O cuidado com os relacionamento, aliás, é o motor para que esse tipo de trabalho siga em franca expansão — bem como o propósito que o move.

Pesquisas e atividades voltadas à recuperação dos ambientes naturais A bióloga Denise Wolf sabe bem o que é ser movida por propósito. À frente do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (Iecam), ela se empenha, há mais de 20 anos, para sensibilizar o empresariado e formadores de opinião a incorporarem práticas ecológicas e de responsabilidade social. O trabalho no terceiro setor é a forma como Denise e uma série de outros profissionais captam recursos por editais para desenvolver pesquisas e atividades na conservação e recuperação dos ambientes naturais. Entre os projetos da entidade, que tem atuação no Amazonas, Acre, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, estão ações com os ribeirinhos e povos indígenas.

Em andamento, o projeto “Ar, Água e Terra: Vida e Cultura Guarani” estimula a recuperação e conservação ambiental, e o etnodesenvolvimento em aldeias indígenas do Estado. “Atualmente, trabalhamos com nove aldeias guaranis, articulando a troca de conhecimentos técnicos de uma equipe multidisciplinar e saberes tradicionais indígenas”, conta ela. A construção de mapas das aldeias participantes do projeto, com todas as categorias de uso da terra, como conservação e recuperação ambiental, e o viveirismo, são ações desenvolvidas pela ONG. As atividades abrangem o uso de geolocalização e um aplicativo de celular, para o registro de coordenadas e pontos importantes da aldeia. IECAM/DIVULGAÇÃO/JC

Iecam esimula etnodesenvolvimento em aldeias indígenas no Estado

Irreverência do stand up comedy aliada à ética empresarial para engajar pessoas Para tornar mais leve e divertido o trabalho de consultor empresarial e formador de líderes corporativos, o engenheiro ambiental Saulo Chielle se apropriou

de elementos de stand up comedy para criar palestras de conteúdo e formato irreverentes. Especializado em Gestão Empresarial e Sustentabilidade Corporativa,

professor universitário e cofundador do grupo de stand Up comedy Comédia Urbana, ele aposta na dobradinha conteúdo consistente e bom humor para engajar as

pessoas e desmistificar a sustentabilidade. Para ele, provocar o riso e brincar com as palavras são formas de desconstrução de paradigmas e construção de novos conceitos.

“Esqueçam que sustentabilidade é sinônimo de proteger o meio ambiente. O desafio é desenvolver a sociedade e encontrar força para resolução de problemas”,afirma.


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MOBILIDADE

Algoritmo de compartilhamento é promessa para trânsito sustentável Um aplicativo para compartilhamento de vagas de táxi em tempo real, em que motoristas e passageiros são beneficiados por meio de um serviço chamado route matching (rota correspondente, em português). Essa é a proposta da startup Splitaxi, que se apresenta como solução aos problemas de mobilidade urbana com o uso compartilhado dos carros. De sustentável o que o aplicativo tem é que ele pretende desafogar o trânsito, melhorar a

segurança dos usuários e reduzir emissões de carbono. Conforme o CEO da marca, Luis Henrique Rodrigues, existem diversos desafios logísticos para melhorar a otimização de vagas ociosas, e é aí que entra o modelo de negócio, o algoritmo de compartilhamento. Desenvolvido a partir de uma premissa de sustentabilidade, a inteligência matemática considera um conjunto de restrições para ver se uma rota é compatível com outra.

Embora cidades como Nova Iorque, Londres, Cingapura e Paris tenham iniciativas semelhantes, Rodrigues defende que a ideia é inovadora, porque representa economia aos passageiros, melhora a remuneração dos taxistas e contribui para a qualidade do ar. “É uma solução para os desafios que se tem nas grandes cidades em função da redução do excesso de veículos”, diz. O empreendedor aposta em uma brecha, a já consolidada concorrência em aplicativos de mobilidade não decolou no serviço de rotas compartilhadas em Porto Alegre. Motoristas consultados pela reportagem atribuem o fato às curtas distâncias que são percorridas na cidade e à sensação de insegurança. Essa é lacuna que o Splitaxi pretende ocupar. Hoje, no Brasil, um táxi tem ocupação média de 1,5 pessoas. Ele menciona uma pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT) para dizer que, apesar de o compartilhamento causar certo desconforto,

MARCELO G. RIBEIRO/JC

Paola uiliza o serviço da Splitaxi, de Rodrigues, e oimiza suas rotas principalmente pela mudança de cultura, um bom algoritmo é sinônimo de garantia de combinação em 95% dos casos. A cozinheira, cineasta e youtuber Paola Salerno Troian costuma se deslocar bastante entre o bairro onde mora, na Zona Norte, e seu local de trabalho, no Moinhos de Vento. Além de buscar sets de filmagem para uma série que produz, costuma

visitar feiras, sobre as quais gera conteúdos para as redes sociais, e foi escolhida para disseminar a Splitaxi no Rio Grande do Sul. Quando testou o serviço, observou que dividir o deslocamento com outro passageiro é uma forma inteligente e econômica para o transporte urbano melhorar – além de ser seguro e rápido, pois permite escolher o desvio máximo da rota.


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RECICLAGEM

MARCELO G. RIBEIRO/JC

O desaio de transformar resíduos em fertilizantes Empresa criada pelo ecologista José Lutzenberger tornou a Celulose Riograndense, em Guaíba, uma das indústrias com maior índice de reciclagem do Brasil Pioneiro da ecologia no Brasil, José Lutzenberger foi responsável por uma revolução no tratamento de resíduos da indústria de celulose, alvo de protestos dele por anos. Ao contrário do que ocorre na maior parte das fábricas do mundo, que depositam seus resíduos orgânicos em aterros, a Celulose Riograndense, localizada em Guaíba, os transforma em húmus, um substrato agrícola utilizado em hortas, culturas de hidroponia e pomares. Tudo isso graças à empresa Vida Desenvolvimento Ecológico, fundada pelo próprio Lutzenberger como uma solução para o problema ambiental. A parceria entre as empresas já dura 30 anos. A luta do ambientalista contra a poluição do ar e das águas do Guaíba por causa da produção de celulose nos anos 1970 pela então Borregaard ficou marcada na história e serviu como embrião para formular a Vida, que se dedica a minimizar os impactos ambientais da fabricação de produtos corriqueiros ao uso doméstico, como o papel. “A Vida foi fundada em 1979, quase 10 anos antes da parceria com a Riocell (hoje Celulose Riograndense), em 1988. Até então, a empresa tratava cascas de acácias descartadas pela indústria de tanino. Nos anos 1980, o pai (José Lutzenberger) foi convidado pela então indústria de celulose, que sucedeu a também por ele combatida Borregaard, a contribuir com soluções para minimizar o seu impacto ambiental”, conta a filha mais nova do ambientalista, Lara Lutzenberger, sócia-proprietária da empresa Vida.

O primeiro passo foi construir um parque ambiental na área de entorno da indústria, aterrada por decorrência da implantação de um sistema de tratamento de efluentes. Depois, o ecologista passou a estudar alternativas para destinar adequadamente o lodo que esse sistema gerava, além dos demais resíduos como cavacos, cinzas minerais e o próprio lixo dos escritórios. “Ele chegou à conclusão de que esses resíduos poderiam ser transformados em excelentes insumos agrícolas, devolvendo ao solo o que se retirava dele e evitando a perda de quantidades imensas de matéria-prima em intermináveis aterros sanitários, fechando um ciclo ecológico de produção”, afirma Lilly Lutzenberger, a primogênita do ambientalista e também sócia-proprietária da empresa. Em 2003, foi inaugurado o primeiro horto de reciclagem da indústria, e a parceria foi crescendo ao longo dos anos. Atualmente, a Vida recicla praticamente 100% de todos os resíduos da Celulose Riograndense, uma das indústrias de celulose mais limpas e ecológicas do mundo. A reciclagem evita o aterro de 600 mil t/ano de resíduos sólidos gerados pela fábrica, que estariam inutilizando áreas importantes na região. “Essa parceria causou espanto no início, inclusive entre os ambientalistas, porque a mesma pessoa que havia combatido a indústria pela poluição que gerava agora se dispunha a trabalhar com ela. Mas o pai tinha uma visão muito lúcida e pró-ativa, que lhe permitia compreender que apenas com combate pouco se avança. É preciso contribuir na busca de soluções quando se identificam problemas. Ele inovou e segue sendo uma excelente referência de atitude construtiva”, afirma Lara. Hoje, os produtos obtidos do reaproveitamento de resíduos fabris fornecem insumos para a

Resíduos da fábrica de celulose gaúcha são tratados até se tornarem húmus e substrato agrícola para hortas ANA PAULA APRATO/ARQUIVO/JC

MARCO QUINTANA/JC

Lara e a irmã são sócias na Vida Desenvolvimento Ecológico, fundada pelo pai, José Lutzenberger agricultura e para indústrias de 190 municípios, além de fertilizantes orgânicos e corretivos de solos para mais de mil clientes, entre eles agricultores, paisagistas, supermercados e agropecuárias. A produção de fertilizantes orgânicos ainda diminui consideravelmente a pressão por “terra preta” ou “terra de mato”,extraída de ecossistemas naturais, o que contribui

Lilly destaca importância de empresas adotarem sistemas de produção mais sustentáveis

com a preservação ambiental. O tratamento e a reciclagem de resíduos também geram benefícios sociais e econômicos, por meio de 180 empregos diretos. “O principal desafio é fazer com que, cada vez mais, os sistemas de produção modernos, não só a indústria da celulose, adotem este tipo de gestão. O mundo precisa se tornar menos poluidor

e desperdiçador com a mais extrema urgência. O planeta inteiro está se afogando em lixo, resíduos, venenos tóxicos, devastação e doenças. Precisamos reverter essa tragédia enquanto ainda é tempo, tornando nossos sistemas de produção mais sustentáveis e ecológicos. Já existem muitas tecnologias para tal, mas ainda há muitíssimo por fazer”, completa Lilly.


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