Diagramação - Página Esporte / Copa

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Quinta-feira 10 de julho de 2014

Jornal do Comércio - Porto Alegre

A entrevista dada pós-jogo pelo técnico Luiz Felipe Scolari não foi suficiente para a tentativa de explicar como o Brasil sofreu a maior derrota na história da seleção. Ontem, na Granja Comary, o treinador, acompanhado pelos auxiliares Carlos Alberto Parreira e Flávio Murtosa, falou por cerca de 50 minutos, respondeu a muitas perguntas e, por vezes, rebateu diversas intervenções mais acintosas. Porém, como já havia dito o goleiro Julio Cesar depois do jogo e, foi repetido ontem por Parreira, é muito difícil “explicar o inexplicável”.

Até então, Felipão só dava entrevistas coletivas nas vésperas dos confrontos do Mundial e também após as partidas. Sem expor nenhum atleta, o treinador continuou assumindo os erros pela goleada de 7 a 1 sofrida diante da Alemanha, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte. E admitiu: a derrota, que ficará marcada na história das Copas, é uma vergonha que nunca o abandonará.

Quatro gols em seis minutos

A Alemanha que bateu o Brasil

“Se eu pudesse falar com consciência o que aconteceu nos seis minutos... Mas eu também não sei. Tivemos uma pane. Uma pane geral. Ninguém entendia. E daí a Alemanha, que é boa, tirou proveito da oportunidade.”

“Não esqueçam vocês que o Joachim (Löw, técnico da Alemanha), que está desde 2006, vem trabalhando bem e chegando a semifinais, mas nunca venceu. Agora chegou à sua primeira final. É um trabalho de sequência. Eles vêm fazendo isso na Alemanha, seguindo e melhorando.”

O dia depois do fracasso

Preparação e treinamento

“Nós chegamos de madrugada, o pessoal comeu alguma coisa e foi dormir. Só nos vimos agora, ao meio-dia, e não falamos nada. Falar em cima do jogo de ontem, em que as imagens são apenas as mentais, não vale a pena. Vale a pena quando se tem a colocação exata das coisas.”

“Muito foi falado a respeito de treinamento, mas se forem pesquisar, olhar os dados da Copa das Confederações, foi o mesmo número de treinos, com menos dias para treinar. Às vezes, a indução a uma ideia não é a correta, temos os dados aqui para passar para vocês. Quando quiserem, a gente passa.”

Avaliação sobre o desempenho “O trabalho não foi ruim, o resultado foi ruim. A história tem que registrar que, depois de 2002, foi a primeira vez que o Brasil chegou na semifinal. Podemos dizer que foi sofrível, mas chegamos entre os quatro melhores do mundo.”

Análise da segunda passagem “Temos dados estatísticos que provam que, depois da Copa das Confederações, tivemos apenas uma derrota, montamos uma equipe preparada, com sistema de jogo. Tínhamos que devolver a confiança aos nossos jogadores. E fizemos isso através dos resultados. Não esperávamos essa derrota catastrófica em relação ao número de gols. Só não podemos esquecer que, depois de 2002, essa é a primeira vez que a seleção chegou à semifinal.”

Sequência no comando da seleção “Temos um trabalho que combinamos com a CBF, e é bom que eu coloque a vocês que eles nos deram as melhores condições. Nós temos um compromisso até o final do Mundial. Esse é um assunto que não vamos discutir até o jogo de sábado. Depois disso, provavelmente vamos conversar com a direção, dar o relatório do que foi feito, como foi, e, após, vai ser definida alguma coisa. A decisão passa pela presidência da CBF, que vai decidir o que será feito.”

Disputa pelo terceiro lugar “Uma nova derrota, uma nova decepção, vai piorar tudo. Sabemos disso. E o terceiro lugar não vai, da mesma forma, mudar nada, ou mudar muito pouco o que aconteceu em Minas. Mas temos de trabalhar com objetivos, e o nosso sonho agora, menor, é ficar em terceiro lugar.”

O time para sábado “Tenho que conversar com eles também para saber como vamos jogar sábado, no nosso último compromisso na Copa do Mundo. Posso mandar o time que perdeu para a Alemanha desde o começo ou fazer modificações já pensando em situações futuras. Vamos estudar.”

Próximas gerações de atletas “O Brasil revela bons jogadores. Nós também temos que entender que muitas das revelações iniciam aqui e vão para o estrangeiro rapidamente. Depois, só através de muita pesquisa e observação nós conseguimos saber que tem A, B ou C e que são brasileiros. Em outras oportunidades, nós tínhamos mais jogadores ou um tipo de jogador com experiência maior, que podiam superar mais as dificuldades.”

Futuro do grupo derrotado “Eles serão os jogadores que continuarão a trabalhar com o Brasil.”

Fracasso pessoal “Eu sei que uma derrota desse tamanho mancha. É uma vergonha. Eu sinto e sei que isso não vai sair de mim. Mas temos de continuar a nossa vida, e o nosso objetivo agora é ser o terceiro melhor time desta Copa.”

PEDRO UGARTE/AFP/JC


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