Página Esporte

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Quinta-feira 12 de junho de 2014

Jornal do Comércio - Porto Alegre

FRANCOIS-XAVIER MARIT/AFP/JC

nosso quintal Mais de seis décadas depois, Mundial volta ao país que transformou o futebol em arte Juliano Tatsch juliano@jornaldocomercio.com.br

Demorou. Demorou muito. Passaram-se 64 anos desde a primeira e única vez em que o Brasil recebeu em seus gramados os melhores jogadores de futebol do planeta. Em 1950, éramos 51 milhões de brasileiros, mais da

metade analfabetos, vivendo, em sua grande maioria, nas zonas rurais do País. Agora, somos 200 milhões, mais de 84% vivendo em áreas urbanas, e o índice de analfabetos não chega a 9%. O mundo em 1950 ainda vivia a ressaca dos seis anos de guerra. A Europa se reconstruía e lambia as feridas deixadas pe-

los confrontos que causaram a morte de mais de 50 milhões de pessoas. Em razão da catástrofe que varria o continente no qual o esporte nasceu, dois Mundiais deixaram de acontecer (1942 e 1946). Esse vazio foi preenchido pelo espírito de festa do povo brasileiro. Em 1950, 13 seleções disputaram jogos em cinco humildes estádios, e um gigante Maracanã. De lá para cá, o mundo passou por um turbilhão de transformações. Convivemos com mais uma grande guerra, um conflito sem armas e sem ataques, uma

Itaquerão recebe hoje à tarde a festa de abertura do Mundial de 2014

guerra de ameaças apenas, uma guerra fria. A tecnologia revolucionou a vida de todos. Os velhos aparelhos de TV de tubo foram substituídos por telas de LED em altíssima definição. A informação, que, antes, dependia de instáveis ligações telefônicas ou levava horas ou dias para cruzar os oceanos via telegramas ou cartas, agora é instantânea, basta um clique. O homem foi à lua. Pílula anticoncepcional, satélite, CD, computador pessoal, transplantes de órgãos, clonagem, fibra óptica, internet. Nada disso existia em 1950. Aliás, não

existiam os cartões amarelos e vermelhos. O mundo mudou. O Brasil mudou. Até o futebol mudou. O que não mudou foi a paixão do povo pelo esporte mais popular do planeta. A partir de hoje, selecionados de 32 países irão se enfrentar em 12 grandes estádios megamodernos. Depois de mais de seis décadas, a Copa do Mundo volta para a casa daqueles que transformaram o esporte em arte. Depois de mais de seis décadas, a Copa do Mundo volta a estar aqui, do nosso lado, no nosso quintal.

Os olhos do mundo voltados para o Brasil Chegou a hora tão esperada. No estádio ou na televisão, o momento é de acompanhar o maior evento de futebol do planeta. Passados sete anos desde que foi escolhido como sede da competição de 2014, o Brasil apresenta a sua Copa do Mundo. A partir das 15h15min, o evento de abertura do torneio, no Itaquerão, em São Paulo, deverá emocionar o público ao homenagear os três maiores tesouros do Brasil – natureza, pessoas e futebol. O show vai durar 25 minutos, culminando em uma empolgante

performance da música oficial do Mundial, “We Are One”, que será cantada por Pitbull, Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Olodum. “Interpretar We Are One para o mundo, especialmente em um país tão bonito como o Brasil, será muito divertido. Mas, mais que isso, irá mostrar ao mundo que a música é a linguagem universal”, afirma Pitbull. “Vejo este show como uma grande introdução ao show que daremos na Copa do Mundo. Eu acho que vai ser uma grande celebração”, completa Claudia Leitte.

O elenco artístico é composto por mais de 600 pessoas, a maioria alunos de escolas de dança, de circo ou Fábricas Culturais. Contará também com ginastas acrobatas e de trampolim, além de capoeiristas e pernas-de-pau. O conceito artístico original foi desenvolvido pelo Grupo de Entretenimento Franco Dragone e está sendo executado pela belga Daphné Cornez. Cerca de 90% da produção, que envolve outras 600 pessoas, é formada por brasileiros. Cada um dos tesouros do Brasil será representado

artisticamente por personagens e adereços, tendo como elemento principal uma bola central “viva”, altamente iluminada e que se movimenta ao longo do espetáculo. O show contará ainda com uma demonstração do projeto Andar de Novo. Além das 62.600 pessoas no estádio, o sinal de tevê estará disponível para 200 nações ao redor do mundo, com mais de 160 detentores principais de direitos cobrindo todo o planeta. É a Copa do Mundo dando o pontapé inicial para a sua 20ª edição.


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