Revista Proclamai nº1

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Revista Periódico da Associação Norte Catarinense da Igreja Adventista do Sétimo Dia Edição 1 - Abril, Maio e Junho de 2012 • Distribuição gratuita

TRANSFORMAÇÃO Altair olha para o passado e lembra como um livro missionário e 10 minutos de uma Semana Santa o ajudaram a sair do fundo do poço

FUTURO

Os resultados do projeto que impactou os locais por onde os jovens adventistas passaram

Administradores da Associação Norte Catarinense falam dos projetos para o novo campo Revista

MISSÃO CALEBE


Revista

VICTOR DIEGO TRIVELATO

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Revista

índice

ANO 1 - Nº 1 – Abril/Maio/Junho de 2012

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ASSOCIAÇÃO NORTE CATARINENSE DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA Presidente Ezequias Guimarães Secretário/Missão Global Apolo Abrascio Tesoureiro/Patrimônio Herbert Gruber Evangelismo/MIPES/ASA Luiz Damasceno Mordomia/Saúde/Testamentos e Legados Josiel Unglaub Jovens/Desbravadores/Mùsica/Comunicação Lélis Silva Educação/Liberdade Religiosa Ireny Ricken Ministério da Criança/Adolescente Débora Abrascio Ministério da Mulher/AFAM Rosimara Guimarães Publicações/Literatura Denominacional Dyotagnan Maia Endereço – Rua Joaçaba, 355, bairro Saguaçu. CEP: 89.221-340 - Joinville – Santa Catarina Telefone – 47 3032-4040 Website – www.usb.org.br/anc EXPEDIENTE Redação e edição – Gustavo Cidral Projeto e Design Gráfico – LG Design

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Imagens – Gustavo Cidral e arquivo pessoal

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A REVISTA PROCLAMAI é uma publicação trimestral de distribuição gratuita Tiragem – 5 mil exemplares Impressão - Impressul Indústria Gráfica Ltda Conecte-se com a ANC!

DIREÇÃO

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Conheça a liderança da Associação Norte Catarinense e seus planos

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MILAGRE A esperança chegou até Altair, usuário de crack e morador de rua

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ARTIGO Como um “besouro” chamado A Grande Esperança poderá levantar voo

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NOTÍCIAS Saiba tudo o que aconteceu no primeiro trimestre da ANC

Envie sugestões de pautas, notícias, fotos e observações para

gustavo.cidral@adventistas.org.br


palavra do presidente

Com os Olhos

da Fé

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Revista

ivemos em mundo completamente incrédulo, o padrão de discernimento é a lógica, e a visão determina a crença; é ver para crer. O sobrenatural é coisa de “gente desequilibrada” e fanática e a “ciência dos homens” se sobrepõe à palavra de Deus. O tempo passa e a mudança no estilo de vida do homem é acentuada, cada vez mais distante dos preceitos bíblicos e do próprio Deus. E quanto mais se distancia do ideal, mais nos deparamos com o inacreditável: filhos que matam os pais, pais que assassinam os filhos, alunos que tiram a vida de colegas e professores, pedófilos que destroem a infância de crianças inocentes. Minha impressão é que se já não estamos vivendo situações semelhantes a Sodoma e Gomorra, estamos bem perto desta catastrófica situação. Para este tempo, Deus chama um povo a viver pela fé. Pois, sem este instrumento, que vem pela palavra de Deus, é impossível agradá-lo (Hebreus 11:6). E este dom de Deus nos levará ao encontro de algumas realidades que gostaria de sugerir. 1. A fé torna o relacionamento com Deus mais adjacente. 2. A fé aproxima as pessoas. 3. A fé torna o crente mais impetuoso na execução da missão. 4. A fé acentua o desejo de fidelidade. 5. A fé majora o amor pelos mem-

bros da família. 6. A fé encoraja o uso dos dons. 7. A fé alicerça o comprometimento 8. A fé aumenta esperança. Estas são algumas poucas razões para entendermos que precisamos mais do que em qualquer outro tempo buscarmos a Deus para obtenção deste presente. Ellen White sugere esta incessante procura quando diz: “Sob a operação do Espírito Santo, mesmo os mais fracos, pelo exercitar fé em Deus, aprendiam a melhorar as faculdades conseguidas, e a se tornarem santificados, refinados e enobrecidos. Ao se submeterem em humildade à modeladora influência do Espírito Santo, recebiam a plenitude da Divindade e eram modelados à semelhança do divino” (Atos dos Apóstolos, pág. 50). Querido irmão, neste início de atividades no mais novo campo da União Sul Brasileira, quero convidá-lo a subirmos a plataforma da verdade, avançarmos tanto quanto seja possível, investirmos nossos dons e talentos, usarmos nossos recursos, sermos fiéis a toda prova, anunciarmos ao maior número de pessoas o amor de Jesus, construirmos mais igrejas, abrirmos mais canais da TV Novo Tempo e irmos tão longe quanto Deus permitir. Avante, igreja do Senhor! Maranata! Pr. Ezequias Guimarães

“Para este tempo, Deus chama um povo a viver pela fé. Sem este instrumento é impossível agradá-lo”


EDITORIAL

O Fascínio do

Novo novamente. Na verdade, todos estamos radiantes por termos uma nova sede da Igreja Adventista, pois é a comprovação do crescimento da pregação do Evangelho em Santa Catarina. Estamos muito entusiasmados porque já sentimos o sabor do que há poucos dias era só um sonho. E por isso, a convicção que enche nosso coração é de que poderemos ir mais longe, fazer mais e ainda melhor. Prova disto está diante dos seus olhos agora. A Revista Proclamai! Este periódico é o mais novo meio de comunicação entre as igrejas da recente Associação Norte Catarinense. Através desse impresso - além de notícias dos departamentos, dos pro-

jetos e das igrejas - teremos artigos escritos por líderes locais, testemunhos contados por nossos membros e entrevistas feitas com pessoas daqui. Essa é, realmente, uma boa nova. Com essa e outras inovações, podemos compreender que Deus tem prazer em nos presentear com novidades. Então, viva o novo e experimente os seus benefícios em todos os aspectos. Todavia, lembre continuamente que o motivo de Deus ter-nos dado a alegria dessas novidades é porque Ele espera que as usemos para apressar a volta de Jesus. Por isso, PROCLAMAI. Pr. Lelis Souza da Silva Revista

Não sei bem por que, mas não esqueço aquele dia. Eu devia ter uns seis ou sete anos quando ganhei de presente um par de tênis especial. Só os garotos maiores da rua tinham. E lembro que quando calcei os tênis me senti um super-herói. Eu pensava: “agora posso jogar bola, andar no barro, correr e frear sem derrapar, pisar no fogo e escalar montanhas”. Na mente infantil, toda essa euforia tinha uma razão, pois, não se tratava de um tênis comum. Era um Kichute! É, eu sei... Hoje a gente ri desse tipo de coisa. Mas, a sensação de ganhar algo novinho e que desejávamos muito, a gente nunca esquece. E quer saber? Percebo esse sentimento no ar

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Entrevista

Administradores da ANC falam sobre os desafios do novo campo Presidente, secretário e tesoureiro focam a pregação do evangelho em locais ainda sem a presença de adventistas do 7º Dia A Associação Norte Catarinense inicia o trabalho em seu território com uma equipe comprometida em evangelizar as 100 cidades do campo ainda sem presença adventista, estabelecer 17 novas congregações e levar ao batismo 2.400 pessoas em 2012. À frente da missão estão o presidente Ezequias Guimarães, o secretário Apolo Abrascio e o tesoureiro Herbert Grubber, administradores da ANC. Na entrevista a seguir, os líderes respondem sobre desafios, projetos e o que o membro de igreja pode esperar desta primeira gestão. Que expectativa foi criada ao saber que fariam parte da ANC? Ezequias: Um misto de alegria e preocupação. Alegria por trabalhar nesta região que cresce de forma diferenciada. Preocupação em preencher as expectativas de uma igreja vibrante e atuante. Tenho acompa-

nhado o sonho de muitos irmãos e pastores e confesso que pesa a responsabilidade de liderar pessoas motivadas e comprometidas. Apolo: Eu estava na Assembleia de organização da ANC, e, ao ouvir meu nome sendo proposto como secretário, rapidamente vários sentimentos se misturaram dentro de mim: surpresa, desafio, senso de indignidade, e finalmente respeito, por aceitar que esta associação estava nascendo com a bênção de Deus e Ele compunha a equipe. A partir de então, abriguei a expectativa de fazer parte de uma associação forte, que seria exitosa no cumprimento da missão. Herbert: As melhores expectativas possíveis. É um privilégio fazer parte da equipe que inicia uma nova associação em um estado promissor e repleto de desafios missionários como o estado de Santa Catarina.

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Revista

Pastor Ezequias Guimarães nasceu em Belém, Pará, em 1964. Iniciou seu ministério em 1987, após estudar no ENA (Educandário Nordestino Adventista) e no Iaene (Instituto Adventista de Ensino do Nordeste). Trabalhou por sete anos no Amazonas: três anos nas lanchas missionárias e depois como líder do Ministério Pessoal e Escola Sabatina da associação local. Em seguida foi chamado para ser líder do mesmo departamento no Pará e depois no Maranhão. Em 2000 e 2001, foi líder de Ministério Pessoal na União Norte Brasileira. Era presidente da Associação Maranhense antes de ser chamado para a ANC.


Herbet Grubber

Nesses primeiros meses de trabalho, que diferenças puderam notar da ANC para os campos por onde passaram? Ezequias: De forma muito particular, tenho presenciado algumas diferenças. Venho de uma região que enfrenta alguns desafios financeiros, mas com um crescimento marcante ano após ano. Todavia, tenho percebido que estas diferenças não são um entrave para também crescemos de forma significativa. Apolo: Os campos seguem um padrão estrutural e funcional que limita as diferenças. Mas posso destacar três pontos específicos nestes primeiros meses da ANC: Primeiro, a satisfação da igreja com o estabelecimento da Associação. Campos antigos não sentem tanto deste “primeiro amor” tão especial que estamos experimentando. Segundo, a rapidez como nosso grupo, vindo de pelo menos quatro campos diferentes, alcançou entrosamento e unidade. E terceiro, a valorização ministerial que é uma característica da administração do pastor Ezequias. Herbert: A Igreja de Deus é muito dinâmica e com o foco bem definido na missão de anunciar a volta de Jesus em todos os lugares. Tanto aqui como em outro campo percebemos pessoas compromissadas e com desejo de serem desafiadas para o trabalho a ser realizado. A diferença é o grande desafio em relação às cidades que ainda não têm presença adven-

tista no campo da ANC, onde nossa responsabilidade aumenta para o cumprimento da obra designada por Deus a nós. Muda alguma coisa para o membro de igreja com a criação do novo campo? O quê? Ezequias: Com toda certeza muda. Já tive o privilégio de participar de duas outras divisões de campo e, em todas as vezes que isto acontece, o território fica menor e consequentemente há uma presença mais acentuada dos administradores e departamentais nas igrejas e grupos, melhorando o atendimento em muitos aspectos. Apolo: A mudança é para melhor e queremos que os membros percebam a aproximação da ANC com a igreja local por meio da presença mais constante de departamentais e administradores com pregações, treinamentos e eventos que promovam o crescimento espiritual, a capacitação funcional e crescimento da igreja. Herbert: Com certeza, a proximidade que temos com as igrejas é muito maior, ou seja, a igreja terá a presença dos departamentais e administradores com muito mais frequência. Os investimentos locais aumentam com uma região menor, os materiais chegam mais rápido às mãos dos membros. A igreja já está percebendo as mudanças. É possível dizer qual é o perfil de toda a equipe? O que pode se esperar dela?

Herbert Grubber é paranaense de Foz do Iguaçu, nascido em 1976. Trabalhou na região Norte do Paraná entre 1990 e 2005. Na Associação Norte Paranaense, desempenhou funções como gerente do Sels (Serviço Educacional Lar e Saúde) e assistente da Educação. Passou pela área financeira na Associação Sul-Riograndense em 2006 e desde 2007 era tesoureiro da Associação Central Sul-Riograndense. Formou-se em Ciências Contábeis em 2001 na Fafiman (Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari) e é mestre em Liderança pela Andrews University desde o início deste ano.

Revista

Estaremos investindo em retransmissoras da TV Novo Tempo, e neste ano já estaremos adquirindo um canal em rede aberta

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Entrevista

Ezequias: Conheço todos há pouco tempo, mas estou muito feliz. A equipe está comprometida com as estruturas da igreja aqui na USB. Apolo: O brilho da equipe da ANC não é de uma estrela em particular, mas da sinergia que existe ao trabalharmos juntos. Penso que a igreja pode esperar disposição e dedicação de todos nós. Herbert: A equipe tem um perfil arrojado com muito comprometimento e foco em alcançar os objetivos. A igreja pode esperar muito trabalho dessa equipe. Qual é o maior desafio da ANC? O que deve ser feito ainda neste ano? E a longo prazo? Ezequias: Não resta dúvida que nosso maior desafio são os quase 100 municípios sem a presença de nossa igreja. Outro grande desafio é envolver a maior parte da igreja na missão de Cristo. Temos pouca gente fazendo muito e muita gente fazendo pouco. Queremos uma igreja completamente envolvida. A curto, médio e longo prazo estaremos focado nestes desafios. Apolo: Internamente, temos o desafio da santificação: preparar a igreja para a volta de Jesus. Externamente, temos o desafio da pregação: pregar o evangelho eterno aos mais de 3 milhões de habitantes das 174 cidades da ANC, 100 das quais não

tem igreja estabelecida. Temos o propósito de, pela graça de Deus, este ano levar ao batismo 2.400 pessoas, e estabelecer 17 novas congregações. A longo prazo, ou até que a porta da graça se feche, temos o proposito de pregar, ensinar, curar e batizar. Herbert: Como já foi dito, o maior desafio é implantar um grupo em cada uma das 100 cidades sem a presença adventista. Estaremos investindo em retransmissoras da TV Novo Tempo, e neste ano já estaremos adquirindo um canal em rede aberta, primeiramente para atender os grandes centros deste campo e depois cidades de missão global. O que os membros deste campo podem esperar da administração? Ezequias: Muito trabalho e total comprometimento com a missão desta igreja. Apolo: Podem esperar que trabalharemos focados no cumprimento da missão que Cristo nos confiou. Podem esperar também que lidaremos com a igreja com dedicação e respeito. Estamos abertos para ouvir boas propostas e apoiar grandes iniciativas. Desejamos contribuir para que a Igreja Adventista na Associação Norte Catarinense experimente reavivamento e reforma e viva plenamente os princípios bíblicos. Herbet: Apoio, arrojo e cumprimento da missão.

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Revista

Pastor Apolo Abrascio é natural de Alfenas, Mina Gerais, onde nasceu em 1973. Formou-se em Teologia no Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo) em 1995 e é mestre em Liderança pela Andrews University desde o início deste ano. Trabalhou como auxiliar de evangelismo, pastor auxiliar e pastor distrital em diversas cidades da Associação Mineira Sul e Associação Mineira Leste entre 1996 e 2005. Foi chamado em 2006 para pastorear o distrito do Estreito, em Florianópolis. Desde abril de 2009 era secretário da Associação Catarinense.

Temos o propósito de, pela graça de Deus, este ano levar ao batismo 2.400 pessoas, e estabelecer 17 novas congregações Pr. Apolo Abrascio


Líderes da ANC no treinamento Integrado de Joinville

Pastores Bruno Raso (vice-presidente da DSA) e Marlinton Lopes (presidente da USB), orando com os administradores da ANC

Revista

Pastor Ezequias e Herbet no primeiro Concílio da ANC

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Revista

Reportagem


Existiu

esperança para Altair

Como gestos simples fizeram toda a diferença numa vida que não tinha mais solução

perder o emprego. Era o homem de confiança do dono de uma indústria e mexia com valores em torno de R$ 4 mil. O dinheiro passou a ser desviado por ele na compra de crack, motivo de sua demissão. Sem família, casa e emprego, Altair vivia em prol do vício sustentado com dinheiro pedido nas casas ou mendigado nas ruas. Junto com ele, perambulavam outros dependentes de drogas. “Muitos moradores de rua que eu conheci tinham família e bons empregos, como engenheiros ou advogados”, contou Altair. “Vi homens usando terno e gravata que chegaram lá, sentaram com a gente e ficaram morando na rua. Abandonaram tudo para se drogar”, relatou. Foram dois anos dormindo no chão duro, protegido apenas por papelões, se alimentando mal com o que encontrava no lixo ou ganhava nas casas, gastando todo o dinheiro que recebia em bebida e crack e perambulando pelas ruas de Mafra entorpecido na maior parte do tempo. “Era pra eu estar morto hoje”, confessou Altair. Mas um dia a esperança surgiu para quem não tinha mais solução.

Um convite inesperado Altair passava as noites no estacionamento de um terminal de ônibus para trabalhadores rurais ou na Praça Lauro Müller, na parte alta de Mafra. Numa sexta-feira, dia 22 de abril de 2011, ele estava sentando no banco da praça quando viu um jovem passar com uma Bíblia na mão. “Aí eu pensei: crente gosta de ajudar, vou pedir pra esse”, relembrou o ex-mendigo. Quem passava por ali era Alexandro Fernandes de Oliveira, de 33 anos, a caminho da Igreja Adventista, onde acontecia a Semana Santa. “Ele me chamou de ‘pastor’, por causa da Bíblia e da roupa social”, contou Alexandro, que no mesmo instante foi atender Altair. “Ele estava sujo, cheirando mal, com a roupa rasgada e o hálito fedendo álcool”, descreveu o jovem. A intenção do desabrigado era pedir dinheiro para comprar mais cachaça. No entanto, ele e um amigo da rua ficaram conversando com Alexandro por 40 minutos. A única coisa que Altair recebeu foi um convite para ir à igreja naquela noite. Uma Revista

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m homem que tinha família, emprego, casa e uma vida estável, mas largou tudo para morar nas ruas e manter o vício no álcool e no crack. Um ano depois de chegar ao “fundo do poço”, ele tem orgulho de dizer que encontrou Jesus e conseguiu uma vida nova. Essa é a história resumida de Altair Cardoso, de Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina. Há cinco anos, tinha uma vida comum ao lado da esposa e os cinco filhos dela que ele criava como seus. Porém, o costume de beber cerveja somente aos finais de semana se tornou um hábito diário e o álcool o levou a experimentar substâncias mais fortes, como a cocaína e o crack. Aos 20 anos de casado, Altair se tornou dependente de drogas e devia para os traficantes. A solução que ele encontrou para se livrar das dívidas foi vender o carro da família, um Ford Ka 2005. Não levou muito tempo para ele também negociar a casa onde morava. A esposa e os filhos foram abandonados e tiveram que procurar outro lugar. Altair passou a viver nas ruas de Mafra e não demorou muito para

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Reportagem

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Revista

“Era pra eu estar morto hoje”

Altair sentado no lugar onde ele morou por dois anos


Além do milagre na vida de Altair, Deus operou um milagre na vida da igreja”

para mim. Comecei a chorar sem parar”, lembrou com emoção. “A minha vida começou a mudar naquele dia”.

noite, Altair não conseguiu dormir. Ali, deitado no chão frio, folheou as páginas, escolheu os assuntos no índice e começou a ler.

Ainda existe esperança

A transformação

Apesar da comoção naquela noite de sexta-feira santa, Altair não quis perder a viagem e ficou de olho em alguém a quem poderia pedir uma esmola. Ele avistou uma senhora de cabelos brancos segurando uma bolsa e, ao ser cumprimentado por ela, pediu dinheiro. A mulher é Maria Lourdes Meira, de 68 anos, mãe de Alexandro. “Pensei comigo: ‘vou te dar um grande dinheiro, algo muito valioso’”, disse Dona Maria. Ela abriu a bolsa e tirou de dentro o livro Ainda Existe Esperança. “Vi que ele ficou ‘meio assim’, mas acabou aceitando”, descreveu a aposentada. “Quando entreguei, orei para que aquele livro fizesse a diferença na vida dele. E continuo orando até hoje pelo Altair”, revelou. Maria sempre quis ajudar alguém dessa maneira. “Eu ouço tantos testemunhos e tinha certeza que, com esse livro, o Espírito Santo ia tocar no coração de alguém. Impossível ler e não sentir”, acrescentou a senhora. Altair foi embora decepcionado com a “esmola”. Tentou na mesma noite transformar o livro em bebida. “Quis vender por R$ 5 para comprar pinga, mas ninguém comprou”, lembrou o ex-morador de rua. Naquela

No dia seguinte, sábado de manhã, Altair voltou à igreja. Dessa vez contou sua história para alguns jovens, de quem ganhou colchonete e cobertor. A terceira visita foi no domingo à noite e a vida de Altair começava a tomar um novo rumo. O pastor do distrito de Mafra, Elias Leichsenring, ficou sabendo da situação de Altair e, junto com alguns membros da igreja, foi ao encontro do então mendigo na segunda-feira. Após uma conversa, Altair aceitou ser levado para uma clínica de recuperação para dependentes químicos. A estadia do ex-usuário durou seis meses. Lá, ele recebia a visita dos adventistas toda semana. “A igreja inclusive conseguiu realizar cultos na clínica aos sábados à tarde. Os encontros acontecem até hoje!”, exclamou o Pr. Elias. A presença dos novos amigos alegrava Altair. “Várias igrejas iam lá, mas eu gostava mais da Adventista porque não faziam só culto, tinha dinâmica também”, diz ele, que começou o estudo bíblico durante a recuperação. “O Altair saiu de lá adventista e dando testemunho!”, maravilhou-se o pastor. Recuperado, o ex-dependente foi embora decidido a se batizar e com Revista

decepção no momento, mas hoje ele sabe que foi o melhor acontecimento na sua vida até então. Alexandro explicou o caminho para chegar à igreja, a um quilômetro dali, cerca de 12 minutos de caminhada. Altair relutou um pouco. “Estava com vergonha por causa do meu estado”, justificou. Percebendo a preocupação, o rapaz tentou convencê-lo. “Jesus te aceita do jeito que você está”, disse. A indecisão permaneceu e, sem insistir mais, Alexandro partiu. “Se não quiser ir, eu estou indo”, despediu-se, enquanto retomava seu rumo. Após algum tempo refletindo nas palavras de Alexandro, Altair tomou a decisão de ir até a igreja. Envergonhado, espiou a entrada e se escondeu atrás de um muro no terreno ao lado. Os recepcionistas, percebendo a movimentação, saíram na calçada e o convidaram para entrar. “Eles me abraçaram e um deles sentou junto comigo no banco”, relatou Altair, que permaneceu na última fileira. O ex-mendigo ficou admirado com a atitude. “Geralmente as pessoas se afastavam de mim”, lamentou. Ao vê-lo dentro da igreja, Alexandro ficou surpreso. “Ele estava alcoolizado e mesmo assim meu convite surtiu efeito”, afirmou. Faltavam dez minutos para o fim do programa. Porém, naquele pouco tempo, Altair foi tocado pelo Espírito Santo. “Estava passando um vídeo com uma história igual a minha. Era uma mensagem

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Revista

Reportagem

Altair conta sua história sentado no banco em que conheceu Alexandro


“Quando entreguei, orei para que aquele livro fizesse a diferença na vida dele. E continuo orando até hoje pelo Altair” Maria ainda ora por Altair

De volta para casa A família de Altair não tinha notícias dele desde quando havia ido morar nas ruas. O pai e as três irmãs não sabiam se ele estava vivo ou morto e chegaram a ir ao necrotério conferir um corpo encontrado no bairro onde moram para certificarem se era o desaparecido. “Tinha muita gente querendo me matar por causa das dívidas. Eu não queria trazer problemas para eles, por isso não aparecia aqui”, revelou Altair, que hoje mora com eles sem se preocupar com as ameaças dos traficantes. “É um milagre de Deus. Eles nunca mais apareceram, desde que voltei pra casa. Agora chega de sofrimento”. O pastor e os membros da igreja procuraram a família de Altair e contaram onde ele estava quatro meses após ser levado para a clínica. Um pouco desconfiados, só acreditaram quando foram até o local para visitá-lo. “Vieram me buscar para ver o Altair e fiquei muito contente, ele estava muito diferente”, relatou o pai, João Cardoso Neto, de 80 anos. Seu

Cardoso perdeu a esposa quando o filho era muito novo. Com a ajuda das irmãs mais velhas, o menino foi criado pelo pai, que espera nunca mais ficar longe do filho. “Se eu demoro um pouco mais no trabalho, ele me liga preocupado, querendo saber onde estou e que horas vou chegar. É quase todo dia assim”, disse Altair, transparecendo a alegria com um sorriso. Ele agora trabalha como operador de máquina e ajuda a sustentar a casa com o emprego que conseguiu em fevereiro. Aos 40 anos, o novo homem quer agora mostrar à família o Deus que mudou sua vida. E os parentes já estão conhecendo. Toda quinta-feira é realizado um pequeno grupo na casa deles. Participam o pai, as três irmãs e mais sobrinhos e sobrinhas. Todos estão gostando do estudo.

A vida nova No dia 18 de dezembro de 2011, Altair demonstrou em público sua entrega a Jesus e foi batizado na igreja central de Mafra. Ali, naquele tanque, seu mergulho simbolizou a morte de alguém que tinha perdido tudo e o nascimento de um homem cujo embrião espiritual começou a

crescer oito meses antes. “Além do milagre na vida de Altair, Deus operou um milagre na vida da igreja”, comentou o pastor Elias. “A igreja está mais motivada. No caso do Altair eu tive uma participação pequena, foram os membros que o conduziram”, analisou. A conversão de Altair é fruto do testemunho de um rapaz que carregava uma Bíblia quando ia para a igreja, da atenção que ele deu ao morador de rua, do convite feito, da recepção na igreja, da mensagem que tocou o coração, do livro Ainda Existe Esperança entregue por Maria, da oração intercessória, da preocupação dos membros com a situação do mendigo, da ação deles em leva-lo à clínica de recuperação, das visitas toda semana, do envolvimento da igreja com a família dele, do pequeno grupo e da amizade estabelecida entre eles. Todos os detalhes permitiram que o Espírito Santo atuasse na vida de Altair. “Tudo o que eu precisava eram aquelas palavras de esperança. A gente sempre tem um pouco de esperança, mesmo no ‘fundo do poço’, mas faltava alguém me mostrar o caminho”, observou Altair. “Agora eu quero fazer tudo o que está ao meu alcance para levar a verdade aos outros”. Revista

uma aparência bem melhor. Ele chegou pesando 48 Kg e saiu com 28 a mais.

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Reportagem

“Tudo o que eu precisava eram aquelas palavras de esperança”.

Nota do repórter

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Revista

Conheci Altair na Convenção Jovem da Associação Norte Catarinense, no dia 3 de março, sábado, e combinei de ele contar sua história para mim no dia seguinte. Durante a entrevista, no domingo à tarde, fomos aos locais onde ele havia estado no tempo em que morou nas ruas. Apesar de ser próximo à Igreja Adventista de Mafra, era a primeira vez que Altair retornava àquele canto de um terminal de ônibus que serviu de casa por dois anos. Era visível nos gestos, jeito de falar e olhos a emoção e o sentimento misto de tristeza e paz ao ver aquele lugar. O piso de concreto frio, as pichações nas paredes e a sensação de solidão evocada pelo silêncio no cenário nos transportaram para o passado de Altair enquanto ele mostrava onde costumava dormir e relatava com detalhes acontecimentos traumáticos, como a morte de um amigo devido a uma overdose e seus comas causados pela quantia excessiva de drogas.

“Uma vez comprei três pingas e um litro de álcool de posto (combustível). Tomei duas garrafas, dei a terceira para os outros e bebi sozinho o álcool. Caí duro no chão. Fiquei desmaiado por várias horas enquanto tentavam me reanimar. Eu queria me matar naquele dia”, descreveu, apontando para o espaço onde ficou caído. As memórias ruins foram esquecidas em seguida. Altair, pastor Elias e eu aproveitamos o momento e oramos abraçados. Na prece, o pastor pediu em favor dos muitos moradores de rua que ainda não têm esperança. Já na praça, a poucos metros dali, Altair reconstituía o encontro com Alexandro quando apareceu de bicicleta um amigo daquela época conhecido como Cará. O reencontro foi uma surpresa para ambos. Cará estava impressionado com a nova aparência de Altair, que teve a memória ainda mais acesa com a presença do amigo. Em 30 minutos de conversa, cuja plateia era formada por mim e pelo Pr. Elias, Cará contou como é a vida

na rua, das desavenças, da proteção de Deus e da luta consciente contra o vício. “Cheguei a gastar R$ 10 mil por mês comprando crack”, lamentou ele, que afirmou estar longe das drogas há dois meses. O comportamento na conversa, porém, mostrava que o homem não estava sendo sincero. Altair aproveitou a oportunidade como se fosse a única (e talvez era) para testemunhar. Falou de sua conversão e de como está feliz. “A minha vida está muito gostosa agora, Cará. Vem conhecer Jesus também”, pediu. “Tenho até dente agora!”, brincou ao mostrar o sorriso que não existia quando morava na rua. Apoiado pelo pastor Elias, Altair investiu todo o tempo que pôde dentro daqueles minutos para convencer o amigo a ir à igreja. A experiência de Altair comove e motiva qualquer um a pregar o evangelho, seja com gestos, atitudes ou palavras. Que este relato anime a igreja ainda mais nos projetos evangelísticos, principalmente na entrega do livro missionário, que foi decisivo na história de Altair.


Revista

Altair visitou pela primeira vez o local onde viveu a pior fase de sua vida e relembrou o triste passado.

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artigo

Um besouro chamado A Grande Esperança

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Revista

A Igreja Adventista na América do Sul sonha em distribuir um livro A Grande Esperança em cada lar de seu território. A publicação reúne onze capítulos do livro O Grande Conflito, de Ellen G. White. Por que o Grande Conflito? Em uma época na qual as pessoas dispõem de tantas mídias, distribuir algo escrito há cem anos faz sentido? E mais: na contemporaneidade, o relativismo está bem disseminado. As pessoas acreditam que há muitas verdades. Cada indivíduo tem de respeitar o espaço do outro, o que implica em não criticar as escolhas religiosas diferentes da dele. Ora, O Grande Conflito é justamente o tipo de escrito polêmico, dado o teor de denúncia contra os ensinamentos contrários à Palavra de Deus, especialmente do catolicismo e do espiritismo. Um livro assim poderia ser aceito hoje? Permita-me voltar no tempo. Por volta de 1995, um rapaz de 15 anos recebeu uma antiga edição do livro O Grande Conflito. A linguagem culta era um desafio para qualquer adolescente. Além disso, a cada início de leitura, o jovem sempre encontrava motivos para interrompê-la. Após duas tentativas frustradas, o garoto resolveu-se: leria o livro o mais rápido que pudesse. Com um dicionário na mão, ele termi-

nou todo o livro em três dias, nos quais sua concentração era total. Ao sair, levava o livro. No ônibus, lia-o. Três dias totalmente dedicados à leitura.

Eu era aquele rapaz. O que O Grande Conflito fez por mim é quase indescritível. Ele abriu meus olhos para um conflito que eu apenas começara a ouvir dos adventistas que conhecia. Experimentei muitas emoções diferentes e senti vontade de me dedicar imensamente àquela mensagem. Isso foi há dezesseis anos. O tempo é irrelevante. Em qualquer contexto no qual seja lido, por qualquer pessoa ao redor do mundo, o efeito de O Grande Conflito permanece o mesmo. Ele leva a mente do leitor à compreensão de verdades indispensáveis da Palavra de Deus. O Espírito Santo quer atrair pessoas dispostas para as páginas escritas por Ellen G. White. As verdades que o volume contém, embora pareçam estranhas à mentalidade pós-moderna, são (por

isso mesmo) mais necessárias. É comum recorrermos ao besouro como metáfora das coisas impossíveis. Dizem que esse inseto desafia as leis da aerodinâmica pelo formato de seu corpo. Dessa forma, seria impossível para o besouro voar. No entanto, como sabemos, o besouro, que nunca conversou com nenhum engenheiro de aviação, voa, desafiando os estudiosos. Não sou especialista em insetos, mas, tomando a analogia do besouro, afirmo que A Grande Esperança é o livro que alçará voo. Sua linguagem não reflete o espírito do século 21, mas as profundas necessidades do ser humano do mundo contemporâneo. Ele não usa conceitos palatáveis ou tenciona agradar. Sua linguagem é forte, pesada e suas acusações contra o pecado, claras e inconfundíveis. O que esse livro fez por mim, quando eu nem pertencia à Igreja Adventista, fará por todos os que o lerem. Basta colocá-lo nas mãos das pessoas. O resto é com Deus, Seu autor. Pr. Douglas Reis


Notícias

Espiritualidade marcou retiros de verão Envolvimento com a missão e batismos foram os destaques Porto União, no acampamento de dois distritos. Após uma encenação, um jovem demonstrou publocamente a entrega a Cristo. “A parte espiritual foi muito boa. Sendo reavivamento e reforma o foco das programações”, conta o pastor Willye Barbosa. Julian Nascimento de Oliveira, de 21 anos, também se batizou. A jovem começou um estudo bíblico após assistir ao programa do Impacto Joinville, com o pastor Luis Gonçalves. Ao encontrar uma bela cachoeira no acampamento do distrito de Bom Retiro, ela decidiu que ali

seria o cenário para seu batismo. “Nosso amado Deus já havia preparado tudo só estava me esperando para eu conhecer aquele belo lugar”, exclamou a jovem, que foi batizada pelo pastor Paulo Rogério da Silva no último dia do retiro. Para o líder jovem da ANC, Pr. Lelis Silva, que passou por diversos acampamentos, a animação dos jovens adventistas empolga. “Pude sentir da juventude um clima de muita disposição”, contou ele, que espera usar essa vontade para os projetos de 2012. “Estão com o ‘motor ligado’, agora é só acelerar!” FOTO: GERALDO JÚNIOR

Julian decidiu se batizar em uma cachoeira.

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Enquanto boa parte do Brasil parou durante a festa mais popular do país para aproveitar todos os prazeres que o mundo oferece, os adventistas do Sétimo Dia também pararam, mas com o intuito de se retirar da bagunça e se aproximar de Deus em locais tranquilos. No território da Associação Norte Catarinense (ANC), cerca de três mil pessoas se reuniram em 19 retiros espirituais durante o Carnaval, de 17 a 21 de fevereiro. As atividades mais comuns nos acampamentos foram o fogo do conselho, gincana, lançamento de projetos, momentos de adoração e muito lazer. Todos os locais receberam a visita dos departamentais e administradores da ANC. O destaque dos eventos foram alguns batismos. Um deles aconteceu no Parque Aquático Gralha Azul, no município de Barra Velha, onde se reuniram 198 pessoas do distrito de São Francisco do Sul. Para o pastor Vanderlei Moraes, distrital, chamou a atenção o ambiente espiritual que prevaleceu em todo o grupo, motivado pelas mensagens dos pastores Luiz Damasceno, Josiel Unglaub e Armando Setembrino. Outro batismo ocorreu em

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Pastor Wandyr e a esposa, Olinda, participaram pela 3ª vez

Associação dos jubilados da ANC é criada no Catre Local recebeu o 14º encontro de aposentados da USB

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Cerca de 150 obreiros aposentados, entre pastores, secretários, colportores e professores, se reuniram no Catre (Centro Adventista de Treinamento e Recreação) em Governador Celso Ramos, litoral de Santa Catarina. O encontro, realizado de 26 de fevereiro a 1º de março, foi promovido pela União Sul-Brasileira da Igreja Adventista e participam do evento os aposentados que residem atualmente no território da USB. O evento foi oportuno para a votação da divisão da Ajasc (Associação

dos Jubilados Adventistas de Santa Catarina). Há agora o grupo que reside no território da Associação Norte Catarinense, formado por 20 aposentados. O novo conjunto já tem sua equipe administrativa: Presidente - Wandyr Mendes de Oliveira; Secretária - Olinda de Oliveira; Tesoureira - Belkiss Reis; Capelão - Eloy Simões de Miranda. Foi 3º encontro do qual participam o pastor Wandyr Mendes de Oliveira e a esposa, Olinda, com quem é casado há 47 anos. “É muito oportuno. Geralmente o aposentado se sente afastado das

atividades da igreja e este encontro traz motivação, além de poder rever os amigos”, declarou pastor Wandyr, que, aos 74 anos, trabalhou na obra por 40 e foi presidente de vários campos e uniões. A respeito do grupo de jubilados da ANC, o presidente pretende intensificar a participação dos aposentados nas igrejas locais, em programas sociais e também realizar passeios e outros encontros. “Os aposentados devem ser visitados, nós devemos orar com eles e mostrar que ainda são importantes para a igreja”, afirmou o pastor Wandyr.


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Primeiro Concílio da ANC motivou pastores para o trabalho Reunião teve a presença de líderes da USB e da DSA

Pastores da ANC estiveram reunidos em Jaraguá do Sul.

próximos anos foi apresentada pelo seu presidente, pastor Marlinton Lopes, que destacou os números positivos dos projetos da USB em 2011. Mas o dado mais celebrado pelo pastor foi a marca de 16.344 batismos no Sul do Brasil naquele ano. Sobre a ANC, pastor Marlinton é otimista. “Esta parte do Estado já estava indo bem. Na obra, dividir significa multiplicar. Tenho certeza que a ANC irá surpreender e a região dará um salto, pois tanto as igrejas quanto os pastores serão melhor atendidos”, comentou. “É surpreendente o potencial tremendo que este campo tem. Nós vemos pelas tragédias climáticas como a população se reesta-

belece rapidamente. Esperamos que essa garra se reflita nos projetos da Igreja”, afirmou. A respeito do quadro de pastores deste ano, o presidente se anima: “os relatórios surpreendem. Parece que eles já estavam trabalhando há meses. Os pastores demonstram a vontade de melhorar cada vez mais. Nós vemos que o reavivamento e a reforma está começando primeiro por eles”. O concílio terminou com uma cerimônia de Lava-pés e Santa Ceia. Muitos pastores se manifestaram em agradecimento à organização do concílio, expressando o sentimento de união e amizade que se estabeleceu no grupo. Revista

“Proclamando a Grande Esperança” foi o título do primeiro Concílio da Associação Norte Catarinense (ANC). O evento reuniu 48 pastores, incluindo os departamentais, de 6 a 9 de fevereiro no Resort Ribeirão Grande, em Jaraguá do Sul. Os líderes da União Sul-Brasileira (USB) e o vice-presidente da Igreja Adventista na América do Sul, Bruno Raso, estiveram no local. “Esse grupo tem ânimo e muito foco para concluir a missão. Somos gratos a Deus por esse time. Nós oramos para que seja o melhor ano da Igreja e também da ANC”, disse o representante da Divisão Sul Americana (DSA), que pregou ao grupo. O planejamento da União para os

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ANC treina 2.700 líderes Capacitação foi realizada em quatro cidades

Líderes oram pelo livro missionário de 2012

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O primeiro Treinamento Integrado da Associação Norte Catarinense (ANC) ocorreu em três finais de semana de fevereiro. Os encontros foram realizados em Blumenau, no dia 4, Chapecó, dia 11, Caçador, 12, e Joinville nos dias 25 e 26. Cerca de 2.700 pessoas participaram do evento em que foi lançado para o campo o livro missionário do ano, A Grande Esperança. A agenda

de atividades foi apresentada pelo pastor Apolo Abrasio, secretário da ANC, e entregue a cada líder. Em todos os encontros o pastor Ezequias Guimarães, presidente, pregou ao membros sobre a necessidade do envolvimento de cada adventista da ANC no trabalho da igreja. “Senti animação e muita vontade do povo em todas as regiões”, relatou ele.


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Colportagem na ANC é destaque nacional Melhor equipe e melhor colportor venderam em Santa Catarina Mais de 120 colportores conseguiram ir para o colégio e mais de 70 tiraram sua bolsa

res conseguiram ir para colégio e mais de 70 tiraram sua bolsa. “Graças a Deus foi uma férias de grande bênçãos”, afirmou o departamental. Os destaques das campanhas do território da ANC foram Alan Dalton Gentil, o melhor colportor de casa em casa do Brasil; Marlon Alves, o segundo melhor líder de campanha; e a Equipe Orion (foto), como melhor equipe de colportores do Brasil Premiação Geral. O desempenho foi reconhecido na Festa da Vitória, uma programação que reuniu colportores de todo o Brasil no dia 12 de março, no Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo) Campus 2. O evento foi organizado para

promover a colportagem e premiar os melhores em cada área. “A festa teve grandes momentos, mas o ápice foram batismos. Seis pessoas foram batizadas, sendo duas da ANC”, conta o pastor Dyotagnan. Os conversos são Albertina e William, moradores de Rio dos Cedros. Eles foram visitados pelo colportor Tiago Moreira da Silva, da equipe Orion. Estiveram no encontro o departamental de Colportagem da Conferencia Geral, pastor Howard Faigao, o presidente da Divisão Sul Americana (DSA), pastor Erton Köhler, o vice presidente da DSA, Almir Marroni, e os presidentes e tesoureiros de todas as uniões do Brasil. Revista

O território da Associação Norte Catarinense (ANC) recebeu 150 colportores no último verão, 70 na região de Jaraguá do Sul e 80 em Chapecó. De acordo com o pastor Dyotagnan Maia, departamental de Publicações da ANC, as equipes distribuíram oito mil livros missionários, 35 jovens doaram sangue, conseguiram 170 interessados em estudar a Bíblia e levaram cinco pessoas ao batismo. Nas vendas, os números também foram expressivos: R$ 1,5 milhão no total. “A venda real que irá ser computada para a ANC é de R$ 1 milhão, pois ainda estamos dividindo tudo com a Associação Catarinense”, explicou o pastor Dyotagnan. Com o lucro, mais de 120 colporto-

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Convenção Jovem reúne mais de 500 líderes Evento foi realizado na zona rural da cidade de Mafra

A primeira Convenção Jovem da Associação Norte Catarinense reuniu cerca de 500 líderes do Ministério Jovem, Desbravadores, Aventureiros e Música. O evento foi realizado nos dias 2 a 4 de março no Acampamento Moriah, em Mafra, no Planalto Norte de Santa Catarina. As palestras foram ministradas por pastores, regionais, distritais, secretárias, convidados de outros estados, o líder Jovem da ANC, pastor Lélis Silva, e o líder Jovem para a Igreja Adventista em todo o Sul do Brasil, pastor Elmar Borges.

Um dos momentos mais marcantes da programação foi no sábado à noite, quando Abraão (interpretado por um desbravador) apareceu no palco e ouviu a voz de Deus pedindo que sacrificasse seu filho Isaque. O patriarca obedeceu à ordem e saiu do auditório levando junto a plateia. A encenação continuou num grande gramado, em que se encontrava uma fogueira e uma cruz iluminada. O cenário representou o Monte Moriah, onde, segundo a Bíblia, Abraão não precisou matar Isaque, pois Deus enviou um cordeiro.

A mensagem seguiu com o sermão do pastor Lélis, que abordou a questão de Deus estar em primeiro lugar na vida de seus filhos. No momento do apelo, todos “subiram” para perto da fogueira e ficaram junto à cruz. “A convenção foi maior do que imaginei – em todos os aspectos. Porém, duas coisas me surpreenderam mais: a explosão de entusiasmo dos participantes e a atuação perceptível do Espírito Santo durante todo evento. Estou feliz por participar dessa juventude”, declarou o líder Jovem da ANC.

Desbravadores conhecem brasão da ANC

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Distintivo é usado no uniforme do clube e identifica o campo Os líderes de Desbravadores que estiveram na Convenção Jovem da Associação Norte Catarinense conheceram em primeira mão o novo brasão do campo. O distintivo que será usado nos uniformes dos clubes da ANC foi apresentado no encerramento do evento e aprovado pela maioria. “O brasão tem o mar, que faz refe-

rência ao nosso Litoral; as plantações, que lembram o Oeste; a cidade sede da ANC, Joinville, foi representada pelo moinho; e uma bússola apontando o Norte faz menção ao campo da Norte Catarinense e significa também que nós temos um ‘norte’, nosso rumo é o céu”, explicou o pastor Lélis Silva, líder Jovem.


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Educação Adventista com o foco na Missão em 2012 Professores se preocupam também com a salvação dos alunos Este ano começou muito bem para o objetivo Educação Adventista da Associação Norte Catarinense (ANC). Todos os professores estiveram no Catre (Centro Adventista de Treinamento e Recreação), em Governardor Celso Ramos, para um treinamento profissional e espiritual entre os dias 29 de janeiro e 1º de fevereiro. “Os participantes puderam rever conceitos e estabelecer novas estratégias e

metas para 2012. E, como grupo, unir-se ao objetivo supremo da excelência educacional”, disse Ireny Ricken, diretora de Educação da ANC. A principal meta dos educadores é pregação do evangelho. “Não podemos preparar alunos apenas para serem bons cidadãos, mas precisamos apresentar o plano da salvação para cada um”, afirmou professora Ireny. Para fixar esse foco, um estudante

do Ensino Médio do Colégio de São Francisco do Sul, foi batizado no Catre. Segundo a diretora, fruto da dedicação de professores e seu pastor, Douglas Reis. “Assim, os educadores são conclamados a participar dos programas de devoção pessoal, reavivamento e reforma para juntos trazerem mais alunos e famílias aos pés do Salvador”, enfatizou Ireny.

Aluna da Educação Adventista se batiza em São Francisco do Sul Beatriz demonstrou sua decisão em público após estudo bíblico com professor nal, encontraria mestres comprometidos com o Senhor e Sua Palavra. Para o capelão do Casfs, pastor Douglas Reis, o testemunho do pai de Beatriz mostra o diferencial da Edu-

cação Adventista. “Sem dúvida, esse é o segredo de o Casfs ter feito a verdadeira diferença na vida de tantos alunos ao longo de seus 77 anos de existência”, comentou. Beatriz foi batizada pelo pastor Vanderlei Moraes

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O Sábado da Educação mostrou o resultado poderoso do compromisso dos educadores com a mensagem de salvação. Em uma emocionante programação realizada no dia 17 de março pelo Colégio Adventista de São Francisco do Sul (Casfs) na igreja central da cidade, a aluna Beatriz Dale da Silveira foi batizada. A estudante do 2º ano do Ensino Médio tomou a decisão de se entregar a Cristo após uma série de estudos feitos com o professor José Antônio. A cerimônia emocionou os amigos e parentes que foram à frente cumprimentar Beatriz. O pai dela pediu a palavra e deu um testemunho espontâneo, afirmando que escolheu a Escola Adventista por saber que nela, além da competência profissio-

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Calebes da ANC distribuem mais de 6 mil livros e conseguem 750 estudos bíblicos

Projeto foi realizado por 213 voluntários em cinco cidades durante o mês de janeiro, onde 14 pessoas foram batizadas

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A Missão Calebe deixou a sua marca em 2012. Foram em média 23 dias de muita dedicação dos jovens adventistas na pregação do evangelho. O projeto deste ano esteve nas cidades de Apiúna, Irineópolis, Xanxerê, São José do Cedro e também em Las Piedras, no Uruguai, onde estudantes do Iaesc

(Instituto Adventista de Ensino de Santa Catarina) cumpriram a missão. As campanhas envolveram 213 voluntários que distribuíram 6.450 livros missionários A Grande Esperança, batizaram 14 pessoas e conseguiram 756 interessados estudando a Bíblia. “Visitando as equipes de Calebes

nos seus locais de trabalho, pude perceber que o projeto foi arrebatador! Os jovens que participaram dele voltaram diferentes, ou seja, com a visão ampliada do que é Missão! Para 2013 esperamos um efeito viral da Missão Calebe na ANC”, animou-se o pastor Lélis Silva, líder Jovem.


Uma cidade impactada pelos calebes A Grande Esperança também foram entregues aos moradores. “Foi um trabalho muito bem realizado pelos calebes”, afirmou o pastor João Nicolau, que fez os batismos. “Vi jovens ‘loucos’ por dar estudo bíblico. Vamos colher muitos frutos ainda”. Um mês após a saída dos calebes, mais três pessoas se entregaram a Cristo. Agora são 56 os adventistas do Sétimo Dia em Apiúna. Outros 45

já haviam descido às águas em novembro e dezembro de 2011, graças ao trabalho desenvolvido pelo pastor Armando Setembrino na tenda. Segundo ele, mais 15 pessoas devem ser batizar no mês de abril. “Esta cidade foi extremamente abalada pela Missão Calebe”, comentou o pastor João Nicolau, responsável pelo distrito de Indaial. “Os calebes mudaram a história daquele lugar”.

Pastor João Nicolau vibra com o batismo de mais uma pessoa

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Em Apiúna, 11 pessoas foram batizadas por influência dos 85 jovens adventistas que estiveram na cidade. Oito demonstraram publicamente a entrega no encerramento do projeto, dia 28 de janeiro. Entre elas um calebe, que permanece no município como missionário, ajudando ministrar estudos bíblicos para os 162 interessados conseguidos pelo trabalho voluntário. Cerca de 2.200

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Calebes que estiveram em Irineópolis visitaram hospital da cidade

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O carinho deixou saudade em Irineópolis

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Rapazes e moças de Jaraguá do Sul, Guaramirim, Canoinhas, Santa Cruz do Timbó, União da Vitória, Porto União e Calmon abriram mão de suas férias para desenvolver projetos sociais e conseguir cerca de 300 interessados em estudar a Bíblia em Irineópolis. O município recebeu os 30 calebes durante 13 dias. Os jovens realizaram passeatas em que cigarros foram trocados por maçãs, pintura de meio-fio das ruas, entrega de folhetos e visitas às autoridades, ao Crea, ao asilo e ao hospital, lugares onde os voluntários cantaram para o conforto das pessoas. Uma das atividades que mais impactaram o município e deixou os moradores admirados foi o Dia do Abraço. “As pessoas se emocionavam. Chegamos em uma casa onde a família

estava em luto e nós pudemos confortar as pessoas”, contou o pastor Wyllie Barbosa, líder do grupo. “O carinho foi tanto que, quando já sabiam, os moradores já esperavam a gente na rua para receberem os abraços”, relatou. A Missão Calebe conseguiu distribuir

em Irineópolis 1.100 livros missionários e realizou o batismo de uma jovem. “Os moradores lamentaram a nossa saída e queriam muito saber quando o projeto voltaria”, disse pastor Wyllie. A expectativa é que uma nova congregação deve ser formada no município.


São José do Cedro é uma cidade localizada no estremo Oeste de Santa Catarina, na divisa com a Argentina. Lá, 35 jovens adventistas impactaram os 13,5 mil habitantes. Prova disso foi o espaço que os voluntários conseguiram em duas rádios do município na TV RIC, afiliada à Rede Record em Chapecó. A emissora dedicou três minutos

de um telejornal para falar sobre a Missão Calebe. A reportagem mostrou o impacto em São José do Cedro e destacou algumas ações, como as serenatas, as palestras para os fumantes deixarem o cigarro e a amizade desenvolvida com a população. Os calebes foram embora da cidade e deixaram como herança mil livros A Grande Esperança, um batismo e 22 pessoas estudando a Bíblia. Ari Coronetti é o primeiro adventista do município e cedeu uma sala

de sua empresa para as reuniões do grupo e deu todo o suporte necessário para os calebes durante os 20 dias. Para ele, os jovens estão fazendo falta. “Sentimos muita saudade desses meninos que semearam por horas e horas em um sol ardente, mas com intuito de evangelizar a todos”, declarou. “São verdadeiros missionários, que mostram suas capacidades em um futuro brilhante no evangelismo”, afirmou ele, que espera em breve ver uma igreja construída na cidade.

: Ivete, líder da Missão Calebe em São José do Cedro, concende entrevista à TV RIC Record

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Trabalho chama a atenção da imprensa

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Estudantes desembarcaram no Aeroporto Afonso Pena, em Curitiba

Surpreendendo além das fronteiras

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Os estudantes do Iaesc se engajaram na Missão Calebe. Mas eles não saíram apenas do internato, da cidade ou do estado. Os voluntários atravessaram a fronteira do Brasil e chegaram ao Uruguai, um dos países onde a pregação do evangelho é mais difícil. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, do Uruguai, 14% da população é ateia ou agnóstica. Para se ter uma ideia, no Brasil, 7% não acredita em Deus. Realizar a Missão Calebe em um local tão secularizado parecia ser perda de tempo para muitos. Mas não para calebes. Os 34 jovens aceitaram o desafio, abraçaram o projeto e surpreenderam com os números alcançados em Las Piedras, na região Metropolitana de Montevidéu, capital do país. Os jovens saíam todas as tardes para convidar os moradores a as-

sistirem às palestras sobre saúde. Porém, quando sabiam que as mensagens seriam passadas em uma igreja adventista, os uruguaios ficam um pouco arredios. “Eles são muito simpáticos, mas apresentaram uma rejeição a tudo o que esteja relacionado à religião”, contou Gabriela Rocumback, uma das voluntárias. A desconfiança, no entanto, foi superada pela simpatia dos jovens, que conseguiram 105 pessoas interessadas em estudar a Bíblia. O número é considerado uma marca histórica para o lugar. Para o pastor Isaac Malheiros, que liderou os estudantes, o feito é “um milagre”. “Os relatos indicavam que o Uruguai é lugar para evangelistas profissionais, não para adolescentes. Muitos missionários e obreiros experientes vieram para cá e conseguiram pouco ou nenhum resultado. Isso tinha tudo para dar errado, mas os alunos do Iaesc se dedicaram no ano de 2011 nas atividades evangelísticas,

nas aulas e treinamentos. Eu creio no potencial de evangelização dos adolescentes”, afirmou. O sucesso da Missão Calebe no Uruguai tem um segredo: a espontaneidade dos jovens. “Aquela imagem romântica de jovens vestidos como velhos, mimetizando os evangelistas experientes, pregando como se fossem adultos, não reflete a realidade. Eles são jovens que pregam como jovens, e isso nem sempre agrada a todos, mas funciona”, explicou o pastor Isaac. “O que conseguimos fazer com um grupo de adolescentes no país mais secularizado da América do Sul já serve para mostrar uma coisa: é possível evangelizar esse lugar! É preciso apenas inovar nos métodos de abordagens, pois, de fato, existem muitos ateus ‘doutrinados’ aqui”, enfatizou o líder, que planeja a continuidade do projeto com a igreja local e com o IAU (Istituto Adventista del Uruguay), onde os estudantes ficaram hospedados.


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