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A IMPRENSA ALTERNATIVA NOS ANOS 70 E 90 Uma Análise sobre os Seminários o Movimento e Bundas TAVEIRA, Caroline Gonçalves1.

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo comparar o que foi a imprensa alternativa nos anos 70 com as dos anos 90, tomando como objeto de análise o jornal O Movimento e o semanário Bundas, ambos de períodos históricos opostos. Tomarei como base de análise os textos que tratem de jornalismo econômico nos dois veículos, com o intuito de contrapor a linguagem de ambos. Para comparar a imprensa alternativa dos anos 70 e 90 será utilizada a Análise de Enquadramento, para conseguir perceber o que Bundas julgava ser mais interessante para ser divulgado, assim como Movimento, no que se refere aos problemas econômicos do período, e consequentemente o que motivava o semanário a ser a favor ou contra determinados assuntos. Para entendermos esse método de analise ENTMAN (1993 p.52) nos diz que “Enquadrar é selecionar alguns aspectos de uma realidade percebida e faze-los mais salientes em um texto comunicativo, de maneira a promover uma definição particular do problema, interpretações causais, avaliações morais e/ou recomendações de tratamento para o item descrito.” Para entender o posicionamento dos semanários, então, iremos procurar compreender que tipo de enquadramento era utilizado para elaboração das matérias e quais eram suas motivações, para que possamos compreender como foi empregada a linguagem nos dois veículos. Apesar dos impressos Bundas e Movimento terem circulado em períodos da história distintos, nota-se um claro posicionamento de denuncia contra o sistema político vigente nos dois veículos impressos de informação, além do fato de buscarem fazer uma crítica ao período econômico da época com uma linguagem bastante acessível aos leitores. Ambos procuram através dos textos que tratem de economia criticarem o governo vigente, usando um texto bastante acessível ao entendimento do leitor, sem tecnicismos e uso de jargões. Atualmente dificilmente se encontram textos no jornalismo econômico que tratem de economia de maneira clara e nos veículos alternativos impressos, podemos encontrar textos econômicos redigidos com a clareza necessária ao entendimento do leitor. Esse artigo é parte da pesquisa realizada no mestrado em Comunicação Midiática, por isso tomarei como análise apenas algumas matérias que tratem de economia nos semanários Bundas e Movimento, e através dela será feito o enquadramento dos assuntos que se referem à crise econômica no período de circulação dos dois semanários. Ou seja, buscaremos através da analise de Enquadramento comparar os assuntos que tratem de economia e tentar perceber as semelhanças nas abordagens referentes a crise. Antes de iniciarmos a análise, serão contextualizados o período histórico dos semanários e suas motivações, nos tópicos seguintes trataremos de analisar o quadro econômico do período e por fim serão analisadas as matérias que tratem de crise econômica. Através desse estudo ficara claro o posicionamento dos dois veículos impressos assim como suas possíveis semelhanças.

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Formada em História Licenciatura Plena pela UNESP/FCL-Assis, Pós Graduada em Tecnologias e Educação a Distância e Mestranda em Comunicação Midiática pela UNESP/FAAC-Bauru. E-mail: carol.taveira@yahoo.com.br


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Palavras-Chave: Imprensa Alternativa, Jornalismo Econômico, Bundas, Movimento.

A imprensa alternativa Após o golpe militar de 1964 no Brasil, surgiram grupos de oposição ao autoritarismo vigente como movimentos estudantis, passeatas, oposição e muita rebeldia, e é nesse quadro, então, que surge a chamada imprensa alternativa. Nos tempos da ditadura militar, buscando dar um novo viés à política brasileira, surgiram grupos de oposição ao regime militar dos quais faziam parte artistas, músicos, jornalistas, que tinham como intuito expressar suas aspirações e sua indignação em relação à política autoritária exercida pelos governos militares. Kucinski (2003) destaca que foi por meio da mídia que muitos desses anseios foram expressos, surgindo então a imprensa alternativa que, por sua vez, se iniciou no Brasil com a finalidade de contestar e desmascarar um sistema que se dizia democrático quando, na verdade, não passava de um regime autoritário. Entre os anos de 1964 a 1980, surgiram assim como desapareceram diversos tipos de periódicos alternativos, que tinham como intuito desmascarar o regime militar. Kucinski (2003) afirma que: (...) Nos períodos de maior depressão das esquerdas e dos intelectuais, cada jornal funcionava como ponto de encontro espiritual, como pólo virtual de agregação e desagregação no ambiente hostil da ditadura. Pode-se traçar assim, uma demarcação entre imprensa convencional e imprensa alternativa no Brasil pelo seus papéis opostos como agregadores e desagregadores da sociedade civil, em especial, dos intelectuais, jornalistas e ativistas políticos. Conforme um raciocínio original de Elizabeth Fox, a imprensa alternativa pode até mesmo ser definida como uma forma de enfrentar a solidão, a atomização e o isolamento em ambiente autoritário (KUCINSKI, 2003, p. 22).

Os jornais alternativos ganharam força no regime militar, mas não nasceram a partir deste momento. A história da imprensa no Brasil remonta desde o período Regencial no qual houve o destaque da palavra pública na sociedade com rebeliões protestos e consequentemente o destaque dos periódicos. A Nação começa a tomar forma e os periódicos da época acompanham este processo de formação do Estado Nacional. O índice de analfabetismo era elevadíssimo, contribuindo para o surgimento dos pasquins. Segundo Sodré (1999), a linguagem usada nos pasquins era a única acessível a toda população, ou seja, a linguagem da injúria com muitas figuras e charges, de fácil compreensão, sem pretensões comerciais, ou seja, um meio de ação para fazer críticas a política e acontecimentos do período.


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Os pasquins, de alguma forma podem ser considerados os ancestrais dos alternativos dos anos 70. Kucinski (2003) caracteriza a imprensa alternativa como a sucessora deste tipo de periódico e da imprensa panfletária e anarquista. Sustenta que a partir dos pasquins do período regencial nasceu um espaço para denúncias e dar publicidade ao descontentamento da população via mídia impressa. Nos anos 70 os jornais alternativos ganham força e forma. Emergiam com a missão de contestar o regime em meio à censura procurando fazer com que as pessoas enxergassem de maneira diferenciada o que se passava no Brasil. Era a forma de desmascarar os militares que estavam à frente de todos os assuntos que regiam a sociedade e a política, e tentar mostrar a população que eles estavam vivendo sob um regime de censura e torturas. Kucinski (2003, p.16) caracteriza a imprensa alternativa dos anos 70 a 80 como sendo nanica conceituando a partir de quatro significados:

[...] o de algo que não está ligado a políticas dominantes; o de uma opção entre duas coisas reciprocamente excludentes; o de única saída para a situação difícil e, finalmente, o do desejo das gerações dos anos 60 e 70 de protagonizar as transformações sociais que pregavam.

Essa imprensa de oposição que surgiu na ditadura militar recebeu várias denominações como: nanica, independente e por fim alternativa. Caparelli (1986) trabalhou com essa questão do conceito, e julgou o termo alternativa como o mais apropriado, pois expressa uma relação de complemento de interesses entre dois polos da ação comunicativa, emissor e receptor, enquanto produtor e consumidor. Do ponto de vista do produtor (jornalista): (...) não contente com a imprensa tradicional se propõe elaborar ele mesmo seu produto. E do ponto de vista do consumidor (leitor): (...) que no mercado capitalista das ideias, tem opção a uma maior diversidade de conteúdos, fugindo ao monopólio dos grandes grupos que reforçam o status quo (Caparelli, 1986, p.45). A respeito da questão da falta de liberdade de expressão e censura nos anos 70, temos o trabalho de Kushinir (2004), que trata das publicações e falas que eram limitadas pelos militares, estes considerados verdadeiros cães de guarda censurando toda e qualquer manifestação contrária ao status quo em vigor. Diante de toda essa falta de liberdade da palavra, os jornalistas impulsionados pelo sentimento de liberdade criam os jornais e revistas alternativos com o intuito de provocar a mudança na política da época. Devido a opressão e falta da liberdade na hora de se transmitir a notícia as charges e o humor passam a ganhar espaço nos veículos de informação impresso alternativo. Souza


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(1986, p.15) diz que “... ao explodir no jornal, a charge, ao mesmo tempo em que “alivia” o intérprete do peso das noticias pelo riso que produz, leva-o a uma conscientização críticoreflexivo.” O uso da charge para Souza (p.10) seria uma resposta do agredido ao agressor, é desautorizar o poder através da charge e da crítica. Na busca por se transmitir a informação em período de intensa censura uma das formas encontradas para se passar a notícia era através desses mecanismos. O semanário O Pasquim usou bastante desse recurso para se transmitir a informação já o Movimento, objeto de analise do presente artigo, traz a informação sem fazer muito o uso de charges de humor, mas sem deixar de levar o conteúdo proposto de maneira clara e atrativa.

O movimento 1975 a 1981 O semanário Movimento circulou entre 1975 e 1981, período este que prevalecia a censura e repressão à imprensa, são os chamados “anos de chumbo” da História brasileira. Para explicar o que foram esses anos e o que ele representava para a sociedade, o jornalista Themistocles de Castro e Silva do jornal O Povo comenta o “Manifesto dos Terroristas”, tendo como redator o jornalista Franklin Martins, que retrata bem a situação vivida na época: Ao povo brasileiro. Grupos revolucionários detiveram hoje, o senhor Burle Elbrick, Embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum ponto do país, onde o mantém preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a efeito: assaltos à bancos, onde se arrecadam fundos para a revolução; tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; tomada de quartéis e delegacias, onde se consegue armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários para devolve-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade o rapto do embaixador é apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este ano ainda iniciará sua etapa na guerrilha rural. Disponível em: http://www.rberga.kit.net/hp64/hp64_5/opovo_1.html

O semanário Movimento é um dos mais notáveis exemplos quando se trata da luta contra a ditadura militar dos anos 1964-1984, e se destaca por sua ousadia e perseverança em meio a um período politico repressivo. O período que o semanário circulou, sob o comando do presidente general Ernesto Geisel e do general Golbery do Couto e Silva, foi marcado pela operação tática do governo contra imprensa através da “distensão lenta, gradual e segura” dos veículos impressos de informação. O governo retirou alguns censores do jornal O Estadão, por exemplo, que sofria com


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censura previa, mas manteve a censura a outros periódicos, principalmente aqueles mais combativos. Dessa forma a ditadura se mascarava para se fortalecer.

O semanário não circulava com grandes investimentos, marca esta dos impressos alternativos, mas aos poucos passou a ser adquirido por centenas de jovens militantes e opositores da ditadura. Em 7 de julho de 1975, o jornal chega as bancas, com uma imagem não muita atrativa:

A capa não convidava o leitor, dava a impressão de que nem fora paginada, toda negra. Logo abaixo do logotipo com o nome do jornal, vazado em branco, lia-se “Ano 1 nº 1 Cr$ 5,00”. Mais nada, nem data trazia. Na metade superior, sobre o fundo negro, uma foto obscura, um homem em pé, o rosto não aparecia, parado entre os trilhos de uma estrada de ferro. Havia papéis rasgados, pedaços de pau e objetos espalhados ao redor; um relógio de parede, amassado, jazia junto a um dormente, com os ponteiros paralisados às 4 horas e 55 minutos. Disponível em: http://www.revistasina.com.br/portal/movimentos-sociais

Nesse período uma inflação expressiva atingiu nossa moeda, o pais se afundava na crise com uma intensa elevação dos juros. A população sofria com os reflexos dessa crise. O Jornal buscava insistentemente provar que a politica vigente estava corroendo a economia do Brasil, mas sofriam constantemente com a censura de suas matérias. Para conquistar os leitores e acionistas antes da edição de numero um veio a “numero zero”, com 70 mil exemplares de tiragem, com objetivo de promover a transformação do Brasil. O editor chefe do semanário Raimundo Rodrigues Pereira fala um pouco das motivações de Movimento:

Para mim, a viagem começa em 1968, o ano das agitações de maio da França, da invasão da Checoslováquia, da ofensiva do Tet no Vietnã do Sul e do Ato Institucional nº 5 e do fechamento do Congresso, no Brasil. Em 1968, no jornalismo brasileiro estava se fazendo a equipe de Veja e se desfazendo a equipe da Realidade (...) O fim da primeira equipe de Realidade se devia a um desses dilemas a que sistematicamente chega uma equipe que cria um jornal para uma empresa e que, com o passar do tempo, e com o sucesso da publicação, começa a acreditar que a publicação é dela, não do dono. O resultado da crise foi que a equipe saiu e o dono ficou. Disponível em: < http://www.outraspalavras.net/2011/09/20/jornalistas-rebeldes-eirreverentes/>

Foi a partir da experiência da revista Realidade que surgem outros impressos de oposição ao regime como: Bondinho e Grilo. É partir dessas motivações que nasceu O Movimento.


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Através da disseminação das ideias do semanário Movimento, o impresso foi capaz de contribuir com a queda da censura e continuou a existir mesmo alguns anos depois, mas perdeu o impulso alguns anos adiante e foi fechado.

Bundas 1999 a 2001.

Bundas foi um meio de comunicação de tiragem semanal, em formato tabloide, criado por Ziraldo Alves Pinto, jornalista responsável pelo periódico. Circulou a partir de 1999, período do segundo mandado FHC, sendo impresso no Rio de Janeiro pela editora Pererê Ltda. O periódico se baseava numa crítica bem humorada à ostentação de personalidades e famosos que semanalmente apareciam na revista Caras, e circulou até o ano de 2001. O semanário foi feito sem grandes investimentos, e possuía um título que chamava a atenção do público leitor, causando espanto e curiosidade. Ziraldo e toda comissão editorial e de colaboradores do periódico, que trazia nomes como: Nani; Millôr; Luís Pimentel; Arthur Xexéo; Tutty Vasques; Chico Caruso; Paulo Caruso; Angel; Miguel Paiva, dentre uma série de nomes que envolviam não só o meio jornalístico como também o cultural brasileiro, tentaram mostrar que era possível o resgate dos sentimentos que impulsionaram a imprensa alternativa dos anos 70, já que os anos em que a revista circulou foram marcados por crises econômicas e um aumento significativo de desemprego. Com a intenção de recuperar algumas características do Pasquim, Ziraldo misturou o que motivou os impressos alternativos da época do regime militar, inclusive nomes que fizeram parte da imprensa alternativa daquele tempo, com uma nova geração de jornalistas, exercendo crítica nos campos da política, costumes e comportamento. A forma como o semanário foi editado merece destaque, pois foi muito bem ilustrado e escrito com linguagem acessível com o uso de termos coloquiais e humor, fato que o difere de alguns periódicos de grande circulação. Inicia-se, na maioria das vezes, com uma charge de Millôr; traz algumas seções fixas como o editorial de Luiz Fernando Veríssimo dedicado aos acontecimentos do Brasil e do mundo que, de alguma maneira, interferiram na política brasileira. Bundas também trazia entrevistas com políticos e celebridades, principalmente aquelas que estavam promovendo polêmica e que se destacavam no meio político e social brasileiro. Através de uma análise inicial do semanário foi notado que essas celebridades, seja desde o campo da política como do meio artístico, se mostravam contra o governo FHC. Não é exagero afirmar que Bundas, como um todo, realizava uma constante crítica ao governo vigente assim como usava suas páginas para mostrar escândalos e denuncias da administração


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tucana. Além de entrevistas o semanário também contava com artigos que trataram de temas variados, como saúde, música, identidade cultural e ciência. A leitura realizada dos 80 números desse semanário evidenciaram inúmeras possibilidades de abordagem do conteúdo oferecido aos seus leitores. No entanto, uma questão chamou a atenção, justamente a critica à política econômica adotada no segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Tal posicionamento procede em parte porque nesse momento, de acordo com Guimarães (2002).

(...) intensificou-se o processo de desestruturação do mercado de trabalho, quando foram destruídos cerca de 3,3 milhões de postos de trabalhos segundo os dados do Cadastrado Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho. Ainda aumentou também a precarização das relações de trabalho, com o aumento do trabalho sem carteira assinada e a informalidade. Houve a preservação dos baixos salários e, sobretudo, a ampliação das diferenças de rendimentos dos ocupados, além de se acentuar a queda dos níveis de sindicalização.

Diante dessa realidade, Bundas reviveu os sentimentos do Pasquim e também de outros impressos alternativos da época com contestações e críticas ao modelo político vigente e aos problemas sociais e econômicos enfrentados na época. Mas até que ponto podemos considerar o semanário Bundas um impresso alternativo? Sabemos que Bundas não é um veículo alternativo como nos anos 70, como muitos gostam de denomina-lo, mas também não podemos considerá-lo como um veículo de grande circulação, já que não atingia um grande público e não era editado como os outros impressos. Mas o que nos interessa destacar neste artigo é como a linguagem no semanário era empregada, mas especificamente nos textos que tratem de economia, como era feita a critica a economia dos anos 90, e como esta se assemelhava a critica executada pelo semanário o Movimento, assim poderemos notar as diferenças e semelhanças no emprego da linguagem de ambos os semanários. Para a realização desta analise, antes traçaremos um histórico e conceituaremos o que seria o Jornalismo Econômico.

A linguagem no Jornalismo Econômico Para entendermos a linguagem econômica empregada nos dois semanários, torna-se importante conceituar o que seria o jornalismo econômico não só na atualidade como nos anos repressão, período dos anos 70.


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A importância da informação econômica é que ela faz com que a população possa ter informação do mundo financeiro como: conhecer seus direitos, cuidar de suas contas e principalmente saber como que seus representes governamentais estão agindo dentro da política. Desta forma, entende-se por Jornalismo Econômico a cobertura de temas relacionados a negócios e finanças, temas esses que afetam diretamente a economia. Esta modalidade do Jornalismo se expandiu muito com publicações em revistas focadas nesta temática e aparecimento de cadernos de economias nos jornais de informação geral. Nos tempos autoritários e de repressão política, os jornais reforçaram suas editorias de economia devido às restrições ao noticiário político e social. Segundo o artigo de Lene (2010 p.3), Joelmir Beting que começou a trabalhar com Jornalismo Econômico em 1962 comenta como era esse tipo de jornalismo no período.

Enquanto a informação econômica estava decolando, estava aterrissando a informação política, que estava já sob controle. Então, esvazia a informação política e cresce a econômica. E a informação econômica acaba ganhando uma dimensão política até no vácuo da própria informação política. Aí o debate econômico virou um debate político, de opções e alternativas e críticas e, então, o debate político deslocou-se para a área econômica.

Mas apesar do destaque aos fatores econômicos na imprensa escrita este segmento também sofreu censura, já que estes assuntos poderiam atingir diretamente a política do período, colocando em discussão o sistema político da época. Com a abertura política esse quadro mudou, e fez com que publicações referentes à área econômica fossem ganhando cada vez mais espaço. A linguagem no Jornalismo econômico nem sempre é de fácil compreensão, já que muitas vezes esta vem com o intuito de mascarar certas atitudes políticas ou governamentais como, por exemplo, o desemprego que pode ser tratado de várias maneiras pelo discurso oficial como: “emprego informal” ou “população de baixa renda”. A qualidade da informação jornalística, seja ela impressa ou pela TV, precisa ser clara ao

leitor, e no jornalismo econômico dificilmente isso ocorre. Kucinski (2000) discute a prática jornalística e nos mostra que o jornalista precisa ter uma boa narrativa, para que a informação seja transmitida ao leitor de maneira objetiva.

A intencionalidade do jornalista pode ou não ser compartilhada pelos leitores. O texto é também a base de um diálogo com o leitor, e por isso o jornalista deve deixar que ele tire suas próprias conclusões. Deve ser claro


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no uso dos códigos de linguagem, em especial vernáculo (Kucinski, 2000, p.167).

Desta forma, o texto se torna acessível a qualquer tipo de leitor, fazendo com que este não precise ser nenhum especialista na área para apreender o assunto exposto. “Só assim os jornais conseguirão penetrar ampla e profundamente entre as populações” (Letria & Goulão, 1986, p. 93). Martins Filho (1998 p.15), também trata da questão da objetividade e clareza do texto jornalístico, para ele o leitor não precisa se desdobrar para compreender texto: O estilo jornalístico é um meio-termo entre a linguagem literária e a falada. Por isso evite tanto a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo. Com palavras conhecidas de todos é possível escrever de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas e alinhavadas.

Infelizmente não localizamos toda essa clareza e objetividade nos textos de economia, principalmente aqueles dos anos 70. Biondi (1974) relata que a linguagem do jornalismo econômico nesta época era uma linguagem que refletia muito mais interesses de uma pequena camada do que a grande público e da coletividade. O fato é, que do final dos anos 70 até os dias atuais não encontramos mudanças significativas nas características das matérias de economia. Para Marcondes Filho (1993, p. 105) as matérias desta editoria são produzidas apenas para darem informações aos leitores sobre investimentos ou práticas de sobrevivência no mundo econômico, não se preocupando em discutir os impactos da economia na sociedade. As notícias econômicas, como bem destaca Basile (2002 p.7) se tornaram complexas e de difícil entendimento fazendo com que se criasse no Brasil, “(...) nos últimos anos, um mito segundo o qual as notícias de economia são chatas (sem que se especifique o que é chato).” Ainda segundo Basile (2002, p.113),

Se formos chatos, burocráticos, herméticos, os leitores simplesmente passarão ao largo de nossos textos. Se ao invés disso, formos rápidos, descritivos, atentos, competentes, emotivos e apaixonados em nosso texto, as pessoas certamente se voltarão para nós e o tipo de jornalismo que praticamos.

Bundas e Movimento, impressos de caráter alternativo, se tornaram um importante objeto de analise, por trazer as informações econômicas de forma diversa daquela feita pela grande imprensa. Eles mostraram que é possível ser claro e atingir o interesse não apenas de


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uma minoria, mas da população em geral, com assuntos que efetivamente fazem parte de suas vidas.

Crise econômica e inflação nos anos 70 e 90

Antes de mostrarmos a análise feita com as matérias de Movimento e Bundas, contextuaremos a crise econômica e a inflação nos dois períodos, pois desta forma o estudo das matérias propostas ficarão mais claras. O governo que tomaremos como base neste artigo será o de Ernesto Geisel (19741979), devido as matérias selecionadas fazerem parte desse período, diante disso vamos fazer um breve resumo do que foi este governo. Geisel tinha como objetivos evitar uma estagnação do crescimento, e apesar das vantagens que acabou “herdando” dos governos anteriores como a queda da inflação, o governo teve que lidar com a correção monetária e o aumento da dependência externa do país nos setores da indústria e finanças. O Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) tinha como intuito estimular novas formas de crescimento, como alimentos e energia, substituindo assim as importações e teve financiamento do capital financeiro externo, nacional e das oligarquias tradicionais. Mas a dívida externa aumentou ainda mais e houve um forte aumento da inflação e a deterioração das contas públicas e externas. Devido a não êxito do PND, houve um aumento do custo de vida e diminuição dos salários, pois este nunca acompanhava a inflação, fazendo com que a população trabalhadora ficasse descontente. Já os anos 90, foram marcados por outros problemas, neste período já vivíamos numa democracia, mas os brasileiros ainda enfrentavam uma situação econômica difícil. Fernando Henrique Cardoso (FHC), presidente do Brasil de 1995-2003, foi ele quem governou o país quando ainda vivíamos sob um período de inflação, acentuada na época dos militares. FHC criou o Plano Real, e com a estabilização da moeda brasileira a inflação diminuiu mas junto com a queda da inflação veio a diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) tal como mostrado na tabela a seguir:


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Crescimento do PIB. <http://www.ipib.com.br/pibbrasil/valor.asp> Acesso: 20/02/2010. Fontes:

Portal

Brasil.

Disponível

em:

Apesar de o governo FHC ter diminuído a inflação, a desaceleração da economia trouxe um problema que atingiu diretamente a população: o desemprego. Domique Plihon ao citar o caso da União Europeia, trata dessa questão:

A desaceleração do crescimento engendrou importantes tensões sobre os mercados de trabalho, levando a um crescimento irreversível do desemprego. (PLIHON, in Chesnais, 1998, p.102)

A tabela abaixo mostra os caminhos do desemprego e seu aumento de 1995 a 2002.

Fonte: PED-RMPA - Convênio FEE, FGTAS/SINE-RS, SEADE-SP, DIEESE e apoio PMPA.

O Brasil estava se afundando numa crise cada vez maior, com aumento da entrada do capital estrangeiro para diminuir a inflação, a dívida publica enquanto as privatizações aumentavam: O gigantesco aumento da dívida pública brasileira se deu no mesmo período em que foram vendidas empresas estatais federais e estaduais no valor de mais de 60 bilhões de dólares, sem contar com as vendas do ano de 1999. Além da explosão do endividamento, grande parte do patrimônio público foi vendida. O Estado brasileiro se tornou duplamente mais pobre. Encontra-se naquela situação da família que se endivida, vende seu patrimônio para pagar a dívida e ainda assim a dívida aumenta. (PEREIRA, 2000, p. 91)

A politica neoliberal, adotada por FHC, contribuiu para a diminuição da arrecadação aumentando o déficit publico, desacelerando o crescimento e aumentando o desemprego devido a perda de postos de trabalho, a população desta forma era cada vez mais atingida. Se antes com o militarismo se sofria com a inflação, dessa vez a população estava vivendo as mazelas do desemprego.


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Os problemas econômicos em Bundas e Movimento

No tópico anterior foram contextualizados os problemas econômicos dos anos 70 e 90, neste tópico mostraremos como que os semanários Bundas e Movimento trataram dessas questões. Neste artigo tomei como objeto de análise algumas matérias que tratem do Desemprego no semanário Bundas, Inflação e Salário no semanário Movimento. Trabalharemos com as edições de número 1 (18/06/99), 4 (6 a 12/07/99) e 42 (04 a 10/04/2000) em Bundas. Já com o semanário Movimento foram trabalhados o de numero 154 (12/06/78) e o de numero 117 (25/09/77). Notem que as edições escolhidas circularam no período de maior efervescência econômica e política dos dois períodos, além de trabalharem com a temática selecionada para análise. Através do uso dessas categorias criadas: Inflação; Salário e Desemprego, tentaremos analisar as matérias que tratem desse assunto através de uma analise comparativa. Em linhas gerais, buscaremos através da comparação, entender que tipo de enquadramento foram dados a essas matérias, ou seja, que tipo de tratamento que foram dado a elas, e qual era o posicionamento dos semanários frente a esses assuntos. Primeiro discutiremos as matérias trabalhadas pelo semanário Bundas, e o tratamento dado ao assunto desemprego, depois analisaremos as matérias do Movimento que tratem de Inflação e Salário. Bundas trouxe muito humor e charges em suas matérias, principalmente para tratar da questão do desemprego em nosso país. Logo na primeira edição do semanário o cartunista Nani em sua matéria “Nani Pinta... e Borda” faz uma crítica através do humor para falar do desemprego no Brasil. São quadrinhos que satirizam a situação econômica do país mostrando que emprego é uma coisa que não se encontrava no Brasil. Um exemplo de um dos quadrinhos é uma professora perguntando: “Qual é o futuro do verbo trabalhar?” e um aluno responde “NENHUM” e ela diz: “CERTO.”. Outra matéria de Nani, mas já na edição de número 4 vem falar da questão do Real ter jogado 10 milhões de desempregados na rua. No tópico anterior falamos da questão do Plano Real ter sido a solução para controlar a inflação do país, porém com esse novo plano juntamente com a política das privatizações cresceu o número de desempregados, e é isso que Nani vem satirizar com dois homens conversando dizendo:


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-- eu sou o óctuplo milionésimo septingentésimo quinquagésimo terceiro desempregado do país -- Número bacana. Bundas, número 4 pg. 24.

ducentésimo

Mas não era só de charges e quadrinhos que o assunto desemprego se sustentava. Bundas trazia matérias fixas de Aloysio Biondi, jornalista econômico, para tratar de economia e na edição de número 42, com a matéria de uma página inteira intitulada: “O verdadeiro Pai dos Pobres” Biondi fala que o numero de desempregados estavam aumentando cada vez mais, dados que o IBGE não mostrava: [...] lá em Salvador, o desemprego aberto, segundo o próprio IBGE, chegou aos 11%, em fevereiro, ou 24% segundo Dieese (a diferença tem uma explicação: no caso do IBGE, se um desempregado lavar o carro do patrão da sua mulher, passa para as estatísticas dos empregados, mesmo que tenha sido seu único “bico” na semana da pesquisa. Bundas. Edição 42 p 23

O governo tentava mascarar as estatísticas de desempregados no país, enquanto que a população continuava sem emprego. Ainda na matéria de Biondi ele fala sobre essa questão, mostrando que o brasileiro, devido o desemprego, estava caminhando para miséria: O brasileiro esta se livrando ate daquelas tarefas penosas, tipo morder, mastigar, engolir e o que se segue. Isso mesmo, a chatura da obrigação de comer está sendo substituída pelas emoções fortes das fome: as vendas nos supermercados caíram 4% em janeiro, e outros 1,5% em fevereiro, sempre na comparação com 1999. Bundas. Edição 42 p 23.

O semanário Bundas, sempre tentou trazer esses assuntos de forma descontraída e acessível ao publico leitor, sem o uso de tecnicismos e jargões, típicos do jornalismo econômico, sempre na busca de tornar a informação mais crítica. Diferente da realidade econômica vivida no momento de circulação do semanário Bundas, o Movimento não retratava a questão do desemprego no país, mesmo porque esta não era a realidade vivida na época, em contrapartida tratava-se muito da questão da inflação. No governo de Geisel vivia-se com a alta da inflação e não acompanhamento dos altos preços dos produtos com o salário da população. O semanário Movimento sempre buscava tratar dessas questões em suas paginas. Bundas fazia a crítica ao desemprego enquanto que Movimento aos salários e aumento da inflação. Realidades distintas, mas tratadas com a mesma intensidade, e sempre procurando informar a população a realidade econômica vivida no período.


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Em 25/09/77, o semanário Movimento trouxe uma matéria com uma charge e algumas estatísticas tratando da questão salarial, intitulada: “Salários Já houve reposição?”. Na matéria existe um gráfico mostrando que houve um aumento da inflação e do custo de vida, e que os salários não foram capazes de acompanhar este aumento:

Fonte: Movimento 25/09/77 p. 7 Ainda na mesma matéria o semanário traz uma sátira da situação com o filme “O Gordo e o Magro”.

Fonte: Movimento 25/09/77 p. 7

Na mesma edição do semanário também é tratada a questão da produtividade do país e a queda dos salários. A matéria intitulada: “De 1969 a 1976 a produtividade cresceu 57,5% e o


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salário médio real 23,9%.” Diz que os salários reais na indústria haviam crescido menos do que a produtividade durante quase todo o período 1955-66 e ainda mais nos anos seguintes. Note que ambos os semanários, apesar de trabalharem com assuntos distintos, trazem a informação de forma bem parecida. Informam dados, discutem os assuntos criticamente e ainda trazem o humor para expor os assuntos. Eles procuravam enquadrar os assuntos de forma contestatória, mostrando a difícil situação econômica vivida na época. A ideia dos semanários era a de não mascarar os assuntos, era mostrar a situação real em que viviam os brasileiros. Para tratar da inflação e consequentemente do aumento do custo de vida o Movimento trouxe uma matéria sobre o salário e o custo de vida em dois bairros populares da grande Recife, e uma das constatações foi que até a alimentação básica estava difícil de a população fazer, como mostra a matéria abaixo extraída do próprio semanário.

Movimento: 12/06/78 p.23


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Esta matéria mostra bem a situação vivida pela população no período, devido o baixo salário. O semanário Bundas, na matéria de Biondi, mencionada e discutida anteriormente também fala da questão da alimentação, enquanto que no regime militar se sofria com a inflação e queda dos salários, no governo FHC sofria-se com desemprego. Todos esses problemas acarretando em uma alimentação inadequada da população e má qualidade de vida tanto na questão da moradia, devido ao aumento dos preços dos imóveis e aluguéis, no caso do governo FHC pela população não ter condições de pagar, pois não tinham emprego, como não ter condições a saúde, educação de qualidade dentre outros direitos do cidadão. Dessa forma, é possível dizer que os enquadramentos predominantes nos dois semanários eram o de denuncia a crise e os governos vigentes. O Movimento se mostrando contrário a ditadura, e Bundas contra o governo FHC, denunciando a crise vivida pela população e a consequência das atitudes desses governos. Considerações Finais

O que foi a imprensa alternativa nos tempos autoritários não pode ser considerado como tal na sociedade atual, pois a conjuntura é totalmente diversa tanto econômica como politicamente. Econômica porque nos encontramos numa época de predominância da ideologia neoliberal e política porque hoje, com a democracia, pelo menos na forma, há a liberdade de expressão fato que difere do momento em que os alternativos dos anos 70 circularam. Mas apesar das diferenças, em termos históricos e políticos do período de circulação dos dois impressos, é interessante observar como os veículos alternativos ainda tem força na atualidade e mesmo não tendo como intuito fugir da censura e opressão política eles carregam o sentimento de crítica e mudanças no pensamento da população leitora, assim como os alternativos dos anos 70. E no caso do exercício do jornalismo econômico, vemos que ambos procuram transmitir a informação para o interesse do publico em geral, não apenas para alguns setores da sociedade engajados nos assuntos econômicos. Através da análise das matérias que tratem de economia nos dois semanários, é notado que ambos utilizam dos mesmos recursos para se transmitir a informação, com uso do humor e imagens caricaturadas, descontraindo a informação sem deixar a seriedade de lado. É interessante observar também, que apesar da realidade econômica dos dois periódicos serem diversas, as matérias sempre viam de encontro com o problema do brasileiro, em especial da


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população trabalhadora. Não tratavam de economia só para falar de dados e estatísticas, mas sim para discutir o problema do brasileiro diante das crises econômicas enfrentadas. Em suma as análises mostram a importância da imprensa alternativa não apenas para contestar o sistema político vigente, mas também por ser capazes de se transmitir a informação com a clareza necessária ao entendimento do leitor.

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