MATÉRIA - BAMBU EXPERIÊNCIAS E EXPERIMENTAÇÕES
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO GUSTAVO PAULA GONÇALVES DE OLIVEIRA ORIENTADO POR MARIA CECÍLIA LOSCHIAVO DOS SANTOS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DEFENDIDO EM 13 DE DEZEMBRO DE 2016
ÍNDICE
1 - Introdução 1.1 - Resumo/ Abstract 1.2 - Proposta geral de TFG 1.3 - O bambu como objeto de estudo e o produto audiovisual 1.4 - Bambu e Arquitetura - formação na FAU-USP 2 - Processo de desenvolvimento do vídeo 2.1 - Entrevistados 2.2 - Montagem das questões e questionário 2.3 - Entrevistas e filmagens 2.4 - Edições de conteúdo 2.4.1 - Sincronização do audio e minutagem 2.4.2 - Seleção de trechos chave de cada entrevistado 2.4.3 - Elaboração de roteiro a partir dos temas selecionados 2.4.4 - Edições coletivas até versão final 2.4.5 - Transcrição
8 10 14 20
24 30 38 54 54 55 56 57
2.4.6 -Traduções e legendagens 2.5 - Edições de acabamento 2.5.1 - Inserção das imagens, sons e trilha sonora 2.5.2 - Tratamento de audio e imagens 2.5.3 - Renderização e montagem do DVD 3 - Experimentações extras 3.1 - Construção de quadro de bicicleta com bambu, resina de mamona e fibra de cãnhamo. 3.2 - Construção de minhocário de “solo-cimento armado com bambu” 3.3 - Produção de bambu laminado colado (BLC)
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4 - Considerações finais
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5 - Agradecimentos
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6 - Referências e sugestões de livros, filmes e músicas
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RESUMO / ABSTRACT
Este trabalho apresenta o processo envolvido na realização de um documentário de 36 minutos que aborda o tema do bambu como planta e matéria-prima para os mais variados fins. Este documentário baseia-se em sete entrevistas gravadas pelo autor em diferentes cidades do estado de São Paulo e Rio de Janeiro. Tanto o documentário quanto os extras contidos no DVD e este caderno de relatos do processo são produtos de um trabalho final de graduação na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo no ano de 2016.
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PROPOSTA DE TFG
Tema geral do trabalho: Experimentações com o material bambu. Buscando a difusão da cultura do bambu e a reunião de experiências e pesquisas feitas no Brasil em um único documento, o objetivo deste trabalho é a elaboração de um vídeo contendo depoimentos de pessoas de diferentes áreas que já realizaram experimentações com bambu. A ideia de um vídeo sobre o tema surgiu em decorrência da pesquisa pessoal do bambu como material para a construção,
iniciada em 2011, e da vontade de produzir algo concreto como produto final de graduação. Com a intenção de conceber um documento de conteúdo amplo, que fosse útil a diversas áreas, e que difundisse o bambu como material para seus mais diversos fins de maneira visual, didática e de fácil acesso para todos os interessados. METODOLOGIA
Se tratando de um vídeo de entrevistas, a metodologia para o desenvolvimento do trabalho 10
se baseia basicamente em cinco etapas: 1. Escolha dos profissionais a serem entrevistados. Para uma maior abrangência de áreas de atuação e, buscando uma relação destas áreas com as etapas da cadeia produtiva do bambu, procurei selecionar profissionais atuantes no setor agrícola, no setor de pesquisa (indústria e universidades - públicas e particulares), professores universitários dos departamentos de engenharia, arquitetura e design e empresários atuantes no mercado. 2. Desenvolvimento de um questionário semelhante a todos os entrevistados com a intenção de nortear os depoimentos
e trazer a tona as questões mais relevantes, comuns às diferentes áreas. 3. Visitas a campo para gravação dos depoimentos nos locais de pesquisa dos profissionais entrevistados, contando com o apoio fundamental da equipe técnica do Laboratório de Video da FAU-USP. 4. Reunião e análise do material bruto coletado para o desenvolver um roteiro coerente que justifique a escolha dos profissionais e apresente de maneira sintética os seguintes temas: O que é bambu? - Quem são estas pessoas? - O que se pode fazer com bambu? - Qual a participação destes profissionais em cada etapa da cadeia produtiva desta 11
planta? - Bambu é madeira? Arquitetura de bambu? - Existe mercado para produtos de bambu? - O que falta, então? 5. Edição do material bruto coletado com o intuito de sintetizar e mostrar de modo claro, didático e o mais completo possível, uma parte dos trabalhos que foram feitos no Brasil desde as primeiras pesquisas.
O BAMBU COMO OBJETO DE ESTUDO E O PRODUTO AUDIOVISUAL
O interesse pessoal por materiais alternativos vem de longe, talvez por conta de uma formação escolar construtivista, fora da cidade de São Paulo, nunca me pareceu atraente o modo de se construir e morar na maior capital do estado mais rico do Brasil. Apesar disso, acabei por entrar em uma das escolas de arquitetura mais apegadas aos preceitos modernistas e uso do concreto armado do país e foi nela, contraditóriamente, que o bambu apareceu como um material revolucionário que mudaria completamente todo o
conceito de pensar a arquitetura e o projeto que estava se formando em minha cabeça. A partir deste momento, no início de 2011, este material milenar se apresentou como uma “saída” clara e plausível a todos os métodos convencionais que não só não me agradavam, como também são sabidamente insustentáveis não somente do ponto de vista ecológico/ambiental, como também econômico e social. Isso me fez estudá-lo mais a fundo realizando pesquisas, cursos e estágios na área. Sem 14
dúvida, o mais significativo destes estudos foi realizado na Universidade Tecnológica de Pereira - Colômbia ao longo de três intensas semanas no início de 2015. Lá tive a oportunidade de compreender, com pesquisadores especialistas em bambu de diferentes áreas, da biologia à nanotecnologia, passando pela arquitetura e engenharia, como esta gramínea de potencial infinito pode, de fato, mudar os paradigmas impostos pela sociedade industrial capitalista moderna. Esse modelo de produção, baseado na exploração indiscriminada dos recursos naturais e no consumo massivo de materiais não renováveis se encontra, juntamente com com a socieda-
de e a natureza, em uma crise sem precedentes. Tal crise, traz consigo uma necessidade de mudança radical no modo de pensar e produzir para que a vida do homem na terra continue. Porém isso exige alternativas para que seja viável dentro do contexto histórico atual. Dentro deste contexto, o bambu se apresenta como uma ótima solução para as mais diversas áreas. Desde seu plantio para a recuperação do solo e nascentes, contenção de encostas e desbarrancamentos, capturar CO2 gerando créditos e despoluir o planeta, até sua utilização como material ou matéria prima para os mais diversos fins. A nossa formação como arqui15
tetos e urbanistas passa longe destas questões. Os conceitos modernistas do início do século passado ainda são os que predominam e dão o tom de toda a estrutura curricular da gradução. O estudo de materiais alternativos ao concreto armado é praticamente nulo e este ainda é premissa para todo tipo de projeto. Desta forma, resolvi aproveitar a exclusiva liberdade que a FAUUSP apresenta para o trabalho final de graduação e experimentar livremente no laboratório de ensaios e modelos (LAME) de modo a explorar e demostrar fisicamente o máximo de possibilidades e o potencial deste material. Partindo desta vontade, estu-
dei os trabalhos realizados pelos Professores José L. M. Ripper e Luís Eustáquio Moreira, do Laboratório de investigação em Livre Desenho (LILD) da PUC -Rio e Laboratório de Sistemas Estruturais (LASE) da UFMG, respectivamente, relatados no livro “Jogo das formas -lógica do objeto natural”, que não só me serviram de grande referência, como me instigaram a ir ver de perto tais experimentações. Instigado para começar, a sugestão da Professora Maria Cecília Loschiavo foi de ir efetivamente ao laboratório de investigação em livre desenho da PUC - Rio e entrevistar o professor José L. M. Ripper. Tal sugestão me fez repensar 16
a ideia inicial do trabalho, pois o conteúdo trazido por um depoimento de alguém que já realizou diversos experimentos ao longo de anos de trabalho seria muito mais relevante que a experimentação de um único estudante durante dois semestres. No entanto, uma entrevista escrita, com uma única pessoa, não demostraria o potencial do bambu em sua integridade, que é o motivo maior deste trabalho. A solução foi selecionar mais pessoas que também trabalhavam com bambu em outras áreas, partindo dos pioneiros no Brasil, entrevista-las, com base nas mesmas questões, e documentar audiovisualmente seus depoimentos a respeito das experiên-
cias realizadas nos últimos anos. A compilação deste material em um documentário seria, então o produto final do meu TFG. Este produto visa ser um registro histórico e uma reunião inédita de depoimentos dados por profissionais de diferentes áreas com o objetivo de demonstrar o enorme potencial que o bambu tem nos mais variados setores do mercado e, apesar disso, é pouquíssimo aproveitado, e até, menospresado no Brasil. O resultado audiovisual se mostrou como a maneira mais dinâmica de apresentar tais questões e, ao mesmo tempo, ser um arquivo de depoimentos de alguns profissionais do Brasil a respeito de suas experimen17
tações com um dos materiais mais antigos e, ao mesmo tempo, contemporâneo da humanidade. Retomando brevemente ao contexto de crise ecologica mundial, é bem em tempo de trazer a tona os potenciais de um “mato”, capaz de substituir o aço, dentro de uma escola, por vezes, conservadora em relação a novos materiais para a construção. Com esse objetivo, busquei estudar, produzir e usar meu TFG para mostrar algumas das possibilidades, vantagens e dificuldades do cultivo e aproveitamento do bambu em todas as etapas de seu ciclo de produção de maneira didática, sintética e acessível para todos os intessados.
“Nenhuma outra planta se desenvolve e se renova tão rapidamente, proteje tão bem o solo, capta tão eficientemente o carbono e fornece alimento e matéria-prima de boa qualidade para tantos fins.” (PEREIRA, Marco Antonio dos Reis e BERALDO, Antonio Ludovico; 2008, p.20-21)
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BAMBU E A ARQUITETURA
Com o intuito de embasar e trazer uma relação teórica entre o objeto de estudo e a arquitetura, busquei uma literatura que trata de maneira mais abrangente os paradigmas e desafios da sociedade contemporânea e do atual sistema de produção.
devido a uma crise ecológica, econômica e social que se desenvolveu devido a um modelo de produção iniciado com a revolução industrial por volta de 1750 e que se estende até os dias de hoje que é baseado na exploração indiscriminada dos recursos naturais, no consumo insaciável de produtos não duradouros, no uso de materiais e energias não renováveis e em uma obsolescência programada dos produtos industriais , que além de lucros exorbitantes, produzem cada vez mais lixo e poluição.
“(o Ecodesign) vai muito além de um design elaborado com preocupações ecológicas e com o potencial para apontar uma nova direção ao design - ressaltando a necessidade de redesenhar o design”. (FRY, Tony; 2009; p.28)
Tal redesenho é necessário 20
“Nosso sistema econômico predominante é um sistema que está inextricavelmente ligado ao consumismo e ao excesso de produção e, assim, é a causa fundamental do problema de resíduos e poluição” (WILKINSON & PICKETT, 2009 in LOSCHIAVO, Maria Cecília; p. 16)
local, o tipo do edifício construído, o modo como os edifícios são construídos, os materiais que são utilizados, sua origem, sua durabilidade, seu impacto após descartado e a energia empregada, tanto na sua fabricação quanto na própria obra, em processo e depois de pronta, além da manutenção disso tudo. É dentro deste contexto que o bambu se encaixa como um material muito apto para contribuir em muitos dos pontos cruciais do processo de produção vigente e participar ativamente desse redesenho vital. Os usos possíveis do bambu como material, ao natural ou processado, são milhares. Tratando apenas de dar alguns exemplos de aplicação no
Com base nessas ideias é que traço a relação teórica do tema com a arquitetura. A maneira de se pensar, projetar e construir arquitetura, assim como o design, deve ser redesenhada desde sua concepção primordial, de modo a considerar, em primeira instância, as “questões ecológicas”, não como marketing, mas como pontos essênciais de Projeto. Estas questões envolvem desde o 21
ramo da construção civil e finalizar a relação com a arquitetura aqui exposta, listo os seguintes itens que certamente poderiam ser feitos em bambu para uma moradia: estrutura e fundação das vedações e cobertura, reforço em estruturas de concreto (substituição do aço), forma para estruturas de concreto (substituicão dos compensados), piso, vedações, lajes, portas, caixilhos, móveis, forro, cobertura e telhas.
ENTREVISTADOS
Escolhi profissionais e pesquisadores do bambu de diferentes áreas usando como guia o próprio ciclo natural da planta (do plantio à comercialização de produtos finais). Tais entrevistados foram selecionados primordialmente em função do pioneirismo das pesquisas em cada área. Iniciando com alguém que detêm o conhecimento do plantio e aproveitamento do bambu in loco, seguindo com pesquisadores e educadores de diferentes áreas e por fim chegar ao exem-
plo de uma empresa que pesquisa e aplica os conhecimentos desenvolvidos dentro da universidade no mercado. Dessa forma, selecionei a empresa de fabricação de cortinas, Take Cortinas e a família que a compõe (parentes do Senhor Takasi Miyazaki, falecido em 2008, que começou com o plantio de bambu comercial de bambu em 1965 depois quase uma década de fabricação de cortinas) como produtores rurais e comerciantes de cortinas de bambu para representar o início 24
da cadeia produtiva - plantio, colheita, tratamento, secagem e processamento; e o fim delacomercialização do objeto finalizado; dado que são um dos primeiros no Brasil a iniciar um plantio comercial de bambu e processa-lo para sua comercialização e uso. Já no campo da pesquisa aplicada ao uso do bambu na indústria, ninguem melhor que Antonio L. de Barros Salgado, especialista em plantas fibrosas e bambu, tendo iniciado seus trabalhos na área há mais de 50 anos (desde 1961) dentro do Instituto Agronômico de Campinas, e prestando serviços de consultoria até hoje. Desenvolveu centros experi-
mentais e de coleção de bambu em Campinas, Tatuí, Ubatuba, Pariquera-Açu, Pindorama, Ribeirão Preto, Cananéia e Bauru. Atualmente ocupa os cargos de Conselho Científico e Conselho Fiscal da Rede Brasileira do Bambu (RBB), órgão ligado a Universidade Federal de Brasília, e trabalha como consultor na sua micro empresa “Bambu e Bambu-
sa - Consultoria Agrícola LTDA”
Também no campo da engenharia agrícola e pesquisa, esta última agora vinculada a uma universidade pública e aplicada efetivamente na comunidade, considerei de grande valor trazer o depoimento do criador do “Projeto Bambu” em 1994, o Engenheiro Agrícola e professor da UNESP 25
Marco Antônio dos Reis Pereira. Formado em Engenharia Agrícola pela Unicamp (1982). Mestre em Agronomia na área de Irrigação e Drenagem pela Unesp (1992). Doutor em Agronomia na área de Irrigação e Drenagem pela Unesp(1996). Fez especialização na “Tcdc International Training Course On Bamboo e CBRC - China National Bamboo Research Center”, Hangzhou, China (2001) e é coautor do livro “Bambu de corpo e alma, 2008” junto com o professor da UNICAMP Antonio L. Beraldo. Atualmente é professor pelo Departamento de Engenharia Mecânica - UNESP-Bauru e orienta alunos do Projeto Bambu, que existe até hoje e de outros, que
surgiram ao longo dos anos, como por exemplo o Projeto Taquara. Ainda no campo da engenharia e pesquisa, agora na área civil, considerei a pessoa mais adequada, por conta de sua sua experiência de longa data e seu pioneirismo no Brasil no estudo do bambu, fibras naturais e materiais não convencionais, o Engenheiro Civil e Professor Emérito da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Khosrow Ghavami. Natural do Irã, graduado em engenharia civil em 1968 na Universidade Drudjbi Narodov, DRUDJBI NARODOV, Rússia, fez especialização em engenharia sísmica na University of London, UL, Inglaterra(1970-1972) e é Doutor pelo Imperial Colle26
ge London, Imperial, Inglaterra (1976). Membro fundador e atual presidente da International Committee on Non-Conventional Materials and Technologies (ICNOCMAT), desde 1984. Presidente e fundador da Associação Brasileira de materiais e tecnologias não convencionais (ABMTENC), desde 1996. A pesquisa prática e a metodologia de ensino apoiada em experimentações físicas é desenvolvida brilhantemente pelo Arquiteto e Professor Emérito da PUC-Rio, José Luiz Mendes Ripper no Laboratório de Investigação em Livre Desenho do Departamento de Artes e Design. Mestre de longa data no de-
senvolvimento de experimentações físicas com diversos materiais e também um dos pioneiros nas experimentações com bambu no Brasil, é uma inspiração para quem acredita em maneiras mais humanas, mais práticas e mais próximas da Natureza de pensar, projetar e ensinar. O livro dele em parceria com o professor da UFMG Luís Eustáquio Moreira “Jogo das formas - lógica do objeto natural” - 2014, foi uma grande motivação para produzir este documentário uma vez que o objetivo maior deste é documentar e divulgar, sobretudo, as experimentações que usam, em grande parte, das características singulares do bambu, e o trabalho ilustrado e dissertado no livro é 27
fascinante. Para mostrar que todas estas pesquisas e experimentações podem ser aplicadas no mercado, a empresa vinculada a PUC-Rio, Bambutec, fundada pelos projetistas Mario Seixas e João Bina, foi colocada como exemplo de uma inovação na utilização de bambu e compósitos aplicados para o mercado da arquitetura e eventos. Especialista na implantação de arquiteturas temporárias de bambus e lonas têxteis empregando novos métodos construtivos, o Designer Mario Seixas é Professor pesquisador do LILD e do Grupo de Materiais Não-Convencionais do Departamento de Engenharia Civil, ambos da PUC-Rio, onde desenvolve novas tecnologias para
construções leves empregando materiais de origem vegetal. A Arquiteta e Bioconstrutora Celina Llerena, encerra a lista de entrevistados mostrando a aplicação do bambu em uma das necessidades mais primitivas do ser humano que é o morar . Sócia fundadora da Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental em Bambu (EBIOBAMBU) que estuda, pesquisa e difunde conhecimentos da aplicação de técnicas e materiais naturais e ecológicos como a terra, fibras vegetais, materiais recicládos, teto verde e especialmente o bambu. É com estes personagens que ambiciono trazer uma abordagem ampla e diversa de algumas possi28
bilidades que essa planta apresenta, tanto para o meio acadêmico, onde já existem muitas pesquisas no Brasil apesar de pouco conhecidas pela população em geral, tanto para a aplicação destas na comunidade e no produção de bens duráveis para o mercado, onde ainda tem muito o que crescer. Desta forma, um documentário reunindo profissionais de diferentes áreas, especialistas no tema do bambu, relatando suas experiências de longa data, é um rico material para todos que buscam “fazer acontecer” a mudança que o mundo urgentemente necessita.
MONTAGEM DAS QUESTÕES
O questionário montado para as entrevistas foi elaborado visando mostrar a trajetória dos entrevistados e seus trabalhos com bambu, não apenas extraindo respostas diretas e pontuais, mas também direcionando a conversa no sentido de apresentar os estudos já realizados, os resultados obtidos e as possibilidades de aplicação destes na comunidade, na indústria e no mercado. As questões ambicionam trazer diferentes pontos de vista das possibilidades de toda as etapas da cadeia produtiva do bambu,
desde o plantio para fins agrícolas e de conservação ambiental, até suas mais diversas aplicações como material bruto e processado na indústria . Essa inserção no dia-a-dia da sociedade é desejada, não somente por se apresentar como uma alternativa de retorno financeiro, mas também para contribuir diretamente na radical, e necessária, mudança nos meios de se projetar, produzir e consumir dentro do atual contexto de crise, política, econômica, social e principalmente ecológica mundial em que vive30
mos. Buscando uma comparação positiva das respostas, o questionário base é o mesmo para todos os entrevistados, somando-se a este algumas questões específicas para cada um, com o intuito de apontar as especificidades das diferentes áreas de atuação de cada profissional.
QUESTIONÁRIO PERGUNTAS GERAIS PARA TODOS
- A respeito de sua trajetória realizando experimentações com o bambu como foco de investigação principal, como, e quando, o senhor se envolveu com tais experimentações e porque o bambu se sobressaiu aos outros materiais num primeiro momento?
acabaram por se desenvolver em outro segmento? O que o motivou a ir por este caminho? - Levando em conta suas expectativas iniciais ao se deparar com este material e visionar suas possibilidades, como as pesquisas e experimentacões que se sucederam contribuíram para saciar tais expectativas? Superaram, deixaram a desejar ou era o que se esperava?
- Atualmente, após todos estes anos de pesquisa, quais as suas experimentações com este material e o que o levou a estas? Com relação à sua primeira fonte de interesse e investigação do bambu, os estudos atuais seguiram a mesma linha ou
- Tendo em vista todos estes estudos e trabalhos, como o senhor 32
analisa as evoluções relacionadas ao tema do bambu, num âmbito de pesquisas científicas e inserção deste material no mercado? Quais os progressos mais significativos e quais as maiores dificuldades?
do mar a altitudes de 1.500m e, apesar de ser uma planta predominantemente tropical, algumas espécies resistem a temperaturas de até -15°C. Dessa maneira o Brasil coloca-se como um lugar privilegiado para o crescimento dessa planta dado o clima, insolação, precipitação, latitude e altitude, não à toa possui, segundo Filgueiras & Gonçalves (2004), 34 gêneros e 232 espécies de bambus nativos, sendo 174 espécies consideradas endêmicas. Sendo assim, o que falta, na sua opinião, para o desenvolvimento pleno de toda a cadeia produtiva do bambu para os diversos setores do mercado que ele é capaz de abranger?
- Dentro do contexto mundial de uma necessidade emergente de produtos e processos menos degradantes ao meio ambiente, o bambu se apresenta como uma ótima alternativa tendo em vista seu rápido crescimento, ser uma planta perene, produzir brotos anualmente sem a necessidade de replantio, seu manuseio exige ferramentas simples, suas utilidades são inúmeras, se desenvolve perfeitamente do nivel 33
- Tomando por base outros países em que a cultura do bambu é mais desenvolvida, seja no campo da construção civil, como no caso da Colombia e Equador por exemplo, seja no campo da indústria ou inovações tecnológicas, como na China, Alemanha e Japão, respectivamente, em que setor o senhor acredita que o Brasil poderia melhor se inserir?
no Brasil? De que maneira as recentes leis de incentivo ao manejo sustentável do bambu ( Lei n°12.484/2011 ) contribuiram para o trabalho de vocês? - Engenheiro Agrônomo(Antonio Salgado): Haja visto suas experiências de pesquisas dentro do setor público (Instituto Agronônimo de Campinas) e no âmbito educacional capacitador (Instituto do Bambu- Maceió-AL), quais os maiores desafios a serem enfrentados para a ampla disseminação dos conhecimentos relacionados a esta planta tão peculiar nas instituicoes públicas, seja na esfera federal, estadual ou municipal?
PERGUNTAS ESPECÍFICAS AOS ENTREVISTADOS DE CADA ÁREA:
- Produtor rural e comerciante de cortinas de bambu (Kouji Harada): Quais as maiores dificuldades encontradas para ser um produtor comercial de Bambu 34
desde a década de 1980?
- Engenheiro Agrônomo (Marco Antonio Pereira): Quais as maiores dificuldades a serem enfrentadas para a inserção do bambu como planta economicamente viável para produção no campo, seja na escala industrial do agronegócio, seja na escala do pequeno produtor rural?
- Arquiteto ( José Luiz Mendes Ripper): O seu trabalho, principalmente dentro do Laboratório de Investigação de Livre Desenho da PUC-Rio, mostra a importância e a contribuição do bambu no aprendizado e compreensão de estrututuras e modelos tridimencionais no ato de pensar e projetar os objetos. Na sua opinião, o que falta para o bambu estar presente em todas as escolas de Design, Arquitetura, Engenharia, Artes Plásticas e até mesmo em escola de nível fundamental e médio?
- Engenheiro Civil (Khosrow Ghavami): No caso do bambu como material de reforço estrutural, associado ao concreto, substituindo o ferro ou aço, o que falta, ou quais são as barreiras, para sua inserção no mercado, dado que seus estudos demonstram essa viabilidade
- Arquiteta e bioconstrutora 35
(Celina Llerena): Na sua opinião como Arquiteta, quais os caminhos e obstáculos a seguir e superar para a normatização do bambu como material apto para suas diversas aplicações na construção civil? A criação da norma seria o primeiro passo para a popularização deste material? Se não, qual seria?
sas desse tipo? Quais as maiores dificuldades a serem enfrentadas e qual a maior carência desse ramo de atuação?
- Designer / Fundador BAMBUTEC (Mario Seixas): Você como diretor de uma empresa inovadora, atuante tanto no mercado quanto no desenvolvimento de pesquisas, relacionada predominantemente com bambu. O que pensa a respeito do surgimento de novas empre36
ENTREVISTAS E FILMAGENS 1. ENTREVISTA COM ANTONIO L. DE BARROS SALGADO EM 27/04/2016 FAZENDA SANTA ELISA - IAC - CAMPINAS - SP
Buscando uma relação do entrevistado com seu local de trabalho, fomos até a Fazenda Santa Elisa, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC) , no mesmo município, onde se localiza a Sessão de Plantas Fibrosas, local onde Antonio L. de Barros Salgado trabalhou com bambu durante mais de trinta anos. O engenheiro discorreu sobre sua trajetória realizando pesquisas junto ao IAC e apresentou uma perspectiva geral da situação do bambu no Brasil. Em suma, foram realizados trabalhos em
diversos municípios do estado, implementadas várias estações experimentais com coleções de bambu além de desenvolver projetos de consultoria para indústria de papel e celulose no Brasil. Ficou claro que, nos últimos 50 anos, as pesquisas, trabalhos e projetos relacionados com bambu se desenvolveram e avançaram muito, deixando evidente o potencial agrícola e industrial desta planta que ainda assim é pouco utilizada no nosso país.
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2.VISITA E FILMAGENS DA UNIDADE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE TATUÍ EM 18/05/2016 - TATUÍ - SP
Com o intuito de vivenciar e registrar imagens e sons de um local de experimentações citado na primeira entrevista, visitei a antiga estação experimental de Tatuí, do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Sudeste Paulista, do Departamento de Descentralização do Desenvolvimento, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (apta). Atuante desde 1933 nas áreas de Manutenção e Melhoramento Genético e Fitotecnia de culturas produtoras de grãos
e fibras, preserva atualmente o maior Banco Ativo de Germoplasma (BGA) do país, com mais de 70 espécies de bambu, apropriadas para utilização na construção civil, artesanato, tutoramento e alimentação. Este BGA foi iniciado pelo pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas Júlio C. Medina em 1958 e, juntamente com os pesquisadores Armando Pettinelli, Antonio L. de Barros Salgado, Armando Pettinelli Jr. e Marcio A. Ito, deram continuidade a este trabalho e mantiveram este 40
BGA até a atualidade. A visita foi guiada por Marcelo Ticelli, que administra a área atualmente e mostrou com detalhes a coleção de bambus.
3. ENTREVISTA COM KOUJI HARADA -TAKE CORTINAS EM 01/06/2016 - PLANTAÇÃO DE BAMBUS DA EMPRESA - GUARULHOS - SP
Seguindo a linha de raciocínio pretendida, do campo ao material pronto para ser usado, a segunda entrevista realizada foi com Kouji Harada, da empresa Take Cortinas. Ele apresentou a fábrica de cortinas localizada no bairro Penha, em São Paulo, bem como as máquinas utilizadas para a fabricação das mesmas. Em seguida fomos até o sítio de onde é retirada a matéria prima para a produção de cortinas, onde existem 25 alqueires de bambu, em sua maioria do gênero Phyllosta-
chys (espécies: Pubescens, Metake e Hatiku). O produtor apresentou, em sua entrevista, o histórico da produção de cortinas de bambu percorrido pelo seu fundador, Senhor Takasi Miyazaki, falecido em 2008, e as dificuldades encontradas ao longo de mais de 60 anos de atuação como produtores e comerciantes de um produto produzido por eles desde o plantio ao comércio passando pelo manejo, tratamento e processamento de uma planta com uma importância enorme 42
na cultura oriental que, em parte foi trazida, cultivada e divulgada graças a famĂlias como a do Senhor Miyazaky.
4. ENTREVISTA COM KHOSROW GHAVAMI EM 06/06/2016 - PUC - RIO DE JANEIRO - RJ
A terceira entrevista realizada foi com o professor Khosrow Ghavami, atrás do palco de shows da PUC-Rio, onde ele contou, em detalhes seu envolvimento com o material bambu e outras fibras vegetais, iniciado no final da década de 70. Ele também discorreu sobre o processo de formação da Associação Brasileira de Materiais e Tecnologias não convencionais (ABMTENC) e as dificuldades de se trabalhar com materiais não convencionais e fibras vegetais no nosso país, enfatizando as
questões políticas que envolvem corrupção, má-gestão e descaso por parte dos governantes e de uma economia baseada nas grandes empresas multinacionais comandando a oferta de produtos e materiais. Por vezes, materiais de alta qualidade, de origem vegetal abundante e de fácil acesso são reprimidos em função de interesses industriais.
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5. ENTREVISTA COM JOSÉ LUIZ MENDES RIPPER EM 07/06/2016 - LABORATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO EM LIVRE DESENHO DA PUC - RIO DE JANEIRO - RJ
A quarta entrevista realizada foi com o professor José Luiz Mendes Ripper, coautor do livro “O jogo das formas - lógica do objeto natural”, 2014. Durante a entrevista, de mais de duas horas, o professor contou como o bambu foi inserido na didática desenvolvida dentro do LILD e como ele contribuiu para o aprendizado dos alunos e desenvolvimento de novos objetos e produtos com base em um conceito pedagógico e uma metodologia de ensino que tem como “mantra” a frase: “O Pensamento não dá o Co-
nhecimento”, não no sentido de que não se deve pensar, mas no sentido de que a pessoa somente conhece uma “coisa” depois de experimentá-la na prática, e pensar não traz este “saber”. Este lema e um príncipio de projeto, que foi pela primeira vez verbalizado durante a entrevista, que fundamenta-se no “custo<=>benefício“, este aplicado a todos os envolvidos no processo projetual e os materiais empregados, bem como a origem, o tempo de uso e o descarte destes e a efetiva funcionalidade na 46
utilização pelo usuário, norteiam as experimentações do LILD e acabam por justificar o uso de um vegetal que pode, em muitos casos, subtituir a madeira e o aço ao mesmo tempo que despolui o ar, armazena gás carbônico e preserva o solo e o lençol freático.
6. ENTREVISTA COM MARIO SEIXAS EM 07/06/2016 - GALPÃO SEDE DA BAMBUTEC - PUC -RIO DE JANEIRO -RJ
O quinto entrevistado foi Mario Seixas, Designer, professor e fundador da empresa Bambutec junto ao também designer João Bina. Mario apresentou seu histórico e envolvimento com o material bambu, que ocorreu a partir dos ensinamentos de dois professores também da PUC -Rio, J.L.M. Ripper e K. Ghavami, e porque a empresa surgiu e como ela vem desenvolvendo seus trabalhos. Mario mostrou cuidadosamente alguns projetos desenvolvidos e em andamen-
to dentro do galpão e falou de maneira geral o estado em que se encontra o bambu no Brasil atualmente e como ele enxerga a aceitação deste milenar material, que é, ironicamente, uma inovação dentro do mercado da Arquitetura e do Design.
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7. ENTREVISTA COM MARCO ANTONIO DOS REIS PEREIRA EM 16/06/2016 NO LABORATÓRIO DE MAQUINAS AGRÍCOLAS E DE PESQUISAS DO BAMBU DA UNESP - BAURU - SP
A sexta entrevista realizada foi com o professor Marco Antonio Pereira, criador do “Projeto Bambu” em 1994, que trabalha no laboratório de pesquisa e processamento da madeira e bambu do departamento de engenharia mecânica da UNESP-Bauru. Pereira apresentou um depoimento riquíssimo do panorama do bambu no Brasil e das dificuldades de se trabalhar com essa planta no meio acadêmico público, principalmente por conta da ignorância e preconceito que as pessoas têm deste mate-
rial, no nosso país. Apesar disso, apontou também que o crescimento do interesse e o número de pesquisas e pesquisadores nos últimos 20 anos cresceu muito e a tendência é crescer ainda mais.
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8. ENTREVISTA COM CELINA LLERENA EM 02/07/2016 - SÍTIO SEDE DA EBIOBAMBU - VISCONDE DE MAUÁ - RJ
A última entrevista realizada para este trabalho, ainda no primeiro semestre*, foi com a arquiteta e bioconstrutora Celina Llerena no deslumbrante sítio sede da Ebiobambu em Visconde de Mauá, estado do Rio de Janeiro. Em seu depoimento a arquiteta realçou a necessidade de se incentivar o plantio e desenvolvimento de tecnologias para a produção de mudas acessíveis e em grande escala, além de apontar como ponto tambem crucial a inserção da pesquisa do bambu no meio educacional de maneira prá-
tica, com “mão-na-massa”, para capacitar pessoas e torná-las aptas a produzir e ensinar a trabalhar com bambu. * A greve que ocorreu no primeiro semestre de 2016 tinha como justificativa, não inédita, a resistência ao “desmonte” em execução na Universidade de São Paulo. Não somente a USP mas a grande maioria das universidades públicas e escolas de ensino fundamental, médio e superior do estado, são reféns de uma política de governo do estado e, no caso da USP, da prefeitura do campus e da Reitoria, baseada na privatização e terceirização dos serviços básicos, culminando com a precarização do ensino público. Infelizmente a greve deste ano terminou mais uma vez sem grandes vitórias para o lado da esmagadora maioria, no entanto a Universidade de São Paulo ainda é pública e é dever dos alunos, professores e funcionários resistir ao desmonte!
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EDIÇÕES DE CONTEÚDO
va, que dura em média de dez segundos a dois minutos, e dar uma “nota“ para cada uma para facilitar a seleção que seria feita posteriormente. Esse processo, para todas as mais de oito horas de filmagens, gastou cerca de 20% do tempo total de toda a edição dos vídeos mas certamente me fez economizar preciosar horas de trabalho que seriam desperdiçadas revendo o material bruto.
1 - SINCRONIZAÇÃO DO AUDIO E MINUTAGEM
A primeira etapa do processo de edições foi sincronizar o audio de cinco das sete entrevistas. Como não era familiarizado com os diversos plug-ins do programa de edição, fiz da maneira mais difícil, comparando as ondas sonoras dos dois audios captados e sincronizando trechos de imagens de dez em dez minutos. A fase seguinte foi anotar em poucas palavras o que se passava em cada frase de cada entrevistado, ou cada imagem ilustrati-
2 - SELEÇÃO DE TRECHOS CHAVE DE CADA ENTREVISTADO
Após ter em mãos o que se passava 54
em todas as gravações no caderno ficou mais rápido “acessar“ cada trecho sem precisar assistir novamente, com isso a seleção de frases mais relevantes e consisas de cada entrevistado foi feita e o material base para a a elaboração das diretrizes do roteiro estava pronto.
idades, origens e áreas do conhecimento diferentes foi difícil escolher quais seriam os assuntos mais importantes a serem abordados. A solução foi definir primeiro alguns temas chave, que seriam os fios condutores de cada bloco. Sendo assim, considerei como essenciais os seguintes assuntos na ordem que acabou se tornando o roteiro do video: - Apresentacões: Cada entrevistado apresenta brevemente qual a sua relação com o bambu, quando ela começou e para qual finalidade. - Botânica: Trechos de alguns entrevistados que apresentam o bambu como planta. Quais as principais características do ponto de vista agrícola e ambiental desta
3- ELABORAÇÃO DE ROTEIRO A PARTIR DOS TEMAS SELECIONADOS
Apesar da fértil imaginação do autor para a elaboracão de um roteiro amplo levando em conta tudo que se pode fazer com o incrível material que é o bambu, o roteiro do vídeo de entrevistas foi pensado em função do conteúdo falado dos entrevistados. Se tratando de sete pessoas de 55
gramínea que é vista, por muitos, como uma praga. - Usos: As utilidades do bambu como planta e material. - Cadeia produtiva: Depoimentos relacionados ao processo envolvido na transformação do material in loco, ao natural, plantado, ao produto final pronto para o uso. Ênfase na participação do projetista, construtor, empresário e comerciante em todas as etapas deste processo, do plantio ao produto final. - Bambu e madeira: Quais as diferenças e semelhanças entre eles e por que não há no Brasil uma cultura de aproveitamento do bambu para usos nobres. - Bambu na Arquitetura e construção civil: Quais as possi-
bilidades de aplicação e o que falta para ser um material disponível no mercado. - Bambu no mercado - nacional e internacional: Existe mercado para produtos de bambu no Brasil? De onde vem os produtos mais comuns de bambu vendidos no Brasil? - Conclusões: Última rodada de todos os entrevistados trazendo falas a respeito do que é necessário ser feito para que a cultura do bambu cresça no país. 4 - EDIÇÕES COLETIVAS ATÉ VERSÃO FINAL
Após a seleção individual das contribuições de cada personagem em cada bloco chegou a hora de juntar 56
tudo e começar as edições coletivas. Esse processo foi também bastante trabalhoso uma vez que, tanto para dar coerência entre as falas de diferentes pessoas dentro de cada bloco, quanto para fazer as transisões de assuntos distintos é necessário compor quase todas as possibilidades de combinações de ordem das frases para que as passagens pareçam naturais, sejam coerentes com o assunto e coesas por si só. Isso foi feito pouco a pouco até o fechamento da versão final para iniciar as edições de acabamento e legendagens.
dicções, sotaques e velocidades muito diferentes e o tempo de cada fala é curto e com bastante informação, julguei que a melhor maneira de não deixar dúvidas quanto ao conteúdo apresentado era colocar legendas. Definida a ordem das falas e tempo total do vídeo, a transcrição literal, para a legendagem e traduções, foi feita. Apesar de parecer bastante trabalhoso, não foi tanto, uma vez que os trechos alí colocados já haviam sido revistos suficientemente para que a transcrição saísse quase simultaneamente ao tempo normal das falas.
5 - TRANSCRIÇÃO
6 -TRADUÇÕES E LEGENDAGENS
Como os personagens falam com
Feita a transcrição literal de todo 57
o vídeo, o trabalho de traduzir e adaptar as frases coloquiais aos outros três idiomas, apresentados como opção de legenda na versão da web, foi repassado para profissionais. Agradeço a estes por colaborar para a maior divulgação da cultura do bambu e das pesquisas feitas sobre ela no nosso país.
zadas. Esse foi o principal motivo do deslocamento envolvido em cada entrevista feita e ainda envolveu mais dois dias de gravações na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Tatuí aonde foram captadas imagens e sons do maior banco ativo de germoplasma do Brasil. Na grande maioria dos casos as imagens não se relacionam diretamente com o conteúdo apresentado na “voz em off ”, mas ilustram brevemente, ao menos o local de trabalho de cada um dos entrevistados. As músicas selecionadas para a abertura, créditos e trilha sonora dos vídeos extras foram procuradas a partir de um único crítério: ser composta por instrumentos
EDIÇÕES DE ACABAMENTO 1 - INSERÇÃO DAS IMAGENS, SONS E TRILHA SONORA
Pensando em ilustrar e tornar o vídeo documentário em algo mais dinâmico e não tão cansativo, busquei captar imagens de alguns lugares aonde as experimentações de cada entrevistado foram reali58
majoritariamente construídos com bambu. O resultado da pesquisa foi surpreendente, encontrei orquestras constituídas somente com instrumentos feitos a partir de bambu no Equador, China, Indonésia, Filipinas, Vietnam e Japão. Destas selecionei as que melhor se inseriam nos determinados contextos em que se apresentam e inseri nos vídeos.
um, e todas as transições de audio e imagem para que o produto final tivesse uma uniformidade de cor, brilho, contraste, volume e ruído. 3 - RENDERIZAÇÃO E MONTAGEM DO DVD
Para finalizar a etapa de edições e deixar o vídeo pronto, existe ainda um processo de montagem do menu interativo do dvd, que envolve a seleção de imagens e sons para compor o fundo do menu, formatação e exportação de todos os vídeos nos formatos adequados tanto para o DVD quanto para a divulgação na web. Se tratando de um completo amador na arte das edições e acabamentos, a acessoria do técnico
2 - TRATAMENTO DE AUDIO E IMAGENS
Como as gravações foram feitas com equipamentos diversos, tanto para a captação de imagens quanto de som, em dias com luminosidade e ruído variados, foi necessário equalizar todos os trechos, um a 59
especialista, Diógenes dos Santos Miranda, em quase todas as etapas de edições foi essencial e contribuiu muito para a melhor apresentação final deste trabalho.
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EXPERIÊNCIAS E EXPERIMENTAÇÕES EXTRAS
“As coisas que você aprende sozinho, você sabe mais sobre elas. Lógico que tem que ter o mestre, o cara que orienta a pessoa, mas o caminho do aprendizado, não está no mestre, nem no aprendiz, está primeiro, em um sociedade que não impõe mentiras e esconde as verdades.” José L. M. Ripper
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1 -CONSTRUÇÃO DE QUADRO DE BICICLETA COM BAMBU, FIBRA DE CÂNHAMO E RESINA DE MAMONA
Já no final do mês de setembro o vídeo estava tomando a forma final, no entanto, assim como o ele, eu também estava carente de experiências de mão-na-massa uma vez que era minha intenção inicial de trabalho final de graduação e eu acabei por passar o ano todo trabalhando com “mão-no-computador”. Ao me deparar com a possibilidade de participar do primeiro curso em São Paulo de construção de bicicletas de bambu, promovido por alunos do professor entrevitado Marco Antônio Pereira, da
LABambu de Bauru, em parceria com o coletivo Parque de Bambu de São Paulo, me interessei por participar do curso para coletar imagens do processo. Na prática foi muito mais do que isso, desenvolvi do zero e montei uma bicecleta de bambu junto com o engenheiro de energias, construtor de bicicletas de aço, ciclista semiprofissional e amigo de infância, Rafael Queiroz Guimarães, conheci diversas pessoas, entusiastas e envolvidas tanto com o ciclismo quanto com o bambú, além de coletar as tais 64
imagens que foram tão ricas que compuseram um vídeo por si só.
2 - CONSTRUÇÃO DE MINHOCÁRIO DE “SOLO-CIMENTO ARMADO COM BAMBU”
Uma das técnicas mais revolucionárias da arquitetura é o “ferro-cimento”, que possibilita estruturas com proporções inéditas, finas em espessura, resistentes e que viabiliza a construção de formas mais orgânicas. Pensando nisso e embasado nos estudos que comprovam a eficiência do bambu associado ao concreto, resolvi experimentar uma mistura das técnicas de solocimento, taipa-de-mão, concreto reforçado com bambu e ferro-cimento. O produto desta experiência
foi um minhocário de aproximadamente 0,7 metros cúbicos (dois metros quadrados em planta) desenvolvido de maneira totalmente experimental, sem qualquer desenho ou projeto. Chamei a técnica utilizada de Solo-cimento armado com bambu pois o processo foi justamente esse, armar uma estrutura com lascas de bambu e revestir com solo cimento utilizando o método mais rudimentar que é o arremesso da massa com a própria mão na estrutura de bambu. Para segurar as lascas de bam66
bu foram fixados seis pilares de bambu roliço da espécie Phyllostachys aurea (nome popular: canada-índia) tratados com fogo direto (maçarico conectado a bujão de cozinha) e “encapados“ na base e no topo com garrafas PET aquecidas com maçarico. Para fazer a trama de bambu da parede curva do minhocário utilizei lascas de bambu tiradas com o auxílio de facão e porrete de madeira. Entrelacei as lascas de bambu alternando a lateral de apoio nos pilares (dentro e fora) de modo a deixar todas as lascas formando uma superfície curva e uniforme semelhante a um “S”. Isso gerou a vedação de metade do minhocário, faltavam ainda duas paredes, uma de dois metros e ou-
tra de um metro de comprimento por aproximadamente 35cm de altura. Para construir estas, me apropriei de uma técnica tradicional em alguns países da América do Sul, em especial na Colômbia, onde tive o prazer de ver de perto o processo de fabricação das chamadas Esterillas, que são, na realidade, a planificação de um colmo de bambu através de golpes de machadinha a cada um ou dois centímetros na região do diafragma (nó) do bambu. Isso faz com que, ao realizar toda a volta, em todos os nós de um colmo de bambu, ele se abra como uma esteira de comprimento igual ao comprimento inicial da vara e largura igual a um pouco mais que o pe67
rímetro da circunferência da seção transversal da vara. Como o bambu mais comum utilizado para este fim na Colômbia ( Guadua Angustifolia Kunth - até 20cm de diâmetro e 2cm de espessura de parede) possui dimensões muito diferente do bambu que eu tive a oportunidade de escolher e colher (Bambusa Tulda - até 7cm de diâmetro e 1cm de espessura de parede), decidi planificar os colmos utilizando duas tábuas de madeira como prensa e um automóvel como força de compressão, o resultado ficou satisfatório e assim fiz as duas paredes restantes. Para revestir, utilizei uma mistura de terra vermelha peneirada, areia fina e cimento, nas propor-
ções 15:7:3, e barreei as duas faces da parede curva e apenas a face interna das paredes ortogonais, deixando a face externa com a casca do bambu aparente. Os dois pilares centrais serviram ainda como estrutura de uma tela de galinheiro que divide o minhocário em dois reservatórios de aproximadamente um metro quadrado cada um, com 35cm de altura, aonde é feito o “rodízio” entre o depósito de compostos orgânicos frescos e húmos.
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3 - PRODUÇÃO DE BAMBU LAMINADO COLADO PARA A CAPA DO CADERNO
Os produtos de bambu mais comuns no mercado brasileiro nos dias atuais são fabricados a partir de bambu laminado colado em sua grande maioria de espécies do gênero Phyllostachys importado da China. O processo de fabricação das placas de bambu laminado colado é simples, porém com trabalho diretamente proporcional ao tamanho das placas e inversamente proporcional ao número de placas produzidas, ou seja, quanto menores as dimensões da placa e maior a quantidade, o trabalho relativo a
fabricação de uma placa é menor. Em suma, fabricar uma pequena quantidade de placas relativamente grandes, para para suprir a demanda de 50 capas de caderno seria um trabalho demasiado longo. Apesar de a importação direta de rolos de laminados de bambu, de diversas espessuras, ser relativamente fácil e em conta, essa prática seria totalmente incoerente, uma vez que eu fiz questão de evidenciar no próprio vídeo os malefícios causados pela importação de produtos cuja indústria ainda não 70
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se desenvolveu no no Brasil ainda que tenha um grande potencial para isso. A solução foi produzir meu próprio laminado utilizando os bambus que eu havia cortado para fazer o minhocário. Somente depois de cortar, deixar em imersão em sal grosso por uma semana e secar em uma câmara solar improvisada por mais uma semana mais de cem lascas de bambu, eu me dei conta que o processo para a fabricação de 3 placas de 1metro quadrado com 2mm de espessura seria inviável. Para não “perder a viagem”, decidí fazer apenas uma placa de 30x15cm com espessura qualquer e somente uma face bem aplainada para gravar nesta, utilizan-
do a máquina laser do LAME a capa, a lombada e as “costas” do caderno, como se ele estivesse aberto com o miolo para baixo. Feito isso, tirei uma foto do resultado e esta foi usada para ser impressa como capa no modo tradicional. Este resultado não seria possível sem o Laboratório de Ensaios e Modelos, agradeço a disposição dos técnicos e funcionários.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão, inicialmente aterrorizante, de desenvolver o produto final do meu trabalho final de graduação utilizando ferramentas, para mim inéditas, do campo gigantesco que é a produção audiovisual, se mostrou, depois de nove meses, bastante interessante. Um documentário de entrevistas com alguns dos grandes contribuidores para a cultura do bambu no Brasil e alguns vídeos extras, mostrando uma ínfima parcela dos produtos que são possíveis de serem produzidos a
partir desta gramínea, se mostrou de grande valor não apenas para a conclusão do curso de arquitetura e urbanismo da FAUUSP como para a própria instituição FAU e USP, que infelizmente ainda são conservadoras em relação ao estudo de novos materiais, mesmo que estes sejam de uso milenar e também para a população em geral, uma vez que é um material de conteúdo amplo e ao mesmo conciso, didático e de fácil divulgação e compartilhamento. Levando em conta o núme74
ro relativamente pequeno de pesquisas e pesquisadores, especializados em bambu, no Brasil, as experiências vivenciadas no 3°Seminário Nacional do Bambu (IIISNB), em Goiânia no ano de 2015, foram de grande importância para ter uma ideia de quem eram os pesquisadores e professores que estudavam esta planta no nosso país e em que instituições estes atuavam. Participar de um evento de alguns dias com estas pessoas facilitou o contato que seria feito meses depois do para a realização deste trabalho. O processo de filmagens, nos lugares em que as experimentações dos entrevistados foram, ou são realizadas, foi realmente tra-
balhoso, no entanto, fez com que eu fosse a vários locais emblemáticos para o bambu no Brasil e conversar com diversas pessoas envolvidas com o tema, fato que há algum tempo eu desejava. Por fim, apesar de ter me afastado das experimentações que eu pretendia desenvolver ao longo deste ano, a experiência de trabalhar com um método de documentação diferente do que eu estava habituado e aprender um pouco, do zero, das artimanhas das gravações de imagem de som e as mágicas possíveis nas edições, já haviam me deixado satisfeito quando a oportunidade de produzir algo físico e com utilidade apareceu com o primeiro curso de construção de bicicletas 75
de bambu em São Paulo, Capital promovido pelos alunos da UNESP - Bauru, Lucas e Edson, da LABambu, em parceria com o coletivo paulistano Parque de Bambu. O curso e o resultado final da bicicleta me motivaram a experimentar mais, dentro das condições de tempo que eu dispunha e cabei por desenvolver algumas ideias que estavam guardadas na minha cabeça. Isso me deixou ainda mais satisfeito. Espero que este trabalho sirva de referência para muitos outros e ajude a disseminar, especialmente no Brasil, uma pequena parcela da riquíssima cultura do bambu.
AGRADECIMENTOS
Maria Cecília Loschiavo dos Santos - professora orientadora Rose Moraes Pan e Luiz Bargmann - coorientadores Karina Leitão - orientadora metodológica Antonio Gonçalves da Silva, Antonio Marcelino da Silva, Diógenes dos Santos Miranda, Marcio Godinho, Maurício Choubet e Rodrigo Carminati câmera,som e auxílio técnico Luis Signorini Novaes - câmera e som Martim Passos - imagem aérea
Arthur Moura Campos obra prima literária e narração Thomás Stephan - Diagramação do caderno com palpites de Vitor Endo Antônio L. de Barros Salgado, Celina Llerena, Harada, José Luiz Mendes Ripper, Khosrow Ghavami, Marco Antônio dos Reis Pereira e Mario Seixas entrevistados que cederam gentilmente seus conhecimentos, imagem e tempo. Angela Pinto Barbosa, Maria Hissako Miyazaki Harada e Tatiana Akemi Harada (Take 78
Cortinas), Gloria, João Bina e Renato (Bambutec), Camila Llerena Hue (Ebiobambu), Marcelo Ticcelli (UPD - Tatuí) - facilicitadores, sem eles grande parte deste trabalho não seria viável. Kouji Harada que gentilmente abriu as portas da fábrica e sítio e mostrou todo o processo da fabricação das cortinas Tatiana Akemi Harada que possibilitou o encontro e se dispos a ajudar desde o primeiro momento Angela Pinto Barbosa que deixou ser filmada durante o trabalho Maria Hissako Miyazaki Harada - dona da empresa Rafael Queiroz Guimarães -
Engenheiro de Energia e construtor de bicicletas em aço - por topar o desafio de construir um quadro de bicicleta em bambu durante duas intensas semanas. Lucas Ezias e Edison Rodriguez Cabeza - LABambu Artur Rodolfo, Carlo Pinheiro, Diná Ramos e Pedro Aquino Burgos - Parque de Bambu Álvaro, Daniel Nogueira, Doni Soares, Fabiana, Luca e Tales - participantes do curso que alegraram as produções Roberto Clementino da Perestroika, Evandro da Bicy, Evandro 1800km - acessoria e concesão do espaço de montagem. Todos os amigos que acompanharam, ou não, o processo e 79
contribuíram para este trabalho, entre eles: Marco Antônio Paula Gonçalves de Oliveira (pai), Crista Maria Prochnow Voigt (traduções e mãe), Arlindo Prochnow (traduções e tio), Noemi Paula Gonçalves de Oliveira (avó), Pedro Faggin Paula Gonçalves de Oliveira (irmão), Leonardo Zicardi, Gabriela Deleu, Gabriel Pietraroia,Thomás Stephan, Marina Eisenhauer, Marina Diez, Marcos Saad, Vitor Endo, Deco, Paco, Ian Galvão, Chico Maranhão, Daniel Jhun, Pedro Gallian, Luca Di Vito, Cainã dos Reis Jorge, Marcelo Galiano Eduardo Sabbattini, Filomena e Newton. Marina Pizzotti - colabora-
dora essencial. EM MEMÓRIA DE
Antônio Gonçalves de Oliveira , avô - que me ensinou a lascar a primeira vara de bambu Oscar Hidalgo Lopez - pesquisador e autor do mais completo livro sobre bambu. Senhor Takasi Miyazaki fundador da Take Cortinas e pioneiro no plantio comercial de Bambu no Brasil. Sérgio Luiz Bianco - Arquiteto e idealizador de diversos projetos de mobilidade para grandes cidades usando bicicletas como possibilidade de meio de transporte da população. 80
REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE VÍDEOS, LIVROS E MÚSICAS LIVROS
FRY, Tony - “Reconstruções: Ecologia/Design/Filosofia” LOSCHIAVO, Maria Cecília - “Design, Resíduo e Dignidade” LOPEZ, Oscar Hidalgo “Bambu: The gift of the gods” VILLEGAS, Marcelo “Guadua: Arquitectura y Diseño “ MINKE, Gernot - “Manual de construção com bambu” SALGADO, Antonio Luis de Barros - “Bambu com sal, aqui e agora - lá e então” RIPPER, Jose Luiz M. e
MOREIRA, Luis Eustáquio “Jogo das formas - Lógica do objeto natural” PEREIRA, Marco Antonio e BERALDO, Antonio L. - “Bambu de corpo e alma” PIZZOTTI, Marina - TFG 2015 “Instituto do bambu” FILMES E VIDEOS
Bamboo Path - a solution for a resilient future -SD Bamboo The Miracle Plant The Wonderful Grass Bambu - plantio e manejo comercial - Mais Floresta - 2014 82
Contruções com bambu Ecoideias - 07/09/2014 Bambu Elora Hardy Magical houses made of bamboo Giant Bamboo Biggest in Thailand 1 Uso da tecnologia do bambu na construção civil - Parte I e II Bambu Social 2 0 - Project Summary Process Video of ZCB Bamboo Pavilion Producao de Celulose de Bambu pela Empresa ITAPAGE Entrevista Simon Velez - El bambu no es para pobres o ricos espara seres humanos Bambu: do campo a construção cicil
Design Ecológico - Inventando o Futuro Educacion Prohibida MÚSICAS
A Bamboo Band in Bougainville Bougainville Bamboo Band Canberra Multicultural Festival 2013 Bamboo - One of the Indigenous Musical Instruments of Cordillera Region Bamboo Orchestra Japan 08 Jurassic -Soundscape Of Japan Bamboo Orchestra Vayali Folklore Group Kerala Instrumental Bamboo Orchestra- Sinding do Monori-Tori 83
Didgeridoo - Aboriginal bamboo instrument - Austália Koum Tara Algerian Song -Taiwan Bamboo Orchestra playing spoons -Taiwan Bamboo Orchestra Macolla Musica de Bambues Bamboo Organ Church Organ 9 TAKENOKO - les pousses de bamboo orchestra
01/06/2016 na Fazenda sede da Take Cortinas - Guarulhos 26minutos Entrevista de Khosrow Ghavami a Gustavo P.G. de Oliveira em 06/06/2016 na PUC - Rio de Janeiro - 1hora e 26minutos Entrevista de José Luiz Mendes Ripper a Gustavo P.G. de Oliveira em 07/06/2016 no Laboratório de Investigação em Livre Desenho da PUC - Rio de Janeiro - 2horas e 20minutos Entrevista de Mario Seixas a Gustavo P.G. de Oliveira em 07/06/2016 no galpão da Bambutec - PUC - Rio de Janeiro 47minutos Entrevista de Marco Antonio Pereira a Gustavo P.G. de Oliveira em 16/06/2016 na
ENTREVISTAS ORIGINAIS
Entrevista de Antonio L. de Barros Salgado a Gustavo P.G. de Oliveira em 27/04/2016 na Fazenda Santa Elisa do IAC Campinas 40minutos Entrevista de Kouji Harada a Gustavo P.G. de Oliveira em 84
Unesp Bauru - 40minutos Entrevista de Celina Llerena a Gustavo P.G. de Oliveira em 02/07/2016 - Visconde de Mauรก na sede da Ebiobambu - 45minutos
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