oficina de
DESENHO DE
AVES
INTRODUÇÃO Então, você é um observador de aves! Não se assusta com nomes em latim. Eurico Santos e Helmut Sick são seus velhos conhecidos. Até já tem o seu binoclinho na mão. Tudo muito bom, exceto por um detalhe: o registro visual. Sua câmera das férias não está a altura da tarefa (nem a do celular). E a idéia de carregar um equipamento caro e pesado não lhe agrada. A solução? O desenho. Calma, não se deixe intimidar pelas impressionantes imagens de Audubon que passam pela sua cabeça. Desenhar suas observações pode ser fácil e muito recompensador. Este curso pretende oferecer recursos simples e despretensiosos na tarefa de desenhar aves. Dedique-se, divulgue e divirta-se. Ajude a consolidar uma comunidade de observadores desenhadores.
PRIMEIRA LIÇÃO Pode tirar o binóculo do pescoço e descalçar as botinas de trilha. Nossa viagem começa sentado na cadeira. Vamos olhar fotos. Epa! Fotos? A idéia não é usar o desenho no lugar das fotos? Sim, mas para começar, as fotos nos fornecem recursos visuais sem os desafios do trabalho de campo. Aves em fotos não voam. Você já pegou algumas fotos, então podemos desenhar. O desenho geral das aves apresenta um desafio e uma facilidade. A facilidade é a construção relativamente simples de suas estruturas e de seus contornos. O desafio é a incontável variação dessas estruturas. Vamos reduzir essas estruturas a quatro simples formas geométricas. Um círculo para a cabeça, uma elipse cortada para o corpo, um retângulo para a cauda e palitos para o bico e patas. Usando apenas e tão somente estes elementos, desenhe as aves que estiverem nas suas referências. Procure prestar atenção na variação muitas vezes sutil de proporção entre as formas geométricas de uma espécie para outra. Também é útil observar a atitude e pose do modelo. Muitas espécies são reconhecidas também pelo modo como se movem ou se comportam.
Contenha a tentação de acrescentar detalhes e contorno. Atenha-se às formas elementares. Outra dica é usar papel transparente (vegetal ou manteiga) sobre as fotos impressas, assim você não se preocupa com a reprodução e se concentra em decodificar a imagem em bolinhas, palitinhos e retângulos.
galiformes
columbiformes
raliformes
psitaciformes
estrigiformes
falconiformes
lariformes
caradriformes
gruiformes
cuculiformes
piciformes
troquiliformes
anseriformes
ardeiformes
coraciformes
passeriformes
Alguns exemplos de como o desenho básico com formas geométricas se adapta à representação das diversas famílias.
SEGUNDA LIÇÃO As bolinhas já estão treinadas. O domínio dessa técnica simples nos dá a proporção e atitude da ave. Já podemos indentificar pelo menos o gênero e quem sabe até a família num desenho geométrico. Não é pouca coisa. Agora é a vez da forma. Pense na forma como revestimento das bolinhas. Para abordar a forma mais uma vez recorremos ao trabalho dos queridos fotógrafos de aves... A ação agora é preencher a imagem da foto criando uma silhueta uniforme. Ao repetir essa receita, é melhor que você faça prestando bastante atenção aos detalhes que estão na linha externa, só no contorno. Pontas de penas, curvas de bicos, presença ou ausência de cristas ou carúnculas. Muito se pode dizer apenas olhando para a forma de uma ave. Você consegue identificar estas silhuetas?
A idéia é dominar as duas linguagens até agora apresentadas, ainda com o auxílio de fotos. Quando você estiver bem seguro, chega a hora de juntar as duas aulas num desenho só. Nessa hora a vontade de acrescentar os detalhes, penas bico, olhos e plumagem é muito grande... Espere mais uma lição. Não ponha os ovos antes do ninho.
O MAPA DAS AVES Se você já foi a um açougue, deve se lembrar daquele desenho de um boi dividido em um verdadeiro mapa dos cortes de carne. A ornitologia também tem um mapa como este. Nele, estão delimitadas e nomeadas as partes da anatomia externa das aves.
Para usar o mapa como base de anotações, faça assim: percorra as partes do mapa marcando o que estiver vendo como características. Marque os contornos com a variação de forma e proporção. Imagine o diagrama projetado sobre a ave que observa como se fosse um mapa político sobre a foto de um satélite.
Familiarize-se com este mapa. Quase todos os livros de ornitologia trazem uma ilustração dele. Um bom jeito de registrar uma observação é anotar as características da ave observada sobre o mapa, como se fosse um gabarito.
Da mesma forma que relevos naturais ajudam a criar fronteiras, também na anatomia existem marcas visíveis de cada área.
uropígio
coberteiras maiores
rêmiges secundárias
baixo dorso
coberteiras médias
nuca
píleo
pescoço
fronte
alto dorso loro
rêmiges primárias bico
mento
retrizes
garganta
coberteiras da cauda peito
crisso addômem
CONCLUSÃO
Muito bem. Agora você não vê a hora de testar suas habilidades de desenho em campo. Começe devagar. Aves domésticas são uma boa transição entre as fotografias e uma ave silvestre. Galinhas num quintal podem não fornecer um empolgante encontro com a natureza, mas oferecem uma chance de treino preciosa. Patos no lago da praça, até mesmo periquitos numa gaiola. Uma visita ao zoológico também vale... Encontre sua linguagem. As ferramentas oferecidas nessa oficinas são apenas sugestões de códigos que facilitam a entrada no mundo da anotação gráfica. Lembre-se de manter seus desenhos simples e objetivos. O mais importante deve ser a possibilidade de identificar a espécie retratada. Lápis de cor e aquarelas são ótimos companheiros do bloco e lapiseira. Por fim, não fique sozinho. Lembre-se que os desenhos devem ser vistos. Procure sua turma e promova trocas e encontros. Vale também acrescentar seus desenhos de informações interessantes, como data, hora, lugar, comportamentos, etc. Boa “caçada”!
PRATIQUE Redesenhe as silhuetas para reforçar a identificação das formas goemétricas básicas.
realização
criação
Rodrigo Leão
conceito
dedo verde comunicação, passarinho e poesia
apoio