Revista Oficina Viral

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ESTÉTICA PANDÊMICA

OFICINA VIRAL n.1 | vol.1 | semestre extraordinário 2020


Revista OFICINA VIRAL Publicação final dos trabalhos do semestre extraordinário 2020 Disciplina: ESTÉTICA Proposição: Prof. Dra. Ana Paula Vieceli Projeto gráfico: Arq. Hanna Schwarz Setembro 2020

“A estética torna-se assim um frutífero ponto de encontro, um campo no qual têm direito de falar os artistas, os críticos, os amadores, os historiadores, os psicólogos, os filósofos, os metafísicos, com a condição de que todos prestem atenção ao ponto em que experiência e filosofia se tocam, a experiência para estimular e verificar a filosofia, e a filosofia para explicar e fundamentar a experiência.” -Luigi PAREYSON





Estética Pandêmica

“Me pergunto se, em meio deste isolamento forçado, seremos capazes de encontrar a solidão necessária para contribuir de alguma maneira para que, entre nós e o universo, o mundo se converta em algo mais do que uma mistificação encobridora da máquina capitalista; se essa estúpida e mortífera manifestação da contingência conseguirá revelar-nos algo mais do que a finitude que assombra até os nossos sonhos mais nobres, mais honestos; se esta interrupção das vidas que conduzíamos sem questionar e das ideias que carregávamos sem consciência crítica será suficiente para agitar mais uma vez a imponderável chama da liberdade” - Eduardo Pellejero


roteirodegravação_aula1.doc (quase) na íntegra 17/06/2020 17:59

Saudade da sala de aula né, minha filha? Respira fundo, porque está começando o semestre pandêmico e as aulas de Estética

(vinheta

v a p o r)




Bom dia pra quem é de bom dia e boa noite pra quem é de boa noite! Eu sou a Hanna e essa é nossa primeiríssima aula do semestre do curso de Estética, e eu quero desejar, de coração, as boas-vindas a todos! (Ascender um incenso) Nós somos aqui uma grande comunidade de quarenta e uma almas. Somos quarenta e uma pessoas envolvidas em torno desse tema chamado Estética. No entanto, nos encontramos nesse momento excepcional, à distância provocada por uma pandemia, o que nos coloca numa posição experimental, audiovisual. Vai ser, com certeza, muito diferente do que poderia ser a disciplina de Estética se estivéssemos em sala de aula – eu mesma tenho certeza de que pra mim será um desafio pois a sala de aula é como se fosse um teatro, ou um templo, onde eu sinto a presença dos alunos, a energia corporal flui e a expressão dos conteúdos se desenrola de um modo mais espontâneo. Gravar uma aula para uma câmera me inibe bastante e eu ainda não tenho a manha de como fazer isso funcionar bem - mas nem por isso vamos deixar por menos! A minha ideia nesse semestre especial é tornar essa experiência de exceção uma Experiência Estética, onde nós vamos mergulhar num experimento poético, e vamos tem como pilar central, sim, toda a teoria da estética, que tem o seu viés histórico e crítico, mas vamos direcionar os nosso pensamento pra uma prática filosófica e artística que eu chamei de Estética Da Pandêmia. Mas, antes de mais nada, vamos começar pela pergunta:


O QUE É ESTÉTICA? [no dicionário]: Aparência ou beleza física; plástica. [no senso comum: cosmética]: centro de estética, estética facial, corporal, salões de beleza, tatuagem, manicuri, pedicuri, piercing, pilling, botox, clareamento dental, depilação a laser... Cosmética vem do grego kósmesis que significa “enfeite, adorno”; e kosmetikós, que significa “hábil em adornar”, enfeitar, ornamentação. [pela etimologia]: “Estética” é uma palavra que encontra no termo grego aisthêsis a sua génese etimológica. Estética significa sensibilidade ou faculdade de sentir. É uma palavra enraizada no campo do sensível, da sensação, dos sentidos, da percepção e do sentir. Estético é, então, por essa raiz grega, relativo aos fatos da sensibilidade em oposição aos fatos da inteligência (Noética). Desde a sua origem, a estética foi entendida como a capacidade humana para a captação dos objetos que nos rodeiam, por intermédio dos sentidos, bem como do afeto que provoca. Assim que nasce como uma disciplina a Estética se apresenta como a busca pelo belo, quer dizer, por refletir e definir o que é a beleza.

MAS O QUE É O BELO AFINAL?




Bem, cada sociedade em seu tempo constrói seu conceito acerca do que é ou deixa de ser beleza. De Platão ao pensamento contemporâneo, o entendimento acerca da beleza passou por diversas transformações até a sua completa dissolução no mundo contemporâneo. No entanto, a Estética como uma disciplina, como uma ciência, apareceu apenas no século XVIII, século das luzes, com o filósofo Alexander Gottlieb Baumgarten, que através da palavra latina aesthética, pretendia fundar uma ciência das sensações, cuja finalidade é a perfeição do conhecimento sensível. Esta perfeição seria a beleza. Dessa ciência decorre o surgimento das questões Kantianas relativas ao gosto (o que é o gosto? o gosto é objetivo ou subjetivo? sendo subjetivo, gosto se discute? a beleza é subjetiva? ela está dentro de quem percebe? ou ela está no objeto?), mas também do objeto estético, e todas essas questões se relacionam intimamente com a arte. O que é o artista, como e por que o artista faz arte? Como a arte afeta quem dela experimenta? A arte é um julgamento? Como se julga a arte? A arte é um conhecimento? A arte é uma experiência? Essa experiência é somente sensível ou também é inteligível? Ela é racional, ou será irracional? Se for irracional, como se pode pensar racionalmente sobre ela? Ou será que a arte é espiritual? Será que a arte está na forma ou no conteúdo? O que é a arte? Pra que serve a arte? Por que preisamos de arte? Mas, sendo fruto de uma reflexão sobre a arte, Estética não é, em si, arte. Será que então a Estética é a História da Arte? A Crítica da Arte?


Não. Pois, justamente quando nasce a Estética como uma disciplina, nasce também a História da arte, a Crítica da arte. Quem se encarregou de refletir sobre o belo, o sensível, sobre a arte, por muito tempo foram os filósofos. Então podemos dizer que a Estética se trata originalmente de uma disciplina filosófica e, desde Schelling e Hegel, muito se preferiu chamá-la de Filosofia da arte. Ela se distingue da própria arte, da história e da crítica da arte pelo seu caráter conceitual geral: a sua tarefa não é apresentar e ordenar as obras do passado e nem julgar as obras do presente. A Estética é um método discursivo, analítico e argumentativo que permite clarificações conceituais. Segundo Pareyson (2001), hoje se entende por estética, toda teoria que, de qualquer modo, se refira à beleza ou à arte: onde quer que a beleza se encontre, no mundo sensível ou num mundo inteligível, objeto da sensibilidade ou também da inteligência, produto da arte ou da natureza.

Em primeiro lugar, a reflexão filosófica é puramente especulativa e não normativa, isto é, dirige-se a definir conceitos e não estabelecer normas. A estética, portanto, não pode pretender estabelecer o que DEVE SER a arte ou o belo, mas, pelo contrário, tem a incumbência de dar conta do significado, das estrutura, da possibilidade e do


alcance metafísico dos fenômenos que se apresentam na experiência estética. (PAREYSON, 2001, p. 3-4)

Ao lado e com a Estética nós temos a Poética (a arte, o artista), a História (o historiador), a Crítica (o crítico) e as Teorias particulares de cada ramo das artes (os teóricos). A estética tem esses campos como seu objeto de análise.

A Estética é filosofia justamente porque é reflexão especulativa sobre a experiência estética, na qual entra toda experiência que tenha a ver com o belo e com a arte: a experiência do artista, do leitor, do crítico, do historiador, do técnico da arte e daquele que desfruta de qualquer beleza. Nela entram, em suma, a contemplação da beleza, quer seja artística, quer natural ou intelectual, a atividade artística, a interpretação e avaliação das obras de arte, as teorizações da técnica das várias artes. (Idem, p. 5)


Estética é reflexão sobre a experiência estética, experiência artística, experiência da arte.

A estética torna-se assim um frutífero ponto de encontro, um campo no qual têm direito de falar os artistas, os críticos, os amadores, os historiadores, os psicólogos, os filósofos, os metafísicos, com a condição de que todos prestem atenção ao ponto em que experiência e filosofia se tocam, a experiência para estimular e verificar a filosofia, e a filosofia para explicar e fundamentar a experiência. (Idem, p. 10)

Então invocar uma Estética da pandemia é invocar uma experiencia estética desse período que estamos vivendo e também refletir sobre ele. Quando eu digo estética da pandemia, quero estabelecer uma linguagem para essa vida, para essa existência.

***



“Os sonhos que tive sobre influência do vírus, foram os mais impressionantes, neles quase sempre o personagem do morcego voltava, sobrevoava e pousava na minha frente, de cabeça para baixo como os morcegos sempre fazem. O olhar do morcego me fitando de ponta a cabeça me fez entender como ele me via, pois para o seu ponto de vista quem estava invertido era eu e consequentemente todo o meu mundo. Essa mudança de perspectiva me fez entender que, sim, alguma coisa está fora da ordem e, provavelmente somos nós.” -Marcelo Dantas

Angels and Demons (1942), M.C. Escher.


Eu falei antes que a ideia nesse semestre especial é tornar essa experiência de exceção uma experiência estética, onde nós vamos mergulhar num experimento poético, e vamos tem como pilar central, sim, toda a teoria da estética, que tem o seu viés histórico e crítico, mas vamos direcionar os nosso pensamento pra uma prática artística que eu chamei de estética da pandêmia. E isso, claro, só vai dar certo se nós fizermos isso juntos, apesar de estarmos separados. O que eu quero dizer com isso é que pra aléeem das exposições teóricas que eu vou fazer aqui, nós vamos embarcar juntos numa produção. A ideia dessas aulas é abrir um espaço de fruição de vida e de alegria no meio do caos político e da incerteza dessa pandemia, e, justamente, com esse momento peculiar, viral, construir uma ideia de estética. Como não tem uma sala de aula, então eu resolvi que vai ter outro tipo de espaço, que não tem só uma sala, mas várias! A arquitetura desse curso (que eu não gosto de chamar de disciplina, muito pelo contrário, eu gosto mais que ele seja uma indisciplina), essa arquitetura tem essa sala audiovisual aqui, gravada por mim, onde eu vou apresentar semanalmente um conteúdo novo, ou seja, uma discussão um pouco teórica, um pouco histórica e um pouco crítica com respeito à Estética, mas também vão haver outros compartimentos nessa arquitetura, como as salas poéticas, que são os espaços


onde estão as nossas oficinas coletivas e as salas de cinema. Então esse templo da estética é feito pra que vocês circulem livremente por estas salas. Esse templo vai acolher incondicionalmente o corpo a mente e o espírito de nós todos que estamos aqui inscritos! Independente do estado que nos estivermos. Vai acolher a alegria, a angustia, o desabafo, o non-sense, o cômico, o trágico, a ira, as cores, os desenhos, as ideias. É por isso que eu digo, bem vindos, a casa é de vocês, podem entrar, podem ficar à vontade.

APRESENTAÇÃO DAS SALAS:


SALA DA OFICINA VIRAL No Google Docs abri um arquivo em branco pra iniciarmos uma espécie de registro poético do curso. Funciona quase como um diário coletivo, e ali cada um deixa sua manifestação que pode ter a ver com o conteúdo da aula, ou não. Ele pode ter a ver com a experiência da pandemia, algum pensamento que emergiu ao longo do semestre, comentários sobre os textos, sobre as aulas, alguma inspiração, ou então narrativas do cotidiano, dos sonhos.

SALA NO FACEBOOK Para compartilhar imagens, vídeos e zoeira.

SALA DE TEATRO: Tivemos a oportunidade de assistir ao espetáculo Peça, escrito e encenado por Marat Descartes dentro de sua casa, que reflete, a partir da linguagem documental, sobre o contexto sociopolítico do Brasil e sobre as questões levantadas pela necessidade do isolamento social, como a suspensão do tempo, a crise de sentido e o desejo de um novo futuro.


SALA DE MÚSICA Estética Pandêmica. Playlist colaborativa no Spotify1

SALA DE CINEMA Filmes exibidos durante o semestre: • A caverna dos sonhos esquecidos (2010), Werner Herzog; • Antígona (1961), Yorgos Javellas; • Medea (1988), Lars Von Trier; • O sétimo selo (1957), Ingmar Bergman; • Fausto (2011), Aleksandr Sokúrov; • Com amor, Van Gogh (2017), Dorota Kobiela, Hugh Welchman; • Manifesto (2017), Julian Rosefeldt; • Arquitetura da destruição (1989), Peter Cohen; • I shot Andy Warhol (1996), Mary Harron; • Tragédia Doméstica (2020), Filme da turma de Estética2

1.  Disponível em: https://open.spotify.com/playlist/4lLLRBHKfEAU680dFYdew1?si=EtFkiHOxQBGxGSZqPsUtEw 2.  Disponível em: https://youtu.be/orw1F6Beuas




SALA DE VIDEO.AULA: aula 1 - Introdução à Estética (pandêmica) aula 2 - O nascimento da Arte, mimesis, catharsis, venustas aula 3 - O nascimento da Estética, Baumgarten, Kant aula 4 - Romantismos, arte & filosofia aula 5 - [Peça] aula 6 - Nietzsche e a Arte aula 7 - Baudelaire, Impressionismos e meretrizes aula 8 - Vanguardas, Manifestos e dadaísmos aula 9 - [delay problemático] [Arquitetura da destruição] aula 10 - Estética Analítica, arte do choque e o grotesco aula 11 - Finalização dos exercícios e entrega aula 12 - Divulgação das notas

Nota mental: amanhã vai ser maior!


PROPOSIÇÕES: 1) diário coletivo: Oficina Viral; 2) captura audiovisual para filme Tragédia doméstica; 3) ensaio poético dadaísta (cutup, colagens). A proposta é recolher de todas as salas os fragmentos, depoimentos, narrativas, imagens, vídeos e montar uma espécie de documentário do curso. A avaliação então se dará pela participação nas salas.

Já que a proposta é uma estética pandêmica, eu vou começar por lembrar: Até a gravação da primeira aula foram registrados no Brasil, oficialmente, 1.032.000 de infectados pelo COVID19, e 48.954 pessoas que se foram.


PLAYERS

ALDA MARIA GIUDICE DE OLIVEIRA ALINE DE MOURA RIBEIRO XAVIER AMANDA FERREIRA GARCIA ANA PAULA CLAUDIO DE FREITAS BEATRIZ MORAES ROSA BERNARDO CALDAS DE SOUZA BETHINA HARTER SILVA BRANDON GUINALLI LACERDA CARINA DIAS FRANCO CAROLINA MESQUITA VIEIRA DANIEL DAMASO BERTOLDI ELAINE MOURA DA SILVA EMILY SCHIAVINATTO NOGUEIRA FABIANE TESSMER GIULIA VIANNA DOS SANTOS HANNA SCHWARZ HELENA LIMA SALINAS RAMOS HELENA PEREIRA AGUIAR HENRIQUE TRAPAGA GONCALVES JANE SOARES CENTENO


JOANA BUENO LIMA JULIA FURLAN CARDOSO JULIANA SIQUEIRA ANDRES KARINA SCHMIDT NUNES LÉO PLAMER LARROSSA LETICIA RODRIGUES DA CUNHA LUISA PAGANINI STEIN MARIA LUIZA AZAMBUJA PIRES MARIANA LAIMER DA ROSA MORGANA DIAS MESQUITA PEDRO COSTA BOARETTO RAFAELA GONCALVES OTTO RAFAELA JORGE CECCONI RAFAELA SCHERER RAQUEL SIMONI HIRSCH DOS PASSOS RICHER SOARES CAPERA RUBIA INES NOLASCO DE ALMEIDA SARA SUELLEN DA ROCHA CASTRO TAUANE UARTH VITORIA DE SENA FERREIRA




ESTÉTICA DO VÍRUS “Como se fosse um conto de fadas, um pequeno ser invadiu todas as cidades do mundo. O mais ambíguo dos seres da Terra, o qual, com dificuldade, chamamos de “vivo”: ele habita o limiar entre a vida “química” que caracteriza a matéria e a vida biológica, sem que seja possível definir se pertence a um ou ao outro. É animado demais para um, indeterminado demais para o outro. Em seu próprio corpo, a clara oposição entre vida e morte é apagada. Esse agregado de material genético em liberdade invadiu as praças das aldeias e de repente a paisagem política mudou de forma. Como em um conto de fadas, as cidades para se defender de um inimigo invisível e, ainda assim, poderoso - desapareceram: foram para o exílio. Elas se declararam banidas, proibidas e agora estão diante de nós como se estivessem dentro de um museu arqueológico ou um diorama.



De um dia para o outro, escolas, cinemas, restaurantes, bares, museus e quase todas as lojas, parques e ruas fecharam, declarados inabitáveis. Vida social, vida pública, reuniões, jantares, almoços, momentos de trabalho, rituais religiosos, sexo, tudo que se abria quando fechávamos as portas de nossa casa tornou-se impossível. Eles sobrevivem apenas como uma memória ou como algo que deve ser construído através de esforços complexos e às vezes dolorosos: as ligações, o SIG direto (sistema de informações geográficas), os aplausos ou o canto na varanda. Todos eles parecem luto. Estamos de luto pela cidade desaparecida, pela comunidade suspensa, pela sociedade fechada junto com as lojas, as universidades e os estádios. De um dia para o outro, a cidade - isto é, literalmente, a política – se torna um auto-retrato, como nos mitos cabalísticos que gostariam que a criação fosse um ato de retração (tzimtzum) da divindade. Para defender a vida de seus membros, as cidades se baniram e se


mataram. Esse sacrifício muito nobre tornou mais da metade da população humana politicamente extinta, de pensar politicamente sobre o presente e o futuro. Sars-Cov-2, essa pequena criatura de conto de fadas não nos custou apenas dezenas de milhares de vidas. Mas também provocou o suicídio da vida política como a conhecemos e praticamos há séculos. Isso forçou a humanidade a iniciar um estranho experimento de monasticismo global: todos somos monges que se retiram para o nosso espaço privado e passam o dia murmurando orações seculares. Em um mundo em que a política é objeto de proibição e realidade impossível, o que resta são nossas casas: não importa se são realmente apartamentos ou casas reais, não importa se são apartamentos pequenos ou grandes propriedades. Tudo se tornou em casa. E esta não é uma boa notícia. Nossas casas não nos protegem. Eles podem nos matar. Você pode morrer de casa demais.” - Emanuele Coccia


OFICINA VIRAL

Nunca pense antes de começar, disse M. C. Escher

Sejam bem-vindos ao caos! Acredito que várias mentes em caos geram mais reflexão e enriquecimento se comparadas à uma solitária, obrigada pelo caos e compartilhamento.

A aula era virtual, porém me senti abraçado e inspirado.

Como a música pode interferir na nossa percepção estética do entorno ou na nossa “criação estética”? A música é estética? Uma playlist que vai de Péricles a Bach é estética?


É engraçado como mudamos e passamos a valorizar coisas que antes eram comuns, como assistir a uma aula. Anteriormente, eu me sentiria entediada e não compreenderia o real questionamento. Mas agora, ao assistir essa aula, me sinto confortável e quentinha.

Uma aula não, uma experiência. A arte cria um espaço quando parece que não consigo caber em lugar nenhum. Foi bom despertar tais sentimentos em mim com essa aula. A saudade do afeto me preenche por completo

Um belo espaço para criarmos algo juntos, ainda que distantes! Em meio ao cenário mundano caótico e desconexo, já me sinto acolhida nesse nosso caos particular. Estaremos bem acompanhados ao longo da nossa jornada pela experiência estética




Fiquei refletindo serenamente sobre os planos que todos nós fizemos em março/2020, ou aquelas previsões mais amplas como a data da formatura, que subitamente, de forma nunca imaginada, sumiram. Nos vimos sendo obrigados a nos adaptar à realidade atual. Então, peço desculpas àqueles que não gostam de música popular brasileira, mas acrescento aqui trechos de um samba enredo, de 1978: O que será o amanhã? O que irá me acontecer? Como vai ser o meu destino? Responda quem puder!

fiquei hoje ouvindo sambas por essa bela influência que nos causamos uns nos outros, e reparei que samba é quase místico, é como um remédio pro coração. Fiquei ouvindo Canto chorado dos Originais do Samba no repeat, o que dá pra rir dá pra chorar… questão só de peso e medida, problema de hora e lugar, mas tudo são coisas da vida.. uma leveza e uma boa companhia nesses dias, pra embalar o descompasso da solidão. Tudo se resumo ao acaso e deve-se aproveitar esses acasos quando surgem


como o tempo passa quando não se tem o tempo

Compositor de destinos Tambor de todos os ritmos Tempo, Tempo, Tempo, Tempo Entro num acordo contigo Tempo, Tempo, Tempo, Tempo Por seres tão inventivo E pareceres contínuo Tempo, Tempo, Tempo, Tempo És um dos deuses mais lindos Tempo, Tempo, Tempo, Tempo - Caetano Veloso

O que está sendo proposto aqui não é uma aula para nós, mas sim um registro para o futuro.

Quando me sinto ansiosa, derreto um gelo sobre a minha pele. O desconforto deixado pelo contato entre duas superfícies bastante distintas traduz minha experiência estética pandêmica. Estou ansiosa.


Confesso que antes torci o nariz pro EAD, mas agora, assistindo a aula em casa de pijama, até que não tá ruim, não.

PIJAMA STYLE! Que bom que no meio de tanto caos, podemos mudar e refletir, acho que essa desacelerada no mundo era essencial para mudarmos a forma como nos relacionamos e vivemos. Ansiosa para acompanhar essa nova forma de comunicação e experiência pandêmica.

Planos. Metas. Caminhos. Expectativas. Pra quem sempre tanto planeja é difícil viver de incertezas. Grata pela oportunidade de fazer parte dessa experiência inesperada e tão afetuosa no meio de um completo caos.


Fique em casa! Mas e quem não tem casa? Solidariedade as pessoas da ocupação

Nova Coruja.







A estética da pandemia e a estética do morar. Como nosso ambiente residencial influencia nossa visão das coisas e nosso aprendizado? Cada um de nós vai lembrar das aulas de estética com seu plano de fundo particular, várias estéticas em uma.




Lá fora um caos, aqui dentro, o que era caos, se transformou em autoconhecimento.

Quando tudo “acabar” nem o normal será igual. Quando soube da notícia da quarentena, a primeira coisa que pensei foi: “Lá se vão meus planos e objetivos para 2020”. Agora, 3 meses depois, vejo que não só fortaleci meus desejos como entrei em uma jornada de autoconhecimento incrível, necessária, nunca feita antes. Como passamos a nos significar ou apenas existir por meio digital?!… Sabemos da nossa existência e quem somos, até mesmo rostos e aparências…. Mas o que essa pandemia trouxe? A estética do invisível, do nós... profundos… imagéticos. Imagináveis!

Fiquei refletindo serenamente sobre os planos que todos nós fizemos em março/2020, ou aquelas previsões mais amplas como a data da formatura, que subitamente, de forma nunca imaginada, sumiram. Nos vimos sendo


obrigados a nos adaptar à realidade atual. Então, peço desculpas àqueles que não gostam de música popular brasileira, mas acrescento aqui trechos de um samba enredo, de 1978: O que será o amanhã? O que irá me acontecer? Como vai ser o meu destino? Responda quem puder!

♪ o meu destino será como Deus quiser!♪ Ele/Ela como representante de qualquer religião ou crença. https://www.dicio.com.br/deus/ [Figurado] Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.

Minha primeira semana de EAD foi um desastre. Difícil inserir novas atividades nessa rotina que já havíamos criado na quarentena. OU SEJA: NÃO EMPURRE COM A BARRIGA!

e eu não paro de pensar na minha barriga. fiquei pensando se era demasiada “futilidade” compartilhar o fato de que, depois da aula 2, fiquei me sentindo meio vênus de willendorf. efeito quarentena e o sedentarismo, as pernas atrofiando e a barriga esbanjando umbigo venusiano paleolítico. minha casa-minha caverna, minhas preces à deusa pela fertilidade do mundo, das mentes, dos milharais, das minhas sementes criativas. salve gaia



Arquitetura: TÉKHNE ou POIESIS ? Esse momento pandêmico tem sido um período estético e noético ao mesmo tempo. Mesmo no frio, nada de abraços quentinhos, por enquanto.

Como arquitetos e como pessoas estaremos sempre caminhando em uma corda bamba, na busca do equilíbrio, ele que acredito nunca alcançarmos, mas a nossa tentativa, ainda assim, tem mérito.








O homem em sua grandeza, tudo pode sem limites, se acha poderoso, tudo sabe, com o tempo conquistou cidades, derrubou fronteiras. Mas bastou uma coisa pequena invisível para nos colocar em nossos lugares, nos mostrou a nossa insignificância. Podemos até ser fortes e inteligentes, mas não somos únicos nem sós, tínhamos é que aprender que uns precisam dos outros, sem respeito nunca vamos deixar de ter que começar de novo e de novo, na terra não existe só gente, mas também tem infinitos números de animais, florestas com inúmeras quantidades de flores e frutos, Mares rios lagos com uma rica diversidade de seres vivos ,onde o homem achou que era insignificante coisas que deus pôs para nós servir ou divertir, eu já acho o contrário ele nós pôs aqui para servir, cuidar zelar por nossos mares, florestas, animais, por tudo que nos rodeia, agora estamos aprendendo da pior maneira “que um simples vírus está acabando com boa parte da humanidade”, simples, E só a lei do retorno que nos foi dada e não foi respeitada.



O caos perpetua minha mente, na tentativa frustrada, de entender como a humanidade chegou a esse ponto? O que fez ela ser tão egoísta? Milhões de mortos, milhões de famílias destruídas, milhões de famílias separadas. E as pessoas continuam sem entender a gravidade da situação. O mundo nao seria nada sem os artistas. Devem ser muito valorizados e respeitados. A esperança. Não deixa o medo te dominar, continua firme nos teus desejos, nos teus pensamentos. Aproveita a oportunidade que convida à mudança… muda! melhora! Não olhe só para ti mesmo, não te fecha, por mais “isolado” que estejas, ainda assim, estenda tua mão. A vida é comunhão. Abraça. Agora me conheço melhor Descobri hábitos Propus mudanças E reflexões É hora de evoluir.


No início estava um pouco preocupada com a qualidade que poderia ser oferecida nas aulas EAD… agora, em pijamas, podendo pausar o vídeo para anotar partes importantes, diminuindo ou aumentando o volume das aulas… estou amando! Passo o final de semana esperando novos vídeos. A distância daqueles que amamos, é o que mais machuca... Acreditar em dias melhores é o que nos fazem continuar... Precisamos acreditar sempre.

A complexidade da existência e da consciência humana é maravilhar-se ante a própria finitude.



Eu tenho desejo de coisas que antes poderia fazer facilmente. Beijos, abraços e cheiros que eu não consigo sentir mais Cada dia que passa a identidade visual da quarentena se confirma mais, com máscaras no cabide, vistas das janelas, pijama o dia todo, lives e comunicação à distância.

Estamos a tanto tempo no “modo racional” que me parece bastante estranho buscar/acessar o meu “modo sensível”. Em meio a este momento que vivemos onde, inúmeras vezes, a arte nos salva e nós não a salvamos, me fez pensar sobre a importância que damos ao plano do sensível. Será que ainda temos resquícios de um pensamento platônico, onde o sensível não tem tanta importância assim? Rafael Moneo: “… inventar, ‘inventar’ de verdade, só o fizeram três grandes arquitetos no mundo. O resto, o que temos que fazer é aprender a copiar bem”. (Poderia ser Platão falando kkkkk)






Mais uma vez a arte servindo de “escape” para aliviar as tensões, inseguranças, medos que se instalaram com essa loucura de pandemia. Seria uma catharsis? Essa semana acabei me fazendo alguns questionamentos, em função de onde estou, não encontrar uma resposta certa me abalou, por outro lado, me deixou com muitas perspectivas. O que é casa? O meu Lar pode ser uma pessoa, mas onde é o meu lugar? Fé, o que é isso? … e assim foi, uma pergunta me levando a outra. Algumas das respostas que eu obtive (dos meus amigos) sobre lugar me aqueceram, me deixando mais confortável para aceitar onde quer que seja o meu lugar. É realmente revolucionario pensar no “habitar” enquanto somos pressionados a viver esse conceito. Seria uma estética do habitar? Pensando no juízo do gosto de Kant, me questionei se o habitar seria uma experiência estética… onde a faculdade da intuição sensível e a faculdade do entendimento se unem pela imaginação. Será que a experiência


pandêmica não nos poe a imaginar um habitar diferente deste ou daquele que praticávamos antes? Até agora, com base nos dados do sensível, comecei a valorizar as janelas, as sacadas, essa experiência tão necessária e saudável (física e mental) de olhar pra fora, de olhar pro céu, de pegar um vento, um sol… Um lugar pras plantas, pro fogo. O apartamento que estou é pequeno e não pega sol… quantos mais não reproduzem esse mesmo padrão, sem sol… sem a paisagem na janela.. que tristes dias sem paisagem e sem sol….

CANSADA!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!! Toda semana o contato com a arte, mais precisamente com a nossa experiência estética, ao mesmo tempo em que me serve como uma fuga da realidade, traz à tona as mais diversas e profundas reflexões sobre a vida e o mundo.

Mudando meus conceitos sobre estética, a cada aula entendo mais a amplitude desse termo.


Acho muito interessantes os conceitos de belo e sublime em Kant, até ele dizer que a mulher até pode ser bela, mas só o homem pode ser sublime, aí já me desinteresso kkkk

A história é rica em revelar os grandes pensadores como machistas! Misóginos! Vemos isso desde a “democrática” antiguidade grega, até os modernos… o próprio Nietzsche… Le Corbusier… Fiquei pensando o quanto, nessa imensa linha do tempo, o feminismo é recente. E, apesar desse período conturbado, e essa realidade tensa que estamos vivendo hoje, pensei: que bom viver neste momento, e ser contemporânea das mulheres que lutam e que já foram introduzidas num mundo onde há crítica a essa misoginia histórica! Um salve às manas feministas dos primórdios e avante ao movimento!!! Abram alas para as grandes pensadoras da estética! hehe! Um salve especial pra bell hooks, feminista negra que me ensinou muito sobre a arte de professorar, esta que ainda estou aprendendo

Eu senti um bloqueio e um pouco de vergonha em escrever aqui pensando nas pessoas que poderiam ler. Como fazer um diário aberto a qualquer intromissão? Descobri a razão! Vênus em Peixes!!!!! “Sensível, sonhador, místico e emotivo. Pessoas que tem vênus em Peixe costumam ser cuidadosas e reservadas, toda essa sensibilidade e bondade pode até ser entendida como timidez.” Nada como sentir a tranquilidade de poder colocar a culpa no horóscopo


VENUSTAS MY LOVE Realmente, a beleza é subjetiva. Meu quarto, o qual antes eu via como uma prisão, agora vejo como a caixa do episódio do Bob Esponja onde ele usa a imaginação

S e ja

mal

c vindo ao o s

a beleza será sempre livre A beleza está NOS OLHOS DE QUEM VÊ?




Fiquei impressionado com a tragédia de Antígona, tanto pela qualidade da história quanto pela imersão naquele contexto cada vez que mencionava deuses e questionamentos morais. Sempre admirei a sensação do sublime, apesar de não conhecer a palavra que define isso até então, escutando a explicação me trouxe memórias vívidas de observar a demonstração do poder da natureza e me sentir dessa forma.

Estava aqui pensando - nesta sexta-feira que já é sábado, dia 11 de julho de 2020, mais precisamente 2:00h da madrugada - no que poderia eu escrever aqui. E é com esta escolha tão sóbria de tipografia, que me parece até uma ironia depois de sabe-se lá quantas taças de vinho, que começo minha tentativa. Não sei muito como começar a dizer o que sinto, mas tentarei escrever. Penso que, talvez, o isolamento tenha me obrigado a conviver constantemente com aquele que eu não estava muito acostumado a conviver. Os dias parecem rastejar sem o excesso de estímulos da vida pré-quarentena. Tantas coisas para ver; tantas coisas para ler; tantos lugares para ir; tantos compromissos para atender; tantos trabalhos para realizar. E de repente o nada. De modo que hoje convivo com o nada, e o nada me obriga a conviver com aquele que, talvez, eu nunca tenha prestado muita atenção, ou - o que me assusta ainda mais - aquele que, talvez, eu sempre tenha evitado prestar muita atenção. Aquele que em alguns dias pode ser o meu melhor amigo e em outros o meu pior inimigo. Aquele que agora, sozinho e acompanhado apenas de seus pensamentos, é coagido a falar. E não sabe o que. Porque sem a falação e o burburinho constante do dia-a-dia não consegue dizer nada. Portanto, dessa maneira um tanto inglória, encerro minha tentativa de escrever algo ainda sem saber o que dizer.










Eu parei de pensar no futuro, deixei de viver pelos meus sonhos pra viver o agora e realizar as coisas que alimentam o meu presente e por mais confuso que esse momento parece ser, eu esclareci muitas coisas dentro dos meus pensamentos. Descobri que dentro de mim tem muito mais do que eu procurava no mundo. E nessa busca pelo tesouro que existe em mim encontrei caminhos mais fáceis e parei de me perder nos sentimentos e nas angústias, para respirar tranquila e agradecer por mais um dia.

a experiência de gravar vários 30s da minha “tragédia pandêmica” escancara todos os dias o quão privilegiada eu sou, de forma que quando concluo os vídeos o único pensamento que me vem é: “que white people problem do caralho”.




Em meio ao caos do mundo pandêmico, em meio ao caos da sociedade, em meio ao caos das nossas vidas, em meio ao nosso maior caos, O INTERIOR, um abraço, um abraço caloroso e confortante, um abraço entre pessoas que nem mesmo se conhecem, uma voz doce, que acolhe e acalma, uma experiência muito mais que estética, sentimental. Um misto de sentimentos que toma conta dos nossos seres, em um momento em que estamos tão suscetíveis e emotivos. Sentimos falta do contato, do abraço físico, de estar junto… Em tempos de surto intercalados com pensamentos e reflexões, me pergunto… Me pergunto se as pessoas já se deram conta dos seus propósitos de vida, da importância de cada uma delas no meio desse caos. Sigo pensando… como será o mundo após esse caos?








que bonito que é quanta beleza cabe numa sala virtual cabe numa sala virtuosa tantos deuses e deusas e as graças dançando em roda vênus ali iluminada e sofia, a sabedoria o amor inalcançável do filósofo essa sala é flecha de ouro de eros no coração da vida antídoto alquímico para o vírus da insensibilidade incomum e inesperado modo de estar juntoseparado e a beleza está na reverberação insondável do gesto a beleza é o sentimento de prazer que provém da dança que a imaginação faz entre o teu sensível e o teu entendimento sem te avisar. kant viu kant vê poetizando as cinco da manhã kant viu kant vê



criando corpo sensível numa pandemia kant viu kant vê iluminuras medievais kant viu kant vê kant não tinha tv saudade da sala de aula né minha filha saudade de ver olhos e sorrisos coletivos saudade duma festa - venustas festeira, não nos provoque não podemos sair, temos compromissos com nossos pijamas e nossos cabelos bagunçados, estamos num relacionamento sério conosco mesmos. estamos isolados no quadrado, como o homem vitruviano. estamos pixando as cavernas de dentro, pra invocar as imagens dessa estética viral. ao mesmo tempo e sem dar trégua, passei dois dias tentando não pensar: inundações. a cidade da minha infância está embaixo dágua. parece que os fenômenos combinaram de se juntar. vocês sabiam que vai ter 3 cometas cruzando o horizonte em algum momento próximo? eu li em algum lugar na internet. [carece de fontes confiáveis]


Acredito que tudo acontece com um propósito, nós precisávamos desacelerar e ver o que realmente importa para cada um de nós. NÃO! Nós não somos máquinas programadas em um padrão, temos sentimentos e vontades. Surge em mim um AUTO-CONHECIMENTO, que antes não tinha. “Obrigada” corona vírus, agora já pode ir embora!

fiquei pensando na frase de friedrich nietzche: “temos a arte, para não morrer da verdade”. se não fosse ela, o que seria de nós na pandemia? para onde fugiriamos? qual seria nosso refúgio? estaríamos nós presos em si próprio (mais ainda do que presos em casas) na mais complexa, absoluta e cruel verdade sobre a vida. Acho que estou começando a me cansar de ver as pessoas furando quarentena, fazendo o que quiserem com justificativas bobas. Ao passar dos dias vou me cansando de olhar as paredes do quarto.

Agradecer o Corona é o auge do privilégio! A circunstância histórica brasileira que apresenta polaridades nos estimula a lapidar e expressar nossas opiniões ou apenas a disputar, numa batalha de egos feridos, qual argumento prevalece?




Tiremos algo disso tudo. Tiremos tempo pra nós, tiremos roupas do armário que não usamos mais e doemos, tiremos aquele livro empoeirado da estante, tiremos as séries da lista da Netflix, tiremos sarro da situação, mas tiremos. Que esses tempos nos sirvam pra alguma coisa, nem que seja puramente pro ócio. Porque no ócio também produzimos. Nem que seja ideias idiotas ou textos chatos iguais a este, mas que tiremos algo disso tudo. (muito poética no dia de hoje)

Digite seu Witz abaixo: Saudades de abraçar os amigos, familiares e até estranhos, sei lá… gosto muito de abraçar é isso. O que me é belo é regado de eu. Que possamos seguir vendo o belo em meio ao nosso caos. Os dias passam rápido demais, a semana engole, o mês voa… mas tem algo que parece demorar, parece não ter mais fim. Estou aqui, filmando alguns segundos diários da minha quarentena… no início era divertido, agora já não me aguento mais kkkkkk



esse texto Sobre a Brevidade da Vida me deu uma paz, eu não estava em dia com as aulas, mas daí veio a reflexão que não adianta fazer as coisas correndo, sem dedicar o tempo necessário, é preciso estar disposto a aprender para que o tempo seja melhor aproveitado, dessa maneira nos tornamos livres e aproveitamos grandes e pequenas coisas da vida. Será que a beleza que enxergamos em coisas e pessoas são projeções do nosso próprio eu, de nossas idealizações? Enxergamos o mundo externo como ele é, ou somos sempre influenciados por nossa própria personalidade? A beleza que enxergamos é parcial ou imparcial?

Agora reflito... os últimos anos de minha vida foram de muita correria, poucas horas de sono e por consequência muita falta de paciência e tempo para dedicar a ouvir aquela história que ela gostaria de me contar mais uma vez, para servir de companhia para olhar aquela novelinha boba repetida da tarde mas que ela gostava, para ouvir mais atentamente aquela queixa de dores nas pernas por conta das varizes ou para mexer com ela nas plantinhas que amava tanto e conversava como se fossem suas amigas. Agora, por conta de um vírus, sou forçada a ficar em casa... tenho todo tempo do mundo... mas tenho também a ausência dela.



Temos tempo, mas não muito espaço, temos tempo? Eu estou sempre sem. São 6:26 da manhã e minha cabeça dói. Olhei pela janela e vi a neblina. Estou numa nova morada. A casa onde estive apertou, apertou, apertou tanto que me expulsaram de lá. Não foi bonito. Teve embriaguês, gritaria, excessos vindo de onde não se espera. O gato, na madrugada, vomitou na cozinha. Eu, já expulsa e pensando no que fazer, fiquei olhando aquele vômito e percebendo que tudo é impermanente, até a casa que me acolhe.. muda. Olhando o vômito pensei em filmar, pensei: aqui está uma legítima tragédia doméstica! Mas não filmei. Nem limpei. Dei um passo por cima do gato e fui arrumar minha mala. e ser nômade mais uma vez. Nem sofri, nem chorei. só tremi um pouco. os ventos mudaram. Está tudo tão instável, as pessoas estão tão fora da casinha. E eu que, já há meses, estou fora da minha casinha, fico pulando na casinha dos outros que me aceitam. Eu nunca vou esquecer dessa pandemia. Nunca vou esquecer de dizer que, se você for grupo de risco, use máscara, se cuide. Era só isso.

A odisseia do espírito atingiu seu momento contemporâneo dentro de um buraco.

Pra onde o espírito irá agora, Hegel? Será que o espírito evolui em linha reta ou ele dá cambalhotas? Será que dando cambalhotas ele se torna lúdico? Schiller diria algo sobre isso. Mas ele já morreu. Foi enterrado no cemitério dos romantikos. Lá onde estão enterrados os ossos dos jovens tuberculosos e apaixonados.



Eu já morei na Av. Goethe. Mas não sabia quem ele era. Agora sei que ele escreveu Fausto. E que era best do Schiller. Que davam rolês e trocavam cartas. Alguém viu por aí uma rosa azul? Favor entregar ao Novalis.

Uma reação súbita e estranha me ocorreu ao ver um cometa cruzando os céus. Uma densa bola de fogo atravessando o Sistema Solar me causou estranheza e prazer. “Senti” Beleza. “Ah! Caso pudesse se exprimir, caso pudesse passar para o papel o que em você sente viver com tanto ardor e tamanha abundância, de forma que ali estivesse o espelho de sua alma, como sua alma é o espelho de Deus infinito!” Já há algumas aulas o tema da arte e da estética me despertaram uma ansiedade pelo que viria em seguida ao conhecimento filosófico em si, já buscava dentro de mim um algo a mais que encontro no sentimentalismo e espiritualidade de Goethe! Já estava pensando nele e tirando a poeira de Werther, revisitando os sentimentos que, para além da sua tragédia, transcendem em sua totalidade no auge da sua vida, na contemplação dos infinitos arbustos e insetos em seu “pequeno mundo” fervilhante!


A peça de Marat Descartes demonstrou bem o contexto atual com crises políticas e sociais, levantando questionamentos existenciais e falsa proximidade da era digital em meio à pandemia, abordando privacidade e exposição, além de paranóia, desconfiança e mortalidade. Uma crise dentro e fora, disfarçada e exposta, nos outros e em nós, no hoje, ontem e amanhã, a peça é o caos no mundo que sempre existe. É impressionante como a voz, a presença da Hanna me deixa tranquila

QUE CHUVA BOA NA MADRUGADA Assisti a Peça - Marat Descartes e tive uma experiência intensa. Havia um choro preso que, por meio da arte, encontrou caminho para fluir. Acho que tive uma experiência catártica. Senti a presença do ator, que por mais distante e se fez presente na sala. Fiz todo o ritual de me servir de vinho, apagar


as luzes, silenciar o celular.. e, esperando a peça começar, tive saudade misturada à emoção feliz de me lembrar da atmosfera de um teatro, dos assentos, de estar nesse lugar onde nos transportamos para um mundo de ficção. Saudade da presença. Quando percebi que o ator estava ao vivo, estava ali, mostrando a hora, que era a mesma no meu relógio, minha pele se arrepiou. Ele estava mesmo ali. e eu estava com ele, acompanhando com empatia extrema toda sua angústia, a narrativa do seu pesadelo, todo o absurdo que estamos vivendo colocado de modo cru, sem pudor. Era teatro! ou o teatro se fez dentro das limitações do isolamento. O tema da morte vem a tona, e me parece que não poderia ser diferente. Mas ao mesmo tempo, a morte vem para lembrar da vida, do querer a vida acima de tudo. Ao fim, prevalece o afeto, o nascer da filha, a cena nua de um parto humanizado, como a arte mais valiosa do humano, a própria vida. O cuidado, o carinho, o amor. Pensei que somente por este caminho podemos imaginar um mundo diferente deste que nos transporta ‘a ansiedade e ao horror. É o amor a resposta. É a delicadeza. E pedi, não sei a quem, talvez ao universo, pedi, como sugeria a própria peça que se chama PEÇA. Pedi que nascesse um mundo outro, um em que a gente pudesse realmente viver juntos, e sem medo.





O dia fora do Tempo Hoje, 25 de julho, é considerado o dia fora do tempo pela cultura do povo Maia. Isso acontece porque os Maias baseavam seu calendário na sabedoria lunar, através do sincronário das 13 luas. Organizavam o tempo em 13 meses (13 luas) de 28 dias, tempo médio de um ciclo lunar. Dessa forma, contavam 364 dias +1 . O dia 1 é o dia que faz o intermédio entre o último dia do velho ciclo e o primeiro dia do novo ciclo. Ontem foi o último dia do velho ciclo e amanhã inicia-se o novo. Hoje, segundo a tradição Maia, deve ser um dia de profunda gratidão e reflexão sobre os acontecimentos e aprendizados do ciclo que passou. Para os Maias, o dia fora do tempo é essencial para que se mantenha a harmonia do tempo. É preciso haver um vácuo, um descanso para entrar e seguir um novo ciclo. Então, qual o seu pedido para o tempo? - Adaptado de: A Escola Zara


Abro esse grande diário coletivo uma ou duas vezes na semana pra ver como vai o pensamento pandêmico das pessoas. Admito que quando me deparo com textos e frases prontos inspiro profundamente e apenas rolo pra baixo em busca de um parágrafo “parido” por pessoas comuns com sentimentos comuns. Alguns me fazem rir muito, principalmente quando existe um quê de deboche por trás das palavras, mas outros me fazem chorar e rever atitudes, princípios e juízos de valor. Nesses momentos (de risos e lágrimas) eu só tenho a agradecer às pessoas comuns com sentimentos comuns que abandonaram o medo ou o receio de expor suas experiências, sentimentos e ideias, porque vocês me inspiram. Obrigada!


Lembrar da proximidade do TFG é o memento mori da Faurb. Só espera o futuro quem não sabe viver o presente.

Chegou o fiscal de post

Era só um cursor fantasma Como uma grande fã de Nietzsche: estou amando o assunto da nossa nova aula! Que maravilha unir Nietzsche e arte, uma experiência estética fenomenal para inicial a semana!

Quão pesado deixo as coisas quando chegam até mim?


Nessa semana fiquei pensando o impacto da pandemia para diferentes classes sociais. É notório que o corona vírus não escolhe cor, sexo ou classe social. Contudo, historicamente, moradores de favelas não são assistidos por políticas públicas, vivem sem saneamento básico, dividindo espaços restritos, logo, a COVID - 19 terá impacto bem diferente para a favela de Paraisópolis do que para seus vizinhos no Morumbi. Assim, como impactos diferentes terão os pescadores do Pontal da Barra no Laranjal e seus vizinhos morando em condomínios de luxo do mesmo bairro.


Estou passando períodos dessa quarentena na casa dos meus pais, em Camaquã, onde também mora minha avó, de 84 anos. Hoje estava assistindo a última aula, sobre Nietzsche, e minha avó estava comigo, assistindo também, porém sem saber que era uma aula de fato. Minha avó é semianalfabeta, não teve oportunidade de estudar, mas sempre me contou que o sonho da vida dela quando era nova, era ter estudado e se tornado professora um dia. Achei fofo e lindo que em determinado momento ela simplesmente falou “ela seria uma ótima professora, fala muito bem”, claro, ela não sabia que estava assistindo uma aula de Estética, mas fiquei maravilhada que assim como eu, ela achou o momento da aula durante a quarentena um ponto de escape para a nossa rotina, e que assim como eu, ela também ficou feliz e se sentindo inspirada pela aula e professora. Só queria compartilhar isso mesmo. :) Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo…(Friedrich Nietzsche) Acho que muitas às vezes, passamos o tempo em viver para outras pessoas, trabalho e entre outras as coisas que nos esquecemos da nossa própria vida e sonhos. Acho que foi isso que o Nietzsche quis dizer.



Experiência de liberdade, de voz, de escrita, de pensamento, do nosso fora de casa, fora da caixa, colocando para fora da maneira que conseguirmos, sem filtro, sem medo. Livres da pele para dentro.

Temos vontade de explosão, de potência, de expressão, de viver como artistas estéticos. A vida é um fenômeno estético. “(...) Vivemos por assim dizer para os outros; e quem vive para os outros, é claro que muito pouco pode viver para si.” — Lima Barreto, “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”

Me sinto um caos, as vezes perdida, tentando encontrar o caminho de volta. Mas estamos indo, sem pressa, as vezes sem forças, mas com vontade de seguir.



Cada dia mais irritada com os “fura-quarentena”. Meu vizinho deu festa, já me convidaram pra “janta clandestina” (era realmente o nome do evento)... entre os organizadores da festa: alunos da medicina :D o isolamento social no Brasil não vai terminar nunca.... Ainda mais agora com a notícia da OMS falando que talvez “nunca exista uma vacina contra covid-19”......

Os nossos pensamentos é como uma fábrica em produção, logo tudo pensamos reflete na produção do dia até mesmo da nossa vida, pois está tudo conectado. Procuro sempre canalizar a melhor energia possível, claro que muitas das vezes não conseguimos na prática tá sempre positivos, só queria dizer que precisamos aprender a lidar com os altos e baixos, mesmo nas situações mais caóticas. Que todos tenha um bom dia e uma ótima semana.



“Um amigo me chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso, e fui.”

Eu posso ler mil livros, olhar mil séries, fazer exercícios, comer saudável, comer doces, fazer aromaterapia, organizar a bagunça, fazer chá de melissa, chá verde, chá de hibisco, atualizar o instagram, ler as mensagens ignoradas no whatsapp, abrir o facebook pra me incomodar, abrir o twitter pra ver que merda o bolsonaro fez hoje, xingar a p0rr4 da massa que tá contente com a volta do futebol, mas nada, nada disso, tira o peso das milhares de mortes no país. Não temos perspectiva alguma de que melhore, né? As cidades batendo recordes de mortes reabrindo bares e restaurantes. Eu surto. Eu surto um pouco há cada coisa que vejo. E a construção civil crescendo, bombando, a mil?! Como vi em uma reportagem: “a construção civil será o fator responsável por reerguer a economia depois da pandemia.” Gente, que depois? A gente não sabe nem se está no meio, no 3/4, ou no 1/10 do que ainda está por vir e vocês pensando em fazer reforma, construir piscina, fazer um projetão de paisagismo em um condomínio de luxo… Vocês estão pensando nessas coisas também? Estou overthinking demais? Quem tá feliz não tá entendendo nada? E pra quem, como eu, que está tentando parecer feliz mesmo não estando: por quê? Eu nunca senti tanto. Meu coração pesa com o coração pesado do mundo.


Outro dia li sobre a consciência da passagem do tempo nas civilizações. Não sei explicar direito, mas pelo que entendi o tempo natural - que nada mais é que a simples expansão do universo - sempre passou. Até que um dia a humanidade resolveu contar os dias e então começamos a marcar o tempo. Essa marcação então virou o tempo histórico - que nada mais é que a contagem do tempo pela história da civilização. Aí agora estava pensando sobre aquelas loucuras temporais de filmes de ficção científica, algo como em Star Trek quando o Spock foge numa nave que ultrapassa a velocidade da luz e então acontece uma relativização do tempo e ele se torna elástico, maleável ou sei lá. Só sei que o Spock consegue escapar da linha do tempo. Talvez só uma pessoa insana consiga entender.


Enfim, essa situação em que estamos é muito estranha já que, sem o ritmo normal de contagem do tempo, o passado recente parece não ter existido. Quem lembra o que fez em Abril? Nem o meu aniversário dia 26 parece ter sido uma marca da passagem do tempo. O passado que lembro é um pouco mais distante, quando o tempo ainda tinha um ritmo. O futuro parece não chegar nunca, quer dizer, ele chega, mas ele é exatamente igual ao hoje. O passado, o presente e o futuro se fundiram. Perdi a contagem do tempo. Me sinto quase dentro da nave do Spock. Preso num presente perpétuo. Vivendo o hoje dia após dia. Acho que estou a um passo de compreender como o Spock escapou da linha do tempo. Ou será que estou ficando louco? ÍCONE



Como eu não quero que enfiem um cotonete no meu nariz. O PCR deve ser um saco de fazer. Quantos mortos em 24 horas? O que? Nossa, tudo isso. Sim. E você deve lavar a louça mesmo assim. Deve finalizar seus trabalhos mesmo assim. Você deve você deve você deve você deve. Você deve mesmo assim. Eu aperto demais a minha máscara. Me dói as orelhas. Me esmaga a ponta do nariz. Preciso soltar minha máscara. Eu não aguento máscara. Eu tenho muitas máscaras a carregar. Uma máscara embaixo da outra. Acha que não? Quantos novos infectados nas últimas 24 horas? Quantos novos no próximo feriado comercial? O Bolsonaro já foi embora? Deus me livre do PCR

É possível fazer uma relação dos instintos de Apolos, Dionísio e a união dos dois com o modelo das três estruturas de controle, segundo Freud? Dionísio parece o Id, já que obedece o princípio do prazer, no qual todo desejo deve ser imediatamente satisfeito. O equilíbrio entre Apolo e Dionísio é como o ego, que busca maneiras sensatas de obter aquilo que deseja, sem causar danos ou consequências terríveis. Apolo, por si só, teria nuances de superego, sendo fonte da consciência. [Espero não ter assassinado a psicanálise, mas essas conexões foram sendo feitas enquanto assistia aula…]



“Quanto vale a vida de qualquer um de nós? Quanto vale a vida em qualquer situação? Quanto valia a vida perdida sem razão? Num beco sem saída, quando vale a vida?” Quanto vale 100 mil histórias?

Fico paralisada... não saio do lugar. Não quero ficar, tampouco quero sair... E nada gravo, nada registro, nada marco no meu “diário viral”... Nada me parece singular nesta rotina doméstica. Nada me parece legítimo se penso o caos que estão vivendo tantas pessoas. Nada me parece trágico... e ao mesmo tempo quero sair, quero fazer e viver tantas coisas interrompidas, e assim fico... culpada. Culpa! Nada me parece melhor para definir o privilégio de registrar essa tragédia doméstica... Seguimos…



Despertar de uma saudade que era comum: o olhar para o nada e ver tudo, ver gente, conexões, relações, expressões, sentimentos, reações, vida, com calma, o fazer parte de uma cidade com vida, cidades só são com pessoas. Que o cotidiano brilhe mais em nossos olhos quando conquistado de volta, que esse cotidiano simples nos impressione e que ganhe seu devido reconhecimento, pois ele é o nosso realismo e a maior parte de nossas vidas. o tempo tem passado tão rápido, as coisas estão acontecendo a todo instante, parece que a vida está passando diante de mim e eu nem estou percebendo… Tem momentos da vida que pensamos, que tudo está perdido, então paramos e refletimos. Será que tudo deve acontecer como queremos? será que o tempo tem algo com isso? Não sabemos, por isso devemos viver um dia de cada vez, ñao adianta queremos tudo, porque no momento temos nada a fazer. Respiramos e guardamos os nosso pensamentos, até o momento de algo acontecer.



Conheci Nietzsche (que carinhosamente apelidei de Nit) numa manhã 2014 enquanto estava procurando algum livro que não me lembro mais na biblioteca e achei um livrinho meio escondido chamado “O Anticristo”. Estava eu passando ao mesmo tempo pela Crisma e, contraditoriamente, por um processo de questionamento da existência de Deus e da construção humana da fé. Naquele mesmo dia estavam acontecendo confissões, e quem não confessa não Crisma, ou seja, fui eu confessar meus pecados com Nit embaixo do braço. Logo depois de pedir perdão pro padre por ter usado short curto e provocado olhares dos homens (sim, isso veio na lista de pecados que eu ganhei na Crisma) perguntei se era pecado ler Nit, afinal não estava na lista. O padre muito sorridente disse que eu podia ler, mas não podia concordar. Ora, para que serve a leitura se não para abrir os horizontes?



Nessa semana trago uma colagem do artista Magdiel Herrera que me fez refletir bastante. Essa aula me fez lembrar o quanto eu gosto do Van Gogh, maravilhoso!!!! Obrigada por compartilhar com a gente tanto sobre arte, prof!

Essa última aula sobre Baudelaire e outros artistas do impressionismo me deixou pensativa, o que será que eles pintariam em tempos de pandemia? Se um dos diferenciais dos impressionistas é sair dos seus ateliês e ir para as ruas, os campos, e pintar paisagens. Essa frase me chamou a atenção ‘’estar fora de casa e se sentir dentro de casa’’ nos momentos atuais acho que o que as pessoas mais querem é estar fora de casa e não se sentir mais dentro de casa. Fica a reflexão pós aula kkkkkkkkkk. Eu fico impressionada como cada estado está tratando da pandemia de uma forma diferente, e mesmo com mais de 100 mortes em alguns, as pessoas continuam se reunindo como se nada tivesse mudado


Querido diário, Gostaria de relatar aos céus, aos vírus e aos meus caros colegas que apreciei imensamente a oportunidade de assistir o longa “Loving Vicent”. Seus mais de 65.000 quadros pintados em óleo sobre tela estavam atravancados na ‘Minha lista’ há um tempo. Gostaria de relatar também a quem quer que esteja lendo, que ver o Autorretrato com a Orelha Cortada em versão animada me causou bastante desconforto e apreensão; me senti triste pelo jovem aspirante à vida. Por fim, para que esta narrativa não fique longa, me comovi ao final com o relato do próprio Vicent:

“Quero comover as pessoas com minha arte. Quero que elas digam: ele sente profundamente. Ele sente ternamente.” Com amor, ou o mais próximo disso


Sinceramente… chegou o momento que estou sem saco pra tudo! Estou revoltada com os últimos acontecimentos no Brasil, mais especificamente sobre a menina de 10 anos e o grupo de religiosos fundamentalistas. Não consigo entender, não consigo aceitar que existam pessoas assim. É triste, é absurdo, é revoltante. Essa noite, toda vez que acordava pensava sobre isso. O ser humano é uma espécie rara, porque não consigo considerar que essas pessoas sejam humanas. Elas invocam o nome de Deus, mas será que Deus realmente concorda com elas? No momento em que decidimos desistir de algum sonho ou projeto, até mesmo da vida é nesse instante que nos auto sabotamos, e tudo parece parar, como se nossa vida não tivesse mais sentido. Por tanto acredite sempre, mesmo quando tudo parece dar errado é neste momento que tu precisa levantar e continuar a lutar, vc vai ve o quanto tu é forte e que de alguma forma tudo vai fazer sentido….

Nós vivemos em uma sociedade que normaliza o abuso. Triste mundo. Dentro das casas, nas escolas, no trabalho, na universidade, abusos de toda sorte - abuso de fé, abuso físico, sexual, psicológico, trabalhista, abusos, abusos. Abusos de poder. Que verdade seja dita, o homem nunca deixou de fazer do vulnerável uma vítima predileta. A criança, o louco, a mulher, o negro, as trans, o imigrante… nós vivemos um sonho. Um sonho que acoberta esta verdade inconveniente, absurda. Remoções




compulsórias em plena pandemia, obrigar grupo de risco a seguir trabalhando em plena pandemia, meter uma carga horária astronômica no lombo dos alunos e professores em plena pandemia… seriam apenas os efeitos, os sintomas de uma humanidade que desaprendeu a prática do cuidado. Nos números, o suicídio em ascensão. A sensibilidade esmagada pelo dever de fazer a máquina funcionar. Até que ela nos mate, de abuso, tristeza, epidemia ou fome. Abusados do mundo, uni-vos! Poderia ser a nova palavra de ordem libertária. E no entanto, está-se mais sozinho do que nunca.

Muito bom poder sair um pouco da rotina e “perder” um tempinho fazendo a atividade da aula

Dadaísmo como libertação da arte e libertação do pensamento


Salão dos rejeitados: o belo grego e o dadaísmo Enquanto assistia a aula sobre Dadaísmo, me veio à cabeça o trecho “Apolíneo e dionisíaco”, do livro “O homem que sabe (Viviane Mosé), indicado enquanto estudávamos “Nietzsche e a arte”. Em um curto devaneio, muito assimilei o movimento dadaísta com o conceito de belo da Grécia Antiga. Pensei que o “Da Da” poderia ser comparado com a beleza da antiguidade, onde ambos assumiram um papel com a realidade e tentavam sobrepor-se a ela. Ora, enquanto a Beleza de Apolo tem por objetivo tornar mais suportável uma realidade pungente e uma vida repleta de dor, a ruptura dionisíaca proposta pelos dadaístas incitava o caos e o choque através da arte, visto que o horror da guerra já não surpreendia mais. Ainda, sinto que ambos partem das adversidades da vida, dos acontecimentos trágicos e buscam, a partir disso, omitir ou escancarar uma realidade em comum. Para tanto, na Grécia Antiga e no período vanguardista, seus personagens se apoiaram na arte para a manifestação de novos conceitos: na antiguidade, as tragédias gregas puderam colocar o homem frente a uma dramaticidade que pudesse lhe fazer sentir, mas que não o colocava pessoalmente na trama; já as obras dadaístas potencializaram o horror visto nas primeiras décadas do século XX ao proporem um conflito teórico e conceitual no mundo das artes.


Hoje saí pra andar no sol. Prazer imenso. Depois de muitos dias ou semanas (tenho perdido a noção do tempo), resolvi “visitar” nosso diário viral e me surpreendi com a quantidade de relatos dos colegas. Li sobre revolta, culpa, angústia, saudade, confusão, reflexões, críticas... vários sentimentos experimentados por mim neste período de quarentena, alguns com mais intensidade do que gostaria, mais do que pensei que pudesse suportar. Ler sobre eles, escrito por meus colegas, me trouxe um certo alento (e por isso agradeço), por um instante não me senti só tomada por uma enxurrada de sentimentos confusos que não raro me tiram a paz de espírito. Quero encerrar minha contribuição com um fragmento de uma frase de Nietzsche que li em um dos arquivos de aula e achei propícia para o momento: “O dizer sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos...” Sigamos com o sentimento de esperança por dias melhores.

É engraçado como mudamos em tempos difíceis. Comecei a fazer atividades físicas em plena quarentena. Eu ameacei começar milhares de outras vezes, o que é tão ridículo, eu achava tão necessário ir até uma academia e fazer os exercícios a mim impostos. Estou em casa desde o dia 17 de Março, andei rebelde por um tempo sem querer fazer nada (isso durou até Maio), a partir disso, eu mudei esse traço em mim (de preguiçosa e ficar adiando


começar as atividades). Nessa casa onde estou (vivendo entre seis ou sete pessoas, SIM, SOMOS MUITOS) fico feliz em ver que sou uma das três pessoas que está se movimentando e sinto a serotonina subindo quando os faço hehehehehehe. Me sinto como se estivesse em uma viagem sem fim, tento desembarcar mais não há parada. E isso me angustia, por mais que goste de viajar, tenho a necessidade de vê coisas diferentes, pessoas diferentes. No entanto gosto de mudar sempre, e me vê todos os dias olhando pro mesmo me deixa apreensiva. Me sinto cansada...muito cansada.

O ápice da minha indignação comigo mesma, é que depois de 5 meses utilizando máscara de proteção eu ainda consigo esquecer quando saio de casa.

entre altos e baixos, tragédias e comédias, seguimos aqui


HANNA HOCH


HANNA HOCH


Esses dias me peguei pensando e analisando, ‘’viajando” mesmo. Somos como lagartas, que já passaram uma parte da vida de uma forma e agora somos obrigados a nos fechar dentro de nós, como um casulo, para nós conhecermos melhor e reestruturarmos para depois renascermos como borboletas numa metamorfose, e para terminarmos nosso ciclo “alguns ficam no caminho”.

Fiquei pensando o que os escritores da época sentiram ao ler um poema dadaísta. Fazendo uma analogia à arquitetura seria como se alguém colocasse vários ambientes recortados em um saquinho, sacudisse e montasse uma planta aleatória. Acho que depois de seis cadeiras de projeto arquitetônico e duas de ateliê onde aprendi a setorizar atividades e também como os ambientes devem se conectar, eu ficaria chocada, puta, riria da situação e no fim começaria a problematizar algumas coisas. Nesse momento o arquiteto dadaísta estaria satisfeito, porque dadaísmo é sobe problematização, é sobre negação, é sobre emputecer os amantes do academicismo.


Arte é sentimento, e arte só é arte quando provoca, em quem vê ou interage, algum tipo de sensação Sobre a aula dadaística, quando falado sobre a vanguarda, palavra usada para se referir a tropa que vai a frente, fez-me lembrar de quando estudava no colégio militar de Pelotas, onde eu era da retaguarda, a tropa que vai ao fundo, por ser mais baixa que o restante. Tinha gente que achava engraçado ser da retaguarda, eu ficava feliz por ter um “nome” e não ser de qualquer lugar do meio, além do mais nos desfiles era fácil me localizar, eu estaria ao fundo.


Quem não fez o exercício final ainda, aconselho a escolherem um dia bem ruim e fazer. É muito divertido, louco e bizarro o resultado.

As vidas deixaram de ser vidas, deixaram de ser pessoas, memórias, planos, momentos, alegrias, tristezas, raivas, realizações, amores. Agora estão se tornando apenas números, sem significado algum. Quando? Quando que se tornou normal tornar banal a perda da existência? Até quando?

um dia inteiro dentro da minha cabeça tem sido por vários



“Mas quem sofre sempre tem que procurar Pelo menos vir achar razão para viver Ver na vida algum motivo pra sonhar Ter um sonho todo azul Azul da cor do mar” - Tim Maia

Fazia um tempo eu não dava uma pausa nesses dias corridos e incertos, lotados de sentimentos distintos, para respirar e sentir que está tudo bem. Fazia um tempo que eu não me dava um tempo, algo tão simples e fundamental para a nossa sanidade mental, que nós simplesmente esquecemos. Nesta manhã de quarta-feira me permiti esse tempo e fui a olhar os vídeos do meu repositório de Estética. Comecei a refletir que, inconscientemente, eu não registrei as minhas tragédias pandêmicas, mas sim momentos bons e de respiro em meio ao caos. Isso me fez pensar que apesar de tantas coisas ruins que esse momento nos trouxe, ele também nos proporcionou tantas coisas boas e, certamente, ressignificou meus valores. Tempo esse que jamais teríamos se estivéssemos na rotina “normal”. Enfim, uma reflexão para lembrarmos das coisas boas e dos privilégios que temos. Gratitude.





Estava a dias olhando e analisando os vídeos que gravei para a disciplina sem ter certeza se era aquilo mesmo, e agora lendo o relato da Rafaela vi que fiz a mesma coisa, que registrei os momentos onde estive mais em paz, momentos que parei pra respirar. E é meio louca essa experiência, pois nunca tive o hábito de ficar gravando minha vida, ou esses pequenos momentos, mas revendo as minhas gravações eu revivo aquilo novamente, e é tão legal ter esses dias registrados. Terminei agora o meu poema dadaísta e posso dizer com toda a certeza que o Bolsonaro está perdendo essa máquina de fake news aqui. Me senti um robô do Bolsonaro recortando frases e atribuindo a pessoas aleatórias.


Despedida Já me sinto saudosa ao finalizar a última aula de Estética. Na verdade, apesar de ter aproveitado bastante esta experiência estética pandêmica, sinto a importância de finalizar os ciclos nos quais nos encontramos. E acho que encerrar esse ciclo falando sobre arte conceitual, o caos e a arquitetura como a “materialização espacial do mal-estar”, é uma forma de não finalizar de fato essa etapa, mas de transgredí-la para algo novo e mutável. Por fim, gostei bastante de conhecer o artista Mark Rothko nessa reta final, e fiquei me perguntando sobre o que ele acharia da pixação no edifício da FAU UFRJ; entenderia como composição da obra junto à arquitetura? Seja qual for a opinião desse finado artista, me senti interessada pela sua forma de contemplação meditativa e que o entendimento da obra é subjetiva, individual. E acredito que no fundo, toda observação a uma expressão artística nada mais é do que um espelho do espectador que, ao admirar-se perante uma obra de arte, busca referências em si mesmo para explicar tal trabalho e, que nessa breve experiência, encontra o silêncio meditativo de Rothko e se incomoda; se incomoda porque não ouve nada ou, ainda, porque ouve tudo o que não gostaria de ouvir. Até breve


Essa nova experiência de aula online nos deu um pouco de normalidade na rotina “encarcerada”. É impressionante como as relações influenciam nossos comportamentos, a privação dessa liberdade foi, pelo menos um pouco, compensada com a troca de ideias, informações, percepções e opiniões nessa disciplina. Baita experiência, arte segue sendo refúgio!

Fazer o ensaio crítico poético se tornou engraçado de uma maneira que eu não imaginava.

Obrigada <3 O retorno de uma estéta perdida: Confesso que protelei ao máximo escrever aqui. Se tem uma coisa que estou aprendendo neste momento em que estamos vivendo é sobre a singularidade de cada pessoa e sobre respeitar suas próprias vontades. Saber perceber aquilo que estou confortável ou não em fazer e acolher esses meus impulsos sem julgamento, sem aquela


pressão de produtividade que está cada vez mais forte. Mas como diz a personagem de uma das minhas séries favoritas: “The carousel never stops turning”. Depois de tantas fases já vividas em meio a essa pandemia, já vi o meu pior e o meu melhor também. Que momento para reflexão e autoconhecimento! Vejo pessoas cada vez mais desenvoltas, li em vários momentos as contribuições dos colegas aqui e digo que me impressiona positivamente - 32 páginas, uau!. Mas me vejo cada vez mais introspectiva, cada vez mais querendo me isolar e fingir que não faço parte desse mundo. Mais alguém se encontra assim também? Eu criei uma bolha cor-de-rosa. Minha bolha é perfeita! Eu vivo um dia de cada vez, cuido da minha casa, da minha cadela, das minhas plantas. Aprecio cada mínimo detalhe da existência, me sinto num eterno deslumbramento. Na minha bolha nada de ruim me alcança e, se tenta, eu consigo descartar facilmente. Eu não quero saber, eu só não consigo mais encarar esse mundo. A minha bolha cor-de-rosa foi o mecanismo de defesa que eu encontrei para me proteger depois de um dano psicológico absurdo que viver tudo isso me causou. Eu só sei que mesmo assim eu não posso parar para pensar nem um segundo sequer na realidade porque até essa bolha vem acompanhada de um sentimento absurdo de culpa. Eu só queria que todos os seres do mundo pudessem se dar ao luxo de fugir assim.



No instante seguinte, Alice entrou na toca atrás dele, sem nem mesmo considerar como é que iria sair dali depois. A toca do coelho, no começo, alongava-se como um túnel, mas de repente abria-se como um poço, tão de repente que Alice não teve um segundo sequer para pensar em parar, antes de se ver caindo no que parecia ser um buraco muito fundo. Ou o poço era profundo demais, ou ela caía muito devagar, pois teve tempo de sobra durante a queda para olhar em volta e perguntar-se o que iria acontecer em seguida. Primeiro, tentou olhar para baixo, para ver onde estava indo, mas estava escuro demais para ver qualquer coisa: então, olhou para as paredes do poço e notou que estavam cheias de armários e prateleiras: aqui e ali viu arrependimentos e medos pendurados. Enquanto passava, pegou de uma das prateleiras um pote: tinha o rótulo “BONS PENSAMENTOS”, mas para seu desapontamento estava vazio: não quis jogar fora o pote, com medo de acertar mortalmente alguém lá embaixo, então, esforçou-se por colocá-lo de volta em uma das prateleiras enquanto passava. “Bom” pensou Alice, “depois de um tombo desses, não vou achar nada demais cair de uma escada! Todos lá em casa vão pensar que fiquei muito corajosa! Não lhes vou contar nada, mesmo se cair do telhado!” (O que era bem possível que acontecesse).

Caindo, caindo, caindo. Esta queda não acabaria nunca?




No que eu escrevi ontem já não me encontro hoje. Porque sigo escrevendo? por aqui passaram 41 cerumaninhos. cada um a seu tempo. cada um ao seu modo. de assíduos a voyeurs. pegadas de teclado visíveis, pegadas de olhos invisíveis. 3 meses e 34 páginas percorridas numa distância virtual. eles estiveram juntos, sim ou não? uma pandemia, um semestre extraordinário, uma disciplina de estética. a primeira aula que dou na UFPel. Estética. mas que estética? a aesthesis grega? o juízo do gosto? a filosofia da arte? a própria arte quem sabe, por que não? Por que não as poéticas possíveis extraídas do nosso cotidiano compartilhado? Estética na pandemia... o que os românticos alemães fariam? o que faria Novalis? o que faria Kant meu deus do céu? o que faria Platão? Eu não sei… o que farei? o que faremos?



e uma turma existiu, assistiu, escreveu, recortou, colou, filmou, editou. experimentou um pouco de caos (o caos esta(va) dado), 500g de filosofia, 3Kg de obras de arte, duas pitadas de humor, 1 tablete de Nietzsche e 4 colheres de Baudelaire em pó. Teve mais do que isso, não conto sobre ingredientes secretos. Teve aqueles 9 gramas de grotesco, aquele 1 ½ copo de vinho dionisíaco, 1 vela para Oxum, cigarrinhos para os Pretos Velhos, teve mulheres artistas no meio dos macho tudo, teve! Teve vanitas, teve memento mori, teve sublime, teve dança macabra, teve até a revolta do foda-se o conceito. A pesquisa foi extensa. A bibliografia é vasta. Selecionei o que pude, dentro desse possível instável, aquilo que me deu gosto para compartilhar. Sei que muitos acham filosofia uma viagem. Viagem é uma palavra bonita. Eu gosto de viajar. Ainda mais quando não se pode sair de casa. Espero que tenham feito uma boa viagem por aqui. Pela companhia de viagens da “Estética na pandemia”. Cada um leve o que quiser de tudo isso, pra vida. Façam da vida uma obra de arte. Levem a beleza, por mais maltratada que ela tenha sido no século XX - a gente hoje entende por que - mas levem a beleza… levem aquilo que por ventura tenha conectado, feito sentido. Levem o nonsense também.

E aquelas 3 doses de lúdico com gelo pra arrematar

;)






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