Artista: Haroldo Saboia
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A) AMOSTRA DE PORTFOLIO 1. VARIAÇÕES DE MENSAGENS PARA UM INTERLOCUTOR AUSENTE
registro de ação (polaroid) e bandeira
2014 montagem: fotografias na parede e bandeira acomodada no espaço
Tudo de outrora. Nada mais nunca. Nunca tentado. Nunca falhado. Não importa. Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhor. Samuel Beckett Ao pensar no trecho do poema de Samuel Beckett, me veio a mente os navegadores da idade média, entre os séculos XV e XVII. Sobretudo o genovês Cristovão Colombo, o homem que descobriu um continente inteiro para os europeus e que acreditava ser as Índias. Morreu com uma falsa ideia, achando que havia chegado num lugar quando, na verdade, havia chegado a outro, à América. Fracassou em seu objetivo inicial. Porém, a história o absolveu. O que leva Colombo a propor um projeto tão ambicioso? Porque o desejo de buscar algo que não se conhece? Algo que ainda não se pode nomear, algo de assombroso? O que faz esses homens como Colombo a se lançarem ao mar com poucos conhecimentos científicos, por meio de instrumentos precários de navegação e localização à aventura tão longa, arriscada e sem garantia de retorno? Em nome de que assumir esse risco? A linha que une esses homens como Colombo dentre outros exploradores e navegadores é a linha que os amarra a condição de viajantes. De se colocar a disposição do mundo, ao outro e ao novo. De se posicionar e mover-se. Todos esses homens se propuseram a realização de uma espécie de travessia. Movidos por relatos e metáforas iniciaram as suas. E que tipo de travessia ainda nos é possível? O que é suposto procurarmos? Qual o nosso horizonte simbólico a ser desbravado, explorado? Penso que talvez seja difícil formular tal questão ou apontar essa imagem sempre tão distante. Possivelmente, delimitar e cristalizar o nosso horizonte numa única vontade ou desejo seja um exercício inútil. No entanto, na busca do que procuramos, o elemento comum é o movimento. Movimento como condição para se deslocar. Assim se suprimimos a representação histórica de Colombo, o que lhe resta? Um corpo em constante movimento. Me interessa investigar a travessia enquanto metáfora de um processo, repleto de falhas, fracassos e escolhas. Deste modo, gostaria de propor algo que funcionasse como uma tentativa. Uma proposta de diálogo com um interlocutor ausente, que não virá. Como uma garrafa lançada ao mar, à deriva, com a promessa de que alguém um dia veja a mensagem que há dentro. Proposta 1: No mar há várias formas para se comunicar, uma delas é por meio de bandeiras. Assim, pretendo fazer uma bandeira marítima com uma frase endereçada a meu interlocutor ausente obs: Texto escrito como processo de pesquisa para realização da obra Variações de Mensagens Para Um Interlocutor Ausente dentro do projeto Dizer, Fazer em 2014.
1.1 VARIAÇÕES DE MENSAGENS PARA UM INTERLOCUTOR AUSENTE fotografia impressão jato de tinta dimensões: 0,59m x 0,86 m montagem: moldura
2.0. BARDOT EST LA COUPABLE 6’ HD 2014 Montagem: Projeção
Será possível se comunicar sem construir estruturas de poder? Os discursos proferidos antes e durante uma guerra são sempre fatalistas e inevitáveis. Utilizam-se de um vocabulário pomposo e constroem uma fala abstrata e direcionada a um interlocutor nebuloso, o que lhes retira um caráter ativo e os situa como uma resposta a um outro. E se o outro é sempre o culpado, evidenciando uma falha de comunicação, por que não propor uma interlocução possível? Por que não culpar Bardot, a terrorista?
3.0. SINTAXE 5’ HD 2014 Montagem: Projeção
Um projeto realizado por Haroldo Saboia e Fernanda Porto Projeto exposto na V Mostra 3M de Arte Digital 2014 no Instituto Tomie Othake em São Paulo.
A partir de uma troca de mensagens amorosas, divergências quanto à gramática surgem e, portanto, a impossibilidade de continuar um diálogo. Esse é o ponto de partida para a proposição da performance “sintaxe”. Como elis regina e tom jobim em águas de março, sintaxe é um jogo de dois, uma conversa que vai se formando entre letras e mãos. quando “a gente” vira “agente”, já não é mais possível prosseguir, e assim constrói-se a seguinte frase: “agente junto por tanto separado”.
4.0. PROJETO PARA UM EXERCÍCIO DE ATENÇÃO
Site-Specific ( Realizado na bilheteria do CCSP) Performer Patrícia Bergantin 2014 Material: Estruturas em metal e silk screen
Projeto para um exercício de atenção explora a virtualidade que a angulação das janelas proporciona, dilatando condições e perspectivas para o olhar. Como se comporta um corpo que é permanentemente refle tido, e paradoxalmente nunca realmente visto?”
5. Livro da Travessia 2013 livro-objeto 21cm x 6 cm
A partir da pergunta, como definir um espaço? E do conto terceira margem do rio de Guimarães Rosa, proponho este livro-objeto.
6.0. Inserテァテオes DE FORMAs GRテ:ICAs NA PAISAGEM
fotografia 2014 diptico 60x40
6.1. Inserções DE FORMAs GRÁFICAs NA PAISAGEM
fotografia 2014 registro de ação
0,40m X 4,2m
7.1.O Obscuro Cintila 2010 fotografia triptico 1,20m x 40cm
O obscuro cintila é um triptico que propõe um mistério. Através de uma pesquisa que tem como ponto de partida o escuro, a sombra e o duplo, esta série busca inserir estes elementos nas andanças realizadas pelo sertão do ceará. A ausência de rostos, que causa o esfacelamento da identidades nas imagens supõe um certo enigma. Assim como os faquires indianos, como citou Machado de Assis em seu romance Brás Cubas, que esquecem do mundo e se concentram na ponta do nariz, tornando as imagens difusas e, por sua vez, afirmando um mistério próprio do mundo.
8.BESTIÁRIO coletas e fotografia
dimensões variáveis 20111-2015 em processo
fotografia 2013
0,40m X 4,2m
moisaco (raĂzes) 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
moisaco (pedras) 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
8.1.coletas (bestiário) Educação pela pedra Coleção de objetos coletados no percurso fotografia impressão jato de tinta 2012 montagem: 60x40cm
registros 2013 fotografia polaroide
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
registros 2013 fotografia c-print
8.2.Exercicios de Desaparecimento 2013 publicação independente 200 exemplares .
Artista: Haroldo Saboia
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9.0 Despalavras 2010 fotografia 50cm X 50cm
A série Despalavras surgiu da leitura de autores como Guimarães Rosa, Jorge Luis Borges e Julio Cortazar e suas obras labirinticas. Porém, o título das série provem de um poema do poeta brasileiro Manuel de Barros. A série é uma tentativa de construir uma narrativa fotográfica deste modo labiritico. Realizada em vários lugares, o trabalho é um exercício. De se perder nas cidades, como propôs Walter Benjamin ou como melhor definiu Julio Cortazar, um exercício de resistência.As Despalavras são reflexos desta resistência, de espalhar pelo mundo, retirando deste próprio, palavras que o desestabilizem. Se as palavras nos apontam verdades, representam coisas, o que acontece quando usamos este mesmo sistema para nos revelar coisas inomináveis? Seleção oficial Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia – Belém, Pará (2011)