Monteiro Lobato e o racismo: uma leitura

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Duas abordagens sobre Monteiro Lobato e seus personagens negros: o racismo e o preconceito entendidos como express達o de seu tempo Gustavo Hatagima


Eu poderia tirar todo o mármore, toda palavra escrita, e ainda assim não chegaria ao que a leitura fez por mim, porque aquilo que eu poderia ter sido sem a leitura nunca existiu. Chegaria, porém, àquilo que já sei: que a leitura me fez assim como sou. Como se fizesse um cavalo, Marina Colasanti

I. Na infância, estamos em pleno processo de formação e de reconhecimento do mundo à nossa volta. Por isso mesmo, as marcas desse período, em geral, acompanham-nos por toda a vida. No texto Como se fizesse um cavalo, Marina Colasanti deixa isso claro: ao nos falar dos livros essenciais de quando era criança, ela nos permite perceber que a própria literatura pode ser inseparável do que somos e do que nos tornamos. Nesse sentido, as palavras de Antonio Candido ganham um significado mais concreto: a literatura, em um primeiro momento, “[...] exprime o homem e depois atua na própria formação do homem” (1972, p.3). Ao pensarmos na literatura infantil brasileira, um dos primeiros nomes suscitados, inegavelmente, é o de Monteiro Lobato. Talvez por ter uma obra vasta, ou porque essa ultrapassou os próprios limites do livro, alcançando a televisão e as histórias em quadrinhos. De qualquer modo, Lobato e seus personagens foram e ainda são figuras presentes na formação de muitos brasileiros. Em razão disso, e de suas próprias atuações múltiplas (como empresário e idealizador), há uma quantidade razoável de escritos que procuram analisar suas facetas: as cartas, os empreendimentos, a literatura para adultos e os livros para crianças. Constantemente, ele tem sido lembrado e relembrado com uma certa exaltação da sua modernidade e comprometimento com o progresso nacional. Apesar desse reconhecimento, tanto de críticos e estudiosos, como do público, alguns anos atrás sua obra para o público infantil foi envolvida em uma polêmica longa e complexa. Sob novos olhares, o Sítio do Picapau Amarelo foi analisado. Entre 2010 e 2011, jornais e outros veículos de comunicação tornaram pública a discussão sobre o racismo presente na obra de Monteiro Lobato para crianças, mais especificamente no livro Caçadas de Pedrinho. A questão se iniciou quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu um parecer recomendando que Caçadas fosse distribuído às escolas públicas com um explicativo sobre a presença de certos estereótipos raciais. Em seguida, o Ministério da Educação (MEC) envolveu-se na discussão. Nesse momento, a imprensa publicou trechos das correspondências de Lobato que continham teor racista. De todos os lados, opiniões e análises contra e a favor surgiram. Porém, qual foi a posição dos acadêmicos que estudam da obra de Lobato na ocasião? Nossa pesquisa procurou encontrar esses dados, porém o que havia disponível eram artigos de opinião e/ou de autores que não eram profundos conhecedores da obra de Monteiro Lobato. Por outro lado, essa pesquisa nos permitiu encontrar duas obras anteriores


à polêmica de 2010-2011 que tocaram no assunto: no artigo Negros e negras em Monteiro Lobato, Marisa Lajolo, especialista na obra do escritor paulista, discute especificamente o racismo nos livros de Lobato; já José Roberto Whitaker Penteado trata superficialmente do tema em partes do livro Os filhos de Lobato, mas deixa muito claro nessas breves passagens uma posição em relação às críticas dirigidas a Monteiro Lobato. Esses dois textos serão nossos objetos. A apresentação e a problematização da questão “racismo em Monteiro Lobato” e de personagens negros, em especial Tia Nastácia, constituíram nosso norte de observação. A partir deles, procuraremos fazer uma análise do conteúdo e da forma. Também são duas as perguntas que nos movem, ainda que nosso breve ensaio não tenha a pretensão de responder totalmente tais questões complexas: os posicionamentos desses autores e os modos de estruturar seu pensamento e seu texto nos permitem problematizar as questões ligadas ao racismo na obra de Lobato, tão presente na formação das crianças brasileiras? Ou apenas teremos uma defesa dos discursos racistas?

II. Monteiro Lobato foi uma figura central na formação, enquanto leitora, de Marisa Lajolo. Nascida em 1944, hoje é uma das especialistas na obra do escritor. Fez sua formação acadêmica, na área da literatura e teoria literária, na Universidade de São Paulo, e, em 1969, tornou-se professora da Unicamp. A crítica estruturalista (1969), Usos e abusos da literatura na escola (1982) e Monteiro Lobato: a modernidade do contra (1985) são algumas de suas obras. No artigo Negros e negras em Monteiro Lobato, publicado em 1999, Lajolo problematiza a representação do negro a partir de duas obras desse autor, uma para o público infantil (Histórias de Tia Nastácia, de 1937) e outra voltada para adultos (O presidente negro, de 1926). Conforme apresenta-nos os livros, Lajolo analisa-as, fazendo uma breve comparação final. Importante pontuar que a obra para crianças toma o lugar central da análise, sendo O presidente negro uma espécie de contraponto que prepara a conclusão do artigo. Em poucas palavras, nesse texto, Marisa Lajolo defende que ambas as obras de Monteiro Lobato não são racistas, apenas expõem as condições do negro no Brasil da época. Efetivamente, a representação do negro, em Lobato, não tem soluções muito diferentes do encaminhamento que a questão encontra na produção de boa parte da intelectualidade brasileira [...]. Longe de desqualificar a questão, esta ambigüidade torna-a ainda mais relevante. Mas os melhores ângulos para discuti-la não se esgotam na denúncia bem intencionada dos xingamentos de Emília, absolutamente verossímeis e, portanto, esteticamente necessários numa obra suja qualidade literária tem lastro forte na verossimilhança das situações e na coloquialidade da linguagem (LAJOLO, 1999, p. 67).


Se, por um lado, há uma defesa em relação às críticas, por outro lado, esse trecho permite compreender que Lajolo compreende a problemática do racismo, que rodeia a obra lobatiana. A construção de seu argumento nos leva a crer que, embora ela não concorde com esse racismo existente, uma reflexão é imprescindível. O artigo inicia-se com uma epígrafe de Terry Eagleton sobre a relação entre a literatura e a política (a sociedade). Embora em um primeiro momento as palavras do crítico inglês não tenham uma conexão direta com o que Lajolo escreve, essa epígrafe servirá para concluir o artigo. O texto traz uma exposição linear (introdução; apresentação e análise da obra infantil; apresentação e análise da obra adulta; breve comparação e conclusão), porém essa retomada das palavras de Eagleton, no fim, dá uma certa graça ao artigo. Um elemento presente no texto, logo no início, já indica a visão de Lajolo sobre a questão: colocar a palavra racismo entre aspas. Similares má-criações têm servido de munição para leituras que tomam o xingamento como manifestação explícita do “racismo” de Lobato, questão incômoda, de que os estudiosos do escrito têm de dar conta (LAJOLO, 1999, p. 66). A palavra não foi colocada novamente entre aspas, nesse artigo, mas esse tópico será importante para nossa comparação com o texto de Penteado (1997). O modo como Lajolo constrói seu texto é interessante, ao mesmo tempo em que cria uma fluência boa de modo geral. No entanto, em alguns momentos encontram-se frases que contêm muitas ideias e acabam gerando confusão. Outro aspecto notado foi a pouca utilização dos adjetivos. Esses, quando surgem, evidenciam as opiniões da autora, por exemplo, “grande escritor brasileiro” e “delicados laços que enlaçam literatura e sociedade”. Embora nesse artigo Marisa Lajolo não fale especificamente da formação de leitores, uma passagem nos permitiria problematizar, ainda mais, uma possível naturalização do racismo (situada no discurso “Lobato não é racista, apenas expressa a realidade de sua época”). Ao ir lendo a reação dos ouvintes às histórias que Tia Nastácia vai contando, o leitor de Lobato sente-se tentado a tomar partido. E só por estar lendo, são muito pequenas as chances de que sua solidariedade vá para a preta velha que desfia histórias por quem, na melhor das hipóteses e como os pica-pauzinhos, ele (leitor) nutre sentimentos de afeto mas que nem por serem autênticos, deixam de ser uma das expressões que o racismo assume na cultura brasileira (LAJOLO, 1999, p. 74). Não seria o caso de compreender e aceitar que há racismo nas obras e, então, propor reflexões em conjunto com as crianças e os jovens? Essa questão fica em aberto, pois, aparentemente, a estratégia de Lajolo se resume na introdução do tema e da sua complexidade. Isto porque o modo de construção do pensamento, no artigo, leva o leitor a inicialmente achar que ela defende Lobato, porém, conforme novos argumentos são colocados, um tom de apaziguamento surge.


Desse modo, no fim, tudo está bem.

III. José Roberto Whitaker Penteado se considera um filho de Lobato, no sentido de que, para ele também, o autor paulista e sua obra foram importantes para sua formação. Nascido em 1941, estudou por dez anos a vida e a obra de Monteiro Lobato. Entre as inúmeras profissões que acumula, Penteado é professor, economista e doutor em comunicação e cultura pela UFRJ. Sua tese deu origem a Os filhos de Lobato: o imaginário infantil na ideologia do adulto. Os filhos de Lobato é um livro que procura dissecar a obra de Lobato, tentando compreender sua influência na formação dos indivíduos (no aspecto ideológico, não apenas enquanto leitores). Em virtude disso, e também do nosso enfoque nas discussões sobre o racismo, nesse trabalho analisaremos mais especificamente dois capítulos: A saga do Picapau Amarelo e “Nós precisamos endireitar o mundo, Pedrinho...”. Mas, é importante precisar, somente quando o autor trata de descrever e apresentar Tia Nastácia surge a temática que procuramos analisar. Em A saga..., Penteado faz uma revisão e resumo das obras para crianças publicadas por Monteiro Lobato. Dois dos tópicos do capítulo nos chamaram a atenção, Livros para ler e Livros para queimar. No primeiro, o autor apresenta todas as obras, bem como seus personagens. No segundo, ocorre uma apresentação genérica das críticas feitas a Lobato. No capítulo “Nós precisamos...”, José Roberto W. Penteado faz a análise da ideologia presente nos livros infantis de Lobato, por meio de cinco categorias: (1) A Família e a Mulher; (2) Religião e Misticismo; (3) Estado – Governo – Povo – Indivíduo; (4) Progresso e Mudança; e (5) Loucura. Como pode-se perceber, não consta uma categoria que trate das questões raciais 1, cuja visão, de Monteiro Lobato, é clara nos livros do Sítio. À primeira vista, poderíamos compreender que é porque a tese foi realizada antes da polêmica. Porém, essa primeira hipótese não se sustenta pois é possível encontrar diversas passagens que tocam no assunto. Nesse caso, o aparente silêncio nos diz muito. Como será possível ver a seguir, para Penteado o racismo não precisa ser discutido pois é fruto do contexto de Lobato e sua obra. Diferentemente de Lajolo, ele não procura problematizar a questão e apenas defende o escritor paulista: Na era das posições e dos conceitos “politicamente corretos” surgem, hoje, freqüentes críticas ao texto infantil de Lobato como “preconceituoso” – não só acerca da negritude servil de Tia Nastácia, como em relação a outros aspectos do texto. Novaes Coelho adverte para o perigo de tal análise que subjetiva o texto do autor – a literatura – como preconceituosa, esquecendo que, como mediadora,

1 Nesse capítulo, são nas duas primeiras categorias que encontram-se passagens onde Penteado trata do racismo.


ela reflete os valores e desvalores de um sistema social, contemporâneo de Lobato e que ele, nem mais nem menos do que outros artistas, refletiu com bastante fidelidade a sociedade e os tempos em que viveu (PENTEADO, 1997, p. 218). O uso das aspas, também nesse texto, constitui um ponto importante a ser observado. Porém, se em Lajolo apenas racismo aparecia entre esses sinais gráficos, na escrita de Penteado há um vício em sua utilização. Em quase todos os casos, as aspas evidenciam a própria posição ideológica do autor. O autor, ao descrever Tia Nastácia, diz que ela é “provedora de alimentos e de apoio logístico” (p. 207). Além disso, ela: [...] foi escrava de Dona Benta quando jovem e, liberta, passa a ser sua empregada – fenômeno comum, no final do século passado, nas famílias que Lobato conheceu como criança, inclusive sua própria. [...] Tia Nastácia tem, aproximadamente, a mesma idade de Dona Benta – o que a identifica com a patroa nos momentos de tensão ou perigo –, e é o alvo predileto dos comentários críticos de Emília, considerados, hoje, como “racistas”. Gilberto Mansur defende a boneca, explicando que, no contexto da época, o tratamento dado a Tia Nastácia por Emília está, ao contrário, “impregnado de naturalidade” [...] (PENTEADO, 1997, p. 209-210). A defesa de Lobato, sustentada por Penteado, logo entra em contradição no momento em que ele descreve Emília, quando diz-se que ela é “[...] porta-voz de Lobato em momentos importantes e sobre os assuntos mais polêmicos” (p. 213). Uma hipótese, aqui, é que o racismo está naturalizado para Penteado. Não há necessidade de discuti-lo pois o autor não compreende que seu próprio texto expõe uma contradição: se Emília é porta-voz de Lobato, e é dela que surge, grande parte das vezes, as ofensas dirigidas à Tia Nastácia, logo, Monteiro Lobato não estaria isento de um racismo consciente. Nesse caso, o fato de Lobato estar retratando fielmente seu tempo toma uma outra proporção. Ao contrário de Lajolo, Penteado sequer considera problematizar a questão. Continuando na descrição de Tia Nastácia: Apesar do reconhecimento de que Tia Nastácia é “pobre” e “analfabeta”, não lhe são proporcionadas chances de ascensão social. Nos livros “didáticos”, como Emília no País da Gramática e Aritmética da Emília, Nastácia fica em geral na cozinha e não tem participação. Só aparece – literalmente – quando, numa passagem da Aritmética, falam de alho e cebola... Um certo “racismo” e a noção de superioridade da raça branca aparecem em relação a outros personagens e situações. Em Geografia, por exemplo, Dona Benta não permite que as crianças tragam um bebê esquimó com eles, dizendo que é para que o Sítio não vire um “jardim zoológico”. [...]


Mas em muitas outras passagens o pessoal do sítio demonstra carinho com o ser humano Tia Nastácia, apesar da sua cor... (Penteado, 1997, p. 233-234). As palavras usadas para fazer essa descrição (“empregada”, “pobre” e “analfabeta”), quase todas usadas entre aspas, exceto a primeira, revelam anacronias (poderíamos descrever Tia Nastácia, personagem da primeira metade do século XX, como empregada?) ou ocultações da verdade, afinal, essa personagem não era, efetivamente, pobre e analfabeta? As razões de utilização de tantas aspas não são claras e, por isso mesmo, obscurecem a leitura do texto. Em um texto escrito sem muitas frases longas, há um tom que varia entre o acadêmico e o popular. Uma possibilidade pode ser porque o texto surgiu como uma tese e depois foi adaptado para um livro. Caberia investigar se no escrito original há tantos usos das reticências, das aspas e das palavras adjetivas. Tanto a escrita (apresentação e elaboração de argumentos) quanto a própria construção do pensamento são lineares. Talvez porque o texto foi concebido como uma tese, ou então porque Penteado intencionava em criar uma obra extremamente didática que aproximasse o leitor, sem grandes dificuldades, de uma análise e interpretação da obra de Monteiro Lobato. De qualquer modo, a ligação sentimental e as defesas irrefutáveis, por parte de Penteado, dão o tom ao texto.

IV. Publicados com a diferença de dois anos, os textos dos dois autores, pertencentes à mesma geração e ambos apaixonados por Lobato, evidenciam a interpretação de que o racismo é, na realidade, um aspecto realista nas obras do Sítio, na medida em que procura descrever a sociedade como ela é. Mesmo assim, ambos seguem uma linha de raciocínio diferente: para Penteado, a questão está resolvida; para Lajolo, é preciso problematizar para compreender melhor esse ponto. O fato de se tratarem de gêneros diferentes (artigo e tese) pode revelar o porquê dessas escolhas. Afinal, o artigo de Marisa Lajolo debruça-se exclusivamente sobre o racismo, enquanto a tese/livro de Penteado tem como foco outro ponto (a influência ideológica das obras e a formação) e apenas toca levemente sobre a temática. De qualquer forma, os cuidados com o texto, bem como com sua elaboração e argumentação, ficam claros. O caso das aspas e o modo como o pensamento vai sendo encadeado, em ambos os autores, são aprendizados para a escrita. Se neste ensaio não pretendemos encerrar a discussão, apenas lançar uma luz sobre como a temática já foi tratada, cabe registrar a dificuldade de encontrar os autores que, na década de 1990, criticavam Monteiro Lobato. Quem eram esses e essas pesquisadores e críticos? Por que é difícil acessá-los? Além de saber quem fez essas críticas, seria importante também compreender de onde elas vêm e quais seriam suas intenções. Isto porque, conforme explicitado no início deste texto, os estudos da literatura infantil se tornam necessários na medida em que também tocam na formação tanto do indivíduo como do leitor.


Retomando, por fim, Candido (1972), vê-se que, na relação entre ficção e realidade, a literatura se instaura enquanto parte da formação de um indivíduo, pois atua de modo oculto sobre as pessoas. Exatamente por ser uma atuação subconsciente e inconsciente, sua função educativa não se refere estritamente ao pedagógico, sendo uma formação muito mais complexa. Marina Colasanti, em sua tentativa de separar os livros de sua formação dela própria, concluiu que isso seria impossível. E, justamente por isso, talvez haja uma dificuldade de criticar Monteiro Lobato e tantos o defendam: a literatura que lemos em criança se enraíza profundamente em nós. Lajolo e Penteado foram formados pelas e nas obras desse escritor. De alguma maneira, isto estaria ligado com essa dificuldade de criticar e desconstruir a obra de um escritor? Nesse caso, Peter Hunt (2010) pode nos auxiliar a entender o que é a pesquisa e a crítica em literatura infantil – e, consequentemente, também as ciladas que a envolvem: A literatura infantil (e seu estudo) atravessa todas as fronteiras genéricas já estabelecidas, históricas, acadêmicas, e linguísticas; ela requer a contribuição de outras disciplinas; é relevante para uma ampla classe de usuários, apresenta desafios singulares de interpretação e de produção. Implica necessariamente em aquisição de língua, censura, gênero e sexualidade, o que leva o debate mais para o domínio do afeto que para o da teoria (HUNT, 2010, p. 49). Haveria, então, uma complexidade no tratamento e na análise da literatura infantil: os inúmeros fatores que deveriam ser mobilizados para a constituição de uma crítica dos livros para crianças evidenciam a ordem desse trabalho. Na esteira desse fato, as inúmeras perguntas deixadas abertas nesse ensaio seriam outro indicativo. Não apenas não nos propusemos a respondê-las, como compreendemos que não há uma única e fácil resposta. Pelo contrário, as respostas para tantas questões terão de ser desbastadas do mármore, com muito trabalho, assim como Marina Colasanti fez com sua experiência com os livros. Ao fazer a crítica da literatura para crianças, necessitamos separar, sempre, afetos e sentimentos dos livros e das teorias.


Referências bibliográficas CANDIDO, A. A Literatura e a formação do homem. In: Ciência e Cultura, São Paulo, nº 24, 1972. COLASANTI, M. Como se fizesse um cavalo. São Paulo: Editora Pulo do Gato, 2012. HUNT, P. Situação da literatura infantil. In:______. Crítica, teoria e literatura infantil. São Paulo: Cosac Naify, 2010. p. 43-73. LAJOLO, M. Negros e negras em Monteiro Lobato. In: LOPES, E. M. T; GOUVÊA, M. C. S. de (orgs.). Lendo e escrevendo Lobato. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 65-82. PENTEADO, J. R. W. Os filhos de Lobato: o imaginário infantil na ideologia do adulto. Rio de Janeiro: Dunya Ed., 1997. MARISA Lajolo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2014. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa19039/marisa-lajolo>. Acesso em: 1 de Dez. 2014. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 Fontes utilizadas para resgatar a polêmica nas mídias: http://www1.folha.uol.com.br/saber/924824-conselho-de-educacao-reve-parecer-sobre-obra-de-monteiro-lobato.shtml http://www1.folha.uol.com.br/saber/828188-conselho-aguarda-informacao-do-mec-sobre-obra-de-monteiro-lobato-pararever-parecer.shtml http://www1.folha.uol.com.br/saber/825774-academia-brasileira-de-letras-diz-ser-contra-veto-a-livro-de-monteirolobato.shtml http://www1.folha.uol.com.br/saber/825664-oab-diz-que-mec-insulta-cultura-brasileira-ao-vetar-livro-de-monteirolobato.shtml http://www1.folha.uol.com.br/saber/824919-mec-quer-rever-veto-a-livro-de-monteiro-lobato.shtml http://www1.folha.uol.com.br/saber/822230-conselho-de-educacao-quer-vetar-livro-de-monteiro-lobato-em-escolas.shtml


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