TCC APRESENTAÇÃO - HARIEL REVIGNET

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Trabalho de Conclusão de Curso em Arquitetura e Urbanismo

TEORICO com perspectiva Decolonial

ESTUDO DE CASO autobiogeográco

ARTISTICO

AXE

TETURA espaços do sagrado à margem perspectiva decolonial para estudo de caso autobiogeográco do Terreiro de Umbanda Casa de Caridade Luz do Alvorecer.

HARIEL REVIGNET orietandores PEDRO BRITTO MANOELA RODRIGUES


Para dar início a este trabalho, peço licença (Agô) aos meus ancestrais e proteção a Exu, e agradeço e saúdo à todos sagrados Orixás, principalmente à Iemanjá e Oxum , Ogum que coroam meu Orí. Agradeço e dedico este trabalho com amor ao meu irmão, que se tornou ancestral cedo demais.

REVIGNET, Hariel. Axétetura: espaços do sagrado à margem perspectiva decolonial para estudo de caso autobiogeográco do Terreiro de Umbanda Casa de Caridade Luz do Alvorecer. Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Arquitetura e Urbanismo, FAV, UFG. 2019. orietandores Pedro Britto Manoela Rodriegues


ELOS


RESUMO

Axétetura, espaços do sagrado à margem é uma pesquisa desenvolvida por uma perspectiva autobiogeográca com a teoriametodologia com estudos decoloniais. A pesquisa teórica aprofundou nas construções de hierarquias, dominância e de poder a partir do colonialismo e como isso se reetiu na graduação, nas noções de ciência, cultura, patrimônio e na cidade.

Na parte artística da pesquisa, produzi colagens grácas a partir das vivências, experiências e conceitos estudados como processos de produção de visualidades subjetivas que tensionam relações de de projeto/espaço/uso.


Colonialidade de poder

Deslocamento e o decolonial Em vez de Arché poderia ser Axé

Estudo de caso

ELOS COLONIALIDADE DE PODER NA GRADUAÇÃO ESTUDO DE AXÉTETURA

COSMOVISÃO AFROCENTRADA ESPAÇOS RELIGIOSOS E RACIAIS

CASA DE CARIDADE LUZ DO ALVORECER

AMARRAÇÃO


Colonialidade de poder A partir de Quijano (2005) abordo a colonialidade de poder, para aprofundar no projeto de dominação essencialmente moderno, racial, capitalista e eurocêntrico. Com a colonialidade de poder se percebe como é construida a hierarquização racial nos territórios nos territórios colonizados. O pensamento hierárquico que se tornou hegemônico é produto da colonialidade de poder no sistema mundial e é branco, patriarcal, judaico-cristão, capitalista. Com Fannon (1961) estudo o pós-colonial, para entender como surgem os movimentos de independência das colônias em relação ao domínios dos países europeus mas que a separação do poder da colônia da Europa não signicou uma destruição da estrutura do poder em hierarquia de dominação racial. Economicamente, politicamente, intelectual e socialmente os valores, os modelos das cidades e estrutura das sociedades póscoloniais continuaram sendo baseadas no eurocentrismo. Os ideias coloniais e pós-coloniais são expostos para compreender como a partir da decolonialidade proponho uma metodologia de pesquisa.O pensamento decolonial é uma postura de conscientemente se desprender de amarras eurocêntricas. MIGNOLO (2015)


COLONIALIDADE DE PODER


GRADUACAO Abordo a colonialidade de poder para explicar porque as bases do estudo cientico do núcleo obrigatório são eurocêntricas. É com os estudos de Sueli Carneiro (2005) que compreendo que existe epistemicídio na graduação em Arquitetura e Urbanismo . O epistemicídio existe quando as mesmas hierarquias da da colonialidade de poder permanece determinando os padrões sobre as práticas e saberes, o habitar, existir e viver entre o colonizador e o colonizado. Na graduação no aspecto teórico e estético começamos reconhecendo o modelo grego-romano como o clássico. Assim estudamos arquitetura medieval, românica, gótica, barroca, neoclássica, moderna e contemporânea e seus desdobramentos.Todas elas a partir dos modelos europeus, internacionais *ocidentais Tudo isso é estudado de maneira a constituir um acervo teórico e formal de “boa arquitetura”


NA GRADUAÇÃO


Deslocamento e o decolonial Por que eu não me encaixava no curso? Por que não me via representada ou pertencendo ao mundo da arquitetura? E ao mesmo tempo quando falam de problemas urbanos são realidades que eu vivo no meu cotidiano, que grande parte da população como eu vive, mas no meio acadêmico sou parte de uma minoria? Existem corpos, gêneros, comunidades e suas culturas que foram colocadas à margem, tanto em direitos de cidadania, como na vivência dos espaços, como no seu reconhecimento na produção do conhecimento na história ocial. Isso não é ao acaso ou naturalmente foi um projeto da colonialidade de poder. Eu não me sinto representada epistemicamente no curso de arquitetura e faço parte da minoria de corpos femininos negros presentes porque isso é reexo das desigualdades intersecionais de raça, gênero e classe. Essa marginalização histórica e social das diferenças, fez com que grande parte das populações negras e ameríndias fossem condicionadas à níveis de pobreza que se materializou nos meios urbanos das grandes cidades e nas áreas rurais do Brasil.


deslocamento e o decolonial


Em vez de Arche poderia ser Axe Axétetura é uma criação poética autobiogeográca. Que nasce quando procuro sair da ideia do clássico, enquanto origem localizada na Europa e me localizar a partir da losoa, cosmovisão, cultura Africana e Afro-diásporica. busco com isso o reconhecimento da produção de ciência, seja empírica ou metafísica, sobre a natureza e o divino, sobre valores sociais e losócos, conceitos e denições da criação do mundo material e imaterial nas culturas africanas e ameríndias. No Brasil de maneira estrutural ocorre a imposição do modelo eurocêntrico como forma de produção hegemônica do conhecimento.Identico esse mecanismo como reexo da colonialidade de poder que nega as origens e relevância cultural afro em todos os segmentos da sociedade. Embora a colonização, tenha gerado o seqüestro, doutrinação, extermínio e perseguição dos povos afro-diásporicos e ameríndios, o que me interessou foi pesquisar a criação de espaços de resistências da culturas afro-diásporicasameríndias nos territórios colonizados.


COSMOVISÃO AFROCENTRADA


Espacos Religiosos e Raciais A Igreja Católica tem um dos papéis centrais na formação do Brasil Colonial , desempenhando o papel de educação, doutrinação e determinando o lugar na sociedade dos não-brancos, sejam os nativos (bom selvagem/catequização) ou dos africanos sequestrados e escravizados (demonizáveis). A relação intrínseca entre o sagrado e patrimônio pode ser denida enquanto estrutura de poder político-religioso.

Os primeiros espaços de resistência afro-diásporicas são essencialmente ligados à práticas religiosas. Pois os diferentes grupos étnicos africanos de escravizados, tanto no meio rural quanto no meio urbano, deixavam diferenças culturais ou rivalidades étnicas de lado para conseguirem cultuar suas divindades,que direta ou indiretamente estavam ligados à processos de insurgência dos escravizados e libertos, das revoltas urbanas aos quilombos. A construção dos espaços hegemônicos é o que compete à Arquitetura. Digo isso à partir das análises de colonialidade de poder observadas dentro da graduação. (as igrejas coloniais, os palácios neoclássicos, os casarões , as alamedas ao estilo francê etc.) Com isso penso na construção dos espaços de resistência, ideologica,politica,economica, religiosa e social afro-diásporicas como sendo pertencentes à Axétetura.


Espacos Religiosos e Raciais


Estudo de Caso Faço o estudo de caso para identicar o conceito de Axétetura num espaço real, a partir das suas relações sociais, simbólicas, materiais e imateriais. - Levantamentos - Mapas e escalas afetivas - Entrevista Escolho a Casa de Caridade Luz do Alvorecer por ser uma pesquisa autobiogeográca, e poder abordar as relações sociais, de ancestralidade, história, cultura e ativação do espaço também a partir das minhas experiências. A casa foi fundada em 2011, primeiramente enquanto Igreja de Santo Daime. Foi construída em um terreno cedido para a construção da Igreja. E com organização de mutirão voluntariado entre daimistas fardados, simpatizantes da doutrina e amigos Com o mutirão de voluntários para a mão de obra construtiva, houve a assistência técnica de mestre de obras para a construção da fundação. Em 2015-2016 se funda na Casa o terreiro de Umbanda, com a orientação espiritual da Vovó Joana, Preta velha da mãe de santo e abrindo-se um terreiro de Iansã.Os guias principais da casa são: Vovó Joana como dirigente espiritual, Caboclo Ubiratã, Exú Sete Encruzilhadas, Cigana Sete-Saias, Pomba-Gira Maria Padilha, Erê Rosinha e Seu Zé Pelintra. Foram assentados: Seu Sete, Sete-Saias e Zé Pelintra.


Casa de Caridade Luz do Alvorecer


Estudo de Caso A Casa, enquanto espaço edicado se localiza na rua dos Incondentes, no setor Chácaras de Recreio Samambaia, na zona Noroeste de Goiânia. O setor é majoritariamente residencial, possuindo alguns clubes, complexos de lazer, espaços de festa, tendo como referência principal à proximidade com o Campus Samambaia da UFG.


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relação com a escala urbana da cidade Goiânia

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As primeiras edicações foram os banheiros e do salão principal , e posteriormente foram construídos os anexos de áreas serviço e depósito. A edicação do salão é de cimento, os pilares de concreto armado com vinte centímetros de diâmetro,piso de cimento queimado e telha de brocimento com estrutura de tesoura simples de madeira. Dois anexos, o quartinho de adobe e a área de depósito, e a parte da lateral direita que é utilizada nos momentos de feitio de ayahuasca para os rituais de Santo Daime. Fora da edicação do salão, tem os banheiros de alvenaria e uma pequena área de serviço.

1-2 Imagens do Google Earth,2019


Estudo de Caso de Axetetura A casa é um espaço onde as dinâmicas reconstroem debates sobre protagonismo feminino negro, trazendo a percepção nítida da força e resistência das primeiras mulheres africanas à abrirem casas de candomblé no período da colonização no Brasil. Além de construir, mantém a casa, a partir do trabalho externo e da contribuição dos lhos, realizando todos os processos em mutirão e envolvendo a comunidade.

Por isso que ao adentrar na Casa a sensação é de se estar adentrando num espaço que dialoga com a ancestralidade matriarcal, remetendo às primeiras mulheres africanas que assentaram a o axé no Brasil do que com as estruturas das casas kardecistas, de conguração majoritária de homens e mulheres brancas, de classe média e alta, em centros urbanos. Tanto pela liderança, e conguração da corrente da Casa, a sua localização periférica e estrutura de barracão se relacionam com aspectos de ancestralidade afro-diaspórica-ameríndia.

Porque as questões de classe e raça, são determinantes para congurar as relações econômicas de apropriação do espaço e formas, modelos, e dinâmicas de construções.


Casa de Caridade Luz do Alvorecer


Estudo de Caso de Axetetura

Tronqueria de Exu e Pomba-Gira(1) Cruzeiro das Almas (2). Corrente (3) Congá(4) Curimba . Quartinho Jardim (6) A atividade principal do terreiro é a gira. Que acontecem todas as segundas do mês, sendo em ordem gira de Pretos velhos, Caboclos, Erês e a última gira do mês sendo sempre de Exu e Pomba- Gira. É


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3 - 6 Fotos Okun, 2019

7 - 8 Fotos Hariel Revignet, 2019


Consideracoes finais As minhas críticas à graduação em arquitetura e urbanismo são pautadas pela minha vivência mas sobretudo para propor modicar a relevância dada à forma e ao projeto, para observar em primeiro lugar as relações de colonialidade de poder, com lentes mais apuradas sobre aspectos edicados, de patrimônio, de projeto e da educação. Axétetura pode ser entendida como um termo decolonial que em si só propõe tensionar o papel de hegemonia da Arquitetura ao propror pensar, produzir, projetar ou teorizar sobre espaços fora da estrutura cientica baseada na colonialidade de poder. O termo se determina sua oposição com a arquitetura que constrói espaços ‘universais’, ‘internacionais’, ou ‘boa arquitetura’ que são territórios raciais, pensados pela lógica e cultura eurocêntrica, com ideias de predominância de valores estéticos e sociais da classe econômica dominante e hegemônica branca. Analiso um espaço religioso no qual estou diretamente inserida para iniciar alguns apontamentos sobre o conceito. Mas entendo que nem todo terreiro de Umbanda, ou de Candomblé é Axétetura. Pois é a interceccionalidade de fatores relacionados à geração do espaço físico de culto afro-diaspórico-ameríndio em relação à questões sociais, raciais e de gênero que são que determinantes para se pensar o deslocamento da hegemonia. Com o apanhado conceitual, recortes históricos e políticos, atravessadas por poéticas subjetivas minha intenção principal foi iniciar uma abordagem capaz de expor uma percepção teórica e também artística de deslocamento de Arquitetura para uma Axétetura como possibilidades de uma concepção de micropolítica decolonial em arquitetura e urbanismo.


Amarração


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