Hebraica abr 16

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ANO LVII

| Nยบ 650 | ABRIL 2016 | A DAR II / N ISSAN 5776

Bem-vindos a Pessach


HEBRAICA

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palavra do presidente

Desafios na véspera de Pessach Certo rabino era adorado por sua comunidade; todos ficavam encantados com o que dizia. Menos Isaac, que não perdia uma chance de contradizer as interpretações do rabino e apontar falhas em seus ensinamentos. Os outros ficavam revoltados com Isaac, mas não podiam fazer nada. Um dia, Isaac morreu. Durante o enterro, a comunidade notou que o rabino estava profundamente triste. “Por que tanta tristeza?”, comentou alguém. “Ele vivia colocando defeito em tudo o que o senhor dizia.” “Não lamento por meu amigo que hoje está no lugar melhor”, respondeu o rabino. “Lamento por mim, ele me desafiava, e eu era obrigado a melhorar.” Nossa busca de melhora é constante, valorizando todos. Estamos trabalhando muito para pode agradar e atender a todos. Estamos na véspera de Pessach com grandes desafios.  Manter o clube com muitas atividades atraentes para atender aos anseios de todos os sócios;  Manter o equilíbrio financeiro operacional dentro do cenário econômico atual, no qual hoje a Hebraica está muito bem;  Atender ao projeto de educação para o futuro na nova Hebraica, com fusão do Alef com o Colégio I. L. Peretz;  Cumprir com o papel comunitário, afinal a Hebraica é o patrimônio da comunidade. Todos esses temas e outros se destacam na véspera de uma das mais importantes festas judaicas. Pessach comemora a saída da escravidão para a liberdade, da escuridão para a luz, da ignorância para a educação, da exclusão para a cidadania, perpetuando para todas as gerações futuras a lembrança de que fomos escravos um dia e hoje, libertos, entendemos e valorizamos a liberdade conquistada. Em todas as gerações, cumpre-nos relatar a saída do Egito e a busca da liberdade, discutindo o seu significado e assumindo plenamente nossa condição de cidadãos do mundo. Nascemos para ser livres, mas liberdade significa muito mais: responsabilidade com consciência e tolerância com as diferenças, construindo noções de justiça e solidariedade. Comemoramos o Êxodo sempre em nossas preces, porque a cada dia devemos nos libertar do orgulho, do preconceito, respeitando a vida, a liberdade e a dignidade de todo ser humano, acreditando que cada pessoa é um mundo inteiro e que podemos fazer a diferença. Vamos abrir nossos corações e receber esta data nos libertando da escravidão do nosso ego, pois não há maior prisão do que a imposta por nossa própria vaidade. Vamos olhar para o próximo com mais carinho. Vamos ser mais solidários. Temos de rever nessa data os nossos verdadeiros valores. Escravos fomos e, hoje, em nosso momento de reflexão, brindamos a liberdade. Vamos aproveitá-la para construir um futuro para os nossos filhos e netos. Chag Pessach Sameach Shalom Avi Gelberg Presidente

VAMOS ABRIR NOSSOS CORAÇÕES E RECEBER ESTA DATA NOS LIBERTANDO DA ESCRAVIDÃO DO NOSSO EGO, POIS NÃO HÁ MAIOR PRISÃO DO QUE A IMPOSTA POR NOSSA PRÓPRIA VAIDADE


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sumário

HEBRAICA

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carta da redação

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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de abril

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cultural + social

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capa / pessach A Hebraica prepara-se para realizar mais um Seder comunitário

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headtalks A crise política, econômica e moral no Brasil foi tema de encontro

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curtas Os melhores momentos da vida social e cultural da Hebraica

curtas Na pauta, After School, teatro inclusivo e oficina de fantasias

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comunidade Os eventos comunitários mais significativos da cidade

32

fotos e fatos Os momentos mais marcantes do último mês

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tiro esportivo O nome do atleta Felipe Wu tem aparecido em vários torneios

42

agenda A vice-presidência de Juventude amplia ainda mais a grade de cursos

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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

juventude

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esportes

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curtas Os destaques do xadrez, handebol e futsal

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fotos e fatos Os momentos mais marcantes do último mês

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magazine

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memória Há quase cinquenta anos a canção Ierushalaim Shel Zahav conquistava o coração de Israel

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12 notícias As notícias mais quentes do universo israelense

66

aliá Um balanço dos 25 anos de presença russa em Israel

70

cinema A inovação de Filho de Saul no gênero “filme sobre o Holocausto”

76

a palavra Os vários significados de Satanás nos imaginários judaico e cristão

78

costumes & tradições Por que a história do profeta Jonas fascina tantas gerações?

80

viagem Demos um giro pela fotogênica e fascinante Provença

83

música Cinco dicas imperdíveis para relaxar e curtir em casa

84

leituras A quantas anda o mercado das ideias?

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ensaio Tudo o que você precisava saber sobre o Seder de Pessach

90

curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado

111 diretoria 112 balanço Os números da Hebraica referentes a 2015

113

lista Saiba quem é quem no Executivo da Hebraica

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carta da redação

ANO LVII | Nº 650 | ABRIL 2016 | NISSAN 5776

Uma edição rica

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l)

Claro que é uma edição dedicada a Pessach, e, desde já reiteramos o convite para os associados participarem do Segundo Seder, dia 23, na verdade uma grande festa de confraternização e solidariedade e que prossegue com a grande pizzada, para celebrar o final da comemoração da liberdade. Mostramos também como a Hebraica é solicitada pelas equipes que jogarão as Olimpíadas como local de treinamento. Como o atirador de pistola Felipe Wu que usa as dependências do tiro ao alvo e as elogia entre as melhores do país. No “Magazine”, a reportagem do correspondente Ariel Finguerman é uma entrevista com Shuli Nathan cantora que se tornou famosa interpretando Yerushalaim Shel Zahav, de autoria de Naomi Shemer, que dá nome ao nosso Centro de Música e, por pouco, não virou hino nacional de Israel, tal a repercussão que teve. Ainda no “Magazine”, uma crônica a respeito da imigração russa para Israel, o significado em hebraico da palavra Satanás, de acordo com Philologos, o sempre esclarecedor material de Joel Faintuch, em “Costumes e Tradições”, desta vez em torno do profeta Jonas e o registro de mais uma viagem do publisher Flávio Bitelman, agora à Provença. E textos tendo o filme Filho de Saul como tema, que vale a pena ler e, principalmente, por favor, assistir. Boa leitura Chag Pessach Sameach Shalom Bernardo Lerer – Diretor de Redação

PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

IMPRESSÃO E ACABAMENTO GRASS INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

3815.9159

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

calendário judaico ::

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

ABRIL 2016 Nissan 5776

MAIO 2016 Iar 5776

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER

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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

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Pessach – primeiro Seder Pessach – segundo Seder

5 6 7 12 13 14 19 20 21 26 27 28 Iom Haatzmaut Lag Baômer

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG

VEJA NA PÁGINA 114 O CALENDÁRIO ANUAL 5776

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2ª SEMANA: 11 A 17 DE ABRIL

3ª SEMANA: 18 A 24 DE ABRIL

hebraica meio-dia : Especial Pessach Com Regis Karlik, 24/04 – domingo, às 12h, na Praça Carmel

Mega hebike: Passeio ciclístico 24/04 – domingo, às 8h30 ponto de encontro: Hebraica

O Pessach acaba em Pizza!

Pizza e bebidas a vontade!

30 ABR

a partir das 19h

3ª SEMANA: 18 A 24 DE ABRIL

data comemorativa: 2º Seder de Pessach

Praça Carmel

23/04 – sábado, às 19h, no Restaurante Red

Cinema: O garoto 24/04 – domingo, às 16h e 19h, no Teatro Arthur Rubinstein

Informações e Vendas: Central de Atendimento 3818-8888

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cul tu ral +social


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capa | pessach | por Tania Plapler Tarandach

Dia 23 é o

PESSACH MARCA O NASCIMENTO DOS JUDEUS COMO UM POVO E O SURGIMENTO COMO NAÇÃO, HÁ MAIS DE 3.300 ANOS. PESSACH CELEBRA A LIBERDADE

Segundo Seder na Hebraica M

TRADICIONALMENTE FAMÍLIAS SE REÚNEM PARA OUVIR A LEITURA DA HAGADÁ

uitos se perguntam se houve mesmo o Êxodo, se não é ficção. Nossos sábios têm várias citações para confirmar a realidade histórica dos feitos de um povo que deixa a terra onde viveu por décadas para se aventurar no deserto, sob a liderança de Moisés, Moshé Rabenu. Das setenta pessoas que um dia se dirigiram ao Egito em busca de alimentos, ao deixarem o local eram mais de três milhões, dos quais cerca de seiscentos mil homens adultos. Sim, o Êxodo aconteceu, está documentado. Passar da escravidão para a redenção é explicado pelo movimento Chabad: “Como é possível para um indivíduo que nunca esteve no Egito ou sofreu escravidão entender Pessach? Como pode o povo, jamais tendo passado por algo semelhante à provação sofrida por nossos ancestrais, identificar-se pessoalmente com o milagre da redenção? Nossos sábios enfatizaram a relevância contemporânea com a qual devemos considerar o Êxodo: Em cada geração, uma pessoa é obrigada a pensar em si mesma como se ela mesma tivesse deixado o Egito.” Os conceitos de escravidão e redenção devem ser entendidos em termos metafóricos e espirituais, o que leva à melhor compreensão desse episódio exibido em novelas e filmes como algo épico, uma história de lealdade (Miriam acompanha o cesto do irmão Moisés rio abaixo), fraternidade (Aron amparando as necessidades do irmão Moisés), desprendimento (o povo deixa o lar, a segurança, em troca da liberdade), fé (atravessar o mar que se abre), e, mais ainda, a aceitação de uma nova lei, um decálogo para ser seguido como nova forma de vida, de conduta ética. Nos dias atuais, quando a nova geração faz de um tablet ou telefone celular um brinquedinho, manuseado com perícia desde a mais tenra idade, surge pela frente a dúvida de acreditar nessa narrativa, a seus olhos quase um conto cheio de peripécias. Se até a geração anterior, as crianças se contentavam em repetir as quatro perguntas presentes na Hagadá de Pessach, hoje é preciso acrescentar uma quinta pergunta, esta dirigida aos pais e mestres: como continuar passando de geração

em geração essa história? O rabino lord Jonathan Sacks, líder religioso, filósofo, uma das vozes mais importantes do mundo atual, responde: “Tudo o que vocês precisam fazer é contar a história de geração após geração. Vocês precisam gravar seus valores nos corações dos filhos e eles nos dos filhos deles, de modo que vocês vivam dentro deles, e assim por diante, até o fim dos tempos. Vocês precisam construir uma civilização centrada no lar, na escola e na educação, como uma conversa entre gerações. Vocês precisam colocar os filhos em primeiro lugar. É isso que os judeus têm feito por milhões de anos, e é por isso que estamos aqui hoje. E se há uma mensagem que eu gostaria de gritar para todo mundo ouvir seria esta: cuidem do casamento, da paternidade e da família. Vamos passar um tempo com os nossos filhos, contando nossa história, transmitindo-lhes nossas esperanças e sonhos. Não fazemos isso o suficiente hoje em dia, e é isso que faz toda a diferença. É isso, e somente isso, que mantém uma civilização viva”. Parece fácil? Nesse texto, a tradição e a modernidade se complementam. Algo simples, que pode ter início em uma mesa de Seder. Por que estar ao redor de uma mesa, com filhos, amigos e até pessoas desconhecidas? Hoje, os sedarim (plural de seder) coletivos fazem o papel, muitas vezes, das antigas reuniões na casa dos avós, de um tio mais velho, quando a família reunia vinte, trinta, até

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capa | pessach >> cinquenta pessoas, e as horas passavam ouvindo o patriarca ler a Hagadá (narrativa). Em hebraico ou em ídiche, não importava entender o significado de cada palavra, o que valia era estar presente, compartilhar o ambiente familiar, adultos e crianças, o aroma do caldo quente com os kneidlach (bolinhas de farinha de matzá), o gefilte fish (peixe recheado) com sua cabeça deitada na travessa e a matzá passando de mão em mão. Uma festa culinária? Sim, a comida era apreciada, substancial, cheia de explicações, é parte do ritual da noite. A esperteza das crianças em “surrupiar” o afikoman (parte da matzá reservada para ser consumida no final da refeição) em troca de algumas moedas. Um cenário asquenazita que, com algumas variações, se repetia nas casas sefaraditas, porém guardando a essência de, a cada ano, repetir e repetir... para não ser esquecido. Se foram milagres, se a história era fiel aos acontecimentos, não havia dúvidas, o importante era “contar” aos mais novos. Com o mesmo cuidado que as avós passavam dias preparando a casa para Pessach, assim a Hebraica prepara o clube para receber os sócios durante uma semana diferente de todas as semanas do ano. Os concessionários mudam a apresentação dos cardápios, o pão sai de cena e entra a matzá, hoje complementada pelo pão de queijo, permitido. Pedir um sanduíche é saber que ele será preparado entre duas matzot.

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O VINHO SERVIDO DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO

Seder tradicional Na segunda noite, 23 de abril, sábado, às 19h, o Seder é o programa mais importante da agenda. O restaurante Red tem sua louça trocada, talheres, toalhas, tudo é kasher lePessach. Famílias se reúnem, o chazan Gerson Herszkowicz está a postos, cuidando de todos os detalhes para que esse Seder coletivo seja tão fiel quanto aquele que ele passava, na infância, no seder familiar. As músicas, parte do ritual, terão na voz de Regis Karlik uma interpretação cheia de idishkait, complementando a narrativa bíblica. O cardápio ficará por conta da Red Gastronomia, garantindo kashrut e o tempero correto. Para um dos momentos mais significativos do enredo, as perguntas feitas pelos quatro filhos aos pais, Herszkowicz convi-

Nova tradição: Mega Pizzada O ano passado a Praça Carmel lotou, apesar de a convocação para a Mega Pizzada ter sido novidade no calendário da Hebraica. E veio para ficar, atendendo a pedidos. Após uma semana tendo a matzá como prato principal, chega o dia de voltar ao ritmo normal e para isso o melhor é uma pizza de vários sabores. Fazer essa refeição com a segurança de chegar, estacionar na garagem e deixar as crianças a vontade é um dos benefícios da Mega Pizzada no clube dia 30, na Praça Carmel.

da crianças, grandes e pequenas, a juntarem as vozes. E, se os pais quiserem lembrar a infância, uma segunda voz faz parte dos melhores corais. “É isso que faz a diferença”, como cita o rabino Sacks, ou, pelo menos, é uma das ações ligadas à tradição que fez o judaísmo chegar até o século 21, apesar de todos os infortúnios, com sua pluralidade, suas aceitações, uma geração moderna, atuante, livre fisicamente, porém consciente do elo que a liga a todas as gerações desde a saída do Egito. Segundo Seder de Pessach 23/4, sábado, às 19h, no Restaurante Red Mais informações e convites, na Central de Atendimento (fones 3818-8888/8889)

história da escravidão do Povo de Israel no Egito começa em Shemot (Êxodo), o segundo livro da Torá. Shemot significa “nomes” e estes desempenharam papel fundamental nessa narrativa. Num midrash, uma alegoria rabínica, nossos sábios ensinaram que a libertação do Egito foi devida a quatro fatores: porque não mudamos nossos nomes, não abandonamos nosso idioma, não revelamos nossos segredos e mantivemos o ritual da circuncisão (Ialcut Shimoni). Em um mundo globalizado, existe a falsa impressão de que a liberdade se associa à possibilidade de apagar todas as diferenças culturais. Mas abdicar de nossas particularidades é o que leva à escravidão. Quando deixamos de ser um grupo específico de pessoas e uma história própria, com tradições, leis e costumes peculiares, abrimos mão da prerrogativa de sermos diferentes e abraçamos a escravidão do comum. Ou seja, o que manteve os israelitas unidos durante a escravidão egípcia ainda serve de defesa para a comunidade judaica do século 21 contra a ditadura da uniformização cultural. Os escravos hebreus conservaram seus nomes hebraicos. Adotamos hoje os nomes dos nossos falecidos parentes como nossos nomes hebraicos e, não raras vezes, nem sabemos quais são. Para garantir a liberdade em meio ao sofrimento do cativeiro egípcio, os israelitas também mantiveram o idioma. Por isso, o hebraico precisa ser valorizado, estudado e o aprendizado do ivrit deve servir de fator determinante da nossa identidade enquanto judeus e reforçar os laços com o Estado de Israel. Também fomos salvos do Egito porque não revelamos nossos segredos. Um escravo não revelaria aos seus escravizadores os segredos de outro escravo, formando assim uma forte rede de solidariedade entre os hebreus, e isso os ajudou a se proteger dos opressores egípcios. Hoje também devemos nos libertar do egoísmo escravizador e adotar uma postura de empatia libertadora. Finalmente, ainda segundo o midrash, os israelitas mantiveram o ritual da cir-

Pessach e o RG de D’us por Michel Schlesinger * cuncisão durante os difíceis anos em que serviram ao faraó. O brit milá simboliza uma reverência profunda às leis e tradições judaicas. Se o judeu da aldeia global não pode se comportar como o judeu do shtetl, ele busca uma forma de preservar os valores expressos em nossos mandamentos. O Shabat pode não ser o mesmo do judaísmo medieval, embora seus valores continuem preciosos. Conservar nossos nomes, idioma, solidariedade e rituais nos tornará dignos da travessia do Mar Vermelho; e reafirmar nossa identidade particular nos faz merecer a liberdade do mundo globalizado. Aliás, a auto-imagem de D’us é definitivamente impactada pelo episódio da saída do Egito. Simbolicamente, é possível dizer que a travessia do Mar Verme-

lho delegou nova identidade ao Criador do Universo. Quando D’us se apresenta no Decálogo, identifica-se como o deus do êxodo do Egito. Assim, a liberdade do homem passa a ser parte da identidade de D’us. Hashem não pode conceber um mundo sem a possibilidade de os homens e mulheres escolherem os próprios desígnios e, assim, assumir responsabilidade por essas escolhas. Portanto, ao final da escravidão dos Filhos de Israel, D’us mudou seu RG. A partir de então, no campo “nome”, aparecerá: “Eu sou o Eterno Teu Deus, que te tirei da Terra do Egito”. * Rabino da Congregação Israelita Paulista (CIP) e representante da Confederação Israelita do Brasil (Conib) para o diálogo interreligioso

O SENTIMENTO PELAS PRAGAS É LEMBRADO COMO PARTE DA TRADIÇÃO


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cultural + social > headtalks

A CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO BRASIL FOI TEMA DO ENCONTRO

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m meio às manifestações, economia em baixa e crise política, o título do encontro de março foi “Policrise”. O objetivo dos diretores do Departamento Social Cultural é sugerir novas formas de pensar a educação, com conteúdo atual e relevante, reunindo interessados em discutir os pontos de vista que tomam conta da mídia e do cotidiano de cada um. O Teatro Anne Frank lotou para ouvir a jornalista Monica Waldvogel, da Globonews, o ex-ministro da Justiça do governo FHC e especialista em relações governo-empresas Milton Seligman, o economista-chefe do Banco Itaú Ilan Goldfajn e o ativista do movimento VemPraRua, Rogério Chequer. Durante duas horas, de forma clara e objetiva, os palestrantes expuseram os pontos delicados da atualidade, como superar a crise, o que ela ensina e o amadurecimento político que

A policrise chega à Hebraica NA QUINTA EDIÇÃO DO HEADTALKS, O “PAPO-CABEÇA” CHAMOU A ATENÇÃO DE UM PÚBLICO HETEROGÊNEO, DE DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS, SEMPRE ABORDANDO TEMAS EM DISCUSSÃO NA MÍDIA proporciona. As perguntas do público provocaram intenso debate e troca de opiniões, mostrando a vontade de participar. “Citando Platão, ‘aqueles que não gostam de política serão governados por aqueles que gostam’, daí o engajamento dessa noite”, disse Carlos Eduardo Finkelstein, um dos responsáveis pelos en-

contros do HEADtalks. Os palestrantes destacaram a importância de um clube realizar esse debate, o clima em que se desenrolou e a participação da plateia. Organizadores já cuidam de preparar a sexta sessão, sempre com um assunto que interesse um número de associados cada vez maior. (T. P. T.)



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cultural + social > curtas

Chaplin no cinema

Gastronomia mediterrânea

Egípcios: seis décadas no Brasil

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egundo muitos chefs, a gastronomia mediterrânea tem dois atributos: é deliciosa e saudável. Joel Ruiz trouxe a experiência de mais de vinte anos para o Espaço Gourmet. Em quatro encontros, o especialista ensinou técnicas, mostrou detalhes de cada receita e os “degustadores” aprovaram com nota máxima.

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integração de público e artistas na Praça Carmel durante o Hebraica Meio-Dia é total. Uns dançam, outros cantam e todos saem alegres para continuar os momentos de lazer do domingo no clube. Assim foi na apresentação de Soli Mosseri, Graziela Zina, Vitor Schifnaguel, Rosa Awram Epelbaum e Davi Savoia, o conjunto musical que comemorou “Sessenta Anos dos Egípcios no Brasil”, com narração de Perla Mosseri.

Aonde Vamos?

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bate-papo informal e o interesse pelo tema “Droga: Mitos e Verdades” fizeram do primeiro encontro “Entre Amigas” um sucesso. Às 7h30, um grupo de mães se reuniu no Espaço Gourmet para trocar idéias e abrir o diálogo com a psicóloga Flávia Serebrenic Jungerman, que respondeu dúvidas sobre o assunto.

Café-da-manhã entre amigas

rograma de domingo pela manhã, com mediação de Vivian Schlesinger, o encontro cultural “Aonde Vamos?” recebeu Eduardo Szklarz, mineiro residente em Buenos Aires, jornalista e mestre em relações internacionais, repórter da Superinteressante; e Luís Krausz, escritor, tradutor, professor e vencedor do Prêmio Jabuti, categoria tradução. Szklarz é o autor de A pátria Metafísica e Krausz escreveu Bazar Paraná. O tema era “Os Judeus Alemães no Brasil”, com enfoque na leva de imigrantes que deixaram a Alemanha nazista e viveram em fazendas no norte do Paraná, junto à cidade de Rolândia. Consulado de Israel, Sesc Centro de Pesquisa e Formação, B’nai B’rith e Hebraica apoiaram o encontro literário

Os sócios aprovaram a sequência de filmes de Woody Allen, o que fez a diretora do Cinema, Sylvia Lohn, programar a série Charles Chaplin para este mês. Acompanhe: Quarta, 13/4, 20h30 – Em Busca do Ouro Quarta, 20/4, 20h30 -– Luzes da Cidade Domingo, 24/4, 16h e 19h – O Garoto Quarta-, 27/4, 20h30 – Mr. Verdoux Sábado, 30/4, 20h30 – O Circo

Um mês dedicado à dança

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m abril é comemorado o Dia Mundial da Dança, instituído pelo Comitê Internacional da Dança da Unesco, em homenagem ao nascimento do bailarino, professor e ensaísta francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), que atribuía expressividade à dança por meio da pantomima. A data coincide com o aniversário de Márika Gidali, nascida em Budapeste, em 29 de abril de 1937 e que escolheu o Brasil para desenvolver sua arte. Bailarina, coreógrafa, professora e diretora artística, ela criou o Ballet Stagium, importante grupo na arte das sapatilhas no Brasil. O Hebraica Meio-Dia deste mês será dedicado à dança. Dia 3, no Teatro Arthur Rubinstein Adriana Rabello Cia. de Dança Flamenca; dia 10, o Grupo Zorbás e a arte da dança grega; dia 17, Betty Gervitz traz o espetáculo “Com-Fluência”. Dias 16, sábado, às 21 horas, e 17, domingo, às 18 horas, as apresentações serão do Ballet da Cidade de São Paulo no Teatro Arthur Rubinstein.

Dalmau: um artista internacional

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té 10 de maio, a Galeria de Arte hospeda a criação harmoniosa e vibrante do artista plástico, fotógrafo e cenógrafo David Dalmau, nascido em Barcelona, em 1962. Viajou pelo mundo desde pequeno, passou pelos Estados Unidos e voltou à Europa, para viver numa casa de pescadores em Sitges, na Espanha. No início da década de 1990, veio ao Brasil, como curador da 21ª. Bienal Internacional de São Paulo, e decidiu ficar por aqui além de circular por Miami e Barcelona, com trabalhos expostos na América, Europa e Ásia. Temas atuais, como a ecologia, são retratados ao lado de motivos urbanos, o mundo do ócio, das diversões em harmonia e equilíbrio, tendo a alegria de viver um mundo de comemorações como leit motiv para sua arte. (T. P. T.)

Boteco está de volta

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ia 9 de abril, o Boteco volta com força total, a pedido dos sócios e em novo local, na Esplanada. Além de encontrar amigos, uma razão a mais para estar lá é o “Tributo a U2”, banda irlandesa que a revista Rolling Stone elevou à estatura de “heróis para super-estrelas”. Ganhadores de 22 prêmios Grammy e mais de 170 milhões de discos vendidos mundialmente, seus seguidores terão prazer em tomar um chope ao som do rock que a U2 consagrou.

Israel na Hebraica

Entidades judaicas se unem para uma semana de comemorações do 68o. aniversário da Independencia do Estado de Israel. O ato central será no domingo, 15 de maio, às 17h, no Teatro Arthur Rubinstein, com um mega coral de 170 adultos e oitenta crianças e jovens. Reservem a data!


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coluna comunidade

Parceria Google-Einstein

As pessoas recorrem a sites para informações sobre saúde e, muitas vezes, ficam ainda mais desinformadas. Com a presença de dirigentes na Sala Chella e Moïse Safra, no complexo hospitalar no Morumbi, o Einstein celebrou parceria com o Google para oferecer informações rápidas e precisas a respeito das doenças mais populares no País.

Ministro Bennett na Hebraica

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onsulado de Israel, Conib, Fisesp e Hebraica reuniram num almoço a liderança comunitária do país, marcando a visita do ministro da Educação e de Assuntos da Diáspora de Israel, Naftali Bennett. Pela manhã, Bennett visitou a Escola Beit Yaacov, quando participou do horário de oração dos alunos, e o Colégio Iavne, sempre focado na educação e na importância do estreitamento das relações entre o Estado de Israel e os judeus na Diáspora. Antes do almoço, o ministro conheceu o clube, elogiou os teatros, o verde e conheceu a Escola Alef, onde se interessou pelo ensino e o fato de estar dentro de um clube, que é também um polo educacional. Bennett entusiasmou-se ao saber que a Hebraica tem escolas de música com mais de 150 participantes, de dança folclórica e balé com mais de trezentos dançarinos, de teatro com grupos e oficinas, além dos 260 alunos da Escola Maternal e as trezentas crianças e adolescentes e os 33 madrichim do Hebraikeinu.

Trocou ideias com os dirigentes, quando o presidente Avi Gelberg fez as honras da casa, dialogando a respeito dos temas recorrentes à vida judaica em São Paulo e a inserção do clube na comunidade. O ministro mostrou sua satisfação por tudo que viu e destacou seu propósito aos presentes no Espaço Adolpho Bloch: “Meu objetivo é unir os judeus de Israel com nossos irmãos pelo mundo e, fundamentalmente, cooperar com os projetos educacionais no Brasil”.

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Memorial, que conta com diferentes espaços. No primeiro andar é possível visitar a Sinagoga Kehilat Israel reformada mas resguardando as características do antigo local de rezas, inaugurado em 1912. No segundo andar, estão expostos objetos e documentos históricos do ciclo de vida de um judeu, com vídeos educativos e interativos, detalhando as tradi-

ções que o acompanham. O casamento é mostrado com uma hupá montada e uma taça virtual, pronta para ser quebrada, como na cerimônia real. Imagens de famílias de imigrantes ocupam um espaço, e computadores para encontrar antepassados. O Centro de Estudos e Análise do Acervo, para consultas, é nesse andar. O terceiro andar, a ser aberto em 2017, mostrará os doze países de origem dos imigrantes e as razões da vinda ao Brasil, assim como um Jardim do Holocausto. No subsolo, há uma galeria de personalidades falecidas, que fizeram parte do desenvolvimento do Brasil. Nesse local há, ainda, uma loja com artigos e livros, além da lanchonete com comidas típicas.

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COLUNA 1 “Novos Rumos” é o nome do CD que reúne Ricardo Herz e Samuca do Acordeón. Frevo, choro, tango e muito mais. Lançamento no Itaú Cultural.

Do passado para o futuro antiga Sinagoga Kehilat Israel, conhecida como sinagoga da rua da Graça, transformou-se no Memorial da Imigração Judaica no Brasil. Além de manter a função religiosa no Bom Retiro, de segunda a quinta-feira, das 10 às 17 horas, e nas sextas-feiras, das 10 às 15 horas, na rua da Graça, 160, mostrará aspectos da cultura judaica. Uma das primeiras atividades do local recém-inaugurado foi comemorar o Dia da Imigração Judaica no Brasil, instituído em decreto de 2009 pelo então presidente em exercício, José Alencar, a partir de projeto de lei do ex-deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB), presente no ato. A data de 18 de março marca a reinauguração, em 2002, no Recife, da Sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, a primeira das Américas. O rabino Toive Weitman coordena o

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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br

Marcelo Bronstein esteve nos EUA, onde falou aos médicos da Cleveland Clinic. Ministro do Superior Tribunal Federal Luiz Fux, presidentes de O Boticário, Artur Grynbaum e da Livraria Cultura, Sérgio Herz, estão entre os palestrantes do Simpósio Nacional de Varejo e Shopping. Realizado pela Alshop em Punta Del Este, Uruguai.

∂ Sabra, paulistana, com mais de quarenta livros ilustrados, Ionit Zilberman fez dupla com o mineiro “contador de causos” Lauro Henriques Jr. O resultado pode ser visto em O Segredo do Anel e Outros Contos do BemViver, lançado na Livraria da Vila/Fradique.

“Inovação para o Crescimento” foi o tema do Fórum Estadão Infraestrutura. Com as presenças do presidente da Fapesp, José Goldemberg, e do ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, entre os palestrantes. “Está linda a Cau Chocolates”, dizem os que conhecem a nova loja de Renata Feffer no Shopping Iguatemi.

∂ Philip Aizenstein Cohn fez sua primeira aliá na Sinagoga Chabad das Vilas. Mariza e Nielsen, mais a irmã Stephanie, receberam os convidados para um brunch e os amigos do Peretz estavam todos lá.

Luciano Nardelli, o Lu, está às voltas com a edição do Congresso Brasileiro de Educação Física. Reunindo o tema nas áreas escolar, recreação e jogos. Além de uma sessão fechada de As Benevolentes no Teatro Arthur

Rubinstein, os jovens convidados da Fisesp conversaram com o ator do monólogo, Thiago Fragoso, sobre a peça e sua importância nos dias atuais. Profetas, Midrash, Talmud, filosofia judaica são temas do curso “Pensamento Judaico” nos encontros semanais com o rabino Ruben Sternschein, na CIP. “Por que precisamos de um museu judaico na Cidade?”, esta pergunta foi respondida por Sérgio Simon e Roberta Sundfeld, presidente e diretora-executiva do Museu Judaico de São Paulo para um público interessado, presente na Congregação Beth-El.

Toda quarta-feira, ao redor da mesa do almoço, um grupo de mulheres se encontra para ouvir Hana Slonim sempre com tema diferente. O mais recente foi sobre Purim, com direito a oznei haman. “Holocausto, Janusz Korczak e a Criança: do Orfanato ao Campo de Extermínio de Treblinka” é o título do curso de oito aulas, desenvolvido por Sarita Sarue na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP. Maria Lúcia Segall, Ika Fleury e Lígia Kogos presentes entre as convidadas ao almoço de boas-vindas 2016, realização da Associação das Consulesas de São Paulo. Yara Czeresnia Taragona está em Serra Leoa, África Ocidental, atuando como voluntária da ONG Médicos Sem Fronteiras. À sua Bier & Wein, Marcelo Stein acrescenta o sonho de contribuir com a educação cervejeira, sediando a Academia Barbante de Cerveja, que representa, entre outros, a World Brewing Academy.

Duas mulheres de valor Anualmente, Wizo e Na’amat escolhem mulheres de valor para serem destacadas no Dia Internacional da Mulher. A secretária de Estado das Pessoas com Deficiência Linamara Rizzo Battistella, foi a personagem escolhida pelo Grupo Chana Szenes, do Centro Wizo SP. O encontro começou com um almoço, grife Red, no Espaço Adolpho Bloch da Hebraica. Havia senhoras de entidades da área social de São Paulo e, após o café, desceram ao Teatro Arthur Rubinstein para o ato comemorativo. Com a presença do cônsul de Israel, Yoel Barnea e do secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, que falou sobre a figura de Linamara Battistella e seu trabalho na área social. Os cantores Regis Karlik e Cláudio Goldman completaram a tarde. A Na’amat Pioneiras São Paulo escolheu a especializada em criminologia pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Ilana Casoy. Considerada a maior especialista em serial killers no Brasil e autora de quatro livros, atuou em casos de grande repercussão. Ilana discorreu a respeito deles na sede da Na’amat, e se disse honrada com a homenagem. Para ela, a curiosidade é maior que seus medos e “uma vida que você já salvou vale por todas as lágrimas que você derramou”, finalizou.


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Preservação da história comunitária

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Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (Ahjb) é conhecido por guardar documentos, fotos e livros durante quarenta anos, material fundamental para conhecer a vida da comunidade judaica, suas instituições e legados. A necessidade de resguardar esse rico patrimônio de informação, a diretoria do Ahjb assinou um contrato com o Museu Judaico de São Paulo (Mjsp), com aval da Conib, Fisesp e do Instituto Samuel Klein (ISK), que apoia essa etapa preliminar e pelos próximos cinco anos. “Hoje selamos um histórico acordo para a comunidade judaica. Já no início do ano passado havia a convicção de que era importante juntar os esforços das duas entidades. Entrou então o Instituto Samuel Klein, cujo inspirador – de abençoada memória – iluminou os netos Natalie e Rafael a conhecer e reconhecer no Arquivo um tesouro inestimável a ser preservado”, ressaltou Seilly Heumann, do Arquivo Histórico. Na opinião do presidente do Museu Judaico de São Paulo Sérgio Simon, “essa fusão garante a continuidade dos trabalhos de arquivamento da memória e da documentação da comunidade judaica em São Paulo arriscada a se perder. E também preenche uma lacuna importantíssima que é ter material original da comunidade para apresentar no Museu, o que acabou sendo mutuamente importante: o arquivo, que garantiu sua continuidade, e o Museu, que ganhou porte internacional e acervo enriquecido”. Assinaram o documento da parceria Eduardo Wurzman, pela Conib, Alberto Milkewitz (Fisesp), Sérgio Simon (Mjsp), Seilly Heuman (Ahjb), Natalie e Rafael Klein (ISK) e o Arquivo passa a se chamar “Centro de Documentação e Memória do Museu Judaico de São Paulo”. Ana Maria Wilheim e o escritório de advocacia Machado Meyer, Sendacz, Opice operaram a formatação da parceria, e o ato teve a presença de diretores e pessoas envolvidas com as entidades. A conservação da memória judaica está preservada e será disponibilizada em grande escala, aberta on line à população brasileira, a partir da digitalização dessa importante fonte de informação. “Para nós é um projeto de extrema importância e tem um lado emocional que nos diz muito respeito. De alguma maneira ele garante que a história e legado do meu avô e também de toda a comunidade judaica que chegou ao Brasil seja preservada”, disse a diretora-presidente do Instituto Samuel Klein, Natalie Klein.

COLUNA 1 Quem foi à Sinagoga Ohel Yaacov tirou as dúvidas sobre zika, dengue e chikungunya depois das explicações do médico Artur Timerman, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Os bonecos criados por Suzy Gheler (z’l) guardam a criatividade da autora. Coelhos retratando personagens de contos de fadas foram expostos no Shopping Frei Caneca. Nutricionistas da Recomendo Assessoria em Nutrição, entre eles Márcia Daskal, indicam como melhorar a relação com a comida sem deixar o prazer de lado (http://www. recomendo.ntr.br).

∂ No O Shil, Eugênia e Daniel Fuchs felizes, receberam os convidados, com Giselle, para festejar a maioridade religiosa de Felipe ao som de Soli Mosseri.

Reconhecimento aos voluntários

∂ No Expo Center Norte, entre os expositores da 52ª. Gift Fair e 19º. Salão de Decoração, Artesanato e Design, Marcelo Felmanas reuniu ícones do mundo do estilo no estande de sua 6F Decorações.

Daniela Piepszyk, Naomi Silman e Marat Descartes estão no elenco principal de E Além de Tudo me Deixou Mudo o Violão, filme de Anna Muylaert exibido pela TV Cultura. A comunidade científica indicou Anita Novinsky como pesquisadora “Pioneira da Ciência” do CNPQ. Ela se situa, agora, entre as setenta brasileiras merecedoras da honraria. Ao lado de Ivan Lins, Anna Setton está no grupo participante do DVD de cinquenta anos da carreira de Toquinho, que escolheu o Teatro WTC para a gravação. Negócio inovador, as food trucks estão em todo canto. Para

o coach de vendas Jaques Grinberg, “como todo negócio, este também precisa de uma gestão profissional”. Carlos Alberto Griner, diretor-executivo de Recursos Humanos da Suzano Papel e Celulose, foi eleito “Profissional de RH de 2015” pela revista Você RH e um júri composto por CEO’s, consultores e headhunters. Quase quatro mil ceramistas de quatorze países, incluindo Israel, reuniram-se em Kansas City, EUA, com obras expostas na Belger Art Galery, programação do National Council on Education for the Ceramics Arts. Norma Grinberg lá estava com suas cerâmicas.

A Feirinha Gastronômica volta ao seu espaço na cidade com novos talentos. Nesses três anos de ação, reuniu mais de quatrocentos participantes e recebeu acima de quinhentas mil pessoas. O oncologista e coordenador do HCor Onco, Auro Del Giglio, realizou um estudo com pacientes da Faculdade de Medicina do ABC apontando o consumo de extrato seco de guaraná na diminuição da fadiga em mulheres com câncer submetidas à quimioterapia. No Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André, a mostra “Santuários” reuniu, entre os expositores, Ângela Barbour, Ruth Tarasantchi, Lilian Arbex, Mireille Lerner, Regina Carmona e Agui Bartok. Caetano de Campos, a Escola que Mudou o Brasil é o título do livro escrito pela ex-aluna, hoje arquiteta, Patrícia Golombek, reunindo a história, relatos e muita emoção dos bancos escolares.

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m sessão solene promovida pelo vereador Ari Friedenbach, a presidente do Voluntariado do Hospital Israelita Albert Einstein Telma Sobolh recebeu a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo, em nome dos 480 voluntários atuantes no Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch-M’ Boi Mirim e no Hospital Municipal da Vila Santa Catarina. As “Tias de Rosa”, como eram chamadas as primeiras voluntárias, na época da construção do hospital, fazem a diferença no dia-a-dia do hospital até hoje. Ao agradecer a homenagem, Telma ressaltou “o privilégio de poder atuar numa instituição com os recursos que o Einstein possui e atender com seriedade quem precisa”.

Um voto de louvor foi conferido às voluntárias Paulina Lerner, por sua atuação há 58 anos sem parar, e a Gertrudes Rose Mary Levy Barmak, 91 anos, a voluntária mais idosa em ação.

Na’amat tem novas diretorias

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chaverá Arlene Zular foi a anfitriã na cerimônia em que Na’amat Pioneiras deu posse às novas diretorias do Brasil e de São Paulo. Ceres Maltz Bin transferiu a presidência nacional para Clarice S. Jozsef, para o biênio 2016/2017. Até então presidente em São Paulo, Clarice deu posse a Leonor Szymonowicz, que concluirá a gestão. Todos os oradores da cerimônia ressaltaram o trabalho desenvolvido por Ceres e Clarice na condução de Na’amat, o reconhecimento a Myrian Mau Roth pela causa sionista e o trabalho como chaverá por décadas, recebendo o título de presidente de honra da Na’amat Brasil.Após a brachá (bênção) do rabino Shalom Ber Gourarie, os presidentes das entidades comunitárias enfatizaram o trabalho realizado, como Avi Gelberg, da Hebraica, lembrando as várias parcerias “que continuarão por muitos anos”.

El Kobbi em nova gestão

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Keren Kayemet LeIsrael (KKL) no Brasil reelegeu Eduardo El Kobbi à frente de sua diretoria para o período 2016-2018. “Educação, Instrumento para a Construção de um Mundo Melhor”, tônica do trabalho desenvolvido na primeira gestão, será continuada. Como nos anos anteriores, em março, o KKL visitou mais de sessenta entidades – sinagogas, clubes, escolas públicas e particulares, federadas da Conib, para viabilizar o Dia das Boas Ações, que acontecerá pela primeira vez no Brasil no dia 10 deste mês, com o apoio da Arison Foundation. Nessas visitas, 1.150 voluntários voltados ao conceito da

sustentabilidade se comprometeram a trabalhar incentivando o plantio de árvores e a melhor qualidade de vida em suas cidades. Para falar do Dia das Boas Ações, o diretor do KKL no Brasil Marcelo Schapô foi ao Paraná. Lá visitou o Centro Estadual de Educação Profissional Theodoro de Bona, em Almirante Tamandaré, onde quase cem alunos o aguardavam, e a Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, em Curitiba. Alunos da segunda à nona séries participaram com entusiasmo das palestras. El Kobbi convida para que acompanhem o trabalho do KKL pelas redes sociais no facebook.com/kklbrasil.


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Qualidade na educação judaica

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urante o 2º Encontro Nacional de Escolas Judaica realizado na Hebraica, a Conib lançou a Plataforma de Educação Judaica no Brasil, visando debates sobre filosofia e gestão para um sistema de cadastro único. Participaram entidades mantenedoras, diretores e coordenadores da área judaica de quatorze escolas de diferentes estados, escolas complementares, movimentos juvenis e sinagogas, totalizando cerca de dez mil crianças e jovens. A concretização desse Projeto tem o apoio do Instituto Samuel Klein e do Fundo Pincus para Educação na Diáspora, criado há quarenta anos numa parceria da Agência Judaica, Organização Sionista Mundial e American Jewish Joint Distribution Committee. O encontro contou com os especialistas: Simon Caplan, diretor de Educação do Fundo Pincus para a Educação Judaica; Ana Maria Wilheim, socióloga; Anna Penido, diretora do Inspirare; Ricardo de Abreu Madeira, professor da Economia/USP e especialista em Eco-

nomia da Educação; Regina Scarpa, do Instituto Vera Cruz; Priscila Gonsales, mestre em educação e especialista em design thinking; Celso Zilbovicius, diretor educacional do Projeto Marcha da Vida Universitários; e Revital Poleg, representante geral da Agência Judaica no Brasil. Caplan veio ao Brasil para conhecer os educadores e as escolas judaicas em São Paulo. E ficou entusiasmado ao saber que judeus de todas linhas religiosas participam desse projeto e ressaltou que “os 18% de judeus que vivem fora de Israel e EUA são muito importantes, bem maiores que esse número”. Durante o encontro foram abordados vários temas que conduzem o dia-a-dia da educação judaica, seu posicionamento, necessidades e os problemas enfrentados pelos diferentes centros comunitários. Para André Wajnberg, sheliach da CIP, “é necessário quebrar o paradigma do judaísmo de gaveta, de ir à sinagoga apenas em Iom Kipur, o judaísmo deve ser algo que tange a vida”.

Trote solidário

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partir do princípio de que um só doador de sangue pode salvar até quatro vidas, a semana de trote da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein reuniu veteranos e calouros em ações sociais. Além da doação de sangue, ajudando a salvar quase 140 vidas, os calouros reuniram mais de novecentos itens, entre lápis, canetas, cadernos, lápis de cor e livros para as crianças do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis.

Prêmio à música ídiche em português

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e 1.252 cd’s lançados em 2015, o site Embrulhador selecionou os cem melhores e, desses, deu menção honrosa ao cd Raízes/Roots Ekaterinoslav New York São Paulo, da cantora e compositora Nicole Borger, de canções ídiches antigas e modernas traduzidas para o português. O cd foi gravado em Nova York, com arranjos e produção do trompetista norte-americano Frank London, vencedor do Prêmio Grammy de 2003, conhecido pelas participa-

ções no Kleztival. “Trazendo as letras para o português e revestindo essas canções de arranjos num linguajar nacional, esse repertório certamente poderá ser mais acessível ao público brasileiro e essa menção honrosa reforça a intenção dos artistas”, disse London. “As canções têm uma sonoridade que funde a música judaica e a música popular brasileira, em uma linguagem mais acessível e familiar a todos”, ressalta Nicole.

COLUNA 1 Júlia Steinbruch desenvolveu um curso de fotografia especial para teens. Os encontros aconteceram no Centro Novo Horizonte. O escritor Mário Bentes é o responsável pela análise e seleção dos originais que estarão na antologia de ficção científica O Último Gargalo de Gaia: Distopias, Steampunk e Dias Finais. Serão contos e as inscrições estão abertas até 31 de maio no site http:// www.lendari.com. br/o-ultimo-gargalo-de-gaia/). A diretora da Dreanmakers, Carla Wolff, estudou no Saint Martin College de Londres, Inglaterra, e fechou contrato com a instituição para tornar a sua a principal

agência do Brasil a oferecer aqui os cursos da escola britânica nas áreas de arte e design. Dois encontros de destaque na Wizo: as palestras do jornalista Carlos Brickmann e do filósofo Luiz Felipe Pondé. Chef formada em Israel, Deborah Levy Tenenbaum aderiu ao delivery. Prepara cardápios de comidas do mundo e entrega para irem direto ao freezer.

B’nai B’rith tem nova diretoria

Terrorismo não resolvido

psicóloga e psicanalista Zeila Sliozbergas é a nova presidente da B’nai B’rith São Paulo para o biênio 2016-2017. Na cerimônia de posse, ela explicou que trabalhará, com sua equipe, em quatro vertentes: reunir membros da entidade e interessados em torno de projetos em andamento e a criação de novos; revitalizar o espaço dos jovens com programas culturais, sociais e na formação de lideranças; apoiar instituições que compartilham com os ideais da fraternidade, de ajuda humanitária e respeito aos Direitos Humanos; e apoiar a existência e preservação do Estado de Israel.

Mais de quatrocentos delegados e observadores de 67 comunidades reuniram-se em Buenos Aires para a sessão especial da Assembleia Plenária do Congresso Judaico Mundial (CJM), a mais importante instituição representativa das comunidades judaicas, presidida por Ronald S. Lauder, reeleito para um terceiro mandato. O presidente da Argentina Mauricio Macri falou na abertura da Assembleia e o presidente do Paraguai Horácio Cartes, recebeu o Prêmio Shalom, saudado por Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino-Americano: “Sustentamos que a paz se constrói com gestos de grandeza como a decisão do Paraguai de não subscrever a declaração do Mercosul contra Israel”. Para Lauder, a decisão de Macri em concluir o memorando de entendimento entre Argentina e Irã é benéfico e espera ações rápidas para garantir que se entregue à Justiça os responsáveis por tais atos. Membros de Novas Gerações comemoraram os primeiros dez anos de atividades junto ao CJL. A coordenadora Sílvia Perlov, Fábio Milman, Fábio Szperling e Gustavo Erlichman representaram o Brasil.

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Kristal está no Guinness

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srael Kristal, morador de Haifa, recebeu de Marco Frigatti, representante do Guinness World Records, o título de “Homem mais Velho do Mundo”. Ele nasceu na Polônia, próximo a Zarnow, em 15 de setembro de 1903: tem 112 anos, passou pelas duas Guerras Mundiais, esteve preso em Auschwitz e outros campos

Tucca traz Daniel Hope

Estudioso e pesquisador há quarenta anos, Sérgio Casoy selecionou uma série de obras para o curso “Pelos Caminhos da Ópera”.

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violinista Daniel Hope, atual diretor Musical da Orquestra de Câmara de Zurique, volta ao Brasil e, dessa vez, para tocar com a Orquestra de Câmara da Basileia, para um concerto da Série TUCCA de Concertos Internacionais. Músico virtuoso, Hope recebeu, no ano passado, o European Cultural Prize for Music, que já premiou Daniel Barenboim e Plácido Domingo, entre outros famosos. O concerto em benefício do TUCCA será realizado dia 3 de maio, às 21 horas, na Sala São Paulo.

Título a quem merece A historiadora e especialista em marranos Anita Novinsky, 94 anos, recebeu o título de “Mulher Pioneira na Ciência”, dado pelo Conselho Nacional Brasileiro para a Ciência e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), por sua longa vida acadêmica e colaboração decisiva para a pesquisa sobre a Inquisição. Nascida na Polônia, brasileira naturalizada, ela é autora de vários livros e criadora do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância (LEI) na USP.

de concentração, onde perdeu a mulher e os filhos. Único sobrevivente da família, após se salvar do nazismo, mudou-se para Israel. “Houve homens mais inteligentes e mais bonitos do que eu e eles não vivem mais. Me resta é continuar meu trabalho duro e reconstruir o que foi perdido”, afirmou o novo recordista.

El Al atende via Skype

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ara facilitar a comunicação com seus clientes, o escritório da El Al em São Paulo disponibiliza o contato via Skype, de segunda a sexta-feira, da 9 às 13 horas e das 14 às 18 horas. Para tanto,

deve ser enviado um convite de cadastramento, incluindo o ID elalbrasil. Esse serviço complementa os demais contatos, que pelos e-mails vendas@elal.com. br e grupos@elal.com.br.

Jewish IN começa em alto astral O primeiro encontro do Jewish IN este ano foi na residência de Jacques Khafif, que recebeu grande grupo de jovens interessados em ouvir a cool hunter (caçadora de tendências) Sabina Deweik. Precursora dessa especialidade, formada em jornalismo pela PUC, ela falou sobre sua atuação nesse meio, os artigos para várias publicações e o fato de se considerar empreendedora, antes mesmo do termo surgir. O primeiro contato com o conceito de cool hunting foi quando morou em Milão, Itália, aplicado na sua volta a empresas como Alpargatas na criação de loja conceito e difusão da marca Havaianas. Charles Tawil, criador do grupo, presenteou o anfitrião e a palestrante com objetos que trazem a marca Jewish IN.


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De Israel para a piscina da Hebraica

“O Ministério do Turismo de Israel dá boas-vindas à Edelman Significa como sua agência de Relações Públicas no Brasil. “Juntos aumentaremos o desejo dos brasileiros de conhecer Israel”, disse Renata Cohen, diretora-geral do Ministério do Turismo de Israel no Brasil, quando comunicou o público dessa nova etapa de divulgação turística do Estado de Israel. O núcleo de turismo da agência tem entre os seus clientes marcas como Accor Hotéis, Air France/KLM, Visit California, Iberostar Hotels & Resorts. “Estamos honrados com a parceria com este Ministério. Nos últimos anos ampliamos nossa atuação no setor de turismo com novas práticas, como o relacionamento com o trade, e conquistamos novas contas. Essa oportunidade de sucesso nos anima”, afirmou Daniela Schmitz, líder de Engajamento para Marketing na Edelman Significa. “Uma ação para promover o conhecimento sobre o país e seu posicionamento como um destino de sonho para os brasileiros.”

um hábito, em Tel Aviv, renomados cientistas irem a bares e pubs para difundir a ciência de maneira descontraída e acessível. Agora, esse modelo veio para o Brasil, mais precisamente ao Bar da Piscina da Hebraica, onde aconteceu o The Bar – Science on Tap. Inaugurado com Israel Bar Joseph, vice-presidente e decano de atividades educacionais do Instituto Weizmann de Ciências. O convite dos Amigos do Weizmann do Brasil foi aceito por um grande número de pessoas, de diferentes faixas etárias, que lotou o espaço e entre um chope e outro ouviu o professor Bar Joseph falar sobre “A Revolução da Computação Quântica”. À primeira vista complicado, esse título serviu para uma palestra descontraída, desenvolvida em duas etapas, pois a chuva levou o palestrante e seus ouvintes a encerrar o encontro na Praça Carmel. “Palestras a respeito de ciências pareciam algo formal e intimidador e acabavam afastando o publico. Foi aí que surgiu a ideia de irmos para o bar, o ‘território do inimigo’ e último lugar onde as pessoas querem ouvir de algo sério como ciências. O projeto deu certo e o sucesso, estrondoso. No começo, tínhamos de pedir para os proprietários

Sinagoga Etz Chayim: oito décadas Desde a chegada dos primeiros imigrantes alemães a São Paulo, alguns ainda antes do fim da Segunda Guerra, a visão do rabino-mor professor doutor Fritz Pinkuss foi substancial para a concretização de uma kehilá como é hoje a CIP, cuja história acompanha grandes momentos da vida nacional, relevantes para o relacionamento dos judeus com os vizinhos, os habitantes de São Paulo. Com os rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternchein conduzindo o setor religioso e a presidência do jovem ativista Sérgio Kulikovsky, a CIP continua sua trajetória de atender à comunidade e fazer a ponte com aqueles que estão fora, o diálogo interreligioso. A data foi marcada em um serviço de Shabat com a presença de autoridades civis e eclesiásticas, dirigentes, madrichim e chanichim. E as figuras de Geraldo, o Gê-faz-tudo da Casa da Juventude, e Luciano Nardelli, cumprimentados pelos outrora jovens participantes e os seus filhos.

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dos bares nos aceitarem, mas em pouco tempo começamos a ter de fazer escolhas, tamanha a quantidade de convites que recebemos”, contou Bar Joseph. E falou que “as inovações teóricas e experimentais dos últimos anos fazem crescer a sensação de que realmente podemos construir um computador quântico de grande escala, com aplicações para quebrar rapidamente códigos criptografados e ajudar nos tratamentos personalizados de medicina, trazendo uma revolução que promete mudar o mundo no qual vivemos”. Bar Joseph explicou a importância de levar a ciência às crianças e jovens: “O que estamos fazendo influencia a vida de todos, e é importante as pessoas terem pelo menos uma noção geral sobre ciências, para fazerem as próprias escolhas, não sejam manipuladas ou influenciadas”. O presidente dos Amigos do Weizmann do Brasil Mário Fleck, comemorou a iniciativa: “Temos uma alegria imensa em trazer o Weizmann para perto da realidade brasileira, um Instituto criado em Israel, mas que vem trazendo grandes benefícios para a humanidade. A Hebraica tem sido um excelente parceiro e o evento foi um sucesso”.

Para conhecer o Science on Tap, acesse https://www.youtube.com/watch?v=GTB BXO72pMU ou https://www.youtube.com/watch?v=4XH5l7cG2aI


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1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Presença do ministro da Educação e da Diáspora de Israel Naftali Bennett na Hebraica: presidente da Fierj Paulo Maltz, rabino Adrian Gottfried, ex-deputado Marcelo Itagiba, Avi Gelberg e rabino David Weitman, ex-presidentes Arthur Rotenberg e Naum Rotenberg; na Sala da Presidência, o diálogo com a liderança; 8. Equipe coesa junto a Eduar-

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do El Kobbi, reeleito presidente do KKL; 9. Em lançamento da coleção de porcelanato da Portinari, Denise Zaborowsky e Roberta Ervolino

1. No Hotel Tivoli, Johanna e Alexandre Birman marcam os cinco anos da revista GQ Brasil; 2. Comida mediterrânea do chef Joel Ruiz; 3. Em Buenos Aires, Juliane Peres, Gustavo Erlichman, Sílvia Perlov e Colette Avital na Assembleia do Congresso Mundial Judaico; 4. Na Hebraica, falando de educação Ana Maria Wilheim, Ricardo Penido e Ana Penido; 5, 6, 8 e 9. Seilly Heimann e Sérgio Simon selam parceria MJSP e AHJB; a mezuzá colocada por Rafael Klein; Natalie Klein e Ruth Goldberg; assinada a criação do Centro de Documentação e Memória do MJSP; 7. Família Aizenstein junto a mamãe Mariza, o pai Nielsen Cohn e Philip, o bar-mitzvá

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1. Viajantes do Grupo Hebraica/Sulamerica conheceram o Sul a partir de Gramado e Canela; 2. Preparação da Feliz Idade para Purim; 3. Homenagem a Telma Sobolh e voluntários do Einstein; 4. Com Sabina Deweik, Dana Chayo e Melina M. Knoploch no encontro Jewish IN; 5. Angela Fleck e Regina Markus no The Bar – Science on Tap; 6. Em Buenos Aires, Chella Safra e o filho Azuri na cerimônia da pedra fundamental do Chella e Moise Safra Center; 7. Ricardo Blay Levisky, Sérgio Simon e Roberta Sundfeld receberam o secretário da Educação do município Gabriel Chalita nas obras do MJSP; 8. No Espaço Adolpho Bloch, Wizo SP comemorou o Dia Internacional da Mulher; 9. Sheila e Leonor Szymonowicz receberam Ilana Casoy na sede de Na’amat; 10 e 11. Thiago Fragoso comemorou o sucesso de As Benevolentes no restaurante Batubara com Laura Trachtenberg Hause, Cleo Ickowicz e Luque Daltrozo 1. À frente do Detran, Daniel Annenberg visitou o clube, recebido por Avi Gelberg, Elisa Nigri e Gaby Milevsky; 2 e 3. Encontro sobre educação reuniu Bruno Laskowsky, Revital Poleg, Ruth Goldberg e Fernando Lottenberg com Simon Caplan; 4, 5, 6, 7, 8 e 9. No Teatro Anne Frank, Ilan Goldfajn, Milton Seligman, Mônica Waldvogel e Rogério Chequer; publicou lotou o teatro; diretoria e palestrantes comemoram sucesso da noite no final do quinto HEADtalks

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cultural + social > fotos e fatos 1.

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Quem foi pediu bis. 1. Karen e Allan Idelman, Ariela Tabacnick; 2. Flávia e Leon Charatz; 3. Heitor e Mônica Hutzler, Fernanda e Javier Smejoff; 4. Ana Celia e Charles Alcalay; 5. Patrícia e Mauro Sereno; 6. Vivian Grinblat e Pércio Lowenthal; 7. Márcia e Renato Vaisbih no Bar do Josué; 8. Renata e Gerson Gildin; 9. Sandra, Jayme Srur e Daniel Bialski; 10. Show do barman; 11. Na pista, o som trouxe de volta o sucesso do Clube 1000

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Revival Clube 1000.

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cultural + social > informe publicitário

Hebraica vai sediar maior congresso de ética e combate à corrupção da América Latina QUARTA EDIÇÃO DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE COMPLIANCE & REGULATORY SUMMIT VAI REUNIR IMPORTANTES NOMES DO MEIO

EMPRESARIAL E DO PODER PÚBLICO NO SALÃO NOBRE DO CLUBE HEBRAICA

TERCEIRA EDIÇÃO DO CONGRESSO INTERNACIONAL DE COMPLIANCE & REGULATORY SUMMIT

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combate à corrupção e a criação de um ambiente ético e transparente para o poder público e o mundo dos negócios é um clamor cada vez mais alto de toda a população, que não aguenta mais ver os recursos do Estado serem tragados por meio de negócios escusos. O momento sui generis do Brasil faz com que seja importante reforçar os elementos básicos na construção de Programas de Integridade e no combate à corrupção empresarial, temas que ganham cada vez mais respaldo na sociedade e, consequentemente, mais espaço no dia a dia das empresas. Em sua quarta edição, o Congresso Internacional de Compliance & Regulatory Summit, organizado pela LEC e pela Thomson Reuters, tem feito história ano após ano. Em 2016 ele será realizado

nos dias 17, 18 e 19 de maio em sua nova casa, o Clube Hebraica. A expectativa é que quatrocentos profissionais da área, de empresas de diferentes setores da economia e do governo, passem pelo evento. O momento do país não poderia ser mais propenso à discussão dos temas que permeiam o evento: combate à corrupção no meio empresarial, ambiente de negócios justo e transparente e prevenção à lavagem de dinheiro entre muitos outros. Coincidência ou não, isso soa perfeito em 2016: as grandes investigações de caso de corrupção continuam encontrando malfeitos – vide as mais de duas dezenas de fases da Lava Jato –, enquanto a operação Zelotes começa a mostrar suas garras sobre o mundo empresarial num caso que pode envolver um número ainda maior de grandes

companhias, e não podemos nos esquecer das prisões de empresários. O cenário para esta discussão não poderia ser melhor. Após anos de atuação tímida as autoridades têm avançado no combate à corrupção de maneira consistente e a Lei Anticorrupção deve produzir os primeiros resultados práticos ainda neste semestre. O evento vai receber autoridades do governo, como o atual ministro da Controladoria-Geral da União, Luiz Navarro. “Um dos principais objetivos do evento é o de criar um ambiente adequado para promover um amplo debate sobre os temas de Compliance e ética entre reguladores e nossa audiência”, explica José Leonelio, gerente de Desenvolvimento de Negócios de Governança, Risco e Compliance da Thomson Reuters. Na esteira da Lava Jato, o Congresso Internacional de Compliance terá apresentações de empresas que estiveram no olho do furacão e, tendo sobrevivido, resolveram mudar o jogo (caso da Camargo Correa). O vice-presidente de Governança e Compliance do grupo vai apresentar o que está sendo feito para mudar a estrutura de governança da empresa e para reverter a questão reputacional. O poder transformador das operações de combate à corrupção sobre a sociedade brasileira é o tema central do painel “Crime, denúncia e punição”, que quer apurar se as investigações, seguidas de acusações e prisões – uma situação que não se via no Brasil –, podem ajudar a sociedade a se tornar melhor em termos de combate à corrupção e promoção de uma conduta ética no seu conjunto. “É uma mudança da cultura de crime no Brasil. Antes era difícil (grandes empresários e políticos) ir para a cadeia. Hoje, (eles) estão na cadeia antes de qualquer condenação”, diz Alessandra Gonsales, da LEC, para quem o tema deve gerar questões bastante quentes para discussão. A Hebraica apoia essa iniciativa. Os associados interessados poderão fazer as suas inscrições com 10% de desconto em www.congressodecompliance.com. br, utilizando o cupom CF0D4E.


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juventude > agenda

PROFESSOR CANDÉ BRANDÃO, AO CENTRO, DURANTE AULA ABERTA DA OFICINA DOS MENESTRÉIS NO TEATRO ANNE FRANK

Aulas para todas as idades C

andé Brandão, professor e idealizador da Oficina dos Menestréis fez questão de ministrar as aulas abertas para associados e divulgar o curso que será incorporado às atividades do clube. “Conheço bem a Hebraica, pois passei muitos dias aqui quando a companhia de teatro do cantor e ator Oswaldo Montenegro iniciou seu trabalho, nos anos 90”, recordou, ao falar da sua trajetória artística aos adultos e crianças que atenderam ao convite. Ele explicou a aplicação do curso para profissionais de todas as áreas, não só para candidatos a atores. Além de descrever o trabalho feito nos encontros da Oficina dos Menestréis, ele propôs diferentes exercícios que fazem parte do método de treinamento desenvolvido a partir dos primeiros anos de atividades da Oficina. “É importante despertar o instinto, concentração e atenção

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VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE PROMOVE CURSOS DE TEATRO MUSICAL, FOTOGRAFIA, CANTO E EMPREENDEDORISMO PARA JOVENS. ELES COMPLEMENTAM OS SERVIÇOS OFERECIDOS PELO ATELIÊ HEBRAICA E CENTRO DE DANÇA que são ajudam muito a quem atua no palco e em muitas situações vividas no cotidiano”, explicou ele. Além da Oficina dos Menestréis, cujas turmas estão abertas e as inscrições podem ser obtidas na secretaria do Departamento de Teatro (3818-8841), o Centro de Música Naomi Shemer abriu um curso de coral para crianças, respondendo a uma antiga reivindicação das famílias. A novidade ganhou o nome de “Encanto” e se destina ao público de 5 a 14 anos. “A professora Lucila Novaes é a profissional indicada para esse projeto, já que ela é a maestrina dos Trovadores Urbanos”, afirma Elisa Gri-

ner, vice-presidente da Juventude. Parte dos esforços desta área em ampliar o leque de cursos se deve a ela, que está sempre atenta a novidades. É dela a ideia de propor a realização de um curso de fotografia a cargo de Mara Kanczuk Finger. “Um Passo Além do Clik” terá quatro aulas. “A primeira turma começou no final de março, mas já estamos estudando mais uma turma no horário noturno”, informa a professora. Segundo Elisa Griner, é importante o sócio ficar atento, pois sempre que possível, o clube abre novas propostas para tornar mais útil e divertida a permanência dele na Hebraica. (M. B.)


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juventude > curtas

Competência juvenil

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arcelo Fischlim, Rafael Paves e Bruno Zalcberg frequentam o After School e também as aulas do MadCode, que ensina programação para crianças e adolescente e é parte da grade de cursos extras do After. No início de março, os três garotos estiveram na Câmara Americana de Comércio, juntamente com outros alunos do MadCode, participando do evento “Being Greater”, promovido dentro das comemorações do Dia Internacional da Mulher. Daniel Cleffi, um dos fundadores da MadCode, fez uma apresentação sobre o tema “Ensino de Programação: o Novo Inglês” e nesse contexto o trio subiu ao palco e demonstrou as ideias e realizações feitas em classe.

Teatro inclusivo

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Departamento de Teatro convidou os associados para uma apresentação da peça Linhas Cruzadas, apresentada no Teatro Anne Frank pela ONG Ser Encena, especializada no apoio e tratamento de portadores de afasia, problema decorrente de acidente cerebral vascular ou de outra natureza que tenha afetado a expressão através da linguagem. O teatro, a dança e o canto têm se mostrado terapias efetivas no tratamento desses problemas e o público que prestigiou a peça atestou a evolução dos atores, que deram seu recado em alto e bom som. (M. B.)

Primeira festa

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epois de algumas semanas de estudos, os murais da Escola Maternal e Infantil se encheram de trabalhos das crianças sobre a festa de Purim. Depois chegou o grande momento de confeccionar máscaras e fantasias para vestir e experimentar, por algumas horas, a emoção de representar a rainha Ester ou seu tio Mordecai.


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1. Brinquedos e produtos para o público infantil estimularam a interação entre pais e filhos; 2. Para muitas crianças, o Mega Purim ficará marcado como a primeira experiência com o patinete; 3. Madrichim do Centro Juvenil Hebraikeinu orientavam as crianças na confecção de máscaras; 4. Em meio à folia, muitas crianças foram sorteadas com brinquedos oferecidos pela Ri-Happy; 5 e 6. Todas as correntes de expressão judaica estiveram representadas no Mega Purim 2016

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1. Harkadá infantil na abertura do Mega Purim 2016 feito pela vice-presidência de Juventude em parceria com O Shil; 2. Entre as atrações mais disputadas no Mega Purim, as habilidades de circo atraíram crianças de todas as idades; 3. Um palhaço preparou a plateia para a apresentação do grupo musical “Pequeno Cidadão”, que encerrou o Projeto Taiguarinha; 4. Formado por adultos e crianças, o “Pequeno Cidadão” tem canções que falam do cotidiano e dos anseios do público infantil; 5. Um desfile de fantasias organizado pelo Centro Juvenil Hebraikeinu mostrou as mais belas rainhas e os super-heróis do momento


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1. Grande público no primeiro Hebraica Business Fórum em 2016; 2. Madrichim do Hebraikeinu encenaram a história de Ester para os chanichim do Hebraikeinu Jr.; 3. A banda Café Robusta, formada pelos professores do Centro de Música Naomi Shemer, foi a atração do Show de Rua no mês de março; 4, 5, 6 e 7. Sucesso total no I Torneio de Poker promovido pelo Hebraica Adventure com apoio da Casinera

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esportes > tiro esportivo

Cada vez mais próximo do alvo A PREPARAÇÃO DO ATIRADOR ESPORTIVO FELIPE WU PARA OS JOGOS OLÍMPICOS DO RIO DE JANEIRO INCLUI UMA SÉRIE DE TORNEIOS INTERNACIONAIS, COMO A COPA DO MUNDO NA TAILÂNDIA, ONDE ELE OBTEVE TRÊS MEDALHAS

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estante de tiro da Hebraica tem aparecido frequentemente em matérias jornalísticas de televisão e da imprensa escrita, em função dos bons resultados obtidos por Felipe Wu, atleta apoiado pelo clube desde o ano passado. Felipe é um jovem de 23 anos, quieto e concentrado, muito apreciado entre os sócios que frequentam o estande de tiro. “O calendário de competições não me permite ficar muito tempo em São Paulo, mas quando estou na cidade, treino diariamente, exceto aos domingos”, informa Wu. No Rio de Janeiro, ele representará o Brasil em duas categorias, a pistola cinquenta metros e a pistola dez metros. “Quando estive na Alemanha, em janei-

O ESTANDE DE TIRO DO CLUBE GANHOU VISIBILIDADE NAS ENTREVISTAS DADAS PELO ATLETA

FELIPE WU

ro, conquistei uma medalha de prata na pistola cinquenta metros, categoria na qual comecei a competir recentemente”, conta o atirador. Além da Alemanha, Wu competiu na Holanda, em um torneio aberto de tiro esportivo. “Consegui três medalhas, sendo duas de ouro e uma de prata na categoria pistola dez metros”, contou. Em março, ele embarcou para a Tailândia e disputou em Bangcoc a Copa do Mundo, a primeira de um total de quatro competições, que antecedem a Olimpíada no Rio. “Conquistei o ouro na pistola de dez metros, algo inédito para um brasileiro no tiro esportivo nesse tipo de competição”, destacou o atleta. Ele espera figurar entre os três primei-

ros no ranking mundial a ser divulgado no início deste mês. “Na Olimpíada, enfrentarei atletas com alto nível e mais experiência, mas diante dos alvos, as possibilidades de todos saem do zero e vou me me empenhar ao máximo”, garante. Sobre a competição em Bangcoc, Wu destacou a excelência dos atletas e das instalações do centro esportivo. “Os tailandeses dão muito valor ao esporte. O local onde competi já sediou os Jogos Asiáticos e é muito bem aparelhado não só para o tiro, mas para outras modalidades”, explicou. Segundo ele, o apoio dado pelo Departamento Geral de Esportes está diretamente ligado aos resultados já obtidos. “O estande de tiro oferece todas as condições para os treinos. Certamente é muito melhor do que me exercitar em casa, como fazia antes”, afirma. “Ganhei bastante visibilidade na mídia. Há alguns dias fui entrevistado por um programa esportivo da TV Globo e hoje falarei com uma equipe da TV Brasil. Outra vantagem de treinar na Hebraica é que posso divulgar a modalidade entre os que desconhecem o quanto o tiro esportivo é interessante. Sempre que me perguntam sobre o esporte, explico os aspectos mais fascinantes de ser um atirador esportivo”, conclui. (M. B.)


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esportes > curtas

Handebol é vice

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equipe juvenil de handebol é o novo vice-campeão do Torneio Início, que abriu a agenda competitiva da Federação Paulista de Handebol no Esporte Clube Pinheiros. O título foi conquistado com três vitórias e duas derrotas e aumentou as expectativas dos atletas para este ano.

Futsal no Helvetia

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ários clubes de São Paulo disputaram, em fevereiro, a Copa Acesc Helvetia Futsal 2016, nas quadras do Clube Helvetia. Os craques do sub-9 ficaram em segundo lugar atrás do campeão, Monte Líbano. Já nas categorias sub-11 e sub-13, a Hebraica ficou em terceiro lugar, e André Sapiro, do sub-11, premiado como o goleiro menos vazado da competição. (M. B.)

Xadrez Interclubes

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segunda etapa do Campeonato Paulista Interclubes de Xadrez foi realizada no início de março no Esporte Clube Pinheiros, com 360 competidores, divididos em três categorias especial, primeira divisão e geral. Da Hebraica, participaram uma equipe na categoria especial e outra na primeira divisão. Ambas terminaram o torneio em segundo lugar.


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1 e 5. Quinze nadadores disputaram o Torneio Regional Petiz e Infantil de natação no Clube Paineiras do Morumby e obtiveram uma medalha de ouro, sete de prata e duas de bronze, além de alcançar três índices paulistas e dois brasileiros; 2. Equipe sub-11 de futsal comemorou o vice-campeonato no Torneio Acesc; 3. O Torneio Pais e Filhos de Vôlei reuniu sesenta participantes entre atletas e familiares, divididos em duas quadras, onde técnicos e professores orientaram brincadeiras e desafios que exigiram a integração de todos. Ao final, todos receberam brindes e elogiaram a atividade; 4. Empenho e animação dos atletas no primeiro Ranking Interno de Tênis de Mesa


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magazine > memória | por Ariel Finguerman, em Raanana

ENTREVISTA Hebraica – Quem era a jovem Shuli Nathan, antes do sucesso de “Jerusalém de Ouro”? Shuli Nathan – Eu era soldado e servia o Tzahal alfabetizando mulheres adultas recém-chegadas a Israel, originárias da região do Magreb (Montanhas Atlas, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia). Eu cantava desde os 16 anos, gostava de Joan Baez e Judy Collins. Poderia ter me alistado para as bandas de música que havia no Tzahal, mas queria prestar um serviço militar mais sério.

História de uma canção quase hino

Como você conheceu Naomi Shemer [a compositora de “Jerusalém de Ouro”]? Shuli – Existia na época, no rádio, um programa para novos talentos. Eu tinha aulas de violão e minha professora me inscreveu neste programa de calouros. Aí a filha da Naomi Shemer, de apenas 12 anos, me escutou e chamou a mãe para também ouvir. Eu estava servindo o exército no deserto de Negev, em um moshav onde funcionava apenas um aparelho telefônico. Era minha mãe que esperou cerca de dez minutos até me chamarem e quando atendi e ela disse: “Naomi Shemer quer te conhecer”.

EM ENTREVISTA À REVISTA HEBRAICA, SHULI NATHAN, A MITOLÓGICA CANTORA DE YERUSHALAIM SHEL ZAHAV (“JERUSALÉM DE OURO”), FALA DO SUCESSO QUE MUDOU SUA VIDA E A DO PAÍS

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m 1967, a jovem Shuli Nathan servia no Tzahal e sonhava apenas em formar uma família e ganhar a vida numa profi ssão decente. Mas um telefonema de Naomi Shemer alterou os planos completamente. A maior compositora do país perguntou à garota de 20 anos se gostaria de cantar uma música que acabara de compor para um festival daquele ano. Shuli aceitou sem muito entusiasmo, mas quando subiu ao palco e sua voz lírica cantou “Jerusalém de Ouro” tinha acabado de entrar para a História. Passados quase cinquenta anos, Shuli cantou “Jerusalém de Ouro” nos mais diferentes lugares do mundo. Por força maior só não se apresentou na década de 1970: criar os cinco filhos. Hoje, com oito netos, continua sendo convidada para espetáculos no Japão, Austrália, Europa e EUA, país que visita duas vezes por ano. Shuli encontrou o correspondente da revista Hebraica num café, por coincidência, localizado na Rehov Yerushalaim (“Rua Jerusalém”). Além de contar sua incrível trajetória artística, ela diz que também gostaria de se apresentar no Brasil. “Prometo que cantarei ‘Jerusalém de Ouro’”, diz, rindo.

Na época, Naomi Shemer já era uma das mais sensacionais artistas de Israel. Qual foi sua reação? Shuli – No primeiro momento, não me interessei. Meus pais viviam me dizendo que música não era profissão. Eu pensava em ser artista plástica, como meus pais. Mas fui falar com a Naomi. Ela me contou que o então prefeito de Jerusalém, Teddy Kollek, queria uma música nova para homenagear a cidade, para as comemorações do próximo Iom Haatzmaut (em 1967). Contou que tinha escrito uma nova canção, e aceitei cantá-la. Naomi Shemer, além de talentosa, tinha uma personalidade muito forte. Como foi sua química com ela? Shuli – É verdade o que você diz, mas ela também era uma mulher inteligente que teve a intuição de me deixar cantar e deixar a coisa fluir. Aceitou a minha interpretação, e como compositora apenas fez as correções necessárias. A versão original de Naomi para “Jerusalém de Ouro” era bem mais pesada que a minha. Mas ela entendeu minha interpretação mais lírica, e não mexeu nisso.

SHULI ESTÁ LIGADA A YERUSHALAIM ATÉ NAS PLACAS DE TRÂNSITO

Aí estamos no Iom Haatzmaut de 1967 e você, uma jovem soldado, prepara-se para cantar a música com o teatro lotado. Shuli – Mais que isto. Imagine que na época não havia TV e, em todo o país, apenas uma emissora de rádio. Como o mundo mudou! Pois bem, o país todo escutava a transmissão do festival, ao mesmo tempo em que corriam boatos de que [o presidente do Egito] Nasser ordenara o avanço das suas tropas no Sinai, em nossa direção, num ato de guerra. E aquilo era

verdade mesmo. Havia uma grande tensão no ar. A nova música veio na hora certa. Shuli – Comecei a cantar e a letra soou como uma prece, como as saudades que todos sentiam pela Jerusalém à qual, naquela época, não tínhamos acesso. Todo o teatro chorou. Quando acabei, foi um grande silêncio. E, em seguida, aplausos malucos. A canção nem estava inscrita na competição, participava por fora, mas ninguém mais se importava com isto. Kollek subiu no palco e pediu que a “soldada” fizesse um bis – ele tinha esquecido meu nome. Quando cantei novamente, todos já me acompanhavam no refrão. Em seguida, estourou a Guerra dos Seis Dias, a música virou hino e você, uma estrela. Shuli – Na manhã seguinte, os reservistas foram convocados em todo o país. Duas semanas depois, quando a guerra começou, fui chamada para cantar para os soldados no front. Eu estava no Sinai quando ouvi, pelo rádio, o chefe do Estado-Maior anunciar que “o Monte do Templo está em nossas mãos”. “Jerusalém de Ouro” te tornou famosa, mas também limitou sua carreira? Shuli Nathan virou sinônimo exclusivo desta canção? Shuli – Tenho algumas canções que eu mesma compus e quem se interessa sabe disto. Mas sempre fui, basicamente, uma intérprete de canções. Minha carreira foi uma história de Cinderela, muitos músicos gostariam que acontecesse alguma coisa assim em suas vidas. Eu te conheci num pocket show que você fez na casa de amigos. No final, você cantou “Jerusalém de Ouro”. Ainda se emociona com esta música? Shuli – Sim, pela emoção que causa nas pessoas. O público chora até hoje. >>

“Naomi Shemer era identificada com a direita israelense, mas ela sempre escrevia com o lado mais puro do coração. A letra é, antes de tudo, poética. Diz que a ‘praça está vazia’ na Cidade Velha não porque não existiam árabes ali, mas porque não havia mais judeus, estavam proibidos de entrar.” (Shuli Nathan, intérprete de “Jerusalém de Ouro”)


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magazine > memória

>> As pessoas me procuram para contar onde estavam quando ouviram a música pela primeira vez no rádio. Quando Natan Sharansky [ex-dissidente soviético e ministro de Estado] chegou da ex-URSS, pediu que eu cantasse a canção para ele. Nas prisões soviéticas, os refuseniks contrabandeavam fita cassete com a música. Muita gente já me disse que fez aliá embalado pela canção. A letra “Jerusalém de Ouro” tem uma mensagem política (ver box abaixo). Você se identifica com isto? Shuli – Não penso que haja esta mensagem. Naomi Shemer era identificada com a direita israelense, mas ela sempre escrevia com o lado mais puro do coração. A letra é, antes de tudo, poética. Diz que a “praça está vazia” na Cidade Velha não porque não existiam árabes ali, mas porque não havia mais judeus, estavam proibidos de entrar. Só gente sensacionalista quer transformar a canção em algo político.

O ÊXITO DA MÚSICA DE

NAOMI SHEMER VIRAR HINO

Você celebrizou Jerusalém com a música, mas não mora lá. É difícil morar na Cidade Santa? Shuli – Vivi em Jerusalém de 1967 a 1975. Quis muito morar lá, mas meu marido nunca se interessou. Fico com saudades da cidade, uma vez por semana estou sempre por lá. Você já se apresentou em vários países do mundo, mas ainda não conhece o Brasil. Aceitaria um convite para se apresentar no país? Shuli – Inshalah (“Deus permita”, em árabe)! Por favor, divulgue meu e-mail de contato (shuly_nathan@ hotmail.com). Nos meus shows canto clássicos da folk music, ladino, ídiche, canções do rabino Carlebach. E prometo que no final cantarei “Jerusalém de Ouro” (risos).

Plágio bíblico e basco

QUASE A FEZ

NACIONAL

Em Yerushalaim Shel Zahav (“Jerusalém de Ouro”) a genial compositora Naomi Shemer misturou passagens bíblicas, poesia medieval e afirmação política, até com pitadas de plágio. O nome da canção se refere a um presente dado por rabi Akiva à sua esposa, uma joia chamada Jerusalém de Ouro. Quando a letra da canção fala que a cidade está “solitária”, é uma referência à abertura do livro bíblico Lamentações, de Jeremias. Quando trata de “lira para suas canções”, a inspiração é um poema de Yehuda HaLevi. A música foi cantada pela primeira vez em maio de 1967, quando a Cidade Velha ainda estava sob controle dos jordanianos, que não permitiam acesso de judeus ao Muro das Lamentações ou a qualquer outro local da Jerusalém então árabe. Quando semanas depois do lançamento da canção Israel expulsou o exército do rei Hussein para além do rio Jordão, Shemer compôs os versos finais: “Novamente iremos descer ao Mar Morto pelo caminho de Jericó”. Depois da morte da compositora, tomou-se conhecimento de que a melodia plagiava uma canção basca. No entanto, o próprio intérprete da original perdoou a grande música israelense, reconhecendo como uma verdadeira obra-prima.


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

12 notícias de Israel

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Num mundo cada vez mais ligado na tecnologia, e em especial num país líder em inovação high tech como Israel, como fica o ensino das cadeiras de humanas nas universidades locais? Muito mal, infelizmente. Pesquisa recente apontou queda de 32% na matrícula de novos estudantes nos mais variados cursos de humanas. A derrocada mais sentida foi em literatura, onde as inscrições caíram pela metade nos últimos dez anos. A raiz do problema, claro, é a falta de perspectiva de trabalho nessas áreas após a formatura. Prova disto é que justamente para o curso de Estudos Asiáticos (leia-se China) houve um aumento de 174% nas inscrições.

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Tirando o chapéu

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Brothers in Arms Quem tinha esta impressão – aliás, correta – de que em Israel há muita gente armada, agora não terá mais nenhuma dúvida. Após o assassinato do soldado Yanai Waisman, 21 anos, num supermercado no mês passado, a facadas, a chefia do Estado-Maior do Tzahal decidiu mudar as regras de porte de armas. Até agora, os soldados em uniforme que voltavam para casa em folga de mais de três dias eram obrigados a deixar os fuzis na base militar. Isto foi fatal para Waisman, quando se deparou com dois jovens palestinos, enquanto fazia compras, no caminho de volta para a família – esposa e um filho pequeno. Agora, os soldados estarão livres para deixas as bases armados.

Atenção, volver Linoy Rubin era uma bonita garota, educada numa família religiosa de dez membros, de Rishon LeTzion. Mas desde os 6 anos dizia que nasceu num “corpo errado” e insistia que a família a tratasse como um menino. Há dois anos, alistou-se no Tzahal na unidade de combate Karakal, que atua especialmente no vale do Rio Jordão, na Cisjordânia, e que tem chamado a atenção pela presença de valentes mulheres soldadas. Após o alistamento, Liam arrumou uma namorada e comunicou ao Tzahal o desejo de trocar de sexo. Com a bênção do médico militar, passou por uma operação médica oficial do exército, tomou hormônios e trocou o nome no RG para Liam. Depois de um tempo afastada da religião, agora ele circula de kipá.

Se liga, Israel Enquanto boa parte de Tel Aviv continua um grande canteiro de obras construindo a infraestrutura para uma nova linha de trem de superfície, o Ministério dos Transportes anunciou que vem aí o primeiro metrô subterrâneo do país. Aliás, serão três linhas construídas simultaneamente, que ligarão Tel Aviv às principais cidades vizinhas, num raio de vinte quilômetros: Rehovot, Rishon LeTzion, Lod, Ramla, Rosh Ha’ain e Raanana. Toda a rede será interligada e o objetivo final será convencer o israelense a deixar o carro na garagem para evitar os imensos congestionamentos no horário de rush no centro do país. Tudo isto é obra de um valoroso homem público, Israel Katz, atual ministro dos Transportes, que deveria servir de exemplo para muito político por aí.

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Capim santo Pesquisa feita com internautas pelo jornal Yedioth Achronot aponta que 18% dos jovens israelenses se declaram vegetarianos ou veganos, o maior índice já registrado no país. As garotas são as mais dedicadas às dietas sem carne (24%), enquanto os meninos estão na faixa de 9%, a mesma registrada na população geral israelense. Também no Tzahal sente-se o aumento da procura por refeições naturebas. No ano passado, 626 soldados pediram a dieta especial, comparados com 144 pedidos registrados há quatro anos. A pesquisa não incluiu os judeus ortodoxos, que não frequentam a internet – e nem estão muito ligados a vegetarianismo.

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Queda humana

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Mais um êxito inacreditável das start-ups israelenses. A Ravello, sediada em Raanana, subúrbio a trinta minutos de Tel Aviv, com apenas quarenta empregados, foi vendida por U$ 450 milhões à gigante norte-americana de softwares, Oracle. A Ravello existe há apenas cinco anos e é especializada em tecnologia de cloud, o armazenamento virtual de informações. Por enquanto, a operação da start-up continuará em solo israelense. A Oracle, baseada na Califórnia, somente perde para a Microsoft em lucros obtidos com softwares no mundo. Um dos seus executivos top foi considerado o mais bem pago do planeta. É comandada por dois CEO’s, um deles a israelense Safra Catz, natural da suburbana Holon, vizinha de Tel Aviv.

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Adeus ao sobrevivente Morreu Samuel Willenberg, aos 93 anos, considerado o último sobrevivente de Treblinka, o campo de morte nazista onde foram assassinados os judeus de Varsóvia. Filho de judeu com cristã convertida, fez trabalhos forçados em Treblinka, onde viu morrer a família. Participou da famosa rebelião do campo, fugiu e integrou a Resistência, participando do Levante de Varsóvia no final da guerra. Após servir como oficial do exército polonês por dois anos, fez aliá para Israel, onde se tornou artista. Ao morrer, deixou esposa, filha e três netos. A cada dia, morrem quarenta sobreviventes da Shoá.

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As sandálias Teva Naot, sinônimo de “israelidade” e produto criado no kibutz Yad Mordechai, conquistou o difícil mercado japonês, com vendas de 55 mil pares no ano passado, numa receita de onze milhões de dólares. O segredo do sucesso é a associação que fizeram por lá entre a sandália sabra e o típico sapato usado com quimono. Em breve, a Teva Naot abrirá a terceira loja em Tóquio, num investimento de U$ 250 mil. A empresa israelense é sucesso mundial, presente em mais de cinquenta países. Existe há mais de setenta anos e foi aprimorando a sua linha ao longo das décadas por designers da Escola Bezalel de Jerusalém.

Qual a nova estratégia dos israelenses para manter contas ilegais no exterior e fugir da mordida do leão? Abrir contas secretas em bancos localizados em países muçulmanos que não têm relações diplomáticas com o Estado judeu. Segundo o Ministério das Finanças, os espertinhos abrem contas em filiais de bancos suíços localizadas em Dubai e na Indonésia. Mas o governo emitiu no mês passado um aviso: “Não há lugar no mundo onde não podemos chegar.” Há alguns meses, o governo israelense anunciou uma anistia a todos que tenham conta ilegal no exterior, para que declarem o valor, paguem somente o imposto devido e não sejam presos. A promoção vale até junho.

Quem diria

Sonegação criativa


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Menina de ouro

Medo no Datena

Quando tinha 9 anos de idade, Hava Fidler decidiu fazer algo pouco usual: cortar todo o cabelo para doá-lo à uma criança que passa por quimioterapia contra o câncer, através da ONG israelense Zichron Menachem. Mas o destino foi cruel e, pouco mais tarde, Hava detectou um câncer de fígado em si própria, perdeu os cabelos como consequência do tratamento e teve de recorrer à mesma ONG para obter uma peruca. Agora, aos 16 anos de idade e curada da doença, ela novamente procurou a ONG para, de novo, doar os cabelos. “Sei bem o significado de cabelos para quem sofre de câncer. Estou feliz em doar à uma nova menina e dizer a ela: virá o dia em que você doará o seu cabelo”.

Aprendi na minha vivência aqui em Israel que, cada nova onda de violência, traz também algum tipo de “novidade”, que antes ninguém sonharia que pudesse acontecer. Nos anos 1990, foram os mísseis iraquianos sobre Tel Aviv, seguidos de atentados suicidas. Na segunda intifada, o muro de separação. Agora, nesta “intifada das facadas”, são as filmagens obtidas por câmaras de segurança que mostram com todos os detalhes da violência absurda, selvagem, de gente sendo esfaqueada, morta a tiros, atropelamentos em postos de controle, linchamentos. É um material de arrepiar os cabelos, até de gente experiente como Datena ou Marcelo Rezende. E puramente desnecessário. Seria o equivalente a divulgar cenas de operações cirúrgicas nos hospitais ou abatimento de animais no frigorífico. A pergunta é: a quem interessa a divulgação dessas imagens? Não serve para nada prático, ninguém aprende como se defender ou reagir. Por outro lado, essas filmagens escabrosas circulam pelo mundo, afugentando potenciais turistas à Terra Santa. Dão a falsa impressão de que Israel é um país excepcionalmente perigoso (não é, as estatísticas aqui de homicídio são melhores que a grande maioria dos países do mundo). Outro efeito dessas imagens é aterrorizar o público israelense, incluindo crianças e jovens que ficam expostas abertamente a essas imagens. Quem libera essas imagens para o público? O que se pretende com isto? Para mim, ainda é um mistério, mas algo que vai a fundo na psiquê do israelense.

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Filho de Saul Fui assistir a esta mais nova obra de arte sobre o Holocausto. Não sou grande frequentador de filmes sobre a Shoá, nem devoro livros sobre o tema, apesar de ter dedicado vários anos de minha vida escrevendo uma tese de doutorado sobre o assunto, e ser neto de sobreviventes. Cada vez que vejo um filme sobre o Holocausto, dou alguns passos atrás no relacionamento com os povos que nos cercam, além de ter a mente invadida por questões existenciais difíceis sobre ser judeu. Mas Filho de Saul ganhou Cannes, o Globo de Ouro e o Oscar deste ano. É o que me fez vê-lo, numa terça-feira à noite, num cinema perto de Tel Aviv, quase vazio, apesar da intensa publicidade sobre o filme no país. O filme húngaro me traz todas estas inquietações já esperadas, especialmente por se tratar de uma obra de arte, muito bem feita, com produção modesta, mas num roteiro verdadeiro, difícil de ser abandonada pela metade, que é minha vontade nas primeiras cenas. A câmera nervosa acompanha durante todo o filme o Sonderkomando Saul, judeu húngaro obrigado a trabalhar em Auschwitz retirando os corpos das câmaras de gás e os queimando. O diretor iniciante Laszlo Nemes foi brilhante ao focar a câmera todo instante no personagem principal e, assim, nos poupar das cenas macabras que acontecem ao redor. Saul é vivido espetacularmente pelo ator Géza Rohrig, obcecado em dar um funeral judeu digno à uma criança em meio à matança. É um filme de terror, macabro, mas não há monstros, apenas gente. Dias depois de assistir ao filme, as cenas ainda ficam na mente e nos provoca um gosto amargo pelo mundo. Mas é o efeito de uma grande arte, portanto vale a pena ver o filme.


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magazine > aliá | por Walter Laqueur *

Russos em Israel OS MILHARES DE JUDEUS RUSSOS RECÉM-CHEGADOS A ISRAEL NO INÍCIO DOS ANOS 1990 TIVERAM AS DIFICULDADES COMUNS A CADA ONDA DE IMIGRAÇÃO. FALTAVA EMPREGO E A HABITAÇÃO ERA PROBLEMÁTICA ATÉ PARA QUEM PODIA PAGAR. HOJE O QUADRO MUDOU

N

o fi nal dos anos 1950, durante um período prolongado em Israel, um estranho bateu à porta do apartamento onde eu estava hospedado, de cama, com febre. O estranho entrou, foi ao meu quarto, fez muitas perguntas e sempre tinha o cuidado de informar: “Pode me chamar de Shaul, estou a serviço do premiê David Ben-Gurion e sei que você viajou várias vezes à União Soviética”, algo incomum na época. Shaul queria saber se, em caso de tentar retirar os judeus da União Soviética quantos viriam? Qual a possibilidade de esta ação incomodar as lideranças soviéticas? Pode indicar pessoas capazes de ajudar a

NESTA LIVRARIA, TUDO EM CIRÍLICO, MENOS OS NÚMEROS. NENHUMA PALAVRA EM HEBRAICO

desencadear este processo? O visitante nascera no então Império Russo, no último dia do século 19, tinha muitas dúvidas apesar do seu conhecimento da União Soviética. Não lembro se no meu estado febril consegui esclarecer algo que ele não soubesse ou se qualquer das minhas informações influenciaria decisões posteriores. De todo modo, sugeri pessoas que atuaram na campanha clandestina executada tempos depois, como o escritor britânico Emanuel Litvinoff, morto em 2011, em Londres, aos 96 anos. Depois, na União Soviética, encontrei ocasionalmente com o então já lendário Shaul Avigur e colaboradores, e constatei o trabalho perigoso que realizavam, os esforços para vencer obstáculos e a luta para o despertar dos judeus soviéticos nas décadas de 1950 e 1960. Avigur e

companheiros lançaram as bases indispensáveis, primeiro para a aliá em seguida à Guerra dos Seis Dias, em 1967, e, depois, o grande êxodo a partir do final dos anos 1980. A partir deles, surgiu o fenômeno dos refuseniks. Israel depositava expectativas em relação a esta grande onda migratória. Embora sempre houvesse disposição para por qualquer meio aumentar a população judaica, para os líderes israelenses os judeus da União Soviética eram “material humano” particularmente interessante, que poderiam compensar as altas taxas de natalidade árabe e somariam cientistas e engenheiros à mão-de-obra especializada do país. Por isso, as lideranças palestinas e árabes pressionaram Moscou a interromper a imigração de judeus. Em vão. De todo modo, os árabes colheram alguns bons resultados. Quando esta migração estava ainda no começo, nos anos 1980, era a perspectiva de oportunidades econômicas e de segurança no Novo Mundo o que mais atraía a maioria dos imigrantes judeus soviéticos para a América, e em 1989, quando a imigração aumentou bastante, a decisão que tomavam em Viena, espécie de escala onde os russos escolhiam entre Israel e os Estados Unidos, era superior a 80% em favor da América. Como isso, demolia o sonho demográfico-sionista de Israel, o então primeiro-ministro Itzhak Shamir convenceu Washington a limitar a entrada de judeus russos nos Estados Unidos de modo a inverter o fluxo de imigrantes em direção a Israel, a ponto de um ministro israelense afirmar que se tratava de “sionismo cruel, se é que se pode dizer uma coisa dessas”, ou “sionismo compulsório”. Os recém-chegados a Israel no início dos anos 1990, tiveram as dificuldades comuns a cada onda de imigração. Faltava emprego principalmente para tantos médicos e músicos: neurologista trabalhava como gari, a habitação era problemática até para quem podia pagar e tantos idosos e doentes constituíam um peso para a economia israelense. Característica dessa aliá, ou pelo menos muito mais do que das precedentes, era o fato de que talvez 30% dos seus membros tivessem os requisitos para entrar em Israel de acordo com a Lei do Retorno, embora, segundo a Halachá (corpo das leis judaicas), não fossem judias. A presença de centenas de milhares em parte judeus ou parentes de judeus provocou atritos com os rabinos ortodoxos. Com o tempo, a maioria dos migrantes foi sendo absorvida com êxito, apesar de um número significativo deles, talvez cem mil, deixassem Israel para, em muitos casos, retornar aos países de origem. Isso já havia ocorrido nas ondas imigratórias anteriores, e até na Segunda Aliá (1904-1914), em grande parte composta de sionistas juramentados. No começo sofreram certa rejeição, mantinham distância social de outros israelenses, queixavam-se de discriminação e, finalmente, criaram partidos políticos para defender seus interesses. No contato com alguns desses novos imigrantes impressiona a grande diferença entre eles e os refusenikim que deixaram a União Soviética nas décadas anteriores. É no-

tável como essa geração se distanciara das tradições judaicas, e sionistas. Em muitos aspectos, isto foi um processo natural, e que ocorreu também nas comunidades judaicas da Europa Ocidental e da América. Portanto, faz sentido que chegando a Israel esses imigrantes se mantivessem fechados, distantes da cultura israelense – que consideravam provinciana –, e continuaram participando por todos os meios possíveis da cultura russa que acreditavam ser superior. Mudanças profundas É um orgulho legítimo da identidade, embora um pouco idealizado. Nas livrarias de língua russa em Israel, havia mais obras do romancista popular soviético Valentin Pikul do que de Boris Pasternak, e mais livros do autor de ficção de espionagem Julian Semyonov, que do grande poeta Ossip Mandelstam. Havia traduções russas de Leo Strauss e de Emmanuel Levinas, e também uma grande quantidade de lixo. De todo modo, os novos imigrantes são grandes leitores e frequentadores de teatro, acrescentaram muito à cultura de Israel, fundaram jornais e canais de televisão próprios (Arutz 9), um excelente teatro (Gesher), se destacaram nos esportes (especialmente atletismo e ginástica), atuam nas unidades de combate do exército israelense e desempenham papel importante no desenvolvimento da tecnologia de informática. Os imigrantes russos deram contribuições significativas em todos os campos. Este é o lado brilhante da moeda, apesar de, para algumas questões, não se ter respostas satisfatórias. Por mais que não gostassem dele e sofressem com isso, os imigrantes que vieram para Israel são produto do sistema soviético. A cultura e o modo de vida que trouxeram para Israel eram os únicos que absorveram em casa e na escola. Se Israel é uma extensão da antiga e nova Rússia, isso é um problema? Afinal existem países em que convivem diferentes comunidades com diferentes línguas e culturas; na verdade, Herzl imaginava algo seme>>

Chegando a Israel esses imigrantes se mantiveram fechados, distantes da cultura israelense – que consideravam provinciana –, e continuaram participando por todos os meios possíveis da cultura russa que acreditavam ser superior


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>> lhante para um futuro Estado judeu. No entanto, um terreno cultural comum parece ser necessário para manter uma sociedade unida e garantir um mínimo de solidariedade nacional. Eis, por exemplo, o caso de Alexander Rosenbaum, um desconhecido fora da comunidade de língua russa, mas influente dentro dela. Rosenbaum nasceu em Leningrado e tornou-se um dos poetas mais conhecidos e populares. Aos 63 anos ainda tem força e milhões amam sua Valse-Boston e outras canções, especialmente aquelas dedicadas ao submundo do crime – blatnoi. Em Israel, Rosenbaum é algo como um membro honorário do partido Yisrael Beytenu, de Avigdor Lieberman, e na campanha eleitoral de 2009 cantou a música tema do partido. Ele canta Yerushalaim andando pelas ruas estreitas da Cidade Velha, nas qual invoca tudo que se associa a símbolos e entidades sionistas do Palmach a Entebe. Rosenbaum integrou o Parlamento russo (Duma), pelo partido de Putin, e foi vice-chefe do comitê cultural da Duma. Há alguns anos seu Romance Kolchak se tornou best seller. Trata do explorador do Ártico almirante Kolchak, que ficou mais conhecido como um dos chefes do movimento contrarrevolucionário

ALEXANDER ROZENBAUM É UM CANTOR DE GRANDE SUCESSO, MAS SÓ EM RUSSO

branco de 1918-1919. Kolchak foi assassinado pelos bolcheviques. A canção é dedicada aos pensamentos e sentimentos de Kolchak momentos antes da execução. Yerushalaim e Kolchak formam uma síntese estranha chocante: o almirante não era mais antissemita do que o atual presidente da Rússia, e com um pouco de esforço, é possível encontrar pontos em comum entre Kolchak, Putin e Lieberman. O patriotismo russo e israelense, e personagens como Kolchak, Putin e Lieberman formam uma combinação fascinante, mas qual a conclusão? Comentaristas procuram explicar a política da comunidade russa em Israel à luz das suas origens, de modo a que nem a então União Soviética nem o seu sucessor têm sido uma escola preparatória ideal para uma democracia. Mas o passado russo “lança uma sombra sobre eles e outra maneira”, segundo Shimon Peres. Na tentativa de explicar a evolução da política dos imigrantes na década de 1990, Peres sugere que esses “não tinham a menor ideia do que era ser um Estado pequeno. Eles pensavam que o Jordão era o Volga, e não apenas um córrego que o marketing e as relações públicas superestimaram. Para eles, Israel age devido à uma suposta fraqueza, e não com base na compreensão realista das suas pequenas dimensões”. Judeus russos, assim como outros habitantes da extinta União Soviética, foram mantidos alheios ao mundo exterior e o que sabiam se limitava ao país natal, e com essa perspectiva equivocada, mais do que qualquer outro fator, provavelmente foi formada a sua visão de mundo e pensamentos a respeito da política de Israel. Muitos deles nunca entenderam muito bem que os países pequenos não podem se comportar como superpotências sem colocar em risco a sobrevivência. Qual é o futuro dessa comunidade? Qual será o perfil da nova geração, nascida em Israel, educada em escolas locais e treinada no exército? Qual será o impacto da sociedade e da cultura israelense e a interação com outros grupos de imigrantes? As coisas têm funcionado bem, por exemplo, em Netivot, uma pequena cidade a qual os israelenses chamam de a “periferia” do país, entre Be’er Sheva e Gaza. Mas como será em outros lugares? Certamente aprenderão a falar o difícil hebraico, mas quão profunda será a ligação com o país? Seria interessante saber mais acerca de “casamentos mistos”, mas essa informação ainda não está disponível. A importância da língua russa em Israel pode muito bem cair. A circulação de Vesti, do grupo Yediot Acharonot, fundado em 1992 e de direita, é o principal diário em língua russa, caiu para cerca de cinquenta mil exemplares diários contra duzentos mil do seu auge. Mas isto vale para todos os jornais em Israel e em todo o mundo. O número de blogueiros em língua russa em Israel é astronômico, mas as segundas gerações de muitas famílias quase não falam mais o russo. Isto é, a comunidade judaica russa, como grande parte de Israel, se move. * Walter Laqueur foi presidente do Conselho de Pesquisa Internacional do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington


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magazine > cinema | por Dan Kagan-Kans

Uma nova visão do Holocausto O NOVO FILME VENCEDOR DO OSCAR, FILHO DE SAUL, NOS COLOCA NO CORAÇÃO DE AUSCHWITZ ATRAVÉS DE UMA ORIGINAL “EXPERIÊNCIA DE IMERSÃO” E FOI COMPARADO A CLÁSSICOS COMO NOITE E NEBLINA, DE ALAIN RESNAIS, E SHOÁ, DE CLAUDE LANZMANN

D

esde a derrota da Alemanha nazista e o fi m da Segunda Guerra, os cineastas foram atrás do Holocausto em busca de sentido e as pesquisas deles têm sido bem recompensadas tanto que dos 23 fi lmes a respeito do tema já indicados em qualquer categoria do Oscar, vinte ganharam pelo menos um. E agora se acrescenta Filho de Saul, o filme húngaro quer venceu o prêmio de melhor filme estrangeiro de 2015 além de ter sido saudado com a maior aclamação do que qualquer outro filme desde A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, há mais de vinte anos. Filho de Saul também ganhou o segundo prêmio no Festival de Cannes, foi indicado melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro e segundo um site do setor, 96% dos críticos gostaram de Filho de Saul, muitos gostaram demais, e alguns comparam o filme favoravelmente com obras-primas como o filme-ensaio de 32 minutos de Alain Resnais Noite e Neblina (1955) e o documentário de dez horas Shoá, de Claude Lanzmann (1985) que elogiou Filho de Saul como “muito original, muito incomum”. O fato de se poder agora falar de um trabalho de arte acerca do Holocausto em termos comparativos pode sugerir que o gênero chegou a certa maturidade, ou um certo envelhecimento. Mas Lanzmann está certo, pois Filho de Saul encontrou se não uma nova história, uma nova maneira de contá-la. A pergunta, no entanto, diz respeito não à sua originalidade, mas à natureza e ao valor da sua realização, isto é, o que o seu exemplo e como foi recebido sugerem para o futuro da arte sobre o Holocausto. O filme trata de um membro do Sonderkommando Saul Auslander que vê na câmara de gás, moribundo, um garoto que imagina ser seu filho. Um médico nazista leva

a criança para o seu escritório e a asfixia com a mão. A partir dai o personagem do filme quer dar um enterro digno a quem supõe ser o filho e desta forma atrapalha os planos de uma revolta do Sonderkommando. Das centenas de filmes a respeito do Holocausto, Filho de Saul é o primeiro a falar nos Sonderkommandos. O filme de 2001, Cinzas da Guerra, também se passa em Auschwitz, e a trama é semelhante à de Filho de Saul. Fazer um filme acerca do assunto levou tanto tempo porque os nazistas controlavam os campos de forma perversa, encarregando alguns prisioneiros, os kapos, de mandar nos outros, o que sugere questões de colaboracionismo ainda em debate. Muitos consideram os kapos, alguns dos quais se ofereceram para essas tarefas, de serem ao mesmo tempo responsáveis e vítimas. Se os Sonderkommandos são menos conhecidos do que seus notórios superiores, isso decorre em parte porque poucos deles sobreviveram; geralmente, depois de alguns meses de serviço, eram assassinados nas câmaras de gás e substituídos. E como a posição deles também traz problemas morais, o cinema evita assumir essa história, preferindo a facilidade de fazer a distinção entre vítimas de assassinos. Afinal, Filho de Saul dá informações novas ou maior percepção na questão dos Sonderkommandos? As pessoas envolvidas no filme dizem que sim. Para Geza Rohrig, o ex-professor de yeshivá

GEZA ROHRIG E LÁSZLÓ NEMES DEPOIS DE RECEBER UM DOS PRÊMIOS DE MELHOR FILME ESTRANGEIRO

que interpreta Saul, “é claro que os Sonderkommandos não eram apenas igualmente vitimados, mas mais vitimados. Eles viveram no epicentro do inferno. Eu acho que eles merecem o maior respeito. Alguns preferiram abrir o seu caminho para as câmaras de gás”. O jovem diretor judeu húngaro e corroteirista do filme Laszlo Nemes também pensa assim. Com base apenas no filme, é mais fácil concordar com deles. O último livro de Primo Levi, Os Afogados e os Sobreviventes (1986), não condena nem absolve os Sonderkommandos, apenas evita julgá-los, pois nenhum ser humano tem autoridade moral de avaliar a situação. Há poucos vestígios de tal posição neste filme. Filho de Saul começa muito depois de Saul e seus companheiros terem assumido as tarefas e, portanto, aceitado os termos para sobreviver; assim, evita a questão de como, por que escolheu ou por que não escolheu, e os retrata como vítimas não qualificadas. Experiência de imersão É uma obra cinematográfica realmente algo nova, e muito consequente. Filho de Saul tenta fazer pelo Holocausto o que O Resgate do Soldado Ryan, outro filme de 1990 de Steven Spielberg, fez pela guerra: a manipulação de perspectiva e som para criar no espectador a sensação de que você realmente está lá, neste caso, de fato está em Auschwitz. Nemes chama de “uma experiência de imersão”, oferecendo “um ângulo não visto – não oferecendo um ponto de vista do pós-guerra, congelado, estático, com a distância e a segurança do espectador”. “Eu queria que o espectador estivesse dentro da experiência”, diz ele. “E isso o torna único.” Ele está certo. Com a possível exceção de Auschwitz (2011), do diretor alemão schlockmeister (“de má reputação”) Uwe Boll

– o filme compartilhou um cenário com a adaptação direta para o dvd do videogame Blood Rayne, de Boll, e posteriormente boicotado por ser muito apelativo: nenhum filme sobre o Holocausto pôs o espectador tanto e implacavelmente dentro da “ação”. Outros filmes acerca do Holocausto tentaram contar histórias verdadeiras, homenagear as vítimas, documentar memórias reais, mostrar como os nazistas chegaram ao poder. O que até agora não fizeram foi a imersão. Nemes faz isso sem tirar a câmera de Saul. Ou aponta para o seu rosto ou o segue poucos passos atrás, olhando por cima do seu ombro, perambulando o olhar com curiosidade para algum ato horrível e, em seguida, girando de volta para mostrar que nós vemos o que Saul vê. Como o tempo de Saul no campo o deixa em contato com os massacres diários à sua volta, o olhar do espectador também segue o dele, mudando apenas de relance. E o que não é visto é ouvido; neste filme, o som trabalha mais do que em outros. A combinação de ouvir-sem-ver coloca o expectador na estranha posição de querer ver mais do que lhe é permitido e sentir-se grato por não poder fazê-lo. Todos concordam a respeito dos méri>>

O filme é estruturado como um jogo, em níveis, em que cada cena é apresentada em um novo ambiente do campo com uma nova tarefa a ser concluída. Os níveis ficam mais difíceis à medida que avançam, até a última tarefa


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>> tos desta técnica. “Estamos em um campo de extermínio nazista, e nele realmente, em um grau que poucos filmes de ficção tiveram a coragem de tentar, escreve A. O. Scott, do The New York Times. Segundo Joe Morgenstern, do Wall Street Journal, “Filho de Saul recapitula um mundo que podemos pensar que conhecemos a partir de uma perspectiva visual que nunca vimos antes”. “Você não se limita a testemunhar horror, você sente isso” nos ossos”, segundo a Rolling Stone. Kenneth Turan, do Los Angeles Times: “Filho de Saul é uma experiência de imersão do tipo mais preocupante. A visão resoluta de um determinado tipo de inferno. Não importa quantos filmes sobre o Holocausto você viu, você não viu nenhum como este”. Filho de Saul avança além do que os críticos lhe têm atribuído. Tais técnicas de imersão tão bem feitas superam aquelas usadas em thrillers típicos, mesmo os mais imediatos e viscerais (e manipulativos) como os de nosso tempo. Elas pertencem a outro e mais recente meio de comunicação. Quem nos últimos quinze anos fez videogames de ação, em primeira pessoa ou quase em primeira pessoa, aventura, ou horror (ou seja, um jogo em que a perspectiva do jogador é a do personagem que ele está controlando) – alguns dos mais conhecidos são Call of Duty (que se passa na Segunda Guerra), Halo (que se passa no espaço), e Bioshock (que se passa em uma utopia subaquática) – reconhecerá as intenções de Filho de Saul. Perspectiva imediata; uso de som para sinalizar a presença de inimigos e fatores ambientais fora do âmbito de aplicação dessa perspectiva; uma história limitada rodeada pela varredura de eventos históricos ou falsamente históricos – todos es-

ESTE ERA O AMBIENTE DE TRABALHO DOS SONDERKOMMANDO NO CAMPO DE

BUCHENWALD

ses elementos são uma reminiscência desses jogos. O filme ainda é estruturado como um jogo, em níveis, em que cada cena é apresentada em um novo ambiente do campo com uma nova tarefa a ser concluída. Os níveis ficam mais difíceis à medida que avançam, até que a última tarefa – enterrar a criança, enquanto a revolta estoura – é a mais difícil de todas. Como neste tipo de jogo, Filho de Saul não tem muito contexto, fundo, ou desenvolvimento de personagens ou qualquer coisa prejudicar a sensação de imersão. Há trama, no entanto mais central é a ação. O arco narrativo geral é menos importante que os componentes individuais da história. Há realmente apenas o próximo nível, a próxima tarefa. Esta abordagem tem claras vantagens, uma das quais é ajudar os cineastas a evitar certos erros característicos e clichês do gênero Holocausto. Por exemplo, Filho de Saul não tem nenhuma das estetizações ou erotizações mal disfarçadas dos nazistas que se encontra em muitos outros filmes, entre eles, A Lista de Schindler. Não há imagens de batidas de calcanhares nem de botas em marcha; não há gritos de “Jawohl, mein Führer!” e nem a música de Mozart ao fundo em contraponto e para aumentar os horrores na tela. Nem contém, como os críticos notaram, nenhum sentimento realmente kitsch no estilo de A Vida é Bela, o filme do Holocausto de Roberto Benigni (1997). Nem, em sua maior parte, faz do Holocausto um veículo para uma mensagem “universal”, pelo menos não de uma forma óbvia. O lado de lá Mas se há vantagens no método do filme, também existem custos graves. O que curiosamente não se perguntou na pressa de se felicitar a destreza formal de Filho de Saul, a atenção aos detalhes e as informações bem dosadas sobre o assassinato em massa é a questão de por que devemos apreender o Holocausto desta forma especialmente visceral e de imersão – a questão do que isso vale. Podemos tratar deste problema em fases.

O mundo da experiência descrito em Filho de Saul tem sido elogiado como a realidade do Holocausto. Mas alguns dias selvagens em um campo de extermínio em particular não é toda a realidade do Holocausto, especialmente quando, como num videogame, a experiência em si foi deliberadamente abstraída de qualquer consideração de como tal campo se tornou realidade, de por que os prisioneiros do campo foram enviados para lá, do que acontece fora de suas paredes, etc. Com certeza, nenhuma obra de arte pode ser abrangente a tal ponto, e, portanto, pela mesma razão, deve-se ter cuidado para exprimir reivindicações abrangentes. “Estamos em um campo de extermínio nazista, e de fato nele”, escreve A. O. Scott, do New York Times. Mas quem somos nós, para dizer que estamos “de fato” na realidade de um campo de extermínio nazista? Nemes e equipe ressaltam a intensa pesquisa para realizar o filme, em que o cenário, por exemplo, tem por base os modelos dos edifícios em Auschwitz. Ao mesmo tempo, Nemes aponta com orgulho a decisão de despir o peso acumulado da mediação histórica, para nos levar direto para o centro da coisa real. Isso, como diz, torna o seu filme “único”, e o que ele representa. Mas, sem história, contexto e caráter, como vamos julgar a verdade da realidade do mundo em Filho de Saul? Essa realidade definitivamente parece convincente. O cenário e o tour (de novo, ao estilo videogame) que recebemos durante o filme transmitem um senso vivo do caráter físico de um campo de extermínio nazista, o tamanho relativo das salas e edifícios, a maneira pela qual os elementos do complexo se conectam uns com os outros, e assim por diante. Mas, em retrospecto, ou em uma segunda visão, não se pode deixar de perguntar se, tal como em um jogo de vídeo típico em primeira pessoa, a função real do conjunto histórico é apenas ancorar o enredo que, de outro modo, seria fantástico. E então você começa a perceber todos os outros lembretes de estar assistindo não um documentário, mas um filme; e, em seguida, a partir dessa distinção, começam os pensamentos simples, sem sofisticação, acerca da impossibilidade de trazer a realidade de um campo de extermínio nazista para a tela. Você começa a cair em uma espécie de “vale misterioso” da representação do Holocausto – tomar emprestado o termo que descreve a sensação de desconforto e repulsa que uma pessoa sente quando olha para uma imagem gerada por computador de um ser humano que está perto da coisa real, mas “distante”. A verdade é que o filme de Nemes acerca do Holocausto é tão artificial quanto os outros. Às vezes é planejado de forma convencional, como quando um oficial nazista declara emocionado que “o húngaro é uma língua tão bela” pouco antes de explodir a cabeça de alguém. Mais frequentemente é planejado de diferentes maneiras: da estranha e fina tolice do caráter de Saul, que parece engenharia reversa para sugerir um estudo da emergência, em extremo, de uma resistência espiritual interior (a determinação de Saul de enterrar a criança adequadamente), de como a trama se assemelha a um dos “grandes su-

cessos” das histórias de Auschwitz (a revolta dos Sonderkommandos realmente aconteceu; uma criança realmente foi encontrada viva em uma câmara de gás; fotografias clandestinas do campo realmente foram tiradas, etc.). Tudo isso seria um problema menor em um filme mais direto, que não fingisse atingir uma realidade que não pode alcançar e fosse reconhecido por seus espectadores por ter alcançado algum grau de verossimilhança ao adotar uma abordagem mais seletiva, mais conscientemente “artística” (para o melhor ou para o pior) a respeito do tema. “Os objetivos da imaginação não são os objetivos da história”, escreveu Cynthia Ozick sobre este assunto há vinte anos, e um trabalho rico de imaginação funciona segundo essa verdade. Filho de Saul, no entanto, esquece isso e tenta nos enganar para também esquecer. E, embora o truque funcione enquanto se assiste ao filme, as perguntas voltam ao sair do cinema, diminuindo a estatura do filme. (Claro. A montanha russa também encolhe na mente depois de sair do parque temático.) Sem conhecer a tradição As maiores perguntas são: o que devemos concluir da obsessão de Saul com a criança morta, e por que a consideramos tão envolvente? Um instante depois de ver o menino morto, Saul decide que o corpo deve ser salvo da autópsia e da cremação, sendo devidamente enterrado. Ele também decide que um rabino deve realizar o enterro e rezar o Kadish, as palavras que Saul, um analfabeto em judaísmo, não sabe. Quando isso acontece, há um rabino na unidade dos Sonderkommandos, e Saul vai vê-lo logo depois de formular seu plano. “Enterrar?”, pergunta o rabino, impressionado com o despropósito de tal ideia nas circunstâncias. “Basta dizer a oração.” “Eu tenho o corpo. Me ajude”, Saul responde em um ídiche estropiado. “Livre-se dele. Você sabe o Kadish?”, o rabino pergunta novamente. Saul balança a cabeça negativamente, e assim o rabino se oferece para fazer isso >>

“O nosso personagem principal não é um herói; isso é muito importante. Ele é um homem comum. Mas, ao mesmo tempo, há algo sagrado nele. Ele se torna, sem saber, um santo.” (Laszlo Nemes, diretor e corroteirista)


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por ele: “Eu vou dizer. Qual o nome dele?” Saul fica em silêncio. “Não há nada mais a fazer”, o rabino implora. Saul responde frustrado, “isso não é o suficiente”, e procura outro rabino. O que está implícito nesta cena, e em uma cena posterior envolvendo um segundo rabino cuja morte Saul causa diretamente, é que os rabinos são covardes, e que Saul, embora falhe em muitos aspectos – em um ponto ele é acusado de “ter falhado aos vivos por causa dos mortos” – é o verdadeiro paradigma religioso, um símbolo daquela resistência espiritual em meio aos fogos do mal cujo único ato vai resgatar todos os mortos. Nemes explica: “O nosso personagem principal não é um herói; isso é muito importante. Ele é um homem comum. Mas, ao mesmo tempo, há algo sagrado nele. Ele se torna, sem saber, um santo”. Ao aceitar o prêmio da Academia, Nemes formulou a mensagem do filme da mesma forma, mas agora em termos mais universalizados: “Mesmo nas horas mais escuras da humanidade, pode haver uma voz dentro de nós que nos permite permanecer humanos”. De fato, no final do filme, em um toque de bizarra exaltação pouco antes de ser baleado, Saul, agora completamente louco, sorri beatificamente para um menino polonês a quem considera ser o filho trazido de volta à vida. “Um ato único, desesperado de sobrevivência moral”, segundo Justin Chang, do Variety. Mas o que não está claro no filme – os diretores sabem disso? Eles devem saber, e ainda assim – é que não se precisa de um rabino para enterrar um corpo judeu, e não precisa de rabino para dizer o Kadish. Rabino não é um sacerdote e lidar corretamente com cadáver de um judeu dispensa supervisão sacerdotal. O próprio Saul pode não saber disso, mas o rabino e outros Sonderkommandos o informam a todo momento que deveria parar pois o que faz é desnecessário. As razões exatas para afirmar isso não são ditas, e novamente a sugestão é que os rabinos e seus companheiros Sonderkommandos sejam covardes. Em vez disso, é possível imaginá-los explicando a Saul em termos convincentes que isso é dispensável. Neste caso, não haveria filme. Qualquer um que note isso – a deturpação das práticas judaicas de morte e luto em um filme que ostenta meticulosa pesquisa de detalhes – e também consciente do fato de que já vimos Saul causar várias mortes de judeus pelo caminho, neste caso pode interpretar seu comportamento como menos justo do que incauto ou maníaco, se não fraudulento. Mas neste ponto seus criadores criaram a sua parábola, pela qual a resistência espiritual individual (de Saul) ocupa um plano moral mais elevado do que a resistência física coletiva (a revolta planejada) e, nos termos desse esquema vazio, para não falar um pouco à moda cristã, o caráter de Saul foi recortado para caber no papel, embora incongruente e imerecido, de um ser sagrado, um “santo”, nos termos de Nemes. Novamente o videogame O debate sobre a criação e a recepção de obras de arte acer-

ca do Holocausto, a começar pela máxima falsa e pomposa do teórico social Theodor Adorno de que nenhuma poesia é possível depois de Auschwitz, agora está tão arraigado que se poderia esperar uma discussão acerca da abordagem de imersão de Filho de Saul, como se fez com Auschwitz, de Boll, e como se tem feito sempre que alguém decide criar um videogame a respeito do Holocausto. (Vários foram anunciados, nenhum se concretizou.) Mas nenhuma discussão surgiu. Alguns críticos fizeram um gesto de passagem sobre as questões éticas envolvidas na representação do Holocausto, mas pouquíssimos se aprofundaram no assunto, e ninguém captou o fato de que a ética que Filho de Saul nos coloca não é apenas da representação, mas também a de imersão. Você poderia dizer que é difícil culpá-los, porque até Filho de Saul a questão de “imersão” do Holocausto quase não existia. Mas existe, e continuará existindo. Filho de Saul chega em um momento em que as artes e a indústria do entretenimento, não satisfeitas com a tecnologia 3D, gastam rios de dinheiro no desenvolvimento de novas formas de imersão de cinema e videogames de realidade virtual. Estaríamos nos enganando se pensássemos que essas tecnologias não serão aplicadas ao Holocausto – o que significa que as questões levantadas por Filho de Saul e provavelmente o modelo que o filme define vão estar conosco por um longo tempo. Assim vale parar e pensar nelas um pouco. Nemes parece pensar que a imersão na experiência oferecida por Filho de Saul é um ato moral em si – sentir o terror dos campos é tanto uma forma de testemunhar quanto uma defesa contra o Holocausto estar se transformando (em suas palavras) em um “conceito abstrato”. Este mesmo sentimento é compartilhado por aqueles – críticos e outros comentadores – que derramaram louvores sobre seu filme. Um professor de filosofia escreveu no The New York Times que a experiência de Filho de Saul é “um imperativo moral, e uma

PREPARANDO A GRAVAÇÃO DE UMA DAS CENAS DE SON OF SAUL COM GEZA ROHRIG

escolha estética... uma contraparte sombria do imperativo para os judeus reviverem a experiência de libertação da escravidão para a liberdade a cada Pessach”. Deste modo cada um de nós se vê compelido a assistir Filho de Saul uma vez por ano para sentir o Holocausto como as vítimas o sentiram, absorvendo as lições e nos preparando para recordá-lo e proteger contra a sua recorrência? A ideia é, ao mesmo tempo, sem sentido, banal e falsamente atraente – a empatia foi longe demais. Seria uma versão atualizada dos exercícios de reconstituição impostos aos estudantes de ensino básico e médio dos Estados Unidos nos 1970 e 1980 chamados de “Um dia em Auschwitz”; e hoje, graças às maravilhas da tecnologia, o ritual pode ser realizado em uma poltrona, um dvd e pouco menos de duas horas. E em breve poderemos ser capazes de renunciar à poltrona e ao dvd em favor de uma sala de jogos com chips de rastreamento e um aparelho de realidade virtual Oculus. E então? A tentação para jovens artistas ambiciosos de vídeo meter as mãos no Holocausto, armados com a afirmação de Nemes de que este tema humano e metafísico tornou-se demasiado remoto e deve ser trazido de volta à vida com força, continuará a ser muito grande. Assim, também, para tomar como base a boa acolhida recebida por Filho de Saul, as recompensas serão igualmente grandes. Em teoria, tal projeto não somente é concebível como defensável em seus próprios termos como qualquer outro dedicado ao Holocausto; o meio do videogame tem, de fato, a capacidade de vivificar a imaginação estética e moral. Mas Filho de

Saul não é esse projeto, e nem será qualquer outro que siga seus passos. Para exigir a nossa atenção, tal obra seria semelhante não a um jogo de tiro em primeira pessoa, mas algo ao mesmo tempo mais abstrato e mais expressivo, talvez como o famoso Flower (2009), um jogo sem texto nem diálogo, sobre os efeitos de mudança de pétalas flutuando no vento controlado pelo jogador. Com o que exatamente se pareceria e como exatamente funcionaria? O importante é que estaria focado não no que alguém se sentia no Holocausto, mas sobre a forma de compreendê-lo, não como experiência e imersão à moda Filho de Saul, mas como foi em termos de imaginação, intelecto e moral. Simplesmente mergulhar na mecânica de Auschwitz – para quê? Não há motivo. Mesmo os diretores de Filho de Saul em sua estranha disposição de dar lição de moral – não importa quão ineptos foram nessa tarefa – reconhecem isso. O julgamento, como sempre, é tudo. * Dan Kagan-Kans é editor-chefe da Mosaic

As artes e a indústria do entretenimento, não satisfeitas com a tecnologia 3D, gastam rios de dinheiro no desenvolvimento de novas formas de imersão de cinema e videogames de realidade virtual. Estaríamos nos enganando se pensássemos que essas tecnologias não serão aplicadas ao Holocausto


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magazine > palavra | por Philologos

Onde estás, Satanás? ALGUNS PENSAM QUE O DIABO PODE SER ENCONTRADO NA BÍBLIA HEBRAICA. ESTÃO CERTOS? ESTA CRENÇA É JUSTIFICADA? ELA CERTAMENTE NÃO REPRESENTA A ÚNICA MANEIRA DE SE LER O TEXTO

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ma leitora que se tornou judia por opção e se converteu formalmente há pouco mais de um ano conta que foi criada em um lar cristão secular e confessa sua perplexidade e indignação com a obsessão cristã em relação ao diabo. “Embora os cristãos insistam em que o diabo aparece na Torá, o meu entendimento é que a palavra hebraica bíblica satan, de onde se origina o nome Satanás, foi mal traduzida como “diabo”, quando o que realmente significa é “obstáculo”. É isso mesmo?”, pergunta ela. A resposta é: sim e não. Depende em que livros e períodos do “corpus” bíblico você procura; isto é, como esses textos são lidos e quais os comentaristas pós-bíblicos escolhidos para acompanhar essa leitura. A primeira ocorrência do substantivo satan na Bíblia hebraica está na história do líder moabita Balak e do feiticeiro Balaão, em Números. Ali nos contam que Balaão, ao sair para uma reunião com Balak, foi interceptado no caminho por um anjo que, de espada desembainhada, “ficou em pé... no caminho para ser um satan para ele”. A palavra hebraica vem de uma raiz verbal, uma variante do verbo mais comum satam, ou seja, a “odiar” ou “ser hostil”, e embora possa ser traduzido neste caso como “obstáculo”, a tradução mais precisa seria “inimigo” ou “adversário”. (Este último termo é usado pela versão do rei James e pela maioria das outras traduções em inglês da Bíblia). Ainda assim, há casos nos primeiros livros da Bíblia em que “obstáculo” pode ser uma escolha melhor, e é o caso de quando Salomão declara, no Livro de Reis, que não existe satan no cami-

nho da construção do Templo. No entanto, em dois livros posteriores da Bíblia, em que satan aparece precedido por um artigo definido, como ha-satan, estamos em terreno mais complicado, pois, neste caso a referência é claramente a uma figura específica. Um deles é o Livro de Zacarias, no qual o profeta tem uma visão do sumo sacerdote do Templo “diante de um anjo de Deus; e o satan estava de pé à direita dele para se opor a ele [l’sitno]”. A segunda, e passagem mais conhecida, é a cena introdutória do Livro de Jó, onde se lê: Agora chegou o dia em que os filhos de Deus [isto é, os anjos] vieram apresentar-se perante o Senhor, e o satan também estava entre eles. E disse o Senhor a satan: “De onde você vem?” E satan respondeu ao Senhor e disse: “De rodear na terra e vagar por ela”. Em ambos os lugares, a Bíblia do rei James traduz ha-satan não como “o adversário”, mas como “Satanás”, tratando-o como nome próprio. Daí a crença de que o diabo aparece na Bíblia hebraica. Esta crença é justificada? Ela certamente não representa a única maneira de se ler o texto. Por um lado, pode ser bastante plausível que “ha-satan” seja entendido em Jó e Zacarias não como um nome, mas como uma frase descritiva que significa “o adversário”. Interpretada de tal maneira, o satan de Zacarias e o satan de Jó podem ser dois seres angelicais diferentes, cada um desempenhando o papel de promotor, um advogado de acusação no tribunal celestial de Deus. Além do mais, mesmo se eles forem a mesma criatura, este não é o anjo caído e personificação do mal da tradição cristã. Em Jó, o satan é um membro de destaque da comitiva angelical de Deus e não necessariamente o mal. Ele tem um trabalho desagradável a executar e o faz, mas está implícito que é uma tarefa atribuída a satan por Deus, que não olha para ele pelo canto dos olhos enquanto o anjo a executa.

GUSTAVE DORÉ IMAGINOU LÚCIFER DAS MAIS DIVERSAS FORMAS, COMO ESTA, ACIMA

No Novo Testamento, ao contrário (e em parte sob a influência da literatura apócrifa judaica nunca aceita como normativa pelos rabinos), satan tornou-se o que, a partir de então, passou a ser na tradição cristã. Ele era agora o líder de uma rebelião de anjos desobedientes contra Deus e a origem do pecado que entrou no mundo com a sedução de Adão e Eva no Paraíso – “a antiga serpente”, como diz o Livro do Apocalipse, “chamada de Diabo e Satanás, que engana todo o mundo: ela foi expulsa [do céu] para a terra, e seus anjos foram lançados com ela”. A palavra pan-europeia “diabo” (Teufel em alemão, diable em francês, diávolo em italiano, etc.) vem do grego diabolos, “caluniador”, tradução de satan no sentido de “adversário” ou “acusador” e encontrada na Septuaginta. Mas, enquanto os diabolos da Septuaginta, (tradução da Bíblia judaica em grego dos séculos 3 e 2 antes da Era Comum), podem ser interpretados simplesmente como um adversário, no Novo Testamento ele é claramente o adversário, o inimigo jurado do homem e de Deus. No judaísmo pós-bíblico às vezes encontramos a figura do diabo, geralmente com o nome angelical de Samael, concebido da mesma forma como uma força independente maliciosa de importância cósmica. De fato, em um livro como o midráchico Pirkey d’Rabbi Eliezer, do século 8, existe a mesma ideia expressada no Apocalipse. Podemos ler ali que Samael foi o maior príncipe no céu, e levou seu bando e desceu [à terra]... A Torá [viu isso e] gritou: “Samael, o mundo foi recém-criado! É este o momento para se rebelar?”... No entanto, tudo o que a serpente fez e disse [no Jardim do

Éden] foi obra de Samael. Entretanto, a visão da existência do diabo no judaísmo não é uniforme como é no cristianismo. Ninguém menos que uma autoridade do porte do grande erudito rabínico e teólogo do século 9 Saadia Gaon rejeitou tal existência por completo. Saadia afirmava que o satan no Livro de Jó não era um ser sobrenatural. Nas palavras de Bahya ibn Paquda, do século 11: O Gaon Rabi Saadiah explicou que o satan era um ser humano comum que falsamente acusou Jó por ódio e inveja do seu sucesso e da magnitude de suas boas ações, e que os “filhos de Deus” também eram homens como ele, eram inimigos de Jó. Eles costumavam se reunir em determinados dias do ano para adorar a Deus [como Seus filhos] e fazer um grande banquete... para o qual também veio o mais proeminente deles, que foi chamado de satan, porque, sendo o que tinha mais inveja de Jó, era ele o seu maior acusador. Convenhamos que a posição de Saadiah é melhor que a de Pirkey d’Rabbi Eliezer.

No Novo Testamento, ao contrário (e em parte sob a influência da literatura apócrifa judaica nunca aceita como normativa pelos rabinos), satan tornou-se o que, a partir de então, passou a ser na tradição cristã


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magazine > costumes & tradições | por Joel Faintuch

O profeta, a baleia e o arbusto REVERENCIADA POR JUDEUS, CRISTÃOS E MUÇULMANOS, QUEM NÃO

CONHECE A HISTÓRIA DE JONAS, O MAIS POPULAR DOS DOZE PROFETAS

MENORES? NA SINAGOGA, A LEITURA ANUAL DO LIVRO DE JONAS É UM

DOS PONTOS ALTOS DO CALENDÁRIO

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odo Shabat e Iom Tov (festividade), assim como às segundas e quintas, lê-se pela manhã na sinagoga a Torá em porções individuais. No Shabat e Iom Tov o último a ser chamado (Maftir) recita um trecho dos profetas, a Haftará. Os que já assistiram a um bar-mitzvá tradicional lembram deste procedimento, o ponto alto da cerimônia. O garoto de 13 anos revela maturidade, segurança e competência enunciando tanto sua porção da Torá quanto a correspondente Haftará. Trata-se de uma honra e uma responsabilidade, e ao longo do ano somente pessoas ilustres são convidadas para o Maftir e Haftará. No entanto, nada se compara em importância ao Maftir D’Ioná, que inclui a leitura de todo o Livro de Jonas. Jonas é o mais conhecido dos Trei Assar, os doze profetas menores, e aquele engolido por uma baleia. Quem foi mais a Minas Gerais que às sinagogas provavelmente também já teve contato com os Trei Assar. As doze esculturas em pedra-sabão de Aleijadinho, em Congonhas do Campo, Patrimônio Cultural da Humanidade, segundo a Unesco, nada mais retratam senão Jonas, Oseias, Joel e outros membros do grupo. É verdade que não se parecem com judeus, e o pergaminho que cada um exibe ao lado do corpo com palavras dos respectivos livros está grafado em latim, não hebraico. O Aleijadinho merece nossa compreensão. Vivendo na transição do século 18 para o 19 no interior de Minas, provavelmente nunca viu uma Bíblia em hebraico nem dominava o idioma, e talvez nem soubesse da origem israelita desses profetas.

A propósito, reproduções em tamanho natural de algumas dessas esculturas estavam expostas durante vários anos na entrada de um grande banco bem pertinho, logo ao lado da Hebraica, mas foram retiradas após o fechamento da instituição. E a Haftará de Jonas? Está reservada para a oração de Minchá de Iom Kipur. Ser eleito para esta função é, portanto, duplamente alvissareiro, pois o agraciado a recitará diante de toda a congregação, com grande destaque, nesta data magna. Na atualidade, é um pouco menos relevante que no passado, pois os horários nobres no Iom Kipur são os de Kol Nidrei (reza da noite de véspera) e Neilá (oração do encerramento do jejum que inclui o toque do Shofar). Minchá fica espremida um pouco antes, com um público minguado, mas mantém sua dignidade. O que há de tão interessante neste livro? A história de Jonas ou pelo menos versões pasteurizadas da mesma têm sido divulgadas em livros, especialmente infantis, revistas, desenhos e até na internet. Há modelos e brinquedos alusivos. De fato, ser engolido em alto mar por uma baleia, depois de ser arremessado do barco onde viajava em plena tempestade, e ser devolvido são e salvo na praia três dias depois, não acontece todos os dias. Jonas, como sabido, estava se esquivando de chegar a Nínive, capital do primeiro império assírio (séculos 19 e 17 antes da Era Comum). Havia sido ordenado para pregar arrependimento dos pecados para toda a população daquela cidade, sem o que ela seria destruída. Discute-se muito porque um santo como ele hesitou em cumprir uma ordem explícita do Eterno, e afinal a executou com perfeição e sabedoria, e a cidade foi salva. A propósito, as ruínas de Nínive ficam em frente à cidade de Mossul, no Iraque. Um pequeno monumento local chamado Nabi Yunus (Profeta Jonas) celebra exatamente sua passagem, também reverenciada pelos muçulmanos. Exausto física e moralmente pelas peripécias acima, retirou-se para os arredo-

ESTA REPRESENTAÇÃO DE JONAS E A BALEIA É DO PINTOR HOLANDÊS PIETER LASTMAN (1583-1633) MESTRE DE REMBRANDT

res de Nínive. O calor era forte mas o Eterno fez nascer da noite para o dia um arbusto, o kikaion, para lhe garantir sombra e frescor. Acredita-se que se tratava da planta que produz o óleo de castor. Em uma reviravolta plena de simbolismo, justamente quando o sol fortíssimo chegava a pino no dia seguinte o kikaion foi devorado por um verme e desapareceu. Jonas logicamente entrou em desespero. No diálogo que se segue o Eterno esclarece que se Jonas sentiu tanta pena do arbusto, que apareceu e desapareceu tão abruptamente, com mais razão deveria ter-se apiedado da população de Nínive, que corria risco de aniquilamento, e cumprido sua missão mais prontamente, sem hesitações. Ao longo dos séculos grandes comentaristas se debruçaram sobre as mensagens explícitas e ocultas da pequena obra-prima que é o livro de Jonas. Num plano mais leve, pode-se afirmar que o comportamento de Jonas é o recado mais forte do texto, um indivíduo que não dissimulava suas fraquezas, mas as contrabalançava com grandezas sobre-humanas. Quem não consegue alcançar as alturas do profeta pode tentar emular a baleia. Não se tornando obeso, mesmo porque o texto bíblico se refere genericamente a um grande peixe (Dag Gadol), e a designação de baleia possivelmente é incorreta. Este animal específico, segundo a tradição, existe desde os sete dias da Criação descritos no Gênesis (Bereshit), exatamente com o objetivo de salvar o profeta. Ao deglutir e depois devolver intacto o grande homem, conquistou seus quinze minutos de fama, sendo retratado (como baleia) em todos os livros e historietas. Nada mau

para quem permaneceu tanto tempo no anonimato. Talvez a população de Nínive? Afinal ela escutou atentamente a advertência do profeta e se arrependeu das maldades, tanto que foi salva. Os comentaristas assinalam que seu gesto não foi dos mais elevados, havendo agido de forma estritamente imediatista e interesseira. Cabe registrar que foi o mesmo império assírio, sob a égide de Nabucodonosor, que arrasou Jerusalém e o Templo de Salomão no ano 597 antes da Era Comum. Este seria o motivo da fuga inicial de Jonas, inseguro a respeito da obrigação de resgatar uma população que futuramente hostilizaria de forma tão trágica e brutal o povo hebreu. E o kikaion? Surgiu do vácuo e desvaneceu-se em instantes sem deixar rastros. Nada que se possa tomar como modelo, certo? Bem, pelo menos o arbusto cumpriu sua tarefa o melhor que pôde, proporcionando abrigo e proteção temporária para o santo homem. Até serviu de inspiração para uma fábrica de roupas para bebês em Goiânia, que utiliza a grafia Kikayon.

Num plano mais leve, pode-se afirmar que o comportamento de Jonas é o recado mais forte do texto, um indivíduo que não dissimulava suas fraquezas, mas as contrabalançava com grandezas sobrehumanas


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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman vale do rio Ródano; vivaro-alpin, das franjas dos Alpes; o niçois, da região de Nice, uma forma arcaica do provençal que, por sua vez, é um dialeto da língua occitana, conhecida como langue d’oc, próxima, aliás, do catalão. O governo central, lá em Paris, não aguentava mais tantas línguas e mandou unificar tudo, no francês atual, embora ainda hoje se contem alguns poucos milhares que resistem às mudanças. Nesta viagem, por exemplo, todos falavam o francês, francês. A menos que, pelas costas, prevalecesse o dialeto deles. Confiram viajando a Mernebes, Lacoste, Bonnieux, Roussillon, Goult, Buoux, Gaignon, Loumarin e Gordes. Há muitas sinagogas e, claro, vestígios de cemitérios judaicos, pela Provença. Nas grandes cidades há cemitérios comunais. Em algumas cidades, as sinagogas se localizam onde antigamente eram os guetos e seus endereços são sugestivos: a sinagoga de Avignon, é de 1818, na praça Jerusalém, bem na entrada do gueto com suas vielas estreitas, casas de dois pavimentos, e comércio na entrada de cada uma delas; a de Canaillon foi erguida no final da Idade Média, em 1494, por especial favor do bispo, reconstruída entre 1772 e 1774, e considerada uma das mais antigas a França. Fica na rua Hebraico. Virou museu onde se destaca a cadeira do profeta Eliahu, colocada numa espécie de pedestal, bem no alto, na parede. Da construção original resta uma torre, a Tour Médiévale, com uma escadaria interna que levava ao andar superior onde ficavam os homens. As mulheres, em baixo.

SINAGOGA NA PROVENÇA

A Provença também é uma festa “PARIS É UMA FESTA”, SEGUNDO OS MANUSCRITOS DE ERNEST HEMINGWAY EDITADOS EM 1964, TRÊS ANOS DEPOIS DE MORRER. É QUE PROVAVELMENTE ELE NÃO SE DEMOROU MUITO NA REGIÃO DA PROVENÇA, DEPOIS DE OBSERVAR A GUERRA CIVIL ESPANHOLA (JULHO 1936 A ABRIL 1939)

UMA DAS LIVRARIAS MAIS ANTIGAS DO MUNDO

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e Ernest Hemingway tivesse visitado a Provença, ficaria encantado com esta região rica em tudo – costumes, paisagens, língua, história, comida, bebida, etc. – e objeto de cobiça militar e política. Tanto assim que se chama Provença porque se origina dos conquistadores que lhe deram nome de Província Romana, a primeira. Mas são as pequenas cidades e vilas que encantam e fazem as pessoas que se aposentam de bem com a vida – e não por idade nem por tempo de serviço – decidir: “É por aqui mesmo que vou ficar”. Por onde quer que se passe, os viajantes são convidados a conhecer a intimidade dessas vilas muitas das quais, até os anos em que o século 19 virou século 20, tinham sua língua própria, algum dialeto das muitas línguas que se falavam na região da Provença, como rhonadamien, do

ACIMA, CESTAS TÍPICAS DAS FEIRAS NA PROVENCE À ESQUERDA, BOCHAS PETANKE

O JOGO MAIS TRADICIONAL NAS PRAÇAS PUBLICAS DA PROVENCE

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magazine > viagem

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UM CHEF FAMOSO SAINDO DEPOIS DO ALMOÇO EM SUA CARRUAGEM

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por Bernardo Lerer

Big Bands The Intense Media | R$ 127,90

Em três cd’s e sessenta faixas, o que de melhor as grandes orquestras de música popular norte-americana gravaram desde os anos 1940, quando os recursos fonográficos ficaram melhores. Todos os registros foram remasterizados e em cada faixa verdadeira obra-prima da música em que intérprete e compositor se confundem na condução das próprias bandas, como é o caso de Glenn Miller e Benny Goodman. Mas tem também Artie Shaw, Stan Kenton, Count Basie, Tommy Dorsey, Genne Krupa, Louis Armstrong, Harry James, Duke Ellington, Fletcher Henderson.

BY VAN GOG BEBIDA TIPICA DA PROVENCE JUNTO COM O PASTIS

Roberto Alagna EMI | R$ 192,90

Este parisiense filho de imigrantes, que desde cedo se apaixonou pela voz e as interpretações de Mario Lanz, decidiu seguir a carreira de cantor e, a partir de 1988, se firmou como um dos grandes tenores da atualidade. Ele selecionou trechos de óperas que considera os mais marcantes da sua carreira, como Romeo, em Romeu e Julieta, de Gounod, e Don José, em Carmen, de Bizet.

Original Masters – The Art of Fritz Wunderlich Deutsche Grammophon | R$ 438,90

MARRONS

Este fantástico tenor nasceu em 1930, em Kusel, no Palatinato (Alemanha) filho de um casal de músicos amadores perseguido pelos nazistas porque não aderiu ao partido. Fritz trabalhava numa padaria e a mania de cantar atraiu a atenção de todos que sugeriram se inscrever numa academia de música, onde estudou corno francês e canto. Conquistou renome internacional em A Flauta Mágica, de Mozart.

DOCE DELICIOSO DA REGIAO

Leonard Bernstein – Theatre Works DELICIOSA CASA EM APT NA PROVENCE ONDE ME HOSPEDEI

Deutsche Grammophon | R$ 293,90

A gravadora reuniu em um álbum de sete cd’s cinco obras cênicas do grande compositor e pianista norte-americano, considerado por muitos como um dos mais geniais talentos do século 20. As óperas são On The Town, a satírica Candide e a cinematográfica West Side Story. On The Town tem Frederica von Stade no elenco, e West Side Story, Kiri Te Kanawa e José Carreras.

Sarasate – Music for Violin and Orchestra Naxos | R$ 101,90

Pablo de Sarasate (1844-1908) foi precoce: aos 5 anos começou a estudar incentivado pelo pai, aos 8 anos fez a primeira apresentação, e aos 12 foi estudar na Academia de Paris. Aos 17, ganhou o primeiro prêmio num concurso de violino. Há notáveis influências dele em óperas, como Carmem, e homenagens como em o Rondó Caprichoso, concerto para violino de Camille Saint-Saëns.

PEDRAS POME VENDIDAS NOS MERCADOS DAS PEQUENAS CIDADES DA PROVENÇA

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Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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por Bernardo Lerer

Os Judeus que Construíram o Brasil Anita Novinsky / Planeta / 286 pp. /R$ 39,90

Hunter Killer

Tudo o que queríamos saber de forma rápida a respeito de Inquisição, suas origens e as consequências que provocou na história da humanidade e na vida dos judeus a essa pesquisadora e professora emérita da USP e três colaboradoras ensinam. Mais do que isso, mostram como os judeus e os criptojudeus despachados para o Brasil por força da Inquisição ajudaram na formação do país e a atuação deles na Paraíba, Maranhão, Pará e como se juntaram aos que combateram as missões (jesuíticas) e a Inquisição no Peru. Bom e fácil, “dedicado aos jovens”, como se lê na primeira linha da apresentação.

Mark McCurley | Paralela / 318 pp. | R$ 39,90

Drone significa “zangão”, é o nome daqueles aparelhos voadores que se comercializam aos milhares e querem substituir os aeromodelos e são também aqueles aviões não tripulados que os melhores exércitos, como o de Israel, por exemplo, utilizam em campos de batalha. O autor deste livro é um tenente-coronel americano que decidiu contar o que sabe a respeito desses equipamentos na guerra ao terror.

Paris, Capital da Modernidade David Harvey | Boitempo Editorial | 459 pp. | R$ 45,40

Trata-se de uma reflexão a respeito do período que vai da revolução de 1848 que levou Louis Bonaparte ao poder e o que aconteceu na Comuna de Paris, em 1871, que chama de Guerra Civil na França. Ele assume que a cidade assumiu um projeto de vida que teve características planetárias, fazendo da burguesia classe dominante, do romance epopeia dos novos tempos, da imprensa força ideológica inexorável, berço do realismo e impressionismo nas artes visuais e de um modelo de urbanismo copiado em toda parte.

Lugar Nenhum

Um Passo Atrás

Lucas Figueiredo / Companhia das Letras / 240 pp. / R$ 19,60

Henning Mankell | Companhia das Letras | 504 pp. | R$ 54,90

O livro inaugura a coleção “Arquivos da Repressão no Brasil” e o subtítulo é “Militares e Civis na Ocultação dos Documentos da Ditadura”, escrito por um dos melhores repórteres investigativos brasileiros e ao final dele pergunta: até quando o país vai aceitar o silêncio dos militares sobre os crimes da ditadura? Figueiredo teve acesso a microfilmes dos arquivos do Cenimar, o serviço secreto da Marinha, cuja autenticidade e importância foi analisada e comprovada por historiadores.

O autor sueco coloca em campo mais uma vez o inspetor de polícia Kurt Wallander para desvendar o estranho assassinato, com apenas um tiro em cada um, de três amigos que se fantasiam em trajes do século 18 para celebrar a noite mais longa do ano no solstício de verão, numa reserva natural. O pior é que um amigo de Wallander é morto nas mesmas circunstâncias. O título do livro sugere que a investigação está sempre atrasada em relação ao provável assassino.

Mossad

A Invenção das Tradições

Michael Bar-Zohar e Nissim Mishal / Salomon / 392 pp. /R$ 48,00

Eric Hobsbawn | Civilização Brasileira | 390 pp. | R$ 53,40

Entre outras virtudes, esse livro tem também a de mostrar erros, equívocos e fracassos do Mossad e seus agentes em algumas operações. Isso, no entanto, não apaga a aura de ser possivelmente o melhor serviço secreto do mundo. Estas ações ajudaram a moldar o destino de Israel e, em certa medida, influenciou o do mundo. O livro conta como as mais importantes operações foram montadas, e como se deu o recrutamento dos agentes cuja vida passa a ser a solidão, o anonimato e o afastamento familiar.

A primeira edição deste livro é de 1983, está na décima e se justifica pelo título, pois mostra como a venerável tradição em que se baseia o nacionalismo e que prova e comprova uma espécie de antiga e inatacável superioridade dos povos é, na verdade, uma coisa inventada. Um exemplo disso está nos saiotes escoceses, que se presumia identificar famílias ou clãs antiquíssimos, foram inventadas ou postas em uso por tecelagens inglesas no século 17.

O que Resta de Auschwitz Giorgio Agamben / Boitempo Editorial / 175 pp. / R$ 39,00

A Mágica da Arrumação

Para quem muito já leu a respeito dos campos de concentração – história, testemunhos, autobiografias, etc. e principalmente os livros de Primo Levi, é importante complementar com a obra deste filósofo italiano, discípulo de Heidegger, que tenta explicar como narrar o horror inenarrável e testemunhar sobre uma violência que está além da compreensão humana. O livro faz uma análise profunda da produção literária de sobreviventes do Holocausto.

Marie Kondo | Sextante |158 pp. | R$ 16,99

A mais Alemã das Artes Pamela M. Potter / Perspectiva / 492 pp. / R$ 89,00

Junto com A Orquestra do Reich: a Filarmônica de Berlim e o Nacional Socialismo, que publicou há três anos, a Editora Perspectiva busca iluminar um pouco mais o caminho das complexas relações entre música e ideologia que sempre deram um quadro singular da história da Alemanha. Naquele se descrevia a rotina, a trajetória e os dilemas dos músicos da orquestra no nazismo e, neste, trata da ideologia voltada aos valores nacionalistas e raciais, principalmente no período nazista com mentiras, demagogia e crimes.

O livro se justifica por ser o primeiro na lista de best sellers do The New York Times, com mais de dois milhões de exemplares, porque ensina a arte japonesa de colocar ordem na casa e na vida. De fato, pessoas que adotaram o método só têm elogios pois ensina truques para as pessoas não perderem tempo procurando objetos no armário.

Amantes – Uma História da Outra Elizabeth Abbot | Record / 670 pp. | R$ 45,00

Tem luxúria, amor, dinheiro e poder num verdadeiro tratado a respeito do tema que mistura história, biografia e panorama cultural e tenta explicar e contar quem é ela afinal, porque se torna amante, como é ter uma vida secreta, qual a verdadeira natureza da sua condição, como as mulheres a veem e onde, de uma vez por todas, o amor se encaixa nisso tudo. Aliás, a primeira concubina de que se tem notícia é justamente Agar, escrava egípcia, possivelmente negra, de Sara, mulher do patriarca Abraão, e que foi introduzida no texto bíblico a partir da tragédia da infertilidade de Sara.


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magazine > ensaio | por Chaim Saiman

SEDER DE PESSACH NA CASA BRANCA COM BARACK OBAMA, E NINGUÉM ADORMECEU

Adormecer no Seder EM QUALQUER SEDER DE PESSACH, HÁ UMA QUINTA PERGUNTA, GERALMENTE APENAS SUSSURRADA, DITA ALGUM TEMPO DEPOIS DAS FAMOSAS QUATRO PERGUNTAS QUE INICIAM A LONGA SEÇÃO MAGGID (LITERALMENTE, “NARRATIVA”) DA HAGADÁ: “QUANDO VAMOS COMER?”

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egundo a própria Hagadá, “quem elabora a releitura da história do Êxodo é, seguramente, louvado”, e ilustra o ponto com a famosa história dos cinco sábios do século 2, que ficaram acordados a noite toda fazendo exatamente isso: Aconteceu que o rabino Eliézer, o rabino Ieoshua, o rabino Elazar Ben Azaryah, o rabino Akiva e o rabino Tarfon estavam reclinados em um Seder em Bnai Brak. Ao longo da noite eles recontaram a história do Êxodo do Egito, até que seus alunos lhes disseram: “Mestres! Chegou o momento de recitar o Shemá da manhã!” Mil anos depois, Moisés Maimônides tomou esta história como válida no seu código da lei judaica, o Mishné Torá, e escre-

ve na introdução às leis do Seder: “Mesmo os grandes estudiosos são obrigados a recontar a história do Êxodo do Egito. E quem recordar os eventos que ocorreram é certamente louvado”. Três parágrafos depois, explicita o significado: Começa por recordar que fomos escravos no Egito e recontar todas as misérias impostas pelo Faraó. Mas deve-se concluir com os milagres e maravilhas feitos em nosso benefício, e com a nossa liberdade. Isto é, o celebrante deve expor sobre o verso “o meu pai era um errante arameu” até concluir aquele parágrafo. E qualquer um que acrescente e elabore é, seguramente, louvado. Esta é a fonte haláchica para atrasar a sopa de bolinhas de matzá e o peito de frango. E é surpreendente, pois o texto >>


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magazine > ensaio >> da Hagadá e a posição de Maimônides, para não falar da prática comum, é que o código de maior autoridade da lei judaica, o Shulchan Aruch (“A Mesa Posta”), do século 16, discorde desse parecer: A mesa deve ser posta enquanto ainda é dia, para se comer imediatamente assim que escurecer. E mesmo se o oficiante estiver envolvido no estudo da Torá, ele deve concluir os estudos e correr [para casa], pois é uma mitzvá comer imediatamente, para que as crianças não durmam. O rabino Israel Meir Kagan (mais conhecido como Hafetz Hayim) ficou tão chocado com esta declaração que, na sua Mishná Berurá, insistiu em encobri-la ao nos incitar a iniciar a seção do Maggid de imediato: isto é, falar, não comer. Isso faz sentido em termos da prática ashkenazi no século 19, mas não é o significado claro do Shulchan Aruch. Seu autor, o rabino Iosef Caro, recorre ao grande código haláchico que surgiu entre o Mishné Torá de Maimônides e a sua própria “Mesa Posta”, o Arbá Turim (“Quatro Pilares”) ou Tur, do rabino Jacob Ben Asher, do século 14. Tanto o rabino Caro como seu predecessor pensavam nas crianças, mas também estava em jogo uma profunda discordância com Maimônides. Entender a divergência nos ajudará a compreender do que se trata o Seder, e até certo ponto o pensamento rabínico. Nem o Shulchan Aruch nem pelo menos o Tur citam a declaração da Hagadá que “quem elabora na releitura da história do Êxodo é certamente louvado”. Isto é particularmente incomum, porque o Shulchan Aruch tende a seguir o exemplo de Maimônides – muitas vezes literalmente –, a menos que autoridades concorrentes decidam o contrário. No entanto, neste caso, nenhuma dessas autoridades foi encontrada, e ainda assim as prescrições tanto da Hagadá como de Maimônides não são apenas ignoradas, mas realmente invertidas. A autoridade para esta opinião “corra para comer” parece vir de um texto rabínico anterior, incluído na Toseftá (uma coleção de textos paralelos e que, em certa medida, complementa a Mishná) e, mais tarde, citada no Talmud babilônico: O rabino Eliezer afirma: Nós pegamos as matzot para que as crianças não caiam no sono. O rabino Yehuda relatou em seu nome: mesmo que o oficiante só tenha comido um aperitivo, e mesmo que ele não tenha mergulhado no molho, pegamos as matzot para que as crianças não caiam no sono. Não adormecer O que significa “pegar as matzot”? Para Maimônides, essa é a origem da prática comum dos pais esconderem a matzá das crianças. O Shulchan Aruch e a Tur consideram isso um ordem para “pegar as matzot” e comê-las no início da noite, antes que as crianças adormeçam. Mas isso não significa que o Shulchan Aruch sugira que os pais sigam os filhos para a cama depois da refeição, pelo menos não idealmente:

comer a matzá!), na Toseftá os rabinos não ficaram surpresos ao descobrir que havia amanhecido. Eles concluíram as discussões e se prepararam normalmente para orações da manhã. Maimônides nunca menciona a história da Toseftá, nem qualquer exigência para ficar o tempo todo acordado estudando as leis de Pessach. Ao contrário, ele conclui suas leis do Seder com uma discussão a respeito do que acontece quando alguém adormece no Seder (e que pode acontecer durante toda essa discussão). Além disso, ele oferece uma razão muito diferente para não beber depois do quarto copo: para que o último gosto da matzá (o afikoman) continue a ser a memória final do Seder. Para Maimônides, o trabalho do Seder é feito antes e durante a refeição, não depois. Ao contrário de Maimônides, o Shulchan Aruch não cita a mais famosa linha da Hagadá segundo a qual “qualquer um que elabora a releitura da história do Êxodo é louvável”, mas, de forma reveladora, também omite o que poderia ser a sua segunda linha mais famosa, que “todos devem ver a si mesmos como se eles, pessoalmente, participassem do Êxodo do Egito”. Por que não?

Uma pessoa é obrigada a aprofundar as leis do sacrifício de Pessach e do Êxodo do Egito e narrar os milagres que Deus realizou por nossos antepassados até chegar à exaustão. A obrigação de ficar acordado a noite toda estudando a Torá, então, aplica-se após a conclusão do Seder. A seção onde esta decisão fica registrada é, em grande parte, dedicada à regra de que não se deve beber mais vinho depois dos quatro copos do Seder, para se manter acordado. Mais uma vez, a suposta origem da prática é encontrada na Toseftá, que apresenta uma história alternativa, ou talvez um paralelo, a respeito dos rabinos mishnáicos que ficaram acordados a noite inteira do Seder: Não se come nenhuma sobremesa após o sacrifício de Pessach [ter sido comido], tais como tâmaras. Uma pessoa é obrigada a exercer as leis do sacrifício de Pessach durante toda a noite... Aconteceu uma vez que Rabban Gamliel e os anciãos estavam reclinados em um Seder na casa de Beithus Ben Zunin, em Lod, e eles ficaram envolvidos nas leis de Pessach toda a noite, até que o galo cantou. Então, as mesas foram removidas da frente deles, e eles se levantaram para ir à sinagoga. A primeira coisa a se notar é que na versão da Toseftá, a sessão de estudo durante toda a noite ocorreu após o sacrifício de Pessach ter sido comido (quando agora se come o afikoman), e que poderíamos dizer que o Seder já terminou. Em segundo lugar, enquanto na história da Hagadá os rabinos ficaram acordados a noite toda para recontar a história e os milagres do Êxodo, na Toseftá eles passam a noite toda aprendendo as leis técnicas do sacrifício de Pessach. Finalmente, ao passo que a Hagadá sugere que os alunos tiveram de lembrar os rabinos para encerrar o Seder porque tinham perdido a noção do tempo (o mestre hassídico do século 19 conhecido como Sefat Emet até sugeriu que eles tinham se esquecido de

“A mesa deve ser posta enquanto ainda é dia, para se comer imediatamente assim que escurecer. E mesmo se o oficiante estiver envolvido no estudo da Torá, ele deve concluir os estudos e correr [para casa], pois é uma mitzvá comer imediatamente, para que as crianças não durmam.” (Rabino Iosef Caro, no Shulchan Aruch)

Hagadá, Agadá Em suma, duas concepções distintas do Seder emergem das fontes rabínicas clássicas e respectivamente codificadas por Maimônides e pelo Shulchan Aruch. A visão da Mishná, de Maimônides, e da própria Hagadá é que o Seder diz respeito à releitura e discussão da história do Êxodo do Egito até o ponto em que se vê a si mesmo como tendo sido resgatado pessoalmente. Aqui, toda a família usa a história, o estudo e a música para reviver o nascimento da nação judaica. Quando bem-sucedido, isto é certamente próximo do ideal do Seder. Há, no entanto, também um custo para ambições tão altas: as crianças podem cair no sono e os adultos podem se desligar. A concepção do Seder na Toseftá e no Shulchan Aruch é mais modesta. O Seder começa imediatamente e é (relativamente) curto para que ninguém perca os elementos rituais essenciais e obrigatórios. Então, como o Seder é longo, aqueles capazes de seguir o exemplo de Rabban Gamliel podem ficar acordados a noite toda discutindo as leis de Pessach. Talvez não seja de se admirar, então, que Rabban Gamliel nos lembra que na própria Hagadá “quem não menciona o sacrifício de Pessach, nem a matzá, nem o maror, não cumpriu a sua obrigação”. A declaração dele é seguida imediatamente de exposições elaboradas de versos bíblicos, e quase se pode ouvir Rabban Gamliel lembrando de manter o foco em experiências acessíveis e tácteis do Seder: os alimentos rituais e seu simbolismo. Uma abordagem que, aliás, é provavelmente mais próxima do que aconteceu nos tempos do Templo, quando a comida vinha em primeiro lugar e a discussão, depois. A diferença entre essas duas visões do Seder também se relaciona com o que está sendo ensinado. Segundo a Hagadá, e com Maimônides, a peça central do Seder é a releitura da história de Pessach, uma forma de narrativa ou Agadá (uma pala-

vra que compartilha sua raiz tanto com Hagadá como Maggid). Em contrapartida, a Toseftá, cujos pontos de vista são incorporados na norma do Shulchan Aruch, enfatiza o estudo das leis do sacrifício de Pessach. Uma distinção similar ocorre em outra passagem bem conhecida do Seder, a discussão dos quatro filhos. Em nossa versão da Hagadá, ensina-se ao filho sábio as leis do sacrifício de Pessach, enquanto ao filho simples é contada a história básica de Pessach. O Talmud de Jerusalém, no entanto, inverte as prioridades: ao filho sábio é ensinada a história do Êxodo, enquanto ao filho simples são ensinadas as leis do Seder. A primeira visão encara a Halachá não apenas como uma série de regras, mas uma visão de mundo religioso complexo desenvolvido a partir de princípios jurídicos fundamentais. A Lei não é só para ser observada, mas também para ser estudada, analisada e ter o seu significado absorvido. Por outro lado, a história contada ao filho simples é apenas isso – uma história, para aqueles que não podem lidar com mais do que isso. O Talmud de Jerusalém ensina exatamente o oposto: ao atribuir a história do Êxodo ao filho sábio, a história significa a teologia do povo eleito judeu, o serviço de Deus, e as correspondentes complexidades de liberdade, escravidão, escolha e destino. As leis ensinadas ao filho simples são, por esse motivo, apenas instruções rituais: coma isso, beba isso, e assim por diante. Existe a mesma tensão entre as duas histórias conflitantes de como grandes rabinos da Mishná passaram a noite de Seder. Será que esses “filhos sábios” estudaram a Halachá do sacrifício de Pessach, ou recontaram a Agadá do Êxodo? A discórdia é realmente um debate a respeito de como preservar e como transmitir a essência da experiência judaica. Por meio da lei ou da narrativa, do raciocínio jurídico ou da teologia? É uma tensão presente nos primeiros textos rabínicos, transportada nas posições das grandes autoridades haláchicas posteriores, e ainda em nossas próprias mesas de Seder.

O Seder diz respeito à releitura e discussão da história do Êxodo do Egito até o ponto em que se vê a si mesmo como tendo sido resgatado pessoalmente. Aqui, toda a família usa a história, o estudo e a música para reviver o nascimento da nação judaica


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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer

Judeus da Corte

Como meu pai

O presidente Barack Obama nomeou Merrick Garland para a Suprema Corte na vaga deixada com a morte de Antonin Scalia, em 13 de fevereiro. Judeu, o novo juiz vai se juntar a outros três judeus: Ruth Bader Ginsburg, nomeada em 1993 por Bill Clinton, Elena Kagan, indicada em 2010 por Obama e Stephen Breyer, nomeado por Clinton em 1994, todos democratas. Eles dão continuidade à tradição de a Suprema Corte ter pelo menos um judeu entre os seus membros, alguns dos quais se tornaram mundialmente conhecidos como Louis Brandeis, Felix Frankfurter e Arthur Goldberg e o fato de as trajetórias pessoais, políticas e profissionais deles estarem unidas pela luta em favor dos direitos civis, o fortalecimento dos sindicatos dos trabalhadores, o socialismo, o debate das ideias e a liberdade de expressão. Frankfurter, por exemplo, tinha 24 anos quando, em 1906, apoiou a fundação do American Civil Liberties Union. Louis Brandeis, nasceu em Louisville, em 1856, capital do Kentucky, filho de pais imigrados da Boêmia e abolicionistas hostilizados pela vizinhança, formou-se na escola de direito de Harvard aos 20 anos com a maior nota da história da instituição e logo se notabilizou pelo combate à força das corporações, dos monopólios, da corrupção pública e do consumo de massas. Em 1916, a indicação dele à Suprema Corte pelo presidente Woodrow Wilson desagradou o secretário de Justiça que atacou: “Brandeis foi um militantes e verdadeiro cruzado em favor da justiça social tanto quanto seu oponente possa ser. Ele é um homem perigoso não apenas por seu brilhantismo e coragem. Ele é perigoso porque é incorruptível e os temores do establishement são tanto maiores porque Brandeis é o primeiro judeu a ser nomeado para a Suprema Corte”. Pois é.

Somente uma grande zebra tiraria de Filho de Saul o Oscar de melhor filme estrangeiro na premiação de 28 de fevereiro. Afinal, em janeiro, venceu o Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e o Grande Prêmio do Festival de Cannes e isso talvez se possa creditar à interpretação de Geza Rohrig, como Saul, órfão nascido em Budapeste, adotado por uma família judia, que estudou em uma yeshivá em Jerusalém até os 21 anos, mudou-se para Nova York, onde se matriculou no Jewish Theological Seminary, foi professor de jardim-de-infância, escreveu poemas com a temática do Holocausto e nunca poderia imaginar que, algum dia, estrelaria um filme exatamente a respeito da tragédia da Segunda Guerra. Mas sua vida se transformou quando conheceu o diretor húngaro Laszlo Nemes na casa de um amigo comum, em Nova York. Embora nunca tivesse atuado aceitou o convite para ser o ator principal do primeiro e único filme de Nemes, em parte financiado por um fundo de reparação de sobreviventes do Holocausto que destina verbas a filmes educacionais, em que assume o personagem de um membro do Sonderkommando, a unidade de prisioneiros que levava os judeus para as câmaras de gás, tirava os corpos de lá para os crematórios, mas antes os despojava de ouro, por exemplo.

Fotógrafo de rua Em 1966, aluno da Politécnica, ganhou do pai, Srul, uma Rolleiflex-120, máquina tão complicada para um iniciante que era instrumento de trabalho de fotógrafos profissionais. Anos depois, ao voltar de Israel onde foi voluntário no kibutz Eilon, comprou uma Asahi Pentax, 35 mm, câmera que o aproximava da sofisticação de uma Nikon ou Canon. Esse aprendizado deu frutos e em fevereiro, passados cinquenta anos, se comprometeu a ceder à Fundação Pierre Verger da Fotografia Baiana 25 imagens digitalizadas daquela fase inicial da carreira de Rubens Guelman, engenheiro baiano e antropólogo da fotografia, que se especializou em documentar o cotidiano de modo a promover o encontro dos valores culturais do homem com o seu ambiente. Essa mesma revista Hebraica publicou duas reportagens a respeito dele: na edição de junho de 1993, Airton Gontow escreveu: “Guelman resgata o mundo judaico da Espanha e da Tchecoslováquia” e, em outubro de 1997, “A aventura de um fotógrafo na África”, de autoria de Tania Tarandach. Rubens exerce a sua antropologia visual fotografando os personagens e o cotidiano das ruas, seja no Bom Retiro, ou no Harlem, de Nova York, e , com alguma regularidade, mostra sua produção em “A quem possa interessar...”, uma maneira liberal de fazer e oferecer, pela internet, substituindo as tradicionais galerias de arte, revistas, publicações especializadas e as limitações das mídias de modo geral. Dessa maneira, em janeiro passado cedeu à curadoria do Deutsches Museum de Munique, um dos maiores da Alemanha, uma imagem da favela Paraisópolis para integrar o acervo permanente do setor Urban Planning. Da mesma forma, a Folha de São Paulo publicou fotos do Harlem, com a credencial de quem é membro do International Center Photography, New York.

Para Rohrig, seu desempenho no filme acabou sendo compensador, pois o fato de ter sido proibido de assistir às exéquias do pai ajudou a formar e, talvez, dar mais autenticidade ao personagem que caracterizou. “Afinal, ter ficado em casa sem poder viver a morte dele foi, durante muitos anos, uma coisa não resolvida. Embora, claro, não tenha experimentado um campo de concentração, este filme é basicamente a respeito de alguém, que busca desesperadamente enterra um ente querido. No caso, foi meu pai.”

A vamp judia Em 1918, no tempo do cinema mudo, Theda Bara era a terceira atriz mais popular dos Estados Unidos, atrás apenas de Charlie Chaplin e de Mary Pickford, e estrela de 42 filmes rodados em 4 anos. Isto é, quase um filme por mês, nos quais invariavelmente era apresentada como uma devoradora de homens. Aliás, seus filmes mais conhecidos são Salomé e Cleópatra. Theda nasceu Theodosia Goodman, mas os profissionais de relações públicas que a assessoravam decidiram 1-) mudar o nome dela porque nos Estados Unidos da virada do século 19 ainda era complicado assimilar um nome tão judeu e 2-) divulgar que ela um exótico produto do Oriente, possivelmente, cristã, filha de um casal que se conheceu no Egito. Ela, no entanto, nasceu mesmo em Cincinnati, no Estado de Ohio, em 1885, e os pais eram imigrantes judeus. Theda estudou na Universidade de Cincinnati, mas não concluiu o curso porque se mudou para Nova York para tentar ser atriz. Levou quase dez anos até que o chefão William Fox lhe oferecesse um contrato, ironicamente porque falhara em todos os testes e “tinha muita fome de representar”. Fox procurava por alguém disposto a ganhar pouco e que ansiava pela oportunidade que oferecia. Quase todos os filmes dela desapareceram no incêndio que destruiu o arquivo cinematográfico de Nova Jersey e as cópias que havia nos estúdios para os quais trabalhou se deterioraram por má conservação ou combustão espontânea do nitrato de prata do qual eram feitos. Até mesmo as cópias que ela guardara acabaram perdidas. A Vamp, como passou a ser conhecida, tinha 69 anos quando morreu, em 1955, a tempo ainda de saber que todo seu legado cinematográfico simplesmente desaparecera.



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CLÍNICA

CARDIOLOGIA

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DERMATOLOGIA


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indicador profissional DERMATOLOGIA

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ODONTOLOGIA


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indicador profissional ORTOPEDIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOTERAPIA

RESIDENCIAL

PSIQUIATRIA

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

REUMATOLOGIA

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OTORRINOLARINGOLOGIA

PSICANALISTA

PSICOLOGIA

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PSICOTERAPIA

RESIDENCIAL


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compras e serviรงos

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compras e serviรงos


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roteiro gastron么mico

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roteiro gastron么mico


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roteiro gastron么mico


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diretoria > balanço

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diretoria

Diretoria Executiva WZ ^/ Ed ŝƌĞƚŽƌ ^ƵƉĞƌŝŶƚĞŶĚĞŶƚĞ ZĞůĂĕƁĞƐ /ŶƐƚŝƚƵĐŝŽŶĂŝƐ ZĞůĂĕƁĞƐ ƐƚƌĂƚĠŐŝĐĂƐ

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Gestão 2015/2017 s/ ͲWZ ^/ Ed d/s/ ^ ^K / /^ h>dhZ /^ ƐƐĞƐƐŽƌĞƐ

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114 HEBRAICA

| ABR | 2016

conselho deliberativo

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2016

Comissões transitórias O desejo de trabalhar e contribuir ainda mais com o desenvolvimento do clube estimulou vários conselheiros a se engajar nas comissões especiais e transitórias, nas quais temas específicos serão aprofundados com base nos projetos e ações levados a cabo pela Diretoria Executiva. É com prazer que divulgamos, aqui, a configuração dessas comissões de Esportes, Educação e Reforma Estatutária com votos para que a experiência de contribuir mais detidamente para o Conselho seja tão gratificante para os participantes quanto é útil para o clube. Comissão Transitória de Esportes Alberto Tafla, Bernardo Blaj Wagon, Diana Roth, Elie Fiss, Joana Hidal, José Ricardo M. Gianconi, Moisés Singal Gordon (coordenador), Roberto Moses Dutkiewicz, Sérgio Garbati Gross (secretário), Sérgio Rymer e Yves Mifano (relator). Comissão Transitória de Educação Aarão Bernardo Sonderman, Bruno José Szlak (secretário), Eduardo Baumel, Fábio Setton, Henri Zylberstajn, Jacques Steinberg, Leo Roberto Mamid, Luiz Flávio Lobel, Marcelo Ariel Rosenhek, Moisés Singal Gordon (coordenador), Sabrina Cukier Blaj e Sérgio Rosenberg. Comissão Transitória de Reforma Estatutária Daniel Leon Bialski, Eduardo Blucher, Fábio Ajbeszyc, Fernando Rosenthal, Hélio Bobrow, Jairo Haber, Jaime Wydator, Lúcia Felmanas Akerman, Luiz Flávio Lobel (coordenador), Maurício Joseph Abadi (relator). A partir do entusiasmo demonstrado pelos conselheiros no engajamento em todas as comissões de trabalho, é válido desejar a todos Chag Sameach, já que Pessach está próximo e é mais uma comemoração do calendário judaico que preconiza a união familiar, a transmissão de valores éticos e a construção de uma obra conjunta que, no nosso caso, é a Hebraica que queremos legar para nossos filhos e netos. Chag Sameach Mauro Zaitz – Presidente da Mesa

ABRIL 22 23* 24* 29* 30*

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO

EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA

5 11

5ª FEIRA 4ª FEIRA

12

5ª FEIRA 5ª FEIRA

IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER

DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT

MAIO

26

JUNHO 5 11 *12 *13

JULHO 24

AGOSTO 13

DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ

14

INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO

19

6ª FEIRA

TU BE AV

** 2 ** 3 ** 4 ** 11 ** 14 16 * 17 * 18 23

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO

* 24 * 25

2ª FEIRA 3ª FEIRA

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ

OUTUBRO

SÁBADO

NOVEMBRO 5

SÁBADO

DEZEMBRO

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2016 11 DE ABRIL ELEIÇÃO DO CONSELHO FISCAL 8 DE AGOSTO APROVAÇÃO DAS CONTAS RELATIVAS A 2015 21 DE NOVEMBRO APROVAÇÃO PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA 2017 12 DE DEZEMBRO APRECIAÇÃO RELATÓRIO ANUAL DA DIRETORIA

Mesa do Conselho PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO ASSESSORES

MAURO ZAITZ FÁBIO AJBESZYC SÍLVIA L. S. TABACOW HIDAL AIRTON SISTER VANESSA KOGAN ROSENBAUM ABRAMINO A. SCHINAZI CÉLIA BURD EUGEN ATIAS JAIRO HABER JAVIER SMEJOFF SAPIRO JEFFREY A. VINEYARD

24 31

SÁBADO SÁBADO

ANOITECER

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2017 JANEIRO 27

FEVEREIRO 11

MARÇO 9 12 13

6ª FEIRA

DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

SÁBADO

TU B’SHVAT

5ª FEIRA JEJUM DE ESTER DOMINGO PURIM 2ª FEIRA SHUSHAN PURIM

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS



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