Hebraica jan16

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SANTUร RIO DA NATUREZA

| I SRAEL ,

ANO LVII

| Nยบ 647 | JANEIRO 2016 | T EVET/S HVAT 5776

Israel, santuรกrio da natureza


HEBRAICA

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palavra do presidente

Ano Novo das Árvores para as pessoas Tu B’Shvat, 15 de Shevat no calendário judaico, é o dia que assinala o início do Ano Novo das Árvores. É a estação na qual as primeiras árvores que brotam na Terra de Israel emergem do seu sono de inverno e iniciam um novo ciclo de produção de frutas. Esse ano, Tu B’Shvat será neste 25 de janeiro, ano novo para as árvores e um ano novo para todos nós. Celebramos o dia de Tu B’Shvat comendo frutas, especialmente as espécies destacadas na Torá em seus louvores à fartura da Terra Santa: uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras. Nesse dia lembramos que “o homem é uma árvore do campo” (Devarim 20:19) e refletimos a respeito das lições que podemos extrair de nossa analogia botânica. Sou uma árvore muito velha com muita experiência, já vi ventos fortes e trovões e você, meu filho é uma pequena folha, plena de autoconfiança, sabe de tudo. Leva contigo para seu caminho minha experiência e não a subestime. Talvez seja tudo que eu tenho. Tem dias bonitos quando tudo são flores e tem horas difíceis que tudo parece fugir. Segure firme, minha folha pequena, pois nem sempre lá fora está tudo calmo. Podemos levar essa lição para nossas vidas de hoje. Nossa vida passa por turbulências e é tão bom ter um lugar seguro e forte que, no caso, não é uma árvore, mas nossa tradição milenar que tem tronco firme com raízes fortes e profundas. Temos de nos agarrar a isso com força, pois foi isso que nos ajudou a sobreviver através das gerações. Na Hebraica nós temos isso de modo a que a coletividade possa a praticar e valorizar nossa tradição, um lugar de convivência, para nos conhecer e constituir novas famílias. Nesse ano temos de traçar um plano mais profundo para o futuro da nossa coletividade. Passamos por um momento crucial e precisamos nos organizar, nos unir, sermos competentes e eficientes nas nossas entidades e nos fortalecermos diante da coletividade maior. E o papel da Hebraica é certamente muito importante pois é o maior centro comunitário judeu do mundo e toda a comunidade tem de lembrar disso. Vamos todos nos associar à Hebraica e fortalecê-la, porque uma Hebraica é a base para uma coletividade forte. Um bom ano civil a todos e Chag Sameach. Shalom Avi Gelberg

NOSSA VIDA PASSA POR TURBULÊNCIAS E É TÃO BOM TER UM LUGAR SEGURO E FORTE QUE, NO CASO, NÃO É UMA ÁRVORE, MAS NOSSA TRADIÇÃO MILENAR QUE TEM TRONCO FIRME COM RAÍZES FORTES E PROFUNDAS. TEMOS DE NOS AGARRAR A ISSO COM FORÇA, POIS FOI ISSO QUE NOS AJUDOU A SOBREVIVER ATRAVÉS DAS GERAÇÕES


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sumário

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fotos e fatos Os momentos mais marcantes do mês de dezembro

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esportes

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42 DIRETORES DA ESCOLA ALUMNI E DA HEBRAICA, ALÉM DAS FAMÍLIAS, SE EMOCIONARAM NA FORMATURA DA PRIMEIRA TURMA DA PARCERIA COM O AFTER SCHOOL

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carta da redação

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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de janeiro

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cultural + social

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capa / tu b’shvat Perde-se na noite dos tempos o cuidado com a natureza no judaísmo

18

diplomacia Uma entrevista de despedida com o embaixador Reda Mansour

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headtalks Histórias de superação e coragem inspiram a todos

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curtas Os momentos mais intensos da vida sociocultural da Hebraica

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comunidade Os eventos mais significativos da cidade

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PROFESSORES DA ESCOLA DE ESPORTES E TÉCNICOS DAS MODALIDADES PARTICIPARAM DE UM SEMINÁRIO DE DOIS DIAS SOBRE O PROJETO HEBRAICA DE 2 A 20

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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

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juventude

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festival carmel Uma cobertura completa, e com muitas imagens, da 35a edição

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teatro A trajetória vitoriosa do grupo Questão no festival da Acesc

43

after school Parceria com Alummni tem primeira turma de formandos

hebraica de 2 a 20 Projeto reestrutura setor educacional e competitivo

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futsal Equipe do sub-15 fatura campeonato do Sindi-Clube

ALEGRIA E INTEGRAÇÃO MARCARAM O

35O FESTIVAL CARMEL “LE OLAM”

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curtas Os destaques da Hebraica em várias modalidades

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magazine

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história A mirabolante vida do artista gráfico Joseph Bau

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12 notícias As notícias mais quentes do universo israelense

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70

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cidades Uma visão toda especial de Jerusalém

a palavra Afinal de contas, que língua falavam os liliputianos?

viagem A natureza exuberante da Guatemala

leituras A quantas anda o mercado das ideias?

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música Dicas para curtir nas férias de verão

ensaio Como um velho negativo pode revelar muitas histórias

curta cultural Dicas para o leitor ficar mais antenado

lista da diretoria Saiba quem é quem no Executivo da Hebraica

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conselho Acompanhe como será a composição da Mesa


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carta da redação

ANO LVII | Nº 647 | JANEIRO 2016 | TEVET/SHVAT 5776

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

A natureza de Israel

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE

A foto da capa é uma preciosa imagem do Mar da Galileia, visto do alto do Monte das Beatitudes e é de autoria de Tal Glick e Amir Moran. Ela revela o cuidado do Estado de Israel com seus recursos naturais. A foto é em alusão às comemorações da Hebraica, junto com o KKL, de Tu B’Shvat, e tema de uma reportagem de Tania Plapler Tarandach. É dela, também, uma alentada entrevista com o agora ex-embaixador de Israel no Brasil, o druso Reda Mansour. Magali Boguchwal nos escreve acerca do Festival Carmel. E no “Magazine”, nosso correspondente em Israel, Ariel Finguerman, revela a existência, em Tel Aviv, de um curioso museu, que leva o nome de Joseph Bau, famoso pela sua criatividade que, aliás, garantiu-lhe, primeiro sobreviver ao Holocausto, depois trabalhar para Mossad e, finalmente, se consagrar como importante desenhista e cartunista. Leiam também um texto do jornalista Matti Friedman revelador de aspectos que mostram porque Jerusalém é Jerusalém. Boa leitura Chag Sameach Bernardo Lerer – Diretor de Redação

FOTOGRAFIA CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

FOTO CAPA TAL GLICK E AMIR MORAN DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

IMPRESSÃO E ACABAMENTO GRASS INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

3815.9159

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

calendário judaico ::

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

JANEIRO 2016 Tevet/ Shvat 5776

FEVEREIRO 2016 Adar I 5776

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER

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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

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Tu B’Shvat

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG

VEJA NA PÁGINA 98 O CALENDÁRIO ANUAL 5776

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capa | tu b’shvat | por Tania Plapler Tarandach retor-executivo do KKL Brasil, Marcelo Schapochnik (Schapô). Além de plantar mais de 240 milhões em novecentos mil hectares, quarenta mil hectares de bosques e construir 225 reservatórios de água e açudes, o KKL atua na infraestrutura de cidades, no apoio à pesquisa, manejo da água (captação, uso, reuso e armazenamento, entre outras). Trilhas, passeios de bicicleta, atuação com pessoas deficientes, são áreas onde se sobressai a presença da instituição. Dos 60% da produção agrícola israelense, 6% da área são cuidados pelo KKL, com o apoio, participação e reconhecimento da sociedade. Há muitos investimentos em parceira com o Ministério de Educação e outros com árabes. A aquisição de terra, a transformação de pântanos e desertos em campos férteis, bosques e lugares para o desenvolvimento comunitário e industrial ganhou mais um referencial, transformar a educação em um ideal sempre vivo. Hoje, tudo é feito ligado à educação para disseminar conhecimento. As técnicas pioneiras e constantes inovações tecnológicas israelenses devem ser divulgadas ao redor do mundo, como faz o KKL Brasil. NA’AMAT PIONEIRAS, KKL E HEBRAICA: PARCERIA NA COMEMORAÇÃO DE

TU B’SHVAT

A festa da ecologia “O KKL INVESTE GRANDES RECURSOS EM UM AMPLO PROGRAMA ECOLÓGICO E AMBIENTAL PARA

COMBATER A DESERTIFICAÇÃO E CURAR TERRAS DEGRADADAS. NOSSOS ESFORÇOS SÃO EM BENEFÍCIO PRÓPRIO E DOS PAÍSES DO TERCEIRO MUNDO”, DECLAROU O PRESIDENTE MUNDIAL DO KKL, EFI

STENZLER, QUANDO A ONU RECONHECEU O KKL COMO ORGANIZAÇÃO ATIVA NO COMBATE À DESERTIFICAÇÃO. ESTE ANO TU B’SHVAT SERÁ COMEMORADO NO CLUBE DIA 31 DE JANEIRO

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srael é o único lugar no mundo onde, a cada ano, o número de árvores plantadas e a taxa do verde é cada vez maior. Enquanto em todo o mundo se discutem os problemas que o desmatamento e a desertificação provocam, lá pesquisas e projetos são permanentes. A história do Israel moderno se confunde com a do KKL, o Fundo Nacional Judaico, criado em dezembro de 1901, durante o V Congresso Sionista, na Basileia, para adquirir terras visando o retorno dos judeus à sua terra. Baixa Galileia e Judeia foram as primeiras áreas adquiridas, e depois onde hoje é Tel Aviv, o kibutz Degania, o moshav Kineret, a Escola Bezalel de Arte e Design, em Jerusalém, a Universidade Hebraica e a Floresta Herzl, a primeira, no Vale do Hulda,

ainda nos primeiros anos do século 20. As contribuições eram assinadas em Livros de Honra, o maior documental de nomes da história sionista. Alguns eram pobres, como pobres eram todos os que colocavam moedas no “Cofrinho Azul e Branco”, obra de um funcionário do Banco de Nadvorna, na Galícia, e presente em muitas casas ao redor do mundo. “Abrirei rios nas colinas estéreis e fontes nos vales, transformarei o deserto num lago e o chão ressequido em mananciais”, lê-se em Isaías 41:18, comprovando a origem bíblica da preocupação com a terra, preocupação e tarefa do KKL há mais de cem anos. Mas KKL é mais que reflorestamento, ou melhor, “no caso de Israel é florestamento, pois a entidade planta em regiões onde não há vegetação”, diz o di-

Semear para colher Criado antes de 1940, no Rio de Janeiro, o KKL Brasil dissemina a cultura judaica. Com sua matriz em São Paulo, Israel considera a unidade brasileira modelo de gestão e é elogiada nos Estados Unidos pela técnica de comunicação. O trabalho inicial de doação de Sifrei Torá, distribuição de cofrinhos, bandeirolas em Iom Haatzmaut e Simchat Torá, palestras em colégios, foi ampliado para a o relacionamento com religiosos, entre eles os evangélicos, entidades governamentais, escolas públicas, clubes. Levando conhecimento sobre ecologia, sustentabilidade até chegar ao tema “Israel”. “Atuamos com o Consulado de Israel, a Agência Judaica, padres e pastores, participamos de comemorações em escolas e sinagogas, como o tradicional Tu B’Shvat na Hebraica, e na socieda>>


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capa | tu b’shvat

Como dar casa sem destruir o verde por Ariel Finguerman

ATÉ HÁ POUQUÍSSIMO TEMPO, A CIDADE ONDE MORO, RAANANA, ERA CONHECIDA COMO UM LUGAR AGRADÁVEL, COM CAMPOS PLANTADOS AO REDOR DAS RESIDÊNCIAS E DISTANTE APENAS TRINTA MINUTOS DE TEL AVIV

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EM MODIIN, ÁRVORES FRONDOSAS NO BOSQUE BRASIL HOMENAGEIAM PESSOAS E DATAS ESPECIAIS

>> de, sempre atentos à questão ecológica e mostrando as culturas brasileira e israelense. Algo a ressaltar é a atuação relacionada com os eventos ecológicos promovidos pela ONU, o que para nós é muito importante. Nosso trabalho é feito passo a passo, sempre pensando ’fora da caixa’, saindo para horizontes mais amplos”, explica Schapô. O atual presidente do KKL, Eduardo El Kobbi, é um apaixonado pela construção de um mundo melhor. “Presidir o KKL no Brasil é uma responsabilidade muito grande, pela forte ligação entre este País e Israel. Porém é de muitas conquistas, alegrias e realizações, sempre focadas no ‘Sionismo Verde’”. Em Modiin, região entre Tel Aviv e Jerusalém, uma grande área recebeu o nome de Bosque Brasil. Lá, ao conhecerem as ações do KKL, visitantes plantam árvores e recebem o certificado de que suas raízes estão presentes e bem firmes na Terra Santa. O sentido de Tu B’Shvat Falar do KKL, lembra outro trecho da Torá que menciona a festa de Tu B’Shvat, ou Chamishá Assar B’Shvat (15 do mês de shvat, em hebraico), dia que marca o ano novo das árvores,

época em que, no hemisfério norte, começam a florescer os primeiros brotos e se inicia um novo ciclo produtivo na natureza. Uma analogia ao ciclo da vida, no qual “o homem é como uma árvore no campo”, como está em Deuteronômio 20:19. Embora “menor” data do calendário judaico, tem grande significado pois é um dos quatro começos de ano mencionados na Mishná, a saber: Rosh Hashaná, início do ano religioso; primeiro de Elul, data para separar o dízimo dos animais; primeiro de Tishrei, quando é feita a contagem dos anos sabáticos e do Jubileu; e 15 de Shvat, o fim do inverno, começo da estação chuvosa e da germinação dos frutos na Terra de Israel. No judaísmo, a natureza tem valor fundamental, a Torá instrui o homem a ser sensível com todas as coisas que o rodeiam, as árvores incluídas. Na dúvida entre “o corte liberado de árvores e nenhuma árvore ou nenhum corte e todas as árvores”, o judaísmo sugere que é possível abater árvores com responsabilidade e sem destruição, isto é, retirar somente o necessário e repor o que foi cortado por meio do reflorestamento. Se fosse aplicado, seria a solução para mui-

500 MILHÕES DE AVES TODOS OS ANOS PASSAM POR AQUI, NO VALE DO HULE

tos dos problemas tratados nos encontros mundiais sobre o clima. O que se come Festa ligada à natureza, o cardápio de Tu B’Shvat é de frutas, especialmente as sete espécies destacadas na Torá e fartas na Terra Santa: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras, conforme o costume asquenazita. Ou segundo o rito sefaradita, baseado na comemoração cabalística iniciada na cidade de Sfat há séculos, é realizado um seder como o de Pessach, com doze frutos servidos seguindo uma ordem, acompanhados de leituras e bênçãos. Atualmente, Israel faz da celebração o despertar da consciência ecológica e, por isso, milhares de crianças ocupam os campos e plantam árvores. No Brasil, poucas crianças sabem do prazer de ter esse contato com a natureza, gesto que leva à identificação com a terra. Tu B’Shvat traz essa mensagem. Aliás, a Knesset – o parlamento israelense – começou a funcionar em Tu B’shvat, de 1949, no momento em que uma árvore foi plantada em Jerusalém, na presença do primeiro presidente Chaim Weizmann.

SOLDADOS DAS IDF DESCANSAM EM ÁREAS PREPARADAS PELO KKL

distância continua a mesma, mas nos últimos dois anos, este cenário idílico se transformou radicalmente, e a olhos vistos. Algumas dezenas de prédios baixos começaram a ser construídos nas áreas verdes, que logo desaparecerão. Este cenário se repete por todo Israel, especialmente na superpovoada região central do país, que hoje é considerada a mais populosa do mundo ocidental. Para quem ainda acha que isto não preocupa, o Ministério da Proteção Ambiental acaba de divulgar relatório oficial segundo o qual 70% das residências construídas nos últimos vinte anos no país foram casas para uma só família, em vez de edifícios que poderiam acomodar muito mais gente. O israelense ainda sonha em ter uma casa cercada de jardim, como nos filmes americanos que todos nós consumimos. Este também foi o sonho prometido pelos pais da nação aos judeus chegados dos abafados guetos. Mas a realidade nos dá mordidas, como dizem nos EUA. A população israelense cresce muito mais que nos países do Ocidente, alimentada pelos judeus ortodoxos e pelos muçulmanos. Hoje, Israel tem uma população de 8,4 milhões. Em 2060, serão dezesseis ou vinte milhões, dependendo para quem se pergunta, e isto sem contar os palestinos. Haja lugar e recursos naturais para acomodar e alimentar tanta gente. No mínimo, as novas construções deveriam ser altos edifícios, no estilo dos que se vê em Hong Kong. Mas nada disto acontece, e as novas casas e pequenos edifícios devoram as áreas verdes. Nos meses quentes do ano, quando a população vai em massa às praias e parques criados pelo KKL, já se percebe a lotação. Às vezes, fico pensando se ir a um destes lugares no fim de semana vai me relaxar ou deixar mais tenso. Este Tu B’shvat é mais uma oportunidade para se refletir a respeito desta situação e tentar mudar o rumo das coisas. Chag Sameach.


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cultural + social > diplomacia a cada dia eram seis a oito eventos, desde estar com a comunidade judaica, ir a encontros com lideranças políticas, empresariais, visitar os meios de comunicação regionais, dizer presente em eventos interreligiosos, reunindo rabino, pastor, arcebispo, xeque. Em Manaus, tive um encontro muito interessante com descendentes de palestinos.

Uma relação mais cultural do que política UM DOS MAIS RECONHECIDOS REPRESENTANTES DIPLOMÁTICOS, O EMBAIXADOR DE ISRAEL REDA MANSOUR É DE ORIGEM DRUSA. O EMBAIXADOR SE DESPEDIU DA COMUNIDADE JUDAICA DE SÃO PAULO E CONCEDEU ENTREVISTA À REVISTA HEBRAICA. ALÉM DE REPRESENTAR ISRAEL, REDA MANSOUR É POETA, ESCRITOR, COM LIVROS PUBLICADOS EM HEBRAICO E N T R E V I STA Revista Hebraica – Todos têm curiosidade sobre sua ascendência drusa. Conte como foi a trajetória até o posto de embaixador... Embaixador Reda Mansour – Até 1989, não havia diplomatas drusos ou de outras minorias em Israel. A Chancelaria tinha uma visão fechada, voltada ao homem típico europeu. Na época em que Moshé Arens foi ministro de Relações Exteriores houve uma revolução, ele promoveu a integração das minorias na Chancelaria. Sou o primeiro druso diplomata de carreira, ou seja, concursado. Participei de uma seleção feita em etapas, durante um ano, onde de dois mil candidatos restam apenas dez a quinze no final. Em 1990, fui o primeiro não judeu escolhido. Uma mudança grande, a Chancelaria passou a incluir as minorias não judaicas e, hoje, há um nível de integração dos imigrantes russos, etíopes e dos judeus ortodoxos. A Chancelaria consegue ser mais representativa da sociedade israelense. É uma mudança muito importante, mostra que Israel judaico é democrático, significa igualdade para qualquer pessoa e que temos mais integração no sistema público. Neste, 20% provêm dessas minorias e 2% delas são drusos,

a menor, porém muito ativa minoria presente no país. Os drusos têm uma cultura muito especial, seu patriotismo é extremo, tanto que são cidadãos mais integrados que as outras minorias. O judeu israelense nasce e cresce como maioria. Muitas vezes é difícil para ele entender o judaísmo da Diáspora. Ele não está preocupado com sua identidade judaica, ela é automática. Fora de Israel, temos de ativar nosso judaísmo para não perder essa característica, temos de criar esse diálogo entre Israel e a Diáspora. Sua permanência no Brasil foi de um ano e meio. Conte-nos a respeito da sua atuação. Mansour – Entendi que é importante estar também em Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Manaus, além do Rio de Janeiro e São Paulo. Cada vez que fui a uma dessas capitais, estive no Kabalat Shabat, fiz visitas menos formais, dei mais tempo e atenção a cada comunidade, algo especial na memória de todos. Além do ambiente comunitário, procurei fortalecer as relações com governadores, deputados estaduais, uma forma de facilitar a situação local da comunidade, é “dar uma força”. Vejo que Israel precisa fazer mais nesse sentido. Começamos a enten-

der que Israel necessita dessas comunidades, elas ajudam Israel. Minha análise: a comunidade judaica tem recursos estratégicos para Israel, consegue tornar Israel de um assunto estrangeiro para um mais local. Porém, a relação diplomacia/governo é difícil, fica mais fácil fazer esse contato através de judeus locais. Como venho de uma minoria, entendo mais a problemática, diplomatas estrangeiros falam com minorias locais, chegam mais perto. Israel é importante para a comunidade brasileira, Israel é importante para o Brasil. Nesse período, qual foi sua maior facilidade e a maior dificuldade? Mansour – Cheguei no momento da maior crise da diplomacia Brasil/Israel. Quando o embaixador de então retornou a Israel, foram feitas declarações muito duras dos dois lados, não usáveis no mundo diplomático, dando a impressão que as relações acabariam. Nesse momento chegou a oportunidade maior. Pensei, antes de vir para cá, o que poderia ser mudado de maneira rápida. Nos quatro, cinco meses de preparação antes de vir, estudei a cultura, a história, entendi muito rápido que a base maior entre os dois povos é mais emocional.

“ME SINTO NUM AMBIENTE MUITO NATURAL NO BRASIL”, DISSE MANSOUR

Primeiro, os brasileiros pensam Israel como a Terra Santa, algo muito emocional, um centro espiritual; segundo, as duas culturas estão muito ligadas. A música brasileira traduzida é ouvida em Israel e muitos não sabem que ela é originalmente brasileira. Ela se tornou local porque foi traduzida e cantada por todos, foi incorporada. Gilberto Gil e Caetano tiveram em Israel seu maior concerto do mundo com oito mil pessoas. O interesse de Israel pela música brasileira supera a parte política. A existência de uma comunidade brasileira (uma das maiores, são setenta mil israelenses de origem brasileira), está presente no dia a dia israelense. É muito fácil entender as bases da relação entre os dois países, ela é mais cultural do que política. Como dinamizar a mídia para os temas construtivos com relação a Israel? Mansour – Começamos com uma ação de rebranding, alterando a ima-

gem e dando nova identidade à relação Israel/Brasil com uma campanha intensa, usando a frase “Israel Coisas do Coração”. Colocada em pins, stickers, garrafas de água, livros, ao estilo das campanhas empresariais. Nas redes sociais chegamos a ter duas páginas no Facebook com dez mil seguidores (ficando entre as três páginas maiores de Israel no mundo e de qualquer embaixada), publicando mais sobre turismo e cultura. Criei uma página pública pessoal, falando do que significa viver em Israel. Cheguei a dez mil seguidores, algo fora do comum. Descobri que o mundo das redes sociais dá um sentido maior ao trabalho diplomático. Chega ao público de maneira direta, fazendo a aproximação entre os povos. Recebi cinco prêmios, a maioria ligada a essa campanha. As visitas foram parte da promoção que Israel tem em todo Brasil. Viajar significa mais do que apenas estar no lugar,

Qual foi sua maior satisfação como embaixador no Brasil e sua maior tristeza? Mansour – A maior tristeza é terminar muito cedo minha missão. Temos dois filhos nas Forças de Defesa de Israel e não queremos deixá-los sozinhos, por isso regresso antes do planejado. Por outro lado, descobri que a cultura é um ambiente muito próximo ao meu estilo. Fiz doutorado sobre história intelectual da Síria e descobri aqui um continente muito interessado em cultura. Senti que, em qualquer projeto que comecei, consegui resultado positivo, porque a cultura é algo positivo, o povo brasileiro é feliz, não está preocupado com tragédias do passado, o país vive seu presente. Um país pacífico em pleno século 21, me sinto num ambiente muito natural. Quais projetos foram desenvolvidos nesse período? Mansour – Vários contatos foram iniciados, alguns em andamento, outros encaminhados. As universidades israelenses têm muito interesse no intercâmbio com o Brasil. A de Tel Aviv reacendeu o Centro Cultural Israel/Brasil; a UHJ fez uma conferência com o Instituto Truman sobre os cinquenta anos da ditadura no Brasil. Está assinado com o governo federal o acordo para desenvolver o projeto Ciências Sem Fronteiras e que aguarda apenas um anúncio formal do Ministério de Ciências e Tecnologia do Brasil para iniciar. Serão oitenta bolsas anuais para doutorado e pós-doutorado em Israel. É um novo mundo que se abre para a pesquisa. E com relação ao polêmico tema da Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul? >>


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cultural + social > diplomacia CONIB E FISESP NA DESPEDIDA AO EMBAIXADOR COM AVI GELBERG E O CÔNSUL PARA ASSUNTOS ECONÔMICOS BOAZ ALBARANES

>> Mansour – Em Santa Maria, a situação foi mais do que tudo de desconhecimento sobre o conflito no Oriente Médio. Basearam o pedido numa lei, há um simbolismo horrível nesse pedido. A resposta do governo foi forte, a declaração do secretário de Ciências do governo do Estado do Rio Grande do Sul foi rápida, algo raro no Brasil. Uma linha entre crítica legítima de um Estado e antissemitismo. Duas partes da ação: responder forte contra essa atividade e explicar que ela é inaceitável. Rápido, uma segunda resposta propositiva organizada de um diálogo sobre o que é Israel. O cônsul Yoel Barnea esteve lá em contato com a Firgs e a Universidade, propondo eventos culturais, intercâmbio acadêmico entre professores e alunos. Falar da importância do diálogo de temas diferentes como apresentação de experiências positivas de Israel. E o relacionamento com a mídia? Mansour – Precisamos entender a dinâmica da mídia. Quando servi em Atlanta, a base da CNN, maior plataforma mundial de notícias, aprendi que “notícia significa más notícias”. The New York Times já dizia “no news, good news”. Primeiro, a imagem de árabes e judeus se confrontando não é possível mudar, porém podemos balancear, para que Israel não se torne um Estado de um só tema, o conflito. Existem países com conflitos internos muito maiores atualmente. Vamos falar sobre outros fatos como uma noite sobre culinária de Israel. Convidamos trinta jornalistas e blogueiros, criamos mais de dez artigos na mídia. Israel e Brasil são países de imigrantes. É importante levar a Israel jornalistas de meios de comunicação focados em nichos. Por exemplo: meio ambiente, Israel tem 80% de sua água reciclada; cinquen-

ta pessoas viajam do Brasil, a cada ano, para participarem de cursos do Mashav. Elas criam um vínculo muito forte. Israel tem uma agenda de eventos de grande importância mundial em diferentes áreas. Recentemente, houve o segundo seminário para funcionários israelenses atuando em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, para saberem o que é o Brasil. Com o Instituto Rio Branco. Vieram vinte pessoas de Israel, de diferentes ministérios, diplomatas jovens da América Latina. Na área de segurança pública, 55 secretários e funcionários do Brasil participaram de uma conferência em Israel; uma delegação do Ceará esteve na Watec e vários foram os visitantes brasileiros na mais recente feira da Agritech. É importante criar mais relações Israel/Brasil, há interesse do Brasil. Hoje, devemos compartilhar na rede social, acessível em todo país. O blog da Embaixada inclui entrevistas, artigos na mídia nacional. Outro canal a compartilhar é o de vídeos, acessados por cem mil pessoas. Existe algum projeto em andamento? Mansour – Com a Conib, estamos pensando num programa de visitas com a colaboração de organizações norte-americanas. Devemos copiar o modelo norte-americano e envolver

mais as 120 companhias privadas israelenses que estão no Brasil. A Embaixada está atuando em várias frentes para integrar a atuação coordenada em São Paulo e Rio com shlichim e entidades israelenses num discurso de como trabalhar no Brasil, propositivo, para no fim do caminho mostrar Israel como uma sociedade dinâmica, democrática. É preciso mudar a visão, mostrar fatos nas visitas com projetos locais, apresentar mais o que é Israel: usar branding. Divulgar outras cidades israelenses além de Jerusalém e Tel Aviv: Haifa é um exemplo de convivência, local escolhido por cinquenta milhões ou mais de bahais que existem no mundo para construir seu templo, onde têm liberdade total. Apenas nos jardins foram gastos trezentos milhões de dólares, é a nova Babilônia. Alemães chegaram ali no século 19 e implantaram várias colônias na parte baixa da cidade e saíram após a Segunda Guerra, e a estrutura ficou. A prefeitura de Haifa reformou, é uma atração turística, além de que a cidade se tornou um centro da comunidade árabe-cristã. Qual sua próxima função? Mansour – Vou para a Chancelaria, em Jerusalém, por um período mais longo. Depois, só o futuro dirá. (T. P. T.)


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cultural + social > headtalks HISTÓRIAS DE VIDA EMOCIONARAM OS OUVINTES NA NOITE DO ÚLTIMO

HEADTALKS DE 2015

Lutar, superar e vencer... EDUCAÇÃO, ARTE, DIVERSÃO E HISTÓRIAS DE VIDA, CONTEÚDO PARA MAIS UM HEADTALKS DE SUCESSO, DESTA VEZ COM RELATOS EMOCIONANTES DE SUPERAÇÃO

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istórias que Inspiram” foi o título do encontro que finalizou o primeiro ano do HEADtalks, “atividade de aprendizado através da experiência e colaboração, transformadora, divertida para jovens de todas as idades”, como definiu Andréa Bisker no início para os novos participantes no Teatro Anne Frank. Um programa que já fez seu público cativo. Como era Chanuká, Avi Gelberg foi convidado para acender as velas da chanukiá. “Vocês fazem um trabalho maravilhoso, especial e elevaram o nível da programação de uma forma muito interessante”, disse, dirigindo-se a Andréa e Loly Finkelstein, “cabeças” do HEADtalks. As histórias inspiradoras (talk #, como foram chamadas) reuniram Ester Rosenberg Tarandach, Liliana e Gabriela Albalá, Lucas Câmara Leite, Luc Bouveret e David Arzel, mais o desenhista Thiago Sak. Ao introduzir a história do grupo Chaverim, Ester falou do respeito à individualidade do outro e o desenvolvimento do grupo desde o início, com dois deficientes, na Hebraica, “nossa casa, que nos dá infraestrutura, espaços de convivência, acolhimento, fortalecimento, amiza-

de, inclusão social nestes vinte anos de atuação”. E convocou Liliana e Gabriela, exemplos do porquê da existência do Chaverim. Liliane, emocionada, disse da sua gratidão à Hebraica e como é importante para a filha e para os outros 51 integrantes do Chaverim o acesso ao lazer, à cultura, ao mercado de trabalho. “Uma realidade transformadora que eles vivem como outras pessoas vivem”, disse. A talk #2 é a história do carioca Lucas, que desenvolveu suas paixões. “A escalada me ajudou na autoaceitação de estar comigo mesmo e através delas me dei a chance de continuar cada vez com coisas mais exóticas”, contou. Tudo começou quando viu uma foto de um escalador, impactante pela situação de perigo visível. Lucas criou confiança e subestimou, tentou escalar o Pão de Açúcar e caiu, quebrou uma costela, se arranhou todo. Um reconhecimento de sua negligência, mas que lhe deu confiança. Hoje, está em busca do 11º. grau de dificuldade na escalada, mesmo sem ter nascido “com domínio, coordenação motora e consciência corporal”. “Aprendizado dos objetivos, valorização do sucesso, feliz se atingir. Os resultados são ótimos mas no fundo não importa, o que importa é fazer com amor

e respeito”, foi sua mensagem. Ao chegar no palco descalço, com um sorriso largo, falando de amor e aceitação, Luc Bouveret chamou a atenção da plateia, que queria saber quem era essa pessoa que, aos 25 anos, quis ser judeu. “Aos 15 anos me descobri homossexual em uma família tradicional. Pensavam que eu tinha uma doença, porém sou diferente e resolvi sobreviver”, ele conta. Foi várias vezes a Israel, esteve na Áfri-

ca “para ajudar as pessoas”, viveu vinte anos em Paris e foi dono de um antiquário em Nova York. Um dia, descobriu que queria um bebê e optou pela barriga de aluguel. Assim nasceu Tancrède, de um parto prematuro: “ele era uma parte de mim”. Dois meses intermináveis com uma máquina ligada ao coração. Luc e David Arzel não imaginavam ainda o que o futuro prometia. Aos 11 anos, detectado um tipo raro de leucemia, os mé-

dicos deram 10% de sobrevida ao garoto. “Projetei nele o medo de sobreviver à sua morte, pedi ajuda a todo mundo para conseguir a medula óssea 100% compatível, o que não é nada fácil. Foram oito meses num estado do pânico à transformação, respiramos e reaprendemos a viver”, diz Luc. Bullying na escola, muitas etapas vencidas, pessoas cadastradas como doadoras, mensagens nas redes sociais, tudo caminhou para o final

feliz. Luc, David, Tancrède e o pequeno Elzear, de 5 anos, formam uma família feliz. “Um grande aprendizado, as crianças vêm para ensinar. “Que a doença sirva para algo. Se acreditamos, podemos conseguir o que queremos, apenas devemos dar um passo para frente. Sentir a alegria vem quando fazemos algo para alguém”, finaliza Luc convidando para a dança circular integrativa, na Esplanada. (T. P. T.)


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cultural + social > curtas

Frida Kahlo vista e apreciada Quem prefere ver uma exposição com tranquilidade opta pelas Saídas Culturais da Hebraica. Já se tornou uma opção para cada vez mais pessoas. O grupo que foi ao Instituto Tomie Ohtake teve uma introdução sobre a vida de Frida Kahlo ministrada por Bety Lindenbojm. Na chegada, o grupo se dividiu e cada um recebeu seu guia exclusivo, que conduziu o pessoal explicando as obras expostas. De Frida Kahlo e de dezesseis artistas mulheres surrealistas, amigas da mulher do famoso pintor mexicano Diego Rivera. Na volta ao clube, parte da turma terminou o passeio com o almoço no Casual Mil, trocando impressões sobre tudo que viu.

Tenistas homenageiam Gartner Sobrevivi ao Holocausto conta a vida de Júlio Gartner, um tenista assíduo nas quadras da Hebraica. Desde o lançamento, o filme recebeu aplausos de públicos diversos, como no Festival da Cultura Judaica do Clube Ipê, no Ciclo de Palestras com sobreviventes na Livraria Cultura e em vários colégios. Rui Gelehrter da Costa Lopes, do Departamento de Tênis do clube, uniu-se ao pessoal do Torneio Pangaré Open e realizaram uma sessão no Teatro Arthur Rubinstein. Márcio Pitliuk, diretor do filme, conduziu o debate após a sessão, quando foram feitas muitas perguntas a Gartner a respeito de sua passagem por campos de concentração e a forma positiva como ele encarou e encara a vida nos seus 92 anos, inclusive nas quadras de tênis.

Palestra e autógrafos na Plenária Cecília Petta Roselli Marques, psiquiatra, e Evelina Holender, educadora, somaram o conhecimento e a prática no lançamento de Construindo na Escola um Programa para Prevenção de Drogas, editado pela Detalhe. Antes da sessão de autógrafos, a Sala da Plenária recebeu um público interessado em ouvir as profissionais, que relataram suas vivências, alertando para o que acontece no meio da juventude. Excesso de álcool, drogas nocivas, até o “inofensivo” narguilé, tão apreciado pelos jovens e ainda mais prejudicial que o próprio cigarro. O interesse dos ouvintes se traduziu em perguntas e na curiosidade pela publicação.

Estreia de “As Benevolentes” A peça de teatro As Benevolentes, dirigida por Ulysses Cruz, entra em cartaz dia 21, no Teatro Arthur Rubinstein. Com Thiago Fragoso no papel de um ex-oficial da SS, a peça é baseada no livro de Jonathan Littell, considerado pela crítica um novo Guerra e Paz. A temporada vai até 13 de março, as sextas e sábados, às 21 horas e aos domingos às 18 horas.

Filme francês causa impacto O Fundo Comunitário, curso de líderes Meidá, a Marcha da Vida Universitários, a juventude da Hebraica e os movimentos juvenis realizaram uma sessão do filme Os Herdeiros, um dos mais comentados durante o Festival de Cinema Judaico de 2015. Uma comédia dramática sobre os desafios da educação, baseada numa história verídica em que uma professora propõe um desafio a seus alunos: entrarem juntos num concurso de reflexão sobre as memórias do Holocausto.

Mitos e antissemitismo

Maria Luíza Tucci Carneiro é autora de quatorze livros, organizadora de sete coletâneas e coordenadora de outras seis, além de receber por três vezes o Jabuti, maior prêmio da literatura nacional, em 1999, 2004 e 2011. Um de seus livros mais recentes é Dez Mitos sobre os Judeus e a autora participou da série de encontros “Aonde Vamos?”, recebida por Vivian Schlesinger, do Clube da Leitura. “Como professora primária na periferia, vi o sofrimento de negros e mulatos e quis entender de onde vem o racismo, fui estudar as origens, as raízes do mito da pureza de sangue”, explicou a autora. E acrescentou: “o mito é uma ‘construção’, auxilia a multiplicação da mentira”. Desse estudo surgiu a explicação sobre dez mitos corriqueiros quando se fala do judeu e do judaísmo. Após a palestra, Tucci autografou o livro. Vivian Schlesinger anunciou o reinício do Clube da Leitura no dia 30 deste mês com a obra Toda Luz que não Podemos Ver, de Anthony Doerr. O próximo encontro da série “Aonde Vamos?” será dia 20 de março, com o também premiado escritor Luís Krausz.


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De vendedor a doador

Elie Horn nasceu na Síria, aos dez anos estava no Brasil. Foi vendedor de porta em porta, corretor de imóveis, é dono da Cyrela, uma das maiores construtoras nacionais. Aos 71 anos, é o primeiro brasileiro a aderir ao The Giving Pledge (Chamado à Doação), programa criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett. Horn escolheu “educação em escolas e universidades” como áreas prioritárias para investir os 60% de seu patrimônio pessoal. Susy e Elie Horn estão entre os 138 membros (casais e individuais) ao lado de bilionários da Turquia e Índia, entre eles Mark Zuckerberg, Michel Bloomberg e Ted Turner. “Fazer o bem é um ótimo investimento. Na hora de fazer caridade, é preciso dominar os sentimentos e decidir com a cabeça. Não com o coração”, é sua filosofia.

Judeus do Egito confraternizam O grupo virtual Juif d’Egipt, criado no Facebook por Nessim Hamaoui, fez um encontro presencial no salão da Sinagoga Ohel Yaakov, a antiga Abolição. Entre avós, pais e filhos, quase duzentas pessoas passaram momentos descontraídos, muitos deles se reencontrando após muito tempo.

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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br

Comércio Mercosul-Israel

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m Buenos Aires, a Câmara Israelita Argentina de Comércio foi anfitriã na formação da Federação das Câmaras de Comércio Mercosul-Israel. Com o objetivo de aumentar o comércio bilateral, os investimentos e o valor agregado tecnológico das empresas PME do bloco sul-americano. A embaixadora de Israel na Argentina, Dorit Shavit, e uma das batalhadoras pela inclusão de Israel no Mercosul quando serviu como cônsul em São Paulo anos atrás, saudou a iniciativa.

O ato da criação da Federação contou com a presença dos representantes das Câmaras do Uruguai, Julie Rothschild, da Argentina, Mario Montoro, e do Brasil, Jayme Blay, além do cônsul honorário de Israel no Paraguai, Alexander Rubin.

Participe, em honra aos mortos

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ia 25, às 18h30, será realizado, na Congregação Israelita Paulista (CIP) o ato solene do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Realização da Conib, Fisesp e CIP, com a presença de autoridades políticas, religiosas e comunitárias. Fotos, objetos e documentos cedidos pelo Museu Judaico de São Paulo estarão expostos no saguão da sinagoga.

Fisesp tem novo presidente

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esde primeiro de janeiro, Bruno Laskowsky é o presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), com Luiz Kignel na vice-presidência, Marcelo Felberg na tesouraria e Rafael Dan Schur na secretaria. Mestre em administração de empresas pela UFRJ, Laskowsky é presidente da Inpar/Viver S.A., membro do Conselho do Grupo Sonae Sierra do Brasil e cursa o Owners and President Program na Harvard Business School. Na vida comunitária, presidiu a Unibes, faz parte do Conselho Deliberativo do Hos-

pital Israelita Albert Einstein e foi vice-presidente da Fisesp durante os quatro anos do mandato presidido por Mário Fleck. A Hebraica, representada por Avi Gelberg, faz parte do Conselho Deliberativo, eleito na mesma ocasião.

COLUNA 1 Na 12ª. edição do Concurso FAAP Moda o vencedor foi Bruno Mansur. Com uma coleção inspirada na coreógrafa Pina Bausch, desenvolvida durante quatro meses. Max Blum assinou a trilha sonora dos desfiles com apresentação de Oskar Metsavaht e da top Carol Ribeiro. Olívio Guedes, diretor da Galeria de Arte da Hebraica, foi o curador da exposição que reuniu cem gravuras com o título “Dante em Dalí: Realidade Onírica”. Realização do Colégio Dante Alighieri. Jacob Klintowitz escreveu Matéria dos Sonhos, a vida e a obra de Marcello Grassmann, sinônimo de gravura na arte nacional. A sessão de autógrafos, na Cinemateca, teve exposição de trabalhos realizados nas Oficinas de Arte do Instituto Olga Kos Inclusão Cultural. É de Lia Strauss a curadoria do novo espaço dedicado a objetos e presentes com o lifestyle da marca +uma, de Raquel Davidowicz. Inaugurado na rua Girassol.

Primeiro Chanuká no Bahrein

∂ O Livro Árvore da Vida Cabala, Ciência ou Misticismo? (Editora Palavra ao Mundo) chega ao público rediagramado e com nova capa. Seu autor é Moussa Simhon (19442014), engenheiro, descendente de cinco gerações de rabinos, que relacionou o misticismo cabalístico em todos os seus detalhes com os estudos científicos modernos. Um jantar a várias mãos resultou no “Encontro da Vila”, no caso a Madalena. Marília Zylbersztain em meio ao grupo de chefs convidados. Marcos Zeitoune é, agora, jornalista na Free-Lancer de Comunicação. Honi Hirsch participa da Roda de Conversa Espaços Lúdicos na primeira edição do Mercado Manual. Realização do Museu da Casa Brasileira.

Cinquenta críticos escolheram os melhores de 2015 para premiação da Associação Paulista de Críticos de Artes: Levisky Arquitetos com “Parques Sabesp” ganhou na categoria Espaço Público; Fellipe Barbosa e Karen Sztajnberg em Roteiro com “Casa Grande” e Alexandre Herchcovitch com “Inverno 16” na categoria Moda Coleção. Com seus 16 anos, Felipe Bulka Veicer é o calouro caçula na Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm). Ilana e Moti Sobel são papais novos. Sheila e Jairo Fridlin viraram vovôs. Dan Stulbach comanda, a partir de abril, “História Não Escrita”, ao lado da historiadora Lilia Schwarcz. Na TV Bandeirantes, a dupla contará episódios pouco conhecidos da história do Brasil. Debates e reflexões de temas judaicos sob a ótica feminina são a tônica do grupo Shirat Miriam. Convidada, Dora Openheim falou sobre seu livro Cartas Lacradas, na CIP.

David Kupfer, da UFRJ, Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco S.A., Renato Baumann do Ipea, e Rubens Barbosa, da Fiesp, participaram do encontro “Os Desafios para o Brasil na Nova Economia Global”. José Efromovich foi o anfitrião na despedida do Fokker MK-28, aeronave que teve papel fundamental na expansão da Avianca Brasil. Um voo de 45 minutos, cheio de emoção para a tripulação e convidados. A nova frota, só de Airbus, consolida a renovação da companhia aérea.

∂ Palestrante de “Duzentos anos da Influência Judaica na Amazônia”, Simão Pecher recebeu a Medalha de Ouro da Cidade de Manaus. Felipe Giersztajn está na equipe de assessores de imprensa na SPMJ Comunicações.

Pela primeira vez desde 1948, Chanuká foi celebrada na capital do Bahrein. O rei Hamad bin Isa Al Khalifa recebeu o rabino Moshé Levin, diretor da Conferência de Rabinos Europeus, na segunda noite da festa no palácio real, em Manama. “O Bahrein, sob seu reinado, é uma pequena luz no mundo escuro do fundamentalismo radical”, disse rabino Levin.

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Transformação pela Oportunidade Sérgio Bronstein foi o chairman da quinta edição do “Transformação pela Oportunidade”, realização das Casas Taiguara com o apoio da F.biz. No Teatro Tomie Ohtake apresentaram-se o cantor Toquinho, o Circo dos Sonhos, além dos palestrantes Adriano Silva, CEO do Projeto Draft, e Eduardo Lyra, criador do projeto Gerando Falcões. Com o tema “Sonhando Juntos”, o encontro procurou sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de gerar oportunidades de emprego aos jovens do Centro de Tecnologia e Comunicação Digital, que oferece cursos de métrica, artes digitais, desenvolvimento de games e marketing digital a alunos da rede pública de ensino. “O objetivo é inspirar toda a sociedade a refletir sobre o papel de cada um na construção de um país onde se possa sonhar por meio de iniciativas de educação e empregabilidade. Assim conseguiremos construir uma sociedade mais justa”, disse Mendel Begun, criador do evento e diretor voluntário da Casas Taiguara.


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cultural + social > comunidade+coluna1

Kol Esperanza em noite beneficente

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apresentação musical do trio israelense Kol Esperanza marcou a noite beneficente realizada pelos Amigos Brasileiros do Sheba Medical Center de Israel, Tel Hashomer, como é conhecido o maior centro médico do Oriente Médio. Hospital público, sua missão é curar pessoas independente da religião ou origem, reconhecido como um oásis pacífico. Suzy e Elie Horn foram os anfitriões no Buffet França. Efraim, seu filho, destacou que ali estava como neto de sobreviventes da Shoá e em reconhecimento aos soldados de Israel. “Assim como convidamos Eliahu Hanavi para nossa mesa em Pessach, devemos abrir as portas para Rafael, o anjo da cura”. Elie Horn e Efraim agradeceram ao público presente o apoio a essa causa tão nobre. Cardiologista e CEO do Sheba Medical Center, Zeev Rotstein relatou momentos passados na Sala de Emergência durante os dias e noites da Operação

As histórias contadas por Andi Rubinstein na Livraria da Vila/Lorena completaram a tarde de autógrafos de Mônica Guttmann, autora de A Lata de Sentimentos e seus Caminhos, editado pela Evoluir.

Protective Edge, quando os soldados da Tzahal lutavam contra o Hamas. Mais de 150 soldados chegaram ao hospital gravemente feridos e foram salvos, alguns deles ainda estão em tratamento. Organizado por Diana K. Nasser e com a presença da relações públicas do hospital, Ada Cegle, o jantar contou com o apoio do Consulado de Israel em São Paulo e de Ana Rosa Rojtenberg como mestre de cerimônias. A apresentação do trio Kol Esperanza foi uma surpresa, com os jovens tenores israelenses mostrando porque têm prestígio. Eles foram aplaudidos demoradamente.

Seminário no Instituto Rio Branco

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ezoito funcionários da Chancelaria e diplomatas de diferentes ministérios israelenses, liderados pelo secretário-geral Adjunto da subsecretaria da América Latina e Caribe, Modi Ephraim, participaram do Seminário Brasil-Israel, no Instituto Rio Branco, na capital federal. “Brasil e Oriente Médio”, “Comércio, Ciência e Tecnologia”, “Defesa e Desarmamento”, “Brasil e a América Latina” foram os temas abordados. Da abertura do seminário participaram a embaixadora Lígia Maria Scherer, o conselheiro do Itamaraty Ibrahim Abdul Hak Neto e o embaixador de Israel Reda Mansour. A delegação israelense visitou a Câmara dos Deputados em contato com membros da Liga Parlamentar de Amizade Brasil-Israel, cujo presidente é o deputado federal Jony Marcos (PRB). Seguindo o roteiro de visitas, os israelenses participaram, no Rio de Janeiro, de encontros com o deputado federal e ex-secretário de segurança pública Marcelo Itagiba, o jornalista Merval Pereira e o chefe de gabinete do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Leslie Kikoler.

Ricardo Feldman e Hélio Hara presenças na abertura da exposição “À Flor da Pele”. Realização C&A e Bob Wolfenson. Na Saraiva/Pátio Higienópolis, o jornalista Heródoto Barbeiro, âncora e editor-chefe do jornal da Record News, autografou Mídia Training, seu mais recente livro, editado pela Benvirá.

∂ Entre uma coleção e outra de suas joias, Antônio Bernardo cria objetos, entre os quais a Paloma. Cia. da Comunicação em sede própria, na engenheiro Luís Carlos Berrini. “Casa nova é sempre bom D+” para Ivan Tarandach. A última edição de 2015 do programa “História Contada” reuniu a jornalista Mona Dorf e o empresário Benjamin Steinbruch. Na Unibes Cultural.

Estilista Marcelo Sommer assina desde móveis a acessórios, revivendo o folclore e o artesanato. Para coleções Tok&Stok. Guerra dos Lugares: a Colonização da Terra e da Moradia na Era das Finanças traz a experiência de seis anos da arquiteta e urbanista Raquel Rolnik como relatora especial da ONU para o Direito em Moradia Adequada.

Bohemian Soul é a marca da estilista Juliana Roitman (instagram bohemiansoulstore). Em dia de shuk, na Hebraica, a colaboração de Fernanda Roitman foi essencial. “O Comportamento do E-commerce Brasileiro na BlackFriday em 2015” foi tema do almoço do Paypal Brasil. Gabriela Szprinc é a head da área de Pequenas e Médias Empresas e de Organizações Não Governamentais. Manu Lafer convidou Maude Maggart, Swami Junior, Howard Alden, Ehud Asherie, Fabio Tagliaferri e Ricardo Baldacci na noite de lançamento do cd Trip The Light Fantastic. Sala Crisantempo tomada aplaudiu o conjunto e o vocal de Lafer.

Embaixador Yossi Gal na Hebraica

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∂ Saxofonista radicado nos Estados Unidos há mais de trinta anos, Ivo Perelman transita pelas artes plásticas. Sem expor no Brasil desde 2008, o artista mostrou quinze novos trabalhos na Galeria Arte Aplicada. Cofundador do Kidint, Bruno Sanovicz realizou uma demonstração do novo app, um clube de assinaturas de e-books infantis interativos, educativos e divertidos. Disponível para Android e iOS, a coleção inclui mais de cem livros com trilhas em português, inglês e espanhol.

om o apoio do Consulado de Israel em São Paulo, Fundo Comunitário, Conib, Fisesp, Hebraica e Cambici, os Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém realizaram encontro em torno do embaixador Yossi Gal, na Sala da Plenária. Gal assumiu, há dois meses, a vice-presidência de Relações Internacionais da Universidade Hebraica de Jerusalém. O tema da noite, política internacional, mostrou o conhecimento e a experiência do palestrante, ex-diretor do gabinete do embaixador e porta-voz da embaixada em Washington, embaixador de Israel na França, Holanda e Mônaco.

Com relação aos acontecimentos recentes na Europa, Gal disse que “é preciso haver uma maior troca de informações entre os países da União Europeia e é iminente a criação de uma política de imigração entre eles. Precisamos também ter muito cuidado para que a população muçulmana não seja rotulada de terrorista”.

Vozes ecoam na Casa do Povo

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Casa do Povo recebeu, em sua sede na rua Três Rios, o 5º. Encontro de Corais. Com a participação de cinco grupos da cidade: Corais Tradição, o anfitrião, formado em 1989 com repertório exclusivo em ídiche e regido pela maestrina Hugueta Sendacz; Canticorum Jubilum, criado no mesmo ano e dirigido desde então por Muriel Waldman; o Polonês da Cidade de São Paulo, fundado em 2006 para reviver e difundir às gerações mais novas as canções folclóricas da Polônia, preservando a identidade do imigrante; o Kadosh, fruto da união dos corais do Centro Israelita Brasileiro de

Santos e da Associação Religiosa Israelita de Santo André; e o Nossa Senhora das Mercês, nascido na Pastoral da Família em 1997, regido pela maestrina Geny Francisquetti Garcia.

Brasil no Board do Weizmann ∂ Editora Perspectiva recebeu o Prêmio Jabuti, categoria tradução, com o título Spinoza Obra Completa – Vols. 1 a 4. Tradutores: Jacob Guinsburg, Newton Cunha e Roberto Romano.

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ealizado no campus do Instituto Weizmann, em Rehovot, Israel, o 67º. Encontro Anual do Board International contou com Ric Scheinkman, Simone e Bruno Licht como representantes do Brasil. Eles celebraram com seus pares de diferentes países a criação, em 2015, de um número considerável de centros e institutos através da colaboração das várias Associações de Amigos, mais a inauguração de novos laboratórios, as cátedras de Desenvolvimento Profissional e de Carreira. E o lançamento da pedra fundamental do Campus para a Educação Científica em nome de Ruth e Uriel Arnon. Durante o Jantar de Gala, no Ballroom Hilton Tel Aviv, Karen Davidson, cujo marido fundou em 1999 o Instituto Davidson, braço educacional do Weizmann, disse que “a alfabetização científica pode servir como uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal e a autoeficácia, ou para novas descobertas na área da saúde, que podem beneficiar toda a humanidade”.


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cultural + social > comunidade

MJSP recebe visitantes No estágio de restauro do prédio e construção do anexo, o Museu Judaico de São Paulo (MJSP) recebeu a visita do presidente do Instituto Brasileiro de Museus Carlos Roberto Ferreira Brandão e do chefe de gabinete da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento, Sérgio Gusmão Suchodolski. Durante a I Jornada do Patrimônio de São Paulo, instituída pelo Governo do Estado de São Paulo, diversos visitantes interessados em conhecer como será o MJSP percorreram os quatro andares da obra.

Presidente Macri e a comunidade

Brasileira canta em ídiche Isabel Mastrobuono Nestl é uma brasileira que mora em Nova York. Atriz do teatro musical, ela fez sucesso em Família Adams e, atualmente, está em cartaz na off Broadway cantando em ídiche no clássico judaico The Golden Bride. Desde a primeira apresentação, em 1923, a opereta recebe elogios da crítica. Durante a Segunda Guerra Mundial, o libreto foi deixado de lado e, após vários workshops, ele renasce. Para quem não vai a Nova York, é possível acessar através do link http://data. axmag.com/data/201511/20151125/ U131794_F361904/FLASH/index.html. Por aqui, o tio Pedro Mastrobuono, sócio do clube, está orgulhoso da sobrinha que precisou ter aulas para conhecer a língua ídiche.

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o dia da posse de Maurício Macri, circulou nas redes sociais a foto do presidente argentino e sua mulher acendendo uma chanukiá. Já nos primeiros dias após a vitória nas urnas, Macri escolheu o rabino Sergio Bergman para titular do Ministério de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que fez seu juramento sobre a Torá.

Marinha Brasileira na Segunda Guerra

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á setenta anos, a Marinha Brasileira deu sua participação na Segunda Guerra Mundial. O Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (Ahjb) realizou o lançamento do livro Estrela de David no Cruzeiro do Sul, escrito por Israel Blajberg, em noite festiva no Centro Cultural da Marinha em São Paulo. O livro, verdadeira enciclopédia, registra a memória dos ex-combatentes judeus do Brasil na Europa com precisão de detalhes. Com Carlos Kertesz como mestre de cerimônias, à mesa estavam o capitão-de-mar-e-guerra Ricardo Santana Soares, o presidente do Ahjb Seilly Heuman, a diretora dos Amigos da Marinha Regina Hecht e o diretor do Centro Cultural da Marinha Mario Luiz Piccirillo.

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urante o 3º. Encontro Anual das Empresas Israelenses no Brasil, a Missão Econômica de Israel no Brasil e a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria promoveram almoço-palestra no Blue Tree Premium Faria Lima. Amos Genish, CEO da Telefonica Brasil, falou sobre “Construindo um Negócio no Brasil”. Israelense, nascido em 1960, de uma família com poucos recursos e doze filhos, no ano do bar-mitzvá, “tive a grande oportunidade ao ganhar uma bolsa concedida por judeus da Diáspora para estudar em uma das melhores escolas de Jerusalém, o que fez a diferença na minha vida”, contou Genish com entusiasmo e emoção. Em 1989, sem falar uma palavra de português veio para o Brasil com a meta de criar a melhor empresa de telecomunicação do país e assim surgiu

O melhor aeroporto do Oriente Médio foto Eliana Assumpção

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or iniciativa do American Jews Committee, Conib e Fisesp, os deputados federais Carlos Zarattini (PT-SP), Izalci Lucas (PSDB-DF), Raul Jungmann (PPS-PE), Darcísio Perondi (PMDB-RS), Sinval Malheiros (PMB-SP), Jony Marcos (PRB-SE), Júlio Delgado (PSB-MG) e o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB) conheceram Israel de ponta a ponta e a realidade local. A agenda incluiu visitas a pontos de interesse do país, alguns próximos à fronteira com Gaza, palestras de especialistas em diferentes temas e encontros com autoridades, incluindo o primeiro-ministro Biniamin Netaniahu, que reafirmou seu desejo de uma forte relação com o Brasil, destacando as áreas da água e cibersegurança. Puderam conhecer, entre outros, o projeto Re-Lod, dirigido pelo ex-líder estudantil Yuval Bdolach, uma iniciativa comunitária para integração de minorias na sociedade israelense; estiveram em Kerem Shalom, por onde passam quase mil caminhões que abastecem Gaza; samba e feijoada aguardavam a comitiva para o almoço no kibutz Bror Chail; foram recepcionados pelo embaixador brasileiro Henrique Sardinha Pinto. O jornalista Alon Feuerwerker, Ricardo Berkiensztat e Muriel Asseraf acompanharam a delegação parlamentar, representando a Conib, Fisesp e o AJC.

Empreendedorismo israelense

a GVT. “Nós, israelenses, gostamos de riscos e desafios, temos muita coragem e pensamos fora da caixa. Posso afirmar que não é fácil ser um israelense no Brasil, um país de grandes oportunidades.” O chefe da Missão Econômica, Boaz Albaranes, e o presidente da Cambici, Jayme Blay, agradeceram a Genish e destacaram a sinergia existente entre a representação israelense e os associados da Câmara de Comércio.

Ao final do ano, a publicação Condé Nast lista as melhores e piores experiências de viagens que o mundo oferece. O número de dezembro de 2015 trouxe a lista dos dez principais aeroportos internacionais e o israelense Ben-Gurion ficou no quarto lugar, abaixo apenas dos aeroportos de Changi, em Cingapura, Hong-Kong e Dubai. Reformado em 2004, pelo portão de entrada israelense passaram quinze milhões de passageiros em 2014 e foi considerado um dos mais seguros do mundo, visto como o melhor aeroporto do Oriente Médio. foto Guga Guerchman

Deputados conhecem Israel

Einstein prepara para as Olimpíadas

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m março, acontecerão as Olimpíadas de Neurociência de São Paulo, competição para alunos e professores do ensino básico com interesse nos estudos científicos do sistema nervoso. Este mês, nos dias 19 e 20, o Hospital Israelita Albert Einstein disponibiliza um curso de capacitação em neurociência, em seu Auditório Kleinberger. Informações para esse curso pelo http://www.einstein.br/Pesquisa/instituto-do-cerebro/ii-olimpiada-de-neurociencias/Paginas/default.aspx

Mural no Centro Janusz Korczak

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Centro Janusz Korczak/Nina Korall é um projeto voltado para promover o acesso à informação, cultura e defesa dos direitos de 120 crianças (entre 6 e 15 anos) vindas de famílias de baixa renda, residentes em cortiços e ocupações do bairro do Bixiga. O projeto tem parcerias com a ECA/USP, FGV, PUC e Associação Janusz Korczak do Brasil, lembrando o educador polonês morto com as duzentas crianças de sua escola nos fornos crematórios durante a Segunda Guerra Mundial. Essa parceria está calcada nas ideias inovadoras e interdisciplinares de Korczak. O Centro JK/NK inaugurou um mural em homenagem a seu patrono, obra do artista Arieh com as crianças, quando recebeu a visita de Tatyana Tsyrlina-Spady e John Spady, ela representante da Associação Janus Korczak dos Estados Unidos.

Cláudia Sender no Jewish IN Uma das duas mulheres a presidir uma companhia aérea, a presidente da TAM Linhas Aéreas Cláudia Sender falou para quase cem jovens na casa de Lia e Leon Alexandr, em realização do Jewish IN, comandado por Charles Tawil. Contou da família polonesa, da infância no Bom Retiro e as aulas no Renascença para depois ir ao Rio Branco, Bandeirantes, Poli até o MBA em Harvard. “Sempre penso no que posso construir e fazer algo para melhorar o mundo. É algo que trago da vivência judaica no meu lar”, disse.


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1. Dever cumprido em 2015, voluntárias do grupo Chaverim comemoram; 2. Marina Farkas Bitelman levou Gabriel B. Vilela para passear pelas montanhas do Peru; 3. Elka Freller e Reny Golcman, personagem do livro As Jóias de Reny, em noite de autógrafos; 4. José Efromovich (Avianca) comandou a despedida do Fokker MK-28; 5 e 7. Ivo Jacome, Cleo Ickowicz e o chef patissier israelense Rotem Grossbart; Cleo e Renata Cohen do Ministério do Turismo de Israel, em Festival Israelense no InterContinental; 6. Estela Farina e Abrão Bober promovem cruzeiros da Norwegian; 8. Para o encerramento do ano, Na’amat Pioneiras convidou a con-

1. Grupo Barak da Wizo rifou e Bety Lindenbojm é dona de uma máquina de costura Elgin; 2. Avi Meizler convidou e Mário Fleck falou para os maçons sobre Israel de hoje; 3,4 e 6. João Uchoa Borges entregou a Mônica T. Hutzler o troféu de “Melhor Desempenho nas Maratonas Cultural e Esportiva” para a Hebraica; entre os vencedores Cláudia H. Leventhal e os irmãos Tatiana e Alexandre Presch; 5. Alberto Blay, Márcia Feldon Borger e David Diesendruck ouviram Amos Genish em almoço da Cambici; 7. Boteco tropical no Bar da Piscina fez sucesso; 8. Lançamento do cd Trip The Light Fantastic: Swami Junior, Manu Lafer e Howard Alden; 9. Noivos Luiza e Carlos Kaplan ofereceram show de Soli Mosseri para convidados no Clube Mil

sulesa Lúcia Barnea; 9. Sérgio Serber e todo staff do Conscre em vi-

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sita ao presidente da Assembleia Legislativa Fernando Capez

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Música na Praça Carmel, barracas ao ar livre, gente de todas as idades escolhendo o que comer. 1. Antes do meio-dia, hora da abertura, público a postos; 2. Salmão

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na grelha, um dos mais procurados; 3. Crianças fizeram

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arte, mães só olharam; 4. Comida vegetariana tem fãs no clube; 5. Vinho para acompanhar a refeição. Participaram do 5o. Mercado Gourmet: SOS Cupcakes, Dona Mazza, Sweet Julia, Sweet Lucy, Buenos Aires Gastronomia, Irene Uehara Gastrô, Viking Street Food, Suri Ceviche, Vege TAO, Amuse Food Truck, Kombuteco

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1. No Instituto Weizmann, Rick Scheinkman recebido pelo Prêmio Nobel Sergio Haroche; 2. Na balada de dez anos da To’ys Party, Nelson Cohen convidou quem ajudou a comprar livros para crianças carentes; 3, 6 e 7. Noite em benefício do Sheba Hospital: Chella Safra e Suzy Horn; Elie Horn, Diana Nasser e Zeev Rotstein; Mimi Douer, Ada Cegla e Ana Rosa Rojtenberg no Buffet França; 4. Sabina de Libman recebeu Ivo Perlman na sua Arte Aplicada; 5. Na Blooks, Marjory Abuleac autografou Quarta-Feira de Cinzas, escrito com o marido Marcelo Miazzi; 8. Alunos do Peretz e leitores em braile no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

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juventude > festival carmel

Novidades que permanecerão

As lehakot de movimentos juvenis ganharam destaque na 35ª edição do Festival Carmel Le Olam e brilharam no show da noite de sábado. Entre números de grupos convidados, o público formado por integrantes dos movimentos protagonizou um concurso que consagrou a torcida mais entusiasta. A vitória da Chazit Hanoach foi anunciada durante a maratona, que manteve ativos dezenas de dançarinos. O Centro Juvenil Hebraikeinu ficou em segundo lugar e apresentou sua coreografia também no domingo à noite. Uma variedade de food trucks garantiu a movimentação na Praça Carmel, assim como os workshops de zumba e hip-hop. GRUPOS DA HEBRAICA NA COREOGRAFIA MASSIVA FINAL NO ENCERRAMENTO DO SHOW “LE OLAM”, O ÚLTIMO DA 35ª EDIÇÃO DO FESTIVAL

A dança é para todos CARACTERIZADO POR UMA PROGRAMAÇÃO ECLÉTICA, O 35º FESTIVAL CARMEL LE OLAM (“PARA SEMPRE”)

MOSTROU AS VÁRIAS FACETAS DA LIGAÇÃO ENTRE A DANÇA

FOLCLÓRICA E ISRAEL

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itenta e nove israelenses participaram efetivamente do 35º Festival Carmel. O número inclui os dançarinos do grupo Misgav, formado por adolescentes, os grupo de apoio trazidos pelo coreógrafo e professor de Eran Bitton e os integrantes do grupo Galgal Ba’Maagal, formado tanto por adultos portadores de deficiências físicas quanto por dançarinos totalmente habilitados. “Além deles, é uma alegria ver 87 lehakot do Uruguai, Argentina, Estados Unidos e sem falar nos grupos das comunidades locais que totalizam 1.327 inscritos declarou Oren Halaly, no início do

show de domingo à noite, depois de uma verdadeira maratona de atividades que uniram nacionalidades, faixas etárias e mobilizaram dançarinos com diferentes graus de destreza. Do show de abertura, na noite de sexta-feira até aquele momento, passaram pelos palcos coreografias hassídicas, orientais, modernas e horas tradicionais. Ex-dançarinos do grupo Carmel se apresentaram no primeiro espetáculo e depois interagiram com os outros participantes nas harkadot e também em pocket shows na Praça Carmel. O público apreciou as novas coreogra-

fias dos grupos da Hebraica – Carmel, Hakotzrim, Shalom, Kalanit, Ofakim e Parparim – além das danças apresentadas pelos convidados como o Kadima, de Porto Alegre, do Phoenix, do Rio de Janeiro, e Haemek, de Curitiba. Entre as estreias, destaque para o grupo Zehut, que representou a Comunidade Shalom no show do domingo à tarde. Entre as estrelas da 35ª edição, certamente os dançarinos do Galgal e do Misgav contribuíram para o clima otimista e o alto nível técnico do festival. Além dos dançarinos, um batalhão de voluntários e profissionais que trabalharam durante meses e foram incansáveis para que todas as atividades transcorressem suavemente e os únicos sinais de nervosismo fossem os dos dançarinos às vésperas de entrar no palco. (M. B.)

GRUPO ZEHUT ESTREOU NO FESTIVAL, DIRIGIDO POR ALAIN SINAI, REPRESENTANDO A COMUNIDADE CARMEL


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1. No domingo à noite, os dançarinos de Israel homenagearam o presidente Avi Gelberg; 2. Representantes dos movimentos juvenis acenderam as velas de Chanuká no show de sábado “Tzeirim Le Olam” (“Jovens para Sempre”), que apresentou uma inédita com-

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1. Gaby Milevsky se uniu à alegria dos jovens do grupo israelense Mis-

petição entre torcidas; 3. Grupos Shorashim, do Uruguai, e Sha-

gav na noite de abertura do 35º Carmel; 2. Grupos Parparim Gdolim e

lom, de São Paulo, se apresentaram juntos na noite de abertura;

Parparim Ktanim abriram no show infantil no domingo; 3. Coreografia

4. A banda Kev, regida por Shimon Lavie, complementou a trilha

poética apresentada pelo grupo Misgav; 4. Instituto Kineret do Rio de

sonora do show “Le Olam”, que encerrou o 35º Festival Carmel; 5.

Janeiro apresentou uma coreografia marroquina; 5. Coreógrafos do Fes-

Dançarinos do grupo Carmel foram aplaudidos de pé pelo públi-

tival Carmel acenderam as velas de Chanuká na noite de abertura da 35ª

co que assistiu ao show “Skiá”, no sábado à tarde; 6. Familiares

edição; 6. Emocionados, os ex-dançarinos do grupo Carmel recordaram

dos dançarinos do grupo Ofakim participaram de uma coreogra-

quarenta anos de atividades em uma coreografia que encerrou o show

fia na abertura do Festival Carmel; 7. A lehaká israelense Galgal

de abertura do festival

Ba’Maagal apresentou seis coreografias com temáticas diversas


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juventude > teatro

Parceria vitoriosa

A DIRETORIA DA ESCOLA DE INGLÊS ALUMMNI VEIO AO CLUBE PARA A

CERIMÔNIA DE FORMATURA DA CONCLUSÃO DE CURSO DA PRIMEIRA TURMA DE ALUNOS DA PARCERIA COM O AFTER SCHOOL

A

TRAJES A RIGOR FORAM USADOS PELO ELENCO NA CERIMÔNIA DE ENTREGA DOS PRÊMIOS DA

MARATONA CULTURAL DA ACESC E DEPOIS OS ATORES IMPROVISARAM UMA SESSÃO DE FOTOS NA AVENIDA

PAULISTA COM DESTAQUE PARA OS PREMIADOS VÍTOR FROIMAN E NINA LEWISKY

Prêmios para o grupo Questão O JÚRI DO FESTIVAL DE TEATRO ACESC 2015 FEZ DEZ INDICAÇÕES PARA A PEÇA GRUPO QUESTÃO CONTA CAPITÃES DA AREIA E CONCEDEU OS PRÊMIOS DE MELHOR ILUMINAÇÃO, TRILHA SONORA, ATRIZ E ATOR COADJUVANTE, DIREÇÃO E ESPETÁCULO

“V

ocês não fazem teatro de clube, fazem teatro num clube.” A conclusão partiu dos jurados do Festival de Teatro Acesc 2015, que assistiram a última das cinco apresentações agendadas no Teatro Anne Frank. Eles não pouparam elogios à produção e ao apoio dado pela Hebraica ao Departamento de Teatro. Na cerimônia de premiação da Maratona Cultural Acesc, Paula Hemsi (iluminadora), José Eduardo Rennó (trilha sonora), Nina Levisky (atriz coadjuvante), Vítor Froiman (ator coadjuvante), Heitor Goldflus (direção) receberam troféus e o elenco comemorou o título de melhor espetáculo. Além deles, Dália Halegua e Rafael Hercowitz, Camila Cohen (figurino) e Heitor Goldflus (cenário) receberam medalhas de segundo e terceiro lugares. Nos comentários publicados nas redes sociais, os atores agradeceram os cumprimentos e sinalizaram que o teatro lhes deu muito mais do que troféus. “Nesses últimos quatro anos de Questão, fazendo o que eu mais amo, com pessoas que amo,

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juventude > after school

eu ouvi que ser jovem não é uma questão de idade, e sim um estado de espírito. Temos nossas próprias ideias, nosso jeito de contar uma história. A partir do ano que vem, quando eu não tiver mais idade para ser do grupo, eu continuarei sendo jovem, porque fiz parte de tudo isso, e levarei esse estado dentro de mim, pra sempre”, escreveu Vítor Froiman. Quem faz teatro na Hebraica assume papéis que vão muito além do palco e da coxia. À medida em que os ensaios se intensificavam, os atores divulgavam a peça nas redes sociais e vendiam ingressos aos familiares e amigos. Além deles, alguns fiéis colaboradores aparecem para prestigiar e também dar uma mãozinha na distribuição de programas. Encerramento de ano letivo Ainda sob o impacto da premiação, a equipe profissional do Departamento Teatro (coordenador, professores e secretária) se empenhou na apresentação dos espetáculos de final de ano. Em dois finais de se-

mana, a plateia do Teatro Anne Frank recebeu pais e irmãos dos integrantes dos Hebraikeinu I e II que apresentaram Uma Questão de Classe. Os alunos dos cursos de teatro encenaram A Grande Confusão (turma 6, com 10 e 11 anos), Uma Imagem, Cem Revelações (turma 7, com 11 a 13 anos), E com Vocês Romeu e Julieta (turma 5, com 7 a 9 anos), Sherlock Holmes e o Mistério do Retrato Oval (turma 3, com 10 a 12 anos), e a A Ilha do Soldado, pelo grupo grupo ArtEculação (12 a 15 anos). Um painel instalado no saguão do Teatro Anne Frank mostrava uma espécie de linha do tempo com as peças já encenadas por alunos de teatro e parte do processo que levou à realização dos espetáculos de 2015. Antes da abertura das cortinas, Henrique Schafer, coordenador do Departamento de Teatro, verificava a presença dos pais e familiares dos atores de cada elenco e explicava um pouco da essência do trabalho feito na Hebraica. “Nas aulas, as crianças interagem, aprendem a lidar com as diferenças e semelhanças e aceitá-las”, repetiu a cada sessão. “Durante o processo, elas criam cenas, sugerem roteiros e o que vocês verão é apenas um dos resultados desse trabalho conjunto”, concluiu. (M. B.)

cerimônia de conclusão do curso de inglês Alummni dos jovens Marina, Thaís, Alexandre e Ilan foi realizada no auditório da Sede Social com a presença do presidente da escola, Júlio Antônio d’Oliveira Sampaio, da diretora educacional, Sílvia Helena R. D. Corrêa e da coordenadora do curso, Maria Amélia de Oliveira Marcus além dos pais, irmãos e professor dos formandos. O roteiro da formatura incluiu os tradicionais discursos emocionados dos dirigentes do Alummni e da coordenadora do After School, Márcia Sotnik Aisen. Marina, Alexandre, Thaís e Ilan deram o toque original ao evento com apresentações em inglês fluente. Marina falou sobre o presidente americano John Keneddy; Alexandre abordou a história das viagens espaciais; Ilan filosofou sobre a influência do curso em sua rotina de adolescente e Thaís homenageou a turma com um vídeo desvendando o misté-

rio que manteve os amigos unidos numa mesma classe por tantos anos. Nos últimos seis anos, os quatro frequentaram o curso de inglês nas instalações do After, como resultado de uma parceria que deu origem a um serviço inédito do Alummni, o School Solutions que leva a metodologia Alummni aos colégios Lourenço Castanho, Dante Alighieri, Pio X e na Escola Nossa Senhora das Graças. “Demorou um ano até que a diretoria do Alummni nos recebesse e concordasse em fazer um projeto piloto no After School. Hoje são 77 alunos no After, o que nos deixa muito orgulhosos dos resultados nesses seis anos”, comentou Márcia. Segundo ela, entre os fatores que garantem o sucesso da parceria é respeito ao papel de cada uma das partes. “Os alunos pagam um preço reduzido em relação às nossas unidades, mas é preciso

frequentar o After para se matricular no Alummni pois todos os custos das instalações são arcados por nós. As questões administrativo pedagógicas são de responsabilidade da Alumni”, explica a coordenadora do After. Ela e a coordenadora pedagógica do Alummni cultivaram a parceria e até hoje trabalham juntas para que os alunos tenham a mesma qualidade de ensino oferecida nas unidades da escola. “O material didático é o mesmo e fizemos adaptações para agregar todo o conteúdo nas aulas de cinquenta minutos duas vezes por semana, ao invés dos 75 minutos tradicionais nas unidades Alummni. Como se vê pela fluência dos quatro formandos a redução não prejudica em nada o aproveitamento em classe”, comentou Maria Amélia. Na emoção do momento, o presidente Júlio Sampaio se referiu ao After School como um ótimo parceiro. “É uma honra para o Alummni dar aulas aqui em função da tradição cultural da comunidade judaica que certamente se reflete nos resultados que nossos alunos obtêm em casa. Só me resta desejar como faz nosso conselheiro Jayme Blay, que se mantenha até 120 anos”, concluiu. (M. B.)

ANTES DA ENTREGA DOS CERTIFICADOS DE CONCLUSÃO DO CURSO, OS FORMANDOS FIZERAM APRESENTAÇÕES TEMÁTICAS EM INGLÊS FLUENTE


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1. Curso de ballet infantil apresentou o espetá-

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culo “A Bela Adormecida” no Teatro Arthur Rubinstein; 2. Festa de encerramento do Infantil II da Escola Maternal encantou o público que lotou a plateia do Teatro Arthur Rubinstein; 3. No último show de rua de 2015, o Centro de Música Naomi Shemer apresentou a dupla Celo & Cia com Érica Beatriz Navarro e Evandro Marcolino; 4 e 6. Em Chanuká, a Juventude promoveu

1. O professor Rafael Truffaut montou a peça A Grande Confusão com a turma 6 do curso de teatro; 2. O grupo ArtEculação encenou A Ilha do

uma oficina de chanukiá robótica com a partici-

Soldado, com texto de Rafael Hercowitz; 3. E Com Vocês Romeu e Julieta foi a montagem da turma 5 do curso de teatro em 2015; 4. Os alunos

pação de crianças e pais; 5. O ativista social Mi-

da turma 3 se empenharam em todas as etapas da montagem de Sherlock Holmes e o Misterioso Caso do Retrato Oval; 5. A peça Uma Imagem,

chel Porcino encerrou a agenda do projeto He-

Cem Revelações surgiu a partir de uma criação coletiva da turma 7 do curso de teatro; 6. A produção Uma Questão de Classe reuniu chanichim

braica Business Forum em 2015

dos Hebraikeinu I e II


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esportes > hebraica de 2 a 20 DINÂMICAS DE GRUPO, PALESTRAS E TEXTOS DE REFERÊNCIA FORAM UTILIZADOS PARA REFORÇAR A INTEGRAÇÃO ENTRE AS EQUIPES DA ESCOLA DE ESPORTES E O SETOR COMPETITIVO

Novas diretrizes no esporte DIRETORES E PROFISSIONAIS LIGADOS À VICE-PRESIDÊNCIA DE ESPORTES PASSARAM DOIS DIAS EM UM SEMINÁRIO PARA CONHECER O HEBRAICA DE 2 A 20, PROJETO DE REESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DA ESCOLA DE ESPORTES E DO SETOR COMPETITIVO

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aro ver técnicos de modalidades e professores da Escola de Esportes vestidos à paisana e sentados em um auditório munidos de canetas e blocos de papel. Foi nesse ambiente que o vice-presidente de Esportes Fábio Topczewski apresentou as premissas do projeto Hebraica 2 ao 20, a ser implementado neste ano. “É uma idéia em construção. Queremos receber sugestões e estimular o debate que nos leve a estabelecer uma continuidade na trajetória do sócio desde o

seu primeiro ano na Escola de Esportes até o momento em que ele entra na faculdade e segue outros rumos na vida. Enquanto estiver praticando esportes no clube, seja para recreação ou para competir, ele terá o seu desenvolvimento valorizado no sentido realizar todo o seu potencial”, afirmou. Ao assumir a vice-presidência, Topczewski reuniu um grupo de coordenadores e técnicos e com eles analisou a fundo todos os aspectos do trabalho do Departamento Geral de Es-

portes. “Nas reuniões, todos tinham liberdade para se manifestar, o que enriqueceu muito o processo de discussão”, contou Topczewski. Ele apontou algumas mudanças nos programas da Escola de Esportes. “Nos primeiros estágios, haverá ênfase no desenvolvimento da coordenação motora da criança e mesmo quando já estiver aprendendo os fundamentos de alguma modalidade esse trabalho com a coordenação motora será mantido em paralelo”, afirmou. Ao longo da concepção do projeto, os profissionais analisaram as demandas das famílias em relação à Escola de Esportes. “Muitos pais querem inscre-

ver os filhos em uma determinada modalidade, pois acreditam ter visto neles o talento inato, mas estudos mostram que o esportista se beneficia com a prática de diferentes esportes e a Hebraica pode dar essa diversidade a ele, sem pressão para a adesão ao esporte competitivo. A nova grade da Escola de Esportes vai apresentar às crianças várias famílias de modalidades. Teremos a família das lutas, a da bola, da água ou das raquetes”, descreveu. Na plateia formada pelos técnicos e professores, uma presença ilustre, Arilson Silva, técnico do nadador olímpico César Cielo, que se mostrou animado ao ouvir as apresentação do vice-presiden-

te de Esportes da Hebraica. “Este é um momento muito importante para a Hebraica. Não sei de nenhum outro clube, com exceção feita ao Minas Tênis Clube, com um projeto de formação esportiva tão integrado. Essa noção das famílias de modalidades é muito interessante. Quando treinava o Bruno Frates, eu busquei em técnicas de saltos ornamentais uma solução para o problema que ele tinha com as saídas em provas de natação. Então, mostrar ao aluno da Escola de Esportes as opções de lutas ou raquetes me parece muito lógico e positivo”, afirmou, durante o intervalo. A programação do seminário incluiu uma palestra com o professor Dante de Rose Jr., professor aposentado da Faculdade de Educação Física da USP e autor de muitos livros sobre educação esportiva. “Fui convidado a atuar como uma espécie de consultoria neste projeto e aceitei porque vi que os debates do grupo de profissionais seguiam na direção dos conceitos que acredito serem válidos para a aplicação no clube”, afirmou. “O maior desafio agora é conscientizar todos os profissionais envolvidos da necessidade da mudança, sem desrespeitar a história e a contribuição que todos deram ao clube até hoje”, ponderou. Os participantes do encontro receberam uma apostila com os textos que embasaram o novo projeto e durante o final de semana participaram de dinâmicas de grupo na qual exploraram maneiras de trabalhar em conjunto e trocar informações, uma das premissas do novo projeto. “Queremos dar ao sócio as bases para se formar como indivíduo saudável e talvez um atleta que incorpore a pratica esportiva no seu dia-a-dia e isso requer dos profissionais que lhe deem as ferramentas para optar por um ou outro esporte quando estiver pronto e não quando for conveniente para a modalidade que ele se dedique exclusivamente a ela”, concluiu o vice-presidente no encerramento do seminário. (M. B.)


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esportes > futsal

Craques e amigos DEPOIS DE SEIS ANOS E ALGUNS VICE-CAMPEONATOS, A EQUIPE SUB-15 DE FUTSAL COMEMOROU O TÍTULO EM 2015 NO CAMPEONATO DO SINDI-CLUBE APÓS VENCER O C. E. PENHA POR 5 X 1

A

equipe sub-15 de futsal tem história no clube. Os garotos começaram os treinos na categoria sub-9 e despertaram interesse não só pelo potencial esportivo, mas também por serem todos sócios. “Eles evoluíram categoria por categoria, conquistando vice-campeonatos no sub-9, sub-11, sub-13 e sub-14. E o sub15 é uma categoria inédita no futsal da Hebraica. Para nós, da equipe técnica do futsal, o título de campeão da série ouro no Sindi-Clube é um prêmio, mas melhor ainda é saber que conseguimos estimulá-los a se manter na equipe numa faixa etária em que isso é raro”, afirma o coordenador de futsal, Celso Freitas. Além do título inédito, o futsal também se orgulha de ter no time Bruno Carazzai, eleito atleta do ano e vice-artilheiro do torneio. Segundo o coordenador, a habilidade em campo está ligada à relação de amizade existente entre os garotos. “A viagem que fizemos a Curitiba, este ano, foi importante porque, lá, enfrenta-

mos times federados com estilos de jogo semelhantes aos que disputam o Sindi-Clube. Isso ajudou nossos garotos a enfrentarem o time do Penha e vencer. Aliás, Penha dividiu conosco o primeiro lugar geral no Sindi-Clube, que inclui todas as categorias”, acrescenta Freitas. Para encerrar as atividades em 2015, o Departamento Geral de Esportes convidou ex-jogadores e diretores da modalidade para um amistoso com os campões do sub-15. Danilo Baron foi um dos primeiros convidados a se apresentar na quadra do Ginásio dos Macabeus. Ele atuou pela Hebraica nos anos entre 2002 e 2004 e depois integrou a seleção brasileira e até recentemente jogava como profissional no Joinville. “Tenho lembranças muito boas do período em que joguei aqui e o mesmo acontece com todos os atletas que conheço. Estava ansioso por encontrar o pessoal que jogou na minha época e a chance de jogar enfrentar os meninos do sub-15

EX-JOGADORES ENFRENTARAM A EQUIPE SUB-15 NA QUADRA DO GINÁSIO DAS MACABEUS

vem a calhar”, comentou o craque. Segundo Celso, alguns jogadores do sub-15 passam a atuar na equipe de futebol de campo, enquanto os outros têm ainda um ano para atuar nessa categoria. “A criação da equipe sub-17 fica para o futuro, mas me alegro em saber que muitos dos nossos craques jogarão na Macabíada Mundial, em 2017”, conclui o coordenador. Outras categorias A Hebraica vive um período fértil em craques no futsal. O sub-13 terminou a primeira fase da competição em quarto lugar entre dezesseis equipes e perdeu de 1 x 0 do C. E. Penha nas semifinais na série ouro. Já a equipe do sub-11 ficou em segundo lugar na primeira fase entre os dezesseis clubes inscritos e, além do vice-campeonato, apresentou a melhor defesa. Dezoito sócios participaram do jogo final com placar de 5 x 3 para o C. A. Ypiranga. Os meninos do sub-9 também foram bem no torneio. Terminaram a primeira fase em primeiro lugar entre oito equipes e ficaram com o vice-campeonato contra o Penha. Placar de 4 x 1 para o adversário. “Nessa categoria também tivemos um vice-artilheiro, Fernando Bekerman, que é sócio do clube. Como Bruno, do sub-15, ele foi eleito atleta do ano”, informa o coordenador. (M. B.)

DEPOIS DE SEIS ANOS JUNTOS, CRAQUES DO SUB-15 FORAM CAMPEÕES DO SINDI-CLUBE


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esportes > curtas

Em 2015, a Hebraica disputou os campeonatos de vôlei do Sindi-Clube, pré-olímpico e a Copa Alto dos Pinheiros, na qual as atletas do master feminino conquistaram medalha de bronze. No campeonato do Sindi-Clube, as atletas do pré-mirim feminino fecharam o ano como campeãs da série bronze, à frente das equipes do Pinheiros, Guarulhos e Círculo Militar. Já o mirim feminino ficou em segundo lugar, atrás da Associação dos Oficiais da Polícia Militar. Na série bronze, as atletas chegaram à final no infantil feminino, enquanto a equipe do infanto-juvenil feminino ficou com o bronze na série ouro. Já no torneio pré-olímpico, os rapazes do mirim ficaram em quinto lugar, atrás de equipes fortes como o Sesi, Centro Olímpico, Jundiaí e Pindamonhangaba.

Tênis competitivo Sandra Libman conquistou o título de campeã do Torneio Internacional de Tênis disputado em Porto Alegre na categoria 65 anos. Suzana Mentone e Lúcia Rusu fizeram o mesmo, jogando em dupla na categoria 60 anos.

Natação master

A Hebraica foi anfitriã e terceira colocada do Torneio Master de Natação Acesc, que reuniu oitenta atletas de academias como o Bardi Swimming Team dos clubes Athlético Paulistano, Pinheiros, São Paulo e Paineiras do Morumby.

Torneio interno

O Departamento de Xadrez promoveu um torneio interno com o objetivo de estimular o número de praticantes da modalidade no clube, além de destacar o melhor jogador no ano de 2015. Rafael Susskind, aluno regular de xadrez, venceu na categoria infantil com cinco pontos. O xará, Rafael Kremer ficou em segundo, com quatro pontos. Com pontuação de 4,5 na categoria adulto, Daniel Farah ficou com o título, seguido por André Salama quando aplicado um dos critérios para desempate.

Vôlei em três tempos

A Hebraica e mais três instituições (Faculdade Ítalo-brasileira, Clube Atlético Paulistano e a Prefeitura de Campinas) disputaram o Campeonato Paulista de Ginástica Artística, que tem o maior nível técnico entre os torneios promovidos pela Federação Paulista de Ginástica. Com uma equipe formada por atletas estreantes e veteranos, a Hebraica obteve bons resultados, especialmente o trampolim acrobático. Na categoria adulto masculino com Jorge Kremer e Diego Birenbaum ocupando o primeiro e o terceiro lugar no pódio respectivamente, nas premiações de duplo minitrampolim e trampolim individual. Já na categoria infantil feminino, Ana Carolina Rotemberg e Bianca Leiderfeind ficaram em primeiro e segundo lugares no duplo minitrampolim. As duas, mais Juliana Gafanovicz e Caroline Grumam, ficaram em primeiro no duplo minitrampolim e em segundo no trampolim por equipe. Na categoria infantojuvenil feminino, Amanda Baran ficou em primeiro no duplo minitrampolim, no trampolim individual e no tumbling. Pedro Paiva também conquistou o título de campeão no duplo minitrampolim e no trampolim individual na categoria infantojuvenil masculino. No juvenil masculino Miguel Dutra ficou em primeiro lugar no trampolim individual e no tumbling e em segundo no duplo minitrampolim.

Ginástica artística

Judô de alto nível Com 710 atletas candidatos a uma vaga na seleção brasileira de judô nas categorias sub-18 e sub-21, oito judocas da equipe competitiva da Hebraica disputaram a seletiva nacional e dois vão integrar a seleção brasileira. Além disso, um atleta ficou em quinto lugar entre os 57 de sua categoria e outros dois ficaram em sétimo lugar, o que, segundo a coordenação do judô na Hebraica, demonstra o alto nível da modalidade no clube.

Handebol mais forte O ano passado foi essencial para a consolidação da Hebraica como uma das grandes potências do Estado de São Paulo no handebol. “Conquistamos muitas medalhas e com certeza estamos formando mais uma geração de craques para o clube”, afirmou o coordenador da modalidade, Álvaro Herdeiro. Nas categorias infantil (sub-14) e juvenil (sub-18), os atletas da Hebraica conquistaram medalhas de bronze. No júnior, o clube conquistou a terceira medalha de prata em quatro anos. As garotas também se saíram bem. No feminino, a equipe infantil (sub-14) conquistou o título da série prata da Liga Paulistana. “Temos apresentado um handebol de alto nível e competimos em igualdade de condições com todos os adversários, o que nos dá a certeza de um trabalho bem feito”, acrescenta Herdeiro.

Fun Day

O encerramento das atividades do Departamento de Tênis em 2015 mobilizou 150 atletas num verdadeiro fun day (dia de diversão). A festa começou com um torneio de duplas mistas envolvendo participantes da Copa Shalom e do ranking interno da modalidade. Em seguida, foram entregues os prêmios da Copa Shalom, que este ano contou com 321 inscritos e do ranking formado por 245 atletas. O almoço animado por um deejay teve a participação de diretores e ex-diretores do clube.

Futebol de campo

A equipe sub-11 de futebol de campo tornou-se bicampeã da Copa Acesc, depois de uma campanha invicta e da vitória sobre o Clube de Campo São Paulo pelo placar de 7 x 1, em jogo realizado no Ceib (Clube Esportivo Israelita Macabi) Macabi. Caio El Kalay, Carlos L. Minc, Gabriel Piepszyk, Leon Bisker (2) e Kike Gabbay (2), que ficou em segundo na artilharia do torneio. (M. B.)


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magazine > história | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

ENTRADA DO MUSEU JOSEPH BAU

MESA DE TRABALHO USADA NO GUETO DE CRACÓVIA POR JOSEPH BAU (NA FOTO EM PRIMEIRO PLANO; ABAIXO, HADASSAH BAU

O Museu de Joseph Bau, um artista gráfico UM PEQUENO MUSEU EM TEL AVIV CELEBRA O HOMEM QUE INSPIROU A STEVEN SPIELBERG E TORNOU-SE

UM DOS MAIS DESTACADOS AGENTES DA HISTÓRIA DO MOSSAD. FIZEMOS UMA VISITA AO MUSEU QUE LEVA O SEU NOME

A

s letras góticas alemãs salvaram a vida de Joseph Bau. Em 1938, ainda estudante de artes em Cracóvia, na Polônia, não fazia a menor ideia da importância que teriam aqueles caracteres rebuscados que conseguia reproduzir na gráfica, apesar de não saber uma palavra de alemão. Alguns anos mais tarde, já encarcerado no campo de concentração de Plaszow, o mesmo retratado no fi lme A Lista de Schindler, de Steven Spielberg, Joseph Bau entendeu que as tais letras góticas eram as prediletas dos nazistas – e do líder deles, Adolph Hitler. Isto salvou Bau, chamado a todo momento pelo comando do campo para produzir cartazes em alemão, sem nunca ter entendido o seu significado. Enquanto isto, seus pais e o irmão foram mortos.

Um dia, Bau conheceu e se apaixonou por Rebeca, também prisioneira do campo. Desafiando as ordens dos nazistas, decidiu casar com a jovem, numa cena imaginada por Spielberg e uma das mais emocionantes do filme. “Os alemães não deixavam casais judeus nem se tocar, para evitar bebês. Mas ele estava decidido”, conta a filha do casal, Hadassah, em entrevista à revista Hebraica, no museu de Tel Aviv que celebra a memória do pai. No filme de Spielberg, no final da cerimônia, na falta do tradicional copo, Bau quebra com o pé uma lâmpada queimada. Na vida real, o pão que não comeu por uma semana foi trocada por uma colher de prata, transformada em duas alianças. “Meu pai se disfarçou de mulher e foi ao barracão dela casar. Quando acabou a guerra, fizeram outra cerimônia em Cracóvia, mas só vieram amigos, pois as respectivas famílias haviam sido assassinadas”, conta a filha. Joseph Bau sobreviveu à guerra prestando serviços diretamente a Amon Goth, o sádico SS comandante do campo de concentração, interpretado no filme pelo ator britânico Ralph Fiennes. Goth exigiu que Bau fizesse um mapa do campo, o que ele realizou com muito esmero – e em caracteres góticos. Depois da guerra, Bau voltou ao Gueto de Cracóvia, onde esteve internado antes da deportação para o campo de concentração. Em meio aos escombros, conseguiu localizar o apartamento em que ficou confinado e sua mesa de trabalho, onde usava o talento gráfico para forjar passaportes e documentos que salvaram muitos judeus do Gueto. Esta mesa está no museu de Tel Aviv. Quando, enfim, chegou ao recém-fundado Estado de Israel, o nascente Mossad descobriu sua fama de exímio artista. Eichmann e Eli Cohen Joseph Bau desembarcou em Israel sem conhecer uma letra sequer do alfabeto hebraico, embora estivesse decidido a prosseguir na carreira de artista gráfico no país. Já nos anos 1950, criou caracteres hebraicos modernos que se populari>>

Depois da guerra, Bau voltou ao Gueto de Cracóvia, onde esteve internado antes da deportação para o campo de concentração. Em meio aos escombros, conseguiu localizar o apartamento em que ficou confinado e sua mesa de trabalho, onde usava o talento gráfico para forjar passaportes e documentos que salvaram muitos judeus do Gueto


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magazine > história

>> O CASAMENTO DE JOSEPH BAU, RETRATADO NO FILME A

LISTA

DE SCHINDLER; À DIREITA, OBRA

“TANGO”, DE JOSEPH BAU

zaram nos cartazes de filmes da época. Ao mesmo tempo, começou uma atividade de caricaturista de humor, que faria até o fim da vida. “E imagine, depois de ter passado por tudo aquilo na guerra”, diz a filha. Uma das atrações do pequeno museu em Tel Aviv é a também diminuta sala de cinema que ele próprio construiu em seu estúdio. É considerado o segundo menor do mundo pelo Livro de Recordes do Guinness, só “perdendo” para uma sala em Portugal. Ali, Bau começou a preparar filmes e outros trabalhos na área gráfica para o Mossad, sem a filha saber. “Só descobri que trabalhava para o Mossad depois que ele morreu. Às vezes pedia para sair do estúdio e me dava um dinheirinho para comprar um vestido ou um presente. Soube muito mais tarde que naquele momento ele se reunia com o pessoal do serviço secreto. Rafi Eitan [político e agente sênior do Mossad] me disse certa vez que meu pai foi um dos pilares da organização.” Até hoje, a família Bau é amiga da mulher e filhos de Eli Cohen, o super-agente israelense infiltrado na Síria na época da Guerra dos Seis Dias. Além de ter usado seu talento para forjar documentos na operação Cohen, Joseph Bau também foi peça-chave na preparação do sequestro e julgamento do criminoso nazista Adolph Eichmann. Além disso, a filha de Bau nada mais sabe a respeito da sua atuação no Mossad. “Parece que ele fez coisas tão delicadas das quais nunca saberemos. Ele conhecia todas as fontes gráficas do mundo e podia falsificar um passaporte ocidental ou russo. Nunca soubemos quanto tempo trabalhou para o Mossad. Pelo bem de Israel, quem precisa realmente saber? Uma vez um ex-agente me perguntou se eu já ouvira falar de alguém do Mossad pego por documentação falsa, e sorriu para mim.”

Enquanto ciceroneia um grupo de visitantes pelo museu, a filha Hadassah ri alto e de forma estridente. Diz que aprendeu isto do pai: “Quase todos os dias ele contava histórias da guerra para mim e minha irmã, mas sempre dizia que deveríamos ser felizes na vida. Sempre ri muito, na escola diziam que eu era maluca. Meus pais eram muito românticos um com o outro, e fomos uma família feliz”. No museu, estão espalhadas caricaturas e cartazes criados por Joseph Bau ao longo da sua carreira. Segundo a filha, sempre foi um entusiasta do Estado judeu. “Dizia ser um homem realizado por ter voltado à terra que seus avós sempre sonharam ver. Falava que vivia um grande milagre, a volta dos judeus para cá, e dedicou a vida a este país. Nunca o vi deprimido. Ele e minha mãe saíram da maior das escuridões e, aqui, foram felizes.” Joseph Bau morreu em 2002. Dois anos mais tarde foi homenageado em uma exposição na Knesset, com a presença de Shimon Peres e Reuven Rivlin, atual presidente do país. Museu Joseph Bau – Rua Berdichevsky, 9, Tel Aviv (www.josephbau.com)


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

12 notícias de Israel

O ministério dos Transportes anunciou que vai permitir aos usuários de ônibus públicos entrar no veículo também pela porta traseira. A medida, aprovada depois de testes realizados em Tel Aviv, vai chegar também a Jerusalém e Haifa no decorrer do ano. A ideia é acelerar o sobe-e-desce nas estações e concentrar a atenção do motorista no percurso. Como em Israel não existe a figura do cobrador, os usuários deverão validar os cartões eletrônicos num equipamento que será instalado nos veículos, ou então acertar a conta com o motorista. Cerca de 160 milhões de israelenses utilizam ônibus durante o ano.

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A lei, ora, a lei

Coisa de macho Elton John anunciou que irá se apresentar no final de maio no Parque Yarkon, o Ibirapuera de Tel Aviv. Será a quarta apresentação do cantor pop no Estado judeu, desde 1979. Na ocasião, ele apareceu por aqui para participar de Iom Haatzmaut e dedicou toda a renda à caridade, além de ter “soltado” à imprensa a declaração que estava incluindo Israel (e a então URSS) na turnê por serem “lugares diferentes”. A partir de agora, o artista gay deverá sofrer verdadeiro bombardeio do BDS para cancelar a apresentação. Mas para quem já vendeu trezentos milhões de discos na carreira, isto será moleza.

Todo jovem israelense de 18 anos deveria se alistar no Tzahal. Na prática, no entanto, segundo o mais novo relatório do exército, 50% da população em idade militar não servem as forças armadas – incluindo homens, mulheres e membros de minorias. Entre as meninas, 34% afirmam que são religiosas e exigem dispensa imediata; o exército alega que um terço delas mente. De acordo com o mesmo relatório continua alta entre os recrutas a motivação para serem voluntários em unidades de combate: 72% pedem para ser designados para estes postos. Outro dado: mesmo após intensas negociações e propaganda junto aos ortodoxos, atualmente apenas cinco mil soldados haredim prestam serviço no Tzahal.

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Adeus ao colecionador Morreu Shlomo Moussaieff, aos 92 anos, o excêntrico colecionador de diamantes e achados arqueológicos, considerado dono da maior coleção de antiguidades do Oriente Médio, bem guardada em seu apartamento em Londres e no 14º andar do Hotel Daniel, em Herzlia. Em 2003, o Museu Smithsonian, de Washington, apresentou os sete mais valiosos diamantes do mundo, incluindo o Vermelho Moussaieff. O colecionador se dizia descendente de Maimônides e, entre outras preciosidades, tinha três manuscritos do próprio punho do rabino medieval. Numa barganha com a prefeitura de Jerusalém, deu os três documentos em troca de uma loja no Hotel Hilton de Londres, que manteve até sua morte.

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Confie em mim

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Aids de uniforme

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Adeus ao traidor

Nem um cineminha? A boa notícia foi a abertura do Cinema City em Jerusalém, um complexo de salas bem ao lado do complexo de ministérios da cidade. A má notícia – pelo menos para aqueles que acham que na capital de um país e cidade de quase um milhão de pessoas deveria haver cineminha aberto no fim de semana – é que o complexo continuará fechado no shabat e chagim. A controvérsia vem desde a assinatura do contrato entre os empresários e a prefeitura de Jerusalém, proprietária do terreno, que permite o fechamento nestas datas. Os representantes dos ortodoxos pressionam para continuar como está. Já os donos do Cinema City avisam que levarão o caso à Suprema Corte, aliás, localizada bem do outro lado da rua.

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Até agora, jovens portadores do vírus da aids eram dispensados do serviço militar ou só podiam servir como voluntários. Mas o chefe do Departamento Médico do Tzahal quer mudar esta história e pediu que uma comissão estude como normalizar a situação dos portadotres do HIV, ou seja, como tratá-los como gente normal perante o exército. A proposta é que se alistem como os demais jovens, apenas evitando servir em unidades de combate, onde poderiam se ferir. A inspiração veio do exército dos EUA, que possibilita o alistamento, mas limita os portadores a servir dentro das fronteiras do país.

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TV para os gentios Mais uma impressionante conquista dos produtores de TV daqui de Israel. Após várias criações locais terem sido vendidas globalmente, como Homeland e Sessão de Terapia, agora é a vez de a minissérie Nevalot (“Infâmias”, em hebraico), adquirida pela HBO norte-americana. A versão israelense, protagonizada pelo clássico ator Yehoram Gaon, conta a história de veteranos do Palmach, que lutaram na Guerra de 1948, enlouquecendo e saindo atirando pelas ruas de Tel Aviv. A produção nos EUA, será do ator Adam Sandler, e caberá a ex-militares da Guerra do Vietnã infernizar a população de Miami. A série israelense é inspirada num livro do escritor Yoram Kaniuk.

Francamente, Suíça Muita editora ao redor do mundo aguardava este 10 de janeiro para, afinal, ver liberados os direitos autorais do célebre diário de Anne Frank. Mas uma manobra da Fundação Anne Frank, na Suíça, ligado à família dela, conseguiu manter os direitos sobre um texto que já vendeu milhões de exemplares. A alegação é que Otto Frank, pai de Anne, é co-autor do livro, por ter “feito mais do que simplesmente publicar o diário”. Como Otto morreu em 1980, a fundação pode reter os direitos sobre o “seu” livro por mais setenta anos após sua morte, até 2050, portanto. Editoras que planejavam publicar o diário livremente este ano prometem entrar na Justiça.

Morreu em Paris, aos 97 anos, Avraham Marcus Klingberg, pivô do maior caso de espionagem pró-União Soviética na história de Israel. Nascido na ex-URSS, serviu o Exército Vermelho durante a Segunda Guerra. Em 1948, fez aliá e atingiu o delicado cargo de vice-diretor do ultrassecreto Instituto de Pesquisa Biológica, em Nes Ziona. O Shin Bet começou a suspeitar de Klingberg nos anos 1960, mas as provas definitivas foram conseguidas somente duas décadas mais tarde, graças a um agente duplo. Ele foi condenado a vinte anos de prisão e, em 2003, deixou o país com a filha e exilou-se na capital francesa.


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Ralph Lauren Ralph Lifschitz anunciou no final do ano passado, que deixará o comando da empresa, aos 75 anos de idade, após uma vitoriosa carreira que o levou ao sucesso, e ainda conseguiu sofisticar a indústria norte-americana de tecidos. Ele se incomodava com o sobrenome desde a infância, no Bronx, pois lembrava a palavra “shit” e atraía a chacota dos colegas. Mas nem isso derrubaria o imenso ego do caçula dos quatro filhos de imigrantes judeus da Bielo-Rússia. Aos 16 anos, requisitou em cartório a mudança do sobrenome para Lauren, e conquistou o mundo. “Nunca quis esconder minha origem judaica, não foi esta minha intenção”, disse Ralph Lauren em entrevista à Oprah Winfrey. Ele fez o colegial na Yeshiva University de Nova York e cursou dois anos na faculdade de administração de empresas da Baruch College, antes de desistir dos estudos. Depois de o seu patrão recusar o desenho de uma gravata, Ralph decidiu abrir a própria empresa, a Polo Ralph Lauren e, para isso, inspirou-se nos elegantes jogadores de polo, além do mundo das corridas de automóveis, de que sempre gostou. Hoje, ele é considerado o 155º mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em U$ 8 bilhões, tendo criado um império de elegância que emprega 23 mil pessoas em mais de quinhentas lojas, mundo afora. É também um homem de família, casado há mais de cinquenta anos com a austríaca Ricky Loew-Beer. Ele teve de esconder o namoro dos pais durante algum tempo, porque a mãe da garota era católica, embora o pai fosse judeu. David, um dos filhos do casal Lauren, casou com uma sobrinha do ex-presidente George W. Bush. Apesar de renunciar à presidência da empresa, o mega-costureiro não pretende se aposentar, e inventou para si o cargo de “chefe de criação”.

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Bernard-Henri Lévy

Mente brilhante

Há muito anos sou admirador deste filósofo judeu-francês, tido atualmente como uma das maiores forças intelectuais do seu país. Quando eu o entrevistei no início dos anos 2000 para a revista Hebraica e O Globo, em Tel Aviv, considerei como um dos pontos altos da minha atividade jornalística. Lévy, nascido na Argélia, é um dos pouquíssimos casos de livre-pensadores que não teme afirmar publicamente sua estima por Israel e pelo povo judeu, apesar de todas as consequências – a extrema-direita francesa já pediu que sua cidadania fosse cassada, e ele extraditado para o Estado judeu. Claro que na França ninguém leva isto a sério. No Brasil, ele começou a ser mais bem conhecido quando seu livro As Aventuras da Liberdade, baseado em um programa de tevê que ele apresentava, foi publicado nos anos 1990 pela Companhia das Letras. Eu me interessei por ele ao ler uma entrevista no Jerusalem Post, que guardo até hoje, na qual resume sua receita de viver como judeu no nosso mundo: “Inspirarse, ao mesmo tempo, na bravura dos israelenses e na profundeza do judaísmo da Diáspora”. O fato de Lévy ser um dos caras mais bonitos da França somente aumentou minha admiração por ele. No mês passado, esteve no Museu de Tel Aviv, para uma leitura pública do seu próximo livro, Le Génie du Judaïsme. Aproveitou para manifestar publicamente sua solidariedade com os israelenses em meio à atual “intifada das facas”. Longa vida a Lévy.

O israelense Adam Neumann entrou na lista da revista Forbes dos “Mais Ricos Empresários dos EUA com Menos de 40 Anos de Idade”. Em décimo sexto lugar na lista, este ex-kibutznik é hoje dono de cerca de U$ 1,5 bilhão. O sucesso veio por meio de sua empresa WeWork, que transforma galpões e outras áreas amplas em mini-escritórios alugados por míseros U$ 45 mensais. A Forbes calcula que o valor atual da empresa seja de U$ 10 bilhões, apesar de seus 250 empregados. Por incrível que pareça, a WeWork existe há apenas cinco anos, mas já atraiu investidores peso pesados como a Goldman Sachs e o JP Morgan Chase. Na cabeça da lista da Forbes está Mark Zuckerberg, dono do Facebook.

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magazine > cidades | por Matti Friedman *

Jerusalém é normal. Mas é Jerusalém ESSE TEXTO É DE MEADOS DE 2015, ANTERIOR, PORTANTO, À RECENTE ONDA DE ATAQUES A FACA NA CIDADE. NADA DISSO, NO ENTANTO, ALTERA O QUE É FUNDAMENTAL NESTA CARTA DE AMOR À CIDADE SANTA TERRENA

E

m um dia de 2014 segui um caminhão de lixo na parte sul de Jerusalém. Os garis eram judeus e árabes, e o lixo também, pois, afi nal, “todos comem as mesmas batatas”. Esta parecia uma boa maneira de avaliar uma questão desprezada pela maioria dos observadores: sob a imagem de um lugar sempre à beira do confl ito, discretamente se formava um tipo de coesão. Poucos meses depois, os acontecimentos do verão de 2014: três adolescentes judeus eram assassinados, um adolescente palestino queimado em represália e, em seguida, sirenes de foguetes, mais ataques e a pior onda de tormento e vandalismo que a cidade viu em anos. Escrevi a respeito da presença cada vez maior de palestinos em áreas judias, nas lojas, no metrô de superfície da casa para o trabalho; mas os palestinos desapareceram de um dia para outro. As comunidades se voltaram para si mesmas e previu-se uma nova intifada. Não aconteceu e tudo voltou lentamente ao normal – na medida em que “normal” pode ser usado para descrever Jerusalém. De todo modo, aqueles eventos abalaram os habitantes da cidade. Ondas anteriores de violência na cidade, como as dos atentados suicidas, entre 2000 e 2004, foram terríveis, mas poucos perpetrados por pessoas de Jerusalém. No entanto, desta vez, eram de Jerusalém os adolescentes judeus que espancaram palestinos no centro da cidade assim como os palestinos que jogaram carros contra passageiros nas paradas de trens de superfície. Desnudou-se, enfim, a presença desses extremos em nossas próprias ruas. Havia algo de íntimo na violência e isso a tornou ainda pior. Em outubro, Moataz Hijazi, do bairro de Abu Tor, aproximou-se de Yehuda Glick numa rua perto de onde moro. Glick sempre rezava no Muro das Lamentações, e em um destes dias, Hijazi chamou Glick pelo nome, desculpou-se em hebraico e deu quatro tiros nele na vaga suposição de que amaçava os locais sagrados islâmicos. Parecia até briga de vizinhos. Então, como ver Jerusalém agora? Um local de integração ou desin-

tegração? Eu sempre vivi aqui – não em uma cidade de grandes ideias como “redenção” ou “paz”, mas na cidade de supermercados e jardins de infância – e não planejo deixá-la, por estar mais interessado mais na alma de Jerusalém e menos do que tem de jornalístico. Quero falar de pessoas comuns em Jerusalém porque a vida diária e a química social de um lugar são importantes, o que me deixa mais atento à cidade real, o que vai além da rotina de cruzar Jerusalém de norte a sul imaginando o que iria encontrar. Moro em Jerusalém sul, em Talpiot, um tranquilo bairro judaico de prédios baixos, ciprestes, árvores e crianças. Na divisa mais distante da cidade, o oposto a Talpiot em quase todos os sentidos, é o campo de refugiados de Shuafat, em cuja rua principal o trânsito é um caos, há buracos, lixo e, ocasionalmente, um traficante de drogas, adolescente e sempre em calça de moletom. No nome, mas não na prática, o bairro está nos limites municipais de Jerusalém e é muito perigoso tanto para lixeiros como para policiais. Quando há uma década foi construída a barreira da Cisjordânia para impedir a entrada de atacantes palestinos, esta área ficou do outro lado, isolada da cidade pelo muro de concreto e só acessível pelo posto de controle. “Quem tem dinheiro não fica mais aqui”, disse Jamil Sanduka, pegador profissional de cobra e pai de quatro filhos, ao mostrar o bairro. “Aqui sobram armas ilegais, drogas, lixo, e faltam avenidas, serviços, e qualquer futuro para os nossos filhos.” Em Shuafat estão a mesquita Abu Obeideh, anúncios do Al-Filastin Culture Festival, a doceira Tawfiq e lojas de telefones celulares. Parece o Cairo: não se vê nenhum sinal de soberania israelense, nada em hebraico, nenhuma lei, muito lixo queimado em terrenos baldios e ao longo do muro. Como imaginar o resto da cidade a poucas centenas de metros? O bairro está fora da jurisdição da prefeitura de Jerusalém e os cerca de oitenta mil palestinos de lá, com documentos de residência de Jerusalém, foram deixados

de fora. “Eles não querem investir um shekel neste lugar”, disse Sanduka. Lembrete: dos 830.000 moradores de Jerusalém, pouco mais de um terço é de palestinos. Adiante um novo marco: o prédio onde morava Ibrahim al-Akari, em cima de uma loja de pneus usados. Em um dia de novembro de 2014, Akari saiu de casa dirigindo a van branca, atravessou o posto de controle, e na Estrada 1, uma das principais de Jerusalém, jogou a van contra pessoas perto de uma parada de trem de superfície: matou um adolescente, um sexagenário, um policial, e foi baleado por outro policial. Akari ficou indignado ao assistir na tevê a polícia israelense entrar na mesquita al-Aqsa para dissolver uma manifestação. Considerou uma profanação e estourou. A população não suporta o isolamento e negligência, e Sanduka, acredita em pelo menos duas mil armas ilegais escondidas no campo de refugiados, onde cresce o poder do crime, assim como o apoio ao Hamas, e maior ainda a simpatia pelo Estado Islâmico. O hebraico de Sanduka é excelente e ele foi um dos palestinos de Jerusalém Oriental que, há uma década, exerceu o direito de se tornar cidadão israelense. Muitos fizeram isso porque facilita trabalhar e circular. Ao contrário dos documentos de residência da maioria dos palestinos da cidade, a cidadania israelense não pode ser revogada. “Teus vizinhos são mais Hamas ou Israel?”, perguntei. Como quem pouco se importa respondeu: “As duas coisas”. Isto é, às vezes as mesmas pessoas podiam pender para os dois lados. Em Jerusalém Oriental é possível solicitar cidadania israelense e aprender hebraico, pensar que Israel é um mal transitório, uma chaga na pureza do mundo islâmico, e, ao mesmo tempo, ter pacíficas interações diárias com os israelenses.

TAMBÉM EM JERUSALÉM, O METRÔ DE SUPERFÍCIE CONTRIBUIU PARA MUDAR E INTEGRAR A CIDADE

Tudo junto e misturado É inútil a forma habitual de descrever esta cidade em termos binários – Leste/ Oeste, Israel/Palestina, paz/guerra – e compreender a situação significa ter simultaneamente ideias contraditórias. Por exemplo, poucos sabem esssa história a seguir: dois palestinos do bairro de Jabel Mukaber assassinaram quatro devotos e um policial em uma sinagoga, e os feridos levados para o hospital. Lá, foram tratados por um cirurgião palestino do mesmo bairro que os atacantes. Aquele Yehuda Glick, alvejado em nome de Maomé, sobreviveu e agradeceu aos médicos, Muhammad, palestino de Jerusalém, entre eles. No bairro de Sur Baher, próximo de Talpiot, onde é forte a presença do Hamas, funciona um centro comunitário financiado por Israel e na inauguração crianças palestinas em kefiyehs dançaram em um palco decorado com bandeiras de Israel. Se alguns moradores tentaram queimar o centro, outros chamaram os bombeiros de Jerusalém. Um morador é líder local do Hamas. Outro, um muçulmano religioso, conclui doutorado na Universidade Hebraica de Jerusalém em gramática hebraica da época do sábio judeu medieval Saadia Gaon. >>


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>> A cidade é, portanto, um lugar complicado, e algo que Ibrahim al-Akari teria aprendido se tivesse vivido o suficiente para saber a identidade das vítimas: das três pessoas que matou, apenas o adolescente, era judeu; o policial era árabe de origem drusa e o homem de 60 anos, palestino como ele. Os habitantes de Jerusalém estão tão acostumados com os códigos peculiares da cidade que poucos prestam atenção. Os residentes palestinos só atravessam áreas judias para trabalhar, mas não para comer em um restaurante. Os judeus não atravessam áreas árabes, mesmo se por um atalho. Os palestinos usam os ônibus urbanos verdes, dos quais muitos motoristas são palestinos. Mas os judeus não tomam os ônibus azuis e brancos de Jerusalém Oriental, que viajam entre as áreas árabes, e para dentro e para fora da Cisjordânia. De Talpiot, no sul de Jerusalém, não existem ônibus para a Cidade Velha, e chegar lá é complicado. Mas há ônibus regulares com intervalos de minutos de Jerusalém Oriental direto para lá, eu poderia tomá-los. Mas nunca faço isso. Em uma área judia não se espera encontrar, digamos, um vendedor palestino em uma loja de joias. Mas o encanador pode ser palestino, e também os profissionais de saúde. Levei uma criança de 7 anos com tosse à clínica no bairro. O enfermeiro palestino fez o teste de sangue e nos enviou à técnica de raio-X, Maysa, coberta com véu islâmico, que nos guiou pelo corredor até Kamel, um médico palestino, que diagnosticou pneumonia e mandou apanhar os antibióticos na farmácia da rede SuperPharm. Lá, os farmacêuticos de plantão eram Musa e Mustafa, palestinos. Se isto é comum, no entanto, as vendedoras de cosméticos na SuperPharm de Jerusalém Ocidental não seriam palestinas, mas israelenses, geralmente russas. Códigos assim são familiares aos moradores de cidades divididas. Em Belfast, na Irlanda, por exemplo, uma rua comercial dividia um bairro: à esquerda, católico, e à direita, protestante. Os protestantes locais não atravessavam a rua para comer em uma franquia Subway no lado católico.

O BAIRRO DE SHUAFAT, NO LESTE DE JERUSALÉM, CERCADO PELO MURO, PARECE OUTRO MUNDO

Metrô mudou tudo Durante muito tempo, os planejadores da cidade deixaram partes de Jerusalém isoladas, sem qualquer interação entre elas, até que, em 2011, a partir da ideia radical de que também Jerusalém poderia se submeter à lógica do transporte comum, uma linha de trem urbano mexeu com o estado das coisas: pessoas precisam ir da periferia para o centro, e voltar. Assim, ficou claro que a linha do trem urbano é o barômetro da saúde da cidade, ou pelo menos da saúde da ideia de que Jerusalém pode funcionar como entidade única, sob controle israelense. A linha de metrô começa no norte, em Pisgat Ze’ev, bairro construído além das fronteiras de 1967, cuja população judaica foi acompanhada por um pequeno, mas crescente, contingente de residentes árabes. Em seguida, vêm as paradas em Beit Hanina e Shuafat, usadas apenas pelos palestinos; depois, algumas paradas compartilhadas por palestinos e judeus ultra-ortodoxos que vivem nos dois lados da Estrada 1. O trem passa pela Cidade Velha e pelo centro comercial judeu ao longo da rua Jafa antes do ponto final, no Monte Herzl, onde está o túmulo do homem que descreveu Jerusalém como um lugar onde “depósitos de mofo de dois mil anos de desumanidade, intolerância e sujeira repousam em becos malcheirosos”. E sugeriu demolir quase toda a cidade. No verão de 2014, manifestantes palestinos destruíram as paradas de Beit Hanina e Shuafat, que estão perto do local onde Mohammad Abu Khdeir, de 16 anos, foi sequestrado em julho e morto em um bosque fora da cidade. Os tumultos causaram quase quatro milhões de dólares em danos e interromperam a circulação por três semanas. Durante alguns meses, as crianças daqueles bairros atiraram pedras e coquetéis molotov no trem, construído para resistir a ataques, até a polícia reprimir, prender centenas de menores e aprisionar muitos deles durante o período dos processos judiciais, em vez de mandá-los para casa. Aumentou a pressão policial e do Shin Bet sobre os residentes árabes. O trem agora funciona na maior par-

te do tempo sem nenhum incidente. Quando aqueles jovens ficarem mais velhos o efeito de terem estado encarcerados durante semanas ou meses com adultos será, sem dúvida, mais evidente na cidade. Alguns logo elogiaram o trem e o que representava, e mesmo durante as piores semanas, 2/3 da linha funcionavam sem atrasos. O serviço foi retomado nos bairros palestinos assim que os reparos foram concluídos. A frequência passou de trinta mil passageiros/dia quando começou, há menos de quatro anos, para 140.000/dia atualmente. Entre 10 e 20% dos usuários são palestinos. Em uma manhã desci no parque ferroviário, um caminho para ciclistas e pedestres que substituiu a antiga linha de trem do período otomano, em Jerusalém sul. Foram dez minutos da velha estação, na Colônia Alemã, até o bairro árabe de Beit Safafa. No centro comunitário do bairro, ao lado de uma mesquita e um campo de futebol, jovens de ambos os sexos saíam da sala de aula sobraçando livros hebraicos. Em um cartaz em um mural, uma mulher em modesto traje islâmico cercada pelas letras do alfabeto hebraico. Ali Ayoub é o diretor do centro comunitário e o homem por trás das aulas de hebraico. Segundo Ayoub, os moradores árabes de Jerusalém querem ganhar a vida e educar os filhos, e isso os empurra para o contato com Israel. Mas carrega a experiência sob o governo israelense é a de ser oprimido por expropriações de terras, poucas licenças de construção para permitir o crescimento natural, por controles de polícia, por enclaves de colonização judaica em áreas palestinas. Os moradores de Beit Safafa se irritaram com a construção da via rápida urbana Begin Sul, cortando o bairro. “Isso não é política, é apenas a vida”, disse Ayoub a respeito de suas aulas de hebraico. “Hebraico, emprego, educação – tudo isso caminha junto. Mas aprender hebraico não sinaliza desistir de um Estado palestino, de uma identidade palestina e de aceitar Israel.” Israelenses? Nir Hasson, repórter de Jerusalém do jornal Haaretz, é um experiente observador da cidade. Há anos relata o movimento de moradores árabes no sentido de uma acomodação com Israel: por exemplo, aumentou a demanda por aulas de hebraico e pela cidadania israelense e exames de matrícula israelenses. Antes, os palestinos desaprovavam estudar em faculdades israelenses, e agora cerca de 1.200 moradores de Jerusalém Oriental estão matriculados em faculdades israelenses. Os palestinos não realizam protestos na Câmara Municipal, porque isso poderia indicar uma aceitação da autoridade israelense, e isso também mudou. Houve um retrocesso, “mas o processo não está sendo revertido por completo”, disse Hasson. A tendência não se liga ao amor a Israel. A motivação é social e econômica, não política. É devido, em grande parte, à barreira de segurança que cortou Jerusalém Oriental do interior da Cisjordânia, e o fim de qualquer esperança realista de um acordo de paz que levaria soberania palestina em parte

da cidade. E também porque Jerusalém Ocidental precisa de trabalhadores e Jerusalém Oriental, de trabalho; pelo menos 40% dos funcionários árabes têm empregos em áreas judaicas. De seu escritório em Beit Safafa, às vezes Ayoub extrai um favor da prefeitura, que, na gestão do prefeito Nir Barkat, aumentou o investimento e o envolvimento em Jerusalém Oriental. Ele refere-se ao prefeito como “Nir”, mas ele tem pouca influência real e depende de boa vontade, aliás em falta porque a vizinhança, como quase todos os residentes árabes, se recusa a votar nas eleições municipais. Barkat venceu a última eleição por apenas doze mil votos, ou quase a população de Beit Safafa. Ou seja, os votos de Ayoub e vizinhos seriam decisivos para, em troca, pedir melhorias. Se todos os palestinos da cidade votassem, controlariam um terço dos assentos na Câmara Municipal, e Jerusalém seria transformada. Mas persiste o tabu contra a participação nas instituições do inimigo. “O ato de votar é como aprovar a ocupação”, disse Ayoub. “No embate entre o pessoal e o nacional, prevalece este.” A ascensão do Hamas, do Hezbollah e da vasta parentalha ideológica na região a partir dos anos 1990, primeiro causou o colapso do processo de paz e, depois, da ordem existente no Oriente Médio. E o surgimento da ideologia extremista e dos movimentos armados violentos na região pôs fim a qualquer esperança de Israel ceder, de forma segura, o controle de parte da cidade, o que deixa os residentes árabes em um limbo que vai completar cinquenta anos. As contradições da política de Israel são aparentes, como a expectativa de que os palestinos vão cumprir a lei e evitar a violência, enquanto as autoridades solidificam o controle judaico. É difícil prever o resultado que o governo espera, por exemplo, a partir da panela de pressão criada em um lugar como o campo de refugiados de Shuafat. As contradições da oposição palestina também são claras, embora apontadas com menos frequência. Os ára>>

Em Jerusalém Oriental é possível solicitar cidadania israelense e aprender hebraico, pensar que Israel é um mal transitório, chaga na pureza do mundo islâmico, e, ao mesmo tempo, ter interações pacíficas diárias com os israelenses


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magazine > cidades >> bes de Jerusalém querem rejeitar a soberania de Israel, mas também querem que as autoridades israelenses os tratem de forma justa. Querem que os funcionários eleitos levem seus desejos em conta, mas não votam nas eleições. Declaram-se sem poder, mas se recusam a exercer o poder legalmente disponível a eles. É possível simpatizar com a situação deles mas não se pode ignorar o seu próprio papel no impasse. Sem qualquer política clara por parte de Israel ou da liderança palestina quanto ao que os moradores de Jerusalém Oriental sejam encorajados a fazer, eles fazem o necessário para sobreviver. A tendência não é exatamente a integração, porque nenhum dos lados quer isso, mas é o que pode ser chamado com mais precisão de mistura. Isso acontece em lugares como a área comercial de Mamilla, fora do Portão de Jafa, frequentada e cuidada por judeus e árabes, ou o centro comercial Malha, que estimula a clientela palestina, e onde é mais comum ver vendedores palestinos. Em um outlet da American Eagle os três jovens funcionários eram palestinos, evidência de mudança na paisagem humana de Jerusalém Ocidental. Palestinos? O processo vem com riscos. “Misturar de uma forma dependente, não planejada ou intencional, leva ao contato em uma dinâmica de poder desigual”, disse Marik Shtern, pesquisador do Instituto Jerusalém para Estudos de Israel, que investigou o impacto da economia da cidade nas suas populações. “Isso cria frustração no lado dos palestinos, porque todos os dias percebem os vazios entre o leste e o oeste e se tornam mais conscientes do telhado de vidro que os cobre.” Ao mesmo tempo, a população judaica da cidade, cada vez mais religiosa e inclinada à direita, vê mais palestinos em áreas judaicas, e o desconforto com a sua presença pode inflamar o sentimento anti-árabe. “Os parques são assustadores?” proclamava o sinistro anúncio de um partido de direita durante a última eleição municipal, uma tentativa de tirar vantagem do medo dos árabes. Tudo isso se liga aos eventos do verão e outono de 2014. E o que aconteceu em Jerusalém foi desencadeado por fatos de importância nacional, como o conflito de Gaza, e também tinha relação com uma participação maior dos judeus e árabes na vida uns dos outros e com a frustração e dependência presentes. Isso deixou alguns raivosos e também ajuda a explicar por que as coisas não foram mais longe. De um lado, os habitantes árabes de Jerusalém não poderiam incendiar a cidade quando emoções comuns estavam inflamadas porque enquanto indivíduos tinham muita coisa em jogo. De outro, muitos judeus teriam preferido não empregar árabes, e até mesmo fazê-los desaparecer por completo. Mas, sem eles, hospitais, saneamento, construção, transporte e turismo – isto é, a cidade inteira – deixaria de funcionar. Semanas depois de os foguetes pararem de cair, no verão (europeu) de 2014, apareceu um cartaz com fotografias de rostos – um judeu com barba, um árabe sem barba e uma moça

com cabelo castanho claro. Cartazes com outros rostos foram vistos por toda a cidade, todos com a mensagem: “Estamos aqui”. As pessoas não sorriram ao vê-los, mas foi o primeiro vislumbre de empatia humana, se não de otimismo, que a maioria de nós tinha visto nas ruas em meses. O grupo por trás da campanha se chama Jerusalem Season of Culture (Jerusalém Estação da Cultura), que tenta aproveitar energias inexploradas da cidade na forma de arte. A Estação da Cultura estava prestes a lançar seu programa quando começaram a cair os foguetes do Hamas, e desorganizou o cronograma de eventos. A vice-diretora do projeto, Karen Brunwasser, tinha planejado reuniões em Jerusalém Oriental, onde a Estação da Cultura atua cuidadosamente. Os encontros não se realizaram por um acordo tácito e os contatos palestinos pararam de vir para o lado ocidental. Mas perto do apartamento de Karen, adolescentes gritavam “Morte aos árabes”. Como a equipe sentiu que precisava ser feito algo urgentemente, dois artistas locais criaram a campanha “Estamos aqui” e espalharam os cartazes pela cidade. A frase pegou por ser uma das raras declarações com a qual a maioria dos habitantes de Jerusalém poderia concordar, e como resposta àqueles que sonham fazer os moradores de outra parte da cidade ir embora. “A verdadeira divisão aqui é entre pessoas que rejeitam a diferença e aqueles que podem tolerá-la, ou até mesmo apreciá-la”, disse Brunwasser. Um dos eventos mais interessantes em Jerusalém Ocidental na última década tem sido o surgimento de uma aliança de ativistas que trabalham por uma cidade pluralista. Grande parte da intelligentsia liberal e da classe média de Jerusalém fugiu para Tel Aviv, ou seja, os que ficaram por aqui tendem a ficar por princípios e são mais durões do que a média. Alguns membros deste grupo, como os partidos Yerushalmim (“hierosilimitanos”) e Hitorerut (“despertar”), fazem política. Outros, como a Estação da Cultura, fazem arte. A Yeshiva Secular

Durante muito tempo, os planejadores da cidade deixaram partes de Jerusalém isoladas, sem qualquer interação entre elas, até que, em 2011, a partir da ideia radical de que também Jerusalém poderia se submeter à lógica do transporte comum, uma linha de trem urbano mexeu com o estado das coisas

faz a sua própria marca de aprendizado judaico. Cantores como Rif Cohen e Neta Elkayam compõem música a partir do mundo judaico do Oriente Médio. Parte da cena é o Tahrir, bar que homenageia a famosa praça no Cairo. A cidade agora tem um grupo de dança moderna de homens religiosos, parte do florescer da ortodoxia descolada e difícil de se imaginar em qualquer outro lugar. Desde a recente derrota da esquerda em mais uma eleição nacional, muito se fala do fracasso dos políticos liberais em se conectar ou mesmo entender o centro nevrálgico israelense – que não é tanto uma localidade, mas um estado de espírito formado pelo judaísmo e pelo Oriente Médio, ambos estranhos a muitos dos políticos e eleitores da esquerda. Ativistas de Jerusalém não têm esse problema. Quando dois produtos deste clima, Rachel Azaria e Roy Folkman, que na eleição pularam da política municipal para a Knesset, o blogueiro de Jerusalém, Shalom Boguslavsky, sugeriu que todos tomassem nota. “No discurso público e de mídia havia um acordo que esta cidade é uma causa perdida. Eles não ligaram para isso e obtêm sucesso após sucesso”, escreveu a respeito dos ativistas. “Em dez anos, a vida pública neste país – política, mídia, cultura, crítica, e mais – estará cheia de pessoas cujas principais experiências, bem como o tempo e o lugar que entraram na vida pública, ocorreram em Jerusalém nas primeiras décadas do século 21”. O que se fazia em Jerusalém Ocidental tinha pouca conexão com o lado Oriental, mas isso mudou. Há um ano, muitas organizações reuniram-se para a conferência “East of Here (a leste daqui)”, procurando meios e modos de se envolver com a parte palestina da cidade, e abriu-se a inscrição para um curso para ativistas interessados na Jerusalém árabe. “Nos cinco anos anteriores à guerra de Gaza, os ativistas sentiram que a sociedade civil de Jerusalém fizera progressos significativos”, disse Brunwasser, da Estação da Cultura. “Mas a natureza precária de tudo o que fizeram ficou clara, e os militantes entenderam que a parte árabe da cidade não podia ser ignorada. Não se trata de saber exatamente o que fazer, mas todos investimos muito na cidade para

O SHOPPING MAMILLA EMPREGA PALESTINOS E SUA EXTREMIDADE TERMINA EM UM DOS PORTÕES DA

CIDADE VELHA

desistir”, disse ela. É impossível prever onde tudo isso vai dar. É possível apenas sugerir uma compreensão mais cuidadosa e humana do lugar, em vez da repetição interminável de uma história a respeito das “tensões na Cidade Santa”. Desde o ano passado, aumentou minha consciência acerca da fragilidade da cidade, ao mesmo tempo em que aumentou a convicção de que Jerusalém é mais cosmopolita e mais aberta à aceitação, do que as pessoas imaginam. Há uma convergência de interesses que produzem a ideia definitiva de que Jerusalém é uma cidade de conflito e violência. A direita israelense deseja retratar os árabes como uma ameaça. Entre os palestinos, há um desejo de enfatizar a opressão israelense e a resistência palestina. E os jornalistas querem uma história dramática, de preferência aquela que todo mundo espera ler. Na verdade, Jerusalém não é uma cidade violenta. Se comparado aos vizinhos seria moleza dizer isso. A polícia não divulga os números de homicídios, e são os relatos da imprensa israelense e palestina que revelam um total de 23 casos de morte violenta em Jerusalém em 2014, incluindo civis mortos na violência política, dois policiais, seis agressores palestinos mortos pelas forças de segurança e quatro homicídios apolíticos. Em Indianápolis, Indiana (EUA), cidade do mesmo tamanho de Jerusalém, no mesmo período foram assassinadas 135 pessoas. Os árabes se sentem como uma minoria sitiada em Jerusalém. Os judeus se sentem como uma minoria sitiada no Oriente Médio. Todo mundo é prejudicado e não tem certeza a respeito do que está por vir. Na intimidade, pessoas pensam e dizem coisas terríveis do outro lado. Nesta cidade as pessoas são separadas pelas forças do tribalismo que devoram nossos vizinhos e se mantêm juntas pela força da vida normal. Agora, a vida normal é mais forte. * Matti Friedman mora em Jerusalém e seu The Aleppo Codex (“O Códice Alepo”), ganhou o Prêmio Sami Rohr de 2014 de literatura judaica


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magazine > palavra | por Philologos*

Não, os liliputianos não falavam hebraico NÃO, NÃO TEM FUNDAMENTO A IDEIA DE QUE OS GULLIVER, CLÁSSICO DO ESCRITOR ANGLO-IRLANDÊS JONATHAN SWIFT (1667-1745), FALAVAM HEBRAICO, COMO PROVA NOSSO ESPECIALISTA EM LÍNGUAS

LILIPUTIANOS DE VIAGENS DE

U

m texto sob o título “Será que os liliputianos falam hebraico?” foi publicado em importantes jornais do mundo e, claro, no Jerusalem Post, em cuja fonte os sites judaicos foram beber e o reproduziram. Ou estes: “ ‘Viagens de Gulliver’ decodificada”, “Cientista decifra mistério de palavras em ‘Viagens de Gulliver’ ” e “Linguista da Universidade de Houston explica língua secreta de ‘Viagens de Gulliver’ ”. O último desses títulos apareceu em um comunicado de imprensa divulgado em meados de agosto pela Universidade de Houston (Texas) que, parece, base de todas as outras histórias. O comunicado, por sua vez, cita artigo publicado pelo professor do Departamento de Literatura Inglesa da universidade, Irving N. Rothman, no último volume do Swift Studies (Estudos sobre Swift), análise cultural anual que trata de Jonathan Swift (1667-1745), autor de Viagens de Gulliver, publicado pelo Centro Ehrenpreis Westfälische Wilhelms da Universidade de Münster (Alemanha). Como, no entanto, não encontrei nenhuma forma de ter acesso a esse volume, ou ao artigo integral de Rothman a respeito de “The ‘Hnea Yahoo’ of Gulliver’s Travels and Jonathan Swift’s Hebrew Neologisms” (‘Hnea Yahoo’ de As Viagens de Gulliver e neologismos hebraicos de Jonathan Swift”), resta-me o comunicado de imprensa. E, acreditem, trata-se de rematada bobagem. O comunicado de imprensa dá a Rothman quatro razões para sugerir que ele teve êxito em descobrir as origens hebraicas do “quebra-cabeça de 289 anos” das línguas faladas pelos liliputianos, brobdingnags e yahoos, três dos povos estranhos encontrados por Gulliver nas viagens. A saber:

1) A língua dos brobdingnags tem 22 letras, assim como o hebraico. 2)

Quando, no primeiro capítulo do romance, o náufrago

Gulliver desperta e se descobre amarrado no chão pelos minúsculos liliputianos que pululam em torno dele com pequenos arcos e flechas, um deles grita Hekinah degul, uma frase depois repetida duas vezes. Degul significa “bandeira” em hebraico e hekinah, “transferir, transmitir ou dar”, portanto “se pode deduzir que Hekinah degul diz respeito a uma postura militante, oferece uma tela de cores, e insta Gulliver a capitular diante da bandeira liliputiana”.

3) Na mesma cena, Gulliver descreve os liliputianos dando-lhe duas de suas pequenas barricas de vinho e sinalizando para atirá-las para baixo, depois de esvaziá-las, “primeiro alertando as pessoas abaixo para ficar fora do caminho, gritando em voz alta Borach mevolá”. Borach é “uma variante do hebraico Boruch, ou abençoado”, e mevolá, de mivolam ou mivolim, significa “derrota total”. Ou seja: “Ao beber todo aquele licor Gulliver fica desamparado e em estado de embriaguez”.

Esse é o argumento todo, e por demais absurdo para ser refutado. De todo modo, vamos lhe dar o benefício de alguma resposta. Aos números, pois:

1) O alfabeto árabe tem 28 letras. Se o alfabeto brobdingnagiano tivesse o mesmo número, isso poderia sugerir que os brobdingnags falam árabe? 2)

Embora a palavra hebraica para bandeira seja degel, não degul, hekina poderia concebivelmente ser a versão de Swift para hachiná, forma imperativa de um verbo que significa “preparar-se”, e não (como Rothman disse) “transferir” ou “dar”. Mas não só não há menção de bandeiras nesta cena, como não existe a mais remota sugestão de uma. Além disso, a nota de imprensa da Universidade de Houston não menciona que há outras três expressões liliputianas na mesma cena, e que Rothman, aparentemente, não relata porque escapam até mesmo à sua ginástica mental. Uma delas é tolgo phonac, uma ordem para atirar as flechas destinadas a Gulliver; a segunda é langro dehul san, um comando para libertá-lo de suas amarras; e a terceira é hurgo, palavra pela qual os liliputianos, Gulliver diz: “Como soube mais tarde, chamam um grande senhor”. E daí? Onde está o suposto hebraico nestas expressões?

3) Além do fato de que “Bendita seja a derrota completa” seja algo muito estranho para os liliputianos dizerem a respeito de um Gulliver embriagado (vale notar que em nenhum lugar consta que ele está bêbado), em hebraico não existe tal palavra ou similar a mevolá, mevolim ou mevolam. Na verdade, nem imagino o que levou Rothman a pensar que houvesse essa expressão, muito menos que a mesma significasse “derrota completa”. 4) A passagem em Viagens de Gulliver com a frase hnea-yahoo diz o seguinte: “Eu, de fato, observei que os yahoos eram os únicos animais neste país sujeitos às doenças...

4)

O nome dos yahoos bestiais para si mesmos é derivado de “Yahweh”, uma pronúncia conjecturada do tetragrama bíblico YHWH, o sagrado nome de quatro letras de Deus. Isso fica claro pelo uso da frase hnea yahoo, a palavra hnea lida de trás para frente aenh ou a palavra hebraica eyn, “que significa ‘não’”. Embora “os críticos reconhecessem a natureza pecaminosa e venal dos yahoos... nenhum notou o fato de que hnea yahoo pudesse representar o yahoo como a antítese da divindade”.

A IMAGEM CLÁSSICA DE GULIVER ENFIM AMARRADO PELOS LILIPUTIANOS

Nem a sua linguagem tinha mais do que uma denominação geral para estas doenças, que é emprestada do nome da besta, e chamada hnea-yahoo, ou o mal de yahoo; e a cura prescrita é uma mistura de seu próprio esterco e urina, forçosamente colocada garganta abaixo do yahoo”. Antítese da divindade, alguém acha? Tudo isso não valeria mais que boas risadas e rápido esquecimento não fosse por várias perguntas impertinentes. Por que um professor de inglês, que obviamente pouco ou nada sabe de hebraico, decidiu-se em condições para escrever a respeito do suposto uso que Swift fez do idioma? Por que os editores de um jornal sério como Swift Studies publicaram tal absurdo sem antes enviar o texto para um parecer competente? Por que a Universidade de Houston decidiu que tinha um instrumento de relações públicas sem antes consultar gente do ramo? Por que publicações como Guardian, Daily Mail, Times of Israel, Jerusalem Post e também a Mosaic e outros regurgitaram o comunicado de imprensa da universidade, como se fosse digno de consideração séria? Mas é como um antigo sargento do exército de Israel dizia: lama sho’alim b’Pesach (porque fazemos perguntas em Pessach). Se você espera resposta à pergunta “por que”, espere por Pessach e suas quatro perguntas. * Philologos é linguista

Por que os editores de um jornal sério como Swift Studies publicaram tal absurdo sem antes enviar o texto para um parecer competente? Por que a Universidade de Houston decidiu que tinha um instrumento de relações públicas sem antes consultar gente do ramo?


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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman

A Guatemala é uma homenagem à natureza O NOME GUATEMALA VEM DA LÍNGUA NAHUATI, SIGNIFICA “LUGAR DE MUITAS ÁRVORES” E ISSO SE JUSTIFICA PLENAMENTE, POIS EM UMA ÁREA DE APROXIMADOS 109 MIL QUILÔMETROS QUADRADOS ESTÁ UMA DAS MAIS RICAS BIODIVERSIDADES DO PLANETA, UM ECOSSISTEMA ÚNICO SOB PERMANENTE AMEAÇA DE DEVASTAÇÃO HUMANA

A

Guatemala é um país pobre que, no entanto, pode ostentar dois prêmios Nobel: de Literatura, em 1967, com Miguel Angel Astúrias, autor de O Senhor Presidente, e da Paz, outorgado à líder indígena Rigoberta Menchú, em 1992. Este país da América Central, limitado ao norte pelo México e ao sul por Honduras e El Salvador e cercado pelo Caribe e pelo Pacífico, foi conquistado pelos espanhóis no século 16 que lá também colocaram em prática a política de terra arrasada, tentando devastar a cultura e a religião maias. Não conseguiram totalmente e o viajante ainda pode ver vestígios da civilização maia que os seus descendentes procuram manter.

É o caso, por exemplo, de Tikal, no norte do país, com fantásticas ruínas de um antigo império maia possivelmente do século 4 antes da Era Comum e que se localiza no meio do Parque Nacional. Merece uma visita a cidade de Antigua (Antiga Guatemala), uma das três ex-capitais do país que no seu auge teve 60.000 habitantes, agora reduzida à metade. Não podemos deixar falar de Atitlan, um lago vulcânico de cerca de 340 metros de profundidade e área de 130 quilômetros quadrados, cantado em prosa e verso como o mais bonito do mundo, e que, segundo Aldous Huxley, os três lagos que o limitam ao sul aumentam a sua beleza. A partir do século 19, o país recebeu milhares de imigrantes europeus, principalmente alemães. Eram alemães e do leste europeu os judeus que para lá acorreram fugindo aos pogroms da Rússia czarista e, antes e durante a Segunda Guerra, à perseguição nazista. Consta que lá, hoje, vivem cerca de nove mil judeus, e é de Israel a décima segunda maior onda emigratória com cerca de novecentas pessoas, >> nos últimos cinco anos.

A partir do século 19, o país recebeu milhares de imigrantes europeus, principalmente alemães. Eram alemães e do leste europeu os judeus que para lá acorreram fugindo aos pogroms da Rússia czarista

A grande pirâmide de Tikal

Centro da cidade de Antigua


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magazine > viagem

Banda em hotel em Antigua

Nativa fazendo tortillas

Tirando a sorte

Nativa com filho no colo

Tecidos pintados

Instrumento que parece um rústico vibrafone

Pintura de três mulheres trabalhando no tear Porcelanas numa das comunidades do Lago Atitlan

Ônibus todo decorado

Máscaras

Nativa carregando filho no mercado


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por Bernardo Lerer

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A História dos Judeus Simon Schama | Companhia das Letras | 533 pp. | R$ 69,90

A história dos judeus não é uma cultura à parte como se apregoa por aí, mas é um universo influenciado pelos povos com quem o judeu habitou e, por isso, a história deles é a história de todo mundo. O livro vai desde os tempos de povo tribal até a descoberta da América e registra um épico de resistência contra a destruição, de criatividade e alegria e de afirmação à vida, mesmo diante de todos os obstáculos. O livro foi muito elogiado e o The New York Times Book Review diz que o autor “resgata o que não se conhece ou ficou esquecido e analisa as forças sociais e culturais que moldaram a vida dos seus objetos de estudo”. Um livro necessário.

Benjamin Franklin – Uma Vida Americana Walter Isaacson | Companhia das Letras | 580 pp. | R$ 55,90

O autor, que escreveu uma fantástica biografia de Einstein: sua Vida, seu Universo e o best-seller internacional Steve Jobs: a Biografia, agora se aventura pela vida de um dos pilares da história moderna, também jornalista, escritor, cientista, inventor e diplomata, que ajudou a moldar os Estados Unidos e cujo pensamento ultrapassou as suas fronteiras se tornando um dos grandes modelos de liberdade e igualdade para os tempos modernos.

Amigos da Mente David Perlmutter | Editora Paralela | 340 pp. | R$ 39,90

O autor é um famoso pesquisador norte-americano que há anos tentou provar com seu primeiro livro A Dieta da Mente como o glúten e os carboidratos podem destruir o cérebro. Neste, escreve que este e outros alimentos afetam o intestino e mostra a importante relação dos micro-organismos intestinais com o cérebro. Para ele, as bactérias que formam o microbioma do intestino são fundamentais para a saúde do cérebro. Ele considera isso essencial para proteger a mente de males como o autismo e o TDAH nas crianças e a demência nos adultos.

A Comuna de Paris John Merriman | Rocco | 400 pp. | R$ 59,90

Mas a tradução do original, em inglês, é O Massacre e é também isso que o livro conta com riqueza de detalhes a respeito de como surgiu a Comuna de Paris, os 72 dias de sua existência em 1871 em seguida à humilhante derrota da França pela Prússia e o contexto social e urbano da cidade da época. O massacre ocorre de 21 a 28 de maio e mata cerca de quinze mil pessoas. Os fatos e personagens são descritos como se alguém contasse uma história. Nem um filme seria melhor. É um evento que se alinha entre os traumas que, ao lado da revolução de 1789, do governo de Vichy em 1940 e as revoltas de maio de 1968 moldaram a França. Uma obra-prima.

O que Fazer? Nikolai Tchernichevski | Editora Prismas | 479 pp. | R$ 70,00

Comando e Controle Eric Schlosser | Companhia das Letras | 685 pp. | R$ 59,80

Com farta documentação inédita, tenta explicar como desenvolver armas de destruição em massa sem ser destruído por elas e revela que falibilidade humana e complexidade tecnológica ainda representam grave risco. Para isso, recorre ao acidente com um míssil nuclear no estado do Arkansas, em 1980, e conta o esforço de cientistas, políticos e militares para garantir que as armas não sejam roubadas, sabotadas e usadas sem permissão. Além disso, relata histórias de pilotos de bombardeiros, engenheiros de mísseis e tripulações durante a Guerra Fria.

Fernando Henrique Cardoso – Diários da Presidência 1995-1996 Companhia das Letras | 929 pp. | R$ 74,90

O autor estava na prisão quando escreveu este romance que fez os intelectuais russos desistirem de reformar o autoritário regime czarista e enveredarem pelo caminho da revolução que, afinal, se consumou em outubro de 1917. Os críticos dizem que nenhum livro da literatura moderna, à exceção de A Cabana do Pai Tomás, pôde competir com este na capacidade de influenciar vidas humanas e no poder de fazer história. Atenção: este livro não tem relação alguma com O que Fazer, de Lenin, escrito depois da Revolução, em um momento de impasse.

Para os 7% da população que ainda leem jornais e revistas, é importante se deter em muitas das páginas deste diário e constatar que ele também precisou se render ao o presidencialismo de coalizão, em que o presidente se submete às chantagens do Congresso Nacional, cujos integrantes trocam votos por favores e o espírito cívico por cargos. Todas as noites, FHC gravou os eventos do dia e as fitas transcritas, revisadas por ele. No livro estão suas reflexões a respeito da própria reeleição e como o PSDB sufocou uma CPI para apurar as circunstâncias em que foi aprovada no Congresso. Leiam com coragem, em todos os sentidos.

Nêmesis

Maestro, uma Biografia

Peter Evans | Intrínseca | 367 pp. | R$ 40,90

Ricardo Carvalho | Gutenberg | 317 pp. | R$ 34,90

Com o subtítulo “Onassis, Jackie e o Triângulo Amoroso que Derrubou os Kennedy”, o autor afastou o véu de afetação, luxo e poder e foi descobrir o mundo de sexo, política e interesses que se confundiam e desembocavam num escandalosos triângulo amoroso formado por Jackie (já Onassis), o próprio Aristóteles Onassis e Bob Kennedy, que se detestavam desde há muito e só piorou quando passaram a disputar o afeto da viúva mais desejada daquele período marcado por subornos, encontros sexuais, mentiras e traições que culminou no assassinato de Bobby.

A biografia em questão é a do pianista João Carlos Martins, intérprete do Cravo Bem Temperado, de Bach, transformado em maestro porque perdeu o movimento das mãos em razão de tragédias pessoais entre elas cair com o cotovelo em cima de uma pedra jogando futebol no Central Park e uma paulada na cabeça na tentativa de um assalto na pacata Sófia, Bulgária, depois de um concerto. Desistiu do piano aos 64 anos e criou a Bachiana Filarmônica que leva boa música para a periferia das cidades.

A Última Viagem do Lusitânia Erik Larson | Intrínseca | 431 pp. | R$ 34,90

Como um veterano em tratar a não-ficção como ficção da melhor qualidade, o autor faz um relato fascinante de um dos mais trágicos acontecimentos da Primeira Guerra. Em 10 de maio de 1915, décimo mês da Primeira Guerra o luxuoso transatlântico Lusitânia, decorado como um palacete inglês, saiu de Nova York para Liverpool, lotado, principalmente de crianças e bebês. Apesar da guerra, a viagem era tranquila. Mas um submarino alemão decidiu mudar os planos de todos e o afundou.

Música Caipira José Hamilton Ribeiro | Realejo Livros | 440 pp. | R$ 89,00

A dupla Tonico e Tinoco foi a que mais vendeu discos no Brasil: 150 milhões, trinta milhões a mais que Roberto Carlos. Só isso já justificaria escrever a respeito da música caipira. Além disso, na relação dos dez maiores vendedores de discos atualmente, quatro cantam música caipira. Este livro conta porque as coisas são do jeito que são neste quesito e mostra a diferença entre música caipira e música sertaneja e como aquela se afasta do sertanejo moderno, ou sertanejo universitário. Zé Hamilton revela a história que cerca cada uma das 270 maiores modas e os 22 ritmos diferentes da música caipira. Leiam, vale a pena.


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por Bernardo Lerer

The 50 Greatest Tracks Plácido Domingo | Deutsche Grammophon | R$ 47,90

Bob Marley & The Wailers

Uma importante revista de Colônia (Alemanha) dedicada ao mundo operístico escreve que Plácido Domingo “é o mais versátil dos cantores de todos os tempos” e, agora, também, um importante maestro. Neste álbum duplo, lançado este ano, ele canta cinquenta faixas em que se misturam músicas populares ou árias de óperas que ajudou a popularizar em italiano, alemão, francês, espanhol (claro) e inglês.

Na capa do álbum com seis cd’s lê-se em letra miúda que se trata de faixas remasterizadas para padrões do século 21 de gravações feitas no século passado. E, podem acreditar, trata-se de uma coleção de obras-primas de Robert Nesta “Bob” Marley, o jamaicano morto em 1981 aos 36 anos, de câncer. Marley era apreciador de futebol e tinha em Pelé ídolo e grande amigo. Vale a pena ouvir.

Music Brookers | R$ 115,90

You Can’t Use My Name Curtis Knight & The Squires | Sony Music | R$ 24,90

Curtis (1929-1999) foi um excepcional músico moldado nos porões de Nova York, onde se apresentava com qualquer banda que se animasse a tê-lo entre os seus e que depois formou seu conjunto a que deu o nome de The Squires. Mas ele se tornou conhecido mesmo depois que se ligou a Jimmy Hendrix e lhe apresentou um famoso produtor que abriu as portas para Hendrix e, este, já famoso abandonou a todos. Curtis incluído.

21 Danças Húngaras

Eric Clapton & Friends

Johannes Brahms | Deutsche Grammophon | R$ 199,90

Black Line Collection | R$ 59,90

Brahms fazia questão de conservar a pureza da estrutura germânica de compositores como Bach, Mozart, Beethoven e Haydn embora tenha concedido mais leveza às suas inúmeras composições. Estas “Danças Húngaras” sempre tiveram sucesso e mais ainda quando o compositor recebeu um emissário do inventor Thomas Edison para uma experiência: gravar um pequeno trecho da Dança Húngara # 1.

Guitarrista, cantor e compositor, Clapton, nascido na Inglaterra, foi diversas vezes incluído no hall da fama e nas relações de revistas e institutos especializados como um dos mais importantes instrumentistas de todos os tempos. Neste álbum duplo, Clapton, que já havia tocado com monstros como John Mayall, por exemplo, agora se junta a Jack Bruce, Jimmy Page, Ginger Baker e Jeff Beck.

Peter and the Wolf in Hollywood

A Giant Among Giants

Deutsche Grammophon | R$ 27,90

Duke Ellington | Intensemedia | R$ 127,90

Alice Cooper é o narrador desta versão de Pedro e o Lobo, a obra-prima escrita para crianças por Sergei Prokofiev, e alcançou grande sucesso quando apresentada numa breve temporada em Hollywood e executada pela National Youth Orchestra of Germany. No mesmo cd peças de Mahler, Puccini, Smetana, Elgar, Mussorgsky, Grieg, Dukas, Satie, Wagner, Schumann e Zemlinsky.

Com estes dez cd’s remasterizados de lançamentos a partir dos anos 1950, é possível se fartar com a produção aparentemente inesgotável de Edward Kennedy “Duke” Ellington (1899-1974), um dos mais completos músicos de “American Music”, na verdade, jazz, expressão que não gostava de usar, de todos os tempos. Há também duetos de piano, orquestra da qual era crooner e acompanhamentos com cantoras como Mahalia Jackson.

Quinteto Violado Canta Dominguinhos

Nat King Cole Classic

Atração | R$ 17,90

Som Livre | R$ 17,90

A morte prematura deste grande compositor e intérprete orgulhoso de ter sido discípulo de Luiz Gonzaga não deixou a música brasileira órfã, como é mais fácil dizer, porque ao longo dos anos, sozinho ou na companhia de parceiros ilustres como Gilberto Gil e Nando Cordel, por exemplo, construiu um legado fantástico executado pelas mais diversas formações como esta, do Quinteto Violado.

Embora tenha se consagrado como cantor, Nat King Cole (1919-1965) se notabilizou por ter sido o primeiro pianista de jazz. De todo modo, durante cerca de três décadas gravou dezenas de canções valendo-se de uma voz de barítono, doce e aveludada que parecia combinar com todos os instrumentos da orquestra. Este cd reúne suas mais conhecidas canções como Unforgetable, Smile, Mona Lisa, e outras.

Le Charme de la Guitare

Rock Symphonies

Warner Music | R$ 35,90

David Garret | Decca | R$ 32,90

Turíbio Santos nasceu em 1943 e deu seu primeiro concerto solo aos 10 anos, executando clássicos da música para violão. De lá para cá não parou mais, ganhou os palcos do exterior e em 1965, com 22 anos, conquistou o primeiro prêmio, em Paris, em um concurso organizado pela Radio e Televisão Francesa, e tocou com as mais importantes orquestras do mundo.

David Garrett nasceu na Alemanha em 1980 e a biografia dele indica que se apresenta desde 1988 até hoje, portanto começou aos 8 anos. Na verdade, começou aos 4 anos quando o pai, um advogado de Aachen, deu um violino ao filho mais velho, mas David se interessou, pegou o instrumento, estudou e aos 7 anos vence um concurso. Este cd é a transcrição para violino de composições de rock.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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magazine > ensaio | por Bernardo Lerer

O Uma história de chazanut A FOTO AO LADO É DE SETEMBRO DE 1994. O CENÁRIO

É A SINAGOGA ISRAELITA DO BRÁS DURANTE UMA CERIMÔNIA

DE SELICHOT, AS ORAÇÕES QUE ANTECEDEM EM UMA SEMANA A

ROSH HASHANÁ, E QUE FAZEM PARTE DAS SUAS CELEBRAÇÕES

ar sério das pessoas parece realçar a felicidade do reencontro de algumas delas com o seu passado do fantástico e envolvente mundo do canto litúrgico e nas quais se pode notar um certo sorriso. Rosh Hashaná e Iom Kipur naquela sinagoga, na primeira quadra da rua Bresser, se tornaram um acontecimento na comunidade judaica de São Paulo a partir de meados dos anos 1950 quando o chazan Oswie Solón (z’l), de chapéu, passou a incorporar ao coral crianças que recém tivessem completado o bar-mitzvá, casos de Gerson Herszcowicz, o primeiro à direita, Henrique Suster, de barba, e Marcos Hoffman (z’l), o terceiro da esquerda para a direita e ao lado de Solon, o chazan Avi Burstein. Agachado, Bernardo Lerer. Entre Suster e Solón, está Jacob Herszcowicz (z’l) pai de Gerson, que há anos integrava os corais de sinagogas junto com seu irmão Samuel (z’l), um homem de olhos miúdos e voz de baixo que rejeitou convites para cantar óperas porque exigia muitos ensaios. Conta Gerson: “Na celebração de Selichot, no último sábado à noite antes daquele Rosh Hashaná de 1955, a sinagoga do Brás estava lotada. Era minha primeira participação no coral. Eu e os novos companheiros do grupo chegamos bem antes da hora e nos juntamos ao chazan em uma pequena sala do lado direito de quem entrava no piso superior da Sinagoga do Brás. Do quartinho em frente, do mesmo tamanho que aquele ocupado por nós, saía um cheiro forte de velas que derretiam e se esparramavam pelo chão. Suas paredes estavam pretas de fumaça o calor ali era insuportável e o cheiro, nauseante. Cada um de nós recebeu uma capa preta e um chapéu com um pompom em cima. Ansiosos, esperamos o momento de entrar no recinto da sinagoga e subir ao púlpito junto com o chazan, uma pessoa que, muito mais do que o chefe do coral e o condutor do ofício religioso: ele está investido, perante D’us, da condição de procurador daquelas poucas dezenas de homens e mulheres que lá cabiam”.

Os homens desta foto contam parte da história da chazanut em São Paulo e que tem primeiro em Solón a partir dos anos 1930 em várias sinagogas e, depois, em Gerson, a partir dos anos 1970, na Hebraica, seu fio condutor. Certa vez foi lançado um disco em 78, gravado por Motl Volik que tinha um estúdio no andar de cima de um casarão na rua Ribeiro de Lima, quase esquina com José Paulino. Tinho nome de “A Voz Querida de São Paulo” e que algum apressado poderia imaginar tratar-se de um dos grandes cantores populares da época. No entanto, a “voz”, no caso, era o próprio Oswie Solón. Naquela noite de 1994, sem qualquer ensaio e diante de uma plateia de antigos frequentadores daquela sinagoga e que para lá voltaram para relembrar os velhos tempos, a apresentação foi irrepreensível. “Como é possível a gente se lembrar de tudo e acompanhar o ‘velho’ quase sem cometer erros?”, surpreendeu-se Henrique Suster, talvez ignorando certas maravilhas da memória. Mas, como sempre, e a cada pequeno engano, Solón ainda lançava aquele olhar de sutil repreensão, acompanhado de um balançar de cabeça cujo significado não ia além de doce ironia. O coral ajudava-o a exprimir o choro, a alegria e a exaltação da liturgia judaica nas celebrações de Rosh Hashaná e Iom Kipur. E, na liturgia, a música tem a virtude de promover o congraçamento das pessoas e, em certo sentido, ela talvez seja mais importan-

te do que as palavras proferidas durante a reza. O papel dos corais litúrgicos é importante porque nas sinagogas tradicionais e em feriados religiosos sempre se proibiu o uso de microfones e instrumentos musicais. O acompanhamento do chazan, o cantor que lidera as rezas, era feito pela voz humana, nada mais. Também não existia um regente de coral. Este papel era exercido por um dos coralistas ou pelo chazan mesmo. Bastava um olhar ou um leve movimento das mãos para os membros do coral entenderem o significado desse código. Isso tem uma explicação: depois que os romanos destruíram o Segundo Templo, no ano 70 da Era Comum, grande parte das músicas na forma de cantos foi preservada pelas comunidades judaicas que se espalharam pelo Oriente Médio, e se mantêm intactos até hoje. No entanto, a música instrumental deixou de ser executada pelo povo judeu disperso em sinal de luto e acabou se perdendo.

Os homens desta foto contam parte da história da chazanut em São Paulo e que tem primeiro em Solón a partir dos anos 1930 em várias sinagogas e, depois, em Gerson, a partir dos anos 1970, na Hebraica, seu fio condutor


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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer

A história nas sinagogas O museu da New York Yeshiva University inaugurou, no final de novembro, uma exposição que reproduz dez sinagogas em modelo de escala, inteiramente feitos à mão, entre 1970 e 1973. Os modelos foram expostos apenas uma vez, há mais de trinta anos. A mais antiga das sinagogas da mostra é a de Dura-Europos, no oeste da Síria, cidade que existiu no século 3 da Era Comum. A sinagoga foi descoberta em 1932 por arqueó-logos franceses e americanos. Consta que o Estado Islâmico já destruiu parte das relíquias da antiga Dura-Europos. Outro modelo é a sinagoga de Beit Alfa, do século 6, no vale de Jezreel, descoberta em 1928 durante escavações para um canal de irrigação. Uma réplica da Altneuschul de Praga, concluída em 1270, e a mais antiga ainda em funcionamento na Europa, em estilo gótico. Este e outros modelos mostram a sinagoga como vista do lado de fora e um corte vertical revela seu interior. Uma placa informa tudo a respeito do estilo de cada uma. E aí se lê, mais uma vez, que Altneuschul, significa “nova-velha”, em ídiche ou alemão, mas também all tnai, em hebraico, “sob condições”, significando que as pedras da sinagoga servirão na

Perspectiva revela Spinoza eventual reconstrução do Templo. A sinagoga de Toledo, na Espanha, construída por volta de 1270 em estilo mourisco e romano, e redenominada “Santa Maria La Blanca” depois da expulsão dos judeus. A Sinagoga Portuguesa de Amsterdã, do século 17, com capacidade para duas mil pessoas e as peças em madeira feitas com jacarandá do Brasil. Esta sinagoga serviu de modelo para todas as sinagogas do rito sefaradi; a sinagoga Ari, em Safed, do século 16, onde surgiu o movimento cabalístico. E a sinagoga da cidade de Zabludow (foto), que foi um importante centro judaico no século 17. As sinagogas de madeira eram a principal forma de arquitetura sinagogal na Polônia, Lituânia, Ucrânia e Rússia. A de Zabludow começou com uma casa para orações foi se expandindo com seções laterais. Foi destruída durante a Segunda Guerra. Mas há mais.

Nahum Sirotsky, jornalista (1926-2015) Um dos maiores jornalistas brasileiros morreu no final de novembro, em Tel Aviv, aos 89 anos, derrotado por um câncer que o devastou durante cinco anos. Eu conheci Nahum Sirotsky (foto) em julho de 1967, a quem me apresentei em uma sala do consulado do Brasil, em Tel Aviv, onde ele era funcionário graduado, cargo que acumulava com o de correspondente do Jornal do Brasil. Eu também era repórter do Jornal do Brasil e tinha viajado a Israel para trabalhar em um kibutz como voluntário, na época da Guerra dos Seis Dias. Fui me colocar à disposição dele para, se necessário fosse, colaborar em alguma reportagem naqueles tempos em que o Estado de Israel carregava a aura de conquistador. Sem que isso colidisse com as atribuições de Nahum, assinei alguns textos que o nosso editor-chefe Alberto Dines publicou. Nahum era muito talentoso, pensava e escrevia rapidamente, ascendeu depres-

sa na profissão, dirigiu redações como a da Manchete e da Visão, fundou revistas, como a lendária Senhor, por exemplo, tinha consciência e sabia exercer o poder que a condição de chefe lhe conferia. Foi precoce: entrou pela primeira vez numa redação, a de O Globo, em 1943, com 17 anos e, em 1945, já cobria as sessões da recém-constituída ONU, em Nova York. Eu o vi a última vez em abril de 2010, convidado para jantar na casa dele, um gigantesco apartamento – para os padrões israelenses – em um bairro elegante de Tel Aviv. Ele me esperava na porta do prédio para me apresentar a ilustre vizinhança: “Ali morava o Itzhak Rabin, aqui do lado um ministro; vê aquela janela? é de um comandante de Tzahal”, etc. Ele enxergava mal e praticamente tateava no apartamento envolto em penumbra. “Tome uma sopa comigo”, perguntou, e dividimos o que restava de uma panela que no dia anterior deveria transbordar de uma variante de tcholent.

O ambiente em que vivia explicava o que sentia: a profunda amargura por chegar ao final da vida desempregado, quase a míngua e ter a fantástica biografia ignorada até pelos parentes ricos: os Sirotsky do Rio Grande do Sul, donos do jornal Zero Hora, de emissoras de rádio e da tevê que reproduz o material da TV Globo. Alegavam não precisar de um correspondente em Israel. Foi enterrado em Tel Aviv.

Memórias do cárcere “Sobrevivi e estou vivo (a)”. Ou “Estou vivo (a) e livre”. Assim começam invariavelmente todas as cartas escritas por sobreviventes do Holocausto logo ao serem libertados dos campos de concentração ou depois de emergirem de esconderijos em escombros de guetos, nos campos e nas florestas do leste europeu. Além disso, estes registros revelam um sentimento de culpa exatamente por seus autores estarem vivos enquanto viam quase todos seus parentes morrerem. De todo modo, faziam constar a felicidade de escrever uma palavra viva de um cenário povoado pela morte. Uma amostra significativa destas cartas deverá ser publicada em um livro que o Yad Vashem vai lançar este ano como parte do projeto “Primeiras Cartas” iniciado por Iael Nidam-Orvietto (foto), diretora do Instituto Internacional de Pesquisa do Holocausto, nascida em Israel de uma família italiana da qual dois terços foram assassinados nos campos. A ideia de juntar registros acerca do que os sobreviventes sentiam a respeito de si próprios, sua situação e futuro no momento exato da libertação, surgiu há seis anos ao ler a carta escrita por um sobrevivente para a família dela, já na então Palestina, assim que foi libertado, contando o que sofreu durante a guerra. Pouco depois, ela notou centenas de cartas do mesmo teor em outro projeto do instituto com o nome genérico de “Juntando Fragmentos” que apelou a sobreviventes e seus descendentes, em Israel, no sentido de doar ao Yad Vashem toda sorte de objetos, fotografias, cartas, etc. Quando a campanha pela doação terminou, foram juntados cerca de 150.000 itens dos quais 83.000 documentos, 60.000 fotos, 3.150 objetos e 500 peças artísticas. Tudo isso se somou ao arquivo contendo os nomes de 4,5 milhões de vítimas, 125.000 testemunhos e 179 milhões de páginas de documentos.

O editor Jacó Guinsburg ganhou mais um prêmio, e desta vez o Jabuti, pela melhor tradução, no caso de parte da obra completa de Baruch de Spinoza (foto). Trata-se do volume IV cujo título é Ética e Compêndio de Gramática da Língua Hebraica. É uma obra-prima (Perspectiva, 556 pp., R$ 78,00), parte da gramática está no final, e o rabino Alexandre Leone escreve na introdução que é o menos notório dos livros de Spinoza embora tenha integrado a primeira edição de suas obras póstumas, publicadas em Amsterdã em 1677, mas depois não teve a mesma divulgação que o restante da sua obra. Além de desconhecida, é uma obra inacabada em razão do falecimento prematuro do autor e falta a parte dedicada à sintaxe. A relação de Spinoza é fruto tanto de sua relação com as academias rabínicas de Amsterdã do século 17 quanto da crítica a essa mesma tradição, aliás tema importante na sua obra. Ele não compreende o hebraico como língua sagrada a partir do texto bíblico, mas como língua da nação judaica. É a língua da nação, antes de ser a do texto. E exemplifica isso a partir a pronúncia de diversas letras e sugere que esta variação é pelo “fato de que a Escritura foi escrita por homens de diversos dialetos agora irreconhecíveis, isto é, de que tribo este ou aquele dialeto proveio”. É interessante notar que, no século 17, a comunidade judaica de Amsterdã produziu vários tratados de gramática hebraica e os dois mais importantes foram escritos por professores da academia rabínica, e em português. Um deles, de Menassé ben Israel, de 1647, não foi impresso, circulou na academia como manual escolar manuscrito pelos alunos e provavelmente foi usada por Spinoza enquanto estudante. A segunda, a Epitome da Gramatica Hebrayca, de autoria de Mosse Rephael D’Aguilar, foi escrita depois do processo de excomunhão de Spinoza, em 1656. D’Aguilar foi professor de Spinoza, um dos membros do beit din (tribunal rabínico) que o excomungou e trata o hebraico como língua sagrada. O banido Spinoza sabia das coisas. Leiam e confiram.


Para anunciar na revista Hebraica

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Diretoria Executiva WZ ^/ Ed

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98 HEBRAICA

| JAN | 2016

conselho deliberativo

Nova jornada A última reunião ordinária do Conselho Deliberativo foi marcada por um fato que emocionou a todos, na Mesa Diretora e no plenário. Em comemoração a festa de Chanuká, o ritual do acendimento das duas velas foi realizado pelo conselheiro mais idoso, Moisés Schnaider, e pelo mais jovem, Henry Zylbersztajn. Desta forma sinalizamos a importância da passagem das gerações e o acolhimento das novas idéias, sem desdenhar da experiência e bom senso dos conselheiros com mais tempo de casa. A pauta também incluiu a eleição da nova Mesa Diretora em substituição à que atuou nos últimos dos anos, formada por Mauro Zaitz, Célia Burd e Fábio Ajbeszyc (vice-presidentes). Alan Bousso (primeiro secretário), Vanessa K. Rosenbaum (segunda secretária), Eugen Athias, Jairo Haber e Sílvia L. S. Tabacow Hidal (assessores). Por aclamação, os conselheiros votaram a nova composição da Mesa, com a manutenção de Mauro Zaitz na presidência, Sílvia L. S. Hidal e Fábio Ajbeszyc vice-presidentes, Airton Sister, primeiro secretário, Vanessa Kogan Rosenbaum, segunda secretária. No grupo de assessores estarão Célia Burd, Eugen Atias, Jairo Haber, Javier Smejoff, Jeffrey Vineyard e Abramino Schinazi. Trata-se de um grupo com respeitável histórico de atuação junto ao clube e que está empolgado com algumas questões a serem abordadas ainda no início do ano, tais como a conclusão da reforma estatutária, facilitar a integração dos novos conselheiros às comissões permanentes e atuar de forma efetiva em relação à fusão entre as escolas Alef e Colégio I. L Perez anunciada recentemente. Novos desafios e projetos estão em pauta e o serão no Conselho Deliberativo nos próximos dois anos. Trata-se do cuidado permanente do clube com a formação das novas gerações e de dar-lhes a chance de se desenvolverem nos aspectos esportivos, cultural e essencialmente judaico, por meio dos cursos livres, programas, atividades recreativas e nas comemorações das datas do calendário judaico, como a festa de Chanuká, que festejamos no final de 2015 e Tu B’shvat, que abre a agenda de 2016 com todo o seu significado de respeito à vida e à natureza. Tu B’shvat, o ano novo judaico das árvores, nos ensina que na vida há o momento de preparar a terra, regar, plantar e finalmente colher os frutos. Com a nova configuração da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo, iniciamos uma nova etapa de semeadura. Que sejam bem-vindas as idéias inovadoras e bons propósitos para 2016. Mauro Zaitz – Presidente

Mesa do Conselho Presidente Vice-Presidente Vice-presidente 1O Secretário 2a Secretária Assessores

Mauro Zaitz Sílvia L. S. Tabakow Hidal Fábio Ajbeszyc Airton Sister Vanessa Kogan Rosenbaum Célia Burd Eugen Athias Jairo Haber Javier Smejoff Jeffrey Vineyard Abramino Schinazi

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2016 JANEIRO 25 27

2ª FEIRA 4ª FEIRA

TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

23 24 25

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA

JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM

ABRIL 22 23* 24* 29* 30*

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO

EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA

MAIO 5 11

5ª FEIRA 4ª FEIRA

12

5ª FEIRA

MARÇO

26

5ª FEIRA

IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER

JUNHO 5 11 *12 *13

DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT

JULHO 24

DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ

AGOSTO 13

SÁBADO

14

INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO

19

6ª FEIRA

TU BE AV

OUTUBRO ** 2 ** 3 ** 4 ** 11 ** 14 16 * 17 * 18 23

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO

* 24 * 25

2ª FEIRA 3ª FEIRA

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ

ANOITECER

NOVEMBRO 5 SÁBADO

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

DEZEMBRO 24 SÁBADO 31 SÁBADO

AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS

** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS



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