julho de 2015
ANO LVI
Revista Hebraica
| Q UADRO
ROUBADO VIRA FILME E ABRE FESTIVAL
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são paulo
Quadro roubado vira filme e abre festival
| N º 641 | JULHO 2015 | TAMUZ / AV 5775
HEBRAICA
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palavra do presidente
Construindo pontes para o futuro No final de junho o grão-rabino de Israel David Lau visitou a Hebraica, onde se reuniu com as lideranças comunitárias, e lhe perguntaram: – Como construir pontes entre as diversas linhas religiosas e não religiosas na coletividade judaica? Resposta: – Em Israel não existe tanta diversidade de linhas como aqui ou nos Estados Unidos, mas se procurarmos coisas positivas no próximo e respeitar as diferenças, seria possível. Posso acrescentar que todo dia estamos construindo essas pontes, e exemplo disso foi exatamente a reunião com ele, aqui, quando construímos uma nova ponte com o Beit Chabad. Ou seja, pela primeira vez um encontro como esse e com tal autoridade religiosa foi realizado fora do Beit Chabad. É o que a atual diretoria tem feito desde a sua posse, há seis meses: atua decisivamente na construção dessas pontes. Primeiro, com nossos associados, depois, com grupos específicos como a nova diretoria de Jovens para Jovens. E, além dos muros da Hebraica, com várias entidades da comunidade firmando parcerias com o Fundo Comunitário, Agência Judaica, Taglit, CIP, Unibe, etc. E com a comunidade maior, empresas como Bayer, Microsoft, prefeitura de São Paulo, governo do Estado por intermédio dos respectivos secretários, e, no exterior, com universidades de Israel, Macabi Tel Aviv e Macabi Haifa. Uma das parcerias mais marcantes foi com o Instituto Shimon Peres para um trabalho conjunto na construção de uma das mais importantes pontes, a da Paz. O ex-presidente Shimon Peres recebeu-me em seu gabinete, em Israel, e logo deflagramos dois projetos: 1-) a Corrida da Paz, em São Paulo, da qual devem participar um corredor israelense e um palestino, enviados pelo Instituto, e seis mil associados dos clubes Sírio, Monte Líbano e Hebraica, mais o governador Geraldo Alckmin, todos transmitindo ao mundo a mensagem de que aqui já construímos essa ponte e convivemos em paz e harmonia; 2-) um jogo amistoso de uma equipe de palestinos e israelenses contra uma seleção brasileira, em São Paulo. Estas são tarefas atuais, mas de olho no futuro em que nossa coletividade continuará mais unida e forte. Temos de construir juntos este futuro, e cada judeu deve participar dessa obra com trabalho, recursos e efetiva participação, associando-se à Hebraica, mesmo que não a frequente, pois desta forma pode proporcionar a outros, que não têm meios, uma forma de se ligar mais fortemente ao judaísmo. Isso mostra que construir pontes vai além do aspecto físico e material e avança em direção à responsabilidade coletiva, aliás, um dos princípios do judaísmo e razão de se dizer: “Hine ma tov u ma naim, shevet achim gam yachad” (“Como é bom e agradável nos manter unidos em uma tribo de irmãos”).
Shalom
Avi Gelberg
TEMOS DE CONSTRUIR JUNTOS ESTE FUTURO, E CADA JUDEU DEVE PARTICIPAR DESSA OBRA COM TRABALHO, RECURSOS E EFETIVA PARTICIPAÇÃO, ASSOCIANDO-SE À HEBRAICA, MESMO QUE NÃO A FREQUENTE, POIS DESTA FORMA PODE PROPORCIONAR A OUTROS, QUE NÃO TÊM MEIOS, UMA FORMA DE SE LIGAR MAIS FORTEMENTE AO JUDAÍSMO
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sumário
HEBRAICA
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meidá Já está tudo pronto para a viagem da vigésima turma a Israel
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educação Chegou a hora de começar a programar o segundo semestre da garotada
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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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esportes
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Carta da Redação
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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de julho
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cultural + social
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capa / festival de cinema Em sua décima nona edição, o evento homenageia as mulheres
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meio-dia Agora, as apresentações dominicais gratuitas serão na Praça Carmel
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comunidade Os eventos mais significativos da cidade
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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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magazine
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segunda guerra Soldados judeus envolvidos no conflito terão museu em Israel
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notícias de Israel Os casos mais quentes do universo israelense
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religião Entenda como a política está inserida no texto bíblico
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juventude
polo Festival envolveu federação e várias entidades convidadas
a palavra / cursos A complexidade da transcrição dos textos religiosos e os cursos em São Paulo do nosso correspondente
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coral Festa de 21 anos de atividades teve apresentação e convidados especiais
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documentário Grupo Contraponto exibe filme sobre filho de nazista que se tornou israelense
acesc Ginástica artística reuniu atletas de cinco agemiações em festival
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curtas As novidades do tênis de mesa, basquete e natação
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fotos e fatos As proezas dos nossos atletas aqui e lá fora
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ensaio Censo de 2010 mostra quantos somos e como nos identificamos
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Curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado
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diretoria
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viagem Presidente Avi Gelberg passou uma semana em Israel, onde manteve contatos valiosos
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sustentabilidade Saiba o que a Hebraica tem feito para utilizar a água com equilíbrio
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conselho Acompanhe as atividades do nosso Conselho Deliberativo
história A incrível contribuição dos músicos judeus exilados nos Estados Unidos
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leituras A quantas anda o mercado de ideias?
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música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa
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carta da redação
Arte e cultura para toda a cidade O Festival de Cinema Judaico é outra marca que a Hebraica registra no panorama cultural da cidade desde o primeiro, há quase vinte anos. Isso é ainda mais significativo, pois nos outros lugares onde se realiza um evento semelhante ele é promovido por instituições ligadas à arte cinematográfica. E a capa desta edição é pura arte porque trata deste quadro, uma obra-prima de Gustav Klimt roubada pelos nazistas ao ocupar a Áustria, recuperada pelos legítimos proprietários e transformada em filme. E no Magazine nosso correspondente em Israel entrevistou o general Zvi Kantor que idealizou um museu em homenagem ao mais de 1,5 milhão de soldados judeus que lutaram na Segunda Guerra. Na mesma seção, uma reportagem a respeito de músicos europeus que fugiram ao nazismo para os Estados Unidos e se tornaram mais conhecidos pelas trilhas sonoras de filmes. Leiam um ensaio que interpreta a parte que cabe aos judeus no Brasil a partir do último censo do IBGE. E um comentário a respeito da política na Bíblia. Assim como a Hebraica é a expressão acabada de um centro comunitário, também a sua revista revela a vocação de mostrar os feitos desta comunidade no âmbito da Hebraica, o que explica o extenso noticiário a respeito das muitas realizações do clube e, mais do que isso, o envolvimento dos seus diretores em outras atividades, como o grupo Contraponto. Esta edição informa também a respeito de recente viagem do presidente Avi Gelberg a Israel e a extensa agenda que incluiu encontros com o expresidente de Israel Shimon Peres e na Universidade de Haifa. Boa leitura Bernardo Lerer Diretor de Redação
ANO LVI | Nº 641 | JULHO 2015 | TAMUZ/AV 5775
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS
DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
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DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
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IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629
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PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA
calendário judaico :: JULHO 2015 Tamuz/Av 5775 dom seg ter qua qui sex sáb 5 12 19 26
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A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
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(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG
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informe publicitário HEBRAICA
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ais do que um espaço para cuidar da aparência. Localizada em um prédio na Praça Villaboim, no coração de Higienópolis, o Estúdio Becca mistura o lifestyle masculino com bar e serviços convencionais de um salão de beleza e barbearia dedicado exclusivamente aos homens. Em um prédio de três andares, com cerca de 350 metros quadrados, toda a decoração clean também remete ao estilo de vida da ala masculina. Logo na entrada, junto à recepção, o bar dá boas-vindas aos clientes que desejam experimentar um dos drinks ou cervejas do cardápio. No mesmo local, há Playstation e TVs, sendo um ótimo local até mesmo para uma reunião de amigos e momentos de descontração entre pai e filhos. Nos andares acima, a experiência única de um espaço com serviços de salão convencional, realizados por profissionais qualificados, porém dedicados à eles. Cabeleireiro, barbearia, manicure, diversos tipos de massagens e uma série de tratamentos estéticos compõem o leque de op-
Estúdio Becca: Barba, cabelo e estilo à moda masculina ções para quem deseja cuidar da beleza e relaxar ao mesmo tempo. Para os que irão casar, existe ainda o “Dia do Noivo”, tarde com todos os cuidados nos momentos que antecedem o casamento. A ideia de criar o espaço veio do cabeleireiro Dário Becca. “Conversando com os clientes, percebi que os homens desejavam um lugar exclusivo com todos os cuidados de um salão, um estilo masculino e TV para assistirem ao futebol enquanto cortam o cabelo, por exemplo. Queremos que os clientes sintam-se à vontade”, conta. Aos 28 anos, Becca estreou como cabeleireiro aos 15, mergulhou no universo da barbearia e virou referência como cabeleireiro masculino em São Paulo. Hoje são 10 anos de trabalho no segmento. Em parceria com o Clube A Hebraica, a partir de 1º de julho, todos os sócios do clube terão 10% de desconto em todos os serviços da casa. Basta apresentar a carteira de sócio na recepção do Estúdio Becca.
Estúdio Becca
Endereço: Praça Villaboim, 85 – Higienópolis Telefone: (11) 2386-7781 Aberto de segunda a sábado, das 10h às 22h. Serviço de vallet no local www.e5tudiobecca.com.br
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cul tu ral +social
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capa | festival de cinema | por Magali Boguchwal
Um brinde a todas as
mulheres DOIS FILMES CENTRADOS EM PERSONAGENS FEMININOS – GETT – O JULGAMENTO, DE VIVIANE AMSALEM, E A DAMA DOURADA – SERÃO OS DESTAQUES NA DÉCIMA NONA EDIÇÃO DO
FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO (FCJ), ENTRE OS DIAS 4 A 9 DE AGOSTO
CENA DE GETT, FILME QUE TEM PROVOCADO POLÊMICA ONDE É EXIBIDO
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eserve a primeira semana de agosto para curtir a décima nona edição do Festival de Cinema Judaico nas salas de exibição da Hebraica (teatros Arthur Rubinstein e Anne Frank), CineSesc, Cinemark Shopping Páteo Higienópolis e Museu da Imagem e do Som (MIS), este retomando a participação no FCJ depois de uma ausência. A grade completa será divulgada ao longo deste mês no site www.fcjsp.com.br. “Para o clube, voltar a contar com a parceria do MIS no Festival é muito importante, pois por ali circulam pessoas que são apaixonadas pelo cinema como arte”, observa Daniela Wasserstein, curadora do festival. Para André Sturm, diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, reintegração ao FCJ tem uma razão óbvia. “O MIS é um espaço para a diversidade da imagem e som. E um Festival já tradicional e de muita relevância na cidade precisa ter o MIS como uma das suas sedes. Fico muito feliz em poder participar dessa volta”, comentou. As sessões dos filmes selecionados para o MIS estarão em cartaz juntamente com uma exposição e uma série de oficinas sobre o diretor francês François Truffaut, ícone da Nouvelle Vague. Sturm recomenda especial atenção evento promovido pela Hebraica. “O Festival de Cinema Judaico amplia o acesso do público a filmes que nem sempre
entram no circuito. Assim, muitas vezes é a única oportunidade que as pessoas têm de assistir a essas produções em tela grande”, destaca. A exemplo de outros festivais, a escolha do filme de abertura do décima nona edição FCJ recaiu sobre um provável sucesso de bilheteria. A Dama Dourada (Woman in Gold) traz a atriz Helen Mirren numa excelente atuação no papel da judia austríaca Maria Altmann em sua luta para reaver o quadro do famoso pintor Gustav Klimt, roubado de sua família pelos nazistas. (O filme foi tema de matéria publicada na Hebraica na edição de maio, à pg. 84.) “Quem se interessa pelo tema, deve assistir, também, o documentário Roubando Klimt (Stealing Klimt), que trata do mesmo tema sob uma ótica factual”, sugere Daniela. Segundo a curadora, os dois filmes merecerão um evento especial durante o evento. “Vamos organizar um debate sobre arte, com mediação do diretor da galeria de arte da Hebraica, Olívio Guedes”, informa. Ao terminar a maratona de seleção dos 22 filmes da edição deste ano, Daniela notou um viés que, ao seu ver, define uma das temáticas do filme. Além de A Dama Dourada, temos uma produção alemã, Vamos Lá (Let’s Go), que tem como personagem principal Laura Waco. Entre os documentários, temos o brasileiro Esse Viver Nin>>
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capa | festival de cinema A EUTANÁSIA É UM DOS TEMAS DESPEDIDA
CORRA, MENINO, CORRA SE BASEIA
ABORDADOS EM FESTA DE
>> guém Me Tira, dirigido pelo ator Caco Ciocler – sobre o papel desempenhado por Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mulher do famoso escritor mineiro, no consulado brasileiro de Hamburgo durante o regime nazista, Flory (Flory’s Flame) e As Musas de Isaac Bashevis Singer (The Muses of Isaac Bashevis Singer(, todos centrados em fortes figuras femininas. E não dá para ignorar o outro destaque do festival, O Julgamento, de Viviane Amsalem, que dirigido e estrelado por Ronit Elkabetz”, enumera a curadora. Ronit levou os troféus e melhor atriz no Festival de Hamburgo em 2014 e o filme foi considerado o melhor em 2014 pela da academia israelense de cinema e nos dos festivais de Chicago, Jerusalém, além de ter sido indicado ao Golden Globe de 2015. “O filme trata de um tema polêmico e muito atual que é a da dissolução dos casamentos em Israel, onde não há cerimônia civil em divórcio. Uma mulher luta em vão por três anos para recuperar a liberdade e a dignidade através do divórcio e como
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NUMA HISTÓRIA REAL
Uma nova geração
o marido não dá o consentimento, o caso se arrasta nos tribunais religiosos”, resume Daniela. Ao longo da semana, o público verá produções canadenses, búlgara, alemã, inglesas e americana, enfocando os mais diversos temas. “Em muitos países, o tema do Holocausto ainda inspira excelentes filmes, mas os cineastas israelenses da atualidade abor-
dam aos temas ligados ao seu dia-a-dia. Um exemplo o filme de ficção é Festa de Despedida (Mitá Tová), dirigido por Sharon Maymon e Tal Granit, que se passa em uma casa de repouso e debate a eutanásia. Já entre os documentários, temos o francês Essa é Minha Terra (This Is my Land), dirigido pela israelense Tamara Erde, que colheu depoimentos em es-
colas palestinas e israelenses e montou um panorama do ensino de história do Oriente Médio. Esse filme e A Variante Polgar, sobre as três irmãs enxadristas que foram educadas em casa pelo pai, servirão para um debate com jovens do Centro Juvenil Hebraikeinu e outras áreas da vice-presidência de Juventude”, adianta a curadora. Para os cinéfilos que preferem fil-
mes de ficção, ela recomenda a produção franco-alemã Corra, Menino, Corra (Run Boy Run), escolhido pelo júri popular do Festival de Cinema Judaico de Dallas, em 2014. “Trata-se da filmagem baseada no livro autobiográfico de Uri Orlev, que narra a infância de um menino polonês que escapa do Gueto de Varsóvia e conta com a ajuda de estranhos para sobreviver”.
Cinéfila de carteirinha Para a empresária Marly Mifano, quanto antes a data do Festival de Cinema Judaico for divulgada, melhor. “Desde a primeira edição, há dezoito anos, eu reservo a semana para ver o máximo de filmes que puder. Nesses dias, o catálogo não sai das minhas mãos. Gosto tanto, que também já trouxe minha sogra e às vezes convenço minha filha a assistir uma ou duas sessões”, declara, saboreando o fato de ter sido uma das primeiras sócias a saber que o festival começará dia 3 de agosto. Marly atua como voluntária no grupo Chaverim, pratica tênis e se mantém atualizada sobre o cenário cultural da cidade de São Paulo. “Sempre arranjo tempo para fazer o que gosto. Nas primeiras edições do FCJ, quando os ingressos ainda eram gratuitos, mas era necessário sair da sala de exibição entre um filme e outro, eu me escondia no banheiro e assim não corria o risco de ficar sem lugar. E ainda lamentava o fato de dois filmes interessantes passarem no mesmo horário”, revela. Ao longo de dezoito anos ela afirma ter visto muitos filmes interessantes. “Gostaria de ver as produções que tratam do Holocausto exibidas fora do festival, em escolas e no circuito comercial, já que hoje a campanha destinada a diminuir a importância dele é cada vez mais eficiente”, conclui. AS MULHERES QUE INFLUENCIARAM A OBRA DE BASHEVIS SINGER RENDERAM UM EXCELENTE DOCUMENTÁRIO
Há dezone anos, a Hebraica se propôs a organizar o Festival de Cinema Judaico e repete a façanha a cada ano superando todos os obstáculos enfrentados pelos produtores culturais da cidade. Felipe Poroger é poucos anos mais velho que o FCJ e sempre que pode prestigia o evento. “Não costumo ler as sinopses. Prefiro escolher o filme pelo título e até hoje não me arrependi.” No ano passado, ele e o amigo Kiko Meireles – representante da nova geração da família de cineastas – criaram o Festival de Finos Filmes.Voltado para a produção de curtas-metragens e já na segunda edição, o evento entrou para o calendário cultural da cidade. “Este ano, recebemos seiscentas inscrições de países como o Nepal, Irã e outros, o que mostra que realmente existe uma lacuna no que se refere a mostras para jovens realizadores”, conta o jovem. Para Felipe, o fato de as novas tecnologias terem facilitado o acesso ao cinema não substitui ou inviabiliza o festival. “Nem todos os filmes estão disponíveis na internet e a curadoria implica uma filtragem anterior que garante ao espectador que ele verá uma produção de qualidade, mesmo que dentro de um recorte. Acho que é o que dá o charme do Festival de Cinema Judaico. Na minha opinião, ele vai muito além das atuais dezenove edições”, elogia Poroger.
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cultural + social > meio-dia
O HEBRAICA MEIO-DIA MUDOU-SE PARA A PRAÇA CARMEL E AGORA É A TRILHA SONORA DOS ALMOÇOS DE DOMINGO
Novo local, mesmo entusiasmo NOVIDADE NO HEBRAICA MEIO-DIA: O EVENTO DOMINICAL GRATUITO SAIU DO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN E AGORA PODE SER APRECIADO NA PRAÇA CARMEL COM A MESMA QUALIDADE DE PROGRAMAÇÃO
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a primeira apresentação no novo espaço, o tecladista, violonista e cantor Soli Mosseri foi acompanhado de Graziela Zina Schifnaguel, a Grazi, na guitarra, e Vitor Schifnaguel, Vitão, no contrabaixo, mais a narradora e contadora de histórias Perla, com contos de reis, avós e crianças com final feliz e mensagem construtiva. Mosseri escolheu músicas do repertório hebraico, ídiche, ladino, francês e português, de acordo, aliás, com o nome do espetáculo “Cantos e Contos de todos os Cantos”. Além do público cativo deste evento que já dura vinte anos e que lotou a Praça Carmel, jovens casais, de passagem, entravam no espírito musical com os filhos, enquanto senhoras dançaram no espaço entre o palco e a plateia. Mês dedicado à música A programação do mês teve a participação, em diferentes domingos, do grupo Ensemble Lado A e música brasileira; o espetáculo “Versatilidade”, reunindo Eneida Laís & Tarcísio Góes e o Coral Juvenil do Guri, da Série Santa Marcelina Cultura. (T. P. T.)
Agenda Social/Cultural Meio-Dia 5/7 – Regional de Choro/Big Band Guri – Série Santa Marcelina Cultura 12/7 – Cantor Carlos Navas 19/7– Orquestra Sinfônica do Guri – Série Santa Marcelina Cultura 26/7 – Grupo Harmonia, com o show “Falando de amor” Passeio 16/7 – Saída Cultural para a exposição de Joan Miró, na Fundação Tomie Ohtake. Café-da-manhã no Espaço Gourmet, com introdução de Bety Lindenbojm, às 9h30, e visita ao Museu das 11 às 13 horas Social 8/8– Noite Italiana Teatro 15 e 16/8 – A Alma Imoral, com Clarice Niskier
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COLUNA 1 Um lugar para “compartilhar entre amigos e familiares”, assim Fernando Sommer e Fernando Autran definem sua nova casa, a Sala Especial, em Pinheiros.
coluna comunidade
A “Ninja d’Água” israelense
Apelidada pela agência de notícias Bloomberg de “Ninja d’Água” pela capacidade de gerar economia de água a partir de um complexo algoritmo matemático, a start up israelense TaKaDu fechou contrato com a Aegea Saneamento, holding privada de água e saneamento que atua em 37 municípios de oito estados brasileiros. O fundador e CEO Amir Peleg montou um software que permite às empresas identificar pontos de vazamento na rede e até evitar, pela prevenção, rompimentos da tubulação. A tecnologia da TaKaDu está presente na Água Gariroba, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e na Prolagos, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Ambas pertencentes à Aegea.
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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br
“Cada dia mais Einstein”
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ara quem vivenciou o sonho de Manoel Tabacow Hidal em erguer um hospital que representasse a presença judaica na sociedade brasileira, a comemoração dos sessenta anos do Hospital Israelita Albert Einstein mostrou que o médico estava certo. Mais de setecentos convidados, entre eles os ministros da Saúde Arthur Chioro e das Cidades Gilberto Kassab, o senador José Serra, Lu e governador Geraldo Alckmin, o vereador Andréa Matarazzo, médicos, empresários e voluntários. O presidente Cláudio Lottenberg relembrou os feitos dos antecessores Hidal (z’l), Josef Feher (z’l) e Reynaldo Brandt, destacou o papel dos doadores, a traje-
tória do Einstein e as parcerias materializadas no Hospital Dr. Moysés Deutsch/ M’Boi Mirim, UBS’s e AMA’s. Lottenberg homenageou as voluntárias ao citar a atual presidente Telma Sobolh, seguidoras da primeira turma, desde a criação da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein – Joana Wilheim, Judith Schanik (z’l), Paulina Nemirovsky (z’l) e Rosinha Goldfarb – e a dedicação do médico Guido Faivichow na pediatria assistencial. “Cada Dia Mais Einstein” foi o fio condutor da apresentação multimídia das seis décadas de atuação da entidade que “não para de crescer” e que, até o final de 2015, terá uma Faculdade de Medicina.
Laureados pela UHJ
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o lado do ex-presidente Shimon Peres, do ministro do Exterior da Alemanha Frank-Walter Steinmeier e do presidente do Yad Vashem / Museu do Holocausto, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Hebraica de Jerusalém. Além dele, mais doze personalidades receberam o título durante o 78º Board of Governors da UHJ, em Jerusalém. Barbosa foi indicado pela Sociedade Brasileira dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém, presidida por Jayme Blay. Empresários e dirigentes de entidades judaicas compuseram a delegação brasileira, entre eles o presidente da Hebraica, Avi Gelberg.
No 20º. Festival Mundial de Publicidade de Gramado, Armando Strozenberg foi eleito um dos vice-presidentes da diretoria executiva nacional da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap). A mostra itinerante “Lasar Segall – Navio de Emigrantes” reúne vinte gravuras do pintor, escultor e gravador judeu brasileiro nascido na Lituânia e estão expostas, este mês, no Museu de Arte Primitiva de Assis, São Paulo. Jayme Brener e equipe comemoram porque o grupo ExLibris, do qual fazem parte a Clip Clap e a Shout Publicidade, está, pela primeira vez, entre as vinte maiores agências de comunicação nacionais, segundo o Anuário de Comunicação Corporativa, da Mega Brasil.
Lafer na Universidade de Haifa O espetáculo Krum, com texto do israelense Hanoch Levin (1943-1999), está em cartaz até 26 deste mês no Sesc/ Consolação, dirigido por Márcio Abreu, da Cia Brasileira de Teatro. É a primeira montagem brasileira, com a atriz Renata Sorrah em cena. O filósofo Luiz Felipe Pondé formula um décimo primeiro mandamento no livro Os Dez Mandamentos (+ Um). Pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, Pondé é professor da PUC/SP e da Faap e mestre e doutor em filosofia pela Universidade Paris VIII e USP. Editada pela Atheneu, a segunda edição de Condutas Terapêuticas do Instituto Dante Pazzanese, do cardiologista Ari Timerman, foi lançado na Livraria da Vila/Jardins. A Semana Argentina promoveu a arte, a moda e a culinária do país vizinho. No setor cinema, foi exibido o filme Relatos Selvagens, dirigido por Damián Szifrón. E o ator, diretor e radialista Dan Stulbach conduziu o debate, em seguida.
A sétima edição do Encontro Paulista de Museus teve a participação de Maurice Politi (Núcleo de Preservação da Memória Política). No painel “Cidade, Gestão e Sustentabilidade em Museus/ Museu e Movimentos Sociais”. Márcio Pitliuk, diretor, e Júlio Gartner, personagem, de Sobrevivi ao Holocausto, comemoram com o fotógrafo Ênio Berwanger, o prêmio de melhor direção de fotografia, categoria documentário, da Associação Brasileira de Cinema. Antes vice-presidente de Representações de Empresas Marítimas, Ilya Michael Hirsch assumiu a presidência do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo. Na Semana Internacional do Brincar, Talita Pryngler, do Espaço Bebê-Hebraica/ABBri, falou acerca de “Instalações e Ambiente: um Movimento de Expressão do Universo do Bebê”, durante a mesa-redonda que tratou de “Experiências Lúdicas Criativas: seu Ambiente, seus Objetos”.
∂ A capa da edição de junho da revista Casa Mix, é um projeto do arquiteto José Ricardo Basiches e mobiliário da Ornare. Por isso, Esther Schattan ofereceu coquetel em sua loja para clientes, amigos e colaboradores do homenageado. Depois de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, Maria Luíza Tucci Carneiro lançou o livro Dez Mitos sobre os Judeus na Livraria Cultura, em Brasília. O livro tem apoio da Conib e analisa os mitos mais populares a respeito dos judeus e que contribuem para a persistência do antissemitismo. Sidney Cohen, diretor-executivo da Bit Partner/PME News, informativo eletrônico dirigido às pequenas e médias empresas, recebeu o prêmio Quality Brasil 2015, na categoria imprensa webjornalismo. -do tema, desde produção e degustação até a distribuição.
“Este doutorado honoris causa reflete a valorização, pela Universidade de Haifa, de aspectos de minha carreira ligados à atividade acadêmica, inclusive na presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa, e à atividade política, especialmente no tocante às relações internacionais do Brasil na América Latina e com Israel.” Este é um trecho do discurso do ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil e membro da Academia Brasileira de Letras Celso Lafer ao receber mais essa distinção em Israel, junto com outros sete homenageados, entre eles o ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz Frederik Willem de Klerk. Lafer recebeu, em anos anteriores, o mesmo título nas universidades Nacional de Córdoba, de Buenos Aires, e honorary fellowship pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Em Haifa, Lafer fez contatos visando a interação entre pesquisadores de São Paulo e da universidade local, com maior potencial para as áreas de ciências do mar.
Políticos evangélicos em Israel “Compartilhamos a sua idéia de que o esporte não deve ser fator de divisão e não deve ser politizado, mas, sim, deve unir as pessoas. Debates não devem ser realizados no campo de jogo. As competições foram criadas para escapar do debate político”, disse o presidente da Câmara de Deputados do Brasil Eduardo Cunha ao primeiro-ministro israelense Biniamin Netaniahu. O encontro aconteceu durante a visita de uma comitiva de políticos e lideranças evangélicas do Brasil a Israel. Depois foram para Ramallah.
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Israel mira o Brasil
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Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil, a Administração de Comércio Exterior do Ministério da Economia e o escritório israelense de advocacia Herzog Fox & Neeman, realizaram o seminário “Inovação e Investimentos – Israel e Brasil em uma Parceria Promissora”. O sócio fundador do escritório Derraik & Menezes Advogados e especialista em venture capital, Rodrigo Menezes, fez palestra a respeito do “Cenário de Inovação, Iniciativa e Investimentos no Brasil”. Menezes integra o Conselho da Anjos do Brasil, maior organização nacional na área de investimentos em empresas de tecnologia na fase de implantação. Vice-presidente da israelense Pango, Maoz Tenenbaum falou de sua experiência de entrada no mercado brasileiro com o projeto-piloto de pagamento via celular para estacionamento rotativo, testado em Curitiba (PR). Presentes o cônsul econômico em São Paulo Boaz Albaranes e os presidentes da Câmara de Comércio de Israel, Roy Rosenblatt-Nir, e do Brasil, Jayme Blay.
Identidade judaica em foco
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uliane Peres ofereceu a própria casa para uma reunião do Grupo de Novas Gerações do Congresso Judaico Latino-Americano, numa parceria com a World Union for Progressive Judaism. Por meio de trechos da Mishná e da Hagadá de Pessach, o rabino Rogerio Cukierman desenvolveu o tema do encontro a partir da pergunta aos jovens de “qual o elemento mais importante de sua identidade judaica”.
Indicado pela USP, José Goldemberg foi nomeado pelo governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin para o Conselho Superior da Fapesp. Ex-ministro da Educação, Goldemberg, recebeu o título de doutor honoris causa do Instituto de Tecnologia de Israel.
∂ Na Sinagoga da Hebraica, Jonas foi chamado para a leitura da Torá dias antes de se casar com Liv. Ana e Maurício Mindrisz foram anfitriões no Casual Mil, ao lado de Lana e Elia Ascer, pais da noiva. Conhecida pela inovação, este ano a PARTE-Feira de Arte Contemporânea realizou-se no Shopping Cidade Jardim. Desde 2011 as idealizadoras Lina Wurzmann e Tamara Perlman vêm o evento ganhar importância e se tornar ponto de encontro do público com artistas da nova geração com propostas mais ousadas e galerias.
CD com produção internacional
Na segunda edição do Wedding Trends, no Shopping Iguatemi, Chris Ayrosa e Fernanda Suplicy convidaram Constanza Pascolato e Lethícia Bronstein para falar sobre o casamento. No Instituto Fernando Henrique Cardoso, o presidente da Sabesp Jerson Kelman explicou em detalhes “O Enfrentamento da Crise Hídrica”, a que se seguiu um debate. Durante o Seminário Internacional Diálogos Transdisciplinares: Arte e Pesquisa, no Paço das Artes, Raquel Kogan e Sônia Guggisberg participaram da mesa “Pesquisa de Artistas”, e Giselle Beiguelman, da mesa sobre Arte, Preservação e Banco de Dados. Nos Estados Unidos, Sandra Ostrowicz Lilienthal foi uma das três ganhadoras do Prêmio de Excelência em Educação Judaica concedido pela Covenant Foundation, de Nova York. O trio trabalhou com a inspiração da educação judaica para fazer mudanças e criar impacto.
∂ Alexandre Chut plantou uma oliveira no Hotel Tivoli em Lisboa. Portugal foi o vigésimo país para onde Alexandre levou sua mensagem da importância da árvore e de sua dedicação ao ambiente. Chut ultrapassou a marca de dois milhões e trezentas mil árvores plantadas em seis florestas e cidades pelo mundo. Era uma Vez uma Voz. O Cantar Ídiche, suas Memórias e Registros no Brasil é o título lançado pela Editora Humanitas, e no qual a autora, Sônia Goussinsky, destaca o elo dos imigrantes com a cultura original por meio da música. “A Força da Mulher” e “Liberdade de Ser Mulher” são os títulos das duas obras de Adina Worcman, expostas no Centro Histórico e Cultural de Arceburgo, Minas Gerais.
O jornalista Paulo Carneiro é o autor do livro Caminhos Cruzados – a Vitoriosa Saga dos Judeus do Recife no século XVII, da Expulsão da Espanha à Fundação de Nova York. A obra Minotauro, do romancista israelense Benjamin Tamuz, foi tema de debate no Centro de Estudos Judaicos da USP. Os professores Nancy Rozenchan, Moacir Amâncio e Luís S. Krausz falaram no encontro. A exemplo de outros sites de compras surge Guefiltefish Urbano (www. guefiltefishurbano. com.br), modelo de comércio on line criado para oferecer o melhor de forma simples, segura, divertida e com preços imbatíveis. Disponível para moradores de São Paulo, Grande ABCD, Interior do Estado, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza.
O ∂ Antes de se casar com Mônica Manetti, Rafael Keiner foi à Sinagoga da Hebraica para a chamada à Torá. Joana Hidal faz parte da equipe paulistana que comanda o Play The Call, um jogo que deseja envolver dois bilhões de pessoas no mundo, trocando experiências e aprendendo umas com as outras. O jogo foi lançado pelo arquiteto Edgard Gouveia Jr., segundo o qual “a brincadeira a única maneira de mudar o mundo”. Do supermercado no Bom Retiro com quase seis mil itens, Dennis Perlman expande sua ação e criou The Butcher, boutique de carnes para atender a clientes ainda mais exigentes.
Instituto da Música Judaica/Brasil e a Hebraica promoveram uma noite de música judaica em versões atuais durante a qual a compositora e cantora Nicole Borger apresentou, no Teatro Anne Frank, canções antigas e contemporâneas do repertório ídiche em vários estilos e ritmos brasileiros, com letras em português e ídiche, que fazem parte do cd Raízes/Roots. Os arranjos mostraram como a música atravessa gerações, o que é comum de se ver nos Estados Unidos, onde o CD foi produzido por Frank London, da
banda The Klezmatics, premiada com o Grammy e requisitada em festivais klezmer, como ocorreu em São Paulo, no Kleztival.
KKL na educação
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diretor mundial do Departamento de Educação do Keren Kayemet LeIsrael (KKL) Zohar Vloski visitou a Agência Judaica, os colégios I. L. Peretz e Renascença, os movimentos juvenis Chazit, Avanhandava, Bnei Akiva, Habonim Dror, Netzah, Hebraikeinu, as sinagogas Ohel Yaacov e CIP e sua Escola Lafer. “Os encontros com os movimentos juvenis me impressionaram, vendo como os jovens estão motivados e ligados ao Estado de Israel e o lindo clube que é a Hebraica. Pretendo voltar e já posso adiantar que vamos encontrar meios para apoiar de alguma maneira as atividades educacionais do país”, disse o dirigente do KKL.
Jerusalém no MuBE
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om patrocínio institucional do Consulado Geral de Israel, da Sociedade Brasileira dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Vanguardian Transportes Especializados, a fotógrafa Viviana Tagar exibiu no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), a exposição “Jerusalém Arte e Mistério”. Presentes o embaixador de Israel no Brasil Reda Mansour, cônsul de Israel em Sao Paulo Yoel Barnea, presidente do MuBE Jorge Landmann, o criador do Prêmio Brasil Fotografia Cildo Oliveira, diretor do Museu Olívio Guedes e a curadora da mostra Jacqueline Rothschild.
“As fotos de Viviana Tagar ressaltam a beleza de Jerusalém, colaborando na difusão do conceito da coexistência pacífica. O MuBE recebe muitas escolas, o que torna essa exposição excelente material para educar os jovens”, disse Landman.
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cultural + social > comunidade+coluna 1 Jornada Profissional “Você tem sede de quê?” A pergunta foi tema da Jornada Profissional com os alunos dos últimos anos do ensino fundamental II e médio do Colégio I. L. Peretz. Durante quatro dias, várias atividades levaram os jovens a buscar informações a respeito das carreiras preferidas. Alex Szapiro, presidente da Amazon no Brasil, Clarissa Grunberg, diretora de RH da TAM, Gustavo Erlichman e Dov Bigio, da área de tecnologia, contaram experiências e responderam às dúvidas dos alunos.
Do Hadassah a São Paulo Nessa primeira visita ao Brasil, os diretores adjunto Asher Salmon, de projetos especiais Ein Keren e para a América Latina Ethel Feinstein tiveram contato com áreas da comunidade. Na Fisesp, Asher apresentou a instituição, considerada o maior e mais importante hospital de Jerusalém, com 130 departamentos e clínicas, em 22 edifícios. Asher contou que “as vacinas contra o câncer, amplamente divulgadas nas últimas semanas como uma novidade, estão em uso no Hadassah há mais de dez anos”. Na Wizo/SP, Asher falou das muitas atividades do Hospital e da sua equipe que são desconhecidas, como a contribuição para a paz e a luta contra o antissemitismo. “Lá, médicos ou pacientes, independente da cor, credo, nacionalidade, são seres humanos e todos recebem o mesmo tratamento”, disse.
Visita ao Instituto Lula
Fórum do American Jewish Commitee
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embaixador de Israel no Brasil Reda Mansour esteve no Instituto Lula, onde compartilhou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a diretora Clara Ant seu otimismo com as relações entre os dois países. Foi no segundo mandato de Lula que Israel e o Mercosul firmaram um acordo de livre comércio, o primeiro do bloco sul-americano com uma nação fora do continente. Além do comércio, o ex-presidente ressaltou a importância geopolítica das parcerias entre os países, e “nos esforços para alcançar a paz no Oriente Médio de forma consensual entre israelenses e palestinos”. “Vejo todas as condições para que, nos próximos anos, as relações entre Brasil e Israel se intensifiquem e aprimorem em diversas áreas de cooperação. Em um momento de crise global, esta parceria é fundamental”, ressaltou o embaixador.
O secretário da Conbi, Rony Vainzof, participou de audiência sobre o Projeto de Lei “Estatuto Jurídico da Liberdade Religiosa”, do deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG), que coordenou o ato na Câmara dos Deputados. Ele é o coordenador no Brasil do Painel Internacional de Parlamentares para a Liberdade Religiosa.
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mortos, a ética vai servir para quê?” Para Schlesinger, que representa a Conib no diálogo interreligioso, “a ética sempre me apaixonou e foi o elo entre meus estudos de direito e minha prática como rabino”.
O regresso a Sefarad
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assados cinco séculos da expulsão dos judeus da Espanha, estima-se em noventa mil os potenciais beneficiários da lei aprovada pelo Congresso espanhol para facilitar a outorga da nacionalidade espanhola aos sefaraditas. Para “reparar uma dívida histórica”, segundo os ministros das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, e da Justiça, Rafael Catalá. A lei entrará em vigor em 1º de outubro favorecendo descendentes dos sefaraditas expulsos em 1492. A condição para assegurar a origem judaica na Península Ibérica poderá ser por meio de certificado expedido pela Comissão Permanente da Federação de Comunidades Judias da Espanha ou por autoridade rabínica competente. Também serão levados em conta o ladino como idioma familiar e outros indícios da tradição e o nome da família.
Mais de 180.000 pessoas de Israel e do exterior participaram da 17º Tel Aviv Pride Parade, em que o tema foi “Tel Aviv Ama Todos os Gêneros”. Do desfile, evento central no calendário gay internacional, participou o prefeito da cidade Ron Huldai.
Liberdade religiosa
Início de “Dilemas Éticos” Congregação Israelita Paulista (CIP) e a Livraria Cultura/Conjunto Nacional realizaram o primeiro encontro do projeto “Dilemas Éticos” com o psicanalista Contardo Calligaris, o filósofo Mário Sérgio Cortella e o rabino Michel Schlesinger. O público que lotou o Teatro Eva Herz participou de um debate a respeito de aspectos da ética e a sua aplicação no cotidiano, mediado pelo jornalista Eugênio Bucci. Para Calligaris, “a procura por universais éticos levou a modernidade a propor o respeito à vida como princípio ético universal óbvio e aparentemente incontestável, pois, se estivermos todos
Tel Aviv, cidade aberta
presidente da Conib Fernando Lottenberg, o secretário-geral Eduardo Wurzmann e os diretores Milton Seligman e Ruth Goldberg, o presidente da Fisesp Mário Fleck e o presidente-executivo Ricardo Berkiensztat, o diretor Ariel Krok e os jovens André Grunebaum e Fernando Ber participaram do Fórum Global 2015 do American Jewish Committee, em Washington, EUA. O antissemitismo na Europa, o acordo nuclear com o Irã, a presença do movimento de boicote BDS (sigla em inglês para a campanha anti-israelense
Boycott, Divestment and Sanctions) nos campi dos Estados Unidos e Reino Unido foram temas tratados. A delegação brasileira foi recebida em jantar com o embaixador do Brasil nos EUA, Luiz Alberto Figueiredo, e lá se falou do crescimento do antissemitismo na América Latina e das relações Brasil-Estados Unidos. Durante encontro com a secretária de Estado adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobsen, a conversação girou em torno de temas bilaterais e da próxima visita da presidente Dilma Rousseff ao país.
Novo seminário rabínico
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Seminário Rabínico Latino-Americano, em Buenos Aires, foi fundado em 1962 pelo rabino Marshall T. Meyer (z’l) para fortalecer a vida judaica e contribuir para o Tikun Olam (“conserto do mundo”, em hebraico) ao seu redor e nos países de língua espanhola e portuguesa por meio da educação, do desenvolvimento comunitário e do diálogo interreligioso. Essa mesma missão trouxe o rabino Abraham Skorka a São Paulo para a inauguração do Seminário Rabínico no Brasil. No Teatro Anne Frank da Hebraica, o rabino Skorka, que é amigo pessoal do papa Francisco, falou da missão e dos valores do Seminário, que tem sua sede no Centro Universitário Salesiano de Sao Paulo (Unisal). Lá serão dados cursos de rabanut (rabinato), chazanut (canto litúrgico), formação de shlichei tzibur (líderes sinagogais). Cursos de judaísmo, liderança e um programa de assessoria às escolas com desenvolvimento de material didático também farão parte da grade do novo Seminário.
AGENDA 21/7 – Às15h, exposição Anne Frank, no Sesc Santo André, com palestra de Roberta Sundfeld sobre “Ser Criança Durante a Segunda Guerra Mundial” 27/7 a 4/9 – Temporada Cultural de Jerusalém. Festivais e eventos multifacetados, vibrantes. Informações, www.itraveljerusalem. com/evetns/jerusalem-season-ofculture 31/8 – Às 20h, apresentação única do cantor israelense Gad Elbaz no Teatro Sérgio Cardoso. Músicas de cunho religioso com sonoridade contemporânea e ritmos latinos. Realização,Ten Yad 19 a 28/10 – 3ª. Missão de Tecnologia, Ciência e Segurança. Conhecer o Estado de Israel que não é visto pelo turista. Realização, Fundo ComunitárioKeren Hayesod. Informações, 3081-7244, e-mailto:fundo@ fundocomunit%C3%A1rio.org.br
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1. Nos EUA, Eduardo Wurzman, Fernando Lottenberg e Milton Seligman com Roberta Jacobsen, secretária de Estado adjunta; 2, 5 e 6. Carla e José Ricardo Basiches, o homenageado de Esther Schattan; Daniel Dziecki e Fábio Kauffmann; Teresa e Elias Victor Nigri, na Ornare em noite da revista Casa Mix; 3. Dan Stulbach convidado pela Casa da Argentina; 4. Wizo homenageou Margarida Grin na abertura do Bazar Anual; 7. Em Madri, Beth e Marcos Arbaitman convidados para um lunch no 1. Beto Riginik em visita à PARTE, feira de arte contemporânea; 2 e 3. Bernd Wollschlaeger deu autógrafos; ponto para o pessoal do Contraponto, sucesso total; 4, 5, 6 e 7. Espaço Gourmet lançou desafio no “Banquete às Cegas”; 8. Sônia Rochwerger comemorou idade nova no Boteco; 9. Sérgio Simon, Roberta Sundfeld, e Ilona Strimber receberam Irmgard Fellner, do Ministério da Cultura alemão no Museu Judaico de São Paulo; 10. Jardim Botânico carioca foi o cenário das bodas de Adriana Khalifeh e Daniel Reichstul; 11. Ari Timerman autografou livro sobre cardiologia na Livraria da Vila
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Palácio do duque de Alba
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1. HEAD Talks, primeiro sucesso de uma série inovadora. Delícias de Los Mendozitos para a noite
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fria; 2. O som da Tritono Blues agradou; 3. O que é
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HEAD para você?, a interrogação inicial; 4. Carlos Eduardo Finkelstein e Mônica Tabacnik Hutzler introduzem o tema “Inovação Social”; 5. Praça Carmel recebeu lotação máxima com décor intimista; 6. Rabino Noach estava com os jovens; 7. Uma das incentivadoras do encontro: Andrea Bisker; 8. Concentração total; 9 e 10. Empreendendores futuros mostram seu potencial; 11. Finkelstein e Mônica
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1. Juliana Peres recebeu Juliana Stroh e Tatiana Franken, evento que reuniu Novas Gerações do CJL; 2 e 7. Os amigos de sempre aplaudiram a noite de Nicole Borger no Teatro Anne Frank; 3 e 4. No Casual Mil, Ana e Maurício Mindrisz, Lana e Elia Ascer em torno dos noivos Liv e Jonas; em faltar o lechaim da turma da Sinagoga; 5. Ruth Goldberg no fórum do American Jewish Committee nos EUA; 6. Lina Wurzman, Eduardo Srur, Tamara Brandt Perlman e Carmen Schivartche na PARTE, destaque no setor Arte; 8, 9, 10 e 11. Rock Memory ganhou a preferência do sócio, mais um sucesso do Departamento Social
com o convidado Marcelo Rosenbaum
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juventude > coral
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A trilha sonora de uma história O CORAL COMEMOROU 21 ANOS COM UM SHOW DO QUAL PARTICIPARAM COMO SOLISTAS OS CANTORES CLÁUDIO GOLDMAN, RÉGIS KARLIK E AVI BURSZTEIN. O ESPETÁCULO “CORAL DA HEBRAICA E AMIGOS” LOTOU O TEATRO ANNE FRANK NO ÚLTIMO DOMINGO DE MAIO
O CORAL REVISITOU TRABALHOS ANTIGOS NA COMEMORAÇÃO DOS
21 ANOS DE ATIVIDADE
s integrantes do Coral da Hebraica sempre se envolvem em projetos que requerem ensaios extras, impressão de partituras e a total dedicação do maestro Leon Halegua, que rege o grupo e atua como um verdadeiro líder. “Para essa festa dos 21 anos, revisitamos alguns trabalhos e mostrar o quanto ainda temos a realizar”, comentou o maestro durante a maratona de preparação do show “Coral da Hebraica e Amigos” que lotou o Teatro Anne Frank no último domingo de maio. No repertório, canções em hebraico, trechos do serviço religioso de Rosh Hashaná, clássicos de musicais da Broadway, tangos e números do can-
cioneiro ídiche. “Escolhi algumas das canções mais representativas da nossa história e também incluí as sugestões dos profissionais que se uniram ao coral no show. Avi Bursztein encantou o público interpretando Abreimale Melamed e Cláudio Goldman e Régis Karlik fizeram uma boa dupla com Avinu Malkeinu, relatou Halegua. Na abertura do espetáculo, público e integrantes do coral assistiram a um vídeo com a trajetória do grupo desde a sua criação, noticiada nas páginas da revista Hebraica e documentada em fotos das excursões internacionais e apresentações em festivais e eventos com outros corais. “Depois de tanto tempo juntos, nos
tornamos uma família e o show dos 21 anos revela o carinho de uns pelos outros. Como destaques jovens, estavam Eduardo Goulart, Gabriel Sznelwar e Arthur H. Danila, que cantou conosco desde a estreia, na montagem de A Noviça Rebelde. Ele tinha 12 anos e recentemente trocou os ensaios pelos plantões no hospital. Mesmo assim, cantou em trio com os outros rapazes”, lembrou o maestro. Quatro jovens e seis crianças completaram o elenco do show e emocionaram não só os que estavam na plateia, mas muitos dos que estavam no palco. Dália Halegua, Isadora Goldman, Giovanna Braunstein e Margot L. Kullock repre-
sentam a segunda geração do coral e nas vozes das irmãs Ariela, Dália, Dina e Júlia Grabarz e de Taly Waldman e Thomas Waiswol se projeta um futuro promissor para a atividade no clube. Desde que foi criado, o coral convida as pessoas a participar, mesmo que não entendam nada de música. “Todos os cantores hoje admirados e elogiados começaram quase do zero e o que conhecem construíram na convivência com os profissionais que trabalham conosco e no nosso dia-a-dia repleto de referências artísticas e musicais. Mal posso esperar pelo espetáculo do 25o. aniversário para o qual, aliás, já tenho algumas ideias”, arrisca Leon Halegua. (M. B.)
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Filho de nazista, médico na Tzahal BERND WOLLSCHLAEGER É MÉDICO NAS FORÇAS DE DEFESA DE ISRAEL (FDI), FILHO DE UM
OFICIAL NAZISTA E PRINCIPAL PROTAGONISTA DO DOCUMENTÁRIO OS FANTASMAS DO III REICH
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grupo Contraponto, em parceria com a Hebraica e a Escola Beit Yaacov, trouxe Bernd Wollschlaeger, figura central do documentário dirigido por Cláudia Erlich Sobral, The Ghosts of the Third Reich, (Os Fantasmas do III Reich). Este foi o primeiro evento promovido pelo grupo, criado durante o último confronto entre Israel e Hamas, para exatamente se contrapor ao que suas fundadoras percebiam como o ressurgimento do antissemitismo e desconhecimento dos fatos. No dia seguinte, o filme foi exibido na Escola Beit Yaacov, para participantes da Marcha da Vida e alunos de escolas judaicas e da rede pública. No documentário, Wollschlaeger explica que o pai “foi o major Arthur Wollschlaeger, comandante de tanques na Segunda Guerra e nazista condecorado pessoalmente por Adolf Hitler com a Cruz de Ferro. Minha história é de como superar o ódio”. Bernd nasceu em 1958, em Bamberg, Alemanha. “Meu pai era um herói e o fato de ele ter sido nazista não significa-
va nada. Afinal, eu era ainda uma criança. Em casa me ensinaram a ser duro. Cresci com dúvidas, que meu pai não podia responder. Mas eu queria conhecer a verdade e, por isso, ainda jovem, fui para Israel e o que aprendi a respeito do Holocausto me chocou, principalmente pelo contraste com as histórias de heroísmo que meu pai contava. Então, ele não era herói! Meu pai morreu em 1987, e eu recebi uma mala contendo pedaços da Torá. Meu pai negava o Holocausto: ‘Mentira, nunca aconteceu e o que fizemos alguém tinha de fazer’, dizia.” “É um dos nossos” “Encontrei uma moça judia bonita e o shabes goi foi crescendo. Virei judeu, tenho orgulho de ser judeu, de ser israelense, dos filhos criados na fé judaica”, afirma. Foi médico da Tzahal, e hoje está na reserva. “Minha vida mudou em combate. O que acontece no mundo é o ódio se desenvolvendo. Cabe a nós ensinar a nossos filhos. Hoje, me dedico a lutar contra o ódio.” E quando lhe perguntam a respeito da sua condição de judeu Bernd Wollschlaeger responde que, “na Alemanha, alguns acham que fui longe demais; outros, me admiram. Em Israel, nunca fui ameaçado, mas confesso que senti um certo temor ao vestir pela primeira vez o uniforme. Não falei de meu passado e quando
finalmente o revelei, ouvi o seguinte: ‘Se você é louco o suficiente para imigrar, mudar de religião, vir para cá e enfrentar nossa vida, você é um dos nossos’. Ao fazer parte das FDI, a primeira coisa que se aprende é minimizar o conflito, tentar evitar o pior durante uma guerra, sem ódio. Todo mundo é capaz de aprender, há um passo muito pequeno entre ser amoroso e se tornar um assassino”. Wollschlaeger escreveu três livros e enfatiza: “Israel é o único país no mundo onde árabes e judeus vivem juntos. Os muçulmanos rezam todos os dias, na praia de Tel Aviv, para vivermos juntos. Eles têm direitos sociais, civis e querem viver em Israel. Deixem os que querem carregar o ódio que carreguem. Nós falamos de paz, de convivência”. Agora, a coexistência Cláudia Erlich Sobral, brasileira, vivia na Itália quando resolveu fazer o filme. “O objetivo maior do filme é a educação, falar da prevenção do ódio”, explicou. Seu próximo trabalho tratará da amizade entre um coronel israelense e um palestino, diretor de uma escola com projetos de coexistência e compromisso com a paz. “Quero trabalhar com a habilidade de conectar pessoas, do significado da reconciliação e qual é o nosso papel nessa história.” (T. P. T.)
Contraponto em ação Durante o conflito entre palestinos do Hamas e israelenses, em julho de 2014, Elisa Nigri Griner e Diana Berezin ficaram alarmadas com “o retorno de uma forte onda de antissemitismo e não entendíamos porque a tão poderosa comunidade em São Paulo não sabia como se posicionar. Sentíamos a vulnerabilidade muito próxima de nós e percebemos que tínhamos um dever a cumprir.” Primeiro, reuniram quarenta pessoas na mesma faixa etária, entre 30 e 50 anos, e o mesmo sentimento. Depois, as mais engajadas se juntaram em um grupo ao qual deram o nome de “Contraponto” e passaram a se reunir para ver o que fazer e como. “O objetivo principal é a preocupação com o preconceito contra qualquer ser humano. Não queremos estigmatizar, mas contrabalançar o radicalismo, trazer uma nova visão e abrir um canal de luta contra a exclusão de qualquer minoria; ampliar o conhecimento da história e divulgar notícias a respeito de Israel e dos judeus no mundo, seja no âmbito comunitário seja para o conjunto da sociedade brasileira”, explica Elisa. As primeiras reuniões foram com jovens, para conhecer as necessidades deles nesse tema. Para isso, entraram em contato com a Fisesp, Meidá, Hebraikeinu para saber onde atuar.
DO HEBRAIKEINU 4 SAIU A VIGÉSIMA TURMA DO MEIDÁ QUE SE PREPAROU PARA VISITAR ISRAEL EM JULHO
Este mês, em Jerusalém ONZE JOVENS DO CURSO DE LÍDERES MEIDÁ INICIAM AGORA, NO COMEÇO DE JULHO, UMA VIAGEM A ISRAEL PARA COMPLETAR E APROFUNDAR OS CONCEITOS APRENDIDOS NO ÚLTIMO ANO E MEIO COMO PARTE DA VIGÉSIMA TURMA
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embarque da vigésima turma de alunos do Meidá terá duplo significado para estes jovens que concluíram o período de dezoito meses de preparação para se tornarem monitores do Centro Juvenil Hebraikeinu. “Estou realizando um sonho”, afirma Henrique Tonello, 16 anos, o Xexa, frequentador do Hebraikeinu desde os 7. “Durante muito tempo, eu me espelhei nos meus madrichim e sempre quis cursar o Meidá para experimentar a inversão de papéis, ou seja, me tornar ma-
drich. Esse momento se aproxima e, melhor ainda, vou conhecer Israel na companhia dos meus melhores amigos e experimentar tudo aquilo que aprendi a respeito do país no Hebraikeinu e na escola”, declara. Para Renato Hojda, 16 anos, será a terceira viagem a Israel, mas nem por isso ele tem menos expectativas que o colega. “Nas duas primeiras vezes fiz apenas turismo. Agora estarei com minha kvutzá (grupo) e com ela vou partilhar o amor a Israel que a convivência com colegas de escola e do Hebraikeinu despertaram”, afirma Renato. O coordenador do Meidá, Rafael Elefant, conhece bem as expetativas dos dois rapazes. Como aluno do Meidá, Rafael participou de uma das primeiras viagens de conclusão de curso em Israel, há dez anos e, no ano passado, acompanhou a décima nona turma e in-
tegra o grupo que viaja este ano. “Nosso roteiro é dividido em cinco blocos: começa por um giro pela região central de Israel, em seguida viajamos ao norte e depois de os alunos passarem um final de semana com suas famílias, viverão cinco dias da rotina de treinamento básico do exército de Israel. A etapa final os ajudará a conhecer o que chamamos de ‘Israel moderno’ – Tel Aviv e Eilat”, descreve o coordenador. Essa vigésima turma do Meidá é a primeira dele, Rafael, como coordenador e semelhante às anteriores. “Como todas as outras, está passando por um momento de transição que exige uma mudança muito grande, mas no caso do Giborim (‘heróis’, em hebraico), como o grupo se intitula, sinto muita disposição para enfrentar novos desafios, a começar pelo estágio no Hebraikeinu a partir de agosto. Veremos na volta”, promete. (M. B.)
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juventude > educação JÁ ESTÁ NA HORA DE PENSAR NAS ATIVIDADES ESCOLARES E EXTRACURRICULARES PARA O SEGUNDO SEMESTRE
Aulas começam em agosto NO SEGUNDO SEMESTRE, A ESCOLA MATERNAL E INFANTIL RECEBE AS CRIANÇAS QUE INICIAM A VIDA ESCOLAR NA HEBRAICA. E O AFTER SCHOOL OFERECE UM NOVO CURSO PARA CRIANÇAS DE 8 A 15 ANOS
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s férias de julho passam voando. Enquanto as crianças aproveitam os dias brincando ou aprendendo um novo esporte, os pais se preocupam em administrar a agenda dos filhos para o segundo semestre. Para as famílias com filhos de 1 ano e 2 meses a 6 anos, o principal compromisso é acertar na escolha do primeiro local onde as crianças estudarão. “Quando recebo os pais para uma primeira entrevista, eles se mostram seguros em relação às expectativas a respeito da escola. Para eles, o principal é oferecer um bom ambiente para a socialização e a aquisição de valores como respeito pelo próximo e pela natureza, por exemplo. Ao mesmo tempo, ao optar pela nossa escola, eles se propõem a aumentar a assiduidade à Hebraica e querem que os filhos convivam em meio às áreas verdes espalhadas pelo clube”, comenta a coordenadora pedagógica da Escola Maternal e Infantil Bela Vaie. “Na escolha do casal pela Escola Maternal está implícita a importância dada ao ensino da tradição e da cultura judaica laica”, completa. Ela diz que aumentou a procura por uma escola integral até para as crianças com menos de 3 anos. “Ainda não chegamos a esse patamar. Oferecemos integral bilíngue a partir dos 3 anos (também
aberto para crianças não matriculadas no Maternal), e as crianças se adaptam bem rápido à rotina de almoçar na escola, dormir e em seguida participar de diversas atividades sempre em inglês”, descreve a coordenadora. Quando menciona as diretrizes da escola desde os seus primórdios, na década de 1960, Bela enfatiza a atenção individualizada como uma característica muito apreciada pelas famílias. “Muitos pais de alunos estudaram conosco e estão satisfeitos que, mesmo com mais alunos, todos aqui
conhecem as crianças pelo nome e respeitam as distintas personalidades”, destaca. Mãe de Júlia, 8 anos, e de Luíza, 3, a advogada Renata Grimblat estava certa em matricular a mais nova na primeira escola. “Júlia estudou aqui e eu não tive nenhum problema, seja em relação a professoras ou qualquer outra coisa. Hoje ela é aluna do Alef, mas se refere ao Maternal com carinho. Luíza adora a escola e eu me sinto muito amparada pelo atendimento que a escola dá para nós duas”, avalia a mãe. (M. B.)
Novo curso no After School O After School abriu inscrições para um novo curso voltado para o público de 8 a 15 anos, sempre de olho na aquisição de habilidades, além da diversão das crianças que utilizam o serviço. “A Madcode é uma escola de programação e tecnologia para crianças e adolescentes, fundada por pais preocupados com a formação dos próprios filhos nas disciplinas mais importantes do século 21”, informa a coordenadora do After, Márcia Sotnik Aisen. “Nas aulas do Madcode, os alunos trabalham em grupo e desenvolvem projetos que se valem de tecnologia e produzem códigos e novos aplicativos para o próprio uso”, completa Márcia, com a experiência de ter implantado no After School o curso de tradição judaica e a parceria com o curso de inglês Alumni, ambos com inscrições abertas. Mais informações e reservas de vagas nas classes de Madcode pelo fone 3541-1293.
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juventude > fotos e fatos 2.
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5. 1. Equipe de coreógrafos e professores do Centro de Danças atuou com muita sinergia para a elaboração do show Lihiot; 2. Grupo Ofakim completou 31 anos em 2015; 3. Dirigentes comunitários que trabalham com a juventude se reuniram na Hebraica para acertar uma agenda de trabalho conjunto; 4. Acantonamento do Hebraikeinu Jr (4 a 6 anos) começou com uma cerimônia de Kabalat Shabat; 5. Ateliê Hebraica promoveu oficina de colagem com material sintético na Praça Carmel; 6. Alunas do curso de bat-mitzvá realizaram uma cerimônia especial de Kabalat Shabat na Sinagoga
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1. Abertura do show Lihiot foi estrelada pelos grupos Carmel, Hakotzrim e Shalom; 2. Grupo Hakotzrim estreou coreografia inédita no show de encerramento do semestre; 3. Muitas dançarinas do grupo Paraparim Ktanim estrearam no show Lihiot; 4. Coreografia do grupo Ofakim teve como tema os símbolos do Shabat; 5. Adolescentes do grupo Kalanit emocionaram as famílias com sua performance no palco; 6. Dançarinos do Carmel e Hakotzrim apresentaram um número de street dance
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esportes > polo aquático
Muito além de um festival
FESTIVAL DE POLO AQUÁTICO TEVE O VALIOSO APOIO DA FEDERAÇÃO DA MODALIDADE
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esportes > acesc
A PARCERIA ENTRE A ESCOLA DE ESPORTES E A FEDERAÇÃO AQUÁTICA PAULISTA (FAP) AMPLIOU O ALCANCE DO FESTIVAL DE POLO AQUÁTICO E O INSERIU NO
PROJETO DE ESTÍMULO AO TRABALHO DE BASE NA MODALIDADE
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VI Festival de Polo Aquático, que encerrou a agenda de eventos da Escola de Esportes no primeiro semestre, cresceu em importância devido à parceria com a Federação Aquática Paulista. “Para os nossos alunos foi uma diversão dupla. Além do nosso festival, eles disputaram o primeiro torneio oficial como parte do trabalho de base da FAP. Esse foi o primeiro resultado da criação da Comissão Paulista de Professores de Polo Aquático, do qual a Hebraica faz parte”, explicou o coordenador da modalidade, Adriano Silva. Em um mesmo final de semana, a FAP promoveu a segunda etapa da Liga Polo Aprendiz (para crianças entre 13 a 15 anos) em Santos, no sábado. No dia seguinte foram realizados os festivais de Polo Petiz (!0 a 12 anos) e de Polo Mirim (7 a 9 anos) na piscina semiolímpica da Hebraica. “A soma de esforços foi produtiva para todos. Com a presença da FAP, o número de equipes participantes foi maior, mesmo neste dia chuvoso. Tivemos até equipes de fora da cidade, como a Abda, de Bauru, e o Sesi, de Ribeirão Preto. Além disso, os garotos jogaram com todo o aparato oficial, ou seja, árbitros, observadores uniformizados, e a arquibancada lotada de pais incentivando os times”, comentou, no mesmo instante em que, junto ao pódio, o convidado especial e jogador da seleção brasileira de polo Gustavo Coutinho entregava as medalhas de participação a todos os participantes. Coutinho exclamou: “Ver essas crianças de 7 a 12 anos se divertindo e aprendendo a praticar o esporte que eu amo renovou minhas esperanças para o futuro do polo aquático brasileiro. Ver, também, os garotos do Paulistano jogando bem, sob o comando do Paulo Coutinho, meu pai, foi demais!” (M. B.)
O FESTIVAL DE GINÁSTICA ARTÍSTICA FOI REALIZADO EM CLIMA DE CAMARADAGEM
Mais um grande evento na lista O I FESTIVAL DE GINÁSTICA ARTÍSTICA DA ASSOCIAÇÃO DE CLUBES ESPORTIVOS E SÓCIOCULTURAIS (ACESC) FOI REALIZADO NA HEBRAICA COM EQUIPES DE SETE AGREMIAÇÕES E 147 ATLETAS
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lista de eventos esportivos promovidos pela Acesc aumentou com o I Festival de Ginástica Artística realizado na Hebraica. Atletas uniformizados circulavam pelo clube desde cedo, primeiro acompanhando os pais até a porta do ginásio, local do evento, e depois exibindo, orgulhosos, as medalhas conquistadas. Participaram equipes do Paineiras do Morumby, Pinheiros, Paulistano, Alto dos Pinheiros, Ipê, Sírio e da Hebraica. O evento começou com desfile das delegações e mensagens de boas-vindas do presidente da Hebraica, Avi Gelberg, e da diretora da modalidade, Helena Zukerman. O atleta Gabriel Cerqueira e os técnicos Daniel Salvioni e Danilo Gattei fizeram demonstrações nas argolas e na barra. A competição seguiu num clima de ca-
maradagem entre as equipes e cada técnico apontava aos atletas os pontos positivos das equipes adversárias que deveriam servir de estímulo para conseguir resultados melhores no próximo festival. “Nosso objetivo é a divulgação da modalidade e o aperfeiçoamento técnico dentro dessas categorias de base que são a mirim e pré-infantil”, informou a coordenadora de ginástica artística na Hebraica, Roseli Lamarca. No final, técnicos e diretores dos clubes participantes avaliaram o Festival de forma otimista a partir da clara satisfação dos pequenos atletas ao deixarem o ginásio. “Os técnicos também tiveram seu momento de glória ao receberem medalhas como símbolo do agradecimento das famílias pelo empenho na preparação dos atletas”, disse Roseli. (M.B.)
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Natação juvenil
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oze nadadores da Hebraica e mais 151 atletas de outros dezesseis clubes participaram do Torneio Regional Juvenil l a Sênior realizado na Unisanta, em Santos. Segundo o coordenador de natação da Hebraica, Murilo Santos, foi a última chance para alcançar índices para o Campeonato Paulista de Categorias. “O evento ajudou os garotos a retomar o ritmo competitivo, depois de trinta dias somente de treinos diários. Conseguimos três medalhas de ouro, sete de prata e seis de bronze distribuídas entre os nadadores das categorias juvenil, júnior e sênior”, informou. Já na segunda etapa do Circuito Mirim de Natação disputada na piscina do Clube Paineiras do Morumbi a equipe de dez atletas terminou as provas entre os vinte primeiros.
Tênis de mesa
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dmundo Gualberto Junior (categoria super-veteranos B) venceu a sexta etapa da Liga Nipo-Brasileira de Tênis de Mesa, conquistando o tricampeonato na categoria super-veteranos B de 2015, subindo, a partir da próxima etapa, para a categoria principal, super-veteranos A. Já o ranking interno segue o calendário de competições mensais com os atletas se revezando nas primeiras posições das categorias infantil e adulto masculino e feminino.
Basquete veterano
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m partida do Campeonato Paulista de Basquetebol Veterano, o Clube Atlético Paulistano e a Hebraica se enfrentaram na quadra do Centro Cívico Itzhak Rabin com vitória do time da casa pelo placar de 62 x 57. De acordo com o árbitro Renatinho Santos, que acompanhou o jogo, “estar com esses atletas foi uma aula e um exemplo. Agradeço a oportunidade única de vivenciar o amor deles pelo basquete”. O torneio faz parte do calendário da União das Associações de Veteranos de Basquete do qual participam atletas que atuaram profissionalmente ou amadores em categorias mais jovens. (M. B.)
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1. Departamento de Xadrez contou com cem crianças quando o desafio era vencer partidas usando tabuleiros e peças de chocolate; 2. Cinco entidades prestigiaram o I Festival Acesc de Ginástica Artística; 3. Aumenta o número de atletas que participam do ranking interno de Tenis de Mesa; 4. Gustavo Coutinho, jogador da seleção brasileira de polo aquático, acompanhou o trabalho do coordenador Adriano Silva durante o festival da modalidade; 5. Equipe feminina de handebol enfrentou as atletas de São José dos Campos no Centro Cívico; 6. Duda Morim (centro), eleita a melhor jogadora de handebol do mundo, veio à Hebraica para conversar com as atletas da modalidade;
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magazine > segunda guerra | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
Q Em nome de um milhão e meio de soldados judeus NOVO MUSEU EM ISRAEL QUER RESGATAR UM FATO POUCO CONHECIDO: CERCA DE 10% DOS JUDEUS DO MUNDO LUTARAM CONTRA O NAZISMO COM AS FARDAS DOS EUA, URSS, INGLATERRA E OUTROS ALIADOS
uando se fala em judeus na Segunda Guerra Mundial, a imagem que vem à mente são seis milhões de civis sendo massacrados pela máquina de guerra nazista. O que pouca gente sabe, no entanto, é que, ao mesmo tempo, 1,5 milhão de judeus pegaram em armas para enfrentar o exército alemão, vestindo fardas de países como EUA, URSS, Inglaterra e outros aliados, incluindo o Brasil. Quando se leva em conta a população judaica mundial da época – dezoito milhões de pessoas – e se descontam idosos e crianças, conclui-se que cerca de 10% dos judeus lutaram contra os nazistas. “Não houve outro povo que contribuiu com um percentual tão grande na guerra, isto é algo de que podemos nos orgulhar”, disse à revista Hebraica o general israelense aposentado Zvi Kantor, idealizador de um museu em construção dedicado a esses soldados. A mal conhecida história dos soldados judeus que lutaram na Segunda Guerra ocupa cada vez mais espaço nos debates acerca da Shoá, em Israel. Por ocasião da comemoração dos setenta anos da derrota nazista, em maio, o professor de história da Universidade de Tel Aviv, Simcha Goldin, escreveu um importante artigo sobre o tema, no Yedioth Achronot, intitulado “O Milhão e Meio que Lutou”. Destes soldados, cerca
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Um museu didático Ao se aposentar, o general israelense Zvi Kantor (foto), passou a frequentar um seleto grupo de amigos de alta patente para pesquisar a história do Tzahal. Foi numa dessas rodas de conversa que ouviu pela primeira vez, de um dos integrantes do grupo, a respeito do 1,5 milhão de soldados judeus que lutaram na Segunda Guerra Mundial. “De repente me dei conta de uma história da qual devemos nos orgulhar”, contou à revista Hebraica. A partir de então, Kantor assumiu como projeto de vida montar um museu para contar as notáveis histórias dessa massa de soldados – cerca de 10% da população judaica da época – que lutou contra os nazistas. Eis a entrevista:
O MUSEU PRETENDE RESGATAR UMA HISTÓRIA ATÉ AGORA DESCONHECIDA
Hebraica – Por que mais um museu em Israel da Segunda Guerra Mundial? Zvi Kantor – Não podemos educar a próxima geração apenas com a imagem do judeu como vítima na Segunda Guerra. É verdade, fomos vítimas, mas é preciso contar a história toda. Na época havia dezoito milhões de judeus no mundo, e excluindo idosos e crianças, cerca de 10% da população judai-
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de 250 mil morreram em batalha. O general Kantor explicou à Hebraica que a heroica participação militar dos judeus nunca foi bem contada porque poucos deles imigraram para Israel e, em seus países, foram considerados soldados como os demais. Também pesou o preconceito no país contra tudo o que era da Galut (Diáspora), aí incluídos os soldados judeus (leia entrevista completa abaixo). As histórias desses soldados agora serão contadas num museu em construção em Latrun, na estrada Tel Aviv-Jerusalém. Nas páginas seguintes, alguns desses personagens e a contribuição deles aos exércitos aliados.
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magazine > segunda guerra >> ca lutaram na guerra, uma quantidade enorme. Foram 1,5 milhão de soldados judeus, do mundo inteiro, combatendo em todos os fronts, em todos os níveis de hierarquia. Precisamos nos orgulhar disto.
Marechal da FEB morreu aos 109 anos
O sr. já disse que a visita curricular dos jovens israelenses ao Yad Vashem deveria terminar neste futuro museu do soldado judeu na Segunda Guerra Mundial... Kantor – Sim, o jovem israelense termina o colegial com um diploma técnico, em matemática e outras disciplinas e que vai esquecer com o tempo. É ótimo ter nota 10 em inglês, mas você sabia que mais da metade dos jovens israelenses de 18 anos nunca foi a Jerusalém? Acho que nenhum jovem deste país deveria se formar sem ter ido uma vez a Jerusalém e ter tocado o Kotel, para saber por o que lutamos. Depois devem ir ao Yad Vashem para entender a fonte do nosso trauma. E depois ir a este futuro museu para conhecer a origem da nossa bravura. Não dá para ser cidadão deste país sem ir a esses locais. Falta esta perspectiva ao Yad Vashem? Kantor – O efeito de uma visita ao Yad Vashem é enorme. Mas não é possível falar de bravura ali. O trauma já é muito forte. E está certo, assim tem de ser. Mas precisamos falar dos judeus do Brasil que lutaram na guerra, dos milhares de judeus da África do Sul, dos EUA, da Polônia ocupada, que lutaram. Os jovens devem sair do Yad Vashem, entrar num ônibus, admirar a bela floresta de Jerusalém e ir para esse museu. O sr. já disse que a razão desta ignorância acerca do soldado judeu na Segunda Guerra Mundial foi a ideia sionista de que tudo que vem da Galut é desprezível. Kantor – Veja, vamos nos colocar na pele de David Ben-Gurion, liderando uma pequena nação de seiscentos mil habitantes, recebendo imigrantes de todo o mundo e tendo de integrá-los. A ideia da bravura ligada exclusivamente ao sabra foi necessária naquela época. Outro fator para este desconhecimento é que muitos soldados judeus não imigraram para Israel, eles não contaram suas histórias aqui. O que o próprio Tzahal deve a estes soldados judeus da Diáspora? Kantor – Crescemos aqui com a ideia de que o Tzahal foi resultado exclusivo de forças judaicas daqui mesmo, como a Haganá e o Palmach. Mas sou militar e sei que forças como estas, do underground, não se desenvolvem em um exército que precisa ter tanques, infantaria, divisões e brigadas. De onde veio todo este conhecimento? A resposta: aqui chegou gente com informação militar, que havia aprendido no exército britânico e de outros países. Isto foi esquecido. E agora estou dizendo: senhores, nos desculpem, vejam esta contribuição.
General judeu americano no front Logo no início da Segunda Guerra Mundial, o exército profissional dos EUA era constituído de 175 mil soldados. Com a crescente agressão nazista, os norte-americanos se armaram rapidamente e em 1941, já eram 1.400.000 militares. Até o final da guerra, mais de dezeseis milhões foram alistados. Cerca de 550 mil judeus serviram no exército norte-americano, incluindo 36 no posto de general, além de um almirante. Mais de 49.000 foram condecorados por bravura e três receberam a maior comenda do país, a Medalha de Honra do Congresso. Entre os destaques, o general Maurice Rose, nascido em Connecticut, filho e neto de rabinos poloneses. Até a sua morte em combate, aos 45 anos, foi o judeu que assumiu o mais alto cargo no exército norte-americano. Veterano ferido da Primeira Guerra, Rose sempre acompanhava os soldados no front, o que levou a ser morto numa luta corpo-a-corpo com soldados alemães.
A aviadora de 860 missões
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Brasil entrou tarde na guerra, mas foi o único país sul-americano a enviar soldados aos campos de batalha da Europa. Mais de 25.000 soldados brasileiros lutaram na Itália, sob o comando do Quinto Exército norte-americano. Cerca de 480 pracinhas morreram e 34 foram declarados desaparecidos. O futuro museu de Israel destacará 39 soldados e oficiais judeus no exército brasileiro, entre eles personalidades mais tarde que se tornariam importantes na vida pública do país, como Carlos Scliar, Jacob Gorender, Salomão Malina e Boris Schnaiderman. O tenente Moysés Chahon, carioca, lutou na Itália, recebeu quatro condecorações dos superiores e foi um dos quatro únicos brasileiros a ganhar a medalha norte-americana Silver Star por bravura. Aposentou-se como militar de carreira e faleceu em 1981. Outro combatente, o tenente-coronel Waldemar Levy Cardoso (foto acima) de origem judaica-marroquina, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras em 1918 como primeiro da classe. Comandou um batalhão de artilharia na Segunda Guerra e recebeu várias condecorações brasileiras. Depois do serviço, nos anos 1950, converteu-se ao catolicismo. Foi presidente da Petrobrás e aposentou-se como marechal do exército. Morreu aos 109 anos de idade.
A União Soviética foi o país que mais perdeu soldados na Segunda Guerra: treze milhões morreram em combate e quase seis milhões foram aprisionados, dos quais três milhões mortos pelos alemães. Quinhentos mil judeus lutaram no Exército Vermelho, e cerca de 350 chegaram aos postos mais altos, de general e almirante. A mais alta condecoração militar do país, Herói da União Soviética, foi recebida por 148 militares judeus. Dos incontáveis atos de bravura durante a guerra, destacou-se a aviadora Polina Gelman, membro de um regimento soviético exclusivamente feminino apelidado de “Bruxas da Noite”, que lançou três mil toneladas
de bombas contra os alemães. Polina, filha de judeus ucranianos humildes, foi condecorada como Herói da União Soviética, contabilizando 860 missões aéreas. O general Yakov Grigorevich Kreizer, neto de militar, também recebeu o título de Herói da União Soviética. Sua proeza foi ter conseguido parar o avanço nazista sobre Moscou e destruir o mito de invencibilidade da Wehrmacht. Teve atuação decisiva na derrota alemã em Stalingrado, que marcou o início da derrocada de Hitler. Kreizer foi ferido duas vezes durante a guerra.
O ás judeu que abateu 29 aviões Os ingleses tiveram papel decisivo na luta contra os nazistas, alistando 3,5 milhões de homens e mulheres, sob o comando direto de Winston Churchill, premiê e ministro da Guerra. Cerca de 14% dos judeus da Grã-Bretanha lutaram contra os nazistas, além de trinta mil voluntários vindos de Eretz Israel. Entre os mais destacados, foi o aviador Robert Stanford Tuck, líder de esquadrão e que, sozinho, abateu 29 aviões inimigos, ganhando o título de oitavo melhor piloto inglês na guerra. Tuck acabou abatido sobre a França, feito prisioneiro, conseguiu escapar e ainda lutou ao lado dos russos contra os alemães, até o final da guerra. Aposentou-se como plantador de cogumelos no interior da Inglaterra e morreu aos 70 anos, em 1987.
Como contribuir para o Museu? O futuro museu dos soldados judeus da Segunda Guerra ainda espera contribuições para ser concluído. O projeto inicial de apenas um memorial de cem metros quadrados transformou-se numa instalação de 2.500 metros quadrados. Todo o conteúdo da exibição já está pronto e o edifício, pronto, mas faltam recursos para as instalações de infraestrutura. Interessados em contribuir para o projeto podem contatar diretamente o general Zvi Kantor pelo e-mail zvi.kantor@gmail.com
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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Judeu bêbado
De fato, esta é uma cena rara. O baixo consumo de álcool entre os israelenses é atestado no mais recente relatório da Ocde, a organização que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, em que Israel aparece bem atrás dos demais. Em média, o adulto dos países do Primeiro Mundo consome dez litros de álcool puro ao ano, equivalente a cem garrafas de vinho. Em Israel, o índice é de 2,5 litros no ano. Mas o consumo de álcool entre os israelenses aumentou 25% nas últimas duas décadas, a ponto de um milhão dos habitantes (um em cada oito cidadãos) serem definidos como “abusadores do álcool”, ou seja, não chegam a ser alcoólatras, mas consomem quantidade que chega a “prejudicá-los”.
Outro dia revi o filme de ficção científica Prometheus, de Ridley Scott (foto). Numa das cenas, quando um monstruoso ser espacial se prepara para matar a heroína, surge um alien ainda mais terrível e os dois começam a se comer, enquanto a mocinha foge. Lembro da cena ao ler que Nasrallah, o detestável líder do Hizbolá, considera a aproximação das hordas primitivas do Estado Islâmico na fronteira do Líbano como uma “ameaça existencial” e se prepara para enfrentá-las. Como dizia meu avô, desejo sorte a ambos os lados.
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12 notícias de Israel
Sucesso para ambos
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Louca violência
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Atrás das grades
Da crônica policial israelense: a cada três dias, uma pessoa é assassinada em Israel. A cada 36 horas, ocorre uma tentativa de homicídio no país. Os dados são do relatório anual da polícia, referentes a 2014. Outros dados de arrepiar meus poucos cabelos: a cada dia ocorrem em média 971 crimes dos mais diferentes tipos, e 170 pessoas detidas. O maior número de contravenções é roubo contra propriedade (157.113 casos), rompimento da ordem pública (128.989 casos) e agressões variadas (60.607). Os casos de abuso sexual somaram 5.975. Onze mulheres foram assassinadas pelos maridos no período.
Por conta dos recentes protestos dos israelenses de origem etíope contra a discriminação no país, a penitenciária Ofek, especializada em abrigar menores infratores, publicou estatística preocupante: dos 135 internos, 27 são de origem etíope. Ou seja, eles representam 20% dos presos. Se considerarmos apenas os jovens judeus detidos ali, os etíopes representam 41%. Isto iguala a população de negros detidos nas prisões dos EUA, que gira em torno de 40%. Mas a situação ainda é pior em Israel. Nos EUA, os negros são 12% da população total, enquanto no Estado judeu os negros são apenas 1,7%.
Bem-vinda cultura
No momento em que o calor chega a Israel, também aparecem por aqui algumas atrações culturais de peso. Mês passado foram as óperas em Massada, o show de Art Garfunkel num estádio de Tel Aviv e a apresentação da cantora folk americana Suzanne Vega acompanhada da Sinfônica de Israel – esta eu assisti, muito bom, aliás. E neste mês de julho, Caetano & Gil (dia 28), Cirque du Soleil (dia 15), Chick Corea & Bobby McFerrin (de 22 a 24) e a Electric Light Orchestra (dia 31).
Atrativo desinteressante Israel tem lugares religiosos únicos para se visitar, praias bonitas e uma vida noturna agitada em Tel Aviv. No entanto, o país está bem atrás na lista dos locais mais atraentes para o turismo mundial. Segundo o mais novo relatório do World Economic Forum, o Estado judeu é o 72º colocado entre 141 países listados. Perde para destinos como Arábia Saudita (64º), onde o álcool é proibido, e Letônia (53º), “famoso” por não ter muito o que fazer. A razão da má colocação é a insegurança política, ameaça de terrorismo e preços altos, nesta ordem. Em média, os hotéis israelenses cobram duzentos dólares a diária.
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Cara dependência Quem visita Israel, tem a impressão de que as pessoas aqui fumam mais do que o normal. E tem razão. Vinte por cento dos israelenses fumam tabaco, segundo o mais novo relatório do governo. Entre os jovens alistados no Tzahal, o índice é ainda mais alto: quase um terço dos recrutas fuma. Como resultado, todos os anos, oito mil israelenses morrem de doenças ligadas ao fumo. O custo para o país é de mais de três bilhões de dólares anuais, entre licenças médicas, tratamentos vários e assistência social. O vício consome cerca de um quarto da renda familiar da população pobre.
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Êta nóis Quem acha que é só no seu país que os políticos são um vexame, é porque não conhece de perto a realidade de outras nações. Na Knesset, a pauta do dia era a criação de mais ministérios para acomodar as alianças partidárias do novo governo. Isto é: mais empregos para os próprios deputados, que seriam convocados para novos cargos. Os 120 representantes compareceram à sessão. Em seguida, no mesmo dia, a pauta mudou para a discussão da difícil situação das cidades do Negev, como Dimona, que vivem uma onda de desemprego aguda e onde um movimento popular espontâneo decretou greve geral. Resultado: apenas sete deputados ficaram no Parlamento, enquanto os demais 113 deram no pé.
Gesheft da China O investimento chinês em empresas de tecnologia israelenses sobe como um foguete, como se diz em inglês. Nos últimos três anos, o valor triplicou. A projeção para este ano é de U$ 467 milhões. Entre os investidores está Alibaba, a maior empresa de comércio por internet do mundo, que investiu cinco milhões de dólares este ano na start up israelense Visualead. Israel já contabiliza 138 empresas com escritório na China, mas isto é considerado pouco, pois, nos EUA, os israelenses têm 1.299 representações e na Europa, 751.
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Mandamentos do celular Já viram no Youtube o filme de soldados do Tzahal dançando o “Ai se eu te Pego” do Michel Teló? Ou então fotos de soldadas quase nuas cobrindo suas intimidades apenas com o fuzil? Ou ainda, manifestações políticas de jovens israelenses em bases militares? Pois bem, isto é coisa do passado, ou melhor, quem fizer coisa do tipo agora sabe claramente qual será a punição. Um comitê criado pelo Comando Geral do Tzahal, e dirigido por um general, lançou agora o “faça” e “não faça” do smartphone. Por exemplo: é proibido tirar selfies nas bases militares ou ser filmado em situação que coloque em dúvida a seriedade do exército. Mas pode emitir opiniões políticas na rede, desde que o internauta não se identifique como soldado do Tzahal.
Filosofia de verão Julho e agosto são os meses mais quentes do ano em Israel. O sol daqui é diferente do Brasil. Abra um mapa mundi, daqueles que mostram as áreas verdes do planeta, e perceba o que muita gente desconhece e eu mesmo demorei alguns anos para notar. Perceba que a grande floresta europeia desce pela Turquia, passa pela costa da Síria e Líbano e termina em Israel – na área verde da Galileia e Jerusalém. Continuando mais para baixo, para o sul, note que o deserto do Negev é simplesmente o começo do grande deserto árabe, do qual fazem parte o Saara, o Sinai e toda a Arábia. Portanto, Israel é a porta de entrada do maior deserto do mundo. Convido a quem na próxima vez visitar Jerusalém subir o Monte das Oliveiras e dar uma espiada para o leste, em direção à Universidade Hebraica: perceberá que ali começa o deserto. Ou seja, o verão israelense é desértico, com um sol inclemente, das 8 às 20 horas, nunca quebrado por chuva nenhuma. E com uma garrafa de cerveja aberta, continuo pensando: quando os judeus foram exilados desta terra e chegaram em lugares bem mais agradáveis, nunca realmente quiseram criar raízes, sempre sonhando em voltar à terra da beira do deserto. Quando nossos antepassados estavam nos jardins da Babilônia, ao lado de rios agradáveis, compuseram salmos de saudades da terrinha. Depois, chegaram aos campos verdes da França, Alemanha, Inglaterra, mas sempre sonharam em voltar ao Oriente Médio. No século 20, finalmente voltamos. Agora, é aproveitar o arcondicionado e seguir adiante.
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Boicote contra Israel Isto sempre houve: pelo menos desde a Guerra de 1973 quando os países árabes começaram a usar o que eles têm de melhor, esta abundância de petróleo, como arma contra Israel. Mas parece que agora o movimento de boicote contra o Estado judeu – chamado de BDS (sigla em inglês para Boicote, Desinvestimento e Sanções) – ganha ímpeto e se prepara para se tornar um tsunami, na linguagem de quem tem boa informação a respeito, como os magnatas americanos próIsrael Haim Saban e Sheldon Adelson. No mês passado, o presidente da gigante de comunicação francesa Orange disse, no Cairo, a uma plateia constituída de gente que odeia Israel, que se pudesse, abandonaria o Estado judeu (até o fechamento da edição, ameaçada de multa milionária, a empresa tentava consertar o estrago). O Yedioth Achronot publicou uma série de reportagens a respeito do crescimento do BDS. E, interessante, numa delas, o Yedioth localizou o cabeça do movimento, um certo Omar Barghuti (foto), residente, pasmem, em Akko, cidade no norte de Israel. Se aqui fosse a Turquia ou a Rússia, este sujeito estaria desaparecido faz tempo. E nos EUA ou Brasil, seria tratado como traidor, com boa dose de razão. É justamente nisto que reside a ignorância ou má vontade (vamos deixar de lado o termo antissemitismo) de boa parte dos críticos de Israel, que preferem não ver coisas óbvias como a redondeza onde estamos, com vizinhos como Hamas, Hizbolá, Síria e, mais ali, o Estado Islâmico. Agora, autocrítica também é bom: Israel elegeu o governo mais à direita-religiosa da sua história, e não propõe absolutamente nada aos palestinos, nenhum passo para aliviar a pressão. Assim fica difícil segurar a onda, digo, o tsunami.
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magazine > religião | por Alan Mittleman
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WALZER É UM REQUISITADO PALESTRANTE DE DIREITO E RELIGIÃO
Existe política na Bíblia MICHAEL WALZER É UMA FIGURA IMPORTANTE NO ESTUDO DA TRADIÇÃO POLÍTICA JUDAICA: ESCREVEU EXODUS AND REVOLUTION (“ÊXODO E REVOLUÇÃO”), E FOI COAUTOR, COM COLEGAS ISRAELENSES, DO PROJETO EM QUATRO VOLUMES JEWISH POLITICAL TRADITION (“TRADIÇÃO POLÍTICA JUDAICA”)
ichael Walzer só não foi mais fundamental porque são do falecido professor Daniel J. Elazar, da Universidade Bar Ilan, os principais argumentos de que havia uma tradição política judaica. Elazar era um maximalista que acreditava ser a Torá uma espécie de antiga constituição que falava tanto de um desenho institucional para a política como de uma cultura política rica em valor. Além disso, considerava que, apesar de transformados, a constituição e os valores políticos da Bíblia foram replicados por expressões posteriores da vida política judaica ao longo dos tempos. Walzer é um minimalista para quem a Bíblia, embora leve a vida política em conta, é despreocupada com a política como campo temático do esforço humano. Ademais, a tradição política judaica posterior é em grande parte livresca, mais um diálogo contínuo a respeito de assuntos políticos, e menos uma história real de instituições que lutam para manter os judeus politicamente juntos após a perda da soberania. O livro de Walzer, In God’s Shadow: Politics in the Hebrew Bible (“À Sombra de Deus: Política na Bíblia Hebraica”), um relato criterioso e competente do tema, possibilita contrastar a opinião dele com a de Elazar. Para Elazar, também autor de Kinship and Consent: The Jewish Political Tradition and Its Contemporary Uses (“Parentesco e Consentimento: a Tradição Política Judaica e seus Usos Contemporâneos”) e Covenant and Polity in Biblical Israel (“Aliança e Sistema de Governo no Israel Bíblico”), o motivo bíblico da aliança é o princípio organizador de toda a vida política e pensamento judaico no período bíblico e posteriores. A aliança significa um acordo voluntário de um grupo para cumprir a palavra uns com os outros e com uma autoridade central e transcendente. A aprovação da lei de Deus e a fidelidade (hesed) para com ele e os outros fundaram uma comunidade política (edah). A
política decente começa com acordos – consentimento, não coerção. Além disso, a autoridade transcendente de Deus relativiza a autoridade das expressões humanas de poder. Elazar acreditava que a política bíblica e a subsequente política judaica sempre confrontaram poder contra poder; isto é, reis, sacerdotes e profetas expressavam a autoridade legítima. A contestação e a negociação entre si evocavam a igualdade aproximada original e o consentimento da fundação da aliança. Como um princípio organizador a aliança é flexível o suficiente para sobreviver à morte de um Estado e continuou a animar um sentimento de nacionalidade, autoridade legítima, obrigação política e comunidade sagrada por séculos de exílio. No mundo acadêmico, dificilmente existe concordância, neste caso também houve controvérsias e Walzer acredita que Elazar exagerou. Walzer admite que a prática bíblica de fazer alianças é muito mais do que o emprego figurado da teologia, mas não a base de um princípio ou teoria política de pleno direito. Assim, “Daniel J. Elazar constrói a doutrina política bíblica em grande escala sobre a base do modelo de aliança, mas isso é muito mais uma interpretação do que uma descoberta. A aliança está ali, nos textos; a doutrina parece, não está”. Walzer, como Elazar, vê a aliança como fator fundador da nação. Israel como um “coletivo genealógico” já existe, mas assume uma forma elevada de pertencimento por meio da aliança. A mistura de “parentesco e aliança, descendência e consentimento, funciona simultaneamente”. Mas o que o povo que consente concorda, agora que foi elevado ao patamar de nação, é em obedecer a uma lei sagrada dada pelo divino que, longe de ser a que lhes permite ter uma vida política, a corta pela raiz. A lei põe a ação de Israel em um registro onde é escassa a política e reina o raciocínio jurídico. Seguindo o fio condutor do livro de Walzer a política, entendida como uma atividade prática totalmente imanente e humana, não pode prosperar “à sombra de Deus”. Desta forma, onde Elazar lê os textos bíblicos como evidências de um tipo de política em um mundo religioso, Walzer os lê como prova de considerações religiosas que restringem ou abortam a política. Para Walzer, a Bíblia é “o registro de uma nação cujo Deus não deixou muito espaço para a tomada independente de decisão”. Assim, “a atividade política das pessoas comuns não é um tema bíblico, nem há qualquer reconhecimento explícito do espaço político, uma praça ou fórum, onde as pessoas se reúnam para discutir e deliberar a respeito das políticas da comunidade”. Os portões da cidade – o equivalente bíblico a uma praça pública – são lugares de julgamento legal, não de discussão política. Os anciãos que ali se reúnem e que, em muitos textos, parecem ter um papel verdadeiramente político – como no episódio em que eles vão a Samuel e exigem um rei “como todas as outras nações” – nunca são adequada-
mente descritos ou explorados pelos autores bíblicos. Nunca vemos os anciãos deliberarem, discutirem ou negociarem uns com os outros, como os homens políticos fazem. Eles parecem representar o povo, mas não sabemos como; não há discussão bíblica de sua função como representantes ou qual a base de sua legitimidade. Os textos bíblicos não se interessam por política neste sentido: quem toma as decisões e como elas são tomadas – estas são questões em que os escritores bíblicos não têm interesse ou crítica sustentável. As principais preocupações da filosofia política como os gregos a entendiam – governar e ser governado, o melhor regime, o significado da cidadania, o processo deliberativo, a virtude cívica, a obrigação política – nunca tiveram importância no pensamento israelita. Nós podemos destrinchar perspectivas e posições que são relevantes, nota Walzer, mas não podemos encontrar argumentos. A luz que a política precisa para florescer não pode ser encontrada à sombra de Deus. O livro de Walzer analisa cuidadosamente os temas pertinentes à vida política à medida que surgem, embora de forma enviezada, na Bíblia. Questões como a interpretação do direito, a conquista e a guerra santa, os modelos de realeza, os aspectos públicos da profecia, o papel público do sacerdócio, a resistência da nação no exílio, a racionalidade prática, palaciana, da literatura sapiencial e a esperança messiânica da restauração nacional são tratadas de forma rigorosa, enriquecida pela erudição. Walzer é tão incansável quanto Elazar na busca do conteúdo político dos textos bíblicos. Mas em quase todos os casos Walzer encontra uma luz vermelha onde Elazar encontra uma verde. Existem várias maneiras para analisar este debate. Pode-se dizer que Walzer é o leitor mais austero; que Elazar, como um intelectual engajado no contexto israelense, estava à procura de um passado útil à atualidade israelen>>
Outra maneira de ver o que está em jogo aqui é considerar os entendimentos discrepantes entre os dois autores a respeito de política. Para Michael Walzer, a política é humana, demasiadamente humana. Para Daniel Elazar, a política pode realmente florescer à sombra de Deus
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magazine > religião >> se. Há alguma verdade nisso, pois Elazar queria ver o sionismo e a restauração da soberania mas sem romper absolutamente com a imutabilidade política da Diáspora, mas como êxitos espetaculares dentro de uma tradição política em curso, enraizada na Bíblia. Elazar estava tão focado em um argumento pela continuidade de uma tradição política, apesar das rupturas da história, que ele precisava ver a Bíblia como sua primeira etapa. Ao contrário, Walzer leva a Bíblia totalmente nos seus próprios termos e alerta a respeito de contextos e vozes. Ele não está preocupado com os efeitos da Bíblia sobre a subsequente tradição judaica ou ocidental. É uma posição altamente disciplinada e atraente. Como projeto de interpretação textual, Walzer justifica-se melhor. Outra maneira de ver o que está em jogo aqui é considerar os entendimentos discrepantes entre os dois autores a respeito de política. Para Walzer, a política é humana, demasiadamente humana. Para Elazar, a política pode realmente florescer à sombra de Deus. Para Walzer, “o povo consente, mas não governa. Só quando se concebe que Deus se afasta do cenário, mantendo-se a alguma distância do mundo das nações, desistindo de suas intervenções políticas, há espaço para a política humana”. A política precisa de um espaço livre de Deus para que possa florescer. Para Elazar, conce-
dendo a liberdade aos seres humanos, Deus os capacita a elaborar seus próprios destinos sob a Sua lei. Como um filósofo político de tendência mais conservadora, Elazar desconfiava de uma versão puramente moderna da liberdade; ele se inclinava em direção à liberdade positiva da aliança, em vez da liberdade negativa do contrato social. Em última instância, o que está em jogo – deixando de lado a sagacidade comparativa da interpretação bíblica – é o status do secularismo comparado à possibilidade de uma boa política. Elazar evitou uma política puramente secular; Walzer parece apoiá-la. As apostas deste debate não poderiam ser mais altas. * Alan Mittleman ensina no Jewish Theological Seminary. Seu último livro foi A Short History of Jewish Ethics (“Uma Breve História da Ética Judaica”)
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magazine > a palavra | por Philologos
Transmitir textos é controvertido ESCRIBAS HEBREUS SE ESFORÇAM MUITO PARA COPIAR FIELMENTE OS TEXTOS SAGRADOS. MAS, SEGUNDO UMA PASSAGEM EM PROVÉRBIOS, QUANDO UM ERRO SE INFILTRA NA CADEIA DE TRANSMISSÃO, ELE PODE FICAR LÁ PARA SEMPRE
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inda estamos longe de Rosh Hashaná e Iom Kipur, a meses de distância a partir dos Dias Santos de outono, mas algumas pessoas já se inquietam com as preces e orações desses dias. Eis uma questão de linguagem que ninguém conseguiu responder: por que, em Rosh Hashaná, após o toque do shofar, nós dizemos [usando a forma masculina do verbo hebraico arav, para ser agradável] areshet s’fateynu ye’erav lefanecha [“Que o areshet dos nossos lábios seja agradável a Vós”], em vez de te’erav [a forma feminina]? Areshet não é uma palavra feminina? Na verdade, é. Mas antes de discutir o gênero gramatical, algo precisa ser dito sobre o seu significado. A palavra bíblica areshet é encontrada uma única vez em toda a Escritura, no livro dos Salmos – o que a torna, usando o termo grego tradicional para tais singularidades, um hapax legomenon, isto é, um “dito uma única vez”. Hapax legomena são muitas vezes textualmente problemáticos porque o seu significado pode ser difícil de ser definido, especialmente quando não podemos relacioná-los com outras palavras. Imagine, por exemplo, encontrar em um livro em inglês uma palavra que você nunca viu antes; vamos dizer “grandle”. Se ela estiver em uma sentença como “ela colocou tomates, pepinos, e grandles na salada”, é possível presumir que grandle é um vegetal ou verdura, e se a palavra aparece em uma segunda frase que diz: “Brotos suculentos de grandles estavam prontos para serem colhidos”, você sabe que parte do grandle é comestível. Além disso, a cada menção adicional de grandles, o seu conhecimento cresce. Mas e se “grandle” aparecer apenas uma vez no texto, na frase “havia uma grandle sobre a mesa”. E agora? Sem um dicionário à mão, não se tem como adivinhar o que pode ser um grandle. Embora a palavra bíblica areshet, soletradada alef-resh-shin-taf, seja encontrada apenas em Salmos 21:3 e não se origina de nenhuma raiz hebraica conhecida, não é tão enigmática quanto um “grandle” sobre uma mesa. A primeira metade do Salmo 21
é um hino a um monarca justo, o segundo e terceiro versos dos quais se lê: “O rei se alegra em Vossa força, ó Senhor, e na Vossa salvação quão grandemente se regozija. Vós lhe destes o desejo do Vosso coração, e não negastes o pedido de Vossos lábios”. Na medida em que a poesia dos Salmos, assim como a maior parte da poesia bíblica, está estruturada com a segunda metade de cada linha reafirmando a primeira metade em linguagem diferente, a frase hebraica traduzida como “pedido de Vossos lábios” areshet s’fatav, deve ser paralela ao “desejo do Vosso coração”, e significa a mesma coisa. A partir desta única pista, a tradução da Bíblia teria adivinhado corretamente ao traduzir areshet por “pedido”. No entanto, houve traduções anteriores e comentários para guiá-la. Estes incluíram o deesis, “rogo”, da Septuaginta grega; o perush, “enunciado”, do Targum (traduções e comentários da Bíblia hebraica para o aramaico); voluntas , “vontade” ou “desejo”, da Vulgata Latina; e uma série de exegetas judeus medievais, a maioria concordando com o Targum. No final, o rei James, que a traduziu para o inglês, arriscou e acertou em cheio, já que hoje sabemos, graças à decifração dos textos desenterrados arqueologicamente, que areshet é um cognato do antigo irsh fenício e do ereshtu acadiano, ambos significando “pedido”. Mas como, uma vez que o termo bíblico areshet não tem verbo ou adjetivo a acompanhá-lo para indicar seu gênero, sabemos que ele é gramaticalmente feminino? Resposta: quase todos os nomes hebraicos que terminam em taf são femininos, e as poucas exceções, como mavet, “morte”, orot, “sinal”, não compartilham o padrão de consoantes de areshet; todas as muitas palavras que o fazem, como parochet, “cortina”, kadahat, “febre”, kutonet, “túnica”, gahelet, “brasa”, etc, são femininas em todos os aspectos. A pergunta a respeito da liturgia de Rosh Hashaná é, portanto, uma boa questão. A única explicação plausível para o hebraico dissociado da gramática nesta
oração é a de um erro do escriba. O que pode ter acontecido de duas maneiras. Talvez o yod de ye’erav tenha sido trocado sem querer pelo taf de te’erav por um cochilo do escriba. Outra possibilidade é que a oração original tivesse eresh em vez de areshet s’fateynu, sendo a primeira a forma masculina areshet, cunhada pelos paytanim, os poetas litúrgicos hebraicos do início da Era Comum. Um copista distraído poderia ter mudado eresh para o mais comum areshet sem notar que isso também sugeria mudar ye’erav para te’erav. Mas como os copistas que os sucederam não notaram o erro e nem o retificaram? Precisamente ai está o paradoxo da transmissão dos textos sagrados. Os escribas de tais obras têm muito cuidado para copiá-las fielmente. No entanto, ao mesmo tempo qualquer erro que se infiltre provavelmente se tornará permanente, pois rapidamente ganha condição de sagrado por seus próprios méritos. E uma vez que ye’erav substituiu te’erav, ou areshet substituiu eresh, nenhum escriba se atreveu a corrigi-lo, mesmo que estivesse obviamente errado. Eis um exemplo de erro gramatical semelhante – e na própria Bíblia, posteriormente incluído no livro de orações judaicas: o versículo de Provérbios, cantado ou recitado na sinagoga, quando a Torá voltava para a Arca, ets hayyim hi ba la’maazikim v’tomcheha me’ushar, “Ela [a Torá] é uma árvore da vida para aqueles que a abraçam e felizes são os seus protetores”. Embora de acordo com as regras da gramática hebraica qualquer adjetivo qualificativo do substantivo plural “protetores” deva passar também para o plural, de modo a que “feliz” deve ser me’usharim, o plural terminado em “-im” foi descuidadamente deixado cair por um escriba já nos tempos bíblicos, deixando-o como me’ushar no singular. Para o ouvido acostumado com o hebraico, o resultado soa como “feliz é seus protetores” soaria em português. No entanto, há milhares de anos, as palavras foram transmitidas dessa maneira. E assim é com areshet s’fateynu.
Arqueologia e os segredos da Bíblia O rei James arriscou e acertou em cheio, já que hoje sabemos, graças à decifração dos textos desenterrados arqueologicamente, que areshet é um cognato do antigo irsh fenício e do ereshtu acadiano, ambos significando “pedido”
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jornalista e escritor Ariel Finguerman, correspondente da revista Hebraica em Israel, visitará São Paulo em agosto e ministrará um curso na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi intitulado “Escavando a Bíblia – O que a Arqueologia nos Revela de Abraão a Jesus”. No curso, de quatro encontros (dias 3, 5, 10 e 12 de agosto), Finguerman falará das grandes descobertas arqueológicas em Israel que mudaram a compreensão da Bíblia e da história do povo judeu. Entre os destaques, a busca por indícios de Abraão e Moisés, as escavações polêmicas na Cidade de David e o que sabemos a respeito do Monte do Templo. Finguerman é formado em jornalismo e filosofia na USP e fez doutorado em estudos do judaísmo na Universidade de Tel Aviv. É autor de A Teologia do Holocausto (Editora Paulus) e Retratos de uma Guerra (Editora Globo). Mais informações na Livraria Cultura (fone: 3030-3310).
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magazine > história | por Edward Rothstein
Músicos pouco conhecidos de uma raça errante SEGUNDO O HISTORIADOR JAMES LOEFFLER MÚSICO NASCIDO NA RÚSSIA SOB O NOME DE GDAL SALESKI PUBLICOU EM 1927 UM “LÉXICO BIOGRÁFICO CLÁSSICO” INTITULADO FAMOUS MUSICIANS OF A WANDERING RACE (“MÚSICOS FAMOSOS DE UMA RAÇA ERRANTE”)
N
a época, essa descrição de “raça errante”, já gasta dos judeus, ainda podia ser expressa com orgulho, ou inocência, mas não por muito tempo. Para ficar mais atualizado, a edição pós-Holocausto deste livro deveria se referir aos compositores de “origem judaica”. De todo modo, “raça errante” sempre evoca bardos condenados a viagens migratórias, cantando passados épicos e incorporando o destino milenar do Judeu Errante da mitologia ocidental. Entre 1928 e 1931, portanto na Europa pré-1933, marco histórico da ascensão do nazismo, três compositores da “raça errante” – Jerzy Fitelberg (1903-1951), Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968) e Erich Wolfgang Korngold (1897-1957) – escre-
ERICH WOLFGANG KORNGOLD
veram obras-primas judaicas clássicas. A frase de Saleski talvez se encaixasse nessas figuras, que, fugindo dos nazistas, levou-os do local de nascimento, respectivamente Polônia, Itália e Áustria, aos Estados Unidos. Músicas desses compositores são frequentemente executadas nos Estados Unidos e Europa, – e lamentavelmente no Brasil, não – , como exemplos de obras-primas perdidas e esquecidas da música clássica judaica. O que identifica essas músicas é o fato de os autores serem judeus. Mas Max Bruch valeu-se da melodia do Kol Nidrei em seu concerto para violoncelo e orquestra, de 1881, embora Bruch não fosse, segundo ele mesmo, judeu; e as melodias folclóricas judaicas comuns nas obras de Charles-Valentin Alkan (1813-1888) ou de Maurice Ravel (1875-1937): Alkan era judeu, Ravel às vezes supõe-se que fosse, e talvez os motivos narrativos e as referências codificadas empregados por Dmitri Shostakovich que não era judeu, mas usou melodias hebraicas. Ouvir as músicas desses compositores não significa inseri-las no contexto trágico da história judaica europeia do século 20 como se prenunciassem o cataclismo que, afinal, veio. E assim é, de fato, como essa música deve ser ouvida. É o caso do Quarteto de Cordas No. 2 de Jerzy Fitelberg, de 1928, obra que nas dissonâncias nervosas e agressivas e movimentos agitados parece dar ao modernismo eslavo uma superfície sensual, como se fundisse o frescor de Sergei Prokofiev e as explosões de Shostakovich em amor de pura sonoridade. O pai de Fitelberg era um influente compositor e maestro polonês, graduou-se no Conservatório de Varsóvia e, em seguida, mudou-se para Berlim. Quando os nazis-
ARNOLD SCHOENBERG
MARIO CASTELNUOVO-TEDESCO
tas chegaram ao poder, em 1933, Jerzy fugiu para a França, Itália, Estados Unidos e foi morar em Nova York. Em 1936, Fitelberg recebeu prêmio da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e reputação internacional. Hoje é pouco conhecido e nenhum dos 29 volumes da última edição impressa (2001) do New Grove Dictionary of Music and Musicians o cita. A partitura deste quarteto foi encontrada na New York Public Library. O Quinteto para Piano No. 1 de Mario Castelnuovo-Tedesco, de 1931-1932, cujo doce lirismo e nostalgia robusta são marcados por exuberante carpintaria teatral a ponto de o compositor afirmar que esse era seu melhor trabalho de câmara: emocional, vivaz e meditativo. Castelnuovo-Tedesco nasceu em uma família de banqueiros judeus florentinos cujas raízes remontam à Toscana do século 16, e foi atraído para os grandes textos da literatura mundial como tema de sua música para a qual também se valia frequentemente de temas judaicos. No início dos anos 1930 começou a se preocupar com o destino do judaísmo italiano. Quando Jascha Heifetz encomendou-lhe um concerto para violino, Castelnuovo-Tedesco aproveitou para se orgulhar do seu povo “tão injustamente perseguido”. Para o compositor, o concerto I Profeti (“Os Profetas”), glorifica “a inspiração ardente que inflamou os emissários [bíblicos] de Deus”. Após a aprovação das leis raciais de Mussolini, a música dele foi proibida e sua carreira na Itália foi breve. Ele e família foram viver em Los Angeles. Erich Korngold é do mesmo período e sua teatralidade causava inveja. Korngold escreveu muito, foi saudado como um dos grandes prodígios musicais do século, chamado de “gênio” por Gustav Mahler, e dele Richard Strauss disse que a “primeira reação é de admiração”. Era filho de Julius Korngold, poderoso e temido crítico de música do Neue Freie Presse, de Viena, que elogiava a música de Erich, ajuda, aliás, dispensável. Uma das encomendas foi do pianista Paul Wittgenstein (irmão do filósofo Ludwig) que perdeu o braço direito na Primeira Guerra, e pediu um concerto para piano para a mão esquerda. Assim
como Castelnuovo-Tedesco, Korngold também se fixou em Los Angeles. Entre outras obras, em 1930 escreveu uma Suite para Dois Violinos, Violoncelo e Piano para a Mão Esquerda Op. 23. Eis, portanto, três obras finamente trabalhadas revelando a influência de um estilo nacional (polonês, italiano, austríaco) e todas de maestria incomum. As três podem ser ouvidas como reflexos da última batalha do judaísmo da Europa “antes da noite” – como se a música anunciasse a escuridão que logo cairia, apesar do caráter falacioso e prejudicial dessa interpretação. No entanto, os compositores são criticados por aqueles que consideram suas obras fracas no quesito paixão e pressentimento que a música dos judeus do entre guerras deveria ter. O historiador James Loeffler sugere que a música deles deve ser vista menos “como um prelúdio da guerra e do genocídio”, e mais como “expressão de um momento agitado, quando a música ocidental ainda estava envolvida” nas lutas modernistas – ou seja, ouvi-la “em seus próprios termos, sem as sombras sonoras de fundo” do Holocausto. Mas essas sombras de fundo são o problema menor. E nem a sua percepção parece diferente do esforço geral para colocar qualquer obra de arte dentro de seu contexto histórico, de pensar no que levou até ela e de que forma pode ter antecipado ou, talvez, ajudado >>
As grandes orquestras americanas foram transformadas por maestros judeus exilados como Otto Klemperer, Eugene Ormandy, Erich Leinsdorf, George Szell, Bruno Walter, William Steinberg, Serge Koussevitzky e Georg Solti
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magazine > história >> a trazer à luz o que viria depois. Para quem apareceu mais tarde é evidente que não se consegue ouvir com os mesmos ouvidos dos contemporâneos do compositor. No limite, possivelmente, ouvir o que poderiam ter imaginado. Além disso, há mais de uma maneira pela qual a música se relaciona com a história em torno dela. Como ouvir a Ópera dos Três Vinténs, de Kurt Weill, sem notar o maduro cinismo alemão contendo as sementes culturais do que estava por vir? Para alguns, àquela época isso estava claro. Ao assistir a uma apresentação da Ópera dos Três Vinténs, no início dos anos 1930, o filósofo e historiador Gershom Scholem ficou triste ao se ver envolvido por um público “que perdera todo o senso de sua própria situação”, aplaudindo uma obra “em que [o próprio público] era difamado e menosprezado”. Da mesma forma, obras tomadas como objeto histórico podem confundir e difamar. Ao ouvir Appalachian Spring, de Aaron Copland, não visualizamos o duro cenário dos tempos da guerra, em 1944, quando a suíte orquestral estreou. A audiência não deseja isso. E esse é o ponto: nem Copland queria essa visualização, e nem queria que o público o fizesse. Ignorar as dificuldades da guerra é a maneira de ouvirmos esta peça no contexto. Esses três compositores não desapareceram do mundo musical por supostas expectativas críticas maledicentes. As razões eram mais simples e evidentes: a vida musical deles foi interrompida, em grande parte, por serem judeus. Foi um fenômeno cultural, com enorme impacto no curso da vida musical europeia. Música no cinema Em Forbidden Music: the Jewish Composers Banned by the Nazis (“Música Proibida: os Compositores Judeus Banidos pelos Nazistas”), Michael Haas mostra que, na primeira década do século 20, cerca de um terço dos estudantes de piano e violino no conservatório de Viena era judeu. A prevalência de judeus em todos os aspectos da música europeia era surpreendente, e de longa data. Por volta de 1940, quando apareceu a publicação nazista Lexikon der Juden in der Musik (“Léxico dos Judeus na Música”), sobravam exemplos de cada nome devidamente etiquetado com a proporção de “sangue” judeu que carregava. Daí é possível imaginar o que aconteceu na vida musical da Europa. A década de 1920 foi um período de grande efervescência cosmopolita. E destruída em cinco anos, depois de 1933. Surgiram outros nomes certamente importantes como Herbert von Karajan, Kurt Furtwängler, Karl Böhm, Walter Gieseking, Elisabeth Schwarzkopf, Irmgard Seefried e muitos mais. E compositores como Carl Orff – autor de uma nova música incidental para Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare, e poupando os alemães da música do judeu Felix Mendelssohn. Desapareceu um estrato da vida musical europeia. O efeito disso na Europa e nos países que receberam os que conseguiram escapar ainda é preciso ser devidamente avaliado. Além dos já citados Castelnuovo-Tedesco e Korngold, a maioria dos exilados parece ter desembarcado nos Estados Unidos, como, por exemplo, o judeu Arnold Schoenberg, o não judeu Igor Stravinsky e outros. A música nas principais décadas da arte americana se pode atribuir a esses músicos emigrados. As grandes orquestras americanas foram transformadas por maestros judeus exilados como Otto Klemperer, Eugene Ormandy, Eri-
ch Leinsdorf, George Szell, Bruno Walter, William Steinberg, Serge Koussevitzky, que chegaram antes da guerra, e Georg Solti, que veio depois. Dois compositores também influenciaram na transformação da cultura americana: estabelecido em Los Angeles a partir de 1940, Castelnuovo-Tedesco escreveu música para mais de 130 filmes da Metro-Goldwyn-Mayer e outros grandes estúdios e foi mestre de uma nova geração de compositores, muitos dos quais, como Jerry Goldsmith, Henry Mancini e John Williams, também escreveram para filmes. Korngold, por sua vez, é exemplo ainda mais notável. Ele ainda vivia na Áustria quando em 1934 foi a Hollywood colaborar com o diretor Max Reinhardt no filme Sonho de uma Noite de Verão, e enquanto os nazistas baniam a música judaica, Korngold criava uma nova partitura para a peça do bardo inglês tecida a partir dos fios originais de Mendelssohn. Ele voltou para a Áustria e, em 1938, viajou para os Estados Unidos quando a Warner Brothers encomendou-lhe a música para As Aventuras de Robin Hood. Mas o Anschluss nazista, naquele mesmo ano, foi a senha para se fixar definitivamente nos EUA, onde escreveu a música para Capitão Blood, O Príncipe e o Mendigo, Adversidade, O Gavião do Mar, e, segundo o New Grove Dictionary, “foi o pioneiro de uma nova forma de arte, a trilha sonora sinfônica”. Até décadas recentes, quando o modelo mudou, as trilhas de filmes americanos, graças a Hitler, eram poemas tonais orquestrados, óperas sem voz, que moldam nossa compreensão do que é visto. As músicas escritas por aqueles compositores que sobreviveram ao Holocausto foi o florescimento de uma forma de arte americana e o incomparável enriquecimento do entretenimento americano, que durou quase quatro décadas, pelo menos até começar a se transformar em outra coisa. * Edward Rothstein é atualmente crítico do Wall Street Journal e foi o principal crítico de música do New York Times de 1991 a 1995
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leituras magazine
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por Bernardo Lerer Toda Luz que não Podemos Ver Anthony Doerr | Intrínseca | 525 pp. | R$ 44,80
Marie Laure fica cega aos 6 anos e o pai, chaveiro do Museu de História Natural, em Paris, constrói para ela uma maquete do bairro onde moram, de modo a que não se perca. Com a chegada dos nazistas, viajam às pressas e se refugiam em Saint Malô, na costa da Normandia. Na Alemanha, o órfão Werner se encanta com um rádio jogado no lixo, que fez funcionar, aprendeu eletrônica sozinho, é recrutado pelos nazistas com a missão de descobrir a fonte das emissões de rádio que orientam os aliados no desembarque na Normandia. Por isso é mandado para Saint Malô e inicia um romance com Marie Laure. A crítica norte-americana elogiou o livro e, para o The New York Times, é “arrebatador”.
O Poder do Pensamento Matemático Jordan Ellenberg | Zahar | 531 pp. | R$ 49,90
Pena que um livro desses não tenha surgido há algumas décadas quando a matemática era ao terror da maioria dos estudantes. Aclamado pela crítica dos principais jornais do mundo, o livro sugere que a matemática aguça a intuição, afina a capacidade de julgamento e doma a incerteza. É um livro espirituoso, irresistível, gostoso de ler e capaz de fazer o leitor descobrir e explorar poderes matemáticos desconhecidos.
Joseph Fouché Stefan Zweig | Zahar | 228 pp. | R$ 49,90
O subtítulo “Retrato de um Homem Político” é bem apropriado para esta biografia, primeira incursão de Zweig no mundo da política e definição de alguém que sempre se bandeou para a maioria nem que, para isso, tivesse de trair: a igreja que o formou, os revolucionários que derrubaram a monarquia, os girondinos, os jacobinos e a esquerda, Robespierre, o Iluminismo, os banqueiros que o financiaram, Napoleão Bonaparte que lhe deu todos os poderes, e outros. Tornou-se, assim, o mais abjeto governante da era moderna.
Um Ano sobre o Altiplano
Para Ler Freud
Emilio Lussu | Editora Mundaréu | 206 pp. | R$ 29,00
Civilização Brasileira | 200 pp., em média | R$ 22,00
A narrativa de Lussu a respeito do ano em que passou nas trincheiras das montanhas do norte da Itália, como soldado durante a Primeira Guerra, lutando contra o exército austro-húngaro é, mais do que Adeus às Armas, de Ernest Hemingway, o que de melhor se escreveu dos combates naquela guerra sem sentido. Mas Lussu foi além: combateu os fascistas na Itália e os fascistas na Espanha na Guerra Civil; participou da resistência durante a Segunda Guerra e participou da redemocratização italiana depois de 1945. Vale a pena ler.
É comum as editoras internacionais lançarem coleções de títulos que têm por tema a produção de grandes pensadores e para as quais selecionam especialistas capazes de decifrar suas obras de modo a que o grande público possa entendê-las. É o que faz a Civilização Brasileira, uma editora do grupo Record, com a coleção a respeito de Freud e os títulos Psicologia das Massas e Análise do Eu – Solidão e Multidão e O Homem Moisés e a Religião Monoteísta – Três Ensaios – O Desvelar de um Assassinato.
Os Últimos Dias de Nossos Pais
Brasil – Os Frutos da Guerra
Joël Dicker | Intrínseca | 303 pp. | R$ 39,90
Neil Lochery | Intrínseca | 367 pp. | R$ 39,90
Em maio de 1940, uma força expedicionária britânica de 338.226 homens, dos quais 123.000 franceses, ficou isolada na praia de Dunquerque, norte da França, a dez quilômetros da fronteira belga. Churchill mandou tudo que boiasse resgatá-los e decidiu criar a SOE, braço do serviço secreto incumbido de sabotagens e guerrilhas atrás das linhas alemãs. O livro romanceia o recrutamento, preparação e ação de jovens para essas tarefas e revela o importante papel deles na guerra.
O autor, professor na University College London, revela como a combinação de habilidade política e oportunismo econômico deram ao Brasil meios de aproveitar a Segunda Guerra para se transformar em potência regional. Tanto os Estados Unidos quanto as potências do Eixo estavam interessados na vastidão territorial, nas riquezas naturais e no apoio do Brasil e isso resultou em muita diplomacia, conchavos e intrigas de presidentes, embaixadores, lobistas, troca de garantias e manobras, de toda espécie. Um livro valioso.
O Cerco de Leningrado
A Segunda Pátria
Pierre Vallaud | Contexto / 255 pp. | R$ 49,90
Miguel Sanches Neto | Intrínseca | 314 pp. | R$ 34,90
Os novecentos dias em que os habitantes de Leningrado, atual São Petersburgo, sobreviveram ao cerco das tropas nazistas, certamente vão entrar para os anais da história como a resistência heroica dos homens contra a barbárie. Um milhão de russos morreu dos quais oitocentos mil de fome. Este episódio da Segunda Guerra é negligenciado na história do conflito, mas teve um significado importante na moral do povo soviético ao mesmo tempo em que minava o até então imbatível exército alemão.
O autor mudou a história do Brasil para, a partir de uma aliança política com o Terceiro Reich às vésperas a Segunda Guerra, descrever uma hipotética confederação de estados no sul do país de muitos alemães quase todos dos partidos nazistas locais. Uma personagem é o engenheiro Adolpho Ventura, negro e pai de uma criança mestiça. Ele perde o emprego na prefeitura, os livros da pequena biblioteca, a casa, e por fim, a liberdade. A outra é Herta, jovem sedutora a quem se confia missão misteriosa e que vai desencadear conflitos íntimos.
O Rosto de um Outro Kobo Abe | Cosacnaify | 284 pp. | R$ 36,90
Pseudônimo de Kimifusa Abe (1924-1993), o autor foi um dos mais importantes do século 20 no Japão e é considerado o líder da vanguarda japonesa no pós-guerra. O livro é uma história de terror a respeito da identidade ao falar do protagonista cuja vida é interrompida porque teve o rosto desfigurado em um acidente de laboratório. Procura um novo rosto enquanto se pergunta qual é o vínculo entre fisionomia e identidade.
Brasileirismos Roberto DaMatta | Rocco | 480 pp. | R$ 39,50
Com o subtítulo “Além do Jornalismo, aquém da Antropologia e quase Ficção”, o autor, o cientista social brasileiro mais citado em teses, estudos e ensaios acadêmicos, vem desenvolvendo um movimento de difusão de conhecimento junto ao público leigo como cronista, escrevendo para O Estado de São Paulo e O Globo. O livro reúne 130 crônicas publicadas nos últimos cinco anos e que podem ser lidas como obra de um cronista, como outro qualquer, ou servir para ajudar a compreender “o que faz do Brasil, Brasil”.
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por Bernardo Lerer Direitos Humanos no Banquete dos Mendigos Discobertas | R$ 59,90
Em um dos piores momentos da ditadura – dezembro de 1973 – Jards Macalé e Xico Chaves realizaram no Rio de Janeiro um show com o título acima, reunindo o que o governo não conseguira expulsar do país, como Chico Buarque, Gil, Caetano e Geraldo Vandré, por exemplo. Mas lá estiveram, entre outros, – e muito bem vigiados – artistas como Paulinho da Viola, Luiz Melodia, Milton Nascimento, Dominguinhos, Gal Costa, etc. Macalé guardou os registros por mais de quarenta anos até que uma gravadora dispôs-se a transformar em um álbun de três cd’s e 44 faixas do que havia de melhor na música popular brasileira da época. E claro, muito mais do que a atual.
The Mozart Experience Warner Classics & Jazz | R$ 52,90
Em dois cd’s e 27 faixas, uma amostra bastante didática da vasta produção do gênio de Salzburg com aberturas de óperas, concertos para diversos instrumentos, trechos de missas, sinfonias, interpretados por músicos conhecidos e outros nem tanto mas todos profissionais de primeira qualidade e regidos por maestros de orquestras famosas e outras que se constituem unicamente para produzir estes cd’s.
Ave Maria Warner Classics | R$ 27,90
A partir dos catálogos da Warner e da Erato, dois dos maiores selos do mercado, o marketing criou a série Insp!ration, destinada a conduzir o ouvinte “por uma viagem emocionante para deliciar os sentidos”, como se lê na contra capa do cd. De fato, este álbum junta nas suas quinze faixas o que de mais importante e mais conhecido ficou invocando o nome da Virgem Maria.
Bing Crosby – Vol. 1
Ludwig van Beethoven
Revivendo | R$24,90
Triple Concert – Septet | Sony BMG | R$ 66,90
Os pais queriam ver Crosby (1903-1977) um próspero advogado, mas ele preferiu ser cantor. Em 1932, com menos de 30 anos, as músicas que interpretava atingiam os primeiros lugares nas paradas de sucessos, principalmente porque continham uma mensagem de esperança naqueles anos da depressão. Imortalizou a canção White Christmas, aliás, escrita por um judeu, um certo Irving Berlin.
As duas obras são interpretadas pelo Tonhalle Orchestra Zurich e, surpresa, três dos sete integrantes são judeus, a começar do regente, David Zinman, o pianista Yefim Bronfman e o violinista Gil Shaham, que interpretam uma das obras-primas do mestre alemão, o Concerto Triplo para Violino, Piano, Cello e Orquestra e o Septeto para Violino, Viola, Cello, Clarineta, Trompa, Fagote e Contrabaixo.
Rock or Bust
Kiri Te Kanawa
AC-DC | Columbia | R$ 27,90
Decca | R$ 140,90
Desde que foi constituído, há quase quarenta anos, este conjunto australiano vendeu mais de duzentos milhões de álbuns. Este, o décimo sexto, com onze faixas inéditas, foi lançado no final do ano passado depois de um silêncio de seis anos com o repertório de uma turnê que realizam pela Europa, Ásia e Estados Unidos desde o começo do ano e com grande sucesso.
Esses dois cd’s foram originalmente gravados em 1983 e 1984 quando a soprano, nascida na Nova Zelândia em 1944 e atuando desde 1968, estava na plenitude do virtuosismo vocal. Desta maneira, pôde gravar Les Chants D’Auvergne, de autoria de Marie-Joseph Canteloube de Malaret, e as Bachianas Brasileiras número 5 de Villa-Lobos para soprano e cellos.
Can’t Forget – A Souvenir of the Grand Tour
Nigel Kennedy – A Portrait
Leonard Cohen | Sony | BMG | R$ 24,90
Warner Music | R$ 27,90
Eis que surge um novo cd do cantor, compositor, músico, escritor e poeta, nascido em 1934, no Canadá, desta vez com as músicas de sua autoria que interpretou naquilo que chamou de “Grand Tour”, em 2012 e 2013. De 1956 e até agora, aos 80 anos, por enquanto Cohen não dá sinais de que pretende parar e atende aos convites dos que estejam dispostos a ouvir a mesma voz roufenha que encantou multidões.
Da mesma série Insp!ration, desta vez um cd com peças executadas pelo violinista Nigel Kennedy, que se apresentou pela primeira vez em 1989 interpretando as Quatro Estações, de Vivaldi, de quem se tornou especialista. No álbum, ele toca também peças de Mendelssohn, Brahms, Bruch e Massenet. Pena que os produtores sejam tão pouco cuidadosos: o nome de Vivaldi está grafado errado.
Norma
Srdjan Bulat
Decca | R$ 39,90
Naxos | R$ 76,90
Esta gravação da ópera em dois atos de Vincenzo Bellini e libreto de Felice Romani já pode ser considerada uma peça clássica porque as duas principais personagens, Norma e Adalgisa, são interpretadas respectivamente por Cecilia Bartoli e Sumi Jo. O cd foi gravado em estúdio com instrumentos da época de modo a representar as raízes pré-românticas do compositor, tal como ele a concebeu
Este nome cheio de consoantes é de um violonista croata, grande vencedor do Festival Internacional dedicado ao compositor Francisco Tárrega, realizado em 2011, na cidade espanhola de Benecasim. Além de Tárrega, ele interpreta Mallorca, de Isaac Albeniz, Joaquín Rodrigo, Benjamim Britten, um estudo de Giulio Regondi e uma peça do neorromântico, também croata, Stjepan Sulek.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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magazine > ensaio | por René Decol *
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Os judeus no censo do IBGE COMO MINORIA RELIGIOSA CONVIVENDO
ETERNAMENTE COM OUTROS GRUPOS MUITO MAIS
NUMEROSOS, A DEMOGRAFIA – OU ESTATÍSTICAS DE
POPULAÇÃO – É ASSUNTO VITAL PARA OS JUDEUS
ssim, os especialistas no assunto ficam de olho sempre que o resultado de um censo demográfico é divulgado. No entanto, nem todos os países têm uma pergunta a respeito de religião nos seus levantamentos demográficos oficiais, a cada dez anos, geralmente nos anos de fi nal zero. O censo de 1990 foi realizado em 1991 porque o governo Collor não liberou a tempo a verba para a pesquisa, um empreendimento de fôlego em um país que, à época, já tinha quase 150 milhões de habitantes. No censo do Brasil existe uma pergunta deste tipo e, por isso, os especialistas costumam se debruçar sobre os dados, assim que são divulgados. É o caso do último censo, o de 2010. Este censo mostrou que os judeus agora somam cerca de 107 mil pessoas, a julgar pelo critério de população nuclear, isto é, aqueles que se identificaram como judeus quando o recenseador perguntou a religião das pessoas que moram no domicílio do entrevistado. Um número maior seria obtido se o critério fosse o da população estendida, critério que inclui aqueles identificados como judeus, e mais todos aqueles residentes no mesmo domicílio. A maior parte desses 107.000, cerca de 44.000, reside em São Paulo, outros 22.000 no Rio de Janeiro, e cerca de 7.000 em Porto Alegre. As três maiores comunidades somam cerca de 68% de todos os judeus do Brasil, mostrando que, como no resto do mundo, os judeus preferem viver nas regiões centrais das grandes cidades, próximos uns dos outros e das instituições, clubes e sinagogas. Os dados revelaram também que a população judaica está envelhecendo de forma bem mais rápida do que a população brasileira como um todo. Isto acontece porque sendo a maior parte dos judeus brasileiros descendentes de ashkenazim, os judeus têm uma fecundidade mais baixa do que a média, comparável à dos povos europeus. Sendo um grupo eminentemente urbano, os judeus não têm um contrapeso rural, que faz com que a média de idade seja naturalmente mais baixa. Isso coloca um desafio ainda maior para as instituições da comunidade, que devem estar preparadas para lidar com um público da terceira idade proporcionalmente mais numeroso do que a população em geral. O que não chega a ser surpreendente, mas que os números deixam bem claro, é o elevado perfil educacional da comunidade. Cerca de 46% dos judeus têm curso superior, enquanto que para os brasileiros como um todo esta percentagem mal chega aos 7%. E que estão bastante concentrados nas carreiras profissionais tradicionais: medicina, engenharia, administração e direito. Os dados colocam o Brasil em décima posição em termos de tamanho de comunidade judaica (ver tabela 1). Israel agora aparece na primeira posição, tendo passado os Estados Unidos como maior concentração de judeus no
TABELA 1
Países com as maiores comunidades judaicas, 2010 País Israel Estados Unidos França Canadá Inglaterra Rússia Argentina Alemanha Austrália Brasil
População judaica 5.703.700 5.275.000 483.500 378.000 292.000 205.000 182.300 119.000 107.500 107.000
Fontes: World Jewish Population 2010 e IBGE
mundo, ou seja, uma mudança histórica, revertendo um padrão que prevaleceu durante muito tempo, desde que ainda no século 19 os judeus começaram e migrar em massa da Europa para a América do Norte. Embora o número de judeus no Brasil tenha crescido, seu total ainda é minúsculo quando comparada com a população brasileira como um todo. Afinal, os 107 mil judeus brasileiros representam apenas 0,05% dos duzentos milhões de brasileiros. Por isso, para efeito de comparação com o conjunto da população brasileira, o melhor é considerar judeus como parte dos “outros”, um conjunto de mino-
rias religiosas que assim vem sendo classificadas pelo censo desde o levantamento de 1940. Estes dados aparecem na tabela 2. Esta mesma tabela mostra que as diversas minorias religiosas existentes no país somam agora mais de sete milhões de pessoas, um crescimento significativo em relação aos censos anteriores. O aspecto mais significativo desta tabela, no entanto, é aquele que aponta para o declínio relativo do contingente católico. De fato, já estamos bem longe daquele Brasil em que praticamente todo mundo era católico. O censo de 2010 mostrou que atualmente os católicos somam menos de 65% da população, e que este percentual vem caindo gradualmente de censo para censo. Já é possível entrever no horizonte um Brasil tão pluralista do ponto de vista religioso de modo a que a maior parte da população será formada por não católicos. De fato, isto já acontece no Rio de Janeiro, onde os católicos são apenas 45% da população. A razão disso é crescimento dos evangélicos, assunto bastante discutido na mídia, mas também daqueles que se definem como “sem religião” (tema bem menos abordado por jornais e revistas) e das minorias religiosas. Seja como for, uma coisa é certa: nossos filhos e netos vão crescer e viver em um país muito mais diversificado, tanto do ponto de vista social como do ponto de vista religioso. Para as minorias, especialmente aquelas que têm um passado de discriminação, esta é uma boa notícia. Como sempre, para os judeus, é um assunto que merece muita reflexão. * René Decol é doutor em demografia pela Unicamp e analista-chefe da SocioMetria Análise de Dados (www.sociometria.net)
TABELA 2
Brasil, grandes grupos religiosos, 1980-2010 Católicos Evangélicos Sem religião Outros Total Fonte: IBGE
1980
1991
2000
105.900.000 7.900.000 2.000.000 3.000.000 119.000.000
121.800.000 13.200.000 6.900.000 4.300.000 146.800.000
125.000.000 24.900.000 12.500.000 7.100.000 169.900.000
2010 122.700.000 34.600.000 15.300.000 18.100.000 190.800.000
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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer
Atenção aos detalhes da Capela Sistina
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uem visitar o Vaticano e prestar atenção aos afrescos notará uma nítida influência de temas judaicos na obra de Michelângelo, resultado de meses seguidos de estudo da Torá, do Talmud e da Cabala nos anos 1480, quando vivia em Florença, pouco depois de os judeus terem sido banidos da cidade para onde foram chamados de volta por Lorenzo de Medici. Isso aconteceu simultaneamente com a eclosão de uma onda inquisitorial que começou a varrer a Europa. Michelângelo estudou junto com os fi lhos de Lorenzo, cujos tutores eram estudiosos do judaísmo. O pintor e escultor também foi influenciado pelo padre católico Marsilio Ficino, renomado filósofo da Renascença e profundo conhecedor do hebraico. Outro, foi Giovanni Pico della Mirandola, cuja biblioteca de temas judaicos era uma das maiores entre os não-judeus.
Della Mirandola foi aluno de Elia del Mendigo, um dos mais importantes acadêmicos da época e com quem aprendeu hebraico, aramaico, Torá, Talmud e Midrash. Giovanni Pico foi preso acusado de heresia pois sugeriu que o judaísmo, o misticismo egípcio, Platão e a teologia cristã obedeciam a um mesmo deus. Segundo o rabino Benjamim Blech, coautor de um livro a respeito dos segredos da Capela Sistina e as mensagens proibidas de Michelângelo, o pintor tinha e se valia mais de referências judaicas do que cristãs, principalmente certos conceitos cabalísticos como o fato de Deus ser igual e harmonicamente compassivo com homens e mulheres, de que o corpo humano tem atributos de Deus e de que o sexo é um elemento importante. No entanto, Michelângelo cercava-se de cuidados para não ofender a Igreja e os papas. Afinal, eles pagavam por suas obras.
Rezar também é tecnologia
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ra só o que faltava e, parece, não falta mais nada: a Apple acaba de lançar o RustyBrick Apple Watch Siddur e que muitos já consideram, literalmente, um presente dos céus. Trata-se de um relógio com aplicativos contendo as rezas mais comuns e seus horários, efemérides judaicas, acendimento das velas, os capítulos da semana e as sinagogas mais próximas de onde o usuário se encontra, como se, de fato, estivesse “rezando” pelo usuário, mas “rezando” diferente, é claro. A empresa cogita de desenvolver mais um sortimento de aplicativos derivado de um já existente, a respeito de kashrut, capaz de informar a localização do restaurante kasher mais próximo. Outra ideia é facilitar o acesso do relógio à internet para conferir se, de fato, o produto é kasher a partir dos ingredientes usados na confecção e se o processo foi mesmo supervisionado por um rabino. Os técnicos acreditam que se poderá fazer traduções simultâneas do hebraico para o inglês, no caso, de trechos do Talmud ou da Bíblia, enquanto a pessoa estiver lendo. O aparelho está no mercado há cerca de um mês e as reclamações ao fabricante ou por meio das publicações especializadas dizem respeito à lentidão do programa e à inconsistência em carregar o programa. Embora o relógio possa operar de forma in-
Léon Blum e o amor à França
Vozes do Vietnã
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ma das mais prestigiosas editoras universitárias dos Estados Unidos é a Yale que, há anos, publica a série Jewish Lives que alinha os títulos de Ben-Gurion, Golda Meir, Theodor Herzl, Chaim Weizman e outros. O mais recente lançamento é a de Léon Blum, escrito por Pierre Birnbaum, professor da Sorbonne e autor de dezessete livros que tratam da história dos judeus e do antissemitismo na França. Léon Blum era socialista, sionista, judeu orgulhoso das origens e que durante muito tempo, até pouco antes de morrer, em 1947, ocupou cargos importantes na França e foi primeiro-ministro de junho de 1936 a junho de 1937, período em que os Republicanos, em guerra civil contra os nacionalistas, pediram ajuda da França, e Blum, embora pessoalmente apoiasse a frente de esquerda na Espanha, preferiu que o país ficasse neutro. Em fevereiro de 1936, o carro que o transportava foi interceptado por ativistas do Camelots du Roi, uma facção direitista radical, antissemita e monarquista, que o agrediram brutalmente. Blum era sempre atacado por Xavier Vallat, antissemita e brilhante orador, ligado ao grupo de direita Action Française e nomeado Comissário para Assuntos Judaicos do governo colaboracionista de Vichy, durante a ocupação nazista. Quando a situação dele ficou perigosa pela dupla condição de socialista e judeu o que restava de autoridades francesas pediram que deixasse o país e se refugiasse na Grã-Bretanha. Ele recusou afirmando que “no momento em que o governo assumiu a derrota só me resta permanecer aqui, na França, assumindo o risco onde realmente há perigo, pronto para responder por minhas ações passadas em qualquer debate público, assomando a tribuna da Câmara (dos Deputados) se eu puder, ou às barras do Tribunal de Justiça se for necessário. Eu sinto que não posso, por vontade própria, romper os laços de solidariedade que me prendem ao meu país”.
aan Nguyen é israelense, mas o nome é vietnamita. Os pais dela faziam parte, junto com outros duzentos, de um dos Boat People que fugiram de Saigon em 1975 para escapar ao avanço do vietcong. Não conseguiram asilo nas Filipinas, mas Menachem Begin, o então primeiro-ministro de Israel, abriu-lhe as portas e aceitou algumas famílias, que se fi xaram primeiro na região do porto de Ashkelon, no sul, e depois se espalharam pelo país. Vaan é uma das cinco filhas do casal, nasceu em Iafo, estudou em escolas regulares e virou poeta. Primeiro teve um blog no qual cabia de tudo e relatava, em crônicas, o êxodo dos vietnamitas. Por sugestão de um dos editores do jornal literário Maayan, o jornalista Roy “Chicky” Arad, primeiro transformou parte das crônicas em poesia – “apenas um rearranjo de texto” – foi muito elogiada e convidada a participar de saraus de poesia. Depois, agrupou-as em
dependente, ele se revela mais útil quando conectado a um aplicativo no iphone. A Apple não informa quantos Apple Watch vende mensalmente, mas recente pesquisa entre usuários de iphone indica a existência de entre 8 a 10% de potenciais clientes, nos Estados Unidos, entre aqueles que já têm o iphone. Isso pode subir, pois a empresa sabe, por experiência própria, que a demanda aumenta a cada modelo novo que surge no mercado. E as filas para serem os primeiros a comprar os novos lançamentos provam isso.
um livro, lançado em 2008, e editado pela própria Maayan que alcançou sucesso de público e principalmente dos críticos mais rigorosos. Vaan já era conhecida do público israelense por suas participações em programas de televisão e pelo documentário, de 2005, dirigido por Duki Dror, que conta a viagem dela e do pai Hoiami ao Vietnã para reaver as propriedades expropriadas pelo novo regime e distribu-
ídas a pequenos proprietários como parte da reforma agrária do governo. Ela qualifica sua produção poética como “poesia documental”, como se fosse um “mapa rodoviário, com pontos de emoção e de choque, com eventos relativos à minha curta biografia e referências à história familiar”. Arad acredita que, assim como ela, logo surgirá um grande poeta ou escritor dentre os milhares de refugiados africanos que se fixaram em Israel.
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HIPNOTERAPIA
Livre-se das perturbações com a hipnose A hipnose é uma ferramenta utilizada para acessar o inconsciente, libertando a mente de informações negativas e desnecessárias. A hipnose é recomendada no tratamento de fobias, ansiedade, depressão, pânico, distúrbios sexuais e alimenta-
res, insônia, vícios, enurese noturna (acordar para urinar), dor crônica em pacientes terminais, etc. Fones 5541-8834 / 5681-3977 Cel. 99993-2544
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O aparelho auditivo de que você precisa A Audium é uma empresa de tecnologia suíça, especializada em soluções audiológicas, presente em diversos países e com trinta lojas e mais de cem autorizadas no Brasil. Na Audium, o cliente encontra o Lyric, um aparelho auditivo totalmente invisível que o
cliente pode usar ao dormir ou tomar banho e que passa até três meses sem trocar as pilhas. Audium SAC 0800 011 1000 Site www.audiumbrasil.com.br
RUFINO’S
Uma verdadeira grife em pescados O restaurante Rufino’s nasceu no Guarujá, nos anos 1970, tendo como fundador o sr. Rufino, nascido na Espanha em uma cidade de marinheiros e pescadores. Ele teve a ideia de criar um restaurante especializado em frutos do mar com um mostruário de peixes, crustá-
ceos e moluscos, in natura. Rua Dr. Mário Ferraz, 377, Itaim Fone 3074-8800 Shopping Morumbi Av. Roque Petroni Jr., 1089 Fone 5182-8599
LELLIS TRATORIA
Fartura e alegria em boa mesa A Lellis Trattoria é referência de cantina italiana. Com 34 anos de vida, recebe diariamente centenas de turistas e paulistanos, entre eles muitos esportistas e artistas, ansiosos por saborear as massas tradicionais e exclusivas, além das carnes, frangos, frutos do mar, pei-
xes, saladas e bufê antepastos. A casa possui dois salões amplos e música ao vivo, com decoração típica e moderna. Rua Bela Cintra, 1849, Jardins Fones 3064-2727 e 3062-7699 Site www.lellis.com.br
VIA CASTELLI
Começou a temporada de sopas e caldos Localizado há mais de trinta anos no bairro de Higienópolis, o Via Castelli lançou um buffet de sopas para outono/inverno, servido a partir das 18h30 todos os dias da semana (inclusive sábados e domingos). São oferecidos quatro diferentes sabores pelo va-
lor fechado de R$29,90 por pessoa, incluindo pão, torradas com alho, queijo, cheiro verde e azeite para acompanhar. Rua Martinico Prado, 341, Higienópolis Fone 3662-2999 Site www.viacastelli.com.br
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“Pena que não pensamos grande!” EM SUA RECENTE VIAGEM DE UMA SEMANA A ISRAEL, AVI GELBERG PARTICIPOU DE UMA MARATONA DE ENCONTROS, EVENTOS E OUVIU A CONFISSÃO ACIMA DO EX-PRESIDENTE ISRAELENSE SHIMON PERES
MEMÓRIA PRODIGIOSA, PERES LEMBROU DE ENCONTRO COM AVI HÁ ALGUM TEMPO
vi Gelberg conta o desenrolar de sua estada de uma semana em Israel. Esteve em Iafo, habitada por árabes israelenses, judeus, drusos e cristãos, no Centro Peres para a Paz, onde o ex-presidente Shimon Peres dá expediente desde que deixou a política. Ali, ficou impressionado e surpreso quando o anfitrião disse: “Eu o conheço. Jantamos com Lee Iacocca no Dan Tel Aviv”. Gelberg lembrou: “Isso foi em 1992, quando eu trabalhava em uma empresa de desenvolvimento de tecnologia da empresa Iochpe no Technion e convidei Iacocca, então na Chrysler, para ir a Israel”. Esse foi o início de uma conversa que durou quase meia hora, o que chamou a atenção da secretária de Peres, pois normalmente as pessoas não ficam mais de poucos minutos no gabinete. Gelberg contou ao ex-presidente que o Centro da Juventude da Hebraica tem o seu nome. “Tira uma foto e me envia”, respondeu Peres. Ao saber da existência de uma Corrida da Paz em São Paulo, reunindo os clubes Sírio-Libanês, Monte Líbano e Hebraica, fez a promessa (concretizada no último domingo de junho) de que o Centro enviaria dois atletas, um palestino e um israelense, para participarem do evento representando o Centro Peres para a Paz. O futebol não poderia ficar fora desse diálogo. Gelberg esteve com o dirigente da CBF, Marco Polo del Nero, quando do pedido da Palestina pela expulsão de Israel da Fifa e solicitou que ele votasse contra. Desse encontro surgiu a ideia de promover um jogo misto com a seleção principal ou sub de Israel e da Palestina em São Paulo. “Será no Allianz Parque”, disse del Nero. Gelberg levou a ideia a Peres e este se entusiasmou: “O bom relacionamento entre árabes e judeus no Brasil poderá ser usado como um exemplo para o mundo, vamos tirar o extremismo, a maioria das pessoas quer a paz, vamos trabalhar para a paz”, disse Gelberg. Enquanto conhecia o museu reservado dentro do Centro, com documentos, objetos e fotos da carreira do ex-presidente israelense, que contam a história de 67 anos do Estado de Israel, tempo em que ele participou ativamente, Gelberg ouviu uma confissão que o impressionou: “Pena que não pensamos grande logo no início do Estado. Se Israel chegasse a um milhão e meio de habitantes e fosse um lar para os judeus, nosso sonho estaria concretizado. Veja, somos a terra das start ups, da tecnologia,
dos prêmios Nobel, levamos isso para fora, chegamos a oito e meio milhões de habitantes e com um povo espalhado pelo mundo, com influência até no Brasil. Devíamos ter pensado grande!”. Após a emoção desse encontro, Gelberg tinha uma agenda extensa a cumprir. Participou, na Universidade de Haifa, da cerimônia que deu o título de doutor honoris causa ao ex-ministro Celso Lafer. Ocasião em que tratou de parcerias, para trazer conteúdo nas áreas de responsabilidade social e ecologia, direcionado à criação de um conselho interno na Hebraica com jovens de 19 a 30 anos. “Jovens criando uma agenda própria em conjunto com diferentes entidades, como Fundo Comunitário, CIP, Agência Judaica, Taglit e os Jovens Sem Fronteiras, além do Jewish In e da Sinagoga Beit Yaacov, em fase de adesão”, explicou Gelberg. O primeiro será o Hebraica Business Fórum para incentivar jovens empreendedores ou que queiram empreender em contato com tutores. “Começamos a preparar a Casa da Juventude como uma incubadora, com um espaço de convivência, outro compartilhado para pequenas empresas, um barzinho e alas dedicadas aos diferentes projetos. Todos pensando como empreendedores. Outras entidades são bem-vindas, a Hebraica é um espaço comunitário para todas as idades e tem estrutura para oferecer parcerias”, disse Gelberg, motivado pelo lema “pensar grande”. Continuando a agenda, Gelberg participou da cerimônia em que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Hebraica de Jerusalém. Durante o jantar festivo, Gelberg e Jayme Blay, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, falaram da aproximação das duas entidades, com a criação de um banco de futuros sócios para o clube. Como bom macabeu, Gelberg não poderia deixar de tratar desse tema. A visita aos times Maccabi Tel Aviv e Maccabi Haifa renderá frutos logo mais: um in-
MENACHEM BEN SASSON E AVI GELBERG, PRESIDENTES DA UHJ E DA HEBRAICA, NA HOMENAGEM A JOAQUIM BARBOSA
tercâmbio entre atletas da categoria sub16 (15 e 16 anos). Uma turma virá para o Brasil, ficará hospedada em casas de jogadores da mesma faixa, terão a vivência no clube, participarão de jogos e, numa segunda etapa, os times daqui irão a Israel e se hospedarão nas casas dos novos companheiros. Na visita ao Comitê Olímpico de Israel ficou acertado que a seleção israelense fará treinos na Hebraica, visando as competições nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Para terminar a maratona, Gelberg es-
teve em Ramat Gan, sede da Maccabi World Union para acertar pontos referentes aos Jogos Pan-Americanos Macabi no Chile, no final deste ano, e a Macabíada de 2017 em Israel. “A Hebraica está nos holofotes em Israel porque, na minha visão, um dos papéis é aproximar a juventude com o país. A Hebraica é um clube judeu e, mais importante, o elo com Israel”, finalizou o presidente, ainda vibrando com a emoção e as perspectivas a médio prazo dos resultados da viagem. (T. P. T.)
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diretoria > sustentabilidade
Demanda racional e reúso da água COM A REDUÇÃO DRÁSTICA NO CONSUMO DE ÁGUA, AGORA A HEBRAICA DESENVOLVE ESTRATÉGIAS PARA REUTILIZAR O LÍQUIDO PARA LAVAR PISOS E FAZER A MANUTENÇÃO DAS QUADRAS DE TÊNIS
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A HEBRAICA ADERIU AO ESFORÇO DE RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA
Parceria à vista Um almoço no restaurante Casual Mil, seguido de palestra, marcou o início das conversações da diretoria da Hebraica com a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) a respeito da execução de um plano de manejo dos resíduos sólidos no clube. Júlia Moreno Lara, coordenadora da presidência da Amlurb, discorreu acerca do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos desenvolvido pela Amlurb e como a Hebraica poderá se beneficiar do apoio municipal para adequar suas práticas em relação à questão aos resíduos sólidos. Em seguida, Isaac Wajc, da Rederesiduo, detalhou os serviços que esta empresa pode prestar ao clube para uma destinação correta do material reciclável e do reaproveitamento do resíduo biológico produzido na Hebraica.
e novembro a março, a Hebraica diminuiu o consumo de água de dez mil para seis mil litros, adaptando-se à política de redução de fornecimento pela Sabesp, além de entre outros desafios impostos pela crise hídrica vivida pelo Estado de São Paulo. “Os sócios colaboraram, mesmo quando foi necessário trocar os chuveiros nos vestiários ou reduzir a vazão nas torneiras”, comentou o presidente Avi Gelberg. Agora a vice-presidência de Patrimônio e Obras executa projetos para viabilizar a reutilização da água em alguns setores como a lavanderia, por exemplo. “Instalamos duas grandes caixas d’água sob as quadras de tênis e um mecanismo levará até elas a água resultante do processo de higienização dos uniformes. É desse reservatório que conseguiremos água para regar as plantas e lavar os passeios que embelezam o clube”, explica um dos coordenadores da área de Patrimônio, o engenheiro Luis Ribas, Cartazes e orientações espalhados pelo clube mantêm sócios e funcionários alertas para a importância do uso racional da água. “Estamos estudando a instalação de lâmpadas led em todo o clube, otimizando o consumo de energia, outro fator ligado à crise hídrica e à proteção dos recursos naturais da cidade”, reforça o vice-presidente de Patrimônio e Obras, Fernando Gelman. (M. B.)
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HEBRAICA
indicador profissional ADVOCACIA
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indicador profissional ANGIOLOGIA
ARQUITETURA
CIRURGIA PLÁSTICA
APARELHOS AUDITIVOS
COACHING
CURA RECONECTIVA
COLOPROCTOLOGIA
DERMATOLOGIA
CUIDADORES
CARDIOLOGIA
CLÍNICA
CURA RECONECTIVA
CURSOS
COACHING
FISIOTERAPIA
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HEBRAICA
indicador profissional FISIOTERAPIA
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indicador profissional GINECOLOGIA
MANIPULAÇÃO
NEUROLOGIA
NEUROLOGIA
NEUROCIRURGIA
GERIATRIA
GINECOLOGIA
NUTRÓLOGO
HARMONIZAÇÃO INTERIOR
ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA
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HEBRAICA
indicador profissional ODONTOLOGIA
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indicador profissional ORTODONTIA
OFTALMOLOGIA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
/ IDOSOS
PSICOLOGIA
ORTOPEDIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
PERSONAL/ REABILITAÇÃO
PSICANÁLISE
PEDIATRA
PSICANÁLISE
PNEUMOLOGIA
PSICOLOGIA
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HEBRAICA
indicador profissional PSICOLOGIA
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indicador profissional PSICOLOGIA
PSICO ONCOLOGIA
PSICOPEDAGOGA
PSICOTERAPIA
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
PSIQUIATRIA
RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
RESIDENCIAL
REPRODUÇÃO
92 HEBRAICA
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HEBRAICA
indicador profissional SUGADOR NASAL
TERAPIAS ALTERNATIVAS
TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL
TERAPIA ORTOMOLECULAR
PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA LIGUE:
compras e serviços
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compras e serviços
3815-9159 3814-4629
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compras e serviรงos
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roteiro gastron么mico
HEBRAICA
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roteiro gastron么mico
98 HEBRAICA
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conselho deliberativo
Estamos todos do mesmo lado
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015
JULHO
Aproveitamos esse espaço para reafirmar nosso compromisso totalmente afinado e engajado com a entidade, com o atual executivo e de sucesso na administração e gerência dos recursos para manter viva a chama do judaísmo que é a maior tônica desde os primórdios da fundação e criação da Hebraica. Para tanto parabenizamos e aplaudimos todas atividades sócias, culturais e esportivas que foram realizadas nesses primeiros seis meses de gestão. Estamos acompanhando o empenho e dedicação diária de todos membros do executivo, vindo diariamente, conhecendo e se familiarizando com a estrutura atual, modificando onde acreditam que podem obter melhor rendimento e tentando incrementar melhorias em todas áreas respectivas de cada um. Participando ativamente, conversando com os associados, recebemos o feedback muito positivo, o que comprova o acerto das realizações, comprovado ainda mais com o grande afluxo de público e críticas muito elogiosas. Como obrigação primordial, acompanhamos e zelamos para que tudo seja feito dentro das regras e dos Estatutos e para que não sejam infringidas nenhuma dela , para dessa forma evitar que os atos praticados possam ser questionados, criticados e invalidados pelo egrégio conselho quando das reuniões ordinárias ou extraordinárias. As comissões permanentes e especiais estão sempre de prontidão para atender às inúmeras solicitações dos membros do executivo para analisar propostas, aprovar, emitir pareceres, enviar ao Conselho para que sejam lidas, aprovadas e levadas à execução imediata. Dessa forma temos plena certeza que estaremos, executivo e mesa do Conselho, irmanados, e trabalhando lado a lado, ombro a ombro cumprindo nosso papel primordial para o qual fomos eleitos . Temos plena convicção de nossas responsabilidades para com o corpo associativo, Conselho, nossa instituição em particular e comunidade judaica em geral, além da sociedade maior como um todo na qual estamos inseridos. Shalom , shalom e shalom
Mauro Zaitz
Presidente do Conselho Deliberativo
5 25
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
26
DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
31
6ª FEIRA
ANOITECER
SETEMBRO ** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA
OUTUBRO 4
*5 *6
10 de agosto 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro
Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores
Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT
DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ
2ª FEIRA 3ª FEIRA
NOVEMBRO 5
5ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
DEZEMBRO 6 13
DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2016
JANEIRO 25 27
2ª FEIRA 4ª FEIRA
TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO
EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA
5 11
5ª FEIRA 4ª FEIRA
12
5ª FEIRA
IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER
MARÇO 23 24 25
ABRIL 22 23* 24* 29* 30*
MAIO
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015
ANOITECER
TU BE AV
26
5ª FEIRA
JUNHO 5 11 *12 *13
DOMINGO IOM IERUSHALAIM SÁBADO VÉSPERA DE SHAVUOT DOMINGO 1º DIA DE SHAVUOT 2ª FEIRA 2º DIA DE SHAVUOT
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,
FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS