junho de 2015
ANO LVI
| N º 640 | JUNHO 2015 | SIVAN 5775
Revista Hebraica
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PRODUZIMOS CULTURA
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Nós produzimos cultura
são paulo
HEBRAICA
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palavra do presidente
Hebraica sem fronteiras Completamos cinco meses de gestão e já podemos notar algumas marcas registradas dentro do clube muitas atividades e eventos com inovações. Festas judaicas: Purim, por exemplo, com muitas crianças festejando e dançando, um bloco infantil de Carnaval e tantas atividades que teve recorde de seis mil pessoas no clube. Pessach, Iom Hashoá e Iom Hazikaron, eventos com grande participação de sócios e muitas emoções. Participações importantes dos jovens na organização e realização. Iom Haatzmaut junto com dezesseis entidades judaicas e novamente lotação máxima da Hebraica se reafirmando como centro comunitário. Em Lag Baômer fogueira, danças, comidas típicas e muita alegria. Criamos o Boteco, sempre com casa cheia e já um hábito nas últimas quintas-feiras de cada mês. A cada terceira sexta-feira do mês, o Shabaton temático, na última com o embaixador da Hungria e sua mensagem de tolerância e solidariedade. A Sinagoga estava lotada, gente do lado de fora por falta de espaço e um grande kidush na Esplanada com danças, comidas e muita alegria. Baladas e festas para jovens divididos por idades sempre com adesão máxima. Criação do projeto Jovens para Jovens, do Hebraica Business Fórum, projeto HEAD Talks, projeto Hebraica de 2-20 nos esportes entre vários outros. Shows, palestras, encontros. Esses exemplos revelam que os sócios querem opções e participar e para atendê-los continuamos criando sem parar. Por isso, o clube está vibrante, alegre, leve, sempre com a presença da diretoria, em relacionamento aberto e saudável de modo a que todos se sintam parte da gestão. Somos o centro dos eventos comunitários e fazemos parcerias com o Fundo Comunitário, Taglit, CIP, Consulado de Israel, Sochnut, Unibes, Na’amat e, em seguida, a Câmara de Comércio Brasil-Israel, Hospital Albert Einstein e, claro, Conib e Fisesp. Recebemos os secretários de estaduais de Esporte, Casa Civil, os governadores de São Paulo e da Bahia. O prefeito de São Paulo, secretários municipais. Além de empresários para parcerias e outras negociações. Estamos atuando na necessária regularização do clube, na manutenção de alguns projetos em elaboração, o principal deles a academia cujo projeto está em condições de ser apresentado para captar recursos e concretizá-lo. Estamos trabalhando para equilibrar o orçamento e modernizá-lo, isto com transparência e seriedade para o clube continuar economicamente saudável. Economizamos 50% no consumo da água e vamos reduzir o consumo e o custo da energia. Esta foi uma tentativa de resumir uma parte do tanto que já fizemos nestes cinco meses. A Hebraica é o maior centro comunitário judeu do mundo e devemos tratá-lo como tal e manter essa joia rara, não importa se frequenta, ou não. É uma questão de consciência comunitária. Pensar nos nossos filhos, netos e na memória dos antepassados, pois não terá futuro quem esquece sua origem. E pergunto: depois de ler isso, é possível imaginar a comunidade judaica de São Paulo sem a Hebraica?
Shalom
Avi Gelberg
ESTAMOS TRABALHANDO PARA EQUILIBRAR O ORÇAMENTO E MODERNIZÁ-LO, ISTO COM TRANSPARÊNCIA E SERIEDADE PARA O CLUBE CONTINUAR ECONOMICAMENTE SAUDÁVEL. ECONOMIZAMOS 50% NO CONSUMO DA ÁGUA E VAMOS REDUZIR O CONSUMO E O CUSTO DA ENERGIA
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sumário
HEBRAICA
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Carta da Redação
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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de junho
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cultural + social
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capa / vice-presidência social e cultural Um amplo painel da produção cultural e dos eventos sociais que a Hebraica oferece
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teatro Não perca a peça Se Fosse Fácil, não Teria Graça, de Nando Bolognesi
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parceria Um imperdível show de Fábio Jr. está programado para a Semana dos Namorados
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dia dos namorados O Departamento Social programou uma noite roqueira para a data
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feliz idade Associadas tiveram tarde animada no Dia da Mães
HEBRAICA
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gourmet O segredo é comer menos e com mais qualidade...
galeria Trabalho de Marcelo Paciornik une pintura e fotografia
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comunidade Os eventos mais significativos da cidade
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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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juventude
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lag baômer Teve fogueira na Praça Jerusalém depois do encerramento do Shabat
fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
64
polo Acompanhe as conquistas mais recentes da nossa equipe
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judô Festival reuniu escolas e academias de São Paulo
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cbm Final de semana reuniu garotos brasileiros e argentinos
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xadrez Bernardo Sztokbant disputou simultânea na Praça Carmel
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férias Já está na hora de começar a programar o lazer da garotada em julho
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esportes
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empreendedorismo Hebraica Forum Business valoriza as boas iniciativas
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Fotos e fatos As proezas dos nossos atletas aqui e la fora
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notícias de Israel Os casos mais quentes do universo israelense
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literatura Tel Aviv virou cenário de tramas do gênero noir
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a palavra Entenda de onde vem o termo gematria
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viagem Há quase quarenta anos nosso publisher visitou o Magreb e parte da África sub-saariana
religião A surpreendemente história da primeira mulher ordenada como rabina
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Costumes e tradições Nosso colunista nos trouxe verdadeiras pérolas do proverbial humor judaico
genocídios Um ponto de interesecção na história de judeus e armênios
leituras A quantas anda o mercado de ideias?
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música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa
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curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado
104
cursos Nosso correspondente em Israel virá a São Paulo para ministrar uma série de cursos sobre religião
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conselho Prepare-se para as eleições do próximo dia 8 de novembro
magazine
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história A Ringstrasse foi o endereço mais disputado da próspera comunidade judaica de Viena
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HEBRAICA
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carta da redação
A fábrica de cultura Há pouco mais de sessenta anos um grupo de pioneiros da comunidade judaica construiu a Hebraica para ser um centro comunitário e referência da presença e da contribuição dos judeus para o país. Esta revista Hebraica sempre noticia as visitas de personalidades e o justificado espanto delas com o interesse e a preocupação que as diretorias da Hebraica, ao longo deste tempo, sempre dedicaram à cultura e aos seus subprodutos. É isso que a repórter Magali Boguchwal conta na extensa reportagem que explica e detalha o tema da capa desta edição. No “Magazine”, bom repórter que é, Ariel Finguerman, nosso correspondente em Israel, aproveitou uma breve viagem à Viena para falar da Ringstrassse, a mais famosa avenida da cidade e dos judeus que viveram lá, um texto a respeito da coletânea de contos que tratam da Tel Aviv noir, a história de Regina Jonas, a primeira rabina, ordenada ainda na década de 1930, e uma crônica acerca do armênio Soghomon Thelirian e do judeu Sholem Schwartzbard, que decidiram matar, respectivamente, Talaat Paxá, o último grão-vizir do Império Otomano, que decidiu apagar os armênios do mapa, e Simon Petliura, que se comprazia em organizar e participar de pogroms contra judeus na Ucrânia. Como se vê, esta revista, além de contar todos os meses – e há décadas –, os feitos do clube, é espelho e retrato do que a Hebraica também é: uma fábrica de cultura. E isso não é favor algum, apenas a confirmação da vocação natural do povo judeu e que as contingências e as circunstâncias ao longo dos tempos e da história deram o empurrão final para aquilo a que o Povo do Livro estava destinado, isto é, produzir e disseminar o saber e o conhecimento. Shalom Bernardo Lerer Diretor de Redação
ANO LVI | Nº 640 | JUNHO 2015 | SIVAN 5775
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS
FOTO DA CAPA FLÁVIO M. SANTOS DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040
- SÃO PAULO - SP
DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES
IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629
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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-
PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA
calendário judaico :: JUNHO 2015 Sivan 5775 dom seg ter qua qui sex sáb 7 14 21 28
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DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.
A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
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JULHO 2015 Tamuz/Av 5775 4 5 6 11 12 13 18 19 20 25 26 27
dom seg ter qua qui sex sáb 5 12 19 26
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SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER
3 4 10 11 17 18 24 25 31 Tishá B’av
(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG
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cul tu ral +social
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capa | vice-presidência social e cultural | por Magali Boguchwal
A cultura como ponto de encontro EM PARCERIA CONSTANTE COM A VICE-PRESIDÊNCIA SOCIAL E CULTURAL, A ÁREAS DE JUVENTUDE E ESPORTES
COMPLETAM UM MOSAICO EM
QUE O GRANDE BENEFICIADO É O SÓCIO. SAIBA POR QUE
ISSO ACONTECE, CONHEÇA
AS ATIVIDADES OFERECIDAS E
PARTICIPE DOS PROJETOS QUE ESTÃO SENDO DESENVOLVIDOS NA HEBRAICA PARA OS
PRÓXIMOS MESES
D
ia 21 de junho, a Biblioteca realiza uma Feira de Troca de Livros na Praça Carmel. É um evento inédito na história do clube e os sócios poderão trazer livros e negociar pessoalmente a troca por outros. “As pessoas mantêm uma grande quantidade de livros em suas estantes e terão oportunidade de trocá-los por outros títulos em português, inglês, infantojuvenil ou de literatura geral, desde que em bom estado”, explica a chefe da biblioteca, Maria Eunice Lopes. A iniciativa faz parte do projeto da vice-presidente Social e Cultural Mônica Tabacnik Hutzler para estimular o sócio a interagir mais com as diferentes opções oferecidas pelo clube. “Além de renovar as coleções particulares, os fãs de literatura ampliarão o círculo de amigos”, afirma a vice. Há doze anos, a Biblioteca tornou-se vizinha da Sinagoga, como parte de um projeto arquitetônico destinado a impulsionar as atividades culturais na Hebraica. Hoje, ambos se beneficiam dessa visão de futuro. Este é o terceiro endereço da Biblioteca no clube. O primeiro foi uma acanhada salinha no único edifício da Hebraica e que hoje é o Ginásio dos Macabeus. Com a construção da Sede Social, na década de 1970, ganhou uma área maior e passou a funcionar em horário ininterrupto. “Os documentos que temos do perí-
odo inicial da Biblioteca revelam que o número de empréstimos equivalia quase ao acervo da época e que o departamento fechava na hora do almoço. Depois da mudança para a Sede Social, passamos a atender em tempo integral”, destaca Maria Eunice, que há mais de três décadas chefia o departamento. Com um acervo atual de cerca quarenta mil volumes, a Biblioteca acompanhou a modernização tecnológica enquanto continuou atendendo os sócios interessados em serviços simples como o empréstimo de livros. “Parte do nosso movimento se deve à procura de romances ou novelas policiais em português ou inglês. Recentemente, começamos a colocar os textos na forma digital e a lista cresce a partir de uma seleção cuidadosa feita pela nossa equipe”, explica Maria Eunice. Ao longo dos anos, os sócios desenvolveram outros usos para o local, como pesquisadores que completaram teses com auxílio do acervo existente na seção de referência, especialmente em relação à cultura judaica, e pais que recorrem à seção infantil para promover lazer de qualidade com as crianças. “Em média, 65 pessoas se revezam diariamente na mesa dos jornais e outros periódicos durante os finais de semana e em dias úteis temos um grande movimento de sócios que passa horas em frente aos computadores, trabalhando
>>
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NA BIBLIOTECA, COEXISTEM A PAIXÃO PELOS LIVROS EM PAPEL
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E O INTERESSE PELAS NOVAS TECNOLOGIAS
Três oportunidades Dia 15, às 20h30, no Teatro Anne Frank, um grupo de artistas portugueses apresenta o espetáculo “Como Nasceram as Estrelas – Tocado, Falado & Riscado” em sessão única em São Paulo. Tendo como ponto de partida a obra Como Nasceram as Estrelas – Doze Lendas Brasileiras, de Clarice Lispector, o compositor Fernando Lapa criou uma peça original e vibrante. No palco, o ator António Durães dá voz e expressão aos textos; Toy Ensemble interpreta a música e Paulo Patrício ilustra, ao vivo, o que se passa em cena. O espetáculo estreou no Grande Auditório do Conservatório de Música do Porto em março de 2013 com lotação esgotada nos quatro dias das apresentações em português e francês com narração de Francis Brosseron. Ingressos a preços especiais na Central de Atendimento. Dia 27 de junho, o Keren Kayemet LeIsrael (KKL) apresenta no Teatro Arthur Rubinstein Yentl em Concerto, às 21 horas, com renda revertida para as ações da entidade. Na mesma noite, às 19 horas, no Teatro Anne Frank, será realizado o Encontro de Corais da Acesc , com entrada franca.
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capa | vice-presidência social e cultural DANIEL GRABARZ ORIENTOU A PREPARAÇÃO DO BAR-MITZVÁ LUCAS FELPI
>> ou estudando”, enumera Maria Eunice. O diretor-presidente da Livraria Cultura, Pedro Herz, assumiu recentemente a diretoria Cultural e o que pretende explica a atuação da Hebraica na área cultural. “Não consigo ver um clube sem investimentos na área cultural. Penso que todas as idades precisam ser contempladas, assim como uma ampla diversidade de assuntos. Todas as formas de arte devem ser exploradas, pois a cada dia que passa, sabemos mais a respeito de cada vez menos. É importante termos uma cultura geral abrangente”, observa. E quando se fala em abrangência e diversidade, é inevitável falar acerca do Clube da Leitura. Com reuniões quinzenais, essa iniciativa que começou na Hebraica e se espalhou por outros clubes, é fruto de uma parceria entre a Biblioteca, a Companhia das Letras, Sind-Clube e a Academia Paulista de Letras e reúne sócios que, além das sugestões da mediadora Vivian Schlesinger, também se entusiasmam com a possibilidade de expor opiniões e ampliar o conhecimento respeito da obra do autor em questão. Como subproduto desse projeto nasceu o “Aonde Vamos?”, que realiza debates com autores e temas ligados à literatura judaica. Em 27 de junho, haverá um debate com o escritor argentino Martín Kohan, autor do premiado Ciências Morais. Além da difusão da leitura, a Biblioteca organiza o Concurso Ben-Gurion destinado aos sócios que se expressam por meio da prosa ou da poesia. “O concurso foi lançado em 2005, como parte da iniciativa que deu à Biblioteca o nome do primeiro-ministro de Israel, David Ben-Gurion. “Os trabalhos vencedores das primeiras cinco edições foram reunidos em um livro e agora, na décima edição do concurso pretendemos lançar um segundo. Nos últimos anos, os jurados
aplaudiram o surgimento de novos concorrentes, o que me enche de otimismo para a edição deste ano”, planeja a chefe da Biblioteca. Música é cultura Cronista premiada em várias edições do Concurso Ben-Gurion, Cláudia Leventhal é também aluna de canto do Centro de Música Naomi Shemer. Em maio ela se apresentou em dois eventos culturais da Hebraica: como uma das principais atrações da comemoração do Dia das Mães no Feliz Idade e, três semanas depois, ela encerrou a programação de concertos do Hebraica Meio-Dia, acompanhada por músicos professores do Centro, cantando em inglês, francês e português. Semanas antes, o palco do Teatro Arthur Rubinstein recebeu a musicista Sônia Goussinsky, com um repertório de canções em ídi-
che cujo show foi criado especialmente para esse espetáculo na Hebraica. Com dois teatros, um coral permanente e o Centro de Música que atua como uma escola, é comum o clube brindar os sócios com espetáculos de produção interna. Foi o caso da recente apresentação do Coral Canta com Amigos, no palco do Teatro Anne Frank. “Foi um esforço conjunto do coral adulto, mais alguns adolescentes e as crianças que, no ano passado, participaram da série ‘In Concert’ com Ivan Lins. Além deles, houve a adesão de amigos como os cantores Cláudio Goldman, Régis Karlik e o chazan Avi Bursztein”, conta o maestro Leon Halegua, há 22 anos na Hebraica. Dia 27 de junho ele pretende apresentar uma versão reduzida desse show, para a mostra de corais, parte da Maratona Cultural Acesc “Mal posso esperar
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Ciclo Prêmio Nobel A população judaica no mundo representa apenas 0,0025%, porém, na lista dos prêmios Nobel concedidos desde sua criação, em 1901, os judeus são 25% do total. A cada cinco prêmios entregues, um é judeu. Por isso, foi criado o ciclo “Judeus e o Prêmio Nobel” no clube, cujo primeiro encontro será domingo, dia 21, às 10h30, na Sala Plenária. O ciclo começa com Saul Bellow (1915-2005) foto ao lado, Nobel de Literatura em 1976, e os debatedores Jacques Fux, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 2013, Thaís Lancman, mestranda em literatura judaica, com pesquisa sobre Saul Bellow e o escritor e professor de literatura hebraica e judaica na USP, Luís S. Krausz. O assessor da presidência da Hebraica e coordenador da Cátedra da Cultura Judaica da PUC, José Luiz Goldfarb, vai fazer a mediação.
pela reação dos outros corais formados por adultos quando verem nossos cantores de 6 a 80 anos”, antecipou o maestro. Ainda no terreno musical, a Hebraica inicia um projeto dentro do Centro de Música que deve ganhar força no segundo semestre. Trata-se do “Encanto”, que pretende criar uma versão, na Hebraica, dos Trovadores Mirins, regido pela maestrina Lucila Novaes e que também vai dirigir os da Hebraica. Outro setor que produz e difunde cultura, é o Centro de Danças, a partir do qual a Hebraica realiza o Festival Carmel, principal evento de dança folclórica judaica na América Latina. A diretoria executiva estimula a parceria entre áreas afins e exemplo recente dessa política foi o Ballet Cisne Negro, que se apresentou duas vezes no Teatro Arthur Rubinstein. E dias 20 e 21 deste mês, todos os grupos de dança folclórica mantidos pelo Centro de Danças, apresentam no Teatro Arthur Rubinstein o show Lihiot, com roteiro, coreografias e conteúdo produzido pelos jovens e profissionais do departamento. “O grupo Ofakim, formado por adultos, montou uma coreografia especial com a participação de familiares. Eis um bom exemplo de como a tradição pode ser partilhada entre as gerações”, comenta a coordenadora do Centro de Danças, Nathalia Benadiba. E quando se trata de transmissão da cultura judaica, os cursos de bar-mitz-vá são um exemplo das muitas opções
oferecidas pelo clube. “É comum alunos que vivem em pequenas comunidades no interior, como Bragança, Limeira e São José dos Campos procurarem nosso curso. Depois de algum tempo, os meninos e as famílias se integram à comunidade formada pelos frequentadores da Sinagoga”, explica o professor Daniel Grabarz, que divide com a mulher, Edith, e o irmão, Roni, a tarefa de somar ao curso elementos que serão muito importantes no futuro do aluno. “Ao longo do curso, alfabetizamos os meninos, mostramos como são estruturadas as rezas e os rituais ligados ao uso do talit e dos tefilin. Isso tudo com aulas
na Sinagoga onde o aluno fará a sua cerimônia. Ao final de cada aula semanal de noventa minutos, conversamos a respeito das tradições judaicas, enfatizando o papel do judeu na atualidade e a importância do Estado de Israel no contexto mundial”, completa. Para ele, é obvia a contribuição do curso para o universo cultural do clube. “Estude ou não em escolas da comunidade, o adolescente guardará a experiência e os conhecimentos obtidos na preparação para o bar-mitzvá para a vida toda”, completa Daniel. Ateliê e teatro Além da música e dança, há dois outros >>
NO ATELIÊ HEBRAICA, ADULTOS DESENVOLVEM HABILIDADES ARTÍSTICAS E APRENDEM A UTILIZAR TÉCNICAS AVANÇADAS
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capa | vice-presidência social e cultural PARCERIA ENTRE AS VICE-PRESIDÊNCIAS CULTURAL E DE JUVENTUDE RESULTOU EM UM WORKSHOP PARA OS DANÇARINOS DO GRUPO CARMEL COM OS PROFISSIONAIS DO CISNE NEGRO
>> setores que enriquecem a formação cultural dos sócios. O Ateliê Hebraica se tornou um dos pontos de convergência dos sócios adultos que decidem se dedicar a alguma forma de arte. Todas as tardes se empenham em decorar objetos com mosaico, reproduzir uma pintura em tela ou aplicando outra técnica. “A sala está cheia de trabalhos que dificilmente se atribuiriam a um amador”, comenta a coordenadora do Ateliê, a artista plástica Bety Lindenbojm. O Departamento de Teatro é frequentemente tema de reportagens na revista Hebraica. Dos ensaios dos grupos Questão, Prumo e Gesto se originam no mínimo três montagens e das quais algumas criações coletivas. Desse núcleo, surgiram profissionais como Daniel Tauszig, compositor e letrista de trilhas de cinema e teatro, Alan Fiterman, diretor de novelas na TV Globo, Lior Berlovich, atualmente trabalhando profissionalmente com teatro, Marcelo Klabin, destaque no elenco de O Rei Leão, Paula Hemsi, que trabalha com iluminação cênica, e o ator Caco Ciocler, que recentemente dirigiu o documentário Este Viver Ninguém Me Tira. Curiosamente, o esporte também tem contribuído para a lista de artistas cujas carreiras se iniciaram no clube. Janine Sachs, Roland Fichmann e Ilan Kruglianskas fazem parte da equipe master de natação e são autores de recentes lançamentos literários. A psicanalista Janine Sachs reuniu textos guardados durante a carreira profissional e lançou O Ovo de Pulôver e outras Histórias. Já Roland baseou-se em um episódio ocorrido com o rabino Henry I. Sobel para escrever seu primeiro livro O Rabino, em 2014. Dono de uma editora de livros técnicos, ele assinou contrato para lançar Três Fronteiras, seu segundo trabalho, em agosto. Já o engenheiro agrônomo Ilan vai além dos treinos de natação. “Passo vá-
rias horas na Biblioteca. Parte dos dados do texto de Me Tirem Daqui, foram coletados no acervo. Quando chegou a hora de decidir o título, discuti com as bibliotecárias, que são muito gentis”, comentou. Antes de voltar ao Brasil, depois de viver oito anos na Inglaterra, Kruglianskas fez um giro pelo Oriente, na Malásia, Sumatra, Mianmar e outros locais. Me Tirem Daqui narra as desventu-
ras do jovem que passou quatro dias em uma prisão na Tailândia devido a uma confusão burocrática. “Quando cheguei ao Brasil decidi transformar a narrativa em livro. Enviei o texto para o rabino Bonder que fez a apresentação na contracapa. O livro será lançado este mês e já trabalho em um segundo. Mas sem abandonas os treinos, é claro”, garante.
Aguarde, em agosto Fator fundamental para o êxito do trabalho do Departamento de Teatro é a existência dos cursos para crianças e jovens, nos quais os conceitos principais são transmitidos de forma lúdica. Na pauta do Departamento de Teatro está o curso de roteiro para cinema, ministrado pela premiada roteirista Sylvia Lohn, e início previsto para agosto. Também para agosto, na semana de 2 a 9, está confirmado o XIX Festival de Cinema Judaico para a o qual a autorização da Lei Rouanet foi recentemente publicada no Diário Oficial. “A pesquisa entre títulos internacionais está bem adiantada. Um dos temas deste ano será a influência da mulher no cinema e esperamos trazer alguns filmes israelenses a respeito. Com certeza, vale a pena esperar”, afirma a curadora do evento, Daniela Wasserstein.
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Por uma Hebraica ainda melhor A VICE-PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL MÔNICA TABACNIK HUTZLER
REUNIU TODOS OS DIRETORES E PROFISSIONAIS DA SUA ÁREA PARA UM BATE-PAPO SOBRE O QUE FOI FEITO EM DIRETORIAS PASSADAS E PARA DEFINIR O PERFIL DESTA NOVA EQUIPE, SUA VISÃO E OS PASSOS FUTUROS
“N
essa reunião, nos conhecemos, vimos o clube como um todo. Apresentamos nossa missão, ações e desafios.” Essa é a forma de atuação de Mônica Tabacnik Hutzler. Ela vibra quando fala da Hebraica e da atual diretoria, mas sua vivência no clube é bem mais antiga. “Nasci e cresci no clube. Conheci grande parte dos meus amigos aqui. Convidada, me candidatei a conselhei-
ra e fui das dez mais votadas, o que me surpreendeu na época. Em seguida, Samsão Woiler me chamou para a Comissão de Administração e Finanças do Conselho Deliberativo. Na segunda gestão, me envolvi ainda mais e fui a relatora da Comissão. Minha grande fortuna são os meus filhos e, quando chegaram à idade de entrar na escola, eu quis que fosse no Maternal da He-
MÔNICA TABACNIK HUTZLER REUNIU DIRETORES E PROFISSIONAIS DE ÁREA NUM ALMOÇO
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braica. Pais engajados, Heitor e eu nos mudamos do bairro de Pompeia para aqui perto. Passaram os anos e agora os gêmeos André e Isabela estudam na sexta série da Escola Alef.” Ao compor a diretoria, o presidente Avi Gelberg convocou Mônica para se juntar ao grupo. “Demorei um pouco para responder, pois o desafio é grande. Porém, com o apoio dos meus filhos e do Heitor, meus maiores incentivadores, aceitei.” A experiência de Mônica vem do dia-a-dia. Com formação em relações públicas, fez MBA em administração e finanças no Ibmec, morou na França, atuou com eventos e, hoje, trabalha em seguros, especificamente com brasileiros expatriados na área de benefícios. Está na diretoria da Ellevate, uma rede global de profissionais femininas dedicadas ao engajamento econômico de mulheres em todo o mundo, com atuação através da conectividade, aprendizado e investimento. Mônica traz essa vivência para a vice-presidência Social e Cultural, que abrange vários setores: Cultura Judaica (Sinagoga e Grandes Festas), Recreativo, >>
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capa | vice-presidência social e cultural | por Tania Plapler Tarandach >> Galeria de Arte, Espaço Gourmet, Biblioteca, Clube da Leitura, Cinema e Festival de Cinema Judaico, Hebraica Meio-Dia, Feliz Idade, Eventos. “Queremos quebrar barreiras entre os departamentos. Pensamos o clube como um centro comunitário pautado no judaísmo através de eventos socioculturais, tais como shows, arte, teatro, regados a gastronomia, onde os sócios encontrem os amigos, a família. Nosso time de diretores é de profissionais do mercado trazendo experiências, vivências, ideias; ao mesmo tempo, temos um grande grupo de colaboradores para projetos específicos e estamos abertos para colaboradores voluntários.” Com sua equipe, Mônica planeja o trabalho para os três anos da gestão. São pontos importantes na vida do clube e do sócio. “Nossa missão é reter os atuais e trazer novos sócios, alcançar também aqueles que não estão sempre no clube. Temos uma responsabilidade comunitária e queremos saber o que o sócio deseja, quais são seus anseios e a sinergia para irradiar dentro e fora dos nossos muros. Além dos eventos sociais, existe a promoção dos eventos culturais. Nossas realizações têm foco judaico e comunitário, queremos fortalecer a marca Hebraica”, finaliza Monica, pronta a enfrentar os desafios futuros com a certeza de que ela e equipe estão engajadas em fazer o melhor para as famílias que têm na Hebraica a segunda casa, o local de estar entre amigos em todas as horas. “Sem dúvida, nosso presidente Avi Gelberg e o nosso diretor-superintendente Gaby Milevsky são o exemplo de energia e liderança com a abertura do clube para todas as entidades judaicas, reforçando o papel da Hebraica como maior centro comunitário. Além dos nossos eventos em andamento e os próximos, estamos trabalhando em parcerias com as entidades judaicas. Afinal de contas, juntos somos mais!” (T.P.T.)
Novas formas de pensar a educação e a cultura COMO TRAZER INOVAÇÃO PARA O CLUBE? COMO CRIAR UMA COMUNIDADE QUE SE INTEGRE E INTERAJA POR MEIO DA TROCA DE CONHECIMENTO? A PARTIR DO DIA 16 DE JUNHO, O DEPARTAMENTO CULTURAL OFERECE UMA EXPERIÊNCIA INSPIRADORA QUE UNE EDUCAÇÃO, ARTE E DIVERSÃO COM O PROJETO HEAD (HEBRAICA, EDUCAÇÃO, ARTE, DIVERSÃO) TALKS
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primeiro palestrante do HEAD Talks será o designer Marcelo Rosenbaum, de quem se espera a inspiração para criar soluções em prol da comunidade por meio do design essencial. São setenta vagas nesta primeira experiência HEAD Talks. Carlos Eduardo Finkelstein, da equipe da vice-presidência Cultural e Social, fala deste projeto, que será lançado oficialmente dia 16 de junho, no Es-
paço Gourmet. “No que acreditamos? Acreditamos no aprendizado por meio da experiência. Esta é a base do nosso projeto. Juntos, de forma colaborativa, transdisciplinar e principalmente com a experiência, abordaremos temas como inovação social, cultura judaica, empreendedorismo, tendências e todos os outros assuntos que surgirem durante esse processo e que sejam de interesse dos sócios. É uma verdadeira usina
OBRAS DE AUTORES BRASILEIROS E CLÁSSICOS INTERNACIONAIS SÃO DEBATIDOS NO CLUBE
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MARCELO ROSENBAUM É O PRIMEIRO CONVIDADO DO HEAD TALKS
de ideias sem um formato fixo, porque planejamos contar as histórias nos valendo de workshops criativos, palestras, mediações.” Finkelstein explica: “E por que não criarmos novos formatos, juntos, em grupo? O que nos motivou a trazer esta metodologia para a Hebraica? Conversamos com muitas pessoas, amigos, educadores, e percebemos que para atrair os sócios, precisamos pensar ‘fora da caixa’. Utilizando processos colaborativos queremos transformar o ambiente, buscar soluções para os problemas da nossa pequena e privilegiada comunidade e, mais além, os da sociedade em que vivemos. Por isso, nosso mote: ‘aprender fazendo’. Ou pegando carona com um dos nossos principais benchmarks, a escola Perestroika, o tal ‘vai lá e faz’”, explica Finkelstein. E acrescenta: “Serão conversas produtivas, que gerem discussões e mais conhecimento dentro do clube. Será a reunião de várias cabeças, por isso o nome HEAD (Hebraica, Educação, Arte, Diversão), que levou à criação do logo: uma base, um balão do diálogo que muda a cada tema e a cabeça.” “Me conte que eu esquecerei, me mostre e eu talvez me lembrarei... me envol-
va, e eu aprenderei.” Para Finkelstein, “esta frase de Confúcio dá exemplos práticos para esse movimento de ideias: imaginem criarmos um aplicativo de caronas para os sócios, facilitando a vinda de maior número de pessoas ao clube. Ou fazer um projeto de crowdfunding (processo de financiamento coletivo) para atletas do Departamento Geral de Esportes. São soluções para a nossa realidade, nossas necessidades e acreditamos que muitas outras surgirão. Um processo de interação para construir e realizar projetos. As pessoas terão a oportunidade de se engajar com aqueles que se identificarem e que tiverem os mesmos interesses. Estão todos convidados para a nossa primeira experiência, dia 16 deste mês,” diz Finkelstein. Rosenbaum no projeto HEAD O projeto começa com um tema atual e relevante para a comunidade, com um dos grandes nomes brasileiros em inovação social: o designer Marcelo Rosenbaum. “Marcelo vai dividir conosco suas ricas experiências em transformar comunidades carentes por meio do design. Para ele, a inovação social é o único caminho para o desenvolvimento do mundo atual. Rosenbaum é um maravilhoso
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contador de histórias e dividirá conosco como o design pode transcender o objeto e protagonizar um processo de inovação. Como o design ajuda a identificar valores verdadeiros e, portanto, sustentáveis em um cenário e, a partir daí, desenhar caminhos criativos realmente úteis”, relata Finkelstein. Rosenbaum fala da sua participação nesse novo projeto: “A partir da minha experiência criativa com comunidades, imersões, cocriação, desenho de propósito e mudanças sociais, abro os conceitos do design essencial. Um aprendizado construído a partir do meu projeto ‘A Gente Transforma’ em diferentes comunidades brasileiras e que gera resultados surpreendentes de transformação, autoestima e oportunidades para as pessoas”. Marcelo nasceu em Santo André e há mais de vinte anos dirige o escritório Rosenbaum®, de design, arquitetura e inovação que gera valores a partir de ideias originais. Idealizou o projeto “A Gente Transforma”, de valorização da identidade cultural, diversidade e beleza das comunidades brasileiras por meio do design, e que, em 2014, tornou-se um negócio social pela Yunus Social Business, braço da Yunus Social Business Global Initiatives, cujo objetivo é desenvolver negócios sociais pelo Brasil e oferecer serviços de consultoria para empresas, governos, fundações e ONGs’. Entre outras atividades, Rosenbaum ministra cursos e palestras em eventos nacionais e internacionais, é curador do Clube de Design do Museu de Arte Moderna de São Paulo, realizou sete temporadas do quadro “Lar Doce Lar” do programa “Caldeirão do Huck”, na Rede Globo, apresenta o programa “Decora” no canal GNT. Entre sem Bater é o livro no qual conta a história de sua casa, publicado pela Editora Abril. Finkelstein agradece a Rosenbaum esta oportunidade incrível e convida os sócios: “Que ele nos inspire a criar soluções para a nossa comunidade através do design essencial. Se eu fosse você, não perderia por nada! São só setenta vagas para viver esta primeira experiên>> cia HEAD Talks”. (T. P. T.)
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capa | vice-presidência social e cultural >> NORBERT KONKOLY CONVIDOU OS SÓCIOS A SE UNIREM EM UMA CAMPANHA MUNDIAL CONTRA O RACISMO
Shabaton especial O EMBAIXADOR DA HUNGRIA, KONKOLY NORBERT E O PRESIDENTE DA CONIB, FERNANDO LOTTENBERG, FORAM OS CONVIDADOS ESPECIAIS DE UM SHABATON NA SINAGOGA. O DIPLOMATA E A MULHER ESTAVAM ACOMPANHADOS DO SÓCIO BERTONLA BRAUN, QUE ANTES DA CERIMÔNIA OS LEVOU A UM PASSEIO PELA HEBRAICA
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presidente da Hebraica Avi Gelberg deu as boas-vindas aos visitantes e convidou o dirigente da Conib Fernando Lottenberg a fazer uma saudação em nome da comunidade judaica brasileira. Fernando agradeceu a recepção ao embaixador Konkoly Norbert e mencionou a viagem à Hungria para o Congresso Judaico Mundial, em 2013, em Budapeste.
“Naquela ocasião percebi o desenvolvimento do país e da comunidade judaica local, mas ao mesmo tempo, fiquei preocupado com as manifestações de grupos radicais contra a realização do evento. Gostaria que a presença do embaixador nesta sinagoga sinalizasse a intenção do seu país em combater esses sinais de que o antagonismo aos judeus não desapareceu
totalmente da Hungria”, declarou. O embaixador Norbert enfatizou o número de cientistas e intelectuais húngaros, muitos deles judeus. “Meu pai tinha dois anos quando os nazistas conquistaram a Hungria. Eis porque valorizo todo o esforço feito para manter viva a memória das centenas de milhares de judeus húngaros no Holocausto”, afirmou. Enumerou as sinagogas e outros monumentos existentes hoje na Hungria e elogiou a florescente comunidade judaica no seu país. “No entanto, a existência de grupos radicais com ideias e propósitos racistas preocupa, e muito, o meu governo e esta é a razão porque estou aqui, hoje , com vocês”, enfatizou. A presença dele na Hebraica, explicou, se devia ao lançamento mundial do projeto “Solidarity Sabbath – Freedom of Religion, Conscience, Belief”, criado pela Lantos Foundation of Human Rights & Justice e que tem, entre seus signatários, o presidente Barak Obama. Segundo o embaixador, Lantos foi senador de origem húngara nos Estados Unidos. “Hoje me torno um emissário deste projeto no qual acredito pessoalmente e convido-os a aderir a esse movimento. Vale a pena acessar a página na internet solidarytysabbath.org e conhecer mais sobre a iniciativa”, finalizou. Depois da cerimônia, vários setores da Juventude esperavam o público na Esplanada, enriquecendo o kidush com um jogral apresentado pelos integrantes dos grupos de teatro, números musicais pelos professores do Centro de Música e uma sessão de rikudei am (dança de roda) com os grupos do Centro de Danças. Pouco antes de se retirar, o embaixador da Hungria confessou a surpresa com o evento daquela noite. “Já estive em outras sinagogas, mas nunca tinha visto um número de jovens tão grande e testemunhado tamanho entusiasmo. Vocês estão de parabéns.” (M.B.)
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Quando o problema é a solução... O PROBLEMA É A SOLUÇÃO PARA NANDO BOLOGNESI (FOTO), ATOR QUE ESTARÁ DIAS 27 E 28 NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN COM A PEÇA SE FOSSE FÁCIL, NÃO TERIA GRAÇA
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vida de Nando Bolognesi se divide no antes e no depois da esclerose múltipla. Desejava ser esportista, era aluno do Santa Cruz, jogava bola, corria, remava, fez economia na USP e história na PUC. Formou-se aos 21 anos e foi passar um ano na Europa. Ali tudo começou. Primeiro, alguns tropeções; depois, a pouca força nas mãos. Ele fazia estágio na Fiat e percebeu que algo estava errado ao guiar seu Torino. A visita ao neurologista e a confirmação da esclerose múltipla soava algo estranho para ele, não sabia como seria o dia seguinte. Voltou ao Brasil e candidatou-se a um concurso público. Passou, porém foi rejeitado pela condição física. Nesse percurso, Bolognesi viu os sintomas se transformarem em uma realidade mais difícil, período que ele relembra: “Perdi o status, não era o futebolista que escolhi ser, tinha a experiência do fracasso”. Porém o espírito permanecia jovem, resolveu cursar a Escola de Arte Dramática (EAD) e, no último semestre, fez oficina de palhaço. “Me encantei com a linguagem, fui elogiado pelo meu trabalho de corpo. Como palhaço, descobri que o problema é a solução e assumir minha fragilidade me fortalecia.” Ele cita Caco Ciocler e Heitor Goldflus, que estavam, na mesma época, fazendo o curso de teatro na EAD. Daí para os Doutores da Alegria foi apenas um passo. Lá ficou quatro anos,
seguidos de onze no elenco da primeira turma do espetáculo Jogando no Quintal e, em seguida, criou o projeto pioneiro Fantásticos Frenéticos, um grupo de palhaços que atua em hospitais psiquiátricos por mais de três anos. “Como palhaço, meu objetivo é propor um olhar de estranhamento e não dramatizar. Um ser mais solto, sem compromisso de dar certo. Todas as inaptidões transformam-se em potência, a esclerose me ensinou o que é a gratidão, a reverência pela vida. Me trouxe mais coisas legais”, explica. A necessidade diária mostrou que ele precisava de algo que o sustentasse. Foi quando surgiu a ideia de escrever um livro e uma peça, “que já estavam na minha cabeça, um alimentava o outro, fui construindo juntos”. Lançou o livro Um Palhaço na Boca do Vulcão, com a apresentação do hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Nelson Hamerschlak. “Ele é meu super-herói”, fala entusiasmado o autor. Paralelamente, fez o roteiro, criou cenário e figurino, assumiu a direção do espetáculo teatral Se Fosse Fácil, Não Teria Graça. Casado e com um filho de 6 anos, Bolognesi mora em Itu e vem a São Paulo toda semana para a apresentação da terceira temporada da peça, em cartaz no Teatro Eva Herz. No ano passado, o ator esteve na Sala Crisântemo, na Vila Madalena, e outros palcos alternati-
vos, além da apresentação no Festival de Curitiba. O espetáculo, que vai ser visto no Teatro Arthur Rubinstein no dia 27, às 19 horas, e dia 28, às 18 horas, tem 1h20 de duração. “A Hebraica é uma grife de qualidade e agradeço o convite do Pedro Herz, quando ele assumiu a diretoria Cultural no clube e após ter assistido a peça na sua sala. As pessoas riem muito, tem momentos de tensão e suspense. Ao término, o retorno é gratificante, saio eufórico, volto para casa feliz.” O lado escritor continua e um segundo livro está germinando, a partir de 150 crônicas escritas da experiência com os Doutores da Alegria. Pretende usá-las como matéria para um romance. Bolognesi enfrenta o dia-a-dia com humor. “Acabei me conhecendo mais, sou um cara que não dramatiza a doença me revelando para mim mesmo. Sou muito grato com o que tenho. Fui reconhecendo, aprendendo, dou valor ao meu presente, minha autonomia. Na estrada, quando estou guiando meu carro adaptado, sou livre. Quero manter essa autonomia.” (T. P. T.) Se Fosse Fácil, Não Teria Graça, texto e direção de Nando Bolognesi Teatro Arthur Rubinstein, dias 27/6 (19h) e 28/6 (18h)
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cultural + social > parceria
Presente musical no Centro Cívico APRESENTAÇÃO DO CANTOR E COMPOSITOR FÁBIO JR, MARCADA PARA O DIA 20 DE JUNHO NO CENTRO CÍVICO, INAUGURA A PARCERIA DO CLUBE COM A MUSSINI PRODUÇÕES
O SHOW DE FÁBIO JR. VAI INAUGURAR UMA NOVA FASE DE PARCERIA NO
DEPARTAMENTO CULTURAL
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diretor da Mussini Produções, Luiz Mussini, há vinte anos no mercado de eventos e representação de músicos de diferentes gêneros, está otimista com a parceria firmada recentemente com o clube. A comemoração do mês dos namorados com um show do cantor e compositor Fábio Jr. é o primeiro de muitos eventos previstos ainda para este ano. “O Fábio está animado em tocar no Centro Cívico da Hebraica, dia 20 de junho. Além dele, representamos o Roupa Nova, Zezé de Camargo e Luciano e outros cantores. Uma parte do nosso trabalho é representar artistas consagrados como o Fábio Jr., cujos shows lotam, em cidades grandes ou pequenas do Brasil. O sócio poderá vê-lo e ouvi-lo em um local que considera praticamente sua casa, com estacionamento fácil e todos os confortos aos quais está acostumado”, afirma Mussini. “Estamos tão empenhados no sucesso da parceria com a Hebraica, que marcamos a apresentação do Fábio Jr. sem a antecedência padrão no lançamento de shows musicais em arenas, teatros ou estádios. Além disso, o sócio será beneficiado por um preço promocional na compra antecipada e na véspera terá direito a pagar meia entrada, como os estudantes e pessoas da terceira idade”, acrescentou o produtor. O show do cantor e compositor Fábio Jr. marca também o início da retomada dos grandes eventos musicais no Centro Cívico Itzhak Rabin. O local tem agora mais duas saídas para a portaria da rua Angelina Maffei Vita, entre outras melhorias. “O sócio pode esperar muito dessa parceria entre a Hebraica e a Mussini Produções”, promete o produtor.
Show de Fábio Jr 20 de junho, às 22h, no Centro Cívico Ingressos na Central de Atendimento ou pela Ingresso Rápido Pista Premium Sócio – R$ 125,00 Pista Premium Convidado – R$ 250,00 Pista Vip Sócio – R$ 100,00 Pista Vip Convidado – R$ 200,00 Sócio Cadeira – R$ 60,00 Convidado Cadeira – R$ 120,00
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cultural + social > dia dos namorados
A MAIS TRADICIONAL BANDA COVER PREPAROU A SEQUÊNCIA LOVE BALLADS PARA OS ENAMORADOS
Vai tocar Beatles e Stones... O DEPARTAMENTO SOCIAL/ CULTURAL PROGRAMOU UMA NOITE PARA DANÇAR DE ROSTINHO COLADO AO SOM DE BEATLES, STONES, U2, LED ZEPPELIN, DEEP PURPLE E OUTROS NOMES DO ROCK DOS ANOS 1950 ATÉ HOJE
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ssim será o Dia dos Namorados na Hebraica. O Departamento Social/Cultural prepara um encontro especial, pensando em quem curtiu a época dos anos 1950 e os que continuam fãs até hoje. “A História do Rock” é o nome do show do conjunto Rock Memory contando a trajetória do gênero em mais de meio século. A química continua e, nessa noite, na Praça Carmel, os músicos abrem um capítulo especial para os românticos que dançarão de rosto colado com os hits de Prince, McCartney, Johnny Rivers. Será a sequência Love Ballads, criada para os sócios. A banda paulistana Rock Memory atua há mais de trinta anos, com shows pelo Brasil. Fábio Cirello é o fundador do grupo, toca teclado e guitarra. Ao seu lado estão Sílvio Izy no baixo, Horácio Rosário na guitarra, Alex Soares na bateria, todos também no vocal. “O rock é o único gênero musical que reúne, frequentemente, pelo menos três gerações
numa mesma plateia”, afirma Cirello, com a prática de tocar para diferentes públicos. A Rock Memory é a mais tradicional banda cover de clássicos do rock e tem 35 anos de caminhada por essa trilha, iniciada logo após a morte de John Lennon, quando os grandes shows internacionais não chegavam ao Brasil. O quarteto começou a tocar nos bares e clubes dos Jardins e as noites se transformavam na magia dessa aproximação do público com seus ídolos. Este é o clima preparado para a Praça Carmel, onde, além da boa música, os enamorados terão petiscos para acompanhar o chope bem tirado, já conhecido por quem frequenta os eventos sociais no clube. Uma noite perfeita para dançar e namorar. (T. P. T.) Dia dos Namorados Praça Carmel, 13 de junho R$ 50,00 sócios – R$ 70,00 convidados Informações, 3818-8888/8889
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cultural + social > feliz idade
SHOW DE DANÇA E SAPATEADO PARA COMEMORAR O DIA DAS MÃES NA FELIZ IDADE
Palestras e comemorações enriquecem as tardes NA VÉSPERA DO DIA DAS MÃES, QUASE CEM PESSOAS FORAM AO ESPAÇO ADOLPHO BLOCH FESTEJAR A DATA, PARA A QUAL O DEPARTAMENTO SOCIAL/CULTURAL PREPAROU PROGRAMAÇÃO ESPECIAL
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diretora do Feliz Idade, Vanessa Kogan Rosenbaum, homenageou as mães emocionada: “Parece que as cordas do coração são tangidas com mais carinho e amor nesse dia”. O programa teve início com a apresentação de Cláudia Levental, do Centro de Música da Hebraica, acompanhada ao teclado pela professora Sheila Carvalho. Um show de dança foi a atração seguinte. A professora Luciana Neves mostrou como os grupos de Sapateado do Creci, da Casa de Cultura do Butantã e Arcas e Baús desenvolvem sua técnica. Palestra da Conib Em palestra dirigida à Feliz Idade, Karen
Didio Sassoon contou que a Confederação Israelita do Brasil, a Conib, foi fundada em 1948 e é o órgão de representação e coordenação política da comunidade judaico-brasileira. Ela citou as quatorze federadas sob o guarda-chuva da entidade e suas diferenças, destacando o suporte em várias necessidades para manter a identidade judaica. “A Conib apoia o Estado de Israel, o movimento sionista e o diálogo pela paz no Oriente Médio, além de sua posição no combate ao antissemitismo e à intolerância, mantendo um canal de diálogo entre a comunidade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. ( T. P. T.)
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cultural + social > gourmet
NÃO EXISTE ALIMENTO BOM OU MAU PARA EDNA KAWAKAMI
Comer pouco, e bem… VIDA SAUDÁVEL E NOVOS SABORES CONVIVEM NA CULTURA LIGHT DA NUTRICIONISTA E CULINARISTA EDNA HIROKO KAWAKAMI, CONVIDADA DO ESPAÇO GOURMET PARA QUATRO AULAS SEMANAIS
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dna Hiroko Kawakami ministrou um curso de culinária light voltado para o resgate de ingredientes simples da cozinha brasileira, muitos deles perdidos no tempo ou desconhecidos. “Assim, valorizamos a nossa cultura”, diz a especialista, com seu jeito simples, porém dona de um vasto currículo que inclui pesquisa e desenvolvimento de receitas, trabalho com educação e/ou reeducação alimentar. “Não falo que é light, falo que a pessoa está resgatando uma vida saudável, conhecendo sabores novos e aprendendo qual é a sua necessidade”, explica para o grupo de alunas atentas no Espaço Gourmet. “De 1.200 a 1.500 calorias diárias são suficientes para quem tem uma vida normal, não precisa chegar a 2.000. O importante é adequar o que é
melhor para cada um e aí criar uma dieta e suas variações.” Tudo começou quando Edna desenvolvia receitas em uma cozinha experimental e os ouvintes pediam dietas para emagrecer. “Tanto na dieta como na reeducação alimentar, é importante conhecer as pessoas, saber quais as atividades diárias, quanto elas andam ou ficam sentadas, o que comem, como comem – rápido, em frente à TV – e o que gostam.” Sua característica oriental aflora quando ela diz que “se deve sentar, conversar, comer devagar, aí a comida tem outro sabor”. Uma frase que se ouve muito entre chefs é que não existe alimento bom ou mau, existe alimento para ser preparado. Edna também pensa assim e suas receitas demonstram, no decorrer das aulas, que a frase tem sentido.
Na primeira aula, o cardápio incluiu: no almoço, frango com curry (250 kcal/ porção), mix de folhas verdes com ervas e azeite, meia concha de feijão e uma sobremesa de ricota com geleia de frutas vermelhas com apenas cem kcal/porção; no jantar, legumes ao forno ao balsâmico e mel (150 kcal/porção aproximadamente), minitorta com carne louca (155 kcal/porção), além da larga margem para incluir o café-da-manhã e dois lanches, das 10 horas e 16 horas. “Ou seja, ninguém precisa sofrer”, conclui. Quanto ao sabor, os elogios foram unânimes e deram margem a comentários entre os frequentadores do Gourmet de que é possível comer bem todos os dias. Dicas da culinarista: diminuir a porção do prato, fazer mousse com chocolate amargo, incluir sempre verdura, frango, carne ou peixe e macarrão oriental (opção para quem gosta de massas). Edna frisa que é importante experimentar sabores diferentes com produtos comuns, o que está disponível na feira ou no supermercado, para que a cozinha seja prática e variada. (T. P. T.)
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cultural + social > galeria de arte
PACIORNIK (E) RECEBEU OS ELOGIOS DA VICE-PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL MÔNICA HUTZLER, DO PRESIDENTE AVI GELBERG E DO DIRETOR OLÍVIO GUEDES
E da foto fez-se tela... ATÉ O DIA 16 DE JUNHO, PRESTE ATENÇÃO AOS IMENSOS ROSTOS NA GALERIA DE ARTE. ELES SÃO OBRA DE MARCELO PACIORNIK E REFLETEM O GOSTO DO ARTISTA PELA PINTURA E PELA FOTOGRAFIA
“A
propriação e Desfoque” é o nome da exposição e se origina no trabalho de história das artes visuais que Marcelo Paciornik apresentou na conclusão do segundo curso de pós-graduação em história da arte na Faap, da professora Nancy Câmara Betts. A primeira pós-graduação foi em fotografia. Marcelo começou a pintar aos 12 anos, em Curitiba, onde nasceu, e trabalha na sua casa/ateliê cujas paredes estavam vazias no dia da entrevista “porque levei tudo para a Galeria do clube”. Restou apenas um quadro, a imagem de uma mulher que se destaca pela grandiosidade e tonalidades, uma mistura de tintas que o artista prepara com cuidado para levar à tela. As pince-
ladas são rápidas para uma cor não secar antes da seguinte e dar o efeito que ele deseja. O amplo espaço, onde o preto é rei, tem sala de estar, estúdios de fotografia e computação gráfica, ateliê de pintura, biblioteca, cozinha, tudo interligado ao universo do morador. Como surgem as telas? Paciornik: “Investigo mentalmente um tema, uma imagem que me provoca, ou pode aparecer do nada, um personagem que passa na rua, uma árvore, uma escultura... Em seguida, vem o desejo de fazer uma imagem, de criar algo, a vontade de possuir a imagem, dominá-la, imprimir minha estética nela”. Essas duas fases unem o gosto de Paciornik pela fotografia e pela pintura. “A
apropriação é feita pela fotografia, desfocada pelo pincel. A linguagem tanto é fotografia quanto pictórica. Todas as obras eu fotografo a imagem que vou usar. A foto é referência. Capto imagens – as pessoas nem sabem – filtro, edito a imagem. Começo a pensar na pesquisa do meu fotografado, imaginando o que vai acontecer. Aí, deixo ao acaso. Às vezes esse processo leva semanas. Jogo a figura dúbia, sem gênero, pessoa sem olhar e os critérios da escolha são muito do meu emocional.” E por que obras grandes? “Vários motivos: pela técnica, o espaço maior para pincelar. Só uso pincéis grandes, a obra atinge uma potência maior, algo como um totem, com monumentalidade. A pintura pode levar até doze horas seguidas, pois vou mesclando os tons e não é possível mexer na tela depois que a tinta seca. Tem de ser feita de uma vez, sem parar.” Paciornik elogiou a Galeria de Arte e a dedicação dos funcionários da Hebraica e explica a obra que abre a mostra, destacada por um jogo de luzes que enfatiza mais ainda a ideia. (T.P.T.)
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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br Foto: Lilian Knobel
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coluna comunidade
Uma festa para o Estado de Israel
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nfitrião do evento comemorativo do Dia de Independência do Estado de Israel, o cônsul-geral de Israel em São Paulo Yoel Barnea recebeu autoridades religiosas, consulares e dirigentes de entidades judaicas. Após a execução do hino nacional brasileiro pela Orquestra de Violões do Lar das Crianças da Congregação Israelita Paulista (CIP), a mestre-de-cerimônias Anarosa Rojtenberg convidou a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, para sua saudação, representando o governador Geraldo Alckmin. Suas palavras iniciais foram de elogios ao casal Lúcia e Yoel Barnea, “parceiros desde a primeira hora, entusiastas em colaborar com nosso trabalho... um exemplo do esforço do Estado de Israel em fazer o mundo cada vez melhor”. Enquanto era servido o almoço, os jovens tocaram uma série de músi-
Einstein em ação
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Pela sexta vez, o Hospital Israelita Albert Einstein recebeu a acreditação da entidade internacional Joint Commission, que certifica hospitais por padrões de qualidade. O Einstein recebeu nota máxima em qualidade e segurança do paciente, educação dos pacientes e famílias, educação do profissional médico e programa de pesquisa envolvendo seres humanos. O Einstein Unidade Perdizes ofereceu o “Vida Saudável – Envelhecer com Saúde”, encontro com pacientes e moradores da vizinhança para oferecer dicas de como manter a saúde em dia. Foram sete palestras de diferentes temas, ministradas por médicos e profissionais da saúde abordando cuidados preventivos para essa faixa etária.
cas brasileiras em israelenses preparadas pelo maestro Cláudio Weizmann, homenageado com um diploma do plantio de dezoito árvores no Bosque Brasil do KKL. Ao agradecer a presença dos convidados, cônsul Barnea falou da amizade que une Brasil e Israel, dos laços crescentes através do comércio e da cultura entre os dois países. Destacou que Israel passou a barreira dos oito milhões de habitantes, mais de 20% de minorias e a solidariedade no socorro a países em situações de risco, citando a ida imediata de 290 profissionais ao Nepal, para socorro às vítimas do terremoto. “Aos Estados do Oriente Médio, propomos que falem conosco a linguagem da paz. O diálogo e concessões mútuas levarão à paz, ao crescimento da região, ao trabalho em conjunto”, finalizou. Para encerrar a tarde, os jovens músicos tocaram o Hatikvá, o hino de Israel.
Frutos da parceria CBM e KKL A Confederação Brasileira Macabi (CBM) e o Keren Kayemet LeIsrael (KKL) promoveram o I Encontro Macabeu Infantil Sami Sztokfisz, reunindo mais de quinhentos atletas do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Buenos Aires. A união da equipe de ex-atletas macabeus e profissionais da CBM, com o presidente do evento Deyvid Arazi à frente, deu certo. Outro ponto positivo foi a homenagem ao patrono do certame, o macabeu Sami Sztokfisz, que assistiu aos jogos acompanhado do neto, e, ao final, plantou uma árvore junto com o diretor do KKL Brasil, Marcelo Schapo.
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COLUNA 1
Prefeitura de Campos do Jordão, Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari, Museu Felícia Leirner e o Escritório Júlio Moraes Conservação e Restauro restauraram a obra “Centenário”, doada pela escultora Felícia Leirner em 1974. Maria Luíza Tucci Carneiro falou para os alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro/ Unidade Morumbi, sobre o tema “A Imigração JudaicoAlemã para o Brasil: de Apátridas a Cidadãos Brasileiros”, como parte de um ciclo de quatro palestras.
Consultor em gestão de empresas e coach de executivos, Abraham Shapiro é o autor de 15 Atitudes Poderosas para Aumentar a sua Produtividade. Em forma de e-book, pode ser lido na tela do computador, tablet ou celular. Para imprimir, basta se cadastrar no Portal de Conteúdo.
Os vereadores Floriano Pesaro (hoje secretário estadual de Desenvolvimento Social), Andrea Matarazzo, Ricardo Nunes, José Américo e Nabil Bonduki, atual secretário de Cultura do Município, são os autores da Lei 888/2013, que isenta os teatros de pagamento do IPTU.
Coração sem Lágrimas é a história de Klara Pelcerman adaptada por Amália Pelcerman. O livro conta a passagem de Klara por diferentes campos de concentração e a chegada ao Brasil. “Trata-se de uma história de superação e exemplo para todas as pessoas, de qualquer idade, de que tudo é possível”, afirma a autora. À venda na Livraria Sefer.
∂ Linha Frango Pronto! e carne de cordeiro da Nova Zelândia, dois lançamentos levados por István Wessel à feira da Associação Paulista dos Supermercados, e a informação da abertura da nova fábrica em Araçariguama, região de Sorocaba.
Executiva da área de marketing, comunicação e vendas, Luciana Brajterman foi uma das homenageadas com o Prêmio Alta Gestão 2015. A premiação juntou personalidades participantes da obra Segredos do Sucesso da Teoria ao Topo: Histórias de Executivos da Alta Gestão, que reúne 105 trajetórias. Luciana é coautora do livro.
∂ Kebab & Falafel do Schapo – Paixões gastronômicas em variados ângulos (www. kebapfalafelschapo. wordpress.com) é um blog de delícias orientais, idiomas, gastronomia, costumes e outras coisas mais. O autor é Cláudio Schapochnik, homem do turismo e repórter da Panrotas que reuniu, por enquanto, mais de cem artigos de casas e comidas daqui e do exterior. Em palestra no Bait Centro Judaico, Marília Levi Freidenson falou de Carta de Chamada, livro editado pelo Núcleo de História Oral do Arquivo Histórico JudaicoBrasileiro. Com prefácio do rabino Michael Leipziger, Roberto Bedrikow lançou Le Livre du Non no Salão do Livro de Genebra, Suíça.
Em 29 de maio, o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, declarou publicamente ser contra a suspensão de Israel da agremiação, como resposta à campanha palestina para a exclusão do país da entidade esportiva. Blatter esteve com os presidentes das federações israelense e palestina, pedindo o diálogo entre eles. Por aqui, o secretário-geral da Conib, Eduardo Wurzman, e o presidente da Hebraica, Avi Gelberg, reuniram-se com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Marco del Nero. Ao lado do secretário-geral Walter Feldman, del Nero disse que o futebol promove a paz e não a discórdia e destacou que “o esporte não deve ser utilizado para fins políticos”.
Música para o Chaverim As voluntárias sociais do grupo Chaverim estão divulgando um programa de música nacional e internacional com o duo Siqueira Lima a ser realizada no Teatro Anne Frank, dia 25, às 20h30. Reconhecido e aplaudido por plateias de Madri, Dublin, Paris, Amsterdã, Nova York, Montevidéu, o duo traz um novo olhar ao virtuosismo e à técnica musical. Imperdível.
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Sinagoga da Hebraica recebeu convidados de Alexandre Antar e de Lucca Wasserstein, chamados para a primeira aliá à Torá, como jovens bar-mitzvá.
O esporte fora da política O colunista da Folha de S. Paulo Reinaldo Azevedo assina o prefácio de Caminhos Cruzados, livro editado pela Autografia. Na II Feira do Livro Judaico em Português, o autor Paulo Carneiro falou a respeito da vitoriosa saga dos judeus do Recife, tema da obra.
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Ao comemorar Iom Ierushalaim, o Centro Na’amat Recife preparou um Jantar Solidário. E convidou o paulista Bruno Zular para cantar músicas judaicas.
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cultural + social > comunidade+coluna1 Diálogo entre embaixador e cardeal O cardeal arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer recebeu o embaixador de Israel no Brasil Reda Mansour, acompanhado do cônsul de Israel em São Paulo Yoel Barnea e do rabino Michel Schlesinger, da CIP. Vários assuntos vieram à tona como a cooperação no combate ao fanatismo, ameaçador tanto para judeus como cristãos pelo mundo, e a inclusão de pontos turísticos judaicos no programa das peregrinações cristãs a Israel. A comemoração, em 2015, do cinquentenário da encíclica Nostra Aetate, relativa às relações da igreja com as religiões não cristãs, foi um ponto de destaque para futuras ações conjuntas.
Arte na Terceira Idade Quem foi ao Residencial Israelita Albert Einstein comprovou que a idade não é impedimento para qualquer atividade ao ver as mais de oitenta obras expostas na VII Mostra de Arte na Terceira Idade. Pinturas, fotografias e esculturas criadas por artistas da instituição surpreenderam o público nessa parceria com a Fisesp. Completaram a tarde as apresentações de danças dos jovens da Comunidade Shalom e do Coral do Residencial.
COLUNA 1
∂ Cirurgião plástico especialista em rinoplastia e sócio participativo da Hebraica, Marcelo Wulkan também escreve. Reconstrução Estética do Nariz em Crianças, livro pioneiro no tema, lançado durante o XVI Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica. Além da rotina normal, Wulkan coloca sua expertise na realização de cirurgias reconstrutivas (correções) gratuitas para crianças sem posses a partir dos 3 anos e meio. Milton Levy está no elenco do espetáculo De Artista e Louco Todo Mundo tem um Pouco, em cartaz no Teatro Bibi Ferreira. Muitas perguntas das chaverot Wizo acompanharam a palestra dos advogados Gilberto Greiber e Alan Skorkowski a respeito de condutas ilegais e abusivas por parte dos planos de saúde.
No Theatro Municipal, o maestro israelense Yoram David regeu a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Com solo de Nikita BorisoGlebsky, violinista do ano da Fundação Maya Plisetskaya e Rodion Shchedrin, dos EUA. Na Expocities 2020, Alberto Danon falou sobre os programas e ações da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social na erradicação da pobreza no Estado de São Paulo. Rubens Guelman registrou ruas e moradores do Harlem novaiorquino no seu Álbum de Viagem (http://fotografia. folha.uol.com.br/ galerias/34553-lbumde-viagem-rubensguelman?mobile). Davi Tarandach sorridente aceitou o convite para valsar com a neta Gabriela, feliz nos seus 15 anos. Ester seguia os passos do par. Renata e Paulo Tarandach foram os anfitriões da animada festa em Três Pontas, Minas Gerais.
∂ Com abertura no Belas Artes e finalização no Teatro Folha, o Festival de Finos Filmes recebeu mais de seiscentas inscrições de curtas-metragens de quinze países. Entre os premiados, um curta da Mostra Holandesa, indicado ao Oscar na categoria animação. Idealização e curadoria dos jovens Quico Meirelles e Felipe Arrojo Poroger. O TCC de Raquel Gabel para a pós-graduação em administração de eventos pelo Senac teve como tema “MPB 50 Anos”. E terminou com cantos e histórias num show no Bar Brahma Centro, reunindo o maestro Adylson Godoy e sua banda com um grande “cantaokê” no final. Cláudio Lottenberg ocupa a cadeira número 60 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Líbero Badaró, médico e jornalista defensor da liberdade de imprensa e de expressão.
O workshop “Administração do Tempo, Produtividade Pessoal e Eficácia no Trabalho” foi apresentado por Boris R. Drizin, mestre e doutor em administração pela Fundação Getúlio Vargas, sócio e diretor-geral da Timing Desenvolvimento Empresarial. Tradicional evento de lançamento da Vicunha Têxtil, o Vipreview Inverno 16 teve palestras exclusivas do fundador da Diesel, Adriano Goldschmied, um dos maiores conhecedores de jeanswear no mundo. A Promenade Chandon foi inspirada na celebração da colheita de uvas na França e realizada na parisiense avenue Montaigne. David Marcovici trouxe o evento, há alguns anos, para o Brasil e a edição 2015 lotou o Shopping Cidade Jardim. Jeffrey Lesser, Heloísa Lupinacci, Celso Longo, Michel Gorski, Mônica Musatti Cytrynowicz e Roney Cytrynowicz lançaram 10 Walking Tours, guia editado pela Narrativa Um e lançado na Livraria Cultura/Conjunto Nacional.
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de São Paulo e Ordem dos Economistas do Brasil.
∂ Tounée Rosset é a artista que criou Cones em Equilíbrio, escultura exposta no Salão de Outono Brasil-França. Colunista de O Estado de S. Paulo, José Paulo Kupfer foi eleito “Jornalista Econômico do Ano”. Escolha do Conselho Regional de Economia
Heloísa Starling e Lília Schwarcz receberam elogios da crítica especializada no lançamento de Brasil: Uma Biografia. Editada pela Companhia das Letras, a obra de 792 páginas traz dados, fotos, personagens, curiosidades e anedotas desde antes da chegada de Cabral às praias de Porto Seguro até o início do século 21.
Saudação aérea Três aviões da El Al, um 747-400 e dois 737, decolaram do Aeroporto Ben-Gurion na formação triangular e voaram de Haifa em direção ao sul de Israel pelo litoral, voltando pelo leste para Jerusalém. Sobrevoaram a Knesset (Parlamento) e a Casa do Presidente. Foi uma saudação da companhia aérea nacional israelense, fundada em 1948, e seus pilotos ao Estado de Israel no 67º. aniversário de Independência.
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Avital toca para a Tucca
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israelense Avi Avital foi o primeiro bandolinista a receber indicação ao Grammy Award, o mais prestigiado prêmio da indústria musical, na categoria melhor solista internacional. Em sua vinda ao Brasil, Avital se apresentará na Sala São Paulo dia 10, às 21 horas, com a acordeonista Ksenija Sidorova e o percussionista Itamar Doari, em um concerto para beneficiar a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), presidida por Sidnei Epelman. Este é mais uma apresentação da série concertos internacionais do projeto “Música pela Cura”.
A Tucca, em seus dezesseis anos de atividade, assistiu a mais de 2.300 pacientes, atingindo taxas de cura de quase 80% e é através da música que a instituição encaminha o total da bilheteria para os melhores tratamentos a crianças e adolescentes carentes com câncer (http://www.tucca.org.br)
Shoá sob outro olhar
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exposição de fotos “Rastro 1”, de Roberto Frankenberg, fotógrafo holandês brasileiro radicado na França, surpreende o visitante. Um resgate da história familiar levou Frankenberg a várias viagens aos campos de concentração de Sobibor, Auschwitz-Birkenau, Majdanek e Treblinka, onde parte da sua família morreu, vítima das atrocidades nazistas. As lentes foram o meio para que ele captasse hoje as paisagens daquela época. São lagos onde cinzas e sangue se misturaram à água, são trilhos dos antigos trens levando para a morte, hoje cobertos por plantas nascidas ao acaso. “Olho para esses lugares e ouço o som das vozes deles, o silêncio da vegetação me leva a fotografar”, diz Frankenberg. A curadoria é de Roberta Sundfeld e Dodi Chanski, diretoras do Museu Judaico de São Paulo, parceiro do Museu da Imagem e do Som (MIS) nesta exposição. A mostra segue no local até 14 deste mês.
Água: Israel e Brasil
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hefe da Missão Econômica de Israel em São Paulo, Boaz Albaranes esteve na Hebraica para falar sobre “Como Israel Pode nos Ajudar contra a Crise Hídrica”. A noite foi organizada pelo Consulado de Israel em São Paulo, Conib e com apoio da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria (Cambici). Líder mundial em reciclagem de águas residuais, Israel tem mais de 65% do esgoto tratado e reutilizado para fins agrícolas. Segundo Boaz, “podemos aumentar a cooperação Brasil-Israel compartilhando nosso conhecimento na área, principalmente nessa época da grave crise no abastecimento de água pelo qual este país atravessa. É preciso reeducar a população e encontrar maneiras de superar os desafios”.
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cultural + social > comunidade
Rabino Michel Leipziger, citado na matéria do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro da edição de abril passado, é um dos voluntários dedicados à catalogação dos mais de dez mil livros em ídiche do acervo da instituição. Estão com o rabino a equipe de voluntários: o veterano Abrahão Gitelman, Syma Zimberg, Eva Ziskind, Abrahão e Felícia Spitzcovsky, mais Vasco Moscovici da Cruz.
Projeto Leitor no Peretz A diretora do fundamental I do Colégio I.L.Peretz, Lígia Fleury, implementou o “Projeto Leitor”, pausa semanal de todos os alunos para dedicação à leitura, que se estendeu, com o tempo, a um convite para a participação de pais e avós. Desde o ano passado, o Projeto cresceu com a doação de livros para uma escola na zona rural do Estado. Este ano, caixas na frente do Peretz dão a oportunidade aos que passam pelo local de escolher livros e compartilhar dessa ação, que se estenderá à vizinhança.
Conexão com Israel Fortalecer a ligação entre líderes voluntários, profissionais da comunidade e o Estado de Israel é o propósito do programa Hassefá Ba’Aretz, criado em 2008 pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e com resultados positivos em cada missão desenvolvida. A sétima edição está programada para 11 a 20 de outubro e a delegação visitará Londres antes de ir a Israel, com passagem pela Autoridade Palestina. Para este ano, a Fisesp instituiu duas vagas patrocinadas, dirigidas a jovens que atuam na vida comunitária e, para tanto, os candidatos têm até o dia 30 deste mês para entrega dos documentos necessários. Informações com o diretor institucional Alberto Milkewitz pelo e-mail: alberto@fisesp.org.br.
Israel na Laad A diretoria de cooperação em defesa internacional do Ministério da Defesa de Israel reuniu dezoito companhias israelenses no estande montado na LAAD Defence & Security 2015, realizada no Riocentro, Rio de Janeiro. Entre as inovações tecnológicas, Israel mostrou um miniterminal portátil da ImageSat para download ultrarrápido e em tempo real de satélites de observação da Terra; e o ônibus blindado da Merkavim, o mais protegido do mundo. Além da presença do embaixador de Israel no Brasil Reda Mansour na aber-
tura da mostra, lá estiveram os cônsules para assuntos econômicos Daniel Kolbar e Boaz Albaranes representando os escritórios do Rio de Janeiro e de São Paulo da Missão Econômica de Israel no Brasil.
Conib no Dia da Vitória
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vice-presidente Paulo Maltz representou a Conib na sessão solene da Academia de História Militar Terrestre do Brasil em comemoração aos setenta anos da vitória aliada na Europa. Durante a cerimônia realizada no Forte de Copacabana, Rio de Janeiro, Israel Baljberg lançou o livro Estrela de David no Cruzeiro do Sul, com a presença de Israel, Daniel e Armando Klabin, patrocinadores da obra. Então tenente de infantaria, o general de divisão Moysés Chahon foi homenageado com uma placa, por ser o militar brasileiro de origem judaica mais condecorado por bravura.
Pergunta e resposta
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pergunta “será que pilotos de guerra israelenses podem ajudar o Brasil a ganhar a Copa do Mundo” foi respondida por Danny Dankner, CEO da Applied Cognitive Engineering. A resposta veio de Israel em uma videoconferência no Microsoft Technology Center, em São Paulo, realizada pela Cambici, quando Dankner explicou que, além do gosto pelo perigo e da sede de vitória, pilotos de guerra e esportistas podem ser treinados para obter melhor desempenho usando a tecnologia de treinamento cerebral através de jogos de computador. foto Valmir Gomes dos Santos
Tarefa de uma equipe
Uma noite francesa
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o Teatro Bradesco, o público aplaudiu a cantora Anne Carrère por sua interpretação em Piaf! O Show. Celebrando cem anos do nascimento do mito da canção francesa Edith Piaf e beneficiando o Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar (Ciam), hoje com Milton Clerman na presidência e Anna Abuleac Schvartzman, como presidente honorária.
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Connections Rio na ARI
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Associação Religiosa Israelita (ARI), do Rio de Janeiro, foi a anfitriã da Connections Rio 2015, encontro mundial promovido pela World Union for Progressive Judaism e que reuniu mais de trezentos participantes vindos de vinte países. Rabinos, chazanim (cantores), profissionais, jovens e pessoas comprometidas com a causa judaica participaram de workshops, palestras, debates, serviços religiosos e troca de ideias entre comunidades judaicas reformistas e liberais. Entre os vários momentos especiais, no espírito de Tikun Olam (melhoria do mundo), um grupo engajou-se na pintura de casas na Favela de Vigário Geral, outro manteve contatos com o Afro Reggae.
A emoção foi maior na cerimônia de doação de uma Torá que pertenceu à ARI por décadas e entregue a uma jovem representante da nova comunidade de Xangai, como exemplo da continuidade judaica. A havdalá, no término do Shabat, levou todos em ritmo de confraternização para a areia de Copacabana.
Agradecimento do MJSP
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cônsul-geral da Alemanha em São Paulo Friedrich Däuble ofereceu um almoço em sua residência a membros da diretoria do Museu Judaico de São Paulo. Presentes o presidente Sérgio Simon, as diretoras Roberta A. Sundfeld, Dodi Chanski e Tania Tarandach e Eva Dombo, do setor de assuntos políticos e imprensa do consulado. Em seguida, o grupo se dirigiu ao prédio do Museu, onde foi colocada uma placa de reconhecimento ao governo alemão pela doação que permitiu o restauro do antigo Templo Beth-El, hoje parte do prédio em construção na rua Martinho Prado, previsto para ser inaugurado em meados de 2016.
Um brinde no WTM Latin America
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ra Iom Haatzmaut e a presença do embaixador Reda Mansour no estande de Israel na WTM Latin America e LXIII Encontro Comercial Braztoa foi motivo para um lechaim em pleno Expo Center Norte. O brinde reuniu a equipe do Ministério de Turismo de Israel em São Paulo e representantes de operadoras israelenses presentes no encontro do meio turístico internacional. Dias depois, a titular do escritório paulista Suzan klensburg ofereceu “comes ao estilo israelense e bebes ao estilo brasileiro” no Espaço Gourmet da Hebraica para as despedidas, uma vez que retornou para novas funções no Ministério em Israel.
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Knesset ecológica Em janeiro de 2014 foi lançado o projeto “Knesset Verde”, estruturado por treze ações muito simples, que podem ser adotadas em casas particulares. São 4.580 metros quadrados de painéis solares colocados no prédio principal e nos adjacentes, além do uso de papel reciclado, desligamento automático de computadores e condicionadores-de-ar, entre outras. O Parlamento israelense tornou-se, assim, o “mais verde do mundo”.
Site com novo conceito “Por toda a vida vamos lembrar” é o conceito do novo site do Museu do Holocausto de Curitiba (www.museudoholocausto.org.br). Mais moderno e interativo, o foco é a vida do indivíduo, a transmissão de histórias pessoais e suas lições de resistência, respeito e tolerância. Dos setecentos visitantes semanais, a maioria é de alunos de escolas públicas e particulares. Inaugurado em novembro de 2011 e subordinado à Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, o Museu é presidido por Miguel Krigsner.
Israel na Expo Milão A Expo Milão 2015 promove a inovação para um futuro sustentável. Visitantes que irão à cidade de Milão, na Itália, até outubro deste ano, verão o pavilhão Fields of Tomorrow (“Campos do Amanhã”), realização do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel com o patrocínio do Keren Kayemet LeIsrael – Fundo Nacional Judaico. Projetado pelo arquiteto David Knafo e realizado pela Avant Video Systems, o pavilhão foi construído com materiais 100% recicláveis, inspirado nos campos reais, apresenta um jardim vertical que, além de estético, traz a revolucionária tecnologia desenvolvida por Israel para poupar recursos de terra e água.
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cultural + social > comunidade
PERSONAGEM
A tradição vista através das lentes
Ecos de uma viagem Após a volta do grupo Israel Beshirá, Ignacy Wulkan assim retratou o tour programado por Ana Iosif: “Esta viagem nos marcou para sempre! Graças a Ana, conhecedora dos locais visitados, da história de cada pedra e, sobretudo, sionista fervorosa e emocionada, reconquistamos nossos sentimentos sionistas e nosso respeito à população israelense, sua teimosia e coragem, sua determinação em vencer cada obstáculo... Vivemos momentos emocionantes, tristes e alegres. Temos de passar essa vivência a nossos filhos e netos, amigos e familiares”.
A obra de Cipis em livro Artista plástico e ilustrador, autor de várias capas da revista Hebraica, Marcelo Cipis tem sua obra mostrada no volume 22 da coleção “Artistas” da USP desde os primeiros trabalhos até os mais recentes. O lançamento do livro reuniu os fãs do traço de Cipis na Galeria Emma Thomas.
A máquina fotográfica é a companheira de Michel Gordon em suas andanças por países conhecidos como Irã, Síria, Iraque, Marrocos, Kosovo, Egito, República Soviética e outros nem tanto como Uzbequistão, Quirguistão, Tadjiquistão. Ele acaba de voltar, após quatorze anos, de Teerã, onde fotografou a Sinagoga Abrishami (foto). “Ela continua lá, majestosa e frequentada, principalmente no Shabat. Hoje vivem no Irã perto de quinze mil judeus, a maior comunidade judaica do Oriente Médio, além de Israel.” Gordon vibra ao falar de cada lugar, fatos e pessoas encontradas nesse percurso que, talvez, tenha raízes no bisavô, David Israel, vindo de Alcacer Kibir, no Marrocos, por volta de 1930, na época do Ciclo da Borracha. Foi para Rondônia e está enterrado em Guajará-Mirim. “Fui lá, fotografei o túmulo e o que resta da vida judaica.” Ele fala do avô paterno da Lituânia e a avó nascida em Sfad, na época do Império Otomano, e a avó materna nascida no Marrocos, personagens presentes na sua trajetória de querer conhecer mais e mais lugares. Em 2009, fez uma exposição no clube e lançou o livro Um Judeu no Islã. “Não sou um turista nunca, sou fascinado pela cultura do Islã”, o que já mostrou em cursos sobre o tema. Hoje, tem mais um montado em quatro módulos, um deles sobre “Judeus no Mundo Árabe”, antes e depois de Maomé, no aguardo da oportunidade de mostrar . Fotos suas estão na enciclopédia Jews in Islamic World, de Norman Stillman, que o convidou para o lançamento em Jerusalém, há cinco anos. Físico com mestrado em oceanografia física, o autodidata na história dos judeus árabes tem uma paixão, além da mulher e da filha: “Não posso perder esse elo. Sou judeu, herdeiro de todas essas tradições.”
AGENDA 13/6 – Às 19h30, Teatro Anne Frank, Hebraica, apresentação do documentário Fantasmas do Terceiro Reich, seguida de debate com a diretora do filme Cláudia Sobral e um dos protagonistas, Bernd Wollschlaeger. Realização Grupo Contra-Ponto 11 a 14/6 – Edição especial da PARTE Feira de Arte Contemporânea. Doze galerias da Capital, Brasília e Vitória. No terceiro andar do Shopping Cidade Jardim Até 21/6 – Exposição “Jerusalém Arte e Mistério” da fotógrafa Viviana Tagar, mostrando um lado desconhecido da cidade. Patrocínio institucional: Vanguardian, Consulado Geral de Israel
em São Paulo e Sociedade Brasileira dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém Até 23/6 – Exposição inédita Marc Chagall, “Fábulas de La Fontaine”. Curadoria de Erick Sacramento. Livros e áudios disponíveis na mostra. Centro Cultural Correios de São Paulo 1 a 5/7 – Águas de Lindoia, cinco dias, quatro noites, Hotel Majestic com pensão completa, ônibus de luxo, passeios de lazer e compras, Kabalat Shabat, com a B’nai B’rith São Paulo. Informações, com Henrique, Roberta ou Cristiane, fone 3082-5844 ou e-mail secretariasp@bnai-brith.org.br
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1. Guilherme Eisencraft convidou a avó Zilda Pasmanik para assistir Piaff, em evento do Ciam; 2. Grupo Barak fez sorteio e Esther Dzialowski Amarante foi a felizarda. Com Iza Mansur, Clarisse Fajer e Olga Aizemberg, na Wizo; 3. 4. 5. 6 e 7. Em noite de congraçamento, a Hebraica recebeu dirigentes de clubes da Acesc para uma reunião de trabalho, seguida de jantar no Espaço Adolpho Bloch; 8.9 e 10. Sucesso total no 4o. Mercado Gourmet; Mais de 2.200 pessoas passaram pela quadra de esportes; Organização desde a escolha do que comer
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1. Allan Berkiensztat, Karen Didio Sasson e Marcelo Schapo ouviram Boaz Albaranes falar sobre a água em Israel; 2 e 3. No Bradesco Bourbon, Milton Clerman, presidente do Ciam, com Carina Eretzky Muriel e Anne Carrère (Piaff); aplaudida por Cláudia e Renato Ochman; 4 e 5. Cônsul Yoel Barnea e equipe na comemoração do Iom Haatzmaut no Buffet França; a presença de diretores da Hebraica; 6 e 7. Avi Gelberg e Gaby Milevsky com Raul Meyer; William Ury, mentor do Caminho de Abraão, e Alexandre Chade, no lançamento de mais uma corrida Caminho da Paz; 8. A obra “Centenário”, de Felícia Leirner, restaurada, volta ao museu da artista em Campos do Jordão
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1. Felipe Poroger recebeu amigos e aplausos na abertura do
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Festival de Finos Filmes; 2. Em Dachau, a chanceler alemã Angela Merkel cumprimenta o sobrevivente George Legman; 3. Pedro Castro, de Lisboa, Renato Almeida, da Tal Aviation Group, Priscila da El Al, embaixador Mansour e Suzan Kleinsburg, na Braztoa; 4. Na Mesquita Brasil, Fernando Lottenberg, Edgar Lagus, rabino Rubén Sternschein, Damares Moura (OAB/SP) e Abraham Goldenstein celebraram a liberdade religiosa; 5. Tarde com chef italiano no Buffet França: Terezinha Nigri Basiches e Ariela B. Ceconcello; 6 e 7. Delicias de bacalhau e tarde com mães e filhas no Espaço Gourmet; 8. Sigalit Koren em pleno Deserto da Judeia; 9. Sônia Goussinsky cantou no Hebraica Meio-Dia; 10. Andrea Chamma, Lia Diskin e Vera Rosenthal no lançamento de A Revolução do Altruísmo, do monge budista Matthieu Ricard
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1. Grupo de voluntárias do Einstein encontra-ram Bernardo Paz, idealizador de Inhotim, na excursão da Shilton Viagens; 2. Carolina Cruzolini e Alexandre Gronowicz Fancio (coruja) com Bia; 3. Aí está o mais novo macabeu com vovô Sami Sztokfisz; 4. Jornalista César Giobbi se despede de Suzi Klensburg; 5 e 7. No Waldorf Astoria de Nova York, no jantar do ano para Bill Clinton e Fernando Henrique Cardoso: Carmo (Sodré) e Jovelino Mi-
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neiro, Irene e George Legman; Jorj Kalman e Amarílio Macedo; 6. Denise recebe o carinho de Avi, em evento no Espaço Gourmet; 8. Secretário Municipal de Cultura Nabil Bonduki conheceu e aplaudiu a obra do Museu Judaico de São Paulo; 9. Lag Baômer em Atibaia com Na’amat: Sandra Pesso, Myrian Mau Roth, Rosa Helena Roizen e Clara Mandelbaum
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juventude > lag baômer
A PRAÇA JERUSALÉM RECEBEU A TRADICIONAL FOGUEIRA DE LAG BAÔMER
De braços abertos A COMEMORAÇÃO DE LAG BAÔMER CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DO RABINO RUBEN STERNSCHEIN, DA CONGREGAÇÃO ISRAELITA PAULISTA, E BARRACAS PARA VENDA DE QUITUTES DA CULINÁRIA JUDAICA
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festa de Lag Baômer foi bem diferente do modelo ao qual os sócios estavam acostumados. A abertura coincidiu com a Havdalá, oração dita pelos judeus ao final do Shabat que foi recitada pelo rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista. Em seguida, todos os convidados se reuniram em volta da fogueira para dançar, animados pela banda e pelos jovens do Centro de Danças. Para repor as energias, bastava recorrer às duas barracas que serviam falafel e varenikes. Havia também pontos de vendas de brownies e pipoca. A movimentação na Praça Jerusalém durou até quase meia-noite e como presente de despedida, os participantes receberam um pote de humus, um dos produtos lançados pelo Restaurante Raj na linha de pastas árabes destinados à comercialização em supermercados. Segundo a vice-presidente de Juventude, Elisa Nigri Griner, todos os eventos promovidos pela sua área passarão pela mesma renovação. “Todos os departamentos estão unidos em torno desse objetivo e já sentimos a reação positiva dos jovens durante a balada Carpe Diem que foi um sucesso. Também queremos expandir as parcerias com entidades judaicas como foi o caso da CIP, representada pelo rabino Ruben”, concluiu.
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ENTREVISTA
Joalheria comunitária PARA ELISA NIGRI GRINER (FOTO ABAIXO), O TRABALHO COM A VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE EXIGE CUIDADO E DEDICAÇÃO SEMELHANTES À OURIVESARIA. SAIBA COMO ELA PRETENDE DESEMPENHAR ESTA TAREFA Hebraica – Fale um pouco sobre a sua experiência comunitária… Elisa Nigri Griner – Minha experiência comunitária vem de família. Meus avós, pais e irmãos foram e são grandes ativistas na comunidade do Rio de Janeiro. Quando cheguei a São Paulo, há oito anos, tornei-me voluntária do Fundo Comunitário e participei do grupo de mães do Colégio Bialik, hoje Alef. Como eu frequentava assiduamente a Hebraica com meus três filhos, fui convidada a candidatar-me ao Conselho Deliberativo, .Depois de eleita, o então candidato a presidente me propôs fazer parte da chapa Hebraica para Todos. O que a levou à escolha da vice-presidência de Juventude como tarefa na Diretoria? Elisa – O jovem é a nossa joia mais valiosa. Acredito que a juventude mereça uma atenção especial, porque os nossos jovens têm a missão de perpetuar e transmitir os valores comunitários para as próximas gerações. Qual era a imagem que tinha da área e o que mudou depois de assumir o trabalho como vice-presidente? Elisa – A vice-presidência de Juventude da Hebraica abrange desde o bebê até o jovem universitário e oferece atividades como Espaço Bebê, Brinquedo-
Elisa – A dinâmica da comunidade do Rio é diferente. Os cariocas não viajam nos fins de semana e frequentam os movimentos juvenis, porém não temos um clube como a Hebraica. Todo carioca sonha em ter um centro comunitário como a nossa Hebraica. Quando cheguei a São Paulo há oito anos e entrei no clube pela primeira vez, fiquei maravilhada. Vivo o clube diariamente com a minha família e agora tenho a oportunidade de contribuir para termos o clube com o qual sonhamos. Em sua opinião, qual foi o melhor momento nesses primeiros meses à frente da vice-presidência de Juventude? Elisa – Nesses primeiros três meses de gestão já tivemos muitos momentos maravilhosos e muitas conquistas. A festa de Purim no Centro Cívico com a participação de quatro mil sócios; a Balada Teen, que reuniu quatrocentos jovens da nossa comunidade e foi o primeiro passo para retomarmos o Clube Mil, as sabadeiras e domingueiras; estamos lançando um novo projeto de empreendedorismo já no mês de maio; tivemos a festa Carpe Diem para jovens universitários; teremos a viagem para o Club Med Rio das Pedras em junho e muitas outras atrações por vir.
teca, After School, danças, teatro, música, viagens, Jovens Sem Fronteiras, entre tantas outras. É uma vice-presidência cujos coordenadores se dedicam e se empenham muito nessa missão de fidelizar o jovem no clube. Hoje, estamos trazendo para dentro dos muros da Hebraica exatamente o que o jovem busca na comunidade maior: cursos de empreendedorismo, festas, shows, viagens exclusivas e assim criamos a oportunidade de se conhecerem e ampliarem os leques de amizade. Sente alguma diferença pelo fato de ter vivido a infância e a juventude no Rio de Janeiro?
Você é mãe de adolescente. Como gostaria de vinculá-lo às atividades da vice-presidência de Juventude e da Hebraica em geral? Elisa – Os meus garotos – Victor, Rodrigo e Leonardo – e os filhos dos meus amigos foram a minha maior motivação para assumir a vice-presidência de Juventude. Eles frequentam o Centro Juvenil Hebraikeinu e o meu filho mais velho participou da Balada Teen e adorou. Quero seguir organizando atividades e trazendo atrações que os mantenham cada vez mais dentro do clube, para que no futuro se tornem seres humanos comprometidos com a nossa comunidade e sejam futuros ativistas.
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juventude > roteiro
Agenda da Juventude Bat-Mitzvá
As alunas do curso de bat-mitzvá serão as protagonistas do Kabalat Shabat especial no dia 12 de junho. Trata-se de evento que integra as famílias das adolescentes à comunidade formada pelos frequentadores da Sinagoga. E, para as alunas, oportunidade de experimentar a sensação de estar diante de um público e recitar preces, como durante a cerimônia de maioridade religiosa.
Balada
Dia 13 de junho haverá mais uma Balada Hebraica no Espaço Adolpho Bloch, com um deejay de renome e atrações especiais para animar a noite dos jovens entre 14 e 17 anos. Ingressos na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889.
Viagem
Os alunos da turma 21 do curso de líderes Meidá embarcam dia 1º de julho para Israel, numa viagem que complementa o conteúdo teórico e prático dos dezoito meses de aulas semanais. A volta está prevista para o dia 22, quando os jovens estarão preparados para os estágios como monitores no Centro Juvenil Hebraikeinu.
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Show das lehakot
Lihiot (“Ser”) é o nome do show semestral do Centro de Danças, dias 20, às 21 horas, e 21 de junho, às 19 horas, apresentando o resultado do trabalho de cada grupo. Além das coreografias, os dançarinos se envolvem em todas as etapas da produção do espetáculo, desde a concepção do roteiro à coordenação de palco. Ingressos já à venda na Central de Atendimento.
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Rio / São Paulo
O Hebraica Adventure e o grupo Messibá, do Rio de Janeiro, organizaram um final de semana especial no Club Med do Rio de Janeiro dias 19, 20 e 21 de junho. Com esta realização, o Adventure retoma seu trabalho com o público de 18 a 35 anos, oferecendo alto padrão de hospedagem e programação.
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juventude > empreendedorismo
Hebraica Business Forum põe os pingos nos “iis” COM A CRIAÇÃO DO PROJETO HEBRAICA BUSINESS FORUM, A VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE ABORDA EM REUNIÕES MENSAIS E INFORMAIS OUTROS ASPECTOS DA VIDA ALÉM DO LAZER, CULTURA E ESPORTE
O
projeto Hebraica Business Forum (HBF) vai na contramão da maioria das iniciativas para a vice-presidência de Juventude. Concebido no formato de reuniões informais com temática voltada para o empreendedorismo, ele restringe o número de participantes a vinte e terá o advogado especializado Benny Spiewak, além de três empresários com histórico empreendedor. Na primeira semana de maio, o primeiro HBF reuniu Arthur Blaj, Lucas Lenci e Eduardo Rosenback, três sócios do clube que estão à frente de empresas com propostas inovadoras em suas áreas. A oportunidade de trocar idéias com eles atraiu sócios entre 18 e 40 anos, to-
dos em vias de abrir negócio próprio. Ouviram a história de como Arthur Blaj abriu a Livo Eyewere, empresa que comercializa óculos a partir de ferramentas da internet ou a forma como Eduardo Rosenback deixou um alto cargo na Disney Productions para assumir os riscos de uma agência de publicidade digital responsável por anúncios em pontos de ônibus. “Um dia, analisei o estilo de vida que meu chefe levava e concluí que não era a vida que eu queria para mim no futuro. Então tomei a decisão de empreender”, explicou. O fotógrafo Lucas Lenci descobriu que para manter uma galeria virtual é preciso aprender e lidar com aspectos
JOVENS EMPREENDEDORES FORAM CONVIDADOS PARA O HEBRAICA BUSINESS FORUM
do negócio como a contabilidade. “O fato de comercializarmos o trabalho artístico de outros profissionais via internet nos deixa em contato permanente com a arte, mas não evita que deixemos de lado todo o lado comercial da operação”, alertou ele. A conversa fluiu com descontração e os participantes questionaram livremente os convidados, elogiando a vice-presidência de Juventude pela iniciativa. “Nosso plano é organizar encontros como esse todas as primeiras segundas feiras do mês e incentivar o rodízio de participantes, pois é grande, atualmente, o interesse por um tema como o empreendedorismo”, planeja o mediador Benny Spiewak. O próximo Hebraica Business Forum será dia 11 de junho, às 20 horas, na Sala do Conselho. (M. B.)
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juventude > férias
Inscrições da colônia e machané NA CONTAGEM REGRESSIVA PARA AS FÉRIAS, O HEBRAIKEINU JÚNIOR FAZ UM
ACANTONAMENTO E COMEÇAM TAMBÉM AS INSCRIÇÕES PARA A COLÔNIA DE FÉRIAS E A MACHANÉ DO CENTRO JUVENIL
C
rianças de 4 a 6 anos participam nos dias 12 e 13 de junho do acantonamento do Hebraikeinu Jr, completando o calendário de eventos especiais do primeiro semestre no Centro Juvenil. A oportunidade de pernoitar no clube e realizar atividades como caçadas com lanterna e guerra de travesseiro, entre outras, é esperada com ansiedade pelos garotos, cujos irmãos ou primos mais velhos já aproveitaram os acantonamentos dos Hebraikeinus 1, 2, 3 e 4. Independentemente da programação normal do Centro de Juventude, as reuniões preparatórias para as colônias de férias e para a machané ganham intensidade. A colônia de férias do Hebraikeinu será de 13 a 24 de julho, enquanto a machané choref (“acampamento de inverno”, em hebraico) será realizada de 18 a 25 de julho, com facilidade de parcelamento para as famílias que anteciparem a reserva de vagas.
HORA DE BRINCAR E ENCONTRAR OS AMIGOS NA COLÔNIA DE FÉRIAS DO HEBRAIKEINU
A colônia de férias é uma das opções escolhidas por famílias com crianças dos 2 aos 3 anos em razão da parceria do Hebraikeinu com o Espaço Bebê. Para as crianças de 3 a 6 anos, estão previstos passeios externos e atividades que aproveitarão a infraestrutura da Hebraica. Para muitos chanichim (“orientandos”, em hebraico) do Hebraikeinu 1 esta será a primeira machané. E também uma ótima ocasião para crianças a partir dos 8 anos conhecerem o movimento. Serão oito dias no Sítio Ranieri, em Araçoiaba da Serra, com completa infraestrutura de esportes e lazer. “A procura por vagas na colônia de férias e na machané tem sido grande nos últimos anos e, por isso, recomendamos aos pais que se apressem para garantir a participação dos filhos”, orienta a vice-presidente de Juventude, Elisa Griner. Para mais informações, 3818-8867.
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1. No passeio ao Sítio Rio Selvagem, as alunas do curso de bat-mitzvá aproveitaram o contato com a natureza exuberante do local; 2. Em grupo, as alunas de bat-mitzvá trabalharam na montagem de um projeto para tornar o mundo melhor; 3. Mães e filhas se uniram durante o Kabalat Shabat no Sítio Rio Selvagem; 4. Dançarinos e monitores do Hebraikeinu saborearam o sorvete durante o Shabaton promovido pela Juventude; 5. Departamento de Danças festejou o Iom Ierushalaim (Dia de Jerusalém) com uma maratona especial
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1. A comemoração do Lag Baômer atraiu muitos jovens ligados a outras instituições; 2. O rabino Rubén Sternschein realizou a cerimônia de Havdalá; 3. O momento de apagar a vela simboliza o início de uma nova semana, segundo o calendário judaico; 4. A música e o clima de confraternização em volta da fogueira convidavam a esticar a permanência na Praça Jerusalém; 5. Elisa Griner, Rubén Sternschein, Avi Gelberg e Lorena Quiroga se divertiram no evento promovido pela vice-presidência de Juventude
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juventude > fotos e fatos
A Carpe Diem Party reuniu jovens de todas as tribos para ouvir o grupo Samba de Santa Clara, além das seleções de hits programadas pelos deejays Lud Marx, Enzo Wajntraub e Ivan Arcushin, do AZ Project
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Os participantes da Carpe
Diem
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elogiaram a qualidade do som e o esquema para distribuição de bebida e venda de quitutes para preservar a energia dos convidados. A diversão e a música seguiram noite adentro e os últimos jovens pararam de dançar já de madrugada
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es por tes
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esportes > polo aquático
EQUIPE SUB-13 DE POLO DA HEBRAICA DISPUTOU TORNEIO NO RIO DE JANEIRO
Nas piscinas do mundo todo ATLETAS DA SELEÇÃO BRASILEIRA ADULTA DE POLO AQUÁTICO
MASCULINO QUE TREINARAM NA PISCINA SEMIOLÍMPICA DA HEBRAICA VIAJAM EM JUNHO PARA A ITÁLIA, ONDE VÃO DISPUTAR A LIGA MUNDIAL DE POLO AQUÁTICO
É
comum no clube ouvir as instruções de um treinador de pé na beira da piscina e ver atletas acelerando as braçadas para arrancar a bola das mãos do jogador adversário. Em plena temporada de torneios estaduais e nacionais, além da agenda de jogos amistosos de polo aquático, a movimentação da torcida, jogadores e técnicos no parque aquático frequentemente chama a atenção do sócio. Mesmo com o entusiasmo que a modalidade desperta, os três dias de treino da seleção adulta de polo aquático na piscina semiolímpica do clube correram tranquilos. “Alternamos entre a academia do Esporte Clube Pinheiros, onde os
garotos fizeram exercícios de musculação, e a piscina da Hebraica, muito adequada para a etapa atual da preparação para os torneios internacionais que temos pela frente”, explicou um dos técnicos da seleção brasileira, Eduardo Abla. O grupo vai para a Itália este mês disputar as finais da Liga Mundial de Polo Aquático. Em seguida Toronto, no Canadá, para os Jogos Pan-Americanos e depois para a Rússia, onde se realizará o mundial da modalidade. “Nossos adversários são as melhores equipes do mundo e queremos ficar entre os primeiros colocados nos três torneios. Isso exige muito empenho. Nestes três dias em
São Paulo solicitei a piscina da Hebraica por causa das qualidades técnicas, entre elas as dimensões e temperatura da água e obtive muito mais, porque há pouca gente perto e podemos treinar tranquilamente, o que é ótimo”, elogiou o técnico. Enquanto a seleção adulta se exercitava na piscina semiolímpica, a equipe do sub-13 participava do Campeonato Brasileiro, no Rio de Janeiro. “Pegamos uma chave complicada que nos colocou frente à frente com times mais fortes, e isso atrapalhou nosso desempenho. Mas os garotos dificultaram a vitória do adversário e creio que o sétimo lugar é um resultado muito bom, se pensarmos que esse foi o primeiro torneio nacional deles”, avaliou o coordenador de polo aquático da Hebraica, Adriano Silva. “Creio que os jogadores que hoje integram o sub-13 vão nos dar muitas alegrias. Além de garra, eles têm o apoio dos pais, unidos na tarefa de ajudar no que puderem. Outra vitória é o fato de os sócios serem maioria entre os atletas do sub-13, isto é, estamos interessando essa garotada no esporte, o que é muito bom”, diz Adriano. (M. B.)
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esportes > judô
Para aprender a competir TRINTA E SEIS CLUBES ESPORTIVOS, ACADEMIAS E ESCOLAS
PARTICIPARAM DA DÉCIMA TERCEIRA EDIÇÃO DO
FESTIVAL DE JUDÔ, EVENTO EM QUE SE TRANSMITEM AS PRIMEIRAS NOÇÕES DA COMPETIÇÃO SAUDÁVEL
ALUNOS DO PRÉ-JUDÔ SE ENFRENTAM NOS TATAMES DA HEBRAICA
“P
arabéns a todos do Departamento de Judô da Hebraica pelo grande festival, em especial aos senseis Edison e Miriam Minakawa, que sempre transformam este evento em um grande sucesso elogiado pelos pais e atletas das minhas academias e escolas onde leciono.” Nas primeiras horas do dia seguinte, uma segunda-feira, essa declaração, assinada por Horácio Rodrigo Pissarra, da Academia de Judô Pissarra, estava no Facebook; outras semelhantes chegaram por diversos meios à equipe de judô. Durante o domingo todo, as arquibancadas do Centro Cívico permaneceram lotadas de famílias, grupos de atletas e fãs de judô, enquanto na quadra, profissionais e voluntários eram árbitros, mesários, assistentes e equipe médica. Ao serem chamados, os judocas obedeciam rigorosamente às instruções. Em todos os momentos, os atletas eram incentivados a interagir com as equipes participantes dentro da tradição da modalidade. Antes de deixarem a quadra, houve uma rápida cerimônia para entrega de medalhas, brindes e para ouvir as palavras de estímulo por parte da equipe de voluntários, judocas experientes, quase todos. A reputação do Festival de Judô da Hebraica é tal que a maioria das entidades dele participa há anos e quem inscreve mais atletas recebe um troféu. Este ano, ganhou o Clube Atlético do Tremembé. A maioria dos participantes era da Grande São Paulo, mas os judocas de Itapecerica da Serra e Guarujá também se saíram bem. A adesão cada vez maior de colégios como o Friburgo, Humboldt, Jean Piaget e Escola Beit Yacov revela o crescimento do judô entre as modalidades oferecidas como atividade extracurricular. E para realizar o Festival de Judô, Miriam e Edison Minakawa convocam familiares e amigos, as mães e pais de alunos nos diversos locais onde atuam. Assim, a venda de lanches e camisetas serviu também para captar recursos para seis judocas da equipe competitiva, treinarem algumas semanas em Israel, em junho, com os integrantes da seleção feminina israelense de judô. O próximo evento no calendário do Departamento de Judô da Hebraica é o Torneio Professor Hirosi Minakawa, no segundo semestre. ( M. B.)
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esportes > confederação brasileira macabi
Três dias entre macabeus ENCONTRO INFANTIL PROMOVIDO PELO MACABI BRASIL REUNIU SEISCENTOS GAROTOS E GAROTAS DE SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, PORTO ALEGRE E BUENOS AIRES NA SEDE DO NOSSO RECANTO, EM SAPUCAÍ-MIRIM (MG), NUMA PARCERIA COM O KEREN KAYEMET LEISRAEL (KKL)
O
movimento macabeu marcou mais um ponto depois da realização em maio último do I Encontro Infantil no Nosso Recanto, em Sapucaí-Mirim, no Estado de Minas Gerais, entre Monte Verde e Campos do Jordão.. Sob a coordenação do Macabi Brasil, as comunidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e de Buenos Aires reuniram sessenta crianças de 9 a 14 anos em um evento que, a exemplo da Macabíada Mundial – mesclou esporte e judaísmo. “Foi emocionante ver tantos garotos no Kabalat Shabat e depois procurando se conhecer melhor e trocando previsões para os jogos dos dois dias seguintes”, comentou Fábio Fischman do Macabi Brasil. Nos dias seguintes, os torneios para-
lelos de futebol para meninos e futsal e handebol para meninas ocuparam as quadras espalhadas pelo local e nos poucos intervalos, as equipes do Nosso Recanto organizaram atividades artísticas e culturais. “O pessoal se empenhou mesmo em levar o time à vitória. Conseguimos organizar tabelas para os torneios masculinos sub-11, sub-13 e sub-15, enquanto as garotas disputaram futsal defendendo seus estados ou as escolas onde estudam”, explicou Fischman. Os responsáveis pelo Macabi Brasil cuidaram dos mínimos detalhes, desde a existência de uma equipe médica de plantão permanente com equipamento de raio X no local. “Os pais que quisessem poderiam vir passar o dia e voltar para casa à noite, o que tranquilizou al-
gumas famílias dos meninos menores”, enfatizou Fábio. A presença do comentarista esportivo Benjamim Back, pai de um dos participantes, acrescentou qualidade ao evento. Ele orientou o Kabalat Shabat e acompanhou alguns dos eventos. “Foi emocionante ver tantos garotos juntos cantando o hino de Israel e se comportando como verdadeiros macabeus. Eu e meu filho adoramos cada minuto. Lamentei ter de voltar um dia antes em função do trabalho. Nota dez para a iniciativa”, elogiou Back. William Gottesmann, de 14 anos, expressou quase as mesmas opiniões do comentarista. “Valeu a pena ter ido. A comida era boa e teve até uma partida contra um time formado por pais”, afirmou. Para Cauê Novaes, de 13, haverá uma razão a mais para guardar boas lembranças do I Encontro Infantil. “Fomos campeões. Claro que gostaria de repetir o final de semana”, declarou, dias depois, ainda cantando vitória (M. B.).
ENCONTRO DO MACABI REUNIU GAROTOS ARGENTINOS E BRASILEIROS EM
MINAS GERAIS
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esportes > xadrez
BERNARDO SZTOKBANT, DE PÉ, À DIREITA, ENFRENTA ADVERSÁRIOS NA SIMULTÂNEA REALIZADA NA PRAÇA CARMEL
O primeiro título de Bernardo Sztokbant O DEPARTAMENTO DE XADREZ ORGANIZOU UMA SIMULTÂNEA NA PRAÇA CARMEL PARA DIVULGAR O TÍTULO DE MESTRE FIDE, OBTIDO PELO JOVEM BERNARDO SZTOKBANT, DE 22 ANOS
M
aio trouxe novidades para o Departamento de Xadrez. Bernardo Sztokbant, da equipe competitiva da modalidade, atingiu o rating exigido pela federação internacional para ser considerado mestre Fide, o primeiro dos três títulos que atestam o alto nível do enxadrista. “As primeiras aulas de xadrez do Bernardo foram na Hebraica e até a adolescência ele frequentava o departamento, disputando torneios interclubes, estaduais e nacionais. Há alguns anos retomou o estudo do xadrez a sério e, tal como o grande mestre André Diamant, ele se consagra como um bom jogador”, anunciou o diretor da modalidade, Henrique Salama, ao recepcionar os 27 participantes da simultânea promovida pelo Departamento de Xadrez na Praça Carmel. Bernardo percorreu o círculo formado pelos tabuleiros e esperava pelo movimento do oponente para só então mexer a peça. “Essa é uma regra da simultânea. O desafiante precisa esperar o desafiado, no caso o Bernardo, chegar até ele, para jogar. Bernardo jogou contra sócios de todas as faixas etárias e venceu a todos, mesmo aqueles que demoraram mais para aceitar a derrota”, comentou o diretor. (M. B.)
Mais visibilidade A nova sala do Departamento de Xadrez está agora no Centro Cívico, onde se concentram outras modalidades esportivas. Ali, num ambiente envidraçado, maior e, portanto, mais claro, são realizadas as aulas do grupo de crianças da Unibes e dos sócios que se inscrevem nos cursos ministrados pelos professores Davy D’Israel e André Salama.
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1. Escola Unidade Jardim, de Santo André, Esporte Talento e Hebraica movimentaram o Festival de Handebol; 2. Coordenador de vôlei, Marcelo Costa deu as boas-vindas às participantes do Festvôlei; 3. Festsal mobilizou a garotada; 4. No Festival de Ginástica Artística, uma chance das atletas iniciantes mostrarem sua evolução; 5. Academias e clubes com maior número de atletas inscritos no Festival de Judô receberam troféus
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1. Jogo entre equipes juvenil e adulta de handebol foi a atração especial do festival da modalidade; 2. Segunda edição do Vôlei Pais & Filhos foi um sucesso; 3. Os medalhistas Gabriel Mangabeira e Fernando Scherer (Xuxa) estiveram no parque aquático da Hebraica; 4. Jogo de basquete sub-13 colocou em quadra atletas da Hebraica e Clube Espéria; 5. Bernardo Sztokbant enfrentou o diretor de xadrez Henrique Salama na sua primeira simultânea como mestre Fide; 6. Xuxa fez uma palestra para os atletas das equipes de natação do Sesi e da Hebraica
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parceiros hebraica > continue acompanhando as novidades com nossos parceiros
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magazine > hist贸ria | por Ariel Finguerman, em Viena
O BOULEVARD RINGSTRASSE, HOJE
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A Ringstrasse judaica revisitada VIENA COMEMORA OS 150 ANOS DA RINGSTRASSE, O CHARMOSO BOULEVARD ONDE SE DESENROLOU A ASCENSÃO E A QUEDA DO SONHO DE ASSIMILAÇÃO DOS JUDEUS AUSTRÍACOS RECÉM-EMANCIPADOS
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oucos lugares do mundo trazem lembranças tão maravilhosas e, ao mesmo tempo, tão amargas quanto a Ringstrasse, em Viena. Por este elegante boulevard circular, de cinco quilómetros de extensão, passaram Sigmund Freud e seus discípulos, Theodor Herzl com o projeto sionista, Schoenberg e a criação do dodecafonismo, Stefan Zweig e sua literatura, além de outras dezenas de geniais criadores, judeus e não judeus, como o pintor Gustav Klimt, o maestro Gustav Mahler e o escritor Arthur Schnitzler. Por aqui também caminhou o criador do movimento nazista, enquanto era ainda um miserável pintor. Hoje, a Ringstrasse é um museu a céu aberto. Aqui se vê a estupenda residência do marido da imperatriz Sissi e protetor dos judeus, o imperador Franz Joseph. Mais adiante, o Burgtheater, onde Herzl tentou, antes de optar pela política, sem êxito a carreira de dramaturgo. Durante séculos, a linha circular deste boulevard marcou o centro de Viena, onde se erguia uma enorme muralha que por duas vezes, barrou o avanço dos muçulmanos sobre o que restava da Europa. No final do século 19, Franz Joseph mandou derrubar a muralha e, em seu lugar, construir o boulevard Ringstrasse. Este evento coincidiu com a chegada ao poder dos liberais que, finalmente, deram aos judeus igualdade de direitos. O primeiro edifício erguido foi uma igreja e, logo depois, uma sinagoga, cuja pedra fundamental foi trazida especialmente do Monte das Oliveiras, em Jerusalém. Um modelo desta sinagoga – pois da original nada sobrou após a destruição nazista – abre a exposição no Museu Judaico de Viena, comemorando os 150 anos da Ringstrasse – um acontecimento celebrado em toda a cidade. O Museu Judaico fica no centro velho de Viena, onde era o gueto judeu medieval. Desde o momento em que se dobra a esquina, um guarda armado já te observa. É uma lição aprendida com o ataque contra instituição similar na Bélgica, o ano passado. A exposição revela que comprar um palacete na nova Rin-
gstrasse era o símbolo de status que os recém-emancipados judeus milionários tanto aguardaram, passando a viver ao lado dos aristocratas católicos de Viena. Afinal, era a primeira vez, em oitocentos anos, que se permitia aos judeus comprar algum terreno na cidade. Aliás, a própria construção da Ringstrasse foi financiada pelo imposto pago pelos milionários que compraram palacetes no boulevard, e judeus ricos como os Ephrussi, Todesco e Wiener tiveram parte importante nisto. Com dois milhões de habitantes, dos quais 10% judeus, Viena se tornou uma das cidades mais populosas do mundo. Na Ringstrasse, judias sofisticadas, como Mathilde Lieben, casada com Adolf, o primeiro judeu a chefiar a Faculdade de Química da Universidade de Viena, organizavam salões literários onde se misturava a fina flor liberal da cidade. Quem vê de fora esses edifícios, belos até hoje, só pode imaginar o que havia lá dentro. Segundo Carl Schorske, em seu elegantíssimo livro Viena Fin-de-Siècle (Companhia das Letras), o típico palacete na Ringstrasse tinha um amplo apartamento no primeiro andar, ocupado pelo rico proprietário, mas os andares acima eram divididos e alugados. Comprar um edifício neste boulevard, na época o maior projeto urbano de toda a Europa, era investimento mais que seguro. >>
Quem sentar no atraente Café Pruckel notará um parque e uma estátua. Mais de perto, verá que a figura da estátua, homenageada em bronze e porte altivo, é o prefeito antissemita e fonte de inspiração de Hitler e que denomina este trecho da Ringstrasse, a Dr. Karl Lueger Platz
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magazine > história À ESQUERDA MEMORIAL ÀS VÍTIMAS DO NAZISMO NA
RINGSTRASSE ONDE EXISTIU HOTEL DE PROPRIEDADE JUDAICA;
À DIREITA, HOMENAGEM AO PREFEITO ANTISSEMITA
KARL LUEGER, NA RINGSTRASSE;
ABAIXO, MUSEU FREUD
Na casa de Freud, só um divã Uma caminhada de quinze minutos separa a Ringstrasse de outra rua célebre de Viena. a Berggasse, onde aconteceram duas das grandes revoluções dos últimos 120 anos na humanidade: a psicanálise e o sionismo. A duzentos metros de distância um do outro, viveram Sigmund Freud e Theodor Herzl. Não há registro de algum encontro entre os dois, embora Freud tenha anotado e decifrou um sonho que teve com o pai do sionismo. Pouco depois de publicar seu primeiro livro, A Interpretação dos Sonhos, Freud mandou um exemplar a Herzl, cuja dedicatória agradecia a sua entrega em prol do povo judeu. Não há registro de que Herzl tenha respondido, porque morreu pouco depois, em 1904, aparentemente sem nem ter notado o surgimento da psicanálise. Anos mais
tarde, o filho de Theodor, Hans, deitou no divã de Freud. No número 6 da Berggasse, Herzl escreveu O Estado Judeu, mudando para sempre o destino do povo judeu. Na mesma época, era o editor das páginas literárias de um dos mais famosos jornais europeus, o Neue Freie Presse. Hoje, a prefeitura de Viena não se dá ao trabalho de afixar uma placa no edifício onde Herzl viveu. O que chama a atenção é somente o luminoso da pizzaria, no andar de baixo. Mas o número 19 da Berggasse é famoso, porque lá Freud morou e atendeu a pacientes célebres. É um museu sempre cheio de visitantes, de todas as idades, perguntando pelo seu divã. O pai da psicanálise morava no primeiro andar cujo acesso por uma escada sinuosa lembra um episódio dramático descrito por seu discípulo e biógrafo, Ernst Jones. Quando os soldados
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>> O antissemitismo dá as caras No entanto, todo este encantamento durou pouco porque em 1895 os vienenses barrados no regabofe liberal elegeram o antissemita confesso Karl Lueger para prefeito da cidade. O imperador Franz Joseph ainda tentou impedir sua posse, e Freud, num gesto famoso, acendeu um charuto para comemorar a decisão imperial, mas cedeu à pressão popular, Lueger foi empossado e durante uma década espalhou o terror entre os judeus com tanta eficácia que Hitler o menciona várias vezes nos seus textos a respeito do emprego do antissemitismo na política. A mostra do Museu Judaico exibe os terríveis cartuns antissemitas que começaram a ser publicados em jornais de Viena, mostrando o “ressentimento e inveja” em relação ao sucesso dos judeus do boulevard, como diz o letreiro. As caricaturas trazem pessoas de traços grosseiros, supostamente judaicos, sendo empurradas na Ringstrasse. Em destaque, na parede do museu, uma citação mórbida do escritor judeu-vienense Arthur Schnitzler, escrita na época: “Se alguém jogar teu chapéu no chão na Ringstrasse só porque você tem um nariz judeu, você se sentirá atingido como um judeu, podes crer nisto”. Em março de 1938, os nazistas marcharam sobre Viena, e Hitler, que havia sido desprezado na Ringstrasse como um pintor sem talento, fez um comício no boulevard. Os grandes palacetes judeus foram arianizados, isto é, saqueados. Alguns donos conseguiram passar a propriedade para o nome de familiares não judeus, mas a maioria foi expulsa ou assassinada durante a guerra. O Museu Judaico exibe o passaporte brasileiro obtido pelo proprietário Wolfgang Gutmann, um judeu vienense em lua-de-mel no Brasil naquela época, e que permaneceu como refugiado no país. Depois da guerra, a família Gutmann conseguiu reaver o palacete na Ringstrasse.
No final de 1938, a sinagoga da Ringstrasse e as demais da cidade foram destruídas na Noite dos Cristais. Por isso, atualmente Viena não tem nenhuma sinagoga histórica, um silêncio ensurdecedor num lugar de oitocentos anos de presença judaica. Também o Hotel Metrópole, propriedade da família Klein, desapareceu do boulevard. Primeiro, o hotel foi transformado no quartel-general da Gestapo, um palacete de horrores destruído na guerra. Em seu lugar, existe hoje um memorial às vítimas do nazismo. Do passado, resta apenas uma xícara de cafezinho do hotel, exposto no Museu Judaico. A Áustria nunca fez um mea culpa a respeito da sua participação no nazismo, como fizeram os alemães. Nos mais diferentes folhetos e explicações distribuídos a quem chega para visitar Viena, o período do Anchluss é chamado de “ocupação nazista”. Nessa linha, quem sentar no atraente Café Pruckel, um dos muitos charmosos da cidade, notará um parque e uma estátua. Mais de perto, verá que a figura da estátua, homenageada em bronze e porte altivo é o tal prefeito antissemita e fonte de inspiração de Hitler e que denomina este trecho da Ringstrasse, a Dr. Karl Lueger Platz.
nazistas bateram à porta para aterrorizar a família Freud, o já octogenário Sigmund abriu e, com os olhos penetrantes de “profeta do Velho Testamento”, como descreve Jones, os fez recuar escada abaixo. O que mais impressiona neste museu é o vazio. Não restou nenhum móvel da família, nem mesmo as centenas de livros, quadros e peças arqueológicas que Freud colecionava e das quais se tem notícia porque aparecem nas fotos que decoram o museu. Parte destes objetos Freud levou para o exílio na Inglaterra e o restante os nazistas saquearam. Por ironia e provocação, o apartamento foi transformado em prisão provisória de judeus vienenses a caminho dos campos nazistas. Sobraram quartos vazios – um memorial apropriado para a cidade que viu desabrochar e ser ceifado o sonho do judaísmo liberal europeu. SALAS VAZIAS DO CONSULTÓRIO DE FREUD
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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Bait sheli, chaim sheli
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Amor à vida
12 notícias de Israel
Drama familiar, estilo israelense: Yonathan Zukerman, jovem, médico e religioso foi informado de que tinha um câncer intestinal agressivo. Apesar disso, quis ter um filho. Durante a gravidez da mulher, a doença se espalhou. Para Yonathan conhecer o filho, na 38ª semana uma cesariana antecipou o nascimento da criança. Ele foi ao brit-milá numa cadeira de rodas, acompanhado de médico e duas enfermeiras, e fez a brachá da cerimônia. Na semana seguinte, morreu. O filho ao seu lado.
Sobrevivência dos sobreviventes
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No último Iom Hashoá o governo fez uma pesquisa com sobreviventes do Holocausto vivendo em Israel. São 189.000, têm em média 83 anos e morrem a razão de quarenta por dia, ou 1.200 a cada mês. Cerca de 25% deles vivem na pobreza e pelos padrões israelenses é considerado pobre quem ganha menos que U$ 770,00 por mês. Por falta de dinheiro, um em cada três deixou de ligar a calefação no inverno passado, e a mesma proporção declarou viver sozinho. Segundo a pesquisa, cerca de metade dos israelenses teme a repetição de um Holocausto contra o povo judeu.
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Se perguntar para o israelense onde dói mais no bolso, quase certo responderá a compra da casa própria. Nos últimos seis anos, os preços das residências aumentaram 87%. Isto faz do Estado judeu o terceiro país no mundo onde a casa própria mais encareceu. E quem “lidera” esta lista infeliz? Ele mesmo, o Brasil, com um aumento de 200% nos preços deste bem. Os dados são da revista britânica The Economist. Aqui em Israel, além do tamanho do país, que impede uma explosão de construções, também contribui os juros baixos e atraentes ao consumo, de 0,1% ao ano, e devem zerar em breve.
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Orgulho azul e branco Até há pouco tempo, dessalinizar água do mar para consumo era considerado caro e impraticável. Mas na Califórnia, que enfrenta anos de seca, isso mudou e em novembro será inaugurada a maior usina do tipo no Ocidente, na cidade de Carlsbad, ao custo de um bilhão de dólares, e abastecerá San Diego. Texas e Flórida serão os próximos estados a inaugurar usinas. Segundo o The New York Times, a inspiração vem de Israel onde “em pouco mais de uma década, se moveu de uma perpétua crise de água para um ponto onde, em breve, metade de seu abastecimento virá do mar. Engenheiros israelenses se tornaram disputados em várias cidades americanas, e estão envolvidos na usina de Carlsbad”.
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Solta o som As estações de trem de Tel Aviv ficarão ainda mais parecidas com as similares do resto do mundo porque foi liberada a apresentação de músicos e bandas, principalmente iniciantes e desconhecidos. Mas sem bagunça: a administração constituiu uma comissão julgadora formada por um músico, um produtor e representantes da ferroviária selecionaram os candidatos durante dois dias. Eles tocarão somente nos horários de rush, de manhã e à tarde, e receberão por isso. É assim em Nova York, onde o metrô paga 350 artistas.
Violência louca Da crônica policial israelense: enquanto as forças de segurança se concentram nas fronteiras do país, as máfias locais que dominam o crime organizado se esbaldam e, claro, também se matam entre si. Num sábado, um pistoleiro numa moto atirou contra um mafioso conhecido da polícia, quando este saía de um shopping em Eilat, e acertou três crianças. No dia seguinte, um carro-bomba explodiu em Givataim, ferindo o criminoso Itzik Cohen e três inocentes. No mesmo dia, o mafioso que escapou àquele ataque em Eilat, já estava no outro extremo do país, em Naharia, atirando contra a casa do chefão Mikhael Mor, que havia enviado o motoqueiro para eliminá-lo. Errou o alvo e foi preso.
Êta nóis... Israel é o terceiro país com a cesta básica mais cara da Europa, segundo pesquisa do respeitado instituto Nielsen. Apenas na Suíça e Noruega se deixa mais dinheiro no caixa do supermercado do que no Estado judeu. A pesquisa, feita com trinta mil consumidores, revelou que os preços nos mercados sabras estão 22% mais caros que a média europeia. Enquanto isto, o salário do israelense é o 13o comparado aos dos países europeus (são da Suíça e da Noruega os dois primeiros melhores salários do continente). Isto é, por aqui a turma não ganha muito, mas desembolsa bastante.
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Sounds of Silence Se tudo der certo, Art Garfunkel se apresentará dia 10 deste mês num estádio de Tel Aviv. Será o segundo show dele, em Israel, 32 anos depois de tocar com o então parceiro Paul Simon, em Ramat Gan. Desta vez, no entanto, a visita tem o sabor de uma volta às origens, como disse à imprensa local: “Como um judeu que têm raízes entrelaçadas dentro do povo judeu, estou emocionado e feliz em voltar a Israel. Aliás, foi devido ao judaísmo que aprendi e quis cantar. Quando tinha 8 anos, no serviço de Shabat o rabino da sinagoga que eu frequentava, pedia para cantar em frente à comunidade. Notei que pessoas choravam e diziam que Deus havia me dado um presente. Aí percebi que tinha uma voz que produzia algo nas pessoas”.
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Acredite se quiser O israelense é um dos povos mais felizes do mundo, segundo pesquisa anual do instituto SDSN, patrocinada pelas Nações Unidas. O Estado judeu ficou em 11º lugar entre 158 países do mundo. Os suíços foram considerados os mais felizes do planeta, seguidos dos islandeses, dinamarqueses, noruegueses e canadenses. Os brasileiros ficaram no 16º lugar e os norte-americanos, no 15º. O instituto considera fatores como expectativa de vida, previdência social, liberdade e renda per capita. Nos últimos lugares, países africanos e a Síria. Os palestinos estão no 108º lugar. >>
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Erev chag É assim que se chama, em Israel, o entardecer anterior a um feriado no país. Como, no judaísmo, o dia começa oficialmente no pôr-do-sol da véspera, todo feriado neste país é antecedido por um erev chag. Agora, no horário de verão, o erev chag começaria às 19h30, quando escurece, mas a cultura israelense estabeleceu que o início é, de fato, ao meio-dia da véspera. As escolas dispensam os alunos, o comércio começa a fechar e o transporte público para. Conversei com israelenses a respeito. Ninguém parece se importar de parar de trabalhar ao meio-dia na véspera do feriado. Nem que os filhos sejam dispensados da escola. A desculpa social para este fenômeno: é preciso sair mais cedo do trabalho para cozinhar, pois, afinal, realmente quase todo feriado judaico é ligado a uma refeição. Estou convencido de que a maior parte da humanidade não gosta do trabalho que faz e, portanto, se puder sair mais cedo, é felicidade pura. Mesmo que o preço seja ter os filhos em casa e os tablets estão aí para isso. E, sinceramente, não sei como a economia daqui consegue absorver o fenômeno do erev chag. Em abril, o feriado de Pessach começou no dia anterior, ao meio-dia. Uma semana mais tarde, também houve erev chag ao meio-dia no feriado que fecha o Pessach. Dez dias depois, em Iom Haatzmaut, novamente o erev chag, porque ninguém é de ferro. Contem mais dez dias, e eis Lag Baômer, também com seu erev chag. Mais duas semanas, o feriado de Shavuot, e tome o erev chag. Um fenômeno judeu-israelense.
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Black power Chata esta situação vivida no mês passado, com uma explosão de violência dos israelenses negros de origem etíope contra a polícia. Como se não bastassem as ameaças dos árabes ao nosso redor. A inspiração para o protesto parece ter vindo dos EUA, modelo sempre copiado pelo mundo, em tudo, de música e comida a roupa e violência. O estopim foi um vídeo de policiais israelenses espancando um soldado negro do Tzahal, lembrando cenas similares nas cidades norte-americanas. Na narrativa israelense, judeus negros no país é motivo de orgulho. Que outro país na história recente abrigou africanos? Em Israel, são 130.000 ou 2% da população. Em entrevista publicada há alguns anos na Hebraica, entrevistei o representante deles na Knesset, que me contou ouvir frequentemente comentários racistas (“na África você tinha um carro desses?”, perguntaram-lhe enquanto aguardava o semáforo abrir. Na minha pós-graduação na Universidade de Tel Aviv, não havia colegas negros no campus. Mas em uma cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa na mesma universidade, com muitos estrangeiros presentes, a diretoria pescou uma garota negra para entregar o prêmio. Coisa feia. No mundo ocidental, incluindo Israel e Brasil, o racismo contra o negro é extremamente violento. É um assunto complexo, que envolve herança cultural, educação familiar, medo do diferente, e por aí vai. Um dos melhores livros que li a respeito do assunto é a autobiografia de Malcolm X, o líder afro-americano, e com interessantes comparações entre os negros e os judeus.
Sonho de trabalho Todos gostam de emprego estável, de preferência numa gorda estatal ou em uma multinacional norte-americana que paga salários bem acima do mercado ou de ser funcionário de um banco que só vai falir no dia em que o país apagar as luzes? A mais recente pesquisa a respeito dos locais preferidos do israelense para trabalhar revela: empregado-pensa-como-empregado em qualquer lugar do mundo. O primeiro lugar dos empregos dos sonhos do israelense é a Chevrat Chashmal, a empresa estatal de eletricidade, que tem monopólio do mercado – e danese que os altos salários garantidos pelo sindicato poderoso sejam pagos pelo contribuinte. Em seguida, são os empregos nas filiais dos norte-americanos Google e Intel. Em quarto lugar, um empreguinho no Bank Leumi, que junto com o Bank Hapoalim, dominam 60% do sistema bancário.
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magazine > literatura | por Giulia Miller
TEL AVIV JÁ ENTROU PARAA
LISTA DAS CIDADES-CENÁRIOS DE TRAMAS NOIR
A Tel Aviv que as pessoas preferem não ver TEL AVI ACABA DE GANHAR UM RETRATO NA SÉRIE “NOIR”, DA EDITORA AMERICANA AKASHIC, CUJO
OBJETIVO É MOSTRAR O LADO MENOS SOLAR DAS GRANDES CIDADES DO MUNDO. NA LISTA, AGUARDAM LANÇAMENTO SÃO PAULO NOIR E JERUSALÉM NOIR
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osso gosto por sangue e intriga é tão antigo quanto o próprio ser humano, mas ainda assim é preciso se perguntar o motivo; e quando um escritor vê as entranhas obscuras de sua cidade natal como emblema de honra, vale espiar. A série Noir é uma das razões do êxito da editora americana Akashic, e cada livro reúne uma coletânea de contos original e fascinante a respeito dos cantos escuros de cidades que podem ser associadas ao gênero noir como Detroit, Delhi ou Bogotá, e localidades surpreendentes, como Cape Cod, Adis Abeba, Cingapura, Teerã e, mais recentemente, Tel Aviv Noir, organizada pelos escritores israelenses Etgar Keret e Assaf Gavron.
HEBRAICA
Jerusalem Noir está na lista dos próximos lançamentos, assim como “São Paulo Noir” e “Rio Noir”, editados por Tony Bellotto. Os livros acerca de Teerã, Cingapura e Tel Aviv têm em comum o fato de desafiarem qual a percepção dessas cidades no imaginário popular. Nessa linha, Cingapura é bem mais do que uma pequena ilha cheia de regras, onde nada notável acontece e a coletânea a respeito de Teerã revela suas muitas camadas com um realismo geralmente vetado pela censura brutal. E quanto a Tel Aviv, em recente entrevista Gavron disse que “merece a condição de uma cidade interessante, com uma cultura, literatura e o noir, da mesma forma que todos os outros lugares do mundo. Eu gosto de vê-la agrupada ao contexto de outras cidades, e não no ambiente habitual de Israel”. Nos três casos do parágrafo anterior, o noir, e, portanto, tudo associado a ele – crime, imoralidade, fracasso, ganância –, é complexo e prova de que paradoxalmente vale conhecer Tel Aviv. Curiosamente, Gavron sugere que é bom Tel Aviv ser vista como apenas mais uma cidade que também tem sordidez e corrupção, pois isso a exclui da visão típica que se tem de Israel: a parte ensolarada de um Estado judeu no Oriente Médio. Ora, foi isso que o primeiro premiê de Israel, David Ben-Gurion, quis dizer ao afirmar que o país só poderia ser considerado realmente normal quando ladrões judeus e prostitutas judias fizessem negócios em hebraico. Mas, se esse ideal sionista de “normal” está em oposição ao conceito de que o judaísmo em Israel é diferente, é a nação do Povo Eleito, etc., o livro de Keret e Gavron vira material de reflexão. O êxito da série se deve ao fato de cada coletânea trazer um tipo diferente de noir para todo mundo, isto é, um gênero universal com um sabor local. A capa de cada livro é invariavelmente a foto dramática de um edifício ou paisagem urbana em
tons suaves de cinza, lilás e laranja industrial. A capa do de Tel Aviv, que retrata uma tempestade noturna com nuvens negras na praia, está muito longe da representação padrão da cidade, ou seja, sol, casas noturnas e festas, como se fosse a antítese de uma Jerusalém reprimida. Todos os livros da série abrem com um mapa da cidade, e na planta de Tel Aviv não existem as suas marcas mais conhecidas, mas contornos de corpos ao lado de um ponto da cidade, como o Centro Dizengoff ou a Praça Rabin. Quem ler a antologia organizada por Keret e Gavron vai lamentar que no conjunto da literatura produzida em Israel não exista nenhum clássico noir de ficção. Uma das virtudes da série – como o livro de Tel Aviv – é se afastar de clichês característicos da América de antes da Segunda Guerra, e da França, logo depois. Tel Aviv Noir é um livro povoado dos sempre fracassados e vagabundos na forma de viciados em drogas, bandidos da máfia e viúvas desesperadas, mas também tem personagens menos conhecidos, como adolescentes irritantes, fantasmas e até mesmo a Morte, que conversa animadamente com os clientes em um café. De modo geral, nesta antologia os escritores desviam-se das normas de literatura hebraica moderna e mostram as cicatrizes de uma sociedade israelense menos obcecada com a identidade – judia, mizrachi, feminina –, mas não é plana ou sem alma (como muitas vezes é retratada na ficção pós-moderna israelense). Outros autores são menos convincentes. Por exemplo, enquanto a introdução de Keret é instigante, “Allergies” (“Alergias”), sua própria contribuição surreal, e que o autor descreve como uma alegoria da vida em Israel, parece deslocada em qualquer antologia noir. Um conto interessante é “Sleeping Mask” (“Máscara do Sono”), de Gadi Taub (foto ao lado). Nele, o narrador é um cafetão responsável por uma revista com anúncios de sexo e se apaixona por uma das suas garotas, vítima de um agiota ortodoxo que sugeriu a ela virar >>
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Tel Aviv Noir contém catorze histórias, cada uma associada a um local bem conhecido da cidade. Esses contos variam em qualidade, mas, juntos, alcançam o efeito desejado: o de uma nuvem escura se movendo em toda a cidade, alertando o transeunte para as sombras no fundo
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magazine > literatura
>> ALGUNS DOS AUTORES DO LIVRO: ETGAR KERET,
GINA NAHAI, SALAR ABDOH E ASSAF GAVRON
acompanhante, uma maneira de ganhar um dinheirinho fácil. A sordidez do ambiente da prostituição em Tel Aviv e o impacto nas mulheres jovens surgem de forma contundente: “Ela possuía essa alegria em seus olhos, esse tipo de luz que não sobreviveria a esse tipo de trabalho por muito tempo. Mas, enquanto isso, essa luz valeria muito dinheiro”. Quando mais tarde se percebe que a irmã mais nova da garota também foi levada à prostituição pelo mesmo escroque ortodoxo, a perpetuação cruel da indústria do sexo, alheia à idade ou à família, torna-se bastante clara. Outra história, “Slow Cooking” (“Cozimento Lento”), de Deakla Keydar, gira em torno de uma mulher funcionária de uma loja chamada Plenty Market. Ela é abandonada pelo marido que consegue a custódia parcial dos filhos. Para passar o tempo, ela vai trabalhar no desprezado turno da noite de quinta-feira, quando clientes ensandecidos telefonam e encomendam comida de última hora para a refeição de sexta-feira à noite. Embora “Slow Cooking” comece com a solidão da divorciada e a tola paixão por um dos clientes, o conto está mais interessado nos cinquenta mil africanos em busca de asilo que vivem no sul de Tel Aviv, e dos quais centenas deles fizeram do Levinsky Park (o foco da história) habitação permanente. A Tel Aviv de Keydar não é um oásis judeu de voleibol de praia e restaurantes da moda, mas uma rede de ruas esquálidas e desconhecidas: “Luzes piscando. Prostíbulos. Cassinos improvisados... asiáticos, russos, africanos... entrando e saindo dos negócios”. Neste conto não há racismo; a desconfiança dos israelenses em relação aos refugiados africanos de Tel Aviv, a todo momento relatada na imprensa israelense, não surge no conto, e a protagonista que, inicialmente, teme os habitantes “pretos” do parque, supera rapidamente os preconceitos. O memorável conto “Swirl” (“Redemoinho”), da escritora e jornalista norueguesa Silje Bekeng, descreve a turbulência e a instabilidade em Israel pelos olhos de um estrangeiro, no caso a esposa expatriada de um diplomata europeu, que reside em Tel Aviv durante um período de agitação política. Como não fala hebraico e não pode sair do apartamento, tudo o que sabe está nos boletins informativos especializa-
dos destinados aos funcionários estrangeiros. Do lado de fora dos seus aposentos elegantes e seguros, a violência civil cresce lentamente, em um ritmo exasperante, até explodir em uma devastação de bombas e tiros que quase destrói suas paredes. A agressão cada vez maior nas ruas se revela por estranhos acontecimentos no apartamento: secretamente alguém tem deixado presentes atenciosos: pássaros em origami, livros, postais, e até mesmo uma lista de músicas personalizadas no computador dela, que, finalmente vê o doador anônimo, no corredor, quase saindo: um homem muito alto, “vestido como um trabalhador da construção civil que não engana a ninguém”. É este estranho, gentil e atencioso, então, um terrorista que usa seu apartamento como esconderijo? A gente nunca sabe, mas a possibilidade é aterrorizante. Tel Aviv Noir contém catorze histórias, cada uma associada a um local bem conhecido da cidade. Esses contos variam em qualidade, mas, juntos, alcançam o efeito desejado: o de uma nuvem escura se movendo em toda a cidade, alertando o transeunte para as sombras no fundo, sempre prontas a atacar. * Giulia Miller escreveu Surrealism in Modern Hebrew Literature: Menashe Levin, Yitzhak Oren and Yitzhak Orpaz (“Surrealismo na Literatura Hebraica Moderna: Menashe Levin, Yitzhak Oren e Yitzhak Orpaz”, Vallentine Mitchell, 2013)
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magazine > a palavra | por Philologos
Noções de numerologia É EVIDENTE QUE TOMAR VÁRIOS VERSÍCULOS BÍBLICOS E COM ELES FAZER CÁLCULOS, SERÁ SEMPRE POSSÍVEL ENCONTRAR ALGUMA PALAVRA OU COMBINAÇÃO DE PALAVRAS PARA ALCANÇAR O RESULTADO DESEJADO
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uitas vezes argumenta-se que o valor numérico das letras hebraicas Yod-Heh-Vav-Heh, que formam o nome sagrado de Deus, é 10+5+6+5, ou 26, que é, também, o valor numérico do inglês God, sendo o ‘g’ a sétima letra do alfabeto; ‘o’ a décima-quinta e o ‘d’, a quarta. É proposital ou coincidência? A resposta está em como encarar a numerologia: parte da natureza das coisas ou criação fantasiosa. É criação fantasiosa, portanto, pura coincidência. A numerologia é a crença na significância dos números em um contexto não matemático. Assim, se 2 x 12 é 24, é aritmético; mas se as doze tribos e os doze signos do zodíaco resultam na missão cósmica de Israel, isso é numerologia. A palavra hebraica para numerologia é gematria, termo rabínico antigo originário do grego geometria (a mensuração da terra). Embora possa parecer estranho pensar que a geometria tenha a ver com números, pois é a parte da educação matemática para a maioria das pessoas que nada tem a ver com eles, isso não era verdade para os antigos gregos; como não tinham qualquer conhecimento de álgebra, usavam a geometria para resolver problemas algébricos, introduzindo, assim, os números nesta disciplina. Ocasionalmente os antigos rabinos usavam a gematria nas exegeses de passagens bíblicas, especialmente em relação aos valores numéricos das letras do alfabeto. Dessa forma, por exemplo, ao se referir ao versículo em que Jeremias pranteia a destruição de Jerusalém pelos babilônios, em 586 antes da Era Comum, “Sobre os montes romperei em choro e lamento, e os lugares amenos do deserto... Desde a ave do céu até aos animais, tudo emigrou e se retirou”, o rabino Jud, um sábio da Mishná, declarou que o profeta previu que 52 anos se passariam entre a destruição de Jerusalém e a sua restauração pelo rei persa Ciro, em 534, pois “ao” significa “até o tempo de”, as letras da palavra behemá somam 52, a saber, Bet=2, Heh=5, Mem=40, Heh=5, em hebraico. Um exemplo mais conhecido se refere ao ditado bíblico “olho por olho, dente por dente, mão por mão”, segundo o qual ferimento físico feito pelas mãos do outro deve ser compensado ao se infringir o mesmo ferimento de volta. Ao justificar sua interpretação desse versículo como se a compensação fosse financeira, em vez de física – isto é, a Bíblia estaria se referindo ao valor monetário de um olho, não a um olho propriamente dito – os rabinos observaram que o valor numérico das letras da palavra em hebraico para “olho” ain (que é 130) é igual às letras de mamon, “dinheiro”. A gematria também pode ser usada com objetivos humorísticos. Brincando com o fato de as palavras em hebraico para vinho, iain, e segre-
do, sod, têm o mesmo valor, o Talmud diz: “Quando o vinho entra, o segredo sai”, isto é, para guardar segredo não se pode confiar em quem está sob influência do álcool. No entanto, a gematria não começa com os rabinos, nem com os gregos e o primeiro registro é babilônio, e ocorre em uma inscrição datada do reino de Sargão II (727-707 antes da Era Comum), segundo a qual construiu a cidade de Khorsabad para ter 16.283 cúbitos de comprimento porque este era o número igualado pelas letras de seu nome – a forma completa e honorífica da qual era mais longa. Dos babilônios, a gematria chegou aos gregos, que a chamavam de isopsepha (contagem igual) e a usavam para propósitos mágicos e ocultos. Mas foi no judaísmo medieval que a gematria passou a ser empregada de modo mais sistemático na religião, no raciocínio haláchico, na teosofia cabalista e nas especulações messiânicas a respeito de épocas e datas da redenção. O movimento messiânico, construído em torno da figura de Sabetai Zvi recorreu repetidamente à gematria nas muitas tentativas de provar que este era, de fato, o Redentor. Assim, por exemplo, encontrar numa compilação do Midrash a respeito do Genesis Rabba a declaração de que o versículo bíblico sobre a criação “... e o espírito do Senhor pairou sobre a face da água” aludia ao espírito do messias, os seguidores de Zvi calcularam que a soma das letras em hebraico de “o Senhor” e “pairou” era igual à do nome dele. É evidente que tomar vários versículos bíblicos e com eles fazer cálculos, será sempre possível encontrar alguma palavra ou combinação de palavras para alcançar o resultado desejado. E quando se trabalha não só com possibilidades de uma única língua, mas com duas línguas ou mais, como na justaposição do Tetragramaton hebraico e a palavra inglesa para “Deus”, as chances de acertar algo de significância aparentemente profunda se tornam ainda maiores. A gematria pode ser um modo agradável de passar o tempo, nada mais que isso.
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magazine > viagem | Textos e fotos de Flávio Bitelman
AS MERCADORIAS EXPOSTAS NO CHÃO DAS CIDADES ÁRABES LEMBRAM AS FEIRAS LIVRES DO NORDESTE DO BRASIL
A África é uma festa QUEM DIRIA… AS FOTOS DESTA E DAS PÁGINAS SEGUINTES TÊM EXATOS 39 ANOS. SÃO DE 1976, TEMPOS EM QUE DECIDI CONHECER O MUNDO E, PRINCIPALMENTE, AS ORIGENS DAS CIVILIZAÇÕES E AQUELAS QUE, DE UMA FORMA OU DE OUTRA, INFLUENCIARAM A FORMAÇÃO DO BRASIL E, DIRETA OU INDIRETAMENTE, ESTIVERAM LIGADAS À PALESTINA DE ANTES DO ESTADO DE ISRAEL , E DEPOIS DA SUA INDEPENDÊNCIA
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urante um mês visitei sete países, Marrocos e Tunísia, no chamado Magreb, região a noroeste da África, e Egito e Etiópia, no nordeste, o chamado “chifre da África”, mais Quênia, Senegal e Nigéria. Em todos, além das línguas locais divididas em tribos e etnias, falam-se inglês, francês, italiano e espanhol, dependendo do país que os colonizou e subjugou, até conseguirem a
independência, na primeira metade do século passado. Nesses 39 anos ocorreram mudanças geopolíticas importantes, durante as quais alguns países encolheram as fronteiras, outros passaram por revoluções e golpes de Estado e viveram, recentemente, uma efêmera Primavera Árabe que se acreditava ser capaz de perfumar os ares daquelas regiões com os odores da liberdade e da democracia, mas não tem sido bem assim, como se sabe. No entanto, pessoas e gentes desses lugares continuam as mesmas. O bacharel com sua banca de advocacia no shuk, os vendedores de essências e especiarias, os que se comprazem fumando narguilé, as pequenas vilas de população bérbere das montanhas Atlas, uma cordilheira de quase 2.500 quilômetros no noroeste da África, como se separasse o Atlântico do Mediterrâneo e cenário onde foram extintas várias espécies de animais como o único urso da África, leões, leopardos, elefantes e macacos que só viviam naquela região.
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UMA FIGURA TÍPICA DE MARRAKESH, QUARTA MAIOR CIDADE DO MARROCOS, ATRÁS DE FEZ, CASABLANCA E TÂNGER. FOI UMA DAS MAIS IMPORTANTES CIDADES DOS QUATRO IMPÉRIOS BÉRBERES QUE GOVERNARAM O
PAÍS, DEPOIS ALVO DE DISPUTA DE ESPANHA E FRANÇA NO SÉCULO 19 E EM QUE SE ENVOLVERAM DESDE O REINO UNIDO ATÉ O ENTÃO IMPÉRIO ALEMÃO
SE RECUARMOS ESTA IMAGEM PARA DOIS MIL ANOS ATRÁS TERIA SIDO A MESMA COISA E O HOMEM COM O LIVRO DE ORAÇÕES NA MÃO, TALVEZ UM DOS SEGUIDORES DE JESUS PREGANDO O EVANGELHO. NAS MONTANHAS ATLAS PARECE QUE O TEMPO PAROU E AS VIELAS, POR EXEMPLO, TÊM O CALÇAMENTO COMO HÁ SÉCULOS
NOS MERCADOS POPULARES, CARACTERÍSTICOS DOS PAÍSES ÁRABES E DO ORIENTE MÉDIO, CABE DE TUDO, DESDE O COMÉRCIO CARACTERÍSTICO DESSES GIGANTESCOS ENTREPOSTOS POPULARES ATÉ UMA BANCA DE ADVOCACIA, COMO É O
CASO DESTE BACHAREL. CERCADO DE LIVROS, A BANCADA SERVINDO DE ESCRITÓRIO E DEVIDAMENTE AJAEZADO, DE TERNO E GRAVATA, PARA SER BEM RECEBIDO NO FÓRUM LOCAL E, CLARO, PARA SE DIFERENCIAR DOS COMERCIANTES
O ARROZ É MAIS UM PRODUTO COMERCIALIZADO EM UM DOS
MERCADOS BÉRBERES, COMO NESTA FOTO EM QUE COMPRADORES FAZEM UMA ANÁLISE ACURADA DO QUE
PRETENDEM COMPRAR. O ARROZ ORIGINALMENTE NÃO FAZIA PARTE DA
CULINÁRIA DOS PAÍSES DO MAGREB, PORQUE EXIGE EXTENSAS ÁREAS
INUNDADAS MAS, AOS POUCOS, FOI CONQUISTANDO UM LUGAR À MESA
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magazine > viagem UM AMIGO CUMPRIU PARTE DO ROTEIRO DE MINHA VIAGEM, PASSOU POR UM DOS SHUKS NAS MONTANHAS ATLAS E CONTA QUE AINDA HÁ LUGAR PARA OS BARBEIROS E SUAS NAVALHAS QUE ATENDEM OS CLIENTES EM TOSCAS CADEIRAS E APETRECHOS QUE CABEM NUMA
MESINHA IMPROVISADA. A MÁQUINA MANUAL DE CORTAR CABELO CERTAMENTE DEVE TER SIDO SUBSTITUÍDA POR UMA DESSAS QUE FUNCIONAM A BATERIA, FABRICADAS NA CHINA
TRINTA E NOVE ANOS E ALGUNS MESES SEPARAM A DATA DESTA FOTO, NAS MONTANHAS ATLAS, DO MOMENTO EM QUE ESTA EDIÇÃO DA REVISTA
HEBRAICA CHEGA AOS ASSOCIADOS. E TUDO
CONTINUA IGUAL. NEM MESMO A CONCORRÊNCIA DOS SUPERMERCADOS NAS GRANDES CIDADES CONSEGUIU SUPERAR O APELO QUE ESTE COMÉRCIO
EXERCE SOBRE OS CONSUMIDORES, TAL COMO AQUI, EM SÃO PAULO, DE CERTA FORMA, AS FEIRAS LIVRES
O MESMO AMIGO PRECISOU DE UM CONSERTO DE EMERGÊNCIA EM UMA PEÇA DE ROUPA E ENCONTROU NO SHUK DE FEZ, UMA DAS GRANDES CIDADES DO
MARROCOS, O PROFISSIONAL QUE PROCURAVA. “ERA UM PROFISSIONAL TÃO JOVEM QUANTO ESTE DA FOTO. ATÉ A ROUPA ERA PARECIDA”, CONTOU ELE. TALVEZ PROVA DE QUE A PROFISSÃO DEVE TER PASSADO DE PAI PARA FILHO
NA OCASIÃO DESTA FOTO, TRÊS ANOS DEPOIS DA GUERRA DO IOM KIPUR E PASSADOS NOVE DA GUERRA DOS SEIS DIAS, EVENTOS QUE MARCARAM A GEOPOLÍTICA DO ORIENTE MÉDIO E FRAGILIZARAM O EGITO, OS CAIROTAS EXPRIMEM ALEGRIA E MOSTRAM A SUA HABITUAL BOA VONTADE E RECEPTIVIDADE COM OS ESTRANGEIROS
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O CAIRO TAMBÉM É CONHECIDO POR TER UM DOS TRÂNSITOS MAIS CAÓTICOS
DO MUNDO E QUE FAZ O DE SÃO PAULO PARECER UMA VERDADEIRA MARAVILHA.
LÁ, COMO CÁ, EXISTEM CAMELÔS NOS SINAIS DE TRÂNSITO, MAS LÁ TAMBÉM
SE OFERECE CHÁ QUE OS VENDEDORES
EQUILIBRAM EM BANDEJAS IMPROVISADAS.
AQUI NÃO SE VENDE CHÁ, MAS ÁGUA E TODA SORTE DE GULOSEIMAS, SIM DACAR É A CAPITAL E A MAIOR CIDADE DO SENEGAL, NA COSTA OESTE DA ÁFRICA E DE CUJOS PORTOS IMPROVISADOS NAS IMEDIAÇÕES PARTIAM NAVIOS CARREGADOS DE ESCRAVOS
PARA OS GRANDES MERCADOS, O BRASIL INCLUÍDO, E A FRANÇA. NAPOLEÃO ABOLIU A ESCRAVATURA E FEZ DO PAÍS MAIS UMA DAS SUAS COLÔNIAS
SOB CUJA LÍNGUA E COSTUMES,
PROSPEROU. DOIS ANOS DEPOIS
DESTA FOTO, EM 1978, A CIDADE FICOU AINDA MAIS CONHECIDA PORQUE COMO O PONTO FINAL
DO RALLY PARIS-DACAR. ASSIM, APESAR DA INDEPENDÊNCIA, O
SENEGAL CONTINUOU SOB A
INFLUÊNCIA FRANCESA
ESTE INGLÊS, QUE MAIS PARECE UM LORDE, ERA APENAS O SEGURANÇA DE UM PARQUE TEMÁTICO DO QUÊNIA E, AO TEMPO DA FOTO, RESQUÍCIO DO QUE FOI A DOMINAÇÃO INGLESA DAQUELE
A VIDA E O GANHA-PÃO DOS COMERCIANTES NOS PAÍSES AFRICANOS NEM SEMPRE FOI FÁCIL COMO REVELA ESTA VENDEDORA DE UM MERCADO DE
DACAR, SEMPRE ESPERANDO TURISTAS DOS QUAIS ESPERA
– E QUER – MAIS DO QUE
EXPOR SEU TÉDIO PARA AS FOTOGRAFIAS
PAÍS QUE, PRIMEIRO FEZ PARTE DO PROTETORADO BRITÂNICO DO LESTE AFRICANO, EM 1895, E, DEPOIS, EM 1920 VIROU COLÔNIA BRITÂNICA, ATÉ 1963 QUANDO CONQUISTOU A INDEPENDÊNCIA. É UM DOS PAÍSES MAIS RICOS DA REGIÃO E EM PERMANENTE ESFORÇO PARA SE MANTER IMUNE AOS CONFLITOS TRIBAIS QUE ASSOLAM OS
VIZINHOS: O SUDÃO DO SUL, SOMÁLIA, UGANDA, ETIÓPIA, E TANZÂNIA, O MENOS CONTURBADO, AO SUL
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magazine > religião | por Laura Geller *
Regina Jonas, a primeira rabina REGINA JONAS FOI ORDENADA, EM DEZEMBRO DE 1935, EM UMA CERIMÔNIA PRIVADA. ERA O PONTO FINAL DE UMA LUTA PARA SER ACEITA. A PRIMEIRA RABINA DA HISTÓRIA FOI DEPORTADA PARA TEREZIN E DEPOIS PARA AUSCHWITZ, ONDE MORREU
JONAS FICOU PRESA EM THERESIENSTADT, FOI DEPORTADA
PARA AUSCHWITZ E NUNCA MAIS SE OUVIU FALAR DELA
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o judaísmo vale o dia da morte e não o do nascimento. Isso faz sentido, pois só é possível medir realmente o impacto da vida de uma pessoa após o seu término. Mas e quando não se sabe a data em que a pessoa morreu? Este é o caso de Regina Jonas, a primeira rabina que, deportada de Terezin (Theresienstadt) em 12 de outubro de 1944, chegou a Auschwitz em 14 de outubro. Era Shabat, Shabat Bereshit, que, naquele ano, foi em 18 de outubro. Depois disso não há registro dela. Regina Jonas nasceu em Berlim, em 1902, em uma família ortodoxa pobre e foi influenciada pelo rabino Max Weil, ortodoxo que permitia às meninas celebrar o bat-mitzvá. Max insistiu em que Jonas continuasse os estudos na liberal Hochschule für die Wissenschaft des Judentum, em Berlim, de 1924 a 1930. Todas as mulheres da mesma sala estudavam para serem professoras, mas Regina Jonas queria se tornar rabina. O principal defensor dela foi o rabino Eduard Baneth, que pretendia ordená-la, mas morreu pouco antes de ela concluir o treinamento. Embora sua tese – “Uma Mulher Pode se Tornar Rabino Segundo as Fontes Haláchicas?” – tenha recebido elogios dos professores, nenhum concordou em ordená-la, incluindo o então líder dos judeus na Alemanha, rabino Leo Baeck, que não estava disposto a comprometer a unidade da comunidade judaica enquanto era cada vez maior a ameaça nazista. Regina Jonas foi ordenada, em dezembro de 1935, em uma cerimônia privada, pelo rabino Max Dienemann, então presidente da Associação Geral dos Rabinos da Alemanha. Era o ponto final de uma luta para ser aceita. A ponto de um artigo de
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1936, publicado em Der Israelit, descrever a ordenação de Jonas como uma forma de “traição e caricatura do judaísmo”. No começo, ela trabalhou em hospitais, lares para idosos e escolas, mas, à medida que mais rabinos emigravam da Alemanha em razão das leis raciais, Regina Jonas passou a pregar em sinagogas por todo o país. Em novembro de 1942, ela e a mãe foram deportadas para Terezin, onde trabalhou com o famoso psiquiatra Victor Frankl no cuidado de novos prisioneiros. Embora alguns sobreviventes, incluindo Baeck, também prisioneiro em Terezin, conhecessem Jonas, eles não se referiam a ela pelo nome em seus escritos. A razão, em parte, está no prefácio do clássico de Frankl, Man’s Search for Meaning (“O Homem em Busca de Sentido”). Lá, lê-se que apagou tudo o que aconteceu antes de entrar em Auschwitz. Parte do que apagou foi o legado de Regina Jonas. O nome dela começou a aparecer no início dos anos 1970. A rabina Sally Priesand, a primeira mulher ordenada pela Hebrew Union College – Jewish Institute of Religion (HUC-JIR), menciona Jonas em seu livro de 1975 Judaism and the New Woman (“Judaísmo e a Nova Mulher”). Jonas também é citada em um artigo de 1972 pelo rabino Jacob R. Marcus, diretor fundador do Arquivo Judaico Americano, e por Alexander Guttmann, em um artigo a respeito do centésimo aniversário da Hochschule. Ela é mencionada também no The Jewish Almanac (“Almanaque Judaico”) por Richard Siegel e Carl Rheins. Mas quando estudei para ser rabina, no Hebrew Union College- Jewish Institute of Religion, de 1971 a 1976, nunca ouvi o nome dela. Mas os primeiros documentos surgiram somente em 1991, quando a professora de estudos religiosos na Faculdade St. Mary, em Maryland, Katerina von Kellenbach, pesquisava um pequeno arquivo em Berlim, e acidentalmente descobriu uma pequena caixa contendo papéis de Jonas. Entre eles uma nota com data de 6 de novembro de 1942, escrita por um conhecido de Jonas, explicando que estes documentos lhe foram dados no dia em que Jonas e a mãe foram deportadas. Entre outros papéis, a foto dela em vestes rabínicas, cópia da tese de doutorado e certificado de ordenação. Uma vida de desafios Regina Jonas também guardou recortes de jornais referentes aos desafios que enfrentara em sua luta pela aceitação como rabina, cartas de refugiados judeus no exterior agradecendo por cuidar dos seus pais, e congratulações de congregações onde ela havia pregado. Esta coleção de arquivo inspirou Elisa Klapheck, alemã que se tornaria a primeira rabina nos Países Baixos, a escrever a biografia de Jonas em 2004, e mais recentemente, o documentário Regina, de Diane Groo. Segundo o filme, pouco antes de ela ser deportada para a
Terezin, Regina Jonas se apaixonou pelo rabino Joseph Norden. Em uma carta de 13 de julho de 1942, quando ele estava para ser deportado de Hamburgo a Terezin, Norden escreveu: “Chegou a hora de dizer adeus... Talvez os berlinenses sejam enviados também. Nesse caso, talvez haja uma chance para nos vermos novamente”. Mas nunca se reencontraram. Alguns papéis de Regina Jonas permanecem em Terezin, incluindo a relação manuscrita de mais de vinte tópicos de palestras realizadas no campo, incluindo o papel das mulheres no judaísmo, as mulheres na Bíblia, as mulheres no Talmud, feriados e crenças judaicas. Estes foram temas de todos os sermões das rabinas, nenhum, no entanto, nestas circunstâncias. Atualmente as rabinas se apoiam na luta de Regina Jonas, que estava absolutamente só e foi ordenada de forma independente, sem ter ninguém dos judeus ao seu lado. Terá ela pensado nas futuras rabinas quando deixou os papéis para serem descobertos? Terá ela imaginado o renascimento da vida judaica na Europa e o papel de tantas jovens rabinas e ativistas nessa renovação? Teria ela imaginado o florescimento dos estudos judaicos de acadêmicas talentosas ou o número de rabinas dos movimentos reformista, conservador, reconstrucionista e, talvez, de rabinas ortodoxas? Ela poderia ter imaginado o caminho pelo qual o feminismo transformou totalmente a vida judaica de modo a que a experiência das mulheres não é mais marginal e que as histórias das mulheres integram a história judaica mais ampla? * Laura Geller é rabina sênior do Temple Emanuel de Beverly Hills, e a terceira mulher ordenada pela Hebrew Union College – Jewish Institute of Religion. Ela integrou a delegação de rabinos, estudiosos e líderes leigos que, em julho 2014, viajaram a Berlim e Terezin em homenagem a Regina Jonas
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Alguns papéis de Regina Jonas permanecem em Terezin, incluindo a relação manuscrita de mais de vinte tópicos de palestras realizadas no campo, incluindo o papel das mulheres no judaísmo, as mulheres na Bíblia, as mulheres no Talmud, feriados e crenças judaicas
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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch
Apelos, comentários e desabafos judaicos NOSSO COLUNISTA PESQUISOU ALGUMAS EXPRESSÕES TÍPICAS
QUE JÁ ENTRARAM PARA AS ANTOLOGIAS FOLCLÓRICAS E HUMORÍSTICAS PELO SEU INCONFUNDÍVEL SABOR JUDAICO
E
xistem excelentes antologias e coleções de pensamentos e curiosidades judaicas, e que lamentavelmente não estão disponíveis em todo lugar. A internet facilita o acesso, mas o idioma pode ser um obstáculo: há pouquíssimo em português e o inglês ou o hebraico são geralmente imprescindíveis. De todo modo, a intenção deste texto não é competir com obras ou compilações, e o material a seguir é entregue sem qualquer compromisso.
Correio sentimental (shiduch) em jornal da comunidade
* Tem medo de sogra? Telefone para mim. Sou iatom (órfão). Sou aposentado na faixa dos 70 anos. Procuro alguém para *kvetchen (se lamentar) e krechtzen (gemer) junto comigo. Mesma faixa de idade. Se tiver menos de 30 anos também não há inconveniente. yeshivá (estudante de seminário rabínico). *UsoSouroupabachur preta, chapéu grande, barba, etc. Procuro companheira para acender velas na sexta-feira, ir todo Shabat à sinagoga, rezar diariamente, preparar comida kasher, jejuar no Iom Kipur e tudo mais. Religião não é problema.
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Sou um judeu amigo, carinhoso, sensível e em quem você pode confiar. Conte-me suas angústias, dúvidas e preocupações. Serei seu companheiro de todas as horas. Nem gordas, nem feias, nem velhas, nem muito altas nem muito baixas, por favor.
Sou executivo bem-sucedido, com ex*celente currículo e carreira internacional. Já ganhei diversos prêmios profissionais. Procuro moça cujo pai possa me empregar em sua firma. Sou a garota moderna, ativa e inde*pendente com quem você sempre sonhou. Adoro dançar, pratico esqui, alpinismo e triatlon. Tenho uma perna um pouco mais curta que a outra, e sou ligeiramente corcunda. Fale alto no telefone porque não escuto bem. Sua busca terminou. Sou a jovem com *quem todo judeu deseja passar o resto da vida. Tenho interesse em todos os tipos, personalidades e vertentes religiosas, desde que ganhem mais de R$ 40.000,00 por mês.
Cochichos de copa e cozinha esta comida é tão gostosa, é porque *nãoSedeve ser kasher. vizinhos jogam cartas *numaDoismesacasais de quintal. Um diz oi. A esposa completa oi vei. A outra desabafa: oi vei is mir. O último protesta: – Vamos parar de pensar nos filhos e prestar atenção no carteado? (Nota: as expressões denotam tristeza e sofrimento).
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ESTA É A FORMA CLÁSSICA DE KREPLACH, COM TRÊS BICOS, EMBORA EXISTAM MUITAS VARIAÇÕES
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Ouvi dizer que se comem latkes (panquecas fritas) em Chanuká porque os macabeus que libertaram o Tempo de Jerusalém riscaram um fósforo perto de uma latke, e ela estava tão ensopada de óleo que ardeu por oito dias. De todo modo, se comer sentirá azia e queimação por igual período. No Seder de Pessach (jantar ritual da páscoa judaica), ex*pliquei aos meus netos que matzá (pão ázimo) deve ser consumida na primeira noite, porque ficará parada no seu estômago durante a semana inteira. Assim, lembrará dela até o final da festividade. Não é verdade que não tem gosto de nada, pois se de boa procedência, a matzá lembra cartolina ou papelão resistente, furadinho e chamuscado em toda volta.
*
Na semana passada comemos kreplach (pastéis de carne moída). Todos sabem que eles são consumidos nas efemérides do calendário judaico nos quais, por alguma razão, se bate. Na véspera de Iom Kipur, porque se bate no peito (confessando os pecados), em Purim quando batemos em Haman (o inimigo cruel citado na Meguilá de Purim), e em Hoshaná Rabá (metade da festa de Sucot), quando se bate em ramos de salgueiro (Hoshanot). A última circunstância é quando a dona-de-casa se bate com a cruel dúvida: como aproveitar os restos da carne do almoço. Foi o nosso caso.
Certa vez recebi um casal no domingo. *Como sobrou muito tcholent (cozido de feijão e carne) do Shabat, encorpado e duro como tijolo, resolvi fazer hamburger de tcholent e colocar no pão. Não sei por que nunca mais voltou, nem respondeu aos meus e-mails. Ou melhor, penso que sei: durante uma semana eu e meu marido padecemos de dor de estômago e gases.
A propósito do mercado – No mês passado todas as noites em nossa casa só havia pãozinho bagel para jantar. A lojinha anda muito mal, e meu lucro não passou de um loch fun der bagel (buraco do bagel). – Isto não é nada, retrucou o vizinho. Durante algumas semanas tivemos que nos contentar com simples kashe (trigo sarraceno, cozido com água e sal). Minha empresa só faturou wasser oif kashe (água para cozinhar kashe, outra expressão de maus negócios).
No Seder de Pessach , expliquei aos meus netos que matzá deve ser consumida na primeira noite, porque ficará parada no seu estômago durante a semana inteira. Assim, lembrará dela até o final da festividade
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magazine > genocídios | por Jeffrey Veidlinger *
Um conto de dois assassinos NO DIA 24 DE ABRIL DE 1915, OS TURCOS OTOMANOS INICIARAM O MODELO DE EXTERMÍNIO CONTRA OS ARMÊNIOS QUE SERIA MAIS TARDE APERFEIÇOADO EM ESCALA INDUSTRIAL PELO REGIME NAZISTA CONTRA OS JUDEUS EUROPEUS. PUBLICAMOS A SEGUIR A HISTÓRIA DE DOIS HOMENS – UM ARMÊNIO E UM JUDEU – QUE SE TORNARAM ASSASSINOS PARA VINGAR O SEU POVO
S
oghomon Tehlirian, estudante armênio de 24 anos, residente em Berlim, era um homem melancólico. No julgamento dele por assassinato, a dona da pensão onde ele morava testemunhou que ele passava horas no quarto, no escuro dedilhando canções tristes no bandolim. Ela sabia que toda a família de Tehlirian tinha sido morta em 1915, mas preferia não perguntar a respeito. Contou que ele acordava no meio da noite, atormentado por pesadelos e, por isso, sugeriu que procurasse um especialista em doenças do sistema nervoso. Soghomon decidiu ter aulas de dança como forma de se acalmar e a aprender alemão para melhor se relacionar com as moças. Às vezes, desmaiava. No início de março de 1921, a dona da pensão foi surpreendida quando ele informou que se mudaria para um novo endereço, em Hardenbergstrasse, perto do jardim zoológico de Berlim, no elegante bairro de Charlottenburg, alegando que, por recomendação médica, seria melhor viver em um local com mais luz solar natural. Tehlirian mudou de endereço porque um homem a quem nunca viu, e que atendia pelo nome Ali Salih, morava quase em frente, do outro lado da rua do apartamento que acabara de alugar. Tehlirian decidiu matá-lo. Ali Salih era o codinome de Talaat Paxá, ex-ministro do Interior e último grão-vizir do Império Otomano. E há cem anos, em 24 de abril de 1915, Talaat supervisionou a prisão de centenas dos principais membros da comunidade armênia, o passo considerado como o primeiro tiro na campanha otomana de deportar os armênios da península da Anatólia, dando início, assim, ao genocídio armênio. Em 15 de março, Tehlirian lia em seu quarto, desviou o olhar para a janela e viu Talaat na varanda do apartamento em frente. Ao tribunal explicou que reconhecera o homem pelas fotos nos jornais. Depois de dias de vigília “vi Talaat, o homem responsável pela morte dos meus pais, meus irmãos e minhas irmãs”. Tehlirian pegou uma pistola carregada que guardava
numa mala de viagem, correu atrás de Talaat e matou-o. Os estampidos atraíram uma multidão que se atirou sobre Tehlirian, espancou-o e o deteve até a chegada da polícia. Segundo as testemunhas, Tehlirian tentava se libertar, declarando: “Eu sou armênio. Ele é turco. A Alemanha não está perdendo nada”. No tribunal, Tehlirian disse que pouco se lembrava do que aconteceu depois dos disparos, mas tinha consciência da euforia de que foi tomado ao saber, na delegacia, que Talaat morrera. O embaixador dos Estados Unidos no Império Otomano era Henry Morgenthau, proeminente ativista judeu, e ao escrever na linguagem carregada de interpretações raciais daquela época observou: “Houve um número considerável de casamentos (de armênios) com judeus e nesta altura há traços evidentes de sangue judeu neles. Eu perguntei a respeito disso, porque todos os armênios parecem judeus e têm as mesmas características, a mesma obstinada lealdade ao seu passado e religião e um forte orgulho racial”. Morgenthau foi a primeira grande figura internacional a alertar o mundo acerca do genocídio armênio e em 1919, liderou uma comissão criada na Polônia para investigar os pogroms contra os judeus. Naquele mesmo ano, 1921, na margem oposta do Mar Negro, na Ucrânia recém-independente, irromperam pogroms antijudaicos semelhantes àqueles na Anatólia e seus autores pertenciam a uma linhagem ampla e diversificada: combatentes estrangeiros armados, organizações paramilitares nacionalistas ucranianas, camponeses ucranianos comuns, unidades militares leais ao czar russo deposto e soldados do Exército Vermelho. No entanto, de acordo com a memória popular a culpa pelo derramamento de sangue recaiu sobre o líder do chamado “Diretório” do governo, Symon Petliura, que em vão tentou governar a Ucrânia e fundar uma república nacional de esquerda. Apesar de o Diretório oferecer ampla autonomia à população judaica, a ponto de até mesmo impri-
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O ADVOGADO JUDEU RAPHAEL LEMKIN
CUNHOU A PALAVRA “GENOCÍDIO”, APLICADA NOS EVENTOS DE DESTRUIÇÃO SISTEMÁTICA DE UMA ETNIA OU UM POVO
mir dinheiro em ídiche e prometer empregar operadores de telefone que falassem a língua – o governo ucraniano foi incapaz ou não teve vontade de parar a violência. Houve mais de mil incidentes de violência contra os judeus e um inquérito soviético estimou a morte de mais de 100.194. Para outros observadores, até duzentos mil judeus foram assassinados. Morte em Paris Como um eco sinistro do assassinato de Talaat Paxá por Tehlirian, o relojoeiro e poeta judeu Sholem Schwartzbard matou Petliura, que fugira da Ucrânia e exilara-se em Paris. Na primavera de 1926, Schwartzbard vagava pelas ruas do Quartier Latin de Paris com uma pistola no bolso e uma foto de Petliura recortada da enciclopédia Grand Larousse. Loiro, 31 anos, baixo e “medíocre na aparência”, e a quem os repórteres do tribunal tinham mais na conta de um amanuense do que um assassino, Sholem não chamava a atenção mesmo quando demonstrava ostensivamente procurar alguém no meio da multidão, no caso, Petliura, comparando a foto com as características de prováveis candidatos a morrer. Em várias ocasiões, Schwartz-
bard viu o seu alvo, mas Petliura estava sempre com a mulher e filhos. Finalmente, em 25 de maio de 1926, Schwartzbard encontrou Petliura sozinho na esquina da Rue Racine com o Boulevard St. Michel. Ainda sem ter certeza se era o mesmo homem da foto, Schwartzbard perguntou: “Você é Petliura?” O homem não respondeu, mas o poeta deu cinco tiros no ex-chefe de Estado. Quando a polícia chegou ao local, Schwartzbard esperava por ela: “Eu matei um grande assassino”, declarou. A multidão correu para linchar Schwartzbard, mas um policial conseguiu levar Schwartzbard de táxi para a delegacia. Ao saber que, de fato, matara Petliura, Schwartzbard ficou muito feliz. Sholem Schwartzbard era um escritor ídiche em busca de reconhecimento e ati>>
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Raphael Lemkin, na época estudante judeu de direito em Varsóvia, acompanhou os julgamentos de Soghomon Tehlirian e de Sholem Schwartzband ao final dos quais disse que Tehlirian “confirmou a ordem moral da humanidade”, e o ato de Schwartzbard foi “um belo crime”
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magazine > genocídios >> vista do movimento anarquista. Nasceu em 1886 na Bessarábia, e foi criado na região da Podólia, em Balta, cidade com histórico de pogroms. Três irmãos e a mãe morreram quando Sholem era criança e tornou-se aprendiz de relojoeiro logo após o bar-mitz-vá. Na juventude, participou de círculos anarquistas para derrubar o czar. Certa vez distribuía panfletos em uma casa hebraica de estudos, mas os judeus religiosos queriam apenas rezar e o denunciaram às autoridades. Preso, fugiu em 1906 e atravessou a fronteira do Império Austro-Húngaro, onde continuou as atividades anarquistas. Em Viena, Schwartzbard foi preso novamente, acusado de assaltar um bar de vinhos, onde foi flagrado, de manhã, quando o dono abriu o estabelecimento. Ele ficou escondido em um pequeno depósito e no momento da prisão levava um kit de ferramentas e dinheiro. Alegou que o estavam confundindo com outra pessoa, mas ainda assim ficou detido quatro meses e depois mudou-se para Budapeste e, lá, preso outra vez, agora por distribuir literatura radical. Em 1910, foi para Paris e durante a Primeira Guerra alistou-se na Legião Estrangeira e integrou uma brigada francesa de infantaria. Ferido em combate, foi condecorado com Croix de Guerre. Mas se considerava um revolucionário e ao saber da queda do czar da Rússia, no verão de 1917 Schwartzbard voltou à Ucrânia exatamente quando uma sangrenta guerra civil esgarçava o Império Russo. Integrou brigadas revolucionárias de combate e foi para Odessa, ocupada pela França, onde ficou de novembro 1918 a abril 1919. Quando os franceses abandonaram a cidade, Schwartzbard juntou-se a uma brigada de bolcheviques enviada para as regiões devastadas pelos pogroms ao redor de Cherkasy. Traumatizado e desiludido, retornou a Paris, onde, sob o pseudônimo de Bal-Chaloymes (“O Sonhador”), publicou pequenos textos a respeito dos pogroms e poemas de guerra. Ele parecia ter desistido do anarquismo e dedicou-se a consertar relógios em uma pequena loja, até se deparar com a foto de Petliura na enciclopédia e ficar obcecado pela ideia de matá-lo. No entanto, a obsessão de Schwartzbard, era um pouco equivocada. Pois, embora Petliura tivesse sido nominalmente responsável pelo período dos mais desenfreados pogroms antijudaicos, na melhor das hipóteses a responsabilidade dele era indireta porque, em 1919, vários senhores da guerra controlavam a maior parte da Ucrânia. O governo de Petliura mal conseguia controlar uma única cidade, quanto mais toda a Ucrânia. Muitas vezes ele e seus altos funcionários moraram em um vagão de trem para poderem chegar a qualquer momento a alguma região sob seus domínios. As declarações dele condenando os pogroms eram tão bobas como as ordens secretas que a oposição creditava a ele – mas sem provar – que Petliura teria emitido para realizar os pogroms. A vingança de Schwartzbard colocou-o no noticiário e chamou a atenção mundial para os pogroms e o destino do povo judeu na Ucrânia. A ativista americana Emma Goldman lançou apelos em favor de Schwartzbard e exortou os judeus
americanos a contribuir para a defesa dele. Nessa linha, os historiadores Simon Dubnow e Elias Tcherikower juntaram informações a respeito dos pogroms para municiar os advogados de Schwartzbard. O escritor Sholem Asch, já famoso pela trilogia a respeito de Jesus de Nazaré, escreveu que o pecado de Schwartzbard era “uma redenção para todos nós”. Hannah Arendt foi mais simpática à figura do assassino solitário. Ambos, Tehlirian e Schwartzbard “procuravam a justiça, não vingança”, segundo a escritora. “Em vez de correr da polícia, eles esperaram pela própria captura para forçar um julgamento e criar um registro público do genocídio”, acrescentou ela. Os tribunais seguiram esta linha porque, além de Tehlirian e Schwartzbard, também foram julgados Talaat e Petliura. Os júris absolveram o estudante armênio e o poeta judeu, e ao mesmo tempo expuseram à execração pública os crimes contra povos inteiros. Raphael Lemkin, na época estudante judeu de direito em Varsóvia, acompanhou os dois julgamentos ao final dos quais disse que Tehlirian “confirmou a ordem moral da humanidade”, e o ato de Schwartzbard foi “um belo crime”. Mais tarde Lemkin criou o termo “genocídio”, fez lobby para que a expressão fosse reconhecida pelas Nações Unidas e foi um dos primeiros a vincular publicamente os ataques otomanos contra os armênios aos pogroms e o Holocausto. Em uma entrevista, em 1949, ao responder como se interessou pelo assunto, Lemkin respondeu: “Porque isso aconteceu muitas vezes. Foi o que aconteceu com os armênios e, depois dos armênios, Hitler aprendeu como agir (com os judeus)”. * Jeffrey Veidlinger é professor de história e estudos judaicos do Joseph Brodsky Collegiate da Universidade de Michigan e autor de In the Shadow of the Shtetl: Small Town Jewish Life in Soviet Ukraine (“À Sombra do Shtetl: a Vida Judaica nos Vilarejos da Ucrânia Soviética”)
Hannah Arendt foi mais simpática à figura do assassino solitário. Ambos, Tehlirian e Schwartzbard “procuravam a justiça, não vingança”, segundo a escritora
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leituras magazine
por Bernardo Lerer
Sete Anos Bons Etgar Keret | Editora Rocco | 192 pp. | R$ 24,50
Ao autor, só elogios: “Se Kafka tivesse sido um comediante, suas histórias provavelmente se pareceriam com as de Keret”, segundo a BBC; “o estilo de Keret é tão original que é difícil de rotular. Não há equivalente em nenhuma geração de novos escritores de qualquer lugar”, escreve o El Pais. De fato, Keret é gênio, digo eu. A cada um destes sete anos que passou em Tel Aviv dedica entre cinco e sete contos, todos eles a partir de situações banais como o nascimento do filho, a irmã ultraortodoxa mãe de onze filhos, a trajetória dos pais para escapar à morte na Segunda Guerra, encontros com taxistas raivosos, etc.
Capesius, o Farmacêutico de Auschwitz Dieter Schlesak | Bertrand Brasil | 335 p. | R$ 45,00
Os nazistas e seus crimes constituem uma fonte de onde não param de jorrar temas para tudo que seja capaz de documentar os horrores daqueles quase doze anos de terror. Este trata do farmacêutico Victor Capesius, também representante comercial da Bayer na Transilvânia, recrutado para ser o oficial SS farmacêutico chefe de Auschwitz. Dentre as suas múltiplas tarefas estava a de armazenar, controlar e distribuir o gás utilizado nas câmaras de extermínio e selecionar quem seria enviado às câmaras. Certa vez, identificou entre os recém-desembarcados dos comboios, vizinhos e conhecidos, de cujos valores convenientemente se apossou.
Compatriotas Bo Lidegaard | Companhia das Letras | 444 pp. | R$ 59,00
É um livro a respeito dos judeus dinamarqueses e da fuga de 7.742 dos 8.200 judeus para a Suécia transportados durante quatorze dias em qualquer coisa que flutuasse. Para isso, uniram-se todos, gente comum que atendeu ao apelo do rei Cristiano X para que os nazistas, já ocupando o país, não conseguissem deportar os judeus. O autor se valeu também dos diários do médico Adolph Meyer e de Kis e Gunnar Marcus, seus descendentes. que contam o cotidiano daqueles quatorze dias. E o autor os contextualiza.
Revolucionários Eric Hobsbawn | Editora Paz e Terra | 361 pp. | R$ 50,00
Com o subtítulo “Ensaios Contemporâneos”, é uma reflexão histórica a respeito da revolução como prática concreta e debate. Para isso, recua até a segunda internacional, em 1914, e a revolução de 1917 e nas análises se recusa à abstração, ao dogmatismo e à reclusão comum aos trabalhos acerca do tema da revolução. O texto trata da Inglaterra pós-1945, da França dos anos 1910, da Itália 1930, da Alemanha da República de Weimar, da Espanha da Guerra Civil, do Vietnã dos anos 1960 e do maio de 1968.
Minotauro Benjamim Tammuz | Radio Londres | 206 pp. | R$ 30,50
Benjamim Tammuz (1919-1989) nasceu na Rússia, imigrou para a então Palestina aos 5 anos com os pais, estudou direito e economia na Universidade de Tel Aviv., doutorou-se na Sorbonne, foi crítico literário do Haaretz, escreveu contos e romances, um dos quais é este, acerca das expectativas e compromissos que os seres humanos criam para si mesmos, com um enredo lindo e complexo em que nenhuma palavra parece ser em vão.
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Um Ano Juan Emar | Editora Rocco | 128 pp. | R$ 24,50
Este escritor chileno (1893-1964) era considerado por seu conterrâneo Pablo Neruda “nosso Kafka” e apesar de a importância de suas obras ter sido reconhecida tardiamente, depois de 1990, com a edição dos seus livros na Argentina e no Chile, foi um expoente da literatura de vanguarda na América Latina. O livro é o diário de que trata o título, isto é, notas a respeito do ano transcorrido na vida do narrador, em que os episódios ou relatos são independentes entre si e vão se tornando estranhos à medida que a leitura avança.
Pepe Mujica – Simplesmente Humano Allan Percy e Leonardo Díaz | Editora Sextante | 191 pp. | R$ 24,90
Espertos os autores desta biografia de José “Pepe” Mujica, o agora ex-presidente do Uruguai, homem de hábitos franciscanos que continuou morando na chácara próxima de Montevidéu, usava um velho Fusca mas gravata não, calçava sandálias e sobreviveu às torturas durante a ditadura naquele país: apropriaram-se de frases e conceitos emitidos por Pepe Mujica e os transformaram numa espécie de livro de auto-ajuda. Alguém dirá que Mujica estaria errado? Simples assim.
O Filho Antirromântico Priscilla Gilman | Companhia das Letras | 347 pp. | R$ 39,90
É uma espécie de autobiografia de mãe que, no sonho de ter um filho, e quando Benjamim nasceu o seu ideal de felicidade idílica se revelou bastante diferente: a criança recusava carinhos, mas era um leitor precoce e que, aos 3 anos, cujo comportamento peculiar era típico do hiperléxico, uma condição do autismo ou “síndrome de leitura precoce”. O livro conta a relação de uma mãe especial com um filho muito especial.
Todo Aquele Imenso Mar de Liberdade Carlos Marchi | Editora Record | 559 pp. | R$ 60,00
O livro conta “a dura vida do jornalista Carlos Castello Branco”, o Castelinho, possivelmente o maior comentarista político da história da imprensa brasileira e com quem tive a sorte de trabalhar, parte dos anos 1960 e 1970, no Jornal do Brasil. O mínimo que se pode dizer dele é que era mestre na arte de ouvir, na capacidade de discernir, no poder da memória, na preservação do espírito de independência, na habilidade com que tratava as palavras e no compromisso com a liberdade. É, também, a crônica de quase cinco décadas de profissão.
Uma Praça na Antuérpia Luize Valente | Editora Record | 361 pp | R$ 45,00
Este é o segundo livro de ficção de Luize, autora de Israel, Rotas e Raízes (1999) e dos documentários Caminhos da Memória – a Trajetória dos Judeus em Portugal (2002) e A Estrela Oculta do Sertão (2005). Com Uma Praça na Antuérpia ela produziu um romance histórico a partir de duas irmãs gêmeas nascidas em Portugal quase junto com o advento do governo de António Salazar que conseguiu se manter neutro na Segunda Guerra e os problemas pelos quais elas passaram durante o conflito até chegar ao Brasil, já convertidas ao judaísmo.
São Paulo Deve Ser Destruída Moacir Assunção | Editora Record | 280 pp. | R$ 45,00
Em julho de 1924 a cidade de São Paulo tinha setecentos mil habitantes e trezentos mil fugiram para escapar ao bombardeio aéreo e terrestre por tropas do governo federal contra os rebeldes liderados pelo general Isidoro Dias Lopes contra o presidente Arthur Bernardes e sua politica econômica que provocava carestia. A Revolução de 1924 seguiu na esteira de outras revoltas tenentistas que se espalhavam pelo país. O autor mostra como Brás, Belenzinho, Mooca, Aclimação e Luz foram atacados naquela que é considerada a maior batalha em solo urbano da América Latina.
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músicas magazine
por Bernardo Lerer Paco de Lucía – Gold Warner Music | R$ 92,90
Ele nasceu Francisco Sánchez Gomes em Algeciras, perto de Cadiz, onde todas as crianças eram Paco, quando começou a tocar, aos 14 anos, adotou o de Lucía, em homenagem à mãe, a portuguesa Lúcia Gomes. Com um nome ou outro, tornou-se um dos maiores guitarristas de flamenco de todos os tempos, reverenciado pelos companheiros de instrumento como Eric Clapton e Richard Chapman, autores de um livro a respeito do instrumento. Paco (1947-2014) gravou dezenas de álbuns e depois de sua morte as gravadoras começam a remasterizar as gravações feitas em vinil, há mais de cinquenta anos e de que este álbum com dois cd’s e 25 faixas é um exemplo magnífico.
Nana Mouskouri Mercury | R$ 130,90
Nana nasceu em 1934 na cidade de Chania, a mais importante de Creta, numa época em que lá vivia uma das mais maiores comunidades judaicas gregas. Ela foi levada para Atenas e os pais a matricularam no conservatório da cidade. Em 1964 já era conhecida de todos os palcos. Este cd, remasterizado de uma gravação analógica, é o concerto nas ruínas de Herodes Atticus e foi realizado em 1984.
Viola Brasileira em Concerto GVianna | R$ 66,90
Dez grandes referências brasileiras na viola reuniram-se em 2011 para homenagear o compositor e intérprete de viola Renato Andrade e que muitos consideram um dos maiores violonistas de todos os tempos, e aproveitaram para saudar Theodoro Nogueira, o pioneiro na escrita para a viola brasileira. Theodoro e Renato são responsáveis pela divulgação, além fronteira, das virtudes deste instrumento de dez cordas.
Louis Armstrong – The Okeh Sony Music | R$ 472,90
São dez cd’s a partir de gravações entre 1925 e 1933, pela General Phonograph Corporation de Nova York, para a Columbia e RCA Victor com a recomendação de que se usem as agulhas Okeh. Os estudiosos consideram estas as melhores gravações de todo o século 20, entre outras razões porque o que se produziu de jazz, pop, blues e até hip-hop teve e a marcante influência das inovações introduzidas por Satchmo.
The Greatest Hits Laura Pausini | Warner Music | R$ 52,90
Nascida em 1974, ainda criança o pai a levava aos bares onde tocava piano para acompanhá-lo cantando as músicas que faziam sucesso nas décadas de 80 e 90. Foi o começo de uma carreira que ganhou impulso em 1993 quando venceu a competição destinada aos novos cantores do XLIII Festival de San Remo. Este álbum contém dois cd’s e 38 faixas, muitas das quais cantadas em francês e inglês.
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HEBRAICA
| JUN | 2015
The Beatles Second Album Capitol | R$ 42,90
Mais uma preciosidade recuperada das catacumbas do rock com onze faixas, todas elas mostrando a incrível versatilidade do quarteto de Liverpool. O cd contém as inscrições de como o apresentador dos seus espetáculos os introduzia nos palcos afirmando: “Nunca o show business viu ou ouviu algo semelhante. Aqui está, o mais popular quarteto do mundo cantando e tocando sua nova coleção de sucessos”.
Richard Galliano – Nino Rota Deutsche Grammophon | R$ 108,90
Galliano é um exímio acordeonista e tinha entre os amigos o falecido compositor argentino Astor Piazzola. Nino Rota é um conhecido autor de trilhas musicais que já era talentoso quando foi se aperfeiçoar nos Estados Unidos. O resultado é este cd no qual Galliano interpreta em dezenove faixas, as trilhas sonoras de filmes como Amarcord, O Poderoso Chefão, Oito e Meio, La Strada, La Dolce Vita, Noites de Cabíria e outros.
Pavarotti – The Duets Decca | R$ 42,90
Desde que começou a cantar, em 1961, até seu último concerto, em 2006, um ano antes de morrer de câncer no pâncreas, Luciano Pavarotti era um dos mais requisitados para óperas e concertos e aquele que, provavelmente, melhor soube se valer da televisão para divulgar sua arte e talento. Isso explica um pouco este cd com quatorze faixas no qual os mais famosos artistas da segunda metade do século passado queriam gravar duetos com ele.
Beethoven – 101 Decca | R$ 209,90
Os seis cd’s deste álbum contendo 101 composições do mestre de Bonn (1770-1827) não obedecem a uma divisão clara de gêneros musicais, embora predominem as sinfonias, sonatas, corais, aberturas e concertos para piano. Todo o material foi compilado e remasterizado em 2012 de modo a fornecer um quadro da produção dele e revelar como a sua conturbada vida pessoal se materializava nas obras.
Rossini Complete Ouvertures Naxos | R$ 66,90
A Orquestra Sinfônica de Praga e o Coro Filarmônico de Praga cumprem bem sua missão de interpretar algumas das mais famosas aberturas do fantástico Gioachino Rossini (1792-1868) e que mostram que ele era capaz de fazer tragédia em Otello e humor em La Gazza Ladra, por exemplo, possivelmente a abertura mais famosa e uma das mais populares do repertório operístico.
Ballet Favourites Major Classics | R$ 169,90
Sãos três cd’s da coleção Major Classics, num total de 54 faixas, com as mais conhecidas e importantes suites de ballet escritas ora exclusivamente para corpos de baile ora como parte de sinfonias. No primeiro caso, estão as obras de Tchaikovsky como O Lago dos Cisnes, Quebra-Nozes, A Bela Adormecida; e O Convite à Dança, de Weber; La Boutique Fantastique, de Rossini, com arranjo de Otorino Respighi, e outras mais.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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HEBRAICA
| JUN | 2015
magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer
Mário Schenberg, cem anos de nascimento Ele tinha 23 anos, em 1937, quando se tornou professor assistente de Gleb Wathagin na cadeira de física teórica da USP e um ano depois foi convidado para o Instituto de Física de Roma, com o Prêmio Nobel de Física de 1938, Enrico Fermi. Sucessivamente, trabalhou com os maiores nomes da física no século 20, alguns deles ganhadores de Prêmio Nobel de Física ou Química como Wolfgang Pauli, o astrofísico Subrahmanyan Chandrasekhar e George Gamow. Fréderic Joliot Curie chamou-o para proferir seminários de física nuclear no College de France. Depois, estagiou no Instituto de Altos Estudos de Princeton. Um dos fundadores da mecânica quântica, Werner Heisenberg elogiou um de seus trabalhos. Estamos falando de Mário Schenberg, que nasceu há cem anos no Recife, filho de pais judeus emigrados da antiga Bessarábia, e a respeito de quem a professora Dina Lida Kinoshita acaba de escrever uma biografia política com o título Mário Schenberg – o Cientista e o Político, mas que tam-
bém foi um importante crítico e colecionador de obras de arte. Esse cientista que pensava nas estrelas pois colaborou em dois estudos que tratam da “evolução das estrelas”, substituiu Monteiro Lobato como paraninfo da turma de 1944 de formandos da Faculdade de Filosofia da USP. Foi deputado estadual, um marxista heterodoxo e antistalinista muito antes da morte de Stalin e a denúncia de seus crimes e pertencia à “alma civilista”, institucional, parlamentar e democrática do comunismo brasileiro. Na Assembleia Legislativa propôs a criação de cursos universitários no interior do Estado e noturnos, a dedicação integral e a instituição de bolsas de estudo. Tanto quanto isso foi um dos mais ativos membros do Conselho Mundial da Paz convencido de que para se alcançar um mundo mais justo e democrático era preciso lutar contra as ameaças de um conflito nuclear do qual se falava no auge da Guerra Fria, na década de 1960.
Stalin odiava Maya. Ela era judia A prima ballerina assoluta Maya Plisetskaya, considerada “a joia” do Teatro Bolshoi, da companhia de balé russa fundada em 1776, e que dançou o Lago dos Cisnes mais de oitocentas vezes, morreu no começo de maio aos 89 anos, era uma cidadão do mundo e a quem se atribuía a rara combinação de arte, beleza, generosidade e dignidade. Maya era judia, filha de Rachil Messerer-Plisetskaya, atriz do cinema mudo, e de Michail Plisetsky, ambos de tradicionais famílias lituanas. Os tios Asaf e Sulamit, eram bailarinos, o irmão de Maya, Alexander, foi um notável coreógrafo, e a sobrinha, Anna, importante bailarina. O pai, Michail, era diplomata e engenheiro de minas e, embora distante da política, foi preso e executado em 1938 na onda dos expurgos stalinistas. E a mãe, deportada para um gulag no Cazaquistão. Uma tia cuidou de Maya e do irmão. Ao mesmo tempo em que o Estado fazia dela e do corpo de baile do Bolshoi glórias do regime, Maya era uma
das suas vítimas e banida das excursões internacionais por ser politicamente suspeita e “não exportável”. E pelo histórico familiar e ser judia, era, portanto, “um alvo natural ... que deve ser humilhada e exposta à execração pública por não participar de reuniões políticas”, segundo historiadores. Por esta razão, durante dezesseis anos não pôde sair da União Soviética e virou “uma artista provinciana, usada em passeios turísticos de ônibus e apenas para consumo local”. Ela desafiava o regime fazendo mais e impressionantes apresentações, como em 1956, em Moscou, quando a plateia explodiu em aplausos que os agentes da KGB tentaram sufocar botando os espectadores para fora. A proibição de viajar com o elenco do Bolshoi foi suspensa em 1959 graças à intervenção pessoal de Kruschev a quem ela escreveu “indignada” e o líder soviético considerou que excluir Maya das excursões “servia à propaganda antissoviética e aos objetivos do Ocidente”. Ela
sempre retornou à União Soviética, enquanto outros, como Rudolf Nureyev, Natalia Makarova e Mikhail Baryshnikov se asilavam no Ocidente.
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| JUN | 2015
Esther, a irmã rejeitada de I. B. Singer O escritor Isaac Bashevis Singer era o mais novo de quatro irmãos – Israel, Ieoshua, e a mais velha, Esther Kreitman. Os três eram escritores, e Esther influenciou profundamente os dois. Ela foi a primeira da família a escrever ficção, autobiografia e a questionar a ortodoxia dos pais insurgindo-se contra o que chamava de “um mundo sem sentido e desestruturado”. Assim que chegou a Antuérpia, na Bélgica, tirou a peruca e mandou o marido raspar a barba. Ao saber do que considerava “atrocidades”, o sogro Gedaliá cortou a ajuda financeira que dava ao casal, já instalado em Londres, e condenou a família a um futuro de pobreza, vagando de apartamento em apartamento nos bairros judaicos de North Islington e Hackney. Esther foi considerada o protótipo da feminista na luta por igualdade de educação com os meninos, o debate a respeito da sexualidade feminina e no direito a casos extraconjugais. No livro Deborah, escrito pelo filho dela, um dos casos nas mãos do rabino da rua Krochmalna diz respeito de uma judia que mantém relação extraconjugal. Esther morreu em 1954, e somente muito tempo depois o irmão famoso reconheceu que estava em débito literário com a irmã e escreveu o pequeno conto “Minha Irmã” e que dá uma breve ideia do que teria sido sua convivência com ela. Além disso, acredita-se que o caráter e aspirações da irmã foram fonte de inspiração para a novela, e depois, filme, Yentl.
De todo modo, em nenhum momento Isaac, Israel e Ieoshua deram qualquer atenção aos textos e à precária situação da irmã em Londres. Ela ficou conhecida também pelas traduções que fez para o ídiche de clássicos de Charles Dickens, como Um Conto de Natal, e O Guia para o Socialismo e o Capitalismo, de Bernard Shaw.
Um justo entre as nações Há 75 anos, este mês, o então cônsul de Portugal em Bordeaux, no sul da França, Aristides Souza Mendes, começou a emitir vistos para cerca de trinta mil pessoas, dez mil delas judias, para entrar em Portugal, governado pelo ditador António de Oliveira Salazar, teoricamente neutro na guerra, mas com notórias tendências fascistas. Católico fervoroso, pai de quinze filhos, Souza Mendes desobedeceu à temida “circular 14” do governo português que proibia a emissão de vistos de entrada a cidadãos expelidos de seus países de origem, no caso, judeus principalmente. O rabino polonês Chaim Kruger seria o primeiro beneficiário, mas declinou da primazia e pediu ao cônsul que, atendesse antes às milhares de pessoas. Com a ajuda de Kruger foi montada uma espécie de “linha de montagem” de concessões de vistos para, entre outros, Salvador Dalí, o casal Margareth e H.A. Rey, autores do clássico infantil Curious George, e o último príncipe
herdeiro da coroa austro-húngara Otto von Habsburg. Quando os nazistas chegaram a Bordeaux, Souza Mendes foi aos campos onde os judeus estavam concentrados e continuou emitindo vistos até ser destituído do cargo, em 8 de julho de 1940, chamado de volta a Lisboa e culpado por desobediência. Perdeu todas as honrarias e a partir daí começou uma vida infernal para ele e a família aos quais todos viravam as costas e reduzindo-os a párias da sociedade. Os filhos foram aos poucos deixando Portugal e a maioria se fixou nos Estados Unidos e Canadá. Ele morreu pobre e endividado em 1954 e ao seu enterro compareceu apenas uma pessoa, uma sobrinha. Depois da Revolução dos Cravos em 1974 que apeou o salazarismo do poder, começou um lento processo de reabilitação de Aristides, que já há muitos anos recebera o título de “Justo Entre as Nações”.
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magazine > cursos
Para entender o cristianismo O
correspondente da revista Hebraica em Israel, Ariel Finguerman ( foto), estará em visita a São Paulo em julho e agosto. Como faz todos os anos, ele ministrará cursos e palestras na cidade. Desta vez, o tema será a influência do judaísmo no início do cristianismo. Finguerman é formado em fi losofia e jornalismo pela USP e doutorou-se em estudos do judaísmo na Universidade de Tel Aviv. Confira os detalhes dos dois cursos programados:
“Os Evangelhos Lidos na Cultura de seu Tempo”
N
os últimos anos, cada vez mais as religiões entram em diálogo, a tal ponto que hoje não se pode estudar o início do cristianismo sem consultar fontes judaicas. Em particular, os estudos sobre Jesus, seu ensinamento e o tempo em que viveu são cada vez mais entendidos sob o pano de fundo da cultura, sociedade e política da Judeia e Galileia no século I. Este curso abordará e refletirá sobre alguns dos grandes temas dos Evangelhos – o reino de Deus, o batismo, as parábolas, a questão da pureza, o Shabat, o legado de João Batista – contextualizando-os na cultura bíblica da Israel antiga e no judaísmo do século I. Dias 6, 8, 13, 15, 20, 22, 27 e 29 de julho, das 19h30 às 21h30 Associação Filosófica Palas Athena, alameda Lorena, 355 Fone 3266-6188
“Os Manuscritos do Mar Morto – Os Judeus Essênios, os Primeiros Cristãos e a Formação da Bíblia na Maior Descoberta Arqueológica da Terra Santa”
O
curso apresentará um painel completo sobre os Manuscritos do Mar Morto, a maior descoberta arqueológica do século 20 e ainda hoje as Bíblias mais antigas que conhecemos. Destinado ao público em geral, sem necessidade de conhecimento prévio de assuntos bíblicos, incluirá a leitura de textos originais traduzidos ao português. Os Manuscritos também revelaram a comunidade que então habitava no que hoje são as ruínas de Qumran: os essênios, uma seita judaica da Terra Santa, que lançou uma nova luz sobre o judaísmo da época do Segundo Templo e a comunidade cristã em formação. Dias 6, 13 e 14 de agosto, das 11 às 13h MUBE / Lita Projetos Culturais, avenida Europa, 218 | Fone 3887-1243 / 999-734-079
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vitrine > informe publicitário FERNANDO BARBOSA ENGENHARIA
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Acolchoados antigos podem ser renovados Antigos acolchoados e travesseiros de plumas de ganso, que muitas vezes até fazem parte da história familiar. podem ser renovados. Uma técnica européia pode deixá-los novinhos em folha. É possível trocar o tecido, alterar tamanhos e a densidade das plu-
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indicador profissional ARQUITETURA
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CLÍNICA
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CIRURGIA PLÁSTICA
CURSOS
CURA RECONECTIVA
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indicador profissional CURA RECONECTIVA
FISIOTERAPIA
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DERMATOLOGIA
FISIOTERAPIA
FONOAUDIOLOGIA
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HARMONIZAÇÃO INTERIOR
GINECOLOGIA
MANIPULAÇÃO
HEBRAICA
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indicador profissional MANIPULAÇÃO
NEUROLOGIA
NEUROLOGIA
NEUROCIRURGIA
NUTRÓLOGO
NEUROLOGIA
ODONTOLOGIA
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indicador proямБssional ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA
ORTODONTIA
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indicador profissional ORTODONTIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
OFTALMOLOGIA
PEDIATRA
PSICANÁLISE
ORTOPEDIA
PAISAGISMO
PERSONAL/ REABILITAÇÃO
OTORRINOLARINGOLOGIA
PNEUMOLOGIA
PSICOLOGIA
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indicador proямБssional PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICO ONCOLOGIA
HEBRAICA
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indicador profissional PSICOPEDAGOGA
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
PSICOPEDAGOGIA
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
REPRODUÇÃO
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indicador profissional RESIDENCIAL
RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA
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HEBRAICA
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| JUN | 2015
indicador profissional TERAPEUTA FLORAIS DE BACH
compras e serviços
TERAPIAS ALTERNATIVAS
TERAPIA ORTOMOLECULAR
118 HEBRAICA
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compras e serviรงos
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HEBRAICA
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compras e serviรงos
120 HEBRAICA
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roteiro gastron么mico
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roteiro gastron么mico
122 HEBRAICA
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conselho deliberativo
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL
Escolhas responsáveis A efervescência democrática vivida pelo Brasil na atualidade tem servido como um curso avançado para núcleos e comunidades menores, como é o caso da Hebraica. A cada eleição para a renovação de parte do Conselho Deliberativo fica evidente que o quadro associativo está atento ao que acontece no clube em todos os setores. O número de jovens que se candidataram e foram eleitos nas últimas duas eleições hoje se reflete na renovação ocorrida na diretoria e na consequente transformação pela qual o clube vem passando nos últimos meses. É pensando nas consequências positivas da atuação dos jovens no Conselho Deliberativo e nas comissões permanentes, que a mesa diretora começa com antecedência uma campanha para estimular debates que levem à ampliação das candidaturas para as eleições que se realizam dia 8 de novembro. Esta é a época ideal para mesclarmos a experiência dos conselheiros que militam há algumas gestões e conhecem a fundo os procedimentos e os Estatutos Sociais do clube. É com esses ativistas que os novos conselheiros aprenderão os conceitos que servirão de base para as mudanças futuras. O Conselho Deliberativo tem sido o primeiro estágio para muitos dirigentes comunitários e também para associados interessados em participar mais ativamente das decisões e atualizações promovidas no clube. Nas reuniões ordinárias são debatidos temas que dizem respeito ao clube e também à comunidade judaica, o que amplia o grau de responsabilidade daqueles que se propõem a representar os sócios na qualidade de conselheiros. Desde já, convidamos os sócios que estiverem dispostos a trabalhar pelo clube como conselheiros a acompanhar o calendário de reuniões ordinárias, comparecer a uma delas e testemunhar o dinamismo e a forma democrática como a Hebraica é conduzida.
Mauro Zaitz Presidente do Conselho Deliberativo
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JULHO 5 25
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
26
DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
31
6ª FEIRA
SETEMBRO ** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29
OUTUBRO 4
*5 *6
10 de agosto 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro
Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores
Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA
5
ANOITECER
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT
DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ
2ª FEIRA 3ª FEIRA
NOVEMBRO
5ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
DEZEMBRO 6 13
DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2016
JANEIRO 25 27
2ª FEIRA 4ª FEIRA
TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO
EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA
5 11
5ª FEIRA 4ª FEIRA
12
5ª FEIRA
IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER
MARÇO 23 24 25
ABRIL
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015
ANOITECER
TU BE AV
22 23* 24* 29* 30*
MAIO
26
5ª FEIRA
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS
** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,
FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS
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