CJ News 16 - 22/02/2013

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Yitro Shemot 18:01-20:23 Nesta porção da Torá, Moisés relata ao seu sogro, Jetro, o milagre do êxodo. Jetro proclama que o Deus de Israel é superior a todos os outros deuses e faz um sacrifício. Jethro aconselha Moisés a delegar funções de liderança. Os israelitas acampam na parte inferior do Monte Sinai. Depois de três dias, a montanha se enche de fumaça e Deus entrega os Dez Mandamentos a Seu povo.

CJ‫נ‬EW‫ם‬ Ano XV nº 638 22 de Fevereiro de 2012 22 de Shevat de 5773 Shabat Yitro

Palavras de André Chouraqui O texto bíblico não dá nenhuma indicação que permita situar a montanha ao pé da qual Israel recebe a Torá. Os sábios, alias, assinalam que nesse capítulo, há por um lado, o deserto do Sinai e depois uma montanha varias vezes mencionada. É ao pé dessa montanha que terão lugar o sacrifício da Aliança e a cena do bezerro de ouro. Alguns pensam que, da mesma forma, que com o Horeb identificado á montanha de Deus, deve se ver “montanha do Sinai uma designação comum ao deserto e a montanha ao pé da qual Moises e Arão haviam feito sacrifícios e onde uma aliança haviam feito sacrifícios e onde uma aliança fora estabelecida. A ausência de qualquer precisão no texto atesta a pouca importância que bíblico confere ao quadro geográfico onde eu relato se situa. A cena que ele descreve parece situar-se fora do tempo e fora de todo lugar definido, na fronteira entre o eterno incriado e a criação. Essa visão épica das coisas lembra os poemas épicos de Canaã.


Os 10 Mandamentos: Por que D’us revelou o óbvio? A parashá desta semana narra a entrega dos Dez Mandamentos a Moshe no Monte Sinai e, nessa narrativa, apresenta dois aspectos aparentemente contraditórios: de um lado, os mandamentos revelados são extremamente lógicos e compreensíveis, sendo aceitos como validos por praticamente qualquer pessoa e, de outro lado, foi uma revelação marcada pela intensidade única de seus milagres, com fogos, relâmpagos, trovões, etc. Os milagres, aparentemente, parecem ser dispensáveis; para que enfatizar o caráter divino de mandamentos tão óbvios, simples, básicos e aos quais chegamos facilmente apenas usando o bom senso? Uma possível resposta é que, na realidade, naquele contexto, essas leis não eram tão obvias assim; ainda que nos pareçam completamente razoáveis hoje, é muito possível que, para os homens daquela época, o “bom-senso” não apontasse os 10 mandamentos como o caminho correto e lógico a ser seguido, de maneira que a expressão de D’us como a Fonte para esses princípios seria necessária para o seu cumprimento. De maneira semelhante, há princípios e trechos da Torá que, ainda hoje, permanecem sem explicação ou compreensão, de forma que, quando os cumprimos, fazemos isso apenas por serem eles mandamentos divinos, e não por que nos pareçam razoáveis ou lógicos. O Rambam explica que cada mitsvá da Torá tem um taam, isto é, um motivo, uma razão, ainda que não saibamos qual é. Devemos nos esforçar para tentar entender todos esses motivos, tanto os que são muito simples e facilmente compreensíveis pelo nosso bom-senso, como é o caso dos 10 mandamentos, como também aqueles que parecem muito complexos e ilógicos. Mas o principal, como denota o próprio significado da palavra taam [sabor], é a aceitação e o cumprimento das mitsvót; o entendimento dos seus motivos é apenas o gosto, o sabor da Torá, algo secundário, que valoriza o principal, mas que, por si só, não é nada. Assim como uma refeição composta apenas de doces e especiarias não sustenta uma pessoa, apenas entender os motivos dos mandamentos não tem valor algum, ao passo que cumprir os mandamentos, ainda que sem entendê-los completamente, pode não se r tão prazeroso, mas tem

valor, assim como uma refeição nutritiva completa, mas pouco saborosa. Devemos ter a consciência de que nosso intelecto e nosso bom-senso são falhos, limitados e moldados conforme a situação e a época em que vivemos; é muito possível que algo que nos pareça completamente lógico e certo hoje escapasse ao raciocínio de alguém em outra época ou lugar, assim como é possível que algo que, para essa outra pessoa, parecesse muito claro, para nós, hoje, não faça sentido algum. É exatamente por conta disso que a Torá tem um valor tão grande; na Torá, trechos cuja leitura pulamos por serem “óbvios demais” ou “senso comum” se seguem a outros trechos que também pulamos, mas dessa vez por serem “antiquados” ou “irracionais” demais. A Torá iguala no mesmo patamar aquilo que entendemos e o que não entendemos, o que queremos e o que desprezamos, o que é popular e o que é tabu; de acordo com ela, tudo isso deve ser cumprido junto e igualmente, desde as coisas mais básicas às mais elaboradas, não como um produto de legisladores humanos de uma época, mas como ordens divinas e eternas. Se soubermos fazer isso, teremos o nosso sustento, o nosso prato principal, a base para vivermos bem e de acordo com o que é certo; o sabor, isto é, o entendimento, virá na hora apropriada, junto ou depois, e não antes da refeição. Devemos saber dar valor a esse nosso sustento, a Torá, que manteve nosso povo vivo e ativo ao longo dos milênios, sempre perseverando em cumprir aquilo que é certo, independentemente das circunstâncias, conveniências e bons-sensos!

Shabat Shalom

David Rosenberg Krausz

Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: José Luiz Goldfarb Chazan: David Kullock Musicista: Marcello Frenkiel Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz Texto: Mauricio Mindrisz e David Rosenberg Krausz Ilustrações: Rubem Castro


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