Mishpatim Shemot 21:1 – 24:18 Nesta porção da Torá, Moisés detalha várias das leis de Deus para os israelitas. Vários temas são tratados nessas leis tais como a adoração
a outros
deuses,
Kashrut,
ética
nos negócios,
e
tratamento de animais. Deus descreve os detalhes de três feriados: Pessach, Shavuot e Sucot. Deus provê um anjo para proteger os
CJנEWם
israelitas de seus inimigos, e adverte os israelitas a não adorar
Ano XV nº 640
outros deuses. Moisés sobe ao Monte Sinai para se encontrar com
9 de Fevereiro de 2013 29 de Shevat de 5773 Shabat Mishpatim Shabat Mevarchim Adar Shabat Machar Chodesh
Deus durante 40 dias e 40 noites, deixando Arão e Hur no comando.
Adar vem aí. Com ele, muita alegria Neste Shabat, anunciaremos o mês de Adar, que se inicia no próximo domingo e segunda-feira. Adar é o décimo segundo mês. Tem sua origem na raiz "adir" (força). É um mês afortunado e que aponta para um destino próspero. Nele se comemora Purim, a festa que marca a mudança radical do destino dos judeus na Pérsia - de morte e humilhação para vida e respeito. Diz-se: "quando entra Adar se intensifica a alegria". É essa alegria que torna este mês "grávido", sendo o mês bissexto do calendário. O sentido do mês é o riso, a festa é Purim, e a mitzvá é a de se embriagar de alegria e fantasia. Adar é um mês de fantasia, onde o imaginário e o sonho mostram sua dimensão terapêutica. A grande obrigação deste mês é, no dia de Purim, ficar tão embriagado de alegria a ponto de não sabermos distinguir entre "Abençoado Mordechai" (o herói) e "Maldito Aman" (o vilão). Estas duas expressões que tem o mesmo valor em sua numerologia representam a possibilidade de transcender a dualidade de "bem e mal". Não que o mal não exista, e toda a busca de ética e justiça do Judaísmo atesta a disposição de combater o "mal". Porém este é o mês de se esquecer do mal, de fazermos barulho quando ele se mostra e obliterá-lo da realidade. Afirmar o bem é a alma de Adar.
O boi que chifra e o valor supremo da vida humana Lemos na parashá desta semana, Mishpatim, sobre uma série de leis do que poderia se chamar de “direito civil da Torá”, ou seja, leis que regem a relação entre os seres humanos, suas propriedades, suas relações de trabalho e comércio, etc. Gostaria de chamar atenção para um caso específico de uma lei que aparece na parashá: trata-se do caso em que um boi chifra uma pessoa, causando sua morte. No caso de isso ser um completo acidente, isto é, se o boi costumava ser manso [shor tam] e nunca houvera chifrado alguém, a pena prevista pela Torá é apenas a execução do boi por apedrejamento, estando o seu dono completamente isento de qualquer culpa. Já caso o boi em questão já fosse conhecido por ser agressivo [shor muad], o dono descuidado é considerado como um assassino e também é penalizado, assim como o animal, com a morte. Em ambos os casos, não se pode tirar proveito algum do boi executado. De qualquer maneira, essa lei é bastante peculiar: parece muito lógica a parte que se refere ao dono do boi, que é responsabilizado pela morte na medida em que poderia ou não tê-la evitado, entretanto, no que diz respeito ao tratamento conferido ao boi, a lei parece muito estranha. Como um boi, um animal irracional, pode ser responsabilizado e penalizado por matar uma pessoa? E, mais do que isso, pensando logicamente, de que serve desperdiçar totalmente o boi, quando seria possível ter bastante proveito dele vivo ou mesmo morto? A resposta para essa indagação só pode ser encontrada se entendermos que essa lei não é simplesmente mais uma lei civil como as que estamos acostumados a ver por aí e que a Torá não é simplesmente mais um mais código de leis como os que temos hoje em dia. Na realidade, os códigos legais de hoje se pautam exclusivamente (pelo menos na teoria) no objetivo de fazer justiça entre os homens, da maneira mais eficiente, clara e econômica possível, enquanto vemos que, no caso da lei do boi da Torá, existe claramente algum outro objetivo em jogo, motivo pelo qual o boi é apedrejado e “desperdiçado”. O verdadeiro motivo para o apedrejamento do boi não é uma punição por ele ter cometido um assassinato – isso seria um completo absurdo tendo em vista que um animal não é responsável por seus próprios atos e não pode ser julgado como assassino –,
mas sim uma forma de mostrar o valor supremo que tem a vida de uma pessoa na Torá. A lógica do Direito bíblico, diferentemente do Direito moderno, não é a busca, acima de tudo, da justiça mais simples e econômica possível, mas da valorização ao extremo da vida, não simplesmente como um bem indenizável, mas como algo divino e, portanto, de valor infinito. A cultura de valorizar a vida acima de tudo sempre foi muito forte dentro do nosso povo, o que faz com que, por exemplo, enquanto nossos inimigos usam suas mulheres e crianças como escudo humano e nos atacam com homens-bomba suicidas, Israel concorde em libertar mais de 1000 prisioneiros para salvar uma única vida, de um de seus soldados. “Só umsoldado?”, costumamos nos perguntar. Sim, é um soldado, mas não é só um! Devemos ter em mente que cada vida é algo divino e que o seu valor é total e incomparável a qualquer coisa; só assim saberemos conduzir verdadeiramente bem a vida em sociedade e saberemos buscar o que é realmente importante, como está escrito: “Quem salva uma vida salva o mundo inteiro”.
Shabat Shalom
David Rosenberg Krausz
Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: Isac Castro Chazan: David Kullock Musicista: Marcello Frenkiel Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz Texto: Mauricio Mindrisz e David Rosenberg Krausz Ilustrações: Rubem Castro