CJ News 18 - 16/02/2013

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Mishpatim Shemot 25:1 – 27:19 Nesta porção da Torá, Moisés recebe os mandamentos de Deus em tábuas de pedra. Deus diz a Moisés para criar uma morada para Si, e pede aos bnei Israel afazer doações para a construção do Mishkan (Tabernáculo). Deus dá os detalhes da obra e de sua construção. O Tabernáculo inclui uma arca, dois querubins, cortinas, e uma menorá.

CJ‫נ‬EW‫ם‬ Ano XV nº 641 16 de Fevereiro de 2013 6 de Adar de 5773 Shabat Teruma

Palavras de Andre Chouraqui Os comentários insistem sobre o fato de que o amor de Deus pelos hebreus se traduz pela doação de seus bens mais preciosos: a vida bíblica se fundamenta sobre uma economia de oblação, não de acúmulo e consumo. Este capítulo inaugura a longa serie de textos que nos iniciam às liturgias sacrificiais muito complexas dos bnei Israel, que manifestam sua devoção a Deus através de suas oferendas no altar dos sacrifícios. Os teólogos explicam a manutenção dos sacrifícios pela legislação bíblica como uma concessão aos costumes de todos os povos da Antiguidade. Antigos hábitos são canalizados e orientados para os novos horizontes do pensamento abrâmico: supressão dos sacrifícios humanos, condenação dos ritos baseados em orgias, concentração dos ritos sacrificiais num único altar para toda a nação, espiritualização do sacrifício, apresentado como uma oferenda e como um rito purificador, eliminação das práticas magicas, ou dos mistérios das religiões pagãs. Rashi revela o tríplice emprego da palvara “terumá”, contribuição e atribui o primeiro, de um beqa de prata por cabeça, à fabricação dos suportes de prata do santuário, o segundo, de mesmo valor à aquisição os sacrifícios oferecidos pela comunidade e o terceiro, deixado à generosidade de cada um, à edificação da morada divina. Só as duas primeiras contribuições são obrigatórias: elas tem igual valor para os ricos quanto para os pobres, manifestando a igualdade dos hebreus perante Deus e a unidade de sua nação.


Um carneirinho diante do mundo – qual a diferença que fazem as pequenas coisas

em nossas vidas de maneira geral) são coisas tão pequenas como um korban, como um carneirinho diante de todo o mundo.

“O mundo se sustenta sobre três coisas: a Torá, a Avodá [serviço divino] e a beneficência”. Essas palavras foram ditas pelo sábio da Mishná Shimon Hatzadik em Pirke Avot 1:2. O sábio diz, em outras palavras, que o mundo foi criado e continua a existir somente por causa dessas três coisas.

Tudo isso nos lembra de que, sim, as pequenas coisas fazem diferença e de que cada mitzva, cada pequeno bem que fazemos é importante e que, acima de tudo, é sobre essas coisas que o mundo, realmente, se sustenta.

Quanto à Torá e á beneficência, é relativamente simples de entender sua importância. Afinal, a Torá fala de coisas que devemos fazer para melhorar o mundo e para termos vidas boas e com um propósito; seu estudo e prática são, portanto, fundamentais. A beneficência, também, é muito importante para os seres humanos se relacionarem uns com os outros de maneira adequada, promovendo a paz e o bom entendimento entre eles e, assim, sustentando o mundo. Bem... mas e a Avodá [o serviço divino, que se refere aos sacrifícios que eram oferecidos no Templo]??? Por que isso é tão importante? Como uma porção de cabritinhos e bezerrinhos pode ser responsável pela existência de todo o mundo? Por que justamente sobre isso o mundo se sustentaria? Talvez na parashat hashavua, Terumá, encontramos uma explicação: Na parashá de Terumá, a Torá fala sobre muitos pequenos detalhes do mishkan [o santuário móvel que o povo de Israel fez no deserto], como as suas medidas, seus materiais, objetos, etc. Uma grande parte de toda a Torá, na qual se inclui a parashá de Terumá, enquanto, por exemplo, à toda a Criação do mundo foram dedicados apenas alguns poucos capítulos. Por que? Isso quer dizer que as coisas no mundo não são tão simples como podemos pensar; aquilo que, aos nossos olhos, parece grande, importante e merecedor de muita atenção, aos olhos de D’us, pode não sê-lo, e vice-versa. Na verdade, até mesmo aos nossos olhos humanos, se formos analisar com cuidado, as coisas não são simples e lógicas. Muitas vezes, as coisas que verdadeiramente fazer diferença em nossos dias (e

A cultura de valorizar a vida acima de tudo sempre foi muito forte dentro do nosso povo, o que faz com que, por exemplo, enquanto nossos inimigos usam suas mulheres e crianças como escudo humano e nos atacam com homensbomba suicidas, Israel concorde em libertar mais de 1000 prisioneiros para salvar uma única vida, de um de seus soldados. “Só um soldado?”, costumamos nos perguntar. Sim, é um soldado, mas não é só um! Devemos ter em mente que cada vida é algo divino e que o seu valor é total e incomparável a qualquer coisa; só assim saberemos conduzir verdadeiramente bem a vida em sociedade e saberemos buscar o que é realmente importante, como está escrito: “Quem salva uma vida salva o mundo inteiro”. Shabat Shalom

David Rosenberg Krausz

(dedicada ao meu querido pai e mestre Luis Krausz, aniversariante da semana, e à pronta recuperação da minha queria avó Rivka Brucha bat Liba Ruchla, que teve um pequeno acidente de carro nesta semana)

Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: Mauricio Mindrisz Chazan: David Kullock Musicista: Marcello Frenkiel Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz Texto: Mauricio Mindrisz e David Rosenberg Krausz Ilustrações: Rubem Castro


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