CJ News 36 - Pinchas

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Pinchas Bamidbar 25:10 – 30:1 Na porção desta semana da Torá, Deus concede a Pinhas um pacto de paz . Deus explica a repartição da terra de Israel: cada tribo teria direito a um território proporcional à sua população. As filhas de Zelofeade pedem para herdar o direito a terra relativa a seu pai, que havia morrido sem deixar filhos. Moisés nomeia Josué como seu sucessor. A parashá é concluída descrevendo detalhadamente as oferendas de sacrifícios diários e das festividades: Rosh Chodesh, Pessach, Shavuot, Rosh Hashaná, Yom Kipur, Sucot e Shemini Atzeret.

Pinchas é Elias, Elias é Pinchas De acordo com o Midrash, Pinchas e Eliahu Hanavi, são a mesma pessoa. Essa afirmação pode ser encontrada varias vezes no Midrash. O que é interessante é que "Pinchas é Elias" e "Elias é Pinchas" são escritas de forma intercambiável. Quando Pinchas está sendo discutido, o Midrash diz que Pinchas é Elias. Quando Elias está sendo discutido, o Midrash diz que Elias é Pinchas. Uma vez que Elias, o profeta viveu centenas de anos após Pinchas, faria mais sentido dizer que "Elias é Pinchas", e não o inverso. De acordo com uma explicação no Zohar, a alma de Eliahu Hanavi foi criada durante os seis dias da Criação. É por isso que o Midrash às vezes usa a frase "Pinchas é Elias", apesar de Pinchas ter nascido primeiro. A essência, a alma de Elias existia antes Pinchas nascer.

Shabat na sinagoga de A Hebraica Prédica: Chico (Joshua Strul) Chazan: David Kullock Musicista: Marcello Frenkiel Baalei Koré: Rony e Daniel Grabarz

Horários Kabalat Shabat: 6ª f. 19h30 Schacharit: Sab 10 hs Mincha, Maariv e Havdalá: sab 17h30 Todos os serviços são acompanhados de um kidush

CJ EW Ano XV nº 660 29 de Junho de 2013 21 de Tamuz de 5773 Shabat Pinchas


E quando ninguém faz nada eu vou fazer? A parashá desta semana, Pinchas, fala sobre um dos personagens mais polêmicos de toda a Torá: trata-se de Pinchas, filho de Elazar, filho de Aharon. A história de Pinchas, na realidade, começa na parashá da semana passada, que conta sobre o episódio em que um importante príncipe israelita, Zimri ben Salu, na frente de Moshe e de outros grandes sábios do povo de Israel, tomou para si uma mulher midianita (uma princesa chamada Cozbi bat Tsur), profanando abertamente a Torá e desrespeitando completamente a autoridade divina e a dos líderes do povo. Pinchas, diante dessa situação, em que todos, de tão perplexos, ficaram sem fazer nada, lembrou-se da lei da Torá que, num caso assim, os “zelosos” [kanaim] devem tomar uma atitude e, flagrando o ato, devem matar os pecadores. Tomado, então, por um ímpeto de zelo, furioso com tamanho desrespeito com relação à vontade divina, Pinchas viu que era a hora dele tomar uma atitude: foi até a tenda de Zimri e, munido de uma lança, saltou sobre a tenda e atravessou o casal de um só golpe. De acordo com a Torá, D’us não só aprovou o ato como também recompensou Pinchas com sua aliança de paz para todo o sempre. Parece muito louco pensar que uma Torá que fala de amor ao próximo e do valor supremo da vida aprove e premie uma atitude como essa, mas, nesse caso, o texto é bastante claro e realmente não há dúvida de que Pinchas agiu corretamente. A pergunta é: por quê? Como isso é possível? De fato essa é a lei? Primeiramente, é importante esclarecer que, sim, a regra é assim, que “os zelosos devem punir”, mas, embora essa seja a lei, também faz parte dessa mesma lei que “não se ensina assim”, isto é, se alguém perguntar a um grande rabino ou mestre de Torá, qualquer que seja, se deve-se proceder assim, a resposta será certamente negativa. Uma atitude como a de Pinchas não é encorajada ou estimulada em nenhuma circunstância, mas só pode ocorrer no caso de alguém que conhece a lei e que, verdadeiramente, sem perguntar a ninguém e sem ter absolutamente nenhum interesse ou prazer por trás, tem um ímpeto de zelo e, somente por esse motivo, pela dor que sente com o desprezo por D’us, toma a atitude de matar o casal.

Isso não quer dizer que a Torá é sanguinária ou que aprecia e aceita a violência (aliás, é bem o contrário), mas indica que, em situações muito especiais como o caso de Zimri, em que o desrespeito e a profanação chegam a extremos tão absurdos, alguém tem que tomar uma atitude, às vezes muito dolorosa, porém necessária. É exatamente por isso que existe essa lei tão estranha de que “os zelosos punem” prevista pela própria Torá. Evidentemente, falamos aqui de um caso bastante complicado e distante de nossa realidade, mas o ensinamento para nós permanece: diante de situações absurdas, em que todos, inclusive as autoridades, parecem permanecer em silêncio, precisamos ter uma postura ativa e precisamos saber como ser “zelosos”, como verdadeiramente nos importarmos com o que acontece à nossa volta. Claro que isso não quer dizer que cada um deve sair por aí matando gente, desrespeitando a lei e fazendo justiça com as próprias mãos; isso não existe e é contra a Torá. Mas cada um deve ter sempre essa consciência de que muitas vezes, se essa pessoa não tomar uma atitude (sempre dentro da lei, mas geralmente contra a vontade geral, inclusive a própria) talvez ninguém nunca tome e o problema nunca seja resolvido. Como está escrito: “No lugar onde não há homens, trate você de ser o homem” (Pirke Avot 2:5). Shabat shalom umevorach!

David Rosenberg Krausz

Cultura Judaica News Texto: Mauricio Mindrisz e David Rosenberg Krausz Ilustrações: Rubem Castro Cultura Judaica News (CJ EW é de responsabilidade do Depto. de Cultura Judaica de A Hebraica


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