Revista Hebraica Agosto 15

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agosto de 2015

| N ยบ 642 | AGOSTO 2015 | AV / ELUL 5775

Revista Hebraica

| H EBRAIKEINU , 25

ANOS

|

ANO LVI

Hebraikeinu, 25 anos



HEBRAICA

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palavra do presidente

Comunicação com fatos e boatos Recentemente fui à Viena conhecer o bairro judeu da cidade, e o guia, não judeu, explicou em detalhes a história dos judeus na Áustria, e particularmente na sua capital, explicando que os primeiros judeus chegaram ainda nos tempos do Império Romano, mas a sua presença somente passou a ser registrada a partir do século 9 e o que se verifica é que a concessão de direitos iguais variava de acordo com os humores de cada imperador. No século 13, Friedrich III de Habsburgo, deu certos direitos aos judeus, que puderam participar da administração do país e alcançaram algum status. Nos séculos 14 e 15, a relação da comunidade judaica austríaca com a não judaica se deteriorou, ocorreram surtos de antissemitismo, aumento brutal dos impostos, etc. Essa prática se repetiria por decênios com maior ou menor intensidade variando da expulsão, confinamento em guetos, assassinatos ou tornando-os cidadãos de segunda classe, com uma identificação amarela pregada nas roupas. Apesar disso, a população judaica, em vez de cair, aumentava. Em 1780, o rei Joseph II edita leis de tolerância e a situação fica mais tranquila e, apesar de ferrenha oposição de setores da população, os judeus podem frequentar universidades, se alistar no exército, etc. Como não se lhes permitia adquirir terras nem bens patrimoniais passaram a atuar no comércio, bancos e indústrias com grande sucesso, de que é prova, por exemplo, a família Rothschild de Viena. No começo do século 19, havia oitocentos judeus, e 48 anos depois, em 1848, pulou para quatro mil. Neste ano, é editada uma constituição que dá direito de culto e certas liberdades aos judeus. Em 1851, acabam. Essas idas e vindas se sucedem ao longo dos anos, surge Theodor Herzl e a ideia de um lar nacional judaico, acontece a Primeira Guerra Mundial, judeus austríacos lutam contra judeus britânicos. Quando a guerra termina, viviam trezentos mil judeus na Áustria, duzentos mil em Viena. Começa uma época de prosperidade em todos os sentidos, e somente interrompida com a anexação da Áustria pela Alemanha em 1938, mesmo ano da Noite dos Cristais: foram queimadas 42 sinagogas e saqueadas milhares de lojas. Judeus são deportados, milhares presos, outros milhares escapam para países neutros e depois do início da Segunda Guerra Mundial quase 130.000 judeus emigram. Hoje em dia, há cerca de 7.400 judeus, sinagogas foram construídas e reconstruídas, o governo assumiu a responsabilidade pelas atrocidades do Terceiro Reich mas os sobreviventes não receberam qualquer indenização. Vicejam movimentos neonazistas e antissemitas na Áustria. O guia conhece em detalhes esta contabilidade macabra e explica: nada disso tinha motivação religiosa, mas econômica. Segundo ele, os judeus só se preocupavam com dinheiro, praticavam a usura, investiam e emprestavam dinheiro para os governantes fazerem guerras, etc. Por isso, o povo matava, sequestrava e expulsava os judeus. Queria ficar com o seu dinheiro e propriedades. E os judeus, é claro, matavam crianças, bebiam seu sangue, etc. histórias que se repetiam com a força de uma campanha publicitária. Por isso, temos de refletir por que muitas vezes nós mesmos criamos boatos ou acreditamos em boatos sem realmente nos certificarmos dos fatos, e fazemos acusações sem nem sequer constatarmos a sua veracidade. Como nosso povo já passou por tanto terror por esses motivos, seria importante que nós mesmos não repetíssemos qualquer espécie de boato.

Shalom

Avi Gelberg

TEMOS DE REFLETIR POR QUE MUITAS VEZES NÓS MESMOS CRIAMOS BOATOS OU ACREDITAMOS EM BOATOS SEM REALMENTE NOS CERTIFICARMOS DOS FATOS, E FAZEMOS ACUSAÇÕES SEM NEM SEQUER CONSTATARMOS A SUA VERACIDADE. COMO NOSSO POVO JÁ PASSOU POR TANTO TERROR POR ESSES MOTIVOS, SERIA IMPORTANTE QUE NÓS MESMOS NÃO REPETÍSSEMOS QUALQUER ESPÉCIE DE BOATO


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sumário

HEBRAICA

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carta da redação

13 cultural + social

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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de agosto

show Roupa Nova se apresenta no Centro Cívico

16

grandes festas Já começaram os preparativos para Rosh Hashaná

18

chaverim Grupo comemora vinte anos de atividades


HEBRAICA

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cidadania Judeus e muçulmanos unem-se em nome da paz

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hebraica meio-dia Parceria com organização social Santa Marcelina rende bons espetáculos

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gourmet As atividades e cursos realizados durante as férias de julho

26

galeria Irmãs Yshay propõem diálogo entre pintura, fotografia, assemblage e escultura

28

comunidade Os eventos mais significativos da cidade

34

fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

39 56 juventude curtas As novidades do 40

capa/ hebraikeinu Os 25 anos de realizações do movimento juvenil da Hebraica

44

hebraica business forum O espaço para a troca de experiências entre jovens empreendedores

46

danças Já começou o aquecimento para o XXXV Festival Carmel

tênis de mesa, da colônia de férias e tênis

59 magazine

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A palavra Como num passe de mágica, de onde vem o termo abracadabra?

70

política hídrica O que Israel está fazendo para superar a escassez de água

costumes e tradições Nada de misoginia. Entenda o papel da mulher nas comunidades judaicas

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72

60

notícias de israel Os casos mais quentes do universo israelense

cinema Documentário faz um inventário dos filmes de propaganda antissemita sob o nazismo

76

leituras A quantas anda o mercado de ideias?

78

música Lançamentos do pop e do erudito para curtir neste inverno

80

ensaio Os riscos para paz no Oriente Médio depois dos acordos EUA/Irã

84

curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado

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87 diretoria 88

corrida Evento chama a atenção para os rios e córregos da cidade

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lista da diretoria Veja quem é quem no Executivo da Hebraica

106

conselho Uma mensagem para todos os conselheiros e conselheiras

48

fotos e fatos As cenas que marcaram o mês de julho

51 esportes 52

handebol Ex-atleta da Hebraica dá palestra e conta suas experiências

54

judô As mais recentes conquistas dos nossos atletas no tatame

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carta da redação

Anos dourados A reportagem de capa desta edição trata do Hebraikeinu, uma atividade que já faz parte dos usos e costumes da Hebraica e, por isso, motivo de comemoração a cada quinquênio e razão para a foto da capa registrar o bolo que, em 2000, celebrava os dez anos deste movimento do qual participam associados desde a tenra idade até a adolescência, e depois. “É uma amizade para toda a vida”, contou um antigo participante do Hebraikeinu, cujos filhos frequentam hoje o grupo, à repórter Magali Boguchwal, autora do texto, veterana jornalista que conhece e acompanha a atividade desde seu nascedouro. Esta edição registra também o vigésimo aniversário do grupo Chaverim, do qual participam associados com necessidades especiais, e caso exemplar de convivência. No “Magazine”, o correspondente da revista Hebraica em Israel, Ariel Finguerman, ora no Brasil, mostra como Israel, país encravado no deserto e terras áridas, resolveu o problema da água para consumo humano, a agricultura e todas as atividades. Leiam também que os estúdios de cinema do Terceiro Reich produziram cerca de 1.200 filmes, a maioria deles de temática antissemita, dos quais se extraíram excertos dos principais e mais significativos para mostrar, em um documentário, como o Ministério de Propaganda nazista atuou para fazer a cabeça da população alemã. E um ensaio a respeito do recente acordo nuclear com o Irã, a ética e o judaísmo. Shalom Boa leitura Bernardo Lerer – Diretor de Redação

ANO LVI | Nº 642 | AGOSTO 2015 | AV/ELUL 5775

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

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DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

calendário judaico ::

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PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

AGOSTO 2015 Av/Elul 5775

SETEMBRO 2015 Elul 5775 / Tishrei 5776

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER

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Véspera de Rosh Hashaná; Primeiro dia de Rosh Hashaná; Segundo dia de Rosh Hashaná; Véspera de Iom Kipur; Iom Kipur; Véspera de Sucot

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG

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cul tu ral +social


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cultural + social > show

Roupa Nova toca no Centro Cívico A BANDA ROUPA NOVA FARÁ UM SHOW DIA 22 DE AGOSTO NO CENTRO CÍVICO APRESENTANDO OS SUCESSOS DA SUA LONGA TRAJETÓRIA MUSICAL DE TRINTA ANOS. ENTRE AS CONQUISTAS MAIS RECENTES, A BANDA FATUROU UM GRAMMY LATINO COM ÁLBUM LANÇADO EM 2009

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Hebraica retomou a promoção de grandes shows musicais no Centro Cívico Itzhak Rabin, local com capacidade para milhares de fãs, desde os que buscam diversão com maior comodidade até aqueles que valorizam o simples fato de ouvir músicos ao vivo e partilhar esse prazer com os amigos. A carreira do Roupa Nova rendeu aos seis músicos – Cleberson Horsth (teclados e vocal), Paulinho (voz e percussão), Ricardo Feghali (teclados, violão, guitarra, voz e vocal), Nando (baixolão, baixo acústico, violão, voz e vocal), Serginho Herval (bateria, djembe, voz e vocal) e Kiko (violão, guitarra, voz e vocal) – a venda de oito milhões de cópias dos 22 álbuns e a consagração de dez


HEBRAICA

O GRUPO ROUPA NOVA

SHOW DO ROUPA NOVA

MANTÉM O MESMO RITMO

Data: 22 de agosto Horário: 22 horas Local: Centro Cívico Preços (Mesas para quatro pessoas) Mesa Gold/Não sócio/Inteira: RS 300,00 Mesa Gold/ Sócio R$ 210,00 Mesa Prata/ Não Sócio/ Inteira: R$ 250,00 Mesa Prata/ sócio: R$ 175,00 Mesa Bronze/ Não Sócio/inteira: R$ 200,00 Mesa Bronze/ Sócio: R$ 140,00 Cadeira numerada: não sócio/inteira: R$ 120,00 Cadeira numerada/ sócio R$ 90,00

QUE O LEVOU AO SUCESSO NOS ANOS 1980

das suas canções classificadas entre as primeiras nas parada nacionais ao longo da carreira. “Tudo que conquistamos até aqui veio de forma lenta, mas muito sólida. Construir uma carreira de trinta anos não é fácil. Mesmo com todas as dificuldades, nunca tivemos a sensação de missão cumprida. É assim que o Roupa Nova pensa: sempre há algo para buscar e criar”, afirma Ricardo Feghali. Segundo o produtor Luiz Mussini, a banda deve ser incluída no livro dos recordes como o grupo musical mais longevo com a mesma formação. Em 35 anos de história, o Roupa Nova acompanhou a evolução do gosto musical das novas gerações e gra-

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vou sucessos em parceria com artistas como Rita Lee, Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo entre outros. Foram mais de cinquenta sucessos, muitos deles inseridos em trilhas sonoras de novelas consagradas como Roque Santeiro, Rainha da Sucata, Felicidade e Um Sonho a Mais. Um trabalho recente, “Roupa Nova em Londres”, lançado em 2009, a banda conquistou o Grammy Latino na categoria de “Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro”. “Hoje podemos dizer que já estamos tocando para nossa terceira geração de fãs. É um momento de auge para qualquer artista. Somos extremamente gratos a todos os que nos acompanham e

respeitam nosso trabalho. São canções que até hoje servem de trilha sonora para romances e encontros musicais”, diz Herval. No show do dia 22, o Roupa Nova traz o seu mais recente trabalho, que ganhou o título de “Cruzeiro Roupa Nova”, porque foi gravado a bordo. Para a vice-presidente Social e Cultural, Mônica Tabacnik Hutzler, a apresentação do Roupa Nova “reflete a nossa filosofia de trabalho, que prioriza eventos nos quais os sócios partilhem bons momentos com os amigos, seja ouvindo ou fazendo coro com os artistas. Foi o que aconteceu na apresentação do cantor Fábio Jr. e, tenho certeza, se repetirá nas arquibancadas do Centro Cívico”, garante. (M. B.)


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cultural + social > grandes festas

O NOVO CHAZAN DA SINAGOGA MONTADA NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN É HÚNGARO

Três sotaques e uma mesma fé O BRASILEIRO HERSZKOWICZ E O ARGENTINO KULLOCK TERÃO O HÚNGARO SZILÁGYI COMO COLEGA

NOS TRÊS SERVIÇOS RELIGIOSOS DAS

GRANDES FESTAS DA HEBRAICA, QUE COMEÇAM DIA 13 DE SETEMBRO

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ábor Szilágyi é o nome do chazan que dirigirá os serviços religiosos em Rosh Hashaná e Iom Kipur deste ano, na Sinagoga do Teatro Arthur Rubinstein. “Agora, cada um dos três serviços religiosos organizados pela Hebraica terá sotaque diverso”, brinca Gerson Herszkowicz, que além de chazan também atua como diretor do Departamento de Cultura Judaica. “Com certeza, Gábor terá muitas histórias de vida para nos contar e conheceremos mais um estilo de cantar”, antecipa. Segundo ele, os preparativos para a chegada do ano de 5776 já estão adian-

tados. “Estamos providenciando a decoração do Salão Marc Chagall, do Teatro Arthur Rubinstein e da Sinagoga da Sede Social. Os ensaios do coral Zemer do Salão Marc Chagall e do coral Jerusalém do Teatro Arthur Rubinstein já estão em curso, assim como as reservas de lugares para os três serviços religiosos. O telefone da Central de Atendimento, que centraliza este serviço, não pára”, acrescenta Herszkowicz, que dirige os serviços religiosos no Salão Marc Chagall há 42 anos. Para o maestro León Halégua, responsável pelo coral Jerusalém, a tarefa de acompanhar um novo chazan é sempre desafiadora. “A liturgia judaica é muito rica e cada país onde existe uma comunidade judaica apresenta variações às quais os chazanim estão adaptados. No período que antecede Rosh Hashaná, ficamos em contato com o profissional e che-

gamos a um denominador comum que em geral satisfaz os sócios que acompanham os serviços religiosos”, comenta. Dos três serviços, o único que não tem acompanhamento de coro é o da Sinagoga da Sede Social, cujo chazan, David Kullock conta com a participação da filha adolescente, Margot. “Nesses vinte anos de trabalho na Sinagoga, ampliei minha família, que hoje abarca todos os que partilham os serviços religiosos conosco”, afirma Kullock , em bom português, mas com um inconfundível sotaque portenho. Para Gerson, a adaptação do novo chazan deve ser fácil. “A comunidade é muito amigável e sempre valorizou o talento dos chazanim, independente do país de onde venham”, avalia. (M.B.) Mais informações e convites, Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889.



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cultural + social > chaverim

Uma história de dignidade EXEMPLO DE PIONEIRISMO ENTRE OS CLUBES DE SÃO PAULO, HÁ DUAS DÉCADAS A HEBRAICA É PARCEIRA DO GRUPO CHAVERIM NA INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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esde os primeiros jovens e famílias que atenderam à convocação de Ester Tarandach em 1995 para criar o Chaverim, na gestão de Marcos Arbaitman, a Hebraica abraçou a causa e se tornou um clube onde deficiência não é exclusão. Ao contrário, o clube incluiu o grupo em todos os espaços. Agora maior de idade, aos sábados e domingos o Chaverim acolhe mais de cinquenta participantes, a maioria entre 35 e 50 anos, alguns namorando, outros já casados. Uma das preocupações da equipe de profissionais e voluntários é que muitos estão envelhecendo e Ester, atual presidente do Chaverim, falará a respeito no Seminário de Envelhecimento da Federação Israelita do Estado de São Paulo, este mês. Durante a semana funcionam oficinas com um total de oitenta pessoas, sem restrições, e cada um escolhe qual frequentar: arte, corpo e movimento, inglês, dança israelense, informática, contação de história, pintura (em parceria com o Instituto Olga Kos), cultura judaica e o Coral Ilana Zucker, homenagem a uma integrante falecida no ano passado. Dia 1o de agosto, às 16 horas, será a cerimônia de bat-mitzvá de seis das integrantes, que perguntaram por que não viveram esse momento como judias. Para as voluntárias Sandra e Thaís Saruê, “como o sonho delas é o mesmo de uma jovem que celebra com festa o bat-mitzvá, convidaram o professor Nelson Rozenchan para ensiná-las ética e valores judaicos”. Há tempos, Carolina Memran acom-

“MÃOS”, FOTO DE ANDREA SETTON E TATIANA ADES

panha as atividades com Ester e agora cuida da comunicação. “Adoro o projeto, é uma quebra de paradigma no atendimento da pessoa deficiente dentro da comunidade, proporcionando oportunidades para uma vida mais livre, inclusiva. Acredito que esta é uma forma de dar cidadania e o Chaverim faz isso muito bem.” Como certas situações familiares extrapolam o âmbito do grupo e é preciso oferecer atendimento externo, existe um trabalho ligado à Unibes, Ciam, Ten Yad, grupo de psicologia (Bait), grupo de mediação de Na’amat Pioneiras. que capacita a equipe técnica em estratégias de redução de conflitos, melhorando a pessoa e sua família. A premissa do Chaverim é atender a todas as pessoas, independente da posição social ou cultural, mas que elas se beneficiem da vivência em grupo. Para tanto, aumenta a necessidade de recursos, e os profissionais e voluntários se multiplicam no atendimento e na busca por patrocínios. Por isso, elaboraram uma agenda para 2015, de modo continuar o padrão de atendimento que fez o Chaverim chegar aos vinte anos com resultados compensadores para todos e a a Hebraica, que os abriga como segunda casa. Agenda vinte anos Uma série de ações prevista até o final do ano marca o aniversário do Chaverim e divulga sua atuação. A primeira foi uma palestra sobre “Cabala na Arte”, dada por Olívio Guedes na Galeria Jo

Slaviero & Guedes; em seguida, houve a apresentação do duo Siqueira Lima, virtuoses do violão, aplaudido e entrosado com a plateia no Teatro Anne Frank. Em agosto começa a Campanha de Cartões para as Grandes Festas e dia 31 haverá um chá-bingo no alto do Terraço Itália e muitos brindes. “O Chaverim me fez romper barreiras. Eu não tinha contato com a deficiência e estou totalmente inserida nesse mundo. Cresci como pessoa nesses doze anos de convivência”, diz Eliane Furman, a Lica, voluntária e membro do Conselho. Dia 3 de setembro, a mostra “A Essência do Momento”, mostrada na Hebraica e no MuBE, ficará exposta no Memorial da Inclusão da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência. São dezoito fotos, sendo quinze de fotógrafos profissionais e três de membros do grupo, com as ações do cotidiano. Uma parceria com a Fundação Dorina Nowill e Laramara inclui as legendas em Braille e a áudio-descrição das fotos. Integrantes do Chaverim viajarão para o Rio de Janeiro de 4 a 7 de setembro. Serão 25 viajantes, dos quais treze participarão de uma machané com os cariocas e se apresentarão no Festival de Dança da Hebraica Rio. O tradicional bazar anual será dias 16 e 17 de novembro, no Buffet França. A parceria Chaverim e Os Visionários, jovens da comunidade cujo objetivo é facilitar as ações sociais, escolheram o grupo para atuar: eles vão refazer o site utilizando tecnologia israelense de ponta. (T. P. T.)



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cultural + social > cidadania

Evento teve judeu e muçulmano ROI SENDEROVICH, JUDEU, E THAER HAMIDA, MUÇULMANO, VIERAM DE ISRAEL PARA PARTICIPAR DA CORRIDA E CAMINHADA PELA PAZ, EVENTO QUE TEM A PROPOSTA DE APROXIMAR AS RELIGIÕES MONOTEÍSTAS INSPIRADAS NO PATRIARCA ABRAHÃO

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oi Senderovich vive num pequeno kibutz no Negev, junto à fronteira com Gaza; Thaer Hamida mora em Jericó, antiga cidade bíblica, situada às margens do Rio Jordão. Eles são amigos, dançam juntos e atuam no Centro Peres para a Paz. A vinda ao Brasil foi acertada durante recente encontro do presidente da Hebraica Avi Gelberg e Shimon Peres em Iafo, sede da entidade israelense. Ao saber que, em São Paulo, as comunidades judaica e árabe preparavam a VI Corrida e Caminhada pela Paz, o ex-presidente israelense prontamente afirmou que enviaria dois jovens do Centro criado por ele para trazerem a mensagem de paz a São Paulo. Hamida já esteve no Nordeste brasileiro, onde conheceu uma paulistana cristã, hoje sua namorada. Ele e Senderovich estiveram na Hebraica um dia antes da Corrida e contaram sobre seu trabalho. “Atuamos com educação, arte e esporte, unindo crianças israelenses judias e palestinas muçulmanas, divulgando a mensagem da convivência como fator de aproximação entre elas, educamos através de jogos. Estamos aqui para mostrar que é possível mudar. Não é fácil, porém os resultados trazem benefícios para todos”, contou Senderovich. “Você quer um pão de queijo?”, ofereceu uma sócia a Hamida. “Não, obrigado, estamos no Ramadã”, respondeu o jovem que quer “mudar as cabeças”. Ele mesmo um exemplo de convivência

com a namorada brasileira cristã, que conheceu e foi aceita pela família muçulmana em Jericó, afirma que “as crianças veem que podem fazer as mesmas coisas juntas e ser amigas, essa é a coisa mais importante. Cantamos, dançamos, contamos histórias juntos, a educação contribui para a mudança”. Instrutores como eles fazem a ponte entre os quatrocentos meninos e duzentas meninas participantes do Centro Peres para a Paz, presente em cidades como Sderot, Iafo, Jerusalém, Jericó e outras. Em passeio pelo clube, acompanhados por Avi Gelberg, eles se mostraram muito à vontade no meio das crianças do Hebraikeinu, conheceram cada espaço e se identificaram na Casa, ao saber que esse é o espaço dos Jovens sem Fronteiras. Antes de voltar para Israel, participaram de uma sessão-debate do filme O Filho do Outro, no Teatro Anne Frank, cujo tema envolve dois jovens, um judeu e o outro, muçulmano. Corrida pela Paz 2015 Desde o mês de maio, muitos sócios perguntavam o que eram as letras grandes na Praça Carmel e em frente ao clube, na rua Hungria, formando a palavra “Paz”. Assim como essa, outras foram dispostas pelo roteiro da 6a Corrida e Caminhada pela Paz: Amor, Amizade, Ética, União, Respeito, transmitindo os valores que motivam a paz. Elas chamaram a atenção

também da população paulistana no caminho pelas avenidas República do Líbano, desde o Clube Monte Líbano, Juscelino Kubistchek, Faria Lima, passando pela Hebraica, e Nações Unidas até o Parque do Povo, local de chegada dos cinco mil atletas que concluíram os sete quilômetros do percurso. O evento paulistano tem como fonte a ONG Caminho de Abraão, rota turística e de peregrinação que reconstitui os passos do patriarca Abraão há quatro mil anos. A ONG foi criada pelo cientista político norte-americano William Uri, presente mais uma vez nesse sexto


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CONFRATERNIZAÇÃO ENTRE DIRIGENTES: ESPORTE CLUBE SÍRIO, MONTE LÍBANO, HEBRAICA, CORPORE, INSTITUTO PERES PELA PAZ

encontro. “Quando você caminha, você vai ombro a ombro na mesma direção com o outro e vê que a convivência é possível”, disse Uri, entusiasmado ao final da corrida. Cada participante que chegava ao Parque do Povo, após correr ou caminhar, se sentia duplamente feliz, por ter vencido o percurso e juntar-se àqueles que fazem da paz um dos desejos mais fortes, seja aqui ou no Oriente Médio. Ao lado de Gelberg, Alexandre Chade, presidente da ONG Caminho de Abraão no Brasil, dizia que “aqui essa convivência faz muito bem, ela é real, as co-

munidades são unidas e esse evento divulga a nossa amizade”. O xeique Houssan El Boustani é outro entusiasta. A postos às sete da manhã, ele acompanhou a largada e, no término da prova, sorriu, feliz. “Podemos viver em harmonia, cada um se aproximando e se respeitando, o caminho é a convivência e o conhecimento”, disse ele ao deixar o pódio acompanhado do rabino Rubén Sternschein, após suas mensagens aos corredores e familiares, que davam um colorido especial ao Parque do Povo. Sócios da Hebraica que correram

e caminharam se juntaram a Avi Gelberg, William Uri, Thaer Hamida, Uri Senderovich, Edward Assemany e Fábio Kadi, presidentes dos clubes Sírio e Monte Líbano, para brindar com um café bem brasileiro o sucesso de mais um evento que mostra a integração, a amizade e a boa vizinhança, características presentes na sociedade brasileira e fatores essenciais para “a convivência entre primos”, como falou um dos participantes, que não deu o nome, porém antecipou o desejo de voltar a correr no próximo ano ao lado do novo amigo judeu. (T. P. T.)


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cultural + social > hebraica meio-dia

ESPECTADORA ASSÍDUA, SABRINA (92 ANOS) ADERIU AO RITMO DOS JOVENS DO GURI

Sempre um espetáculo de gala A PARCERIA DA HEBRAICA COM A ORGANIZAÇÃO SOCIAL SANTA MARCELINA CULTURA APRESENTA ESPETÁCULOS VARIADOS E GRATUITOS NOS DOMINGOS AO MEIO-DIA

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Santa Marcelina Cultura administra dois programas de educação musical do governo do Estado: o Guri, para treze mil crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos na capital e região metropolitana; e a Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp Tom Jobim), e os grupos Jovens, Ópera Estúdio, Núcleo de Música Antiga e Camerata Aberta. O objetivo é a inclusão social por meio da música, “formando pessoas para a vida, a família e a sociedade”. Este ano, os dez grupos agendaram sessenta concertos em quinze espaços culturais, entre eles a Hebraica. A parceria com o clube previa seis apresentações no Hebraica Meio-Dia das quais quatro já aconteceram: Camerata da Orquestra Jovem, Coral Juvenil

do Guri, Regional de Choro e Big Band Guri e Orquestra Sinfônica do Guri. Veterano de espetáculos no Festival de Campos do Jordão, Sala São Paulo, Masp e Pátio do Colégio, o Coral Juvenil do Guri cantou repertório especial para o clube com músicas de John Lennon, Dorival Caymmi, Jorge Ben Jor, entre outras. O ponto alto foi a série “Canções de Amor Hebraicas”, preparada para a ocasião e aplaudida pelos sócios, que cantaram com o grupo. O espetáculo seguinte foi com o Regional de Choro e Big Band Guri. Formados em 2013, os dois grupos são regidos por Giba Pinto e Santiago Steiner. Eles se apresentam em teatros dos CEU’s, na Praça Victor Civita e na Fundação Oscar Americano. (T. P. T.)

AGENDA 2/8 – Grupo Ventre Repente, com Angélica Rovida 9/8 – Festival de Cinema Judaico 16/8 – Valéria Soares canta Vincius de Moraes – vida, poesia e canção 23/8 – Espetáculo Ramalhete – Cia. de Dança Oriental Fátima Fontes 30/8 – Coral Zanzalá, de Cubatão



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cultural + social > gourmet

Café-da-manhã com Miró CAFÉ-DA-MANHÃ PARA AMANTES DAS ARTES, PRIMEIROS PASSOS NA COZINHA E CULINÁRIA PARA ADOLESCENTES FORAM OS TEMAS PRINCIPAIS PARA O MÊS DE JULHO NO ESPAÇO GOURMET

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onhecido pelas reuniões gastronômicas das terças-feiras, durante as férias o Espaço Gourmet recebeu crianças e adultos para diversas atividades. Um café-da-manhã, preparado pela coordenadora do Espaço, a chef Ana Recchia, reuniu casais e senhoras que se preparavam para conhecer as obras do pintor espanhol Joan Miró no Instituto Tomie Ohtake. Lúcia Sequerra, hoje chef executiva dos bares Astor, Original e Astor Rio, tem

FAZER E EXPERIMENTAR O BRIGADEIRO DE MICRO-ONDAS É UMA DELÍCIA

a paciência de selecionar receitas que as crianças sejam capazes de fazer. Para a turma deste ano, ela escolheu para cardápio da primeira aula omelete de forno, barquinhos de batata recheada, brigadeiro de micro-ondas e suco de cenoura. Estela, 10 anos, foi à aula porque gosta de ajudar a mãe na cozinha; Michel, 7 anos, o caçula, também já ajuda a mãe. Isabella, 8 anos, não disse nada: comeu de tudo e saiu feliz levando o potinho de brigadeiro de colher e paçoca.

Essa turma pôs a mão na massa e, à saída, a despedida era um “até amanhã”, sinal de que a tarde tinha sido bem divertida. O programa dos adolescentes teve pratos mais elaborados, como salada tchai de papaia verde, rabanada, hambúrguer de berinjela, molho barbecue e outros. Com direito a mexer no fogo, sempre sob a supervisão da chef Cris Paulo, dona do S.O.S. Cupcakes e fãs em todas as idades. (T. P. T.)

Miró em detalhes No Instituto Tomie Ohtake, os sócios se surpreenderam ao encontrar Gabriela Piernikarz, aluna, estagiária e ex-professora da Oficina de Artes da Hebraica, trabalhando como guia da exposição. “Minha bisavó vivia no clube. Tenho essa lembrança dela muito presente e quando soube que esse grupo viria, logo pedi para ser a guia”, revelou após contar a respeito da vida e obra de Miró, com detalhes que deixaram os visitantes ainda mais curiosos. A mostra tem 22 esculturas, 26 gravuras, 41 pinturas, vinte desenhos e três objetos, mais fotos e alguns filmes da vida do aclamado pintor e escultor julgado por muitos como “meio maluco”. Gabriela contou e os filmes mostraram SABER SOBRE MIRÓ E VER SUAS OBRAS que o pintor, nascido em Barcelona, era metódico, e tinha por hábito colocar as telas no chão em vez de cavaletes. Figurativos ou abstratos, são trabalhos encantadores. “Esse quadro tem uma superposição de imagens de fases diferentes”, observou alguém do grupo. Acompanhando a turma, Gabriela explicou: “Miró adquiriu essa pintura, uma paisagem na horizontal, de um pintor desconhecido no Japão; em seu atelier, colocou o quadro na vertical e fez a sua pintura, com traços característicos, como se fosse uma das suas obras”, explicou. Às pessoas que lhe diziam que transplantava os sonhos para as telas, Miró respondia: “Quando durmo, nem sonho; quando acordo, produzo.



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cultural + social > galeria

Irmãs na arte e na vida UM ENCONTRO DE ALMAS IRMÃS NA ARTE E NO REGISTRO CIVIL, ASSIM SÃO AS ARTISTAS PLÁSTICAS LILI E LIAT YSHAY, UM DIÁLOGO ENTRE PINTURA, FOTOGRAFIA, ASSEMBLAGE E ESCULTURA

UNIDAS PELA ARTE, A COMUNICAÇÃO ENTRE LILI E LIAT YSHAY É MUITO FÁCIL

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ili e Liat Yshay trabalham juntas há mais de vinte anos, fruto do desenvolvimento na área têxtil na infância e adolescência, “permeada por tecidos”, como lembram as irmãs, que criavam estampas e coleções de tecidos para decoração. Juntas, começaram a ver o tecido, a fibra e as tramas por um outro olhar. Passaram a desconstruir os tecidos para construí-los de outro modo, porém colocando a alma nessa reconstrução, pois o material “tecido” sempre volta à tona, agora com uma nova proposta. Lili e Liat fazem o seu caminho, a sua marca. Na exposição “Intersecção”, na Galeria de Arte, as irmãs mostraram telas individuais e, também, criações a quatro mãos. Lili é terapeuta de desenvolvimento pessoal através da arte e Liat é educadora e terapeuta. Em seu ensaio de fotografias manipuladas digitalmente, para Lili, as imagens servem de inspiração como visões lúdicas, bem-humoradas e devaneios. As criações de Liat formam uma série autobiográfica, vinda das memórias e revivendo o toque das texturas dos tecidos com a presença da figura feminina. Juntas, elas revivem a liberdade de fazer e refazer, utilizando técnicas mistas e materiais diversos. Elas criam um diálogo através da pintura, fotografia, assemblage e escultura. “É sempre muito bom trabalhar com a Lili, é uma grande experiência. A linguagem e a comunicação entre nós é muito fácil”, enfatiza Liat. Lili e Liat têm um currículo considerável, já expuseram na Cidade do México e na Ward Nasse Galery, no Soho, em Nova York. Na Hebraica, a mostra foi visitada e comentada. “Eu não estou só vendo, estou pensando no que estou vendo. É uma obra que leva a pensar”, disse Ana Kagan, sintetizando o olhar atento dos visitantes. (T. P. T.)



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por Tania Plapler Tarandach

coluna comunidade

DLD Tel Aviv Innovation Festival

De 6 a 12 de setembro será realizado, em Israel, o DLD Tel Aviv Innovation Festival, encontro internacional de players estratégicos do espaço digital de todo o mundo. Serão cerca de cem eventos: recepções, festas, reuniões sociais e B2B entre representantes de start ups e fundos de investimento/investidores anjos. Informações, Missão Econômica de Israel no Brasil, Manuela Benedicto, manuela.benedicto@israeltrade.gov.il, fone 3095-3111.

FC leva maiores de 60 a Israel O Fundo Comunitário prepara uma “Missão para Maiores de 60 Anos em Israel”, com programação a locais diferentes de outros tours, como a visita ao Centro de Absorção Ayelet Hashachar para imigrantes de vários países, principalmente da Etiópia, ou um passeio de jipe pelas Colinas do Golan com pensão completa, transporte, entrada para todos os locais e guia especializado, além do acompanhamento da equipe do FC e apoio do Keren Hayessod. Será de 21 a 29 de outubro com a possibilidade de estender a viagem por mais três dias em Eilat. Informações, telefone 3081-7244 ou pelo e-mail ariella@ fundocomunitario.org.br.

Nasce a Unibes Cultural

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partir deste dia 17, um novo espaço cultural abre as portas na cidade, unindo arte, cultura, educação e empreendedorismo. É a Unibes Cultural, projeto em que a Cultura é o instrumento fundamental para a formação e crescimento pessoal, valorização e transformação do indivíduo na sociedade. Vai funcionar onde era o Centro de Cultura Judaica na rua Oscar Freire, 2.500, ao lado do Metrô Sumaré. O diretor-executivo é Bruno Assami e o autor do projeto original, Roberto Loeb, vai fazer algumas mudanças no interior. Os espaços serão ambientados por Marina Linhares, proje-

to de iluminação de Guinter Parschalk e mobiliário de Fernando Jaegger. “Ao comemorar nosso centenário, fortalecemos a presença da Unibes na cidade e ressignificamos sua atuação, ampliando a agenda da assistência social e seu espectro por meio da cultura como ferramenta de desenvolvimento pessoal, de transformação e de abertura de horizontes”, afirma a presidente da Unibes Célia Parnes. A programação, dirigida a todas as faixas etárias e com diversificação de temas, está pronta e pode ser conhecida pelo site http://www.culturajudaica.org.br/.

Brasil no Vaticano

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seminário “50º. Aniversário da Nostra Aetate: Passado, Presente e Futuro das Relações Cristão-Judaicas” reuniu, em Roma, 250 representantes do International Council of Christians and Jews, e encontro com o papa Francisco. Do Brasil, foram os rabinos Uri Lam, agora na comunidade de Belo Horizonte; Michel Schlesinger, representante da Conib para o diálogo interreligioso; Carlos Barbouth e a irmã Cristiane dos Santos, ambos do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica. Schlesinger contou que “o Congresso

analisou como a Shoá e a polêmica em torno da posição da igreja, durante a Segunda Guerra Mundial, criaram as bases para produzir o documento Nostra Aetate”. Outro tema tratou do papel das religiões no conflito entre palestinos e israelenses, o fanatismo islâmico e suas origens.


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COLUNA 1 Em Brasília, Cláudia Sender, presidente da TAM, acompanhou a apresentação da Tocha Olímpica Rio 2016. A TAM vai levar a tocha pelo Brasil até a entrada no estádio do Maracanã, dia 5 de agosto de 2016. Débora Dubner criou #umagradecimentopordia no Facebook, Léo Fraiman é o autor da metodologia Opee (orientação profissional, empregabilidade e empreendedorismo) e Ester G. Tarandach dirige o grupo Chaverim. Eles estão entre os dez escolhidos para receberem o Prêmio Shift Agentes Transformadores de 2015. No Sesc Belenzinho, um bate-papo com a escritora Noemi Jaffe teve mediação de Marcelo Maluf. Historiadores fizeram sucesso na Flip. Bóris Fausto falou sobre O Brilho do Bronze, diário iniciado após a morte da mulher e lançado recentemente; Lília M. Schwarz e Heloísa M. Starling, autoras de Brasil: Uma Biografia, brilharam na Tenda dos Autores.

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Chevra Kadisha e a crise hídrica Mônica Salmaso, Ricardo Herz e Trio passaram pelo programa “Todos os Cantos”, convidados de Fortuna, na Rádio Cultura.

∂ Nilit chega ao Brasil. A empresa israelense nascida em 1969 em Migdal HaEmek, Israel, inaugurou fábrica em Americana, SP, com tecnologia de ponta para produção em grande escala do Nylon 6.6. Trazida pelo empresário Ênnio Levy. Artur Grynbaum (O Boticário) é um dos participantes do Latam Retail Show Congress&Expo. De 24 a 27 deste mês, no Expo Center Norte. Júlio Raw é um dos quinze top chefs que assinam a Churrascada, projeto inédito da agência Haute, especializada em criar relacionamento entre pessoas e marcas através de ações criativas.

∂ Michel Joelsas e Regina Casé no filme Que Horas ela Volta? estarão na tela dos cinemas paulistanos a partir de 27 de agosto. O filme, vendido para mais de vinte países, foi lançado em setenta cidades italianas, em noventa na França e foi escolhido o melhor filme na “Mostra Panorama” do Festival de Berlim. A exposição “Intervenções Cromáticas”, produzida por Carmen Pousada, reuniu obras de vários artistas no Espacio Uruguay. Entre eles Dolly Moreno, Juliana Helcer, Marisa Metsker, Mônica Nudelman e Zina Kossoy. Distribuidora independente, a Elo Company consolida sua Divisão de Cinema com dois grandes lançamentos: Real Beleza e SOS – Mulheres ao Mar 2, este em parceria com a Universal e a Europa. Rubens Feffer e Sabrina N. Wagon comandam a empresa nacional.

Coach de Vendas e autor do livro 84 Perguntas que Vendem, Jaques Grinberg realiza o seminário “Como Obter Sucesso nas Vendas”, difundindo estratégias poderosas para alavancar vendas em momentos de crise. Regente, pesquisadora e solista na viola da gamba, Myrna Herzog vive há dezessete anos em Israel, onde dirige o Conjunto Phoenix. Apresentou-se como solista em 24 países na Europa, América e Ásia. Conhecida como a “Dama da Viola da Gamba”, ela se apresentou na Capela do Palácio do Governo, em Campos do Jordão, e na Sala São Paulo, no mês de julho. De volta da Bienal de Veneza, a artista plástica Annete Ring organizou, com Ana Roso, da AC Consultoria em Arte, o “Olhar Compartilhado”, encontro para falar do que viu, as obras e os artistas mais instigantes presentes na mostra internacional realizada na Itália.

A diretoria da Chevra Kadisha se antecipou aos efeitos da crise hídrica e remanejou o uso racional da água nos quatro cemitérios: Butantã, Cubatão, Embu e Vila Mariana. “Hoje, no Embu e no Butantã, água da Sabesp somente para o consumo humano”, afirma o diretor de Patrimônio Milton Kochen. Modernos sistemas de irrigação ajudam no uso racional da água, e cisternas para armazenar água da chuva. Há anos é feita a compostagem de resíduos vegetais nos campos, diminuindo a utilização de adubos e herbicidas. “Por estar em área de proteção de mananciais, o cemitério do Embu exige cuidados especiais na preservação da mata nativa, onde há um bosque de araucárias, além de outras espécies de grande porte”, explica Kochen, e “a comunidade pode ter certeza de que os cemitérios israelitas de São Paulo são administrados com consciência ecológica, valorizando o ambiente e transmitindo esse exemplo e responsabilidade às gerações futuras”.

MEC assina decreto Decreto assinado pela secretária do Ministério da Educação, Martha Abramo, institui a Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. Em mensagem ao MEC, Cláudio Lottenberg lembrou os sessenta anos do Hospital e o primeiro presidente, Manoel Hidal (z’l), que completaria cem anos. “O povo judeu, tido e respeitado como o Povo do Livro, sempre valorizou a sociedade do conhecimento acima de toda e qualquer outra capacidade. O Einstein chegou aonde chegou graças a esta crença e sua reputação é fruto da firmeza ética, determinação, compromisso e solidariedade. Em nossos valores está presente o conceito do chinuch, conhecimento, e numa fase madura nada melhor que um ciclo no qual criaremos líderes de saúde para as gerações futuras.”


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cultural + social > comunidade+coluna1 Metrô de Buenos Aires tem Estação Amia Em 18 de julho de 1994, a Asociación Mutual Israelita Argentina (Amia) sofreu um dos maiores ataques terroristas da história do país: 85 pessoas morreram e trezentas ficaram feridas. Passados 21 anos e sem uma definição de culpa, a estação de metrô próxima do local muda para Estación de La Memoria Pasteur/Amia. Detalhes: https://youtu.be/jb7QhMa8tuM

Encontre seu par Homens e mulheres da comunidade, solteiros ou descasados entre 30 e 45 anos (elas) e 35 a 55 anos (eles) são o público-alvo do novo projeto do Mishcan Menachem. Quem se encaixa nesse perfil e procura um relacionamento sério só precisa fornecer nome completo, idade, telefone e e-mail para contato pelo endereço gold.belinda18@gmail.com.

Unibes capacita jovens Cerca de 350 jovens do Programa de Capacitação Profissional da Unibes participaram, durante seis meses, de cursos como rotinas de escritório, hotelaria, atendimento em cinema, web design, montagem e manutenção de computadores, gastronomia/auxiliar de cozinheiro, eletricidade para residências e telemarketing. Em uma cerimônia a Unibes entregou os certificados desses jovens.

Palestra com pesquisador da UHJ Professor e pesquisador da Universidade Hebraica de Jerusalém, Liran Carmel falou para sessenta profissionais da área de saúde a respeito de “Mind and Epigenetics: the Molecular Basis of Human Evolution”. O encontro foi promovido pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Sociedade Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém e Hospital Israelita Albert Einstein.

COLUNA 1

∂ O artista Eduardo Srur replantou um eucalipto de vinte toneladas, caído durante as chuvas de verão, na Praça da Paz no Ibirapuera. Um manequim de cabeça para baixo agarrado ao tronco remete a instalação ao projeto #arvorescaidas, criado pela Panamericana Escola de Arte e Design e agência AlmapBBDO para conscientizar a população do problema da queda de árvores e como ajudar a evitá-lo, usando a hashtag #arvorescaidas nas redes sociais. Trinta anos de pesquisa e prática clínica sobre compulsão alimentar estão sintetizados no livro E Foram Magros e Felizes para Sempre?, lançado na Livraria da Vila/Shopping Higienópolis. Psicóloga, psicanalista e especialista em transtornos da alimentação, Elisabeth Wajnryt é a autora da obra.

Gigi Sih e Daniel Arippol convidaram Flávio Bitelman para ser um dos oficiantes do “sim” que os uniu. No Yatch Clube de Santos, em Higienópolis. Ainda em vida, o poeta Manoel de Barros expressou a vontade de publicar seus poemas com as imagens de Adriana Lafer. Falecido em novembro de 2014, seu desejo materializou-se no lançamento do livro-objeto Arquitetura do Silêncio reunindo poemas e fotos. A segunda edição da mostra Modernos & Eternos homenageou Attílio Baschera e Gregório Kramer. Clarissa Schneider, editora-chefe da revista Bamboo, comandou bate-papo com os homenageados no Di Pace Design. No Espaço Jardim da Vila, Daniel Davidsohn lançou seu segundo romance de ficção, Mare Crisium pela Pineal Editora. Em conjunto com o Projeto Tcth (Toda Comida Tem uma História), responsável pelo cardápio criado para representar personagens da narrativa e oferecido na ocasião.

Dirigida por Leslie Marko, a Companhia Gesto de Teatro mostrou sua arte em dois espaços: Mergulho, sobre intolerância e diversidade, para adolescentes em vários CEU’s, numa parceria com a Secretaria Municipal de Educação; e Pétalas Vivas de Rosa Branca, sobre universitários de Munique, antinazistas, durante a Segunda Guerra Mundial, no Instituto Goethe. Uma pizzada no Macedo serviu para comemorar os dez anos de formação do grupo Meio Século do Renascença. Hoje vivendo em Israel, Bentzi Laor integrou-se à comemoração. A direção da Beauty Fair convidou Marcelo Schulman (leia-se VitaDerm) para membro do comitê científico do X Congresso Internacional de Estética. Durante a mostra, em setembro, Schulman lança o I Fórum Isic de Inovação em Cosmetologia Multifuncional aplicada à estética, a ser levado aos principais eventos nacionais na área de educação da beleza em universidades e instituições de ensino do setor.

A sétima edição do In-Edit Brasil-Festival Internacional do Documentário Musical, realizada em São Paulo no mês passado, teve como grande homenageado o escritor e diretor norte-americano Murray Lerner.

∂ Novo visual: o tapume que cerca a obra do Museu Judaico de São Paulo foi renovado pela mão e criatividade do artista Wagner Bentes Lins, o Arieh. Vale conferir, na rua Martinho Prado. O seminário “Diálogos da Filantropia” percorreu 21 cidades em diferentes estados abordando temas do desenvolvimento institucional, captação de recursos e legislação de organizações sem fins lucrativos. Realização do Instituto Filantropia, em parceria com a Criando Consultoria (leia-se Michel Freller) e o apoio da Avianca e NW Advogados.


HEBRAICA

Com a experiência em anos na área de Educação, Shirley Sacerdote ruma para desenvolver novos trabalhos em seu consultório voltados a atendimentos personalizados na consultoria pedagógica para famílias, orientação aos pais nas dificuldades de aprendizagem de seus filhos, entre outros. Considerado o número um do Brasil em cirurgias de câncer de próstata, com quase 4.600 pacientes operados, o urologista Miguel Srougi falou das tecnologias mais recentes nos tratamentos nessa área e os desafios para melhorar a saúde pública. Entrevistado no Canal Livre, da Rede Bandeirantes de TV. Convidados pela Associação Paulista de Cineastas, Beto Brant, Marcelo Masagão e André Klotzel participaram de de-

No II Jantar Beneficente da Amigoh (Amigos Einstein da Oncologia e Hematologia), Marcela e Michel Temer, vice-presidente da República, foram recebidos por Ida Sztamfater e Cláudio Lottenberg, presidentes da entidade e do Hospital Israelita Albert Einstein. Adina Worcman recebeu medalha de prata no V Salão Internacional de Artes Plásticas Sinap/Aiap, em Embu das Artes, SP, numa realização do Sindicato Nacional dos Artistas Plásticos e Comitê Nacional da Associação Internacional de Artes Plásticas. Ricardo Feldman e Jum Nakao são os curadores da exposição “Bailes do Brasil”, no Solar da Marquesa de Santos (Patteo do Collegio). Selecionaram duzentas fotos a partir do acervo de Thomaz Farkas, Vânia Toledo, Otto Stupakoff e Pierre Verger, entre outros nomes consagrados, evidenciando a relação entre moda, música e dança.

A noite com “Yentl”

foto Flávio Mello

bate sobre a mudança na legislação de direitos autorais e o direito ao corte final, na Praça das Artes.

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Keren Kayemet LeIsrael (KKL) apresentou no Teatro Arthur Rubinstein a artista Alessandra Maestrini que, acompanhada pelo maestro João Carlos Coutinho, surpreendeu a plateia lotada interpretando Yentl, personagem do conto de Isaac Bashevis Singer e interpretado no cinema por Barbra Streisand. “Sou apaixonada pela artista norte-americana que mudou minha vida, pela história, pela música; as letras me tocam muito. A alma desse espetáculo é a estrutura aberta, na qual as pessoas ficam mais presentes, eu dialogo com elas”, contou Alessandra. Ela lembra de uma tia avó que tinha um número tatuado no

braço e a família, por parte de mãe, se dizer cristã-nova. Interessada no espiritismo, a artista leu a Bíblia, antes ainda de estrear como Yentl, em novembro do ano passado no Centro Midrash, no Rio de Janeiro, convidada pelo rabino Nilton Bonder, onde continua suas apresentações até o próximo mês. “O êxito dessa noite do KKL confirmou o acerto de trazer esse espetáculo para São Paulo”, afirmou o diretor do KKL Brasil, Marcelo Schapo.

Mística judaica em debate

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rabino Shalom Ber Gourarie teve grande audiência interessada nas três palestras a respeito de Cabalá (mística judaica), na Na’amat Pioneiras São Paulo. “Vida após a Vida”, “Reencarnação” e “Exorcismo” foram os temas levantados e Clarice S. Jozsef e Flora Sheila Grinspan receberam pedidos para a realização de novos encontros nesse segundo semestre.

Parceria Jewish IN e Bait

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ucesso X Ética X Lei de Gerson – Por Onde Eu Sigo?” foi o tema da palestra do professor e consultor Arão Sapiro aos jovens de 25 a 45 anos a convite do Jewish IN e Centro Judaico Bait. Além do currículo acadêmico, nas últimas duas décadas Sapiro conduziu programas e projetos de desenvolvimento e capacitação organizacional para empresas como Accor, Bayer, CropScience e Citibank.

Foto Lilian Knobel

A mostra “Marc Chagall, Fábulas de La Fontaine” reuniu uma série de 97 gravuras em metal do artista russo sobre a obra do fabulista francês. Exposta no Centro Cultural Correios São Paulo, com a curadoria de Enock Sacramento.

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cultural + social > comunidade+coluna1

AGENDA

Embaixador Mansour recebe jovem

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edro Paulo de Carvalho venceu o Concurso Wizo de Pintura e Desenho 2014. Como em todos os anos, o primeiro prêmio é uma viagem a Brasília e a visita à Embaixada de Israel. Pedro e sua professora, Rosângela Amoroso, foram recebidos pelo embaixador Reda Mansour e a diretoria da Wizo local, fizeram tour pelo Distrito Federal. A presidente Raquel Abitbol Raschcovsky e Vivi Landwehr

acompanharam os visitantes, recebidos também pela comunidade no serviço de Shabat. “Nessa viagem, recebemos muitas informações sobre a capital de nosso país, nossa história e a história do povo judeu. Levaremos essas experiências e memórias por toda nossa vida! Agradecemos a Wizo e desejamos ao povo judeu e brasileiro: paz, saúde e prosperidade”, escreveu a professora.

Kohan fala sobre a imortalidade

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artin Kohan escreveu dois livros de contos e seis romances, é professor de teoria literária na Universidade de Buenos Aires, Argentina e em São Paulo teve encontros literários. Na Casa das Rosas/ Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, foi tema do curso “Jardim Alheiro-Ciclo de Crítica” organizado por Emerson M. Martins e Vivian Schlesinger, que o convidou para uma tarde com os sócios da Hebraica, no Círculo de Leitura. Kohan escreveu ensaios acadêmicos a respeito de Walter Benjamin, Eva Perón e José San Martín e é o autor de Duas Vezes Junho e Segundos Afuera, entre os romances publicados.

“Gosto da literatura, da minha relação com o outro, distinto de mim. Penso a novela como uma construção literária”, disse Kohan. A respeito de Evita, destacou como se constrói o mito da imortalidade, sobre a morte e o corpo: “Se mistifica isso, para a morte ser um passo para a imortalidade”.

9 a 11/8, das 10h às 17h – Megafeira de Brinquedos com desconto mínimo de 50%. Realização Ten Yad. Espaço OV, rua Newton Prado, 76, Bom Retiro. Pagamentos também com cartões de crédito ou débito 10/8, às 19h30, no Centro Judaico Bait – O grupo de voluntárias Bait Women realiza a “Bait Fashion Night” com coquetel, seguido de desfile de modas da grife feminina Santa Rainha, na rua Baronesa de Itu, 438. Convites, 3663-2838 16/8, na Hebraica – A Alma Imoral, sucesso de crítica e público com a atriz Clarice Niskier 28 a 30/8, em Fortaleza – Agência Judaica, Conib e Sociedade Israelita do Ceará realizam o Terceiro Seminário de Educação Judaica das regiões Norte e Nordeste sob o tema “Liderança, Educação e Ativismo Comunitário: Papéis e Desafios na Continuidade Judaica das Pequenas Comunidades”. Informações, Esther Kalb, e-mail esther@agenciajudaica.com.br 29/8, 11h, Sala São Paulo – Mastro João Maurício, Sinfonietta Tucca Fortíssima e quatro cantores líricos na ópera O Elixir do Amor, de Donizetti com renda revertida para o tratamento multidisciplinar de crianças e adolescentes carentes com câncer, atendidas pelo Hospital Santa Marcelina e Tucca. Ingresso Rápido ou na sede da Tucca, fone 2344-1051 e e-mail, ingressos@tucca.org.br; 5% de desconto pelo aplicativo da TUCCA, disponível para iOS e Android 31/8, 20h, Teatro Sérgio Cardoso – Show único do cantor israelense Gad Elbaz pela primeira vez no Brasil com música pop e religiosa. Teaser do show, https://youtu.be/5r6EIJ10p-w 24/8, das 15h às 17h30, Terraço Itália – Chá da Tarde comemorativo aos 67 anos de Na’amat Pioneiras, com sorteio de brindes. Informações, 3667-5247, com Catarina ou naamat@naamat.org.br 2/9, 9h às 17h, na sede da Wizo – Yom Yun, jornada com vários palestrantes e atividades interativas. Informações, fone 3257-0100 3/9, no Teatro Alfa – Apresentação da Orquestra Sinfônica de Jerusalém com o solista Itamar Zorman. Reserve a data


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PERSONAGEM

Sucesso na Flip e em São Paulo

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yelet Waldman nasceu em Israel e com dois anos mudou-se para o Canadá, depois para os Estados Unidos, formou-se advogada em Harvard e foi colega de turma de Barack Obama. Escreveu sete romances de mistério e quatro romances de literatura. Após o sucesso da sua participação na Flip, ela esteve na Livraria Cultura/Iguatemi, e falou da vida e obra e autografou o primeiro livro publicado no Brasil, Amor e Memória, edição da Casa da Palavra/LeYa. Com mediação de Vivian Schlesinger e tradução de Ayala Kalmnic, Ayelet contou que começou na profissão pensando em melhorar o mundo e resolveu dar assistência jurídica aos que não tinham dinheiro: pedófilos, assaltantes de bancos, traficantes e adorava seu trabalho. Casou com o premiado escritor Michael Chabon, que tem personagens judeus em suas obras, teve uma filha, dedicou-se à maternidade e passou a lecionar em meio período. Porém, logo se aborreceu. “Queria fazer algo meu e comecei a escrever”, conta Ayelet. No início, em razão da fama do marido, escondeu os textos. Mas, “quanto mais escrevia, mais me envolvia”. Dois anos depois, resolveu revelar sua vida de escritora e não parou mais. Mergulhou na música clássica e pretende, sem data marcada, “aprender arte contemporânea, gosto muito das artes plásticas”. A família dela é da Galícia, Europa Central, e “ao mesmo tempo em que sentia a urgência em escrever sobre a Shoá, eu não queria, me sentia receosa da apropriação do tema. Me afastei”.

Grão-rabino Lau na Hebraica

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“Noite de Inspiração”, realização anual do Beit Chabad Morumbi, levou ao Espaço Adolpho Bloch, na Hebraica, o grão-rabino David Lau, filho do rabino Yisrael Meir Lau (z’l), sobrevivente dos campos de concentração e líder espiritual, por vários anos, dos asquenazitas em Israel. O líder atual descende de uma linhagem de 39 rabinos. Na noite em homenagem ao rebe de Lubavitch, a mensagem de Lau, na foto ao lado do presidente da Hebraica Avi Gelberg, foi de união de todos os judeus, independente de origem ou linha religiosa. “Devemos procurar o bem no outro, assim estaremos construindo, devemos nos sentir como família de toda a nação judaica, assim conseguiremos nos unir não só em tempos de guerra”.

No romance de ficção em português, do original Love and Treasures, a autora explora a história verídica do Trem de Ouro da Hungria e a situação dos judeus e outros refugiados após a Segunda Guerra, por meio de três personagens: um avô ex-militar, a neta recém-divorciada e um pingente em forma de pavão que conduz a trama. Na seção de autógrafos, cada livro recebia a assinatura da autora e um carimbo do pavão. O encontro na Cultura foi uma realização do Consulado de Israel em São Paulo, Flip, Casa Azul, LeYa, Casa da Palavra, Célula Mater e apoio do Museu Judaico de São Paulo, CIP, Na’amat Pioneiras, Wizo e Associação das Consulesas de São Paulo.


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1. Nas telas a partir de 27, Regina Casé e Michel Joelsas contracenam no longa Que horas ela volta?; 2. As poesias deixadas por Manoel de Barros receberam ilustrações de Adriana Lafer, que autografou Arquitetura do Silêncio; 3. Matando saudades, Veronica Birenbaum, de Israel para o clube, com as amigas Gabriela Blatyta e Gabriela Lerner; 4. Sucesso da noite com Yentl reuniu os diretores do KKL e da Hebraica; 5. e 6 O esporte une o muçulmano Thaer Hamida e seu love brasileiro; israelense Roi Senderovich e sheik Houssan El Boustani selam o aperto de mão da paz; 7. e 8. O Boteco já tem público cativo; Jack Bauer Trio agradou em cheio; 9. Eduardo Novogrebelski e Victor Nudelman com o pesquisador israelense Liran Carmel, convidado dos Amigos da UHJ em palestra no Einstein

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6. 1. Na Jornada Profissional do I.L. Peretz, Fabio Vinocur Kocinas decidiu que vai seguir as pegadas do avô advogado; 2. e 3. Consulesa da França Alexandra Lorase e a anfitriã Bia Farkas Bitelman; no jantar, Suzi e Moshe Sendacz; 4. Ida Sztamfater e Claudio Lottenberg receberam o vice-presidente da República Michel Temer e Marcela Temer. No II Jantar da AMIGOH; 5. e 6. Artistas e plateia curtiram “Beatles Num Céu de Diamantes”, no Teatro Folha do Shopping Higienópolis. Paulina Lerner estava lá. Realização dos Voluntários do Einstein; 7. Quem passa pelo Museu Judaico de São Paulo aprecia a obra de Wagner Bentes Lins, o Arieh; 8. Dana Revi Chayo e Samantha Korbvicher em noite Jewish IN/Bait; 9. Lilian Blanc está no palco do Teatro Jaraguá

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cultural + social > fotos e fatos 1.

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1. e 5. Jadson Ranieri e Michal Ron Gavish; Francisco Weffort e Zion Ginat brindaram a chegada da israelense Nilit ao Brasil; 2. Interesse total na sede da Na’amat para ouvir Karen Didio Sasson (Conib) falar do Boicote a Israel (BSD); 3. Dia 29, na Sala São Paulo, maestro João Maurício Galindo vai reger O Elixir do Amor com a Sinfonietta Tucca; 4. Grupo animado na excursão da Hebraica para Águas de Lindoia; 6. e 9. No Espaço Adolpho Bloch: David Veitman e Marcos Arbaitman; público atento às palavras do grão-rabino David Lau; 7. Pizzada nos dez anos do Grupo Meio Século, lembrando a turma de 1972 do Colégio Renascença; 8. E foram magros e felizes para sempre?, best seller escrito por Elisabeth Wajnryt

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capa | centro juvenil hebraikeinu | por Magali Boguchwal

NA SAÍDA DA MACHANÉ, CRESCE A PROCURA POR OBJETOS COM O LOGOTIPO DO MOVIMENTO JUVENIL


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Vinte e cinco é pouco A VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE PLANEJA UMA GRANDE COMEMORAÇÃO NO 25º ANIVERSÁRIO DO CENTRO JUVENIL HEBRAIKEINU. UMA DAS PRINCIPAIS ATRAÇÕES – O GRUPO BARBATUQUES, ESPECIALIZADO EM PERCUSSÃO CORPORAL – SE APRESENTA DIA 23 DE AGOSTO NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN

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calendário da Hebraica está repleto de efemérides. Só este ano, a vice-presidência de Juventude assinala pelo menos três: este mês o Centro Juvenil Hebraikeinu completa 25 anos; o Festival Carmel terá sua 35ª edição em dezembro e o grupo de danças Carmel fará quarenta anos em outubro. São comemorações que passariam em branco para quem hoje frequenta o movimento juvenil ou pratica dança folclórica, mas têm algum significado para quem acompanhou os primeiros anos dessas atividades. “Ver o Hebraikeinu chegar aos 25 anos representa continuidade. Mesmo em uma época diferente, reconheço nas atividades descritas por minha filha de 12 anos muitas das lembranças que guardo da época em que fui madrich. nos anos 90”, comentou Marcelo Udlis, que se despedia da filha à saída para a machané Choref (acampamento de inverno). “Eu tinha 18 anos quando me juntei à equipe de monitores do Hebraikeinu, logo nas primeiras semanas de funcionamento. Às vezes, penso o quanto os pais eram corajosos em deixar os filhos com adolescentes como nós na época. Mas faço o mesmo hoje, e minha filha, a Tatiana, adora. Mal conseguiu dormir esta noite, ansiosa pelo início da machané”, completou. Indiferente às preocupações do pai, Tatiana juntou-se às amigas na tarefa de descobrir quem seriam os madrichim designados para o seu grupo. Já Marcelo, o pai, mergulhou em recordações. “Na década de 1990, era um desafio duplo: saber o que as crian-

ças desejavam e inserir nas brincadeiras algum conteúdo informativo. Para as crianças até 9 anos, o objetivo era fazê-las entender as datas festivas do calendário judaico e/ou algum acontecimento recente. Era um jeito especial de educar em relação ao que se fazia na escola. Depois dos 9 anos, as peulot (debates) entravam na programação e procurávamos estimular a união e amizade dentro do grupo e um senso crítico no sentido de não aceitar tudo passivamente”, recorda Udlis. E passados tantos anos, ele teria um conselho a oferecer para o grupo de madrichim? “Meu primeiro impulso seria pedir para cuidarem da Tati. Mas lembrando das machanot da minha época, acho que nem ela nem os amigos querem ser cuidados. Os monitores que se virem para lidar com essa garotada”, sugere. Leonardo Milner, também se despedia de uma Tatiana naquele dia. “Meus dois filhos, Beni, de 9 anos, e Tati, de 13, estão no Hebraikeinu desde pequenos. O Beni mal andava quando começou no Gan e ela começou aos 3 anos. Aqui eles têm um bom ambiente judaico, convivem com outras crianças. Gostam da sexta-feira porque antecede o sábado”, comenta. Ao ouvir o pai, Tati concordou e opinou sobre a sua expectativa em relação à próxima semana. “Já fui a muitas machanot. Esta vai ser mais uma e só será pior do que a próxima”, afirmou. Em meio aos “veteranos”, alguns estreantes. Mais da metade da família La-

gud esperava pela hora da saída. Os trigêmeos Bernardo, Vítor e Lívia Lagud, de 11 anos, nem sabiam o que esperar da tal machané. “Procurávamos uma atividade para as férias das crianças e assim que ouvimos falar do Hebraikeinu, corremos para inscrever as crianças. Isso foi há dois dias. Preparamos as três malas e aqui estamos. Acho que eles vão aproveitar bastante”, previa Flávio, o pai, diante do caos organizado das despedidas. Já o caso de Léo T. Sinhoreto, 11 anos, era diferente. Ele frequenta o Hebraikeinu desde maio e pediu aos pais que o inscrevessem na machané e foi atendido. “Voltamos a ser sócios recentemente e queríamos que ele formasse um círculo de amigos. Está encantado com o Centro Juvenil. Nessa primeira vez ele ficará longe de casa por mais de três dias. Espero que ele aproveite muito e aprenda a ter mais responsabilidade em relação às coisas dele. Acho os madrichim muito maduros e organizados. Estou supertranquila. Sei que ele será muito bem cuidado”, afirmou Renata, a mãe. Tânia Charatz expressou opinião semelhante, sob outro ângulo. Ela é mãe de Verônica, de 17, e Milena, de 14, ambas prestes a embarcar para o Sítio Ranieri com o Hebraikeinu. “Esta a primeira machané da Verônica no papel de monitora. Ela e a irmã frequentam o Hebraikeinu desde os 2 anos. E inscrevê-la no movimento não foi uma decisão minha, mas dela. Num sábado, ela viu as crianças no playground, sentou com o grupo e o resto é história. Ela se dedica muito,

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capa | centro juvenil hebraikeinu EM SENTIDO HORÁRIO: ELIANE SEGOURA BARZILAY FOI MONITORA NO INÍCIO DOS ANOS 2000; AO CENTRO, COMEMORAÇÃO DO DÉCIMO QUINTO ANIVERSÁRIO DO CENTRO JUVENIL HEBRAIKEINU; OS TRIGÊMEOS

BERNARDO, VÍTOR E LÍVIA FORAM À SUA PRIMEIRA MACHANÉ; ENCANTADO COM O HEBRAIKEINU, LÉO PEDIU AOS PAIS PARA IR À MACHANÉ CHOREF

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tanto à faculdade de direito quanto ao Hebraikeinu. Quase não a vi nesta semana, pois ela estava envolvida com preparação da machané”. relata. Prancheta na mão, minutos antes do embarque nos ônibus, Ilan Feldman agia como um CEO de empresa. “É uma função de muita responsabilidade. Trabalhamos muito e conseguimos a adesão de 130 crianças. Temos um excelente grupo de monitores e estou certo de que tudo dará certo e todos se divertirão muito. Mesmo assim, é preciso ficar atento para tudo sair conforme o planejado”, afirmou o jovem de 21 anos. “Pensando bem, creio que quando eu era chanich, os coordenadores sentiam esse frio na barriga.” Para ele, o 25o. aniversário do Hebraikeinu é um marco. “Acumulamos muitas histórias e todos nós, que somos ou fomos parte do Centro Juvenil, contribuímos para esse momento”, resume.

Lembranças de vida Para Tatiana Milner, uma das lembranças mais queridas da sua trajetória no Hebraikeinu tem a ver com mobilidade. “Era muito gostoso passear no Ganmóvel de um lado a outro do clube”, recorda. Para Ilan, o fato inesquecível aconteceu durante uma machané. “Lembro que os monitores nos acordaram no meio da noite e nos mandaram vestir roupas para sujar. Aí simularam um treino da Gadná – que é a preparação dos jovens que vão para o exército em Israel. Nos fizeram correr pelo sítio, nos arrastar na grama, enfim, quando raiou do dia, pudemos tomar banho. Ninguém reclamou”, conta.

A visita do ex-ministro Shimon Peres em 1997 ficou na memória da hoje agente de viagens Eliane Segoura Barzilay. “Imagine o Centro Cívico lotado e todos os movimentos juvenis reunidos. Claro que cada um bradava seu grito de guerra mais alto do que os outros. Então, o próprio Peres olhou para nós e disse: para que disputarem? O importante é que todos são de movimentos juvenis e estão aqui hoje. Ficamos todos em silêncio. Foi lindo”, conta. O marido, Daniel Glezer, lembra a restrição que ele e uns amigos tinham em relação às atividades de artes. “Quando víamos que seria uma atividade desse tipo, escapávamos para um esconderijo. Acho que o lugar não existe mais, mas passamos horas bem divertidas ali enquanto as meninas recortavam e colavam”, recorda. Eduardo e Vivian Rotenberg lembram da filha, Thaís, e outras duzentas crianças no gramado que hoje é a Praça Jerusalém reunidas, brincando, nos primeiros sábados do recém-criado Centro Juvenil Hebraikeinu.

“Parecia que não caberia mais ninguém. A Thaís tinha 7 anos e adorava vir para o clube. Foi assim por toda infância e adolescência. Escolheu cursar pedagogia depois de atuar como madrichá e coordenadora. E nestas férias de julho inscreveu meu neto, Rodrigo, na colônia de férias. Para nós, que somos avós, é o máximo”, declaram. Os filhos de Déborah Moss Ejzembaum, Thomas e Alícia, também foram inscritos na colônia de férias do Hebraikeinu, destinada a crianças de 2 a 6 anos. “O Thomas está amando a colônia. Hoje foi lindo deixar meus filhos no Centro de Juventude. Encontrei dois outros pais que foram monitores na mesma época que eu. A Thaís e o Fábio também traziam os filhos. Incrível ver como o tempo passou rápido e uma nova geração tem experiências inesquecíveis como as que tive neste movimento maravilhoso”, declarou a psicóloga que também coordenou o curso de líderes Meidá, ou seja, foi responsável


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pela formação de pelo menos uma turma de monitores. Talvez, em dez ou quinze anos, Léo ou os trigêmeos se recordem da sua primeira machané e do fato de que houve não um, mas dois “ataques” e que os jogos eram pontuados por vídeos estrelados pelos monitores e ficarão em dúvida se foi mesmo na primeira ou numa das posteriores. E talvez Tatiana Udlis seja monitora do Rodrigo ou do Thomas. Quem sabe? Comemorações Este mês, o clube foi enfeitado com o logo e as cores do Hebraikeinu em função do 25º aniversário do movimento. A diretoria espera ansiosamente pelo lançamento de um documentário com depoimentos de madrichim e chanichim de gerações recentes do Centro Juvenil. Henry Jazinovodolinsky não foi entrevistado para esse vídeo. Psicólogo clínico com especialização em psicodrama, atualmente ele faz residência no hospital Hadassa, em Jerusalém.

Os amigos o conhecem como Pudim. Depois de se tornar monitor, Pudim passou um ano em Israel, período que inspirou sua aliá. “Claro que o Hebraikeinu foi fundamental na minha vida. Depois da aliá, trabalhei durante dez anos na Agencia Judaica, especificamente no Machon Le Madrichim. Foi ali que estudei em 1992, durante o meu ano de preparacão (shnat) como integrante do Hebraikeinu. Nessa época, era muito difícil conseguir uma vaga no Machon, em especial para um movimento juvenil que era muito recente, como o nosso. Foi a partir dele que me capacitei e criei uma base para a aliá”, recordou por e-mail, em resposta a um pedido feito pela revista Hebraica em pleno final do Shabat pelo horário de Brasília e já nas primeiras horas da madrugada, em Israel. É através dele que esta matéria dá o crédito um dos idealizadores do Hebraikeinu, Gaby Milevsky, “pois foi ele que conseguiu uma vaga para mim no Machon e deu todo o apoio necessário

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para que eu fosse para o shnat e é claro que tudo o que faço hoje tem relação com os anos de atividade e aprendizado no Hebraikeinu.” E já que se falou em Israel, machané e Hebraikeinu, uma última história. Patrick Hollender, outro que começou no Centro Juvenil aos 2 anos e hoje estuda em um kibutz vizinho da Jordânia, insistiu para que as semanas de férias no Brasil coincidissem com a machané. “Tenho certeza que ele veio mesmo para curtir com os amigos. Mesmo longe, ele não deixa de vestir a camiseta do Hebraikeinu”, brinca o pai, o jornalista Marcel Hollender. Henry e Patrick só corroboram o gesto feito por dois madrichim que no dia da saída da machané estavam encarregados de vender alguns objetos com o logo do Hebraikeinu. Diante da lente da câmara, eles ergueram duas camisetas com as inscrições: “Hebraikeiu eu sou”. No presente e, provavelmente, no futuro.


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juventude > hebraica business forum

SÉRGIO KULIKOVSKY FALOU TAMBÉM SOBRE EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Em busca do crescimento profissional NO INÍCIO DAS FÉRIAS ESCOLARES, UNIVERSITÁRIOS E PAIS DE FAMÍLIA ESTIVERAM NO HEBRAICA BUSINESS FÓRUM (HBF) PARA CONVERSAR SOBRE NEGÓCIOS COM O PRESIDENTE DA CONGREGAÇÃO ISRAELITA PAULISTA (CIP) SÉRGIO KULIKOVSKY

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histórico de Sérgio Kulikovsky como empreendedor já bastaria para justificar o convite para falar ao Hebraica Business Fórum (HBF). “Existe outro fator para convidá-lo para esta segunda edição do HBF, pois além de ser o CEO da Access, empresa que aposta nos cartões de crédito pré-pagos, também é presidente da CIP, ou seja, incluiremos nos debates o empreendedorismo social”, explicou o coordenador do projeto Benny Spiewak. Com formação em engenharia e negócios nas universidades Cornell e Harvard, ele iniciou uma promissora carreira em um banco. “Então, no início dos anos 1990, o banco foi vendido e como mudaria de chefe, decidi ser meu pró-

prio chefe e comecei a pesquisar empresas americanas ligadas à internet. Assim comecei a Nettrade”, contou. Durante a conversa, Sérgio falou de outras empreitadas, e dos anos à frente da Certsign, que trouxe o conceito da assinatura digital para o mercado brasileiro. “Houve época em que todos acreditavam que seria o fim dos documentos em papel”, comentou. Em seguida, satisfez a curiosidade dos presentes acerca da tomada de decisões nas empresas, escolha de parceiros ou contratação de profissionais. “Nos primeiros anos de empresa, empreguei pessoas com mais idade e experiência do que eu. Hoje aposto em jovens talentos, em geral universitários”, afirmou.


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E N T R E V I S TA

Elogio ao empreendedorismo O advogado Benny Spiewak (foto) trabalha diariamente com empreendedores e empresas dispostas a atuar no mercado brasileiro e recentemente aceitou a tarefa de coordenar o Hebraica Business Fórum, primeira iniciativa da Diretoria dirigida a jovens profissionais. Esta entrevista foi concedida pouco antes de o segundo convidado, Sérgio Kulikovsky, chegar. Hebraica – Qual é a sua impressão do HBF às vésperas deste segundo encontro? Benny Spiewak – Animadora. Antevejo muitas perspectivas. O associado recebeu bem o projeto e alcançamos a audiência pretendida, ou seja, despertamos a atenção dos jovens empreendedores, que buscam uma mentorship e querem algo a partir de casos de sucesso. É essa a intenção do fórum. Debater em um ambiente de proximidade com um ou mais profissionais de sucesso e ouvir sobre erros e acertos. Dos três entrevistados da primeira edição, qual acredita ter impressionado mais os participantes? Spiewak – Os três tinham características distintas. Eduardo está em quinto estágio e já atuou em diferentes setores e negócios. Já o Lucas, partiu de uma atividade exercida por outros da família, a fotografia, e montou um negócio on line com ela. Mas creio que o Arthur, que largou uma carreira sólida no mercado financeiro e foi trabalhar com venda de óculos on line, foi o que mais intrigou a todos porque ele saiu de uma situação onde estava feliz, apostou na mudança e continua satisfeito. Todos queriam saber sobre os desafios que enfrentou e como montou o negócio... E o convite feito a Sérgio Kulikovsky, o convidado de hoje? Spiewak – Essa foi uma escolha da vice-presidente de Juventude, Elisa Griner, do presidente Avi Gelber e da sua assessora, Mariza de Aizenstein. Concordei com eles que o Sérgio combinaria o lado empreendedor com o ativismo social na presidência da CIP. Num clube como a Hebraica, que se destina ao lazer e ao esporte, como falar sobre negócios e trabalho? Spiewak – É uma tendência e a Hebraica será pioneira. Além do foco no lazer, não podemos esquecer o aspecto associativo, que se destina a congregar. Ela não serve só para nadar, jogar futebol, mas pode também ser o local onde se discutem negócios, criam-se empresas, por que não? Tomando por base os sócios que estiveram na primeira edição do HBF, qual o perfil das pessoas que estão dispostas a empreender? Spiewak – Existem dois tipos de empreendedor, aquele por

ocasião, que está desempregado, cansou da vida corporativa e quer ser o seu próprio chefe. É o caso de muitos que abrem uma pousada em busca de um local para férias. A maioria dos empreendedores de ocasião desistem depois de um tempo. E há aqueles que têm um projeto, desenvolvem um produto e os transformam em realidade. Quem segue um business plan, estuda, pensa, em geral prospera. Encontramos empreendedores em qualquer faixa etária. O melhor empreendedor é o que estuda mais profundamente o seu negócio. Temos aqueles que desde o primeiro dia de faculdade acumulam informações sobre a área em que querem atuar. Aos 20 anos ele se desenvolve. E também há aqueles que aos 60 anos iniciam um negócio sem conhecê-lo e não têm sucesso. A história da comunidade judaica é marcada por uma tradição de negócios de sucesso. Acredita que esse ímpeto empreendedor ainda exista? Spiewak – Claro. Não podemos esquecer de que quando se discute o empreendedorismo no mundo, Israel aparece no topo da lista entre os melhores. É uma nação empreendedora que une conhecimento, apetite pelo risco, tecnologia e desafios que despertam o desejo de empreender. Todos que temos alguma ligação com Israel temos esse gene mais ou menos evidente. Israel é nossa referência no que se refere a empreendedorismo. (M. B.)


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juventude > danças

Agenda cheia no segundo semestre O SUCESSO DO SHOW LIHIOT (“SER”), COM TODOS OS GRUPOS DE DANÇAS, SERVE COMO ESTÍMULO PARA QUE OS DANÇARINOS ENCAREM A AGENDA MOVIMENTADA DO SEGUNDO SEMESTRE QUE SE ENCERRA COM O XXXV FESTIVAL CARMEL, SOB O O TEMA “LE OLAM” (“PARA SEMPRE”, EM HEBRAICO)

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e 5 a 7 de setembro, os grupos Kalanit, Shalom, Hakotzrim e Carmel viajam para o Rio de Janeiro para representar a Hebraica de São Paulo no Festival Hava Netze ve Machol. “Vamos apresentar algumas das coreografias que fizeram parte do show Lihiot, apresentado em junho no Teatro Arthur Rubinstein”, adianta Nathalia Benadiba, coordenadora do Centro de Danças. “Apresentamos dois espetáculos diferentes em um mesmo final de semana, o que representou um desafio para todos os envolvidos no projeto. Consegui-

mos mobilizar todos na confecção do roteiro, cenário, esquetes e até na decoração do saguão com as fotos e conceitos dos dançarinos relacionados com o tema do show”, completou. Agora, o Centro de Danças se volta para os preparativos do XXXV Festival Carmel, na segunda semana de dezembro. “‘Le Olam’ (‘para sempre’) é um tema muito rico, que certamente servirá como inspiração para coreografias que falem da paz duradoura, futuro do judaísmo e no amor infinito. Já temos a confirmação da presença do coreógra-

GRUPOS DA HEBRAICA ESTARÃO EM FESTIVAL DO RIO DE JANEIRO EM SETEMBRO

fo Yoram Bitton, que encantou os dançarinos na edição passada. O grupo israelense Misgav provavelmente virá pela terceira vez e trará as novas coreografias desenvolvidas nos últimos dois anos e esperamos confirmar outros participantes do exterior”, adianta. Uma novidade neste XXXV Festival Carmel será a cobrança de uma taxa de cada dançarino que dará direito à alimentação, alojamento e shows durante o evento. “É uma forma que encontramos para cobrir parte dos custos do festival e manter a qualidade à qual as lehakot estão acostumadas”, informa a coordenadora. Além da viagem para o Rio de Janeiro, o Centro de Danças espera comemorar o 40º aniversário do grupo Carmel com um show especial e também promover a maratona de danças semestral. “É tudo muito rápido. Ainda recebo elogios ao show Lihiot e já estamos trabalhando nas planilhas e reuniões para o Festival Carmel. O tempo não dança, voa!”, brinca a coordenadora do Centro de Danças. (M. B.)



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juventude > fotos e fatos 1.

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1. Júlia e Gaby Levy estavam bem equipadas para aproveitar a machané Choref; 2. e 7.

4.

Bazar com artesanato fez parte do evento do grupo Jovens sem Fronteiras

(JSF)

na

casa da rua Ibiapinópolis; 3. Atividade para os pequenos na

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colônia de férias do Hebraikeinu; 4. Monitores colocam a tecnologia a serviço da formação e lazer dos chanichim; 5. e 6. Arte ao vivo, futebol e conversa regada a cerveja no evento do JSF

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esportes > handebol

A pivô que conquistou o mundo DANIELA PIEDADE, ATUAL PIVÔ DO SIÓFOK KC NA HUNGRIA E DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL, INICIOU A CARREIRA ESPORTIVA NA HEBRAICA, ONDE RECENTEMENTE FEZ UMA PALESTRA

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uase vinte anos depois, Daniela Piedade voltou à quadra do Centro Cívico, onde disputou partidas e torneios na categoria infantil e juvenil do handebol como atleta da Hebraica. “Éramos uma equipe muito alegre. Eu gostava muito dos treinos e também das viagens. Lembro do nosso primeiro campeonato brasileiro, em Mauá. Perdemos quase todas as partidas, mas nos divertimos muito”, recorda a pivô da equipe principal do Siófok KC, na Hungria, e também jogadora da Seleção Brasileira, com a qual venceu, em maio, o nono Campeonato Pan-Americano seguido, derrotando a equipe anfitriã, em Cuba, na final. A convite do Departamento de Handebol, ela conversou com os atletas de todas as equipes, contando sua experiência desde que viajou para jogar na Europa. “O primeiro ano foi muito difícil. Eu desconhecia o idioma e ninguém se interessava em saber se eu jogava ou não. Precisei me impor para o técnico me dar a oportunidade de pelo menos entrar em quadra. Quando consegui, minha evolução foi rápida, ganhei o respeito e um lugar fixo em todos os times nos quais joguei”, contou. Em 2012, quando jogava por um time na Hungria, sofreu um AVC e voltou ao Brasil por um curto período para se recuperar. “Aqui, fiz todos os exames e descobri que não precisaria ser operada e poderia voltar a jogar. Hoje, de volta às quadras, estou mais feliz. Ainda sinto três dedos da mão direita formigarem, mas isso não impede meus movimentos durante o jogo”, comentou. “E a condição das jogadoras brasileiras na Europa?”, indagaram. “A situação melhorou muito. Hoje todos os times querem contratar brasileiras. Depois da chance que meu treinador me deu de jogar e com a chegada de outra jogadora, Alexandra, ele disse que éramos o coração do time, pois as outras jogadoras, a maioria russas, eram mais frias e distantes. Em todo o caso, para jogar é preciso muita dedicação, mas vale a pena. O mesmo vale para a seleção, pela qual conquistei vários títulos e disputei olimpíadas. Espero jogar também na Olimpíada, no Rio, em 2016”, comentou. Daniela entregou uma camiseta com seu nome, posou para fotos e deu autógrafos para os atletas que hoje praticam o esporte na Hebraica.

Em quadra, a “Fúria Amarela” O time júnior masculino terminou o primeiro turno do Campeonato Paulista à frente dos outros clubes. No último jogo contra o Esporte Clube Pinheiros, a “Fúria Amarela”, como é conhecida a equipe da Hebraica, venceu por 38 a 36 e inicia a próxima fase em vantagem, depois de uma campanha invicta. Em julho, a Hebraica disputou o Dronninglund Cup, um dos principais torneios abertos de handebol da Dinamarca. A excursão à Europa para participar de torneios de verão da modalidade é um dos principais atrativos para a prática desse


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DANIELA PIEDADE FALOU AOS ATLETAS DAS EQUIPES DE HANDEBOL

esporte no clube. “Verão dinamarquês 14º graus centígrados sob o sol. É o que temos para hoje”, escreveu o técnico Gui Borin em sua página na rede social, na véspera da final. Antes do embarque para a excursão europeia, a “Fúria Amarela” enfrentou a seleção da República Dominicana em um amistoso na quadra do Centro Cívico. “O clube nos recebeu muito bem e os brasileiros estão nos dando muito trabalho”, afirmou um jogador dominicano no intervalo da partida. (M. B.)

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esportes > judô

Férias com medalhas ÀS VÉSPERAS DA DISPUTA DO CAMPEONATO BRASILEIRO SUB-15, A EQUIPE

COMPETITIVA DE JUDÔ TREINOU INTENSAMENTE EM JULHO E ACOMPANHOU, DE LONGE, A VIAGEM DE CINCO ATLETAS PARA ISRAEL

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inco judocas treinaram em Israel com as equipes juvenil e adulta da modalidade. Nayara Costa, Kenia Astrom, Mari Bueno de Toledo e Alessandra Oliveira viajaram na segunda semana de julho acompanhadas pela sensei Renata Pati. A viagem é resultado de uma campanha de angariação de fundos durante boa parte do primeiro semestre e que envolveu judocas, familiares e sócios que apóiam a modalidade. Em meio aos treinos e tarefas escolares, as adolescentes se desdobraram fazendo brigadeiros e brownies para vender. Atletas olímpicos cederam objetos para serem leiloados, entre eles uma camiseta autografada por judocas meda-

lhistas como Erika Miranda e Felipe Kitadai que se destacaram no Pan-Americano de Toronto. Antes da viagem, o movimento no Departamento de Judô ficou por conta das aulas e também dos treinos para o Campeonato Paulista sub-15 e sub-23 e também para a quarta etapa estadual dos Jogos Escolares, realizados no último final de semana de junho no Estádio Celso Daniel, em Mauá, encerrando o calendário do primeiro semestre da Federação Paulista de Judô. Alguns atletas da equipe competitiva do clube disputaram os Jogos Escolares e contaram com a torcida dos colegas nas arquibancadas.

TALENTOS DO LAR DAS CRIANÇAS DA CIP, QUE TREINAM NA HEBRAICA, CONQUISTARAM TÍTULOS PARA O CLUBE

Entre os atletas do clube, Manuela de Jesus comemorou a medalha de ouro na fase final do Campeonato Paulista sub15. Inscrita na categoria superligeiro, ela superou atletas de Suzano, Bauru e Itu. Tauane de Oliveira Gonçalves e ficou com o bronze na categoria leve. Joseane Santos Lima trouxe outro bronze na categoria leve, classe sub-23. No masculino, Lucas do Lago Ramos e Guilherme Minakawa somaram mais uma medalha de prata cada um. Lucas disputou na categoria superligeiro da classe sub-15 e Guilherme na classe sub-23 na categoria meio-leve. Gian Sousa Santos representou o clube no pódio da categoria ligeiro da classe sub-15, em terceiro lugar. A soma de medalhas obtidas no Paulista e nos Jogos Escolares totalizou seis ouros, três pratas e quatro bronzes, e uma vaga na disputa dos Jogos Escolares Brasileiros. Exceto por um intervalo de dez dias de julho, a sala de judô foi utilizada para treinos, e em agosto, profissionais, atletas e alunos do judô estarão ocupados com vários torneios, entre eles a Olimpíada das Escolas de Esportes. (M. B.)



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esportes > curtas

Estreia promissora na mesa

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dmundo Gualberto Junior fez a sua estreia na categoria superveteranos, A, na qual jogam os atletas com melhor técnica nessa faixa, e classificou-se em quinto lugar. Já Arthur Solowiejczyk, inscrito na categoria adulto masculino B, competiu a até a primeira rodada da segunda fase, resultado considerado satisfatório pela técnica Vanessa Fabri. Ainda em junho, a modalidade promoveu o quinto ranking interno, evento que tem estimulado o crescimento no número de praticantes da modalidade e serve como preparação para torneios externos.

Colônia de férias

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om 158 crianças inscritas na segunda semana, a colônia de férias da Escola de Esportes agitou o clube, seja nas atividades para os pequenos abaixo de 6 anos, seja nas gincanas para a garotada até 12 anos. Os sócios se admiravam ao ver crianças fantasiadas ou vestindo coletes de uma determinada cor, percorrendo o clube e se esforçando para que a sua equipe tivesse o maior número de pontos. Quando saíam para os passeios externos, os sócios se ressentiam da falta da animação e risos infantis.

Título internacional

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s tenistas Lúcia Pekelman Rusu e Suzana Mentone foram ao Chile para disputar o Torneo Seniors Terrazas, em Miraflores, e conquistaram o vice-campeonato na sua categoria. Entre os profissionais que participaram do evento, estava a brasileira Patrícia Medrado, que se destacou internacionalmente na modalidade nos anos 1980.




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magazine > política hídrica | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

Acabou a escassez crônica de água em Israel HÁ SEIS ANOS, O GOVERNO ISRAELENSE VEICULOU UM ANÚNCIO NA TV QUE CHOCOU A POPULAÇÃO: “ISRAEL ESTÁ SECANDO”, DIZIA UMA ATRIZ, AO MESMO TEMPO EM QUE A SUA PELE TRINCAVA. “MESMO SE CHOVER BASTANTE, ISTO NÃO BASTARÁ”, DIZIA A PEÇA PUBLICITÁRIA, PEDINDO QUE O PÚBLICO ECONOMIZASSE ÁGUA COM URGÊNCIA

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as eis que em maio deste ano, o diretor da Autoridade de Água, o órgão ministerial israelense responsável pelo recurso, veio a público com outro anúncio tão bombástico quanto aquele de há seis anos: “Conseguimos independência de água. Este problema pode ser tirado da lista de preocupações do povo de Israel”. No mesmo mês, o The New York Times publicou reportagem de quase uma página inteira declarando que hoje “Israel floresce”, tendo água em abundância. A reportagem cumprimenta o


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COM A TECNOLOGIA DE DESSALINIZAÇÃO, LOGO ISRAEL PRODUZIRÁ ARTIFICIALMENTE TODA A ÁGUA QUE CONSOME

país por um feito que causa inveja até na Califórnia, o Estado mais rico dos EUA, que está, literalmente, secando. O que aconteceu em apenas seis anos em Israel? “Fizemos uma revolução”, disse o porta-voz e diretor de educação pública da Autoridade de Água, Uri Schor, em entrevista à revista Hebraica. “Israel hoje pode enfrentar vários anos seguidos de seca severa, sem problemas sérios. Não está sobrando água, mas temos a tecnologia de produção e podemos produzir mais, se precisarmos.” Os números desta revolução são impressionantes. Até 2004, a dessalinização de água do Mediterrâneo em Israel era zero e a tecnologia da época conseguia produzir apenas 3% de água arti-

ficial. Hoje, graças à dessalinização e ao reaproveitamento de esgoto para agricultura, Israel caminha para, até o final da década, produzir artificialmente 65% da água que consome. No mesmo período, foram inauguradas quatro usinas de dessalinização e uma quinta, em Ashdod, está quase pronta. Juntas, as usinas ativas hoje produzem 130 bilhões anuais de galões de água dos 525 bilhões totais usados no país em todos os setores. Esta tecnologia está cada dia mais prática e barata, e Israel a exporta para o mundo. A usina Sorek, ao sul de Tel Aviv, é considerada a maior do mundo. Israel também se tornou o campeão mundial em reaproveitamento do esgoto – 86% são reutilizados. Apesar da tecnologia permitir que o esgoto seja transformado em água potável, por razões psicológicas esta água é usada apenas na agricultura. Para se ter uma ideia do avanço em Israel, o segundo país do mundo na reutilização de esgoto, a Espanha, usa apenas 17%. Os Estados Unidos reciclam somente 1%. Outro elemento da revolução da água em Israel foi a criação, há oito anos, da Autoridade de Água estatal (Reshut Ha-Maim), que recebeu superpoderes para coordenar os esforços no país. Até sua criação, cada ministério tomava suas próprias decisões. “Decidimos reunir todos debaixo de um só teto, com representantes da agricultura, finanças, energia e interior. Isto foi muito importante, ali fechamos todas as decisões, de forma rápida e eficiente”, diz o diretor Uri Schor. O sucesso, no entanto, não acomodou o país e as obras não param. O famoso canal de água ligando o Kineret ao Negev, construído nos anos 1950 pela estatal Mekorot, brevemente vai ganhar um similar, agora ligando o país de leste ao oeste. E as boas notícias também não param: com a abundância de água, mais terras puderam se tornar agriculturáveis. Nos últimos quinze anos, Israel expandiu sete vezes suas terras aráveis. >>

Até 2004, a dessalinização de água do Mediterrâneo em Israel era zero. Hoje, graças à dessalinização e ao reaproveitamento de esgoto para agricultura, Israel caminha para, até o final da década, produzir artificialmente 65% da água que consome


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magazine > política hídrica

E N T R E V I S TA

Educação para a escassez Educar as crianças a economizar água é fundamental, diz o porta-voz e diretor de educação pública da Autoridade de Água de Israel, Uri Schor (foto) à revista Hebraica. Eis a entrevista completa. Hebraica – Até há pouco tempo, imaginava-se que o israelense abriria a torneira e não sairia mais água. Agora o governo declarou oficialmente a independência de água em Israel. Isto não parece um milagre? Schor – Concordo em 100%. Fizemos uma revolução aqui. Quando comparamos Israel com a Jordânia, os nossos vizinhos têm mais água natural per capita do que nós. Mas ali, mesmo na capital Amã, não há abastecimento de água todo dia. As pessoas recebem água uma vez por semana, armazenam em casa e, se acaba, precisam comprar de tanques-pipa. Aqui em Israel há sempre água, é um tipo de milagre. Hebraica – Podemos dizer que Israel não tem mais um problema de água? Schor – Podemos dizer que hoje Israel pode enfrentar um ano de seca severa, ou mesmo vários anos seguidos, sem problemas sérios. Atualmente, mais de 50% de toda a água de Israel é artificial criada por tecnologia e para todos os usos. Isto não quer dizer que esteja sobrando água, mas que temos a tecnologia de produção. E ainda podemos produzir mais, se precisarmos. Hebraica – Quanto uma família israelense paga, em média, de conta de água por mês? Schor – Na minha casa somos cinco pessoas, e temos um pequeno jardim. No mês passado, paguei 116 shekalim (R$ 90,00) de água. O israelense paga menos que ingleses, franceses e poloneses. Aqui em Israel fizemos uma revolução também na tarifa cobrada do consumidor. Agora, por lei, a conta precisa refletir o custo real da água. Ou seja, se o país está investindo em infraestrutura, construindo usinas de dessalinização, este custo será rateado pela população. Mas nos últimos dois anos, com a maior parte das obras concluída, o preço caiu. Hebraica – Um dos principais motivos da Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi a disputa de água de Israel com seus vizinhos. Qual será o impacto estratégico da atual abundância de água na região?o? Schor – A tecnologia de água poderá ser uma ponte para a paz. Equipes profissionais israelenses já se reúnem com equipes palestinas há tempos, mesmo durante períodos de conflito. Ministramos cursos para eles e para técnicos de outros países árabes para transmitir esta tecnologia. Hebraica – O Brasil é um país abençoado com muitos rios e

chuvas, mas vive hoje um problema enorme de abastecimento de água. O que o exemplo de Israel pode inspirar aos brasileiros? Schor – Não conheço de perto a situação brasileira e não quero dar lições a ninguém. Mas o que sabemos de outros países que também convivem com sérios problemas de água, como China, Espanha, e também a Califórnia, é que, em primeiro lugar, é preciso engajar a população para usar água com máxima eficiência. Depois, o governo precisa se envolver, administrar os recursos existentes e investir para prevenir desperdícios. Hebraica – O senhor foi responsável por campanhas de educação da população para economizar água, especialmente entre crianças. Como foi esta experiência?a? Schor – A educação para a economia de água em Israel começa aos 4 anos de idade, no pré-jardim. Também fazemos programas especiais para a TV infantil. Esta criança, quando chega em casa e vê o pai lavando louça de torneira aberta, chama a sua atenção. A ideia é esta: que eles influenciem em casa e, quando crescerem, isto seja algo natural para eles, que já esteja no sangue.



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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

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Político pauleira

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Sucesso amazônico

12 notícias de Israel

A Amazon, a gigante da internet no mercado de vendas de livros e produtos em geral, é a mais recente empresa de tecnologia anunciando novos negócios em Israel. Eles já têm um escritório de desenvolvimento em Ramat Gan, onde empregam trinta funcionários, e em janeiro compraram a startup israelense Annapurna, por U$ 360 milhões, localizada em Yoknean. Em ambos, se desenvolve tecnologia de ponta para armazenamento icloud. Mas a ideia é expandir a presença no Estado judeu, provavelmente num novo escritório em Herzlia – a cidade preferida pelo setor – agora para empregar 150 israelenses.

Colônia de férias Quem disse que morar numa colônia judaica na Cisjordânia precisa ser uma experiência sofrida? A seis minutos de Jerusalém, está surgindo o assentamento Ramat Givat Zeev, que é um luxo só. As 130 casas terão de 250 a 450 metros quadrados, e preço mínimo de um milhão de dólares. Há opção de piscina e equipamentos “inteligentes” na residência, além de treze edifícios. A comunidade terá quadras de tênis e squash, escola privativa e alguns milhares de árvores plantadas. Por ali passa ainda um riacho, quando chove. Detalhe: quando o local estiver pronto, todos os 2.600 moradores serão judeus ortodoxos norte-americanos, que farão aliá juntos. Só como efeito comparativo, no ano passado imigraram 3.283 judeus dos EUA para Israel.

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Nesta época de tentativas de boicote cultural contra Israel, quem imaginaria um astro do rock internacional interromper um show, em solo europeu, para saudar um político israelense? Foi o que aconteceu na apresentação da banda U2, quando o cantor Bono dedicou uma das músicas, One, a Shimon Peres, que estava na plateia. Demonstrando humildade, Bono rasgou um elogio ao político de 92 anos: “Você está tentando fazer a paz, enquanto nós apenas cantamos sobre isto”.

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Fim de uma era Por conta da pressão de sociedades protetoras de animais, o governo resolveu proibir a circulação de charretes a cavalo pelas cidades israelenses. As famosas alte zachn (“coisas velhas”, em ídiche), chamadas assim pelo grito do condutor para atrair a clientela, recolhia e vendia toda sorte de objetos descartados nas ruas. As raízes deste tipo de comércio se perdem no passado dos shtetls europeus. Agora, charrete puxada por cavalo só poderá circular em kibutzim e moshavim ou então por meio de agências de turismo. A prefeitura de Tel Aviv disse que não tem a mínima ideia de quantos destes “veículos” circulavam pela cidade.

Kafka para todos Finalmente chegou ao fim uma novela de décadas em Israel, tendo como centro a disputa pelos valiosíssimos manuscritos do escritor Franz Kafka. O melodrama começou com a invasão dos nazistas da antiga Tchecoslováquia, quando Kafka já havia morrido, mas seu amigo mais próximo, Max Brod, pegou dezenas dos seus documentos e se refugiou na Palestina. Quando Brod morreu, a sua secretária decidiu que esses documentos lhe pertenciam e guardou tudo em seu apartamento de Tel Aviv, em bancos israelenses e suíços. A filha dessa secretária herdou o tesouro, mas desejava vender tudo para uma instituição alemã. Mas agora um painel de juízes encerrou o drama e deu ordem final para entregar tudo à Biblioteca Nacional de Jerusalém. Em breve, virão a público essas preciosidades, como cartas de Kafka a Stefan Zweig, escritor que se refugiou no Brasil.


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No verdadeiro oceano que é o Youtube, uma preciosidade é o documentário Churchill, em quatro capítulos, da BBC, dirigido pelo recém-falecido historiador Martin Gilbert. Parafraseando o próprio Churchill, nunca tantos deveram tanto a um só homem. O documentário mostra como líderes fazem diferença na história, e como, por muito pouco, não perdemos este grande homem: o premiê inglês teve um ataque do coração durante a guerra, contraiu pneumonia e chegou a enfrentar 50% de desaprovação do povo enquanto liderava a luta solitária contra os alemães. Homem de visão, previu que um dia a URSS sumiria e que a Europa se unificaria, sob o apoio distante da Grã-Bretanha. Acertou tudo. Hoje faltam líderes deste naipe, tanto aqui quanto aí.

Se liga, mano

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Bons de briga Os judocas israelenses fizeram bonito no campeonato europeu, disputado no Azerbaijão. Sagi Muki levou a medalha de ouro na categoria até 73 kg, atropelando todos os competidores, incluindo o antigo campeão. Muki entrou na competição em sétimo colocado do mundo e saiu como uma das grandes esperanças de medalha de Israel nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, ano que vem. Já a judoca Yarden Gerbi, considerada a número dois na Europa, trouxe a medalha de bronze do continente para casa.

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Dica de internet

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O Facebook revelou a quantidade de israelenses que utilizam o sistema: 4,1 milhões entram pelo menos uma vez na rede social no mês, enquanto 3,1 milhões acessam todos os dias. Se considerarmos que em Israel os judeus ortodoxos são proibidos pelos rabinos de utilizar a ferramenta de Mark Zuckerberg, e também excluindo crianças (muito pequenas) e os (muito) idosos, isto significa que cerca de 80% da população usam a rede social. Impressiona, mas o Estado judeu é uma gota no oceano do 1,44 bilhão de usuários no mundo. Segundo o mesmo relatório, aumentou em 21% os participantes a nível global no último ano.

Vexame no Kineret Permitam-me voltar a um triste acontecimento em Israel, em junho. Ali, na beirada do Kineret, existe uma igreja da qual talvez o leitor nunca tenha ouvido falar, mas é parada obrigatória para todo visitante cristão na Terra Santa. A Igreja da Multiplicação dos Pães e Peixes, local tradicional do milagre de Jesus, é um monumento de primeira grandeza, com mosaicos de 1.600 anos e, apesar de ter sido reconstruída no século 20, foi modelada de acordo com o desenho original da época bizantina. Qualquer país se orgulharia de abrigar um local como este, além do atrativo turístico e das divisas que proporciona. Pois é: em junho, vândalos atacaram a igreja e a incendiaram. Até o fechamento desta edição a polícia não tinha prendido ninguém. Mas os delinquentes deixaram um grafite, em hebraico, citando uma passagem da Torá (“falsos ídolos devem ser destruídos”). Pela sofisticação da mensagem extraída de uma passagem bíblica, deve-se deduzir que os autores do crime sejam nossos correligionários. Em Israel, existe um curioso Ministério das Religiões. Se Netaniahu não pôde comparecer à igreja parcialmente queimada para manifestar solidariedade, deveria mandar o seu ministro das Religiões, coisa que não aconteceu. Suspeito do motivo: o cargo é ocupado por um deputado do Shas, partido ortodoxo, que deve ter aquela mentalidade medieval e ultrapassada, segundo a qual judeus não podem entrar em igreja. Uma pena, quando judeus e cristãos se aproximam num diálogo fantástico, e o Estado de Israel é, basicamente, apoiado por nações de maioria cristã. Agora, neste final de nota, um dado alarmante, para o leitor que teve paciência e chegou até aqui: nos últimos quatro anos, dezoito igrejas e mesquitas foram profanadas em Israel ou em territórios que controla. Ninguém foi preso ou identificado.


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Cemitério premiado Israel acaba de carimbar mais um dos seus sítios históricos como Patrimônio da Humanidade. É o nono no país, concedido pela Unesco, o braço cultural da ONU (como comparação, o Brasil têm dezenove). Trata-se de Beit Shearim, uma necrópole, (“cidade de mortos” em grego), ou seja, um enorme cemitério. O lugar começou a ser usado há 1.800 anos, quando rabi Yehuda HaNassi, o editor da Mishná, pediu para ser sepultado numa caverna dali. Nas décadas seguintes, milhares de judeus quiseram seguir o mestre, dai surgindo um labirinto de tumbas e sarcófagos, tudo esculpido na rocha. O lugar, na Galileia, foi descoberto por acaso no início do século passado, quando um vigilante judeu fazia uma patrulha.

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Resposta a Hitler Setenta anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, enfim o povo judeu está a caminho de alcançar o mesmo número anterior à Shoá. A conclusão é do Instituto de Planejamento de Políticas para o Povo Judeu, de Jerusalém, que apresentou os resultados ao governo (é isso mesmo, aqui isto é assunto de reunião ministerial). Judeus do mundo inteiro agora somam dezesseis milhões de pessoas, próximo, portanto, dos 16,6 milhões de 1939. A maior concentração está em Israel (6,1 milhões), seguido dos EUA (5,7 milhões), França (475 mil) e Grã-Bretanha (290 mil). A América Latina soma 383 mil. O maior aumento demográfico dos últimos setenta anos aconteceu entre 2005 e 2015, quando o povo judeu cresceu 8%.

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Irmãos Singer Há anos sou fã dos romances e das entrevistas de Isaac Bashevis Singer. Para aqueles que, como eu, dedicamse a produzir alguma forma de cultura judaica, mesmo recebendo olhares de incompreensão, especialmente de correligionários judeus trabalhando em finanças, advocacia, na importação de cacarecos da China ou na fabricação de cuecas – para nós, Bashevis Singer, por meio do seu próprio exemplo, mostrou que se ocupar com cultura judaica pode ser um trabalho digno. Bem, quando perguntavam a Bashevis Singer acerca de quem influenciou seu trabalho, ele sempre mencionava o irmão mais velho, Israel Joshua Singer (foto), também escritor em ídiche, e que também imigrou para os EUA – mas morreu bem cedo, na casa dos 50 anos. Israel Singer escreveu Os Irmãos Ashkenazi, que só agora li, valendome deste fantástico instrumento de nossa época que é o e-book (adeus aos terríveis importadores de livros com seus exploratórios “dólar-livro”). É um livro encantador, com cerca de quinhentas páginas ou mais na edição em papel. Conta a epopeia dos judeus na cidade de Lodz, na Polônia, desde meados do século 19 quando eram todos religiosos, aos poucos se ocidentalizam e transformam a cidade num polo mundial de fabricação de tecido, tão importante que mesmo os nazistas hesitaram em eliminar o gueto local, aproveitando quase até o fim aqueles famélicos fabricantes de uniformes militares. Israel Singer acompanha todas essas transformações tendo como fio condutor a família Ashkenazi, e nos brinda com um retrato daquele período que, duvido, um historiador tenha feito o mesmo com tanta precisão. Agora entendo porque Bashevis Singer somente conseguiu se destacar na literatura depois que o irmão mais velho morreu. Fica aí a dica de leitura.


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magazine > a palavra | por Philologos

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Abracadabra POPULARIZADO PELA SÉRIE “HARRY POTTER” DE J. K. ROWLING, O TERMO ABRACADABRA, SUPOSTAMENTE DE ORIGEM ARAMAICA, CONTINUA SENDO UMA INCÓGNITA. O QUE NÃO IMPEDIU O NOSSO FILÓLOGO DE APRESENTAR AS VÁRIAS ESPECULAÇÕES A RESPEITO DA PALAVRA

ntre as muitas coisas ditas sobre o presidente Barack Obama em Ally (“Aliado”), o novo livro do ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos Michael Oren, há uma que poucos leitores podem ter parado para refletir. No entanto, ao ler Ally, não pude deixar de me perguntar sobre a afi rmação, feita em meio a uma controvertida análise de Oren sobre o caráter de Obama como um produto da experiência de infância, que a “crença difusa do presidente no poder das palavras... lembrou-me do antigo encantamento aramaico ‘Abracadabra’, que significa ‘eu falo, portanto, eu crio’”. Por um momento, esquecendo tudo sobre o Aipac (American Israel Public Affairs Committee), Irã e o estado das relações israelo-americanas, me encontrei perguntando: é abracadabra, uma das poucas palavras de cinco sílabas em inglês provavelmente conhecida por qualquer criança de 5 anos de idade que fale a língua, realmente de origem aramaica? E se for, significa o que Michael Oren diz que significa? É uma palavra que, ao que parece, tem uma longa história escrita. A primeira referência a ela ocorre em um texto em latim de Serenus Sammonicus, De Medica Praecepta. Serenus era o médico do imperador romano Caracala, que reinou de 188 a 217 da Era Comum, e, no tratamento de febres e resfriados, prescreve um amuleto no qual está escrito: ABRACADABRA ABRACADABR ABRACADAB ABRACADA ABRACAD ABRACA ABRAC ABRA ABR AB A


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Segundo Serenus, esse amuleto deve ser usado ao redor do pescoço por nove dias. Na manhã do décimo dia, o paciente deve se levantar antes do amanhecer e descartar o amuleto em um rio fluente, depois do que ele ou ela estaria curado/a. Quantas febres ou constipações foram superadas dessa forma, não sei. No entanto, a lógica mágica do tratamento parece clara. Como as onze letras de abracadabra diminuem dia a dia, o mesmo ocorre com o poder da doença até que, no décimo dia, quando sobra apenas uma letra, a doença foi enfraquecida o suficiente para ser jogada fora. Feitiços médicos deste tipo eram comuns na antiguidade e eram praticados tanto por judeus como por gentios. O Talmud babilônico fala de uma condição conhecida em aramaico como shabrirey, um ataque temporário de cegueira provocado pelo contato com um demônio aquático chamado Shabrir. Essa doença era tratada, de acordo com o tratado Avodah Zarah, por meio da encantação shabrirey, brirey, rirey, irey, rey, que gradualmente retirava o poder do demônio sobre a pessoa cega. “Abracadabra” foi, sem dúvida, um encanto desse tipo também. Mas se o antigo propósito da palavra parece claro, suas origens, não. “Eu falo, portanto, eu crio” é a versão de Oren de uma frase hipotética em hebraico (não em aramaico) sugerida por outros antes dele: evra k’divra, “Eu crio à medida que falo a palavra” – uma comparação implícita com os poderes mágicos do curandeiro com as do Deus bíblico que criou o mundo só pela palavra. No entanto, não só esta é uma frase desconhecida da tradição rabínica ou de qualquer outra tradição judaica (do qual supostamente foi absorvida pela cultura greco-romana por meio de círculos gnósticos judeus), como não faz sentido em termos de diminuição gradual das letras no amuleto. Por que o curandeiro gostaria de diminuir os próprios poderes? Foram dadas numerosas explicações para abracadabra, nenhuma delas realmente convincente. Supõe-se que a sua fonte seja o termo aramaico avad k’davra, “sucumbiu como a praga”. (Infelizmente, esta interpretação é a origem da “maldição da morte” Avada Kedavra da série Harry Potter, de J. K. Rowling, sem que existisse qualquer correspondência entre a palavra aramaica davra e a hebraica dever , “praga”). Como a invenção de cristãos judeus, sendo abra a sigla hebraica av, ben, e ruach ha-kodesh, “pai”, “filho” e “espírito santo”, e kadabra de “ha-kadosh baruc hu”, “o Santo Bendito seja Ele”. (Isto parece um tanto forçado – e, novamente, por que a diminuição?). É o mesmo caso de Abrasax ou Abraxas, o arconte supremo ou príncipe deste mundo, considerado um mau demiurgo em certas formas de gnos-

ticismo. (Este nome é, de fato, encontrado em muitos amuletos antigos, mas como o seu final mudou de “sax” ou “xas” para “cadabra”?) É o mesmo caso de uma palavra disparatada formada a partir de “a”, “b”, “c” e “d”, as quatro primeiras letras do alfabeto latino. (Como, a menos que estejamos lidando com um placebo antigo, uma palavra sem sentido poderia afetar um demônio?) E por aí vai. Uma das ideias mais recentes relacionadas à pretensa origem judaica de abracadabra vem do falecido Amram Kehati, estudante israelense de misticismo judaico que argumenta que a palavra é uma deturpação do hebraico ‫ארבע‬-‫אחד‬-‫ארבע‬, arba-ehad-arba, ou “quatro-um-quatro”. Na medida em que pude seguir o raciocínio de Kehati, essa antiga magia em hebraico ou aramaico contra demônios deve ter se consistido de nove, ao invés de onze, letras, sendo nove um símbolo do mal na numerologia judaica da época, e que o nome do demônio foi reduzido progressivamente por meio da remoção das letras de cada lado até ficar só uma; arba-ehad-arba, sendo a letra het pronunciada guturalmente pelos romanos como um “c” forte, tendo assim se tornado um termo genérico para todos esses encantamentos, não um nome próprio de um deles. No entanto, embora esta seja uma bela teoria, não há nenhuma evidência externa para apoiá-la. Pelo contrário: shabrirey (‫)שברירי‬, o único exemplo de tal feitiço hebraico/aramaico que temos desde os tempos talmúdicos, tem seis letras, não nove. De onde vem abracadabra? É uma incógnita. Quando, no primeiro dos 125 fascículos publicados separadamente que eventualmente constituíram todo o trabalho, o Oxford English Dictionary disse que essa é um termo de “origem desconhecida”. Isso foi em 1884. Nada mudou muito desde então.

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O Talmud babilônico fala de uma condição conhecida em aramaico como shabrirey, ataque temporário de cegueira provocado pelo contato com um demônio aquático chamado Shabrir. Essa doença era tratada, de acordo com o tratado Avodah Zarah, por meio da encantação shabrirey, brirey, rirey, irey, rey, que gradualmente retirava o poder do demônio


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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch

Mulheres judias UMA DAS CRÍTICAS MAIS FREQUENTES NO JUDAÍSMO RELIGIOSO É A RESPEITO DO PAPEL DAS MULHERES NA SOCIEDADE.

MAS A HISTÓRIA MOSTRA QUE ELAS SEMPRE DESEMPENHARAM UM PAPEL

FUNDAMENTAL NA COMUNIDADE

NELLY SACHS PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA, UMA DE MUITAS

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e fato, mitzvot (mandamentos) relevantes como rezar com talit e tefilin (xale e fi lactérios de oração), ler na Torá (Pentateuco), e comemorar o bar-mitzvá (maioridade de 13 anos, embora exista um equivalente menor feminino, o bat-mitzvá), são exclusivas do sexo masculino. Da mesma forma, os ofícios ligados à religião são privilégio dos homens como rabino, o dayan (juiz de tribunal religioso), shochet (responsável pelo abate e preparação de carne kasher) ou chazan (cantor sinagogal). As próprias orações e os estudos diários são opcionais neste gênero, não sendo recebidas mulheres em academias religiosas (yeshivot), apesar do conto Yentl der yeshiva bocher, onde uma moça com este nome cursa esta academia, de autoria do prêmio Nobel de literatura Isaac Bashevis Singer (1902-1991). A justificativa tradicional é que mulheres não podem abandonar as obrigações de família, e o cuidado com as crianças pequenas. É que nos tempos de famílias numerosas as gestações se repetiam, sempre havia bebês chorando, e as mães não podiam se ausentar do lar por muito tempo. Outra razão é histórica. Na Antiguidade, jovens sozinhas na rua corriam grave risco, e por isso a frequência às raras escolas era praticamente nula e o analfabetismo muito alto, criando barreiras para quase todas as profissões. Claro, sempre houve misóginos que avançavam um passo a mais, sugerindo que a inteligência feminina não dava condições a este gênero para tarefas intelectualmente desafiadoras. O último a pagar caro por isto foi Lawrence Summers, judeu, secretário do Tesouro do governo Bill Clinton, destituído, em 2005, da presidência da Universidade Harvard por insinuar que a inteligência feminina é limitada. No entanto, ele se referia a todas mulheres, não apenas às judias. Aliás, dois tios de Lawrence ganharam o prêmio Nobel de Economia: Paul Samuel-


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son, irmão do pai, e Kenneth Arrow, irmão da mãe. Apesar desta paisagem adversa, em todas as eras mulheres ocuparam posições de liderança e proeminência na história do nosso povo. As matriarcas Sara, Rebeca, Rachel e Lea não são citadas nas orações e em especial no Izkor (súplica pelos falecidos) somente por terem sido as primeiras esposas, mas por terem participado com os maridos do direcionamento do povo israelita. Também Miriam não foi apenas irmã do dirigente Moisés, como conduziu ativamente as mulheres na desafiadora travessia do deserto (Exodus/Shemot Cap. 21). Muitas outras mulheres eminentes podem ser citadas, desde Débora (Juízes, capítulo 5) à rainha Ester (Livro de Ester), e desde Rute, a convertida que se tornou bisavó do rei David (Livro de Rute), até Ana (Chana), mãe do profeta Samuel (Shmuel, I capítulo 1). O rei Salomão homenageou a mãe Batsheva, com a linda composição Eshet Chail (A mulher de valor, Mishlei/Provérbios capítulo 31), recitada sexta à noite, antes do kidush (bênção) do Shabat. No mais humilde shtetl (vilarejo) da Europa as meninas, embora fossem tecnicamente dispensadas das orações, eram enviadas a instituições femininas conhecidas como Beit Yaakov (sem relação com as homônimas brasileiras), onde eram escolarizadas. A propósito, muitas esposas eram comerciantes mais atiladas que os maridos. Enquanto eles precisavam se dividir entre o trabalho, a sinagoga e os estudos religiosos, elas se concentravam no comércio, atingindo elevado nível de competência e sucesso. Em tempos mais recentes Golda Meir (1898 – 1978) foi a primeira embaixadora de Israel na extinta União Soviética (1948), ministra de diversas pastas em outros tantos governos, e primeira-ministra (1969-1974). É conhecida a ironia do fundador do Estado de Israel, David Ben-Gurion, a respeito da incomparável coragem, iniciativa e competência de Golda: “Ela é o único homem do meu gabinete”. Todas estas virtudes empalidecem se comparadas às características da judia, como mãe e esteio do lar. Ainda que objeto de críticas e zombarias, a idishe mame do Velho Mundo sempre foi o rochedo seguro ao qual se apegava nos momentos de alegria e de tristeza, de triunfo e de desespero. Em tempos mais recentes, muitos atribuem à incomparável dedicação e espírito de sacrifício delas, o êxito dos judeus nas artes, nas profissões e detentores do maior índice per capita de contemplados pelo Prêmio Nobel. Elas próprias também conquistaram alguns, como Nelly Sachs (Literatura 1966), Rosalyn Yalow (Medicina 1977), Rita Levi-Montalcini (Medicina 1986) e Ada Yonath (Química 2009), e outras. Conta-se que um rabino francês retornava da sinagoga à noite, após a oração de Arvit. Era inverno, caía forte nevasca e com dificuldades para enxergar, apenas vislumbrou um

idoso de barbas brancas caminhando ao longe, trôpego e tremendo de frio. Correu em direção ao velho, levou-o para sua casa, deu-lhe roupas quentes e nutritivo jantar. Ofereceu também um quarto para o homem repousar até o dia seguinte. O velho agradeceu por tudo, e esclareceu que não era uma pessoa comum. Isto mesmo: era um anjo, enviado dos céus para testar o rabino. Como o rabino se provou um tzadik (justo), e passou na prova, podia fazer um pedido. O rabino ficou mudo e branco de susto, mas se recompôs aos poucos, e conseguiu enunciar um pedido. – Eu sempre sonhei com o bem-estar e o futuro da minha comunidade, e de todos os judeus da França. Se existisse uma ponte sobre o Mediterrâneo, ligando a França a Israel, isto não seria bom apenas para nossos conterrâneos de lá, que receberiam mais turistas. Todo o judaísmo francês se fortaleceria, com este vínculo direto e acessível com Jerusalém. “Naalé et Ierushalaim al rosh simchatenu”. A cidade sagrada deve comparecer antes de tudo, até mesmo das nossas alegrias. – Entendi sua ideia. Nada é impossível, mas desde “Keriat Iam Suf” (a abertura do Mar Vermelho para os israelitas libertados do Egito passarem, Exodus/ Shemot capítulo 21) não surge um desafio tão complicado. Afinal, são mais de dois mil quilômetros. Imagine quanto concreto e aço, asfalto, e quantas ilhas artificiais seriam necessárias para sustentar uma estrutura tão monumental. O senhor não pensou em alguma solicitação alternativa? – Deixe-me pensar. Uma angústia antiga me perturba: entender as mulheres. O que elas pensam, o que as move, quando ficarão alegres e quando tristes. Eu ficaria muito satisfeito se um dia alguém desvendasse para mim, os enigmas da mente feminina. – Vamos retomar o diálogo a respeito desta ponte...

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Muitas esposas eram comerciantes mais atiladas que os maridos. Enquanto eles precisavam se dividir entre o trabalho, a sinagoga e os estudos religiosos, elas se concentravam no comércio, atingindo elevado nível de competência e sucesso


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magazine > cinema | por Thomas Doherty

A produção antissemita do Terceiro Reich UM NOVO DOCUMENTÁRIO TRATA O QUE FAZER DA PROPAGANDA NAZISTA: MOSTRÁ-LA OU ENTERRÁ-LA, DEFINITIVAMENTE? FILMES PROIBIDOS TRAZ RARÍSSIMOS FRAGMENTOS DA VIRULENTA PROPAGANDA ANTISSEMITA DO REGIME NAZISTA

CENA DO FILME DE PROPAGANDA NAZISTA

HOMECOMING (VOLTA AO LAR/HEIMKEHR), DE GUSTAV UCICKY, MOSTRADA EM FORBIDDEN

FILMS (FILMES PROIBIDOS), DOCUMENTÁRIO DE

FELIX MOELLER


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esde o Triunfo da Vontade (1935), de Leni Riefenstahl, ainda a melhor fonte de imagens de arquivo do übermensch (“super-homem), até e além de Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino, mistura de tudo enfeitado com suástica, os espectadores ficam paralisados pela pompa e patologia do nazismo na tela, como se olhar para as imagens fornecesse uma pista para descobrir a loucura. O documentário Forbidden Films: The Hidden Legacy of Nazi Films (Filmes Proibidos: O Legado Oculto dos Filmes Nazistas), do documentarista alemão Felix Moeller é uma coletânea de raros fragmentos de filmes produzidos durante o Terceiro Reich, e material que poderia ser um verdadeiro tesouro guardado no cofre. “Entre 1933 e 1945 foram feitos 1.200 filmes na Alemanha. Depois da guerra, os Aliados proibiram mais de trezentos filmes considerados peças de propaganda e até hoje mais de quarenta desses filmes estão proibidos de ser exibidos.” Esta é a segunda realização de Moeller, que já incursionara por este

terreno no pungente Harlan – À Sombra do Judeu Süss, de 2008, e conta que a exibição da obra nazista é rigorosamente controlada. Realizados sob a égide da Reichsfilmkammer, braço cinematográfico do Ministério de Propaganda do Reich, e supervisionados pelo ministro da Propaganda e cinéfilo Joseph Goebbels, os filmes são uma amostra bem substanciosa do que foi o fomento ao ódio antissemita, propaganda antibritânica, bravatas arianas para todas as idades e um aparentemente inócuo cardápio musical e melodramático. No entanto, é questionável se este material documentado por Moeller seja tão tóxico a ponto de permanecer enterrado enquanto durar o ódio racial, isto é, para sempre. É uma dúvida que se responde por si própria, pois, afinal, quem não quer assistir a um filme proibido? O filme de Moeller abre com uma metáfora: o arquivista Egbert Koppe anda pelos corredores do Arquivo Federal de Filmes, em Hoppegarten, Alemanha, armazém subterrâneo com cinco toneladas de filmes de nitrocelulose. Combustível e altamente inflamável como se vê em Bastardos Inglórios, o estoque de nitrato é, literalmente, e figurativamente, explosivo. Apesar disso, Moeller tira latas de filme 35 milímetros das prateleiras e desenrola o conteúdo. Filmes Proibidos é um documentário de arquivo inteligente o suficiente para saber que a mercadoria chama a atenção sem fazer muita força: entrevistas com membros do mundo acadêmico, amostragens dos filmes com imagens da reação de cinéfilos comuns assistindo-os pela primeira vez em exibições em Munique, Paris e Jerusalém. Organizadas em categorias – “Antibritânicos”, “Contra a República de Weimar” e “Para o Führer” –, vão do infame ao obscuro, e ao “Que porcaria é esta?” Do bem feito e perturbador O Judeu Süss (Jud Süss, de 1940), de Veit Harlan, que transporta a política racial nazista à corte da cidade de Württemberg no século 18 – e grande bilheteria na época, cuja cópia restaurada foi exibida no Filmmu>>

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É questionável se este material documentado por Moeller seja tão tóxico a ponto de permanecer enterrado enquanto durar o ódio racial, isto é, para sempre. É uma dúvida que se responde por si própria, pois, afinal, quem não quer assistir a um filme proibido?


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seum, em Munique, berço espiritual do Terceiro Reich e ironicamente em frente do Centro Comunitário Cultural Israelense. O muito bem filmado Homecoming (Volta ao Lar/Heimkehr, de 1941) descreve uma bizarra versão do mundo das relações germano-polonesas que transforma os alemães em vítimas da brutalidade polaca. Stukas (1941) parece um enlouquecido musical-marcial em que um coro de pilotos de caça canta enquanto metralham os britânicos. “Que grande diversão!”, exulta o líder do esquadrão depois de um ataque aéreo. “Foi intenso e ardente como um comício do partido do Reich, não meninos?”. O drama de época Kolberg (1945, em cores) é uma épica perda de tempo de Goebbels e tem pouco espaço no documentário. Trata-se de uma alegoria a respeito da resistência durante as guerras napoleônicas, e surpreendente testemunho das tendências cinematográficas de dois produtores executivos que reuniu elenco de milhares em uma superprodução destinada a elevar o moral, enquanto o regime implodia ao redor. Die Rothschilds (Os Rothschilds, 1940) expõe a trama sionista pela hegemonia financeira mundial com a família do mesmo nome, que monta filiais de bancos nas capitais da Europa e quando se ligam os pontos no mapa apresentam a forma da estrela de Davi. “Faz mal porque é bom” Nesta galeria triste e estranha, destacam-se duas partes: o ódio racial bruto de O Eterno Judeu (Der Ewige Jude, 1940), de Fritz Hippler, funciona como versão em longa-metragem dos cartoons editoriais do Der Stürmer, pasquim antissemita editado por Julius Streicher, e contém o que pode ser considerada a produção mais repugnante no cânone nazista, ou seja, a edição do filme sugerindo o extermínio de “tipos de judeus” e multidões de roedores. Moeller incluiu apenas breves vislumbres do filme, selecionados a partir de um site de vídeo filmados a partir do monitor de computador, para mostrar como o material é acessível, e ao mesmo tempo negar sua validade na telona. Para Moeller, este filme “é o mais cruel, traiçoeiro e asqueroso e, por isso mesmo, não foi transcrito para a qualidade HD. Discuti com a empresa distribuidora alemã e a estação de TV se o exibiríamos, ou não. Aliás, o grande documentarista Erwin Leiser disse que nenhuma análise cinematográfica justificaria a reprodução destas imagens.” Também estranho, mas de forma muito diferente, é I Accuse (Eu Acuso/Ich Kluge An, de 1941), um filme que trata da questão social da eutanásia. Quando uma hausfrau (“dona de casa”) ariana é diagnosticada com esclerose múltipla, ela implora ao brilhante marido cientista para matá-la antes que a inevitável degeneração a transforme em uma mulher a quem ele não vai mais amar. Incapaz de suportar a angústia, ele a mata sem dor, mas com amor. Julgado por homicídio, o tribunal considera as questões morais e médicas, mas deixa o veredicto para o público. Feito evidentemente para preparar os territórios conquistados pelo Grande Reich, o filme não ostenta qualquer imagem ou retórica nazista visível. Se apenas um pouco atualizado, poderia ser

um filme de televisão para a família. Após assistir aos filmes nazistas, muitos cinéfilos ficam impressionados pela competência técnica e estética atraente. “Isso me fez mal porque é muito bom”, diz um enojado espectador depois da sessão de O Judeu Süss. Não espanta que, mesmo após expurgar o talento judeu da indústria cinematográfica alemã em 1933-1934, muito do conhecimento conquistado na era Weimar continuou no período nazista provando que o cinema alemão foi o único no planeta a preocupar os magnatas de Hollywood, por acaso judeus. O regime também apoiava a indústria cinematográfica com recursos e dinheiro que os cineastas alemães de hoje “só poderiam sonhar”, confessa a mãe de Moeller, a diretora Margarethe von Trotta, depois de assistir a Uncle Krüger (Tio Krüger/Ohm Krüger, de 1941), biografia filmada do líder bôer Paul Krüger, estrelado pelo grande ator austríaco Emil Jannings, que abandonou Hollywood para se tornar o poodle de estimação de Goebbels. Para muitos espectadores, a qualidade sedutora das produções gera o temor de que, largados por aí, esses filmes nazistas possam servir de porta de entrada para coisas indesejáveis. Sem se deixar identificar, dois ex-neonazistas admitem que esta oferta cultural nazista vintage é uma isca útil para recrutar novos militantes mesmo que zombem de O Eterno Judeu como algo exagerado. Mas depois de assistir a O Judeu Süss, uma plateia lotada de estudantes franceses de ensino médio votou de forma quase unânime contra sua transmissão pela televisão sob a alegação de que “as massas sensíveis precisam ser protegidas de um material que deve ser reservado unicamente à burguesia educada’”. No entanto, na cinemateca de Jerusalém, um cidadão disse que O Judeu Süss deve ser exibido a todos os alunos de Israel, para que possam estar familiarizados com ele, compreendê-lo, e finalmente “contestá-lo e rejeitá-lo”. Proibidos no EUA Os espectadores americanos e aqueles


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que têm acesso aos canais pagos como o History Channel, por exemplo, provavelmente vão considerar esclarecedor o documentário Forbidden Films porque a todo o momento são exibidos os documentários a respeito do período nazista, principalmente a ascensão, a guerra e a queda de Hitler. Os filmes produzidos no período nazista são praticamente desconhecidos e nunca estiveram registrados na memória do cinema americano porque nunca fizeram parte dela. Imediatamente após Hitler assumir o poder em janeiro de 1933, a maioria dos cinemas que exibiam filmes em alemão e que formavam a totalidade dos filmes importados nos Estados Unidos mudou a programação ou faliu, pois o grosso da audiência, constituída de judeus alemães, e correspondendo a quase 70% da base de consumidores, passou a boicotar os locais de exibição. Liderados pela Liga Antinazista, defensores dos direitos humanos acompanhavam de perto e protestavam contra a exibição de filmes nazistas. Também organizavam grupos de judeus americanos para fechar cinemas que exibissem filmes originários do Terceiro Reich. Sobreviveram apenas umas poucas salas especializadas para atender ao público alemão, sendo alguns pró-nazistas outros somente para ouvir a língua da terra natal. SA-Mann Brand e Hitlerjunge Quex, ambos de 1933, dois dos vários filmes que revelam como a juventude alemã foi explorada pela propaganda nazista, tiveram lançamentos fugazes no Teatro Yorkville, em Nova York, mas nos outros cinemas especializados em língua alemã exibiam filmes melodramáticos e musicais com pouca ou nenhuma abertura para o proselitismo nazista. Muitos dos filmes nazistas importados sequer se preocupavam em legendar em inglês, e nenhum deles, comparados às glórias do cinema da era Weimar, chegou ao mainstream americano. A distribuição do material nazista mais incendiário nos Estados Unidos é mais difícil de rastrear. Em 1941, a Liga Antinazista advertiu que O Eterno Judeu estava “na agenda da propaganda alemã” para exibição em todo o país, mas a revista americana especializada em entretenimento Variety informou que “não se podia determinar a existência do filme neste país”. De todo modo, suspeitava-se que filmes pró-nazistas e antissemitas eram contrabandeados em navios de passageiros alemães e exibidos clandestinamente nas reuniões do Bund alemão-americano, a quinta coluna nazista que operou na América até 1941. Agora, no Youtube Atualmente são mais fáceis de se assistir a filmes da era nazista, até na Alemanha, onde continuam oficialmente proibidos, mas digitalmente disponíveis para download. Na era da internet, a proibição é reconhecida por aquilo que é, ou seja, um gesto de prevenção política, não um impedimento prático. Muitos dos filmes mostrados por Moeller são facilmente acessíveis no YouTube, embora nem sempre legendados ou sem cortes. Como o membro do Conselho de Classificação da Indústria Cinematográfica alemã Christine von Wahlert, ob-

serva cinicamente, a verdadeira razão para a continuação da proibição é que as atuais autoridades alemãs temem, acima de tudo, uma manchete assim: “Governo Federal apoia lançamento de filmes nazistas”. Uma política restritiva causa um prejuízo não intencional aos estudiosos de cinema e sem fornecedores legais, estudiosos de cinema como Sonja M. Schulz, por exemplo, que para obter material de pesquisa lamenta recorrer a distribuidores de origem duvidosa e, talvez, muito próximos de um catálogo proibido. (E foi por meio deles que obteve cópias em dvd impressionantemente limpas de O Eterno Judeu e O Judeu Süss.) Ao contrário do próprio Terceiro Reich, os filmes nazistas provaram ser indestrutíveis, espécie de ironia quando tantos clássicos do cinema parecem ter sido irremediavelmente perdidos. Em 1954, Veit Harlan, dizendo estar “profundamente envergonhado” de ter produzido O Judeu Süss e para que não circulasse, queimou seu negativo na presença de um tabelião. “As chances de o filme alemão antissemita O Judeu Süss, ser mostrado em qualquer lugar agora são praticamente nulas, pois a única cópia restante da película está sob guarda das autoridades dos Estados Unidos em Washington”, comentou uma precipitada reportagem no Variety. Em razão da importância das películas mostradas em Filmes Proibidos, provocador ou não, o lugar ideal para este material não é um cofre subterrâneo mas museus e salas especializadas. O diretor do docu-drama Jew Süss: Rise and Fall (Judeu Süss: Ascensão e Queda (2010), Oskar Roehler, comenta: “Se você não sabe a respeito dessas, você sabe muito pouco a respeito do nosso país (Alemanha)” e, se pode até acrescentar “acerca da história do mundo”. Ao contrário do que sugere o título da mais recente pesquisa dos remanescentes cinematográficos do Terceiro Reich, os filmes nazistas não são proibidos: são para sempre.

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Depois de assistir a O Judeu Süss, uma plateia lotada de estudantes franceses de ensino médio votou de forma quase unânime contra sua transmissão pela televisão sob a alegação de que “as massas sensíveis precisam ser protegidas de um material que deve ser reservado unicamente ‘à burguesia educada’”


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leituras magazine

por Bernardo Lerer

Brasil: Uma Biografia Lília M. Schwarcz e Heloísa M. Starling | Companhia das Letras | 694 pp. | R$ 59,90

Como toda biografia, é uma tentativa de contar a trajetória de uma determinada existência a partir das esferas pública e privada. No caso em que o Brasil é o biografado, o objetivo é estabelecer conexões entre o pano de fundo da chamada grande história e aspectos do cotidiano, da vida privada e do ambiente artístico e cultural nos diferentes períodos e momentos vividos pelo Brasil e os brasileiros, mas com clareza e consistência, densidade e fluidez, rigor histórico e prazer do texto.

Coleção o Brasil Colonial João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa | Civilização Brasileira | 600 pp. em média | R$ 65,00 cada

João e Maria organizaram os três volumes divididos entre os anos 1443-1580, 1580-1720 e 1720-1821, portanto, um ano antes, da independência. São muitos os temas tratados com destaque para a formação administrativa, guerras e expansão territorial, economia açucareira e mercantil e, no último volume a monarquia pluricontinental, as reformas políticas, militares e econômicas durante o século 18. A leitura vai ajudar a entender porque, no Brasil, as coisas são do jeito que são.

O Fim do Brasil Felipe Miranda | Escrituras | 176 pp. | R$ 30,00

Por estes dois títulos, vê-se que escrever contra o Brasil não tem fim, ou como diz aquela propaganda, “não em preço”. O autor é um dos diretores da Empiricus, uma empresa de análise de investimentos que teve sucesso quando avaliou o que aconteceria em caso de vitória de Dilma ou Aécio, em 2014. Neste livro, Felipe revela engamos, vaidades e equívocos ao redor do mundo com destaque para o Brasil que deu valiosa contribuição para o que considera a “História da Calamidade Econômica”.

Golpe de Estado Palmério Dória e Mylton Severiano | Geração Editorial | 263 pp. | R$ 29,90

Mylton a quem os amigos, como eu, chamavam de Myltainho, morreu pouco depois de concluir a redação do livro, deu-lhe o subtítulo de “O Espírito e a Herança de 1964 ainda Ameaçam o Brasil”, porque acreditava estar em gestação um novo golpe nos mesmos moldes daquele de 1964 e engendrado por pessoas do mesmo espectro ideológico de então (a direita), desta vez engrossado por políticos (de esquerda) que sofreram nas mãos da ditadura.

Ex-Agente Abre a Caixa Preta da Abin Escrituras | 384 pp. | R$ 49,90

O ex-agente é o tenente-coronel André Soares que deu um depoimento ao jornalista Cláudio Tognolli e o prefácio é do delegado Romeu Tuma Junior, ex-Secretário Nacional de Justiça que, como André, prestou serviços aos governos e depois conta as mazelas que viu e das quais, de uma forma ou de outra, participou. A “caixa preta” do título se refere aos serviços de inteligência do Estado, qualquer Estado, seja Brasil, Estados Unidos, Israel, etc, que devem ser considerados segredo. Aqui, não. André desligou-se da Abin e agora ganha dinheiro com sua empresa de… inteligência operacional.


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Plantas Medicinais em Casa Maria Tránsito López e Carlota Máñez | Escrituras | 240 pp. | R$ 49,00

Maria, farmacêutica, e Carlota, jornalista, ambas espanholas, são muito conhecidas pela campanha que fazem em favor da utilização de plantas acessíveis e que trazem benefícios à saúde como tomar chá de camomila antes de dormir, que a melissa regula náuseas, o lúpulo ajuda no sono das crianças e o mirtilo é eficaz no combate à cistite. Elas relacionam as plantas que servem mais na cozinha, as melhores para a gestação e como cultivar plantas aromáticas.

Bandidos Eric Hobsbawn | Paz e Terra | 249 pp. | R$ 49,00

Publicado originalmente em 1969, foi editado no Brasil em 1973 e a censura da ditadura não se incomodou com esse livro que trata do tema do banditismo social, classificação que o autor dá a ladrões e foras-da-lei considerados pela opinião pública arautos da justiça e da redistribuição da riqueza e não meros criminosos; eles desafiam ao mesmo tempo a ordem econômica, social e política, provocando os que aspiram a ter o poder, a lei e o controle dos recursos. Uma obra-prima.

Os Anos Vertiginosos Philip Blom | Editora Record | 601 pp. | R$ 70,00

Com o subtítulo “Mudança e Cultura no Ocidente – 1900-1914” o autor sustenta que o século 20 começou bem antes da Primeira Guerra. Para ele, nesse curto período surgia uma nova ordem mundial, a partir das repercussões políticas e individuais da Revolução Industrial percebidas em todo mundo: as cidades cresciam com as pessoas que fugiam do campo, a ciência criava novas possibilidades e pesadelos, a educação mudava a percepção das pessoas, os operários exigiam participação política e as mulheres queriam mudar a posição na sociedade. Vale a pena.

Napoleão Bonaparte – Sobre a Guerra Bruno Colson | Civilização Brasileira | 628 pp. | R$ 89,00

Com o subtítulo de “A Arte da Batalha e da Estratégia” o autor organizou e comentou tudo o que de mais importante se escreveu a respeito de Napoleão e, além disso, juntou documentos, reflexões, trechos ditados a ajudantes de ordens no calor das batalhas por aquele a quem muitos consideram um dos maios generais de toda a história porque também era um grande estadista. O general prussiano Clausewitz, autor da obra magna Da Guerra, foi quem melhor teorizou a revolução que Bonaparte realizou na forma de conduzir a guerra.

Vidas Reinventadas Boris Fishman | Rocco | 384 pp. | R$ 49,50

O New York Times diz que “há espaço para mais um brilhante autor jovem imigrante, pois este livro é consistente, ambicioso e maliciosamente divertido” e o The Guardian, na Inglaterra, assinala que “é uma homenagem aos que perderam (famílias, saúde, sanidade mental) e um apelo à compaixão ao mesmo tempo em que revela importantes questões a respeito de identidade e história”. É que trata de Holocausto, sobrevivência e a distância que vai separando a história dos mais jovens e que, às vezes, uma reviravolta os reaproxima.

A Fênix Islamista Loretta Napoleoni | Bertrand-Brasil | 153 pp. | R$ 30,00

Com o subtítulo “O Estado Islâmico e a Reconfiguração do Oriente Médio”, essa especialista em terrorismo e lavagem de dinheiro, autora de Economia Bandida e Maonomics, dá aquilo que os especialistas dizem ser “uma contribuição fundamental para entender o que está acontecendo no Oriente Médio” e faz com que os ocidentais se vejam através do olhar que os outros têm sobre nós. Um antigo membro do Conselho de Segurança da ONU diz que o livro explica um perigoso evento do terrorismo internacional equivocadamente interpretado pelo Ocidente e aliados.


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músicas magazine

por Bernardo Lerer

Play the Blues Winton Marsalis & Eric Clapton | Orchard Music R$ 36.90

Certamente se formaram filas à porta do Lincoln Center, em abril de 2011, para assistir à gravação de blues, herança do que “as irmãs cantavam nas igrejas”, segundo Louis Armstrong e que sintetizava música irlandesa, tradições da música da África Ocidental, o hino da Inglaterra e spirituals cantados pelos negros nos Estados Unidos. E este cd junta dois dos maiores músicos ainda em atividade nos Estados Unidos e as onze faixas revelam o que combinaram antes da gravação: Clapton toca as partes rítmicas e Marsalis os solos. Uma obra-prima.

Siouxsie & The Banshees Polydor | R$ 49.90

O subtítulo é “Through the Looking Glass” e é um dos últimos cd’s deste grupo formado em 1975 na Inglaterra por Siouxsie Sioux e que se dispersou em 1996 e foi considerado pelos comentaristas de rock como “um dos mais audaciosos e descompromissados conjuntos do pós-punk” porque combinava elementos do pop e da avant garde. Eles criaram o que se tornou conhecido como rock gótico.

The Best of Madeleine Peyroux Rounder | R$ 44,90

Madeleine nasceu nos Estados Unidos, mas quando os pais se divorciaram foi com a mãe para a Paris estudar música e logo aos 16 anos apresentava-se nas ruas estreitas do Quartier Latin como cantora do grupo The Lost Wandering Blues and Jazz Band. Faz questão de mencionar as influências de Leonard Cohen, Piaf, Dylan, Chaplin, Gainsbourg e quem mais couber nas músicas que compõe e interpreta.

Cesária Évora Selo Sesc | R$ 32,90

Com o título “Mãe Carinhosa”, trata-se de um cd póstumo com canções inéditas daquela que é chamada de “diva dos pés descalços” porque assim se apresentava no palco. Ela ficou conhecida no Brasil desde que se apresentou a primeira vez no teatro do Sesc Pompeia, em quatro espetáculos, há mais de vinte anos.

Hamilton de Holanda & Baile do Almeidinha Brasilianos | R$ 24.90

É um disco recentíssimo, gravado em maio último, pelos integrantes do grupo Circo Voador, muito conhecido no Rio de Janeiro, com seus bailes e shows, tudo misturado, verdadeira gafieira e suas figuras típicas de dançarinos, e aqueles que só querem curtir o som. E estes, principalmente, saem sempre satisfeitos porque o som é de primeira qualidade e o choro que tiram merece ser ouvido em posição genuflexa.


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Quintetos para Clarinete e Cordas Luís Afonso Montanha e Ensemble SP / Brava Cultural / R$ 27,00

Montanha, que é um dos fundadores e integra o conjunto Sujeito a Guincho no qual toca clarone e clarinete, juntou-se aos quatro instrumentistas do Ensemble para interpretar três quintetos: o famoso quinteto opus 115 de Johannes Brahms e dois de compositores brasileiros, Aylton Escobar e Luca Raele, este também integrante do Sujeito a Guincho.

Uakti Clássicos Sonhos e Sons | R$ 39.90

O grupo Uakti, de Minas Gerais, é importante e mais conhecido lá fora que no Brasil. Os quatro músicos são requisitados por organizadores de festivais para mostrar do que são capazes com instrumentos concebidos e produzidos com madeira, PVC e metal, além de instrumentos de verdade como marimba e atabaque. Neste cd interpretam conhecidas composições de Mozart, Bach, Debussy, Satie e Villa-Lobos.

Variations on a Theme by Haydn Symphonies 1-4 Brahms | Major Classics | R$ 110,00

Estas gravações, remasterizadas, foram feitas entre 1946 e 1954 pela Filarmônica de Viena, regida por Wilhelm Furtwängler e que morreu pouco depois dos últimos registros, em 1954, aos 68 anos. Wilhelm é considerado o mais importante maestro do século 20 e regeu a Filarmônica de Berlim durante a guerra, até 1945, quando foi destituído com o fim do nazismo, embora ele tenha resistido ao assédio nazista.

Mozart Concerti Murray Perahia | CBS | R$ 56,90

Os pais dele são sefaraditas que escaparam à morte pelos nazistas porque trocaram Salônica ainda em 1935 para os Estados Unidos, onde ele começou a estudar piano muito cedo. Mas interrompeu a carreira várias vezes: em 1990 por causa de uma infecção no polegar direito, em 1992 em razão de um problema ósseo. Curou-se e voltou a tocar em 2006. É o atual presidente do Jerusalém Musical Center.

Brazilian Rhapsody Daniel Barenboim | Teldec | R$ 35,90

Quem acessar o You Tube e escrever “Daniel Barenboim-Tico Tico no Fubá” vai assistir a este maestro e pianista regendo a Filarmônica de Berlim na execução da obra-prima de Zequinha de Abreu. Este cd traz arranjos para orquestra de compositores brasileiros como Villa-Lobos, Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Ari Barroso e até Darius Milhaud formando mesmo uma rapsódia brasileira.

Metropolis Symphony Michael Daugherty | Naxos | R$ 29.90

Michael levou quase cinco anos, de 1988 a 1993, para compor essa sinfonia comemorativa dos cinquenta anos da primeira edição da história em quadrinhos do Super-Homem e que alguns críticos consideram ser a Sinfonia Fantástica dos novos tempos. Michael é um dos mais conceituados compositores americanos contemporâneos e que se inspira em temas e personagens mais populares da vida americana.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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magazine > ensaio | por Shlomo M. Brody *

Ética, armas nucleares e dissuasão O ACORDO CELEBRADO COM O IRÃ LANÇA UM OLHAR PARA UM DEBATE DE DÉCADAS COM RABINOS, POLÍTICOS E FILÓSOFOS ACERCA DA ÉTICA DA GUERRA ATÔMICA. O MUNDO ESTÁ À BEIRA DE UMA NOVA CORRIDA ARMAMENTISTA NUCLEAR QUE VAI ACRESCENTAR VÁRIAS NOVAS POTÊNCIAS NUCLEARES AO CENÁRIO INTERNACIONAL?

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sta é a projeção sombria de muitos analistas no rastro do acordo afi nal assinado o mês passado entre o Irã e as potências mundiais. Independente de como o governo Obama conduziu as negociações, até mesmo os defensores do acordo admitem que o Irã ainda poderá construir armas nucleares, e isso talvez estimule países como Turquia, Egito e Arábia Saudita a prosseguir com os seus programas nucleares. Este quadro alarmante exige uma revisão das perspectivas legais e da ética judaica a respeito da guerra e da dissuasão nuclear. Os judeus têm mantido uma relação ambivalente com a bomba nuclear, em grande parte devido à experiência da Segunda Guerra e do Holocausto. Cientistas judeus, entre eles proeminentes refugiados europeus, participaram ativamente na pesquisa nuclear e no desenvolvimento do Projeto Manhattan para os quais esse armamento era o instrumento capaz de parar a Alemanha e acreditavam essencial desenvolver este tipo de armamento antes que os nazistas o fizessem. Mais tarde, alguns, como Albert Einstein e J. Robert Oppenheimer, se arrependeriam do papel que tiveram no desenvolvimento dessa tecnologia e se opuseram veementemente ao armamento nuclear. Outros, continuaram o resto da vida

defendendo a supremacia nuclear, entre eles o principal arquiteto da bomba H, Edward Teller, que apoiou o projeto Guerra nas Estrelas, do presidente Reagan, também conhecido como Iniciativa de Defesa Estratégica, para se defender de um hipotético ataque nuclear soviético e dar mais sustento às ambições nucleares de Israel. Esta relação ambivalente é compreensível. Como judeus, entendemos ter sido necessário desenvolver tecnologia para estancar as ambições expansionistas das potências do Eixo durante a Segunda Guerra e dissuadir futuras forças do mal que as sucedessem. No entanto, também entendemos que estas tecnologias podem cair em mãos erradas e a destruição de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, revela que, em última análise, pode se voltar para quem a descobriu e levar à autodestruição, na forma de um holocausto nuclear global. Certa vez, o sobrevivente do Holocausto e eminente advogado internacional Samuel Pisa declarou:: “De pé, à sombra dos crematórios, gostaria de dar um testemunho à humanidade de que é possível transformar o mundo inteiro em um crematório pelo uso de armas nucleares”. Em razão do desamparo aparente dos judeus durante a Segunda Guerra, os fundadores de Israel decidiram produzir armamento nuclear. David Ben-Gurion estava convencido de que Israel somente poderia compensar a falta de recursos naturais se desenvolvesse capacidade tecnológica superior para alcançar sucesso econômico e êxito militar. Em abril de 1948, um mês antes da declaração da fundação do Estado, Ben-Gurion mandou um agente europeu recrutar cientistas judeus da Europa Oriental que pudessem “tanto aumentar a capacidade de matar as massas de pessoas ou de curá-las; as coisas são importantes”. Mais tarde naquele ano, Ben-Gurion escreveu aos novos recrutas das Forças de Defesa de Israel (IDF): “Estamos vivendo em uma época de revoluções científicas, uma era que expõe o átomo, a sua composição milagrosa e o tremen-


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REGIONAL OU GLOBAL, NINGUÉM QUER MAIS VER ESTE HORROR

do poder escondido nele”. Ao se aposentar, em 1963 ele declarou: “Estou confiante de que a ciência é capaz de nos fornecer a arma que vai garantir a paz, e deter nossos inimigos”. Portanto, em Israel e no Ocidente, a justificativa ética dominante do armamento nuclear pós-Segunda Guerra foi a dissuasão. No entanto, essa estratégia funcionaria à luz de uma possível agressão soviética e seu armamento nuclear? E se isso não funcionasse, e os soviéticos lançassem um ataque nuclear, o Ocidente deveria responder com um contra-ataque nuclear? Os pensadores judeus “Red X Dead” (“comunistas X mortos”) foi o grande debate intelectual no início da década de 1960, no auge da Guerra Fria. Personalidades como o pensador britânico Bertrand Russell afirmaram que, em caso de ataque soviético, uma resposta nuclear só levaria à aniquilação em massa. Seria muito melhor, afirmou Russel, viver sob a dominação comunista (“red”) do que sofrer a aniquilação da raça humana (“dead”, “morto”). Ele defendeu também o desarmamento unilateral como meio de reduzir as perspectivas desta destruição. No entanto, filósofos como Sidney Hook alegavam que ações unilaterais só encorajariam a agressão soviética. Ele ain-

da argumentou que certos estilos de vida da sociedade não valem a pena ser vividos. “Ao ler a história da cultura ocidental, acredito que a sobrevivência a todo custo não está entre os valores do Ocidente... Quem diz que a sobrevivência a qualquer custo é o fim da existência está moralmente morto, porque está preparado para sacrificar todos os outros valores que dão à vida seu significado.” Hook acreditava que uma forte dissuasão nuclear e a hipótese do emprego de armas nucleares em resposta, de fato evitariam uma guerra nuclear. Debate semelhante se deu entre importantes pensadores judeus ortodoxos nos anos 1960. O rabino Maurice Lamm, hoje mais conhecido pelo livro The Jewish Way in Death and Mourning (“O Modo Judaico de Encarar a Morte e o Luto”), ficou do lado de Hook e argumentou que a lei judaica ordenaria uma res>>

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O rabino Maurice Lamm argumentou que a lei judaica ordenaria uma resposta nuclear, apesar da possibilidade de destruição em massa. Ele objetou que, embora fosse melhor para alguém viver sob o regime comunista do que desistir da vida, para o povo judeu ou para o Ocidente como um todo, esta não era uma opção


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magazine > ensaio

>> posta nuclear, apesar da possibilidade de destruição em massa. Ele objetou que, embora fosse melhor para alguém viver sob o regime comunista do que desistir da vida, para o povo judeu ou para o Ocidente como um todo, esta não era uma opção. “Ser reduzido à mera existência física, negar-se o caráter moral básico do nosso povo e ser privado da fé que sozinha tem sustentado a sobrevivência dos judeus, não é viver.” A retaliação nuclear seria um ato obrigatório de autodefesa, menos de parte das pessoas e mais da religião como um todo, e “se martírio for, em última análise, necessário para este objetivo, devemos andar pelos mesmos caminhos dos nossos pais que não recuaram diante dessa perspectiva”. A invocação do martírio feita por Lamm foi contestada pelo filósofo da religião e ativista do diálogo interreligioso Michael Wyschogrod, para quem a noção de martírio tinha como premissa o sacrifício de indivíduos, enquanto outros sobreviveriam em outro lugar, uma perspectiva distante em um conflito nuclear. Todavia, a crítica mais forte partiu do rabino Immanuel Jakobovits (1921-1999), mais tarde rabino-chefe da Comunidade Britânica e um dos formuladores da ética médica do ponto de vista judaico. Jakobovits observou que grande parte da ética militar judaica está construída sobre a no-

OPPENHEIMER PROJETOU A BOMBA ATÔMICA E DEPOIS VIROU PACIFISTA JUNTO COM EINSTEIN

ção de autodefesa, argumento que não se pode invocar se uma guerra defensiva aniquilaria ambos os lados, se não toda a raça humana. Se a guerra nuclear levaria à “destruição ou à rendição completas, somente a segunda hipótese poderia ser moralmente justificável”, concluiu Jacobovits, mesmo que ele, ao contrário de Russell, continuasse justificando a posse de armas nucleares como um meio de intimidar os inimigos, mesmo que ninguém nunca puxasse o gatilho. Esta posição foi posteriormente reforçada pelo rabino e especialista em ética judaica Judah David Bleich, que se apóia em uma passagem talmúdica segundo a qual um soberano está proibido de matar na guerra mais de um sexto da população mundial – perspectiva considerada realista na Guerra Fria – e também se opunha ao desarmamento unilateral. Mesmo sem considerar o fim da


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Guerra Fria como o triunfo decisivo da democracia liberal, como sugeria Francis Fukuyama, ou o anúncio da era messiânica, como pregava o Lubavitcher rebe, poderíamos esperar que debates, como “Red X Dead”, fossem questões passadas. No entanto, em 1991 o rabino Walter Wurzburger observou que a posse contínua de armas nucleares como forma de dissuasão aumentaria inevitavelmente as perspectivas de seu mau emprego como armas preferidas. Atualmente, são particularmente perigosas as perspectivas de que a disseminação de armas nucleares nas mãos de subpotências como Paquistão, Índia, Coreia do Norte e provavelmente Irã trazem a possibilidade de “guerras nucleares regionais”. Além disso, o desenvolvimento contínuo das chamadas “armas nucleares táticas”, para serem utilizadas no campo de batalha contra exércitos inimigos, de certa forma absolve a gravidade moral do uso de “armas nucleares estratégicas” em áreas densamente povoadas. Finalmente, existe a perspectiva de algum grupo terrorista usar uma única arma nuclear e deixar o país vítima do ataque em dificuldade para, diante disso, determinar qual país ou território deveria retaliar, e com que tipo de armas. À luz desses desenvolvimentos, o debate rabínico segundo o qual a Terceira Guerra Mundial levaria à destruição mútua precisa ser repensada Guerra nuclear, só regional Para começo de conversa, não é questão da polarização “Red X Dead” reconhecer que do ponto de vista dos valores judaicos devemos negar a possibilidade de uma guerra nuclear. Os perigos representados pelo uso de armas nucleares continuam a ser particularmente agudos à luz do potencial dano ambiental. Além disso, o grande número de pessoas não-combatentes que seriam mortas deve bastar para assustar a qualquer pessoa crente em que todos os seres humanos foram criados à imagem de Deus, mesmo que uma guerra assim (entre Índia e Paquistão, por exemplo) não ameace a todos. Mais significativa, a ameaça de retaliação nuclear deve se tornar mais viável sob esses cenários, que não são apocalípticos. Para que armas nucleares funcionem como elemento de dissuasão contra nações perigosas, a plausibilidade da nossa vontade de puxar o gatilho em retaliação nuclear deve aumentar como parte de uma robusta estratégia para garantir que as armas nucleares não serão novamente utilizadas. Diante dessas perspectivas assustadoras, a lei judaica justificaria um ataque preventivo israelense (ou americano) contra o Irã para impedir a proliferação nuclear, assim como Israel fez em 1981 no Iraque e em 2007 na Síria? A resposta seria sim, além do que Israel estaria dispensado de esperar por opções nucleares construídas ou adquiridas. De acordo com a lei judaica, não se deve dar ao país atacante a chance de escolher a arma com a qual vai atacar, mas, sim, neutralizar a ameaça, desde que esteja quase certo de que o atacante es-

tivesse carregado de más intenções. No entanto, até aonde Israel pode ir? Uma coisa é bombardear esses reatores usando armas convencionais, como se sugeriu recentemente. Outra: se Israel não tiver as armas convencionais necessárias, deveria usar mísseis nucleares para destruir os reatores iranianos. Como toda guerra de autodefesa, ataques preventivos devem ser calcados numa avaliação realista da ameaça e quais as consequências possíveis de agir ou permanecer passivo. É difícil imaginar Israel contrariar o compromisso de “não usar ou atirar primeiro”, e com todas as consequências políticas e militares, a menos que esteja diante da ameaça de um iminente ataque nuclear ou de sua destruição, isto é, a chamada “opção Sansão”. Embora nessa circunstância seja justificável, é preciso cautela para garantir que não restam alternativas. Nessa linha, convém lembrar que no início da Guerra do Iom Kipur, de 1973, e suas perdas desastrosas, Moshé Dayan aventou a possibilidade de uma resposta nuclear. Como se sabe, a primeiro-ministro Golda Meir optou por métodos mais convencionais. Desta forma, nenhuma opção preventiva deve ser descartada, com a esperança de que a ameaça de um gatilho nuclear sozinho possa evitar a guerra nuclear. Enfim, todo esse discurso pressupõe que qualquer ataque preventivo (nuclear ou convencional) seria eficaz para dar segurança para Israel ou ao resto do mundo. Essa avaliação, é claro, só pode ser feita por estrategistas militares e políticos. No entanto, especialistas em ética judaica devem pedir aos líderes ocidentais para manter todas as opções sobre a mesa, para evitar que as criaturas de Deus destruam a humanidade. * O rabino Shlomo M. Brody escreve no Jerusalem Post, e é pesquisador do Instituto de Democracia de Israel. Seu livro A Guide to the Complex: Contemporary Halakhic Debates (“Guia dos Complexos: Debates Haláchicos Contemporâneos”), ganhou o National Jewish Book Award de 2014

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A lei judaica justificaria um ataque preventivo israelense (ou americano) contra o Irã para impedir a proliferação nuclear, assim como Israel fez em 1981 no Iraque e em 2007 na Síria? De acordo com a lei judaica, não se deve dar ao país atacante a chance de escolher a arma com a qual vai atacar, mas, sim, neutralizar a ameaça


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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer

Isso é fotografia

A quadratura do círculo

Quando se contar quem se preocupou com a história e a memória da cultura no Brasil, no campo da fotografia, artes visuais, música brasileira e bibliotecas, vai surgir, inevitável, o nome do Instituto Moreira Salles (IMS), o maior conglomerado privado dedicado à cultura no Brasil, mantido pela família do banqueiro Walter Moreira Salles (1912-2001). Pois o IMS acaba de lançar Contatos – a Grande Tradição do Fotojornalismo – o primeiro de três dvd’s em que os autores comentam as imagens que produziram e, deste modo, fazem uma análise do seu processo criativo na fotografia. Uma explicação: quando não havia ainda a fotografia digital, depois de revelados se fazia uma cópia contato dos filmes. Os rolos de 24 ou 36 fotogramas de 35 mm eram cortados, ou não, em pedaços de seis chapas cada um, por exemplo, e copiados tal como saem da máquina. Isso facilitava a escolha das fotos e quais detalhes delas – os cortes – seriam ampliadas para publicar nas revistas e jornais. Alguns laboratórios em São Paulo só atendem fotógrafos – amadores e profissionais – que ainda usam máquinas analógicas, portanto filmes, cada vez mais difíceis de adquirir. Neste primeiro volume, doze fotógrafos que trabalharam na agência Magnum, como Henri Cartier-Bresson, William Klein, Raymond Depardon, Josef Koudelka e outros, discutem seus métodos de trabalho como quem organiza um livro de memórias ou retoma o acontecimento fotografado com a ajuda desses blocos de notas visuais. Os dois próximos dvd’s se ocuparão da Renovação da Fotografia Contemporânea (Contatos 2, lançamento em agosto) e da Fotografia Conceitual (Contatos 3, com previsão de lançamento em outubro). Nos três não há nenhum brasileiro. À venda (R$ 44,90) nas livrarias ou pelo www.lojadoims.com.br.

Assim como já se disse que o cursor do computador tem aquela forma porque seu inventor teria se inspirado no iad, aquela mãozinha que se usa para ler a Torá, durante muito tempo correu solta a versão de que aqueles arcos que simbolizam o logotipo do McDonald’s se apoiavam na ideia das Tábuas da Lei dos Dez Mandamentos, cuja parte superior tem a forma de arcos. Não mais. Uma decisão do rabinato de Israel, o órgão supremo dos ritos e práticas da religião judaica, divulgada recentemente determina que as Tábuas da Lei têm formato retangular tal, como aliás, sugere a Gemará, em Baba Batra 14ª, que as menciona retangulares e não são encimadas por arcos, como no símbolo do McDonald’s. Durante séculos os judeus adotaram a forma encimada por arcos, mas não havia nenhuma base para isso além de a forma ter sido consagrada pelos artesãos e pelo temor a uma suposta censura de parte das autoridades cristãs. O rabinato de Israel sempre recebia pedidos para retificar o formato das tábuas no sentido de se alinhar à tradição rabínica, mais do que a questões artísticas e, talvez, estéticas. Claro que uma questão como esta suscitou debates e, segundo o arqueólogo Stephen Gabriel Rosenberg, não se trata de duas pedras, mas de duas faces de uma mesma pedra de modo a que cinco dos Mandamentos foram escritos em uma face e os outros cinco na face oposta, assim como outros códigos antigos, por exemplo, o Código de Hamurábi que, por acaso, é ligeiramente curvo no topo.


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Chagall em filme É preciso trazer ao Brasil o filme Chagall-Malevich, parte docu-drama, parte fantasia, a respeito de Marc Chagall, nascido Moishe Shagal, variação do nome Segal, e considerado o maior artista judeu do século 20. A fantasia está no título: Malevich, é Kazimir Malevich (1878-1935) importante artista, criador de vários movimentos artísticos com adeptos em Varsóvia e São Petersburgo antes e depois da revolução de 1917, que não resistiu aos expurgos e à perseguição stalinista. Para ser um drama, enxertaram Malevich sugerindo uma suposta rivalidade entre Chagall e ele, coisa que nunca existiu. Enquanto Malevich não saia do leste europeu, Chagall circulava pelo circuito São Petersburgo, Paris e Berlim. O filme também atribui a um suposto comissário soviético para as artes o papel de facilitador para ingressar na academia, quando, na verdade, foi a mãe de Chagall, Feige-Ite, quem molhou a mão do diretor do colégio, proibido aos judeus, para o pintor frequentá-la, aos 13 anos, e onde deu os primeiros passos nas artes. Ele nasceu num vilarejo próximo de Vitebsk, na época com 66.000 habitantes, metade judeus, conhecida como a “Toledo da Rússia”, em alusão à cidade espanhola, tantas as sinagogas e igrejas. No drama e na fantasia, parece um pouco reprise de Amadeus, de 1979, no qual o fantástico compositor Antonio Salieri (1750-1825), professor de Liszt, Schubert e Bee-

thoven, é o invejoso rival de Mozart e o diretor Peter Shaffer parece indicar Salieri como responsável pela morte do gênio de Salzburg. Afinal, Mozart está compondo o Requiem quando Salieri bate à porta. Pura fantasia.

Origens do calendário hebraico Um dos mais prestigiosos sites de divulgação de estudos bíblicos é o Bible Odyssey e um texto recente, de autoria do professor de estudos judaicos do University College London, Sacha Stern, mostra que o calendário de Israel era mudado ao sabor de quem dominava aquele pedaço de terra, de acordo, aliás, como o que era comum na época, quando o tempo e o calendário era determinado pelos donos do poder. Por isso, segundo Stern, em grande parte da Bíblia hebraica os meses do ano eram geralmente numerados, quase nunca nomeados. No entanto, depois do exílio babilônico nos livros de Zacarias, Esther, Ezra e Nehemias, surgem de repente os nomes dos meses babilônios, e se tornam cada vez mais frequentes. Os meses babilônios de Nissan, Sivan, Elul, Kislev, Tevet, Shvat e Adar são citados nominalmente ou ao lado dos meses numerados. E Nissan, na primavera do hemisfério norte, é sempre

mencionado nestes livros como sendo o “primeiro mês”, em Êxodus (12:2), e Nissan é, de fato, e não por acaso, o primeiro mês do calendário babilônio, que surgiu nos primeiros tempos do segundo milênio antes da Era Comum, espalhou-se pelo resto da Mesopotâmia ao longo do final daquele milênio, e mil anos antes da Era Comum tornou-se o calendário oficial dos impérios da Assíria, Babilônia e Pérsia, espraiando-se pelo Oriente Próximo. E os judeus, assim como outros povos que viviam sob o jugo do império persa, o adotaram. Uma prova do seu uso foi constatada no papiro de Pessach, de Elefantine, uma colônia judaica no sul do Egito segundo o qual em 419 antes da Era Comum os judeus de lá observavam as festas de Pessach e de pão ázimo durante o primeiro mês do calendário babilônio, Nissan, aliás, de acordo com o Pentateuco que determina a realização destas festas “no primeiro mês” do ano.



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diretoria > corrida

Um evento para toda a família O ENGAJAMENTO DA HEBRAICA NA CORRIDA E PASSEIO CIRCUITO CAIXA RIOS E RUAS REFORÇA A VISÃO EM PROL DA SUSTENTABILIDADE QUE NORTEIA A ATUAL DIRETORIA. UM DOS OBJETIVOS DA CORRIDA É CHAMAR A ATENÇÃO PARA OS RIOS E CÓRREGOS QUE SE ESCONDEM NO MEIO DO CONCRETO DA CIDADE

“Q

uero levar a Hebraica à posição de referência no que diz respeito às atitudes sustentáveis.” Ao ouvir essa afirmação do presidente do clube Avi Gelberg, o empresário Charles Groisman sentiu-se estimulado a propor a adesão da Hebraica à Corrida e Passeio Circuito Caixa Rios e Ruas, que terá a primeira de três etapas no dia 23 de agosto, no Jardim Zoológico e Jardim Botânico. “Para os corredores, o percurso terá seis quilômetros e para os que se inscreverem no passeio, quatro quilômetros e todos conhecerão as nascentes do riacho do Ipiranga e no final a oportunidade de permanecer no Jardim Botânico ocupando o parque público com uma nova experiência para toda a família – um piquenique preparado por dez chefs profissionais que adotam a cozinha susten-

tável”, comenta Charles. Segundo ele, há mais fatores que justificariam a participação dos sócios e suas famílias nas três etapas do Circuito Rios e Ruas. “A Hebraica foi erguida às margens do rio Pinheiros, ainda antes de ele ter seu curso totalmente corrigido e a atual campanha de redução de consumo de água e captação para reúso mostram como a Hebraica está engajada nesta missão transformadora na vida das pessoas”, enumera. Em sua segunda edição, a Corrida e Passeio Circuito Caixa Rio e Ruas extrapola a imagem comum das corridas de rua que integram o calendário esportivo da cidade. “O evento conecta bem-estar, arte e educação para a sustentabilidade, uma vez que ao longo do percurso dos participantes haverá informações sobre os rios

O EVENTO UNE ATIVIDADE FÍSICA, CULTURA, ARTE E GASTRONOMIA, COM ATRAÇÕES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS

subterrâneos e no final todos se encontrarão na mostra ‘Rios e Ruas’ que desperta interesse de pessoas de todas as idades”, descreve Groisman. Rotas para o sócio Groisman está entusiasmado com a adesão da Hebraica ao projeto que idealizou a partir da iniciativa dos seus parceiros o arquiteto e urbanista José Bueno e o Educador Luís de Campos Jr. na pesquisa dos rios e nascentes escondidos sob o concreto da cidade. “Depois de participar de uma expedição por esses rios, percebi que a corrida e a caminhada seriam a solução para despertar no público a emergência da reconexão com a natureza”, conta Groisman. “Agora o sócio poderá se envolver nesse movimento e ao participar de uma ou das três etapas, poderá se tornar num agente de transformação de uma nova consciência socioambiental nessa mudança de estilo de vida”, completa Groisman. A parceria com A Hebraica garantirá ao sócio a participação do Circuito Caixa Ruas e Rios com 20% de desconto e também de eventos internos promovidos pelo clube com essa temática. Mais informações e detalhes, (www.mostrarioseruas.com.br). (M. B.)



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diretoria

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vitrine > informe publicitário CASA DE REPOUSO ELITE KOSHER

Por que esta casa é diferente de todas as outras? Como administra várias unidades espalhadas pela cidade, a Casa de Repouso Elite percebeu a necessidade de atender a crescente demanda por famílias que seguem as rigorosas leis dietéticas do judaísmo. Agora, os que seguem a kashrut têm um endereço seguro entre os

bairro de Perdizes e Higienópolis para os entes queridos que precisam de cuidados especiais. É só marcar uma visita para conhecer o local. Rua Traipu, 77, Perdizes Fones 3862-7836 | 3672-2591 | 3871-3583 Celular 999-513-767

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Prepare-se para Rosh Hashaná Mr. Knich abre as portas para receber os clientes, amigos e o público em geral de segunda a sexta, das 8 às 19 horas, com deliciosos cafés cremosos, capuccinos especiais, salgados, lanches diferenciados e almoço com culinária internacional e judaica por quilo e a preço justo.

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O atendimento diferenciado para o seu evento A Santé Bartender é especializada na agradável arte da coquetelaria moderna, conta com uma equipe alegre capaz de desenvolver um serviço personalizado que se adapta a qualquer tipo de evento, seja social ou corporativo. Focada no atendimento em alto

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MOSTRA BIGANTI

Exposição chega ao Brasil direto da Itália Mostra que reúne obras dos artistas Paola, Alberto e Edmondo Biganti e está aberta à visitação desde o dia 23 de julho, no Istituto Italiano di Cultura. Ela traz obras de Edmondo (Todi, 1918), seu irmão Alberto (Todi, 1919) e Paola também nascida em Todi, filha de Edmondo. Após

o sucesso da exposição na cidade natal dos Biganti na Umbria em junho de 2014, ela chega ao Brasil com o apoio do governo italiano. De 24/7 a 21/08 | Istituto Italiano di Cultura Site http://www.iicsanpaolo.esteri.it/IIC_Sanpaolo Avenida Higienópolis, 436 | Fone 3660-8888

BRAHMA KUMARIS

A yoga como instrumento de transformação A organização Brahma Kumaris iniciou suas atividades no Brasil em 1979. Elas têm se diversificado em três áreas principais: trabalho de desenvolvimento do potencial do ser humano, principalmente, através dos cursos de meditação; atividades

dos cursos de qualidade de vida em organizações, empresas e hospitais; na comunidade, através do trabalho de valores humanos, com vários programas. Brahma Kumaris Site www.brahmakumaris.org.br


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indicador proямБssional ADVOCACIA

ANGIOLOGIA

ARQUITETURA

CARDIOLOGIA

APARELHOS AUDITIVOS


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indicador profissional CASA DE REPOUSO

COACHING

DERMATOLOGIA

COLOPROCTOLOGIA

EVENTOS

CUIDADORES

CLÍNICA

CURA RECONECTIVA

DERMATOLOGIA

COACHING

FISIOTERAPIA


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indicador profissional FISIOTERAPIA

GINECOLOGIA

NEUROCIRURGIA

GINECOLOGIA

HARMONIZAÇÃO INTERIOR

MANIPULAÇÃO

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indicador proямБssional NEUROLOGIA

ODONTOLOGIA

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indicador profissional PERSONAL/ REABILITAÇÃO

ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

ORTOPEDIA

PEDIATRIA

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indicador profissional PSICANÁLISE

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

/ IDOSOS

PSICOLOGIA


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indicador proямБssional PSICO ONCOLOGIA

PSICOPEDAGOGA

PSICOTERAPIA

PSICOTERAPIA

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indicador profissional PSIQUIATRIA

REPRODUÇÃO

RAJA YOGA

RPG/ PILATES

RESIDENCIAL

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL

TERAPIAS ALTERNATIVAS


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| AGO | 2015

conselho deliberativo

O Conselho precisa de você Caros conselheiros e conselheiras, Iniciamos o segundo semestre e teremos, no decorrer dos próximos meses, reuniões muito importantes para o destino e futuro da nossa instituição, o que torna mais valiosa a sua presença, participação e voto. A participação efetiva dos conselheiros nesses poucos momentos destinados à apreciação das questões relevantes ao clube é vital para influenciar as decisões do Executivo, sugerir mudanças ou melhorias, apresentar críticas e, claro, apoiá-lo por meio de aplausos ou aclamação. Não importa qual vai será a forma de manifestação, desde que seja feita após uma apreciação cuidadosa das questões propostas pelo Executivo e dos pareceres da Comissão que já resultam de uma análise criteriosa de vários temas. Ao expressar suas opiniões e propor alternativas válidas, o conselheiro valoriza a pauta da reunião, numa simbiose produtiva com a Mesa e as Comissões Permanentes. Sem a sua participação, o plenário esses recursos se perdem, assim como a compreensão dos projetos colocados em debate e para posterior aprovação. Paralelamente, as reuniões são oportunidades para que os conselheiros interajam, conheçam os pontos de vista uns dos outros e também a dinâmica e estrutura da Hebraica. É através desse aprendizado que compreenderão como pensam nossos atuais dirigentes, o que realizaram e o que planejam para um futuro próximo. . Os conselheiros são, por excelência, formadores de opinião. Com certeza, se candidataram ao cargo na intenção de participar, ganhar voz ativa, ver reconhecido o esforço e vontade de colaborar com o nosso clube. Cada vez mais, a Hebraica demanda a efetiva participação dos conselheiros que, ao oferecerem sua valiosa colaboração, ganham o respeito e a consideração do Executivo, mas principalmente dos sócios que os brindaram com os votos e a confiança. Solicito que reflitam atentamente e com profundidade sobre tudo o que foi escrito acima e sobre a grande importância que damos à sua participação. Espero poder vê-lo na próxima reunião do dia 10 de agosto para mostramos aos sócios que ele tem, no Conselho, o seu verdadeiro representante perante a Hebraica. Shalom Mauro Zaitz Presidente do Conselho Deliberativo

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015 10 de agosto 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro

Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores

Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015

SETEMBRO ** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA

OUTUBRO 4

*5 *6

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT

DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ

2ª FEIRA 3ª FEIRA

NOVEMBRO 5

5ª FEIRA

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

DEZEMBRO 6 13

DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2016

JANEIRO 25 27

2ª FEIRA 4ª FEIRA

TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA

JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO

EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA

5 11

5ª FEIRA 4ª FEIRA

12

5ª FEIRA

26

5ª FEIRA

IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER

DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT

MARÇO 23 24 25

ABRIL 22 23* 24* 29* 30*

MAIO

JUNHO 5 11 *12 *13

JULHO 24

DOMINGO

JEJUM DE 17 DE TAMUZ

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS

** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,

FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS




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