ANO LVII
| N ยบ 654 | AGOSTO 2016 | AV 5776
Preparados para realizar sonhos
Beatles Para Crianças 2
Edição Avôs e Netos (mas a família toda esta convidada)
28 AGO DE
• DOMINGO INGO
n às 17h no Teatro Arthur Rubinstein
Venda de ingressos na central de atendimento o
FAMÍLIA
HEBRAICA
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palavra do presidente
A reinvenção da Hebraica Desde quando foi fundada, há 64 anos, a Hebraica já estava decidida a se transformar no centro comunitário dos judeus de São Paulo com tudo o que isso significa, isto é, uma instituição ética, coesa, vigorosa, criativa e solidária e, desde então, tem procurado avançar no tempo e sempre se mostrar pioneira. Foram tantas e tais as iniciativas exitosas, que, na capital e em outros estados, vários clubes se apressaram em adotá-las, e com resultados muito além dos esperados. Ou seja, a audácia e o conhecimento que acumulamos ao longo dos anos nos encorajaram a avançar cada vez mais e a renovar os desafios. Por esta razão, por exemplo, instituímos o Hebraikeinu para várias idades, cursos para crianças e adolescentes, o ensino de nossas mais caras tradições e de nossa história e muito mais, tudo no sentido de fixar mais os pais e os filhos na Hebraica, como se este fosse um segundo lar. É na esteira deste espírito que, há alguns anos, a Escola Bialik, uma das mais tradicionais de São Paulo, virou Alef e transferiu-se para cá com alunos, livros e professores para modernas instalações construídas especialmente para este fim. Mais que uma experiência, foi uma decisão acertada e que trouxe para dentro da Hebraica, entre outras coisas, a alegria contagiante das crianças. Agora damos mais um passo, e outra importante escola, Peretz, vem se juntar a nós, formando a Alef-Peretz que, no seu pico, deverá ter cerca de 1.200 alunos sem interferir em absolutamente nada no funcionamento normal do clube. Ao contrário, pois se em algum momento a modernização e a reurbanização dos seus vastos espaços já faziam parte dos nossos planos, a fusão das duas instituições de ensino para funcionar aqui só veio reforçar este projeto que tem a virtude de isolar o funcionamento da escola do resto do clube e, ao mesmo tempo, elabora o prodígio de integrar alunos e pais, sócios a maioria esmagadora deles, mais efetivamente à Hebraica. A materialização deste projeto já começou, como é possível observar, e quando as obras da primeira fase estiverem concluídas, ainda no primeiro trimestre de 2017, os associados pensarão estar chegando a outro clube. Mas é a Hebraica mesmo. Sempre pensando no futuro, como desde há 64 anos. Shalom Avi Gelberg
A HEBRAICA DEU MAIS UMA PROVA DE SUA IMPORTÂNCIA AO SER ESCOLHIDA COMO CENTRO DE TREINAMENTO PELAS
AUTORIDADES OLÍMPICAS DE ISRAEL, DO JAPÃO E DO BASQUETE BRASILEIRO, E NA FESTA DE DESPEDIDA HOUVE CONFRATERNIZAÇÃO E JUSTA HOMENAGEM AOS ONZE ATLETAS ISRAELENSES ASSASSINADOS EM EM
MUNIQUE, 1972
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sumário
HEBRAICA
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carta da redação
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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de agosto
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capa / Hebraica do futuro O clube vai passar por reformas; veja como vai ficar
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responsabilidade social Da Hebraica para Paraisópolis
21 cultural + social 22 noite dançante Os jantares dançantes temáticos estão de volta
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curtas Os melhores momentos da vida social e cultural da Hebraica
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comunidade Os eventos comunitários mais significativos da cidade
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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
45 37 juventude esportes 38
dança Novas danças se dançam na Hebraica
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incubadora de ideias Ideias para empreender
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Atêlie hebraica Agora, festas de aniversário no Ateliê
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fotos e fatos Os momentos mais marcantes do último mês
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olimpíada Os treinos da seleção olímpica de basquete na Hebraica
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in memoriam A lembrança dos mortos de Munique
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judô Uma atividade sempre em pauta na Hebraica
53 magazine 54
negócios As tâmaras de Israel conquistam o mundo
42 ÊXITO NAS COLÔNIAS DE FÉRIAS DA HEBRAICA
HEBRAICA
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COMO SERÁ A NOVA FACHADA DA PORTARIA DA MAFFEI VITA
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81 diretoria
12 notícias As notícias mais interessantes do universo israelense
arte Reembrandt e o judaísmo de suas obras
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costumes e tradições As revelações de Joel Faintuch
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a palavra Palavras em ídiche no alemão
viagem As surpresas que a Noruega esconde antes do Polo Ártico
música De Mozart a Noel Rosa, o que há para ouvir em casa
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leituras A quantas anda o mercado das ideias?
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ensaio O impacto da guerra de 1982 no Líbano
curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado
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hamsa spa Um novo concessionário para relaxar
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lista da diretoria Os homens e mulheres que cuidam do clube
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conselho A representação do associado nos destinos da Hebraica
BRASIL VENCEU DE LAVADA O AMISTOSO CONTRA A ROMÊNIA
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HEBRAICA
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carta da redação
A Hebraica do futuro, no presente
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A reportagem de capa desta edição trata do projeto arquitetônico que vai mudar radicalmente, e para melhor, parte das instalações do clube, aquelas que confrontam com as ruas Angelina Maffei Vita, Ibiapinópolis e Alceu de Assis, de modo a conciliar, até o ponto que se considera ótimo, o funcionamento e o movimento de alunos da Escola Alef-Peretz com o bem estar e o conforto dos associados, a partir de 2017. O texto revela que ambos tiveram êxito. Esta edição mostra também outras iniciativas desta diretoria no sentido de atrair cada vez mais parcelas significativas de membros da comunidade, jovens principalmente, por meio de programas que atendem a seus anseios e angústias. No caso, é o lançamento de uma “Incubadora de ideias” que, antes mesmo de se tornar público, já chamou a atenção. No Magazine, uma reportagem de Ariel Finguerman mostra como Israel se tornou o mais importante produtor e exportador de tâmaras do mundo, fruto que está à venda nos supermercados e empórios da cidade. Ainda no Magazine, as saborosas anotações a respeito de nossos costumes e tradições escritas pelo médico e professor Joel Faintuch; a descoberta de Philologos segundo a qual muitas palavras em ídiche foram incorporadas pela língua alemã e um ensaio do jornalista israelense Matti Friedman a respeito das lições que Israel aprendeu com a guerra do Líbano, em 1982, da qual, aliás, participou guardando um posto na fronteira de Israel com o Líbano, o posto Abóbora. Boa leitura Shalom Bernardo Lerer – Diretor de Redação
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AGOSTO 2016 Av 5776
SETEMBRO 2016 Av/Elul 5776
dom seg ter qua qui sex sáb
dom seg ter qua qui sex sáb
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Tishá Be Av
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2ª SEMANA: 8 A 14 DE AGO
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DOMINGO 14h no Espaço ADOLPHO BLOCH
inscrições no site
www.cassinera.com/hebraicapoker
REALIZAÇÃO:
ORGANIZAÇÃO:
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capa | alef-peretz IMAGENS DA FUTURA PORTARIA DE SÓCIOS NA EUA ALCEU DE ASSIS E DO PLAYGROUND QUE OCUPARÁ A RAMPA SOBRE A SALA DE JUDÔ
Hebraica, olhando para o futuro A HEBRAICA APROVA A AMPLIAÇÃO DA ESCOLA
E INICIA A IMPLANTAÇÃO DAS MELHORIAS E
MODERNIZAÇÃO DOS ESPAÇOS FÍSICOS DO CLUBE
A
fusão das Escolas Alef e I. L. Peretz acontecerá efetivamente em 2017, mas as mudanças no clube virão muito antes disso. O edifício onde se situa o Poliesportivo, cujo andar térreo já abrigava os seiscentos alunos da Alef, agora terá o primeiro andar remodelado para receber mais alunos e toda a estrutura reservada para a nova escola. “As quadras do último andar serão mantidas para as atividades esportivas do clube”, garante o presidente Avi Gelberg. A reforma do edifício integra a primeira etapa da fase A do Projeto de expansão da escola na Hebraica que o presidente apresenta em detalhes, a seguir. “Além das salas de aulas e laboratórios no interior do prédio, toda a área em volta do Poliesportivo será remodelada, aí incluída a portaria da Angelina Maffei Vita, que ganha uma estrutura para os setores administrativos do clube como tesouraria, secretaria, tecnologia da informação (TI), compras e contabilidade. Isto é, os sócios e representantes de empresas que atendem o clube, terão um acesso exclusivo para resolver suas questões”, informa o presidente. O acesso de carros à garagem será transformado em local de desembarque mais seguro para os alunos. Gelberg afirma que num futuro bem próximo, a primeira parte da fase A estará concluída com a construção de uma nova portaria na rua Alceu de Assis, de um acesso à garagem >>
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capa | alef-peretz >> na esquina das ruas Alceu de Assis e Angelina Maffei Vita e a ampliação da Escola Maternal. “O ano letivo de 2017 vai começar e os alunos da Alef-Peretz entrarão pela Angelina diretamente para a escola, enquanto a chegada dos sócios será pela portaria nova, construída em um só nível, formando um lobby envidraçado por onde entrará luz natural, com cafeteria e serviço de internet, aproveitando o espaço do que antes era a lateral do Centro Cívico, e acesso à praça Carmel e à área das piscinas”, descreve. Na segunda etapa da fase A, o Espaço Bebê será transferido para o lobby da entrada nova, de modo a que, ao chegarem, os pais possam levar os filhos menores de 2 anos para lá. A ampliação da Escola Maternal e Infantil será ampliada para a área de escape da Pista de Atletismo com acréscimo de oito salas de aula. O projeto arquitetônico Nova Hebraica é assinado pelo escritório Barbosa e Corbucci, que tem histórico de reformas estruturais no clube que incluem a Biblioteca Ben Gurion, a Sinagoga, o ginásio de ginástica artística e outras. “O cuidado com os detalhes foi tal e tanto, que a localização do acesso à garagem possibilitará aos sócios chegar e saír em várias direções com total segurança”, enfatiza Gelberg. De acordo com o projeto, o local sob a rampa de entrada e uma área adicional junto à Pista de Atletismo, onde ficava o tiro esportivo terão o nível elevado e ganharão paredes envidraçadas com vista para a Pista de Atletismo e a quadra do Centro Cívico. “Na segunda etapa da fase A, ali será instalado o judô, o CPC (Centro de Preparação Física) e outros setores do esportivo. Será uma área nobre que talvez abrigue até novos serviços”, anuncia um entusiasmado Gelberg, completando que a rampa será utilizada como playground. O sócio chegará facilmente ao judô, à quadra do Centro Cívico e ao Playground. A praça Theodor Herzl permanece no mesmo local, e assim a área
SABRINA E BERNARDO MUDARAM PARA A VIZINHANÇA DO CLUBE PARA QUE NATHAN PUDESSE FREQUENTAR A
ESCOLA MATERNAL
verde em volta da Praça Carmel ganha um visual novo. Ainda na segunda etapa da fase A, uma vez remodelada a área junto à quadra do Centro Cívico, o projeto para o corredor onde hoje estão alguns vestiários será ocupado por fraldário e berçário, além de atrações para crianças e jovens como jogos eletrônicos, sinuca, pebolim e até lugares para conversar com amigos. “As obras serão realizadas por etapas, para incomodar o menos possível o sócio”, comenta Gelberg. Com as portarias separadas, o presidente acredita que desapareçam algumas das poucas objeções dos sócios à escola. “Nos horários em que o associado utiliza o Fit, as quadras ou outras áreas, não haverá circulação de crianças e vice-versa. Por enquanto, a fase B é um sonho mais distante, e considera o aproveitamento de toda área atrás das piscinas, da Casa da Juventude, e a construção de um ginásio com quadras esportivas e áreas de convivência.
Vida normal Avi Gelberg, o vice-presidente patrimonial, Fernando Gelman, o diretor geral de esportes Charles Al Kalay, o diretor superintendente Gaby Milevsky e a equipe do escritório de arquitetura estão há vários meses trabalhando no sentido de encontrar soluções para resolver as questões que uma renovação dessa magnitude e natureza apresentam. Apesar disso, no entanto, e talvez por isso mesmo, pelo desafio que significa, o clube vai continuar realizando todas as atividades e programas previstos e para os quais se preparou para o final do primeiro semestre, o período de férias e este segundo semestre. No final de junho, o Conselho Deliberativo aprovou a expansão da escola no clube,., o presidente do Conselho Deliberativo, Mauro Zaitz, explica que os conselheiros apoiaram quase unanimemente a expansão da escola no clube porque “os benefícios ao setor educativo da comunidade são óbvios. Também é preciso considerar o expressivo apor-
HEBRAICA
te financeiro que o clube receberá para o investimento total na renovação do patrimônio físico”. Mesmo com o início das primeiras obras, o clube abrigou cinco colônias de férias, o treino do selecionado brasileiro de basquete, da seleção japonesa de natação e de atletas israelenses de três modalidades esportivas, todos se preparando para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Além disso, mães com crianças pequenas aproveitavam algumas facilidades no clube para entreter as crianças. Para Fernanda Rozochansky, mãe de Thomás, de 1 ano e 6 meses, os dias são sempre iguais, nas férias ou período letivo. “Moramos em Higienópolis e apesar da distância, acho válido ir com ele ao clube de segunda a sábado; usamos o Espaço Bebê, a Brinquedoteca e a Biblioteca, onde ele tem contato com outras crianças. Ele adora. Se morássemos mais perto, eu o matricularia na Escola Maternal, a respeito da qual sempre ouvi elogios”, afirma a fisioterapeuta que dedidiu ser mãe em tempo integral. “Meus dois meninos mais velhos começaram a frequentar o clube há alguns anos e também se beneficiaram muito da prática de esportes. Eu nado regularmente e também frequento a Sinagoga, chance de uma vez por semana meditar e desfrutar do contato com o judaísmo. Creio que a religião nos ajuda a ter um contorno e um limite e, no interior dele, se sentir seguro na vida”, acrescenta Fernanda. Patrícia e Eduardo Goldstein estruturaram a vida em torno do clube. “Nosso filho mais velho, o Beni, tem 6 anos e estuda na Alef. A Carol, 3, e cursa a Escola Maternal e Infantil. Os dois adoram as escolas e passam os dias no clube, porque, para mim, é a chance de dar um pouco de autonomia para eles. Enquanto fico com a Carol na Brinquedoteca, o Beni joga bola do Centro Cívico. Como sabe onde estou virá ao meu encontro quando se cansar. Eu sonho ver meus filhos crescerem sempre em contato com os valores judaicos, mesmo quando estiverem fora das sa-
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Obras da fase A Reforma do primeiro andar do Poliesportivo para a construção de mezzanino, salas de aulas e laboratórios para novecentos alunos da escola Alef-Peretz; Criação de uma estrutura junto à portaria da rua Angelina Maffei Vita para acomodar setores administrativos como tesouraria, secretaria e outros, com acesso exclusivo; Portaria para sócios na rua Alceu de Assis com área de convivência, internet e cafeteria. A nova entrada da rua Angelina Maffei Vita será usada somente por alunos do Alef -Peretz; Acesso para a garagem facilitado para carros originários de várias direções; Reforma do antigo stand de tiro para abrigar o judô e outras atividades cujas salas ocupavam o Centro Cívico; Ampliação da Escola Maternal e Infantil com a construção de oito salas adicionais; Alteração do visual em diferentes pontos do clube.
DEPOIS DA REFORMA, A ESCOLA MATERNAL TERÁ NOVAS SALAS DE AULA
las de aula”, afirma Paty. A família de Sabrina Nudelman Wagon mudou recentemente para um apartamento nas vizinhanças do clube e seu filho é um dos novos alunos da Escola Maternal. “Antes de começarmos a namorar, eu e o Bernardo frequentávamos a Hebraica em média quatro vezes por semana e só não nos conhecemos antes porque praticávamos esportes e atividades diferentes. O Hebike nos uniu e
nosso primeiro encontro foi na Hebraica. O Bernardo é conselheiro e ao sabermos das reformas, nossos sonhos para o futuro ficaram ainda melhores. Para famílias como a minha, onde ambos trabalham, ter um local onde meu filho estudará, fará esportes e aprenderá inglês graças à parceria do After School com o Alumni, a Hebraica é uma bênção. Eu, que passei infância e adolescência no clube, tudo o que uma mãe judia pode querer, não é?
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responsabilidade social A UNIDADE ALEF DE PARAISÓPOLIS É ESPELHO DA ALEF NA HEBRAICA, OS LIVROS FICAM DISPOSTOS NOS CASULOS
Escola Alef
da Hebraica também em Paraisópolis ERA SONHO ANTIGO DA ESCOLA ALEF DA HEBRAICA ESTENDER OLAM (“CONSERTO DO MUNDO”)
O PRINCÍPIO JUDAICO DE TIKUN
PARA UM NÚCLEO CARENTE DA CIDADE E, POR ISSO, NO FINAL DE
2012 FOI CRIADA A ESCOLA ALEF DE PARAISÓPOLIS
A
Escola Alef de Paraisópolis foi instalada em um terreno doado pela Associação dos Moradores desse bairro da zona sul e com a característica de ser igual à unidade que funciona na Hebraica: o prédio é idêntico, mas menor, por causa da área, e com laboratório multidisciplinar e a biblioteca-casulo nos corredores. Currículo e professores são os mesmos em três salas do ensino médio. “É espelho daqui em molde menor, uma extensão desta Alef, da Hebraica”, explica o diretor-geral das duas unidades João Guedes. O Santander é o parceiro da sala de computação. Os trezentos jovens interessados em estudar na escola passam por uma prova de matemática elementar e português e des-
tes são selecionados trinta. “Eles vêm da rede pública, com um índice baixo e passam por um processo de reconstrução. O segundo problema é manter esses alunos durante os três anos”, diz Rogério Giorgion, coordenador-geral da unidade. Muito frágeis quando chegam, aprendem rapidamente pois não tiveram essa oportunidade antes, daí o avanço maior. As aulas no período da manhã são para as primeira e segunda séries. Se quiserem, podem ficar também à tarde para reforço com monitores formados na USP. Na terceira série, o período é integral, das 7 às 18 horas, e as aulas são intercaladas com exercícios para o vestibular na USP ou universidades federais. A adesão é total pois são estimulados a
permanecer na sala de aula, aprender a estudar, fazer a lição e as novas rotinas da vida, um grande desafio. A escola ainda não tem refeitório, uma necessidade que deverá ser atendida. São oferecidos dois lanches reforçados, há os que trazem marmitas de casa e os que moram perto, vão e voltam. Segundo o diretor João Guedes, firmou-se uma espécie de pacto não escrito entre a família, o jovem e a escola: o aluno não pode trabalhar enquanto estiver cursando a Alef, “pois é impossível acompanhar as aulas se ele trabalhar”. Do currículo faz parte cultura judaica. “Eles gostam, manifestam gratidão e querem entender porque a comunidade judaica faz isso, as famílias são mui-
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to gratas”, conta Giorgion, professor formado em matemática na USP e mestrado em educação m atemática na PUC. As aulas são complementadas com atividades esportivas e educação física na sede do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, mantido pelos voluntários do Hospital Israelita Albert Einstein. Mudar a vida desses 90 jovens, permitir que tenham sonhos e os realizem por meio do seu potencial é a meta da equipe de professores que este ano se materializou com os dez alunos que passaram para a segunda fase do vestibular da engenharia da Unesp. “Temos do que nos orgulhar”, enfatiza um emocionado João Guedes. Além disso, duas alunas da segunda série foram premiadas na Feira
Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e ganharam uma viagem a Portugal, onde apresentaram o trabalho vencedor “Processos de Distribuição de Material Didático nas Escolas Públicas”, resultado de três meses de pesquisa. A Alef deu as passagens e a Febrace, hospedagem e refeições. Para Giorgion, “é necessário provocá-los; o professor e os adultos envolvidos por essa curiosidade, que é quase vital no ser criança. Na hora em que você desperta essa curiosidade e a traz para o ambiente escolar a coisa se dá de forma mágica, uma alegria que envolve as pessoas. É sensacional”. Os alunos revelam envolvimento com a escola. Sara: “Uma pessoa não pode
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mudar o mundo, porém eu posso. Aqui tenho as bases que eu crio para o meu futuro. A escola fornece a chave, o aluno tem de escolher qual porta quer abrir”. Marcos tem certeza: “A Alef me deu autonomia, me fez independente. O que vejo aqui, levo pra minha vida. A USP era algo distante para mim e os professores estão mudando o nosso futuro”. “Queremos mais alunos aqui e mais alunos lá”, afirma Guedes. “Poucas coisas são tão sérias na vida como a religião e a educação judaicas. Conseguir construir extramuros algo dessa experiência é fundamental. Conseguir respirar algo dessa importância que a educação tem para nós é deixar um grande legado.” (T. P. T.)
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cul tu ral +social
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cultural + social > noite dançante
CARDÁPIO, MÚSICA E DANÇA TÍPICAS TRAZEM A ITÁLIA PARA O ESPAÇO ADOLPHO BLOCH
A Itália invade a Hebraica OS JANTARES DANÇANTES
TEMÁTICOS ESTÃO DE VOLTA
PARA ALEGRIA GERAL A PARTIR DO DIA 20 COM A
NOITE LA BELLA ITALIA
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sta é a novidade do Departamento Social para atender aos sócios apreciadores de jantares dançantes com boa música e cardápio de acordo com o tema escolhido, um país homenageado ou uma data especial do calendário. Para esse primeiro jantar, a vice-presidente Mônica Hutzler e a diretora Social Sônia Rochwerger preparam uma surpresa: o retorno do Buffet Giardini. Em contato com Rogério Giardini, elas tiveram a receptividade esperada. “Tenho o maior prazer em voltar à Hebraica e fazer ainda mais para os jantares temáticos terem o sucesso que sempre nos entusiasmaram ao servir a comunidade”, disse Rogério. Para entrar logo no espírito da noite, o decorador Eduardo Onodera vai transformar o Espaço Adolpho Bloch em uma cantina italiana. Saladas, antepastos e massas variadas compõem o cardápio da noite, com molhos variados, ou seja, tudo do melhor que uma cantina à moda italiana oferece. Mais as sobremesas e
a variedade que tem como referência a marca Giardini. A parte musical será confiada à Banda Feelings, também apreciada pelos sócios, garantia de que todos irão para a pista, com personal dancers convidando as damas para rodopiar no salão. Show de música típica italiana completará a noite, que promete ser das mais animadas, pois grupos de amigos programam a reserva de mesas. Para completar haverá sorteios com prêmios. Uma noite imperdível, garantem os envolvidos na realização. (T. P. T.) Jantar Dançante Data: 20 de agosto Horário: 21h Local: Espaço Adolpho Bloch Evento: La Bella Italia Bufê: Giardini Banda: Feelings Show típico Personal Dancer Sorteios
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cultural + social > curtas
Estão na Agenda
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Bons filmes na programação
A
s sessões de cinema entram em ritmo normal após o 20º Festival de Cinema Judaico, com a programação das quartas-feiras e dos fins de semana assim distribuída: dias 13 e 14 será a vez de Youth/Juventude, filme considerado “um poema em forma de filme”. Dia 17, reprise de um dos filmes do Festival. Dias 20 e 21, o mais recente filme de Samuel Benchetrit com Isabelle Huppert, Asphalte, traduzido como Fique Comigo, elogiado pelo crítico Luiz Carlos Merten. Quarta-feira, 24, De Amor e Trevas, primeiro longa dirigido por Natalie Portman, a partir do livro homônimo de Amos Oz, falado em hebraico, e estrelado pela diretora. Fechando a série, dia 31 passará Diplomacia, de Volker Schlondorf, vencedor do Prêmio César de melhor roteiro, uma declaração de amor à capital francesa. Às quartas-feiras, começa às 20h30; aos sábados, às 20h30 e aos domingos, às 16h e às 19h. A partir do dia 17, as projeções no Teatro Arthur Rubinstein passam a utilizar o projetor digital, uma nova era no cinema do clube.
ntre Amigas – Dois encontros com Karin Szapiro a escolher: 30 de agosto, às 7h30 no café-da-manhã, ou 1º. de setembro, às 18h30, com happy hour. Ambos no Espaço Gourmet, para um bate-papo descontraído a respeito de “Casamento e Relações Amorosas”. Viagem a Foz do Iguaçu – De 13 a 17 de setembro, programação exclusiva para sócios e no sistema tudo incluído. Informações, 3818-8888. Curso de Cabala – Marcelo Streinberg dará o curso para iniciantes (nível 1) e falará de “Reencarnação, as Jornadas da Alma” para o nível 3. A partir do dia 16, Saída Cultural. Dia 14, a Hebraica leva sócios com tudo a que têm direito para a apresentação do Grupo Corpo, um dos mais aplaudidos grupos de balé na cidade, no Teatro Alfa. As vans sairão do clube direto para o teatro. Informações na Central de Atendimento.
A fotografia de Fernanda
D
ireito, arquitetura e, anos depois, Fernanda Naman encontrou sua vocação. Ela gosta de arte, mais precisamente da fotografia. Suas fotos com elementos da moda, outras de fachadas, outras ainda de temas subjetivos são sempre em tiragem limitada, elogiadas por destacados decoradores. Os sócios conhecerão a criatividade da fotógrafa a partir do dia 6, na abertura da exposição na Galeria de Arte.
Novas do Recreativo
O
s fãs dos naipes têm encontro marcado dia 28, no Recreativo, em mais um Torneio de Tranca, e a Hebraica receberá sócios dos clubes filiados à Associação de Clubes Esportivos e Sócio Culturais de São Paulo (Acesc). O encontro será às 19h, com jantar, e às 20h começa o Torneio. Como em anos anteriores, além do prêmio em dinheiro aos vencedores, haverá sorteios, entre eles um fim de semana com acompanhante no Hotel Boutique Frontenac, em Campos do Jordão, outro no Conrad de Punta Del Este, artigos de beleza da marca Gama e muitos mais. As inscrições podem ser feitas na Central de Atendimento ou pelo site do Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br). Não deixe para a última hora, convoque os amigos e monte sua mesa.
Para gourmets refinados
As férias terminaram
lássicos Franceses. Um curso preparado para quem gosta de comer bem e aprecia a delicadeza da cozinha francesa vai ensinar a fazer e experimentar receitas clássicas de diferentes regiões da França. Com o chef João Leme, que terminou seu curso recebendo o Grand Diplome na École Le Cordon Bleu em cozinha e confeitaria. Dias 10, 17 e 24, às 19h30, no Espaço Gourmet. Inscrições na Central de Atendimento ou no local das aulas.
m agosto a Feliz Idade volta – e com agenda para todos os gostos. Dias 11 e 13, às 14h30, a psicóloga e escritora Ana Perwin Fraiman falará na Plenária, de “Eu, Tu e Todos Nós – Uma evolução da identidade singular para a identidade plural”; dia 18, reencontro com Ana Recchia no Espaço Gourmet, para se deliciar; dia 20, o neurocirurgião João Luís Pinheiro Franco explicará tudo a respeito de hérnia de disco; dia 25, a turma vai passar um Day Use em Ibiúna, com direito a várias atividades, das 8h às 17h, e as inscrições podem ser feitas na Central de Atendimento. O mês se encerra com um superbingo na Sala Plenária.
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por Tania Plapler Tarandach
coluna comunidade
Bolsistas do Weizmann na Hebraica
O International Summer Science Institute – Escola de Verão do Instituto Weizmann terminou no final de julho. Gabriel Schutz de Souza, Eric Grosman, Radu Halpern, Rafael Carlos Alves da Lima e Vitória Muller Gerst estão de volta, e dia 29, às 20 horas, contarão ao público a experiência do tempo que passaram em Rehovot, Israel. Os jovens bolsistas farão uma apresentação, após treinamento com a parceria da Associação Brasileira de Incentivo à Ciência. Ex-bolsistas, hoje fazendo carreira científica, serão protagonistas de uma noite de emoção e revelação de conhecimento.
HonestReporting no Brasil Com mais de 140 mil assinantes em diferentes países, HonestReporting é hoje a maior organização de mídia vigilante, que monitora mundialmente as colocações anti-Israel. Há muitos assinantes no Brasil e por isso terá uma base de apoio em português, liderada pela carioca Tamara Stern, que vive em Israel, e a equipe editorial do HonestReporting. O acesso é pelo site http://honestreporting.com/brazil e pelo facebook http://facebook/honestreportingbrazil.
Democracia, valor judaico
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World Union for Progressive Judaism (WUPJ), fundada em Londres há noventa anos, atua em mais de cinquenta países, engloba 1.200 congregações reformistas, progressistas, liberais e reconstrucionistas, num total de 1,8 milhão de sócios no mundo. O encontro da WUPJ, este ano, foi em São Paulo, com o tema “A Continuidade Democrática como Valor Judaico”, realizando atividades na CIP, Unibes Cultural, Residencial Israelita Albert Einstein e na Hebraica. Workshops trataram desde o funcionamento das instituições judaicas regionais até política internacional, Europa e Israel, a inclusão, o papel da mulher e de homossexuais no judaísmo. Entre os convidados para as palestras, destacou-se o atual ministro de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Argentina, o rabino Sergio Bergman. “Não sou amigo do papa, mas Bergoglio era meu mestre, me aconselhei com ele antes de ingressar na política, uma decisão complicada para um rabino”, afirmou Bergman, na CIP. “A melhor coisa que posso
fazer como ministro é ser rabino. Questões técnicas da pasta são cuidadas por pessoas capacitadas e, como rabino, tenho de liderar esse grupo, com valores e uma direção clara.” Ele participou de encontros com o advogado e vice-presidente da WUPJ, Yaron Shavit, e com o rabino Roberto Graetz, presidente da Força Tarefa Yad B’Yad, grupo que apóia comunidades judaicas na América Latina, as duas vezes com mediação da jornalista Mona Dorf. Na Hebraica, o rabino ministro conversou com jovens. Para Bergman, “judaísmo mais que uma religião é uma civilização e seus valores devem ser praticados todos os dias. A ética é um valor essencialmente judaico”, ressaltou. Sobre judaísmo reformista, disse: “Precisamos acabar com as denominações. No judaísmo e na vida em geral. Judaísmo é judaísmo. Nossa função é criar comunidades e deixar as portas abertas para quem quiser entrar. E essas portas servem também para nos integrar à sociedade ao nosso redor, sem confundir integração com assimilação”.
Rabino Sternschein no Recife
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rabino Ruben Sternschein, da CIP, participou de uma maratona no fim de semana no Recife. Além dos serviços de Shabat no Centro Israelita de Pernambuco, foi à cerimônia da Havdalá na Sinagoga Kahal Zur Israel, a mais antiga das Américas. Durante o dia, esteve em atividades com as crianças do projeto Iachad e jovens do curso de b’nei mitzvá.
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COLUNA 1 O portal www.iachnerai.com.br tem notícias, história, religião, atualidades, empreendedorismo, análises, culinária e outros temas, a partir de uma visão judaica pluralista. Um dos colaboradores é Marcos L. Susskind, que vai postar semanalmente “Crônicas do Cotidiano”. Sílvia Rawet, Alice Penna e Costa, Ayrton Luiz Bicudo e Joyce Markovits desenvolveram o curso Ferramenta da Mediação, para facilitar o diálogo e construir processos colaborativos. Jacob Klintowitz é o autor de Diáfanas Paisagens, a respeito da vida e obra do artista plástico e arquiteto Takashi Fukushima. O livro integra o projeto do Instituto Olga Kos “Resgatando Cultura”, que editou dezessete obras de artistas plásticos. O lançamento, com exposição de trabalhos de participantes do IOK, foi na Cinemateca Brasileira.
∂ A vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro da Consolação e Adjacências, Lia Zalszupin, dirigiu, no Hotel Jaraguá, a noite comemorativa dos dois anos de existência da entidade, cuja presidente é Marta Lilia Porta.
∂ No Parque Vila Germânica, em Blumenau, o somelier de cervejas e diretor da rede de franquias mestre-cervejeiro.com, Daniel Wolff, palestrou no Congresso Latino-Americano de Ciência e Mercado Cervejeiro (Cervecon). E dias depois, inaugurou sua quarta loja em São Paulo, na alameda Franca, nos Jardins.
Entrar no facebook Delisin by Alain Sinai é conhecer o mundo de sabores irresistíveis de balas feitas de gelatina, carro chefe da marca, com sabores e formatos inéditos.
Os Birman (Alexandre, Johanna e Maythe) brindaram com amigos e fãs da Arezzo na inauguração da flagship da marca no Shopping Iguatemi.
De 8 a 11 de setembro, e pela primeira vez na América Latina, o Clube Hípico de Santo Amaro vai receber “Taste of São Paulo”, com quatorze grandes nomes da gastronomia paulistana, entre eles Arri Coser, do NB Steak.
Na Pinacoteca de São Paulo, a mostra “Fora da Ordem – Obras da Coleção Helga Alvear” reúne 137 produções da colecionadora alemã e da qual participa a brasileira Jac Leirner. São quase setenta artistas, nomes influentes da arte moderna.
José Grindler lançou, no Hospital das Clínicas, onde é médico, o livro 50 Holters Arritmias e seus Desafios. São coautores da obra Acácio Cardoso, Alfredo J. Fonseca, José Cassiolate e Carlos Oliveira. “Consumo Equilibrado: uma Nova Percepção sobre o Açúcar” foi uma pesquisa elaborada pelo Instituto Dante Pazzanese com mais de 1.100 pacientes. A nutricionista Márcia Daskal, da Recomendo Assessoria em Nutrição, conta que o açúcar pode fazer parte de um estilo de vida saudável com equilíbrio, aliado à prática de atividades físicas.
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Um tijolo faz história
A família comemora a chegada de Rony, filho de Jessica Ann e Ricardo Heumann e irmão da Julie. Vovôs Eva Judith e Seilly Heumann e Márcia Joy Belfer, mais as bisavós Edith Rosenbaum e Sally Belfer são só sorrisos. A obra “Cinema Lascado” dá nome à exposição de Giselle Beiguelman na Caixa Cultural. São videoinstalações de vias elevadas urbanas, entre elas o Minhocão paulistano e a extinta Perimetral, no Rio de Janeiro.
Em 1998, o historiador Sydney Aguilar soube por uma aluna, que na fazenda da família havia centenas de tijolos marcados com a suástica nazista. Daí descobriu que, na década de 1930, empresários integralistas e nazistas transferiram cinquenta meninos órfãos do Rio de Janeiro para Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo, e os confinaram em regime de escravidão na Fazenda Santa Albertina. A história contada por um desses meninos, Aloísio Silva, é o tema do documentário Menino 23 (número pelo qual era chamado no cativeiro). No acervo de quase duas mil peças já catalogadas, o futuro Museu Judaico de São Paulo guarda um desses tijolos, parte desse passado ligado à chegada dos imigrantes judeus fugidos da guerra na Europa.
Jovens ajudam os Anjos da Cidade Alunos do sétimo ano do fundamental II do Colégio I. L. Peretz, e seus pais, prepararam kits de higiene, alimentos e roupas para entregar à ONG Anjos da Cidade, dirigida por Andrea Pludwinski, que atende moradores de rua.
LiveU e a Olimpíada A tecnologia de transmissão de vídeos pelo celular da empresa israelense LiveU permitirá às emissoras transmitir imagens em tempo real do Brasil para o mundo. De Kfar Saba, subúrbio de Tel Aviv, a empresa existe desde 2006 com escritórios em Hackensack e Nova Jersey, nos Estados Unidos. A atuação na Copa do Mundo, em 2014, excedeu as expectativas, o que garante êxito na Olimpíada.
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cultural + social > comunidade
COLUNA 1
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Jovens sabem o que é Tikun Olam Como já é tradicional, a presidente do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, Lu Alckmin, juntou-se aos quatrocentos jovens da comunidade, convocados pelo Conselho Juvenil Judaico Sionista e Unibes, para a 16a Megacampanha de Arrecadação de Agasalhos em Higienópolis. É uma atividade que junta os conceitos judaicos de tikun olam e tzedaká. Foram recolhidas 24 mil peças de agasalhos. Com os netos e o presidente da Fisesp, Bruno Laskowsky, Lu Alckmin acompanhou o trajeto em um dos caminhões e disse que “Lucas e Enzo também estão aprendendo a ajudar o próximo”. “A cada ano temos mais jovens engajados, assim atingimos mais ruas e aumentamos o número de doações”, constatou o assessor executivo da Fisesp Henry Gherson.
Stella Segal, Claudio Wulkan, Artur Zular e Carla Catap Strauss em miniworkshops no Hotel Tryp Itaim, uma realização da Sinagoga Mishcan Menachem. Diretora de Educação no Banco Mundial desde 2014, Cláudia Costin foi convidada para falar no “Educação 360”, evento a respeito de educação infantil no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Cláudia retorna para criar um think thank em política educacional, que faz referência a uma instituição dedicada a produzir e difundir conhecimentos e estratégias
Da Europa para a Unibes Cultural A partir do dia 19 e até 22 de outubro, a Unibes Cultural mostra “Last Folio – Preservando Memórias”, 57 imagens do fotógrafo Yuri Dojc, a partir dos últimos testemunhos da vida judaica na Eslováquia para contar uma história universal da preservação de memórias. A mostra passou pela Alemanha, EUA, Reino Unido, Rússia, Eslováquia e Itália, e as sedes da Comissão Europeia em Bruxelas e a ONU, em Nova York. Agora chega na Unibes Cultural, que comemora seu primeiro ano de atividade, pela Bertelsmann, grupo internacional de mídia, serviços e educação.
∂ Em Brasília, aconteceu a posse dos novos membros do Conselho Deliberativo e Fiscal da Fundação dos Economiários Federais (Funcef). De São Paulo, a advogada Anália Miguel Anusiewicz foi eleita titular para o Conselho Fiscal, com mandato de quatro anos.
Após cinquenta anos, sob a chupá, Fani e Jaime Coifman reafirmaram sua união e, por isso, no Buffet Torres, a família e os amigos de Santo André brindaram as Bodas de Ouro. O som de Soli Mosseri e Luís (Vavá) Prist levou todos à pista de dança, numa tarde de encontros e alegrias. Thaís Mucher e Eugênia Zarenczanski fazem parte da equipe de advogados do Instituto de Mediação e Arbitragem (IMA) que atende nas áreas de mediação, conciliação e arbitragem, e desenvolvem cursos de capacitação e atualização. A jovem escritora carioca A. C. Meyer lança Encantada por Você, pela Universo dos Livros, fechando a série After Dark e concorrendo ao Prêmio São Paulo de Literatura. Um dos coordenadores da plataforma Voto Legal, Ariel Kogan explica que ela foi construída em diálogo com o Tribunal Superior Eleitoral. Site com software aberto, oferece agilidade e transparência no processo de doações on line para candida-
tos registrados e com ficha limpa.
Gold & Ko é a nova marca de chocolate no mercado. Paulo Kopenhagen Goldfinger, mais Chantal e Gregory, após vinte anos, retomam a qualidade do DNA familiar com identidade jovem.
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Em Las Vegas, durante a conferência internacional da National Association for Court Management (NACM), Octávio Aronis falou sobre as questões legais de meio ambiente na América Latina, principalmente Brasil.
Hanna Knyazyeva-Minenko é ucraniana, tem 26 anos e foi medalha de prata no Campeonato Europeu de Atletismo, nos Países Baixos. Cidadã israelense, ela competirá nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Mônica Guttmann mostra mais uma vez seu lado escritora com o lançamento de O Presente, livro ilustrado por Simone Matias, editado pela Paulus. Psicóloga e arteterapeuta, ela ministra de 18 de agosto a 8 de setembro o curso “A árvore dos Cinco Galhos: sentir, imaginar, escolher, caminhar e criar”. Na Palas Athena (www. palasathena.org.br). Obras de Regina Carmona, Sheila Goloborotko e Jacqueline Aronis fazem parte da coletiva de arte contemporânea, que pode ser vista na Gravura Brasileira.
A primeira Bait Fashion Night, no ano passado, foi um sucesso. Na próxima, dia 5 de setembro, às 19h30, as voluntárias do Bait prometem muitas surpresas, sorteios, além do desfile da grife Santa Rainha. Flávio Feferman, Peter Knight e Nathalia Foditsch reuniram textos de especialistas em áreas relacionadas à banda larga para lançar Banda Larga no Brasil: Passado, Presente e Futuro, editado pela Novo Século
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ela primeira vez um brasileiro judeu, Thomas Wolff, será responsável pela supervisão dos quase 250 cavalos que participarão das provas de hipismo nas Olimpíadas Rio-2016. O cirurgião de equinos Thomas Wolff foi convidado a integrar o Comitê Veterinário da Federação Equestre Internacional, cargo nunca concedido a um brasileiro. Wolff, filho de alemães (o pai é sobrevivente da Shoá), integrou a comissão de quatro veterinários nos Jogos Equestres Mundiais, na Normandia, França, em 2014.
Formado pela USP e doutor pela Universidade de Zurique (Suíça), 41 anos de profissão, para Wolff “essa participação é o ápice da minha carreira e marco na medicina veterinária nacional”.
Iftar na casa do rabino O rabino Michel Schlesinger foi o anfitrião de um encontro de membros das comunidades muçulmana e judaica para a cerimônia do Iftar, a quebra do jejum no final de cada dia, durante o mês islâmico do Ramadã. Comemorada pela primeira vez em conjunto, foi a oportunidade para intensificar o diálogo interreligioso com a parceria do Consulado Geral de Israel em São Paulo.
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Brasileiro e judeu nas Olimpíadas
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Foro contra o antissemitismo
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Glazer e a agricultura em Israel
do Departamento de Luta contra o Antissemitismo do Ministério das Relações Exteriores de Israel, embaixador Gideon Behar. Entre os brasileiros, a Hebraica São Paulo foi representada pelo seu diretor superintendente Gaby Milevsky. “Este encontro possibilitou debater a necessidade da formação dos valores nas pessoas para não se repetirem os erros históricos do passado”, disse a ministra do Uruguai. O encontro fez reverência ao atentado contra a AMIA e às vítimas do atentado em Nice, na França.
Capacitação on line
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onecteinu é o nome da plataforma de educação criada pela Conib para atender a demanda da rede educativa judaica. “Trata-se de uma plataforma colaborativa e, ao mesmo tempo, de um espaço dedicado à inserção de conteúdos para a criação de um acervo judaico”, explica a coordenadora do projeto, Shirley Sacerdote. Por meio do compartilhamento de materiais dos centros de formação das principais universidades do mundo, educadores da rede nacional poderão elaborar conteúdos a respeito da cultura judaica no Brasil, estimulando a troca entre os docentes e fortalecendo o desenvolvimento da identidade judaica entre crianças e jovens nas escolas, na educação complementar e nos movimentos juvenis. Nas primeiras semanas, Conecteinu teve mais de 60% dos professores cadastrados.
Bacharel, mestre e PhD em Agricultura pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Itamar Glazer é vice-presidente do Instituto Volcani, maior instituição agrícola de Israel. A convite da Missão Econômica de Israel no Brasil e Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Glazer discorreu na FecomércioSP a respeito da alta tecnologia na agricultura israelense. Exemplos: um braço artificial que poda árvores e pulverização das sementes feita por tratores equipados com câmeras e GPS. “O professor Glazer mostrou justamente algumas das áreas onde podemos explorar o potencial de cooperação entre Israel e Brasil, dois países líderes na agricultura”, complementou o chefe da Missão Econômica, Boaz Albarânes.
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Congresso Judaico Latino-Americano, presidido por Jack Terpins, o Ministério das Relações Exteriores do Estado de Israel e a Coalizão de Liderança Hispano-Israelense organizaram o 1º. Fórum Global Contra o Antissemitismo na América Latina do qual participaram legisladores, educadores, especialistas e mais de duzentos funcionários de dezessete países, voltados a reunir esforço contra a discriminação e o antissemitismo durante o qual se discutiu educação, Internet e os meios de comunicação, legislação e diálogo interreligioso. Estiveram presentes a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, as ministras de Educação e Cultura do Uruguai, Maria Julia Muñoz, e de Desenvolvimento Social da Argentina, Carolina Stanley, do presidente da Coalizão de Liderança para Israel, pastor Mario Bramick, do diretor
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cultural + social > comunidade Árabe-israelense reitor da UHJ
7º. Kleztival em andamento
De família cristã ortodoxa grega, morador de Kfar Yasif, na Galileia, Michel (Mousa) Karayanni foi escolhido, por unanimidade, decano da Faculdade de Direito da Universidade Hebraica de Jerusalém. O primeiro árabe-israelense nesse cargo substitui o reitor Yuval Shani. Imagens da cerimônia: https:// www.algemeiner.com/2016/06/15/ first-ever-arab-israeli-appointed-dean-of-hebrew-university-law-faculty/.
dy e Nicole Borger estão em atividade para organizar o próximo Kleztival, de 29 de outubro a 6 de novembro em São Paulo. Em Buenos Aires, Nick deu um workshop sobre música klezmer durante o congresso Zamir Latinoamérica e fez dois shows do projeto Raízes; na Grécia e Turquia, convidou músicos locais atuantes na área judaica; neste mês, participou dos festivais Klezkanada, em Montréal, Ashlenaz, em Toronto, e, em setembro, estará no New York Klezmer Series. Reservem a data, pois este 7º Kleztival promete excelentes atrações nacionais e internacionais.
Excelência em pesquisa O Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein recebeu a acreditação da Associação para o Credenciamento de Programas de Proteção à Pesquisa Humana, pela alta qualidade aplicada nas práticas e procedimentos e ao comprometimento com o desenvolvimento da ciência de forma ética. Essa certificação garante aos pesquisadores, órgãos reguladores, voluntários de pesquisas, patrocinadores e à sociedade que o Instituto pauta suas atividades na excelência em pesquisa.
Homenagens merecidas A Sala de Mediação na sede de Na’amat Pioneiras São Paulo recebeu o nome de Dora Bobrow (z’l), presidente de Honra da instituição, após a cerimônia de haskará. A homenagem se estendeu a Jacob Hecht (z’l) e David Kielmanowicz (z’l), maridos das dedicadas chaverot Leia e Klara, conduzida pelo chazan Avi Burstein e a presença de amigos e familiares emocionados com a lembrança desses nomes relevantes na vida judaica paulistana.
Apoio de jornalista a Israel Após o ataque terrorista no Mercado Sarona, em Tel Aviv, a jornalista Greta Van Stern, considerada uma das cem mulheres mais poderosas do mundo, manifestou apoio a Israel por meio de vídeo exibido na Fox News, assistido por mais de oitocentas mil pessoas e que destaca as ações humanitárias de Israel em diferentes partes do mundo e chama as nações a apoiarem o Estado.
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PERSONAGEM
“Fanny Lopes apenas”
É
assim que Fanny Gelehrter da Costa Lopes prefere ser chamada. Alta e esguia, ela me espera junto a uma mesa no Café da Sede. Sorri e afirma que não gosta de falar muito do passado. “Então, vamos falar de hoje”, digo e sorri. “Tive quatro filhos, oito netos e seis bisnetos, meu neto mais velho tem 40 anos, são chegados, me entendem. Todos são lindos, cada um tem uma coisa boa para mim,” enfatizando o “são chegados”. Fanny tem a visão muito reduzida, fala dessa limitação e como a resolveu: “É uma doença na retina, vejo os rostos esbranquiçados, mas uma lupa eletrônica amplia bem as letras e projeta as páginas dos livros na tela da TV, um achado da minha filha Ruth. Tiro fotos com meu ipad, uso o skype, me sinto um pouco escrava pois passo horas assim, ouço todos os noticiários. Acompanho tudo, mas triste. É preciso saber o que se passa à minha volta”, explica Fanny. Em seguida, fala alegremente: “Estou ocupada, tenho muitos amigos, eles me visitam, eu os visito”. No dia-a-dia, trata do jardim de casa, telefona para os filhos e amigos, entra “rapidamente” na cozinha e capricha para sair. Ela conta que as noras Miriam e Susana eram sócias da Hebraica e ela, convidada. Sorri: “Aqui nadei! Adoro a água, o sol. Foi um luxo. Em vez de comprar uma jóia, comprei um título de sócia. Me sinto tão feliz por vir aqui”. Detalhe: Fanny, tem 92 anos, mora em Perdizes e vem de taxi ao clube. “Há épocas em que venho todos os dias, outras vezes menos, porque estou ocupada. Para mim o tempo significa alguma coisa para fazer. Gosto dos salva-vidas, sou bem relacionada, me ajudam a encontrar uma raia, para mim é importante estar sozinha para não bater de encontro com as pessoas. Gosto de nadar porque nesses momentos me sinto livre, não vejo deficiência, vejo azul”. Quando não vai à piscina dá dez voltas na pista, varia os restaurantes, vê um dos netos. “Fico contente de vir aqui e conversar com as pessoas. Essa convivência é gratificante. Gosto de viver. É bom”. Fanny nasceu em Berlim, em 1923, filha de judeus russos. Com o nazismo e o início da Segunda Guerra, ela, o pai e a irmã foram para a cidade do Porto, em Portugal. A mãe morreu muito jovem. Aos 15 anos, Fanny conheceu o agrimensor Acilio da Costa Lopes. Casaram e foram morar em Angola, na África. Em 1962, vieram para o Brasil. Vinte anos depois, Acilio faleceu de repente. Fanny adora trabalhar: foi professora no Yázigi, lecionou dez anos alemão para os funcionários da Volkswagen e mais dez na Mercedes, até o 75º aniversário. Ainda dá aulas de conversação e literatura em casa, pois gosta de “bolar idéias novas para os alunos”.
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Wiesel será sempre lembrado
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sta tarde não será esquecida pelo povo judeu. Apenas há alguns meses tive a honra de entregar a Elie Wiesel a condecoração de Cidadão Honorário da Cidade de Jerusalém”, disse o ex-presidente de Israel Shimon Peres ao saber da morte do autor de 29 livros e ganhador do Nobel da Paz em 1986. Wiesel nasceu em 30 de setembro de 1928, na Romênia. A família foi deportada para Auschwitz-Birkenau, onde mãe e irmã morreram, no dia seguinte a chegada; ele e o pai foram deportados para Buchenwald, A-7713 era seu número. O pai morreu antes da libertação do campo e Elie soube que suas outras duas irmãs se salvaram quando a guerra terminou. Em 1949, foi para Israel e, em 1961, cobriu o julgamento de Adolf Eichmann. Nos Estados Unidos, foi o primeiro sobrevivente apátrida da Shoá a receber a cidadania norte-americana. Em 1954, veio
ao Brasil pela primeira vez e, em 2001, na segunda visita o então presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu-lhe a Grã Cruz da Ordem do Rio Branco. No livro Noite, de 1955, conta sua experiência como adolescente judeu ortodoxo nos campos de concentração. Escreveu também poemas e livros ligados à teologia. Wiesel: “Se sobrevivi, foi por algum motivo. Isso é muito sério para brincar, porque alguém poderia ter se salvado no meu lugar. Por isso, falo por eles”.
AGENDA
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11/8, das 15h às 17h – Voluntariado Einstein lança cartões para Rosh Hashaná, no Residencial Albert Einstein, Salão Nobre, à rua Madre Cabrini, 462. Assista ao vídeo de confecção em https://goo.gl/Mqs5jj 25/8, às 21h – O Centro Israelita de Apoio Multidisciplinar convida para a exibição de My Fair Lady, um dos mais aplaudidos musicais da Broadway, no Teatro Santander 27/8, às 21h – Na Sala São Paulo, apresentação única no Brasil da Orquestra Filarmônica de Israel, sob a regência de Zubin Mehta. Ingressos, www.ingressorapido.com.br. Realização Fisesp e Voluntariado Einstein 28/8, às 15h – Chá Bingo, realização do Grupo Chaverim. no Terraço Itália. Convites, comunicação@chaverim.org.br ou pelo fone 3818-8876 13 a 17/11 – Seminário Internacional Aviv Wizo Mundial especial para chaverot até 45 anos, em Tel Aviv, Israel. Inscrições, wizo@wizo.org
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1. Com seus 92, Fanny Lopes nada no clube; 2. A
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Tocha Olímpica levada pelo médico Elias Knobel; 3. A Ópera do Malandro no palco do Teatro Anne Frank; 4 e 5. Em Buenos Aires, encontro do Congresso Judaico Latino-Americano reuniu Conib, Fisesp, Wizo Brasil, Hebraica entre os brasileiros; Afamado escritor argentino Marcos Aguinis e Gaby Milevsky; 6 e 7. Avi Gelberg recebe Celso Russomano; Sílvia Hidal, Emanoel Zveibil, Guita Zarenchanski e Gaby Milevsky no almoço; 8. Chabad Vila Mariana fez bazar no Espaço Adolpho Bloch; 9. Noite do Instituto Olga Kos: Jaocb Klintowitz, Wolf Kos, Maria Bonomi, Olga Kos e o homenageado Takashi Fukushima
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1. e 2. No Círculo de Leitura, Vivien Schlesinger e público cativo; 3. Em Boston, na Hamster University of Massachusetts, o formando Danilo Milevsky e Gaby, o feliz papai; 4 e 5. Despedida para a consulesa Lúcia Barnea no Red: Gerson Herszkowicz, Mônica Hutzler e Lúcia Barnea; recebendo flores do Grupo União em Yom Haat-
5.
zmaut; 6. Do Templo Liberdade, de Buenos Aires, para o Rosh Hashaná na Hebraica, está chegando o chazan Esteban Abolsky; 7. Os Bir-
7.
man – Alexandre, Johanna, Maythé, Anderson e Patrícia em ritmo de inauguração no Shopping Iguatemi; 8 e 9. No Show do Meio-Dia, dois momentos do Projeto Guri e Carlos Navas
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cultural + social > fotos e fatos 1.
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1. Jessica e Ricardo Heumann e o recém-che-
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gado Rony; 2 e 8. No encontro do WUPJ, rabino Sergio Bergman com os jovens na Hebraica e em palestra na Unibes Cultural; 3. KKL criou rotas cênicas, trilhas e áreas de recreação na Floresta Yatir, junto ao Deserto da Judeia; 4 e 5. O autor de Cold Hot, Sérgio Poroger, passou horas autografando na Livraria da Vila/Lorena; 6 e 7. Clarice Jozsef, Leonor Szymonowicz e os homenageados, Lúcia e Yoel Barnea; Priscila Golczewsky e Gabriel Zetune; 9. Jovens fazem bonito na Campanha do Agasalho
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ju ven tu de
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juventude > dança
PROFESSORES DO ESTÚDIO ANACÃ SÃO ESPECIALIZADOS NOS PÚBLICOS JOVEM E ADULTO
Nova parceria e novos ritmos A PARCERIA COM O ESTÚDIO ANACÃ AMPLIA O LEQUE DE MODALIDADES DE DANÇA, SEM INTERFERIR COM OS RITMOS TRADICIONAIS JÁ OFERECIDOS PELO CLUBE. E JÁ COMEÇARAM OS PREPARATIVOS PRÓXIMO O FESTIVAL CARMEL
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o último dia de julho, as sócias foram convidadas para participar de aulas abertas de ritmos como aero-jazz, hip-hop, danças urbanas e yoga que o Centro de Danças oferece a partir deste mês como resultado da parceria com o Estúdio Anacã, cuja metodologia conquistou os adeptos da atividade nos últimos anos.
“Com essa iniciativa, as adolescentes e suas mães terão acesso a esses novos ritmos com os mesmos professores que atuam no Anacã”, informa a coordenadora do Centro de Danças, Nathalia Benadiba, para quem os novos cursos em nada influenciam na grade de cursos tradicionais como zumba, ballet clássico infantil e balê fitness. “Ago-
ra, sócias adultas poderão realizar o sonho de aprender balê clássico e, depois, partilhar a atividade com as filhas ou netas”, destaca a coordenadora. Ao longo de agosto, os professores do Estúdio Anacã darão aulas experimentais para formar as turmas. “Vale a pena observar a tabela de horários, porque poucos na cidade terão essa oportunidade de conhecer a metodologia de trabalho da Anacã fora da unidade deles, nos Jardins. As inscrições serão feitas no Centro de Danças ou pelo telefone 3818-8870”, completa a coordenadora. (M.B.)
Rumo ao Festival Carmel 360o Uma animada harkadá ao ar livre ajudou os fãs da dança folclórica a manterem o ritmo, em julho. Em agosto, os ensaios dos grupos e sessões de harkadá retomam a atividade, cada vez mais intensa, com a aproximação do Festival Carmel. Os primeiros convites já foram enviados aos grupos no Brasil e do exterior, informando o valor das incrições. “Já temos a confirmação da lehakat Machol Midbar, da cidade de Maalê Edumim, em Israel. O coreógrafo Oren Halaly, que já coordenou o Centro de Danças vai acompanhar os trinta dançarinos desse grupo, como fez com outros, em anos anteriores”, afirma a diretora artística do festival, Nathalia Benadiba.
Outra novidade é a vinda do markid (professor de dança) Sagi Azran, de Los Angeles, que se destaca pela facilidade de comunicação com os jovens, público que o Festival quer aumentar e agregar ao já fiel contingente do evento. Segundo Nathalia,o nome Festival Carmel 360° sugere uma abordagem bem ampla de temas como o ciclo da vida e o mundo por meio da dança. “Uma das ideias é promover shows especiais em uma arena 360°, mas ainda precisamos elaborar melhor este e outros projetos. Isso explica porque a equipe de produção trabalha desde março e porque, em breve, os duzentos voluntários começam as reuniões para preparar o Festival Carmel 360o”, conclui Nathalia.
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juventude > incubadora de ideias
Primeiras lições para o pequeno empreendedor INCORPORADA RECENTEMENTE À ESTRUTURA DA JUVENTUDE, A INCUBADORA DE IDEIAS É MAIS UMA OPÇÃO PARA ALARGAR OS HORIZONTES DE CRIANÇAS E JOVENS RUMO AO FUTURO
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s americanos criaram a expressão “pensar fora da caixa” e a Incubadora de ideias valeu-se dela para divulgar o novo serviço aos sócios. No final do primeiro semestre, grandes caixas coloridas em vários locais do clube sugeriam aos sócios a possibilidade de colocarem seus projetos em prática. “É esse o nosso objetivo, orientar e ajudar crianças e jovens na realização de um projeto, partindo do planejamento à fase final”, explica a responsável pela coordenação da Incubadora no clube, Sulima Pogrebinschi. A Incubadora faz parte de um investimento da Hebraica na área de inovação e empreendedorismo, dividido em duas vertentes bem definidas: o Merkaz, projeto em parceria com a CIP e o Fundo
Comunitário dirigido ao público universitário e pós universitário, e a incubadora, para o público infanto-juvenil. Em breve, a incubadora ganhará um espaço criado especialmente para ela em um recanto da Praça Jerusalém. “A ideia é situar a incubadora no coração da Hebraica, sem, contudo, interferir com a natureza à sua volta. Queremos estimular o pensamento lateral e o trabalho em grupo”, informa o diretor-superintendente Gaby Milevsky. Ao propor o trabalho com empreendedorismo na faixa infanto-juvenil, Gaby pesquisou e encontrou em Sulima, a profissional com a experiência necessária para “tocar” o projeto. Ela trouxe na bagagem os resultados positivos obtidos
IMAGEM DO FUTURO ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTO DOS PROJETOS DA INCUBADORA DE IDIAS
em seu trabalho com alunos de uma escola da comunidade e teve total acolhida na Hebraica. “A Incubadora se propõe a transmitir noções de empreendedorismo que se tornam úteis para todas as áreas da vida. Enquanto desenvolve um projeto, a criança descobre a importância da pesquisa, da inovação e as vantagens obtidas ao persistir, analisar questões por diversos ângulos e encontrar soluções para viabilizar sua ideia. Eu e os monitores da equipe acompanhamos esse processo, ensinando técnicas que a aproximam dos seus objetivos. Tudo isso acontece em um ambiente lúdico e criativo”, descreve Sulima. A proposta da Incubadora atraiu vários interessados e já nas primeiras semanas, Sulima orientou uma jovem no desenvolvimento de um aplicativo para celular e aplicou oficinas de demonstração no Hebraikeinu e outras áreas da Juventude. “Agora, em agosto, pais e crianças terão mais condições de conhecer nosso trabalho. A incubadora reúne grupos entre 8 e 17 anos para encontros de uma hora, duas vezes por semana”. Maiores informações no Heraikeinu 3818-8867 ou pelo e-mail sulima@hebraica.org.br
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AS FESTS NO ATELIÊ HEBRAICA RENDEM BOAS LEMBRANÇAS PARA O ANIVERSARIANTE E BRINDES PERSONALIZADOS PARA OS CONVIDADOS
Festas com criatividade UM GRANDE NÚMERO DE MÃES TEM OPTADO POR
COMEMORAR O ANIVERSÁRIO
DAS CRIANÇAS NO ATELIÊ, ONDE AS CRIANÇAS SE DIVERTEM COM UMA ATIVIDADE ARTÍSTICA,
SABOREIAM O BOLO E AINDA LEVAM COMO BRINDE ALGO QUE FEITO POR ELAS
S
extas à tarde. Esse é o período que o Ateliê Hebraica reserva para atender mães e crianças interessadas em surpreender familiares e amiguinhos do aniversariante com algumas horas originais e divertidas. “Nossa intenção é facilitar o trabalho da mãe, então em poucas etapas é possível organizar uma festa que dificilmente será esquecida tanto pelo aniversariante quanto por seus convidados”, explica Betty Lindenbojm, coordenadora do Ateliê. Para reservar o espaço do Ateliê, a mãe paga uma pequena taxa e informa à coordenação o número de convidados previstos. “A partir daí, dependendo da idade da criança, converso com o aniversariante e ele escolhe a atividade que seus amiguinhos farão. Pode ser a decoração de um baleiro, uma tela para ser enfeita-
da com guache ou outro objeto. Submetemos o orçamento à aprovação da mãe e a partir desse momento, a mãe só se encarrega do bolo e dos acompanhamentos e, se quiser, da decoração. O resto, fica por conta da equipe’, explica Betty. A satisfação das mães e dos pequenos com a solução para o aniversário tem levado a uma corrida pelas datas disponíveis na agenda do Ateliê. “Para nós é ótimo, estimula a equipe a desenvolver novas ideias de objetos que possam agradar às crianças e depois ter alguma utilidade em casa ou servir como recordação para os pequenos convidados das horas passadas em companhia dos amiguinhos fazendo um tipo de arte que qualquer adulto aprovaria”, conclui Betty. Para consultar a agenda e obter mais informações, basta ligar para 3818-8864. (M. B.)
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Duas sessões do show “Milim” com lotação total no teatro Arthur Rubinstein marcaram o final do semestre e evidenciaram a qualidade do trabalho dos coreógrafos dos grupos de dança folclórica e a integração entre os dançarinos, que consideraram esse o melhor espetáculo desse gênero, nos últimos anos.
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1. Merkaz promoveu primeiro curso de Excel Prático na Sala Plenária; 2. Renato Muszkat deu as boas-vindas ao público em mais um evento do Merkaz; 3 e 4. Rui Barros, da Impact Hub, ofereceu dicas e expôs exemplos de como apresentar seu projeto para investidores potenciais; 5. No final da palestra do Merkaz, os participantes saborearam hambúrguer vegano e refrigerante orgânico
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1 e 2. Terceira edição de A Ponte debateu o preconceito de gênero na atualidade; 3 a 6. Jovens Sem Fronteiras promoveram a festa Amoraté com o slogan “Ame Sem Pudor – Ame sem Poder”
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Nos dias frios de julho, cerca de 570 sócios, de 2 a 17 anos fizeram novas amizades, descobrir novos jogos e brincadeiras em um ambiente saudável proporcionado pelas colônias de férias e machané Choref do Hebraikeinu, Ateliê Hebraica, Espaço Gourmet, Escola Maternal e Infantil e Escola de Esportes; 1 e 2. Os pequenos se divertiram no início de julho com as atividades e passeios do programa de férias da Escola Maternal; 3. Adolescentes do Hebraikeinu 4 ansiosas pela hora de embarcar nos ônibus e se divertir na machané choref; 4. Para a criançada que gosta de mexer com artes, o Ateliê ofereceu cinco dias de diversão; 5. O Espaço Gourmet também promoveu colônia de férias
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TREINOS DA SELEÇÃO BRASILEIRA MASCULINA DE BASQUETE FORAM FEITOS NO CENTRO CÍVICO
Três nações em um clube A SELEÇÃO BRASILEIRA MASCULINA DE BASQUETE, NADADORES
JAPONESES COM ÍNDICE OLÍMPICO E ATLETAS DE TRÊS MODALIDADES DE ISRAEL UTILIZARAM A ESTRUTURA ESPORTIVA DO CLUBE PREPARANDO-SE PARA A OLIMPÍADA RIO 2016
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dultos e crianças fizeram da portaria da rua Angelina Maffei Vita um posto avançado de observação desde o início das manhãs e nos finais de para encontrar Nenê, Marcelinho Huertas, Leandrinho e outros jogadores da seleção olímpica de basquete, que treinaram no Centro Cívico nas semanas anteriores à estreia deles nos Jogos Olímpicos. No curto espaço entre as catracas e a entrada do ginásio, paravam atletas e a comissão técnica para autógrafos e fotos. Os treinos foram realizados sem público, exceto por algumas ocasiões em que as equipes de TV e rádio tinham acesso ao time. “Só temos a agradecer à Hebraica pela acolhida”, afirmou o técnico argentino Rubén Magnano, em entrevista coletiva de imprensa, em julho. “Funcionários do clube colaboraram e conseguimos trabalhar com a necessária privacidade, porque todos, sócios e praticantes de outras
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DELEGAÇÃO DE NADADORES OLÍMPICOS DO JAPÃO FORAM RECEPCIONADOS PELO PRESIDENTE AVI GELBERG
ATLETAS DA NATAÇÃO FORAM OS PRIMEIROS DA DELEGAÇÃO ISRAELENSES A INICIAR OS TREINOS NA HEBRAICA
modalidades respeitaram nossos horários de treinos”, completou. A equipe de basquete treinou até o último final de semana de julho e despediu-se dos sócios disputando dois jogos contra a seleção da Romênia com arquibancadas abertas ao público. “Os jogos são parte essencial do treinamento e eu esperava montar uma programação de oito partidas internacionais antes de seguirmos para o Rio de Janeiro, mas foi muito difícil conseguir que equipes do exterior estivessem no país tanto tempo antes da Olimpíada, então serão só seis jogos. Dois contra a Romênia, na Hebraica, e outros quatro em Mogi das Cruzes contra Argentina, Espanha e Lituânia. Ás vésperas dos jogos na Hebraica, Magnano dispensou o jogador americano naturalizado Larry Taylor e definiu os doze jogadores para os Jogos. “O fato de a Romênia não disputar a
Olimpíada não influi na importância desses jogos marcados para a quadra da Hebraica, para ver como está a química entre os jogadores, errarmos e corrigir o que for necessário”, comentou Leandro Barbosa, o Leandrinho, um dos destaques da seleção. Ele, Nenê, Hilário e Varejão iniciaram os treinos alguns dias depois dos colegas, após participarem das finais da NBA (National Basquet Association) como jogadores do Golden State Warriors e do Cleveland Cavaliers. “Para mim, treinar no Centro Cívico evoca muitas lembranças do início da carreira, pois joguei aqui muitas vezes e era muito amigo dos garotos que jogavam pela Hebraica. Praticamente me sinto em casa”, brincou o jogador. Em plena temporada de treinos do basquete brasileiro, a piscina olímpica foi equipada com raias e balizas oficiais como parte das condições neces-
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sárias para a preparação dos atletas das equipes de natação japonesa e israelense. A escolha da Hebraica para a adaptação dos atletas ao clima brasileiro exigiu visitas de especialistas japoneses, que testaram a temperatura e a qualidade da água da piscina. “Agradecemos a aquisição das balizas, pois só as novas raias estavam garantidas no acordo”, observou um integrante da equipe japonesa, pouco antes do primeiro treino dos nadadores. O coordenador da área competitiva da natação do clube Murilo Santos, informou que ali, na arquibancada, estavam campeões mundiais e olímpicos em diferentes estilos da natação japonesa. “Cada um conversa com o técnico e em seguida iniciam o treino”, comentou. Para o diretor de natação da Hebraica Gilberto Kon, a presença dos atletas japoneses e israelenses e a instalação dos novos equipamentos na piscina são muito promissoras. “Dá muito orgulho saber que esta é a nossa piscina e que muitos atletas batem à nossa porta em busca da qualidade da infraestrutura e dos técnicos que trabalham com a equipe”, afirmou, ao acompanhar a recepção à equipe nipônica. A vinda dos nadadores japoneses propiciou uma parceria com a empresa Ajinomoto para fornecer isotônicos e outros produtos utilizados por nadadores antes e depois dos treinos e competições. E o vice-presidente de Esportes Fábio Topczewski espera que o contato com atletas olímpicos sirva de exemplo aos sócios. “É bom todos saberem que esses garotos e garotas são pessoas comuns que se propuseram a alcançar algo e trabalharam em seu objetivo”, afirmou, pouco depois de partilhar com o presidente do clube, Avi Gelberg, a missão de recepcionar os recém-chegados. No dia seguinte, mais uma delegação do exterior usaria a piscina olímpica. “Os atletas da natação de Israel foram os primeiros a chegar e treinaram à noite. Em alguns dias, serão os judocas e a equipe de atletismo; por isso espalhamos bandeiras de Brasil, Japão e Israel pelo clube”, concluiu o presidente. (M. B.)
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esportes > in memoriam | por Bernardo Lerer
Para lembrar, sempre DIA 14 DE AGOSTO,
NOVE DIAS DEPOIS DA ABERTURA OFICIAL DOS
JOGOS OLÍMPICOS DO RIO DE JANEIRO, UMA SOLENIDADE NO
PAÇO MUNICIPAL
DA CIDADE VAI
HOMENAGEAR OS ONZE ATLETAS ASSASSINADOS
EM MUNIQUE, EM 1972, NA PESSOA DAS VIÚVAS DO HALTEROFILISTA
YOSSEF ROMAN,
ASSASSINADO E CASTRADO, E DO TÉCNICO DE ESGRIMA
ANDRÉ SPITZER
N
PLACA EM HOMENAGEM AO ATLETAS ISRAELENSES MORTOS. EM 1972, EM MUNIQUE
ão haverá minuto de silêncio como, há cada quatro anos, se vem solicitando ao Comitê Olímpico Internacional. Desta vez, na cerimônia de encerramento, serão homenageados todos os atletas mortos em circunstâncias trágicas, desde a instituição das Olimpíadas dos tempos modernos, há mais de cem anos. Nesta ocasião, os onze israelenses serão lembrados, e nada mais. Os judeus de modo geral, e Israel, em particular, queriam mais. Nem se pretendia algo dramático e pungente como na cerimônia de abertura dos Jogos Macabeus de 1973 em que o estádio de Ramat Gan parecia chorar e o silêncio era tal que somente se ouvia soluços. A nefasta combinação de burocracia com política que persegue o Comitê e dela faz parte sugerir que se evitem atos como este, mas nem por isso deixa de incluir, a pedido de uma entidade britânica, um inexplicável torneio de jogos eletrônicos que, como todos sa-
bem, exige grande esforço físico. Esta é a primeira vez que os Jogos são realizados na América do Sul, a segunda na América Latina (antes, no México), a terceira no Hemisfério Sul (em Sidney, Austrália), a 16 com a participação de Israel, desde 1948, com 12.500 atletas em 28 modalidades, duas a mais que nas de Londres, com a inclusão de, imaginem, rugby sevens e golfe. Mas lembrar os onze mortos de Munique, não. Isso é irrelevante e não conta pontos, nem medalhas. Eram apenas judeus. O fato de o Setembro Negro ter perpetrado o ataque ao edifício onde estavam instalados os atletas israelenses na Vila Olímpica de Munique, foi um evento que avançou para além do efeito propagandístico para chamar a atenção da opinião pública para a situação dos palestinos em meio ao maior acontecimento esportivo e midiático mundial. O que se pretendeu com isso deve e ser visto e analisado também como uma forma
de advertir os judeus para a capacidade de atacá-los onde quer que seja e, para isso, nada melhor do que escolher, como símbolo, a Alemanha e, como emblema, uma cidade onde tudo começou, Munique, testemunho e protagonista da história do Holocausto. Os assassinos de Munique pareciam querer dar o recado de que a tarefa genocida, iniciada em 1941, estava inconclusa. Por esta razão, se a homenagem é importante, e tem suas razões do ponto de vista de opinião pública, é fundamental que as pessoas tenham plena compreensão do seu significado e a implicação mais íntima que levou os membros do Setembro Negro a praticar o morticínio. Se fizermos os anéis que simbolizam os Jogos Olímpicos chorarem sangue eles devem ser entendidos como uma lembrança para o futuro, como se a história do Holocausto não tivesse acabado e suas lições não foram devidamente aprendidas.
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esportes > judô
Bons resultados A FASE REGIONAL DO CAMPEONATO PAULISTA ENGLOBOU A DIVISÃO ESPECIAL SUB-15, A DIVISÃO ASPIRANTE SUB-9 E AS CLASSES SUB-11 E SUB-13 EM UM DIA REPLETO NO GINÁSIO DO SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE
ANTES DE VENCEREM TORNEIOS MUNICIPAIS, ESTADUAIS E NACIONAIS, OS JUDOCAS TREINAM FORTEMENTE NA
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vantagem de se obter uma boa classificação na fase regional é a classificação direta do campeão e do vice na fase final do Paulista, enquanto os demais participantes enfrentam a fase interregional que também classifica os dois primeiros lugares para a final do Paulista”, explica Miriam Minakawa, uma das coordenadoras da modalidade na Hebraica. A equipe conquistou 25 medalhas, sendo onze de ouro, cinco de prata e nove de bronze. “O fato de quatro dos nossos atletas ficarem em quinto lugar também é digno de nota, já que esse resultado nos torna uma das equipes mais fortes da cidade de São Paulo”, destaca Miriam. Entre os atletas que garantiram sua participação na final do Paulista, estão os amigos Ariel Fridman e David Herszkovitch, do sub-9, que se enfrentaram na última final e subiram ao pódio como campeão e vice. Novato na classe sub-13, Samuel Balinger venceu as quatro primeiras lutas e perdeu a última ficando, portanto, com o título de vice-campeão. Tauane Gonçalves, Sarah Mello e Tayla Miriam Caldas também estarão no Paulista por já terem os títulos estaduais, obtidos na Copa São Paulo de Judô. Antes do encerramento do semestre, os judocas da equipe competitiva disputaram mais uma fase interregional incluindo a divisão aspirante sub-9, 11, 13 e 15, realizada no Club Esportivo da Penha no final de junho. Entre os sócios que se destacaram estavam Felipe Sufar, do sub-9, Zak Falbel Mello, do sub-11, Vitor Kuzniek do sub-15, que ficaram entre os cinco melhores sem suas categorias. Já Isabel Ramos do sub-9, João Francisco Rodrigues do sub-11 e Carlos Eduardo Nunes do sub-15 ficaram conquistaram o título de campeões em suas categorias. O mesmo Clube Esportivo da Penha foi palco do 16º Torneio da Juventude, com quarenta entidades participantes, entre as quais a Hebraica participou pela primeira vez. O esforço conjuto de atletas e técnicos resultou no título de campeão na contagem geral de pontos por equipe, 125, 21 primeiros lugares, cinco segundos lugares e cinco terceiros lugares. Entre os sócios, destaque para Samuel Balinge, Nuno Steuer e Guilherme Z. Minakawa. O primeiro compromisso da equipe competitiva será no Campeonato Paulista de Judô, dia 6. (M. B.)
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1. Nenê Hilário era um dos preferi-
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dos dos sócios na caça aos autógrafos; 2. As crianças trouxeram álbuns de figurinhas e camisetas para serem autografados pelos jogadores e equipe técnica de basquete do Brasil; 3. Felipe Wu treinou no estande de tiro esportivo e agradeceu o apoio do clube nas entrevistas para a mídia; 4. Fábio Topczewski recebeu diplomatas japoneses por ocasião da chegada dos nadadores japoneses que treinaram na Hebraica no período que antecedeu a Olimpíada; 5.Técnicos e nadadores israelenses trouxeram alguns equipamentos inusitados para aprimorar a força e a velocidade na piscina; 6. A nadadora israelense Zohar Shikler conquistou muitos fãs durante os treinos na piscina olímpica do clube
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1 e 3. O festivais de Ginástica Artística e de vôlei da Escola de Esportes “fecharam” a agenda de eventos do Departamento de Esportes no primeiro semestre; 2. Lúcia Pekelman Rusu e Suzana Mentone ainda comemoram o vice-campeonato do ITF realizado no Club Terrazas Ciudad Miraflores, no Perú; 4. Equipe de basquete sub-16 recebeu o time de São José no início de junho e ocupa o 3o lugar no grupo D do Campeonato Paulista
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1 e 4. Equipes femininas de vôlei pré-mirim e handebol enfrentaram os times do vizinho Esporte Clube Pinheiros em casa; 3. Aula aberta de circo foi uma das surpresas preparadas pelo Departamento Esportivo no último domingo antes das férias; 2. Sucesso total na Copa ACESC de Tênis para atletas sêniors
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magazine > negócios | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
TAMAREIRAS DO DESERTO DE ISRAEL
Melhores e mais doces tâmaras do mundo COMO ISRAEL SE TRANSFORMOU NO MAIOR EXPORTADOR
DO MUNDO DE TÂMARAS DE QUALIDADE. O BRASIL COMPRA DE ISRAEL APENAS QUARENTA TONELADAS POR ANO
H
á 150 anos, um dos primeiros arqueológos a pesquisar a Terra de Israel, Edward Robinson, escreveu em suas anotações que as famosas tamareiras bíblicas estavam extintas da Terra Santa. Hoje, no entanto, o moderno Estado judeu se tornou o líder mundial na produção do mais nobre tipo de tâmara, a madjul, e o responsável pela produção de 75% deste fruto consumido no mundo. Como esta revolução foi possível?
“Foi uma combinação do entusiasmo do agricultor israelense com a nossa localização num lugar único no mundo”, explicou o diretor de uma das maiores produtoras de tâmaras do país, Yaniv Cohen, à revista Hebraica, (leia a entrevista completa). Nesta história de empreendedorismo agrícola também houve momentos dramáticos. Nos anos 1950, o governo enviou uma expedição científica para tentar identificar pelo mundo onde existiam as famosas tamareiras bíbli-
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cas. A missão voltou com duas notícias: a boa, era que as tâmaras, sim, existiam; e a má, estavam no Iraque, país em eterno estado bélico contra Israel. Aí entrou a chutzpá (audácia, ousadia) israelense. Enviou-se uma missão secreta ao Iraque com o objetivo de comprar, embarcar e trazer para Israel centenas de mudas de tamareiras. Contrataram um navio de bandeira italiana, sem que o capitão soubesse o destino final das plantas. Quando o navio carregado de mudas entrou no Mediterrâneo, o capitão foi “convencido” a desembarcar o produto em Haifa. Em seguida, foram plantadas no deserto e se multiplicaram. Ali, as tamareiras encontraram um ambiente ideal. Quanto mais calor e sol inclemente, mais a tâmara sai doce de seu cacho. Ao mesmo tempo, é necessário intensa irrigação. E relembrou-se um antigo provérbio da Terra Santa, inspirado nas tamareiras do deserto: “Na cabeça, o inferno; nos pés, o paraíso”. Há uma grande variedade de tipos de tâmaras consumidas no mundo, mas Israel se especializou na maior e mais suculenta fruta, a chamada madjul. Além disso, é a que garante a maior margem de lucro. Cerca de 90% da produção preparada pela indústria agrícola israelense são destinadas à exportação. A tamareira é considerada uma árvore lucrativa, mas leva oito anos para retornar o investimento do agricultor. No pico de produção, cada árvore produz 120 quilos de tâmaras/ano. A planta vive bastante, até setenta anos, mas o problema é que fica cada vez mais alta e, por isso, a colheita acaba sendo feita com a ajuda de guindastes. As grandes plantações de tâmaras no deserto de Israel começaram para valer nos anos 1960. Hoje quem viaja os 170 quilômetros do lago Kineret até Massada, acompanha enormes plantações de tamareiras, quase sem interrupção. Em alguns pontos do deserto, há lençóis freáticos com água para alimentar as árvores. No restante, precisa ser feita irrigação, es-
FOLHA DA TAMAREIRA É UMA DAS QUATRO ESPÉCIES DE SUCOTCOLHEITA DA TÂMARA
pecialmente com água de esgoto tratada. A rota das plantações de tâmaras no deserto também contém um elemento político importante. Boa parte destas áreas estão no Vale do Jordão, ou seja, na Cisjordânia, território reclamado pelos palestinos. É uma estreita faixa de terra, entre o rio Jordão e as montanhas, e onde os kibutzim israelenses cultivam na areia do deserto. As organizações palestinas, especialmente o BDS, acompanham o êxito dos empreendedores israelenses e tentam miná-lo, especialmente nos sensíveis e lucrativos mercados europeus. Aí entra em campo novamente a criatividade do israelense de modo a que, para estes mercados mais agressivos e sensíveis, Israel envia as tâmaras produzidas no deserto do Arava, localizado totalmente em território israelense. Mas não é só o israelense que lucra com as tâmaras do deserto. Os palestinos também plantam a árvore por todo o Vale do Jordão, nos vilarejos ao lado dos kibutzim, e principalmente na cidade palestina independente de Jericó, a qual a Bíblia já identificava como “a cidade das tamareiras” (Dt 34). A produção palestina é exportada valendo-se da mesma estrutura de marketing criada pelos israelenses, e seguindo os acordos co>> merciais e de paz.
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magazine > negócios
Brasil consome pouco
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aniv Cohen ( foto) percorre os cinco continentes vendendo a tâmara israelense. Como diretor de marketing de uma das maiores cooperativas agrícolas de Israel, a Hadiklaim, ele também vai frequentemente ao Brasil. Todavia, agora ele é mais um sofrendo com a recessão do país. Leia a entrevista. Hebraica – O que representa o mercado brasileiro para a tâmara israelense? Yaniv Cohen – O mercado brasileiro é muito limitado. Estamos fazendo um esforço concentrado de vendas no Brasil há dois anos, sem muito sucesso. Tâmara de qualidade é um produto caro, quando comparado com outros frutos e dez vezes mais caro quando comparado com tâmaras de qualidade inferior. Mas vocês sabem que o Brasil atravessa uma recessão aguda? Cohen – Sim, claro. Mas o mercado da tâmara de qualidade não é a massa de consumidores, é sempre um nicho de mercado. O segredo é achar o consumidor certo. Não sei como está exatamente agora a economia da Argentina, mas lá vendemos muito mais que para os brasileiros. Quando conversamos na semana passada, você estava na Índia vendendo as tâmaras israelenses. Cohen – A Índia representa um grande potencial para nós. Enquanto o Brasil compra quarenta toneladas/ano de tâmaras, os indianos importam 150. Mas ainda é pouco comparado com os europeus. Só a Holanda, por exemplo, compra 2500 toneladas.
Qual o segredo do sucesso das tâmaras israelenses no mundo? Cohen – É uma combinação de dois fatores. Israel é um país agrícola por vocação, somos entusiastas e também precisamos disto. E há também o elemento climático. Nossas tamareiras estão plantadas no Vale do Jordão, num deserto que fica no lugar mais baixo do planeta. Mesmo que outro país consiga plantar estas árvores, não conseguirá as condições especiais que temos aqui.
Fruta bíblica Curiosidades a respeito das tâmaras de Israel ... ... elas são tão doces que o gosto parece de mel. Daí a expressão bíblica “terra do leite e do mel” é uma referência à tâmara ... a folha da tamareira é uma das quatro espécies de Sucot, o lulav ... quando Jesus se aproximou de Jerusalém, seus discípulos o saudaram abanando ramos da tamareira e dizendo Hosana (“Salve-nos”, em hebraico), daí a expressão Domingo de Ramos ... a fruta inspirou o rei Salomão a compor uma passagem sensual do Cântico dos Cânticos: “teu porte é semelhante à tamareira; e os teus seios, a seus cachos” (7:7)
Quem viaja os 170 quilômetros do lago Kineret até Massada, acompanha enormes plantações de tamareiras, quase sem interrupção. Em alguns pontos do deserto, há lençóis freáticos com água para alimentar as árvores
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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12 notícias de Israel
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Tarantino em Israel
Quem deu novamente as caras por aqui foi o cineasta Quentin Tarantino. A desculpa: participar do Festival de Cinema de Jerusalém; de verdade, rever a namorada, a israelense Daniela Pik, filha de famoso cantor local, de estilo brega, Tzvika Pik. Os dois se conheceram há seis anos, quando Tarantino veio ao Estado judeu apresentar o filme Bastardos Inglórios, que tratava da época nazista. A partir de então começou um namoro à distância, cujo capítulo mais recente foi um encontro em Paris, em que também se juntou Sharona, irmã de Daniela.
O governo anunciou que o desemprego em Israel caiu para baixíssimos 4,9%, o menor índice das últimas décadas. Este número é considerado ótimo também em termos internacionais. Tecnicamente para os economistas, isto significa que não há desemprego no Estado judeu, pois em países onde o desemprego está abaixo de 5%, na realidade as pessoas registradas sem ocupação estão apenas em processo de mudança de emprego. A força de trabalho israelense é de 3,9 milhões de pessoas, isto é, 64% da população estão prontos para o batente todas as manhãs.
Altos preços de moradia, elevado nível de pobreza, salários congelados – nada disto da realidade israelense impede o cidadão comum de se sentir bem por aqui. Segundo pesquisa do respeitável Israel Democracy Institute, 59% da população se consideram “satisfeitos” ou “muito satisfeitos” com a situação financeira pessoal. Foram ouvidas seiscentas pessoas, judeus e árabes. A faixa mais satisfeita é a de mais de 65 anos de idade. Já a moçada entre 25 e 44 anos, a mais insatisfeita. O instituto também perguntou em qual sistema econômico do mundo os israelenses gostariam de viver, e a resposta foi o escandinavo – altos impostos recolhidos pelo governo, mas com bom serviço público em troca.
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Lazer no Shabat Pela primeira vez na história, uma cidade judaica de Israel inicia um serviço de transporte público no Shabat. No mês passado, a prefeitura de Herzlyia colocou ônibus para funcionar a cada meia hora, para levar passageiros à praia, parques e outras áreas de lazer. Até então isso só funcionava em Haifa, cidade mista pela presença de significativa minoria árabe. A maneira de driblar a legislação do Shabat, que data da fundação do país, foi fazer o serviço gratuito. Pela lei israelense, transporte público é definido como pago.
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Ódio eletrônico Todos os dias, Israel sofre em média dois milhões de ataques cibernéticos contra computadores responsáveis por serviços de infraestrutura, como água, eletricidade e trens, segundo o diretor do Centro de Pesquisa Cibernético da Universidade de Tel Aviv, professor Isaac Ben Israel. O número aumentou de forma impressionante nos últimos quatro anos, quando se registrava “apenas” alguns milhares de ataques. Até agora, nenhum destes hackers odiosos conseguiu penetrar as defesas dos sistemas. Como contra-ataque, os israelenses conseguiram desenvolver técnicas para identificar o país e a organização de onde vem a ameaça. E sabe-se lá o que recebem como resposta.
Pesadelo da casa própria Continua rolando o maior tormento do cidadão médio de Israel: a prestação paga ao banco pela casa própria. O Banco Central anunciou que no último ano o custo de uma hipoteca aumentou 13,5%. Ou seja, quem esperou este ano para comprar um apartamento, vai pagar cem mil shekalim (ou noventa mil reais) a mais do que se tivesse fechado negócio em 2015. Por isso, a população em massa tem ido aos bancos pedir para estender o período do empréstimo. Portanto, em média o israelense levará 21 anos para pagar a casa, em comparação com dezenove anos fixados em 2015.
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Casal do bem A Universidade Ben Gurion, localizada no deserto do Negev, recebeu a maior doação para uma instituição na história de Israel. O casal norte-americano Howard e Lottie Marcus, que fugiu do nazismo nos anos 1930, deixou quase toda sua fortuna, U$ 400 milhões, para a universidade. O casal quis financiar pesquisas especialmente no desenvolvimento do deserto, dessalinização e água, que eles acreditavam ser “peça-chave para se chegar à paz no Oriente Médio”. O casal fez fortuna associando-se, há cinquenta anos, com um então jovem investidor, Warren Buffett. Lottie faleceu no ano passado aos 99 anos de idade e Howard, em 2014, com 104 anos.
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Mínimo que é máximo
Nova Yerushalaim Jerusalém prepara-se para mais uma grande transformação em sua longa história, porque a prefeitura vai aprovar um projeto que fará da entrada da cidade – para quem vem de Tel Aviv – um impressionante centro de negócios com nove arranha-céus novos. A ideia é aproveitar as novas vias de transportes para a capital que estão sendo construídas: a duplicação da estrada número 1 e o novo trem expresso de Tel Aviv que diminuirá o trajeto para 28 minutos. Ambas as vias terminarão neste novo centro de negócios. Agora, o prefeito da cidade, mais o diretor da Escola de Artes Bezalel, estão escolhendo o escritório de arquitetura que fará a obra. Entre os concorrentes, a inglesa Gensler, responsável pela sede do Facebook na Califórnia.
No mês passado, o governo israelense anunciou várias medidas econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo no país. Agora, quem trabalha oito horas por dia durante cinco dias da semana, não pode receber menos que 4.825,00 shekalim (equivalente a R$ 4.300,00). O aumento foi de 3,8%, considerado bem generoso considerando que a economia israelense está deflacionária, com os preços caindo no país. É o terceiro aumento do salário mínimo em apenas dois anos. E o reajuste já tem data marcada, 1o de janeiro de 2017.
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Drama nos céus Tudo corria bem no voo Nova York-Tel Aviv no mês passado, até as autoridades da Suíça, por onde sobrevoava o Boeing 747 da El Al, receber informação dos norte-americanos que poderia haver uma bomba no avião. As autoridades suíças soaram o alarme para a população em terra e despacharam dois caças para acompanhar a aeronave, preparados para derrubá-la em caso de extrema emergência. Quando o avião deixou o espaço aéreo suíço, foi a vez de jatos franceses e búlgaros acompanharem de perto o trajeto. O drama continuou até que os norte-americanos retiraram o alerta. Os passageiros só ficaram sabendo do que rolou após a aterrisagem.
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Muro para Gaza
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O Ministério da Defesa de Israel aprovou um projeto para acabar de vez com a ameaça dos túneis escavados pelo Hamas a partir de Gaza para penetrar no país. Será construído um muro estupidamente profundo, dezenas de metros areia adentro. Isto vai anular a possibilidade de construção de túneis da maneira como são feitos hoje com a tecnologia rudimentar dos palestinos. Para complementar, o muro também subirá alguns metros acima do solo para evitar infiltrações e ação de francoatiradores. No passado, a ideia de um muro cavado de forma profunda já circulara na Kiryá de Tel Aviv, o Pentágono israelense, mas engavetada pelo alto custo. Agora conseguiram viabilizar o projeto, ao custo de “apenas” U$ 500 milhões. O muro terá sessenta quilômetros de extensão, ao longo da fronteira com o território palestino. Será a terceira linha de separação de Gaza já erguida por Israel, depois da primeira, construída pelos acordos de Oslo e a segu nda, após a retirada unilateral comandada por Ariel Sharon. Nenhuma delas conseguiu barrar os túneis do Hamas.
Filosofia solar É verão em Israel. O sol daqui é bem diferente do que se sente num país tropical. Aparece lá pelas sete horas da manhã e não é desafiado por nenhuma nuvem ou chuvinha até às sete da noite, quando, enfim, desaparece, deixando grande alívio e a sensação de gratidão por mais uma noite fresca. Em toda a costa israelense, onde vive a maioria da população (Tel Aviv, Haifa, Herzlyia, Ashdod, Ashkelon) a noite continua abafada, pela umidade. Refresco mesmo só nas montanhas, em Jerusalém ou Sfat. O sol daqui é do deserto, inclemente, e pouca gente tem consciência de que Israel é a última faixa de terra verde antes do início do maior bloco de deserto do mundo. Mas, na realidade, somente o verão é a estação mais difícil por aqui – os restantes nove meses do ano vão do agradável ao muito agradável. E de uma maneira bem esquisita, temos de agradecer por estes três meses inclementes, que tornam a terra seca e agressiva. Não fosse o verão, e esta região seria muito mais atraente e os judeus não a encontrariam, dois mil anos depois, ainda incultivada e com lugar para se estabelecer. Outros povos estariam vivendo aqui de maneira bem mais intensa que os árabes estavam, e o sionismo não teria sido mais possível. Por isso, o negócio é passar um creme de proteção solar e relaxar.
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magazine > arte | por Meir Soloveichik*
UM DETALHE DE MOISÉS COM OS DEZ MANDAMENTOS, DE REMBRANDT, 1659
A expressão judaica da pintura de Rembrandt NÃO SÓ DE BELEZA IMPRESSIONANTE, A SUA PINTURA DE MOISÉS
SEGURANDO OS DEZ MANDAMENTOS TAMBÉM PASSA A SER UMA DAS OBRAS DE ARTE MAIS AUTENTICAMENTE JUDAICAS JÁ CRIADAS
A
melhor imagem de Moisés com as tábuas dos Dez Mandamentos no Monte Sinai é o profeta e as duas tábuas com inscrições hebraicas feitas por Rembrandt van Rijn, em 1659. Além da beleza, a pintura também é uma das obras de arte mais judaicas já criadas. O grande mestre holandês corrigiu o erro exegético e escultural cometido por Michelângelo na mais famosa representação de Moisés na história da arte. O livro do Êxodo descreve como, ao descer do Sinai, Moisés não percebeu que estava kikaran or panav, o que, por analogia errada com a palavra keren, “chifre”, comentaristas bíblicos cristãos usaram a palavra karan para significar “com chifres”, levando aos “chifres de luz” vistos na cabeça do Moisés de Michelângelo no túmulo do papa Júlio II, e em outras representações artísticas dele. Mas Rembrandt compreendeu que a tradução mais exata da frase bíblica era: Moisés não percebera que seu rosto “brilhava”, assim como brilha nesta pintu-
ra. Segundo o historiador Simon Schama, a escuridão da cena “só faz essa luz brilhar mais intensamente”. Schama também observou que Rembrandt transformou os chifres, comum em gravuras europeias contemporâneas da cena, em “tufos de cabelo no centro da cabeça (de Moisés). O Moisés de Rembrandt não é bonito, mas também não é feio; um ser humano normal, cujo rosto, sem que soubesse, banhou-se de luminosidade divina. E isso faz esses cativantes tufos de cabelo, essas pequenas pinceladas de tinta, também serem significativos como exemplo da “normalização” dos judeus na arte holandesa. Para Steven Nadler, em Rembrandt’s Jews (Os Judeus de Rembrandt), em muito da arte medieval e renascentista “o judeu não é apenas moralmente degenerado, mas de natureza sinistra e completamente diferente”, de “olhos esbugalhados, pálpebras pesadas, nariz adunco, pele escura, grande boca aberta e lábios grossos, carnudos”, os judeus são feitos para parecerem “mais como personagens de desenhos animados do que seres humanos naturais”. Mais Nadler: de repente…
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“...chegamos à arte holandesa do século 17, onde encontramos... nada; simplicidade absoluta... a feiura e a deformidade estão lá, mas representam os pecados e as manias comuns a toda a humanidade.... Mais de um século após a emancipação política, na Holanda, os judeus experimentaram lá uma libertação estética sem precedentes.” O rosto e a fronte de Moisés evidenciam a profunda simpatia de Rembrandt pelos judeus e pela tradição judaica. Observem com mais atenção as Tábuas da Lei. Elas são arredondadas, enquanto segundo a tradição rabínica tinham bordas quadradas. No entanto, muitas sinagogas representam as tábuas arredondadas, como a sinagoga Bevis Marks, a mais antiga da Grã-Bretanha, inaugurada em 1701. O verdadeiro caráter judaico das tábuas pintadas por Rembrandt não reside na forma, mas na escrita. Para quem não lia em hebraico, a caligrafia de Rembrandt é requintada e fiel, e a ortografia, quase perfeita. Entre os contemporâneos holandeses, isso era incomum; nas obras da época a escrita hebraica era caricatural. Mas, segundo Nadler, Rembrandt “era diferente”: de fato, “nenhum outro pintor não-judeu na história... igualou sua capacidade de fazer do hebraico – o hebraico real – elemento integrante da obra”. O mais notável na pintura é a letra bet no oitavo mandamento, lo tignov (“Não furtarás”); para manter a linha com as letras acima dela, as extremidades horizontais da letra são alongadas, como faria um sofer, um escriba da Torá. E há mais, como a colocação dos mandamentos nas tábuas. Enquanto a primeira tábua é quase obscurecida da vista do espectador, o texto na segunda tábua começa com lo tirtsa: a proibição de assassinato, o sexto mandamento. Rembrandt presumiu que os mandamentos fossem divididos igualmente, cinco em cada tábua – para os judeus, um arranjo correto, mas, no contexto da época e do lugar, revolucionário. Existem imagens das tábuas da lei em muitas igrejas na Holanda, com as palavras do Decálogo na tradução holandesa. Mas como a própria Bíblia não explica quais declarações aparecem em qual tábua, artistas e religiosos decidiram distribuí-las. O padrão era os quatro primeiros mandamentos, o último a obrigação de guardar o sábado, em uma tábua, e os outros seis, a partir de honrar pai e mãe, na outra. E havia lógica nisso, pois os quatro primeiros mandamentos parecem pertencer exclusivamente à relação entre homem e Deus, enquanto o resto, a começar pelos deveres para com os pais, parecem se concentrar em obrigações éticas entre os humanos. Mas a divisão judaica tem um modo próprio de ver. Para os judeus, era perfeitamente adequado incluir a mitzvá de honrar os pais na tábua com tudo sobre Deus, porque pai e mãe refletem o amor paternal de Deus para com a humanidade e para o com o povo judeu. E honrando os pais, honra-se a Deus. Intencionalmente ou não, a ordem de cinco mandamentos de cada lado feita por Rembrandt, que restaura implicitamente honrar os pais à tábua relacionada com Deus, atesta a centralidade da família no cerne da relação judaica com o divino.
As tábuas seguradas pelo Moisés de Rembrandt Isso nos traz ao elo mais próximo e fugidio entre esta pintura e o judaísmo. Dos exemplos da familiaridade de Rembrandt com assuntos judaicos, pode-se facilmente inferir a presença em sua vida de uma conexão judaica real. Mas quem, no caso desta pintura, poderia ter sido tal contato? É de conhecimento geral que o “rabino” de Rembrandt em Amsterdã foi Menashe ben Israel, nascido em Portugal, cuja família mudou-se para a Holanda, em 1610, para escapar da Inquisição, e que se tornou um proeminente pensador, escritor e diplomata. Sua influência direta na obra anterior de Rembrandt Festa de Belsazar (1635) tem sido amplamente documentada. Mas o rabino não estava mais vivo em 1659, quando a pintura de Moisés foi criada. Mesmo assim, como observou o historiador de arte israelense Shalom Sabar, a obra está, também, “fortemente ligada à comunidade sefardita [holandesa]” por, especificamente, “uma evidência curiosa”. A evidência de Sabar é a coloração de ambas as tábuas e as letras hebraicas. Normalmente, seria de esperar letras pretas em pedra branca. Em vez disso, Rembrandt nos deu letras douradas em pedra preta. Curiosamente, esta escolha estética ecoa as duas tábuas coroando a arca de madeira em Esnoga, a magnífica sinagoga dos judeus sefarditas portugueses de Amsterdã. Lá está presente a mesma divisão de cinco mandamentos por tábua, e as letras “são feitas de cobre colocadas em madeira, sua coloração e aparência também uma reminiscência da pintura [de Rembrandt] –, assim como a belamente alongada letra bet em lotignov. O problema aqui é que a sinagoga foi construída vários anos após a morte de Rembrandt, o que significa que a conexão judaica e sefardita em suas letras é, ao mesmo tempo, óbvia e misteriosa. Algum dia poderemos saber mais a respeito disso. Outra questão permanece: exatamente qual cena bíblica Rembrandt está representando? Muitos historiadores da arte presumem que Moisés, tendo >>
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O caráter judaico real das tábuas pintadas por Rembrandt não residem na sua forma, mas na sua escrita. Para um artista que não lia em hebraico, a caligrafia de Rembrandt é, ao mesmo tempo, requintada e fiel, e a ortografia, quase perfeita
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magazine > arte
>> descido o Monte Sinai com o primeiro conjunto de tábuas, e visto os israelitas no culto desenfreado do bezerro de ouro, é visto aqui içando as tábuas sobre sua cabeça, prestes a quebrá-las em uma manifestação furiosa e indelével da quebra da aliança divina. Na verdade, o título da pintura, às vezes dado como Moisés com os Dez Mandamentos, aparece talvez com mais frequência como Moisés Quebrando [ou Destruindo] as Tábuas da Lei. No entanto, nem todos veem no rosto de Moisés uma expressão de raiva. Além disso, como Schama observa, “a Bíblia deixa claro que Moisés quebra tábuas não quando ele está [ainda] na montanha, mas depois chegar ‘perto, diante do acampamento’ e visto ‘o bezerro e as danças’”. Ainda mais significativamente, os milagrosos “raios de luz” a que a pintura claramente alude estão associados na Bíblia precisamente com o segundo conjunto de tábuas. Para Schama, o que Rembrandt “nos leva a imaginar, no sopé do Monte Sinai, [é] o encontro dos pecadores arrependidos que, apesar de sua devassidão, tinham recebido, através do favor que Moisés encontrou com o Senhor, a sua aliança”. Ele acrescenta, mais uma vez de forma plausível, que para Rembrandt esta manifestação da misericórdia divina tam-
UM DOS MUITOS AUTORRETRATOS DE REMBRANDT
(1660)
bém teria “mais estreitamente correspondido à doutrina calvinista da salvação pela graça”. E ele aponta para ainda outro fato: que o Monte Sinai na pintura é colorido de um tom marrom amarelo-castanho monocromático com “a figura do profeta grosseiramente vestido, fundido asperamente, como se tivesse saído da própria pedra” – fato que Schama atribui, principalmente, à significância estética, mas que nós podemos ver como estranhamente produzindo uma instância de um tema especificamente judaico. Como Rembrandt – leitor cuidadoso da Bíblia – deve ter notado, o primeiro conjunto de tábuas da lei foi dado diretamente por Deus, mas o segundo foi esculpido por Moisés, ou, por assim dizer, foi extraído da própria pedra por Moisés. O esforço humano necessário para criar o segundo conjunto, o que restaurou a aliança, traz à mente um paradoxo eloquentemente descrito pelo rabino Jonathan Sacks. O rabino comenta que as primeiras tábuas “eram talvez o objeto mais sagrado na história: do início ao fim, a obra de Deus. No entanto, dentro de horas jazia destruído, quebrado por Moisés quando viu o bezerro e os israelitas dançando em torno dele”. As segundas tábuas, esculpidas por Moisés com as letras mais uma vez gravadas pelo dedo de fogo de Deus, eram eternas. Aqui reside uma anomalia. Sacks pergunta “por que o objeto mais sagrado foi quebrado enquanto o menos santo ficou inteiro?” A resposta: Ao receber as primeiras tábuas, Moisés era passivo. Portanto, nada nele mudou. Para o segundo conjunto, ele foi ativo. Ele participou da realização. Ele esculpiu a pedra em que as palavras foram gravadas. É por isso que ele se tornou uma pessoa diferente. Sua face brilhou. [Ênfase adicionada] A intervenção milagrosa de Deus muda o universo, mas apenas a nossa parceria na aliança nos muda. Em seu próprio ensaio sobre a pintura, Shalom Sabar cita a sugestão de estudiosos anteriores de que a imagem de Moisés segurando as tábuas acima da cabeça pode ter sido influenciada por uma visita a uma sinagoga, onde Rembrandt poderia ter testemunhado a cerimônia de hagbahá, a elevação e exibição do rolo aberto da Torá. Seja verdade ou não, a sugestão recorda o verso padrão recitada durante este mesmo ritual: “E esta é a Torá que Moisés colocou diante dos filhos de Israel”. Moisés recebe o crédito pela Torá, e com razão, pois é ele quem meticulosamente esculpiu o segundo conjunto das tábuas da lei e, assim, restaurou a aliança entre Deus e Israel. Em suma, de todos os elementos judaicos nesta pintura extraordinária, o mais genuinamente judeu pode ser a imagem de Moisés extraindo da montanha a própria palavra de Deus: a mesma palavra divina cuja doação ao povo judeu é celebrada a cada ano no festival de Shavuot. * Meir Soloveichik é rabino na Congregação Shearith Israel, em Nova York, e diretor do Centro Straus para a Torá e Pensamento Ocidental na Universidade Yeshiva
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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch
Os judeus mais influentes da História DE TEMPOS EM TEMPOS ALGUÉM RESOLVE COMPILAR UMA LISTA DOS 100 MAIS. JOGADORES DE FUTEBOL, NADADORES E ATLETAS EM GERAL BOOK OF RECORDS. ARTISTAS, DIRETORES DE CINEMA, E OUTRAS FIGURAS DO SHOW BUSINESS SÃO TAMBÉM FREQUENTADORES REGULARES DESTAS LISTAS. E OS JUDEUS?
OBVIAMENTE JÁ FIGURAM NO GUINNESS
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les estão presentes tanto explicitamente, como sem os devidos créditos. Sim, porque em muitas de tais relações, uma parcela não desprezível dos expoentes é constituída de correligionários, embora em funções alheias e ocasionalmente até contrárias aos preceitos mosaicos. Exemplo disso são as figuras históricas do cristianismo. Sabe-se que os fundadores desta religião eram judeus, ou pelo menos nasceram como tal em plena terra de Israel. Todavia designá-los como israelitas é uma ousadia, que poucos judeus ou mesmo cristãos aprovariam. Outro, é Karl Marx (1818-1883). Membro obrigatório dos círculos dos 100 Mais, ele efetivamente nasceu no seio da comunidade judaica da Prússia (atual Alemanha), com vários rabinos na genealogia. No entanto, não somente o pai e toda a família se converteram ao cristianismo junto, ainda na sua infância, como em muitos dos seus textos ele revela intolerância, se não verdadeiro ódio, pelos antigos correligionários. Merecem lembrança pela autenticidade e apelo universal o grande líder Moisés (seculo 13 antes da Era Comum), o patriarca Abraão (século 20 antes EC), o rei David (século 11 antes EC), Maimônides (1135-1204), e em tempos bem mais recentes Theodor Herzl (1860-1904), Sigmund Freud (1856- 1936) e Albert Einstein (1879-1955). O grande número de gigantes da Bíblia se justifica pela enorme divulgação mundial desta obra, embora nem todos saibam distinguir a Bíblia Judaica daquela que não o é. Nomes relativamente recentes (séculos. 19 e 20) também são fáceis de se entender. As pessoas se identificam mais facilmente com personagens cujas biografias e escritos leram, cujas fotos se encontram estampadas em documentos acessíveis e cujas contribuições ainda reverberam à distância. Albert Einstein talvez seja o mais citado, pois a cada poucos anos mais e novas pesquisas científicas confirmam a genialidade das teorias de matéria, energia, tempo e espaço que formulou. Poucos sabem que quando Israel foi fundado, ele foi a primeira escolha para presidente do país. Todavia ele não tinha
qualquer base ideológica ou religiosa, um cientista em estado puro, e declinou do convite. Quem assumiu foi Chaim Weitzman (1874-1952), um químico internacionalmente premiado, mas sem o fulgurante brilho de Einstein. Em contrapartida era um sionista de primeira água, um dos grandes pensadores, políticos e batalhadores pela ressuscitação da pátria judaica. Em entrevistas ele costumava declarar: “Porque não a península de Kamchatka (Sibéria), Alasca, México ou Texas? A culpa foi de Moisés. Em vez de guiar o povo de Israel rumo ao rio Jordão, ele poderia ter conduzido a coletividade para o rio Missíssipi por exemplo. Nós somos um povo antiquíssimo e não podemos renegar nossa história nem nossas raízes.” David Ben-Gurion (1996-1973) também é lembrado como quem proclamou a independência de Israel. Conta-se que, ao morrer e chegar ao céu, um anjo o recebeu com detalhadas informações: – Como é do seu conhecimento, os tzadikim (justos), que cumprem mitzvot (mandamentos), são eleitos para o Gan Eden (paraíso). Os reshaim (pecadores), por sua vez, caem prontamente no Gehinom (inferno). Sabemos que você não era religioso nem se preocupava muito com a Torá. Mas restaurou o Lar Nacional Judaico em Israel, na terra dos ancestrais Abraão, Isaac e Jacob, materializando a épica jornada que Theodor Herzl, e milhões de outros, não viveram para testemunhar. O objetivo de kibutz galuiot (reunião das diásporas), descrita no livro de Devarim (Deuteronômio, capítulo 30), está tão acima da capacidade das pessoas, que não foi relacionada entre os 613 deveres do judeu. O Mashiach (Messias) certamente cumprirá esta mis-
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O TEXTO CONTA UMA FÁBULA EM TORNO DE DAVID BEN GURION
são em tempos vindouros, conforme antecipado pelo Rambam (Maimônides, 1135–1204) em Mishné Torá-Hilchot Melachim (Recapitulação da Torá, Leis Reais, capítulo 11). Em tempos bíblicos Ezra Hasofer (o escriba Ezra, livro homônimo, capítulo 8), já alcançou este mérito, ao reconduzir à Terra de Israel muitos exilados da Babilônia (ano 457 antes da Era Comum). Contudo, após a destruição do Segundo Templo (ano 70), praticamente ninguém chegou perto deste feito. Seu governo resgatou quase 50.000 judeus iemenitas ameaçados, na operação Tapete Mágico (1949-1950). Outros 50.000 judeus de várias partes, encarcerados pelos ingleses em Chipre a partir de 1945 pelo simples desejo de imigrar para Israel, também puderam trocar seus farrapos de prisioneiros pelas vestes dignas da cidadania. Alguns aspectos deste último episódio são abordados de forma um tanto romanceada no filme Êxodus, de Otto Preminger (1960), e no livro de igual nome, escrito por Leon Uris (1958). Órfãos, viúvas e pessoas que perderam tudo no Holocausto, encontraram refúgio na nação cuja existência você proclamou. Correligionários perseguidos e maltratados de muitos países, rumaram em busca de abrigo e acolhimento certo, sem favores nem riscos, pois já contavam com uma pátria. Por esta razão você terá um privilégio especial. Você poderá escolher onde deseja permanecer, aqui no outro mundo. Nós faremos um breve tour e, no final, você dará a resposta. Primeiro, o anjo o levou ao Gan Eden. Lá havia muitos velhinhos de barba branca, todos envoltos em talit (xale de orações), estudando Torá e Gemará, e cantando Salmos: patriarcas, profetas, reis, juízes, e todos os grandes nomes da rica história judaica. Uma suave brisa tangia as cordas da harpa do rei David (Gemará, tratado Berachot, capítulo 3),
liberando acordes harmoniosos. O local era claro, perfumado (Gênesis – Bereshit Capítulo 27) e agradabilíssimo, e Ben-Gurion se recordou do shabat (Zohar Trumá), no shtetl onde nasceu, na Polônia. Entretanto, não tomou nenhuma decisão. Depois, foram para o inferno. Lá viu pantagruélica comilança e bebedeira, e muitas luzes coloridas, enquanto música tocava em alto volume, e muitos dançavam e pulavam. Ou seja, uma festa animada. Ben-Gurion até pensou que, afinal, o inferno não é tão feio quanto pintam, quando avistou uma cortina ao fundo. Curioso, puxou a cortina e parou, horrorizado. Num ambiente cheio de fogueiras milhares de pessoas gemiam sob os castigos dos demônios. No seu ídiche nativo, gebrente tsures (sofrimentos ardentes). O próprio Satã percebeu seu choque, e veio se explicar: – A imagem do Gehinom é péssima e, portanto, depois de milhares de anos já deveríamos estar falidos e acabados. Por isso, para se manter no mercado e prosperar, é indispensável ser bom negociante, investindo em propaganda e marketing. Por esta razão caprichamos o mais que podemos.
O grande número de gigantes da Bíblia se justifica pela enorme divulgação mundial desta obra, embora nem todos saibam distinguir a Bíblia Judaica daquela que não o é
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magazine > a palavra | por Philologos
Como palavras em ídiche entraram no alemão SÃO SÉCULOS DE RELAÇÕES COMPLICADAS E AMBIVALENTES E, ÀS VEZES, SECRETAMENTE ÍNTIMAS ENTRE UMA
SOCIEDADE CRISTÃ, EM GRANDE MEDIDA ANTISSEMITA, E SUA MINORIA JUDIA
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á pouco mais de dois meses, e sem indicação do remetente, recebi pelo correio o livro Gauner, Grosskotz, Kesse Lola: Deutsch-Jiddische Wortgeschichten (Gauner, Grosskotz, Kesse Lola: Histórias das Palavras Germano-Ídiches), escrito pelo linguista alemão Christoph Gutknecht, com mais de sessenta divertidos pequenos ensaios a respeito das palavras derivadas do ídiche da Europa Ocidental que entraram na língua alemã e as histórias complexas do que aconteceu com elas lá. (O ídiche do Oeste Europeu, completamente diferente dos dialetos do Leste Europeu, mais familiares e que se desenvolveram a partir dele, já era falado por judeus na Alemanha, Áustria, Suíça e outros lugares.) Não seria difícil fazer uma longa lista semelhante de palavras em ídiche do Leste Europeu que entraram para o inglês americano contemporâneo, mas a história de sua vida em inglês seria, no seu conjunto, simples e direta. Palavras como maven, chutzpá, shmooze, shlep, tchotchke e assim por diante foram todas introduzidas no vernáculo americano no século 20 por imigrantes de língua ídiche da Europa Oriental; continuaram a ter mais ou menos os mesmos significados em inglês que tinham em ídiche; e raramente foram alteradas para além do fácil reconhecimento pela mudança fonética, inflexão gramatical, ou se compondo com outras palavras inglesas. Embora esses termos deem uma prova impressionante da aculturação judaica em uma sociedade americana aberta a culturas estrangeiras, sua trajetória linguística não seria mais notável do que as palavras pizza, kindergarten, chic, e outros empréstimos modernos de línguas estrangeiras. Não foi bem este o caminho tomado pelas palavras em ídiche da Europa Ocidental para o alemão. Lá, sua presença muitas vezes retrocede centenas de anos, sendo frequentemente velada ou obscurecida completamente pelas vicissitudes da mudança linguística, e conta uma história de relações complicadas, ambivalentes e, às vezes, secretamente íntimas entre uma sociedade cristã, em grande medida antissemita, e a minoria judia. Além disso, enquanto as palavras ídiches que fizeram o seu caminho ao inglês têm etimologias hebraica, germânica e eslava praticamente na mesma proporção do que se encontra no vocabulário geral do ídiche, a origem das palavras ídiches em alemão é esmagadoramente hebraica. Eis, como exemplo, a primeira palavra do título de Gutknecht, Gauner. Isso significa “vigarista” ou “trapaceiro”, e Gaunersprache, “linguagem Gauner”, denota o jargão de ladrões – especificamente, a antiga gíria do submundo da Alemanha conhecida como Rotwelsch. Esse termo é composto por Rot, jargão dos ladrões para “mendigo”, e Welsch, que se refere, em alemão medieval, não a Welsh/galês, mas a “Gaullish”, ou seja, francês e, por extensão, todo discurso incompreensível. O as-
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pecto mais antigo documentado de Gauner remonta a 1430, quando surgiu no sentido de um jogador de cartas, como Juonner. (O “j” alemão é pronunciado como o inglês “y”, e é trocado pelo “g” forte em muitos dialetos alemães.) Palavras derivadas posteriores incluem ergaunern, enganar; gaunerei, negociações afiadas ou desonestidade; e gaunerhaft, trapaceiro ou desonesto. Não há nada a respeito de Gauner que indique a sua origem como uma palavra ídiche. No entanto, Gutknecht cita o trabalho do filólogo alemão Alfred Landau, que mostra de forma convincente que o termo provém do ídiche yovon, isto é, grego, que, por sua vez, deriva do hebraico yavan, Grécia. Segundo Gutknecht, na Europa do final da Idade Média, os gregos errantes, com os números inchados pela conquista turca de Constantinopla em 1452, eram conhecidos como tubarões de cartas, uma reputação que levou ao significado grecque, em francês, conforme diz o autor Ange Goudar, no século 18, em Histoire des grecs ou de ceux qui corrige la fortune au jeu, “uma história de gregos ou aqueles que procuram a sua fortuna na mesa de jogo”. Muitas palavras ídiches entraram para a Rotwelsch, que possuía um grande vocabulário derivado do ídiche e do romani/cigano. Os judeus e ciganos eram desproporcionalmente representados nas classes criminosas da Alemanha, como membros de minorias discriminadas tendem a ser em todos os países, e isso não é nenhuma surpresa. O submundo é o único setor em muitas sociedades em que a igualdade entre os diferentes grupos étnicos e religiosos é verdadeira, pois embora possa não haver nenhuma honra entre ladrões, também não existe qualquer esnobismo social. É também por isso, como Gutknecht aponta, que palavras ídiches em Rotwelsch eram quase sempre de origem hebraica, pois o vocabulário ídiche germânico teria sido inútil para esconder um dos significados dos que falavam alemão. Afinal, o objetivo do jargão dos ladrões, assim como o de muitas gírias, é iludir a compreensão das pessoas de fora do grupo. E, como nas gírias de modo geral, muitas palavras da Rotwelsch, pois os significados delas se tornaram conhecidos por pessoas de fora, entraram no discurso do grande público, começando com dialetos regionais e se espalhando deles para o resto da Alemanha. Enfim, quem poderia imaginar, por exemplo, que o adjetivo alemão contemporâneo stiekum, que significa “despercebido”, “secreto”, ou “imperceptível”, também vem do hebraico, via tanto ídiche como Rotwelsch? Mas, como Gutknecht deixa claro, stiekum remonta ao shtike do ídiche da Europa Ocidental, “silêncio”, que vem do shtiká hebraico, ao qual foi adicionado, provavelmente por estudantes brincalhões, o sufixo de som latino – um. Provavelmente a palavra começou sua carreira na Rotwelsch como uma interjeição: “Stieke”,
quando estava em discussão um assunto que não era para todos os ouvidos, alguém que falasse Rotwelsch diria para o outro “Stieke!”, se um estranho estivesse ouvindo. Segundo Gutknecht, no distrito de Hesse a exclamação Bisde [Bist du] schdigum! significa até hoje “Fique quieto!” No alemão moderno coloquial um Stiekummer é alguém que trabalha de forma eficaz nos bastidores. Às vezes, frases inteiras em alemão escondem fontes hebraicas que só elas podem explicá-las. Há, por exemplo, uma expressão alemã, kennen wo der Bartel den Most holt, que pode ser traduzida como “conhecer as cordas” ou “saber qual ponta é para cima”, mas cujo sentido literal de “saber onde Bartel recebe o suco de uva [ou ‘vinho jovem’]” não tem sentido. Várias etimologias populares têm procurado dar sentido a essa expressão tomando, por vezes, Bartel como uma forma abreviada do nome de Bartholomew, um servo supostamente enviado para buscar vinho para seu mestre. Gutknecht diz, no entanto, que na realidade Bartel é uma distorção fonética da palavra Rotwelsch de origem ídiche Barsel, que vem do hebraico barzel, “ferro”, e Most, uma distorção da palavra ídiche mo’os ou mos, “dinheiro”, do hebraico ma’ot. Um Bartel em Rotwelsch era um pé de cabra, e a expressão original era uma frase de ladrões que significava “saber de onde o pé de cabra traz o dinheiro”, isto é, que cofre arrombar para chegar ao seu conteúdo. Gutknecht admite que não fez a pesquisa original. Em vez disso, ele contou com estudiosos de língua ídiche e de alemão cujo trabalho revisou. A bibliografia é impressionante, assim como os linguistas alemães, amadores e profissionais que investigaram a presença do ídiche no alemão. É um assunto fascinante, e só posso agradecer ao misterioso benfeitor que me deu um livro que trata do assunto de modo tão profundo.
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Gutknecht admite que não fez a pesquisa original. Em vez disso, ele contou com estudiosos de língua ídiche e de alemão cujo trabalho revisou
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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman
Noruega, um país à beira do Ártico
PRAÇA DE BERGEN À BEIRA DO RIO NOS FJORDS A CAMINHO DE BERGEN
MUSEU DE EDVARD GRIEG
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EM MEADOS DE 1973, UM JORNALISTA MEU CONHECIDO JUNTOU O IRMÃO MAIS UMA
AMIGA DE AMBOS E SUGERIU UMA VIAGEM
AOS PAÍSES NÓRDICOS. PEGARAM UM MAPA
E TRAÇARAM UM ROTEIRO QUE SAIA DE PARIS, ONDE MORAVAM, E TERMINAVA EM ALGUM PONTO DA NORUEGA
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SINAGOGA DE OSLO, NO CENTRO DA CIDADE
evaram cerca de duas semanas para chegar a Bergen, o ponto aleatório que determinaram como fi nal 111da jornada, e ficaram extasiados com a visão desta que é a segunda maior cidade depois da capital, Oslo, que parecia emergir do canto de um dos fiordes, a marca característica daquele país. Mais algumas horas de estrada pelo oeste da Noruega, em direção ao norte do país, e o Polo Ártico fica um pouco mais próximo e se pergunta: é bom viver aqui? É bom, sim. Oslo, Bergen, Christiansand, outras cidades e centenas de ilhas são o berço de um povo heroico, feliz e que recebe os turistas de braços abertos. Eu sou testemunha disso, numa breve viagem de pouco mais de uma semana. Os noruegueses dão tanta importância às pessoas que percorrem o país, sejam nacionais ou estrangeiros que, ainda em 1879, um certo Ynguan Nielsen, depois de acompanhar o pai na instalação da infraestrutura telegráfica da Noruega, publicou o primeiro guia turístico, com fantásticas – para a época – 234 páginas, e a décima edição, em 1903, alcançou 554 páginas, com tudo o que o viajante precisava saber, e excentricidades como caminhadas por glaciares, e que valem até hoje. Os primeiros judeus chegaram à Noruega na Idade Média, mas a maior onda registrou-se com a Inquisição na Península Ibérica, o que explica entre os atuais 709 judeus, que restam do pico de presença judaica de 1930 em exatas 2.173 pessoas. Os judeus constituem, portanto, a menor das minorias do país. Desde quando em 1493 chegaram os primeiros foragidos da Península, os judeus ficaram ao sabor dos soberanos que dominavam o país e das autoridades eclesiásticas que geriam seus espíritos, tanto que Oslo chamava-se Christiana. A primeira comunidade constituiu-se formalmente em 1892. Durante a invasão nazista, assim como na Dinamarca, foram ajudados pela resistência a se refugiar na neutra Suécia. Poucos os que fugiram, retornaram e, ao final a guerra, estavam apenas 559. Nos anos 1990, o governo determinou a restituição aos judeus do que lhes fora expropriado e foi criado o Centro Norueguês para o Estudo do Holocausto e inaugurado um Museu Judaico. Um dos lugares mais interessantes é o cemitério judaico, inaugurado nos anos 1800, e que acabou no meio de um grande parque em Oslo, chama>> do Sofienberg.
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magazine > viagem
VIAGEM DE TREM DE OSLO ATÉ PEGARMOS O BARCO NOS FJORDS
CHEGANDO DE BARCO EM BERGEN
RUAZINHA DE BERGEN
CEMITÉRIO NO MEIO DO PARQUE SOFIENBERG, O MAIOR DE OSLO
MERCADO DE PEIXES E FRUTOS DO MAR EM BERGEN
TELEFÉRICO TURÍSTICO NAS MONTANHAS AO REDOR DE BERGEN
M músicas magazine
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por Bernardo Lerer
Noel Lumiar Discos | R$ 19,90
O gênio de Noel Rosa cantado por vários artistas entre setembro/outubro de 1991 e é por isso que se pode ouvir, na primeira faixa a voz de Antonio Carlos Jobim interpretando Três Apitos e que abre uma coletânea de 22 faixas junto com Gilberto Gil, Djavan, Jards Macalé, Caetano Veloso, Ney Matogrosso e outros que integram este exemplar da série Songbook e que, neste caso, tem a vantagem de a apresentação ser de Jobim falando de 230 músicas compostas em pouco tempo de vida pois viveu apenas 26 anos. Da série fazem parte Chico Buarque, Gal Costa, Caetano, João Bosco, Gilberto Gil e outros.
Uakti – Planetário Sonhos e Sons | R$ 39,90
O grupo Uatki tanto inovou que se tornou internacionalmente conhecido e requisitado por grandes compositores como Phillip Glass. De fato, os instrumentos foram inventados por Marco Antonio Guimarães que criou o grupo e os instrumentos foram concebidos de modo a poder extrair o máximo de proveito possível da harmonia, da melodia e da estrutura rítmica complexa.
The Essential Kiri Decca | R$ 87,90
Nascida Claire Mary Teresa Rawston em 1944, esta soprano lírico adotou o nome Kiri Te Kanawa para honrar suas origens neozelandesas e porque, claro, é uma grande jogada de marketing. Aqui estão reunidos quinze de suas maiores e melhores gravações como a Ave Maria de Bach/Gounod, a Aria (Cantilena) de Villa Lobos, a Vocalise, de Rachmaninov, Pie Jesu, do Requiém de Fauré, e outras.
Placido Domingo Encanto del Mar | Sony Music | R$ 19,90
Este fantástico barítono que recentemente enveredou para a regência com grande sucesso gravou quinze faixas do cancioneiro típico dos países que cercam o Mediterrâneo, mar latino, grego, africano e asiático. O cd contém um libreto com as letras das músicas, sua transcrição para o inglês e a novidade da letra para o famoso Concerto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, escrita por Alfredo Garcia Segura.
Mozart Dynamic | R$ 116,00
Este cd contém duas obras fundamentais do repertório para quarteto de cordas e instrumentos de sopro – oboé e corno de basset – do grande mestre e executados pelo quarteto de cordas do Teatro La Fenice, de Veneza, e foi gravado ao vivo em março de 2011, comemorando a quase centenária Sociedade Quarteto de Bérgamo, mas cuja atividade se iniciou mesmo em 1875 com uma breve interrupção em 1918.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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leituras magazine
por Bernardo Lerer
Diários da Presidência 1997-1998 Fernando Henrique Cardoso | Companhia das Letras | 868 pp.| R$ 79,90
FHC fez bem em registrar seus dois mandatos como presidente de modo a mostrar, entre outras coisas, que nada mudou de lá para cá, pois, com uma sinceridade espantosa, registra, comenta, se indigna e parece confessar que nada pode fazer para combater e se livrar da mesquinhez do toma-lá-dá-cá que fundamenta a política brasileira e de que foi exemplo a emenda constitucional que o beneficiou com um novo mandato presidencial. Como trata de eventos de há quase vinte anos, é recomendado a leitores que se espantam com o que leem nos jornais de hoje. Vale quanto pesa.
A Ditadura Acabada Elio Gaspari | Intrinseca | 448 pp. | R$ 48,90
Quinto e último volume da mais bem escrita, fundamentada e documentada obra a respeito dos vinte anos da ditadura civil-militar e que lhe foi possível produzir graças à relação de confiança que montou com as principais figuras dos governos militares e a cujos arquivos teve acesso com exclusividade. Como grande jornalista que é, cruzou informações e valeu-se de várias fontes para descrever os atos e os fatos de uma época sombria da nossa história. Um livro necessário que trata do período 1978-1985 e em que a maioria dos seus personagens ainda estão por aí, e expostos no epílogo “500 vidas”.
Lava Jato Vladimir Netto | Primeira Pessoa | 383 pp. | R$ 31,00
Com o subtítulo “O Juiz Sérgio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil”, o autor se vale da montanha de informações que juntou. O livro faz de Moro um herói, não há espaço para o contraditório, nem para arguir que a delação premiada é uma versão e mais sutil de métodos que a Inquisição usou. Tem muita literatura a respeito, aliás. Com uma frase, nos agradecimentos, o autor mostra como juízes, procuradores e policiais se valem da imprensa.
O Instante Certo Dorrit Harazim | Companhia das Letras | 382 pp. | R$ 64,90
Esta brilhante jornalista, várias vezes premiada, lê as mais importantes fotografias, algumas das quais alteraram os rumos da história, os hábitos privados e coletivos e os costumes da sociedade. Menos preocupada com luzes, cores e angulações, ela conta as histórias de cada fotograma e as narrativas que revelam e ocultam. Fotos da guerra civil americana, por exemplo, mostram os avanços tecnológicos da fotografia e de como mudaram a reportagem de guerra.
Hiroshima e Nagasaki Benjamim Editorial | 176 pp. | R$ 40,00
Com o subtítulo “Testemunho, Inscrição e Memória das Catástrofes”, trata-se de uma coletânea de ensaios organizados por Paulo Cesar Endo e Cristiane Nakagawa cujo objetivo é discutir os bombardeios do ponto de vista técnico e historiográfico relacionado à produção de armas atômicas assim como seus desdobramentos políticos, sociais, culturais e subjetivos, mas principalmente preservar a memória da catástrofe atômica para impedir que a tragédia se repita.
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Turno da Noite Aguinaldo Silva | Objetiva | 217 pp. | R$ 39,90
O autor é mais conhecido como um dos principais novelistas do Brasil, e a primeira que escreveu foi “Partido Alto”, pela TV Globo, e até hoje faz parte do quadro fixo de escritores da emissora. Mas, antes disso, foi um dos melhores repórteres policiais do Rio de Janeiro nos anos 1960 e 1970, ao mesmo empo em que colaborava com jornais alternativos no combate à ditadura civil-militar escrevendo a respeito de violência policial. Ele esteve preso na cadeia da Ilha das Flores e foi um dos fundadores do jornal Lampião da Esquina.
Serrote IMS | 223 pp. | R$ 44,50
Esta revista quadrimestral, editada pelo Instituto Moreia Salles, é, possivelmente, o que de melhor se publica em ensaios, artes visuais, ideias e literatura. E esta edição traça os Retratos do Brasil, 2016, a partir da visão e análise de quatro intelectuais e um artista que tentam flagrar ideias, rostos, comportamentos e estratégias de um momento grave do país, imobilizando um movimento e contando parte de uma história inconclusa. Vale a pena ler.
Capitães do Brasil Eduardo Bueno | Estação Brasil | 263 pp. | R$ 31,60
Precisava surgir um escritor com talento jornalístico que contasse a história do Brasil, principalmente aquela que diz respeito aos tempos do Descobrimento, para mostrar que os nossos antecedentes são tão – ou mais – fascinantes, quanto os de outros povos. E conseguiu isso colocando quatro de cinco títulos a respeito do tema ao mesmo tempo na lista dos mais vendidos. E este trata exatamente dos primeiros colonizadores, muitos deles, judeus, fugidos ou banidos de Portugal pela Inquisição.
Campos de Sangue Karen Armstrong | Companhia das Letras | 559 pp. | R$ 74,90
O convento do colégio Saint Anne, de Oxford, na Inglaterra, perdeu uma de suas noviças, recentemente ordenada freira, em favor do maior conhecimento das religiões comparadas. Karen escreveu Jerusalém e Uma História de Deus, e agora este, cujo subtítulo é “Religião e a História da Violência” no qual mostra que a religião não foi a causa de todas as grandes guerras na história, mas fatores sociais, materiais e ideológicos interrelacionados e um deles a competição por recursos escassos.
Noite sobre as Águas Ken Foller | Editora Arqueiro | 429 pp. | R$ 44,90
O autor escreveu seu primeiro livro – O Buraco da Agulha – aos 27 anos e, desde então, vendeu mais de 150 milhões de exemplares de produções que misturam história e ficção, como este, que trata do último voo civil a sair da Europa para os Estados Unidos, em setembro de 1939, pouco depois de a Inglaterra declarar guerra à Alemanha. O livro conta as trinta horas angustiantes, violentas, cheias de intrigas e traições, durante o voo sobe o Atlântico.
Os Afetos Rodrigo Hasbún | Intrínseca | 125 pp. | R$ 21,00
A partir de elementos ficcionais, biográficos e históricos e narrado por diferentes personagens o livro passa por um período de cinquenta anos dos membros da família Ertl que abandona a Alemanha depois da derrota na Segunda Guerra e envolve pai, mãe, filhas, amantes e maridos. O autor é um dos mais promissores escritores bolivianos da nova geração e ele e se vale do romance para recontar, à margem do idealismo, a convulsão política que abalou a América Latina na década de 1960.
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magazine > ensaio | por Matti Friedman UM POSTO, COMO O ABÓBORA, NO NORTE DE ISRAEL, APONTANDO PARA O SUL DO LÍBANO
A guerra do Líbano fortaleceu Israel NO 10º ANIVERSÁRIO DA SEGUNDA GUERRA DO LÍBANO – OUTRO CAPÍTULO NO LONGO, DOLOROSO E INACABADO CONFLITO DE ISRAEL NO LÍBANO –, ESTE LIVRO DE MATTI FRIEDMAN EXAMINA O IMPACTO DESTAS
GUERRAS NA PSIQUÊ ISRAELENSE
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rande parte do tempo de serviço do jornalista Matti Friedman nas Forças de Defesa de Israel, no fi nal dos anos 1990, foi passada no sul do Líbano em uma base isolada no Posto Avançado Abóbora – uma experiência detalhada por ele em seu livro Pumpkinflowers: A Soldier Story (“Flores de Abóbora: A História de um Soldado”). No texto a seguir, um trecho do livro, a propósito do 10º aniversário do início da Segunda Guerra do Líbano, Friedman examina o que o envolvimento no Líbano provocou nos líderes e no povo israelense. Friedman acredita que os anos na “zona de segurança” do Líbano ensinaram aos israelenses que eles não podem moldar o Oriente Médio à sua vontade, e que seu destino não está inteiramente em suas próprias mãos. No entanto, em vez de se desesperarem, os israelenses descobriram uma forma admirável de viver com uma realidade muito preocupante.
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MATTI É UM DOS MAIS ARGUTOS OBSERVADORES DA CENA ISRAELENSE
u estava sentado em um dos calçadões de Tel Aviv. Nos últimos anos o Oriente Médio tinha sucumbido ao caos e à carnificina, de forma muito pior que o nosso próprio conflito em um pequeno canto da região. Mas Israel estava relativamente calmo, pelo menos por um tempo, graças não à boa vontade dos outros, mas à força de nossas armas. O calçadão estava cheio de adolescentes vestindo camisetas regata, ciclistas tatuados em bicicletas antiquadas, homens com mulheres e homens com homens e mulheres com mulheres que falam a língua da Bíblia e da oração judaica. Havia idosos tomando café do lado de fora de um restaurante, e um pouco de música. O país tocava sua improvável alegre vida em uma noite de um dia útil. Para além da cidade havia os bairros residenciais de classe média com carros de empresas estacionados, o lugar típico para encontrar muitos veteranos do Posto Avançado Abóbora quando fui procurá-los para escrever este livro, a maioria dos quais passou por Goa ou pelos Andes para descontrair antes de voltar para suas famílias, trabalhar como programadores e contadores, construir um lar e ver os filhos brincar em balanços. Tudo isso é muito mais do que nossos avós, os sempre forasteiros dos guetos de Minsk e Fez, tinham direito de imaginar. O Israel que lutou no Líbano em 1982 ainda era imaginativo e ágil, por mais imprudentes que fossem suas ideias e por mais miserável que fosse sua execução. O ponto é que pensávamos que poderíamos fazer as coisas acontecerem. A invasão foi, supostamente, para realizar uma mudança dramática no nosso entorno, assim como nos anos 1990, anos desta narrativa, muitos de nós acreditavam que tal mudança seria alcançada menos pela força e mais pela concessão. Próprio destas empreitadas foi o mesmo sentimento – o nosso destino era maleável, e teria que ser moldado por nós. Mas, no ano da destruição do Posto Abóbora, a maioria de nós veio a entender que estávamos errados. Podemos fazer boas escolhas, ou más escolhas, mas os resultados são imprevisíveis e as possibilidades, limitadas. >>
O Israel que lutou no Líbano em 1982 ainda era imaginativo e ágil, por mais imprudentes que fossem suas ideias e por mais miserável que fosse sua execução. O ponto é que pensávamos que poderíamos fazer as coisas acontecerem
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magazine > ensaio
>> O Oriente Médio não se dobra aos nossos desejos ou às nossas esperanças. Não vai mudar por nossa causa. Quando estas coisas começaram a ficar claras, ocorreu algo interessante. Ao contrário do que nossos inimigos esperavam as pessoas em Israel não se desesperaram. Em vez disso, pararam de prestar atenção. O que ganharíamos olhando para os nossos vizinhos? Apenas desgosto, e uma lenta descida ao poço, depois deles. Não, iríamos virar as costas para eles e procurar outro lugar, desde os festivais de cinema de Berlim e Copenhague até os parques de tecnologia da Califórnia. Nossa felicidade não dependia mais dos humores de pessoas que nos querem mal, e a felicidade deles não nos interessa mais do que a nossa lhes diz respeito. Algo importante na mente do país – um velho otimismo utópico – foi deixado de lado. Ao mesmo tempo, fomos libertados – pelo menos, a maioria de nós – da maldição existente como personagens de um drama mítico, da alucinação segundo a qual nossas vidas são representações dos grandes problemas morais da humanidade, mas que as pessoas em Israel são apenas pessoas, arrastando sua biologia de casa para o trabalho e tentando obter prazeres humanos comuns em uma região infeliz e uma história anormal. Agora acredito que os postos avançados no Líbano serviram de incubadoras para os israelenses da época e que se seguiu à destruição desses postos: alérgicos à ideologia, pensadores de pequenos pensamentos práticos, viventes entre bombardeios, especialistas em extrair o prazer possível de uma existência restrita e em perigo. Os ex-soldados são pessoas acostumadas a correntes políticas de imensa complexidade e capazes de ignorá-las. Eles não voltaram do Líbano e dedicaram-se à política, à defesa nacional ou a estabelecer fronteiras, mas sim para a construção vigorosa e obstinada da vida privada, e essas energias combinadas se tornaram o combustível que dirige o país. Israel não é mais um lugar de slogans, certamente não os clássicos sionistas “Se você quiser, não será um sonho”, ou “Viemos à Terra para construir e sermos reconstruídos”. Mas se fosse necessário um slogan agora, por que não recordar a forma como o nosso líder de pelotão, Harel,
SALVA DE TIROS DE UM TANQUE E A CAPA DO LIVRO, EM INGLÊS
explicava como voltou para o exército depois da queda do helicóptero e dos funerais dos membros de seu pelotão, do qual foi o único sobrevivente? Eu não acho que poderíamos fazer melhor do que: “Suba no ônibus”. No verão de 2006, quando o Hezbollah atacou uma patrulha de fronteira em Israel, evento que provocou um mês de combates, a cidade dos meus pais foi atingida por várias centenas de foguetes e estava quase deserta. Eu relatei a guerra e lembrei da sinistra visão de semáforos amarelos piscando na rua principal, sem pedestres nem tráfego. Um dia depois de cessado o tiroteio, a cidade voltou a estar cheia de pessoas como se nada tivesse acontecido. E menos de um ano depois, havia oito novos cafés e restaurantes na mesma rua. Agir dessa forma talvez seja uma capacidade nacional essencial, algo que os judeus têm feito ao longo dos séculos, não importa quão inóspito seja o solo. Isso me lembra a rave improvisada que surgiu em um dos nossos bunkers em uma noite em 1999, sem camisas, bastões militares de luz verde e laranja, e a música The Rockafeller Skank tocada sem parar. Risadas dentro do perímetro; fora dele, o silêncio da trincheira e jovens em postos de guarda. Isto é tudo, e em outras palavras, muito familiar. Às vezes, o Posto Avançado Abóbora parece mais presente para mim agora do que quando existia.
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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer
Fotografar os blues Durante vinte dias de dezembro de 2014 Sérgio Poroger sumiu. Alguns poucos sabiam por onde andava naquele mês em que as pessoas estudam meios e modos para engatar os dias possíveis aos feriados do mês, quando Natal e festas de final de ano se juntam. Sérgio previu tudo para aquele período de desligamento para viajar três mil quilômetros pela rota US 61 que, assim como a US 66, que cruza os Estados Unidos de costa a costa, também é lendária, e chamada “rota dos blues”. Depois de estudar fotografia com Eder Chiodetto, um mestre, Poroger apresentou um trabalho de conclusão de curso, o TCC tão conhecido das academias. Com uma câmera na mão, uma estrada pela frente e algumas canções para ditar o ritmo do caminho, Sérgio fez em 2014 o que não conseguiu nos anos 1960 quando “viajava” ouvindo repetidamente os Beatles.
Agora, no entanto, segundo Chiodetto na apresentação de Cold Hot (foto ao lado), o livro que lançou recentemente em São Paulo, “Poroger seguiu a cartilha que remete às heroicas incursões dos fotógrafos viajantes, personagens responsáveis por nos levar a lugares desconhecidos, descortinando atmosferas, intimidades, bastidores e culturas”. As imagens não obedecem a um critério, e retratam exatamente o que se pro-
põe o dedo que aperta o obturador, mas “seguem erraticamente – como quem dirige por uma estrada, com predileção pelos desvios, isto é, os impulsos das próprias fotografias”. Sérgio anotava e fotografava, ou ao contrário, quando sabia de uma determinada banda rockabilly em certa cidade, menos importante que Memphis, no Tennessee, ou na pacata Lafayette, Louisiana. De todo modo, por onde passou o viajante fez amigos, e fez Jim Lewis, o pastor do templo de Wild Bill’s, na periferia da Vollintine Avenue, em Memphis, perguntar: “Você volta amanhã”? As fotos em 151 páginas, aliás, são maravilhosas, fruto de dois anos de imersão no estudo da música do sul dos Estados Unidos ainda imune aos modismos capazes de desvirtuá-la. O livro será lançado no Teatro Arthur Rubinstein, em 9 de setembro, durante o Hebraica Meio-Dia.
História de um violino Uma das mais significativas apresentações do violinista Bronislaw Huberman, que fundou a Orquestra da Palestina, transformada em 1948 na Filarmônica de Israel, foi no Carnegie Hall, em fevereiro de 1936 e marcada pelo furto do instrumento de concertos de Huberman, o violino Stradivarius Gibson, construído em 1713 (foto ao lado), assim denominado em homenagem ao violinista inglês George Alfred Gibson. Aliás, duas vezes roubado: a primeira, do hotel onde Huberman se hospedara, em 1919, e recuperado três dias depois pela polícia. A segunda, no citado concerto no Carnegie Hall, quando o violinista trocou o Gibson por um recém-adquirido Guarnieri del Jesu. No intervalo, o violinista judeu de night club Julian Altman, ou um seu amigo, levou o instrumento do camarim. A seguradora Lloyd’s pagou a Huberman trinta mil dólares pelo violino. Altman tocou na Orquestra Sinfônica Nacional, de Washington, com o Stradivarius Gibson, até que, em 1985, moribundo, confessou à mulher, Marcelle Hall, que o roubara. Marcelle devolveu o instrumento ao Lloyd’s ganhou US$ 263.000 de recompensa e o entregou à empresa J & A Beare para restaurar. Em 1988, a seguradora vendeu-o por US$ 1,2 milhão ao violinista britânico Norbert Brainin; em 2001, o violinista judeu Joshua Bell, pagou pouco menos de quatro milhões de dólares, três vezes mais, pelo instrumento que agora se chama Gibson-Huberman. Huberman nasceu em Czestochowa (Polônia) em dezembro de 1882. Começou a estudar com seis anos, aos sete apresentou-se com a orquestra do Instituto de Música de Varsóvia, com nove anos aprimorou-se com Joseph Joachim, em Berlim e, aos
14, ousou executar o concerto para violino de Brahms, na presença do compositor, que o aplaudiu e cumprimentou-o. Visitou a Palestina em 1929 e virou sionista. Em 1933, não aceitou convite de Wilhelm Furtwangler para reger a Filarmônica de Berlim. Em 12 concertos em dezoito dias pela Palestina imaginou uma orquestra só de judeus, daqueles que tentavam escapar da Europa, a Orquestra Sinfônica da Palestina, cujo concerto inaugural foi em dezembro de 1936, regido por Arturo Toscanini que executou uma obra de Richard Wagner. A partir da Kristallnacht, novembro de 1938, a orquestra baniu o compositor alemão do repertório.
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Memórias do cárcere
Sinagogas em exposição A mostra delas durou quase seis meses, até janeiro último, e depois novamente recolhidas ao acervo do Yeshiva University Museum, em Nova York, mas dizem que ainda é possível ver as dez sinagogas históricas em modelos de escala. A coleção vai desde a mais antiga, a sinagoga Dura-Europus, do século 3, na Síria, até o Templo Israelítico, do século 19, em Florença. Os modelos explicam o alcance geográfico e cultural do mundo judaico ao longo da história, a diversidade dos estilos arquitetônicas de modo a representarem a importância histórica e da arquitetura. Os modelos foram construídos entre 1970 e 1973 com a ajuda de imagens de arquivo, registros arqueológicos, medidas tomadas no próprio local onde existiram (ou existem) e descrições das estruturas. Embora nos anos 1970 ainda não houvesse computadores, nem mesmo depois estes verdadeiros artesãos se valeram deste recurso. Os modelos reproduzem à perfeição o interior e exterior destas sinagogas, e o acervo do museu contém objetos relacionados a elas: um porta-incenso de bronze da época do Segundo Templo e que tem ligação com a sinagoga de Beth Alfa, no vale de Jezreel, do século 6; um Sefer Torá datado possivelmente de antes da construção da sinagoga portuguesa de Amsterdã e levado por judeus que escaparam à Inquisição, na Espanha; uma Chanukiá em metal e o recipiente em prata de um Sefer Torá da sinagoga de Zabludow, na Polônia. Além destas sinagogas, foram construídos modelos da Altneuschul, de Praga, datada de 1270 (foto ao lado) e a mais antiga da Europa ainda ativa, em estilo gótico, com duas naves construídas em estilo alemão e o setor feminino separado do masculino for vitrais que possibilitam às mulheres participar dos serviços no salão principal; a sinagoga Santa Maria La Blanca, de Toledo, de 1200; a sinagoga portuguesa de Amsterdã, do século 17; a sinagoga Ari, de Safed, do século 16; a sinagoga de Zabludow, do século 17; a de Düsseldorf, do século 18 e a sinagoga Touro, em Newport, Rhode Island, também do século 18. O museu da Yeshiva University fica na 15 West 16th Street.
Quando Tzipora Shapiro deixou para trás os portões de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945, libertado pelo Exército Vermelho, ela foi tomada por uma sensação de culpa pois, parentes, próximos e distantes, morreram no gueto de Lodz e ela viu os soldados nazistas mandarem a mãe para a câmara de gás. Porque trabalhou, Tzipora sobreviveu e, liberta, ficou na Polônia esperançosa de rever algum conhecido ou parente mesmo, até descobrir uma prima distante na então Palestina, para onde fugiu antes de os guetos da Polônia se transformarem em máquinas de moer gente. Na primeira carta como mulher livre, de 15 de fevereiro de 1946, registra a felicidade de “enviar uma palavra viva de um mundo morto”. Esta carta, amarelada pelo tempo, faz parte do gigantesco projeto “Primeiras Cartas”, do Instituto Yad Vashem (foto ao lado), que vai pesquisar, ler e analisar milhares de cartas ou telegramas enviados por sobreviventes do Holocausto nos dias, semanas e meses depois de libertos para fazerem os parentes e conhecidos saber que estavam vivos. Assim, se tornaram as melhores fontes originais para os pesquisadores porque revelam e expõem, o mais próximo possível do momento da libertação, as mais reais e complexas emoções das vítimas do Holocausto e as atrocidades que viveram e presenciaram. Ao contrário daqueles milhares de depoimentos transformados em livros surgidos somente anos ou décadas depois dos eventos, quando os autores finalmente conseguiram revisitar terríveis memórias filtradas pela passagem do tempo. O líder do projeto é Iael Nidam-Orvieto, um israelense de descendência italiana, que perdeu parte da família nos campos e há cerca de sete anos teve a ideia ao encontrar nos arquivos de Yad Vashem, o bilhete de um sobrevivente italiano que, em poucas linhas, conta a familiares na Palestina as agruras da detenção. No Yad Vashem existe um projeto chamado “Juntando os Fragmentos” pelo qual o Instituto pediu a sobreviventes de todo o mundo, mas principalmente de Israel, fotografias, documentos, objetos, etc, relacionados ao Holocausto. O resultando foi cerca de 150.000 itens que se incorporaram aos registros de 4.500.000 nomes de vítimas, 125.000 testemunhos e 179 milhões de páginas de documentos.
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diretoria > hamsa spa
Tratamentos para melhorar o astral SOB A MARCA INSPIRADORA DA HAMSA, O NOVO SPA DA HEBRAICA
REÚNE TRATAMENTOS E OPÇÕES PARA SAIR DA ROTINA DURANTE ALGUMAS HORAS, RELAXAR E ABRIR A MENTE
PARA NOVAS IDEIAS E SENTIMENTOS
“O
contato físico delicado e suave nos predispõe a gestos de gentileza e generosidade” é um dos pensamentos publicados na página do Hamsa Spa na rede social Facebook. Trata-se de um convite para que os internautas experimentarem a massagem terapêutica, uma das opções que a diretora do Hamsa, Milene, reuniu especialmente para atender associadas e associados. “Nossa abordagem da fisioterapia é holística, então cada tipo de tratamento pode ser combinado com outros e dar ao nosso cliente a sensação de bem-estar que o acompanhará por muito tempo”, afirma ela. Ao decidir montar o Hamsa Spa, ela aproveitou cada item da estrutura original e deu seu toque pessoal para ambientar as salas de forma que, desde o primeiro minuto, o sócio possa respirar fundo e relaxar os músculos e se entregar ao prazer de ter algums minutos exclusivamente para seu bem estar. “Cuidei de cada detalhe, da cor das salas, o aroma correto e principalmente da destreza das esteticistas e massagistas da equipe”, comenta Milene. Aos que optam por uma sauna, ela se preocupou em afixar dicas para que as usuárias (o serviço de sauna do spa é
AO DECORAR E EQUIPAR O HAMSA, MILENE PRIORIZOU O BEM-ESTAR DOS SÓCIOS E SÓCIAS QUE SERÃO SUA CLIENTELA
exclusivamente feminino) extraiam todos os benefícios do local. “Deve-se começar pela sauna seca, depois tomar um banho frio e só então se encaminhar para a sauna úmida e mesmo assim é preciso respeitar os limites do corpo”, recomenda ela. Para massagens e tratamentos para re-
dução de medidas, o Hamsa Spa possui uma ala exclusiva para os homens, reservando um espaço mais amplo para as sócias. “Convido todos a experimentar nossos tratamentos. Aliás, não vejo a hora de poder vê-los comprovar cada palavra do que postamos nas nossa página do Face”, conclui Milene. (M.B.)
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84 HEBRAICA
| AGO | 2016
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CARDIOLOGIA
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indicador profissional CIRURGIA PLÁSTICA
COLOPROCTOLOGIA
DERMATOLOGIA
DERMATOLOGIA
88 HEBRAICA
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indicador profissional DERMATOLOGIA
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ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA
HEBRAICA
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indicador proямБssional ODONTOLOGIA
ORTOPEDIA
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PSICOLOGIA
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ORTOPEDIA
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PSICANALISTA
90 HEBRAICA
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indicador proямБssional PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
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PSIQUIATRIA
RESIDENCIAL
PSICOTERAPIA
HEBRAICA
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indicador profissional REUMATOLOGIA
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compras e serviços
92 HEBRAICA
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compras e serviรงos
HEBRAICA
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compras e serviรงos
94 HEBRAICA
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compras e serviรงos
HEBRAICA
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roteiro gastronĂ´mico
96 HEBRAICA
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roteiro gastronĂ´mico
HEBRAICA
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roteiro gastronĂ´mico
98 HEBRAICA
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conselho deliberativo
Rumo à modernidade Este ano tem sido particularmente movimentado para o Conselho Deliberativo, em face às questões e propostas trazidas para debate pela Diretoria Executiva. Uma delas é a instalação de uma escola Alef e agora sua fusão com o Colégio I. L. Peretz que colocou a Hebraica numa situação muito “sui generis“, ou seja, um clube com uma instituição pedagógica que inclui desde o mini maternal até o ensino médio independente, o que demanda Estatutos muito bem estruturados, que impeçam a interferência ou mesmo sobreposição de ideias e objetivos que eventualmente, no futuro, sejam divergentes e levem um desgaste da relação juridica entre as instituições . É importante que que a Hebraica figure como como o órgão maior e o cedente dos espaços e da infraestrutura e que, portanto, deve participar e ter assento cativo na direção administrativa e no conselho da instituição de ensino , com direito à voto e veto. Esse e outros temas evidenciam a urgência de uma atualização nos Estatutos Sociais e no regimento interno da casa. Já em 2015, o Conselho Deliberativo convidou sócios e conselheiros a enviar sugestões e colaborações com base nos Estatutos em vigor. A Comissão Transitória de Reforma Estatutária, formada por Avi Meizler, Daniel Leon Bialski, Eduardo Blecher, Fábio Ajbeszyc, Fernando Rosenthal, Hélio Bobrow,, Jairo Haber(secretário), Isabel R.A.Cohn, Jaime Wydator, Lucia Felmanas Akerman, Luiz Flávio Lobel (coordenador), Mauricio Joseph Abadi (Relator) e Moacyr Largman tem como objetivo propôr uma profunda atualização dos Estatutos Sociais até novembro de 2017, quando está prevista a eleição do Conselho. Até lá, a Comissão se ocupará em analisar os capítulos, parágrafos e artigos, adaptando a redação às questões contemporâneas e ao mesmo tempo garantindo sua aplicabilidade legal em favor do clube e do quadro associativo. As sugestões recebidas e as que chegarem através do departamento jurídico do clube também são debatidas, uma vez que representam questões referentes à especialidade profissional ou interesse específico do sócios e conselheiros. Essas contribuições, mesmo as que nao são aplicáveis, demonstram o empenho do sócio em fazer com que os Estatutos Sociais e o Regimento Interno do Conselho Deliberativo contenham em seu texto os valores judaicos, a realidade nacional e o espírito democrático do grupo de pioneiros que fundaram o clube do qual hoje temos orgulho em representar. Mauro Zaitz - Presidente do Conselho Deliberativo
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2016 8 DE AGOSTO APROVAÇÃO DAS CONTAS RELATIVAS A 2015 21 DE NOVEMBRO APROVAÇÃO PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA 2017 12 DE DEZEMBRO APRECIAÇÃO RELATÓRIO ANUAL DA DIRETORIA
Mesa do Conselho PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE VICE-PRESIDENTE 1O SECRETÁRIO 20 SECRETÁRIO ASSESSORES
MAURO ZAITZ FÁBIO AJBESZYC SÍLVIA L. S. TABACOW HIDAL AIRTON SISTER VANESSA KOGAN ROSENBAUM ABRAMINO A. SCHINAZI CÉLIA BURD EUGEN ATIAS JAIRO HABER JAVIER SMEJOFF SAPIRO JEFFREY A. VINEYARD
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2016 AGOSTO 13
14
INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
19
6ª FEIRA
TU BE AV
** 2 ** 3 ** 4 ** 11 ** 12 16 * 17 * 18 23
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO
* 24 * 25
2ª FEIRA 3ª FEIRA
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ
OUTUBRO
SÁBADO
NOVEMBRO 5
SÁBADO
DEZEMBRO 24 31
SÁBADO SÁBADO
ANOITECER
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2017 JANEIRO 27
FEVEREIRO 11
MARÇO 9 12 13
ABRIL 10 * 11 * 12 * 17 * 18 24
6ª FEIRA
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)
SÁBADO
TU B’SHVAT
5ª FEIRA JEJUM DE ESTER DOMINGO PURIM 2ª FEIRA SHUSHAN PURIM 2ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA 2ª FEIRA 3ª FEIRA 2ª FEIRA
EREV PESSACH- 1º SEDER PESSACH- 2º SEDER PESSACH-2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IZKOR IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO
1
2ª FEIRA
2
3ª FEIRA
14 24 30 *31
DOMINGO 4ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA
IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 69 ANOS LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT
MAIO
JUNHO *1
JULHO 11 31
5ª FEIRA
2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR
3ª FEIRA 2ª FEIRA
JEJUM DE 17 DE TAMUZ INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS
** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS