ANO LIV
| N º 611 | JANEIRO 2013 | T EVET /S HVAT 5773
Parabéns a você
HEBRAICA
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palavra do presidente
Sessenta anos de sabedoria Na metade do século passado, portanto há sessenta anos, quando os judeus de todo o mundo ainda se recuperavam do trauma dos milhões dos seus irmãos assassinados na Segunda Guerra e festejavam o nascimento do Estado de Israel, as lideranças comunitárias em vários países tratavam de construir instituições sólidas capazes de congregar os seus membros e, juntos, preservar a história, a memória e a tradição do nosso povo. No Brasil, em São Paulo, um grupo de pioneiros, portanto, visionários, decidiu fundar um clube ao qual deu o nome de Hebraica. Com vontade e determinação, comprou e ocupou uma área tomada por um grande matagal entre a antiga rua Iguatemi e o rio Pinheiros e construíram o clube cuja entrada principal era uma portaria na alameda Gabriel Monteiro da Silva e o único grande edifício é o atual Ginásio dos Macabeus, aquele que se eleva sobre a Praça Carmel. Para lá, aos poucos, mas de forma inexorável, confluíram os principais eventos comunitários. Desde então, a Hebraica começou a crescer e não parou mais. Hoje é um gigante de milhares de associados, uma verdadeira cidade de lazer, cultura, entretenimento, esporte, educação, conhecimento e informação, um centro comunitário. A base sobre a qual se assenta é o judaísmo nos seus mais variados aspectos; e o que a conduz é o conceito segundo o qual a comunidade é o meio natural da vida dos judeus e o que importa é a imortalidade do povo, não do indivíduo. Diz uma mishná de Pirkei Avot (capítulo 5:24): “Aos sessenta começa a velhice“ e é explicado: “O que é um zaken (velho)? É aquele que atinge a sabedoria”. A Hebraica comemora sessenta anos de existência e, ao mesmo tempo, a cada dia rejuvenesce com muitas atividades esportivas, sociais e culturais, e uma nova escola que deu ao clube ainda mais energia e aumentou a vibração da inocência infantil, sempre com muito judaísmo. Por isso, a Hebraica esta sempre mais jovem, cheia de sabedoria e experiência. Shalom
Abramo Douek
A HEBRAICA HOJE
É UM GIGANTE DE MILHARES DE ASSOCIADOS, UMA VERDADEIRA CIDADE DE LAZER, CULTURA, ENTRETENIMENTO, ESPORTE, EDUCAÇÃO, CONHECIMENTO E INFORMAÇÃO, UM CENTRO COMUNITÁRIO
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sumário
HEBRAICA
HEBRAICA
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Carta da Redação
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Destaques do Guia A programação de janeiro e fevereiro
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Capa Entrevista com Abramo Douek abre série de reportagens sobre sessenta anos da Hebraica
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Patrimônio Vice-presidente Nelson Glezer faz um balanço de um ano de gestão
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cultural + social
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Gourmet Encontro reuniu os apaixonados por espumantes
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In concert Moraes Moreira encerrou a série de 2012
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Passeio Visitantes conheceram o trabalho de três artistas na Bienal
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Restaurante kasher Ele foi ampliado e teve o lay out transformado
Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos na cidade
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Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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juventude
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Carmel Dançarinos homenagearam os heróis de Israel
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Esporte Radical Adventure fez um verdadeiro rally nas trilhas de Atibaia
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Acesc Veja quem foi premiado no Festival de Teatro
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esportes
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Vôlei Equipe feminina da Hebraica entre as melhores da Acesc
Torneios oficiais Veja porque a Hebraica é sempre escolhida como sede de torneios
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Futebol de campo Parceria com o Macabi rendeu ótimos resultados
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Judô Projeto da Unibes e Hebraica já produz campeões
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magazine
Ciência Benoit Mandelbrot e os seus fascinantes fractais
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94
106
Eleições em Israel Tudo o que você queria saber, mas não tinha a quem perguntar...
84
Cinema O notório antissemitismo do criador de 007
98
Curiosidade As polêmicas que envolvem os nomes das ruas de Israel
Personalidade Controvérsias sobre o nascimento e ascensão de uma estrela
88
100
Fronteiras Saiba mais sobre o xadrez político do Oriente Médio
90
Futebol O perfil judeu de um dos melhores técnicos da América Latina
Lançamento A colaboração de Hollywood na propaganda antinazista
102
A palavra Quantos mitos se escondem atrás de um dibuk?
10 notícias Os destaques do noticiário de Israel por nosso correspondente
Literatura Órfãos de Philip Roth já lamentam anúncio de aposentadoria
108
Leituras Os destaques do mês no mercado das ideias
110
Música Onze lançamentos imperdíveis, do popular ao erudito
112
Com a língua e com os dentes O onipresente e mais que delicioso chrein
114
Ensaio Três livros recémlançados retratam a cidade de Jerusalém
119
diretoria
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Mídias digitais Algumas novidades na área de comunicações
121
Lista da diretoria Veja quem é quem no Executivo da Hebraica
138
Conselho Veja como foi a última sessão de 2012
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HEBRAICA
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carta da redação
ANO LIV | Nº 611 | JANEIRO 2013 | TEVET/ SHVAT 5773
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l)
Aniversário e eleições
PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER
Esta edição marca o início das comemorações dos sessenta anos da Hebraica e até o final do ano, todo mês, haverá reportagens contando a história deste clube agora sexagenário e que torna sempre a rejuvenescer. Aqui podemos ler uma entrevista do presidente Abramo Douek, depoimentos de ex-presidentes e dois textos a respeito da história do teatro e da Escola de Arte do clube. No “Magazine”, uma espécie de beabá da política israelense a propósito das eleições que serão realizadas neste dia 22. E leiam a saborosa reportagem de Ariel Finguerman acerca da designação dos nomes de ruas nas cidades de Israel e o significado político de dar os nomes aos logradouros públicos do país. Mas deve ser assim em todo o mundo. É possível que as pessoas não tenham prestado atenção, mas na cidade não há uma rua, avenida ou praça com o nome do ex-presidente Getúlio Vargas, banido do estado desde a revolução de 1932 que São Paulo perdeu, e comemora todo ano. Leiam também a reportagem acerca do técnico judeu da seleção de futebol Colômbia, um ex-motorista de táxi de Buenos Aires; os judeus nos filmes de James Bond; uma notícia a respeito da controversa biografia de Barbra Streisand; as fronteiras de Israel; mais três livros acerca de Jerusalém e a aposentadoria de Philip Roth.
EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR) FLÁVIO M. SANTOS
DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040
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DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA
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Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação
3815.9159 DUVALE@TERRA.COM.BR
JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700 OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE
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PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.
calendário judaico :: festas
A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
BRASILEIRA
JANEIRO 2013 Tevet | Shvat 5773
FEVEREIRO 2013 Shvat| Adar 5773
dom seg ter qua qui sex sáb
dom seg ter qua qui sex sáb
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Tu B’Shvat
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CHER (Z’l)
BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -
1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK
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por Raquel Machado
destaques do guia EM JANEIRO VENHA COMEMORAR O ANO NOVO DAS ÁRVORES, COM
PLANTIO DE ÁRVORES E ATIVIDADES PARA AS CRIANÇAS. A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DO ANO É DE ANDRÉ NEHMAD, QUE MOSTRAS AS NUANCES E A MAGIA DOS VÁRIOS TONS. NO ESPORTIVO UMA PROGRAMAÇÃO INTENSA. VENHA APROVEITAR AS FÉRIAS DE VERÃO NA HEBRAICA.
cultura + social
CUIDANDO BEM, OS BONS FRUTOS APARECEM
juventude
27/1 e 3/2 Tu B’shivat
After School – Curso de Tradição e Cultura Judaica
às 10h00 na Sinagoga e Praça Carmel
Segundas das 16h30 às 18h e as quartas das 9h30 às 11h
12/1 Exposição André Nehmad “Cores de Israel” Abertura das 12h as 15h, em cartaz até 13/2
Horários do ônibus
• Terça a sexta-feira A partir de 6/1 Espaço Bebê Nova programação de férias Confira os dias e horários
Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
• Sábados, domingos e feriados
esportes De 4 a 13/1 Torneios de Xadrez, no Auditório e Sala de Xadrez 2ª a 6ª a partir das 17h e sábados e domingos das 14h
27/1 Aula aberta de NinJitsu
Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
Das 15h as 17h, na sala de judô
• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30
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capa | hebraica 60 anos | por Magali Boguchwal BERTA E ABRAMO DOUEK NA FESTA DE ENCERRAMENTO DO FESTIVAL CARMEL
Doze meses de muito trabalho HÁ UM ANO, ABRAMO DOUEK CONCEDEU A PRIMEIRA ENTREVISTA
COMO PRESIDENTE ANTECIPANDO A IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA NA HEBRAICA. EXATAMENTE UM ANO DEPOIS, ÀS VÉSPERAS DO SEGUNDO ANO DE GESTÃO, ELE FESTEJA O ÊXITO DA INICIATIVA E FALA DOS PROJETOS DE MELHORIA EM ÁREAS SOCIAIS
H
ebraica – Que expectativas o senhor tinha ao assumir a presidência e quais delas se concretizaram neste primeiro ano de gestão? Abramo Douek – Ao assumir a presidência, eu tinha uma ideia do que me esperava, pois na gestão de Arthur Rotenberg fui vice-presidente Administrativo e na de Peter Weiss, de Esportes. Um dos projetos iniciais da minha gestão era implantar a Escola Antonietta e Leon Feffer e nos dedicar imediatamente a ele. A escola revelou-se uma grata surpresa. Nossa previsão era a grande possibilidade de dar certo, e o sucesso foi maior do que o imaginado. O projeto que envolve a escola é uma tentativa de atrair mais jovens, aumentar o número de crianças e pessoas para permanecer mais tempo no clube. A primeira obra que concluímos foi a ampliação da Escola Maternal e Infantil, que passou de 180 para 250 alunos. Em seguida, veio a instalação da escola, que tinha 450 alunos. A meta inicial era atingir a sua capacidade máxima de seiscentas crianças em 2015, 2016. Para nossa surpresa, em final de 2012 o número de matrículas para 2013 chegou a este ponto, o que é excelente. E já existe uma fila de espera de famílias interessadas em matricular os filhos na Escola Antonietta e Leon Feffer. Acho que esse é o grande mérito da vinda da escola para cá. Obviamente, agora lidamos com alguns problemas gerados
pela instalação da escola, pois o clube talvez não estivesse preparado para esse acontecimento. Então, iniciamos adaptações nos diversos espaços para fazer da Hebraica um clube agradável aos sócios. Vários ambientes foram remodelados. O Restaurante Kasher foi um deles, uma antiga demanda dos sócios. Além
das instalações melhoradas, hoje tem um acesso externo, pela rua Hungria, que possibilita expandir a clientela para fora do quadro de sócios e impede que as pessoas utilizem as dependências do clube após a refeição. Aperfeiçoamos o restaurante japonês Sushi Tanabe, ampliando a cozinha e
inauguramos o Bar da Piscina, ocupando o solário no parque aquático e oferecendo ao jovem mais uma opção para lazer e encontros descontraídos. Para 2013, existe um projeto de reforma da Praça Carmel, de modo a transformá-la em um local para a realização de diferentes atividades, especialmente as dirigidas aos
jovens. Para atender o público infantil, vamos remodelar os playgrounds e construir um refeitório infantil. O que mais o surpreendeu neste primeiro ano de gestão? Abramo Douek – Estou positivamente surpreso. Um dos eternos desafios en>>
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capa | hebraica 60 anos DOUEK RECEBEU NA HEBRAICA CHEMI PERES, GESTOR DO FUNDO PITANGO
Aprendizagem diversificada da arte
>> frentados pelos presidentes da Hebraica sempre foi o de aumentar a frequência no clube e o número de sócios. Para minha surpresa, isso ocorreu muito rapidamente. Nossos números indicam um aumento de 20% na frequência diária e mostram o quadro associativo estável no primeiro semestre e sinais consistentes de crescimento na segunda metade do ano, o que é excelente e esses dois fatos parecem ser um consequência do outro. O café-da-manhã com o presidente foi uma das inovações propostas por sua gestão este ano. Já é possível detectar resultados? Abramo Douek – Tem sido uma experiência muito boa, pois desmistifica a ideia de que o presidente é uma pessoa inacessível e isolada dos outros sócios. Nesses encontros, recebemos propostas, críticas e elogios. Todos os que aceitaram o nosso convite afirmaram que a Hebraica é o melhor clube de São Paulo e apenas faltam pequenos ajustes. Até agora, depois de realizados seis encontros matinais, ninguém afirmou, por exemplo, que o clube é ruim. Ao contrário, as pessoas manifestam apego a ele e também gosto desse contato com os associados. Quero abrir um espaço semelhante para os conselheiros se manifestarem e se aproximarem do presidente do executivo na exposição de ideias e soluções para uma instituição de sessenta anos que se mantém dinâmica e com muitas atividades em vários setores. Por meio desse contato próximo da rotina do clube, constatei que a Hebraica precisa se reinventar a cada minuto e evoluir continuamente de modo a representar um importante papel na vida dos sócios. Deixando de lado um pouco a função
ENTRE AS MUITAS INICIATIVAS QUE COLOCARAM A HEBRAICA NA VANGUARDA EM RELAÇÃO A OUTROS CLUBES ESTÁ A ESCOLA DE ARTE, CRIADA EM 1969, QUE NOS ANOS 1980 MUDOU PARA OFICINA DAS ARTES E HOJE É CONHECIDO COMO ATELIÊ HEBRAICA. A SEGUIR, UMA ENTREVISTA COM O MUSEÓLOGO RICARDO RIBENBOIM, QUE TINHA 16 ANOS QUANDO PROPÔS AO DIRETOR CULTURAL DA ÉPOCA, BERNARDO BLAY (Z’L) A CRIAÇÃO DE UMA ESCOLA INFANTIL DE ARTES. HOJE, 43 ANOS DEPOIS, ELE CONTA A HISTÓRIA DA ESCOLA E FALA A RESPEITO DA BASE 7, EMPRESA QUE DIRIGE
de presidente, que local o senhor gostaria de frequentar como sócio? Abramo Douek – Difícil separar os dois papéis. Gosto da parte social. Hoje, as famílias têm boas opões para almoçar na Hebraica e partilhar com os amigos o orgulho que sentem pelo clube. Gostaria de ver e aproveitar, por exemplo, uma happy hour nesses locais. A área esportiva vai bem, com algumas quadras e equipamentos renovados. O parque esportivo está melhorando. A ideia é investir em espaços de convívio social, onde as pessoas possam ficar à vontade, conversar em áreas protegidas ou ao ar livre. Por isso cuidamos da Praça Jerusalém, por exemplo. Qual é a sua lembrança mais antiga do clube? Abramo Douek – Sou associado desde 1966. Na época, fazer parte da Hebraica era o sonho de consumo de todo judeu. Encontrávamos os amigos, co-
nhecíamos pessoas e ampliávamos o círculo de relacionamentos. Quando criança, eu vinha quatro ou cinco vezes por semana para jogar bola e outras diversões. A Hebraica foi muito importante na minha vida. Aqui conheci minha mulher e criei os meus filhos. Só tenho boas lembranças. Quero que os meus netos tenham a mesma oportunidade de crescer nesse ambiente. Se não fosse associado e tivesse a oportunidade de adquirir um título, o senhor o faria? Abramo Douek – Claro. Quem quiser se integrar à comunidade precisa ser sócio da Hebraica. Ela é ideal para isso. Infelizmente, existem famílias que não valorizam o clube, mas os visitantes de fora da comunidade que recebo ficam extasiados com o que veem e, demonstram o desejo de dispor de um espaço como esse – muito raro numa cidade como São Paulo.
O JOVEM RICARDO RIBENBOIM NOS PRIMÓRDIOS DA ESCOLA DE ARTE
Hebraica – Há mais de quarenta anos, você apostou na importância do aprendizado da arte na infância? Ricardo Ribenboim – Sempre é fundamental trabalhar a criatividade desde a infância. Posso dizer isso com conhecimento de causa, pois iniciei minha formação desde os 5 anos de idade, o que me permitiu que aos 16 anos propusesse ao diretor cultural do clube, na época Bernardo Blay, a criação do que denominamos de Escola de Arte. Eu estudava na Escola Vocacional Oswaldo Aranha, no Brooklin, dirigida por um grupo muito competente liderado pela pedagoga Maria Nilde Maschelani, e dentre as nossas atividades havia ações comunitárias e trabalhávamos. Os recursos da Escola de Arte não eram tecnológicos. Eram precários, porém fundamentais para criar o que chamamos hoje de educação do olhar, ou melhor, a educação dos sentidos. Foi uma experiência muito boa. Embora fôssemos jovens, já tínhamos claro o que estávamos fazendo. Até hoje mantenho contato com alunos que tiveram conosco as primeiras experiências em criatividade. É fundamental entender que recursos tecnológicos são um meio não o fim. Convidei três colegas de classe para fazerem parte do projeto: Sílvia Lenzi, como sócia, Beatriz Rosenberg e Nina Michaelis para participarem como professoras. Creio que foi a primeira escola de arte em um clube. Com o apoio da Escola Vocacional Oswaldo Aranha, criamos uma metodologia que, anos depois, creio que em 1969, apresentamos no I Encontro de Educação Através da Arte, na Escola de Arte São Paulo dirigida pela arte-educadora Ana Mae Barbosa. Lembro-me de que contamos com muitas pessoas de diferentes áreas de expressão. Um deles foi Mário Mazzetti, na área de teatro; Sérgio Jacobovich, na fotografia; Francisco Oliveira, em teatro, dentre outros. Chegamos a ter 180 alunos ao longo de três anos. Com a saída do diretor cultural e a necessidade de me concentrar na minha própria formação, deixamos a escola para outro diretor que não soube na épo>>
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capa | hebraica 60 anos >> ca dar o devido valor à iniciativa que tivemos. Confesso que foi frustrante e diria que até o momento não havia sido registrado oficialmente quais eram os precursores da escola que se mantém até então. Ainda vivemos em um país que valoriza pouco a memória. E o que faz atualmente o idealizador da primeira escola de artes da Hebraica? Qual é a especialidade da Base 7, a empresa que você preside? Ribenboim – A Base7 é uma empresa especializada em museologia e museografia com vistas à formatação de museus e organização de exposições. Também se dedica à catalogação de obras completas de artistas como a de Tarsila do Amaral, já realizada, e a de Volpi, em processo de catalogação. Entre as mostras recentes, organizamos a de Caravaggio em Belo Horizonte, São Paulo e Buenos Aires; Giacometti, em São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires; De Chirico em Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo; Chagall, em São Paulo, Belo Horizonte, e Rio de Janeiro; Tarsila do Amaral, em São Paulo, Belo Horizonte, Buenos Aires, Vitória, Madri e Santiago de Compostela; Rodin em São Paulo, Belo Horizonte, e Rio de Janeiro; as exposições paralelas à Bienal de São Paulo, diversas exposições brasileiras na França e
outras na Bélgica para o evento Europália que, em 2011, homenageou Brasil. Quanto aos museus, montamos o Museu do Holocausto (Curitiba); o novo Museu de Arte Contemporânea (MAC) no antigo edifício do Detran (São Paulo), Museu do Perfume (São Paulo), Museu da História do Estado de SP, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba); Museu do Corinthians, entre outros em fase de implantação, como o Memorial da Imigração Judaica no Bom Retiro (São Paulo) e o Museu do Alimento (São Paulo).
AS PRIMEIRAS INSTALAÇÕES DA ESCOLA DE ARTE
AULA DE DESENHO E CRIATIVIDADE NOS ANOS 1970
Arte e sustentabilidade O Ateliê Hebraica fica localizado atrás do J.J. Bar do Tênis, em dois andares adaptados para receber alunos de 1 a 80 anos. Além das exposições periódicas dos trabalhos feitos em classe, outro fator aproxima a mais recente versão da Escola de Arte do projeto original: a precariedade de recursos. Ao priorizar o uso de materiais recicláveis e reutilizáveis no cotidiano do Ateliê, a coordenadora Betty Lindenbojm dá o exemplo e aplica na prática as conclusões do seu mestrado e doutorado em artes plásticas. “Acredito que qualquer pessoa tem pelo menos uma habilidade de transformação. Com criatividade e imaginação nós, professores e alunos, construímos brinquedos a partir de garrafas pets ou elaboramos lindos objetos a partir de cacos de cerâmica. Nesse processo de visualizar e dar novos formatos às coisas, exercitamos o cérebro e nos transformamos internamente”, afirma a coordenadora. No primeiro semestre de 2012, o Ateliê Hebraica expôs trabalhos produzidos com sucata. “No final do ano, mostramos alguns objetos feitos com argila e trouxemos um professor para divulgar o curso de cerâmica que iniciaremos este ano. Essa é uma forma de aproveitarmos o torno e o forno herdados da Oficina que permaneceram sem uso durante muitos anos”, anuncia Betty.
Depois de dirigir por vários anos o Itaú Cultural, qual é o desafio atual? Ribenboim – Hoje sou sócio diretor da Base 7 Projetos Culturais, em sociedade com Arnaldo Spindel e Maria Eugênia Saturni. A Base 7 faz parte do grupo Ink, que engloba outras seis empresas na área do audiovisual. Além disso, mantenho meu trabalho pessoal no campo das artes visuais, faço parte de alguns conselhos, entre eles o do Ministério da Cultura do Equador para a constituição da Universidade de Artes de Guayaquil, e professor convidado de Universidades do Chile, da Espanha, entre outros países. Sobre o meu trabalho pessoal, desde sempre investigo os limites entre o design gráfico e as artes visuais na utilização de diferentes materiais e suportes, tanto físicos como eletrônicos. Atualmente, somando a essa pesquisa – depois de um feliz encontro no ateliê de Louise Bourgeois, em Nova York, promovido pelo curador Paulo Herkenhoff – tenho produzido trabalhos a respeito da autorepresentação. O que você mantém do idealismo que o levou a propor a criação de uma escola de artes na Hebraica? Se fosse hoje, como o público se beneficiaria de um centro de educação artística? Ribenboim – Bom... Se fosse hoje, e depois de toda a experiência que adquiri ao longo dos anos, proporia um centro articulador movido por três princípios: fomento, formação e difusão. Minha convicção é que nenhuma atividade no ambiente artístico público será coerente
Mestres na arte de ensinar O museólogo Ricardo Ribenboim foi o primeiro de uma série de profissionais que coordenaram a Escola de Arte nos últimos 43 anos. Na lista estão, entre outros, Jacqueline Brill Ruberto, que na década de 1980 implementou oficinas de dança, brinquedos e teatro. Hoje vive em Haifa, onde produz vídeos e dirige a área pedagógica do Media Center Rutenberg Institute ligado ao Ministério da Educação de Israel. Nina Hazzan ampliou o trabalho da Oficina, oferecendo cursos que integravam música, dança e teatro às artes plásticas. Vive em Quebec, no Canadá. Nos anos seguintes, a Oficina passou a integrar a área de Juventude e teve como coordenadoras a professora Rosa Iavelberg, especializada no ensino de arte e as professoras universitárias Mirtes Marins e Luciane Gará, que implantaram cursos de iniciação em web design na última fase de existência da Oficina das Artes. Hoje, o Departamento de Teatro e os centros de Dança e de Música oferecem cursos de iniciação. A transição da Oficina das Artes para o Ateliê Hebraica coube à professora Betty Lindenbojm. Desde 2008, crianças, jovens e adultos desenvolvem projetos individuais ou em grupos sob orientação técnica da equipe de professoras.
AULA DE CERÂMICA PROMOVIDA PELO ATELIÊ HEBRAICA
sem a concorrência harmoniosa dessas três forças motoras. Fomento é mapear e apoiar novos talentos, tanto individuais como coletivos artísticos. Formação é criar programas para, de um lado, desenvolver esses mesmos talentos e, de outro, preparar os públicos para as novas e constantemente móveis fronteiras perceptivas colocadas pela produção artística contemporâ-
nea. Difusão se caracteriza por registrar, sistematizar e apresentar ao maior público possível os resultados das ações de fomento e as ferramentas desenvolvidas pela área de formação. Esse centro articulador faria a gestão de diversos núcleos postados não apenas em lugares estratégicos da cidade, mas principalmente em regiões onde vivem as populações em situação de risco. >>
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capa | hebraica 60 anos | por Leslie Marko *
O teatro judaico no mundo e no clube “CADA ÉPOCA NÃO SÓ SONHA A SEGUINTE, MAS AO SONHÁ-LA A FORÇA A DESPERTAR.” WALTER BENJAMIN
A HEBRAICA TEM UMA HISTÓRIA VALIOSA DE SEU TEATRO E O QUE SE VAI LER
A SEGUIR É UM RELATO QUE RESGATA OS MOMENTOS SIGNIFICATIVOS DE UM PROJETO ARTÍSTICO E DE ENCONTRO COM O TEATRO JUDAICO
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iretores, atores, cenógrafos, iluminadores e fi gurinistas protagonizaram esse percurso que começou ainda antes do Teatro Anne Frank, quando foram representadas peças teatrais de qualidade no palco do “Arthur”. Cada cenografi a e fi gurino, os bastidores e a memória dos associados e profi ssionais que participaram desses diferentes espetáculos, ao longo dos últimos cinquenta anos, é uma história em particular, que se inicia com o teatro judaico e o teatro ídiche. Em artigo na Revista de História e Estudos Culturais, de 2010 – “Purim e o Teatro Judeu” –, o intelectual e professor da Universidade de São Paulo Jacó Guinsburg escreve que as dramatizações lúdicas (Purimshpils) eram apresentadas no dia de Purim por estudantes de yeshivot (centros de ensino religioso) e por artesões, desde o século 16 na Europa, inspiradas no ódio a Haman e na vitória de Mordechai e em outros episódios bíblicos. E de mãos dadas com a comedia dell’arte nos guetos europeus da Idade Média, os purimshpilers se apresentavam nas casas de personalidades da cidade, e ao final de cada encenação pediam algumas moedas. No início, eram monólogos e, com o tempo, cenas maiores com a entrada de mais atores, músicos e figurinos. Ainda eram encenações curtas, e não um teatro ídiche como tal. No século 19 surge a figura do badchan (animador, cômico e narrador de citações do Talmud) presente nos casamentos nos shtetls da Europa Oriental. Já os brodersänger da Ucrânia eram trupes de atores e músicos itinerantes que representavam peças curtas em palcos improvisados nas tavernas e espaços públicos, e são considerados os iniciadores de um teatro ídiche propriamente dito. Neste período o teatro ídiche inicia uma jornada que, ao longo dos anos, representará a alma judaica por inter-
médio de situações de alegrias, tristezas e conflitos, e também com humor. Em 1890, Scholem Aleichem inaugura a literatura ídiche. De Odessa a New York, onde se fixa escapando aos pogroms russos, ele inspira toda uma geração a criar e a preservar a cultura ídiche e sua dramaturgia servirá de base para difundir ainda mais o teatro ídiche. Há ainda o teatro sefaradi com exemplos significativos de valores que preservam e dão sentido à sua cultura judaica, como as contribuições ideológicas e estéticas do teatro de bonecos na Espanha durante a Inquisição, quando a censura proibia os atores de criticar o status quo e apenas bonecos e fantoches podiam se expressar com alguma liberdade para denunciar, por meio de metáforas e alegorias, a situação de intolerância e perseguição. E nos séculos 20 e 21? Apesar da catástrofe imposta à cultura ídiche com o objetivo de dizimá-la durante o Holocausto, ao longo das gerações as características permaneceram sobrevivendo à desumanização e à intolerância provocadas pelos pogroms na Europa Oriental e pelo nazifascismo. Até hoje não se compreende como o teatro judaico, além de continuar ativo, contribuiu decisivamente para a sobrevivência da identidade judaica e dos próprios atores que praticaram a profissão com dignidade. Foi o caso, durante o Holocausto, do grupo de teatro do Gueto de Vilna, pesquisado e bem representado por Joshua Sobol na conhecida peça teatral Gueto (1984), encenada no mundo todo nos últimos 25 anos. Sobol também escreveu o roteiro do filme homônimo, dirigido pelo lituano Andresz Juzenas (2006). Os artistas de Vilna arriscaram a vida interpretando com ousadia e sarcasmo situações cotidianas que mostravam a vida esmagada durante o domínio alemão. A cantora e atriz do grupo, Sima Skurkovitz, a quem entrevistei, em Israel, em 2011, conta no seu livro de memórias: “Meus dois anos no gueto foram penosos. Não posso esquecer os assassi-
APRESENTAÇÃO DA PEÇA ROMÃO E JULINHA, MONTAGEM DO GRUPO DE TEATRO AMANHÃ, EM 1972
natos, a matança contínua sem sentido dos judeus (...) era como uma longa noite escura para mim. Mas fora essa escuridão, lembro-me das reuniões do nosso clube juvenil. Num apartamento velho e destruído, numa pequena rua, nos encontrávamos, todos juntos. Professores, atores, cantores, amigos... Por um par de horas. Esses encontros nos davam a força para continuar. Por algumas poucas horas conseguíamos nos evadir da terrível realidade das nossas vidas e encontrávamos motivação para nossas almas.” Outro caso é o do ator e diretor judeu polonês Sami Feder que escreveu, dirigiu e produziu teatro clandestinamente nos barracões de Bergen-Belsen e em mais onze campos de concentração. Feder encenou cenas curtas de teatro ídiche decoradas ou cantadas, reunidas a partir de pesquisa e da transmissão oral de canções, poesias, contos e fragmentos de peças de que os presos judeus se
lembravam. Além de resgatar essa memória, Feder criou novas encenações a respeito da realidade vivida diante da situação extrema de discriminação e morte, proporcionando um espaço de acolhimento e de identificação coletivo e comunitário. No Gueto de Varsóvia, o pedagogo Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, montou com as crianças do orfanato o texto O Carteiro, do pensador Rabindranath Tagore, que possibilitou aos pequenos entrar em contato com a morte próxima e seu significado. Korczak e as crianças caminharam com dignidade, numa marcha semelhante a um rito teatral, portando bandeiras verdes (alusivas ao livro Rei Mateusinho, criação do próprio Korczak) e, vestindo, como se fossem figurinos, as suas melhores roupas até a estação de trem para uma viagem, sem volta, ao campo de Treblinka. Depois da guerra, os artistas judeus
da Europa Central que imigraram para os Estados Unidos “deram corpo” ao teatro norte-americano. No drama ou na comédia, o teatro se preocupou com o universo psicológico valendo-se principalmente do realismo e naturalismo. Surgiram novos formatos e linguagens como a criação coletiva, a performance e diversas expressões de vanguarda, além dos espetáculos musicais, marca registrada da Broadway até hoje. Em Israel, os temas oscilavam entre a guerra e a paz, o luto da Shoá e das guerras de Israel. Em Tel Aviv é criado o importante Teatro Habima, em atividade até hoje, com atores sobreviventes do Holocausto, assim como novas companhias encenando textos universais clássicos e contemporâneos, peças israelenses, teatro-dança, teatro ídiche, marroquino, russo, etíope, iemenita, e de tantos outros grupos de imigrantes, sempre errantes. Quando se trata da Europa, é impor>>
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A PARTIR DA ESQUERDA LÚCIA ELÉTRICA DE OLIVEIRA, PEÇA ENCENADA PELO GRUPO TEATRO 70, QUE ERA ORIENTADO POR
TATIANA BELINKY; O REIZINHO GOZADO, DE JURANDYR PEREIRA, GRUPO TEATRO 70; AS SABICHONAS, DE MOLIÈRE, APRESENTADA POR UM GRUPO PROFISSIONAL EXTERNO EM 1972
>> tante destacar três das várias vertentes de montagens teatrais judaicas. A primeira refere-se a textos teatrais que apresentam o esforço dos filhos da segunda geração para compreender o incompreensível que o Holocausto carregava e a “culpa” por estarem vivos apesar da morte dos pais e avós. A segunda é a encenação de textos tradicionais do repertório ídiche principalmente na França, Alemanha e Europa Oriental. A terceira tem características pós-modernas como uma forma de se distanciar do evento: uma estética baseada na performance como linguagem (criada no aqui e agora, muitas vezes de forma improvisada diante do público) que, como característica do pós-modernismo propõe situações fragmentadas sem uma lógica necessariamente realista. Durante o Congresso Internacional de Teatro Judaico, em 2007, assisti, em Viena, a um espetáculo a respeito do nazismo em uma igreja no centro da cidade, encenado pela Companhia de Teatro Judaico da Áustria, uma trupe crítica e corajosa. A encenação realizada entre bancos e confessionários integrava elemen-
tos judeu-cristãos para representar situações de discriminação às minorias da Áustria ocupada. Foi este grupo que liderou, há alguns anos, a tentativa de recuperar o prédio do velho teatro judaico de Viena expropriado pelos alemães durante a ocupação. Na Argentina e no Brasil houve espaços importantes para o desenvolvimento do teatro ídiche originário da Europa com apresentações na língua original e, depois, adaptações em espanhol e português. No Brasil a produção teatral em ídiche foi significativa e influenciada por várias companhias européias que desembarcaram em Buenos Aires, no Rio de Janeiro e em Santos, entre eles o importante diretor polonês Zygmunt Turkow (1896– 1970), irmão do também ator e diretor Jonas Turkow, muito atuante durante o Holocausto. Turkow morou no Brasil de 1940 a 1952, quando imigrou para Israel. É importante mencionar a criação do Teatro Israelita de Comédia, em 1989, no Rio de Janeiro, por atores como Felipe Wagner e Ida Gomes.
Alguns pesquisadores vêm contribuindo de forma significativa para o estudo e a divulgação do teatro ídiche como os professores da USP Jacó Guinsburg, que escreveu Aventura de uma Língua Errante (1996), e que traduziu obras de Scholem Aleichem, S. Ansky, Isaac Bashevis Singer, entre outros, e Berta Waldman, autora de O Teatro Ídiche em São Paulo (2010) com depoimentos de atores na época do ainda Taib e da Casa do Povo, no Bom Retiro, que acolheu os judeus refugiados vindos, por motivos econômicos e políticos, desde as décadas de 1920 e 1930 fugindo do antissemitismo e abraçando causas sociais no Brasil. A Casa do Povo virou referência cultural e intelectual para a esquerda judaica de então. Posteriormente, os imigrantes da Síria e do Líbano constituíram as congregações sefaraditas. Durante o nazismo, judeus chegaram ao Brasil muitas vezes com vistos diplomáticos ou cristãos devido às proibições secretas de entrada no país. Esses imigrantes, com a ajuda da compra de terras pelo Barão Hirsch, criaram colônias
agrícolas e, como a de Orlândia, no Paraná. Intelectuais e políticos principalmente da Alemanha e da Áustria refugiaram-se no Brasil como o escritor austríaco Stefan Zweig e Urlich Becher, dramaturgo judeu alemão que nos seus textos integrou elementos brasileiros com denúncias ao nazismo. No México, Venezuela, Uruguai, Peru e Chile surgiram poucos grupos de teatro judaico, a maioria ligados a clubes e escolas. As comunidades hispano-americanas ainda ensaiam timidamente a autoria cênica e dramatúrgica judaica. Atualmente, a necessidade de preservar e desenvolver uma comunidade judaica formada pelos filhos, netos e bisnetos de imigrantes tem de interagir com a realidade de uma cidade cosmopolita como São Paulo, organizada em torno dos avanços vertiginosos da tecnologia e inserida no processo de globalização crescente. São compreensíveis perdas irreversíveis como o fato de o teatro ídiche, presente nos anos de prosperidade cultural da Casa do Povo, fundada em 1954, existir pouco ou quase nada no clu-
be e em outras instituições judaicas da cidade. Já a música ídiche tocada e cantada em festivais, casamentos, bar-mitzvot e em alguns palcos da cidade ainda garante a memória de uma cultura. Cabe aos artistas e pesquisadores tomar a iniciativa do estudo, resgate e prática adaptada aos dias de hoje de tão importante fenômeno artístico como é o teatro ídiche. E qual a relação entre este breve resgate de fragmentos da história do teatro judaico com teatro da Hebraica? É a memória e a inovação É possível fazer analogias entre o jogo divertido e reflexivo do Purimshpil, entre o teatro crítico e corajoso de preservação de identidade durante a Shoá e o teatro ídiche que floresceu na Europa e trouxe frutos importantes ao Brasil? Podemos pensar e revelar um teatro judaico contemporâneo, no Brasil, em São Paulo e na Hebraica, como herdeiro de algumas das formas de teatro mencionadas? O teatro da Hebraica entrou em cena antes mesmo de 1960, ano de inaugura-
ção, do Teatro Arthur Rubinstein, com o espetáculo Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare, dirigido por Sérgio Cardoso. Com empenho e ousadia, naquela época sócios foram transformados em atores, e atualmente a quem lhes perguntar contam a respeito daqueles anos com orgulho e entusiasmo. Nos anos 1970, Aparecido Leonardo, o Cido, coordenou o Departamento de Teatro, realizou produções reunindo jovens atores e com eles encenou textos brasileiros e estrangeiros. A partir da década de 1980, sob a coordenação do ator e diretor de tevê e teatro Heitor Goldflus e integrando o Projeto da Juventude do clube foram formados três grupos de teatro dos quais participaram atores amadores e associados alguns dos quais se profissionalizaram e hoje fazem parte do teatro, da televisão e do cinema: Caco Ciocler, Alan Fiterman, Marcelo Klabin, Dan Stulbach, Fábio Herford, Dinah Feldman, Vanessa Schachter, Luciane Strul e Ozani Violin assim como na área de música como Sônia Goussinsky, Daniel Tauzsig e Felipe Pipo Grytz, entre outros. Foram encenados no clube espetáculos como Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millor Fernandes, Pic Nic no Front, de Fernando Arrabal, Equus, de Peter Shaffer, e A Onda (adaptação do filme de Dennis Gansel). Na época havia grande apoio e investimento da diretoria do clube pelo então diretor Geral, hoje superintendente, Gaby Milevsky, que apostava intensamente nas atividades da Juventude. E a minha contratação para coordenar o teatro com formação em direção e teatro-educação pelo teatro da Pontifícia Universidade Católica de Peru (PUCP) e pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/ USP) fui contratada para coordenar o teatro e lhe dar um caráter profissional. Nessa época, trabalharam na equipe alguns diretores profissionais como João Albano e Moisés Miastkovsky, e o atual coordenador do Departamento de Teatro Henrique Schafer, também formado no curso de artes cênicas da USP. Desta forma materializou-se uma tendência >>
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O TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN TAMBÉM ERA UTILIZADO PARA MONTAGENS INSPIRADAS NO CALENDÁRIO DE FESTAS JUDAICAS
>> teatral de formação e encenação que já se desenvolvia no clube: o teatro-educação. Este é um conceito aprofundado por educadores, pesquisadores e encenadores como Viola Spolin, nos Estados Unidos, e Ingrid Koudela, Maria Lúcia Pupo e Joana Lopes no Brasil. O teatro-educação era a escolha de um projeto pedagógico, artístico e estético baseado no desenvolvimento de cada ator e do grupo enquanto sujeitos criadores. O principal recurso de criação e expressão era o jogo teatral como prática de liberdade e comunicação. Desta forma, os atores envolvidos em um processo de criação em parceria com o diretor, cenógrafo, figurinista, sonoplasta, iluminador, e outros se tornam coautores dos processos de criação e dos espetáculos sob a coordenação dos diretores de teatro e educadores. A proposta do teatro-educação possibilitou tratar de temáticas diversas, valorizando autores e textos judaicos; trabalhando o ator como um ser criador e pensante de modo a obter um melhor conhecimento de si próprio e das suas potencialidades e dificuldades. A compreensão e interação do estudo da história do teatro com o universo cultural contem-
MONTAGEM DE ESTÁ LÁ FORA O INSPETOR, ENCENADA NOS ANOS 80 COM DIREÇÃO DE APARECIDO LEONARDO
porâneo favoreceu a que os jovens pudessem atuar como agentes sociais dentro e fora da comunidade judaica. A experimentação de encenação em espaços não convencionais possibilitou também novas formas de criar a relação ator-espectador. E ao cabo de oito meses de ensaios os grupos estrearam realizando exercícios abertos, encenações, espetáculos e temporadas. Trata-
va-se de um grande jogo que atraiu espectadores curiosos, animados e inquietos nos espaços mais variados, tradicionais e inovadores do clube: teatros, gramado, escadarias, andaimes, Centro de Juventude, parquinhos, Teatro de Rua Judaico, em frente ao gamão, na Praça Carmel, na sede do clube, e usando de toda a imaginação. Muitas vezes o teatro da Hebraica abriu
suas cortinas ou tablados ao ar livre anunciando os mais diversos espetáculos e estilos, mas sempre por meio do que de mais sagrado temos na arte milenar do teatro: o jogo. O jogo é a possibilidade de colocar no espaço e no tempo aspectos do que somos e do que queremos ser. É um momento de alegria, mesmo quando se trata da representação de um drama, em que projetamos pensamento e emoção integrados aos nossos corpos. No universo do jogo teatral, dialogamos com os múltiplos signos da linguagem cênica: gesto, palavra, silêncio, tom de voz, indumentária, objeto de cena, uso do espaço, vínculo com a plateia, vínculo com os outros atores que contracenam no jogo, trilha sonora, luz, cenografia... Um novo gesto, um olhar, um andar... A Hebraica apostou na formação de um movimento teatral que pudesse atingir todas as faixas etárias e garantir a cada grupo uma montagem por ano. Foram formados onze grupos desde o de crianças até o da terceira idade, de diretores-teatro-educadores e de assistentes de direção. Assim, nascia também a marca de alta qualidade dos espetáculos infantis, inaugurada pelo encenador Alan Fiterman, na época também coordenador do Centro Juvenil Hebraikeinu, hoje um reconhecido profissional de cinema e tevê. Paralelamente, profissionais de São Paulo também montaram espetáculos que visitaram nosso teatro trazendo o público da cidade para o clube, como Antônio Fagundes, Cacá Rosset, Christiane Torloni, José Possi Neto e Beatriz Segall, que emprestaram corpos e vozes para interpretar Molière, Shakespeare e outros autores da dramaturgia universal. Recebemos também companhias de teatro profissional da Espanha e Israel como parte da programação cultural. Estas experiências possibilitaram o alargamento do olhar, da pesquisa e da prática da equipe de diretores e dos jovens atores. O Departamento de Teatro fortaleceuse e começou a participar com destaque nos Festivais de Teatro Amador (Fepama), Interclubes (Acesc), de São Paulo e internacionais (Caracas). Durante três anos a
Hebraica criou e realizou o Festival de Teatro Latino-Americano Habima. No Congresso Internacional de Teatro Judaico Internacional (Association for Jewish Theater – AJT), em Viena e Detroit, representei o movimento teatral do clube, e por isso fui convidada pela AJT a ser sua representante na América Latina. Desde então o teatro da Hebraica buscou se aproximar cada vez mais dos valores semeados pelo teatro judaico. Além de favorecer o espaço de encontro social, a Hebraica também apoiou o desenvolvimento judaico de atores e espectadores. Como sede dos três festivais latino-americanos de teatro judaico Habima, entre 1992 e 1994, recebeu elencos da Hebraica da Argentina, Masai da Venezuela, Colégio Israelita de Curitiba, Teatro Israelita de Comédia (TIC), do Rio de Janeiro. Na época, foram realizados espetáculos judaicos como Requiém para uma Noite de Sexta-Feira, de German Rosenmacher, Último Seder, de Jennifer Maisel, Milano, do israelense Shmuel Hasfari, A Sorte Grande, de Scholem Aleichem, Terror e Miséria do Terceiro Reich, de Bertolt Brecht e criações coletivas como Mazal Tov, E Agora Josef?, com dramaturgia de Luciane Guedes, entre outros. Essas encenações alternaram-se com textos universais, brasileiros e montagens colaborativas, garantindo ao associado um espaço onde pudesse se expressar e refletir junto com o público buscando sempre a construção de um mundo mais justo e melhor. Também foi criado o Grupo Lev que apresentava cenas curtas judaicas em eventos e espaços abertos do clube. Atualmente coordenado por Henrique Schafer, o Departamento de Teatro da Hebraica fica cada vez mais rico, pois o “fazer teatro” continua significando uma contribuição valiosa ao crescimento pessoal e coletivo dos associados, assim como, para a equipe de diretores e técnicos significa a provocação positiva e permanente de se indagar a respeito do papel do teatro-educador na comunidade e na construção de uma identidade judaica e humanista. Trabalha-se também o espaço da expressão e criação no
clube por meio do diálogo artístico entre atores e espectadores. Atualmente, a prática do Departamento de Teatro continua a desenvolver, de forma singular e original, a expressão de inquietude própria dos atores que, como o judeu errante, trazem na mala repertórios pessoais, familiares e sociais em um contexto histórico e judaico sempre em transformação. Nos últimos vinte anos, a experiência desenvolvida no Departamento de Teatro vem possibilitando a alguns dos atores a escolha profissional que os leva a ingressar em escolas de formação teatral dando assim continuidade à pesquisa e encenação. Desse grupo fazem parte Paula Hemsi, Daniel Glezer, Lior Berlovich, Léo Steinbruch, Cláudio Erlichman, Carolina Lederfarb, Carolina Chmilevsky, Lia Levin, Arthur Kohn, Ana Júlia Marko, Lígia Cohan, Paula Herz, Renato Ghelfond, Gabriel Burstein, Mauro Cytrynowicz, Camila Cohen, Thiago Sak Moran, e outros. Os tempos mudaram; a cidade e o país também. As linguagens, as referências e os contextos se modificaram. Entretanto os atores da Hebraica, reunidos num ambiente judaico continuam pensando e encenando exercícios teatrais e espetáculos que contribuem para a formação de uma atitude reflexiva sobre o mundo contemporâneo em que vivemos e atuamos. Portanto, Lehaim! Longa vida ao teatro judaico e ao teatro da Hebraica. *Diretora e teatro-educadora, coordenou o Departamento de Teatro da Hebraica e dirigiu os grupos de jovens e de adultos do clube. Doutoranda na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (Fflch/USP no tema teatro e Holocausto, pesquisadora e coordenadora de oficinas de teatro do Arqshoah – Arquivo Virtual do Holocausto e antissemitismo e do Leer/USP (Laboratório de Etnicidade, Racismo e Discriminação), docente da Escola Superior de Propaganda e Marketing (Espm) e diretora do espetáculo Shabat, uma Aventura pelas Tradições >>
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Depoimentos dos ex-presidentes *
Uma aventura de 60 anos Quando ainda havia muito o que fazer e os desafios se somavam e se renovavam naqueles poucos anos depois da fundação do Estado de Israel e uma década após o início da Solução Final do chamado problema judeu pelos nazistas, um grupo de pioneiros, a quem poderíamos chamar de pais fundadores, decidiu construir um clube judeu em São Paulo, ao qual deram o nome óbvio de Hebraica. Há sessenta anos, portanto, começou a venturosa aventura da Hebraica que não parou mais e, hoje, é um dos mais importantes centros comunitários judeus do mundo, local onde se preservam os usos e os costumes, a tradição, a memória e a história dos judeus e para onde convergem os interesses e as preocupações da comunidade judaica de São Paulo. (Henrique Bobrow) Uma projeção do judaísmo Fui diretor, presidente do executivo e do Conselho Deliberativo de A Hebraica de São Paulo. Além de usufruir de todas atividades propiciadas pela instituição – pois A Hebraica é muito mais do que um clube – prestei a ela e, por consequência, às entidades da nossa comunidade, serviços voluntários na qualidade de diretor, assessor ou mero colaborador. Sessenta anos são decorridos da existência de A Hebraica de São Paulo e, não tenho dúvida em afirmar que ela excedeu às expectativas otimistas de seus fundadores. A Hebraica é a projeção do judaísmo no contexto da sociedade maior e o realiza de forma atraente, positiva e, assim,
dignifica não apenas os seus associados, mas os judeus em geral. Suas atividades culturais, sociais, esportivas, religiosas com respeito às diferentes correntes que abrangem a comunidade são motivo de exemplo dentro e fora do Brasil. Se assim vivemos muito bem até os dias de hoje, apesar das várias dificuldades que épocas diferentes nos impuseram, por que não esperar um contínuo e melhor desenvolvimento para o futuro? Bastará se espelhar no passado, compreendendo os desafios do presente e do futuro alerta às escolhas que periodicamente ocorrem, para assegurar a continuidade da nossa Hebraica, orgulho inconteste da comunidade judaica. (Naum Rotenberg) Ícone entre os clubes Há 60 anos dez homens de grande visão e responsabilidade comunitária sonharam construir uma instituição que pudesse preservar as tradições e reunir as famílias e transformaram o espaço em ícone dos clubes no Brasil e a maior entidade judaica em todo mundo. Em plena juventude, A Hebraica continua a irradiar alegria, integração, respeito à nossa cultura e profundo trabalho de educação. Não são apenas os espaços cada vez mais aprimorados, mas as pessoas que vivem a experiência de ampliar os laços de amizade e fraternidade que nos dá a força dos macabeus modernos. (Marcos Arbaitman) Escola de lideranças Meu pai Abrahão Terpins foi fundador da Hebraica. Era o sócio número 219, que agora me pertence. Assim que os fi-
lhos nasciam, os inscrevia no clube. Ele se juntou aos pioneiros na construção desse monumento que faz parte da história do judaísmo no Brasil. Metade de minha vida passei na Hebraica, onde ocupei vários cargos e, hoje, presido o Congresso Judaico Latino-Americano. Por isso, a Hebraica, além de vigoroso centro dos e para os judeus da cidade, é uma escola de dirigentes da comunidade. Prova disso, é o fato de a esmagadora maioria dos líderes de entidades comunitárias dos últimos cinquenta anos, ou mais, ter passado pelos “bancos escolares” da Hebraica. Sessenta anos da Hebraica é uma verdadeira comemoração e muito mais que uma simples contagem de tempo. A Hebraica forjou homens e consciências de modo a que um novo presidente dirigindo o clube é sempre melhor do que o antecessor pois, como em um processo cumulativo, aprendeu das experiências, suas e dos outros. (Jack Terpins) Uma parte da história Se é verdade que, desde a segunda metade do século passado, a Hebraica faz parte da história da comunidade judaica e da própria história do judaísmo no Brasil, também é verdade que a Hebraica é parte importante das biografias de muitos dirigentes comunitários da cidade, como eu. Presidi o clube de 2000 a 2002, mas antes disso já havia ocupado vários cargos de direção e me orgulho de três eventos que considero importantes durante minha gestão: a inauguração da nova Sinagoga, a inauguração da nova Biblioteca e a realização no Centro Cívico do ato final da passeata dos dez mil em solidariedade aos irmãos em Israel, em 2002. Foram, portanto, eventos que juntaram respectivamente a Lei de Moisés, o apego ao saber e o apoio à Terra de Israel. (Hélio Bobrow) Na vanguarda da comunidade É um privilégio escrever a respeito de data tão marcante. A Hebraica ao longo dos seus sessenta anos conquistou uma posição de destaque no cenário nacio-
EX-PRESIDENTES MARCOS ARBAITMAN, ARTHUR ROTENBERG, BEIREL ZUKERMAN, SAMSÃO WOILER, PETER WEISS, HÉLIO BOBROW, NAUM ROTENBERG E JACK TERPINS RECEBIDOS, AO CENTRO, PELO PRESIDENTE ABRAMO DOUEK EM AGOSTO DE 2012 DURANTE ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO
nal e internacional. Não somente junto à comunidade judaica, mas também em relação à comunidade maior. É exemplo de instituição organizada, séria, democrática e que transpira liderança. Tive a felicidade de participar durante 24 anos da sua diretoria, em duas gestões na presidência do executivo e duas na do Conselho Deliberativo. Aprendi muito nesta escola e temos todos que unir cada vez mais esforços para manter esta instituição na vanguarda da comunidade judaica. Aos sócios do clube, manifesto meu especial apreço, pois entendem a importância e a pujança deste clube, deste verdadeiro orgulho da nossa comunidade e participam ativamente da vida social, esportiva, cultural e política da entidade, uma das características que marcam a grandeza de nossa Hebraica. Não é fácil manter, durante sessenta anos, a qualidade, a energia, a beleza e os objetivos que um clube tra-
ça para si, mas as diretorias da Hebraica, sócios, funcionários e colaboradores souberam cumprir seus papéis com sabedoria e grandeza. Parabéns, Hebraica, pelos teus sessenta anos de êxito. (Arthur Rotenberg) A importância da união Eu tenho a honra de fazer parte desta Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo que por muitos é considerado “o maior clube judeu do mundo”, fora de Israel. Assim que chegou ao Brasil, vindo da Bolívia para onde imigrou da Europa fugindo à onda nazista, meu falecido pai Herbert Weiss foi convidado a ser um dos primeiros mil associados do clube. E assim o fez acreditando que um clube como a Hebraica poderia se transformar em um verdadeiro centro comunitário judaico e é isso o que atualmente também é. Eu me orgulho de ter sido um do que
contribuíram para isso, pois cresci no clube, fiz amigos, encontrei meu trabalho e uma maneira de ajudar a nossa comunidade das mais variadas formas. Em 1970 candidatei-me ao Conselho Deliberativo, de cuja Comissão de Administração e Finanças participei. Depois fui chamado ao Conselho Fiscal e na gestão do presidente Hélio Bobrow fui seu tesoureiro. No mandato de Arthur Rotenberg, seu sucessor, fui tesoureiro geral e depois eleito presidente do clube. Atualmente, sou o presidente do Conselho Deliberativo, ao mesmo tempo em que participo de outras entidades da comunidade tentando transmitir a importância de nossa união como povo. (Peter T. G. Weiss) * Os ex-presidentes Beirel Zukerman e Samsão Woiler não enviaram os seus textos. (Depoimentos colhidos por Bernardo Lerer)
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diretoria > patrimônio & obras pois o contrato em vigor se encerra em junho de 2013.
ABRÃO GOLDENBERG, NELSON GLEZER, RENATA LOBEL E GILBERTO LERNER SE REÚNEM REGULARMENTE PARA DISCUTIR QUESTÕES DA VICE-PRESIDÊNCIA DE PATRIMÔNIO E OBRAS
Por um clube mais confortável e atraente EM MÉDIA 250 ORDENS DE SERVIÇO (INSTRUMENTO DE REQUISIÇÃO DE SERVIÇOS) SÃO ABERTAS SEMANALMENTE PELA CENTRAL DE ATENDIMENTO, A PEDIDO DOS FUNCIONÁRIOS DO DEPARTAMENTO DE PATRIMÔNIO, DA EMPRESA TERCEIRIZADA OU DOS SÓCIOS
C
om a experiência de duas gestões anteriores como diretor de Patrimônio, o engenheiro Nelson Glezer é o vice-presidente desse setor no triênio 2012-2014, e com ele trabalham quatro diretores voluntários: o engenheiro Gilberto Lerner, Abrão Goldberg, a arquiteta Renata Lobel e o paisagista Maier Gilbert. “É o mínimo necessário para o que precisa ser feito”, diz Glezer. A equipe de profissionais do Patrimônio é constituída de dois engenheiros (civil e elétrico), um técnico em segurança do trabalho, um supervisor para o contrato terceirizado de manutenção e limpeza, um apontador e controlador, uma secretária, dois bombeiros civis e os zeladores de vestiários. “A experiência anterior com o controle do contrato da terceirizada foi um
grande aprendizado, que me deu a oportunidade de analisar e preparar o edital de concorrência quando do vencimento do contrato anterior e que gerou a troca da empresa, num setor essencial para o funcionamento do clube. Isto, aliado à coordenação do projeto de implantação da Escola Antonietta e Leon Feffer e minha experiência profissional, foram fatores que me levaram à vice-presidência”, afirma Glezer. Ele acompanhou a execução do projeto da escola, foi o elo entre esta e o clube, e teve papel fundamental na interação da escola/clube e as adaptações necessárias. Na entrevista abaixo, Glezer explica o papel da vice-presidência e esclarece dúvidas de muitos dos associados. Hebraica – Esse trabalho já preenche um departamento. No entanto, quais
são os outros setores em que a sua equipe atua? Nelson Glezer – Podemos dividir em três grandes setores: a manutenção propriamente dita (preventiva ou corretiva), que atua em equipamentos, construções civis, instalações; limpeza, paisagismo, suporte a eventos, segurança do trabalho e desenvolvimento de projetos futuros, englobando a contratação, desde o projeto até o controle e execução das obras e aquisição do mobiliário. Como são realizados esses trabalhos? Glezer – São 50 mil m2 de terreno, outro tanto de área construída formada, em parte, de edificações com quase sessenta anos, que devem ser renovadas atendendo à legislação. A manutenção, o paisagismo e o apoio a eventos são de responsabilidade da terceirizada Conbras; quem faz a limpeza é a CCR, gerenciada pela Conbras, os projetos e obras novas são contratados por meio de concorrências supervisionadas pela Comissão de Obras do Conselho, e outros trabalhos são da equipe do clube. Cada diretor cuida de uma área, a partir da sua experiência profissional. Atualmente, estamos em fase de lançamento de um novo edital de concorrência,
Quais foram as obras realizadas no primeiro ano da sua gestão? Glezer – Implantação da Escola Antonietta e Leon Feffer, reformas do Espaço Adolpho Bloch, do Amor aos Pedaços, da Brinquedoteca, do restaurante Kasher, a construção de duas quadras poliesportivas e três quadras de squash no segundo andar do Poliesportivo, reforma da recepção da garagem. Ampliamos o Espaço Bebê (mais um andar), a Escola Maternal e a cozinha do Sushi Tanabe. Refizemos a cobertura e impermeabilização do Poliesportivo, a acessibilidade no Centro Cívico e a cobertura das quadras de tênis 9 e 10. Além de montar uma nova subestação de energia elétrica, colocamos um gerador para o setor da entrada da portaria da rua Angelina Maffei Vita de modo a atender os frequentes apagões da região. Quais são as obras em fase de entrega ou de acabamento? Glezer – Entregamos, recentemente, o Bar da Piscina. Estão em fase final a sinalização viária do entorno do clube, por exigência do CET, e o elevador de acesso ao Teatro Arthur Rubinstein. Cuidamos, agora, da reforma do Departamento Geral de Esportes. Para gerir todos esses processos, como funciona a vice-presidência de Patrimônio? Glezer – Realizamos reuniões semanais entre os diretores e funcionários, ocasião em que todos os trabalhos em andamento são atualizados e distribuídos e cada diretor apresenta questões para serem resolvidas Além disto, são realizadas duas outras reuniões semanais entre a supervisão do contrato da terceirizada e os seus representantes, para análise e programação de todas as ordens de serviço. Qualquer solicitação gera uma ordem de serviço, aberta por qualquer dos envolvidos, de modo a tentar evitar as reclamações dos sócios. Aliás, todo sócio pode abrir uma ordem
de serviço, basta dirigir-se ou telefonar à Central de Atendimento e registrar o problema detectado. Em outubro de 2012 foram abertas 1.309 ordens de serviço, 49% geradas pelo Patrimônio e 51% pela Conbras em suas rondas diárias pelo clube. Algumas têm prioridade, são vistoriadas e executadas; as que puderem aguardar entram no cronograma e outras ordens são fechadas por improcedência ou outros fatores. A meta é sempre minimizar as ordens de serviço pendentes. Dê alguns exemplos dos serviços realizados invisíveis ao associado. Glezer – A prestadora de serviços entrega um relatório mensal no qual menciona todos os trabalhos preventivos e retificados realizados. E o resultado dos controles de qualidade analisados como a qualidade e da temperatura da água das piscinas, qualidade da água dos bebedouros, etc. Controlamos o consumo de água, gás e luz, e sabemos qual setor consome mais. Realizamos também o controle de pragas com dedetizações periódicas e que são mais intensas no verão. Cuidamos da manutenção da água da piscina, dos bebedouros, dos banheiros e também do combate aos pernilongos e mosquitos, que nos visitam a partir do rio Pinheiros. Em outubro passado, a terceirizada montou 116 eventos, 78,45% internos e 21,55% externos. Outubro é considerado um mês normal, mas em alguns meses há muito mais eventos.
O que esperar da sua vice-presidência em 2013? Glezer – O foco será tornar o clube mais agradável, onde o sócio pretenda permanecer sem necessariamente ter alguma atividade programada, de modo a fazer do clube um lugar para encontrar amigos, ler um bom livro, que seja seu lugar de lazer. Elaboramos uma agenda de projetos. O primeiro é a Praça Carmel, que será totalmente renovada no lay out e acabamentos. Os concessionários continuam. Será criado um grande lounge, confortável, atraente, num projeto do arquiteto Ricardo Basiches, responsável por vários projetos na cidade e vencedor da concorrência. Terá tratamento acústico e será um local multiuso, servindo para eventos, baladas e exposições. As refeições das crianças não serão mais naquele local. A Praça Jerusalém será espaço de encontro ao ar livre com mobiliário e paisagismo renovados, e o associado terá acesso ao Bar da Piscina. Investiremos na juventude, focados no uso da casa da esquina Gabriel/Ibiapinópolis, melhorando o acesso com a remoção do muro que a divide das quadras de futebol, que serão renovadas e cobertas. Também com um projeto de Basiches, o espaço do Fit Center passará por reformas com a criação de vestiários. Instalaremos mais um gerador. Vamos recuperar fachadas deterioradas de alguns prédios e cuidaremos da segurança. Asseguro que é uma agenda completa para um ano de trabalho. (T. P. T.)
Quem é o vice-presidente de Patrimônio? Nelson Glezer estudou no Sholem Aleichem, no Colégio de Aplicação da USP (que passou à rede estadual de ensino), no Bandeirantes e formou-se engenheiro civil, em 1982, na Politécnica, onde fez pós-graduação. No início da faculdade, foi trabalhar na Construtora Atlântica – Cibracon, onde está há 34 anos, e é diretor de engenharia. Convidado pelo então vice-presidente de Patrimônio e Obras Bruno Szlak, na gestão 2006/2008, foi diretor voluntário. Na gestão seguinte, de 2009/2011, continuou diretor do então vice-presidente de Patrimônio e Obras Moisés Gordon. Este ano assumiu o cargo na gestão 2012/2014 de Abramo Douek.
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cultural + social > espaço gourmet
Entre brilhos e bolhas O CHAMPAGNE FOI TEMA DO ÚLTIMO ENCONTRO DE 2012 NO ESPAÇO GOURMET COM DIREITO A DEGUSTAÇÃO DE SEIS RÓTULOS E MUITA INFORMAÇÃO SOBRE UMA DAS BEBIDAS MAIS APRECIADAS NO MUNDO
O CONSULTOR DE VINHOS ROBERTO ACHERBOIM NO ESPAÇO GOURMET
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ara a palestra sobre o champagne, o consultor e professor de vinhos Roberto Acherboim escolheu seis espumantes, “uma bebida agradável para a época”, explicou. Originalmente conhecida pelo nome da região francesa de onde se origina, o champagne ganhou diferentes denominações: prosecco e asti, na Itália; cava, na Espanha; sparkling wine, nos países de língua inglesa; sekt, na Alemanha; espumante no Brasil, Portugal, Chile e Argentina (também chamada por champanha), chemant e mousseaux, em outras regiões da França. Enquanto Acherboim fazia a apresentação no telão, as garrafas dos diferentes espumantes eram passadas, uma a cada vez, para que o aroma, a cor e o sabor da bebida fossem sentidos pelos apreciadores, já ambientados. “Hoje, o Brasil é premiado mundo afora”, disse ao passar um exemplar. Outro, muito apreciado, veio de Israel, e seguindo os preceitos da kashrut. Entre um gole e outro, os degustadores conheceram as várias fases por que passa a bebida, desde a colheita da uva, prensagem e o engarrafamento. Entre trocas de informações, votos de lechaim (“à vida”, em hebraico) e as opiniões individuais, a noite terminou com um prato preparado por Ana Recchia, especial para acompanhar o borbulhar dos espumantes. “Muitas novidades virão nos encontros do Gourmet. Estamos preparando a agenda de 2013”, disse a chef que coordena o espaço gastronômico do clube. Acherboim é corretor de seguros, aprecia boa comida mas trocou as panelas pelos vinhos. Com os seis anos como diretor da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, levou seu conhecimento para as aulas nas faculdades Anhembi Morumbi, Senac, FMU e Unip. Escreve no jornal Vinho & Cia. e é um dos degustadores da revista Go Where, entre outras. Beto, como é conhecido, ganhou, três vezes, o Grand Chef Hebraica e foi à África do Sul, ao vencer o Concurso de Hambúrgueres do América em 2007. (T. P.T)
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cultural + social > in concert MORAES MOREIRA APRESENTOU-SE COM SINFONIETA PAULISTANA REGIDA PELO MAESTRO
LEON HALEGUA
Enquanto cantarmos, haverá Brasil MORAES MOREIRA, UM DOS FAMOSOS “NOVOS BAIANOS” DO GRUPO DE MESMO NOME SURGIDO NOS ANOS 1970, ENCERROU A SÉRIE IN CONCERT 2012 E ATRAIU UMA PLATEIA JOVEM E ENTUSIASMADA
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oi notável a presença do grande número de jovens na plateia da última apresentação da série que une música clássica e nomes de destaque da música popular, como Moraes Moreira. Considerado o primeiro cantor de trio elétrico, lançou sucessos carnavalescos, o “frevo trieletrizado”, com sucessos como Pombo Correio, cantado por todos no Teatro Arthur Rubinstein. O mesmo aconteceu com Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e Preta Pretinha, do cantor em parceria com Galvão. “Enquanto cantarmos, haverá Brasil”, disse o cantor, relembrando as histórias da literatura de cordel nos bares de Salvador e que ganharam o país. E lembrou também os cem anos de Luiz
Gonzaga, festejados em 2012. Ao encerrar a apresentação, Moreira agradeceu “a oportunidade de estar neste palco e cantar com esta orquestra”. O artista se referia à Sinfonieta Paulistana, que abriu o espetáculo interpretando clássicos e continuou com as orquestrações do repertório popular preparadas pelo maestro Leon Halegua e o clarinetista Alexandre Travassos. Para completar, a participação especial do Coral da Hebraica, em noite inspirada. Após a apresentação, os Jovens Sem Fronteiras cumprimentaram Moraes Moreira, que se entusiasmou ao ver o grupo entrando pelo camarim em clima de tietagem, pedindo fotos com o cantor. (T. P. T.)
Quem é Moraes Moreira? Antônio Carlos Moreira Pires, o Moraes Moreira, começou como sanfoneiro em festas juninas. Adolescente, aprendeu a tocar violão e, em Salvador, conheceu Tom Zé, depois Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão. Formou-se o grupo Novos Baianos, do qual participou de 1969 a 1975 e compôs o maior número das músicas gravadas pela formação. Para a revista Rolling Stone Brasil, o álbum Acabou Chorare foi um dos cem melhores da música brasileira. São mais de cinquenta discos gravados e nos mais variados gêneros: frevo, baião, rock, samba, choro e, também, música erudita. Quando optou pela carreira solo, o consagrado compositor e primeiro cantor de trio elétrico apresentou-se com o Trio de Dodô e Osmar. Após deixar o Carnaval baiano, teve influência da música erudita, passou pela mistura do hip hop com o repente nordestino. Em seu livro A História dos Novos Baianos e Outros Versos, usou a literatura de cordel para narrar os fatos, transformando a obra em um show com o qual percorreu o Brasil.
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cultural + social > passeio
OBRA DE ABSALON CHAMOU A ATENÇÃO DO GRUPO
Guia e roteiros exclusivos na Bienal APÓS CAFÉ-DA-MANHÃ NO ESPAÇO GOURMET, ASSOCIADOS VISITARAM A XXX BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE DE SÃO PAULO. NO ROTEIRO, OBRAS DO BRASILEIRO BISPO DO ROSÁRIO, DA AMERICANA SHEILA HICKS E DO ISRAELENSE ABSALON
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om um guia exclusivo do grupo, a visita foi orientada para três salas de modo a bem conhecer o que estava em exposição. Na primeira, uma instalação de pequenos retângulos de pano, alguns com carimbos quase apagados em hebraico. Era a obra de uma das mais importantes artistas em tecido, a norte-americana Sheila Hicks, nascida em 1934, que aproxima arte, artesanato e design. Na segunda sala, dedicada a Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989), o grupo conheceu a vasta e diversificada obra
desse artista brasileiro que viveu meio século em um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro. Manipulou signos, usou a palavra para criar bordados, estandartes e objetos que se tornariam, depois de morrer, referências da arte contemporânea nacional. No terceiro andar, um salão com três construções brancas, mais parecendo labirintos, que podiam ser conhecidas internamente. É de Absalon, nome que o ex-soldado israelense Eshel Meir adotou ao chegar a Paris. Ele desertou alegando insanidade mental e morreu anônimo,
em 1993, aos 28 anos, de aids. Fascinado pelo espaço, ele o explorou em vídeos, desenhos, pinturas, esculturas e, principalmente, na série “Células”, expostas nessa Bienal. São unidades habitacionais criadas de acordo com as medidas do corpo do artista e planejadas para grandes centros urbanos no mundo. Feitas de madeira, papelão e gesso, as “Células” são espaços geométricos pequenos com o necessário para o cotidiano do artista: cama, mesa e lavatório. “Sempre brancas, a cor que estimula a contemplação”, explicou a guia. (T. P. T.)
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cultural + social > restaurante kasher
RABINO ELIAHU VALT E ABRAMO DOUEK COLOCAM A MEZUZÁ NA PORTA DO RESTAURANTE KASHER
Reinauguração em alto estilo “S
e 450 crianças aprovam o Restaurante Kasher, essa é a melhor opinião para avalizar o local”, disse o presidente Abramo Douek durante a apresentação das novas instalações do restaurante que funciona há 38 anos no clube. E as crianças são os alunos da Escola Antonietta e Leon Feffer, que almoçam ali. “Nossa missão é divulgar o judaísmo, a nossa tradição e este deve ser um lugar agradável, onde as pessoas façam as refeições com alegria”, completou Douek após pregar a mezuzá na entrada. A reforma do espaço foi projetada pela vice-presidência de Patrimônio e Obras, com um visual moderno, alegre, nas cores gelo e branco, e muito vidro. Nessa linha de tudo novo, a concessionária tem
ELE MUDOU O LAY OUT E ESTÁ PRONTO PARA RECEBER QUEM
APRECIA O TRADICIONAL GEFILTE FISH OU MESMO UM TRIVIAL ARROZ COM FEIJÃO – SEMPRE COM INGREDIENTES RIGOROSAMENTE KASHER duas pistas para expor os alimentos frios e quentes, louça e talheres novos. O restaurante agora mantém uma entrada independente, pela rua Hungria, para os não sócios que trabalham nas imediações ou visitantes estrangeiros, seguidores da kashrut. Frequentado por ortodoxos de todas as linhas, o restaurante tem um cardápio que vai além da tradicional comida judaica. Atende quem aprecia um gefilte fish, quem gosta do trivial arroz com feijão ou mesmo da tradicional feijoada às quartas-feiras – sempre com os ingredientes rigorosamen-
te kasher. Festas de bat e bar-mitzvá, noivados e casamentos são atendidas pelo bufê, assim como encomendas de toda a produção do restaurante, da chalá até a refeição completa. Desde o início, Carlos (z’l) e Rebeca Zakon eram os responsáveis pelo local e a primeira hashgachá (“supervisão rabínica”) foi do rabino David Valt (z’l). Hoje, Rebeca tem na equipe José Topfer e Miriam Lobel, esta dedicada ao setor de bufê e eventos, idealizado e cuidado durante muitos anos por Izidoro Zakon (z’l). E a hashgachá agora é feita pelo rabino Eliahu Valt, filho de David. (T. P. T.)
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coluna comunidade
Macabíadas 2013
A XIX Macabíada Mundial será realizada entre 18 a 30 de julho de 2013, em Jerusalém. Em entrevista à Agência Judaica de Notícias na Argentina, o presidente do Macabi Mundial Guiora Esrubilsky ressaltou a importância desse encontro “reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) o maior evento esportivo após os Jogos Olímpicos”.
Troféu para o Chaverim O grupo Chaverim conquistou o III Prêmio de Ações Inclusivas para Pessoas com Deficiência 2012, na categoria “Organização Não Governamental”. Ester Rosenberg Tarandach e Daniela Karmeli receberam o troféu comemorativo no Memorial da América Latina. O prêmio reconhece dezoito anos da história desse grupo.
Eretz Peretz O VII Encontro Eretz Peretz reuniu pais, alunos e amigos do Colégio I. L. Peretz para apresentação dos trabalhos anuais. Entre eles, a Estação Meteorológica com Monitoramento à Distância, criada pelos alunos da sexta, sétima e nona séries. O ensino médio encarregou-se da praça de alimentação, cujo resultado será destinado à viagem “Educação para a Vida” deste ano.
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Foto Eliana Assumpção
por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br
COLUNA 1
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AVI MEIZLER (E), ABRAMO DOUEK, GUITA ZARENCZANSKI, CHEMI PERES, JAYME BLAY E ROI NIR
Filho de Shimon Peres na Hebraica
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hemi Peres não é político. É investidor, gestor do Fundo Pitango, o maior de venture capital de Israel. Tomou café-da-manhã no Casual 1000, na Hebraica, organizado pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria mais a Missão Econômica de Israel e o Consulado em São Paulo. Peres falou de “Investindo no Setor de Alta Tecnologia Israelense” e explicou que Pitango, que se origina da palavra “pitanga” foi aberto em 1993, tem mais de US$ 1,4 bilhão sob sua gestão e investiu em mais de 120 empreendimentos tecnológicos, que se tornaram líderes de mercado. Pitango tem escritórios em Israel e no Vale do Silício. Peres destacou que “em Israel existem cinco mil empresas procurando parceiros e investidores”. Pitango quer abrir novas portas para companhias de tecnologia da
informação (TI), equipamentos médicos, biotecnologia, agrotecnologia (aumento da produtividade), energia (uso de recursos renováveis) e nanotecnologia. Para os 23% de árabes-israelenses, Peres criou o fundo privado Al Bawader (“broto verde”) e quer desenvolver a internet em árabe, a língua que mais cresce na rede social. Existem empreendedores árabes na sociedade israelense capazes de desenvolver parcerias. “Precisamos entrar nesse mercado, começando pelos palestinos, jordanianos, depois Egito, Líbano e, no futuro, Síria. Vamos atrair a sociedade árabe para a Israel das start-ups e abrir um mercado regional.” Peres esclareceu que a Pitango “não aplica dinheiro no setor militar. Nossos investidores não colocam seu dinheiro em armas. Tecnologia de defesa é assunto do governo israelense”.
Alunos premiados
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lunos da Escola Antonietta e Leon Feffer foram premiados em várias competições: Juliana Mucinic e Matias Scherer, no Concurso de Redação da Fundação Arymax, categoria texto; Gabriel Grandisky e Matias Scherer venceram o Concurso Fábio Dorf 2012, da B’nai B’rith; Bárbara Cohen foi segundo lugar na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia – Mostratec, na área de biologia celular e nolecular e microbiologia; Thomas Parczew Bekerman venceu o I Torneio Interescolar de Xadrez Stance Dual, categoria sub-8.
Luiz Cuschnir participou do especial sobre “Mulher” com Andrea Beltrão, Branco Mello (Titãs) e os cantores Daniel e Luíza Possi no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, na TV Globo. São de Rômulo Fialdini as fotos do recém-lançado livro Vera Martins: Pintura por Desconstrução. Organizado por Fernando Stickel, com textos de Agnaldo Farias e Carlos Perrone. Bate-papo a respeito de “Inspiração e Fé” levou a jornalista Joyce Pascowitch à casa de Sílvia e Sérgio Rosenthal, a convite da sinagoga do Morumbi. Antônio Bernardo cria peças únicas usando o diamante. Seu prazer é incorporar as cores, formas e purezas da pedra, revelando delicadeza através de fendas na joia.
Em sua segunda edição, K. foi finalista e ganhou menção honrosa nos prêmios Portugal Telecom e Governo do Estado de São Paulo. O livro de Bernardo Kucinski sairá também em inglês, alemão, espanhol e catalão. Os direitos foram comprados pela alemã Transit Buchverlag GmbH, que vai lançá-lo na Feira de Frankfurt, em março. O autor participará do lançamento na Feira do Livro Judeu de Londres, também em março, e fará uma apresentação no King’s College da Universidade de Londres.
A dissertação de mestrado de Ana Goldenstein Carvalhaes, Persona Performática – Alteridade e Experiência na Obra de Renato Cohen, tornou-se livro com apoio da Fapesp. Sobre o legado do artista e encenador gaúcho, professor na Unicamp e PUC-SP, falecido em 2003.
A contação de histórias de Kiara Terra e as ilustrações de Ionit Zilberman estão em Hocus Pocus, editado pela Companhia das Letras e lançado na Livraria da Vila.
A Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP lançou o livro Novos Caminhos do Direito no Século XXI – Direito Internacional, Filosofia Jurídica e Política, Dogmática Jurídica e Direitos Fundamentais, publicado em homenagem ao presidente da Fapesp, ex-ministro Celso Lafer. O livro reúne quarenta artigos inéditos de especialistas nas áreas de atuação do homenageado.
O estande do Ministério do Turismo de Israel no Brasil foi um dos mais visitados durante o Festival do Turismo de Gramado. Sob o comando de Suzan Kleinsburg e Cleo Ickowicz, que foi eleita entre os Amigos do Festival de 2012.
Leslie Markus e Marina Prado ampliaram o acervo do selo Compota Edições Limitadas com imagens da série “Horizontes”, do fotógrafo Paulo Vainer. As imagens estão no site compotaonline.com.br e no Carrinho Compota, em diferentes livrarias nacionais.
Mulheres e homens a partir dos 40 têm um novo endereço para se encontrar: coroametade. com.br. Criado pelo jornalista Airton Gontow, o Coroa Metade coloca a internet a serviço de pessoas com os mesmos valores e objetivos que queiram compartilhar juntos os bons momentos da vida. No Limiar do Silêncio e da Letra: Traços da Autoria em Clarice Lispector promove o encontro inusitado entre a escritora e um dos pilares da moderna psicanálise Jacques Lacan. A obra é de Maria Lúcia Homem e foi lançada no Bar Balcão. Orientação psicológica on line é a proposta de Milene Rosenthal. A psicóloga é a fundadora do site psicolink.com.br, pioneiro no Brasil e homologado pelo Conselho Federal de Psicologia, que reúne uma equipe de quarenta profissionais prontos para atender conflitos, problemas familiares, estresse, luto e outras demandas.
PRÉDIO DA UNIVERSIDADE DE HAIFA
Niemeyer em Israel Oscar Niemeyer trabalhou em muitos países e estava em Israel, em 1964, quando foi surpreendido com o golpe militar no Brasil. Em Israel envolveuse com obras privadas e públicas, incluindo Kikar Hamediná em Tel Aviv e o campus da Universidade de Haifa, a convite do prefeito Abba Hushi. Ele propôs construir uma cidade vertical de quarenta arranha-céus no coração do Negev. A ideia não prosperou, mas faz parte dos atuais debates para desenvolver a região. Anos depois, na renovação da Grande Sinagoga de Tel Aviv, o arquiteto Arye Elhanani acrescentou “os arcos de Oscar Niemeyer”.
Manhã com Arnaldo Cohen Arnaldo Cohen deu um recital matutino na Aldeia da Esperança do Ciam, em Franco da Rocha. O presidente da entidade, Abrão Kerzner, recebeu Cohen, que atendeu a um convite da presidente honorária Anna Schvartzman. Os residentes expuseram as peças de cerâmica produzidas em 2012 nos jardins da sede sob o tema “Para não Dizer que não Falei das Flores”.
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ARNALDO COHEN, ANNA SCHVARTZMAN, ABRÃO KERZNER E RESIDENTES
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cultural + social > comunidade+coluna 1 Lançamento de “Shoah” O Instituto Moreira Salles e o Centro da Cultura Judaica (CCJ) lançaram o DVD Shoah, documentário do cineasta francês Claude Lanzmann realizado a partir de depoimentos de sobreviventes de Chelm, dos campos de Auschwitz, Treblinka e Sobibor e do Gueto de Varsóvia, de ex-oficiais nazistas e maquinistas dos trens da morte. Lanzmann levou uma década para realizar o documentário, que é um retrato fiel do genocídio nazista. A caixa contém cinco dvd’s e um livreto, e O Relatório Karski, produzido por Lanzmann em março de 2010 para a TV francesa. Após a exibição no CCJ, houve debate com a psicanalista, crítica de arte, cultura e curadora Suely Rolnik e com a pesquisadora e crítica Ilana Feldman.
Livro israelense premiado A tradução francesa do livro Héssed Sefaradi, do escritor israelense A. B. Yehoshua, recebeu o Prêmio Médicis, de literatura traduzida. A versão em português, de Paulo Geiger, será publicada pela Cia. das Letras.
Golfe beneficente O Departamento de Voluntários da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein realizou o sexto torneio de golfe na Fazenda da Grama, em Itupeva, SP. O evento conseguiu arrecadar R$ 660 mil, destinados ao Programa Einstein em Paraisópolis e ao Residencial Israelita Albert Einstein.
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∂ Andree Guittcis (com Diva Pavesi) recebeu, com mais 77 artistas brasileiros, a medalha e o pergaminho que o tornaram embaixador pelas artes da Divine Academie Française des Arts, Lettres et Culture em cerimônia no Palacete Julieta Serpa, no Rio de Janeiro. De estilista a ator. Alexandre Herchcovitch contracena com o consultor Benjamin, seu pai na vida real, e a “mamãe”, a atriz Lilian Blanc no seriado “Destino São Paulo”, da HBO.
ONG homenageia Israel Há três anos, André e Daniel Susskind criaram a Viva! Experiências, agora a principal empresa de kit para presentear no mercado nacional. São treze kits com diferentes temas. A compra do presente é pelo site da empresa e o presenteado recebe caixa, livreto e um vale para escolher a experiência que mais gostar. Fundadora da ONG POT (Peace on the Table), a chef Sheila Mann esmerou no cardápio. À mesa, ao seu redor, o cônsul Ilan Sztulman, o vice-cônsul Amit Mekel, Thaís e Bóris Ber, Nelly e Moisés Bobrow, Ângela e Mário Fleck, Berta e Abramo Douek, George Legmann e Jaime Hara, filho da anfitriã.
Alexandre Szapiro é o vice-presidente do Kindle da amazon. com.br, o e-reader mais vendido no mundo, que acaba de chegar para os fãs dos e-books. A Loja Kindle Brasil tem mais de 1,4 milhão de títulos à escolha dos antenados. Yonathan Shani levou os ensinamentos do Kabbalah Centre para o Brazil Pocket Jovem Empreendedor como um dos palestrantes da edição de 2012, no Teatro Sesi, da Fiesp. Emanuel é o alfaiate dos livros, pois é assim que chama seu negócio de compra e venda de livros usados. “É que eu vendo livros sob medida para os clientes”, conta ele, cujo e-mail é alfaiatedoslivros@ hotmail.com.
Garimpar e divulgar imóveis com algo a mais é o que faz a Casas Bacanas. A escolha do bairro, o projeto de interiores, a seleção de revestimentos e objetos, tudo em detalhes. Monique Donata dirige a equipe cuja responsável pela área de compra e venda focada em Higienópolis é Elka Freller. Perline Mosseri completou seis décadas de alegria. Amigos se juntaram à família, com direito a surpresas dos filhos e netos, mais a turma dos Anjinhos e a do Projeto Felicidade. No comando musical da festa só poderia estar Soli Mosseri.
A cremação e o judaísmo
“Informa”, publicação da Chevra Kadisha – Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo, publica um texto do livro Leis e Costumes do Luto Judaico, do rabino Shamai Ende. O artigo trata da cremação “totalmente proibida pelo judaísmo. Quem a pratica transgride as proibições da Torá, além de demonstrar que não acredita na ressurreição e na vida pós-morte – uma das bases do judaísmo –, deixando de merecê-las. Além disso, a cremação é considerada um costume idólatra”, escreve o rabino.
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AGENDA •
RONALDO FENOMENO É BOM NO GOLFE
3 de março, 16h30 – O Mágico de Oz, no Teatro Alfa. Reservas de ingressos na Unibes, fone 3311-7300.
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25 de abril a 9 de maio – Visite Israel com a Wizo. Pensão completa e guia em português desde a saída. Informações, 5087-3455, com Carla ou Viviana
“U ∂ O ouro, raro, abraça a semente, abundante na natureza, no trabalho pioneiro de Miriam Mamber. O arquiteto Paulo Mendes da Rocha a elogia: “que adorno você vai exibir para o outro ver quem você imagina ser?”. Toda obra da joalheira está no livro editado pela BEI, que tem seu nome e processo criativo. Lançado na Livraria Cultura/Conjunto Nacional. Em comemoração aos quarenta anos de fundação o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, patrocinou a reforma do Centro de Convivência para Crianças, Adolescentes e Jovens – Jardim Imbé, no Capão Redondo. Os sóciosfundadores Antônio Meyer e Moshé Sendacz estiveram junto com o prefeito Gilberto Kassab e membros da Secretaria Municipal de Assistência Social na entrega do complexo cultural e esportivo.
Na Galeria Sérgio Caribé, a mostra “Minimundo” reuniu cinquenta obras em grandes formatos da pintora Sarita Anne Roysen e do fotógrafo François Marcos Leriche. Uma noite divertida com bom propósito, assim foi o encontro com o cantor Moshé Giat na Maison Menorá. O jantar musical foi em benefício dos projetos de bar-mitzvá desenvolvidos por ele e pela Wizo/ SP, permitindo que jovens carentes israelenses tenham a maioridade religiosa comemorada. A exposição “Um Olhar sobre o Brasil, a Fotografia na Construção da Imagem da Nação”, no Instituto Tomie Ohtake, teve a curadoria do fotógrafo Boris Kossoy e como curadora adjunta a historiadora Lilia Moritz Schwarcz.
ma Noite em Israel” foi o tema deste ano para o jantar beneficente do Ampliar, programa social criado há 22 anos com o apoio do Sindicato da Habitação – Secovi-SP para capacitar e profissionalizar jovens em situação de risco social. A artista plástica Suzi Gheler decorou a Mansão França com bonecos coloridos. Jovens da CIP e do Colégio Renascença apresentaram danças típicas e muitos dos presentes se juntaram. “Estive em Israel, fiquei maravilhada e resolvi homenagear o país e a comunidade judaica de São Paulo. Meu sentimento esta noite é de realização plena”, disse a criadora e presidente do Projeto Am-
A “HORA” CONTAGIOU O PÚBLICO
pliar, Maria Helena Mauad. Para o presidente do Secovi, Cláudio Bernardes, “a comunidade judaica, homenageada nesta festa, é exemplo de tenacidade e luta para esses jovens que tanto precisam de exemplos”.
Lideranças em convenção
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Conib realizou, na Hebraica, sob a presidência de Cláudio Lottenberg, a 43ª. Convenção Anual com a presença de Ronald Leopold, presidente da ONG holandesa Anne Frank House, do presidente da Hebraica, Abramo Douek e representantes de quatorze Estados brasileiros. O sociólogo e demógrafo René Decol apresentou os resultados parciais de um censo judaico-brasileiro, a partir do censo do Ibge de 2010. Os jornalistas Alon Feuerwerker e Rodrigo Ledo, da FSB Comunicações, mostraram o trabalho de monitoramento e diagnóstico dos poderes executivo e legislativo que tem auxi-
JAYME SALOMÃO, KAREN SASSON, SANDRO WAINSTEIN E MANOEL KNOPHOLZ
liado a Conib em suas ações. A Conib divulgou as ações de 2012 no combate à intolerância, no diálogo interreligioso e no contato com lideranças políticas.
Encerramento de gestão
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om a presença da presidente de Na’amat Brasil Cres Maltz Bin, a seção São Paulo realizou uma festa para homenagear Miriam Dóris Lilienfeld, que deixou a presidência, iniciada em 2007. “A despedida é como presidente do Centro São Paulo, mas continuarei ativa no trabalho como chaverá”, disse Dóris, emocionada, ao contar que Cecília Sztutman a levou para as Pioneiras.
CÉRES MALTZ BIN HOMENAGEOU MIRIAM DORIS LILIENFELD
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cultural + social > comunidade Wizo premia alunos Tradicional no calendário escolar da Secretaria de Educação de São Paulo, o Concurso Wizo de Pintura e Desenho Brasil/Israel 2012 teve como tema “Jerusalém-Brasília: História e Modernidade”. Alunos das escolas públicas de todo o estado participaram do concurso, que recebeu trabalhos de cidades distantes até quinhentos quilômetros da capital e pouco conhecidas como Bady Bassitt, Guaraçu do Tietê, Pratânia, Santo Antônio do Jardim, onde vive a primeira colocada, Eliane Alves Nunes Dias, de 15 anos. O Coral Sharsheret participou da sessão de premiação, conduzida pelo jornalista Alberto Danon. Compuseram a mesa o anfitrião, deputado Vítor Sapienza, a embaixatriz de Israel no Brasil Batia Eldad, a representante da Secretaria Roseli Ventrella, o gerente do Bradesco, patrocinador do Concurso, Valmir Macedo, a artista plástica Miriam Nigri Schreier, as presidentes de Honra da Wizo Sulamita Tabacof e do Executivo Iza Mansur. “Parabenizo a Wizo SP por idealizar um projeto tão bonito e trazer uma mensagem natural e humana de Israel, sem intermediários”, ressaltou a embaixatriz. ∂
A MESA QUE PRESIDIU A TARDE DE PREMIAÇÃO
B’nai B’rith e Instituto Shoah
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o Dia Internacional de Direitos Humanos, um ato no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa marcou os oitenta anos da B’nai B’rith no Brasil. O evento serviu também para a inauguração do Instituto Shoah de Direitos Humanos (Isdh), parceria com o Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação, do Departamento de História da USP (Leer), que funciona na B’nai Brith de São Paulo. O Isdh será uma fonte de documentação, a partir do acervo formado pelas pesquisas do Arqshoah – Arquivo Virtual sobre Holocausto, projeto do Leer e Fapesp. “O Isdh consolidará as iniciativas de pesquisa, divulgação e educação, reforçará a cultura de paz, permitindo manter e expandir, de forma consistente, os programas em atendimento aos educadores,
seus alunos e a toda a sociedade brasileira”, destacou o ex-reitor da USP Jacques Marcovitch. No Rio de Janeiro, a B’nai B’rith comemorou os oitenta anos premiando Sérgio Niskier pelos trabalhos comunitários em prol dos direitos humanos e as advogadas Leila Linhares Barsted e Margarida Pressburger, diretora do Conselho de Direitos Humanos da OAB/RJ.
Palestra com o rei das start-ups
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onathan Medved é considerado pelo jornal Washington Post um dos principais capitalistas de alto risco em tecnologia e um dos dez norte-americanos mais influentes em Israel na opinião do The New York Times. Medved investiu em mais de cem start-ups israelenses, doze delas com valorização superior a US$ 100 milhões. Fundador da empresa israelense Vringo, desenvolvedora de um sistema para envio de vídeos por telefones celulares, ele é o CEO da Ourcrowd, plataforma de e-commerce que possibilita investir em mais de cinquenta start-ups em Israel.
Medved foi convidado pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria e se reuniu com empresários, investidores e empreendedores, fez palestras na Fundação Getúlio Vargas, na HSM Management, no WTC Club, no Teatro Eva Herz e na Comunidade Shalom. “Nesta visita ao Brasil, descobri uma comunidade acolhedora. Fiquei impressionado com as instituições que visitei como o Colégio Iavne, de alunos trilíngues e comprometidos com Israel, e a Hebraica, que acolhe um terço dos judeus de São Paulo. Estive em diversas empresas nas quais em breve espero investir ”, disse Medved.
Assinado convênio Brasil – Holanda
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ma parceria entre o Ministério de Educação da Holanda e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo trará metodologias educativas da ONG Anne Frank House, de Amsterdã, para as escolas públicas paulistas. O convênio foi assinado no Palácio do Governo do Estado de São Paulo com a presença do governador Geraldo Alckmin e dos príncipes
da Holanda Máxima e Willem-Alexander. Representantes da Conib e da Fisesp foram testemunhas do acordo que decorre da parceria das duas entidades e que levaram um subsecretário da secretaria da Educação e diretores das escolas da Rede Anne Frank no Brasil a Amsterdã. O convênio prevê um programa de respeito à diversidade e prevenção à vio-
lência e à intolerância por meio da educação para a paz. Na mesma semana, Conib, Fisesp, Arquivo Histórico Judaico Brasileiro, Instituto Plataforma Brasil e Anne Frank House assinaram um protocolo de intenções para eventos conjuntos com as escolas Anne Frank em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Palmas.
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1. Abramo Douek recebe Karen Didio Sasson e Jack Terpins, em convenção da Conib; 2 e 5. Em Tóquio, Duda Groisman clicou a torcida azul/ branco – preto/branco no jogo do Timão com o Egito; 3. Salim e Iza Mansur, Sulamita Tabacof no evento Wizo com Moshé Giat; 4 e 6. Golfistas Moysés Nigri e Ron Horovitz fizeram bonito no Torneio das Voluntárias do Einstein; 7. Em Miami, na Artexpo, Daniel Azulay e Bia Duarte; 8 e 9. Gilberto Lerner, Moisés Gordon e rabino Dov Goldberg, André e Adélia
1 e 2. Na Casa Cenário, Tata Wu e Marcelo Cohen, Andrea e Geni Chapira conferem a II Mostra de Decoração; 3. Diretoras e voluntárias comemoram o jubileu do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica; 4, 5 e 7. Na cadeira, Maria Helena Mauad, com Suzi Gheler, Ivone Zeger, cônsul Ilan Sztulman, Jayme Blay e Romeu Chap Chap, em festa da Ampliar; 6 e 9. No lançamento de “Singulares”, Giovana e Bianca Hermann Viscardi mais o autor das joias, Antônio Bernardo; 8. Chanuká comemorada na reunião do Conselho Deliberativo; 10. Paulo Rosenbaum autografou Tropicasher Bereshit
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Lobel e Elaine Agaton Gabor, da Espanha, no Kasher; 10. David Zilberman
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e Dóris Sarfaty no encontro com o tenista Novak Djokovic, no Fasano
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1. Atriz Jane Fonda autografa livro para Ovadia Saadia; 2. Feliz Idade dança e canta no almoço de fim de ano; 3. Chanuká na casa da voluntária Thelma Laufer com o Chaverim; 4, 5 e 7. Tietagem dos Jovens Sem Fronteira e Moraes Moreira, Carolina, Jeffrey Vineyard e Emílio Zanatta, Márcia, Hélio Aisen e Ana Iosif; 6. Miriam Lobel, Rebeca Zakon e José Topfer, o trio no comando do Restaurante Kasher; 8. Abramo Douek e George Legmann na noite preparada pela chef Sheila Mann
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juventude > XXXII festival carmel
Uma síntese da história dos judeus DO JANTAR DE BOAS-VINDAS AO ESPETÁCULO FINAL, DOMINGO À NOITE, DANÇARINOS DE QUATRO PAÍSES MOSTRARAM O QUE HÁ DE MAIS TRADICIONAL E MODERNO NA DANÇA FOLCLÓRICA ISRAELENSE
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ESPETÁCULO DE ENCERRAMENTO DO XXXII FESTIVAL CARMEL
ança, boa comida e ambiente familiar. Com esses três itens, a área de danças da Hebraica iniciou o 32º Festival Carmel Heróis. O jantar na quadra do Centro Cívico misturou três ou quatro gerações de dançarinos e familiares. Terminada a refeição leve, a harkadá junto ao palco cresceu rapidamente com avós, mães e netos acompanhando o ritmo ditado pelo cantor Kiki Wertheimer e banda GPS que animaram as boas-vindas aos grupos do Uruguai, Venezuela e Estados Unidos que estreavam no festival. O diferencial em relação à abertura, em 2011, ficou por conta de algumas coreografias apresentadas por dois ou mais grupos. O público aplaudiu a reunião no palco das integrantes dos grupos Hanabi, das escolas Antonietta e Leon Feffer, Renascença e I. L. Peretz, Eretz e Nefesh da CIP, Carmel e Hakotzrim da Hebraica, Ameinu e Kadima de Porto Alegre em coreografias que se propunham a traduzir os vários significados da palavra “herói”, tema do evento em 2012. Terminada a última dança, o público se dividiu. Parte voltou para casa e os grupos visitantes alojados no clube seguiram para a Praça Carmel, onde uma série de atividades recreativas os manteve alertas até a madrugada. Na manhã do sábado, os ensaios, marcações de palco e preparativos para as apresentações preencheram os horários
vagos entre uma harkadá e a hora do almoço. Para o tradicional almoço de coreógrafos, a organização do festival convidou o produtor artístico Marcos Nomura, cuja carreira como ator, cantor e dançarino de grandes espetáculos musicais completa 25 anos. “A razão do convite foi dar aos responsáveis por grupos e shows folclóricos a oportunidade de ouvir alguém que milita profissionalmente na área”, afirmou Dany Cattan, da central de shows do Festival. Na tarde de sábado parte dos dançarinos se dividia entre assistir ao show “Atitude”, programado para o palco do Teatro Arthur Rubinstein, mais uma harkadá, um workshop ou apenas circular pelo Shuk Carmel que oferecia toda sorte de mercadorias. Parte da renda obtida com a atividade ajudará os dançarinos do grupo Carmel a participar de um intercâmbio em Miami e também se apresentarem em um dos parques da Disney. À noite, mais um show reuniu dançarinos e familiares na plateia do teatro. O público excedente assistiu ao show graças a um telão instalado no Teatro Anne Frank. Nessa noite, as oito jovens do grupo Nirkoda, de Miami, dançaram em homenagem a Israel. O grupo uruguaio Doreinu apresentou a primeira das duas coreografias preparadas especialmente para o Festival. Dos teatros, os dançarinos seguiram
para o Salão Marc Chagall, onde realizou-se a maratona Super-Heróis até a madrugada. “Ficamos até o final. Saímos às 4h40 da manhã”, anunciavam as dançarinas do Doreinu, totalmente despertas horas depois, de manhã, e já vestidas para a harkadá. Elas não assistiram ao show “Pequenos Heróis”, reunindo as lehakot mirins da Hebraica e das escolas de São Paulo. Para a abertura, o grupo Carmel remontou a coreografia “Arca de Noé”, de Horácio Hasper (z’l). No ônibus Sentadas no chão da quadra do Centro Cívico à espera do sinal para entrar no palco, as crianças vibraram com a história de Noé, aplaudindo os solos apresentados pelos casais fantasiados de animais. Para alguns dos pais que integraram o Carmel e hoje aplaudem os filhos nas coreografias escolares, os bichos traziam lembranças. “Viajamos para a Argentina para apresentar a ‘Arca’ numa homenagem póstuma ao Horácio. Lembro que enviaram ao aeroporto um ônibus escolar sem bagageiro para levar o grupo à cidade. Acomodamos o material do cenário junto com as roupas e seguimos apertados até o hotel. Nessa coreografia interpretei o mensageiro, o leão e até o Noé”, comentou Natan Hamer, hoje coreógrafo dos grupos Nefesh e Eretz, da CIP. >>
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PAIS E FILHOS DA ESCOLA ANTONIETTA E LEON FEFFER REUNIDOS NO PALCO
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>> No programa do show “Pequenos Heróis”, foram executadas algumas danças em que pais e filhos deslizavam pelo palco. Assim que terminavam a apresentação, as mamães pediam uma opinião sincera. “Acho que foi tudo bem, não foi?” Depois do show, as crianças assistiram a uma apresentação do grupo Mad Science, enquanto os pais se distraíam no Shuk Carmel. Depois do almoço de domingo, o tempo voou para os participantes do Carmel. Nas poucas horas até o último show eles tentaram aproveitar de tudo: a piscina, a última harkadá, prestigiar os amigos nos dois shows da tarde – o dos grupos dos movimentos juvenis e o destinado aos grupos especiais como o Chaverim, cuja coreografia foi muito aplaudida. Este ano, a Unibes teve dois números, um apresentado por dançarinas da terceira idade e outro por adolescentes que participam de uma das ações
dos Jovens sem Fronteiras da Hebraica. E à noite, a arquibancada do Centro Cívico lotou para o show final “Nós” e abriu os festejos do sexagésimo aniversário da Hebraica São Paulo. Emoção Pela primeira vez, o Festival Carmel apresentou um palco com três degraus e uma passarela avançando pelo meio da quadra. Ali a cantora Régis Karlik cantou e o grupo Carmel apresentou a primeira coreografia. O grupo Doreinu do Uruguai exibiu uma coreografia baseada na língua ídiche. Em seguida, o público viu personagens da história judaica desfilarem pelo palco embalados por versões renovadas de canções conhecidas. “Foi um espetáculo absolutamente coerente. Os figurinos combinavam com o estilo das danças e o nível técnico dos grupos estava muito alto”, opinou Rosita Klar Blau,
que integrou a primeira formação do Carmel nos anos 1980 e até hoje acompanha o movimento da dança folclórica no Brasil. Como atrações especiais, um grupo de equilibristas e a apresentação do grupo Jay de Caracas. A participação dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro deu um brilho especial ao 32º Festival Carmel. Cada uma dessas comunidades enviou entre quarenta a sessenta dançarinos de 14 a 30 anos, representando clubes, movimentos juvenis e escolas. Ao ver jovens se moverem no palco em túnicas, trajes iemenitas ou até jeans e camisetas repetindo canções que têm a palavra “shalom” como denominador comum é possível entender porque ano após ano centenas de pessoas disputam os convites para assistir ao menos ao show de encerramento do Festival Carmel. (M. B.)
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1. Este ano o Festival Carmel homenageou os heróis de Israel; 2. As harkadot sempre reuniam dezenas de dançarinos; 3. O grupo Doreinu representou o Uruguai; 4. As dançarinas do Shalom, da Hebraica; 5. O Hebraikeinu esteve bem representado no Festival Carmel; 6. O grupo Jovens sem Fronteiras também subiu ao palco
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juventude > esporte radical
OS PARTICIPANTES
APRECIARAM LINDAS PAISAGENS
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om apoio da empresa WR – responsável pela organização dos rallies da Mitsubishi, os sócios saíram bem cedo no domingo, percorreram um trecho tranquilo na rodovia Fernão Dias e em seguida pegaram a trilha que percorre a montanha em direção à Pedra Grande, ponto turístico de onde os praticantes de asa delta costumam decolar. “Cada carro recebeu uma detalhada planilha de bordo e cabia ao copiloto orientar o motorista em cada movimento na trilha. O fato de ter chovido no dia anterior – e a trilha ainda estar úmida – aumentou o grau de tensão entre os participantes, que, como eu, costumam circular pela cidade, mas nunca tinha utilizado os mecanismos que aumentam a tração nas rodas e fa-
Emoção nas trilhas de Atibaia A CONVITE DO HEBRAICA ADVENTURE OS SÓCIOS TIRARAM
SEUS CARROS ESPORTIVOS DA GARAGEM E ENFRENTARAM UMA TRILHA RUMO À PEDRA GRANDE, EM ATIBAIA. SETE EQUIPES PARTICIPARAM DESTE PRIMEIRO PASSEIO AUTOMOBILÍSTICO cilitam as subidas mais íngremes. Desse ponto de vista, o passeio foi uma verdadeira aula de direção”, afirmou Marcel Blankfeld, que dirigiu uma Pathfinder até o topo. “A vista que se tem da Pedra Grande valeu cada minuto do passeio, especial-
mente porque percorremos mais algumas centenas de metros a pé até um platô que nos permitiu visualizar centenas de quilômetros à frente”, completou ele. Ao final da aventura, pilotos e equipes almoçaram antes do retorno a São Paulo. (M. B.)
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juventude > acesc
Premiação Acesc 2012 Teatro Infantil/ Indicações Melhor som (segundo lugar) – Dr. Morris Picciotto Melhor iluminação (terceiro lugar) – Paula Hemsi Melhor direção (segundo lugar) – Luciane Strul Melhor espetáculo (segundo lugar) – “Chalabulá” Prêmios Melhor cenário – Michelle Rolandi, Aristide Augusto do Nascimento e Alexandre Bachiega Melhor figurino– Daniel Infantini Melhor ator – Renato Ghelfond
CLÁUDIA HEMSI LEVENTHAL, DA HEBRAICA, E DANIELA K. CABARITTI, DO ESPORTE CLUBE SÍRIO, FICARAM EM SEGUNDO E TERCEIRO LUGAR NO CONCURSO MPB VOCAL
Maratona Cultural premia os melhores SÓCIOS FORAM PREMIADOS NOS CONCURSOS DE FOTOGRAFIA E MPB VOCAL E LIDERARAM INDICAÇÕES E MEDALHAS NO FESTIVAL DE TEATRO. TODAS AS MONTAGENS RECEBERAM ALTOS ELOGIOS DOS JURADOS
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cerimônia de encerramento da Maratona Cultural Acesc 2012 lotou o teatro do Esporte Clube Paineiras do Morumby, onde foram divulgados os melhores e chamados ao palco para receber os troféus. Os nomes dos outros finalistas ganharam as medalhas no final do evento, como Marcel Grossmann, que participou no XII Concurso de Fotografia e fi-
cou em segundo lugar na categoria colorida sem manipulação – juvenil. Cláudia Hemsi Lewenthal representou a Hebraica no Concurso de MPB Vocal e ficou em segundo lugar. Tradicionalmente fica para o final o anúncio dos resultados do Festival Interclubes de Teatro e nessa etapa da cerimônia surgiu o trabalho do departamento da Juventude. (M. B.)
Teatro Juvenil / Indicações Melhor cenografia (segundo lugar) – Luciane Strul Melhor figurino (segundo lugar) – Luciane Strul Melhor ator (segundo lugar) – André Salem Melhor atriz (terceiro lugar) – Flávia Jablonka Melhor atriz (segundo lugar) – Dahlia Halegua Melhor ator (terceiro lugar) – Roberto Ghelfond Melhor direção (segundo lugar) – Marcelo Klabin Melhor espetáculo (segundo lugar) – “Nós, Frente & Verso” Prêmios recebidos Melhor iluminação – Paula Hemsi e Gilson Moura Teatro Adulto / Indicações Melhor iluminação (segundo lugar) – Erike Busoni e Paula Hemsi Melhor ator (segundo lugar) – Renato Ghelfond Melhor diretor (segundo lugar) – Heitor Goldflus Melhor espetáculo (segundo lugar) – “Non Grata”
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1. Henrique Schafer, ao lado de Roberto Gotts, do Clube Athlético Paulistano, e Moisés Miastkwosky, do Paineiras do Morumby, entre os melhores do teatro da
1. Tamara Harpaz, Natália Leiderman Benadiba e Marcos Tamura, que deu uma palestra aos coreó-
Acesc; 2. A peça As Bruxinhas Boas foi apre-
grafos na manhã de sábado, no Festival Carmel; 2. Aline Black, do grupo Hakotzrim e Rafaela Busca-
sentada pelo grupo Balagan; 3. Os inte-
relli, do Shalom ; 3.Natália Sassoon e Júlio Zanatta deram uma mãozinha na decoração do Festival
grantes da turma 5 do curso de teatro en-
Carmel; 4. Dançarinas do movimento Chazit Hanoar confraternizaram no Boteco Carmel; 5. Henry
cenaram Os Colegas; 4. Por Trás das Corti-
Mandelbaum apresentou seus desenhos na exposição “Mescla Cultural”, do grupo Jovens sem Fron-
nas foi a peça montada pelo gurpo de te-
teiras; 6. Pedro Muszkat, Vanessa Levinbook e Carol Wachochier apreciaram os trabalhos exibidos
atro GerAção; 5. Os alunos de 12 a 15 anos
no evento do Jovens Sem Fronteiras
apresentaram O Livro de Luna Clara
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esportes > vôlei
A EQUIPE DA HEBRAICA, COM O DIRETOR DE ESPORTES DA ACESC MOYSÉS GROSS
Entre os melhores da Acesc A VITÓRIA NO TORNEIO ACESC DE VÔLEI ADULTO FEMININO GARANTIU PARA A HEBRAICA O TROFÉU DESTAQUE NO ESPORTE DA ASSOCIAÇÃO DE CLUBES SÓCIO-ESPORTIVOS DE SÃO PAULO
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ovembro foi particularmente emocionante para os times femininos de vôlei do Esporte Clube Pinheiros, Esporte Clube Sírio, Hebraica e Clube Atlético Paulistano, com o Torneio Acesc que colocou as equipes em disputa e em turno único. Pelo regulamento, o campeão seria aquele com o maior número de vitórias. A Hebraica fez a melhor campanha (três jogos/ três vitórias), seguida pelo Esporte Clube Pinheiros (três jogos – duas vitórias)
A partida final foi na Hebraica contra o Clube Athlético Paulistano com parciais de 23 a 25, 25 a 16, 23 a 25, 23 a 21 e um emocionante tie break vencido pela Hebraica por 15 a 11. Segundo o diretor de esportes da Acesc Moysés Gross, havia uma razão a mais para a Hebraica vencer no vôlei. “Estávamos empatados com o Paulistano em torneios válidos para o Troféu Destaque de esportes da Acesc. No mesmo dia, a Hebraica ficou em segundo lugar no torneio de minitê-
nis e a vitória no vôlei garantiria o que seria o tetra na Acesc. As meninas brigaram por cada ponto e foram bem no tie break. Gostei de ver a capitã da Hebraica Vera Fingerhut levantar a taça junto com as outras atletas da equipe. Dias depois, representei a Hebraica na premiação e trouxe nosso quarto troféu”, contou Moysés, que além de organizar os eventos esportivos promovidos pela Acesc, também mantém abertos os canais de comunicação entre a Hebraica e a Acesc. Além do vôlei e do minitênis, a Acesc promoveu torneios de polo aquático, xadrez e outras modalidades esportivas. (M. B.)
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esportes > torneios oficiais
O PARQUE AQUÁTICO É FREQUENTEMENTE REQUISITADO PARA TORNEIOS OFICIAIS
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á anos a Federação Paulista de Judô utiliza o Centro Cívico Itzhak Rabin para realizar o torneio do qual participam atletas de todo o Estado, especialmente os faixas marrom, às vésperas do exame para a graduação e passagem para a faixa preta. O torneio é na véspera da Copa Hirosi Minakawa. Outra entidade esportiva oficial que realiza seu principal evento na Hebraica é a Federação Paulista de Ginástica que promove a segunda fase do Troféu Paulista no Centro Cívico. O parque aquático é frequentemente requisitado para provas da categoria master de natação, mas até recentemente o torneio Regional Petiz Juvenil, um dos certames que garantem vagas no brasileiro, nunca tinha sido realizado na Hebraica. Pela primeira vez, quinhentos nadadores de nove agremiações dividiram o parque aquático com sócios, atletas e banhistas de final de semana. Em meio às quatro provas que disputou na piscina olímpica, o nadador da equipe juvenil Rodrigo Feller descobriu algumas vantagens deste parque aquático onde ele e os colegas de modalidade competem.
Hebraica tem instalações elogiadas É CADA VEZ MAIOR O NÚMERO DE TORNEIOS OFICIAIS, DAS MAIS VARIADAS MODALIDADES, DISPUTADOS NAS QUADRAS E PISCINAS DO CLUBE. E OS VISITANTES NÃO POUPAM ELOGIOS ÀS INSTALAÇÕES E À INFRAESTRUTURA DA HEBRAICA “Como fica ao ar livre, e isso evita aquela sensação de confinamento comum em clubes com piscinas em ginásios fechados. E na Hebraica os nadadores têm uma piscina para relaxar depois da prova, o que não é comum em outros torneios”, elogia. Um pai de atleta do Corinthians elogiava as instalações e a boa recepção aos visitantes num domingo de sol. “Acompanho meu filho nos torneios que, em geral, duram o dia inteiro e geralmente temos de sair do local da competição para fazer uma refeição nas redondezas. A Hebraica foi a primeira a liberar os restaurantes e lanchonetes e assim os atletas e os torcedores demoram menos
a voltar às arquibancadas”, explicou. Usuários da piscina olímpica expressavam opiniões menos entusiasmadas ao terem os treinos adiados ou transferidos para outros locais, mas diminuíam o tom das críticas ao verem o entusiasmo da plateia em torno da piscina olímpica. Na maioria dos torneios oficiais realizados na Hebraica, incluindo os campeonatos das federações paulistas de gamão, sinuca e xadrez, as equipes competitivas do clube obtêm bons resultados e, em geral, os dirigentes esportivos estaduais e nacionais se referem com respeito e admiração ao desempenho dos atletas do clube. (M. B.)
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esportes > futebol de campo
BONS RESULTADOS NO PRIMEIRO ANO DA PARCERIA NO FUTEBOL DE CAMPO ENTRE A HEBRAICA E O MACABI
Conquistas e mais vitórias EM APENAS UM ANO, O FUTEBOL DE CAMPO – MODALIDADE INTRODUZIDA NO CLUBE DEPOIS DE UMA BEM SUCEDIDA PARCERIA COM O CEIB MACABI – CONQUISTOU TÍTULOS EM DIVERSAS CATEGORIAS
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equipe sub-15 de futebol de campo da Hebraica é a atual campeã paulista interclubes com a vitória por 3 a 0 contra o clube Paineiras do Morumby na partida final disputada no estádio da Aclimação. A equipe principal (adulta) enfrentou o Esporte Clube Pinheiros no segundo jogo da final do Interclubes. No primei-
ro, a Hebraica ganhou por 2 a 0 e, no segundo jogo, realizado no Macabi, entrou em campo com a vantagem de poder perder por até 2 a 0, em parte por ter a melhor campanha do torneio. O gol de Leonardo Dau Sein, atleta da Hebraica e destaque do campeonato, garantiu o ouro. O capitão Fábio Steinecke levantou a taça e festejou com o time e a torci-
da na quadra do Macabi. A equipe principal já existia antes de o projeto unir Hebraica e Macabi. Assim, em três anos o técnico Fernando Marchiori comemorou a medalha de ouro nos Jogos Macabeus da Austrália, um vice-campeonato no Interclubes 2011, um ouro nos Jogos Macabeus Pan-Americanos no início do ano e agora o Interclubes 2012. Os bons resultados da modalidade se estendem também à equipe sub-11, que conquistou a Copa CFA Macabi, depois de enfrentar o forte time do CR Flamengo. A vitória foi de um gol de falta do craque Cauê. Os garotos da Hebraica resistiram à pressão do time carioca e administraram o placar de 1 a 0 até o último minuto, para depois receberem o entusiasmado abraço dos pais. (M. B.)
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esportes > judô
Cidadania sobe ao pódio A HEBRAICA CONQUISTOU TRÊS MEDALHAS NO MEETING INTERESTADUAL SUL-BRASILEIRO INTERCLUBES DE JUDÔ REALIZADO EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA. OS RESULTADOS CONFIRMAM O ACERTO DE PARCERIA COM A UNIBES
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aniela da Silva dos Santos, Fernanda da Costa Santos, Mariana Bueno de Toledo, Daniela dos Santos e Gabriela Souza Miguel integraram a seleção paulista que disputou o Meeting Interestadual Sul-Brasileiro Interclubes de Judô Infantil (sub-11) e Infantojuvenil (sub-13), em Florianópolis. Para as judocas, estrear em uma competição regional do qual participavam os melhores atletas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foi uma experiência que incluiu a primeira viagem interestadual. Atletas inscritas no Projeto Campeão – Judô Cidadão, resultado da parceria entre o Departamento de Judô da Hebraica e a Unibes, elas foram acompanhadas pelas técnicas Miriam e Camila Minakawa. No relatório apresentado à diretoria do clube, Miriam afirmou que a viagem não interferiu no desempenho das atletas. “Como estavam bem preparadas física e emocionalmente, fizeram boas lutas com ótimos resultados.” Daniela da Silva Santos ganhou medalha de ouro e o título de campeã sul-brasileira. Fernanda da Costa dos Santos ficou em segundo entre as judocas com seu peso e voltou para São Paulo com a medalha de prata. Já Mariana Bueno de Toledo ficou em terceiro lugar. Foram três medalhas em nome da Hebraica. (M. B.)
Amistoso no Corinthians
O BOM DESEMPENHO DE GABRIELA SOUZA MIGUEL E ANA CAROLINE NASCIMENTO DE SOUZA NO REGIONAL FOI MENCIONADO DURANTE A FESTA DO ATLETA 2013
Quarenta e quatro atletas das categorias infantil e juvenil da Hebraica participaram do torneio amistoso de judô em homenagem ao aniversário do Corinthians, disputando o pódio com outras 51 entidades de São Paulo e outros estados. Considerando o alto nível da competição, os oito títulos de campeão, doze vices e nove medalhas de bronze deram à Hebraica o primeiro lugar na contagem geral de pontos.
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1. Nadadores das categorias petiz e mirim participaram do almoço de confraternização; 2. Café-da-manhã reforçado para a despedida do ano da equipe master de natação; 3. O time de futebol feminino ficou em terceiro lugar na Copa Acesc; 4. Jogadores da equipe sub-11 de futebol de campo foram campeões na Copa Macabi; 5. Atletas festejam o troféu da Copa Interclubes depois de
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vencer o time do Paineiras do Morumby
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1. No Ginásio dos Macabeus, o sub-15 de basquete venceu o Guarulhos e tornou-se campeão da chave bronze do Torneio São Paulo; 2. Aula aberta de ginástica funcional com o professor Luigi Turisco; 3. Fernanda Elimelek venceu a Copa Shalom em sua faixa etária; 4. Equipe sub-13 de basquete ficou em terceiro lugar na chave bronze do Torneio São Paulo; 5. Craques do futsal sub-9 conquistaram o inédito título de campeões da série ouro do Sindi-Clube
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espaço saúde
Oncologia cutânea
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câncer de pele é o tumor maligno mais comum do ser humano, correspondendo a 25% dos tumores que atinge o homem. Os mais comuns são os carcinomas basocelular e espinocelular e o melanoma. A radiação ultravioleta é o principal fator de risco para seu desenvolvimento, sendo seu efeito cumulativo: o câncer surgirá anos depois da exposição solar. Os excessos cometidos na infância e adolescência provocarão danos que serão percebidos após os 40 anos; por isso, medidas de proteção solar são muito importantes desde a infância. Qualquer um pode vir a desenvolver câncer de pele, porém há maior risco nas pessoas de pele e olhos claros, com muitas pintas, que se queimam facilmente e têm dificuldade para se bronzear, e naqueles com história familiar de câncer de pele. As queratoses actínicas são consideradas lesões pré-cancerosas e se localizam em áreas expostas ao sol. Apresentam-se geralmente como manchas róseas pouco elevadas, recobertas por crostas ásperas e esbranquiçadas. O carcinoma basocelular é o câncer mais comum; tem um crescimento lento e ocorre mais frequentemente nas áreas expostas ao sol, sendo a face o sítio mais comum. Surge geralmente como uma mancha ou nódulo de cor rósea ou vermelha, pode sangrar espontaneamente e ao atingir um determinado tamanho ulcera. Raramente provoca metástases, sendo o seu maior problema a agressividade local: se não tratado, cresce e destrói os tecidos adjacentes. O carcinoma espinocelular corresponde a cerca de 20% dos tumores de pele. Apresentase geralmente como um nódulo de coloração avermelhada e tem crescimento rápido. Se não tratado precocemente, tende a se disseminar para os gânglios linfáticos e, mais raramente, leva a metástases em outros órgãos.
O melanoma é o mais grave e mais raro, correspondendo a cerca de 4% dos tumores de pele. Caracteriza-se por manchas semelhantes a pintas ou nódulos escuros que crescem e por vezes ulceram. Essas lesões, se deixadas sem tratamento, também se disseminam para os gânglios linfáticos e outros órgãos do corpo. A detecção e o tratamento precoces aumentam a chance de cura. O diagnóstico desses tumores pode ser feito pelo aspecto clínico da lesão e/ou por biópsia de pele. O melhor tratamento é a retirada cirúrgica completa da lesão, sendo que a escolha do método depende do tamanho, localização e tipo do tumor. A cirurgia micrográfica de Mohs é uma técnica empregada para a remoção de tumores mais agressivos ou recidivados após falha de outros tratamentos, ou para lesões localizadas em áreas que favorecem um maior crescimento dos tumores. O tratamento das queratoses actínicas pode ser feito com aplicação de ácidos ou medicamentos de uso tópico, crioterapia com nitrogênio líquido, cirurgia e terapia fotodinâmica. Esta forma de tratamento consiste na aplicação de um medicamento sobre a lesão seguida da exposição local a uma fonte de luz LED e está indicada para o tratamento de queratoses actínicas, além de alguns casos de carcinomas superficiais. A radioterapia é indicada como tratamento complementar para alguns casos de carcinomas espinocelulares e melanomas. A população de risco deve estar sempre atenta a pintas que crescem ou mudam de cor ou ao surgimento de lesões que sangram espontaneamente ou não cicatrizam. A Unidade Perdizes do Hospital Albert Einstein tem um grupo de oncologia cutânea composto por uma equipe multidisciplinar habilitada a fazer o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes de risco para o câncer de pele.
DRA. SELMA SCHUARTZ CERNEA E DR. BENI MOREINAS GRINBLAT, AMBOS DERMATOLOGISTAS DO
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN
ma ga zine
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magazine > eleições em israel | por Anshel Pfeffer
DIA 22 DE JANEIRO, ISRAEL REALIZA ELEIÇÕES CONVOCADAS PELO PRIMEIRO-MINISTRO BINIAMIN NETANIAHU. O SISTEMA ELEITORAL ISRAELENSE É ESPECIAL EM RAZÃO DO
O bom, o mau e o âmago da questão
GRANDE NÚMERO DE PARTIDOS QUE REPRESENTAM OPINIÕES A RESPEITO DE QUASE TUDO
– ECONOMIA, POLÍTICA INTERNA E EXTERNA, TERRITÓRIOS OCUPADOS, ASSENTAMENTOS, QUESTÕES RACIAIS E RELIGIOSAS, IMIGRANTES AFRICANOS, EGITO, HAMÁS, ANP, SEFARADIM E ASHKENAZIM – O QUE MULTIPLICA PELO DOBRO ESSAS DIFERENÇAS. A CADA ELEIÇÃO APARECEM NOVOS PARTIDOS E GRUPOS QUE DEPOIS SE DISSOLVEM NO AR. PARA QUEM VÊ DE FORA ACHA QUE É O CAOS. OS DE DENTRO CONCORDAM. NO ARTIGO A SEGUIR, O JORNALISTA ANSHEL PFEFFER, DO HAARETZ, APRESENTA ALGUMAS PERGUNTAS E AS RESPECTIVAS RESPOSTAS PARA OS ATUAIS DILEMAS DA SOCIEDADE ISRAELENSE
P
or que Israel vai votar agora? Porque este é o melhor momento de Netaniahu. Pela legislação israelense, as eleições devem ser realizadas até a terceira terça-feira do mês judaico de Heshvan, quatro anos depois das eleições anteriores. O Parlamento atual poderia continuar até 22 de outubro de 2013, mas serão nove meses antes. Eleições antecipadas são realizadas geralmente quando o governo perde a maioria, nenhum outro partido consegue formar uma coalizão ou se o orçamento não é aprovado. A coalizão do primeiro-ministro é relativamente estável e poderia ter aprovado o orçamento de 2013 após negociar com os partidos aliados. Mas antecipou as eleições alegando a dificuldade de alcançar um “orçamento equilibrado e responsável”. Para Netaniahu, o país enfrenta desaceleração econômica, e um orçamento austero seria impopular. Como o primeiro-ministro e a aliança que o sustenta são aprovados pela opinião pública, e a oposição está desorganizada, a ideia foi aproveitar os índices de aprovação e não dar tempo ao eleitor para “pensar muito”, e, assim, perder essa vantagem.
SOMENTE UM MILAGRE OU REVIRAVOLTA DE ÚLTIMA HORA PODEM DERROTAR NETANIAHU QUE FALA EM ENCONTRO DO LIKUD
Como serão as eleições? Os israelenses votam nos partidos que apresentaram listas de candidatos para o Parlamento. Quatorze partidos estão representados na atual 18ª. Knesset, dois novos partidos devem ser incluídos na lista e poderá haver mais. Alguns partidos realizaram primárias para escolher os candidatos, outros criaram comissões de seleção ou os candidatos foram indicados pelo líder do partido ou rabinos. O voto não é nos candidatos, mas no partido. Todos os cidadãos a partir dos 18 anos podem votar e ser votados. Somente os funcionários no exterior e marinheiros podem votar fora das fronteiras. O voto não é obrigatório, mas a média de comparecimento é de 65 a 70%. O sistema eleitoral é proporcional. Os 120 assentos da Knesset são divididos entre os partidos que ultrapassarem ao menos 2% dos votos válidos de acordo com a proporção dos votos atribuídos, e são declarados eleitos os candidatos que apare-
cem na lista. Depois da eleição começam consultas com o presidente e o líder do partido mais votado. Formam o governo desde que tenha o apoio de 50%, mais um, dos parlamentares (61 votos). Quais os temas principais? Depende do partido a quem se pergunta. Não há um tema dominante na agenda e os principais partidos tentam levar o debate para as áreas em que se sentem mais confiantes. Mas há assuntos em comum: • Irã Com alguma razão, Netaniahu acredita ter sido ele o mentor da campanha acerca da ameaça nuclear iraniana. Ele colocou a questão na agenda global e provocou sanções ao Irã. O discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro, com o desenho da bomba, foi, de fato, já uma peça de campanha eleitoral. A plataforma do Likud é clara: Netaniahu alertou o mundo e é o único capaz de manter o foco no Irã. Outros líderes de partidos vão enfatizar o Irã nas suas campanhas como Shaul Mofaz, do partido Kadima, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, que nasceu em Teerã e, ao contrário de Netaniahu, poderia lidar com os iranianos discreta e eficientemente. • A economia É a zona de conforto de Netaniahu e seu tema preferido, pois domina a questão econômica e pode assumir os créditos pelo crescimento de Israel em uma épo>>
Quatorze partidos estão representados na atual 18ª. Knesset, dois novos partidos devem ser incluídos na lista e poderá haver mais. Alguns partidos realizaram primárias para escolher os candidatos, outros criaram comissões de seleção ou os candidatos foram indicados pelo líder do partido ou rabinos
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magazine > eleições em israel >> ca de recessão mundial. Os partidos à esquerda tentarão desviar o debate para a questão do agravamento das desigualdades sociais. • A disparidade social Netaniahu foge deste assunto que o partido trabalhista (Avodá) quer lhe impor. Por que a classe média não se aproveita do crescimento econômico? Por que é muito difícil comprar um apartamento? E por que os serviços sociais do país estão desmoronando? Os grandes protestos de há um ano revelam um eleitorado receptivo a esta mensagem, e uma abertura para a líder do partido trabalhista Shelly Yachimovich, e o único político que a vocaliza. Líderes do protesto por justiça social se juntaram ao Avodá e participarão da campanha. • Quem dirige Israel? Os partidos de centro-esquerda vão bater na tecla de que o país é governado por grupos de políticos, lobistas, magnatas, rabinos, generais, não necessariamente nesta ordem e às vezes ligados por conveniências, em vez de os trabalhadores da classe média, e todo o sistema precisa ser revisto. • As revoltas árabes Netaniahu vem dizendo que, em um ambiente volátil, Israel não pode se dar ao luxo de experiências, fazer concessões e acreditar nos árabes, que não são confiáveis. Esse discurso está sendo assumido principalmente pelos partidos à direita do Likud. Os de esquerda e do centro tentam convencer os israelenses de que este é o momento de Israel voltar a se envolver com a região, mas sem tratar da instabilidade da vizinhança. • América A relação de Israel com os Estados Unidos é importante. A reeleição de Barack Obama deu aos rivais de Netaniahu munição para acusá-lo de prejudicar a estratégica aliança de Israel com os EUA quando declarou publicamente seu apoio a Mitt Romney. Também ressaltam a ajuda do magnata dos cassinos, Sheldon Adelson. Em Israel não há os grandes contribuintes de campanhas eleitorais porque a lei limita as doações. Adelson encontrou uma maneira de driblar isso ao fundar e financiar um jornal gratuito, o Israel Hayom (“Israel Hoje”, em hebraico) que apoia Netaniahu incondicionalmente. • O processo de paz Até recentemente, o tema principal das eleições era o futuro dos territórios e o processo de paz com os palestinos e os vizinhos de Israel. Agora, o processo de paz esfriou ainda mais depois do conflito com o Hamás, a votação na ONU que conferiu à Palestina o status de “estado observador” e a decisão subsequente de construir mais três mil residências em territórios palestinos e congelar os US$ 100 milhões em impostos devidos mensalmente à Autoridade Palestina. Os partidos de esquerda tentam lembrar aos eleitores da bomba-relógio na Cisjordânia
e em Gaza, e os partidos da extrema direita reúnem os seus fiéis e lhes dizem que são os únicos a defender vigorosamente os assentamentos.
ESTA CARICATURA
Quem vai ganhar as eleições? Netaniahu. Excluindo um curto período (1996-2001), quando Israel realizou eleições diretas para primeiro-ministro, e o resultado logo foi conhecido. Em outras eleições, encerrada a votação, nunca se soube imediatamente quem seria o primeiro-ministro, e nenhum partido nunca conquistou sozinho a maioria dos assentos na Knesset. Portanto, vence a eleição o líder partidário que convencer os outros partidos a participar da coalizão para formar a maioria de pelo menos 61 parlamentares. Este primeiro-ministro não é necessariamente o líder da maior agremiação, caso de Netaniahu, cujo partido, o Likud, conquistou 28 assentos na última eleição. O Kadima, liderado por Tzipi Livni, foi o mais votado, com 31 parlamentares, mas não conseguiu formar maioria parlamentar. Se a coalizão vencedora pode ser definida já na noite da eleição, pode levar semanas – ou mesmo meses – até um líder conseguir o apoio dos 61 parlamentares. Mas a vitória é imediata se houver um “bloco de bloqueio”, isto é, um grupo de partidos de direita ou de esquerda contrário a um líder de partido adversário. As pesquisas indicam que entre 66 e 68 parlamentares formam o bloco de direita e dos partidos reli-
MINISTROS DA FOTO,
MOSTRA O TAMANHO DO DESAFIO DE YAIR LAPID;
ACIMA, DOS TRÊS
giosos, o que permitiria a Netaniahu formar uma coalizão semelhante à atual, ou somar a ela partidos centristas. De qualquer maneira, continua primeiroministro.
DOIS – EHUD BARAK E
AVIGDOR LIBERMAN – POR RAZÕES DIFERENTES ESTÃO FORA DA POLÍTICA
Haverá outros vencedores? Muitos. Mas apenas um partido, o Likud, espera formar o próximo governo. Todos os outros partidos disputam prêmios menores. Na esquerda, o Avodá quer voltar a ser um partido viável como alternativa ao governo e o Meretz, cuja campanha é “dois países para dois povos”, tenta provar que ainda existe algo como um sionismo ideológico de esquerda. No centro, o Kadima luta pela sobrevivência política, e o novo Yesh Atid (“Existe Futuro”, em hebraico), de Yair Lapid, pretende se fixar como o novo partido da classe média secular, no lugar do Kadima. À direita, um é o Shás, partido sefaradi ultrarreligioso, comandado pelo rabino Ovadia Yosef. Recentemente, um dos >>
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magazine > eleições em israel meiro-ministro. O tenente-general (reformado) Gabi Ashkenazi está ansioso para capitalizar sua gestão de o mais popular chefe do Estado-Maior do Exército dos últimos tempos, mas ainda está no período de três anos de quarentena. Uma das figuras acima poderia emergir como rival de Netaniahu, mas só depois das eleições. No entanto, é mais provável que a oposição continue dividida e sem liderança por um longo período.
>> seus membros, o ex-ministro Arieh Dehri, foi condenado à prisão por malversação de fundos. Cumpriu a pena, é candidato e um dos líderes da campanha. Não se sabe qual será a reação pública, se eleito. Outro, é o Yisrael Beitenu (“Israel Nossa Casa”, em hebraico), e cada um se esforça para ser o segundo maior partido da coalizão de Netaniahu. O Beiteinu, partido de Avigdor Liberman, também de extrema direita, tem votos dos imigrantes russos. Liberman foi denunciado por lavagem de dinheiro e a Procuradoria do Estado de Israel deve se pronunciar a respeito. Dos três partidos árabes – Chadash, Ra’am-Ta’al e Balad – ao menos um espera emergir como o maior entre os árabes. E claro, partidos como o Atzmaút, do agora aposentado político Ehud Barak, que garimpam cada voto apenas para permanecer acima dos 2% necessários e não cair no olvido político. Em cada um desses micropartidos de contestadores haverá vitoriosos e derrotados. O que ainda pode nos surpreender? Provavelmente pouco. Surpresa seria o deslocamento de ao menos 5% de votos da direita religiosa para o centro e suficientes para abalar o bloco de bloqueio de Netaniahu e, a partir daí, teoricamente, um líder alternativo formar uma nova coalizão. Há ainda pouco tempo de campanha, mas nada é impossível. Em 1996, após o assassinato de Itzhak Rabin, o primeiro-ministro interino Shimon Peres demorou a convocar
SHELLY YACHIMOVICH SABE DAS POUCAS CHANCES MAS MARCA POSIÇÃO NA ELEIÇÃO.
NA FOTO,
COM
O PRESIDENTE DO
PARLAMENTO EUROPEU MARTIN SCHULTZ.TIF
eleições. Netaniahu candidatou-se e ganhou, aproveitando o vazio da pálida atuação de Peres com primeiro-ministro. Se não ocorrer uma cisão na aliança, pode até surgir um nome de centroesquerda que se tornaria líder da oposição a Netaniahu e o desafiaria nas eleições seguintes. Shelly Yachimovich está no caminho para transformar o Avodá no segundo maior partido, mas ainda não tem apoio popular nem acumulou experiência para liderar a oposição. O atual líder da oposição, Shaul Mofaz, enfrenta a devastação eleitoral do Kadima e perdeu a oportunidade ao se aventurar na desastrada coalizão de setenta dias com Netaniahu. Yair Lapid, e seu novo partido, Yesh Atid, não foi testado. O ex-primeiro-ministro Ehud Olmert, atualmente a grande esperança do centro, é um ficha suja e mais atrapalha do que ajuda a oposição. Tzipi Livni poderia voltar mas perdeu a liderança do Kadima para Mofaz nas primárias do partido. Ela ainda precisa mostrar o “instinto assassino” e a força de vontade de um pri-
Onde estão os eleitores indecisos? Em todos os lugares. A rapidez como se move a política israelense contraria as lealdades partidárias e poucos são os eleitores que votam sempre no mesmo partido. A grande maioria é de “eleitores flutuantes”, que mudam de opinião a cada campanha e formam os agrupamentos ideológicos de direita, ultraortodoxos, nacional-religiosos, árabes israelenses, esquerdistas e a classe média secular. Este último grupo é o ponto de equilíbrio entre os principais blocos e capaz de alterar o resultado final. Cerca de um quarto ou, possivelmente, um terço dos eleitores israelenses fica no meio do caminho e nos últimos anos tem se deslocado para a frente ou para trás, oscilando entre o Likud (União), Avodá (Trabalho), Kadima (Para Frente) e os Aposentados, agora extinto, Mifleget Hamerkaz (Partido do Centro) e Shinui (Mudança). Os votos de cada um desses partidos prova como os eleitores são volúveis. Em 2009, o Likud mais do que duplicou os seus deputados depois de, em 2006, ficar reduzido a doze parlamentares. Meia dúzia de partidos disputará os seus votos, com vantagem para Netaniahu, mas isso pode mudar. Se não em janeiro, depois. Como será a campanha dos partidos? Principalmente pela internet. As redes de televisão e de rádio em Israel estão proibidas de vender espaço da programação aos partidos políticos. Como no Brasil, cada partido tem direito a um tempo de tevê proporcional à bancada na Knesset e o período de propaganda é determinado pela Comissão Eleitoral Central. Antes, os programas eleitorais tinham grande audiência e repercussão, mas perderam importância. Também os grandes comícios são coisa do passado e os eventos de campanha são relativamente pequenos, muitas vezes geralmente em residências e destinados aos adeptos mais ferrenhos. As campanhas são realizadas pelos principais meios de comunicação e poucas organizações apóiam um determinado candidato ou partido embora muitas tenham preferências eleitorais e políticas. As campanhas estão cada vez mais na internet e nas redes sociais. Um novo partido, Eretz Chadashá (“Terra Nova”, em hebraico) é o que, até agora, tem feito uso mais eficaz da internet com os clipes que revelam segredos dos políticos que ocupam altos cargos. O primeiro, acerca do hábito de Netaniahu de levar pacotes de notas de dólar nas meias, imediatamente se tornou um grande sucesso.
Haverá debates? Não. Desde 1977, houve sete debates televisivos entre os líderes dos maiores partidos – Likud e Avodá – e o mais memorável foi em 1996, quando um agressivo Netaniahu, atrás nas pesquisas, derrotou o primeiro-ministro Shimon Peres, sem brilho e cansado. Três anos mais tarde, o agora primeiro-ministro Netaniahu ansiava por um debate, na esperança de reduzir a diferença nas pesquisas de opinião pública em favor de Ehud Barak. Mas Barak recusou sabendo que isso daria a Netaniahu a possibilidade de disputar com mais chances. Barak acreditava que os eleitores lhe davam razão. Em 2001, já primeiro-ministro, Barak se arrastava atrás de Ariel Sharon nas pesquisas e exigiu um debate. Sharon disse “não” pelas mesmas razões. De lá para cá, não houve mais debates porque os candidatos não querem comprometer a liderança nas pesquisas de opinião pública e nem a opinião pública pressiona nesse sentido. Na campanha atual, Netaniahu não concorda com um debate na tevê e não tem com quem. O que vai mudar? Muito pouco. A menos que todas as pesquisas estejam muito erradas ou o humor do público mude drasticamente até o dia 22, Netaniahu está na reta final para formar o seu terceiro governo e poderá optar entre uma coalizão semelhante à atual ou uma mais centrista. A principal diferença entre a atual Knesset (a 18ª.) e a próxima (a 19ª.) serão as faixas mais amplas de escolhas para ele. Se permanecerem os mesmos partidos de direita e os religiosos, haverá pouquíssimas mudanças na política econômica ou externa. Ele poderia, no entanto, descartar alguns parceiros atuais e fazer um acordo com alguns, ou qualquer um dos três ou quatro partidos de centro-esquerda na nova Knesset e, ao mesmo tempo, buscar outros, mais moderados ou flexíveis em política interna e externa. As eleições também podem levar o Likud mais para a direita, o que forçaria Netaniahu a limitar a coalizão para o mesmo feitio atual. Tradução de Yosi Turel >>
A reeleição de Barack Obama deu aos rivais de Netaniahu munição para acusá-lo de prejudicar a estratégica aliança de Israel com os EUA quando declarou publicamente seu apoio a Mitt Romney. Também ressaltam a ajuda do magnata dos cassinos, Sheldon Adelson
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magazine > eleições em israel | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
MANIFESTAÇÃO DO PARTIDO DE ESQUERDA MERETZ EM FAVOR DE DOIS ESTADOS
Dividir para perder
UM VELHO DITO POPULAR A RESPEITO DA POLÍTICA NO BRASIL DIZ QUE QUANDO A DIREITA QUER SE UNIR, COMBINA-SE UM JANTAR E ESTÁ FEITO. JÁ A ESQUERDA NÃO CONSEGUE DECIDIR NEM ONDE TOMAR UMA CERVEJA
E
m Israel, que se prepara para eleições neste dia 22, acontece a mesmíssima coisa. Likud e Israel Beiteinu, representados por Bibi Netaniahu e Avigdor Lieberman, uniram as suas forças conservadoras e, até o fechamento desta edição, as pesquisas apontam que deverão vencer. Já a esquerda israelense perdeu-se em um emaranhado de discussões e disputas mesquinhas e não conseguiu apresentar ao eleitor nenhum líder que empolgasse as massas. Tzipi Livni, que durante anos na oposição pelo Kadima foi uma figura apagada, ainda criou um novo partido, Hatnuá, cujo nome pouca gente realmente lembra. Yair Lapid saiu das páginas do Yedioth Achronot, onde assinava a coluna mais lida do jornal no fim de semana, e entrou na política causando certa empolgação, mas não decolou. Filho do falecido Tommy Lapid, grande representante do secularismo esquerdista, deu a impressão de que faria boa figura
junto ao eleitorado: cinquentão, fazendo o tipo machão doce sabra, grisalho à la George Clooney, pai de família patriota, mas no final das contas não passou de um rostinho já não tão bonitinho. Ehud Barak veio do trabalhismo e nunca se recuperou da profunda decepção com a opção dos palestinos pela luta armada, em 2000, durante seu governo, quando fez a Arafat uma oferta séria de paz. Tornou-se desde então um político belicoso e nunca mais falou em paz com os árabes. Nestas eleições, se retraiu, tirou o time de campo e decidiu nem concorrer. É o melhor retrato do eleitor liberal de Israel.
Partidos da corrida eleitoral Halikud Beitenu, de direita; Kadima, centro-direita; Haavodá, social-democrata; Shás, ultrarreligioso sefaradi; Yahadut Hatorá, ultrarreligioso ashkenazi; Atzmaút, centro direita; Haichud Haleumi, religioso de direita; Chadash, árabes judeus de esquerda; Meretz, esquerda; Habait Hayehudi, religioso de ultradireita; Otzmá Leisrael, religiosos de ultradireita; Yesh Atid, centro; Hatnuá, centro; Am Shalem, religiosos.
A esquerda israelense perdeu-se em um emaranhado de discussões e disputas mesquinhas e não conseguiu apresentar ao eleitor nenhum líder que empolgasse as massas
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magazine > curiosidade | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
As controvérsias com nomes e ruas de Israel UM NOVO LIVRO CONTA AS INTRIGAS E DISPUTAS ENVOLVENDO A TAREFA DE DAR NOMES PARA AS RUAS DE ISRAEL. HÁ DE TUDO: DE HOMENAGENS A LÍDERES ESTRANGEIROS A CONSTRANGEDORES CASOS DE AUTOPROMOÇÃO
E
m um país onde se discute desde política até a qualidade do falafel da esquina, desde o início estava evidente que dar nomes às ruas das cidades israelenses seria tarefa para controvérsias e polêmica. E justamente essas disputas e intrigas são a matériaprima do novo livro, em hebraico, do professor Maoz Azaryahu, da Universidade de Haifa, intitulado Sobre o Nome – História e Política dos Nomes de Ruas em Israel [leia entrevista com o autor à pg. 87]. Tel Aviv foi a primeira cidade que decidiu dar nomes às ruas, ainda em 1909, mesmo ano da fundação. E, claro, a primeira rua da cidade foi chamada Herzl, em homenagem ao fundador do sionismo. Isto estabeleceu um princípio para todo o país segundo o qual a prioridade era homenagear líderes e simpatizantes do sionismo, e não necessariamente as grandes personalidades da história judaica. Isto incluiu o general inglês Allenby, que comandou a tomada de Eretz Israel das mãos dos muçulmanos. Ele visitou Tel Aviv em 1918 e foi homenageado com uma das principais ruas da cidade – hoje, uma das mais decadentes. Na época, a ideia já era de expressar a lealdade da população judaica aos novos conquistadores. Mas depois da declaração de independência de Israel, sobrou gente reclamando desses vestígios da dominação britânica. Especialmente a rua Hamelech George (“Rei George”), o monarca inglês da época da Declaração Balfour. A polêmica foi tão grande, envolveu também os mais altos escalões que se decidiu deixar tudo como está e até hoje ruas centrais de Tel Aviv e Jerusalém homenageiam o tal rei.
Em 1948, o Ministério das Relações Exteriores solicitou à prefeitura de Tel Aviv homenagear o “amigo” Fiorello La Guardia, prefeito de Nova York da época. Funcionários da prefeitura tentaram argumentar que mesmo gente mais importante que o prefeito nova-iorquino, como o presidente Roosevelt, não mereceu este ato de cortesia. O protesto foi em vão e La Guardia até hoje nomeia uma das principais ruas da cidade, embora poucos saibam quem foi ele. Outra discussão data de 1934, quando o então prefeito de Tel Aviv, Meir Dizengoff, homenageou a si mesmo nomeando uma rua da cidade. Para evitar este tipo de constrangedora autopromoção, uma lei determina esperar dois anos da morte para se homenagear alguém. Isso, no entanto, nunca inibiu os políticos locais, que encontraram uma maneira engenhosa de burlar a proibição. Em vez de ruas, seus nomes engalanam fachadas de órgãos públicos. Em 1993, pouco antes de deixar a prefeitura de Jerusalém que ocupou durante trinta anos, Teddy Kollek deu o seu nome ao estádio de futebol da cidade. Todas essas discussões são pouco, comparadas às rusgas surgidas quando quiseram transformar as ruas de Tel Aviv em louvação aos movimentos armados da direita sionista, como o Etzel, precursor do Likud, e o Lehi, dissidên-
EM BNEI BRAK, PLACA DA RUA HERZL FOI SUBSTITUÍDA PARA HOMENAGEAR RABINO
cia mais radical e violenta. Como nas primeiras décadas do sionismo a política era totalmente dominada pela esquerda, representada pelo Mapai, precursor do Partido Trabalhista, os direitistas não tinham vez. Em 1950, políticos da direita exigiram que um parque perto de Yaffo, cidade conquistada pelas forças do Etzel, fosse chamada de Caídos do Etzel. Mas a prefeitura de Tel Aviv preferiu chamar de Parque dos Heróis e dava a várias ruas da cidade nomes relacionados à Haganá e ao Palmach, as forças ligadas ao Mapai. Levaram cinco anos de discussões intensas até a prefeitura ceder e passar a homenagear os líderes e comandantes da direita. A mudança foi tal que atualmente a personalidade mais homenageada nas ruas israelenses é Zeev Jabotinsky, líder ideológico do Likud, mais presente em placas no país até mesmo que Ben-Gurion. Outra boa briga começou em 1932, quando se sugeriu lembrar o genial poeta Heinrich Heine, do século 19, colocando o seu nome numa rua de Tel Aviv. Nascido judeu, Heine converteu-se ao cristianismo e depois se arrependeu. Dez anos depois, a prefeitura de Tel Aviv baixou uma norma proibindo homenagear convertidos, na época considerados traidores do povo judeu. Todavia os admiradores de Heine protestaram, insistiram
na homenagem e driblaram a proibição e Yaffo ganhou a rua Rabi de Bacharach, título de uma das histórias mais famosas dele. Em 1956, data dos cem anos da morte de Heine, uma moradora de Tel Aviv escreveu ao próprio Ben-Gurion pedindo que interviesse a favor do poeta, mas nada adiantou. A polêmica terminou somente em 1993, mais de sessenta anos após o primeiro pedido, e foi descerrada a placa da rua Heine, em Yaffo, Ruas ortodoxas Em 1950, a prefeitura de Jerusalém recebeu uma carta raivosa de lideranças do bairro ultraortodoxo Mea Shearim exigindo que fossem ouvidos acerca da denominação das ruas da área. Enquanto não se decidia a respeito, as placas com nomes considerados inadequados pelos religiosos foram destruídas. A prefeitura prometeu considerar as emoções locais, mas se negou a aceitar qualquer interferência na decisão. >>
Em Bnei Brak, cidade ortodoxa próxima a Tel Aviv, a prefeitura decidiu trocar os nomes das ruas que homenageavam personalidades sionistas por nomes religiosos. O maior choque ocorreu em 2001, quando a placa com o nome do recémfalecido rabino Shakh tomou o lugar de Herzl
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magazine > curiosidade
ZEEV JABOTINSKY É O POLÍTICO MAIS HOMENAGEADO NAS PLACAS DE RUAS DE ISRAEL
>> GOLDA MEIR QUASE NÃO APARECE NAS PLACAS DE
CAPA DO LIVRO DO PROFESSOR MAOZ AZARYAHU, SOBRE O NOME – HISTÓRIA E POLÍTICA DOS NOMES DE RUAS EM ISRAEL
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De todo modo, as ruas de cidades e vilarejos de Israel onde predominam populações ortodoxas são um capítulo à parte. No ishuv Elad, no centro de Israel, por exemplo, a denominação das ruas seguiu na direção contrária à do restante do país. Se dependesse das vias públicas do vilarejo, a história do país e do povo judeu teria sido construída por sábios da Mishná e do Talmud. Em Bnei Brak, cidade ortodoxa próxima a Tel Aviv, a prefeitura decidiu trocar os nomes das ruas que homenageavam personalidades sionistas por nomes religiosos. O maior choque ocorreu em 2001, quando a placa com o nome do recém-falecido rabino Shakh tomou o lugar de Herzl. A decisão foi considerada uma provocação ao caráter secular do Estado, foi parar na Knesset, houve grandes debates e... os religiosos venceram. Ruas árabes Outro aspecto dos nomes das ruas de Israel é nas cidades e vilarejos habitados por árabes. Em Um-El-Fakhm, na Galileia, foi
RUAS PELO FIASCO NA
eleito um prefeito ligado ao Movimento Islâmico, que costuma adotar posturas radicais. Em 1993, as ruas da cidade ganharam novos nomes, com resultados surpreendentes. A maior parte das placas de Um-El-Fakhm homenageia personalidades históricas do Islã, e algumas delas, ligadas à história mais recente, são problemáticas. A rua Izz ad-Din al-Qassam, por exemplo, é em louvor ao homem que pregou a luta armada contra os ingleses e o ishuv, na então Palestina. Foi morto em combate, virou mártir e o Hamás dá o nome dele à sua facção militar. Entre outras placas em Um-El-Fakhm, surgem as rua Haifa e Yaffo, cidades que a ala mais radical palestina sonha em obter para um futuro Estado árabe. No entanto, cidades como Nablus e Ramallah hoje controladas pela Autoridade Palestina, e Gaza, pelo Hamás, não são citadas. Em Kfar-Qassem, vilarejo perto de Netânia de quinze mil habitantes, cujo prefeito também é ligado ao Movimento Islâmico, há uma rua do Retorno, alusão à volta dos refugiados palestinos para Israel. Em 2008 foi eleito um prefeito secular e se sugeriu homenagear personalidades árabes laicas como Yasser Arafat, Gamal Nasser e Sadam Hussein. Os nomes das ruas continuam os mesmos.
GUERRA DO YOM KIPUR
Novas tendências Nos últimos anos, a tendência em bairros e cidades de Israel é não mais homenagear pessoas mas nomes de pedras preciosas, como Yahalom (“diamante”), e principalmente de árvores, como rua Tamar (“tamareira”) e rua Gefen (“vinha”). Anotem: a cidade de Modiin, criada nos anos 1990 à margem da estrada entre Tel Aviv e Jerusalém, não tem nenhuma rua Herzl. Pesquisa recente a respeito da preferência do judeu israelense para o nome da rua em que mora revelou que, em primeiro lugar, vêm a flora de Eretz Israel. A campeã é a rua Zait (“oliveira”), seguida da rua Gefen. Depois dos nomes ligados à fauna e flora locais, a preferência dos israelenses é por Rehov Yerushalaim (rua Jerusalém).
A OLIVEIRA É A ÁRVORE NATIVA DA FLORA ISRAELENSE MAIS CITADA PARA SER NOME DE RUA
Lobby ajuda
Eis a entrevista do professor Maoz Azaryahu, autor de Sobre o Nome – História e Política dos nomes de ruas em Israel, à revista Hebraica. Hebraica – Como surgiu o interesse em investigar os nomes das ruas de Israel? Maoz Azaryahu – Eu estava em Berlim, nos anos 80, antes da Queda do Muro, e fiquei fascinado com o fato de uma mesma rua ter nomes diferentes, no lado ocidental e oriental da cidade. Percebi que as ruas mostram a identidade de um povo. É algo do dia-a-dia, do lugar onde você passa quando vai ao supermercado, por isso é eficiente. Se você der o primeiro beijo em sua namorada na rua Herzl, aquilo vai te marcar para sempre (risos). Dizem que até hoje Isaac Bashevis Singer não recebeu nome de rua em Israel por ter defendido a língua ídiche, e não o hebraico. Azaryahu – O mais decisivo para denominar rua em Israel é ter um bom lobby. Alguém se organizou para homenagear Bashevis Singer? Tenho minhas dúvidas. O livro revela como cidades árabes e judias ortodoxas muitas vezes escolhem nomes agressivos ao sionismo. Isto prova a democracia do país? Azaryahu – Isto mostra o pluralismo da nossa sociedade. O Ministério do Interior paga os custos de todas as placas de ruas, mas não intervém na escolha dos nomes pelas prefeituras. Hoje a tendência é nomear ruas com nomes da fauna e flora, e não mais com políticos. As pessoas se cansaram de ideologias? Azaryahu – As pessoas buscam qualidade de vida ao redor
de casa, áreas verdes e ambientes tranquilos. Isto inclui um bonito nome para a rua onde moram. Também não sentem necessidade de hastear bandeiras ou enfatizar simpatias partidárias. Mas um simples nome de árvore ou de um passarinho em hebraico também pode carregar um significado político profundo, como a afirmação da ligação do povo com a Terra de Israel. Zeev Jabotinsky, líder da direita, é o político mais homenageado nas ruas de Israel, até mais que Ben-Gurion. Por quê? Azaryahu – É realmente curioso, mas isso se deve ao fato de Jabotinsky ter morrido bem mais cedo, em 1940. Em Israel uma lei proíbe dar às ruas nomes de pessoas vivas, por isso há poucas vias importantes homenageando Ben-Gurion. Quase não se veem no país ruas importantes com o nome de Golda Meir. Azaryahu – Pessoalmente admiro Golda. Foi uma das grandes personalidades da nossa política. Mas o nome dela ficou muito ligado à problemática Guerra do Iom Kipur, quando era primeira-ministra. Além disso, Ben-Gurion morreu pouco antes e ofuscou-a.
Nos últimos anos, a tendência em bairros e cidades de Israel é não mais homenagear pessoas mas nomes de pedras preciosas, como Yahalom (“diamante”), e principalmente de árvores, como rua Tamar (“tamareira”)
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magazine > segurança | por Yosi Melman
As fronteiras de Israel estão sempre mudando DOIS EX-ALTOS FUNCIONÁRIOS DO MOSSAD, DAVID ARBEL E URI NEEMAN, ESCREVERAM DECISÕES-LIMITES: ERETZ ISRAEL DE DIVISÃO DIVISÃO, LIVRO QUE ANALISA EVENTOS NOS QUAIS OS LÍDERES DO PAÍS DECIDIRAM A RESPEITO DAS FRONTEIRAS DO ESTADO
EM
C
omo convém a todo Estado soberano, paz e segurança são dois dos fatores que mais influem nas decisões acerca dos seus limites. No caso de Israel, esses quesitos são levados ao extremo e explica o fato de as fronteiras serem elásticas e sujeitas a mudanças. E isso vem de longe, pois o movimento sionista, primeiro, e o Estado de Israel, em seguida, sempre se abstiveram de estabelecer as fronteiras defi nitivas, e suas fronteiras de facto nasceram de guerras, das operações de retirada de Israel e da devolução de territórios. Para os autores isto não é um padrão, embora, como sempre, “a formação das fronteiras de Israel – e que continua acontecendo – foi influenciada por processos políticos e pela visão do mundo das lideranças que planejaram as ações bélicas, sempre de olho no resultado final”. Como em Israel tudo é diferente, não foi o que ocorreu no caso das fronteiras cujos marcos mudam de lugar ao sabor do pragmatismo. Um exemplo: a decisão do governo do primeiro-ministro Levi Eshkol de declarar guerra aos vizinhos, em junho de 1967, não parece que teve as fronteiras como razão principal mas, como se sabe, o resultado final revela a influência decisiva sobre os limites. Israel devolveu a península do Sinai ao Egito em troca de um tratado de paz e a retirada da Faixa de Gaza, mas mantém o domínio da Cisjordânia e das Colinas de Golã. No livro Escolhas-Limites, David Arbel e Uri Neeman, ambos veteranos funcionários do Mossad, analisam oito situações nas quais os dirigentes israelenses tiveram de lidar com as questões fronteiriças. O livro fala da decisão de David BenGurion em adotar o plano de partilha, aceito pela Assembleia Geral da ONU em novembro de 1947; depois passa para a anexação das terras capturadas na Guerra de Independência e originalmente destinadas a fazer parte de um Estado palestino, iniciar uma guerra preventiva em 1967, e que não se repetiu em 1973.
O livro trata também do acordo de paz com o Egito e da retirada de Israel do Sinai em 1982, em troca do controle da Cisjordânia e Gaza, e do projeto de 1983 de destruir qualquer aparência de um Estado palestino no Líbano, e, mais uma vez, garantir o domínio da Cisjordânia e de Gaza. O penúltimo capítulo conta os Acordos de Oslo de 1993 referentes à disposição de Israel em negociar novas fronteiras. O último – e oitavo evento – é a decisão de Ariel Sharon evacuar a Faixa de Gaza, em 2005. Algumas das opiniões dos autores podem provocar polêmicas como aquela segundo a qual Menachem Begin sabia e apoiou o plano de Sharon invadir o sul do Líbano, em 1982, para forçar os palestinos lá residentes a trocar aquele país pela Jordânia, e dessa maneira forçar a criação de um Estado palestino em território do reino hachemita. Outra história, que remete ao terreno da teoria da conspiração, revela que às vésperas da Guerra do Iom Kipur os dirigentes israelenses imaginaram explorar o ataque árabe para se perpetuar nos territórios conquistados na guerra de 1967. O livro também conta que o primeiroministro Itzhak Rabin tinha poucas informações a respeito dos termos dos acordos de Oslo, embora tenha concordado em assiná-lo. O livro é didático, cada capítulo trata de uma decisão e o mapa correspondente facilita a compreensão das mudanças das fronteiras desde os tempos do Plano de Partilha da Palestina do Mandato Britânico. É lamentável que a maior par-
te do material usado no livro tenha origem em fontes públicas, pois o tema é sensível e os autores são especialistas em informação militar e, por esta razão, poderiam ter acesso às fontes primárias para esclarecer alguns aspectos da histórica visita do presidente egípcio Anuar Sadat a Jerusalém. Por conta própria Os autores descrevem como algumas decisões militares e políticas que moldariam as fronteiras de Israel foram tomadas pelos primeiros-ministros e seu círculo íntimo de colaboradores. Ou absolutamente solitárias, como Rabin, que aceitou sem maiores debates o mapa dos Acordos de Oslo que os assessores de Shimon Peres criaram, ou Ariel Sharon, no caso da evacuação da Faixa de Gaza. O livro cita declaração de Ben-Gurion para excluir da Declaração de Independência de Israel qualquer menção às fronteiras. Eles dizem que “desde os tempos antigos, as fronteiras da autonomia do povo judeu recuam e avançam de acordo com as mudanças da história”. De fato, quando a Guerra da Independência que se seguiu imediatamente após a criação do Estado de Israel terminou as fronteiras eram diferentes daquelas do Plano de Partilha. E continuam mudando. Para os estudiosos e intelectuais árabes, as palavras de BenGurion somadas às decisões israelenses a respeito de terras e limites revelam que a intenção de Israel foi sempre se expandir. Os historiadores sionistas modernos discordam: Israel simplesmente tira vantagem das oportunidades que os processos históricos criam para reformular as fronteiras do país. Neste
ESTES MAPAS ILUMINAM A EXPANSÃO DAS FRONTEIRAS DE ISRAEL EM SESSENTA ANOS, DE 1948 ATÉ 2008
caso, os autores deveriam se deter mais um pouco e opinar se Israel sempre teve uma estratégia subjacente de expansão, ou o alargamento das suas fronteiras é mera consequência natural do interminável conflito árabe-israelense. De todo modo, eles acham que Israel deve renunciar ao controle da Cisjordânia. A realidade sugere que a Terra de Israel seja dividida entre dois países soberanos tomando como limites o Mediterrâneo e o rio Jordão. É um princípio aceitável por Israel e a Autoridade Palestina bem como pela maioria das nações árabes e da comunidade internacional. Resta saber se as lideranças de Israel e da Autoridade Palestina terão a estatura de estadistas e a coragem política necessárias para um acordo definitivo de fronteiras. A alternativa é um conflito sangrento, cujo desfecho, qualquer que seja, vai devolver os dois lados à linha de partida, isto é, a divisão da Terra de Israel em dois estados nações. * Yosi Melman é jornalista do Haaretz Tradução de Yosi Turel
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magazine > futebol | por Ariel Finguerman PAUSA NO TREINO DA SELEÇÃO
DA COLÔMBIA PARA PEKERMAN PASSAR INSTRUÇÕES AO ATACANTE
O bom técnico da Colômbia é judeu CONSIDERADO O MELHOR TÉCNICO DE FUTEBOL JUDEU DO MUNDO, JOSÉ PEKERMAN QUER FAZER HISTÓRIA NA COPA DE 2014. APESAR DAS MUITAS VITÓRIAS, A SELEÇÃO COLOMBIANA AINDA NÃO GARANTIU VAGA NO MUNDIAL
E
m novembro, o Brasil empatou em 1 a 1 com a seleção da Colômbia, em amistoso disputado nos Estados Unidos. O resultado não foi bom para o Brasil. Mas quem conhece o futebol sul-americano, especialmente a trajetória vitoriosa do técnico José Pekerman, não se espantou com o resultado. Judeu argentino e comandante do selecionado colombiano, ele está pronto para brilhar na Copa do Mundo de 2014. Para os torcedores colombianos, um dos mais fanáticos e exigentes do mundo, Pekerman já é considerado um herói. Basta lembrar o assassinato do jogador Andrés Escobar, ao retornar a Medellín depois de fazer um gol contra na Copa de 1994. A Colômbia produziu vários craques na história, como Carlos Valderrama, René Higuita e Rincón. Na década de 2000 o futebol colombiano entrou em queda livre, a ponto de não ter participado das três últimos campeonatos mundiais. Mas tudo mudou nos últimos seis meses. Sob o comando de Pekerman, a Colômbia derrotou o Paraguai (2 a 0), destroçou os uruguaios campeões do continente por 4 a 0, e o Chile (3 a 1). Hoje a Colômbia está em terceiro na disputa das quatro vagas sul-americanas para a Copa do Mundo. Os colombianos estão eufóricos, e além dos gols dos craques Falcão García e James Rodríguez, atribuem boa parte deste sucesso ao técnico José Pekerman. Em recente partida no Estádio Metropolitano, na cidade colombiana de Barranquilla, local das partidas oficiais da seleção, torcedores agradecidos estenderam a faixa “Pekerman para Presidente”. A ironia é que o próprio Pekerman vem controlando o estado de felicidade da Colômbia. “Estamos muito contentes com as recentes vitórias e com a nossa posição na tabela, mas temos ainda muito trabalho pela frente, ainda não conseguimos os bilhetes para o Mundial”, disse em entrevista recente.
Se conseguir levar a seleção colombiana para o Brasil em 2014, já estará garantido como herói nacional e terá também lugar no panteão dos esportistas judeus latino-americanos, aliás, muito pequeno. Motorista de táxi A cautela de Pekerman se explica por sua própria trajetória de vida, de altos e baixos. Nasceu há 63 anos em Villa Dominguez, na província argentina de Entre Ríos, um vilarejo que estacionou nos menos de três mil habitantes. Os avós, judeus ucranianos vítimas de pogroms, chegaram no final do século 19 e foram assentados naquela área rural com financiamento do barão Hirsch. Na juventude, Pekerman quis ser jogador de futebol. Tentou a sorte no Argentinos Juniors, de Buenos Aires. Em 1974, transferiu-se para o futebol colombiano, e jogou três anos no Independiente, de Medellín. Aos 28 anos sofreu uma contusão e abandonou o futebol. Voltou para Buenos Aires com mulher e as duas filhas, e durante um bom tempo sustentou a família como motorista de táxi. No tempo livre dirigia equipes jovens de futebol até ser surpreendido por uma proposta para treinar a equipe júnior do Colo-Colo, em Santiago. Largou o trânsito da capital argentina e trabalhou dois anos no Chile. A sorte dele mudaria definitivamente numa manhã de 1994 ao ler um anúncio de jornal no qual a Associação de Futebol Argentina (AFA) procurava um téc-
SANCHEZ
nico para a seleção júnior. Mesmo duvidando que seria escolhido, enviou o currículo. Foi convidado para uma entrevista com o presidente da AFA, Julio Grondona, e depois contratado. Anos mais tarde, Grondona explicaria que ficara impressionado com a tranquilidade e humildade de Pekerman. Técnico de Messi A seleção argentina de juniores foi campeã no Qatar, em 1995, na Malásia, em 1997, e na Argentina, em 2011. A partir daí Pekerman começou a ser cotado para comandar a seleção principal do seu país. Em 1998, recusou o convite, alegando não estar preparado. Mas seis anos mais tarde, aceitou o cargo. A seleção de Pekerman jogava bonito e com eficiência, no estilo argentino clássico. Foi a época de ouro de Juan Riquelme e também as primeiras apresentações de Lionel Messi, então com 18 anos. Entre os feitos da seleção de Pekelman está uma derrota do Brasil, campeão do mundo na época, por 3 a 1 em Buenos Aires. Na Copa de 2006, Pekerman impressionou ao comandar uma vitória de 6 a 0 contra a seleção da Sérvia. Mas perdeu por pênaltis para os alemães nas quartas-de-final. Pekerman decidiu se demitir apesar dos apelos dos cartolas argentinos para que ficasse no cargo. Nos anos seguintes, trabalhou no futebol mexicano, mas choviam convites como os do Japão, Austrália e de Israel. Já conhecido como “o melhor técnico de futebol judeu do mundo”, recebeu proposta do Beitar Jerusalém, o Corinthians de Israel, e recusou. O seu nome também foi sondado para assumir a seleção sabra, mas nada se concretizou. Há um ano assumiu o comando da seleção colombiana, depois que o técnico anterior foi demitido por “inaceitável” empate com a Venezuela e derrota em casa para a Argentina. Já no primeiro jogo, venceu o México por 2 a 0. Desde então, Pekerman colecionou vitórias. A ponto de colocar a Colômbia como a oitava melhor seleção do mundo no ranking da FIFA, cinco posições acima do Brasil.
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magazine > ciência | por Benjamin Ivry *
AINDA FALTA MUITO A ESTUDAR DO LEGADO DE BENOIT MANDELBROT, UM DOS MAIORES MATEMÁTICOS
Mandelbrot,
a arte e as matemáticas OS FRACTAIS SE TORNARAM UM SÍMBOLO DO ENFOQUE DE BENOIT MANDELBROT PARA A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA. ELES PASSARAM A TER
APLICAÇÕES PRÁTICAS TAMBÉM NA ECONOMIA E NAS ARTES
N
ascido em Varsóvia em 1924 em uma família judia da Lituânia, Benoit Mandelbrot sobreviveu na França ocupada pelos nazistas para se tornar um dos pensadores mais criativos do século 20. Mandelbrot morreu de câncer no pâncreas em um hospital de Cambridge, Massachusetts, em 2010, e deixou O Fractalista: Memórias de um Dissidente Científico (The Fractalist: Memoir of a Scientific Maverick). Ele criou o termo “fractal”, em 1975, a partir da palavra latina fractus, que significa “quebrado” ou “fragmentado”, para melhor medir formas e superfícies irregulares, a partir dos
gráficos do mercado de ações ou mesmo dos litorais. “Eu queria transmitir a ideia de uma pedra quebrada, algo irregular e fragmentado”, escreveu Mandelbrot, e seus conjuntos fractais acabaram por ter um número fantástico de aplicações em muitos outros campos, incluindo matemática, economia, ciências e artes. O compositor modernista húngaro judeu György Ligeti, e o artista conceitual argentino Carlos Ginzburg foram inspirados pelas descobertas de Mandelbrot. A mãe de Mandelbrot era dentista. “Antes da anestesia generalizada, a reputação de um dentista dependia muito da velocidade em extrair dentes, e recordo a forte mão direita e os poderosos bíceps da minha mãe”, escreveu Mandelbrot que também se tornaria um homem de aparência robusta. A força física que ele irradiava combinava com finesse intelectual. Entrevistei Mandelbrot em 1990 na sede da IBM, em Paris, para quem trabalhou durante décadas como pesquisador – “eu preferia um laboratório industrial porque a academia me achava inadequado”, explicou Mandelbrot na época. Sempre visualmente inspirado e se considerando um artista e um pensador, Mandelbrot, insistiu em apresentar algumas das suas descobertas. As imagens fractais que a computação gráfica possibilita combinam alguns dos delírios exuberantes da arte psicodélica de 1960, com formas assustadoras que lembram a natureza e o corpo humano. Mal havia começado o show visual e uma das imagens ficou presa no projetor de slides. Os dedos de Mandelbrot, da espessura de uma salsicha, não foram capazes de extrair o slide que começou a fumegar e ele soltou uma coleção de palavrões de frustração e impaciência. Esta cena de fúria cômica terminou bem, apesar do slide destruído, mas aponta para uma tendência característica de Mandelbrot segundo a qual a alta seriedade científica pode descambar rapidamente em comédia de pastelão. Ele aceitava tais solavancos de percurso com graça e inteligência, raras no seu
livro de memórias. O aspecto lúdico do seu pensamento original é sublinhado no Fractalista, no qual Mandelbrot oferece uma versão abreviada da sua vida científica: “Quando procuro, eu olho, olho, olho, e brinco com imagens”. Por que ele decidiu brincar com os contornos da linha do litoral? Educado em casa, ele observou que o pai “era louco por mapas, e dele aprendi a ler mapas antes de aprender a escrever”. Separado da família em tempos de guerra na França, o adolescente Mandelbrot foi novamente deixado por conta da própria capacidade intelectual devorando “vários livros desatualizados de matemática”, com imagens cativantes, a partir das quais ficou “intimamente familiarizado com um grande zoológico de formas muito especializadas e de todos os tipos colecionados ao longo de séculos”. Apesar de tais apelos da fauna intelectual, Mandelbrot concluiu que “a guerra, com os seus medos e privações, deixou em mim uma marca indelével que nunca mais sairá”. A vida dos fractais Na Paris de pós-guerra, Mandelbrot continuou a estudar os chamados “monstros” de aparência peculiar que pareciam ser únicos e isolados, da mesma forma que a família foi isolada durante a guerra na condição de judeus poloneses refugiados – os pais fugiram de Varsóvia em 1930 e foram os únicos do círculo de amigos a sobreviver. Esses eventos passaram a ser alguns dos fenômenos que podem ser medidos, compreendidos e interrelacionados usando fractais. Subvalorizados, e mesmo ridicularizados por equações ou pessoas, os fractais se tornaram um marco da vida intelectual de Mandelbrot. Seu orientador na Escola Politécnica de Paris era Gaston Julia que usava uma máscara de couro porque parte do rosto fora mutilada em combate na Primeira Guerra e ele, assim como outros soldados nas mesmas condições, era chamado por alguns estudantes franceses de gueules cassées, isto é, “caras quebradas”. Mandelbrot usou algumas das descobertas do seu professor, os “conjuntos de Julia”, para desenvolver as próprias descobertas. Outro instrutor de Mandelbrot foi o matemático francês judeu Paul Lévy (1886 - 1971), que, como o aluno, passou os anos da ocupação escondido. As descobertas fundamentais de Lévy também foram mais valorizadas e destacadas pelas conquistas seguintes de Mandelbrot. que, honrando os professores e o caráter judaico da família, sempre os homenageava e, por isso, na década de 1960, inspirado no Antigo Testamento, ele deu os nomes “Efeito de Noé” e “Efeito José” para ajudar a compreender fenômenos como as inundações do rio Nilo e as altas e baixas do mercado de ações, por exemplo. O “Efeito José” era uma referência às persistentes alterações nos níveis do Nilo, como os “sete anos de grande abundância”, seguidos por “sete anos de fome” do Gênesis. Lê-se em O Fractalista: “Que alegria citar a Bíblia como uma (pura) referência científica”, que repetiu com o “Efeito de Noé”, para descrever cataclismos desde o dilúvio bíblico à quebra da bolsa, su-
gerindo que essas inundações eram mais comuns e influentes do que admitiam os analistas de ações, que as consideravam meras exceções ou interrupções. As novas ideias de Mandelbrot foram amplamente ironizadas, mas houve poucas e criteriosas exceções, como os comentários dos teóricos John von Neumann e Robert J. Oppenheimer. Apesar desses protetores influentes, quando Mandelbrot lecionou no Instituto de Estudos Avançados, em Princeton, Nova Jersey, o mesmo onde pesquisou Einstein, no início de 1950, um historiador de matemáticos declarou: “Tenho de protestar! Esta é a pior palestra que eu já ouvi... O que ouvimos não faz sentido, absolutamente nada de nada”. Também para a França Mandelbrot “fazia pouco sentido”. Durante décadas a matemática francesa foi dirigida pelo grupo Bourbaki, liderado por André Weil – irmão da filósofa Simone Weil – e outros formadores de opinião, e para esses intelectuais Mandelbrot era um fenômeno “risivelmente bizarro”. Na página de dedicatórias de O Fractalista, Mandelbrot afirma: “Minha longa e sinuosa viagem ao longo da vida tem sido solitária e muitas vezes muito dura... Meu pai e minha mãe me ensinaram a arte da sobrevivência”. Desses encontros profissionais com “pessoas extraordinariamente diversificadas e fortes”, Mandelbrot acrescenta que “muitos foram calorosos e acolhedores, muitos, indiferentes, hostis, desprezíveis e bestiais”. Mesmo depois que as suas descobertas foram universalmente reconhecidas, o público ainda debochava de Mandelbrot. Um exemplo: em 1990, ao atender uma ligação para o seu hotel, o Le Ritz Paris, para falar com o professor Mandelbrot, a telefonista começou a rir, e para saber o que havia de tão divertido a telefonista respondeu “que nome engraçado”. Apesar das interrupções ásperas, trágicas e cômicas de uma vida, Mandelbrot provou ser um inovador excepcionalmente sério, um Kepler do século passado. * Benjamin Ivry escreve no Forward Tradução de Yosi Turel
Durante décadas a matemática francesa foi dirigida pelo grupo Bourbaki, liderado por André Weil – irmão da filósofa Simone Weil – e outros formadores de opinião, e para esses intelectuais Mandelbrot era um fenômeno “risivelmente bizarro”
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magazine > cinema | por Seth Rogovoy *
Os judeus nos filmes de
Bond
IAN FLEMING, O CRIADOR DE JAMES BOND, ERA UM NOTÓRIO ANTISSEMITA. MAS NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS MUITOS JUDEUS NA INDÚSTRIA DO CINEMA AJUDARAM A REFINAR A IMAGEM DO ESPIÃO A SERVIÇO DA SUA MAJESTADE
É
difícil imaginar alguém menos judeu – ou mais goy – do que James Bond. Aquele dos martinis não agitados mas sacudidos, que seduzia loiras em série, as Bond Girls de grandes seios, que dirige o mais moderno e o mais rápido carro esporte, equipado com dispositivos dissuasivos. Ele pode ser o herói, mas ele não é mentsch. Há algum tempo, o jornal Daily Mirror, chamou o fictício agente secreto (e é bom lembrar que Bond é um personagem inventado, não uma pessoa real) “um símbolo britânico tão duradouro como a família real e os Rolling Stones”. Bond é a criação literária do escritor Ian Fleming, notório direitista, que como muitos ingleses da sua geração usava o antissemitismo como referência. Os livros de Fleming, ao contrário dos filmes mais populares que geraram, ocasionalmente tratam de estereótipos judaicos vulgares e odiosos, e quando um personagem parece judeu, é sempre um vilão. No entanto, desde o seu início, há meio século, a partir do filme de 1962, Dr. No, até o mais recente da série, Skyfall – o 23º filme de Bond, em cartaz até há pouco – o papel dos judeus nos filmes de James Bond foi essencialmente criativo. O diretor de Skyfall é o judeu Sam Mendes e o ator Daniel Craig, que não é judeu mas é conhecido por interpretar judeus heroicos em Defiance e Munich, e é casado com a atriz britânica judia Rachel Weisz. Entre os filmes, há Goldfinger e Diamonds Are Forever. Fleming baseou o personagem título Goldfinger, o inimigo de Bond difícil de vencer, em Ernö Goldfinger, arquiteto húngaro modernista e de esquerda na vida real, vizinho de Fleming, em Hampstead, Londres. Fleming caracterizou seu Goldfinger,
rebatizado Auric (derivado do latim aurum ou “ouro”), com uma obsessão pelo poder. O filme Goldfinger suprime as origens judaicas dos personagens, que constam do original de Fleming. De todo modo, o ator alemão Gert Fröbe, que interpretou o personagem no filme Goldfinger, tinha sido membro do partido nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Em Hollywood, Ken Adam, conhecido como Sir Kenneth Adam, foi o gerente de produção de todos os filmes clássicos de James Bond, dos anos 1960 e 70, desde Dr. No em 1962 até Moonraker, em 1979. Adam nasceu em Berlim, em 1921, onde o pai e o tio eram importantes negociantes de tecidos finos e da moda desde o final do século 19. Adam e família partiram para a Inglaterra em 1934, com a pressão nazista. Adam foi um dos dois únicos cidadãos alemães a pilotar aviões para a Royal Air Force durante a guerra e se tivesse sido capturado não seria um prisioneiro de guerra mas executado como traidor. Irvin Kershner foi diretor de O Império Contra-Ataca (The Empire Strikes Back) e o filme para a televisão Raid on Entebbe (Resgate em Entebe, pelo qual recebeu uma indicação ao Emmy), e interpretou Zebedee, o pai dos apóstolos Tiago e João, em A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, e dirigiu Never Say Never Again, de 1983, filme que
DEPOIS DE MUITOS JAMES BOND, NINGUÉM SUPEROU SEAN CONNERY, AQUI EM O SATÂNICO DR. NO, DE 1962
marcou a volta de Sean Connery para o papel-título. Kershner foi o único cineasta a dirigir tanto um filme da série Star Wars, e um filme de James Bond, duas das franquias de maior sucesso de Hollywood. Atualmente, os filmes de James Bond só perdem para os filmes de Harry Potter na receita total. O produtor dos filmes era Harry Saltz-man, que nasceu Herschel Saltzman, em Quebec, rebelde que aos 15 anos fugiu de casa e se juntou ao circo. Durante a Segunda Guerra Mun-
dial serviu com o exército canadense na França, onde conheceu a futura mulher, Jacqui, imigrante romena, e começou uma carreira de caçador de talentos. Primeiro trabalhou como diretor de teatro e, depois de cinema, na Inglaterra, em meados dos anos 1950. Em 1961 leu os originais de Goldfinger, de Ian Fleming, >>
Bond é a criação do escritor Ian Fleming, que como muitos ingleses da sua geração usava o antissemitismo como referência. Os livros de Fleming, ao contrário dos filmes mais populares que geraram, ocasionalmente tratam de estereótipos judaicos vulgares e odiosos
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magazine > cinema
Os vilões judeus de Bond Em 2006, quando Casino Royale, o 21º da franquia 007 foi lançado, grande parte da publicidade girava em torno do novo intérprete loiro de James Bond, Daniel Craig. O ator é conhecido no mundo da espionagem, pois foi um agente do Mossad, em Munich, de Steven Spielberg. No entanto, a noção de um judeu com licença para matar, muito provavelmente não teria entusiasmado Bond ou o criador Ian Fleming que, na maioria dos treze livros originais de Bond, fez questão de apresentar os judeus de maneira depreciativa. Mas isso foi eliminado das versões cinematográficas. É Casino Royale, publicado em 1953,
que dá início à série Bond, e logo apresenta a marca registrada de Fleming: um criminoso grotesco contra 007. Neste livro-filme o monstro é Le Chiffre, um importante agente soviético. Como todos os vilões de Fleming, ele é um híbrido racial, “mistura de estirpes mediterrânea com prussiana ou polonesa”, e que tem “grandes orelhas, indicando algum sangue judeu”. Goldfinger, possivelmente o vilão mais famoso de Fleming, pode parecer suspeito de ter ascendência judaica, mas como tem obsessão por ouro, apaga qualquer dúvida. O vilão Ernst Stavro Blofeld, de On Her Majesty’s Secret Service, foi
IAN FLEMING, DE QUEM SE DIZIA SER ANTISSEMITA, COM HARRY SALTZMAN, SEU PRODUTOR, E JUDEU
>> e comprou os direitos de filmar as histórias de Bond. O roteirista Wolf Mankowitz, amigo de Saltzman, apresentou-o ao americano Albert R. Broccoli, que também queria produzir filmes de James Bond. Juntos, Saltzman e Broccoli formaram a Eon Productions, empresa que até hoje – ainda de propriedade dos herdeiros de Broccoli, que adquiriu a parte de Saltzman, em 1975 – produz os filmes de James Bond. Mankowitz nasceu no East End de Londres, coração da comunidade judaica na época. Era um escritor prolífico e bem-sucedido cuja produção incluía teatro musical, novelas e roteiros, um dos quais é Dr. No, o primeiro rascunho do primeiro filme de Bond para a Eon. Mankowitz teria pedido para tirar o nome dos créditos temeroso de que o filme fosse um fracasso e lhe prejudicasse a reputação. No entanto, a abertura dos arquivos de segurança ingleses, em 2010, revelou as suspeitas do MI5, o serviço secreto britânico, de que Mankowitz fosse espião soviético. A versão cinematográfica de Casino Royale, de 1967, que tem por base a primeira novela de Fleming com James Bond, é um dos únicos não produzidos pela Eon, embora Mankowitz tivesse ajudado no texto do roteiro, assim como outros escritores judeus, a saber: Ben Hecht, Joseph Heller e Billy Wilder (junto com Terry Southern, John Huston e Val Guest). Na paródia atuam Woody Allen e Peter Sellers. O roteirista nova-iorquino Richard Maibaum, que já trabalhara para Broccoli antes que este começasse produzir a série
Bond, escreveu a maioria dos roteiros dos filmes clássicos de Bond. Maibaum era dramaturgo em Nova York e escreveu a peça teatral antilinchamento The Tree (“A Árvore”) e o drama antinazista Birthright (“Direito de Nascença”). Maibaum colaborou com todos, menos três filmes de James Bond, desde Dr. No até License to Kill (Licença para Matar), em 1989. Mais do que ninguém, talvez até mesmo do que Fleming, Maibaum pode ser ter criado e sustentado o misticismo em torno de Bond. Mentsch ou não, Bond tem provado ser uma figura duradoura ao longo dos últimos cinquenta anos, um personagem cuja imagem foi moldada, estimulada e refinada de maneira significativa por judeus muito além de qualquer coisa que Fleming pudesse imaginar, ou de fato, desejar. * Seth Rogovoy, é um crítico cultural e autor de Bob Dylan: Prophet, Mystic, Poet, editorial Scribner, 2009
Fleming baseou o personagem título Goldfinger em Ernö Goldfinger, arquiteto húngaro modernista e de esquerda na vida real, vizinho de Fleming, em Londres. Fleming caracterizou seu Goldfinger com uma obsessão pelo poder
DANIEL CRAIG, ATOR DE CASINO ROYALE, SE DÁ BEM EM FILMES DE ESPIONAGEM E ATUOU EM MUNIQUE, DE STEVEN SPIELBERG
supostamente batizado, mas o nome soa semita assim como outros indicadores como “lóbulos ampliados”. Mesmo quando os judeus de Fleming não são sinistros ou demoníacos, estão limitados a apenas algumas profissões orientadas para a avareza, como banqueiros ou negócios com diamantes. Com exceção de um refugiado judeu alemão, o gentil Dr. Stengel do filme Thunderball, eles não podem ser médicos, cientistas, jornalistas, advogados e professores, além, é claro, de pertencer à fraternidade dos corajosos de que fazem parte dedicados servidores públicos como Bond. No entanto, e ironicamente, Sidney Reilly, também conhecido como Salomon Rosenblum, o “ás dos espiões”, foi um modelo em que James Bond se inspirou. Fisicamente, os judeus de Fleming são sempre criaturas gordas repelentes com “corpos de pelos negros”. E não há judias. Dr. No é um personagem que dá voz a Fleming e resume os 450 anos da comunidade portuguesa judaica da Jamaica, como um enclave de ricos, frívolos e esnobes que “gastam muito da fortuna em belas casas” e “preenchem a coluna social do Gleaner”, o principal jornal da Jamaica. Surpreendentemente, todavia, os insultos de Fleming aos judeus da ilha não causaram nenhuma reação e se conseguiu escrever com autoridade a respeito dos judeus jamaicanos, foi porque tinha boas relações com eles. O colunista do Gleaner, Morris Cargill, era um dos amigos mais próximos, e Blanche Blackwell, decana da sociedade jamaicana, fora sua amante durante muito tempo. Belo, gracioso e espirituoso, Fleming era, segundo Cargill, “uma companhia encantadora”. (Robert F. Moss) Tradução de Yosi Turel
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magazine > personalidade | por Julia M. Klein*
As duas faces de
Barbra Streisand
UMA NOVA BIOGRAFIA DE BARBRA STREISAND DETALHA AMBIÇÕES E NEUROSES DA ESTRELA E REVELA COMO TODAS AS PESSOAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SUCESSO DELA FORAM “RETOCADAS”
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ão foi por acaso que, aos 22 anos, em 1964, Barbra Streisand parecia encarnar tão perfeitamente a comediante Fanny Brice no musical da Broadway, Funny Girl. Segundo o biógrafo de celebridades William J. Mann (Hello, Gorgeous: Becoming Barbra Streisand – “Olá, Beleza: Tornando-se Barbra Streisand”, Houghton Mi-
ESTA É UMA FACE DE BARBRA STREISAND, MAS OS LIVROS FALAM DE DUAS
ffl in Harcourt, 567 páginas, US$ 30,00), o papel foi composto sob medida para ela, depois de ter ajustado sua própria imagem de modo a ganhar o papel do produtor Ray Stark, que era casado com a fi lha de Brice. No caso de Funny Girl, a vida e a arte se imitaram mutuamente de modo espetacular. O espetáculo e o filme subsequente fizeram de Streisand um ícone cultural. Mann, autor das bem recebidas biografias de Katharine Hepburn e Elizabeth Taylor, conta que o êxito de Streisand não foi à custa de décadas de anonimato e de luta. Por qualquer padrão razoável, foi meteórica a ascensão de atriz aspirante a cantora de boate até a premiação pelo trabalho como estrela no palco, cinema, televisão e no disco. Mas a celebridade de Streisand não foi tão repentina como parece, e a combinação de sorte e talento sozinhos não poderiam garantir essa posição de destaque. Na biografia, Mann retrata não apenas ambição e inseguranças ferozes – o que não supreende – mas também as pessoas e as estratégias que permitiram a ascensão da atriz. Tendo muitos desses aduladores e assessores como fontes de informação, o autor escreve um relato íntimo, fofoqueiro e simpático da jovem Streisand. Ele teve o mérito de parar antes de transformar a biografia em uma hagiografia (“vida de santo”). O autor dedicou poucas páginas à infância infeliz e à longa carreira após Funny Girl para se concentrar nos cinco anos após a saída de Streisand do modesto apartamento no Brooklyn que cheirava tanto a tensões não resolvidas entre mãe e filha quanto à couve que a mãe usava para fazer canja de galinha. A mãe de Barbra, Diana Rosen Streisand Kind, fora cantora aspirante e em um determinado momento membro do coro do Metropolitan Opera. Mas o pai, cantor ortodoxo de sinagoga, “opunhase ao horário tardio que Diana chegava em casa, o que determinou o fim da experiência”, relata Mann. Diane divorciou-se e casou-se com Emanuel Strei-
sand, professor metido a intelectual que morreu de insuficiência respiratória após uma injeção de morfina para a epilepsia, deixando o filho Sheldon, e uma filha de quinze meses, Barbara Joan. A mãe de Barbra Streisand casou-se de novo, desta vez com Louis Kind, descrito como um mulherengo grosseiro que batia na mulher e dizia à enteada que era feia. Diana divorciou-se outra vez, mas o estrago já estava feito. Por algum motivo, ela sempre foi dura com a filha, revelando orgulho por ela apenas para os amigos. Como Mann descreve de modo pungente, as duas pareciam nunca estar emocionalmente em sincronia. Sem nenhuma verdadeira figura paterna e uma mãe um tanto fria, Barbra foi levada por uma imperiosa necessidade de aprovação que atormenta, e também inspira, muitos artistas. Aos 16 anos, foi morar em Manhattan, tomando aulas de teatro e cultivando amizades com os gays que iriam ajudá-la a moldar o estilo pessoal e o repertório musical – entre eles, Terry Leong, que a levou a fazer compras em brechós, e Bob Schulenberg, que fazia a sua maquiagem. Mann aproxima-se muito da jovem Barbra graças a fontes como Schulenberg e Barry Dennen, provavelmente o seu primeiro amante. Ele conta ter apresentado Barbra a várias influências musicais e sugeriu que participasse de concursos de talentos em um clube gay, o Lion, que ela venceu repetidamente e serviu para lançar a carreira de cantora. Dennen era um aspirante a ator e ajudou-a a selecionar, organizar e a orquestrar as canções. Dennen diz que seu relacionamento girava em torno de Streisand. Quando ele se apresentava em uma peça de teatro no Central Park, Streisand parecia nunca arranjar tempo para vê-lo – negligência que, aparentemente, ainda o irrita. Mann diz que isso se deve ao “costumeiro egoísmo” da estrela. Independentemene de quais fossem as desculpas, Dennen partiu o coração de Streisand, conta Mann. Um dia ela entrou no apartamento que dividiam e encontrou-o nos braços de um homem. O relacionamento nunca mais se recuperou. Associação fictícia Felizmente, Streisand conseguiu encontrar mentores como o professor de teatro Allan Miller e a simpática Phyllis Diller, que, apesar da imagem desmazelada, era uma especialista em moda que ensinou a protegida a comprar roupas. À medida que Streisand passou a cantar em casas noturnas de destaque, atraiu celebridades como Orson Bean, que ajudou a apresentá-la ao público de televisão. Durante as audições ela impressionava o suficiente para assumir o papel da secretária explorada e solteirona Miss Marmelstein, na produção da Broadway de 1962 I Can Get It for You Wholesale, embora o papel tivesse sido escrito para alguém de meia idade. A produção marcou um momento de virada na vida e na carreira. A peça tinha Elliott Gould como protagonista, que a perseguia, a adorava e acabou por se casar com Streisand enquan-
to lutava para subir na carreira. Gould e Streisand se divorciaram em 1971. Streisand fez campanha para ganhar o papel de Fanny Brice em Funny Girl, e seu empresário na época era o famoso Marty Erlichman que a apoiou e trouxe uma equipe de publicitários do Softness Group. Lee Solters, o sucessor de Marty, tinha ainda melhores contatos e junto com os publicitários a convenceram a se apresentar como “Barbra the Kook (Barbra, a Excêntrica)”, uma imagem reforçada pelas roupas de brechó e as respostas evasivas e em tom de piada. Uma tática de publicidade brilhante foi convencer “uma organização em grande parte fictícia” chamada National Association of Gag Writers (Associação Nacional de Escritores de Piadas) criada pelo escritor de comédias George Q. Lewis para fins promocionais, a inventar e conceder o Prêmio Fanny Brice a Streisand. Segundo Mann, os próprios acontecimentos em torno do espetáculo Funny Girl, que tinha uma espécie de rodízio de diretores – Jerome Robbins/ Garson Kanin/Jeromme Robbins – daria um grande musical dos bastidores. Em outra mistura de arte e vida, Streisand teve um caso com o afável co-protagonista Sydney Chaplin (filho de Charlie Chaplin), que representava o marido jogador de Brice, Nick Arnstein. Quando Streisand rompeu com ele a química do casal no palco passou de quente para gélida. A história associada ao estrelato de Streisand, escreveu Mann, é que ela era “daqueles talentos que só aparecem um a cada geração, descoberto como uma pérola brilhante nos bancos de ostras na água salobra do Brooklyn”. Com o tempo, todas as pessoas que contribuíram para o sucesso dela, desde o diretor de Wholesale, Arthur Laurents, e os que vieram depois “foram retirados da biografia”, diz Mann. O livro Hello, Gorgeous é, portanto, a vingança mais afetuosa deles. * Julia M. Klein é repórter e crítica cultural na Filadélfia e contribui como editora para a Columbia Journalism Review
O autor dedicou poucas páginas à infância infeliz e à longa carreira após Funny Girl para se concentrar nos cinco anos após a saída de Streisand do modesto apartamento no Brooklyn
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magazine > lançamento | por Julio Nobre
Coleção mostra Hollywood antinazista UMA RECÉM-LANÇADA COLEÇÃO TRAZ SEIS FILMES PRODUZIDOS ENTRE 1939 E 1944 QUE MOSTRAM COMO HOLLYWOOD ADERIU AO ESFORÇO DE GUERRA CONTRA AS FORÇAS DO EIXO COM OS RESULTADOS MAIS VARIADOS
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BETTE DAVIS E PAUL LUKAS EM HORAS DE TORMENTA, FILME QUE RENDEU-LHE O OSCAR E O GLOBO DE OURO DE MELHOR ATOR
século 20 viu a propaganda alcançar proporções gigantescas e insidiosas. Todas as artes foram colocadas a serviço dela e nem mesmo a poesia, com seu caráter sublime, escapou às suas garras. O cinema, claro, foi amplamente utilizado pela publicidade que viu nesse meio as infi nitas possibilidades de comunicação de massa. Regimes totalitários como o nazista e o stalinista logo se apropriaram do cinema para colocá-lo a serviço das respectivas ideologias. Com certo atraso Hollywood começou a denunciar a natureza tenebrosa do regime hitlerista, e em 1939 produziu Confissões de um Espião Nazista, o seu primeiro filme abertamente antinazista. O leitor atento certamente vai se lembrar de Complô Contra a América, a fantasia criada por Philip Roth a respeito do processo de nazificação que tomaria conta dos EUA depois que o aviador Charles Lindbergh, notório antissemita e simpatizante de Hitler, chegasse à Casa Branca. Já em Uma Aventura em Paris, de 1942, percebemos que Hollywood entrou de cabeça no esforço de guerra e convocou John Wayne e Joan Crawford, dois dos mais populares atores na época, para protagonizar uma história que se passa na França ocupada. Ao retratar oficiais alemães como tipos fanfarrões acompanhadas por mulheres tolas, o filme dirigido por Jules Dassin se aproxima da paródia criada por Quentin Tarantino no impagável Bastardos Inglórios. James Stewart é o chamariz de Tempestades d’Alma (1940), história que se passa em 1933 e mostra a dissolução de um grupo de amigos com a ascensão de Hitler. Este filme, aliás, é revelador da postura ambígua de Hollywood em relação aos judeus. O professor universitário Viktor Roth cai em desgraça sob a “nova ordem” e o filme menciona como causa as origens “não arianas” do professor enquanto salta aos olhos de qualquer bom observador a origem judaica do nome “Roth”. Um dos pontos altos da coleção é Horas de Tormenta (1943), cujo roteiro é assinado por Dashiel Hammet. Os diálogos, ágeis e bem-humorados, têm a marca de Lillian Helman – na época namorada de Hammet – e a interpretação luminosa de Bette Davis, uma das atrizes mais carismáticas da sua geração. O tema, desta vez, é a resistência antinazista no interior da Alemanha em tons grandiloquentes e escancaradamente propagandísticos. Em A Sétima Cruz (1944) fica evidente mais, uma vez, a difi-
culdade de Hollywood em ver o que realmente se passava na Europa. Spencer Tracy interpreta o fugitivo de campo de concentração que vaga pelas ruas de Mainz à procura de velhos amigos, documentos e dinheiro para sair da Alemanha. A impressão é a de que ele está numa típica cidade americana, repleta de pessoas com bons sentimentos e atitudes altruístas e não em um Estado policial. Fecha a coleção Os Filhos de Hitler, a respeito da juventude nazista – melodrama repleto dos clichês e convenções dos filmes da época em que, necessariamente, tem de haver algum tipo de envolvimento romântico entre o casal de protagonistas e muitos trinados de violinos, ingrediente que arrastavam – e ainda arrastam – multidões aos cinemas. É interessante notar a contribuição dos atores e diretores judeus nos filmes da coleção “Hollywood contra Hitler”. O ucraniano Anatole Litvak assina a direção de Confissões de um Espião Nazista, no qual Edward G. Robinson (nascido Emanuel Goldenberg, em 1893) interpreta um implacável caçador de nazistas. Jules Dassin, que iniciou a carreira como ator no teatro ídiche de Nova York e se tornaria internacionalmente reconhecido por Nunca aos Domingos (1960) – com Melina Mercouri, – dirige Uma Aventura em Paris. O idealista Kurt Müller de Horas de Tormentas rendeu ao húngaro Paul Lukas o Oscar de melhor ator e o vienense Fred Zinnemann assina a direção de A Sétima Cruz. Coleção “Hollywood contra Hitler”, drama/guerra 1939/1944, EUA, 614 min. preto & branco, lançamento da Versatil
Um dos pontos altos da coleção é Horas de Tormenta (1943), cujo roteiro é assinado por Dashiel Hammet. Os diálogos, ágeis e bemhumorados, têm a marca de Lillian Helman – na época namorada de Hammet – e a interpretação luminosa de Bette Davis
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magazine > a palavra | por Philologos
Simpatia pelo dibuk
DIBUK VEM DO SUBSTANTIVO HEBRAICO DIBUK (COM ÊNFASE NA SEGUNDA SÍLABA), LITERALMENTE, ALGO QUE ADERE, GRUDA, DO VERBO DAVAK, “ADERIR”, “GRUDAR” OU “SE APEGAR” E SURGE NO SEGUNDO CAPÍTULO DO GÊNESIS
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ual, afi nal, a origem da palavra dibuk de que tanto se fala? No folclore judaico dibuk é um fantasma ou espírito de uma pessoa morta que entra no corpo de alguém vivo e se apossa dele, fazendo-o falar e agir de maneira irracional e irreconhecível. Em hipótese alguma esta ideia é exclusivamente judaica. Várias culturas e religiões acreditam na possessão demoníaca como forma de explicar coisas como esquizofrenia e transtorno de personalidade múltipla, entre elas o cristianismo, que provavelmente tomou esta crença emprestada ao judaísmo. No Novo Testamento, há várias histórias a respeito de Jesus curando os mentalmente perturbados ao expulsar os demônios, e isso encontra paralelos na literatura talmúdica. Dibuk vem do substantivo hebraico dibuk (com ênfase na segunda sílaba), literalmente, algo que adere, gruda, do verbo davak, “aderir”, “grudar” ou “se apegar”. Este verbo surge no segundo capítulo do livro do Gênesis, e pode ter antecipado seu uso posterior, pois lá se lê, no relato bíblico da criação de Eva: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá [davak] à sua mulher, e serão ambos uma só carne”. O dibuk e sua vítima tornamse, por assim dizer, uma confusão mental e emocional. No entanto, em seu significado de espírito obsessivo, a palavra dibuk é relativamente nova no hebraico. Na literatura rabínica clássica, um dibuk é conhecido
simplesmente como um ru’ach, um “espírito”. Foi chamado a primeira vez de dibuk em ídiche, no século 17, que encurtou a expressão cabalística dibuk mi’ru’ac ra’á, “a adesão de um espírito maligno”. A Cabalá medieval introduziu a crença no judaísmo de que as almas pecadoras poderiam ser punidas após a morte ao serem obrigadas a vagar pelo mundo em forma desencarnada, e era comum pensar que um dibuk era uma alma em busca de refúgio em um corpo vivo. Como no cristianismo, a forma comum no judaísmo de lidar com um dibuk era por meio do exorcismo, em que um rabino com suficiente autoridade espiritual tirava o espírito de obsessão da pessoa possuída. A lenda judaica tem muitas histórias de exorcismos bem sucedidos. No entanto, o que muitas vezes as distingue de histórias cristãs semelhantes é o fato que durante o exorcismo, os sacerdotes tendem a lidar com o espírito obsessor como se fosse uma força puramente diabólica, enquanto os rabinos exorcistas muitas vezes exibem simpatia por ele e sua situação. Foi precisamente a sua capacidade de se identificar com o dibuk que, por vezes, lhes permitiu convencê-lo a deixar o corpo que estava atormentando. Desta forma, por exemplo, os judeus poloneses do século 19 contam a história de um dibuk que era o espírito de um alto oficial do exército israelita no período do Primeiro Templo de Jerusalém. O pecado deste dibuk foi ter ajudado a incitar ao as-
sassinato do profeta Zacarias, e a família do homem possuído procurou, primeiro, o rabino hassídico mestre Yisra’el de Koznitz pedindo para exorcizá-lo. No entanto, embora o rabino Yisra’el ameaçasse lançar o dibuk “nas profundezas” se não partisse de vez, o dibuk simplesmente ria dele e tanto o aterrorizou mostrando seu rosto que o rabino quase desmaiou. Incapaz de ajudar, sugeriu que a família procurasse o Santo Tzadik de Lublin. O Tzadik de Lublin usou um método diferente. Em vez de ameaçar o dibuk com castigos terríveis, ouviu pacientemente a sua história e, então, disse a todos os presentes que, no final das contas, o obsessor não era um tão grande pecador, porque participara do assassinato de Zacarias com o melhor dos motivos e intenções, isto é, a esperança de salvar o Templo das previsões de desgraça do profeta. Enquanto o Tzadik falava, o dibuk anunciou que deixaria o corpo do homem possuído espontaneamente, dizendo: “Finalmente posso desfrutar do descanso eterno, pois até agora nem uma única pessoa havia me defendido, e, embora a verdade fosse conhecida no céu, nada poderia ser feito para libertar-me até que também fosse declarada na terra”. Em resumo, os dibuks também precisam ser compreendidos – e uma coisa que precisamos entender sobre eles é porque se soletra de modo tão peculiar, com um “y” polonês no lugar do “i” inglês [mas neste texto está com o “i” português mesmo], o que seria de se esperar. Isto ocorre porque a palavra “dybbuk” apareceu em inglês como resultado de uma produção da renomada peça em ídiche de S. An-sky, O Dybbuk, encenada em Nova York, em 1925-26. Embora o próprio An-sky fosse judeu russo, e não polonês, a estreia mundial ídiche da peça, realizada pelo grupo de teatro judaico de Vilna, ocorreu em 1920, em Varsóvia, onde foi anunciada com a ortografia polonesa. Então, esta grafia continuou a ser usada em todas as outras produções da peça, incluindo uma adaptação para o cinema, em 1937, em Varsóvia. Por isso, a existência de um “y” em todos os dybbuks.
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
Toque feminino Desde que as mulheres exigiram na Suprema Corte que a Força Aérea de Israel aceitasse recrutas femininas, subiu para 10% o número de soldados que são mulheres, incluindo religiosas, no curso de elite do Tzahal. Atualmente há três pilotos de caça e sete de helicóptero. O percurso não é fácil: o compromisso é servir por nove anos e convém adiar projetos como casamento e filhos. Mesmo assim, todos os anos duas mil mulheres se interessam pelo curso.
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Hello, guys Pesquisa do governo americano mostra que Israel é o país que, em toda a história, mais enviou líderes em visitas oficiais aos EUA, desde 1874, isto é, 74 anos antes da independência de Israel. Presidentes e primeirosministros do Estado judeu visitaram os EUA 106 vezes, mais até que os ingleses (103) e os vizinhos canadenses (91). O maior viajante é Biniamin Netaniahu: dezesseis vezes.
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Jogão em Israel Para chutar o baixo astral, o ideal é uma boa partida de futebol. Este ano, em junho, Israel será sede da Copa Sub-21 da Uefa, recebendo as seleções da Holanda, Inglaterra, Itália, Alemanha, Rússia, Noruega e Espanha. Em razão do conflito com o Hamás em novembro, a associação de futebol europeia chegou até a pensar em mudar o país-sede, mas aí entrou a mão amiga do presidente da Uefa, o ex-craque francês Michel Platini (foto acima), que garantiu as promessas de segurança do Estado judeu.
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Outra de mulheres Além do Brasil, também Israel debate se quem está no poder é “presidente” ou “presidenta”. Um comunicado da Academia para a Língua Hebraica, que oficializa novos termos, informa que caso uma mulher vença as eleições deste mês, deve ser chamada de roshat hamemshalá (primeira-ministra). De maneira similar, se alguma prefeitura for dirigida pelo sexo feminino (roshat hayr). Se assumir o comando no exército, será tat-alufa (generala). A Academia justificou as novas palavras lembrando que há milênios a cultura judaica tem nomes específicos para mulheres líderes, como malka (“rainha”), neviá (“profetisa”) e rabanit (“rabina”).
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Depois da reinauguração da sinagoga Hurba, no bairro judeu da Cidade Velha, agora será a vez de a sinagoga Tiferet Israel ter sua antiga glória restabelecida. O templo foi destruído durante as batalhas com os jordanianos na Guerra da Independência em 1948 e era considerado uma das mais belas construções de Jerusalém. Hoje está em ruínas, com somente duas paredes em pé e um buraco que aparentemente servia de poço. Reconstruído, terá 23 metros de altura
7 Novidades aquáticas Uma ótima notícia: este ano Israel irá bombear apenas metade da quantidade de água que normalmente retira do lago Kineret (Tiberíades). É que nos últimos anos, além de ter recebido boa quantidade de chuvas, o país aumentou a utilização de esgoto tratado para a agricultura, especialmente no Negev. Assim, o Kineret poderá aumentar o nível em mais sessenta centímetros até o fim deste inverno e a salinidade deverá cair 6%. Ao mesmo tempo, foram construídas duas novas usinas de dessalinização na costa, em Ashdod e Rishon Le-Tzion, que somadas às demais, fornecem metade da água utilizada pelos israelenses.
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Da Fifa, com amor
Eleições em Israel
No conflito com o Hamás em novembro, o estádio de futebol de Gaza, chamado Palestina, foi destruído pelo jatos de Israel, sob a justificativa de ser usado como base de armazenamento e lançamento de foguetes pelo Hamás. Mas tudo ficará bem porque a Fifa vai pagar a reconstrução do estádio. Detalhe: no passado, o líder do Hamás em Gaza, Ismail Hanyeh, foi jogador de futebol.
Quem disse que precisa ser israelense ou estar no Estado de Israel para influenciar as eleições locais? Segundo pesquisa oficial feita pelo governo, o candidato Biniamin Netaniahu levantou 97% dos recursos para a campanha com doadores estrangeiros. Além dele, o ex-chefe do Estado-Maior e candidato pelo Likud, Moshé Yaalon, recebeu 100% de fundos estrangeiros e o ex-diretor do Shin Bet Avi Dichter, candidato pelo rival Kadima, 88%. Mais da metade do dinheiro das campanhas eleitorais de todos os candidatos vem de fora, de pessoas que não são cidadãos israelenses e, portanto, nem podem votar dia 22. Leia mais sobre as eleições israelenses à pg. 76
Livre pensar
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Se aos poucos a Irmandade Muçulmana tenta escrever, no Egito, uma Constituição baseada nas leis religiosas islâmicas, a que chamam de sharia, os nossos haredim (ortodoxos de kipá preta), se pudessem, fariam o mesmo em Israel, com a Halachá. É justamente nisto que atualmente está a grande diferença entre judeus observantes e judeus laicos, dentro e fora de Israel. Todos nascemos livres e diariamente temos de tomar pequenas e grandes decisões na vida.Os ortodoxos abrem mão da liberdade individual e baseiam todas as suas decisões na lei religiosa, a Halachá, que aprendem nas ieshivot e em casa. Como tudo está ali previsto, do nascimento à morte, dispensam-se as angústias que envolvem a tomada de decisões. O judeu laico, no entanto, não tem um caminho muito claro e decide misturando o exemplo dos pais e a ética ocidental. O futuro a quem pertence: ao religioso ou ao laico? Quem irá ganhar esta batalha de proporções épicas pelo espírito do povo judeu? Só o tempo dirá.
Foi dada a largada para a construção da maior exposição permanente de arqueologia de Israel. A sede será projetada pelo arquiteto Moshé Safdié, o mesmo do aeroporto Ben-Gurion e do Museu Yad Vashem, e imitará um acampamento arqueológico. Ali serão exibidos dois milhões de objetos da coleção da Israel Antiquity Authority (IAA), a Autoridade de Antiguidades de Israel, incluindo os Manuscritos do Mar Morto. Será em frente à Knesset, custará noventa milhões de dólares e terá paredes de vidro de onde o visitante acompanhará o trabalho de preservação nos laboratórios de arqueologia.
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10 notícias de Israel
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Reconstruindo Jerusalém
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magazine > literatura | por Jennifer Gilmore
A aposentadoria e o legado de Roth
EM ENTREVISTA À REVISTA FRANCESA LES INROCKS, PHILIP ROTH AFIRMOU, ACERCA
DA ANUNCIADA APOSENTADORIA: “NÃO SEI MAIS NADA ACERCA DA AMÉRICA HOJE. VEJO NA TEVÊ, MAS NÃO VIVENCIO MAIS ISSO”
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O ESCRITOR
À PORTA DE CASA, HÁ OITO ANOS, QUANDO AINDA NÃO PENSAVA EM SE APOSENTAR
unca se sabe por que razão outro ser humano realmente faz o que faz. E na condição de leitores, não podemos realmente saber por que um autor assume as decisões que toma em relação ao que escreve. A intenção autoral é sagrada e tudo o que podemos fazer, enquanto leitores, é especular a respeito do trabalho como produto fi nal, na página do livro Mas ao especular a respeito do anúncio da aposentadoria de Philip Roth preciso perguntar: será mesmo verdade? Ou Roth, cujos últimos quatro livros foram publicados entre 2007 e 2010, no que parecia ser uma tarefa febril, estaria agora sofrendo um bloqueio como escritor? A frase de Roth – “estou acabado”– é convincente. Roth, que ainda beira os 80 anos, estaria realmente muito velho para escrever? Afinal, não é uma bailarina ou um jogador de beisebol, e escritores ficam mais afiados com a idade, não é? Eles não se tornam, de fato, melhores à medida que envelhecem, ou talvez, mais sábios com o tempo? Em qualquer país, a sociedade e a indústria editorial sempre celebram o primeiro romance de um autor, principalmente se escrito por alguém muito jovem. E principalmente se esse alguém também é muito bonito. Mas nos tornamos melhores como escritores com a idade, na medida em que as experiências se ampliam e que a habilidade técnica aumenta? Ou vamos perder o contato com o mundo? Não nos tornamos amargurados em relação à vida e no que ela se transformou, e isso não nos faz introspectivos e cruéis? Então, podemos ver tudo isso refletido numa página? Roth publicou Adeus Columbus, em
1959, quando tinha 26 anos. É o livro de um jovem que assume o mundo e sua comunidade, e a juventude o desafia. Muitas pessoas – isto é, muitos judeus – o odiaram e o denunciaram por isso. Eles continuaram odiando-o uma década depois pela obra O Complexo de Portnoy, também um golpe no que significava crescer como um menino judeu na América. Por um longo tempo Roth disse “dane-se”. Você leu ou releu recentemente O Teatro de Sabbath em que o nosso herói se masturba no túmulo de uma mulher? Leu A Humilhação, de 2009? Um dos acontecimentos principais é um vibrador verde. E Homem Comum? Um idoso faz muito sexo – de muitas maneiras, em uma variedade de posições – com uma dinamarquesa de 24 anos. Pergunta, se cabe alguma: será que Roth não tem mais o que escrever, ou ele não tem mais como chocar o público? Porque a parte mais bonita e essencial do trabalho de Roth, o que faz dele o escritor que é, para mim, leitora leal e fiel, e que sofrerá pela falta de novos livros de Roth, muito mais importante do que os trechos chocantes são os fabricantes de luvas em Pastoral Americana. Havia as luvas. Havia a relação complicada e maravilhosamente recíproca com o pai em Os Fatos, peça de não-ficção. O soldado que sofre por usar uma prótese na perna em Complô Contra a América. Há o custo terrível do segredo em A Marca Humana. O amor e o medo de um mentor em Fantasma Sai de Cena, no qual Roth começa a história do seu alter ego, Nathan Zuckerman. E há, ancorando a primeira coletânea, uma linda joia, Adeus Columbus, em que um jovem de Newark vacila a respeito das consequências de se apaixonar por uma rica garota do subúrbio. Em entrevista à revista francesa Les Inrocks, Roth afirmou: “Não sei mais nada acerca da América hoje. Vejo na tevê, mas não vivencio mais isso”. Posso dizer que ninguém escreve de forma tão completa e honesta, até mesmo corajosa, a respeito da experiência americana. Ele colocou Newark, Nova Jersey, no mapa literário. E, talvez, como disse David Remnick no perfil definitivo de Roth, em 2000, e no seu blog da New Yorker, escrever pode ser o “hábito fanático” de Roth. Talvez tenha se tornado um hábito insustentavelmente exaustivo. Há alguns anos um psicanalista disse que Roth, que escrevia solitário e isolado e parecia fazer pouco mais que isso, estava com depressão. “O cara está deprimido”, disse. Roth disse a Remnick naquela entrevista à New Yorker: “Fui ao Met (Metropolitan) e vi uma grande exposição. Foi maravilhoso. Pinturas surpreendentes. Voltei no dia seguinte. Ótimo. Vi novamente. Mas o que devia fazer em seguida? Ir uma terceira vez? Então comecei a escrever de novo”. Para Roth, escrever parece apagar todo o resto. Talvez ao parar de escrever – se este é de fato o que a aposentadoria significa para um homem como ele – Philip Roth vá se permitir viver, nem que seja a custa da alegria dos seus leitores. * Jennifer Gilmore é autora dos romances Golden Country (“País Dourado”), Something Red (“Algo Vermelho”) e o próximo lançamento The Mothers (“As Mães”)
Posso dizer que ninguém escreve de forma tão completa e honesta, até mesmo corajosa, a respeito da experiência americana. Ele colocou Newark, Nova Jersey, no mapa literário. Talvez, como disse David Remnick, escrever pode ser o “hábito fanático” de Roth
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por Bernardo Lerer
Uma Criança de Sorte Thomas Bürgenthal | Editora Nova Fronteira | 195 pp. | R$ 34,90
Thomas tinha 6 anos quando foi com a família para o gueto de Kielce, na Polônia. Tinha 10 anos, em 1944, quando entrou em Auschwitz com os pais. Tinha pouco mais de 11 anos quando se viu sozinho no mundo. Tinha 17 quando chegou aos Estados Unidos, foi estudar e iniciou a carreira de advogado especializado em direitos humanos, direito internacional e juiz internacional. É essa história autêntica e tocante do compromisso do autor com os direitos humanos que surgiu das cinzas de Auschwitz.
À Luz de Paris – Um Guia Turístico e Literário João Correia Filho | LeYa | 442 pp. | R$ 49,90
Viver Paris é andar a esmo, sem destino e, de preferência, conhecer os locais se valendo de uma grande pesquisa literária do autor que revela a cidade a partir da visão dos seus grandes escritores e faz valer a frase de Marcel Proust: “A verdadeira viagem de descobrimento não é procurar novas paisagens, e sim ter novos olhos”. Ricamente ilustrado, contém mapas, horários de funcionamento dos locais, itinerários e transporte.
O Século do Conforto Joan DeJean | Civilização Brasileira | 413 pp. | R$ 62,90
Muitas das ideias fundamentais do lar e da vida doméstica surgiram no que se convencionou chamar de século do conforto, entre as duas últimas décadas do século 17 e a primeira metade do 18, que transformaria Paris e teria impacto no estilo de vida até hoje. É o caso de se imaginar uma casa sem sofás, poltronas, mesinhas de canto e de cabeceira, cômodas, janelas sem vista e pelas quais não entram luz, banheiros e quartos sem privacidade, etc.
As Duas Guerras de Vlado Herzog
Garranchos – Textos Inéditos de Graciliano Ramos
Audálio Dantas | Civilização Brasileira | 403 pp. | R$ 39,90
Org. Thiago Mio Salla | Editora Record | 377 pp. | R$ 49,90
Audálio era o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo quando Vlado foi torturado até a morte no Doi-Codi, no mesmo dia em que se apresentou, 25 de outubro de 1975. As duas guerras a que se refere o título dizem respeito à perseguição movida contra os judeus na Iugoslávia, onde nasceu, e, depois, no Brasil, perseguido pela ditadura, acusado de montar uma célula comunista na TV Cultura, onde era diretor de jornalismo. Um livro brilhante.
O autor é um dos mais importantes pesquisadores da obra de Graciliano e durante mais de sete anos garimpou acervos de todo o país e conseguiu descobrir 81 textos escritos entre meados de 1910 até o início dos anos 1950, na forma de epigramas, crônicas, artigos de crítica literária, discursos políticos, cartas na imprensa, o primeiro ato de uma peça de teatro e um conto juvenil “O Ladrão”, de julho de 1915. E nós que pensávamos já saber tudo de Graciliano.
Uma Garrafa no Mar de Gaza
Sua Santidade – As Cartas Secretas de Bento XVI
Valérie Zenatti | Seguinte | 122 pp. | R$ 24,90
Gianluigi Nuzzi | LeYa | 320 pp. | R$ 39,90
Impressionada com um atentado perto de casa, em Jerusalém, a jovem Tal passa a escrever compulsivamente a respeito do horror e do ódio. Um dos textos é uma carta que pede ao irmão, um soldado de serviço próximo da Faixa de Gaza, que coloque numa garrafa e a atire ao mar, para que uma jovem a apanhe. Mas ela cai nas mãos de um Gaza man e ambos começam a trocar mensagens, numa remota esperança de paz.
Este jornalista italiano especializou-se nos grandes escândalos do Vaticano e o livro segue a mesma trilha ao pesquisar a correspondência que revela as personagens e assuntos que dividem a Igreja e estabelecem as poderosas ligações entre ela e os centros do poder político. Há casos de lavanderias de dinheiro, o banco do Vaticano e sua influência na política italiana, as intrigas na Santa Sé, o dinheiro ganho com pornografia, etc.
Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo Mário Magalhães | Companhia das Letras | 732 pp. | R$ 56,50
O que o Dinheiro não Compra
Durante dez anos, o autor se dividiu entre a sucursal da Folha de São Paulo, no Rio, e a pesquisa para produzir a mais completa biografia de Carlos Marighella, de que foi importante figura a mulher dele a judia Clara Charf. Ele morreu com 57 anos, assassinado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, na alameda Casa Branca, em novembro de 1969. Militou e foi dirigente comunista durante trinta anos e era monitorado tanto pela KGB soviética como pela CIA. Uma obra-prima.
Michael J. Sandel | Civilização Brasileira | 239 pp. | R$ 24,90
Líderes e Discursos que Revolucionaram o Mundo
A Máquina de Madeira
Universo dos Livros | 328 pp. | R$ 39,90
Miguel Sanches Neto | Companhia das Letras | 245 pp. | R$ 36,00
É uma coletânea de cinquenta discursos organizados em ordem cronológica, desde o “Sermão da Montanha” segundo o Evangelho de Matheus até o discurso de Obama ao ser eleito em 2008, passando por Hitler intimidando os sudetos em 1938, de Stalin no Politburo, do presidente de Israel Chaim Herzog condenando o antissemitismo, de Sadat na Knesset, em novembro de 1977 oferecendo a paz a Israel, de Elie Wiesel revisando as calamidades do século 20, e muitos outros.
Nesse romance histórico, o autor conta a história do padre Francisco José de Azevedo, que apresentou o protótipo de uma máquina de escrever, construída em madeira, durante a Exposição Nacional no Rio de Janeiro, inaugurada por D. Pedro II. A máquina e o padre-inventor são quase desconhecidos no país e a partir desse invento o autor tenta narrar a formação da identidade do Brasil, de exploradores e explorados, articulações políticas e das intrigas palacianas do imperador que passam pelos bordéis cariocas.
O autor é um dos mais importantes filósofos da atualidade, professor em Harvard onde criou o curso Justice, depois transformado em série de doze capítulos na TV e internet. O livro mostra, com exemplos, que atualmente tudo está suscetível à lógica de compra e venda sem que se faça qualquer questionamento moral. E nesse momento de crise ele pergunta se queremos ter uma economia de mercado ou ser uma sociedade de mercado.
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por Bernardo Lerer
Ravel Bolero BMG | R$ 49,90
Stabat Matter e Symphonies
São dez faixas e dez maneiras diferentes de interpretar esta obra de Maurice Ravel (1875-1937), a mais conhecida do compositor e não a mais importante, mas que, de todo modo, a que mais rende em royalties para o patrimônio que deixou e administrado pela família. Em algumas faixas as diferenças de execução são bem claras porque adaptaram a obra a diversos estilos, ou destacando alguns instrumentos mais do que outros, como naquela pela Canadian Brass, na qual só há instrumentos de metal.
Luigi Boccherini | Harmonia Mundi | R$ 69,90
Negligenciado até algumas décadas atrás, a música desse importante e prolífero compositor italiano nascido em 1745, em Luca, e morto em 1805, em Madrid, vem experimentando uma espécie de redescoberta, principalmente algumas sinfonias, quintetos de cordas e peças para violoncelo de que era um virtuoso, e este Requiem, gênero a que, parece, todos os compositores se viam obrigados a escrever.
Haydn Naxos | R$ 27,90
Irmão de Michael, compositor, de Johann Evangelist, tenor, melhor amigo de Mozart, professor de Beethoven, Franz Joseph Haydn (1732-1809) só podia mesmo ser chamado de o “pai da sinfonia” e “pai do quarteto de cordas”. Escreveu centenas de peças, entre elas esta Missa Brevis, revista e ampliada em 1805. Ele acrescentou à formação original flautas, clarinetas, fagotes, trumpetes e tímpanos.
Karel Ancerl
The Sting
Supraphon | R$ 79,90
MCA | R$ 49,90
O selo deste cd é a Supraphon, da República Tcheca, que existe desde 1932 para dar nome à então maravilha tecnológica que eram os reprodutores de sons e divulgar a produção erudita de muitos dos compositores daquele país, como Bedrich Smetana, Leos Janaceck, Bohuslav Martinu, Jan Dismas Zelenka e, claro, Antonin Dvorak. A Orquestra Filarmônica Tcheca é regida por Karel Ancerl.
Foi lançada em cd a trilha sonora do filme The Sting (Golpe de Mestre, com Robert Redford e Paul Newman) em que a obra maravilhosa de Scott Joplin foi musicada, composta e adaptada por Marvin Hamlisch, judeu de Nova York que morreu em agosto aos 68 anos, depois de ganhar todos os prêmios possíveis. Algumas músicas se repetem em novas versões porque várias delas viram tema do filme.
The Flute King – Música da Corte de Frederico, o Grande
Rumo aos Antigos
EMI Classics | R$ 94,90
Rumo | R$ 24,90
O cd merece o subtítulo por que aquele rei da Prússia (1712-1786) na adolescência e juventude, dedicou-se à música e às artes em geral antes de se tornar um senhor da guerra e brilhante estrategista. Na época em que foi rei, viveram Johann Sebastian Bach, o filho Carl Phillip, Johann Joachin Quantz, cujas obras estão nos cd’s e também composições do próprio Frederico e da mulher, Anna Amalia.
O Rumo surgiu em 1974 na Escola de Comunicações e Artes da USP e foi dissolvido em 1991. O fundador é Luiz Tatit e dele faziam parte, entre outros, Hélio Ziskind, Gal Oppido, Ná Ozetti, Zécarlos Ribeiro, Akira Ueno. Neste cd, velhos sucessos como Quantos Beijos e Que Bom, Felicidade que Vai Ser, de Noel Rosa; Eu Também, de Lamartine Babo; Não Quero Saber Mais Dela e Canjiquinha Quente, de Sinhô, e outros.
The Art of Vienna Horn
Viva Duets
Naxos | R$ 29,90
Tony Bennett | Sony Music | R$ 34,90
Wolfgang Tomboeck é um dos mais importantes trompistas da Filarmônica de Viena, tendo trabalhado com os maestros que dirigiram aquela orquestra desde os anos 1980, como Karajan, Bernstein, Zubin Mehta, Lorin Maazel, e outros. Este cd contém obras importantes para trompa de Beethoven, Schumann, Brahms e Schubert. O cd é de uma série do selo Naxos que destaca os instrumentistas daquela orquestra.
Há pouco mais de trinta anos, fui conhecer o Radio City, o Rockfeller Center, na avenida das Américas, em Nova York. Havia centenas de pessoas na esquina em frente e a polícia desviou o trânsito. Estavam todos de olho na marquise do edifício de onde, de repente, surgiu Tony Bennet. Foi quase uma hora de espetáculo, como é um espetáculo este cd (e DVD) dos duetos dele com cantores de vários países.
Mozart – The Late Symphonies
Expresso 2222
Deustche Grammophon | R$ 54,90
Universal | R$ 19,90
E por falar na Filarmônica de Viena, ei-la aqui, em três cd’s, com Leonard Bernstein regendo aquelas que passaram ser chamadas de as “sinfonias tardias” do mestre de Salzburg e as mais importantes – embora todas sejam: a Sinfonia 38, Praga; a 35, Haffner e a 41, possivelmente a mais conhecida delas com o nome de Júpiter. A conceituada Gramophone usou todos os adjetivos para elogiar essas gravações.
É uma edição tão comemorativa desta música de Gilberto Gil que até o projeto gráfico da capa do antigo elepê foi adaptado ao cd e o disco mesmo foi remasterizado no estúdio Abbey Road, de Londres. São apenas nove faixas, mas elas representam um marco na história da música popular brasileira que nem mesmo a ditadura militar conseguiu apagar ou diminuir ao sugerir o exílio voluntário de Gil.
“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”
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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky
RECEITAS ESTIMULAM A SE FAZER CHREIN EM CASA, MAS OS DE NOSSAS MÃES E AVÓS ERAM MELHORES
O chrein
TODO ASHKENAZI ENCHE A BOCA PARA DIZER CHREIN, COMO SE FOSSE UMA PROPRIEDADE JUDAICA EXCLUSIVA, UMA IGUARIA QUE OS
OUTROS POVOS DEVERIAM PEDIR LICENÇA PARA CITAR, QUANTO MAIS USAR
L
edo engano, descobri quando cheguei às raízes fortes necessárias à elaboração do grande prato italiano que pretendia preparar, no lugar do seu mais conhecido e reconhecido representante na cidade de São Paulo. O restaurante, o Ca D’Oro, que se esvaiu na época em que me dispus a prepará-lo para uma troupe gastronômica antiga – Os Amigos de Babette – grupo gourmet que passou a se reunir a partir do momento em que o filme nórdico surgiu distribuindo emoções culinárias pelas telas dos cinemas mundo afora.
O prato é o gran bollito misto, maravilha servida num carrinho prateado, cuja tampa se abria por um sistema de dobradiça e descortinava um cozido como tantos outros que a tecnologia medieval permitiu criar nas penínsulas Ibérica e Itálica, na França, Alemanha e em qualquer outro lugar capaz de acolher um caldeirão com verduras e carnes cozinhando sobre o fogo à lenha, e a água servindo de veículo constante e uniforme do calor necessário para transformar, amolecer e complementar sabores. É um prato cheio de místicas próprias do século 15, este gran bollito, criado em Carù, cidade da ponta sudoeste do Piemonte, em razão de uma feira bovina que se fez anual a partir dos anos de 1440. As autoridades e a elite distribuíam para o povo desnutrido parte da carne bovina, qualquer uma. Com isso, imaginavam conseguir aplacar a fúria de que não se cuidava do cidadão comum, acostumado a passar o ano inteiro de papas e mingaus muito pouco proteicos, ao contrário dos ricos e poderosos que sempre podiam providenciar um naco de carne para colocar entre o pão, e temperá-lo com azeite, cebola, vinho e repolho. Tudo começava com o caldo da carne e para dele usufruir as pessoas venciam longas distâncias. O bovino macho ou fêmea, quase sempre já alquebrado para reprodução, tração ou para dar leite, era desmembrado, cozido com cebolas, espinafre, cogumelos, batatas e outros frutos da terra, como todos os outros cozidos. Mas havia uma diferença fundamental que era o acompanhamento de vários molhos, um deles à base de tomate (sals ross), outro de aliche em azeite batido com alho e miolo (sals ver); outro à base de mosto de vinho, mais um com grãos de mostarda cozidos com frutas e mel (mostarda di Cremona) e, finalmente, o que nos interessa, o de raiz forte. E sabem como se chamava este último? Cren!!!! Fantasia e imprecisão histórica à parte, pois tanto os tomates quanto as batatas só entraram na mesa dos europeus muito depois das grandes navegações do século
16, o que me impressionou não foi o molho, que já conhecia e sabia prepará-lo, mas seu nome em toda a literatura, literalmente cren, o nome russo que emprestamos, sinônimo de horseradish (inglês), raifort (francês), raiz forte (português), rábano rusticano (espanhol), meerrettich (alemão), wasabi (japonês), etc. Para ser mais exato, cren é o nome que damos ao molho, à mistura da raiz forte com a beterraba, que na Itália do gran bollito é substituída por creme, da mesma forma que na Alemanha e na Inglaterra, e no Japão, por espinafre. Nada estranho, quando sabemos que tantos ingredientes tiveram o mesmo destino, o de se confundir o nome com o preparo que se dá a ele, caso do couscous, que é a sêmola, o preparo magrebino, como o molho de za’atar que é a folha que lhe dá o nome e a tipicidade. Em todos os casos, o segundo ingrediente entra na mistura para aplacar o aroma acre e a força arrasadora da raiz, comparável em poder à mostarda mais poderosa ou à pimenta fortemédia. De fato, a raiz forte, cujo nome científico é Armoracia Rusticana, contém potássio, cálcio, magnésio e fósforo, e óleos voláteis, como o de mostarda e suas propriedades antibióticas. Fresca, a planta possui 177,9 mg/100 g de vitamina C. A enzima peroxidase, encontrada na planta, é muito usada em biologia molecular para a detecção da ligação de um antígeno a um anticorpos, como no ensaio Elisa, por exemplo. Mas levando em conta a Armoracia e suas qualidades, teria o nome algo a ver com os judeus italianos, que ao longo dos séculos anteriores travaram contatos com os judeus do Leste? Teria alguma relação com os invasores russos que descendo as estepes invadiram os Bálcãs e formaram um dos tantos povos vistos como bárbaros pela Roma decadente dos anos 800? No restaurante Kakuk, na rua Bento Freitas, que também desapareceu, servia-se um peito bovino cozido com pimenta em grãos, cenoura, repolho e um molho a que chamavam de chrein. Era um restaurante alemão, sem qualquer influência judaica, é verdade, mas que não me causava qualquer estranheza. A Itália sempre me pareceu muito mais distante apesar de todo o sincretismo que o mundo vivia bem antes da Renascença, com andarilhos trazendo e levando conhecimentos, mistura que se intensificou com as navegações mediterrâneas do fim do século 16, muito mais importantes e de consequências imediatas de impacto maior que as grandes navegações da mesma época, segundo Fernand Braudel, talvez o historiador mais influente do século 20. Também não consegui associar os outros molhos aos italianos, ao menos no que diz respeito à comida peninsular da atualidade. O sals ross, por exemplo, lembra um relish indiano trazido pelos ingleses, por pouco um catchup. Quase o mesmo se pode dizer da picante e adocicada mostarda di Cremona... Ou seja, o chrein pode não ser tão nosso quanto imaginamos, mas e daí? O importante é levar esta conversa à mesa e saber que nem só de peixe vive nosso tempero mais típico, mas vai bem com tudo o que é proteína, com quaisquer verduras e faz uma ótima figura em muitas situações em que usamos pimenta e mostarda.
O chrein pode não ser tão nosso quanto imaginamos, mas e daí? O importante é levar esta conversa à mesa e saber que nem só de peixe vive nosso tempero mais típico, mas vai bem com tudo o que é proteína
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magazine > ensaio | por Jo-Ann Mort *
VISTA DE JERUSALÉM, E ASSINALADAS AS PARTES QUE CABEM A CADA RELIGIÃO
Três livros, três retratos de Jerusalém SE O LEITOR DIGITAR “JERUSALÉM” NO GOOGLE, EM MENOS DE 0,17 SEGUNDOS O SITE DE BUSCA VAI REVELAR MAIS DE TREZE MIL ITENS. MAS A CIDADE QUE MUITAS PESSOAS PENSAM CONHECER TEM POUCA SEMELHANÇA COM O LUGAR EM SI
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erusalém vive simultaneamente no passado e no presente, o que faz do futuro dela algo tão frustrante e tão difícil. Simon Sebag Montefiore declara isso no excelente livro Jerusalem: a Biography ( Jerusalém: uma Biografia): “Jerusalém é a casa do Deus único, a capital de dois povos, o templo de três religiões e é a única cidade a existir duas vezes – no céu e na terra”. Historiador britânico, Montefiore é também sobrinho-bisneto de Sir Moses Montefiore, que fundou o bairro Mishkenot Sha’ananim, em Jerusalém, em torno do moinho ainda existente onde os judeus instalaram a primeira colônia em 1860. Os três livros recentes sobre Jerusalém são muito desiguais, pois enfocam a cidade do ponto de vista da religião, história, antropologia e literatura.
A narrativa acessível do livro de Montefiore é o mais importante deles, e acrescenta bastante às muitas obras escritas a respeito da cidade. O livro de James Carroll inclui argumentos intrigantes, mas o leitor precisa garimpá-los em um livro dispersivo. O trabalho da antropóloga cultural Carol Delaney acerca da busca de Cristóvão Colombo por ouro para financiar a retomada cristã de Jerusalém é importante pelo impacto da cidade no imaginário popular, porque o livro é mais suposição do que fato. Desde os primórdios como uma pequena vila fortificada em uma colina no ano 5.000 antes da Era Comum, onde o sacrifício ritual era uma prática, Jerusalém é a cidade palestina mais populosa e uma cidade que está no coração da iden-
tidade judaica tanto em história como em religião. Isto a coloca no centro da disputa entre israelenses e palestinos na luta por dois Estados. Os cristãos também têm pretensões sobre a cidade onde Jesus viveu e ensinou, e por séculos a cidade foi capturada e recapturada por aqueles que querem reivindicála para uma das três religiões. O problema, no entanto, é a vida diária. “Atualmente Jerusalém vive em um estado esquizofrênico de ansiedade”, declara Montefiore com muita propriedade. O texto é claro e envolvente, como quando descreve o histórico da reivindicação de Jerusalém por judeus, muçulmanos e cristãos. Durante três mil anos Jerusalém foi conquistada e reconquistada por romanos, árabes, otomanos e Napoleão – e até albaneses e russos entraram em ação – até o Mandato Britânico que levou à divisão final da cidade com a parte oriental governada pela Jordânia e a ocidental, depois de 1948, por Israel. O ano de 1967, que constitui a passagem final do livro de Montefiore, mudou tudo isso com captura de Jerusalém Oriental por Israel do que é conhecido como a “Bacia Santa”, o minúsculo pedaço de terra que inclui os vestígios dos dois templos judaicos conhecidos como o Muro das Lamentações, o Monte do Templo e a Mesquita de Al-Aqsa, juntamente com o resto da murada Cidade Velha. Esses imóveis sagrados são motivo de toda a luta e o resto da cidade é praticamente secundário. Ao longo de todos esses anos, e no meio de todo o derramamento de sangue, Jerusalém tornou-se metáfora de saudade e perfeição, tanto quanto de um lugar real. O ex-padre católico Carroll narra em seu livro que a cidade tem um futuro brilhante em uma colina para todos, dos antigos peregrinos americanos a poetas britânicos. A documentação de Jerusalém feita por Carroll em termos de imaginação literária e religiosa é o argumento mais interessante em seu livro, o que teria resultado em um ensaio independente fantástico ou em um livro menor. O que seria um livro a respeito de Jerusalém na imaginação sem evocar poema de William Blake sobre Jerusalém? “And did those feet in ancient time / Walk upon England’s mountains green….” (“E aqueles pés no tempo antigo / Andaram sobre as montanhas verdejantes da Inglaterra...”). Ironicamente, Blake colocou Jerusalém “entre os sombrios moinhos satânicos” da era industrial inglesa, em um poema transformado em hino da esquerda britânica, com Jerusalém como metáfora de uma sociedade justa: “I will not cease from Mental Fight, / Nor shall my Sword sleep in my hand: / Till we have built Jerusalem, / In England’s green & pleasant Land.” (“Não vou deixar a Luta Mental, / Nem minha espada repousará em minha mão:/ Até que construamos Jerusalém, / Em terra verde e agradável da Inglaterra”). Carroll também documenta como os primeiros americanos levavam Jerusalém no coração para o Novo Mundo a partir dos países de origem. Da noção de Herman Melville, de os americanos como “o peculiar, o povo escolhido” para a messiânica “brilhante cidade em uma colina”, de John Winthrop, Jeru-
salém foi o epicentro espiritual da nova América. No início dos idos de 1800, de acordo com Carroll, mais de duzentas cidades norte-americanas eram chamadas de “Jerusalém”. Movimentos milenaristas da Idade Média e o pentecostalismo valorizavam Jerusalém. Atualmente, a direita evangélica cristã percorre o mesmo caminho dos milenaristas, que veem a conquista judaica de Jerusalém como o prelúdio da Segunda Vinda de Cristo. Jerusalém como um elixir é tão poderoso que até mesmo capturou o mito de Cristóvão Colombo, com a alegação de Delaney de que a busca de Colombo por joias e fortuna para os seus governantes foi impulsionada pelo desejo de financiar uma cruzada renovada para recuperar a cidade para os cristãos. Mas seu lugar na mitologia mundial não trouxe paz e nem unidade a esta cidade conturbada. Os judeus ultrarreligiosos, cuja crescente influência sobre os últimos vinte anos expulsou todos – com exceção dos últimos remanescentes de uma população judaica moderada de Jerusalém –, exigem que todos na cidade sigam as suas normas. E 43 anos depois da “reunificação”, o fosso cultural entre judeus e palestinos é enorme, com pontos de referência completamente diferentes para a vida diária quase nos dois lados da cidade, mesmo entre os grupos educados. Moradores de Jerusalém Oriental leem jornais diferentes, assistem a canais de televisão diferentes e enviam os filhos para escolas diferentes dos vizinhos ocidentais. Bairros palestinos continuam a ser mal servidos pelo município “unido”: coleta de lixo, pavimentação de ruas e placas de sinalização são pouco funcionais. Até os fusos horários são diferentes, por vezes, entre os lados oriental e ocidental. Assim como o rabinato ortodoxo influenciou o governo de Israel a antecipar o horário de verão para acomodar o jejum do Iom Kipur dos judeus religiosos, os clérigos religiosos muçulmanos também convenceram a Autoridade Palestina a fazê-lo para o Ramadã, que o ano passado foi em agosto. Desta >>
Da noção de Herman Melville, de os americanos como “o peculiar, o povo escolhido” para a messiânica “brilhante cidade em uma colina”, de John Winthrop, Jerusalém foi o epicentro espiritual da nova América. No início dos idos de 1800, mais de duzentas cidades norteamericanas eram chamadas de “Jerusalém”
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magazine > ensaio
PONTO DE ÔNIBUS DA CIDADE É PROVA DA CONFUSÃO URBANÍSTICA
>> forma, quando em agosto o relógio voltou ao horário normal na Cisjordânia, os palestinos em Jerusalém mudaram com ele – ao menos psicologicamente. E por cerca de um mês, tinham de se lembrar de adiantar ou atrasar os relógios em uma hora quando cruzavam a fronteira israelense. Os judeus israelenses quase nunca vão além da Cidade Velha, certamente não para as áreas próximas à fronteira municipal – grandes aldeias palestinas como Beit Hanina, uma cidade com mais de 27.000 habitantes, a apenas a cinco quilômetros de Ramallah – ou até mesmo para os bairros mais próximos de Wadi Al Joz, Shuafat ou Sheikh Jarrah. Nem os judeus americanos, para quem Jerusalém existe mais como uma “Disneylândia para adultos”, vão lá, preferindo ver os locais sagrados e os museus. Um dos únicos pontos de mistura dos dois povos na cidade é o relativamente novo shopping ao ar livre Mamilla, frequentado por judeus seculares e ultraortodoxos, bem como pelos palestinos mais ricos dos bairros periféricos, como Beit Hanina. No verão passado, eu estava sentada na varanda com um amigo na casa da sua família em Sheikh Jarrah para celebrar a primeira noite do Ramadã. Esta família importante fixou-se no bairro no final do período de 1880, e sua história é bem contada no livro de Montefiore. Atualmente ela luta por três das suas propriedades no bairro, contra colonos extremistas judeus. Era a varanda de trás, olhando para o leste, e esperamos pelo tiro de canhão na Cidade Velha, marcando o fim do dia de jejum do Ramadã. Na rua, operários da construção trabalhavam iluminados por holofotes no bombeamento de água para o local onde colonos judeus tentavam ocupar uma área de esquina. “A ordem linear do tempo continua a se perder em Jerusalém, assim como, por ser espiritualizado, o domínio espa-
cial continua a se evaporar, exceto para aqueles que realmente vivem lá”, salienta Carroll. Pensei no ato de equilíbrio de Jerusalém, entre judeus e palestinos, entre o passado e o presente, entre a religião e a vida cotidiana secular, tudo isso enquanto caminhava do lado de fora da quietude da varanda dos fundos para a dissonância da construção na rua. Saí do bairro com as paredes antigas à distância, me perguntando – como fazem esses três autores – como tudo isso vai acabar. Jerusalem: the Biography (Jerusalém: a Biografia, Editora Aletheia, Portugal, de Simon Sebag Montefiore, Knopf, 688 pp., US$ 35,00 Jerusalem, Jerusalem: How the Ancient City Ignited our Modern World, de James Carroll, Houghton Mifflin Harcourt, 432 pp., US$ 28,00 Columbus and the Quest for Jerusalem, de Carol Delaney, Free Press, 336 pp., US$ 26,00 * Jo-Ann Mort escreve sobre Israel para a Forward, Dissent e outras publicações
Mas o lugar de Jerusalém na mitologia mundial não trouxe paz e nem unidade a esta cidade conturbada. Os judeus ultrarreligiosos, cuja crescente influência sobre os últimos vinte anos expulsou todos – com exceção dos últimos remanescentes de uma população judaica moderada de Jerusalém –, exigem que todos na cidade sigam as suas normas
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Siga o site da Glorinha É jornalista profissional e por mais de 25 anos trabalhou na imprensa judaica assinando páginas sociais para a Revista da Hebraica e para os jornais Resenha e Semana Judaica, tendo sido editora do Suplemento Social Espe-
cial da Tribuna Judaica, que circulou até agosto de 2003. Atualmente assina uma página na revista Shalom e coordena seu site pessoal, que tras dicas e notícias sobre a comunidade.
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A COMUNIDADE EM SP O programa LeHaim é um registro dos eventos sociais e comemorativos da movimentada comunidade judaica de São Paulo. Com uma linguagem moderna, ganhou outras características, divul-
O programa oferece um show de variedades com musicais, reportagens, entrevistas, documentários e comentários em vídeo conferência diretamente de Israel, relacionados com a comunidade judaica e com o povo judeu.
gando os atos e eventos de caráter social e benemérito promovidos pelas entidades que reúnem os membros da sociedade judaica e criando projetos para resgatar a memória da comunidade.
Mosaico na TV conta com uma audiência de aproximadamente 250.000 telespectadores sendo que cerca de 2/3 dessa audiência não pertencem à comunidade judaica.
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O programa tem como proposta cultivar e divulgar as tradições judaicas, não só para os judeus , mas também para o telespectador em geral, que tem interesse em conhecer outras culturas.
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diretoria > hebraica digital
O INSTAGRAM FOI UM DOS HITS NO FESTBANDAS, COMO MOSTROU CACO CIOCLER
Números comprovam crescimento OS SÓCIOS REFORÇARAM O VÍNCULO COM O CLUBE POR MEIO DOS MUITOS RECURSOS COLOCADOS À DISPOSIÇÃO PELA INTERNET. A PARTIR DESTE MÊS, O NOVO SITE DO CLUBE (WWW.HEBRAICA.ORG.BR) VAI INCREMENTAR A INFORMAÇÃO
O
Departamento de Comunicação Digital fi nalizou os detalhes para colocar na rede o novo portal da Hebraica pelo qual os sócios poderão se informar a respeito de programas e atividades, preencher formu-
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diretoria
lários de matrícula em escolas e cursos, sem a necessidade de atravessar a cidade somente para garantir a participação dos fi lhos num passeio, por exemplo. “O novo site vai reunir links para todas as mídias sociais, além do Flickr fa-
cilitando a publicação dos posts dos sócios e a divulgação de informações pelos departamentos”, informa a profissional responsável pelo setor Roberta Alvarenga. Assim que começou a trabalhar no clube, ela reuniu diversas páginas criadas por sócios referentes à Hebraica e abriu uma oficial, que hoje tem milhares de amigos e fãs. Segundo Roberta, “todas as semanas 11.510 internautas acessam a página, em geral, mulheres entre 25 e 44 anos”, informa ela. A remodelação dos meios digitais de comunicação com o sócio permite segmentar o público que utiliza esses serviços. Desde novembro, quando os sócios passaram a ter acesso às imagens do clube por meio do Flickr (serviço que permite o armazenamento e acesso a imagens via internet), 7.867 fotografias foram postadas em álbuns específicos e visualizadas 65.829 vezes, segundo dados do Departamento de Comunicação Digital. Com o Instagram, um serviço de imagens com o qual os usuários as trocam e manipulam a partir dos celulares, a Hebraica passou a exibir fotos on line durante eventos como o Festbandas e também identificar, na rede, imagens obtidas no clube e postadas por sócios em seus perfis individuais. O objetivo da adesão ao Twitter é o fortalecimento da comunicação. Hoje a Hebraica tem 438 seguidores, que totalizaram 2.052 tweets. “Agora que dispomos do novo portal, pretendemos atrair parceiros na comunidade judaica e ampliar a rede de seguidores”, informou Roberta no relatório. O canal Hebraica no Youtube reúne oito vídeos já vistos 1.829 vezes. Durante o XXXII Festival Carmel, pais e amigos dos dançarinos captaram as imagens com seus equipamentos e logo os vídeos estavam disponíveis na rede. “Estamos animados com o lançamento do novo portal, pois os sócios já aderiram a esta nova forma de curtir a Hebraica, mesmo à distância”, declara o diretor de Comunicação Digital José Luiz Goldfarb. (M. B.)
Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE DIRETOR SUPERINTENDENTE ASSESSOR FINANCEIRO ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ OUVIDORIA ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS DIRETOR DE CAPTAÇÃO DIRETOR DE MARKETING CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTUͲJUDAICO ASSESSORES DA SINAGOGA VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES ASSESSORES GERAL DE ESPORTES GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES
ABRAMO DOUEK GABY MILEVSKY MAURO ZAITZ MOISES SCHNAIDER JULIO K. MANDEL BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO JOSEPH RAYMOND DIWAN CLAUDIO GEKKER EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita) DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN MIRA HARARI PAULETE K. WYDATOR SERGIO ROSENBERG MENDEL L. SZLEJF HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ AVI GELBERG CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO JOSÉ RICARDO M. GIANCONI ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM
MARKETING/ESPORTIVO MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS TÊNIS DE MESA FITͲCENTER CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA JUDÔ JIU JITSU FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN BASQUETE CATEGORIA DE BASE BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER VOLEIBOL
MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU HERMAN FABIAN MOSCOVICI RAFAEL BLUVOL AMIT EISLER ABRAMINO SCHINAZI ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose) GERSON CANER MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN CARLO A. STIFELMAN FABIO STEINECKE AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA MARCELO SCHAPOCHNIK GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM SILVIO LEVI
HANDEBOL ADJUNTOS PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS TRIATHLON CORRIDA CICLISMO GINÁSTICA ARTÍSTICA RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON TIRO AO ALVO GAMÃO SINUCA XADREZ SAUNA VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL GERAL SOCIAL E CULTURAL CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE ESCOLAS SECRETÁRIO GERAL SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS JURÍDICO SINDICÂNCIA E DISCIPLINA TESOUREIRO GERAL TESOUREIRO DIRETORES
JOSÉ EDUARDO GOBBI NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN DANIEL NEWMAN JULIANA GOMES SOMEKH MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN BENO MAURO SHETHMAN HELENA ZUKERMAN JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY FERNANDO FAINZILBER VITOR LEVY CASIUCH ISAAC KOHAN FABIO KARAVER HENRIQUE ERIC SALAMA HUGO CUPERSCHMIDT NELSON GLEZER ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL SIDNEY SCHAPIRO SERGIO AJZENBERG SAMUEL SEIBEL SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER MOISES SINGAL GORDON SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT ABRAHAM AVI MEIZLER JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ ANDRÉ MUSZKAT ALEXANDRE FUCS BENNY SPIEWAK CARLOS SHEHTMAN GIL MEIZLER LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH LUIZ DAVID GABOR ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC YIGAL COTTER MARCOS RABINOVICH
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vitrine > informe publicitário BOBERTUR
Onde o segundo passageiro viaja de graça A Bobertur promoverá uma viagem de Carnaval a Salvador no navio Costa Favolosa SantosRio-Salvador-Ilhéus-Ilhabela em oito dias e em dez vezes sem juros A sensação será de embarcar num conto de fadas a bordo do Costa Favolosa, onde cada ambiente é muito espe-
cial e mais de 6.400 obras de arte foram confeccionadas e dedicadas aos lugares mais incríveis da história da humanidade, tudo para ser desfrutado pelos viajantes. Bobertur Fone (11) 99133-2505
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melhorado e testado cientificamente, o que comprova sua eficiência em torno de 95% para eliminar o ronco e 78% de redução dos episódios de apneia. Dr Douglas Bellomo – Cromg 19028 Site www.ortomax.odo.br
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ANGIOLOGIA
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CIRURGIA PLÁSTICA
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GENÉTICA
FISIOTERAPIA
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ALERGOLOGIA
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indicador profissional
CLÍNICA HIPERBÁRICA
CLÍNICA MÉDICA/ENDOCRINOLOGIA
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MEDICINA PREVENTIVA
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indicador profissional GINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA
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ODONTOLOGIA
OFTALMOLOGIA
MANIPULAÇÃO
MANIPULAÇÃO
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NEUROLOGIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
NEUROCIRURGIA E COLUNA VERTEBRAL
PSICOLOGIA
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indicador profissional PSICOLOGIA
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PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA
QUIROPRAXIA
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conselho deliberativo
Encerramento em 2012 Iniciamos a última reunião de 2012 do Conselho Deliberativo com a cerimônia de acendimento da terceira vela de Chanuká. Uma boa introdução para a sequência dos trabalhos, que decorreram de forma fluente e agradável, com aprovações unânimes. A tecnologia pode e deve ser usada para agilizar a comunicação entre os nossos conselheiros, o que foi feito com o envio da ata da reunião anterior por e-mail, dinamizando sua aprovação. Também a Diretoria Executiva usou a informática para apresentar seu Relatório Anual. Os conselheiros acompanharam pelo telão a exposição das atividades de cada departamento no decorrer de 2012, gerando economia e contribuindo para a sustentabilidade. Recomendamos, principalmente aos novos conselheiros, que procurem a secretaria da presidência, onde disponibilizamos as atas dos últimos seis anos para consultas, uma forma de interar-se com a dinâmica proposta em nossas reuniões ordinárias ao longo do ano. Ao mesmo tempo, novamente, colocamos o Conselho à disposição dos conselheiros e associados para dirimir quaisquer dúvidas em relação às questões de nossa agremiação.
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2013 4 de março 22 de abril 12 de agosto 25 de novembro 9 de dezembro 10 de novembro – Assembleia Geral Eleição de 50% do Conselho Deliberativo
Mesa do Conselho Peter Weiss Presidente Horácio Lewinski Vice-presidente Cláudio Sternfeld Vice-presidente Luiz Flávio Lobel Secretário Fernando Rosenthal Segundo secretário Sílvia Hidal Assessora da Presidência Célia Burd Assessora da Presidência Ari Friedenbach Assessor da Presidência