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PARA J ERUSALÉM
| D E B AGDÁ
são paulo ANO LV
| N º 629 | JJULHO 2014 | TAMUZ 5774
De Bagdá para Jerusalém
HEBRAICA
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palavra do presidente
Apesar da tristeza, estamos prontos para as férias A comunidade judaica acaba de perder um dos homens mais dignos e queridos por todos. O sr. Moise Safra (z’l) deixa um legado de solidariedade e benemerência que beneficiou todo o conjunto da comunidade judaica, e em muitas oportunidades o nosso clube. Ele justificou o que se lê em Pirkei Avot, segundo o qual o mundo se mantém sobre três bases: a Lei Divina, o culto e a caridade. Que o bom D’us proteja sua alma e dê à sua querida esposa Chella Safra e filhos um futuro de muita paz com alegrias e sabedoria para continuarem a seguir os exemplos e o legado que o marido e pai deixou. Outro fato muito triste é o sequestro de três adolescentes israelenses, nossos filhos, irmãos dos nossos adolescentes da Hebraica, que até a conclusão deste texto ainda estavam desaparecidos. A esperança de todos é que nos sejam devolvidos com vida e saúde o mais breve possível. Por outro lado, nós que o dirigimos o clube, devemos continuar cuidando de todos os sócios, desde a mais tenra infância até a maior idade. Graças à abnegação dos diretores voluntários e à dedicação dos profissionais temos conseguido êxito nas nossas realizações e atividades, e mais, e principalmente, num ambiente judaico. A Hebraica está pronta para as férias de julho com muitas atividades. A colônia de férias para cerca de seiscentas crianças no clube com prática de esportes, ateliê de arte, After School, isto é, áreas de interesse capazes de acrescentar conhecimento e informação. Além da colônia interna, haverá um acampamento externo, dotado de toda infraestrutura. Nestes trinta dias de Copa do Mundo, até 13 de julho, o clube é uma bola: exposição de temas alusivos aos países participantes, a maravilhosa mostra na Praça Jerusalém, e um telão para reunir e torcer pela vitória do nosso Brasil, na nossa praça Carmel. É possível que muitos associados nem percebam, mas a Hebraica é um corpo que se movimenta, age e atua, e em tudo – e para tudo – há jovens envolvidos colocando para fora não apenas a imaginação criadora, mas a generosidade, a doação pessoal e a solidariedade que se expressa no desejo de construir algo juntos e de responsabilidade coletiva. Isso fica evidente quando não reivindicam para si o kavod pessoal, a honra individual, mas o sentimento de terem contribuído para o fortalecimento comunitário. Acho que posso externar o orgulho de uma equipe que está conseguindo materializar o projeto de um clube capaz de dar o melhor para os judeus de São Paulo e servir de exemplo de centro comunitário fundado em sólidas bases judaicas. Shalom
Abramo Douek
É POSSÍVEL
QUE MUITOS ASSOCIADOS NEM PERCEBAM, MAS A HEBRAICA É UM CORPO QUE SE MOVIMENTA, AGE E ATUA, E EM TUDO HÁ JOVENS ENVOLVIDOS COLOCANDO PARA FORA NÃO APENAS A IMAGINAÇÃO CRIADORA, MAS A GENEROSIDADE, A DOAÇÃO PESSOAL E A SOLIDARIEDADE QUE SE EXPRESSA NO DESEJO DE CONSTRUIR ALGO JUNTOS E DE RESPONSABILIDADE COLETIVA. ISSO FICA EVIDENTE QUANDO NÃO REIVINDICAM PARA SI O KAVOD PESSOAL
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sumário
HEBRAICA
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Carta da Redação
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Destaques do Guia A programação de julho e agosto
12
Capa / Festival de Cinema Judaico Uma semana para ver filmes de primeira linha
21
cultural + social
22
Gourmet Chefs se encontraram na segunda edição do Mercado Gourmet
24
Recreativo Torneio de Tranca recebeu convidados de outros clubes
26
Galeria de arte Grafiteiros tomaram as paredes da Hebraica
28
Coluna um / comunidade Os eventos comunitários mais significativos
32
Fotos e fatos O que foi destaque na Hebraica e na comunidade
43
juventude
44
Dança Grupos fazem show de encerramento do semestre
46
parceria Jovens sem Fronteiras lançam projeto musical com outros departamentos da Juventude
48
Hebraikeinu Já começaram os preparativos para o acampamento de inverno
50
Teatro Reserve já o seu ingresso para a temporada de estreias
52
After School Conheça Mad Science o mais novo serviço oferecido no clube
54
Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
57
esportes
58
Novidade Tiro esportivo atraiu interessados ao estande
60
Tênis Interkids reuniu alunos das escolinhas de clubes vizinhos
61
Polo aquático As mais recentes conquistas dos nossos jovens atletas
62
Basquete Torneio trouxe categorias sub-11 e sub-13 de dois projetos sociais
64
Curtas Os destaques do mês vão para o tênis de mesa e mais uma etapa do águas abertas
66
Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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magazine
70
Turismo Nosso correspondente em Israel conta como é o Waldorff Astoria Jerusalem
74
Análise O resultado político da viagem do papa Francisco à Terra Santa
HEBRAICA
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12
76
Showbiz Rolling Stones rompem boicote e se apresentam em Israel
78
12 notícias As novidades mais quentes do universo israelense
82
Costumes & tradições As origens do teatro judaico nas celebrações de Purim
84
Memória Quando Auschwitz se chamava apenas Oswiecim
85
A palavra O ídiche ainda vive – e é falado – no universo virtual da internet
86
Ensaio O depoimento da mãe de um integrante do grupo Chaverim
88
Viagem A nova seção da Revista estreou com um giro pela Cidade do Cabo
94
Leituras A quantas anda o mercado das ideias?
96
Curiosidade Fomos em busca das raízes de Satchmo em Nova Orleãs
98
Música O melhor do pop e do erudito para curtir em casa
100
Lançamento A história das vizinhanças da Hebraica em livro da Odebrecht
103
diretoria
104
Copa do Mundo Como anda a torcida organizada da Hebraica?
106
Memória Lembramos o legado de Moise Safra (z’l)
108
Lista da Diretoria Veja quem representa o associado no Executivo
122
Conselho Acompanhe as decisões das mais recentes reuniões
6
HEBRAICA
| JUL | 2014
carta da redação
Turismo é a nova seção da Revista
ANO LV | Nº 629 | JULHO 2014 | TAMUZ 5774
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN
Além de todas as tarefas próprias de um editor assistente, Júlio Nobre ainda revisa textos, corrige erros alheios de português, percebe equívocos e distrações dos redatores e, quando necessário, também assina as reportagens de capa, como é o caso desta edição, dedicada ao Festival de Cinemas Judaico, e com um ensaio da professora, pesquisadora e tradutora do hebraico Nancy Rozenchan sobre o filme Adeus Bagdá que ilustra a capa desta edição.. No “Magazine”, dois textos primorosos do correspondente em Israel, Ariel Finguerman, um a respeito do hotel Waldorf Astoria, em Jerusalém, e outro acerca da recente visita do papa Francisco à Terra Santa, o consequente encontro de Shimon Peres e Mahmoud Abbas no Vaticano e a esperança de paz na região. Nos últimos anos, a Revista publicou esporadicamente algumas reportagens de turismo, todas assinadas por jornalistas. A partir desta edição, o turismo será uma seção fixa, com textos e fotos do publisher Flávio Bitelman, que viaja várias vezes ao ano. Nesta, o tema é África do Sul, com destaque para a Cidade do Cabo. Leiam também como a Hebraica se preparou para as férias de julho e o interesse das famílias nas muitas atividades criadas pelo Hebraikeinu para os filhos. “Vale a pena porque é muito bom”, diz o diretor executivo da Hebraica, Gaby Milevsky.
DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS
DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040
- SÃO PAULO - SP
DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE
DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES
IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629
3815.9159
Boa leitura Bernardo Lerer Diretor de Redação
E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700
OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE
INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-
calendário judaico ::
PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.
A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
JULHO 2014 Tamuz 5774
AGOSTO 2014 Av 5774
dom seg ter qua qui sex sáb
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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
BRASILEIRA
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SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l)
- 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK
VEJA NA PÁGINA 122 O CALENDÁRIO ANUAL 5774-5775
Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR
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HEBRAICA
| JUL | 2014
por Giovahnna Ziegler
destaques do guia FÉRIAS NA HEBRAICA
SEM DESCULPAS PARA FICAR PARADO COMECE JULHO CUIDANDO DA SAÚDE E BOA FORMA COM A OPERAÇÃO INVERNO 2014, DO DIA 1 A 31/7. GINÁSTICA E HIDROGINÁSTICA EM DIFERENTES DIAS E HORÁRIOS, NAS PROPRIEDADES DA HEBRAICA. JOVENS DE 3 A 12 ANOS PODERÃO PASSAR SUAS FÉRIAS REPLETAS DE
ATIVIDADES DIVERTIDAS NA COLÔNIA DE FÉRIAS DA ESCOLA DE ESPORTES, DO DIA 30/6 A 11/7. A TRADICIONAL MACHANÉCHOREF, ACAMPAMENTO DE INVERNO, ORGANIZADA PELO HEBRAIKEINU, TAMBÉM PROPORCIONA FÉRIAS INESQUECÍVEIS PARA JOVENS DE 7 A 17 ANOS,
DE 19 A 26/7, NO RANCHO RANIERI.
O HOMEM DAS MIL VOZES ESTÁ DE VOLTA À HEBRAICA TRAZENDO AO PALCO SUAS IMPRESSIONANTES IMITAÇÕES DE
RAY CHARLES, JAMES BROWN, STEVIE WONDER E MUITOS OUTROS. O SHOW ACONTECE DIA 26/7 ÀS 21H, NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN.
7 Dias
Horários do ônibus
ESPORTIVO Operação Inverno 2014 Início: 1/7 Término: 31/7 Informações, 3818-8911/8912 • Terça a sexta-feira Colônia de Férias da Escola de Esportes Início: 30 de Junho Término: 11 de julho Inf.: 3818-8911/8912
Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30
JUVENTUDE
• Sábados, domingos e feriados
MachanéChoref Data: 19 a 26/7 Local: Rancho Ranieri Inf.: 3818-8867
Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30
Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
SOCIAL/CULTURAL Show Peter Peterkin Data: 26/7, sab, 21h Local: Teatro Arthur Rubinstein Inf.: 3818-8888
• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30
12 HEBRAICA
| JUL | 2014
capa | festival do cinema judaico | por Julio Nobre
O RABINO HENRY SOBEL, NA FOTO DURANTE AS CELEBRAÇÕES DE ROSH HASHANÁ NA HEBRAICA EM 2013, É TEMA DE DOCUMENTÁRIO QUE SERÁ EXIBIDO NO XVIII FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO
HEBRAICA
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| JUL | 2014
Documentário abre a décima oitava edição O FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO DE SÃO PAULO SERÁ ABERTO AO PÚBLICO DIA 5 DE AGOSTO, COM A EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO A HISTÓRIA DO HOMEM HENRY SOBEL, REALIZADO, ESCRITO E DIRIGIDO POR ANDRÉ BUSHATSKY
O
documentário A História do Homem Henry Sobel narra as realizações e os conflitos de um dos mais surpreendentes líderes religiosos da comunidade judaica brasileira. O longa-metragem tem imagens inéditas do rabino e depoimentos exclusivos de parentes e amigos. André Bushatsky também entrevistou personalidades da comunidade judaica e fora dela, como o rabino Michel Schlesinger, o presidente do Congresso Judaico Latino-Americano, Jack Terpins, os jornalistas Audálio Dantas e Heródoto Barbeiro e o filho de Vladimir Herzog, Ivo Herzog. André Bushatsky é formado em publicidade e propaganda na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), e atua no mercado de filmes publicitários, médias e curtas-metragens, branded content para grandes marcas como Banco Bradesco, TV Globo e Editora Abril, além de programas de TV para canais como Disney, Discovery Kids e Chef TV. A História do Homem Henry Sobel é o primeiro documentário de longa-metragem do diretor que, na busca por uma narrativa sensível, durante quatro anos
acompanhou de perto a vida do rabino, entrevistando familiares, amigos, estudiosos e críticos. Além da homenagem ao rabino Henry Sobel, um dos principais representantes da comunidade judaica brasileira, ao ator e cineasta israelense Assi Dayan, falecido recentemente, e ao documentarista e ganhador do Oscar, Marcel Ophuls, será apresentada a mostra especial “Com um Toque de Música”. O grande destaque vai para o clássico do cinema judaico de 1938, há pouco restaurado, Mamele, de Joseph Green, com a lendária atriz de fala ídiche Molly Picon. No módulo dos filmes de ficção, o destaque é Adeus Bagdá (Farewell Baghdad), de Nissim Dayan, um dos mais recentes sucessos da bilheteria em Israel (ver matéria à pg. 17). Baseado no best seller do escritor israelense Eli Amir, o filme é narrado por Kabi, um adolescente e falado num dialeto judeu árabe. A história mostra os últimos anos da comunidade judaica em Bagdá antes da expulsão e reassentamento em Israel na década de 1950. Cabe também lembrar a participação
>>
14 HEBRAICA
| JUL | 2014
capa | festival do cinema judaico
O FILME MAMELE, ESTRELADO POR MOLLY PICON, FOI RESTAURADO E TERÁ SESSÃO ESPECIAL
>> do filme francês O Cardeal Judeu, dirigido por Ilan Duran Cohen a respeito da história real de Jean-Marie Lustiger, filho de judeus poloneses, que manteve a identidade judaica mesmo depois de se converter ao catolicismo e ingressar no sacerdócio. Nessa mesma linha, outro destaque é Na Escuridão, dirigido pela premiada diretora polonesa Agnieszka Holland. O filme conta a história real de Leopold Socha, trabalhador dos esgotos e ladrão em Lvov, ocupada pelos nazistas, na Polônia, que esconde um grupo de judeus. Da mesma diretora, será exibido em sessão especial o já clássico Filhos da Guerra, de 1991, em que um jovem judeu se faz passar por membro da Juventude Hitlerista para continuar vivo. Entre os onze documentários programados para esta edição, vale destacar Outro Sertão, de Adriana Jacob-
sen e Soraia Vilela, acerca da estadia do então vice-cônsul João Guimarães Rosa na Alemanha nazista, entre 1938 e 1942. Imagens de arquivo da época, documentos, testemunhos de pessoas que o conheceram, uma entrevista inédita com o próprio escritor, cartas, contos e anotações revelam novos aspectos da biografia do escritor. Há também o curioso Os Verdadeiros Bastardos Inglórios, de Min Sook Lee, a respeito da missão de recrutas judeus nos Alpes austríacos durante a Segunda Guerra Mundial. Em Um Viajante, de Marcel Ophuls, o diretor de Le Chagrin e la Pitié conta fatos da sua própria vida com depoimentos de Jeanne Moreau, Bertolt Brecht, Ernst Lubitsch, Otto Preminger, Woody Allen, Stanley Kubrick e François Truffaut. Em Vida como um Rumor, de Adi Ar-
bel e Moish Goldberg, temos a biografia de Assi Dayan, filho do general Moshé Dayan, e um dos mais importantes cineastas de Israel. Assi faleceu em maio de 2014. O XVIII Festival de Cinema Judaico de São Paulo será encerrado com o documentário Sobrevivi ao Holocausto, dirigido por Caio Cobra e Márcio Pitliuk, focado em Julio Gartner, testemunha ocular do Holocausto. A história de Gartner, entre 1939 e 1945, confunde-se com o assassinato de seis milhões de judeus de forma planejada e industrial. A programação completa do Festival de Cinema Judaico de São Paulo está no site www.fcjsp.com.br. As sessões serão realizadas nos teatros Arthur Rubinstein e Anne Frank, da Hebraica, no Centro da Cultura Judaica, no CineSesc e no Cinemark do Shopping Higienópolis. Os ingressos custam R$ 4,00 e R$ 8,00.
HEBRAICA
Uma retrospectiva de dezoito anos A CURADORA DO FESTIVAL DO CINEMA JUDAICO, DANIELA WASSERSTEIN, FEZ UM HISTÓRICO DO EVENTO DESDE A PRIMEIRA EDIÇÃO, EM 1996. ESTE ANO O FESTIVAL ALCANÇA A DÉCIMA OITAVA EDIÇÃO
O
primeiro Festival de Cinema Judaico de São Paulo foi realizado em 1996, com poucos filmes e somente uma sala de exibição na Hebraica. O primeiro é sempre o mais difícil, pois não sabíamos qual a receptividade do público e a repercussão nos meios de comunicação. O evento foi pioneiro na América Latina e na noite de abertura houve a inesquecível exibição do filme O Judeu, de Yom Tob Azulay, e a presença de um dos principais atores, José Lewgoy. A sala completamente lotada revelou que o festival seria um evento destinado a se integrar ao calendário cultural da cidade. Em 1997, o segundo festival foi inaugurado com o filme Anne Frank Remem-
bered, vencedor do Oscar do ano anterior. O cineasta Jon Blair foi o primeiro de muitos que passariam a vir como convidados especiais. 1998 foi o ano em que aumentou o número de filmes e o Museu da Imagem e do Som (MIS) entrou na relação das salas de exibição. A abertura foi o documentário Wild Man Blues, a respeito de Woody Allen. Foi exibido um ciclo de Alan Berliner, cineasta indicado ao Oscar, em 2013, e conhecido pela forma original como trata da temática da memória (histórica). A convidada especial de 1999 foi a cineasta Lisa Lewenz realizadora de Uma Carta sem Palavras, filme que explorava
O DIRETOR ISRAELENSE EYTAN FOX FOI RECEBIDO PELA CURADORA DANIELA WASSERSTEIN E POR JOSÉ LUIZ GOLDFARB NA EDIÇÃO DE 2006
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memórias familiares para contar a história dos judeus alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Foi também exibida uma mostra representativa da obra de Andrzej Wajda. Em 2000, o grande sucesso foi Gloomy Sunday, de Rolf Schubel, exemplo da tarefa que o Festival se impôs de exibir filmes desconhecidos do grande público. Assim, foi marcante a retrospectiva do cineasta húngaro Peter Forgacs. Este ano, o da quinta edição, marca também o início da importante parceria com o Sesc e apresentar a programação em uma sala fora do circuito comunitário, aliás, um dos objetivos do Festival. É 2001 e o cineasta Amos Gitai vem ao Brasil pela primeira vez., portanto, um acontecimento cultural registrado pelos meios de comunicação do país o que deu ainda mais visibilidade à sexta edição do festival. Em 2002, o diretor de criação e publicitário Rafael Merel assume as campanhas publicitárias do festival, e vence concursos alusivos aos festivais de cinema judaicos pelo mundo todo. Uma parceria que se mantém até hoje. A oitava edição do festival, de 2003, homenageou a obra do documentarista brasileiro David Perlov radicado em Israel e que, embora doente, veio especialmente para o evento. Foi uma grande honra a presença dele e a exibição do conjunto de suas realizações que já fazem parte da história do cinema. David morreria meses depois. Jayme Monjardim, Camila Morgado, Caco Ciocler foram os convidados de honra na sessão especial do filme Olga. Era a nona edição do festival, em 2004. Décimo Festival, 2005. O cineasta argentino Daniel Burman participou de uma das sessões como convidado especial, gostou muito e voltou outras vezes. Um dos temas daquele ano foi “Entre Quilombo e o Kibutz” e filmes que mostram os pontos de contato entre a cultura negra e a judaica. Por isso, os filmes foram também exibidos no Museu Afro Brasileiro. É o primeiro da parceria com a Faap e de mais uma sala de exibição. Os onze anos de festival foram motivo >>
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capa | festival do cinema judaico >> para reunir os premiados nos anos anteriores, selecionados pelos diretores dos festivais da cidade com um filme de temática judaica e dez clássicos da filmografia judaica. A partir deste ano, o festival ultrapassa os limites de São Paulo, para alcançar o Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na décima segunda edição, foi exibida a mostra “Panorama Israel” e produções de Avi Mograbi, entre outros cineastas. O convidado especial foi Eytan Fox e uma inédita retrospectiva de seus trabalhos, e a presença do ator Ohad Knoller, e ambos falaram do filme A Bolha. A décima terceira edição do festival abriu com o polêmico Lemon Tree e seu diretor Eran Riklis. Era oportunidade de comemorar os sessenta anos de Israel, e por isso foi exibida uma mostra do cinema israelense desde os primeiros clássicos até a atualidade. Na décima quarta edição, Tony Ramos e Dan Stulbach participaram da cerimônia de abertura com a exibição do emocionante filme Tempos de Paz. A convidada especial foi a estrela israelense Ronit Elkabetz, atriz de Shivá. Muitos filmes fizeram sucesso no festival de número 15, em 2011, como Cinco Dias Sem Nora, Yankles, Roube um Lápis para Mim, Por Dentro da Mala de Hannah, entre outros. Na décima sexta edição, de 2012, entre a boa safra de filmes israelenses se destacam Casamenteiro, Gramática Intima e Um Filme Inacabado. É exibida também uma amostra da produção de seriados israelenses de TV, área em que Israel vem se destacando. Na abertura, Chave de Sara comove a todos. Daniel Burman prometeu voltar, trouxe Os 36 Justos e ganhou muitos elogios e aplausos. A décima sétima edição, em 2013, teve uma retrospectiva dos irmãos Tomer e Barak Heymann, com a presença dos dois e debates. A mostra Quadrinhos, Cartoons e Judaísmo chamou a atenção do público e da imprensa. Também na décima sétima, a mostra Cinebiografias destacou grandes personalidades judias como Tony Curtis, Mel Brooks, entre outros.
NA ESCURIDÃO, DA DIRETORA POLONESA AGNIESZKA HOLLAND, MOSTRA OS SUBTERRÂNEOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
HEBRAICA
O árabe judaico de Bagdá O ÊXITO DO FILME ISRAELENSE FAREWELL BAGHDAD, UM DOS DESTAQUES DO XVIII FESTIVAL DO CINEMA JUDAICO, REACENDEU O INTERESSE PELAS
LÍNGUAS UTILIZADAS PELOS JUDEUS AO REDOR DO MUNDO, ESPECIALMENTE O ÁRABE JUDAICO FALADO PELA COMUNIDADE MAIS ANTIGA DA DIÁSPORA
por Nancy Rozenchan
E
o papa Francisco tinha razão ao contradizer o primeiro ministro Bibi Netaniahu na recente visita a Israel: Jesus falava aramaico, e não o hebraico, que certamente conhecia. As várias línguas judaicas faladas onde viveram judeus, continuam a ser, às vezes, temas polêmicos. Hoje, pouco resta da maioria delas e saber o que resultou
disso é, no mínimo, curioso. Após oito anos de preparação, um mês de filmagens e mais um período para a finalização, há dois meses estreou em Israel, e com grande sucesso, o filme Mafriach Yonim, primeiro e, por enquanto, único filme produzido em Israel falado em árabe judaico de Bagdá que a atriz Ahuva Keren sugeriu usar, verteu o roteiro e treinou os outros atores. O filme foi rodado em Jafa, na Cida-
ADEUS BAGDÁ TEVE ÓTIMA RECEPÇÃO EM ISRAEL E DESPERTOU A CURIOSIDADE SOBRE AS LÍNGUAS DOS JUDEUS NA DIÁSPORA
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de Velha de Jerusalém, em Aco e Nazaré. Foi financiado em parte por fundos israelenses de amparo ao cinema e por alguns dos cinco mil judeus londrinos de origem iraquiana. Mafriach Yonim foi produzido por Nissim Dayan, também autor do roteiro e o título do filme em inglês é Farewell Baghdad, aliás mesmo nome, em inglês, de um filme iraniano de 2010. A tradução do título original é algo como “aquele que recheia pombos”, que, no Talmud, é uma expressão que corresponde a “lançador de pombos”. A base do filme é um livro homônimo, de 1992, de Eli Amir, escritor nascido em 1937, no Iraque. Mafriach Yonim é o ofício de um dos personagens que cria pombos no telhado de casa e os vende para serem recheados ou ele mesmo os recheia. Embora fosse uma iguaria muito apreciada, a profissão era mal vista. O filme retrata os últimos dias dos judeus no Iraque, obrigados a deixar o país depois de dois mil anos. Por isso, o filme é repleto de memórias nostálgicas da vida dos judeus de Bagdá, costumes, trajes, comidas e comportamentos. A comunidade do Iraque foi a mais antiga da Diáspora judaica. Ao partirem dali, no início da década de 1950, cerca de 120.000 judeus perderam cidadania, direitos e bens e se fixaram em Israel nas condições precárias que, na época, o país podia oferecer. Com o passar do tempo, muitos revelaram as dores de saudades da antiga pátria e, além das perdas materiais, lamentaram principalmente as perdas culturais, a apreciada língua árabe em que se exprimiam, tanto na norma culta [fusha] como na linguagem popular. No lar usava-se o árabe judaico de Bagdá. Estes sentimentos pelo Iraque nem sempre foram, ou são, corretamente entendidos pela sociedade israelense e os filhos dos iraquianos nascidos em Israel desprezaram a língua judaica que imigrou com os pais. No entanto, o grande sucesso do filme, apesar de poucos dentre os israelenses conhecerem a língua em que foi falado, sugere o interesse em entender como e o que foi a vida naque>>
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| JUL | 2014
capa | festival do cinema judaico
O XVIII FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO SERÁ ENCERRADO COM A EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO SOBREVIVI AO HOLOCAUSTO
>> le país, reviver as sensações do passado e vivenciar aquelas experiências pela primeira vez, pois muito tem sido escrito e falado a respeito. A unanimidade dos críticos de cinema israelenses elogiou o imenso esforço de reconstituir uma época e uma língua e compartilha a frustração de que, apesar de toda a dedicação na reconstituição de épocas e situações o resultado poderia ter sido melhor. Para alguns, se se tratasse de um seriado para a televisão, os temas poderiam ter sido mais aprofundados. Afinal, foi uma vida judaica que, até a antevéspera do final de uma longa era, teve intensa participação política em que os judeus atuavam nas agremiações comunistas e sionistas, e importante atividade cultural. Além da língua árabe-judaica do filme, há pelo menos outra questão do ponto de vista de língua e cultura e que não se refere propriamente à língua dos judeus. Os personagens vão a um cabaré e veem a intérprete cantar duas composições, que fazem parte da trilha sonora do fil-
me, dos irmãos Al-Kuwaity [Saleh Ezra (1908-1986) e Daud Ezra (1910-1976)], músicos judeus nascidos no Kuwait, de família iraquiana. Saleh e Daud tocavam, lecionavam, compunham em árabe iraquiano e criaram estilos na música daquele país. Bem jovens foram morar no Iraque onde se tornaram famosos e são considerados os pais da música iraquiana moderna. Na década de 1950, engrossaram a grande leva de judeus a Israel onde, graças aos programas de rádio, suas músicas, antigas e novas, continuaram a fazer parte do mundo musical árabe do Kuwait e do Iraque. Os nomes deles não eram mencionados, nem a condição de serem judeus, e de terem imigrado para Israel. O roqueiro israelense Dudu Tassa, neto de Daud, criou novas versões para músicas dos irmãos e em 2011 gravou um álbum cantado em árabe iraquiano e em hebraico, uma espécie de rock árabe contemporâneo. Assim, a nostalgia dos países e da cultura dos ancestrais assume novos sentidos. A segunda e a terceira geração de
judeus que emigraram do Iraque e de outros países muçulmanos para Israel tentam recuperar esta complexa identidade. A cantora Rita gravou em farsi e a compositora Neta Elkayam compôs em árabe marroquino e canta melodias que se tornaram famosas graças a cantores judeus árabes do século passado. Os distribuidores tentam enviar uma cópia para ser exibida em algum grande cinema de Bagdá, em sessão secreta. Mas não há como transferir o filme de forma legal, e por isso procura-se o modo como fazer o seguro da pessoa que deverá levá-lo em mãos. O interesse em exibir o filme em Bagdá partiu de uma personalidade anônima do mundo cinematográfico iraquiano. Um exibidor do Marrocos também se interessou em exibi-lo. A imprensa de alguns países árabes deu notícias do filme. O autor do livro, Eli Amir, e o diretor, Nissim Dayan, foram entrevistados pelo canal de televisão por satélite de língua árabe Alhurra, captado na Arábia Saudita, Marrocos, Iraque e Egito.
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Um dia de Pantagruel O DIA CINZENTO E A GAROA NÃO ATRAPALHARAM O II MERCADO GOURMET, NA QUADRA COBERTA DO CLUBE, COM A PRESENÇA DE CERCA DE QUASE 2.300 PESSOAS. O PRÓXIMO SERÁ EM NOVEMBRO
O
primeiro Mercado Gourmet, em 2013, começou tímido, com dificuldade para o diretor Diego Man e a chef do Espaço Gourmet Ana Recchia conquistarem a adesão dos chefs para um domingo gastronômico no clube. Mas a resposta dos sócios foi tão boa que, para esta segunda edição, selecionaram os participantes a partir de critérios como a comida preparada por nomes reconhecidos da gastronomia paulistana, variedade de pratos e preço máximo de R$ 20,00. A quadra esportiva virou enorme “sala de almoço” e o espaço dividido em mesas grandes e pequenas. Até as 13 horas, o Yesh já tinha vendido sessenta porções de gefilte fish; o Museo Verónica mais de setenta tortillas e às 14 horas, o TAO entregara quase duzentos pratos de massa, e para atender a todos pediu um fogão emprestado com o qual pôde vender também sopa de gengibre e mel; João Leme preparou varenikes com ragu de cordeiro, mistura de idishe mame moderninha, e atendeu quase duzentas pessoas; Benny Novak vendeu quatrocentos corned beefs,
com repolho e picles; Nacho Loco vendeu dezenas de nachos crocantes; além de sucos de limão cravo com melaço de cana e cachaça artesanal de aperitivo; o S.O.S. Cupcakes surpreendeu com o bolo caseiro sem lactose. No Truck, estacionado normalmente na Vila Madalena, se vendia chopp com colarinho. Diego Man disse que “o evento foi muito além da expectativa. A comida reúne as pessoas, mas esta edição superou tudo. Quando o dia amanheceu chuvoso bateu o estresse, mas fico feliz vendo o público chegar e aproveitar tudo que foi preparado de uma maneira maravilhosa”. Ana e Diego selecionaram e convidaram os dez chefs com quem tiveram vários encontros, principalmente para convencê-los a vender os pratos por no máximo a R$ 20,00. O resultado ultrapassou qualquer cálculo, vários chefs tiveram de buscar reforços pois duas horas antes das 18 horas, horário marcado para o término do evento, alguns pratos calculados para o dia todo já haviam acabado e tiveram de ser repostos, as pessoas não deixavam o lugar. (T. P. T.)
Apoio e patrocínio O II Mercado Gourmet teve o apoio do Hospital Israelita Albert Einstein, patrocínio da Vigor e a participação do Astor Truck Bar, Le Bistrô (Benny Novak), Buffet Nacho Loco, S.O.S. Cupcakes (Cristina Paulo), Vinea Alphaville (Eudes Assis), Museo Verónica e Maripili (João Calderón e Jeff Mas), APC Brasil (João Leme), Yesh! (Léo Bahiense), Meats (Paulo Yoller) e Vege TAO (Regina Czeresnia). O evento é uma extensão do Espaço Gourmet, promotor de encontros que se realizam semanalmente às terças-feiras em uma cozinha criada especialmente para o sócio ter a oportunidade de provar os pratos dos melhores chefs. A Vigor patrocina o Gourmet desde abril por meio de ações de marketing, experimentação de produtos e, uma vez por mês, um chef mostra as receitas mais fáceis preparadas pela equipe da empresa.
QUADRA COBERTA
TOMADA POR CHEFS E APRECIADORES DA BOA MESA
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Ler para comer Queijos Fiona Beckett / Publifolha / 160 pp. / R$ 52,00 A própria autora confessa que a oferta é tanta que deixa a pessoa desorientada, pois só na França são mais de mil, e por esta razão a proposta do livro é mostrar como os queijos são feitos, o que se pode fazer com eles, as receitas, a harmonização com vinhos. Entre as receitas alguns cheesecakes, bolinhos de ricota e framboesa, além de dicas para escolher um queijo em bom estado e como desfrutar do queijo sem cometer o pecado de acumular quilos desnecessários.
Cozinha de Origem Thiago Castanho / Publifolha / 255 pp. / R$ 59,90 O Brasil é tão vasto e tão variado que é difícil dizer que existe uma cozinha brasileira. Na verdade é um mistério. No entanto, Thiago Castanho acredita que a culinária do Pará é uma das mais autênticas, marcada pela influência indígena, mas não infensa à presença das gentes que participaram da colonização da região. De todo modo, este livro revela a cozinha brasileira da perspectiva amazônica, cujos produtos podem ser encontrados nos bons supermercados das capitais, muitos à base de peixe e de frutas.
AGENDA 14 a 16/7 – das 14h às 17h. Semana de atividades culinárias para crianças. De 7 a 11 anos, com a chef Lúcia Sequerra 21/7 – das 14h às 17h. Oficina de cupcakes para adolescentes. De 11 a 16 anos, com a chef Cristina Paulo. Informações e inscrições, fones 3818-8888 e 3818-8773
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Amizade nas cartas SÓCIOS DO SÍRIO, HOMS, PINHEIROS E MONTE LÍBANO SE ENCONTRARAM PARA UMA NOITE DE CONFRATERNIZAÇÃO NO RECREATIVO DA HEBRAICA
O
encontro no Restaurante Kasher mostrava que a noite seria de uma reunião de amigos que têm em comum o gosto pela tranca. Quem chegava era uma festa e a demonstração da amizade que os une em clubes da Associação de Clubes Esportivos e Socioculturais de São Paulo (Acesc). Ao redor das mesas não se falava de política ou religião, assuntos que não lhes dizem respeito, “somos todos iguais”, filosofou um dos presentes. O sócio da Hebraica Simon Abuhab disse que “é uma ótima confraternização. Tem de fazer mais encontros assim para que haja cada vez mais entrosamento”. A diretora do Esporte Clube Sírio, Georgina Jabbour, é conhecida de todos. “Lili Simhon vai aos nossos eventos e
estou aqui, no evento dela”, referindose à diretora do Recreativo da Hebraica. O diretor do Recreativo do Sírio, Iskandar Rachid Jabbour, é recebido como um velho amigo. “Recentemente o Sírio realizou o 26º. campeonato e eu propus à dona Lili fazer um aqui. Estamos na Acesc, somos todos irmãos. Sou libanês, católico, amo o Brasil e tenho muitos amigos na comunidade, almoço com diretores de bancos e trabalhei com vários empresários judeus desde há trinta anos.” Regina Callas também falou da alegria de se reunir com tantos amigos. “Estou muito feliz porque somei pessoas maravilhosas na minha vida e por trazer meus amigos para conhecer a turma da Hebraica.”
NAS MESAS, SÓCIOS DOS CLUBES VISITANTES E DA HEBRAICA EM CONFRATERNIZAÇÃO
Ida Svartman circulava entre as mesas e enfatizou a interação. “Ver toda essa gente no Kasher é uma alegria e essa sintonia entre as pessoas faz bem à alma.” O ambiente de confraternização estendeuse ao Recreativo na composição das mesas formadas por amigos do mesmo clube, ou não. No final da primeira rodada, o sorteio dos prêmios: Sérgio Katz ganhou passagem e quatro dias de estada para duas pessoas no Conrad de Punta Del Este; Sideval Aroni, um final de semana para casal no Hotel Majestic, de Águas de Lindoia, e Tomas Klein vai para o Hotel Frontenac, Campos do Jordão. Szyfra Szwarc e Ricardo, que fez massagem relaxante por conta do Espaço Prana nos intervalos. Após várias rodadas, venceram o torneio no Grupo A Nena Zukerman, da Hebraica, e Ricardo Saad, do Clube Homs; Sérgio Nicolau e Ala Szerman, do Alto de Pinheiros, que dividiram os prêmios. No Grupo B, Viktor Levi, da Hebraica, e Munir Daoud, do Homs, em primeiro lugar; e o segundo lugar ficou em família: Heloísa Nogueira (mãe) e Heloísa Nogueira (filha), do Harmonia. (T. P. T.)
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SÃO E LEO RECEBIDOS PELA DIRETORA DA GALERIA MEIRI LEVIN
Grafiteiros na Hebraica ANDERSON AUGUSTO, O SÃO, E LEONARDO DELLA FUENTE, O LEO, TAMBÉM CONHECIDOS COMO DUO 6EMEIA, MOSTRARAM FOTOS, PINTURAS E OBJETOS DA ARTE DE RUA
O
nome da dupla de grafiteiros de 32 anos está apoiado no horário das seis e meia, quando os ponteiros do relógio estão juntos e voltados para baixo. Esta é a referência dos artistas que, desde 2006, criam arte no asfalto, vista de cima para baixo, enquanto as pessoas andam pela cidade cinzenta. Eles usam a paleta de tintas para colorir caixas de luz e telefone, tampas de bueiros, de modo a que o mobiliário urbano vire arte, transformando o cotidiano de quem passa pelos locais. A exposição na Galeria de Arte mostra essa criatividade urbana reproduzida em gravuras de série limitada, impressas sobre papel Canson e algodão. É o humor e a sátira do dia-a-dia leva-
dos para uma galeria, empresa ou residência. Telas e objetos completaram a mostra. Da Barra Funda, onde moram, os grafiteiros disseminaram sua arte em Fortaleza, Brasília, Corumbá e chegaram à Polônia e Bolívia, propondo um olhar inusitado no cenário da cidade. “Nos conhecemos na oitava série do colégio. Eu escrevia e o São desenhava. Jogamos nossa criatividade para gerar criatividade nas pessoas e esta carta branca que tivemos aqui é muito legal para despertar as pessoas tendo como referência o espaço da Galeria”, disse Leonardo, na tarde da inauguração da mostra que chamou a atenção do público de todas as idades durante a visitação. (T. P. T.)
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por Tania Plapler Tarandach
coluna comunidade
Solidariedade judaica
Campanha relâmpago na Congregação Israelita Paulista (CIP) resultou na entrega de produtos de higiene ao padre Paolo Parise, que dirige a Missão Paz na Paróquia Nossa Senhora da Paz. A entrega foi na sede da Missão por funcionários e voluntários da CIP, mais o rabino Michel Schlesinger.
Tecnologia israelense na Copa O jornal Arutz Sheva informou que a tecnologia israelense está presente na Copa Mundial de Futebol com o uso do drone Herno, produzido pelas Indústrias Aeroespaciais de Israel (IAI) para monitorar crimes violentos nas cidades e proteger recursos naturais em regiões como a Amazônia.
Hospital amigo do ambiente O comprometimento do Hospital Israelita Albert Einstein com o ambiente foi reconhecido com o Prêmio Hospitalium Causa Ambiental, entregue pela Federação Brasileira de Administradores Hospitalares. O prêmio é dado às instituições que divulgam seus inventários de emissão de gases de efeito estufa, baseado no Programa Brasileiro GHG Protocol, coordenado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces).
Novo recorde da juventude
O
crédito pelo êxito da 14ª Megacampanha de Arrecadação de Agasalhos promovida pela Federação Israelita (Fisesp) vai para os movimentos juvenis. Foram esses quatrocentos jovens que, nos seis caminhões cedidos pela Unibes, saíram pelas ruas de Higienópolis vestidos com a camiseta tema da Copa do Mundo e um Magen David conseguiram arrecadar 22 mil peças de roupas para doar a quem tem frio, superando a marca do ano anterior. “Quero reforçar a minha alegria em estar aqui, reunida com os jovens da comunidade judaica nesta campanha, cada ano maior. Praticando a cidadania e a
Festa na Livraria
S
empre que um fato envolve o político Walter Feldman é grande o número de participantes. Desta vez também. Pela Livraria Cultura/Shopping Iguatemi passaram amigos, colaboradores, políticos, médicos e diretores da Hebraica para a noite de autógrafos do livro Vitamina D e Esclerose Múltipla – A Chave Brasileira das Doenças Autoimunes, escrito em colaboração com Cícero Galli Coimbra e Rita Sinigaglia Coimbra.
solidariedade, doam voluntariamente o seu tempo para ajudar milhares de pessoas. É um ato de amor ao próximo e só posso parabenizar a comunidade por este lindo trabalho”, disse entusiasmada Lu Alckmin, a presidente do Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo. Os rabinos Ruben Sternschein e Michel Schlesinger, da CIP, vereador Floriano Pesaro, dirigentes comunitários e o jovem ator Ronny Kriwat, intérprete do personagem Leto na novela “Em Família”, estiveram na Praça, onde voluntários faziam o “Drive Thru da Cidadania”. Minuto Seguros e Tech 4Y apoiaram o evento, que terminou no Espaço K.
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COLUNA 1 Jacques e Priscila Golchevsky, mais a filha Karine, fizeram um giro pelo circuito europeu judaico a partir de Varsóvia. Em Munique, Alemanha, “Pedro & Bianca” ganhou o Prix Jeunesse International, o terceiro concedido para a série, este na categoria ficção e não ficção, concorrendo com dezesseis produções de outros países. Cao Hamburger é o idealizador e produtor.
∂ A Primeira Missa ou Tristes Tropeços, Enganos e Urucum, novo longa da cineasta Ana Carolina, tem no elenco Fernanda Montenegro, Tuna Dwek (foto) e o saudoso Abrahão Farc (z’l). O crescimento de público fez Maurício Schuartz transferir a Feirinha Gastronômica da praça Benedito Calixto para o Butantan Food Park durante este mês.
Um time paulista foi ao Chile participar do Congresso Wizo Latino-Americano: Etejane Hepner Coin, Clarinha e Olga Aizemberg, Desirée Suslick e Iza Mansur. Promoção do Núcleo Educativo do Espaço de Leitura, o projeto “maiúsculos & MINÚSCULOS” teve Dinah Feldman e Túlio Crepaldi contando as histórias de Lampião e Maria Bonita. Ely Mizrahi, vicepresidente de Food Services da empresa BRF, foi um dos participantes da coletiva do Instituto de Foodservice Brasil, que anunciou estudos inéditos voltados à cadeia de valor do setor para melhor atender ao consumidor final.
∂ A girafa Jemgo saiu de Liège, na Bélgica, e voou para Israel, viver no Tel Zoological Center Tel Aviv. Quem transportou a preciosa carga foi a DHL Global Forwarding, via EL AL.
Ariella Segre e Raquel Aizenstein disseram “presente” na II Jornada Parlamentar Itália-Brasil, realização do vereador Floriano Pesaro e do deputado Fábio Porta, na Câmara Municipal. Deuses da Bola, livro de João Carlos Assumpção e Eugênio Goussinsky, resgata cem anos de histórias da seleção brasileira de futebol e, também, a estreia da Editora Dsop no segmento de não ficção. No Teatro do Sesc Bom Retiro, a cantora Sônia Goussinsky e o pianista Daniel Szafran mesclaram sua apresentação com canções ídiches e sefaraditas. Um convite da Mystery Shopping Providers Association levou Stella Kochen Susskind à Grécia como palestrante na conferência anual da entidade. O tema “Shoppers Loyalty” já fez parte de palestras em Barcelona, Estocolmo, Las Vegas e Buenos Aires. Penso o que meu Coração Sente foi escrito por Monika
Jablonska e lançado no Shopping Higienópolis. Editado pela Principium, apresenta a obra literária do papa João Paulo II. O cineasta Luiz Rosemberg Filho, um dos homenageados na nova edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, participou do encontro em que se discutiu “o conceito e práticas de redes” entre dezenas de profissionais do audiovisual e da educação. O Centro de Altos Estudos da Escola Superior de Propaganda & Marketing (Espm) e a Editora Contexto lançaram o Dicionário de Comunicação: Escolas, Teorias e Autores. Entre os autores: Raquel Paiva e Marcelo Gabbay, Gabriel Cohn, Regina Zilberman, Boris Kossoy, Esther Hamburger e Vladimir Safatle. No Dia da Indústria, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) homenageou quinze empresários com a medalha do mérito industrial, entre eles Paulo Tarandach, da Tecnotextil.
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O pai do Juca Pato László Zinner (1908-1977) nasceu na Hungria, passou pela Bélgica, França, Espanha, Marrocos e Portugal, até viver no Brasil. Escultor e desenhista, criou o “Troféu Juca Pato” (1963), prêmio literário anual da União Brasileira de Escritores (UBE). O artista trabalhava no Ateliê Universalista, cujo cenário foi reconstruído, por iniciativa da família, para expor as 22 esculturas e onze desenhos originais de diferentes fases da sua vida. A mostra teve apoio do Instituto Itaú Cultural, realização do Ministério da Cultura e curadoria da historiadora Maria Luíza Tucci Carneiro.
CEO para a América Latina Dany Schmit foi escolhido para CEO das Relações Exteriores para a América Latina do Instituto Weizmann de Ciências. Argentino de nascimento, fez aliá aos 16 anos, estudou na Universidade Hebraica de Jerusalém. Presidiu a DKS Consulting em Israel, foi diretor de captação de recursos da Universidade de Tel Aviv na América Latina e no Keren Hayessod no México. Schmit é conhecido em São Paulo desde que atuou como sheliach na Beit Yaacov e atuou no Ministério da Absorção de Israel e na Agência Judaica. A sede de Schmit será no Instituto, em Rehovot, mas viajará com frequência pela América Latina, principalmente em contato com Mário Fleck, presidente do Grupo de Amigos do Weizmann do Brasil.
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COLUNA 1
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Lafer recebe título em Haifa A Universidade de Haifa concedeu o título de doutor honoris causa ao ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em reconhecimento à sua excelência acadêmica em filosofia do direito e os esforços para aprimorar o relacionamento de Brasil e Israel. Na foto, o homenageado e Reda Mansour, futuro embaixador de Israel no Brasil. Também receberam o título o ex-presidente da África do Sul Frederik Willem de Klerk, a filósofa francesa Julia Kristeva, o professor emérito da Universidade de Cambridge Stefan Reif, o ator Chaim Topol, o diplomata israelense Uri Lubrani, e os filantropos lady Irene Hatter, do Reino Unido, e Ernest Strauss, da Suíça. Lafer participou do 42º Encontro do Board of Governors da Universidade de Haifa, com a qual a Fapesp mantém acordos.
Quem é Reuven Rivlin? O décimo presidente eleito de Israel, Reuven Rivlin tem 74 anos e é membro do Likud. Nasceu em Jerusalém, onde vive com a mulher e quatro filhos. Cresceu num lar com grande influência da cultura judaica oriental e religiosa. Veterano na política israelense, foi duas vezes presidente da Knesset, o Parlamento israelense, ministro das Comunicações do governo de Ariel Sharon e concorreu à eleição anterior para a presidência, e perdeu para Shimon Peres.
Lea T. Grinberg, atuando em reconstrução cerebral tridimensional na Universidade da Califórnia (EUA), e o físico Marcelo Gleiser, atualmente no Dartmouth College (EUA), foram indicados para o 1º. Prêmio Diáspora Brasil – O Talento Brasileiro no Mundo. Iniciativa da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, em parceria com os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e das Relações Exteriores. Na sua Hamburgueria 162, o chef Allan Prisco harmonizou o pastrami kasher numa nova versão de hambúrguer que criou, da qual foram preparadas apenas 162 unidades. Na programação da mostra “Marcas Registradas”, no Museu da Casa Brasileira, um debate reuniu o arquiteto Michel Gorski, autor das fotos e criador dos objetos expostos, Salomon Cytrynowicz, curador da mostra, e a jornalista Adélia Borges. Fotos captadas em festas populares na Bahia transformaramse em objetos lúdicos e de design, dando origem à exposição.
A partir do êxito do aplicativo Koonecta, que funciona como um localizador de profissionais para o usuário e uma agência para o profissional, Eduardo Goldstein e Tie Roldan criaram o Grupo Koonecta Labs, que desenvolve sistemas para aplicativos Android e iOS Apple (www. koonecta.com.br). Arquiteta com especialização em restauração de monumentos pela Università degli Studi di Roma, Beatriz Blay passa a ocupar o cargo de project manager na Fundação Vanzolini. A Casa Guilherme de Almeida – Centro de Estudos de Tradução Literária promoveu, com o Instituto Goethe, o Encontro de Tradutores. Entre os palestrantes, Saul Kirschbaum abordou “Stefan Zeig: o Ponto Cego em ‘Brasil, País do Futuro’” e Nancy Rozenchan falou sobre “Exílio: do Iraque a Israel”. Fábio Feldmann assumiu a coordenação ambiental no plano de governo a ser apresentado pelo pré-candidato à presidência da República Aécio Neves.
∂ Alisha Sobel e Luís Carlos Szuster marcaram, em boa hora, a data e o local de seu casamento: dia 1º. de novembro, a hupá ao ar livre, na Hebraica. Rabino Henry I. Sobel está feliz com os preparativos para o grande dia. Quem estiver em Campos do Jordão neste mês tem programa no Museu Felícia Leirner e Auditório Claudio Santoro. A mostra “Futebol Também é Cultura” traz trabalhos desenvolvidos por crianças da cidade serrana. O bandoneonista argentino Rodolfo Mederos e o pianista e maestro brasileiro Marcelo Ghelfi lançaram o CD “Encontro”, comemorando os dez anos do selo Sesc, com apresentação na unidade Pompeia.
“Show de Bola” reúne uma porção de artistas plásticos em mostra na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima. Entre eles estão Solange Palatnik e Adina Worcman. Obras de Bob Wolfenson, Pierre Verger e Thomas Farkas foram selecionadas para a exposição “Cidades Invisíveis”, que reúne setenta obras de cinquenta dos principais fotógrafos brasileiros nas últimas oito décadas, parte da Coleção Pirelli Masp, no museu da Avenida Paulista.
∂ Em ritmo de espera do herdeiro, em Londres, Michelle (Michaan) e André Tal fazem uma pausa nas andanças do repórter internacional.
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Pedalar no deserto
Até dia 19, na Galeria Virgílio, podem ser vistas duas exposições: “Esse Treco”, de Deco Farkas, e “Chão”, de Renata Pedrosa. A Casa do Amparo Núcleo Assistencial Afrânio Hingel Pinto recebeu o primeiro prêmio no concurso Generosidade, entre quinhentas entidades beneficentes de todo o Brasil. Realização da Editora Globo, patrocínio da Chevrolet e O Boticário. Com esse aporte, o presidente Mauro Bergstein e o controlador Caio Alexandr têm planos de ampliar o atendimento também às famílias das crianças assistidas pela instituição. Jogador de futsal no clube, Alan (Gelhorn) Fialho passou pelo Fluminense e Audax. Hoje, defende as cores do time polonês Legia Warszawa.
Mais um diploma na carreira de Tuka Okrent. Em solenidade do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) na Câmara Municipal, ela recebeu o certificado do Proecci, e o registro no Cadastro Nacional de Avaliadores de Imóveis. Continua em cartaz a comédia Meu Deus, com Irene Ravache e Dan Stulbach A autoria da peça é de Anat Gov (19532012), uma das maiores jornalistas e dramaturgas israelenses, ganhadora do Prêmio de Artes concedido pelo município de Tel Aviv. A Congregação Beth-El foi a Sinagoga da Copa. Vindos de outros países, os fãs do futebol fizeram uma pausa para rezar no Shabat.
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quem gosta de aventura e quer fazer o bem a turma de ciclistas do clube convida a se juntar ao grupo que vai a Israel participar do “Wheels of Love” (Rodas de Amor). Do evento participa gente do mundo todo, ciclistas e voluntários acompanhantes, que vivem em cinco dias uma experiência única, unindo esporte e benemerência em prol do Centro de Reabilitação Infantil Alyn, em Jerusalém, que atende a crianças do Oriente Médio. A rota deste ano será através do deserto, com uma equipe de apoio durante o percurso. Para conhecer mais, acesse www.alynride.org e prepare o equipamento. Para conhecer quem cuida da viagem, envie mensagem para bernardo.segal@gmail.com.
Encontros com presidenciáveis
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Confederação Israelita do Brasil (Conib) realizou encontros de pré-candidatos à Presidência da República com líderes da comunidade. O primeiro foi com Aécio Neves, que visitou Israel quando governador de Minas Gerais e, na volta, dinamizou as relações de seu governo nas áreas de ciência, tecnologia e com as incubadoras israelenses. “Em Israel, conheci a história judaica e de toda a humanidade”, disse o senador. No encontro com Eduardo Campos, o presidente da Conib, Cláudio Lottenberg, destacou a proximidade do candidato com Israel quando ministro da Ciência e Tecnologia (2004-2005) e conheceu os avanços em pesquisa e desenvolvimento no país. Junto com os deputados Walter Feldman e Márcio França, Campos reafirmou o compromisso com uma política externa que apoie Israel com segurança e direito de conviver em paz com seus vizinhos. No terceiro veio a presidente Dil-
ma Rousseff. Ela ressaltou a importância para seu governo de participar, desde 2006, nas cerimônias do Dia do Holocausto e a forte presença da comunidade judaica em todos os setores da sociedade brasileira. E dias antes do início da Copa do Mundo, a presidente escreveu aos líderes religiosos internacionais pedindo uma mensagem para os jogos e a primeira que recebeu foi dos rabinos-chefes de Israel, com destaque para a paz e da qual entregou uma cópia a Lottenberg.
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cultural + social > comunidade
Zanon e os jovens violonistas
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O rabino Henry I. Sobel, português de nascimento, cidadão norte-americano, recebeu a medalha Ordem do Ipiranga, no Palácio dos Bandeirantes [na foto com o governador Alckmin e o vicechanceler da Ordem, Adilson Cezar]. A comenda foi entregue também ao médico cardiologista José Eduardo de Sousa. Desde 1969, a ordem é a mais elevada honraria conferida pelo Estado de São Paulo “reservada aos cidadãos nacionais e estrangeiros que merecem a gratidão dos paulistas pelos serviços de excepcional relevância prestados a este Estado, o que é o caso dos agraciados nesta cerimônia”, afirmou o governador. Há mais de quarenta anos no Brasil, rabino Sobel é defensor dos direitos humanos e estabeleceu pontes entre o cristianismo e o judaísmo, e por isso se tornou uma das maiores lideranças religiosas no país.
Representação latino-americana A presidente da Wizo Mundial, Tova Ben Dov, enviou carta à Wizo Brasil concedendo à presidente em São Paulo, Isa Mansur, a representação da entidade junto ao Congresso Judaico Latino-Americano, válida até junho de 2017.
esta foi a primeira apresentação com este tipo de instrumento, afinações e tamanhos diferentes. Normalmente, o violão é inserido na orquestra. Nós fizemos o contrário”, explicou Weizmann. A Fundação Crespi-Prado apoia a Orquestra, que recebe doações e recursos da Lei Rouanet e do Fumcad.
KKL Brasil vai ao México
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om a presença do presidente mundial do Keren Kayemet LeIsrael (KKL) Efi Stenzler e dos diretores Avi Dickstein e Hernan Felman, 120 representantes de quinze países da América Latina reuniram-se na Cidade do México, para o V Congresso Amlat. A delegação brasileira foi composta pelo presidente do KKL Brasil Eduardo El Kobbi, os vice-presidentes Ary Diesendruck e Hélio Koifman, o diretor-executivo Marcelo Schapô e os diretores Alexandre Chut, Ana Rosa Rojtenberg e José Luiz Goldfarb. Durante o encontro, o ex-presidente da Espanha, José María Aznar, discorreu sobre “A Outra Cara de Israel”, destacando a única democracia no Oriente Médio e o reconhecimento ao direito de existência por
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Sobel recebe medalha
uma tarde de domingo, no Teatro Anne Frank, a plateia era de avós, pais e bebês em carrinhos todos vibrando com a apresentação dos jovens da Orquestra Vozes do Violão do Lar das Crianças da CIP, criada em 2005 e conduzida pelo maestro Cláudio Weizmann. O coordenador artístico e pedagógico do Festival de Inverno de Campos do Jordão, violonista Fábio Zanon, foi o solista da tarde durante a qual foram lançados violões com naipes e tamanhos diferenciados, algo inédito em apresentações do gênero. Os instrumentos foram confeccionados para essa Orquestra pelo luthier José Walderrama. “A orquestra de violões dividida por naipes existe há tempos, mas
todos os países. El Kobbi falou sobre a comemoração anual de Tu B’shvat, em parceria com a Hebraica e Na’amat Pioneiras, e Chut contou a sua proeza de plantar mais de dois milhões de árvores em trinta anos de atuação em defesa do ambiente.
O antissemitismo está aí
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ma pré-escola no coração de Riga, capital da Letônia, foi declarada “Judenfrei”, isto é, “livre de judeus”, com uma placa colocada exatos dois dias antes da comemoração da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra. A escola é propriedade da família Pardnieks, que faz parte do Parlamento letão representando o Partido de Unidade Nacional, acusado de sentimentos antissemitas e identificado com o período nazista. Segundo o site russo Regnum, uma pessoa viu a placa e alertou a polícia da cidade.
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U
m programa coordenado pela Universidade de Tel Aviv possibilitou a que dezoito empresários brasileiros, integrantes do “Seminário de Imersão em Israel como Start-Up Nation”, dialogassem com decanos e jovens empreendedores da universidade. “Grande parte das start-ups criadas nos últimos dez anos em Israel foi liderada por ex-alunos da Universidade de Tel Aviv. Nossa proposta foi realizar um seminário prático, baseado em encontros e visitas a empresas, a partir dos quais os convidados pudessem entender os conceitos e práticas que fazem Israel ocupar essa posição”, explicou o responsável pelas relações da Universidade de Tel Aviv com a América Latina e Espanha, Herman Richter. “A cul-
tura de Israel está intrinsecamente ligada ao empreendedorismo: a ousadia e a perseverança são marcas do israelense, certamente um dos fatores que o coloca na liderança de áreas industriais ou acadêmicas”, disse o cofundador da Locaweb, Gilberto Mautner, uma das empresas líderes de hospedagem de sites na América Latina.
Uma tarde de dança e alegria Dançar é preciso! Concluiu o grupo de voluntários que preparou o “Baile 60 para os 60”, no Espaço Adolpho Bloch, promovido pela Fisesp em parceria com a Unibes e Hebraica. Mara e Luís Loy reviveram festas familiares de bar mitzvá e casamentos, o que fez da pista de dança o ponto mais importante da tarde. Não importava a idade, mas a alegria de estar naquele lugar divertindo-se. “O coração está saindo pela boca, essa energia é que incentiva a gente”, dizia Mara, com quase mil festas do conjunto de Luis Loy na comunidade.
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Tecnologia na Universidade de Tel Aviv
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Chaverim no MuBE
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AGENDA 2/7 e todas as 4as. e 5as. feiras do mês de julho, às 21h. O sucesso de “Pour Elise” volta ao cartaz. Com Claudio Goldman. No Teatro Folha, Shopping Higienópolis 27/7 a 4/8 – Missão Desbravar Israel 2014. Empresários, empreendedores e investidores em viagem a Israel. Parceria do Instituto desbravar e Câmara Brasil-Israel de Comércio & Indústria. Informações, www.institutodesbravar.com.br 9/8 – “O Grande Circo Místico”. Teatro NET, Shopping Vila Olímpia.Realização da WizoSP. Informações: 3257-0100
20/8 – Às 20h, concerto da Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi/SP com o maestro João Carlos Martins. Participação especial de Cláudio Goldman e Márcio Besen. No Teatro Arthur Rubinstein. Informações, fone 3051-6472 7 a 12/9 – Viaje com as Pioneiras. Caldas da Imperatriz (SC). Passagem aérea, seguroviagem, hospedagem com pensão completa, city tour de praias e passeio ao Pouso do Tapeceiro. Informações, fone 3667-5247 2 a 6/11 – Seminário Wizo Aviv Internacional em Israel
Pioneiras visitam o Quarto 28 A exposição “As Meninas do Quarto 28”, no MuBE, recebeu muitas pessoas, incluindo as visitas guiadas pela historiadora Roberta Sundfeld explicando detalhes da vida das jovens judias que passaram pelo gueto de Theresienstadt, perto de Praga, durante a Segunda Guerra. Em uma das visitas, um grupo da Na’amat Pioneiras/SP percorreu os painéis e quadros. “A Na’amat Pioneiras responde ao pedido das sobreviventes para que essas histórias nunca sejam esquecidas”, disse Roberta
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vice-presidente do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), Olívio Guedes, convidou o grupo Chaverim a expor lá, de 3 a 24 de julho, a mostra “Essência do Momento”, que estava na Galeria de Arte da Hebraica. Estarão expostas fotos realizadas por quarenta profissionais que se envolveram com o dia-a-dia dos jovens do grupo. Durante a exposição, com entrada gratuita, haverá duas atividades extras: 4 de julho, apresentação do teatro inclusivo da Adere e “Transformando Texto em Arte”, com a artista Sima Woiler; 20 de julho, uma experiência educativa, “Como É Importante Saber Lidar com Limitações”.
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1. Na Hebraica, palestrantes no 21o. Simpósio Internacional de Atualização em Oftalmologia: Sergio Felberg e Maria Cristina Dantas; 2. Mara e Luís Loy levaram os + de 60 para a pista no Espaço Adolpho Bloch; 3. O papa estava em Israel e o padre Boris Nef veio rezar no clube; 4, 5 e 6. Célia e Moisés Gross, mais uma turma, foram para a Europa com o Splendour of the Seas, roteiro da Bobertur; 7 e 8. Famílias Schlesinger e Kulikovsky, a homenageada Margot Herzberg aplaudiram os jovens violonistas do Lar das Crianças no Teatro Anne Frank; 9. Judaísmo na Copa: Ana Iosif é a autora e produtora de Muito mais que bolas rolando, com informações interessantes de todos os países participantes; 10. Na Livraria Cultura/Conjunto Nacional, Roberto Loeb e representantes do Instituto Anchieta/Grajaú aguardaram o autógrafo de Eduardo Alves da Costa, autor de Tango, com Violino
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1. No Clube do Livro, evento especial contou com Luís Krausz; 2 e 3. Felicidade não tem idade, comprovada no Baile 60 para os 60, em matinê no Espaço Adolpho Bloch; 4 e 7. Na Praça Vilaboim, Floriano Pesaro, Lu Alckmin, Ricardo Berkiensztat e Ronny Kriwat deram o sinal
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para a largada do tour da benemerência por Higienópolis; dirigentes prestigiaram o evento dos jovens da Fisesp; 5. Vovô Gabriel Zitune se rende ao neto Felipe Shirman no domingo de sol no clube; 6 e 8. Preservation Hall, ocasião rara de ouvir o jazz tradicional de New Orleans no Teatro Arthur Rubinstein; 9. No vão do Masp, Jack Terpins (ao fundo) disse presente ao ato em lembrança do ataque terrorista sofrido pela Amia, na Argentina, há vinte anos
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Domingo no Mercado Gourmet. Chefs servindo sopas quentinhas, trucks com chopp bem tirado; acompanhar os detalhes do preparo de cada pedido, experimentar tortillas mexicanas e, em seguida, cupcakes com coberturas coloridas e fatias de bolo de dar ĂĄgua na boca, o almoço em famĂlia e o papo entre amigos. Tudo acontecendo numa quadra coberta, longe do dia nublado e do vento cortante da rua fez a alegria de donos de restaurantes e gourmets. Sucesso total!
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Noite Brasileira. Espaço Adolpho Bloch “vestido” de verde e amarelo. Em pleno mês da Copa do Mundo da Fifa, o Departamento Social entrou no clima e quem foi se divertiu. A baiana do acarajé deu as boas-vindas, o caldinho de feijão esquentou quem provou, a moqueca de peixe agradou e o quindão também. Moisés Fridman, Clara Karlik e Miriam Altman entre os sorteados da noite. Spa Med Sorocaba, Txai Resort e FitPlace trouxeram os prêmios. E a música deu o tom brasileiro para os que apreciam rodopiar pelo salão
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1, 2, 4, 5 e 7. Sócios de clubes da Acesc aprovam a culinária judaica no Restaurante Kasher; sorrisos de alegria, ganhadores dos sorteios com a diretora Lili Simhon; representantes do Conrad de Punta del Este, hotéis Majestic de Águas de Lindoia e Frontenac de Campos do Jordão, Espaço Prana Spa entregaram os cobiçados prêmios; 3 e 6. Carlos e Anita Schuartz, Guita Zarenchanski e Avi Meizler cumprimentaram Walter Feldman no Shopping Iguatemi; 8. Fabio de Arruda Mortara e Levi Ceregato, presidentes da Abigraf Nacional e Regional Sao Paulo, e Luiz Gornstein, diretor da Ipsis Grafica, apresentaram sugestões à ministra da Cultura Marta Suplicy sobre mudanças da Lei Rouanet
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juventude > dança
Um show em dois tempos O CENTRO DE DANÇA INCLUIU COREOGRAFIAS INÉDITAS NOS DOIS SHOWS APRESENTADOS PELAS LEHAKOT DA HEBRAICA. QUEM NÃO VIU PODE APRECIAR O ESPETÁCULO DIA 24 DE AGOSTO NA PROGRAMAÇÃO DO HEBRAICA MEIO-DIA
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ob o título “O Tempo”, as lehakot Carmel, Hakotzrim, Shalom, Kalanit, Ofakim e Parparim apresentaram um show com coreografias de repertório e novas, cada uma remetendo às diferentes fases no desenvolvimento dos dançarinos. As duas sessões do final de semana tiveram lotação completa, e parte do público assistiu aos dois espetáculos. “Esta foi a primeira vez que algumas lehakot dançaram coreografias inéditas no sábado e no domingo”, informou a responsável pela direção artística, Nathalia Benadiba. Ela, mais Paloma Gedankien, José Curiel, Tamara Harpaz, Marcelo Martin e Gabriela Chalem conceberam o roteiro e selecionaram definições dadas por escritores nacionais entre um número e outro.
As coreografias de abertura e encerramento dos shows mostraram o clima de integração do Centro de Danças. A mixagem das versões em inglês e hebraico de Time of My Life, tema do filme Dirty Dancing, revelou como os dançarinos se adaptam aos ritmos. Em seguida, as dançarinas do Parparim, Kalanit, Ofakim e os adolescentes do Shalom, Hakotzrim e Carmel exibiram, separadamente, suas visões a respeito do tempo. Como destaques, um número de pais e filhos e a apresentação dos chanichim dos Hebraikeinus III e IV foram muito aplaudidas nas duas sessões e a estreia da coreografia final reunindo todos os dançarinos ao som de Ynian Shel Zman completou o quadro. Shows de dança folclórica fazem par-
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A COREOGRAFIA DE ABERTURA DO SHOW “O TEMPO” SURPREENDEU O PÚBLICO
ALGUNS FIGURINOS SÃO UTILIZADOS EM MAIS DE UMA COREOGRAFIA
te da rotina das famílias que têm um ou mais filhos em uma lehaká. Quando o Departamento de Danças organiza um espetáculo com todos os grupos, a plateia se enche de pais emocionados com a primeira apresentação de uma dançarina do Parparim ou a despedida de uma jovem recém-formada em curso superior e com pouco tempo disponível para ensaios do grupo Carmel. A grande maioria vai apoiar os filhos ou sobrinhos e reconhece nas melodias, passos ou adereços a remontagem de uma ou outra coreografia. É impossível apresentar a cada semestre um show totalmente inédito. Da concepção ao primeiro ensaio, os coreógrafos levam semanas de preparação e a partir daí é preciso adaptar os passos e sequências às habilidades dos dançarinos e à realidade da física, pois o papel aceita tudo e nenhum movimento é impossível. Outra tarefa difícil é escolher a melodia, cujos arranjos e ritmo apropriado sirvam à maioria dos dançarinos. Se-
guem-se a marcação dos lugares e da movimentação ao ritmo da música e a escolha do figurino. Um mesmo figurino pode ser usado em várias coreografias bastando ajustes nos tamanhos de cada roupa. E haja ensaio, elogios, críticas, desculpas para faltas, desistências. Tudo isso faz parte da história de uma coreografia e o show é a soma dessas etapas sem repetir melodias e muitas vezes um dançarino atuando em mais de dois números. Do programa ao cenário, um show exige que o dançarino exerça papéis de coreógrafo, costureiro, psicólogo, professor e crítico. E que se arrisque a cometer uma injustiça ao declarar, horas antes da estreia, que o grupo não está realmente empenhado em transmitir emoções por meio dos movimentos. Depois do primeiro sinal, ele é o único a não sorrir. Da cabine, o coreógrafo observa os movimentos dos dançarinos e nota o prazer genuíno em suas expressões risonhas. Muitos pais vivenciaram a emoção
do palco, conhecem as dificuldades dos dançarinos, coreógrafos, contrarregras e produtores, as coreografias e se identificam com elas. Sem perceber, reproduzem nas cadeiras do teatro os gestos dos braços e movem os pés, como se um coreógrafo interno os orientasse. Tudo isso transcorre nos noventa minutos entre a abertura e o fechamento das cortinas. Então, não importa quantas coreografias novas ou quantas vezes o Carmel remontou uma dança: nas últimas filas sempre haverá alguém cochichando uma história para a pessoa ao lado a respeito de que o bastão caiu na hora errada e da dificuldade em acertar um passo. Da coxia, outros acompanharão a dança, sonhando em, um dia, estar ali, repetindo aqueles mesmos passos que parte da plateia já experimentou, aplaudiu e vai aplaudir sempre que alguém dançar uma hora, uma hassídica ou uma salsa com música em hebraico. (M. B.)
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juventude > parceria
A MÚSICA CRIOU UMA CUMPLICIDADE INSTANTÂNEA ENTRE OS JOVENS
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divulgação do evento Jam na Heb foi discreta: banners no clube e convites para alunos do Centro de Música e do professor Roberto Wahrhaftig (Batata) informavam um horário vespertino e o local, a Casa da Juventude. “Vamos colocar à disposição instrumentos para os jovens fazerem música e lhes oferecer um marco para discutir propostas e iniciar projetos conjuntos”, anunciou Batata, ao receber os primeiros convidados. Diante da sala ainda quase vazia, os recém-chegados foram atraídos pelos baixos, violões, bateria e teclado emprestados pelo Centro de Música. Depois do acorde inicial, um a um, cada instrumento incorporou-se à melodia. “Há quinze minutos a maioria desses garotos não se conhecia e já tocam juntos”, comentava Batata, elevando a voz em meio ao hard rock. E no intervalo, detalhou. “Não há nada definido, a
A música é o ponto de partida COM O NOME DE JAM NA HEB, SURGE O PRODUTO DA PARCERIA ENTRE OS JOVENS SEM FRONTEIRAS, CENTRO DE MÚSICA, HEBRAIKEINU E HEBRAICA ADVENTURE PARA O PÚBLICO DE 13 A 17 ANOS não ser a intenção de organizar encontros para os próprios garotos trazerem ideias. Temos essa enorme casa onde se pode fazer música, exibir filmes ou somente conversar e contamos com o apoio das equipes de profissionais do clube para colocar os planos em prática”, descreveu Batata. Como resultado do primeiro Jam na Heb, Batata formou um grupo no Facebook, está em contato com quinze líderes em potencial e espera o início de
agosto para retomar o projeto. “Durante a Copa do Mundo e as férias escolares não conseguiremos reunir ninguém, mas no segundo semestre esses garotos podem ser estimulados e, talvez, formem uma nova geração de voluntários para os Jovens Sem Fronteiras ou para outro programa da área de Juventude. O importante é valorizar os que se propõem a partilhar agora e este é um dos objetivos para criar o Jam na Heb”, avaliou Batata. (M. B.)
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juventude > hebraikeinu
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m julho, o acampamento do Centro Juvenil Hebraikeinu torna-se o foco das atenções entre os frequentadores. Para os pequenos que completam 7 anos e passam para o Hebraikeinu I é a expectativa da primeira semana longe dos pais e de mergulhar na intensa programação de jogos, caças ao tesouro e gincanas culturais. A partir dos 8 anos, existe a perspectiva de uma semana divertida com maior autonomia e convivência com crianças da mesma idade e monitores (madrichim) dispostos a tudo para fazer da machané um sucesso. “É uma excelente oportunidade para quem nunca frequentou e quer conhecer o Hebraikeinu”, comenta a monitora Natália Sassoon. Dos 7 a 17 anos existe uma opinião unânime de que a machané é o ponto alto do ano para o movimento. O Sítio Ranieri, em São Lourenço da Serra, é um dos melhores locais para acampamentos e o fato de a Hebraica reservá-lo há anos para as machanot de
Reserve o seu lugar no acampamento PREVISTO PARA A SEMANA DE 19 A 26 DE JULHO, O TRADICIONAL ACAMPAMENTO DE INVERNO (MACHANÉ CHOREF) É PROMESSA DE MÚSICA, ESPORTES, LAZER E MUITA AMIZADE PARA A TURMA DE 7 A 17 ANOS verão e de inverno, possibilita o aproveitamento de toda infraestrutura do local nas brincadeiras e desafios cada vez mais elaborados. “Encantar os chanichim exige dos monitores constante atualização, pois para cada atividade lançam mão de recursos multimídias como vídeos produzidos especialmente para servir de ponto de partida para um debate ou músicas que marcam um determinado mo-
RESTAM POUCAS VAGAS PARA O ACAMPAMENTO DE INVERNO
mento de cada dia. A programação diária é cronometrada de modo a ninguém ficar parado. Nessa variedade de estímulos cada criança se diverte e se destaca no grupo à sua maneira”, disse Natália, ex-monitoranda e ansiosa pelo início da segunda machané como monitora. As inscrições para o acampamento de inverno podem ser feitas na secretaria do Centro Juvenil Hebraikeinu ou pelo telefone 3818-8867. (M. B.)
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juventude > teatro
Grandes textos no palco Anne Frank ATORES DO GRUPO QUESTÃO ENSAIAM VERSÃO CONTEMPORÂNEA DE ROMEU E JULIETA
A TEMPORADA TEATRAL
COMEÇA NO FINAL DE AGOSTO COM A ESTREIA DE UM TEXTO INFANTIL INÉDITO E ADAPTAÇÕES DE CLÁSSICOS DE SHAKESPEARE E BRECHT. RESERVE JÁ OS SEUS INGRESSOS
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omingo, 31 de agosto, às quatro da tarde, estreia o espetáculo infantil De Clara Para, que ficará em cartaz até outubro atendendo às famílias interessadas em apresentar os pequenos à magia do teatro. O texto marca a volta de Henrique Schafer à direção de projetos no clube. “Tenho sido muito absorvido pela coordenação do Departamento de Teatro, mas este ano decidi retomar a direção como um desafio duplo pois assinarei o texto junto com Tatiana Schunck e o elenco”, explica Schafer. Enquanto o espetáculo infantil cumpre sua temporada longa, os fãs do grupo Questão e de Shakespeare terão apenas dois finais de semana (6 e 7, 13 e 14 de setembro) para assistir à adaptação
feita pelo diretor Heitor Goldflus de Romeu e Julieta, cujo título provisório é Um Certo Romeu & Julieta. Formado por jovens entre 15 e 18 anos, o grupo Questão incluiu temas contemporâneas no espetáculo. “O texto reflete as dúvidas, conflitos e relacionamentos que os jovens constroem neste mundo conturbado de hoje”, comenta o diretor. Ele também comanda a montagem de A Ópera dos Três Vinténs, de Bertold Brecht com estreia dia 1º de novembro. “O grupo de adultos está empenhado em trazer ao palco o clima e a força dos personagens que compõem o cenário de uma Londres decadente do século 19. Chico Buarque inspirou-se neste texto para criar a Ópera do Malandro”, conta Goldflus. (M. B.)
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juventude > after school
Tudo em um só lugar COM A INCLUSÃO DO MAD SCIENCE NA GRADE DAS ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO AFTER SCHOOL, AS CRIANÇAS PODEM SER ESTIMULADAS COM AULAS PRÁTICAS DE INGLÊS, TRADIÇÃO JUDAICA E CIÊNCIAS
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ma recente parceria do After School com o Mad Science aumentou a diversão nas tardes de sextafeira. “Agora, além da expectativa pelo Kabalat Shabat, as crianças mal conseguem esperar pela chegada da instrutora do Mad Science para saberem qual projeto farão e com que elementos trabalharão”, afirma a coordenadora do After, Márcia Sotnik Aisen. A aposta no Mad Science partiu do
êxito de outra parceria, com o Alumni, que mantém nove turmas em vários níveis de inglês funcionando no After. “Também temos muito carinho pelo curso de tradição judaica, que utiliza uma abordagem lúdica para transmitir aos alunos valores, costumes e toda a riqueza do judaísmo”, acrescenta Márcia, sempre interessada em enriquecer a vivência das crianças que frequentam o After.
“Nós separamos bem as salas destinadas à lição de casa e a sala de jogos das destinadas aos cursos de inglês, tradição judaica e, agora, ao Mad Science. “Tudo faz parte da nossa proposta de ajudar os pequenos a se organizar quando não estão na escola”, observa a coordenadora. Há vagas para o segundo semestre nas turmas do Mad Science, Alumni e na de tradição judaica. Nos três cursos, as turmas são divididas por faixas etárias e o conteúdo adaptado segundo a maturidade de cada grupo. Mais informações, 3818-8862. (M. B.)
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O lado maluco da ciência Dany Artel cresceu, de certa forma, na Hebraica. Integrou o Centro Juvenil Hebraikeinu, outros programas da vice-presidência de Juventude e atualmente é o responsável pelo Mad Science, franquia canadense que atua nos melhores colégios de São Paulo. Na entrevista a seguir, Artel detalha razões pelas quais as crianças do After School pedem para serem inscritas nas atividades do Mad Science. Hebraica – Como surgiu a Mad Science? Dany Artel – A Mad Science é uma empresa canadense, criada em 1986 por dois irmãos – judeus de Montreal – Ariel e Ron Shlien, apaixonados por ciências e educação desde a adolescência, que perceberam que atividades científicas interativas e divertidas eram o melhor caminho para estimular a curiosidade das crianças. Eles desenvolveram programas extracurriculares e oficinas científicas na escola local e depois em centros comunitários. Com o tempo, o negócio cresceu e tornou-se uma empresa global, presente em mais de vinte países. Qual é a base desse tipo de serviço? Artel – A Mad Science busca estimular a curiosidade e a imaginação em crianças e adolescentes como forma de incentivar o raciocínio científico e despertar o interesse pelo estudo. Nossas atividades são totalmente “mãos na massa” e nossa metodologia formatada em um modelo de perguntas e desafios. O mais importante é a busca por respostas que levem a uma sociedade pensante, participativa e ávida por novas descobertas. O século 21 é um período de profundas mudanças na forma de pensar e agir. A era da informação e da tecnologia requer mão-de-obra diferenciada. A competitividade dos países será medida pela capacidade de gerar uma nova mentalidade e formação, surge o STEM (Science, Technology, Engineering, Maths). A Mad Science Brasil está intrinsecamente conectada ao conceito STEM e, por meio de suas atividades, traz uma abordagem completa para um novo modo de pensar e agir.
ATRAVÉS DE
Qual a estrutura da Mad Science? Artel – Hoje temos uma equipe administrativa, comercial e operacional de doze profissionais, que trabalham de modo a que os nossos cientistas malucos possam atuar em eventos e atividades por todo país. Nossa equipe tem, no momento, 25 cientistas malucos, de diversas formações, atores, recreacionistas, professores, e, claro, até cientistas de verdade.
PROJETOS PRÁTICOS, AS CRIANÇAS AMPLIAM O ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS CIENTÍFICOS
Há quantos anos o Mad Science existe e onde mais atua? De quem é a orientação: da escola ou da Mad Science? Artel – O programa extracurricular Mad Science é a base da organização nos EUA e Europa. No Brasil começamos este projeto com mais solidez nos últimos dois anos. O material didático vem da matriz no Canadá, e o método de ensino, adaptado para atender a realidade do nosso país. Temos uma parceria com o Centro de Estudos da Nasa, onde são desenvolvidos programas educativos sobre o espaço. Em São Paulo, o projeto é aplicado no St. Paul’s, I. L. Peretz, Play Pen Cidade Jardim, The British College, Chapel School, Sidarta, Internacional de Alphaville e Maple Bear. Nosso objetivo no After é oferecer atividades estimulantes e divertidas, independentemente do local e do formato das turmas. O instrutor Mad Science é treinado para compreender o ritmo e as regras de convivência de ambiente. Iniciamos a parceria com o After School em meados de abril e temos treze alunos. O retorno tem sido muito positivo e as crianças se mostram bastante comprometidas com as aulas e entusiasmadas com os experimentos. Devemos crescer consideravelmente no segundo semestre, e projetamos um número maior de turmas em 2015. O desenvolvimento científico é parte da história do povo judeu. Ter um programa de incentivo científico para crianças no maior clube judeu do mundo é motivo de orgulho e certeza de um caminho de sucesso.
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1. Em dias de sol, o ensaio do grupo Parparim é feito ao ar livre; 2. Hebraica Adventure promoveu aulas de slackline e atraiu adultos e jovens para as demonstrações na Praça Jerusalém; 3. Alunas do curso de bat-mitzvá participaram de um Kabalat Shabat; 4 e 5. Álbum sobre Copa do Mundo despertou o interesse e rendeu uma exposição de fotos na passarela coberta
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esportes > novidade
UMA DAS ATRAÇÕES DO EVENTO FOI A OPORTUNIDADE DE TESTAR A PONTARIA COM UMA ARMA DE PRESSÃO
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Sócios redescobrem o tiro esportivo O DIRETOR DE TIRO ESPORTIVO MAURO RABINOVITCH TROUXE
PROFISSIONAIS E AMADORES EXPERIENTES PARA DEMONSTRAR AOS SÓCIOS QUE O TIRO É UMA OPÇÃO SEGURA E INTERESSANTE DE PRATICAR ESPORTE
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uem pensaria em ir ao clube, pegar uma arma e dar uns tiros? Esse foi, basicamente, o convite feito por Mauro Rabinovitch, organizador do evento destinado a reavivar a prática da modalidade no clube e melhor aproveitamento das instalações existentes no subsolo do Centro Cívico. Para isso, convocou as equipes competitivas do Círculo Militar e de outros estandes para demonstrar, na Hebraica, as variações na prática do tiro. Os sócios que atenderam ao convite ouviram uma detalhada explicação a respeito dos cuidados com a segurança na prática do tiro, regras para manuseio das armas e as etapas a serem vencidas
antes de chegar a uma pista de tiro. “Atualmente existe um preconceito desproporcional contra esse esporte. O atleta que pratica tem um nível sociocultural mais elevado, é responsável, centrado, sério e cuidadoso em tudo o que faz. Muito diferente de quem usa armas indiscriminadamente nas ruas e que causam tanta violência. No tiro esportivo, a arma é um instrumento de precisão e é preciso muito preparo para usá-la”, explicou Mauro à plateia. Ele demonstrou os diferentes tipos de armas e reafirmou em que condições cada competição é realizada. “Se o juiz notar que alguém fez um movimento não previsto, esse atirador está fora da prova. Nunca vi um
UMA PALESTRA ORIENTOU OS ASSOCIADOS SOBRE PROTOCOLO DE SEGURANÇA
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acidente em um dos muitos estandes de tiro que frequentei”, afirmou. Depois da palestra e da exibição de vídeos, os convidados circulavam pelo estande de tiro da Hebraica, um local que nos últimos anos foi utilizado para treinos de militares ou de profissionais. “Costumava atirar aqui na Hebraica ainda na década de 1970. A Hebraica teve atletas premiados como Déborah Srur, que disputou uma olimpíada, e Marcos Stisin, dono de muitos títulos. A modalidade de tiro era muito ativa e o estande era bem movimentado. Quero devolver à modalidade esse clima estimulante”, declarou o diretor. Adriano Touros Carreira, do Círculo Militar, era um dos muitos atiradores participantes do projeto de Mauro. “Atiro há 25 anos. Fui campeão paulista em duas modalidades do tiro, uma mais ofensiva (TSC) e outra mais defensiva (DSC), no ano passado. Conheço o estande da Hebraica há tempos, pois muitas vezes acompanhei os treinos às quartas-feiras feiras com Marcos Stisin e o filho. Sempre me receberam bem. Quando eu soube da iniciativa de reativação do tiro, me ofereci como voluntário para as demonstrações. O dr. Rabino, como o chamamos, teve uma excelente ideia em nos trazer de volta e é muito importante divulgar que o tiro é um esporte como outro qualquer, desvinculado de qualquer violência ou agressividade, que pode ser praticado por pessoas de qualquer idade com toda a segurança”, garantiu o atleta. Entre demonstrações práticas e a emoção de portar uma arma de pressão e mirar no alvo a alguns metros de distância, o evento no tiro quebrou a rotina do clube e despertou o interesse de famílias inteiras. Cada um que se aproximava recebia o equipamento de isolamento acústico e instruções a respeito de como manusear a arma. “Tive muito apoio das equipes competitivas e a repercussão do evento entre os sócios me deixou muito satisfeito. Agora vou pensar nos próximos passos para ver o estande em pleno uso pelos sócios”, promete Rabinovitch. (M. B.)
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esportes > tênis
ALUNOS JOGARAM EM QUADRAS COM TAMANHO REDUZIDO
Um torneio só para menores O II INTERKIDS REUNIU ALUNOS DAS ESCOLINHAS DE TÊNIS DA HEBRAICA, CÍRCULO MILITAR E DO ALPHAVILLE TÊNIS CLUBE (ATC). O EVENTO MARCOU A ESTREIA DA MAIORIA DELES EM COMPETIÇÕES EXTERNAS
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equipe técnica e de manutenção do Departamento de Tênis realizou o milagre da multiplicação ao transformar as quadras 1 e 2 em muitas outras no tamanho ideal para testar as habilidades dos alunos das escolinhas dos clubes. “Conseguimos realizar oito partidas simultâneas e dar a todos a oportunidade de enfrentar mais de um adversário diante da plateia formada pelos pais”,
afirmou a diretora da modalidade, Rose Moscovici, para quem o Interkids tornou-se uma versão ampliada do evento realizado no ano passado em parceria com o Círculo Militar. “Recebemos as crianças aqui no clube e em seguida os nossos alunos foram recebidos nas quadras deles com muito carinho. No planejamento da segunda edição, incluímos o Alphaville e fomos muito bem sucedidos”, explicou,
depois de entregar as medalhas aos 45 participantes. João Vitor, do Círculo Militar, participou do I Interkids e voltou este ano. “Foi bem melhor. Joguei duas partidas, uma delas contra um menino da Hebraica”, afirmou o garoto de 9 anos. O professor do Alphaville Tênis Clube, Carlos Luiz da Silva, acompanhou nove crianças de 6 a 9 anos e, em nome do ATC, agradeceu o convite da Hebraica e cumprimentou o clube pelo torneio, pois “os alunos jogaram muitas partidas e tudo correu muito bem para eles”. Fernando Luz, 7 anos, gostou: “É a primeira vez que jogo fora do Alphaville e achei a Hebraica muito linda”. Daniela Migru, de 9 anos, deu sua opinião positiva acerca do Interkids. “Joguei cinco partidas e estou cansada. Adoro jogar tênis, é melhor do que natação”, compara. (M. B.)
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esportes > polo aquático
EQUIPE ADULTA DE POLO FEZ UMA BOA CAMPANHA EM TORNEIO AMISTOSO
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equipe adulta de polo aquático disputou o terceiro lugar na Liga Polista – torneio amador não federado que vem crescendo em número de participantes – e perdeu nos pênaltis para a Poli (Escola Politécnica). Segundo o coordenador técnico da modalidade, Adriano Silva, responsável pelo treinamento de quase todas as categorias no clube, “o quarto lugar desta edição, que reuniu dezesseis equipes, foi bastante comemorado pelos jogadores”, informou. Além de Adriano, o assistente Shirru se encarrega dos treinos do preparo do adulto, da equipe feminina e da equipe do sub-17. A equipe do sub-19 encerrou o primeiro turno do campeonato paulista em terceiro lugar em uma campanha considerada boa, com apenas uma derrota, para o Paineiras do Morumby. “O sub-15 e o sub-17 têm ainda
Trabalho dobrado na entressafra COM UMA PEQUENA EQUIPE TÉCNICA, O POLO AQUÁTICO SE MANTÉM ENTRE OS PRIMEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO NA MODALIDADE E INVESTE NA ARREGIMENTAÇÃO DE ATLETAS PARA A CATEGORIA SUB-13 um jogo cada um para definir como entrarão na segunda fase do mesmo torneio. Estamos muito otimistas”, adiantou Adriano. Agora, ele investe tempo e esforço para conquistar e preparar atletas para o sub-13. “É evidente o potencial dos garotos, mas eles precisam se conscientizar da importância em se dedicar e treinar intensamente. Isso também acontece nos outros clubes. O que
me entusiasma é o resultado de eventos como o festival da Escola de Esportes. Foi estimulante as oito equipes da Abda (Associação Bauruense de Desportos Aquáticos), Esporte Clube Pinheiros, Clube Athlético Paulistano, Colégio Santo Américo e do Sesi se empenharem em mostrar, na piscina do clube, como desejam, um dia, integrar as equipes competitivas dessas agremiações”, conclui o técnico. (M. B.)
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esportes > e-basquete
Dia para praticar esporte e cidadania A EQUIPE TÉCNICA DO BASQUETE ORGANIZOU UM TORNEIO PARA AS CATEGORIAS SUB-11 E SUB- 13 E TROUXE OS PARTICIPANTES DE DOIS PROJETOS SOCIAIS PARA O EVENTO, QUE RECEBEU MUITOS ELOGIOS DOS CONVIDADOS
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em garotos entre 10 e 13 anos passaram o primeiro domingo de junho empenhados em dar o melhor em duas quadras de basquete. O E-basquete envolveu equipes da Hebraica, dos colégios Renascença e Santo Américo, do Centro Educacional Brandão (CEB) e dos projetos Basquete Magia, mantido pela atleta olímpica Magic Paula, e Basquete, do Instituto Barrichello/Canãa. Nas quinze partidas realizadas durante a manhã, foi possível avaliar a qua-
lidade das equipes adversárias e fazer acertos no esquema tático para os jogos finais, disputados à tarde. “Trouxemos dezessete garotos e estamos gratos à Hebraica por nos convidarem para o evento”, afirmou o técnico do Basquete Magia, Reinaldo Dias Almeida. “Experiências como essas na capital levam nossos garotos a conhecer a estrutura do clube, a se interessar, futuramente, em participar das ‘peneiras’ e, quem sabe, tornarem-se jogadores da Hebrai-
PARTIDA ENTRE AS EQUIPES DO COLÉGIO SANTO AMÉRICO E PROJETO BASQUETE
ca. Jogamos contra o Colégio Santo Américo e ganhamos. Depois, perdemos para os meninos do Renascença. As equipes do Renascença e da Hebraica estão fortíssimas”, completou. Reinaldo elogiou o modelo de competição adotado no E-basquete. Uriel Soares, o técnico da Hebraica, viu um torneio como este na Argentina e decidiu experimentar a fórmula aqui. As seis equipes foram divididas em dois grupos e os campeões de cada grupo se enfrentaram na final da série ouro, os que ficaram em segundo e terceiros disputaram as séries ouro e prata respectivamente. Isso garantiu partidas equilibradas e todos receberam medalhas, lembrança desse dia tão importante. Para a colega Raquel Ramos, do Projeto Basquete, o torneio foi “competitivo, premiou a todos e priorizou os valores do esporte, de modo a incentivar os meninos e meninas a persistir na prática do esporte”, afirmou. E para o pequeno Eduardo Henrique de Souza Silva, 12 anos, jogar pela primeira vez num clube como a Hebraica, partilhar o lanche oferecido pela organização do evento com os coleguinhas foi resumido em poucas palavras e um sorriso “O dia está maravilhoso para mim e para minha equipe”, afirmou o garoto. Para Uriel, técnico da Hebraica e do Renascença, a experiência foi positiva. “Ver a satisfação dos garotos e a garra que demonstraram em quadra são combustíveis para nós do Departamento Geral de Esportes e toda a equipe técnica de basquete pensar em repetir a experiência no segundo semestre”, promete. (M. B.)
PROJETOS SOCIAIS QUE OFERECEM PRÁTICAS ESPORTIVAS FORAM INCLUÍDOS ENTRE OS PARTICIPANTES DO E-BASQUETE
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esportes > curtas
Super Heroes
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ela primeira vez, o Centro Cívico da Hebraica foi transformado em rinque de lutas, mais especificamente, um octógono onde atletas de MMA se apresentaram em sua melhor forma, na quarta edição do MMA Super Heroes. As arquibancadas receberam centenas de fãs desta modalidade de luta e toda a equipe responsável pela montagem do evento elogiou a infraestrutura e o atendimento recebido no clube. “Ao organizar o Super Heroes na Hebraica, realizei um antigo sonho”, afirmou o presidente do evento André “Bicudo” Barbosa.
Tenis de mesa
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tênis de mesa realizou o quinto ranking interno com a participação de 23 jogadores nas categorias infantil, feminino e masculino. Gabriel Gaj, Gabriel Piepszyk e Gustavo T. Gross ficaram nas primeiras três posições no infantil. No masculino, Arthur Solowiejczyk foi o primeiro lugar entre os atletas do clube, seguido por Daniel Barczinski e Roberto Weiser. Entre as tenistas, filha e mãe Luciana e Sandra Libman ficaram em primeiro e segundo lugares. Júlia Gaj, em terceiro lugar.
Título inédito
Águas abertas
tênis de mesa da Hebraica comemora o título de Edmundo Gualberto Junior, vencedor da quinta etapa da Liga Nipo Brasileira, em Guarulhos, na categoria superveteranos-B. Outros atletas da equipe como Sílvia Fichmann, Janos Fuzes e Arthur Solowiejczyk chegaram às oitavas de final em suas categorias. “Foi um resultado muito bom, considerando o fato de a nossa equipe ser relativamente recente em competições da modalidade”, comentou a técnica Vanessa Sabre Cassettari.
equipe de águas abertas está em terceiro lugar, logo atrás dos atletas do Esporte Clube Sírio e do Estilo, de São Bernardo do Campo, respectivamente primeiro e segundo lugares no placar geral do Circuito Paulista de Águas Abertas. Na sexta etapa, realizada na praia de Guaiúba, os destaques foram os nadadores Rubens Krausz, primeiro nos quinhentos e mil metros, e Enrique Berenstein, segundo em sua categoria na prova dos três mil metros. (M. B.)
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esportes > fotos e fatos 1.
1. Muita integração no Festival de Polo Aquáti-
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co; 2. Festival de Handebol reuniu somente os alunos da Escola de Esportes; 3. Pedro Ciocler Ferro venceu a quinta etapa do Festival Paulista de Maratonas Aquáticas na prova de quinhentos metros em Guaiúba, Guarujá, como parte da equipe do Clube Espéria; 4. Tênis de mesa teve quatro destaques infantis; 5. Equipe sub-15 de basquetebol enfrentou alunos do Colégio Mackenzie no Centro Cívico; 6. Atletas profissionais de tiro prestigiaram a reativação de estande
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COMO CUIDAR DA SAÚDE OCULAR – VOCÊ FAZ SEU CHECKUP DA VISÃO REGULARMENTE? Dra. Erika Yasaki, oftalmologista do Hospital Israelita Albert Einstein
Utilizamos a visão o tempo todo em nossa vida. É com ela que nos orientamos no espaço, reconhecemos cores, formas e composições de cenas, enfim, que identificamos sensações visuais diversas. A visão é tão presente em tudo o que fazemos que muitas vezes não nos damos conta de que precisamos também cuidar muito bem do órgão por ela responsável: os olhos. Nossos olhos funcionam de forma muito parecida à de uma câmera fotográfica. E se tomamos cuidado para obter fotos nítidas (por exemplo, mantendo a lente da câmera livre de poeira ou marcas de dedo e evitando o mau uso), também os olhos requerem cuidados especiais para que permitam o máximo aproveitamento da visão. Diferente de uma câmera que vem da fábrica “pronta para usar,” nossos olhos ainda passam, após o nascimento, por uma fase de formação das estruturas oculares e do sistema visual que só então culmina no amadurecimento da visão. Por esse motivo, é muito importante que as crianças passem por uma avaliação oftalmológica no primeiro ano de vida para que se possa verificar se as estruturas oculares estão bem formadas e, principalmente, para avaliar se o comportamento visual está compatível com a etapa de desenvolvimento visual eglobal. O diagnóstico precoce é importante porque na maior parte das vezes tais condições podem ser tratadas. A alteração ocular mais comum nessa faixa etária é chamada “refracional”, ou seja, falta de foco na imagem que é formada no fundo do olho. É possível corrigir esta alteração da refração, grau de óculos, nos primeiros anos de vida e assim evitar a ambliopia (também chamada de visão preguiçosa).
Responsável Técnico: Dr. Miguel Cendoroglo Neto - CRM: 48949
Outra causa da ambliopia é o estrabismo, ou desvio ocular, que também pode e deve ser corrigido nos primeiros anos de vida. A ambliopia não pode ser corrigida na vida adulta. Os adultos também devem realizar o teste de visão e avaliação oftalmológica periodicamente, ainda mais nos dias de hoje, em que a visão é exigida tanto no trabalho quanto no lazer. Aliás, o uso intensivo do computador é a principal causa de queixas de cansaço e desconforto visuais, sobretudo ao longo da jornada de trabalho. Isso ocorre, na maioria das vezes, pela redução do reflexo do piscar (que faz os olhos secarem) e pelo esforço acomodativo da musculatura do olho para focar de perto a imagem da tela do computador. Por outro lado, o cansaço visual pode ser sintoma de algum tipo de correção óptica mais grave, que normalmente só pode ser diagnosticada no exame periódico. Após os 40 anos, além da diminuição da capacidade de foco para perto (chamada de “vista cansada”), que é facilmente corrigida com o uso de óculos, algumas doenças oculares passam a ser mais comuns. Por se desenvolver silenciosamente ao longo de anos, o glaucoma é por vezes chamado de doença “vilã”. Caso algum familiar tenha glaucoma, é importante realizar uma avaliação oftalmológica desde jovem devido ao risco aumentado da doença. Na terceira idade,é inevitável o desenvolvimento da catarata, a doença que torna opaca a lente natural do olho humano, o cristalino. Caso a catarata comprometaa realizaçãodas atividades do dia a dia, como leitura, dirigir, assistir TV, reconhecimento das cores, provocando sensibilidade aumentadaà luz, recomenda-se uma avaliação oftalmológica. Nesta faixa etária é também importante realizar uma avaliação do fundo de olho para identificar se há a doença da degeneração de mácula. O médico pode recomendar visitas mais frequentes e solicitar o exame de tomografia de retina, também chamado de OCT de mácula. As estatísticas de expectativa de vida mostram que as pessoas vivem, nos dias de hoje, cada vez mais, mas é preciso que elas também vivam cada vez melhor. Não só para se enxergar bem durante toda a vida, mas para se ter uma vida com conforto e qualidade na saúde geral, os cuidados permanentes são fundamentais. E não há dúvidas de que cuidar bem da “nossa câmera,” fazendo exames periódicos e frequentes, só contribui para uma vida mais longeva e saudável. Você já fez o seu check-up da visão?
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magazine > turismo | por Ariel Finguerman, em Jerusalém
LOBBY DO WARLDORF ASTORIA: PEDRAS DE JERUSALÉM E TETO QUE SE ABRE PARA SUKOT
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Mordomias para os muito ricos FOMOS CONFERIR O RECÉM-INAUGURADO WALDORF ASTORIA JERUSALÉM QUE, A EXEMPLO DO HOTEL FUNDADO COM O MESMO NOME EM NOVA YORK, APOSTA NO MERCADO DO SUPERLUXO
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qui ninguém tem peso na consciência por ser rico. A ostentação é aberta mesmo: lustres de 250 mil euros a unidade, apartamentos privados de seis milhões de dólares e estacionamento por cem dólares ao dia. Com o objetivo de ser o mais chique hotel da Terra Santa, o Waldorf Astoria de Jerusalém acaba de abrir as portas. “Somos os Rolls Royce da hotelaria. Waldorf Astoria é um bom produto para a elite, quem aprecia luxo será muito bemvindo. Não há similar em Israel”, disse o diretor do hotel, Ilan Brenner, que acompanhou o correspondente da revista Hebraica durante a visita. O hotel está localizado na rua Melech David, a mais tradicional quando se trata de hospedagem na cidade. Logo em frente está o Mamilla, que ao ser inaugurado, há sete anos, foi considerado pelo jornal inglês The Sunday Times um dos cem melhores do mundo. E a cerca de trezentos metros rua acima está o King David, o Copacabana Palace de Israel. Mas o diretor Brenner desdenha a concorrência. “São todos de redes locais, não mundiais como nós”, esnoba. Realmente, hoje a marca Waldorf Astoria é multinacional. O hotel de Jerusalém é apenas o 25º da cadeia iniciada em Manhattan, e somente este ano também serão inauguradas unidades em Beijing, Amsterdã e Dubai. O WA, como também é conhecido, pertence à rede Hilton, dona de 4.500 hotéis mundo afora. Logo à entrada já se vê que estamos num mundo especial. Um vallet israelense está vestido de chapéu inglês e fraque – uma visão pouco usual neste país sem nenhuma formalidade. Simpáticas mulheres no lobby já começam a orientar os hóspedes – e provavelmente, identificar intrusos. O lobby foi projetado para manter o padrão luxuoso da rede, mas também para mostrar ao hóspede que ele está numa cidade especial. As pedras de Jerusalém, item obriga-
tório por lei na parte externa de qualquer edifício da cidade santa, aqui decoram também todo o interior do saguão, para dar um clima a quem não quiser se expor ao calor externo. O lobby também traz outro item judaico: todo o teto pode ser aberto, e isso cumpre a lei religiosa para a construção de Sucot durante a Festa dos Tabernáculos, que este ano será celebrada em outubro. A Halachá diz que a cabana precisa ser feita a céu aberto e ali, naquele ambiente de luxo, ficará a principal do hotel. Caso chova, o teto será fechado, tornando o ambiente impróprio para Sucot, e a comemoração continuará em outras cabanas distribuídas pelo hotel. Até o tradicional relógio do lobby, marca registrada de todo Waldorf Astoria, aqui é diferente. Há uma versão internacional, com números padrão, mas também há um outro relógio, com os números representados por letras hebraicas. Quem veio a Jerusalém apenas para fazer negócios descobrirá que a área de trabalho foi dividida em doze salas, cada uma com o nome de uma tribo de Israel. Ironicamente o Waldorf Astoria pertence hoje à família Reichmann, de judeus ortodoxos bilionários do ramo imobiliário do Canadá. Isto porque, nos anos 1930, no mesmo local existiu o também luxuoso Palace Hotel, empreitada mu>>
Quem veio a Jerusalém apenas para fazer negócios descobrirá que a área de trabalho foi dividida em doze salas, cada uma com o nome de uma tribo de Israel
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magazine > turismo
>> çulmana cujo objetivo era fincar a presença árabe no centro de Jerusalém, numa época em que os judeus também disputavam o espaço desta área. O Palace Hotel tinha a bênção do então mufti de Jerusalém, Hajj Amin El-Husseini, o mesmo que se encontrou com Adolf Hitler. Também era ideia do mufti abrir em frente ao hotel uma universidade muçulmana. Até hoje existe no Waldorf Astoria, no frontal, uma placa da época, em árabe, que diz “Faremos e construiremos, assim como eles construíram e fizeram”, uma referência aos construtores da Cúpula Dourada no século VII. O fato é que o Palace Hotel não aguentou a concorrência do vizinho King David, inaugurado na mesma época, e fechou as portas após cinco anos de funcionamento. Aliás, foi por esta razão que a inauguração do Waldorf Astoria atrasou quatro anos. A prefeitura de Jerusalém exigiu que fosse mantida toda a fachada histórica do Palace Hotel, num dos mais complicados projetos de preservação da história do país. Depois de sete anos de trabalho e U$ 150 milhões de investimento, o WA foi inaugurado, mas ainda falta abrir a piscina, spa e cigar bar.
A FACHADA PRESERVADA E DETALHE EM ÁRABE: PROJETO ORIGINAL ERA NACIONALISTA PALESTINO
A expectativa do Waldorf Astoria é que judeus milionários do mundo todo – o principal público-alvo do hotel – optem por se hospedar aqui. Para isso, o diretor Ilan Brenner tem especial apetite pela comunidade brasileira. “Conheci bem São Paulo e Rio de Janeiro, o ishuv é patriota do judaísmo, vão querer fazer o bar-mitzvá e casamento dos filhos em Jerusalém. E por esta razão uma família de judeus da Hebraica tem mais chance de vir aqui festejar do que em outros lugares do mundo.” Quem se animar encontrará no subsolo do hotel o maior salão de festas da cidade, com capacidade para seiscentas pessoas e lustres de cristais importados de Praga. No quarto, ipad de uso gratuito que controla a ar-condicionado mesmo do lobby, além de orquídeas frescas, TV
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no banheiro e robes de algodão egípcio. Caso não haja nenhuma autoridade ocupando a suíte presidencial, que tal vidros à prova de bala, jacuzzi e sauna no quarto? No mundo dos superrricos, menos vale mais. O turismo para Israel aumenta a cada ano, caminhando aos poucos em direção à marca dos quatro milhões de visitantes/ano. Mas isto pouco interessa ao Waldorf Astoria. “Se o turismo aumentar em mais um milhão, para nós interessará mais o tipo deste visitante. Se vier da China ou se for peregrino tradicional, não nos beneficiará em nada”, diz o diretor. Claro, as críticas também já começaram. Dos quartos luxuosos, não há uma visão impressionante da Cidade Velha. E, segundo uma pesquisa comparativa feita pelo jornal Yedioth Achronot, a hospedagem no Waldorf Astoria de Manhattan custa quase metade do preço que em Jerusalém, que sai entre U$ 490 e U$ 1.400,00 a diária. “Não é verdade”, diz o diretor Brenner. “Fizeram uma comparação errada, em época de alta estação aqui e de baixa em Nova York. Não somos baratos, mas nosso preço é comparável com outros hotéis de luxo no mundo.”
ACIMA, WARLDORF ASTORIA E, AO FUNDO À ESQ, O CONCORRENTE
HOTEL; ACIMA À DIREITA PORTEIRO DO WARLDORF
ASTORIA JERUSALEM: FORMALIDADE NUM PAÍS INFORMAL; AO LADO O DIRETOR DO HOTEL, ILAN BRENNER, COM O FAMOSO RELÓGIO DO
WARLDORF ASTORIA, MAS EM VERSÃO HEBRAICA
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magazine > análise | por Ariel Finguerman
O papa pede paz COM UM IRRESISTÍVEL SORRISO, O PAPA FRANCISCO FEZ UMA VISITA À TERRA SANTA CARREGADA DE MENSAGENS POLÍTICAS. MAS O QUE ERA UMA VIAGEM DE PEREGRINO ACABOU VIRANDO MISSÃO DIPLOMÁTICA
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inda bem para nós, jornalistas, que a grande maioria dos leitores não dá a menor importância para o jornal do dia anterior. Porque se alguém consultasse o artigo de um terço de página publicado pelo Haaretz na véspera da chegada do papa Francisco à Terra Santa, teria lido um título segundo o qual “o pontífice chega em visita como peregrino, e não diplomata”. No texto, o autor, Yaakov Ahimeir, sustenta que “é improvável que o papa expresse qualquer ponto de vista a respeito do confl ito israelense-palestino”. Pois bem: logo ao chegar, em Belém, Francisco quebrou o protocolo, pediu ao motorista parar o papamóvel, aproximouse do Muro de Separação, beijou o concreto de oito metros pichado com dizeres comparando-o à barreira que existia no Gueto de Varsóvia. A foto deverá ficar por muito tempo no imaginário do homem ocidental. Ali, ele também disse que os territórios palestinos são o “Estado da Palestina”. No dia seguinte, o papa deu uma força para o nosso lado, porque, pela primeira vez, um pontífice visitou o túmulo de Theodor Herzl, onde colocou uma coroa de flores com as cores branca e amarela do Vaticano. Atitude muito diferente de há 110 anos, quando o fundador do sionismo visitou o papa da
É UM SORRISO CATIVANTE, ESPONTÂNEO E GENEROSO, MAS ATÉ OS MAIS OTIMISTAS DUVIDAM QUE PRODUZA RESULTADOS POLÍTICOS
época, Pio X, em busca de apoio, e ouviu a resposta truculenta de que os católicos continuariam forçando os judeus a se converter mesmo se fossem para na Terra Santa. Depois, Bibi Netaniahu levou o papa até um memorial às vítimas de ataques dos palestinos, e lá condenou o terrorismo. O interessante no papa Francisco é que faz tudo isto com um sorriso cativante. Atitude, aliás, de alguns líderes mundiais da nossa época, e que está dando muito certo. Vejam o caso do presidente do Irã, Rouhani, que conseguiu reverter a péssima imagem internacional de seu país, andando e sorrindo por aí. Afinal, nesses tempos de muita imagem e pouco texto é irresistível. Poucas semanas depois da viagem, o papa recebeu os presidentes de Israel e da Autoridade Palestina no Vaticano. Novamente, nada resultou, nem re-
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sultará, além dos sorrisos. Durante seus longos sete anos na presidência Shimon Peres foi um ótimo relações-públicas do país, mas ele não é representativo do conjunto da atual sociedade israelense, que, desde a segunda intifada, acentuou seu perfil conservador e de direita. Comparam sua figura com a da rainha da Inglaterra. É um verniz, mas importante, perdido com a eleição de Reuven Rivlin para seu lugar. Agora, esqueçam o conflito entre israelenses e palestinos pois os desafios do papa Francisco no interior da própria Igreja que comanda são enormes. No mundo católico ocorre um fortíssimo processo de secularização, as igrejas estão vazias, as pessoas tomam decisões de vida sem consultar padre nenhum. Também os casos de pedofilia são um escândalo permanente e mal resolvido. Outra batata quente é o celibato, que afasta muitos jovens com potencial para a carreira religiosa no sacerdócio católico. E mais a pressão dos evangélicos, que não para de avançar sobre o rebanho de Francisco. Ninguém duvida que o papa Francisco cativou o coração dos católicos de todas as classes sociais ao redor do mundo. Com um sorriso agradável, fisionomia bonita, despertou uma massa enorme de católicos, mesmo os mais afastados. Mos-
trou que a Igreja católica tem um potencial enorme no nosso mundo. Mas arrisco dizer que o papa Francisco vai mudar muito pouco na Igreja (ôpa, outra previsão furada de jornalista?). Em dezembro, ele completará 78 anos. Quem, no comando de uma organização de 1,1 bilhão de adeptos, teria vigor para fazer revoluções com esta idade? É quase humanamente impossível. Aí entra o sorriso de paz e serenidade contra as adversidades do mundo. O Muro de Separação de Belém não vai cair, o terrorismo vai continuar, os evangélicos aumentarão em número, o celibato não vai desaparecer do dia para a noite. São dilemas angustiantes, conflitos sem solução à vista e um horizonte de mais violência que vem por aí. Mas é bom saber que quem está acima de nós, no aparente controle das coisas, parece tranquilo e sorridente.
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Os desafios do papa Francisco no interior da própria Igreja que comanda são enormes. No mundo católico ocorre um fortíssimo processo de secularização, as igrejas estão vazias, as pessoas tomam decisões de vida sem consultar a padre nenhum
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magazine > showbiz | por Seth Rogovoy
Rolling Stones e o judaísmo MUITO MAIS DO QUE A APRESENTAÇÃO DA MAIS LONGEVA BANDA DO MUNDO, O SHOW DOS ROLLING STONES, NO PARQUE HAYARKON, EM TEL AVIV, NO COMEÇO DE JUNHO, FOI UMA PEQUENA VITÓRIA NA GUERRA AO BOICOTE DO ROCK’N’ROLL A ISRAEL
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boicote é promovido por alguns roqueiros ingleses, instigados principalmente por Roger Waters, do Pink Floyd, que, apesar de se esforçar, não conseguiu influenciar Mick Jagger e Keith Richards a desistirem de, fi nalmente, tocar e cantar na Terra Santa. Aliás, os Rolling Stones, de fato, mantêm uma longa e bem-sucedida colaboração com artistas, amigos e colegas judeus, e até alguns temas judaicos foram incorporados às suas músicas e letras. Como muitas das primeiras bandas britânicas de rock, os Rolling Stones começaram a tocar blues americano. A maioria dos membros dos Stones aprenderam na Blues Incorporated, a banda liderada pelo guitarrista Alexis Korner, nascido em Paris, filho de pai judeu austríaco e mãe turco-grega. Os fundadores dos Stones, o guitarrista Brian Jones, o baterista Charlie Watts, e o tecladista Ian Stewart tocaram com a Blues Incorporated, e o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards se apresentaram com o grupo em várias ocasiões, antes de os cinco formarem os Rolling Stones. A partir do que aprendeu com Brian Epstein – o proprietário judeu de uma loja de discos em Liverpool que transformou a banda de bar mais popular da cidade na sensação conhecida como The Beatles –, o também judeu Andrew Loog Oldham, logo se tornou empresário dos Rolling Stones, reformulou a imagem deles e os orientou para uma paleta musical mais ampla. Em uma jogada de marketing, Oldham transformou os Stones em os anti-Beatles, uma imagem, digamos, mais “perigosa” e rebelde, cabelos mais longos e despenteados formando um conjunto que transmitia sexualidade e violência. Para tanto, Oldham recorreu aos serviços do fotógrafo Gered Mankowitz – filho do roteirista judeu inglês Wolf Mankowitz – o autor das primeiras capas de discos e fotos publicitárias da banda. Junto com Oldham, Mankowitz criou a imagem de bad boys dos Stones e foi o fotógrafo oficial da primeira turnê da banda pelos Estados Unidos, em 1965. Oldham também incentivou os Rolling Stones a diversificar o gênero das canções para além dos blues de Chicago do seu começo. O primeiro sucesso na American Top 10 foi uma versão de Time Is On My Side, escrita originalmente para Kai Winding pelo
compositor judeu de rhythm and blues nascido na Filadélfia chamado Jerry Ragovoy, aliás, primo do autor desse texto. Oldham também pressionou Jagger e Richards a escrever as próprias canções, tal como Lennon e McCartney, dos Beatles. Desta forma, uma das primeiras canções da dupla Jagger-Richards foi As Tears Go By, balada meio fora do estilo dos Rolling Stones, e que virou sucesso na voz da talentosa cantora descoberta por Oldham, Marianne Faithfull que descendia da nobreza austríaca, pois o tiobisavô era Leopold von Sacher-Masoch – cujo romance erótico Venus in Furs (A Vênus Castigadora) gerou a palavra “masoquismo”, inspirou a música do Velvet Underground e uma peça de David Ives. E a avó materna era judia. Em 1966, Oldham confiou a administração dos Rolling Stones a Allen Klein, contador judeu de Nova York. Quando o contrato do grupo com a Decca Records venceu, Klein propôs ao grupo um contrato de gravação extremamente rentável, um negócio muito mais lucrativo do que Brian Epstein negociara para os Beatles, a ponto de, depois da morte de Epstein, em 1967, os Beatles procurarem Klein, na esperança de que pudesse fazer por eles o que fizera para os Stones. No entanto, as brigas internas entre os Beatles a respeito do exato papel de Klein contribuíram para a dissolução do grupo. Em 1966 foi lançada Paint It Black com Jones tocando cítara, uma das músicas mais enigmáticas dos Stones, e tentativa de “pegar o bonde” da popularidade do rock com influência indiana, iniciado pelos Beatles e pelo The Byrds. Não deu certo e parecia mais música do Oriente Médio ou do Leste Europeu. No entanto, várias bandas modernas de klezmer incluíram a canção, cuja escala em clave menor é muito semelhante a alguns sons comuns à música ídiche. Enquanto alguns engraçadinhos diziam que, do ponto de vista lírico, o narrador da canção poderia ser um daqueles judeus ortodoxos vestidos de preto, o próprio Keith Richards reconheceu a dívida da canção com a música judaica,
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em uma entrevista à revista Rolling Stone afirmando que “era um estilo diferente de tudo o que tinha feito antes... talvez fosse o judeu em mim. Para mim é mais como Hava Nagila ou alguma figura musical cigana. Talvez eu tenha pegado do meu avô”. Esse último comentário poderá ser o único indício de que algum membro dos Rolling Stones tivesse alguma ascendência judaica, mas logo foi descartado como uma ironia de Richards. Além de Paint It Black, outras músicas dos Stones contêm referências judaicas como, por exemplo, Sympathy for the Devil, narrada, aliás, pelo próprio Lúcifer, traz os versos “I rode a tank/Held a general’s rank/When the blitzkrieg raged/ And the bodies stank” (“Montei em um tanque/Mantive a posição de general/Quando a guerra-relâmpago estourou/E os corpos fediam”) que, presumivelmente, referem-se aos campos de extermínio nazistas. O título do álbum Exile on Main St, de 1972, é considerado o melhor da banda e, portanto, um dos maiores álbuns de rock de todos os tempos – poderia muito bem ser uma descrição da vida na Diáspora nos últimos séculos, junto com uma faixa do seguinte, Bridges to Babylon, sugerindo que os Stones se consideram um pouco como um bando de deslocados em fuga. A conselho dos seus contadores, os membros do grupo fugiram da Inglaterra no início dos anos 1970. Se a partida deles foi para evitar os rigores tributários ou para escapar ao cerco das acusações de consumo de drogas, o fato é que os Stones acabaram exilados da terra natal durante a maior parte do meio século seguinte. A canção mais judaica dos Rolling Stones é Shattered, uma das faixas do Some Girls, de 1978, e ode à mais judaica das cidades, Nova York. Liricamente, a canção mergulhou na gestalt
predominante da cidade naqueles tempos do prefeito Abraham Beame, de aumento das taxas de criminalidade, recessão, orçamentos austeros, quase falência, e a manchete “Ford to City: Drop Dead (Ford para a Cidade: Caia Morta)”, publicada pelo Daily News, em que o então presidente norte-americano, Gerald Ford, prometia vetar a ajuda financeira à cidade. O declínio da cidade, então, incluía a perda da outrora próspera indústria do vestuário, de proprietários a maioria judeus que Jagger imortalizou em Shattered, com o que é, talvez, o único uso do ídiche na Top 40 Hit: “*Shmatta shmatta shmatta, eu não posso desistir da Sétima Avenida”. Os Rolling Stones podem ter levado mais do que os proverbiais quarenta anos de peregrinação no deserto, antes de finalmente entrar na Terra Prometida, mas ao longo do caminho acumularam credenciais judaicas suficientes para fazer da sua estreia israelense algo como uma volta ao lar. * Seth Rogovoy escreve a respeito das improváveis afinidades judaicas de David Bowie, Aerosmith, Cher, James Bond e O Hobbit
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A canção mais judaica dos Rolling Stones é Shattered, uma das faixas do álbum Some Girls, de 1978, e ode à mais judaica das cidades, Nova York. Liricamente, a canção mergulhou na gestalt predominante da cidade naqueles tempos do prefeito Abraham Beame, de aumento das taxas de criminalidade, recessão, orçamentos austeros e quase falência
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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Olhos bem puxados 1 Pela primeira vez na história de Israel, a China ocupa o primeiro lugar entre os países que mais vendem mercadoria ao Estado judeu, ultrapassando os EUA. Os chineses vendem aos israelenses U$ 7,8 bilhões ou 12,4% do total das importações anuais – há uma década, eram responsáveis por apenas 3%. Na prática, hoje o consumidor israelense compra da China 90% dos seus utensílios domésticos, 90% da roupa, 50% do mármore para construção e 40% de produtos eletrônicos. Já os norte-americanos ficaram em segundo lugar, com vendas de U$ 7,5 bilhões ou 11,9% do total das importações.
Olhos bem puxados 2 A Universidade de Tel Aviv assinou um acordo de U$ 300 milhões com a Universidade Tsinghua, da China, para criar um centro de pesquisa de nanotecnologia. É o maior acordo, em termos financeiros, já firmado por uma universidade em Israel. A ideia é promover o intercâmbio de acadêmicos e empresários dos dois países e focar em desenvolvimento e comercialização de tecnologia médica e óptica. O nome do instituto será Shin, “novidade” em mandarim. A Universidade Tsinghua faz parte do C9, o clubinho das nove melhores academias da China.
Loucura ou normalidade Da crônica policial israelense: em muitos outros países, isto passaria como coisa normal, mas na conservadora Israel, chegou à primeira página dos jornais. Em Kiriat Gat, cidade na beira do Negev, uma mulher de 40 anos recebeu em casa nos últimos meses cerca de cem meninos e jovens, de idade entre 12 e 14 anos, para relações sexuais. A mulher é conhecida das autoridades como dependente de ajuda governamental, mas nunca exigiu pagamento pelas relações. Espalhou-se um pânico na cidade de que ela tinha aids e contaminava maldosamente os visitantes, mas um exame feito pela polícia não detectou o vírus HIV. E agora, José, quem vai atirar a primeira pedra?
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Drama no ar Esta foi por pouco: no meio de um voo da El Al rumo a Veneza, o copiloto começou a se sentir mal e simplesmente desmaiou em cima do painel de controle do Boeing 737-800. Por sorte, o corpo inerte não esbarrou em nenhum botão importante. Os 98 passageiros foram avisados e uma médica apresentou-se como voluntária para ajudar o copiloto de 43 anos, reservista da Força Aérea de Israel. Por via das dúvidas, o capitão resolveu se precaver e aterrissou o jato antes do destino, a Croácia, onde foi socorrido.
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Fado em Ashdod Quem deu as caras por aqui foi a sensacional Mariza, cantora portuguesa que está para o fado assim como Marisa Monte está para o samba – lindas cantoras, de fina voz, que deram novo fôlego para o cancioneiro tradicional dos seus países. Mariza, que já se apresentou nos melhores palcos pelo mundo afora, cantou num teatro aberto de Ashdod para alguns milhares de deslumbrados. Talvez tenham dito a ela que a cidade era “perto de Tel Aviv e um antigo porto dos cruzados”. Bom marketing, nada de mentira, mas não toda a verdade: há um ano que nada de importante acontece nesta cidade sonolenta da periferia de Israel. Digo um ano porque em 2013 Ashdod foi local de outro belo show, de Gilberto Gil.
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Nefesh Escândalo nas contas sionistas: um relatório da auditoria do governo israelense apontou que a organização Nefesh B’Nefesh recebeu nos últimos sete anos 95% de todo o orçamento destinado à absorção de novos imigrantes, num total de U$ 30 milhões. O Nefesh B’Nefesh foi criado para atender olim de língua inglesa, mas detalhe: amigos meus que procuraram esta ONG em busca de apoio aqui, ouviram um belo “não” com o argumento de que brasileiros e “outros de fala não inglesa” não são o foco da organização. Outro detalhe: a imigração vinda dos EUA, o alvo da Nefesh B’Nefesh, é um fracasso, nunca chegando à meta de dez mil por ano. A porcentagem de olim da França, por exemplo, é sete vezes maior que dos EUA.
Máquina mortífera Sabe aquele fenômeno do carro na sua frente que lentamente começa a invadir a faixa ao lado? A causa desta desatenção mortal é conhecida, mas afinal mensurada, aqui em Israel. Pesquisa da polícia local aponta que um em cada três motoristas costuma abrir e enviar mensagens pelo smartphone enquanto dirige. Esta praga já é responsável por 20% dos acidentes nas estradas em Israel. O número dos que falam no celular enquanto dirigem é ainda maior: sete em cada dez. Isto apesar de a mesma pesquisa revelar que o próprio motorista reconhece o perigo deste ato, com oito em cada dez confessando o conhecimento da besteira. Vai entender...
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Gangsterismo sabra A polícia israelense faz mais uma tentativa para tentar coibir a criminalidade organizada no país, que costuma sair do controle e fazer pouco caso das autoridades. Fizeram circular entre as delegacias uma lista de quatrocentos nomes de elementos suspeitos de atividades criminosas. O objetivo é alertar o próprio malandro para “ficar ligado”, além de aumentar a vigilância para qualquer ato suspeito capaz de enquadrá-los na lei. Também foi marcada uma reunião mensal entre policiais de todo o país com o chefe dos serviços de informações da polícia para discutir as novidades a respeito dos quatrocentos meliantes.
Película do bem Eles são alvo de piadas terríveis, mas agora a coisa é séria. Chen Suissah, garota de 19 anos da Galileia e estudante de cinema, sofre de gagueira desde a infância, mas resolveu encarar o fardo colocando o drama no filme de curta-metragem Ha-Milim Sheli (“Minhas Palavras”). A película encantou público e crítica do Festival de Cinema de Jerusalém, e ganhou na categoria Jovens Talentos vencendo outros 170 concorrentes. Este mês, o filme será exibido na Holanda durante o Congresso dos Gagos da Europa. Segundo a cineasta, existem oitenta mil gagos em Israel.
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Vandalismo coisa nossa Um dos fenômenos mais canalhas que acontecem entre nós, nos últimos tempos, é a agressão gratuita que jovens religiosos radicais da nossa tribo cometem contra padres e frades no Monte Sião. Colados à Cidade Velha, fora das muralhas, estão dois monumentos importantes do cristianismo: o Cenáculo e a Igreja da Dormição. O primeiro é onde Jesus fez a Última Ceia (o Pessach daquele ano), e o segundo é onde, segundo a tradição, Maria faleceu (isto é, “dormiu”). Pois bem, ali também fica o Túmulo de David, que há mil anos é cultuado pelos nossos rabinos como local de enterro do rei bíblico. Esta tradição atraiu para lá uma yeshivá, ligada ao movimento nacional-religioso, mais radical que a média. Os jovens que lá estudam, na faixa dos 16 anos, têm como diversão, na hora do intervalo, cuspir nos padres e monges que circulam por ali. Eu mesmo já vi a cena, mas a cusparada foi contra a parede exterior da igreja. Uma coisa revoltante. Radicalismo religioso tem em todos os lugares, mas o inaceitável no caso do Monte Sião é a passividade da polícia. Jerusalém é uma das cidades mais vigiadas do mundo, tem câmeras por todo o canto. Pô, pega estes pequenos animais e coloca-os na cadeia.
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Rolling Stones A imprensa israelense classificou o evento como o “encontro das pedras mais famosas do rock’n roll com algumas das pedras mais famosas da História”. Na curta visita de dois dias dos Stones a Israel, no mês passado, para um show com cinquenta mil pessoas em Tel Aviv, deu tempo para Mick Jagger visitar as ruínas de Cesareia e o Kotel, onde também apareceram o baterista Charlie Watts e o guitarrista Ronnie Wood (pelo jeito Keith Richards ficou “bodeado” no hotel). Já o show começou com um Chag Shavuot Sameach (“Feliz Festa de Shavuot”) e a sequência prevista dos grandes sucessos. Quando eram moleques, os Stones foram um dos pivôs da revolução dos costumes dos anos 1960. Debochavam dos “maiores de 30 anos”, como se fossem destinados a ser jovens para sempre. Mas como não morreram no meio do caminho – quase por milagre – como Janis Joplin e Kurt Cobain, envelheceram para valer. Watts comemorou 73 anos de idade em Israel, junto com o neto. Jagger e Richards já passaram dos 70, mas continuam fazendo um som da pesada e num ritmo de excursões pelo mundo que cansariam gente de 20 anos. Isto é, os Stones continuam revolucionando o nosso mundo, mostrando na própria pele como os septuagenários não são mais como antigamente, considerados acabados, mas sim ativos e belos. Palmas para eles.
Convite atrasado O capítulo mais bizarro da escolha do novo presidente de Israel, no mês passado, foi o convite a Elie Wiesel, Prêmio Nobel, para assumir o cargo. A ideia foi de Bibi Netaniahu, que ligou insistentemente para o “candidato” de 86 anos. Quando ele rejeitou firmemente, começou a receber telefonemas de outras pessoas escaladas para colocar pressão, sob o argumento (coisa séria!) que “seu pai ficaria orgulhoso”. A última vez que coisa do tipo aconteceu foi quando convidaram Albert Einstein a assumir a presidência, coisa que – sabiamente – declinou. Bibi tem boas ideias do gênero – foi dele o convite para Stanley Fischer assumir o Banco Central do país –, mas esta agora foi feita com uns vinte anos de atraso. No final deu Reuven Rivlin, do Likud. Vamos sentir saudades da elegância de Shimon Peres.
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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch
AS PANTOMIMAS DE PURIM FORAM AS PRIMEIRAS
MANIFESTAÇÕES DE TEATRO JUDAICO
O “mikado” judaico ERA COMUM UMA CERTA DOSE DE DIVERTIMENTO FAMILIAR DURANTE A REFEIÇÃO FESTIVA DE PURIM COM PANTOMIMAS, PARÓDIAS E ENCENAÇÃO DE UM RABINO DE MENTIRA (PURIM RAV, OU “RABINO DE PURIM”). ISTO JÁ HÁ DOIS MIL ANOS
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origem do moderno teatro é grega, embora os egípcios tenham dado alguns passos nesta direção, e mescla os elementos dramáticos, psicológicos e morais de há 2.500 anos. Mais comumente do que se pensa, o teatro grego se voltava para elementos sobrenaturais derivados da sua religião politeísta, e o coro que se ouvia ao fundo era próxima das vozes de uma música a capela. É possível traçar certa analogia com o histórico nascimento do “futebol” entre os astecas. Esses ancestrais dos mexicanos inventaram a pelota e a utilizavam numa competição, como revelaram pesquisas arqueológicas em sítios pré-colombianos. No entanto, aí termina a semelhança com um Fla-Flu ou Corinthians versus Palmeiras. O evento asteca era todo ritualizado, e se encerrava com holocaustos humanos às divindades. As torcidas uniformizadas de hoje têm hinos e cânticos, e nas portas dos estádios pode correr sangue. Mas isso não é o mais importante. Passou muito tempo, o teatro se modernizou, e há pelo menos
meia dúzia de razões para o judaísmo se manter distante ou guardar uma certa ojeriza a essas atividades, tradicionalmente retratadas como imorais. De fato, não há, na Torá, nenhuma referência às artes da representação. E a Halachá (legislação religiosa) proíbe às mulheres cantar e dançar na frente de homens. No shtetl (“cidadezinha”) da Europa, ter filho na carreira artística era vergonhoso e constrangedor. Se certos trechos da Torá, da Mishná, dos Salmos (Tehilim), dos Profetas (Neviim) ou das orações (Tefilot) têm intensa dramaticidade, e são recitados nas cerimônias religiosas com melodia ou entonação diferenciadas, isto deriva do significado das palavras e das mensagens ali contidas, sem qualquer conotação teatral ou cênica. É, portanto, correto concluir que nada mais distante do judaísmo que o teatro? Não, exatamente.
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Desde a revolução industrial e, principalmente, no final do século 19 quando muitos países se urbanizaram rapidamente e teatros proliferavam nas grandes cidades europeias, as comunidades judaicas perceberam a importância de manter as próprias companhias e repertórios, em vez de simplesmente se deixar conduzir para o ambiente não judaico. Surgiram teatros em língua ídiche em capitais do Velho e Novo Mundo, dos quais somente o Barasheum, de Bucareste, sobrevive. Previsivelmente o idioma e o público já sejam unicamente romenos, embora de tempos em tempos sejam desencavados e representados tesouros do velho repertório. Exemplos de teatro autenticamente judaico estavam bastante claros bem antes, em determinadas festividades, mais especificamente em Purim. Durante séculos as crianças se fantasiavam de Ahashverosh (o rei persa Assueros), de Mordechai (o grande protagonista judeu) ou de Ester Hamalcá (a rainha Ester). Na Gemará, em Massechet (tratado) Megilá e também Sanhedrin, está implícito que era comum uma certa dose de divertimento familiar durante a refeição festiva de Purim com pantomimas, paródias e encenação de um rabino de mentira (Purim Rav, ou “rabino de Purim”). Isto já há dois mil anos. O Purim Shpil (“jogo” ou “brincadeira de Purim”) foi um passo além, incorporando ambientes e personagens num contexto mais estruturado e formal, com roupas, enredo e música. Há registros de quinhentos anos atrás de poemas satíricos, comédias e musicais com esta característica nos centros judaicos da Europa. Na ocasião, mesmo no shtetl mais humilde as crianças em idade escolar faziam representações para pais e convidados. Chanuká, ou festival das luzes, é a outra comemoração que costuma mobilizar as crianças graças ao tradicional jogo do dreidel (“pião“), além de se acender velas durante oito noites seguidas. Talvez mais relevante fosse o chanuká gelt, o hábito de os pais darem moedas aos filhos. Chaim Nachman Bialik (1873-1934) escreveu poemas e peças teatrais em homenagem a esta efeméride. Ascensão e queda Desde a década de 1920, pequenas trupes teatrais percorriam teatros alugados, escolas e clubes comunitários de diversas cidades do Brasil apresentando comédias e dramas em ídiche, trazidos dos Estados Unidos, Europa, e raramente de Israel. Aliás, a Hebraica exibiu uma rica mostra a respeito do tema, há alguns meses. A peça José e seu Manto Multicolor, dos ingleses Webber e Rice, os que escreveram Evita, fez sucesso onde foi encenada, desde 1970. Inspirada no filho do patriarca Jacob e depois vice-rei do faraó, ela é pouco bíblica e quase nada judaica. No entanto, no Brasil, a partitura foi traduzida e apresentada com elenco da comunidade de São Paulo em 2007, por iniciativa do Colégio Renascença. Fidler oifn Dach (Violinista no Telhado), de 1964, baseado em Tevie der Milchiker (Tevie, o Leiteiro), de Sholem Aleichem (1859-1916), é um texto bem mais autêntico, e teve êxito grande e duradouro desde quando estreou na Broadway. Nada
comparável à época de ouro do teatro judaico, em fins do século 19 e primeiras décadas do 20, a partir de Nova York, e ecoando pela Europa, Buenos Aires, Austrália e por aqui também. A trágica combinação de Segunda Guerra, Shoá e o declínio da língua e cultura ídiches golpearam esta intensa criatividade. A grande dramaturgia, redigida e executada na época, está quase toda esquecida, relegada a museus e bibliotecas. Mesmo roteiro, aliás, das gravações calcadas na tradição, de chazanut (música sinagogal). Poucos anos depois de Thomas Edison inventar o fonógrafo (1877) estas gravações estavam à venda em Nova York, e, assim, em todo o universo judaico. Com a Shoá e o desaparecimento do judaísmo em várias partes do mundo o mercado quase desapareceu, e hoje peças inigualáveis de Shalom Sekunda, Moshe Kossevitzky e Yossele Rosenblatt, por exemplo, são pouco acessíveis. De tempos em tempos eis que surge algum sinal de vida em Israel, Estados Unidos e Inglaterra, numa pálida imitação do passado. E o que vem ser o mikado judaico? É o exemplo, de certa forma característico, de tudo que foi dito. A expressão mikado refere-se ao imperador do Japão, que personifica o Estado. Gilbert e Sullivan foram os mais aplaudidos autores de musicais na Inglaterra do fim do século 19, e uma de suas obras primas é o Mikado, de 1886, em que a temática japonesa foi somente pretexto para uma história de amor musicada que o público adorou e chegou até os nossos dias. Os judeus, e principalmente as judias, são como outras pessoas, não resistem a um conto de amor com final feliz, mesmo japonês. Desta forma, há alguns anos, em Los Angeles, foi criada uma companhia exclusivamente feminina a Jewish Women’s Repertory Company, cujo objetivo é representar o mikado para um público exclusivamente feminino. Claro, estas representações acabaram extrapolando a visão conservadora, e o mikado convencional já foi encenado para plateias israelitas em Jerusalém, Nova York e outras cidades.
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O Purim Shpil (“jogo” ou “brincadeira de Purim”) foi um passo além, incorporando ambientes e personagens num contexto mais estruturado e formal, com roupas, enredo e música. Há registros de quinhentos anos atrás de poemas satíricos, comédias e musicais com esta característica nos centros judaicos da Europa
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magazine > memória | por Bernardo Lerer
UMA PRAÇA DA PEQUENA OSWIECIM, ALIÁS, AUSCHWITZ, POUCO ANTES DA INVASÃO NAZISTA DA POLÔNIA
Quando Auschwitz era um shtetl A HISTÓRIA DE AUSCHWITZ E DOS SEUS JUDEUS É SEMELHANTE À DE MUITAS ALDEIAS DO LESTE EUROPEU, MAS DIFERENTE PORQUE NÃO FAZIA SUPOR QUE
SE TORNARIA SINÔNIMO DE ASSASSINATO EM ESCALA INDUSTRIAL
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shpitzin, que tem origem na palavra aramaica para recepcionar os visitantes ushpizin, aliás, nome de uma tradicional prece de Sucot que dá as boas-vindas aos que chegam, era a forma como os judeus se referiam a Oswiecim, a cidade polonesa que veio a ser o local do campo de concentração nazista. Era onde de meados do século 16 até o dia 3 de setembro, dois dias depois de iniciada a invasão alemã, em 1939, vivia uma comunidade judaica e que floresceu mais intensamente a partir de 1867 quando o império dos Habsburgos garantiu liberdade religiosa aos judeus e a Galícia se tornou, de fato, uma região autônoma até a deflagração da guerra, quando os judeus eram a maioria dos quatorze mil habitantes. Localizada onde o rio Vístula se encontra com o seu afluente Sola, desde o século 13 Oswiecim era um importante mercado, conhecida por terras férteis e um castelo medieval que existe até
hoje. Havia alemães entre os antigos habitantes e daí a denominação Auschwitz que se supõe ser o nome de um dos antigos colonos. Os primeiros ashkenazim chegaram em meados do século 16, de acordo com um documento segundo o qual o nobre Jan Piotraszewski doou uma área de terreno para construir uma sinagoga e um cemitério. Em meados do século 19, a cidade estava conectada às principais ferrovias, e às vésperas da eclosão da Segunda Guerra tinha entre vinte e trinta sinagogas, ente as quais três de uma seita hassídica, e várias organizações sionistas e de ajuda mútua. Faz parte de uma exposição em Nova York, promovida recentemente pelo Centro Judaico de Auschwitz (Auschwitz Jewish Center), a foto de um encontro de cerca de cem membros do Hashomer Hatzair confraternizando lado a lado com uma festa de Purim organizada por ortodoxos. Ao longo de 1941, toda a comunidade judaica foi deportada para três campos de concentração, e 90% morreram. A maior parte da população polonesa foi removida e as áreas desabitadas ocupadas por alemães, a maioria dos quais trabalhava no complexo de campos Auschwitz-Birkenau. A exposição sugere que o relacionamento entre judeus e poloneses era pacífica e uma prova disso é uma foto em que judeus religiosos e poloneses trabalham juntos na construção de valas antitanques para impedir o avanço das tropas alemãs nas hortas seguintes à invasão da Polônia. Outra foto mostra crianças de uma mesma escola durante um passeio à Brzezinka (Birkenau) uma vila próxima à cidade, algumas das quais têm a cabeça coberta com kipá e outras, não. Apesar disso, a cidade passou por ondas antissemitas, no final da Primeira Guerra, em 1918, e na recessão econômica dos anos 1930. Setenta e sete judeus sobreviveram à guerra e voltaram para Oswiecim, mas a maioria saiu quando a vida ficou mais difícil durante o regime soviético. O último deles, o mecânico e eletricista Szymon Kluger, morreu em 2000.
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magazine > a palavra | por Nancy Rozenchan
A quem interessar, o ídiche EMBORA CAMINHE PARA A EXTINÇÃO COMO LÍNGUA FALADA,
NA INTERNET O ÍDICHE TESTEMUNHA UMA VERDADEIRA EXPLOSÃO DE BLOGS E SITES ONDE BIBLIOTECAS INTEIRAS FORAM DIGITALIZADAS E SÃO REALIZADOS CURSOS E LEITURAS
E
m maio, o Yiddish Book Center, que funciona em dois edifícios, em Amherst, Massachusetts, recebeu a Medalha Nacional por Serviços de Museu e Biblioteca, entre 120.000 outros museus e bibliotecas concorrentes, conferida pelo governo norte-americano. A proposta inicial daquele centro, desde 1980, quando foi fundado, era guardar os livros em ídiche por falta de leitores. Mas ela foi ampliada e as novas tecnologias possibilitam tornar o acervo acessível a leitores em todo o mundo, facilitar a compreensão da identidade judaica moderna e de programas educacionais com o conteúdo das coleções, e traduções de obras. O Yiddish Book Center foi criado por Aaron Lansky, seu atual presidente, interessado em preservar livros em ídiche. Formou uma rede de “coletores de livros” que conseguiu recuperar mais de um milhão de exemplares que, de outra forma, teriam sido descartados. Graças à Biblioteca Digital Ídiche de Steven Spielberg, junto ao Book Center, foram digitalizados mais de onze mil títulos que podem ser consultados gratuitamente. Além dos milhares de livros, e também de graça, o leitor do ídiche pode se fartar com blogs norte-americanos nesta língua ou referentes a ela como Idishe Velt (IVelt – mundo judaico) e Kave Shtiebel (recanto do cafezinho). Os assuntos são variados, muitas vezes tratados com humor, com personagens como reb Milk Shake e reb Ice Cream. Outros blogs também se tornaram famosos, como o de Katle Kanye, o mais citado e de autoria de um chassid, que, assim como outros, é escrito por religiosos escondidos atrás de pseudônimos. No quesito humor, há os que tratam do vocabu-
lário utilizado em ídiche e em inglês por chassidim. Não se espere de todos uma linguagem escorreita em nenhuma das duas línguas, muito ao contrário. Nestes, chama a atenção principalmente o inglês que, na fala de muitos chassidim, é praticamente uma língua traduzida do ídiche. Procurem por “Chasidish Yiddish” no Facebook. Para os interessados em algo mais denso, consultem o blog da professora Sheva Zucker, Leyenzal (sala de leitura) http://leyenzal.org/, que junta leitura de texto literário e debate. Recentemente leu-se um famoso conto de I. L. Peretz seguido de debate do qual participou gente dos Estados Unidos, Índia, França e Argentina. Qualquer um pode se inscrever. Sheva Zucker escreveu um método de ensino de ídiche, cujos dois volumes da edição brasileira são de responsabilidade de Genni Blank. E para quem já está impaciente querendo ir ao computador, vai a sugestão: uns minutos em ídiche de “To be or not to be”, de Shakespeare, com Barry Davis, em https://www.youtube.com/ watch?v=tHOyfd5vYr4. O ligeiro sotaque britânico lhe dá um charme particular.
O Yiddish Book Center foi criado por Aaron Lansky, seu atual presidente, interessado em preservar livros em ídiche. Formou uma rede de “coletores de livros” que conseguiu recuperar mais de um milhão de exemplares que, de outra forma, teriam sido descartados
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magazine > ensaio | por Paulina Ghertman *
É proibido desistir. Eu quero existir QUE SONHOS PODEMOS SONHAR PARA UM FILHO QUE É ESPECIAL? COMO COMPOR CANTIGAS DE NINAR SE NÃO AS POSSO CANTAR, SE ASSIM QUE MEU FILHO NASCEU O AFASTARAM TÃO RÁPIDO DE MIM? – Estou cansado de brincar que a vida é bela, explodiu o pai de meu filho deficiente, ao se deparar, mais uma vez, com a incansável necessidade de responder às ilimitadas demandas exigidas por uma vida sempre dependente do olhar cuidadoso, atento e amoroso. Passado o choque inicial, eu me recompus mais devagar que gostaria, perguntando por que a expectativa de me recompor imediatamente e continuar levando a vida como se nada de importante tivesse ouvido e por que tamanho choque? A partir do instante em que pela voz estridente de um fórceps errante ouvi o silêncio gritando no espaço e a partir do momento do nascimento de meu filho, cujo cérebro foi lesionado por um punhal sem dono, decidimos juntos, em meio à dor e lágrimas, inventar brincadeiras e estratégias de verdade que nos ajudassem a driblar a o caráter trágico do evento. Para isso, havia uma regra fundamental: é proibido desistir. Agora, passados quase cinquenta anos, de garra, luta, ameaças e vitórias, meu parceiro de jogo cansou e está prestes a desistir? Lembrei, então que, há alguns anos, assistira a um filme cujo título, por essas estranhas coincidências que a vida impõe, era A Vida É Bela. Também tratava da tragédia. E da não desistência. Aluguei-o para assistir novamente, mas desta vez junto com o pai do meu filho. Como sabem, o filme se passa na Itália durante a Segunda Guerra e o personagem principal e o filho, o pequeno Giosué, são enviados para um campo de concentração. O objetivo do filme é mostrar como, mesmo em momentos absolutamente inverossímeis, e aparentemente incontornáveis, esse pai consegue, com inteligência, sagacidade e, principalmente, humor se esquivar do que acontece ao redor, e enfrentar uma infindável sucessão de situações patéticas em nome da única, e quase intransponível, realidade: tentar que o filho sobreviva física e psiquicamente ao caos em que a vida se tornou. É possível que somente brincando conseguimos ficar no movimento, na ação e na invenção? E, por meio da invenção, tal-
vez possamos driblar a realidade sem nos prender nem nos submeter às patéticas condições históricas, ambientais e genéticas? Às vezes, é preciso saltar do momento, desprender-se do trem da época e procurar seriedade na brincadeira. Pois, a qualquer instante, alguém pode querer desistir. De repente, como em um velho filme conhecido, imagens familiares começaram a se suceder, uma após a outra, no grande emaranhado de memórias adormecidas. Minha vida, a vida do meu filho Sérgio, do seu irmão, do seu pai Valde, a vida dos deficientes e a dos familiares deles. Qual a sensação de uma família ao receber a notícia de que o filho, que acabou de nascer, será para sempre um deficiente, um especial? E a de um pai, ao ser informado de que poderão sequestrar seu filho recém-chegado ao campo de concentração, e mandá-lo para a câmara de gás? A partir daí, projetos, sonhos e planos também serão traçados e elaborados de forma especial. Que sonhos podemos sonhar para um filho que é especial? De quais pesadelos um pai deve escapar de modo a sonhar que o filho poderá se salvar do extermínio? Como compor cantigas de ninar se não as posso cantar, se assim que meu filho nasceu o afastaram tão rápido de mim? Eu o embalei e amei à distância e, na agonia da espera, da espera do retorno para a nossa casa, a família se uniu. Como um único corpo, nós três – o pai, o irmão e eu – nos acalentamos e, juntos, traçamos planos. Para um novo jeito de viver e compreender a vida. Nos campos, também nosso herói vai experimentando e transformando em experiências porque é, sem dúvida, necessário “sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo (...)”, porque “(...) toda a realidade é um excesso, uma violência” (Fernando Pessoa). E assim foi. É possível realizar sonhos, ainda que não em seus tempos certos. Mas o que vem a ser o tempo certo? Meu tempo interno acompanhará para sem-
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pre a cadência do tempo do Sérgio, dos Sérgios. O seu tempo será o nosso tempo, ele, o tempo, estará a nossa mercê, como nós a mercê dele. Reconheceremos, respeitaremos sua dimensão e seremos os quatro discípulos anárquicos desse tempo sem ponteiro. Este é o novo tempo dos familiares do deficiente. Cada elemento da família deverá compor-se, entrar em suave sintonia com um ritmo singular e delicado na amorosa musicalidade. Para nós acabou se tornando claro que todas as teorias a respeito das possibilidades e do potencial do deficiente eram engessadas, baseadas na dupla causa-efeito, e suas classificações estanques e endurecidas. O que fazer com o que tínhamos? Como quebrar paradigmas há tanto tempo tidos como apropriados? Seria preciso não mais aceitar as imposições de que existe a “verdade”. Era necessário observar a causa do destino no próprio destino. E afinal o que é o destino, se não, em grande parte, uma escolha diária? Decidimos, portanto, não abraçar todas as causas em prin-
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cípio supostamente perdidas. Não nos perderíamos na determinação sádica de diagnósticos blindados, lacrados. Viraríamos pelo avesso o pragmatismo centralizador das ciências médicas. Não nos conformaríamos com determinações impostas em meio a sorrisos benevolentes, como se a humanidade nos pedisse desculpas... “mas o que há de se fazer...”. Sim, há o que fazer, e muito. Iniciativas de desterritorialização do deficiente: Quero-Quero, grupo Chaverim e a importante parceria da Hebraica Nasceu assim a ideia de, na década de 1970, a gente fundar a Quero-Quero, entidade sem fins lucrativos e totalmente diferente de tudo o que existia até então. Foi um marco em matéria de inovação e mudança de perspectiva: a criança deficiente começou a ser olhada como uma pessoa inteira, com possibilidades, desejos pessoais e dignidade. Viramos tudo do avesso. Ganhamos o prêmio Abrinq, como “Modelo de Associação para Reabilitação e Educação Especial”. Viajamos muito para o exterior e trouxemos métodos, tecnologias, profissionais que contribuíram de modo a Quero-Quero se tornar referência no país. Conseguimos percorrer um longo percurso, embora muito ainda poderia e deveria ser produzido. Foi quando na figura ímpar de uma grande mulher por quem tenho imensa admiração – Ester Rosenberg Tarandach – surgiu a ideia do grupo Chaverim. Assim como foi necessário um trabalho de desmistificação do deficiente para a Quero-Quero ser reconhecida e acolhida por todos os profissionais. Foi também por meio de árduo, penoso, mas gratificante trabalho junto à comunidade, aos familiares de deficientes e, principalmente, do apoio incondicional da Hebraica que o grupo Chaverim nasceu. * Psicóloga, membro do Departamento de Psicanálise do Sedes Sapientiae, membro do Departamento de Psicanálise da Criança do Sedes Sapientiae e do Espaço Potencial Winnicotiano do Sedes Sapientiae
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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman *
Uma aventura na África SE AS TORMENTAS DO SUL DA ÁFRICA NÃO TIVESSEM ATEMORIZADO AINDA MAIS OS JÁ DESTEMIDOS NAVEGADORES PORTUGUESES BARTOLOMEU DIAS, EM 1487, E VASCO DA GAMA, EM 1497, CERTAMENTE O QUE HOJE CONHECEMOS COMO ÁFRICA DO SUL TAMBÉM TERIA SIDO UMA COLÔNIA LUSITANA
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as foram os holandeses da Companhia das Índias Orientais quem se fi xaram lá, mais de 150 anos depois, em 1652, e disputaram com a volúpia colonialista dos ingleses, a posse daquela terra que mais tarde se revelou um tesouro de minérios e pedras preciosas. Os holandeses escravizaram gente da Indonésia, Índia, Ceilão (hoje Sri Lanka), Madagascar, Filipinas e Moçambique que junto com as tribos negras autóctones e os descendentes dos colonizadores holandeses e ingleses formam a população do país. O Congresso Nacional Africano (CNA), a organização política que representava a maioria negra foi fundado em 1912 e do qual fazia parte Nelson Mandela, não conseguiu enfrentar a minoria branca de menos de 10% da população que se reuniu em torno do Partido Nacional Africâner, fundado em 1948 com base nas mesmas teorias supremacistas, discriminatórias e intolerantes que tentou erradicar da Europa durante a Segunda Guerra, pois integrava as tropas aliadas. Como só os brancos podiam votar, os africâners sempre vencem as eleições e instituíram a política do apartheid que Nelson Mandela consegue derrotar depois de 27 anos preso, dezoito dos quais na ilha prisão de Robben Island, hoje parada turística obrigatória e cujos guias são os próprios ex-presos. Bastou o apartheid acabar, em 1990, para, na eleição de 1994, o CNA vencer e continuar no poder até hoje, compartilhado com os brancos que os oprimiam. Uma linha direta do Brasil e nove horas de voo pela South African a preços módicos, leva os turistas a um país de belíssimas paisagens naturais e cidades lindas, como a Cidade do Cabo, conhecida como The Mother City, localizada entre a Table Mountain, uma das novas sete maravilhas do mundo, e a Table Bay, uma fantástica baia.
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Vista aérea da Cidade do Cabo Esta é a primeira visão que se tem ao chegar a Cape Town. Ela é a capital legislativa da África do Sul, enquanto Pretória é a capital executiva e Bloemfontein, a do poder judiciário. Fundada em 1652 por colonos holandeses da Companhia das Índias Orientais, parece pequena, mas tem quase quatro milhões de habitantes, a maioria negros (38,6%) e coloureds (42%), os brancos são apenas 15% da população. A elevação ao fundo é a Table Mountain e vê-se, em destaque o estádio onde foi realizada a Copa do Mundo de 2010
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magazine > viagem Museu Judaico O Museu Judaico da Cidade do Cabo consta do roteiro turístico turísticos da cidade e, claro, conta a história da participação dos judeus na colonização do país. De fato, havia judeus na Companhia as Índias Orientais, cartógrafos e astrônomos nas expedições portuguesas de Vasco da Gama e Bartolomeu Dias e entre os colonizadores holandeses que chegaram em 1652, embora escondessem sua verdadeira religião. De todo modo, os judeus deram início à próspera indústria de lã quando importaram 35 matrizes da ovelha Angorá e se notabilizaram na indústria diamantífera
Waterfront Um dos passeios mais conhecidos da Cidade do Cabo é este que leva o nome de Victoria e Alfred, construído em 1860, e fica em Sea Point, uma estreita faixa de terra transformada em lugar de passeio para ver e ser visto e possivelmente o ponto de maior densidade demográfica de turistas em visita ao país e que se espalham por uma área inferior a dois quilômetros quadrados. O oceano fica à frente – mas qual deles, o Atlântico ou o Índico? – e dele sopra uma brisa agradável. Menos, é claro, nos dias de tempestade, anunciada com antecedência
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Tambores da África O apartheid existiu de 1948-1994, correspondendo ao tempo em que o Partido Nacional, dominado pelos brancos que eram a esmagadora minoria, controlou a África do Sul. O fim do apartheid também decretou o fim do embargo internacional e, desta maneira, o turismo floresceu e tudo é motivo para mostrar suas características e curiosidades como, por exemplo, a variedade de tambores que fazem parte da cultura musical. É os visitantes são estimulados a aprender os primeiros toques
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Vinhos da África A produção de vinhos na África do Sul começou quase ao mesmo tempo do início da colonização, em 1659, em Constantia, bem próximo de Cape Town, e considerado um dos maiores vinhedos do mundo. Os holandeses logo perceberam as boas condições climáticas que os entendidos chamam de Mediterrânea, entre os oceanos Índico e Atlântico, de sol intenso, quente e seco. Depois do apartheidos vinhos ganharam o mundo, mas quem visita uma das sessenta apellationsde WO (vinho de origem) é convidado a degustar um bem servido cálice de vinho, a escolher, com chocolate
Robben Island Nelson Mandela fez da ilha prisão de Robben Island, onde ficou encarcerado dezoito dos 27 anos da sua condenação, um dos mais importantes pontos turísticos do país e, pela importância política que teve, não deverá ser fechado à visitação pública como a tristemente famosa Alcatraz, em São Francisco, nos Estados Unidos. Em Robben, os guias são ex-detentos, e os mais conhecidos – e procurados – pelos turistas, são aqueles que podem documentar, por meio de fotografias, sua proximidade com o mais ilustre deles, Nelson Mandela
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magazine > viagem
A prisão vê a cidade Ilhas-prisão não são privilégio da África do Sul. Aqui no Brasil mesmo havia duas: Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro onde ficaram presos os inimigos da ditadura do Estado Novo, e Ilha Anchieta, no litoral norte de São Paulo. Mas Robben se tornou notável porque era um dos símbolos da política segregacionista daquele país e onde Mandela esteve preso. Por esta foto, se olha para a Cidade do Cabo como a demonstrar a impossibilidade de fugir dela e, por isso, o líder africano decidiu lutar a partir dela. E venceu
Cabo da Boa Esperança A foto é da extremidade exata do Cabo da Boa Esperança, ao sul de Cape Town, celebrado em prosa e verso e referência das histórias e aventuras de navegação dos séculos 15 e 16, que aumentaram o tamanho do mundo conhecido em direção ao Oriente. As pessoas da foto são os coloureds, mais que mulatos menos que negros, mistura de indonésios, filipinos, do Sri Lanka (antigo Ceilão), de Madagascar, etc. e que constituem 8,9% da população do país. Eles resultaram da mistura de populações trazidas principalmente das ilhas da Indonésia e da Índia. Os da India não se misturaram, não são coloured, e continuam indianos
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Mistura étnica Outra atração turística é a reconstituição de vilarejos típicos das várias etnias que formam a nação sul-africana com as características próprias de cada uma das nove tribos que se espalham pelo país. Lá é possível ouvir o africâner – mistura de inglês e holandês com algumas expressões africanas – o inglês que, como o africâner, se impôs como língua oficial e as das nove tribos. É uma visita que dura horas, pois todos ficam curiosos em saber como vivem as famílias nestas casas, lindas, aliás Vai, vai balão Um dos passeios mais requisitados é o que permite conhecer parte do país do alto, a bordo de balões que percorrem principalmente a rota dos safáris fotográficos, é claro. Desta forma, é possível ver, com um bom equipamento, a variedade de animais que desfilam na frente dos turistas em veículos especialmente adaptados
* Flávio Bitelman viajou a convite da www.pacificworld.com,empresa especializada em viagens de incentivos,e South African Airways
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leituras magazine
por Bernardo Lerer O Outono da Idade Média Johan Huizinga | Cosacnaify | 605 pp. | R$ 162,00
Esta obra foi publicada originalmente em 1919. Johan (1872-1945) foi um dos maiores historiadores do seu tempo e autor de edições revistas e ampliadas deste mesmo livro que é um marco na historiografia, também porque realça a verdadeira importância do chamado medievo, muito além de um simples intervalo de transição, longo e letárgico, entre a Antiguidade e o Renascimento. O mérito está no fato de o ter escrito a partir das pessoas que viveram o período, o que explica o subtítulo “Formas de Vida e de Pensamento dos Séculos 14 e 15 na França e Países Baixos”. Este livro inspirou a famosa A História da Vida Privada, em cinco volumes, de Jacques Duby e Phillipe Ariés.
A Idade Média e o Dinheiro Jacques Le Goff | Editora Civilização Brasileira | 270 pp. | R$ 29,90
E por falar em Idade Média, um dos maiores medievalistas, Le Goff, morto em abril, faz este ensaio de antropologia histórica, principalmente o contexto econômico e religioso do uso do dinheiro. Ele mostra a condenação da avareza – um pecado capital –, o elogio da caridade (generosidade) e a perspectiva da salvação, essencial para os homens e mulheres da Idade Média, a exaltação dos pobres e da pobreza como um ideal encarnado por Jesus.
1964 Jorge Ferreira e Ângela de Castro Gomes | Editora Civilização Brasileira | 420 pp. | R$ 40,00
Os dois autores caminham na contramão da historiografia seguindo a qual o golpe era inevitável, Jorge e Ângela usam uma narrativa clara e direta, mas sem perder o rigor científico, para reconstituir o período do governo Goulart (1961-1964) com o auxílio de pequenos boxes de notícias de jornal e depoimentos de personagens da época, para mostrar que o golpe era, sim, evitável, de modo a provar que não havia um “desfecho” traçado para o Brasil, e ressalta que foi um golpe civil cujo êxito foi garantido pelos militares.
1964 – O Golpe Flávio Tavares | L & PM Editora | 320 pp. | R$ 44,90
Flávio é, ao mesmo tempo, autor e personagem, pois foi o último jornalista a estar com Jango no Palácio do Planalto e, desta forma, acompanhou a agonia de um presidente em fuga. Depois foi preso, torturado e libertado em troca do embaixador norte-americano sequestrado em 1969. Além de contar o que viu e viveu, Flávio dedicou-se a pesquisar os arquivos norte-americanos liberados ao público e mostram como o golpe foi gestado durante dois anos e meio nos Estados Unidos.
Ditadura: O que Resta da Transição Milton Pinheiro (org.) | Boitempo Editorial | 372 pp. | R$ 43,00
Este livro faz parte da coleção “Estado de Sítio”, marcadamente de esquerda, e trata de temas relacionados à ditadura pouco ou nada explorados pelos lançamentos que marcaram os cinquenta anos do golpe civil-militar de 1964, como, por exemplo, a economia da ditadura e da transição, a natureza de classe do Estado brasileiro, os trabalhadores do campo, a luta pela terra e o regime civil-militar, a Aliança Democrática e a transição política no Brasil, a natureza de classe do Estado brasileiro e outros artigos.
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Sem Lugar para se Esconder Glenn Greenwald | Editora Primeira Pessoa | 285 pp. | R$ 30,50
O ex-advogado e jornalista Glenn Greenwald, até outro dia correspondente no Brasil do jornal The Guardian, conta como foi escolhido por Edward Snowden como o receptor dos dados confidenciais que o ex-prestador de serviços da NSA norte-americana subtraiu à agência norte-americana e assim se transformou possivelmente no mais célebre delator dos tempos modernos. Além disso, Glenn debate o papel dos meios de comunicação no jornalismo atual, alinhando-se aos interesses dos governos em prejuízo dos cidadãos.
Freud e a Cocaina David Cohen | Editora Record | 361 pp. | R$ 41,90
Antes de colocar os pacientes no divã, Freud pesquisou os usos medicinais da cocaína, que na época, até se conhecer os efeitos nocivos, era uma panaceia recomendada para secreções gástricas e ninfomania feminina. Ele encomendou o primeiro grama, para seu uso e ver os resultados, mas deu tudo errado. Freud negligenciou os perigos, um dos pacientes morreu, mas consumiu a droga por quinze anos. Ele destruiu as cartas a respeito do tema, mas os artigos estão intactos.
A Dama Dourada Anne-Marie O’Connor | José Olympio Editora | 474 pp. | R$ 41,60
Quem gostou de A Lebre com Olhos de Âmbar, de Edmund de Waal, vai gostar deste que, ao contar a história de Adele Bloch-Bauer, retratada três vezes por Gustav Klimt, de quem provavelmente se tornou amante, acaba por denunciar o antissemitismo que grassou em Viena no entreguerras, matou 65.000 judeus austríacos e opôs governos de vários países até 2006 quando, enfim, a Áustria devolveu os quadros. O retrato de Adele, pelo qual se pagou US$ 135 milhões, está na Neue Gallery, esquina da rua 86 com a Quinta Avenida.
O Réu e o Rei Paulo César Araújo | Companhia das Letras | 528 pp. | R$ 45,00
Em silêncio, o autor produziu este livro contando a luta judicial e a batalha parlamentar para livrar os biógrafos do jugo dos biografados e das respectivas famílias que só permitem terem as suas vidas públicas reveladas mediante censura prévia. O “Rei” é Roberto Carlos e o “Réu”, o autor, que fez o sultão do iê-iê-iê revelar para a sociedade brasileira como é retrógrado. Paulo César esperou dezesseis anos por uma entrevista com o cantor e escreveu Roberto Carlos em Detalhes a partir de quase duzentas conversas com pessoas próximas de Roberto.
Livros em Chamas Lucien X. Polastron | José Olympio Editora | 419 pp. | R$ 55,00
O autor é um historiador francês especialista nas histórias do livro, da escrita e das bibliotecas e, portanto, à vontade para contar como muitas bibliotecas foram destruídas, voluntária ou involuntariamente e, ao mesmo tempo, sugere uma reflexão a respeito das novas condições de armazenamento da memória humana na cultura digital e que também poderão contribuir para aumentar essa destruição.
Graffiti Moon Cath Crowley | Valentina | 240 pp. | R$ 29,90
A autora se tornou uma das mais premiadas da Austrália com esse livro que revela as sensações e sentimentos de dois grafiteiros, Sombra e Poeta, que vivem escondidos com medo da polícia e fazem do grafite, em meio aos perigos da noite para expor sua arte nos muros, a expressão mais precisa de suas visões do mundo. O livro retrata as 24 horas de vida dos adolescentes e os encontros com colegas durante os quais discutem e procuram caminhos para um futuro comum.
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magazine > curiosidade | por Benjamin Ivry *
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NESTA FOTO É POSSÍVEL VER DUAS PONTAS DA ESTRELA DE DAVID SOB A CAMISA DO FANTÁSTICO JAZZISTA
As raízes judaicas de Satchmo LOUIS ARMSTRONG, O PIONEIRO DO JAZZ, ASSIMILOU LIÇÕES DO JUDAÍSMO E AS EXPRESSOU POR MEIO DA MÚSICA E DA ESCRITA DURANTE A LONGA CARREIRA, COMO MOSTRA UM LIVRO RECÉM-PUBLICADO
livro Louis Armstrong, Master of Modernism (“Louis Armstrong, Mestre do Modernismo”, de Thomas Brothers, 608 pp., US$ 39,95) é uma homenagem a um trompetista e cantor insuperável que apreciava a idishkait. Nascido em 1901, Armstrong tocou e gravou quase até a morte, em 1971, e sempre foi grato ao respeito, incentivo e carinho que, ainda menino, recebeu dos Karnofsky, uma família judia da Lituânia, em Nova Orleans, sua cidade natal. Mais tarde – e por décadas – ele se tornou dependente do seu empresário Joe Glaser, judeu que tinha relações com a máfia. E, no final da vida, ele agradecia aos médicos judeus que prolongaram a sua carreira. Em casa, a matzá era sua guloseima favorita e usava uma estrela de David, e veste ponto os relatos divergem sobre se ela lhe foi dada pelos Karnofskys ou por Glaser. O fotógrafo de jazz Herb Snitzer, que, em 1960, fotografou Armstrong em um ônibus com a estrela de David bastante visível, comentou: “Ele usou a Estrela a vida toda”. Thomas Brothers é musicólogo da Universidade de Duke e revela detalhes a respeito de Armstrong, que se abria acerca do abuso de maconha, laxantes e casos extraconjugais. O livro conta os defeitos de Armstrong e não esconde, por exemplo, que no início da carreira era muito próximo de Al Capone. Brothers já havia escrito textos sobre Armstrong, entre eles, Louis Armstrong + the Jewish Family in New Orleans, La., the Year of 1907 (“Louis Armstrong + a família judia em Nova Orleans , Louisiana, o ano de 1907”), escrito quando Satchmo estava internado no Beth Israel Hospital, em 1969, e faz referência ao empresário Glaser, “o melhor amigo/que eu já tive/que o Senhor o abençoe/e o guarde sempre”, de “seu filho + discípulo que o amava profundamente.” Louis Armstrong também elogia o médico Gary Zucker, do Beth Israel: “meu médico – ele salvou a minha vida no Beth Israel Hospital, NY. O dr. Zucker me tirou dos cuidados intensivos. Duas vezes.)”
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O dr. Zucker inspirou Armstrong ao cantar uma canção judia russa de ninar que o músico ouvira, décadas antes, na família Karnofsky, e que o levou a fazer veementes declarações de amor ao povo judeu e desapontamento porque a comunidade afro-americana não apoiava causas judaicas: “Eu tinha uma admiração antiga pelo povo judeu. Especialmente por sua coragem de longa data, recebendo tanto abuso por tanto tempo. Eu tinha apenas 7 anos, mas podia ver facilmente o tratamento afrontoso que os brancos davam à pobre família judia para quem eu trabalhava. Isso me ocorreu de repente. Mesmo a ‘minha raça’, os negros, a meu ver, tinha uma chance um pouco melhor do que a do povo judeu, com uma abundância de empregos ao redor... Para mim, estávamos melhor do que o povo judeu. Mas não fizemos nada a respeito. Éramos preguiçosos e ainda somos”. Compassivo para com a pobreza e outras formas de sofrimento e identificado com a luta afro-americana contra a opressão, Armstrong usou a coragem e a determinação judaicas diante da opressão como um exemplo para inspirar os afro-americanos. Um grande músico e ao mesmo tempo um produto da herança afro-americana e influenciado pela tradição judaica, Armstrong usou a música como plataforma para expressar o amor difícil por sua comunidade. Ao longo dos anos, Armstrong cantou canções celebrando a determinação judaica, como a música Shadrach, dos anos 1930, que cantou em 1951 no filme The Strip, de Mickey Rooney, e no álbum Louis and the Good Book, de 1958. A canção trata da história do Livro de Daniel, segundo a qual três israelitas se recusam a orar aos ídolos da Babilônia: “Mas os filhos de Israel não se curvaram... Você não pode me enganar com o seu ídolo de ouro”, Armstrong resmungou com corajosa alegria. Armstrong sugeria ainda mais didatismo do Antigo Testamento em outras canções do álbum Good Book, incluindo Ezekiel Saw the Wheel, Jonah and the Whale e Cain and Abel que proclama: “Não lamente, fique contente,/não se ressinta com o que o Senhor enviou,/E você vai descobrir que está destinado a se dar relativamente bem”. Embora escritas por outros, Armstrong deu a essas canções uma visão própria. Assim, na canção sacra afro-americana do sul dos Estados Unidos Go Down, Moses, por exemplo, ele deu a entender que cantando “quando Israel estava na terra do Egito”, estava se referindo tanto à história dos judeus como à intolerância contra os afro-americanos na atualidade. Décadas antes, Armstrong aparecera em I’ll Be Glad When You’re Dead, You Rascal You (Vou Ficar Feliz quando Você Estiver Morto, seu Tratante), comédia curta de 1932 do diretor judeu nova-iorquino Dave Fleischer. Estrelado por Betty Boop, o filme apresenta a cabeça sem corpo de Armstrong perseguindo dois personagens animados (Koko, o Palhaço, e Bimbo); em um momento-chave da perseguição, um velocímetro ligado à cauda de Koko registra “kasher” em letras hebraicas. Provavelmente essa piada foi uma ideia de Fleischer; mesmo assim, as ideias de Armstrong justaposta às letras hebraicas sugere a fu-
são da cultura negra e judaica que Armstrong encarnava. Mesmo antes de 1932, Armstrong deixou a marca pelo modo como tocava o trompete e apresentava as encantadoras vocalizações que ele ajudou a popularizar como um idioma jazz, embora não fosse o inventor disso. Como praticado por Armstrong, as sílabas que não representavam palavras libertaram o cantor da disciplina de texto decorado e permitia a improvisação exuberante, lembrando a tradição de nigunim na música judaica. Embora as melodias nigun possam ser tristes, assim como enlevadas, o canto improvisado de Armstrong era quase exclusivamente alegre e triunfante, autoconsciente da própria comédia. O possível paralelo do improviso nigun era visto como uma conexão literal pela amiga de Armstrong e publicitária Phoebe Jacobs (nascida Pincus, 19182012). Na biografia Louis Armstrong: An Extravagant Life (“Louis Armstrong: uma Vida Extravagante”) de 1997, Laurence Bergreen conta ter ouvido Armstrong dizer a Cab Calloway que seu estilo de vocalização veio do “balanço dos judeus [pelo qual] ele quis dizer reza”. Jacobs acrescentou: “Louis nunca conversou sobre isso em público, pois temia que pessoas dissessem que ele estava ridicularizando a oração dos judeus, o que nunca foi a sua intenção”. Se Armstrong fez esta declaração seriamente ou não a Calloway é discutível, mas a observação afirma ainda a centralidade da cultura judaica no mundo de Armstrong. Das gravações particulares de Satchmo restou um rolo com apresentações do pianista de jazz negro Art Tatum, e uma de Eddie Cantor, nascido Edward Israel Iskowitz, em 1892. Cantor interpreta Over Somebody Else’s Shoulder, uma ode à infidelidade sexual em que admite ter se apaixonado por uma garota enquanto dançava com outra. Incluindo admiravelmente Cantor ao lado de Tatum, o que poucos historiadores de jazz fariam, Armstrong mostrou espírito aberto típico em relação à música. * Benjamin Ivry é colaborador da Forward
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Compassivo para com a pobreza e outras formas de sofrimento e identificado com a luta afroamericana contra a opressão, Armstrong usou a coragem e a determinação judaicas diante da opressão como um exemplo para inspirar os afroamericanos
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músicas magazine
por Bernardo Lerer
Dorival Caymmi 100 Anos EMI | R$ 21,90
Uma justa homenagem ao fantástico Caymmi em dois cd’s com 28 das suas composições interpretadas por ele, filhos, com Clara Nunes, com o Quartet em Cy, com João Nogueira e outras, cantadas por Dick Farney, o notável Trio Irakitan e, imaginem só, Dora, na voz de Ary Barroso, autor de Aquarela do Brasil. Esta seleção revela a capacidade de composição de Caymmi que começou a gravar nos idos de 1930 em estúdios do Rio de Janeiro e foi um dos que mais incentivou Carmem Miranda.
Greatest Hits Bruce Springsteen | Columbia | R$ 68,90
Em um dvd com a gravação de um show de Roy Orbinson, no início dos anos 1980, lá está Springsteen tocando guitarra com muita maestria mas parecendo deslumbrado por estar na companhia de feras do rock naquele momento como coadjuvantes de Orbinson, morto prematuramente. De todo modo, Bruce é um grande intérprete de suas excepcionais composições uma as quais é Streets of Philadelphia, que abre o filme Filadélfia.
Café Cubano Putumayo World Music | R$ 32,90
Os cafés de Cuba sempre foram o ponto de encontro preferido por quem aprecia música descontraída, o prazer de um cortado, o café expresso de lá, ou um mojito com rum. É nos cafés de Havana que se pode ouvir e aplaudir, mas com discrição, as guajiras, sones, boleros e guarachas interpretados por pequenos grupos de músicos amadores. Enquanto a noite avança pedem às pessoas para afastar mesas e cadeiras e improvisar um salão de baile. É o que se ouve neste cd.
Tango Fusion Music Brokers | R$ 45,90
Tudo o que você queria ouvir de tango e precisava de um álbum para juntar as composições mais expressivas deste gênero musical que conquistou o mundo, principalmente no período do entreguerras e de que o Brasil não escapou. São 42 faixas divididas em três cd’s de quatorze músicas cada um, o primeiro dos quais trata dos mais conhecidos como Mi Buenos Aires Querido, com o próprio Carlos Gardel e Adios Nonino, de Astor Piazzola.
Carinhoso Dilermando Reis | Warner Music | R$ 11,90
Um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos, Dilermando (1916-1977) foi violonista, compositor e professor de violão. Uma das suas alunas era filha do presidente Juscelino Kubitschek. O cd tem quatorze faixas, todas elas verdadeiras obras-primas como Carinhoso, Abismo de Rosas, Na Baixa do Sapateiro, Apanhei-te Cavaquinho, Rapaziada do Brás, Rosa, Fascinação e Aranjuez, Mon Amour, entre outras. É bom ouvir música bem executada nestes tempos em que se enaltecem apenas os bonés e as joias dos cantores.
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Attila Giuseppe Verdi | Decca | The Opera Company | R$ 115,90
Esta ópera em três atos foi encenada a primeira vez no lendário teatro La Fenice, em Veneza, baseia-se na peça Átila, Rei dos Hunos, de Zacharias Werner, e não fazia parte dos projetos operísticos de Verdi que acabou se rendendo aos argumentos de um dos libretistas para compor a ópera que apontava as virtudes pedagógicas do texto para a educação política do povo e os apelos patrióticos do enredo, algo muito caro a Giuseppe Verdi, um dos que mais lutaram pela unificação italiana.
Orphée et Eurydice Christoph Willibald Gluck | Decca | R$ 189,90
Esta gravação é da apresentação da ópera no Teatro Real de Madri e os jornais espanhóis se derramaram em elogios a Juan Diego Flórez, que faz o papel de Orfeu, assinalando “o imaculado fraseado e a prodigiosa beleza da tonalidade e da linha vocal”. Juan Diego tem o timbre de tenor agudo, ideal para substituir a voz do castrato para quem Christoph Willibald Gluck (1714-1787) que teve entre seus alunos Maria Antonieta, originalmente escrevera.
I Lombardi Giuseppe Verdi | Decca | The Opera Company | R$ 115,90
Esta é uma gravação original de 1972, o que explica a presença de Ruggero Raimondi e a voz ainda jovem de Plácido Domingo. Trata-se de uma ópera em quatro atos, baseado em um poema épico de Tommaso Grossi com o nome original de “Os Lombardos da Primeira Cruzada” em que uma família fictícia se envolve com as cruzadas. Estreou em Milão em 1843 e parte do libreto foi revisado para ser apresentado em Paris com o título Jerusalém.
American Masterpieces Sony Music | R$ 76,90
Três famosas orquestras americanas – Cleveland Pops, Philadelphia e New York Philarmonic - com três importantes maestros – Louis Lane, Eugene Ormandy e Andre Kostelanetz – interpretam clássicos de compositores americanos como Leonard Bernstein, Samuel Barber, George Gershwin, Richard Rodgers, Aaron Copland, e outros com músicas de concerto e outras compostas especialmente para trilhas de cinema.
The Mozart Album Danielle de Niese | Decca | R$ 79,90
Desde que cantou pela primeira vez no Metropolitan, aos 19 anos, interpretando um dos papéis de As Bodas de Figaro, e foi aplaudidíssima, a soprano Danielle decidiu se especializar na obra de Mozart, seja em árias de ópera e de concerto, peças sacras e duetos, como em “Là ci darem la mano”, da ópera Don Giovanni em que canta com um baixo-barítono.
Van Gogh – Music of His Time Naxos | R$ 16,90
O selo Naxos especializou-se em vender música de boa qualidade a preços baixos. Desta forma, é a segunda maior vendedora de discos clássicos do mundo e um dos maiores distribuidores independentes. Este cd reúne peças de compositores contemporâneos de Van Gogh e procura dar uma espécie de perspectiva musical ao mundo solitário e atribulado que terminou em loucura e suicídio.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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magazine > urbanismo | por Bernardo Lerer
O ilustre vizinho da Hebraica
DA PORTARIA DA HEBRAICA NA RUA HUNGRIA, QUEM OLHA À DIREITA, EM DIREÇÃO À PONTE EUZÉBIO MATOSO VERÁ, LOGO DEPOIS DELA, UM EDIFÍCIO ERGUIDO EM POUCO MAIS DE DOIS ANOS, NUMA QUADRA ONDE ANTES HAVIA PEQUENO COMÉRCIO E ALGUMAS RESIDÊNCIAS
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edifício de dezoito andares abriga empresas que compõem a Organização Odebrecht, multinacional brasileira, que autua em 23 países. A Odebrecht foi fundada em 1944, é líder em engenharia e construção, química e petroquímica na América Latina, e também atua em bioenergia, engenharia ambiental, defesa, imobiliário, óleo e gás, naval, transporte e logística. Na Organização trabalham mais de 180 mil profi ssionais de setenta nacionalidades e exporta produtos e serviços para mais de setenta países. Se a Hebraica não pertence física e geograficamente ao bairro do Butantã que, afinal, “fica do lado de lá do rio Pinheiros”, é inegável que, de alguma forma, bairro e clube se influenciem mutuamente. “Nós vemos vocês e vocês nos vêm, mesmo que separados pelo rio”, diz Carla Barreto, baiana há quinze anos em São Paulo, diretora da Odebrecht Properties, a proprietária do edifício, e mentora do livro Butantã – um Bairro em Movimento. É uma espécie de livro de arte, impresso em vitopaper, material sintético produzido de plásticos reciclados pós-consumo, mais uma forma de demonstrar o caráter sustentável do edifício, cuja face voltada para a Marginal Pinheiros ostenta a maior parede vegetal do país, uma área verde de 1.600 metros quadrados. Ela confiou a realização do livro aos psicanalistas Jorge Broide e
Emília Broide, pesquisadores das coisas da cidade, que se valeram do método conhecido como “Escuta Territorial” (ver box), e que tinham por tarefa mostrar que aquele edifício e as 1.500 pessoas que nele trabalham vieram para se integrar à paisagem do bairro. Isso explica porque o livro, de 170 páginas, ricamente ilustrado com mapas e fotos que contam a biografia do bairro desde o século 17, registra seus marcos mais importantes como o Instituto Butantã e a Cidade Universitária e os depoimentos de pessoas que são uma espécie de referência do bairro. “De repente, surge um edifício como este e um possível espanto é substituído pela nossa disposição de mostrar que pertencemos ao bairro e dele queremos fazer parte, agora e no futuro”, afirma Carla. O subtítulo do livro é “memória – vida – transformação” e nas páginas finais o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, um dos mais ilustres ex-moradores do Butantã, escreve que “a razão fundamental das cidades é o conjunto dos serviços e ela precisa se organizar de forma solidária para isso. Se pensarmos no futuro do Butantã, nos frutos que dará, creio que tudo lá vai frutificar como um lugar estratégico. O desejo maior é que isso tudo deixe de ser problema para ser horizonte de projetos para a nossa vida florescer”. E a Hebraica certamente, de um modo ou de outro, faz parte destes projetos.
O que é a escuta territorial? Para realizar a pesquisa que resultou no livro Butantã: Vida e Transformação, trabalhamos com uma equipe interdisciplinar composta por dois psicanalistas, três psicólogos, uma geógrafa, uma jornalista e um historiador. A escuta territorial é um método de pesquisa no território que inclui entrevistas individuais e grupais, nas ruas, comércios, residências, espaços culturais, entre outros, e engloba a compreensão do cotidiano local e das diferentes manifestações sociais que ocorrem. Implica entender como vivem, moram e trabalham as pessoas que circulam em um dado espaço geográfico. Esse conhecimento articula-se à escuta psicanalítica que abre espaço para uma reflexão a respeito da vida do sujeito, o que inclui sua história, visão de presente e futuro e laços mais profundos com a comunidade. Portanto, a pluralidade do universo social entra em cena em cada entrevista realizada com pessoas que transitam no espaço público e privado, de modo a que a história do sujeito passa a fazer parte da narrativa do território. (Jorge e Emília Broide)
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parceiros hebraica > mais novidades com nossos parceiros
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www.glorinhacohen.com.br
Siga o site da Glorinha É jornalista profissional e por mais de 25 anos trabalhou na imprensa judaica assinando páginas sociais para a Revista da Hebraica e para os jornais Resenha e Semana Judaica, tendo sido editora do Suplemento Social Espe-
cial da Tribuna Judaica, que circulou até agosto de 2003. Atualmente assina uma página na revista Shalom e coordena seu site pessoal, que tras dicas e notícias sobre a comunidade.
APRESENTADO POR MARKUS ELMAN Confira a programação: www.lehaim.etc.br
A COMUNIDADE EM SP O programa LeHaim é um registro dos eventos sociais e comemorativos da movimentada comunidade judaica de São Paulo. Com uma linguagem moderna, ganhou outras características, divul-
O programa oferece um show de variedades com musicais, reportagens, entrevistas, documentários e comentários em vídeo conferência diretamente de Israel, relacionados com a comunidade judaica e com o povo judeu.
gando os atos e eventos de caráter social e benemérito promovidos pelas entidades que reúnem os membros da sociedade judaica e criando projetos para resgatar a memória da comunidade.
Mosaico na TV conta com uma audiência de aproximadamente 250.000 telespectadores sendo que cerca de 2/3 dessa audiência não pertencem à comunidade judaica.
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O programa tem como proposta cultivar e divulgar as tradições judaicas, não só para os judeus , mas também para o telespectador em geral, que tem interesse em conhecer outras culturas.
Revista Shalom
Shalom Brasil é produzido pela Tama Vídeo , uma produtora e prestadora de serviços de São Paulo, tendo como diretor, o jornalista Marcel Hollender, que atua no mercado há mais de vinte anos.
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diretoria > copa do mundo
Sócios que torcem unidos DURANTE OS JOGOS DA PRIMEIRA FASE DA COPA DO MUNDO, A PRAÇA CARMEL FOI O PONTO DE ENCONTRO DE TORCEDORES DE IDADES, PROFISSÕES E ATÉ MESMO DE PAÍSES DIFERENTES. O EVENTO FOI ORGANIZADO PELA VICE-PRESIDÊNCIA DE JUVENTUDE
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ale plagiar a Hagadá de Pessach: no que a Copa do Mundo 2014 é diferente das edições anteriores? Até o torcedor mais alienado sabe a resposta. Foi realizada no Brasil, o que permitiu a uma grande parcela dos torcedores assistir às partidas nos estádios brasileiros, sem viajar ao exterior. Nem por isso, no entanto, diminuiu a procura por lugares na Praça Carmel, onde foram instalados dois telões, muitas cadeiras e uma arquibancada. Alguns sócios ficaram na expectativa dos preparativos da vice-presidência de Juventude para a Copa e só então decidiram onde torceriam para o Brasil. Para outros, foi uma forma de encontrar amigos, mas a grande maioria evitou o trânsito da cidade após apanhar os filhos na escola ou no judô. O fato é que a plateia variou de alguns poucos fãs de futebol à lotação total, dependendo de quem estava em campo. Na primeira fase, as partidas mais animadas foram aquelas contra os adversários do Brasil, a saber, Croácia, Camarões e México. Nesses jogos, a maioria usava uma ou todas as peças de roupas em verde e amarelo. Na manhã do dia da partida do Brasil contra o México, os alunos da Escola Alef trocaram o azul e branco do uniforme pelas cores principais da seleção brasileira e durante os noventa minutos do jogo, a expectativa de um gol prendeu a atenção dos professores da Escola de Esportes, alunas de balé, atletas da ginástica artística, todos sentados lado a lado diante do telão. O empate de zero a zero apressou a dispersão depois do jogo, mas nas despedidas ouvia-se a pergunta. “Vem amanhã ver a Espanha?” A Copa do Mundo no Brasil ensejou eventos inéditos no clube como, por exemplo, a distribuição do álbum “Muito Mais do que Bolas Rolando...”, idealizado por Ana Iosif com informações e fotos dos países participantes e das respectivas comunidades judaicas. Também serviu de inspiração à Juventude, que convidou o artista plástico João Monteiro a realizar a exposição “Deus e Semideuses do Futebol”, na Praça Jerusalém, com sete esculturas que reproduzem movimentos de atletas ao dominar a bola. (M. B.)
TORCIDA PELO BRASIL LOTOU A PRAÇA CARMEL NO JOGO CONTRA O MÉXICO
Judeus fanáticos por futebol A Copa do Mundo no Brasil inspirou um grupo de argentinos a organizar o projeto “Judeus Fanáticos por Futebol” (JFF). Mariano Schless, Daniel Becker e Max Klein acompanharam na Praça Carmel a partida Espanha versus Chile. A JFF mantém uma página na rede social Facebook e, por meio dela, foram montados eventos previstos para acontecer em diferentes cidades brasileiras para integrar judeus de todas as origens que estejam no Brasil em razão da Copa do Mundo. São encontros esportivos e religiosos, como o Kabalat Shabat na sinagoga Beth-El. No Rio de Janeiro foi promovida uma “pelada” de quase cinquenta pessoas na praia. Os poucos inscritos inviabilizaram uma pelada depois da partida da Espanha contra o Chile. Houve atividade esportiva em Porto Alegre. Em São Paulo foram recebidos pelo diretor superintendente Gaby Milevsky.
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HEBRAICA
OS DEUSES E SEMIDEUSES DO FUTEBOL NA PRAÇA JERUSALÉM
Segundo Mariano, a iniciativa está ligada a outro projeto voltado para a recepção e orientação dos visitantes na capital argentina o “Turismo Judaico em Buenos Aires”. Basta acessar a página turismo judaico.com para ter informações como e onde fazer uma refeição kasher, horários dos serviços de Shabat ou endereços das instituições comunitárias. “É uma forma de acolher, algo que vocês, brasileiros, sabem fazer tão bem. Esta foi a primeira visita à Hebraica e estamos maravilhados com as instalações e com as atividades do clube”, elogiou Mariano.
ARGENTINOS PROMOVERAM EVENTOS PARA INTEGRAÇÃO DOS TORCEDORES JUDEUS VINDOS DO EXTERIOR
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diretoria > memória
Moise Yacoub Safra z’l (1935-2014) MOISE SAFRA MORREU SÁBADO, 14 DE JUNHO, VÍTIMA DE COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO MAL DE PARKINSON. DURANTE DÉCADAS, ELE FOI UM DOS MAIS IMPORTANTES BENFEITORES DA COMUNIDADE JUDAICA E INCENTIVADOR DA CULTURA
P
or onde quer que se ande em São Paulo, Israel, e muitas cidades do mundo, existe alguma placa com o nome de Moise Safra e famí-
lia, espécie de documento confi rmando que a existência daquele local, geralmente hospital, escola, museu, parque, praça, sala teatral, creche, sinagoga,
cemitério israelita, etc., teve o dedo e a ajuda fi nanceira dele. É bem provável que isto se deva ao cumprimento de mitzvot (“obrigações”) a que todo bom judeu se entrega ao longo da vida. Moise morreu sábado, 14 de junho, de complicações decorrentes do mal de Parkinson. Foi enterrado domingo no Cemitério do Butantã e as cerimônias religiosas realizadas na sinagoga Beth Yaacov, um verdadeiro monumento da arquitetura sinagogal, no bairro de Higienópolis. O necrológio de Moise divulgado pelos principais meios de comunicação do país foram breves e discretos, como discreta e reservada era a vida dele e dos outros irmãos, Joseph e Edmond, o mais velho, morto em 1999. O de Moise tratou principalmente do tamanho da sua fortuna, estimada em US$ 2,2 bilhões, e a sua colocação na lista do Forbes, índice que, de uns anos para cá, transformou se em régua para medir a importância de um nome como se a passagem dele pela vida não contasse. Mas se soubessem que safra, é amarelo ou ouro, em árabe, teriam incluído no texto com a ressalva de que tem tudo a ver. Ele e os irmãos eram trinetos de banqueiros que viviam no Líbano desde os primeiros anos do século 19 e fizeram fortuna e negócios com as caravanas que cruzavam o Oriente Médio desde Istambul, na Turquia, até Alexandria, no Egito, passando por Alepo, na Síria, Beirute e Palestina, toda uma região dominada pelo Império Otomano, até sua derrocada, em 1922, como consequência da Primeira Guerra Mundial. Eles desembarcaram Brasil em 1952 da mesma forma que centenas de famílias judias fixadas há séculos nos países fronteiriços com Israel para escapar à onda nacionalista e antissemita que se espalhou pela região nos anos seguintes à criação do Estado judeu. Edmond e o pai Jacob abriram uma casa bancária em São Paulo à qual depois se juntaram os irmãos Moise e Joseph e iniciaram uma exitosa caminhada empresarial cuja face mais conhecida era a filantropia, visível para onde se voltam os olhos em muitos lugares do mundo. Como a Hebraica.
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REPERCUSSÃO “A participação da família Safra na história da Hebraica é uma constante, jamais faltando sua colaboração nos momentos em que nossa instituição recorreu a pessoas interessadas no bem da nossa comunidade. Membro exponencial, Moise Safra, deixa exemplos que, seguramente, serão seguidos por seus sucessores. Expressamos nosso sentimentos e reconhecimento pela sofrida perda, confortados pelo que em vida ele realizou.” Naum Rotenberg – 1970/1972 e 1976/1978 “Uma personalidade que sempre prestigiou a Hebraica.” Beirel Zukerman – 1973/1975 “Moise Safra foi durante toda a vida, benemérito e benfeitor de toda a comunidade e ajudou sempre a todos que necessitavam. Sua participação sempre foi muito positiva em relação à nossa Hebraica e colaborou em todas as oportunidades em que foi procurado. Sua esposa Chella e os filhos e netos, continuarão a obra de Moise Safra.” Marcos Arbaitman – 1982/1984, 1988/1990 e 1994/1996 “ ‘Ama a teu próximo como a ti mesmo’ ”. Esse foi o maior legado deixado pelo inesquecível Moise Safra (z’l): o amor ao próximo, o cuidado com a família, que não se restringia apenas à esposa Chella, outro exemplo comunitário, e aos filhos e amigos, mas à comunidade e toda sociedade maior. Moise deixa um bom nome, grandes lições. Edificou fortalezas capazes de proteger e amparar a todos que nelas se abrigavam. Falar de Moise é descrever um universo no qual tudo cabia: amor, compaixão, educação, saúde, tradição... Mais do que placas ou palavras, a maior e melhor homenagem que podemos lhe conferir é honrar e seguir o seu exemplo. Descanse em paz, com a certeza de que agora você também faz parte da corrente dos justos.” Jack Terpins – 1991/1993, atualmente presidente do Congresso Judaico Latino-Americano “Moise Safra (z’l) foi um grande apoiador da comunidade por meio da Fundação Safra e individualmente, assim como sua esposa e filhos. Conheci Moise Safra ainda na década de 1980 e sempre tivemos uma relação de amizade e de admiração pelo modo caloroso e humano que ele tratava as pessoas com quem se relacionava. Moise Safra teve sempre muito carinho pela Hebraica e sentiremos sua falta, mas tenho certeza que continuaremos tendo o apoio da família Safra.” Samsão Woiler – 1998/2000
“A gratidão exige que pessoas como Moise Safra (z’l), não sejam esquecidas. A esse emérito benfeitor da comunidade judaica, nossa respeitosa e saudosa homenagem póstuma.” Hélio Bobrow – 2001/2003
“A Hebraica tem uma profunda dívida de gratidão com a família Safra. Quem circula pelo clube vê as inúmeras obras que foram realizadas com a contribuição da família. O sr. Moise Safra sempre nos recebeu de braços abertos e contribuiu não só financeiramente, mas com ideias, sugestões, participação, etc. Além da Hebraica, muitas outras instituições devem muito à família Safra de um modo geral e ao sr. Moise, em particular. Com certeza, ele nos fará imensa falta.” Arthur Rotenberg – 2003/2005 e 2009/2001 “Nos anos em que estive à frente de A Hebraica, em todos os momentos, quando solicitamos ajuda ao Banco Safra, tanto o sr. Moise como o sr. Joseph sempre nos prestigiaram e ajudaram. Tanto no período em que promovemos as séries de concertos quanto na segunda etapa da gestão, na reforma do parque aquático – empreendimentos de grande porte – podemos afirmar que a família Safra foi o destaque. Sinto-me especialmente grato pela receptividade e compreensão pelo incentivo às atividades culturais.” Peter Weiss – 2006/2008
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diretoria
Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE
ABRAMO DOUEK
DIRETOR SUPERINTENDENTE
GABY MILEVSKY
ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS
MOISES SCHNAIDER BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO EUGÊNIA ZARENCZANSKI (Guita) ALAN BALABAN SASSON DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN SERGIO ROSENBERG
HANDEBOL ADJUNTO
JOSÉ EDUARDO GOBBI DANIEL NEWMAN
PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS
MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ
TRIATHLON CORRIDA
JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN
CICLISMO
BENO MAURO SHETHMAN
GINÁSTICA ARTÍSTICA
HELENA ZUKERMAN
RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON
JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY
VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO
MENDEL L. SZLEJF
TIRO AO ALVO
MAURO RABINOVICH
COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES ADJUNTO
HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS AIRTON SISTER
GAMÃO
VITOR LEVY CASIUCH
SINUCA
ISAAC KOHAN FABIO KARAVER
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURA JUDAICA ASSESSORES DA SINAGOGA
SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ
XADREZ
HENRIQUE ERIC SALAMA
VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES
AVI GELBERG
ASSESSORES
CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO
GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO
ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU
MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO
AMIT EISLER
RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS
ABRAMINO SCHINAZI
GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS
ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)
SAUNA
HUGO CUPERSCHMIDT
VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS
NELSON GLEZER
MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS
ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL
VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL
SIDNEY SCHAPIRO
CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA
SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER
VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE
MOISES SINGAL GORDON
ESCOLAS
SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT
TÊNIS DE MESA
GERSON CANER
SECRETÁRIO GERAL
ABRAHAM AVI MEIZLER
FITͲCENTER
MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ
SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS
CENTRO DE PREPARAÇÃO FÍSICA
ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN
JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ HARRY LEON SZTAJER
JURÍDICO
ANDRÉ MUSZKAT
SINDICÂNCIA E DISCIPLINA
ALEXANDRE FUCS BRUNO HELISZKOWSKI CARLOS SHEHTMAN LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH
JUDÔ JIU JITSU
ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN
FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) FUTSAL
FABIO STEINECKE MAURÍCIO REICHMANN
GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN
AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA
BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER
GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM
VOLEIBOL
SILVIO LEVI
TESOUREIRO GERAL
LUIZ DAVID GABOR
TESOUREIRO DIRETORES
ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC MARCOS RABINOVICH
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indicador profissional ADVOCACIA
ANGIOLOGIA
ARQUITETURA
CARDIOLOGIA
CASA DE REPOUSO
ANTROPOSOFIA
CLÍNICA HIPERBÁRICA
HEBRAICA
111
| JUL | 2014
indicador profissional CLÍNICA
COLOPROCTOLOGIA
DERMATOLOGIA
CONSULTORIA
FISIOTERAPIA
COLOPROCTOLOGIA
CURA RECONECTIVA
112 HEBRAICA
| JUL | 2014
indicador profissional FISIOTERAPIA
MANIPULAÇÃO
NEUROLOGIA
FONOAUDIOLOGIA
NEUROCIRURGIA
GERIATRIA
NEUROCIRURGIA
ODONTOLOGIA
HEBRAICA
113 | JUL | 2014
indicador proямБssional ODONTOLOGIA
ONCOLOGIA
ORTOPEDIA
ORTOPEDIA
OFTALMOLOGIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
PAISAGISMO
PNEUMOLOGIA
114 HEBRAICA
| JUL | 2014
indicador profissional PSICOLOGIA
PSICOTERAPIA
PSICANÁLISE
PSICANÁLISE
PSIQUIATRIA
HEBRAICA
115 | JUL | 2013
indicador profissional PSIQUIATRIA
PSIQUIATRIA
REPRODUÇÃO
QUIROPRAXIA
TERAPIA
UROLOGIA
compras e serviços
PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA LIGUE:
3815-9159 3814-4629
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compras e serviรงos
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compras e serviรงos
118 HEBRAICA
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compras e serviรงos
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vitrine > informe publicitário MARIAH GILL AMARAL
Fisioterapia em gerontologia O envelhecimento da população é hoje um fenômeno mundial e incontestável, um processo dinâmico e progressivo no qual há modificações morfológicas funcionais bioquímicas e psicológicas que determina a perda de capacidade de adaptações do individuo. A fi-
RISO
sioterapia tem como objetivo a prevenção e o tratamento de doenças presentes nesta população na manutenção e/ou reabilitação, com o objetivo de promover a independência funcional do idoso. Fones 3713-6760 / 3661-6228 | Cel 99633-5498
& ALTRO
Agora também com rodízio O Riso & Altro, restaurante especializado na culinária italiana localizado no bairro de Pinheiros, anuncia mudanças em sua pizzaria que passará a contar também com o sistema de rodízio, oferecendo sete sabores (mozzarela, calabresa, portuguesa, frango com catupi-
ry, escarola, banana com canela e brigadeiro) ao preço de R$ 24,90 por pessoa. Os outros diversos sabores continuarão sendo oferecidos à la carte. Rua Tavares Cabral, 130, Pinheiros Fone 3815-5739 | Site www.risoealtro.com.br
RESTAURANTE RUFINO’S
Uma verdadeira grife em pescados O restaurante Rufino’s nasceu no Guarujá, nos anos 1970, tendo como fundador o sr. Rufino, nascido na Espanha em uma cidade de marinheiros e pescadores. Ele teve a ideia de criar um restaurante especializado em pescados e frutos do mar, que tivesse um mostruá-
rio com peixes, crustáceos e moluscos, in natura, com toda a sua originalidade. Rua Dr. Mário Ferraz, 377, Itaim Fone 3074-8800 Shopping Morumbi | Av. Roque Petroni Jr., 1089 Fone 5182-8599
HOTEL SAN RAPHAEL
Conforto e lazer a 90 km de São Paulo Há muitos anos, o San Raphael Country Hotel mantém um cordial relacionamento com a comunidade judaica e aguarda os associados da Hebraica para uma estadia nas férias de inverno. Todos os 75 apartamentos e nove suítes têm espaços amplos, muito conforto,
ar-condicionado, frigobar e uma paisagem deslumbrante. Central de Reservas 24 Horas Fone (11) 4813-8877 E-mail reservas@sanraphaelcountry.com.br Site www.sanraphaelcountry.com.br
RESTAURANTE BADEJO
A melhor opção em moqueca capixaba O Badejo oferece moqueca de badejo ou de camarão rosa de R$ 174,00 por R$ 99,00. Serve duas pessoas, acompanha arroz, pirão e farofa de banana da terra. Em um ambiente agradável no coração de Moema, o Badejo é o lugar ideal para reunir os amigos ou família. Tam-
bém oferece bacalhau à moda capixaba, bobó de camarão, frigideira de mexilhões, peixe na telha, paella e a verdadeira casquinha de siri. Restaurante Badejo Al. dos Jurupis, 813 | Fone 5055-0238 Site www.badejosp.com.br
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roteiro gastron么mico
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roteiro gastron么mico
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conselho deliberativo
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2014
JULHO 15
AGOSTO 4 5 11
Sua presença fará diferença
**24 **25 **26
11/8 17/11 8/12
Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores
INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER TU BE AV
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ
**3 **4 8 *9 *10 15
6ª FEIRA SÁBADO 4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA 4ª FEIRA
*16 *17
5ª FEIRA 6ª FEIRA
VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ
OUTUBRO
NOVEMBRO 5
Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Fernando Rosenthal Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Júlio K. Mandel Silvia L. S. Tabacow Hidal
4ª FEIRA
DEZEMBRO 16 23
3ª FEIRA 3ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
2015
JANEIRO 27
3ª FEIRA
FEVEREIRO 4
TU B’SHVAT
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
3 4 5 10 11 16 23
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 5ª FEIRA
24
6ª FEIRA
EREV PESSACH- 1º SEDER PESSACH- 2º SEDER PESSACH-2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON- DIA DE LEMBRANÇA DO CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT- DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 67 ANOS
MARÇO 4 5 6
* * * *
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA
DO HOLOCAUSTO ( ONU )
4ª FEIRA
ABRIL Shalom Mauro Zaitz
Local Teatro Anne Frank Horário 19h30
JEJUM DE 17 DE TAMUZ
SETEMBRO
Este é a premissa deste Conselho Deliberativo, que já estabeleceu um alto padrão de eficiência e comunicação, de forma a agilizar as reuniões e todo o trabalho realizado pela Mesa Diretora e as comissões permanentes de Obras, Administração e Finanças, Jurídica e Fiscal. Neste processo democrático, a participação dos conselheiros nas reuniões é essencial, como temos afirmado desde o momento em que assumimos a presidência do Conselho. Eis porque, além de essencial, a presença do conselheiro se torna quase obrigatória, especialmente se pensarmos que é nelas que surgem as boas propostas e soluções para os temas em debate. Agora que a Copa do Mundo ficou para trás e esperamos, com resultados felizes para os brasileiros chega o momento de nos voltarmos para as questões relativas ao clube, o que nos leva a tratar do processo sucessório na Diretoria, que exigirá muita reflexão por parte do Conselho e também incluirá o quadro associativo, uma vez que é de total responsabilidade deste conselho. A eleição de uma nova Diretoria sugere a manutenção ou mudança de rumos na administração de uma instituição que cada vez mais se compara a uma cidade e ao qual estão ligadas as rotinas de milhares de sócios em todas as faixas etárias. É para este grupo que os conselheiros trabalham voluntariamente e é ele quem perde quando não há uma presença maciça nas reuniões. Em resumo, não há nada mais eficiente do que estar presente.
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2014
3ªFEIRA 2ª FEIRA 3ª FEIRA 2ª FEIRA
MAIO 7 17 23 *24 *25
5ª FEIRA DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA
LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,
FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS