Revista Hebraica - Julho 2013

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Revista Hebraica

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HEBRAICA

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palavra do presidente

A Hebraica na Macabíada em Jerusalém A Macabíada Mundial, que será aberta dia 18 de julho, em Jerusalém, é um acontecimento marcante na vida do povo judeu, desde a primeira, em 1932, depois de catorze anos de preparativos a partir da ideia original de Yosef Yekutieli, um garoto de 15 anos que se inspirou nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. Desde então, foram dezoito Macabíadas, cada uma significativa e importante no contexto histórico do momento da sua realização e pelo papel decisivo dos atletas judeus participantes em suas respectivas comunidades. Tanto quanto isso, uma marca dos jogos macabeus foi a sua tarefa de somar e de juntar os judeus de todo o mundo. Pois para realizar a primeira, coincidindo com os 1.800 anos da revolta de Bar Kochba, foram despachados, de Tel Aviv, dois grupos de motociclistas, de maio a julho de 1931: um, percorreu Síria, Turquia, Polônia, Alemanha, França e Bélgica; outro cruzou o deserto do Sinai, em direção a Alexandria, no Egito, depois, de barco, a Salônica, na Grécia, Bulgária, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Áustria, França e Grã-Bretanha. Assim foram as demais, interrompidas apenas pela tragédia do Holocausto, e assim é também nos dias de hoje, porque a Macabíada Mundial é isso mesmo: um congraçamento de judeus de todo o mundo que o esporte tem a virtude de juntar, ainda que por quinze dias, mas em Israel e, desta vez, em Jerusalém, de modo a deixar bem claro e evidente para os dirigentes dos países de onde vieram milhares de atletas, que esta cidade é a capital do Estado judeu. Do Brasil são cerca de quinhentos atletas, dos quais 180 da Hebraica formados nas nossas quadras e piscinas, além de técnicos e acompanhantes, num total de quase seiscentas pessoas de vários pontos do país. Eles foram preparados para competir, vencer e trazer medalhas, mas também para se encontrar com milhares dos seus irmãos, entre eles os integrantes da noviça delegação do Cazaquistão, pela primeira vez participando dos jogos e mostrando a vitalidade do judaísmo. Uma delegação brasileira tão grande, e a segunda maior estrangeira atrás apenas da dos Estados Unidos, é a expressão de um trabalho que vem sendo realizado há décadas por dedicados companheiros que presidiram e participaram da Hebraica e também a organização Macabi em seus vários níveis como Marcos Arbaitman, Jack Terpins, Guiora Esrubilsky, eu próprio, Sami Sztokfisz e, atualmente, Avi Gelberg. Desejo todo êxito à delegação brasileira, e tenho certeza de que proporcionaremos a todos uma experiência única que ficará em suas lembranças para o resto da vida. Shalom e Chazak Veematz

Abramo Douek

DO BRASIL

SÃO CERCA DE QUINHENTOS ATLETAS, DOS QUAIS 180 DA HEBRAICA FORMADOS NAS NOSSAS QUADRAS E PISCINAS, ALÉM DE TÉCNICOS E ACOMPANHANTES, NUM TOTAL DE QUASE SEISCENTAS PESSOAS DE VÁRIOS PONTOS DO PAÍS


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sumário

HEBRAICA

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Carta da Redação

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Destaques do Guia A programação de julho e agosto

12 Capa/ Macabíadas Israel se prepara receber atletas do mundo todo na XIX Macabíada

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cultural + social

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In concert Astor Piazzolla foi homenageado por orquestra, dançarinos e coral

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ESPAÇO PRANA SELECIONOU E TREINOU PROFISSIONAIS PARA A NOVA UNIDADE NA HEBRAICA

56

Noite dos namorados O Departamento Social recebeu convidados em clima romântico

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Espaço gourmet Chef ensinou a preparar uma mesa para dois

26

Festival de cinema judaico Reserve espaço na agenda para os primeiros dias de agosto

ATLETAS NA ESTREIA DO OLÍMPIA, EM MONTEVIDEU

28

VI mostra audiovisual israelense Hebraica exibiu três produções num fim de semana

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Hebraica meio-dia Jovens músicos de Indiana (EUA) no Teatro Arthur Rubinstein

34

Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos na cidade

40

Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

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juventude

48

Jovens sem fronteiras Sambatata lembrou Novos Baianos e Los Hermanos

50

Visita Gilad Shalit no Centro Cívico Itzhak Rabin

51

Teatro Oficina especial prepara atores para musicais

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55

68

Ateliê Veja o que muda na grade de cursos e horários

esportes

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Ginástica Nossos atletas se aproximam do Mundial na Bulgária

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Natação Noite de sábado recebeu animada competição do master

58

Polo Equipe recebeu reforço da Croácia na Taça Brasil

60

Violência Quando Israel testemunhou um dia de fúria em Beer Sheva

Israel 65 anos I Os eventos no Oriente que ajudaram na independência

72

Israel 65 anos II Afinal de contas, a quem pertence o Muro Ocidental?

74

Mistério O Sherlock Holmes judeu que desvendou o caso Dreyfus

76

Curtas Destaque para o xadrez, águas abertas e futsal

Kissinger, 90 anos As polêmicas que envolvem o ex-secretário de Estado

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magazine

64

Golã Uma trilha homenageia o espião Eli Cohen

Cinema Margareth von Trotta filmou o caso Arendt e Eichmann

88

Lançamento Judeus em Nova York, de 1654 aos dias de hoje

92

A palavra Porque não devemos pronunciar o Santo Nome em vão?

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10 notícias As notícias mais quentes da sociedade israelense

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Ditadura argentina O triste balanço dos desaparecidos judeus

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Leituras Os destaques do mês no mercado das ideias

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Música Onze lançamentos imperdíveis, do popular ao erudito

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Com a língua e com os dentes Conheça melhor os vinhos produzidos em Israel

108

Ensaio Entenda o porquê da abundância energética em Israel

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Memória I Um retrato breve da passagem de Jacob Gorender

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Memória II Os amigos lamentam a ausência de Tatiana Belinky

113 diretoria

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Concessões A Hebraica oferece um novo point para relaxar

115

Lista da Diretoria Saiba quem são os seus representantes no Executivo

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Lista de conselheiros Confira a lista dos seus representantes no Executivo

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Conselho Porque os jovens devem concorrer às próximas eleições


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carta da redação

Uma Macabíada para todos A cada quatro anos o povo judeu realiza uma Macabíada, ou Jogos Macabeus, como alguns preferem, em Israel. Mas, infelizmente, o povo judeu não se dá conta da importância deste evento que junta esportistas judeus de todo o mundo, até para, no desfile das delegações, ver apenas um único judeu, segurando a bandeira do seu país. É o que vai acontecer dia 18, em Jerusalém, e o único judeu será do Cazaquistão e algumas pessoas poderão perguntar: “Mas os há ainda lá?” Esta, certamente, é uma das histórias que a repórter Magali Boguchwal, autora do texto de capa, contará como enviada da revista Hebraica à XIX Macabíada, graças ao apoio da Confederação Brasileira Macabi. O correspondente Ariel Finguerman fala de uma nova trilha turística, no cobiçado altiplano do Golã, sob domínio israelense, e que conta o roteiro cumprido pelo espião Eli Cohen, a serviço do Mossad, no início dos anos 1960, até ser descoberto, julgado e condenado à morte por enforcamento, e o seu corpo exposto à execração pública em Damasco. É de Ariel a reportagem acerca do dia de fúria em um banco de Beer Sheva. E histórias do agora nonagenário Henry Kissinger, a polêmica em torno de um filme a respeito de Hannah Arendt no julgamento de Eichmann; o livro do jornalista Hernan Dobry sobre os judeus mortos pela ditadura Argentina; os necrológios de Tatiana Belinky e Jacob Gorender, zichronam levrachá, e muito mais.

ANO LIV | Nº 616 | JUNHO 2013 | TAMUZ/ AV 5773

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)

CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE

Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER

ERRATA:

• NA EDIÇÃO DE MAIO, PÁGINA 33, NA SEÇÃO “FOTOS E FATOS”, O NOME CORRETO É MARCELO CHAPOCHNIK

PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA

AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619

(CHAPÔ), E NÃO MARCELO SZLOCHEVSKY COMO SAIU GRAFADO.

JAGUARÉ – SP

• NA EDIÇÃO DE JUNHO, NA PÁGINA 26, NO ARTIGO, “A ARTE DE QUEM PINTA, CANTA E INTERPRETA”, O NOME CORRETO DA ARTISTA É

PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

STELA COSTIN SERBAN E NÃO ESTELA CUTIN SERBAN COMO FOI PUBLICADO.

E-MAIL

• NA MESMA EDIÇÃO, NA PÁGINA 44, NO ARTIGO, “UM HERÓI NA HEBRAICA”, O NOME CORRETO DA VICEPRESIDENTE DA EL

DIVISÃO FEMININA DO FUNDO COMUNITÁRIO É VIVIANE RAWET E DO JORNALISTA DO ISRA-

HAIOM E DO CANAL 2 DE TV É YOAV LIMOR.

3815.9159 DUVALE@TERRA.COM.BR

JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700 OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA

calendário judaico :: festas JULHO 2013 Tamuz / Av 5773

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A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

AGOSTO 2013 Av/ Elul 5773

dom seg ter qua qui sex sáb 1 2 8 9 15 16 22 23 29 30

DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

4 5 6 11 12 13 18 19 20 25 26 27

EX-PRESIDENTES

dom seg ter qua qui sex sáb 4 11 18 25

5 6 12 13 19 20 26 27

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16/ 07 – Tishá Be’Av

Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

LEON FEFFER (Z’l)

- 1953 - 1959 | ISAAC FIS- 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-

CHER (Z’l)

BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -

1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

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por Raquel Machado

destaques do guia VENHA CURTIR AS FÉRIAS NA HEBRAICA

COM ATIVIDADES PARA TODAS AS IDADES. AS COLÔNIAS DE FÉRIAS DA ESCOLA DE ESPORTES E HEBRAIKEINU JÁ ABRIRAM AS INSCRIÇÕES. TEM MACHANÉ DE INVERNO, OPERAÇÃO INVERNO, COZINHA PARA CRIANÇAS, MEU PRIMEIRO ATELIÊ COM NOVOS DIAS E HORÁRIOS. ALÉM DA NOVA EXPOSIÇÃO “PERSONIFICAÇÃO”, CINEMA E MUITO MAIS. CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO WWW.FACEBOOK.COM/ CLUBEHEBRAICASP E APROVEITE.

cultura + social

CURTA AS FÉRIAS NA HEBRAICA.

juventude

Horários do ônibus • Terça a sexta-feira

6 a 27/8 Exposição Personificação

8 a 14/7 Colônia de Férias Hebraikeinu

Galeria de Artes Hebraica

Consulte a programação

Inscrições até 31/7 8º Concurso Literário Ben Gurion

De 2ª a 6ª (horários flexíveis pela manhã) “Meu Primeiro Ateliê “

Das 9 as 18h na Biblioteca

45 minutos, com a possibilidade de participação de adulto

Consulte programação

Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

esportes 2 a 31/7 Operação Inverno

Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

1 a 12/7 Colônia de férias da Escola de Esportes Consulte programação

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30



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capa | XIX macabíada mundial | por Magali Boguchwal

Foto Roberto Setton

Chegou a hora de torcer pelo Brasil

A VISITA DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA AO MURO OCIDENTAL É UM DOS MOMENTOS MAIS IMPORTANTES DA VIAGEM PARA A MAIORIA DOS PARTICIPANTES

MILHARES DE JUDEUS DE TODO O MUNDO ESTARÃO REUNIDOS NO ESTÁDIO TEDDY KOLLEK EM JERUSALÉM PARA A ABERTURA DA XIX MACABÍADA MUNDIAL. NO DESFILE E NAS ARQUIBANCADAS, ESTARÃO

QUINHENTOS REPRESENTANTES DA COMUNIDADE JUDAICA BRASILEIRA PARA DEFENDER AS CORES VERDE E AMARELA E FAZER AMIGOS DE TODAS AS NACIONALIDADES

E

m meio à Copa das Confederações e às vésperas da Copa do Mundo de Futebol, o título desta matéria soa até redundante, exceto para os 488 atletas que estão de malas prontas para embarcar para Israel e participar da XIX Macabíada Mundial, em Israel. São nadadores, jogadores de basquete, handebol, vôlei, judocas, tenistas e atletas amadores de outras modalidades entre 15 e 80 anos, mais técnicos, acompanhantes oficiais, todos integrantes da delegação brasileira que se dividirá em três polos principais em Israel onde serão realizados os jogos: Natânia, Jerusalém e Tel Aviv. Em Natânia, os atletas da categoria júnior (15 a 19 anos) disputarão as modalidades no Instituto Wingate que também vai centralizar as atividades dos jovens entre competições. Os atletas do open (20 a 40 anos) ficarão em Tel Aviv. Os nadadores e jogadores de futebol de campo brasileiros serão os primeiros a embarcar para Israel, pois os aguarda um pré-camp, nome dado à pré-temporada no kibutz Dafna, na região de Kiriat Shmona, na Galileia. Segundo o supervisor de esportes da delegação brasileira Carlos Inglez, essa é a primeira vez que se dá a oportunidade aos atletas das duas modalidades de adaptação ao clima, fuso horário e hábitos locais. “Em 2005, somente o futebol foi para Dafna, que possui instalações muito boas para a preparação dos garotos. Este ano, ampliamos a pré-temporada para os nadadores”, comenta o profissional. A sede dos jogadores de futebol e de todas as modalidades masters (acima dos 40 anos) será em Jerusalém. “As competições de águas abertas e triathlon serão no Lago Kineret, e por isso os atletas ficarão naquela região”, acrescenta Inglez. Tudo o que diz respeito à Macabíada exige explicações mais detalhadas. Na maioria dos quesitos, e até certo ponto, o evento reproduz o modelo da Olimpíada. Um comitê central do Movimento Macabeu organiza as modalidades e se responsabiliza pela hospedagem, coordenar os locais de treino, a alimentação, ou seja, toda a logística envolvida que um evento deste porte determina. O Movimento Macabi possui confederações e núcleos locais encarregadas de reunir cada delegação, definir as modalidades disputadas por cada país e garantir as melhores instalações para a sua delegação. Mas a formação de uma delegação é responsabilidade e tarefa da comunidade, reunindo >>


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capa | XIX macabíada mundial ABRAMO DOUEK, PRESIDENTE DA HEBRAICA, HOMENAGEOU O DIRIGENTE MACABEU AVI GELBERG E ELOGIOU O RADIALISTA MILTON NEVES, MESTRE DE CERIMÔNIAS NA JANTAR DOS CHEFS

>> melhores atletas disponíveis e aqueles que podem interromper as atividades cotidianas por um período de quinze dias. Na delegação brasileira há equipes formadas a partir de uma espécie de “peneira” e outras modalidades nas quais os atletas se inscreveram para o evento. Dos 488 atletas, cerca de duzentos integram os quadros da Hebraica São Paulo, vinte são gaúchos, cem cariocas e outros cem representam o futebol do Macabi São Paulo. Alguns times como o de basquete e o futebol de campo terão uma mescla de sotaques, enquanto o do polo aquático masculino e feminino, judô e vôlei feminino júnior serão basicamente formados por paulistas que atuam na Hebraica. Às próprias custas Durante os preparativos para a Macabíada, a preocupação com os aspectos esportivos caminha paralelamente com as questões financeiras, pois as verbas para o apoio aos atletas são parcas. No passado, algumas categorias eram subsidiadas. Hoje, no entanto, todos os participantes pagam para estar nas quadras, piscinas ou tatames defendendo as cores do seu país. Essa também é a razão porque as equipes são definidas às vésperas do embarque e porque as reuniões dos comitês organizadores tratam ora de questões esportivas ou de planilhas de custos. Para alguns atletas, disputar a Macabíada justifica sacrifícios inusitados. O personal trainer Richard M. Bragarbyk, 37 anos, vendeu a motocicleta para custear a viagem a Israel para jogar futebol. “É minha décima Macabíada. Comecei como atleta, depois fui como preparador físico. Este ano será minha estreia na categoria master. O que consegui na venda da moto deve compensar essas três semanas sem trabalhar. O que vale é sentir uma vez mais a emoção de ouvir o Hatikva, o hino de Israel, diante de milhares de pessoas na abertura. Também é difí-

cil explicar a confraternização que acontece durante os jogos. Só estando lá mesmo”, comenta o atleta. Para reduzir o custo da viagem, cada modalidade organizou-se para angariar verbas, promovendo eventos ou vendendo camisetas e bonés com o logo da modalidade. Na camiseta do polo aquático, os garotos imprimiram algo que dará aos israelenses uma dica do espírito do grupo. Eles se autodenominam Kzavá (“equipe”) Hebraica. Para os fãs mais próximos, confeccionaram bonés específicos para o evento. O judô também criou uma camiseta para vender aos sócios e amigos e viabilizar a viagem de alguns atletas com mais dificuldades. A empresa de artigos esportivos Lotto desenhou os uniformes da delegação e a coleção está dividida em trajes especiais para o desfile, para as competições e de passeio e foi apresentada no evento “Jantar dos Chefs”, parceria entre o Confederação Brasileira Macabi e a Na´amat Pioneiras, com apoio da Hebraica, que cedeu o Salão Marc Chagall para a ocasião. Os convidados assistiram a vídeos do trabalho realizado pelas Confederação Brasileira Macabi e pela Na´amat Pionei-

ras mostrando como as pessoas podem colaborar mesmo a milhares de quilômetros de distância. Os ativistas do Movimento Macabeu trabalham no Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo, onde é a sede da Confederação Brasileira Macabi, para divulgar os eventos locais e regionais da entidade. Este ano, o Rio de Janeiro promoveu uma Macabíada Escolar e na virada de 2011 para 2012 a Hebraica São Paulo foi sede da Macabíada Pan-Americana, mencionada até hoje como modelo para outros eventos nos encontros do Macabi. “O Brasil é muito elogiado nas reuniões, especialmente depois do sucesso da nossa Pan-Americana”, afirma o presidente do Confederação Brasileira Macabi, Avi Gelberg. Nas reuniões preparatórias da viagem das equipes brasileiras para Israel, ele foi um dos grandes defensores da ampliação do grupo, com as mesmas dificuldades dos seus colegas dirigentes da Espanha, Peru ou Guiné Bissau: maximizar os poucos recursos para levar a maior delegação possível. “Além do esporte, há todo o ambiente olímpico e a oportunidade de conhecer Israel que pode ser a única”, afirma Gelberg.

ATLETAS EXIBIRAM OS MODELOS DE UNIFORMES CRIADOS ESPECIALMENTE PARA A DELEGAÇÃO BRASILEIRA NESTA EDIÇÃO DA MACABÍADA; AO LADO, FÁBIO FISCHMAN E STEVEN STIFELMAN DURANTE O SORTEIO DAS RIFAS

A delegação terá atletas, técnicos, fisioterapeutas, auxiliares, médicos e todo o apoio para garantir o rendimento dos atletas sem causar problemas futuros. “A Macabíada acontece no auge do verão e sempre insistimos nos cuidados com a hidratação”, informa o médico Sidney Schapiro, vice-presidente Social e Cultural da Hebraica e membro da equipe médica da delegação brasileira, e cujo irmão é técnico de futebol, o pai Naum, 79 anos, jogará tênis na categoria master e os dois filhos disputam diferentes modalidades na categoria junior. “Somos uma família tradicional no Movimento Macabeu”, orgulha-se o médico.

VENDIDAS EM PROL DOS ATLETAS DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA

Quem puder, joga O grande objetivo do Macabi Mundial é ampliar cada vez mais o alcance da Macabíada. Na década de 1990, os países da ex-União Soviética tiveram pequena participação no evento e agora os participantes europeus representam a maior diversidade de nacionalidades. “Este ano, enfrentaremos os jogadores da Cazaquistão pela primeira vez. Os outros já são nossos conhecidos”, informa Carlos Inglez, profissional com experiência em >>


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capa | XIX macabíada mundial JOGADORES DE POLO AQUÁTICO USARAM COM ORGULHO A CAMISETA COM A INSCRIÇÃO “TZAVÁ HEBRAICA”

>> Macabíadas. Ele foi o técnico de futebol em 2001 e 2005 e em 2009 foi o gerente da modalidade. “É incrível como Israel se desenvolve em pouco tempo. A cada viagem minha conheci uma nova estrada, e na XVIII Macabíada percorri o país de carro para estar o maior tempo possível com as equipes em todas as cidades onde jogavam”, lembra. Das muitas modalidades da Macabíada, cada país se inscreve naqueles para os quais tem atletas disponíveis. Este ano, o Brasil participa pela primeira vez em handebol e polo aquático masculinos, karatê, meia maratona e águas abertas. Também disputa os tradicionais basquete, futebol de campo, futsal, judô e xadrez. O grande mestre André Diamant vai dos Estados Unidos, onde vive e treina, para representar o Brasil juntando-se à equipe com o mestre Davy D’Israel. Para Adriano Geraldes, do basquete, esta será a sua primeira Macabíada Mundial. “Estou ansioso para conhecer o país. Já trabalhei no Líbano e agora quero ver de perto tudo o que as pessoas dizem a respeito de Israel. Estamos trabalhando duro porque uma competição internacional exige táticas e preparação

diferentes daquelas para os jogos disputados em casa”, comenta. A equipe de polo feminina foi uma das últimas a se integrar à delegação brasileira e terá atletas quase novatas na modalidade, mas com atuação em outros esportes. Para participar da Macabíada, nove sócias com alguma prática de natação formaram um time feminino de polo aquático. Nas semanas anteriores à viagem, algumas delas, que atuam também na equipe adulta de handebol do clube alternaram os treinos dos dois esportes. Esforço pelo esporte Uma das ações mais bem-sucedidas no esforço de angariar fundos para ajudar

os atletas na XIX Macabíada foi a venda de rifas com sorteio de prêmios significativos como um carro, uma motocicleta, rádios e outros equipamentos eletrônicos. O garoto Steven Stifelman, 9 anos ganhou a admiração dos sócios do clube pelo esforço para ajudar a viagem das irmãs a Israel como parte da equipe de ginástica artística. “Vendi 314 rifas em três meses”, anunciou o garoto. Já o Macabi Rio comemorou quatro mil rifas vendidas para ajudar os cem atletas, entre os quais um carateca e os corredores inscritos na meia maratona e nas provas de triathlon. Os gaúchos integrarão os times de futebol.

Este ano em Jerusalém “Mais alto, mais rápido e mais forte. Mentes judaicas saudáveis em corpos saudáveis.” Esta seria a tradução para o português do lema da XIX Macabíada Mundial, que celebra o 80º aniversário do surgimento desta competição que, ao ser realizada pela primeira vez, em 1932, reuniu atletas judeus de 29 nacionalidades na antiga Palestina, hoje Estado de Israel. A Macabíada acontece a cada quatro anos, exatamente dois anos depois da Olimpíada. Este ano, a cerimônia de abertura, anunciada como o grande acontecimento em Israel, será no Estádio Teddy Kollek, em Jerusalém, com a presença de personalidades do universo político, cultural e esportivo das nações representadas nos Jogos Macabeus Mundiais. As semelhanças da Macabíada com a Olimpíada terminam na grande cerimônia de encerramento, no mesmo estádio, dia 28. O Dia em Solidariedade aos Soldados das Forças Armadas tem destaque especial no evento deste ano, e quando a Macabíada terminar as delegações serão levadas a bases militares, onde conhecerão as instalações.


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cul tu ral +social


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cultural + social > in concert

Piazzolla teria aplaudido essa noite O “IN CONCERT BUENOS AIRES” FOI UMA NOITE PERFEITA E QUE FECHOU O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2013 COM UMA LINDA HOMENAGEM AO COMPOSITOR ASTOR PIZZZOLLA REUNINDO ORQUESTRA, CORAL E DANÇARINOS

DANÇA, ORQUESTRA E CANTO NA SÉRIE IN CONCERT PARA HOMENAGEAR PIAZZOLLA

O

maestro Leon Halegua escolheu a peça Las Cuatro Estaciones Porteñas para a Orquestra Sinfonietta abrir o programa e, na segunda parte, tangos de Astor Piazzolla, compositor homenageado. No palco do Teatro Arthur Rubinstein, apresentou-se também o Coral da Hebraica. O espetáculo abriu a temporada 2013 da série In Concert. Os cantores Alberto Cabaña e Márcia Regina Soldi, o pianista Rodrigo Vazquez, o bandoneon de Cesar Canteiro e os dançarinos Angela Toñanez e Maximiliano Martino Avila foram destaques. Exceto duas ou três as peças escolhidas pelo maestro Halegua não fazem parte do repertório mais conhecido do compositor, e isso deu um toque especial ao programa. Após a apresentação, entre os artistas convidados pelo maestro para se apresentarem na Hebraica, o pianista portenho Rodrigo Vazquez atualmente radicado em São Paulo comentava: “Vim fazer música no Brasil, sou compositor e tenho um quarteto, esta foi a primeira vez que trabalhei sob a batuta de um regente. Seguir o tempo do maestro foi uma experiência única”. O coralista Carlos Oliveira lembrou que esta foi a primeira homenagem feita a Piazzolla reunindo coral, orquestra e dança. O casal de bailarinos caprichou nos movimentos e no figurino, formando um visual de efeito. Angela Toñanez vive e se apresenta em Buenos Aires, esteve na Hebraica em 2007, como diretora artística e coreógrafa de um espetáculo. “Esta noite, mostramos vários estilos para encantar os olhos e o coração de quem veio, por isso foi maravilhoso”, disse ainda ofegante, saindo do palco. Desde 2002, Maximiliano Ávila percorre a América, Europa e Ásia ensinando tango por biomecânica, método de sua autoria que já lhe valeu prêmios e o aplauso de várias platéias, como a obra Picaresque, que recebeu o prêmio de coreografia no Festival de Tango em Bogotá. A série In Concert faz parte do projeto Hebraica para Todos, realização do Ministério da Cultura, Lei Rouanet, com o apoio do Banco Itaú e Hospital Israelita Albert Einstein. (T. P. T.)


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cultural + social > noite dos namorados

AS CANÇÕES APRESENTADAS PELA BANDA BIG UP FORMARAM UM PANORAMA DA PRODUÇÃO MUSICAL ROMÂNTICA DAS ÚLTIMAS DÉCADAS

Detalhes valorizaram a companhia AS ROSAS VERMELHAS ERAM O

DESTAQUE NA DECORAÇÃO DO SALÃO MARC CHAGALL PARA A NOITE DOS NAMORADOS. CASAIS E AMIGOS ENCONTRARAM UM AMBIENTE ROMÂNTICO, ONDE AS TOALHAS VERMELHAS CONTRASTAVAM COM O FUNDO BRANCO

No mezzanino do Salão Marc Chagall, o lounge com visual romântico convidava os pares a alguns minutos de contemplação antes de provar os coquetéis e descer ao salão principal, ocupando as mesas ao redor da pista de danças. A Banda Big Up caprichou no roteiro musical, sempre acertando pelo menos uma das canções que fizeram parte da história amorosa dos casais. Alguns pares deslizavam pela pista, olhos nos olhos, indiferentes ao movimento. Para muitos, a diversão foi acompanhar os passos dos personal dancers escalados especialmente para a noite. O jantar servido pelo Casual Mil agradou pelas variações: arroz tricolor ao purê de batatas com wassabi e mousse de chocolate com molho de pimenta.

A cantora Larissa Cavalcanti começou o tributo a Elis Regina depois que o presidente Abramo Douek, o vice-presidente Sidney Schapiro e a diretora social Sônia Rochweger sortearam relógios Vecchio e finais de semana do Spa Sorocaba. Larissa foi acompanhada pelo público, enquanto apresentava as canções que marcaram a carreira de Elis. Ao interpretar Madalena, foi muito aplaudida. Assim que a cantora deixou o palco, outros sorteios incluíram relógios Vecchio, mais um final de semana no Spa Sorocaba e uma noite no Motel Mikonos. Na terceira parte do evento, a Banda Big Up embalou por mais algumas horas o romance dos convidados que resolveram adiar mais um pouquinho a volta para casa. (M. B.)


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cultural + social > espaço gourmet

ATENTOS, CASAIS OUVEM AS DICAS DO CHEF PERCHIAVALLI

Um jantar romântico para dois O DIA DOS NAMORADOS TAMBÉM FEZ PARTE DO CARDÁPIO DO ESPAÇO GOURMET EM JUNHO, COM UMA NOITE ROMÂNTICA PARA CASAIS COMANDADA PELO CHEF ROBERTO PERCHIAVALLI

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noite era para casais. Homens com taças de vinho andavam pelo Espaço seguindo o chef Roberto Perchiavalli, responsável pelo cardápio dedicado aos namorados. Não só mulheres estavam interessadas nas dicas do chef. Os homens também tinham dúvidas: como saber a temperatura e o tempo exatos para o peixe no forno ou qual o uso do conhecido trevo, uma gramínea que só servia, até então, como enfeite. A sugestão do chef foi simples: ovo perfeito, creme de leite queimado e tomate de entrada; peixe da estação, vinagrete de rabanete e ervas como prato principal; e de sobremesa, brownie caseiro, mel brasileiro e espuma de avelã. Roberto Perchiavalli vive em Santos, passou muito tempo na Europa. Abandonou o curso de direito e foi estudar gastronomia, impulsionado pela lembraça do avô e seu barco de pesca e as histó-

rias das bisavós, italiana e portuguesa – excelentes cozinheiras. Formado, Perchiavalli passou seis meses no Chile, quatro anos e meio na Europa. Em Paris, estudou na Grégoire et Ferrandi, fundada em 1920, e que formou grandes nomes da culinária mundial. Trabalhou no restaurante do Hotel Le Meurice, nos restaurantes espanhóis Mugaritz, um dos cinquenta melhores do mundo, e El Celler de Can Roca, o melhor de todos, com reservas completas até abril de 2014. Ele quer abrir um restaurante em Santos, “onde me sinto bem e tem o padrão que eu quero, onde posso comprar o que existe na região mesmo, dos pequenos produtores, como na Europa”, argumenta. Enquanto isso não acontece, atende a jantares de degustação, recepções e eventos, e leciona no Instituto Gastronômico em Santos e Santo André. (T. P. T.)


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cultural + social > festival de cinema judaico

CENA DO FILME A SORTE EM SUAS MÃOS, QUE ABRE O

PRÓXIMO FCJ

Reserve os primeiros dias de agosto DE 5 A 11 DE AGOSTO, A HEBRAICA PROMOVE O XVII FESTIVAL DE CINEMA JUDAICO (FCJ) COM AS MAIS RECENTES PRODUÇÕES DA ARGENTINA, ISRAEL, ESTADOS UNIDOS, SUÉCIA E SÉRVIA, ENTRE OUTROS

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Festival será aberto com A Sorte em Suas Mãos (La Suerte en tus Manos), o mais novo trabalho do diretor argentino Daniel Burman e como protagonista o cantor e compositor Jorge Drexler, responsável pela trilha sonora de Diários de Motocicleta. Segundo a curadora do Festival Daniela Wasserstein, o filme ainda não foi lançado no circuito comercial e será exibido ao público do FCJ em primeira mão. “Como promotora do Festival, a vice-presidência Social e Cultural pretende convidar Daniel e Jorge”, anuncia Daniela. Além dos teatros Arthur Rubinstein e Anne Frank, na Hebraica, o Festival terá sessões no Cinemark Higienópolis, Teatro Eva Herz da Livraria Cultura, Museu da Imagem e do Som, Cinesesc e Cen-

tro da Cultura Judaica, “parcerias antigas que oferecem opções para os cinéfilos acompanharem mais de um filme por dia, hábito de muitos frequentadores desde as primeiras edições”, avalia a curadora. Para os fãs de documentários, O Relógio do meu Avô, do brasileiro Alex Heller, Hava Nagila, e Os Guardiões, objeto de extensa reportagem da revista Hebraica a respeito de ex-diretores do Mossad, o premiado Lore e o israelense Preenchendo o Vazio. Da produção cinematográfica internacional, a curadora destaca o sueco Simon e os Carvalhos e Quando o Dia Amanhece, produzido na Sérvia, acerca das reações de um homem já adulto ao descobrir sua origem judaica quando foi entregue a

uma família cristã durante a Segunda Guerra Mundial. Alguns dos filmes israelenses inscritos no XVII FCJ tratam de questões atuais como é o caso de Vizinhos de Deus, que mostra as reações de um grupo de jovens ortodoxos diante de comportamentos que supostamente vão contra os seus costumes. “Também teremos filmes estrelados por atores famosos, como Melanie Laurent que brilhou em Bastardos Inglórios e atua no filme O Dia em que Vi seu Coração”, avisa Daniela. A votação dos melhores filmes do FCJ será feita no site do evento, substituindo as cédulas em papel. “Em casa ou quando acessarem a internet, as pessoas já terão debatido e refletido o suficiente para avaliar os filmes a que assistiram e nos ajudarem a definir as melhores obras exibidas na edição de 2013”, informa Daniela. A mostra especial, já tradicional no Festival de Cinema Judaico, terá como foco as cinebiografias dedicadas a judeus que se destacaram no meio artístico e literário. Este ano, os destaques serão filmes a respeito do ator Tony Curtis, o cantor e guitarrista Lou Reed, o escritor Sholem Aleichem, o cineasta Mel Brooks, e outras personalidades. (M. B.)


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cultural + social > VI mostra audiovisual israelense À DIREITA, ELENCO DE A BALADA DE UMA PRIMAVERA; ABAIXO, CENA DE YOSSI, DE EYTAN FOX

Elogio à diversidade e à diferença ORGANIZADA PELO CENTRO DA CULTURA JUDAICA, A MOSTRA AUDIOVISUAL ISRAELENSE TROUXE PARA SÃO PAULO ONZE PRODUÇÕES INÉDITAS, COM TRÊS EXIBIÇÕES NUM FIM DE SEMANA NOS TEATROS DA HEBRAICA

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VI Mostra de Audiovisual Israelense foi aberta na primeira semana de junho, no Centro da Cultura Judaica (CCJ), com a exibição de Yossi, dirigido por Eytan Fox. A cidade ainda se recuperava do frisson da Parada Gay realizada no dia anterior quando uma plateia bastante diversificada se reuniu para ver a continuação de Yossi & Jagger, do mesmo diretor. Lançado em 2002, Yossi & Jagger causou polêmica ao mostrar um caso de amor entre dois soldados israelenses, com final trágico. Na Hebraica, foram exibidos três filmes da Mostra Audiovisual Israelense: O Mundo É uma Comédia, drama familiar dirigido por Shemi Zarhin, Dr. Pomerantz, comédia macabra de Assi Dayan, e o inusitado road movie A Balada de uma Primavera, de Beni Torati. Assi Dayan protagoniza o próprio filme no papel de um psicanalista amargo, derrotado, solitário e em plena crise de meia-idade. Ele parte da premissa de que “a vida é uma doença com cem por cento de fatalidade” para alugar, por dois mil shekalim, a varanda do seu aparta-

mento no décimo segundo andar para os seus pacientes. Tão desesperançados quanto o terapeuta, eles passam a se jogar lá de cima numa sequência macabra. Do lado oposto na escala, fica o filme dirigido por Beni Torati com sua aposta na amizade, no bom humor e na música de qualidade para narrar uma história com características de conto oriental das Mil e uma Noites. O músico Yossef Tawilla, célebre por ter integrado o igualmente famoso conjunto Turquoise Ensemble, é procurado pelo jovem Amram, filho de Avraham Mufredi, antigo membro da banda. O fato é que Mufredi está muito doente e antes de morrer quer ouvir uma composição que os dois criaram há mais de vinte anos, antes da dissolução do grupo. Tawilla e Amram partem, então, numa verdadeira jornada espiritual em busca de músicos que possam integrar a banda e realizar o último desejo de Mufredi. Causa espécie que um país tão minúsculo quanto Israel possa abrigar um road movie. Mas não, se pensarmos que aquela pequena faixa de terra conserva todos os sons do mundo, de todos os lugares

por onde os judeus passaram durante o longo exílio. Outro aspecto que chama a atenção deste filme, com sua estética despudorada e deliciosamente cafona e sentimental, é o clima mediterrâneo que permeia cada uma das cenas. Não fosse pelo hebraico, de sonoridades inconfundíveis, o espectador desatento diria que a história se passa em alguma aldeia siciliana, andaluz, grega ou marroquina. Para ilustrar esta impressão, um dos pontos altos do filme é a cantora e atriz Dikla Dori, que incendeia a cena com uma voz rouca e abrasadora como

o vento do deserto, no papel da taverneira Bruria. Mesmo kitsch e escapista como a maioria dos filmes do gênero, A Balada de uma Primavera agrada por colocar a música no lugar que lhe é devido, como a arte que não conhece fronteiras e paira acima das diferenças políticas, religiosas e étnicas que dilaceram o mundo. Além da Hebraica, a Mostra Audiovisual Israelense teve como parceiros a Livraria Cultura e o Cinemark Shopping Pátio Higienópolis, com sessões com entrada franca de 3 a 9 de junho em quatro endereços da cidade. (J. N.)


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cultural + social > hebraica meio-dia

DIRETO DE INDIANA, O VIRTUOSISMO DOS JOVENS DA ACADEMIA DE MÚSICA DE CORDAS JACOBS

Jovens, talentosos e viajados ELES TÊM ENTRE 12 E 18 ANOS, ESTUDAM NA ACADEMIA DE MÚSICA DE CORDA JACOBS DA UNIVERSIDADE DE INDIANA, ESTADOS UNIDOS, E AGRADARAM A QUEM FOI PRESTIGIAR O HEBRAICA MEIO-DIA

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s jovens alunos da Academia de Música de Cordas Jacobs já se apresentaram na Dinamarca, França, Itália, Espanha, Suécia e Japão. Em março deste ano, subiu ao palco do Carnegie Hall de Nova York e, nesta excursão, antes de chegar ao Brasil, tocou em Córdoba, San Juan, Mendoza, Neuquén e Buenos Aires, e aqui, no Instituto Fukuda, Igreja São Luiz, Hebraica e em residências. Os músicos foram acompanhados pelo pianista Ilya Friedberg, ex- aluno de Arnaldo Cohen e assistente de Menachem Pressler, integrante do Trio Beaux Arts, considera-

do padrão entre os trios com piano. Com eles veio Daniel Stein, produtor associado da Academia de Música da América Latina, brasileiro radicado nos EUA, ex-aluno da diretora do Centro Mimi Zweig. Ele conta que dois músicos têm pais no Brasil, Ariel Horowitz acaba de entrar para a famosa Julliard School e Rose Braun estuda com a diretora Mimi Zweig na Universidade de Indiana, mantenedora do grupo. Os alunos viajaram durante três semanas, no período de férias. No concerto do Teatro Arthur Rubinstein tocaram Garota

de Ipanema e peças de Aaron Copland, Antonio Vivaldi, Fritz Kreisler e composições de Ariel Horowitz e Nathan Meltzer, membros da orquestra. A Academia de Música de Cordas Jacobs foi fundada em 1961 pelo compositor e musicólogo Juan Orrego-Salas e é a mais antiga do gênero nos EUA. Os 1.600 alunos estudam e pesquisam a música latino-americana com a ajuda de 180 professores e músicos de várias partes do mundo que todos os anos ministram master classes. A escola promove intercâmbio com alunos dos mais diferentes países. (T. P. T.)

PROGRAMAÇÃO MEIO-DIA 7/7 – Grupo Azdi apresenta música judaica 14/7 – “Piaf – Amores e Canções”, com Sônia Andrade e Tadeu Romano 21/7 – Fábio Jorge canta Dolores Duran 28/7 – “Tributo a Elis Regina”, com Rosa Esteves


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cultural + social > feliz idade

A BANDA DOS FUZILEIROS NAVAIS DO RIO DE JANEIRO SE APRESENTOU PARA O GRUPO DA FELIZ IDADE

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presidente Abramo Douek discursou dando parabéns ao grupo da terceira idade criado na gestão de Marcos Arbaitman e que realiza muitas atividades semanais no clube, como ginástica, dança, teatro, culinária, artes musicais, coral, excursões, filmes, palestras e visitas a entidades culturais. “O comprometimento com o que fazem é maravilhoso e um aprendizado para mim”, elogiou. A atual diretora Anita Nisenbaum que mudou o nome do grupo para Feliz Idade, após a incorporação de um grupo mais jovem, agradeceu às funcionárias Paulina Spiewak e Ellen Boussidan por “formarem uma equipe comprometida” e a Tea Zylberman e Val Menezes pelo evento no Teatro Arthur Rubinstein com a Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais, regida pelo titular capitão Nerias Morel e o adjunto tenente Thiago Santos, que executou números clássicos e populares, e Yerushalaim Shel Zahav. Três integrantes da Banda estiveram em Israel nos festejos dos sessenta anos da independência, participando de apresentações pelo país como representan-

Emoção e muita música no aniversário NASCIDO CLUBE DA IDADE DE OURO, HOJE FELIZ IDADE, O

GRUPO COMPLETOU TRINTA ANOS DE ATIVIDADES ININTERRUPTAS E COMEMOROU COM A APRESENTAÇÃO DA BANDA DOS FUZILEIROS NAVAIS DO RIO DE JANEIRO tes do Brasil entre bandas de outros países. Para o suboficial Dener Bastos e os sargentos Pablo Generoso e Eliabe Oliveira foi uma oportunidade única. Tocaram em Haifa e Beer Sheva, conheceram os pontos turísticos mais importantes e “lá a gente sente a presença do Criador, é uma maravilha e a receptividade foi extraordinária”, na opinião dos três. Eliabe há anos sonhava conhecer Israel porque “sou evangélico e a Marinha me deu essa oportunidade de passar doze dias vivendo a história, o mundo dos patriarcas, dos profetas, do rei David. Jerusalém é uma cidade que acolhe a todos e

se o mundo soubesse como é estar lá, o entendimento seria diferente”. Chamaram a atenção dos visitantes “a praticidade no dia-a-dia, o respeito com a criança, o jovem e o ancião e, mais ainda, a segurança e a honestidade do povo, além do amor pelo Brasil”. Outro momento marcante foi a visita a Yad Vashem, o Museu do Holocausto e à Alameda dos Justos entre as Nações, que sensibilizou os três brasileiros. Pablo Generoso conta que a viagem a Israel o transformou: “Agora, toda família estuda hebraico, o judaísmo está dentro de mim”. (T. P. T.)


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coluna comunidade

Corrida do Amor em Israel

O Hospital Alyn, de Jerusalém, recebe crianças com deficiências físicas, sem distinção de origem, e é reconhecido pela excelência do atendimento. Anualmente, a instituição promove o Wheels of Love, evento que leva ciclistas de diferentes categorias, do mundo todo para um passeio de cinco dias por Israel e infraestrutura durante o percurso. Este ano será de 27 a 31 de outubro, pela costa mediterrânea, de belas paisagens. Em 2012 participaram oito brasileiros, três deles já veteranos no passeio. E para saber mais sobre o evento: dziba@terra.com.br.

Palestras e lazer no Jewish Retreat Em agosto, o grupo de estudos do Jewish Learning Institute (JLI) promoverá a oitava edição do Jewish Retreat, um encontro anual nos Estados Unidos com palestras e workshops em inglês por rabinos, políticos, médicos e acadêmicos. Dura cinco dias e participam cerca de oitocentos homens e mulheres de várias partes do mundo. Durante o dia, estudo e aprendizagem; à noite, cantores e artistas e refeições durante 24 horas, no Luxurious Hilton a apenas quinze minutos de Washington D.C. Será de 6 a 11 de agosto. Informações, 3087-0319 e 983-158-770.

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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br

COLUNA 1

SERGIO SIMON MOSTROU O PROJETO DO MUSEU JUDAICO A EMPRESÁRIOS ALEMÃES

Museu Judaico no ano Alemanha-Brasil

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entro das comemorações do ano Alemanha-Brasil, o Consulado Alemão convidou dirigentes de empresas para conhecer o projeto do Museu Judaico de São Paulo (Mjsp). “Apoiar esse projeto tem uma razão importante para nós, alemães. Muitos judeus tiveram de fugir do Holocausto, o maior crime jamais cometido. É nosso dever fazer de tudo para esse episódio nunca ser esquecido e apoiar o Museu por esta iniciativa maravilhosa”, disse o cônsul-geral adjunto Rainer Muller, após a apresentação da obra pelo presidente do Mjsp, Sérgio Simon. A diretora da Divisão Cultural e de Relações da Mídia para a Ásia, África,

América Latina, Caribe e Austrália, Irmgard Maria Fellner afirmou que “o Brasil merece um museu internacional, como este, porque os sobreviventes merecem. Temos a responsabilidade de que o Holocausto nunca mais aconteça. Os artistas judeus não são um grupo separado, são uma parte de nós mesmos. Hitler cortou um braço, uma perna do povo alemão e é muito importante um lugar para discutir isso, principalmente com jovens. É importante deixar essa explicação para o futuro, pois não haverá sobreviventes para nossos filhos aprenderem e entenderem o que aconteceu. O Brasil merece, e São Paulo merece ter o Museu Judaico”.

Heróis da Pátria

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deputado federal Walter Feldman apresentou dois projetos ao Congresso Nacional, propondo a inclusão dos nomes de Aracy Guimarães Rosa e Souza Dantas no Livro dos Heróis da Pátria, que faz o registro perpétuo dos cidadãos brasileiros que tiveram excepcional dedicação e heroísmo em defesa da nação, e depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. A atuação de Aracy Guimarães Rosa como funcionária do consulado brasileiro em Hamburgo e de Luís de Souza Dantas como embaixador brasileiro na França salvou centenas de judeus europeus de morrer no Holocausto ao lhes conceder vistos para o Brasil, mesmo contra ordens superiores. Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff os homenageou durante a solenidade do Dia Internacional do Holocausto, promovida pela Conib em Brasília.

Em parceria com o Ibope Inteligência, a consultoria espanhola Monitor Empresarial de Reputação Corporativa (Merco) divulgou na edição 1.043 da revista Exame e no seu site os nomes de reputação empresarial em 2013. Cláudio Lottenberg é o 28º entre os cem líderes com melhor reputação no Brasil. Priscila Abondanza escreveu o livro O Segredo da Armadura e o lançamento foi na Livraria da Vila/ Shopping Higienópolis e a renda com a venda do livro será destinada às crianças do Hospital Alyn, de Jerusalém. Isser Korik assina o espetáculo Finalmente Juntos, no Teatro Amil. É stand-up, improviso e esquetes, tudo para fazer o público rir. Com direção de Clarice Niskier e supervisão de Amir Haddad, as atrizes Maitê Proença e Clarisse Derzié Luz apresentam no Teatro Faap o texto poético e bem humorado À Beira do Caminho me Crescem Asas.

∂ Fazer a unha também pode ser uma novidade e Nails & Co. é o point, na rua da Mata, onde Thaís Mucher inaugurou um novo conceito de manicure. O Jewish IN elegeu Sasson Saad vice-presidente e o fundador Charles E. Tawil para mais um mandato como presidente. No segundo semestre o objetivo é incrementar o conteúdo dos programas, como política, desenvolvimento e outras áreas de interesse para os jovens executivos e profissionais. Antigua e Barbado, Argentina, Brasil, Costa Rica, Equador e Uruguai foram os primeiros países a subscrever a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e a Intolerância, aprovada em reunião da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). O Congresso Judaico Latino-Americano participou dessa reunião.

Cláudia Shapira vestiu Flávia (Xaxá) Melman, atriz e responsável pela concepção do espetáculo solo Azirilhante na cidade. Um novo cargo na carreira de Eugênia (Guita) Zarenczanski: conciliadora e mediadora na Braga & Balaban Advogados. Ilan Sztulman nasceu em São Paulo e fez aliá ainda jovem com a família. De volta como cônsulgeral de Israel, ganhou a Medalha Anchieta, em sessão solene na Câmara de Vereadores. Documentar o amor entre mãe e filho deficiente por meio de fotos foi a encomen-

da da Associação de Assistência à Criança Deficiente a Márcio Pitliuk, que convocou as escritoras Lygia Fagundes Telles, Ruth Guimarães e artistas da TV para os textos do livro Que Amor É Este? São mais de cem fotos de Sérgio Chvaicer. E foi lançado na Livraria Cultura/Conjunto Nacional. Durante um almoço no Restaurante Bibi, as chaverot do Departamento Aviv de Na’amat Pioneiras reuniram jovens ativas e comprometidas com o voluntariado. Nava Shalev Politi dirige o Aviv e Juliana Tanenbaum coordena os novos grupos.

Mostra do teatro ídiche no MIS De 17 de julho a 15 de setembro, o Museu da Imagem e do Som (MIS) abrigará a exposição “Estrelas Errantes: Memória do Teatro Ídiche no Brasil”. A curadoria é do historiador Nachman Falbel e da professora e pesquisadora Anat Falbel, que fizeram longa pesquisa e reuniram 40 cartazes e fotografias originais, muitas inéditas. A mostra inclui elementos iconográficos, como cenários e figurinos de Lasar Segall e a peça “A Sorte Grande”, escrita por Sholem Aleichem em 1916 e dirigida por Zygmunt Turkow, do grupo Os Comediantes do Rio de Janeiro. Os itens da mostra são parte do acervo do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro e das coleções particulares de Jaime Serebrenic e Marcos Chusid. Para ser vista no MIS, Avenida Europa 158, de terça a sextafeira das 12h às 21h, sábados, domingos e feriados das 11h às 20h.

Instituto Gal Einai no Brasil SARA WULKAN, EDITE ZAJAK, BERTHA SCHUCMAN E CLARICE S. JOSZEF

Foi grande a movimentação no Buffet Menorah durante os dois dias da Boutique Bazar Beneficente da Na’amat Pioneiras. Miriam Bromberg e Dorinha Wolak coordenaram os cinquenta expositores e seus artigos para presentes e decoração, roupas femininas e infantis, bolsas, acessórios e bijuterias, com renda destinada aos projetos sociais da entidade.

O Instituto Gal Einai, em São Paulo, é coordenado pelo rabino Yacov Gerenstadt e seu objetivo é difundir os valores éticos ao público, transmitindo felicidade, bem-estar e qualidade de vida por meio de preceitos espirituais. Segundo o rabino, “a doutrina cabalista engloba orientações espirituais para todos os povos e procuramos mostrar como é possível controlar preocupações, ansiedade e frustrações de dentro para fora”. www.galeinai.com.br.


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cultural + social > comunidade+coluna 1

COLUNA 1

Um show sem fronteiras Na Virada Cultural, o Centro da Cultura Judaica fez uma “virada” geográfica colocando no palco o percussionista/ cantor e compositor carioca Joca Perpignan, o violonista marroquino Marc Kakon e a cantora e flautista palestina Mira Awad, em um show com composições de Joca e Mira, arranjos de músicas internacionais e sucessos brasileiros vertidos para o hebraico. Quem aplaudiu percebeu a paz e harmonia desse trio que vive em Israel e faz da música elo da sua amizade. Depois, a Virada prosseguiu com Breno Lerner, suas memórias e dicas de botecos como o Reuben de Nova York, a Muffulleta de Nova Orleãs, o Sabich de Tel Aviv e o Bauru paulistano. Tudo regado a rabo de galo.

De Belo Horizonte para Amsterdã A Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Fisesp, com o apoio do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (Ajhb) e do Instituto Plataforma Brasil criaram o Concurso Nacional de Redações da Rede de Escolas Anne Frank Brasil que, este ano, teve como tema “Anne Frank e a Cultura de Paz”. Foi da escola de Minas Gerais que saiu o trabalho vencedor, elaborado por Lívia Fernanda de Souza Mendes, aluna da oitava série. Como prêmio, ela viajará para Amsterdã, acompanhada do seu professor orientador, da diretora executiva da Conib Karen Didio Sasson e do diretor institucional da Fisesp Alberto Milkewitz. Visitarão a Casa de Anne Frank e a Amsterdã judaica, além dos pontos turísticos tradicionais.

Novo lançamento de Maria Luíza Tucci Carneiro: Brasil Judaico, Mosaico de Nacionalidades, uma homenagem, como destaca a historiadora, aos imigrantes judeus que ajudaram a construir “este mosaico judaicobrasileiro”. “Mobilidade urbana” foi o tema de Jaime Lerner na abertura do Xperience Efficiency 2013, evento global da Schneider Electric, pela primeira vez no Brasil. Três vezes prefeito de Curitiba e duas governador do Paraná, Lerner foi reconhecido, em 2010 e 2011, pela revista Time como um dos 25 pensadores mais influentes do mundo pela visão e contribuição no campo da mobilidade urbana sustentável. A integração total durante a excursão da Wizo para Israel fez a viajante Yaffa Zipora Assayag reunir os novos amigos em um almoço em casa. Sueli Feldman Bassi e Vitor Octavio Lucato formaram a mesa da palestra a respeito de Biomas do Brasil durante a Semana do Meio

Ambiente, promovida pela Uma Paz e Núcleos Descentralizados. Anita Kon participou do XI Ciclo de Debates em Economia Industrial, Trabalho e Tecnologia, realizado pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política da PUC-SP, com o tema “O Desemprego ou Desocupação? A Interpretação dos Indicadores”. A Faap criou a mostra “O Exercício da Arte” reunindo quem passou pela instituição, como professores ou alunos, e entre eles tiveram trabalhos expostos Gregório Gruber, Jac Leirner e Carmela Gross. Os Israelenses – Pessoas Comuns em uma Terra Extraordinária é o novo lançamento da Editora Évora. São 470 páginas com o cotidiano em Israel, escritas pela jornalista Donna Rosenthal, mestre em relações internacionais pela Escola de Economia de Londres. Cada capítulo conta histórias que revelam a diversidade no país.

“Destaque 2012” pela Associação Brasileira de Críticos de Arte, Jacob Klintowitz continua as ações artísticas no Espaço Cultural Citi. Dessa vez, a exposição é de Guyer Salles. O estilista Alexandre Herchcovitch leva a moda nacional para a Argentina, no estande da Embratur que divulga a marca Brasil, como convidado de honra do desfile na Six O’Clock Tea, evento realizado duas vezes ao ano em Buenos Aires. Lançamento e batepapo com a autora na Livraria da Vila/Pátio Higienópolis, assim a estilista Dora Openheim autografou o primeiro livro de ficção Cartas Lacradas, que reconstitui o século 19 pela história da judia italiana Michaela Varsano, filha de uma costureira siciliana cujo destino está entrelaçado ao da família do barão Maurice de Hirsch. Reconhecido pelos seus estudos a respeito de metabolismo e por muitos livros, o endocrinologista Alfredo Halpern autografou, na Livraria da Vila/ Lorena, Emagreça e Saiba Como.

∂ A atriz Andi Rubinstein e o músico Renato Epstein, a narradora de histórias e educadora Dinah Feldman e o músico Túlio Crepaldi foram responsáveis pelo “Vivendo Histórias”, no Espaço de Leitura, na forma de narração de mitos europeus e africanos e muita “contação” para as crianças. Até 18 de agosto na Fundação Nemirovsky, no prédio da Pinacoteca, fica a exposição “Walter Lewy: Mestre do Surrealismo no Brasil”. São 111 obras, produzidas entre 1943 e 1995, ano da morte do artista, um dos mais importantes do movimento surrealista no país. A mostra, concebida por Claude MartinVaskou e Márcia Feldon Borger, tem curadoria de Daisy Peccinini e faz parte da programação cultural do ano “Alemanha + Brasil 2013-3014”.

Ruth Klotzel e Giovanni Vannucchi, representantes do Brasil no Comitê Assessor da Bienal Ibero-Americana de Design, foram os curadores da BID 8/10/12 com trabalhos representativos das edições de 2008, 2010 e 2012 de design de 23 países ibero-americanos e expostos no Museu da Casa Brasileira. Sandra Lia Simon, viceprocuradora chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da II Região, participou da abertura do I Congresso de ∂ Defesa da Dignidade da Pessoa Humana em Face do Meio Ambiente do Trabalho, junto com o presidente da Ordem dos

Advogados de São Paulo, Marcos da Costa. André Tal trabalha no Japão e a coleção de prêmios aumenta cada vez mais. Desta vez, o programa “Câmera Record”, de que participou, foi premiado pelo Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, em cerimônia no Palácio do Governo. A presidente da Midiativa – Centro Brasileiro de Midia para Crianças e Adolescentes Beth Carmona participou em Florianópolis, do IX Encontro Nacional de Cinema Infantil, um dos poucos eventos no Brasil direcionados para o cinema feito para crianças.

Luís Cushnir discorreu para os cardiologistas do Instituto do Coração (Incor) a respeito do trabalho que realiza através do Gender Group® do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Também introduziu o Eye Movement Disensitization Reprocessing e o Brainspoting, recurso que utiliza a psicodinâmica aliada ao acesso neurobiológico do cérebro. Na foto, Cushnir com o terapeuta norte-americano David Grand, criador do Brainspoting.

JACK TERPINS, O HOMENAGEADO DA NOITE

Yachad (Juntos) na Hebraica

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Confederação Brasileira Macabi e a Na’amat Pioneiras promoveram na Hebraica o Yachad – Jantar dos Chefs, apresentado pelo jornalista Milton Neves, entusiasta do Estado de Israel e da Macabíada, desde a primeira vez que lá esteve em 1985, em uma das suas edições. Entre as quase quinhentas pessoas, o vereador Floriano Pesaro, os presidentes executivo da Federação Israelita de São Paulo (Fiesp) Ricardo Berkiensztat, da Hebraica Abramo Douek e a presidente de Na’amat Pioneiras Brasil Ceres Maltz Bin, que veio de Porto Alegre, e da Confederação Brasileira Macabi Avi Gelberg. Milton Neves chamou o presidente do Congresso Judaico Latino-Americano Jack Terpins, para receber o prêmio Yakir Macabi, a mais alta honraria da entidade concedida a poucos. “Jack Terpins é um grande articula-

dor da defesa do povo judeu no mundo e essa é uma justa premiação”, disse o vereador ao saudar o homenageado. Ao lado da mulher Denise, Terpins relembrou o tempo de esportista, que começou no clube: “Aqui me sinto em casa, em meio aos atletas, junto com Milton Neves, pois joguei basquete por alguns anos. Muito obrigado às meninas da Na’amat e à CBM, estou muito honrado”. Foram exibidos vídeos das duas entidades organizadoras, jovens desfilaram os uniformes da delegação brasileira aos jogos da XIX Macabíada, em Israel. “Será a maior delegação brasileira, com mais de quinhentos atletas, muitos deles pisando pela primeira vez o solo israelense”, disse Douek. Os jovens chefs Ricardo Muraoka, Pedro Roxo e Fernanda Timerman, do projeto Manja Gastronomia, prepararam o jantar ao som da Banda Mr. Moses.

AGENDA •

18 a 31/7 – Programa “Shalom Brasil” na Macabíada. Duas newsletters diárias e entradas ao vivo. Cadastre-se nos sites www.hebraica.org.br ou www.shalombrasil. com.br 12 a 18/8 – Arte no Salão Marc Chagall da Hebraica. Obras de artistas renomados, antiguidades e uma sala especial dedicada ao graffiti


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cultural + social > comunidade+coluna 1 Professores do Peretz no México O tema do II Congresso Internacional de Educação Judaica, na Cidade do México foi “O Educador e a Escola Judaica num Mundo de Mudanças: Transformando Vidas – Decifrando Contextos”. A diretora da área judaica do Colégio I. L. Peretz Marli Ben Moshe representou o Brasil entre os 550 congressistas de várias partes do mundo. Marli visitou cinco escolas judaicas e disse que “foi uma oportunidade de crescimento, de reflexão, de fortalecer minha relação com a educação judaica, de análise e de reconstrução”.

GRI Checked para o Einstein O Relatório de Sustentabilidade de 2012 da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein recebeu a certificação do Global Report Initiative (GRI) segundo a qual a instituição atende aos requisitos de nível de aplicação A+. Também o Programa de Transplantes Einstein ganhou reconhecimento mundial, em razão da quantidade de procedimentos realizados e pela curva de sobrevida de acordo com os melhores resultados na literatura médica mundial. O Einstein recebeu o selo de Organização Parceira do Transplante do Ministério da Saúde, entregue às instituições em favor da divulgação do processo doação/transplante.

Fapesp e Matimop na inovação A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Centro de Pesquisa & Desenvolvimento da Indústria Israelense (Matimop, em hebraico) anunciaram a primeira chamada de propostas de pesquisa como parte do acordo de cooperação entre as instituições para promover pesquisas em projetos de inovação entre empresas de São Paulo e de Israel. Mais informações, www.fapesp.br/en/7809.

COLUNA 1

Cuidados para evitar a lavagem de dinheiro

Organizado por Simone Wassermann, o Your Day reuniu profissionais do ramo de festas e casamentos em um grande evento no Tivoli São Paulo-Mofarrej para proporcionar às noivas uma experiência única na atmosfera de uma grande celebração. No ambiente de palestras, a estilista Sheila Kracochansky desenvolveu o tema “Mulheres, Vestidos e Dúvidas”; a maquiadora Dani Zaccai deu dicas de beleza e a blogueira Fernanda Floret respondeu às dúvidas das jovens visitantes.

mesa-debate sobre “Desinstitucionalização do Saber e Construção de Práticas Educacionais Alternativas”.

Aos 94 anos vividos entre muitos contos e prêmios, membro da Academia Paulista de Letras, Tatiana Belinky lançou o livro Histórias de um Nome, inspirado no conto Rumpelstilzchen, dos irmãos Grimm. No fechamento desta edição, veio a triste notícia do falecimento desta escritora que encantou tantas crianças.

Hebraica e Hospital Israelita Albert Einstein tiveram seus estandes muito movimentados durante a Evento Business Show – XI Feira de Destinos, Espaços e Fornecedores para Eventos Corporativos, Esportivos, Shows e Gastronomia, realizado no Espaço de Eventos Frei Caneca.

Durante a Semana de Psicologia e Educação no Instituto de Psicologia da USP, André Camargo, Criz Cruz e Helena Singer participaram da

A Cia. Truks levou ao CCJ o seu “Teatro de Bonecos Cidade Azul”, espetáculo que deu ao grupo oito diferentes prêmios. A concepção geral, direção e iluminação são de Henrique Sitchin. A diretora da Associação dos Amigos da Universidade de Haifa em São Paulo Carol Birenbaum voltou de rápida viagem a Israel.

Para quem desejar aprender as delícias tradicionais húngaras que Dorothea Hidas Piratininga conhece bem é só se inscrever em dpiratininga@uol. com.br e assistir às aulas semanais na Doural da alameda Gabriel Monteiro da Silva. Roberto Macedo, Gilberto Mautner e Cláudia Politanski falaram aos alunos do I. L. Peretz durante a Jornada Profissional com o objetivo de “ajudar os jovens a reunir as peças certas e tomar a melhor decisão” em seu momento de pensar na futura profissão. A Chevra Kadisha de São Paulo comemora noventa anos. Ela cuida de quatro cemitérios (Butantã, Cubatão, Embu e Vila Mariana) e emprega duzentos funcionários diretos e indiretos. O presidente é o engenheiro José Meiches.

Com curadoria de Bel Lacaz e Olívio Guedes, Miriam Nigri Shreier mostrou seus quadros na galeria do Clube Paulistano. As “Vidas em Construção” são quadros em óleo, desde o p & b até a sutileza de cores que caracteriza a obra da artista.

O Loft One do designer Léo Shehtman inspirou-se nos palacetes clássicos imperiais e nas expressões artísticas deste século e pode ser visto até o dia 21, na Casa Cor São Paulo 2013, no Jóquei Club. Emoção traduz a reunião dos Wainstein. Berta e Benjamin juntaram os filhos, genros, nora e netos, e os amigos, para testemunharem a renovação dos votos do seu casamento em grande festa no Salão Amazônia do Renaissance São Paulo Hotel. Com a alegria baiana e o amor que inspira o casal nesses cinquenta anos de convívio. Ninguém Nasce Sabendo é o novo livro da psicanalista Anna Verônica Mautner, destinado a pais e professores e que responde às questões de como estamos educando os nossos filhos e que tipo de ser humano desejamos formar.

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advogado especializado em direito eletrônico e perito na regulamentação da lavagem de dinheiro Roberto Bedrikow fez palestra para a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria no auditório do Banco Daycoval. “Hoje, talvez 99% das empresas não querem se envolver com lavagem de dinheiro, mas podem ser envolvidas sem o saber. Por isso, a importância dos programas de compliance e informação a respeito do que precisam fazer para se defender administrativamente e em juízo”, informou o palestrante, que integra a Suchodolski Advogados Associados. “As novas leis internacionais ampliam as entidades obrigadas a manter informações sobre os clientes e comunicar operações suspeitas aos órgãos fiscalizadores”, finalizou.

O PALESTRANTE ROBERTO BEDRIKOW, SEMY DAYAN E JAYME BLAY

Bibi fala sobre o trabalho Wizo

Israel Beshirá 4 viaja em setembro

m recente evento, o primeiro-ministro de Israel Biniamin Netaniahu destacou a importância da Wizo na sociedade israelense: “Vocês têm um exército de voluntárias em Israel e em mais quarenta países, servindo como grande exemplo e inspiração para outras organizações ao redor do mundo. Um dos grandes desafios de Israel é assegurar que tenhamos uma economia forte e uma sociedade sensível às necessidades dos seus cidadãos. Enquanto enfrentarmos esses desafios, não tenho dúvidas de que vocês continuarão sendo um dos mais importantes parceiros de Israel. Obrigado por seu firme compromisso com Israel. Obrigado por sua incansável dedicação e paixão. Obrigado por tudo que fizeram e continuam a fazer para o único estado judeu. Obrigado Wizo!”.

As reuniões do grupo que se prepara para ir a Israel com Ana Iosif vão bem, obrigado. São pessoas que foram a Israel há muitos anos ou que ainda não foram e se preparam para a viagem. Até o embarque, em setembro, preparam as músicas que fazem parte da história de Israel e que cantarão nos passeios. Mais informações, www.israelbeshira.com.br ou 3223-8388, Marcos ou Renato.

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Sucesso na Campanha do Agasalho

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erca de trezentos jovens participaram da XIII Mega-Campanha do Agasalho em Higienópolis, realizada pela Área de Juventude da Fisesp. Foram arrecadadas quase vinte mil unidades, muitas delas peças novas e em excelente estado, e cobertores, tênis e sapatos. Como todos os anos, a presidente do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo Lu Alckmin participou da coleta com o ator Dan Stulbach. A arrecadação lotou os seis caminhões, cedidos pela Unibes, que percorreram as ruas do bairro em carros de som. Na Praça Vilaboim havia o “drive thru da solidariedade”, e as pessoas que passavam jogavam as peças nas caixas de coleta. O fruto dessa ação, com o envolvimento de quarenta instituições judaicas e estabelecimentos comerciais, será entregue ao Fundo de Solidariedade. O encerramento foi no Espaço K.

LU ALCKMIN, RICARDO BERKIENSZTAT, ATOR DAN STULBACH, VEREADOR FLORIANO PESARO E RABINO RUBEN STERSCHEIN


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1, 2 e 3. Happy hour na Mostra Black: Marília Klein, Anette Rivkind e Vânia Ceccoto; Janaína Leibovitch; Lúcia Rosset e Sueli Adorni; 4. O ovo bem aproveitado pelo chef Roberto Perchiavalli; 5 e 7. Home-

1. Vivian Schlesinger recebe Michel Laub no

nagem na Câmara Municipal ao cônsul Ilan Sztulman; 6. Fuzilei-

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ros navais Dener Bastos, Pablo Generoso e Eliabe Oliveira conhece-

Clube da Leitura; 2. Charmosas na Noite dos

ram e elogiaram Israel; 8. Viajantes da Wizo reunidos em almoço

Namorados; 3. Simone e Bernardo Segal mais

na casa de Yaffa Zipora Assayag; 9 e 10. Na Missão Médica que visi-

a escritora Priscila e Caio Abondanza; 4. Flá-

tou Israel, o ministro da Saúde Alexandre Padilha e grupo de autoridades formado por Avi Meizler

via Melman fez peça solo Azirilhante, no Teatro Eva Herz; 5. Produção da Editora PitCult para a Aacd, o livro Que Amor É Esse?; 6. Kolman Gotlib escolheu Miami Beach para comemorar os 82 anos, com Rachel e as filhas Laís e Liane; 7. Mônica Shapiro fez sucesso com as camisetas estilizadas na Feira da Comunidade; 8 e 9.. Saída Cultural levou sócios para a Estação Pinacoteca: visita ao acervo de José e Paulina Nemirovski e à exposição de Walter Lewy

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1 e 2. Em noite da Deca na Casa Cor, Sandra e Hélio Bork; Gianfranco Vannuchi e Salo David Seibel; 3 e 4. Participação dos netos nas Bodas do Jubileu de Berta e Benjamin Wainstein, no Renaissance; 5. Autógrafos de Maria Luíza Tucci Carneiro na I Feira do Livro Judaico em Português, na Sinagoga Beit Yaacov; 6. Presença do cônsul-geral adjunto Rainer Muller e a diretora da Divisão Cultural da Alemanha Irmgard Maria Fellner em noite do Museu Judaico de São Paulo; 7. Prêmio de “Hotel Mais Confortável da Cidade de São Paulo” para o Meliá Jardim Europa. Rui Manuel Oliveira, Denise Meyer e Johannes Bayer receberam o trofeu; 8. A aniversariante Siomara Tauil , Adriana Kus Moretti e Alexandre Moretti no topo do Burj Al Arab em Dubai, Emirados Arabes 1, 2 e 3. Na noite portenha, o sucesso do pianista Rodrigo Vazquez; dos bailarinos Angela Toñanez e Maximiliano Martino Ávila; maestro Leon Halegua e o cantor Alberto Cabaña; 4. Carla, Isac e Rubem de Castro esticaram depois do concerto no Casual Mil; 5 e 6.. Eternos namorados, Mauro Goldbach e Maristela Lopes; Eve Pekelman e Moacyr Strzygowski comemoraram na Hebraica; 7 e 8. Presidentes da OAB/SP Marcos da Costa e de Santo Amaro Cláudio Schefer, a diretora Lisandra Gonçalves recebidos pelo presidente Abramo Douek e diretores; 9. No Clube Paulistano, Norma e Nissim Nigri apreciaram as obras de Miriam Nigri Schreier; 10. Thaís e Juliana Mucher na inauguração da Nails & Co.

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DESFILE AMALFI PARA A FELIZ IDADE 1. Amalfi recebeu agradecimentos efusivos da diretora da Feliz Idade, Anita Nisembaum; 2. O corte reto nas calças desenhadas por Amalfi valoriza a silhueta feminina; 3. O estilista Amalfi presenteou as sócias no mês dedicado às mães, exibindo em primeira mão a coleção outono/inverno no Espaço Adolpho Bloch; 4. O público elogiou as roupas e os acessórios, especialmente os vestidos que assentam bem em mulheres de todas as idades; 5. A mesa de queijos foi patrocinada pela marca Tirolez


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juventude > jovens sem fronteiras

Escolha a sua ação

BANDA FULERAGEM COMEÇOU A TARDE INTERPRETANDO CANÇÕES DOS NOVOS BAIANOS E AO CAIR DA NOITE HOMENAGEOU

LOS HERMANOS

Uma banda ao cair da tarde A QUARTA EDIÇÃO DO SAMBATATA JUNTOU PASSADO E PRESENTE COM HOMENAGEM AOS GRUPOS MUSICAIS NOVOS BAIANOS E LOS HERMANOS, BEM AO ESTILO DOS JOVENS QUE INTEGRAM AS AÇÕES DO GRUPO

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m meio à diversidade dos trajes dos convidados da quarta edição do Sambatata, a caneca transparente pendurada em todos os pescoços e usada para matar a sede – com água, cerveja ou refrigerante – era o sinal comum de uma geração preocupada em não desperdiçar e descartar copos de plástico. A festa começou na hora do almoço e mostrou como um churrasco pode ser consumido dentro das regras do movimento slow food. Os convidados ficaram

horas ao redor das mesas, trocando informações a respeito de estágios profissionais, perspectivas de trabalho ou estudo no exterior ou relatos das ações do Jovens sem Fronteiras enquanto saboreavam o peixe, frango, carne grelhada e batata frita. O esquema menos rígido dos eventos do grupo Jovens sem Fronteiras fez o horário de almoço se estender e tornou possível matar a fome independentemente do horário de chegada ao local da festa.

A Banda Fuleragem gostou do ambiente descontraído e começou o show lembrando os principais sucessos dos Novos Baianos. No gramado, a plateia fazia coro e estimulava os músicos a repetir cada refrão. No intervalo, os músicos interagiram com os convidados, especialmente os integrantes do grupo Chaverim, objeto de uma das ações do Jovens sem Fronteiras. “Eles são muito bem-vindos às nossas festas, porque, afinal, fazem parte do projeto”, informou Daniel Jaca Balog Goldstein. Ao retomar o microfone, o líder da Banda Fuleragem Pedro Keiner, agradeceu a oportunidade de tocar e animar um

evento do grupo Jovens sem Fronteiras. “Foi bom saber das ações sociais que vocês promovem”, anunciou o músico ao iniciar a sequência de canções de Los Hermanos. Os convidados aplaudiram a apresentação do grupo e torceram para ganhar os três brindes oferecidos pela John Lemmon, empresa parceira do Jovens sem Fronteiras. Ainda durante o evento, a página do JSF no Facebook recebeu muitos comentários sobre a festa. Em nome da Banda Fuleragem, Pedro Keiner agradeceu, pelo Facebook, ao convite: “Moçada, muito agradecido pela recepção e pelas boas energias”. (M. B.)

Uma característica comum aos jovens que passam a participar do JSF é a predileção pela música brasileira e o respeito por todos os gêneros musicais. Também levam a sério as ações sociais e gostam de divulgá-las para dar a outros universitários ou profissionais recém-formados o gostinho de participar delas. Durante o Sambatata era possível manifestar o interesse por uma das dez ações mantidas pelo JSF e deixar o telefone para os ativistas entrarem em contato com os candidatos a voluntários. No momento há duas ações agendadas para as segundas-feiras: uma voltada para atividades lúdicas com crianças carentes da Associação de Assistência à Criança Cardíaca (Actc), e outra que trabalha diferentes tipos de dança com os adolescentes assistidos pela Unibes. Às terças-feiras, há uma oficina de reciclagem na qual os adultos da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) aprendem a montar objetos com material reciclado. Às quartas-feiras, o grupo Chaverim partilha com os voluntários do Jovens sem Fronteiras uma sessão de músicas com instrumentos de percussão. Às quintas-feiras, as crianças do Lar do Alvorecer Cristão (LAC) desenvolvem seus dons teatrais inspirados pelos jogos propostos pelos voluntários do JSF. Os integrantes da comunidade Jardim Panorama se dedicam ao teatro aos sábados, mesmo dia em que as crianças da Casa Hope participam de aulas de violão e as do Abrigo Marly Cury recebem aulas de reforço escolar. Os voluntários do grupo Jovens sem Fronteiras também ministram oficinas para melhoria da educação ambiental em escolas públicas. Domingo é dia de brincar e agitar nos abrigos Semeia e Odila. “Basta escolher a ação ou o dia disponível, e o resto fica por conta da simpatia e da alegria no rosto dos garotos que nos esperam todas as semanas”, informa Bruno Kibrit, do JSF.

JOVENS SE INSCREVERAM COMO VOLUNTÁRIOS NAS AÇÕES SOCIAIS REALIZADAS PELO JOVENS SEM FRONTEIRAS


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juventude > visita

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O EX-SOLDADO GILAD SHALIT É RECEBIDO NO CENTRO CÍVICO ITZHAK RABIN

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ex-soldado e atual comentarista esportivo do jornal Israel Hayom Gilad Shalit passou alguns dias em São Paulo, em maio, assistiu a dois jogos de futebol, visitou o Museu do Futebol, no Pacaembu, concedeu entrevista ao Estadão, e foi alvo de toda sorte de homenagens na cidade. Afinal, esta é a primeira vez que a cidade recebe um jovem que passou mais de cinco dos seus poucos anos mantido vivo em uma cela do inimigo, para ser usado como moeda de troca com prisioneiros em Israel, instrumento de negociação política e reafirmação de um princípio caro às Forças de Defesa de Israel: nunca abandonar seus mortos, feridos e detidos, pois há pais, irmãos e uma comunidade inteira à espera deles. Mas a maior e mais significativa homenagem ocorreu na Hebraica, onde cerca de 1.300 pessoas ocuparam o Centro Cívico Itzhak Rabin em um começo de noite de um dia de semana normal. A Hebraica reuniu a extração média da comunidade judaica de São Paulo, ansiosa para conhecer o jovem que resistiu aos qua-

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juventude > teatro

O encontro de Shalit com a comunidade

curso de preparação de atores para musicais começou na data prevista com o número de alunos necessário para motivar os professores Marcelo Klabin, Daniel Rocha, Cláudio Erlichman e Lucas V. Vargas a dar os primeiros passos no que será um futuro projeto de produção de um espetáculo musical no estilo de Os Miseráveis, Xanadu e outros. Uma sala no Centro de Juventude foi usada para a aula inaugural com os nove alunos, durante a qual foi apresentado o programa e a equipe profissional. Marcelo dará aulas de interpretação, Cláudio cuidará do conteúdo teórico que inclui a história dos musicais, e Daniel e Lucas terão a responsabilidade das aulas de dança e canto. A Hebraica é o denominador comum dos quatro que tomaram rumos diferentes. “Um dos meus primeiros trabalhos foi aqui, com a coreografia da montagem de O Mágico de Oz, em 2007. Depois, trabalhei em José e seu Manto Technicolor, outra produção da comunidade, Xanadu e mais recentemente Hello Dolly”, contou Daniel. Lucas é professor no Centro de Música Naomi Shemer e acompanha ao vivo, no pia-

Não basta atuar, tem de dançar e cantar A PRIMEIRA TURMA DO CURSO DE PREPARAÇÃO PARA MUSICAIS DO DEPARTAMENTO DE TEATRO TEM PROFESSORES QUE JÁ

INTEGRAM O QUADRO FUNCIONAL DO CLUBE E TAMBÉM ATUAM EM PRODUÇÕES EM CARTAZ NA CIDADE no, A Gaiola das Loucas. Foi o interesse pelo trabalho no palco que atraiu os nove alunos para esta proposta inédita. Vítor Froiman, Beatriz Algranti e Dália Halegua integram grupos de teatro na Hebraica. Leon Fish começou na Hebraica e depois realizou um curso técnico no Teatro Célia Helena. “Quero ampliar a minha bagagem profissional”, informou o jovem. Formada em economia, Ilana quer reencontrar seu lugar no palco, a primeira paixão. “Estou no elenco da próxima montagem infantil dirigida por Luciane Strul e quero me preparar para atuar em musicais, que adoro desde menina”, contou. Aos 76 anos, Boris Ciocler contou aos

COM APOIO DO FUNDO COMUNITÁRIO, CERCA DE 1.300 PESSOAS SE REUNIRAM NA HEBRAICA PARA RECEBER O EX-SOLDADO ISRAELENSE GILAD SHALIT, MANTIDO EM CATIVEIRO DURANTE CINCO ANOS se dois mil dias de detenção e provocou uma mobilização mundial por sua libertação, pois, afinal, ele podia ser o filho de qualquer família judaica do mundo. Ao responder aos discursos e aplausos, Gilad resumiu em poucas palavras os agradecimentos “por me guardarem no coração durante estes longos e difíceis anos no cativeiro e por partilharem minha alegria e a da minha família na libertação”. O evento na Hebraica, em apoio ao Fundo Comunitário, foi público e aberto a toda a comunidade em mais uma demonstração, como outras, em um passa-

do recente, da capacidade de mobilização e de interesse dos judeus pelas coisas e causas que dizem respeito à vida e à continuidade do povo judeu e ao Estado de Israel. A presença de centenas de pessoas dava razão às palavras do presidente da Hebraica Abramo Douek, lembrando que, na época do cativeiro de Shalit, formou-se uma “corrente de solidariedade e fraternidade cercando o mundo, cujos elos eram pessoas encharcadas de fé e de esperança repetindo: “Não atentem contra a vida dele pois há uma vigília civilizada contra a barbárie”.

A PRIMEIRA TURMA DA OFICINA DE MUSICAIS REUNIDA PARA OS PRIMEIROS ENCONTROS

colegas de classe a trajetória no teatro desde os 18 anos, dirigido por Tatiana Belinky, na TV Tupi. “Depois de assistir, meus pais foram contrários à minha opção pelo teatro. Completei os cinco episódios contratados e parei. Depois só voltei ao palco em 1992 quando Henrique Schafer abriu um curso de teatro na Hebraica e a partir daí participei de várias montagens. Parei há alguns anos e agora retomo a atividade”, contou. Dois outros alunos são parentes dele: a filha Priscila Ciocler Froiman, que integrou o Coral de Belas Artes, e o neto Vitor, 16 anos, membro do grupo Questão. “Dá para ver que teatro e Hebraica estão no nosso DNA”, brincou o patriarca da família. (M.B.)


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juventude > ateliê hebraica

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juventude > fotos e fatos 4.

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NOVO PROGRAMA ATENDE SÓCIOS DE TODAS AS IDADES

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Criatividade na medida certa NO SEGUNDO SEMESTRE, O ATELIÊ HEBRAICA INICIA

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UM NOVO PROGRAMA PARA ATENDER O PÚBLICO INFANTIL NO PERÍODO DA MANHÃ

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partir de agosto, o Ateliê Hebraica oferece aulas a crianças para possibilitar o “encaixe” do aprendizado das técnicas artísticas na complicada agenda diária de mães e filhos. O Ateliê estará aberto de segunda a sexta-feira, das 9 às 11h30, oferecendo o programa “Meu Primeiro Ateliê”, de aulas avulsas ou que podem ser contratadas em pacotes mensais e utilizadas de acordo com o ritmo dos pais ou da criança. “A partir de 1 ano, a criança já está apta a vivenciar técnicas e conhecer materiais e poderá fazer isso no Ateliê, acompanhada ou não por um adulto responsável”, explica a coordenadora do Ateliê Bety Lindenbojm. A equipe técnica do Ateliê é quem vai determinar uma atividade por dia, de cuja aula, com duração de 45 minutos, a criança participará sem horário fixo para entrar. “Essa flexibilidade permitirá a algumas mães oferecer essa oportunidade de expressão à criança sem se sentir presas a compro-

missos de horário ou frequência mínima”, observa Bety. A nova modalidade deverá provocar a reformulação do espaço da sala de aula, em busca de um lay out mais dinâmico. “Digamos que a mãe atrase uns minutos. Nesse caso, a criança ficará entretida com livrinhos ou brinquedos reservados para isso, depois de ter se divertido com a proposta da atividade do dia”, lembra Bety. As atividades diárias de “Meu Primeiro Ateliê” são destinadas e adaptadas às crianças de todas as idades. “Em alguns

momentos do dia de pintura, serão apresentados outros materiais e técnicas, respeitando a necessidade múltipla de estímulos em cada fase da infância”, enfatiza a coordenadora. Outro aspecto inovador do “Meu Primeiro Ateliê” é que será opcional a presença do adulto acompanhando a aula. “Quando a frequência de um bebê for muito espaçada, ele precisará do adulto. Mas assim que se acostumar às professoras poderá ficar sozinho na classe”, explica a coordenadora. (M. B.)

1. Bruno Kibrit e Doris Aeckerle ajudaram a decorar a Casa da Juventude para a quarta edição do Sambatata; 2. Gabriel Bursztein e Pedro Keiner, da Banda Fuleragem, bateram papo durante o Sambatata; 3. Daniel Jaca Balog Goldstein atua no projeto sustentabilidade da Hebraica e nas horas vagas dá uma canjinha musical; 4. No Yom Israel, Marina J. Nossig aderiu à proposta de criar um visual combinando com o tema do evento; 5. Alunas do curso de bat-mitzvá participaram de um Kabalat Shabat especial na Sinagoga; 6. Pais dos alunos da turma Curso de Líderes Meidá se encontraram com o diretor superintendente Gaby Milevsky para saber sobre a viagem de formatura dos filhos a Israel

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Cerâmica para iniciantes Aproveitando a temporada de renovação, o Ateliê Hebraica amplia as opções para adultos com a proposta do curso de cerâmica com aulas semanais às quartas-feiras, das 14 às 16 horas. “O curso foi criado a pedido dos alunos e sócios. Conseguimos viabilizar o projeto por um valor muito abaixo do cobrado na cidade, e inclui noções de escultura, pintura, torno e fundição e o material. Para reservar a vaga, basta ligar para o Ateliê”, informa Bety.

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esportes > ginástica artística

Cada vez mais próximos da Bulgária EM INDAIATUBA (SP), GINASTAS QUE TREINAM NA HEBRAICA LEVARAM MEDALHAS DE OURO EM VÁRIAS CATEGORIAS E APARELHOS, E NO BRASILEIRO, EM ITABIRA, (MG), VÁRIOS ATLETAS FICARAM PRÓXIMOS DA CONVOCAÇÃO PARA O MUNDIAL NA BULGÁRIA

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o final de maio, a Hebraica disputou o Campeonato Paulista de Ginástica de Trampolim, em Indaiatuba. Oito ginastas – Ana Clara Diceza-

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esportes > natação

re, João Serra, Diego Birenbaum, Gustavo Menasce, Luíza Zeitune, Taly Blinder, Miguel Dutra e Karen Schepselevitz – representaram o clube nas categorias

GINASTAS VITORIOSOS NO TRAMPOLIM NA EXPECTATIVA DO MUNDIAL

Torneio internacional No início de junho, a Hebraica estreou na Copa Olímpia Internacional de Ginástica Artística de Montevidéu. Nove atletas das categorias infantil A e B e juvenil embarcaram acompanhados pelos técnicos Roseli Lamarca, Renata Guerra e Danilo D. Gattei. A XIV edição do Olímpia teve 947 competidores da Itália, Argentina, Colômbia e Uruguai. Segundo o relatório da técnica Rose Lamarca, “esse campeonato foi uma grande experiência para nossos ginastas e técnicos. Tivemos a oportunidade de observar equipes de outros países e os da Hebraica realizaram as séries com muita qualidade, confiança e beleza, resultando em uma boa classificação, dado o número de participantes”. As atletas do clube se classificaram entre o décimo quinto e o trigésimo lugares em suas categorias e Gabriel Cerqueira ficou em terceiro lugar no infantil.

pré-infantil, infantil, infantojuvenil e adulto perante as equipes do Clube Atlético Paulistano, Prefeitura Municipal de Campinas, Faculdade Uni-Ítalo e Prefeitura Municipal de Indaiatuba. “A Hebraica acompanha a elevação do nível técnico do Campeonato Paulista como resultado do trabalho de atualização e intercâmbio. Pela primeira vez, participamos da categoria pré-infantil (9 e 10 anos) e a atleta Luíza Zeitune obteve a terceira colocação, o que indica que a formação de uma equipe pré-competitiva pode ser a conexão entre os atletas do competitivo e a Escola de Esportes”, constatou o técnico Fábio Ferreira Zuin. Ana Clara Dicezare (juvenil) foi mais uma vez campeã paulista no aparelho duplo minitrampolim e ficou em terceiro lugar no minitrampolim. Diego Birenbaum (juvenil) e Miguel Dutra (infantojuvenil) ganharam a medalha de ouro no duplo mini e trampolim individual, respectivamente. Gustavo Menasce (adulto) foi vice no duplo minitrampolim, assim como João Serra no trampolim individual e minitrampolim. Taly Blinder (infantil) ficou em quarto no trampolim individual. Vinte dias depois, Ana Clara Dicezare, João Serra e Miguel Dutra seguiram com o técnico Fábio para Itabira, Minas Gerais, para disputar o campeonato brasileiro no ginásio municipal da cidade. O torneio reuniu 250 atletas de clubes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, interessados em garantir vaga para o Mundial de Trampolim, em Sófia, Bulgária, no segundo semestre. João Serra voltou para São Paulo com o título de campeão juvenil de tumbling, com notas 9,5 na série obrigatória e 9,2 na série livre. Miguel migrou recentemente da ginástica artística para o trampolim e estreou numa competição nacional e ficou em primeiro lugar no tumbling e em quinto no duplo mini. Ana Clara manteve a boa atuação já demonstrada em anos anteriores e ficou em terceiro lugar no duplo minitrampolim e foi a sexta colocada no tumbling numa disputa acirrada em que a diferença na nota foi de poucos décimos de diferença da terceira colocada. (M. B.)

TORNEIO MOBILIZOU NADADORES E FAMILIARES EM PLENA NOITE DE SÁBADO

Masters competiram à noite DEZENAS DE NADADORES MASTER PARTICIPARAM DO

TROFÉU AMIZADE, EVENTO

QUE JUNTOU FAMILIARES E AMIGOS DOS PARTICIPANTES NA ARQUIBANCADA DA PISCINA OLÍMPICA EM UMA NOITE DE SÁBADO

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Associação de Clubes Esportivo e Socio-Culturais (Acesc) organizou na piscina olímpica da Hebraica a primeira edição do Troféu Amizade, com as equipes do Esporte Clube Sírio, da Bardi Swimming Team, do Clube Atlético Paulistano, da Companhia Atlética e do TNT Master, além dos atletas da Hebraica: cinco equipes, cada uma representando uma cidade de Israel. “Cada grupo inscreveu dez atletas que se revezarão na água para, no menor tempo possível, totalizar os cinco quilômetros da prova”, explicou a coordenadora do master da Hebraica, Adriana Silva. No final da tarde daquele sábado, enquanto a cidade se preparava para a Virada Cultural, a piscina olímpica da Hebraica foi fechada para os atletas darem algu-

mas braçadas preparando-se para a prova. Junto às balizas, juízes aferiam cronômetros e confirmavam a ordem em que cada nadador mergulharia para cumprir sua parte na prova. “É uma competição entre amigos. Torcemos uns pelos outros e depois partilhamos o chocolate quente e o lanche com animação”, descreveu Adriana. No resultado final, o Bardi Swiming Team foi o campeão, os atletas do Paulistano ficaram com o vice-campeonato e a equipe Hebraica Tel Aviv terminou em terceiro. “É preciso valorizar os tempos em que cada um dos vencedores terminou a prova: os atletas da Bardi totalizaram 1h9 e 20 segundos, o Paulistano 1h10 e 8 segundos e a Hebraica em 1h10 e 36 segundos”, relatou a coordenadora. (M. B.)


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esportes > polo aquático

Bons exemplos para a vida NIKOLA SAMODOL E JURE MARELJA VIERAM DA CROÁCIA PARA REFORÇAR O TIME DE POLO AQUÁTICO NO DISPUTA DA TAÇA BRASIL E PARTILHARAM COM ATLETAS DE TODAS AS CATEGORIAS SUAS TÉCNICAS DE JOGO E EXPERIÊNCIAS DE VIDA

JOGADORES DE TODAS AS CATEGORIAS TIVERAM A OPORTUNIDADE DE TREINAR COM OS DOIS VISITANTES CROATAS

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s croatas Nikola Samodol e Jure Marelja passaram quinze dias em São Paulo em companhia dos atletas do polo aquático da Hebraica. Intercalaram alguns passeios pela cidade com muitos treinos, ora com os garotos menores, ora com os colegas de time sub-19. “Eles estão acostumados a jogar uma partida por dia e em alguns dias a Hebraica disputou dois jogos consecutivos e os rapazes ajudaram a Hebraica a dificultar os jogos para os adversários”, conta Manoel Psanquevitch, pai de dois atletas e que acompanhou a atuação da Hebraica no torneio. A exemplo de outros visitantes convidados pelo técnico Léo Vergara, os croatas demonstraram passes e movimentos na piscina e fizeram uma palestra formal para os garotos do sub-13. “O futebol é o esporte preferido na Croácia, mas como o inverno restringe a temporada de polo aquático a apenas alguns meses, muitos garotos praticam mais de uma modalidade e depois optam por uma. O importante é que a dedicação aos treinos exige muito do atleta e é preciso muita organização para se manter em dia com a escola. E depois, no meu caso e no do Nikola, foi o esporte que nos teu a chance de cursar uma faculdade e conseguir uma formação acadêmica, mesmo atuando como profissionais em nossos clubes”, explicou Nikola, em inglês fluente. (M.B.)

O reforço que veio de fora Esta não é a primeira vez que o time da Hebraica disputa a Taça Brasil com reforço do exterior. No ano passado, o craque espanhol Daniel Ballart jogou e transmitiu conhecimentos aos atletas do clube. Os croatas foram alertados antes de embarcarem sobre o fato de o time da Hebraica não ter uma tradição de vitórias na Taça Brasil, um dos torneios mais difíceis da agenda do polo no Brasil. “Ganhar ou não é irrelevante. Esse intercâmbio com os atletas da Hebraica é muito bom para nós. As condições de trabalho de vocês são ótimas e o clube é lindo. Isso e o talento de alguns atletas são suficientes para fazer a viagem valer muito a pena!”, elogiaram os dois visitantes.

NIKOLA SAMODOL E JURE MARELJA AJUDARAM A EQUIPE ADULTA DA HEBRAICA A CHEGAR EM SEXTO LUGAR NA TAÇA BRASIL, DISPUTADA NO ESPORTE CLUBE PINHEIROS


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esportes > curtas

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esportes > fotos e fatos 1.

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1. Eduardo Wainberg estreou na seleção brasileira e, junto com Felipe A. Alterthum e Pedro Vergara, trouxe o ouro do Campeonato Sul-Americano sub-17 disputado em Buenos Aireso; 2. A equipe mirim de ginástica artística se apresentou no festival da modalidade organizado pela Escola de Esportes; 3. Rose Moscovici recepcionou o campeão Carlos Alberto Kirmayr, para um dia de treinos e palestras para os tenistas do clube ; 4 e 5. Alunos das escolas de Esportes e Maternal e Infantil participaram do evento mundial “A Maior Aula de Natação do Mundo”, fazendo da Hebraica um parceiro oficial para a obtenção de mais um recorde mundial durante uma aula padrão simultânea

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Futsal recebe convidados

A cidade de Ribeirão Pires enviou quatro das suas equipes de futsal a São Paulo para enfrentar a Hebraica. A animação da torcida festejando gols ou lamentando bolas na trave podia ser ouvida de fora da quadra do Ginásio dos Macabeus. “Começamos com o jogo do sub-15, sub-13 e sub-11 e os garotos do sub9 serão os últimos a entrar em quadra”, afirmou o técnico do sub-13 da Hebraica Celso Passos.

Águas abertas no Guarujá

em outros quinze países. O slogan do dia foi “Aulas de Natação Salvam Vidas”; 6. Aron Waissmann participou da segunda rodada do Torneio

4.

Os nadadores do clube começam a se destacar no Circuito Paulista de Travessias Aquáticas 2013. Na quinta etapa, disputada no Guarujá, os resultados individuais nos três mil metros colocaram a Hebraica em quarto lugar entre as quarenta entidades participantes. Deby Kabani e Rubens Krausz se destacaram chegando em primeiro lugar cada um em sua categoria. Ele também ganhou a medalha de ouro nos quinhentos metros.

Intercâmbio de xadrez A Hebraica inscreveu dois alunos do curso de xadrez no VIII Interescolar da modalidade promovido pelo Externato Catamarâ. Os irmãos Gabriel e Bruno Gildin representaram o clube no torneio. Semanas depois, foi a vez de o Departamento de Xadrez da Hebraica recepcionar 28 pequenos enxadristas no II Torneio Infantil que proporcionou aos pais dos participantes a oportunidade de jogar um campeonato paralelo. De acordo com o coordenador da modalidade, Davy D’Israel, “os torneios infantis se destinam a estimular a prática e o estudo do jogo por crianças na faixa dos 8 aos 12 anos”. ( M. B.)

5.

6.


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espaço saúde

Existe colesterol “bom”? Q

uem já realizou exames de colesterol sabe que os resultados costumam vir acompanhados de algumas siglas que indicam frações específicas do colesterol total e para as quais correspondem metas igualmente específicas. Estamos falando do LDL e do HDL. Interrogado sobre o significado destas siglas, o médico do leitor deve já ter explicado que o LDL se refere ao “colesterol ruim” enquanto o HDL representa o “colesterol bom”. Mas, o que isso quer dizer? Existem mesmo vários tipos de colesterol, um “bom” e outro “ruim”? Comecemos dizendo que o colesterol desempenha funções fisiológicas vitais para nosso organismo, desde a síntese de hormônios até a estruturação das membranas celulares. Neste sentido, portanto, a princípio, o colesterol é bom por definição. Por outro lado, enquanto níveis elevados de colesterol LDL no sangue aumentam significativamente o risco de infarto e AVC, para o colesterol HDL o problema é o oposto: quanto mais baixo, maior o risco de problemas cardiovasculares. Como é possível que o colesterol seja bom e ruim ao mesmo tempo? Curiosamente, a resposta para esta pergunta não reside no colesterol, mas nas partículas transportadoras que o carregam na circulação sanguínea. Sendo uma gordura, o colesterol é insolúvel no sangue. Pensem em uma gota de azeite em um copo de agua. Por este motivo seu transporte no organismo não seria possível se não existissem partículas transportadoras especificamente projetadas para tal função. Estas partículas literalmente empacotam o colesterol para transportá-lo de um lugar para outro dentro do nosso corpo. Existem vários tipos destas partículas, mas as que nos interessam aqui são duas: a LDL e a HDL. Isso mesmo: LDL e

HDL são, na verdade, as partículas que transportam o colesterol no sangue. Não existem, portanto, diferentes tipos de colesterol, mas diferentes tipos de “carrinhos” transportadores. O colesterol é um só, sempre a mesma molécula. O que determina o fato dele ser “bom” ou “ruim” é o lugar para onde está sendo transportado. A LDL transporta o colesterol do fígado para os diferentes órgãos e, portanto, para as artérias onde ele tende a se depositar. Por este motivo, quanto maior o colesterol LDL, maior a chance deste se depositar nas artérias provocando entupimentos indesejáveis. Daí o apelido “colesterol ruim”. Já a HDL transporta o colesterol no sentido oposto: o remove das artérias e o leva para o fígado. Em outras palavras: faz faxina de colesterol das artérias. Por isso, quanto mais alto o colesterol HDL, menor a chance de se ter depósitos de gorduras nas artérias. Daí o apelido “colesterol bom”. Embora exista um tratamento medicamentoso para aumentar o colesterol HDL, raramente é indicado, pois atividade física e adequação da dieta resolvem o problema na maioria dos casos. No caso dos diabéticos, que frequentemente apresentam HDL baixo, tratar adequadamente o próprio diabetes é a forma mais efetiva de normalizar o HDL. Existem alimentos específicos com a propriedade de aumentar o HDL. Entre estes merecem destaque as oleaginosas (nozes, amêndoas e castanhas), o azeite de oliva e o vinho. Embora, de fato, estes alimentos tendam a aumentar o colesterol HDL (e seu consumo seja certamente um prazer adicional!), é preciso lembrar que a melhor forma aumentar o HDL é controlar a dieta e manter um plano de atividade física regular. Cumpridas estas premissas, até uma taça de um bom vinho é bem-vinda!

DR. ANTÔNIO LAURINAVICIUS, CARDIOLOGISTA DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN

ma ga zine


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magazine > colinas de golã | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

NESSE CARTAZ, NO CANTO, A IMAGEM DE ELI COHEN ENFORCADO E EXPOSTO À EXECRAÇÃO PÚBLICA

Passeio conta aventuras de espião UMA NOVA TRILHA NO GOLÃ ACOMPANHA OS PASSOS DO ESPIÃO ISRAELENSE ELI COHEN, QUE HÁ CINQUENTA ANOS INFILTROU-SE NO ALTO ESCALÃO DO EXÉRCITO SÍRIO, E REVERENCIA A SUA MEMÓRIA

P

ontualmente, às 8h12 da manhã de 18 de janeiro de 1965, agentes da contra-espionagem síria entraram no apartamento de Eli Cohen, em Damasco, e o prenderam transmitindo informações secretas ao comando-geral em Tel Aviv. Exatamente neste mesmo horário, em janeiro, foi inaugurada nas Colinas do Golã uma trilha que acompanha os passos de um dos maiores espiões da história do Mossad. A trilha foi criada apenas com contribuições de amigos e admiradores, sem verbas públicas, cruza os oitenta quilômetros do altiplano do Golã e assinala por meio de textos em alto relevo, os diferentes pontos por onde passou Cohen acompanhado de altos oficiais do exército sírio, disfarçado de empresário árabe que enriqueceu na Argentina. Gil Brenner teve a ideia do projeto por acaso, durante um passeio de turistas do qual era guia pelo Golã. Quando o grupo passou pelo vilarejo druso de Majdal Shams, o guia notou um comerciante local, já idoso, afixando na parede da loja uma foto sua da época em que ainda era um jovem oficial sírio. Curioso, ao conversar com o lojista, soube que ele assistiu ao enforcamento de Cohen numa praça pública de Damasco, em maio de 1965, aos 40 anos de idade.

Atualmente, a trilha Eli Cohen inclui uma parada nesta mesma loja para ouvir do comerciante de 78 anos, identificado apenas como A., revelações surpreendentes a respeito dos momentos finais de Cohen. O druso conta que na época servia o exército sírio e, como estava em Damasco naquele dia, foi presenciar o enforcamento. A imagem que circulou por todo o mundo mostra o corpo inerte do espião exposto em praça pública, enrolado e com dizeres acusando-o de traição. Mas a história não terminou ali. Diz o guia Brenner: “O comerciante conta que quando se preparavam para enforcá-lo, colocaram um cartaz acusando-o de traidor. Mas quando o carrasco perguntou se tinha um último pedido a fazer, Cohen pediu para tirar o cartaz e gritou para a multidão que não traíra ninguém, e, sim, que era judeu e atuou em favor do seu povo. O pedido foi atendido e somente depois de morto recolocaram o cartaz”. Cohen tinha três filhos quando esteve infiltrado durante três anos em Damasco. Um dos pontos percorridos na trilha do Golã é o refeitório de oficiais sírios onde Cohen, disfarçado do comerciante Kamel Thaabet, em 7 de outubro de 1962, almoçou com os seus anfitriões, o chefe dos comandos especiais sírios, Salim Hatum, e o comandante de combustíveis do exército, Halil Asfur. Como espião, Cohen visitou diversas vezes o Golã, na época o front sírio contra Israel. A trilha começa em Hamat Gader, ao lado de um hotel onde Cohen passou uma noite na companhia de altos oficiais sírios. Ali foi inaugurada uma escultura inspirada na passagem da Torá em que Moisés envia espiões para investigar a Terra Prometida. “Esta é uma trilha para o povo judeu, e pode ser feita sozinho”, diz o seu criador. Um dos méritos da nova trilha é acabar com alguns mitos que cercam aquele espião. Brenner leva os visitantes a uma fazenda fundada no Golã, ainda durante o Mandato Francês na Síria, para provar que Cohen não foi o responsável pelo plantio de eucaliptos ao redor das bases sírias e que teriam ajudado os jatos

israelenses a bombardeá-las na Guerra dos Seis Dias, dois anos após ele ser enforcado. (Leia entrevista abaixo com Brenner). Um mentsch A trilha, que teve o apoio e a colaboração da viúva de Cohen, Nadia, e do irmão, Avraham, também serve para penetrar na personalidade do espião. Algo pouco conhecido foi a atitude de Cohen durante o julgamento em Damasco. Junto com ele foram presas quinze pessoas e mais outras quinhentas acabaram implicadas no caso. Cohen se esforçou para livrar todos de qualquer envolvimento. E quando o julgamento terminou, apenas três outras pessoas foram condenadas, entre cinco e quinze anos de prisão. “Ele foi um mentsch [‘gente’, em ídiche] até o fim, e os árabes o respeitaram por isso”, revela Brenner. Outro traço da personalidade de Cohen surgiu por acaso,

quando Brenner percorreu a trilha no Golã com um grupo do qual participavam judeus sírios. Eles contaram que no Pessach de 1963, Cohen visitou a comunidade de Damasco sem dizer que era judeu, apresentando-se como um simples comerciante de joias. A certa altura, disse que estava com fome e lhe ofereceram matzá. Foi a maneira de compartilhar aquele chag em meio a judeus, mesmo sob disfarce. “Cohen não foi um rabino, mas é o tipo de personalidade judia que aparece a cada cem ou duzentos anos”, diz Brenner. Contato com o guia Gil Brenner: gilbestguide@gmail.com

E N T R E V I STA Trilha é túmulo simbólico

A ideia mais difundida a respeito do espião Eli Cohen é a de que teria convencido os sírios a plantar eucaliptos nas proximidades das bases militares, e mais tarde usado pela aviação israelense como ponto de referência para bombardeá-los, na Guerra dos Seis Dias. Mas Gil Brenner (foto ao lado), o criador da nova trilha no Golã em homenagem à atuação de Cohen, diz que isso é uma “besteira”. Leia a entrevista. Hebraica – O senhor vai contra a ideia generalizada de que Eli Cohen sugeriu aos sírios plantarem eucaliptos ao lado das bases no Golã, tornando-as alvo para a aviação israelense em 1967. Até a Wikipedia afirma isto. Brenner – É uma besteira. Já durante o período francês, antes da independência da Síria, foram plantados eucaliptos em todo o país. Também os ingleses plantaram essas árvores na Palestina durante o Mandato Britânico. De fato, o objetivo era criar sombra para os soldados, mas não foi de Eli Cohen. Qualquer acampamento militar sírio, também fora do Golã, tem eucalipto. Então não há nenhuma relação entre Cohen e os eucaliptos? Brenner – Ele esteve quatro vezes em Israel durante o período em que espionava os sírios. Talvez tenha relatado aos superiores acerca de eucaliptos perto dos acampamentos, e isto foi levado em conta. Mas a ideia não foi dele. Cohen atuou como espião três anos antes da Guerra dos Seis Dias, e é sabido que eucaliptos não crescem em tão curto período como este. Então qual foi realmente a importância das informações que ele passou? Brenner – Cohen nunca foi um conselheiro do alto comando sírio. Ele era como um mosquito na parede, a que tudo ouvia. Por exemplo, reportava se havia agitação nos quartéis sírios. Ele percorreu o Golã com o chefe dos comandos especiais sírios Salim Hatum, e o comandante de combustíveis do exército Halil Asfur, e ouviu comentários a respeito de tudo que havia ali. Ele se infiltrou profundamente entre os sírios. Qual a possibilidade de um dia trazer seus restos mortais a Israel? Brenner – Esta é uma questão difícil e triste. As possibilidades são mínimas. Ainda existe somente uma pessoa em Damasco envolvida com o sepultamento, e trata-se de um importante assessor do presidente sírio. Cohen se transformou num Ron Arad [aviador israelense que desapareceu no Líbano], não se sabe seu paradeiro. Esta trilha tem o sentido de um túmulo para ele.


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magazine > violência | por Ariel Finguerman

POLICIAIS E SOCORRISTAS ATENDEM FUNCIONÁRIA TRAUMATIZADA DO BANCO

Uma tragédia israelense EX-MILITAR ENDIVIDADO COM O BANCO ENTRA NA AGÊNCIA E DISPARA CONTRA CLIENTES E GERENTES. TEXAS? OKLAHOMA? NÃO. BEER SHEVA, ISRAEL. ACOMPANHE A EVOLUÇÃO DESSE EVENTO, PASSO A PASSO

N

um país como Israel, em que boa parte da população circula armada, as pessoas de certa forma se orgulham da boa educação e do autocontrole. Muito raramente brigas de rua ou discussões de trânsito acabam em tragédias. Mas o terrível caso da agência do Banco Hapoalim, em Beer Sheva, recentemente, traduziuse em imagens que se acreditava apenas aconteciam em cidades norte-americanas. Vinte de maio amanheceu quente em Beer-Sheva, um dia típico de primavera nesta cidade à beira do deserto. Itamar Alon, 40 anos, acordou perturbado. Ex-capitão do Tzahal, condecorado há onze anos porque matou um terrorista palestino numa escola da cidade [ver box na página ao lado], nos últimos tempos Itamar era uma outra pessoa. Quieto, solteiro, vivia no apartamento dos pais aposentados. Depois de ter perdido o emprego, tornou-se ainda mais retraído. E violento. Gritava com os vizinhos, ameaçava-os e chegou a quebrar um ar-condicionado do apartamento ao lado sob alegação que pingava água. “Ele não falava com ninguém”, diria mais tarde um vizinho.

Às nove horas da manhã daquele dia, Itamar percorreu os 350 metros que separam seu apartamento da agência do Banco Hapoalim, situada na mesma rua. Apesar de já acumular uma dívida de seis mil shekalim (cerca de três mil reais) com o banco, tentou sacar dinheiro do caixa 24 horas. Surpreso, viu a máquina engolir o cartão e a mensagem para se dirigir à agência. Furioso, Itamar entrou no banco gritando com a gerência e outros funcionários. “Quero meu cartão de volta”, berrava, segundo testemunhas. Não havia guarda na entrada do banco, daí ele ter conseguido ficar cerca de meia hora no local sem ter sido expulso. No final, decidiu sair. Mas retornou uma hora e meia depois, armado. Itamar entrou na agência e sentou no sofá destinado aos clientes. Ficou ali durante mais de uma hora, sem ser importunado ou notado. Por volta das onze horas, levantou-se, sacou a arma e começou

a gritar. Aproximou-se do subgerente e conselheiro de investimentos Meir Zeitun, e atirou à queima roupa. Zeitun, 40 anos, três filhos entre 2 e 9 anos, morreu na hora. Em seguida, foi ao gerente Avner Cohen, 40 anos, morador de Omer, cidade ao lado, 40 anos de idade, três filhos entre 7 e 18 anos. Avner assumira a gerência há apenas duas semanas. Estava no último ano de direito e tinha muitos planos para o futuro que terminaram com um disparo de Itamar a centímetros do seu corpo. Em seguida, Itamar apontou contra Anat Even-Haim, 34 anos, divorciada, mãe de uma menina de 8 anos e gêmeos de 3 anos de idade, que naquela manhã, fora ao banco depositar um cheque. À mãe, que a acompanhava, disse para ficar no carro pois voltaria “em alguns minutos”. Não voltou. Em seguida, foi a vez de Idan Sabri, 22 anos que estava na agência para consultar a conta bancária. Idan dera baixa no exército há seis meses, planejava estudar e começar uma nova fase da vida. Um tiro acabou com os seus sonhos porque “estava no local errado, na hora errada”, disse um familiar. Sabri deixa um irmão, a mãe e o pai, residentes na Argentina. Mais tarde, estarrecido e indignado, todo o país acompanharia pelo noticiário as imagens da câmara interna do banco mostrando a insanidade de Itamar. Ele passou pelos corpos atingidos e tomou os pulsos de cada um para se certificar de que estavam de fato mortos. Enquanto a matança acontecia, a funcionária da agência Miriam Cohen resolveu agir. “Escutei [o subgerente] Zeitun dizer ‘não, não, não atire’, mas o assassino o matou. Três clientes se esconderam embaixo da minha mesa. Liguei do celular para a polícia: ‘Estou ligando do Banco Hapoalim, há tiros aqui’. De repente, vi um homem se aproximar de mim com um revólver. Entendi que era o atirador e olhava para mim.” Miriam implorou para o assassino, dizendo “por favor, não atire

em mim”. Ele segurou a pistola na mão direita e com a outra mão agarrou seu ombro, ergueu-a e informou: “Venha comigo, você agora é minha refém”. Ela o reconheceu como cliente, mas preferiu não dizer nada. Foi arrastada para o banheiro dos deficientes, sempre maior que os demais, e ali se trancaram. Do lado de fora, policiais tentavam se comunicar com o assassino. “Saia, não faremos nada contra você”. Desesperada, Miriam gritou: “Estou aqui, estou aqui”. Então os policiais entenderam que ele estava no banheiro com mais alguém. E voltou a implorar ao atirador: “Por favor, não me machuque, tenho família”. Ele colocou a mão na boca dela e a arma na têmpora e ameaçou: “Cale-se ou atiro em você”. Miriam pensou que este seria o seu fim e começou a recitar passagens dos Salmos que sabia de cor. Foram cinquenta minutos de angústia. De repente, o atirador largou-a, apontou a arma para a própria boca, mandou Miriam ficar com o rosto contra a parede, e em seguida, ela ouviu um disparo. Virou-se para ver o rosto de Itamar ensanguentado. Miriam abriu a porta e encontrou policiais apontando contra ela. Explicou: “Estou bem, Baruch HaShem (Graças a Deus). Ele suicidouse”. Paramédicos a colocaram numa cadeira de rodas para tratá-la do choque. Mais tarde, em casa e abraçando as duas filhas, declarou: “Aconteceu um milagre comigo, não sei por que o assassino se compadeceu de mim”.

Retrato de um assassino sabra Há onze anos em um evento comemorativo em homenagem ao capitão do Tzahal Itamar Alon, ninguém poderia imaginá-lo um futuro assassino. Na presença do então comandante da polícia do distrito sul, hoje ministro da Segurança Interna, Itzhak Aharonovich, Itamar foi condecorado por bravura. Egresso de uma unidade de elite de engenheiros de combate do Tzahal, estava agora na reserva, como comandante de companhia, responsável por entre 80 e 250 soldados. Desde 2001, trabalhava na chefia da segurança de uma escola de Beer Sheva. Fervia a segunda intifada e dois terroristas palestinos armados de rifles Kalashnikov (AK-47), atacaram um restaurante próximo da cidade e mataram dois soldados que almoçavam. Israelenses armados atiraram e mataram um. O outro, ferido, fugiu e entrou na escola, próxima do local, da qual Itamar era segurança. Ele saiu rapidamente da sua sala, identificou o terrorista e o único tiro matou-o. Foi saudado como herói. No entanto, apesar da condecoração, Itamar foi demitido um ano depois, em razão de seguidas reclamações por comportamento impróprio. Ao perder o emprego, mudou completamente de atitude. Isolou-se e ficou violento, principalmente contra vizinhos, o que levou a chefatura da polícia de Beer Sheva a cassar o seu direito de andar armado. Itamar recorreu da decisão, sob a alegação de que a atividade antiterrorista poderia torná-lo alvo de uma vingança. Ganhou a arma de volta e, com ela, provocou em maio, uma tragédia na agência do Banco Hapoalim.


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magazine > israel 65 anos | por Yuval Noah Harari *

ACIMA, À ESQUERDA, UMA DAS MAIS FAMOSAS FOTOS DE NEHRU E GANDHI JUNTOS, EM 1946, SORRINDO COM O FIM DO DOMÍNIO BRITÂNICO; ACIMA, À DIREITA, O ADVOGADO E POLÍTICO MUHAMMAD ALI JINNAH QUE DECLAROU A INDEPENDÊNCIA DO PAQUISTÃO EM 14 DE AGOSTO DE 1947

O Japão, a Índia e a independência A LUTA DO ISHUV CONTRA O IMPÉRIO BRITÂNICO FOI UMA DAS RAZÕES DO TÉRMINO DA OCUPAÇÃO E DA INSTITUIÇÃO DO ESTADO JUDEU, MAS HAVIA O CONTEXTO HISTÓRICO DO COLAPSO DO COLONIALISMO EUROPEU E O ENVOLVIMENTO JAPONÊS

U

m dos capítulos da narrativa nacional israelense trata da luta contra o Império Britânico; dos barcos em péssimo estado carregados de imigrantes e cercados de navios da marinha inglesa; dos escombros do Hotel King David, em Jerusalém, em razão do atentado praticado pelo grupo Etzel; da “noite das pontes”, isto é, a destruição das onze pontes entre Israel e territórios vizinhos; do “sábado negro”, a operação britânica que declarou estado de sitio em várias cidades, kibutzim e moshavim, e a busca e prisão domiciliar de líderes dos movimentos clandestinos; do resgate de prisioneiros ligados ao Etzel, Irgun, e árabes, por combatentes do Etzel que entraram na prisão de Acco e dos jovens do chassamba, os contos fictícios em que judeus audazes escapavam às patrulhas escocesas ves-

tidos com aquelas saias tradicionais de xadrez tartan. Por essas narrativas sugere que Haganá, Etzel e o Irgun, mais David Ben-Gurion, Menachem Begin e Itzhak Shamir, entre outros, expulsaram os britânicos e criaram as condições para formar o Estado de Israel. A luta da pequena comunidade judaica contra o poderoso Império Britânico é, de fato, uma extraordinária história de bravura e autossacrifício de que é personagem uma geração de gigantes, o que dificulta imaginar os obstáculos que enfrentaram e a coragem de que estavam imbuídos. Se a devoção e a coragem dos membros dos movimentos sionistas clandestinos foram essenciais para expulsar os britânicos, isoladamente eram insufi-

cientes. A luta da comunidade judaica foi apenas mais um episódio da longa história do colapso do colonialismo europeu, e da passagem do mundo para uma era pós-colonial. As batalhas decisivas que libertaram Israel dos britânicos não ocorreram no Hotel King David, nem na prisão de Acco, mas em Amritsar, no Havaí e em Cingapura. Até a metade do século passado, Israel fazia parte daquele um quarto do planeta dominado pelos britânicos, mas a joia da coroa britânica era a Índia e com centenas de milhões de habitantes; a vizinha Malásia, com plantações de borracha, minas de estanho e indústrias; o porto de Cingapura, porta de entrada para o sudeste asiático e o petróleo do Golfo Pérsico. A importância de Israel era apenas parte da estratégia de defesa do canal de Suez, melhor e principal via de acesso da GrãBretanha ao império asiático. Enquanto dominassem a Índia, os britânicos não abririam mão daquela estreita faixa de terra entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, apesar dos judeus e palestinos, principalmente porque enfrentavam o movimento nacionalista hindu pela independência, liderado pelo Mahatma Gandhi (1869-1948) e Jawaharial Nehru (1887-1964). Em abril de 1919, forças britânicas atiraram contra uma manifestação pacífica na cidade de Amritsar. Este massacre com centenas de mortes incendiou os movimentos nacionalistas asiáticos, chocou a opinião pública inglesa e anunciou o início do fim do colonialismo britânico na Índia. Enquanto os movimentos nacionalistas hindus se tornavam cada vez mais agressivos, os britânicos, que ainda insistiam em permanecer na região, sentiam-se mais fracos. Mergulhados até o pescoço na Segunda Guerra e na luta contra Hitler, mantinham seu império asiático cujos soldados (súditos), aliás, integravam as tropas britânicas e dos EUA contra os projetos expansionistas japoneses na Ásia. Pearl Harbour Em 7 de dezembro de 1941, o almirante Isoroku Yamamoto (1884-1943) atacou de surpresa a frota americana em Pearl Harbour, no Havaí, paralisando a capacidade de os Estados Unidos agirem no Pacífico. Em janeiro e fevereiro de 1942 os japoneses conquistaram as Filipinas e a Indonésia e tropas do general Tomoyuki Yamashita (1885-1946) desembarcaram na Malásia britânica, derrotaram as forças de Sua Majestade e decretaram o bloqueio de Cingapura que durou apenas uma semana, pois os britânicos desistiram de lutar: em 15 de fevereiro de 1942 o general Arthur Percival (1897-1966) rendeu-se a Yamashita, que ficou conhecido como o “tigre da Malásia”, e aprisionou cerca de cem mil soldados, na que é considerada a derrota mais humilhante da história militar britânica. De Cingapura em direção ao Ocidente, os japoneses conquistaram a Birmânia, bombardearam o Sri Lanka e chegaram aos portões da Índia. O Império Britânico estava quebrado e a sobrevivência dependia da ajuda americana e da paz na Índia. De fato, americanos e indianos ajudariam a Grã-Bretanha, desde que se des-

fizesse do império. E Hitler, por sua vez, estava disposto a um acordo de paz com a Grã-Bretanha nesta base: “Deixem-me promover a ordem na Europa, e vocês poderão continuar a promover a ordem na Ásia e a colocar as raças de cor em seu devido lugar”. A hora crucial e grandiosa do Império Britânico foi quando o gabinete de Churchill decidiu ser mais importante derrotar Hitler do que salvar o império. Por um acordo não escrito, ao terminar a guerra os britânicos se retirariam – como se retiraram – da Índia. Com muito dinheiro americano e sangue e suor indianos os britânicos interromperam a marcha japonesa e a fizeram recuar. A guerra terminou, os britânicos beberam a ultima xícara de chá e deixaram o subcontinente indiano. Dormir e despertar Em 14 de agosto de 1947, o advogado e político Muhammad Ali Jinnah declarou a independência do Paquistão. Horas depois, à meia-noite de 14 para 15 de agosto, Nehru apresentou-se à Assembleia Constituinte: “Fomos chamados a um encontro com o destino. Ao soar meia-noite, enquanto o resto do mundo dorme, a Índia despertará para a vida e a liberdade. Chegou o momento, tão raro na história, em que nós deixamos atrás o antigo e marchamos para um mundo novo. O momento no qual termina uma era”. Enquanto Nehru discursava, bandeiras britânicas baixavam os mastros, milhões dançavam nas ruas de Délhi, Mumbai e Calcutá. Na manhã seguinte, hindus e muçulmanos lutavam entre si. Pouco mais de três meses depois, os judeus dançavam nas ruas de Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, quando a ONU decidiu encerrar o Mandato Britânico, e criar, em Israel, um Estado judeu ao lado de um Estado palestino. E lá também, em vez de danças, tiros e artilharia. Essa proximidade de acontecimentos, na Índia e na então Palestina, não foi casual. O Mandato Britânico em Israel fazia parte daquela mesma “era antiga”, citada por Nehru, e quando o re>>

A renúncia britânica à Índia foi o ponto de ruptura psicológica do colonialismo europeu. Era a admissão tácita de que num mundo no qual pululavam movimentos de libertação nacional, os impérios decadentes da Europa não poderiam manter a situação


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magazine > israel 65 anos

>> lógio bateu zero hora em Délhi, começava a contagem regressiva em Jerusalém. A renúncia britânica à Índia foi o ponto de ruptura psicológica do colonialismo europeu. Era a admissão tácita de que num mundo no qual sob qualquer árvore frondosa, pululavam movimentos de libertação nacional e no qual Stalin, o bigodudo “Sol dos Povos”, florescia em Moscou, os impérios decadentes e decrépitos da Europa não poderiam manter a situação. Perdidos os anéis, tratavam de salvar os dedos dos seus interesses, e a única alternativa para interromper a onda comunista era um acordo duplo: com os norte-americanos e com parte dos movimentos de libertação nacional. Por esta razão, depois de Délhi e Karachi, a bandeira britânica foi sendo baixada em Omã (1946), Bagdá (1947), Rangum (capital da antiga Birmânia, atual Mianmar – 1948) e em Colombo, no Sri Lanka, (1948). Com o fim do império na Índia e no resto da Ásia, os britânicos já não precisavam mais defender rotas para a Índia. Israel perdeu importância, os britânicos ficaram felizes de abandoná-lo à própria sorte, enquanto davam a judeus e palestinos a possibilidade de um acordo. Mas a história heroica confere aos judeus todo o crédito pela expulsão dos britânicos. Apesar de Ben-Gurion, Begin, Shamir, da Haganá, Etzel, Irgun

ESTUDANTES COMEMORAM A INDEPENDÊNCIA DE

ISRAEL EM 1948 E CARTAZES SUGEREM FRATERNIDADE EM RELAÇÃO AOS ÁRABES, MAS DEU TUDO ERRADO

e das organizações sionistas, é importante conhecer os contextos históricos para entender que os judeus e o Estado de Israel não vivem isolados, o destino deles está interligado ao do resto do mundo e muitas vezes é determinado a milhares de quilômetros. O que os judeus fazem é importante, como também é importante o que os não judeus fazem e dizem. Talvez fosse o caso de erigir no jardim da Independência, em Jerusalém, estátuas para Gandhi, Nehru e também para Jinnah, ou dar os nomes deles a ruas de Israel? Claro, nenhuma rua terá o nome do almirante Yamamoto ou do general Yamashita, mas convém lembrar, que a mitológica bandeja de prata na qual nos deram o Estado judeu, continha – ao menos em parte – sushi e dal chapati. * O autor é professor do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém


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magazine > israel 65 anos II | por Anshel Pfeffer

O sonho do Terceiro Templo DESDE QUE FOI CAPTURADO PELOS PARAQUEDISTAS DO EXÉRCITO DE DEFESA DE ISRAEL (TZAHAL), EM 1967, TODOS QUEREM UM PEDAÇO DO MURO DAS LAMENTAÇÕES. MAS A QUEM ELE REALMENTE PERTENCE?

P

or um breve momento, o Muro das Lamentações foi um lugar de moderação e bom senso. Um jovem rabino de Tzahal, Yisrael Ariel – que viria a se tornar dirigente do partido racista Kach, fundado pelo rabino Meir Kahana e um dos mentores do Instituto do Templo – foi incumbido de guardar a entrada do Monte do Templo ao ser conquistado pelo exército israelense na manhã de 7 de junho de 1967. Ariel estava convencido de que pouco depois, talvez em questão de horas, especialistas em demolição destruiriam o Domo da Rocha com explosivos e limpariam o terreno para a construção do Terceiro Templo. Mas eis que o então ministro da Defesa Moshé Dayan, tantas vezes acusado de arrogância, naquele dia de triunfalismo teve um acesso de bom senso, e quatro horas depois de a tropa de paraquedistas chegar ao Monte do Templo mandou os soldados debandarem e arriar a bandeira de Israel. Ao contrário do que se pode pensar, essa decisão enfatizou ainda mais a soberania israelense e as restrições que um Estado, senhor de suas possibilidades, pode impor às próprias ações. Desde aquele dia, e mesmo depois de morto, a direita messiânica ainda o acusa de medroso e de complexo de inferioridade em relação ao Islã. Nada mais enganoso, no entanto, pois o ministro simplesmente cumpria o destino sionista de construir uma nova sociedade judaica conectada às suas antigas raízes – e não o de reconstruir um antigo templo e tampouco uma nação sacerdotal. Naquele mesmo dia, mesmo com as fronteiras de Israel ao mesmo tempo desprotegidas e pouco nítidas, as linhas da sua identidade foram estabelecidas. O gigantesco muro de arrimo projetado por Herodes ao redor do complexo do templo tornou-se uma espécie de barreira de contenção contra um possível furor fundamentalista. Assim – e voluntariamente –, o Estado abriu mão do Monte do Templo e fez do Muro das Lamentações ao mesmo tempo ponto de partida e objetivo final. Todavia a sabedoria e a humildade duraram somente três dias, pois Teddy Kollek, o prefeito de Jerusalém de então, mandou expulsar as 650 pessoas e destruir os casebres onde viviam, no bairro dos mugrabim. E em poucas horas surgiu a

área na qual foi construída a grande praça em frente ao Kotel. Mesmo antes de ser transferido para o organograma do Ministério de Assuntos Religiosos e integrar a jurisdição ortodoxa, a apressada expulsão de 135 famílias acrescenta outro significado, quase esquecido, ao Muro das Lamentações. Esse local, ao qual nunca se atribuiu ou considerou possuir a menor santidade, no período bizantino e no início do muçulmano foi área de despejo municipal de Jerusalém durante séculos. E com a Guerra dos Seis Dias viu-se transformado em repositório de paixões políticas, financeiras, nacionalistas e religiosas. Todos queriam o seu Kotel. Ele tornouse o muro das cerimônias militares e da mitologia, especialmente para os paraquedistas, embora a brigada da reserva do coronel Motta Gur tenha chegado tarde à luta por Jerusalém porque se envolvera desnecessariamente na sangrenta batalha pela Colina da Munição (em hebraico, Givat Hatachmoshet), e alcançaram a glória na chegada à Cidade Velha sem ter a quem combater. Em função do muro e do seu perfil mítico foram instituídas ieshivot, construídos apartamentos de luxo, instalados escritórios pretensiosos e erguidos monumentos. É um muro de hegemonia ortodoxa que confinou as mulheres a menos de 20% da área total e forçou outras correntes religiosas a se contentarem com um kotel de segunda categoria, depois da esquina. Tal como está administrado, o muro impede qualquer investigação arqueológica e mais parece um monumento movido ao dinheiro de orçamentos, a doações e esmolas que vicejam nos bastidores e do qual se beneficiam alguns pou-

IMAGEM DE DEVOÇÃO COLETIVA DIANTE DO KOTEL DURANTE O PESSACH

cos funcionários e aduladores à disposição de quem quer que seja. É um muro que serve de moldura à política – “a base da nossa existência”, como Biniamin Netaniahu o denominou –, cenário das campanhas para as primárias nos partidos e nas disputas eleitorais, e destino obrigatório dos chefes de Estado em visita a Israel. Os que se consideram israelenses “normais” há muito tempo se convenceram de que, para eles, o muro nada significa. Parcelas esclarecidas da sociedade o tratam como um grande monte de pedras e não conseguem entender por que razão um grupo de feministas liberais insiste em frequentá-lo envoltas em xales de oração (talitot), alvo de cadeiras e de bombas de efeito moral arremessadas por haredim (ultrarreligiosos), detidas porque insistem no direito de orar no Muro, em iguais condições que os homens. A desculpa – ou pretexto – mais cômoda é que são americanas e quando tudo termina voltam para Nova York ou se veem engolidas pela apatia israelense. A obstinação delas em oficiar um ritual arcaico e primitivo frustra os israelenses seculares. É verdade que temos questões mais urgentes para tratar, e resolver. O problema é que simplesmente expor essa frustração ofusca o fato de que a luta das Mulheres do Muro serve para nos lembrar sempre de que não podemos nos dar ao luxo de desistir do núcleo da soberania de Israel em favor dos ultra-ortodoxos e dos crentes na vinda de um Messias. Recentemente o juiz regional de Jerusalém, Moshé Sobel, decidiu que o “costume local”, observado no muro deve “ser

interpretado de forma pluralista, secular e nacional”. Sobel, ele próprio religioso, foi além de conceder o prêmio de uma vitória simbólica a setores da opinião pública sobre parcelas segregacionistas de haredim: determinou a que se chegue a uma interpretação pluralista, secular e nacional deste símbolo do qual as instituições religiosas se apossaram há muito tempo. O desafio das Mulheres do Muro precisa ser elogiado e devemos continuar articulando a narrativa israelense moderna de modo a que não chegue ao fim o último Estado soberano judaico na antiga Terra de Israel. Imaginou-se, como é normal, que os religiosos de um modo geral fariam as orações ao lado do Kotel em silêncio, como convém. No entanto, de uns tempos para cá, um número cada vez maior de pessoas não se contenta em ver o Muro somente como o limite de suas ambições, mas quer usá-lo como trampolim e andaime para a reconstrução do Terceiro Templo. E esse é um fato que não podemos ignorar. Tradução de Yosi Turel

Tal como está administrado, o muro impede qualquer investigação arqueológica e mais parece um monumento movido ao dinheiro de orçamentos, a doações e esmolas que vicejam nos bastidores e do qual se beneficiam alguns poucos funcionários e aduladores


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magazine > mistério | por Harold Heft

O detetive que seguia pistas de tinta ELEMENTAR, MEU CARO CARVALHO, O INVESTIGADOR JUDEU QUE CONTRIBUIU, DE MANEIRA SENSACIONAL, PARA INOCENTAR O OFICIAL FRANCO-JUDEU ALFRED DREYFUS – ACUSADO DE TRAIÇÃO E ESPIONAGEM

H

á pouco mais de um século, o especialista em tintas, caligrafia e impressão David Nunes Carvalho virou figura central em uma das mais sensacionais investigações do mundo envolvendo o oficial judeu do exército francês Alfred Dreyfus. As conclusões de David Carvalho foram fundamentais para inocentar e conceder perdão defi nitivo a Dreyfus. Carvalho, que nasceu na Filadélfia, em 1845, fazia parte de uma das mais extraordinárias e, ao mesmo tempo, esquecidas famílias judias. Era o primogênito do fotógrafo Solomon Nunes Carvalho, que em 1853 integrou a quinta e última expedição exploratória das Montanhas Rochosas, chefiada por John Charles Frémont. Solomon talvez tenha sido o primeiro fotógrafo a acompanhar uma exploração histórica. O filho mais novo, Solomon Solis Carvalho, foi um dos mais importantes executivos do império de mídia de William Randolph Hearst, e que, acredita-se, tenha inspirado a personagem Bernstein em O Cidadão Kane. Muito do que se sabe a respeito da vida e obra de David Carvalho tem origem no trabalho acadêmico Forty Centuries of Ink (“Quarenta Séculos de Tinta”), de 1904, e Crime in Ink (“Crime com Tinta”), de autoria da filha Claire Carvalho, em 1929, quatro anos depois da morte do nosso detetive. David parece ter herdado do pai o espírito pioneiro e inovador. Na expedição Frémont, Solomon conseguiu usar produtos químicos para produzir imagens externas em temperaturas abaixo de zero, e quase no final da vida patenteou um novo processo para aquecer a água. Como Solomon, David primeiro foi fotógrafo, e depois, curioso e determinado, dedicou-se às tintas e à impressão. David publicou Quarenta Séculos de Tinta em 1904, enquanto cuidava dos cinco filhos órfãos da sua mulher Annie, morta em 1903. Embora o livro seja um profundo – e quase obsessivo – estudo acadêmico, ele não tinha formação universitária, mas trata de como e quando a tinta começou a ser produzida, sua composição, como interage com diferentes tipos de papel e de que maneira foi empregada pelas mais diversas culturas ao longo da história.

O livro é do período em que crescia a fama de David como o grande detetive que se valia da caligrafia como elemento de investigação e isso valorizava ainda mais o seu negócio e reputação. No início do livro, David já indica que conhecer a história (da tinta e da impressão) é um meio de se proteger da fraude: “O abuso criminoso da tinta é de certa forma comum de parte de pessoas mal-intencionadas que tentam, por meio de processos secretos, reproduzir fenômenos de tinta em documentos antigos e modernos”. Enquanto o livro de David é todo erudição, o da filha Claire, Crime com Tinta, demonstra como aplicou este conhecimento. Cada capítulo parece o trecho de alguma série de histórias de detetive, ao analisar o papel e a participação do pai em alguns dos mais sensacionais casos criminais na virada do século 19 para o 20. A inocência de Dreyfus O livro começa com a investigação da morte do milionário William Marshal Rice, em setembro de 1900 em seu apartamento na Madison Avenue, Nova York. Pistas para esclarecer as circunstâncias da morte de Rice podiam estar nos muitos cheques e no testamento que fazia do advogado dele principal beneficiário. Ao investigar a autenticidade das assinaturas de Rice no testamento e nos cheques, David disse que eram falsificadas. “As assinaturas estavam muito certinhas. É impossível a qualquer ser humano – e principalmente um frágil homem de idade – apor sua assinatura de modo exatamente igual, e estas quatro assinaturas têm o mesmo padrão das outras.” O advogado de Rice e o mordomo da casa foram presos, e a imensa fortuna deixada de herança instituiu a Universidade Rice, em Houston, Texas. Assim como o próprio Sherlock Holmes, Claire mostra o pai em atividades de lazer intelectual, até que a polícia o convocar para colaborar nas investigações. Claire tinha 41 anos quando escreveu o livro, mas guardou as lembranças dos diálogos de infância com o pai, acompanhava os casos para os quais era chamado, e

UMA DAS AMOSTRAS DA CALIGRAFIA DE FERDINAND ESTERHAZY USADAS POR DAVID NUNES CARVALHO

PARA PROVAR QUE ELE ERA O TRAIDOR, E NÃO DREYFUS

como as perguntas ingênuas dela faziam o pai provar e justificar as descobertas. Menos o Caso Dreyfus. Para David e Claire começou em Manhattan, onde faziam compras. Em um restaurante, viram um exemplar do jornal francês Le Matin com a reprodução do documento que serviu de prova para condenar Dreyfus. “Se meu pai nunca tivesse visto aquele jornal, tenho certeza de que o capitão Dreyfus terminaria seus dias na colônia penal onde estava encarcerado como traidor da França”, escreveu ela. David escreveu para a mulher de Dreyfus e meses depois duas pessoas foram à sua casa, em Bayswater, Long Island, e lhe entregaram amostras da caligrafia de Dreyfus, a partir das quais preparou um laudo entregue aos defensores de Dreyfus, entre eles Emile Zola. São as lembranças de Claire, mais do que qualquer outra declaração, que revelam como Carvalho concluiu que o documento usado para processar Dreyfus fora falsificado por Ferdinand Walsin Esterhazy, o verdadeiro espião. “Todos os textos de autoria do capitão Dreyfus têm uma característica particular: as letras iniciais partem da base da linha,

mas curiosamente a segunda letra da mesma palavra começa abaixo da linha”, contou David à filha. “Depois de tantos anos de experiência, aprendi que se uma pessoa tenta disfarçar a própria caligrafia ela também tenta evitar as características aparentes e dominantes dela… e se ela se esforça em imitar a caligrafia de outrem vai se fixar nessas características dominantes e aparentes e torná-las ainda mais intensas. E foi o que Esterhazy fez.” A maioria dos casos de David descritos em Crimes com Tinta trata de infidelidade conjugal e testamentos duvidosos. Segundo Claire, o pai interferiu em decisões de tribunais quanto à propriedades e à posse delas num total de cerca de US$ 200.000.000. Isto é, a preços de hoje e cem anos de inflação depois, equivale a mais de US$ 4,5 bilhões, o que explica a razão de David ter sido tão requisitado. E da mesma forma que qualquer grande detetive, David também tinha o seu próprio Moriarty, um verdadeiro artista da falsificação chamado Charles Becker. Os dois se encontraram pessoalmente quando David visitou-o na prisão de San Quentin, curioso para saber porque era considerado um grande falsificador. Talvez a história de David Carvalho tivesse sido esquecida porque a era digital tornou irrelevante a ciência que praticava. De todo modo, Claire viveu para ver a evolução e análise de impressões digitais e de documentos datilografados, para citar apenas dois. Da mesma forma que o sapateiro cujos filhos viviam descalços, David deixou o próprio mistério da sua morte. Segundo Claire conta, no leito de morte e com os filhos ao redor, David pronunciou as últimas palavras: “Caixa”. Depois do enterro, eles se perguntaram se a intenção era dizer que o testamento estava guardado em uma caixa de depósito (bancário) secreta. No entanto, por ironia, nunca foi encontrado qualquer testamento. * Harold Heft é diretor de pesquisa e inovação no North York General Hospital e autor de livros e artigos sobre cultura judaica

Segundo Claire Carvalho, o pai interferiu em decisões de tribunais quanto à propriedades e à posse delas num total de cerca de US$ 200.000.000. Isto é, a preços de hoje e cem anos de inflação depois, equivale a mais de US$ 4,5 bilhões


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magazine > kissinger 90 anos | por Gil Troy

Um judeu em conflito consigo mesmo HENRY KISSINGER ANIVERSARIOU EM MAIO. COMPLETOU 90 ANOS. É UM DOS JUDEUS MAIS INFLUENTES DA HISTÓRIA AMERICANA E UM DOS MAIS CONTROVERSOS QUANDO O ASSUNTO É ISRAEL E JUDAÍSMO

S

KISSINGER FAZIA O SEU TRABALHO COMO AQUI, COM NIXON, EM

VISITA A MOSCOU

e na década de 1970 Woody Allen achava que se deveria valer da esperteza judaica para esgrimir as ofensas e as mágoas do mundo, Henry Kissinger defendia usar a esperteza judaica para gerir o mundo. Este brilhante refugiado da Alemanha nazista de voz rouca, sotaque carregado e óculos pesados encarna o auge de um certo tipo de aspiração e realização judaica na América do século 20: professor de Harvard, em 1954; arquiteto da política exterior de Richard Nixon, em 1969, e o primeiro judeu secretário de Estado (Ministro das Relações Exteriores), em 1973, e o símbolo sexual mais surpreendente da época. Durante as últimas quatro décadas, Kissinger foi o decano do sistema governante da política externa dos Estados Unidos, assessorando presidentes e governos estrangeiros. Em recente reunião do Conselho Atlântico (organização que promove a liderança construtiva dos EUA em assuntos internacionais), Hillary Clinton disse: “Onde quer que eu vá, as pessoas falam comigo a respeito de Henry”. Mas ao mesmo tempo que não admite meio termo e nos últimos anos, por exemplo, em alguns blogs era chamado de kapo (guarda judeu de campo

de concentração) que deveria ter sido assassinado em uma câmara de gás e o falecido Christopher Hitchens o considerava uma “criatura vil”. Os judeus também têm sentimentos ambivalentes a respeito dele como pessoa. Em gravações do período Richard Nixon, liberadas em 2010, é possível ouvir Kissinger assessorando o presidente dizer que “se na União Soviética colocarem os judeus em câmaras de gás, essa não deve ser uma preocupação americana”. Essa afirmação desencadeou um novo ciclo de acusações, revelando que, de fato, assim como Kissinger tem uma relação conflituosa com sua identidade judaica, os judeus têm lutado com ele por muitos anos. As críticas dos judeus contra Henry Kissinger alinham quatro aspectos: como um “judeu não judeu” e manifesta vergonha de ser judeu; as manipulações maquiavélicas durante a Guerra de Iom Kipur, em 1973, que os críticos acreditam ter sido responsável pela morte muito além do necessário de israelenses; a insensibilidade ao sofrimento dos judeus soviéticos, e a fragilização da heroica luta do embaixador americano na ONU, Daniel Patrick Moynihan, contra a infame decisão da Assembleia Geral de que “sionismo é racismo”, por uma temerosa covardia de ser “muito judeu”. Cada acusação se sustenta por declarações vivas, auto-incriminatórias e por ele próprio pronunciadas com a retórica exaltada dos seus tempos de triunfo. No entanto, cada situação era muito mais complexa do que sugerem suas devastadoras tiradas, e devem ser entendidas no contexto da própria jornada judaica de Kissinger, caracterizada pelo trágico, traumático, em surpreendentes longas nove décadas, desde Fürth, na Alemanha, à Quinta Avenida, em Nova York. O poder, este afrodisíaco Na década de 1970, muitos judeus tradicionais consideravam Henry Kissinger como o último e desprezível hofjude (“judeu da corte”) germano-americano, isto é, o judeu da corte que fez história por trair o próprio povo e a si mesmo. Nessa narrativa popular judaica, ele parecia imaginar que negar a identidade judaica foi o preço que pagou pela própria história, de judeu adolescente perseguido na Baviera e que em 1938 fugiu dos nazistas direto para Washington Heights (bairro nova-iorquino para onde, entre 1930 e 1940, se mudaram levas de imigrantes, muitos deles judeus) como um imigrante id (“judeu”, em ídiche), para ser o garoto-prodígio de Harvard, e depois da Casa Branca. A isso os críticos juntaram três “S”: casou-se com uma shikse (não judia), em um Shabat e com shrimp (“camarão” em inglês) na festa de casamento, com a alta, loira e bem-educada Nancy Maginnes, uma WASP (sigla em inglês para branco, anglo-saxão e protestante). Como convém a um intelectual fanfarrão e autor de frases memoráveis como “o poder é o melhor afrodisíaco”, Kissinger afastou-se das raízes judaicas com ironias de mau gosto. “Se não fosse pelo acidente do meu nascimento, eu seria an-

tissemita”; “qualquer pessoa que tenha sido perseguido por dois mil anos deve estar fazendo algo errado” e “nasci judeu, mas a verdade é que isso não tem nenhum significado para mim. A América me deu tudo”. Em certo sentido, Kissinger estava certo pois ele precisou negar a identidade para subir tão alto no governo Nixon. As gravações feitas da Casa Branca registram o desprezo de Nixon para com os judeus em geral, e particularmente para o seu “moleque judeu” (jew boy). Principalmente na época em que integrava o Conselho de Segurança Nacional, e Nixon tentou demitir todos os judeus membros do Conselho envolvidos em questões do Oriente Médio porque duvidava da objetividade deles. Certa vez, depois de Kissinger analisar uma questão relacionada a Israel, Nixon usou todo seu lado grosseiro para perguntar se “agora podemos ter um ponto de vista americano?” Um dos assessores mais próximos do presidente, John Ehrlichman, lembra que “para Kissinger, ser judeu, representava uma vulnerabilidade, e ele não gostava de ser vulnerável. Mas Nixon gostava, sim, de que ele se sentisse assim, vulnerável”. Apesar de desprezá-lo, Nixon também precisava de Kissinger, a estrela diplomática que ajudou na détente com a União Soviética e a China comunistas, encerrando décadas de isolamento. Talvez o secretário de Estado mais influente, famoso e talentoso desde Thomas Jefferson, nos círculos da política externa era uma figura pop e a mais poderosa. Meses depois quando a administração Nixon desapareceu sob os escombros de escândalos como Watergate, por exemplo, Kissinger tornou-se ainda mais importante no papel de fiador da normalidade do governo, mesmo quando todos sabiam que não era bem assim. Essa rivalidade entre Nixon e Kissinger e a crise provocada pelo episódio Watergate fornece o contexto essencial para a Guerra de Iom Kipur. Depois que o Egito e a Síria surpreenderam a Israel no dia mais sagrado, é possível ouvir >>

Na década de 1970, muitos judeus tradicionais consideravam Henry Kissinger como o último e desprezível hofjude (“judeu da corte”) germanoamericano, isto é, o judeu da corte que fez história por trair o próprio povo e a si mesmo


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magazine > kissinger 90 anos

>> EM 1973, POUCO DEPOIS DA GUERRRA DE

IOM KIPUR,

COM A ENTÃO

PRIMEIRO-MINISTRO

GOLDA MEIR

Kissinger na gravação dizendo que o “melhor resultado seria se Israel atacasse, mas que ficasse sangrando no processo”. Para ele, o impasse egípcio-israelense poderia produzir um “acordo de paz viável”. Essas observações e mais as duas horas e meia que demorou de propósito para informar Nixon, de férias em Key Biscayne, na Flórida, a respeito dos “perigos de guerra”, atribuem a Kissinger uma onipotência que ele nunca teve. Afinal, Israel já estava bastante sangrado até quase sucumbir, depois de contar 2.656 soldados mortos. Kissinger pode ter impulsionado o processo de paz no Médio Oriente e reforçando a lenda a seu respeito, e firmou as bases para o tratado de paz Israel-Egito, em 1979. Todas essas informações podem ser manipuladas para que Kissinger seja acusado de atrasar o fornecimento de equipamento militar – uma questão de vida ou morte para Israel – para, desta forma, prevalecer seu ponto de vista maquiavélico. No entanto, essa interpretação não considera o caos da guerra, a preocupação de Nixon com Watergate, a letargia burocrática de Washington e o histórico e generoso esforço americano em fornecer armas a Israel, tudo isso em uma semana. O funcionário que realmente resistiu até onde pôde ao reequipamento de Israel, era um marrano neurótico, com sobrenome que soava germânico, James R. Schlesinger, secretário da Defesa de Nixon, e principal rival de Kissinger no governo.

Schlesinger nasceu em uma família judia de classe média de origem lituana, converteu-se ao luteranismo e inicialmente duvidava que Israel precisasse de ajuda, tão confiante estava, como, aliás, a maioria, de que Israel venceria a guerra facilmente. Kissinger e Schlesinger tinham opiniões divergentes a respeito do momento certo da quantidade de armas a fornecer e do envolvimento direto dos Estados Unidos na guerra de 1973. No livro Nixon and Kissinger: Partners in Power (“Nixon e Kissinger, Associados no Poder”), o historiador Robert Dallek conta que Kissinger “convenceu Nixon a ignorar o conselho de Schlesinger e iniciar o reabastecimento em larga escala de Israel, o que ajudaria a alcançar um resultado equilibrado da guerra”. O papel de Kissinger no caso dos judeus soviéticos e na resolução que equipara o sionismo ao racismo é moralmente problemático e historicamente mais

complexo. Na tese de doutorado em Harvard sob o tema “O Príncipe Austríaco Metternich, o Século 19 e o Equilíbrio do Poder”, Kissinger procurou ensinar doutrinas realistas de política exterior para a elite americana. Para esse ativista da realpolitik, países não têm amigos, apenas interesses, e a América devia resistir a cruzadas sentimentalistas, a emigração era uma questão interna da União Soviética e menos urgente do que a ameaça da destruição nuclear, apesar de se orgulhar de que “a diplomacia silenciosa” aumentara a imigração de judeus soviéticos, de setecentas pessoas, em 1969 para quase quarenta mil, em 1972. Kissinger foi agressivo ao se opor à emenda Henry Jackson-Charles Vanik, que condicionava a concessão do status comercial de “nação mais favorecida” da América à política de imigração do país. Ele abominava o que considerava uma arrogância legislativa inoportuna e exibicionista, e que provocou uma “conversa de surdos” com Nixon: “A imigração dos judeus da União Soviética não é um objetivo da política externa americana. E se eles colocarem os judeus em câmaras de gás na União Soviética, essa não deve ser uma preocupação americana. Talvez uma preocupação humanitária”. Resposta de Nixon: “Eu sei. Não podemos explodir o mundo por causa disso”. Robert Dallek também registra em seu livro afirmações que se referem a Daniel Patrick Moynihan, embaixador na ONU, e Kissinger faz piada com a defesa apaixonada de Moynihan do sionismo: “Estamos conduzindo a política exterior. Isto não é uma sinagoga”, ironizando se Moynihan, irlandês e católico, desejava se converter ao judaísmo, e menosprezando membros do governo de Israel durante negociações acaloradas, como “os piores merdas do mundo”. Comichões com Israel Como um judeu em conflito, americano orgulhoso e carreirista impulsionado pelo perfeccionismo, Kissinger sentia “comichões contraditórios” quando lhe chegavam ao gabinete questões envolvendo Israel, isto é, antes de tomar uma decisão como americano ele se sentia judeu, e vice-versa. Ele construiu a carreira como um intelectual alemão, não como o judeu esforçado. A condição de refugiado do nazismo e sargento do Exército dos Estados Unidos durante a guerra em território alemão, e fez ao seu modo germânico, prova do seu brilho e não marca de Caim. Era o intruso mesmo sendo uma pessoa que estava por dentro, sofreu ataques antissemitas de Nixon, e carregava o desprezo de “moleque judeu” e de que se valiam os seus críticos em Israel. Tanto na condição de cortesão e carreirista, como o de um traumatizado sobrevivente do Holocausto e ao mesmo tempo astuto, Kissinger absorveu – e estimulou – o antissemitismo que o cercava, talvez para provar uma certa independência em relação aos irmãos de religião. No final de 1974, com Nixon no avião presidencial, fez-lhe um comentário a respeito dos judeus americanos: “O poder deles nos Estados Unidos deriva do

financiamento de campanhas eleitorais. Não é fácil explicar ao povo americano por que devemos nos opor permanentemente a 115 milhões de árabes, detentores de todo o petróleo do mundo, em nome de um país de três milhões”. De forma inconsciente e patética, Kissinger ecoava declarações do chefe do Estado Maior Conjunto, general George S. Brown: a razão “da influência judaica neste país” e do apoio americano a Israel, se descobrirá olhando para “onde está o dinheiro judeu”. Mas o que geralmente mais o frustrava era o próprio comportamento de Israel. Ele acusou os líderes do país de ser “um bando doentio” devido às manobras contra ele nos bastidores com jornalistas e membros do Congresso. Como um ambicioso líder americano tentando salvar o mundo, ele condenava o desdém israelense quanto à política global dos EUA. Em um dos seus muitos acessos de fúria anotados pelos estenógrafos do presidente Gerald Ford, no Salão Oval, o secretário de Estado denunciou os israelenses como “tolos”, “bandidos comuns”, e “a causa básica do problema”. “Isto é terrivelmente doloroso para mim”, confessou o sempre melodramático Kissinger. “Sou judeu. Como posso querer isso? Nunca vi ninguém jogar com tanto sangue frio com o interesse nacional americano”. Quando era acusado de intimidar Israel, dava a cartada da Shoá, perguntando: “Como posso, enquanto judeu que perdeu treze parentes no Holocausto, fazer qualquer coisa que pudesse trair Israel?” Depois de deixar o governo e atuar como consultor, escritor e estadista, foi pessoalmente muito mais seguro e mais interessado em garantir a segurança de Israel. No que alguns consideram como uma própria forma de penitência, Kissinger tem usado “sua posição especial’” para defender as relações entre Estados Unidos e Israel como boas para Israel e também para a América. Em novembro de 1977, pouco depois de deixar o cargo de secretário de Estado, Kissinger declarou que “a segurança de Israel é um imperativo moral para to>>

Meses depois, quando a administração Nixon desapareceu sob os escombros de escândalos como Watergate, por exemplo, Kissinger tornou-se ainda mais importante no papel de fiador da normalidade do governo


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magazine > kissinger 90 anos

SHIMON PERES E HENRY KISSINGER, DOIS NONAGENÁRIOS

>> dos os povos livres”. Trinta e cinco anos depois, ao receber do amigo Shimon Peres, uma das mais altas honrarias civis do Estado judeu, referiu-se a Israel como sendo “em muitos aspectos, uma ilha de estabilidade e de coesão nacional em um momento de turbulência em qualquer outro lugar, embora não se possa necessariamente provar a partir dos debates que às vezes acontecem na Knesset”. Embora represente a odisseia insegura da maioria dos judeus nos Estados Unidos, Henry Kissinger encarna o sonho americano. Não é necessário um jovem fugir da Alemanha nazista para se reajustar, agir como um ser “normal”, abandonar a herança religiosa e étnica, e desfrutar da recompensa americana, ou se regozijar com os avanços que conseguiu nos campos social, econômico, e da cultura. “Você pode acreditar que ela é membro do Colony Club e quer se casar comigo?”, conta o escritor Walter Isaacson na biografia de 893 páginas de Henry Kissinger, falando da segunda mulher, Nancy. A vida judaica americana está repleta de homens e mulhe-

res maduros, que, ao envelhecer e bemsucedidos, recalibraram as identidades internas e refizeram as imagens exteriores de modo a incorporar mais elementos judaicos. Na pior das hipóteses, o muito europeu Kissinger teve de sacrificar a dignidade e a consciência que trouxe de um berço alemão, para propor e executar políticas amorais. E na melhor usou a realpolitik para promover os ideais americanos, capazes de fazer do mundo, incluindo a América e Israel, um lugar melhor e mais seguro – enquanto que a utopia subjacente a esses ideais tem sido a chave para o êxito judeu americano. Tradução de Yosi Turel

Como um judeu em conflito, americano orgulhoso e carreirista impulsionado pelo perfeccionismo, Kissinger sentia “comichões contraditórios” quando lhe chegavam ao gabinete questões envolvendo Israel


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magazine > cinema | por Beate Sissenich *

Arendt vai às telas e fala de Eichmann O NOVO FILME DE MARGARETHE VON TROTTA MOSTRA A FILÓSOFA HANNAH ARENDT A PARTIR DO JULGAMENTO DO CARRASCO NAZISTA E APRESENTA UM RETRATO DOS IMIGRANTES JUDEUS ALEMÃES EM NOVA YORK

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s fi lmes feitos a partir de biografias de fi lósofos são raros e tendem a privilegiar as fi guras que provocam maior impacto na sociedade em detrimento daqueles pensadores que se colocam no topo das torres de marfi m. É difícil capturar a vida da mente, a menos que influa diretamente na ação social. Exemplo disso é Gandhi, de Richard Attenborough, que trata das ideias de não violência do líder da independência indiana por meio do ativismo político, e não pelos textos que produziu. Da mesma forma, a cinebiografia da escritora marxista dissidente Rosa Luxemburgo, também dirigida por Margarethe von Trotta, não perdeu muito tempo com a considerável produção escrita da biografada, preferindo explorar o papel dela na fundação da democracia social organizada na Polônia, e, depois, do Partido Comunista na Alemanha, em oposição aos bolcheviques russos e aos social-democratas alemães. Desafiado a traduzir a filosofia em drama, é compreensível que o último filme de von Trotta, a respeito da escritora judia alemã Hannah Arendt, pouco trata da extensa obra da teórica política sobre a natureza da ação política ou a análise do totalitarismo. Em vez disso, a fita se concentra em um período turbulento da vida de Arendt, aquele em que se viu atacada e criticada pelas reportagens que escreveu do julgamento de Adolf Eichmann, em 1961. Publicado inicialmente na forma de uma série de ensaios na revista The New Yorker, o relato foi depois revisto, ampliado e transformado no livro Eichmann em Jerusalém: um Relato sobre a Banalidade do Mal. O filme retrata a mulher que enfrentou a hostilidade provocada por suas ideias. A forma como Arendt interpretou o comportamento e as motivações dos perpetradores do Holocausto criou um abismo entre ela e os intelectuais judeus de Nova

York, muitos dos quais também eram exilados alemães. Hannah Arendt é a continuação lógica dos primeiros filmes de von Trotta sobre mulheres que se opõem à ideologia dominante. Além do já citado Rosa Luxemburgo, dirigiu Vision, sobre a mística, compositora e escritora medieval Hildegard von Bingen, e Rosenstrasse, a respeito do êxito do protesto de mulheres não judias contra a prisão dos maridos judeus em Berlim, em 1943.

VON TROTTA FAZ FILMES SOBRE MULHERES QUE SE OPÕEM À IDEOLOGIA DOMINANTE

Sempre o Mossad A primeira cena de Hannah Arendt é a da captura de Eichmann em uma estrada escura e isolada nos arredores de Buenos Aires. Muitas cenas depois Arendt é abordada da mesma maneira por agentes do Mossad enquanto caminhava, pensativa, em um bosque longe do tumulto que sua interpretação do julgamento causara. Esse estranho paralelo sugere que os críticos de Arendt a acusavam de empatia com os perpetradores nazistas enquanto condenava as vítimas. Ela chocou os contemporâneos ao afirmar que o Holocausto não foi um ato de brutais antissemitas, desprovidos de noções básicas de civilização, mas de burocratas irracionais desligados do próprio raciocínio moral em favor da obediência absoluta ao Führer. Nesse sentido, Eichmann era um carreirista possuidor de intelecto

de segunda categoria que organizou a deportação e o massacre dos judeus da Europa porque esse era o seu trabalho e ele o queria bem feito. Para Arendt, o Holocausto não foi uma decisão coletiva que teve a participação de Eichmann: Hitler sozinho ordenara o extermínio total dos judeus da Europa, mas a execução da ordem dependia da participação voluntária de muitos alemães e de outros funcionários em toda a Europa que pensavam de acordo ao da lei suprema do país. Por esta interpretação, Arendt questionava o conceito legal de culpabilidade Segundo a filósofa, o entendimento tradicional de culpa não cabia, no caso de Eichmann, para condená-lo por crimes contra os judeus ou contra a humanidade que, de fato, organizou a deportação e o massacre de centenas de milhares, se não milhões, mas pessoalmente nunca matou um único indivíduo. Contrariamente ao que diziam os seus críticos, a avaliação que Arendt fazia das deficiências da teoria legal não justificava os atos de Eichmann, a quem considerava essencialmente mau e merecedor da pena de morte. No entanto, explicitava o desprezo de Arendt pela Promotoria que, em sua opinião, interpretou de forma errada a natureza do crime e o papel de Ei-

chmann no Holocausto. Sem negar o papel dos nazistas, Arendt certamente não considerava o Holocausto inevitável. Seu livro se esforça em relatar o alcance da resistência e da não colaboração com as deportações em alguns países ocupados, principalmente na Dinamarca, onde, escreveu, até mesmo nazistas de carreira, por questão de princípios, “mudaram de ideia” a respeito do “extermínio de todo um povo como uma coisa natural”. No entanto, mesmo se as pessoas estivessem dispostas a concordar com a opinião de Arendt – o mal na pessoa de Eichmann parecia ser bastante comum – a insistência dela em que os líderes da comunidade judaica podiam escolher entre cooperar ou não com o regime nazista, e que aproveitaram a oportunidade para o auto-engrandecimento, indicava colocar as noções de responsabilidade moral de cabeça para baixo. “Sem a ajuda judaica no trabalho administrativo e policial... haveria o caos completo ou a grande escassez da mão de obra alemã”, escreveu. O historiador Raul Hilberg se ocupou bastante disso em A Destruição dos Judeus Europeus (1961), ao qual o relato de Arendt se refere muito. Mas em vez de analisar a cooperação como resposta racional para diminuir o impacto do mal insondável, Arendt diz que os líderes da comunidade judaica “gostavam do seu novo poder” com a elaboração de listas, extorsão das vítimas para cobrir custos do transporte delas próprias, vigilância das deportações e transferências das riquezas dos judeus para os nazistas. Arendt considerava equivocada a questão colocada muitas vezes no julgamento – por que não houve nenhuma rebelião? Em vez disso, o que pedia uma explicação era o grau de cooperação dos líderes das vítimas. “A verdade completa era: se o povo judeu estivesse realmente desorganizado e sem líderes, teria havido caos e muita miséria, mas o número total de vítimas dificilmente teria sido de entre 4,5 milhões e seis milhões de pessoas.” Em última >>

O filme retrata a mulher que enfrentou a hostilidade provocada por suas ideias. A forma como Arendt interpretou o comportamento e as motivações dos perpetradores do Holocausto criou um abismo entre ela e os intelectuais judeus de Nova York


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>> análise, este aspecto do Holocausto ilustrou como os cálculos do nazismo substituíram completamente a consciência moral tradicional.

A PROTAGONISTA BARBARA SUKOWA TAMBÉM INTERPRETOU ROSA DE LUXEMBURGO EM

Cooperação judaica As principais questões provocadas pelo relato de Arendt permanecem insolúveis. Na década de 1990, a “Controvérsia Goldhagen”, botou a interpretação intencionalista do Holocausto na conta funcionalista de genocídio organizado por burocratas irracionais. O livro de Daniel J. Goldhagen Os Carrascos Voluntários de Hitler, de 1996, afirmava que o Holocausto foi possível porque o antissemitismo alemão era diferente do antissemitismo em outros lugares na Europa porque objetivava a eliminação completa dos judeus. Como este último argumento é um tanto tautológico [princípio segundo o qual a mesma palavra deve, no decurso de uma exposição teórica, ser tomada no mesmo sentido], a tese funcionalista não esclarece por que a modernidade engendrou o massacre em escala industrial apenas na Alemanha, e nem por que as sociedades europeias ocupadas pelos nazistas variassem tanto em suas respostas à expulsão, deportação e ao assassinato de judeus. A cooperação judaica foi tratada de forma muito mais sutil pelo sociólogo Zygmunt Bauman que, em vez de acusar os líderes judaicos de auto-engrandecimento, no livro Modernidade e Holocausto (1989) enfatizou a natureza paradoxal do genocídio burocraticamente organizado em que a cooperação das vítimas parecia ser uma estratégia perfeitamente racional, ainda que autodestrutiva. Alemães em Nova York Como um filme de época, Hannah Arendt presta pouca homenagem aos cinquenta anos de pesquisa a respeito do nazismo que se acentuou a partir da morte de Eichmann. Mas

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OUTRO FILME DE VON

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pinta um quadro vívido da comunidade de imigrantes judeus alemães em Nova York que continuava falando alemão e mantinha hábitos alemães, e fazendo amigos americanos de Arendt, principalmente Mary McCarthy, se sentirem estranhamente deslocados. O filme mostra com sensibilidade, e sem tomar partido, o rompimento entre Arendt e o seu antigo mentor, o sionista Kurt Blumenfeld. E parece menos imparcial ao tratar da relação de Arendt com Hans Jonas, amigo e colega da New School, uma universidade em Nova York. Mas a complexa relação de Arendt com seu ex-professor, filósofo e defensor do nazismo Martin Heidegger, é tratada de modo superficial e tolo. O roteiro, de autoria de von Trotta e da escritora Pam Katz, é inteligente, ágil e tece o diálogo político e pessoal em várias línguas. O filme original do julgamento de Eichmann é intercalado com a narrativa do filme de von Trotta em que Arendt está na sala de imprensa do tribunal e conversando com colegas e amigos em Jerusalém e Nova York. Barbara Sukowa não tem nenhuma semelhança física com Arendt, e isso facilita focar na personagem e desprezar alguma fixação sentimental baseada na aparência física. Janet McTeer é a romancista McCarthy que ficou ao lado de Arendt quando a maioria dos outros a abandonou. Qualquer pessoa, mesmo com ligeiro interesse na teoria social do século 20, vai se beneficiar com o filme, mas que não se espere dele uma lição de filosofia ou história do Holocausto. Seu maior papel está na tentativa de compreender a sociologia dos intelectuais às voltas com um dos cataclismos fundamentais do século passado do qual eles próprios escaparam por pouco – o genocídio em escala industrial. * Beate Sissenich é professora visitante no Centro de Estudos Europeus e Mediterrâneos da Universidade de Nova York e autora do livro Building States Without Society (“Construindo Estados Sem Sociedade”, Lexington Books, 2007).

A perpetuação de um mito pernicioso A OBJETIVIDADE DO FILME É ESPECIALMENTE DECEPCIONANTE, POIS VON TROTTA JÁ TRATOU ANTES DE ASSUNTOS DESAFIADORES, COMO O SUBESTIMADO ROSENSTRASSE (2003), QUE DESCREVE, DURANTE A GUERRA, A SITUAÇÃO DAS MULHERES ALEMÃS CASADAS COM JUDEUS

É

possível fazer uma cinebiografi a tendo um livro como protagonista? O alcance do fi lme de Margarethe von Trotta, Hannah Arendt, é limitado porque o foco é a época da publicação do livro Eichmann em Jerusalém, em 1963. Decididamente a obra favorece Hannah, mas os métodos expõem a heroína como santa. Sem responder às críticas ao livro, o fi lme prefere a hagiografi a de modo a garantir a vitória de Arendt, que adultera a própria natureza do confl ito em relação ao livro e ao legado do pensamento da fi lósofa. O objetivo primordial de Arendt em Eichmann em Jerusalém – livro que reúne artigos publicados na revista The New Yorker – foi demonstrar “a banalização do mal”, os meios pelos quais um simples burocrata nazista pode ser instrumento para o assassinato em massa, sem nunca compreender ou reconhecer o horror dos seus atos. Segundo Arendt, Eichmann não tinha nenhum ódio especial pelos judeus, apenas pretendia exercer seu trabalho da melhor forma possível. Se o livro contribui para a boa filosofia, também é história de má qualidade, como disseram muitos nas décadas seguintes à sua publicação. A historiadora Deborah Lipstadt, por exemplo, ao observar Arendt, no filme, no julgamento de Eichmann (2011): “A única maneira de ela concluir que Eichmann não tinha conhecimento, era dar mais crédito ao comportamento dele e às testemunhas no julgamento do que às ações perpetradas durante a guerra”. De acordo com o livro de Lipstadt, o interrogador-chefe israelense de Eichmann declarou que o réu “mentiria até ser derrotado por provas documentais”. Para ele, “sempre que Eichmann protestava veementemente que algo não era verdade, provavelmente era”. E isso é uma contradição direta ao cerne da argumentação de Arendt. No livro, a afirmação mais polêmica de Arendt é de que os líderes judeus, membros do Judenrat, foram, em grande me-

dida, cúmplices do Holocausto pela cooperação com os nazistas, o que em sido muito contestado. E Tony Judt, em um admirável ensaio a respeito de Arendt, descreve-a “indiferente, talvez até mesmo insensível, aos dilemas enfrentados pelos judeus na época”. O filme Hannah Arendt é simpático a muitas afirmações da filósofa no agora livro famoso, mas é a manipulação em torno da controvérsia acerca do Judenrat (surgida com a publicação dos artigos na The New Yorker), que demonstra mais claramente a fidelidade ao mito de Arendt como destemida defensora da verdade. Sempre cercada por montanhas de transcrições do julgamento, as opiniões dela são apresentadas como inquestionáveis. “Mas é um fato”, insiste Arendt com um dos críticos a respeito das alegações quanto ao Judenrat, perplexa diante do fato de que alguém se ofendesse com a linha de argumentação. Seu trabalho está a serviço da verdade, enquanto o trabalho dos outros é apresentado como nefasto e interesseiro. Conflito acadêmico No filme, quem atormenta Arendt são ideólogos valentões e estridentes que valorizam a cortesia mais do que a honestidade, protagonizados pelo colega acadêmico com cara de rato que franze a testa e vaia a cada frase bombástica de Arendt, para quem a maior parte de seus críticos é “tonta”, que provavelmente nem leu os artigos. O filme apoia decididamente aquela afirmação improvável acerca do Judenrat, os críticos de Eichmann em Jerusalém e o vizinho idoso que envia uma mensagem ofensiva a Arendt são passadores de trote. Ninguém está autorizado a contradizêla ou a expressar as críticas óbvias à sua obra, isto é: um jornalismo indiferente e a sua inclinação filosófica equivalia a uma defesa de Eichmann, como, aliás, Judt escreveu: “Os judeus pareciam se tornar os ‘responsáveis’, enquanto os alemães eram simplesmente ‘banais’”. O livro também foi criticado porque os ataques ao Judenrat derivavam menos >>


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magazine > cinema II ARENDT LEVOU UMA VIDA CONTURBADA E VIROU UM MITO NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA

>> do registro histórico do que da relação conflituosa de Arendt com o judaísmo, como acadêmica que se identificava e representava a alta cultura alemã. E assim a Hannah Arendt da tela segue em frente, feliz e alheia aos ataques. O filme protege a protagonista, colocando as acusações de frieza, germanofilia prolongada e desatenção ao antissemitismo na boca dos personagens antipáticos ou intelectualmente insignificantes. Essas críticas válidas são tratadas superficialmente, e o filme avança célere. A objetividade do filme é especialmente decepcionante, pois von Trotta já tratou antes de assuntos desafiadores, como o subestimado filme Rosenstrasse (2003), que descreve, durante a guerra, a situação das mulheres alemãs casadas com judeus. O novo filme não é sutil, e tropeça no cenário e na linguagem. Cenas passadas na redação da The New Yorker são forçadamente cômicas, e até mesmo a normalmente confiável Janet McTeer, que interpreta Mary McCarthy, amiga e confidente de Arendt, exagera na performance. Hannah Arendt faz uso astuto da filmagem original do julgamento de Eichmann, em 1961, (acessível no YouTube), no qual se vê o Eichmann real, não algum sósia de celuloide, o testemunho angustiante de sobreviventes do Holocausto e o promotor Gideon Hausner, falando em nome dos mortos. Apesar das afirmações de Arendt, este não é um julgamento de fachada ao estilo soviético. O filme também apresenta Arendt como uma pessoa solitária. “Eu nunca amei nenhum povo”, diria a um velho amigo. “Por que deveria amar os judeus?” Mas a calorosa amizade entre Arendt e McCarthy no filme enfraquece este argumento e, portanto, Arendt poderia amar algumas pessoas, mas não o povo judeu.

Em um toque estranho e quase surrealista do filme, Arendt é parada em uma estrada deserta e solitária por um trio de agentes do Mossad. Eles procuram intimidá-la para impedir a publicação de Eichmann em Jerusalém, insistindo em seu potencial nocivo. “Vocês queimam livros e vem a mim com lições?”, ironiza Arendt. A referência é deliberadamente proposital – os israelenses seriam os novos nazistas, usando a força para exigir a concordância dos inimigos. Esta parte repete a primeira cena de Hannah Arendt, na qual Eichmann é preso da mesma forma em uma estrada nas imediações de Buenos Aires. São Arendt e Eichmann vítimas da mesma pressa em julgar? Como Arendt, o filme parece confundir nazista e judeu, assassino e assassinado de modo tão completo que é possível confundir um lado com o outro. O que, para dizer o mínimo, é preocupante, pois o triunfo intelectual de Arendt parece exigir a imolação retórica de todos os rivais, incluindo o Estado de Israel. “Tentar entender não é o mesmo que perdoar”, diz Arendt, como uma espécie de autodefesa tardia, apresentada em uma sala de aula e aplaudida pelos estudantes universitários. Mas o filme Hannah Arendt é mais revelador do que pretende ser. Arendt, de fato, tenta entender, mas a compreensão dela não se estende aos judeus vítimas do Holocausto. O entendimento ela reserva só para Eichmann. * Saul Austerlitz escreveu Sitcom: a History in 24 Episodes, from I Love Lucy to Community (“Sitcom: uma História em 24 episódios, de I Love Lucy a Community”)

O filme parece confundir nazista e judeu, assassino e assassinado de modo tão completo que é possível confundir um lado com o outro. O que, para dizer o mínimo, é preocupante


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magazine > lançamento | por Jenna Weissman Joselit OS JUDEUS SE INTEGRARAM DE TAL FORMA À NOVA YORK QUE SOMENTE OS RELIGIOSOS SE DISTINGUEM DOS COMUNS

Israel no rio Hudson CONSIDERADA UMA ESPÉCIE DE NOVA JERUSALÉM, HÁ MUITO TEMPO NOVA YORK AGUARDAVA UM TRABALHO À ALTURA DA SUA IMPORTÂNCIA PARA A MODERNIDADE JUDAICA. ESTA LACUNA FOI SANADA POR UM LANÇAMENTO RECENTE

“A

‘enorme grande’ cidade é um brinquedo maravilhoso / feita apenas para uma menina e um menino / Vamos transformar Manhattan em uma ilha da alegria”, cantaram Richard Rodgers e Lorenz Hart na música Manhattan, de 1925. Cheia de referências geográficas ao Lower East Side (Greenwich Village, Coney Island e Flatbush), ao Bronx e também Staten Island, a música poderia muito bem servir de hino dos judeus de Nova York. A lealdade deles àquelas cinco subprefeituras reforçam a Cidade da Promissão – a História dos Judeus de Nova York, obra ambiciosa organizada por Deborah Dash Moore em três volumes numa caixa, 1.108 páginas (New York University Press, US$ 125,00) que tenta capturar e dar sentido à confusa relação entre a cidade e o grande número de habitantes judeus, e que deu origem a alguns dos mais emblemáticos bairros judaicos modernos, instituições e personagens inusitados, como o Lower East Side (referência à baixa numeração) e o primeiro “grande gueto” dos Estados Unidos; a empresa fornecedora de peixes defumados Russ & Daughters, e beigels, e outras iguarias geralmente associadas à Big Apple; Stephen S. Wise; o Lubavitcher Rebe, e Ed Koch, cujo necrológio exalta o “resistente e forte, ousado e irreverente, cheio de humor e chutzpá... o prefeito por excelência de Nova York”. O livro se ocupa cronologicamente desde as origens da comunidade judaica, no século 17, até a primeira década do atual, e mostra como e por que os judeus consideram Nova York “o seu lugar especial”. Somadas, a bibliografia e as notas de rodapé dos três volumes

ocupam mais de 150 páginas, e o projeto envolveu o talento e a competência de gerações de historiadores judeus norte-americanos orientados por Deborah Dash Moore, professora da Universidade de Michigan e diretora do Centro de Estudos Judaicos Frankel, cujo livro At Home in America: Second Generation New York Jews (“Em Casa na América: Segunda Geração de Judeus de Nova York”), de 1981, reafirmou a importância de Nova York para a experiência judaica americana. Tomando por base a nova história urbana da época e a história judaica moderna, o relato de Moore transformou a etnia, de sociologia em história, e demonstrou até que ponto expressões modernas do judaísmo estavam ligadas a sensibilidades e comportamentos urbanos e que agora andam de mãos dadas.

Pesquisa ampliada Depois de At Home in America, Deborah Dash Moore ampliou a pesquisa para questões como os judeus de Los Angeles e os de Miami, e a experiência dos soldados judeus na Segunda Guerra. Cidade da Promissão é uma espécie de volta ao lar, sem o sentido de viagem sentimental. A combinação de leitura atenta e profunda e extraordinária pesquisa nas fontes deulhe uma visão da ligação judaica com Nova York, que “em meados do século 20, nenhuma outra cidade oferecia aos judeus mais: visibilidade como indivíduos e como grupo, empregos e educação, inspiração e liberdade, companhia e comunidade… Mas nos anos 1960 e 1970, o caso de amor dos judeus com a cidade azedou”. Sensível às limitações e às possibilidades do encontro dos judeus com a cidade, às vezes a experiência judaica de Nova York vai muito além da promissão, às vezes fica aquém, e em outros azeda completamente. Nas delegacias de polícia de Nova York, nada, nem mesmo o passado, manteve-se constante por muito tempo. Rapidamente uma espécie de judeu deu origem à outra, e da mesma forma as diversas línguas nas quais a comunidade se expressou. Os

registros dos livros de atas das sinagogas contêm detalhes irrelevantes, primeiro em português, depois em alemão, ídiche, ladino e inglês, e se editavam os jornais The American Hebrew e o Jewish Messenger, La Vara e Der Blatt. Enquanto isso, a vida no bairro judaico conhecido como Kleindeutschland (“pequena Alemanha”, em alemão) e em South Bronx e Harlem, Forest Hills e Borough Park desaparecia da mesma forma que as fortunas daqueles que davam a estas áreas o nome de “meu lar”. Também surgiam e desapareciam aspirantes a rabinos, comerciantes, líderes sindicais e políticos, beneméritos de obras assistenciais e trabalhadores da indústria de vestuário, pintores de placas, artistas dos teatros de revista, adeptos do Bund e idichistas, amantes de Tzion, criadores de fantasias de Purim, e >>

Os registros dos livros de atas das sinagogas contêm detalhes irrelevantes, primeiro em português, depois em alemão, ídiche, ladino e inglês, e se editavam os jornais The American Hebrew e o Jewish Messenger, La Vara e Der Blatt


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magazine > lançamento >> devotos do hebraico moderno. Por um tempo, a cidade império abrigou todo mundo. Também os espaços da cidade destinados aos judeus mudaram várias vezes de lugar. Edifícios que se imaginavam eternos e que davam à cidade o caráter aberto e hospitaleiro, como o exuberante Templo Emanu-El, de estilo mourisco, na esquina da rua 43 com a Quinta Avenida, com seus minaretes de formato oval e torres de detalhes sarracenos, foram derrubados para dar lugar a prédios de escritórios. Descrito pelo New York Times como “um dos poucos exemplos nitidamente orientais no panorama arquitetônico de Nova York”, a sinagoga enfrentou a bola de aço da demolição em 1926, e o jornal comentou melancolicamente: “O sol está prestes a dourar estas torres pela última vez ... mudanças, mudanças em todos os lugares”. Personalidades culturais que deixaram marcas na vida judaica de Nova York aparentemente tão indeléveis como o Templo Emanu-El são pouco ou mal conhecidas pela última – e atual – geração de judeus nova-iorquinos. Há alguns meses, em artigo publicado no The Jewish Week de Nova York, Basia Rosenbaum observou que seus colegas do Hunter College não sabiam quem era Woody Allen: “Aí pela metade do estágio escolar eu citava Woody Allen (mesmo quando não entendia as piadas) para os colegas, e eles não só não tinham a menor ideia de quem era, mas riram muito do seu primeiro nome”. Desmemória Se Woody Allen foi despachado para os pontos mais distantes da memória, qual será o destino das crônicas de Gershom Mendes Seixas, da Congregação Shearith Israel, da corajosa fundadora da Escola Técnica Hebraica para Meninas Minnie Louis ou da temível Esther Jane Ruskay, autora desse verdadeiro hino à vida doméstica judaica, Hearth and Home Essays (“Ensaios sobre a Lareira e o Lar”)? A história, portanto, foi incapaz de se lembrar de muitos que orgulhosamente chamaram Nova York de “minha casa”. Talvez seja assim porque a história dos judeus de Nova York é a de uma gigantesca expansão urbana, de um fragmento, que contém a maioria das características geográficas da cidade. O primeiro volume da série, Céu da Liberdade: Os Judeus de Nova York no Novo Mundo, 1654-1865, dá o tom, de olho nos meios e modos como os judeus de Nova York se desenvolveram, inicialmente com a impressão de liberdade. Os judeus daquela cidade incorporaram no núcleo da vida individual e coletiva a ideologia revolucionária americana. O republicanismo formava as sementes das promessas da cidade que ajudaram a desenhar o retrato de uma comunidade aprendendo a encontrar seu caminho. No entanto, nem sempre as coisas davam certo e era comum os judeus nova-iorquinos do século 18 se revoltarem contra a autoridade da Shearith Israel, a única sinagoga da cidade. Se não por outras razões, por uma certa independência de espírito que se recusava a pagar as taxas, a sentar nos assentos que lhes eram designados, a observar o sábado e a manter a kashrut. Alguns deles, mais esquentados, tentavam resolver as dispu-

tas com uma violência que terminava em sangue, principalmente nos anos imediatamente anteriores e posteriores à Revolução Americana. Em meados do século 19, os judeus de Nova York aprenderam a evitar ou, se possível, minimizar conflitos, formando as próprias congregações nas quais prevalecia uma certa unidade de opiniões. Ou, então, expressavam o sentimento de comunidade e de fraternidade em instituições seculares como a B’nai B’rith, ou a Associação Judaica de Ajuda aos Auxiliares de Escritórios (Clerks Aid Society), organização filantrópica que não se preocupava com o serviço religioso semanal e manter a kashrut não constituía “atestado de bom judeu”. Um mundo mais amplo e de novas oportunidades acenava de forma sedutora e que os judeus de Nova York colheram rapidamente. O segundo volume, Metrópole Emergente: Os Judeus de Nova York na Idade da Imigração, 1840-1920 (Emerging Metropolis: New York Jews in the Age of Immigration, 1840-1920), é a crônica do crescimento explosivo da população de judeus nova-iorquinos durante a segunda metade do século 19 e as duas primeiras décadas do século 20. O texto trata da “história de como Nova York se tornou a maior metrópole judaica de todos os tempos”. A estatística é esclarecedora: em 1840, havia cerca de sete mil judeus na cidade. Em 1920, mais de um milhão e meio em razão da grande emigração da Europa. É difícil imaginar, mas houve um tempo em que a comunidade judaica de Nova York era tão pequena, que se podia medir seu tamanho a partir de quantas pessoas compraram matzá para Pessach. Como o número de residentes judeus cresceu e cresceu, essas contagens informais foram substituídas por métodos mais sofisticados e impessoais, o que é revelador dessa mudança. Lealdades rivais Da mesma forma, a comunidade judaica de Nova York foi se tornando heterogênea e durante a segunda metade do século 19 era constituída dos “judeus tríplex”, isto é, judeus discretos e reserva-

UM MERCADO DE TROCAS DE IMIGRANTES POLONESES RECÉM-CHEGADOS A NOVA YORK, NO SECÚLO 19

dos que moravam em brownstones, as habitações de três andares. Na virada do século 19 para o 20, os judeus que viviam em grandes edifícios de muitos apartamentos tinham as próprias normas de comportamento público social, prevalecendo a fragmentação em vez da unidade. Em um contexto de lealdades concorrentes e ferozmente mantidas, alguns judeus nova-iorquinos logo lamentaram as mudanças na comunidade judaica. Em 1910, em busca de consenso como forma de controle social, formaram a Kehilá, um amplo grupo comunitário, espécie de “governo municipal”, cujas atribuições tratavam desde o que os judeus de Nova York comiam, e em que idioma oravam (ou não), à forma como os filhos passavam o tempo de lazer. Daí porque, apesar das muitas tentativas, esse nobre empreendimento fracassou e os judeus de Nova York, incluídos os briguentos, os apaixonados, a massa incontrolável, enfim, conquistaram a autodefinição. O terceiro e último volume da série, Os Judeus em Gotham: os Judeus Nova-Iorquinos em uma Cidade em Constante Mudança, 1920-2010 (Jews in Gotham: New York Jews in a Changing City, 1920-2010), conta a história até os dias atuais e faz da paisagem de Nova York algo cada vez mais familiar de modo a que, ao lêlo, muitos residentes são capazes de se reconhecer e a sua cidade. Quase todo o texto se concentra na mudança da paisagem urbana após a Segunda Guerra quando os novos bairros judeus se consolidaram. Em cada distrito cada bairro foi explorado de acordo com as oportunidades que se apresentavam e os desafios propostos pela “cidade da promissão”. Na década de 1960, o Queens Boulevard, em Forest Hills, vi-

rou uma “avenida judaica”, uma amostra de como Riverside Park e a avenida da ponte Williamsburg, por exemplo, poderiam mudar. Enquanto isso, a comunidade planejada do Bronx, a Co-op City atraiu entre 25.000 a 40.000 judeus de todas as partes. O livro também destaca essa mistura de fenômenos culturais do pós-guerra, que avançavam para além das fronteiras locais, e de que faziam parte o movimento judaico na União Soviética, o feminismo, o ressurgimento da ortodoxia, e o bom – ou mau – relacionamento entre negros e judeus, responsáveis por instituições como o Trylon – um clube de meninos no Oeste do Bronx, o Comitê da Educação Judaica, ainda de 1943, e aqueles que habitam suas páginas, nomes conhecidos como Bella Abzug, Michael Bloomberg, Howard Cosell, Ed Koch, Ralph Lauren, Natan Sharansky. * Jenna Weissman Joselit é professora de estudos judaicos e de história na Universidade George Washington, e dirige o programa de estudos judaicos e o mestrado em artes culturais judaicas

É difícil imaginar, mas houve um tempo em que a comunidade judaica de Nova York era tão pequena, que se podia medir seu tamanho a partir de quantas pessoas compraram matzá para Pessach


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magazine > a palavra | por Philologos

O santo nome do Senhor em vão EMBORA O TEXTO ORIGINAL, EM INGLÊS, TRATA DE GOD OU G-D, O LEITOR BRASILEIRO PODERÁ IMAGINAR, E TROCAR, AS PALAVRAS DEUS OU D’US. ENTENDA PORQUE A GRAFIA DESSAS PALAVRAS FOI ALTERADA

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pesar de muitos terem gostado da minha recente coluna a respeito da soletração ortodoxa de “G-d”, outros não. Um, por exemplo, escreveu que foi “de muito mau gosto”, e que devo um pedido de desculpas aos leitores. “Você poderia ter evitado o tom insultuoso pesquisando por qual razão o traço é usado por alguns para se referir à divindade. Uma ideia é a página 206 do livro de J. David Bleich Contemporary Halakhic Problems (“Problemas Haláchicos Contemporâneos”). Para outro, a coluna “errou o alvo”. E continua: “O costume de escrever ‘G-d’ não se relaciona com a palavra falada, mas à palavra escrita. ‘G-d’ é pronunciado da mesma forma que ‘God’. A colocação de um hífen nesta palavra vem da prática hebraica de não escrever o nome verdadeiro da divindade em um texto que, por acaso, poderia ser destruído. A proibição quanto ao uso escrito do nome de Deus tornou-se um problema real nos últimos cinquenta anos com o surgimento da fotocópia”. E mais um disse: “Não tenho conhecimento de qualquer proibição judaica em se pronunciar palavra ‘God’ em inglês (ou Deus, em português). Ao contrário, sempre me ensinaram a datilografar ou escrever a palavra como ‘G-d’. É

sabido que páginas datilografadas, escritas e impressas com o nome de G-d escrito com ‘o’ são considerados documentos sagrados do judaísmo e, portanto, exigem o adequado enterro religioso. A versão com traço pode ser amassada e jogada no lixo, mas a versão pia com o ‘o’, não”. Essencialmente, todas essas três mensagens tocam o mesmo ponto. O uso ortodoxo de “G-d” refere-se estritamente à escrita, destinado a evitar que o nome da divindade seja destruído fisicamente. Uma vez que não tem nada a ver com a fala e não é para ser falada, a ironia no texto a respeito da impossibilidade de pronunciar o nome de “G-d” foi injustificada. Embora eu não tenha pretensões de ser um halachista, esses argumentos são inconvincentes. Se a palavra inglesa “God” não é santificada o bastante para ser falada por um judeu ortodoxo, assim como as várias denominações hebraicas de Deus, por que é santa o suficiente para ser destruída em sua forma escrita? Em hebraico, essa distinção nunca é feita. As palavras para “Deus”, proibidas para os judeus ortodoxos na escrita comum – como o Tetragrammaton, Adonai, Elohim –, também são proibidas de serem faladas. Os circunlóquios utilizados na fala, como Hashem, também

são permitidos na escrita. Ninguém diria que é aceitável dizer a palavra “Hashem”, mas não escrevê-la, porque o papel em que está escrito pode ser jogado no lixo. Afinal, não são as palavras que falamos lançadas no ar, desaparecendo rapidamente depois? E, de modo inverso, se a palavra “God” é demasiado sagrada para ser falada, sendo substituída por “Hashem”, por que não escrever logo “Hashem”? Por que escrever “G-d” se isso é para ser pronunciado como “Hashem”? Isso não estaria levando a pecar as pessoas que veem a palavra “G-d” por escrito, mas a lê-la em voz alta como “God”,? E o que dizer de todos os lugares onde os gentios têm escrito a palavra “God”? Os judeus também não estariam obrigados a resgatar, da melhor forma possível, esses milhões e bilhões de páginas da destruição? Um judeu observante deveria comprar todos os livros em uma banca de livros usados que possam conter a palavra “God”, visando evitar que esses livros sejam jogados no lixo? Caso contrário, ele não seria cúmplice da profanação do nome de Deus, não importa quantas vezes ele disser ou escrever a palavra “Hashem”? Com que lógica a palavra inglesa “God” pode ser considerada sagrada quando escrita por um judeu, mas não quando o for por um não judeu? De fato, parece que alguns gentios estão deixando os ortodoxos para trás nesse quesito. Em um boletim da igreja metodista de um bairro de Nova York no texto da oração do Senhor a palavra ‘reino’, que ocorre duas vezes (como em ‘venha a nós o vosso reino’), está escrita ‘kin-dom’, e não ‘kingdom’. O pastor explicou que ‘kingdom’ tem um significado especial, divino para os cristãos – a palavra é uma locução metafórica para Deus – e alguns soletram ‘kin-dom’ para refletir a natureza divina da palavra”. Existe uma influência judaica aqui? É provável que exista, pois o uso de um traço para indicar a santidade em vez da obscenidade até onde se sabe não tem precedentes na literatura cristã. Para os judeus, “kin-dom” parece tolo. Mas “G-d” é menos bobo? Minha opinião é de que não é.


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

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Boa jogada

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Boa nova

Nada como uma pelada para unir os deputados da Knesset. A nova bancada do Parlamento, eleita em janeiro, formou um time para disputar um campeonato amador em Eilat. Encabeçando a equipe está o rabino e ex-jogador profissional Eli Ben Dahan, do partido Bait Hayehudi, ligado aos colonos. Também veste a camisa da Knesset o deputado Tzahi Hanegbi, do Likud, Esawi Frij, do esquerdista Meretz, Eitan Cabel, do Partido Trabalhista, e Shimon Solomon, do Yesh Hatid de Yair Lapid.

Uma boa notícia para o pequeno, mas especial, rio Jordão. Devido às boas chuvas, pela primeira vez em cinquenta anos o governo autorizou que água natural do Kineret seja destinada ao Jordão, que nas últimas décadas recebeu apenas esgoto tratado. Este ano afluirão trinta milhões de metros cúbicos, bem menos que as centenas de milhões de metros cúbicos que ganhava antes da construção da represa ao lado do kibutz Degania, em 1960. A expectativa é o Jordão recuperar um pouco da sua rica flora e fauna naturais. Mas o otimismo ainda deve ser cauteloso. Esta quantidade de água natural liberada será insuficiente para reverter a situação do Mar Morto, que perde um metro por ano devido ao fluxo reduzido do Jordão.

Oásis secular Anote na agenda: foi aberta em Jerusalém uma nova opção de lazer, dirigida à população secular da cidade. Aberta aos sábados, a antiga estação ferroviária da cidade foi renovada com bares, restaurantes e brinquedos públicos. Numa cidade onde o Shabat baixa forte e fecha quase todas as possibilidades de entretenimento, o complexo no bairro de Emek Refaim deverá ser um oásis para a população não religiosa – e também para os turistas. Os dois empresários responsáveis pelo projeto foram espertos. Escolheram local afastado dos bairros ortodoxos, evitando assim manifestações dos religiosos.

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Êta nóis Israel é o país com mais pobres entre as nações mais desenvolvidas do mundo, segundo o mais recente relatório da Oecd que reúne os países desenvolvidos: 21 % da população podem ser considerados pobres, isto é, recebem menos que a metade da renda média nacional. México é o penúltimo, com 20 % de pobres. Israel também está mal entre os países desenvolvidos quanto à desigualdade interna, com o quinto pior resultado, ganhando apenas dos EUA, México, Chile e Turquia. Como consolação, de acordo com o relatório em quase todos os países ricos a renda caiu no último ano, enquanto a desigualdade interna aumentou.

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Da crônica policial israelense: tudo começou com uma discussão entre dois irmãos etíopes, na residência deles, em Ashkelon. A certa altura, o mais velho, de 28 anos, apanhou uma faca e apunhalou o caçula. Desesperado, o rapaz de 24 anos saiu correndo pela área comercial da cidade perseguido pelo irmão que o alcançou e continuou esfaqueando-o. Testemunhas seguraram o agressor e foi chamada uma ambulância da Estrela de David Vermelha. O rapaz ainda chegou com vida no hospital da cidade, os médicos tentaram reanimá-lo, mas ele morreu. Na delegacia, o assassino justificou o ataque porque o caçula sempre o agredia e ofendia.

Sonho acabou Chegou ao fim um dos projetos mais ousados já imaginados para Israel. A ideia do empresário Shai Agassi, que já foi considerado uma das vinte pessoas mais influentes do mundo pela CNN, era transformar o Estado judeu em um modelo de país para o automóvel elétrico. Foi investido cerca de um bilhão de dólares no projeto Better Place, que incluiu construir 38 estações de recarregamento de bateria no país. Mas em seis anos, foram vendidos apenas 1.500 veículos. No final de maio a empresa faliu, 350 funcionários perderam o emprego e serão fechadas as filiais na Dinamarca, onde foram vendidos quinhentos carros, e na Holanda, com dez veículos.

Ausência notável

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Cafezinho e a conta A Osem, empresa gigante de alimentos israelense, anunciou um aumento de 53% de lucro no primeiro trimestre do ano, e graças à generosa ajuda brasileira. O salto nas receitas se deve especialmente à participação da Osem no mercado do café, após comprar a Três Corações, em Minas Gerais. Os israelenses fizeram parceria com a família Lima, donos da tradicional Santa Clara, e se tornaram o segundo maior produtor de café do Brasil, ganhando 13% do mercado, e vendas anuais de meio bilhão de dólares. A Osem é administrada pela família Strauss, mas a Nestlé suíça detém 51% das ações.

Visitou Israel um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, o holandês Johan Crujiff, em missão muito especial. Primeiro, dar um abraço no filho, Jordi, diretor técnico do Maccabi Tel Aviv, que este ano ganhou o campeonato nacional. Depois, o esportista de 66 anos foi ao Museu Yad Vashem, onde preencheu três fichas identificando familiares vítimas do Holocausto. Ao contrário do que acreditam alguns, os Cruyff não são judeus, mas tem relações familiares com a tribo: um sobrinho de Johan se converteu ao judaísmo, fez aliá, estudou numa ieshivá de Jerusalém, formou-se rabino e foi morar numa colônia.

Política do futebol

Caim e Abel

Os Correios de Israel estão lançando uma nova série de selos homenageando os presidentes do país. Até aí, tudo bem. Mas dois detalhes chamaram bastante a atenção. Primeiro, a ausência apenas de um dos chefes de Estado: Moshé Katsav, que cumpre pena de sete anos por estuprar uma funcionária. Segundo detalhe: o autor dos retratos, o ator – e também pintor nas horas vagas – Haim Topol, imortalizado no filme Um Violinista no Telhado, dos anos 1970, pelo qual concorreu ao Oscar. As pinturas originais foram vendidas em Tel Aviv e o valor arrecadado doado à instituição rio Jordão, para crianças com doenças graves, fundada por Topol e Paul Newman.

Gente especial Um jardim de infância muito especial será inaugurado até o final do ano em Ramat Gan. Estará adaptado para receber nenês e crianças até 6 anos que estão em tratamento contra o câncer ou passaram por transplante de medula óssea. Nos dois casos, eles não podem frequentar uma escolinha normal, onde os micróbios que se concentram naturalmente ali poderiam ser fatais. Na nova instituição, chamada de Gdolim Me-Hachaim (“Maiores que a Vida”, em hebraico), localizada perto de grandes hospitais do país, serão instalados equipamentos de purificação do ar, haverá uma enfermeira de plantão e um médico visitará o local uma vez por dia.


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Foram ao menos

794 os judeus mortos UMA DAS DITADURAS MAIS FEROZES DA AMÉRICA LATINA ATINGIU

PROFUNDAMENTE A COMUNIDADE JUDAICA ARGENTINA, COMO NOS RELATA O LIVRO OS JUDEUS E A DITADURA: OS DESAPARECIDOS, O ANTISSEMITISMO E A RESISTÊNCIA, DE HERNAN DOBRY (FOTO), QUE TAMBÉM ASSINA O TEXTO ABAIXO

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ditadura argentina (19761983) foi bem diferente daquelas dos outros países da região, tanto na duração como no nível de violência, de quantidade de vítimas e do impacto que teve na comunidade judaica. Além de ter sido um dos países com maior número de pessoas de origem judaica sequestradas e mortas, também foram os judeus os que opuseram maior resistência contra o regime em todos os níveis, desde os religiosos, na pessoa dos rabinos, até nos meios de comunicação, segundo revela o livro Os Judeus e a Ditadura: os Desaparecidos, o Antissemitismo e a Resistência, que este autor acabou de publicar. A questão dos judeus desaparecidos é ainda um tema de intenso debate na Argentina em razão do alto percentual que representaram no total dos sequestrados pelos militares durante a última ditadura no país vizinho e porque, salvo algumas exceções, não eram presos, sequestrados e mortos em razão da sua condição religiosa. No entanto, não existem números confiáveis de quantos foram exatamente porque as estatísticas oficiais não

identificam os mortos e desaparecidos pelo credo religioso que professavam. Além disso, mesmo o número total de trinta mil mortos e desaparecidos geralmente usado pelas organizações de direitos humanos e o governo é uma estimativa, pois não há documentos que o sustentem, o que dificulta ainda mais essa tarefa. A Comissão Nacional pelo Desaparecimento de Pessoas (Conadep, na sigla em espanhol), criada em 1984 pelo presidente Raúl Alfonsín para investigar os eventos da última ditadura no país, tem o registro de 8.960 casos documentados, e que podem servir de base para uma investigação séria. De todo modo, a título comparativo, é possível confrontar as listas de denúncias das instituições judaicas internacionais e aquela da entidade central da comunidades judaica na Argentina (Daia) na época e que apresentou ao juiz espanhol Baltazar Garzón, em 1999. De acordo com este último documento, o total seria de 794 casos e mortos e desaparecidos embora os organismos de direitos humanos reclamem pelo menos 1.500. A partir desses dados, portanto, o percentual de judeus desaparecidos seria de 8,86% e 5% respectivamente. De todo modo, os dois números são muito mais significativas do que o 1% que a comunidade judaica representava no total da população do país naquele período. Comparando a relação preparada pela Conadep com as denúncias feitas pela Daia, o resultado revela que os dados são quase idênticos, demonstrando que os judeus mortos e desaparecidos pertenciam aos grupos da sociedade argentina mais prejudicados pela ditadura: profissionais, estudantes, empregados e jovens entre 16 e 30 anos, muitos dos quais eram simpatizantes dos principais grupos de esquerda do país – armados, como os Montoneros e o Exército Revolucionário do Povo (ERP) – ou neles militavam fazendo parte da sua organização, ou atuando nas universidades e escolas secundárias. Essa circunstância levou a que muitos deles se afastassem da vida comunitária e, de acordo com as ideologias da época, se alinhassem com a Organização pela Libertação a Palestina (OLP) e contra as políticas de Israel. A liderança judaica ficava preocupada com este alheamento de parcelas da juventude judaica e de que era prova o esvaziamento de movimentos juvenis judaicos, principalmente os de esquerda, em favor da militância e atuação nas organizações, tal como já havia ocorrido em países vizinhos, como o Uruguai, por exemplo. Daia omissa? Dias depois do golpe de estado de 24 de março de 1976, os líderes da comunidade iam tomando conhecimento do desaparecimento de jovens judeus por meio de denúncias feitas pelos parentes à Daia, a quem pediam assistência, informações e conselhos. No entanto, os funcionários da entidade encarregados de atender os familiares dos desaparecidos geralmente os maltratavam dizendo que a detenção e consequente desaparecimento dos filhos eram resultado de não lhes ter dado uma educação ju-

daica e sionista. Nenhum deles retornou à Daia, seja por que motivo fosse. O silêncio da Daia durante a ditadura e o resgate do filho desaparecido do seu presidente Nehemías Resnizky, sequestrado em 1977, só serviu para aumentar as suspeitas. Por esta razão, parentes das vítimas, mortos e desaparecidos, até hoje acusam a Daia de cumplicidade com os militares porque foi contrária aos esforços dos organismos internacionais judaicos para denunciar o que acontecia na Argentina. Até hoje o papel da Daia está mergulhado em controvérsias, entre outras razões porque é uma das organizações que ainda está devendo uma autocrítica a respeito da sua atuação na época. De todo modo e segundo o rabino americano Marshall Meyer, uns dos maiores lutadores pelos direitos humanos na Argentina, é injusto qualificá-los como cúmplices e é necessário considerar o pânico que se vivia na época, antes de qualquer julgamento. Ao contrário, nas reuniões plenárias a Daia denunciou a atuação do regime e mais de uma vez apresentou ao ministro do Interior listas com os nomes de desaparecidos na esperança de conseguir informações a respeito deles. Neste quesito os resultados sempre foram negativos, mas conseguiram permissão para os rabinos entrarem nas prisões militares para dar assistência espiritual aos judeus presos. A Daia sugeriu que as entidades comunitárias – escolas, sinagogas, sociedade cemitério, assistência filantrópica, etc. – continuassem funcionando como se nada estivesse acontecendo, ao mesmo tempo em que denunciavam os ataques antissemitas contra as organizações da comunidade e propriedades de judeus, como lojas e fábricas, muito comuns naqueles anos. Nesse ponto tiveram êxito, pois até os partidos políticos continuaram funcionando, não importando se de direita, centro ou esquerda, diferentemente do Brasil, por exemplo, onde foi proibido. Mas de modo geral sua postura foi de silêncio, aliás, de acordo com a estraté>>

Dias depois do golpe de estado de 24 de março de 1976, os líderes da comunidade iam tomando conhecimento do desaparecimento de jovens judeus por meio de denúncias feitas pelos parentes à Daia, a quem pediam assistência, informações e conselhos


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FALTA ESCREVER UM BOM LIVRO A RESPEITO DOS JUDEUS MORTOS NO BRASIL; O QUE EXISTE CONTÉM ERROS FACTUAIS

>> gia da embaixada de Israel que clandestinamente resgatava pessoas que corriam o risco de desaparecer. Foi dessa forma que pelo menos quatrocentos judeus conseguiram sair do país via Montevidéu, Assunção e São Paulo, com destino a Tel Aviv. Além disso, os diplomatas, geralmente do serviço consular, eram os únicos estrangeiros autorizados a visitar os judeus – todos argentinos – nas prisões quando aproveitavam para lhes oferecer ajuda e a possibilidade e sair do país. Para isso, deveriam renunciar à cidadania argentina e receber um passaporte israelense. A ditadura estabeleceu esta condição para libertá-los de acordo, aliás, com o princípio do direito de opção que havia criado e regulamentado. Contra a ditadura Mas a diferença do que ocorreu entre os judeus da Argentina em relação aos de outras ditaduras da América Latina foi a atuação de al-

guns dos seus membros na decidida resistência ao regime, especialmente os rabinos Marshall Meyer e Roberto Graetz (que acabou oficiando na Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro – ARI – quando abandonou Buenos Aires em 1980), e o jornalista Herman Schiller. A tarefa realizada pelos rabinos é muito mais conhecida, principalmente Meyer. No entanto, as ações de Schiller foram esquecidas até na própria Argentina e ignorada em todos os livros a respeito da imprensa durante a ditadura. Ele fundou e dirigiu o semanário judeu Nueva Presencia de 1977 até 1987, e usou as páginas do jornal para uma luta sem trégua pelos direitos humanos e foi um dos primeiros a publicar na capa do jornal fotos e notícias das Mães da Praça de Maio. Os artigos, reportagens e entrevistas tratavam de temas que ninguém ousava relatar naqueles anos como os desaparecidos, o antissemitismo e a firme oposição à guerra das Malvinas, de tal modo que era mais lido por não judeus do que pelos membros da comunidade. Por isso, durante a ditadura recebia ameaças por telefone, as oficinas do jornal sofreram dois atentados a bomba, mas a pressão mais forte e insistente partiu dos próprios dirigentes judeus que lhe pediam para moderar a linguagem, mas não conseguiram. Desta forma, Nueva Presencia continuou sendo publicado até o final do governo militar e o diretor Herman Schiller fundou, em 1983, com o rabino Meyer o Movimento Judaico pelos Direitos Humanos (Mjdh) para combater o antissemitismo e pedir pelos desaparecidos. Suas maiores vitórias foram a participação no ato contra a Lei de Autoamnistía do último ditador, Reynaldo Bignone (1982-1983), carregando um grande cartaz no qual se lia: “Que apareçam com vida, Movimento Judaico pelos Direitos Humanos”, e duas grandes estrelas de David nos lados. Em outubro de 1983, Schiller e o rabino Meyer organizaram a própria passeata no Obelisco com a presença de mais de dez mil pessoas e que foi a primeira manifestação pública da comunidade judaica na história do país. A convocação para a passeata irritou os dirigentes comunitários que tentaram sem êxito, e por todos os meios, até com anúncios em jornal, desautorizar a convocação e seus autores de modo a convencer as pessoas a não participar. É uma história já esquecida e que meu novo livro resgata do olvido. Hernan Dobry é jornalista argentino e pesquisador da participação dos judeus na história recente do seu país. Escreveu um livro sobre os judeus na Guerra das Malvinas, a respeito do qual a revista Hebraica publicou uma entrevista em maio de 2012, sob o título “Malvinas – capelães judeus contra o antissemitismo”

Os diplomatas, geralmente do serviço consular, eram os únicos estrangeiros autorizados a visitar os judeus – todos argentinos – nas prisões quando aproveitavam para lhes oferecer ajuda e a possibilidade e sair do país


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por Bernardo Lerer

Holocausto Angela Gluck Wood | Amarilys | 190 pp. | R$ 59,00

Steven Spielberg tem razão quando escreve, no prefácio, que se trata de um “livro único”, feito a partir do material pesquisado e arquivado no Instituto de História Visual e Educação da Fundação Shoá da Universidade da Carolina do Sul, cuja missão é “superar o preconceito, a intolerância e o extremismo – além do sofrimento causado por eles – por meio do uso educativo de vídeos de testemunhos”. O livro relata os eventos e seu impacto na vida das pessoas reais é impressionante e o material em sua grande parte, inédito. Um importante documento. Acompanha dvd.

Inferno Dan Brown | Arqueiro | 442 pp. | R$ 29,90

Nas livrarias há pilhas deste novo livro de Dan Brown porque há a certeza de repetir o êxito de O Código da Vinci. O simbologista americano Robert Langdon acorda num hospital de Florença, mas nem tem ideia de como foi parar lá pois não se lembra de ter saído dos Estados Unidos. Ele sofre um novo atentado, e resolve fugir com a ajuda da médica Sienna Brooks que encontrou no paletó dele um uma série de códigos criados por Dante Alighieri obcecado pelo fim do mundo e o inferno de A Divina Comédia.

Papillon Henri Charrière | Bertrand Brasil-Saraiva | 724 pp. | R$ 39,90

Um livro polêmico e que é ainda uma das grandes aventuras narradas pelo homem. Uma preciosidade e uma das mais fantásticas odisseias contemporâneas, um dos maiores clássicos de fuga e aventura do século 20 e a maior aventura de todos os tempos. Isso resume o que se escreveu a respeito desse livro lançado em 1969, na França, país que condenou o autor a cumprir pena na Guiana Francesa, a partir de 1932, por um crime que não cometera e de onde ninguém fugiu. Menos ele, que morreu em 1973. Leitura obrigatória.

Pelada

A Outra História do Mensalão

Gwendolyn Oxenham | Zahar | 315 pp. | R$ 44,90

Paulo Moreira Leite | Geração Editorial | 342 pp. | R$ 34,90

Longe dos refletores dos estádios pulsa a pelada, aqueles jogos espontâneos em que se reúnem pessoas anônimas pelo simples prazer de jogar, por qualquer um e em qualquer lugar. O livro é um relato apaixonado de uma viagem em busca da alma do jogo e das histórias sem nome que cercam o futebol nas favelas do Brasil, nas imediações das pirâmides do Egito, entre os operários que construíram os estádios da Copa de 2010. É um livro fascinante assim como a história de como foi feito.

Com o subtítulo “As Contradições de um Julgamento Polêmico”, este jornalista, diretor da sucursal de Brasília da Isto É, ex-redator chefe de Veja e ex-diretor de Época, reuniu os comentários que escreveu a respeito desse julgamento que considerou “contraditório, político e injusto por ter feito condenações sem provas consistentes e sem obedecer à regra elementar do Direito, segundo o qual todos são inocentes até prova em contrário”. Vale a pena ler ao menos para fazer melhor juízo do assunto.

Lolly Willowes

O Deserto

Sylvia Townsend Warner | Bertrand Brasil | 194 pp. | R$ 29,00

Luís S. Krausz | Benvirá | 148 pp. | R$ 19,90

Melhor usar a avaliação do escritor John Updike a respeito do livro que se “envereda com uma confiança sombria pelo campo do sobrenatural, e isso se estende à sua prosa, marcada por evocações simples e abruptas. A fascinante história de uma inglesa de classe média que educadamente se recusa a fazer a esperada ligação com o sexo oposto e, em vez disso, torna-se uma bruxa, revelando um coração obscuro e visceral”. É uma história tensa e mostra como é fácil tomar um desvio rumo ao desconhecido.

Com esta obra, o professor de letras clássicas e letras hebraicas da USP venceu o segundo Prêmio Benvirá de Literatura. Para quem o conhece é possível que o enredo reproduza parte da história dele mesmo ao falar de um jovem que aproveita férias de uma viagem de estudos a Israel e escapa para a Inglaterra e, a partir de lá, conta a história de famílias de judeus do Império Austro-Húngaro que se dispersaram entre a primeira e a segunda guerras. Vale a pena porque é um pouco daqueles da primeira geração pós-segunda guerra no Brasil.

Nada a Invejar

Jerusalém, Jerusalém James Carroll | Cultrix | 459 pp. | R$ 58,00

Como diz o subtítulo o livro, trata de “vidas comuns na Coreia do Norte” que voltou à cena com o recente encontro entre delegados das duas Coreias, depois de momentos de tensão, há alguns meses. A autora foi correspondente do Los Angeles Times em Seul, capital da Coreia do Sul, fez extensa pesquisa e colheu depoimentos de refugiados que narraram dramáticas trajetórias pessoais, as crises de escassez e o controle do cotidiano dos cidadãos e o culto à personalidade dos ditadores.

Somente o Google para comportar o que já se escreveu a respeito de Jerusalém e esta é uma corajosa tentativa de mostrar como a história da antiga cidade sagrada para três grandes religiões deu início ao mundo moderno. O livro gira em torno do ciclo de realimentação letal entre a cidade de Jerusalém real e a fantasia apocalíptica que inspira, portanto, a respeito de duas Jerusaléns: a terrestre e a celeste, a concreta e a imaginada. Uma cidade cujos peregrinos, por séculos, chegam às suas portas com amor no coração, o fim do mundo na mente e armas na mão.

A Informação

Queimado, Rebecca e O Inquilino

James Gleick | Companhia as Letras | 520 pp. | R$ 59,50

Amarilys | R$ 34,90 cada

Em maio de 1948 um grupo de engenheiros dos Laboratórios Bell deu o nome de transistor a um minúsculo interruptor e amplificador de sinais elétricos e meses depois o engenheiro Claude Shannon escreveu “Uma Teoria Matemática da Informação” e criou o bit. O transistor e o bit são capítulos deste livro que conta a história do fenômeno da informação, desdobramentos e peculiaridades, tratando de ideias e de pessoas, mas resume estudos e análises a respeito do tema. Uma obra fundamental para todos.

De uma só vez, a Amarilys lança três livros que foram levados às telas e se transformaram em grandes sucessos: Rebecca, de Daphne du Maurier, deu um Oscar de direção a Alfred Hitchcock; O Inquilino, de Roland Topor, inspirou o clássico dirigido e protagonizado por Roman Polanski e Queimado, de Thomas Enger, mais recente, cujo protagonista é um repórter investigativo, teve os direitos de adaptação para o cinema adquiridos pela produtora norueguesa 4 ½.

Barbara Demick | Companhia das Letras | 412 pp. | R$ 53,00


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músicas magazine

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por Bernardo Lerer

The Dobbie Brothers Warner | R$ 74,90

Greatest Hits Saint-Saëns | Sony | R$ 49,90

A Sony tem um catálogo de grandes hits, entre compositores e gêneros musicais, e este, de Camille Saint-Saëns, premia o ouvinte com gravações primorosas de sua obra como O Carnaval dos Animais, a Bacanal de Sansão e Dalila, a Marcha Militar Francesa e a Dança Macabra op. 40 com a novidade de Lorin Maazel, tocando violino, bem antes de se consagrar como um dos grandes maestros.

Criado em 1970 e com uma interrupção em sua biografia, em 1982, retomando-a em 1987 até os dias de hoje, este conjunto da Califórnia, que tem o Brothers no nome mas eles são apenas amigos, já vendeu mais de quarenta milhões de cópias e faz parte do Vocal Hall of Fame desde 2004. Este álbum, com quatro cd’s, contém Toulouse Street, The Captain and Me e What Were Once Vices are Now Habits.

Friday Night in San Francisco Columbia | R$ 22,90

Este cd reúne ninguém menos do que três dos maiores guitarristas de todos os tempos: Al di Meola, John McLaughlin e Paco de Lucia, que se conseguiu reunir para um recital em que se alternavam em solos, duos e trios, além da liberdade de improvisação a que se permitiram, por exemplo, em A Pantera Cor-de-Rosa e em Frevo Rasgado, todas executadas de ouvido. Uma obra-prima.

Concertos pour Trompete

Jazz Cuba Volume 3

Maurice André | EMI | R$ 79,90

Chico O’Farril | Rhino | R$ 42,90

Morto em 2012, André foi um dos grandes trumpetistas alinhando-se aos russos, verdadeiros mestres do instrumento. André começou a tocar cedo, mas o pai não tinha dinheiro para pagar o conservatório. André entrou para uma banda militar, aceitou submeter-se a um concurso e foi aprovado em primeiro lugar. Tornou-se um dos maiores divulgadores da música clássica para o trumpete.

Compositor, arranjador, maestro e autor de peças sinfônicas, Chico O’Farril nasceu em Cuba em 1921 e morreu nos Estados Unidos em 2001, filho de um irlandês com uma alemã, como era típico dos que chegavam à ilha cubana na primeira metade do século passado. Chico, um apelido, pois se chamava Arturo, imigrou para os Estados Unidos em 1951, e lá se juntou aos bambas do jazz, como Gato Barbieri.

Sketches of Spain

Pinchas Zukerman / Daniel Barenboim

Miles Davis | Columbia | R$ 22,90

Deutsche Grammophon | R$ 59,90

Nos anos 1960/1970, esse fantástico trumpetista norte-americano de jazz (1926-1991) era assunto dos aficcionados de música que se viam obrigados a comprar os lp’s dele, principalmente este no qual dá uma interpretação especial ao Concerto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, que começou a ser executado também por aquela época e não parou mais, e Solea, uma peça escrita pelo jazzista Bill Evans.

Este concerto para violino e orquestra de Beethoven e os romances para violino e orquestra do mesmo compositor são algumas das grandes interpretações do violinista Zukerman e regidos por Barenboim, então já um consagrado pianista que fazia as primeiras incursões como maestro. No concerto, Barenboim rege a sinfônica de Chicago, e nos romances, a Filarmônica de Londres.

Steven Isserlis

The Bolero Anthology

Virgin Classics | R$ 74,90

Los Panchos | Music Brokers | R$ 49,90

Nascido em 1958, Steven Isserlis é um dos grandes violoncelistas contemporâneos, filho de Julius, judeu russo a quem em 1920, com outros 111 músicos, recebeu permissão para deixar a União Soviética para divulgar a música russa. Mas ele nunca mais voltou. As duas irmãs, Annet e Rachel, também são intérpretes consagradas, e Steven venceu vários prêmios, na Grã-Bretanha e em outros países.

É mais do que correto atribuir ao Trio Los Panchos uma antologia do bolero porque os três mexicanos foram a melhor representação deste gênero musical que encantou plateias e era um dos mais executados nas vitrolas de bailinhos pré-formatura. São três cd’s divididos em “Seus Grandes Êxitos”, “As Canções de Desamor” e “Boleros Inesquecíveis”, como Besame Mucho, El Reloj, La Barca, e Noche de Ronda.

Caribbean Playground

The White House Sessions Live 1962

Putamayo | R$ 44,90

CBS Music | R$ 29,90

O selo Putumayo especializou-se em música étnica, também conhecida como world music, e este exemplar pertence à Série Kids, mas que entusiasma os adultos com interpretações de músicas de Trinidad, da Jamaica, Haiti, Cuba, de Guadalupe. Um ouvinte distraído pode imaginar que seja tudo a mesma coisa, não fosse o fato de serem cantadas nas línguas nativas, mas contêm sutilezas que as diferenciam.

Era comum o presidente John Kennedy abrir a Casa Branca para memoráveis noites de jazz. Diz-se que era de interesse da Máfia. A oportunidade de assistir a esses recitais era disputadíssima e recentemente descobriu-se a gravação original da apresentação de Tony Bennet com Dave Brubeck ao piano. Aliás, Tony Bennet, originalmente Antonio Benedetto, cantou nos funerais de Kennedy.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky O CLIMA DO ALTIPLANO OFERECE TODAS AS CONDIÇÕES PARA VINHEDOS COMO ESTE VICEJAREM

Vinhos de Israel, passado e futuro ATUALMENTE, MUITOS DOS VINHOS ISRAELENSES FAZEM PARTE DAQUELES APRECIADOS PELOS ENTENDIDOS DO MUNDO, A SABER, ENTRE OUTROS TANTOS, CASTEL GRAND VIN, MARGALIT CABERNET SAUVIGNON SPECIAL RESERVE, YARDEN KATZRIN E YATIR FOREST

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videntemente, o vinho de festa ou de cerimônia religiosa kasher, tipo Carmel, traz à memória boas lembranças para a maioria das pessoas, mais porque associado ao fi m do jejum de Iom Kipur, porque está na memória de todos como um componente de uma festa familiar e menos por ser um produto de grande qualidade, principalmente quando comparado a tantos bons vinhos de sobremesa, como os vinhos de colheita tardia (late harvest) bastante em moda. Além daqueles vinhos de excelência no quesito, a saber os Sauternes da região de Graves em Bordeaux e os Tokai húngaros, ambos muito valorizados pelo sabor e longevidade, podendo atingir preços de mercado comparáveis aos mais valorizados vinhos de mesa do mundo. Como, por exemplo, o mais conhecido e valorizado Sauternes, o Châteaux D’Yquem 1982, que custa R$1.980,00. Quanto aos vinhos de qualidade recentes, é preciso voltar cerca de quarenta anos, época em que pesquisas de especialistas da Universidade de Davis, na Califórnia, comprovaram a vocação das terras de Israel para uvas europeias. Isso reforça o que era evidente no passado distante, quando vinho e azeite eram produtos naturalmente associados às terras e costumes de Israel, desde o Império Romano. Atualmente, muitos dos seus vinhos fazem parte daqueles apre-

ciados pelos entendidos do mundo, a saber, entre outros tantos, Castel Grand Vin, Margalit Cabernet Sauvignon Special Reserve, Yarden Katzrin e Yatir Forest, seus campeões, entre as 350 vinícolas espalhadas em 5.500 hectares, e em apenas cinco regiões: Galileia, nos altos do Golã, a menina dos olhos dos produtores pela altitude, vento frio, amplo gradiente térmico e solo bastante permeável; as Colinas da Judeia, em torno de Jerusalém; Shimshon (Samson); Negev, a região semi-árida do deserto, dependente de intensa irrigação; e a planície Sharon , próxima da costa mediterrânea ao sul de Haifa, a maior área plantada. Recentemente, o jornalista Luiz Horta escreveu a respeito de vinhos kasher e cometeu uma confusão recorrente ao afirmar que a vinificação do vinho apropriado atual é apenas mais sofisticada e delicada do que antes. Ele se referia ao

vinho cozido, isto é, o kasher strictu sensu. No entanto, vinho kasher não é sinônimo de vinho religioso e muito menos de vinho feito em Israel, pois mesmo em maioria, os produtores de vinho kasher estão muito longe de ser a totalidade dos vinhos feitos em Israel. O que é então um vinho kasher, que não seja o vinho religioso? Para responder, valho-me de um mestre do vinho de Israel, Israel Preker, e que se pode ler em http://www.wines-israel.co.il: Como é feito um vinho kasher? Israel Preker – Basicamente, os responsáveis pelas vinhas no campo devem ser seguidores dos preceitos judaicos do Shabat e nada que seja fora dos princípios da kashrut pode interferir no processo de vinificação. Além disso, os vinhos kasher são iguais aos outros vinhos, como tantos outros kasher mundo afora, com importância mercadológica entre judeus e não judeus, Brasil inclusive. É cada vez maior o número de produtores nos Estados Unidos, Espanha, França e Itália que têm entre seus rótulos alguns kasher. Com uma produção de trinta milhões de litros de vinho anuais e sempre crescendo, Israel exporta para mais de trinta países, principalmente os EUA. Os canteiros de produção estão

espalhados pelo país, rivalizando em qualidade e se assemelhando em características aos dos novos vinhos da Grécia e Líbano, provando que o Oriente Médio é muito mais mediterrâneo do que parece. São vinhos variados, que nada devem aos espumantes, brancos e tintos do mundo. É bom lembrar que Israel está nos primórdios do vinho, pois Noé trouxe em sua Arca a preciosa vinha para terras aráveis. Ânforas dos tempos bíblicos foram encontradas em bom estado de conservação na Galileia e na região de Jerusalém, com inscrições de procedência e safra, segundo o site do importador para o Brasil (www.vinhosdobrasil.com.br), e que a terra foi sempre generosa com as vinhas, famosas desde os tempos da dominação romana. Ou seja, ter os vinhos de Israel não é fazer algo velho, mas é voltar para o futuro.

No entanto, vinho kasher não é sinônimo de vinho religioso e muito menos de vinho feito em Israel, pois mesmo em maioria, os produtores de vinho kasher estão muito longe de ser a totalidade dos vinhos feitos em Israel



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magazine > ensaio | por Paulo Ludmer*

Os desafios da abundância energética de Israel A IMPRENSA ESPECIALIZADA JÁ APRESENTA ISRAEL COMO EXPORTADOR DE ENERGIA EM POTENCIAL, PRESUME QUE ENTRE 52% E 62% DOS IMPOSTOS SOBRE OS HIDROCARBONETOS SERÃO ALOCADOS EM EDUCAÇÃO E SEGURANÇA E ACREDITA NA VALORIZAÇÃO DO SHEKEL

A

queda de Hosni Mubarak do governo do Egito, um fornecedor de gás natural, e a chamada Primavera Árabe assustaram Israel. Na fronteira a sudoeste, os dutos de gás egípcios se fecharam, tornaram-se vulneráveis a atos de terror e atormentaram a segurança econômica israelense. E também por um período soçobraram as relações com a Turquia, outro parceiro comercial, em um evento armado que culminou com a apreensão de um navio turco e a morte de ativistas pró-palestinos, quando a caminho de Gaza. Recentemente Israel fez um pedido formal de desculpas e as boas relações com a Turquia foram retomadas. Mas o Mediterrâneo, bendito, pois a cerca de cinquenta milhas da costa, entre Haifa e Chipre, era o fiel depositário da solução armazenando o conforto da independência energética dos israelenses que ali encontraram o petróleo e o gás de que careciam. Ao mesmo tempo, foram comprovadas enormes jazidas de óleo de xisto no subsolo de Israel, em uma área que se estende até as proximidades da região administrada pela Autoridade Palestina. Comecemos por terra. Em 2009, o geólogo Yarel Bartov, perfurou e encontrou jazidas de óleo de xisto nas proximidades de Jerusalém, conhecida como a formação mineral de Kenagen. Hoje, ele trabalha para a Israeli Energy Initiative (IEI), empresa israelense de energia capaz de, em dez anos, injetar entre cinquenta mil a cem mil barris de petróleo por dia na economia do país e cuja competitividade da cadeia produtiva já celebra garantia de segurança energética, previsibilidade e melhores preços. Essa tecnologia é a mesma do shale gaz que os Estados Unidos exploram e usam em seu território, tornando o país autossuficiente e passando a exportador de hidrocarbonetos. Desse modo, o shale gaz derruba cotações, divide a Opep (dos exportadores de petróleo), fortalece o dólar e estimula a indústria química e petroquímica no Texas e arredores. Veios de xisto

idênticos existem no Brasil, Argentina e China, mas aqui o pré-sal da Petrobrás atrasa o processo de aproveitamento do gás de xisto. No entanto, nos Estados Unidos o gás de xisto custa cerca de US$ 3,00 por milhão de BTU (unidades térmicas britânicas), enquanto o gás mais barato da Comgás custa pelo menos US$ 14,00 por milhão de BTU. O perigo da tecnologia da fragmentação de rochas betuminosas da bacia de Shefela, na região de Beit Shemesh, pesquisada pela IEI, em uma área de 238 quilômetros quadrados e cujas reservas de xisto podem ser convertidas em quarenta bilhões equivalentes de barris de óleo, é influir quimicamente no lençol freático (o aquífero da Montanha em Israel), além de produzir pequenos abalos sísmicos. Ainda assim, embora proibida na Europa, essa tecnologia de exploração se torna cada vez mais aceita a partir das experiências de exploração realizadas nos Estados Unidos. No caso de Israel, a vantagem dessa tecnologia é que os centros de consumo do gás estão muito próximos das zonas de extração além da boa rede de gasodutos, considerada a parcela mais cara dos investimentos em gás natural, mesmo aquele extraído das rochas betuminosas. No Mediterrâneo, aproximando e envolvendo o vizinho Chipre, seriam construídas plantas de criogenização e descriogenização do gás e participação garantida nos resultados das abençoadas descobertas. A Europa apoia a iniciativa conjunta com Israel porque Chipre é membro da Comunidade Europeia e interessa sua recuperação econômica nes-

te momento de crise das zona do euro. Mas como a Turquia não reconhece Chipre como país e trava um embate secular com os gregos da ilha é mais um desafio que se coloca para Israel. Apesar disso, há esperanças com a reaproximação de Ancara com Jerusalém, e é bom lembrar que a Turquia exporta por mar muita água potável desembarcada nos portos de Haifa, Ashdod e Ashkelon. Entre os portos israelenses e Chipre, estão os campos de: Leviathan, com dezoito trilhões de pés cúbicos de gás, e perspectivas de perfurações mais profundas pela Noble Energy, associada à Delek Group e à Dor Gaz Explotation; Tamar, a 56 milhas de Haifa, da qual a Noble Energy detém 36% e reservas de dez trilhões de pés cúbicos de gás; Tanon, atenderia a 80% das necessidades de Israel por dez anos, sabendo-se que 40% da energia elétrica nacional são gerados pela queima de gás. E tem Dalit e Dolphin na mesma zona marítima. Pinnacles + Marin-B, 47% pertencentes à Noble Energy, de Houston, (Texas) produzindo gás desde 2004 e dezessete mil barris diários de óleo equivalente, com reservas comprovadas de 378 milhões de barris. Por tudo isso, a imprensa especializada já apresenta Israel como exportador de energia em potencial, presume que entre 52% e 62% dos impostos sobre os hidrocarbonetos serão alocados em educação e segurança e acredita na valorização do shekel. É preciso considerar também as áreas terrestres de petróleo do antigo campo de Heletz, descoberto em 1955 e produzindo desde 1960 (reservas de 94 milhões de barris) e Maged (1,52 milhão de barris), operando desde 2004. Pelo porto de Ashdod,

ESTE É O MAPA MAIS RECENTE DAS DESCOBERTAS DE ÓLEO DE XISTO EM ISRAEL E NO TERRITÓRIO PALESTINO ATÉ A

JORDÂNIA

ingressam toneladas de carvão importado para as térmicas de Orot Rabin (2,5 GW) perto de Hadera, e Rutenberg, (2,25 GW), nas imediações de Ashkelon, ambas sob ataques dos ambientalistas. E as insaciáveis térmicas a gás que aguardam os novos suprimentos são Dorad (840 MW), Eshkol (multicombustível) e Leitura Power (750 MW). O fato é que Israel deverá economizar cerca de US$ 300 milhões mensais com importações de combustíveis e ao exportá-los, melhorar suas condições geopolíticas porque produz óleo a um custo inferior a US$ 40,00 por barril, valor hoje inaceitável pela Opep. É que as cotações internacionais do petróleo leve (o Brent) vem se mantendo ao redor de US$ 100,00 o barril com tendência de queda, seja em razão da reviravolta nos Estados Unidos, com o dólar em alta, ou porque a Opep anuncia cortes na produção para frear o excesso de oferta e manter o preço. Uma eventual forte depreciação da cotação mundial do petróleo ameaça a viabilidade econômica das fontes renováveis (a solar é um domínio tecnológico de ponta entre os israelenses). Quanto mais não seja, há uma corrida mundial pelo desenvolvimento de tecnologias energéticas que substituam os motores de combustão, tal como os conhecemos. Todavia, continua fortalecido e consagrado o emprego de combustíveis fósseis – petróleo, gás, carvão, etanol e outros. Neste quadro, Israel está diante de um problema menor, pois se blindou de todos os lados e trabalha diplomaticamente pelas boas relações com Turquia e Chipre, porque as zonas mediterrâneas citadas acima em pauta poderão ser declaradas águas internacionais, e até mesmo palestinas, por que não? E uma nova fronteira militar – na forma de defesa dos campos de exploração no mar – exige preocupação em dobro da marinha israelense. * Paulo Ludmer é jornalista, engenheiro, professor e autor de Sertão Elétrico (ArtLiber, 2010) e Derriça Elétrica (ArtLiber, 2007), entre mais de vinte títulos


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Jacob Gorender, um judeu

Tatiana Belinky, alegria das crianças EM SUA VIDA LONGA E PROFÍCUA, TATIANA BELINKY (1919 – 2013) DEU IMENSA CONTRIBUIÇÃO NA FORMAÇÃO DE UMA LEGIÃO DE NOVOS LEITORES. AO LADO DO INSEPARÁVEL COMPANHEIRO JÚLIO GOUVEIA, EM 1952, ADAPTOU O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, DE MONTEIRO LOBATO, PARA A TV TUPI

AUTOR DE O ESCRAVISMO COLONIAL, OBRA CLÁSSICA A RESPEITO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL, JACOB GORENDER (1923-2013) TAMBÉM ESCREVEU O COMBATE NAS TREVAS, UM DOS MAIS SÉRIOS E IMPORTANTES LIVROS ACERCA DA LUTA ARMADA NO BRASIL

O

historiador, jornalista e ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro Jacob Gorender, nasceu na Bahia, fi lho de pais judeus originários da Rússia. Estudava direito em Salvador quando o Brasil declarou guerra à Itália e à Alemanha, apesar de os dirigentes brasileiros se mostrarem simpáticos às ideias fascistas mas não tinha como resistir à pressão popular depois do torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães na costa do país. Gorender apresentou-se como voluntário e participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e foi engajado numa companhia responsável pela comunicação e escrevia artigos para o órgão oficial da FEB, o Cruzeiro do Sul. Na volta ao Brasil trabalhou na imprensa do PCB e criticou a condução do partido do qual se desligou depois do golpe de 1964 para fundar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) de resistência à ditadura. Por isso, foi preso e torturado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury e convalescia dos ferimentos nas celas do extinto Dops quando conheceu Dilma Rousseff que lá estava presa também. Autor de O Escravismo Colonial, uma obra clássica a respeito da escravidão no Brasil também escreveu O Combate nas Trevas, um dos mais sérios e importantes livros acerca da luta armada no Brasil, referência a respeito do assunto e respeitado até pelos militares. A única filha, a médica Ethel Fernandes Gorender, conta que “nasceu de uma família de comunistas, e meus pais eram muito cultos e solidários”. Os pais viviam na clandestinidade durante a ditadura, mas Ethel estudava na Escola Scholem Aleichem. Eu conheci Jacob Gorender nos anos 1990. Era free-lancer da revista Época, em fase de implantação, e montava um estoque de reportagens para usar de acordo com as necessidades. Uma delas tratava dos esquerdistas que abandonaram a luta

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magazine > memória II | por Júlio Nobre

magazine > memória I | por Bernardo Lerer

armada, aderiram à ditadura e se transformaram em garotos-propaganda do regime. Entrevistei-o na casa dele, na vila de uma rua próxima à avenida Pompeia. Afinal, era o autor de O Combate nas Trevas. Depois das muitas perguntas e respostas, foi a vez dele: – Você é judeu? – Sim, respondi. Assim como o senhor. Ele contou que sempre esteve afastado da comunidade e os judeus com quem se relacionava eram aqueles membros dos partidos nos quais atuou, e havia muitos. – Mas eu gostaria de me reaproximar das coisas judaicas que se relacionem à justiça social e à solidariedade, disse ele. – O senhor gostaria de ir à Hebraica, por exemplo?, perguntei. – É um centro comunitário onde, portanto, cabe todo mundo e estes temas são recorrentes. – Não, lá não. Acho que vão me olhar esquisito. E cortou a conversa com uma decisão: – Veja bem: vou deixar claro que não quero ser cremado como fazem muitos judeus indecisos a respeito da sua identidade judaica. Quero ser enterrado no cemitério israelita, junto com os meus outros judeus. Gorender morreu de complicações decorrentes de uma pneumonia. Foi enterrado às dez horas do dia 12 de junho no Cemitério Israelita do Butantã.

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escritora Tatiana Belinky morreu em São Paulo aos 94 anos depois de onze dias internada no Hospital Alvorada. Tatiana nasceu em 1919 em São Petersburgo, então a Petrogrado soviética, em uma família de judeus russos e aos 10 anos se mudou para o Brasil fugindo das atrocidades da guerra civil. Fluente em russo, alemão e letão, trabalhou como secretária bilíngue e tradutora do inglês para o português. Em 1940, casou com o médico e educador Júlio Gouveia (1914 - 1988), com quem iniciaria uma longa parceria afetiva e profissional em que o foco sempre foi a criança e a literatu-

ra infantojuvenil. Eles tiveram dois filhos, cinco netos e três bisnetos, e escreveram muitos, muitos livros. Em 1948, os dois começaram a trabalhar juntos na adaptação de textos para o teatro: Tatiana escrevia, Júlio encenava. Desta forma, ela contribuiu decisivamente na formação de uma legião de novos leitores, principalmente da obra de Monteiro Lobato, que os procurou pessoalmente para que suas histórias fossem aproveitadas na nascente televisão brasileira. Assim, em 1952, sempre ao lado do inseparável Júlio, adaptou O Sítio do Picapau Amarelo, para a TV Tupi, onde o programa ficou no ar durante muitos anos. O trabalho de Tatiana e Júlio ajudou a tornar Monteiro Lobato o autor mais popular entre as crianças brasileiras. Em 1985, passou a criar sua própria literatura infantil com a publicação de limericks, poemas caracterizados pelo bom humor, nonsense e contidos em cinco linhas em rimas AABBA. Entre os mais de 250 livros que Tatiana produziu, destaque para a autobiografia Transplante de Menina – Da Rua dos Navios à Rua Jaguaribe (Editora Moderna) e o livro de poemas Limeriques do Bípede Apaixonado (Editora 34), o seu favorito. Também foi fundamental o papel que desempenhou na divulgação de autores russos como Pushkin, Tolstoi e Tchekhov para leitores de língua portuguesa. Exerceu a crítica literária em jornais como O Estado de São Paulo, Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde. Muito generosa, afetuosa e acessível, Tatiana Belinky sempre atendeu carinhosamente aos convites da Hebraica, onde participou de vários eventos artísticos e literários e, por isso também, vai deixar muita saudade.


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diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014

A DIRETORIA DA HEBRAICA E CONCESSIONÁRIOS BRINDAM AO NOVO ESPAÇO PRANA

Um novo conceito de bem-estar LOGO NA NOITE DE ABERTURA DO ESPAÇO PRANA SPA, FICOU CLARO QUE OS TRATAMENTOS OFERECIDOS PELO NOVO CONCESSIONÁRIO DO CLUBE NA ÁREA DE BELEZA E RELAXAMENTO TERÃO AMPLA ACEITAÇÃO ENTRE OS ASSOCIADOS

E

liane e Ricardo Emoto, do Espaço Prana Spa na Hebraica, esperaram concluir a reforma em todos os detalhes para convidar sócios e diretoria para conhecer o local. No Prana, cada sala é decorada de acordo com o tipo de tratamento: se a cliente está sendo massageada, as paredes da sala são de cenas da natureza e a música é suave e relaxante. Serão três modalidades de massagem: reflexologia, quickmassage (shiatsu) e massagem nas mãos. O Espaço Prana começou a atender

homens e mulheres já no dia seguinte à inauguração e logo ficou evidente a preferência do público pela drenagem linfática e shiatsu. Em estética facial, a grande procura foi pela limpeza de pele. “Gostei do novo ambiente e a profissional que fez a drenagem linfática parecia muito competente. Sem dúvida, a mudança de concessionário era necessária e chegou em boa hora”, comentou Clara Rappaport, ao sair do Spa com ares de quem deixou a tensão do dia-adia na sala da atendente. Mais informações, 38188735/30845201. (M.B.)

PRESIDENTE

ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE

GABY MILEVSKY

ASSESSOR FINANCEIRO ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ OUVIDORIA ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS DIRETOR DE CAPTAÇÃO DIRETOR DE MARKETING CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS

MAURO ZAITZ MOISES SCHNAIDER JULIO K. MANDEL BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO JOSEPH RAYMOND DIWAN CLAUDIO GEKKER EUGÊNIA ZARENCZANSKI (Guita) ALAN BALABAN SASSON DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN SERGIO ROSENBERG

HANDEBOL ADJUNTOS

JOSÉ EDUARDO GOBBI NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN DANIEL NEWMAN JULIANA GOMES SOMEKH

PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS

MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON CORRIDA

JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO

BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA

HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON

JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO

FERNANDO FAINZILBER

VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO

MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES ADJUNTO

HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS AIRTON SISTER

GAMÃO

VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA

ISAAC KOHAN FABIO KARAVER

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURA JUDAICA ASSESSORES DA SINAGOGA

SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

XADREZ

HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA

HUGO CUPERSCHMIDT

VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS

NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS

ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL

VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES

AVI GELBERG

ASSESSORES

CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO

GERAL DE ESPORTES GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO

JOSÉ RICARDO M. GIANCONI ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU HERMAN FABIAN MOSCOVICI RAFAEL BLUVOL

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO

AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS

ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS

ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

SECRETÁRIO GERAL

ABRAHAM AVI MEIZLER

TÊNIS DE MESA

GERSON CANER

SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS

JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ HARRY LEON SZTAJER

JURÍDICO

ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA

ALEXANDRE FUCS BENNY SPIEWAK CARLOS SHEHTMAN GIL MEIZLER LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH

FITͲCENTER

MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA

ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ JIU JITSU

ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY)

FABIO STEINECKE

GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN

AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA DE BASE BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER

MARCELO SCHAPOCHNIK GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL

SILVIO LEVI

VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL

SIDNEY SCHAPIRO

CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA

SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER

VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE

MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS

SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT

TESOUREIRO GERAL

LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO DIRETORES

ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC MARCOS RABINOVICH


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vitrine > informe publicitário HOTEL FAZENDA REVIVER

Recomendado pelos melhores guias O Hotel Fazenda Reviver está localizado em Araçoiaba da Serra a 114 quilômetros de São Paulo pela Rodovia Castelo Branco junto à Reserva Florestal do Ipanema e cercado por uma rara beleza dentro de uma fazenda de um milhão de metros quadrados. Além de

um ar puro considerado dos mais terapêuticos, O Reviver, oferece fitness completo, piscinas com hidromassagem e cascata e massagistas em local tranquilo e agradável. Tels. (15) 3281-8888/ 3281-2378 Site www.hotelfazreviver.com.br

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Férias de julho em plena natureza Sair um pouco da cidade faz muito bem às crianças. Uma ótima saída é o Repúbllica Lago, em Leme (SP), colônia de férias com diversas opções para que as crianças e adolescentes possam fazer o que gostam, interagindo com quem tenham afinidades. O foco não

fica só nos esportes: há projetos de arte, recreação e biologia. O acolhimento é feito com carinho por uma equipe especialmente preparada para atender as cranças e adolescentes. Informações, 3818-6600 Site wwww.replago.com.br

FESTIVAL CULTURE OF LIFE

Dr. Rav Gabriel Cousens virá ao Brasil O Festival Culture of Life apresenta aos brasileiros o médico americano Dr. Rav. Gabriel Cousens, (autor do livro A Torah como Fonte para a Iluminação), cujo trabalho é um marco na medicina do século 21. De 17 a 21 de setembro de 2013, no Paraíso Eco Lodge, próxi-

mo ao Parque Estadual Intervales em São Paulo, a maior reserva de Mata Atlântica do Brasil, o Dr. Cousens realizará os cursos “Alimentação Consciente” e “Despertando seu Potencial”. E-mail maya.oficinadasemente@gmail.com www.despertandoseupotencial.com.br

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Domésticos profissionais especializados Com três anos de atuação no mercado de contratação de domésticos profissionais, a Sharing4you inovou o setor oferecendo ao cliente o candidato mais adequado à sua realidade com atendimento personalizado e acompanhamento total do processo, do início ao

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Sua coluna em boas mãos As causas das dores na coluna são inúmeras: má postura, sedentarismo, traumas esportivos, acidentes, doenças, etc. A quiropraxia está entre as principais profissões na área da saúde que mais crescem. Ela utiliza como ênfase para o tratamento desses “males da coluna”, a

manipulação ou ajuste articular. Dr. Yotio Sato, quiropraxista – ABQ 064 Rua Cincinato Braga, 68, cj. 31, Bela Vista Rua Apinajés, 1100, cj. 502, Perdizes Fones 3284-6400 / 99827-6427 / 98206-9465 www.quirosato.com.br | yotio.sato@terra.com.br


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indicador profissional ADVOCACIA

CLÍNICA HIPERBÁRICA

ANGIOLOGIA

CONFERÊNCIA

DERMATOLOGIA

ARTETERAPIA

GINECOLOGIA

MANIPULAÇÃO

FISIOTERAPIA

CIRURGIA PLÁSTICA

CONSULTORIA FISCAL E CONTÁBIL

MEDICINA PREVENTIVA


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indicador profissional MEDICINA PREVENTIVA

NEUROPSICOLOGIA

PSICOLOGIA

OFTALMOLOGIA

PSIQUIATRIA

ONCOLOGIA

NEUROLOGIA

ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA

ORTOPEDIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

ODONTOLOGIA

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indicador profissional

PEDIATRIA

QUIROPRAXIA

PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA LIGUE:

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REPRODUÇÃO

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compras e serviços

SERVIÇOS ESPECIAIS PARA IDOSOS

TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA


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conselho deliberativo

Lista de Conselheiros

E OS INTEGRANTES DAS COMISSÕES, DO CONSELHO FISCAL E DA DIRETORIA EXECUTIVA NOME AARON BERNARDO SONDERMAN ABRAHAM AVI MEIZLER ABRAM BERLAND ABRAMO DOUEK ABRAMINO ALBERTO SCHINAZI ABRAO B. ZWEIMAN ADOLPHO FISCHMAN AIRTON SISTER ALAN BOUSSO ALAN CIMERMAN ALBERTO GOLDMAN ALBERTO HARARI ALBERTO RACHMAN ALBERTO SAPOCZNIK ALEXANDRE L. S. LOBEL ALEXANDRE OSTROWIECKI ALZIRA M. GOLDBERG ANITA GOTLIB NISENBAUM ANITA RAPOPORT ANITA W. NOVINSKY ANTONIO FLORIANO P. PESARO ARI FRIEDENBACH ARIEL LEONARDO SADKA ARTHUR ROTENBERG AVRAHAM GELBERG BEATRIZ WOILER RAICHER BEIREL ZUKERMAN BERNARDO GOLDSZTAJN BERNARDO KRONGOLD BORIS BER BORIS CAMBUR BORIS KARLIK BORIS MOISES MIROCZNIK BRUNETE GILDIN BRUNO JOSÉ SZLAK CAIO MAGHIDMAN CARLOS GLUCKSTERN CARLOS KAUFMANN CELIA BURD CELSO SZTOKFISZ CHARLES TAWIL CHARLES WASSERMANN CHYJA DAVID MUSZKAT CLARA NOEMI TREIGER CLAUDIA MARIA COSTIN CLAUDIA ZITRON SZTOKFISZ CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG CLAUDIO STEINER CLAUDIO STERNFELD CLAUDIO WEINSCHENKER DANI AJBESZYC DAVE LAFER DAVID LEDERMAN DAVID PROCACCIA DAYVI MIZRAHI DEYVID ARAZI DIANA CHARATZ ZIMBARG DOV BIGIO EDUARDO DE AIZENSTEIN EDUARDO GRYTZ

CARGO

NOME

Secretário Geral Executivo Presidente do Executivo

Jurídica

Tesoureiro Executivo

Assessor Mesa Conselho Ex-Presidente Vice-Presidente Conselho Esportivo Ex-Presidente Administração e Finanças

Obras

Relator

Obras

Coordenador

Jurídico

Coordenador

Assessora Mesa Conselho Obras

Vice-Presidente Conselho Jurídico Administração e Finanças

Administração e Finanças

EDUARDO ROTENBERG ELCIO NEUSTEIN ELIE K. HAMADANI ELISA RAQUEL NIGRI GRINER ERNESTO MATALON ERVINO SOICHER ESTER R. TARANDACH EUGEN ATIAS EUGENIO VAGO EVA ZIMERMAN EVELYN H. GOLDBACH FABIO AJBESZYC FABIO KEBOUDI FERNANDO ROSENTHAL FISZEL CZERESNIA FLORA GHITA TAKSER FRANCISCO AMERICO RAICHMAN GABRIEL R. KUZNIETZ GEORGES GANCZ GILBERTO LERNER GIUSEPPE PIHA GLORINHA COHEN GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR GUSTAVO CIMERMAN GUSTAVO ERLICHMAN HELENA NISKIER HELENA ZUKERMAN HELIO BOBROW HENRIQUE BOBROW HENRIQUE FISBERG HENRIQUE JOSEF HENRIQUE MELSOHN HENRY JACQUES KLEIN HORACIO LEWINSKY HUGO CUPERSCHMIDT IDA SEMER ISAAC AMAR ISAQUE RUBIN ISRAEL ISSER LEVIN ISY RAHMANI IVETTE MANDELBAUM JACKSON CIOCLER JACOBO KOGAN JACK TERPINS JACQUES ADONI JAIME CIMERMAN JAIME SHNAIDER JAIRO HABER JAIRO OKRET JAIRO PEKELMAN JAIRO ZYLBERSZTAJN JAQUES LERNER JAQUES MENDEL RECHTER JAYME BOBROW JAYME MELSOHN JAYME SZUSTER JAYME WIDATOR JEFFERSON JANCHIS GROSMAN JEFFREY ADONIS VINEYARD JOEL RECHTMAN JONAS GORDON

CARGO

Administração e Finanças

Administração e Finanças Jurídico Jurídico Jurídico 2º Secretário Conselho

Assessora Feminino Ex-Presidente Ex-Presidente Conselho Fiscal Obras Vice-Presidente Conselho

Adm. Finanças Coordenador Jurídico Administração e Finanças Ex-Presidente

Secretário Executivo Conselho Fiscal

Conselho Fiscal Administração e Finanças

NOME

CARGO

JONNY CUKIER JOSÉ ABRAMOVICZ JOSÉ BIRKMAN JOSÉ EDUARDO GOBBI JOSÉ HENRIQUE CHAPAVAL JOSÉ LUIZ GOLDFARB Assessor Redes Sociais JOSÉ RICARDO MONTEIRO GIANCONI JOSÉ WOILER JOSEPH RAYMOND DIWAN JULIO KAHAN MANDEL Assessor Ouvidoria KRYSTYNA OKRENT LEONARDO CUSCHNIR LEO TOMCHINSKY LEON ALEXANDER LIONEL SLOSBERGAS LORENA QUIROGA LUBA GLEZER ROSEMBERG LUCIA FELMANAS AKERMAN LUIZ FLAVIO LOBEL 1º Secret. Mesa Conselho 1º Secretário Conselho LUIZ GABOR Tesoureiro Geral Executivo LUIZ JAYME ZABOROWSKY LUIZ KIGNEL LUIZ MESTER MAIER GILBERT MANOEL KRON PSANQUEVICH MARCELO DE WEBER MARCEL HOLLENDER MARCELO KAHAN MANDEL MARCELO MIROCZNIK MARCELO SCHAPOCHNIK MARCIA MELSOHN MARCOS ARBAITMAN Ex-Presidente MARCOS BURCATOVSKY SASSON MARCOS CHUSYD MARCOS KARNIOL Obras MARIZA DE AIZENSTEIN MARLI KOTUJANSKY MAURICIO FOGEL MAURICIO JOSEPH ABADI Jurídico Relator MAURICIO PAULO MATALON MAURO JOSE DE SALLES NAHAISSI MAURO ZAITZ Assessor Financeiro MAX WAINTRAUB MENDEL L. SZLEJF Vice-Presidente Administrativo MENDEL VAIDERGORN MICHEL STOLAR MILTON RZEZAK MIREL WALDMANN MIRIAM KRUGLIANSKAS MOACYR LUIZ LARGMAN Jurídico Secretário MOISÉS SCHNAIDER MOISÉS SINGAL GORDON Vice-Presidente Juventude MOISÉS SUSLIK MONICA R. ROSEMBERG MONICA TABACNIK Adm.Finanças Relatora MOSZE GITELMAN MOYSÉS BOBROW Secretário MOYSÉS DERVICHE Adm.Finanças MOYSÉS GROSS Obras/Assessor Acesc NAUM ROTENBERG Ex-Presidente

NOME NAUM SCHAPIRO NELSON GLEZER NELSON ZLOTNIK NESSIM HAMAOUI NESSIM MIZRAHI NICOLE SZTOKFISZ NILSON ABRAO SZYLIT PAULO BRONSTEIN PAULO DANILA PAULO R. FELDMAN PAULO ROBERTO EGEDY PEDRO MAHLER PERLA JOSETTE MOSSERI PETER T. G. WEISS RAMY MOSCOVIC RAQUEL MIZRAHI RAUL CZARNY REBECA LISBONA RENATO FEDER RENATO KASINSKY RICARDO BERKIENSZTAT ROBERTO GARBATI BECKER RONEY ROTENBERG RONY SZTOCKFISZ ROSA BRONER WORCMAN ROSALYN MOSCOVICI ROSITA KLAR BLAU RUBENS BISKER RUBENS KRAUSZ RUBENS ERNANI GIERSZTAJN RUGGERO DAVID PICCIOTTO SAAD ROMANO SALIM KEBOUDI SALO FLOH SALOMON WAHBA SAMI SZTOCKFISZ SAMSÃO WOILER SANDRO ASSAYAG SARITA KREIMER SAUL ANUSIEWICZ SERGIO CIMERMAN SERGIO GARBATI GROSS SERGIO KORN SERGIO PRIPAS SERGIO ROSENBERG SIDNEY SCHAPIRO SILVIA L. S. TABACOW HIDAL SILVIA WAISSMAN ZLOTNIK SILVIO BRAND SILVIO CHAN SIMAO A. LOTTENBERG SIMAO PRISZKULNIK SIMCHA BINEM BERENHOLC SZLOMA ZATYRKO VANESSA KOGAN ROSENBAUM VICTOR LINDENBOJM WALTER MEYER FELDMAN YUDAH BENADIBA YVES MIFFANO ZEEV TUCHMAJER

CARGO Vice-Presidente Obras Obras Obras Obras

Obras

Secretário

Presidente do Conselho

Conselho Fiscal Obras

Conselho Fiscal Conselho Fiscal

Coordenador Secretário

Ex-Presidente Jurídico

Vice-Presidente Social Cultural Assessora Mesa Conselho

Jurídico Conselho Fiscal Secretária Obras


130 HEBRAICA

| JUL | 2013

conselho deliberativo

CALENDÁRIO

JUDAICO ANUAL 2013

JULHO 15 16

Lições do microcosmo A Hebraica é frequentemente comparada a uma cidade de porte médio. Nesse modelo de pensamento, ficam claras e lógicas as diferenças entre grupos, faixas etárias e interesses dos sócios. Por um lado, os mais idosos requerem um tipo de estrutura e organização dos serviços, os atletas apresentam outras exigências, enquanto os desejos dos jovens se expressam de forma difusa e multidirecional. No caso das crianças, suas necessidades são traduzidas por todas as outras faixas de público. O Conselho Deliberativo existe há tanto tempo que o clube em si, tendo sido criado antes mesmo que existisse um edifício para abrigar departamentos e atividades. É nele que devem se manifestar as reivindicações gerais dos diferentes públicos que utilizam o clube. Em especial, os jovens casais, responsáveis por antecipar as necessidades e interesses dos filhos. Eis porque é extremamente importante a candidatura de um número crescente de jovens profissionais, casais ou chefes de famílias recém-constituídas. Da interação entre esses sócios, de mentes e aspirações renovadas, e os conselheiros com alguma experiência, certamente resultará um projeto com o pé na realidade. As eleições do dia 10 de novembro próximo são a ocasião perfeita para o engajamento de ativistas com outras ideias e disposição para propor novos projetos, movimentar as comissões e realmente se comprometer com o papel futuro da Hebraica na comunidade judaica, na cidade e no Brasil. Não por acaso foi com estas características que os fundadores do clube esboçaram há sessenta anos as premissas que resultaram, hoje, numa instituição do porte do nosso clube.

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2013 LOCAL: TEATRO ANNE FRANK HORÁRIO: 19H30 12/8/2013 10/11/2013 – ASSEMBLÉIA GERAL 25/11/2013 9/12/2013

Mesa do Conselho Peter T. G. Weiss Presidente Horácio Lewinski Vice-presidente Claudio Sternfeld Vice-presidente Luiz Flávio Lobel Secretário Fernando Rosenthal Segundo secretário Sílvia Hidal Assessora da Presidência Célia Burd Assessora da Presidência Ari Friedenbach Assessor da Presidência

2A FEIRA 3A FEIRA

17H36 INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV 18H01 FIM DO JEJUM

DE TISHÁ BE AV

SETEMBRO **4 4A FEIRA **5 5A FEIRA **6 6A FEIRA **13 6A FEIRA **14 SÁBADO 18 4A FEIRA *19 5A FEIRA *20 6A FEIRA 25 4A FEIRA *26 5A FEIRA *27 6A FEIRA

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1O DIA DE ROSH HASHANÁ 2O DIA DE ROSH HASHANÁ 17H39 INÍCIO DO JEJUM DE IOM KIPUR IOM KIPUR - TERMINA ÀS 18H33 VÉSPERA DE SUCOT 1O DIA SUCOT 2O DIA SUCOT VÉSPERA DE HOSHANA RABA - 7O DIA DE SUCOT SHIMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ

OUTUBRO 16 4A FEIRA

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

NOVEMBRO 27 4A FEIRA

1O DIA DE CHANUCÁ

DEZEMBRO 4 4A FEIRA

ÚLTIMO DIA DE CHANUCÁ

JANEIRO 2014 16 5A FEIRA 27 3A FEIRA

TU B’ SHVAT DIA INTERNACIONAL EM

MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

MARÇO 13 5A FEIRA JEJUM DE ESTER 16 DOMINGO PURIM 17 2A FEIRA SHUSHAN PURIM ABRIL 15 **16 **17 **21 **22 28

3A FEIRA 4A FEIRA 5A FEIRA 2A FEIRA 3A FEIRA 2A FEIRA

MAIO 5

2A FEIRA

6

3A FEIRA

18 28

EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON – DIA DA LEMBRANÇA

DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL

IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 66 ANOS DOMINGO LAG BAÔMER 2A FEIRA IOM IERUSHALAIM

JUNHO 3 3A FEIRA *4 4A FEIRA *5 5A FEIRA

VÉSPERA DE SHAVUOT 1O DIA SHAVUOT 2O DIA SHAVUOT - IZKOR

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,

FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS



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