Revista Hebraica - Março 2013

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ANO LIV

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Pessach na linha do tempo


HEBRAICA

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palavra do presidente

Educação judaica e formação da família Desde quando assumimos a presidência da Hebraica, a nossa principal atenção estava voltada para a educação e formação judaica das nossas crianças. Com a Escola Antonietta e Leon Feffer (Alef), aumentamos sensivelmente a frequência do clube com crianças e jovens no período mais importante da vida. Também cresceram as atividades extracurriculares como Escola de Esportes, After School, Ateliê Hebraica, além das diversas atividades esportivas, permitindo e viabilizando a permanência delas durante grande parte do dia, com segurança e, principalmente, em um ambiente judaico, de modo a que em todas as atividades transmitimos um pouco dos nossos valores e tradições. Nos próximos dias receberemos na Hebraica o eminente rabino Jonathan Sacks, nomeado “lord” pela rainha Elizabeth II da Inglaterra e ex-rabino-chefe da Grã-Bretanha. Como parte do roteiro oficial no Brasil insistiu em conhecer o nosso clube, onde está prevista uma palestra dirigida aos educadores da nossa comunidade, e lançará o seu mais novo livro A Dignidade da Diferença, editado pela Sêfer, e cuja leitura recomendo. Aqui ele poderá constatar o vigor do trabalho comunitário, tema de vários dos seus livros, traduzidos em várias línguas e best-seller em muitos países. Teremos o maior orgulho em mostrar o que a Hebraica tem feito em relação à educação e à transmissão dos nossos mais caros valores morais e éticos, principalmente aqueles que se referem ao respeito ao outro e ao diferente a quem devemos bem receber e acolher. Vamos levá-lo à Escola Antonieta e Leon Feffer que, no primeiro ano funcionando na Hebraica, recebeu mais de 160 novas matrículas sendo que pelo menos 80% dessas crianças eram antes alunos de escolas não judaicas. Na Hebraica, todos os locais e todos os momentos são propícios para viver o judaísmo, como nas comemorações de Purim, por exemplo, com três grandes eventos, para crianças, jovens e adultos. Estou convencido de que, ao retornar à Grã-Bretanha, o rabino Jonathan Sacks vai levar do Brasil a certeza de que, muito mais do que um clube, a Hebraica é um verdadeiro centro comunitário, de que aqui se pratica a liberdade do judaísmo e aqui se preservam e se cultuam os seus valores. Baruch Habá Shalom

Abramo Douek

NOS

PRÓXIMOS DIAS RECEBEREMOS NA HEBRAICA O EMINENTE RABINO JONATHAN SACKS, NOMEADO “LORD” PELA RAINHA ELIZABETH II DA INGLATERRA E EXRABINO-CHEFE DA GRÃ-BRETANHA. COMO PARTE DO ROTEIRO OFICIAL NO BRASIL INSISTIU EM CONHECER O NOSSO CLUBE, ONDE ESTÁ PREVISTA UMA PALESTRA DIRIGIDA AOS EDUCADORES DA NOSSA COMUNIDADE


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sumário

HEBRAICA

HEBRAICA

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Carta da Redação

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Destaques do Guia A programação de março e abril

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Visita O rabino lord Jonathan Sacks vem à Hebraica em março

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Capa / Hebraica 60 anos Em 1968, a Hebraica realizava o seu primeiro Seder coletivo

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Volta às aulas Mudanças de horário aumentam procura por serviços

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cultural + social

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Tu B’Shvat O ano novo das árvores abriu calendário de festas

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Meio-Dia Danças e ritmos gregos agitaram domingo de fevereiro

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Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos na cidade

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Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

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juventude

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Adventure Bonito (MS) abriu o roteiro de viagens em 2013

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Dança Grupo Carmel realizou apresentações nos EUA

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After School Tudo sobre o curso de tradição e costumes judaicos

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esportes

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Macabíada Já começaram os preparativos para o grande evento em julho

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Polo As aventuras dos nossos atletas no mundial da Austrália

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Master São 21 anos de boa forma, amizade e diversão

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Vôlei Modalidade investe nas categorias de base

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Fotos e fatos As imagens emocionantes do esporte

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magazine

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Eleições israelenses Decifre o enigma da formação da coalizão do novo governo

72

Religião Editora israelense lança TalmudSteinsaltz em APP

74

Ciência O que prometem os avanços da nanotecnologia de Israel?

78

Documentário 1 Filme sobre o Shin Bet é indicado ao Oscar

84

Cinema A repercussão de Lincoln, o mais novo filme de Spielberg

88

A palavra A versátil Nebech e seus múltiplos significados

90

10 notícias Os destaques do noticiário de Israel pelo nosso correspondente

92

Literatura Nachman Bialik, poeta nacional e criador de cultura

96

Lançamento As ligações entre a Filarmônica de Berlim e o III Reich

98

Leituras Os destaques do mês no mercado das ideias

100

Música Onze lançamentos imperdíveis, do popular ao erudito

104

Ensaio O abuso de substâncias psicoativas – lícitas e ilícitas

107

diretoria

108

Concessões Spa ganha outro layout, conceito e direção

110

Lista da Diretoria Saiba quem são os seus representantes no Executivo

128

Lista do Conselho Veja a lista completa de conselheiros, cargos e comissões

130

Conselho O conselheiro Ari Friedenbach na Câmara Municipal


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HEBRAICA

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carta da redação

ANO LIV | Nº 613 | MARÇO 2013 | ADAR/NISSAN 5773

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

Pessach na capa

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE

Ao preparar a pauta desta edição, sabíamos que o assunto de capa deveria ser algo relativo a Pessach. Magali Boguchwal deu a solução: como neste ano a Hebraica se torna sexagenária, vamos contar como o clube celebrou Pessach e a feliz ideia de criar o Segundo Seder de modo a transformar a sede em cenário de um seder coletivo e familiar. Ela mesma saiu a campo para escrever a reportagem e, para isso, se valeu das preciosas informações do chazan Gerson Herszkowicz. Daí foi só pedir ao artista gráfico Marcelo Cipis uma solução para ilustrar o tema na capa da revista. E o resultado é esse que os leitores têm à mão. No “Magazine”, um vasto material a respeito das recentes eleições em Israel tratando do surgimento da nova estrela Yair Lapid, do voto da comunidade LGTB, do combate que os ultrarreligiosos preparam e do comportamento eleitoral dos assentados sempre ajudados pelo governo. Também uma reportagem a respeito dos 140 anos do nascimento do poeta e escritor Chaim Nachman Bialik, a possibilidade de “baixar” o Talmud no celular, o documentário acerca dos diretores do Shin Bet e concorrente ao Oscar do gênero, um comentário ao respeito do filme Lincoln e seu diretor Steven Spielberg e a condição da Filarmônica de Berlim como “a orquestra do Reich”, maestros e músicos antissemitas. Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação

FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA

AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619 JAGUARÉ – SP

PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629 E-MAIL

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JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700 OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

calendário judaico :: festas

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

MARÇO 2013 Adar | Nissan 5773

ABRIL 2013 Nissan | Yar 5773

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

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25/3 – Pessach, primeiro Seder 26/3 – Pessach, segundo Seder

Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR

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EX-PRESIDENTES

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2/4 – Pessach, oitavo dia – Yizkor

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

LEON FEFFER (Z’l)

- 1953 - 1959 | ISAAC FIS- 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-

CHER (Z’l)

BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -

1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

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por Raquel Machado

destaques do guia MARÇO SERÁ O MÊS EM QUE CELEBRAREMOS O PESSACH COM

NOSSAS FESTAS TRADICIONAIS E VAMOS RECEBER COM MUITA HONRA A VISITA DO RABINO LORD JONATHAN SACKS PARA UMA CONVERSA EMOCIONANTE. TAMBÉM TEREMOS O TORNEIO DE TÊNIS EM HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER, O PRIMEIRO WORKSHOP DE CORRIDA DA HEBRAICA, NOVIDADES NO TEATRO DA JUVENTUDE E MUITO MAIS!

cultura + social 10/3 Visita do Rabino Lord Jonathan Sacks a Hebraica

VENHA CELEBRAR O PESSACH NA HEBRAICA

juventude 13 e 14/4 Adventure: Curso de Mergulho o dia inteiro, na piscina coberta

domingo, 10h

26/3 2º Seder de Pessach

26 a 28/4 Adventure Curso de Mergulho em Parati

às 19h30, no Espaço Adolpho Bloch

Horários do ônibus • Terça a sexta-feira Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

esportes 2/3 1o Workshop de Corrida Hebraica/ Run & Fun

9/3 Torneio de Tenis em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher

Das 9h às 11h, na Pista de coopper

a partir das 8h, nas quadras 1, 2, 9 e 10

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30


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visita | por Bernardo Lerer

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Rabino Jonathan Sacks na Hebraica O RABINO LORD JONATHAN SACKS QUERIA CONHECER UM CENTRO COMUNITÁRIO JUDAICO E, POR ISSO, VISITARÁ A HEBRAICA DIA 10 DE MANHÃ. VAI PERCORRER AS PRINCIPAIS INSTALAÇÕES DO CLUBE EM COMPANHIA DOS DIRETORES E DO PRESIDENTE ABRAMO DOUEK – QUE O SAUDARÁ NO TEATRO ANNE FRANK

SELO COMEMORATIVO DE SACKS NO BRASIL E CAPAS DOS LIVROS LANÇADOS PELA

EDITORA SÊFER

rabino lord Jonathan Sacks vai proferir uma palestra e cuja plateia será formada principalmente por professores e educadores comunitários. A visita dele consta do roteiro oficial de três dias no Brasil – de 8 a 11 de março – de onde segue para a Argentina. Sacks é interlocutor frequente da rainha Elizabeth II que o nomeou primeiro sir e depois lord, possibilitando, portanto, a que participe das reuniões da Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha. Ele é autor de dezenas de livros e se tornou conhecido e famoso por tratar dos assuntos espirituais nos quais encontra justificativas, explicações e significados éticos e morais para e a partir de fatos, casos e eventos contemporâneos. No Brasil ele vai lançar três livros, entre os quais A Dignidade da Diferença – Como Evitar o Choque de Civilizações, em edição revista, ampliada e melhorada do livro originalmente lançado em 2001 e que faz um apelo em favor da tolerância em uma era de radicalismos. Sacks sugere que precisamos aprender a arte de dialogar da qual emerge a verdade, não como nos diálogos socráticos, desmentindo a falsidade, mas de modo bem diferente, para o mundo ser enriquecido pela presença de outros que pensam, agem e interpretam a realidade de maneira radicalmente oposta. Outro livro é Do Otimismo à Esperança – Coletânea de Pensamentos do Dia a Dia, reunião de alguns dos melhores textos que escreveu durante quase uma década para o programa “Reflexões para o Dia”, na BBC de Londres. E o terceiro é Tempo Futuro – Judeus, Judaísmo e o Século 21 no qual conclama os judeus a rejeitar a imagem de “povo sozinho no mundo, cercado de inimigos” – que funciona como uma profecia que se autorrealiza – e recuperem o sentido do objetivo original do judaísmo: atuar como parceiros de Deus e de pessoas de outras crenças na luta por liberdade e justiça social para todos.



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capa | hebraica 60 anos | por Magali Boguchwal

Quarenta e cinco anos para contar uma história EM 2008, O SEGUNDO SEDER DE PESSACH COMPLETOU QUARENTA ANOS, IGUALANDO O PERÍODO EM QUE OS JUDEUS LIBERTOS POR

MOISÉS LEVARAM PARA ATRAVESSAR O DESERTO E CHEGAR À PROMETIDA TERRA DOS ISRAELITAS. NESTE

26 DE MARÇO, O CLUBE PROMOVE

MAIS UM SEGUNDO SEDER DE

PESSACH COM O MESMO PRINCÍPIO

QUE ORIENTOU A PRIMEIRA LEITURA DA HAGADÁ, EM 1968

A

proximidade do Segundo Seder de Pessach, no Espaço Adolpho Bloch, serve como pretexto para contar uma história bem mais recente de como a Hebraica incorporou a ceia ritual ao seu calendário. Em 1968, por iniciativa dos diretores de Cultura Judaica Salomão Trezmielina (z’l) e Henrique Hecht, 270 pessoas celebraram o Pessach em uma cerimônia dirigida pelo chazan Abraham Oberman, que atuava na Congregação Israelita Paulista (CIP) e naquela noite foi acompanhado pelo coral do Groisser Shil, como era conhecida a sinagoga da rua Newton Prado, no Bom Retiro. Anos antes, Salomão e Henrique tiveram êxito na criação dos serviços religiosos das Grandes Festas e, com o mesmo entusiasmo, se empenharam na concepção do Segundo Seder. Escolhiam e contratavam pessoalmente o chazan, supervisionavam a decoração e respondiam pelos erros e acertos em cada edição. >>

ILUSTRAÇÃO DA PRIMEIRA HAGADÁ DE PESSACH PUBLICADA PELO DEPARTAMENTO DE CULTURA JUDAICA, DE AUTORIA DE GIUSEPPE NAHAISSI (Z’L)

POR VÁRIOS ANOS, SALOMÃO TREZMIELINA (Z’L) ENCARREGOU-SE DE DAR AS BOAS-VINDAS AOS CONVIDADOS DO SEGUNDO SEDER DE PESSACH


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capa | hebraica 60 anos >> Independentemente das crenças pessoais, os dois diretores sempre fizeram questão de incluir no Seder todos os elementos tradicionais da festa. “Se é para fazer um Seder, que seja completo”, repetia Trezmielina. Os dois ativistas continuaram esse trabalho até o início dos anos 1990, acumulando histórias e experiências. Em entrevista à revista Hebraica, Hecht destacou um fato que o fazia sorrir. “No final do Seder, abrimos a porta para a chegada simbólica de Eliahu Hanavi (profeta Elias) e apareceu o fotógrafo, que não era da comunidade... Todos riram, mas levamos um tempo para explicar-lhe o que acontecera”, contou. O principal objetivo daquele Seder inaugural era os jovens casais, mas a adesão das famílias surpreendeu os organiza-

O CHAZAN OBERMAN, DE CHAPÉU RITUAL, DIRIGIU OS PRIMEIROS SEDARIM DE PESSACH NA HEBRAICA

Arqueologia editorial Contar a história dos sedarim de Pessach na Hebraica é muito mais difícil do que recordar a saga dos judeus libertos da escravidão do Egito. Principalmente porque a Hagadá já vem com a divisão dos papéis, o roteiro e até trilha sonora. Para voltar no tempo, é preciso lançar mão do arquivo da revista Hebraica, guardado em uma das salas de estudo da Biblioteca. A primeira menção ao Segundo Seder aparece em uma página inteira da edição de junho, ilustrada com fotos, na coleção de 1968. Há 45 anos, revistas tinham as capas em quatro cores e interior em preto e branco. Fotos requeriam um cuidadoso trabalho de fotolito. Quatro imagens em um artigo era luxo só. Na era do blog e do Instagram é até engraçado pensar, como antigamente, em juntar fotos em papel, redigir e revisar o texto na máquina de escrever, passar tudo isso por linotipia e revisar novamente. A revista de junho começava a ser escrita no final de abril. E isso explica porque os detalhes do Pessach ficam a poucas páginas das reportagens a respeito de Iom Hashoá e Iom Haatzmaut. E o conteúdo do artigo acerca de Pessach traz o nome do chazan, do coral e do buffet. É o que se consegue extrair da noite que, segundo a Hagadá, deveria ser diferente. E quando o esquema dá certo e se repete, ano após ano a noite fica menos diferente e o texto menos detalhado. Ponto para a concisão e problema para a pesquisa, pois são as minúcias e mudanças que indicam a evolução do

evento. O kavod aos organizadores fica por conta da menção aos nomes, pois a maioria já morreu. Uma característica da imprensa comunitária é a sensação de proximidade entre leitor e repórter. Em 1968, o redator mencionou o chazan Abraham Oberman sem acrescentar mais informações, além do nome e que atuava na CIP: o autor do texto não considerou necessário dizer quem era Oberman. De todo modo, se até o final dos anos 1970, Oberman foi o chazan dos sedarim de Pessach da Hebraica, sempre com trezentos convidados, então supõe-se que o trabalho dele agradava. Nos anos 1980, a impressão da revista era terrível e nenhuma das fotos publicadas pôde ser reproduzida digitalmente. Outro dado interessante é que a partir da metade daquela década os textos eram de minha autoria e as perguntas se multiplicam. Não as do Ma Nishtaná, claro, que não permitem dúvidas, mas as do dia-a-dia... Por que não relacionei os jovens que compunham o conjunto Shesh Baesh? Por que não incluí o Seder na pauta de 1987? Por que não temos as coleções de 1986? E sobram anotações, nomes, ideias... Escrever a respeito de mais um Seder de Pessach é tão complicado quanto organizar um! E as lembranças se multiplicam como o maná no deserto... Melhor parar de cavar e dar tempo de o leitor descobrir porque essa edição é diferente de todas as outras. (M. B.)

NOS ANOS 1980, GERSON HERSZKOWICZ CONQUISTOU O PÚBLICO DO SEGUNDO SEDER DE PESSACH

dores. O cardápio tradicional foi assinado pelo Buffet Torres, na época um dos mais renomados da cidade. Na terceira edição do Segundo Seder já se estabelecera uma espécie de protocolo. Algumas senhoras, entre elas Clarice Rotenberg e Teresa Gabor, se encarregaram da bênção inicial das velas e o chazan prosseguia com o ritual. Em 1970, o atual tesoureiro do clube, Luiz David Gabor, recitou o Ma Nishtaná diante de quatrocentas pessoas no recém-inaugurado Salão Azul, onde hoje funcionam a Biblioteca e a Sinagoga. (ver box ). Diferentemente de um seder familiar, o Segundo Seder da Hebraica requeria sempre uma atração especial e, em 1974, os cantores israelenses que formavam o Duo Reim se apresentaram dias antes e deram uma “canja”. Naquele mesmo ano, os alunos do Colégio I. L Peretz e o Departamento de Cultura Judaica organizaram um terceiro Seder conjunto no teatro lotado. Em 1979, o chazan Oswie Solon substituiu Oberman à mesa principal e foi acompanhado pelo coral da Hebraica diante de 350 convidados. O movimento juvenil da Hebraica Lapid Hanoar organizou um terceiro Seder para oitenta crianças que receberam uma hagadá elaborada pelo Departamento de Juventude.

Os anos 1980 Em 1980, a leitura da Hagadá no Segundo Seder foi partilhada pelo chazan Oberman com os jovens Carlos Slivskin (z’l) e Gerson Herszkowicz, hoje diretor de Cultura Judaica. É a primeira vez que a revista Hebraica menciona o Buffet Kasher na preparação do cardápio. “Antes disso, o nome do buffet era ‘Mosaico’ e já preparávamos o jantar do Segundo Seder desde a década de 1970”, esclarece Rebeca Zakon, do restaurante Kasher. Oberman voltou a cantar em 1981 e depois mudou-se para Israel. Em 1983, Herszkowicz e Slivskin dirigiram juntos no Salão Nobre o Seder, que teve participação ativa do então diretor de juventude Cláudio Lottenberg, hoje presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib). No ano seguinte, Herszkowicz se firmaria como chazan, trazendo o grupo Shesh Baesh, dirigido pela maestrina Sima Halpern para acompanhar as bênçãos. Herszkowicz atribui seu estilo ao chazan Oswie Solon. “Reproduzo o que aprendi com ele desde a infância. Tenho uma Hagadá toda rabiscada que usei desde a primeira vez que dirigi um Seder na Hebraica até o ano passado, quando adotei o material fornecido pelo clube”, conta Herszkowicz, hoje exercendo car-

go semelhante ao de Hecht e Trezmielina. “Já nos primeiros anos em que atuei no Seder, percebi a importância que o evento tinha para aquelas famílias. Para elas, representa o cumprimento de uma mitzvá”, explica. Ao longo dos anos 1980, cada Segundo Seder de Pessach juntava cerca de quinhentas pessoas e, apesar disso, Hecht e Trezmielina sempre se esforçavam para acrescentar algo novo à tradição, por exemplo, convidando um coral da Oficina das Artes para recitar o Ma Nishtaná ou incluindo uma apresentação do grupo de danças Carmel. Em 1990, o vice-presidente Giuseppe Nahaissi (z’l) mandou imprimir uma hagadá com ilustrações de sua autoria. No ano seguinte, Gerson Herszkowicz escolheu ao acaso uma criança entre as famílias para ler o Ma Nishtaná no palco. Nessa época, tornou-se comum cada área organizar o seu seder, como o Olami, que elaborou um seder didático, e a Escola Maternal e Infantil e a Juventude, que também comemoravam a festa. Em 1993, a comemoração de Pessach foi enriquecida com uma palestra do rabino Valt, no Teatro Anne Frank, e o esforço concentrado de algumas mulheres em preparar o Seder para o Espaço Jovens Casais, no restaurante do Clube 1000, e o >>


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capa | hebraica 60 anos >> Casais, no restaurante do Clube 1000, e o Clube da Idade de Ouro (hoje, Feliz Idade) organizaram seu pré-seder. Naquele ano, a Hagadá da Hebraica ganha um novo formato, graças à parceria entre Giuseppe Nahaissi e Jairo Fridlin, da Editora Sêfer. Em 1995, o recém-reformado Salão Nobre recebeu 650 pessoas no Segundo Seder, dirigido por Herszkowicz e acompanhado pelo coral Zemer, regido pela maestrina Sima Halpern. O jovem Michael Schlesinger, que orientou o seder naquela noite, é hoje um dos rabinos da Congregação Israelita Paulista. E a atriz Nathália Thimberg, que realizava alguns espetáculos no clube, no início da noite leu um poema de Moacyr Scliar. A segunda noite de Pessach de 1996 também merece menção em razão da participação do poeta Haroldo de Campos e da historiadora Anita Novinsky, que ilustraram com textos e poesias a narração da Hagadá, a convite do então diretor de Cultura Judaica, José Luiz Goldfarb. Três anos depois, em 1999, foi realizada a primeira “Mostra de Mesas de Pessach” na Hebraica. Década de mudanças A chegada do século 21 trouxe algumas mudanças para o Segundo Seder de Pessach. Em 2000, o chazan David Kullock conduziu a leitura da Hagadá e os convidados ouviram o ator Caco Ciocler ler um trecho da história de Moisés. A Esco-

NO SEDER DE 2012, O CHAZAN E O CORAL SE MISTURARAM AOS CONVIDADOS

la Maternal e Infantil e o Clube da Idade de Ouro fizeram o primeiro Seder juntos unindo duas gerações diante da keará no Espaço Adolpho Bloch. Nesse mesmo ano, as crianças puseram a mão na massa e assaram as próprias matzot, graças à instalação temporária de uma minifábrica de matzá. Fábio Grabarz, Avi Bursztein e Claudio Goldman dirigiram com sucesso os sedarim entre 2004 e 2007. Em 2009, uma parceria com o Beit Chabad Itaim resultou em um Seder sem microfone ou aparelhos eletrônicos. A Hagadá foi lida por quatro rabinos, que interagiram com as famílias no Espaço Adolpho Bloch. Em 2010 e 2011 a Comunidade Shalom partilhou o Segundo Seder de Pes-

sach com os sócios. Pela primeira vez, a Hagadá foi lida na Hebraica sob a condução de um rabino – Adrian Gottfried – e uma rabina – Luciana P. Lederman. “O Segundo Seder de Pessach de 2012 nos aproximou daqueles que a Hebraica realizava no passado. Para mim, foi como voltar para casa, pois o Espaço Adolpho Bloch estava cheio e voltei a dividir a leitura com os cantores do Zemer, que nos acompanharam por tantos anos. Mal posso esperar pelo momento de fazer a primeira bênção do vinho em algumas semanas”, diz Gerson Herszkowicz. “Como diretor, valorizo o trabalho dos meus antecessores e como chazan sinto como se meu povo tivesse finalmente chegado à Terra de Israel”, compara.

Uma noite diferente A reportagem do Seder de Pessach na edição de maio de 1970 traz o ativista Uron Mandel (z’l) e o jovem Luiz Roberto Gabor em destaque diante de uma Hagadá. Gabor guarda algumas lembranças daquele momento: “Meu bar-mitzvá foi em 1969. No ano seguinte, meu pai, Roberto Gabor, dirigia o Departamento Social, o que deve ter motivado o convite que me fizeram. Eu realmente cantei sozinho o Ma Nishtaná, na frente de todos, e podem imaginar o quanto fiquei nervoso. Mas eu me lembro de ter decorado as quatro perguntas com perfeição e de antes ter cantado algumas centenas de vezes, por medo de errar. Lembro também de achar interminável. Foi uma das poucas vezes em que houve um solo para o Ma Nishtaná, porque, na maioria das vezes, todas as crianças eram convidadas a cantar juntas. Deve ter sido uma tentativa de fazer algo diferente”.

URON MANDEL (Z’L) E LUIZ DAVID GABOR EM 1970


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volta às aulas | por Magali Boguchwal ENTRADA DOS ALUNOS DA ESCOLA ALEF É FEITA PELA PORTARIA DO CENTRO CÍVICO

Cinco dias para aproveitar a Hebraica O PERÍODO INTEGRAL ÀS TERÇAS E QUINTAS FEIRAS NA ESCOLA ANTONIETTA E LEON FEFFER (ALEF) MULTIPLICOU A OFERTA DE HORÁRIOS NOS CURSOS LIVRES OFERECIDOS PELA HEBRAICA

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aiu mais um obstáculo para a frequência ao clube às segundas-feiras: a Escola Antonietta e Leon Feffer estabeleceu as terças e quintas-feiras como dias de aulas em período integral, ganhando um diferencial em relação às outras escolas da comunidade que, tradicionalmente, às segundas e quartasfeiras funcionam até às 16 horas. A novidade mexeu com os horários de aulas de todos os cursos livres oferecidos pela Hebraica, menos a Escola Maternal que sempre teve aulas nos cinco dias da semana. “Estamos com 250 alunos inscritos e começamos o ano como sempre: acolhendo pais e alunos com muito carinho e procurando transmitir-lhes segurança e tranquilidade no início da vida escolar”, comenta a coordenadora pedagógica da Escola Maternal e Infantil Bela

Vaie. O Maternal integra a vice-presidência de Juventude por meio da diretora Sarita Kreimer e do diretor superintendente Gaby Milevsky. Para alguns pais cujos filhos estudam na Escola Antonietta e Leon Feffer e frequentam o Ateliê Hebraica à tarde, pareceu natural ampliar o horário de funcionamento às segundas-feiras. “Algumas crianças já estão inscritas nesse dia e outras podem seguir o exemplo”, informa a coordenadora do Ateliê Hebraica Betty Lindenbojm. Os adultos que representam grande parte do público do Ateliê voltaram às aulas antes do Carnaval e as mães dos bebês preferem começar a trazê-los depois do feriado prolongado. Em fevereiro, o número de alunos matriculados na Escola de Esportes chegou a 1.112. “Igualamos a marca do ano passado com a grande diferença de que a >>

Almoços e lanches Como o número de alunos, pais e atletas é maior às segundas, o rodízio de concessionários abertos nesse dia ganha um reforço significativo com o restaurante Kasher, o Tomate Doce e o Rei do Mate trabalhando normalmente. “Respondemos a uma demanda de clientes que trabalham na região e depois da reforma almoçam aqui quase diariamente”, explica Rebeca Zakon, do restaurante Kasher. No caso do Tomate Doce e do Rei do Mate, o mês de fevereiro foi um teste antes da abertura definitiva no início da semana.

GINÁSTICA ARTÍSTICA É UMA DAS MODALIDADES PREFERIDAS ENTRE OS ALUNOS DA ESCOLA DE ESPORTES;

GRUPO DE DANÇAS SHALOM JÁ RETOMOU OS ENSAIOS


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volta às aulas

Início promissor A Escola Maternal e Infantil é mantida pela Hebraica e oferece classes de pré-escola a partir de 1 ano e cinco meses a 6 anos de idade. “A proximidade da Escola Antonietta e Leon Feffer estimula a continuidade do processo no ensino fundamental. Os pais dos nossos alunos não são obrigados a matricular os filhos na Escola Antonietta e Leon Feffer, embora a proximidade das duas escolas estimule isso. Da turma de 2012, oito crianças do infantil 3 e quinze do infantil 2 foram para lá por opção das famílias”, explica a coordenadora pedagógica da Escola Maternal e Infantil Bela Vaie. ”As equipes pedagógicas das duas escolas trabalharam em conjunto para facilitar a adaptação das crianças”, conta ela. Na filosofia da Escola Maternal e Infantil receber os alunos para um novo ano letivo significa propor atividades desafiadoras e prazerosas, algumas remetendo aos projetos mais apreciados pelas crianças. “O importante é incluir os pequenos em uma rotina adequada e permeada por uma proposta pedagógica, que se baseia em três pilares: dar formação social e pessoal, conhecimento do mundo e vivência das tradições judaicas. Existe também a preocupação em promover a autonomia das crianças e prepará-las para o mundo”, observa a coordenadora.

NOS PRIMEIROS DIAS DE AULA DA ESCOLA MATERNAL, CONVERSAS SOBRE OS PERSONAGENS DA FESTA DE PURIM

>> a procura por vagas para os horários de segundas e quartas-feiras, sempre baixa, igualou, ou superou, a dos horários de terças e quintas. E ainda esperamos mais alunos para depois do Carnaval”, assinala uma das três coordenadoras da Escola de Esportes Ana Portaro. Ainda nos primeiros dias do ano letivo houve quem discordasse dos benefícios das alterações no cronograma es-

colar. Rachela Elimelek, por exemplo. “O fato de ter meus filhos dentro da Hebraica me dá muita segurança, mesmo que a alteração do integral tenha diminuído a convivência deles com crianças de outros colégios, como acontecia até o ano passado. Mas ainda acho válido a Larissa (13), Fernanda, (12), e Rafael (7) frequentarem atividades extraclasse no clube”, afirma.

Curso de bat-mitzvá será concorrido O curso de bat-mitzvá da Hebraica mantém o mesmo esquema de aulas às terças e quintas-feiras. A Coordenadora do curso Joyce Szlak divide com as professoras Tania Frenkiel Travassos e Simone Benzinsky uma tarefa extremamente cuidadosa. “Planejamos cada aula de forma a acompanhar o calendário judaico e a oferecer um conteúdo interessante para essas meninas que não estudam em escolas judaicas”, afirma Joyce.

Equilíbrio Quando menciona o início das aulas na Escola de Esportes, Ana Portaro fornece um dado adicional em relação às matrículas. “Totalizamos 1.550 matrículas, pois alguns alunos praticam uma ou mais modalidades. A natação é quase uma unanimidade, enquanto futebol, judô e ginástica artística empatam na preferência das crianças”, informa. Caroline e Gabriela

Efraim, de 7 e 5 anos respectivamente, têm aulas de ginástica artística às terças e quintas, depois da escola. “Elas saem do integral e vão para a ginástica e adoram tudo”, conta Michelle, a mãe. Em janeiro, os 25 professores da Escola de Esportes participaram de um curso de motricidade com o professor Celso Divino Lemes. “Foi o segundo módulo de aulas. No ano passado, o foco foi nas crianças a partir dos 4 anos e nesta etapa o curso tratou da fase de 1 a 4 anos”, explica Ana. “Estamos sempre investindo na capacitação dos professores e, portanto, na melhoria do nível das aulas”, completa a coordenadora. O sistema de aulas do Centro de Música é bastante maleável e a escola manteve o mesmo número de alunos no início do ano letivo. Mas o Centro de Danças, que oferece aulas de balé infantil e trabalha com grupos de dança folclórica, alterou o cronograma menos em razão do período integral das escolas e mais da preparação para o bat-mitzvá das dançarinas. “Algumas escolas criaram um período integral só para as aulas das meninas com 12 anos. Então transferimos os en-

saios do Kalanit para as segundas-feiras e nem bem as garotas terminam, chegam os integrantes do Ofakim cujos ensaios se dividem em um chug (oficina) para os iniciantes e a outra metade dedicada às coreografias”, explica a coordenadora do Centro de Danças Nathalia Benadiba. O grupo Shalom ensaia às quintasfeiras, agora reforçado pela entrada de doze dançarinas que migraram do Kalanit, enquanto os grupos Carmel e Hakotzrim ensaiam aos domingos. “Temos dois novos coreógrafos no Hakotzrim, Eduardo Bousso (Dudu) e Dany Mederdrut. A mudança libera Paloma Gedankien para o trabalho na produção e na parte artística dos shows e no segun-

do semestre ela deve trabalhar com o grupo Carmel”, adianta Nathalia. Para viabilizar o cumprimento da agenda das crianças no clube, muitos pais optam por inscrevê-las no After School com infraestrutura completa para fazer lição de casa e brincar entre uma atividade e outra (ver matéria à pg. 44). Aos 6 anos, Nicolle Paes Vieira vai à escola e depois das aulas fica no After antes e depois das aulas de natação e tênis. Patrícia, a mãe, pesquisou muito antes de inscrever a filha. “Sou enfermeira e gestora de riscos e em relação à Nicolle estou muito tranquila com o cuidado que ela recebe na Hebraica”, finaliza.


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cul tu ral +social


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cultural + social > tu b’shvat Sociais e Comunicação Digital José Luiz Goldfarb receberam os diretores do Keren Kayemet LeIsrael (KKL) Ary Diesendruck e Marcelo Schapochnik, a assessora do Executivo Miriam Roth e a presidente de Na’amat Pioneiras Clarice Schucman. A secretária de Educação do Rio de Janeiro Cláudia Costin falou a respeito da data. Seguiram-se o kidush festivo e o plantio simbólico de uma árvore junto ao prédio da sede. A novidade deste ano foi estender a festa de Tu B’Shvat para o domingo seguinte, quando as crianças voltavam das férias. A atividade na Praça Carmel foi preparada para despertar a consciência ecológica dos pequenos. Eles pintaram pequenos vasos, ganharam mudas do KKL e ajudaram a plantar várias espécies. Os pais ouviram uma palestra do ganhador do Prêmio Cidadão Sustentável 2012 Alexandre Chut sobre a necessidade de transmitir para as próximas gerações a importância da preservação e do cuidado com a natureza. “Esta festa milenar mostra o significado de estimular a consciência ecológica desde cedo”, disse Chut, rodeado pelas crianças.

ALEXANDRE CHUT ACOMPANHOU AS CRIANÇAS NO PLANTIO DAS MUDAS

Para os judeus, ecologia é coisa antiga ESTE ANO, A HEBRAICA INOVOU NA COMEMORAÇÃO DO TU B’SHVAT, O ANO NOVO DAS ÁRVORES, COM ATIVIDADES NA SINAGOGA E NA PRAÇA CARMEL EM DOIS DOMINGOS SEGUIDOS COM O TRADICIONAL PLANTIO SIMBÓLICO

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festa do Ano Novo das Árvores, prova de que a ecologia faz parte da vida judaica desde os tempos bíblicos, foi comemorada no dia exato do

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cultural + social > hebraica meio-dia

calendário – 15 de Shvat – na reza da manhã na Sinagoga. O diretor de Cultura-Judaica Gerson Herszkowicz e o assessor para Redes

Na Terra de Israel No século 16, o rabino Itzhak Luria, cabalista de Sfat, convidou os discípulos a criarem um seder de Tu B’Shvat, no qual destacava a simbologia dos frutos da região. O seder previa comer as espécies nativas e beber quatro copos de vinho, seguindo uma ordem e recitando as bênçãos específicas de modo a trazer a perfeição aos homens e ao mundo. Muito tempo depois o costume foi reavivado em Israel e é celebrado por judeus religiosos e seculares, com hagadot criadas para esse fim. A tradição de plantar árvores é de 1890, com o rabino Ze’ev Yavetz, um dos fundadores do movimento Mizrachi, e tomou vulto a partir da década de 1910, quando o Fundo Nacional Judaico (hoje KKL) iniciou o reflorestamento da Terra de Israel, atividade que ainda continua. Alunos, professores, soldados e muitos seguidores tornaram Tu B’Shvat uma festa de caráter nacional e de importância ecológica para o moderno Estado de Israel. (T. P. T.)

Folclore grego reabre espetáculos FÃS DO HEBRAICA MEIO-DIA AGUARDAVAM O INÍCIO DA PROGRAMAÇÃO DE 2013 E LOTARAM O TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN JÁ NA PRIMEIRA APRESENTAÇÃO DOMINICAL. O TEMA ESCOLHIDO FOI A DANÇA DA GRÉCIA

A EMOÇÃO CONTAGIANTE DOS RITMOS GREGOS NO HEBRAICA MEIO-DIA

Programação de março 3 /3 – Cantor Carlos Navas apresenta “Tributo a Vinicius de Moraes” 10/3 – Homenagem ao Dia da Mulher, com o grupo de cantoras “Rosa Vocal” 17/3 – MPB e chorinho com Luciano Botosso 24/3 – Consulado da Coreia apresenta show de danças típicas 31/3 – DVD especial (Pessach)

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público aplaudiu o Grupo Zorbás de Danças Gregas, primeira atração de 2013, com suas roupas coloridas, a alegria dos assovios acompanhando as danças e a explicação de cada uma. “Há uma diferenciação entre as danças do continente e das ilhas, da vida do campo, das montanhas e também as de defesa”, explica o apresentador. Da Macedônia, no norte da Grécia, próspera região habitada desde o ano 2.200 antes da Era Comum, vieram as primeiras influências artísticas. E as danças fazem parte da vida cotidiana, dos casamentos e das festas familiares, das celebrações religiosas em louvor dos principais santos, os panegiris, característicos dos vilarejos gregos. O diretor e coreógrafo José Paulo Sertek e a coordenadora e figurinista Selma Sertek dirigem o entusiasmado grupo de jovens que divulgam a dança grega em espaços variados como a Expoflora, a Festa do Morango de Atibaia, as unidades do Sesc, na Virada Cultural e na Virada Paulista. Na Hebraica, o grupo mostrou o ikariótiko, dança romântica da ilha de Ikária, conhecida porque Ícaro caiu na sua costa após desobedecer ao pai Dédalo, que o aconselhou a não voar próximo ao sol. Em seguida foram apresentadas danças urbanas, originadas nos grandes centros, como Atenas, Constantinopla, Esmirna e Pireus. Um espetáculo de dança grega não podia terminar sem a quebra de pratos, que o mundo conheceu pela atuação de Anthony Quinn no filme Zorba, o Grego. Ao som de sirtáki, música criada em 1964 para o filme, as pilhas de pratos foram quebradas no palco, seguindo o ritmo e deixando extravasar as emoções, uma das explicações para esse costume. O público acompanhou com palmas e vibrou ao som dos cacos que caíam e dos passos vibrantes dos dançarinos. (T. P. T.)


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coluna comunidade

CJL e a renúncia papal

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SENADOR JOSÉ SARNEY E CLAUDIO LOTTENBERG AO LADO DE DILMA ROUSSEF

COLUNA 1 Depois de criar objetos de decoração em resina, Eliana Schussel criou a grife “Eliana Schussel Design” para comercializar joias em prata, ouro e pedras brasileiras. A primeira coleção traz as linhas orgânicas e a religiosidade judaica como inspiração. Para conhecêlas: LikeStore no Facebook.

Dilma Roussef homenageia os mortos da Shoá

Ronald Lauder e Jack Terpins, presidentes do Congresso Judaico Mundial (CJM) e Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), manifestaram emoção ao saber da renúncia do papa Bento XVI. “Nenhum papa antes visitou tantas sinagogas e nenhum outro avançou tanto no aprimoramento do relacionamento com os judeus em vários níveis... Ele percebeu que a negação da Shoá pelos líderes da Igreja não deveria ficar sem resposta. E foi contra... Não concordamos com todas as decisões tomadas durante este pontificado, mas ele sempre se revelou uma pessoa aberta e ouviu atentamente as reivindicações que fizemos”, segundo o comunicado.

celebração do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, organizada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) e Associação Cultural Israelita de Brasília, foi realizada no Distrito Federal com a presença da presidente Dilma Roussef. A cerimônia lembrou o heroísmo do embaixador Luiz Martins de Souza Dantas (1876 – 1954) e de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (1908 – 2011), considerados “Justos entre as Nações”, pelo Yad Vashem/Museu do Holocausto, em Israel. Eles concederam vistos para o Brasil a judeus e outros grupos em busca de asilo político. A

Palestras no Beit Chabad

Instituto Weizmann escolhe bolsistas

“Ideias cabalísticas para Implementar Mudanças na sua Vida”, palestra mensal e temas diferentes com Sarah Steinmetz, no Beit Chabad Central. Em março, o enfoque será “Falando Empaticamente – uma Abordagem Judaica à Comunicação Ifetiva”. E “Viver com integridade. Navegando pelos Dilemas Diários que Testam os Limites da sua Integridade” é o curso ministrado pelo rabino Steinmetz, em três turmas. Informações, 3087-0319.

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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br foto Peter Halmagyi

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á seis anos, o grupo Amigos do Instituto Weizmann de Ciências convoca estudantes do primeiro ano do ensino superior a disputar as cinco vagas brasileiras no curso International Summer Science Institute, no campus de Rehovot, Israel, de 1º a 31 de julho, com setenta alunos de outros países. Após três semanas nos laboratórios, haverá um trabalho de campo no deserto, próximo ao Mar Morto, em biologia, geografia,

historiadora Maria Luíza Tucci Carneiro discorreu a respeito. A presidente Dilma Roussef e Eduardo Tess, filho de Aracy, e Marcos, sobrinho-neto de Souza Dantas, acenderam a sexta vela, a que se seguiram as orações de El Male Rachamim e o Kadish pelo rabino David Weitman. Este foi o terceiro ano em que Dilma Roussef participa da cerimônia e deu “a essa presença um significado especial porque o Brasil também passou por momentos difíceis... O Holocausto sempre será para o Brasil uma questão que, de maneira alguma, pode ser negado ou esquecido”.

história e arqueologia. O processo seletivo começa com a ficha de inscrição no site www.amigosdoweizmann.org.br/issi e redigir um texto em inglês (essencial para o curso) sob o tema “My Interest in the Institute Weizmann Summer School-Scientific Research and my Future Life” e entregar até 18 deste mês. Os candidatos selecionados terão uma entrevista pessoal, em São Paulo.

∂ Pela primeira vez, o American College of Gastroenterology premia um médico brasileiro. Flávio Steinwurz recebeu o International Leadership Award, em Los Angeles. Médico no Hospital Israelita Albert Einstein, Steinwurz é especialista em doenças intestinais, autor de cinco livros e um dos sessenta médicos do mundo membros da Organização Internacional para o Estudo de Doença Inflamatória do Intestino.

Um presente para São Paulo Este mês, o livro K será lançado em inglês. Conta o desaparecimento de Ana Rosa, irmã do autor, Bernardo Kucinski, em 1973, e a busca desesperada por ela do pai, Meir. Ele fará palestras em três eventos: no Centro de Estudos Latino-Americanos, na Semana do Livro Judaico e na Conference on PostTransitional Justice in Brazil. Todos em Londres. Membro da Academia Internacional de Cerâmica, a artista plástica Norma Tenenholz Grinberg dirige o Encontro Internacional de Ceramistas, em sua segunda edição no Brasil. É uma realização da ECA-USP, FAU-USP, Associação Brasileira de Cerâmica e Grupo Terra. Entre os dias 12 e 15, na USP. Programação para estudantes, artistas, pesquisadores, professores e interessados na cerâmica artística. Mauro Zolko organizou e Enock Sacramento foi o curador da mostra instalada no Espaço Buenos Ayres, tendo como referência a capital paulista e os 459

anos de fundação.

∂ Duas festas marcaram as bodas de Kelly e Maurice. Em São Paulo, Céline e Harry Bauer foram anfitriões no Hotel Gran Estanplaza Berrini, com ambientação de Wilson Dmitrov; em Nova York, Izidore e Celine Argoetti brindaram os convidados com uma noite brasileira no Hotel Waldorf Astoria. Em seu mais recente encontro, Mônica Guttmann desenvolveu o curso “Expressando e Criando Personagens a partir dos Quatro Tipos Psicológicos de Carl Jung”, por meio de vivências arteterapêuticas, meditativas e de criação literária. Vanessa Okrent, a Tuka, avisa os amigos que é a mais nova consultora imobiliária da Cyrela, pronta para ajudar a realizar o sonho de compra de apartamentos e

escritórios. Na estação Butantã da linha 4/ amarela do metrô, as pessoas se detinham para admirar as aquarelas da artista plástica Diana Dorothéa Danon, que já expôs na Galeria de Arte do clube. A mostra é itinerante e já passou pelas estações Paulista, República, Luz e Faria Lima. Com detalhes, Diana retrata as construções das estações do metrô paulistano. Frascos descartados tornaram-se matériaprima para Débora Muszkat criar a exposição inédita “Frascos de Arte, Perfume Eterno”. Para essa mostra, Débora e Gregório Gruber inauguraram duas grandes instalações: “Idílio” e “Portal”, esta montada em etapas para envolver o público com o processo criativo. Aberta até 21 de abril no Espaço Perfume. As “Noites do Cupido” voltaram. Como sempre, no Havana Club do Hotel Renaissance. Informações no site noitesdocupido.

A Catedral da Praça da Sé ficou lotada durante a apresentação da cantata cênica O Diário de Anne Frank, montada pela primeira vez na América Latina por iniciativa do Instituto Vladimir Herzog, e composta em 1958, com a colaboração de Otto Frank, pai de Anne. O espetáculo durou noventa minutos, com participação do Coral Luther King, da Orquestra Jardim Harmônico, da soprano italiana Patrizia Zanardi, no papel de Anne Frank, da violoncelista japonesa Yuriko Mikami, e da atriz Clarisse Abujamra. A direção de cena foi de Naum Alves de Souza e a regência e direção artística do maestro Martinho Lutero Galati. A apresentação foi após o ato interreligioso das religiões monoteístas abrâmicas no dia do aniversário da cidade. Conduzido pelo cônego José Bizon e a participação de dom Odilo Scherer, do rabino Michel Schlesinger e do xeque Hassan el Bustamante.

Festival do Gelo em Israel Para quem está com as malas prontas para Israel, uma “dica”: em versão ampliada, o 1º. Festival Internacional do Gelo fica aberto à visitação até dia 30 de abril na antiga estação de trem em Jerusalém. Dezenas de esculturas coloridas de gelo levam a uma viagem emocionante, um show com artistas, acrobatas e dançarinos chineses, e muita música.

Einstein está na “Clinics” Clinics, revista científica do Hospital das Clínicas de São Paulo, que circula há 68 anos, está com nova edição em seu site. Um dos estudos revela que o condicionamento físico aeróbico evita a atrofia muscular e a oxidação de proteínas e comprova que os exercícios atenuam o aparecimento de lesão muscular. O estudo foi realizado pela Faculdade de Medicina da USP, a Universidade de Joinville e o Hospital Israelita Albert Einstein.


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Na’amat tem nova diretoria Clarice Schucman Jozsef foi eleita presidente da Na’amat Pioneiras para o biênio 2013/2014. A cerimônia de posse, conduzida por Rosa Helena Roizen, teve a presença de Ceres Maltz Bin, presidente de Na’amat Brasil, Ricardo Berkiensztat, vice-presidente da Fisesp, Myrian Mau Roth, assessora da presidência de Na’amat Brasil e São Paulo. “É uma diretoria mista com chaverot experientes e outras mais jovens. Desejo a mesma sorte e apoio que eu sempre tive”, disse Miriam Doris Lilienfeld, deixando a presidência do Centro São Paulo. “Dar continuidade ao trabalho e à organização, em meio às transformações e mudanças tão rápidas que ocorrem no mundo, é uma grande responsabilidade. Com apoio da diretoria e das chaverot, assumo um compromisso com nossos parceiros, patrocinadores e com toda a comunidade. Desta forma, cumpriremos a nossa missão”, concluiu a nova dirigente.

A revista “Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução” divulgou a lista de vinte selecionados para a segunda edição. Entre eles: Cíntia Moscovitch, com a versão em alemão do conto “Arquitetura do Arco-Íris”; trecho do livro Sinuca Embaixo D’água, de Carol Bensimon, em inglês; e Julian Fuks, trecho de Procura do Romance, em espanhol. Maurício Sherman será o diretor artístico do Festival Mundial das Artes pela Paz, que reunirá 1,8 mil artistas de 118 países em Ubá, Minas Gerais, de 5 a 15 de setembro. Além de semear a paz por meio da cultura, o evento promoverá o desenvolvimento turístico da zona da mata mineira.

∂ Miriam Mehler comemora 55 anos de carreira interpretando oito personagens no monólogo Oscar e Sra. Rosa, do dramaturgo francês Eric-Emmanuel, na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Em sua trajetória, a atriz atuou no Arena, TBC, Oficina e fundou o Teatro Paiol, em São Paulo. Para os paulistanos, Mehler apresenta-se em Aquilo não Foi Feito para Ser Visto, filme inspirado em conto do premiado escritor Cristóvão Tezza.

Sinagoga de Pinheiros renasce

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os 75 anos, a Sinagoga de Pinheiros, uma das mais antigas de São Paulo, está sendo reformada na parte elétrica, ar-condicionado, pintura interna e externa e o sistema de segurança. Para maior conforto, as cadeiras do setor feminino foram substituídas. ANTES DEPOIS “Os serviços de Shabat são realizados por um rabino voluntário do Beit Chabad em um ambiente aconchegante e de muita espiritualidade”, segundo o presidente Jacobo Kogan e o vice Davi Tarandach, que convidam a comunidade.

Parceria de Simona Misan e Thereza C. Vasques, o “Guia de Museus: Muito Prazer São Paulo!” foi publicado em 2002, reeditado em 2004 e agora em formato digital. É o site Guia_Museum, ilustrado com fotos de Araquém Alcântara, Gregório Gruber e Rõmulo Fialdini e informações dos quase 150 museus e instituições culturais da cidade de São Paulo. “Era uma Vez uma Voz: o Cantar Ìdiche, suas Memórias e Registros no Brasil” é o título da tese de doutorado de Sônia Goussinsky para a cadeira de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas, orientada por Nancy Rozenchan. Na banca examinadora os professores Ecléa Bosi (IP-USP), Gabriel Steinberg Schvartzman (FflchUSP), Carin Zwilling (Fmcg) e Giacomo Bartoloni (Unesp). A revista Showcase 500 Art Necklaces publica anualmente trabalhos selecionados de joalheiros do mundo todo. A criação “Rock in Pearls”, de Elka Freller, estará na edição de julho de 2013.

Em cada Feira da Comunidade, Moisés Scharfchtein é sinônimo de excelente kumeshbroit (bolo típico ashkenazi). Ausente nas últimas edições, ele volta a São Paulo preparando suas receitas de dar água na boca. Luís Terepins fazia parte da diretoria presidida por Heitor Martins na Fundação Bienal de São Paulo. Nos próximos dois anos o empresário dirigirá a entidade, em decisão unânime do conselho. Em 2007, Lívio Tragtenberg e Wilson Sukorski escreveram uma composição especial para o filme São Paulo – A Symphonia da Metrópole. Este ano, o longa foi exibido no Sesc Ipiranga, com os músicos e o ator Paulo César Pereio interpretou textos da narrativa. Em Miami, a presidente da Wizo São Paulo Iza Mansur e a tesoureira Helena Nasser participaram de uma reunião do Executivo da Wizo Flórida. Entre as chaverot, Vivian Norman, agora residente nos Estados Unidos.

Dia do Holocausto na ONU

GOVERNADOR ALCKMIN E PREFEITO HADDAD COM SUAS ESPOSAS, RECEBIDOS PELO RABINO SCHLESINGER E CLAUDIO LOTTENBERG

Cerimônia em SP relembra a Shoá

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Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e a Congregação Israelita Paulista (CIP), mais o Consulado Geral de Israel em São Paulo e a Unibes realizaram, na Sinagoga Etz Chayim, a cerimônia do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, da qual participaram o governador Geraldo Alckmin, o prefeito Fernando Haddad, o senador Aloysio Nunes Ferreira, o cardeal Dom Odilo Scherer, o ex-governador José Serra, o ex-prefeito Gilberto Kassab, e outros, todos recebidos pelo presidente da Fisesp Mário Fleck, e condu-

zida pelos rabinos Ruben Sternschein e Michel Schlesinger. “Que a memória das vítimas da Shoá nos inspire no caminho de novos tempos”, disse o governador. “A minha própria existência é resultado de tudo o que aprendi com os judeus e desejo que o Brasil celebre a tolerância e a convivência fraternas”, destacou o prefeito Haddad. O ato terminou com a presença representantes das diversas religiões, que fizeram uma bênção interreligiosa e com o público cantaram Imagine e Shalom/ Salam.

Um homem vem, todos os anos, ao auditório da ONU, na sessão em que é lembrado o Dia Internacional de Comemoração em Memória às Vítimas do Holocausto. Ele é Bernhard Storch, tem 90 anos e perdeu toda a família em campos de concentração nazistas enquanto servia o exército polonês, em 1945, na reocupação de Varsóvia. “Venho para honrar a memória”, diz Storch, ostentando com garbo as medalhas recebidas durante a guerra. Este ano, a data lembrada na ONU teve como tema “Resgate durante o Holocausto: a Coragem de se Importar”. Sobreviventes, familiares e representantes de várias entidades lembraram o 68º. ano da libertação de Auschwitz. Após um minuto de silêncio, foi ouvida uma mensagem gravada do secretáriogeral Ban Ki-moon: “Vamos nos inspirar naqueles que tiveram a coragem de se importar e prometemos que a ONU jamais permitirá que tal atrocidade aconteça novamente”. Além do embaixador de Israel Ron Prosor, cujo discurso foi muito aplaudido, falaram somente dois embaixadores, do Congo Raymond Serge Balé e da Suécia, Signe Burgstaller. O evento teve a apresentação de uma orquestra de câmara e a reza de um chazan. foto Prensa Miraflores

COLUNA 1

foto André Nehmad

cultural + social > comunidade+coluna 1

Terpins é reeleito presidente do CJL

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vice-presidente da Venezuela Nicolás Maduro recebeu no Palácio de Miraflores uma delegação do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL), liderada pelo brasileiro Jack Terpins, seu presidente. Desta vez, o CJL realizou a Assembleia Geral em Caracas, e não em Israel, como é comum, para transmitir apoio e solidariedade aos judeus daquele país. Durante o encontro Jack Terpins foi reeleito presidente e escolhida a nova diretoria para o biênio 2013-2014.

CLARA ANT, JACK TERPINS, RONALD LAUDER E O VICE-PRESIDENTE NICOLAS MADURO


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cultural + social > comunidade Chaverim em campanha O Grupo Chaverim, que atende a pessoas com deficiência visando a inclusão, aceita novos integrantes: jovens a partir dos 10 anos em sua seção Teen e a partir dos 18 anos no Master. Informações, 3818-8876.

AGENDA 11/3, 14h – Dia Internacional da Mulher 2013. Realização do Grupo Chana Szenes, da Wizo, na Maison Menorá. Homenageadas: Lea della Casa Mingioni, do Graac, e Rosa Garfinkel, ativista benemérita da Wizo SP. Convites, 3257-0100, com Liane 18/3, das 9 às 17h – 8º. Seminário de Capacitação de Dirigentes Profissionais e Voluntários da Terceira Idade. Tema: “Quem cuida dos idosos hoje e quem cuidará de nós amanhã”. Realização da Área de Apoio à Terceira Idade da Fisesp. Na Câmara Municipal de São Paulo. Inscrições pelo e-mail terceiraidade@fisesp.org.br. 25/4 a 9/5 – Visite Israel com a Wizo. Pensão completa e guia em português desde a saída. Informações, 5087-3455 com Carla ou Viviana 28/4 a 8/5 – Raizes. Viagem da GSP Travel, apoio do CJL, para Polônia e República Tcheca. Informações, 3231-4422, com Carol Verza/raizes@gsptravel.com.br 20/05 a 9 /06 – Israel e Turquia com Perla’s Tour. Hoteis 5 estrelas plus. Guia em portugues. Vagas limitadas: 30. Informações: pmosseri@hotmail.com 26 a 30/06 – Grande Hotel São Pedro com a B’nai B’rith. Imperdivel!!! Reservas: 3082.5844, Cris e Pedro

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O BAIT FOI A SEDE DO SEMINÁRIO DE LÍDERES DOS ESTADOS UNIDOS E DA AMÉRICA DO SUL

Judaísmo visto globalmente

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ando Novas Formas à Identidade Judaica e as Comunidades Latino-Americanas” foi o tema de um encontro de líderes comunitários do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Cuba e Estados Unidos durante o Seminário Nahum Goldmann Fellowship, promovido pelo Memorial Foundation for Jewish Culture, Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e Confederação Israelita do Brasil (Conib) durante o qual foram realizadas conferências de Daniel Fainstein, da Universidade Hebraica do México, Saul Berman, rabino, acadêmico norte-americano e professor da Yeshivá University, Sérgio Wider, do Centro Simon Wiesenthal, rabinos David Weit-

man e Michel Schlesinger, de São Paulo. No final, os presidentes da Conib e da Fisesp, Cláudio Lottenberg e Mário Fleck, apresentaram um quadro da comunidade brasileira. O diretor da Fisesp Alberto Milkewitz disse que “o diferencial desse seminário foi ouvir importantes palestras e dialogar, de modo a transformar o aprendizado em ações concretas”. A Memorial Foundation foi criada em 1965, com fundos de reparação do governo alemão, para reconstruir a vida judaica após o Holocausto e hoje busca promover a conexão judaica e apoiar a formação de líderes comunitários e profissionais capacitados.

Nas telas, a arte da superação Lise Forell, Sarenka, Catherine Gati e Agi Straus assinam as treze obras expostas na sede da Unibes, na mostra “Sublime – o Poder da Exposição”. Iniciativa da Claims Conference Brasil/Unibes (rua Rodolfo Miranda, 287), entidade que atende a sobreviventes da Shoá, repassando verbas de governos europeus para programas de melhoria da qualidade de vida dos beneficiados. Indicada em 2004 pela Conib, a Unibes tornou-se parceira da Claims Conference – The Conference on Jewish Material Claims Against Germany – e atende os sobreviventes do Holocausto que vivem no Brasil. Em janeiro foram 290 sobreviventes no Brasil, a maioria em São Paulo.


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1. Delegação da comunidade no Senado Federal; 2 e 6. Leoni Bien e Leonor Szymonowicz, Geni Abuleac e Anna Schvartzman na troca de diretoria de Na’amat Pioneiras; 3. Apresentador Otávio Mesquita mereceu aplausos por reportagens sobre Israel; 4. Autoridades e convidados no Teatro Oi, em Brasília; 5. A Feliz Idade ouviu atenta a monja Waho – Sandra Degenszajn: Apreciando a Vida; 7 e 8. Hebraica, Na’amat Pioneiras e KKL unidos; Chaverim entrou no espírito da festa em Tu B’Shvat

1. O sorriso de Thaís Cabuli, trabalhando no Mediterranée Rio das Pedras; 2. Tuna Duek em recente apresentação teatral; 3 e 4. Pose de carnavalescos antes do desfile da Gaviões da Fiel; na avenida, Perla Mosseri (E), Danielle Mayo, Carolina Mayo, Silvana Prout, Gladis e Rodrigo Wilner; 5. Leo Schetman convidado para reunião das “novas ricas” da TV; 6. No Palácio dos Bandeirantes, representando a Hebraica, Guita Zarenchanski com Dalva Christofoletti Paes da Silva e Aline Corrêa, no lançamento do Projeto Paraolímpico Brasileiro; 7. Em férias, os primeiros passos dos futuros mestres-cuca no Espaço Gourmet; 8. Enio Lewinski, Fernando Lottenberg, Mário Fleck e Alberto Milkewitz em reunião da Memorial Foundation; 9. Irene e George Legman com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em Cancún Chichen Itza

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1, 3 e 4. Na CIP, em cerimônia do Dia do Holocausto: José Serra, rabino Michel Schlesinger e Aloysio Nunes Ferreira; todas as religiões reunidas em prece pela paz no mundo; jovens acendem seis velas; 2. A Wizo Flórida recebeu Iza Mansur e Helena Nasser em convenção; 5. Frascos de perfume na arte de Débora Muszkat; 6. 7 e 8. Em Brasília: Samuel Szerman, Maria do Rosário e Luiz Viana Queiroz, Luíza Barros, Jean Wyllys e Iradji Roberto Eghrari, Walter Feldman e Jacques Wagner

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juventude > adventure Fotos Alon Lax

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Bonito foi a primeira viagem A MISTURA DE PESSOAS DE VÁRIAS IDADES AJUDOU A TORNAR INESQUECÍVEL A PRIMEIRA VIAGEM DO HEBRAICA ADVENTURE ESTE ANO. OS PARTICIPANTES DO GRUPO FOTOGRAFARAM PÁSSAROS E ANIMAIS EXÓTICOS E LINDAS PAISAGENS

LAGOS COM ÁGUA CRISTALINA POSSIBILITARAM O APRENDIZADO DE NOÇÕES BÁSICAS DE MERGULHO

INDEPENDENTEMENTE DA IDADE, TODOS OS VIAJANTES SE DIVERTIRAM EM BONITO

Hebraica Adventure abriu a sua agenda de viagens com uma excursão de cinco dias à região de Bonito, em Mato Grosso do Sul, onze vezes escolhido melhor destino ecoturístico no Brasil pela revista Viagem. No roteiro, visitas à Gruta do Lago Azul, às nascentes do rio da Prata, exploração das cachoeiras e piscinas naturais do rio Mimoso e rafting no rio Formoso. O Buraco das Araras foi um dos locais mais apreciados pelos viajantes. Davi Krasilchik, de 9 anos, cuja família participou da viagem, apontou o Buraco das Araras como o local mais curioso do roteiro. “Foi uma excursão muito boa. Eu e meu irmão Leon, fizemos amizade com as duas outras crianças que viajaram e os adultos também eram muito legais”, elogiou o garoto. (M. B.)


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juventude > dança

DANÇARINOS SE APRESENTARAM PARA QUATROCENTOS ESPECTADORES

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s dançarinos do grupo Carmel dedicaram boa parte dos esforços em 2012 arrecadando fundos para uma viagem aos Estados Unidos que “estava em pauta desde 2011 e só agora conseguimos concretizar de modo a equilibrar ensaios e apresentações com turismo”, relata Nathalia Benadiba, que dividiu com Gabriela Chalem a responsabilidade pelo grupo. No roteiro do Carmel os dias passados num parque da Disney possibilitaram o encontro com os personagens e uma apresentação de trinta minutos em Downtown Disney, anfiteatro na Disney World, uma das sedes do Circo du Soleil. “Para os dançarinos foi uma experiência muito emocionante, especialmente porque havia quatrocentas pessoas muito diferentes do nosso público normal”, afirmou Nathalia, que no segundo semestre deixa de coreografar o Carmel para cuidar da coordenação do Centro

Carmel faz sucesso entre os americanos O GRUPO CARMEL INICIOU O ANO COM UMA TURNÊ AOS ESTADOS UNIDOS, ONDE SE APRESENTOU ATÉ DURANTE UM CRUZEIRO NAS BAHAMAS A BORDO DE UM NAVIO DA ROYAL CARIBBEAN de Danças e da família em expansão. Em Miami, o grupo fez um show com uma hora de duração para outras quatrocentas pessoas. “Fomos muito elogiados, especialmente pelos integrantes dos grupos folclóricos locais que nos prestigiaram”, relada a ex-dançarina. “Também fizemos um ensaio conjunto com o Emshech, principal grupo de danças de Miami” completou. O tour pela cidade incluiu uma visita ao Memorial do Holocausto mantido pela co-

munidade judaica local. Na terceira etapa da viagem, o grupo embarcou em um navio da Royal Caribbean e rumou para Bahamas. “Passar esses dias a bordo aumentou a integração do grupo, que estava sempre junto nas atividades de lazer e também nos ensaios para a apresentação no teatro do navio. Foi aí que entendemos como é instável a vida de artista, porque o barco balançou um pouco enquanto o pessoal estava no palco”, brinca Nathalia. (M. B.)


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juventude > after school

SÍMBOLOS DO ANO NOVO JUDAICO NO CURSO OFERECIDO PELO AFTER SCHOOL

Tradição judaica fortalece identidade

ALUNOS DE ESCOLAS NÃO JUDAICAS VÊM AO CLUBE FAZER LIÇÃO DE CASA, TER AULA DE INGLÊS, BRINCAR E APRENDER MAIS SOBRE A TRADIÇÃO E OS COSTUMES JUDAICOS

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o After School, como o nome diz, a criança pode passar a tarde toda. Em um ambiente especial, os profissionais planejam o período entre o auxílio na lição de casa, repouso, lazer, aulas de inglês do Alumni e, também, tradição judaica. “Famílias preocupadas com o fortalecimento da identidade judaica dos filhos optam por esse curso. ‘Que bom, eles vão me relembrar o que aprendi na escola judaica e na casa dos meus pais’ é o que ouvimos muito na hora de receber as crianças”, diz coordenadora do curso de tradição judaica, a morá Sarita Muci-

nic Saruê. Da equipe fazem parte as morot Bruna Bromberger e Ariela Kalili e a voluntária Luana Man. Nos seus três anos de existência, passaram pelo curso do After School quase cem crianças entre 5 e 11 anos, durante uma hora e meia semanal, quando vivenciam um conteúdo adequado à sua faixa etária. Alfabetização em hebraico, histórias bíblicas, festas judaicas, atualidades de Israel fazem parte do calendário anual, que procura resgatar a memória da família, o sentimento de pertencer, de ter um passado e caminhar para o futuro como um “ser” judeu.

“Essa aproximação com o judaísmo incentiva a convivência e as crianças sentem-se parte de um grupo social”, afirma Sarita, que traz para o After School sua experiência como mestre em língua hebraica, literatura e cultura judaicas pela Fflch/USP. Ela também é pesquisadora do Arqshoah/Leer-USP e do Cedoc-Memorial da Imigração Judaica São adotados livros de alfabetização seguindo o método israelense, e o hebraico só é ministrado a partir dos 8 anos. De caráter não formal, o curso de tradição judaica leva as crianças a entender a sua história e lhes acrescenta os valores morais e éticos do judaísmo. Segundo Gaby Milevsky, incentivador do curso: “Acredito que um povo sem memória está condenado a repetir a história. Na medida em que a Hebraica cria espaços – momentos – na nossa história e aprofunda o estudo das nossas tradições, dá melhores condições de uma identidade sólida para a próxima geração”. (T. P. T.)


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esportes > macabíada

A DELEGAÇÃO BRASILEIRA JUNTO AO KOTEL, DURANTE A ÚLTIMA MACABÍADA

Competir para integrar ESTE MÊS SERÁ REALIZADO EM ISRAEL O CONGRESSO DA UNIÃO MUNDIAL MACABI QUE VAI DECIDIR AS MODALIDADES E COMPETIÇÕES DA XIX MACABÍADA A SER REALIZADA DE 17 A 31 DE JULHO

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nquanto alguns diretores do Macabi Brasil estão no congresso em Israel, os dirigentes do movimento no Brasil e os responsáveis por vários setores esportivos no clube trabalham para divulgar o evento e estimular atletas e familiares. “Quanto maior a delegação, mais entusiasmo terão nossas equipes que certamente disputarão futebol, xadrez, bas-

quete, vôlei e natação, nos quais o Brasil já tem tradição”, comenta Fábio Fischman, do Macabi Brasil. Uma das novas modalidades é a de águas abertas. Atualmente, uma das principais tarefas do Macabi Brasil é arrecadar fundos para embarcar o maior número possível de atletas e, desta forma, aumentar a probabilidade de conquista de medalhas. Se-

gundo Fischman, nesta Macabíada, Israel vai privilegiar a integração e o convívio dos jovens reunindo todas as competições no Instituto Wingate e “assim, mesmo quando não estiverem competindo, os garotos e garotas terão atividades, gincanas, passeios para integrar as delegações. Vão passar o dia naquele local e só voltar aos hotéis para dormir”. (M. B.)


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esportes > polo aquático

Atletas da Hebraica

na seleção brasileira NO FINAL DE 2012, O POLO AQUÁTICO FESTEJOU A CONVOCAÇÃO DE DOIS ATLETAS JUVENIS QUE DISPUTARAM O MUNDIAL, NA AUSTRÁLIA. EM FEVEREIRO, FORAM PRÉ-CONVOCADOS SETE PARA DISPUTAR UMA VAGA NA SELEÇÃO QUE IRÁ AO CHILE PARA O SUL-AMERICANO

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eon Psanquevitch e Pedro Vergara ainda não processaram todas as emoções vividas no seu primeiro compromisso oficial como atletas do polo aquático. Eles atuaram pela seleção brasileira no Mundial Júnior em Perth, na Austrália. “Muita gente foi ao Challenge Stadium para assistir às partidas e o jor-

nal local publicou matérias a respeito do torneio”, contou Pedro, da equipe titular. A seleção brasileira jogou contra a Itália, Sérvia, Cazaquistão, Estados Unidos, Irã e Nova Zelândia. “Contra os campeões, os italianos, perdemos de 17 a 8”, comentou Leon, que foi reserva e aproveitou cada uma das partidas que dispu-

LEON E PEDRO ESPERAM PARTICIPAR DA SELEÇÃO BRASILEIRA QUE DISPUTARÁ O SUL-AMERICANO

tou. “Ficamos em nono lugar e para nós, estreantes, a experiência de jogar entre os melhores do Brasil e ver o quanto precisamos melhorar como time para chegar ao nível dos outros países foi muito legal”, afirmaram os dois rapazes. Já no início deste ano, eles e mais cinco atletas do juvenil da Hebraica (Eduardo Wainberg, Patrick Licht, Willian Psanquevitch, José Vítor Souza e Felipe Alterthum) foram convocados para os treinos seletivos visando o sul-americano a ser disputado este mês no Chile. “É bom que entre os quarenta convocados, os atletas da Hebraica estejam entre os melhores. Começamos os primeiros treinos na piscina do Paineiras e daí para frente é treinar muito”, completa Pedro, que pretende obter uma bolsa de estudos no exterior jogando polo. Leon tem outros planos para o futuro, menos diminuir o ritmo dos treinos. “Jogar polo me faz muito bem. Se puder, convencerei meu irmãozinho a também escolher o polo. O do meio já se integrou e também foi convocado, o que é muito bom”, festeja o adolescente. (M. B.)


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esportes > master

O MASTER COMEMORA DUAS DÉCADAS DE BOA FORMA, AMIZADE E DIVERSÃO

Equipe chega aos 21 anos no embalo FORMADO POR NADADORES ADULTOS, O MASTER ULTRAPASSA DUAS DÉCADAS DE EXISTÊNCIA COM A MAIORIA DOS PRIMEIROS INTEGRANTES AINDA NA ATIVA E MUITAS HISTÓRIAS PARA CONTAR

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o início de fevereiro, a técnica Adriana Silva enviou e-mail de agradecimento pelo apoio dado durante os 21 anos de existência do master de natação. A revista Hebraica figurava entre os remetentes escolhidos a dedo. “No início de 1991, o Esporte Clube Pinheiros e o Paulistano mantinham um grupo de nadadores acima dos 25 anos e a ideia de termos algo parecido na Hebraica partiu de Moacir Largman, frequentador da piscina. E propôs atender aos adultos que já nadavam, gostariam de melhorar a técnica e talvez competir”, conta Adriana. Nos primeiros treinos, falava-se nos três

“efes”, ou seja fit, friend and fun como os objetivos primordiais do trabalho do master. “Analisando esses 21 anos que passaram voando, acho que traduzimos bem os três ‘efes’ e conseguimos ir muito além da manutenção da forma, da amizade e da diversão”, analisa Adriana. Assim que o grupo foi criado, os três primeiros nadadores ganharam muitos companheiros nas raias da piscina. “O perfil do público leva a uma grande rotatividade. Hoje temos noventa pessoas inscritas e 70% delas nos acompanham desde o início. Temos nadadores com mais de 80 anos e atletas na casa dos 20

que treinaram comigo quando tinham 12 ou 13 anos”, destaca a técnica. Na água e fora dela, formou-se um círculo de amigos que se apoiou durante as competições no Brasil e no exterior. O exemplo dos maridos inspirou as mulheres, que passaram a frequentar os treinos diários. A nadadora Cléa Pilnik venceu um concurso de contos de uma revista narrando os benefícios que obteve ao incluir a natação no cotidiano. “Muitas, além dela, mudaram de vida. Temos casos de senhoras que só cuidavam da família e decidiram cursar mestrado, retomar a carreira. Homens e mulheres que aceitaram o desafio de participar de torneios e foram vitoriosos. Só o fato de cuidarem mais de si mesmos já é um ganho e tanto”, exemplifica Adriana. Em plena maturidade, o master encara a próxima Macabíada Mundial em julho deste ano. “Estamos tranquilos. Como veteranos, sabemos valorizar o que realmente importa, ou seja, estar lá e curtir cada minuto, na água ou fora dela”, resume Adriana. (M. B.)


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esportes > vôlei

Renovação começa na base TODAS AS TERÇAS E QUINTAS, UM GRUPO DE GAROTOS ENTRE 10 E 12 ANOS OCUPA A QUADRA 3 DO POLIESPORTIVO A PARTIR DAS 15H30 E LÁ APERFEIÇOA SAQUES, MANCHETES E, EVENTUALMENTE, MOSTRA SUA EVOLUÇÃO EM PARTIDAS DE TRÊS

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ueremos ampliar o número de participantes para possibilitar a formação de dois times de seis, no mínimo, o que configura uma real partida”, explica o coordenador de vôlei competitivo no clube Marcelo Costa. No ano passado, esses meninos disputaram amistosos no Colégio Pentágono e torneios no Esporte Clube Pinheiros e no Colégio Albert Sabin. “É redundante, mas o que estimula os garotos são os torneios e com um grupo reduzido. É difícil montar ti-

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esportes > fotos e fatos

mes completos”, acrescenta Marcelo. Até 2011, a Hebraica participava dos torneios da Federação de Vôlei com times masculinos que chegavam às finais. “Os atletas que jogavam no infantil estão preocupados com vestibular, compromissos para estudar fora do país e ficou para a equipe técnica da modalidade a tarefa de trabalhar a base e formar mais categorias para representar a Hebraica”, explica o coordenador. Marcelo reservou a quadra do Polies-

portivo para uma segunda turma de vôlei, desta vez para a faixa dos 13 aos 15 anos às segundas e quartas, das 15h10 às 16h10. “Esses meninos vão treinar com Ângela, uma técnica muito conceituada. Essa categoria ganhou o nome de júnior e existem vagas para quem quiser participar”, anuncia. Segundo Marcelo, 10 anos é a idade ideal para uma criança começar no vôlei. Ao mencionar a preferência pelo futebol, Marcelo revela um conceito bastante atual sobre a prática de esportes. “Segundo recomendação dos especialistas, para se tornar um atleta completo o ideal é praticar duas modalidades diferentes. Isto é, quem joga futebol também pode – e deve – jogar vôlei, handebol ou basquete.” Além da abertura de novos horários, a equipe técnica tenta um contato mais próximo com as escolas para oferecer clínicas nas quais poderão mostrar os atrativos do vôlei. “Quem experimenta gosta. O que precisamos agora é trazer os garotos até a quadra”, conclui. (M.B.)

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1. Técnicos de basquete Adriano S. Geraldes e Ricardo C. P. Couto e o coordenador Tácito Pinto Filho estão reformulando a modalidade no clube; 2. Torneios como o que foi promovido pela Acesc em 2012 estimulam a prática do vôlei nas categorias menores 3. Novo técnico de natação trabalha com as categorias mini e petiz; 4. Recém-contratados, os técnicos Daniel e Danilo preparam a próxima geração de atletas da ginástica artística; 5. Nadadores do juvenil I e II não esperaram o fim do Carnaval para

A ADESÃO DE GAROTOS ENTRE 10 E 12 ANOS AMPLIARÁ A EFICIÊNCIA DOS TREINOS E TRARÁ MAIS ESTÍMULO AO VÔLEI COMPETITIVO

retomar os treinos


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Saúde da Mulher

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termo saúde engloba diversos conceitos e idéias, que mudaram progressivamente ao longo dos anos. Segundo a OMS, o termo “Saúde” engloba o estado de bem estar físico, emocional (mental) e social, e não meramente a ausência de doença. Se pensarmos especificamente no bem-estar feminino, esta é uma preocupação antiga, que vem tomando novos contornos nas últimas décadas. Se até os anos 1960 a grande preocupação era a saúde reprodutiva da mulher, hoje seu bem-estar físico e emocional passou a ter importância significativa. Não só porque as mulheres muitas vezes têm papel fundamental na dinâmica de uma família, mas também pela cada vez maior participação das mesmas no mercado de trabalho e na produtividade global. Sem dúvida alguma, o médico tem papel fundamental no aumento da qualidade de vida, tanto em relação aos aspectos físicos, quanto nas questões emocionais femininas. E, muitas vezes, a divulgação de conhecimento, pelas diversas formas de mídia acaba estimulando a procura por melhores condições de saúde, ao esclarecer e divulgar informações úteis e importantes em relação à prevenção de doenças. Pensando em uma rotina de diagnóstico e prevenção, naturalmente, deve-se levar em consideração a idade, os antecedentes pessoais e familiares, exposição a fatores de risco, etc. Mas alguns temas gerais devem ser rotineiramente abordados

pelo profissional de saúde, seja ele especialista ou não, quando se fala em promoção de saúde nas mulheres: estilo de vida, saúde emocional, doenças cardiovasculares, câncer, concepção e contracepção, menstruação, sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis. Claro que em situações especiais, como gravidez e menopausa, alguns cuidados tomam dimensões ainda maiores. Estilo de vida: são altamente conhecidos todos os benefícios de um estilo de vida saudável. Dieta balanceada, atividade física, peso adequado, estão entre os fatores que mais se relacionam a melhor qualidade de vida, e menor risco de aparecimento de doenças. Há algumas décadas, estamos vivendo um aumento tão grande nos casos de obesidade e sedentarismo, que ambos vêm sendo considerados problemas de saúde pública, dadas as grandes consequências que provocam. Assim, a adoção de uma rotina diária de exercícios físicos, como caminhada, aliada a uma dieta balanceada e interrupção de maus hábitos como o tabagismo, são medidas que têm um enorme impacto na incidência de doenças, aumentando sobremaneira a longevidade e a qualidade de vida. Desta forma, a mulher tem de ser vista de forma global, holística, pensada e respeitada como um todo. Não adianta pensarmos em seus órgãos genitais, se não pensarmos neles como um reflexo de tudo aquilo que se passa dentro dela, literalmente da cabeça aos pés.

DRA. ALESSANDRA BEDIN RUBINO GINECOLOGISTA DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN


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magazine > eleições israelenses 1 | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

Yair Lapid é o novo astro da política BONITÃO, INEXPERIENTE, CARISMÁTICO, ELITISTA, ESCRITOR DE TALENTO, COLEGIAL INCOMPLETO. A MAIS NOVA SURPRESA DA POLÍTICA ISRAELENSE, YAIR LAPID, AINDA PRECISARÁ PROVAR A QUE VEIO

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s eleições israelenses de janeiro mudaram pouca coisa no cenário político do país. O vencedor principal ainda foi o centro-direita, que há treze anos lidera o país, espécie de fi lho desajeitado da segunda intifada. Mas também houve novidades e a principal delas foi o segundo lugar na votação, o novato Yair Lapid e o partido que formou às pressas para concorrer, Yesh Atid (“Há Futuro”, em hebraico). Lapid, 48 anos, é “peixe fresco” na política, mas velho conhecido do público por sua atuação nos meios de comunicação. Surgiu na vida israelense pela maneira mais tradicional, a proteksia, nome dado a quem tem boas ligações familiares ou amigos certos nos lugares certos, isto é, os centros do poder. O empurrãozinho inicial, no caso, veio do pai, já falecido, Tommy Lapid, sobrevivente do Holocausto e líder do partido ultrassecular Shinui, que chegou a ser ministro da Justiça. Yair entrou no jornalismo como “foca” do jornal Maariv, onde o pai trabalhou durante décadas. Educado em Londres e em uma das mais tradicionais escolas de Israel, o Gimnasya Herzlia, de Tel Aviv, Lapid foi bon vivant durante anos, adorava carros potentes, vinhos caros e viagens sofisticadas ao exterior. Divorciou-se da primeira mulher, com quem teve um filho, e casou-se com uma escritora, que lhe deu mais dois filhos.

Apesar de não ter concluído o colegial, Lapid é sem dúvida um escritor talentoso. Na última década, tornou-se figura importante do jornalismo como o colunista mais lido da edição de fim de semana do maior jornal do país, o Yedioth Achronot. É considerado um excelente redator, capaz de transformar em texto o que o israelense médio pensa mas não consegue elaborar. No entanto, teve de largar tudo para se dedicar à política. Além disso, durante muitos anos apresentou um talk show em horário nobre da tv israelense. Em razão disso tudo e da grande exposição na mídia, sabemos o suficiente a respeito dos gostos e preferências do agora segundo mais importante político israelense: na música, é fã de Bob Dylan, Frank Zappa, Nina Simone e John Coltrane; seu destino predileto é Paris; nas horas vagas, gosta de um bom livro de José Saramago e já pertenceu a uma sinagoga reformista de Tel Aviv. Jura que não gosta de política mas, como a maioria dos políticos, também promete que entra neste mundo para mudar as coisas a partir do seu interior. Por exemplo: “Política me parece um jogo sujo em que todos enganam a todos. Isto é verdade, mas o que fazer? Não há outro jogo nesta cidade”, disse certa vez. Lapid é carismático, ostenta uma cabeleira grisalha que alguns a comparam à do ator George Clooney, faz o tipo “durão simpático” que o israelense gosta de imaginar que pensem dele, e passou a representar ideais da classe média há tempos de fora do jogo político. Aceita que os imigrantes russos tenham maior participação, mas se recusa a dar projeção a tipos esquisitos como Avigdor Lieberman, o ex-ministro de Relações Exteriores que nem deveria ter sido. Sim ao judaísmo, mas não às imposições políticas dos ortodoxos. Sim para um Israel forte que negocie com os palestinos, mas não ao radicalismo dos colonos. Para reforçar a mensagem de candidato classe média, Lapid escolheu para companheiros de bancada figuras que são quase uma caricatura desse estrato

O RESULTADO DESTA ELEIÇÃO MOSTROU QUE YAIR LAPID VAI MUITO ALÉM DE UMA BOA CARICATURA

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magazine > eleições israelenses 1

>> social. O número dois é um rabino, pai de seis filhos e que atua em kibutzim. Uma das deputadas eleitas foi prefeita de Hertzlia e apoiadora da Passeata Gay de Jerusalém, além de um esportista de origem russa e um ex-prefeito sefaradi de Dimona.

O BEIJO EM UM DIRIGENTE DO MERETZ APENAS SUGERE UMA ALIANÇA DE LAPID COM O PARTIDO, SEGUNDO O TEXTO EM HEBRAICO “A COALIZÃO

Sonhando alto Lapid mirou na classe média, e também acabou acertando a elite. Em Kfar Shemariahu, vilarejo onde vive a maior parte do PIB israelense, recebeu 32% dos votos, e no bairro de Savyon, de perfil semelhante, 35%, bem à frente do segundo colocado. Também foi o mais votado em Tel Aviv, Herzlia e Ramat Hasharon, fortalezas de riqueza e bem-estar. É gente cansada de ver os impostos serem desviados para as yeshivot dos haredim, às colônias na Cisjordânia onde vivem os extremistas ou para poderosos sindicatos como o do porto de Ashdod. Ele conseguiu colocar na Knesset dezenove membros do Yesh Atid, todos novatos na política. Com isto, contribuiu decisivamente para o parlamento atual bater o recorde de caras novas, pois 48 deputados nunca antes haviam sido eleitos. A novidade foi tão grande que a Knesset teve de organizar às pressas um curso rápido para os calouros a respeito do funcionamento do parlamento. E os funcionários, aturdidos com tantas novas caras, nos primeiros dias de trabalhos da atual legislatura circulavam pelos corredores com fotos dos deputados para reconhecê-los.

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magazine > eleições israelenses 2

TEM FUTURO”

Lapid soube aproveitar bem as vitórias, deixou a humildade de lado e em uma das primeiras entrevistas, conhecido o resultado, já chutou alto. “Estou convencido de que nas próximas eleições serei o primeiro-ministro”, disse ao Canal 2 de tevê. Para mostrar disposição e bem assessorado por marqueteiros, foi fotografado lutando boxe amador, que diz praticar com frequência (deu para lembrar de outro político?). Também empunhou uma guitarra para cantar With a Little Help from my Friends, dos Beatles, na festa de comemoração do partido (lembram-se de outro alguém?). Agora, passada a euforia das eleições, o problema é aquele velho conhecido da política: Lapid conseguirá entregar o que prometeu durante a campanha? Se tiver êxito, será uma exceção na história de Israel. Os grandes governantes do país – Ben-Gurion, Rabin, Sharon, Begin – tinham longos anos de serviços prestados no exército ou em instituições públicas antes de se tornarem estadistas. Lapid, no entanto, veio do nada e entrou na política poucos meses antes das eleições. Se o resultado político de Lapid for equivalente a zero será algo normal para os padrões israelenses, portanto, nenhuma decepção. Em 2006, a grande surpresa das eleições foi o Partido dos Aposentados que, abrigado sob a bandeira da defesa dos velhinhos, conseguiu eleger sete deputados, foi convidado a participar do governo. Na última eleição este mesmo partido conseguiu somente seis mil votos, e não elegeu mais ninguém. De todo modo, isto não é garantia de fracasso do rapaz. Esta também é a era do Facebook, e Lapid admitiu a importância da rede social para vencer, e do predomínio da “sabedoria” dos jovens sobre a experiência dos mais velhos (“os garotos disseram aos pais como votar nestas eleições”, disse). Eu acho que se Lapid fosse brasileiro e se aconselhasse com um dos coronéis da política nacional, provavelmente ouviria: “Filho, se você quer ser presidente, antes se eleja vereador”.

É guerra e os rabinos ultras já estão prontos por Amir Mizroch *

O RESULTADO DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES COLOCA O PRIMEIRO-MINISTRO DIANTE DE UM QUEBRA-CABEÇAS PARA MONTAR O NOVO GOVERNO DE COALIZÃO. ESTÃO EM JOGO A ISENÇÃO DO SERVIÇO MILITAR E O MONOPÓLIO HAREDI SOBRE ORGANIZAÇÕES FUNERÁRIAS, TRIBUNAIS RABÍNICOS, CONSELHOS RELIGIOSOS, A AUTORIDADE DE CONVERSÃO, E TODAS AS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS ATUALMENTE DIRIGIDAS PELOS ULTRAORTODOXOS

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os primeiros dias de fevereiro, duas semanas depois das eleições e a um mês do prazo para o governo ser legalmente constituído, a cena política de Israel se encaminha para uma batalha real, uma verdadeira guerra santa, a respeito da questão da distribuição equitativa da carga da sociedade israelense, melhor dizendo, a falta desta partilha. O primeiro-ministro Biniamin Netaniahu, incumbido de formar a próxima coalizão, encara um enigma para decifrar: ele quer formar uma aliança governista ampla, mas a incômoda questão da prestação de serviço militar pelos jovens ultraortodoxos ameaça forçá-lo a escolher entre os parceiros naturais – o haredi Shas mais os partidos da United Torá Judaism (UTJ) – e os sionistas nacionalistas religiosos de Naftali Bennett, do Habayit Hayehudi (“A Casa Judaica”, em hebraico). Netaniahu provavelmente nunca imaginou um dia se encontrar nesta situação. O Habayit Hayehudi ganhou fôlego com Bennett, antigo membro de elite (e ainda reservista) das Forças de Defesa de Israel (IDF) que fez do equilíbrio do fardo nacional, citado no parágrafo acima, uma das principais plataformas do seu partido. O Habayit Hayehudi está bem representado na Knesset, com doze cadeiras, e apoia um candidato sionista nacionalista religioso para rabino-chefe de Israel – o santuário do monopólio religioso ultraortodoxo no país. As coisas esquentaram tanto durante o final da campanha eleitoral, em janeiro, que o Shas, temeroso de que alguns dos seus eleitores fossem atraídos pela força gravitacional de Bennett, investiu contra os ortodoxos. O líder espiritual do Shas,

rabino Ovadia Yosef, chamou-os de “gentios e hereges”. Os rabinos ashkenazim os acusaram de judeus reformistas – o maior insulto possível a algum haredi. Pior até do que chamar alguém de “goy”. A UTJ conquistou sete cadeiras, aumentando seu poder na Knesset por apenas uma vaga. O Shas, não, e ficou com onze cadeiras. Mas o Habayit Hayehudi chegou às doze, muito mais do que sob a liderança de Zevulun Orlev, quando não passava de um dígito. O Yesh Atid, partido de Yair Lapid e de agenda secular, ganhou dezenove. O pior pesadelo haredi se materializava diante dos seus olhos: um governo sem os haredim, ou os “sem governo”. Um governo que dispensa os dezenove assentos dos partidos haredim poderá mudar a atual situação e forçar o setor haredi da sociedade israelense a servir o exército, participar das coisas da nação e entrar no mercado de trabalho. E ainda pode piorar em razão das informações de que Bennett e Lapid teriam feito um acordo segundo o qual um não entraria no governo sem o outro, e ambos trabalhariam em favor da mudança na questão do serviço militar. Para os haredim, estudar a Torá sem interrupções e não prestar o serviço militar é uma questão existencial. Há apenas preto e branco: nem cinquenta tons de cinza, nem mesmo dois tons de cinza. Toda a estrutura de poder do sistema político haredi é baseada no absoluto controle dos rabinos sobre o seu rebanho. Se os jovens entrarem no exército, no serviço nacional ou começar a trabalhar para viver também podem começar a ter ideias próprias. Não importa se Bennett e Lapid propuseram planos graduais, moderados e significativos para distribuir igualmente o fardo nacional. Não existe um compromisso de que os haredim concordem. Para os rabinos haredim – e não necessariamente seu rebanho –, somente a perspectiva de mudança já representa o final dos tempos. Todo o seu sistema e todas as suas energias estão focadas em manter as coisas como estavam nos guetos da Europa Oriental, nos séculos 18 e 19. E eis que o partido de Bennett, do qual >>


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>> fazem parte muitos rabinos sionistas religiosos, ameaçava derrubar a ordem do mundo. Mas seria muita pretensão: os políticos ameaçavam legislar, e a legislar de fato. Convém lembrar que os partidos religiosos estão representados na Knesset por políticos, mas o verdadeiro poder está nas mãos dos rabinos – que não são eleitos e não têm responsabilidade – que tomam as verdadeiras decisões. Diante disso, os rabinos foram à guerra e fizeram o que não tinham feito em mais de uma geração: convocar uma reunião com os religiosos nacionalistas nas residências dos rabinos haredim. Eminentes rabinos sionistas, como Chaim Druckman, Yaakov Ariel e Shmuel Eliahu – apenas duas semanas antes considerados “gentios e hereges” – foram instados a controlar Bennett e avisados a não apoiar o “desenraizamento do mundo da Torá agora”, porque, segundo o prefeito de Beit Shemesh, o rabino Moshé Aboutboul (Shas), “Obama, em seu segundo mandato, não se preocupará com nada e forçará Netaniahu a desmantelar os assentamentos. E quando isso acontecer, não esperem o nosso apoio na Knesset”. Esta é uma ameaça séria, mas de acordo com um tarimbado observador da política israelense, os partidos haredim se omitiram na votação da evacuação de Gaza. Agora, portanto, pode ser uma boa oportunidade de os colonos religiosos nacionalistas se vingarem dos haredim. Aboutboul garante que disse aos rabinos: “Se vocês não entrarem na coligação, não venham chorar quando precisarem de apoio político contra um primeiro-ministro que irá remover os assentamentos. Vimos Sharon fazê-lo. E ele, que era o pai dos assentamentos...”. Em Beit Shemesh muitos consideram Aboutboul o rabino dos haredim, que zela apenas por seus interesses e contra os dos ortodoxos modernos. Estes sentem a pressão do mundo exterior e cujas filhas são alvo de cusparadas no caminho da escola. A cidade que administra é uma espécie de microcosmo da guerra santa entre os ortodoxos modernos e os ultraortodoxos a respeito de questões que dizem respeito à esfera pública, como a exclusão das mulheres dos espaços públicos, as chamadas patrulhas da modéstia, a supervisão cada vez mais exigente da kashrut e até mesmo as batalhas imobiliárias acerca da natureza e do aspecto de novos bairros. Aboutboul não está sozinho No começo de fevereiro, o rabino-chefe Ovadia Yosef enviou seu adjunto Eli Ishai para explicar melhor aos rabinos religiosos nacionalistas, passando por cima de Naftali Bennett, o que o seu chefe quis realmente dizer. Ishai disse que Bennett não tem condições de decidir a mudança do status quo sozinho. A estratégia haredi é provocar uma cisão entre Bennett e seus rabinos e entre os parlamentares do Habayit Hayehudi na Knes-

COM MAIS DE 90 ANOS, O GRÃO-RABINO OVADIA

YOSEF VAI SE RETIRAR E CUIDAR DO TRINETO RECÉM-NASCIDO

set e seus representantes espirituais. Mas há controvérsias se isso vai funcionar. É que os parlamentares do partido, apesar de intimamente ligados a certos rabinos, não são manobrados pelos rabinos no parlamento, diferentemente dos representantes da UTJ e do Shas e seus ministros que nunca fazem nada, na Knesset ou no governo, sem consultar e obter a aprovação do Conselho dos Sábios da Torá – o corpo não eleito de octogenários que respondem apenas a um poder superior. No que seria impossível nos partidos haredim, os ativistas e parlamentares do Habayit Hayehudi recomendaram aos rabinos do movimento não se envolver nas negociações políticas acerca do serviço militar haredi. No entanto, a pressão sobre os rabinos sionistas ao menos

parcialmente parece compensar e um rabino disse a Bennett: “Você não é Lapid” – isto é, devagar nessa coisa da igualdade. Os ultraortodoxos ashkenazim também entraram em ação. O rabino e parlamentar pela UTJ Uri Maklev foi despachado às emissoras de rádio para alertar que “a reforma proposta pelo Habayit Hayehudi e Tzohar – os rabinos religiosos nacionalistas – conseguiu entrar na Knesset. Eles constituem o verdadeiro problema, porque os parlamentares seculares não sabem nada da Torá e nem fingem entender alguma coisa, mas muitos desses novos parlamentares religiosos pensam que sabem a respeito da Torá e que têm uma opinião acerca de tudo. Nosso trabalho é protegê-la contra eles. A nossa existência é a continuação do estudo da Torá”. Aparentemente, portanto, Netaniahu está diante de uma escolha difícil, pois terá de escolher entre seus parceiros naturais: de um lado, os sionistas religiosos nacionalistas dos quais foi sempre próximo, e do outro, os partidos políticos ultraortodoxos, em quem sempre confiou para reforçar suas coligações. Vários sionistas nacionalistas religiosos fazem parte de seu círculo íntimo, como o chefe da Secretaria, o chefe de Pla-

nejamento de Políticas e o conselheiro de Segurança Nacional, entre outros. O primeiro-ministro também terá de se decidir entre dois sionistas religiosos candidatos ao cargo de secretário do Gabinete em substituição a Zvi Hauser, de saída: o ortodoxo moderno Perach Lerner e o ex-secretário-geral do Conselho Yesha, Shlomo Filber. Historicamente, Netanyahu sempre escolheu a companhia de “parceiros naturais” – os fiéis e previsíveis partidos ultraortodoxos. Em maio de 2011, optou por eles e não por Shaul Mofaz, do Kadima, e ex-diretor do Shin Bet, interessado em discutir uma legislação a respeito da distribuição igualitária do chamado fardo da sociedade israelense, e o descartou. Os haredim preferiram Netaniahu a Livni, quando ela pretendeu formar um governo depois de “ganhar” a maioria das cadeiras nas eleições da Knesset de 2009. No último governo, Netaniahu manteve a paz entre os seus parceiros religiosos nacionalistas e os haredim. Mas agora, o Habayit Hayehudi formou um grupo para apoiar a indicação do rabino David Stav ao cargo de rabino-chefe de Israel. Isto significa que os “gentios e hereges” da corrente religiosa nacionalista estão de olho no monopólio haredi sobre as organizações funerárias, os tribunais rabínicos, os conselhos religiosos, a autoridade de conversão, e todas as instituições religiosas atualmente dirigidas pelos ultraortodoxos. Isto seria uma tragédia para os haredim, e por isso lutam com todas as suas forças. Stav quer moderar o sistema, tirar o poder do monopólio haredi e tornar o judaísmo um pouco mais inclusivo. Bennett ameaça se aliar a Lapid para forçar Netaniahu a mudar o status quo. Ponto final. A paz acabou. Agora é guerra. Netaniahu poderia tentar evitar este dilema salomônico e fazer algo diferente: excluir Lapid e formar uma coalizão com Bennett e os haredim. * Editor da versão em inglês do jornal Israel Hayom e ex-editor do The Jerusalem Post >>

O Habayit Hayehudi formou um grupo para apoiar a indicação do rabino David Stav ao cargo de rabino-chefe de Israel. Stav quer moderar o sistema, tirar o poder do monopólio haredi e tornar o judaísmo um pouco mais inclusivo


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magazine > eleições israelenses 3 O MOVIMENTO LGBT EM ISRAEL É FAMOSO POR SUAS PARADAS MAS CARECE DE CONTEÚDO POLÍTICO

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Comunidade LGBT não vai à luta por Ilan Manor *

ISOLADA EM TEL AVIV, ONDE É ACEITA, RESPEITADA E FAZ PARTE DA VIDA CULTURAL DA CIDADE, A COMUNIDADE LÉSBICA, HOMOSSEXUAL, BISSEXUAL E TRANSEXUAL (LGBT) DE ISRAEL AINDA NÃO POSSUI UMA AGENDA POLÍTICA PARA LUTAR CONTRA A HOMOFOBIA NO RESTO DO PAÍS

A

s eleições israelenses terminaram com uma cena previsível: o discurso de vitória de Biniamin Netaniahu para centenas de simpatizantes do partido Likud. Mas esse momento de triunfo também revelou algo novo – e alarmante – nesta recente campanha eleitoral, porque viu surgir um novo tipo de retórica na política israelense, dirigida contra um grupo minoritário, anteriormente ignorado pela maioria dos políticos israelenses: a comunidade lésbica, homossexual, bissexual e transexual. Nos meses anteriores às eleições, políticos de vários partidos de direita se manifestaram a respeito da inclusão de membros da comunidade LGBT israelense, da sua instituição mais preciosa, as Forças de Defesa de Israel. Um dos maiores opositores da comunidade LGBT israelense, Moshé Feiglin, colono e recém-eleito parlamentar à Knesset, integra o partido majoritário, o Likud. No passado, Feiglin se identificou com aqueles habitantes de Tel Aviv e Jerusalém, que segundo ele, não têm onde se esconder quando “as repugnantes marchas da Parada do Orgulho Gay ocupam as principais avenidas da cidade”. Feiglin avançou o suficiente para se apresentar como um orgulhoso homofóbico, mas duas semanas depois das eleições, pressionado pela direção do partido, reuniu-se com dirigentes da comunidade LGBT, em Tel Aviv, e amenizou as suas declarações. É claro que sentimentos homofóbicos não se limitam a Feiglin ou a outros membros do Likud. Yair Shamir, outro recémeleito pelo partido Israel Beiteinu (“Israel Nossa Casa”, em hebraico), disse que em Israel não há lugar para casamentos de pessoas do mesmo sexo. Uri Arieli, veterano do partido religioso sionista Habayit Hayehudi, acredita que os homossexuais que revelam sua condição sexual devem ser proibidos de

se alistar no Tzahal. E filiados ao partido Shas, importante integrante da coalizão anterior de Netaniahu, geralmente se referem a homossexuais como “depravados” e “pessoas doentes”. Os comentários dos políticos israelenses pouco incomodam a maioria dos membros da comunidade LGBT israelense, que não se preocupam em esconder a sua orientação sexual nem pedir desculpas por seu modo de vida. Mas se a comunidade LGBT israelense é orgulhosa, também é silenciosa, pois nunca encontrou uma forma de expressar seu poder político por meio de um lobby que atuaria para conquistar apoio político em favor de uma legislação que garantisse seus direitos civis. Ela também se omitiu da disputa política eleitoral e não apoiou abertamente candidatos homossexuais à Knesset. Atualmente há na Knesset um deputado declaradamente homossexual: Nitzan Horovitz, do Meretz. É verdade, a comunidade LGBT age

politicamente pelos seus interesses, mas nem se compara a outros grupos – nem tão minoritários assim –, que instituíram lobbies influentes e atuam agressivamente em favor da sua agenda, como os colonos e os ultraortodoxos que seguem o modelo de grupos americanos de interesses especiais. A comunidade gay está longe de ser vista. O que aconteceu com os cartazes usados nas paradas de Tel Aviv e Jerusalém, onde se lia “Nós estamos aqui. Nós somos homossexuais. Acostumemse a isso!”? Talvez a aparente falta de interesse da comunidade LGBT pela política de Israel seja consequência de ser plenamente aceita no “Estado de Tel Aviv”. Aclamada por guias de viagem como uma das cidades do mundo mais “amistosas para com os gays”, Tel Aviv tornou-se refúgio seguro para as pessoas da comunidade LGBT que afluem de todo o país. Não só Tel Aviv aceita pessoas do LGBT como membros iguais da sociedade, mas celebra a cultura gay e possibilita a criação de uma identidade israelense gay única. Isto é, as pessoas da comunidade LGBT em Israel, aceitaram uma espécie de solução de dois Estados – com uma ilha de tolerância rodeada por um país maior que agora está se voltando contra eles. O governo anterior liderado pelo Likud fez pouco para proteger os direitos das pessoas do movimento LGBT. Bloquearam-se legislações importantes a favor dos gays, como uma que proí-

be a discriminação com base na orientação sexual e uma emenda reconhecendo o casamento homossexual. Será que o próximo governo de coalizão, com base em uma parceria entre o Likud e o partido centrista de Yair Lapid, Yesh Atid, agirá de forma diferente em relação à comunidade LGBT e se afastará de membros da Knesset, como Feiglin ou Arieli? Ainda é muito cedo para saber. No entanto, está claro, que a comunidade LGBT de Israel deve se convencer de que existe homofobia na política de Israel e na sociedade israelense e por isso precisa lutar pelos seus direitos e serem aceitos como membros iguais da sociedade fazendo valer o “Nós estamos aqui. Nós somos homossexuais”. E mudar essa mentalidade de “Não se importe conosco”. * Ilan Manor escreve regularmente para o haaretz.com e para o The Times de Israel Tradução de Yosi Turel >>

Yair Shamir, recém-eleito pelo partido Israel Beiteinu, disse que em Israel não há lugar para casamentos de pessoas do mesmo sexo. Uri Arieli, veterano do partido religioso sionista Habayit Hayehudi, acredita que os homossexuais que revelam sua condição sexual devem ser proibidos de se alistar no Tzahal


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Os colonos derrotaram Netaniahu, que sempre os ajudou por Ori Nir *

COMO BINIAMIN NETANIAHU FOI VOTADO NOS ASSENTAMENTOS DA CISJORDÂNIA? CONSIDERANDO AS POLÍTICAS DO SEU PARTIDO LIKUDISRAEL BEITEINU EM FAVOR DOS ASSENTAMENTOS E AS POSIÇÕES DOS SEUS PRINCIPAIS MEMBROS NA KNESSET, TODOS ESPERAVAM UM DESEMPENHO MELHOR ENTRE OS COLONOS DA CISJORDÂNIA. MAS, NÃO

S

urpreendentemente, apenas 19% dos votos dos colonos foram para o Likud-Israel Beiteinu, comparados aos 23% do total dos votos dos israelenses, segundo dados oficiais da eleição. A rejeição dos colonos ao Likud impressiona ainda mais considerando os padrões do voto nos assentamentos, identificado com “ideologias” nacionalistas religiosas, e cujos habitantes sempre foram muito favorecidos pelo governo. O Likud teve 8% no assentamento de Beit El, 13% em Elon Moré e Eli, 11% em Ofrá e Kedumim e 5% em outros assentamentos menores. Agora, os líderes do maior partido de Israel examinam a votação dos colonos para entender como Likud e Israel Beiteinu perderam quase um quarto da sua força somada, baixando de 42 assentos na Knesset para 31 assentos. Uma avaliação preliminar sugere que superestimaram o voto dos chamados colonos ideológicos que correspondem a cerca de 5% da população israelense, e a uma porcentagem ainda menor do total do eleitorado israelense e que inclui os árabes. E por que isso? Porque segundo os próprios colonos, apenas cerca de 45% dos israelenses que vivem na Cisjordânia (menos Jerusalém Oriental) se identificam com o núcleo duro do movimento de colonização nacional-religioso ideológico. E porque apenas 51% dos colonos são habilitados a votar (49% são menores de 18 anos), comparado aos 72% da população total israelense em condições de voto. É verdade que a taxa de comparecimento às urnas entre os colonos é maior que a média nacional – cerca de 80% contra 67%, mas como o número real de eleitores residentes na Cisjordânia é muito pequeno comparado ao total nacional, mesmo o grande com-

parecimento às urnas faz uma diferença irrelevante. Afinal, em quem os colonos votaram? A população de colonos não é monolítica: há os colonos “ideológicos”, aqueles que escolheram viver além da Linha Verde (que no mapa separa o Estado de Israel de antes da ocupação dos territórios da Cisjordânia em 1967), cumprindo uma missão bíblica, e os colonos da “qualidade de vida”, que foram para a Cisjordânia em busca de habitação mais barata. A maioria dos colonos “ideológicos” vive em povoados remotos, longe da Linha Verde; os outros habitam geralmente mais próximo de Israel, nos chamados “blocos de assentamentos”, que podem ser anexados a Israel no contexto de um acordo de paz israelense-palestino. Esta categoria inclui assentamentos predominantemente seculares e também assentamentos em grande parte ou exclusivamente ultraortodoxos. Nos ultraortodoxos, a esmagadora maioria dos votos (95% em Modi’in Illit, por exemplo) foi para os partidos ultraortodoxos Yahadut Hatorá (Judaísmo da Torá) e Shas. Nos assentamentos principalmente seculares a votação é um pouco à direita do padrão de votação nacional. O mais interessante, no entanto, é o padrão de votação entre os colonos ideológicos, o dínamo do movimento dos assentamentos da Cisjordânia. Ali, a extrema-direita reina suprema. Nos assentamentos ultrarradicais próximos a Nablus e Hebron, o principal partido é >>

A população de colonos não é monolítica: há os colonos “ideológicos”, aqueles que escolheram viver além da Linha Verde, cumprindo uma missão bíblica, e os colonos da “qualidade de vida”, que foram para a Cisjordânia em busca de habitação mais barata MAPA DA CISJORDÂNIA, A LESTE DO RIO JORDÃO, COM ASSENTAMENTOS MARCADOS POR BOLINHAS AZUIS


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O RESULTADO DESTAS ELEIÇÕES VAI INFLUIR NO FUTURO DESTAS CRIANÇAS DOS ASSENTAMENTOS

>> o kahanista Otzmá Le-Israel (“Poder para Israel”). Este partido extremista, que no âmbito nacional não atingiu 2% dos votos, mínimo necessário para conquistar uma cadeira na Knesset, foi um dos três partidos mais votados em assentamentos ideológicos. Em Itzhar, recebeu 72% dos votos, em Tapuach 30%, em Kiriat Arba 28% e em Elon Moré 27%. Mesmo nos assentamentos nacional-religiosos menos radicais, teve votação de dois dígitos: 24% em Shiló, 14% em Karnei Shomron e 13% em Kedumim. Nos assentamentos ideologicamente menos radicais, o grande vencedor é o Habayit Hayehudi de Naftali Bennet, nova encarnação do Partido Nacional-Religioso (ex-Mafdal), de extrema-direita. Em Kedumim, teve 70% dos votos, em Ofrá 74%, 71% em Eli, 78% em Psagot e 55% em Elon Moré. Nacionalmente, o partido de Bennet alcançou 9%. Em quase todos os assentamentos ideológicos, Habayit Hayehudi e Otzmá Le-Israel somados receberam entre 80 e 90% dos votos. O mais impressionante é o Likud que ficou muito atrás, com 5% (Matityahu, Itzhar), 8% (Beit El, Hagai), 11% (Kedumim, Ofrá), 12% (Psagot) ou 13% (Elon Moré) dos colonos ideológicos. O que depreender desse padrão? Primeiro, reafirma que a visão de mundo dos colonos ideológicos é muito diferente daquela da maioria dos israelenses. Segundo, revela que os colonos ideológicos foram muito bem-sucedidos ao propagar a imagem de uma capacidade eleitoral maior do que a realidade. Terceiro, mostra o êxito na manipulação do Likud. Nos últimos anos, os colonos ideológicos se registraram em massa como membros no Comitê Central do partido, adquirindo assim o direito de votar nas eleições primárias. Isso expli-

ca, em grande parte, o número de líderes extremistas do Likud nas primárias de novembro passado, e a rejeição aos relativamente moderados, como Dan Meridor. Quarto, embora os colonos tenham trabalhado arduamente para moldar a composição da lista do Likud para a Knesset de acordo com seus anseios, votaram em partidos da extrema-direita. E, último, convém considerar que numericamente, o voto dos colonos ideológicos corresponde a talvez 2 ou 3% do eleitorado total de Israel. É verdade que têm uma grande capacidade de mobilização e são um influente grupo de pressão, mas numericamente são poucos. Netaniahu deve considerar todos estes aspectos quando – e se – Obama, que vai a Israel ainda neste semestre, pela primeira vez, e Yair Lapid o pressionarem a enfrentar os assentamentos em busca da paz. * Ori Nir, foi correspondente do Forward em Washington e é portavoz dos Americanos para a Paz Agora (Americans for Peace Now) Tradução de Yosi Turel

Embora os colonos tenham trabalhado arduamente para moldar a composição da lista do Likud para a Knesset de acordo com seus anseios, votaram em partidos da extremadireita


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magazine > religião | por Ariel Finguerman, em Jerusalém

RAPHAEL FREEMAN QUER FACILITAR O ACESSO AO TALMUD

Agora, o Talmud no seu celular

EM ENTREVISTA À REVISTA HEBRAICA, O EDITOR DA MAIS MODERNA EDIÇÃO DO TALMUD JÁ REALIZADA EXPLICA COMO A OBRA MILENAR SE TORNARÁ APP – ABREVIAÇÃO PARA APPLICATION (COMPUTER PROGRAM) – E PODERÁ SER TUITADA

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povo judeu vive na atualidade um transtorno de dupla personalidade – ao menos em sua relação com o Talmud. Para o público religioso judeu, trata-se de uma obra venerada, inspirada por Deus e a base de toda a vida cotidiana. Mas para a parcela laica, o Talmud é um ilustre desconhecido, escrito em linguagem hermética, incompreensível e que não apita nada em suas vidas. Agora dois gigantes do mundo judaico – a Editora Koren, responsável por uma das melhores edições da Bíblia he-

braica da atualidade, e o rabino Adin Steinsaltz, o gênio talmúdico da nossa geração – juntaram forças para tentar curar este mal: estão lançando a mais moderna edição do Talmud já realizada, que colocará esta obra ao alcance de qualquer interessado (que entenda inglês). “A filosofia de Steinsaltz, e também a nossa, é que todos possam ter acesso ao Talmud, não seja um documento secreto ou algo somente para a elite”, diz o editor-executivo da Editora Koren Raphael Freeman, em entrevista à revista Hebraica em seu escritório de Jerusalém. O novo Talmud Koren-Steinsaltz realmente dá vontade de ler. Contém o texto clássico talmúdico, em aramaico, mas com uma grande novidade: pontinhos nos caracteres hebraicos para facilitar a leitura. Mais importante ainda, o texto inteiro aparece traduzido em inglês e com comentários de Steinsaltz que facilitam a compreensão. Há ainda ilustrações a cores para facilitar o entendimento, o que certamente assombraria talmudistas do passado como Rashi e Maimônides. Por exemplo, o Talmud diz que “quando o rabino Sheshet fazia uma reverência a alguém, o fazia como uma Hizra”. A edição Steinsaltz-Koren explica a palavra hizra, ilustrando-a com uma foto de bambus, informando que esta deve ser a planta mencionada, devido à sua flexibilidade. Outras técnicas atualíssimas foram recrutadas para esta edição de modo a tentar quebrar as barreiras do leitor com o Talmud. As páginas são em cor creme, que já substituiu o branco em boa parte dos livros da atualidade, porque provoca menos contraste que o preto-branco e assim cansa menos os olhos. O editor Freeman, com a larga experiência de ter trabalhado no jornal The Jerusalem Post, também teve o cuidado de colocar parágrafos completos em cada página, evitando quebrá-los a cada virada de folha, para facilitar a vida do leitor. Também espalhou trechos em branco por todo o livro, para que se possa “respirar” durante a leitura.

Mas um passo fundamental para atrair o leitor contemporâneo ao Talmud é a entrada no mundo das APP’s e das redes sociais. Formado em ciências da computação em sua Inglaterra natal, Freeman montou na Editora Koren uma equipe especializada para transformar o Talmud em aplicação para ipads. Entre as novidades em estágio de produção, um botão virtual para ser clicado ao final de cada tratado talmúdico, para avisar os amigos via Facebook ou Twitter do término da façanha. “Hoje corri quatorze quilômetros antes de vir trabalhar e coloquei isto no meu Facebook. Concluir o estudo de um tratado do Talmud também é uma coisa que as pessoas vão gostar de compartilhar na rede social”, diz o editor. Devido à atual concorrência existente entre as grandes editoras de Talmud (ver box), o editor não quer divulgar quais ferramentas sua equipe desenvolve para sua APP. “Queremos desenvolver algo realmente novo, que espante até os não judeus. Nossa intenção é mudar o jeito como as pessoas leem um texto. Não posso revelar mais sobre isto até o lançamento. Quando você verem, entenderão.” Apesar da ala ultraortodoxa de Jerusalém já ter demonizado o iphone e outras inovações do mundo tecnológico, isto não afeta a mentalidade da Editora Koren, que também é uma empresa religiosa. “Aplicações e redes sociais são ferramentas poderosas que ajudam a expor mais a informação e fazer com que a experiência de aprender o Talmud aconteça num outro nível”, diz Freeman. Com tanta facilidade moderna para se ler o Talmud sozinho em casa, cabe pensar se o método tradicional de estudo – em grupos ou ao menos em dupla, chamada chavrutá –, não estaria com os dias contados. “É uma questão interessante. Não pensei nisto antes”, diz o editor. “Mas aprender Talmud me parece que será sempre uma experiência social. Penso que os leitores modernos usarão a versão em APP mais como um pre-

paro para o shiur (‘aula’) ou então para se preparar para a chavrutá.” A aliança entre estes dois gigantes, a Editora Koren e o talmudista Steinsaltz, foi uma bênção para ambos. A Koren é famosa por sua Bíblia hebraica, considerada a versão definitiva por públicos tão diversos como o Tzahal – que dá de presente uma Bíblia da Koren para cada soldado alistado – e os ultraortodoxos de Mea Shearim. Mas até agora não havia entrado no mundo do Talmud, e a associação com Steinsaltz foi uma oportunidade. Já para Steinsaltz, ser publicado pela Koren é a oportunidade de quebrar certas resistências ao seu nome entre o público mais conservador. O rabino israelense é muito apreciado tanto por religiosos modernos quanto por gentios. Recebeu o Prêmio Israel, a maior condecoração do país, foi chamado de “brilhante” pela revista Time e lecionou na Sorbonne e na Universidade de Oxford. Mas no “mundinho” ortodoxo, é considerado liberal demais e pouco rigoroso em sua abordagem. “O fato de publicar seu Talmud será bom também para o rabino Steinsaltz”, diz o editor Freeman. “A resistência a seu trabalho não faz mais sentido, mas como somos uma editora consagrada, estamos dando a ele um carimbo de autenticidade válido para todo o mundo ortodoxo.”

Gigantes disputam o leitor O rabino Steinsaltz não está sozinho no mercado do Talmud dirigido ao grande público. Enquanto trabalha em Israel sob a bênção dos rabinos da linha hassídica Chabad, a que pertence, e admirado tanto por religiosos de cabeça aberta quanto pelo pessoal moderno que usa kipá tricotada, o maior competidor de Steinsaltz é nos EUA, a Editora ArtScroll, venerada pela ala mais ortodoxa e conservadora do judaísmo. O Talmud da ArtScroll, que também traz o texto original esmiuçado em hebraico moderno e em inglês, é conhecido como Edição Schottenstein, homenageando o empresário judeu americano que financiou a obra. A ArtScroll também tem a Edição Edmond Safra, que verte o texto talmúdico para o francês, financiada pela família de banqueiros. O Talmud da ArtScroll é famoso por seu método de apresentar o texto para o leitor não iniciado, apresentando lado a lado o original em aramaico e a tradução trecho por trecho. Seus comentários são considerados elegantes e de acordo com a tradição mais rigorosa, enquanto a tradução de Steinsaltz é vista como mais acessível ao leitor comum. É difícil dizer quem é o melhor nesta disputa de gigantes.

Para Steinsaltz, ser publicado pela Koren é a oportunidade de quebrar certas resistências ao seu nome entre o público mais conservador. O rabino israelense é muito apreciado tanto por religiosos modernos quanto por gentios


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magazine > ciência | por Dan Even

Nanotecnologia de Israel abre novos horizontes EM DEZ ANOS, OS PESQUISADORES ESPERAM CONSTRUIR MODELOS COMPUTADORIZADOS DAS ATIVIDADES CEREBRAIS PARA AJUDAR NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS NEUROLÓGICAS, E PRODUZIR ROBÔS MINÚSCULOS QUE PASSEARÃO PELO CORPO HUMANO E TRANSMITIRÃO DADOS EM TEMPO REAL

U

m projeto deverá programar um modelo matemático computadorizado do cérebro humano a partir do qual poderão ser desenvolvidos “computadores biológicos” baseados na atividade do cérebro humano, de modo a se criar computadores com habilidades sociais capazes de expressar emoções. Outro vai desenvolver um fio de carbono com a espessura de um átomo, chamado grafeno, que será o futuro do mundo da miniaturização. Ambos venceram a disputa pelo financiamento de um bilhão de euros instituído pelo Programa de Investigação e Desenvolvimento da União Europeia. De ambos participam cientistas israelenses do Instituto Weizman e da Universidade Hebraica de Jerusalém. Concorreram vinte e uma equipes de pesquisadores, seis passaram para a fase final e duas foram as escolhidas. O objetivo é compreender o cérebro humano, um dos grandes desafios da ciência moderna, e consolidar o conhecimento a respeito do cérebro a partir de pesquisas já realizadas e construir modelos de atividades cerebrais com computadores. O objetivo é programar um modelo matemático computadorizado do cérebro e desenvolver “computadores biológicos” com base nas atividades cerebrais de modo a construir computadores que possam expressar emoções. O primeiro passo foi dado em maio de 2005, no chamado Blue Brain Project (Projeto do Cérebro Azul), pelo neurocientista Henry Markram – do Instituto Suíço de Tecnologia, em Lausanne –, que se doutorou no Instituto Weizmann. Markram dirige o atual projeto com pesquisadores do Instituto Weizmann e da Universidade Hebraica de Jerusalém, como o professor Idan Segev do Centro de Pesquisa do Cérebro Edmond e

Lily Safra da Universidade Hebraica, especialista em computação neural. O projeto Blue Brain era imitar a matemática dos processos cerebrais a partir de imagens matemáticas cerebrais, num processo de “engenharia reversa”. “A ideia era usar os dados existentes acerca do comportamento das várias células nervosas com suas interconexões, construir um modelo matemático ordenado de todos os processos e, desta forma, avaliar a mente e reconstruir reversamente como ela funciona”, explica Segev. Ele e Markram conseguiram descrever a seção central de milhares de células nervosas do cérebro de um camundongo de centenas, por meio de um modelo matemático, e certificando-se de que, na simulação computadorizada, as conexões entre as células cerebrais se comportam de forma semelhante ao comportamento das células nervosas no córtex cerebral do rato. Os pesquisadores do projeto atual querem programar um modelo matemático que simule o cérebro humano para entender a atividade do cérebro e os mecanismos relacionados às doenças que se expressam na condução patológica das células nervosas. E planejam projetar e desenvolver computadores biológicos baseados na atividade cerebral, que simularão a atividade do cérebro humano e que serão extremamente eficientes no estudo do uso da eletricidade. “Nossos cérebros consomem doze watts por dia, muito pouco para execu-

YADIN DUDAÍ (ESQ) COM O PROFESSOR PERETZ LAVIE, PRESIDENTE DO TECHNION E ESPECIALISTA EM PSICOFISIOLOGIA DO SONO

tar milhões de cálculos. Se conseguirmos entender completamente a atividade cerebral, poderemos desenvolver chips de computador que produzem cálculos com baixo consumo de energia e uma nova geração de computadores energeticamente eficientes, que simulam a atividade das células nervosas”, diz Segev. Outro ramo do projeto avança em direção a um banco de dados acessível a médicos e pesquisadores com informações a respeito de todas as doenças neurológicas – as 560 conhecidas, relacionadas a lesões ou à atividade cerebral, como o mal de Alzheimer, Parkinson, epilepsia e doenças psiquiátricas como esquizofrenia, depressão, e perturbações do sono. “O objetivo é documentar as doenças e suas bases genéticas e neurais, e construir um banco de dados que possibilitará encontrar a conexão entre as doenças, e o tratamento médico”, diz Segev. Também planejam usar os museus de ciência na Europa, e em Jerusalém, para atualizar o público com as novas descobertas ao longo do projeto. A atividade elétrica das células individuais do cérebro vivo será analisada para construir a simulação matemática do cérebro humano por meio de tecidos removidos de pes-

soas que sofrem de tumores benignos e cancerosos do cérebro, e de pacientes submetidos a cirurgia cerebral profunda. “Nos pacientes dos quais foram removidos tumores ou focos epilépticos, na maioria dos casos o tecido cerebral retirado vai para o lixo. Sob certas condições, em soluções fisiológicas que simulam o ambiente cerebral, podemos estudar durante um dia inteiro a atividade elétrica das células e, com as informações, elaborar modelos matemáticos”, diz Segev. Limites éticos da ciência O segundo projeto é o grafeno, do qual também participam pesquisadores israelenses em nanotecnologia, e é dirigido pelo físico finlandês Jari Kinaret, da Universidade de Tecnologia Chalmers, na Suécia. Trata-se de desenvolver um >>

Futuras descobertas podem favorecer o desenvolvimento de computadores com características do cérebro humano, incluindo habilidades sociais e emocionais, e, portanto, questões éticas difíceis


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MAKRAM REUNIU PESQUISADORES EM NEUROCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE HEBRAICA DE JERUSALÉM

>> fio com a espessura de um único átomo de carbono, chamado grafeno, que será a base futura da miniaturização no mundo. Por meio do grafeno, usado como condutor elétrico e de calor, muito leve e flexível, a ideia é desenvolver instrumentos em miniatura para projetar robôs miniaturizados que poderão produzir energia e transmitir dados do interior do corpo humano. Estas futuras descobertas podem favorecer o desenvolvimento de computadores com características do cérebro humano, incluindo habilidades sociais e emocionais, e, portanto, questões éticas difíceis. “Isso vai além dos próximos dez anos, mas acreditamos poder construir uma máquina inspirada no cérebro, e não há razão para ela não ter habilidades cerebrais semelhantes às do cérebro humano. De maneira similar ao cérebro que executa processos de aprendizagem rápida, a próxima geração de computadores será de máquinas capazes de aprender”, diz Idan Segev. “Algumas coisas assustam o público quando se trata de cérebros artificiais, e esses temores se justificam, mas especialistas em ética acompanham a pesquisa e podem responder às perguntas que preocupam o público a respeito do cérebro humano.” Filósofos e cientistas estão sendo preparados para acompanhar o projeto do cérebro humano, desde o início, e responder às preocupações em relação a “computadores que dominarão o homem”. Segundo o pesquisador da memória no Instituto Weizmann de Ciências, professor Yadin Dudaí, parceiro da pesquisa e membro da equipe de ética, “estamos a

caminho de um monumental desenvolvimento tecnológico, mas os computadores com cérebros humanos ou que dominarão as pessoas não estarão disponíveis nos próximos anos. Estamos muito longe de computadores com habilidades sociais e emoções, e inicialmente nos limitaremos ao modelo matemático do cérebro, que permitirá simular as funções cerebrais básicas. Toda pesquisa científica causa impactos éticos e é importante o debate público em torno destes impactos. A pesquisa abre uma porta para a imaginação, mas no prazo de dez anos ainda não haverá um robô capaz de realizar interação com pessoas”, afirma Dudaí. Uma das características do cérebro que merecerá ênfase na pesquisa é a capacidade de aprender, de modo a desenvolver robôs em condições de aprender os hábitos dos operadores, semelhantes à capacidade de aprendizagem do cérebro. “Estamos cientes do fato que, no futuro, como em todas as áreas de pesquisa, as implicações potenciais de um robô capaz de pensar e agir transcendem o indivíduo, mas a equipe de ética examinará escrupulosamente todos os impactos futuros possíveis, e os levará ao público para seu escrutínio”, diz Dudai. “Enquanto isso, convém colocar as coisas em perspectiva. Estamos muito distantes de desenvolver robôs tipo Avatar, com a capacidade de dominar a raça humana.” Para Segev, o desenvolvimento de um computador contendo uma memória semelhante à da mente humana “é necessário para compreender o cérebro totalmente, e para avançar no tratamento de doenças. Embora isso leve à possibilidade de manipulações, a sociedade vai decidir quais os limites do uso desse conhecimento. Como cientista não estabeleço limites, e não construo robôs para substituir seres humanos, mas para trazer conhecimento à sociedade e desenvolver meios e modos para lidar com as muitas doenças do cérebro. É a sociedade quem decide os limites do uso dos conhecimentos”. Tradução de Yosi Turel

“Algumas coisas assustam o público quando se trata de cérebros artificiais, e esses temores se justificam, mas especialistas em ética acompanham a pesquisa e podem responder às perguntas que preocupam o público a respeito do cérebro humano.” (Idan Segev, da Universidade Hebraica)


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magazine > documentário 1 | por Nirit Anderman CARTAZ DO DOCUMENTÁRIO COTADO PARA GANHAR O OSCAR DE MELHOR FILME DO GÊNERO

Um marco na história de Israel OS SEIS ENTREVISTADOS NO DOCUMENTÁRIO THE GATEKEEPERS ARRISCARAM A VIDA DE VÁRIAS PESSOAS ENVIANDO-AS AO TERRITÓRIO DO INIMIGO. OS SEIS TAMBÉM CONCORDARAM QUE DETIDOS PARA INTERROGATÓRIO FOSSEM TORTURADOS, CONVENCERAM CIDADÃOS A TRAIR OS PRÓPRIOS PAÍSES E ORDENARAM ASSASSINATOS SELETIVOS

O

s seis entrevistados em The Gatekeepers dirigiram o Shin Bet (diminutivo do hebraico Shabak que vem a ser sherut bitachon klali – serviço de segurança geral), uma das agências de segurança mais importantes do país. Eles usaram o seu grande poder para evitar ataques terroristas e proteger a população de Israel, mas, para isso, o preço moral e em vidas foi muitas vezes enorme. Os seis conheceram muito bem o lado mais violento e cruel do conflito israelense-palestino, deram informações surpreendentes e fizeram revelações chocantes a respeito da realidade israelense. O filme ganhou o prêmio de melhor documentário da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, porque o diretor Dror Moré extraiu afirmações sinceras e análises fascinantes dos ex chefes do Shin Bet. Eles reconhecem erros cometidos no exercício das funções e criticam as decisões tomadas

pelos líderes políticos aos quais explicavam as suas ações. “Depois dos combates é preciso construir a paz por intermédio de relações de confiança. Conheço bem os palestinos e sei que podemos criar esta reação com eles”, revela o chefe do Shin Bet de 2000 e 2005 Avi Dichter. “No Estado de Israel, é um luxo não conversar com nossos inimigos”, concorda Avraham Shalom, comandante do serviço de segurança entre 19801986. “Devemos falar com qualquer um que esteja disposto, incluindo o Hamas, o Jihad Islâmico e o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo se a resposta for insolente, sou a favor de ten-

tar conversar. Não há alternativa”, afirma Shalom. “É da natureza do profissional inteligente falar com todos. Somente assim vamos ao fundo das coisas e descobrimos que ele não come vidro e vê que eu não bebo petróleo.” O filme exibe um texto escrito em 1968 pelo falecido intelectual e filósofo Yeshayahu Leibowitz, um ano após a Guerra dos Seis Dias: “Um país que controla uma população hostil de um milhão de estrangeiros será necessariamente um estado policial, com tudo o que isso significa, com repercussões na educação, na liberdade de expressão e de pensamento e naquilo que expressa um governo democrático. A corrupção que caracteriza todo regime colonial, também infectará o Estado de Israel. Por um lado, a administração terá de lidar com o fim dos movimentos rebeldes árabes, e, por outro, recrutar colaboradores e traidores árabes”. O chefe do Shin Bet entre 2005 e 2011 Yuval Diskin concorda com cada palavra. No documentário, o chefe do Shin Bet entre 1996-2000 Ami

Ayalon, duvida da eficácia dos assassinatos seletivos de líderes espirituais do inimigo. E o antecessor imediato de Ayalon na agência de segurança Carmi Gillon acredita na possibilidade de um novo atentado político em Israel como aquele que matou o primeiro-ministro Itzhak Rabin, em 1995, quando os assentamentos judaicos na Cisjordânia forem evacuados. Para o chefe da agência de 1988 a 1994 Jacob Pery, qualquer um que serviu no Shin Bet e lembra das operações noturnas em residências de famílias assustadas para prender “acaba virando um pouco esquerdista”. Os seis ex-diretores do Shin Bet reconheceram também que a ocupação da >>

The Gatekeepers foi exibido nos cinemas e cinematecas de Jerusalém, Tel Aviv e Haifa e é um dos cinco finalistas ao Oscar de melhor documentário. O filme de Dror Moré a respeito do Shin Bet foi apresentado pela primeira vez no último Festival de Jerusalém e depois participou dos melhores festivais mundiais, ganhou muitos prêmios e aplausos


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magazine > documentário 1

>> Cisjordânia prejudica o lado israelense. Em um dos comentários mais chocantes do filme, Avraham Shalom afirma. “O futuro é negro. A ocupação causa mudanças na sociedade, pois ao se alistar nossos jovens veem as contradições: de um lado, pretendem que seja um exército do povo, mas sentem que se trata de um exército de ocupação cruel, semelhante àquele dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial”.

ACIMA Á ESQUERDA, YUVAL DISKIN ACHA QUE NÃO SE VAI ALCANÇAR A PAZ FAZENDO A GUERRA;

À DIREITA DROR MORÉ NO SUNDANCE FILM

FESTIVAL, ONDE O

O que influenciou Sharon The Gatekeepers foi exibido nos cinemas e cinematecas de Jerusalém, Tel Aviv e Haifa e é um dos cinco finalistas ao Oscar de melhor documentário. O filme de Dror Moré a respeito do Shin Bet foi apresentado pela primeira vez no último Festival de Jerusalém e depois participou dos melhores festivais mundiais, ganhou muitos prêmios e conseguiu aplausos e críticas favoráveis dos especialistas. No certame promovido pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos Estados Unidos, The Gatekeepers venceu Este não É um Filme, do diretor iraniano Jafar Panahi, que teria sido contrabandeado do Irã para a França em um bolo, antes do último Festival de Cinema de Cannes. O filme israelense também ganhou o prêmio de melhor documentário dos Críticos de Cinema de Los Angeles e o segundo lugar dos Críticos de Cinema

FILME FOI EXIBIDO E ACLAMADO

de Nova York. Ele é um dos melhores filmes de 2012 segundo o New York Times, Los Angeles Times e a revista americana Entertainment Weekly. A ideia do filme surgiu quando o diretor Dror trabalhava na fita Sharon, em 2008. Dov Weisglass, ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, confessou que Ariel Sharon fora profundamente influenciado por uma entrevista concedida em 2003 ao repórter de assuntos militares Alex Fishman, do diário Yedioth Achronot, na qual, segundo quatro chefes do Shin Bet, Israel chegaria a um impasse se Sharon continuasse governando o país como vinha fazendo. Weisglass explicou que o primeiro-ministro ficou muito abalado com os comentários dos responsáveis pela segurança e a defesa do país. Moré também se inspirou no filme de Errol Morris Sob a Névoa da Guerra: Onze Lições da Vida de Robert S. McNa-

mara, a respeito do secretário da defesa americano, e já exibido no Brasil. Moré aproximou-se primeiro de Ami Ayalon que aceitou convencer os outros diretores do Shin Bet para participar do filme, menos Yuval Diskin que, à época, ainda dirigia a agência. Depois deu seu depoimento. The Gatekeepers é uma coprodução israelense, francesa e belga, compreende o período de 1967 até agora e os eventos que ocorreram nestes 45 anos. Os entrevistados descrevem dificuldades, desafios, discussões e os dilemas morais das prisões em massa de palestinos, a primeira intifada, atentados suicidas, manifestações da direita contra os Acordos de Oslo, o assassinato de Rabin, a segunda intifada, etc. O documentário trata do incidente do ônibus 300, de 1984, no qual terroristas sequestraram um ônibus israelense, foram fotografados vivos, algemados e depois, mortos. O então chefe do Shin Bet, Avraham Shalom, deu a ordem para matá-los e na entrevista recusou-se a discutir o assunto. Mas no filme o caso é explorado em detalhes. O documentário é o filme mais caro já produzido em Israel, ao custo de cerca de 1.5 milhões de euros, mais o apoio do Canal 1 e da Fundação Yehoshua Rabinowitz, criada para incentivar o cinema no país. A animação tridimensional reproduz cenas inteiras, como o resgate dos reféns no ônibus 300, por exemplo. “É importante o espectador saber que o filme se vale de documentos originais”, disse Moré, “e isso principalmente em momentos de pouco material visual, como no caso do ônibus 300, um dos eventos mais importantes do Estado de Israel, e que quase derrubou o governo”. Shalom finalmente aceitou falar do caso o que valoriza muito o filme. Moré reconhece ter sido surpreendido pelos entrevistados. “Em cada entrevista ficava perplexo muitas vezes”, diz ele, como quando perguntou a Yuval Diskin acerca de uma ordem ilegal. “De repente, acontece este monólogo, que abre o filme, a respeito de o que acontece com você quando acorda e decide tirar a vida de um ser humano. Eu absolutamente não esperava uma coisa dessas.” Trabalho sujo Moré revela que Diskin, junto com Moshé Yaalon, agora membro do gabinete, e ex-chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, é chamado de o “pai do assassinato seletivo”. “Interessam mais o escrúpulo moral e a razão psicológica que levam uma pessoa a tomar uma decisão dessas. Os integrantes do Shin Bet”, diz Moré, “nada mais são do que emissários. Eles são enviados pelo Estado de Israel para lidar com o conflito palestino-israelense, em nome do país. Para o público israelense, especialmente em Tel Aviv, é sempre muito fácil criticar e dizer que o Shin Bet é violento”, afirma Moré. “É importante que critiquem, mas também é preciso lembrar que o pessoal do Shin Bet faz o trabalho sujo e asqueroso em nosso nome e não pode ser de outro modo, para que possamos nos sentar aqui e conversar em paz e tranquilidade sem correr o risco de

morrer numa explosão.” E os chefes do Shin Bet tratam com os dirigentes do país da mesma forma que falaram com ele, Moré?: “Imagino que tomaram consciência dos fatos depois que deixaram os cargos. Por isso puderam olhar para trás num retrospecto do trabalho que realizaram. Além disso, os chefes do Shin Bet são funcionários do governo. Yuval Diskin, por exemplo, contou que em, alguns casos, as discussões terminavam em berros e xingamentos a ponto de não se poder distinguir entre o chefe do Shin Bet e o primeiroministro.” No filme “os entrevistados não expressam opiniões políticas, não revelam posições ideológicas. São pragmáticos com uma profunda compreensão do que este conflito tem custado, custa e continuará a custar se tudo continuar sendo tratado do mesmo jeito que agora. Sabem disso, usaram a força e como nossos representantes fizeram todo o possível para acabar com o terror e a insegurança e hoje dizem: ‘Chega, não é possível continuar por esse caminho. Já usamos força o suficiente. Ela não funciona e também não vai funcionar [no futuro]’. Mas o problema está nos diplomatas e nos políticos aos quais cabe decidir para onde querem levar este país e nem sempre cumprem suas tarefas. De todo modo, é importante não deixar a impressão de que o palestino é um parceiro maravilhoso”, afirma Moré. Realizar este filme fez do diretor mais otimista ou pessimista? “Muito mais pessimista. Nós passamos do ponto sem retorno, e não vejo hoje um líder capaz de tomar as decisões necessárias para resolver este conflito. Os chefes do Shin Bet são muito mais otimistas do que eu e dizem: ‘Não seja pessimista, porque a liderança firme e forte pode fazer isto’. Mas como não vejo esse tipo de liderança no horizonte, perdi a esperança. Para mim o último dos gigantes que podiam fazer isso, está em coma há seis anos [o primeiro-ministro Ariel Sharon]. Hoje na política israelense ninguém é capaz de levar esta carga. Tudo é lúgubre e deprimente.”

Moré revela que Diskin, junto com Moshé Yaalon, agora membro do gabinete, e ex-chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, é chamado de o “pai do assassinato seletivo”


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magazine > documentário 2 | por Julio Nobre CINCO CÂMERAS QUEBRADAS DISPUTA O OSCAR DE MELHOR DOCUMENTÁRIO COM

OS GUARDIÃES

E o Oscar vai para... QUANDO ESTA EDIÇÃO CHEGAR À CASO DO LEITOR, JÁ SERÁ CONHECIDO O VENCEDOR DO OSCAR 2013 DE MELHOR DOCUMENTÁRIO. MAS VALE A PENA MOSTRAR QUEM FORAM OS CONCORRENTES DO ISRAELENSE OS GUARDIÃES (THE GATEKEEPERS)

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produção de Os Guardiões (2012) foi mais um sinal da pujança da democracia israelense, onde tudo, virtualmente tudo é intensamente debatido, até mesmo a delicada questão da segurança interna comandada pelo Shin Bet. O confl ito israelo-palestino ficou sob o holofote nas semanas que antecederam a premiação da Academia de Cinema de Hollywood porque outro documentário sobre o problema aparece entre os indicados. Cinco Câmeras Quebradas (Five Broken Cameras – 2011) enfrenta Os Guardiães, ao lado de Searching Sugar Man, How to Survive a Plague e The Invisible War. Cinco Câmeras Quebradas, documentário palestino dirigido por Emad Burnat e Guy Davidi, lembra em alguns aspectos o filme da brasileira Julia Bacha (Budrus – 2009), sobre formas de resistência não violenta contra a ocupação militar israelense. Desta vez o cenário é a aldeia de Bil’in, na Cisjordânia, onde o protagonista decide registrar com a câmera as cenas do conflito entre militares e civis quando Israel resolve construir na aldeia a Muro da Separação. O filme foi inteiramente gravado pelo agricultor palestino Burnat, que comprou a primeira câmera em 2005 para registrar o nascimento do filho caçula. As gravações foram mais tarde entregues ao israelense Davidi para a edição e montagem finais. Ao longo do processo de cinco anos, ele teve cinco câmeras quebradas pelas forças israelenses. E cada uma dessas câmeras representa em si mesma um aspecto do conflito, pela violência com que foi destruída. O esquema de codireção israelo-palestina suscitou a polêmica: o filme é israelense ou palestino? Quando foi indicado pela Academia de Cinema de Hollywood, a embaixada de Israel em Washington classificou-o como “produção israelense” gerando celeuma. Os outros três concorrentes seguem o cânone cinematográfico de Hollywood nesse tipo de premiação. Searching Sugar Man (“À Procura de Sugar Man”, 2012), dirigido por Mark

Bendjelloul, mostra dois sul-africanos em busca de um ídolo musical pop. Em The Invisible War (“A Guerra Invisível”, 2012), Kirby Dick constrói um documentário investigativo sobre uma onda de estupros contra soldados mulheres no exército americano – tema emocionalmente explosivo para as audiências dos EUA. How to Survive a Plague (“Como Sobreviver a uma Peste”, 2012) também deve mexer com Hollywood, duramente atingida que foi pela epidemia de aids nos anos 1980. O documentário dirigido por David France conta a história de duas organizações – Act Up e TAG (Treatment Action Group) – que ajudaram a mudar radicalmente a maneira como a doença deveria ser encarada e tratada. Tanto o filme palestino quanto o israelense desnudam o caráter perverso da ocupação militar israelense na Cisjordânia e apontam para a necessidade de se chegar a um acordo de paz. No caso do filme de Burnat, são especialmente arrebatadoras as cenas já proverbiais em que aldeões palestinos armados de paus e pedras enfrentam uma força militar moderna e bem treinada. No caso do filme de Moré, temos um retrato devastador da natureza da ocupação israelense através dos depoimentos dos dirigentes das forças de segurança. Não importa qual deles – ou se um deles – será o escolhido porque a simples indicação desses dois documentários já fornece sinais muito claros de para onde caminha a política norte-americana em relação ao conflito israelo-palestino nos próximos anos.


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magazine > cinema | por David Sterritt *

Este Lincoln não merecia um Spielberg COM LINCOLN, MAIS UMA VEZ STEVEN SPIELBERG É ACUSADO DE ERRAR NA MÃO QUANDO RESOLVE FILMAR TEMAS HISTÓRICOS. AINDA BEM QUE HÁ O TALENTO INQUESTIONÁVEL DE DANIEL DAY-LEWIS...

L

incoln nasce das câmeras de Steven Spielberg, provavelmente o mais influente contador de histórias no cinema moderno, e certamente um dos mais irritantes. Vários dos seus primeiros fi lmes – Tubarão (1975), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), Caçadores da Arca Perdida (1981), ET – O Extraterrestre (1982) – merecem lugar de destaque no hall da fama dos fi lmes do gênero fantasia. Mas quando os temas não são puro faz-de-conta, os seus fi lmes tendem a encalhar nas complexidades do mundo real em que a imaginação solta não pode dar conta do recado. Este problema é ainda mais evidente quando Spielberg trata de temas históricos importantes inadequados a um espetáculo sentimental. Para perceber os méritos de A Lista de Schindler (1993), é preciso esquecer a maneira como o cineasta reduz os nazistas a psicopatas, e as vítimas do Holocausto, a cifras. Cavalo de Guerra (2012) transforma toda a Primeira Guerra Mundial em um melodrama vistoso a respeito de um garoto e seu cavalo baio. Uma cena piegas de o Resgate do Soldado Ryan (1998) finge que o presidente Franklin Roosevelt era menos deficiente físico do que a história sugere. E há ainda Munique (2005), acerca das represálias israelenses contra terroristas depois do massacre dos Jogos Olímpicos, em 1972. Depois de duas horas e meia de melodrama violento, o filme atinge o seu pesado clímax em uma cena que intercala o orgasmo de um personagem com flashbacks dos assassinatos que planejou. Com essa montagem infame, a história, à moda de Spielberg, atinge o seu ponto mais baixo. Lincoln é consideravelmente superior à maior parte dos filmes mencionados acima. Tony Kushner, que escreveu Munique, baseou o roteiro, em parte, no livro da historiadora Doris Kearns Goodwin: Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln (Time de Rivais: O Gênio Político de Abraham

Lincoln), publicado em 2005. O filme enfoca alguns dias de janeiro de 1865 – aliás, uma decisão prudente, pois Spielberg desenvolve esse breve período em uma saga de duas horas e meia. A cena de abertura mostra um pouco do caos e da carnificina da Guerra Civil, e lembra, embora ainda esteja bem longe, o deslumbrante episódio do desembarque do Dia D que dá ao Resgate do Soldado Ryan os únicos momentos de grandeza. Em seguida, a atenção se volta para a política. Lincoln corre contra o relógio para obter do Congresso a aprovação da Décima Terceira Emenda, já aprovada pelo Senado, mas parada na Câmara dos Deputados, onde as opiniões estão polarizadas. Ao acabar de vez com a escravidão, a emenda vai trazer ao debate a possibilidade real de a Suprema Corte derrubar a Proclamação de Emancipação, após o fim da Guerra Civil. É cada vez mais claro que logo o Sul vai se render – no momento uma delegação confederada está a caminho de Washington– e se a notícia vazar isso poderia arruinar os planos de Lincoln. É que a indignação do Norte em relação à guerra é o instrumento mais forte de que dispõe para convencer os membros da Câmara a votar em favor da alteração, não importa

DANIEL DAY-LEWIS SENDO PREPARADO PARA REPRESENTAR LINCOLN, PERSONAGEM QUE O CATIVOU

CENA DE LINCOLN, CONSIDERADO SUPERIOR A MUITAS DAS OBRAS DE SPIELBERG

o que seus eleitores possam pensar. O conflito entre o governo e setores das duas casas do Congresso continua a ser um tema oportuno – é bom ressaltar os termos “polarizar” e “Câmara dos Deputados” acima – e, embora para o público atual a história de Lincoln não seja exatamente nova, ainda é bem dramática. Ou seria, se Kushner tivesse escrito diálogos mais expressivos e menos discursos prolixos. Em vez de tomar o sucinto “Discurso de Gettysburg” como modelo, Kushner prefere a narrativa lenta e frustrante – amável e paternal, mas também longa e cansativa – de Lincoln nos momentos de descontração. Mesmo para o talentoso Daniel Day-Lewis, um visionário, se alguma vez houve um, é difícil manter o interesse em uma interminável piada a respeito de um retrato de George Washington em uma latrina. Duvido que o verdadeiro Abe, o Honesto, pudesse conseguir um efeito tão soporífero sem algo apreciado pelos governantes de todos os tempos: um público cativo que tem de prestar atenção em cada palavra, queira ou não. Outro erro de cálculo é a tentativa de Spielberg de injetar suspense na votação da Câmara, o clímax do filme. Cinemas são o último lugar para ir quando se procura a verdade histórica, por isso dispenso as imprecisões de Lincoln, como o fato de a sessão de votação na vida real ter sido bem menos clara e ordeira do que a exibida na tela. Mas mesmo quem desconhece que, em 1865, a Câmara aprovou a Décima Terceira Emenda, sabe que alguma emenda pôs fim à escravidão durante a Guerra Civil, e a decisão de Spielberg de valorizar a cena da votação com closes de rostos ansiosos e a lenta contagem das cédulas é supérfluo e forçado. Day-Lewis parece o melhor Day-Lewis é o mais recente dos vários atores imponentes – e altos – escalados para retratar Abraham Lincoln em grandes filmes. Em 1930, Walter Huston fez este papel no filme homônimo de D.W. Griffith. O jovem Henry Fonda foi o pro>>


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magazine > cinema >> tagonista de A Mocidade de Lincoln, no clássico de John Ford, de 1939, e Raymond Massey foi O Libertador, em 1940, para mencionar apenas alguns. Fica de lado o recente Lincoln caçador de vampiros deitado em seu túmulo bolorento. Em contraste com os antecessores, Day-Lewis é corajoso o suficiente para amainar as qualidades mais proeminentes do personagem, tornando-o não um herói divino, mas um líder introspectivo, de personalidade paradoxalmente ambígua – pelo menos quando não divaga a respeito de George Washington e latrinas. A atuação de Day-Lewis está de acordo com a conhecida tendência depressiva de Lincoln, mas Spielberg nunca demonstrou muito interesse em psicologia. Então, o trabalho de projetar a vida interior do presidente recai inteiramente sobre o ator, que o faz com habitual facilidade. Ao contrário da estrela do filme, Spielberg vê Lincoln como um herói divino, de modo a impregnar o filme com o tipo de fundo mágico dos filmes de fantasia, evocando o brilho de santidade que a atuação de Day-Lewis inteligentemente evita. Junto com o diretor de fotografia, Janusz Kaminsky, Spielberg valoriza o ambiente com iluminação e auras que não emanam de nenhuma fonte detectável. Quando Lincoln tem uma morte trágica em uma pensão perto do Teatro Ford, a faixa de luz imaculadamente branca que banha o seu corpo tem mais a ver com o sentimentalismo hollywoodiano do que com a história americana. O tratamento que o filme dá à questão de raça às vezes também parece artificial. Como os negros eram de propriedade de brancos no Sul e dominados pelos brancos no Norte, a abolição da escravatura foi necessariamente um projeto de cima para baixo, executado principalmente por políticos brancos e lobistas poderosos. Com essas realidades em mente, Spielberg e Kushner parecem ter ficado um pouco perplexos com a seguinte questão: como atribuir aos negros papéis significativos e

Faltou contar o papel dos judeus Mas o rabino da congregação reformista Kneset Israel em Elkins Park (Pensilvânia) Lance J. Sussman, que escreveu a respeito do judaísmo americano, gostou muito do filme. No entanto, como historiador judeu americano acha que poderia ter sido melhor se Spielberg tivesse colocado ao menos um judeu no filme como “Chunk” Cohen na comédia de aventura Os Goonies. E o soldado Stanley Mellish em O Resgate do Soldado Ryan, provocando os prisioneiros alemães ao gritar que era um soldado judeu. No início de Lincoln, por exemplo, Spielberg fala rapidamente da Batalha de Jenkins’ Ferry em que dois membros da U.S. Colored Troops (tropa de soldados negros da União formada em 1863) tratam disso. Mas omite a existência do general Frederick C. Salomon, um dos comandantes da União nesse episódio, um imigrante judeu da Prússia? No telégrafo do Departamento de Guerra acontecem episódios mais interessantes e divertidos do filme. E Spielberg poderia ter mostrado Lincoln conversando lá com o telegrafista Edward Rosewater (nascido Rosenwasser, na Boêmia), que enviou a Proclamação de Emancipação em 1º de janeiro de 1863? Edward estava fora de Washington, transferido para Omaha (Nebraska), no início de 1865, período da trama do filme. Muito de Lincoln retrata a vida nos aposentos da família na Casa Branca. Por que Isachar Zacharie não é citado eis que é o podólogo judeu inglês recomendado a Lincoln pelo secretário de Guerra. Zacharie “gozava da confiança do sr. Lincoln talvez mais do que qualquer outro indivíduo privado”, segundo editorial de 24/9/1864 publicado no New York World, e “talvez o visitante familiar mais estimado na Casa Branca”. Nessa época, Zacharie se correspondia com o presidente. Segundo o rabino, Spielberg omitiu essas pessoas o que não diminui a qualidade deste que “é, de fato um grande filme americano”. Para Lance Sussman, do ponto de vista judaico, Lincoln é a oportunidade perdida de informar o público – incluindo muitos judeus –que os judeus chegaram aos Estados Unidos bem antes de os autores dos pogroms incendiarem casas no território judeu na Rússia.

SPIELBERG RECEBE BEM AS CRÍTICAS E O DINHEIRO QUE JORRA DOS SEUS FILMES

respeitosos sem o recurso de fazer média? A solução foi incluir alguns episódios nos quais os personagens afro-americanos falam por alguns momentos, depois, voltam para o segundo plano, para a verdadeira história prosseguir. Essa tática provoca alguns resultados implausíveis em que um soldado negro em um campo de batalha praticamente rosna para o presidente acerca do lento progresso dos direitos civis. Mas também produz o que considero a cena mais comovente do filme – quando o velho e rabugento Thaddeus Stevens, político republicano radical que acaba desempenhando um papel fundamental para a Emenda ser aprovada, termina o dia gratificante fazendo o habitual de todas as

noites, isto é, vai para a cama com a governanta negra, uma mulher digna e inteligente com quem é retratado na forma de um casamento caloroso e amoroso em todos os sentidos, menos diante da lei do mundo. Apesar de tudo, por noventa minutos ou mais Lincoln é razoavelmente envolvente, e deve fazer para o período da Guerra Civil o que A Lista de Schindler fez pelo Holocausto, o de conscientizar uma geração de jovens cinéfilos. Spielberg também montou um excelente elenco de apoio: Tommy Lee Jones como Stevens, cujo arranjo conciliatório no Congresso seria quase impensável na política americana hoje; David Strathairn, como William Seward, o secretário de Estado de Lincoln; Jackie Earl Haley, como Alexander Stephens, vicepresidente da Confederação e mensageiro da paz; Sally Field, como Mary Todd Lincoln, que supera a melancolia tranquila de Abe com seu próprio tipo histérico; e Joseph Gordon-Levitt como o jovem Robert Lincoln, cuja ânsia de se juntar à guerra causa as emoções mais angustiantes e fortes no pai. Outros famosos que merecem elogios são Hal Holbrook, John Hawkes e James Spader, que tiram o melhor de papéis menores. Eu não sou fã do Oscar, mas a estatueta de melhor ator para Day-Lewis é uma barbada, e é bem possível Jones e Fields levem o prêmio de melhores coadjuvantes. Nos momentos mais cansativos e pomposos, Lincoln pa-

rece o deselegante Amistad (1997) de Spielberg, que torna a história baseada em uma rebelião de escravos real, em 1839, em algo tão sem graça que Spielberg finalmente admitiu que tinha espremido a vida e a alma de um assunto até então inspirador. Desta vez, ele é resgatado por atores dedicados que vivem à altura do padrão grandioso estabelecido por Day-Lewis no papel-título. Spielberg pode não ter sido o diretor ideal para este filme biográfico ambicioso, mas Lincoln e Day-Lewis formam um par verdadeiramente memorável. * David Sterritt é presidente da Sociedade Nacional de Críticos de Cinema e professor de cinema na Universidade de Columbia e do Maryland Institute College of Art. Escreveu The Films of Alfred Hitchcock, Guiltless Pleasures: A David Sterritt Film Reader, e The Honeymooners

A atuação de Daniel DayLewis está de acordo com a conhecida tendência depressiva de Lincoln, mas Spielberg nunca demonstrou muito interesse em psicologia. Então, o trabalho de projetar a vida interior do presidente recai inteiramente sobre o ator


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magazine > a palavra | por Philologos

Nebech NEBECH É UMA PALAVRA ÍDICHE ULTRAVERSÁTIL, COMO NOS MOSTRA O NOSSO ESPECIALISTA EM TERMOS JUDAICOS. COMO MUITAS OUTRAS PALAVRAS ADOTADAS PELOS JUDEUS, A ORIGEM DE NEBECH É CONTROVERSA

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uando certa vez mencionei a palavra ídiche nebech, cuja última consoante se pronuncia como o “ch” de Bach, vários leitores se lembraram de terem sido chamados assim em algumas – e diferentes – ocasiões. Um deles, quando criança após a morte do pai, com o evidente sentido de “coitado”. Nebech é uma palavra de difícil tradução que em uma frase em ídiche pode funcionar como substantivo, adjetivo implícito, advérbio, exclamação ou locução adverbial, dependendo bastante da colocação, com a qual quem fala ou escreve em ídiche dispõe de uma grande dose de liberdade. Considere os exemplos: 1. “Der nebech hot noch amol geplontert.” (“Esse nebech bagunçou de novo.”) 2. “Er iz keynmol nit geven, nebech, a gerotener.” (“Ele nunca foi, nebech, um sucesso.”) 3. “Zi hot gebrochn a fus, nebech!” (“Ela quebrou a perna, nebech!”) 4. “Nebech, ich hob gevolt kumen, ober ich hob nit gekont.” (“Nebech, meu queria vir, mas não pude.”) 5. “Di yidn, nebech, zenen an am kshey-oyref.” (“Os judeus, nebech, são um povo teimoso.”) No primeiro desses exemplos, nebech é o sujeito da frase. No segundo, o termo vem depois do predicado (“ele nunca foi”) e está no meio da frase. Na terceira sentença, segue-se um objeto direto (“perna”) e encontra-se no fim. Na quarta, está no início e precede a tudo. No quinto, o termo está novamente no meio, mas depois do sujeito (“os judeus”).

E como traduzir esses cinco nebech em lugares diferentes? Uma maneira de fazer isso seria usar uma palavra diferente em português em cada caso. Podemos, por exemplo, traduzir a primeira frase como: “Aquele zero à esquerda bagunçou de novo”; o segundo como “o coitado nunca foi um sucesso”; o terceiro seria: “Ela quebrou a perna – que vergonha!”; o quarto como: “É muito ruim, eu queria vir, mas não pude”; e, no último, “Os judeus, sinto dizer, são um povo teimoso”. Alternativamente, podemos tentar encontrar uma única palavra para encaixar em todos os exemplos. A melhor, sem contar a primeira sentença, provavelmente seria “infelizmente”. Se você substituí-la por nebech nas outras quatro frases, é possível uma tradução razoavelmente precisa. “Razoavelmente precisa” porque nebech, como advérbio, possui uma qualidade emocional que “infelizmente” não tem. Se eu disser: “Infelizmente, ela quebrou a perna”, significa que, considerando tudo, não é bom quebrar a perna. Se disser: “Zi hot gebrochn a fus, nebech”, também expresso simpatia pela acidentada. Nebech tem dupla face: aponta tanto para uma pessoa ou evento infeliz como para a angústia que isso traz com quem fala. Às vezes há um toque de pena em nebech, sentimento que se acentua com o diminutivo nebechl, e seu tom de afeto. Nebech é definitivamente uma palavra de origem eslava, apesar das controvérsias entre os etimologistas se do polonês nieboga, “coitado”; do tcheco medieval nebohy (em tcheco moderno se diz nebozák), de significado similar; ou de outra língua eslava. É uma polêmica com ramificações, pois traz a questão a respeito de qual foi a rota ídiche de difusão do termo entre aqueles que falavam línguas eslavas na Europa Oriental.


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

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Branco bom de bola A Copa de Futebol da África, realizado na África do Sul, trouxe uma novidade. Pela primeira vez, entre os 368 atletas participantes havia um judeu: Dean Furman, 24 anos, nascido na Cidade do Cabo, joga atualmente no Oldham Athletic, clube da terceira divisão inglesa. Começou a carreira no Chelsea e até tentou a sorte no Macabi Tel Aviv. Despontou há dois anos, quando fez um gol considerado o mais bonito das ligas secundárias da Inglaterra. Foi convocado para a seleção sul-africana, estreando num amistoso contra o Brasil em setembro passado. Caso se classifique para a Copa do Mundo, olho no rapaz.

10 notícias de Israel

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O líder espiritual do partido ortodoxosefaradi Shas rabino Ovadia Yosef, 92 anos, não ficou muito feliz com os resultados das últimas eleições, mas a frustração foi compensada em família: ele agora é trisavô porque a neta teve uma neta. Considerado um gênio do Talmud, Ovadia abençoou o novo membro da família, Ofrat. Lido ao contrário em hebraico, este nome forma as letras do ano judaico em que Yosef nasceu, equivalente a 1920. O bebê é bisneta da quinta filha – de um total de nove – Yafa. É, portanto, uma bisavó com um pai vivo.

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Adeus ao boss

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Oy vey

Cana brava Depois de cumprir pena de três anos e meio, acusado de desviar o equivalente a um milhão de reais do caixa da Histadrut, o maior sindicato do país, o ex-ministro das Finanças Avraham Hirschson foi solto da prisão em janeiro. Mas a alegria da família durou pouco. Um mês depois, em fevereiro, o filho dele, Barak, 29 anos, começou a cumprir sentença de sete meses de cadeia. A razão: há um ano, Barak foi a um restaurante com a namorada e encheu a cara, o que não o impediu de pilotar a moto. Ocorreu um acidente que deixou a garota de 23 anos paralítica pelo resto da vida.

Morreu Ed Koch, o prefeito judeu de Nova York que marcou a história da cidade nas décadas de 1970 e 1980. Metódico, já havia preparado o túmulo num cemitério cristão de Manhattan, onde, orientado por rabinos, fez um cercado para marcar sua identidade. Mandou esculpir uma estrela de David, o Shemá Israel e uma menção à sua atuação como soldado norte-americano na Segunda Guerra Mundial. Depois mandou inscrever na lápide as últimas palavras do jornalista Daniel Pearl, assassinado por islâmicos radicais no Paquistão: “Meu pai é judeu, minha mãe é judia, eu sou judeu”. Tanta preparação foi ouvida “lá em cima” e Koch morreu exatamente no dia do assassinato de Pearl, 1º. de fevereiro.

Stanley Fischer, o crânio das finanças mundiais, que largou empregos top no FMI e no Citigroup para ajudar a manejar a economia israelense como diretor do Banco Central, anunciou que deixará o cargo em junho, antes do prazo previsto. Durante sete anos de brilhantes serviços, segurou firme o leme da economia israelense em vários momentos de crise global e foi escolhido o “melhor diretor de Banco Central do mundo”. É considerado uma peça fundamental na aceitação de Israel no restrito clube da Oecd, que reúne as trinta economias mais desenvolvidas do mundo. Deixa o Banco Central e Israel e voltará a morar em Nova York com a mulher.

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Santo tratamento Jihad tem 3 anos e é filho de um eletricista muçulmano de Jerusalém Oriental. Nasceu com uma doença genética rara que o impedirá de crescer mais de 1,20m, terá problemas no coração, olhos e ossos e tendência a morrer depois dos 10 anos de idade. Em Israel, ninguém padece deste mal. O orçamento deste ano destinado a remédios da rede pública do Ministério da Saúde é de trezentos milhões de shekels, contra um total de dois bilhões de shekels em pedidos de cobertura. Mesmo assim, por “razões humanitárias”, decidiu-se bancar os 1,2 milhão de shekels do tratamento do menino, que poderá viver com menos sofrimento até os 30 anos.

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Multiplica-vos

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Adeus doloroso

Susto na indústria de filmes pornô dos EUA, com a internação às pressas de Ron Jeremy, vítima de um aneurisma. Jeremy, 59 anos, judeu de Nova York, filho de um médico e de uma editora de livros, atuou em mais de dois mil filmes pornográficos e foi considerado “um dos cinquenta maiores pornostars de todos os tempos”. Após se formar em pedagogia e quebrar a cara tentando a sorte como ator, foi convidado para participar de “filmes adultos” e ficou milionário. Para alguns, o sucesso surpreendeu porque Jeremy é, digamos, pouco atraente, com bigode e cabelo comprido fora de moda. Especialistas explicam que o segredo de Jeremy é a esperança que infunde ao sujeito mediano que assiste aos filmes.

Herói da pátria Três meses depois de emocionar o país ao perder um braço numa batalha na fronteira de Gaza e lutar para não morrer no hospital, o capitão Ziv Shilon voltou a colocar o uniforme do Tzahal na cerimônia de formação de novos soldados da Brigada Givati, a tropa de elite da infantaria israelense. Shilon apareceu em uma quadra esportiva de Jerusalém adaptada para o evento com uma prótese em forma de gancho no lugar da mão esquerda, e a direita ainda enfaixada. Logo após a explosão que o feriu, conseguiu achar a mão que lhe fora arrancada e entrar sozinho no jipe de resgate. Na cerimônia, abraçou cada um dos seus comandados alinhados em quatorze fileiras, que responderam quebrando o protocolo e o aplaudindo por longos minutos.

Boa nova Agora é oficial: o Departamento de Águas israelense anunciou que terminou a seca no país que já durava sete anos. As fortes chuvas deste inverno ajudaram, mas não foram o principal fator. O herói desta história é a dessalinização, que hoje já supre metade do consumo de água em Israel. Vem de três usinas instaladas na costa e até o final do ano que vem haverá mais duas, que suprirão 70% da necessidade do país. Esta é a razão porque o preço ao consumidor não cai: sugar água do mar e retirar o sal é um processo caro. Enquanto isto, os jornais aproveitaram para publicar anúncios históricos em que o governo apelava à população para economizar água. Como um de 1990, onde um ministro sugeriu que casais se banhassem juntos.

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Nova família Em Israel são realizados dezenove mil abortos ilegais por ano, segundo o último levantamento do Ministério da Saúde. A legislação proíbe a uma mulher casada e saudável interromper a gravidez, o que explica esse setor da economia que atua no mercado negro e cobra o equivalente a R$ 2.500,00 em alguma clínica chique de Tel Aviv ou R$ 250,00 num muquifo de Yaffo. Existe risco de prisão e a pena é de cinco anos. Segundo a ONG Mispachá Chadashá (“Nova Família”, em hebraico), do total de casos de gravidez no país, cerca de 10% são interrompidos por abortos ilegais. E, surpresa: o número de mulheres seculares e religiosas que abortam ilegalmente é o mesmo.


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magazine > literatura | por Shmuel Avneri * PARA BIALIK, A TERRA DE

ISRAEL ERA O RENASCIMENTO

NACIONAL, NÃO

Bialik, muito além de um

A DIÁSPORA

poeta nacional

COMO CONTADOR DE HISTÓRIAS, EDITOR, LINGUISTA, COMENTARISTA E ESTRELA-GUIA, CHAIM NACHMAN BIALIK ERA UM PERSONAGEM A QUEM TODOS PROCURAVAM EM BUSCA DE ORIENTAÇÃO EM QUESTÕES DE IDENTIDADE NACIONAL

A

o discursar no 78º aniversário da morte de Bialik, em julho de 2012, o premiado poeta e tradutor Meir Wieseltier se derramou em elogios pela contribuição de Bialik à sua geração e seguintes: “Os poemas de Bialik realizaram, e ainda realizam, o trabalho divino com relação à linguagem da nova poesia hebraica”. Mas Wieseltier perguntou: “Faz sentido continuar insistindo em chamar Bialik pela velha e conhecida expressão de ‘poeta nacional’? Talvez pudéssemos usar outro termo – um grande poeta, por exemplo, o maior dos novos poetas hebraicos”. Em 1994, dezoito anos antes de Wieseltier, o poeta Moshé Ben-Shaul também discursou ao pé do túmulo de Bialik, proferiu louvores ao “mais importante dos poetas hebreus na era moderna” e também disse que talvez ele não fosse mais o “poeta nacional. Bialik fala a todos, inclusive à juventude... Neste rótulo de ‘poeta nacional’ há algo que imediatamente semeia a divisão, cada liderança política está pronta e disposta a cooptá-lo”. Mesmo enquanto vivo – e Bialik nasceu há 140 anos –, havia aqueles, como o poeta David Frishman, que discordavam do elemento nacional e profético do seu trabalho, preferindo, por várias razões, a sua poesia lírica. Mas o declínio da legitimidade do nacionalismo de uns tempos para cá deve ser visto em um contexto maior, além do literário. Esse recuo decorre, principalmente, da vitória do liberalismo no Ocidente, como parte da supremacia do indivíduo como tal. Daí emerge o olhar desconfiado para qualquer valor coletivo (incluindo o nacional) capaz de anular ou restringir a individualidade ou a escolha pessoal do indivíduo. A ideia de nacionalismo tornou-se associada à discriminação, guerras e genocídio. Daí, também, a tendência de subestimar a natureza profun-

damente enraizada do fenômeno do nacionalismo, a ponto de defini-lo como algo “imaginado”. “O autêntico poeta nacional – quem é ele? É aquele em quem o nacional e o universal se combinam. E no lugar onde se encontra seu nacionalismo, também se encontra sempre um elemento universal”, escreveu Bialik ao amigo e escritor Nathan Bistritzky. A este respeito, Bialik se igualava aos profetas liberais de libertação nacional e reflorescimento do século 19, como Mazzini (Giuseppe Mazzini, 1805-1872, lutou pela unificação da Itália) Masaryk (Tomás Garrigue Mazaryk, 1850-1937, fundador e primeiro presidente da república da Tchecoslováquia) e também Herzl. Bialik não aceitava a ostensiva contradição entre o pessoal e o nacional, tornado consenso em nosso tempo. Além de apoiar a liberdade e a independência do poeta, enfatizava o óbvio: nenhum indivíduo está em um espaço desprovido de um contexto que forma o cultural, o nacional e o universal. Além disso, para a ele e sua geração a “coroa de louros” de poeta nacional não era desprovida de sentido como é hoje, pois o trabalho da vida de Bialik, poético ou não, estava profundamente ligado à empreitada do renascimento nacional do povo judeu. Observar exclusivamente as obras poéticas de Bialik e ignorar as tarefas maiores que se impôs diminui a sua estatura. >>

Havia aqueles, como o poeta David Frishman, que discordavam do elemento nacional e profético do trabalho de Bialik, preferindo, por várias razões, a sua poesia lírica. Mas o declínio da legitimidade do nacionalismo de uns tempos para cá deve ser visto em um contexto maior, além do literário


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magazine > literatura

>> Afinal, além de poeta, também era contador de histórias, tradutor, editor, compilador, linguista e comentarista – habilidades que compõem a construção da cultura nacional renovada. E, acima de tudo, ao longo da vida, Bialik serviu como estrelaguia moral e política, para os colegas escritores e intelectuais, e também para o público de todos os tipos e idades, da esquerda e da direita, de origens religiosa e secular, e de diferentes diásporas. Todos olharam para ele quando confrontados com dilemas a respeito da formação da identidade nacional. Por exemplo, Yona Shulman, jovem do Vale de Jezreel: em carta de novembro de 1929, confessa a Bialik a aflição pela comemoração mundana dos feriados onde vive, assim como pelo vazio que sente em relação à alienação das fontes de cultura e costumes judaicos. Um trecho: “Perdemos todos os valores nacionais. Perdemos todo o sentido do positivo, que é orgulho do nosso povo e da nossa cultura, porque não a reconhecemos, e tudo é como um livro fechado diante de nós. E a questão aguarda por uma solução... O Shabat deve chegar a Naalal. É possível e positivo que a juventude se reúna em todo o vale e dedique um encontro especial para isso – e você deve dirigi-lo. Espero com ansiedade a sua chegada, e para falar com você sobre isso”. A tarefa de “reunir” As atribuições de Bialik como criador de cultura e alguém para quem convergiam os anseios da geração – no período seguinte

A POETA LEA GOLDBERG DIZIA QUE BIALIK DEVOLVEU A INFÂNCIA AO POVO DE ISRAEL

à ruptura com a religião e à perda da integridade baseada na fé – não eram vistos por ele como ocupações menos importantes do que escrever poemas. Isto é, dedicar-se ao longo de mais de trinta anos à tarefa de “juntar” os tesouros da cultura judaica. O carro-chefe dessa tarefa era Sefer Ha’Aggadah (“O Livro das Lendas”), que Bialik co-editou com o colega Y. H. Ravnitzky. O aspecto nacional deste trabalho enorme foi fundamental no pensamento de Bialik. “A terceira parte do Sefer Ha’Aggadah, renovado, está perto do arranjo final”, disse Bialik a um amigo, pouco antes de morrer (em Igrot Bialik, Editora F. Lakhover. Dvir, 1939). E destaca: “Esta parte, do ponto de vista dos temas, todos de conteúdo nacional, é maior do que todas as outras, e em Israel não há nenhum livro nacional que possa se rivalizar com ele”. Como poeta nacional, e no âmbito do esforço literário, cultural e público como um todo, Bialik deu voz ao sofrimento e às esperanças do individual e do coletivo na Palestina e na Diáspora, e, como “quase-presidente” da sua geração, até mesmo emitindo decisões a respeito de várias questões fundamentais do período. Como tal, para Bialik a terra de Israel, e não a Diáspora, era o palco do renascimento nacional. Ele deu uma contribuição decisiva para o reflorescimento da língua hebraica, à qual acrescentou inovações próprias e trabalhou para que fosse declarada a única língua nacional, em vez da sua rival, o ídiche. Ele foi crítico feroz da passividade dos judeus na época das revoltas árabes na Palestina na década de 1920, e apelou para se organizarem em autodefesa. Ele trabalhou para fazer a ponte entre a tradição e a modernidade, e pediu que se preservassem os bens culturais autênticos dos variados grupos étnicos judaicos – seja da Polônia, da Espanha ou do Iêmen – e os colocasse em um único molde cultural. Além disso, Bialik se envolvia em todas as áreas. A sua doutrina “verde” – na qual fazia despontar questões ecológicas

e estéticas – foi publicada em outubro de 1932 no jornal Yedioth Achronot com o título “O que fazer para melhorar Tel Aviv”. Como parte de ampla atividade cultural fundou, em Tel Aviv, a organização Oneg Shabat cujo objetivo era incluir nas comemorações de Shabat conteúdos modernos originários da história, cultura e legado judaicos. A Oneg Shabat continuou operando mesmo décadas depois da morte dele. A personalidade afável e sociável, a simplicidade de comportamento, a franqueza e vontade de ajudar qualquer um no país, do reitor da Universidade Hebraica ao mascate no Mercado Carmel (Shuk HaCarmel) ajudaram a identificar Bialik como poeta nacional, pois todos pareciam sentir que continham uma parte dele. Em conferência de escritores em Jerusalém, na primavera de 1930, Bialik também pregou o caminho da responsabilidade nacional, como registrou depois em Devarim She’be’al Pé (Dvir, 1935): “Algumas pessoas pensam que o artista-escritor-poeta cumpre as suas obrigações por meio do trabalho, e que está acima do ‘Código da Lei Judaica’ e das mitzvot; que está isento de todas as obrigações nacionais, e só os ‘simples’ mortais são obrigados a segui-las. Nunca dei tal privilégio a um artista hebreu”. Esta posição também fazia parte da doutrina educacional de Bialik, e se manifestou, por exemplo, no discurso “Keren Kayemet e as mitzvot nacionais”, que proferiu na aldeia infantil Ben Shemen, em 1927: “A religião tornou-se algo menor na educação. Não vou dizer se isto é ou não é bom, mas é preciso preencher esse vazio com um ensino nacional, é necessário ligar os problemas nacionais à educação... Devemos educar as crianças na prática das mitzvot nacionais. As crianças não devem ser educadas apenas a respeito de questões particulares... O dízimo nacional, a doação para beneficiar instituições nacionais – o trabalho em seu favor deve ser um elemento importante da educação”. Gêneros variados A identificação de Bialik como poeta nacional está geralmente relacionada aos seus poemas de Sion, como El Hatzipor e Basadé; seu trabalho no beit midrash (casa de estudo da Torá), como Lifnei Aron Ha’sefarim e Hamatmid; e também seus poemas de repreensão e fúria, de Ahen Hatzir Ha’am (1897) a Re’item Shuv Bekotzer Yadhem (1931). Além desses, Bialik também escreveu poemas a respeito da natureza, o amor, ars poetica, canções folclóricas, infantis e muito mais. Em In a Foreign Corner (“Em um Canto Estrangeiro”, Davar, 1938), o poeta Elisha Rodin aponta, entre outras coisas, a dimensão nacional que sentiu no Zohar de Bialik: “É uma rede de memórias, experiências geográficas, [o] pessoal e biográfico-nacional... e nesse mesma rede do indivíduo e do tribal, eu li a respeito da infância de Bialik, e senti como ela se entrelaça com a da minha nação”. A poeta e escritora Lea Goldberg, por sua vez, viu Zohar e a história Safiá como obras nas quais “Bialik deu ao povo de Israel a sua infância de volta” (Mishmar, julho de 1944). Ela então

acrescentou elogios à tarefa de Bialik de reviver o idioma hebraico, e pela sua realização como poeta nacional compositor de canções folclóricas: “Este milagre que Bialik operou eleva o poeta ao nível da consagração popular nacional mais do que todos os seus poemas de reprovação”. No espírito desta associação pessoal-nacional-universal, em dezembro de 1971 Nathan Bistritzky escreveu no jornal Ha’am Kol, que Hachnisini Tachat Knafech foi o poema mais nacionalista de Bialik: porque “em seus abarrotados esboços mentais, há a soma dramática da posição lírica de um indivíduo e da história de seu universo, e este... Também esgota, em si, de forma lírica, o drama de um coletivo nacional, cuja tragédia assim vem à luz instantaneamente em um retrato muito humano, isto é, universal”. Em Tel Aviv, junho de 1933, durante uma conferência de escritores, Bialik discutiu a justiça e a pureza moral que pesa sobre o autor (de Devarim She’be’al Pé): “O escritor também tem direito a ser membro de qualquer organização e partido se ele assim o desejar, mas, como escritor, não deve se tornar escravo de qualquer ídolo. Ele deve ser livre. A própria consciência será seu guia, e não o seu partido. E a consciência e a medida moral do escritor são nada menos do que lealdade absoluta à própria verdade, o compromisso com o talento e com si mesmo, para não forjar o seu selo por meio de falsidade e de fazer vistas grossas, para que não comercialize notas falsas de palavras”. Em 1929, aos 57 anos, Bialik encerrou assim outra conferência: “As obras literárias intencionalmente escritas para a Palestina e para várias instituições são uma vergonha para nós. Transformar nossos escritores em bedéis? Eu expulso tais escritores. Se agir de acordo com sua capacidade e trabalho todo mundo é útil ao povo. A utilidade está em o escritor ser livre, e isso é mais benéfico para ambos, o povo de Israel e o escritor”. * Shmuel Avneri é o diretor do Arquivo Bialik, em Tel Aviv

Bialik deu uma contribuição decisiva para o reflorescimento da língua hebraica e trabalhou para que fosse declarada a única língua nacional, em vez da sua rival, o ídiche. Foi crítico feroz da passividade dos judeus na época das revoltas árabes na Palestina na década de 1920, e apelou para se organizarem em autodefesa


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magazine > lançamento | por Bernardo Lerer

FURTWÄNGLER CONDUZ A FILARMÔNICA DE BERLIM NUMA FÁBRICA DE ARMAMENTOS ALEMÃ, EM 1944

Filarmônica de Berlim a serviço do nazismo EM 1882, OS MÚSICOS DA BILSESCHEN KAPELLE (ORQUESTRA BILSE), DE BERLIM, REGIDA POR BENJAMIM BILSE, EXCURSIONARAM PARA A POLÔNIA. ELES JÁ ESTAVAM IRRITADOS COM O REGIME DURO IMPOSTO PELO MAESTRO, MAS AQUELA VIAGEM FOI DEMAIS: AS PASSAGENS ERAM DE QUARTA CLASSE

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inquenta dos 74 músicos se afastaram e criaram uma nova orquestra, na forma de uma associação musical autônoma e autogerida, em que os músicos eram os próprios acionistas; uma espécie de cooperativa. Nascia a Filarmônica de Berlim, e a partir daí a história da interpretação musical não seria mais a mesma e se descobria que orquestra pode desempenhar papel político. A Orquestra do Reich – A Filarmônica de Berlim e o Nacional-Socialismo, 1933-1945, de Misha Aster (Editora Perspectiva, 337 pp., R$ 70,00) vai muito além de contar a história da orquestra que, aliás, consome algumas poucas páginas. O interesse do autor, a respeito de quem nem a editora nem o próprio livro, no prefácio ou na orelha de capa, fazem qualquer referência, foi mostrar as relações incestuosas entre o regime nazista e o conjunto da orquestra, primeiro com o maestro Wi-

lhelm Furtwängler e, depois, com Herbert von Karajan. A crise de 1929 e a brutal inflação da Alemanha no entreguerras provocou estragos na cooperativa de músicos que logo procurou a proteção do Estado para não desaparecer e, em março de 1933, já com o nazismo no poder, Furtwängler pediu socorro ao poderoso ministro da Propaganda Joseph Goebbels. Os dois se reuniram e, depois, ficou registrado que “o dr. Goebbels planeja assumir as responsabilidades da Filarmônica”. Claro, houve impasses burocráticos, disputas políticas em torno do butim

cultural representado pela orquestra e rusgas de prestígio, mas um memorando de 30 de junho de 1933, assinado pelo gerente filarmônico Lorenz Höber e cuja saudação final é “Heil Hitler” revela que acabava de nascer a Reichsorchester, isto é, a orquestra do Reich. Em novembro, Hitler pessoalmente abençoou a orquestra, e não havia mais músicos judeus. Com “assumir as responsabilidades” entenda-se, além de colocá-la a serviço do nazismo e de seus projetos e programas, promover uma limpeza étnica em seus naipes, isto é, erradicá-la principalmente de judeus. A orquestra praticava música e política em permanente diálogo com o regime que, em escala mais ampla, fazia o mesmo. Os patrões políticos concederam à Filarmônica de Berlim privilégios exclusivos entre as instituições culturais alemãs e que a orquestra aceitou docemente constrangida, com um misto de gratidão, apreensão e apologia. É verdade que o maestro tinha – como ainda tem – poder, domínio, influência e controle sobre as vidas de dezenas de músicos cuja sobrevivência depende da orquestra, mas não se pode subestimar as escolhas individuais dos seus integrantes, muitos dos quais usaram a ideologia para se ver livres da presença e da concorrência de colegas judeus disputando vagas e estantes na orquestra. A experiência da orquestra do Reich resumia, no palco e nas salas de administração, a condição ambivalente da Alemanha nazista que variava entre o desespero e o medo, a ingenuidade e a ambição, a reticência e o oportunismo. É interessante notar que, antes de Furtwängler, a orquestra fora dirigida por dois judeus, Bruno Walter e Otto Klemperer, que se converteram ao cristianismo. Walter era de direita; Klemperer, de esquerda. Depois da guerra, Klemperer retornou ao judaísmo, condenava o Holocausto e recusava a proximidade de ex-nazistas; Walter, não, e concedia o “perdão cristão” a colaboradores musicais. Há pouco mais de dez anos, foi editado o livro O Mito do Maestro, de Norman Lebrecht, cujo subtítulo é “Grandes Regentes em Busca do Poder”. A respeito disso, Nikolaus Harnoncourt – maestro alemão nascido na Áustria, – sempre que lhe perguntam menciona a existência de um ambiente de obediência não ilustrada, de autoanulação, de pobreza espiritual, de competição dilacerante e de medo. Para ele, “a profissão de maestro é muito perigosa. Ele conduz uma orquestra de cem ou mais homens, ano a ano, o tempo todo. Tem sempre razão, e ponto final. A ele cabe decidir e convencer as pessoas. É uma das poucas profissões em que alguém exerce sobre muitos homens uma autoridade permanente, direta, sem a mediação de outras instâncias como ocorre em uma grande empresa”. Era bem mais do que isso na Filarmônica de Berlim, durante o nazismo.

O MAESTRO BRUNO WALTER EM FOTO TIRADA EM VIENA EM 1912, BEM ANTES DE SE CONVERTER AO CATOLICISMO

O VIOLINISTA JUDEU YEHUDI MENUHIN E O MAESTRO ANTISSEMITA

WILHELMFURTWÄNGLER

OTTO KLEMPERER TAMBÉM SE CONVERTEU, MAS RETORNOU AO JUDAÍSMO DEPOIS DO

HOLOCAUSTO PARA DENUNCIÁ-LO


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por Bernardo Lerer

AH Vital Battaglia | Editora Detalhe | 281 pp.

O Pacifista John Boyne | Companhia das Letras | 304 pp. | R$ 39,50

O livro mais famoso de Boyne é O Menino do Pijama Listrado. Esse também trata de guerra, mas da Primeira, em que os principais personagens são dois soldados britânicos, Tristan Sadler e William Bancroft, que se conheceram na academia militar e estiveram juntos nas mesmas trincheiras do norte da França, contra os alemães. Tristan carrega um segredo que lhe pesa na alma e vai à procura da irmã de William para tratar disso sob o pretexto de entregar cartas do irmão que morrera em combate.

É o livro magistral de um velho colega, companheiro de criação do Jornal da Tarde, e cuja agonia relata logo no começo com o “Atestado de Óbito”. O jornal deixu de circular em outubro passado. As dezenas de capítulos, contando histórias de reportagens e bastidores do futebol, são puro jornalismo e evidência de que não se faz mais jornal como antigamente. É uma obra-prima que deve servir de guia para estudantes de jornalismo interessados em fazer a profissão de fé na verdade.

Fuga do Campo 14 Blaine Harden | Intrínseca Editora | R$ 24,90

Shong Ding-hyuk tinha 23 anos quando descobriu que havia vida para além dos muros e das cercas de arame farpado do “campo categoria controle total”, o tal campo 14, onde nasceu e durante todos esses anos se alimentou de mingau de milho e sopa de repolho e, de carne, quando capturava um rato, espécie de que, aliás, se tornou exímio caçador. Aos 13 anos, delatou a mãe e o irmão que planejavam fugir, foram presos e executados. O livro revela um mundo que pensávamos extinto depois das atrocidades nazistas.

Origens do Totalitarismo

História dos Mercenários – De 1789 aos Nossos Dias

Hannah Arendt | Companhia das Letras | 832 pp. | R$ 39,50

Walter Bruyère-Ostells | Editora Contexto | 237 pp. | R$ 47,00

Os três títulos cabem num só volume, entre outras razões porque guardam uma relação muito próxima: afinal, o antissemitismo é sempre uma das primeiras consequências da falta de liberdade. O prefácio é do professor Celso Lafer, ex-aluno de Hannah, na New School for Social Research, em Nova York. O livro foi publicado pela primeira vez em 1951. Arendt realizava as pesquisas para escrevê-lo ao mesmo tempo em que atuava numa organização sionista que resgatava órfãos da Segunda Guerra e os enviava à antiga Palestina.

Durante muito tempo os mercenários constituíram a principal força dos exércitos europeus, foi uma das mais antigas profissões do mundo e ainda hoje participam dos principais conflitos. O mercenário é, por princípio, um prestador de serviços a quem não interessam causas, motivações, acontecimentos, para se colocar a si próprio, ou sua organização, à disposição de um empregador público ou privado. Interessa a remuneração. É muito atual, aliás.

Às Armas, Cidadãos

Inferno: O Mundo em Guerra Max Hastings| Intrínseca Editora | 764 pp. | R$ 59,90

Embora o título remeta ao francês (Aux armes, citoyens), trata-se de uma coleção de panfletos políticos escritos à mão entre 1820 e 1823 conclamando à mobilização popular, seja para defender a Coroa portuguesa no Brasil, seja para lutar pela independência dela e criar o império brasileiro, com D. Pedro I. A conclamação do título, certamente inspirado no exemplo francês de décadas anteriores, era o lema preferido dos panfletos chamados de “papelinhos”. São 32 panfletos redigidos em Salvador, no Rio de Janeiro e em Portugal.

O autor pesquisou durante 35 anos para descrever as causas da Segunda Guerra, seu curso e os combates, mas se concentra com muita sensibilidade nas consequências para o ser humano, desde soldados, marinheiros e pilotos até donas de casa inglesas, camponeses indianos, assassinos das SS e moradores de uma Leningrado sitiada. Trata da agonia do povo indiano em 1943, quando um milhão de pessoas morreram devido à negligência do governo britânico. Segundo o autor, o exército de Hitler era muito eficiente mas o esforço de guerra alemão foi incompetente e sugere que a indústria norte-americana foi mais significativa para a vitória do que seu exército.

Paris sobre Trilhos

Toda Sua

Ina Caro | Editora LeYa | 410 pp. | R$ R$ 44,90

Sylvia Day | Editora Paralela | 274 pp. | R$ 29,90

O subtítulo “Viajando de Trem pela História da França” já é autoexplicativo. A “viagem” começa no século 12, em Saint-Denis, e a autora apresenta a explosão arquitetônica que foi a construção das catedrais góticas da França de Laon, Chartres e Reims; depois ela chega à Renascença, passa pelo século 17 e a criação de Versalhes, retorna a Paris no século 19 e acompanha a transformação que Napoleão II realizou em Paris transformando-a na metrópole que conhecemos hoje. Fascinante.

Na capa, a recomendação de que se trata de “leitura adulta”. No conteúdo a combinação de livro de autoajuda e erotismo e isso explica, em parte, o fato de, segundo o New York Times, ser um best-seller. Conta como Eva Tramell, 24 anos, funcionária de uma agência de propaganda de Manhattan (sempre lá), passa a ser assediada por Gideon, belo, forte, bilionário, sedutor, jovem, a quem resiste, mas cede, primeiro por sexo, depois por amor. E aí as coisas se complicam. É uma trilogia e o segundo volume é “Profundamente Sua”.

História da Máfia

Carcereiros

Salvatore Lupo | Editora Unesp | 442 pp. | R$ 58,00

Dráuzio Varella | Companhia das Letras | 227 pp. | R$ 33,00

A palavra “máfia” fascina e, ao mesmo tempo, assusta, desde quando surgiu, em meados do século 19, entre os grandes proprietários de terra da Sicília que se uniram em sociedades secretas de autoproteção para garantir a realização da justiça pelas próprias mãos, à margem da justiça oficial, que geralmente beneficiava os pequenos camponeses. Com o passar do tempo, a Máfia foi se envolvendo, dentro e fora da Itália, em atividades ilícitas.

O médico trabalhou no complexo penitenciário do Carandiru durante vinte anos. Escreveu Estação Carandiru, que virou best-seller e revelou um grande contador de histórias. Nesse, mostra o mundo dos carcereiros e como funcionam as leis e os códigos de conduta próprios que sustentam o tênue equilíbrio de forças que mantém a ordem entre os dois lados das grades. Dráuzio guardou as memórias das conversas com os carcereiros nos botequins próximos da Casa de Detenção, depois do expediente.

José Murilo de Carvalho e outros | Companhia das Letras | 240 pp. | R$ 42,00


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M HEBRAICA

músicas magazine

HEBRAICA

| MAR | 2013

por Bernardo Lerer

Avodat Shabbat Naxos | R$ 29,90

Six Violin Concertos for Anna Maria

As pessoas precisam conhecer o “Milken Archive” (www.milken archive.org), criado em 1982 por dois irmãos para produzir educação e investigações médicas, e a preservação da música judaica dispersa pelos países que acolheram os judeus durante centenas de anos. Isso explica porque de tempos em tempos surgem lançamentos pela gravadora Naxos, de que as pessoas não têm o menor conhecimento. Como este Avodat Shabat composto por Herman Berlinski (1910-2001), nascido na Europa Oriental.

Antonio Vivaldi | CPO | R$ 49,90

Vivaldi, o “padre vermelho”, escreveu 31 concertos e 24 deles, para violino, têm o autógrafo dele. Alguns foram agrupados em um Caderno Musical de Anna Maria para Violino. Numa época, final do século 17 e começo do 18, quando o mundo era fechado às mulheres, despontou a violinista Anna Maria, nascida em Veneza, e que em meados dos anos 1720 conheceu a glória e a fama, apresentando-se nos melhores palcos da Europa.

La musica notturna delle strade di Madrid Boccherini | Harmonia Mundi | R$ 69,90

Nos últimos anos parece ter havido a redescoberta das virtudes e das qualidades de Luigi Boccherini e se multiplicam as gravações de suas obras, às vezes separando-as por fases da vida do compositor, nascido em Lucca (Itália) em 1743 e morto em Madrid em 1805. Ele é mais conhecido por um famoso minueto composto em Madrid e os fandangos que escreveu revelando a influência espanhola.

Avner Dorman

Edelsteine Der Musik

Naxos | R$ 29,90

Berliner Pavillon Orchester | Revivendo | R$ 27,90

A música não tem relação com o judaísmo, mas Avner é um compositor israelense vencedor de prestigiosos prêmios por sua Ellef Symphony, quando tinha 25 anos. Os prêmios o projetaram para o mundo e depois foi contratado para compor pelos regentes de orquestras como a Filarmônica de Israel, de Nova York, Viena, de Munique, Los Angeles, etc. Os concertos para bandolim, para piccolo e para piccolo e piano, deste álbum são prova disso.

O fato de este cd ser um lançamento do selo Revivendo sugere que se trata de antigas gravações remasterizadas e, no caso, de uma orquestra com base em Berlim, de antes da ascensão do nazismo. Portanto, além da intuição pessoal nada mais ajuda a informar a respeito deste cd, da orquestra e das muitas músicas que interpreta, reunidas em vários pot-pourris, todos muito bem executados, sinal de que se tratava de uma orquestra conceituada.

Nicolai Gedda

Return of Django

Myto Records | R$ 79,90

The Best of The Upsetters | Trojan Records | R$ 39,90

Este tenor nascido na Suécia, em 1925, é um recordista com mais de duzentas gravações e possivelmente o mais gravado tenor da história da música. Neste cd, ele nos presenteia com belíssimas interpretações, a maioria da década de 1970, menos uma ária da Carmem (de 1954) e três árias de La Dame Blanche, de Boieldieu (de 1965). As outras faixas são excertos de Meyerbeer, e de Gounod.

Upsetter é o nome dado a uma banda de reggae criada por Lee “Scratch” Perry, que depois de conseguir sucesso no gênero de música apresentou-se nos melhores palcos de Londres e, logo, foi convidada a escrever trilhas musicais de filmes. Este cd é um dos seus melhores e se vale de temas de músicas de Enio Morricone escritas para filmes de spaghetti western.

Anna Netrebko – Rolando Villazón Duets

Woody Herman

Deutsche Grammophon | R$ 34,90

Poll Winners Records | R$ 59,90

Os críticos apontam Anna e Rolando como um dos melhores pares em duetos famosos de grandes óperas como La Bohème, Rigoletto, Lucia di Lammermoor, Romeo et Juliette, Les Pêcheurs de Perles e Manon, que constam deste cd. Anna nasceu na Rússia e Rolando, no México. Segundo ele, foi descoberto por um famoso tenor que visitava o vizinho e perguntou quem estava cantando no chuveiro.

A orquestra de Woody Herman foi um dos grupos mais populares do mundo na década de 1940, pois combinava a virtuosidade de Herman à clarineta, sax alto e o talento dos integrantes da orquestra que, além de interpretarem, também eram arranjadores. Muitos deles se tornaram grandes nomes do jazz, como Stan Getz ao piano e Buddy Rich à bateria, e arranjadores como Neal Hefti e Al Cohn.

Famous Overtures – March Classics

Ramones Greatest Hits

Leader Music | R$ 54,90

Rhino | R$ 19,90

É claro que todos já ouvimos muitas vezes as aberturas de A Flauta Mágica, da Cavalaria Ligeira, de Guilherme Tell, dos Mestres Cantores de Nurenberg, etc., assim como as marchas que fazem parte de composições famosas como uma suíte de Carmem, um trecho de Fidélio e outras. Agora tudo isso está reunido em quatro cd’s e executado pelas melhores orquestras e de domínio público.

Este conjunto foi constituído em Nova York em 1974 e apesar do pequeno sucesso comercial são considerados os introdutores do punk rock e, por isso, influenciaram este movimento musical nos Estados Unidos e no Reino Unido. Os integrantes agregaram o pseudônimo Ramone aos sobrenomes, embora não exista nenhum parentesco entre eles. Realizaram quase 2.300 apresentações ao longo de 22 anos ininterruptos de turnês.

“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”


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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky *

O alimento da nossa mente COMIDA NÃO É SÓ COMIDA. É EMOÇÃO, INFORMAÇÃO E POLÊMICA. COMIDA FAZ VIVER QUANDO É BOA, PODE MATAR QUANDO NÃO É; FAZ SORRIR DE TRISTEZA E CHORAR DE ALEGRIA, GERA PROFUNDAS EMOÇÕES; TRAZ SATISFAÇÃO NA SACIEDADE, GERA FRUSTRAÇÃO QUANDO NÃO ATENDE ÀS EXPECTATIVAS

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a raiz da palavra “comemoração” lá está ela, a comida num alegre coletivo que partilha a comilança sem limites. Neste mundo de fartura e diversificação que vivemos hoje, somos sete bilhões a povoar o planeta, dos quais um quarto abaixo da linha pobreza e passa fome, ao mesmo tempo em que milhares de toneladas de comida de todo gênero são jogadas fora, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization). Somos assim, nossa crueldade e falta de olhar voltado para quem não tem o parnusse (“sustento”) são impressionantes. Isto é, comida não é só comida, é business, interesse político, cultura, antropologia, turismo, etc. Enquanto me lê, algum nutricionista está indicando uma nova panaceia para todos os males, algo tiro-e-queda contra a gordura localizada, definitivo contra o diabetes e fulminante contra os males do aparelho respiratório. Alguém cultiva novos cogumelos vindos do Japão, não apenas os shitakes e shimejis, mas tantos outros, que se juntam aos cultivados europeus como os de Paris (champignon). Agora mesmo, algum defensivo agrícola está sendo proibido por alguma legislação enquanto alguém coloca em prática uma nova técnica biodinâmica de produzir leguminosos. Neste instante alguém publica mais um livro com a palavra “Food” no título, que se juntará aos 246.470 títulos já à disposição na livraria virtual Amazon!. No meio de toda esta complexidade e profusão, olho no fundo do olho esquerdo de um arenque defumado, exposto em uma barraca que vende azeite, especiarias, queijos, bacalhau, latarias, e o que mais houver, no Mercado Municipal de São Paulo. Penso no meu passado, na minha família, na Europa Oriental. Arenque é nostalgia de um passado prazeroso. O espécime clupea harengus, fêmea de mais de trezentos gramas e quinze centímetros de comprimento, bonita como o quê, cor de ouro pela defumação – e prata quando nada em meio a cardumes enormes pelos mares do hemisfério norte, seu habitat – prenha de suas ovas, orgulhosa delas, parece olhar para mim e perdida entre tantos

ingredientes. Mas não, jamais passaria despercebida, por quem, como eu, até tem o poder de fazer salivar. É uma legítima hering, longe está daquelas que acabam frequentando latas de sardinhas por erro voluntário comum de autenticidade e de produtores que enganam o consumidor, sem com isso lesá-los em gosto e força alimentar, pois o arenque do Atlântico Norte é tão gostoso quanto ou mais, e é tão precioso alimento proteico ou mais, que as sardinhas do Tirreno Sul (ricas em ácidos graxos ômega 3, ácido eicosapentaenóico e ácido docosahexanóico). Fonte de vitamina D, contêm baixas taxas de toxinas bifenil policlorados, dioxinas e mercúrio. É daquela espécie sugerida como a melhor escolha ecológica para a alimentação, de acordo com o Órgão de Defesa Ambiental dos Estados Unidos, por conta dos predicados acima apontados, mas também porque se equilibra entre os predadores e a procriação, privilégio para poucas espécies nos sete mares. A fêmea exposta está na forma que mais aprecio, por mais que não descarte os outros preparos a que se presta, particularmente em pratos frios que recheiam os livros de receitas nórdicas e germânicas. Do rolmops ao preparo com creme azedo, passando pelas ovas amassadas e preparadas em salada, ao modo grego. Chego em casa com ela enrolada num papel. Desenrolo e corto em pedaços de dois dedos de largura, não sem antes desembaraçá-la das ovas. Acondiciono em um vidro vazio de 250 gramas, originalmente para acondicionar pepinos em conserva, e que agora se presta perfeitamente para a nova função. Cubro-o todo com leite e fica um dia no líquido para dessalgar. Deixo escorrer e lavo durante cerca de cinco minutos com água corrente, delicadamente, para não destruir as ovas. Cubro com azeite e sirvo no dia seguinte com caviar de berinjelas, azeitonas da Toscana, tomates maduros e alface crespa. * Breno Raigorodsky é filósofo, publicitário, juiz internacional de vinho. É consultor de comunicação e wine coach


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magazine > ensaio | por Flávia Serebrenic Jungerman *

A dependência de substâncias psicoativas PREVENIR É TRANSMITIR VALORES E SERVIR DE MODELOS DE VALORES. É IMPORTANTE CRIAR OS FILHOS PARA SABEREM ENFRENTAR OS DILEMAS DA VIDA, COMO FAZER ESCOLHAS, SEREM ASSERTIVOS, DESFRUTAREM DAS COISAS BOAS DA VIDA, APROVEITAREM O SEU POTENCIAL

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o que os pais mais gostariam? Da certeza de que nossos fi lhos estariam protegidos, para sempre, de todos os possíveis males que assolam a humanidade, entre eles o abuso e a dependência de substâncias. E não apenas aquelas denominadas ilícitas, isto é, proibidas por lei como maconha, cocaína, mas também as lícitas – álcool e tabaco. Quem fuma deve imaginar, pois de todas as drogas, o tabaco tem o maior potencial de gerar dependência: um em cada três fumantes se torna dependente; no álcool, um em cada cinco. A tendência é nos preocupar com o que está mais distante, as drogas ilícitas, mas o álcool e tabaco causam sérios prejuízos e a grande maioria dos jovens começa pelo tabaco e o álcool a experimentar substâncias ilícitas. O tabaco é um inimigo silencioso, leva tempo até mostrar a que veio e o fumante queima milhares de cigarros até sentir os efeitos adversos. Em um primeiro momento, o “barato” da nicotina gera mais atenção e mais disposição ao fumante. Com os anos, quem percebe o estrago descobre que os pulmões estão cinzentos, e esta suposta “disposição” inicial se transforma em excesso de cansaço, sendo que o desgaste é evidente. Os sinais da dupla personalidade do álcool surgem desde o inicio: se ajuda o jovem a ficar mais relaxado e solto para se aproximar da menina que paquera ou desinibe a adolescente a encarar uma balada, a ressaca também mostra a cara no dia seguinte. E a pessoa não precisa se tornar um dependente e começar a tremer pela abstinência para sentir os efeitos da substância: bastam algumas doses para atropelar ou ser atropelado. Em relação às substâncias ilícitas, e em particular a maconha, em toda roda de conversa, e não importa a idade, há pelo menos uma pessoa é a favor da legalização. Esta é vista por muitas pessoas como natural, sem prejuízo. De fato, muitos fumam maconha, não se tornam dependentes e tocam a vida de maneira aparentemente funcional, como disse uma vez uma colega, “com o breque de mão puxado”. Parodiando o conjunto de música Skank, o usuário de maconha deixa a vida levá-lo,

não se apropria dos seus desejos e não luta pelos seus ideais. Ao trabalhar em serviços especializados para dependentes de substâncias, atendi a usuários de maconha desesperados para se livrar do consumo abusivo. Os prejuízos são mais sutis – perda de memória, falta de vontade e concentração – do que aqueles provocados pelo cigarro, e demoram a ser percebidos. Estudos atuais revelam uma queda no quociente de inteligência (QI) nos usuários de maconha comparados aos não usuários. No entanto, um efeito do uso de maconha independe da frequência e da sua quantidade e não demora a aparecer: está comprovada a associação do consumo da maconha, mesmo que ocasional, ao surgimento de quadros psiquiátricos gravíssimos e irreversíveis em pessoas predispostas à esquizofrenia, por exemplo. Mas quem tem essa pré-disposição? Por enquanto, não se descobriu ainda. Isto significa, portanto, que estamos à mercê da sorte. É um tema delicado: as drogas estão em todo lugar, algumas em cada esquina e até dentro de casa. Se não podemos proteger nossos filhos e pessoas queridas da experiência e do risco de se tornarem escravos da substância, podemos influenciar a relação da pessoa com a substância? Sim, é possível. Prevenção é isso. A quem cabe prevenir? À escola. E aos pais, familiares, amigos e todos em torno dos adolescentes sempre disponíveis para novas situações e em busca frenética de aventuras e emoções fortes. O cérebro humano só está totalmente formado por volta dos 25 anos, e, assim, qualquer substância que interfira na sua evolução natural perturba. Eis porque muito se fala em adiar o uso quando não se pode evitá-lo. O que me remete a uma máxima da religião judaica, Naassé venishmá (“Faremos e escutaremos”). Parece que Hashem pensava nos adolescentes quando propôs isso. Primeiro, os adolescentes fazem, depois pensam. Todavia, de um outro ponto do vista, essas palavras se justificam por aquilo que ocorreu ao povo judeu ao receber a Torá: primeiro,

recebemos sem nem saber do que se tratava, e depois passamos a compreender os seus conteúdos e significados. Tratase justamente de obedecer aos preceitos para depois refletir a respeito. É, de certa forma, o que os pais fazem com os filhos, que obedecem e depois podem questionar. Na literatura cientifica da prevenção, existe o conceito “fatores de risco e proteção” que tornam a pessoa mais suscetível ao uso. Seriam fatores de risco um lar pouco acolhedor no qual as relações são instáveis, agressivas e com usuários de substâncias; ambiente hostil, acesso fácil à substância; amigos que consomem drogas; dificuldades escolares e econômicas. Ao contrário, os “fatores de proteção” são aqueles que diminuem a chance de o jovem ter contato com a droga: lar acolhedor de relações saudáveis entre os membros, regras estabelecidas e possibilidade de opções de lazer. Destaco ainda três deles: o primeiro é o papel dos pais como modelos e exemplos. É obrigação informar os filhos a respeito das drogas e seus efeitos o que, de resto, é possível saber por meio da internet. É nesse ponto que os pais, além de fonte de informação, servem de modelo e exemplo. Ser modelo não se refere apenas ao consumo de substâncias: em muitas casas é hábito beber às refeições ou fazer o kidush às sextas-feiras, no Shabat. A bebida alcoólica deve ser abolida? Isso está fora de discussão e o que se propõe é decidir de forma coerente. Atendi a algumas famílias desesperadas que pediam medidas de urgência para os filhos “problemáticos” em razão do uso de substâncias, e logo surgia o consumo diário de álcool, como o uísque do fim do dia, pelo pai, a mãe ou ambos. Questionadas a respeito da possibilidade de mudança de hábito, talvez por ser um gatilho, isto é, uma situação de risco em relação ao filho, respondiam que era um hábito intocável. Se queremos que um dos membros da família mude é importante saber que esta mudança vai afetar a toda a família e também vai requerer um ajuste dos pais que precisam mudar para o outro também mudar. Outro aspecto importante são as conversas: uma ferramenta essencial na prevenção é o diálogo. Precisamos conversar com os filhos e se não quiserem, de todo modo devemos estar disponíveis. Conversar não é dar bronca, lição de moral, ou discursar para o outro. Conversar é ouvir, escutar, dialogar. Na cerimônia de bat-mitzvá da minha filha, o rabino Michel Schlesinger, da CIP, disse: escutar é uma das maiores virtudes do ser humano. Aliás, o Shemá Israel, para mim a reza mais importante, começa assim: “Escuta, ó Israel”. E mais, conversar se planta com o tempo e não se injeta de um momento para o outro, é um processo semeado ao longo da vida. É difícil para os pais conversarem com o filho de 15 anos a respeito de drogas se nunca trocaram alguma palavra com ele a respeito de qualquer outra coisa – mesmo que das emoções na montanha-russa, uma prova difícil ou um jogo de futebol. Prossegue o Shemá: “...e estarão, permanentemente, em teu coração...estas palavras que hoje te recomendo. E as ensinarás ... a teus filhos e falarás a respeito das mesmas quando estiveres sentado

em tua casa e quando estiveres andando pelo teu caminho, quando te deitares e quando te levantares”. Só recentemente descobri este tesouro da Torá, sábia e contemporânea, ao sugerir a necessidade de sempre dialogar com os filhos, em casa, em todas as situações e lugares. Prevenir também é transmitir valores, servir de modelos de valores. “Faça o que eu faço”, diz o ditado popular. É importante criar os filhos para saberem enfrentar os dilemas da vida, como fazer escolhas, serem assertivos, desfrutarem das coisas boas da vida, aproveitarem o seu potencial. O papel dos pais é mostrar quais os caminhos possíveis e lhes dar meios e instrumentos para alcançar seus objetivos, o que é uma forma de contribuir para se tornarem pessoas conscientes, capazes e saberem que podem recorrer aos pais. A linda canção israelense Uf Gozal (“Voe, meu filhote”) de autoria de Arik Einstein, diz: “Voe, meu filhote, eles saíram em busca de suas próprias vidas. Abriram suas asas e voaram. Desejo de verdade que tudo corra bem” e o refrão “Voe, meu filhote, voe até onde puder, apenas não esqueça, há gaivotas no céu, cuide-se bem.” É uma bela imagem de como os pais se sentem ao ver os filhotes crescendo: enchem de orgulho ao desbravarem o mundo, ao mesmo tempo em que preocupam. A arte de educar está justamente na medida do quanto são protegidos e se lhes permite voar. Usando a metáfora das aves, educar é alimentar, ensinar a voar e como se valer dos próprios potenciais para seguir voando. O resto a vida revela. * Flávia Serebrenic Jungerman é psicóloga pela PUC-SP, mestre em dependência química pela Universidade de Londres, doutora pela Unifesp em “Tratamento Breve para Usuários de Maconha”. Coordena o serviço de psicologia do Grea (Grupo de Estudos em Álcool e outras Drogas) no Instituto de Psiquiatria do HC em clínica, ensino e pesquisa. É terapeuta familiar e mediadora

Se queremos que um dos membros da família mude é importante saber que esta mudança vai afetar a toda a família e também vai requerer um ajuste dos pais


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diretoria > concessões

NO ESPAÇO PRANA, O AMBIENTE COMPLEMENTA OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELOS TRATAMENTOS ESTÉTICOS E MEDICINAIS

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inguém vai reconhecer o Spa depois da reforma pela qual está passando para se transformar no Espaço Prana, novo concessionário que assume as instalações na área do cabeleireiro e da sauna masculina. “Não se trata de alterar a estrutura física, mas de aplicar cores e texturas e espalhar aromas indicados para o relaxamento da mente e do corpo”, informa Eliane Emoto, uma das idealizadoras do Espaço Prana. Ela e o marido Ricardo pretendem estender aos sócios da Hebraica os mesmos benefícios oferecidos na unidade do Shopping Jardim Sul. “Nossos clientes escolhem entre diversos tipos de massagens terapêuticas e serviços de estética, que provocam relaxamento e complementam tratamentos médicos diversos. Um dos nossos diferenciais são os banhos de ofurô”, anuncia Eliana.

Espaço Prana renova conceito do Spa A PARTIR DE ABRIL, SÓCIOS DE AMBOS OS SEXOS TERÃO, SEPARADAMENTE, OS SERVIÇOS DO ESPAÇO PRANA, E AS MAIS RECENTES TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS PARA RELAXAR CORPO E MENTE

No Espaço Prana tudo converge para o bem-estar dos clientes. Ao entrar, estão em um ambiente em que atendente, massoterapeutas e esteticistas treinados na própria organização se orientam por uma ficha detalhada com todos os seus dados. “Muitos dos nossos clientes escolhem entre uma variedade de serviços ou optam pelo Day Spa.

Ao sair, estão prontos para enfrentar os desafios da rotina moderna”, promete Eliane. Embora dirija um instituto que visa ao relaxamento, ela está ansiosa para começar o trabalho na Hebraica. “Vamos surpreender os sócios com a qualidade dos nossos serviços e a eficácia dos nossos tratamentos”, garante. (M. B.)


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diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE

ABRAMO DOUEK

DIRETOR SUPERINTENDENTE

GABY MILEVSKY

ASSESSOR FINANCEIRO ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ OUVIDORIA ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS DIRETOR DE CAPTAÇÃO DIRETOR DE MARKETING CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS

MAURO ZAITZ MOISES SCHNAIDER JULIO K. MANDEL BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO JOSEPH RAYMOND DIWAN CLAUDIO GEKKER EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita) ALAN BALABAN DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN SERGIO ROSENBERG

VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO

MENDEL L. SZLEJF

COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURA JUDAICA ASSESSORES DA SINAGOGA

HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES

AVI GELBERG

ASSESSORES

CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO

GERAL DE ESPORTES GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO

JOSÉ RICARDO M. GIANCONI ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU HERMAN FABIAN MOSCOVICI RAFAEL BLUVOL

HANDEBOL ADJUNTOS

JOSÉ EDUARDO GOBBI NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN DANIEL NEWMAN JULIANA GOMES SOMEKH

PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS

MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ

TRIATHLON CORRIDA

JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO

BENO MAURO SHETHMAN

GINÁSTICA ARTÍSTICA

HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON

JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY

TIRO AO ALVO

FERNANDO FAINZILBER

GAMÃO

VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA

ISAAC KOHAN FABIO KARAVER

XADREZ

HENRIQUE ERIC SALAMA

SAUNA

HUGO CUPERSCHMIDT

VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS

NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS

ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL

VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL

SIDNEY SCHAPIRO

CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA

SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO

AMIT EISLER

VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE

MOISES SINGAL GORDON

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS

ABRAMINO SCHINAZI

ESCOLAS

GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS

ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT

TÊNIS DE MESA

GERSON CANER

FITͲCENTER

MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ

CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA

ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JUDÔ JIU JITSU

ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY)

CARLO A. STIFELMAN FABIO STEINECKE

GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN

AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA DE BASE BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER

MARCELO SCHAPOCHNIK GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL

SILVIO LEVI

SECRETÁRIO GERAL

ABRAHAM AVI MEIZLER

SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS

JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ

JURÍDICO

ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA

ALEXANDRE FUCS BENNY SPIEWAK CARLOS SHEHTMAN GIL MEIZLER LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH

TESOUREIRO GERAL

LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO DIRETORES

ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC MARCOS RABINOVICH



114 HEBRAICA

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HEBRAICA

vitrine > informe publicitário

115

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vitrine > informe publicitário MR. KNICH

CASA MENORAH

Tradição em produtos para Pessach

Saborosa viagem às tradições

A Casa Menorah é um tradicional local onde o cliente encontrará tudo para que a festa de Pessach se torne um momento inesquecível. Com grande estoque de mercadorias das melhores procedências, nacionais e importadas inclusive com seção kasher, nhoque de matzá, panquecas

Mr. Knich é representado por Ruth Zveibil Bien – que há anos o conduz com maestria. Ela acaba de voltar do exterior com mais dois cursos: “Culinária Mediterrânea” e “Confeitaria Vienense”, o que permitiu enriquecer ainda mais as opções para Pessach. O cardápio está mara-

recheadas com carne, frango ou ricota, pernil de vitela com molho madeira e champignons além das saborosas tortas salgadas com farinha de matzá, gefilte fish e biscoitos de matzá. Rua Guarani, 114, Bom Retiro Fones 3228-6105/ 3229-6819

vilhoso. É só pedir e ele será enviado imediatamente. Os pedidos fechados até quinze dias antes de Pessach terão 10% de desconto e entrega em domicílio. Fones 3333-7551 / 3361-4496 / 99115-1399 E-mail mrknich@terra.com.br

ORIGINALE TRATORIA

AZ PRESENTES E CASA ZILANNA

Planeje agora o Seder e Chag Sameach!

O seu ponto de encontro na Vila Madalena

A AZ Presentes oferece muitas opções. A empresária Zizi sabe quais são os produtos relacionados à simbologia judaica e mantém o estoque de mercadorias sempre atualizado. E para aproveitar melhor o passeio, bem ao lado da AZ Presentes fica a Casa Zilanna, com

A cantina Originale proporciona aos clientes um ambiente sofisticado e elegante no melhor ponto de Vila Madalena, ao lado do fórum de Pinheiros. No cardápio, muitas saladas, massas, risotos, sopas, peixes, carnes assados, frutos do mar e sobremesas acompanhados

delícias da cozinha judaica para a montagem das mesas mais requintadas como gefilte fish, hering e uma linha de produtos kasher importados de Israel e dos Estados Unidos. AZ Presentes | Rua Itambé, 488 | F. 3259-5632 Casa Zilanna | Rua Itambé, 506 | F. 3257-8671

SUPERMERCADOS FUTURAMA

Av. Angélica, 526/546, Santa Cecília

Os melhores peixes e frutos do mar O Hideki Sushi tem o mesmo nome do seu proprietário que comemora trinta anos como sushiman, sendo dez deles passados dentro dos mais variados restaurantes de Tóquio, Osaka e Kyoto. Referências da culinária de cada um desses lugares estão presentes

Av. Pedroso, 382, Bela Vista Av. Casper Líbero, 390, Sta. Ifigênia R. Gal. Jardim, 384, Vila Buarque R. Guaicurus, 1469, Lapa R. dos Pinheiros, 1518, Pinheiros Pça. Dom Francisco de Souza, 126

HORTIFRUTI CONCEIÇA

A Les Macarons uniu a tradição da culinária francesa com o sofisticado paladar brasileiro. Esse delicado doce francês, feito à base de farinha de amêndoas, que veio da Itália, mas ganhou destaque na França e é a perfeita combinação de uma massa crocante por fora com

um recheio macio e cremoso por dentro. Sem adição de fermento, o macaron é uma sofisticada opção para presentear em Pessach. Podem ser personalizados e embalados de acordo com a decoração do seu evento. Fone 96339-3589 | Site www.lesmacarons.com.br

& VÍDEO HISTÓRICO

A Manuk Foto & Vídeo Histórico está no mercado de fotografia há quarenta anos, sendo hoje a terceira geração de fotógrafos da família. Foram mais de dez mil casamentos realizados e com 100% de satisfação dos clientes. A Manuk utiliza equipamentos de ponta,

Hortifruti Conceiça Rua Baronesa de Itu, 780 Fones 3666-1769 / 3667-5883

Opção sofisticada para Pessach

Rua Treze de Maio, 1050 | Fone 3283-1833 Rua dos Pinheiros, 70 | Fone 3086-0685 Avenida dos Imarés, 542 | Fone 5049-3324 Site www.hidekisushi.com.br

Há quarenta anos no mercado

dutos kasher que o Hortifruti Conceiça oferece para que você prepare o seu seder de Pessach.

LES MACARONS

no cardápio das três unidades localizadas na Bela Vista, Pinheiros e Moema.

MANUK FOTO

Uma tradição em Higienópolis Quem não conhece o Hortifruti Conceiça, localizado na esquina da rua Baronesa de Itu com a Gabriel dos Santos? O ponto já se tornou uma referência para quem procura produtos de ótima qualidade e preço. Vale a pena dar uma boa olhada na seção de pro-

Rua Original, 123, Vila Madalena Fones 3816-4884 / 3895-4289

HIDEKI SUSHI

Sempre perto da comunidade judaica Os supermercados Futurama ampliaram e modernizaram as lojas para melhor atender aos clientes. Um dos preferidos da comunidade judaica, o Futurama tem sete pontos estratégicos na cidade.

de uma variada carta de vinhos nacionais e importados. Para quem não pode sair de casa, a Originale oferece serviços de entrega em domicílio das 12 às 16 horas e 19 às 23 horas.

além de estar sempre em dia com as tendências, e foi o primeiro estúdio fotográfico de eventos no Brasil a utilizar a tecnologia da fotografia digital. Av. Chibarás, 546, Moema Fone 5051-1604 | Site www.manuk.com.br

ERETZ TUR

Viagens em grupo ou individuais Em comemoração aos seus onze anos de existência, em que incentivou a comunidade judaica a visitar Israel, Europa, Estados Unidos, a Eretz Tur ganhou uma casa nova, com muito mais espaço e conforto para atender a todos. A Eretz Tur também fez uma gran-

de parceria com a CVC e com a Maestro Operadora, beneficiando os clientes com descontos maravilhosos na compra de pacotes nacionais e internacionais. Rua Major Sertório, 463 – 1º andar Fone 3873-5367 | Site www.eretztur.com.br


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roteiro gastron么mico

HEBRAICA

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roteiro gastron么mico


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HEBRAICA

roteiro gastronômico

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indicador profissional ADVOCACIA

ADVOCACIA

CIRURGIA PLÁSTICA

ANGIOLOGIA

CLÍNICA HIPERBÁRICA

ARTETERAPIA

BIOPSICOLOGIA

CLÍNICA MÉDICA/ENDOCRINOLOGIA


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HEBRAICA

indicador profissional DERMATOLOGIA

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indicador profissional FISIOTERAPIA

FONOAUDIOLOGIA

GINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA

GENÉTICA

MANIPULAÇÃO

ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA

MEDICINA PREVENTIVA

OFTALMOLOGIA

ODONTOLOGIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

MANIPULAÇÃO

PEDIATRIA


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HEBRAICA

indicador profissional PSICOLOGIA

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indicador profissional PSIQUIATRIA

PSICOLOGIA

TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA

QUIROPRAXIA

REPRODUÇÃO

compras e serviços

PSIQUIATRIA

PARA ANUNCIAR NA REVISTA HEBRAICA LIGUE:

3815-9159 3814-4629


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compras e serviรงos

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HEBRAICA

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compras e serviรงos


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compras e serviรงos

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HEBRAICA

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conselho deliberativo

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conselho deliberativo

Lista de Conselheiros

E OS INTEGRANTES DAS COMISSÕES, DO CONSELHO FISCAL E DA DIRETORIA EXECUTIVA NOME AARON BERNARDO SONDERMAN ABRAHAM AVI MEIZLER ABRAM BERLAND ABRAMO DOUEK ABRAMINO ALBERTO SCHINAZI ABRAO B. ZWEIMAN ADOLPHO FISCHMAN AIRTON SISTER ALAN BOUSSO ALAN CIMERMAN ALBERTO GOLDMAN ALBERTO HARARI ALBERTO RACHMAN ALBERTO SAPOCZNIK ALEXANDRE L. S. LOBEL ALEXANDRE OSTROWIECKI ALZIRA M. GOLDBERG ANITA GOTLIB NISENBAUM ANITA RAPOPORT ANITA W. NOVINSKY ANTONIO FLORIANO P. PESARO ARI FRIEDENBACH ARIEL LEONARDO SADKA ARTHUR ROTENBERG AVRAHAM GELBERG BEATRIZ WOILER RAICHER BEIREL ZUKERMAN BERNARDO GOLDSZTAJN BERNARDO KRONGOLD BORIS BER BORIS CAMBUR BORIS KARLIK BORIS MOISES MIROCZNIK BRUNETE GILDIN BRUNO JOSÉ SZLAK CAIO MAGHIDMAN CARLOS GLUCKSTERN CARLOS KAUFMANN CELIA BURD CELSO SZTOKFISZ CHARLES TAWIL CHARLES WASSERMANN CHYJA DAVID MUSZKAT CLARA NOEMI TREIGER CLAUDIA MARIA COSTIN CLAUDIA ZITRON SZTOKFISZ CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG CLAUDIO STEINER CLAUDIO STERNFELD CLAUDIO WEINSCHENKER DANI AJBESZYC DAVE LAFER DAVID LEDERMAN DAVID PROCACCIA DAYVI MIZRAHI DEYVID ARAZI DIANA CHARATZ ZIMBARG DOV BIGIO EDUARDO DE AIZENSTEIN EDUARDO GRYTZ

CARGO

NOME

Secretário Geral Executivo Presidente do Executivo

Jurídica

Tesoureiro Executivo

Assessor Mesa Conselho Ex-Presidente Vice-Presidente Conselho Esportivo Ex-Presidente Administração e Finanças

Obras

Relator

Obras

Coordenador

Jurídico

Coordenador

Assessora Mesa Conselho Obras

Vice-Presidente Conselho Jurídico Administração e Finanças

Administração e Finanças

EDUARDO ROTENBERG ELCIO NEUSTEIN ELIE K. HAMADANI ELISA RAQUEL NIGRI GRINER ERNESTO MATALON ERVINO SOICHER ESTER R. TARANDACH EUGEN ATIAS EUGENIO VAGO EVA ZIMERMAN EVELYN H. GOLDBACH FABIO AJBESZYC FABIO KEBOUDI FERNANDO ROSENTHAL FISZEL CZERESNIA FLORA GHITA TAKSER FRANCISCO AMERICO RAICHMAN GABRIEL R. KUZNIETZ GEORGES GANCZ GILBERTO LERNER GIUSEPPE PIHA GLORINHA COHEN GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR GUSTAVO CIMERMAN GUSTAVO ERLICHMAN HELENA NISKIER HELENA ZUKERMAN HELIO BOBROW HENRIQUE BOBROW HENRIQUE FISBERG HENRIQUE JOSEF HENRIQUE MELSOHN HENRY JACQUES KLEIN HORACIO LEWINSKY HUGO CUPERSCHMIDT IDA SEMER ISAAC AMAR ISAQUE RUBIN ISRAEL ISSER LEVIN ISY RAHMANI IVETTE MANDELBAUM JACKSON CIOCLER JACOBO KOGAN JACK TERPINS JACQUES ADONI JAIME CIMERMAN JAIME SHNAIDER JAIRO HABER JAIRO OKRET JAIRO PEKELMAN JAIRO ZYLBERSZTAJN JAQUES LERNER JAQUES MENDEL RECHTER JAYME BOBROW JAYME MELSOHN JAYME SZUSTER JAYME WIDATOR JEFFERSON JANCHIS GROSMAN JEFFREY ADONIS VINEYARD JOEL RECHTMAN JONAS GORDON

CARGO

Administração e Finanças

Administração e Finanças Jurídico Jurídico Jurídico 2º Secretário Conselho

Assessora Feminino Ex-Presidente Ex-Presidente Conselho Fiscal Obras Vice-Presidente Conselho

Adm. Finanças Coordenador Jurídico Administração e Finanças Ex-Presidente

Secretário Executivo Conselho Fiscal

Conselho Fiscal Administração e Finanças

NOME

CARGO

JONNY CUKIER JOSÉ ABRAMOVICZ JOSÉ BIRKMAN JOSÉ EDUARDO GOBBI JOSÉ HENRIQUE CHAPAVAL JOSÉ LUIZ GOLDFARB Assessor Redes Sociais JOSÉ RICARDO MONTEIRO GIANCONI JOSÉ WOILER JOSEPH RAYMOND DIWAN JULIO KAHAN MANDEL Assessor Ouvidoria KRYSTYNA OKRENT LEONARDO CUSCHNIR LEO TOMCHINSKY LEON ALEXANDER LIONEL SLOSBERGAS LORENA QUIROGA LUBA GLEZER ROSEMBERG LUCIA FELMANAS AKERMAN LUIZ FLAVIO LOBEL 1º Secret. Mesa Conselho 1º Secretário Conselho LUIZ GABOR Tesoureiro Geral Executivo LUIZ JAYME ZABOROWSKY LUIZ KIGNEL LUIZ MESTER MAIER GILBERT MANOEL KRON PSANQUEVICH MARCELO DE WEBER MARCEL HOLLENDER MARCELO KAHAN MANDEL MARCELO MIROCZNIK MARCELO SCHAPOCHNIK MARCIA MELSOHN MARCOS ARBAITMAN Ex-Presidente MARCOS BURCATOVSKY SASSON MARCOS CHUSYD MARCOS KARNIOL Obras MARIZA DE AIZENSTEIN MARLI KOTUJANSKY MAURICIO FOGEL MAURICIO JOSEPH ABADI Jurídico Relator MAURICIO PAULO MATALON MAURO JOSE DE SALLES NAHAISSI MAURO ZAITZ Assessor Financeiro MAX WAINTRAUB MENDEL L. SZLEJF Vice-Presidente Administrativo MENDEL VAIDERGORN MICHEL STOLAR MILTON RZEZAK MIREL WALDMANN MIRIAM KRUGLIANSKAS MOACYR LUIZ LARGMAN Jurídico Secretário MOISÉS SCHNAIDER MOISÉS SINGAL GORDON Vice-Presidente Juventude MOISÉS SUSLIK MONICA R. ROSEMBERG MONICA TABACNIK Adm.Finanças Relatora MOSZE GITELMAN MOYSÉS BOBROW Secretário MOYSÉS DERVICHE Adm.Finanças MOYSÉS GROSS Obras/Assessor Acesc NAUM ROTENBERG Ex-Presidente

NOME NAUM SCHAPIRO NELSON GLEZER NELSON ZLOTNIK NESSIM HAMAOUI NESSIM MIZRAHI NICOLE SZTOKFISZ NILSON ABRAO SZYLIT PAULO BRONSTEIN PAULO DANILA PAULO R. FELDMAN PAULO ROBERTO EGEDY PEDRO MAHLER PERLA JOSETTE MOSSERI PETER T. G. WEISS RAMY MOSCOVIC RAQUEL MIZRAHI RAUL CZARNY REBECA LISBONA RENATO FEDER RENATO KASINSKY RICARDO BERKIENSZTAT ROBERTO GARBATI BECKER RONEY ROTENBERG RONY SZTOCKFISZ ROSA BRONER WORCMAN ROSALYN MOSCOVICI ROSITA KLAR BLAU RUBENS BISKER RUBENS KRAUSZ RUBENS ERNANI GIERSZTAJN RUGGERO DAVID PICCIOTTO SAAD ROMANO SALIM KEBOUDI SALO FLOH SALOMON WAHBA SAMI SZTOCKFISZ SAMSÃO WOILER SANDRO ASSAYAG SARITA KREIMER SAUL ANUSIEWICZ SERGIO CIMERMAN SERGIO GARBATI GROSS SERGIO KORN SERGIO PRIPAS SERGIO ROSENBERG SIDNEY SCHAPIRO SILVIA L. S. TABACOW HIDAL SILVIA WAISSMAN ZLOTNIK SILVIO BRAND SILVIO CHAN SIMAO A. LOTTENBERG SIMAO PRISZKULNIK SIMCHA BINEM BERENHOLC SZLOMA ZATYRKO VANESSA KOGAN ROSENBAUM VICTOR LINDENBOJM WALTER MEYER FELDMAN YUDAH BENADIBA YVES MIFFANO ZEEV TUCHMAJER

CARGO Vice-Presidente Obras Obras Obras Obras

Obras

Secretário

Presidente do Conselho

Conselho Fiscal Obras

Conselho Fiscal Conselho Fiscal

Coordenador Secretário

Ex-Presidente Jurídico

Vice-Presidente Social Cultural Assessora Mesa Conselho

Jurídico Conselho Fiscal Secretária Obras


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conselho deliberativo

O discurso de Friedenbach Ari Friedenbach, conselheiro e vereador recentemente eleito, enviou o depoimento abaixo, relatando as suas expectativas em relação à nova função municipal. “Tenho muito orgulho de fazer parte da comunidade judaica em São Paulo e, especialmente, de ser parte do Conselho Deliberativo da Hebraica de São Paulo. Desde muito jovem venho atuando, efetivamente, em nossos movimentos; dos 11 aos 23 anos fui membro do Movimento Juvenil Sionista, Chazit Hanoar. Devido a essa participação ativa, passei o ano de 1980 em Israel, num kibutz, para ampliar minha vivência com a cultura judaica e a do país. “Essa experiência foi fundamental na minha formação pessoal e na aquisição de valores morais que regem o meu caminho até hoje. “Hoje atuo como Conselheiro da Hebraica, onde sou sócio desde 1963, e como vereador do município de São Paulo. Grandes desafios e um só objetivo: garantir a melhoria contínua e a transparência, tanto do clube quanto da cidade. “Como conselheiro e assessor da presidência, busco auxiliar o presidente do Conselho Peter T. G. Weiss a tomar as melhores decisões para os sócios e frequentadores do clube. Já como vereador, fiscalizo as ações tomadas pelo poder executivo, na figura do prefeito Fernando Haddad, além de representar os interesses da população. Para exercer essas funções, parto dos mesmos princípios: ética, dedicação, responsabilidade e transparência. E assim sigo nas duas funções com a minha dedicação e a confiança que em mim foi depositada, para realizar um trabalho digno e que corresponda aos valores que adquiri com o tempo, pensando sempre no benefício da comunidade judaica e da população de São Paulo.”

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2013 LOCAL: TEATRO ANNE FRANK HORÁRIO: 19H30 4/3/2013 22/4/2013 12/8/2013 10/11/2013 – ASSEMBLÉIA GERAL 25/11/2013 9/12/2013 ERRATA NA EDIÇÃO DE FEVEREIRO, A DATA DA ASSEMBLÉIA GERAL (ELEIÇÃO) FOI GRAFADA COM ERRO. A INFORMAÇÃO ACIMA É A CORRETA

Mesa do Conselho Peter T. G. Weiss Presidente Horácio Lewinski Vice-presidente Cláudio Sternfeld Vice-presidente Luiz Flávio Lobel Secretário Fernando Rosenthal Segundo secretário Sílvia Hidal Assessora da Presidência Célia Burd Assessora da Presidência Ari Friedenbach Assessor da Presidência



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