Revista Hebraica - Março

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ANO LVI

| N º 637 | MARÇO 2015 | ADAR 5775

Um bebê de cinco anos



HEBRAICA

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palavra do presidente

Purim é mais do que sorte. É festa Quando esta edição da revista Hebraica chegar às mãos dos associados, os ecos das comemorações de Purim, este ano em 5 de março, ainda estarão ressoando pelos lares dos judeus de todos os países, principalmente num momento como este em que precisamos muito mais do que sorte, pur, em hebraico, daí a palavra Purim. O vilão Haman, o todo-poderoso ministro do rei Achashverosh, escolheu ao acaso, na sorte, digamos, a data de 14 do mês hebraico de Adar para reunir todos os judeus do reino persa e matá-los. Mas não foi isso o que aconteceu, como sabemos e somos testemunhas porque estamos aqui, e Haman foi destituído pelo rei, preso e enforcado. Isso ocorreu dia 14 de Adar e no dia seguinte, todos os judeus regozijaram e se alegraram, como num verdadeiro Carnaval. Purim, Chanuká, Pessach e os demais festejos e comemorações do calendário mosaico com a sua simbologia, princípios e conceitos, encerram verdadeiras lições de vida, de participação comunitária, de solidariedade, de união dos judeus onde quer que estejam e, principalmente, de celebração da liberdade, da justiça e do respeito aos direitos humanos. Isso é tanto mais necessário nesses dias em que, em algumas regiões, seus povos e suas gentes parecem estar regredindo aos tempos das trevas e se manifestam vandalizando cemitérios judaicos, atacando sinagogas e perseguindo cidadãos porque se cobrem com uma prosaica kipá, e para os quais apontam o dedo acusador: judeu. Sim, somos judeus. E o silêncio cúmplice dos que não percebem o sentido dos ataques aos judeus sugere que desconhecem que a primeira vítima do antissemitismo é o judeu; a segunda, a democracia e, portanto, a liberdade. Se alguém quiser isso uma comunidade forte, unida e coesa pode impedir.

Shalom Chag Purim Sameach

Avi Gelberg

PURIM, CHANUKÁ, PESSACH E OS DEMAIS FESTEJOS E COMEMORAÇÕES DO CALENDÁRIO MOSAICO COM A SUA SIMBOLOGIA, PRINCÍPIOS E CONCEITOS, ENCERRAM VERDADEIRAS LIÇÕES DE VIDA, DE PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA, DE SOLIDARIEDADE, DE UNIÃO DOS JUDEUS ONDE QUER QUE ESTEJAM E, PRINCIPALMENTE, DE CELEBRAÇÃO DA LIBERDADE


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sumário

HEBRAICA

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Carta da Redação

Destaques do guia A programação de março e abril

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Capa/ espaço bebê Serviço completa cinco anos e coleciona lindas histórias

cultural + social tu b’shvat Parceria com Pioneiras e KKL teve comemoração dupla

20

galeria Conheça os planos do novo diretor para área de artes

22

espetáculo No final de março, a Hebraica recebe apresentação do Cisne Negro

24

gourmet Chef renomado conta as suas aventuras entre a França e o food truck

26

comunidade Os eventos mais significativos da cidade

30

fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

35

juventude

36

cursos Oportunidades para quem está começando a pensar na vida

38

fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

39

esportes

40

vice-presidência de esportes Os planos de Fábio Topczewski para os próximos três anos

44

internacional Hebraica recebeu judocas e nadadores israelenses

46

pólo Novo técnico espanhol já está se ambientando na Hebraica

49

magazine

50

18

negócios Conheça a maior fábrica de shofar do mundo


HEBRAICA

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notícias de Israel Os casos mais quentes do universo israelense

58

antissemitismo Por que a esquerda tradicional cultiva o ódio aos judeus?

64

israel, 67 anos A luta de David Ben-Gurion para neutralizar o partido comunista

70

personalidade De Cracóvia para o mundo: o império de Helena Rubinstein

76

a palavra Que bagunça é esta? Os significados de capharnaüm

78

costumes e tradições Com vizinhos assim, quem precisa de inimigos? A arte da convivência na tradição judaica

80

viagem Nosso publisher foi à Moldávia em busca do passado familiar

85

televisão Série mostra o perigoso mundo dos infiltrados israelenses em comunidades árabes

86

leituras A quantas anda o mercado de ideias?

88

música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa

90

ensaio O que sobrou do judaísmo polonês depois da Shoá?

94

curta cultura Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado

44

113 diretoria

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conselho Conheça os novos integrantes da Mesa e das comissões permanentes

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carta da redação

A revista é a porta-voz da Hebraica

ANO LVI | Nº 637 | MARÇO 2015 | ADAR 5775

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN

Esta edição contém textos importantes a respeito da Hebraica e que valem a pena serem lidos: primeiro, é a matéria de capa a respeito dos cinco anos do Espaço Bebê, mais uma iniciativa pioneira da Hebraica e que, acredito, logo os outros clubes da capital copiarão formato e o conceito e, segundo, a primorosa entrevista do novo vice-presidente de Esportes Fábio Topczewski, o Binho, cujas propostas talvez sejam emblemáticas da disposição e dos princípios que orientam os membros da atual diretoria, eleita no final do ano passado. Todos os meses os editores da revista Hebraica querem que os leitores, associados ou não do clube, se informem a respeito dos atos e fatos acerca da Hebraica, mas, também, do vasto e aparentemente inesgotável mundo judaico, evidente nas reportagens que tratam da quase centenária fábrica de shofarot em Israel de autoria do correspondente Ariel Finguerman; das não tão sutis ligações entre o marxismo e o ódio aos judeus desde que o velho barbudo, aliás judeu, surgiu; a batalha perdida de David Ben-Gurion contra o jornal Kol Há’am, do Partido Comunista de Israel, quando prevaleceram os fundamentos da liberdade de expressão contra a vontade do Estado; a vida e a história de poder de Helena Rubinstein e as lembranças da saborosa viagem do publisher desta revista, Flávio Bitelman, às suas raízes ancestrais. Boa leitura e Chag Purim Sameach Bernardo Lerer Diretor de Redação

DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)

CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

FOTO DE CAPA FLÁVIO M. SANTOS DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

3815.9159

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700

OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA

calendário judaico ::

DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

ABRIL 2015 Nissan 5775

MARÇO 2015 Adar 5775 dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

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1 2 3 4 8 9 10 11 15 16 17 18 22 23 24 25 29 30 Primeiro Seder de Pessach

Purim

Segundo Seder de Pessach| Iom Hashoá Iom Hazikaron| Iom Haatzmaut

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG

VEJA NA PÁGINA 114 O CALENDÁRIO ANUAL 5775

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por Giovahnna Ziegler

destaques do guia

MEGA PURIM HEBRAICA MAIS UM ANO PARA FESTEJAR COM ALEGRIA

O NOME PURIM VEM DA PALAVRA HEBRAICA PUR, QUE SIGNIFICA SORTEIO. ERA O JEITO USADO POR HAMAN, O PRIMEIRO-MINISTRO DO REI ACHASHVEROSH DA PÉRSIA,

7 Dias

Horários do ônibus

PARA ESCOLHER A DATA NA QUAL ELE PRETENDIA ACABAR COM OS JUDEUS

DO PAÍS. PORÉM, NO DIA 13 DO MÊS DE

ADAR, DEU-SE O MILAGRE E A SITUAÇÃO SE REVERTEU. OS JUDEUS CONSEGUIRAM SE SALVAR E O DIA SEGUINTE, DIA 14 DE ADAR, VIROU A DATA DESSA FESTA, HOJE CONHECIDA COMO PURIM. TODA ESSA HISTÓRIA VEM CONTADA EM DETALHES NA MEGUILAT ESTER, O LIVRO DE ESTER, QUE DESENVOLVE O ENREDO DESSA TRAMA MILENAR E DE SEUS

PERSONAGENS. NOSSA SINAGOGA VAI

LER A MEGUILAT ESTER COM DIREITO A

MÁSCARAS, RECO-RECO E MUITA ALEGRIA.

TRAGA SUA FAMÍLIA PARA FESTEJAR COM A HEBRAICA NOS DIAS 7 DE MARÇO, SÁBADO, ÀS 19H E 8 DE MARÇO, DOMINGO, ÀS 10H30. AH, E VAI TER OZNEI HAMAN, AS DELICIOSAS ORELHAS DE HAMAN, PARA DEGUSTAR!

JUVENTUDE

Escola de música Matrículas Abertas Inf.: 3818-8824

SOCIAL CULTURAL

Série Santa Marcelina Cultura: Banda Sinfônica Jovem do Estado, com regência de Mônica Giardini

• Terça a sexta-feira Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

22/3, dom, 12h Teatro Arthur Rubinstein Inf.: 3818-8888

• Sábados, domingos e feriados

Cisne Negro Cia. De Dança 28/3, sáb, 20h30 Teatro Arthur Rubinstein Inf.: 3818-8888

Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30



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capa | espaço bebê | por Magali Boguchwal

Aqui brincar é coisa séria


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EM 2010, O LOCAL ONDE FUNCIONAVA O CONCESSIONÁRIO DO FALAFEL DEU LUGAR A UM ESPAÇO ENVIDRAÇADO DESTINADO AO CUIDADO

COM A FAIXA ETÁRIA MAIS DELICADA, A DOS BEBÊS

DE CINCO MESES A 2 ANOS. CINCO ANOS DEPOIS, O

ESPAÇO BEBÊ É UM DOS PRINCIPAIS FATORES DE ATRAÇÃO PARA CASAIS COM FILHOS PEQUENOS

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arrinhos de bebê sempre se destacaram no movimento da Hebraica em dias de sol. A logística necessária para se deslocar e passar algumas horas fora de casa com bebês levou gerações de pais a renovarem constantemente as exigências em relação ao clube. Para eles e por eles hoje existem dois berçários equipados e dois parquinhos; nos banheiros, trocadores de fraldas e no Cantinho do Seu Manoel, papinhas à venda. Mas faltava ainda um local para abrigar e entreter os pequenos em dias de chuva. O pedido saiu melhor do que encomenda. Em 2010, a vice-presidência de Juventude implantou o Espaço Bebê que, a princípio, atendia a faixa dos cinco meses aos 2 anos de idade, e hoje também apoia e integra gestantes, mães com recém-nascidos e ajuda pais cada vez mais engajados. A abertura do Espaço Bebê mostrou que há muito mais a se oferecer às famílias do que uma simples área de entretenimento. “O projeto foi esboçado em todos os detalhes, da iluminação natural aos tanques de areia colorida e atóxica, que até hoje atraem a maioria das crianças”, comenta Talita Pryngler, coordenadora do projeto desde a sua concepção. O andar térreo, onde começou o projeto, é pródigo em surpresas para serem exploradas pela criança e oferecer-lhe a segurança dos locais familiares. Graças ao Espaço Bebê, muitos pais assimilaram a expressão “brincar livre” em todo o seu significado. “Em algum lugar da sala, há sempre uma novidade, enquanto outros cantos permanecem com os brinquedos na mesma configuração. A arrumação dos brinquedos e livros também segue um rodízio de modo a que a criança se depare com outras opções lúdicas”, explica a psicóloga Olívia Bara integrante da equipe do Espaço Bebê. A ausência de eletrônicos deixa pais, avôs e avós à vontade para partilhar as brincadeiras com os filhos e netos. “Colocamos os objetos em locais de fácil alcance pela criança e muitos deles são elaborados aqui mesmo, no Espaço Bebê, a partir de utensílios plásticos de cozinha, papel resinado ou sobras de outros brinquedos. Queremos que os pequenos tenham papel ativo na brincadeira, atraindo sua atenção para cores e sons. A diversão vem com a descoberta de que são eles que estão no comando da brincadeira”, completa. No térreo, algumas profissionais testaram e aprimoraram propostas inovadoras de trabalho. A compositora e cantora Tânia Grinberg pesquisou antigas cantigas judaicas e brasileiras para embalar, oficina que ganhou o nome de “Minha mãe canta para mim e eu gosto”; agora, Jane Fuchs leva sua maleta cheia de bonecos nos compromissos profissionais de contadora de histórias. A estreia de alguns desses bonecos aconteceu na oficina de contação de histórias, no Espaço Bebê. Uma vez consolidado o trabalho no térreo, o Espaço Bebê avançou para o mezzanino, adaptado como uma sala multiuso para um eventual aleitamento de recém-nascidos, banho de emergência em um bebê, aulas de ioga para gestan-

>>


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capa | espaço bebê

CADA GERAÇÃO PROCURA O MELHOR PARA OS SEUS BEBÊS

>> tes e para a oficina de dança materna. Até o ano passado, acontecia também ali uma oficina sensorial para os bebês com uso de tinta comestível. No momento ela está suspensa em função da necessária economia de água. Ali, quase não há brinquedos, mas colchões de espuma. Sobre eles, mamães circulam carregando orgulhosamente os slings (tiras de tecido habilidosamente amarradas ao tronco dos pais) que envolvem os filhos. A formação de um vínculo entre as mães é quase imediata e muitas, mesmo depois dessa fase inicial da maternidade, trocam impressões pelas redes sociais ou combinam de se encontrar no andar térreo. Mãe de três filhos, Renata Len faz parte desse grupo. “Os dois mais velhos não puderam aproveitar o Espaço Bebê, mas semanalmente trago a caçula, Lúcia, para as oficinas de dança materna, e ‘Minha mãe canta para mim e eu gosto’. Além das oficinas, a Lúcia adora brincar no térreo. É um dos poucos lugares em São Paulo onde ela pode se mover livremente e em segurança, fora de casa.” Em algumas ocasiões, durante as férias escolares, o Espaço Bebê levou as aulas de dança materna para áreas descobertas do clube, e no ano passado o grupo de alunas apresentou-se no show infanto-escolar durante o 34º Festival Carmel.

Segundo Talita Pryngler, a coordenadora, é difícil precisar o número de crianças que frequentam o Espaço Bebê. “Há aquelas que vêm diariamente com as babás, mães ou avós e também as que só frequentam as oficinas. Aos sábados e domingos o movimento aumenta com aqueles pais ou avós que só vêm ao clube no final de semana”, detalha Talita. Os gêmeos Noah e Max, 1 ano e quatro meses, estão nesse último caso. A avó deles, a arquiteta Regina Strumpf, mora na vizinhança do clube. “Eles ficam muito bem aqui. Quando vêm em casa e eu os coloco no carrinho, se animam e chegam ao clube alegres. Como minha filha mora em Higienópolis, fica difícil para ela trazê-los ao clube”, comenta. Teoria e prática No Espaço Bebê, a teoria e a prática se completam. Como outras fãs do espaço, Talita teve duas filhas, Yasmin e Júlia, e com elas curtiu as aulas de dança e de música e enquanto trabalhava, suas filhas descobriam os segredos guardados nas prateleiras do térreo. Júlia e outros bebês participaram de uma parte do workshop ministrado pelo especialista britânico em desenvolvimento psicomotor Mark Taylor. Durante visita a São Paulo, ele encaixou na agenda uma manhã na Hebraica, conheceu as instala-

ções do Espaço Bebê e trabalhou alguns dos conceitos que aplica em seus paciente com um grupo de profissionais da área infantil e mães. “O desenvolvimento de um bebê imita em cada fase um ser na natureza e é preciso respeitar cada uma dessas fases, pois nelas reside a preparação dos músculos para a próxima etapa”, aconselhou o visitante. Para aclarar os conceitos, ele propôs aos alunos imitarem os movimentos dos bebês para experimentarem na prática algo incompreensível para os adultos. “Ao pegar um bebê de repente, por exemplo, você estará interrompendo um movimento dele e isso pode assustá-lo. Para não acontecer isso, basta convidá-lo a dividir com você o movimento de vir para o seu colo”, aconselhou. Taylor elogiou o grupo. “São raros os alunos que se entregam tanto durante os exercícios práticos, mas acho muito útil mostrar aos adultos o que acontece ao bebê enquanto ele atravessa as fases de desenvolvimento, pois em alguns casos é possível fazer a criança retornar à uma fase anterior e educar os movimentos para seguir em frente. Aprendi isso na prática, há 24 anos, ao lidar com meu filho prematuro. Foi por meio do trabalho com ele que me aprofundei nos padrões neurológicos básicos que mostrei hoje a vocês”, concluiu.


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Um espaço para a família H

á cinco anos criamos um novo conceito. A Hebraica mais uma vez inovava, desta vez oferecendo aos sócios uma maneira inédita de estar com os bebês, de pensar sobre seu desenvolvimento, de cuidar desta fase tão particular e especial. Fui convidada pela Hebraica para criar este projeto, e antes de abrir as portas foram seis meses de uma intensa pesquisa. Visitei muitos berçários e me aprofundei em algumas correntes teóricas com olhar especifico para esta faixa etária para formar as suas bases. Uma grande referência foi o trabalho que é realizado na França, as chamadas “Maison Verte”. Idealizado por Françoise Dolto, a “Casa Verde” oferece um espaço de convivência para as famílias a partir de uma escuta amparada pela psicanálise. Outra inspiração foi o trabalho realizado por M. Pikler, que nos ajudou a pensar a relação intrínseca que existe entre

o ambiente e o desenvolvimento psicomotor do bebê. Além disso, a corrente pedagógica de Reggio Emilia, na Itália, teve influência na construção do projeto arquitetônico e no design do mobiliário, no olhar para a integração do espaço físico e a exploração livre do bebê. Como bem disse Winnicott, “não existe um bebê sozinho”. O bebê é um ser totalmente dependente dos cuidados e do desejo dos pais para que possa se tornar uma criança e um adulto saudável. Para os pais proverem um ambiente acolhedor para o bebê, é importante o apoio do pediatra, da família e da comunidade em que estão inseridos. Antigamente, esse entorno era natural, as famílias moravam perto, os avós nesta fase da vida não trabalhavam tanto, as crianças brincavam na rua, tudo era mais integrado, parece que se trabalhava menos e se convivia mais. Atualmente, o casal que acaba de receber o bebê na maioria das vezes conta com a ajuda de enfermeiras, babás e familiares que dão um grande suporte nessa fase. Ainda assim faz falta a experiência de estar em comunidade, junto

MARK TAYLOR COMPAROU O DESENVOLVIMENTO DOS BEBÊS À EVOLUÇÃO DOS SERES NA NATUREZA

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com outras mães, vivendo os desafios e conquistas desse momento. Quando um bebê nasce, nasce junto uma mãe, um pai, uma família. Existe aí uma construção psíquica necessária. Uma reformulação da dinâmica do casal, pois cada um dos pais carrega uma história, uma ideia, alguma memória dos cuidados que recebeu quando era bebê. O Espaço Bebê nasceu para ser um lugar de convivência para as famílias. Um ambiente minuciosamente preparado para os bebês, arquitetonicamente planejado para proporcionar o desenvolvimento, a autonomia, a experimentação e a criatividade, tanto para os bebês como para os cuidadores e para a equipe de profissionais que formam seu corpo. O “espaço do brincar livre” (como chamamos o piso térreo) é palco de grandes conquistas, trocas e conversas. Muitas vezes somos testemunhas de momentos preciosos como o início do engatinhar, os primeiros passos, a primeira noite inteira de sono do bebê. Só quem vive isso no dia-a-dia sabe da tamanha importância. Aqui todos são convidados a partici>>


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>> par das intervenções que acontecem no espaço através das “instalações sensoriais”, “histórias e brincadeiras”, “tempo de arte” e “tecendo conversas”. Esta rotina faz parte do cotidiano das famílias da Hebraica há cinco anos. As oficinas dirigidas do mezzanino são momentos preciosos vividos em grupo, que se acompanha e constrói junto com um repertório recheado de músicas, instrumentos, cantos, danças, vivências criativas, movimentos e vínculos. Vínculo com a alegria de estar junto, com as funcionárias da oficina cuidadosamente escolhidas que transformam estes momentos em memórias preciosas. A equipe, formada por psicólogos e educadores, está sempre por perto, seja acompanhando as famílias, na escuta e na brincadeira, como criando instalações sensoriais e apoiando as oficinas do mezzanino. Nestes cinco anos formamos parcerias importantes com instituições e grupos que oferecem trabalhos focados no público que recebemos, desde a gestação até os 2 anos e meio dos bebês. A Clínica Célula Mater, referência em saúde da mulher, o grupo Primeiras Histórias, que dá suporte especializado na gestação e pós-parto, o Núcleo Pulso, trazendo Mark Taylor para o Brasil e possibilitando um rico workshop sobre o desenvolvimento motor do bebê para profissionais da área e mães, realizado na Hebraica. Temos também realizado oficinas no Sesc Sorocaba e, em 2013, participamos em Brasília de um Congresso Internacional sobre o Bebê realizado pela Associação Brasileira de Estudos sobre o Bebê (Abebe), apresentando nosso projeto. E há três anos, todo semestre damos uma aula na formação de brinquedistas da Abrinq. São cinco anos de muitas conquistas para todos que permeiam esta história. Para nós, da equipe, cada novo ano, nos faz sentir junto com as famílias que chegam, a beleza do novo a riqueza de cada etapa. E esta energia nos renova e faz este trabalho acontecer de maneira criativa e pulsante. (Talita Pryngler, coordenadora do Espaço Bebê)

Fotos Cláudia Mifano

capa | espaço bebê

OFICINA DE DANÇA MATERNA AO AR LIVRE DURANTE AS FÉRIAS

Um show para a platéia mirim Dia 29 de março, às 15 horas no Teatro Arthur Rubinstein, será realizado o show “Toc Patoc” em comemoração ao quinto aniversário do Espaço Bebê apresentando o grupo Tiquequê, um dos mais requisitados atualmente. Os ingressos já estão à venda na Central de Atendimento. Derivado do trabalho artístico-pedagógico feito pelo grupo Palavra Cantada, a base do Tiquequê está nas canções infantis resgatadas do cancioneiro brasileiro e as apresenta com uma roupagem moderna e acompanhadas por recursos de percussão corporal, figurinos coloridos, especialmente atraentes para o público infantil. Mais informações, no Espaço Bebê ou pelo fone 3818-8711.




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cul tu ral + social


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cultural + social > tu b’shvat

Festa em dose dupla

NA’AMAT PIONEIRAS, KKL BRASIL E HEBRAICA SÃO PARCEIROS

HÁ 22 ANOS NA CELEBRAÇÃO DE TU

B’SHVAT. ESTE ANO,

A NOVIDADE FOI QUE A

FESTA SE ESTENDEU POR DOIS FINS DE SEMANA

OS PRESIDENTES AVI GELBERG, DA HEBRAICA, CLARICE SCHUCMAN JOZSEF, DE NA’AMAT PIONEIRAS, E EDUARDO EL KOBBI, DO KKL, DURANTE O TRADICIONAL PLANTIO DE TU B’SHVAT


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omo acontece tradicionalmente, a parte religiosa de Tu B’shvat, na Sinagoga, teve a presença dos presidentes das três entidades: Clarice Schucman Jozsef, das Pioneiras, Eduardo El Kobbi, do KKL, e Avi Gelberg, o anfitrião. Diretores e associados completaram o minian (quórum de dez homens adultos). Além das rezas tradicionais, quem lá esteve pôde ver dois filmes sobre a atuação do KKL na então Palestina (1928) e em Israel hoje, um trabalho de formiguinha com resultados excepcionais que essa entidade centenária promove em benefício do ambiente. Gerson Herszkowicz, diretor de Cultura Judaica, deu a sua contribuição sempre aguardada quando se relembra a tradição das famílias asquenazitas da Europa e Margot Kulock entoou Oifn Pripitchok (“Sobre o Fogão”), popular cantiga ídiche com a qual os pais ninavam os filhos nos shtetls da Europa. Ao término da parte litúrgica, todos se dirigiram para um canteiro, na lateral da Praça Carmel, escolhido para ser, este ano, o local de plantio de novas mudas. Um dos momentos mais descontraídos da programação, a participação dos “plantadores” é sempre uma confraternização, reunindo adultos e crianças. Miguel e Paulo, jardineiros do clube, mostravam a sua alegria ao ajeitar as mudas para o melhor plantio. “Vou cuidar da ‘sua’ planta. Ela vai crescer bem bonita”, dizia Miguel a cada um que ele ajudava. “As árvores têm raízes profundas, assim como o judaísmo. Vamos manter nossos jovens perto das árvores”, disse Gelberg, entusiasmado com o desenrolar dessa primeira atividade do calendário judaico em sua gestão. “Que tenhamos raízes fortes e frutos maravilhosos, um brinde à vida e à tradição”, complementou a presidente Social e Cultural Mônica Tabacnik Hutzler. No fim de semana seguinte, a festa foi programada para as crianças, mesmo que muitos pais tenham se animado e participado ativamente das brincadeiras, um ponto a mais para a organização, que uniu gerações. Novamente, o esforço das três entidades colaborou para esse su-

cesso, além do dia ensolarado com grande número de famílias no clube. A elas se uniram os integrantes do grupo Chaverim, sempre participativos, mais uma turma de alegres crianças da Creche Shalom, apoiada pela Na’amat SP. Jovens do Instituto Árvores Vivas, entidade que sensibiliza e conecta as pessoas e a natureza com informações históricas, culturais e científicas de forma acessível e criativa, foram convidados para desenvolver diferentes ações. Fizeram uma caminhada ecológica através das áreas verdes do clube, mostrando a beleza de cada planta e das árvores frondosas, explicaram e mostraram espécies de sementes e frutos nativos do Brasil e prenderam a atenção de todos. Depois de um contato tão próximo com a natureza, crianças e adultos foram convidados para uma oficina de ikebana, com a professora Setsuko U. Kubo, da

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Academia Kado Sanguetsu. Para finalizar, quem participou saiu com bandeirinhas do KKL e bombinhas de semente de girassol num saquinho com etiqueta personalizada, elaborada durante a festa. “Este é o segundo ano que realizamos a atividade com o Árvores Vivas, que promove esse contato das crianças com a natureza. A surpresa foi o grande número de adultos que também se interessou”, disse o presidente do KKL Brasil, Eduardo El Kobbi. Gelberg irradiava contentamento durante o evento. “Nosso objetivo é fazer da Hebraica cada vez mais um centro comunitário para os judeus de São Paulo. Ver o clube cheio e as crianças participando das atividades de Tu B’shvat se encaixa na nossa proposta de realizar eventos conjuntos com entidades como a Na’amat e o KKL. Estou feliz.” (T. P. T.)

A DATA DE TU B’SHVAT

TAMBÉM SERVE PARA CONSCIENTIZAR AS NOVAS GERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DE CONSERVAR A NATUREZA


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cultural + social > galeria de arte

Espaço entra em nova fase A PRIMEIRA

EXPOSIÇÃO ESCOLHIDA PELO NOVO DIRETOR DA GALERIA DE ARTE SERÁ DA ARTISTA PLÁSTICA MEIRI LEVIN, COM VERNISSAGE DIA 28 DESTE MÊS. ASSIM, O NOVO DIRETOR DE ARTE E CULTURA, OLÍVIO GUEDES, HOMENAGEIA A ARTISTA QUE, POR QUASE DUAS DÉCADAS, DIRIGIU O ESPAÇO DE EXPOSIÇÕES NA HEBRAICA

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lívio Guedes já fora curador de uma mostra de Meiri Levin no MuBE e a proposta é dar continuidade ao trabalho dela. “Pormenor – Reflexões” é o título da exposição, que será aberta dia 28 de março, às 12 horas. A exposição seguinte vai reunir fotógrafos judeus que participam dos vários Prêmio Porto Seguro de Fotografia. “Todas as exposições serão acompanhadas de debates, fóruns e, no final do ano, pretendemos juntar as mostras de 2014 em um livro”, promete o novo diretor. Guedes foi apresentado por Izy Rahmani, vice-presidente Administrativo muito bem recebido pela vice-presidente Social e Cultural Mônica Tabacnik Hutzler e as primeiras reuniões foram produtivas com ideias que logo serão postas em prática: “Vou levar muito judaísmo para a Galeria de Arte porque tem muitos artistas judeus bons”, diz o diretor, que também é proprietário de uma galeria e membro da diretoria do MuBE.

ENTRE MIL AFAZERES, GUEDES SE ENTUSIASMA COM A GALERIA DE ARTE DO CLUBE

Ele propõe que a Galeria de Arte seja um polo de irradiação educativo, apresentando “o que a arte é, sua verdadeira essência”. Guedes e Mônica receberam a pró-reitora da USP, Maria Arminda Arruda, e o diretor da orquestra da Universidade, Edson Leite, em um almoço no Restaurante Kasher. Daí surgiu uma proposta inicial com a USP. No futuro, Guedes quer fazer contatos com universidades israelenses, sempre pensando em parcerias com o clube. Este ano o tradicional Salão de Arte na Hebraica, realizado no Marc Chagall e que sempre homenageia uma instituição, escolheu o Chaverim. Guedes também quer catalogar o acervo da Hebraica construído desde a inauguração do clube de modo a que seja representativo “a ponto de poder circular pela cidade”. Sobram ideias, a vontade de se dedicar é grande e “o sócio será o maior beneficiado com arte e cultura da melhor qualidade dentro do clube”, garante Guedes. (T. P.T.)

Quem é o novo diretor? Olívio Guedes fez física na USP e é corintiano. Leiloeiro oficial, gestor cultural, é diretor do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), Museu a Céu Aberto (MCA), Associação Cultural da Biblioteca Mário de Andrade, conselheiro de várias entidades e sócio da Galeria Slaviero e Guedes. O primeiro sócio dele em antiguidades foi Marcos Trejger, nome que ele cita carinhosamente. De pai com origem marrana, Guedes fala com emoção dos antepassados da mãe. Consultou um antigo dicionário sefaradita de nomes e descobriu que o sobrenome Moti, de sua bisavó tornou-se com o tempo Motta. A avó sefaradita casou-se com Jacinto Ramos e morreu sete meses após o nascimento da filha, que veio a ser a mãe de Olivio. No oitavo dia, “nem um antes nem depois”, levou o filho ao hospital para “uma cirurgia de fimose”, mesmo o bebê não apresentando nenhum sintoma. Ela decidiu e assim foi feito. Na família de tradição judaica, dedicada ao conhecimento, o que a avó Nelly fala é lei. “Sou judeu. Assumi há muitos anos!”, afirma categórico. Coloca tfilin pela manhã, uma relação entre ele e algo maior, “que faz a minha ligação das coisas etéreas com o mundo”. O contato com vários religiosos lhe dá prazer e é entusiasta do rabino Shie Pasternak. Atualmente estuda os ocultistas franceses do final do século 19 e está debruçado sobre duas teses a serem apresentadas na USP: “Surrealismo e a Obra de Walter Levy” e “As Influências Cabalísticas na Obra de Modigliani”. Tornou-se sócio da Hebraica quando a filha Rafaela ia se preparar para o bat-mitzvá. “Poderia optar por outro, porém comprei o título no meu clube, da minha gente, lógico”, explica.



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cultural + social > espetáculo

O Cisne dança na Hebraica AS APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS DE 2015 COMEÇAM COM A CISNE NEGRO CIA. DE DANÇA E A COREÓGRAFA ISRAELENSE OSNAT KELNER, DIA 28 DE MARÇO, ÀS 20 HORAS, NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN

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ara quem aprecia a dança esta é uma oportunidade dupla: dançarinos brasileiros elogiados pela crítica e a presença da coreógrafa Osnat Kelner, assistente do coréografo Barak Marshall, internacionalmente conhecido. É que a Cisne Negro Cia. de Dança tornou-se referência nos 37 anos em que Hulda Bittencourt é a diretora artística e é considerada uma das melhores companhias contemporâneas do país, pela tradição, originalidade e formação de novas plateias. Nasceu da união das alunas do Estúdio de Ballet Cisne Negro com um grupo de atletas da Faculdade de Educação Física da USP, o que explica a dança espontânea, energética, viril e de quali-

dade técnica e artística das apresentações no Brasil, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Alemanha, África do Sul, Tailândia e pela América do Sul. Neste espetáculo, a Cisne Negro apresentará dois temas: “Trama”, que mostra “o transcendente e o contagiante caminho da alegria neste país”, na explicação do coreógrafo Rui Moreira, destacando as festas populares, folguedos e personagens místicos de um Brasil mestiço, misterioso e mágico. O cenário é do capixaba Hilal Sami Hilal, de ascendênia síria. Moreira é reconhecido no exterior como o intérprete brasileiro por excelência: dançou na Cisne Negro, vários anos no grupo Corpo e agora se-

gue uma elogiada carreira independente sensível à cultura e à diversidade brasileiras, fonte da sua inspiração. O segundo tema é “Sra. Margareth – Excertos de ‘Monger’”, adaptação do coreógrafo Barak Marshall para a Cisne Negro. Um trabalho de dança-teatro, com dez bailarinos em cena e uma trilha musical que combina elementos da música cigana e do sudeste europeu, passando pelo clássico e rock. Filho da dançarina, atriz, coreógrafa e música Margalit Oved, Barak nasceu em Los Angeles e formou-se em ciências sociais e filosofia na Universidade Harvard. Desde que optou pela dança, é aclamado como um dos maiores inovadores da arte. “Aunt Leah”, marco do início de carreira, deu-lhe o primeiro prêmio no Suzanne Dellal Centre’s Shades of Dance Competition, em Israel, e desde então ganha prêmios em Israel e fora dele. O aclamado “Monger” será apresentado na Hebraica e terá a israelense Osnat Kelner, sua assistente de coreografia. Osnat estudou na Academia de Arte Betzalel, em Jerusalém. Foi diretora de ensaio na Companhia de Dança Batsheva. Atualmente é requisitada para trabalhar como coreógrafa e assistente de coreografia. (T. P. T.)

“SRA. MARGARETH”, COREOGRAFIA DO ISRAELENSE BARAK MARSHALL, ESTARÁ NO PALCO DO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN



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cultural + social > espaço gourmet

Da França ao food truck EXPOENTE DA BEM-SUCEDIDA GERAÇÃO QUE PILOTA AS FOOD TRUCKS, A MAIS NOVA FEBRE DA CIDADE, O CHEF JOÃO LEME ESTEVE NA HEBRAICA PARA FALAR DA SUAS EXPERIÊNCIAS GASTRONÔMICAS

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CHEF JOÃO LEME PREPAROU UM MENU COM TRÊS PEIXES NO ESPAÇO GOURMET

Agenda 3/3 – Segredos do melhor pão caseiro, com Luiz Américo Camargo, autor do livro Pão Nosso 10/3 – Culinária japonesa, com pratos quentes ensinados por Thompson Lee 13/3 – Adolescentes na cozinha, com a chef Júlia Figueiredo para jovens de 11 a 16 anos 17/3 – Comida italiana com Diogo Silveira, chef do badalado restaurante Modi 24/3 – Criações contemporâneas que agitam o Gastrobar dos Jardins com o chef Rodrigo Einsfeld, do Barê 31/3 – Aula de coquetelariaa com o mixologista Márcio Silva

ilho de família italiana, João Leme começou a vida na gastronomia como sushiman de um cônsul japonês. “Minha família não entendia essa opção.” Assim, o jovem foi estudar na célebre escola francesa Le Cordon Bleu e conquistou o grande diploma de cozinha e confeitaria. De lá foi para Milão somar aos seus conhecimentos a autêntica comida italiana. “Gosto de preparar risoto, fazer massa, gosto, enfim, da culinária italiana básica... Eu queria um restaurante italiano mais simples”, conta Leme enquanto corta com maestria e jeito especial o salmão defumado que vai servir no final da aula. Ao tratar de sobremesa, revela não saber “cozinhar com adoçante, porque sempre deixa resíduos e nunca cresce igual”. Com simplicidade, explica a sequência de ingredientes para preparar os peixes, sem que os ouvintes saibam que estão à frente de um chef premiado em importantes concursos como o Iberamericano 2006, em Madri, o Icelandic Chef 2007, em Reykjavik, na Islândia, e o Global Chefs Brasil 2007, em São Paulo. “O homem virou homem quando começou a cozinhar os alimentos. Aí, aproveitou mais a comida, mastigou menos e até aumentou a fertilidade”, diz. Outra: ”Não se misturam gordura vegetal e animal, pois são temperos que brigam; na cozinha francesa é assim, mas na italiana se misturam”. Leme teve restaurantes, prestou assessoria a outros e mudou o rumo da vida. Hoje, além de dar aulas e palestras como esta no Gourmet, e em faculdades, Leme e amigos têm cinco food trucks, aqueles veículos adaptados para servir comida de rua, em vários pontos da cidade, é só procurar pelo Vicking. Em tempo de férias, vão ao Guarujá e Campos do Jordão. Quem perdeu essa aula e quiser experimentar um salmão exclusivo do chef Leme, é só fazer uma visita ao Butantã Food Park, e este mês o Vicking também ficará estacionado no Jardim das Perdizes. (T. P. T.)



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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br (crédito Tahia Macluf)

coluna comunidade

Cerimônia no Palácio do Itamaraty

A cerimônia do Dia Internacional em Memória às Vítimas do Holocausto deste ano foi no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. A Embaixada da Polônia apresentou uma exposição acerca do herói da resistência polonesa Jan Karski, que fugiu e apresentou um relatório sobre o Holocausto para Winston Churchill e Theodor Roosevelt. O apelo de ajuda aos judeus foi ignorado. Em 1982, o Museu do Holocausto – Yad Vashem, em Jerusalém, concedeu-lhe a medalha dos Justos Entre as Nações,

Einstein incentiva a prevenção Os médicos Oren Smaletz e Rafael Kaliks, do Centro de Oncologia e Hematologia Einstein Família Dayan Daycoval deram a palestra “O que É o Câncer? Uma Visão Geral”, parte do programa Prevenção é o Melhor Caminho destinado a doentes, acompanhantes e interessados sobre novidades no tratamento da doença.

Horrores do nazismo na TV A TV Record mostrou, em cinco capítulos, reportagens de André Tal nos locais que marcaram a vida de judeus e outras minorias durante a Segunda Guerra Mundial.

Emoção e lembrança no Dia do Holocausto

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Fisesp e a CIP celebraram o Dia Internacional de Recordação das Vítimas do Holocausto na Sinagoga Etz Chayim, da CIP, que estava lotada, e sobreviventes da Shoá ocuparam uma ala reservada e receberam homenagens. Os cônsules da França, Alemanha, Estados Unidos, República Tcheca, Peru, Nigéria, Coreia do Sul e de Israel participaram da cerimônia junto com dom Raymundo Damasceno, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, cônego José Bizon, monja Cohen, religiosos muçulmanos, bahai, do candomblé, entre outros. Mais Eduardo Suplicy e José Ser-

ra, Floriano Pesaro, Alexandre Padilha, os vereadores Antonio Donato e Gilberto Natalini, o prefeito de Tietê Manoel David e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Marcos Costa. Os rabinos Michel Schlesinger e Ruben Sternschein conduziram a cerimônia. Foram homenageados o ator Caco Ciocler, diretor do documentário Este Viver Ninguém Me Tira, a respeito de Aracy Guimarães Rosa, a heroína da fita, e o jornalista Roberto Cabrini, autor do documentário sobre Samuel Klein. O ato foi apoiado pelo Consulado de Israel, a Conib, Unibes, Agência Judaica para Israel, KKL Brasil, Sherit Hapleitá e a produtora Pit Cult.

Autodefesa contada em livro

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uem vê a mignon G. Naomi Yamaguchi não imagina como ela foi decidida ao enfrentar a Corte de Londres, fazendo sua autodefesa de assédio por parte de seu chefe e discriminação na empresa em que atuava. Foram seis dias que a levaram à vitória. “Aprendi uma profunda lição sobre vitimização, autoestima e poder pessoal”, disse Naomi, que conta sua experiência no livro De Alma Lavada. O lançamento foi no restaurante Quattrino e para a curiosidade dos leitores, o primeiro capítulo está disponível no site www.dealmalavada.com.


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COLUNA 1 Nasceu a princesinha Luísa. Para alegria de Alice (Zemel) e Paulo Farkas Bitelman.

∂ Fábio Burg é o sócio-fundador e CEO do Grupo RAI (www.rai.com.br), com 24 anos de história no atendimento de todas as vertentes da mídia. São seis empresas (Rái, Tov, Or, Dezoito, Teolá e Yad) integradas e em expansão para manter a competitividade e criatividade. Para tanto, a RAI criou a Shock, uma plataforma de desenvolvimento de soluções garantindo a integridade das ideias e mensagens e, portanto, resultados mais efetivos. Jayme Nigri inaugurou a Future Code School. Start-up para disseminar o ensino de programação, em parceria com a Code.org, maior empresa no setor. É para os alunos entre 8 e 17 anos se familiarizarem com o ambiente digital e criarem os próprios “apps” e games. Detalhes no site www.futurecode. com.br.

Na Sinagoga Beit Menachem, ao lado de Sharon, Patrícia e Ricardo Liebesny reuniram a família para o brit-milá de Rafael.

∂ Pedro Zaborowsky é “Media Buyer” do talentoso time da PLYmedia, empresa global de publicidade. “Medidas da Incerteza” é o título provisório da 32ª. Bienal Internacional de Arte de São Paulo de 2016 e o curador será Jochen Volz, assim como em 2006, na 27ª. edição da mostra. Em 2009, junto com Daniel Birnbaum, dirigiu a 53ª. Bienal de Veneza. No segundo mandato dirigindo a Fundação Bienal de São Paulo, Luís Terepins apresentou Volz ao setor das artes plásticas.

Hernan Chaimovich, professor titular do Instituto de Química da USP e coordenador do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fapesp, é o novo presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a convite do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Aldo Rebelo. Borboletas, maçãs, joaninhas povoaram a imaginação do joalheiro Antônio Bernardo e fazem a nova “Linha Infantil”. Quem for à Oca, no Parque Ibirapuera, até o final deste mês, verá a “Alimentário”, idealizada, entre outros, por Felipe Ribenboim. São obras de arte, textos e filmes a respeito do jeito brasileiro de comer. Mais de oitocentas mil pessoas assistiram a O Amante do Meu Marido desde a estreia em 2007. Milton Levy está no elenco dessa divertida comedia, agora em cartaz no Teatro Paiol Cultural.

Adina Worcman recebeu convite de Carla Mourão, representante no Brasil do Espaço Uruguay, ambiente artístico do Banco de la Republica Oriental del Uruguay e onde acontece a mostra “A São Paulo que nos Acolhe”. Arnaldo Ganc discorreu acerca de “Carne Suína: Anjo ou Vilão?” e tratou dos mitos e lendas do tema. Foi no Fiore Restaurante e os pratos foram preparados pelo chef Pedro Vita. Ex-controlador da Casas Bahia, Michael Klein transforma em negócio um antigo sonho. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a sua CBAir a explorar o serviço de transporte na modalidade taxi aéreo. No início, a prioridade será o voo, via helicóptero, do aeroporto de Cumbica ao centro de São Paulo e os de curta distância para o interior e o litoral. Inês Bogéa e Felipe Chaimovich foram curadores da mostra “Museu Dançante” no Museu de Arte Moderna (MAM).

Zaka atende beduínos Abu Halil, da unidade beduína da Zaka – instituição israelense de voluntários que socorre vítimas em situações de emergência – foi um dos primeiros a atender as vítimas de um acidente no sul de Israel que matou oito mulheres beduínas e feriu outras vinte.

Rezando pelas vítimas do Holocausto Uma missa foi rezada na Paróquia Senhor do Bonfim de Santo André pela alma das vítimas do Holocausto. A Diocese do município teve o apoio da Embaixada e do Consulado de Israel, da Prefeitura, Fisesp e Associação Israelita de Santo André (Arisa).

Peretz na TV A diretora do ensino fundamental do Colégio I. L. Peretz, Lígia Fleury, participou do programa “Papo de Mãe”, apresentado por Mariana Kotscho e Roberta Manreza, na TV Brasil. Ela levou os alunos Fábio e Alexandre Kocinas, Luna Pesso, e suas mães, Marion Pesso e Silvia Kocinas. O tema foi o papel da escola na transição do ensino fundamental II e médio.


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cultural + social > comunidade+coluna1

Soluções novas

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Missão Econômica de Israel no Brasil e a Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria promoveram o seminário “Israeli Mobile/Innovation”, no Microsoft Technology Center, em São Paulo. Participaram Boaz Albaranes, cônsul econômico de Israel, o israelense Roy Barzilay, especialista em telecomunicações e representante do The Israel Export of International Cooperation Institute, Richard Chaves, diretor de novas tecnologias e inovação da Microsoft Brasil. “É certo que em alguma hora do dia, alguém no mundo utiliza uma solução tecnológica desenvolvida em Israel”, disse Barzilay.

COLUNA 1 Dez jornalistas de vários países responderam à pergunta de como os estrangeiros veem o Brasil. O resultado está em Palavra de Gringo. O livro, ilustrado pela brasileira Rita Wainer, foi lançado na Livraria Martins Fontes.

KKL Brasil na Conferência Mundial

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Keren Kayemet LeIsrael (KKL) reuniu os representantes de 26 países na Conferência Mundial de Marketing, realizada em Tel Aviv onde os profissionais da entidade ambientalista trocaram ideias e experiências. “É a segunda participação nesse encontro e constatei o reconhecimento do trabalho desenvolvido aqui”, disse o diretor-executivo do KKL no Brasil, Marcelo Schapo.

Wizo e KKL vão à praça

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grupo Tzehirot da Wizo/SP e o KKL comemoraram juntos Tu B’shvat plantando mudas de árvores na praça Rosa Alves da Silva, na Aclimação. Houve atividades para crianças, contação de história com Perla Mosseri, distribuição de mudas e guloseimas. As entidades contaram com o apoio da associação de moradores do bairro e da subprefeitura da região. Presentes o vereador Gilberto Natalini, o subprefeito da Vila Mariana João Carlos Martins, os presidentes Iza Mansur, da Wizo/SP, e Eduardo El Kobbi, do KKL Brasil, Lúcia Barnea, esposa do cônsul de Israel em SP, José Paulo, presidente da associação de moradores que trabalham pela Praça Rosa Alves da Silva, além de muitos moradores do entorno e voluntários das duas entidades.

Música Judaica em evidência

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icole e Edy Borger tiveram intensa programação em Nova York de olho na organização do Kleztival 2015, em outubro. Participaram do Festival de Cinema Judaico nova-iorquino com o cineasta israelense Amós Gitai. Ponto alto foi o contrato de distribuição do CD “Raízes/Roots” pelo selo norte-americano Soundbrush. Produzido por Nicole, com direção de Frank London, o cd foi gravado em Nova York no ano passado e seu lançamento oficial será em junho próximo, durante o Culture Festival.

∂ Em Havana (Cuba), o livro Minha Vida Sem Banho ganhou o prêmio Casa de las Americas, na categoria “Literatura brasileira”. O autor é Bernardo Ajzenberg e o romance editado pela Rocco. O prêmio foi pela originalidade e pela forma do tratamento a questões como a ditadura militar no Brasil e o Holocausto. Memorie in Macere é o título da versão italiana de Desterro – Memórias em Ruínas, primeiro romance escrito por Luís Krausz, e editado pela Casa Editrice Giuntina.

Uniões produtivas 1. O diretor e designer da Herança Cultural, Pablo Casas, e o coordenador de marketing da Livraria da Vila, Rafael Seibel, firmaram parceria para estreitar o relacionamento entre os clientes das duas lojas. Uniões produtivas 2. Companhia das Letras, Boitempo e Livraria da Vila/ Fradique criaram o Clube da Vila. O Irmão Alemão, de Chico Buarque, e As Avós, de Doris Lessing, foram as primeiras obras debatidas. Michel Gorski e Jeff Lesser estão entre os autores de São Paulo Walking Tours, um guia em inglês a respeito de roteiros históricos a pé na cidade. O guia foi organizado pelo historiador Roney Cytrynowicz. Eduardo Besen abre o espaço da sua Gravura Brasileira para a mostra “Entre o Brilho da Pele e o Esforço do Amor”, de Sandra Lapage e Carlos Pilaggi. O projeto foi desenvolvido na NARS Foundation, em Nova York.


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Horn faz palestra no CCJ Mais uma vez Miriam Halfim teve um texto premiado. O Herói de Bordéus Aristides de Souza Mendes ganhou o prêmio em dramaturgia no Porto, Portugal. O diplomata, que salvou muitos judeus da Shoá, está homenageado com uma escultura na Biblioteca da Hebraica. A alegria de Calanit e Ronny Alan Kogan é dupla porque nasceram Gabriela e Rodrigo. Michel Zaidler aproveita o intercâmbio na Austrália estudando inglês e passeando em Melbourne, Sidney e Gold Coast. O filme Este Viver Ninguém Me Tira, dirigido por Caco Ciocler, ganha novos públicos e uma apresentação aconteceu na Caixa

Cultural, no Recife, Pernambuco. Rabino Samy Pinto iniciou novo ciclo de palestras no Templo Ohel Yaacov. A respeito do famoso rebe Nachman, de Breslau, que tem muitos seguidores pelo mundo. Eleito por unanimidade pelo Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o artista plástico Abraham Palatnik recebeu o Prêmio São Sebastião de Cultura. O Guia da Folha classificou a exposição “As Meninas do Quarto 28” entre as melhores mostras de 2014 em São Paulo. Karin Zolko e Dodi Chanski são as responsáveis por esse sucesso, iniciado no MuBE e, em seguida, na Praça Carmel da Hebraica.

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missão do Projeto Núcleo Socieducativo (antigo Ieladim) da Unibes é proporcionar educação formal e convívio sociocultural para crianças e jovens da comunidade judaica de São Paulo, e suas famílias. O Projeto realizou uma aula magna sobre voluntariado e mercado imobiliário, e para isso convidou o empresário Elie Horn, presidente do grupo Cyrela.

Secretaria renova certificação

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Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo renovou a certificação anual da Conib como entidade promotora de direitos humanos. A renovação se deu em razão do relatório de ações contra o racismo e o antissemitismo, a promoção do diálogo interreligioso, criação da Rede de Escolas Anne Frank, participação na Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República entre outros itens. Com esse certificado a Conib pode pleitear isenção de imposto sobre as doações recebidas.

Encontro com o papa Francisco

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s Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém (UHJ) reuniram cinquenta representantes da Europa para audiência privada com o papa Francisco, no Vaticano. Michael Federmann, presidente do Board of Governors da UHJ, e Menahem Ben-Sasson, presidente da Universidade, lideravam o grupo. O papa ganhou exemplar de uma Bíblia editada pela UHJ e Federmann lembrou esse encontro de “segunda geração” com o Vaticano, pois, há alguns anos, seu pai doou duas escultu-

ras comemorativas das relações judaico-cristãs: uma para o Vaticano e outra para o Mosteiro de Tantur, entre Jerusalém e Belém.

AGENDA 9/3 – Dia Internacional da Mulher. Wizo São Paulo homenageia a sociólo-

26/4 a 11/5 – Viagem com as Pioneiras para um roteiro judaico na Espanha

ga, educadora e empresária Maria Alice (Neca) Setúbal. Às 12h30, almoço

e Marrocos. Informações, fone 3873-5367

no Espaço Adolpho Bloch; às 14h, homenagem e programa especial com

13 a 16/5 – No Rio de Janeiro, Encontro Connections 2015, celebração

apresentação da Orquestra Pão de Açúcar, no Teatro Arthur Rubinstein. In-

mundial do movimento World Union for Progressive Judaism (Wupj)

formações, fone 3257-0100

Abril de 2015 – Israel Beshirá 5. Descubra Israel através das suas melodias.

Pessach 2015. No Hotel Canto da Floresta, em Amparo, com supervisão

Viagem: Iom Haatzmaut 2015. Informações, www.israelbeshira.com.br

rabínica de Arnaldo Segal. Informações, pessach2015@hotmail.com

2 a 9/6 – Herança Judaica. Percurso de Budapeste a Praga em oito dias em

13 a 26/4 – Marcha da Vida Fundo Comunitário de São Paulo para pessoas

luxuoso navio da Ama Waterways com paradas em Bratislava, Viena, Durs-

acima de 30 anos. Programa exclusivo na Polônia e Iom Haatzmaut em Isra-

tein, Melk, Linz, Passau, Regensburg e Nurenberg. Extensão opcional de três

el, com alimentação kasher. Informações, karina@fundocomunitario.org.br

dias em Praga. Informações, Bobertur, fone (11) 991-332-505


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1, 4, 5 e 7. No Dia do Holocausto, estiveram na CIP: dom Odilo Scherer, Eduardo Suplicy, rabino Rubén Sternschein, Mário Fleck e Fernando Lottenberg; Avi Gelberg recebido pelo rabino Michel Schlesinger; cônsules Yoel e Lúcia Barnea, de Israel, Damien e Alexandra Loras, da França, e Ricardo Berkiensztat; 2. Breno Lerner encantou a plateia da Feliz Idade; 3. Wizo faz Tu B’shvat em praça pública; 6 e 8. Pausa para autógrafo de Débora Tavares; Sandra Mharques, Beto Rossi e a autora de Nanquim; 9. Michel Zaidler se diverte com o canguru australiano; 10. Norma Nigri recebeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em jantar no Quattrino

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1 e 2. No Palácio do Itamaraty (Rio de Janeiro), ato do Dia do Holocausto; 3 e 4. Myrian Roth e Clarice Jozsef recebem Fernando Lottenberg; mais Leonor Szymonovicz, Suely Adissi e Clarisse Edelstein, novas vice-presidentes de Na’amat; 5. Estela Farina, agora diretora da NCL, e o vicepresidente Internacional Francis Riley; 6. Nicole e Edy Borger, Ruth e Jeferson Grosman no frio nova-iorquino; 7. Em encontro da Wizo Mundial, jornalista Henrique Cimerman, Iza Mansur e Olga Teperman Aizemberg; 8. Rabino Shie Pasternak falou no clube; 9. No lançamento do livro De Alma Lavada, Eliane Roemer, Meire e Norma Nigri; 10. Cúpula da Unibes com Elie Horn no CCJ

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1, 2 e 3. Após almoço no Casual Mil, um grupo animado do Departamento Social e Cultural passou a tarde na Pinacoteca para ver as esculturas enormes de Ron Mueck; 4, 5, 6, 8, 9 e 10. O verde ficou mais verde quando Na’amat Pioneiras, KKL e Hebraica se uniram para festejar Tu B’shvat; Crianças tiveram programação que encantou e aproximou os papais; Setsuko Kubo mostrou a beleza do ikebana na Galeria de Arte; Avi Gelberg, Eduardo El Kobbi e André Koji aprovaram o dia de festa; 7. Escoteiros da Avanhandava na comemoração do Ano Novo das Árvores, em Santo André, convidado pela Arisa e prefeitura da cidade

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juventude > cursos

Caminhos para a sabedoria AINDA HÁ TEMPO PARA INSCREVER AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS CURSOS DO CENTRO DE MÚSICA, CENTRO DE DANÇA, ATELIÊ HEBRAICA, CURSO DE LÍDERES MEIDÁ, DEPARTAMENTO DE TEATRO E AFTER SCHOOL

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base de grande parte dos setores da vice-presidência de Juventude está no conceito judaico de que é por meio da educação e da transmissão de conhecimentos que se constroem os valores éticos das novas gerações. Alguns departamentos, como o Centro Juvenil Hebraikeinu, se apoiam no Curso de Líderes Meidá para renovar os quadros de monitores e coordenadores com jovens do movimento. Já os centros de Dança e de Música construíram uma excelente reputação no ensino básico de ballet (baby class) e em uma variedade de instrumentos musicais. “Recentemente começaram as aulas das turmas de inicialização musical, para crianças a partir de 3 anos”, informa o coordenador Gustavo Kurlat. E o Ateliê Hebraica realiza um trabalho destinado a todas as faixas etárias divulgando técnicas e modalidades de arte que abrangem desde confecção de objetos até pintura em estilos variados. No After School, os pais complementam a agenda escolar dos filhos com os

cursos de tradição e cultura judaicas, com o grupo Mad Science e as aulas de inglês. “A parceria com o Alummni completou cinco anos e representa uma sensível redução de custo se comparado ao preço das aulas nas unidades da escola”, afirma Márcia Sotnik Aisen, coordenadora do After School. Os cursos do Departamento de Teatro são conhecidos pelo carisma e a seriedade dos professores Ozani Violin, Luciane Strul e Rafael Truffaut. A partir de jogos e dramatizações, eles convidam os alunos a se tornar parceiros na criação e montagem de cenas que, ao final do ano, se transformam em espetáculos da programação artística da Hebraica. O curso de bat-mitzvá é a opção preferida dos pais cujas filhas não estudam em escolas da comunidade. Elas se beneficiam das aulas de cultura judaica, acompanham as festas do calendário judaico com o seu significado e ampliam o círculo social em contato com outras alunas. (M. B.)

Escolha o seu caminho Curso de Bat-Mitzvá Curso de Líderes Meidá Ateliê Hebraica Centro de Música Centro de Danças After School Departamento de Teatro

E-mail batmitzvá@hebraica.org.br ou fone 3818-8842 E-mail meida@hebraica.org.br ou fone 3818-8829 E-mail atelie@hebraica.org.br ou fone 3818-8864/8867 E-mail musica@hebraica.org.br ou fone 3818-8824 E-mail dancas@hebraica.org.br ou fone 3818-8870 E-mail afterschool@hebraica.org.br ou fone 3818-8862/8859 E-mail teatro@hebraica.org.br ou fone 3818-8841

A arte de criar roteiros A premiada dramaturga Sylvia Lohn atua em cinema, rádio e teatro e começa este mês uma oficina de criação de roteiros. Ela trará as técnicas que aprendeu ao longo dos anos, especialmente no Seminário de Dramaturgia do Arena, coordenado por Chico de Assis, além de cursos como de Robert Mckee, o grande mestre de Hollywood e outros especialistas da área. A iniciativa é parte da proposta da vice-presidência de Juventude de oferecer oportunidades para a formação e o crescimento, paralelamente aos programas de integração e entretenimen-


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AULA DE APRESENTAÇÃO AOS PAIS E ALUNAS DE BAT-MITZVÁ

to. “Ofereço cursos na Hebraica desde 1999 e em todas as oficinas constatei como os alunos, mesmo os que não têm interesse profissional, se beneficiam dos exercícios e dicas que reuni em trabalhos práticos e

também nos cursos e oficinas que frequento.”, afirma Sylvia. Ela acredita que as necessidades de mão-de-obra especializada no mercado televisivo, com a recente lei que obrigou a introdução de filmes e documentários nacionais, ampliou a demanda por roteiristas e a oficina promovida no clube pode despertar o interesse de muitos jovens e adultos pela atividade.

“Além do conforto de frequentar aulas semanais na Hebraica, o conteúdo totalmente prático e as leituras dramáticas dos trabalhos feitos pelos alunos e previstas para o final da Oficina são diferenciais importantes”, destaca a professora. A oficina de criação de roteiro vai do início de outubro ao final de novembro. As inscrições são feitas na secretaria do Departamento de Teatro ou pelo telefone 3818-8841. “O formato da oficina é modular, então não há problema se o aluno perder uma ou duas das primeiras aulas”, informa Sylvia.


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juventude > fotos e fatos 1.

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1. A primeira reunião dos coreógrafos do Centro de Danças teve a participação do diretor superintendente Gaby Milevsky; 2. Monitores dos Hebraikeinus 3 e 4 acertam os detalhes da primeira atividade depois da machané; 3. No retorno das férias, os pré-adolescentes do Hebraikeinu 2 estavam ansiosos por descobrir quem seriam seus monitores no 25º aniversário do Centro Juvenil; 4. Lizzi Dreifus e Maya Kremer são madrichot do Hebraikeinu 4; 5. Amigos do Hebraikeinu 4 se reuniram no Rei do Mate e trocaram informações antes de conhecerem os novos monitores; 6. Ninguém se interessou em recuperar as roupas e objetos esquecidos durante a Colônia de Férias e a machané do Hebraikeinu

5.

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es por tes


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esportes > vicê-presidência de esportes

Em busca do equilíbrio PARA CONHECER OS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM NO DEPARTAMENTO GERAL DE ESPORTES E MELHOR ENTENDER O PERFIL DOS USUÁRIOS, FÁBIO TOPCZEWSKI (BINHO) PASSOU AS PRIMEIRAS SEMANAS COMO VICEPRESIDENTE DE ESPORTES EM REUNIÕES GERAIS E INDIVIDUAIS COM COORDENADORES, TÉCNICOS, ATLETAS E PAIS DE ATLETAS DAS DIFERENTES MODALIDADES

V

O ATUAL VICE-PRESIDENTE DE ESPORTES PRATICOU VÁRIAS MODALIDADES NA

HEBRAICA

oltada à melhoria dos serviços prestados pelo clube como forma de manter o atual corpo de associados, o foco da nova gestão é usar os recursos de modo racional e equilibrado. “O equipamento da Hebraica é excelente e o orçamento bastante respeitável. Nossa obrigação é utilizar esses recursos de maneira a atrair cada vez mais a comunidade. Para isso, temos de estabelecer uma relação de confiança com o nosso corpo técnico, conhecer melhor nossos associados, e entender profundamente como o clube e seus diversos departamentos estão organizados. Só assim seremos capazes de propor ideias que respondam adequadamente às demandas internas e, ao mesmo tempo, propiciem uma alocação equilibrada dos nossos recursos”, declarou Topczewski.


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NADADORES DO MASTER PARTICIPARAM DE UMA CLÍNICA COM OS ATLETAS OLÍMPICOS ISRAELENSES

Hebraica – Fale um pouco da sua história no clube... Fábio Topczewski – Assim como todos da minha faixa etária, ganhei a Hebraica de presente. Quando nasci, em 1971, ela já era uma realidade. Lembro nitidamente dos tempos em que meu pai estacionava na rua Hungria que naquele tempo dava para atravessar e a gente, já de sunga, ia direto para a piscina. É verdade que naquela época havia menos opções de lazer, mas eu e meus irmãos não nos cansávamos do clube. Não trocávamos a Hebraica por nada. Além do lazer, boa parte da minha formação esportiva devo ao clube e aos profissionais que por aqui passaram. Comecei na Escolinha de Esportes com o professor Tadeu, passei pelo futebol do Guimarães, o tênis do Paulo, o basquete do Jackson e a natação do Mudinho. E ainda tive aulas de vôlei e handebol. Como gostava da maioria das modalidades minha vontade era fazer tudo que o clube oferecia. Um dia, após o basquete, acompa-

nhei um amigo ao treino de polo aquático. Fazia calor e o técnico Marcelo Adas me convidou para treinar. Topei e a partir daquele dia o polo entrou na minha vida e na dos meus irmãos e primos. Em pouco tempo, a modalidade virou assunto de família. Por meio do polo, tive o privilégio (e a imensa felicidade) de participar dos Jogos Macabeus Pan-Americanos da Venezuela e do Uruguai (1987 e 1991), e das Macabíadas Mundiais de 1989 e 1993, em algumas com irmãos e primos na equipe de polo, e pelo meu pai na de karatê. Minha vida teria sido diferente sem a Hebraica: o círculo de amizades seria menor, não teria conhecido minha esposa, não teria jogado polo, não teria vivido a Macabíada. Talvez por isso meu grande carinho pelo clube e o respeito por todos que com ele contribuíram. Por que se engajou na diretoria do clube? Topczewski – Minha vida comunitária começou relativamente cedo e, aos

20 anos, eu já fazia parte do Conselho da Federação Israelita e dos Conselhos Deliberativo e Fiscal da Hebraica. No entanto, ao longo do tempo, fui percebendo que tanto no clube como na Federação Israelita, as disputas internas se sobrepunham às questões, em minha opinião, mais relevantes, como, por exemplo, à formação de novas lideranças. Por isso, me afastei da vida comunitária para me dedicar a assuntos de interesse pessoal. Os projetos de atuação comunitária estavam praticamente abandonados quando, em 2013, reencontrei um velho amigo, assistindo a um jogo de futebol dos nossos filhos pela Hebraica. Ele me convidou para participar de uma reunião de um grupo de “jovens” interessados em se candidatar ao Conselho Deliberativo. Apesar da resistência inicial cedi à insistência do Daniel Bialsky e fui à primeira reunião. Candidatei-me ao Conselho, fui eleito e indicado ao Conselho Fiscal. De repente, passei a integrar a nova diretoria. Os atuais membros da atual di>>


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esportes > vicê-presidência de esportes retoria costumam dizer que estão aqui pelos nossos filhos, mas, honestamente, isto já não é totalmente verdade. Talvez a motivação inicial tenha sido esta, mas, hoje, estamos aqui, diariamente, muitas vezes à custa das nossas atividades profissionais e dos nossos compromissos familiares, porque amamos a Hebraica e porque queremos garantir que ela continue oferecendo à comunidade, tudo que já nos ofereceu. É uma forma de retribuição. Quais as suas primeiras impressões como vice-presidente de Esportes? Topczewski – A Hebraica cresceu e se desenvolveu muito desde a fundação. No entanto, eu teria bastante dificuldade em afirmar que esse desenvolvimento se deu na velocidade e direção adequadas para acompanhar as transformações sociais das últimas décadas. Apesar das muitas coisas maravilhosas por aqui (e existem aos montes), acredito que seja a hora de repensar o clube. Minha impressão inicial é que a Hebraica está inchada e desatualizada. Temos alguns desafios importantes: 1-) Fazer uma transição definitiva do modelo de gestão política para um modelo de gestão de serviços. O clube é um prestador de serviços e se não nos conscientizarmos disto rapidamente, correremos o risco de inviabilizá-lo num fu-

turo mais próximo do que imaginamos. Temos de estabelecer um novo canal de comunicação com o associado, ouvir queixas e anseios, e investir na qualificação dos serviços prestados – os diretos e os terceirizados. E proporcionar uma experiência positiva para quem entra aqui, associado ou não. 2-) Conscientizar o associado quanto à necessidade de foco. Se quisermos ser bons em algumas coisas, devemos abrir mão de outras por mais interessantes que possam parecer. Nenhuma empresa ou instituição é boa em tudo, e as que tentam ser não sobrevivem por muito tempo. 3-) A busca constante da eficiência administrativa e da alocação racional dos recursos do clube. Isto é importante para garantir aderência ao orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo, e principalmente para evitar que a soma de pequenos desperdícios inviabilize os investimentos necessários à correta manutenção e modernização das nossas instalações. E como pretende iniciar o trabalho na área esportiva? Topczewski – Esta é a primeira vez que ocupo um cargo executivo na Hebraica e não tenho a menor pretensão de achar que a conheço com profundidade. Não cheguei aqui por competência ou formação específica, mas sim por uma circunstância política. Estou aqui porque

NOS PRIMEIROS DOIS MESES DO ANO, SÓCIOS FIZERAM HIDROGINÁSTICA COM CUSTO ZERO

a minha chapa venceu a eleição. E posso afirmar, com tranquilidade, que sem a colaboração dos profissionais do clube, provavelmente eu tomarei mais decisões erradas do que acertadas. Neste sentido, eu e Charles El Kalay (diretor geral de Esportes), temos nos reunido sistematicamente com técnicos e coordenadores para entender com profundidade a atual situação das diversas modalidades do clube. Paralelamente, temos acompanhado Isy Rahmani (vice-presidente Administrativo) nas visitas a outros clubes de perfil semelhante (Pinheiros, Paineiras, Paulistano, etc.), para trocar informações e buscar novos conceitos e referências para a Hebraica. Falta chegar ao diagnóstico final, mas há indícios claros de que tentamos fazer mais do que o nosso orçamento permite. Temos muitas modalidades esportivas, várias das quais de baixa atratividade e com elevado custo por praticante (alto custo geral em relação ao baixo número de praticantes). Precisamos rever esta situação, pois a excessiva dispersão de recursos (físicos, financeiros e humanos), mina a capacidade de investimento do clube e inviabiliza melhores resultados em atividades mais abrangentes. O começo do trabalho é rever a grade de atividades e transformar em recreativas aquelas que não se justificam como modalidades esportivas. Em seguida, analisar o planejamento individual de cada modalidade e confrontá-lo com o orçamento aprovado para o exercício em questão. A partir daí, montaremos um demonstrativo de resultado (DRE) de cada modalidade, e buscaremos fontes alternativas de recursos para financiar déficits eventuais. Ainda estamos no começo do trabalho, mas já estamos olhando lá na frente. E já têm uma resposta? Topczewski – Ainda não, mas sabemos que esta situação é insustentável. As modalidades competitivas que fizerem sentido para o clube serão mantidas e equipadas, e as outras transformadas em atividades recreativas. É uma questão de sobrevivência. Infelizmente não temos escolha, e algumas medidas indesejáveis


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TOPCZEWSKI E CHARLES EL KALAY SE REUNIRAM COM OS COORDENADORES DE MODALIDADES ESPORTIVAS

(e impopulares) terão de ser tomadas. Então será preciso alterar a filosofia do clube no setor de esportes? Topczewski – É mais amplo do que isso. Precisamos assegurar a continuidade da instituição e, para tanto, temos de repensá-la. Nossa comunidade é exigente e para mantê-la no clube temos de elevar o padrão de qualidade de tudo que oferecemos aos associados, inclusive as atividades esportivas. E isto só será possível se utilizarmos nossos recursos de maneira racional. A reorganização da área esportiva faz parte deste processo e não pode ser negligenciada. Quando começamos a frequentar o clube, ele já estava pronto. Gerações anteriores à nossa trabalharam muito duro para chegar à Hebraica que conhecemos hoje, e nosso dever é respeitar – e apreciar – esta herança, mas temos de olhar para frente. O mundo mudou, a vida urbana ficou mais complexa e os obstáculos para as pessoas frequentarem o clube aumentam diariamente. E isto requer novas estratégias. Na última linha, buscamos exatamente o que se buscava no

passado: atrair cada vez mais a comunidade ao clube. Quais são os principais projetos desta gestão para o esportivo? Topczewski – Temos três projetos principais: a-) reforma do Fit Center que está mais do que desatualizado e simplesmente não condiz com o padrão do clube; b-) desenvolver um projeto integrado de captação de recursos incentivados e patrocínios esportivos; c-) desenvolver um programa de educação esportiva capaz de oferecer às crianças e jovens formação complementar de alto nível. Parece pouco, mas são projetos ambiciosos. No caso do Fit Center, o fato é que o clube não dispõe (e provavelmente não disporá até o final desta gestão), de recursos financeiros suficientes para uma reforma adequada. Assim, restam duas opções: 1) descartar imediatamente a ideia de reforma ou 2) desenvolver um projeto suficientemente inovador capaz de atrair patrocinadores. Nossa decisão é procurar todos os possíveis patrocinadores aos quais tivermos algum acesso.

Queremos ter uma das melhores academias de ginástica da cidade e, para isso, faremos o que estiver ao nosso alcance. Ao mesmo tempo e em parceria com outros departamentos, vamos estruturar um projeto de captação de recursos incentivados e patrocínios para o clube. Muito já está sendo feito nesta área, mas precisamos melhorar e aprender a “vender” o clube de forma integrada. O último é o mais ambicioso e audacioso dos três projetos. Acreditamos seriamente que o esporte pode ser utilizado como poderosa ferramenta educacional, e queremos aproveitar a estrutura física e parte dos recursos financeiros para transformar nossas crianças e jovens em grandes campeões. Não se trata de medalhas ou pódios, mas do desenvolvimento de um conjunto de habilidades individuais que, ao longo do tempo, farão dessas crianças seres emocionalmente mais fortes e preparados para os desafios da vida. Este programa, inicialmente batizado de “Hebraica dos 2 aos 20” é a “minha menina dos olhos”, e a nossa expectativa é estruturá-lo durante 2015 e começar a implantá-lo em 2016. (M.B.)


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esportes > internacional

OS IRMÃOS CAMILA E GUILHERME MINAKAWA MATAVAM AS SAUDADES NO TATAME ENQUANTO AS ATLETAS ISRAELENSES TREINAVAM COM JUDOCAS DE SÃO PAULO E DO INTERIOR

Integração Brasil-Israel ATLETAS OLÍMPICOS – JUDOCAS E NADADORES – TREINARAM

NOS EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS DA HEBRAICA E TROCARAM EXPERIÊNCIAS COM CRIANÇAS E JOVENS PRATICANTES DAS DUAS MODALIDADES

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sta foi a terceira vez que as atletas da seleção olímpica israelense de judô estiveram no Centro Cívico da Hebraica. A primeira foi durante o campeonato mundial, em 2013, depois fizeram alguns treinos, em 2014, e em janeiro deste ano a seleção passou quatro dias em contato com os colegas de esportes em São Paulo, onde nasceu uma das integrantes, Camila Minakawa. Ela imigrou para Israel há dois anos e hoje é a décima segunda no ranking mundial da modalidade. Durante a visita, a delegação passou várias horas nas instalações do judô da Hebraica, pois com a proximidade da Olimpíada de 2016, nenhum atleta pode se dar ao luxo de ficar um dia parado. “Camila é um doce de pessoa e a fa-

mília dela nos recebe muito bem aqui. Para nós é como se como se estivéssemos em casa e o clube é lindo. Não vi nada assim em outro país onde nossas atletas lutaram”, afirmou a fisioterapeuta que acompanhou as judocas. Atento à oportunidade, o coordenador do judô da Hebraica, Edison Minakawa organizou um encontro das atletas com os alunos do Lar das Crianças e do Departamento de Judô. Camila emocionouse ao reencontrar alguns dos alunos que treinou antes da aliá. Dias depois, foi a vez de alguns dojôs (nome dado ao local onde se pratica judô) da capital e do interior participarem de um treino com as israelenses orientados pela dupla de técnicos. No roteiro das judocas israelenses o compromisso seguinte foi em Saquarema, no Rio de Janeiro, em um evento oficial de preparação da Olimpíada 2016. Agora, a natação Algumas semanas depois, a realização das Olimpíadas de 2016 justificou a visita da equipe olímpica de natação de Isra-

el orientada pelo técnico Leonidas Kaufmann e mais cinco nadadores, entre eles uma inglesa naturalizada israelense. “A intenção era conhecer o parque aquático da Hebraica e estudar utilizálo na aclimatação da equipe, semanas antes dos Jogos Olímpicos. Adoramos o clube especialmente o fato de ter muito verde, mas creio que escolheremos outra base para os treinos, em função da diferença de altitude e da necessidade de uma piscina coberta de cinquenta metros, que não é o caso desta que utilizamos para treinar esta semana”, afirmou o treinador. Como as judocas, os nadadores tiveram contato com atletas de várias categorias do clube e conheceram o presidente e conterrâneo Avi Gelberg, o vice-presidente de esportes Fábio Topczewski, o diretor de natação Roberto Acherboim e a equipe técnica do Departamento Geral de Esportes. Os nadadores israelenses circularam por São Paulo, conheceram o Mercado Municipal e assistiram ao primeiro desfile de Carnaval no Sambódromo. (M. B.)



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esportes > polo aquรกtico

OS GAROTOS TREINARAM FORTEMENTE DURANTE ALGUNS DIAS NO CENTRO ESPORTIVO EM BARCELONA


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Técnico com sotaque A PRIMEIRA MISSÃO DO ESPANHOL DANIEL CERCOLS, NOVO INTEGRANTE DA EQUIPE TÉCNICA DE POLO AQUÁTICO, FOI ACOMPANHAR UM GRUPO DE ATLETAS SUB-15 EM UMA VIAGEM DE DEZ DIAS A BARCELONA

D

aniel Cercols será, provavelmente, a grande contratação esportiva do clube neste ano. Ele reforça a equipe técnica do polo aquático, coordenada por Adriano Silva. Em janeiro, antes mesmo de formalizar sua situação funcional no clube, ele foi um dos cicerones do grupo de quatorze atletas do sub-15 que passou dez dias em Barcelona, dividindo o tempo entre treinos

com um profissional e passeios pelos pontos turísticos da cidade espanhola. “Um problema de saúde impediu Adriano Silva de participar da viagem que ajudou a organizar. Fui encarregado de acompanhá-los e os recebi no aeroporto de Barcelona. Seguimos diretamente para um centro profissional de treinamento, que serviu também como alojamento. Até há pouco tempo, o local

DANIEL CERCOLS JÁ ESTÁ INTEGRADO À EQUIPE TÉCNICA DA MODALIDADE

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era restrito a atletas de alto rendimento, mas recentemente passou a atender também empresas privadas, como Bilpa, que gerenciou a nossa excursão. As instalações eram muito boas e dedicamos os primeiros cinco dias aos treinos na água”, informa o técnico. Cercols passou rapidamente da condição de um estranho a mentor dos garotos que integram as equipes de base da Hebraica. “Eu não sabia os nomes ou a posição em que cada um dos garotos jogava. Por sorte, outro técnico, o Schirru (Gustavo Schirru), assistente de Adriano, também viajou com eles. Aos poucos passei a conhecer cada um e a convivência nos aproximou”, conta Cercols, que foi parte da seleção espanhola, jogou pelo Botafogo no Rio de Janeiro e depende do portunhol para completar sua adaptação em São Paulo e na Hebraica. “Os garotos se divertiram muito na viagem. Imagine que assistimos a um jogo de futebol entre Barcelona e o Atlético de Madrid em Camp Nous, ainda na primeira noite em que chegamos! Eles adoraram ”, recorda o técnico. A primeira parte da viagem foi quase toda dedicada ao polo. “Eu e outro técnico, meu xará, por sinal, supervisionávamos os treinos técnicos e táticos em dois períodos, então sobrava pouco tempo para algo mais do que fazer as refeições e descansar para o dia seguinte”, conta o novo técnico. No restante da excursão, os garotos passearam por Barcelona, visitaram pontos turísticos no litoral e em outras áreas da Catalunha. “Para mim, foi ótimo partilhar o resultado do esforço dos pais para proporcionar essa imersão no mundo do polo aquático. Eu soube que eles fizeram campanhas para arrecadar fundos para a viagem, imprimiram camisetas e bonés. A experiência foi muito positiva para eles e também para me ajudar nessa nova etapa da minha vida profissional. Agora conheço bem os garotos e os que não viajaram confiam nos amigos e nas minhas instruções. Será um ano muito interessante. Tenho certeza”, garante Cercols. (M. B.)


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magazine > negócios | por Ariel Finguerman, de Tel Aviv

As trombetas do Senhor NOSSA REPORTAGEM VISITOU NA ZONA SUL DE TEL AVIV A MAIOR FÁBRICA DE SHOFAR DO MUNDO – ONDE TRABALHAM APENAS SETE PESSOAS PARA VENCER A CONCORRÊNCIA CHINESA

ELI RIBAK TOCA SHOFAR DE CHIFRE DE ÍBEX: PROTEGIDO POR LEI

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oucos aspectos do judaísmo misturam, ao mesmo tempo, tanta grandiosidade e simplicidade quanto o shofar. A trombeta feita de chifre de carneiro derrubou as muralhas de Jericó, mas é vendida hoje por dez dólares. Virou um dos símbolos do povo judeu, mas seu uso é obrigatório apenas uma única vez por ano. E a fábrica considerada a maior do mundo no gênero emprega apenas sete pessoas. A fábrica Bar-Sheshet Ribak Shofarot fica na parte sul de Tel Aviv, espremida entre lojas de tecido e comerciantes de móveis que lembram as ruas mais movimentadas de bairros paulistanos. Ali trabalham quatro funcionários, e outros três ficam na filial de Haifa. No comando da produção está Eli Ribak, invariavelmente coberto de poeira orgânica branca, resultado do polimento diário de centenas de shofarot (plural de shofar). “Você não tem a menor ideia do que rola por aqui. Rabinos cabalistas vêm coletar esta poeira que fica no chão, para usar em cerimônias rituais especiais. Este pó é o subproduto de algo que já é algo secundário, o shofar, mas para os judeus é especial”, disse Ribak à revista Hebraica. Secundário, o belo e grandioso shofar? Sim. Carneiros são criados, especialmente nos países árabes, somente por causa da carne e couro. O chifre é considerado um subproduto do animal, usado para fazer botões, pentes, cabos de facas e armação de óculos. Ah, e também trombetas, pelos judeus. Os chifres chegam a Israel vindos de países pouco amistosos, como Tunísia, Argélia e Egito. “São os lugares no mundo onde se consome carne de carneiro. Graças a Deus, temos um bom relacionamento com os fornecedores”, diz Ribak. Os chifres são entregues na fábrica de Tel Aviv exatamente como estavam nas cabeças dos animais abatidos – com um osso em seu interior. A separação precisa ser feita com cuidado, de acordo com uma técnica que é segredo de família. Neste processo, parte considerável dos chifres comprados é descartada, por ser


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ESQUELETO DE ANIMAL MOSTRA ORIGEM DO SHOFAR

inadequada para se tornar um shofar kasher. Depois, os chifres que restaram são colocados em fornos para serem esterilizados e destruir qualquer criatura ainda em seu interior – insetos, larvas e outros parasitas. Para atender o gosto dos judeus sefaraditas, o shofar também é alisado para tirar o seu retorcido natural. É lembrança dos tempos em que, proibidos de usar shofar, os judeus tinham de carregá-los escondidos nas suas vestes. Os ashkenazim também têm peculiaridades em relação ao shofar: gostam que o som da trombeta saia lacrimoso, no mesmo tom de lamentação das rezas. E como fazer para um chifre ter sons diferentes nem adianta perguntar a Ribak. “É um dos segredos do nosso negócio, passamos esta informação apenas de pai para filho”, diz.

Segundo a tradição... Eis o que diz a lei judaica a respeito do shofar: * A obrigação de usá-lo é apenas em Rosh Hashaná * Precisa ser uma peça única, sem nenhuma adição ou remendo * Sem furos, nem rachaduras * Tradicionalmente é feito de chifre de carneiro, mas pode ser de outros animais

Para juntar forças num ramo de negócio já bastante restrito, as duas maiores famílias do ramo – uma sefaradi e outra ashkenazi – uniram forças há trinta anos e formaram uma só empresa. Os BarSheshet, de Haifa, representam quinze gerações de fabricantes de shofarot, desde o ano 1345, quando o rabino Itzhak Bar-Sheshet começou a fazer trombetas na Espanha medieval. Já a família Ribak descende de judeus do vilarejo polonês de Wlodawa, no ramo há oito gerações. E toda esta tradição e seus segredos se resume a cumprir apenas uma mitzvá do judaísmo: escutar o som do shofar em Rosh Hashaná. Mesmo o famoso toque da trombeta no final do Iom Kipur não se trata realmente de uma lei judaica, e apenas uma tradição para marcar o encerramento do jejum. A exigência do shofar em Rosh Hashaná é para lembrar o episódio do quase sacrifício de Isaac, quando, no último instante, um anjo diz ao pai, Abraão, para substituir o filho por um carneiro que ficara preso num arbusto pelos chifres. “A ideia >>

A exigência do shofar em Rosh Hashaná é para lembrar o episódio do quase sacrifício de Isaac, quando, no último instante, um anjo diz ao pai, Abraão, para substituir o filho por um carneiro que ficara preso num arbusto pelos chifres


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magazine > negócios >> é que no dia do julgamento celestial, a cada Ano Novo, Abraão interceda por nós”, explica Ribak. Por isso, o shofar é feito tradicionalmente com chifre de carneiro, o mesmo da história de Isaac. Mas não é uma obrigação. Os judeus iemenitas, por exemplo, que viviam num país onde não havia carneiros, até hoje preferem o shofar de chifre de antílope, maior e bastante retorcido. No escritório de Ribak, o empresário guarda em um armário trancado um shofar de outro animal, o íbex, raridade protegida por lei. “Só se pode tirar o chifre deste animal se ele for encontrado morto naturalmente”, diz. Made in China Atualmente, como todo business, também o setor dos shofarot não está imune à concorrência chinesa. Ribak defende seu “peixe” dizendo que os orientais não se preocupam com os detalhes de produção de um autêntico shofar kasher, e desta forma inunda o mercado com trombetas inadequadas ao uso na sinagoga. “No processo de kasherização, perdemos metade dos chifres, enquanto os chineses não jogam nada fora”, diz. Mas nem todos os clientes de Ribak ligam se o shofar é kasher ou não. Cerca de 50% da produção são comprados por turistas na Terra Santa em busca de simples souvenirs ou por evangélicos em busca de símbolos judaicos. Os preços variam de dez a trezentos dólares, dependendo do tamanho e potência do som. “Vendemos shofarot também no Brasil, especialmente em São Paulo, para clientes judeus e não judeus”, diz. Há apenas um ano, quando o pai faleceu, Eli Ribak, 45 anos, assumiu o negócio da família. As irmãs não se interessaram em frequentar a fábrica, especialmente porque a poeira orgânica produzida pelo maquinário rudimentar impregna o corpo todo. Ribak agora espera que os filhos se interessem pelo negócio de modo a lhes transmitir os segredos familiares da fabricação de shofarot. “Eles ainda são pequenos, mas com a ajuda de Deus, continuarão no ramo”, diz.

O MESMO SHOFAR, EM DUAS VERSÕES, NATURAL E ALISADO ADAPTADO PARA EPOCAS DE PERSEGUICAO

SHOFAR COM MOTIVOS CRISTÃOS

50% DA CLIENTELA

OPERÁRIO NA FÁBRICA DE SHOFAR DE TEL AVIV



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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com

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12 notícias de Israel

Eles não são Charlie A rede de livrarias Steimatzky, a maior de Israel, decidiu não exibir nas prateleiras a edição do jornal satírico francês Charlie Hebdo, publicada logo após o atentado em Paris. Na capa, a edição exibia uma caricatura de Maomé. O pedido veio da principal organização que representa os árabes israelenses. A Steimatzky, que normalmente vende a publicação, decidiu vender esta edição especial apenas na loja virtual. No dia seguinte, ocorreu uma pequena demonstração em frente a uma das livrarias, em Tel Aviv, exigindo a venda também nas prateleiras.

Atirando e trabalhando Para surpresa dos escatológicos, a saudável economia israelense mostrou que continuou crescendo em tempos de guerra. O mais recente relatório do governo apontou que mesmo durante os cinquenta dias do conflito de Gaza do ano passado, o PIB cresceu 0,2% durante aquelas terríveis semanas. No geral, a economia do Estado judeu subiu 2,6% no ano passado. Para este ano, o Banco Israel projeta aumento de 3,2%. Enquanto o setor turístico ficou arranhado, o de diamantes expandiu, com mais 34% nas exportações.

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Um terço dos israelenses conheceu o (a) parceiro(a) sentimental pela internet no ano passado. Esta é apenas uma das surpreendentes revelações da utilização da rede virtual no Estado judeu, segundo nova pesquisa de uma provedora local, a Bezeq. Num país de 8,2 milhões de habitantes, cerca de 5,6 milhões utilizam internet (perto de seiscentos mil judeus ortodoxos estão proibidos de usá-la). Nos lares do país, a média é de cinco aparelhos plugados utilizando a assinatura. Quase metade dos usuários gasta cinco horas diárias na rede e 63% preferem ver filmes e seriados na tela de computador – e não pela televisão.

O Tzahal anunciou que irá adicionar ao cardápio das refeições servidas nas bases comida vegan – a dieta vegetariana mais radical que exclui até mesmo ovo e queijo. O menu incluirá pratos à base de soja, legumes e tortas de lentilhas. A mudança resulta da pressão de soldados que seguem a dieta e ficam desesperados com o popular schnitzel (peito de frango) servido quase todos os dias. O reservista Omer Yuval, que esteve na operação em Gaza no ano passado e iniciou o movimento, preferiu usar linguagem militar para expressar o famoso “ver para crer”: “Prefiro adotar uma postura controlada e aguardar resultados práticos”.

Se liga, chaver

Exército cabeça

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Show das poderosas Entre as novidades inusitadas das eleições neste mês está um novo partido dedicado apenas às judias ortodoxas. Chamado U’bizkhutan, é uma reação à falta generalizada de representação feminina nos partidos religiosos tradicionais do país. Até hoje, houve apenas uma deputada religiosa na Knesset, e pelo partido Meretz, normalmente anticlerical. Há dois anos, quando uma mulher ortodoxa candidatouse para o conselho da prefeitura de Jerusalém, desistiu no meio do caminho tantas as ameaças que recebeu. O desafio do U’bizkhutan é conseguir o mínimo de votos necessário para poder existir – uma nova exigência da lei eleitoral israelense.


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Matzeiva literária

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O caderno de livros do jornal Haaretz, leitura obrigatória da intelligentsia israelense, dedicou duas páginas a uma resenha do livro K., do jornalista e escritor judeu brasileiro Bernardo Kucinski. No livro, que acaba de sair em edição hebraica, Kucinski narra a busca de um pai, sobrevivente da guerra na Europa, pela filha que desapareceu durante a ditadura no Brasil. O livro é baseado na história real do sumiço da irmã do autor, Ana Rosa. A resenha é assinada por Berta Waldman, professora emérita da USP e colaborada da revista Hebraica. Ela escreve que o livro é “a matzeiva que nunca foi colocada no túmulo de Ana Rosa”.

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Futuro do planeta O cidadão comum israelense está recebendo estes dias e-mails e torpedos de todas as empresas prestadoras de serviços do país, pedindo permissão para que as cartas de cobranças e de informações sejam agora enviadas via eletrônica – e não mais na forma de papel. Esta é uma orientação do governo às empresas, para diminuir a quantidade de celulose gasta na sociedade e por consequência, diminuir a poluição. Beleza pura, isto faz parte do bem-sucedido programa de reciclagem de Israel, que aos poucos tem maior variedade de dejetos. Não há outra alternativa para o futuro deste planeta.

Preço da balada Uma boa e uma má notícia para a garotada se alistando no Tzahal: a boa é que o salário pago aos militares teve um aumento de 25%. A má é que isto representa apenas de R$ 370,00 (soldado raso) a R$ 745,00 (combatente) mensais. As quantias foram calculadas com base em um estudo do exército junto à empresa de cartão de crédito que atende a moçada alistada, avaliando os gastos mensais dela. O Tzahal promete que a partir do ano que vem este valor será reajustado de acordo com o índice oficial de custo de vida do país, e mesmo se apresentar queda, o soldo vai subir.

Adeus ao historiador Morreu Martin Gilbert, aos 78 anos, famoso pelos livros sobre a história dos judeus, com muitos gráficos e mapas. Sir Gilbert, como ficou conhecido após ser condecorado pela rainha da Inglaterra, ganhou notoriedade ao escrever uma biografia em oito volumes de Winston Churchill, com as bênçãos do filho do estadista, Randolph Churchill. Cria da Universidade de Oxford, chamou a atenção pela capacidade de escrever a respeito dos mais diferentes temas. Seus livros acerca do Holocausto, Estado de Israel e história dos judeus são obrigatórios para quem busca informação clara e profunda.


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Fim da festa Minhas lembranças de menino no inverno de São Paulo nos anos 1970 era deixar a água quente sair aos borbotões do chuveiro enquanto lia alguma revista em quadrinhos, esperando encher o banheiro de vapor de água, e desta forma fazer uma pequena sauna para combater o frio. Gastávamos rios de água à toa, mas no país da Amazônia, ninguém achava errado. Agora leio que São Paulo caiu na real, com a falta de chuva, mas principalmente com o fato que a água está cada vez mais escassa num planeta em explosão demográfica. Aqui, em Israel, as crianças são educadas desde o jardim-de-infância para a economia de água. O governo aterrorizava, no bom sentido da palavra, a população, dizendo que um dia a torneira seria aberta e não sairia nada. Uma publicidade nostálgica dizia “chaval al kol tipá” (“toda gota é necessária”) e, mais recentemente, uma propaganda na TV mostrou o rosto lindo de uma modelo trincando aos poucos, com os dizeres “Israel está secando”. Isto criou uma mentalidade contra o desperdício. Hoje este tipo de propaganda nem é mais veiculada, depois que o país investiu pesado no assunto e instalou usinas de dessalinização, tornandose exportador desta tecnologia, e ainda reaproveitando 75% do esgoto mais repugnante para a agricultura. O resultado é que não há racionamento neste país de 60% de deserto, e em qualquer praia – e Israel tem uma grande costa – há chuveiro gratuito para os banhistas. Quem sabe agora, com este choque de realidade no Brasil, o país cuide deste recurso de forma permanente e, depois de sair deste sufoco de racionamento, poderemos ver também chuveiros gratuitos nas praias de Camburi e Juquehy?

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Mais do mesmo Há eleições este mês em Israel, e o desânimo é contagiante. Pelo que percebo no meu círculo de amigos e conhecidos, não era a hora de convocar um novo pleito, somente dois anos após o último. A gastança será enorme e, pior, não deverá haver mudança na forma de governar. Os dois maiores blocos – a centro-direita representada pelo Likud e a centroesquerda de Herzog e Livni – não conseguirão votos suficientes para montar um governo coerente. Os partidos nanicos – colonos, ortodoxos, extrema esquerda, extrema direita – já se preparam para negociar a participação em qualquer governo e aí virá a politicagem local de sempre. Há gente achando que, desta vez, a dupla Herzog e Livni poderá levar a centro-esquerda para o poder. Herzog é um refinado advogado de Tel Aviv e Livni é conhecida por suas campanhas liberais, como, por exemplo, ser a madrinha da Parada Gay de Tel Aviv ou limpar a barra da imagem internacional do país. Seriam bons candidatos se Israel fosse um país escandinavo. Mas quem os imagina no poder enfrentando Hamas, Hizbolá ou Irã? A campanha do Likud vende que Bibi Netaniahu é o homem certo para um país cercado de radicais, mesmo porque não há outro líder forte à vista. Quem vai resistir a este apelo?

Sabra bom de bola Quem diz que israelense não entende nada de futebol é porque não acompanha a carreira do talentoso técnico Avram Grant, cujo currículo internacional deixa para trás boa parte dos colegas do Brasil. Depois de se ter destacado nos campeonato local, assumiu a seleção nacional de Israel. Dono de um estilo discreto, mas certeiro, Grant despontou em seguida para uma brilhante carreira internacional. Substituiu José Mourinho no Chelsea, levando a equipe para a final da Champions League (ficou em segundo). Assumiu o Partizan Belgrado e foi campeão da liga sérvia. No mês passado, comandando a seleção nacional de Gana, ficou em segundo lugar na disputadíssima Copa da África – só perdendo na final, por pênaltis.



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magazine > antissemitismo | por Robert S. Wistrich *

EM PÉ, NO LADO ESQUERDO DA FOTO, ROSA LUXEMBURGO E AO SEU LADO AUGUST BEBEL

Ódio aos judeus e marxismo EM 1893, O LÍDER TRABALHISTA ALEMÃO AUGUST BEBEL NÃO HESITOU EM DESCARTAR O ANTISSEMITISMO COMO O “SOCIALISMO DOS TOLOS”. DESDE ENTÃO, A ESQUERDA OCIDENTAL TEM SIDO TRISTEMENTE COMPLACENTE COM A JUDEUFOBIA, OU O ÓDIO AOS JUDEUS

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omunistas e socialistas de várias extrações insistem em subestimar o impacto, a importância e a longevidade do antissemitismo. Ainda hoje, cepas significativas da esquerda americana, e até mesmo da esquerda israelense, estão muito mais preocupadas com as supostas transgressões do Estado judeu do que com o antissemitismo global. A releitura de várias respostas da esquerda para a “Questão Judaica” revela que a ambiguidade em relação ao antissemitismo e a anti-

patia para com Israel são permanentes e complementares na interpretação materialista equivocada do marxismo a respeito de temas mundiais. Poucos marxistas se interessaram pela visão demoníaca que os que odeiam os judeus têm do mundo, ou o poder mítico de arquétipos antissemitas de “o judeu”, expressos em Judas, Satanás e o Anticristo. Da mesma forma, poucos tentaram decifrar as teorias fantasmagóricas da conspiração que fazem parte de tantas crenças antissemitas o que contribuiu bastante para o modo como a esquerda viu o antissemitismo cada vez


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maior dos nazistas na década de 1930. Pouquíssimos socialistas, anarquistas, comunistas e dissidentes solitários, como Wilhelm Reich, tiveram compreensão suficiente da psicologia do fascismo, e nem trataram seriamente da visão maniqueísta dos antissemitas antes do Holocausto. O Partido Social Democrata Alemão (SPD), por exemplo. Quando os nazistas tomaram o poder, em 1933, o SPD minimizou o antissemitismo e nunca o atacou diretamente. A paralisia do SPD avançou para além do temor de desafiar os preconceitos populares dos trabalhadores alemães no âmbito do Terceiro Reich. Uma falha de imaginação lamentável, como se viu. Ambos, socialistas e comunistas alemães, subestimaram, grosseiramente, a capacidade de o pensamento irracional e o foco no antissemitismo racial fazerem parte da ideologia nazista. Não enxergaram a grande diferença qualitativa existente entre o ódio tradicional ao judeu e o antissemitismo nazista, por eles reduzida a mero instrumento político das forças “reacionárias” para derrubar a República de Weimar. Mesmo depois de 1933, ainda consideravam o ódio ao judeu principalmente uma ferramenta para consolidar a ditadura de Hitler. Para a esquerda alemã, a essência do nazismo não estava na destruição dos judeus, mas no esmagamento da classe trabalhadora. E fizeram do episódio da Kristallnacht apenas um simples balão de ensaio para medidas mais repressivas contra a sociedade alemã como um todo, e não uma ofensiva maciça contra os judeus. Muitos intelectuais alemães de esquerda no exílio acreditavam que os judeus sofreram mais do que outros, e enfatizar demais o antissemitismo serviria somente para enfraquecer a campanha antinazista. No verão de 1945, logo depois da guerra, o filho de Thomas Mann, Klaus, que foi sargento do Quinto Exército dos Estados Unidos, estava na Alemanha e escreveu uma carta na qual tratava o destino dos judeus como algo secundário, colocou os judeus de lado apenas como um assunto “triste” e o Holocausto, nem especial, nem significativo. Também Franz L. Neumann, o principal especialista em nazismo dentre os analistas marxistas da Escola de Frankfurt, não conseguiu captar a intenção genocida do antissemitismo nazista durante a guerra. Ele estava exilado nos Estados Unidos em 1942, ano em que já se decidia o assassinato em massa dos judeus europeus, quando publicou Behemoth, sua obra clássica a respeito do nacional-socialismo. Neumann tinha absoluta confiança de que os nazistas “nunca permitiriam o extermínio completo dos judeus”. Para ele, o antissemitismo era, essencialmente, um meio para outros fins políticos, como a destruição das instituições livres e democráticas. Neumann e vários analistas acadêmicos consideravam simplesmente inconcebível que a questão judaica fosse algo além de um assunto marginal no projeto geral dos nazistas. Hannah Arendt foi um dos poucos exilados judeus alemães nos Estados Unidos a desafiar essa sabedoria convencional. No começo dos anos 1930, os esquerdistas procuraram diminuir a importância do próprio nazismo e a singularidade do

destino que os judeus viriam a sofrer durante o Holocausto. Eles tinham o conforto de respostas que se apoiavam tanto nas raízes econômicas do fascismo, na Alemanha, com a decadência do liberal-capitalismo, como nos paralelos entre os nazistas e outros regimes fascistas. Para muitos esquerdistas de então e de agora, o Holocausto foi um mero epifenômeno, produto acessório, do capitalismo, algo quase incidental ao fascismo, que, parece, torna-se bastante atraente quando as economias capitalistas entram em crise. Muitas vezes, o melhor que se poderia esperar dos intelectuais de esquerda depois da Segunda Guerra era uma compreensão parcial da singularidade do antissemitismo. Ninguém poderia acusar o existencialista francês marxista JeanPaul Sartre – romancista, dramaturgo e filósofo – de ter pouca imaginação. As Reflexões sobre a Questão Judaica (1946) foi um ensaio corajoso e perspicaz. Nem por isso, no entanto, até a combativa oposição ao antissemitismo estava isenta de estereótipos raciais. É quase inacreditável que, depois do Holocausto, ele ainda pensasse em uma revolução socialista para “resolver” a “Questão Judaica”. Na época, Sartre foi um companheiro comunista de viagem. Ele foi imprudente ao imaginar que, em uma sociedade sem classes, o antissemitismo seria cortado pela raiz. Era (o antissemitismo), pensou Sartre, um fenômeno “pequeno-burguês” e de “branco pobre” que não tinha repercussão entre a classe trabalhadora. Simone de Beauvoir era mais lúcida, relativamente livre de tais ilusões e mais comprometida com Israel do que seu companheiro. Nascida em uma típica família católica da classe média alta do interior do país onde o antissemitismo convencional era quase “normal”, Beauvoir estava chocada com o Holocausto e se comoveu pela luta do pós-guerra de Israel pelo renascimento nacional contra um colonialismo britânico cada vez mais obstrutivo. Seu engajamento feminista pioneiro tornou-a especialmente sensível à situação humilhante dos ju>>

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Ninguém poderia acusar o existencialista francês marxista JeanPaul Sartre – romancista, dramaturgo e filósofo – de ter pouca imaginação. As Reflexões sobre a Questão Judaica (1946) foi um ensaio corajoso e perspicaz. Nem por isso, no entanto, até a combativa oposição ao antissemitismo estava isenta de estereótipos raciais


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magazine > antissemitismo

>> deus europeus, sujeitados como eram, ao insulto antissemita contínuo e à exclusão, mesmo após a Shoá. Ela viu a batalha de Israel pela sobrevivência como um esforço heróico pela libertação. Por seu trabalho incessante, criatividade, coragem e apego à terra, os judeus sionistas tinham, a seu ver, conquistado o direito indiscutível de ter um estado independente. Embora não fosse acrítica às políticas de Israel, Simone de Beauvoir acentuadamente discordava das posições antissionistas de seus camaradas franceses mais militantes. Já em 1973, ela expressou sua consternação por uma linha crescente de antissemitismo mascarado como “antissionismo” que foi tomando conta da esquerda francesa. Ela também foi ferozmente crítica aos esforços árabes de aniquilar Israel e ao apoio destes esforços pela União Soviética. Para Beauvoir, a justeza da causa israelense era uma questão de convicção pessoal que transcendia a divisão entre direita e esquerda. A linha divisória de 1967 Outros intelectuais da “velha esquerda”, como Claude Lanzmann, Max Horkheimer e Herbert Marcuse, também resistiram aos esforços grotescos pós-1967 de juntar Israel com interesses “imperialistas”, enquanto os Estados árabes estariam vinculados ao socialismo amante da paz. Para esta escola de pensadores, era evidente que Israel era a única nação democrática no Oriente Médio cujos vizinhos ameaçavam constantemente a sua existência. Em 1967, em um debate com estudantes esquerdistas alemães, Marcuse – então o guru de primeira linha dos radicais ocidentais – lembrou que durante séculos os judeus tinham “pertencido ao grupo dos

JEAN-PAUL SARTRE E SIMONE DE BEAUVOIR E NA FOTO AO LADO

WILHELM REICH

povos perseguidos e oprimidos”; que “não faz muito tempo, seis milhões deles foram aniquilados” e que Israel era um refúgio onde os judeus já não precisavam temer ser perseguidos. E Sartre enfatizou a vulnerabilidade de Israel, bem como a sua legitimidade. Embora publicamente neutro, Sartre, no entanto, considerava a Guerra do Iom Kipur, de 1973, como um claro caso de agressão árabe “criminosa”. De fato, Sartre e Beauvoir se opuseram ao “antissionismo” totalitário que emergiu no bloco soviético depois da Guerra dos Seis Dias e que viria a ser um elemento central da política externa soviética no mundo árabe. O “antissionismo” antissemita na URSS apelava para os sentimentos xenófobos, etnocêntricos e populistas contra os judeus nas classes mais baixas e para o ressentimento dos judeus “moscovitas” (pró-soviéticos) durante os primeiros anos do pós-guerra. Depois de 1967, o antissionismo também serviu para atuar contra a liberalização e à oposição. Exemplo: para desacreditar o movimento de resistência “Solidariedade” na Polônia, em 1981, acusou suas ativida-


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des de supostas maquinações de “sionistas”, maçons e liberais cosmopolitas do Ocidente. Parte do sentimento anti-Israel da esquerda era resultado de uma tradição mais antiga do antissionismo marxista e que não tinha por base o ódio aos judeus. Militantes como o jovem trotskista belga Abram Leon (assassinado em Auschwitz aos 26 anos) eram adversários ferozes do antissemitismo ao mesmo tempo em que se opunham inflexivelmente ao sionismo como utopia “pequeno-burguesa”. Como a maioria dos trotskistas de origem judaica, Leon culpou a tragédia judaica do século 20 quase que exclusivamente à “decadência do capitalismo mundial”, que, como ingenuamente previra, também condenaria os “sonhos pueris do sionismo”. Pensadores como Leon afirmavam que qualquer referência à singularidade cultural judaica era deletéria. A escola “assimilacionista” do marxismo até repudiava as formas não-sionistas do nacionalismo judeu (como os membros do movimento Bund, que favoreciam a autonomia nacional-cultural na Diáspora). Nunca houve possibilidade de os marxistas ortodoxos reconhecerem uma nação judaica na Diáspora, assim como uma enraizada no solo de Sião. Os poucos radicais judeus no Ocidente que haviam discutido o caso autonomista judaico, como o anarquista francês Bernard Lazare, na década de 1890, foi isolado dos seus camaradas. Bem antes de 1914, pessoas como Lenin, Trotsky e Rosa Luxemburgo disseram aos ativistas do Bund que teriam de apagar a identidade judaica se pretendiam ser plenamente emancipados. E eles foram denunciados por Lenin e Trotsky como “separatistas”, “chauvinistas” e “isolacionistas” simplesmente por levantarem a questão de uma cultura proletária judaica autônoma. O pai do marxismo russo Georgii Plekhanov zombava dos membros do Bund como “sionistas com medo do enjoo do mar”. Convencidos de que a emancipação dos judeus significava a dissolução de qualquer consciência de povo dos mesmos, os primeiros marxistas foram incapazes de imaginar que Israel pudesse realmente emergir como uma nação-estado judaica. Sua criação e sobrevivência têm sido um tapa na cara da teoria marxista. E o que dizer da Grã-Bretanha, pois os ingleses foram os primeiros a reconhecer formalmente as aspirações nacionais judaicas (na Declaração de Balfour) e considerando seu papel na luta contra os nazistas? A Questão Judaica fez um percurso um pouco diferente na esquerda inglesa. Até o final dos anos 1970, alguns membros mais velhos do Partido Trabalhista, como o primeiro-ministro Harold Wilson, Ian Mikardo, Sydney Silverman e Richard Crossman, tinham por Israel uma clara simpatia, que era menos visível entre acadêmicos e intelectuais ingleses de esquerda. Um exemplo: o historiador e veterano ícone da esquerda britânica Eric Hobsbawm, na melhor das hipóteses considerava os judeus um povo fantasma cuja nação-estado desprezível ilustrava as características protofascistas de todos os nacionalismos reacionários. No entanto, no início dos anos 1980, a esquerda do Parti-

do Trabalhista britânico ficou fascinada pelas posições antissionistas ideologicamente orientadas, muito distantes da política reformista trabalhista e bem mais próximas do trotskismo. Apesar das inclinações pró-Israel dos primeirosministros do Novo Trabalhismo, como Tony Blair e Gordon Brown, o antissionismo “antirracista” da atual esquerda britânica flerta abertamente com o antissemitismo. Como em outros lugares do Ocidente, os esquerdistas britânicos negam veementemente qualquer preconceito, enquanto colocam Israel no pelourinho por provocar o ódio árabe e o antissemitismo. Da mesma forma, há nos Estados Unidos intelectuais de esquerda (alguns deles, judeus) que retratam o “novo” antissemitismo como uma resposta direta e compreensível à ocupação israelense. Na opinião deles, os próprios judeus são culpados pela agressão que enfrentam; uma proposição antissemita clássica, aliás. A trajetória peculiar do radicalismo esquerdista americano moldou a maneira como tratam o antissemitismo e Israel. Nos anos de depressão de 1930 (o auge do mito utópico soviético), muitos acadêmicos, intelectuais e artistas americanos foram atraídos ao comunismo. Enquanto Stalin promovia expurgos em massa e liquidava populações inteiras, muitos comunistas americanos continuaram a defender a União Soviética. Até mesmo o pacto nazi-soviético teve defensores na esquerda dos Estados Unidos. Somente depois de 1945 é que a estrela do comunismo americano começou gradualmente a se apagar. Nos anos 1960, os comunistas foram substituídos por uma geração de radicais de esquerda mais abertamente antiamericana do que as anteriores. A Guerra do Vietnã, o desarmamento nuclear, os direitos civis, a liberdade de expressão, as drogas e a rebelião estudantil assumira ocuparam a cena. Havia clientela para uma agenda antiamericana, e os Estados Unidos foram implacavelmente denunciados, a partir de dentro, como o predador “imperialista” em busca de hegemonia sobre as nações do Terceiro Mun>>

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Bem antes de 1914, pessoas como Lenin, Trotsky e Rosa Luxemburgo disseram aos ativistas do Bund que teriam de apagar a identidade judaica se pretendiam ser plenamente emancipados. E eles foram denunciados por Lenin e Trotsky como “separatistas”, “chauvinistas” e “isolacionistas” simplesmente por levantarem a questão de uma cultura proletária judaica autônoma


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magazine > antissemitismo >> do. Ao mesmo tempo, os crimes comunistas eram sistematicamente encobertos. Nestas campanhas antianticomunistas se destacaram vários acadêmicos judeus, como Noam Chomsky e Richard Falk, que apoiaram firmemente os comunistas vietnamitas contra os Estados Unidos, cujas ações militares acusavam de “genocídio”. Seria, portanto, como foi, apenas uma questão de tempo até que se dirigissem acusações hiperbólicas semelhantes a um triunfante aliado dos americanos, o Estado de Israel. De acordo com o espírito do novo terceiro-mundismo, os acadêmicos americanos de esquerda vieram a se identificar com a causa palestina. De fato, Falk provou ser tão pró-Hamas que levou a Autoridade Palestina a manifestar seu desconforto com a nomeação dele, em 2001, como relator especial para as Nações Unidas em matéria de direitos humanos dos palestinos. Além disso, Falk não encontrou nenhuma evidência de intolerância religiosa, étnica, ou de gênero na República Islâmica do Irã. Ele chegou ao ponto de sugerir que a Revolução Islâmica pode oferecer muito às nações do Terceiro Mundo como “um exemplo de governança não-autoritária”. Falk tem, no entanto, proclamado que os Estados Unidos e Israel continuam a praticar uma “geopolítica genocida”. Em fevereiro de 2009, Falk, que é judeu, disse que a incursão de três semanas de Israel na Faixa de Gaza evocava “o pior tipo de memórias internacionais do Gueto de Varsóvia”. Esta mentirosa comparação da guerra entre Israel e o regime terrorista do Hamas com a fome e o assassinato deliberado de judeus de Varsóvia em 1942 pela Alemanha nazista é cada vez mais popular na esquerda ocidental. Igualmente revelador é o caso do falecido historiador da Universidade de Boston, Howard Zinn, autor do best-seller A People’s History of the United States (“Uma História do Povo dos Estados Unidos”). Zinn, marxista, admirador de Mao e de Fidel, nunca disfarçou sua visão da América como nação repressiva, racista e imperialista, culpada de genocídio reincidente e a opinião a respeito de Israel era pouco mais equilibrada que isso, embora fosse filho de um operário judeu no Brooklyn e servido em um bombardeiro na Segunda Guerra. Zinn reconheceu que, até 1967, Israel não fazia parte de seus interesses e preocupações, mesmo caso de muitos outros judeus americanos. No entanto, por ocasião da primeira guerra do Líbano, em 1982, ele havia se tornado um “envergonhado” do Estado judeu e convencido de que a criação dele foi “um erro”, “a pior coisa que os judeus poderiam ter feito”. Como os Estados Unidos, Israel era violento, intolerante e guiado pelo frenesi nacionalista. O país teria virado as costas para o que havia de melhor na tradição judaica: o internacionalismo, a criatividade e a ênfase na realização cultural. Para Zinn, a existência e as ações de Israel se tornaram a principal fonte de antissemitismo no mundo. Zinn, como muitos judeus antissionistas de esquerda, deu caráter mítico à condição dos palestinos qualificando-a como uma espécie de “limpeza étnica”. Ele ignorou, é claro, a verdadeira “limpeza étnica” dos judeus das terras árabes depois de 1945. As obras de Zinn não mostram o

NOAM CHOMSKY, O MAIS QUERIDO DA ACADEMIA

menor reconhecimento da natureza xenófoba e racista do nacionalismo árabe ou a ameaça de genocídio representada pelo Islã radical. Demonização de Israel Tais inversões perversas da realidade falam de um dualismo maniqueísta perturbador. O ódio pela América, pelo Ocidente e por Israel prospera sob o manto dos direitos humanos e da justiça social. Esta fantasiosa rotulagem não tem impedido a causa dos “oprimidos” de ser representada por ditadores como Joseph Stalin, Mao, Ho Chi Minh, Fidel, o aiatolá Khomeini, Saddam Hussein e Yasser Arafat. Esses tiranos têm sido muitas vezes idolatrados pelos radicais ocidentais como defensores dos “povos do Terceiro Mundo” contra o imperialismo norte-americano e o sionismo. A solidariedade internacional com os palestinos tem dado um falso halo de respeitabilidade para os personagens mais desprezíveis do mundo. Os islâmicos são apenas o mais recente de uma longa linha de manipuladores que exploram os infortúnios palestinos ou do Terceiro Mundo. Todos se satisfazem com a demonização de Israel na forma de um “Estado genocida” envolvido em “limpeza étnica desde o dia do seu nascimento”. Esta análise ganhou adeptos entre aca-


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dêmicos esquerdistas e antissionistas dentro de Israel também. Trata-se de uma retórica divorciada da verdade histórica e da realidade geopolítica e nega qualquer possibilidade de mudança ou reparação relativa a queixas genuínas. O historiador da Universidade de Tel Aviv, Shlomo Sand, representa uma variedade especialmente virulenta de tais “negacionismos” com a afirmação de que os conceitos de “povo judeu” e Eretz Israel (“a terra de Israel”) são meras ficções ou invenções sionistas. Este ex-militante trotskista israelense, treinado na França (onde sua desligitimação pseudocientífica de Israel teve grande popularidade) reavivou teorias há muito desacreditadas – como a demente noção pregada por Arthur Koestler de que os judeus ashkenazim vieram dos cazares que se converteram no século 10 da Era Comum– como forma de separar os judeus dos seus antepassados bíblicos. Ele próprio completamente sem religião, Sand, no entanto, insiste que os judeus estão ligados pela religião; rejeita categoricamente a identidade judaica de Israel e anunciou ao mundo que já não se considera mais um judeu. Para Sand, o sionismo só pode ser entendido como a destilação do próprio racismo. Isso explica porque os piores inimigos do Estado judeu considerem inestimável o trabalho de Sand. Existe algo melhor do que um intelectual israelense para minar as próprias raízes da história judaica, a religião, a memória cultural e a identidade nacional na terra de Sião? Yasser Arafat não negou ao presidente Bill Clinton em Camp David que os judeus haviam construído ou frequentado o Primeiro e o Segundo Templos em Jerusalém? Não é lugar-comum nos meios de comunicação da Autoridade Palestina refutar qualquer ligação entre o Muro das Lamentações na Cidade Santa e o passado judaico? Não houve um esforço árabe sistemático, liderado pela Waqf (fundo de doação religiosa) palestina, para destruir qualquer vestígio material da antiga presença judaica em Jerusalém que remonta há mais de três mil anos? Nas narrativas “pós-sionistas” de historiadores israelenses como Ilan Pappé (antigo membro ativo do Partido Comunista de Israel, o Chadash), todo o projeto nacional judeu é um conto de pesadelo de ocupação, expulsão, discriminação e racismo institucional perpetrado por invasores sionistas estrangeiros e demoníacos. Segundo esses relatos, os palestinos são vítimas permanentes; e os israelenses sempre os “colonizadores brutais”. De acordo com Pappé, a limpeza étnica “sionista” da Palestina já estava em pleno vigor, em 1948. Foi um crime longamente premeditado que, desde então, vem aumentando. É cada vez maior o número de judeus antissionistas que exibem os respectivos certificados de divórcio do Estado judeu ao assinar petições contra o “muro do apartheid” de Israel (a cerca de segurança para se defender contra homens-bomba palestinos), e ao denunciar a opressão supostamente racista de Israel contra os árabes locais. Ao mesmo tempo, judeus “progressistas” parecem indiferentes ao sofrimento dos civis israelenses – vítimas inocentes de atrocidades selvagens palestinas – incluindo os as-

sassinatos de três adolescentes israelenses perto de Hebron, o ano passado. Os “progressistas” derramam lágrimas pelas crianças palestinas, mas invariavelmente viram o rosto para os mortos do seu próprio povo, o judeu. Esta é uma forma perversa de humanismo em que a difamação sistemática de Israel coexiste com uma “palestinofilia” romantizada e abstrata, desprovido de pensamento crítico ou solidariedade humana normal. Marxistas e islâmicos contemporâneos compartilham uma agenda apocalíptica curiosamente similar de redenção terrena que aspira à parcela de “justiça social” absoluta, mas por meios violentos. Para os dois, o martírio palestino se tornou brilhante símbolo de “resistência”, não só em relação a Israel, mas também à globalização e ao Ocidente “corrupto”. No cerne de tal utopia radical, está a crença quase religiosa de que o mundo só será “libertado” com a queda da América e com derrota dos judeus. Essa fantasia quiliasta (de que os predestinados viveriam mil anos na terra após o Juízo Final) tem hoje como ponto notável a fusão entre a esquerda antissionista radical no Ocidente e a jihad global. Enquanto isso, no mundo real os guerreiros jihadistas transnacionais tentam conquistar grandes áreas no norte da Síria e no Iraque para estabelecer uma nova base para o seu califado islâmico. Ao lidar com esses e outros desafios que incluem as fronteiras porosas de uma implosão no Oriente Médio árabe, um marxismo falido não tem nada a oferecer. E, sua aliança de facto com os islamistas talvez seja a última etapa da sua morte lenta. *Robert S. Wistrich é professor de história judaica na Universidade Hebraica de Jerusalém, e lá dirige o Centro Internacional Sassoon para o Estudo do Antissemitismo. Mais recentemente, ele escreveu From Ambivalence to Betrayal: The Left, the Jews, and Israel (“Da Ambivalência à Traição: A Esquerda, os Judeus e Israel”, 2012)

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O ódio pela América, pelo Ocidente e por Israel prospera sob o manto dos direitos humanos e da justiça social. Esta fantasiosa rotulagem não tem impedido a causa dos “oprimidos” de ser representada por ditadores como Joseph Stalin, Mao, Ho Chi Minh, Fidel, o aiatolá Khomeini, Saddam Hussein e Yasser Arafat


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magazine > israel, 67 anos | por Shlomo Nakdimon

Ben-Gurion viu tudo vermelho e perdeu para a democracia ESTA É A CRONOLOGIA DE TRINTA DIAS TURBULENTOS NA HISTÓRIA DA DEMOCRACIA ISRAELENSE, AMEAÇADA QUANDO O ENTÃO PRIMEIRO-MINISTRO DAVID BEN-GURION QUERIA, POR TODOS OS MEIOS E MODOS, COLOCAR O PARTIDO COMUNISTA DE ISRAEL (MAKI) NA ILEGALIDADE, E SEU JORNAL OFICIAL, KOL HÁ’AM (“A VOZ DO POVO”, EM HEBRAICO), NA CLANDESTINIDADE. PERDEU. A RAZÃO: O MAKI APOIARA A UNIÃO SOVIÉTICA NO INFAME “JULGAMENTO DOS MÉDICOS”, EM 1953, COM RÉUS JUDEUS

“V

iajei até o lago Tiberíades para um período de férias, e para me banhar nas águas termais”, lê-se no diário de David Ben-Gurion em 6 de janeiro de 1953. Primeiro-ministro, ministro da Defesa e líder do partido Mapai, ele costumava se hospedar no hotel Galei Kineret. No entanto, no nono dia de férias, escreveu: “Vamos pagar com a vida se continuarmos a permitir que esta quinta coluna desprezível corra solta no nosso meio”. É que na manhã da véspera, 14 de janeiro, Ben-Gurion leu no Kol Ha’am, o órgão oficial do Maki, o Partido Comunista de Israel, um texto acerca do julgamento, em Moscou, de nove médicos, seis deles judeus, acusados de conspiração para matar líderes políticos e comandantes militares da União Soviética. Como sempre, o Kol Ha’am apoiou a medida soviética. “Li, com horror, o artigo publicado no Kol Ha’am sobre os atos terríveis de Moscou. Esta seria uma democracia tola e suicida se, por um conceito errado de liberdade de expressão e de organização, tal bando de neófitos e traidores nacionalistas tivesse permissão de correr à solta na imprensa, nas assembleias e na Knesset.” O primeiro-ministro escreveu uma carta aos quinze membros do gabinete, na qual exigia uma decisão obrigando o Ministério da Justiça “a elaborar com urgência um projeto de lei contra ‘qualquer organização hostil’ que ajudasse – por qualquer meio que fosse – elementos externos que fomentassem o ódio de Israel... ódio a Israel em um sentido duplo: contra o Estado de Israel e contra o povo de Israel, ou seja, também contra os judeus”. A proposta de texto de projeto de lei: “Deve ser confiada ao governo a autoridade para declarar que qualquer organização que ajude elementos externos na realização de ações anti-israelenses (incluindo ações contra o Estado e contra os judeus, onde quer que estejam), que encoraje essas ações, que forneça o material a elas, etc., como uma ‘organização hostil’. E quan-

do a dita organização for declarada hostil, seria possível fechá-la e confiscar seus jornais, prensas e locais de reunião, e levar a julgamento os seus diretores, líderes e membros, neste caso, o ônus da prova (refutação) será do réu”. Ben-Gurion não descartava a possibilidade de que, em consequência, o Maki se tornasse clandestino. “Essa clandestinidade já existe, de todo modo. No entanto, é inaceitável que esses traidores ‘abertos’ tenham a oportunidade de realizar assembleias, falar na Knesset, ir aos alojamentos dos imigrantes, de proporcionar bem-estar e as ajudas públicas aos inimigos estrangeiros do povo judeu e do Estado de Israel, de viajar para encontros internacionais dedicados à incitação antissemita e de envenenar a atmosfera em Israel entre os jovens e os imigrantes.” Ben-Gurion pediu ao gabinete para aprovar a proposta com urgência e, em seguida, aplicá-la “com toda a possível severidade da lei. A dignidade do Estado e a dignidade do judaísmo exigem isso de nós”. A carta deveria ser submetida ao gabinete na primeira reunião, em 18 de janeiro, da qual Ben-Gurion não participaria porque estava em férias. Ao mesmo tempo, pediu ao secretário-geral da federação trabalhista Histadrut, Mordechai Namir, providências para excluir o Maki das instituições da organização. Os processos legais de 1952 relativos à


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IMAGEM DE STALIN NAS COMEMORAÇÕES DO PRIMEIRO DE MAIO DE 1949, EM TEL AVIV

“conspiração dos médicos” se tornou um clássico da história da extinta URSS e vieram na esteira de um julgamento-espetáculo em Praga, em que figuras importantes do regime, a maioria judeus, foram acusadas de conspirar contra o Estado. A ligação dos dois julgamentos – com judeus em ambos – parecia indicar uma nova fase na guerra da União Soviética contra o sionismo. Naquela carta, Ben-Gurion declarou que os soviéticos “cometiam atrocidades menos por impulso emocional, e mais por um cálculo cruel e de sangue frio, orientados por seus objetivos e necessidades políticas”. Os soviéticos precisavam disso “a fim de manter o domínio absoluto e as aspirações imperialistas”. A trajetória de Stalin como assassino de milhões de trabalhadores e camponeses em seu próprio país e aliado de Adolf Hitler no início da Segunda Guerra fez o primeiro-ministro israelense concluir que o líder soviético destruiria o judaísmo russo – “sempre que, por qualquer motivo, considere isso necessário, no devido tempo”. Para Ben-Gurion, Stalin tinha duas caras: uma insultaria com todas as expressões antissemitas e racistas possíveis, e a outra“faria o mesmo que Hitler, sem qualquer hesitação moral ou obstáculo”.

A Guerra da Coreia eclodira no terceiro ano do mandato de David Ben-Gurion, e havia um sentimento de iminente nova guerra mundial, mas dessa vez entre o Ocidente e o Leste. O partido Mapai, no poder, promoveu debates internos sob o título “Nossa Posição na Terceira Guerra Mundial”. Ainda a carta de Ben-Gurion: “Não há dúvida que Stalin se prepara para a guerra com todo o seu caráter metódico. Stalin tinha a intenção de destruir os judeus da União Soviética e dos países-satélites, cuja lealdade era, em sua opinião, incerta”. Na condição de ministro da Defesa, Ben-Gurion determinou a suspensão da distribuição do Kol Há’am nas unidades do exército israelense, uma prática comum entre todos os jornais, principalmente aqueles ligados aos partidos políticos. Em 15 de janeiro de 1953, a Is>>

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A trajetória de Stalin como assassino de milhões de trabalhadores e camponeses em seu próprio país e aliado de Adolf Hitler no início da Segunda Guerra fez o primeiroministro israelense concluir que o líder soviético destruiria o judaísmo russo – “sempre que, por qualquer motivo, considere isso necessário, no devido tempo


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>> rael Defense Forces informou a administração do jornal da proibição. Ben-Gurion mandou o comitê político do Mapai se reunir com urgência e em segredo em 16 de janeiro. Fechou as contas no hotel, encerrou as férias e viajou para Tel Aviv.

MOSHÉ SHARETT FOI MINISTRO DO GABINETE DE

BEN-GURION E DEPOIS O SUBSTITUIU

Queria briga Com base nas atas da reunião, sabe-se que Ben-Gurion queria o confronto. “A intenção da União Soviética é retratar o judaísmo como monstruoso e perigoso para a Rússia, por isso é inaceitável que um partido nazista exista entre nós”, afirmou ele. O primeiro-ministro propôs que na sessão de abertura da Knesset, em 19 de janeiro, “nós promulguemos uma lei, de forma a mais rápida possível, autorizando o governo a proibir uma organização de inimigos de Israel”. E listou as restrições que desejava impor: a existência legal do Maki; cassar os mandatos dos seus representantes na Knesset; levar as lideranças e parlamentares a julgamento, e condená-los a entre dez e vinte anos; proibir o Maki de realizar assembleias públicas; proibir os militantes de aparecer nas escolas; confiscar locais de reuniões, jornais e propriedades, etc. No campo legal, Ben-Gurion exigiu do Maki provas de que não estava ajudando aos inimigos de Israel, invertendo, portanto, o ônus da prova que é sempre da acusação. Indiretamente, a proposta também continha um aviso para a “facção de esquerda” pró-soviética, então em formação no interior do partido de esquerda Mapam, liderada por Moshé Sneh, e que depois se fundiu ao Maki. “Estamos diante de uma situação que existia sob o regime nazista”, Ben-Gurion advertiu aos 28 membros do comitê político presentes à reunião. E pediu que o mundo fosse advertido disso, especialmente a ONU, o Parlamento britânico e o Congresso dos Estados Unidos. E agradeceu as providências de Namir “para excluir essas pessoas perversas da Histadrut [a

NA CHEFIA DO GOVERNO

central sindical de Israel]”. O comitê do Mapai aprovou somente a aplicação de medidas duras contra o Maki e rejeitou colocar o Maki na ilegalidade. O ministro sem pasta Pinhas Lavon, conhecido polemista do Mapai, votou contra alegando que, para cassar o Maki, seria necessário criar campos de concentração para milhares de cidadãos, e a influência comunista seria ainda maior. Mas Lavon propôs suspender os direitos políticos dos parlamentares do Maki: Esther Vilenska, Meir Vilner, Emil Habibi, Tawfik Toubi e Shmuel Mikunis. Ele apoiou a exclusão do Maki da Histadrut, mas achava que seus membros tinham direito de participar da convenção da Histadrut. Do contrário, sem alternativas, o Maki votará na esquerda do Mapam, criando uma espécie de “cripto-comunismo”. Apesar das derrotas parciais, Ben-Gurion fez um discurso duro sugerindo que o destino dos judeus no mundo dependia dele. E acusou: “... É inaceitável que dentro mesmo do Estado de Israel, uma organização defenda libelos de sangue contra o povo judeu. Este é o Estado pelo qual cada um de nós é responsável; são suas leis, costumes, parlamento e democracia que estão distorcendo. Eles apoiam um libelo de sangue judeu global. As leis de Israel podem permitir uma coisa dessas? As leis de Israel podem permitir a publicação de seu jornal, e dar condições de se ver representados na Knesset? Disseram-me que isso significaria estabelecer campos de detenção. Se houver necessidade de construir campos, vamos fazê-lo. Se houver necessidade de fuzilar, vamos fuzilar. Nós já passamos por momentos de necessidade de se atirar nas pessoas – que estavam até mais próximas de nós.” Aos berros, Ben-Gurion afirmou. “Se houver necessidade de campos de detenção, gostaria de sugerir sua criação, e se precisar atirar, eu não teria medo de fazêlo. Nós já estivemos nesta situação e disparamos, embora a situação fosse muito menos grave. Dissemos ao Irgun Tzvai Leumi [a Organização Militar Nacional clandestina de direita pré-estado, tam-


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bém conhecida como Etzel] que teria de depor as armas e que se não o fizesse, então começaríamos a disparar em 24 horas.” Ele se referia ao caso do Altalena, de junho de 1948, em que foi afundado um navio carregado de armas destinado ao movimento de resistência pelo primeiro governo de Israel. Agora, Ben-Gurion explicou, não havia necessidade de armas e nem de o Estado de Israel permitir a existência legal de um partido identificado com libelos de sangue contra ele. “Será que o Estado russo tolera a existência de um libelo de sangue contra os seus filhos?” Ele insinuava que o perigo não vinha só do Maki: “Há outros que se organizam para atos de sabotagem e guerra civil. Eles têm fazendas e armas. Fui informado que a força aérea já tirou metralhadoras de um avião”. Era uma ameaça velada ao Mapam: o chefe do serviço de segurança interna Shin Bet, Isser Harel, relatou a Ben-Gurion a respeito de uma suposta atividade subversiva do Mapam no Ministério das Relações Exteriores e nos serviços de segurança, e de armas escondidas em kibutzim afiliados ao Mapam, para usar no caso de uma possível invasão soviética a Israel. Em minoria contra o Maki, Ben-Gurion insinuou que não seria responsável pelas consequências: “Ai do Estado que tolera tal coisa dentro de si. Se esta for a decisão, então é isso. Eu, em todo o caso, considero um erro. Minhas mãos não vão derramar este sangue. Eu não vou a nenhuma outra instituição discutir esse ponto. Tudo o que for decidido aqui, é o que vai ser.” Foram votadas duas propostas. A mais intransigente, de Ben-Gurion: “Autorizar o governo a declarar o Partido Comunista uma organização hostil que pode ser dissolvida”. A segunda, menos radical, juntava as propostas de Lavon e da então ministra do Trabalho, Golda Meir: “Permitir o emprego de todos os meios à disposição do governo, no âmbito da legislação em vigor e de leis ainda a serem aprovadas, para negar ao Maki a oportunidade de agir publicamente, mas sem declará-la uma organização fora da lei”. Teve treze votos. A de Ben-Gurion, sete. Um comitê avaliaria qual o melhor plano para o Maki. O comitê não funcionou e o gabinete escolheu outro. O diário não tem registros de como Ben-Gurion reagiu à derrota. Ele voltou apressadamente a Tiberíades e o gabinete se reuniu sem o primeiro-ministro. O vice, o ministro das Finanças Levi Eshkol, não apresentou a carta de Ben-Gurion, talvez porque não soubesse dela. Ou então, como o comitê político rejeitou a proposta de Ben-Gurion a favor da ilegalidade do Maki, não havia razão para apresentá-la. “Essa questão foi um erro”, escreveu para si mesmo. Os sete ministros das menores facções da coalizão (Sionistas Gerais, Hapoel Hamizrachi, Progressistas) desconheciam as propostas de Ben-Gurion, e não tinham interesse em saber a posição dele. Afinal, se as pessoas mais próximas de Ben-Gurion discutiam a questão, então tudo estava sendo feito com a concordância do primeiro-ministro, em férias.

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Lavon descreveu o caso Maki e relacionou as sanções sugeridas pelo comitê político do Mapai, e algumas novas: como purificar o mecanismo de Estado dos membros do Maki, incluída a rádio estatal, Voz de Israel, e os municípios. Golda Meir apoiou Lavon e propôs ao gabinete considerar o Maki “uma organização hostil ao Estado de Israel e ao povo de Israel”. “Afinal, como os deputados Toubi, Mikunis e Vilner podem viajar com passaportes diplomáticos?”, perguntou ela. Para ela, as propostas de Lavon eram a opção menos grave. “Pena não se poder fazer mais”, disse com desprezo. Ações, não declarações O líder do partido Hapoel Hamizrachi, e ministro da Previdência e Religiões, o moderado Moshé Shapira, abaixou a temperatura do debate. “É possível entender assim se os Estados Unidos falassem dessa forma (sobre o Partido Comunista na América), mas convém um pouco de cautela e de autocontrole... Evidentemente a Rússia quer iniciar um amplo expurgo, e precisamos ter cuidado para não avaliar isto somente do ponto de vista judaico, pois se exagerarmos o ponto de vista judaico, esse expurgo pode se tornar judeu.” Moshé Shapira queria medidas punitivas contra o Maki, mas era contrário a fazer da tribuna da Knesset palco de ataques aos comunistas. “Devemos agir, não fazer declarações”, aconselhou. Ele preferia alterar a lei concedendo imunidade caso a caso aos membros da Knesset, e isso valia também para os membros do Mapam. Shapira sugeriu criar problemas para os meios de comunicação ligados ao Maki excluindo-os, por exemplo, da cota de papel de imprensa distribuído pelo governo. Ou fechar o jornal a cada artigo que, segundo a lei, fosse considerado ofensivo, inviabilizando-o aos poucos de modo a fragilizar a atuação deles principalmente junto à juventude. Lavon respondeu aos dissidentes e principalmente a Shapira: “Vocês estão desconsiderando o fato de que os estados por trás da campanha antijudaica anunciam ao mundo que os judeus, >>

Na condição de ministro da Defesa, Ben-Gurion determinou a suspensão da distribuição do Kol Há’am nas unidades do exército israelense, uma prática comum entre todos os jornais, principalmente aqueles ligados aos partidos políticos


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Maki consolidou a democracia Maki é o acrônimo em hebraico de Hamiflagá Hacomunistit Haisraeli e se originou do antigo Partido Comunista da Palestina, de antes do estabelecimento do Estado de Israel, depois da partilha, em 1947, passou a se chamar Partido Comunista de Eretz Israel e, em 1948, por ocasião da independência, recebeu o nome de Maki e incluiu os membros da Aliança Libertadora Nacional , partido árabe, que antes faziam parte do Partido Comunista da Palestina. O Maki não era sionista mas reconhecia Israel enquanto negava a ligação do Estado de Israel com o judaísmo da Diáspora e concordava com o direito de os palestinos formarem um Estado, de acordo, aliás, com o que determinava a resolução da partilha. Embora o partido nunca tivesse alcançado votações importantes para o Parlamento, sua decisiva atuação política ajudou a consolidar a democracia israelense. Ele foi dissolvido com o nome Maki em julho de 1973 por divergências internas relacionadas, principalmente, à política da extinta União Soviética. Um sinal dessas divergências internas foi o surgimento do Rakah, acrônimo em hebraico de Nova Lista Comunista (Reshimá Comunisti Hadashá), antissionista e pró-palestinos, fundado em setembro de 1965, como uma dissidência do Maki. Na época, os jornais comunistas do mundo inteiro denunciaram o grupo liderado por Moshé Sneh e que se manteve no Maki como o “campo nacionalista burguês”. O Rakah se opôs à Guerra dos Seis Dias em 1967 e ao sionismo e conquistou três cadeiras na Knesset. Nas eleições de 1969, conquistou quatro. Em 1989, mudou o nome para Maki que se mantém até hoje para evidenciar sua condição de único partido comunista oficial de Israel.

como povo, como judeus e como as entidades judaicas, como o Joint, por exemplo, se organizaram para cometer assassinato, envenenam poços, querem destruir os povos do mundo... Estamos diante de um novo fenômeno histórico, uma nova, renovada e imensamente poderosa tentativa de forjar uma política em que os judeus são vistos como os portadores da destruição e um perigo para os povos do mundo”. Lavon insistiu que o ódio a Israel fosse definido como ato hostil contra o Estado, e o governo deveria agir contra este ódio. O gabinete nomeou um comitê para elaborar propostas de ação. Por maioria de votos, a Knesset transferiu a questão para os comitês de relações Exteriores e de defesa. Embora presente no debate, Ben-Gurion só observava, fez apartes normais e preferiu criticar o gabinete por meio de uma carta expressando sua frustração com os leves ataques à União Soviética, “uma casa da escravidão... um regime construído sobre o assassinato, a mentira e a repressão da liberdade humana... transferência cruel e eficiente do imperialismo czarista”. Ben-Gurion conta que “ficou pálido” ao saber que a única resposta ao material do Kol Ha’am foi a advertência de que o jornal poderia ser fechado. Em 27 de janeiro, no entanto, por decisão do comitê ministerial o Kol Ha’am foi proibido de circular por dez dias a partir do dia seguinte. Pensou-se também em proibir a circulação do jornal comunista de língua árabe. Em caso de reincidência a punição seria mais grave. Lavon propôs fechar os jornais do Maki nas várias línguas em que era editado, sugeriu manter a imunidade dos parlamentares do partido em “discursos e votos”, mas permitiu buscas em suas casas. Propôs cassar os passaportes diplomáticos e o direito de ir e vir em determinados locais de Israel. Lavon também anunciou a demissão de funcionários do Estado de

membros do Maki. O ministro da Justiça concordou com tudo menos com a invasão das casas. Se os parlamentares do Maki “causarem escândalo, vamos cassá-los”. E estudou a possibilidade de excluir os jornais do Maki da lista de publicações beneficiárias de financiamento do governo. A rádio Voz de Israel (Kol Israel) não transmitiria mais eventos do Maki, nem os discursos dos seus deputados na Knesset nem informaria a respeito de artigos no Kol Ha’am. Ben-Gurion soube das decisões do comitê, e, em carta de 29 de janeiro aos membros do gabinete acusou-os de trabalharem contra as suas próprias decisões. No documento diz que a suspensão do jornal nega a esse “corpo criminoso” falar ao público, mas o fato de o Maki editar um jornal com outro nome – Voz da Juventude, fez o primeiro-ministro escrever que “eles ridicularizam e zombam da lei e do governo e da responsabilidade do Estado... Se não fazem nada pelo menos que o governo não se transforme em um indefeso objeto de ridículo... um governo pode ser bom ou mau, mas não deve ser caricato. Meu sentimento é de que vocês não avaliam a gravidade do perigo ou do crime”, concluiu.

O líder do partido Hapoel Hamizrachi, e ministro da Previdência e Religiões, o moderado Moshé Shapira sugeriu criar problemas para os meios de comunicação ligados ao Maki excluindo-os, por exemplo, da cota de papel de imprensa distribuído pelo governo


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Controle de segredos Na sessão de gabinete de 1º de fevereiro que discutiu “ações contra organizações hostis”, Sharett admitiu que, “em essência, o objetivo de fechar o jornal não foi alcançado”, pois o Maki publicaria outro, com nome diferente, e ainda apelou ao Supremo Tribunal de Justiça contra o ministro do Interior. Informou-se que uma emenda à lei, determinaria que “o ódio de Israel e qualquer tentativa de defendê-lo e mantê-lo [o ódio] é um ato hostil contra o Estado”. A emenda seria submetida à Knesset. As questões da imunidade parlamentar e a busca nas casas dos deputados do Maki seriam debatidas no gabinete. Os membros do Maki seriam demitidos dos organismos governamentais em todos os níveis e das universidades. Sharett denunciou que os comunistas ocupavam os postos mais importantes das universidades, e “nos laboratórios que controlam segredos fundamentais”. “Espero”, disse Sharett, “que a indicação do nome seja rejeitada.” Referia-se à nomeação do engenheiro chefe de Haifa, um conhecido comunista. Além disso, cogitou-se de expulsar os comunistas de locais a eles destinados pelo governo para promover encontros mas que usados para “incitamento e envenenamento contra o Estado e o governo”. Queriam proibir o Kol Ha’am de circular definitivamente, mas isso era impossível porque o Maki, assim como outros partidos, tinham várias licenças para publicar jornais, revistas, etc. No entanto, não se falou mais nisso. O assunto morreu. Tentaram expulsar o Maki da Histadrut e não conseguiram. Em 9 de fevereiro, um grupo de abnegados membros do extinto Lehi [Organização Militar Nacional, um grupo de resistência de direita de antes da independência] praticou um atentado a bomba no edifício da delegação soviética em Tel Aviv, em resposta aos julgamentos em Praga e Moscou. Moscou rompeu relações com Israel. Ben-Gurion continuava sua guerra contra o Maki. Em 17 de fevereiro, por escrito, reclamou à presidência da Knesset do comportamento que dizia “incontrolável” dos deputados Vilner, Vilenska e Mikunis, “inimigos declarados e arquetípicos do Estado de Israel”, sugerindo a cassação deles. Não funcionou. Em

ACIMA À ESQ., MOSHÉ SNEH (1909-1972) EM CAMPANHA ELEITORAL. O CARTAZ PEDE VOTOS PARA OS COMUNISTAS; ACIMA À DIR., BEN-GURION PARECE REVELAR O DESGASTE QUE SOFREU COM A BATALHA PERDIDA PARA COLOCAR O MAKI NA ILEGALIDADE

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5 de março Stalin morreu e seguiu-se uma reviravolta na política soviética. Em 3 de abril, para espanto geral, os réus no julgamento dos médicos foram libertados. Em 20 de julho, União Soviética e Israel restabeleceram as relações diplomáticas. No diário, Ben-Gurion resumiu o mês turbulento de janeiro de 1953 assim: “Eu cheguei a nadar no mar, mas não foi exatamente um período de férias”. À infâmia de fechamento dos jornais do Maki sucedeu-se uma batalha legal que começou cerca de dois meses após a comissão política do Mapai ter rejeitado a proposta de David Ben-Gurion de tornar o Partido Comunista ilegal. Enquanto isso, o gabinete decidia a respeito de várias medidas, a maioria dos quais não foi implementada. Em 22 de março, o ministro do Interior fechou o Kol Ha’am por dez dias, e, em 14 de abril, o jornal árabe Al-Ittihad, por quinze dias: os dois jornais publicaram artigos condenando a suposta intenção de enviar soldados para lutar ao lado dos Estados Unidos e da ONU na Coreia. O governo negou essa intenção, e Israel forneceu apenas ajuda médica. A defesa do Maki ao Supremo Tribunal de Justiça contra as ordens de fechamento do jornal criou um precedente histórico: ao proibir o funcionamento dos dois jornais, o ministro do Interior extrapolara de muito a sua autoridade e causara prejuízos à liberdade de imprensa e de expressão.


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magazine > personalidade | por Diane Cole

Beleza é poder? Helena Rubinstein responde…

HELENA RUBINSTEIN SAIU DE CRACÓVIA, IMIGROU PARA A AUSTRÁLIA E FUNDOU UM IMPÉRIO NO RAMO DE COSMÉTICOS


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HELENA RUBINSTEIN, NASCIDA CHAJA NUMA FAMÍLIA ORTODOXA DE CRACÓVIA, PERCORREU O TRAJETO DE MILHARES DE OUTROS JUDEUS

NA VIRADA DO SÉCULO 20. AO SE REINVENTAR A

SI MESMA, RUBINSTEIN DEU UMA NOVA FACE PARA MULHER CONTEMPORÂNEA

A

dúvida a respeito de quando realmente nasceu 1870, 1872, ou 1880? – dá a medida do dom que Helena Rubinstein tinha para se inventar. Até mesmo a venerável obra de referência da Harvard University Press a respeito de mulheres americanas notáveis informa que Helena Rubinstein frequentou a Universidade de Cracóvia e estudou medicina na Suíça, enquanto, de fato, nunca terminou o ensino médio, e a história dela foi muito mais uma história da pobreza à riqueza do que ela gostaria de admitir. Sua professada expertise científica fazia parte do show, expressão de pura ousadia empreendedora e inigualável marketing pessoal. Helena Rubinstein – também conhecida por todos como Madame – foi a megaempresária da beleza. Quando morreu, em 1965, Helena Rubinstein havia atravessado um longo caminho desde a pobreza bem-educada da infância nada chique no bairro judeu de Kazimierz, em Cracóvia, onde nasceu com o nome de Chaja Rubinstein. Na hábil e divertida biografia Helena Rubinstein: a Mulher que Inventou a Beleza, Michèle Fitoussi calcula que, ao morrer, a fortuna pessoal de Madame girava em torno de cem milhõe de dólares. Quanto ao seu império empresarial, “a marca Helena Rubinstein estava presente em mais de trinta países, quatorze fábricas e uma equipe de 32.000 profissionais em salões de beleza, fábricas e laboratórios em quinze países”. Mas e hoje? A empresa, agora propriedade da L’Oréal, já não mantém uma única loja nos Estados Unidos, e o nome e a marca Rubinstein, antes onipresentes, saíram dos holofotes. No entanto, sempre se destacou a importância dela como uma das primeiras empresárias judias. Helena Rubinstein também foi uma grande colecionadora de arte que chegou a comprar uma mostra inteira dos trabalhos de Elie Nadelman. Também foi uma influente decoradora cujo gosto eclético, exibido nos salões de beleza e em suas casas, ampliou as noções tradicionais de arte e, ao mesmo tempo, atiçou a sensibilidade modernista. A colecionadora eclética Ao ressaltar o gosto de Helena Rubinstein para a mistura decorativa, uma recente exposição no Museu Judaico de Nova York justapôs pinturas modernistas, surrealistas e cubistas de Picasso, Braque, Léger e Miró, entre outros, além de máscaras impressionantes, cabeças de estátuas, figuras de relicário e cocares de culturas da América Latina, África e Oceania – todas elas

peças que fizeram parte da sua coleção. A exposição revela como, por meio de uma mistura própria de alquimia pessoal e empresarial, Rubinstein conseguiu provocar impacto cultural maior do que geralmente é reconhecido. Por meio de publicidade cuidadosamente pensada, ela fez do gosto estético uma característica essencial de seu negócio e, de modo inverso, usou o espaço doméstico privado de suas casas para definir e defender uma identidade multicultural e uma avaliação não hierárquica da beleza. Isso já revela a identidade da própria Helena Rubinstein como judia assimilada. Mas a impressão mais marcante de quem viu a exposição ou lê a biografia de Fitoussi é de uma mistura de charme, tino comercial focado e determinação de aço que fez de Rubinstein uma personalidade tão forte e extravagante. Pois, de que outra forma Rubinstein teria se transformado de Chaja em Helena e, depois, em “Madame”? Em razão da vida mais tarde opulenta de Rubinstein e a predileção por enfeitar os detalhes da juventude – o pai, um empresário mal-sucedido estudioso da Torá se tornaria, segundo ela, dono de uma vasta propriedade – o único vestígio da modesta origem dela em Kazimierz, uma foto de família de 1888. Na foto, ela está no centro, dominante, entre as três irmãs e a mãe. Como a mais velha de oito irmãs em uma família ortodoxa tradicional, a tendência é de que seria a primeira a se casar. No entanto, Chaja Rubinstein recusou-se a um casamento arranjado. Desentendeu-se com o pai, mudou-se para a casa de uma tia, em Cracóvia, depois foi para Viena trabalhar no negócio de peles de luxo da família onde melhorou seu alemão e, finalmente, foi morar com outro tio, na Austrália. Embora Chaja Rubinstein sempre sonhasse com a aventura de viver na zona rural, para Fitoussi, a biógrafa, “a solução australiana era vista como uma saída honrosa para uma jovem rebelde não casadoura”. No passaporte, deu Helena como primeiro nome. Não se pode considerar isso um renascimento especialmente promissor. Em 1896, aos 24 anos – supondo 1872 como >>

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Uma vez, por exemplo, ela quis morar em um elegante edifício da Park Avenue, em Nova York, mas como a convenção de condomínio proibia judeus de morarem lá, ela comprou o edifício inteiro e mudou os termos da convenção


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magazine > personalidade

>> data de nascimento –, Helena Rubinstein chegou à Coleraine, uma isolada cidade de criação de ovinos, na Austrália. Sua nova vida não avançava além do tedioso trabalho de governanta e balconista do tio. Mas, durante a estada em Viena, aperfeiçoou o dom para venda. E entre seus pertences havia um presente da mãe: doze frascos de creme facial. Quando as mulheres nativas, curtidas pelo sol, entravam na loja comentavam a respeito do rosto pálido e sem rugas de Helena, perguntando como ela conseguia manter uma pele tão suave? Foi respondendo a esta questão que Rubinstein detectou a oportunidade comercial que mudaria a sua vida. “É o meu creme facial especial”, respondia. “Gostaria de experimentar?” Claro que sim. Logo os pedidos de clientes ansiosas para comprar o creme eram muito maiores do que a mãe conseguia fornecer a partir da Polônia. O creme, aliás, era produzido por um amigo da família, Jacob Lykusky e seu irmão. A única solução, Rubinstein decidiu, seria descobrir como fabricar o creme ela mesma. Levou anos e mudanças, de Coleraine para Brisbane e, de lá, para Melbourne, ganhar apoio financeiro e conhecimento farmacêutico para fazê-lo. Por acaso, a lã de carneiro australiano forneceu uma fonte local de baixo custo para o ingrediente essencial, a lanolina. Ela abriu o primeiro salão de beleza em Melbourne e colocou à venda o Valaze (termo supostamente húngaro para “pre-

HELENA RUBINSTEIN NO TRAÇO DE

PABLO PICASSO

sente do céu”), o creme de beleza que daria início à sua fortuna. Também na Austrália conheceu o futuro marido, Edward Titus, outro judeu polonês com talento para a reinvenção. Em pouco tempo trocaram a Austrália por Londres, Paris e, finalmente, Nova York. A construção do império Na década de 1930, os salões de beleza da Helena Rubinstein ofereciam uma fascinante variedade de serviços e produtos, desde análise de pele, de corpo inteiro e massagem facial, maquiagem, aulas de comportamento e de exercício, cabeleireiro até palestras. Ela também inventou um “Dia de Beleza” completo destinado a clientes e sucesso de marketing. Para colocar em prática estas lições de beleza oferecia uma lista de produtos na forma de 629 cremes, loções, pós, rouges, batons, tratamentos de unhas e olhos, perfumes, colônias, sabonetes e máscaras. Rubinstein não teve êxito em tentar encontrar um mer-


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cado para produtos de beleza para homens. Uma pesquisa dos anúncios, notícias e relatos das revistas e jornais a partir das primeiras décadas do século 20 mostra como Helena Rubinstein, a mulher, tornou-se sinônimo da marca e, juntas, tornaram-se onipresentes. Este exemplo precoce do que hoje chamamos “marca” deveu-se, em grande parte, a Titus, o marido, que tinha talento especial para campanhas de publicidade e propaganda que capturaram o espírito do momento. Um dos primeiros slogans foi “Beleza é Poder”, recurso inteligente e bem adequado às mulheres que ansiavam por uma vida independente coincidindo com o início da luta pelo direito do voto feminino. Em outra ação astuta, o rosto de Helena Rubinstein que, graças às fotografias cuidadosamente retocadas se mantinha sempre jovem, acompanhava os anúncios impressos, como se fosse uma promessa pessoal de qualidade. Foi também Titus quem a apelidou de “Madame”, sedutor título aristocrático para uma guru da beleza exótica cujo inglês continha um sotaque inidentificável. Ao mesmo tempo, as conexões de Titus com círculos sociais e artísticos em Londres e Paris aumentaram a visibilidade da marca Rubinstein entre os que estabeleciam a moda para a elite da época. Foi Titus quem ajudou a colocar o nome de Rubinstein e sua maquiagem na boca e no corpo de todos. O grande sucesso empresarial de Rubinstein financiou um estilo de vida luxuoso e o hábito de acumulação de uma vida inteira. Além das grandes coleções de arte ocidental e não ocidental, ela decorava e redecorava suas várias casas e salões de beleza. Klein escreve: “Ela possuía um impulso irreprimível de juntar uma miscelânea de objetos – montes de pérolas e esmeraldas, bijuterias e tecidos luxuosos, espelhos venezianos em estilo rococó” e muito mais. Colecionava braceletes vistosos, grandes excessivamente coloridos, anéis e colares pesados, seus objetos preferidos, aliás. Montou quartos em miniatura que durante anos ficaram expostos no salão da Quinta Avenida. Cada um reproduz, em detalhes minúsculos e meticulosos, decorações tão diversas como uma loja de curiosidades do século 19, em Londres, da qual Dickens poderia se orgulhar e um estúdio do início do século 20 de um artista de Montmartre que lembra uma cena de La Bohème. Esses quartos em miniatura podem ser vistos no Museu de Arte de Tel Aviv. Hoje Helena Rubinstein seria chamada de “viciada em compras”, mas quem quer que adquirisse quantidade igual seria considerado “um patrono das artes”. Essa condição fica mais evidente pelos muitos retratos dela própria que encomendou a artistas durante décadas. A maioria deles é de evocações idealizadas de uma Helena Rubinstein eternamente jovem, mesmo tendo mais de 60 anos, com o objetivo de parecer uma mulher sedutora. No entanto, em 1957, o pintor inglês Graham Sutherland atreveu-se a representá-la tal como imaginava que fosse e em pinceladas duras exibiu uma autocrata envelhecida, com olhos de gavião, jeito imperial, e circunspecta em um vestido Balenciaga

vermelho e ouro brilhante, com as mãos cheias de joias cingidas na frente, com o cabelo puxado para trás com um característico coque severo. O mais revelador de tudo é a série de doze desenhos de Picasso, de 1955, que captura uma gama extraordinária de humores, do imperial ao calmo, do medo da morte à raiva temperada com sangue frio. Fotos retocadas e retratos de artistas aduladores podem mentir; olhos de Picasso, não. Então vejamos: além de uma marca, quem era mesmo Helena Rubinstein? O casamento com Titus terminou formalmente em 1938. Tiveram dois filhos pelos quais, nem Helena nem Titus tinham o menor interesse. Ao se casar com o príncipe Artchil Gourielli-Tchkonia, que alegava ser da nobreza da Geórgia e pelo menos vinte anos mais jovem do que ela, Rubinstein reinventou-se mais uma vez, agora como uma princesa com título e quase um conto de fadas tornado realidade porque o título de Gourielli-Tchkonia não se sustentava. Princesa ou não, Helena Rubinstein continuava demonstrando produtos e falando sobre beleza sempre repetindo uma de suas frases favoritas: “Não existem mulheres feias, apenas preguiçosas”. Como nunca foi preguiçosa, também nunca parou de vender. Ou de mandar: em seus últimos anos, Helena Rubinstein reunia a equipe executiva toda manhã em torno da sua cama de acrílico, aguardando ordens de Madame. A mulher e a marca O fato é que quanto maior era o sucesso de Rubinstein, mais as suas personae pública e privada se fundiam, de modo a tornar quase impossível distinguir entre Helena Rubinstein, a mulher, e Helena Rubinstein, a marca; o que era para se mostrar e o que era autêntico. Mas que show woman era: embora fosse conhecida pelo grande e variado guardaroupa de peças de alta costura assinadas por Balenciaga, Chanel e Schiaparelli, entre outros, quando ia a qualquer uma de suas fábricas, vestia um simples jaleco branco igual ao uniforme que exigia fosse usado pelos empregados dos salões de beleza. >>

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Embora fosse conhecida pelo grande e variado guarda-roupa de peças de alta costura assinadas por Balenciaga, Chanel e Schiaparelli, entre outros, quando ia a qualquer uma de suas fábricas, vestia um simples jaleco branco igual ao uniforme que exigia fosse usado pelos empregados


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magazine > personalidade

>> Em uma famosa foto publicada na revista Life, em 1964, ela é vista com o jaleco, agitando vigorosamente um barril gigante de creme cosmético, quase do mesmo tamanho dela, que media 1,46 metro. Da mesma forma que convidava os jornalistas para visitar o laboratório – a que, às vezes, o descrevia como a “cozinha” – ela também era graciosa anfitriã que exibia os seus salões elegantemente decorados e as luxuosas casas em Nova York e Paris. Esses aposentos, com cores ousadas e arte eclética, podiam ser vistas na Life, Look e outras revistas, e em cenários deslumbrantes para ensaios de moda. Ela também não pensava duas vezes em se convidar para entrar em milhões de casas americanas. Em 1958, por exemplo, Madame apareceu em anúncios de televisão de sessenta segundos, nos quais ela (ou melhor, a atriz russa com voz melíflua que dublava sua voz) dizia, “Sou Helena Rubinstein. Dê-me apenas dez minutos do seu tempo e eu vou deixá-la dez anos mais jovem”. Essa ilusão de juventude e beleza fez a fortuna de Helena Rubinstein e lhe deu poder. Ela vendeu isso às clientes, tanto por meio da própria celebridade cuidadosamente trabalhada como usando da persuasão. Nesse sentido, ela era uma visionária do mundo dos negócios que nos rodeia hoje. O gosto pela arte moderna era sincero, mas patrociná-la foi consequência da paixão primeira – impulsionar os resultados – e não o contrário. Como em tudo na vida de Rubinstein, a arte era parte da sua marca, e o luxo com que ela cercava os clientes parte da ilusão que ela oferecia. Rubinstein deu poder às mulheres ao encorajá-las a tomar conta da própria imagem por meio de escolhas próprias e pela utilização de produtos cosméticos. Nesse caso isso foi subproduto de esperta publicidade e foco permanente na construção de um império de negócios cuja base eram as mulheres.

NO APARTAMENTO DE PARIS COM PARTE DA COLEÇÃO DE MÁSCARAS AFRICANAS

Helena apresentava a maquiagem como um método de reinvenção até porque ela mesma era uma autorreinventora consumada que, no entanto, nunca escondeu sua herança judaica, não mudou o sobrenome e lutou contra o antissemitismo. Uma vez, por exemplo, ela quis morar em um elegante edifício da Park Avenue, em Nova York, mas como a convenção de condomínio proibia judeus de morarem lá, ela comprou o edifício inteiro e mudou os termos da convenção. Mas ela era, na melhor das hipóteses, ambivalente a respeito do judaísmo, cuja prática religiosa abandonara ainda cedo. Apesar de sempre consciente das suas origens, Rubinstein, no entanto, também fazia comentários depreciativos a respeito do gosto judeu ou certos bairros judeus... como “judeu demais”. Este mal-estar, amarrado entre as suas origens e o gosto pela tendência dominante, sugere, entre outras coisas, uma pista intrigante para a rivalidade ao longo da vida entre Rubinstein, a imigrante judia nova rica, e a concorrente no ramo de cosméticos Elizabeth Arden. Arden também veio de um lar modesto, mas a aparência e a linhagem anglo-saxãs possibilitaram uma aceitação mais imediata pela sociedade tradicional. Em alguns aspectos, a história de vida de Helena Rubinstein é emblemática do sucesso da Diáspora do século 20. Ela adquiriu, incorporou e acumulou adaptação após se adequar a cada novo mundo em que entrou. Fez isso com entusiasmo e apetite de sucesso, e construiu um império com êxito. Mas quando morreu, tudo desmoronou: a empresa foi vendida, as imensas coleções leiloadas e dispersas em museus e compradores particulares em todo o mundo. A partir desta perspectiva, a ascensão e a queda de Helena Rubinstein, a mulher e a marca, se aproximam de tragédia. Mas, somado e pesado desperta mais admiração do que desespero e demonstra que, se beleza pode ser poder, também é instável e uma ilusão que inevitavelmente se desvanece. * Diane Cole é autora do livro de memórias After Great Pain: A New Life Emerges (“Depois de uma Grande Dor: uma Nova Vida Emerge”), e escreve regularmente para The Wall Street Journal, entre outras publicações



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magazine > a palavra | por Philologos

“Madame Bovary” e Cafarnaum UMA AMIGA FRANCESA QUE MORA EM ISRAEL USOU A EXPRESSÃO “QUEL CAPHARNAÜM” PARA DESCREVER O ESTADO EM QUE FICOU SEU APARTAMENTO DEPOIS QUE OS NETOS A VISITARAM

E

la quis dizer: “Que bagunça”, mas, para minha surpresa, quando disse que ela havia usado uma palavra apropriada para os netos que falam hebraico, ela não sabia do que eu estava falando. Então expliquei que “Cafarnaum” vem do hebraico Kfar Nahum, nome de uma antiga cidade judia na costa do Mar da Galileia. Nas versões em inglês da Bíblia, Kfar Nahum é geralmente soletrada Capernaum, sem o “h” que o francês – que pronuncia a palavra “kah-far-nah-um” – tirou da Bíblia latina usada pela Igreja Católica. Cafarnaum aparece em destaque nos evangelhos do Novo Testamento, onde é mencionada muitas vezes como um lugar em que Jesus esteve e pregou. Era uma próspera cidade de pesca, o que explica a observação em tom de censura atribuída a Jesus no Evangelho de Mateus – em que, ao encontrar a cidade carente de fé e probidade, exclamou: “E tu, Cafarnaum, que te ergues até o céu, serás levada ao inferno”. No entanto, o capharnaüm francês não vem daí. Ao contrário, ele deriva de uma descrição, encontrada no Evangelho de Marcos, da cura de um paralítico em Kfar Nahum feita por Jesus. Assim começa a descrição: “E quando ele [Jesus] voltou a Cafarnaum depois de alguns dias, foi noticiado que ele estava em casa. E muitos se reuniram lá, de modo que não havia mais espaço para eles, nem mesmo à soleira da porta; e ele estava pregando a palavra. E mais quatro homens chegaram, trazendo-lhe um paralítico [para ser curado]. E quando eles não podiam chegar perto dele por causa da multidão, retiraram o telhado acima dele; e quando eles fizeram uma abertura, desceram o catre em que o paralítico se deitava”. A multidão dos discípulos dentro da casa, num empurraempurra para chegar perto de Jesus, enquanto os quatro maqueiros lutam em vão para abrir caminho a cotoveladas para dentro, e, em seguida, chegar a lugar algum, escalam com sua carga para o telhado, removem as telhas e baixam o paralítico em cima de Jesus diante dos olhos da multidão assustada – quel capharnaüm, de fato! Quase poderia ser uma descrição de se tentar embarcar em um ônibus na hora do rush na estação central de ônibus de Jerusalém. Até onde sei, o francês é a única língua europeia que transformou a Cafarnaum do Novo Testamento latino em um substantivo. Isto parece ter acontecido, no máximo, no início do século 19. O primeiro dicionário de francês com um verbete para capharnaüm é o Dictionnaire de la Langue Française, em quatro volumes, de Émile Littré, até hoje respeitosa-

mente chamado pelos franceses de “la Littré”. A primeira edição, publicada entre 1863 e 1872, definiu a palavra como denotando “um lugar que contém muitos objetos amontoados confusamente juntos; um lugar de desordem e confusão”. Este é o sentido usado em Madame Bovary, de Gustave Flaubert, que apareceu em 1857. Na cena em que a protagonista feminina, Ema Bovary, visita o farmacêutico local, Monsieur Homais, este se refere à sala onde trabalha como o seu “cafarnaum”, e os comentários do narrador, na tradução em inglês, em 1886, feita por Eleanor Marx-Aveling (aliás, filha de Karl Marx): Foi, portanto, o farmacêutico chamado a um pequeno quarto sob as chapas [telhado], atulhado de utensílios e de mercadorias da sua profissão. Muitas vezes ele passava longas horas lá, sozinho, a colar etiquetas, a decantar, a embrulhar novamente; e ele olhava para o quarto não como uma simples loja, mas como um verdadeiro santuário, de onde saía depois, elaborado por suas mãos, todos os tipos de pílulas, tisanas, infusões, loções e poções que iam espalhar sua celebridade. Imediatamente, Madame Bovary virou best-seller na França, em razão da ampla publicidade causada pela acusação de indecência de seu autor pelo governo francês (foi absolvido), e a publicação pode ter ajudado a popularizar a palavra. No entanto, Flaubert não foi o primeiro escritor francês conhecido a usá-la; ela já havia aparecido pelas mãos de Honoré de Balzac, em 1833, no romance Ferragus, no qual, em uma descrição de Paris, Balzac faz referência a um tipo de prédio conhecido como um cabajoutis, em que “tudo é discórdia, até mesmo a decoração externa”, e escreveu, na tradução do século 19 de Katherine Prescott Wormeley: “Este nome significativo é dado pelo populacho de Paris às casas construídas, por assim dizer, aos poucos... O cabajoutis é para a arquitetura parisiense o que cafarnaum é para o apartamento – um buraco, onde os artigos mais heterogêneos são jogados desordenadamente”. Esta comparação parte do pressuposto que o leitor esteja provavelmente familiarizado com a palavra “cafarnaum”, e indica que ela foi muito usada, pelo menos, já em 1830. Por que ela é encontrada só em francês eu não sei, pois a língua dos países católicos como a França não foram tão influenciadas pelo hebraico ou pelas escrituras cristãs da mesma forma que as dos países protestantes como a Inglaterra, onde a Bíblia era mais lida; nem fui capaz de descobrir, antes de uma pintura final do século 19, de James Tissot, representações pictóricas francesas da cena em Cafarnaum, que era um assunto ocasional na arte cristã europeia. Como dizemos em ídiche, gey veys (“vai entender”)...



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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch

REPRESENTAÇÃO DE ADÃO, EVA E A COBRA NO KIBUTZ EILON, NA GALILEIA OCIDENTAL

Vizinhos A judaicos UMA DAS BÊNÇÃOS DA CIVILIZAÇÃO, EMBORA ALGUNS PREFERISSEM CHAMÁ-LA DE PRAGA, SÃO OS VIZINHOS. MARIDO OU ESPOSA CADA UM ESCOLHE, AMIGOS TAMBÉM, MAS VIZINHOS SÃO PURO ACASO

dão e Eva tinham somente um vizinho, melhor, uma, a cobra, e vejam o estrago que ela causou. Perderam o paraíso, e ainda foram punidos com severa maldição (Livro de Gênesis/Bereshit, capítulo 3). Naturalmente os condomínios fechados e prédios de apartamentos agravam a situação por juntar dúzias de famílias num espaço restrito, obrigando-as a uma intimidade nem sempre desejável. Quando o vizinho é do tipo caladão, a reclamação é de que nem cumprimenta; quando boquirroto, ganha pecha de intrigante e maledicente. Se há crianças, elas são umas pestinhas; se não as há, a indignação: gente estranha esta que não gosta de filhos. Os que nunca aparecem nas reu-


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niões de condomínio são alienados e omissos, enquanto os frequentadores assíduos sofrem a acusação de intrometidos e interesseiros. Os judeus não são diferentes. No shtetl (“cidadezinha”, em ídiche), principalmente nas zonas mais urbanizadas, um arranjo arquitetônico comum era de casarões multifamiliares com espaço central coletivo, aliás copiando o desenho dos castelos medievais, naturalmente sem fossos ou pontes levadiças. O núcleo era o hoif, ou pátio interno, para o qual se abriam as portas de todos os apartamentos do casarão, e que servia de área de lazer para as crianças e de solário para os idosos. Também era local de estender roupa para secar, garagem de carrinhos de mão ou depósito. O hoif, que ainda pode ser visto em áreas remotas da Europa Central, era, claro, fonte interminável de gritos, mexericos e discórdias. Como não havia zeladores nem faxineiros, as tarefas recaíam sobre as famílias que, por isso, exigiam que os vizinhos o mantivessem limpo, silencioso, arrumado e desobstruído, ao mesmo tempo em que se permitiam fazer dele propriedade pessoal, com direito a bagunças e abusos. Se a sagrada Torá proibia os já raríssimos roubos, agressões ou violências sobravam rixas, ofensas e impropérios. Avançando o relógio para a atualidade, a situação é a mesma. Judeus ou não, multidões de pessoas se enfrentam nas garagens, elevadores e em outros espaços, sempre que se sentem incomodadas ou ameaçadas. O ser humano é gregário e gosta da companhia de outros, mas assim como os animais adora delimitar seu terreno e expulsar os intrusos. Há dois mil anos, a Mishná e a Gemará dedicaram longos trechos à questão, definindo o reshut iachid (“propriedade privada”) e o reshut rabim (“área pública”), e os respectivos direitos e obrigações, ainda que as residências de então fossem individuais, sem hoif. No tratado Bava Kama e em outros textos, os detalhes são tantos e a tal ponto que analisam a quem pertencem os frutos que surgirem e quando os galhos de uma árvore crescem por cima da cerca do vizinho de modo a evitar disputas (geralmente são do dono da árvore). No tratado Bava Batra (Mishná, capítulo 2, Gemará, capítulo 24) é proíbido o descarte de lixo, principalmente de materiais ofensivos ou perigosos em áreas públicas de uso comum, e menos ainda ao lado do vizinho. Estas normas foram mais bem codificadas pelo Rambam (Maimônides, 1135-1204), na obra Mishné Torá (“Recapitulação da Torá”), capítulo Hilchot Kinian (“leis de propriedade e relações de vizinhança”) e, depois, no Shulchan Aruch (“A Mesa Posta”, o código de leis civis e religiosas judaicas). Ainda na Mishná (Pirkei Avot, capítulo 2), rabi Iochanan ben Zakai aconselhou os seus cinco discípulos a selecionar um programa de vida meritório. Rabi Eliézer escolheu ain tová (“bons olhos”), isto é, encarar o mundo com generosidade. Para rabi Yehoshua, ser um chaver tov (“bom amigo”) era o fundamental, da mesma forma que shachen tov (“bom vizinho”) de rabi Yossi. A preferência de rabi Shimon era apro-

ximar-se e seguir o exemplo daqueles que preveem o desfecho dos seus atos, ou seja, de pessoas responsáveis e consequentes. Rabi Elazar sintetizou o sentimento geral com lev tov (“bom coração”), o que, na opinião do mestre ben Zakai, era, de fato, o fulcro da questão. Na Torá (Pentateuco), livro de Vaikrá (Levítico, capitulo 19), enuncia-se “veahavta lereacha kamocha”. Ainda que a tradução convencional seja “amar ao próximo como a si mesmo”, “lereacha” também se aplica ao vizinho. Rabi Akiva (50-135), um dos maiores nomes do Talmud, considerava este o maior princípio da Torá, em todas as suas acepções. No Livro de Samuel (Shmuel, capítulo 12) existe a conhecida narrativa do homem rico que recebeu ilustre hóspede. Em vez de apanhar um cordeiro do seu vasto rebanho, mandou capturar o único carneiro do humilde vizinho para preparar o banquete. A história chegou ao conhecimento do rei David que ficou indignado diante do profeta Natan, por esta atitude revoltante. Uma série da década de 1970 da televisão americana, que não foi exibida no Brasil, chamava-se Good Neighbors (“Bons Vizinhos”), e tratava de famílias que se ajudavam mutuamente para enfrentar desafios e tarefas. No folclore chinês, escandinavo e de outras partes do mundo, também existem lendas e histórias de vizinhos que se davam as mãos em tempos de crise e sofrimento e na vida cotidiana, revelando piedade mas genuíno amor e solidariedade humana. Num plano mais estruturado e atual, desde 1999 existe em Israel uma organização voluntária beneficente denominada Shachen Tov (“Bom Vizinho”) cuja missão é coletar alimentos e cestas básicas para populações carentes em todo o país (www. shachentov. org. il). Segundo a Gemará (Tratado Shabat, capítulo 31), no dia do Juizo Final, quando as criaturas serão chamadas a responder por seus atos, a primeira pergunta será: “Você foi justo com o seu vizinho?”

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No shtetl, principalmente nas zonas mais urbanizadas, um arranjo arquitetônico comum era de casarões multifamiliares com espaço central coletivo, aliás copiando o desenho dos castelos medievais


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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman

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A Bessarábia revisitada DE PRINCIPADO NA IDADE MÉDIA A PROVÍNCIA DO IMPÉRIO OTOMANO A PARTIR DE 1538, A BESSARÁBIA - OU MOLDÁVIA - FOI ANEXADA AO IMPÉRIO RUSSO NO INÍCIO DO SÉCULO

19 E ILUSTRA MUITO BEM A INSTABILIDADE GEOPOLÍTICA DA REGIÃO, QUE TAMBÉM ESTEVE SOB DOMÍNIO ROMENO. APESAR DO VIRULENTO ANTISEMITISMO, ABRIGOU UMA COMUNIDADE JUDAICA VIBRANTE E NUMEROSA

o fi nal do século 18 aos primeiros anos do século 19, a população de judeus nos vários condados do principado da Bessarábia aumentou consideravelmente com as facilidades permitidas pelo czar Nicolau I, imperador de todas as Rússias. Como a atividade mercantil estava saturada, as lideranças comunitárias pediram, e ele consentiu em instalar dezessete comunidades agrícolas das quais se originam muitas das famílias que deixaram descendentes, hoje espalhadas pelo mundo, o Brasil incluído. Nas principais cidades desses países sempre havia um Bessaraber Farband, espécie de “círculo da Bessarábia”. O de São Paulo era na rua da Graça. Eu sabia disso, mas queria conhecer melhor minhas origens e, por isso, em 2006, viajei para a república da Moldávia, um território espremido entre os Cárpatos e o rio Dnieper, objeto e razão de conflitos que faziam seus povos passarem de mãos em mãos e, assim, adotarem costumes, culturas e tradições de acordo com quem detinha o poder. Para os judeus, a vida lá nunca foi fácil, desde que os primeiros chegaram, pelos idos da segunda metade do século 16. Exemplo disso: precisou surgir a Shoá, o milhão de judeus mortos só em Auschwitz e os seis milhões durante toda a Segunda Guerra, para desbancar os pogroms de 1903 e 1905 de Kishinev, capital da Bessarábia na época do império russo, como símbolo da iniquidade, desprezo pela vida humana, intolerância e exploração da fé popular como não se via desde a Inquisição. Em 1903, dois adolescentes não judeus morreram, um deles em um hospital judeu, e o Bessarabetz, o jornal mais popular e antissemita da cidade deu em manchete que o sangue deles foi usado para fazer matzá. Caso clássico do “libelo de sangue” que resultou no assassinato de 120 pessoas, mais de quinhentos feridos, comércio destruído, mulheres violadas, casas saqueadas e incendiadas e sinagogas vandalizadas. O segundo, em 1905, contra o czar, e os arruaceiros aproveitaram para se vingar nos judeus, matando algumas dezenas deles. Liev Tolstoi e Maksim Gorki condenaram o czar. Mas um dos maiores documentos da época é o poema Ir Haaregá, (“A Cidade da Matança”), de Chaim Nachman Bialik. O que se vai ler a seguir é, portanto, uma breve incursão pelas minhas origens que, feitas as contas, devem ser as origens comuns a muitos judeus da nossa comunidade. E estímulo a que mais e mais pessoas façam o mesmo.


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FOGO CRUZADO O CEMITÉRIO É BEM ORGANIZADO E OS ARQUIVOS EM ORDEM E, POR ISSO, FOI ATÉ FÁCIL ENCONTRAR O TÚMULO DE MICHEL BITELMAN, TIO DO MEU PAI, QUE MORREU EM 1912, E MEU PAI, NASCIDO EM 1914, GANHOU O NOME DELE. A FILHA DESSE TIO, SURA, FOI ENTERRADA EM 1939, PRÓXIMA DO TÚMULO DO PAI. É ESPANTOSO QUE, APESAR DO FOGO CRUZADO DOS CANHÕES NAZISTAS E SOVIÉTICOS, O CEMITÉRIO NÃO TENHA SIDO ATINGIDO

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magazine > viagem

NO CEMITÉRIO PORTÃO DE ENTRADA DO CEMITÉRIO DE CHISINAU, OU DE KISHINEV, COMO ESTÁ GRAFADO EM CARACTERES HEBRAICOS, MANTIDO PELA CHEVRA KADISHA PARA ATENDER AOS QUINZE MIL JUDEUS DA MOLDÁVIA, DOS QUAIS DEZ MIL EM CHISINAU. MAIS DE 75.500 JUDEUS DE ORIGEM MOLDÁVIA VIVEM EM ISRAEL. A PREFEITURA CONSTRUIU UM MONUMENTO AOS JUDEUS DA CIDADE MORTOS NA

SHOÁ E OUTRO HOMENAGEANDO OS ASSASSINADOS NOS DOIS POGROMS

ENTROCAMENTO DE FERROVIAS ESTA É A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA CENTRAL DE KISHINEV, QUE SE LIGA AOS 1.232 QUILÔMETROS DA REDE FERROVIÁRIA INTERNA DA MOLDÁVIA E QUE, EMBORA NÃO SEJA ELETRIFICADA, É O SEGUNDO MEIO DE TRANSPORTE MAIS IMPORTANTE DO PAÍS. A ESTAÇÃO TEM UM SETOR INTERNACIONAL QUE FAZ A LIGAÇÃO COM OS PAÍSES DOS QUAIS A MOLDÁVIA RECEBE INFLUÊNCIA DIRETA, A SABER: ROMÊNIA, UCRÂNIA E RÚSSIA. POR ISSO, AS LINHAS TÊM COMO ORIGEM E DESTINO BUCARESTE, MOSCOU, SÃO PETERSBURGO E MINSK. EM RAZÃO DOS ATUAIS CONFLITOS AS VIAGENS PARA ODESSA E KIEV, NA UCRÂNIA, ESTÃO SUSPENSAS.


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ENTRE A ROMÊNIA E A MOLDÁVIA ESTE É O CEMITÉRIO JUDAICO DE ORGHEI QUE FOI UM CONDADO ROMENO, ENTRE 1925 E 1938 E, DEPOIS, UM CONDADO DA MOLDÁVIA ENTE 1998 E 2003. TODAS AS REFERÊNCIAS À

LOCALIDADE SÃO FEITAS NO PASSADO, COMO SE ELA NÃO EXISTISSE MAIS EMBORA TUDO QUE DIGA RESPEITO À SUA HISTÓRIA ESTEJA LÁ, COMO O CEMITÉRIO, POR EXEMPLO, DE

LÁPIDES DESARRUMADAS, DEIXADO COMO TESTEMUNHA DA PRESENÇA DE MILHARES DE JUDEUS PARA QUE SEUS DESCENDENTES OS VISITEM

NO SHTETL IEDENITZ OU EDINET FOI UM PEQUENO SHTETL DE ONDE VIERAM AS FAMÍLIAS MALAY, SEREBRENIC, KAUFMAN E OUTRAS. ATUALMENTE, A PEQUENA COMUNIDADE JUDAICA DE LÁ É LIDERADA PELO EMPRESÁRIO DO RAMO DE MATERIAL DE CONSTRUÇÃO EFFIE AKKERMAN QUE, CLARO, TEM UM PARENTE EM SÃO PAULO: O ENGENHEIRO ACÚSTICO CHAIA AKKERMAN

À SOMBRA DOS CÁRPATOS RESTOS DA VELHA ORGHEI NUM TEMPO EM QUE CONSTRUÇÕES COMO ESTA SERVIAM DE FORTALEZAS CONTRA ATAQUES DE VIZINHOS INAMISTOSOS. A LOCALIZAÇÃO DA CIDADE ERA ESTRATÉGICA NOS

MONTES CÁRPATOS, POR SI SÓ UMA FANTÁSTICA DEFESA NATURAL


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magazine > viagem NA SINAGOGA VISITEI A SINAGOGA DO CHABAD, EM KISHINEV, E QUE REALIZA UM MERITÓRIO TRABALHO JUNTO À COMUNIDADE DE ALGUMAS CENTENAS DE JUDEUS DA CIDADE JUNTO COM AS LIDERANÇAS JUDAICAS NOS EVENTOS RELIGIOSOS E FESTIVOS, CELEBRAÇÃO DE BAR E BAT-MITZVOT, CASAMENTOS E TODOS OS MEIOS E MODOS DE JUNTAR OS MEMBROS DA COMUNIDADE

LEMBRANÇAS DOS POGROMS IGREJA ORTODOXA NO CENTRO DE KISHINEV. OS SACERDOTES DESTA E DE OUTRAS IGREJAS ORTODOXAS DA CIDADE SE DIVIDIRAM ENTRE INSUFLADORES E COMPLACENTES COM AS ATROCIDADES PRATICADAS PELA POPULAÇÃO DA CIDADE CONTRA OS JUDEUS NOS POGROMS DE 1903 E 1905. O POPULACHO E OS SACERDOTES TIVERAM A COLABORAÇÃO VALIOSA DOS BRAÇOS CRUZADOS DA POLÍCIA QUE A TUDO ASSISTIA E NADA FAZIA

ENCONTRO DE FAMÍLIA TODA FOTO QUE SE PREZA ENCERRA UMA HISTÓRIA E ESTA, EM TORNO DA MESA, TAMBÉM. MINHA ÚNICA REFERÊNCIA PARA A VIAGEM ERA ILUSHA, FILHO DE UM PRIMO-IRMÃO DO MEU PAI, RESIDENTE EM ISRAEL DESDE 1992. ELE ME AJUDOU A CONSEGUIR UMA CARTA CONVITE PARA VISITAR A MOLDÁVIA. APROVEITEI, E PEDI QUE CONTRATASSE UM GUIA E UM MOTORISTA. MAS ELE ME PREPAROU UMA SURPRESA: SEM QUE EU SOUBESSE VOOU AO MEU ENCONTRO, EM KISHINEV, E FOI GUIA E MOTORISTA. A ÚNICA REFERÊNCIA DE ILUSHA A MEU RESPEITO É QUE OS NOSSOS PAIS,

ALÉM DE PRIMOS, SE CONSIDERAVAM OS MELHORES AMIGOS DE UMA VIDA TODA.

ELE E O CUNHADO

ME ESPERAVAM NO

SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA

MONUMENTO EM HONRA A

STEPHEN CEL MARE, ISTO É, STEPHAN, O GRANDE, UM DOS MAIORES HERÓIS DA

MOLDÁVIA, PRÍNCIPE DO PRINCIPADO DA MOLDÁVIA ENTRE 1457 E 1504 E

QUE RESISTIU BRAVAMENTE

AEROPORTO E ME

ÀS AMBIÇÕES

RECEBERAM COM

EXPANSIONISTAS DA POLÔNIA, HUNGRIA E O IMPÉRIO OTOMANO, A

UM FANTÁSTICO E INESQUECÍVEL JANTAR

QUEM DERROTOU EM 46 DAS 48 BATALHAS QUE TRAVARAM. UMA

DELAS, A DE VASLUI, CONSIDERADA ÉPICA E LEVOU O PAPA SIXTUS IV A DECLARÁ-LO “VERDADEIRO CAMPEÃO DA FÉ CRISTÔ. FOI CANONIZADO


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magazine > televisão | por Júlio Nobre

O estranho universo de “Caos” O MUNDO DOS AGENTES ISRAELENSES QUE ATUAM DISFARÇADOS EM ÁREAS DE MAIORIA ÁRABE NA CISJORDÂNIA GANHOU SÉRIE NA TV. FOUDA ESTÁ NA PRIMEIRA TEMPORADA E PROMETE ALCANÇAR O MESMO ÊXITO DE OUTRA SÉRIE ISRAELENSE, HATUFIM, QUE DEU ORIGEM AO MEGAHIT HOMELAND

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série Fouda é escrita a quatro mãos por Avi Issacharoff, correspondente do The Times of Israel na Cisjordânia, e pelo ator Lior Raz, protagonista da produção veiculada pela emissora de tv Yes. Fouda mostra o duro cotidiano dos agentes israelenses infi ltrados em aldeias árabes na caça de terroristas palestinos. Conhecidos em Israel pelo termo mistaarvim, usado para designar os judeus que viviam em terras árabes e adotavam os hábitos dos nativos, esses agentes se misturam ao resto da população e vivem sob a constante ameaça de serem descobertos. A expressão fouda, “caos” em árabe, é justamente o termo usado por eles para descrever a afl itiva situação quando descobertos. A série promete causar impacto e estranheza, pois metade dos diálogos são em árabe e mostra um universo muito familiar para Issacharoff, que vem cobrindo o conflito israelo-palestino em Gaza e Cisjordânia nos últimos quinze anos. O jornalista mantém contatos frequentes com integrantes do Hamas e pode, segundo afirma, oferecer vários ângulos do problema: “Eu vejo a coisa em 360 graus. Uma barreira impede o público de ver o terrorista por outro ângulo. É uma história fascinante”. A primeira temporada de Fouda mostra a unidade em busca de Tawfik Hamed, agente do Hamas responsável pela morte de 116 israelenses em ataques terroristas e que se acreditava ter sido morto por Doron, o personagem interpretado por Lior

Raz. O agente Doron está aposentado e vive com a família no interior do país como viticultor. É chamado a participar da operação “por apenas duas horas”. Espera-se que Hamed saia da clandestinidade para comparecer ao casamento de um irmão. Issacharoff quer evitar os eternos maniqueísmos e clichês de seriados similares: “Ele é um arquiterrorista, responsável pela morte de dezenas de israelenses. Mas ama a mulher, os filhos, sente falta da família e quer assistir à cerimônia de casamento do irmão que não vê há mais de um ano”, argumenta. A primeira temporada de Fouda foi rodada no verão de 2014 em Kfar Kassem, cidade árabe no centro de Israel, Apesar do conflito em Gaza e foguetes chovendo em Israel diariamente, a filmagem foi interrompida por apenas um dia. “O prefeito me ligou dizendo se sentir insultado com o cancelamento”, conta Issacharoff. Diante do que ocorria em Gaza, o fato soou mais do que irônico. Fouda estreou em fevereiro e vai ao ar aos domingos, às 10h15 do horário de Israel , na TV Yes.

É NUM AMBIENTE ASSIM QUE SE INFILTRAM OS AGENTES ISRAELENSES DESCRITOS NA SÉRIE


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leituras magazine

por Bernardo Lerer

Os Judeus e as Palavras Amós Oz e Fania Oz-Salzberger | Companhia das Letras | 250 pp. | R$ 39,90

Pai e filha se juntaram para escrever essa mistura de narrativa e erudição e conversa com argumento em que se contam as histórias por trás dos nomes, textos, disputas e ensinamentos mais duradouros do judaísmo, cuja continuidade se deve às palavras proferidas ou escritas em todos os locais porque sempre envolveu duas ou três gerações em conversas profundas. Para pai e filha a linhagem judaica não é de sangue, mas de texto. Para traçar esse itinerário não precisa ser judeu praticante, basta ser leitor.

Marcha de Radetzky Joseph Roth | Editora Mundaréu | 424 pp. | R$ 31,00

Por meio de tipos comuns, é considerado o melhor romance a respeito do Império Austro-Húngaro e trata de três gerações da família de um soldado que virou nobre por ter salvado a vida do kaiser. Roth (1894-1939) era judeu austríaco nascido na Galícia, então extremo leste do Império, que ruiu com a Primeira Guerra, e hoje dividida entre Ucrânia e Polônia. É, de fato, uma obra-prima, enriquecida pelas notas do tradutor, Luís S. Krausz.

O Livro da Gramática Interior David Grossman | Companhia das Letras | 535 pp. | R$ 59,90

O personagem é um garoto, Aharon Kleinfeld, filho de refugiados da Segunda Guerra, líder de um grupo de amigos nos arredores de Jerusalém e o mais baixo da turma, porque seu corpo teima em não crescer durante três anos. No entanto, ele sente as pulsões de uma sexualidade poderosa ao mesmo tempo em que observa e escuta a realidade diária em torno de si no período 1965-1967, cuja história vai se enchendo de violência e tragédia. Mas a esta gramática escrita pelos canhões da Guerra dos Seis Dias, ele prefere a sua gramática interior.

Enxaqueca Oliver Sacks | Companhia de Bolso | 467 pp. | R$ 63,00

A maioria das pessoas acha que enxaqueca é apenas uma terrível dor de cabeça que as acomete periodicamente, e, num primeiro momento sugere um tumor, derrame, loucura ou alguma histeria. Não é isso, mas um conjunto muito complexo e diversificado de síndromes nas quais nem sempre ocorre a dor de cabeça e pode dar pistas a respeito de algumas das questões mais fundamentais do ser humano. Este livro foi o primeiro de Sacks cujo estilo de narração transforma relatos clínicos em episódios de um romance de suspense.

Dançando com o Inimigo Paul Glaser | Editora Rocco | 288 pp. | R$ 29,50

O autor descobriu a história de tia Rosie ao visitar o museu de Auschwitz, em 2002, e ver uma mala com o nome dela. que era dançarina em uma pequena cidade na fronteira da Holanda com a Alemanha em 1939. Naquele ano era casada com um instrutor de dança, mas se apaixonou por outro homem e os dois a denunciaram aos nazistas. Ela passa por vários campos e termina em Auschwitz decidida a não morrer. Para isso, vira enfermeira, secretária, cantora e dançarina apresentando-se para os oficiais da SS.


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Ronda da Noite / Uma Rua de Roma/ Dora Bruder Patrick Modiano | Editora Rocco

São três dos mais emblemáticos livros do recém-laureado Nobel de Literatura e que podem ser adquiridos avulsos ou numa caixa. Ronda da Noite (128 pp. / R$ 19,50) trata da ocupação nazista de Paris e o narrador-protagonista é ao mesmo tempo da Gestapo e da Resistência e se inspira na história real de dois colaboracionistas; em Uma Rua de Roma (224 pp. / R$ 24,50) o autor segue as pistas do resto de lembranças de um detetive particular e em Dora Bruder (144 pp. / R$ 19,50) conta a história de Dora, 15 anos, desaparecida em dezembro de 1941, em Paris, descobre que ela e o pai foram internados no campo de Drancy e deportados para Auschwitz em setembro de 1942.

O Homem Moisés e a Religiçao Monoteísta – Psicologia das Massas e a Análise do Eu Sigmund Freud | Editora Civilização Brasileira | R$ 22,00 cada

Os dois livros fazem parte da coleção “Para Ler Freud”, de dezenove títulos, selecionados de acordo com a importância de cada obra e, ao mesmo tempo, do interesse que desperta para debater temas contemporâneos na psicanálise e fora dela. Os autores são Betty Bernardo Fuks e Ricardo Goldenberg, respectivamente. Em O Homem Moisés... publicado a primeira vez em 1939, coincidindo com violenta onda antissemita na Europa, são três ensaios que tratam das origens do judaísmo e tenta responder como os judeus se tornaram o que são e por que atraem tanto ódio.

Eu não Preciso mais de Você e Outros Contos Arthur Miller | Companhia das Letras | 454 pp. |R$ 49,90

O título é de um conto quase autobiográfico do fantástico escritor e dramaturgo, morto em 2005, em que um menino de 5 anos fica furioso e se rebela por ser jovem demais para jejuar em Iom Kipur. Dessa coletânea de dezesseis contos faz parte também “Os Desajustados” que narra uma caçada a cavalos selvagens nas montanhas e que deu origem ao célebre filme de John Huston estrelado por Marilyn Monroe, Clark Gable e Montgomery Clift. Os contos foram muito elogiados pelos críticos do The Guardian, do Publishers Weekly e do New York Times, e quem sou para eu para contradizê-los? São mesmo maravilhosos.

Ilhas Steven Roger Fischer | Editora Unesp | 432 pp. | R$ 65,00

O próprio autor, nascido nos Estados Unidos, vive em Waiheke. Alguém ouviu falar deste local? Não, certamente. É uma pequena ilha na Nova Zelândia e foi lá que escreveu um verdadeiro tratado a respeito destes laboratórios biológicos e culturais que vão desde continentes ancestrais e a formações originadas de bancos de areia, em alguns casos países inteiros como Cuba, Madagascar e Islândia ou múltiplas e grandes ilhas como a Grã-Bretanha, Japão e Nova Zelândia.

100 Filmes da Literatura para o Cinema Henri Miterrand | Editora Best Seller | 349 pp. | R$ 79,00

Este professor de literatura, especializado em Émile Zola, escreveu este verdadeiro guia para professores de cinema, roteiristas, escritores e cinéfilos, interessados em saber e aprender como se adapta uma obra literária para o cinema. Para isso, ele se vale de cem obras-primas cinematográficas de diretores como Kubrick, Visconti, Renoir, Bresson e outros, que se basearam em outras obras-primas, mas também mostra filmes que evitaram “abacaxis” mal adaptados. Essencial para os interessados em saber como um livro vira sucesso no cinema, ou não.

Tudo ou Nada Malu Gaspar | Editora Record | 546 pp. | R$ 55,00

A autora, consagrada jornalista, cobriu a história do grupo X desde o seu surgimento, há oito anos, acompanhou os momentos de tensão e glória de Eike Batista que chegou ao topo do capitalismo ao ser apontado o como o sétimo homem mais rico do mundo, até sua derrocada final noticiada há semanas com a dissolução de uma das mais importantes empresas do grupo. Ela pesquisou documentos inéditos, entrevistou amigos e adversários e assim produziu um quadro que ajuda a entender o caminho de uma empresa e a cabeça de um homem singular.


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músicas magazine

por Bernardo Lerer

Cláudio Goldman RGE | R$ 7,90

Há alguns anos este tenor foi, juntamente com o chazan Gerson Herszcowicz, tema de matéria de capa desta revista porque havia sido contratado para oficiar os serviços de Rosh Hashaná e Iom Kipur na sinagoga do Teatro Arthur Rubinstein. Ele cumpriu a missão com louvor. Saiu, mas continua mostrando o talento como neste cd em que interpreta principalmente composições suas como Estrela do Meu Céu, da novela “Anjo Mau” e uma adaptação de Va Pensiero, ária da ópera Nabucco, de Verdi.

A Vida Tem Sempre Razão Vinicius de Moraes | Sony Music | R$ 19,90

Como parte das comemorações do centenário de nascimento do poeta, o ano passado, a neta dele, Georgiana de Moraes, produziu este cd com dezoito regravações inéditas de algumas – porque todas foram importantes – das composições que ficaram na lembrança do povo, como Chega de Saudade, na voz de Zeca Pagodinho; Canto Triste, Edu Lobo; Samba em Prelúdio, com Miúcha e Renato Braz, etc.

Raphael Rabello/ Amélia Rabello Acari | R$ 29,90

“O melhor violonista que eu já ouvi em anos. Ele ultrapassou as limitações técnicas do violão, e sua música vinha progressivamente da alma, diretamente para os corações de quem o admirava.” Quem escreveu isso foi Paco de Lucía, com quem Raphael se apresentou em Los Angeles. Rabello morreu em 1995, aos 33 anos, vítima das consequências do vírus HIV contraído em uma transfusão de sangue. Amélia era a mulher dele.

Intimidade Oswaldo Montenegro | Som Livre | R$ 11,90

Com os pais músicos, Montenegro teve contato precoce com as notas, mas foi quando se mudaram para São João del Rei que ele, ainda garoto, escapulia, para se juntar aos grupos de serestas e logo compôs sua primeira música Lenheiro, nome de um rio que banha a cidade. Depois, nova mudança, para Brasília, nos anos 1970 e aí a carreira toma o rumo que mantém até hoje, de canções intimistas

Born to Be Wild The Best of Steppenwolf | MCA Records | R$ 89,90

Este grupo de rock foi formado em Toronto, no Canadá, em 1967, pelo vocalista John Kay, e seu auge foi alcançado entre 1968 e 1972. Kay nasceu em 1944, na Alemanha e, ainda adolescente imigrou com a mãe para o Canadá. Os demais membros do grupo foram recrutados por meio de pequenos bilhetes que colocava nas lojas de instrumentos musicais de Los Angeles. O grupo se desfez em 2007.


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Classic Harmonica Blues Folkways Records | R$ 84,90

Em 1850, o relojoeiro alemão Matthias Hohner inventou a harmônica de boca, no Brasil chamada de gaita de boca e, até hoje, a marca Hohner é sinônimo de excelência. Quando o instrumento chegou aos Estados Unidos, no final do século 19, os negros americanos, principalmente no sul do país, logo se apropriaram dele para produzir verdadeiras obras de arte que transportam o ouvinte para a alma do blues.

Voice of Hope Pumeza | Decca | R$ 189,90

Pumeza Matshikiza é uma soprano sul-africana que, segundo os críticos do Times londrino, “personifica a grande esperança de uma geração dourada de cantores da África do Sul”, referências elogiosas por suas apresentações em palcos europeus de árias de Mozart e Puccini e clássicos do repertório do sul-africano como a famosa Pata Pata, de Miriam Makeba e The Click Song. Confiram.

Beethoven – 101 Decca | R$ 199,90

Para justificar o título do álbum, a gravadora compilou este número de composições do grande mestre alemão que reuniu em seis cd’s e interpretações de domínio público executadas pelas melhores orquestras e, claro, com os mais importantes maestros e intérpretes, como Kurt Masur, Georg Solti, Vladimir Ashkenazi, Arthur Grumiaux, Bernard Haitnik, e outros.

As Bodas de Figaro Major Classics | R$ 149,60

Eis uma das mais brilhantes execuções da ópera de Mozart: a Orquestra Filarmonia e o coro são conduzidos por Carlo Maria Giulini (1914-2005) e os intérpretes são Giuseppe Taddei, Anna Moffo, Eberhard Wächter e Elisabeth Schwarzkopf. Esta ópera bufa, com libreto de Lorenzo da Ponte e baseado em uma comédia de Beaumarchais, estreou em maio de 1786, em Viena. A orquestra foi regida pelo próprio Mozart.

Gounod Hyperion | R$ 102,90

Charles Gounod se tornou mais conhecido pela Ave Maria que compôs com base em uma peça de Bach e a ópera Fausto. As exéquias dele ocorreram na igreja de La Madeleine e foram conduzidas por uma orquestra regida por Gabriel Fauré e Camille Sains-Saëns ao órgão. Este cd contém a obra completa dele para piano pedal (que consiste em dois pianos superpostos, uma para os pés e outro para as mãos) e orquestra.

Manon Jules Massenet | Deutsche Grammophon | R$ 199,90

Massenet (1842-1912) escreveu mais de trinta óperas das quais as mais conhecidas são Manon e Werther, além de missas, oratórios e música incidental. Entre 1867 até sua morte, ele escreveu mais de quarenta trabalhos, a maioria deles bem ao gosto do público de Paris. Manon sempre recebeu elogios da crítica porque era considerada bem elaborada e uma correta descrição da belle époque.

“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”


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magazine > ensaio | por Anshel Pfeffer

O debate do judaísmo na Polônia. Um exemplo CRACÓVIA, POLÔNIA. NO CENTRO DA PRINCIPAL CERIMÔNIA REALIZADA AQUI, EM 27 DE JANEIRO, PARA MARCAR O 70º ANIVERSÁRIO DA LIBERTAÇÃO DE AUSCHWITZ, ESTAVAM CERCA DE TREZENTOS SOBREVIVENTES

S

entados na frente, era fácil perceber que os sobreviventes pertenciam a dois grupos separados: à esquerda do corredor, judeus de dezenove países, que chegaram de avião; à direita, os poloneses, muitos deles com lenços com listras azuis e brancas do uniforme da prisão e o triângulo vermelho usado pelos presos políticos. Os prisioneiros judeus – os que não foram imediatamente enviados para as câmaras de gás – usavam triângulos amarelos. Os dois grupos, separados, representavam as duplas narrativas de Auschwitz – um lugar onde um milhão de judeus foi abatido industrialmente e funcionava um centro de trabalho escravo e encarceramento brutal para centenas de milhares de poloneses não judeus, dos quais cerca de oitenta mil morreram. Durante quarenta anos, as autoridades comunistas permitiram que somente a segunda narrativa fosse oficialmente contada. Na Polônia do século 21 tenta-se cada vez mais combinar as duas em uma só história. Para os sobreviventes idosos provavelmente seja tarde demais, mas há muitos jovens poloneses que acreditam que a história pode servir de base para uma identidade conjunta polonesa-judia. O agente de viagens de 35 anos Kordian Gdulski, residente em Cracóvia, recentemente convertido ao judaísmo após se casar com uma judia, fala com orgulho do bisavô católico assassinado em Auschwitz. “Quando os alemães invadiram em 1939, eles já tinham uma lista de duzentos mil cidadãos poloneses que deveriam ser liquidados. E meu bisavô estava na lista, porque fora um dos líderes da revolta de 1919 da Silésia contra os alemães.” Para Gdulski, tornar-se judeu não significa, de forma nenhuma, abrir mão da identidade polonesa. “Você pode escolher o

seu futuro de algumas maneiras, mas não pode negar seu passado. Nasci em uma família polonesa e cresci na sociedade polonesa. Sou um polonês orgulhoso e tenho orgulho de ser judeu porque é a minha fé, mas também conheço a história muito bem. Havia trezentos mil soldados judeus no exército polonês, mais judeus do que em qualquer outro exército”. Poucos temas, no entanto, são menos relevantes para a maioria dos judeus poloneses do que a conversão. Depois de duas gerações em que assimilação, casamentos mistos e ocultação de qualquer resquício de identidade judaica eram a norma, ter avô judeu e decidir que você pertence ao povo judeu basta. “É realmente uma pergunta boba de se fazer”, diz a designer gráfica Aliczya Beryt, de Cracóvia, judia pelo lado do pai. “Quando eu estava mais envolvida com o lado religioso da vida judaica, pensei que talvez devesse me converter, mas eu deixei isso de lado. Minha existência e a da comunidade judaica agora são muito mais seculares.” Beryt diz que passou os últimos anos considerando “o que significa ser judeu sem fazer essas coisas religiosas, e para mim isso é aprender a respeito do povo excluído e a tolerância”. Agora, trabalhando em seu Ph.D. em filosofia moderna, ela se vale dos filósofos judeus e suas ideias universais: “Olha, em todo o mundo os judeus estão


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ENTRADA DO BEM CONSERVADO CEMITÉRIO QUE ESCAPOU AO VANDALISMO NAZISTA E COMUNISTA

se casando e se tornando mais assimilados, e o caminho a percorrer é buscar um sentido mais universal.” Por isso, Beryt não se sente menos judia só porque os rabinos ortodoxos não a reconhecem como tal. De acordo com a lei judaica, ou Halachá, para ser reconhecido como judeu é preciso ou ter nascido de mãe judia ou se convertido ao judaísmo. A amiga de Beryt, Ishbel Szatrawska, sente o mesmo, embora admita que, no passado, se sentisse um pouco inferior porque só o pai é judeu, e considerava a conversão. “Decidi não me converter porque seria admitir que não sou judia o suficiente. Um grupo de israelenses me perguntou uma vez ‘como é que você está envolvida com a comunidade judaica’, e eu respondi que depende de como você vê ser judeu”, Szatrawska explica. “A experiência do Holocausto é muito central na nossa identidade aqui, como judeus, mas o comunismo é assim, e por isso muitos de nós descobriram muito tarde a origem judaica. Um amigo tinha 18 anos quando a avó lhe deu uma estrela de David e deixou por conta dele escolher. Algumas pessoas fugiram disso. Eu tenho um amigo em Varsóvia que, do ponto de

vista da Halachá é judeu, mas, todos os anos, envia cartões de Natal para tentar esconder esta condição. Como se estivesse enganando alguém.” Mesmo depois do Holocausto, os judeus na Polônia que retornaram para os velhos lares, primeiro enfrentaram uma onda de pogroms e, depois, nos anos 1960, a discriminação adotada oficialmente pelas autoridades comunistas. Por isso, muitos judeus ocultaram a identidade. Atualmente, a maioria dos judeus na Polônia foi batizada, e é comum encontrar judeus que recuperaram a identidade judaica terem irmãos que continuam católicos praticantes. “A maneira como se julga o judaísmo na vida judaica na Polônia deve ser muito diferente da forma como é feita no resto do mundo judaico”, diz o rabino >>

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Mesmo depois do Holocausto, os judeus na Polônia que retornaram para os velhos lares, primeiro enfrentaram uma onda de pogroms e, depois, nos anos 1960, a discriminação adotada oficialmente pelas autoridades comunistas. Por isso, muitos judeus ocultaram a identidade


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magazine > ensaio israelo-americano Avi Baumol, em Cracóvia desde 2013. “Oficialmente, há poucos milhares de judeus aqui, mas não oficialmente há dezenas de milhares deles e todo dia descubro mais. Seria absolutamente errado de minha parte dizer a alguém que descobriu que a mãe do pai é judia que ‘você não é judeu o bastante. Há judeus e judeus de acordo com Halachá, e dizer a alguém: ‘Mostre a certidão de nascimento antes de acender velas no Shabat’ é um grande desserviço.” Mas, talvez, a Polônia não seja tão diferente de outras partes do mundo judaico. Como na maioria das comunidades judaicas, os judeus de Cracóvia estão divididos entre rabinos, congregações, sinagogas e organizações. O que se discute não são os conflitos entre judeus europeus, mas o futuro do povo judeu na Europa. As divergências a respeito de quem controla as centenárias construções judaicas da cidade e quem representa a comunidade vão além do dinheiro e a política, e avançam na questão da possibilidade de adotar uma abordagem mais inclusiva ou se concentrar em preservar o passado. Assim, a comunidade oficial, mais fechada em si mesma, a que se responsabiliza pelas antigas sinagogas, tem apenas 130 membros, enquanto o Centro Comunitário Judaico tem 550, embora ambas aceitem oficialmente qualquer pessoa com pelo menos um avô judeu. Dúvidas semelhantes acabam em Varsóvia, Wroclaw e Lodz. A geração inesperada A escritora e cineasta Katka Reszke, que se divide entre Nova York e Varsóvia, foi criada em Wroclaw, e desde os 16 anos tinha um palpite de que era judia, em parte porque se lembrava da bisavó chamando-a de “meshigene”. Mas somente em 2013, depois de passar um período estudando em Israel e se convertido ao judaísmo, a mãe admitiu que a família materna era, de fato, judia. Nos livros Return of the Jew: Identity Narratives of the Third Post-Holocaust Generation of Jews in Poland (“O Retorno do Judeu: Narrativas de Identidade da Terceira Geração Pós-Holocausto dos Judeus na Polônia”, Academic Studies Press, 2013) e The Meshugene Effect (“O Efeito Meshugene”, em andamento), ela explora a identidade judio-polonesa. Aos 36 anos, Reszke chama a sua geração de jovens judeus poloneses de “a geração inesperada. Não deveríamos ser. Começamos abraçando ou descobrindo as nossas raízes judias após a queda do comunismo e as inúmeras previsões do fim dos judeus na Polônia. Descobriu-se que ainda havia judeus e eles estavam saindo do armário”. Para Reszke, os judeus poloneses vão servir de exemplo para outras comunidades, maiores e mais estabelecidas, que ainda precisam encontrar a sua maneira de lidar com casamentos mistos e assimilação. “A situação polonesa cria um enorme desafio de como se define quem é judeu e se a comunidade é capaz de aceitá-los. Quando você descobre que é judeu na Polônia e chega a um acordo com a sua identidade apenas para se encontrar conversando com um rabino que diz que

você não é judeu para ele e tem de se converter, então é um ato de falta de autenticidade”, diz. O veterano jornalista e ativista judeu de Varsóvia, Konstanty Gebert, vê nisso também uma emocionante oportunidade. “A situação é que aqui estamos assimilados. Para nós, portanto, sermos, do ponto de vista da Halachá, judeus não é uma questão além de ter um minyan (quórum de oração de dez homens judeus no judaísmo ortodoxo ou dez adultos judeus de ambos os sexos no judaísmo conservador ou reformista). “De qualquer forma, a maioria das coisas judaicas criativas ocorrem nas conexões entre judeus e não judeus”, diz Gebert. “Um exemplo é o Festival de Cultura Judaica de Cracóvia. Começou como local onde os artistas eram judeus, enquanto os organizadores e a maior parte do público, que reagia vibrantemente à cultura judaica, não eram. Mas, em seguida, também artistas não judeus começaram a criar nessa cultura. Por isso, então, é arte não judia? Se disser isso, então concorda com as leis de Nuremberg.” Na falta do que Gebert chama de “condição judaica haláchica intocada”, para ele não há escolha além de construir “uma nova forma de cultura e identidade judaica em um ambiente multicultural europeu”. Reszke conta que viu na conferência Limmud do ano passado na Polônia, pela primeira vez, quatro gerações de judeus poloneses. “Lá estavam os sobreviventes do Holocausto com filhos e netos que haviam retornado às suas raízes, e agora há essa primeira geração (desde o Holocausto) que sabe que está crescendo como judia.” Por enquanto, seus números são relativamente pequenos, mas, segundo Reszke, “ser judeu na Polônia não trata do número de judeus que vivem lá, mas do número de perguntas a respeito do que significa ser judeu e do grande número de respostas existentes na Europa e na Polônia contemporâneas. É a época de discutir essas perguntas e respostas e algo que o resto dos judeus deve estar observando”.

Para a escritora e cineasta Katka Reszke, os judeus poloneses vão servir de exemplo para outras comunidades, maiores e mais estabelecidas, que ainda precisam encontrar a sua maneira de lidar com casamentos mistos e assimilação



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magazine > curta cultura | por Bernardo Lerer

Salmo por Schubert Poucos meses antes de morrer, aos 31 anos, em 1828, Franz Schubert escreveu uma peça em torno do Salmo 92, Tov Lehodot La’Adonai, por encomenda de Salomon Sulzer, barítono que, durante 45 anos, desde 1826, reinara soberano na arte da chazanut exercida do púlpito do Vienna Seitenstettengasse Temple. Schubert poderia ter composto a peça para ser cantada na versão em alemão, mas preferiu em hebraico, tal como no original, certamente assessorado por Sulzer sempre muito preocupado com a prosódia do hebraico. É possível que muitas pessoas desconheçam que Sulzer foi um importante editor de música litúrgica e autor de peças do repertório de Iom Kipur e Rosh Hashaná, como Ein Kamocha, Yehalelu Hashem e Shemá Israel. Claro, isso suscitou debates entre os especialistas em chazanut e em Schubert e o único ponto que os aproxima é a música escrita para o Salmo 92 não apresenta as características comuns à música considerada judaica e parece mais música de igreja do que de sinagoga. Ainda em 1828, Schubert escreveu a Canção da Vitória de Miriam para soprano solo, coro e piano, inspirado no trecho do Êxodo em que a irmã de Arão exulta com a morte por afogamento das tropas do faraó no Mar Vermelho. Na Viena do século 19, Franz Liszt foi mais de uma vez à sinagoga ouvir Sulzer, que considerava uma “personalidade carismática”, cantar.

O por quê das coisas O sociólogo e economista Werner Sombart (1863-1941) escreveu Die juden und das Wirtschaftsleben (“Os Judeus e a Vida Econômica”) em 1911, traduzido para o inglês em 2001 e agora em português pela Unesp Editora (515 pp., R$ 82,00). Sombart foi um dos mais importantes estudiosos do capitalismo do século 20 e, apesar de viver o nascimento e a expansão do nazismo, não revisou nem atualizou partes da obra e nem mesmo o prefácio no qual, entre outras coisas, diz que os nomes de judeus tornam-se cada vez mais “raros nos cargos de direção e supervisão dos grandes bancos” talvez porque “os judeus não se adaptaram às exigências do sistema econômico capitalista; eles ‘aprenderam’”. Como se, na década de 1930, o antissemitismo não os tivesse expelido destes mesmos cargos nos bancos que fundaram na Áustria e na Alemanha. De todo modo, neste livro que vale a pena ler para saber porque as coisas são do jeito que são, escreve no último parágrafo: “...pelo tempo que vimos os judeus exercerem seu efeito peculiar na vida econômica – ou seja, até os dias de hoje (1911) a religião e a procriação consanguínea se mantiveram firmes.... e o que havia a descrever era a gênese da essência judaica, a partir de cuja peculiaridade empreendemos a interpretação da fantástica incidência dos judeus na vida econômica e na cultura como um todo”.

Nachbin e os primeiros judeus brasileiros Quando se escrever a respeito de quem escreveu sobre os judeus no Brasil, o professor titular de história medieval da USP Nachman Falbel vai ocupar um lugar de destaque, pois desde 1970 se dedica ao tema. E como eles se organizaram em comunidades foi o assunto de seu primeiro livro Estudos sobre a Comunidade Judaica no Brasil, a partir de rigorosa investigação e minuciosa fundamentação científica. O bom é que, ao pesquisar para estes “Estudos”, foram surgindo derivados como os primórdios da imprensa judaica, o teatro ídiche no Brasil, as organizações beneficentes e de acolhimento de imigrantes, etc. Isso lhe possibilitou apresentar Jacob Nachbin, símbolo dos primórdios da historiografia judaica no Brasil, figura envolta na névoa do mistério, mas que se sabe ter sido jornalista, contista, historiador, poeta, ativista social, socialista, naturalista, um imigrante dos confins da Europa Central que desembarcou no Recife e descobriu que séculos antes dele outros judeus chegaram no mesmo porto. Jacob andou por todo o país e América Latina, escreveu em jornais de língua ídiche de São Paulo e do Rio de Janeiro, em 1930 foi para os Estados Unidos, de lá voltou para Europa e morreu em um campo de concentração. Teve um único filho, Leopoldo (1922-1993) um dos maiores matemáticos brasileiros e conhecido pelo Teorema Nachbin. Por tudo isso, vale a pena ler Jacob Nachbin – Os Primórdios da Historiografia Judaica no Brasil (Editora Humanitas, 403 pp.) mais uma contribuição de Nachman Falbel para conhecer a história dos judeus no Brasil.

Raízes de Nicole Quando todos pensavam que a Nicole Borger nada mais faltava, ela acaba de lançar o cd Raizes/Roots – Ekaterinoslav – New York – São Paulo, um recolhido das suas raízes musicas judaicas com versões em português de canções tradicionais judaicas do século 19, composições de autoria dela e de outros compositores atuais, a partir de poemas. Um exemplo disso é a canção dos anos 1900, Chuva, de Efim Chorny, a partir de um poema de Mendel Lifschitz. Ekaterinoslav é na Ucrânia, de onde se originam os avós de Nicole, no século 19, foram para os Estados Unidos no início do 20. Lá nasceu o pai de Nicole e ela, no Brasil. O cd foi gravado com direção musical, produção e arranjos do trompetista Frank London, já conhecido do público brasileiro por sua participação nos festivais klezmer e líder da banda Klezmatics, prêmio Grammy 2003. O avô materno era rabino de profissão, baritono e cantor na sinagoga; a mãe e a avó estudaram música mas não se profissionalizaram. Nicole estudou piano, canto e composição na Faculdade Santa Marcelina, e há cinco anos é curadora do projeto musical Hebraica Meio-Dia, além, claro, de criadora do Kleztival e sua produtora.



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vitrine > informe publicitário CASA MENORAH

Tradição em produtos para Pessach A Casa Menorah é um tradicional local onde o cliente encontrará tudo para que a festa de Pessach se torne um momento inesquecível. Com grande estoque de mercadorias das melhores procedências, nacionais e importadas inclusive com seção kasher, nhoque de matzá, panquecas

recheadas com carne, frango ou ricota, pernil de vitela com molho madeira e champignons além das saborosas tortas salgadas com farinha de matzá, gefilte fish e biscoitos de matzá. Rua Guarani, 114, Bom Retiro Fones 3228-6105/ 3229-6819

AZ PRESENTES E CASA ZILANNA

Planeje agora o Seder e Chag Pessach Sameach! A AZ Presentes oferece muitas opções. A empresária Zizi sabe quais são os produtos relacionados à simbologia judaica e mantém o estoque de mercadorias sempre atualizado. E para aproveitar melhor o passeio, bem ao lado da AZ Presentes fica a Casa Zilanna, com delí-

cias da cozinha judaica para a montagem das mesas mais requintadas como gefilte fish, hering e uma linha de produtos kasher importados de Israel e dos Estados Unidos. AZ Presentes | Rua Itambé, 488 | F. 3259-5632 Casa Zilanna | Rua Itambé, 506 | F. 3257-8671

HORTIFRUTI CONCEIÇA

Uma tradição em Higienópolis Quem não conhece o Hortifruti Conceiça, localizado na esquina das ruas Baronesa de Itu com a Gabriel dos Santos? O ponto já se tornou uma referência para quem procura produtos de ótima qualidade e preço. Vale a pena dar uma boa olhada na

seção de produtos kasher que o Hortifruti Conceiça oferece para que você prepare o seu seder de Pessach. Hortifruti Conceiça Rua Baronesa de Itu, 780 Fones 3666-1769/3667-5883

MR. KNICH

Prepare-se para o seder de Pessach Mr. Knich atende o público em geral de segunda à sexta-feira das 8 às 18 horas, com deliciosas iguarias e almoço com culinária internacional e judaica por quilo e à preço justo. Também oferecem porções e congelados para viagem e já está com um cardápio deli-

cioso para Pessach e entrega em domicílio. Mr. Knich Rua Marselhesa, 365, Vila Mariana Fones 3333-7551 / 3361-4496 / 99115-1399 E-mail ruthzbien@gmail.com mrknich@mrknich.com.br

RESTAURANTE RUFINO’S

Uma verdadeira grife em pescados O restaurante Rufino’s nasceu no Guarujá, nos anos 1970, tendo como fundador o sr. Rufino, nascido na Espanha em uma cidade de marinheiros e pescadores. Ele teve a ideia de criar um restaurante especializado em pescados e frutos do mar, que tivesse um mostruá-

rio com peixes, crustáceos e moluscos, in natura, com toda a sua originalidade. Rua Dr. Mário Ferraz, 377, Itaim Fone 3074-8800 Shopping Morumbi | Av. Roque Petroni Jr., 1089 Fone 5182-8599


HEBRAICA

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vitrine > informe publicitário LBE SCHOOL

Inglês dinâmico e produtivo para executivos Para quem precisa de alta performance no inglês, a LBE school tem quinze anos de experiência preparando executivos das quinhentas maiores empresas da revista Exame. As aulas são dinâmicas e produtivas. O material utilizado são cases atuais, ou seja, você se sen-

te interado no que há de mais dinâmica no aprendizado de inglês. A pontualidade e profissionalismo também merecem destaque. Ronaldo Pereira, CEO, Óticas Carol Fone 3141-1111 Site www.lbeschool.com.br

BARONESA CHURRASCARIA E PIZZARIA

Agora reformada e modernizada A tradicional Baronesa Churrascaria Pizzaria, uma das preferidas da comunidade judaica pois além do seu delicioso cardápio, não utiliza gordura animal em suas pizzas – foi totalmente reformada e modernizada oferecendo agora mais conforto aos clientes. Vale a pena confe-

rir e saborear suas porções e aperitivos, saladas, massas, carnes, frangos, peixes e muito mais.... Rua Baronesa de Itu, 281, Santa Cecilia Fones 3667-8229 / 3825-6270 E.mail contato@baronesa.com.br Site www.baronesarestaurante.com.br

ALESSANDRA SARMENTO

– NUTRICIONISTA

O que é nutrição funcional? É a busca do equilíbrio do organismo, adequando os nutrientes necessários para nutrir e reparar as células, que manifestam suas deficiências ou excessos através de sintomas ou doenças crônicas. Para emagrecer, o foco será na sinergia de nutrientes e não apenas na contagem de calorias. A con-

sulta personalizada é essencial, já que um mesmo alimento “saudável” pode ser excelente para uma pessoa e maléfico para outra. A dieta é elaborada de acordo com rotina, hábitos e costumes alimentares para se adequar a realidade de cada um. Tel. 4612-9849 | www.vitalitanutricao.com.br

INSTITUTO KORA DE EMAGRECIMENTO

Tratamento muldisciplinar para obesidade O instituto Kora de emagrecimento oferece um programa de emagrecimento saudável através de terapêutica que envolve atendimentos psicológico e nutricional com foco não apenas no emagrecimento mas em sua manutenção. O método Kora e revolucionário porque entende a

obesidade como um processo subjetivo e individual. A dieta e potencializada pelo apoio do trabalho psicológicode de desinvestimento da relação da pessoa com a comida. Av. Prof. Lucas de Assunção, 92-Butantã Tels. 3501-3440 / 99686-4941

BARATELA ORTODONTIA ESTÉTICA

Mostre a beleza do sorriso, não o aparelho! A saúde bucal e longevidade dos dentes dependem do correto posicionamento e alinhamento da oclusão. O aparelho fixo lingual é um moderno sistema de tratamento ortodôntico indicado para todas as idades, especialmente para adultos, pois o aparelho não fica visível ao falar e sor-

rir. Não interfere estéticamente na rotina profissional e social do paciente. Rua Desembargador do Vale, 616, Perdizes Fone 3873-7627 | Avenida São Gabriel, 201, cj. 1105, Jardim Paulista | Fone 3704-7370 Site www.baratelaodontologia.com.br


98 HEBRAICA

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indicador proямБssional ADVOCACIA

ADVOCACIA

APARELHOS AUDITIVOS

ANGIOLOGIA

ARQUITETURA

CARDIOLOGIA


HEBRAICA

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indicador profissional CARDIOLOGIA

CIRURGIA PLÁSTICA

CLÍNICA

CIRURGIA PLÁSTICA

CLÍNICA MÉDICA/GERIATRIA

CLÍNICA

COACHING


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indicador proямБssional COACHING

CURA RECONECTIVA

COLOPROCTOLOGIA

DERMATOLOGIA

FISIOTERAPIA

CUIDADORES

EVENTOS

FONOAUDIOLOGIA

GERIATRIA

CURA RECONECTIVA

FISIOTERAPIA

GINECOLOGIA


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HEBRAICA

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indicador profissional GINECOLOGIA

HARMONIZAÇÃO INTERIOR

MANIPULAÇÃO

NEUROCIRURGIA

MÉDICA ESPECIALISTA EM RINS

NEUROLOGIA

MÚSICA

MANIPULAÇÃO

NEUROCIRURGIA


102 HEBRAICA

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indicador profissional NEUROLOGIA

NEUROLOGIA

NUTRICIONISTA

NUTRÓLOGO

ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA


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HEBRAICA

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indicador proямБssional ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA

ORTODONTIA

ORTOPEDIA

OFTALMOLOGIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

ORTODONTIA

PAISAGISMO


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indicador profissional PERSONAL/ REABILITAÇÃO

PERSONAL TRAINER

PNEUMOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA


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HEBRAICA

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indicador profissional PSICOLOGIA

PSICOTERAPIA

PSICANÁLISE

PSICO ONCOLOGIA

PSIQUIATRIA

PSICOPEDAGOGA

PSICANÁLISE


106 HEBRAICA

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indicador profissional PSIQUIATRIA

compras e serviços

REPRODUÇÃO

TERAPIA ORTOMOLECULAR

TERAPIAS CORPORAIS

TRATAMENTO


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HEBRAICA

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compras e serviรงos


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compras e serviรงos


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HEBRAICA

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compras e serviรงos


110 HEBRAICA

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roteiro gastron么mico


HEBRAICA

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roteiro gastron么mico



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di re to ria HEBRAICA

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114 HEBRAICA

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conselho deliberativo

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015

Nova configuração

MARÇO 4 5 6

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA

JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM

3 4 5 10 11 16 23

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 5ª FEIRA

24

6ª FEIRA

EREV PESSACH- 1º SEDER PESSACH- 2º SEDER PESSACH-2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON- DIA DE LEMBRANÇA DO CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT- DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 67 ANOS

ABRIL

O ano de 2015 começou com a eleição de novos membros da Mesa do Conselho e das comissões permanentes, o que certamente traz um novo fôlego ao trabalho dos ativistas em relação ao clube. Sob a presidência de Mauro Zaitz, a Mesa do Conselho terá como novos integrantes primeiro secretário Alan Bousso e o assessor Jairo Haber. Na Comissão de Administração e Finanças estarão Eduardo Alcalay, Helena Zukerman, Jairo Zylbersztajn, Jeffrey Vineyard, José Woiler, Leonardo Cuschnir, Luiz David Gabor, Marcelo Schapochnik e Roberto Garbati Becker. A Comissão Jurídica será formada por Anita Rapoport, Carlos Gluckstern, Eva Zimerman, Glorinha Cohen, Jaques Mendel Rechter, Maurício Abadi, Moacyr Luiz Largman, Saul Anusiewicz e Symcha Berenholc. Anunciar essa nova configuração nas duas comissões desperta uma dupla satisfação, pela eleição de muitos ex-integrantes desses núcleos para o Executivo e pelo ingresso de novos conselheiros que, sem dúvida, contribuirão com sua experiência e bom senso para o sucesso do trabalho de apoio e acompanhamento do Executivo. Com novos integrantes, a Mesa e as Comissões certamente ganharão em eficiência e criatividade, que certamente se refletirão no Conselho Deliberativo como um todo. Mauro Zaitz Presidente da Mesa do Conselho

* * * *

MAIO 7 17 23 *24 *25

JULHO 5 25

5ª FEIRA DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER

26

DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO

31

6ª FEIRA

SETEMBRO ** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29

OUTUBRO 4

*5 *6

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA

5

13 de abril 10 de agosto 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro

Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente o 1 secretário 2a secretária Assessores

Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal

ANOITECER

TU BE AV

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT

DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANA RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ

2ª FEIRA 3ª FEIRA

NOVEMBRO

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015

LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR

5ª FEIRA

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

DEZEMBRO 6 13

DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2016

JANEIRO 25 27

2ª FEIRA 4ª FEIRA

TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS




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