Revista Hebraica - Novembro 2014

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ANO LV

| N ยบ 633 | NOVEMBRO 2014 | H ESHVAN 5775

sรฃo paulo

Danรงar para a vida



HEBRAICA

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palavra do presidente

Pés no presente, olho no futuro Estamos nos aproximando do final desta gestão e eu gostaria de aproveitar este espaço para dividir com vocês uma avaliação a respeito das metas atingidas e uma reflexão acerca do futuro do nosso clube. Ao assumirmos a presidência, junto com um grupo de executivos, nossa meta se apoiava em três grandes pilares que norteariam a nossa gestão, a saber: 1) a implantação da Escola Alef no menor tempo possível; 2) a reformulação dos espaços e das atividades do clube para estimular o aumento da frequência e da permanência dos sócios no clube e 3) instituir instrumentos de gestão de modo a colaborar decisivamente na melhor governança do clube. A implantação da Escola Alef, aprovada ainda na gestão anterior, foi rapidamente executada, e já no segundo semestre de 2012, o então Colégio Bialik se mudava para as novas instalações trazendo aproximadamente quatrocentos alunos, e a perspectiva de crescer para seiscentos alunos. Em poucos meses verificou-se o acerto desta medida e as seiscentas vagas foram rapidamente completadas com a matrícula de novos alunos originários principalmente de escolas não judaicas. Em consequência, aumentou também a procura pela Escola Maternal da Hebraica, cuja capacidade para 180 alunos numa primeira etapa foi ampliada para 250 e, no ano seguinte, para trezentos alunos. Desta forma, hoje somos capazes de atender até 1.100 alunos em um ambiente seguro, com atividades o dia inteiro, maior conforto aos pais e alunos e, principalmente, com muito mais judaísmo. O pleno funcionamento da Escola Alef e a sua ampliação também provocaram um aumento de frequência no clube, independentemente dos alunos, dos pais e novos sócios, e isso nos estimulou a reformar diversos espaços da Hebraica. Nos primeiros dois anos de gestão, realizamos vinte novas obras e reformas dos espaços, com destaque para as escolas, quadras poliesportivas, a Praça Carmel, o Restaurante Kasher, o bar da piscina e muitas outras, atualmente todas intensivamente usadas pelos sócios. A frequência dos sócios neste período aumentou em 50% e, pela primeira vez, depois de muito tempo conseguimos estabilizar o número de sócios que diminuía a cada ano. No editorial do próximo mês, o último do nosso mandato como presidente da mais importante entidade da comunidade, trataremos das atividades e novos instrumentos de gestão que foram instituídos. Shalom

Abramo Douek

O PLENO

FUNCIONAMENTO DA ESCOLA ALEF E A SUA AMPLIAÇÃO TAMBÉM PROVOCARAM UM AUMENTO DE FREQUÊNCIA NO CLUBE INDEPENDENTEMENTE DOS ALUNOS, DOS PAIS E NOVOS SÓCIOS, E ISSO NOS ESTIMULOU A REFORMAR DIVERSOS ESPAÇOS DA HEBRAICA


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sumário

HEBRAICA

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Carta da Redação

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Destaques do guia A programação de novembro e dezembro

12

Capa / festival carmel A receita perfeita para realizar o grande encontro da dança

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cultural + social

20

Grandes festas Uma conversa com o novo chazan Oscar Fleischer

48

22

Música Em dezembro tem Orquestra Filarmônica do Hospital Albert Einstein

24

Galeria de arte Alta tecnologia e internet na arte de Hernani Dimantas

26

Mercado gourmet No final de novembro, será lançada a terceira edição

28

Meio-dia As crianças foram as principais convidadas em outubro

30

Show Boa comida e grandes risadas no Casual Mil

32

Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos da cidade

38

Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

43

juventude

44

Teatro Os preparativos para a estreia da Ópera de 3 Vinténs

45

Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

47

esportes

48

Basquete A ilustre visita dos jogadores do Maccabi Electra

50

Judô Torneio Hirosi Minakawa é campeão em cidadania

52

Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade

57

magazine

58

Lazer Tel Aviv ganha novo e badalado ponto de encontro

48


HEBRAICA

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44 62

Notícias de Israel As histórias mais quentes do universo israelense

65

A palavra Direto do Cáucaso, o misterioso e enigmático circassiano

66

Viagem Um mergulho em Gloucestershire, no coração da Inglaterra

70

Cinema Diretores israelenses estão invadindo Hollywood

72

Leituras A quantas anda o mercado de ideias?

74

Música O melhor do pop e do erudito para curtir em casa

81

diretoria

82

Tecnologia da informação Novo sistema de governança para a Hebraica

83

Lista da Diretoria Veja quem representa o associado no Executivo

98

Conselho Na pauta, o orçamento para 2015 e a próxima gestão

76

Passeio Museu do Imigrante mostra contribuição judaica à cidade de São Paulo

78

Ensaio Porque o Nobel de Literatura foi para Patrick Modiano

50


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HEBRAICA

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carta da redação

Leiam. Vale a pena

ANO LV | Nº 633 | NOVEMBRO 2014 | HESHVAN 5775

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER

A repórter Magali Boguchwal trabalha há mais de 25 anos na revista Hebraica, e há 25 anos escreve a respeito do Festival Carmel. No entanto, nos 25 textos em que o festival foi tema Magali nunca se repetiu, pelo contrário: sempre encontrou algo de novo capaz de interessar e, claro, surpreender os leitores dessa revista que nos esforçamos em fazê-la cada vez melhor e mais interessante. Isso fica evidente na reportagem de capa desta edição em que, de fato, a leitura do texto de Magali sugere mesmo que se dança para a vida. Nesta edição, e na próxima, os editoriais do presidente Abramo Douek fazem uma espécie de balanço da sua gestão (2012-2014) enfatizando, sempre, o caráter judaico da gestão das coisas e das causas da Hebraica. No “Magazine”, uma reportagem do correspondente Ariel Finguerman acerca de Sarona, uma grande área de Tel Aviv, antigo assentamento de colonos alemães não judeus, e agora transformada em um fantástico shopping center gastronômico. No mesmo “Magazine”, lê-se a visita ao Museu da Imigração que Tania Plapler Tarandach transformou em interessante reportagem. O “Ensaio” desta edição é dedicado a Patrick Modiano, o escritor francês, judeu, vencedor do Nobel de Literatura que não consegue se livrar dos fantasmas da ocupação nazista da França.

EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)

CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

FOTO CAPA FLÁVIO MELLO SANTOS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

Boa leitura Bernardo Lerer - Diretor de Redação

3815.9159

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR JORNALISTA RESPONSÁVEL BERNARDO LERER MTB 7700

OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

calendário judaico ::

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

NOVEMBRO 2014 Heshvan 5775

DEZEMBRO 2014 Kislev 5775

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

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1 2 8 9 15 16 22 23 29 30

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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

4 5 6 11 12 13 18 19 20 25 26 27 1ª vela de Chanuká 8ª vela de Chanuká

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l)

- 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 - 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK

VEJA NA PÁGINA 98 O CALENDÁRIO ANUAL 5775

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HEBRAICA

| NOV | 2014

por Giovahnna Ziegler

destaques do guia O BRASIL É UM PAÍS PRIVILEGIADO E ABUNDANTE, CONTENDO MAIS DE 12% DA ÁGUA POTÁVEL DO PLANETA. PORÉM, ESTÁ NO RANKING DOS PAÍSES QUE MAIS DESPERDIÇAM ESSE PRODUTO TÃO VITAL DA NATUREZA, O QUE NOS LEVA, CADA VEZ MAIS, TENTAR CONSCIENTIZAR A POPULAÇÃO COM O

RACIONAMENTO E MELHOR PROVEITO DA ÁGUA.

A ÁGUA POTÁVEL DEVE SER SEMPRE UTILIZADA COM

ECONOMIA, POIS OS RECURSOS DE TRATAMENTO SÃO AINDA LENTOS E ESCASSOS. O EQUILÍBRIO DO PLANETA DEPENDE DA CONSERVAÇÃO DOS

RIOS, MARES E OCEANOS, BEM COMO DOS CICLOS NATURAIS DA ÁGUA;

DEVEMOS SER RESPONSÁVEIS COM AS

7 Dias ESPORTIVO

CONSCIENTE DA ÁGUA, TEM REFORÇADO AS

Circuito Lúdico 08/11, sábado 2 a 5 anos - 9h30 às 11h00 4 a 9 anos - 11h30 às 13h00 Centro Cívico Inf.: 3818-8911/8912

DEPARTAMENTOS E, DENTRO DAS PROPRIEDADES

SOCIAL CULTURAL

GERAÇÕES FUTURAS E PRESERVAR ESSA MATÉRIA, QUE É UMA CONDIÇÃO ESSENCIAL DE VIDA E UM PATRIMÔNIO MUNDIAL.

A HEBRAICA, COMPROMETIDA COM O USO

IDEIAS DE PRESERVAÇÃO DENTRO DOS PRÓPRIOS DO CLUBE, JÁ PRATICA ALGUMAS AÇÕES:

- INSTALAÇÃO DE REDUTORES DE VAZÃO EM

TORNEIRAS E CHUVEIROS;

- LAVAGEM DE CARROS FEITA A SECO; - REDUÇÃO DA LAVAGEM DE PISOS E TELHADOS DAS ÁREAS COMUNS; - REDUÇÃO DO USO DE ÁGUA NAS QUADRAS DE SAIBRO; - SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DE HIDROMASSAGENS (MASC./FEM.) E DA DUCHA ESCOCESA; - CAMPANHA EDUCATIVA PARA O CONSUMO CONSCIENTE. JUNTE-SE AO TIME DAQUELES QUE SE IMPORTAM COM A CIDADE E MEIO AMBIENTE. JUNTOS SOMOS MAIS.

Horários do ônibus

• Terça a sexta-feira Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

SP Night Safari Dia: 14/11 Saída da Hebraica - 17h00 Retorno - 23h00 Reservas e Informações: 3818-8888 / 8889

Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45

ESPAÇO GOURMET

Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45

3º Mercado Gourmet 30/11, dom, das 12h às 18h Quadra Coberta

• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30

• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30





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capa |festival carmel | por Magali Boguchwal

Todos embalados no ritmo do folclore PROFISSIONAIS E VOLUNTÁRIOS PASSARAM MESES EMPENHADOS NO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DO XXXIV FESTIVAL CARMEL – MÚSICA, DE 12 A 14 DE DEZEMBRO. OS INGRESSOS PARA OS SHOWS ESTARÃO À VENDA NA CENTRAL CARMEL

A

partir do dia 22, quem entrar no Centro Cívico verá a quadra tomada por uma estrutura metálica que em poucos dias vai se transformar em um palco. Para os sócios, a interdição do local para a prática esportiva é um dos primeiros sinais que o Festival Carmel vem aí. “Quando chegamos a esse ponto, a organização do festival já está bem avançada”, afirma a diretora artística e coordenadora geral do festival, Nathalia Benadiba. Segundo ela, “Não se trata ape-

nas de apresentar shows de dança, mas de acomodar e fornecer refeições para centenas de dançarinos de outros estados e do exterior. Além do Centro Cívico, requisitamos as quadras do Poliesportivo, as salas da Escola Maternal, que servem como alojamento para os grupos de fora de São Paulo. E, claro, ocupamos os teatros com ensaios e shows”, afirma a diretora artística e coordenadora. A poucas semanas do evento, os preparativos se aceleram e os sócios repa-


HEBRAICA

ram em algumas mudanças na paisagem, como a passagem coberta entre o Centro de Juventude e a Praça Carmel e, este ano, o palco instalado na Praça Jerusalém. “Ninguém imagina que além do folclore, o Carmel tem a ver com diversas formas de arte, arquitetura, artesanato, marcenaria, tapeçaria, segurança. Quando os dançarinos entrarem no palco, sexta-feira à noite, centenas de profissionais já deram a sua contribuição e muitos estarão de plantão para garantir a tranquilidade e a diversão dos participantes”, descreve Nathalia. Para o diretor geral do festival, Gaby Milevsky, a realização do Carmel aperfeiçoou-se ao longo dos anos. “É uma verdadeira engenharia que parte de uma comissão à qual se reportam outras comissões que cuidam de cada faceta do evento. Elas têm autonomia dentro de um orçamento inicial. No curso do ano,

trabalhamos para conseguir recursos extraordinários de modo a viabilizar as ideias propostas e alcançar o objetivo maior: surpreender o público e os dançarinos com o que há de mais avançado e interessante não só em relação ao folclore judaico, mas também em outras modalidades”, explica ele. “A primeira comissão que se reúne é a de produção, formada por profissionais e voluntários ligados ao Centro de Danças. Eles pesquisarão, trarão ideias e levantarão tendências para começar a formatar os shows e outras atividades. Em junho, começam as conversas com as áreas de patrimônio, compras e almoxarifado para relacionar o material necessário para, literalmente, construir as bases do Carmel. É nesse momento que começam os contatos com empresas de som, luz, construções metálicas, entre outras, e não dá para falar, por exemplo, de palco, sem pensar também

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na decoração. Uma coisa puxa a outra”, conta Nathalia. É nessa etapa que entra a expertise do cenógrafo Edson Expedito, há 21 anos responsável pelo visual do Carmel. “Meu papel é traduzir visualmente o tema nos palcos e em todos os locais incluídos na programação. Isso implica projetar ornamentos enormes para pelo menos três shows no palco principal e também decorar o Teatro Arthur Rubinstein e o palco externo com unidade temática”, explica. Embora a atuação dele seja essencial, Edson partilha de uma preocupação comum a todos os envolvidos com o festival: o orçamento enxuto. “Minha filosofia é buscar o melhor efeito visual que nem sempre está nos materiais mais caros. No Ecocarmel, por exemplo, usei milhares de garrafas pet em painéis e adereços e para isso tive a ajuda dos grupos de dança, que disputaram qual contri>>

O PALCO DO FESTIVAL CARMEL TEM DE SER RESISTENTE PARA PERMITIR OS

ENSAIO NO PALCO

MOVIMENTOS DE MAIS

PRINCIPAL DO

DE TREZENTOS DANÇARINOS

FESTIVAL CARMEL NA QUADRA DO

CENTRO CÍVICO


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capa | festival carmel >> buía com maior número de vasilhames. Em 2014, vou usar cd’s, que muita gente não ouve mais em casa. Além do brilho no palco, eles remetem diretamente ao tema do Carmel deste ano”, explica. “É incrível como o palco se transforma quando escurece e acendemos os holofotes”, suspira ele. Expedito se encarrega praticamente sozinho de elaborar painéis, pintar tecidos e outros materiais. À medida que a data do festival se aproxima, ele passa a liderar uma equipe de voluntários e também orienta os marceneiros e tapeceiros que revestem os palcos. “Não basta construir uma estrutura de madeira ou metal que seja forte e resistente aos pulos de centenas de jovens e à vibração dos equipamentos de som. A maior parte do folclore judaico se baseia em coreografias executadas com os pés descalços, então o revestimento do piso deve ser liso, mas não escorregadio, e livre de qualquer objeto cortante para evitar ferimentos e acidentes. Em geral, usamos linóleo, mas é sempre bom pesquisar novos materiais com os mesmos resultados, mas que não esquente demais e queime os pés, no caso do palco externo”, detalha o cenógrafo, que também se preocupa com a reciclagem e reutilização de materiais.

A sala de Expedito, no fundo do Centro Cívico, guarda a memória de edições anteriores do Carmel. Ele se movimenta entre diferentes versões do Muro Ocidental e painéis com personalidades da história de Israel. “Todo o material usado no Carmel em geral é guardado e reutilizado na edição seguinte. A maioria do que tenho aqui na sala já apareceu em pelo menos uma edição”, afirma Edson. Gigantesca infraestrutura Madeira e tecido é material de alto consumo durante o festival. “Para alojar trezentas pessoas no Poliesportivo usamos dez divisórias, que formam quartos para cada grupo. A cada edição, nos tornamos mais ágeis e precisamos de menos tempo para deixar o local pronto para a chegada dos dançarinos. Cada setor tem redes formando paredes onde o pessoal pendura as roupas”, conta Plácido, coordenador de manutenção, atualmente funcionário da Única, empresa terceirizada do clube. Ele divide com o colega José Sobrinho os cuidados com quase todas as áreas do festival. “É impossível saber quantos quilômetros andamos de um lado a outro durante o Festival Carmel. A cada ano fica mais fácil, pois a tecnologia ajuda muito. Há alguns anos, não tínhamos comu-

EDSON EXPEDITO CONTA COM AUXÍLIO DE VOLUNTÁRIOS NA DECORAÇÃO DO FESTIVAL

nicação por rádio e resolvíamos os problemas pessoalmente. Hoje delegamos tarefas para os profissionais nossos parceiros”, conta José Sobrinho. O marceneiro Waldemar José de Lima ainda lida com serrotes, pregos e madeira. “O que aumenta em dificuldade são os projetos para diferenciar os palcos de ano a ano. Às vezes há escadas para levar os dançarinos ao nível do público, ou dois níveis de altura e a gente se esforça para colocar em prática o que está planejado no papel”, afirma o marceneiro, que tem a ajuda de mais três colegas para atender aos pedidos das comissões do festival. A partir de junho, tudo acontece em paralelo. Enquanto tramitam as aprovações de orçamentos, Nathalia e alguns coreógrafos assistem a todos os vídeos enviados pelos grupos, para decidir qual dançará e quando, além de anotar detalhes musicais e de iluminação. “Fazemos planilhas com essas informações que são trabalhadas pelas comissões operacionais e de shows para, ao entrar no palco, o grupo dançar enquanto luz e músicas são providenciadas pelos responsáveis nas cabines de som. Além disso, há uma cautela extra para cada show ter um roteiro e as coreografias estejam de acordo com o tema específico de cada espetáculo. Durante o Festival Carmel, os dançarinos se revezam no palco e na plateia e não há críticos mais exigentes do que aqueles que lidam com dança”, diz Nathalia. Nas comissões trabalham coreógrafos e dançarinos, a maioria contribuindo para o festival nas sugestões, em horas e horas de gravação, composição de programas e outros detalhes. Trata-se de um trabalho sem qualquer ligação com o grupo ao qual cada dançarino pertence, isto é, a atuação nos bastidores do festival não isenta ninguém das horas de ensaio, organização de figurino e demais detalhes que compõem uma atuação perfeita no palco. Aos 23 anos, a estudante de enfermagem Melissa Kopelowicz integra o grupo Hakotzrim e a comissão de shows, e por isso, durante o festival, ela será vista


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COORDENADORES DE COMISSÕES DECIDEM OS ÚLTIMOS DETALHES DA PROGRAMAÇÃO DO 34º CARMEL

ora com o radiocomunicador na mão, estressada por algum detalhe ou maquiada, vestida, pronta e preocupada com a expectativa do momento de dançar. “Comecei a trabalhar na organização e hoje oriento outras dançarinas menos experientes na área de shows. Essa dupla função aumentou minha ligação com o festival”, afirma. Pelo Brasil e o mundo O mesmo movimento de preparação

acontece nas comunidades judaicas no Brasil e em algumas no exterior. Muitos grupos compram as passagens com antecedência, enquanto os coreógrafos montam coreografias ligadas ao tema do festival. É comum surgirem grupos de danças nos movimentos juvenis apenas para participar no Festival Carmel. “Por mais que a era digital tenha facilitado a comunicação entre os jovens, a maioria deles faz questão de vir a São Paulo e confraternizar com os amigos,

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mas uma grande maioria é fanática por dança folclórica e participa das harkadot, da maratona e ainda ajuda os coreógrafos nos ensaios de palco”, conta Nathalia. Segundo Gaby Milevsky, há 25 anos diretor geral do evento, “o Festival Carmel é um dos eventos mais grandiosos promovidos pela Juventude e pelo clube”. Desde o primeiro, ele colaborou para a formação de líderes, profissionais e voluntários, pois à medida que alguns dançarinos se afastam das comissões em busca de outros projetos, os mais novos assumem a partir do que aprenderam, acrescentam os próprios talentos e isso confere ao evento características específicas a cada ano. “Participar do Festival Carmel é um objetivo para muitos dançarinos e, para outros, o último compromisso do ano antes das tão esperadas férias. Para mim, pessoalmente, é um prazer renovado, especialmente quando, depois do show final, as pessoas, emocionadas, comentam como será difícil fazer um festival melhor ainda no próximo ano”, con>> clui Milevsky.

Para entrar na roda Os fãs de harkadá (dança de roda) têm um estímulo a mais para permanecer durante todo o final de semana na Hebraica durante o Festival Carmel – Música. O professor israelense Eran Bitton é um dos convidados especiais do evento. “Queremos fortalecer essa modalidade de dança tão apreciada no Estado de Israel e que mescla o prazer dos passos com a oportunidade de partilhá-lo com amigos e também com desconhecidos”, informa a diretora artística Nathália Benadiba. “Em todas as edições, sempre programamos horários no festival para as harkadot, mas quando trazemos um professor de Israel, a frequência aumenta pela possibilidade de aprender novas danças e de ver um especialista em ação”, acrescenta. Já Gaby Milevsky anuncia a participação de dois grupos enviados pelas prefeituras de Tel Aviv e Hertzlia, como parte de um projeto patrocinado pelas duas cidades israelenses. “O Festival é conhecido em todos os países onde exista uma

comunidade judaica ativa e é crescente o interesse dos dançarinos israelenses em conhecer o Brasil. Afinal, nossos grupos também já fizeram mais de uma turnê em Israel”, lembra Milevsky.


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capa | festival carmel

Programação 34º Festival Carmel Música - 2014 SEXTA 12/12 HORÁRIOS

ATIVIDADE

19:00 Ͳ 20:30

JANTAR

ADOLFO BLOCH

20:30 Ͳ 23:30

KABALAT SHABAT E SHOW GALGALATZ

LOCAL CENTRO CÍVICO

23:30 Ͳ 01:00

ARENA CARMEL

BAR DA PISCINA

ATIVIDADE

LOCAL

CAFÉ DA MANHÃ

ADOLFO BLOCH

SÁBADO 13/12 HORÁRIOS 08:30 Ͳ 10:00 08:30 Ͳ 10:00

CAFÉ DA MANHÃ DE COREÓGRAFOS

ATRIUM DO KASHER

10:00 Ͳ 11:30

HARKADÁ NAOMI SHEMER

CENTRO DE JUVENTUDE

11:00 Ͳ 17:00

SHUK HACARMEL

PÇA.CARMEL

11:30 Ͳ 12:30

WORKSHOP Ͳ ZUMBA

FRENTE C.J.

12:00 Ͳ 13:30

ALMOÇO

ADOLFO BLOCH

14:00 Ͳ 15:30

SHOW RIKUD BE SHIRA ͲLEHAKAT CARMEL /BANDA KLEZMORIM) PÇA. JERUSALEM

15:30 Ͳ 17:00

HARKADÁ ARIK EINSTEIN

17:00 Ͳ 18:30

SHOW CHALIL

ARTHUR RUBINSTEIN

18:30 Ͳ 20:00

JANTAR

ADOLFO BLOCH

20:30 Ͳ 22:00

SHOW GADALNU IACHAD

CENTRO CÍVICO

23:00

MARATONA COHAV NOLAD

MARC CHAGALL

ATIVIDADE

LOCAL

PÇA. JERUSALÉM

DOMINGO 14/12 HORÁRIOS 08:30 Ͳ 10:00

CAFÉ DA MANHÃ

ADOLFO BLOCH

10:00 Ͳ 12:00

SHOW INFANTIL FESTIGAL

CENTRO CÍVICO

11:00 Ͳ 17:00

SHUK HACARMEL

PÇA.CARMEL

12:00 Ͳ 13:30

ALMOÇO

ADOLFO BLOCH

14:00 Ͳ 15:00

SHOW HASHRIKA SHEL HATNUA

PRAÇA JERUSALÉM

15:00 Ͳ 16:00

BOTECO

PRAÇA DO GAMÃO

HARKADÁ JAQUES KATARIVAS

FRENTE PARQUINHO

15:00 Ͳ 16:30 16:00 Ͳ 17:00

SHOW DARBUKA

ARTHUR RUBISTEIN

18:00 Ͳ 19:30

JANTAR

ADOLFO BLOCH

20:00 Ͳ 21:30

SHOW MÚSICA

CENTRO CÍVICO

ATIVIDADE

LOCAL

10:30 Ͳ 11:30

OFICINA MORA LUCILA

FRENTE PARQUINHO

12:00 Ͳ 13:00

CLOWN

FRENTE PARQUINHO

13:00 Ͳ 17:00

INFLÁVEIS

FRENTE MARC CHAGALL

HORÁRIOS

ATIVIDADE

LOCAL

09:00 Ͳ 09:30

HARKADÁ INFANTIL PARPAR NEHMAD

MARC CHAGALL

13:00 Ͳ 17:00

INFLÁVEIS

FRENTE MARC CHAGALL

PROGRAMAÇÃO KIDS HORÁRIOS SÁBADO 14/12

DOMINGO 15/12

14:00 Ͳ 15:00

OFICINA DE INSTRUMENTOS

FRENTE PARQUINHO

15:00Ͳ15:30

HARKADA PAIS E FILHOS

FRENTE PARQUINHO




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cul tu ral + social


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| SET | 2014

cultural + social > grandes festas

CHAZAN OSCAR FLEISCHER CIRCULA NA SINAGOGA DO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN COM A TORÁ EM ROSH HASHANÁ

A voz da liturgia OS SERVIÇOS RELIGIOSOS DAS GRANDES FESTAS ATRAÍRAM CENTENAS DE FAMÍLIAS, QUE SE DIVIDIRAM ENTRE A SINAGOGA, O SALÃO MARC CHAGALL E TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN, ONDE O CHAZAN OSCAR FLEISCHER DIRIGIU AS ORAÇÕES

C

erca de quatro mil pessoas compareceram aos três serviços religiosos oferecidos na Hebraica, onde os chazanim Gerson Herszkowicz e David Kullock já atuam há vários anos. A novidade ficou por conta do cantor litúrgico Oscar Fleischer, que dirigiu o serviço no Teatro Arthur Rubinstein pela primeira vez. “Foi meu primeiro compromisso profissional no Brasil e fiquei feliz em encontrar uma comunidade que aprecia a chazanut tradicional e também recebe positivamente as melodias novas que acrescentei ao serviço”, afirmou o profissional. Na véspera de Iom Kipur, ele falou à revista Hebraica e relatou a estreia como chazan no clube.


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ENTR EVISTA Hebraica – Como preparou sua vinda ao Brasil para atuar como chazan? Oscar Fleischer – Com exceção de uma apresentação, há alguns anos, em Porto Alegre, este foi o meu primeiro compromisso profissional no Brasil. Logo após receber o convite para, talvez, atuar na Hebraica, em junho, vim a São Paulo acompanhar um Kabalat Shabat. Nesse dia tive o primeiro contato com a Diretoria e me contrataram para as Grandes Festas. Há algumas semanas, retornei à cidade para me familiarizar com a forma como o maestro Leon Halegua conduz o coro no Teatro Arthur Rubinstein. Como o senhor define a profissão de chazan? Há muitos chazanim em Buenos Aires? Fleischer – Neste momento, a profissão desperta o interesse de alguns jovens, o que não ocorria anteriormente. Fui professor no Seminário Rabínico Latino-Americano durante nove anos e ministrava os conceitos básicos para o exercício da chazanut. Antes de introduzirmos essa matéria no Seminário, os chazanim, eu inclusive, tinham outro tipo de formação. A chazanut é herança familiar. Sou filho de chazan e meus avós também eram rabinos e chazanim, de modo que sigo uma tradição familiar. Outras atividades ligadas à música complementam a minha verdadeira profissão, a chazanut. Dediquei-me a ela em diferentes congregações desde muito jovem: trabalhei dezoito anos na sinagoga Bnei Tikvá e outros 24 anos na Sinagoga de Paso, ambas em Buenos Aires. Paralelamente, fui nove anos professor no Seminário Rabínico Latino-Americano, onde ministrava os conceitos básicos da chazanut. Neste momento, a profissão desperta o interesse de muitos jovens, que cursam o seminário, diferentemente de outros chazanim mais antigos, como eu, que tiveram uma formação clássica em música. Sou formado no Conservatório Musical, o que me permite dirigir corais

e ensinar canto, tarefas que também fazem parte da minha rotina. Qual é a prece que mais o emociona? Fleischer – Para mim, a chazanut é algo que, em hebraico dizemos Iotzé Min Halev (“sai do coração”). Então todas as orações são significativas. Uma das características do serviço religioso é que nele existem algumas preces que podem ser ditas em substituição a outras. O Adon Olam, por exemplo, é utilizado para encerrar um grupo de orações (tefilot), que, de outro modo seriam encerradas com o Kadish (oração em homenagem aos mortos). É uma forma de encerrar com um tom mais alegre. Este ano, cantei o Igdal Elohim Chai no lugar do Adon Olam, pois a oração tem uma melodia moderna e linda. A congregação gostou. Como descreve sua primeira experiência como chazan no Teatro Arthur Rubinstein? Fleischer – Gostei muito. O teatro tem

Didática e tradição A Escola Maternal e Infantil dedica uma parte das aulas nas semanas anteriores a Rosh Hashaná para familiarizar os alunos com os costumes, músicas e o significado das Grandes Festas. Na véspera de Rosh Hashaná, as turmas são levadas à Sinagoga, onde simulam momentos como o do toque do shofar, o acendimento das velas ou o prazer de saborear pedaços de maçã mergulhados em mel. Já os alunos do curso de tradição judaica do After School participaram de uma comemoração onde os principais conceitos estavam ligados à chegada do novo ano judaico.

uma excelente acústica e gostei de cantar rodeado pela congregação. Minha impressão é de uma comunidade que aprecia a chazanut e habituada a acompanhar serviços tradicionais e, no entanto, aprecia novas melodias. Eu mesclei ambos os estilos e recebi uma resposta positiva de parte dos que me ouviram. E o que tem a dizer sobre o coral litúrgico? Fleischer – É um grupo ótimo, regido pelo maestro Leon Halegua, profissional excelente e uma pessoa boníssima. Na Torá está escrito que, antes de tudo, devemos ser boas pessoas, bons seres humanos. Tudo o mais deriva dessa postura. Durante as Grandes Festas, enquanto estava no púlpito, me senti acolhido, como em minha casa e quando encontrava os sócios em horários fora dos serviços religiosos, as pessoas se aproximavam e mostravam ter apreciado meu trabalho. Estou ansioso para voltar no próximo ano e rever a todos os amigos que fiz em São Paulo. (M. B.)


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cultural + social > música

Grande orquestra no Teatro Arthur Rubinstein DOIS DE DEZEMBRO, SEGUNDA-FEIRA, ÀS 21 HORAS, NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN, A ORQUESTRA FILARMÔNICA DOS MÉDICOS DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN REALIZA O CONCERTO COMEMORATIVO DOS SEUS 25 ANOS DE EXISTÊNCIA

DIA 2 DE DEZEMBRO A ORQUESTRA FILARMÔNICA DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN APRESENTA REPERTÓRIO POPULAR E ERUDITO COM O MAESTRO NASARI CAMPOS

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Orquestra Filarmônica dos Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein foi constituída por iniciativa de um grupo de médicos, entre eles o cirurgião pediátrico Jacques Pinus e o clínico Henrique Grunspun, ambos flautistas e alunos de João Dias Carrasqueira, um dos maiores professores do instrumento no Brasil. Desde o seu início, o diretor artístico e regente titular é o maestro e professor Nasari Campos. A orquestra ensaia às quartas-feiras em um dos auditórios do hospital. “O maestro se entrega à tarefa com a abnegação e paciência consciente de que não se trata de profissionais, mas de amadores que fazem da música terapia, meio e modo de aliviar as tensões diárias e, claro, deleite pessoal”, conta um dos integrantes da orquestra que lamenta o desinteresse de entidades da comunidade em convidar a orquestra para apresentações. “Apesar disso nos dedicamos nos ensaios e quando concluímos a execução de uma peça podemos comemorar: ‘Puxa toquei um fragmento de La Traviata, de Verdi, e o Concerto para Piano e Orquestra, opus 16, de Edvard Grieg’. E isso nos deixa felizes”. Neste concerto, além das peças extras com temas dos filmes da série 007 e a trilha musical de The Magnificent Seven, serão executados Prelúdio, de Rachmaninoff; Melodia em Fá, de Anton Rubinstein; o Concerto Kv 299 para Flauta, Piano e Orquestra, de Mozart; Ave Maria, de Nasari Campos; a ária “Ombra mai fu”, da abertura da ópera Xerxes, de Händel; “Brindisi”, dueto da ópera La Traviata, de Verdi; o Concerto para Piano e Orquestra, opus 16, de Grieg; um medley de Cole Porter e A Pantera Cor-de-Rosa, de Henry Mancini. (B. L.)



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cultural + social > galeria de arte

A ARTISTA PLÁSTICA NAIR KREMER OLHOU E APROVOU A OBRA DE HERNANI DIMANTAS

Quando arte e tecnologia dialogam TRÊS ANOS DE TRABALHO E DUZENTOS DESENHOS NO CELULAR RESULTARAM EM VINTE OBRAS DE HERNANI DIMANTAS EXPOSTAS NA GALERIA DE ARTE E DIVIDIDAS EM QUATRO MÓDULOS QUE PRETENDEM ABOLIR FRONTEIRAS ENTRE ARTE E REDES SOCIAIS

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ernani Dimantas dividiu a exposição “Gambiarras do Pós-Digital” em quatro módulos: metapixel, gambiarras urbanas, gramática da gambiarra e quadros (pinturas), num diálogo entre a arte e a tecnologia. Agrônomo de formação, Dimantas mudou de rumo com a tecnologia e atualmente vive o ativismo da rede. Como a ideia é multiplicar, vale-se da internet e celular na busca da novidade. Ele atua em projetos colaborativos e a arte permeia seu caminho como um projeto particular. Desde 2010, cria imagens distribuídas nas redes sociais, principalmente o Instagram (@hdimantas). Esta é a origem do projeto Metapixel que cria imagens nas quais cada pixel é substituído por ima-

gens de um banco de dados com centenas de fotos postadas na rede social do autor: “Cada foto no Instagram tem afeto. Um novo trabalho é o desdobramento desse afeto e expansão de um trabalho anterior”. Ele explica como alcançou este resultado: “O quadrado segue o formato de acordo com o do Instagram e a impressão é feita diretamente no acrílico. Imprimi um trabalho em papel de algodão. O efeito é excelente, porém teria de enquadrar, emoldurar e não seria fácil adaptar moldura e quadro, além de muito dispendioso”. E o que é “Gambiarras do Pós-Digital”? “Me aproprio do fio da rede elétrica ou do chão para mostrar partes deles que representam uma nova forma de expres-

são. A imagem é poesia contemporânea, fotografo linhas que formam outras representações.” Artista contemporâneo, Dimantas mistura tintas, desenhos em celular, fotografias, ações midiáticas nas redes sociais e daí faz arte usando as ferramentas disponíveis. Hacker/artista ou artista/hacker O currículo de Dimantas inclui títulos acadêmicos e três livros a respeito de redes e internet, e textos em inúmeras publicações. Marketing Hacker, a Revolução dos Mercados é a obra mais recente. Blogueiro, começou a colocar imagens na internet em 1998. Como na época era difícil postar quadros, migrou para o digital. Sua base de dados é o Instagram. “Vou testando para fazer apenas um e, quando vejo, fiz uma porção. Fico feliz!”, explica como se fosse simples, mas que lhe dá enorme prazer. Tem vasta experiência na área de comunicação e avança em direção à arte, gambiarra, cultura digital, inclusão digital, sociedade da colaboração, marketing hacker, ética hacker, software livre, open design, entre outros. Conheça mais em https:// www.facebook.com/hdimantas. (T. P. T.)



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cultural + social > mercado gourmet

Vem aí a terceira edição ENQUANTO SE TOMAVAM AS ÚLTIMAS PROVIDÊNCIAS PARA O 3º MERCADO GOURMET, DIA 30, O ESPAÇO MAIS SABOROSO DO CLUBE, E UM DOS MELHORES DA CIDADE, RECEBEU CHEFS FAMOSOS E O CURSO PARA FUNCIONÁRIAS DO LAR

CHEF ALEXANDRE ROMANO DEU DICAS DE COMO FAZER UM BOM RAGU

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proveite as comidas preparadas por grandes nomes da gastronomia da cidade vendidas a preços ‘populares.” Esta é a chamada para o 3º. Mercado Gourmet, marcado para o final deste mês, das 12 às 18 horas, na quadra coberta, ao lado da Secretaria. O evento promete superar o sucesso do anterior, quando mais de duas mil pessoas passaram pelas várias mesas e experimentaram as especialidades dos restaurantes badalados e servidas pelos próprios chefs. Detalhe: pagamento so pode ser efetuado em dinheiro. Enquanto isso, o Espaço Gourmet realizou muitas atividades, a primeira delas dedicada ao ragu, com o chef Alexandre Romano (ex-Fasano) que revelou segredos da sua cozinha. “Para começar, a base do ragu leva salsão, cebola e cenoura”, seja o de ossobuco, de pato ou de cordeiro, acompanhando o nhoque de batata, a polenta ou o risoto milanês. “A carne deve ser passada na farinha antes de selar, para dar cor e corpo ao molho que pode ser feito um dia antes”, explicou, e advertiu: nunca bater o molho no liquidificador, mas pode ser congelado com a carne. Na semana seguinte, Carlos Siffert voltou ao clube para mostrar aos fãs do filet mignon novas receitas com essa parte do boi. Quem esteve lá aprovou. A paella, clássico da cozinha espanhola, teve uma aula exclusiva com o chef João Calderón, do Museo Verónica Com a chegada do verão, a chef Mara Mello selecionou sobremesas frescas e deliciosas. E a chef Carina Muller ensinou receitas fáceis, saudáveis e funcionais para aumentar a qualidade das refeições. Além dos encontros das terças-feiras, que reúnem casais, senhoras e jovens, o Espaço Gourmet recebeu mais um grupo de funcionárias do lar para o curso comandado por Lúcia Sequerra que ensina desde noções de higiene, escolha e manipulação dos alimentos até a arrumação de uma mesa. Esta é a quarta turma do curso criado ano passado, e com fila de espera para novos grupos. (T. P.T.)



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cultural + social > hebraica mei0-dia

Orquestras E de crianças para crianças DOMINGO, MEIO-DIA, NA HEBRAICA, O PROGRAMA É OUVIR MÚSICA NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN, COM ENTRADA FRANCA. EM OUTUBRO, PAIS E AVÓS, OUVINTES HABITUAIS, VIERAM ACOMPANHADOS DAS CRIANÇAS

foi para entreter esse público que a diretora do Hebraica Meio-Dia, Nicole Borger, convidou quatro orquestras de jovens músicos, que se apresentaram durante o mês dedicado às crianças. Começou com a Banda Choroblue, regida pelo maestro John Kingsley Berman, nascido em Boston (EUA), com formação e experiência no ensino musical infantil. Em visita ao Brasil, em 2002, conheceu a música popular brasileira e voltou para ser professor na Escola Saint Francis e responsável pela área técnica do projeto de formação da Banda, com alunos iniciantes entre 8 e 13 anos. Quem fica cinco anos e quer se profissionalizar ganha o instrumento de presente. Na semana seguinte foi a Orquestra Jovem Eszterháza, nome difícil de pronunciar que significa “casa de Ester”, projeto social iniciado em 2005 no Colégio Santo Américo e que ensina música às crianças de Paraisópolis, Vila Mor-

JOVENS DE PARAISÓPOLIS, VILAS MORSE E COLOMBO TOMARAM CONTA DO PALCO

se e Vila Colombo. Quarenta músicos, entre 12 e 17 anos, apresentaram peças clássicas e populares, regidos pelo maestro Cláudio Coghi. Nos dois domingos após o fechamento desta edição estavam programadas a Orquestra Instituto GPA, do Grupo Pão de Açúcar, e a Vozes do Violão, do Lar das Crianças da CIP, conduzidos por Cláudio Weizmann, com o espetáculo “O Mundo Tem Concerto”. Aprender a tocar um instrumento e chegar a integrar uma orquestra tem grande significado na educação e repercute no futuro da criança e do adolescente. O ensino musical desenvolve a disciplina, cultura, concentração e leva ao senso de equipe, despertando nesses jovens uma aptidão que, pela força das circunstâncias, não vem à tona. Assim são formados novos públicos ouvintes e descobertos novos talentos. A ligação com projetos sociais garante esse novo horizonte. (T. P. T.)



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cultural + social > shows

O COMEDIANTE FÁBIO LINS MOSTROU A ARTE DO STAND UP NO CASUAL MIL

Momentos de diversão e integração AO CONVIDAR HUMORISTAS E GRUPOS MUSICAIS PARA SHOWS, A VICE PRESIDÊNCIA SOCIAL E CULTURAL REFORÇA O INTERESSE DOS SÓCIOS PELA PROGRAMAÇÃO DO CLUBE. UM DELES TEVE A PARTICIPAÇÃO DA PLATEIA INFANTIL

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m seleto grupo de sócios aceitou a proposta da vicepresidência Social e Cultural para encerrar o domingo no Casual Mil, assistindo ao show do comediante Fábio Lins, um dos destaques da stand up comedy atualmente em cartaz na cidade. Lins foi recebido com palmas em sua primeira apresentação na Hebraica. “Há alguns dias, quando aqui estive para acertar detalhes do show, fiquei impressionado com a beleza da Hebraica e agora me sinto muito bem recebido pela plateia”, afirmou em um dos poucos momentos sérios da noite. Durante uma hora, ele tratou de questões cotidianas com ironia e deboche, provocando muitas risadas. Já no início de outubro, a diretoria Social e Cultural escolheu o Teatro Arthur Rubinstein para apresentar “Beatles segundo a Cia. Filarmônica”, uma releitura bem-humorada dos sucessos do conjunto inglês. Nesta segunda apresentação na Hebraica, os músicos da Cia. Filarmônica trouxeram grandes bonecos representando os quatro Beatles e transformaram a execução de Yellow Submarine em uma verdadeira parada infantil, com a participação de crianças da plateia. (M. B.)



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por Tania Plapler Tarandach imprensa@taran.com.br

coluna comunidade

“Quarto 28” na Praça Carmel

Após o sucesso de público no MuBe, a exposição “Quarto 28” estará de 4 a 30 de novembro na Praça Carmel. No formato pocket, com a montagem do quarto que abrigou um grupo de moças no campo de concentração de Theresienstadt e que, pela pintura, expressaram seus sentimentos diante dos horrores da Segunda Guerra Mundial. A exposição ficará aberta aos sócios, alunos das escolas judaicas e com visitas guiadas para grupos (marcadas com antecedência). A mostra tem o apoio da Hebraica e do Museu Judaico de São Paulo (em fase de construção na rua Martinho Prado).

Passos brasileiros em Israel Da Argentina, a Companhia de Dança Deborah Colker voou para Israel. Foram sete apresentações na Opera House de Tel Aviv e no Jerusalem Theatre, na capital, entre o final de outubro e a primeira semana de novembro.

Padre Nadaf na ONU “A cada cinco minutos, um cristão morre por crime de fé no Oriente Médio. Os que puderam fugiram e quem ficou está em perigo”, disse o padre grego-ortodoxo Gabriel Nadaf na Comissão de Direitos Humanos da ONU. E completou: “Israel é o único lugar na região onde os cristãos estão seguros e gozam da liberdade de expressão e culto”.

Homenagem a Goldemberg

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x-ministro da Educação, ex-secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo, ex-reitor da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências, o físico e pesquisador José Goldemberg ganhou o título de professor emérito 2014. Recebeu o Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita, entregue pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Conselho de Administração do Ciee e da comissão julgadora do prêmio Ruy Altenfelder Silva, ressaltou que “a trajetória de Goldemberg é pontuada por vários destaques, que mostram a paixão pela pesquisa e transmissão de conhecimento”. O prêmio foi entregue pelo especialista em bioética William Saad Hossne, laureado em 2013.

A noite com Enrico Macias

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Keren Kayemet LeIsrael (KKL) traz para São Paulo o famoso cantor judeu Enrico Macias (nascido Gaston Ghrenassia, na Argélia) para um evento dia 10 de novembro, na Mansão França. Ele já se apresentou no Olympia de Paris, Royal Albert Hall, em Londres, no Carnegie Hall, em Nova York, em Israel e na Turquia. Macias canta em francês, italiano, espanhol, hebraico, turco, grego, inglês, armênio, árabe e em ídiche.

Artigos para publicação A revista Vértices, dos pós-graduandos da área de estudos judaicos do programa de pós-graduação em estudos judaicos e árabes do Departamento de Letras Orientais da Fflch da USP está aberta para textos. O número 17 será lançado até o final deste ano. São aceitos artigos inéditos, com temática livre, porém relacionados a estudos judaicos. Os trabalhos devem ser enviados até 31 deste mês. Informações no site da revista: http://revistas.fflch.usp.br/vertices/about/ submissions#authorGuidelines.


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COLUNA 1

É de Jacob Solitrenick a direção de fotografia de Os Amigos, o quarto longametragem de Lina Chamie, em cartaz na cidade. Na Casa das Rosas, José Luiz Goldfarb falou sobre “Como e por que Sou Leitor?” com mediação de Frederico Barbosa. O encontro fez parte das comemorações dos dez anos da Casa.

∂ A inspiração de Antônio Bernardo, dessa vez, foi a mezuzá. Ele criou a Shemá lembrando o shofar; a outra é Sivuv, um cilindro com toque interativo. Ambas trazem a letra shin em relevo.

Visitas na sucá da CIP Até 14 deste mês, 25 obras de Dario Felicíssimo podem ser vistas no JB Goldenberg Escritório de Arte. “Felicíssimo Olhar” reúne aquarelas, desenhos, pinturas e assemblages.

∂ Bruno Waisman, terceira geração da família à frente da Frattina, convidou o artista plástico e grafiteiro Eduardo Kobra (foto) para uma intervenção artística na rua em plena Oscar Freire, marcando os setenta anos da joalheria. O portão de aço de 11,5 m por 7,5 m é a tela que reproduz a fachada da primeira loja, instalada em 1943 no centro da cidade. Com TicTic Tati no Sesc Pompeia, Fortuna lançou o DVD com criações próprias, de Hélio Ziskind e Gabriel Levy a partir de poemas de Tatiana Belinky (z’l).

Ilana Pinsky, Cesar Pazinatto e Maria Estela B. Zanini são os autores de Álcool e Drogas na Adolescência – Um Guia para Pais e Professores. Editada pela Contexto, a obra foi lançada na Livraria Cultura/Conjunto Nacional. Após três anos dedicados à construção de um hotel, em Ilhabela, com conceito de guest house, Thiago Wertheimer convida para conhecê-lo on line (www.twguaimbe. com.br/casa) e encantar-se, antes de visitar o local.

∂ A parceria Luciano Szafir/Naoyuki Kato resultou na divulgação do Votapp, aplicativo grátis usado com humor e sem conotação oficial, funcionando como um órgão de pesquisa eleitoral.

∂ No Dublin Castle, na Irlanda, Norma Grinberg participou do encontro e exposição durante a 46th General Assembly of International Academy of Ceramic Marjorie Gueller assina o figurino de O Segredo dos Diamantes, na 38ª. Mostra Internacional de Cinema e entra no circuito paulistano em 18 de dezembro. Tsili, de Amos Gitai, também fez parte da Mostra. No Secovi-SP, Caio Calfat autografou exemplares do livro Hotelaria e Desenvolvimento Urbano em São Paulo: 150 anos de história. Lançado pela Azulsol, conta a história da hotelaria e apresenta uma perspectiva de futuro dessa importante atividade econômica para a capital paulistana.

Hospitalidade é igual a sucá: receber hóspedes, se abrir para o outro, como fez o patriarca Abraão. Escoteiros da Avanhandava usaram bambus, cordas e muito verde para montar o espaço para a programação diária da festa. Em uma das noites, mais de cem pessoas jantaram ao redor da convidada, a atriz Clarice Niskier, recebida pelo rabino Ruben Sterenchein. (Leia entrevista exclusiva à página 37)

Esther Schattan comandou coquetel no endereço da Ornare em Miami na abertura da mostra “High Line by director of art Ricardo Bello Dias”.

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Reconhecimento ao Einstein O American College of Cardiology reconheceu o Hospital Israelita Albert Einstein como “embaixador internacional do registro de dados cardiológicos”. A Cardiologia Einstein é uma das primeiras instituições brasileiras a colaborar com a associação norte-americana, reportando dados dos pacientes com doenças cardiológicas, para pesquisa e estudos das doenças do coração.

Wupj na agenda de 2015 De 13 a 16 de maio de 2015, a World Union for Progressive Judaism (Wupj) realizará a 37ª. Conferência, no Rio de Janeiro, com personalidades de vários países e o título de Conections 2015. O site do encontro informa e inscreve os interessados. “Simchá, Alma e Solidariedade” é o tema do encontro, reunindo representantes judeus reformistas, reconstrucionistas, progressistas e liberais do mundo todo. O presidente da Associação Religiosa Israelita (ARI) Ricardo Gorodovitz é o coordenador brasileiro do encontro internacional. Detalhes, e-mail 2015@wupj.org.il.


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cultural + social > comunidade+coluna1

COLUNA 1 O Google homenageou o 108º. aniversário de Hannah Arendt com a figura da cientista política em sua página de busca na internet.

Feira de boas compras É tradição o Salão Marc Chagall da Hebraica receber a Feira da Comunidade, realização das voluntárias do Departamento de Geração de Renda da Na’amat Pioneiras São Paulo, e coordenação de Miriam Doris Lilienfeld. A novidade da última edição foi a ampliação do espaço de recreação infantil, com atividades o dia todo, e a Praça de Alimentação ainda maior. Na abertura, o diretor da Fisesp, Alberto Milkewitz, a coordenadora da Melhor Idade da Hebraica, Anita Nisenbaum, e a presidente da Na’amat, Clarice S. Jozsef, ressaltaram a importância dessa realização.

Israel e a epidemia de ebola O Ministério dos Negócios Estrangeiros autorizou a Agência de Israel para Cooperação Internacional e Desenvolvimento (Mashav) a enviar três clínicas móveis para áreas de emergência da África Ocidental. Fabricadas em Israel, seguindo as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), cada clínica tem uma equipe de médicos especialistas, que treinam profissionais locais na operação dos equipamentos e em como evitar a propagação da epidemia. Camarões e Serra Leoa foram as primeiras regiões a receber a colaboração israelense.

No Sesc/Vila Mariana, Gilson Schwartz foi um dos palestrantes no encontro internacional “Cultura e Tecnologias Digitais: os Novos Desafios da Gestão Cultural”. Um colégio eleitoral formado por mais de dois mil e quinhentos professores de todo o país elegeu Tânia Zagury como “Personalidade Educacional 2014” em premiação da Associação Brasileira de Imprensa, Associação Brasileira de Educação e Folha Dirigida.

Eleito o melhor vereador de São Paulo em 2014 pela ONG Voto Consciente, Floriano Pesaro dirigiu mensagem de agradecimento à comunidade judaica após o resultado de sua eleição para a Câmara dos Deputados na próxima legislatura que se inicia em 1º de janeiro de 2015. O monólogo Palavra de Rainha traz Lu Grimaldi de volta ao palco. Na equipe técnica, Daniela Blaj, da Design Ricca Produções. Amanda Ritcher mostrou a grife Tufi Duek no lançamento das Vitrines Artefacto, no CasaShopping.

Desta vez, o convite veio da Mystery Shopping Providers Association, na Flórida, para a presença de Stella Kochen Susskind na The Customer Experience Conference. “Shoppers Loyalty” foi o tema da especialista mundial na metodologia “cliente secreto”. Mayer Nigri convidou e Gabriel Zitune preparou a feijoada só para homens na sucá do Centro Novo Horizonte com show de mágica Close Up. Shopping Higienópolis, lugar preferido para o passeio de todas as horas, está em festa e com uma programação intensa. São quinze anos de sucesso, aprovados pela comunidade no bairro, fã das sessões de cinema, das mesas do cafezinho e das boas compras.

Guga Chacra fala para jovens

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correspondente da Globo News e de O Estado de S. Paulo, Guga Chacra, discorreu para os jovens do grupo de Novas Gerações – Brasil, do Congresso Judaico Latino-Americano. Chacra deu uma verdadeira aula da situação atual, o que motivou os jovens a perguntar muito mostrando interesse.

No Sheraton WTC Hotel, mais de 350 CIO’s e 1.500 executivos seniores de TI participaram do Gartner Symposium/ITxpo 2014. Cássio Dreyfuss, vice-presidente e líder de pesquisa do Gartner para o Brasil, dirigiu o encontro, cujo tema foi “Impulsionando os Negócios Digitais”. O francês Patrick Modiano, Prêmio Nobel de Literatura 2014, escreveu mais de quarenta livros e roteiros cinematográficos, muitos deles tendo como cenário principal a Segunda Guerra Mundial e a ocupação da França pela Alemanha nazista. A mãe do escritor era comediante belga e o pai comerciante judeu de origem italiana.


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Prêmio Jabuti 2014

A exposição “Estrelas Errantes – Memória do Teatro Ídiche no Brasil”, que esteve em cartaz na Praça Carmel, foi levada ao Centro Israelita Brasileiro, no Rio de Janeiro. Oncologista e um dos fundadores da Américas Amigas, Sérgio Simon fez palestra na Livraria Cultura/ Iguatemi iniciando o “Outubro Rosa”, para difundir a luta contra o câncer de mama e prevenção. Ecos da Feira do Livro de Frankfurt: a negociação de Flicts e O Menino Quadradinho vai colocar o cartunista Ziraldo nas livrarias de Israel.

O Salão Marc Chagall recebeu mais um “Pixel Show”, entre as mais badaladas feiras de arte e design no mundo. De Israel, veio Yossi Lemel, diretor de criação da Lemel Cohen Advertising Agency, um dos palestrantes do evento.

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ntre os premiados do Jabuti 2014 em ciências exatas, tecnologia e informática, a Editora Edgar Blucher teve o primeiro lugar com o título Estrutura Atômica, Ligações e Estereoquímica, de Henrique Eisi Toma; o segundo lugar ficou com Rogério Rosenfeld com o livro O Cerne da Matéria – A Aventura Científica que Levou à Descoberta do Bóson de Higgs. Em teoria e crítica Literária, Jorge Schwartz obteve o primeiro lugar com Fervor das Vanguardas; Andre Vainer e Marcelo Ferraz ganharam o terceiro lugar com Cidadela da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompeia, categoria arquitetura.

∂ Emoção e alegria durante cinco dias. Famílias Diesendruck e Liebesny reunidas em Jerusalém para o bar-mitzvá de Ilan. David, Daniela mais Nathan e Naomi foram anfitriões perfeitos em todos os momentos e detalhes da comemoração.

O valor da nota fiscal É muito fácil reverter as notas fiscais das compras diárias numa ação em prol do grupo Chaverim. Ao efetuar a compra, apenas solicite a nota fiscal sem CPF ou CNPJ que pode ser entregue na secretaria do Chaverim, no primeiro andar da Sede Social, ou aos madrichim durante as atividades semanais, mas sempre dentro do mês vigente. Qualquer dúvida, envie um e-mail para secretaria@chaverim.org. br ou ligue para 3818-8876.

Shoá teve ciclo de palestras

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m público formado na maioria por jovens lotou o Teatro Eva Herz da Livraria Cultura/Conjunto Nacional durante o ciclo de palestras “Brasileiros Sobreviventes do Holocausto”. Foram quatro encontros com Michel Dymetman, Ivette e Jan Strebinger, Nanette Konig e Julio Gartner. Dymetman relatou o colaboracionismo francês com a Alemanha nazista e o período em que foi escravo na Áustria. Jan Strebinger contou sua trajetória desde a cidade de Bratislava, na Tchecoslováquia, onde nasceu, os campos de Theresienstadt e Auschwitz e as peripé-

cias até chegar ao Brasil. Yvette nasceu na França, viveu vários anos escondida com uma família católica a quem reencontrou há poucos anos na num retorno à Europa. Colega de escola de Anne Frank, Nanette Konig sobreviveu no mesmo campo de Anne. Ela lembra dos fatos com pormenores. Gartner escapou sete vezes da morte, teve a vida retratada no documentário Sobrevivi ao Holocausto, no qual refaz o percurso dos lugares por onde passou e conta cada fato ali sucedido com clareza. A mediação dos encontros foi do cineasta e escritor Márcio Pitliuk.

Presente para Campos do Jordão

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escultura em granito “Maternidade”, de 1952, está no Museu Felícia Leirner complementando o acervo da escultora nascida na Polônia e que chegou em 1927 ao Brasil. Somente aos 44 anos, tornou-se aluna do artista Victor Brecheret. Esse exemplar raro da produção da artista foi adquirido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari e pode ser vista de terça a domingo, das 9 às 18 horas, no Museu, no Alto da Boa Vista, bairro de Campos de Jordão.


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cultural + social > comuniade

Jacs-Brasil

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XXXII Congresso Brasileiro de Psiquiatria reuniu quase seis mil participantes no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O Simpósio do Presidente tratou da legalização da maconha. Marcos L. Susskind, do Jacs-Brasil, foi convidado pelo presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Congresso, Antônio Geraldo da Silva, e pelo coordenador da Comissão Científica do Congresso, Humberto Corrêa. O Jacs-Brasil atua voluntariamente junto à comunidade judaica na prevenção ao uso de drogas ilícitas, abuso de drogas lícitas e recuperação de alcoólatras e drogados. Gratuitas, as reuniões são na Sinagoga Mizrachi, em Higienópolis, reservando-se o sigilo dos participantes.

A imigração judaica

O

Núcleo de História Oral Gaby Becker, do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro – AHJB, lança o livro Chamada para o Brasil – Relatos da Imigração Judaica em São Paulo de 1930 até 1942 , durante o VI Encontro do AHJB, no Centro da Cultura Judaica, no dia 15 deste mês. Este é o segundo livro do Núcleo, elaborado segundo os procedimentos acadêmicos da história oral. O primeiro livro, Passagem para a América – Relatos da Imigração Judaica em São Paulo foi publicado pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo e a Imprensa Oficial do Estado em 2003. Abordou a imigração judaica desde o final do século 19 até 1930, revelando a diversidade de origens dos imigrantes, aspectos de sua vida no velho mundo e em São Paulo e a fundação das primeiras instituições assistenciais e religiosas para atendimento à comunidade. Essa segunda obra, da Annablume Editora, traz relatos de brasileiros natos, de imigrantes que deixaram a Europa por iniciativa própria ou motivos econômicos e dos que vieram motivados pela ascensão do nazismo.

Café com o rei das start-ups

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rei das start-ups Jon Medved tratou de “Update from the StartUp Nation: what can we learn from Israeli innovation?” no encontro promovido pela Missão Econômica de Israel e Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, e apoio da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital, Anjos do Brasil e Banco Daycoval. O encontro foi no auditório do banco. Medved é o CEO da plataforma de e-commerce Ourcrowd, investiu em mais de cem start-ups israelenses, doze das quais valem mais de US$ 100 milhões. É citado pelo Washington Post como um dos principais capitalistas de alto risco em tecnologia.

AGENDA 1º. a 9/11 – V Festival Internacional de Música Judaica – Kleztival. Concertos, shows, workshops e danças no metrô com a presença de Frank London e vários artistas nacionais e internacionais da música ídiche. Programação completa no site http://www. imjbrasil.com.br

11/11, no MuBe, às 20h – Palestra com Yonatan Shani, diretor do Kabbalah Centre de São Paulo, e Artur Zular, médico e consultor do Instituto Qualidade de Vida. Realização da Associação Cultural Jewish IN

6 a 9/11 – PARTE – Feira de Arte Contemporânea no Paço das Artes, USP. Programação e participantes: www.feiraparte.com.br

14/11, das 17h às 23h – Saída Cultural para a família. Night safári, visita ao Jardim Zoológico de São Paulo. Vagas limitadas. Inscrições, 3818-8800, na Central de Atendimento

10/11, às 14h30 – Solenidade de premiação do Concurso Wizo de Desenho e Pintura “Massada-Quilombo dos Palmares – A Bravura de Dois Povos”, no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa. Informações, fone 3257-0100

17 e 18/11, das 11h às 19h, no Buffet França – 9ª. edição de O Bazar. Variedade de ofertas com renda destinada ao grupo Chaverim

30/11, das 12h às 18h, na quadra coberta do clube – 3º. Mercado Gourmet, com chefs famosos, barracas, comida gourmet a preços populares (pagamento só em dinheiro) 15 a 23/11 – “Missão Desbravar Israel 2014”. Para empresários, empreendedores e investidores brasileiros conhecerem o ecossistema israelense de inovação e tecnologia. Realização: Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, parceria com Private Equity & Venture Capital In Brasil, Abvcap e Apex Brasil Israel Beshirá 5 – Descubra Israel através de suas melodias. Início do projeto: novembro. Viagem: Iom Haatzmaut 2015. Informações, www.israelbeshira.com.br


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Uma carreira de sucesso Clarice Niskier é carioca, estudou no Colégio São Vicente de Paulo e na Escola Israelita Brasileira Eliézer Steinbarg, antes de cursar a PUC/Rio e se tornar jornalista. Trabalhou no Jornal do Brasil. Roía as unhas, tinha gastrite, a ansiedade a consumia. Aconselhada a fazer terapia, o convite de um amigo foi mais enfático e ele a levou para o teatro. Não foi fácil. Durante dez anos os pais a ajudaram. Para a atriz, “o teatro organiza o mundo, a loucura é na nossa vida”. O palco é o lugar onde ela se sente livre e segura. O currículo de Clarice inclui trabalhos na televisão e no cinema. É sempre convidada para eventos empresariais e falar da experiência como autora da adaptação e intérprete de A Alma Imoral, baseada no livro do rabino Nilton Bonder que lhe deu o Prêmio Shell de melhor atriz em 2007 e o Prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz dramática em 2008. A entrevista a seguir foi concedida na CIP, onde falou do seu trabalho em jantar na sucá e a presença de mais de cem pessoas. Hebraica – Como foi seu contato com o rabino Nilton Bonder? Clarice Niskier – Eu o conhecia de nome, havia escutado falar sobre ele. Em 2002, fui convidada para uma mesaredonda num programa de TV e ele me perguntou, assim, de surpresa: você tem religião? Respondi que era judia budista e levantei uma polêmica na hora. Bonder foi receptivo, me acolheu de forma generosa. Em seguida, li seu livro A Alma Imoral. Fiquei fascinada e resolvi fazer a adaptação para o teatro. Mostrei ao rabino, falei do meu projeto e ele aceitou corajosamente. E o processo do livro até o palco? Clarice – Foram dois anos de trabalho só para a transposição do livro. O rabino viu a alma no cenário. Muito sensível, ele sentiu ali a presença da alma e

depositou uma confiança extraordinária no meu trabalho. A coragem veio do próprio texto, alimentou a coragem de fazer o texto. Sou uma observadora de tudo isso, me comove, é um sonho sendo vivido. Há uma equipe de sustentação, com muita confiança das pessoas, umas com as outras: o rabino Bonder, a supervisão de direção de Amir Haddad e José Maria Braga, diretor de produção, autor da trilha sonora original. Qual a trajetória dessa Alma? Clarice – Entrou em cartaz no Rio de Janeiro em junho de 2006, está há oito anos ininterruptos sendo encenada e pretendo comemorar os dez anos. Passou por 26 cidades brasileiras, alcançou mais de 260 mil espectadores. Aprendo todos os dias, faço leituras infinitas sobre o texto. Foi programada uma apresentação no Midrash para comemorar os cincos anos desse centro de referência de estudos judaicos no Rio e tivemos de fazer duas sessões extras. A Alma Imoral foi mostrada às três e meia da madrugada no Pátio do Colégio, em plena madrugada paulistana, durante a “Virada Cultural”. Quase pirei, o frio era muito intenso. Tanto naquele espaço como nesse, em plena praça, a nudez tem o mesmo significado. A alma fala mais alto, ela está vestida para aquele personagem. Não há nudez na natureza, a alma é essência e nessa essência há alma. Você continua em cartaz com a peça, porém já tem outra para estrear. Que peça é essa?

Clarice – É um texto inédito no Brasil, da autora canadense Jennifer Tremblay. É A Lista. Uma narrativa contemporânea sobre uma negligência cotidiana coletiva. Trata da responsabilidade humana com o outro. Temos a responsabilidade do ponto de vista espiritual com a evolução e a preservação. Responsabilidade social e individual perante o outro, nossa acolhida ou não, o preço que pagamos por não acolher e a transformação que passamos quando reconhecemos. Fala das nossas listas. A maioria de nós tem uma lista. Obcecada por estas listas, qual é a minha tarefa mais urgente? Onde está o outro na minha lista? É um contraponto do ponto de vista da alma. A narradora sofre de excesso de corpo moral. A lista é uma necessidade humana. Como esse texto chegou até você? Clarice – O texto chegou a mim há três anos via e-mail, diferente do usual, em que há toda uma tramitação entre agente e produtor. Foi fácil e rápido. Trabalhei e agora chegou a hora de levá-lo ao palco. Gosto de monólogos, tenho vocação para eles. Mesmo com trinta e poucas peças que já fiz, eles são um desafio para mim. Os dois textos estarão em cartaz? Clarice – Sim, continuo no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, um lugar ideal, onde estou com A Alma Imoral às quartas e quintasfeiras. Nas sextas, sábados e domingos, mostro A Lista no mesmo palco.


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1. Paola e Luciano Martins conferiram a nova flagship Black Tie Village. 2,3 e 4. Alunos da Escola Alef atentos aos detalhes da exposição sobre Anne Frank, na Galeria de Arte; 5. Cynthia Morgensztern e Marcel Spadoto falaram para os jovens do Jewish IN; 6. Cia. de Dança Deborah Colker foi a Israel; 7. Caio Calfat autografou exemplar de seu livro para o ex-presidente do Secovi SP, Romeu Chap Chap; 8 e 9. No Dia Nacional de seu país, o cônsul A. H. do Chile Luís Fernando Del Valle recebeu o vice-presidente da Hebraica Sidney Schapiro, cônsul geral de Israel em São Paulo Yoel Barnea, Adelmo Galindo da Sulamerica Tour Operator “Expert In Chile”; cônsul do Uruguai em São Paulo Elianne Elbaum, Mônica Serra e a assessora do consulado uruguaio Leila Chamaa

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1. Sabina e Ricardo, Nicole, Paula e Rachel. Família Gurman festejou o bar-mitzvá de Maurício em Israel; 2 e 3. Lucie e Marie; Helena Singer na Feira da Comunidade; 4. Praça Jerusalém: uma pausa para a bênção das quatro espécies em Sucot; 5. “Dia da Mediação”: Luciana Vergara, Francisco Maia Neto, Eugênia (Guita) Zarenczanski, Vanda Amorim e o desembargador José Roberto Neves Amorim, homenageado por Floriano Pesaro; 6 e 10. Célia Kochen Parnes foi a tribuna da Câmara Municipal agradecer a Salva de Prata ofertada pelos cem anos da Unibes; 7. Na Galeria de Arte, Nelson Glezer e o artista Hernani Dimantas; 8. Nelson Rozenchan na sede da Wizo, após palestra; 9. Karina Harari e as velas kasher importadas para a Maripel; 11. Walter Feldman fez duas palestras no clube; 12 e 13. Espaço Adolpho Bloch: homenagem da CBM aos atletas de basquete do Maccabi Tel Aviv

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1.. Encontro do Habonim Dror e

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Forum 18: Kike Rosenburt, sheliach da Agência Judaica, Hilik Bar, chaver Knesset, Silvia Perlov e Richard Sihel, de Novas Gerações Brasil do CJL; 2. Apresentação do Coral da Feliz Idade; 3. Norma Grinberg em Dublin, escultura e escultora; 4. Mãos à obra: alunos do Peretz constro-

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em e enfeitam a sucá; 5. Floriano Pesaro autografou seu livro para Berta e Abramo Douek; 6. Na Livraria Cultura, Marcio Pitliuk entrevista Michel Dymetman, em seu depoimento da vida durante a Shoá; 7 e 11. No Casual Mil: tenistas do Masters e grupo da Saída Cultural; 8. Diretores assistiram e elogiaram Fábio Lins, no stand up “Oscaricato”; 9 e 10. David, Daniela, Nathan e Naomi chegam ao Kotel com o barmitzvá Ilan; Elcan, David e Ilan Diesendruck mais vovô Gabriel Liebesny

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ENSAIO PARA OBRA MUSICAL DE BERTHOLD BRECHT COM O GRUPO GESTO

Muito trabalho por três vinténs D

ias 8, 9 e 15 de novembro, o grupo Gesto apresenta a Ópera de 3 Vinténs, de Berthold Brecht e Kurt Weil, atual até hoje, quase cem anos depois de ser encenada pela primeira vez em Berlim. Entre as traduções disponíveis, o diretor Heitor Goldflus escolheu a versão da crítica Bárbara Heliodora e trabalhou com pequenos núcleos do elenco para ajudar os atores a internalizar o pragmatismo dos personagens de Brecht, que fazem da mendicância um meio organizado de vida. Durante os ensaios, os integrantes do grupo Gesto vivenciaram todas as etapas da composição de um espetáculo, dos ensaios em meio ao cenário da peça infantil às provas de figurino a partir da escolha das centenas de itens de vestuário reunidos pelo figurinista. “Esta é minha primeira peça com o grupo Gesto. Antes participei de várias com os grupos Questão o Prumo. Inter-

PARA OS ATORES DO GRUPO GESTO, OS DESAFIOS ENFRENTADOS NA ENCENAÇÃO DA ÓPERA DE 3 VINTÉNS, DE BERTHOLD BRECHT E KURT WEIL, VALEM UMA FORTUNA. A DIREÇÃO É ASSINADA POR HEITOR GOLDFLUS pretar Brecht não é fácil especialmente porque, desta vez, vamos cantar ao vivo, com solos, instrumentos e coro, o que aumenta o desafio para nós, atores”, afirma Lyvia Bydlovski, que interpreta a senhora Peachum na peça. Lyvia começou a atuar na Hebraica quando ainda cursava o ensino médio e agora trabalha com publicidade. “O teatro me ajuda a ficar mais tranquila e a fugir da tentação de aproveitar a primeira ideia que me vem à mente. No palco, aprendi a falar em público e fora dele sinto-me segura nas apresentações diante dos clientes”, destaca. Eduardo Wahrhaftig, também originário dos grupos Questão e Prumo, terá mais de uma função na peça. “Além de

ter de buscar o personagem internamente, toco quatro instrumentos durante a Ópera dos 3 Vinténs: sax, piano, clarineta e baixo, no qual sou iniciante. Aliás, gostaria que o público soubesse que todo o elenco toca algum instrumento em cena, seja percussão ou de cordas, o que certamente é mais uma razão para assistir ao espetáculo”, sugere o jovem. Além dos novatos, o grupo Gesto conta com integrantes que pisaram no palco já adultos e estavam no elenco original do grupo, como Rosane Nadanovsky e Rosa Worcman. Já Lyvia, Yehuda Benadiba e Gabriel Bursztein fizeram dupla temporada teatral em 2014, pois também atuaram no musical infantil De Clara Para.... (M. B.)


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1. No show “Oscaricato”, com o humorista Fábio Lins, os ado-

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lescentes que vieram prestigiá-lo foram alvos de muitas das brincadeiras; 2. Alunos do curso de tradição judaica do After School simularam um jantar típico da véspera de Rosh Hashaná; 3. Enquanto os adultos acompanhavam as orações das Grandes Festas, as crianças festejavam o ano novo judaico no Centro de Juventude, curtindo atrações como shows de palhaços e mágicos; 4. Sylvia Lohn ministra um curso de roteiro para cinema; e 5. Jurados do Festival de Teatro, parte da Maratona Cultural Acesc, ficaram encantados com a peça infantil De Clara Para... e elogiaram cada um dos atores do elenco; 6. Roberto Borenstein escolheu a Casa da Juventude para encenar o seu monólogo Convite para um Café, também inscrito na Maratona Cultural Acesc

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esportes > basquete

Três dias com o Maccabi Electra O MACCABI ELECTRA ESTEVE EM SÃO PAULO, DEPOIS DE DISPUTAR, NA CONDIÇÃO DE CAMPEÃO EUROPEU, A FINAL DA COPA INTERCONTINENTAL DE BASQUETE CONTRA O FLAMENGO, CAMPEÃO PELAS AMÉRICAS

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excursão do time profissional do Maccabi Electra (também conhecido como Maccabi Tel Aviv) ao Brasil começou com a disputa, em duas partidas, contra o Flamengo, no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, que se dividiu entre os torcedores do rubro-negro e a comunidade judaica e os israelenses residentes na cidade. Os israelenses venceram o primeiro jogo por 69 a 66; por isso, o Flamengo tinha de vencer no jogo seguinte, dois dias

depois, por diferença superior a quatro pontos. O Flamengo conseguiu mais do que isso (90 a 77) e é o campeão Mundial Interclubes. Para o técnico da equipe israelense Guy Goodes, o Maccabi perdeu em razão do descompasso no calendário da modalidade nos dois países. “Os brasileiros estão em plena forma, pois disputam os campeonatos nacionais e estaduais enquanto os israelenses começam agora a temporada e ainda não

chegaram à forma física ideal”, afirmou, dias depois. A comunidade judaica no Rio de Janeiro homenageou os atletas do Maccabi, que depois vieram para São Paulo, onde ministraram uma clínica esportiva para os times de base na quadra do Centro Cívico. “Foi um momento interessante. Numa ocasião como essa, o que vale é o encontro entre os meninos iniciantes e os grandes ídolos da modalidade. Este encontro foi especial, porque o Maccabi dispu-


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A PASSAGEM DO MACCABI ELECTRA PELA HEBRAICA VAI FICAR NA MEMÓRIA

tou um título mundial”, afirmou Marcelo Schapochnik, entusiasta e colaborador do basquete da Hebraica, que assistiu às partidas no Rio e ajudou a tornar possível o roteiro do time em São Paulo. Nos três dias em São Paulo, os dirigentes e atletas do Maccabi Electra cumpriram uma agenda de compromissos montada pelo Macabi Brasil (Confederação Brasileira Macabi) e pela vice-presidência de Esportes da Hebraica. Após a clínica no Centro Cívico, a delegação israelense foi homenageada com um jantar no Espaço Adolpho Bloch cujo mestre de cerimônias foi o repórter esportivo Márcio Bernardes. Um dos articuladores da visita era o vice-presidente de Esportes, Avi Gelberg, que fez parte do time campeão de basquete sênior, na Macabí-

ada Mundial de 2013 em Israel. “É um prazer ver a interação dos garotos com os jogadores do Maccabi, além do interesse dos meninos pelos bonés, camisetas e outros objetos, que são autografados e guardados como lembrança”, afirmou Gelberg. A noite foi repleta de homenagens à equipe visitante, com saudações de boas-vindas por parte do presidente da Hebraica, Abramo Douek, e Avi Gelberg, que, além de membro da diretoria do clube, preside o Macabi Brasil. Encantados e agradecidos com a homenagem, os atletas do Maccabi Electra entregaram lembranças aos dirigentes do clube e exibiram dois vídeos: um com a história dos títulos conquistados em oitenta anos de trajetória e outro divul-

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gando o projeto social do Maccabi, que oferece oportunidades de integração por meio do esporte para crianças vítimas ou de famílias atingidas pelos recentes conflitos com o grupo palestino Hamas no sul de Israel. Um dos momentos mais aplaudidos foi quando os jogadores sub-13 e sub-15 da Hebraica entregaram medalhas aos atletas do Maccabi. “Esta foi uma excursão memorável. Em razão dos treinos, vimos muito pouca coisa no Rio de Janeiro, mas a arena onde jogamos era excelente. E quando chegamos a São Paulo e vimos a Hebraica, nosso desejo foi o de termos uma estrutura de igual qualidade e beleza em Israel”, comentou Jake Cohen, em nome dos colegas de quadra. Em conversas com os diretores e técnicos da Hebraica, o presidente do Macabbi Tel Aviv, Shimon Mizrachi, estava curioso a respeito do tamanho e do funcionamento da Hebraica. “É lindo. Gostaria que nós, em Israel tivéssemos uma estrutura tão sofisticada como a de vocês. A quadra onde realizamos a clínica é ótima”, elogiava. No dia seguinte, os israelenses seguiram para o parque Santo Dias, em Capão Redondo, onde participaram de atividades esportivas com os moradores da comunidade. A iniciativa foi parceira da Juventude Hebraica Organizada, do Keren Kayemet (KKL) e Macabi Brasil. “Cada vez mais é comum esse intercâmbio entre equipes de esportes e empresas que fazem sucesso e comunidades que se esforçam por chegar ao sucesso, especialmente quando há personalidades do exterior, como no caso do time do Maccabi, os promotores organizam encontros benéficos para todos”, explicou Schapochnik, também ativista do KKL. Na volta, os atletas israelenses tiveram pouco tempo para descansar antes de seguirem para a quadra do Centro Cívico, onde treinaram e se exibiram diante do público, autografaram camisetas, cadernos e em seguida se dividiram em dois grupos, que se enfrentaram em jogo amistoso. (M. B.)


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esportes > judô

ABERTURA DO 18º TORNEIO HIROSI MINAKAWA

Pequenas e grandes vitórias O JUDÔ PROTAGONIZOU VÁRIAS CONQUISTAS DEPOIS DA REALIZAÇÃO DO TORNEIO INTERESTADUAL HIROSI MINAKAWA, QUE ESTE ANO ARRECADOU QUASE CINCO TONELADAS DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS

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abriela Souza foi uma das vencedoras da I Copa Paineiras de Judô, no último sábado de outubro. Dias antes, pais e judocas lançaram uma campanha de arrecadação de fundos para o jovem João Cláudio Cimorro Júnior disputar o Campeonato Sul-Americano, este mês, no Peru, e a seletiva nacional, em dezembro, em Salvador. A fase da equipe de judô da Hebraica, neste final de ano, incluiu ainda os bons resultados obtidos na I Copa de Judô Sensei Messias Rodarde, na Portuguesa de Desportos, e o título inédito do Torneio Interclube Beneméritos do Judô do Brasil, disputado em Mauá. “Enfrentamos as equipes que tiveram mais destaque nos eventos da Federação Paulista de Judô e com excelente resultado”, comentou a coordenado-

ra de judô Miriam Minakawa. “O judô feminino sub-15 foi campeão por equipe, um feito inédito para o clube as judocas da categoria adulta ficaram com a prata. Perderam apenas na final para as atletas do Esporte Clube Pinheiros. Com o bom desempenho dos judocas, terminamos a competição em terceiro lugar por equipes, o que é muito bom”, completou. A série de torneios seguiu-se à organização da 18ª Copa Interestadual Hirosi Minakawa (foto), que reuniu 45 equipes e arrecadou 4.912,5 quilos em alimentos não perecíveis, distribuídos entre sete entidades beneficentes, configurando dois tipos de competições saudáveis: a esportiva, vencida pelo São João Tênis Clube de Atibaia, e a da cidadania. (M. B.)



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1. O Torneio de Gamão da Acesc foi realizado no restaurante Tomate Doce, com 36 participantes; 2. Duzentas crianças de 6 a 8 anos disputaram o Torneio Acesc de Xadrez, representando escolas e clubes esportivos; 3. Célia Burd, vice-presidente do Conselho Deliberativo da Hebraica, cumprimentou Ricardo Valente, diretor de tênis do Círculo Militar, e todos os tenistas visitantes durante o Torneio da Independência; 4. Alto índice de comparecimento na aula aberta de ginástica e hidroginástica promovida pelo Departamento Geral de Esportes 5. Na visita dos atletas do Maccabi Tel Aviv a São Paulo houve grande procura pelos objetos com a grife do clube; 6. Na abertura da décima oitava Torneio Hirosi Minakawa, alunos do pré-judô da Hebraica fizeram a tradicional apresentação para o público que lotava as arquibancadas

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OBESIDADE É UMA DOENÇA CRÔNICA Dr. Ricardo Botticini, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein

Obesidade é uma doença crônica que tem aumentando de maneira alarmante no mundo, principalmente nos países desenvolvidos e nos dias de hoje está tomando dimensões de uma epidemia. A proporção é tamanha que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera a obesidade como um sério problema de saúde pública tanto no Brasil como no mundo. Para diagnosticar a obesidade é feito o calculo do IMC, Índice de Massa Corporal, onde dividimos o peso corpóreo em KG pela altura elevada ao quadrado (IMC=kg/m2) e segundo a OMS a faixa do IMC entre 18,5 kg/m2 e 22,9 kg/m2 e considerado normal. Outra importante ferramenta para o diagnostico e acompanhamento da obesidade é realizarmos a medida da cintura abdominal, que traduz o quanto de gordura abdominal visceral este paciente possui, e tem importância na classificação de risco para estes pacientes. A medida da cintura abdominal deve ser menor que 102 cm e nas mulheres menor que 88 cm, mas estas medidas podem variar de valor e de acordo com grupos étnicos específicos, como nos asiáticos. Uma vez diagnosticado a obesidade, devemos compreender as causas desta doença, devido a múltiplos fatores, e que tem que ser tratada como uma doença crônica e a abordagem eficaz desta terapêutica envolvem vários profissionais de saúde, como o nutricionista, educador físico, psicólogo e psiquiatra. Existe muito preconceito quanto à obesidade, sendo que os pacientes portadores desta doença são discriminados,

Responsável Técnico: Dr. Miguel Cendoroglo Neto - CRM: 48949

classificados erroneamente como “relaxados” e incapazes de conseguir alcançar metas e ter uma disciplina alimentar e fazer exercícios adequados, bem como pessoas muito compulsivas e até viciados em comida com baixa autoestima. Um grande problema atual é o aumento da prevalência da obesidade entre os jovens, estamos acompanhando um elevado número de crianças e adolescentes com hábitos alimentares totalmente errados. A obesidade está associada a outras doenças como diabete, hipertensão arterial sistêmica, doenças relacionadas ao sono, lesões articulares e ósseas e alguns tipos de câncer, como o de ovário e de mama nas mulheres. A abordagem e o diagnostico precoce, tão logo o aumento ponderal torna-se constante, com dificuldade em reduzi-lo, principalmente entre os mais jovens. O correto é procurar um serviço de saúde para que o diagnóstico correto seja estabelecido e as abordagens terapêuticas iniciadas. O passo inicial e quebrar o paradigma de que a obesidade e só um distúrbio comportamental de ansiedade e compulsão, e encarar como uma doença complexa que tem que ser tratada e seguida pela vida toda, com o emprego de vários profissionais. A abordagem recomendada para os pacientes com sobre peso e obesidade, é a mudança de estilo de vida, pode parecer fácil, mas mudanças comportamentais são muito difíceis principalmente na faixa mais velha da população. A atividade física é fundamental para aumentar a queima calórica, elevar a massa muscular e o tônus é muito importante na fase de manutenção. A indicação do uso de medicamentos esta restrita aos pacientes com Índice de massa corporal maior que 30 Kg/m2, sempre com orientação médica e com os cuidados das contraindicações e reações adversas de cada fármaco. Portanto a obesidade é uma doença complexa crônica que vai acompanhar o paciente pelo resto da vida em que seus mecanismos etiológicos não estão totalmente esclarecidos, que não tem cura tem controle. É uma doença que se alastra de maneira epidêmica pelo mundo e tem que ser abordada de maneira enérgica pelas autoridades sanitárias, e deve ser tratado por uma equipe multiprofissional e com acompanhamento constante.

Saiba mais em www.einstein.br

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magazine > lazer | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv

RESTAURANTE SOFISTICADO NO PARQUE SARONA ONDE FICAVA A VINICOLA DOS CRISTAOS MESSIANICOS

Um novo centro de gastronomia O A CIDADE MAIS COSMOPOLITA DE ISRAEL ACABA

DE ACRESCENTAR ÀS SUAS ATRAÇÕES MAIS UM CENTRO DE DIVERSÃO, COMPRAS E COMIDA BOA. O PARQUE SARONA ESTÁ LOCALIZADO NA ENTRADA DE TEL AVIV E VIZINHO DO GIGANTESCO MINISTÉRIO DA DEFESA

Parque Sarona foi montado em casarões históricos restaurados, que pertenceram a cristãos messiânicos da Alemanha que se instalaram ali no século 19. Trata-se do mais recente empreendimento criativo nesta cidade que, na ultima década, transformou sítios históricos abandonados em sofi sticados centros de lazer e vida noturna. E esta é a quarta iniciativa do gênero, depois da restauração do antigo porto, da estação ferroviária e do bairro Neve Tzedek. Em razão de iniciativas assim, há três anos a National Geographic elegeu Tel Aviv a nona melhor cidade praieira do mundo. Os casarões de Sarona – nome dado pelos primeiros habitantes alemães – agora abrigam lojas de marcas como Tommy


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Hilfiger, North Face, Timberland e L’Occitane. Uma antiga prensa de oliva, usada pelos cristãos messiânicos, hoje pode ser ativada de meia em meia hora pelos guias, e tornou-se parte de um charmoso café – uma das muitas opções gastronômicas. Para completar, o complexo oferece banheiros limpos e, é claro, neste país, playgrounds para as crianças. Cada casarão foi cuidadosamente restaurado – em alguns deles foram retiradas vinte camadas de reforma até a pintura original. Depois cada um foi identificado com o nome do proprietário alemão original ou pela função comunitária naquela época. Assim, a loja da Adidas ocupa o local do antigo Centro Comunitário, a da Diesel está no campinho de bocha, um restaurante de hambúrguer onde era a escola dos alemães, e a loja da Apple onde viveu o casal Wilhelmine e Andreas Schmidt. Alguns pontos do complexo ainda estão sendo montados, entre eles o túnel subterrâneo de trezentos metros, que levará o visitante até a vinícola da época dos alemães. Hoje, neste lugar, foi aberto um sofisticado restaurante de comida mediterrânea, batizado de Claro, aberto para almoço e jantar todos os dias do ano. “Menos no Iom Kipur”, esclarece a gerente. Outra área ainda a ser inaugurada é um grande complexo culinário e de lojas que se chamará Sharona Market. Em quatro anos, quando tudo estiver pronto, Tel Aviv terá aqui cem mil metros de atrações. O impacto será tão grande que re-

presentará 25% das cadeiras em restaurantes na cidade. Os mais pessimistas dizem que Tel Aviv não comporta tanta oferta e alguns comerciantes fecharão as lojas. A abertura do parque envolveu uma ampla reforma urbanística. Cinco casarões históricos que estavam mais afastados foram removidos para o interior do complexo por uma empresa holandesa especializada em remoções delicadas e complexo ao custo de mais de US$ 7 milhões. Os casarões foram literalmente desenraizados e içados por apenas um centímetro, em seguida deslocados algumas dezenas de metros num trilho de aço. O parque Sarona está localizado num dos locais mais valorizados de Israel – ao lado da Marginal Ayalon e vizinho de alguns dos edifícios mais caros do país. Por isso cogitou-se inicialmente de arrasar todos os casarões históricos alemães e transformar tudo em uma área residencial de luxo. No entanto, a sociedade lo-

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LOCALIZE NO MAPA O SEU PRÓXIMO PONTO DE ENCONTRO EM ISRAEL


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magazine > lazer

ESPIGÕES AO LADO DOS CASAROES NO PARQUE SARONA ACORDO ENTRE EMPRESARIOS E PRESERVACIONISTAS; PRENSA DE OLIVA TRADICIONAL TRANSFORMADA EM CAFÉ BADALADO

>> cal se organizou e impediu o projeto. Assim, o parque que se vê hoje é o resultado de uma árdua negociação entre os empresários proprietários do terreno e o governo que detinham os direitos de explorar a área e a turma ambientalista, representada pela influente Sociedade para a Preservação de Sítios Históricos de Israel. Ainda assim, como tática do fato consumado, bem no meio do complexo, foram erguidos três espigões, como exigiam os capitalistas que investiram no projeto. O empreendimento também tem o nome Sarona e vende os apartamentos em anúncios de letras enormes como “localizados no melhor lugar de Tel Aviv”. Outra consequência do acordo com os investidores é que dos 36 casarões preservados, quase todos foram transformados em lojas e restaurantes, de modo a poder obter o maior lucro possível, e pouquíssimas casas foram reservadas para função cultural ou histórica. Uma destas únicas virou museu e em outra vai funcionar uma filial da Faculdade Technion, de Haifa, que oferecerá aulas de arquitetura. “A maior parte da ocupação do parque é comercial, mas foi o melhor a se fazer”, diz Sonia Chesnin, representante dos preserva-

LOJA DA ADIDAS NO CASARAO ONDE FICAVA O CENTRO COMUNITARIO ALEMAO


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Parque foi reduto nazista

A PRESERVACIONISTA SONIA CHESNIN

cionistas, à revista Hebraica. “Talvez eu preferisse algo diferente em vez destes arranha-céus no meio de Sarona, mas não atrapalha. Temos de reconhecer que um projeto como este requer muito investimento e o essencial é que conseguimos preservar a área.” Após intensas negociações, chegou-se a um acordo pelo qual os lojistas não poderão fazer nenhuma reforma ou pintura nos casarões sem autorização dos preservacionistas. Antes da inauguração, os comerciantes fizeram passeios guiados para se conscientizar da importância histórica da área. O resultado final é um parque histórico impressionante e de bastante apelo comercial. “Alguns de nós achávamos que nada deveria ser tocado aqui. Mas lugares deste tipo precisam ter vida. A noite aqui ferve, com uma população heterogênea de várias camadas da sociedade. É um parque público no melhor sentido da palavra, uma pequena Europa no coração de uma cidade agitada”, diz a preservacionista Sonia Chesnin.

A curiosa história do Parque Sarona começou na Alemanha, quando, nos anos 1870, uma igreja messiânica pregou que seus membros deveriam imigrar para a Terra Santa para preparar a segunda vinda de Jesus. Os autoproclamados templários (nada a ver com o movimento dos cruzados de mesmo nome) se estabeleceram no que viria a ser a futura Tel Aviv, quase quarenta anos antes de qualquer judeu. Para escoar a produção agrícola escolheram o local perto de uma estrada, hoje a Marginal Ayalon. A comunidade agrícola dos templários se tornou uma das mais organizadas e prósperas da Terra Santa. Os próprios judeus iam ali comprar produtos e aprender a manusear o maquinário dos alemães, na época considerado o melhor em todo o Oriente Médio. Eles até conseguiam produzir e exportar um vinho bom. Mas a sorte destes alemães mudou quando a Inglaterra conquistou a Palestina em 1917. Primeiro, alguns foram logo expulsos para o Egito, acusados de colaborar com o império turco inimigo. Mas, aos poucos, acabaram voltando. Porém estes alemães continuavam ligados a pátria-mãe e, quando os nazistas chegaram ao poder, a suástica tremulou em Sarona. Quando os ingleses declararam guerra contra Hitler, em setembro de 1939, os alemães messiânicos foram considerados “inimigos nacionais” e Sarona transformada em um grande campo de detenção para os próprios residentes, cercada por arame farpado. Em seguida, foram expulsos para a Austrália e nunca mais voltaram. Como parte das reparações pelo Holocausto, a Alemanha doou terreno e casarões para o Estado de Israel e compensou os herdeiros dos templários na Austrália. Após a guerra, quando Israel declarou independência, Sarona foi durante cinco anos a sede do governo, onde Ben-Gurion trabalhava e o presidente Chaim Weizmann tinha escritório. Quando a sede do governo foi transferida para Jerusalém, o Tzahal ocupou os casarões e transformou-os em quartéis e instalações militares. Todo o Ministério da Defesa foi transferido para Sarona, que até hoje ocupa metade da área.

MORADORES DE SARONA FAZEM A SAUDACAO NAZISTA


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com Antes dos foguetes Pesquisa feita antes da crise em Gaza no meio do ano, pelo Instituto Pew, com sede em Washington, revelou que o povo israelense é um dos mais satisfeitos do mundo. Perguntada se o país está indo numa boa direção, metade da população afirmou que sim; e à pergunta se a economia vai bem, 59% responderam “sim”. Isto coloca o Estado judeu em oitavo lugar no mundo em termos de satisfação. A pesquisa foi em 44 países, com mais de 48 mil entrevistados. Entre as economias desenvolvidas, os israelenses só ficaram atrás dos alemães. Nos EUA, somente 33% responderam que o país caminha numa boa direção.

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12 notícias de Israel

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Depois dos foguetes Já outra pesquisa realizada pelo Canal 2 da TV israelense, após a crise de Gaza, revelou que 30% da população sairiam de Israel se pudessem. Apesar de a maioria afirmar que nunca abandonaria Israel, mesmo se tivessem condições, a pesquisa mostra que a yeridá (deixar Israel, o contrário da aliá), já não parece ser o bicho-papão que foi para as gerações anteriores. Apenas um terço dos entrevistados demonstrou sentimentos negativos a respeito de outros israelenses que optam por deixar o país. A maior parte os vê de forma neutra ou até compreensiva.

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A escolha é sua Pensando em se mudar para Israel? Aproveite esta recente pesquisa do governo realizada nas quatorze maiores cidades do país para escolher a que mais tem a ver com o seu perfil. Se você é do tipo trabalhador convicto, seu lugar é Rishon Le-Tzion, onde 69,8% da população ativa estão empregados – o maior índice do país. Se você é do tipo mais folgado, o lugar é Jerusalém, onde a maioria da população adulta não trabalha. Se o quesito é cultural, fique em Ramat Gan, onde mais de 70% dos residentes foram a algum espetáculo no ano passado. E se você é do tipo ambicioso, Tel Aviv é imbatível: apesar de deter a maior renda mensal do país per capita (equivalente a R$ 8,2 mil), 43% se dizem insatisfeitos com a renda.

Fim de uma era Daqui a cinco anos, o leitor que estiver visitando Israel poderá se ver aterrissando na Galileia, e não no aeroporto Ben-Gurion: o governo acaba de autorizar a transformação da mitológica base Ramat David, que serviu à força aérea desde a época do Mandato Britânico, em um aeroporto civil para desafogar o trânsito do Ben-Gurion. A proposta é velha e foi recentemente aprovada porque o conflito em Gaza obrigou os aviões a entrarem e saírem do espaço aéreo do país através da Galileia. A base Ramat David, que começou a sua historia recebendo aviões britânicos e americanos na Segunda Guerra Mundial, passará a ser totalmente civil, mas continuará em condições de ser novamente transformada em área militar, em caso de emergência.


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Acabou a festa

Pesquisa do Instituto Weizmann, publicada na prestigiosa revista cientifica inglesa Nature, esfriou os ânimos de muitos – entre os quais este jornalista – que viveram as últimas décadas na ilusão de que refrigerantes diet e chicletes sem açúcar não prejudicam a saúde. Segundo a pesquisa, esses dietéticos engordam também os seus consumidores, por meio de um complexo processo em que o organismo perde a habilidade de processar açúcar quando usamos adoçantes. Os pesquisadores afirmaram que as experiências começaram ao constatar que muitos consumidores de dietéticos são bem gordinhos.

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A nação agradece Até a metade deste ano, Israel recebeu US$ 31 milhões de herança de judeus que deixaram suas fortunas ao Estado judeu antes de morrer. Deste total, U$ 21 milhões vieram de uma só pessoa, um judeu francês que pediu para ter o nome em segredo. A maior parte destas contribuições veio da França, seguida de Israel, Alemanha, EUA e Austrália. O recorde em termos de valor foi há alguns anos, quando um comerciante de arte francês deixou mais de US$ 57 milhões para construir um hospital destinado aos feridos do Tzahal. Outro caso excepcional foi o de um judeu monegasco, que havia rompido relações com os dois filhos e legou toda a herança ao país, desde que fosse enterrado em Israel.

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Eta nóis A intenção da escola em Ashkelon até que foi boa, distribuindo tablets para os alunos do colegial. Mas o que não se podia imaginar seria o efeito colateral perverso da tecnologia moderna. Tudo começou quando um aluno avisou a professora que esquecera a engenhoca em casa. A prestativa mestra emprestou o dela, e no final da aula esqueceu-o em cima da mesa. No intervalo das aulas um aluno ligou o tablet e, surpreso, viu vinte fotos da professora nua. Em instantes, as fotos já estavam nos tablets de toda a escola. A mestra foi afastada do trabalho no mesmo dia e consta que caiu em profunda depressão.

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Louca violência Da crônica policial israelense: Vered Doron, 38 anos, morava em Nova York no final da década de 1990, quando em um pesadelo mantinha relações sexuais com o pai. “Assim que acordei, escrevi o sonho num papel e naquele instante lembrei de tudo”, disse ela num tribunal israelense, onde acusou o pai de violentá-la desde bebê até os 11 anos de idade. O pai, hoje com 75 anos, recorreu da sentença, o processo durou mais doze anos. Agora o Supremo Tribunal deu ganho de causa à filha, encerrou o processo e condenou o pai a doze anos de reclusão.

Thank you, guys A organização Amigos do Tzahal dos EUA, que no ano passado doou ao exército US$ 85 milhões, reforçou a contribuição este ano ao incluir passagens aéreas aos 1.500 soldados internacionais que lutaram em Gaza em julho e agosto. A moçada, conhecida aqui como chaialim bodedim (soldados solitários), vieram ao país somente para servir ao exército, num total de 2.500 jovens de sessenta nações. Ao mesmo tempo, a El Al trouxe a Israel 125 pais e mães para visitarem filhos “solitários” que não podem deixar o serviço.


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Abram os olhos Números preocupantes para a educação israelense surgiram do mais recente relatório da Oecd, a organização que reúne os países mais desenvolvidos do mundo. Israel ficou na lanterninha como o único país em que a porcentagem de jovens com educação superior (45%) é menor que a porcentagem de adultos (47%). Todas as demais nações tem mais gente educada entre os jovens do que entre os “coroas”. Isto preocupa, pois com o processo de envelhecimento natural, haverá menos gente escolarizada no mercado de trabalho. Mas não é para perder o sono: o mesmo relatório afirma que no Estado judeu ainda existe uma grande massa com educação superior, 46% da população entre 25 e 65 anos de idade, colocando o país no quarto lugar entre as nações mais desenvolvidas.

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Nosso amigo Mehta Fui assistir ao concerto inaugural da temporada da Filarmônica de Israel, dirigida há mais de trinta anos por Zubin Mehta. No programa, o Concerto para Piano # 3, de Rachmaninoff e a Vida do Herói, de Richard Strauss. Confesso que meu limitado conhecimento de música não me leva a detectar nenhuma eventual desafinada, mesmo se ocorrer. Mas a sensação de estar no Santuário da Cultura (Heichal haTarbut) de Tel Aviv na companhia de Mehta e equipe nos faz transportar para longe deste pedaço do mundo cercado de Hamas e Hizbollah, ao universo da alta cultura onde o ser humano se aproxima do divino. O indiano Mehta se enamorou dos judeus há cinquenta anos, quando era um brilhante e jovem iniciante e foi convidado para reger em Tel Aviv. Nunca mais nos deixou. Todo ano passa aqui dois meses, na sua suíte do Hotel Hilton, regendo e dando instruções à orquestra para o restante do ano. Se algum músico de renome decide boicotar Israel na Europa, Mehta coloca o peso de seu nome na jogada, ameaçando boicotar o sujeito. Assim ele mantém o nível cultural da temporada por aqui. Mas a imagem que ficará de Mehta para as próximas gerações será a regência de um concerto em Tel Aviv com máscaras antigás, na época dos Scuds de Sadam Hussein. Sua generosidade conosco inclui aguentar a informalidade radical dos israelenses, que saem correndo do auditório ainda durante a sessão de aplausos, para ganhar tempo na fila do estacionamento. Acho que vi o maestro sorrindo neste momento. Por essas e outras, quando este grande amigo nosso abre a temporada tocando o Hatikva, aí é fácil se emocionar.

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Atire a primeira pedra Pouca coisa na vida me dá prazer igual do que assistir a um belo concerto e lendo algum texto especial. Recomendo a experiência. Escolham uma leitura leve e lúdica, como um livro de poesia ou uma xerox da Wikipédia a respeito da vida e obra do compositor tocado nesta noite. Foi o que fiz com Richard Strauss, enquanto Zubin Mehta regia Vida do Herói do compositor alemão. Leio que Strauss, considerado o maior autor de óperas do século 20, teve um único filho, Franz, que se casou com a judia Alice. Em seguida, vieram os nazistas, que lhe ofereceram o comando da música clássica alemã. Strauss aceitou, alegando que queria proteger a sua amada cultura das mãos dos bárbaros nazistas, além da própria família e amigos, entre eles Stefan Zweig. Usou sua influência para evitar que a nora e netos fossem enviados a campos de concentração, mas ao mesmo tempo cedeu sua peça Hino Olímpico para ser usada nos Jogos de Berlim em 1936. Toscanini disse que tirava o chapéu ao Strauss compositor, mas voltava a colocá-lo ao Strauss homem. O músico alemão sobreviveu à guerra e os norte-americanos o protegeram de linchamento. Morreu cinco anos depois. E aí, quem vai atirar a primeira pedra?


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magazine > a palavra | por Philologos

Uma língua com 57 consoantes OS CIRCASSIANOS FORMAM A MENOR POPULAÇÃO NÃO JUDAICA NATIVA DE ISRAEL. CHAMADOS TSHERKESIM EM HEBRAICO, TÊM RAÍZES ANCESTRAIS NA REGIÃO DO CÁUCASO, DE ONDE PARTIRAM PARA A PALESTINA NOS IDOS DE 1870

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m dia, na sala de espera de um consultório em Haifa entraram três pessoas e sentaram atrás de mim. Duas eram homens vestidos com roupas ocidentais, um parecendo ter cerca de 30 anos e o outro 50 ou 60; a terceira era uma mulher de 20 anos de pele muito clara, de chador preto e lenço branco atravessando a testa em uma linha horizontal logo acima das sobrancelhas. Pensei que fossem árabes israelenses – mulher, marido e pai –, provavelmente drusos, a julgar pelo véu. No entanto, quando começaram a falar em voz baixa, evidentemente não era em árabe. Não falavam qualquer língua que eu tivera escutado antes. Não era persa, turco, ou qualquer coisa que se pudesse ligar a uma mulher obviamente muçulmana vestindo chador. Em um momento coincidentemente eu e o marido dela nos levantamos para esticar as pernas, e perguntei: “Desculpe, mas vocês estavam falando circassiano?” Ele assentiu com a cabeça, não me perguntou como ou de onde eu sabia e isso resumiu nosso diálogo. De todo modo, fiquei tão satisfeito como alguém que resolveu com êxito algum enigma, incomum ou particularmente difícil. Os circassianos, três mil dos quais vivem nas aldeias de Kfar Kama e Rihaniya, na Galileia, formam a menor população não judaica nativa de Israel, tão pequena que a maioria dos israelenses nunca topou com nenhum deles, e muitos nem sequer sabem da sua existência. Chamados tsherkesim em hebraico, têm raízes ancestrais na região do Cáucaso, de onde partiram para a Palestina nos idos de 1870. Eles faziam parte de uma imigração – mas talvez o termo mais preciso seja mesmo fuga em massa – de mais de um milhão de pessoas, após a Rússia conquistar sua terra natal aos turcos na década de 1860 e a que se seguiu uma brutal limpeza étnica contra os muçulmanos. A maioria se reassentou na Turquia e alguns vagaram para mais longe. Estima-se que atualmente 130 mil vivam na Jordânia e cem mil na Síria (pelo menos antes das hostilidades que já duram três anos), e uns 35 mil no Iraque. Em todos esses países foram submetidos à assimilação linguística, mas o circassiano continua a ser falado por alguns deles, incluindo aqueles que vivem em Israel. Linguisticamente, o Cáucaso é uma das regiões mais confusamente variadas do mundo. Em sua área relativamente pequena, mas muito montanhosa e nunca politicamente unificada, são centenas de línguas ou dialetos mutuamente ininteligíveis, muitos pertencentes a três famílias – caucasiano do noroeste ou circassiano, caucasiano do nordeste ou daguestane e kartvelian (que tem no georgiano seu principal representante) – e sem nenhuma ligação comprovada uma com a outra, ou a qualquer outro agrupamento linguístico em outro local. A forma de circassiano encontrada em Israel é adyghe, ainda falada nas imediações da cidade russa de Krasnodar, ao norte do território disputado da Abkházia, que

pretende se separar da Geórgia. Como outras línguas circassianas, sua principal reivindicação à fama é o fantástico número de consoantes, pelo menos 57 (o inglês tem 24). Isso inclui três diferentes sons de “l”, um dos quais é produzido, de acordo com um guia de pronúncia, passando o ar “através das fendas laterais entre a língua e o lado interno da bochecha para formar um som intenso semelhante a um assobio”; três diferentes sons de “h”, incluindo “um fluxo de ar direcionado ligeiramente em direção ao céu da boca, enquanto se vibra a laringe”, e nada menos do que oito sons diferentes de “sh”, o mais desafiador deles feito entre o palato da frente e os dentes superiores, resultando em “algo entre um assobio e um zumbido”. Pode-se entender muito bem a história contada por Louis Loewe, orientalista inglês nascido na Prússia, no século 19, ex-estudante de yeshivá, a respeito do sultão turco que enviou o erudito mais eminente do seu reino para estudar circassiano e compor um dicionário e uma gramática dessa língua. Depois de se ausentar por um longo período, Loewe relatou em seu Dicionário da Língua Circassiana (Contendo todas as palavras mais necessárias para o viajante, o soldado e o marinheiro, com a pronúncia exata de cada uma), o estudioso retornou ao sultão, “sem esperança de êxito e levando na mão um saco de pedras: ‘Não lhe posso dar uma imitação melhor que esta dos sons da língua falada por esse povo’”. Devo dizer que as três pessoas sentadas atrás de mim na sala de espera não produziam sons como se tivessem pedras na boca. Nem poderia adivinhar que falavam “uma das línguas mais difíceis do mundo”, como Loewe (que pensava que os circassianos eram os descendentes originais de Noé, pois sua arca encalhara no Monte Ararat, na região do Cáucaso). Como ouvi menos do que desejava, talvez o ideal seja ir Kfar Kama ou Rihaniya e aprender mais.


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magazine > viagem | Texto e fotos de Flรกvio Bitelman


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Um mergulho na história da Inglaterra O CONDADO DE GLOUCESTER (GLOUCESTERSHIRE, PARA OS INGLESES) TRANSPIRA HISTÓRIA EM CADA PEDRA, CADA PONTE, NAS PAISAGENS PITORESCAS E NAS TRADICIONAIS FEIRAS DE RUA. NOSSO PUBLISHER REGISTROU ALGUMAS BELAS IMAGENS NA SUA MAIS RECENTE VIAGEM À INGLATERRA

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ma hora e meia depois de Londres, por trem ou rodovia, em direção a noroeste, é Cotswolds, uma região de quarenta quilômetros de largura por 145 de comprimento formada por uma fieira de pequenos vilarejos que atendem pelos nomes de Broadway, Bourton-on-the-Waters, Chipen Camden, Stow-on-theWold e Slaughter Lower & Upper, e mais conhecidos porque o vizinho famoso fica a pouco quilômetros a sudoeste: Stratford-upon-Avon, onde Shakespeare nasceu. Outro vilarejo é Chippping Camden, berço do movimento Arts and Crafts, fundado por William Morris (1824-1896), no século 19, e que fez da tecelagem uma arte. Uma viagem àquelas paragens premia quem escolheu conhecer locais geralmente fora dos roteiros turísticos e preferiu se misturar às suas gentes e aos seus hábitos simples, semelhantes, em alguma medida, aos de algumas cidades do interior do Brasil, onde as pessoas ficam à porta de casa vendo o que só elas mesmas enxergam. Há várias interpretações etimológicas para o nome Cotswolds, mas a explicação mais aceita é que significa

“ovelhas pastando nas encostas dos morros”. De fato, aquela região da Inglaterra foi, durante a Idade Média, uma das mais importantes no comércio de lã com o continente, e grande parte do lucro auferido destinava-se à construção de igrejas. Principalmente em razão da proximidade com Londres, são estes vilarejos que os ricaços da região metropolitana da capital escolheram para suas residências de veraneio. A paisagem é uma sucessão de pequenas elevações com mata original e áreas plantadas, casas construídas e cobertas unicamente com pedras da região, ruas estreitas e um riacho. Se das fotografias se apagassem os vestígios de automóveis, é certo que poderia se tratar de uma vila típica da Idade Média, dessas que a cenografia ou os computadores reproduzem nos filmes de época. Mas é muito bonito, repousante e tão inspirador como foi para os compositores Gustav Holst, que escreveu Os Planetas, e Ralph Vaughan Williams, autor de sinfonias e conhecido por ser um dos responsáveis pelo Hinário Inglês, uma coletânea de peças cerimoniais e religiosas.

Stow-on-the-Wold – um centro mercantil

Bem próximo à cidade, várias estradas se cruzam, tal como antigamente quando as caravanas usavam as trilhas para se dirigir ao noroeste da Grã Bretanha e desde o século 14 se comercializavam bens na feira da cidade. Atualmente há uma concorrida feira anual de cavalos

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magazine > viagem >>

Bourton on the Water – a Veneza de Cotswolds

O rio Windrush a corta do começo ao fim e em todo o trajeto vastos gramados e uma espécie de avenida que o acompanha, a High Street. Pequenas e baixas pontes de pedra, em arco, ligam as margens do rio. A soma disso tudo lhe confere a inevitável referência a Veneza

Slaughter Lower – história antiga

Apesar do nome (slaughter, “assassinato”) não há referências a um caso dessa natureza na história da cidade cortada pelo rio Eye, com imensos gramados nas margens, casas construídas nos séculos 16 e 17, uma igreja do século 13 e um maravilhoso moinho d’água mais recente, do século 19

Broadway – a joia de Cotswolds

Nesta vila de 2.540 habitantes, fundada no século 16, e centro de artes e antiguidades, a rua principal é uma broad way (rua bem larga), ladeada por castanheiras. Escavações recentes revelaram vestígios da passagem de soldados romanos



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magazine > cinema | por Julio Nobre

Diretores israelenses invadem Hollywood UMA NOVA SAFRA DE DIRETORES ISRAELENSES PROMETE TRAZER UMA LUFADA DE AR FRESCO PARA AS PRODUÇÕES HOLLYWOODIANAS. NOMES COMO OS DE AHARON KESHAES E NAVOT PAPUSHADO PARECEM TER CHEGADO PARA FICAR

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á faz parte do imaginário de todo mundo a íntima relação dos judeus com a indústria de cinema desde os seus primórdios. Hollywood agora assiste a uma invasão de jovens diretores israelenses. A largada foi dada pelo diretor Quentin Tarantino, um dos mais influentes da atualidade, que deu a sua bênção aos israelenses Navot Papushado e Aharon Keshales realizadores do thriller Mi Mefached Mehaze’ev Hará (Big Bad Wolves, no mercado de língua inglesa). Durante o Festival Internacional de Cinema de Busan (Corea), Tarantino declarou que Big Bad Wolves era não apenas o melhor filme daquele evento, mas também o melhor filme de 2013. A exemplo de alguns filmes do próprio Tarantino, Big Bad Wolves traz doses maciças de violência estilizada e tortura, lembrando em alguns aspectos Cães de Aluguel (1992), filme que tirou Tarantino do anonimato. Os diretores, no entanto, preferem relacionar a violência do filme à própria natureza de Israel, uma sociedade assombrada pelo terrorismo e cercada por vizinhos hostis. O elogio de Tarantino parece ter despertado a atenção da Sony, que acabou de convidar os dois israelenses para dirigir um remake de

CENA DE BIG BAD WOLVES, DOS ISRAELENSES AHARON KESHALES E NAVOT PAPUSHADO

Vengeance, de Johnnie To, típico filme de ação que se passa em Hong Kong com direito a muita pancadaria. Outros israelenses em alta na meca do cinema são Ari Folman, Oren Moverman e Joseph Cedar, que já trabalharam ou estão trabalhando em projetos de língua inglesa com elencos hollywoodianos. Folman entrou neste grupo seleto com The Congress (2013), enorme produção com Robin Wright e Harvey Keitel no elenco. Atualmente está envolvido com uma versão de O Diário de Anne Frank em desenho animado. Para quem não se lembra, Folman tornou-se mundialmente conhecido por Valsa com Bashir, retrato cruel de eventos ocorridos em 1982 durante a Guerra do Líbano. Cedar, cujos filmes Beaufort (2007) and Footnote (2011) foram indicados para o Oscar de melhor filme estrangeiro, vai rodar brevemente Oppenheimer, com Richard Gere e Lior Ashkenazi no elenco. Embora o filme não seja uma produção hollywoodiana, a escolha de Gere eleva bastante o nível da película que terá Jerusalém e Nova York como cenários. Gere também protagoniza o drama Time Out of Mind, escrito e dirigido por Oren Moverman, diretor israelo-americano que também realizou The Messenger (2009) e participou da redação do roteiro de I’m Not There (2007), de Bob Dylan. Além dos já citados, outros nomes israelenses despontam em Hollywood como Ram Bergman e Sharone Meir, oriundo da Escola de Cinema e TV Sam Spiegel, de Jerusalem. É bom ficar de olho neles porque a química entre Hollywood e judaísmo sempre produziu excelentes resultados.



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leituras magazine

por Bernardo Lerer Getúlio 1945-1954 Lira Neto | Companhia das Letras | 429 pp. | R$ 49,50

É o terceiro e último volume da fantástica trilogia e trata da “Volta pela Consagração Popular ao Suicídio”. O livro conta a história da última década de vida de Getúlio, e como a trilogia é digna de todos os elogios, como o do brasilianista Kenneth Maxwell – que ressalta ”a imperturbável elegância, o criterioso comedimento e a formidável pesquisa”. Maxwell também sugere que o “atentado” a Carlos Lacerda na rua Toneleros, em Copacabana, no qual morreu o capitão Rubem Fiorentino Vaz, da República do Galeão, tenha sido forjado. Vale a pena ler este relato poderoso e perturbador dos últimos anos de Getúlio, morto há sessenta anos e alguns meses.

O Cofre do Dr. Rui Tom Cardoso | Civilização Brasileira | 171 pp. | R$ 32,00

Como em um filme em que depois do roubo os assaltantes se confrontam de trabuco nas mãos para ver quem fica com a maior parte do butim, o autor conta como foi o planejamento, execução e a partilha dos US$ 2,6 milhões que os guerrilheiros da Var-Palmares expropriaram do dr. Rui, codinome de Ana Capriglione, amante de Adhemar de Barros, em uma grande mansão no Rio de Janeiro. Livro que se lê como quem assiste a um filme de suspense, até pelo final surpreendente.

1812 Adam Zamoyski | Editora Record | 627 pp. | R$ 51,00

Com o subtítulo de “A Marcha Fatal de Napoleão Rumo a Moscou”, o livro retrata a invasão da Rússia por Napoleão e a terrível retirada com os episódios militares épicos e a tragédia humana em escala colossal, o primeiro exemplo de batalhas com objetivo de extermínio total. O segundo exemplo foi o primeiro dia da batalha do Somme, em 1916, e o terceiro, a Operação Barbarosa, dos nazistas contra a União Soviética, que matou milhões e, como no primeiro, marcou a derrota do invasor, que nunca resiste ao condecorado general inverno. Uma obra-prima.

A Batalha pela Espanha Antony Beevor | Editora Record | 711 pp. | R$ 80,00

É a edição revista e ampliada da primeira, de 1982, porque Beevor, autor de Stalingrado e Berlim 1945: a Queda, teve acesso aos arquivos de Moscou e explica a lógica da guerra. Mais do que isso, é um livro didático porque começa explicando quais as forças políticas envolvidas e se desenrola na estratégia, táticas e forças militares expondo, de forma magnífica, a dimensão militar desta guerra apresentada como preâmbulo da Segunda Guerra e, por isso, segundo alguns, se os republicanos, isto é a esquerda, tivessem vencido o avanço do fascismo na Europa seria detido. Fascinante.

Trótski Bertrand M. Patenaude | Editora Zahar | 392 pp. | R$ 59,90

O autor valeu-se dos arquivos da KGB, da correspondência privada, dos testemunhos dos guarda-costas e dos secretários de Trótski para entrelaçar os seus três últimos anos de vida e de exílio, no México, com episódios da carreira dele como jovem marxista, herói revolucionário, chefe do Exército Vermelho, líder bolchevique, expulso da URSS de Stálin e herege do Kremlin, destinado a morrer pelos longos braços do regime. Patenaude, professor em Stanford, conta também as relações de Trótski com o casal de pintores mexicanos Diego Rivera e Frida Kahlo.


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O Império da Necessidade Greg Grandin | Rocco | 400 pp. | R$ 49,50

Em fevereiro de 1805, o capitão Amasa Delano localizou, no Atlântico Sul, um navio à deriva e sem bandeira. No barco comandando por Benito Cerreño havia africanos, espanhóis e mulatos. Amasa subiu ao navio, deu água e comida e descobriu que Cerreño era refém dos africanos. Em 1817, Amasa publicou as memórias que serviram de ponto de partida para Greg explorar o complexo comércio transatlântico de escravos que, entre 1514 e 1886, transportou mais de dez milhões de africanos para as Américas. Fascinante, o livro vai além dos estereótipos e do senso comum sobre a escravidão.

Depois de 1945 Hans Ulrich Gumbrecht | Editora Unesp | 357 pp. | R$ 48,00

Com três dos seus livros – além deste – traduzidos para o português, este professor nascido na Alemanha, em 1948, e atualmente lecionando na Universidade de Stanford, sugere que o pós-guerra foi de pujança criativa, e não, ao contrário do que se imagina, que a humanidade nada aprendeu com o Holocausto e de que o mundo apenas repaginou o drama humano enquanto legitimava flagelos, violência, opressão e massacres.

O Adeus à Europa Olivier Compagnon | Rocco Editorial | 397 pp. | R$ 39,50

O livro trata da “América Latina e a Grande Guerra”, isto é, as repercussões da Primeira Guerra no continente e que, segundo o autor, foi centro de debates e razão de inflamada mobilização de segmentos expressivos da população latino-americana, com destaque para a questão da neutralidade ou do comprometimento, os efeitos econômicos e comerciais, o destino trágico de uma Europa devastada e o novo papel dos Estados Unidos rompendo o isolacionismo que, aliás, tentou repetir também na Segunda Guerra.

O Homem Diante da Morte Philippe Ariès | Editora Unesp | 837 pp. | R$ 118,00

O autor (1914-1984) escreveu a monumental série História da Vida Privada, e este, que trata do comportamento humano diante da morte ao longo do último milênio na sociedade ocidental é uma espécie de subproduto das pesquisas que realizou para tratar da vida privada. Examinando textos literários, obras de arte, inscrições lapidares e registros pessoais, mostra como as atitudes em reação à morte, própria e dos outros, transformaram-se durante o tempo. Um exemplo é a morte familiar da sociedade cristã medieval e a morte repelida, espécie de negação absoluta e tornada oculta na era contemporânea.

Dentro do Segredo José Luís Peixoto | Companhia das Letras | 189 pp. | R$ 39,00

“Por Dentro da Coreia do Norte” é o subtítulo dessa viagem de turismo que coincidiu com os festejos do centenário do líder Kim Il-Sung e os setenta anos de Kim Jong-Il, respectivamente, pai e avô do atual Kim Jong-Um. Em razão das efemérides, o reduzido grupo de turistas na capital teve autorização para deixar Pyongyang e percorrer regiões proibidas aos estrangeiros desde a guerra da Coreia (1950-1953), sempre vigiados pelos guias oficiais. Ao entrar no país, todos assumiam o compromisso de não escrever a respeito do que viam. Inócuo, como se pode ler.

As Memórias de Sherlock Holmes Arthur Conan Doyle | Zahar Editora | 382 pp. | R$ 49,90

O livro faz parte da coleção “Clássicos Zahar” em edição de bolso e da qual fazem parte obras como Contos de Fadas, de diversos autores, as de Alexandre Dumas, mais de três de Conan Doyle, e outras. É possível que o leitor já se tenha deliciado com as histórias desse médico, mas além destas falta conhecer, lamentavelmente apenas em inglês, seus textos a respeito da guerra dos Bôeres, na África do Sul, na virada do século 19 para o 20 e a devastação provocada pela Bélgica no Congo.


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músicas magazine

por Bernardo Lerer

Aleluia Julia Lezhneva / Decca / R$ 94,90

Quem gosta de Ana Netrebko e Cecilia Bartoli vai passar a amar esta soprano russa possuidora de uma voz de beleza angelical e que foi adotada por Kiri Te Kanawa como protegida e nascida outro dia, em 1989. Ela se formou na escola de música de Gretchaninov e continuou os estudos no Conservatório de Moscou, e foi notada aos 17 anos, em 2006, ao vencer o concurso internacional Elena Obraztsova, de quem se tornou aluna. Este cd é apenas o segundo que grava. Ela começou a aparecer nos palcos em 2010/2011 e não saiu mais. Vale muito a pena ouvir, e possuir.

Popular Problems Leonard Cohen / Sony Music / R$ 24,90

Nascido em 1934 no Canadá, Cohen gravou o primeiro disco em 1967, escreveu livros, ganhou toda sorte de prêmios e honrarias e é uma espécie de patrimônio cultural do seu pais e dos EUA. Agora, aos 80 anos, os jornais do hemisfério norte dizem que ele está na fase mais prolífica da carreira de que é prova este cd. São baladas lúgubres e de humor negro sobre sexo, morte e romances.

Bernstein, Barber, Diamond Naxos / R$ 24,90

A série American Classics pela gravadora Naxos, selo que conseguiu tornar acessível grandes obras do repertório erudito porque pratica preços módicos, apresenta neste cd um trio de compositores norteamericanos fundamentais. As Árias e Barcarolas de Leonard Bernstein só foram completadas em 1988, dois anos antes de ele morrer, mas já existiam de alguma forma desde 1955. As peças dos três são sublimes.

Music for a While Erato /R$ 92,90

O conjunto L’Arpegiatta, ao qual se juntaram quatro cantores, um clarinetista e um violonista, faz improvisações em cima de temas escritos por Henry Purcell, o compositor inglês que viveu na segunda metade do século 17, de modo a demonstrar a atualidade da sua música, mesmo fazendo sutis mudanças, ou adaptações, no ritmo e na harmonia. Uma experiência muito interessante.

Stella di Napoli Joyce di Donato / Erato / R$ 94,90

Nascida em 1969, Joyce é atualmente uma das mais importantes mezzo sopranos coloraturas, vencedora do Grammy como o melhor vocal solo clássico. É considerada uma das grandes intérpretes das obras de Händel, Mozart e Rossini, mas neste cd, em lançamento mundial, canta apenas uma peça de Rossini e dedica as outras nove faixas a Saverio Mercadante, Gaetano Donizetti, Bellini, e outros.


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Great Choral Music Infinity Digital / R$ 44,90

São peças corais conhecidas de Bach, Händel, Mozart e Schubert apresentadas na capa como novas gravações mas, parece, guardadas como uma espécie de trunfo pela gravadora. De todo modo, são intepretações belíssimas da orquestra de câmara e do coro do Conservatório de São Petersburgo, da Ave Maria de Bach/ Gounod, de Ave Verum, de Mozart, da Ave Maria, de Schubert, de trechos do Messias de Händel e do Oratório de Natal, de Bach.

Má Vlast Smetana / Decca / R$ 99,00

A tradução destes nomes complicados em tcheco está na contracapa do álbum, cujas seis faixas do primeiro cd são dedicadas à versão integral de Má Vlast (“Minha Pátria”), que tem os primeiros compassos muito parecidos com os acordes de Hatikva, o hino nacional de Israel. No segundo cd, estão peças maravilhosas como A Noiva Vendida, O Beijo e Duas Viúvas, entre outras.

The Celtic Viol Jordi Savall / Aliavox / R$ 114,00

Trata-se de uma homenagem do catalão Jordi Savall Bernadet às tradições musicais da Irlanda e da Escócia por um dos maiores intérpretes da música ocidental antiga, renascentista e barroca e responsável pelo uso de instrumentos da família das violas, como a viola da gamba. Jordi fundou vários conjuntos de câmara dos quais o mais importante e conhecido é o Hespèrion XXI.

Tom, Vinicius, Toquinho, Miúcha Som Livre / R$ 11,90

Este cd é a versão remasterizada do show realizado no Canecão na década de 1960 e que faz parte de um dos momentos mais importantes da história da música popular brasileira. Aloysio de Oliveira, que o dirigiu, conta que o espetáculo “já nasceu feito e só esperava o momento de ser realizado. Naquele momento a gente não tinha a mínima ideia do que representava”. Mas quem ouvir vai saber.

Eric Clapton & Friends Surfdog / R$ 27,90

Clapton convidou os amigos, entre os quais Willie Nelson, Mark Knopfler, John Mayer, Don White e outros para gravarem dezesseis faixas como se fosse um grupo de adolescentes reunidos pelo entusiasmo de tocarem juntos a primeira vez na garagem de um deles. O resultado é um cd elogiado pelos críticos, impressionados pelo fato de estes sexagenários se manterem ativos e altivos.

Oh! That Cello Jaro / R$ 125,90

Trata-se da obra produzida pelo gênio de Charlie Chaplin, aplicado aluno de violoncelo e violino que estudava seis horas por dia. Era canhoto e os instrumentos tiveram de ser adaptados para ele poder tocar com a mão esquerda, como se vê na foto da capa do cd. Quem prestar atenção nos créditos dos seus filmes vai notar que Chaplin escreveu, dirigiu e compôs a trilha sonora deles, como a mais conhecida de todas, Limelight.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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magazine > passeio | por Tania Plapler Tarandach

HOSPEDARIA DE IMIGRANTES, HISTÓRIA RECONTADA NO RENOVADO MUSEU DO IMIGRANTE

No Museu, a imigração dos judeus O MUSEU DO IMIGRANTE GUARDA HISTÓRIAS, FATOS E DOCUMENTOS DE QUANDO SÃO PAULO ERA O ELDORADO PARA QUEM VINHA “FAZER A AMÉRICA”. O DEPARTAMENTO SOCIAL E CULTURAL DA HEBRAICA PROMOVEU RECENTEMENTE UM PASSEIO AO LOCAL

N

o Museu do Imigrante, no Brás, agora atração cultural e histórica do roteiro turístico paulistano, durante muito tempo funcionou a Hospedaria de Imigrantes, o primeiro abrigo na nova terra para famílias inteiras, casais, homens e mulheres solitários. Ficavam em “quarentena”, o período de adaptação e de cuidados sanitários, pois geralmente viajavam em condições precárias. Lá havia também os judeus. Geralmente quando se fala da imigração de judeus da Europa, ela se situa no entreguerras e no momento seguinte à Segunda Guerra. No entanto, em 1891 o governo brasileiro facilitou a imigração para prover a agricultura de mão-de-obra, e

os judeus da Europa Oriental começam a chegar, fugindo dos pogroms da Rússia czarista e da legislação antijudaica. Mas chegando ao Brasil deu tudo errado, e o projeto agrícola ruiu. Em 1905, um novo projeto agrícola, desta vez do governo do Estado de São Paulo, atraiu judeus russos que fugiam ao mesmo tempo de pogroms e das consequências da revolução de 1905. Funcionou por pouco tempo, depois desandou e os judeus se fixaram nas cidades do interior do Estado, conta o professor Nachman Falbel, que se refere ao tema em dois capítulos do seu livro Judeus no Brasil: Estudos e Notas, editado pela Edusp e Humanitas. Em entrevista à revista Hebraica, Falbel diz que “a história da Hospedaria de Imigrantes me interessou, pois não havia documentos a respeito. Foi uma descoberta minha a partir de pesquisas efetuadas nos livros de registro do Arquivo da Cidade”. Segundo o professor, o número de judeus na Hospedaria era pequeno em relação a outros contingentes de imigrantes como italianos, portugueses, espanhóis e poloneses. De todo modo, por lá passaram centenas de judeus a partir de 1891. “As migrações do final do século 19 e primeira década do século 20 foram daqueles mais pobres e os que aqui viviam também não tinham condições para recebê-los. Foram esses os judeus que procuravam a Hospedaria de Imigrantes. Não se sabe o número exato e não há prova documental a respeito disso”, ressalta Falbel. No início do século 20, a comunidade começava a se estruturar, com instituições de auxílio ao imigrante, como a Ezra, fundada em 1916. No final dos anos de 1920 a comunidade estava organizada e as “cartas de chamada”, documento que iniciava os trâmites da imigração, eram enviadas aos parentes que ficaram na Europa. Vinham da Rússia, Lituânia, Bessarábia, Polônia em sua maioria e ao chegarem eram abrigados em casas de parentes que começavam a melhorar sua situação econômica ou em pensões baratas do Bom Retiro e Brás, principalmente.


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Hospedaria para muitos A Hospedaria de Imigrantes do Brás, na rua Visconde de Parnaíba, foi construída entre 1886 e 1888, tornou-se um dos maiores centros de recepção de imigrantes do país e por lá passaram mais de dois milhões de pessoas enquanto funcionou, até 1978. Os registros anteriores dos livros de matrícula, de 1882 a 1886, são da Hospedaria do Bom Retiro, que antecedeu a do Brás. De lá até 1958, os livros registram dados de todos os que passaram pela Hospedaria. O registro era feito em nome do “chefe da família” geralmente homem, o mais velho e em idade produtiva. Muitas vezes, nomes e sobrenomes estão grafados incorretamente, pois os funcionários os escreviam tal como os ouviam dos próprios imigrantes, com o sotaque dos países e regiões de onde vinham e a natural dificuldade de se fazerem entender pelo pessoal da recepção. Dali as cerca de 2,5 milhões de pessoas saíam em busca de colocação por meio da Agência Oficial de Colonização e Trabalho, instalada dentro da Hospedaria onde também funcionavam serviços médicos e odontológicos, laboratório de análises, farmácia, cozinha e refeitório, lavanderia, serviço de correio e telégrafo e posto policial. O Museu A Hospedaria de Imigrantes foi transformada no Museu da Imigração do Estado de São Paulo. Ficou muito tempo fechado para reformas e restauro, é o herdeiro e cuida da preservação da memória das pessoas que chegaram ao Brasil. Sua missão é “promover o conhecimento e a reflexão sobre as migrações humanas, numa perspectiva que privilegie a preservação, comunicação e expressão do patrimônio cultural das várias nacionalidades e etnias que contribuem para a diversidade da formação social brasileira”. O novo projeto museológico valoriza o encontro das diferentes origens e as histórias de cada um, como chegaram, a adaptação, o novo trabalho e a contribuição para a formação da identidade paulista. O Museu não está parado no passado pois, enquanto guarda essa história secular, vai além do papel da Hospedaria e trata das migrações contemporâneas, os migrantes atuais e seu deslocamento. Os séculos 19 e 20 marcaram a chegada de mais de setenta nacionalidades, que contribuíram para a história e a formação cultural do país. São sobrenomes, costumes, sotaques, culinária, vestimentas, cultos religiosos, hoje pertencentes ao cotidiano do país e da cidade de São Paulo. Se outras regiões brasileiras receberam levas de imigrantes de determinados países, a capital paulista abraçou os que para cá vieram, independente da sua origem. Hebraica vai ao Museu A “Saída Cultural” do Departamento Social e Cultural ganha mais interessados, na forma de um programa de conhecimento e lazer, promovendo visitas a mostras de destaque no cenário da cidade. O programa inclui café-da-manhã ou almoço, de-

pendendo do horário de abertura da exposição visitada. A ida ao Museu do Imigrante reuniu gente animada, que ganhou um tour extra pela cidade por vontade do motorista, sem um GPS à mão. A demora para chegar foi compensada com a visita. Desde a entrada, o lugar surpreende. A caçamba de um caminhão tomada por tijolos atrai a curiosidade. Na escultura de Nuno Ramos, cada peça traz a palavra tijolo escrita em diferentes idiomas, até em ladino. Ramos se inspirou no livro Se Isto É um Homem, de Primo Levi. A explicação do autor: “Os imigrantes vieram com o objetivo de trabalhar e o tijolo está relacionado a trabalho”. Passado o impacto dessa estrutura desestruturada, o espaço expositivo está disposto em módulos multimídia, incluindo a reconstituição de um dormitório e do refeitório da Hospedaria compondo a exposição de longa duração “Migrar: Experiências, Memórias e Identidades”. Cada um pôde transitar pelas salas conforme o seu interesse. Alguns se detiveram nos depoimentos. O alemão Helmut Hoffmann trouxe uma cartola, símbolo da nobreza na Europa. Pena, os grilos a furaram toda nas primeiras semanas, conta um dos vídeos. Noutro, Judith Vero, húngara de Budapeste, narra: “Meu pai tinha uma fábrica na Hungria e, de um dia para o outro, chegaram autoridades e disseram: ‘A fábrica agora pertence ao governo, você vem amanhã, vai ficar no seu posto e receber seu salário no final do mês’. No dia seguinte, meu pai fez uma mala pequena e viajou para Viena, como se fosse a negócios, despistando.” A mãe, Judith e um irmão reuniram o que puderam e, dias depois, foram encontrar o chefe da família e de lá conseguiram vir para o Brasil. Há quem comenta que “serviram um prato de arroz e umas bolinhas. Eu disse: ‘Olha, arroz com uva passa’. Não era, era arroz com feijão”. O passeio terminou no clube com uma longa mesa no Casual Mil, onde cada um comentava sobre essa volta à história que fez parte da sua origem e que está documentada como a própria história paulistana.

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O número de judeus na Hospedaria era pequeno em relação a outros contingentes de imigrantes como italianos, portugueses, espanhóis e poloneses. De todo modo, por lá passaram centenas de judeus a partir de 1891


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magazine > ensaio | por Clémence Boulouque *

Os fantasmas da ocupação nazista PATRICK MODIANO, VENCEDOR DO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA DE 2014, RECAPITULA O MUNDO DE SOMBRAS DOS JUDEUS FRANCESES DO PÓS-GUERRA. O PERÍODO DA OCUPAÇÃO NAZISTA E A CIDADE DE PARIS TAMBÉM SÃO TEMAS RECORRENTES EM MODIANO

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our que Tu ne te Perdes pas Dans le Quartier (“Para que não te Percas no Bairro”), o mais recente romance de Patrick Modiano, que saiu uma semana antes de ele receber o Prêmio Nobel, começa com uma citação de Stendhal: “Eu não posso dar a realidade dos fatos, só posso apresentar a sua sombra”. Celebrado na França, onde o adjetivo “modianesque” (modianesco) transmite uma atmosfera de presença indescritível, o trabalho de Modiano ao longo de 45 anos e 29 livros exibe a arte muito distinta do autor no mapeamento da sombra. No entanto, a entrada de Modiano na cena literária francesa em 1968, aos 23 anos, não foi tão tranquila. Seu primeiro livro, La Place de L’Étoile, é um vertiginoso caleidoscópio feito de pastiches clamorosos e citações falsas dos escritores antissemitas mais cruéis, como Lucien Rebatet ou Louis-Ferdinand Céline, cujas alegações são utilizadas pelo narrador provocador, Rafael Schlemilovitch. O jovem protagonista perturbado de La Place de L’Étoile vai para frente e para trás entre os anos de guerra e os anos 1960 em um carnaval de vozes vociferantes – judeu mitômano que se odeia, colaboracionista, escritor antissemita. Por meio desta personagem grandiloquente e miserável, com visões megalomaníacas a respeito do papel de Israel no Oriente Médio, Modiano zomba da fantasia do judeu poderoso. Aliás, o livro foi lançado poucos meses após a Guerra dos Seis Dias, quando o general de Gaulle tinha se referido a Israel como “um povo de elite, seguro de si e dominador”, durante uma coletiva de imprensa. Com sua estreia alucinatória e com os dois livros que se seguiram, também centrados na ocupação nazista e na narrativa em primeira pessoa de traidores ou de filhos de colaboradores, Modiano assinalou uma mudança no Zeitgeist (“espírito da época”, em alemão) e na posterior percepção que a França tem de si mesma. La Place de L’Étoile foi lançado alguns meses antes do filme de Marcel Ophuls A Dor e a Piedade, que tratou da complexa questão da passividade e da colaboração na pequena cidade de Clermont-Ferrand – um microcosmo da França. Vichy France (A França de Vichy), de Robert O. Paxton, foi publicado em 1972. A França tinha embarcado em uma viagem à procura da alma de seu passado de guerra, e a obra de Modiano foi parte fundamental para derrubar o mito do pós-guerra de uma “nação de resistentes” e para o ingresso em uma era de zonas cinzentas e de enganosa clareza moral. O romancista, desde então, se distanciou do destempero juvenil e suprimiu algumas das declarações mais provocativas feita do primei-

ro trabalho. No livro de memórias, de 1998, Dora Bruder, o escritor disse: “Eu queria, em meu primeiro livro, responder a todas essas pessoas cujos insultos tinham me machucado por causa do meu pai. E, no próprio terreno da prosa francesa, fazer valer o dinheiro deles uma vez por todas”. Ironicamente, Modiano foi apoiado por escritores muito conservadores, como Paul Morand, alinhado com os autores-alvo de La Place de l’Étoile. O livro recebeu o Prêmio Roger Nimier – nome de um dos membros do movimento literário dos hussardos, que tinha aversão a Sartre e ao existencialismo. Modiano certamente usa e distorce o “judeu imaginário” de Sartre ao ponto do absurdo. Ele seguiu o seu caminho – embora menos estridente do que no romance de estreia – ao misturar gêneros (ficção e autobiografia), em que, retrospectivamente, parecia ser a sua “Trilogia da Ocupação” – La Place de l’Étoile (1968), Ronda da Noite (1970), Les Boulevards de Ceinture (1972). Anos mais tarde, veio Dora Bruder, Un Pedigree (suas memórias de 2005). Seu brilhante prefácio de O Diário de Hélène Berr, sobre o cotidiano de uma jovem judia na Paris ocupada (2008), fez Modiano rever seus motivos através de uma lente mais moderada e apaziguadora. A citação de Fitzgerald na abertura de Ronda da Noite – “eu tinha me identificado com os objetos do meu horror e compaixão” – é esclarecedora. Para encontrar esses objetos, Modiano não precisou olhar muito longe. O pai, Albert, judeu de Tessalônica, trabalhou para o departamento Otto – o epicentro do mercado negro – junto com colaboracionistas como Joseph Joinovici. Essa entidade gerida pela SS estava em contato com a gangue Bonny-Laffont, esquadrão de saqueadores e chantagistas, notório pelas torturas mais desumanas em nome dos nazistas. Albert deveu a vida, em 1943, à ajuda de um membro da gangue Bonny-Laffont. Seu silêncio e desaparecimento após a guerra levou o filho a escrever, nas memórias: “Acredito que este é um homem que teria desanimado dez juízes de ins-


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trução”, uma sensação que já havia expressado no segundo livro – “E lá estamos condenados, órfãos que somos, a processar um fantasma para estabelecer a paternidade”. A marca judaica A compreensão de ter escolhido o lado errado e a certeza da própria morte apareceu no roteiro escrito por Modiano para Lacombe Lucien, do diretor Louis Malle, a obra-prima de 1974 sobre a ocupação. Em 1944, um jovem camponês, no sudoeste da França, é rejeitado pela Resistência e entra na milícia, o grupo mais feroz de colaboradores. Lucien se apaixona por uma jovem judia que se esconde com o pai e que ele tanto estupra como protege, a ela e ao pai – ao mesmo tempo em que sabe que vai levar um tiro quando a Libertação chegar. Modiano captou o submundo da guerra – criminosos miúdos, socialites, aristocratas farsantes e dignitários falsos estrangeiros. No entanto, admitiu: “Não é por puro prazer que apresento o pedigree dos personagens, nem por preocupações romanescas, uma vez que não tenho imaginação nenhuma. Olho para o caso desses que deixaram a sociedade, desses marginais, a fim de encontrar, por meio deles, a imagem fugaz do meu pai”. Modiano nunca tentou matar a figura paterna – de fato, em uma reversão impressionante que é a assinatura dos primeiros romances, é o pai que tenta jogar o filho sob o metrô em Ronda da Noite. Pais indiferentes e filhos negligenciados são parte da sua obra: os pais de Modiano deixaram Patrick e o irmão Rudy (que morreu de leucemia aos 10 anos) aos cuidados de estranhos suspeitos. A mãe de Modiano, a atriz Luisa Colpey, nascida em Antuérpia, tinha ido a Paris para trabalhar para a Continental, a companhia cinematográfica alemã. Um casal incompatível e logo separado, os pais pareciam ao romancista pessoas que nunca deveriam ter se conhecido. Muitas vezes Modiano afirmou ter nascido da “lama da ocupação” – e silenciosamente carrega uma culpa indizível. A memória nunca deixa de assombrar e machucá-lo. Modiano se manteve longe da política: a Guerra da Argélia entra nos seus livros por meio do clima sufocante da década de 1960, com estrangeiros tentando manter o status de estudante e identidades falsas. Ele também escapou do Nouveau Roman: respondendo a um ataque pelo idealizador do movimento, Alain Robbe-Grillet, Modiano declarou que o romance Le Coup de Lune, de Georges Simenon, foi mais revolucionário do que o próprio romance de época de Robbe-Grillet, O Ciúme. Seu estilo contido e gosto pela investigação realmente trazem à mente a prosa do Simenon dos romances policiais. Mas o que interessa a Modiano é se aprofundar no mistério por meio do devaneio, em vez de resolvê-lo. Por meio de uma acumulação incessante de detalhes e listas, Modiano alcança uma espécie de realismo que é realmente desconstrução; seu estilo visa o silêncio e a transparência enganosa. A maioria dos personagens tem uma vida sem brilho, permanece

anônima, desconhecida (Des Inconnues), nulidades flutuantes com identidades falsas. É a tarefa do escritor, segundo ele, registrar a sua existência – uma missão pessoal que se eleva em Dora Bruder. Em 1988, ele se deparou com um anúncio de jornal datado de 31 de dezembro de 1941 a respeito de Dora, uma adolescente judia fugitiva, e passou anos tentando recolher vestígios da vida dela. Mas, em última análise, um profundo segredo está escondido na vida de um indivíduo que resiste ao romancista. E este mistério é tudo o que resta dos mortos ou dos que desapareceram. O romancista judeu francês Georges Perec escreveu em Ellis Island que “o judaísmo não é uma marca de pertencer a algo (...) seria mais silêncio, ausência, pergunta, questionamento, ansiedade flutuante: uma certeza inquieta”. Sua mãe foi enviada a Auschwitz no mesmo comboio de Dora Bruder. No mundo de Modiano, essas coincidências são apenas mais um exemplo dos muros enevoados da história e dos destinos entrelaçados: um traço inscrito, arquivado, que aguarda ser decifrado. Em Livret de Famille (1977), o narrador (Patrick, um romancista em busca da identidade francesa) visita o campo com um tio levantino que tenta lhe dar lições: “A gente tem de ser de algum lugar”. Assim, o narrador decide comprar um pitoresco moinho francês no campo – que acaba, em uma reviravolta irônica típica de Modiano, por funcionar como um restaurante chinês. Não foi possível encontrar ou fingir tais raízes, conclui Patrick, o narrador: “Tudo o que me restou foi me tornar um escritor francês”. Ao honrar Modiano, o júri do Nobel adotou um itinerário tortuoso e muito especificamente franco-judaico a respeito de pertencer a algo. * Clémence Boulouque, escritora e excrítica literária do Le Figaro e do France Culture, em Paris, recebeu doutorado em história e estudos judaicos da Universidade de Nova York. Atualmente é bolsista de pós-doutorado no Katz Center for Advanced Judaic Studies da Universidade da Pensilvânia

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Falta Olho A obra de Lateral Modiano foi parte fundamental para derrubar o mito do pósguerra de uma “nação de resistentes” e para o ingresso em uma era de zonas cinzentas e de enganosa clareza moral



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diretoria > tecnologia da informação

Novo cenário sistêmico de governança NUMA INICIATIVA QUE ELEVA O NÍVEL DE EFICIÊNCIA, A HEBRAICA ESTRUTUROU UMA SOLUÇÃO DE GESTÃO CORPORATIVA INTEGRANDO O SISTEMA SAP BUSINESS ONE À PLATAFORMA ESPECÍFICA DE GESTÃO DE CLUBES, O SISTEMA MULTICLUBES, E TAMBÉM AO SISTEMA DE FOLHA DE PAGAMENTOS, JÁ IMPLANTADOS

A

Diretoria trouxe do mercado João B. Pavan, profi ssional de processos e projetos de tecnologia da informação (TI), para conduzir um diagnóstico que resultou na eliminação de algumas ferramentas e controles isolados e na incorporação de novas funcionalidades integradas aos sistemas, desenhando um novo cenário de gestão. “Integrar e consolidar os dados, disponibilizando-os em tempo real foi um dos nossos objetivos formulados. Em 2011 implantamos o sistema Multiclubes e na atual gestão complementamos introduzindo uma ferramenta mundialmente reconhecida, o SAP, potencializando nosso modelo de gestão”, afirma Gaby Milevsky, diretor superintendente da Hebraica.

Segundo Mendel Szlejf, vice-presidente Administrativo também responsável pela área de tecnologia, “essas ferramentas integradas, além da atualização do parque de equipamentos e a racionalização de diversos processos, propiciarão um controle mais efetivo das operações de forma consolidada. Também contaremos com informações mais precisas e seguras para suportar e melhorar o nosso processo de tomada de decisões gerenciais”, diz o executivo. “A definição desse cenário de integração entre esses sistemas de ponta deve gerar uma onda ainda maior de profissionalização no mercado de clubes”, avalia o presidente Abramo Douek. Prova disto é que a Hebraica já vem

fazendo escola. Dois importantes clubes de São Paulo – a Sociedade Esportiva Palmeiras e o São Paulo Athletic Club, após um intercâmbio de informações, acabaram de adquirir a mesma solução sistêmica que está sendo consolidada na Hebraica. Para a Hebraica, todas essas ações reforçam ainda mais o fundamental papel na sociedade de uma instituição que se consolidou como importante centro comunitário de formação e de convivência judaica, e que tem como prática investir continuamente na melhoria do bem-estar dos associados, de forma que estes possam desfrutar de uma infraestrutura de esporte, lazer, ensino e de eventos socioculturais muito bem administrados.

Principais objetivos dessa gestão * Melhorar significativamente a governança, elevando o nível de profissionalização. * Implementar instrumentos de gestão mais eficazes e seguros que permitam aos gestores um processo de tomada de decisões com maior eficiência e agilidade. * Colocar à disposição da Diretoria e conselhos informações mais precisas e praticamente em tempo real, para avaliações e pareceres. GERENCIAMENTO EFICIENTE DE DADOS GARANTE MELHOR ATENDIMENTO AO SÓCIO


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diretoria

Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014 PRESIDENTE

ABRAMO DOUEK

HANDEBOL ADJUNTO

JOSÉ EDUARDO GOBBI DANIEL NEWMAN

PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS

MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ

DIRETOR SUPERINTENDENTE

GABY MILEVSKY

ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS

MOISES SCHNAIDER BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO EUGÊNIA ZARENCZANSKI (Guita) ALAN BALABAN SASSON DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN SERGIO ROSENBERG

GINÁSTICA ARTÍSTICA

HELENA ZUKERMAN

RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON

JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY

TRIATHLON CORRIDA

JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN

CICLISMO

BENO MAURO SHETHMAN

VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO

MENDEL L. SZLEJF

TIRO AO ALVO

MAURO RABINOVICH

COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES ADJUNTO

HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS AIRTON SISTER

GAMÃO

VITOR LEVY CASIUCH

SINUCA

ISAAC KOHAN FABIO KARAVER

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURA JUDAICA ASSESSORES DA SINAGOGA

SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ JAQUES MENDEL RECHTER MAURÍCIO MARCOS MINDRISZ

XADREZ

HENRIQUE ERIC SALAMA

VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES

AVI GELBERG

ASSESSORES

CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ SANDRO ASSAYAG YVES MIFANO

GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO

ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK FLÁVIA CIOBOTARIU

SAUNA

HUGO CUPERSCHMIDT

VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS

NELSON GLEZER

MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS

ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL

VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL

SIDNEY SCHAPIRO

CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA

SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER

VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE

MOISES SINGAL GORDON

ESCOLAS

SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT

MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO

AMIT EISLER

RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS

ABRAMINO SCHINAZI

GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS

ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)

TÊNIS DE MESA

GERSON CANER

SECRETÁRIO GERAL

ABRAHAM AVI MEIZLER

FITͲCENTER

MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ

SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS

CENTRO DE PREPARAÇÃO FÍSICA

ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN

JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ HARRY LEON SZTAJER

JURÍDICO

ANDRÉ MUSZKAT

SINDICÂNCIA E DISCIPLINA

ALEXANDRE FUCS BRUNO HELISZKOWSKI CARLOS SHEHTMAN LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH

JUDÔ JIU JITSU

ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN

FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) FUTSAL

FABIO STEINECKE MAURÍCIO REICHMANN

GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN

AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA

BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER

GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM

VOLEIBOL

SILVIO LEVI

TESOUREIRO GERAL

LUIZ DAVID GABOR

TESOUREIRO DIRETORES

ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC MARCOS RABINOVICH


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da perda auditiva até a definição do aparelho, seja em tecnologia ou design. Atendimento é feito com fonoaudióloga especializada. Rua Pedro de Toledo, 980, cj. 12, Vila Clementino | Fone 2649-5442 Site www.attendaudio.com

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Tradição, respeito, sigilo e honestidade A Amalfi Joias é especialista em avaliação de cédulas e moedas antigas, compra relógios suíços e pedras preciosas. Tem um perito para realizar avaliações com precisão e paga o preço real da joia. Para a Amalfi, cada cliente é um amigo com o qual estará sempre fa-

zendo negócios com atenção especial e atendimento personalizado. Agende uma visita para avaliação. Amalfi Joias Av. Paulista (próx. ao metrô Brigadeiro) Fone 3284-5143

CLÍNICA LUDUS

Parcerias altamente qualificadas A Clínica Ludus é um projeto carinhosamente concebido para oferecer ao profissional autônomo, e seu cliente, uma estrutura especial para o atendimento de crianças, adolescentes, adultos, grupos e famílias. Confira no site alguns dos profissionais e parceiros das áre-

as de psicologia, neuropsicologia, psiquiatria, psicopedagogia, psicomotricidade, fonoaudiologia e nutrição. A Clínica Ludus também oferece opções de locação de salas. Fone 2548-4058 | contato@clinicaludus.com.br www.clinicaludus.com.br


HEBRAICA

85

| NOV | 2014

indicador profissional ADVOCACIA

ANGIOLOGIA

ARQUITETURA

CARDIOLOGIA

CASA DE REPOUSO

CIRURGIA PLÁSTICA

ANTROPOSOFIA


86 HEBRAICA

| NOV | 2014

indicador profissional CIRURGIA PLÁSTICA

CIRURGIA PLÁSTICA

CIRURGIA PLÁSTICA

CLÍNICA HIPERBÁRICA

CLÍNICA MÉDICA/GERIATRIA

CLÍNICA


HEBRAICA

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| NOV | 2014

indicador profissional CLÍNICA

CUIDADORES

FISIOTERAPIA

CURA RECONECTIVA

COLOPROCTOLOGIA

DERMATOLOGIA

ENDOCRINOLOGIA

CONSULTORIA

FISIOTERAPIA

FONOAUDIOLOGIA


88 HEBRAICA

| NOV | 2014

indicador profissional FONOAUDIOLOGIA

MANIPULAÇÃO

NEUROCIRURGIA

GERIATRIA

MEDICINA DO ESPORTE

NEFROLOGIA

MANIPULAÇÃO

NEUROCIRURGIA

NEUROLOGIA

NEUROPSICOLOGIA


HEBRAICA

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| NOV | 2014

indicador proямБssional NUTRICIONISTA

ODONTOLOGIA

ODONTOLOGIA

ONCOLOGIA

ORTOPEDIA

OFTALMOLOGIA


90 HEBRAICA

| NOV | 2014

indicador proямБssional ORTOPEDIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

PSICOLOGIA

PNEUMOLOGIA

PSICOLOGIA

OTORRINOLARINGOLOGIA

PSICOTERAPIA


HEBRAICA

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| NOV | 2014

indicador profissional PSICOTERAPIA

PSIQUIATRIA

PSICANÁLISE

PSIQUIATRIA

TERAPIAS CORPORAIS

TRATAMENTO

QUIROPRAXIA

UROLOGIA

REPRODUÇÃO

PARA ANUNCIAR NA R EVISTA HEBRAICA LIGUE:

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92 HEBRAICA

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compras e serviรงos


HEBRAICA

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compras e serviรงos


94 HEBRAICA

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compras e serviรงos


HEBRAICA

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compras e serviรงos


96 HEBRAICA

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roteiro gastron么mico


HEBRAICA

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roteiro gastron么mico


98 HEBRAICA

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conselho deliberativo

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2014

NOVEMBRO 5

4ª FEIRA

Decisões importantes: orçamento 2015 e eleições

DEZEMBRO

Depois do período chag com as grandes festas judaicas de Rosh Hashaná, Iom Kipur, Sucot e Simchat Torá e nossa participação na escolha dos novos representantes e lideres do nosso país, voltamos nossos olhos e pensamentos para dois itens de suma importância para continuidade da vida hebraicana: votação e aprovação do novo orçamento e escolha de quem, e muito importante também, junto com quem, dirigirá nossa instituição nos próximos três anos. As comissões diretamente envolvidas estão em reuniões permanentes entre os seus membros e com a Tesouraria para discutirem sobre os valores propostos para 2015, previsão de gastos e outros valores que compõem a peça orçamentária. Já tivemos num passado muito próximo, precisamente há duas gestões, ou seja, seis anos, a oportunidade de termos dois grupos concorrendo o que foi uma grande demonstração de democracia e de que há líderes capazes de conduzir da melhor forma necessária os destinos do nosso centro comunitário. Esse fato, pelo menos até a data deste editorial, vai se repetir agora inclusive com mais vivacidade, pois há três postulantes ao cargo de presidente que devem formar as suas chapas para informarem ao egrégio Conselho e que deverá sufragar sua preferência a um dos grupos. Para que todos possam exercer os seus compromissos com a Hebraica, estão sendo realizados vários encontros entre os conselheiros e os candidatos para conhecerem seus planos e objetivos caso sejam os escolhidos. Tudo isso está gerando um movimento muito interessante de comprometimento e que está se intensificando cada vez mais à medida que se aproxima a data do dia 8 dezembro, data da eleição.

FEVEREIRO

16 23

3ª FEIRA 3ª FEIRA

Local Teatro Anne Frank Horário 19h30 17/11 8/12

Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente o 1 secretário 2a secretária Assessores

Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Fernando Rosenthal Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Júlio K. Mandel Silvia L. S. Tabacow Hidal

AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2015

JANEIRO 27 4

DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO ( ONU ) TU B’SHVAT

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA

JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM

3 4 5 10 11 16 23

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 5ª FEIRA

24

6ª FEIRA

EREV PESSACH- 1º SEDER PESSACH- 2º SEDER PESSACH-2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON- DIA DE LEMBRANÇA DO CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT- DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 67 ANOS

MARÇO 4 5 6

ABRIL * * * *

3ª FEIRA 4ª FEIRA

MAIO 7 17 23 *24 *25

JULHO 5 25

5ª FEIRA DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR

DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER

26

DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO

31

6ª FEIRA

SETEMBRO

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2014

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA

ANOITECER

TU BE AV

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT

OUTUBRO 4 *5 *6

DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANA RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ

2ª FEIRA 3ª FEIRA

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES,

FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS




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