Revista Hebraica Outubro

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outubro de 2015

| N º 644 | OUTUBRO 2015 | TISHREI / CHESHVAN 5776

Revista Hebraica

| M ÚSICA

DO

H OLOCAUSTO |

ANO LVI

Música do Holocausto


HEBRAICA

BAR CHARLES EDWARD E HEBRAICA

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palavra do presidente

TRAZEM PARA VOCÊ

A Noite do

Rock Z

COM A BANDA ERO ONZE E MUITO ROCK ANOS 80/ E 90

17.OUT ÁS 22H

Praça Carmel INGRESSO:

SÓCIOS R$50 CONVIDADOS R$70 Informações e vendas: Central de Atendimento: 3818-8888 R. Hungria, 1000

O legado das Grandes Festas Encerradas as celebrações das Grandes Festas, refletimos bastante a respeito das nossas vidas, o que fizemos de bom e de não tão bom e o que vamos fazer para que o próximo ano seja melhor e exitoso. Por esta razão, quero compartilhar alguns pensamentos, e começar por uma história: David morava em um shtetl, uma pequena cidade do leste europeu. Ele estudava para o bar-mitzvá com um rabino, era dedicado a essa tarefa e sua vontade de querer saber sempre muito mais criou um forte elo com o mestre. No dia do bar-mitzvá o menino rezou muito bem, ganhou presentes e gostou especialmente de um copo de vinho de prata todo trabalhado. Passados alguns dias, David não achou o copo mesmo depois de muito procurar, e imaginou que a última pessoa que poderia ter estado com o objeto foi o rabino. Os anos se passaram, David ficou noivo e ao se preparar para ir à sinagoga para a cerimônia de casamento encontrou o copo de prata envolto no talit que usaria sob a hupá. Na sinagoga, já estava o rabino que oficiaria o casamento, aquele mesmo que o preparou para o bar-mitzvá, a quem contou a respeito de suas suspeitas e pediu desculpas. O rabino disse: – Essa possível desconfiança não me chateou. Na verdade, o que me incomodou foi o fato de, nestes anos todos, desde o teu bar-mitzvá, você não usou o talit e nem colocou tefilin. Assim, passadas as Grandes Festas devemos sempre nos lembrar das nossas origens e nossas tradições. É preciso ter sempre em mente nossas promessas de Iom Kipur, nesse ano ser pessoas melhores e pensar em como ajudar o próximo. Por isso, aliás, recomendo assistir ao vídeo do Sílvio Santos acerca de Iom Kipur e que chama a atenção exatamente o ponto no qual afirma: – Ajuda o próximo, dê e doa de coração, dê com a mão direita sem esperar receber nada na mão esquerda. Estamos vivendo um momento econômico turbulento. Precisamos nos lembrar que pessoas da nossa comunidade passam por dificuldades. Quem puder, por favor lembre-se de que um dos pilares da nossa religião é a tzedaká. E doar significa dar algo seu que sabe te faz falta. Gostaria de desejar a todos um ano muito feliz e que sejam sempre confirmados e reconfirmados no Livro da Vida com muita saúde. Vamos desfrutar juntos de muitos momentos alegres e que nossos jovens cresçam dentro da nossa Hebraica criando novas famílias. Foi muito bonito ver esses jovens na festa da quebra do jejum de Iom Kipur, na Hebraica, trazendo de volta uma tradição das festas dos jovens. Hebraica para todos, e todos pela Hebraica. Shalom Avi Gelberg

ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO ECONÔMICO TURBULENTO. PRECISAMOS NOS LEMBRAR QUE PESSOAS DA NOSSA COMUNIDADE PASSAM POR DIFICULDADES. QUEM PUDER, POR FAVOR LEMBRE-SE DE QUE UM DOS PILARES DA NOSSA RELIGIÃO É A TZEDAKÁ


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sumário

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juventude

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centro juvenil hebraikeinu A Casa ficou pequena para receber os convidados da festa de 25 anos

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carta da redação

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7 dias na hebraica Acompanhe a programação de outubro

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capa | tesouros musicais do holocausto Espetáculo no Centro Cívico apresentará obras produzidas por judeus durante a Segunda Guerra

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cultural + social

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grandes festas Veja a cobertura completa dos serviços religiosos na Hebraica

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musical Sucesso no Rio de Janeiro, a história de Wilson Simonal será apresentada na Hebraica

14

28

gourmet A Hebraica vai ter o seu Master Chef. Veja como participar

30

galeria A arte figurativa e abstrata de Antônio Franchini

32

headtalks Desta vez, foram discutidas as mudanças trazidas pela tecnologia na educação

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comunidade Os eventos mais significativos da cidade

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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade MAESTROS ILYA STUPEL E RICARDO CALDERONI FIZERAM PARCERIA NO PROJETO

“TESOUROS MUSICAIS DO HOLOCAUSTO”

especial Quatro domingos com atividades voltadas para as crianças. Veja a programação

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fotos e fatos As cenas que marcaram o mês de setembro

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esportes

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olimpíada de escolas de esportes Evento chegou à 34a. edição e recebeu convidados especiais

50 POSE CLÁSSICA REUNIU 150 INTEGRANTES DO HEBRAIKEINU DE VÁRIAS GERAÇÕES

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magazine

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entretenimento Conseguimos uma entrevista exclusiva com Daniel Zukerman, do “Pânico”

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12 notícias As notícias mais quentes do universo israelense

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guerra civil espanhola A participação de judeus no conflito é maior do que se imagina

A palavra Uma expressão usada nos Dez Dias Temíveis gera muita polêmica

Costumes e tradições Como o judaísno encara o processo de envelhecimento?

viagem Nosso viajante foi conhecer de perto a beleza agreste do Novo México

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Leituras A quantas anda o mercado das ideias?

Música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa

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ensaio Os cinquenta anos da Editora Perspectiva

Curta cultural Dicas para o leitor ficar mais antenado

diretoria

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Lista da diretoria Vejá quem é quem no Executivo da Hebraica

68

tênis Torneios promovidos pela Hebraica reúnem famílias inteiras

70

curtas Em destaque, passeio ciclístico, tênis de mesa, xadrez e masters de natação

64 ATLETAS QUE DISPUTARAM A OLIMPÍADA DAS ESCOLAS DE ESPORTES

PATROCINADORES (MOYSÉS E JONAS GORDON), VENCEDORES E VETERANOS DO TORNEIO MADRUGAL


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carta da redação

Música e lágrimas O personagem da foto de capa é Ilya Stupel, maestro de renome internacional, que dia 14 de novembro vai reger a execução de peças compostas nos campos de concentração, daí o nome bem apropriado de “Tesouros do Holocausto” ao espetáculo que vai marcar época na história da Hebraica como verdadeiro centro comunitário dos judeus de São Paulo. E a reportagem de Magali Boguchwal explica os passos para este show se materializar. Esta edição está mais ilustrada, com muitas fotos de eventos realizados no clube, de acordo, aliás, com a orientação da Diretoria no sentido de privilegiar as realizações das vice-presidências e respectivas diretorias e mostrando os seus participantes. No “Magazine”, o correspondente da revista em Israel, Ariel Finguerman, aproveitou sua breve passagem pelo Brasil para entrevistar o humorista Daniel Zukerman, um dos principais figurantes do “Pânico na Band”, que revela suas ligações com o judaísmo e suas profundas raízes na Hebraica. Leiam também o texto da jornalista e blogueira Sheila Sacks, do Rio de Janeiro, no qual ela fala de alguns dos principais personagens, de Por quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway, livro a respeito da Guerra Civil espanhola, da qual o escritor foi testemunha ocular. Estes personagens, por acaso são judeus norte-americanos, integrantes da famosa Brigada Abraham Lincoln. Boa leitura Bernardo Lerer Diretor de Redação

ANO LVI | Nº 644 | OUTUBRO 2015 | TISHREI /CHESHVAN 5776

DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE

SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS

DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES

ALEX SANDRO M. LOPES

EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95

E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040

- SÃO PAULO - SP

DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE

DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES

IMPRESSÃO E ACABAMENTO ESKENAZI INDÚSTRIA GRÁFICA PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629

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OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE

calendário judaico ::

INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-

PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.

OUTUBRO 2015 Tishrei / Cheshvan 5776

NOVEMBRO 2015 Cheshvan/ Kislev 5776

A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO

dom seg ter qua qui sex sáb

dom seg ter qua qui sex sáb

EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER

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Shemini Atzeret/Yizkor | Simchat Torá

“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800

BRASILEIRA

SÃO PAULO RUA HUNGRIA,

(Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG

VEJA NA PÁGINA 122 O CALENDÁRIO ANUAL 5776

Fale com a Hebraica PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855 CANALABERTO@HEBRAICA.ORG.BR

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O RABINO Y. DAVID WEITMAN VOLTA À HEBRAICA

EM TRÊS PALESTRAS SOBRE A ATUAL CRISE ECONÔMICA BRASILEIRA

21/09 – Segunda, às 20h30 A crise econômica está aí, o que fazer?

Como superar a aflição neste momento? Buscando o positivismo e o otimismo.

1º/10 – Quinta, às 20h30 Como crescer em momentos de crise?

Enxergar a oportunidade na dificuldade das crises financeiras, conjugais e familiares.

15/10 – Quinta, às 20h30 Quais as melhores ações do mercado para investir agora?

Dicas e conselhos da sabedoria milenar judaica.

ENTRADA FRANCA LUGARES LIMITADOS INSCRIÇÕES:

3818-8888

R. Hungria, 1000


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1ª SEMANA: 1º A 11 DE OUT

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2ª SEMANA: 12 A 18 DE OUT

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O QUE VEM POR AÍ!

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capa | tesouros musicais do holocausto | por Magali Boguchwal

O MAESTRO ILYA STUPEL REGERÁ A ORQUESTRA DE LVIV EM 14 DE NOVEMBRO, ÀS 21 HORAS, NO CENTRO CÍVICO

Em honra à vontade de viver A ORQUESTRA FILARMÔNICA DE LVIV (TAMBÉM CONHECIDA COMO LEMBERG, EM ALEMÃO, E LWOW, EM POLONÊS) INICIARÁ EM SÃO PAULO UMA TURNÊ INTERNACIONAL PARA DIVULGAR O PROJETO “TESOUROS MUSICAIS DO HOLOCAUSTO”, COM DOIS PROGRAMAS BASEADOS EM OBRAS COMPOSTAS POR JUDEUS VÍTIMAS DA PERSEGUIÇÃO NAZISTA. NO FINAL DE AGOSTO, OS MAESTROS ILYA STUPEL, REGENTE DA ORQUESTRA UCRANIANA, E RICARDO CALDERONI ESTIVERAM NA HEBRAICA PARA ACERTAR DETALHES DA APRESENTAÇÃO PREVISTA PARA PARA 14 DE NOVEMBRO, ÀS 21 HORAS, NO CENTRO CÍVICO

“A

s composições encontradas em escavações depois dos bombardeios da Segunda Guerra ou enterradas sob os barracões nos campos de concentração nazistas estão longe de ser tristes ou pesadas. Ao escrevê-las, os músicos fugiam espiritualmente ao sofrimento e às péssimas condições de vida criando peças cheias de esperança e alegria”, afirma Ilya Stupel, maestro lituano atualmente residindo na Suécia, ao mencionar o seu fascínio pelo projeto “Tesouros Musicais do Holocausto”. Em novembro, ele e o brasileiro Ricardo Calderoni trarão ao Brasil a Orquestra Sinfônica de Lviv/Lemberg. Aqui acontecerá o concerto de abertura da turnê de lançamento do projeto, que é o resultado dos estudos feitos em 2.500 obras de compositores cuja carreira foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial e pela perseguição nazista na Europa.

“Depois do Basil, seguimos para os Estados Unidos e Austrália” informou Stupel, que visitou a Hebraica, aproveitando o fato de estar em São Paulo para atuar como regente convidado em um concerto da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (Osusp) na Sala São Paulo. Stupel e o Calderoni são parceiros no lançamento do projeto “Tesouros Musicais do Holocausto” e também trabalharam juntos no concerto da Osusp intitulado “Luta e Vida”. O programa da noite incluía a apresentação de composições inéditas do maestro brasileiro, que se encarregou dos ensaios e preparação do coro. “É uma estrela em ascensão”, elogiou Stupel. Os dois maestros aproveitaram o único intervalo entre os ensaios para visitar a Hebraica e conversar com o presidente Avi Gelberg a respeito da promo-

ção do concerto de abertura do projeto “Tesouros Musicais do Holocausto”, no Centro Cívico, para um público estimado de 2.500 pessoas. Ricardo nasceu em São Paulo e atua como regente convidado em diferentes países. Quando está na cidade, frequenta e pratica natação na Hebraica. Por ocasião dessa apresentação na Sala São Paulo, Stupel travou contato com músicos brasileiros de excelência e pretende incluir a participação deles em sua turnê no país, como forma de promover uma polinização recíproca de talentos, através de uma troca de experiências especialmente importante em um projeto como esse, que busca a integração cultural pela música e o congraçamento dos povos pela paz. Em sua primeira visita ao Brasil, o maestro Stupel surpreendeu-se com

o que viu no clube. “Eu não imaginava encontrar uma comunidade judaica tão ativa e engajada. Na Suécia, onde vivo a maior parte do tempo, o número de manifestações antissemitas aumenta e causa apreensão na comunidade. Quando voltar para casa, vou contar a todos os meus conhecidos sobre esse lugar onde há cultura, esportes e até uma revista como esta que folheio, mesmo sem entender português”, comentou o maestro, enquanto esperava para ser recebido pelo presidente Avi Gelberg. Mesmo antes de se envolver com o projeto “Tesouros Musicais do Holocausto”, Stupel sentiu na pele o preconceito antissemita. Há dois anos, na Suécia, ele foi atingido na cabeça com um bastão de hóquei durante um passeio que fazia com a filha e o cachorro. “Depois desse episódio, aumentou minha certeza de que a resposta a esses xenófobos tem de vir através da música. É isso que faremos durante a excursão da Orquestra Lviv. Foi por meio da música que muitos prisioneiros de campos de concentração encontraram uma forma de escapar mentalmente da situação sub-humana em que viviam”, observou o maestro. Entre as 2.500 obras analisadas até a maturação do projeto, muitas foram compostas no período pré-guerra. Ricardo Calderoni descreveu a forma como o trabalho de muitos músicos se manteve intacto e, até recentemente, desconhecido. “Nas escavações de casas atingidas por bombardeios, por exemplo, foram achados baús de metal com partituras acondicionadas com todo o cuidado. O regente Paul Kletzki (1900-1973), por exemplo, perdeu toda a família nos campos de concentração e ao ser libertado, nunca mais compôs, dedicando-se somente à regência e alcançando a fama nos Estados Unidos. Depois que morreu, a mulher encontrou as partituras e só então as composições do maestro vieram a público”, contou. As primeiras informações a respeito da turnê “Tesouros Musicais do Holocausto” publicadas na rede social Facebook despertaram a atenção de uma in>>


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capa | tesouros musicais do holocausto terior à prisão e mesmo assim, peças lindas”, completou o maestro.

AVI GELBERG RECEBEU OS DOIS MAESTROS, RICARDO CALDERONI E ILYA STUPEL, PARA ACERTAR DETALHES DO PROJETO “TESOUROS MUSICAIS DO HOLOCAUSTO”

>> ternauta, que enviou ao maestro Stupel uma foto antiga em que o pai aparece ao lado dos irmãos Stupel, pai e tio de Ylia no campo de concentração. “Existe muita expectativa em relação às obras e a toda produção musical ligada às vítimas dos nazistas, por isso creio que o concerto em novembro será um sucesso”, afirma Ricardo Calderoni. A turnê internacional do projeto “Tesouros do Holocausto” tem apoio da Unesco, a agência da ONU voltada para a educação, e do Instituto Yad Vashem (Museu do Holocausto). “É muito importante a Hebraica apoiar e oferecer condições para a apresentação de um espetáculo com um conteúdo tão significativo”, afirmou Avi Gelberg, ao conhecer os maestros e apresentar-lhes alguns dos diretores da Hebraica, entre eles a vice-presidente social-cul-

MANUSCRITO DE MARCEL TYBERG (Z’L), QUE FALECEU EM AUSCHWITZ. PEÇAS FARÃO PARTE DO PROGRAMA APRESENTADO EM SÃO PAULO

tural Mônica Hutzler. Ao descrever o projeto, o maestro Stupel enfatizou o caráter cosmopolita das obras selecionadas para a turnê. Segundo ele, o repertório a ser apresentado durante a turnê foi elaborado para agradar a todos os tipos de público, especialmente aos mais jovens. “Serão dois programas com trechos de peças diferentes, compondo um panorama dos sentimentos e aspirações dos autores. Caberá aos promotores em cada cidade optar entre um ou outro, embora ambos se igualem na qualidade e delicadeza das peças”, garante. “O valor simbólico das obras aumenta, se pensarmos que muitas composições foram escritas sem que os autores tivessem os instrumentos à mão. Muitos escreveram a partir do conhecimento e da vivência musical an-

Orgulho nacional Ilya Stupel dirige a Orquestra de Lviv desde 2013. Os olhos brilham quando ele fala do passado que remonta a Franz Xaver Mozart, o caçula dos seis filhos de Wolfgang Amadeus, e um dos dois que sobreviveram. “Ele criou a orquestra, cuja história foi marcada por muitos outros regentes e famosos de qualidade como, como Gustav Mahler, Bela Bartok e Arthur Rubinstein. Na minha juventude, conheci o pianista que dá nome a um dos teatros da Hebraica. Mantenho contato com a família até hoje e tenho a permissão de excursionar com a orquestra de Lviv, utilizando o nome Arthur Rubinstein, o que me enche de alegria.” Segundo ele, não é de hoje que Lviv, na Ucrânia, é uma cidade com intensa vida judaica. “Temos na cidade dezesseis mil judeus que frequentam teatros, sinagogas e, é claro, prestigiam a orquestra”, acrescenta. A cidade hoje pertence à Ucrânia, mas já integrou o território da Polônia e Rússia. Desde o início do século 19, Lviv, na Ucrânia, Vilna, na Lituânia, e Lodz, na Polônia, formavam o núcleo do judaísmo na Europa Oriental. Quando essas regiões foram invadidas pelos nazistas, grande parte da elite cultural foi internada em campos de concentração e os que sobreviveram, imigraram para outras cidades europeias ou os Estados Unidos. “Eis porque, durante um período, parte da Filarmônica de Nova York era formada por instrumentistas judeus”, informou Stupel. Indicado ao Grammy e vencedor do primeiro prêmio de regência, o Deutsche Schallplatten Kritik, de Berlim, a agenda de Stupel inclui concertos como regente convidado, como ocorreu nesta sua primeira visita ao Brasil, e gravações de discos elogiados pela crítica. “Estou feliz em iniciar a turnê mundial do projeto ‘Tesouros Musicais do Holocausto’ em São Paulo, especialmente na Hebraica, pois será uma homenagem aos setenta anos da liberta-

ção dos campos de concentração e do final da Segunda Guerra. Uma oportunidade para dividir com o público a honra de apresentar, em primeira mão, as obras de compositores que traduziram o sofrimento em peças que serão executadas por solistas virtuoses como Maurice Komonko e outros grandes artistas que compõem a orquestra de Lviv. “Além de São Paulo, o projeto ‘Tesouros Musicais do Holocausto’ será apresentados e Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Fortaleza. Depois do Brasil, a turnê continua por Estados Unidos e Austrália”, adianta Ricardo. Agressão racista A visita do maestro Ilya Stupel a São Paulo ocorreu antes que os problemas relacionados aos imigrantes da África e Oriente Médio na Itália, Grécia e Alemanha dominassem totalmente as manchetes de jornal. “A xenofobia vem crescendo na maioria dos países europeus e a Suécia não é uma exceção. Como regente da Orquestra Arthur Rubinstein, um dos nomes pelo qual a orquestra de Lviv é conhecida, eu me tornei um ícone da comunidade judaica no país,

principalmente porque em nossos concertos frequentemente incluímos obras ligadas à cultura judaica. Lembro que estava passeando com minha filha e o cachorro pela rua e, de repente, eu a ouvi gritar ‘cuidado’ e apaguei. Acordei horas depois, no hospital, e me contaram que alguém havia me ferido com um taco de hóquei”, conta. Segundo ele, o ataque despertou uma campanha do governo contra o antissemitismo. “A notícia foi divulgada nos meios de comunicação e o ataque foi atribuído ao fato de eu ser judeu. A polícia prendeu os culpados, que já foram a julgamento e hoje cumprem pena de 25 anos na prisão, mas o episódio me deixou ainda mais empenhado em trabalhar para manter viva a lembrança e a obra dos judeus vítimas do Holocausto. Para mim, essa é a melhor forma de evitar que outros acontecimentos como esse se repitam no futuro”, conta o maestro Tesouros Musicais do Holocausto Dia 14 de novembro, às 21hs, no Centro Cívico. Mais informações e reservas de ingressos na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889

IMAGEM DO PAI E DO TIO DO MAESTRO STUPEL, AO VIOLINO, EM UM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO. A IMAGEM FOI ENVIADA POR UM INTERNAUTA AO SABER DO PROJETO “TESOUROS MUSICAIS DO HOLOCAUSTO”



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cultural + social > grandes festas

De olho nas novas gerações A ATUAÇÃO DO NOVO CHAZAN HÚNGARO GABOR SZILÁGYI NA SINAGOGA MONTADA NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN E A DESCOBERTA DE UM TOCADOR DE SHOFAR MIRIM MARCARAM MAIS UM ROSH HASHANÁ NA HEBRAICA

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O CHAZAN GABOR CATIVOU JOVENS E ADULTOS, SUPERANDO COM SIMPATIA A BARREIRA DO IDIOMA

AVI GELBERG, MARCOS ARBAITMAN E FÁBIO GRABARZ NO PÚLPITO PARA A LEITURA DA TORÁ E DOIS MOMENTOS SOLENES DURANTE O TOQUE DO SHOFAR

notícia da contratação de um novo chazan para os serviços religiosos do Teatro Arthur Rubinstein este ano despertou o interesse de profissionais que atuam na comunidade, como o cônsul de Israel, Yoel Barnea, e o professor Nelson Rozenchan, responsável pela preparação para bar e bat-mitzvá de gerações de adolescentes. “Ao saber que o chazan Gábor foi convidado pela Hebraica, decidi acompanhar os serviços religiosos no clube. A voz do jovem me impressionou pela qualidade, mas creio que o sotaque dele causou alguma estranheza entre os que o ouviram rezar”, comentou Nelson. O sotaque a que ele se referiu é o que chamam de “hebreish”, o hebraico lido e falado de modo a que, por exemplo, em vez de se falar a palavra “ivrit” (para “hebraico”), fala-se, “hebreish”. “Só não esperava que me pedissem para dizer a prédica, o que foi um kavod digno de lembrança ”, completou Rozechan. Para o maestro León Halégua, responsável pela condução do coral litúrgico no teatro, a escolha do chazan foi muito positiva. “A voz é excelente e ele se mostrou versátil e rápido no aprendizado de algumas melodias utilizadas no serviço. Mesmo sem grande domínio do inglês e do português, estabeleceu uma boa relação com os integrantes do coral, o que facilitou muito o trabalho”, elogiou o maestro. Ao circular pelo clube, Gabor percebeu a importância do trabalho para as famílias que frequentam a sinagoga do teatro nas Grandes Festas. “Depois da cerimônia de Tashlich, elogiei-o pelo desempenho no primeiro dia de Rosh Hashaná. Também assinalei que algumas orações mais significativas foram entoadas com melodias diferentes das que estou acostumada. Creio não ser a única a gostar de ouvir e reconhecer as orações como

são feitas há trinta anos e espero que até o Iom Kipur o chazan estude e se adapte ao ritual que eu e outros frequentadores apreciamos”, afirmou a jovem Renata, durante um intervalo no segundo dia de rezas. Os serviços religiosos no Salão Marc Chagall transcorreram sem novidades, com as famílias ocupando gradualmente os lugares disponíveis e todos cumprimentando o chazan Gerson Herszkowicz nos momentos em que este percorria o corredor com a Torá nos braços. Já na Sinagoga da Sede Social, a grande sensação foi o pequeno Rafael Garson, de 7 anos, que surpreendeu a todos ao tocar o shofar. O menino frequentou as aulas ministradas pelo ativista da Sinagoga, Maurício Mindrisz, em agosto e mostrou um talento natural para a tarefa. “Normalmente, quem toca shofar só consegue extrair o som do próprio instrumento. Rafael, no entanto, lidou bem com todos os shofarim que lhe deram e rapidamente aprendeu a sequência de toques”, repetia Mindrisz, a todos que comentavam a respeito do menino. Na tarde do primeiro dia, Rafael foi apresentado ao rabino Yosef Schildkraut, do Beit Chabad, que dirigiu a cerimônia de Tashlich e graças ao menino, os presentes ouviram por duas vezes o shofar, antes de esvaziarem simbolicamente os bolsos nas águas da Praça Theodor Herzl. “Esse ritual exige que as águas sejam vivas, ou seja, que possa garantir a sobrevivência de peixes, como os que vemos aqui. Em São Paulo, é muito difícil encontrar um local como esse e é por isso que há vários anos caminhamos da nossa sinagoga até aqui para partilhar com os sócios do clube a mitzvá do Tasclich. Shaná Tová”, despediu-se Yossi >> Schildkraut. (M. B.)


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cultural + social > grandes festas 2.

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DAVID KULLOCK, GERSON HERSZKOWICZ E GABOR SZILÁGYI DIRIGIRAM OS SERVIÇOS RELIGIOSOS NO

INÍCIO DO ANO DE 5776. AOS 7 ANOS, RAFAEL GARSON SURPREENDEU AS FAMÍLIAS NA SINAGOGA AO TOCAR O SHOFAR COMO

GENTE GRANDE. O CÔNSUL YOEL BARNEA E O PROFESSOR NELSON ROSENCHAN FIZERAM SUAS ORAÇÕES NO

TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN. A JOVEM MARGOT KULLOCK NO IOM KIPUR, O GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN, O SECRETÁRIO FLORIANO PESARO, O EX-GOVERNADOR ALBERTO GOLDMAN E O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA FERNANDO CAPEZ, ESTIVERAM NA HEBRAICA ACOMPANHADOS PELO PRESIDENTE AVI GELBERG. OUVIRAM ÚLTIMO TOQUE DO SHOFAR ANTES DO FIM DO JEJUM. DURANTE O DIA, AS CRIANÇAS SE DIVERTIRAM COM ATRAÇÕES E ATIVIDADES SOBRE O IOM KIPUR

ATUOU COMO CANTORA NO

SALÃO MARC CHAGALL (FOTO AO LADO DO CHAZAN GERSON) E NA SINAGOGA


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cultural + social > musical

Simonal vem à Hebraica APLAUDIDO POR MAIS DE VINTE MIL PESSOAS NO RIO DE JANEIRO, “S’IMBORA, O MUSICAL – A HISTÓRIA DE WILSON SIMONAL” ESTARÁ NO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN DE 5 A 8 E DE 11 A 14 DE NOVEMBRO

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o cenário musical da década de 1960, Wilson Simonal era um astro do rádio e da TV. Público e crítica o colocavam nas alturas. Cantava, contava piadas, dançava, dominava a plateia e regia o coral de vozes que o acompanhava no Maracanãzinho lotado. Ao mesmo tempo, era uma das figuras mais controvertidas da música brasileira. Uma vida polêmica, entre altos e baixos, mas de sucesso inquestionável, afirmam os críticos musicais. Tanto que a história da peça “S’Imbora, O Musical” é escrita por Nelson Motta e Patrícia Andrade e tem a direção de Pedro Brício, nomes conhecidos no show business, o que explica o êxito do espetáculo em sua carreira no Rio de Janeiro. Nelson Motta é autor de “Elis, a Musical” e “Tim Maia – Vale Tudo, o Musical”, entre outros sucessos. “A maior qualidade de um musical é ter grandes canções, e Simonal, além de histórias e músicas sensacionais, tem uma carga dramática incrível. É um personagem que foi do céu ao inferno”, comenta Motta. A direção musical é de Alexandre Elias e os arranjos são de Max de Castro, filho de Simonal.

ÍCARO SILVA TRAZ PARA O PALCO A VIDA ATRIBULADA DO ÍDOLO SIMONAL

Após viver Jair Rodrigues em “Elis, a Musical”, Ícaro Silva foi escolhido entre cem selecionados de um total de mil atores inscritos para interpretar Simonal. São dezesseis atores em cena, revezando-se para cobrir 31 personagens presentes na carreira do cantor e uma banda com oito músicos. Foram concebidos 250 figurinos, dezessete por personagem, exceto Simonal, que troca doze vezes de roupa, além de uma dezena de perucas para o grupo. “Fazemos um resgate do seu riquíssimo repertório, mostrando essa figura improvável, pobre e negro, que se tornou o maior astro popular fazendo música de altíssima qualidade. Simonal é um personagem único”, destaca o diretor Brício. Ele passeou por todos os gêneros: rock, calipso, samba, foi parte da criação da “pilantragem” e uniu o cool da bossa nova e o suíngue da música negra à sua potência vocal. Descoberto por Carlos Imperial, figura que narra o espetáculo, Simonal cantava e o público replicava seu repertório em músicas como Sá Marina, País Tropical, Meu Limão, meu Limoeiro, Mamãe Passou Açúcar em Mim.

Todos conhecem esses sucessos. Pois o público terá a oportunidade de cantá-las durante os oito espetáculos programados para a temporada no Teatro Arthur Rubinstein. A peça mostra um importante panorama da época. “Ela fala da história de um homem e do nosso país, como era a nossa sociedade, em termos de preconceitos e de conflitos políticos. O que aconteceu com ele tem a ver com o período, e talvez não tivesse acontecido em outro contexto histórico”, explica o diretor. Para o crítico e professor de teatro carioca Lionel Fischer, “essa história contém ótimos diálogos e uma ação que prende a atenção do espectador ao longo de todo o espetáculo”. (T.P.T.) “S’Imbora, o Musical – A História de Wilson Simonal” Teatro Arthur Rubinstein De 5 a 8 de novembro, e de 11 a 14 de novembro Quinta-feira a sábado, 21h, domingo, 19h Não recomendado para menores de 12 anos


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cultural + social > espaço gourmet

Master Chef é na Hebraica OUTUBRO PROMETE REVELAÇÕES GASTRONÔMICAS COM AS TRÊS ETAPAS DO CONCURSO MASTER CHEF: DUAS NO ESPAÇO GOURMET E A FINAL NA PRAÇA CARMEL

NOVA MARCA REÚNE CANDIDATOS A CHEFS ENTRE VÁRIOS CLUBES PAULISTANOS

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s chefs amadores inscritos em setembro mostrarão suas habilidades preparando salgados e doces: em outubro, oito duplas em cada categoria terão uma hora para pilotar fogão, panelas e utensílios no Espaço Gourmet. As cestas com produtos variados serão sorteadas no início do concurso e cada dupla usará parte ou o total dos ingredientes para criar o prato que será avaliado por três jurados. Esse trio de chefs profissionais vai considerar a apresentação (sensação visual), sabor (sensação gustativa), higiene (limpeza no preparo) e técnica (grau de conhecimento no preparo da receita) e atribuir notas de 5 a 10. O concurso será em duas etapas: dia 17, oito duplas para a categoria “Salgados” e dia 18, a categoria “Doces”, sempre a partir das dez horas e com uma hora e meia de intervalo entre elas. Duas duplas sairão vitoriosas e receberão o título de Master Chef Hebraica. Na terceira etapa, dia 25, a Praça Carmel receberá os Master Chefs escolhidos nas agremiações filiadas à Associação de Clubes Esportivos e Sócio-Culturais de São Paulo (Acesc) e da qual a Hebraica faz parte. Será um encontro gastronômico que premiará a mais saborosa receita salgada e o doce mais apetitoso, mostrando que a gastronomia é também uma opção de lazer e, mais ainda, de aproximação e oportunidade para novas amizades. (T. P. T.)

Zitune mostrou o que sabe Recentemente, Gabriel Zitune foi “Personagem” na seção Comunidade desta revista. Com justa razão, por fazer da culinária uma ponte para o desenvolvimento de seu trabalho social. Ele é chamado constantemente para fazer almoços e jantares beneficentes com receitas tradicionais judaicas às quais acrescenta a sua marca. Antes das Grandes Festas, Zitune lotou o Espaço Gourmet. Entre frequentadores habituais e novos, o chef distribuiu uma apostila com receitas como couscous marroquino, abadejo com cebolas e gergelim, pão de cebola com papoula, strudel de maçã e espuma de damasco turco, entre outras. E explicou o bê-a-bá para chegar a um resultado igual àquele servido no final da aula. Um verdadeiro banquete de iguarias especiais.


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cultural + social > galeria A ARTE DE FRANCHINI É RECONHECIDA EM DOIS CONTINENTES

Um pintor luso-paulistano ANTÓNIO FRANCHINI TEM ATELIÊ NO PORTO, PORTUGAL, E EM SÃO PAULO. A PARTIR DE 3 DE OUTUBRO, SUAS OBRAS PODERÃO SER APRECIADAS NA GALERIA DE ARTE DA HEBRAICA

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variedade de máquinas fotográficas chamou a atenção dos frequentadores do Teatro Arthur Rubinstein e da Galeria de Arte em setembro. Na sequência, o convidado é António Franchini, conhecido no mundo das artes pelo uso apenas do sobrenome. Nascido em 1959, na cidade do Porto, a carreira dele foi adiada pela vontade paterna e pelo Estado Novo, regime político autoritário, que vigorou por 41 anos em Portugal, derrubado pela Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974. É a partir daí que Franchini se vê livre

como artista, após o dilema de ser médico ou economista, de acordo com a vontade paterna. Foi até diretor de banco, mas a morte prematura do pai mudou tudo. Começa um curso intensivo de desenho figurativo, outro de cerâmica e participa das primeiras exposições coletivas da sua carreira. Brota a alma latente do artista. Nessa época, funda a Franchini Galeria, no Centro Miguel Bombarda, no Porto. Em seguida reuniu quatro amigos e criou a AP’Arte Galeria, próxima da anterior. Associou-se à Oficina 2000&5, espaço criado para projetos cerâmicos e escultóricos de autor, e nessas andanças conviveu com mestres da pintura e escultura portuguesas. Expõe e se dedica à curadoria. O artista tem dois ateliês: um no Porto e outro em São Paulo, revezando-se entre os dois na criação de obras abstratas

e figurativas. Expõe em Portugal e museus, centros culturais e galerias em diversos países, e o convite de várias Bienais. Foi premiado pela PubliTime Editora de São Paulo como o “Artista Internacional de 2012”, entregue pelo artista e curador Fernando Durão e em 2013 apresentou a mostra “Encontros – Portugal no Brasil x Brasil em Portugal” no Memorial da América Latina. Franchini foi diretor Cultural para Portugal da Associação Profissional de Artistas Plásticos de São Paulo, é membro da Associação Nacional dos Artistas Plásticos de Portugal, diretor para Portugal da UP Arte –Brasil e da SHAIR – Be a Part. É embaixador da NONViolence, projeto criado pela viúva do músico John Lennon, Yoko Ono. Agora, vá à Galeria de Arte conhecer a obra desse artista meio português, meio paulistano. (T. P. T.)


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cultural + social > headtalks

Pondo a cabeça para funcionar HEADTALKS TRAZ NOVAS FORMAS DE PENSAR, PROPÕE A EDUCAÇÃO “FORA DA CAIXA” E O APRENDIZADO POR MEIO DA EXPERIÊNCIA. NO TERCEIRO HEADTALKS, NO DIA 14 DESTE MÊS, O TEMA ESCOLHIDO É “ÉTICA E REDES SOCIAIS”

A CURIOSIDADE DOS ADOLESCENTES UNIU O ARTESANAL E A TECNOLOGIA

PÚBLICO ATENTO AOS PALESTRANTES NA ESPLANADA

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primeiro HEADtalks, nova forma de inspirar e provocar a reflexão entre os seus participantes, tratou da inovação social e o tema do segundo foi a educação. Um debate aberto com especialistas que falam a respeito do desafio de ensinar e aprender nos tempos atuais, em que a cada ano a inovação dobra a capacidade de processamento com impacto em tudo que acontece, principalmente nas novas gerações. A Esplanada da Hebraica foi transformada, no final de uma tarde, em laboratório de invenções. Jovens se posicionaram diante de bancadas e tinham à disposição madeiras, fios, conectores, uma verdadeira parafernália para ser usada criativamente. O ambiente foi criado pelo Mundo Maker, espaço de aprendizagem em que crianças e adolescentes descobrem como se expressar por meio da experiência, do “pôr a mão na massa”, usando a programação, a robótica e o fazer manual. O cofundador do Mundo Maker, Fábio Zsigmond, andava entre as bancadas e acompanhava o desenrolar da cena. Quem chegasse de repente não entenderia o que fazia o garoto de 10 anos com um pedaço de madeira sem qualquer acabamento, transformado em uma guitarra que emitia sons ligada a um computador. A alegria do garoto era a prova da sua conquista. O som da banda e a voz de Lenna Bahule misturando sons africanos e brasileiros tomaram conta do local enquanto o ambiente se transformava para receber os palestrantes da noite. O idealizador da Educare, empresa que dispõe de um banco de professores para aulas individuais via internet, Márcio Boruchowski, falou da linha do tempo na educação; o diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, tratou de educação e tecnologia; Fábio Zsigmond contou o que se faz no Mundo Maker; high touch: mindfulness foi o tema de Michel Metzger, coordenador de tecnologia no Colégio Iavne; e a educação criativa ficou por conta de Alexandre Sayad, jornalista apaixonado pela educação, fundador do Mel (mediaeduacationlab.com.br), hoje colunista do estadao.edu, portal Aprendiz e membro da agência Repense. A família Schurmann mostrou, por meio de um vídeo, como educou os filhos em alto mar por anos, sem que tivessem qualquer dificuldade com o currículo. Com um time como esse, a noite só podia dar certo. Apresentações cheias de conteúdo, explicações de como atuam em suas áreas e o impacto da tecnologia na educação, o fim do currículo tradicional mostraram que é necessário repensar a rotina escolar, dando ao aluno a oportunidade de desenvolver sua individualidade e mostrar a capacidade de se preparar para o mundo adulto. (T. P. T.) No terceiro HEADtalks, programado para o dia 14 deste mês, o tema escolhido é “Ética e Redes Sociais”


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Cursos técnicos em 2016

A Escola Técnica do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa abriu as inscrições para o processo seletivo de 2016, tanto para os cursos normais como para novas especializações. Técnico em radiologia, especialização de nível médio em oncologia e técnico em gerência de saúde são algumas das opções. Os aprovados poderão estagiar no Hospital Israelita Albert Einstein, no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch/M’boi Mirim, na SPDM Unifesp e no Laboratório Diagnóstika. Inscrições até 7 de dezembro no endereço www.einstein.br/Ensino/escola-tecnica/Paginas/escola-tecnica.aspx.

Jerusalém em Brasília Após ser vista no Uruguai, Chile, Peru, Argentina e no Museu da Escultura (MuBE), em São Paulo, a exposição fotográfica “Jerusalém Arte e Mistério” ocupou o foyer do Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal durante o mês de setembro. A mostra apresentou 32 imagens da fotógrafa e jornalista de arquitetura israelense Viviana Tagar, um antigo desejo seu de revelar, através de imagens artísticas, o mistério da milenar cidade sagrada para as três religiões monoteístas.

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por Tania Plapler Tarandach

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TRÊS MÚSICOS BRASILEIROS INTEGRAM A ORQUESTRA

Uma noite de boa música

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Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) realizou uma noite no Teatro Alfa com a Orquestra Sinfônica de Jerusalém, sob regência de Frédéric Chaslin, seu oitavo maestro titular. “A Orquestra de Jerusalém representa na musica clássica a contribuição que Israel tem para oferecer ao mundo, assim como nos campos da ciência, tecnologia, democracia e no respeito aos direitos humanos. Que os movimentos de boicote a Israel consigam fazer algo melhor, e o mundo perceba que precisa apoiar este pequeno país, a última fronteira entre a civilização e a barbárie”, destacou Mário Fleck ao agradecer os patrocinadores e o público. Após a execução dos hinos brasileiro e israelense e de Don Giovanni, de Wolfgang Amadeus Mozart, a segunda par-

te do programa ofereceu uma surpresa ao público quando o violinista Itamar Zorman, nascido em Tel Aviv, interpretou o Concerto para Violino, de Tchaikovsky, que lhe deu a medalha de ouro no Concurso Tchaikovsky, em Moscou, em 2011, aos 26 anos. Criada ainda em 1930, a Orquestra do Serviço de Radiodifusão Palestino mudou o nome para Orquestra da Rádio de Israel em 1948, ano da independência do país e, apenas na década de 1970 passou ao nome atual. Este ano, a orquestra se apresentou na Unesco, em Paris, marcando o 70º. ano da libertação do campo de extermínio de Auschwitz. Além de São Paulo, os músicos tocaram em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba.

Rosh Hashaná com o presidente uruguaio

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liderança do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) brindou a chegada do ano 5776 e o 75º. aniversário do Comitê Central Israelita do Uruguai (Cciu) em um jantar, com a presença do presidente do país Tabaré Vázquez e o prefeito de Montevidéu Daniel Martinez, ministros, senadores, deputados e membros do poder judicial do Uruguai, ao lado do presidente do CJL Jack Terpins, da tesoureira Chella Safra, do diretor executivo Cláudio Epelman e do presidente do Cciu, Sérgio Gorzy.

A distribuidora independente Elo Company (leia-se Ruben Feffer e Sabrina Nudeliman Wagon) é codistribuidora, em parceria com a Universal e a Europa Filmes, da comedia SOS Mulheres ao Mar 2, com Giovanna Antonelli e Reynaldo Gianecchini no elenco. Este ano, estão programados os lançamentos do suspense adolescente Eu Nunca e o documentário Damas do Samba. A Elo aposta em gêneros e formatos diversificados.

∂ Pesquisador em doenças do aparelho locomotor e reumatologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Morton Scheinberg proferiu a conferência magna durante o XI Congresso Internacional de Lupus, organizado pela MedUni Viena, na Áustria. Desde o mês passado, Hélio Plapler é professor titular do Departamento de Cirurgia Experimental na Universidade Federal de São Paulo.

Para todos os gostos

∂ Hospedados em endereços da rede Meliá Hotels International, representantes de vários Estados reuniram-se para a posse da nova diretoria da Federação Brasileira de Colunistas Sociais-Febracos. Ovadia Saadia, presidente, (na foto com Mauricio Kus) preparou uma agenda paulistana para receber os jornalistas. Alex e Enrique Lipszyc e Gabriel Boieras eram alguns dos artistas que participaram do I arteScambo. Realização da Escola de Arte e Design Panamericana com exposição e troca de trabalhos visuais, palestras, música e food trucks. O Desafio Soul Kitchen reuniu cinco chefs, entre eles Benny Novak (Ici Bistrô), e cinco amantes da culinária como Clarice Reichstul, servindo mais de mil pessoas na Praça das Artes.

Em debate na TV Cultura, Luiz Cuschnir destacou o papel do novo homem e a função de pai. Elementos da masculinidade e o envolvimento emocional com um maior comprometimento do homem na formação dos filhos foram aspectos discutidos, inseridos nos modelos do século 21. Foi concorrido o lançamento de Miguel Telles da Costa – o Capitão-Mor Judaizante de Paraty, de autoria de Rachel Mizrahi, realização de Editora Mayanot, Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (Leer) e Livraria da Vila. Com apresentação de Anita Novinsky e orientação de Maria Luíza Tucci Carneiro, responsável pela série Brasil Judaico, da Mayanot, selo desse lançamento. Quase vinte mil pessoas viram no Museu da Imagem e do Som as fotografias de Roberto Frankenberg. Agora, a mostra está na Comunidade Shalom, sempre com o apoio do Museu Judaico de São Paulo.

Ao receber o time israelense de atletas especiais que voltava de Los Angeles, EUA, após disputar os Olympics World Summer Games, o primeiro-ministro de Israel, Biniamin Netaniahu, cumprimentou a turma que conquistou 62 medalhas. A Ornare foi parceira das mostras Designers do Futuro e Digital e Design de Tendência, organizada pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. No D&D Shopping. Com curadoria de Anna Bella Geiger, a FGV Editora e a Insight Comunicação lançaram o livro Fayga Ostrower. Uma seleção das obras mais emblemáticas da artista plástica nascida em Lodz (Polônia) e falecida no Rio de Janeiro em 2001. Exemplo a seguir: Isaac Kamkhagi convidou os amigos para passarem um dia com a turma de voluntários do Ten Yad. E assim, comemorou seu bar-mitzvá. Para fazer o mesmo, fale com o setor de voluntários pelo fone 3334-2977.

Dois cursos para públicos diferentes: “Leia Hebraico em cinco aulas” com Sarah Steinmetz. Em dois horários: às 10h30 ou às 20h30, segundas-feiras de outubro, no Beit Chabad Central. “A Jornada da Alma – Uma Exploração da Vida, Morte e o que Está Além” é o título do curso, que acontecerá no auditório do Banco Daycoval, em três opções de horários às terças, quartas e quintas-feiras em inglês ou português, incluídos o estacionamento cortesia do anfitrião e material didático. Realização do myJLI. com. Inscrições para os dois cursos, fones 3087-0319 e 983-158-770.

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“Última Hora” em exposição Um marco no jornalismo nacional, Última Hora foi fundada pelo jornalista Samuel Wainer em 1951. Sua diagramação criativa e a valorização da fotografia revolucionaram as técnicas da época. Perto de 166 mil ampliações fotográficas do acervo foram reorganizadas, catalogadas, higienizadas, recondicionadas e digitalizadas em alta resolução e grande parte delas, nunca publicadas, estão disponíveis no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo, a partir da inauguração da exposição “Última Hora: Imagens de um Acervo”. A previsão é que todas estejam no site em 2016. A mostra seguirá para a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) no Rio de Janeiro e, no início de 2016, estará no Museu das Comunicações, em Porto Alegre.


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Seminário de Capacitação A área da terceira idade da Fisesp realizou o X Seminário da Terceira Idade, com o tema “Envelhecimento no Século XXI e nossos Desafios”. Perto de duzentos participantes reuniram-se no Ten Yad com especialistas em diferentes temas relacionados ao envelhecimento. Eugênia Fischer e Jaime (Chaim) Kuperman, alunos da Universidade Aberta da Terceira Idade da PUC, no alto dos seus cem anos, receberam diplomas de honra ao mérito. “Temos dois alunos centenários e estamos aqui para homenagear essas duas pessoas incríveis, que contagiam a todos com sua simpatia e bom humor”, disse o coordenador da Universidade Aberta, Antônio Jordão. A realização da Fisesp teve a parceria do Ten Yad e o apoio da Congregação Israelita Paulista (CIP), Sociedade Israelita Albert Einstein e Unibes.

O best-seller Brasil: Uma Biografia levou a antropóloga Lilia Schwarcz, nova curadora-adjunta do Museu de Arte de São Paulo, e a historiadora Helena Starling, autoras do livro, à bancada do Canal Livre, na TV Bandeirantes. Com apresentação de Fábio Pannunzio, e entrevistadores Fernando Mitre e Luciano Dorin. Michal Sekowski, da Preciosa, é o responsável pelos cristais checos no figurino de Cláudia Raia, na peça “Raia 30 – O Musical”. “Danças e espetáculos na França têm sempre a parceria da Preciosa”, lembra Sekowski.

Pavilhão de Israel em Milão O pavilhão do Estado de Israel na feira de Milão, Itália, ganhou fama e teve desdobramentos. Empresários do Acre, coordenados pelo governador Tião Viana, foram direto para Israel, onde tomaram contato com o que a tecnologia do país pode fazer pelo estado brasileiro. “Em Israel foi um sucesso imenso ver de perto o quanto um país com todas suas adversidades pode ir tão longe. Com tecnologia podemos dar um salto significativo na nossa produção, e essa é a proposta do governador, que o Acre ouse mais”, comentou Jurilande Aragão, presidente do Conselho do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/Acre).

∂ Na’amat Pioneiras e Sinagoga Mishcan Menachem convidaram o jornalista Caio Blinder, um dos participantes do “Manhattan Connection”, na Globo News, para falar sobre “Israel e Estados Unidos no Atual Cenário do Oriente Médio”.

Centro Dia para idosos

∂ Recém-homenageado com o prêmio da Fundação Conrado Wessel de Ciência (ao lado da atriz Fernanda Montenegro, que recebeu o de Arte), o ex-reitor da USP José Goldemberg é o novo presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer transmitiu o cargo, em ato com a presença de inúmeras autoridades e do governador Geraldo Alckmin. Seguindo os princípios do The Mussar Institute dos Estados Unidos, George Gabany é o facilitador no curso realizado quinzenalmente na Congregação Israelita Paulista (CIP), tratando do crescimento pessoal e espiritual num contexto judaico, segundo o movimento social/espiritual revitalizado na Europa Oriental durante o século 19.

No Master Imobiliário 2015, a Cyrela levou o prêmio na categoria Empreendimento Residencial, com o case “Île Saint Louis”, projetado para São Luís, a capital maranhense.

∂ “Madeleine, não! Madalena”, título da oficina da confeiteira Marilia Zylbersztajn na edição de 2015 do “Cozinha do Brasil”, evento realizado pelo caderno Paladar do jornal O Estado de S. Paulo.

Com cinquenta anos de carreira, a jornalista Dorit Harrazim cobriu as guerras do Vietnã e do Camboja, a primeira guerra do petróleo nos Emirados Árabes e o atentado de 11 de setembro em Nova York, entre outros tantos. A Fundação Novo Jornalismo Ibero-Americano entregou-lhe o Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo, na categoria de excelência, em Medellín, Colômbia.

Single Jewish é um espaço virtual para pessoas singles. O coordenador Wyllie Dachtelberg atendeu a pedidos e fez um encontro presencial, convidando a chef Eliana Rosenbaum para ministrar uma aula de comida judaica. A reunião foi no Espaço Gourmet, da Hebraica. Entre os convidados de Henrique Meirelles, no lançamento do Banco Original, Célia e Bernardo Parnes, Chella Safra, Beth e Marcos Arbaitman, Renata e Sérgio Simon assistiram à apresentação da Orquestra Sinfônica de Jerusalém no Theatro Municipal, em concerto exclusivo.

∂ Lethícia Bronstein, profissional acostumada a vestir personalidades nacionais e internacionais, é a protagonista de “A Estilista”, nova série de treze episódios do canal Fox Life.

Golda Boruchovski comandou, no Tryp Higienópolis, o lançamento da ação “Doando Vidas”, de conscientização da doação de sangue e órgãos, com a participação de Álvaro Dias, da Casa Valduga. Um giro pela Europa, com paradas para rever parentes, foi o roteiro de Peter Weiss. A Associação Brasileira de Captadores de Recursos anunciou os nomes dos quatro especialistas convidados a compor o Comitê Científico do Festival ABCR 2016: Flávia Lang, Déborah San Roman, Kátia Gama e Michel Freller. Caberá a eles definir o programa dessa oitava edição, de 4 a 6 de maio de 2016. Pós-graduada em cirurgia dermatológica, Tatiana Steiner enfatiza o uso do aparelho ND-YAG 1064, entre outros procedimentos, também no clareamento gradual da pele sem causar reação inflamatória. Criada por Rafael Bluvol e Fellipe Guimarães, a Instaby,

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m parceria com a prefeitura de São Paulo, a Unibes inaugurou uma unidade de atendimento especializado para idosos no Bom Retiro, o “Centro Dia”. Ali serão atendidas pessoas em situação de vulnerabilidade social, com ações de acolhida, escuta, informação e orientação. Oficinas sócio-educativas, rodas de conversa, palestras sobre cidadania, oficinas de autocuidado e segurança alimentar, terapia ocupacional e muito mais estarão à disposição dessa população, como mais uma ação no ano em que a instituição completa seu centenário. O Centro Dia funciona na rua Rodolfo Miranda, 287, e informações são dadas pelo telefone 3123-7300.

empresa focada na moda, é pioneira no país na simplificação de unir o e-commerce ao sucesso do Instagram. Livraria Pulsional e Editora Escuta promoveram o lançamento de Na Caverna dos Duplos. A autora, Maria Inês Giora, autografou perto de 150 livros no lançamento. No Shil, os novos papais Karina e André Frenk comemoraram a alegria do nascimento de Ariel. Vovó Doly Frenk veio de Israel para essa simchá. André Nehmad fotografou os momentos especiais do bar-mitzvá de Rodrigo, filho de Gabriela e Alexandre Szpigel. Francisco Isler, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Nutrionix, foi palestrante na XIX Food Ingredients South America (FiSA), no Transamérica Expo Center. Com o tema “Inovação e Tecnologia de Redução de Sódio em Produtos Industrializados: a Busca da Melhor Solução para Substituir o Sal nas Formulações”.

Duas mil chalot preparadas numa noite

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uas mil mulheres ao redor das mesas, 2.6 toneladas de farinha de trigo, 5.610 sachês de fermento, 4.600 ovos, 270 litros de óleo, 918 litros de água, 370 quilos de açúcar, 32 mil gotas de chocolate e vinte mil sachês de sal. Estes números mostram, mais do que qualquer imagem, o que foi a MegaChallah Bake Brasil, que aconteceu no Salão Marc Chagall, com ingressos vendidos em apenas treze dias. Apresentada por Ana Rosa Rojtenberg, a noite contou com o grupode dança Ofakim da Hebraica e a participação de Daniela Barzilay, Pessy Gansburg, Sônia Weitman, Devora Yanni, Brenda Dorf e Rose Lea Naparstek. A cantora israelense Aliza Nahum animou o público, que improvisou uma flash mob e contagiou todo o salão. “Duzentas voluntárias coordenaram as duas mil mulheres e isso não é fácil. É preciso explorar o talento de cada uma e fazê-la passar seus conhecimentos às participantes, que devem sair fe-

lizes com suas chalot prontas para assar”, afirmou Frida Tawil, da comissão organizadora, junto com Chani Alpern e Karen Feldman.

Cinematografia israelense

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ntre os filmes internacionais mostrados no tradicional Festival de Veneza constaram Lama Azavtani (Why Hast Thou Forsaken Me), de Hadar Morag, realização de Israel e França; Mountain, de Yaelle Kayam, coprodução Israel/Dinamarca, e Rabin, The Last Day, de Amos Gitai, reunindo Israel e França.


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Diálogo cristão-judaico

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m 28 de outubro de 1965, durante o Concílio Vaticano II, foi aprovada a Declaração sobre as Relações da Igreja com as Religiões Não-Cristãs, no papado de Paulo VI, mais conhecida como Nostra Aetate. A arquidiocese de São Paulo e a Confederação Israelita do Brasil (Conib) realizaram um ato solene, no Teatro Tuca, para relembrar os cinquenta anos do renascimento do diálogo católico-judaico com a presença do cardeal Kurt Koch, chefe do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos no Vaticano e presidente da Comissão para as Relações Religiosas com os Judeus. Os cardeais Kurt Koch e Odilo Scherer,

rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP), e os presidentes da Conib Fernando Lottenberg, e da Fisesp, Mário Fleck compuseram a mesa e vários foram os oradores, entre eles o secretário estadual Floriano Pesaro, seguidos da apresentação do Coral Martin Luther King e a leitura de trechos da Nostra Aetate, pelo ator Odilon Wagner. “Sendo assim tão grande o patrimônio espiritual comum aos cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais se alcançarão, sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os diálogos fraternos”, promulgou a Nostra Aetate.

Relato de testemunhas do terror

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lora Rosenbaum e a filha Deborah Balazs Faria estavam na Pizzaria Sbarro, em Jerusalém, na noite de 9 de agosto de 2001 quando uma bomba jogada por um terrorista mudou a vida de muitas pessoas. A começar por Jorge Balazs, marido de Flora, inscrito na lista das quinze pessoas mortas, sete delas crianças, e mais 130 feridas. Pela primeira vez, elas contaram essa história para o público na Livraria da Vila e, dias depois, na Sinagoga Mishcan Menachem. “Vítimas do Terror”, titulo do encontro, está nos planos de Márcio Pitliuk para se transformar num filme. “Se

uma instituição quiser organizar uma palestra como essa, basta enviar um e-mail para editora@pitcult.com.br”, informa o cineasta.

O poder do toque do shofar

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28ª. Tarde Comemorativa Anual realizada pela Divisão Feminina Chabad é um referencial antes das Grandes Festas. As mulheres que se reúnem no Buffet França aguardam o encontro e, este ano, não foi diferente. Salão cheio, lanche saboroso, troca de bons votos entre amigas para o ano 5776 e, mais ainda, o acompanhamento das palavras do rabino Shabsi Alpern sobre o tema “Bom para o Corpo, Melhor para a Alma”. O ponto alto fica sempre para o final, quando o rabino tira do shofar um som que eleva a alma de quem o ouve.

COLUNA 1 Nando Bolognesi apresentou o espetáculo Se Fosse Fácil, Não Teria Graça na Hebraica. Para quem perdeu, a peça pode ser vista, até final de outubro, no Teatro Tucarena. Luciano Palumbo e Cláudio Schapochnik estão no comando de TurismoEtc, site de notícias com tudo que diz respeito a uma viagem. Completo! Liliana Segre é uma das últimas testemunhas da Shoá e relata seu dia-a-dia no campo de concentração no livro Sobreviveu a Auschwitz. Menina judia na Itália fascista, perdeu os pais e avós paternos no campo. Seu relato para Emanuela Zuccalá foi lançado pelas Edições Paulinas. Comunicação, Gênero e Saúde. Uma Análise das Campanhas do Câncer de Mama no Brasil escrito por Anna Flávia Feldmann teve seção de autógrafos na Livraria Cortez. Do original escrito em 2008, na forma de dissertação apresentada à Escola de Comunicação e Artes da USP, como exigência parcial para obtenção do mestrado.

Chaverim colhe sucessos Andrea e Paulo Kulikovsky foram anfitriões no encontro da jornalista Adriana Carranca com o grupo Novas Gerações do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) e a World Union for Progressive Judaism. Além de colunista em O Estado de S. Paulo e O Globo, ela escreveu livros sobre o Irã e Afeganistão e é a autora do best-seller Malala: a Menina que Queria Ir para a Escola. A parceria Governo do Estado, Secretaria da Cultura, Instituto Olga Kos e Instituto Europeu di Design reuniu o lançamento do livro Mário Gruber, escrito por Jacob Klintowitz, e os trabalhos nas oficinas de arte do Instituto Olga Kos. Na Livraria da Vila/Fradique, sarau reuniu o violinista Alexandre D’Antonio, o pianista Daniel Szafran e a cantora Sônia Goussinsky, autora de Era uma Vez uma Voz o Cantar Ídiche, suas memórias e registros no Brasil, lançado pela Editora Humanitas.

O jornal israelense Haaretz, de grande circulação, destacou jovens brasileiros, entre 20 e 30 anos, que fizeram aliá. O texto foi da repórter Judy Malz. Está marcada para 2 de novembro a abertura da exposição “O que Caminha ao Lado”, no Sesc Vila Mariana, com obras de Deyson Gilbert e Daniel Jablonski. Artes plásticas e pimentas na cozinha mexicana foram motivo para uma aula de Lourdes Hernandez e Felipe Ehrenberg. Na Escola Wilma Kovesi, dentro do V Festival da Pimenta. A aula inaugural do segundo semestre da cátedra da cultura judaica PUC/ SP serviu para

marcar os cinco anos de ações em prol dos estudos judaicos na Universidade católica. A Prefeitura Municipal de Cabreúva, a Casa Anne Frank e o Instituto Plataforma Brasil prepararam a mostra “Deixe-me Ser Eu Mesmo”, no Salão da Comunidade São Francisco de Assis, na Escola Estadual Monsenhor Heládio Correa Laurini. Cláudio Galeazzi falou para jovens do Jewish IN de sua experiência na reestruturação de empresas, tema que interessou seus ouvintes e também os anfitriões da noite, Doris e Sydney Sztamfater. Noite foi arrematada com um delicioso sushi.

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etembro foi um mês de muitas atividades do Chaverim. Começou com a cerimônia de bat-mitzvá na Sinagoga, momento de grande emoção para as famílias das bnot miztvá e de quem mais acompanhou o ato, que teve comemoração na Casa, com direito a música, coquetel, poses para os fotógrafos e muita animação. O chá anual no Terraço Itália foi outro momento de prazer. Com um público participativo, prêmios cobiçados e a divulgação do que é e faz o Chaverim em prol do jovem e adulto com deficiência. Uma viagem é sempre motivo de agito. Participar de uma machané no Rio de Janeiro era tudo o que o pessoal queria e, ainda mais, uma parte do grupo dançou e encantou a plateia presente no Festival de Dança da Hebraica-Rio. Os aplausos foram muitos. “A Essência do Momento”, exposição de fotos realizadas por profissionais, que passou pela Hebraica e pelo MuBE, esteve no Memorial da Inclusão da Secreta-

ria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, acrescida de novidades, como a acessibilidade total e permitindo a leitura em braille. Finalizando a sequência, a diretora Ester G. Tarandach apresentou o tema “Experiências Inovadoras: a Longevidade da Pessoa com Deficiência Intelectual”, durante o Seminário da Terceira. Idade, realizado pela Fisesp. Este é um dos pontos mais estudados no momento, em função dos índices de longevidade mostrados em pesquisas recentes e suas consequências para a sociedade.

Rosh Hashaná Urbano Este foi o título dado ao evento de rua realizado pelo Centro Judaico Bait na celebração dos seus dez anos. Música, gastronomia, dança, oficina de shofar, apresentação de humor com Os Raposas e vários produtos à venda compuseram o cenário de um quarteirão da rua Baronesa de Itu fechado ao trânsito. No lugar de carros, muitos carrinhos de bebês, famílias inteiras aproveitaram o domingo ensolarado para um evento típico judaico.

Ministra alemã no Mjsp

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m visita a Brasília, acompanhando a chanceler alemã Angela Merkel, a ministra da Cultura da Alemanha Monica Grutters veio a São Paulo para conhecer o Museu Judaico (Mjsp) e ver a obra de restauro realizada com verba doada pelo governo do seu país. Acompanhada do presidente Sérgio Simon, a ministra percorreu os andares da obra, conhecendo cada detalhe do que será o Mjsp e se deteve no andar térreo, já restaurado. “Apoiamos a restauração de sinagogas pelo mundo, pois acreditamos que, de certa forma, é uma responsabilidade da Alemanha colaborar para manter viva esta memória da vida judaica para o futuro. É muito importante essa parceria do governo alemão com este Museu.”


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PERSONAGEM

Jewish IN na Hebraica

Em Israel, o início da carreira para Roger Chammas

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Agenda do Kleztival

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poucos dias do início da sexta edição do Festival Klezmer, a programação vai tomando corpo, com a confirmação dos grupos internacionais. A noite de abertura será no Sesc/ Santana. Haverá high lights na sinagoga O Shil, na Avenida Europa. e Frank London se apresentará no Centro Fecomércio de Eventos. Dia 18, o grupo Alpaca se apresentará no Hebraica Meio-Dia e, às quatro da tarde, será exibido Wandering Muse (A Musa Errante), do húngaro-canadense Tamas Wormser, documentário sobre música judaica no mundo. Haverá reprise desse filme no dia 19, às seis da tarde, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon. Dia 21, às sete da noite, na Livraria da Vila/Shopping Higienpolis, haverá o lançamento do CD Trio In Canto. O Projeto Yetzirah traz a criação de compositores de música litúrgica feita no Brasil. Alex Travassos, Felipe Gritz (Pipo), Márcio Besen e Nicole Borger, apresentam-se na Fundação Ema Klabin. Dia 23 haverá um Shabaton na Hebraica. A Esplanada será tomada por uma jam session, noite de improvisação com Jeff Warschauer, conhecido internacionalmente no cenário da música ídiche. Dia 24, encerramento, na Choperia do Sesc Pompeia, com a Orquestra do Kleztival. Dia 25, no Hebraica Meio-Dia, no Teatro Arthur Rubinstein, apresentação de Tiembla, El Mohel, de Buenos Aires, e Rancho Carnavalesco Praça XI, grupo carioca de klezmer, para deixar saudade e a vontade de pedir bis.

Esplanada foi tomada por jovens, na noite em que a Associação Cultural Jewish IN convidou os empreendedores Flávio Pripas e Vítor Elman para contarem sobre suas trajetórias. O início da carreira, as dificuldades, os conflitos e questionamentos por que passaram mostraram que, mesmo com perfis diferentes, eles tiveram pontos comuns para contar A importância da criatividade, da persistência e da coragem foram pontos destacados na trajetória das suas carreiras, o que entusiasmou Charles E. Tawil, presidente da entidade, que viu nesses jovens “um modelo a ser seguido”. Coordenadora geral da Jewish IN, Simone Siebner está empenhada em promover uma rede cada vez maior na co-

O munidade, entre jovens de 25 a 45 anos, focada no empreendedorismo e aprimoramento pessoal. Entre o público, Nathalie Rosemberg destacou a atualidade do tema e como “os palestrantes falaram de maneira prática como iniciaram suas startups e seus funcionamentos, fazendo correlação com fases da vida”.

A biografia de Anne Frank

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Diário de Anne Frank é um dos livros mais vendidos no mundo, porém, pouco se sabe sobre a vida da jovem morta em Bergen-Belsen, duas semanas antes da libertação do campo de concentração. Janny van der Molen, jornalista e escritora premiada de livros infantis na Holanda, onde nasceu, mergulhou em arquivos, visitou os locais de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial, esteve na casa da família Frank e entrevistou pessoas próximas a Anne. A partir daí ela escreveu O Mundo de Anne Frank – Lá Fora, a Guerra, editado em português pela Rocco Jovens Leitores. A autora esteve em São Paulo e, acompanhada do representante da editora Gabriel Ferreira dos Santos, foi a Escola Alef, no Colégio I. L. Peretz, na Escola Lafer da CIP e na Livraria Martins Fontes/ Paulista, em encontro para autógrafos. Na Escola Alef, Janny contou para os alunos do segundo ano do ensino médio sobre a vida da jovem. “Em Bergen-Belsen, há pedras marcando os lugares onde as pessoas foram mortas, me emocionei e, ao chegar ao hotel, chorei muito. Anne era uma menina normal, que

brincava com bambolê e patinete, ia à escola e vivia como cada um de vocês. Na Holanda, os jovens de hoje sabem que Anne morreu porque ficou doente, mas a pergunta é por que ela ficou doente? Os jovens devem conhecer essa história, ela é atual, não é só do passado”, falou a escritora. Suas palavras levaram a várias perguntas, feitas em inglês, contundentes e bem elaboradas. A poeta Vivian Schlesinger, que acompanhou a escritora, contou como “Janny comentou a impressão positiva que teve através do que ouviu nos encontros com os jovens”.

Instituto Weizmann de Ciências acaba de ser conceituado entre os dez melhores institutos de pesquisa multidisciplinar do mundo. Localizado em Rehovot, Israel, ele abre as portas, anualmente em julho, para setenta jovens de quinze países, que participam do International Summer Science Institute (Issi). Roger Chammas passou pelo processo de seleção em 1982 e, então aluno da terceira série do curso científico no Colégio Dante Alighieri, foi para Israel participar do Issi. Estimulado pelos pais e por professores ligados à Academia de Ciências do Estado de São Paulo, ele participava de olimpíadas de ensino, que começavam a existir por aqui. Numa delas, o pai soube do concurso organizado pela Fisesp e a academia estadual e o inscreveu no 15th Dr. Bessie Lawrence International Summer School. “Conhecia muito pouco da cultura judaica e ficava impressionado como se produzia em termos gerais em Israel, mesmo com as adversidades e o estado de tensão, por conta das lutas armadas, que imaginava existir”, lembra Chammas. Com uma venezuelana e um canadense, ele estagiou no Laboratório de Diferenciação Celular.

“Ao chegar a Rehovot, tive uma impressão muito mais vívida sobre a valorização dada à educação e à cultura. Fiquei impressionado pelo respeito à multiculturalidade e a liberdade para as diferentes religiões. O valor dado ao trabalho, que imaginava existir, foi confirmado e, para minha surpresa, não havia a tensão no dia-a-dia que imaginava existir”, lembra o cientista. Além do trabalho no laboratório, os experimentos, os seminários e discussões estimulavam as perguntas e a crítica às respostas. Chammas destaca a interação entre alunos, em grupinhos de três para cada tutor, as viagens por todo o país e, principalmente, quanto esse período lhe mostrou o caminho a seguir durante o curso superior na USP. “Fiz iniciação científica no Departamento de Patologia da faculdade e, hoje, trabalho no Laboratório de Oncologia Experimental. Atuo no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que sedia a disciplina de oncologia da USP. Interagimos com o grupo de Rony Seger, do Departamento de Regulação Biológica do Weizmann há alguns anos, com projetos financiados pela Capes e Fapesp. O grupo de Seger é pioneiro numa forma de combinação de tratamentos que pode ter um grande impacto para

Cientistas iniciantes em 2015 Os Amigos do Instituto Weizmann do Brasil escolhem, após rigoroso processo de seleção, os alunos brasileiros participantes dessa maratona de aprendizado. Felipe Frid Buniac, Joyce dos Santos Lopes, Matheus Valença Correia e Marcos Silva de Luca foram os bolsistas de 2015. Ao retornarem, eles deram uma aula na Sala Plenária da Hebraica, mostrando os trabalhos desenvolvidos no contato com os professores do Weizmann e contaram de suas andanças por Israel, o contato com outros jovens, outras culturas e, particularmente, a impressão deixada por essa vivência. “O Weizmann é a Disney dos cientistas”, foi a visão deixada dessa experiência transformadora. Para Mário Fleck, presidente do grupo Amigos do Weizmann no Brasil, “Israel ganhou mais um grupo de embaixadores”.

o controle do melanoma, tipo de câncer de pele que estudo com meu grupo em São Paulo.” Há dois anos, Chammas voltou ao Weizmann para um simpósio com grupos brasileiros. “Fomos muito bem recebidos, a atmosfera não mudou, os mesmos valores de respeito à educação e à cultura estavam presentes. A atividade científica ultrapassa a técnica: é um veículo para a mais alta diplomacia”, afirma. Alunas do seu grupo estão em contato com o instituto israelense em trabalhos de doutorado e pós-graduação. Para os jovens, ele tem uma mensagem: “O curso no Weizmann desperta vocações, desmistifica a atividade de pesquisa científica, reforça o que é mais importante na atividade de investigação: a crítica”.

Ilustrando o luach Yael Sznajder, Daniela Steinberg e Júlia Wernikoff, alunas do Colégio Liessin Scholem Aleichem, tiveram desenhos publicados no luach (calendário) do Keren Kayemet LeIsrael (KKL), um dos prêmios do concurso de desenhos para as escolas judaicas, realizado anualmente pela instituição.


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AGENDA 13 a 15/10 – Water Technology and Environmental Control Exhibition & Conference (Watec), feira reconhecida mundialmente no setor da água e ambiente, em Tel Aviv, Israel 19/10 – “História Contada”, programa de entrevistas unindo personalidades da vida pública e sua relação com temas judaicos conduzido pela jornalista Mona Dorf na Unibes Cultural 20/10 – Júri Aberto do Concurso Wizo de Pintura e Desenho. Escolha das 14 às 17h. Na sede da Wizo. Compareça e dê seu voto. Informações, 3257-0100

Visitante israelense em Brasília

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embaixador de Israel no Brasil Reda Manosur e o ministro da Embaixada Lior Ben Dor acompanharam o secretário geral do Ministério das Relações Exteriores de Israel, embaixador Alon Ushpiz, e o chefe de gabinete Benjamin Eliav na visita ao assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais Marco Aurélio Garcia, no Palácio do Planalto. Os encontros se seguiram com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Aloysio Nunes Ferreira e, depois, com o secretário

Feral do Ministério das Relações Exteriores Sérgio França Danese. No final do dia, visitaram o ministro da Defesa Jacques Wagner e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general José Elito Carvalho. Dadas as oportunidades de cooperação econômica e política entre os dois países, vários encontros estão programados para este ano como o “Diálogo Político Brasil-Israel”, com a participação de diplomatas visando o planejamento de ações.

PUC-SP tem curso sobre os judeus no Islã

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cátedra de cultura judaica da PUC-SP oferece de 1o de outubro a 19 de novembro, todas as quintas-feiras, das 19h30 às 21h30, o curso de extensão “Os Judeus no Islã”, ministrado por Michel Gordon. Entre os temas abordados, o Kalam e as correntes teológicas; judeus e cristãos sob o Islã: os dhimmi; judeus entre os árabes: os primeiros califados; judeus entre os persas: do exílio da Babilônia ao século 21; judeus entre os turcos; principais personalidades judaicas no islã; Israel e o Islã. O curso é presencial e direcionado a pesquisadores, professores e estudantes de graduação e pós-graduação nas áreas de história, geografia, ciências sociais, economia, serviço social, relações internacionais, teologia, professores do ensino médio e interessados em geral. As aulas serão dadas no campus Consolação, rua da Consolação, 881. Para sugerir que o curso seja oferecido on line, contate http://www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/contato.

21 a 29/10 – “Só para Maiores de 65”, missão do Fundo Comunitário a Israel e programação exclusiva para a faixa acima de 65 anos de idade. Informações: fone 3081.7244 ou pelo e-mail marcelo@fundocomunitário.org.br 24 e 25/10– Congresso Territorial Wizo Brasil, eleição da nova Diretoria. Windsor Plaza Hotel, no Rio de Janeiro 25/10 – 34ª. Feira da Comunidade, das 10 às 18h, no Salão Marc Chagall, da Hebraica. Iniciativa do Departamento de Geração de Renda da Na’amat Pioneiras São Paulo. Contadora de histórias, mágico, oficina de maquiagem e ótimas compras 10 a 12/11 – Simpósio Internacional na USP, setenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Com emissão de certificados. Programação e inscrição, gratuita, pelo site www.segundaguerramundial. fflch.usp.br Dezembro – Aguarde detalhes da viagem com a B’nai B’rith para Caxambu 29/12 a 3/1 – Viagem de Réveillon com a Wizo para Limeira, Águas de São Pedro, Campinas e Holambra com pensão completa, ceia, passeios, seguro viagem. Informações, 3257-0100


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1, 2 e 3. No Teatro Alfa, Fernando Lottenberg, Fleck, Eytan Dikstein e Bruno Laskowsky, Mário Fleck e o maestro Frédéric Chaslin, Gisela e Alberto Toron, aplaudiram os músicos de Jerusalém; 4. Júlio Gartner fala para seiscentos jovens, no Colégio Porto Seguro, após verem o filme da sua vida, Sobrevivi ao Holocausto; 5. Alunos do I. L. Peretz tocam shofar no “Altas Horas” da TV Globo, convidados de Serginho Groisman; 6. Rebe-

1. Feliz Idade aplaudiu palestra de Breno Lerner antes das

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ca Karniol e Sara Wulkan no Buffet França; 7. Homenageados pela He-

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braica-Rio: embaixador Reda Mansour e Ziraldo, com sua madrinha Maria Gessi; 8 e 9. A Hebraica levou cinquenta sócios de 19 a 91 anos para

Grandes Festas; 2. Ação “Doando Vidas” no Tryp Hotel: gerente-

conhecerem Inhotim e Clarice Gelman teve seu momento de meditação

geral Golda Boruchowski e o diretor da Casa Valduga Álvaro Dias; 3. Malka e Eliézer Shoel levam Daniel Chaim pela primeira vez ao clube; 4. Marcos Arbaitman fez a ponte na visita de conselheiros da Ame Jardins com Avi Gelberg, pensando juntos na preservação do ambiente da região onde está a Hebraica; 5. Grupo novo de Na’amat, o Shamash convidou para palestra de Olívio Guedes no MuBE, sobre “A Cabala e Modigliani”; 6. Muitos selfies no Salão Marc Chagall, entre uma e outra sovada na massa das chalot; 7. A Caixinha Azul do KKL bateu ponto no evento dos dez anos do Bait; ; 8. Beth Szafir aniversariou e ganhou bolo, doces e aplausos; 9. A turma do Boteco diz presente toda última quinta-feira do mês na Praça Carmel, faça sol ou faça chuva

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1. Em Manhattan, Céline (Hemmo) e Harry Bauer aprovaram o bufê parve de saladas da sofisticada casa Plataforma; 2. A Shilton recebeu prêmio do Club Med. Os irmãos Eduardo e Mariza de Aizenstein receberam o título de “vencedores” na venda desse destino pelo mundo; 3. Numa folga do curso no Instituto Weizmann, Felipe Frid Buniac, Joyce dos Santos Lopes, Matheus Valença Correia e Marcos Silva de Luca conheceram Jerusalém; 4. Inaugurando A Essência do Momento, mostra do Chaverim: Carolina Birenbaum, Luzia Cantal, Graça de Mello, Ester Tarandach, Viviane Nunes e José Francisco Marcondes Filho; 5. Fábio Feldmann ganhou autógrafo especial de Anna Flávia Feldmann na Livraria Cortez; 6. Cláudia Raia e Michal Sekowski, executivo da Preciosa, responsável pelo brilho da atriz em cena; 7, 8 e 9. Na’amat Pioneiras arrasaram em noite do Extravasa: Leonor e Paulo Szymonowicz, Clarice Jozsef, Avi Gelberg e Ceres Bin Maltz, vinda de Porto Alegre para a festa no Buffet França

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juventude > centro juvenil hebraikeinu

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A hora da saudade INTEGRANTES DAS VÁRIAS GERAÇÕES QUE PERTENCERAM AO HEBRAIKEINU PARTICIPARAM DE UM SHABATON NA SINAGOGA

E DEIXARAM CLARO QUE A IDENTIDADE JUDAICA E A AMIZADE PERMANECEM INTACTOS TAMBÉM NA VIDA ADULTA

sicólogos, professores, advogados, empresários responderam positivamente ao convite do Centro Juvenil Hebraikeinu para o Shabaton comemorando o 25º aniversário do movimento juvenil. O encontro fez parte de uma agenda de eventos ligados à data, entre eles a apresentação do grupo Barbatuques no Teatro Arthur Rubinstein, no domingo anterior, para o público até 5 anos. Na plateia, famílias cujas crianças são do Hebraikeinu Gan e Junior, acompanhados por alguns pais que frequentaram, há vários anos, o movimento. Minutos antes da apresentação, a diretora do Hebraikeinu Luciana Klar Fischmann recepcionou o público. Ela foi chanichá, madrichá e, durante anos, coordenadora do Gan, e os filhos hoje frequentam o Hebraikeinu. Fábio, o marido, também foi madrich e depois coor-

ERICK E HUGO CARLIER FICARAM SURPRESOS AO DESCOBRIR QUE A MÚSICA E A LETRA COMPOSTAS HÁ VÁRIOS ANOS SE TORNARAM UMA ESPÉCIE DE HINO QUE MADRICHIM E CHANICHIM SABEM DE COR

MOMENTO DO “PARABÉNS A VOCÊ” DEPOIS DE MUITAS BRINCADEIRAS NA FESTA DE ANIVERSÁRIO DO

HEBRAIKEINU

denador do Hebraikeinu. “A Tati está no Hebraikeinu 4 e o Felipe no 2 e agora dou minha contribuição ao movimento como diretora”, contou ela, antes de convidar a vice-presidente de Juventude, Elisa Griner para se dirigir à plateia. Na sexta seguinte, Luciana e Fábio se integraram às dezenas de jovens profissionais, alguns com os filhos pequenos, em mais uma comemoração do aniversário. O atual coordenador Ilan Feldman e o madrich Gabriel Scherer deram depoimentos na Sinagoga, ressaltando o papel formador do Centro Juvenil na vida de cada um. Em alto e bom som agradeceram ao idealizador do movimento, Gaby Milevsky, pela oportunidade de crescerem. “Hoje contamos com amigos e uma bagagem de conhecimentos que manteremos para toda a vida”, afirmaram. Nas cadeiras, além dos frequentadores habituais da sinagoga, alguns pais cujos filhos cresceram como chanichim do Centro Juvenil e muitos jovens que se afastaram depois de alguns anos na coordenação e hoje planejam

voltar a utilizar o clube. “Eu gostaria que minha filha frequentasse o Hebraikeinu, mas no momento não temos condições financeiras. Estou emocionada em mostrar a menina para alguns chanichim que eram quase da mesma idade dela quando eu era madrichá deles e agora aí estão no mesmo papel”, afirmou uma mãe. Nas rodinhas, muitos demonstravam a familiaridade do convívio diário. “Meus amigos do Hebraikeinu ainda são os mesmos, Mas é bom ver alguns madrichim que não via há muito tempo”, afirmou Eduardo Lesser. Depois da cerimônia, todos desceram para a Esplanada, onde formaram um círculo juntamente com a geração atual de chanichim e realizaram um mifkad, tradição comum a todos os movimentos juvenis. “Somos 151 no mifkad”, contou Renata, no papel de coordenadora. Ela deu o seu depoimento diante de alguns dos seus ex-monitores e anunciou a única atração artística da noite. Dois ex-coordenadores, Erick e Hugo Carlier, criaram a letra e a música do hino do He-

braikeinu cujas estrofes do refrão declaram o amor ao movimento juvenil. “Estamos emocionados. Há muito não tocamos essa música e ficamos surpresos ao saber que ela se tornou uma espécie de hino”, confessaram, minutos antes de dedilhar os violões e cantar o primeiro verso. Terminado o momento solene do mif-kad, foram todos para a Praça Carmel, onde outra lembrança aguardava os chanichim mais antigos. “Olha, estão distribuindo sushi em mesas muito parecidas com as que usávamos para servir o almoço para os chanichim. A diferença hoje é jantar”, comentou alguém. No dia seguinte, mais uma comemoração, desta vez para os Hebraikeinus 1, 2, 3 e 4. A Casa foi reservada para os chanichim e madrichim se divertirem com os jogos e atividades mais populares na programação dos acampamentos. No final, estavam todos – adolescentes e crianças – pintados, cansados, animados e planejando o sábado seguinte, quando se encontrariam no He>> braikeinu. (M. B.)


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1, 2 e 3. Compenetrados durante o Shabaton, os integrantes do Hebrai-

1. e 2. No final de semana comemorativo pelos 25 anos, os chanichim exibiram com orgulho

keinu mostraram seu apego aos valores tradicionais do judaísmo; 4. e 6.

as camisetas verde e brancas, com o logotipo do movimento; 3. Ao final do Shabaton, um flash

Na tarde de sábado, os chanichim fizeram uma verdadeira festa de ani-

do passado, quando as refeições oferecidas pelo Hebraikeinu eram na Praça Carmel; 4. Maithê

versário para o Centro Juvenil Hebraikeinu; 5. Ana, Danilo (ausente do

reencontrou, anos depois, Júlio Zanatta, que conheceu ainda no Hebraikeinu Jr, com menos de

país), Jamila e Thaís e homenagearam Gaby Milevsky com um troféu por

7 anos; 5. Em agosto, o Hebraikeinu tornou-se bicampeão do Torneio Intertnuot, realizado nas

sua dedicação à família e ao Centro Juvenil Hebraikeinu

dependências do clube


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juventude > festa de iom kipur

MAIS DE SEISCENTOS JOVENS VIERAM AO CLUBE PARA CONFRATERNIZAR NO FINAL DO JEJUM DURANTE O EVENTO

“JUNTA”, FRUTO DO ESFORÇO COLETIVO DE TODAS AS ENTIDADES JUDAICAS. ENTRE AS ATRAÇÕES OFERECIDAS EM DOIS AMBIENTES NA CASA, OS GRUPOS MUSICAIS E O DEEJAY CONVIDADO ESTICARAM A DIVERSÃO ATÉ O SOL RAIAR


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juventude > especial

Filme premiado Dia 18, às quatro da tarde, a vice-presidência de Juventude da Hebraica exibe o filme de animação O Menino e o Mundo, produção nacional que recebeu prêmios e críticas favoráveis em todos festivais e países onde foi inscrito. Um dos atrativos da obra é a trilha sonora composta por Gustavo Kurlat e Ruben Feffer. Gustavo é coordenador do Centro de Música Naomi Shemer e conversou com revista Hebraica sobre o filme.

O ATELIÊ HEBRAICA PREPAROU UMA OFICINA ESPECIAL

Hebraica – Qual é seu ponto de partida quando aceita uma proposta para compor uma trilha sonora para teatro ou cinema? Gustavo Kurlat – Inicio uma verdadeira viagem pelas imagens, pelo roteiro e os conceitos incluídos no filme. É preciso fazer com que a música dialogue estreitamente com o sentido do filme ou da peça. No caso de O Menino e o Mundo, era uma tarefa dupla, porque quase não existem diálogos e o que se ouve é uma linguagem propositalmente ininteligível. O filme inteiro é conduzido pela imagem e pela música, que devem traduzir as ações do personagem.

PARA HOMENAGEAR AS CRIANÇAS E DIVULGAR OS NOVOS HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO

O que é bom fica melhor BOA PARTE DA AGENDA E

DOS ESPAÇOS DA HEBRAICA

É RESERVADA ÀS ATIVIDADES

INFANTIS – DESDE AS OFICINAS

NO ESPAÇO BEBÊ, ATIVIDADES

NO ATELIÊ, HEBRAIKEINU, AFTER

SCHOOL, ATÉ CURSOS DE TEATRO, DANÇA E MÚSICA. ESTE MÊS, HÁ AINDA MUITO MAIS OPÇÕES

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o primeiro domingo de outubro, dia 4, os professores de dança folclórica vão reunir os pequenos para uma harkadá infantil, que começa às 11h30, em frente ao playground. É com muito ritmo que a vice presidência de Juventude da Hebraica inicia a programação relativa ao Dia da Criança. Em seguida à harkadá, os professores do Centro de Música sobem ao palco para um show dedicado ao público infantil, com repertório baseado no gosto musical dessa faixa etária. Durante o dia, brinquedos infláveis espalhados pela Hebraica desafiarão meninos e meninas, atração que se repetirá em todos os domingos de outubro. Para a turminha que ainda ensaia os primeiros passos e palavras, o Espaço Bebê programou uma oficina especial, que começa às dez horas. No dia 11, os Centros de Dança e Música vão dominar a Praça Carmel promovendo mais uma sessão de harkadá in-

fantil e um show com a cantora e compositora Lucila Novaes. Do outro lado do clube, mais especificamente na Brinquedoteca (localizada sob a agência do Banco Safra), uma oficina completará a diversão da garotada até 8 anos. A Brinquedoteca oferece mais uma oficina no dia 18, às dez horas, e o Ateliê promove a sua às onze horas em frente ao playground. Ambas têm término previsto na hora do almoço. A grande atração do dia 18 será a exibição, no Teatro Arthur Rubinstein, da animação O Menino e o Mundo, dirigida por Alê Abreu e premiada em festivais cinematográficos de trinta países, como Coréia do Sul, Bulgária, Alemanha, Romênia, Armênia, Egito, Marrocos e Croácia. Em setembro, o filme foi vencedor nas categorias de melhor longa de animação e melhor longa infantil no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Segundo Elisa Griner, vice-presidente de Juventude, além da qualidade da

obra há uma razão especial para incluir o filme na programação do Mês da Criança. “A trilha sonora foi assinada por Gustavo Kurlat, coordenador do Centro de Música, em parceria com Ruben Feffer, da Arymax, e os dois estarão presentes para conversar com o público no final da sessão. É um privilégio que crianças de outros países ou lugares não terão”, anuncia. No dia 25, além dos infláveis, está programado o show “Beatles para Crianças”, no Teatro Arthur Rubinstein, às quatro da tarde. O espetáculo tem atraído grande público no circuito musical da cidade e recebido elogios da crítica em diferentes veículos de comunicação. “Imagine proporcionar aos seus filhos um programa tão bom e com a infraestrutura e a segurança oferecidas pela Hebraica. Não é à toa que a procura pelos ingressos na Central de Atendimento está grande”, avalia a vice-presidente Elisa Griner. (M. B.)

Quem decide se a música deve ter um ritmo mais intenso ou suave? Kurlat – Não existe uma diretriz preestabelecida. Trata-se de alcançar uma relação linear e de sentido a partir de um consenso entre o diretor, o roteirista e os criadores da trilha, nesse caso, eu e o Ruben. Claro que a criação de uma trilha sonora é um exercício de desapego muito forte, porque nem sempre o que você cria traduz o que vai na cabeça do outro integrante da equipe. Como é, para um adulto, fazer trilha sonora para o público infantil? Kurlat – Há várias leituras para essa questão. A primeira é que O Menino e o Mundo é um filme para crianças e para adultos o que implica ajustar a dose de cada elemento na história. Em alguns momentos, o enredo toca mais os adultos e em outro atinge as crianças. O que muda é ligação do espectador, que varia de acordo com a idade. Eu trabalho como educador e com teatro e cinema infantil há 33 anos. Estou constantemente atento a como criança pensa, sente e quais são as percepções dela. No entanto, essa minha experiência não garante a perfeição, mas me oferece dados para criar algo que dialogue com ela e a agrade. Qual é a sua expectativa para a exibição do filme na Hebraica no dia 18? Kurlat – Fico muito feliz que isso aconteça em um espaço no qual eu trabalho e com o qual tenho uma ligação afetiva. Gostaria que as pessoas entendessem que é um filme para se assistir em família, porque é dirigido a todos. Entre os diferentes festivais em que concorreu, acompanhei o de Buenos Aires, onde as crianças escolheram O Menino e o Mundo como o melhor. Quero muito saber o que acharão as nossas quando terminar a sessão!


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juventude > fotos e fatos 1.

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1. A Praça Carmel ganhou vida com os brinquedos infláveis e as apresentações de música trazidos pelo Friend Circle para animar o clube; 2. As atrizes de O Alvo receberam os fãs no camarim após a apresentação; 3. O saguão lotado do Teatro Anne Frank evidenciava o sucesso da iniciativa da vice-presidência de Juventude em promover uma sessão de O Alvo para os sócios; 4. Integrantes do grupo Trovadores Mirins fizeram um pocket show na Praça Jerusalém para esti-

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mular crianças a participarem do “En-

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cantando”, grupo semelhante iniciado no Centro de Música Naomi Shemer; 5. Jovens atrizes debateram os temas de O Alvo com a plateia; 6. Harkadá de danças encerrou a programação do domingo anterior ao Iom Kipur

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1. Na véspera de Rosh Hashaná, frequentadores e monitores do After School comemoraram o sétimo aniversário do serviço; 2, 3 e 4. A galerinha de 12 a 16 anos aproveitou bem a HPParty realizada na Casa; 5. A sexta edição do Hebraica Business Forum foi dedicada a analisar erros cometidos por empreendedores; 6. Uma pausa para jantar e brincar no acantonamento do grupo de danças Parparim

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esportes > olimpíada de escolas de esportes

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Quatro ícones na abertura A CERIMÔNIA DE ABERTURA DA 34ª OLIMPÍADA DE ESCOLAS DE ESPORTES, NA MANHÃ DE SÁBADO, TEVE O COMENTARISTA BENY BACK, NO PAPEL DE MESTRE-DE-CERIMÔNIAS, O EX-CRAQUE DE FUTEBOL CAIO RIBEIRO, E OS ATLETAS DE POLO GUSTAVO GUIMARÃES E MARINA ARAÚJO

assado e presente sempre se misturam, quando a Escola de Esportes realiza mais uma cerimônia de abertura da Olimpíada de Escolas de Esportes, este ano em sua 34a. edição. Na quadra, a expectativa dos pequenos atletas representando trinta escolas e entidades participantes volta-se para as próximas 48 horas, quando muitos experimentarão pela primeira vez o desafio de aplicar habilidades para superar outros atletas, em quadra ou na piscina. Nas arquibancadas, muitos pais de crianças que frequentam a Escola de Esportes da Hebraica ou de outras entidades recordam-se de terem estado ali, anos antes, perfiladas onde hoje estão os filhos, com a missão de representar as cores da escola ou do clube. A cerimônia de abertura da Olimpíada teve tudo isso e muito mais. Ao lado do presidente Avi Gelberg e dos vice-presidentes e diretores sentados à mesa de honra, estava o ex-presidente Marcos Arbaitman, um dos criadores do evento. Emocionado, ele mencionou o atual assessor da presidência, Moisés Schnaider, também presente, ao ser recordar como eram poucas as entidades participantes na estréia do evento. Cumprimentou a atual Diretoria pela magnificência do evento.

“A Hebraica criou a primeira Escola de Esportes no país e organizou o primeiro evento para integrá-las. Quase não consigo expressar minha alegria em estar aqui, hoje, e ver como a tradição se mantém em um formato muito semelhante aos primeiros anos”, declarou ao microfone, dirigindo-se aos alunos, familiares e colegas ativistas comunitários. Fábio Topczewski, vice-presidente de Esportes, recordou do passado como atleta e aluno da Escola de Esportes. Sua mensagem enfatizou os valores que servem como base para a prática esportiva. “Ética, respeito, superação, convivência em paz, sem violência e trabalho conjunto para um objetivo comum é o que queremos que todos vocês aprendam a aplicar. Se o fizerem, todos serão vencedores”, falou aos pequenos atletas perfilados na quadra. Fiel ao objetivo de proporcionar às

crianças a sensação de participar de uma olimpíada mundial, o roteiro da cerimônia incluiu saudações, hasteamento da bandeira com o hino nacional, juramento do atleta, a entrada da bandeira olímpica e o momento solene do acendimento da tocha olímpica. “Tenho orgulho de chamar o ex-jogador e hoje meu colega na atividade como comentarista esportivo Caio Ribeiro. Também convido os jogadores de polo e medalhistas Gustavo Guimarães e Marina Araújo para dar a volta olímpica e levar a tocha olímpica até a pira.” Acesa a pira, os três convidados agradeceram a honra e declararam a surpresa diante do alcance do evento. “Iniciativas como essa certamente servirão como incentivo para o surgimento de novos atletas”, afirmou Marina. Para Caio, a visita ao clube despertou recordações da infância dele.

“Não disputei uma Olimpíada, mas joguei muito futebol de salão nas quadras da Hebraica, quando eu estava nos times de base do São Paulo Futebol Clube”, lembrou. Terminada a solenidade, sócios e atletas do clube se encarregaram da parte artística da festa. O grupo Shalom de danças apresentou duas coreografias e a equipe competitiva de ginástica fez uma exibição no solo. A cerimônia de abertura da 34ª Olimpíada de Escolas de Esportes terminou em meio a aplausos e cumprimentos. Em seguida, atletas e público se dirigiram às quadras e à Pista de Atletismo, onde o que valia era o esforço, a persistência em somar pontos, dar passes, fazer cestas ou atravessar a piscina de um lado a outro. As provas de atletismo encerraram o evento, no final da tarde do domingo. (M. B.) >>

Esporte cidadão

OS CONVIDADOS CAIO RIBEIRO, MARINA ARAÚJO E GUSTAVO GUIMARÃES CONDUZIRAM A TOCHA OLÍMPICA, ACOMPANHADOS PELOS ATLETAS DO CLUBE DAVI GELMAN, ANDRÉ KUPFER, RAFAEL H. KALIM, LAURA SCHWARTZMAN P. DE FREITAS E BENY BRAUM

Em 1982, a Hebraica lançou a Olimpíada de Escolas de Esportes, destinada a aproximar as entidades engajadas na iniciação atlética. Além dos sócios, alunos do Colégio Pentágono, do Esporte Clube Pinheiros, Clube Paineiras do Morumby e São Paulo Futebol Clube estiveram entre os pioneiros do evento. Essas mesmas instituições figuravam na lista de participantes da 34ª edição. Mais recentemente, a Hebraica incluiu entre os participantes da Olimpíada, projetos sociais dedicados à formação de atletas. Este ano, desfilaram na cerimônia de abertura crianças e adolescentes inscritos no Esporte Talento, (projeto mantido pela Universidade de São Paulo), Lar das Crianças da CIP e Programa Einstein de Lazer e Esportes na Comunidade Paraisópolis (Pelec).


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esportes > olimpíada de escolas de esportes 1.

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1. Diretores e atletas convidados posaram juntos no final da cerimônia de abertura da 34ª Olimpíada; 2. Gustavo Gelman fez o juramento do atleta; 3. Jogadores de tênis examinavam atentamente a tabela de jogos antes de entrar em quadra; 4. Alunos da Escola de Esportes desfilaram com a bandeira olímpica; 5 e 7. Para os alunos menores, o desafio é completar o circuito de habilidades que apresenta provas simples de diversas modalidades; 6. As competições de natação foram as primeiras no programa da 34a Olimpíada

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esportes > tênis

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Competir é preciso TORNEIO ABERTO DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE TÊNIS (FPT), INTERCLUBES E MADRUGAL MOVIMENTAM A MODALIDADE E AJUDAM

A AMPLIAR A PRESENÇA NAS QUADRAS DE INSCRITOS DE TODAS AS IDADES

etapa infantil do Campeonato Aberto de Tênis será dia 17 com inscrições abertas até o dia 6 na página da Federação Paulista de Tênis. “Queremos o máximo de tenistas defendendo o nome da Hebraica nas categorias 12 M e 16M, 16MP e 12F”, afirmou o diretor Sérgio Mester, responsável pelo setor competitivo do Departamento de Tênis. Ele ainda comemora o sucesso da fase adulta do torneio, disputada no final de agosto com 128 participantes, sendo 107 homens e 21 mulheres. Dos 32 sócios que disputaram, Ricardo Assumpção de Gennaro foi vice na categoria PM2, Guilherme Wertheimer venceu a categoria SM2. Giselle K. B. Levy e Lia K. Herszkowicz subiram ao pódio como campeã e vice da categoria 4F2, respectivamente. “Outro evento importante aconteceu em setembro, quando as quadras e arquibancadas ficaram ocupadas por conta das partidas do Interclubes da Acesc”, acrescentou Mester.

A MAIORIA DOS COMPETIDORES DO MADRUGAL É COMPOSTA DE VETERANOS

Em paralelo, o Departamento de Tênis promoveu o Torneio Madrugal, com 39 sócios, que normalmente fazem os treinos nas primeiras horas da manhã. Apesar da chuva, as partidas finais e a cerimônia de premiação tiveram como público os familiares e amigos dos tenistas classificados. O veterano Jonas Gordon, cuja empresa patrocinou o torneio, entregou os troféus aos vencedores. Um deles, Sérgio Garbatti Gross, partilha com a família o gosto pelo tênis. Os pais de Sérgio tradicionalmente disputam o Madrugal. “Uma das coisas boas da prática do tênis na Hebraica é que o esporte se torna um interesse familiar, com duas ou três gerações se divertindo na quadra”, declarou o campeão. (M. B.)


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esportes > curtas

Exercício e benemerência

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encerramento do passeio ciclístico promovido pelo Friendship Circle movimentou a Praça Carmel no último domingo de agosto. Os mais de cem ciclistas inscritos rodaram dezoito quilômetros em prol da inclusão de crianças com deficiência intelectual. Havia dois roteiros, de acordo com a faixa etária dos participantes: as crianças deram voltas em uma praça próxima, e os adultos, incluindo os integrantes do Hebike, percorreram as ruas do bairro vestindo as camisetas do projeto.

Dois torneios de xadrez

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m meados de agosto o Departamento de Xadrez promoveu o International Rating Tournament (IRT). com arbitragem de André Salama. Dez jogadores, entre eles três enxadristas da comunidade judaica. O IRT é realizado sem custos para Hebraica e, além de possibilitar a movimentação de rating, divulga a imagem do clube nos meios enxadrísticos. Dias depois, a Hebraica participou da décima oitava edição do Campeonato Acesc de Xadrez no Clube Athlético Paulistano, com a participação de trezentos jogadores de 6 a 16 anos, representando escolas e clubes esportivos da capital. A Hebraica inscreveu uma equipe reduzida e disputou três das dez categorias, ficando em décimo lugar lugar no torneio. Rafael Kupferman apresentou o melhor resultado, classificando-se em terceiro lugar na categoria sub-10. Dos quarenta inscritos na categoria sub-12, Rafael Kremer ficou em décimo lugar, Felipe e Vítor Rotemberg estrearam na categoria sub-6. O diretor da Acesc Moysés Gross entregou medalhas a todos os participantes.

Bons de mesa

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dmund Gualberto Júnior ampliou a sua coleção de medalhas e boas atuações como representante do clube em torneios externos de tênis de mesa. No final de agosto, ele venceu o BUNKA SBC na categoria D, título inédito em sua carreira esportiva. Para Janos Fuzes e Sílvia Fichmann, que disputaram respectivamente as categorias C e E sem passar da primeira fase, há a perspectiva de melhores resultados no próximo ano.

Desafio final

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ois momentos marcaram o encerramento do ano de 5775 para a equipe master de natação: primeiro, foi o jantar realizado no Espaço Gourmet, e o segundo o desafio Go 60 X 100 metros nas primeiras horas de uma manhã fria de sábado, com 38 atletas incentivando uns aos outros a completar o percurso em um mínimo de tempo; segundo, a técnica Adriana Silva, os nadadores esbanjaram entusiasmo e dedicação durante o ano de 5775 “Eles seguiram à risca a programação intensa de treinos e cumpriram os objetivos sem perder o pique. Agora é começar tudo de novo.”, declarou a técnica. ( M. B.)


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magazine > entretenimento | por Ariel Finguerman, em São Paulo

Humor judaico no “Pânico” da Band EM SUA MAIS RECENTE PASSAGEM PELO BRASIL, NOSSO CORRESPONDENTE EM ISRAEL CONSEGUIU UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA COM DANIEL ZUKERMAN, ASTRO DO “PÂNICO” NA BAND, SÓCIO NÚMERO 4073 DA HEBRAICA

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a última década, o humor brasileiro foi renovado com o surgimento de uma nova geração de profi ssionais e programas, como o “Porta dos Fundos” na internet, Danilo Gentili na TV, Fábio Porchat no teatro, e muitos outros. Também fazendo parte desta geração, eis Daniel Zukerman, um dos astros do “Pânico” na Band. A diferença, no caso dele, é que para usar uma gíria do próprio programa, “representa muito bem” (é um representante orgulhoso) da cultura e da comunidade judaicas. Zukerman, 31 anos, faz parte de uma destacada família de médicos da comunidade judaica, estudou boa parte da vida no I. L. Peretz e passou a infância e juventude na Hebraica. Até quando criou os seus personagens, como o impagável Impostor, que entra de penetra onde não é convidado, inspirou-se nas festas de bar-mitzvá que frequentou na adolescência. Ele também é um mestre na arte de passar trotes – e o primeiro alvo em sua carreira foi, tipicamente, a própria mãe. O estilo de humor de Zukerman poderia ser considerado um caso de chutzpat ha-djindji (“ruivinho ousado”, em hebraico) – mas ele nunca ouviu esta expressão antes. O fato de sempre ser destacado na equipe do “Pânico” para viagens internacionais e entrevistas com celebridades em inglês também poderia ser resultado de uma educação refinada e judaica – embora credite estes méritos somente aos próprios esforços pessoais. Seja como for, em várias das atuações na TV, Zukerman faz menções à cultura judaica. No “Pânico” na Jovem Pan, versão radiofônica do programa, no qual os convidados são entrevistados numa mesa-redonda com muito humor, ele convidou o seu ex-professor de bar-mitzvá e que também oficiou seu casamento, o moré Nelson Rozenchan, para falar a respeito de judaísmo (a ótima entrevista está no Youtube). Zukerman recebeu a reportagem da revista Hebraica em seu restaurante, o Sushibol, no Itaim, para falar da vida e carreira. Leia a entrevista completa. Hebraica – Você é neto do neurologista do Einstein, Eliova Zukerman, seu pai é psiquiatra e sua mãe, psicóloga. Como

surgiu na sua vida o programa “Pânico”? Daniel Zukerman – Eu estudava no I. L. Peretz e, quando acabavam as aulas, às 13h15, eu corria para sintonizar na versão de rádio do programa, o “Pânico” da Jovem Pan. Eu resolvi estudar rádio e TV na faculdade inspirado pelo programa. Depois, fiz um estágio na Jovem Pan e gostaram de mim, especialmente o (humorista) Carioca, o produtor na época. Achavam que eu era maluco e cara-de-pau. Há no Youtube alguns trotes memoráveis seus feitos na Jovem Pan. Zukerman – Meu primeiro trote no ar foi com a minha mãe. Mas desde os 12 anos sempre gostei de passar trote pelo telefone. Um dos meus melhores foi quando interpretei um motoboy que engravidou uma menina, interpretada por uma garota que trabalhava na rádio. Ligamos para o pai dela, para dar a “notícia”. Teve uns seis milhões de visualizações. Numa entrevista no “Papo com Benja” (talk show do jornalista esportivo Benjamin Back), você contou que o personagem Impostor foi inspirado em festas de bar-mitzvá nas quais você entrava de penetra, sem ser convidado. Como foi isto? Zukerman – Eu estudava no Peretz, tinha uns 17 anos, e já havia passado daquela fase de intensas festas de bar-mitzvá para as quais a gente era convidado sempre. E eu sentia saudades dessas festas. Então, junto com um amigo meu, liguei para o Buffet Torres, disse que precisava entregar o presente de casamento, mas queria saber os nomes completos dos noivos. Pronto,

aí era só entrar, eu gostava daquilo, cheguei a subir no palco e animar a festa. Quando alguém da família do noivo perguntava quem eu era, dizia que fui convidado pela família da noiva (risos). Mas nunca quis atrapalhar a festa de ninguém. Percebi que eu tinha um dom, e assim surgiu o personagem. Queria te fazer uma pergunta que talvez teu pai tenha feito quando você começou no “Pânico”: e se não desse certo, qual seria seu plano B de carreira? Zukerman – Tentaria publicidade ou então a área comercial de alguma estação de rádio e TV. Mas sempre na comunicação. Acho que você também daria um ótimo repórter de TV, em qualquer programa jornalístico, colocando um toque de humor nas matérias. Zukerman – Faria, sim, algo do gênero. Já recebi propostas de outras emissoras. Eu faço humor, mas também entretenimento. Numa entrevista, você contou acerca de um papo com o >>

O estilo de humor de Zukerman poderia ser considerado um caso de chutzpat ha-djindji (“ruivinho ousado”, em hebraico) – mas ele nunca ouviu esta expressão antes


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magazine > entretenimento >> também humorista da comunidade, Fábio Rabin, na Pista de Atletismo da Hebraica. Zukerman – Rabin, para mim, é o melhor humorista de stand-up da atualidade. Tem uma coisa do judeu que é ajudar uns aos outros. Então naquela conversa na Hebraica ajudei a trazê-lo para o “Pânico”, ele ficou um tempo no programa, mas saiu para seguir o próprio caminho. Quando você percebeu que podia trabalhar com humor? Você era o engraçado da turma? Zukerman – Sim, apesar de ter sido sempre tímido. Certa vez, quando eu tinha uns 11 anos de idade, voltei junto com uns amigos de táxi da Hebraica. Contei muita piada, fiz imitações. Quando chegamos, o taxista virou para meus amigos e disse que um dia eu iria trabalhar na TV. Eu nem me lembrava mais desta história, mas meus amigos me contaram. Acho que meu humor é judaico, irônico, não entrego pronto como no pastelão, não é explícito. Woody Allen faz isto, sem querer me comparar a ele. Nesta área de entretenimento em que você atua, o Estado de Israel vem sendo alvo de tentativas de boicote. Como você vê a situação de Israel? Zukerman – Acho que o público em geral tem pouca informação sobre o que se passa em Israel. E, quando aparece uma situação mais forte, como o conflito em Gaza no ano passado, surgem declarações antissemitas em portais de internet, de gente que nem sabe o que está acontecendo. Há ali um conflito territorial, numa terra considerada sagrada para ambos. Israel está defendendo o próprio território, ninguém está matando crianças porque gosta disto. Pouca gente sabe que têm árabes morando dentro de Israel e que querem continuar cidadãos do país. No ano passado, você se tornou pai pela primeira vez, de um menino. Você colocaria ele no I. L. Peretz, escola onde estudou? Zukerman – Sim. Foi muito legal estudar no Peretz, adorei. Até hoje meus melhores amigos são de lá. E da Hebraica, qual seu sentimento? Zukerman – Toda minha família sempre frequentou o clube, somos os sócios número 4073. Fiz natação, pólo aquático, joguei futebol soçaite e comi muito kalage no Bar do Pedrinho. Você, como humorista, como reage quando contam uma piada de judeus, por exemplo, numa reunião de pauta do “Pânico”? Zukerman – Olha, o pessoal do Pânico tem um grande respeito por meu judaísmo. O Emílio (Surita, diretor) é muito identificado com este tema, e como eu adoro história judaica, conversamos muito. Outro dia estávamos falando sobre os judeus recifenses que fundaram Nova York. Agora, na época da faculdade, foi diferente. Não gosto de piadas que transmitem preconceito, aí não dá e eu não gosto, tenho problema com o antissemitismo. Mas dependendo da piada, não “pego pilha”, temos de saber

brincar com nós mesmos, afinal esta é a base do humor judaico. Você convive no dia-a-dia com humoristas brasileiros de destaque, como Carioca, Guilherme Santana e Christian Pior. As reuniões de pauta são engraçadas ou muito profissionais? Zukerman – Nossa reunião de pauta acontece às terças, começa às quatro da tarde e não tem hora para terminar. Todos ali adoram o que fazem, mas somos workaholics, muito sérios na hora de trabalhar, mesmo que tudo aconteça ao redor de um churrasco. TV é algo muito incerto e o “Pânico” consegue se manter no ar há nove anos, é superdifícil. É um programa precursor, que quebrou uma estética da TV. E eu faço parte disto. Você se considera parte da nova geração de humoristas brasileiros, ao lado de Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Fabio Porchat? Zukerman – Não sei se me considero um humorista. Me vejo mais como um comunicador da área de entretenimento. Em primeiro lugar, sou radialista, é de onde vim. Uma coisa legal é que você não mudou seu nome, não adotou um pseudônimo. Zukerman – Minha vida toda, quando eu me apresentava às pessoas e ouviam meu sobrenome, demonstravam admiração por meu avô (o neurologista Eliova Zukerman). Tenho orgulho do meu sobrenome. De verdade. Também me orgulho de ser judeu e gosto que as pessoas saibam que sou da comunidade. Uma vez, no “Pânico” na Band, tive de voar de ultra-leve para invadir a gravação do programa “Fazenda”, da TV Record. Rezei o Shemá Israel, sem pensar. Não quis fazer marketing com aquilo, tenho orgulho e quis divulgar a nossa cultura, que é legal. Sinto que as pessoas têm interesse e respeitam isto. Obrigado pela entrevista. Zukerman – De nada. Quero aproveitar e desejar Shaná Tová a todos.


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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com Tradição financeira A chefona do Banco Central de Israel, Karnit Flug, foi escolhida uma das oito melhores comandantes de economia do mundo pela revista nova-iorquina Global Finance, que circula entre a elite financeira do planeta. Ela teve a companhia, com nota A, diretores de do Banco Central da União Europeia, de Taiwan, Índia e Paraguai. Já a colega dos EUA não entrou na lista, com nota A-. Flug nasceu na Polônia, mas formou-se por aqui mesmo, na Universidade Hebraica de Jerusalém.

12 notícias de Israel

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Beijinho no ombro

Não adiante boicote acadêmico, nem olhares de ódio dos vizinhos. Novamente, duas universidades israelenses ficaram entre as cem melhores do mundo. Segundo o prestigiado Ranking Shangai, criado pelos chineses para comparar suas academias às restante do planeta, a Universidade Hebraica de Jerusalém foi escolhida a 67ª melhor do mundo – subindo três colocações em relação ao ano passado. Já o Technion está na 77ª posição, mas quando considerado apenas a área de computação, esta faculdade de Haifa fica na décima oitava posição. No ranking, o Instituto Weizmann ficou na relação das 150 melhores do mundo e a Universidade de Tel Aviv, entre as duzentas.

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Petróleo politizado Quase todo o petróleo que consome Israel compra dos curdos do Iraque, numa operação que envolve um complexo malabarismo político. Segundo o Financial Times, o Estado judeu pagou aos curdos um bilhão de dólares entre maio e agosto por dezenove milhões de barris. Os EUA não gostam dessa história, os curdos não confirmam, o governo central do Iraque continua em guerra conosco, os portos turcos de Erdogan escoam discretamente o produto e os israelenses preferem silenciar a respeito. Na prática, o dinheiro israelense ainda acaba ajudando os curdos na luta contra o Estado Islâmico.

Bola na rede Quanto ao futebol em Israel, há boas e más notícias. Começando pelas boas: o país participa, representado pelo Maccabi Tel Aviv, do Champions League, o charmoso campeonato europeu. A equipe é dirigida por Jordi Cruyff, ex-jogador e filho do mitológico craque holandês Johan Cruyff. O clube também anda querendo fazer contratações de gente grande, como a do goleiro e capitão da seleção da Sérvia sub-20, Predrag Rajkovic, por três milhões de euros. Muito bem, agora as notícias ruins: o Maccabi caiu na chave G da Champions, junto com o Chelsea, Porto e Dínamo de Kiev. Isto é, chances zero de passar da primeira fase da competição.

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Preço das crianças Mês passado começou o ano letivo por aqui – hora de colocar na ponta do lápis os gastos com a criançada. Na teoria, em Israel o ensino é gratuito dos 3 anos de idade e até o final do colegial (as faculdades são pagas). Mas na prática, há várias despesas cobradas pelas escolas: material escolar, livros, uniforme, passeios, festas e outros. O jornal Yedioth Achronot fez as contas de quanto custam esses “extras”. Para educar um filho do primeiro ano primário até o final do colegial – ou seja, durante doze anos – custará entre R$ 70 mil e R$ 131 mil, dependendo da escola e da região do país.

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Herói solitário Ram Deoz tinha 19 anos na Guerra de Independência, quando lutou no front do Negev e um estilhaço de granada tornou-o cego por toda a vida. Desde então, trabalhou como compositor de música clássica e tornou-se especialista em afinação de pianos, mas nunca formou família. Hoje, com 86 anos de idade, ele é considerado um dos mais idosos deficientes físicos do Tzahal. Porém, ele foi obrigado a recorrer à mídia para chamar a atenção à sua sofrida situação: com exceção de uma irmã octogenária, ele é sozinho no mundo e agora luta novamente, desta vez contra a burocracia do exército, para conseguir serviço de enfermagem 24 horas por dia.

Admirável mundo novo Para quem ainda não conhece, o Airbnb.com se tornou a melhor alternativa de hospedagem em viagens internacionais, se a ideia é evitar quartos de hotéis e optar pelo aluguel de apartamentos da população local. O site organizou uma conferência em Israel e anunciou a existência, no Estado judeu, de treze mil apartamentos e casas à disposição para aluguéis por tempo curto. O êxito desta opção de hospedagem por aqui e no mundo é tão impressionante que, há três anos, havia somente novecentas propriedades israelenses disponíveis. Segundo Sophia Gkiousou, funcionária do Airbnb para esta região do mundo, metade da oferta no país está concentrada em Tel Aviv.

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Shalom, Larry Quem deu as caras por aqui foi Larry King, o super-apresentador de talk shows. Foi fotografado tomando em um café na beira-mar de Tel Aviv e passeou pelos Túneis do Kotel em Jerusalém. O ponto alto foi a visita ao Muro, onde, protegido do sol por um boné estampado “Brooklyn” – onde nasceu –, ele escreveu um bilhetinho de pedido que deixou nas frestas das pedras. Depois postou em seu Twitter: “Rezei por minha família no incrível e histórico Muro Ocidental”. King nasceu Lawrence Harvey Zeiger há 82 anos, filho de judeus ortodoxos imigrantes da Áustria e Belarússia.

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Garota esperta No pequenino mundo das celebridades israelenses, brilha a luz da modelo e empresária Bar Rafaeli. Depois de ter rodado pelo mundo e namorado figuras do jet set como Leonardo DiCaprio, agora aos 30 anos de idade a moça resolveu fazer a “coisa certa”: no mês passado casou-se com o empresário israelense Adi Ezra e disse pretender formar uma “grande família judia”. O casamento restringiu-se a trezentos convidados, no Hotel Yaarot HaCarmel, um dos mais legais e chiques do país. Detalhe: o casal de empresários anotou nos convites que celulares estariam proibidos na festa. Não porque atrapalhariam o rabino: eles venderam às agências de notícias o direito de divulgação das fotos.


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Milagre econômico

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Chora, Líbano Agora que os libaneses estão saindo às ruas para protestar contra o lixo acumulado em Beirute, o The New York Times aproveita para trazer informações interessantes acerca do país vizinho, que antes pouca gente sabia. O Fórum Econômico Mundial considera o governo libanês o quarto mais ineficiente do mundo. O cargo de presidente está vago há mais de um ano. Apesar de pequeno, o país não consegue suprir a população com energia elétrica – muita gente paga pelo serviço a empresas com geradores privados e outros simplesmente ficam horas diariamente sem eletricidade. Há décadas não se constrói nenhuma nova usina no país e vários túneis em estradas estão sempre às escuras. Apesar de os libaneses se orgulharem dos seus rios, água na torneira mesmo é distribuída apenas em certas horas de certos dias. O jeito é comprar o restante de caminhões-pipa e água mineral nos supermercados. Professores fazem greve regularmente, queimam pneus e fecham ruas, para garantir o salário. As praias do país, divulgadas em folhetos turísticos especialmente nos outros países árabes, na realidade foram privatizadas por gente que cobra vinte dólares pelo ticket de entrada. De graça mesmo, somente em Beirute, mas nojentamente poluída, ou a duas horas de viagem, em Tiro. Dizem que até alguns do 1,3 milhão de refugiados sírios que se somaram aos quatro milhões de libaneses nos últimos anos ficaram chocados com a situação. Bem, nunca é bom saber de gente que sofre no mundo, mas aqui no Oriente Médio precisamos ficar ligados. Qualquer líder árabe de meia-tigela sabe que sempre existe a alternativa de culpar os “judeus” pela situação deplorável em que eles vivem. Mas os libaneses viram a destruição em Gaza no ano passado após a aventura militar do Hamas. O Hizbolá está sempre nos provocando, mas quem aguentaria no Líbano os efeitos de uma nova destruição?

Brasil e Israel caminham em direções opostas, pelo menos quando o assunto são impostos. O governo de Bibi Netaniahu anunciou que, a partir deste mês, o ICMS israelense cairá de 18% para 17%. A ideia é estimular o crescimento da economia via aumento de consumo. A proposta se solidificou após um crescimento inesperado na arrecadação de impostos este ano. Quando o ICMS cai em 1% num país, o consumidor sente o efeito quando faz compras mais caras, como um apartamento ou carro. Já no supermercado, a sensação de economia passa desapercebida. Com a medida, os cofres públicos israelenses deixarão de arrecadar cinco bilhões de shekalim no ano.

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Alma de Israel Continua rolando por aqui o conflito que começou junto com o nascimento deste país: a disputa entre judeus ortodoxos e seculares sobre qual deve ser a influência da religião na vida do país. No último mês, Bibi Netaniahu foi criticado por deputados ortodoxos por ter aceito o convite do premiê italiano e jantado num restaurante não kasher de Florença, o Enoteca Pinchiorri. Depois foi a vez de o sistema de aluguel de bicicletas de Jerusalém ser atacado pelos religiosos da cidade, por acharem que este serviço – presente em toda cidade normal do Ocidente – possa dessacralizar a observância do shabat. Por fim, em agosto também rolou que o governo foi obrigado por um mandato judicial a revelar uma lista secreta de quatrocentas empresas que recebem permissão especial para operar no shabat, entre elas o serviço de aeroporto, eletricidade, portos, a Teva Farmacêutica e por aí vai. Dizem as más línguas que por trás disto esteve o ortodoxo Arye Deri, do Shas (que esteve preso por corrupção e é o atual Ministro da Economia!), querendo constranger estas empresas. Pessoalmente, não tenho nada contra a observância do shabat, muito pelo contrário. Mas acho que tudo isto tem de ser deixado para o indivíduo decidir, e não ser algo forçado pelo Estado. Os rabinos estão aí para nos convencer a observar o shabat, mas fica chato quando tentam forçar isto em todos nós. É o que diferencia as modernas democracias ocidentais dos regimes teocráticos – a liberdade de crença. Não por coincidência, boa parte das teocracias do mundo estão nesta região. Israel, hoje, balança entre os dois sistemas e a decisão final a respeito do rumo a ser seguido ainda está para acontecer.


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magazine > guerra civil espanhola | por Sheila Sacks*

Os heróis de Hemingway PARA ALGUNS PESQUISADORES, ROBERT JORDAN, PROTAGONISTA DE POR QUEM OS SINOS DOBRAM, DE ERNEST HEMINGWAY (1899-1961), FOI INSPIRADO EM ALGUNS JUDEUS QUE FORAM À ESPANHA LUTAR AO LADO DOS REPUBLICANOS

“O

AQUI, NO MEIO DE SOLDADOS E VOLUNTÁRIOS NA GUERRA CIVIL, HEMINGWAY FOI GRANDE REPÓRTER DESTE ENSAIO DE SEGUNDA GUERRA

mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida.” (García Lorca, poeta e dramaturgo espanhol, fuzilado em 1936) Dois dias antes das eleições americanas de 4 de novembro de 2008 – que consagraram Barack Obama como o primeiro negro a atingir à presidência dos Estados Unidos –, uma reportagem do New York Times destacava os exemplos de heróis do então candidato democrata Obama e do seu oponente, o republicano John McCain. Para ambos, o protagonista do livro Por Quem os Sinos Dobram, o brigadista Robert Jordan, era a representação do homem honrado, generoso, determinado, altruísta, idealista e disciplinado. Ambientado na guerra civil espanhola (19361939), o romance de Ernest Hemingway (1899-1961) foi publicado em 1940 e é baseado em sua vivência como correspondente de guerra em Madri. O escritor trabalhava para a North American Newspaper Alliance (NANA), a mais importante agência de notícias à época. Engajado contra o fascismo que avançava na Europa (e que matou García Lorca aos 38 anos, em Granada), Hemingway acompanhou a saga dos voluntários das Brigadas Internacionais (1937-1938) que combatiam pela república espanhola contra o golpe militar liderado pelo general Francisco Franco, apoiado por Mussolini e Hitler. Estima-se que 35 a 40 mil estrangeiros de 53 países, grande parte jovens de ideais socialistas (dos quais oito mil judeus), atenderam ao apelo do presidente espanhol Francisco Largo Caballero (1869-1946), o primeiro sindicalista a chefiar um governo na Espanha. Os brigadistas chegaram ao país no que seria o derradeiro despertar da consciência coletiva antes da hecatombe nazista.

No contato diário com os combatentes vindos dos Estados Unidos, o escritor lapidou o personagem central do seu livro que para alguns pesquisadores tem o perfil do judeu nova-iorquino Irving Goff (1900-1989), capitão da Brigada Abraham Lincoln, com 3,2 mil voluntários, e para outros se assemelha a Milton Wolff (1915-2008), também judeu de Nova York, o último comandante da brigada. Com 40% de seu efetivo composto por judeus americanos, a Brigada Lincoln foi desmobilizada em outubro de 1938 e perdeu novecentos combatentes em solo espanhol. Atrás das linhas inimigas Mas, quem de fato teria inspirado o herói de Hemingway? No cinema, Jordan foi vivido pelo galã Gary Cooper, no filme de 1943, tendo como parceira Ingrid Bergman. Na história, o personagem é um professor de espanhol especialista em explosivos, americano do estado de Montana que se engaja na luta contra o fascismo através das Brigadas Internacionais. Ele viaja à Espanha para se juntar aos republicanos da Frente Popular que lutam contra os franquistas nacionalistas. Sua missão é explodir uma ponte para evitar que as tropas inimigas cheguem à cidade de Segóvia. Em artigo para o New York Times, o jornalista e escritor David Margolick ao analisar a preferência de Obama e McCain pelo personagem de Hemingway, destaca que o escritor jamais revelou em quem >>


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magazine > guerra civil espanhola uma fábrica na Espanha para ajudar os combatentes republicanos. A foto, que correu o mundo e foi publicada em centenas de revistas e jornais, mostra um jovem magro, envergando uma farda, de semblante sério e com os cabelos escuros cobertos por uma boina. Ele olha para baixo como querendo evadir-se da lente da câmera. Ao seu lado, a imagem marcante de um Hemingway parecendo bem à vontade em sua missão de reportar a guerra.

JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO EM NOVA YORK DE INTEGRANTES DO

BATALHÃO LINCOLN. MUITOS LUTARIAM NA EUROPA, CONTRA HITLER

>> se baseou para construir o seu herói. Sabe-se que ele conheceu em Madri um jovem professor da Universidade da Califórnia, Robert Merriman, que tinha estudado economia em Moscou e pertencia ao comando tático da Brigada Lincoln. Morto por tropas franquistas em 1938, Merriman, porém, não era perito em explosivos e nem se infiltrava através das linhas inimigas como Jordan fazia. Já Irving Goff atuava em operações de guerrilha no território inimigo, explodindo pontes, ferrovias e linhas de energia. Também Milton Wolff participava de situações perigosas e protagonizou ações heróicas comandando batalhas sangrentas. Ambos os brigadistas eram judeus e filiados ao Partido Comunista americano (Communist Party USA /CPUSA). No mesmo artigo (“A Hemingway hero embraced by both sides” – “Herói de Hemingway é adotado por ambos os lados”, em tradução livre), Margolick cita Allen Josephs, professor de literatura na Universidade de West Florida, ao assinalar que o Jordan criado por Hemingway era um comunista, mas que mudou sua filiação para “antifascista” depois da objeção de seu editor, Charles Scribner. Ainda de acordo com Margolick, certamente não cairia bem, até em termos comerciais, Hemingway tipificar seu herói como um judeu comunista nascido no Brooklyn, ainda que essa fosse a realidade dos muitos americanos que ele encontrou na Espanha. Coragem elogiada Em 1938, em uma reportagem a respeito dos brigadistas americanos, Hemingway descreve Milton Wolff como um jovem de 23 anos, “alto como Lincoln, magro como Lincoln e tão corajoso e tão bom soldado como aqueles que lutaram nos batalhões em Gettysburg” (local da batalha que marcou o fim da guerra

civil americana, em 1863, com vitória do governo abolicionista de Abraham Lincoln). O escritor ressalta a habilidade de Wolff, atestando que dos “nove comandantes dos batalhões Lincoln, quatro morreram, quatro foram feridos e o nono era Milton Wolff”. E reforça: “Ele está vivo e sem ferimentos pela mesma casualidade que a passagem de um furacão deixa em pé uma alta palmeira.” Wolff conheceu Hemingway em Madri, em julho de 1937, quando esteve na cidade por um período de folga. O encontro em um bar é descrito no seu livro de memórias Another Hill (“Outra Colina”), de 1994. Meses depois, como comandante da Brigada Lincoln, Wolff é fotografado ao lado do escritor e a foto ilustra a primeira página do jornal americano judaico The Forward (atualmente semanário), com tiragem de 270 mil exemplares. Seu autor, o húngaro Robert Capa, freqüentava o grupo de Hemingway e tornou-se um dos mais célebres fotógrafos de guerra da primeira metade do século 20. Conta-se que, até então, a mãe de Wolff, em Nova York, ignorava que o filho lutava nas Brigadas Internacionais. Nas cartas, ele dizia estar trabalhando em

Ativista até o fim De volta aos Estados Unidos, Wolff se mantém fiel aos ideais, participando com outros veteranos de manifestações públicas contra a ditadura de Francisco Franco e de campanhas de assistência às famílias dos presos políticos, exilados e refugiados espanhóis. Por esse motivo ele chega a ser preso em 1940 e nos anos 1950 é alvo da intensa patrulha anticomunista liderada pelo senador Joseph McCarthy, em um período de delações e perseguições que atingiu militantes, intelectuais e artistas. Por ocasião da sua morte, em 2008, aos 92 anos, o jornal espanhol El Mundo lembrou que Wolff combateu durante toda a vida os movimentos fascistas. Na Segunda Grande Guerra, colaborou com os serviços secretos britânicos e quando os Estados Unidos entraram no conflito se alistou no exército. Foi enviado para a Itália ocupada para lutar ao lado dos partisans (guerrilheiros) antifascistas. O jornalista e escritor Jacinto Antón, em artigo no El Pais – o maior jornal da Espanha – é incisivo acerca do mítico comandante “El Lobo”, como Wolff era chamado por seus companheiros: “Caiu um valente”, escreve o articulista no início da matéria (“Milton Wolff, el último comandante de la Brigada Lincoln”, em 8/1/2008). Antón observa que a descrição que Hemingway fez sobre o brigadista ainda permanecia atual. Apesar da idade, Wolff viajava à Espanha todos os anos para voltar a cruzar o rio Ebro – como na guerra, perseguido pelos inimigos – e jogar flores em suas águas

em memória dos companheiros mortos, saudando-os com um “Salud, camaradas!”. Em 2002, em visita a Barcelona, Wolff afirmou que sua luta na Espanha foi voluntária e pessoal. “Tenho a Espanha em meu coração. Este é o meu segundo país”, disse. Convidado a falar sobre a sua experiência como brigadista, Wolff admitiu que ao lutar pela república espanhola ele desafiou as leis dos Estados Unidos e se arriscou a perder a própria nacionalidade. Visão “aventureira” O outro possível inspirador de Hemingway, Irving Goff, nasceu em 1900 e cresceu nas ruas do Brooklyn. Era acrobata profissional até ingressar no partido comunista. Em abril de 1937 viajou para a Espanha e meses depois já estava atuando nas guerrilhas. Treinado no uso de explosivos por instrutores soviéticos, uma das suas ações mais difíceis foi a destruição de uma ponte no povoado de Albarracín, na província de Teruel – a trezentos quilômetros ao noroeste de Madri – com o objetivo de cortar o abastecimento das tropas franquistas. Esse feito pode ter influenciado o enredo de Hemingway, cujo personagem também se incumbe de explodir uma ponte para deter o avanço dos inimigos. Entretanto, o próprio Goff criticou o escritor logo após o lançamento do livro pelo que jul-

GRUPO DE VOLUNTÁRIOS DO BATALHÃO LINCOLN EM AEROPORTO CLANDESTINO NO INTERIOR DA ESPANHA

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Certamente não cairia bem, até em termos comerciais, Hemingway tipificar seu herói como um judeu comunista nascido no Brooklyn, ainda que essa fosse a realidade dos muitos americanos que ele encontrou na Espanha


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>> gou uma visão “romântica e aventureira” em relação ao tema. Um dos biógrafos de Hemingway, o jornalista Milt Machlin (1924-2004), afirma que o escritor teve longas conversas com Goff, que em companhia de dois outros brigadistas, William Alstrom e Alex Kunslich, formavam um grupo especial de guerrilha. Kunslich havia desaparecido nas montanhas durante uma incursão por trás das linhas inimigas e essa história chegou aos ouvidos de Hemingway. Criador das expressões “Triângulo das Bermudas” e “o abominável homem das neves”, Machlin foi correspondente da agência “France Presse” e depois se dedicou a reportagens de aventura. Ele viajou a Cuba para conhecer pessoalmente o seu biografado. O livro The Private Hell of Hemingway (“O Inferno Privado de Hemingway”) foi publicado em 1962. Legião do Mérito Com a Segunda Grande Guerra em curso, Milton Wolff convidou Goff, companheiro das brigadas, para trabalhar para a Inteligência Britânica, na Agência de Serviços Estratégicos (Office of Strategic Services – OSS), precursora da CIA. Comandada pelo general William J. Danovan (o militar mais condecorado dos Estados Unidos), a agência começou a funcionar em 1941, quando os americanos ainda não estavam envolvidos oficialmente na Segunda Grande Guerra. Goff aceitou a convocação e partiu para o norte da África onde iniciou o treinamento de recrutas espanhóis para habilitá-los nas operações atrás das linhas alemãs. Em 1943, é enviado à Itália pelo general Danovan para preparar os voluntários italianos nas operações de guerrilha contra tropas nazistas, no norte do país. Anos depois recebe a Legião do Mérito (Legion of Merit – LOM), medalha militar das Forças Armadas dos Estados Unidos, concedida àqueles que prestam serviços especialmente meritórios à Nação. Ao falecer, em 1989, é sepultado no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, onde os veteranos e militares mortos nas guerras são enterrados com honras de Estado.

WALLACH, O PRIMEIRO À ESQUERDA, DE FARDA, LUTOU NA ESPANHA, NA SEGUNDA GUERRA E FEZ CAMPANHA CONTRA FRANCO

Causa coletiva No estudo “Judíos en La Guerra de España”, o pesquisador espanhol Alberto Fernández (1914-1993) comenta que “a maioria dos judeus que chegou à Espanha para combater as forças franquistas não veio como judeus e sim por simpatizar com a causa dos republicanos”. Oficial do exército republicano na guerra civil, Fernández teve contato com centenas de brigadistas, foi ferido e com a vitória de Franco teve de se exilar na França, onde lutou contra os nazistas. No texto em questão (arquivado na biblioteca digital da Universidade de Salamanca, a mais antiga do país), Fernández também credita ao avanço do antissemitismo na Alemanha a decisão desses voluntários de lutar contra o fascismo na Espanha, já que muitos eram socialistas, comunistas ou simpatizantes desses movimentos. A mesma opinião tem a historiadora Raquel Ibáñez Sperber, de origem espanhola e que reside em Israel. Para ela, o alto grau de antissemitismo dos governos de direita na Europa dos anos 1930 foi importante para explicar a grande proporção de judeus (em torno de 20%) nas Brigadas Internacionais. Responsável por uma exposição com fotos, documentos e objetos a respeito dos voluntários judeus das Brigadas Internacionais, na Universidade Hebraica de Jerusalém, em 2003, Ibáñez destaca que diante do acordo explícito do general Franco com a Alemanha hitlerista, judeus liberais da classe “burguesa”, antes indiferentes, mostraram simpatia pela causa republicana. Voluntários de Israel Além de judeus da Europa, Américas e de parte da África, nas Brigadas também havia voluntários judeus originários de Israel. Uma mostra instalada no Museu de Eretz Israel (Terra de Israel) de Tel Aviv, em 2013, resgata a memória desses combatentes esquecidos pelas páginas da história. A exposição intitulada “From Here to Madri” (Daqui para Madri) homenageia os 267 voluntários judeus nascidos na antiga Israel sob Man-

dato Britânico que combateram na guerra civil ao lado dos republicanos espanhóis. A história desses brigadistas também é contada no documentário produzido em 2007 pelo israelense Eran Torbiner, intitulado Madrid before Hanita, em alusão ao kibutz Hanita, na Galileia. O filme expõe as críticas que esses jovens receberam por colocarem a luta contra o fascismo na Espanha acima do projeto de edificação de uma pátria na Terra Santa, ou seja, “Madrid antes de Hanita”. Tendo de combater, por um lado os ingleses colonialistas e por outro os árabes que queriam destruí-los, a partida desses combatentes desagradou as lideranças judaicas. No entanto, esse enfoque mudou a partir de 1986, quando se celebrou, em Israel, os cinquenta anos do início da Guerra Civil espanhola. O então presidente Chaim Herzog quebrou um silêncio de décadas e elogiou o heroísmo dos voluntários, os “guardiões do espírito e da imagem da humanidade e defensores da cultura humana”. Na solenidade promovida pela Histadrut – a Federação de Trabalhadores de Israel – Herzog agradeceu aos brigadistas: “Em nome do povo de Israel, a principal vítima dos nazistas e fascistas, presto minha homenagem à honra e glória dos combatentes voluntários que deram a vida por essa causa e dos sobreviventes que aqui estão. Que eles possam desfrutar de uma vida longa e feliz”. Homenagens na Espanha Dois anos depois, em 1988, em Madri, os brigadistas judeus mortos em combate na Espanha ganharam uma lápide no cemitério de Fuencarral. Além dos nomes dos quinze combatentes, e aos quais posteriormente se acrescentaram mais quatro, um texto “In Memoriam” dizia: “Aqui jazem os voluntários judeus heroicamente caídos em Madri, no transcurso da guerra civil espanhola em defesa da liberdade. A vossa e a nossa”. Também em Barcelona a passagem dos brigadistas judeus pela Espanha foi lembrada. Desde 1990, uma escultura em forma da Estrela de David está instalada no cemitério de Montjuic, ao lado das lápides de outros brigadistas e das vítimas da repressão franquista. Em 1996, por ocasião dos sessenta anos do início da guerra civil, 350 veteranos remanescentes das Brigadas, a maioria com mais de 80 anos, voltaram a Madri, convidados pelo governo espanhol. Na saudação, é citada a frase do escritor Antonio Muñoz Molina, autor de A Noite dos Tempos (2009), centrada na Guerra Civil espanhola: “Viajaram para um país que não conheciam dispostos a perder, não somente a juventude, mas também, se fosse preciso, a sua vida em defesa da liberdade.” Esse reconhecimento fica claro com o decreto real emitido naquele ano pelo qual os brigadistas poderiam optar pela nacionalidade espanhola, ainda que tivessem de renunciar a sua cidadania anterior. Restrição anulada em 2007 com a instituição da “Lei da Memória Histórica” que concedeu a cidadania, sem imposições. A Lei da Memória também abriu os documen-

tos sigilosos da guerra civil e criou mecanismos para a reparação moral e jurídica dos combatentes e dos perseguidos da ditadura de Franco que durou até a sua morte, em 1975. Aviões de Hitler De acordo com o historiador alemão Carlos Collado–Seidel, especializado em história espanhola, o golpe militar de 18 de julho de 1936 contra o governo republicano não iria adiante sem os aviões de Hitler e Mussolini. As aeronaves transportaram os milhares de soldados das tropas africanas do Protetorado espanhol de Marrocos para lutarem ao lado dos franquistas. No livro España, Refugio Nazi (2004), o historiador revela a afinidade ideológica e a comunhão de interesses que uniram Franco a Hitler. Estima-se que Hitler enviou às forças franquistas quatorze mil soldados alemães, centenas de tanques, armamentos e mais de setecentos aviões que formaram a “Legião Condor”. O bombardeio à cidade basca de Guernica, imortalizado na pintura de Pablo Picasso, foi executado pela força aérea alemã. A Itália de Mussolini também colaborou com mais de trinta mil homens, tanques, armas e 660 aviões Do lado dos republicanos, o apoio veio basicamente da União Soviética que enviou mil aviões, novecentos tanques, armamentos e instrutores. A Inglaterra, França e Estados Unidos, alegando que o conflito se limitava ao território espanhol, se desobrigaram de qualquer tipo de ajuda ou intervenção. Calcula-se que quatrocentos mil espanhóis morreram no conflito e mais 180 mil durante os anos de chumbo da ditadura. Durante quinze anos, a historiadora austríaca Renée Lugschitz estudou a guerra civil espanhola e em 2012 publicou a obra Luchadoras en España: Mujeres Extranjeras en La Guerra Civil Española. Ela explica que um terço dos brigadistas morreu nas frentes de batalha e aqueles que sobreviveram sofreram perseguição política ao voltarem para os seus países. “Um grande número acabou em campos de concentração na França, mas outros >>

Apesar da idade, Wolff viajava à Espanha todos os anos para voltar a cruzar o rio Ebro – como na guerra, perseguido pelos inimigos – e jogar flores em suas águas em memória dos companheiros mortos, saudandoos com um “Salud, camaradas!”


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MILTON WOLFF, POUCO ANTES DE MORRER, EM 2008 … E COMO COMANDANTE DO BATALHÃO LINCOLN

>> prisões comunistas após a Segunda Guerra Mundial.” No Brasil, dos vinte voluntários que decidiram lutar na Espanha, dois eram judeus de São Paulo. Ernest Yosk e Wolf Reutberg, comunistas perseguidos pela ditadura de Vargas, combateram na Espanha e morreram na Europa durante a Segunda Grande Guerra. O primeiro em um campo de concentração na Alemanha e o outro fuzilado pelos nazistas na França ocupada. “Sentido à vida” Correspondente do New York Times na guerra civil espanhola, o jornalista americano Herbert L. Mattews (1900-1977) tornou-se amigo de Hemingway em Madri. Ele ganhou notoriedade internacional anos depois, em 1957, ao entrevistar com exclusividade, em Sierra Maestra, o então guerrilheiro Fidel Castro que comandava nas montanhas os grupos rebeldes na luta armada contra a ditadura de Fulgencio Batista. No livro que publicou em 1973 sobre a sua vivência na guerra espanhola (Half of Spain Died: a Reappraisal of the Spanish Civil War – “Metade da Espanha morreu: uma reavaliação da Guerra Civil Espanhola”, em tradução livre), Mattews escreve sobre os sentimentos que o animavam naqueles tempos: “Nada tão maravilhoso vai me acontecer novamente como esses dois anos e meio que eu passei na Espanha. Deu sentido à vida; incutiu coragem e fé na humanidade. Aqui eu aprendi que homens podem ser irmãos e que nações, fronteiras e raças são apenas aparatos externos”. Saudando os brigadistas que conheceu nesse período, o jornalista americano exaltou a sua ligação emocional com essas pessoas. “Hoje, neste mundo, onde quer que eu encontre um homem ou uma mulher que lutou pela liberdade na Espanha, eu encontro uma alma gêmea. Nada vai quebrar esse vínculo, jamais. Lá, nós deixamos nossos corações.”

Igualmente para Hemingway a guerra civil espanhola teve um impacto que perdurou por toda a vida. A presença de figuras como George Orwell, autor de 1984 e André Malraux (A Condição Humana), entre outros intelectuais e artistas que pegaram em armas para lutar pela liberdade na Espanha entusiasmava o escritor: “A guerra civil espanhola foi o momento mais feliz da nossa vida”, sintetizou. “Nós éramos felizes. Apesar das pessoas morrerem, pensávamos que suas mortes eram justificadas porque elas morriam por uma causa que acreditavam.“ (A Death in San Pietro – “A Morte em San Pietro”, de Tim Brady/2013). Ao retornar da Espanha, Hemingway decide residir em Cuba. Em 1939, no quarto do Hotel “Ambos Mundos”, no centro de Havana, escreve Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bell Tolls). Com o sucesso editorial do livro – um dos cem livros mais importantes do século 20 segundo pesquisa do jornal francês Le Monde – o criador de Robert Jordan, herói de Obama e também do cubano Fidel, finalmente consegue adquirir a casa dos seus sonhos, de arquitetura espanhola e debruçada sobre o mar caribenho, onde vive por duas décadas. *Jornalista e blogueira do Rio de Janeiro

O alto grau de antissemitismo dos governos de direita na Europa dos anos 1930 foi importante para explicar a grande proporção de judeus (em torno de 20%) nas Brigadas Internacionais

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magazine > a palavra | por Philologos

O enigma “Keseh” HÁ TRÊS EXPRESSÕES HEBRAICAS PARA OS DIAS ENTRE ROSH HASHANÁ E IOM KIPUR. DUAS SÃO BEM CONHECIDAS. A TERCEIRA? NINGUÉM ESTÁ COMPLETAMENTE CERTO DO QUE ELA SIGNIFICA

A

s duas conhecidas são aseret i’mei t’shuvá, “os dez dias de penitência”, e ha-iamim ha-nora’im, “os dias terríveis” ou “dias de terror”. A terceira expressão, bein keseh l’asor, “entre keseh e o décimo dia [do mês de Tishrei]”, é menos frequente, talvez porque a tradição judaica sempre teve suas dúvidas a respeito dela. O que é keseh? A palavra é encontrada no versículo 81:4 em Salmos, Tik’u ba’c odesh shofar, ba’keseh l’iom chageinu. “Sopre o shofar na lua nova, no keseh do nosso festival”. Assumindo que a palavra, soletrada em hebraico, derive do verbo l’chasot, “cobrir”, os primeiros rabinos interpretaram a palavra como “coberto” ou lua invisível – isto é, o período no fim de um mês lunar quando o céu está sem lua. Como Rosh Hashaná, com o seu toque do shofar, é o único feriado judaico a cair no primeiro dia de um novo mês, quando a lua ressurge, esse versículo foi considerado uma referência a ela. O rabino Na man bar Yitzhak afirmou no tratado talmúdico de Rosh Hashaná afrima: “Qual é o festival [em Salmos] no qual a lua está coberta? Só pode ser Rosh Hashaná”. Mas o Talmud falha ao não considerar algo – ou pelo menos fracassa em se opor à interpretação de Nahman. É que, soletrado, keseh aparece em outro lugar na Bíblia. É no capítulo 7 do livro dos Provérbios, que adverte contra se consorciar com mulheres devassas. Nele há a descrição de um jovem que é abordado por uma sedutora “tarde da noite, em um momento de profunda escuridão”. “Meu marido não está em casa”, ela lhe garante. “Ele partiu para uma longa viagem, levando a sua bolsa de dinheiro, e no dia de keseh ele volta para casa”. Aqui, keseh se opõe e designa uma hora mais tarde do que a da escuridão de uma noite aparentemente sem lua. Ou estamos lidando com duas palavras homônimas, mas diferentes, ou com uma única palavra com grafias variantes, que não poderiam significar “sem lua”.

Tal suspeita tem acompanhado tradutores da Bíblia desde o início. A Septuaginta Grega, produzida por judeus no século 2 antes da Era Comum, e primeira tradução da Bíblia na história, apresenta keseh nos Salmos como “um dia auspicioso”, e nos Provérbios como “muitos dias a partir de agora”, em ambos os casos rejeitando o significado “sem lua”. Nisso difere da segunda tradução da Bíblia, a versão em aramaico de Onkelos do século 2 da Era Comum, que já reflete o pensamento rabínico e traduz livremente o Salmo 81:4 como “Som do shofar no mês de Tishrei, no mês do nosso festival sem lua”. Para Provérbios 07:20, Onkelos nos dá: “Ele levou sua bolsa de dinheiro, e no dia do festival, vai voltar para casa”. Os principais exegetas judeus da Idade Média não estavam convencidos disso. Em seu comentário acerca dos Salmos, Rashi, no século 11, em uma de suas raras divergências com os primeiros rabinos, cita Yitz ak bar Nahman e continua: “Mas, na minha opinião, keseh significa algo como um tempo fixo ou pré-determinado, como acontece em ‘no dia de keseh ele volta para casa’”. Um século mais tarde, Abraham ibn Ezra concordou com Rashi. Ambos pensavam que a keseh dos Salmos e a keseh dos Provérbios eram a mesma palavra e tinham de significar a mesma coisa. Papa Jerônimo ajuda Aqui, no entando, precisamos recuar para a terceira tradução da Bíblia, a Vulgata Latina do pai da igreja Jerônimo, no século 4 da Era Comum. Curiosamente, enquanto nos Salmos keseh aparece como die sollemnitatis nostrae, “o nosso dia solene [ou ‘marcado’]”, Jerônimo traduziu a palavra nos Provérbios como in die plenae lunae, “no dia da lua cheia” – o oposto da tradução rabínica! Não só isso, mas muitas Bíblias modernas adotaram essa tradução. Uma delas é a tradução inglesa, de 1919, da Jewish Publication Society (JPS), que apresentou keseh tanto nos Salmos como nos Provérbios como “a lua cheia”. A JPS pode ter

considerado Jerônimo uma autoridade maior do que os primeiros rabinos? Claro que não. O que guiou a tradução da Bíblia da JPS não foi a Vulgata, mas as novas disciplinas da arqueologia e da linguística do Oriente Próximo. Esses campos cresceram aos trancos e barrancos no século 19, e as escavações trouxeram à luz numerosas tabuinhas cuneiformes escritas em uma linguagem até então desconhecida, que recebeu o nome de acadiano, a língua extinta dos antigos babilônios. Foram decifrados vários textos acadianos, compilados léxicos e neles estava o termo astronômico kussu, “lua cheia”. A palavra ocorria com frequência suficiente para não deixar qualquer dúvida a respeito do seu significado – um significado conhecido, ao que parece, por Jerônimo que, apesar de o acadiano não ser uma língua falada na época dele, pode ter encontrado estudiosos que ainda a compreendiam. O acadiano não era o hebraico bíblico. Era, no entanto, uma língua semítica relacionada ao hebraico com milhares de palavras contendo cognatos hebraicos. Ao tratar keseh como um cognato de kussu, cujo significado foi esquecido por judeus em tempos pós-bíblicos, foi possível harmonizar o Salmo 81:4 e o Provérbio 07:20. Na tradução da JPS, a prostituta do Provérbio, ao falar em uma noite sem lua, diz que o marido vai voltar quando a lua estiver cheia, enquanto o Salmo nos diz para

tocar o shofar no dia da lua nova e novamente no festival da lua cheia. Assim, mesmo que essa passagem se refira a Tishrei, o “festival” em questão é Sucot, que cai em meados de mês, não Rosh Hashaná. E embora o shofar não seja tocado em Sucot ou em nenhum outro dia de celebração além de Rosh Hashaná, tal costume pode ter existido nos tempos bíblicos. A questão não está aberta nem fechada. Não se pode descartar que Nahman estivesse certo. É até possível que keseh denote “sem lua” nos Salmos e seja uma palavra diferente nos Provérbios com significado contrário. Tudo o que podemos dizer com certeza é que, em toda a confusão em torno disso, bein keseh l’asor nunca se tornou uma expressão tão popular como as suas duas concorrentes. * Philologos é o pseudônimo de um dos mais importantes linguistas judeus

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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch

Velhice judaica VELHOS SE PARECEM EM QUALQUER PARTE DO MUNDO. CABELOS BRANCOS, CORPO ENCURVADO, MARCHA HESITANTE, GESTOS TRÊMULOS, RACIOCÍNIO LENTO. NAS PINTURAS, EM FILMES E ALGUNS LIVROS, A VELHICE PODE SER RETRATADA DE FORMA ROMÂNTICA, ATÉ GLORIOSA. NA VIDA REAL ELA DEIXA UM POUCO A DESEJAR

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á algo capaz de distinguir os idosos judeus? Em Esparta, na Grécia clássica, homens envelhecidos que não estavam mais aptos para combater na guerra eram transportados para as altas montanhas, e lá abandonados para morrer. Muitas outras civilizações da época maltratavam e desprezavam os idosos, como trastes e fardos para os mais jovens. Há bem menos séculos, na favela de Vila Socó (Cubatão, São Paulo) passava um grande duto subterrâneo de gasolina, como muitos daqueles canos da Petrobrás criadores de polêmica em diversas cidades do Brasil. No início de 1984, o duto vazou, provocou grave incêndio e matou quase uma centena de pessoas. Quando a Polícia Rodoviária chegou, praticamente todo o combustível havia sido consumido, restando apenas focos isolados de brasas. Percebeu-se que a maioria dos jovens e crianças conseguiram escapar, ficando para trás principalmente os idosos. Como o número de rodoviários e bombeiros era pequeno, o médico da Polícia incentivou os jovens, a retornar para suas casas e ajudar no resgate dos familiares. O sinistro estava essencialmente controlado, porém não se sabia se voltariam a ocorrer novos vazamentos. Dois destes voluntários se incumbiram de buscar o pai velhinho, ilhado pelo incêndio. Efetivamente retornaram depois de vinte minutos carregando juntos algo grande nos braços. Era um televisor. O médico olhou atônito, sem entender o que se passava. – Doutor, nosso pai já é muito velho e nos perturba demais. Deixamos ele lá. Por outro lado, gastamos muito dinheiro para adquirir este aparelho, e não poderíamos perdê-lo de jeito nenhum. A Torá é muito explícita a respeito: “Mipnei seivá takum, vehadarta pnei zaken”(Levítico/Vaikrá capítulo 19). Diante da pessoa grisalha é necessário se levantar, e deve-se honrar o idoso. Nas Lamentações do profeta Jeremias (“Eichá” capítulo 5), lê-se que há dois mil anos Jerusalém foi destruída dentre outras razões porque “Pnei zekenim ló nehedaru” – Os idosos não foram reverenciados. Mas, afinal, quem se classifica como idoso ? Alguns estudiosos pretendem que só cultos e eruditos merecem respeito. O Rambam (Maimônides 1138-1204, tratado Hilchot Talmud Torá/ Leis do estudo da Torá, capítulo 6) enfatiza que todo velho, sábio ou

não, judeu ou não judeu, merece o apreço dos mais jovens. Há dois mil anos, o Talmud deixava claro que mesmo o velho que se esqueceu dos seus conhecimentos, por enfermidade ou senilidade, deve desfrutar do carinho que se dedica à Arca Sagrada (Talmud Ierushalmi, tratado Moed Katan, capítulo 3). A Gemará (tratado Kidushin, capítulo 31) relata que um eminente não judeu, chamado Dama, filho de Netina, certa vez deixou de realizar um negócio muito lucrativo, para não perturbar o sono do velho pai. Na linguagem talmúdica, idoso se confunde com sábio. O conhecido capítulo da Mishná Pirkei Avot (Massechet/Tratado Avot, capítulo “Ética dos Pais”) estipula que Moisés recebeu a Torá do Sinai, e a passou para Josué, que por sua vez a transmitiu para os Zekenim (Idosos / Sábios), e assim sucessivamente. Percebe-se que, no caso, a conotação é de eruditos. Também Don Isaac Abarbanel (14371508), o conhecido líder religioso, e financista da Espanha na época do infame decreto da Inquisição, deixou importante obra a respeito da Divina Providência, intitulada Ateret Zekenim (“A Coroa dos Idosos”), na qual a expressão se refere aos sábios, não aos velhos. Abarbanel, que, segundo um livro, seria antepassado de conhecida personalidade do nosso meio, foi tesoureiro do rei Afonso V de Portugal, e serviu também à corte de Fernão de Aragão e Isabel de Castela (Espanha). Era tão respeitado que os cruéis monarcas decidiram poupá-lo da atroz

MONUMENTO A MAIMÔNIDES NO PÁTIO DO SEU MEMORIAL, EM CÓRDOBA (ESPANHA)

expulsão de 1492. No entanto, Abarbanel declinou da piedade, e juntou-se à multidão de correligionários deportados, e morreu anos depois em Veneza, onde também foi consultor dos poderosos doges (a realeza local). A superposição velhice-sabedoria não é descabida. Ainda que a partir dos 25-30 anos a capacidade de aprender fatos novos (inteligência) decline, e o raciocínio na terceira idade seja lento, o acúmulo de informações (cultura) alcança um ponto máximo em décadas tardias, quando a pessoa já cumpriu mais “horas de voo” que qualquer outro. O judaísmo nunca foi econômico em textos e obras para serem estudadas e aprendidas, e um mergulho neste universo é tarefa para a vida inteira. Não por acaso, a Torá é comparada com a água (“Maim”), e mesmo com o oceano (“Iam”), ou seja algo infinito, pois há extensos comentários e obras acerca dela, comentaristas de comentários, e mais intérpretes adiante, num ciclo interminável. Conta-se que um judeu trabalhou a vida toda para educar os filhos e, depois, para ajudá-los a criar os netos, de passagem contribuindo para a comunidade, para as escolas e para os necessitados. Seu sucesso econômico foi razoável porém no plano pessoal, como ocorre na atualidade, não se realizou inteiramente . “Atarat zekenim benei banim”, a coroa dos idosos são os netos, todavia nem sempre a jóia vem perfeita. Os filhos mantinham ligação com as tradições, a comunidade, a sinagoga e o ambiente judaico. No entanto seus netos não poderiam ser mais desinteressados e desinformados. Pelo menos visitavam o avô, e se mostravam educados e respeitosos. Um dia o avô, já viúvo, resolveu realizar seu sonho de juventude, e mudou-se para um apartamento de frente para

um parque. Poderia passar seus últimos dias caminhando entre as árvores, ouvindo o canto dos pássaros, e enchendo os pulmões com ar menos poluído. A Torá compara o paraíso com um jardim, o Gan Éden (Jardim de Éden). Mais ainda, no shtetl europeu, quando um judeu sentia a presença agradável de plantas e flores, além da bênção respectiva (“boré minei bessamim”, ”Aquele que criou os bons aromas”), ainda comentava que isto lembrava o “reiach Gan Éden”, o cheiro do paraíso. Sucede que toda residência nova necessita de mezuzá (caixinha com trechos da Torá), pregada em cada porta externa ou interna, exceção dos banheiros. A visão do avô já era um tanto embaçada e os dedos, trêmulos pela moléstia de Parkinson, não conseguiam segurar martelo e pregos. Contando com a boa vontade do neto mais velho, comprou mezuzot novas em Israel, porque o pergaminho no seu interior deve ser preenchido por escriba religioso (sofer), segundo regras milenares. Sem o pergaminho kasher (legítimo) no seu interior a mezuzá nada vale. Ligou então para o garoto, e combinou para este ajudá-lo na mitzvá (mandamento). Naturalmente os dois recitaram a bênção apropriada (“likboa mezuzá”, para afixar a mezuzá). O velho mostrou cuidadosamente como realizar a instalação, no umbral da porta, em posição diagonal pouco acima dos olhos, à direita de quem entra. Aliviado pelo interesse e seriedade do jovem, e já cansado dos esforços, recostou-se no sofá para merecido cochilo. Acordou com o aviso que estava tudo finalizado. Ele inspecionou a casa inteira e não havia dúvida, o menino havia cumprido a mitzvá à perfeição. Presenteou-o com deliciosos chocolates que guardara para a ocasião, e quando já dava o beijo de despedida, o neto apontou na cozinha pergaminhos abertos sobre a mesa. – Vovô, percebi que cada caixinha vinha com a garantia no interior. Retirei todas, se quiser guardar para alguma reclamação futura.

A Gemará relata que um eminente não judeu, chamado Dama, filho de Netina, certa vez deixou de realizar um negócio muito lucrativo, para não perturbar o sono do velho pai


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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman Festival de balões de Albuquerque

O Novo México é uma grande festa O NOVO MÉXICO E SUAS PRINCIPAIS CIDADES, ALBUQUERQUE E SANTA FÉ, PARECEM ESTAR EM FESTA PERMANENTE E ISSO TALVEZ

SE EXPLIQUE PELO FATO DE REPRESENTAR A PERFEITA COMBINAÇÃO DO ESPÍRITO LATINO, PELA PROXIMIDADE DO MÉXICO, LOGO AO SUL, COM A FANTÁSTICA MISTURA DE REMANESCENTES DE POPULAÇÕES NATIVAS, ESPANHÓIS E IMIGRANTES DE TODOS OS CANTOS DO MUNDO

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Igreja em Santa Fé

Restaurante Pasqual’s

esde fi ns do século 18, e principalmente os primeiros anos do século19, eles vinham atraídos pela possibilidade de colonizar aquele pedaço dos Estados Unidos com a oferta de terras e oportunidades apesar dos confl itos e revoluções, o que, dependendo do lado a que se aliava era garantia de prosperidade tanto material como política. Um exemplo disso são os irmãos Spiegelberg, judeus nascidos na Alemanha e que fundaram a primeira empresa mercantil em Santa Fé, em 1848. O pioneiro da família foi Soloman Jacob que se habilitou como fornecedor da campanha eleitoral de um dos candidatos a governador de Chihuahua, afinal eleito. Ele usava suas economias e o crédito na praça para vender mercadorias que transportava por meios próprios. Com isso, conquistou parte do comércio do sul do país, chamou os irmãos para ajudá-lo e, juntos, formaram o que, nos Estados Unidos, é uma espécie de marca de êxito e prosperidade – no caso deles, House of Spiegelberg Brothers, cujos descendentes se espalharam formando outras famílias. Um dos Spiegelberg, por exemplo, casou-se com Behula Guggenheim, bisneta de Meyer Guggenheim, também judeu, e prima de um dos Rotschild. Um neto de Meyer, Solomon, fundou o Museu Guggenheim. Na década de 1940, duas localidades do Novo México ficaram tristemente conhecidas pelos primeiros testes nucleares em Los Alamos e em Alamogordo e que possibilitaram bombardear Hiroshima, com uma bomba à base de urânio, e Nagasaki, com a bomba à base de plutônio. O estado reúne deserto e picos nevados, como em Las Cruces. Há muitos vilarejos, os pueblos, alguns ativos, outros, abandonados, que vemos em filmes de bang-bang, quase todas os edifícios das grandes cidades de cor ocre, observatórios astronômicos em razão da transparência do céu, reservas indígenas das tribos Apache, Navajos e Tahagiilee e o fantástico Albuquerque International Balloon Fiesta. >>

Na década de 1940, duas localidades do Novo México ficaram tristemente conhecidas pelos primeiros testes nucleares em Los Alamos e em Alamogordo e que possibilitaram bombardear Hiroshima, com uma bomba à base de urânio, e Nagasaki, com a bomba à base de plutônio


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magazine > viagem

Estilista de design de roupas de Santa Fé

Lojas e galerias de Santa Fé

Lojas e galerias de Santa Fé

Farmer’s Market de Santa Fé

Museu indígena de Santa Fé

Mercado Jackalope

Construção em adobe

Cestas e pipas


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por Bernardo Lerer Tudo pela Pátria – Em Busca do Combate Ivan Kozhedub | C & R Editorial | 563 pp. | R$ 89,90

Crer & Destruir Christian Ingrao | Zahar | 474 pp. | R$ 67,90

O autor, especialista em guerra e nazismo, relata como homens brilhantes, jovens e cultos que poderiam vir a ser importantes profissionais em seus setores acabaram por se engajar na SS e no serviço de segurança do nazismo. Ele conta o mecanismo que a ideologia nazista usou para seduzir jovens da elite intelectual pela ideia do extermínio em massa e pelos expurgos nas universidades. O livro era originalmente uma tese de doutorado de Ingrao cujo tema é “Os intelectuais do serviço de informações da SS – 1900/1945”. Vale muito a pena ler.

É a autobiografia daquele que provavelmente foi o maior ás da Segunda Guerra porque derrubou 62 aviões alemães e mais dois caças Mustang norte-americanos que, em abril de 1945, atiraram nele por engano nos céus de Berlim, quando a guerra estava por terminar. Seis anos depois, Ivan combateu outra veze, agora contra os velhos aliados, na Guerra da Coreia e, no comando da 324 Divisão de Caça, a mais eficaz da guerra, destruiu 216 aviões dos EUA e perdeu apenas 27 aparelhos e nove pilotos. Conta-se que Ivan “conversava” com o seu avião, o “amigo de combate”, antes das missões, como se fosse um ser vivo.

Como Deixei de Ser Judeu Shlomo Sand | Benvirá | 136 pp. | R$ 29,90

Shlomo Sand é professor da Universidade de Tel Aviv e autor de A Invenção da Terra de Israel e de A Invenção do Povo Judeu com uma visão bastante negativa do povo e da Terra de Israel. Neste, Shlomo, ativo membro da extrema esquerda israelense, superou-se, conta como deixou de se judeu – como se isso fosse possível – mas não deixa de expor suas ambiguidades, por exemplo, em relação ao problema palestino. Shlomo dedica o livro a Wladimir Herzog, o Vlado, que, aliás, não tem nada a ver com isso, e foi assassinado pela ditadura porque além de tudo era judeu.

Pushkin, Gógol, Dostoiésvski, Tolstói, Tchekhov, Górki

O Frango de Newton

Os Russos Organização Luís Dolhnikoff | Hedra | 870 pp. | R$ 89,90

Massimiano Bucchi | Editora Unicamp | 174 pp. | R$ 29,90

Foi paradoxal o trabalho de Dolhnikoff na organização desta coletânea, traduzida direto do russo, pois com tanto material de autoria dos maiores escritores russos do século 19, acaba sendo difícil escolher quais os merecedores de figurar no livro cujo objetivo, entre outros, é o de lançar alguma luz sobre as sombras da sociedade russa do tempo destes escritores e sobre a chamada “alma russa” espécie de entidade metafísica que marcaria e determinaria o caráter dos membros de tal sociedade. Um livro fundamental.

A Segunda Guerra Mundial

Que particularidades conectam experimentos científicos e receitas que dão água na boca? O que a culinária futurista tem a ver com a gastronomia molecular? Para mostrar as intersecções entre gastronomia e pesquisa científica e entre laboratórios e cozinhas, o livro menciona experimentos com café, controvérsias a respeito de receitas de cervejas e de chocolates guardadas como patentes secretas. O autor explica como e por que em um determinado momento a ciência “invadiu” a cozinha e por que os cientistas se valem de imagens e metáforas tiradas da gastronomia.

Antony Beevor | Editora Record | 952 pp. | R$ 98,00

A Capital da Vertigem

A Segunda Guerra foi um conjunto vasto de guerras, mais do que batalhas, dependendo do ponto de vista. É o caso, por exemplo, da guerra sino-japonesa de 1937-1945, a invasão japonesa da Manchúria em 1931, a visão esquerdista de que a guerra começou mesmo na guerra civil espanhola de 1936-1938. De todo modo, este livro de Beevor, um fantástico historiador militar, tenta humanizar o terrível conflito, contando a história de Yang Kyoungjong, coreano feito prisioneiro pelos japoneses, soviéticos e alemães, nesta ordem, até se entregar aos americanos na Normandia, em 1944. Uma obra-prima que vale a pena ser lida.

Roberto Pompeu de Toledo | Objetiva | 579 pp. | R$ 49,90

Darwin e a Evolução Explicada aos Nossos Netos

Este livro dá sequência a A Capital da Solidão, uma história de São Paulo de sua fundação até o fim do século 19, e vai dos primeiros anos do século 20 até 1954. Tudo nele parece familiar, principalmente para aqueles nascidos antes ou na metade do século passado, pois leem histórias de um passado não tão distante e, os mais jovens, descobrem porque as coisas na cidade são do jeito que são, a origem de ruas e logradouros, o papel das personagens na construção da metrópole, fragmentos da vida política de então e os fatores que fizeram de São Paulo o que ela é.

Abílio Cristiane Correa | Primeira Pessoa | 235 pp. | R$ 18,47

Pascal é paleantropólogo. Ele pesquisa as origens do homem e escreveu esse livro, editado a primeira vez na França, em 2008, a partir das observações e diálogos com seus filhos e indignado com as incoerências dos professores deles a respeito da evolução e principalmente acerca do homem. O autor se volta contra os fundamentalismos religiosos e ataca os pais que negam as aulas de ciências dos filhos e, desta forma, investem contra a laicidade da ciência.

Quando a autora procurou Abílio para escrever sua biografia chegou a pensar que ele esconderia episódios da vida pessoal e empresarial ou, pior, depois de escrito, o biografado quisesse embargar a obra por alguma indiscrição. Ao contrário, o livro conta as brigas de família, os embates empresariais, a atuação política, o ativismo na área esportiva e revela o retrato de um homem determinado, ambicioso e polêmico que construiu um verdadeiro império do varejo a partir de uma pequena doceria na avenida Brigadeiro Luís Antônio, que se chamava Pão de Açúcar.

As Garotas da Cidade Atômica

Um Espaço para a Ciência – A Formação da Comunidade Científica no Brasil

Denise Kiernan | Benvirá | 365 pp. | R$ 44,90

Simon Schwartzman | Editora Unicamp | 415 pp. | R$ 70,00

Como diz o subtítulo, trata-se da história secreta das mulheres que ajudaram a vencer a Segunda Guerra, livro que o New York Times e o Los Angeles Times consideram um best-seller. As mulheres vieram de várias partes dos EUA para uma cidade que não existia e se chamaria Oak Ridge, viveram precariamente durante meses e só mais tarde descobriram que faziam parte do projeto Manhattan, ajudaram a construir a primeira bomba atômica, a devastar duas cidades japonesas, matar dezenas de milhares de pessoas e mudar e moldar a história.

Este é o Brasil: em 1979, o autor escreveu Formação da Comunidade Científica no Brasil; em 1991, o texto foi revisto e publicado em inglês pela editora da Universidade da Pennsylvania com o título O Desenvolvimento da Comunidade Científica no Brasil e, em 2001, traduzido para o português pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Mas só agora virou livro para contar a história da ciência e tecnologia no Brasil e os vários contextos em que ela se expandiu e se transformou e mostra o que são, para ele, os valores da República das Ciências.

Pascal Picq | Editora Unesp | 151 pp. | R$ 28,00


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por Bernardo Lerer

El Cançoner del Duc de Calabria Villancicos e Ensaladas | Aliavox | R$ 229,90

Classic Duets

O músico catalão Jordi Savall esteve em São Paulo em agosto e lotou suas poucas apresentações na Sala São Paulo. Sorte de quem conseguiu assistir aos espetáculos dirigidos por este fantástico maestro e pesquisador à frente da Capella Reial de Catalunya e que neste álbum de quatro cd’s e quase 250 minutos mostra a riqueza da produção dos compositores Mateu Fletxa e Bartomeu Cárceres com suas ensaladas e villancicos, composições dos séculos 15 e 16 e que, felizmente, restaram testemunhos na forma de bem cuidadas partituras.

Luciano Pavarotti | Decca | R$ 26,90

Esses duetos foram gravados entre 1971 e 1997 e remasterizados em 2014 e revelam um artista capaz de criar tensão dramática menos pela força bruta e mais pela sensível gradação dos timbres altos e baixos, em peças de Bellini, Donizetti ou Puccini. Ele faz canta com Mirella Freni, Plácido Domingo e Jose Carreras, Nicolai Ghiaurov, Renata Scotto, Joan Sutherland, Kiri Te Kanawa e Renata Tebaldi.

A Portrait Maxim Vengerov | Inspiration | Warner Classics | R$ 27,90

A mãe dele dirigiu um coral de quinhentas vozes, o pai tocava oboé na Orquestra Sinfônica de Novosibirsk, na Rússia, onde ele nasceu, em 1974, e por isso é simples explicar porque Maxim Vengerov começou a estudar violino aos 5 anos de idade. Foi sendo convidado a estudar e se aperfeiçoar com os melhores mestres e parou somente quando imigrou para Israel. Fundou a Orquestra do Amanhã, no norte de Israel.

Requiem e Maurerische Trauermusik

Song of The Beatles

Aliavox | R$ 95,90

Sarah Vaughan | Atlantic Jazz | R$ 24,90

Estas duas peças fúnebres foram compostas por Mozart, o Requiem em 1791, por uma encomenda anônima de um conde para celebrar a morte da mulher. O Maurerische Trauermusik é uma ode fúnebre escrita para algum funeral maçônico e foi executada durante as exéquias de um membro da maçonaria, em 1785. A interpretação é da Capella Reial de Catalunya e os músicos pertencem ao Le Concert des Nations.

Este cd foi remasterizado a partir dos registros para um disco analógico elogiadíssimo por Lenon e McCartney não apenas pela interpretação de Sarah Vaughan mas pelo fato de ela ter sido acompanhado por músicos como Lee Ritenour na guitarra, o baterista Jeff Porcaro, Jean “Toots” Tilemans na harmônica de boca e outros monstros do jazz e até pelo brasileiro Marcos Valle por sua intepretação em Something.

Eine Kleine Nachtmusik e Serenate Notturne

Nina Revisited – A Tribute to Nina Simone

Mozart | Aliavox | R$ 95,90

Sony Music | R$ 24,90

Desta vez, Jordi Savall reúne os músicos Le Concert des Nations para executar estas duas peças primordiais do mestre de Salzburgo, gravado em 2005 numa das naves da Catedral da Catalunha. A Serenata Noturna foi composta em janeiro de 1776, provavelmente destinada às festividades do Carnaval daquele ano, em Salzburgo, e fazia parte de um pacote de obras escritas por encomendas de mecenas, nos anos 1770.

O mundo perdeu uma grande pianista, mas ganhou uma fantástica intérprete de jazz e importante ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos. Isto porque o Curtis Institute of Music in Philadelphia lhe negou uma bolsa de estudos para aprimorar o talento ao piano por ser negra. Nina inscreveu-se numa escola particular e para custear os estudos cantava em sessões de jazz em Atlantic City. Logo foi descoberta por músicos e compositores.

La Voix de l’Emotion

Forever Man

Montserrat Figueras | Hybrid | R$ 130,00

Eric Clapton | Warner Music | R$ 49,90

Ainda Jordi Savall, e desta vez acompanhando a voz de Montserrat, sua mulher, hoje com 72 anos como se o tempo não lhe tivesse prejudicado as cordas vocais, mas, ao contrário, deu-lhe mais consistência para interpretar canções de Monteverdi, Fernando Sor, Mussorgsky, Manuel de Falla e principalmente canções em ladino compostas por Anon Sépharade, do século 15. Acompanha libreto com as todas as letras.

São 33 faixas desse fantástico guitarrista, cantor e compositor, considerado um dos mais influentes músicos de todos os tempos. Ele nasceu na Inglaterra em 1945 e 20 anos depois já era convidado a integrar conjuntos como o de John Mayall & The Bluebrackers. Ele ganhou toda sorte de prêmios. Ex-alcoólatra e viciado em drogas, fundou uma instituição em Antigua, no Caribe, para recuperar viciados.

Schubert, Arpeggione

Quinteto Violado Canta Dominguinhos

Erato | R$ 35,90

Atração | R$ 17,90

E mais Claude Debussy, Benjamim Britten e Robert Schumann, interpretados pelo violoncelista Gautier Capuçon e o pianista Frank Braley, em peças fundamentais para o repertório dos dois instrumentos, principalmente o Arpeggione, de Franz Schubert, uma obra que acabou transcrita para os mais variados instrumentos com a mesma qualidade que o genial compositor a criou para piano e violoncelo.

O compositor Dominguinhos sempre foi muito próximo do Quinteto Violado, criado há várias décadas com a ajuda inestimável de Ariano Suassuna e, portanto, nada mais natural que, pouco depois de morrer, uma eventual homenagem ao genial sanfoneiro seria prestada exatamente pelo Quinteto, com a colaboração de muitos expoentes da música popular brasileira.

Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena


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magazine > ensaio | por Enrique Mandelbaum*

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Cinquenta anos de Editora Perspectiva EM 1952, JACÓ GUINSBURG (FOTO), APAIXONADO PELA PEÇA O DIBUK, DE AN-SKI, FUNDA PELA PRIMEIRA VEZ A EDITORA PERSPECTIVA QUE, NAQUELA OPORTUNIDADE, RESTRINGIU-SE AO LANÇAMENTO DESSE LIVRO

acó já contava com uma experiência de editoração, de amor pelos livros e envolvimento com a literatura judaica, fruto da criação da Editora Rampa, cinco anos antes (1947-1952). Em coautoria com Carlos Ortiz, ele publicara em 1948 uma antologia judaica, Joias do Conto Ídiche, um volume de narrativas de I. L. Peretz e A Mãe, de Scholem Asch. Pode ser que tudo ganhe um sentido somente a posteriori. Mas, é incrível O Dibuk de An-ski ser o núcleo formador da Editora Perspectiva. O livro condensa a vida de seu editor e tradutor. A editora foi refundada com o mesmo nome, Perspectiva, em 1966, ou seja, quatorse anos após o lançamento do Dibuk. De alguma maneira, o nome, o autor, o gênero e até o tema desse livro, confluíram e modelaram o desdobramento do editor, tradutor, ensaísta, professor de teatro e formador de muitos profissionais, Jacó Guinsburg. An-ski é como assinava literariamente Schloime-Zanvl Rappoport. Seu trabalho é fruto de expedições etnográficas que tiveram início no verão de 1912, às pequenas cidades – shtetls – perdidas nas regiões da Volínia, Podólia e províncias de Kiev, para resgatar um material na forma de manuscritos, costumes, relíquias, objetos domésticos, fotografias, histórias orais, narrativas folclóricas, lendas e músicas, enfim, revelar todo um acervo de fontes primárias para, pela primeira vez, organizar um estudo etnográfico desse universo judaico que o andar da História parecia atropelar. Sabem a quem An-ski pediu financiamento? Ao barão Vladimir Gintsburg, um banqueiro. An-ski comprometeu-se a resgatar uma herança cultural da qual os judeus assimilados desse período já estavam distanciados. Jacó Guinsburg, nos anos 50 e, na verdade, sob o imediato impacto da Shoah, tomou para si de algum modo a mesma tarefa: aqui não mais resgatar uma herança cultural, mas apresentá-la viva nesse estado de coisas tão paradoxal do início dos anos 1950 – por um lado, a

quase completa destruição do judaísmo europeu e, por outro, a independência do Estado de Israel. Jacó tem seus dibukim, seus diabretes, que ele deixa surgir de um campo idichista que lhe é nuclear e muito querido. Ele é um discípulo de Peretz. Isto quer dizer muito e nós não podemos, nestas breves linhas, aprofundar. Mas algo tem de ser dito porque, hoje em dia, infelizmente, poucos sabem o que quer dizer isto. O judaísmo também atropelou a história judaica. Para Peretz, a principal luta de um homem judeu deveria ser por sua cultura e por sua língua. Assim, poder-se-ia “elevar os espíritos e nos unir culturalmente a todos os povos de todos os tempos” (Bildung, 1898). É dele também a demanda de possibilitar o acesso a todos os “tesouros culturais de nosso grande passado”, bem como de “tornar esta língua [o ídiche] aberta às principais realizações culturais do homem”. É Peretz que, no ano de sua morte, em 1915, sugeria aos autores do povo judeu que se tornassem “historiadores de si próprios”, para que o povo passasse a escrever a sua própria história e não se restringisse, como acontecia havia séculos, a ser a personagem de um relato que lhe era estranho, obra de um autor externo. Isto dá um total sentido à literatura judaica, o de falar em voz própria, e isto também marca um imperativo desse homem tão singular, Jacó Guinsburg. Ele sempre fala em voz própria. E sua voz, para quem está sensibilizado às ressonâncias judaicas, ocupa um lugar de transmissibilidade de toda uma intencionalidade idichista, desta vez plenamente abrasileirada. Por isto, sempre que estou diante do Jacó, me sai com espontaneidade a palavra rebe. Jacó, para mim, é mais um rebe do que um professor. Rebe aqui claro que não quer dizer rabino. Rebe é alguém que tem um canal aberto com toda a herança cultural e espiritual judaica. Na voz dele, tornam-se presentes almas passadas, vidas passadas, expectativas, utopias de um mundo que não está mais aqui. Jacó é um portador vivo de um gigantesco passado. É ele a antologia judaica organizada pela Editora Perspectiva, composta de treze volumes que avançam em letra miúda e espremida por mais de 6.500 páginas, e que até atualmente continua a se expandir no lançamento de sempre novos autores de relevância no campo dos estudos judaicos. É parte da maravilha que todo esse resgate não torne Jacó um homem de outros tempos. Jacó é pleno século 20 e soube adentrar o século 21 com os dois pés. Ele é completamente contemporâneo. Esta é a arte do editor. Um bom editor cria a perspectiva da contemporaneidade e suscita perplexidade. Como Jacó chega a um bom acordo entre tantos

dibukim e a necessidade de sempre abrir um espaço para o novo? A Editora Perspectiva é essa estranha síntese. Ela soube recriar-se constantemente ao longo de mais de cinquenta anos, sem nunca abrir mão de seus dibukim. Vai ver que, no fundo, esses dibukim gostam do futuro. Quem sabe eles se enriquecem com a poesia concreta de Haroldo e Augusto de Campos e ficam orgulhosos de um velho idichista ser o canal para a chegada da semiótica ao Brasil, do que há de mais avançado no campo da filosofia, dos estudos sociais e literários. Vai ver que são os dibukim que convocam centenas de autores brasileiros a pensar com profundidade o Brasil contemporâneo, tentando vislumbrar uma identidade cultural nacional mais ampla e justa. Talvez possamos afirmar sem exagero que não há no Brasil um estudante de ciências humanas que não tenha atravessado algum parágrafo de letras de algum dos mais de mil livros que a Editora Perspectiva colocou em circulação. Se o tema principal de Jacó é o teatro, seu empenho maior é na formação da cultura brasileira. E ele soube colocar os dibukim a serviço dessa formação. Peretz pode ficar orgulhoso de seu discípulo Jacó Guinsburg. Por meio da Editora Perspectiva, a cultura ídiche, o judaísmo ashkenaz, contribui profundamente para o aprimoramento da cultura brasileira. É pouco?

Peretz pode ficar orgulhoso de seu discípulo Jacó Guinsburg. Por meio da Editora Perspectiva, a cultura ídiche, o judaísmo ashkenaz, contribui profundamente para o aprimoramento da cultura brasileira. É pouco?


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magazine > curta cultural | por Bernardo Lerer

O irmão importante de Burle Marx Todos conhecem o paisagista, arquiteto, conservacionista e pintor Roberto Burle Marx (1909-1994) (na foto, o primeiro a direita, em pé), colaborador de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. E seu irmão mais velho, Walter Burle Marx (19021990)? Roberto e Walter nasceram em São Paulo, filhos de Cecilia Burle, católica, e de Wilhelm Marx, judeu alemão. Walter foi um músico excepcional quase desconhecido no Brasil, mas celebrado lá fora. A mãe ensinou-lhe piano desde os 4 anos e sentiu que seria músico aos 7, ao assistir a uma ópera. Então o proibiram de praticar qualquer esporte capaz de machucar as mãos. Em 1914, mudou-se para o Rio de Janeiro estudar piano com Enrique Osvald, que o recomendou aos maestros da época. Apresentado como menino prodígio, tinha 12 anos quando tocou na Europa e América Latina. Aos 19, em 1921, estava em Berlim estudando piano com James Kwast, regência com Weingartner e composição com Rezniceck. A família o queria um grande pianista, mas Walter preferia regência e composição e em 1931 fundou a Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro e organizou concertos de juventude. Em 1939, foi diretor musical do pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova York onde se executou, pela primeira vez, peças do amigo Heitor VillaLobos. Pelo êxito alcançado, foi convidado a reger a Filarmônica de Nova York, e as sinfônicas de Cleveland, Detroit e Washington. Ele é tão venerado nos Estados Unidos que até constituíram a Burle Marx Musical Society. Ele escreveu quatro sinfonias, peças para violão solo, dois concertinos para piano e orquestra, um concerto para violoncelo, duas peças para quartetos de cordas, um quarteto para instrumentos antigos, um quarteto para flauta e cordas e um ciclo de canções para os feriados americanos.

A fotografia de Gaza, apesar do Hamas

B

asel Yazouri tem 18 anos e faz parte de um coletivo internacional de fotógrafos documentaristas integrado por israelenses, palestinos e de outros países e agora é bolsista da Magnum Foundation Human Rights Fellowship pelo conjunto da obra documentando, a partir de Gaza, o que foram os 51 dias de combates entre as Forças de Defesa de Israel e o Hamas, em 2014. As fotos não fazem juízo político daquela batalha vista por um jovem, então com 17 anos, que descreveu, em fotografi as, a vida em Gaza naquele período. Os pais dele ocupavam cargos importantes na administração da cidade até a tomada de poder pelo Hamas. Basel usou uma modesta máquina digital que a mãe comprou para a irmã dele e passou a fotografar o cotidiano dos pescadores de Gaza, uma das bases da economia do território, de modo a representar um contraponto à paisagem sempre carregada de guerra daquela região. Apendendo a mexer na câmera a partir da tentativa e erro, Basel integrou-se àquele coletivo internacional e, em 2013, publicou um elogiado ensaio fotográfico da cultura da juventude palestina que mostra a s condições dos jovens de Gaza cuja liberdade criativa é tolhida pela rigidez ideológica e dogmática do Hamas. Contrariamente aos outros fotógrafos da cidade, Basel queria mostrar “o talento dos milhares de jovens da cidade e suas variadas manifestações artísticas, na forma de dançarinos de hip-hop, rapers, grupos musicais e jovens que desafiam a gravidade com suas danças pelas ruas, sempre vigiados pelos atentos milicianos do Hamas, os guardiões da moral.

Quem depois de Perlman? O fato de o violinista israelense americano Itzhak Perlman ter completado 70 anos em 31 de agosto deixou no ar, sem resposta, a pergunta: quem vai substituí-lo quando se aposentar, assim como o fantástico Jascha Heifetz? Muito mais que o genial intérprete do mais importante do repertório para o instrumento, de popularizar peças do cancioneiro ídiche e música klezmer, Perlman é um vigoroso defensor de pessoas com necessidades especiais, físicas ou mentais. Perlman contraiu poliomielite, venceu todos os obstáculos e estudou em cadeira de rodas. A primeira apresentação pública dele foi há cinquenta anos no Ed Sullivan (foto ao lado) Show, e em seguida gravou os Caprichos de Paganini. Os prováveis candidatos sabem a imensa tarefa que têm para substituir um violi-

nista que executa desde as exigências virtuosísticas das peças de Nicoló Paganini, até a força das composições dos russos, como Tchaikovski, por exemplo. Dentre os instrumentistas judeus fala-se em Bracha Malkin, nascida em 1981, que estudou com o pai, Isaac Malkin, e no violinista israelense nascido em 1973, na Ucrânia, Vadim Guzman. Há ainda Joshua Bell (nascido em 1967) e Gil Shaham (1971) credenciados representantes daquilo que os críticos chamam de “qualidade inata do violino” cujas notas agudas e acordes lacrimosos se associam automaticamente ao destino judaico. Outro grande violinista, Isaac Stern, antecessor de Perlman, chamava os intérpretes judeus de “Kosher Nostra”, a maioria deles criados em famílias cujos pais os obrigavam a estudar

algum instrumento, de preferência violino. Agora, a maioria de pretendentes ao trono de Perlman é constituída de não judeus e, por isso, virou “Treif Nostra”.

Busca e descoberta de raízes

U

m grupo de casais da comunidade, integrado por pessoas que se permitem ficar cerca de um mês fora do Brasil, fez uma viagem interessante ao leste europeu com o objetivo de visitar as cidades onde nasceram os pais e avós, a maioria na Polônia. Alugaram um ônibus cujos motoristas ficaram à disposição e contrataram um pesquisador de Iad Vashem para acompanhá-los. “Inesquecível”, disseram todos. Se não foi exatamente o caso deles, pois não se tratava de uma viagem de turismo, mas de busca – e encontro – de raízes, eles provaram que é possível uma espécie de turismo de “herança judaica” mesmo que não existam sinais externos de herança física judaica. Afinal, descobrir que em

um antigo shtetl, no local onde antes havia uma sinagoga de madeira, convenientemente queimada pelos nazistas com a ajuda dos antissemitas locais, agora funciona um supermercado, ou onde era uma yeshivá, atualmente é um clube. Desta forma, mesmo a ausência de infraestrutura de uma vida judaica em determinada cidade não diminui a importância dela na descoberta do que terá sido. Nessa linha, uma sugestão a quem viajar para a França: a cidade de Troyes, bem no coração da região da Champagne, onde nasceu, viveu e morreu, um dos seus mais ilustres filhos, o rabi Shlomó Itzahki, isto é, Rashi (1040-1105). Naquela época os judeus até que tinham uma condição digamos, confortável na cidade, pois, ao contrário de Worms, na Alemanha, não ficaram confinados em guetos, e viviam sob a proteção da nobreza local, que se beneficiava da intensa participação dos judeus no comércio e fabricação de roupa, beneficiamento de couro e produção de vinho. Aliás, a família de Rashi era de vinicultores. Não há vestígios de Rashi na cidade, mas seus textos sugerem como era a Troyes de seu tempo. De todo modo, muitas famílias francesas que não podem levar os filhos para o bar-mitzvá no Kotel Hamaaravi se comprazem em celebrar a cerimônia na sinagoga da cidade onde viveu Rashi.


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HEBRAICA

indicador profissional ADVOCACIA

ANGIOLOGIA

CIRURGIA PLÁSTICA

COACHING

DERMATOLOGIA

DERMATOLOGIA

DERMATOLOGIA

EVENTOS

COLOPROCTOLOGIA

CASA DE REPOUSO

CURA RECONECTIVA

DERMATOLOGIA

ANGIOLOGIA

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indicador profissional

FISIOTERAPIA


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HEBRAICA

indicador profissional FISIOTERAPIA

GINECOLOGIA

MANIPULAÇÃO

NEUROLOGIA

ODONTOLOGIA

NEUROCIRURGIA

NEUROPSICOLOGIA

GINECOLOGIA

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indicador profissional

HARMONIZAÇÃO INTERIOR

NEUROLOGIA

MANIPULAÇÃO

NA

PARA ANUNCIAR REVISTA HEBRAICA

LIGUE:

3815-9159 3814-4629

ODONTOLOGIA


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indicador profissional ODONTOLOGIA

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

OFTALMOLOGIA

PSICANÁLISE

ORTODONTIA

PEDIATRIA

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indicador profissional / IDOSOS

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

PSICANÁLISE

PSICOLOGIA

PSICOPEDAGOGA


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HEBRAICA

indicador profissional PSICOTERAPIA

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indicador profissional PSIQUIATRIA

TÉCNICAS DE MEDITAÇÃO

REPRODUÇÃO

RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

compras e serviços

RESIDENCIAL

TERAPIAS ALTERNATIVAS

PSIQUIATRIA

PARA ANUNCIAR NA REVISTA H EBRAICA LIGUE:

3815-9159 3814-4629

TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL


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compras e serviรงos

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compras e serviรงos


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roteiro gastron么mico

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roteiro gastron么mico


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JOVENS CASAIS E UNIVERSITÁRIOS*

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conselho deliberativo

CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015

Hora da definição

OUTUBRO

É com alegria que vimos o interesse do quadro associativo em relação à atuação do Conselho Deliberativo crescer nos últimos anos. Esse voto de confiança tem como consequência um ganho de responsabilidade no papel dos conselheiros em relação à condução dos assuntos relativos ao clube e também à satisfação dos sócios. Nada mais oportuno do que o convite que fazemos para os sócios e sócias titulares a se candidatarem à uma das cem vagas que serão disputadas na eleição de 8 de novembro próximo. Propor-se a exercitar a representação do sócio perante a Diretoria Executiva é o passo inicial para diminuir a sensação de apatia que ocasionalmente se vê quando uma questão importante é levantada por um grupo específico de sócios. As reuniões do Conselho existem para debater questões propostas por grupos de sócios no intuito de se encontrar soluções que acomodem, na medida do possível, as necessidades e aspirações de todos. A renovação no Conselho contribui para a soma de novas idéias e formas de pensamento às que tradicionalmente são apresentadas no Conselho. E uma vez que surjam novos candidatos, os sócios se sentirão estimulados a comparecer e apoiá-los convencendo os amigos e comparecendo à urna. Foi assim quando as primeiras sócias se propuseram a atuar como conselheiras e também como um grupo de jovens foram eleitos e rapidamente assumiram funções importantes nas comissões permanentes. Parte deles hoje recebe aplausos como membros da Diretoria Executiva do clube. Nós, da mesa diretiva do Conselho Deliberativo apostamos nos novos valores comunitários e acreditamos que o clube é o melhor lugar para aprender o bê-a-bá da liderança e da atuação pelo crescimento do clube e para tanto abrimos todas as possibilidades para que jovens sócios se lancem candidatos, sejam votados e em seguida se unam a nós nessa tarefa que é, ao mesmo tempo, difícil e prazerosa: trabalhar para a melhoria constante da Hebraica de São Paulo. Shalom Mauro Zaitz Presidente do Conselho Deliberativo

*5 *6

Reuniões Ordinárias do Conselho em 2015 8 de novembro (eleições) 23 de novembro 7 de dezembro

4

Mesa do Conselho Presidente Vice-presidente Vice-presidente 1o secretário 2a secretária Assessores

Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Alan Bousso Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Jairo Haber Silvia L. S. Tabacow Hidal

DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT 2ª FEIRA SHMINI ATZERET - IZKOR 3ª FEIRA SIMCHAT TORÁ

NOVEMBRO 5

5ª FEIRA

ENCONTREM O SEU ESPAÇO NA HEBRAICA

DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN

DEZEMBRO 6 13

DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ

2016 JANEIRO 25 27

2ª FEIRA 4ª FEIRA

TU B’SHVAT DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO (ONU)

23 24 25

4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA

JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM

ABRIL 22 23* 24* 29* 30*

6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO

EREV PESSACH - 1º SEDER PESSACH - 2º SEDER PESSACH - 2º DIA PESSACH - 7º DIA PESSACH - 8º DIA

MAIO 5 11

5ª FEIRA 4ª FEIRA

12

5ª FEIRA

MARÇO

26

5ª FEIRA

IOM HASHOÁ - DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON - DIA DE LEMBRANÇA DOS CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT - DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 68 ANOS LAG BAÔMER

JUNHO 5 11 *12 *13

DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA

IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT

JULHO 24

DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ

AGOSTO 13

SÁBADO

14

INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO

19

6ª FEIRA

TU BE AV

OUTUBRO ** 2 ** 3 ** 4 ** 11 ** 14 16 * 17 * 18 23

DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA DOMINGO

* 24 * 25

2ª FEIRA 3ª FEIRA

VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT VÉSPERA DE HOSHANÁ RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET- IZKOR SIMCHAT TORÁ

ANOITECER

* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS ** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS

:: a família Segall aproveita a piscina no clube

ADQUIRA SEU TÍTULO A PREÇOS PROMOCIONAIS *JOVENS CASAIS E UNIVERSITÁRIOS ATÉ 38 ANOS DE IDADE TÍTULO FAMILIAR OU INDIVIDUAL: R$ 2.750,00 VALORES EM ATÉ 30X SEM JUROS – PROMOÇÃO VÁLIDA ATÉ 31/12/2015 ADMISSÃO SUJEITA AOS PROCEDIMENTOS ESTATUTÁRIOS

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