ANO LIII
| N ยบ 610 | DEZEMBRO 2012 | K ISLEV /T EVET 5773
Pequenos gestos, grandes resultados
3 HEBRAICA
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palavra do presidente
Festival Carmel aqui, com os olhos em Israel Minha esperança é que ao ser lida esta mensagem o cessar fogo alcançado por meio de negociações diplomáticas se prolongue por muito tempo. Minha esperança é que os termos do acordo diplomático não se transformem em vítimas civis por conta de foguetes disparados de Gaza em direção ao sul de Israel. Minha esperança é que os dirigentes de Gaza empenham o tempo e os recursos despendidos na construção de túneis, foguetes, casamatas e todo aparato militar, na melhoria das condições de vida e educação de seus cidadãos. Lamentamos as perdas de vidas de civis israelenses e palestinos e nos mantemos firmes ao lado do Estado de Israel e de nossos irmãos. Enquanto isso, nós, aqui na Hebraica, estamos envolvidos nos preparativos do XXXII Festival Carmel. Este, em especial, marcará o início das comemorações dos sessenta anos de fundação da Hebraica, a serem completados em 2013. Será um ano de muitas festividades e eventos que irão lembrar a trajetória de um clube que nasceu por iniciativa de um pequeno grupo de pioneiros e hoje, graças à dedicação, interesse, preocupação e competência das diretorias que o administraram ao longo destes anos, tornou-se um dos maiores centros comunitários do mundo e um dos grandes orgulhos da comunidade paulista e brasileira. O Festival Carmel exalta, mais uma vez, nossa ligação com o Estado judeu e os seus costumes e tradições. Este festival, que há tempos conquistou a idade adulta, é mais uma prova da centralidade da Hebraica como uma instituição comunitária, que nesses dias do Festival ferve com a presença e a participação de vários segmentos da comunidade judaica do Brasil e do exterior. Para nós, é honroso ser o local de um encontro como esse e uma grande oportunidade para demonstrar a organização e o envolvimento de vários departamentos da Hebraica, que durante um ano inteiro se preparam para proporcionar aos jovens, familiares e associados um final de semana com música, danças e, principalmente, muito judaísmo, transmitindo de geração em geração, nossos valores e tradições e mostrando ao mundo que o nosso principal sonho é paz no mundo e muitas alegrias nos corações e mentes de todos. Shalom Chag Chanuká Sameach
Abramo Douek
O FESTIVAL CARMEL EXALTA, MAIS UMA VEZ, NOSSA LIGAÇÃO COM O ESTADO JUDEU E OS SEUS COSTUMES E TRADIÇÕES. ESTE FESTIVAL, QUE HÁ TEMPOS CONQUISTOU A IDADE ADULTA, É MAIS UMA PROVA DA CENTRALIDADE DA HEBRAICA COMO UMA INSTITUIÇÃO COMUNITÁRIA
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HEBRAICA
sumário
HEBRAICA
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Carta da Redação
juventude
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Destaques do Guia A programação de dezembro e janeiro
Teatro Grupo Gesto levou ao palco a Segunda Guerra
Handebol Juniores estão na final do Campeonato Paulista
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46
Cartas
Escola Maternal Expoliterarte reuniu pais, professores e alunos
23 cultural + social
24 Reveillon Conversamos com a chef responsável pelo último jantar do ano
26 Galeria A exposição “Diálogo” trouxe cinco artistas consagrados
28
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Biblioteca Lançado o livro com textos premiados nos últimos anos
30 Coluna um / comunidade Os eventos mais significativos na cidade
38 Fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
48 Festival Carmel Acompanhe a programação da 32ª. edição
53 esportes
56 Polo Dois atletas da Hebraica acompanharão a seleção na Austrália
58 Escola de Esportes Circuito Lúdico transformou Centro Cívico num divertido Havaí
120
60 Personagem Conheça uma das mais antigas funcionárias da Hebraica
82
102
114
Águas Abertas Hebraica foi homenageada no Circuito Paulista
Segurança Israelenses realizam exercício para enfrentar terremotos
Costumes e tradições Lembramos a grande aventura das imigrações judaicas
Ensaio É hora de derrubar o mito que envolve judeus e o abuso de drogas
64
84
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Curtas Na pauta, palestra, futsal, tênis e futebol de base
Império otomano Como um general alemão protegeu os judeus na Primeira Guerra
10 notícias O noticiário de Israel ganha mais destaque
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54 Torneio Hirosi Minakawa Evento reuniu judocas e toneladas de solidariedade
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67 magazine
68 Política Uma entrevista exclusiva com um grande pacifista israelense
88
106
Viagem Como vivem hoje os judeus cubanos?
Chanuká As origens de uma linda festa de libertação nacional
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108
Antissemitismo A história do Ajax durante a ocupação nazista
Leituras Os destaques editoriais do mês no mercado das ideias
74
98
Economia O que as start-ups realmente significam para Israel?
Cinema Na Bienal, o acervo fotográfico que inspirou um grande filme
76
100
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Gastronomia Entenda porque o húmus é o prato típico israelense
A palavra Entenda o verdadeiro significado de gematria
Com a língua e com os dentes A influência do vinho em algumas culturas e economias europeias
110 Música Onze lançamentos imperdíveis, do popular ao erudito
119 diretoria
120 Presidência As sugestões do associado no encontro com Abramo Douek
121 Lista da diretoria Veja quem é quem no Executivo da Hebraica
122 Grandes Festas Arquitetos avaliam nova cenografia das sinagogas
138 Conselho Algumas mudanças que nortearam a penúltima sessão de 2012
6 HEBRAICA
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carta da redação
Sustentabilidade e uma muito atual entrevista de paz A prática da sustentabilidade é algo tão atual que o dicionário Houaiss de há dez anos não a registra. Lá se lê apenas que se trata de um substantivo feminino que diz respeito à “condição ou característica do que é sustentável”. Enquanto em muitos lugares é apenas um discurso, na Hebraica, no entanto, é ato e é fato. E é isso que a repórter Magali Boguchwal conta em prosa, o fotógrafo Flávio Mello registrou em fotos e o artista gráfico Marcelo Cipis transformou em imagem de capa. Essa edição revela em detalhes como será a festa de Réveillon cujos ingressos estão à venda e é preciso correr para garantir lugar; mostra o novo espetáculo do grupo de teatro; a fantástica apresentação de dezenas de crianças e adolescentes do judô; o desempenho das várias modalidades esportivas no clube e muito mais. No “Magazine”, a entrevista exclusiva de nosso correspondente em Israel Ariel Finguerman com o pacifista Uri Avnery, fundador do Gush Shalom (Grupamento da Paz) é reveladora de como neste momento, após os oito dias de conflito na Faixa de Gaza, a paz é mais necessária do que nunca e daí o título “A paz ou nada”; as empresas start-up, outra criação a inventividade israelense; um roteiro dos melhores húmus de Israel; a história de um general alemão na então Palestina no início do século passado; mais uma reportagem da série acerca dos judeus em Cuba; o futebol e o Holocausto; o editor adjunto Julio Nobre mostra como nasce um grande filme e se conta que Chanuká, muito mais que a apregoada “festa das luzes”, foi a primeira guerra de libertação nacional. Aliás, Chag Chanuká Sameach.
ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/ TEVET 5773
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR) FLÁVIO M. SANTOS DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES EDITORAÇÃO HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES ILUSTRAÇÃO CAPA MARCELO CIPIS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95 E-MAIL DUVALE@TERRA.COM.BR CEP: 05435-040
- SÃO PAULO - SP DIRETOR PAULO SOARES DO VALLE ADMINISTRAÇÃO CARMELA SORRENTINO ARTE PUBLICITÁRIA RODRIGO SOARES DO VALLE DEPTO. COMERCIAL SÔNIA LÉA SHNAIDER PRODUÇÃO PREVAL PRODUÇÕES IMPRESSÃO E ACABAMENTO IBEP GRÁFICA AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619 JAGUARÉ – SP PUBLICIDADE TEL./FAX: 3814.4629 E-MAIL
Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação
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calendário judaico :: festas
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“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
BRASILEIRA
DEZEMBRO 2012 Kislev / Tevet 5773
JANEIRO 2013 Tevet | Shvat 5773
dom seg ter qua qui sex sáb
dom seg ter qua qui sex sáb
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Primeira Vela de Chanuká
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Tu B’Shvat
SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
- 1953 - 1959 | ISAAC FIS- 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-
EX-PRESIDENTES
LEON FEFFER (Z’l)
CHER (Z’l)
BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -
1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993
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HEBRAICA
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por Raquel Machado
destaques do guia AS FÉRIAS DAS CRIANÇAS VÊM AÍ E A PROGRAMAÇÃO DA HEBRAICA ESTÁ COM TUDO. EM DEZEMBRO,
TEREMOS AS APRESENTAÇÕES DE ENCERRAMENTO DO TEATRO INFANTOJUVENIL, AS ÚLTIMAS EDIÇÕES DO ANO DO CLUBE DE LEITURA, A GRANDE FESTA DE REVEILLON DA HEBRAICA E PREPARE-SE, PORQUE EM JANEIRO TEM COLÔNIAS DE FÉRIAS PARA A GAROTADA E OPERAÇÃO VERÃO PARA TODOS!
cultura + social
RÉVEILLON HEBRAICA 2013, UMA SURPRESA ATRÁS DA OUTRA!
juventude
31/12 Réveillon 2013 E o mundo não acabou!
De 14 a 25/1/13 Colônia de Férias do Ateliê 2013, 1 a 3 anos
21h, no Salão Marc Chagal
De segunda a sexta, 8h30 às 12h
8/12 Clube de Leitura: Livro: “O Centauro no Jardim” de Moacyr Scliar
Fevereiro 2013 Seleção de Teatro do Grupo Questão
Horários do ônibus
• Terça a sexta-feira
De 5 a 18 anos, garanta a sua vaga!
16h, na Sala do Conselho (com a mediadora: Vivian Schlesinger)
Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
• Sábados, domingos e feriados
esportes De 2 a 31 de janeiro Operação Verão 2013 Consulte tabela de horários e modalidades
De 14 a 25/1/13 Colônia de Férias da Escola de Esportes, de 3 a 12 anos segunda a sexta, 8h30 às 17h
Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30
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cartas do leitor
Um bat-mitzvá de eterna lembrança parabéns por terem conduzido o curso de bat-mitzvá durante este ano, culminando em uma cerimônia linda, emocionante e perfeita. Vocês mais do que superaram o desafio de fazer com que 29 meninas cantassem maravilhosamente e declamassem textos muito inspiradores. Aliás, o tema escolhido para este ano foi lindo, e esperamos que estes valores tão importantes façam parte da vida das meninas e que sejam transmitidos por elas para as próximas gerações. Parabéns a todos. Leslie Benzakein, mãe de Yasmin
Congratulações Gostaria de parabenizar e agradecer às professoras pelo belíssimo trabalho, assim como às mães das comissões. Este bat seguramente está em nossa história como um dos momentos mais emocionantes e felizes, e será sempre lembrado e comentado por todos os que tiveram a felicidade de estar na Sinagoga. Às meninas, além de parabéns pela data, também pelo ato, pela decisão, pela iniciativa, pela perseverança. Que bom ver que elas se envolveram e usufruíram de cada momento, cada ensinamento, cada oportunidade de conhecer pedaços importantes da sua história. Elas nos presentearam com o produto final desse processo com dedicação, alegria, bom humor e emoção. E o conteúdo estará com elas para sempre. Grande abraço a todos e mazal tov. Daniel, pai de Ariela Scherer Valores humanitários Parabéns pelo importante trabalho que vocês desenvolvem e pela emocionante cerimônia de bat-mitzvá. Nestes “tempos líquidos”, ter um porto seguro que nos remeta aos valores essenciais da humanidade traz um respiro e uma promessa de que podemos nos tornar pessoas melhores e, portanto, fazer um mundo melhor. Foi um enorme prazer contar com vocês nessa caminhada, não apenas pelo conhecimento, mas pelo carinho, pelo envolvimento, pela intenção, pela alegria, pelo canto e pela disciplina. Eternamente grata, Bete, mãe de Gabi Sanovicz Cerimônia emocionante Realmente foi um momento muito especial e marcante para a vida das nossas filhas e para todas as famílias. Vocês estão de
Fale com a Hebraica
Ensinamentos para a vida Só temos que agradecer. Foram lindos momentos que ficarão guardados para o resto da nossa vida e que os ensinamentos passados neste ano perdurem para sempre. Parte da nossa historia está ligada a essa corrente de novas amizades e a passagem para a maioridade será lembrada com carinho e saudades. Muito obrigada pela paciência, compreensão e, acima de tudo, amor que tiveram com nossas meninas. Um forte abraço, Carol Birenbaum, mãe de Verônica Laços de amizade Realmente não existem palavras para agradecer todo o comprometimento de vocês com nossas filhas. Em nosso primeiro encontro, Joyce frisou muito que seria um ano especial e realmente foi mais do que isto. Acredito que todas elas formaram um grande laço de amizade, onde puderam entender os valores da espiritualidade e do que é realmente um amigo, aquele que está presente em todas as horas. Tanto no grupo como nas morot, pois sem a confiança que todas vocês transmitiram este aprendizado não seria tão bem-sucedido. A cerimônia foi extremamente emocionante, tanto para os pais como para as meninas, e acredito que para vocês, que estiveram todos esses meses trabalhando com elas, foi ainda mais! Parabéns pelo belo trabalho. Um grande abraço. Gabriela Scalise Szpigel, mãe de Giovanna Missão especial Vocês são pessoas muito especiais na nossa vida. A sensação que experimentamos aqui em casa é a de “queria mais”, mas felizmente esta etapa foi cumprida com muito amor. Amor que as meninas souberam passar lindamente para todos nós. A missão de vocês é muito especial e vocês são pessoas iluminadas que souberam conduzir nossas filhas durante este ano. Beijos e abraços com carinho, Sheila, Sofia e Marcelo Jesion
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capa | sustentabilidade | por Magali Boguchwal O FIT CENTER ADERIU AO PROJETO DO JOVENS SEM FRONTEIRAS DISTRIBUINDO GARRAFAS E ABOLINDO O TRADICIONAL E POLUENTE COPINHO DE PLÁSTICO
Jovens empreendem ações ambientais
HEBRAICA SUSTENTÁVEL É UM NOVO SETOR CRIADO NO CLUBE PARA TRADUZIR EM AÇÕES CONCRETAS A PREOCUPAÇÃO DE SÓCIOS, DIRIGENTES E FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO AO AMBIENTE
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eparar o lixo, economizar energia, utilizar meios de transporte não poluentes são práticas adotadas por um número cada vez maior de paulistanos. Essa tendência se confirma entre os associados, que procuram reproduzir no clube os hábitos que mantêm em casa. Iniciativas pontuais experimentadas ao longo dos últimos anos res-
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Foto Pedro Muszkat
capa | sustentabilidade
A COLETA DE ÓLEO DE COZINHA JÁ PODE SER CONSIDERADA UM VERDADEIRO SUCESSO
Valores renovados em Tu B’Shvat
>> surgem agora de forma organizada em áreas verdes e abrigadas e despertam a atenção das famílias. Em 2011, por exemplo, a vice-presidência de Juventude transformou o XXXI Festival Carmel em um Eco-Carmel e apresentou empresas e exemplos de como materiais e ideias podem ser reciclados e transformados em vez de abandonados num lixão. Segundo o diretor superintendente da Hebraica Gaby Milevsky, recentemente foi estruturado um setor chamado Hebraica Sustentável para tratar diretamente de questões ligadas ao ambiente. “Queremos gente que pense, elabore, discuta e execute ações visando – em termos amplos – a preservação do planeta e aplicando conceitos de sustentabilidade ao dia-a-dia da Hebraica. E isso nós temos”, explica. “Deleguei a tarefa a Bruno Kibrit, um jovem já envolvido com o tema e um dos líderes do proje-
Os conceitos de sustentabilidade vão muito além do descarte de celulares, lixo ou o uso lâmpadas mais eficientes. A preservação da terra e da natureza tem menção obrigatória sempre que se trata do assunto. Na Hebraica, o cuidado com a natureza é levado a sério na manutenção e ampliação de áreas verdes, plantas, pássaros e animais marinhos. Prova disso é a comemoração do ano novo judaico das árvores (Tu B’Shvat), que abre o calendário de eventos e marca uma antiga parceria com as entidades Na’amat Pioneiras e Keren Kayemet LeIsrael (KKL). Este ano, Tu B’Shvat será em 27 de janeiro, quando as três entidades realizarão um serviço religioso especial na Sina-
Descarte correto Atualmente é possível descartar roupas usadas, brinquedos, material reciclável, óleo, baterias e pilhas e até equipamentos eletrônicos. Desde a garagem até a portaria da rua Hungria, ou seja, por todo o clube, há caixas de papelão e lixeiras sinalizadas com indicação do que pode e deve ser deixado nelas.
to Jovens Sem Fronteiras, que tem à sua volta estudantes sensíveis a esse e outros temas”, acrescenta Gaby. Segundo ele, o setor Hebraica Sustentável trabalha em acordo com a vice-presidência de Patrimônio e Obras. “Levamos nossas ideias à equipe de diretores e profissionais da área e a união de esforços já resultou em melhorias como a substituição da iluminação no Ginásio
goga a partir das 10 horas. Segundo o diretor de Cultura Judaica, Gerson Herszkowicz, para o domingo seguinte, dia 3, foi programado um evento no clube, das 10h30 às 12 horas, dirigido ao púbico de 5 a 9 anos, com atividades lúdicas baseadas nos conceitos da festa. “Nesse dia, a atração especial será o educador ambiental e ecologista Alexandre Chut, vencedor do Prêmio Cidadão Sustentável 2012, que recentemente liderou movimentos de plantio de milhares de árvores às margens dos rios Pinheiros e Tietê. Ele e as crianças plantarão uma árvore em uma das áreas verdes da Hebraica, simbolizando o ritual anual dessa festa em Israel.”
dos Macabeus, a instalação de lixeiras para material reciclável, torneiras que fecham automaticamente depois de alguns segundos e outras alterações”, conta o superintendente. Segundo o engenheiro Luiz Henrique Ribas Alça, o custo da reforma na iluminação da quadra do Ginásio dos Macabeus será recuperado em poucos meses com a economia de energia e manutenção
garantida pelas lâmpadas de led. “O preço dessas lâmpadas vem caindo, então as vantagens do mesmo tipo de iluminação em fase de instalação nas quadras de tênis será ainda maior”, enfatizou o engenheiro. Para Bruno Kibrit, o trabalho no setor Hebraica Sustentável abrange muito mais do que o contato com engenheiros e diretores de obras. “Durante o tempo em que eu era o único integrante do se>>
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capa | sustentabilidade
Lições de preservação
Lixo telefônico
Nos oito núcleos educacionais – Escola Maternal e Infantil, Escola de Esportes, Ateliê, After School, Curso de Líderes Meidá, Espaço Bebê e Brinquedoteca, Centro de Danças, Centro Juvenil Hebraikeinu – crianças e adultos são continuamente conscientizados a respeito da importância da preservação do ambiente.
Ângelo Fedele representa a Ecocel, empresa parceira da Hebraica no recolhimento de celulares e acessórios que os usuários trocaram por modelos mais novos. Foi uma visita à Nestlé que abriu seus olhos para um nicho de mercado. “Antes de abrir a Ecocel, há nove meses, atuei vários anos na área de telecomunicações e ao decidir abrir um negócio próprio, descobri por meio de um antigo cliente, a Nestlé, que havia cerca de cinco mil celulares com pouco uso. As grandes empresas estimulavam a troca frequente de aparelhos e nada era feito com os que sobravam. Foi a partir desse material que iniciei a Ecocel”, revelou Fedele. Por coincidência, na década de 1970, durante alguns meses, Ângelo integrou o time de basquete do clube. “Meu técnico trocou de clube e me convidou a seguir com ele. Aceitei”, recorda. Segundo ele, a Ecocel é a única empresa na América Latina a responder por seus parceiros no Brasil e no exterior no caso de correta destinação dos componentes internos dos celulares. “Hoje as pessoas armazenam partes da vida nos celulares, e por essa razão os aparelhos descartados devem passar por uma descaracterização do software. O processo seguinte é a desmontagem e separação dos materiais, no que chamamos de descaracterização de hardware. O plástico segue para a reciclagem básica e o metal passa por uma moagem nas instalações de uma empresa parceira e é exportado para países como a Bélgica, que tem a tecnologia para separar o ouro, a prata, o níquel e o lítio utilizados em baterias e carregadores desses aparelhos. Essa tecnologia inexiste no Brasil. Parte desse material volta para a cadeia produtiva dos eletroeletrônicos e parte é eliminada” descreve. Hoje existem duas caixas de coleta da Ecocel disponíveis na Hebraica, uma na portaria da rua Hungria e outra junto às catracas da piscina.
Água preciosa As torneiras dos banheiros funcionam com temporizadores à prova de desperdícios e eventuais esquecimentos. Há muito, sabe-se que duas folhas do toalheiro bastam para secar as mãos.
Fãs da bicicleta O número de participantes do Hebike aumenta a cada passeio quinzenal e agora existe um ponto para empréstimo de bicicletas a poucos metros na rua Ibiapinópolis. É mais um facilitador para quem quer adotar o transporte em duas rodas.
>> tor, organizei o treinamento dos chefes de equipes de limpeza para alcançar um resultado melhor e mais amplo na separação e acondicionamento do lixo. Também estudei o formato das lixeiras para o sócio visualizar facilmente no momento de jogar um palito de sorvete ou uma garrafa pet. Temos 150 delas espalhadas pelo clube e em breve instalaremos algumas ainda mais sofisticadas nas áreas cobertas”, informa o jovem universitário. Ele hoje tem dois estagiários para
ajudá-lo com diferentes tipos de coletas seletivas ainda em fase de implantação na Hebraica. “Fizemos uma parceria com o Instituto Muda para a coleta de material reciclável. Com a Ecocel, trabalhamos o descarte de materiais eletrônicos e a Re-cicle recolhe todo o óleo utilizado pelos concessionários para a fabricação de biodiesel”, enumera Kibrit. “Desde o início do ano, a Recicle recolheu uma tonelada e meia de óleo que anteriormente cada restauran-
te descartava como podia e nem sempre com a destinação correta”, observa Kibrit. Números e dados como o da Re-cicle começam a chegar às mãos do trio responsável pelo Hebraica Sustentável. “O Instituto Muda nos entregou um relatório muito animador do trabalho de coleta realizado nesses poucos meses de parceria. De resto, é contar com a boa disposição dos sócios em colaborar”, espera Bruno.
Mais luz A iluminação do Ginásio dos Macabeus hoje é feita com lâmpadas de led, mais duráveis e econômicas do que as halógenas. Além de oferecer aos atletas mais luminosidade, o gasto com manutenção é bem menor. No teto do Ginásio dos Macabeus um painel solar auxilia no aquecimento da piscina olímpica. A substituição das lâmpadas nas quadras de tênis já está em curso, resultando em melhores condições para os jogos e treinos noturnos.
Menos desperdício Os Jovens Sem Fronteiras estão em campanha para reduzir a zero o consumo de copos descartáveis no Fit Center. Para isso, os usuários receberam um squeeze (recipiente reutilizável ideal para atividades físicas) e são estimulados a utilizá-los diariamente, ao menos naquele local.
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cultural + social > réveillon A GASTRONOMIA DE LIA TULMANN COMBINA SIMPLICIDADE E REFINAMENTO; À DIREITA, O INTERNACIONAL
HELDER MOREIRA HOMENAGEIA ELVIS
PRESLEY
Um brinde às previsões erradas “E O MUNDO NÃO ACABOU” É O TEMA DO RÉVEILLON, COM CARDÁPIO ASSINADO POR LIA TULMANN. HAVERÁ TAMBÉM UM SHOW DE HELDER MOREIRA, TALENTOSO IMITADOR DE ELVIS PRESLEY
S
egundo o Departamento Social, 21 de dezembro – data prevista pelo povo maia para o fim do mundo – será um dia como outro qualquer, seguido de muitos outros mais, entre eles o 31, que inevitavelmente trará com ele o 1º de janeiro de 2013. Diante disso, nada mais natural do que organizar uma festa de Réveillon inesquecível para saudar o ano novo com alegria, música e nenhuma outra data fatal à frente. Imersa nesse clima otimista, Lia Tulmann, banqueteira que assina grandes
eventos na cidade, preparou um cardápio especial para que a despedida do ano e a recepção do novo tenham o toque original da sua cozinha. “Gosto de mesclar sabores doces e salgados, misturar texturas e fazer refeições memoráveis”, afirma Lia, filha de uma judia polonesa com a qual aprendeu a combinar ingredientes inesperados. “Minha mãe estava na Inglaterra quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Os pais a chamaram às pressas de volta para casa com medo do nazismo e a
trajetória da família incluiu anos na Sibéria, em meio a condições duríssimas, até meus avós conseguirem imigrar para a América do Sul. Desejavam vir ao Brasil, mas por engano, terminaram em Cochabamba, na Bolívia, lugar onde minha mãe teve de cozinhar com produtos típicos. Ao vê-la em ação, anos depois, aprendi a procurar alternativas aos pratos comuns, como, por exemplo, fazer nhoque com banana, em vez de batata. Este é um dos toques inovadores da minha cozinha”, explica Lia.
Para o Réveillon na Hebraica, ela se propôs a substituir o que os profissionais chamam de coquetel passado por mesas de serviço. “Prefiro montar mesas para os sócios se servirem à vontade, mesmo aqueles que chegarem mais tarde para a festa”, explica. Jornalista e chef de cuisine, Lia idealizou o Badebec, restaurante que, nos anos 1990, foi reduto dos gourmets da cidade. Hoje ela dirige o Bibi e o restaurante que funciona na antiga sede do Jockey Clube no centro da Cidade. No cardápio do seu primeiro Réveillon na Hebraica, ela incluiu algumas criações que já são marcas registradas da sua culinária, como a terrina de beringela e o strudel de Gruyère e damasco. “Este será um Réveillon para as pesso-
as festejarem a vida e nada melhor do que saborearem novidades ao lado de pratos que conhecem e apreciam. Importa que o jantar seja bem apresentado, saboroso e que antes e depois da refeição as pessoas aproveitem o show e a música com muita alegria”, diz a chef. Elvis com H Além do jantar gourmet, o programa do Réveillon reserva outra surpresa: a apresentação de Helder Moreira, ator brasileiro que recentemente apresentou show em homenagem a Elvis Presley em Las Vegas, nos Estados Unidos. Desde a década de 1980, Helder aperfeiçoa o espetáculo no qual apresenta figurino, canções e coreografias em que se destacam a afinação, tom e volume de
voz, além do visual iguais ao do cantor. Com sucesso, ele e a banda já excursionaram pela Europa e América Latina. No Brasil, Helder anima eventos corporativos e diante da dificuldade de assistir a sua performance no circuito comercial, o Departamento Social o escolheu como atração especial do Réveillon. Os convites já estão à venda na Central de Atendimento, fones 3818-8888/8889. (M. B.)
Réveillon 2013 Salão Marc Chagall Buffet – Lia Tulmann Show de Helder Moreira Decoração de Eduardo Honora Dress code – branco e dourado
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cultural + social > galeria de arte
A GALERIA DE ARTE RECEBEU NOMES CONSAGRADOS DA PINTURA E DA ESCULTURA
Cinco visões da contemporaneidade OS ARTISTAS CACIPORÉ TORRES, EDUARDO IGLESIAS, GUILHERME DE FARIA, FERNANDO DURÃO E YUTAKA TOYOTA CHAMARAM DE “DIÁLOGO” A EXPOSIÇÃO DAS SUAS OBRAS NA HEBRAICA
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inco artistas contemporâneos foram reunidos na Galeria de Arte, onde a cor branca local serviu de fundo para várias estéticas. Na concepção de Fernando Durão, “a mostra foi diagramada como um teatro de arena, para que as obras dialogassem entre si e com o observador, e este com os criadores”, daí o nome da mostra. Durão é fotógrafo, desenhista e colaborador de importantes mídias. Chegou ao Rio de Janeiro no Carnaval de 1969,
deixando a ditadura de Salazar. Impressionado com as cores tropicais, fez delas uma constante em suas obras. “Nasci artista. A criação e a execução são um ato natural”, diz Durão. As esculturas de Caciporé Torres chamam a atenção porque o artista trabalha com materiais duros e pesados, como ferro e aço inox sucateado, e têm como marca a solda, tornando-as articuladas. Estudou história da arte na Sorbonne, voltou ao Brasil e tem peças
em praças de cidades, das quais sessenta só em São Paulo. Perguntam a Eduardo Iglesias se sua fase azul acabou. “Não, hoje está tudo muito colorido. Cada um de nós tem uma cor interior e isso é o que interessa”, responde o artista. “A pintura, a escultura e o monumento estão profundamente ligados. Tudo é espaço cósmico, onde vivemos procurando a paz”, filosofa Toyota com o sotaque do Japão, onde nasceu em 1931. O pintor, desenhista e gravador Guilherme Faria se vê rodeado por pessoas que desejam conhecer sua técnica. O artista responde: “Não há esboços, nem modelo, nem rasuras. Trabalho com um estoque de papel Schiller, que guardo há vinte anos. Descobri o pincel após ver num filme a forma zen dos samurais usarem a espada. Como uma iluminação, tirei as cerdas longas e sai desenhando”. (T. P. T.)
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cultural + social > biblioteca
LEITURA DE TEXTOS VENCEDORES NO RESTAURANTE CASUAL MIL
Livro reúne prosa & verso UM EVENTO NO CASUAL MIL MARCOU O ANÚNCIO DOS VENCEDORES DA SÉTIMA EDIÇÃO DO CONCURSO LITERÁRIO BEN-GURION E O LANÇAMENTO DO LIVRO COM OS TEXTOS PREMIADOS EM 2010, 2011, 2012
O
Departamento Cultural, de que faz parte a Biblioteca, reservou o Casual Mil para o lançamento da edição do livro que reúne os textos vencedores de três recentes edições do Concurso Literário Ben-Gurion. Na mesma tarde, foram revelados os nomes dos vencedores deste ano, nas categorias conto, crônica e poesia juvenil e adulto.
Os convidados foram saudados pelo diretor-geral Social e Cultural Sérgio Ajzenberg, pelo vice-presidente administrativo Mendel Szlejf e pelo diretor cultural Samuel Seibel. A escritora Deborah Goldemberg anunciou os vencedores e coordenou a leitura de alguns textos, principalmente daqueles classificados em primeiro lugar em crônica,
poesia e as duas crônicas da categoria juvenil. Deborah participou da comissão julgadora da sétima edição com Sônia Mansky e Áurea Rampazzo. “Foram 42 textos e muitos sócios inscreveram trabalhos pela primeira vez. Alguns destes estão entre os premiados”, afirmou coordenadora da biblioteca Maria Eunice Lopes, responsável pela organização do evento. Ela cita o depoimento de Marcelo Brick, único premiado nessa categoria e o conto de Roland Fischmann. “Este não é meu primeiro prêmio literário, mas só este ano fiquei sabendo a respeito do Concurso Ben-Gurion. Considero uma iniciativa importante da Hebraica manter um concurso literário, pois existem talentos aqui e é preciso valorizálos”, afirmou Fischmann, diretor da Editora Andrei. Já para Fernanda Vofchuk Markus, terceiro lugar em poesia, foi o retorno ao concurso. “Participei de uma das primeiras edições, aos 17 anos, e minha poesia foi a melhor na categoria juvenil. Na época, também abordei o tema do Holocausto, que ainda mexe comigo. Meu desejo é me dedicar à poesia depois de me formar na faculdade e é uma honra estar entre os premiados hoje”, afirmou a jovem estudante de relações públicas. Além dela, a leitura dos textos de Allan Davi Catach, 13 anos, vencedor na categoria conto juvenil, e da crônica de Tali Finger, 12 anos, foi muito aplaudida pelo público. (M. B.)
VII Concurso Literário Ben-Gurion Adulto
Cláudia Hemsi Leventhal
Modalidade Depoimento
Modalidade Poesia
3º lugar – “Velho”, de
1º lugar – “Alguém Disse”,
1º lugar – “Haicai”, de Rosa Broner Worcman
Alexandru Solomon
de Marcelo Brick
2º lugar – “Terminal”, de Vivian Schlesinger
Modalidade Conto
Juvenil
3º lugar – “Por Debaixo da Terra”,
1º lugar – “Helena Telefonou”,
Modalidade Crônica
de Fernanda Vofchuk Markus
de Bernardo Kucinski
1º lugar – “Jogo de Futebol”,
Modalidade Crônica
2º lugar – “Viviane”, de Magali
de Tali Finger
1º lugar – “Achuzat Bait”,
Boguchwal Roitman
Modalidade Conto
de Bernardo Kucinski
3º lugar – “Morro do Samba”,
1º lugar – “De Pai para Filho”,
2º lugar – “Vidas Cruzadas”, de
de Roland Fischmann
de Allan Davi Catach
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Foto Mario Palhares/Fundação IFHC
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coluna comunidade
Edital de chamada em Brasília
O diretor-geral do Centro da Indústria Israelense para Pesquisa & Desenvolvimento (Matimop), Michel Hivert, e o diretor de Operações e Iniciativas na América Israel Shamay se reuniram com o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em Brasília, para lançar o segundo edital de chamadas para apresentação de propostas de cooperação tecnológica entre Brasil e Israel. Essa etapa está prevista no Memorando de Entendimento sobre Cooperação Bilateral em P&D e Desenvolvimento Industrial no Setor Privado, assinado em 2007. Assim, empresas da informação e comunicação, saúde e defesa dos dois países deverão elaborar propostas de cooperação em P&D para desenvolver produtos, processos e serviços de aplicação industrial.
Filme israelense premiado Preenchendo o Vazio, filme de Rama Burshtein, venceu a 36ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, recebendo o troféu Bandeira Paulista. No último Festival de Veneza, a protagonista Hadas Yaron recebeu o prêmio de melhor atriz.
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por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br
CÔNSUL SZTULMAN, FAUSTO, JUIZ SALIM JOUBRAN E VILHENA
Árabe cristão na Suprema Corte
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árabe cristão e ministro na Suprema Corte israelense Salim Joubran passou por São Paulo e fez palestras a respeito do “Sistema Jurídico em Israel e o Papel da Suprema Corte em uma Sociedade Democrática” e do “Papel da Suprema Corte em Direitos Humanos” para os alunos da Faculdade Zumbi dos Palmares, debateu no Templo Beth-El, no Tribunal de Justiça paulista e no Instituto Fernando Henrique Cardoso à mesa do qual estavam o cônsul de Israel em São Paulo Ilan Sztulman, o diretor executivo do iFHC Sérgio Fausto e o advogado Oscar Vilhena. Segundo Joubran, não há uma constituição formal em Israel, mas cogitase de criar duas leis: de direitos humanos e de direitos sociais, a serem unificadas em uma constituição. “A Suprema Corte é indispensável e importante para manter a igualdade do cidadão e os direitos humanos, a justiça não diferencia etnias. Há petições feitas por árabes israelenses contra o governo e, em muitos casos, decisões obrigam o governo a fazer algo pela igualdade”, explicou. Qualquer
um pode fazer uma petição, à mão, sem advogado, e registrá-lo na Corte. Por ano, são julgados perto de dez mil processos. O tribunal secular não pode interferir na decisão de um tribunal religioso, assim como não pode tratar de assuntos políticos, e seus membros não dão entrevistas. “A Suprema Corte só interfere quando o tribunal religioso decide sobre casos que não são de sua alçada ou decide contrariamente às regras da justiça humana.” Em Israel, cada religião tem o próprio tribunal: são mais de trinta tribunais judaicos, onze muçulmanos e dez cristãos. Joubran nasceu de família ortodoxa grega e maronita católica, em Haifa, em 1947, um ano antes da independência do Estado. Formou-se na Universidade Hebraica de Jerusalém, fez carreira como juiz, e em 2003 foi nomeado temporariamente para o Supremo Tribunal e em definitivo em 2004, tornando-se o primeiro árabe cristão entre os quinze juízes. Ativista na melhoria das relações entre árabes e judeus em Israel, Joubran recebeu o prêmio Marcos Sieff.
COLUNA 1 Bernardo Ajzemberg, Ronaldo Wrobel, Ilan Brenman e Mônica Guttman participaram em diferentes mesas do VI Encontro Brasileiro de Estudos Judaicos, realizado pelo Departamento de Ciências Sociais, Programa de Estudos Judaicos, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Após Budapeste, Haia e Amsterdã, o XVII Circuito Internacional de Arte Brasileira aportou em Maringá, Paraná, onde o marchand e artista plástico, Henry Chaitz teve obras expostas nessa maratona artística. Madrich é o segundo livro de Nessim Hamaoui, e neste conta sua trajetória comunitária, a importância do movimento juvenil, principalmente a Chazit, da Congregação Israelita Paulista. Ele dedica o livro a Sima e David (z’l) Sztulman. A segurança está na ordem do dia e o consultor Nilton Migdal, diretor da Migdal Consulting, está com a agenda cheia, participando de palestras que também tratam de blindagem automotiva.
Projeto Anne Frank em ação
∂ O diretor da Society of Automotive Engineering e diretor executivo da General Motors Alberto Rejman teve papel fundamental na reestruturação da engenharia da empresa nos Estados Unidos para sobreviver ao Chapter 11 (concordata). Agora, ele passará três anos na Alemanha, trabalhando na Opel, subsidiária da GM na Europa, que também passa por momentos difíceis. A Raro Carmim, de Paula Mandel e Carla Cozzolino está de site novo (rarocarmim.com.br), mostrando “eventos únicos” familiares e empresariais. André Zatz e Sérgio Halaban, da SB Jogos, são especialistas em gamificação para treinamento. É deles o jogo Otimize, aplicado pela Tokio Marine para mais de mil colaboradores.
César Romero deu os nomes de “Faixa Emblemática” e “Totem Emblemático” a dezessete pinturas e dez esculturas expostas no Espaço Cultural Citi, com curadoria de Jacob Klintowitz. O presidente do Conselho Estadual Parlamentar das Comunidades de Raízes e Culturas Estrangeiras (Conscre) Cláudio Pieroni recebeu Lia Diskin no Auditório Tiradentes da Assembleia Legislativa para falar de “Miscigenação da Raça Brasilíades – Cultura de Paz”. Todos têm fãs no Facebook, mas a Fisesp ultrapassou os dez mil em sua fanpage, o que faz dela a maior rede social no Brasil entre as entidades judaicas. É variada e sempre atualizada, um dos fatores desse interesse. Para estar por dentro, acesse facebook.com/federacaosp. Alexandru Solomon escreveu A Luta Continua – Contos e Crônicas. Este é o seu décimo segundo livro. Foi lançado na Livraria da Vila/Shopping Higienópolis.
As fotos do desembargador Wálter Fanganiello Maierovitch, do publicitário Washington Olivetto e da deputada federal Mara Gabrilli faziam parte da exposição fotográfica “DNA Italiano no Brasil”, no Centro de Integração Empresa-Escola. David e Golias, A Arca de Noé e Moisés são os e-books comercializados com sucesso pela Lalubema. Myriam Fischer é a voz em português das grandes atrizes que atuam nesses clássicos infantis. O chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto de patologia cirúrgica da Unifesp Beny Schmidt e equipe apresentaram estudos na área de órteses e próteses biônicas voltados à reabilitação de deficientes físicos para o XXIII Congresso Brasileiro de Medicina Física e de Reabilitação. Os pratos artesanais de Vera Kauffman fizeram sucesso na 24ª edição do Bazar Espaço Diferenciado.
A coordenadora de atendimento, pesquisa e educação do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro Lúcia Chermont participou na Argentina do seminário “Experiências em Educação sobre a Shoá e Memória: Reflexão e Lembrança”, organizado pelo ministério da Educação e a Casa de Anne Frank da Argentina e a colaboração da Casa Anne Frank na Holanda, da Casa de Conferência de Wannsee, memorial e educacional na Alemanha, e da Comissão 4 e 5 de Maio, na Holanda e apoio do Grupo de Trabalho para a Cooperação Internacional em Educação da Shoá e Remembrance Research. Lúcia integra o projeto Rede Anne Frank no Brasil, idealizado pela Confederação Israelita do Brasil (Conib) com a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp). Foram relatadas experiências de ensino da Shoá na Alemanha, Argentina, Chile, Costa Rica, Holanda, Peru, Uruguai e Brasil.
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HEBRAICA
TÂNIA GONÇALVES DE MELLO, DA SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO, LÚCIA CHERMONT, DO AHJB, E NORBERT HINTERFEITNER, DIRETOR DE EDUCAÇÃO DA CASA ANNE FRANK DE AMSTERDÃ
De onde você veio? Filhos de imigrantes têm curiosidade em saber as origens da família. De onde vieram pais, avós e bisavós, as ocupações e os interesses deles, como viviam e por que escolheram o Brasil. Eva Strum e Sérgio Grinberg tinham as mesmas dúvidas e estão coletando, registrando e disponibilizando esses dados voluntariamente. Quem desejar compartilhar informações da sua história, entre em contato com eles pelos e-mails sergio@grinberg.com.br e evastrum@ig.com.br que vão enviar um pequeno questionário.
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Um dia de boas compras É cada vez maior o interesse pelos produtos da Feira da Comunidade, do Núcleo de Geração de Renda de Na’amat Pioneiras, e apoio da Hebraica. Os expositores transformaram o Salão Marc Chagall em vitrine para os seus produtos, fomentando pequenos negócios e serviços. “Esta feira é muito importante e é sempre um prazer sediar o evento”, disse o presidente da Hebraica Abramo Douek. Para a vice-presidente de Na’amat e coordenadora do Núcleo de Geração de Renda Clarice Shucman Jozsef, “a preocupação em apresentar produtos dentro das tendências atuais e o novo visual da Praça de Alimentação foram um motivo a mais para o sucesso”. Quem passou por lá recebeu o “Guia de Produtos e Serviços da Comunidade”, que relaciona os fornecedores cadastrados, também no site www.naamat.org.br.
Jornalistas dão o recado O diretor de Relações Institucionais da Conib Jaime Spitzcovsky esteve em Quito, Equador, no 12º. Encontro de Líderes de Instituições Judaicas e Comunidades da América Latina e Caribe. O evento, organizado pelo Joint Distribution, reuniu quase quinhentos participantes. Uma das mesas do encontro homenageou o ativista Beirel Aizenstein (z’l). O vice-presidente executivo da Fisesp, Ricardo Berkiensztat, e o jornalista e assessor de imprensa Carlos Brickman falaram para mais de 130 mulheres, de dez centros, reunidas no Rio de Janeiro no XXI Congresso da Wizo Brasil.
∂ A escritora e roteirista Juliana Rosenthal K. autografou Deu Positivo, na Livraria da Vila/Lorena. Fala da sua gravidez, da notícia ao parto. Colaborou o ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Czeresnia e Bruno Di Chico fez as ilustrações. O vice-diretor da Faculdade de Medicina do ABC Marco Akerman e o coordenador da Rede Nossa São Paulo Mauro Broinizi foram debatedores no seminário “Cidades Saudáveis e Sustentáveis: Conceitos e Desafios” realizado no Fórum Suprapartidário por uma São Paulo Saudável e Sustentável.
Convidados pela fisioterapeuta Betty Gervitz, a professora Deborah Nefussi e o músico Gabriel Levy participaram do encontro “Danças Étnicas”, no Centro de Estudos Universais. O ciclo de debates “Direitos Humanos e Desenvolvimento Módulo III Gênero e Direitos Humanos” foi coordenado por Sérgio Adorno e teve a curadoria da ex-senadora Eva Alterman Blay, Tamara Amoroso Gonçalves e Marcela Barroso. Vivien Schlesinger recebeu mais um prêmio neste ano. É o Mondiale di Poesia Nosside, organizado na Itália com mais de seiscentos poetas de 71 países. Seu poema “Queda Livre” recebeu menção honrosa e fará parte da antologia dos vencedores, distribuída mundialmente. Leia-o no blog http:// vivianschlesinger. blogspot.com.br. No Museu da Casa Brasileira, a designer Jacqueline Terpins foi um dos jurados que escolheu os vencedores do VII Prêmio Tok & Stok de Design Universitário.
O mar ao fundo e a lua acima da hupá foram o cenário para o “sim” de Alice e Paulo. Com assinatura da decoradora Maia Peres, Susana (Muszkat) e Bráulio Zemel, Bia (Farkas) e Flávio Bitelman receberam convidados nos jardins do Juquehy Beach Hotel.
Os empresários Mário Levi e Roberto Sasso mais o ator Henri Castelli criaram o Dezoito Bar & Movement. É um ambiente luxuoso e acolhedor, criado por José Ricardo Basiches, na região do Itaim.
Diretor de mais de oitenta espetáculos, Moisés Miastkowsky está à frente de O Casamento do Pequeno Burguês, do poeta, dramaturgo e encenador Bertolt Brecht. Lilian Blanc faz parte do elenco que se apresenta no Teatro Augusta.
Confraternização no Esporte Club Sírio: Jaime Dicker e Isaac Ris, da Hebraica, e Gilberto Makul, do clube anfitrião, venceram mais um dos concorridos torneios de tranca, que unem fãs do carteado associados da Acesc.
A Jornada de Poesia Oriental reuniu os escritores Khalid Al-Maaly, do Iraque, Yao Feng, da China, Joung Know Pae, da Coreia, e Ronny Someck, de Israel. O evento foi organizado pelo Departamento de Letras Orientais da USP.
Aliza Nahum tratou de novos hábitos alimentares em quatro encontros para o público feminino no centro de convivência Eshet Chail.
Na Sinagoga do clube, Rosália e Gerson Gerstler, Daniel e Sheila acompanharam o filho e irmão Eduardo na primeira leitura da Torá.
Cabos de aço, ferragens e papel de seda são os materiais usados por Jac Leirner para as obras expostas na Galeria Fortes. Autor de mais de 250 trabalhos publicados e reconhecidos internacionalmente, o médico Morton Scheinberg, PhD em Boston e livre docente em imunologia pela USP, foi homenageado com o master ACR 2012 na sessão de abertura do Congresso Americano de Reumatologia, no Walter E. Washington Convention Center, em Washington. Entre vários trabalhos de Scheinberg destacase um publicado na Annals of Internal Medicine, conceituada revista de clínica médica: é sua experiência, no ano 2000, com um novo marcador anti-CCP para artrite reumatoide.
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O programa “Sessão de Terapia” repete no canal GNT, o mesmo sucesso dos trinta países onde o programa já foi premiado. O pai da ideia é o diretor, produtor e roteirista Hagai Levi, que criou Be Tipul (“em tratamento”, em hebraico), em 2005, para a TV israelense. Ele trabalhou também na versão norte-americana “In Treatment”, exibida pela HBO. Após receber a medalha de mérito Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o jornalista Mauro Wainstock, diretor do Alef News, ganhou a medalha Albert Sabin, iniciativa da vereadora carioca Teresa Bergher. Marina Lafer formou-se em administração pública pela FGV. A revista Nature registrou que o imunologista Michel Nussenzweig testou uma vacina combinando cinco anticorpos e manteve os níveis do vírus da aids abaixo dos detectáveis por mais tempo que os tratamentos experimentais até então usados.
Foto Eliana Assumpção
É do designer Sérgio Matos a nova coleção que Cris e Abel Reshef incorporaram à sua Marché Art de Vie, nas lojas do Pacaembu e da alameda Gabriel Monteiro da Silva.
Foto Nellie Solitrenick
COLUNA 1
AGRONEGÓCIO EM FOCO: NEVES, SOUZA MEIRELLES, MILLNER, ZYLBERSZTAJN E VEGRO
Desafios do agronegócio
“A
gronegócio Brasileiro: Situação e Desafios” foi o tema do painel da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, na Fecomercio, do qual participaram o ex-secretário de Agricultura João Carlos de Souza Meirelles, o professor da FEA/USP Décio Zylbersztajn, o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola Celso Luís Rodrigues Vegro e o presidente da multinacional israelense do setor do agronegócio Netafim, Daniel Neves. O diretor da Cambici Nelson Millner foi o mediador. Os expositores traçaram um panorama atual do agronegócio nos dois países, as potencialidades de intercâmbio tecnológico, a contribuição mútua no setor, os aspectos econômicos e os desafios que o mundo do “agro” apresenta ainda no Brasil. Para Zylbersztajn, “devemos investir
mais em uma aproximação das instituições gestoras de conhecimento, as nossas universidades trabalharem em conjunto com as israelenses e aprofundar as relações com Israel”. Rodrigues Vegro disse que “a indústria brasileira está preparada para atender ao consumidor doméstico e o kasher, exigente e apreciador de produtos certificados e de alta qualidade. Israel e Brasil têm trocas dinâmicas no agronegócio e há espaço para aumentar as transações comerciais entre os dois países na área de biocombustíveis”. O presidente da Netafim Brasil, Daniel Neves, contou que a tecnologia de irrigação por gotejamento foi desenvolvida há cinquenta anos em Israel e ainda é pouco conhecida no mundo do agronegócio brasileiro.
Filha de rabino visita Chaverim
A
filha do grão-rabino de Israel Ovadia Yossef, Adina Bar Shalom, esteve na oficina de cultura judaica do Chaverim, a convite das voluntárias Sarita e Thaís Saruê e recebida pela presidente do grupo, Ester R. Tarandach, e se interessou em conhecer o programa desen-
volvido pelas oficinas e pelo grupo. Adina queria estudar psicologia, mas criou a Universidade Haredi de Jerusalém, destinada a judeus ortodoxos sem meios de fazer um curso superior. Mais de 90% das pessoas lá formadas saem empregadas.
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cultural + social > comunidade+coluna1 Não é um sonho
Especialista em segurança no Brasil A Conib convidou Jonathan Fine para vir ao Brasil. Ele é especialista em segurança internacional do Instituto Interdisciplinar de Hertzlia, um dos principais centros de estudos estratégicos israelense. Foi entrevistado pelos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e portal Terra e também esteve no Rio de Janeiro. Fine afirmou que “o clima de tensão com o Irã é mais sério do que se imagina e as declarações de Ahmadinejad não têm sido encaradas como ‘piada’ pelo governo israelense, embora a comunidade internacional ‘ignore as ameaças’, como tem feito em relação às atrocidades ocorridas na Síria”. Doutorado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Fine é graduado pelo curso de contraterrorismo no Instituto Internacional Contraterrorismo e no Instituto Shechter Salomon de Estudos Judaicos em Jerusalém, onde foi ordenado rabino conservador.
Itália e Israel no roteiro Com o apoio do Keren Hayesod, a Fisesp promoveu a quarta edição do programa Hassefá Ba’Aretz (“Reunião em Israel”) que passou pela Itália e depois foi a Israel. A delegação de líderes conheceu a Comunità Ebraica di Roma, a mais antiga do mundo, as catacumbas hebraicas de Villa Randanini, o gueto judeu da cidade e foi recebida na embaixada do Brasil na Piazza Navona e pelo embaixador de Israel na Itália. Em Israel, reuniramse com personalidades de várias áreas como o secretário-geral da Palestine National Initiative, Mustapha Barghouthi, os jornalistas Henrique Cymerman, Boaz Bismuth e Udi Segal e o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert. Conheceram a tecnologia israelense na visita ao Yahud Space Il Project, foram ao Kotel no Shabat com o rabino Sholom Duchman.
A Vida de Theodor Herzl (It Is no Dream), a mais recente produção da Moriah Filmes, examina a vida e a época de Herzl e mostra como um judeu assimilado, nascido em uma família tradicional judaica não religiosa, na Budapest de 1860, muda sua vida a partir do julgamento do capitão Alfred Dreyfus, que cobriu como jornalista em 1895, em Paris. A história, que mostra “o sonhador que se tornou pai de uma nação”, é narrada por Ben Kingsley e estrelada por Christoph Waltz. ESCULTURA “OS EMIGRANTES” TEM LUGAR DE DESTAQUE EM MEIO AO VERDE
DEPUTADO VÍTOR SAPIENZA PRESIDIU A SESSÃO DA PREMIAÇÃO
Segall na Praça Buenos Aires
Premiação na Assembleia
N
o Dia Nacional da Cultura, o vereador Floriano Pesaro comemorou a data com a colocação da escultura “Os Emigrantes”, do desenhista, gravador, pintor e escultor Lasar Segall, nos jardins da Praça Buenos Aires, numa parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação Cultural Amigos do Museu Lasar Segall. Esta cópia foi fundida em bronze a partir da original, de 1934, exposta no museu que guarda o acervo do artista. “É importante destacar o benefício da preservação da memória, em especial de alguém que se dedicou muito ao Bra-
sil”, disse o prefeito Gilberto Kassab ao lado do secretário de Cultura Carlos Augusto Calil, que destacou o fato de não haver nenhum trabalho do artista nos parques paulistanos. Presidente do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall, o ex-ministro Celso Lafer disse que “é uma grande satisfação para o Museu ver esta escultura num espaço público”. Prestigiaram o ato os netos do pintor, Sérgio, Fábio e Lasar Segall. Segall nasceu na Lituânia em 1891, chegou ao Brasil em 1923 e foi o responsável pela primeira mostra de arte moderna nacional.
Brasileiros na Conferência de Segurança
O
secretário especial de Segurança para Eventos de Massas Valdiño Caetano e os diretores de Segurança Mundial e dos Jogos José Hilário Nunes Medeiros e Luiz Fernando Corrêa, responsáveis pela segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, participaram da Conferência de Segurança Interior em Tel Aviv. Eles lideraram a delegação de cerca de trinta pessoas que tiveram contatos com especialistas israelenses, que atuaram
nos comitês dos Jogos Olímpicos em Pequim e Londres. “Nos últimos anos aumentou o interesse nas tecnologias israelenses nesses campos”, disse Roy Nir, adido comercial de Israel em Brasília. O subdiretor do Instituto de Exportação de Israel Lior Konitzky, um dos organizadores da Conferência, destacou que a instituição “definiu o Brasil como um alvo importante para a produção israelense pelo alto índice de crescimento e mudanças na economia”.
Concurso Wizo de Pintura e Desenho Brasil-Israel 2012, realizado em conjunto com a coordenadoria de gestão da educação básica da Secretaria Municipal da Educação, teve como tema “Jerusalém-Brasília: História e Modernidade”, chegando a escolas de toda a Rede Pública do Estado de São Paulo. A premiação, realizada no Auditório Franco Montoro da Assembleia Legislativa, teve a presença da embaixatriz de Israel no Brasil, Batia Eldad, o vereador Vítor Sapienza, Roseli Ventrela, representando o secretário de Educação Herman Voorwald, o gerente de eventos e marketing do Bradesco
O
Valmir Macedo e a artista plástica Miriam Nigri Schreier e as presidentes honorária e do executivo da Wizo, Sulamita Tabacof e Iza Mansur. O Coral Sharsheret cantou os hinos de Israel e do Brasil. Além de exporem os trabalhos escolhidos pelos júris oficial e aberto, os alunos receberam prêmios, como tablet Multilaser, home theater, caixas de pintura, kits do Bradesco, etc. e o sorteio de uma bicicleta Sodibike entre todos os jovens, que vieram de cidades como Pratânia, Nuporanga, Igaraçu do Tietê e Guariba, algumas distantes quinhentos quilômetros da capital.
Dois lançamentos literários
Conib integra o Cnpir
O Homenzinho é a primeira obra escrita por Mendele Moicher Sforim (Shiolem Yakov) publicada em português. Tese de doutorado de Genia Migdal, ela traduziu do ídiche e o Centro de Estudos Judaicos publicou. A tradutora foi orientada por Nancy Rozenchan e teve o apoio de Berta Waldman. O Imigrante Judeu na Obra de Érico Veríssimo, dissertação de mestrado de Adelgício José da Silva, propõe a análise da imagem do imigrante judeu no romance O Tempo e o Vento, de Veríssimo. A Editora Humanitas e a Livraria da Vila/ Fradique promoveram os lançamentos.
A Conib foi uma das entidades da sociedade civil aprovadas a integrar o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Cnpir) no biênio 2012-2014, representando a comunidade judaica. O Conselho é consultivo, integrante da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), criada em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atendendo às demandas do movimento afrodescendente no combate à exclusão social. Para tanto, foi criada uma secretaria especial, incluindo outras minorias, inclusive a judaica.
Primeiros-socorros no ar O Fundo Comunitário e a Hebraica convidaram para um encontro com o paramédico Ziv Bitton, suboficial da aeronáutica que atuou por cinco anos na equipe dos primeiros-ministros Netanyahu, Peres e Barak. Bitton foi voluntário em uma unidade das Forças de Defesa de Israel especializada na evacuação médica e transporte aéreo, resgatando civis e militares em situação crítica, e atualmente supervisiona trezentos médicos e mais de duzentos funcionários no Hospital de Haifa. “Todo cidadão israelense sabe que vamos salvá-lo. Chegamos a qualquer acidente rodoviário, combate ou guerra, muitas vezes fora dos limites, como fizemos na Bulgária, no Haiti, na Turquia, onde Israel precisar”, disse Bitton. Em janeiro de 2009, resgatou quatro soldados feridos na Faixa de Gaza. Um deles, Aharon Karov, em estado crítico. Durante o voo, Bitton colocou um tubo na traqueia de Karov que chegou vivo ao Hospital Denison. Os médicos estavam desesperançados. Karov sofreu trinta cirurgias e, um ano e meio depois, tornou-se pai de uma menina. “A história desse tenente é um microcosmo da população israelense”, disse Bitton, que destacou a importância de trazer o serviço de paramédicos para o Brasil.
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Foto Eliana Assumpção
cultural + social > comunidade+coluna1 Na Nova York judaica Conhecer a vida judaica num congresso em Nova York com mulheres do mundo todo e de diferentes faixas etárias é a proposta da viagem programada para o final de janeiro de 2013, e preços muito especiais com um tour a locais judaicos na metrópole: a primeira sinagoga luso-espanhola, o Heritage e o Jewish Children Museum, a sinagoga e o túmulo do rebe de Lubavitch, visita a um sofer e a uma fábrica de matzá e compras no bairro judaico. Informações com Sarah, fone 3081-3081 ou pelo e-mail sarah@chabad.org.br.
Empresa israelense premiada A eWave do Brasil foi eleita a melhor parceira IBM WebSphere pela Ação Informática, distribuidora multinacional brasileira dos produtos IBM. Fundada em 1999, a empresa eWave tem sede em Israel e operações nos Estados Unidos, Europa e América do Sul. Atua no Brasil desde 2006, com escritórios em Curitiba (PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ).
Viagem às raízes judaicas Com o apoio do Congresso Judaico Latino-Americano (CJL) e do historiador Yoel Schvartz, a GSP Travel prepara uma viagem, de 28 de abril a 8 de maio de 2013, indicada para quem deseja fazer uma visita à Polônia e República Tcheca, conhecendo lugares históricos da época da Segunda Guerra Mundial. Informações pelo fone 3231-4422 ou pelo e-mail raízes@gsptravel.com.br.
AGENDA • 29/12 a 4/1 – Réveillon em Buenos Aires com a B’nai B’rith. Seis noites no Hotel Meliá BA, city tour e seguro-viagem. Reservas, 3082-5844, com Roberta ou Henrique • 14/1 a 7/2 – Em Israel. Mashav – “Capacitación de Educadores en Áreas de Pueblos Originarios”. Curso em espanhol. Informações sobre os cursos e as bolsas de estudos: Embaixada de Israel (61) 2105-0507 ou dcm-sec@brasilia.mfa.gov.il
JAYME BLAY E CLÁUDIO LOTTENBERG EN TREGARAM O PRÊMIO SCOPUS A JOÃO DORIA
Doria recebeu Prêmio Scopus
O
empresário e jornalista João Doria Jr. foi homenageado por promover a aproximação entre Brasil e Israel, iniciada quando comandou a Business Trip 2011. Na Mansão França, o presidente dos Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém (UHJ) no Brasil Jayme Blay e o presidente da Conib e do Hospital Israelita Albert Einstein Cláudio Lottenberg, amigo do homenageado, entregaram o Prêmio Scopus e enalteceram a trajetória pessoal e empresarial de Doria e o motivo da premiação. Ao agradecer, Doria emocionou a todos. “Tenho uma convivência com a comunidade judaica desde a infância e, após a viagem com a Câmara Brasil-Israel, a admiração aumentou. Essa convivência me deu um grande aprendizado e fiquei ainda mais entusiasmado com os valores do judaísmo e de Israel, um pequeno grande país onde os investimentos na educação e na inovação são
fundamentais. Em Israel, descobri o valor da paz, o entendimento de que Israel não é um país que se constituiu para guerrear, e sim uma nação formada por jovens, homens e mulheres que desejam a paz. Talvez este tenha sido o maior dos aprendizados da minha visita a Israel.” Estavam presentes a vice-presidente da Yissum, Renée Ben-Israel, e o diretor de Relações Públicas da UHJ para a América Latina, Espanha e Portugal, Pablo Kizelstein. Ben-Israel explicou o que é a Yissum Companhia de Desenvolvimento de Pesquisa da HUJ, fundada em 1964 para proteger e comercializar a propriedade intelectual da Universidade. A Yissum registrou mais de sete mil patentes de mais de duas mil invenções e licenciou mais de quinhentas novas tecnologias. Este modelo de negócios e as parcerias comerciais geram fundos para a continuidade das pesquisas universitárias.
Clóvis Rossi na Hebraica O Congresso Judaico Latino-Americano e A Hebraica convidam para um bate-papo com o jornalista Clovis Rossi, da Folha de S. Paulo. Ele contará sobre sua viagem recente à Polônia, aos campos de concentração de Auschwitz, o Museu Oskar Schindler e outros locais. Dia 13, às 20h, na Sala Plenária.
Ciclo de palestras no Peretz
Acordo promove turismo
O
s velejadores Heloísa e Vilfredo Schürmann inauguraram o ciclo de palestras beneficentes no Colégio I. L. Peretz. Eles contaram a experiência de velejar ao redor do mundo e os 130 mil quilômetros, os 25 anos no mar e sessenta países visitados em companhia dos filhos Wilhelm, David e Pierre, com 7, 10 e 15 anos em 1984, quando a aventura começou. Contaram a adoção de uma criança soropositiva que transformou a vida de cada um deles durante os treze anos de con-
AVENTURAS NO MAR FORAM TEMA DE PALESTRA
vivência, história relatada no livro Pequeno Segredo – A Lição de Vida de Kat para a Família Schürmann.
Juventude faz ato pela paz Convocada pela juventude, a comunidade reuniu-se no vão do Masp em pról da paz no Oriente Médio
Em Santiago de Compostela foi divulgada a cooperação entre o ministério de Turismo de Israel e a secretaria de Turismo da Galícia para promover duas trilhas turísticas de Israel e da Espanha. A Trilha do Evangelho em Israel foi lançada em 2011 para divulgar a Galileia ao mercado cristão. Com 62 quilômetros, começa em Nazaré e termina em Cafarnaum e possibilita ao turista escolher um percurso de curta distância ou uma caminhada de vários dias. A Trilha do Evangelho e o Caminho de Santiago estão ligados, pois, segundo a tradição cristã, Tiago foi um dos doze discípulos de Jesus na Galileia. Essa conexão teológica e histórica entre os dois locais poderá, no futuro, aumentar o turismo receptivo, na Espanha e em Israel. Informações http://www.goisrael. com.br/Tourism_Bra/Tourist%20Information/Christian%20Themes/Paginas/ The-Gospel-Trail.aspx
Pitliuk lançou romance
O
Homem que Venceu Hitler, lançamento da Editora Gutenberg, revela o romancista Márcio Pitliuk. Com depoimentos reais de sobreviventes da Shoá, o autor junta ficção e episódios verídicos, como um filme. O autor é cineasta. Através da perspectiva literária, Pitliuk remonta a história de David, que vive no Brasil e decide voltar à Europa para saber quem foi a mulher que salvou o pai, quase garoto, teve uma vida amorosa com ele e iria entregá-lo aos nazistas. Além de prender a atenção, o final da história surpreende o leitor. Segundo o publicitário Agnelo Pacheco, “existem livros para você ler, não esquecer e se apaixonar. Este é um desses raros livros”. Publicitário, escritor e cineasta, Marcio Pitliuk tornou-se estudio-
so e divulgador da Shoá após fazer a Marcha da Vida e produzir uma obra descrevendo a participação de jovens do mundo todo nessa caminhada pelos campos de concentração nazistas. Dirigiu e coproduziu o filme Sobrevivi ao Holocausto, com
previsão de lançamento em 2013. É autor dos livros Idiche Mamma Mia, Afagos Amargos, Luz Líquida; escreveu e filmou Cem anos de Imigração Judaica do Leste Europeu e Duzentos Anos de Imigração Judaica do Mediterrâneo.
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1. O ministro Salim Joubran é árabe cristão e está na Suprema Corte de Israel; 2 e 6. Sheila Kracochansky e Mônica Dajcz, Bobby Krell e Simone Goltcher conferiram as novidades no “Catedral para
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1, 2 e 4. Teatro Augusta: Lilian Blanc é a idishe mame perfeita, em O Casamento do Pequeno Burguês, de Brecht; 3. Milton
Casamentos”; 3 e 4. Prefeito Gilberto Kassab, auto-
Waintraub ganhou autógrafo de Nessim
ridades e netos de Lasar Segall na Praça Buenos Ai-
Hamaoui; 5. Sucesso o Almoço da Amizade
res; 5. A Casa Aberta de Betty Birger mostrou uma
dos grupos Netzah Atid e Bat Yona, Na’amat
nova arquitetura do trabalho na Casa Office; 7 e
Pioneiras, no Casual Mil, da Hebraica; 6, 9 e
9. Dezoito Bar & Movement, a nova casa de Mário
10. Na Wizo, o Dia de Estudos reuniu jovens
Levy, Roberto Sasso e Henri Castelli; 8. Chaverim fa-
chaverot e palestrantes em torno de interes-
zem arte com Antônio Peticov; 10. Alice (Zemel) e
santes temas atuais; 7 e 8. Torneio de Tran-
Paulo Bitelman em ambiente de magia
ca premiou sócios do Sírio e da Hebraica
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1 e 3. As Choronas e Entre Amigos foram as atrações no Hebraica MeioDia; 2 e 5. Na Abav, o requisitado guia israelense Hugo Hurowicz ganhou bolo de aniversário; Cleo Ickowicz e Suzan Klagesbrun (Ministério de Turismo) e Priscila Golczewski (El Al) no estande de Israel; 4. Ana Iosif levou a sua turma para conhecer Israel com música; 6. Bia Doria e Meyer Nigri em evento da Universidade Hebraica de Jerusalém; 7. Nasceu em Israel, cresceu no Bom Retiro e vive no Rio. O ator Carlo Mossy (C ) veio rever os amigos paulistanos; 8 e 9. Doadora de uma Torá para a a Sinagoga Chabad do Morumbi, a família de Sidney Epelman comemorou com o rabi-
1. O Homenzinho, edição inédita, publicada pela Humanitas; 2, 3 e 6. Yutaka Toyota, Eduardo Iglesias e Guilherme de Faria interagiram com o público na mostra “Diálogo”; 4 e 5. A mão na massa virou pizza e os pratos D’Olivino foram degustados no Espaço Gourmet; 7 e 8. Marcelo e Rafael Knofelmacher; Betty Fromer, Marisa Orth e Paula Weinfeld na noite de autógrafos de Juliana Rosenthal K.; 9. Confraternização entre jogadores de tranca
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juventude > teatro
“Non Grata” traz olhar feminino COM O REFORÇO DE ATORES SAÍDOS DO PRUMO, GRUPO GESTO APRESENTOU A PEÇA NON GRATA, SOBRE O UNIVERSO DA GUERRA E DO HOLOCAUSTO PARTIR DE UM TEXTO DE BRECHT
E
m 2012, o grupo de teatro Gesto assumiu a tarefa de levar ao palco do Teatro Anne Frank um espetáculo inédito cujo tema é o Holocausto. Dirigidos por Heitor Goldflus, os atores leram e discutiram a pesquisa Terror e Miséria no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht, que serviu de ponto de partida para a construção do enredo. A partir das cenas sugeridas pelo grupo, o dramaturgo Paulo Rogério Lopes costurou algumas peças de ato único, que tratam não só dos assassinatos
em massa, mas do sofrimento individual dos sobreviventes. Enfocando histórias passadas no Japão, Polônia, Brasil e outros países que participaram da Segunda Guerra, o grupo Gesto deu voz às mães, primas, namoradas, enfim à visão feminina. De cena em cena, o espectador é levado partilhar o ódio, a dor e a maldade potencial de personagens femininos aparentemente comuns. Aí está a razão do acréscimo ao nome da peça... E essas mulheres, como ficam?
Num dos quadros mais fortes, uma vizinha se depara com a descoberta de que o sitiante com o qual negociava inocentemente fora, anos antes, um dos colaboradores de Hitler. Em outra cena, o público riu da despedida do pracinha brasileiro, às vésperas do embarque para a Europa, deixando não uma, mas duas namoradas a ver navios. Figurino, trilha sonora e a excelente atuação dos integrantes do Gesto foram elogiados pelos três jurados do Festival Acesc Interclubes de Teatro: Paulo Hesse, Beto Simões e Edna Falchetti que, ao conversar com o elenco, depois da sessão de domingo, sugeriram a filmagem da peça, pois “só assistindo ao espetáculo, vocês, atores, terão noção do quanto a atuação do grupo é contundente, sem ser agressiva. O espetáculo me pegou de uma maneira muito profunda”, afirmou Hesse, em nome dos colegas. O grupo Gesto apresentou cinco sessões de Non Grata, todas com casa cheia e aplausos efusivos do público. (M. B.)
“Non Grata” Elenco Camila Marx Cohen, Carol Sapiro, Cyntia Z. Rabinovitz, Débora Holschauer, Dinah Novema, Júlia Solomon, Lia Levin, Michel Goldman, Renato Ghelfond, Rosa B. Worcman, Rosane Nadanovsly,
PRACINHA COM AS DUAS NAMORADAS EM MOMENTO CÔMICO DA PEÇA NON GRATA
Thiago Sak Moran, Yudah Benadiba Direção e cenário – Heitor Goldflus, Dramaturgia – Paulo Rogério Lopes Assistência de direção – Fernando Hazzan
Coassistência de direção – Camila Marx Cohen e Júlia Solomon Preparação de elenco e movimento – Renata Zhaneta Figurino – Luciane Strul Direção musical – Demian Pinto
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juventude > escola maternal
O EXPOLITERARTE REUNIU PAIS E ALUNOS DA ESCOLA MATERNAL
Palavras e imagens ganham sentido NUMA MANHÃ DE DOMINGO, AS SALAS DA ESCOLA MATERNAL E INFANTIL SE TRANSFORMARAM EM POLOS DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DA ARTE E DA LITERATURA, COM MAIS UMA EDIÇÃO DO EXPOLITERARTE
E
rnesto Neto, Dim Sampaio, Niki de Saint Phalle, Ivan Cruz são nomes consagrados do cenário artístico brasileiro e internacional. Sua história e obras constaram do programa de aulas da Escola Maternal e Infantil para diferentes faixas etárias. Sendo parte da rotina dos alunos, certamente nomes e fatos sobre estes artistas plásticos entra-
ram nas conversas familiares e assim os papais convidados à Expoliterarte 2012 tinham algum conhecimento sobre o que viam nos trabalhos expostos e nas atividades e brincadeiras propostas em cada sala. A exposição transformou a Escola Maternal e Infantil em polo de divulgação e produção de arte. Papais e ma-
mães seguiam obedientemente os filhos de sala em sala. Na primeira, encontravam uma feira de livros e nas demais vários materiais para trabalhos em família. Cada sala oferecia um folheto com a biografia do artista retratado com informações que os pequenos que ainda não sabem ler absorveram por meio das atividades propostas em classe. Para cada turma, a Expoliterarte ofereceu ao menos uma atividade relacionada ao artista estudado pelas crianças, e para o Infantil II, uma surpresa: o jurista e escritor Milton Célio Oliveira, autor de livros infantis que as professoras usam como material didático conversou com pais e alunos contando por que e como escreve histórias em versos para crianças. No final, leu o conteúdo de um dos seus livros e autografou alguns volumes para os pequenos fãs. (M. B.)
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juventude > festival carmel
PROGRAMAÇÃO Ͳ FESTIVAL CARMEL Ͳ HERÓIS DATA
HOR. INICIO
HOR. FINAL
7/dez
20h30 00h
23h 01h30
Noite de Abertura Ͳ o que é um heroi?? Arena Carmel
Centro Cívico Pça Carmel
8/dez
8h30 9h30 11h 12h 12h 11h 14h30 15h30 17h 18h30 21h 23h 23h 1h
10h 11h 12h 14h 14h 17h 16h 17h 18H 20h 22h30 24h 04h 03h
CaféͲdaͲmanhã Harkadá 1 + chug Show 2 Ͳ Coragem Almoço dos coreógrafos + Worshop Almoço Shuk Carmel Show 3 – Atitude Harkadá 2 Workshop de body combat Jantar Show 4 – Guiborim Maratona – SuperͲHeróis Show Especial Ͳ Quarteto Fantástico Arena Carmel
Espaço Adolpho Bloch Marc Chagall Teatro Arthur Rubinstein Kasher Espaço Adolpho Bloch Pça Carmel Teatro Arthur Rubinstein Marc Chagall Centro de juventude Espaço Adolpho Bloch Teatro Arthur Rubinstein Marc Chagall pça carmel Pça Carmel
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8h30 10h 12h 12h30 11h 12h30 14h 14h30 15h 16h30 18h 20h
10h 12h 12h30 13h30 17h 14h 15h 16h 17h 18h 19h30 21h30
CaféͲdaͲmanhã Show 5 Infanto – Escolar – Noah Harkadá Infantil – pequenos herois Show de magica Shuk Carmel Almoço Show 6 – Ativistas(Tnuot) Harkadá 4 – Jacques Katarivas Boteco Carmel Show 7 – Perseverança Jantar Show 8 Ͳ Nós
Espaço Adolpho Bloch Centro Cívico Marc Chagall frente marc chagal Pça Carmel Espaço Adolpho Bloch Teatro Arthur Rubinstein Pça Carmel em frente ao C. J. Teatro Arthur Rubinstein Espaço Adolpho Bloch Centro Cívico
APRESENTAÇÃO DO GRUPO HAKOTZRIM
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1. Daniel Grabarz orienta a havdalá que encerra o Shabat durante a cerimônia de bat-mit-
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zvá; 2. Na primeira fila, integrantes da diretoria acompanham o desempenho das adolescentes em vias de se tornarem adultas perante a religião judaica; 3. A entrada das jovens bnot-mitzvá emocionou pais e familiares; 4. Simone Ben-
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zinsky, Joyce Szlak e Tânia Frenkiel Travassos dividiram os elogios pela qualidade do curso e a beleza da cerimônia; 5. As amigas partilham o bolo do bat-mitzvá; 6. Este ano o curso reuniu 29 meninas, divididas em duas turmas
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1. Brincadeiras ao ar livre durante a Expoliterarte; 2. Escritor Milton Célio Oliveira falou aos pais e alunos do Infantil II; 3 e 4. Mendel Szlejf, Moysés Gordon, Samuel Seibel e Sérgio Ajzenberg posaram para fotos com os autores juvenis Allan D. Catach e Tali Finger; 5. Thiago Sak Moran, Débora Holschauer e Camila Marx Cohen numa das cenas cômicas de Non Grata; 6. Público presente à palestra da jornalista Vivian Goldmann, convidada do grupo Jovens Sem Fronteiras
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esportes > copa hirosi minakawa
Judô arrecada cinco toneladas de alimentos OS 1.140 JUDOCAS INSCRITOS NA XVI COPA HIROSI MINAKAWA DOARAM 4.912 QUILOS DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS PARA DEZ ENTIDADES BENEFICENTES
“U
JUDOCAS DE VÁRIOS ESTADOS PARTICIPARAM DA COPA HIROSI MINAKAWA
m dia inteiro dedicado à pratica de um esporte saudável e à ajuda ao próximo.” Esta definição da XVI Copa Interestadual de Judô Professor Hirosi Minakawa é correta, mas ignora outros fatos importantes a respeito do evento realizado em meados de outubro na quadra do Centro Cívico. A copa é um dos poucos eventos esportivos estaduais que não cobram inscrição e incentiva as entidades participantes a arrecadar alimentos não perecíveis para instituições beneficentes. Este ano, os inscritos chegaram a 1.140 atletas de vários municípios de São Paulo e também do Maranhão, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná. Amigos e colaboradores da família Minakawa se apresentaram voluntariamente para atuar na arbitragem, pesagem, controle de presença e outras tarefas, de modo que as lutas seguiram rigidamente o cronograma previsto e o público acompanhou o torneio com interesse e incentivo aos judocas. Este ano a Copa foi prestigiada pelo presidente da Hebraica Abramo Douek, o vice-presidente de Esportes Avi Gelberg, o vice-presidente da Federa-
ção Paulista de Judô Alessandro Puglia e um dos patrocinadores, o casal Mauro e Helena Zukerman, responsáveis pela Zukerman Leilões. A prefeitura de São Paulo e os Kimonos Shihan também são apoiadores fiéis da Copa Hirosi Minakawa. A Associação Nipo-Brasileira de Judô de Vila Carrão conquistou pela quinta vez o Troféu Campeão da Solidariedade com a tonelada de alimentos arrecadada este ano. Entidades como Associação Pissarra de Judô, Associação Desportiva Carlos Fassati, Associação de Judô Kenshin, Judô Clube de Mogi das Cruzes e Associação Pessoa de Judô se destacaram cada um com mais de duzentos quilos e ficaram com os tro-
féus do segundo ao sexto lugar. Além do caráter beneficente, a XVI Copa Hirosi Minakawa se destacou pelo alto índice técnico apresentado por atletas das seleções paulista e brasileiras em todas as classes. A equipe da Hebraica se classificou em primeiro lugar, mas por ser a anfitriã, coube ao Palmeiras/Mogi levar o Troféu Hirosi Minakawa. Tricampeão, o Palmeiras ficou definitivamente com a Taça, cuja posse, até então, era transitória. São João Tênis Clube de Atibaia, Judô Moura, de Mato Grosso do Sul, e a Associação de Judô Ishikawa, de Embu-Guaçu, classificaram-se, respectivamente, em terceiro, quarto e quinto lugares. (M. B.)
Projeto da Unibes Na primeira semana de novembro, coordenadores e professores de judô da Hebraica estiveram na Unibes para a festa anual de encerramento do Projeto Campeão – Judô Cidadão, que oferece aulas de judô para as crianças assistidas pela Unibes. Durante o evento, foram distribuídos 180 kits com roupas, produtos de higiene pessoal e brinquedos que os pais e familiares de judocas que treinam no clube juntaram.
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esportes > polo aquático
JOGADORES E TÉCNICOS BICAMPEÕES PAULISTAS FESTEJARAM O TÍTULO NA ÁGUA
Medalhas do juvenil, junior e adulto ALÉM DE CONQUISTAR MEDALHAS, OS ATLETAS DO POLO PEDRO VERGARA E LEON PSANQUEVICH FORAM CONVOCADOS PARA ACOMPANHAR A SELEÇÃO BRASILEIRA JUVENIL NO MUNDIAL DA AUSTRÁLIA
A
s equipes de polo aquático da Hebraica estiveram em destaque nos informativos da Federação Aquática Paulista, Liga de Polo Aquático. O regulamento da modalidade permite misturar jogadores de categorias diferentes para formar um time, por isso a equipe vice no Campeonato Paulista Junior teve composição semelhante à que disputou o certame no Rio. No Paulista Juvenil os garotos termina-
ram invictos e são os atuais bicampeões da categoria. Kevin Dayan, artilheiro da competição com 69 gols, e o goleiro menos vazado, Leonardo Bueno Kibrus, ganharam troféus. Em outro torneio, o da Liga Nacional Divisão 1 adulto ( que corresponde à segunda divisão da categoria) o time da Hebraica foi terceiro colocado. “Nosso time adulto é composto com 80% atletas de juniores e juvenis, e isso nos ga-
rante ainda alguns anos de bons resultados”, afirma o coordenador da modalidade Leonardo Vergara e pai de Pedro, um dos dois atletas da Hebraica convocados para o mundial júnior em Perth, na Austrália, integrando a seleção brasileira de polo aquático. Ainda sob o impacto dos bons resultados, os atletas e técnicos de polo aquático receberam a seleção juvenil peruana que fez uma escala no roteiro de preparação para o Mundial da Austrália. “É uma seleção nova, com menos chances do que a nossa. Quando soube que viriam para São Paulo, organizei tudo para treinarem na piscina da Hebraica e enfrentarem os times do Sesi, Hebraica, Pinheiros e outros. Temos de reforçar o polo sul-americano e só o conseguiremos com um trabalho conjunto e em colaboração. Eu insisto muito”, comentou Léo Vergara. (M. B.)
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esportes > escola de esportes
Encantos do Havaí no Centro Cívico PARA ENCERRAR O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES, PROFESSORES E COORDENADORES ESCOLHERAM AS PRAIAS E DIVERSÕES DO HAVAÍ COMO TEMA DO CIRCUITO LÚDICO
O
Circuito Lúdico é um dos eventos mais esperados pelas famílias com filhos inscritos na Escola de Esportes. Nos torneios e festivais promovidos durante o ano, os adultos são quase meros espectadores e no Circuito Lúdico eles são convidados a embarcar na fantasia proposta pelos professores e coordenadores da escola. Este ano, o Centro Cívico foi dividido em seis espaços, cada um reservado para uma praia ou atração turística do Havaí. Logo ao chegar, os viajantes recebiam colares típicos e eram encaminhados para o primeiro estágio do circuito. A decoração e os figurinos usados pelos professores representavam cada local da ilha. Nos mesmos espaços, os professores organizaram dois circuitos: um dirigido às crianças (alunos ou não) de 3 a 5 anos, e outro com tarefas mais elaboradas para até 7 anos. Na companhia dos pais e dos amiguinhos, as crianças experimentaram a sensação de uma descida de paraquedas em Molokai, de surfar em Oahu, dançar no vulcão de Kilawea ou tobogã na praia de Waykiki. Segundo a coordenadora Ana Portaro, o circuito serve também para a Escola divulgar horários para o ano letivo seguinte e para despertar o interesse dos pais pela colônia de férias da escola. “Esperamos um aumento nas inscrições de crianças para os horários das segundas e quartas-feiras. Como a Escola Antonietta e Leon Feffer remanejou os dias de período integral para terça, haverá um equilíbrio na demanda de vagas e conseguiremos atender a um número maior de alunos”, explicou. (M. B.)
Compromisso para as férias A colônia de férias da Escola de Esportes será de 14 a 25 de janeiro. As inscrições de crianças de 3 a 13 anos começam a partir do dia 14 na secretaria da Escola. Já os fanáticos por futebol entre 7 e 12 anos poderão participar do Soccer Camp, de 19 a 22 de janeiro, um acampamento em que todas as atividades estão relacionadas ao futebol. O CIRCUITO LÚDICO ENCERROU O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES
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esportes > handebol
O CENTRO CÍVICO TEVE A QUADRA ADAPTADA PARA UM DIVERTIDO TORNEIO DE MINI-HANDEBOL
Juniores chegam à final A EQUIPE JÚNIOR DE HANDEBOL CLASSIFICOU-SE PARA A ETAPA FINAL DO CAMPEONATO PAULISTA 2012 AO VENCER POR 36 A 27 O SÃO CAETANO, COM PLAY OFF EM 2 A 0. A TAÇA SERÁ DISPUTADA COM O PÌNHEIROS
A
ntes da partida decisiva contra o São Caetano, os craques do clube haviam derrotado a favorita Universidade Metodista, nas quartas-de-final. No fechamento desta edição, os finalistas Hebraica e Esporte Clube Pinheiros ainda esperavam a definição de uma data para disputar a taça 2012. Outro título, inédito, foi conquistado pelas jogadoras da equipe adulta de handebol depois de vencer a favorita Mogi das Cruzes por 24 a 18. Duas der-
rotas ainda na fase de classificação despertaram algumas dúvidas quanto à performance do time na decisão do título, no estádio de Mogi. Com o resultado, as atletas e a equipe técnica que as acompanhou foram muito elogiadas. E em ritmo de final de atividades de ano, atletas e técnicos da modalidade participaram de um torneio de mini-handebol do Departamento Geral de Esportes, cujo objetivo foi integrar e divertir na quadra do Centro Cívico. (M. B.)
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esportes > personagem
CLÁUDIA ESTÁ NA HEBRAICA DESDE 1980 E, PARA ELA, “É SEMPRE UMA ALEGRIA TRABALHAR COM AS CRIANÇAS”
Trinta anos de dedicação CLÁUDIA BARBIZAN FOI ADMITIDA COMO ESTAGIÁRIA DA ESCOLA DE ESPORTES EM 1980. TORNOU-SE
PROFESSORA E HOJE COORDENA A NATAÇÃO ACOMPANHANDO AS PRIMEIRAS BRAÇADAS DA GAROTADA
N
ada escapa ao olhar de Cláudia Barbizan quando ela está na piscina coberta acompanhando as aulas de natação. Atende a uma criança em dificuldades com a mesma gentileza que responde a um professor na água. “Hoje temos condições muito melhores para ensinar crianças do que no passado. A construção da piscina para bebês e as camas que ajudam as crianças a se manter na superfície foram salvadoras. Houve uma época em que os professores usavam boias e as crianças se penduravam nelas, porque a piscina era muito funda”, recorda. “Minha próxima reivindicação será um lugar para os professores guardarem roupões ou se trocar depois das aulas”, planeja. A contratação de Cláudia pela Hebrai-
ca rende uma boa história. “Comecei como estagiária quando cursava o terceiro ano da Fefisa (Faculdade de Educação Física de Santo André). Trabalhava na ACM (Associação Cristã de Moços) da rua Nestor Pestana e um colega me informou da possibilidade de estagiar na Hebraica. Já na minha primeira entrevista, ao ver as áreas verdes, as piscinas ao ar livre, decidi que a vaga seria minha. Além da beleza do clube, reencontrei o professor que, no ginásio, inspirou minha escolha profissional. Durante o tempo em que trabalhamos juntos, meu respeito por ele só cresceu, assim como a meu carinho pelo clube”, revela. Hoje ela se divide entre a Hebraica e outra escola onde leciona. Ela lembra o tempo de casa com tran-
quilidade e se orgulha de ter acompanhado todas as edições da Olimpíada das Escolas de Esportes. “Num curto período de seis meses em que decidi mudar de atividade para melhorar os ganhos, fiz questão de participar da Olimpíada e assim que foi possível, pedi para ser readmitida e voltei”, conta. Para Cláudia, fazer o que se gosta rejuvenesce. “Tenho um bom diálogo com os estagiários e professores novos. Nossa equipe hoje conta com profissionais pós-graduados ou especializados em diferentes áreas. Trabalhar com eles só me estimula a procurar sempre crescer e me aperfeiçoar. Meu dia-a-dia é muito prazeroso e o contato com as crianças, em aula ou nas colônias de férias é sempre uma alegria.” (M. B.)
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esportes > águas abertas
A HEBRAICA FOI HOMENAGEADA NA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE ÁGUAS ABERTAS
Quando o bronze vale ouro “HEBRAICA” FOI O NOME DA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE TRAVESSIAS AQUÁTICAS; E NA DÉCIMA E ÚLTIMA OS NADADORES DO CLUBE FICARAM EM TERCEIRO LUGAR NO PLACAR GERAL DO TORNEIO
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s integrantes da equipe de águas abertas sugeriram que a Hebraica desse nome e apoio à nona etapa do Circuito Paulista de Águas Abertas, realizada na Praia do Indaiá, em Bertioga. Trezentos nadadores receberam camisetas com o logo do clube. “Foi bonito ver tanta gente, de outras agremiações, circulando com o nome da Hebraica na camiseta”, comentou Enrique Berenstein, um dos idealizadores da equipe. Nesta prova especial, a Hebraica so-
mou vitórias suficientes para terminar como vice-campeã na prova dos três mil metros e em sétimo lugar entre as 41 equipes inscritas nos mil metros. “Os nadadores estreantes Mariana e Daniel Zylbersztajn, Alex Halpern e Beni M. Stern foram muito bem na prova dos mil metros. A jovem Marcela de Oliveira tentou e chegou em primeiro lugar nos três mil metros”, destacou Rubens Krausz, outro mentor da equipe. A performance de Rodrigo Feller foi
premiada nesta e na última etapa do Circuito, o que lhe rendeu o título de atleta do ano. A décima e última etapa foi disputada no Guarujá e comemorada com almoço de confraternização. A entrega dos troféus será dia 9 de dezembro, em um jantar promovido pela Aledo, empresa organizadora do circuito. “Somados os pontos das dez provas, a Hebraica terminou a temporada em terceiro lugar, mas o que mais vale é o número cada vez maior de nadadores que se juntam à equipe. Já começamos a preparação para estrear na Macabíada, em julho de 2013”, comemorou Berenstein em seu último relatório para o Departamento Geral de Esportes. (M. B.)
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Quadrangular de futsal Ainda no primeiro ano como integrantes da equipe sub-11, os jogadores já haviam conquistado a taça de bronze do Campeonato Sindi-Clube de Futsal ao vencer o time de Ribeirão Pires por 10 a 1 e o Clube Helvetia por 4 a 0, em jogos realizados no Ginásio dos Macabeus da Hebraica. Pais e dirigentes dos times de Ribeirão Pires e da Hebraica, Paineiras do Morumby e Helvetia eram o público das partidas de futsal do quadrangular final da série bronze sub-11. Até erguer a taça, os atletas da equipe amarela da Hebraica disputaram doze jogos, somaram dez pontos e se classificaram em nono entre os treze times inscritos no Campeonato. Já os atletas da equipe azul sub-11 esperavam o anúncio de uma data para a semifinal da série ouro contra os garotos da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, com grande possibilidade de mais um título na modalidade.
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Os melhores em campo A Hebraica é a campeã da Copa Paulista de Futebol de Base 2012, categoria sub-13, modalidade praticada em parceria com o Ceib Macabi, o que possibilitou a estreia do clube no campeonato. Formado por atletas originários do futsal e do society, o futebol de campo exigiu adaptação às dimensões e características do espaço. “Nossa expectativa era disputar a Taça Ouro e talvez nos classificar entre os primeiros quatro finalistas, e não esperávamos ficar invictos e vencer por grandes diferenças de gols. Nossa primeira derrota, na última etapa da fase de classificação, para a equipe do CFA Macabi/São Carlos, escolinha mantida pelo clube no Tremembé, não abalou a segurança do grupo. A semifinal contra o Esporte Clube Sírio foi difícil e terminou 1 a 0, gol do artilheiro Henrique Drizun”, relata o supervisor de Esportes Competitivos da Hebraica Carlos Inglez. A final foi no campo do Macabi contra o Jaraguá e o placar de 3 a 0 para a Hebraica garantiu o título aos garotos.
1. Torneio Meyer Pesso de Gamão no mezzanino do Salão Marc Chagall; 2.Atletas mirins da Hebraica se destacaram no Troféu Paulista de Ginástica Artística; 3. Aula aberta de ginástica na Pista de Atletismo serviu como divulgação do Projeto Verão; 4. Foram arrecadadas um pouco menos de cinco toneladas de alimentos durante o Torneio Hirosi Minakawa; 5. Pedro Vergara e Leon Psanquevich vão disputar o mundial de polo na Austrália; 6. Judocas vieram de outros Estados e cidades para participar do torneio que homenageia o introdutor da modalidade na Hebraica
A palestra do nadador Harry Finger, protagonista de uma travessia a nado no Canal da Mancha e também secretário de Turismo de Ilhabela, reuniu 170 pessoas no Teatro Anne Frank. O atleta respondeu às questões do público e agradeceu a doação de cinquenta quilos em alimentos não perecíveis destinados à Unibes.
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Uma aventura na Mancha
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Tênis Lúcia Pekelman Rusu (campeã, 55 anos) e Susana Mentone (campeã, 60 anos) ampliaram a galeria de títulos da Hebraica ao vencer o Torneio Sul-Americano da Bolívia realizado pela Confederação Sul-Americana de Tênis (Cosat) no Club de Tênis de Santa Cruz de la Sierra. (M. B.)
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espaço saúde
Envelhecimento
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á dois fenômenos populacionais ocorrendo na atualidade sem precedentes na história da civilização, o que nos impede de utilizar a experiência histórica e a prudência para buscar soluções anteriores com sucesso: a urbanização e o envelhecimento. Nunca houve uma concentração habitacional tão alta em grandes cidades. Esta tendência não se esgotou, pois, enormes cidades ainda se formarão na China e na Índia. De acordo com a ONU a população urbana dobrará em 2050. Conhece-se o fato de que essa concentração, ou urbanização, leva à adoção de estilos de vida nada saudáveis, porque o ambiente das mesmas em geral é tóxico. Quando falamos em estilos de vida referimo-nos ao tabagismo, ao sedentarismo, dietas não saudáveis e o comprometimento da saúde mental. Estes fatores são fundamentais na gênese de várias doenças e, por isso, chamados de fatores de risco. As doenças em pauta, entre outras, são as doenças cardiovasculares, a doença cérebro vascular, a obesidade, o diabetes e as doenças pulmonares crônicas, entre outras. Essas doenças comprometem a qualidade de vida, reduzem a funcionalidade motora e cognitiva dos doentes e impactam negativamente o envelhecimento. Hoje existem cerca de seiscentos milhões de pessoas com mais de 60 anos. Em 2050 essa população será de cerca de dois bilhões, ou em torno de 20% da população mundial. Neste mesmo ano, o Brasil será o sexto pais do mundo em termos de contingente de idosos. A França, por exemplo, levou quase cem anos para aumentar a prevalência de idosos de 7% para 14% da sua população – no Brasil foram necessários trinta anos. Isso significa que há uma necessidade urgente de se criar uma cultura do envelhecimento em
todos os setores da comunidade, o que quer dizer, instalar mudanças estruturais, atitudinais e assistenciais. A transição tem sido muito rápida. Políticas públicas não acompanharam essa tendência. A procura da sustentabilidade desse processo é o desafio maior. O desafio está nos idosos mais comprometidos que frequentam hospitais despreparados para o atendimento e a assistência a esta população mais dependente do ponto de vista motor e cognitivo. Prevenir é muito importante. Com isso, saber que idoso se deseja ser e comprometer-se com um estilo de vida que reduza os fatores de risco asseguram uma qualidade de vida melhor, um envelhecimento muito mais saudável, com menor perda funcional e cognitiva, além de menos onerosa para o sistema de saúde. Este, segundo o conceito de equidade, deve fornecer estruturas adequadas em termos de complexidade à necessidade de cada cliente, sem deixar de buscar expandir as oportunidades de restabelecimento através de uma assistência centrada nas necessidades do cliente e com ênfase na reabilitação. Por outro lado, a experiência recomenda que o idoso independente permaneça no seio da comunidade, exposto aos mais diferentes estímulos, mantendo um estilo de vida saudável e, quando possível, conservando seus importantes laços afetivos com os familiares, fator este muito importante para a estabilidade emocional e a saúde mental. A cultura do envelhecimento também significa envelhecer com dignidade, com respeito e consideração por partes de todos, com autonomia e compartilhando a formidável e rica experiência não somente de vida, mais da vida.
DR. JOSÉ ANTÔNIO MALUF DE CARVALHO GERENTE MÉDICO DE PACIENTES CRÔNICOS DO HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN
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A paz ou o nada EM ENTREVISTA EXCLUSIVA À REVISTA HEBRAICA, URI AVNERY, A LENDA VIVA DO MOVIMENTO PACIFISTA DE ISRAEL, ALERTA PARA O PERIGO DE NÃO SE FAZER UM ACORDO COM OS PALESTINOS
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os 89 anos, Uri Avnery ainda é o mesmo homem cheio de energia que há décadas participa da política israelense em favor de um acordo de paz com os árabes. O líder do movimento Gush Shalom (“Bloco da Paz”) aparenta ser bem mais jovem, fala sem dificuldade e atende a vários telefonemas enquanto conversa com o correspondente da revista Hebraica. Na sala do seu apartamento, em Tel Aviv, com uma bonita vista para o Mediterrâneo, o destaque é uma foto ao lado de Yasser Arafat. Nasceu Helmut Ostermann, na Alemanha, e se deu o nome de Uri depois que a família imigrou para a Palestina, com a ascensão dos nazistas. Avnery começou cedo na política, quando se alistou aos 14 anos de idade no Irgun, o movimento armado de direita que lutava contra a presença dos ingleses em Eretz Israel. Mas logo começou a criticar os métodos da organização e virou para a esquerda. Foi ferido gravemente durante a Guerra da Independência, comandou uma unidade de combate da Brigada Givati no front egípcio. Mas ficou mesmo famoso em 3 de julho de 1982, quando entrou na Beirute cercada por tropas israelenses para encontrar-se com Arafat, nesta que seria a primeira vez em que o líder palestino conversou com um israelense. Consta que, em razão disto, foi retirado do testamento da mãe. Apesar de atualmente os movimentos pacifistas serem considerados peças marginais na política israelense, Avnery é uma personalidade relevante e no dia seguinte à nossa entrevista teria uma reunião com o chanceler brasileiro Antônio Patriota, em visita a Israel e o Oriente Médio.
Hebraica – Há dez anos, entrevistei o senhor para esta mesma revista Hebraica, época em que Israel estava envolvido na sangrenta segunda intifada, e o sr. comentou que toda aquela situação era inadequada ao jovem israelense, que pretende estudar, trabalhar, viver bem e não se envolver com violência. No entanto, parece que a tendência deste mesmo jovem será votar na direita como o restante dos eleitores, nas eleições antecipadas para janeiro de 2013? Uri Avnery – É verdade que uma parte da população votará na direita, mas não necessariamente este jovem de que você fala. Considere a mudança demográfica que vem acontecendo no país. Os ortodoxos têm um enorme crescimento natural, enquanto os seculares diminuem de número. Todas as escolas ortodoxas se inclinam para a extrema direita e são contrárias a um processo de paz, favorecendo a anexação da Cisjordânia. Então, não acho que os jovens seculares optaram pela direita. Alguns inclusive estão deixando o país. Temos uma enorme fuga de cérebros, gente que foi estudar fora e resolveu ficar por lá. A violência palestina durante a segunda intifada mudou a sua visão de mundo? >>
Considere a mudança demográfica que vem acontecendo no país. Os ortodoxos têm um enorme crescimento natural, enquanto os seculares diminuem de número. Todas as escolas ortodoxas se inclinam para a extrema direita e são contrárias a um processo de paz
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magazine > política
AVNERY EM UMA MANIFESTAÇÃO DE SEU AGRUPAMENTO POLÍTICO, O GUSH SHALOM
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EM 1955, FICOU FERIDO E FOI DETIDO EM UMA UMA TENTATIVA DE SEQUESTRO
Avnery – Absolutamente não. Era exatamente o que eu esperava. Um ano antes de explodir o conflito, escrevi um artigo alertando para isto. Hoje a situação mudou, não há mais violência com os palestinos na Cisjordânia, e há muito pouco com os de Gaza. Por esta razão os israelenses não estão preocupados com os palestinos. A situação parece estável, ficará assim por alguns meses. Mas, de fato, nada é estável, é uma situação intolerável para os palestinos. As colônias judaicas se expandem a cada dia e os palestinos que vivem ali estão conscientes disso. Já o israelense não percebe o que acontece por lá, parece tão longe quanto a Lua. Mas com certeza, um dia, aquilo explodirá novamente e teremos uma terceira intifada. Hoje, quando o seu movimento Gush Shalom promove uma manifestação pela paz nas ruas, qual a reação do público? Avnery – Indiferença. Netaniahu teve êxito em fazer desaparecer completamente o problema palestino do mapa, e ninguém mais fala a respeito. Agora que Israel se prepara para eleições, a palavra “paz” desapareceu, tanto do programa dos partidos de direita, quanto dos de esquerda. Falam de outras coisas, como Irã, segurança, situação social. Recentemente o senhor fez uma manifestação, diante da casa do ministro da Defesa Ehud Barak, contra a política do gover-
no em relação ao Irã. Qual sua alternativa em relação à ameaça iraniana? Avnery – Escrevi há alguns meses um artigo no qual jurei que não haverá guerra com o Irã. É impossível. Ninguém atacará o Irã, nem os Estados Unidos, nem Israel. Veja o mapa, ali ao lado fica o Estreito de Ormuz, por onde passam 60% do petróleo mundial. Para os iranianos, é fácil fechá-lo e toda a economia mundial entraria em colapso. Não me preocupo muito com o Irã. Se chegarem a fabricar a bomba, poderá haver um balanço de terror, como há entre Índia e Paquistão, mas nenhum iraniano sonha usar uma bomba contra nós, eles sabem que Israel destruiria o país em 24 horas. Não há realmente um conflito entre Irã e Israel. Há alguns anos éramos até aliados. Toda esta tensão é artificial, manipulada por políticos dos dois lados por questões domésticas. Para Netaniahu, é uma desculpa para não tratar do problema palestino, nem dos temas sociais.
FOTO COM ARAFAT, EM DESTAQUE NA SALA DE ESTAR DE AVNERY
E o Hamas? Como o sr. pensaria em lidar com eles num processo de paz? Avnery – O Hamas é um movimento palestino legítimo, e precisamos conversar com eles. É um movimento complicado, um ramo da Irmandade Muçulmana, mas veja como esta governa o Egito, até com muita moderação. Mas não é difícil conversar com alguém que prega a destruição por ideologia religiosa? Avnery – É uma situação complicada. Ideologias religiosas se distanciam de posições práticas. Mas o Hamas já afirmou que se a Autoridade Palestina assinar um tratado de paz com Israel, e se isto for confirmado por referendo pelos palestinos, eles também aceitariam. O Hamas nunca dirá diretamente que fará paz com Israel. Para eles, do ponto de vista religioso, é impossível. Pela mesma razão que há setores da sociedade israelense que nunca aceitarão ceder partes de Eretz Israel. Os radicais da religião A influência do extremismo religioso se amplia em toda a região. A situação tenderá a piorar? Avnery – Há décadas que alerto para isto. Dizia que se não fizéssemos a paz com seculares como Yasser Arafat e alguns países árabes, tudo ficaria mais difícil, o conflito ficaria mais perigoso. Conflitos nacionais podem terminar com
compromissos, mas conflitos religiosos são mais difíceis e complicados. Falta liderança política na esquerda de Israel? Avnery – Muito. Não há nenhum líder, ninguém. A direita tem Netaniahu, que não é carismático, mas é esperto e sabe falar muito bem na TV. Talvez na dinâmica das eleições apareça alguém. Também tivemos há um ano um movimento de protesto social que atraiu centenas de milhares de pessoas. Talvez surja algum jovem dessas fileiras. O senhor tem um retrato de Arafat aqui, na sua sala, mas em Israel ele ainda é visto como um oponente sanguinário. Avnery – Arafat foi uma figura histórica, o autor de duas grandes revoluções. A primeira foi criar o movimento nacional palestino, similar ao que fez Simon Bolívar na América Latina. Ele colocou o problema palestino na pauta da política mundial. A segunda foi sua
Não há realmente um conflito entre Irã e Israel. Há alguns anos éramos até aliados. Toda esta tensão é artificial, manipulada por políticos dos dois lados por questões domésticas. Para Netaniahu, é uma desculpa para não tratar do problema palestino, nem dos temas sociais
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COM A FAMÍLIA NA ALEMANHA, EM 1930, DE ONDE IMIGRARIA PARA A ENTÃO PALESTINA, TRÊS ANOS DEPOIS
>> decisão de fazer a paz com Israel, algo para o qual ele trabalhou durante trinta anos de forma lenta mas constante, no sentido de convencer o próprio povo dessa necessidade. O senhor admirava Arafat? Avnery – Admirava a sua determinação em fazer a paz, pela mesma razão que admirava Itzhak Rabin. Ambos, em idade avançada, mudaram de posição em favor da paz. Rabin era uma pessoa lógica, e Arafat um homem impulsivo. Mas os dois perceberam que, para o bem dos dois povos, deveriam fazer um acordo. Arafat tinha falhas, mas acho que os pontos positivos eram muito mais importantes que os pontos negativos. Quanto ao atual líder palestino, Mahmoud Abbas, as opiniões se dividem em Israel. Alguns o consideram um parceiro sincero, outros o veem como um segundo Arafat somente com melhor marketing pessoal. Avnery – Realmente Abbas tem a mesma visão política que Arafat. Ele foi um dos fundadores da OLP, mas com a diferença de ser um civil por natureza e mais moderado. Abbas coloca as mesmas condições para a paz: um Estado palestino na Cisjordânia e Gaza, com capital em Jerusalém Oriental e uma solução simbólica para a questão dos refugiados. Esta posição, aliás, é da maioria do mundo árabe. Então Israel está perdendo uma oportunidade com Abbas? Avnery – Claro, e perdeu uma oportunidade ainda maior com Arafat, que tinha poder para levar o povo a aceitar um acordo, incluindo o Hamas. Este acordo poderia ser feito
amanhã de manhã. Se me dessem esta oportunidade, faria em uma semana. O problema é que, com a existência das colônias judaicas, não haverá negociações. Como dizem os palestinos, alguns de nós queremos negociar uma pizza, mas por enquanto estão comendo a pizza. O senhor está otimista com o futuro de Israel? Avnery – Sou sempre otimista. Em minha longa vida, vi coisas mudarem de forma inesperada, por isso acredito em mudanças. Mas hoje é mais fácil ser pessimista. Se a situação atual continuar, a possibilidade de solucionar o conflito com dois Estados desaparecerá. Ficaremos apenas com um Estado, mas logo os árabes serão maioria e teremos um apartheid. Haverá violência, muitos israelenses vão preferir morar no Brasil ou nos Estados Unidos e a população judaica ficará cada vez menor, até chegar ao que era aqui no começo do sionismo. Há um enorme iceberg na frente do nosso navio, mas não queremos ver. Preferimos falar que nosso navio é bonito.
Arafat foi uma figura histórica, o autor de duas grandes revoluções. A primeira foi criar o movimento nacional palestino, similar ao que fez Simon Bolívar na América Latina. Ele colocou o problema palestino na pauta da política mundial. A segunda foi sua decisão de fazer a paz com Israel
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magazine > economia | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
SAUL SINGER, QUE ESCREVEU START-UP NATION, VEIO A SÃO PAULO PARA PALESTRA NA CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL-ISRAEL
Israel inova com as
start-ups
ISRAEL É CONHECIDO COMO O “PAÍS DOS START-UPS”, NOME QUE SE DÁ A EMPRESAS DE TECNOLOGIA QUE NASCEM DE MANHÃ E À NOITE SÃO VENDIDAS POR VALORES MILIONÁRIOS. MAS ISTO É BOM PARA O SEU FUTURO?
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udo começou há quatorze anos, quando a Mirabilis, empresa de tecnologia fundada por três israelenses na faixa dos 20 anos, foi vendida após dois anos de funcionamento por US$ 407 milhões para o gigante AOL. Estava dada a largada para a transformação de Israel numa máquina de produção de start-ups, isto é, empresas high tech que desenvolvem algum produto inovador e são vendidas em seguida por somas milionárias.
Nos últimos anos, especialistas de Cingapura, Alemanha e China vieram para cá tentar descobrir a fórmula do sucesso da start-up nation, título de um livro a respeito do fenômeno israelense que virou best-seller internacional. Em razão do êxito destes empreendimentos, a marca “made in Israel” se tornou sinônimo de produtos inovadores ao redor do mundo. Mas todo este sucesso tem um lado menos glamoroso e até preocupante. Em Israel as start-ups representam um mercado relativamente pequeno, que contrata pouca gente e, quase sempre, de perfil jovem. Quando uma dessas empresas de tecnologia é vendida por milhões, quem lucra mesmo são pouquíssimas pessoas. Para complicar o quadro, um elemento pouco divulgado quando se fala no
“vale do silício sabra” é que muitos desses empreendimentos nem chegam à idade adulta. Segundo levantamento recente, um terço das empresas high tech fecham depois de cinco anos de atividade. Um editorial do jornal Haaretz alertou: “Enquanto delegações de todo o mundo correm para a Terra Santa para estudar a fórmula israelense, nós temos de debater se este foco nas startups é realmente bom. Criar empresas com o objetivo explícito de vendê-las não seria uma sabotagem ao futuro do país?” As start-ups estão formando uma cultura de negócios em Israel que, para alguns críticos, é negativa. Sempre que os jornais noticiam a venda milionária de uma dessas empresas, paira no ar a mensagem de que o ideal é se tornar rico de uma tacada só, sem fazer muito esforço para criar raízes empresariais mais sólidas. Outros dizem que o fenômeno das start-ups em Israel apenas esconde a falta de oferta de bons executivos no mercado local. A proposta de constituir empresas rapidamente apoiada em um produto inovador, e não numa linha duradoura, seria uma alternativa à falta de material humano especializado para criar empresas. A diferença na geração de empregos entre uma start-up e uma empresa tradicional é enorme. A primeira atrai basicamente programadores e engenheiros. A segunda emprega secretárias, pessoal administrativo, de vendas, marketing. Empresas tradicionais também pagam mais impostos e provocam maior impacto no conjunto da economia. Não que Israel nunca tenha produzido grandes empresas no estilo tradicional. Algumas são até motivo de orgulho nacional. Um exemplo é a Iscar, a segunda maior fabricante de ferramentas de metal no mundo, fundada por Stef Wertheimer, imigrante judeu alemão tão pobre que faltou dinheiro para estudar. Hoje tem subsidiárias em 52 países e a família – que detém o controle acionário – é a mais rica do país, com patrimônio de mais de sete bilhões de dólares. Sexo e família A sede da Iscar é na Galileia, região considerada periférica. A empresa cresceu de maneira discreta, só percebida por gente do ramo. Mas há seis anos chamou a atenção ao ser comprada pelo multibilionário americano Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, em sua primeira aquisição de uma empresa fora dos EUA. A diferença entre a Iscar e uma start-up pode ser medida pelo tratamento dado aos funcionários. Enquanto nas firmas de tecnologia o emprego depende das oscilações diárias nas bolsas de valores, em uma empresa tradicional a história é outra. Que o digam Aviva e Noam, pais do soldado sequestrado Gilad Shalit, que trabalhavam na área de marketing da Iscar. A empresa concedeu uma licença para o casal durante os longos anos de negociação para a libertação do filho e até cedeu um apartamento em Jerusalém para poderem atuar na capital do país.
Eitan Wertheimer, atual presidente da Iscar, desdenha do conceito de startup nation, afirmando que toda a atenção dada às empresas de alta tecnologia decorre da falta de tradição administrativa na cultura local. Outro fator para a proliferação dessas empresas, segundo o empresário, seria a falta de savlanut (“paciência”, em hebraico) típica do israelense, que atrapalha o surgimento lento de empresas de maior porte. “A diferença entre uma start-up e uma grande firma é como a diferença entre fazer sexo e constituir uma família. É bastante parecido, mas leva mais tempo para formar uma família”, ironiza o empresário. Os números também mostram que empresas tradicionais têm uma função estratégica muito mais duradoura para toda a economia quando comparadas às start-ups. Somente sete megaempresas tradicionais de Israel são responsáveis, cada uma, por vendas no exterior de mais de um bilhão de dólares. Observadores dizem que Israel precisa de mais empresas deste tipo, e menos de start-ups. O jornalista Saul Singer, coautor de Start-Up Nation, defende o modelo: “O mundo todo inveja a habilidade de Israel em criar tantas start-ups e tenta copiar o fenômeno. Se todos querem ser como nós, então provavelmente as coisas não estão tão más, mesmo que essas empresas de tecnologia sejam vendidas e desapareçam rapidamente”, pondera. O resultado de todo esse debate envolvendo start-ups e empresas tradicionais parece estar em um meio termo. A vocação da economia israelense é a tecnologia de ponta e, portanto, se o objetivo é criar empresas mais sólidas, muito provavelmente o material humano virá do pessoal das start-ups. Como diz Haim Shani, ex-presidente da Nice, uma empresa israelense líder no mercado mundial de tecnologia de segurança em sistemas computadorizados: “Num país onde a tecnologia é responsável por boa parte do PIB, deve haver lugar para todos, e todo tipo de empresa adicionará valor”.
A proposta de constituir empresas rapidamente apoiada em um produto inovador, e não numa linha duradoura, seria uma alternativa à falta de material humano especializado para criar empresas mais sólidas
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magazine > gastronomia | por Rotem Maimon em determinados temperos ou coberturas. A busca pelo tesouro dos melhores húmus de Tel Aviv e arredores revelou um novo mundo: húmus feitos com receitas tão secretas como a da Coca-Cola, métodos diferentes de preparálo e variedade de texturas. O mais surpreendente é a existência de tantos amantes de receitas de húmus, como há israelenses. De todo modo, se há um consenso geral de o húmus é ótimo, ele se desfaz no detalhe de que cada pessoa sabe onde se faz o húmus favorito. Para encontrar os cinco lugares que servem húmus, foram provadas dezenas de versões, em Tel Aviv e em outros lugares, e o autor sobreviveu para contar a história.
A PRODUÇÃO DO PROGRAMA DE ANTHONY BOURDAIN AINDA NÃO DESCOBRIU A DELICIOSA COMIDA DE RUA DO SHUK HACARMEL
Caminhos do húmus por terras de Israel HÁ ALGUMAS EDIÇÕES, NOSSA COLEGA DESIRÉE NACSON REVELOU A INDIGNAÇÃO DOS OFENDIDOS PELO FATO DE, SEGUNDO ELA, TÃO POUCOS JUDEUS BRASILEIROS VISITAREM ISRAEL. PARA OS QUE VIAJAREM AO ESTADO JUDEU, EIS O APETITOSO ROTEIRO DOS MELHORES LUGARES DE TEL AVIV PARA COMER HÚMUS
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om todo o respeito ao falafel e ao schnitzel, em um plebiscito para escolher o alimento nacional o húmus ganharia com vários pratos de diferença. Mas convém ser honesto e confessar que foi adotado dos vizinhos e quase recentemente pois a Guerra da Independência, em 1948, expôs muitos israelenses à cozinha árabe pela primeira vez, e o húmus pegou, porque eram tempos de auste-
ridade econômica e oferecia uma refeição satisfatória por muito pouco dinheiro. Desde então, o húmus passou a ser comido de várias maneiras. Há os que o comem apenas nas tardes de sextafeira, aqueles que só no Shabat, e finalmente os que o ingerem o tempo todo. Alguns comem com pita e outros que o preferem sem ela. Há os que fizeram desse ato parte de certos rituais muito específicos, por exemplo, somente ao ler as páginas de esporte ou bebendo suco de uva, e há aqueles que insistem
O “TRIPLO” DO ALI KARAVAN Em Yafo existem dois tipos de fãs do húmus: aqueles que gostam do Kalboni (certamente, um bom húmus) e aqueles adeptos do Ali Karavan, que são muitos e confirmado pelas filas e pela aglomeração nos finais de semana ou qualquer hora. Karavan também era conhecido como Abu Hassan e começou em 1959 com um pequeno quiosque de húmus na Rehov Hadolphin, perto do porto de Yafo. A freguesia aumentou tanto que em 1972 ele abriu um restaurante de verdade, próximo de Shderot Yerushalaim (rua central de Yafo, que une Tel Aviv a Bat Yam). Logo também o restaurante se tornou pequeno e Karavan abriu mais um, do outro lado da rua. Ali Karavan morreu em 2007, e deixou um húmus glorioso como herança. Prato vencedor: o triplo, uma porção de húmus, ful (favas, um tipo de feijão) e massabachá, mas que massabachá! Legiões de comensais decidiram o que é bom para eles – isto é, tudo. Peça o húmus simples, mas é o triplo que vai revelar as raras qualidades que fizeram deste lugar um sucesso estrondoso: húmus quentes, de delicada textura, quase cremosa e sutil, uma massabachá feita com carinho, transcendendo o sabor de tahini, alho e limão. O ful dá um toque de profundo sabor ao prato, e todo o prato é temperado com cominho, páprica, azeite de oliva e um pouco de molho de pimenta. Se tudo tem um gosto tão bom, quem se importa de compartilhar a mesa e uma multidão de estranhos olhando? Resumo: este é o único húmus pelo qual vale a pena esperar na fila. Preço: dezenove shekalim, acompanhados de muito barulho, cebola crua, molho de pimenta, e pitas. Endereço Ali Karavan / Abu Hassan – Rehov Shivtei Yisrael 14, Yafo O BARATO MASSABACHÁ NO HÚMUS HACARMEL Alguém pode passear anos pelo shuk Hacarmel sem notar que lá se vende um húmus surpreendente. Mas o que faz dele surpreendente? Primeiro, o tamanho do quiosque, dois espaços enormes escondidos atrás de barracas. Segundo, o preço, pois este húmus é o mais barato de Tel Aviv. Terceiro, o sabor. É um húmus simples, feito como se deve e saboroso. É um ótimo lugar para visitar em qualquer circunstância – com fome do cansativo passeio pelo shuk ou especialmente para conhecê-lo.
O prato vencedor e o massabachá. É claro que o barato pode deixar a pessoa cismada com a qualidade. Mas é tudo bom, mesmo sem fanfarras ou recepcionistas. O consumidor vai até o balcão pede húmus ou massabachá, o preço é o mesmo. O massabachá vem quente e denso, enche um prato grande com um gosto rico de tahini em bruto, caroços inteiros de grão-de-bico, azeite de oliva de qualidade e temperos. Em resumo: surpreendentemente saboroso, prova que barato não significa necessariamente que se tem de aceitar qualquer coisa. Preço: dez shekalim e acompanha duas grossas pitas artesanais. Por este preço qualquer um imagina que não haveria quaisquer acompanhamentos, mas tem picles fatiados bem fininhos e molho de pimenta no prato de húmus. Misturando tudo, fica delicioso. Endereço Húmus Hacarmel – Hacarmel 11, Tel Aviv (a rua central do Shuk Hacarmel) O LOCAL: MASHAWSHÁ NA MASHAWSHÁ Há muitos bons lugares de húmus no centro, mas no Mashawshá é melhor, desde a atmosfera de bairro até o húmus, confessadamente excepcional. Mashawshá é o prato mais popular de húmus nas aldeias árabes da Alta Galileia e significa “desigual ou irregular”, referência à textura irregular do húmus. O mashawshá é o prato vencedor. Um dos problemas com o húmus, por mais bem feito que seja, é o fato de repousar pesadamente no estômago. Mas esta mashawshá parece que está cheia de ar, isto é, excepcionalmente arejada, e leve, o que pode ter relação com a preparação dos grãos-de-bico, imprensados logo após o cozimento e misturados com tahini, suco de limão e azeite. Pode ser reforçado com um pouco da excelente tahini e mais alguns grãos-de-bico. É uma iguaria das mais delicadas da qual se come facilmente um prato e meio. Este é sem dúvida um dos melhores lugares de húmus no centro da cidade. Preço: 22 shekalim para a masha>>
Em Yafo existem dois tipos de fãs do húmus: aqueles que gostam do Kalboni (certamente, um bom húmus) e aqueles adeptos do Ali Karavan, que são muitos e confirmado pelas filas e pela aglomeração
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magazine > gastronomia
Comida de rua em Israel
>> wshá, dois shekalim para o tahini adicional e os grãos-debico. É um dos poucos lugares onde se encomenda uma pita de trigo integral. Faz parte do pedido picles caseiro de legumes, e as famosas azeitonas do lugar. Num bom dia tem repolho em conserva muito saboroso acompanhando as saladas preliminares. Há a cebola, e confira se veio o molho verde, inocente somente na aparência. É picante. Endereço Mashawshá – Rehov Pinsker 40, Tel Aviv (vindo pela Dizengof, na Kikar Dizengof em direção ao mar) O SEGREDO: HÚMUS COM GRÃOS-DE-BICO NO SHLOMO E DORON O Kerem Hateimanim, o bairro iemenita, é o verdadeiro paraíso para os amantes de húmus de todos os tipos. Lá há grande variedade de húmus, mas os entendidos em húmus do bairro, como os de Yafo, se dividem em dois grupos: aqueles que amam o do Húmus Hasuri (é bom, mas ...), e os fãs do Shlomo e Doron, um segredo conhecido por todos do pedaço, uma casa aberta em 1937 por Shlomo a que o neto Doron deu continuação. O prato vencedor é o húmus com grãos-de-bico. A sugestão dos proprietários é o húmus e ful, mas o húmus com grãode-bico dispensa ful ou qualquer outra coisa. Coma o húmus como tal, ou no formato de massabachá. Não tem vez para arrependimento. O sabor desse húmus é muito delicado, de boa textura e vem com grãos-de-bico cozidos. Uma sugestão
O DELICIOSO SHAKSHUKA QUE NENHUM RESTAURANTE ÁRABE DE SÃO PAULO INCLUI NO CARDÁPIO ; FILA NA PORTA DO ALI
KARAVAN, UMA CASA DE HÚMUS QUE SE VÊ LOGO À CHEGADA DE YAFO
é uma boa espremida no limão. Aqueles que preferem a massabachá será servida bem temperada, com cominho, páprica, limão e alho. Em resumo o pessoal do Kerem Hateimanim sabe o que é bom para eles. Preço: dezenove shekalim por um prato pequeno, na verdade muito grande e acompanha molhos de limão, de cebola e de pimenta. As pitas são normais, mas quando quentes não se consegue parar de comê-las. Endereço Shlomo e Doron – Rehov Yashkon 29, Tel Aviv. O MAIOR: HÚMUS COM FUL NO ASSAF O Húmus Assaf está no seu local atual na Rehov Hahashmonaim (próximo do começo da Ibn Gvirol, ao lado da cinemateca de Tel Aviv, a menos de três quadras da embaixada do Brasil) há dois anos e meio, um lugar bem melhor do que as encarnações anteriores. A vantagem está nas porções são generosas, o serviço é acolhedor e, principalmente, é grande a variedade de itens que se podem adicio-
nar ao húmus, como bolinhos de carne, coisa que ninguém pensara antes. Se o cliente cansou de húmus, lá as alternativas ganham a forma de schnitzel e pratos de peixe, feitos pela mãe de Assaf. O prato vencedor é o húmus com ful e ovo duro, um clássico em qualquer lugar de húmus, mas é preciso algo a mais para fazê-lo sobressair, e no caso do ful do Assaf isso parece fácil. O ful vem como um prato de cozido em quantidade generosa, com muitos grãos inteiros, além de limão e especiarias, uma receita secreta. O húmus é cremoso e de sabor excepcional que o ful não abafou. O prato é maior do que em qualquer outro lugar. Em resumo, as pessoas pedem húmus mas acabam no ful. Preço: 24 shekalim. Acompanha pitas normais, mas há muitas outras delícias na forma de dois tipos de molhos picantes em um prato, salada de repolho, um excelente molho de limão e falafel da casa. Endereço Húmus Assaf – Rehov Hahashmonaim 88, Tel Aviv >>
Para quem não é iniciado nos comes e bebes locais, é importante explicar o que é muito popular e comum. Na área ao redor do shuk Hacarmel, em Tel Aviv, existem vários lugares no qual se come ful. O ful é um tipo de fava ou feijão, servida em um prato fundo e pequeno ao qual se acrescentam húmus, tahini, azeite de oliva, ovo duro, com pitas, quartos de cebola crua fria, pepino azedo fatiado e pimentas picantes, geralmente preparadas como picles, picantes mas não muito. O ful é quente; o húmus e a tahini não. É normal nas ruas em torno do shuk encontrar pessoas sentadas a mesas de fórmica. Algumas pessoas bebem um aperitivo preparando o estômago para o verdadeiro ataque que vai sofrer. A cebola crua faz parte de quase todas as comidas ditas “populares” e os verdadeiramente iniciados nesse hábito não prescindem dela. E são os iniciados que pedem a versão comblet. É “comblet” porque em árabe não existe um som equivalente ao “p” e por isso é automaticamente substituído pelo “b”. Portanto, peça um “comblet”, o nome genérico dessa combinação de ful, húmus e ovo duro, regado a óleo de oliva. Os tipos de comida mais populares daqui são o húmus, ful, tahini, massabachá, mashawshá, maluta, shakshuka, falafel, bureka, e sanduíche tunisiano. Todos, menos os dois últimos, podem ser pedidos no prato ou na pita. A massabachá e a mashawshá são variedades do húmus. A shakshuka é um cozido de tomates e pimentões vermelhos, no qual se fritam ovos, temperado com sal, pimenta, cúrcuma, cominho, e páprica, que os viciados preferem picante. O epicentro da shakshuka é a praça do relógio de Yafo. Lá está o restaurante chamado Dr. Shakshuka. Procure a Rehov Yefet. Nesta rua, que sai da praça, está localizado o Abuláfia, a loja de massas mais famosa do país com pitas, beigale e etc., na rua 3338, que é um beco no interior do prédio de esquina. No Abuláfia e em outras boas casas do ramo se vendem massas recheadas com queijo búlgaro, batata cozida, etc., e com uma mistura de folhas de za’atar (origanum syriacum) com gergelim e sal. O za’atar vem em um saquinho de papel, e a pessoa aplica a mistura colocando pedaços da pita ou do beigale no saquinho, e come suspirando. O falafel de boa qualidade vem acompanhado por uma grande variedade de saladas e molhos, e no Paamonim, em Ramat Hasharon, funciona o sistema conhecido por tosafot chofshiot, ou seja, o freguês faz acréscimos à vontade de saladas e molhos e o preço é fixo. Exemplos típicos: salada de tabule, dois tipos de saladas de cebola, de verduras, de tomates, picles diversos, batatas fritas, tahini, amba (molho indiano à base de manga e curry), e cerca de quinze tipos diferentes de pimentas. O sanduíche tunisiano é servido em baguete com atum, ovo duro, cebola, limão em conserva com sal, alho e páprica, salada, pimenta verde frita, batata cozida. O centro está localizado próximo do shuk de Netânia. As burekas são feitas com massa assada, recheadas de espinafre ou queijo búlgaro, e servidas com huevos chaminados, isto é, ovos duros cozidos durante horas na mesma panela do tchulent, ou chamin para os sefaradim. Têm origem turca.
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OS MELHORES FORA DE TEL AVIV SA’ID, ACRE (ACCO) Esqueçam por momentos do húmus de Tel Aviv. Húmus do jeito que se come na Galileia é em Acco, especialmente o do Sa’id. O húmus é grande, e a maluta cheia de grãos-de-bico inteiros é uma porção deliciosa, assim como a excelente mashawshá. Em nome do húmus vale a pena enfrentar as intermináveis filas. Endereço Húmus Sa’id, Mercado da Cidade Velha, Acco ABU YUSSEF, HAIFA Escolher entre Abu Yussef e Abu Maron foi difícil, pois ambos fazem húmus incríveis, entre os melhores do país. No final, Abu Yussef ganhou por um voto em razão do sabor extraordinário do húmus, da suave e delicada textura, do maluta e dos pinhões que em certos dias acompanham o húmus. Além disso, as porções são grandes e as pitas viciam. Endereço Abu Yussef, Rehov Ziso 29, Haifa HÚMUS LINA, JERUSALÉM Se somente Jerusalém dá uma lista de quinze ótimos lugares para comer húmus, como escolher apenas um? Este exemplar único esconde-se nas vielas do bairro cristão da Cidade Velha e se destaca pela relativamente baixa proporção de tahini na mistura, o que refresca a memória do autêntico sabor do húmus. Só por isso vale a pena viajar a Jerusalém. Endereço Húmus Lina, Akava El Hanakhah 42, Cidade Velha (entre a Via Dolorosa e a Saint Francis, que são a mesma rua) KHALIL, RAMLA Khalil está nesta lista porque a massabachá é excelente, e o orgulho de Ramle. É feito a partir de uma receita secreta, mas o gosto dominante denuncia muito tahini e grãos-de-bico inteiros perfeitamente preparados. O molho dá à massabachá um
sabor ligeiramente adocicado e, ao mesmo tempo, levemente azedo. Há também carnes no espeto e outros pratos. Mas o húmus é a melhor pedida. Endereço Húmus Khalil, Rehov Kehillat Detroit 6, Ramla. HÚMUS MASHANI, RISHON LETZION A chegada do Mashani faz esquecer tudo o que sempre se soube a respeito de húmus. Mashani começou como uma pequena loja na casa da família, em Yafo, com o tempo cresceu e se mudou para o pequeno e acolhedor bairro Rishon. Sem alarde, é servido um enorme prato de húmus, grosso com forte gosto de tahini. O mashawshá também é diferente do que em outros lugares – em camadas, em vez de todos juntos misturado – e que o torna tão maravilhoso. HÚMUS AFIF, KALANSUA Na região conhecida como o triângulo da Galileia existe um húmus tão distinto de qualquer outro que explica a razão pela qual os moradores do Sharon norte e do Emek Hefer não o trocam por qualquer Hassan Abu. O que faz o húmus Afif tão bom é uma textura delicada, o ful diferente do que se conhece e se destaca pelos condimentos. Encha um prato até a borda, com as pitas mais finas que se encontram apenas em Kalansua. Tradução de Yossi Turel
Receita de shakshuka Fritar por dez minutos uma cebola picada em fatias finas. Acrescentar três tomates cortados e um pimentão vermelho cortado em partes pequenas; adicionar um pouquinho de água para o tomate amaciar mais rapidamente; acrescentar meia pimenta ardida vermelha (se não gosta de muito picante tirar as sementes, e o fio branco) e quatro dentes de alho fatiados fininho. Adicionar duas colheres das de sopa de caldo de galinha em pó, 1/4 de copo de salsinha picada, um pouco de noz-moscada, sal, páprica e pimenta negra. Acrescentar uma colherinha de cúrcuma e meia de cominho. Quebrar um ovo na frigideira e mexer bem, depois adicionar uma caixinha de massa de tomate diluída em um copo de água até ficar uniforme. Cozinhar em fogo baixo durante quinze minutos, depois acrescentar mais dois ovos e deixar em fogo médio baixo por aproximadamente dez minutos até fritar os ovos. Por tradição, come-se direto da frigideira, mergulhando o pão ou pita no molho e no ovo. (Y.T.)
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magazine > segurança | por Meir Elran e Alex Altshuler *
O PROFESSOR SHMUEL MARCO, DA UNIVERSIDADE DE TEL AVIV, CRIOU UM SISMÓGRAFO FÓSSIL
Israel está preparado para um terremoto? ISRAEL SE SITUA SOBRE A FRATURA SÍRIA-AFRICANA, FALHA GEOLÓGICA QUE EM ALGUM MOMENTO PRODUZIRÁ TERREMOTOS DE GRANDE INTENSIDADE NA REGIÃO. QUE FATORES DEVEM SER LEVADOS EM CONTA DIANTE DE UM DESASTRE NATURAL?
N
o passado, onde hoje é o Estado de Israel, ocorreram terremotos nas localidades de Tiberíades, Beit Shean, Sussita, Ramla, e outros locais. Esta fratura separa duas placas tectônicas, a síriaafricana e a placa árabe. Ela começa no sul da Turquia, atravessa a Síria e o Líbano, continua pelo vale do Jordão, Mar Morto, Mar Vermelho, e avança pela África até Moçambique. No final de outubro, Israel executou o primeiro exercício para avaliar se o Estado e suas instituições estão preparados para o caso de um terremoto severo. Faz parte dos usos e costumes da população israelense realizar exercícios considerando questões de segurança como foguetes e mísseis e que se intensificaram a partir da segunda guerra com o Líbano, em 2006. O fato de este exercício levar em conta o cenário de um terremoto implica o reconhecimento da importância da preparação para desastres naturais, cujos prejuízos em vidas e patrimônio muito maiores do que em razão de guerra, terrorismo, e outros conflitos provocados pelo homem. Também implica a compreensão de que a natureza de uma emergência é genéri-
ca e muitos dos eventos que provoca são comuns aos desastres naturais ou aqueles provocados pelo homem. Desta forma, se a população estiver bem preparada para desastres naturais em geral, e terremotos em particular, também saberá enfrentar aqueles causados por questões de segurança. O objetivo do exercício foi o de melhorar a resposta integrada e preparar os organismos governamentais e a população para melhor administrar a ocorrência de um terremoto em Israel, a partir da avaliação das respostas das unidades municipais e das autoridades civis e militares, a infraestrutura e a população em geral, no caso de um terremoto de 7.1 na escala Richter a uma profundidade de dez quilômetros na área do vale do Hula, norte do país. O tremor também provocaria ondas de cinco a quinze metros de altura ao longo da costa, causando prejuízos no porto de Haifa e na usina elétrica a gás Reading em Tel Aviv. Após um longo período em que Israel negligenciou a possibilidade de um desastre natural de tais proporções, agora já tem o ponto de partida a partir do qual poderá enfrentar eventuais desastres naturais massivos. A pergunta é se estes exercícios serão capazes de gerar um sistema estruturado e efetivo de preparação, que cobrirá necessidades distintas, incluindo os desafios da segurança. As autoridades acreditam que será possível conciliar a adequada preparação para os momentos do evento de modo a garantir o funcionamento normal do país e a recuperação dos danos causados pelo desastre natural. Por enquanto, todavia, o balanço é ainda negativo. A terra tremeu Feitas as contas a partir da estrutura criada para o cenário de emergência – o cenário concreto para o exercício – o terremoto causaria cerca de sete mil mortes (menos da metade de outros exercícios), 8.600 pessoas severa ou moderadamente feridas, 37.000 feridos leves, 9.500 pessoas presas entre os escombros, 170.000 desabrigados, 28.000 edifícios com danos pesados, e a interrupção de vários e
importantes sistemas de infraestrutura. O prejuízo foi estimado em, no mínimo, cinquenta bilhões de novos shekalim. No exercício foram considerados o comando e o controle, o funcionamento contínuo, serviços civis, evacuação, assistência internacional e a restabelecimento da vida normal. O exercício tinha por objetivo avaliar o grau de conscientização a respeito da gravidade do desafio, atribuir notas às estratégia de resposta, o exame de melhoras futuras na preparação, e a criação de uma base conceitual para a reconstrução sistemática após o desastre. Concluído o exercício, uma primeira avaliação sugeriu que: O exercício nacional foi realizado a partir da premissa de que os israelenses não estão preparados adequadamente para um grande terremoto com muitas vítimas. É verdade que alguns passos foram dados, mas o país deve passar por um longo e complicado processo. Exercícios em geral e o atual em particular são cruciais para fortalecer a preparação sistemática do ponto de vista nacional e local. Um exercício explica a premissa básica da existência de uma correlação direta e positiva entre a preparação apropriada e a redução do dano provocado por desastres naturais ou causados pelo homem. Para seu crédito, Israel tem a seu favor o fato de ser um dos primeiros do mundo em exercícios desse tipo. Depois de se dedicar durante anos unicamente a emergências relacionadas à segurança, a sociedade civil tem sido treinada para responder aos desafios de desastres naturais, menos comuns nesta região mas cuja capacidade de causar danos é muito maior, em razão das mortes e dos danos conhecidos no dia-a-dia, que requerem formular um tratamento estratégico e uma preparação meticulosa. O principal é a delicada questão da evacuação em massa, e os serviços de emergência. Todos conhecem as soluções teóricas, mas há dúvidas de que possam dar a resposta necessária. A assistência internacional teve papel predominante no exercício, e com boa razão. O tema foi tratado principalmente do ponto de vista técnico, na recepção da ajuda externa. Isso é tão importante quanto a convicção de que, sozinho, o Estado de Israel é incapaz de arcar com grandes desastres, o que também vale para outra situações.
Os danos previstos em infraestruturas críticas (abastecimento de energia elétrica e água, comunicações e transporte) exigem mais estudos e preparação adequada para cenários de tragédias naturais e outros episódios perigosos – e talvez mais plausíveis – como ataques cibernéticos, guerra generalizada e atividade terrorista. Trata-se de um desafio que requer atenção, mas que parece insuficiente, parcialmente por restrições orçamentárias. Autoridade, responsabilidade, comando e controle são os temas mais importantes porque as pessoas devem administrar os eventos à medida em que se desenrolam. Há questões legais entre outras razões porque o sistema civil está longe de ser regulado apropriadamente. A situação se complica mais em razão do caráter dos desastres naturais, as muitas mortes, o tamanho dos prejuízos em geral e nas comunicações e no controle da nação. Como é habitual quando se trata de Israel, a expectativa aqui era de que as Forças de Defesa de Israel (IDF), principalmente porque têm o comando destas ações, assumiriam num estágio inicial. Mas para que isso aconteça, ainda que de maneira limitada, as Forças de Defesa de Israel necessitam prepararse para cenários de sensíveis perdas civis, e este é um desafio muito sério, e, da mesma forma, em qualquer lugar a reconstrução após um desastre natural sempre foi a tarefa mais difícil. Tradução de Yossi Turel * Pesquisadores do Instituto para Estudos Nacionais de Segurança
À espera do Big One Terremoto em Israel, com sete mil mortos, setenta mil feridos e 170 mil desabrigados. Que Ele nos livre, mas foi este o cenário do maior exercício de preparo para uma eventualidade destas na história do país, feito no final de outubro. Durante uma semana, equipes de socorro simularam exercícios de resgate e crianças nas escolas foram treinadas para correrem a abrigos. Já o cidadão comum recebeu pelos meios de comunicação instruções do que fazer na hora H: deixar o apartamento e descer para a rua, mas se não der tempo, ir para a área das escadas do prédio, lugar sempre mais reforçado. No desespero, também é recomendável buscar abrigo debaixo de um móvel sólido. Ló aleinu, como dizem por aqui. (A.F.)
Um terremoto de 7.1 na escala Richter em Israel causaria cerca de sete mil mortes, 8.600 pessoas severa ou moderadamente feridas, 37.000 feridos leves, 9.500 pessoas presas entre os escombros, 170.000 desabrigados, 28.000 edifícios com danos pesados, e a interrupção de vários e importantes sistemas de infraestrutura
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magazine > império otomano | por Aaron Aaronsohn
O general alemão que protegeu os judeus OS JUDEUS DA PALESTINA ESCAPARAM, POR UM TRIZ, DO MESMO DESTINO RESERVADO AOS ARMÊNIOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL GRAÇAS AOS ESFORÇOS DE UM ALTO OFICIAL DO EXÉRCITO ALEMÃO
O
esforço de guerra otomano na Palestina durante a Primeira Guerra Mundial foi conduzido por ofi ciais alemães, e a participação deles registrada pelos fotógrafos da colônia americana. O general alemão Erich von Falkenhayn, oficial prussiano competente e chefe do Estado-Maior do exército germânico, era o comandante das tropas turcas e alemãs em 1917-1918. Da coleção de fotos alemãs consta a imagem de Falkenhayn deixando a Palestina em 1918, e a informação, na legenda, abaixo, de que ele teria impedido um massacre dos judeus pelos turcos: “Cabe a Falkenhayn e ao Estado-Maior alemão o crédito por terem impedido um genocídio otomano de cristãos e judeus na Palestina semelhante ao dos armênios”. (Na Wikipedia, seu biógrafo Holger Afflerbach declara que “uma violência desumana contra os judeus na Palestina só foi evitada devido à conduta de Falkenhayn que, em comparação com a história alemã do século 20, tem um significado especial, e que o distingue”.) De acordo com a família Falkenhayn, “enquanto foi comandante, ele conseguiu impedir os planos turcos de expulsar todos os judeus da Palestina, especialmente de Jerusalém. Essa expulsão deveria ser executada tal como o genocídio dos armênios, por isso é justo que Falkenhayn impediu a erradicação dos assentamentos judeus na Palestina”. Isso é verdade, ou apenas mais um testemunho alemão de modo a equilibrar a mancha do nazismo duas décadas mais tarde? Outro líder foi Enver Paxá, que chefiou o Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, e ao visitar a Palestina, foi fotografado com Jamal no Monte do Templo e em Be’er Sheva. Jamal Paxá duvidava da lealdade dos judeus da Palestina e como os movimentos nacionalistas no Império desgastavam o domínio turco, era preciso esmagar o nacionalismo árabe e judaico. Os sionistas eram particularmente suspeitos de se opor ao governo otomano, e líderes como David Ben-Gurion eram frequentemente presos, perseguidos ou exilados. Enquanto muitos emigravam da Rússia, um Estado inimigo, mil voluntários
judeus – alguns da Palestina – alistavamse no exército britânico, e em 1915 formavam o Zion Mule Corps (Corpo de Mulas de Sião), mais tarde conhecido como a Legião Judaica, e que lutou contra os turcos em Galípoli. Os judeus da Palestina temiam que, depois dos armênios, seriam os próximos e por esta razão teceram a rede de espionagem Nili para ajudar o esforço de guerra britânico. Eitan Belkind, por exemplo, infiltrouse no exército turco, atuou no EstadoMaior de Jamal Paxá e testemunhou o massacre de cinco mil armênios. Mais tarde, o irmão de Eitan foi enforcado pelos turcos acusado de ser espião da Nili. Em novembro de 1915 Sarah Aaronsohn viajou de trem e carroça da Turquia para a Palestina para se fixar em Zichron Yaakov e no caminho viu as atrocidades cometidas contra os armênios. Em 1916, ela juntou-se ao irmão Aharon Aaronsohn, conhecido agrônomo, para formar a rede de espiões Nili. Em outubro de 1917 Sarah foi presa e torturada pelos turcos em Zichron Yaakov mesmo, mas se suicidiou para não entregar informações. Na época, os britânicos se dirigiam ao norte do Sinai e pressionavam os turcos ao longo da linha Gaza-Be’er Sheva. Em suas memórias Aharon escreveu que “a ordem turca de confiscar nossas armas era um mau sinal porque fizeram o mesmo com os armênios antes de massacrá-los, e temíamos que o nosso povo enfrentasse o mesmo destino”.
Eis uma descrição da crueldade do comandante Hassan Bey, de Jafa, em 1914: “De uma hora para outra, teve a ideia de convocar respeitáveis chefes de família para um encontro depois da meia-noite... E o pedido para trazerem algum objeto de casa, que lhe havia agradado. A cada convite desses todo chefe de família deveria temer prisões aleatórias, insultos, torturas e agressões”. Prenúncio de genocídio? Um dos atos mais terríveis perpetrado pelos turcos foi a repentina expulsão dos judeus de Jafa, em abril de 1917, véspera de Pessach. Foram expulsos entre cinco mil e dez mil judeus e coube ao ishuv [a comunidade judaica] da Galileia e de Jerusalém abrigar muitos refugiados. No entanto, a combinação de bloqueio da ajuda financeira judaica estrangeira com uma praga de gafanhotos matou cerca de 20% da população judaica de Jaffa por fome e doença. Segundo o historiador alemão Michael Hesemann, “o comandante turco Jamal Paxá, responsável pelo genocídio armênio, ameaçou os colonos judeus sionistas. Em Jafa, mais de oito mil judeus foram forçados a deixar as casas, saqueadas pelos turcos, que enforcaram dois judeus em frente à porta da cidade e deixaram dezenas de pessoas mortas na praia. Em março, de acordo com a agência de notícias Reuters a ‘expulsão em massa de judeus poderia levar ao mesmo destino dos armênios’”. Em 1921, um representante da Palestina relatou ao XII Congresso Sionista no painel “Palestina durante a Guerra”: “Em Jerusalém [aparentemente em 1917] dezenas de crianças passavam fome nas ruas. Centenas de pessoas morriam toda semana de tifo e cólera, e não se organizou nenhum auxílio médico adequado... A falta de organização matou uma parcela considerável da população de Jerusalém. Quando o exército inglês capturou Jerusalém havia mais de 2.700 órfãos. Em Safed as condições eram semelhantes ou talvez piores que as de Jerusalém com uma taxa de mortalidade assustadoramene alta que no fim da guerra deixou quinhentos órfãos”.
O GENERAL ERICH VON FALKENHAYN
(À DIREITA) E DESCENDO AS ESCADARIAS DO
MONTE DO TEMPLO COM OFICIAIS OTOMANOS
Vários relatos confirmam que oficiais e diplomatas alemães salvaram os judeus da fúria otomana antes de os britânicos conquistarem a Palestina, entre o final de 1917 e começo de 1918. O relatório do Congresso Sionista diz que “durante a permanência no país os funcionários consulares estrangeiros estavam sempre prontos a ajudar, e prestaram serviços valiosos ao ishuv. Principalmente o vice-cônsul alemão, Schabiner, em Haifa... A população judaica também se beneficiou com a presença do chefe da missão militar alemã, o coronel Kress van Kressenstein, que em várias ocasiões interferiu em favor dos judeus”. Para Holger Afflerbach, professor da Universidade de Leeds e biógrafo de Falkenhayn, o general “supervisionava a aplicação das medidas turcas contra os colonos judeus acusados de alta traição e de colaboração com os ingleses mas de modo a que essas medidas não fossem duras. Jamal Paxá falava em evacuação de todos os colonos judeus na Palestina. As comparações com o início do genocídio armênio são evidentes. Tudo começou com as acusações turcas de que os armênios colaboravam com os russos, e, por isso, os otomanos decidiram transportar todos os armênios para outra parte do Império, longe da fronteira. E isso determinou a morte dos armênios. Como em fins de 1917 a Palestina era geopoliticamente muito importante, algo muito semelhante po>>
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magazine > império otomano
A ironia das ironias
>> deria ter acontecido com os colonos judeus”. “Assim, o papel de Falkenhayn foi crucial”, explicou Afflerbach. “Em novembro de 1917 o oficial alemão sabia de casos isolados de cooperação entre ingleses e alguns radicais judeus, mas (para ele) seria injusto punir comunidades judaicas inteiras que nenhuma relação tinham com isso. Portanto, nada aconteceu aos assentamentos judaicos, e apenas Jaffa foi evacuada, e por Jamal Paxá.” O historiador alemão Hesemann cita o chefe do Escritório Sionista em Jerusalém Jacob Thon, que em 1917 escreveu: “Foi sorte o general von Falkenhayn estar no comando nos dias críticos, pois Jamal Paxá – como sempe dizia – teria expulsado toda a população (judaica) e transformado o país em ruínas...” O biógrafo Afflerbach conta que Falkenhayn não morria de amores pelos judeus, afinal “ele era um típico oficial do kaiser Guilherme e não estava livre de alguns preconceitos contra os judeus, mas o que conta é ter salvado milhares de vidas judias”. Se é assim, por que nunca se ouviu falar de Falkenhayn e do papel que desempenhou na proteção dos judeus da Palestina? Afflerbach: “A atuação dele foi esquecida porque Falkenhayn impediu ações dos otomanos que poderiam ter resultado em genocídio... Durante décadas não se discutiu o incidente, retomado somente nos anos 1960, quando os estudiosos começaram a se lembrar”. * O escritor foi diplomata israelense sênior em Washington. Hoje, é consultor de relações públicas e publica o http://www.israeldailypicture.com/
COM O GENERAL OTOMANO JAMAL
PAXÁ (À DIREITA, NO CARRO) QUE PRETENDIA EXPULSAR OS JUDEUS E ARRASAR A PALESTINA
De acordo com fontes turcas, havia tensão considerável entre Jamal Paxá e Falkenhayn, como este relato no texto em inglês Turkey in the First World War (“A Turquia na Primeira Guerra Mundial”): “O ataque britânico a Jerusalém começou em 8 de dezembro. A cidade foi defendida pelo Corpo XX, comandado por Fuad Ali Paxá. (Mas Falkenhayn não enviou reforços para Jerusalém, temeroso de que as relíquias e os lugares santos fossem danificados pelas intensas lutas). Após a retirada de Jerusalém, Fuad Ali Paxá telegrafou a Jamal Paxá: ‘Desde o meu primeiro dia comandando a defesa de Jerusalém não recebi nenhum apoio, exceto de um regimento de cavalaria... Os britânicos, beneficiários do cansaço dos meus pobres soldados, invadiram a bela cidade de Jerusalém. Acredito que a responsabilidade deste desastre recai completamente sobre Falkenhayn!’ Falkenhayn culpou von Kressenstein e seu chefe do EstadoMaior... Crescia o descontentamento com os conselhos e o comando do general Falkenhayn. Sua incapacidade resultou na perda da linha Gaza-Beersheva e a recusa em enviar reforços resultou na perda de Jerusalém... Enver Paxá também estava perdendo a paciência, e em 24 de fevereiro de 1918 ,trocou Falkenhayn.” Eis a ironia das ironias. Os judeus da Palestina devem sua sobrevivência durante a Primeira Guerra Mundial a um oficial do exército alemão. Portanto, as fundações do futuro Estado de Israel foram estabelecidas graças a Falkenhayn. Passados 25 anos, o exército alemão promoveria o genocídio dos judeus da Europa, e isto sugere, em última análise, que os sobreviventes do genocídio nazista viriam a se abrigar no legado de Falkenhayn.
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magazine > viagem | por Bernardo Lerer, em Havana
A Cuba dos judeus ANTES DA REVOLUÇÃO QUE DERRUBOU FULGENCIO BAPTISTA, ELES ERAM DEZENOVE MIL. HOJE, CUBA ABRIGA CERCA DE 1.300 JUDEUS NAS SINAGOGAS QUE CONCENTRAM AS ATIVIDADES COMUNITÁRIAS
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PORTA DE ENTRADA DO HOTEL RAQUEL, EM HAVANA, COM A MEZUZÁ
té onde o dinheiro pode permitir num país de tantas carências e salário mensal médio de vinte dólares, o governo cubano reconstrói e aos poucos devolve o aspecto original de três quadras de Habana Vieja, de ruas estreitas e pavimento de paralelepípedos. Uma barbearia na esquina, a alfaiataria quase ao lado, a oficina de um antigo sapateiro e uma antiga oficina de roupas já estão quase como eram, quando surgiram, em meados de 1930. Aquela área pode ser considerada uma exceção em Havana, pois são raros os trabalhos de restauração em outros locais, e quase não chama a atenção dos milhares de turistas que visitam Cuba o ano todo, passam alguns dias na capital e os outros passeando pela vasta ilha de quase 1.300 quilômetros de comprimento, de preferência nos balneários que a iniciativa privada construiu em sociedade com o governo em Varadero e Caio Largo, por exemplo. No outro lado dessa esquina, um velho e fantástico edifício de dois pavimentos foi adaptado para hotel. É uma parceria de empresários espanhóis com o Estado cubano, que propôs dar-lhe o nome de Raquel. O umbral direito de uma porta toda trabalhada ostenta uma mezuzá. O barman mulato de nome Wesley, assim registrado para facilitar uma possível imigração, rezava com fervor no ofício de Shabat, na véspera, na sinagoga ortodoxa de Havana. O porteiro e também segurança,
um negro já idoso, conta tudo a respeito do hotel, e começa pela mezuzá, explicando que os judeus isso, os judeus aquilo, e que os apartamentos do primeiro andar têm nomes de personagens bíblicos e os do segundo de cidades de Israel. Todos com mezuzot. As refeições do hotel não contêm carne de boi ou porco, nem frutos do mar. A cozinha só não é vegetariana porque serve carne de aves. – Queremos atrair os judeus de todo o mundo, diz Rafael, o porteiro, iniciando um discurso político que resvala na possibilidade de, reeleito, Barack Obama suspender ou amenizar o embargo a Cuba, ao qual a maioria dos judeus norte-americanos, aliás, é contrária. Precisamos estar preparados para isso, afirma, enquanto abre a porta pantográfica do velho e minúsculo elevador no topo do edifício de onde se avista a Havana que dá para o mar. – Não é uma beleza? pergunta e responde justamente orgulhoso. No entanto, a liderança da pequena comunidade judaica de Cuba, estimada em cerca de 1.300 pessoas, das dezenove mil que havia antes da revolução, não acredita na iminência do fim do embargo e, por conseqüência, num grande afluxo de judeus norte-americanos. Eles temem que esta perspectiva seja capaz de afrouxar os grandes esforços que fazem para juntar os judeus de Cuba em torno de atividades comunitárias que se realizam principalmente nas sinagogas. – Aqui é o contrário do que ocorre nos outros países, onde os pais levam os filhos. Aqui os filhos trazem os pais às atividades que se realizam nos grandes espaços das duas principais sinagogas de Havana, conta Adela Dworin, a presidente do Patronato Hebreu de Cuba, feliz com a sinagoga lotada em uma noite de Shabat, cujos ofícios foram conduzidos por três jovens, dos quais duas estavam cobertas com um talit e cantavam com precisão, correta entonação e perfeitos acentos nas palavras. Todos acompanhavam a partir de livros de oração transliterados e traduzidos para o espanhol, com o carimbo da generosidade de judeus da Argentina. Depois, seguiu-se um animado kidush com suco artificial de frutas em vez de vinho e um bem fornido prato de arroz com feijão e uma espécie de purê. Nas quatro enormes mesas gente de todas as idades, pessoas de todas as cores. Naquele Shabat do começo de outubro, o assunto mais discutido era o trecho de um boletim editado pelo Chabad Lubavitch do Canadá, cujo espírito condenava os casamentos mistos ou interraciais, seja lá o nome que se queira atribuir à união entre judeus e gentios cubanos. Assim que se concluiu a liturgia da data, o primeiro vice-presidente do Patronato, David Prinstein Señorans, assomou ao púlpito da sinagoga, leu o referido trecho e ao final de cada parágrafo fazia um comentário, cujo teor e ênfase revelavam toda sua indignação. “Em nome do que fazem isso”, perguntou um jovem, pouco depois, filho de pai judeu e mãe não judia que se converteu e que participa intensamente das atividades comunitá-
rias. A própria mulher de David, Marlene, é uma judia convertida e responsável pelas harkadot (danças israelenses) da instituição e que já se apresentou no México e em Israel. “Quando nós os convidamos para mandar um rabino para cá se recusaram, não sabemos em nome do quê”, disse dando um ar de reprovação àquilo que chamou de “intromissão indevida”. Este rabino não veio, mas todos os anos, em Rosh Hashaná e Iom Kipur, e em Pessach, um rabino chileno é recebido com todas as honras e a custo zero. Um presente da comunidade chilena. Adela e David mudam de assunto quando o tema envereda para a possibilidade de uma mudança de rumos nas relações Cuba-Estados Unidos se Barack Obama for reeleito – como efetivamente foi. Eles também não comentam se algo poderá se alterar depois que Fidel morrer e Raúl Castro deixar a presidência, seja por que razão for. “Nós não nos envolvemos com isso”, dizem. Eles bem sabem que a resistência à normalização das relações entre os dois países é das famílias cubanas e seus descendentes que deixaram a ilha e seus privilégios depois da revolução. “Tanto Fidel como Raúl nos visitaram e temos fotos deles aqui, algumas nas cerimônias de Chanuká. Até perguntei ao presidente Fidel por que não visitou antes e ele respondeu: ‘Nunca fui convidado’.” Aliás, um dos argumentos de Adela para Fidel participar da cerimônia foi uma curta explicação: “É a festa comemorativa da revolução dos judeus”. Isso ocorreu durante uma reunião de líderes religiosos meses depois da visita do papa João Paulo II, em 1998. Na noite em que a reportagem da revista Hebraica estava presente, as atenções se voltaram para um casal: ele, branco e judeu; ela, negra, alta, bonita e sorridente, informando a todos a iminência da sua conversão. A curiosidade não estava no contraste, mas no fato de nunca a terem visto por lá. “De certa forma os casamentos mistos representam a sobrevivência da comunidade”, escrevem estudiosos norte>>
Naquele Shabat do começo de outubro, o assunto mais discutido era o trecho de um boletim editado pelo Chabad Lubavitch do Canadá, cujo espírito condenava os casamentos mistos ou interraciais, seja lá o nome que se queira atribuir à união entre judeus e gentios cubanos
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Desde o século 16 Os primeiros judeus a desembarcar em Cuba devem ter sido aqueles que as circunstâncias obrigaram a integrar tripulações de barcos espanhóis nos séculos 16, 17 e 18, período em que uma das muitas penas da Inquisição era o degredo para terras desconhecidas. De fato, consta que os judeus Luís de Torres estava embarcado no Santa Maria, Juan de Cabrera em La Pinta e Rodrigo de Triana, no La Nina. Os três eram marranos. Outro judeu, Francisco Gómez de Leon, foi preso, condenado e executado pela Inquisição em Cartagena, na Colômbia, e sua imensa fortuna confiscada pela coroa espanhola. Até mesmo alguns judeus que fugiram do Recife, no século 17, quando os holandeses foram expulsos, teriam se estabelecido em Cuba. Da mesma forma, judeus que deixaram as Antilhas Holandesas em meados do século 19 foram para a ilha e lutaram ao lado do herói cubano José Martí, nas guerras pela independência em 1898, nas quais os Estados Unidos se envolveram enviando uma força expedicionária, da qual teriam participado centenas de soldados judeus alguns dos quais decidiram se fixar em Cuba. O objetivo do governo norte-americano era estimular os empresários a criar negócios na ilha e controlá-los desde os Estados Unidos, garantindo, desta forma, o fornecimento de matérias-primas, como açúcar e tabaco. Oito anos depois do final da guerra, em 1906, onze destes judeus fundaram a primeira sinagoga com o nome de Congregação Hebraica Unida (United Hebrew Congregation). Era uma sinagoga reformista que realizava os ofícios em inglês. Historicamente é considerado o início da comunidade judaica de Cuba. Os judeus logo se interessaram pelo comércio de cana-de-açúcar e embora não fos-
Fotos Abrão Bober
>> americanos judeus, aos quais o governo dos Estados Unidos permite visitar a ilha em nome dos interesses acadêmicos. Não fosse assim, a comunidade já teria desaparecido pois faltariam judeus até para uniões consanguíneas.
Foto Bernardo Lerer
magazine > viagem última onda de imigrantes judeus ocorreu na década de 1930 quando o nazismo tomou o poder e a cada mês cerca de quinhentos judeus da Alemanha desembarcavam em Cuba mas não permaneciam lá e partiam para os Estados Unidos. Nesta época já havia número suficiente para constituir o Comitê Judaico Central e acolher os judeus e todas as origens.
O PRESIDENTE DE CUBA RAÚL CASTRO FOI À SINAGOGA ACENDER UMA VELA DE CHANUKÁ
A PRESIDENTE DA COMUNIDAD HEBREA DE CUBA ADELA
DWORIN NUNCA FOI CONVIDADA A VISITAR
ISRAEL
sem agricultores descobriram métodos de melhorar a produção de tabaco. Os acadêmicos norte-americanos que se especializaram no estudo do judaísmo em Cuba assinalam que o fato de os sefaradim terem “uma cor de pele escura” e falarem uma língua derivada do espanhol os fazia parecer mais próximos dos nativos da ilha do que os ashkenazim que chegaram anos depois. De todo modo, muitos sefaradim e ashkenazim desembarcaram impregnados das ideias socialistas que vicejavam nas primeiras décadas do século passado, o que explica o fato de vários deles terem sido os fundadores do Partido Comunista de Cuba. A onda seguinte de imigração para Cuba e países da América Latina ocorreu nos anos 1920 em razão de os Estados Unidos terem restringido a imigração por meio de uma lei de 1921 que estabelecia quotas de imigração. Desta forma, os judeus aportavam nestes países com a esperança de, em seguida, numa operação triangular, poderem desembarcar nos EUA. Como se sabe, a maioria dos judeus acabou ficando por esses países, o Brasil incluído, onde formaram grandes e prósperas comunidades. Em Cuba, os imigrantes se fixaram primordialmente em Havana e depois se espalharam pelas províncias de Santa Clara, Camaguey, Santiago de Cuba, Matanzas, Guantánamo, Cienfuegos, Caibarien e Sanctu Spiritu. A
ANOS ANTES FIDEL VISITOU O MESMO LOCAL, COMO SINAL DE DISTENSÃO
OFÍCIO DE SHABAT NA SINAGOGA DA COMUNIDAD HEBREA DE CUBA
O Saint Louis Esta imigração cessou em 1939 no famoso episódio do navio Saint Louis transportando centenas de judeus refugiados da Europa e aos quais não se permitiu desembarcar em Havana. Em junho daquele ano o navio ficou dias ao largo do porto enquanto em Havana, Washington, Nova York e Berlim se negociava o desembarque deles. Prevaleceram as manobras de agentes nazistas em Cuba com setores radicais de direita do governo e a Igreja, o navio voltou para a Europa, a maioria dos passageiros foi presa e mandada para campos de concentração. A imigração foi retomada por um pequeno número de judeus de Antuérpia que escaparam ao cerco nazista na Bélgica e começaram um próspero negócio de lapidação, embora Cuba não tenha minas de diamantes. No final da guerra havia um número indefinido entre dez mil e doze mil judeus na ilha para os quais a religião só existia em Pessach e Rosh Hashaná, eventos que motivaram a construção de sinagogas em quase todas as cidades onde havia um número razoável de famílias capaz de sustentar uma comunidade. Nos anos 1950, além de grande fornecedor de produtos primários como cana-de-açúcar, Cuba também se tornou um gigantesco cassino retratado em filmes e musicais norte-americanos. Além de constituir grandes empresas em Cuba, os judeus também foram empresários de jogos e o mais conhecido deles foi Meier Lanski, famoso operador financeiro da máfia e do jogo, retratado em O Poderoso Chefão II, interpretado pelo ator Lee Strasberg, fundador do >>
Muitos sefaradim e ashkenazim desembarcaram impregnados das ideias socialistas que vicejavam nas primeiras décadas do século passado, o que explica o fato de vários deles terem sido os fundadores do Partido Comunista de Cuba
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O KIDUSH DE SHABAT É UMA GRANDE FESTA COM CHALÁ E PRATOS TÍPICOS DA CULINÁRIA CUBANA
>> Actor’s Studio, de Nova York. A revolução de 1959 pôs fim a tudo isso com a expropriação e nacionalização de empresas, muitas delas de judeus que deixaram o país, entre 1960 e 1963, a maioria em direção aos Estados Unidos, e um pequeno grupo para Israel. Quando Cuba se aliou à extinta União Soviética começaram as restrições às minorias religiosas às quais se negou acesso aos quadros do Partido Comunista e a determinados cargos governamentais. Apesar disso, mais de uma vez Fidel Castro deixou claro que não permitiria ataques nem campanhas contra grupos religiosos, os judeus incluídos. Durante o período da presença soviética em Cuba, até 1990, a política oficial protegia os judeus, e outras minorias, e ao mesmo tempo, hostilizava Israel com quem havia rompido relações diplomáticas e treinava guerrilheiros palestinos. Os dois países não têm relações diplomáticas, mas da mesma
forma que empresários israelenses ensaiaram investir em Cuba, mais de uma vez Fidel deixou claro que o aeroporto de Havana está aberto para os judeus que desejarem se juntar aos parentes e amigos, ou a professar sua religião em Israel. Isso explica porque e como, na segunda metade dos anos 1990, cerca de quatrocentos judeus de Cuba tiveram permissão para imigrar para Israel, num processo que as teorias conspiratórias dizem ter sido uma operação secreta entre os dois países, mas a respeito da qual se falava abertamente em Havana. Nos primeiros dias de outubro, Raúl Viegas, de 70 anos, curtido na guerra de Angola, para onde Fidel enviou uma força expedicionária, em 1975, anunciava em uma das duas sinagogas de Havana: – No começo de novembro vou para Israel. Toda minha família já mora em Eilat, fiquei sozinho aqui. Eles foram saindo aos poucos daqui e estão muito bem estabelecidos lá. – E não querem imigrar para os Estados Unidos?, perguntou um turista. – Não, nem eles e nenhum daqueles que se foram na década de 1990. Seria uma traição a Cuba. Uma deslealdade na condição de cubanos e de judeus, respondeu. * O jornalista viajou a convite da operadora MMT- Gapnet
No final da guerra havia entre dez mil e doze mil judeus na ilha para os quais a religião só existia em Pessach e Rosh Hashaná, eventos que motivaram a construção de sinagogas em quase todas as cidades onde havia um número razoável de famílias
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magazine > antissemitismo | por Dan Friedman JOHANN CRUIJFF FOI MAIOR JOGADOR HOLANDÊS, VISITOU ISRAEL ONDE MORA A IRMÃ E FOI RECEBIDO COM ENTUSIASMO
O Ajax de Amsterdã durante o Holocausto SE, COMO MOSTRA A DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS EUROPEUS, DE RAUL HILBERG, 120.000 DE 140.000 JUDEUS HOLANDESES MORRERAM DURANTE A GUERRTA, POR QUE ISRAEL E O MUNDO DE LÍNGUA INGLESA AINDA AMAM OS HOLANDESES?
O
treinador de futebol do lendário clube britânico Liverpool FC, Bill Shankly, é sempre citado porque teria supostamente dito: “O futebol não é uma questão de vida e morte, é mais importante do que isso”. A frase não é dele, mas, em relação ao Holocausto, até essa brincadeira soa vazia. No entanto o fanatismo da torcida e o papel central do futebol na cultura, podem sugerir um enfoque privilegiado por meio do qual se vê a vida e a morte, a guerra e a paz.Simon Kuper que escreveu Soccer Against the Enemy: How the World’s Most Popular Sport Starts and Fuels Revolutions and Keeps Dictators in Power (“O Futebol contra o Inimigo: como o Esporte mais Popular do Mundo Começa e Alimenta Revoluções e Mantém Ditadores no Poder”), é um especialista mundial em cruzar e combinar futebol com cultura e política. Seu livro recém-relançado Ajax, the Dutch, the War (“Ajax, os Holandeses, a Guerra”) é uma reavaliação do papel holandês no Holocausto, a começar pelo surpreendente silêncio do maior clube de futebol do país, o Ajax, quanto ao seu papel durante a ocupação nazista. O Holocausto é um assunto que atrai escritores pelas mesmas razões que os filmes da Segunda Guerra Mundial apelam aos diretores de cinema: os maus são muito maus, e os bons não precisam se justificar. Todavia, neste livro, Kuper, criado como judeu na Holanda, vai por outro caminho. Ele nos faz reavaliar e repensar a respeito do povo holandês como o espectador inocente e que ajudou Anne Frank. Usando a força de coesão dos clubes de futebol e, especialmente, a do Ajax – popularmente conhecido como o clube “judeu” –, ele investiga quão goed (“bons”) os holandeses realmente foram.Em oposição à percepção geral da tolerância holandesa e do seu caráter progressista (amigáveis com os turistas, maconha em coffee shops e o famoso Distrito da Luz Vermelha de Amsterdã), há um fato atroz, e estranho, segundo Kuper: “Cerca de três quartos dos judeus da Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em toda a Europa, apenas a Polônia perdeu uma proporção maior de judeus”. Até mesmo Anne Frank provavelmente tenha sido morta por obra de um informante holandês. Como o Amsterdamsche Football Club Ajax – e, por extensão, talvez, toda a nação holandesa – trata a evidência de ter sido fout (“errado”) com a sua própria autopercepção? E se, como mostra A Destruição dos Judeus Europeus, de Raul Hilberg, 120.000 de 140.000 judeus holandeses morreram durante a guerrta, por que Israel e o mundo de língua inglesa ainda amam os holandeses? Kuper perguntou isso ao Ajax, por ser o maior e mais bemsucedido dos times holandeses e também porque os seus fãs se referem a si mesmos como “judeus” e agitam Estrelas de David em jogos. Os torcedores de times rivais, principalmente os do Feyenoord, de Roterdã, cantam músicas anti-Ajax, muitas vezes de tendência antissemita. Ainda mais preocupante, os torcedores do Feyenoord imitam o silvo provocado pelo gás das câmaras da morte. Mas o Ajax, que está localizado perto da área onde agora já não moram tantos judeus, como no perí-
odo pré-guerra, oficialmente não se manifesta a respeito das ligações judaicas atuais e históricas, bem como acerca das suas ações durante a ocupação. A pesquisa de Kuper encontrou uma mistura de vergonha e ignorância oficialmente encorajada tanto acerca do caráter judaico do clube e sua concordância à nazificação da sociedade holandesa durante a ocupação. Embora não se limite ao Ajax ou até mesmo à Holanda, é a forma peculiar do arranjo social desse país que fascina Kuper. Pertencer a um clube – muitas vezes um clube de futebol – era uma forma primária de filiação. Embora pudesse haver outras lealdades (religião, classe, localização), a dedicação ao clube costumava superá-las. Isso fez com que os decretos alemães que proibiam a filiação de judeus aos clubes fossem tão odiosos, e a reação dos clubes a essas regras mais que reveladora. Nem aí para as deportações À medida em que a guerra na Europa se alastrava, o futebol continuava. Em 22 de junho de 1941, dia em que a Alemanha invadiu a União Soviética, portanto um momento evidentemente crucial na guerra, noventa mil pessoas assistiam à final do campeonato alemão em Berlim. Kuper pergunta: “O que e no que estas pessoas estavam pensando?” A partir da fascinante pesquisa de documentos oficiais e atas das reuniões de clubes de futebol durante a guerra – o Ajax não lhe permitiu acesso aos papéis –, Kuper é capaz de mostrar como as leis da ocupação foram ignoradas pelo regimento interno do clube. O Sparta Rotterdam parece não ter se desfeito de nenhum papel e, desta forma, Kuper mostra como “colaboradores, judeus e pessoas comuns, levando a vida como se nada tivesse acontecendo, formam um microcosmo da guerra holandesa”. Kuper viaja para Gorcum, uma cidade afastada de Amsterdã, onde descobriu que o Unitas, clube local, resistiu aos nazistas mais porque esses estavam em desacordo com o estatuto social do clube. No caso do Ajax, o autor mostra como os numerosos judeus, jogadores, >>
Segundo Simon Kuper, “cerca de três quartos dos judeus da Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em toda a Europa, apenas a Polônia perdeu uma proporção maior de judeus”
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magazine > antissemitismo queses. É fácil, parece não fazer diferença, mas está errado.
SIMON KUPER ESPECIALIZOU-SE EM ESTUDAR FUTEBOL E POLÍTICA, E ESTE, O COMPORTAMENTO DO CLUBE NO HOLOCAUSTO
>> torcedores e funcionários, bem como o seu fisioterapeuta judeu sobrevivente, Salo Muller, são todos excluídos da história oficial porque é mais fácil fingir que o envolvimento judeu com o clube é um mito e que as ações do clube na guerra foram goed (“boas”) do que contar a complexa história de um conflito. Fora da Holanda, o poder de uma narrativa simples é mais evidente. Em Israel é conhecido o envolvimento judaico do Ajax: a irmã do maior jogador do Ajax, Johann Cruijff, casou com um judeu, e Cruijff visitou Israel recebido com grande festa e declarações de amor recíproco. Para uma geração da comunidade mundial do futebol, a final da Copa de 1974, quando os alemães derrotaram a fluida e popular equipe holandesa, os holandeses eram os “antialemães”. Para os estrangeiros que não têm conhecimento da culpa dos holandeses em tempo de guerra, muitos dos quais inconscientes do racismo incluído na língua holandesa nos últimos anos, é fácil pensar nos holandeses como o contrário dos alemães e, como também têm uma família real, confundi-los com os dinamar-
Futebol na veia Kuper nunca esteve em tanta evidência. Além de ser o personagem “Simon”, no best-seller da sua mulher Pamela Druckerman Bringing Up Bébé (“Criando um Bebê à Moda Francesa”), as fartamente noticiadas ligações da primavera árabe no Egito com as torcidas organizadas de futebol daquele país fazem o seu livro anterior parecer premonitório. Além disso, entre o lançamento de Ajax nos Estados Unidos, e agora, Kuper foi o coautor, com o economista de esportes Stefan Szymanski, da versão adaptada ao futebol de “Moneyball”. E, por razões que descreve em Soccernomics, o futebol, especialmente o europeu, é cada vez mais importante para os telespectadores americanos. O texto final de Kuper explica como a sociedade holandesa iniciou o processo de desestruturação no século 21 e em vez de essa sociedade se identificar com aqueles que ajudaram Anne Frank, ou com as vítimas da ocupação nazista, os holandeses deixaram a mentalidade pós-guerra completamente para trás. Kuper cita Ian Buruma em seu livro a respeito do funeral de Pim Fortuyn (político de direita assassinado em 2002), Murder in Amsterdam (“Assassinato em Amsterdã”): “Os habitantes de Roterdã se orgulham de serem muito trabalhadores, o sal da terra, o tipo durão. Para eles Amsterdã tem uma imagem piegas de trapaceiros urbanos, esnobes e cosmopolitas esquisitos”. Kuper comenta: “Talvez os torcedores do Feyenoord viessem a acrescentar a esses trapaceiros, esnobes e esquisitos a palavra ‘judeus’”. Com o advento de políticos populistas de direita como Fortuyn e Geert Wilders, o racismo casual, o sentimento anti-imigrante e a retórica antissemita tornaram-se onipresentes na cultura holandesa – e, cada vez mais, em toda a Europa. Como as memórias do Holocausto vêm se tornando cada vez mais tênues, a compreensão dos horrores do racismo europeu fica mais restrita aos interessados em história. Em vez de bradar contra a intolerância, o presidente do Ajax sugere que os torcedores parem de se chamar de “judeus”. Ajax pode tomar como ponto de partida o futebol e a sociedade holandesa, mas é a história de alguém de fora tentando entender as pessoas com as quais convive – e procurando esclarecer a parte mais difícil da história recente. É uma história a respeito das narrativas convenientes que os cidadãos contam acerca dos seus lares, e que os grupos contam de si mesmos e outros grupos. A obra é, em resumo, sobre a ignorância, as mentiras e as meias verdades que se misturam com fatos no processo de filiação a grupos, e que crescem nos fornos do nacionalismo e das rivalidades do futebol. E os fornos da Europa preocupam tanto agora quanto em qualquer momento dos últimos setenta anos. Ajax, the Dutch, the War: The Strange Tale of Soccer During Europe’s Darkest Hour (“Ajax, os Holandeses, a Guerra: A Estranha História de Futebol Durante a Hora mais Sombria da Europa”), de Simon Kuper Nation Books, 257 páginas, US$15.99 * Dan Friedman é o editor-chefe da Forward
Simon Kuper mostra como “colaboradores, judeus e pessoas comuns, levando a vida como se nada tivesse acontecendo, formam um microcosmo da guerra holandesa”
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magazine > cinema | por Julio Nobre
Assim nasce um grande filme A XXX BIENAL DE SÃO PAULO PROPORCIONOU A OPORTUNIDADE DE CONHECER DE PERTO O AMBICIOSO PROJETO DE RETRATAR A SOCIEDADE ALEMÃ, EMPREENDIDO POR AUGUST SANDER EM 614 FOTOGRAFIAS QUE INSPIRARAM O FILME A FITA BRANCA (2009), DE MICHAEL HANEKE
UMA DAS FOTOS EMBLEMÁTICAS DA OBRA DE AUGUST SANDER EXPOSTA NA BIENAL DE SÃO PAULO
O
início do fi lme A Fita Branca, de Michael Haneke, nascido na Baviera em 1942, lembra as narrativas clássicas do romance do século 19: “Eu não sei se a história que vou contar é totalmente verídica. Fiquei sabendo de partes dela por rumores. Quero contar os fatos estranhos que aconteceram na nossa aldeia. Talvez eles possam esclarecer uma série de acontecimentos que sucederam neste país”. O narrador, que também é o professor da aldeia, passa então a relatar uma sequência bizarra de atos anônimos de violência: uma armadilha contra o médico, o espancamento do filho do barão, o incêndio criminoso de um celeiro, a tortura do filho deficiente da parteira nos meses que antecedem a eclosão da Primeira Guerra Mundial. A aldeia é dominada por um clima de terror e desconfiança. Afinal, quem seria capaz de cometer tais atrocidades? Em todos os núcleos do filme, da casa do humilde agricultor ao palácio do barão, está presente a figura opressora do pater familias. As bofetadas no rosto das crianças explodem ocasionalmente em todos os lares porque a violência subjacente às relações “civilizadas” é um tema muito caro a Haneke, como a relação professora/aluno e mãe/filha no filme A Professora de Piano (2001). Também devemos lembrar de Carta ao Pai, de Franz Kafka, com seu misto de ressentimento, amor, rancor e perplexidade filiais. Uma atmosfera de estranhamento paira sobre a aldeia do começo ao fim da história, como nas melhores narrativas kafkianas. O título do filme alude ao costume de amarrar uma fita branca nas crianças como sinal de pureza e, portanto, não responsáveis por seus atos. Sabemos, que mais tarde, a sociedade alemã pagaria um alto preço por este desejo de “pureza”. Aos poucos o professor-narrador assume o papel de investigador, e as suspeitas recaem sobre um grupo
de crianças, filhas de “famílias respeitáveis”. A investigação esbarra no pacto de silêncio firmado entre elas. Chamam a atenção do espectador a impassibilidade do rosto das crianças e o olhar inescrutável. No entanto, por baixo da capa de passividade e obediência, percebe-se nelas o desejo de morte e violência incontroláveis. Nesse clima de horror e apreensão ouve-se a notícia do assassinato, em Sarajevo, do sucessor do trono dos Habsburgos; a Áustria declara guerra à Sérvia e a Alemanha à Rússia. Começa então um dos eventos mais catastróficos do século 20, que vai culminar com a derrota alemã, o caos econômico, a fundação da República de Weimar e a ascensão do nazismo. Estava encerrado o século 19. Da maior importância A exposição de August Sander (1876-1964) ocupou uma parte importante do terceiro andar do prédio da Bienal e por seu tamanho e complexidade foi muito visitada. As 614 fotografias em preto & branco surpreendem pelo apuro estético, pela escolha dos sujeitos, pela ambição de retratar uma sociedade em pleno processo de transformação. Estão lá representadas todas as classes, grupos e nichos sociais da Alemanha a partir de 1910, ano em que Sander iniciou o seu projeto. São integrantes da pequena e alta burguesia, remanescentes da aristocracia, alto e baixo clero, artistas mambembes, poetas, atores e atrizes, artesãos de comunidades urbanas e rurais, famílias numerosas, pequenos agricultores, integrantes da alta, média e baixa burocracia, soldados mutilados na Primeira Guerra, mendigos, cegos, ciganos e uma grande variedade de pessoas à margem da sociedade alemã. O conjunto de fotos de Sander – Menschen des 20. Jahrhunderts (“Pessoas do Século 20”) – é um trabalho etnográfico da mais alta importância, só comparado, talvez, àquele desenvolvido pelo fotógrafo e etnólogo Roman Vishniac, que registrou as comunidades judaicas da Europa Central e Oriental, da remota Rutênia subcarpática à cosmopo-
CAMPO DE REPOLHOS É DESTRUÍDO EM A FITA BRANCA, DE MICHAEL HANEKE
lita Cracóvia, um pouco antes de esses agrupamentos serem varridos do mapa pelo genocídio nazista. Também chama a atenção a maneira como as fotografias de Sander foram dispostas no prédio da Bienal, numa clara opção da curadoria de Luís Pérez-Oramas. Como não há nenhuma referência a datas, locais, profissão ou classe social do retratado, o espectador é lançado num turbilhão de especulações. Quem seria? O que pensava? O que aconteceu com esta pessoa entre 1933 e 1945, período mais sombrio da história alemã? O próprio Sander entrou em conflito com os nazistas. As atividades políticas do filho, Eric, foram usadas contra ele, que teve de interromper o ambicioso projeto entre 1933 e 1939, quando se devotou aos temas do rio Reno e à cidade de Colônia. Uma parte do acervo de Sander foi destruído pelos nazistas. No período em que ficou no interior da Alemanha, Sander criou um banco de negativos. Mas o acervo sofreria outro golpe com o bombardeio aliado contra a Alemanha a partir de 1942. O trabalho de August Sander se insere, entre os muitos “ismos” que pipocavam na Berlim dos anos 1910 e 1920, no movimento da Neue Sachlichkeit (“nova objetividade”, em alemão). Essa nova objetividade teve expoentes na pintura e na fotografia, caso de Sander, e se caracterizava por retratar as pessoas no meio onde viviam e trabalhavam, transformando anônimos em tipos muito particulares. Realizada de forma sistemática e quase científica, a obra de Sander tem coesão e unidade em termos sociológicos, filosóficos e estéticos, constituindo um dos eixos do filme de Haneke, porque, além da fotografia, também inspira o figurino e a própria interpretação dos atores. Foi muito estimulante ver nesta Bienal, que deu enorme peso ao caráter poético da fotografia que se produz hoje em dia no mundo, um trabalho seminal que ajudou a criar um grande filme. A Fita Branca, direção de Michael Haneke, drama, p&b, 145 min., Imovision
Realizada de forma sistemática e quase científica, a obra de Sander tem coesão e unidade em termos sociológicos, filosóficos e estéticos, constituindo um dos eixos do filme de Haneke
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magazine > a palavra | por Philologos
Gematria,
a numerologia judaica FORA DO SEU CARÁTER PURAMENTE LÚDICO, A NUMEROLOGIA PODE DAR MARGEM A TODO TIPO DE EQUÍVOCOS E EMBUSTES – ATINGINDO CRÉDULOS E DESAVISADOS – COMO VEMOS NO TEXTO A SEGUIR
U
ma vez me perguntaram: o valor numérico das letras hebraicas Yod-Heh-Vav-Heh, o nome sagrado de Deus, é 10+5+6+5, ou 26. É igual ao valor numérico da palavra “God”, pois “g” é a sétima letra do alfabeto, o “o” a 15ª, e o “d”, a quarta. É isso mesmo ou simples coincidência? Acho que a resposta a essa pergunta depende do que se pensa a respeito da numerologia como parte da natureza das coisas ou como uma fantasiosa criação humana. Como pertenço à segunda opção, minha resposta é definitivamente uma coincidência. A numerologia é a crença na importância dos números em contextos não matemáticos. Exemplo: duas vezes 12 dá como resultado 24, e isso é aritmética; mas dizer que as 12 tribos e os 12 signos do Zodíaco representam a missão cósmica de Israel, isso é numerologia. A palavra hebraica para numerologia é gematria, um termo rabínico antigo que vem do grego geometria (“a medição da terra”). Embora possa parecer estranho pensar em geometria como algo que tem a ver com números, pois para a maioria das pessoas é a parte da educação matemática que não nada tem a ver com eles, isso não valia para os gregos antigos que, sem ter conhecimento de álgebra, usavam a geometria para resolver problemas algébricos, introduzindo números nela. Os rabinos antigos utilizavam a gematria ocasionalmente, em exegeses de passagens bíblicas, especialmente quanto aos valores numéricos das letras do
alfabeto. Dessa forma, por exemplo, referindo-se ao versículo em que Jeremias lamenta a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 antes da Era Comum, “porque vou às montanhas chorar e prantear, e tomarei o deserto por habitação... das aves do céu às bestas, todos fugiram”, o sábio rabino Iehuda afirmou que o profeta previu que se passariam 52 anos da destruição de Jerusalém até a sua restauração pelo rei persa Ciro, em 534, uma vez que as letras da palavra behemá (“bestas”) totalizam 52, a saber: Bet = 2, Heh = 5, Mem = 40, Heh = 5). Um exemplo mais conhecido diz respeito ao ditado bíblico “olho por olho, dente por dente, mão por mão”, segundo o qual aparentemente determina que ferimentos físicos nas mãos de outrem devam ser compensados por lesão igual em quem perpetrou. Para justificar a interpretação deste versículo no sentido de que em vez disso a compensação deveria ser financeira – isto é, que a Bíblia estava se referindo ao valor monetário de um olho, não ao olho em si –, os rabinos observaram que o valor numérico das letras da palavra hebraica para “olho”, ayin (que é 130) é igual ao das letras de mamon, “dinheiro”. A gematria também poderia ser usada com objetivos humorísticos. Brincando com o fato de que as palavras hebraicas para “vinho”, yain, e “secreto”, sod, têm os mesmos valores, o Talmud diz: “Quando o vinho entra, os segredos saem” – isto é, não se deve confiar naqueles que se encontram sob a influência do álcool para guardar segredos. O uso da gematria não começou com os
rabinos, nem mesmo com os gregos. O registro da sua primeira utilização é na Babilônia e foi encontrada em uma inscrição datada do reinado de Sargão II (727-707 antes da Era Comum), informando que ele construiu o muro da cidade de Khorsabad com 16.283 côvados de comprimento porque esse era o número correspondente ao das letras do seu nome – em sua forma completa e honorífica, que era muito maior do que a forma usual. Dos babilônios, a gematria chegou aos gregos, que a chamou isopsepha (“contagem igual”) e era amplamente empregada para fins mágicos e ocultistas. Mas foi no judaísmo medieval que a gematria foi sistematicamente utilizada em uma grande variedade de objetivos religiosos, desde o raciocínio haláchico e a teosofia cabalística até as especulações messiânicas a respeito de horários e datas da redenção. O movimento messiânico sabatiano do século 17, construído em torno da figura supostamente messiânica de Sabatai Zvi, recorreu repetidamente à gematria na tentantiva de provar que realmente era ele o Redentor. Assim, por exemplo, consta da antiga compilação de Midrash do texto Gênesis Raba a afirmação de que o versículo bíblico no relato da Criação, “... e o espírito do Senhor pairava sobre a face das águas”, uma alusão ao espírito do Messias, em que os seguidores de Zvi calcularam que as letras hebraicas de “o Senhor” e “pairava” tinham número igual às letras do nome de seu líder. É evidente que, se houver versículos bíblicos suficientes e se forem feitos muitos cálculos com eles, será sempre possível encontrar alguma palavra ou combinação de palavras para produzir os resultados desejados. E quando se trabalha não só com as possibilidades de uma única língua, mas com as de duas línguas ou mais, como justapor o Tetragrama hebraico à palavra inglesa “God”, as chances de acertar em algo de significado aparentemente profundo tornam-se ainda maiores. Portanto, a gematria pode ser uma forma agradável de passar o tempo, nada mais do que isso.
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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch
Um salto estratosférico judaico HÁ CEM OU 150 ANOS UMA TRAVESSIA OCEÂNICA, NUM PEQUENO E SUPERLOTADO VAPOR DE MODESTÍSSIMA TECNOLOGIA E PRECÁRIA HIGIENE, IMPLICAVA RISCOS BASTANTE CLAROS DE NAUFRÁGIO, EPIDEMIA OU INCÊNDIO A BORDO
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ecentemente os meios de comunicação noticiaram a respeito de um balonista que saltou de uma altitude de 39 quilômetros, e pousou de paraquedas com pleno êxito. O autor da épica proeza não foi nenhum judeu. Apesar disso, de certa forma, lembra o feito do astronauta israelense Ilan Ramon na nave Columbia, que explodiu tragicamente, em 2003. Calma, Ramon não foi o primeiro judeu a se aventurar nas alturas, e aqui se traça uma separação com os que se elevaram no plano espiritual como Profetas, Sábios e Tzadikim (“Justos”). Nem o primeiro a perder a vida, pois a norte-americana Judith Resnik morreu no acidente da nave Challenger, em 1986. A Wikipedia (www.wikipedia.org/wiki/List_of_Jewish_astronauts) relaciona quatorze correligionários pioneiros do espaço, desde os remotos tempos da União Soviética, com Boris Volynov, que participou da missão Soyuz 5 e também da Soyuz 21. Pode-se concluir daí que faz parte da índole judaica assumir riscos e partir para o desconhecido? Do ponto de vista religioso, sem dúvida. O Patriarca Abraão deu o primeiro exemplo ao sair de Ur, na Caldeia (“Ur Kasdim”), seguindo destemido por rotas quase tão obscuras e perigosas na época quanto as navegações interplanetárias na atualidade, porque o Eterno assim o ordenou (Gênesis/ Bereshit, 11). Esportivamente ou por exibicionismo o panorama já é diferente. A Gemará (Tratado Berachot, 3) estabelece que não convém caminhar junto a um muro em ruínas que possa desabar a qualquer momento, ou seja, é errado se expor desnecessariamente. Para alguns sábios tal atitude é um crime capital (Brachot, 10; Pessachim, 111). Ressalvas se aplicam quando o motivo seja o de executar uma boa ação, resgatar um enfermo ou acidentado, por exemplo (Pessachim, 8; Kidushin, 30). E na rotina diária? Os judeus do shtetl europeu já se viam aflitos com suficientes sustos e imprevistos no cotidiano, tais como parnassá (“emprego”, “fonte de renda”), saúde (necessidade de cirurgias ou tratamentos complicados) e segurança (perseguições e pogroms, as atrozes chacinas estimuladas por autoridades antissemitas). Esportes radicais não faziam a menor falta. A solução para alguns desses desafios era a imigração, especialmente para a América, isto é, desde o Canadá até a Patagônia. Poucos desses indivíduos possuíam parentes ou amigos já radicados no Novo Mundo, que lhes dessem informa-
ções e apoio. A maioria nem sequer havia visto o mar ou pisado no convés de um navio. Lamentavelmente a ignorância era regra nos tempos sem rádio, televisão, internet ou escolas globalizadas. Desconhecia-se idioma, cultura, geografia, hábitos sociais, alimentação, clima e tudo o mais acerca de outras partes do planeta. Muitas jornadas eram improvisadas ou desesperadas e sem destino estabelecido, apesar de uma passagem bem definida, geralmente a mais barata. Baixava-se no primeiro porto do outro lado do oceano em que encontrassem correligionários simpáticos e dispostos a ajudar. Muitas pequenas comunidades brasileiras e de outros países se fortaleceram exatamente desta forma. Sempre que havia notícia de um navio da Europa, voluntários se dirigiam ao cais e convidavam eventuais patrícios a desembarcar, com promessas de trabalho, alojamento e outras facilidades. A viagem não era precisamente um salto de 39.000 metros de altura nem uma excursão até a Lua. Entretanto vale recordar que há cem ou 150 anos uma travessia oceânica, num pequeno e superlotado vapor de modestíssima tecnologia e precária higiene, implicava riscos bastante claros de naufrágio, epidemia ou incêndio a bordo. Muitos enjoavam tanto no mar que não conseguiam se alimentar ou ingerir líquidos, desembarcando em condições críticas de desidratação e desnutrição. Ainda assim, os ancestrais seguiam em frente, agarrando-se aos poucos apoios à sua disposição. Consulta ao rabino Todo judeu tradicional que programava viagens e outros passos importantes escutava a opinião do líder religioso. Afinal, o grande homem dominava os Sifrei Kodesh (“Sagradas Escrituras”) e poderia dar conselhos. Mais que isto, alguns re-
BORIS VOLYNOV (SEGUNDO À DIREITA), ASTRONAUTA RUSSO, É UM DOS QUATORZE JUDEUS QUE FORAM PARA O ESPAÇO
POUCO CONHECIDO, NO ENTANTO ITZIK MANGER É CONSIDERADO UM DOS MAIS IMPORTANTES TEXTOS SATÍRICOS EM LÍNGUA ÍDICHE
bes forneciam uma kmeá (“amuleto”), na forma de um pequeno texto da Torá, Cabalá ou Salmos, ou ainda uma oração bem de acordo com as circunstâncias, o que bem poderia servir em caso de emergência. É evidente que qualquer israelita saía de casa, fosse para escalar uma montanha a pouca distância ou para se trasladar a outro continente, sem transportar sidur, talit e tefilin (livro de rezas, xale e filactérios de oração). Como este ma-
terial não era descartável, jamais poderia ser abandonado na montanha, no balão, ou em órbita terrestre convertendo-se em lixo espacial. Além de indispensável no dia-a-dia, se danificado ou destruído teria de ser enterrado no cemitério, como, aliás, todos os objetos sagrados. É evidente que quando tudo dava certo e com um final feliz, era obrigação cumprir o mandamento de gratidão. De fato, a Gemará Brachot (capítulo 54) assinala que todos que enfrentam riscos como a travessia do mar, de um grande deserto, uma enfermidade grave, ou situações que ameaçam a vida, devem recitar uma bênção especial. Esta bênção de Hagomel possui uma característica: deve ser enunciada na sinagoga, diante da Torá, de preferência depois de ser chamado para um dos trechos (Aliá laTorá). Isto cria uma dificuldade para o gênero feminino, que, pelo menos nas sinagogas ortodoxas, não lhe é permitido cumprir a tarefa. No máximo, alguns rabinos autorizam a mulher a proferir a bênção na sinagoga, mas de longe, embora a tradição determine que ela solicite a um parente ou conhecido masculino que o faça em seu nome. O mesmo vale para crianças, também excluídas da alternativa usual. Hershele Ostropolier (1750-1800) foi um shochet (responsável pelo abate kasher ) da Ucrânia que conquistou alguma fama em vida por suas anedotas e ironias. A lenda entretanto o ultrapassou, graças à contribuição de escritores como Itzik Manger (1901-1969), Isaac Trunk (1879–l939) e Moses Lifschutz (1892-1942). Conta-se que Hershele entrou na sinagoga, numa quinta-feira, dia de Torá, e foi ao rabino pedir para ser chamado para um trecho (Aliá), pois deveria recitar o Hagomel. Desconfiado, o rabino perguntou qual o motivo. Ele esclareceu que estava passando perto do riacho da cidade, onde viu sua lavadeira torcendo as suas calças, no rio, e ainda batendo nelas com um pedaço de pau. – Rabino, disse ele, imaginou o perigo se eu estivesse dentro das calças?
A Gemará Brachot assinala que todos que enfrentam riscos como a travessia do mar, de um grande deserto, uma enfermidade grave, ou situações que ameaçam a vida, devem recitar uma bênção especial
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
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10 notícias de Israel
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E a família, como vai?
Sistema saudável
Como em todo lugar do mundo, o israelense também gosta de reclamar da vida. Mas segundo uma pesquisa oficial a respeito do perfil das famílias no país, a coisa até que não vai mal. Do total das famílias, 94% têm pelo menos um celular, 55% têm dois aparelhos de tevê, 78% possuem computador e 70% estão ligadas na internet. Em média, uma família gasta quatorze mil shekalim (R$ 7.000,00) em despesas para vencer o mês. Tudo isto coloca Israel na média dos países da Oecd, o grupo dos países mais desenvolvidos do mundo.
De vez em quando elogio é bom. Para uma comissão de especialistas europeus o sistema de saúde pública israelense é um dos melhores do mundo. Eles visitaram os cinco principais hospitais do país, ambulatórios em vilarejos árabes e em bairros etíopes, e um posto infantil em uma cidade beduína. O relatório elogiou os preços baixos dos remédios e a medicina preventiva que evita internações desnecessárias.
Nas últimas semanas, o presidente palestino Mahmoud Abbas andou fazendo umas declarações importantes à mídia israelense. Sobre Jerusalém: “Não quero dividir a cidade. Desejo que permaneça aberta a todos”. Sobre uma nova intifada: “Enquanto eu for o presidente, não deixarei que isto aconteça, atuaremos apenas pelos canais diplomáticos e pela paz”. Sobre a volta dos refugiados: “Eu mesmo nasci em Tzfat, mas não quero voltar a morar lá”. Sobre os mísseis disparados pelo Hamas em Gaza: “Isto não leva a nada, nem nos aproxima da paz”. Segundo as pesquisas de opinião para as eleições israelenses do mês que vem, divulgadas até o fechamento desta edição, deve ganhar a coligação Likud-Israel Beiteinu. Para o Likud, Abbas não é parceiro para negociações. Para o Israel Beiteinu, Abbas é um terrorista que deve ser até eliminado. É...
Pequena adorável
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Dica de turismo Um lugar pouquíssimo conhecido pelos turistas que se limitam ao eixo Jerusalém-Tel Aviv-Haifa é o deserto do Negev, e mais especificamente, a cidade de Mitzpe Ramon, ao lado de um cânion lindo e enorme. A reportagem da revista de turismo Condé Nast Traveler, uma das mais requintadas do mundo, foi até lá e elegeu o novíssimo Hotel Bereshit como um dos sessenta melhores do mundo. Localizado à beira de um precipício, tem piscinas privativas nos quartos e um restaurante que usa produtos do deserto, como queijo de cabra. Segundo a revista, “os visitantes vão querer ficar ali para sempre”.
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5 Sonhando alto Ninguém levava muito a sério a possibilidade de a seleção israelense participar da próxima Copa do Mundo, no Brasil. Mas aí a surpresa: em dois jogos contra Luxemburgo, os israelenses marcaram nove gols, e não levaram nenhum. Mas o favorito Portugal escorregou e só empatou com a Irlanda do Norte. Resultado na chave seis: Rússia lidera com doze pontos, seguida de Israel e depois Portugal. Somente duas seleções se classificam. Em março, Cristiano Ronaldo e outros portugueses estarão no estádio de Ramat Gan para um jogaço decisivo.
Surpresa no concurso promovido pelo The Wall Street Journal e Citybank para escolher a cidade mais inovadora do mundo. Tel Aviv passou Londres, Berlim e São Paulo, chegando à final, ao lado de Nova York e Medelín. Os juízes chamaram a atenção para a proposta de um trem de superfície para a cidade e as empresas de tecnologia, que não poluem. No passado recente, Tel Aviv já foi chamada pelo The New York Times como “a capital mediterrânea do cool”. O resultado sai no final deste mês.
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Êta nóis
Adeus a Resnick
Se a moda pega
Enquanto os israelenses aguardam para este final de ano a chegada do iphone 5, os vizinhos palestinos passaram na frente e já exibem a engenhoca nas lojas. “O aparelho chegou em Gaza antes de aterrissar em Israel, considerado um importante centro de tecnologia”, ironizou a Reuters. Explicação: o celular chega ao território palestino contrabandeado pelos túneis na fronteira de Gaza, trazidos de Dubai. Livrando-se dos impostos, a versão completa do novo iphone é oferecida em Gaza por R$ 2.800,00, mais barato do que deverá ser vendido no Estado judeu.
Morreu no mês passado, aos 88 anos, o arquiteto brasileiro David Resnick (foto acima). Carioca de nascimento, imigrou para Israel em 1949, foi viver no kibutz Ein Hashofet, e anos depois tornou-se um dos maiores arquitetos israelenses. Discípulo de Niemeyer, é dele o Memorial Kennedy e o Instituto Van Leer, ambos em Jerusalém. Em 2005, recebeu o Prêmio Israel, a maior condecoração do país. Foi enterrado na seção do cemitério Har Hamenuchot, de Jerusalém, reservada aos notáveis do país.
Tudo começou quando Moshé Shual foi à quitanda e comprou um pedaço de queijo por 5,77 shekalim, mas recebeu de troco apenas vinte centavos. O dono alegou não existir moeda de três centavos. Resultado: o cidadão indignado entrou com uma petição na Suprema Corte para proibir qualquer loja israelense de cobrar preços que não pode honrar com o troco correto, incluindo as famosas 1,99. A base para a petição são pesquisas que explicam o macete dos comerciantes: o consumidor só presta atenção no número à esquerda, isto é, o valor 49,99 parece que está na faixa dos 40, e não dos 50.
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Eleições 2013
10 Delícia, delícia Para quem ainda não sabe, Israel é chamada de “terra do mel” menos pela exuberância de flores e abelhas por aqui (aliás, o país é 60% deserto), e mais em razão das tamareiras, cujo fruto é tão doce, que se parece com o mel silvestre. Mais doce ainda é o recente relatório a respeito das exportações do produto israelense. O Estado judeu domina 35% do mercado do tipo mais nobre das tâmaras, a Madjul, e exporta para quase todos os mercados, até para o Municipal de São Paulo. Os palestinos de Jericó enviam a sua produção para ser comercializada pelo ágil marketing israelense do produto. E pensar que nos anos 1930, as tamareiras haviam desaparecido de Israel, e as primeiras mudas precisaram ser contrabandeadas do Iraque.
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magazine > chanuká | por Diana Muir Appelbaum
A primeira guerra de libertação nacional CHANUKÁ, O FERIADO QUE COMEMORA A INDEPENDÊNCIA DA JUDEIA, FOI DOMESTICADO NOS ÚLTIMOS ANOS, CONCENTRANDO-SE EM SEUS ASPECTOS PURAMENTE RELIGIOSOS. A PRIMEIRA VELA SERÁ ACESA ESTE ANO NO DIA 8 DE DEZEMBRO
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ste é o 2.180º aniversário da primeira guerra de libertação nacional do mundo a que se seguiriam dezenas e dezenas, muitas das quais segundo o padrão inicial estabelecido pelos macabeus. Como os chefes dos movimentos de independência posteriores, eles eram líderes de um povo conquistado e ocupado por um grande império e lutaram para reivindicar o direito à autodeterminação nacional. O ressentimento provocado pelo domínio estrangeiro pode fermentar por um longo tempo, mas o começo da guerra muitas vezes é lembrado por um incidente dramático. Na Suíça, esta lembrança nos remete a Guilherme Tell. Ele foi o herói nacional que, em 1307, não quis se curvar diante do chapéu do governador dos Habsburgos pendurado em um poste no centro de Altdorf com o único objetivo de forçar os homens livres suíços a se ajoelharem diante dele. O desafio de Tell desencadeou a luta pela independência da Suíça. A história de Tell pode ser verdadeira, mas não havia registros dela até a década de 1560. O momento “Guilherme Tell” dos judeus ocorreu no ano de 167 antes da Era Comum, quando um sacerdote chamado Matityahu (Matatias) desobedeceu à ordem de oferecer um sacrifício a um deus grego. A história de Matityahu é mais bem documentada do que a de Tell, pois consta do Primeiro Livro dos Macabeus (não os posteriores II, III, e IV Livros dos Macabeus), e é um texto realmente escrito no período em questão. Na época, os judeus ricos e poderosos de Jerusalém tinham feito um “pacto com os gentios”: seguiram os modos e costumes helenísticos, tinham suas circuncisões cirurgicamente desfeitas e construíram um ginásio grego para treinamento em esportes helenísticos, além de literatura, ética e filosofia. Mas o imperador selêucida Antíoco IV Epifanes perturbou esse equilíbrio ao ordenar que os textos judaicos fossem destruídos e os judeus forçados a comer carne de porco e a desrespeitar o Shabat. Matityahu fugiu de Jerusalém com os filhos para a sua aldeia ancestral de Modi’in. Lá, um oficial selêucida ordenou-
lhe que oferecesse um sacrifício público a Zeus. Matityahu disse: “Não. Eu e os meus filhos e os nossos parentes devemos seguir o pacto dos nossos pais”. Outros judeus recusaram-se decidida e rapidamente a comer o alimento proibido. Escolheram a morte para não violar a aliança sagrada, e foram condenados. O que fez de Matityahu um grande líder foi o fato de ter se recusado a aceitar a necessidade de escolher entre a violação da lei judaica e a morte. Em vez disso, reivindicou o direto de os judeus determinarem seu destino como nação, organizando um exército e expulsando os selêucidas da terra de Israel. Após Matityahu se recusar a fazer o sacrifício pagão em Modi’in, outro judeu se adiantou para fazer o sacrifício e Matityahu o “matou sobre o altar”. Ele então matou o oficial selêucida, destruiu o próprio altar, e fugiu com os filhos para as colinas, gritando: “Todo aquele que ama a lei e mantém a aliança siga-me!” Lutar, não ceder De repente, portanto, estamos em um terreno conhecido: a guerra moderna de libertação nacional. No Livro dos Macabeus não há profetas nem milagres. Esta é a história de um homem e de um povo diante da terrível escolha: assistir a sua nação morrer ou arriscar a vida, tomar o destino nas próprias mãos e lutar pelo direito de ser governado por judeus sob as leis judaicas, direito ao qual damos o nome de autodeterminação nacional. A maioria dos aspectos da antiga guerra dos Macabeus nos é estranhamente familiar. Não o exército selêucida de elefantes, é claro, mas a máquina de guerra grega, derrotada por voluntários treinados por Matityahu, exatamente como nas guerras modernas de independência, que muitas vezes apresentam exércitos imperiais bem equipados combatendo forças que se reuniram para enfrentá-los. Outros padrões familiares também estão lá, no Livro I dos Macabeus. Os judeus convocaram assembleias nacionais, da mesma maneira que os movimentos de libertação modernos. Eles lutaram para
ORIGINALMENTE, AS VELAS FORAM ACESAS NAS PONTAS DAS LANÇAS DOS COMBATENTES MACABEUS
formar uma estrutura unificada de comando e procuraram a ajuda das grandes potências rivais dos selêucidas, Roma e Esparta. Da mesma forma, a guerra dos Macabeus foi tão confusa quanto as guerras modernas de libertação nacional. Os judeus lutavam contra um grande império, mas os judeus também lutavam contra outros judeus por princípio e poder, judeus helenizadores contra os judeus que defendiam a antiga aliança. Apesar dessas ambiguidades, as vitórias obtidas sob a liderança de Matityahu e seus cinco filhos produziram dois séculos de governo autônomo na Judeia, dando aos intelectuais judeus tempo e oportunidade de cimentar uma cultura judaica duradoura. Sem esses dois séculos de governo próprio, é duvidoso que a identidade judaica tivesse resistido dois milênios nos quais os judeus em Israel viveram sob a ocupação estrangeira e a maioria se encontrava no exílio. O Livro dos Macabeus faz parte das bíblias coptas, ortodoxas e católicas, mas foi lido por poucos judeus. Apesar de escrito em hebraico por um judeu, sobreviveu na antiguidade só na tradução grega. Isto ocorreu porque é um livro muito perigoso. Ler os Macabeus é correr o risco de ser persuadido de que povos como os judeus tinham e têm direito à autodeterminação nacional. Agir de acordo com tal ideia, iniciando uma guerra de libertação nacional, é uma coisa perigosa de se fazer. Em agosto de 2009, o governo de Sri Lanka finalmente acabou com a guerra de libertação nacional que o povo tâmil travou contra as autoridades centrais por 35 anos. À medida que o governo levou os tâmeis para fora de casa, manteve os jornalistas à distância, de modo que ninguém pôde dizer quantos
foram mortos. Centenas de milhares de pessoas vivem agora no exílio, e as perspectivas de retorno são sombrias. Os líderes judeus que lutaram por um futuro judaico nos séculos 2 e 3 sabiam dessas consequências. Revoltas judaicas em grande escala destinadas à libertação nacional falharam nos anos 70, 115 e 132 da Era Comum, com resultados terríveis. Matityahu estava bem ciente de que a ideia de direito à autodeterminação nacional foi a mais perigosa que os judeus poderiam ter cultivado. Chanuká, o feriado que comemora a independência da Judeia, foi domesticado nos últimos anos, concentrando-se em seus aspectos puramente religiosos. O Livro dos Macabeus não foi adicionado ao cânone judaico. Não foram feitas cópias em hebraico. Mas este texto incendiário existe. Procure-o e leia-o. É um desafio. Diana Muir Appelbaum é autora e historiadora americana e trabalha na conclusão do livro Nationhood: The Foundation of Democracy (“Nacionalidade: a Fundação da Democracia”)
Esta é a história de um homem e de um povo diante da terrível escolha: assistir a sua nação morrer ou arriscar a vida, tomar o destino nas próprias mãos e lutar pelo direito de ser governado por judeus sob as leis judaicas, direito ao qual damos o nome de autodeterminação nacional
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por Bernardo Lerer
A Poesia das Coisas Simples Os Destituídos de Lodz
Moacyr Scliar | Companhia das Letras | 253 pp. | R$ 29,50
Steve Sem-Sandberg | Companhia das Letras | 595 pp. | R$ 69,50
Há pouco mais de dezoito meses morreu Moacyr Scliar, aquele para quem “a literatura é isso, não a vida que é, mas a vida que poderia ser”. É com esse sentimento de criador de um mundo paralelo, de histórias de personagens reais, de um olhar amoroso e irônico e cúmplice, que o autor concebeu este parque da imaginação literária de que esta coletânea, organizada por Regina Zilberman, dá uma mostra perfeita, com o judaísmo e a medicina como tema ficcional, mas acima de tudo, o amor pela palavra e pela arte literária.
Os que já o leram recomendam ardorosamente, entre outras razões porque mistura romance social com literatura do Holocausto tendo como cenário as personagens reais da história do gueto de Lodz, uma das mais macabras experiências de segregação erguida pelos invasores nazistas na Segunda Guerra. No auge, viviam ali cerca de duzentas mil pessoas e cuja administração, em nome do Conselho Judaico, o Judenrat, era da figura enigmática de Mordechai Chaim Rumkowski, encarregado de gerenciar a miséria humana.
Os Sentidos do Lulismo André Singer | Companhia das Letras | 275 pp. | R$ 29,50
O professor da USP e jornalista (ex-associado da Hebraica) André Singer foi porta-voz e secretário de imprensa de Lula no primeiro governo do ex-presidente e espectador privilegiado do poder. O autor explica que o maciço apoio de quase 80% ao deixar o governo e eleger Dilma Roussef é apenas consequência mais visível da grande reordenação das forças sociais e econômicas promovida pelo lulismo e os dois mandatos de Lula são uma síntese da transição histórica do PT, do radicalismo inicial a uma postura amigável do capital.
Noticias do Planalto
Inverno do Mundo
Mário Sérgio Conti | Companhia das Letras | 522 pp. | R$ 78,00
Ken Follet | Arqueiro | 874 pp. | R$ 59,90
Este é o segundo volume da trilogia “O Século”, cujo primeiro volume foi Queda dos Gigantes. Neste, as cinco famílias de origem americana, alemã, russa, inglesa e galesa, cujos destinos estiveram entrelaçados no começo do século 20, agora enfrentam o turbilhão social, político e econômico que se inicia com a ascensão do regime nazista, o drama da Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra e as explosões das bombas atômicas.
É talvez um dos mais importantes livros a respeito do jornalismo brasileiro pela maneira como conta o envolvimento da chamada grande imprensa na campanha eleitoral de Collor, em 1989, e, depois, no seu breve governo. Na época, Conti trabalhava na revista Veja, e por não a ter preservado das negociações com o candidato, acabou demitido. Esta edição, chamada de econômica porque não tem fotos, traz um posfácio relatando o destino dos jornalistas que se notabilizaram na ascensão e queda de Collor. Obrigatório.
Fora do Tempo
Teatro Brasileiro: Ideias de uma História
David Grossman | Companhia das Letras | 170 pp. | R$ 34,50
J. Guinsburg e Rosângela Patriota | Editora Perspectiva | 269 pp. | R$ 40,00
O autor, dos mais importantes de Israel, é um conhecido antibelicista. Por esta razão, assinou com outros intelectuais, como Amós Oz e A. B. Yehoshua, um manifesto pedindo um cessar-fogo no conflito de Israel com o Hizbolá. O filho de Grossman, o sargento Uri, foi morto cinco dias antes da assinatura do documento burocrático que determina a vida e a morte das pessoas. Cinco anos depois, David Grossman apresenta uma investigação das maneiras de dizer o luto fazendo a poesia e o maravilhoso ressoarem num espaço próprio.
O editor Jacó Guinsburg é sabidamente um dos maiores conhecedores de teatro no Brasil e, desta vez, convida o leitor a percorrer os caminhos que levam à historiografia do teatro brasileiro e pelas concepções que foram tecendo seus processos ao longo do percurso. Ele e Rosângela conseguiram localizar algumas matrizes que orientaram as análises e as expectativas em torno do teatro brasileiro levando em conta o nacional, o moderno, modernização e modernidade, politização e estetização.
O Príncipe Vermelho
A Máquina da Lama
Timothy Snyder | Editora Record | 403 pp. | R$ 49,50
Roberto Saviano | Companhia das Letras | 155 pp. | R$ 29,50
Os críticos e especialistas dizem que se trata de uma narrativa lúcida, intensa e sedutora em que se apresentam personagens interessantes surgidos com a dissolução dos impérios austríaco e russo. É o relato a respeito de Wilhelm von Habsburgo, o príncipe vermelho, notável espião, cresceu durante a Primeira Guerra, queria ser rei da Ucrânia, foi monarquista inflamado, calmo oponente de Hitler, espionou contra Stalin e vivia entre Paris e qualquer outra capital europeia.
Depois de alcançar o sucesso com Gomorra, que virou um grande filme, Saviano conta “Histórias da Itália de Hoje”, como diz o subtítulo deste lançamento que reúne as histórias narradas no programa de televisão “Vieni Via con Me”, cujos temas são os negócios da máfia calabresa no norte do país, o direito à morte digna, o pouco caso com o lixo de Nápoles, a compra de votos nas eleições, as vítimas de um terremoto que morreram por negligência das autoridades, etc. É jornalismo em estado puro.
José Bonifácio A Imaginação Econômica
Miriam Dolhnikoff | Companhia das Letras | 337 pp. | R$ 44,50
Sylvia Nasar | Companhia das Letras | 580 pp. | R$ 54,50
José Bonifácio de Andrada e Silva é apresentado nos livros de história como uma das figuras mais importantes da independência do Brasil e mais complexas da história do nosso país. Mas só isso é fazer pouco do seu verdadeiro papel na fundação do Brasil moderno, da construção das nossas primeiras instituições políticas e foi um dos principais da unidade do país, além de poeta, homem de Estado, cientista e um reformista arrogante, autoritário, impaciente, impositivo e pouco propenso ao diálogo e que, no entanto, defendia reformas estruturais como a abolição da escravatura.
O subtítulo trata dos “gênios que criaram a economia moderna e mudaram a história”. A autora dá retratos íntimos dos personagens e mostra como as suas experiências pessoais influenciaram as ideias. Se escreve com fluência e conhecimento de questões econômicas complicadas tem facilidade para falar da vida interior desses personagens e dos mundos sociais em que transitavam, de modo a fazer o leitor penetrar na vida deles em um período que vai da Inglaterra vitoriana à Índia contemporânea.
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por Bernardo Lerer
M músicas magazine
Shostakovich Biscoito Fino | Dell’Arte | R$ 99,90
Telemann – Double & Triple Concertos
Enquanto durou, o stalinismo impediu o mundo de conhecer melhor a obra de Dmitri Shostakovich e uma prova disso é esse álbum contendo quatro cd’s com o melhor que o grande compositor russo produziu: as gravações com orquestras da antiga União Soviética datam todas de depois de 1955, quando Stalin, que vigiava de perto os autores – de livros e de música – já era morto. As sinfonias, concertos, música de câmara, sinfonias de câmara, etc., são muito bem executadas por orquestras e conjuntos.
Decca | R$ 29,90
Sei de pelo menos duas histórias de garotos que citaram o nome de Georg Phillip Telemann (1681-1767) para convencer os pais de que o trumpete não era um instrumento de gafieira e que grandes compositores, como ele, escreveram peças especialmente para o chamado piston. Este cd reúne, entre outras, uma peça para três trumpetes naturais, isto é, sem chaves. É o caso de perguntar: como é possível executar sem o recurso das chaves?
Porgy & Bess Ella Fitzgerald e Louis Armstrong | Verve | R$ 34,90
É uma gravação de 1958 pela Verve Records, e recentemente remasterizada pela Polygram com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong e orquestra conduzida por Russel Garcia, combinação que é garantia de alta qualidade para a ópera de George Gershwin, com letras do seu irmão Ira e Du Bose Heyward. Depois de ouvi-la, é o caso de se perguntar por que não existem mais intérpretes como Ella e Louis. É fundamental.
Don Quixote e Concerto para Trompa
Bill Evans – The Interplay Sessions
Deutsche Grammophon | R$ 37,90
Universal | R$ 42,90
Uma peça não tem nada a ver com a outra, mas as duas são obras-primas de Richard Strauss. Don Quixote é o nome das variações fantásticas sobre um tema do romance de cavalaria para cello e viola, executadas pelo grande violoncelista Pierre Fournier. O Concerto para Trompa é executado por Norbert Hauptmann e a Filarmônica de Berlim conduzida por Herbert Von Karajan, um dos preferidos do nazismo, mas um grande maestro.
Morto em 1980, Bill Evans é considerado o mais influente pianista de jazz depois da Segunda Guerra. Ele teve formação clássica e quando se mudou para Nova York, em 1958, logo se envolveu com os grandes músicos da época como Miles Davis, por exemplo, de cujo sexteto fez parte como o pianista do disco Kind of Blues, o campeão de vendas de todos os tempos no gênero.
Joaquin Rodrigo – Concierto de Aranjuez
The Psychedelic Journey
Deutsche Grammophon | R$ 29,90
Music Brokers | R$ 49,90
Quando o Concierto de Aranjuez foi “descoberto”, no final dos anos 1950 e primórdios da década de 1960, não se falava de outra coisa nas emissoras de rádio e esta peça de Rodrigo passou a ser executada de todas as formas possíveis e imagináveis. Até ritmo de samba ganhou. Rodrigo, que nasceu perto de Valencia, em 1901, ficou cego aos 3 anos, foi aluno, entre outros, de Paul Dukas, em Paris, em 1927.
A chamada música psicodélica surgiu em São Francisco em meados dos anos 1960, no rastro da disseminação do LSD e dos conflitos da época como a guerra do Vietnã, a revolução cubana, o surgimento das armas de destruição em massa, enfim, um conjunto de fatores que influi na produção artística norte-americana, a música incluída. A onda de choque provocada por essa cultua pop logo atravessou o Atlântico e atingiu a Europa.
Essential Kiri
Celtic Cafe
Decca | R$ 29,90
Music Brokers | R$ 29,90
Esta fantástica cantora neozelandesa surgiu em 1970 em um concerto no famoso Covent Garden levado pelas mãos do maestro Colin Davis interpretando uma personagem do Parsifal, de Wagner, e depois na ópera Boris Godunov, de Modest Mussorgsky, baseado numa obra de Alexander Pushkin. Kiri é mezzo contralto e tornouse ainda mais famosa porque cantou no casamento de Diana com o príncipe Charles, há mais de trinta anos.
Segundo o subtítulo, trata–se de “A musical journey through the ancient celtic lands” e três cd’s que revelam o essencial do estilo da música celta, com seu jeitão malemolente que os críticos prefeririam fazer nas salas de espera ou em elevadores que parecem nunca chegar ao destino. No entanto, é música da melhor qualidade que encontra adeptos em São Paulo e grupos se constituindo para tocá-la. Vale a pena ouvir. E é barato.
Antonio Vivaldi
The Best of Israel Kamakawiwo’ole
Deutsche Grammophon | R$ 29,90
Universal | R$ 34,90
O padre Antonio Vivaldi (1768-1741) escreveu centenas de peças e mereciam a reverência dos compositores, alguns dos quais escreviam peças solo para esses instrumentos. Vivaldi, não: fazia as mais estranhas – e belas – combinações, como na última faixa deste cd em que se apresentam duas flautas, dois salmo (antecessor do fagote), dois violinos, dois bandolins, duas teorbas (guitarras), cello, instrumentos de cordas e órgão.
O cd reúne o melhor deste cantor do Havaí, celebrado no seu país como herói nacional, que morreu aos 38 anos, em 1997, pouco depois de gravar Over the Rainbow e What a Wonderful Day. O sucesso foi tão grande que depois foi chamado para cantar em filmes, gravar comerciais e influenciar decisivamente a música daquele país. Ele morreu em consequência de distúrbios respiratórios provocados pelo excesso de peso.
“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”
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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky *
Um alimento E com pedigree PROFUNDAMENTE ENRAIZADO NA CULTURA DOS FRANCESES, ITALIANOS, PORTUGUESES E ESPANHÓIS, O VINHO – DEMOCRÁTICO E ARISTOCRÁTICO – AINDA RESISTE À AVASSALADORA ONDA DE HOMOGENEIZAÇÃO QUE VARRE O PLANETA
ESTE É ROBERT CLARK, O TEMIDO CRÍTICO DE VINHOS NORTE-AMERICANO CAPAZ DE DERRUBAR SAFRAS
ntre os alimentos há os líquidos; dentre estes o vinho e, dentre eles, o mais e o menos nobre de origem. Ao contrário dos seres humanos – por mais que os aristocratas de plantão tentem desesperadamente provar que o sangue que corre em suas veias e artérias é azul – a origem do vinho é meia prova de identidade. O vinho é um produto de mercado com características excepcionais que lhe permitem custar menos de dez reais e ser chamado de “vinho”, e produtos com o mesmo nome “vinho” custem mais de dez mil reais. Mas não pense que isso se deve apenas à propaganda de uns contra a falta de cuidado com o marketing de outros. O mais barato é rapidamente engarrafado assim que ocorre a fermentação, enquanto o outro passa por um estágio em madeira de primeira qualidade, de preferência carvalho francês, cujo barril de 225 litros (vazio, claro) chega a custar novecentos euros; o mais barato é produzido às centenas de milhares de garrafas ao ano, enquanto os mais caros se contam em apenas alguns poucos milhares. As uvas do vinho mais barato são colhidas por equipamento mecanizado, enquanto os mais caros são selecionados cacho por cacho e até, eventualmente, baga por baga de uva. Um país com tradição de produção conhece o terreno de plantio, um saber que passa de pai para filho, enquanto sem esta tradição tudo fica a cargo do conhecimento adquirido na teoria pelos enólogos responsáveis que não puderam contar com experiências passadas em condições exatas. Usam a informação adquirida nos bancos da universidade de enologia e se garantem produzindo de modo muito mais aleatório e, portanto, com grandes chances de não escolher as melhores opções. Em ambos os casos, o sucesso do produto gera imitadores, particularmente vizinhos que se aproveitam dos estudos e conquistas ao longo de gerações para ir direto ao ponto e copiar, muitas vezes elaborando produtos que superam o original. Considerando todo o ciclo, atualmente os países produtores costumam ter dois consumidores – o interno e o externo –, um diferente do outro em muitas coisas, e também no paladar, pois o vinho feito na Fran-
ça que agrada ao consumidor norte-americano não é o mesmo vinho francês que agrada ao francês. São muitos os exemplos: há alguns anos o Domaine Pedrix, um vinho da Borgonha, foi eleito o melhor Pinot Noir do mundo num concurso importante da Inglaterra. Pois bem, os franceses dão pouca importância a este vinho, que, apesar de premiado, continua custando em torno dos sessenta euros. Em comparação, por produtos similares da mesma região se paga mais de mil euros. O vinho é tão enraizado na cultura do francês, do italiano, do espanhol e do português que eles costumam preferir o vinho feito perto de onde cresceram em detrimento até de outros vinhos do mesmo país. É raro alguém da Borgonha comprar um vinho de Cahors, no sul de Bordeaux, como é raro o contrário. Para eles, o formador de opinião não é Robert Parker (influente crítico norte-americano de vinhos). Para eles quem merece confiança é o vendedor local, conhecido pela sabedoria e idoneidade há gerações. Nas grandes cidades, no entanto, a coisa muda um pouco de figura, porque os restaurantes e o comércio tendem a universalizar o consumo. A metrópole esmaga o que é conhecimento local em nome de um saber universal, embora a Europa tenha renovado o velho respeito
ao produto regional, nos últimos anos, inclusive com o advento do movimento slow food, que recuperou o valor de mercado do pequeno produtor por meio das denominações de origem que preservam os valores da produção de queijo, embutidos e de vinho nas pequenas comunidades. Apesar de a oferta de preços sempre atrair, a memória formadora do gosto original, aquele do gosto da família, e que se consolidou nos primeiros vinte anos de vida das pessoas, é a “Grande Muralha” contra a perda dos valores adquiridos entre os consumidores de vinho que sempre tiveram o fermentado de uva como um hábito enraizado. Mais do que nos EUA e em outros países importantes na exportação de padrões de consumo, o europeu resiste em razão dessas raízes tão profundas. Nas Américas estamos sempre querendo derrubar o estabelecido, desconfiando das referências, produzindo novos parâmetros de comparação. No vinho, isto tem sido provado e aprovado desde que o vinho australiano Grange conseguiu o reconhecimento do mundo enólogo, desde que os chilenos e californianos se associaram a grandes produtores franceses como a Chandon e os Rotschild. Vinhos como Clos Apalta, Don Melchor, Seña andam de mãos dadas com os Catena Zapata e Achaval Ferrer no mesmo plano de importância do que os vinhos europeus. E o novo é bom. Renovar é dar as dimensões reais aos mitos e ícones que se consolidaram ao longo dos tempos. Mas resta sempre a verdade que parece ainda indiscutível – os grandes vinhos franceses continuam grandes, ainda que seus preços estejam ainda acima do seu valor de mercado. * O autor é sommelier e juiz de vinho internacional, professor do Senac/Águas de São Pedro, entre outras escolas, consultor de vinho profissional
Números inebriantes Para a França e outros grandes produtores, o vinho é um grande e fantástico negócio. Para se ter a verdadeira dimensão dele, eis alguns dados da Revue du Vin de France, publicada no caderno Le Monde des Vins de setembro de 2012: O consumo de vinhos na França é decrescente, mas ainda longe de ser desprezível: 47 litros per capita atualmente, contra 60 nos anos 1970. No Brasil, o consumo é de mirrados 2,5 litros per capita ** Consomem quatro bilhões de garrafas por ano, sendo que apenas 10% são importados, principalmente da Itália e da Espanha Quinhentas e cinquenta mil pessoas trabalham diretamente na produção de vinho que
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ocupa apenas 5% da área cultivada, mas representa 20% dos trabalhadores agrícolas. Trezentos mil são empregados por atividades indiretas como fabricantes de barris, rolhas, material de comunicação específico, etc. Quinze mil trabalham nos supermercados apenas na área destinada ao vinho, enquanto mais de dez mil são funcionários de lojas especializadas na bebida O vinho representa sete bilhões de euros em divisas, sendo o segundo item de exportação mais importante da França
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** Varia de 1,8 a 2,8 conforme a fonte, nenhuma suficientemente confiável
Nas grandes cidades, a coisa muda um pouco de figura, porque os restaurantes e o comércio tendem a universalizar o consumo. A metrópole esmaga o que é conhecimento local em nome de um saber universal, embora a Europa tenha renovado o velho respeito ao produto regional
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magazine > ensaio | por Marcos L. Susskind *
Mito:
judeus não têm problemas com álcool, drogas ou jogo O PROBLEMA OCORRE ENTRE JUDEUS AFASTADOS, TRADICIONALISTAS, ORTODOXOS, NACIONALISTAS E OS QUE DECLARAM SE SENTIR JUDEUS SEM QUALQUER VÍNCULO
N
ão temos estatísticas a respeito do consumo abusivo de álcool entre judeus – e sabemos ainda menos acerca do consumo de drogas. Também desconhecemos dados a respeito de jogadores compulsivos ou aqueles que usam e abusam de remédios controlados. Mas o número de chamados que recebo em meu celular revela, de forma empírica, que o problema existe – e, pior – vem crescendo de forma assustadora em todos os níveis da vida comunitária judaica. O problema ocorre entre judeus afastados da comunidade, entre judeus tradicionalistas, entre ortodoxos, entre judeus nacionalistas e entre os que declaram se sentir judeus sem qualquer vínculo. Isto é, já fui procurado por gente de todas as vertentes judaicas. Ainda mais interessante é que muitos ativistas de fora da comunidade me informam serem procurados por judeus que lhes imploram: “Não espalhem que atendem judeus...” Essas ocorrências, a cada mês em maior número que no mês anterior, apontam para o fato de que há, sim, entre nós, uma séria prevalência de abuso de drogas, de alcoolismo, de apostadores compulsivos e que já é hora de todos nós finalmente abrirmos nossos olhos e lutarmos em duas frentes. A primeira, mais imediata, é a prevenção, que deve ser atacada “ontem”, porque amanhã pode ser tarde. A outra é a recuperação dos que já entraram neste terrível redemoinho. E peço a você leitor: entenda e aceite a evidência de que a prevenção é mais importante porque é muito mais fácil evitar que alguém entre neste mundo do que ajudá-lo a sair. No entanto, e infelizmente, esta área é negligenciada em nossas escolas, nossos movimentos juvenis, nossas sinagogas e nossas entidades. Como comunidade – de verdade –
nunca fizemos algo sistemático, contínuo, mensurável e apoiado em provas científicas. Se alguma entidade o fez, seus esforços não permearam pela coletividade como um todo, ficando restrita a poucos, muito poucos. Meu relacionamento constante com muitos pais e cônjuges de adictos (vulgarmente chamados de “viciados”) mostra de forma contundente o caos que se instala na família quando um dos membros se torna adicto. O padrão é sempre o mesmo e é difícil descrever a dor, o sofrimento, o isolamento, a angústia, o medo e a raiva que dominam todos da família atingida. Geram-se conflitos, separações, rupturas e disfunções familiares. A família entra numa espiral de convívio com a mentira (de parte do adicto) e o segredo (que todos na família precisam manter). É mais do que chegada a hora de nos unirmos para enfrentar esta situação. Se não o fizermos provavelmente viveremos um caos em poucos anos, pois o avanço parece ser exponencial. A grande pergunta é: como se faz isto? Creio que o começo está na constatação de que nossas lideranças sabem pouco, muito pouco, a respeito, ainda que alguns, infelizmente, se neguem a admitir. Então é preciso buscar informação e e capacitação. Os educadores sabem o que seus alunos pensam a respeito do consumo de drogas ilegais? E álcool? E os dire-
tores e orientadores pedagógicos sabem o que pensam os professores da sua escola? Fizeram um estudo, ainda que elementar? Nossos rabinos tratam de adicções em seus sermões? Há troca de informações entre as diferentes sinagogas? E os clubes, têm alguma noção do que ocorre entre os frequentadores das suas escolas de esportes, grupos de teatro, coral? Os madrichim de movimentos juvenis receberam algum treinamento? Segundo estudos do Center for Addiction and Substance Abuse – Casa – da Universidade de Columbia (2001), lideranças religiosas são geralmente os primeiros a serem procurados quando pais se deparam com problemas de drogas na família, mas só 12,5% do clero tiveram mais de três horas de estudo acerca de drogas em sua formação. E entre os judeus, somente 2,3% dos rabinos! A situação é um pouco melhor nas demais religiões, a saber: 17,9% dos padres católicos e 13,1% dos pastores protestantes. É, portanto, fundamental dar aos rabinos de todas as correntes meios e modos para, primeiro, saber identificar a seriedade do problema e, depois, encaminhar esses pais a quem possa ajudar, porque não cabe ao rabino solucionar mas saber encaminhar. Da mesma forma nossas escolas devem fazer uma pesquisa junto aos professores de modo a conhecer a opinião e o nível de conhecimento deles. O Jacs-Brasil elaborou um questionário que leva no máximo quarenta minutos para ser respondido e uma análise subsequente vai possibilitar conhecer melhor o nível de compreensão dos professores. Colocado à disposição das escolas com muito estardalhaço, confesso, somente uma única escola requisitou o material, aplicou-o mas não retirou os resultados tabulados pelo Jacs-Brasil. Se o tivesse retirado, caberia à escola avaliar se os professores seguem o mesmo pensamento da direção e dos pais e buscar uma forma de construir um discurso e uma conduta comum a todas as áreas em contato com os alunos – professores, coordenadores, funcionários, e outros. Uma pena. E do lado da recuperação? Geralmente as pessoas em busca de recuperação dizem que “nossas entidades comunitárias não se importam conosco”. O único seder de Pessach para judeus em recuperação foi realizado pelo Jacs-Brasil, e bancado por seus pouquíssimos voluntários. Participaram 23 judeus em recuperação e para nove deles foi o primeiro contato com o judaísmo em mais de cinco anos. No entanto, sem apoio, também este seder nunca mais foi realizado. E aqui vale um agradecimento público à Chevra Kadisha que, na época, mandou imprimir cem hagadot específicas para judeus em recuperação, elaborada por um comitê de rabinos do Jacs-USA do qual fazem parte todas as correntes Judaica, traduzido pelo Jacs-Brasil. É chegado o momento de reconhecer que judeus adictos e em recuperação não andam nos mesmos caminhos dos demais. Andam em paralelo, sem contato com o mundo judaico. Ainda prevalecem os mitos que mencionei no título: judeus não se envolvem com álcool, com drogas ou com jogo compulsivo. Para manter o mito, o que fazem? A triste resposta é que
as famílias escondem, se isolam, isolam o adicto – e perdemos mais um correligionário. Já fomos vítimas de matanças em pogroms e perseguições, de conversões forçadas na Inquisição e perdemos milhares, milhões de judeus ao longo da história. É hora de recuperar os que ainda não perdemos. O rabino Eric Lankin do Jewish Community Center de New Hampstead se deparou com este mesmo problema nos Estados Unidos. Convidado para um curso específico do Jacs-USA, percebeu que nada sabia do assunto. Sem possibilidade de capacitação na comunidade judaica, inscreveu-se, em 1991, num curso que trata da ajuda a adictos no Marble Collegiate Church do reverendo Norman Vincent Peale, famoso psicanalista e líder protestante. O Marble College é uma das mais antigas igrejas norte-americanas, fundada em 1628 em Nova York. Lankin era o único rabino e viu como líderes cristãos estavam anos-luz à nossa frente no conhecimento destas compulsões e como lidar com elas. Foi estudar aconselhamento pastoral e se doutorou. Juntou trinta rabinos (ortodoxos, conservadores e reformistas), ampliaram conhecimentos e buscaram judeus adictos ou em recuperação. Estes rabinos aprenderam a receber essas pessoas e a reintroduzi-las na kehilá. Devemos desmistificar a ideia de que estamos e somos imunes. Este mito impede que judeus busquem ajuda no tempo certo. Arregacemos as mangas e enfrentemos o problema. Se começarmos hoje, ainda estamos a tempo. Se deixarmos como está, um dia nos arrependeremos pois poderá ser tarde demais. É mais que hora de pais, professores, rabinos e lideranças comunitárias se prevenirem. Afinal, qualquer um mata uma vespa mas ninguém enfia a mão num vespeiro. Juntos, somos fortes. * Presidente do Jacs-Brasil, membro da Ripred (Rede Interamericana de Prevenção às Drogas) e membro da Itfsdp – Força Tarefa Internacional de Políticas Estratégicas para Drogas E-mail: jacs@pletz.com
Devemos desmistificar a ideia de que estamos e somos imunes. Este mito impede que judeus busquem ajuda no tempo certo. Arregacemos as mangas e enfrentemos o problema. Se começarmos hoje, ainda estamos a tempo
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Desejamos a coletividade Israelita um Feliz Chanucรก
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diretoria > presidência
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diretoria
Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014
É CADA VEZ MAIOR O INTERESSE DO ASSOCIADO EM PARTICIPAR DO ENCONTRO NA PRESIDÊNCIA
O
s doze convidados para o café-da-manhã com o presidente Abramo Douek são pródigos em elogios ao clube. O índice de satisfação é tal que alguns trouxeram propostas para facilitar a frequência de pessoas da terceira idade, como a implantação de uma viagem especial às quartasfeiras à noite da linha de ônibus entre Higienópolis e a Hebraica para aumentar o número de espectadores às sessões de pré-estreia de cinema. Outra sugestão foi a contratação de uma brigada de jovens para estimular emocionalmente os idosos que permanecem sós nos bancos, mesmo em dias movimentados. Quando foram mencionados o Playground e o Fit Center, Abramo antecipou-se e anunciou reformas para os dois
Ideias para melhorar o que já é bom NO CAFÉ-DA-MANHÃ DE OUTUBRO, OS SÓCIOS SUGERIRAM SERVIÇOS DE
APOIO À TERCEIRA IDADE E A RESERVA DE UMA FAIXA EXCLUSIVA PARA MÃES COM CARRINHOS DE BEBÊ NA PISTA DE ATLETISMO espaços. “Vou encaminhar as sugestões da criação de um espaço só para a prática de pilates e as observações sobre o Playground. Quanto ao brinquedo, houve problemas na importação da peça de reposição e agora dependemos da liberação da alfândega para consertá-lo.” Ao completar um semestre de funcio-
namento da Escola Antonietta e Leon Feffer, ele anunciou alguns ajustes em relação à circulação dos alunos e ao atendimento dos concessionários. “No próximo ano, haverá algumas mudanças e a escola deve aumentar o número de monitores durante o recreio”, disse o presidente, já no final da reunião. (M. B.)
PRESIDENTE
ABRAMO DOUEK
VOLEIBOL
SILVIO LEVI
DIRETOR SUPERINTENDENTE
GABY MILEVSKY
HANDEBOL ADJUNTOS
ASSESSOR FINANCEIRO ASSISTENTE FINANCEIRO ASSESSOR Ͳ OUVIDORIA ASSESSOR Ͳ ESCOLA ASSESSORA Ͳ FEMININO ASSESSOR Ͳ REVISTA ASSESSOR Ͳ REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL ASSESSOR Ͳ SEGURANÇA ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS ACESC ASSESSOR Ͳ ASSUNTOS RELIGIOSOS DIRETOR DE CAPTAÇÃO DIRETOR DE MARKETING CERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS RELAÇÕES PÚBLICAS
MAURO ZAITZ MOISES SCHNAIDER JULIO K. MANDEL BRUNO LICHT HELENA ZUKERMAN FLÁVIO BITELMAN JOSÉ LUIZ GOLDFARB CLAUDIO FRISHER (Shachor) MOYSES GROSS RABINO SAMI PINTO JOSEPH RAYMOND DIWAN CLAUDIO GEKKER EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita) DEBORAH MENIUK GLORINHA COHEN LUCIA F. AKERMAN MIRA HARARI PAULETE K. WYDATOR SERGIO ROSENBERG
JOSÉ EDUARDO GOBBI NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN DANIEL NEWMAN JULIANA GOMES SOMEKH
PARQUE AQUÁTICO POLO AQUÁTICO NATAÇÃO ÁGUAS ABERTAS
MARCELO ISAAC GUETTA FABIO KEBOUDI BETY CUBRIC LINDENBOJM ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN RUBENS KRAUSZ
VICEͲPRESIDENTE ADMINISTRATIVO
MENDEL L. SZLEJF
COMPRAS RECURSOS HUMANOS CONCESSÕES TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO MÉDICO CULTURAͲJUDAICO
HENRI ZYLBERSTAJN CARLOS EDUARDO ALTONA LIONEL SLOSBERGAS SERGIO LOZINSKY RICARDO GOLDSTEIN GERSON HERSZKOWICZ
VICEͲPRESIDENTE DE ESPORTES
AVI GELBERG
ASSESSORES
CHARLES VASSERMANN DAVID PROCACCIA MARCELO SANOVICZ YVES MIFANO
GERAL DE ESPORTES GESTÃO ESPORTIVA ESCOLA DE ESPORTES MARKETING/ESPORTIVO
JOSÉ RICARDO M. GIANCONI ROBERTO SOMEKH VICTOR LINDENBOJM MARCELO DOUEK HERMAN FABIAN MOSCOVICI RAFAEL BLUVOL
MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO
AMIT EISLER
RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS
ABRAMINO SCHINAZI
GERAL DE TÊNIS SOCIAL TÊNIS
ARIEL LEONARDO SADKA ROSALYN MOSCOVICI (Rose)
TÊNIS DE MESA
GERSON CANER
TRIATHLON CORRIDA
JULLIAN TOLEDO SALGUEIRO ARI HIMMELSTEIN
CICLISMO
BENO MAURO SHETHMAN
GINÁSTICA ARTÍSTICA
HELENA ZUKERMAN
RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) BADMINTON
JEFFREY A.VINEYARD SHIRLY GABAY
TIRO AO ALVO
FERNANDO FAINZILBER
GAMÃO
VITOR LEVY CASIUCH
SINUCA
ISAAC KOHAN FABIO KARAVER
XADREZ
HENRIQUE ERIC SALAMA
SAUNA
HUGO CUPERSCHMIDT
VICEͲPRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS
NELSON GLEZER
MANUTENÇÃO MANUTENÇÃO E OBRAS PAISAGISMO E PATRIMÔNIO PROJETOS
ABRAHAM GOLDBERG GILBERTO LERNER MAIER GILBERT RENATA LIKIER S. LOBEL
VICEͲPRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL
SIDNEY SCHAPIRO
GERAL SOCIAL E CULTURAL SOCIAL FELIZ IDADE RECREATIVO CULTURAL GALERIA DE ARTES SHOW MEIO DIA
SERGIO AJZENBERG SONIA MITELMAN ROCHWERGER ANITA G. NISENBAUM ELIANE SIMHON (Lily) SAMUEL SEIBEL MEIRI LEVIN AVA NICOLE D. BORGER EDGAR DAVID BORGER
VICEͲPRESIDENTE DE JUVENTUDE
MOISES SINGAL GORDON
ESCOLAS
SARITA KREIMER GRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBAR ILANA W. GILBERT
FITͲCENTER
MANOEL K.PSANQUEVICH MARCELO KLEPACZ
SECRETÁRIO GERAL
ABRAHAM AVI MEIZLER
CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA
ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN
SECRETÁRIO DIRETORES SECRETÁRIOS
JAIRO HABER ANITA RAPOPORT GEORGES GANCZ
JUDÔ JIU JITSU
ARTHUR ZEGER FÁBIO FAERMAN
JURÍDICO
ANDRÉ MUSZKAT
FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY)
CARLO A. STIFELMAN FABIO STEINECKE
SINDICÂNCIA E DISCIPLINA
ALEXANDRE FUCS BENNY SPIEWAK CARLOS SHEHTMAN GIL MEIZLER LIGIA SHEHTMAN TOBIAS ERLICH
GERAL DE BASQUETE BASQUETE OPEN
AVNER I. MAZUZ DAVID FELDON WALTER ANTONIO N. DE SOUZA
BASQUETE CATEGORIA DE BASE BASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS BASQUETE HHH MASTER
MARCELO SCHAPOCHNIK GABRIEL ASSLAN KALILI LUIZ ROZENBLUM
TESOUREIRO GERAL
LUIZ DAVID GABOR
TESOUREIRO DIRETORES
ALBERTO SAPOCZNIK SABETAI DEMAJOROVIC YIGAL COTTER MARCOS RABINOVICH
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diretoria > grandes festas
ARQUITETOS DO ESCRITÓRIO FELIPPE CRESCENTI FIZERAM UM BALANÇO DO TRABALHO REALIZADO
Detalhes de uma decoração elogiada VISUAL DAS DUAS SINAGOGAS MONTADAS NO SALÃO MARC CHAGALL E TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN NAS GRANDES FESTAS FOI
O RESULTADO DO TALENTO E DO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DO ESCRITÓRIO DE FELIPPE CRESCENTI
U
m dos êxitos da vice-presidência Administrativa este ano foi a total remodelação das sinagogas montadas no Salão Marc Chagall e no Teatro Arthur Rubinstein durante as Grandes Festas. O duplo projeto assinado pelo Escritório Felippe Crescente foi elogiado pelas famílias que reservaram lugares, e as autoridades e visitantes ficaram encantadas com a beleza dos dois templos. Passadas as primeiras semanas do ano judaico de 5773, dois arquitetos da equipe se reuniram com o vice-presidente Mendel Szlejf para avaliar o trabalho. O vice-presidente agradeceu em nome da Hebraica o empenho dos profissionais
e elogiou o efeito dos cenários nos dois locais. “Vocês estiveram sempre presentes durante a montagem em tempo recorde das sinagogas”, elogiou Szlejf. Para um dos arquitetos, Christiano Tomás Aguiar, os dois meses dedicados aos detalhes das duas sinagogas serviram para ampliar conhecimentos sobre a cultura e a tradição judaicas. “Recentemente, reformamos um salão para abrigar uma sinagoga e que envolveu alguma pesquisa, assim como a decoração de templos para bar-mitzvá que fazemos com frequência, mas esse projeto na Hebraica exigiu muita atenção a detalhes que desconhecíamos”, afirmou o arquiteto que atua há quatro
anos no escritório de Crescenti. Já a coordenadora da equipe de cenários, a arquiteta Márcia Pereira Amorim, descreveu a rotina de trabalho no escritório onde trabalha há nove anos. “Atuamos em um projeto desde a concepção visual proposta pelo Felippe até os desenhos, protótipos. Depois acompanhamos a montagem até ficar pronto”, resume. Christiano descreve o processo com mais detalhes: “Felippe reúne a equipe e propõe as linhas gerais e trabalhamos com base nessas ideias. É raro descartarmos um item durante a elaboração do projeto. Ele visitou o salão e o teatro, imaginou as estruturas necessárias e o resultado final refletiu sua concepção original”, explicou. Para os dois profissionais, foi difícil indicar um local ou detalhe que tenha apresentado dificuldades na execução. “O projeto inteiro foi desafiador. Até as plantas que apareciam ao fundo nas duas sinagogas funcionaram bem. Deram um toque de aconchego que queríamos transmitir às pessoas que passariam horas rezando”, afirmou Márcia. (M. B.)
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vitrine > informe publicitário HOTEL ESTORIL
Um dos preferidos da comunidade Com sua localização privilegiada, o Estoril é um dos hotéis mais tradicionais e procurados pela comunidade judaica, onde tudo é oferecido para o conforto dos hóspedes. Dispõe de apartamentos e suítes com terraço e vista panorâmica, restaurante, cofre, salão de jo-
gos, american bar e centro de convenções. A localização é privilegiada, em Capivari, bem no centro turístico, gastronômico e comercial de Campos do Jordão. Reservas (12) 3669-9000 Site www.hotelestoril.com.br
SECURITY MASTER SERVIÇOS
Segurança em primeiro lugar A Security Master Serviços atende aos mais variados segmentos de atividades, especialmente na área de segurança, portaria, zeladoria, recepção, limpeza em geral, venda e instalação de sistemas de alarme com monitoramento 24 horas. O grupo foi criado e é dirigido por pro-
MALHAS
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conselho deliberativo
Mudanças à vista Este ano tivemos a maioria das reuniões ordinárias com alto índice de presença, especialmente porque a pauta de cada uma delas continha sempre um ou mais itens ligados diretamente à condução do clube. Refiro-me, por exemplo, à eleição do vice-presidente Social e Cultural, algo raro na história do clube, uma vez que os cargos do Executivo são definidos no início da gestão e agrupados em uma chapa que o novo presidente submete ao Conselho. É evidente que a renovação do Conselho, com o aumento do número de jovens profissionais, alterou a forma como as decisões são conduzidas durante as reuniões. A eleição do conselheiro Sidney Schapiro demonstra o apego de todos à democracia e a preferência da maioria por um vicepresidente que demonstre conhecer as questões relativas ao clube. A prudência também tem sido marca registrada no Conselho Deliberativo neste ano repleto de desafios. Respeitando um pedido feito pelas comissões de Obras e Patrimônio e de Administração e Finanças, a discussão da peça orçamentária para 2013 apresentada pelo Executivo foi adiada para a reunião de dezembro, dando um prazo maior para a análise de itens, como os projetos de reformas e manutenção propostos pela vice-presidência de Obras. E eis que novamente contaremos com grande presença na última reunião ordinária do Conselho já que é cada vez maior o interesse dos conselheiros em conhecer e debater sobre decisões que fatalmente lhes serão cobrados pelos sócios. Isto é representação de fato e democracia, e me dá satisfação em presidir um Conselho Deliberativo nestas condições.
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2012 10 de dezembro
Mesa do Conselho Peter Weiss Presidente Horácio Lewinski Vice-presidente Cláudio Sternfeld Vice-presidente Luiz Flávio Lobel Secretário Fernando Rosenthal Segundo secretário Sílvia Hidal Assessora da Presidência Célia Burd Assessora da Presidência Ari Friedenbach Assessor da Presidência