ANO LVI
| N ยบ 635 | JANEIRO 2015 | TEVET 5775
sรฃo paulo
HEBRAICA
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palavra do presidente
Uma diretoria nova Como bem diz o título da primeira página desta edição, a partir deste mês a Hebraica está “Sob Nova Direção”. E é assim mesmo, com todos os significados que estas três palavras de dezesseis letras possam exprimir que se deve ler e compreender a eleição desta diretoria, cuja presidência me orgulho de ocupar e que, a partir deste mês, passa a gerir e a administrar o presente da Hebraica ao mesmo tempo em que se ocupa de pensar o seu futuro. Fomos escolhidos numa eleição acirrada, mas democrática, por uma diferença de dez votos contra o valoroso companheiro Avi Meizler, e um comparecimento de conselheiros inédito nos últimos trinta anos, o que, por si, já revela o interesse que este momento da vida da Hebraica despertou entre estes delegados escolhidos pelos associados para representá-los e, em seu nome, atuar para o bem comum. Este envolvimento, o desejo de participação e o anseio pela renovação aumentam a nossa responsabilidade na condução das coisas e das causas da nossa Hebraica, e é isso que anima e impulsiona esta diretoria formada por homens e mulheres jovens que se destacaram pelo trabalho sério e abnegado nas comissões do Conselho Deliberativo. Nossa esperança é de que também os associados se integrem a esta proposta de trabalho de renovação cujo alcance vai além de uma geração. Na sala onde realizaremos nossas reuniões há uma grande mesa oval e muitas cadeiras. Uma das paredes ostenta as fotos dos presidentes que nos antecederam. Eles parecem olhar para a mesa e seus ocupantes como se estivessem nos provocando e sugerindo que aprendam com a vida deles e assimilem as experiências que podem transmitir a respeito da vida comunitária, da preservação das nossas mais caras tradições, do conhecimento da nossa história e do amor ao Estado de Israel. E é assim que faremos, pois é isso que queremos.
Shalom
Avi Gelberg
O DESEJO DE
PARTICIPAÇÃO E O ANSEIO PELA RENOVAÇÃO AUMENTAM A NOSSA RESPONSABILIDADE NA CONDUÇÃO DAS COISAS E DAS CAUSAS DA NOSSA HEBRAICA, E É ISSO QUE ANIMA E IMPULSIONA ESTA DIRETORIA FORMADA POR HOMENS E MULHERES JOVENS QUE SE DESTACARAM PELO TRABALHO SÉRIO E ABNEGADO NAS COMISSÕES DO CONSELHO DELIBERATIVO
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sumário
HEBRAICA
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Carta da Redação
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Destaques do guia A programação de janeiro e fevereiro
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Capa / gestão 2015-2017 Conheça a nova Dretoria Executiva da Hebraica
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cultural + social
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Concurso ben-gurion A Biblioteca entrega prêmios e anuncia oficinas de poesia para 2015
22
mercado gourmet Um domingo inteiro para provar o que há de melhor em comida de rua
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saídas culturais Elas vieram para ficar e agradam sócios de todas idades
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meio-dia Oitenta vozes celebraram os vinte anos do Coral da Hebraica
28
coluna um / comunidade Os eventos mais significativos da cidade
34
fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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39
juventude
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carmel Festival teve uma animada 34a. edição
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teatro Saiba quem levou os prêmios da Maratona Cultural Acesc
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esportes
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polo aquático Modalidade apostou nas bases e colheu bons resultados
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judô O ano foi encerrado com a tradicional cerimônia de passagem de faixas
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fotos e fatos Os destaques do mês na Hebraica e na comunidade
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magazine
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religião Pesquisadora lança novas luzes sobre Bíblia cristã
56
notícias de Israel Os casos mais quentes do universo israelense
59
submundo Eles eram bons filhos e companheiros, mas reinavam no mundo do crime
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a palavra Como o ídiche tornou-se a língua franca dos judeus europeus
HEBRAICA
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64
viagem Reunião de familiares e turismo pelo subcontinente indiano
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memória Entenda como o judaísmo santifica o físico através da alimentação
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leituras A quantas anda o mercado de ideias?
72
música Lançamentos do pop e do erudito para curtir em casa
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ensaio Walter Feldman conta porque entrou na CBF
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curta cultural Dicas para o leitor ficar ainda mais antenado
76
unibes cem anos Instituição amplia o foco e quer se tornar centro cultural
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82
ensaio 2 A reaproximação Cuba/EUA e como isso afeta os judeus
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conselho Saiba como foi a escolha do novo Executivo
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HEBRAICA
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carta da redação
Nova e atualizada como este ano
De acordo com a historiografia da Hebraica, a eleição que escolheu a chapa de Avi Gelberg para dirigir a Hebraica nestes próximos três anos foi uma das mais disputadas a ponto de apenas dez votos terem separado este Avi do outro, Avi Meizler. Se não por outras razões, esta demonstração de vigor democrático merece ser tema de capa da edição de janeiro, que inaugura o ano e a nova gestão. Por isso, a foto que ilustra a capa mostra os membros dessa nova diretoria e mais o antigo presidente da Hebraica, Peter Weiss (2006-2008), que foi celebrar com os jovens diretores o apoio que lhes deu durante a campanha. Esta edição conta também como foi o Festival Carmel, revela os novos planos da Unibes, uma das mais importantes entidades da comunidade cuja sede se transfere para o Centro de Cultura Judaica e publica um texto do ex-deputado Walter Feldman em forma de reflexão, a respeito do irrecusável convite da CBF para dirigir um programa de inclusão social a partir do futebol com a experiência que acumulou como secretário de Esportes da prefeitura de São Paulo. No “Magazine”, nosso correspondente em Israel, Ariel Finguerman, mostra em brilhante entrevista, como explicar o Novo Testamento aos judeus. Nesta seção da revista, uma reportagem acerca dos honoráveis gângsteres judeus da primeira metade do século passado para os quais uma coisa é bandidagem, outra é a prática do judaísmo e o culto à memória e às tradições. Além de outros textos, um ensaio trata do significado para os judeus e seu papel no restabelecimento das relações de Cuba com os Estados Unidos e indica como, apesar de a revista Hebraica ser mensal, existe um esforço de deixá-la a mais atualizada possível. Tudo isso, no entanto, não repara equívocos no texto acerca da Chevra Kadisha na edição passada, e o pior deles trocar o nome de seu presidente Cláudio Hirschheimer, para Carlos. Erros e equívocos pelos quais, na condição de diretor de redação, assumo toda responsabilidade. De todo modo, espero que, em represália, algum dia não troquem o nome na minha matzeivá. Boa leitura Bernardo Lerer - Diretor de Redação
ANO LVI | Nº 635 | JANEIRO 2015 | TEVET 5775
DIRETOR-FUNDADOR SAUL SHNAIDER (Z’l) PUBLISHER FLAVIO MENDES BITELMAN DIRETOR DE REDAÇÃO BERNARDO LERER EDITOR-ASSISTENTE JULIO NOBRE
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO MAGALI BOGUCHWAL REPORTAGEM TANIA PLAPLER TARANDACH TRADUÇÃO ELLEN CORDEIRO DE REZENDE FOTOGRAFIA BENJAMIN STEINER (EDITOR)
CLAUDIA MIFANO (COLABORAÇÃO) FLÁVIO M. SANTOS
DIREÇÃO DE ARTE JOSÉ VALTER LOPES DESIGNER GRÁFICO HÉLEN MESSIAS LOPES
ALEX SANDRO M. LOPES
FOTO CAPA FLÁVIO MELLO SANTOS EDITORA DUVALE RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95
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PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA
calendário judaico :: JANEIRO 2015 Tevet 5775 dom seg ter qua qui sex sáb 4 11 18 25
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A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO
“A HEBRAICA” DE 1.000, PABX: 3818.8800
BRASILEIRA
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SÃO PAULO RUA HUNGRIA,
EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FISCHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964 - 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTENBERG 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 1975 | HENRIQUE BOBROW (Z’l) - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN - 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKOBOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS 1991 - 1993 | SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 - 2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 | PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | ABRAMO DOUEK 2012-2014 | PRESIDENTE AVI GELBERG
VEJA NA PÁGINA 98 O CALENDÁRIO ANUAL 5775
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HEBRAICA
| JAN | 2015
por Giovahnna Ziegler
destaques do guia FÉRIAS NA HEBRAICA
EM CLIMA DE FÉRIAS, DIVERSAS ATIVIDADES PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACONTECEM EM
DIFERENTES DEPARTAMENTOS DO CLUBE. ESTE ANO, A COLÔNIA DE FÉRIAS DO HEBRAIKEINU TRAZ NOVIDADES: UMA PARCERIA COM O ESPAÇO BEBÊ, PARA CRIANÇAS DE 2 E 3 ANOS E, PARA CRIANÇAS DE 4 A 8 ANOS, ATIVIDADES CONJUNTAS COM A ESCOLA DE ESPORTES. CADA DIA UMA SURPRESA DIFERENTE, COM OFICINAS ARTÍSTICAS, CAÇA AO TESOURO, ATIVIDADES ESPORTIVAS, CINEMA, SHOWS, OFICINAS DE CULINÁRIA, JUDAÍSMO E O TRADICIONAL SHABAT PARA PAIS E FILHOS. A COLÔNIA DE FÉRIAS HEBRAIKEINU ACONTECE DE 5 A 16 DE JANEIRO. O HEBRAIKEINU TAMBÉM REALIZA A TRADICIONAL MACHANÉKAITZ 2015 (ACAMPAMENTO DE VERÃO) PARA JOVENS DE 7 A 17 ANOS. CERCADO DE NATUREZA, COM ATIVIDADES AO AR LIVRE E QUE ENVOLVEM JUDAÍSMO E ISRAEL, SEMPRE NA COMPANHIA DE AMIGOS, A MACHANÉKAITZ 2015 ACONTECE DE 17 A 24 DE JANEIRO, NO SÍTIO RANIERI. A COLÔNIA DE FÉRIAS DA ESCOLA DE ESPORTES REALIZA PASSEIOS PARA DIFERENTES GRUPOS ETÁRIOS, ALÉM DAS TRADICIONAIS ATIVIDADES DENTRO DO CLUBE. CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS VISITAM O BICHOMANIA E O PARQUE DA XUXA. PARA CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS, OS PASSEIOS SERÃO PARA WET N’ WILD E SÍTIO PHILADÉLPHIA. DE 12 A 23 DE JANEIRO. A COLÔNIA ATELIÊ NAS FÉRIAS ACONTECE DE 12 AO 23 DE JANEIRO NO PERÍODO DA MANHÃ, DAS 9H30 ÀS 1H30 E, DE 19 A 23 DE JANEIRO NO PERÍODO DA TARDE, DAS 14H ÀS 17H, REALIZANDO OFICINAS DE MODELAGEM, COLAGEM, PINTURA E MONTAGEM. TODOS ESTÃO CONVIDADOS A SE DIVERTIR MUITO COM A HEBRAICA E FAZER DESTE UM VERÃO INESQUECÍVEL.
7 Dias
Horários do ônibus
ESPORTIVO
Operação Verão 2015 Data: 1° a 30/1, terça a sexta, das 7h às 11h Local: Pista ou Centro de Preparação Física, Piscina Semiolímpica e Coberta Inf.: 3818-8912 Soccer Camp 2015 Data: 19 a 22/1 Local: Hotel Estância Santa Mônica Inf.: 3818-8911/8912
ESPAÇO GOURMET
Férias na Cozinha Data: 12 a 16/1, das 14h às 17h (para crianças de 7 a 11 anos) e 19 a 23/1, das 14h às 23h Local: Espaço Gourmet Inf.: 3818-8888/8773
JUVENTUDE
Oficina Montagem Novas turmas de teatro para 2015 Inscrições: Janeiro de 2015 Seleção: Fevereiro de 2015 Inf.: 3818-8841
• Terça a sexta-feira Saídas Hebraica 11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saída Avenida Angélica 9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
• Sábados, domingos e feriados Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30 Saídas Avenida Angélica 9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
• Linha Bom Retiro/Hebraica Saída Bom Retiro – 9h, 10h Saída Hebraica – 13h45, 18h30
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| JAN | 2015
capa | gestão 2015/2017 | por Magali Boguchwal
Novas caras N e ideias SESSENTA E DOIS ANOS DEPOIS DA FUNDAÇÃO DA HEBRAICA, OUTRO GRUPO DE JOVENS IDEALISTAS ASSUME OS POSTOS-CHAVES DA DIRETORIA E INICIA O TRABALHO A PARTIR DESTE MÊS. O NOVO PRESIDENTE AVI GELBERG REUNIU UM GRUPO DE VOLUNTÁRIOS QUE ESTREIA NO EXECUTIVO
AVI GELBERG. À ESQUERDA, ASSUME O POSTO OCUPADO POR ABRAMO DOUEK (D) NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS
unca antes se viu eleição assim para presidir a Diretoria Executiva da Hebraica: dos 236 conselheiros aptos, votaram 216, isto é, menos de 10% deixaram de exercer o direito de escolher a diretoria para o triênio 2015-2017. E como Abramo Douek, o presidente que encerrou a gestão em 31 de dezembro, o novo também tem o nome do patriarca Abraão. Avraham (Avi) Gelberg foi eleito com 113 voos contra 103 atribuídos a outro Avraham, Avi Meizler. A chapa eleita é formada por ativistas entre 40 e 50 anos, repetindo, de certa forma, a ousadia do grupo que, em 1953, fundou a Hebraica em busca de uma opção de convívio esportivo e social para os filhos. No vídeo postado na página do Youtube, o grupo lançou o sedutor slogan “Nós acreditamos na Hebraica. Acredite você também”, e divulgava o apoio recebido de alguns ex-presidentes, entre eles o próprio Douek. Além do nome, os dois candidatos a presidência tinham em comum o fato de serem israelenses (Gelberg é de Haifa e Meizler de Tel Aviv) residentes há muitos anos no Brasil, além de terem trabalhado arduamente durante a gestão de Abramo Douek. Meizler foi secretário-geral e Gelberg vice-presidente de Esportes. Além de agora presidente da Hebraica, Gelberg é também o presidente da Confederação Brasileira Macabi (Macabi Brasil). A maioria dos companheiros de chapa participou das comissões permanentes do Conselho e agora estreia na Diretoria do clube. Se Avi integrou o time veterano de basquete, campeão na 18ª Macabíada Mundial, em Israel, a maioria dos novos diretores do Executivo pratica pelo menos um esporte na Hebraica. A chapa eleita – Hebraica para Todos – fez campanha nas redes sociais, em conversas pelo clube e através do vídeo postado no Youtube. No domingo anterior à eleição, simpatizantes da chapa vestiram camisetas amarelas e almoçaram no Restaurante Kasher. “Isso é que é vestir a camiseta do clube”, afirmou
HEBRAICA
Mônica Hutzler, que assume o cargo de vice-presidente social e cultural. Charles El Kalay foi o primeiro diretor a integrar a nova gestão no Departamento Geral de Esportes. A noite terminou em clima de confraternização, com aprovação da ata de confirmação da nova Diretoria Executiva e com todos ouvindo os hinos do Brasil e de Israel. Antes da despedida, um cafezinho bem brasileiro, há muito parte da rotina dos dois israelenses que amam a Hebraica. Cioso da responsabilidade da função como coordenador da comissão eleitoral, o ex-presidente Beirel Zukerman manteve-se alheio à disputa e ficou satisfeito com o resultado geral da noite. “Menos de 9 % dos conselheiros faltaram à noite de hoje. Dos 236 aptos a votar – e a comissão verificou todas as condições estatutárias para garantir a lisura do pleito – 216 compareceram. E o clima é de total democracia e união”, afirmou, segundos antes de anunciar o resultado da votação. Em razão do desligamento de alguns membros das comissões permanentes, será convocada assembleia extraordinária ainda este mês de janeiro.
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“Somos uma família” AINDA SOB O IMPACTO DA ELEIÇÃO DA CHAPA HEBRAICA PARA TODOS, PELO CONSELHO DELIBERATIVO, PARA OCUPAR A DIRETORIA EXECUTIVA NO TRIÊNIO 2015/2017, AVI GELBERG EMBARCOU PARA ISRAEL, NUMA DAS RÁPIDAS VIAGENS QUE FAZEM PARTE DA ROTINA COMO EMPRESÁRIO E PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA MACABI
D
a sala de embarque, pelo telefone, Avi Gelberg descreveu as primeiras impressões em relação ao cargo como presidente da Hebraica. “É uma tremenda responsabilidade. Nesse curto espaço de tempo, fui procurado por sócios de quem ouvi sugestões, reclamações e todo tipo de reivindicação. Por outro lado, o grupo que trabalhará comigo é composto por jovens profissionais e ativistas das comissões permanentes do Conselho Deliberativo e têm vontade de trabalhar por este clube de muitas qualidades, mas que pode e deve ser aperfeiçoado”, afirmou. Gelberg mencionou a primeira reunião do grupo de integrantes do novo Executivo com o agora ex-presidente Abramo Douek, dois dias depois da elei-
GELBERG, AO FUNDO, COMEMOROU COM OS COMPANHEIROS O INÍCIO DE UMA NOVA FASE NA HISTÓRIA DA HEBRAICA
ção. “Foi nossa primeira chance de saber o que nos espera. Será preciso revisar o orçamento e adequá-lo à realidade, assim como fazer um trabalho sério em relação à área de Recursos Humanos. É importante conhecer o potencial de quem já atua no clube e, talvez, trazer mais profissionais para as áreas onde for necessário”, adiantou. O novo presidente aposta na união do grupo de ativistas eleitos para o Executivo e no convívio que se estabeleceu durante as reuniões preparatórias para a eleição. “Tivemos tempo de nos conhecer e agora sinto como se fôssemos todos uma família. Queremos o melhor para a Hebraica, não só quando se pensa no seu papel como clube, mas na condição de centro comunitário. Acredito que teremos a colaboração dos expresidentes e dos diretores que integraram gestões anteriores para aproximar mais o sócio do clube, atrair aqueles que se afastaram e fazer todos participarem da nossa gestão”, disse. Gelberg ainda não definiu como pretende conciliar a presidência da Confederação Brasileira Macabi e a Hebraica. “Esta não será a primeira vez que um presidente exerce mais de um cargo comunitário. Penso, talvez, em me licenciar na CBM, mas é só uma ideia. Creio que as duas entidades se completam. Estou mais atento em transmitir aos outros membros do Executivo a minha experiência prática como vice-presidente de Esportes, o que, sem dúvida, me deixou muito a par dos desafios do dia-a-dia e que estão um pouco distantes do que eles conhecem do trabalho nas comissões. Estou motivado e creio que faremos uma boa gestão”, concluiu. >>
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| JAN | 2015
capa | gestão 2015/2017
Conheça a nova Diretoria Avi Gelberg – Presidente É proprietário da empresa Syl, fundada em 1997. Em 1999, construiu a primeira fábrica em Sorocaba, depois vieram as fábricas de Boituva e Itatiba. Hoje, tem 530 funcionários, é líder de mercado de sistemas de freios e exporta para toda a América Latina, EUA e alguns países da Europa. Desenvolve projetos sociais na Syl, como o Formare. Avi Gelberg possui mais vinte anos de trabalho voluntário dedicado à comunidade, em diversas instituições judaicas. Até o mês passado, era o vice-presidente de Esportes da Hebraica.
Isy Rahmani
Fernando Gelman
vice-presidente Administrativo Economista formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), é consultor imobiliário. É o vice-presidente do Grupo Chaverim, integra o Grupo de Comunicação da Escola Beit Yaacov e coordenava a Comissão de Administração e Finanças do Conselho Deliberativo.
vice-presidente de Patrimônio Engenheiro, sócio fundador da Bainvest Wealth Management, empresa de gestão patrimonial. Relator do Conselho Fiscal da Hebraica, membro da diretoria da Acrelbi (mantenedora do Colégio I. L. Peretz) e colaborador da Sinagoga e Centro Comunitário Beit Menachem.
Daniel Bialski
Fernando Rosenthal
secretário geral Advogado, graduado e mestre pela Pontifícia Universidade Católica (PUC). Membro da Comunidade de Juristas da Língua Portuguesa, da Comissão Jurídica da Hebraica. Presidente da Sinagoga Beth-El, é tesoureiro do Beit Chabad Central. Integra o Conselho do Museu Judaico e é colaborador do Fundo Comunitário, entre outras entidades judaicas.
secretário Advogado, era o primeiro secretário da Mesa do Conselho, depois segundo secretário e membro da Comissão Jurídica do Conselho por dois mandatos. Foi também diretor da Comissão de Sindicância. Fernando é membro da Comissão Jurídica da Federação Israelita do Estado de São Paulo e foi diretor jurídico da Escola Alef.
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Elisa Raquel Griner vice-presidente de Juventude Economista com pós-graduação em análise de conjuntura econômica pela Ufrj. Funcionária concursada do Banco Central do Brasil. Durante quatro anos, participou da Comissão de Administração e Finanças da Hebraica e recentemente entrou para a recém-criada Comissão de Juventude. Colabora com a Divisão Feminina do Fundo Comunitário, entre outras.
Fábio Topczewski
Mônica Hutzler
vice-presidente de Esportes Administrador de empresas, sócio fundador da Landix Real Estate Investments. Coordenador do Conselho Fiscal da Hebraica e integrante do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.
vice-presidente Social e Cultural Formada em Relações Públicas, com MBA de administração e finanças no Ibmec. Integra a diretoria do comitê gestor do Grupo Ellevate Networks (85 Broads) no Brasil, com matriz nos Estados Unidos. Conselheira desde 2010 e relatora da Comissão de Administração e Finanças.
Dani Ajbeszyc
Eduardo Grytz
tesoureiro geral Administrador de empresas com MBA em Finanças pelo IBMEC. Conselheiro da Hebraica e integrou a Comissão de Administração e Finanças durante quatro anos. É também conselheiro do Centro Comunitário Beit Menachem e do Beit Chabad do Alto de Pinheiros.
tesoureiro É sócio fundador da Performa Investimentos. Graduado pela Faculdade de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP e pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Durante seis anos integrou a Comissão de Administração e Finanças da Hebraica. Atua na Câmara de Comércio Brasil-Israel e no Conselho do Instituto Desbravar e no Fundo Comunitário. É também colaborador do Fundo Comunitário.
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| JAN | 2015
cul tu ral + social
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cultural + social > concurso ben-gurion
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O gosto e a prática da literatura A BIBLIOTECA ENTREGOU OS PRÊMIOS DO CONCURSO BEN-GURION E DEBATEU OUTRA VEZ O PROJETO “AONDE VAMOS”, CUJO OBJETIVO É ACOMPANHAR A LITERATURA PRODUZIDA POR JUDEUS BRASILEIROS
bibliotecária chefe Eunice Lopes disse que alguns estreantes se juntaram aos veteranos na nona edição do concurso e o júri formado pela escritora Deborah K. Goldemberg, a professora Áurea Rampazo e a escritora e crítica literária Vivian Schlesinger teve trabalho em escolher os melhores. “A qualidade e variedade dos textos agradaram os jurados”, afirmou Eunice. A Sala Plenária ficou lotada na cerimônia de entrega dos prêmios e as juradas anunciaram a realização de uma oficina de poesia este ano para aperfeiçoar as técnicas e recursos dos interessados no gênero. O trabalho dos adolescentes Muriel Saidenberg – vencedora na categoria “Crônica” – e Allan D. Catach, segundo lugar em “Conto”, foi muito elogiado pois se classificaram também na Maratona Cultural Acesc. “Escrever é um hobby antigo. Gosto de compor poesias e redações para
ALLAN DAVI CATACH, PREMIADO EM DOIS CONCURSOS, RECEBEU CUMPRIMENTOS DO VIC-PRESIDENTE SIDNEY SCHAPIRO E DAS JURADAS DÉBORAH K. GOLDEMBERG E VIVIAN SCHLESINGER
HEBRAICA
a escola. Inscrevi-me três vezes nos dois concursos e este ano minha poesia venceu na Acesc”, comentou Allan, 15 anos, aluno do curso médio do Colégio Bandeirantes. Muriel, 13 anos, participou do Concurso Ben-Gurion de 2013 e na Acesc em 2014. “A crônica era tarefa de escola e estou feliz com o prêmio”, contou a jovem, aluna do Renascença. Sempre leu muito, “pesquiso, pego livros da Biblioteca do clube, leio a contracapa e se interessar, levo”, conta. Cria histórias, dificilmente as transfere para o papel, mas colaborou no texto de É Tipo Amor, peça encenada pelo grupo “ArteculAção”, ao qual Muriel pertence, no Teatro Anne Frank. Tali Finger, 12 anos, também é amiga de um bom livro. Na oitava edição do Ben-Gurion foi primeiro lugar e, nesta, foi terceiro com um texto para a Escola Alef apresentado junto com outros cole-
gas na Feira de Ciência e Artes. Além dos livros, estuda violão no Centro de Música e pratica futebol, handebol e vôlei na Hebraica. Quer ser advogada ou bióloga. Dos jovens do clube muitos escrevem, mas não inscrevem os textos em concursos. Letícia Vinocur, 14 anos, da equipe juvenil de natação lê e escreve nos finais de semana e à noite. Tatiana Spitzcovsky, também do Alef, partilha com o pai, Jaime, jornalista, o gosto por viagens, livros e sempre narra as aventuras que vive. Na véspera da entrega dos prêmios, a escritora Cíntia Moscovich, esteve no clube, convidada do projeto “Aonde Vamos – Rumos da Literatura Judaico Brasileira”, elogiou a criatividade dos jovens. “É louvável, mas se os pais transformam esse interesse em uma carreira precoce, às vezes se antecipam e prejudicam o que poderia ser um futuro brilhante nessa ou outra profissão”, afirmou. (M. B.)
Os premiados A Maratona Cultural Acesc estimula a integração entre os sócios dos clubes participantes por meio de festivais de teatro e competições esportivas por equipe. Com exceção destes dois últimos, a inscrição dos sócios é individual e cada clube se encarrega da divulgação interna do evento. A Hebraica é veterana no Festival de Teatro (ver matéria à pg 43), nos concursos de MPB vocal, literatura e na mostra de artes plásticas. Em 2014, houve finalistas do clube teve em todas essas modalidades, menos artes. Stela Costin Serban foi premiada em anos anteriores e agora ganhou prêmio de fotografia. As interpretações de Cláudia Hemsi Leventhal e Gabriel Sznelwar foram elogiadas e Alan Davi Catach e Muriel Saidenberg surpreenderam com seus textos. Finalistas na Maratona Acesc Allan Davi Catach – primeiro lugar em “Poesia Infantojuvenil” e segundo lugar em “Conto Infantojuvenil” Muriel Saidenberg – primeiro lugar “Conto Infantil” Gabriel Sznelwar – segundo lugar em “MPB Vocal Masculino” Cláudia Hemsi Leventhal – segundo lugar em “MPB Vocal Feminino” Stela Costin Serban – primeiro lugar em “Fotografia Colorida sem Manipulação” Jayme Roizen – segundo lugar em “Fotografia P&B com Manipulação” e primeiro lugar “Fotografia em P&B sem Manipulação” Sylvia Sinder – segundo lugar em “Escultura Abstrata”
Concurso Ben-Gurion CONTO Paula Kahan Mandel – “O Canguru”, primeiro lugar Rosa Broner Worcman – “Alice Acordou”, segundo lugar Arnaldo Ryngelblum – “Dói Fundo”, terceiro lugar CRÔNICA Viviane Namur Campagna – “Meu Pai”, primeiro lugar Cláudia Hemsi Leventhal – “Azeitando as Coisas”, segundo lugar Júlia W. McGill – “Reclamação de um Futuro não Tão Distante”, terceiro lugar MENÇÃO HONROSA Jaques Mendel Rechter – “O Pau Velho e a Kombi dos Infernos” DEPOIMENTO Gina Szajnbok Harari – “Incêndio”, primeiro lugar Stela Costin Serban – “O Reencontro”, segundo lugar Jacques Mendel Rechter – “Uma Tarde no Museu”, terceiro lugar CONTO JUVENIL Deborah Abuhab Rappaport – “Herói”, primeiro lugar Allan Davi Catach – “Uma Sacola de Pães”, segundo lugar Tali Finger– “O Diário de Hannah”, terceiro lugar CRÔNICA Muriel Saidenberg – “O Voo”, primeiro lugar
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cultural + social > mercado gourmet
O ASSOCIADO DA HEBRAICA PÔDE CONHECER A VARIEDADE DE CARDÁPIOS DOS FOODS TRUCKS
Apetite insaciável NA TERCEIRA EDIÇÃO DO MERCADO GOURMET, O DOMINGO DE SOL COLABOROU E CERCA DE 1.600 PESSOAS, ENTRE AS QUAIS FAMÍLIAS INTEIRAS, OCUPARAM A QUADRA ESPORTIVA DO MEIO-DIA AO FINAL DA TARDE
M
uitos começaram pelas bebidinhas do Against Goró Truck, provaram o Ponche Truck e o negroni, o chope artesanal na temperatura exata, etc. Outros escolheram ir direto à Casa Mônica Dajcz experimentar as polentas com cogumelos orientais e o fondue de parmesão. Alguns passaram primeiro pelo Vege Tao, que tinha até borscht com creme de dill; as massas e o sanduba do cafajeste do Holy Pasta Food Truck; e um prato à base de frango com nome complicado – gai tod makam – em duas versões, especialidade do Asian Food. Só depois escolheram entre o burger e a american cheese salad do Ici Bistrô e as variações de couscous do Tanger, aliás os campeões do dia. Destaque para o falafel da Malka e o público cativo ron-
dando a mesa o tempo todo. Depois, a sobremesa para encerrar. Aí era passar pela mesa da S.O.S. Cupcakes e se deliciar com os próprios, as trufas e as fatias de bolos recheados. Muitos levaram para casa minibolos de cenoura com calda de chocolate, de nozes e calda de maracujá e, importante, sem lactose. Quem guardou um lugarzinho completou a gula na Picoleteria. Todos elogiaram a organização e Regina Czeresnia, do Vege Tao, e outros donos de restaurantes comemoravam o êxito do evento. “É um dia a mais de faturamento”. O diretor do Espaço Gourmet Diego Man e a profissional Ana Recchia já garantiram a realização do quarto mercado para este primeiro semestre de 2015. (T. P. T.)
Gourmet sem Segredos Emma Macdonald / Publifolha / 223 pp. R$ 37,90 De um encontro com uma consumidora, Emma Macdonald fundou em 1994, em Londres, a The Bay Tree Food Co. que, no Reino Unido, se tornou sinônimo de delicatessen e palácio gastronômico repleto de produtos artesanais finos: geleias, conservas, tortas, queijos especiais, carnes curadas e peixes defumados. É verdade que existem casas assemelhadas pelo resto do mundo, mas a de Emma é especial porque ela decidiu que este patrimônio poderia ser dividido com o público e o faz por meio de folhetos que distribui aos clientes nas lojas, e agora os reuniu em um livro com receitas que levam esses ingredientes, muitos dos quais já podem ser encontrados nas boas casas do ramo, ou sucedâneos que não fazem feio como, por exemplo, o peito de frango curado em casa que pode deixar a paella tradicional com um sutil sabor defumado, ou a terrine de caranguejo que se transforma no recheio de uma cremosa torta de frutos do mar. Pitadas da Rita Rita Lobo / Panelinha / 311 pp. / R$ 59,90 As livrarias aumentam cada vez mais os espaços e prateleiras destinados a livros de culinária e gastronomia, e este é o quinto livro de Rita em mais de vinte anos testando receitas, escrevendo sobre comida e criando conteúdos para outras mídias. Eela propõe que o leitor se aventure e se arrisque mais na cozinha, e com a vantagem de usar medidas-padrão, ingredientes acessíveis e um passo-a-passo detalhadamente explicado. Rita, que tem blog e programa de rádio, estruturou o livro juntando as receitas e as pitadas em capítulos, cada um de uma cor, e cada cor representando uma intenção, uma vontade, e, por isso, nem parece uma refeição tal como a conhecemos, pois tem sobremesa antes do prato principal, drinque depois da entrada, etc., menos cafezinho assim que se senta à mesa. Ela enfatiza que cozinhar é libertador, terapêutico e com alguma boa vontade, até romântico.
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cultural + social > saídas culturais
UMA NOITE INESQUECÍVEL NO JARDIM ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO
Do Jardim Zoológico a Salvador Dalí
PAIS E FILHOS APROVAM AS SAÍDAS PROMOVIDAS PELO DEPARTAMENTO SOCIAL E CULTURAL. A PROGRAMAÇÃO GARANTE ARTE E LAZER, COM DIREITO A CAFÉ-DA-MANHÃ OU ALMOÇO, DEPENDENDO DO HORÁRIO DO PASSEIO
O
s encontros promovidos pelo Departamento Social e Cultural para visitar exposições e centros de lazer na cidade são cada vez mais frequentes, atendendo ao pedido de sócios que perceberam a comodidade de participar das saídas culturais: afinal, têm ônibus à porta do clube, nos locais não enfrentam filas para entrar, têm todo o tempo para apreciar as mostras, podem saborear o café-da-manhã ou almoçar no Espaço Gourmet ou no Casual Mil, de acordo com o horário do passeio. Casais, amigas, pais e filhos compõem esse público que se diverte nos encontros, como no final de 2014, durante o passeio noturno ao Jardim Zoológico de São Paulo e as duas visitas ao Castelo
Rá-Tim-Bum, no Museu da Imagem e do Som (MIS). Chegar ao Zoo e ver de perto espécies noturnas como gambás, corujas e morcegos passeando pelo parque, e as girafas e macacos, animais diurnos, mas curiosos, que saem das tocas, foi um privilégio para os moradores urbanos, distantes dessa realidade a poucos quilômetros de casa. Entre as exclamações de surpresa das crianças, os pais aplaudiram “essa experiência única e educativa”. As histórias de Nino, Dr. Victor, Morgana, Pedro, Biba e outros personagens da TV Cultura na década de 1990, foram uma volta à infância e adolescência com as visitas ao Castelo Rá-Tim-Bum
no MIS. Seguindo pais e filhos, era difícil dizer quem se divertia mais. “Filho, olha lá, olha!!!!”, dizia o pai com a mesma alegria que o prendia à tela do televisor há anos, apontando para as figuras coloridas da produção de maior sucesso de uma emissora pública brasileira. E as crianças de hoje também vibraram enquanto iam de uma sala para a outra, admiradas com a quantidade de objetos, personagens e detalhes coloridos que compõem a magia criada pelos idealizadores da série Flávio de Souza e Cao Hamburger, também diretor geral desse mundo encantado. Entre uma e outra ida ao MIS, o convite para conhecer as obras de Salvador Dalí, no Instituto Tomie Ohtake, recebeu resposta afirmativa em poucos dias. Os trabalhos e as instalações das coleções do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, de Madri, da Fundació Gala-Salvador Dalí, de Figueres, na Espanha, e The Dalí Museum, de St. Petersburg, Flórida, nos Estados Unidos, foram olhadas mais de uma vez. No resultado final, prevaleceu o comentário de que “gostando ou não, essa mostra tinha de ser vista”. (T. P. T.)
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cultural + social > hebraica meio-dia
OITENTA VOZES REGIDAS PELO MAESTRO HALEGUA NO PALCO DO TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN
Coral faz vinte anos com convidados CORAL DA HEBRAICA COMEMOROU VINTE ANOS DE ATIVIDADES E RECEBEU COMO CONVIDADO O CORO JOVEM SINFÔNICO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, COMPONDO UM CORAL DE OITENTA VOZES
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Coral da Hebraica comemorou vinte anos apresentando-se no Hebraica Meio-Dia, sob regência do maestro León Halegua e a assistência de Alejandro Birenbaum. Seu repertório de música erudita, jazz, popular, judaica e litúrgica inclui participação nos concertos sinfônicos e temáticos e na série In Concert, como recentemente nos espetáculos de Toquinho, Ivan Lins e outros. Ao coral da Hebraica juntou-se o Coro Jovem Sinfônico de São José dos Campos, criado para educar por meio da mú-
sica, formar futuros cantores profissionais e novas plateias. Anualmente são oferecidas vagas a interessados entre 16 e 34 anos para aulas de técnica vocal, teoria, percepção e rítmica. O Coro já conquistou muitos prêmios. Nesse Hebraica Meio-Dia cantaram trinta coralistas da Hebraica e cinquenta visitantes. Estes, regidos pelo maestro Sérgio Werneck, abriram o programa com cinco canções hebraicas de amor de Eric Whitacre, compositor e maestro norte-americano Na segunda parte, Halegua conduziu os oitenta can-
tores em uma seleção de trechos do Requiem, de Mozart. E por que um uma prece que homenageia os mortos para celebrar uma data festiva? Halegua explica: “Essa é uma música que todo coro deve ter no seu repertório e vinte anos é a idade para isso. No nosso Coral, seguimos a linha de interpretar o fundamental do território erudito e divulgar a música popular brasileira”. A apresentação foi acompanhada pela pianista Karin Uzun e dos solistas Elaine Morais, soprano, Lídia Schaffer, mezzo soprano, Sérgio Werneck, tenor, e José Maria Pereira Cardoso Filho, baixo, membros dos dois grupos. O evento foi uma realização do Departamento Social/Cultural, como parte do projeto Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura / Hebraica para Todos, com o apoio da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, Fundação Cultural Cassiano Ricardo e Prefeitura de São José dos Campos. (T. P. T.)
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coluna comunidade
O devorador de estrelas
(foto, crédito Eliana Assumpção)
O lançamento, pelo Instituto Olga Kós, de Mário Gruber. o Devorador de Estrelas na Cinemateca Brasileira, teve mostra de obras do pintor e de jovens com deficiência intelectual, que trabalharam com imagens do artista nas Oficinas de Criatividade, orientados pelo filho Gregório Gruber. “Há muitos anos eu desejava fazer um livro com a obra de Mário Gruber e comentar coisas a respeito da sua fascinante personalidade artística”, disse o autor do livro, Jacob Klintowitz. “A ambição estética o levou a criar uma obra pioneira e comprometida com ideais estéticos, filosóficos, políticos e culturais.”
por Tania Plapler Tarandach | imprensa@taran.com.br
RABINO MICHEL SCHLESINGER ACOMPANHA YAEL E RABINO SHABSI ALPERN NA VISITA À CIP
Visita bem-vinda à Casa da Juventude
A
sobrevivência do povo judeu está na capacidade de dialogar, e este é o projeto “Diálogos” da Congregação Israelita Paulista (CIP), que juntou os rabinos Shabsi Alpern e Michel Schlesinger, na Casa da Juventude da Congregação Israelita Paulista. “A percepção é que Chabad e CIP se odeiam e não é verdadeira. É uma percepção errada. Este encontro foi um chamado para fazer algo respeitando a ideologia de cada um.” Este diálogo ocorreu dias antes, quando os dois rabinos se encontraram num evento. “Eu gostaria de visitar vocês”, propôs Alpern. Tranquilo e pausadamente, o rabino do Chabad Central disse que “entre nós há um costume de procurar exemplos da vida na parashá. Domingo, segunda e terça-feira são dias ligados com a parashá
do Shabat anterior. Então, como é segunda-feira, vou falar do texto desse sábado em que Jacob manda o filho José procurar os irmãos. Todos fazemos parte da mesma raiz, vim aqui ao encontro dos meus irmãos para cumprir as palavras da parashá. Vim buscar, não separar.” Alpern desejou Chag Chanuká Sameach e contou que ao retomar o Templo de Jerusalém, “os macabeus insistiram em que o óleo deveria ser usado para iluminar o Templo naquele dia, mesmo que durasse apenas esse dia, pois não se deve adiar os atos. O que será o amanhã foge à nossa vontade”. Assim aconteceu o milagre e o óleo durou por oito dias. “Tenhamos uma atitude de macabeus, vamos sempre encontrar nossos irmãos.”
Para lembrar Samuel Klein (z’l)
“Q
uando perguntavam qual era o signo do meu avô Samuca, ele dizia: ‘Sou judeu’. Eu só vim entender o significado anos depois. Outra frase que ele sempre repetia era a de que quanto mais dinheiro ganhava, mais podia ajudar Israel. Com ele aprendemos o valor da tzedaká e reforço aqui nosso compromisso de continuar colaborando com a comunidade judaica”, disse Rafael na homenagem ao avô Samuel Klein, durante a haskará na Hebraica.
Rabinos, dirigentes comunitários e pessoas que conheceram o falecido “mascate número 1” o homenagearam como empreendedor, benemérito e patriarca. O filho Michel e os netos Natalie e Rafael (foto) agradeceram. Antes, Abramo Douek, Boris Ber, Roberto Justus e o rabino Henrique Begun testemunharam as boas ações do falecido. Michel Klein recebeu uma chanukiá entregue por alunos das escolas judaicas, a quem o pai tanto ajudou.
HEBRAICA
COLUNA 1
Ficou com o sócio e vice-presidente de Mídia da Loducca, Daniel Chalfon, o título de mais importante profissional de mídia do Brasil em 2014. Completou, assim, a série de prêmios Caboré para a agência.
∂ Chefs Marcos Godoy e Horácio Cymes voltaram a toda da Europa. Inauguraram La Toque Blanche para idealizar celebrações intimistas (aniversário, chá bar, noivado, confraternização) com sabor contemporâneo e pitadas mediterrâneas, seguindo o desejo do anfitrião.
Cabala guia visita a Israel Reeleito presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Luís Terepins escolheu o alemão Jochen Volz como curador para a 32ª. Bienal de São Paulo, em 2016. Dez anos de escultura no livro lançado pela PitCult Bia Doria, Raízes do Brasil. Noite de autógrafos badalada na Livraria Cultura/ Iguatemi. Google comemora datas especiais com versões divertidas do seu logotipo. Anna Freud, filha de Sigmund Freud, foi homenageada com uma dessas variações, os chamados “doodles”. Gerald Epstein é conhecido por seu programa de pós-graduação para profissionais de saúde. Após vários livros a respeito da aplicação da cabala na terapia e cura de problemas psiquiátricos com pesquisas em visualização e consciência, o autor lança Vivenciando a Cabala – A Sabedoria Antiga e as Imagens do Dia a Dia, pela Editora Ágora. Mostrando meios para o leitor se tornar um cabalista praticante.
Walter Feldman foi um secretário de Esporte de São Paulo elogiado por suas ações. Em nova fase, assumiu a Secretaria da Federação Paulista de Futebol. Um estágio para atuar, a partir de abril, na CBF, “entidade que pode dar uma contribuição social e estímulo para a base, num processo educacional”, afirma o ex-político. Convidados por Esther Schattan, Ieda Korman e José Ricardo Basiches mostraram seu bom gosto e criatividade nos espaços decorados da Ornare em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
∂ Denise Tunchel usou bem escondido um amuleto Arroz Agulhinha, obra do joalheiro Antônio Bernardo exclusivo para o ateliê A Modista, da estilista de noivas Gisele Dias.
O Brasil é o país homenageado no Salão do Livro de Paris, em março de 2015. Betty Mindlin está entre os autores convidados. Cao Hamburger estreou “Que Monstro Te Mordeu?”, série de cinquenta episódios na TV Cultura. Sublimação é um livro-objeto, o primeiro de Ana Nitzan, artista que passou pela fotografia, pintura, desenhos e construção de objetos. Organizado pelo curador Eder Chiodetto, projeto gráfico de Milena Galli e patrocinado pelo Besi Brasil/ Grupo Novo Banco. Vânia Ejzenberg tratou do tema “Captação e Retenção de Talentos na Hotelaria” em painel sobre Relações Humanas do Pré-Conotel, evento que antecipa o Congresso da Hotelaria, em março, no novo espaço São Paulo Expo. É de Jacob Solitrenick a fotografia de Os Amigos, filme dirigido por Lina Chamie, rodado na cidade de São Paulo.
A Mandala Tours é conhecida por roteiros exóticos e grupos especiais. O mais novo destino da agência, dirigida por Renata Ickowicz, é a viagem a Israel do ponto de vista da Cabala e do misticismo. A primeira saída será durante o Carnaval, em fevereiro. Se visitar Jerusalém e Sfat já é especial, essa viagem promete momentos inesquecíveis. O rabino Shmuel Lemle, da Casa de Kabbalah do Rio de Janeiro, acompanhará o grupo nas cinco noites em Jerusalém, quatro em Sfat e uma em Tel Aviv, visitando os principais pontos de ensinamento da Cabala, uma vinícola e passeio de barco. Estão incluídos seguro-viagem e apostila com as informações de cada lugar, além da opção de passar alguns dias na Europa, antes ou depois do tour. Informações pelo e-mail renata@ mandalatours.com.br.
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Alain e Raphael Esser inovaram: foram os primeiros a estacionar um food truck com festival de hot dog kasher ao lado do estande de vendas, no lançamento do V.I.P. Augusta, perto de Higienópolis.
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Para um mundo melhor A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo realizou o TOM São Paulo, com equipes multitarefas para criar soluções tecnológicas que auxiliem pessoas com deficiência, inspirada no TOM Israel (http//:tomisrael.org), que acontece em Nazaré. Realizado no Departamento de Engenharia de Produção da Poli/USP, o evento reuniu durante três dias especialistas de diversas áreas de atuação, profissionais da tecnologia e reabilitação de pessoas com deficiência.
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cultural + social > comunidade+coluna1 Acordo Israel-México Com um acordo na área de pesquisa e desenvolvimento industrial, o México vai se juntar ao Escritório do CientistaChefe no Ministério de Economia de Israel para um trabalho conjunto de cooperação internacional. Assinaram o acordo o embaixador de Israel no México Rodica Radian Gordon e a ministra israelense da Economia Rona Kotler Ben Aroya, que atuou na Missão Econômica de Israel em São Paulo. O acordo avança para estreitar relações econômicas com países como Brasil, Chile e Colômbia.
Fraternidade em Chanuká Judeus e cristãos se uniram na comemoração das festas de Chanuká e Natal, para celebrar a coexistência, o respeito às religiões e a amizade. O evento aconteceu no Centro da Cultura Judaica (CCJ) com a presença do cardeal arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer e do cônego José Bizon, diretor da Casa da Reconciliação. Raul Meyer os recebeu. Houve apresentação da Orquestra de Paraisópolis. “Foi uma tarde de muita emoção”, disse Miriam Markus, do Conselho da Fraternidade Cristão-Judaico, entidade atuante no diálogo entre as duas religiões.
Lançamento concorrido O Núcleo de História Oral Gaby Becker, do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro (Ahjb), lançou Carta de Chamada, edição da Annablume. É o segundo livro do grupo de pesquisadoras que se dedica a registrar as ondas migratórias de judeus para o Brasil. Assim como o primeiro, este também foi bem recebido pelo público, que foi à Livraria da Vila/Pátio Higienópolis para a noite de autógrafos.
COLUNA 1
∂ Thaís Bilenky e Thomas Coelho escolheram a paisagem beiramar de Trancoso como décor para o momento solene do “sim”. A The Sweet Bubbles vai revolucionar o segmento de doces. Garantem André Raccah, Reynaldo Rey Zani e os irmãos Marcelo e Shemuel Shoel. A torta oreo lemon pie, exclusiva da marca, é uma das delícias do cardápio da casa na rua Tabapuã. Tânia Hollender é uma das mais novas franqueadas da Esmalteria NailsExpress. Sua unidade, no Brooklin, segue a linha de serviços em mãos, pés, sobrancelhas, mais o conceito de Nail Bar, happy hour em aniversários, chá de cozinha, de bebê e o que mais a imaginação bolar.
Tufi Duek (loja Pátio Higienópolis) e Ilumini Joias reunidas em prol da Wizo. Evento do Grupo Tzehirot encantou quem gosta de estar na moda.
Durante o 78º. Board of Governors, em junho, a Universidade Hebraica de Jerusalém entregará ao ex-ministro Joaquim Barbosa o título de doutor honoris causa.
Duas damas com 90 anos bem vividos: Trude Barmak comemorou no Charlô Restaurante; Riva Bitelman recebeu família e amigos em jantar especial na casa do filho Flávio.
Com um registro do Cristo Redentor, Jankel Grubman foi o vencedor da etapa brasileira, na categoria “Magia da Cidade”. No concurso de fotografia considerado um dos maiores do mundo, promovido pelo Metro Jornal.
Ficou mais fácil acompanhar o Chaverim, agora no Youtube, no endereço http://youtu.be/ UzqBQs-U09A. Alexandra Lebelson Szafir lançou mais um livro: desCasos2, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos, editado pela Saraiva. Escrito, em razão de sua esclerose lateral amiotrófica, por meio de um equipamento instalado no computador, que segue o movimento dos olhos e “digita” num teclado virtual. Palavra de Gringo é produto do olhar de dez jornalistas estrangeiros e ilustrado pela brasileira Rita Wainer. O lançamento foi na Livraria Martins Fontes.
Ouvintes atentas do Fórum MuBe/ Arte/Hoje/Reflexões, Ninetta Rabner, Miriam Nigri Schreier e Carolina Birenbaum seguem as palestras de profissionais de diferentes áreas, dirigidos pelo diretor do Museu Brasileiro da Escultura, Olívio Guedes. Rachel e Leonardo Spencer saíram de São Paulo, foram para a Flórida e irão até a Austrália. Estão na estrada há um ano e meio, percorreram mais de cinquenta mil quilômetros vivendo no próprio carro e escreveram o livro Viajo, Logo Existo, com fotos e histórias pitorescas da aventura.
Coordenador técnico da CrossFit Brasil e precursor do esporte no Brasil, Joel Fridman participou da versão Oportunidades no Mercado da Boa Forma, uma das vertentes do Encontro Estadão PME. Chanina Luwisz Szejnbejc nasceu na Polônia em 1927 e veio ao Brasil com 9 anos para morar em Minas Gerais. Oftalmologista, preferiu as artes plásticas. Morreu antes de ver pronto o livro Chanina, editado pela Vallourec, com ensaio crítico de Jacob Klintowitz. A obra ganhou o Gran Prix de melhor acabamento editorial no 10º. Prêmio Mineiro de Excelência Gráfica – Cícero 2014. “A La Mar” teve show no Centro da Cultura Judaica. É um trabalho de Fortuna, voltado ao cancioneiro árabe, judaico e cristão, ressaltando valores como tolerância, universalidade e respeito à diversidade. O Livro da Gramática Interior foi lançado em 1991, em Jerusalém. Este mês, a obra de David Grossman sairá pela Companhia das Letras.
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Roy Nir volta ao Brasil
A Galeria Rabieh recebeu exposição simultânea de Eduardo Srur e Helen Faganello, que passam a integrar o
elenco de artistas da casa. No Centro da Cultura Judaica (CCJ), Moacir Amâncio e a israelense Michal Held completaram parceria iniciada em Jerusalém com o lançamento de Poemas Nômades 2. Uma jornada pelas criações multilíngues, realização do Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura e CCJ.
AGENDA 8/2, domingo, das 10 às 14h Tu B’shvat na praça Rosa Alves de Souza, Vila Mariana. Plantio de árvores, distribuição de mudas, lazer e animação ao ar livre para todas as idades, Realização do Grupo Tzehirot, da WIZO/SP 13 a 26/4 Marcha da Vida/Fundo Comunitário de São Paulo. Para pessoas acima de 30 anos. Programa exclusivo na Polônia e Iom Haatzmaut em Israel. Alimentação kasher. Informações, karina@fundocomunitario.org.br. Israel Beshirá 5 Descubra Israel através das suas melodias. Projeto em andamento. Viagem em Iom Haatzmaut 2015. Informações, www. israelbeshira.com.br 1º/6 – Herança Judaica. Percurso de Budapeste a Praga em oito dias em um navio da Ama Waterways. Extensão opcional de três dias em Praga. Programação completa. Informações, Bobertur, fone (11) 991-332-505
E
x-cônsul econômico e, durante seis anos, diretor da Missão Econômica de Israel em São Paulo, Roy Nir voltou a São Paulo agora como presidente da Câmara Israel-Brasil de Comércio e Indústria. A convite de Jayme Blay, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria, Nir falou sobre “O Brasil Depois das Eleições – Desafios e Oportunidades”, em encontro com empresários. “Voltar para Israel foi muito difícil para mim. Criei vínculos fortes no Brasil e concluí que não queria continuar a carreira diplomática. Fiz o caminho inverso e decidi sair do governo e assumir a presidência da Câmara Israel-Brasil para renovar a entidade israelense, trabalhar coordenadamente com as entidades parceiras e incrementar as relações econômicas entre os dois países”, destacou Nir. Diretor de Negócios da Apex Brasil -
(foto, crédito Eliana Assumpção)
Economista e professora, Lídia Goldenstein é uma das convidadas pela Fundação Bienal e Arq. Futuro para o seminário sobre a transformação dos centros urbanos. “Cidade Performática: Uma Discussão sobre Arte, Arquitetura e Espaço Público” foi o tema levantado.
Agência de Promoção das Exportações e Investimentos do governo, Ricardo Santana, disse que, “ao contrário de Roy, saí da iniciativa privada e fui trabalhar no governo. Já fizemos ações em parceria com a Câmara aqui e quero que o Brasil esteja mais presente em Israel. Prometo dar todo o meu apoio para avançar em uma agenda bastante concreta”. Roy anunciou o desejo de “levar alguém do Brasil, no começo de 2015, para falar aos israelenses e transmitir segurança aos exportadores, mostrando que o Brasil está em uma nova fase de ajustes para que a economia volte a crescer”.
Seis meses de Shemá
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dealizado pelo rabino Shie Pasternak, o Shemá completa seis meses dando apoio emocional da comunidade para a comunidade, porém sem ser restrito. “Uma conversa, um ombro amigo podem fazer a diferença no momento de acolher uma pessoa sofrendo, em desespero. O Shemá encoraja a vislumbrar o fim do túnel, sempre com discrição e absoluto sigilo. Atuam trinta voluntários e se prevê treinar outra turma. Aos
poucos, aumentou o número de ligações tanto de quem liga a primeira vez quanto dos telefonemas frequentes”, explica o rabino. “O perfil de quem procura e os temas abordados são os mais diversos”. Quando a solidão atacar e a tristeza se apossar do coração, as pessoas têm com quem falar, basta ligar para o Shemá, 3660-8818, de domingo a quinta-feira, a partir das 18 horas, para sempre ouvir uma voz amiga.
El Al voa de Boston
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avid Maimon, CEO da El Al, anunciou que, a partir de 2015, a companhia aérea vai operar de Boston, EUA, voos diretos para Tel Aviv. O governador de Massachusetts, Deval Patrick, saudou a decisão da companhia israelense: “Os voos abrirão novas oportunidades comerciais e econômicas para esta região e seu entorno”. A partir de junho deste ano, a El Al passa a operar três voos diretos semanais – domingo, terça e quinta-feira – para o Aeroporto Logan, de Boston.
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cultural + social > comunidade+coluna1 Semana do AmigoH Uma exposição para celebrar a vida mostra fotos de cinco pacientes que venceram a batalha contra o câncer. Expostas nas Unidades Morumbi e Perdizes do Hospital Israelita Albert Einstein, atraíram a curiosidade e o respeito das pessoas e parte da renda de parceiros da Unidade Morumbi, como Cafés Viena, CakeCafé, Kopenhagen, Drogaria Soares, foram revertidos para a AmigoH, ONG que apoia ações contra o câncer, aumento do índice de cura e melhor qualidade de vida dos pacientes. O trabalho da entidade pode ser conhecido no site www. einstein.br/amigoh.
Novo livro sobre judeus Os Dez Mitos sobre os Judeus é o título do novo livro da historiadora da USP, Maria Luíza Tucci Carneiro, “que vem para desvendar, não só a imagem, mas também como acontece a manipulação da mentira e a compreensão da verdade nos mundos atuais e contemporâneo”, explica a autora. Publicado pela Ateliê Editorial, o livro foi lançado na Livraria da Vila/Pátio Higienópolis e tem previsão de lançamento no Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Brasília. O que está por trás desses mitos não é a intenção de se aproveitar deles para contar a história dos horrores ou para pedir penitência pelo ocorrido no processo de construção do judaísmo e do antissemitismo; ao contrário, os mitos retratados pela autora transportam ao coração da função política e ideológica dos mesmos.
COLUNA 1 O Teatro Arthur Rubinstein transformado em um jardim horizontal, obra de Rubens Decorações e inspiração de Léo Shehtman para o casamento da sua filha Caroline e Bruno Rosenthal. A festa reuniu mil pessoas no Salão Marc Chagall. Uma exposição de caricaturas do
aniversariante, no metrô República, marcou os 84 anos de Sílvio (Abravanel) Santos. “Shabat Shiron” é um projeto novo, que Annik e Gabriel Eigner estão divulgando. Soma da parte religiosa e festiva, jantar e música no Hotel InterContinental, em clima alegre e descontraido.
Diretor emérito e fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein (Hiae)e professoradjunto da Escola Paulista de Medicina/ Unifesp, com mais de quatro décadas atuando na medicina e vários prêmios nacionais e internacionais, Elias Knobel recebeu homenagem do Capítulo Brasileiro da Associação Médica de Israel., em cerimônia no Auditório Kleinberger do Hiae. Pérola Ethel Mindrych é agora escrevente judiciária no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Missão Desbravar foi a Israel
“U
m sucesso, muito acima do que eu esperava, essa viagem levará a minha start up para um patamar acima no campo da gestão.” Palavras de Carlos França, professor da Universidade Federal da Fronteira Sul em Campus Chapecó (SC), e titular da ZkSoftware House, ao retornar da Missão Desbravar Israel 2014. Idealizada pelo Instituto Desbravar com apoio da Private Equity & Venture Capital InBrasil, ABVCAP, Apex Brasil, Startup Brasil e Missão Econômica de Israel no Brasil, a missão foi organizada pela Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria. Os empresários, empreendedores e investidores brasileiros tiveram encontros com personalidades, visitas a universidades, grandes empresas, start ups, fundos de investimento e centros de pes-
quisa e desenvolvimento, visitaram o Instituto Weizmann de Ciências, Google Campus TLV, Moovit, Netafim Hatzeirim, o escritório do Cientista-Chefe de Israel/Ministério da Economia de Israel e os fundos de investimento Rhodium e Pitango Venture Capital. “O resultado superou todas as expectativas”, afirmou o fundador do Instituto Desbravar e da start up eStoks, Arthur Rozenblit, que acompanhou o grupo.
Para recordar a Shoá
O
Dia em Memória às Vítimas do Holocausto será lembrado em um ato solene, aberto ao público, na Sinagoga Etz Chayim, da Congregação Israelita Paulista (CIP), dia 25, pontualmente às 18h30, com a presença de autoridades civis e religiosas. Parceria do Consulado de Israel em São Paulo, Conib, Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e CIP.
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1, 2, 3, 4 e 7. Humm, delícia de cupcake; chefs Mônica Dajcz; e Regina Czeresnia; a procura sem parar na Picoleteria; Benny Novak e Diego Man, tudo aconteceu no Mercado Gourmet; 5. Any Arazi e o CEO da Moovit, contatos comerciais em pauta na “Desbravar Israel 2014”; 6. Espaço Gourmet e as delícias asiáticas com chef Maurício Santi; 8. Márcio Pitliuk, da PitCult, Jacob Klintowitz autor do livro de Bia Dória; 9. Boaz Albaranes e Roy Nir, Missão Diplomática de Israel em São Paulo e Câmara Israel-Brasil de Comércio e Indústria em sintonia
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1. Food truck kasher no estande do V.I.P. Augusta, lançamento da Esser; 2. Quatro amigas: Carolina Birenbaum, Flávia Charatz, Tânia Hollender e Sandra Wizentier; 4. Nicole Borger, Guita Zarenczanski, Avi Meizler, Airton Sister e Lionel Slosbergas em evento no clube; 3, 5 e 7. Bodas em Trancoso reuniu Marina Farkas Bitelman e Roberto Vilela, mais o filho Daniel; Marília Neustein e Eduardo Levy e família Bitelman; 6 e 9. No Pátio Higienópolis: Dov Hamaoui e Ronny Israel, da Ilumini Joias; grupo Tzeirot, lançamento beneficente na loja de Tufi Duek; 8. Carlos Reis, Márcio Pitliuk, João Pedro Albuquerque, no Museu do Holocausto, em Curitiba, com o palestrante Júlio Gartner
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1. Ninetta Rabner, Carolina Birenbaum e Miriam Schreier presentes ao MuBe/Arte/Hoje/Reflexões; 2. Tatiana Serebrenic e Flávio Bitelman com a matriarca Riva; 3 e 4. Livraria cheia no lançamento de Carta de Chamada; uma das autoras, Miriam Chanski recebe rabino Henry Sobel; 6. Mais um livro de Maria Luíza Tuccia Carneiro: Os Dez Mitos sobre os Judeus; 7. Joyce Pascowitch recebe o autógrafo de David Bastos, na Poliform; 5 e 8. Camila Klein levou Betina à Breton Actual; homenagem em torno de Olga Krell – A Grande Dama da Decoração; 9. Alunos do I.L.Peretz visitaram o Lar das Crianças da CIP
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1 e 3. No Salão São Luiz, Pioneiras em meio ao vaivém do Bazar Beneficente; uma pausa de Edite Zajac e Clarice Jozsef; 2 e 4. No Teatro Ar-
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thur Rubinstein, Orquestra Filarmônica dos Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein completa 25 anos sob a batuta do maestro Nasari Campos; 5, 7, 8 e 9. Cada vez mais adultos e crianças nas saídas culturais com almoço no Casual Mil; 6. Troca de ideias: prefeito de Santo André, Carlos Grana, recebe cônsul de Israel Yoel Barnea e representação da comunidade
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juventude > carmel
VOLUNTÁRIOS ENCARREGADOS DA ORGANIZAÇÃO DO FESTIVAL GANHARAM UMA HOMENAGEM NO SHOW DE SEXTA-FEIRA À NOITE
Notas sobre um festival “MÚSICA” FOI O TEMA E O FIO CONDUTOR DA DECORAÇÃO,
COREOGRAFIAS E SHOWS DO 34º. FESTIVAL CARMEL, UMA SINFONIA DE QUALIDADE TÉCNICA, SENTIMENTO E MUITA ENERGIA CRIATIVA
O
s voluntários do 34º. Festival Carmel mostraram muita ginga na coreografia criada para eles no final do primeiro show, na noite de sexta-feira. Em alto e bom som, os organizadores – Gaby Milevsky, direção geral e Nathalia L. Benadiba, na coordenação geral – agradeceram a colaboração, o empenho e o trabalho iniciado meses antes e que só terminaria no final do sétimo show, domingo à noite. “Sem eles, esse festival não seria uma realidade”, afirmou o narrador em off, e os aplausos da plateia confirmaram. As novidades em relação a edições anteriores começaram já na primeira noite. O jantar foi servido no refeitório monta-
do no Espaço Adolpho Bloch e o público assistiu ao show o “Galgalatz”, de abertura. Das bênçãos do Shabat participaram todos os coreógrafos dos grupos do exterior – Nueva Congregación Israelita del Uruguay, Associação Cultural Israelita, Shivat Cohavim Herzlia, da prefeitura de Herzlia, e Aviv Mecholot, da cidade de Tel Aviv e das lehakot de Curitiba, do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, num total de 38 instituições. Os anfitriões inauguraram o palco montado no Centro Cívico e a noite seguiu com participações dos recém-chegados dançarinos de Israel e de lehakot do Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Depois de homenagear os volun-
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GRUPOS AVIV MECHOLOT DE TEL AVIV E SHIVAT HAKOCHAVIM, DE HERZLIA, EMOCIONARAM O PÚBLICO COM UMA COREOGRAFIA SOBRE O EXÉRCITO ISRAELENSE
SETE SHOWS EM APENAS DOIS DIAS INTENSOS DE ATIVIDADES NO FESTIVAL CARMEL
tários, público e artistas se reuniram na quadra para a primeira harkadá e em seguida todos foram à esplanada para uma balada, prova de que os fãs do folclore também apreciam outros ritmos e gêneros musicais. A programação do sábado começou cedo para os coreógrafos, com um caféda-manhã de confraternização e oficina de criatividade e liderança com o coach Sílvio Acherboim. Em seguida, cada um e seu grupo foram para as harkadot, ensaios, marcações de palco ou um café na Praça Carmel. Para o público, teve feira de presentes na Praça Carmel, oficina de musicalização infantil, show de palhaços ou a segunda harkadá, no Centro de Juventude. As horas voaram até o show “Chalil”, em que dançaram principalmente grupos do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. A noite de sábado foi dedicada às par-
ceria entre grupos. As lehakot de Tel Aviv e Herzlia abriram o show “Gadalnu Iachad” (“crescemos juntos”, em hebraico) e a partir daí as coreografias apresentadas pelos grupos de Porto Alegre Ameinu, e Kadima (que voltou ao palco no final, com o grupo Carmel); do Rio de Janeiro Gaash e Medurá; de Curitiba, Haemek e Yareach e de São Paulo Shalom e Hakotzrim. Os paulistas do Nefesh dançaram com os cariocas do Emet e o grupo Ofakim da Hebraica dividiu o palco com o Mekorot, do Rio de Janeiro. Outra inovação deste show foi a inclusão de coreografias reunindo pais e filhos da Hebraica e também das escolas Alef, I. L . Peretz. Como atração especial, os Trovadores Urbanos Mirins entoaram as principais canções infantis relativas às festas do calendário judaico. O público voltou para casa emocionado, enquanto os dançarinos seguiram
para o Salão Nobre Marc Chagal, onde bailaram até o sol raiar. Um gran finale A primeira atividade do último dia do Festival Carmel chegou cedo demais para grande parte dos dançarinos. No café-da-manhã, a troca de informações em idiomas e sotaques diferentes foi substituída pelo silêncio e as expressões sonolentas de quem adoraria dormir até mais tarde. Mas era necessário organizar a bagagem e aproveitar o tempo para mergulhar na piscina antes do show da tarde, enquanto na arquibancada do Centro Cívico famílias inteiras aplaudiam as coreografias das escolas judaicas de São Paulo. Destaque para as coreografias do Rio de Janeiro, do grupo Yachad e Sababa, e também para a estreia do grupo Tinokot, das mães e bebês usuários do Es>>
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juventude > carmel
Danças da chuva
ATIVIDADE INFANTIL DE MUSICALIZAÇÃO FOI REALIZADA NO LOUNGE DA PRAÇA CARMEL EM FUNÇÃO DA CHUVA Dezembro é época de chuva no sudeste do Brasil e a história do Festival Carmel está repleta de temporais que determinaram ações emergenciais. Este ano, o clima úmido provocou reações ambíguas. Dois shows previstos para o palco externo montado na Praça Carmel, um deles com o grupo Carmel e a Banda Klezmorim (foto), no sábado, e outro que reunia as lehakot dos movimentos juvenis, no domingo, foram realizados no Teatro Arthur Rubinstein, longe da chuva. A frustração pela mudança nos planos se alternava com um certo alívio, em relação à situação geral vivida pela cidade de São Paulo, onde economizar água se tornou dever cívico e por mais inconvenientes que traga, qualquer chuva é bem-vinda.
>> paço Bebê, e para o Parparim Ktanim, da Hebraica, cuja trilha musical de canções de roda – e gravação – ficou por conta dos próprios dançarinos. As refeições no Festival Carmel são sempre apressadas, especialmente para os grupos que dançam no primeiro show da tarde. Este ano foram as lehakot dos movimentos juvenis. No show seguinte, intitulado “Darbuka”, a plateia aplaudiu de pé as lehakot Chai, da Unibes, do grupo Chaverim, Jovens Sem Fronteiras, formado por alunos da Unibes. Quase não houve tempo para cumprimentos e comemorações, pois muitos dos dançarinos precisaram trocar de roupa, maquiagem, respirar fundo e se-
guir para a última jornada do dia, pois é comum dançar em mais de uma lehaká. O show final foi “Música”, o título do 34º. Festival Carmel, e seguindo a tradição do evento, apresentou coreografias de alto nível técnico e grande conteúdo artístico. Começou com uma dança massiva reunindo os grupos Shalom, Hakotzrim e Carmel e em seguida por outra parceria entre os dois grupos visitantes de Israel. Nova oportunidade para as lehakot mostrarem os melhores figurinos e coreografias. Os uruguaios fizeram sua única apresentação no festival e os monitores do Hebraikeinu defenderam as cores e sons do movimento. A Companhia Mosaico apresentou
uma performance cuja trilha sonora foi o hit The Sound of Silence e os professores do Centro de Música Naomi Shemer apresentaram um pot-pourri de canções populares judaicas. Então as lehakot de Israel se despediram do Festival Carmel, o grupo Carmel apresentou uma colagem de quarenta anos de história do grupo e todos os grupos de dança da Hebraica ocuparam o palco do 34º. Festival Carmel com nova dança massiva que recebeu o nome “Shkoiach”. Como acontece há 34 anos, um clima de expectativa se instalou quando o locutor encerrou a edição deste ano e convidou a todos para o 35º. Festival Carmel. (M. B.)
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juventude > teatro
CENA DE DE CLARA PARA..., UMAS DAS PRODUÇÕES PREMIADAS NA MARATONA CULTURAL ACESC
Reconhecimento merecido MONTAGENS DE CLARA PARA…, DIRIGIDA POR HENRIQUE SCHAFER, E ÓPERA DE 3 VINTÉNS, POR HEITOR GOLDFLUS, RECEBERAM PRÊMIOS EM DIVERSAS CATEGORIAS NA MARATONA CULTURAL ACESC 2014
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e Clara Para… recebeu os prêmios de melhor espetáculo infantil, melhor atriz (Elô Kyrmse), figurino (Michele Rolandi e Juliano Tibúrcio) e iluminação (Paula Hemsi). Entre as indicações recebidas pela montagem, destacaram-se a direção (Henrique Schafer,) ator coadjuvante (Gabriel Bursztein), atriz coadjuvante (Dinah Novema), ator (Yudah Benadiba), cenografia (Michele Rolandi e Aristides Nascimento) e som (Che Leal e Ugletson Castro) Já Ópera de 3 Vinténs, recebeu o troféu de melhor espetáculo adulto, melhor ator (Renato Ghelfond), melhor atriz coadjuvante (Lyvia Bydlowski), ator destaque masculino (Marcelo Ulmann) e melhor som (Ricardo Nash). As indicações foram para atriz destaque femini-
no (Rosa Worcman), direção (Heitor Goldflus), figurino (David Perizotti), cenário (Heitor Goldflus e Evas Carretero). O monólogo Convite para um Café, encenado por Roberto Borenstein na Casa da Juventude, recebeu um prêmio especial do júri. Além da premiação da Acesc, o Departamento de Teatro encerrou o ano com a apresentação de cinco montagens, quatro delas realizadas pelos alunos dos cursos de teatro e uma que levou ao palco chanichim (orientandos) dos Hebraikeinu I e II. Como Tudo Começou marcou a estreia do grupinho de 6 a 9 anos que recebeu o nome de Balagan II, dirigidos por Luciane Strul. Na mesma noite, a turma 3 (9 a 12 anos) encenou uma versão de Sonho de uma Noite de Verão, de William
Shakespeare, dirigidos por Ozani Violin, com participação especial de Rafael Hercowitz e Noa Kremer. No dia seguinte, o grupo Balagan I, emocionou a plateia com uma criação coletiva baseada nas pesquisas escolares em ecologia, fontes de energia limpa e perspectivas para o futuro. O texto final foi de autoria de Luíza Schafer e a direção de Ozani Violin. A quarta peça foi dirigida por Rafael Truffaut, que recentemente se juntou à dupla de professoras Luciane e Ozani. Sob sua orientação, a turma 7 (9 a 12 anos) apresentou A Guerra do Absurdo, adaptação de Piquenique no Front, de Fernando Arrabal. No final de semana seguinte, o grupo ArtecuLação” encenou É Tipo Amor?, outra criação coletiva baseada nas vivências dos adolescentes sobre afeto e outras complicações quotidianas. (M. B.)
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esportes > polo aquático
O POLO AQUÁTICO DA HEBRAICA TEM INVESTIDO NOS MAIS JOVENS, COM BONS RESULTADOS
Investimento na base COM APOIO DOS PAIS, EQUIPES SUB-12 DE POLO AQUÁTICO JOGARAM EM EVENTO NACIONAL REALIZADO NA HEBRAICA E PARTICIPAM DE EXCURSÃO À ESPANHA, PARA TURISMO E TREINOS DIRIGIDOS COM ATLETAS LOCAIS
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o início de dezembro, a categoria sub-12 disputou o Festival Brasileiro de Polo Infantil, evento nacional, promovido pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (Cbda) no parque aquático da Hebraica. Segundo o coordenador técnico da modalidade no clube, Adriano Silva, o festival reuniu nove times do estado de São Paulo. “Algumas instituições inscreveram duas equipes, caso da Associação Bauruense de Desportos Aquáticos (Abda), de Bauru, do Sesi, e da Hebraica; Pinheiros, Paineiras, Internacional de Santos, Paulistano e Jundiaiense trou-
xeram apenas uma. Fiquei contente em conseguir montar um grupo forte, competitivo e também ver o sucesso dos atletas menos preparados no segundo grupo. O mais importante foi todos se divertirem e respeitando as regras e as limitações propostas pela Confederação. A Hebraica ficou em quinto lugar pelo saldo de gols, mas fizemos bons jogos e não perdemos nenhum”, completou o técnico. A categoria infantil, que na Hebraica engloba os times sub-12, sub-13 e sub14, é uma das grandes apostas de Adriano, que pretende ver o clube na elite da modalidade nos próximos anos. “Estou
satisfeito com as outras categorias, também. O sub-19, por exemplo, ficou em terceiro lugar no Campeonato Paulista, depois de disputa forte contra os garotos do Paulistano. O segredo dos times de base é fazer os garotos se apaixonarem pelo esporte e contar com a parceria das famílias para os garotos participarem dos treinos e torneios. Este mês, viajo com os do sub-12 para a Espanha, onde conhecerão atletas de ponta e clubes nos quais o polo aquático é um esporte popular. Para isso, os pais organizaram várias campanhas e só nos resta cumprir o roteiro em segurança”, anuncia Adriano. Ele dividirá a liderança do grupo e a preparação das equipes de polo aquático da Hebraica com o espanhol Daniel Cerols. “Daniel jogou na seleção espanhola e em times do Rio e de São Paulo e vai nos guiar na excursão à Espanha”, informa Adriano. (M. B.)
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esportes > judô
A CERIMÔNIA DE PASSAGEM DAS FAIXAS É SEMPRE UM MOMENTO SOLENE PARA OS JUDOCAS
Faixas para os pequenos cidadãos JUDOCAS DE 7 A 60 ANOS PARTICIPARAM DE UMA CERIMÔNIA NA QUAL RECEBERAM AS NOVAS FAIXAS DIANTE DOS FAMILIARES E COMPANHEIROS DE MODALIDADE. HOUVE TAMBÉM SIMULAÇÃO DO EXAME APLICADO PELA FEDERAÇÃO PAULISTA DE JUDÔ
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agenda dos judocas que atuam no clube ganhou mais um item, após a bem-sucedida cerimônia de passagem de graduação, realizada em dezembro último. “Todos os nossos alunos passaram por uma banca examinadora, simulando o que a Federação Paulista de Judô faz no exame para faixa preta”, explicou a sensei Miriam Minakawa. O judoca era chamado à banca e, antes da prova prática, respondia a algumas questões a respeito da filosofia do judô. “Nossos professores e alunos mais graduados se revezaram nas bancas e, para nossa alegria, um número muito pequeno de alunos faltou hoje”, destacou Miriam. Os alunos tiveram de esperar até que a lista dos resultados fosse divulgada e en-
tão pais e irmãos partilhavam com eles o momento da entrega das novas faixas. Os alunos, um por um, dos iniciantes aos veteranos foram chamados e receberam solenemente a faixa e cumprimentos pelo desempenho geral. Aproveitando o ambiente comemorativo, Miriam anunciou a viagem de alguns atletas para a Bahia, onde participariam da seletiva nacional da modalidade. Dias depois, Alessandra Oliveira e Amanda Nayara se classificaram naquele torneio e integrarão a seleção brasileira neste ano. Outra atleta do clube, Kenia Astron ficou em quinto lugar. “Não foi desta vez, mas em breve, certamente, conseguirá essa vitória”, afirmou a sensei, em sua página do Facebook. (M. B.)
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1. Hebraica ficou em segundo no VIII Copa de futebol society feminino da ACESC, realizado no Clube Ipê; 2. Momento emocionante da partida de basquete entre as equipes da Hebraica e de Santo André, no Ginásio dos Macabeus; 3. Judocas que particparam da seletiva em Salvador foram bem, mas só Alessandra Oliveira e Amanda Nayara foram classificadas; 4. Os atletas Jefrey Vineyard e Rony Grabarz comemoram o vice-campeonato no Torneio Acesc de Squash; 5. Ao final do exame de graduação, judocas do clube posaram para uma foto histórica; 6. Sub-11 conquistou o terceiro título consecutivo no Campeonato de Futsal do Sindi-Clube. A equipe do sub-9 também conquistou um troféu; 7. Hebraica muito bem representada no I Torneio Sul-Americano de Tênis
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CONHEÇA SEIS MANEIRAS DE PREVENIR UM AVC
Dra. Gisele Sampaio, gerente do núcleo de neurologia do Hospital
Existem condições que podem aumentar o risco para o desenvolvimento de um AVC. O melhor tratamento é a prevenção. Podemos reduzir o risco por meio do tratamento adequado da hipertensão, do diabetes, do sedentarismo, do colesterol, das doenças cardíacas e do tabagismo. A hipertensão arterial ou pressão alta é o principal fator de risco para o AVC, tanto isquêmico quanto hemorrágico. Pessoas com pressão alta têm chances de quatro a seis vezes maiores do que as não hipertensas de terem um AVC. Ao longo do tempo, a hipertensão leva à aterosclerose e ao enrijecimento das artérias. Isso, por sua vez, pode levar a bloqueios ou obstruções de vasos sanguíneos e também ao enfraquecimento das paredes das artérias, o que pode resultar em ruptura. O risco de AVC é diretamente proporcional aos níveis de pressão arterial. A hipertensão arterial deve ser adequadamente tratada. As principais medidas não farmacológicas são uma dieta balanceada com baixos teores de sal, assim como a realização periódica de exercícios físicos. Existem diversas medicações que podem ser utilizadas no tratamento da hipertensão arterial e cabe ao médico, em conjunto com o paciente, realizarem a escolha pesando os riscos e benefícios de cada droga. Com relação ao diabetes, vários estudos demonstraram que pessoas diabéticas apresentam um risco maior de um AVC quando comparadas a não diabéticas, independentemente da presença de outros fatores de risco. O controle adequado dos níveis glicêmicos em pacientes diabéticos não tem um impacto tão direto no risco de apresentar um AVC, assim como o tratamento da hipertensão arterial. Também é sabido que o controle glicêmico é importante para a prevenção de outras condições cardiovasculares além do AVC. Os níveis de pressão arterial em
Responsável Técnico: Dr. Miguel Cendoroglo Neto - CRM: 48949
pacientes diabéticos devem ser controlados mais rigorosamente do que em pacientes não diabéticos. De uma maneira geral, o risco de doença cardiovascular (incluindo o AVC) é cerca de duas vezes e meia maior em diabéticos. O sedentarismo é um fator de risco para doenças cardiovasculares e AVC. Exercícios regulares e moderados ajudam a prevenir doenças cardíacas e AVC, além de controlar o colesterol, a diabetes a obesidade e também a diminuir a pressão arterial em alguns pacientes. Qualquer atividade física deve ser sempre realizada com acompanhamento de profissional competente. O colesterol nada mais é do que uma substância gordurosa encontrada em sua corrente sanguínea e em todas as células. O corpo produz colesterol, que é necessário para formação das membranas das células e dos hormônios. Altas taxas de colesterol podem aumentar o risco de AVC indiretamente, pois elevam o risco de doenças cardíacas que, por sua vez, são importantes fatores de risco para AVC. Além disso, a formação de placas de gordura nas artérias carótidas pode causar bloqueio do fluxo de sangue para o cérebro e assim causar um AVC isquêmico. Um estudo recente mostrou que pacientes tratados com medicação para baixar o colesterol do tipo estatina apresentam um menor risco de recorrência de AVC. O tratamento de altas taxas de colesterol também funciona como prevenção das doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio. As doenças cardíacas, principalmente a doença das artérias coronárias, têm vários fatores de riscos comuns ao AVC. Portanto, portadores de doença coronariana (pacientes que já tiveram um infarto do miocárdio ou têm angina, dor no peito) apresentam um risco maior de terem um AVC do que pacientes sem doença coronariana. Existe um tipo de arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial, que também aumenta o risco de AVC e, sendo diagnosticada, deve ser prontamente tratada. Estudos demonstram que o tabagismo é um importante fator de risco para AVC, a fumaça do cigarro pode produzir diversos efeitos nas artérias do cérebro, levando a danos importantes. Fumar aumenta a pressão arterial, diminui a capacidade de realizar exercícios físicos e aumenta o risco de formação de coágulos sanguíneos. Mulheres que fumam e tomam anticoncepcionais têm um risco aumentado de AVC. Repensar os hábitos de vida talvez seja uma medida muito apropriada para prevenir essa doença, que é uma das causas mais frequentes de morte e incapacidades na população adulta brasileira.
Saiba mais em www.einstein.br
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magazine > religi達o | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
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O Novo Testamento explicado aos judeus ENTREVISTA COM A ESCRITORA NORTE-AMERICANA QUE EDITOU UM LIVRO INÉDITO NA HISTÓRIA: UM COMENTÁRIO JUDEU SOBRE TODA A BÍBLIA CRISTÃ
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urante séculos, Jesus foi visto no mundo ocidental como um pregador em confl ito com as origens judaicas. Os seus discípulos ganharam nomes gregos como Pedro e Paulo, como se não tivessem sido judeus. Toda aquela história passada há dois mil anos e descrita nos Evangelhos era como se não tivesse raízes profundas na cultura e religião da Terra de Israel. Hoje, e especialmente depois do Holocausto, tudo isto está mudando. Cada vez mais, Jesus, apóstolos e toda a primeira geração de seguidores são entendidos como judeus típicos do seu tempo. O fundador do cristianismo rezava em hebraico, foi fiel ao espírito das leis da Torá e a pregação que fazia somente pode ser entendida completamente dentro do judaísmo daquela época. Nesta mudança de atitude a respeito de Jesus e o início do cristianismo, um dos livros que mais causou impacto e repercussão foi publicado recentemente nos EUA, com o título The Jewish Annotated New Testament (“O Novo Testamento com Co-
mentários Judaicos”). Foi publicado pela prestigiosa editora da Universidade de Oxford, percorre a Bíblia cristã inteira, versículo por versículo, mostrando como as suas raízes as remetem ao judaísmo. Por trás deste tijolo de sabedoria de 637 páginas está Amy-Jill Levine (foto), uma acadêmica judia americana, professora de Novo Testamento na Vanderbilt University. Ela reuniu outros cerca de cinquenta especialistas judeus em Bíblia cristã, numa inédita empreitada intelectual na história. Levine é descrita em sua página na Wikipedia como frequentadora de sinagoga ortodoxa e “judia feminista que leciona numa faculdade protestante do Cinturão da Bíblia” (região ultraconservadora no centro dos Estados Unidos). Ela conversou por Skype com o correspondente da revista Hebraica em Israel, a partir de Nashville, no Tennessee, onde vive e trabalha.
ENTREVISTA Hebraica – Seu livro é a primeira vez na história em que pensadores judeus comentam todo o Novo Testamento, versículo por versículo. Houve alguma reação do público que te surpreendeu? Amy-Jill Levine – Tivemos reações muito boas de judeus e cristãos. E também de grupos específicos como ateus e judeus messiânicos. Houve um senso de apreciação pelo que fizemos. Mas também houve algumas reações contrárias, como o primeiro comentário ao livro, de um judeu, postado no site da Amazon, nos acusando de querer converter pessoas ao cristianismo. Um absurdo.
A publicação do livro também chamou a atenção para um fenômeno pouco notado antes: a existência de acadêmicos judeus especializados no Novo Testamento. Isso é tipicamente norte-americano? Levine – O livro reuniu mais de cinquenta especialistas judeus no Novo Testamento, dos Estados Unidos e do Canadá, Inglaterra, Israel e Austrália. Podemos remontar o interesse intelectual dos ju>>
“Eu achava que eles não tinham entendido bem a Bíblia, por ela estar em hebraico. Pensei que pudesse corrigir esta situação e pedi aos meus pais que me deixassem assistir aulas de cristianismo” Amy-Jill Levine
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magazine > religião >> deus pelo cristianismo desde há séculos. Judeus falam de Jesus e do seu movimento praticamente desde quando começou. Eles tinham de se manifestar sobre isto. Como os cristãos veem a senhora, uma judia especializada nas Escrituras deles? Levine – Isto é mais fácil hoje do que no início de minha carreira. Naquela época, os cristãos não tinham muita simpatia e mesmo judeus achavam que uma pessoa como eu deveria se limitar a estudar o judaísmo. Algumas pessoas da comunidade judaica ficam irritadas até hoje quando afirmo que a pregação de Jesus fazia sentido naquele século em que ele viveu. Também recebo cartas de cristãos que acham o meu trabalho ilegítimo, porque não sou crente. As pessoas preferem erguer barreiras e não fazer conexões. Desde de criança Como começou seu interesse em Jesus e no cristianismo? Levine – Cresci num bairro onde viviam muitos portugueses católicos. Todos estudavam na escola pública, mas enquanto duas vezes por semana eu tinha aulas de judaísmo, minhas amigas frequentavam o catecismo. Quando tinha 7 anos de idade, uma delas me disse que eu havia matado Deus, que ela tinha ouvido isto do padre. Foi assim meu primeiro contato com o antissemitismo cristão. Na minha visão de menina, eu achava que eles não tinham entendido bem a Bíblia, por ela estar em hebraico. Pensei que pudesse corrigir esta situação e pedi aos meus pais que me deixassem assistir aulas de cristianismo, e tudo começou assim. Boa parte do livro trata do problemático nascimento do cristianismo no interior do judaísmo, que se desenvolveu com muita desconfiança, palavras ásperas e até violência. Quando comparamos com outras religiões, como o nascimento do budismo a partir do hinduísmo, não vemos este trauma. O que deu errado? Levine – Houve várias razões para esta situação. Depois de Jesus e da gera-
ção dele, a Igreja foi se tornando cada vez mais gentia e os judeus se tornaram minoria. Esses judeus representavam tradições que o cristianismo queria repelir, como a circuncisão e a Halachá. A Igreja queria unificar suas crenças e esses judeus não permitiam isto. A recusa dos judeus em seguir Jesus também precisava ser explicada, como um endurecimento, vontade de Deus e até os judeus como sendo filhos de Satanás. É uma pena e até uma obscenidade que a separação dessas duas religiões tenha acontecido desta maneira negativa. A senhora escreve no livro que “por ignorância, muitos pastores e educadores religiosos tiram de Jesus o seu contexto judaico e descrevem aquele contexto com estereótipos falsos e nocivos”. Já a senhora recomenda enfatizar o judaísmo de Jesus, Paulo e Pedro para construir uma ponte real entre judaísmo e cristianismo. Explique. Levine – Esta não é a única maneira de criar pontes entre as duas religiões, mas quando o cristianismo, às vezes, retrata o judaísmo de forma tão negativa, não há realmente o que conversar. É errado e feio. Mas quando se vê Jesus e os seus discípulos como judeus fiéis, podemos ter o que conversar. Uma bonita sacada do seu livro é quando a senhora explica a famosa passagem do julgamento de Jesus, em que a massa pede a crucificação de Jesus dizendo “caia sobre nós e nossos filhos o seu sangue” (Mt 27:25), apontando que o próprio evangelista estava pensando na destruição de Jerusalém que se seguiu no ano 70, e não numa condenação eterna. A senhora está otimista em que informações como esta cheguem um dia ao amplo ensinamento cristão? Levine – Não sou particularmente otimista. Pensar em acabar com coisas enormes como o antissemitismo cristão ou a contrariedade dos judeus em relação ao cristianismo é como querer esvaziar o oceano com uma colher. Mas se eu puder fazer algo neste sentido, já ficarei satisfeita. O Pirkei Avot [Ética dos Pais, livro da Mishná] diz que não é nossa obrigação fazer tudo, mas não se pode desistir de tentar. No seu livro a senhora classifica o Novo Testamento como uma “obra judaica”... Levine – Sim, uma parte considerável do Novo Testamento foi escrita por judeus, principalmente as cartas de Paulo. Os Evangelhos tratam de judeus, fariseus, sacerdotes do Templo. Todo o contexto é judaico, mesmo que os judeus não entendam assim. Então como explica as passagens tão agressivas contra os judeus? Levine – É uma boa questão. Podemos supor que parte dessas passagens tenham sido adicionadas nas revisões do texto feitas posteriormente pela Igreja, já gentia. Mas outra explicação é que os judeus muitas vezes usam palavras ásperas uns contra os outros. Os Manuscritos do Mar Morto, que são da
“Pensar em acabar com coisas enormes como o antissemitismo cristão ou a contrariedade dos judeus em relação ao cristianismo é como querer esvaziar o oceano com uma colher” Amy-Jill Levine
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época de Jesus, já continham fortes críticas de judeus contra judeus. É como dois irmãos que brigam e usam palavras agressivas um contra o outro. O problema surge quando estas palavras são tiradas do contexto e lidas por alguém fora da família. A senhora já afirmou que os judeus também poderiam gostar de ler o Novo Testamento... Levine – Os judeus não têm problema em ler textos de Gandhi ou Martin Luther King, então por que não um correligionário judeu como Jesus? Podemos não concordar com tudo que ele disse, mas a controvérsia é algo tipicamente judaico. Gosto daquelas narrativas dos Evangelhos. Entendo o cristianismo como um caminho diferente tomado por judeus daquele tempo. O mo-
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tivo principal da rejeição do Novo Testamento está nos dois mil anos de perseguição. Quando disse a uma tia que na faculdade iria estudar o Novo Testamento, ela me perguntou por que me dedicaria àquele “livro odioso”, que, aliás, ela nunca leu. Acho que a ignorância não ajuda nada e de nenhuma maneira.
CAPA DA EDIÇÃO AMERICANA DO LIVRO DE
AMY-JILL LEVINE
Muitos de nós, judeus, rejeitam o Novo Testamento e a figura de Jesus em razão da perseguição de séculos em nome deles. Será possível reverter esta situação? Levine – Para algumas pessoas, algumas passagens antijudaicas do Novo Testamento continuam sendo extremamente dolorosas. Muito sangue judeu foi derramado por isto, mas temos de entender que hoje muitos cristãos leem essas passagens com cuidado e preocupação. Também no nosso Tanach há passagens de extermínio contra os cananeus e descrições de tortura que sofremos na escravidão do Egito, mas isto não quer dizer que devemos odiar os atuais egípcios. A própria publicação do meu livro é sinal de uma mudança. Acho que temos que respeitá-los para que eles nos respeitem. E isto passa por conhecer melhor a Bíblia deles.
Como interpretar a história? Algumas passagens do Novo Testamento foram usadas durante séculos como instrumento de perseguição aos judeus, mas o novo livro de Amy-Jill Levine propõe uma nova leitura. Confira: Marcos 14:53 – “Eles levaram Jesus (preso) ao sumo sacerdote, e todos os chefes dos sacerdotes, os anciões e escribas estavam reunidos.” Impacto ao longo dos séculos: Jesus é julgado na noite do seder de Pessach pela elite sacerdotal de Jerusalém, que em seguida o entrega à crucificação. O que diz o novo livro: há vários pontos inverossímeis na narrativa do julgamento de Jesus, em Jerusalém, com o desta passagem. A cúpula judaica estava proibida pela Torá de fazer reuniões noturnas para julgamentos, e mais ainda, nunca se ocupariam disto em pleno Pessach. Marcos 6:56 – “Onde quer que Jesus entrasse, nas aldeias, cidades ou campos, punham os doentes nas praças, rogando-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla de sua veste, e a quem tocava saía curado.” Impacto durante os séculos: a Igreja rejeitou o judaísmo de Jesus, retratando-o como um adversário completo dos judeus do seu tempo. O que diz o novo livro: esta passagem indica que possi-
velmente Jesus usava tzitzit (as franjas do talit), portanto era apegado aos mandamentos do judaísmo. Mateus 27:25 – “Então, o povo como um todo respondeu: caia sobre nós e nossos filhos o seu sangue.” Impacto através dos séculos: durante séculos de perseguição a passagem foi usada como se os judeus tivessem se autocondenado eternamente pela crucificação de Jesus. O que diz o novo livro: se as pessoas realmente disseram isto, a referência é a destruição romana de Jerusalém, 37 anos depois, e vitimaria justamente as pessoas presentes à crucificação, bem como os seus filhos. É uma falsidade extrapolar esta frase como uma condenação eterna. Lucas 4:42 – “E as multidões aguardavam Jesus” Como isso repercutiu durante séculos: a Igreja pregava que Jesus foi totalmente rejeitado pelos judeus e, portanto, o cristianismo não tem mais nada a ver com o judaísmo. O que diz o novo livro: é um erro afirmar que “os judeus rejeitaram Jesus”. Em apenas três anos de pregação, especialmente na Galileia, multidões de judeus o seguiram e formaram o primeiro núcleo da Igreja.
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por Ariel Finguerman | ariel_finguerman@yahoo.com
12 notícias de Israel
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Uma dica de filme que andei vendo no Youtube: a interessantíssima entrevista com Peter Yarrow, do trio Peter, Paul & Mary, dos anos 1960. Peter era o judeu do maravilhoso grupo e é entrevistado por um rabino norte-americano responsável por um programa que recomendo chamado “L’Chayim” (há também entrevistas com Matisyahu, Moshé Arens e outros). Peter fala da formação judaica em uma família abandonada pelo pai, a descoberta pelo empresário Albert Grossman, o mesmo de Bob Dylan e Janis Joplin, e a participação na Marcha de Martin Luther King, para ele o ponto mais alto da sua formação judaica. E manda uma recomendação: “Tenha orgulho da contribuição dos judeus para o mundo, sem precisar se achar superior”, diz o grande Peter.
Esta, nem o Adolfinho acreditaria: 79 anos após os nazistas terem organizado as Olimpíadas de 1936 para provar a superioridade ariana, no mesmíssimo estádio de Berlim, antiga sede da festança racista, acontecerá este ano a Macabíada europeia. A abertura será dia 28 de julho, marcando a primeira olimpíada judaica em território alemão, com a participação de dois mil esportistas de trinta países. O evento também fará parte das comemorações dos cinquenta anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Alemanha e Israel. A prefeitura de Berlim é uma das mais interessadas no evento: afinal, quer limpar a barra da cidade de modo a poder fazê-la candidata às Olimpíadas de 2024.
3 Adeus ao escritor Morreu Israel Zamir, 85 anos, filho único do genial Isaac Bashevis Singer. Zamir, também escritor, incluindo memórias sobre o pai (Journey to my Father), nasceu de um breve relacionamento amoroso do Nobel de Literatura com uma jovem judia polonesa, antes da Segunda Guerra. Em seguida se separaram – ele para Nova York, ela, grávida, para a então Palestina. Filho e pai somente se encontraram vinte anos mais tarde, mas nunca realmente construíram uma relação. Uma nota pessoal: encontrei Zamir em Tel Aviv, que me deu uma das melhores entrevistas da minha carreira, publicada há uns dez anos na revista Hebraica. Ele me disse que os judeus nunca realmente gostaram dos livros do pai, cheios de sexo e pirações. Foi necessário o reconhecimento primeiro dos goym para Bashevis Singer depois ser aceito entre nós. Sem isto, ele seria mais um escritor em ídiche mal conhecido do início do século 20. Material para pensar.
Café com humus A Strauss, gigante do ramo alimentício de Israel, continua expandindo negócios no setor cafeeiro do Brasil. O grupo acaba de comprar a Itamaraty, uma das maiores empresas do setor. Com isto, a Strauss se consolida, ao lado da sócia brasileira São Miguel Holding, como a maior empresa de café do Brasil, com o nome Três Corações. São seis fábricas espalhadas pelo país, que empregam 4.100 funcionários. Este ano, o grupo ganhou o prêmio de melhor empresa de agronegócio no segmento café, concedido pelo “Globo Rural”.
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Soprando na internet
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Limpagem de barra
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Balanço de Natal
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Milhões de cristãos visitam à Terra Santa e outros tantos acompanham com interesse o que acontece por aqui. Mas de acordo com o mais recente levantamento do governo, pouquíssimos cristãos realmente decidem morar na Terra Santa. Eles formam apenas 2% da população de Israel (cerca de 160 mil pessoas). É a mesma proporção dos territórios palestinos. A maior parte dos cristãos israelenses vive em Nazaré e Haifa. Quase todos árabes, mas também existem os de origem russa e patrícios que decidiram mudar de time, os chamados judeus messiânicos, que são cerca de seis mil em Israel.
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Loucura violência Da crônica policial israelense: no mês passado, dois meninos, de 12 e 13 anos, saíram da escola e decidiram assaltar um banco. Se “municiaram” de uma submetralhadora de brinquedo e foram à agência do Bank Leumi de Rishon LeTzion. Cobriram a cabeça com o capuz do moleton, chegaram perto do caixa e exigiram: “passe o dinheiro”. Os dois amadores acabaram impressionados com o frenesi que causaram e saíram em disparada. Os policiais, examinando gravação do circuito interno, localizaram e prenderam os moleques. Corta para mim e pergunto: em qual filme de Hollywood estes dois panacas se inspiraram?
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Eleições em março Cada povo tem características coletivas de personalidade, que às vezes são uma bênção, mas outras, uma desgraça. O brasileiro, por exemplo, é tido como um povo manso e cordial. O norte-americano é risonho e voltado para o próprio umbigo. O francês é cheio de si. O argentino, todos conhecem. E o judeu? Herdamos dos nossos antepassados esta nossa cabeça aberta às contradições e ao debate. Com isto fizemos coisas belas, como a Bíblia e o Talmud. Mas também criamos, aqui em Israel, um sistema político complicado e ineficiente. Desde a fundação de Israel, nenhum partido conseguiu maioria para governar sozinho e colocar em prática propostas claras apresentadas à população durante as eleições. Este governo que acaba de cair tinha dentro de si a direita-centrista (Bibi), colonos radicais de direita (Benett e Lieberman), liberais de centro-esquerda (Lapid e Livni) e outros nanicos. Com um governo monstruoso como este, alguém acredita que seria possível tomar as decisões fundamentais e necessárias de que o país necessita? Claro que não. Este governo durou menos de dois anos e agora aí vêm as próximas eleições, e previsão de custo de quinhentos milhões de dólares para a economia. O pior é que este sistema eleitoral continuará intocado e quem se eleger não conseguirá executar políticas claras devido aos compromissos que terá de assumir com outros partidos. É o lado cruel da nossa personalidade coletiva, esta nossa abertura radical ao debate e às contradições. Êta nóis...
Se liga, mano Do mais novo relatório a respeito do uso de internet nos países desenvolvidos: a criançada de 6 anos de idade em Israel só perde para a meninada da Dinamarca e Holanda como as mais plugadas do mundo. Também no mundo dos negócios o Estado judeu desponta: ao lado da Finlândia e Coreia, são os únicos países do planeta em que mais de 50% dos empregados na economia estão no setor da informação. Mas quando se considera a população jovem israelense como um todo, apenas 85% estão ligados na internet, enquanto a média nos países desenvolvidos é de 95%. A explicação está nos judeus ortodoxos que não querem saber deste demônio, e a minoria árabe, que fica para trás em educação e poder aquisitivo.
Dica de quem sabe Stefan Wertheimer, o homem mais rico de Israel, ex-dono da fábrica de peças Iscar, comprada pelo megainvestidor americano Warren Buffett por cinco bilhões de dólares, fez um balanço da vida empresarial numa longa entrevista ao Yedioth Achronot. Do alto dos seus 89 anos e com dez bisnetos, Wertheimer deu algumas dicas para quem se inicia no mundo dos negócios: “Assegure-se logo no começo do trabalho que o que você produz é o melhor que você pode produzir”, “você tem de transmitir confiabilidade aos clientes”, “ame o que você faz”, “e o mais importante: acreditar em seu produto”. Anotou?
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TV para os gentios Se o nível da TV de Israel espelhasse o potencial criativo dos habitantes do país, estaríamos mal na telinha. Pois aqui são apenas três grandes canais, um deles estatal (Canal 1), e outro sempre à beira da falência (Canal 10). Mas aí surgem os milagres de sempre na Terra Santa, com séries para TV criadas por israelenses e que conquistaram o mundo: “Homeland”, “Sessão de Terapia”, entre outras. Agora é a vez de a BBC britânica quebrar uma tradição de somente produzir textos de roteiristas ingleses e abrir uma exceção para “Yellow Peppers”, série israelense que conta a história de uma família de agricultores de um moshav no deserto que descobre o autismo do filho. A BBC comprou os direitos e fará um remake, que será veiculado no início de 2016.
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Chega de Saudade Lembro na minha infância, em São Paulo, da dificuldade que era ligar para um tio que vivia em Israel. Fazíamos contato com a telefonista, que anotava o número e depois de um bom tempo ligava para nossa casa, liberando a comunicação. Depois, na época do meu programa Tapuz, passei a fria madrugada israelense de janeiro com um monte de moedas na mão, colocando no orelhão, que as comia com voracidade, enquanto falávamos alguns poucos e ávidos minutos com toda a família. Depois, na época em que estudei na Universidade de Tel Aviv, a comunicação com o Brasil eram as revistas Veja, enviadas pelo correio e consumidas com vagar, como se fossem um bombom de chocolate apreciado por uma criança. Naquela época, pais, irmãos e amigos escreviam cartas de muitas páginas, às vezes até dez ou quinze, em papel bíblia, para o envelope não pesar. Hoje, não preciso detalhar, temos celulares com Skype que permitem ligações internacionais sem custo nenhum. Os jornais estão todos na internet – eu leio aqui diariamente a Folha de São Paulo, em sua versão digital, página por página. Somos mais felizes por conta disto? Claro que não, o ser humano continua um insatisfeito, como sempre. Também posso dizer, com todo o conhecimento de causa, que a comunicação com amigos e parentes estão mais minguadas hoje do que no passado. Constatamos no Skype que o amigo está on line no outro lado do mundo, mas não clicamos o botão para completar a comunicação, temerosos de perder muito tempo na conversa. As mensagens de nossa época, via e-mail, não passam de duas linhas em média. Não sei onde iremos parar com tudo isto, mas quem quer voltar ao passado?
Vista do topo Para que perder tempo anunciando na venda de um só andar para um judeu multimilionário? É mais ou menos assim que pensa grande parte dos construtores de espigões em Israel. Apesar da falta crônica de apartamentos no país, boa parte dos esforços em erguer edifícios tem como alvo clientes muito ricos, que raramente irão usar a propriedade. Recentemente o recorde de valor foi batido por um empresário judeu canadense que comprou uma penthouse em Tel Aviv por U$ 35 milhões, com 1.300 metros quadrados no topo de um edifício de 21 andares. Mas em breve isto será superado, quando a cobertura na esquina da rua Arlosoroff com o boulevard Dizengoff, for colocada à venda ao preço de U$ 52 milhões. Enquanto isto, o povinho, ó...
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magazine > submundo | por Robert Rockaway *
MEYER LANSKY QUIS SER ENTERRADO EM ISRAEL. NÃO DEIXARAM. AQUI. AO SER PRESO EM 1958
MICKEY COHEN NA PRISÃO, EM 1949, FOI UMA FIGURA LENDÁRIA DO GANGSTERISMO NOS EUA
Gângsteres e mafiosos, mas honoráveis judeus ELES ROUBAVAM E ASSASSINAVAM. MAS MUITOS CRIMINOSOS JUDEUS TAMBÉM VIAM A PRÁTICA RELIGIOSA COMO PARTE INTEGRANTE DA SUA IDENTIDADE. SÃO MUITOS OS EXEMPLOS NOS ESTADOS UNIDOS DE GÂNGSTERES JUDEUS OBEDIENTES A CERTAS LEIS JUDAICAS
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o Iom Kipur de 1929, Louis Fleisher, Harry Fleisher e Henry Shorr participavam dos serviços religiosos na Congregação Ortodoxa B’nei David, no noroeste da cidade de Detroit, hoje em franca decadência. Esses três homens – todos ilustres membros da Purple Gang (“Gangue Púrpura” de Detroit) e formada principalmente por judeus – tinham muito a expiar: afinal, a Purple Gang controlava o
jogo ilegal na cidade, contrabandeava bebidas durante a Lei Seca, e teve participação significativa no submundo de Detroit. A quadrilha frequentemente recorria à violência – incêndio, atentados à bomba e assassinatos – quando as suas atividades eram ameaçadas. Eram famosos por serem mais cruéis que a gangue de Al Capone, de Chicago. Os três bandidos não notaram os três outros homens sentados na parte de trás da sinagoga: eram agentes federais disfarçados com roupas hassídicas pretas >>
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magazine > submundo >> designados para prender os três criminosos após o ofício religioso. Mas os policiais não judeus do governo cometeram um erro imperdoável: acenderam cigarros no intervalo, ignorando que riscar um fósforo ou acender o fogo é proibido em Iom Kipur. O disfarce foi descoberto e os bandidos fugiram. Havia muitos outros mafiosos judeus, além daqueles da Purple Gang, que observavam os rituais judaicos, embora cometessem crimes que transgredissem o conjunto dos Dez Mandamentos, como descobri ao pesquisar arquivos do FBI e entrevistar criminosos judeus de antigamente e parentes. Muitos gângsteres judeus frequentavam a sinagoga no Shabat, observavam os feriados judaicos, guardavam rituais religiosos, jejuavam em Iom Kipur e participavam dos sedarim de Pessach. O assassino preferido do gângster de Nova York, Charley “Lucky” Luciano era Sam “Red” Levine, o qual ilustra bem essa situação. Segundo o livro de Martin Gosch e Richard Hammmer O Testamento do Chefão, Lucky chamava Red de “o melhor motorista e assassino que eu tive”. Red também tinha outra persona: era judeu ortodoxo, sempre de kipá sob o chapéu, só comia comida kasher, e guardava o Shabat. Levine nunca planejava os assassinatos entre o pôr-do-sol de sexta-feira e o pôr-do-sol de sábado. No entanto, de acordo com Gosch e Hammer, se Levine não tivesse alternativa e precisasse agir no Shabat, ele se cobria com o talit, fazia as orações e depois ia fazer o serviço. Abner “Longy” Zwillman, apelidado de “Al Capone de New Jersey”, imperou como rei dos escroques em Newark da época da Lei Seca até os anos 1950. Ao lado de Meyer Lansky, foi o mais destacado chefe da máfia judaica na América. Zwillman chegou ao auge usando cérebro e violência. Apesar de reputação de implacável mafioso, sempre foi sensível à criação judaica que teve. Jerry Kugel – cujo pai, Hymie, era um bom amigo de Longy – quando o entrevistei, em 1991: quando Hymie morreu, Zwillman ficou do lado de fora e não entrava na morgue onde estava o caixão. Jerry não conseguia entender esse aparente menosprezo e perguntou a Zwillman por que não entrava na funerária. Zwillman respondeu: “Não posso”. “Por quê?”, perguntou Jerry. “Porque eu sou um cohen”, disse Zwillman. Como descendente da classe sacerdotal, lhe era proibido entrar em contato ou no mesmo recinto de um corpo sem vida. Há muitos outros exemplos nos Estados Unidos de gângsteres judeus obedientes a certas leis judaicas. Como explicar que criminosos, assassinos, violentos e maus podem se submeter a determinadas injunções bíblicas? E o que dizer do Sexto Mandamento, “Não matarás”, e do Oitavo Mandamento, “Não roubarás”? Qual a razão desse paradoxo em suas vidas? A força da tradição Os Purples e a maioria dos gângsteres judeus durante a Lei Seca eram filhos de imigrantes do Leste Europeu que aportaram nos Estados Unidos entre 1881 e 1914. Os mafiosos nasceram na América ou vieram ainda crianças. De acordo com Arthur Hert-
zberg, no livro de 1997, The Jews in America (Os Judeus na América), a maioria dos pais não integrava a elite religiosa das comunidades onde viveu, na Europa, e os judeus ortodoxos mais pios e observantes atendiam às advertências de seus rabinos que a América era uma treife medine (terra não kasher) e ficaram na Europa. No entanto, os judeus que imigraram vieram de lugares onde religião e tradições judaicas se mantinham como parte do ambiente. Se a maioria dos imigrantes pode não ter sido ortodoxa, de acordo a lei judaica, de todo modo manteve os padrões religiosos judaicos tradicionais e trouxe essas práticas para a América. Por força do hábito, mesmo sendo não crente, um judeu pode observar as leis de kashrut (dietéticas) em casa, ir ocasionalmente à sinagoga e recitar o kadish para os pais falecidos. Esses imigrantes praticavam o que o sociólogo Charles Liebman, no livro The Ambivalent American Jew (O Ambivalente Judeu Americano, de 1983), chamou de uma espécie de religião judaica popular. Os mafiosos judeus cresceram nesses lares tradicionais em bairros judeus que receberam influência deste judaísmo popular, como o Lower East Side, em Nova York; o West Side, de Chicago; e o East Side, de Detroit. E como muitos outros judeus, não criminosos, alguns mantiveram esses padrões de comportamento na vida adulta. O ritual judaico permaneceu como parte indelével da sua identidade, de quem e do que eles eram. Talvez a maior influência do judaísmo desses homens partisse das mães. Muitos dos principais mafiosos judeus, como Meyer Lansky, Dutch Schultz, Lepke Buchalter, Longy Zwillman e Mickey Cohen, e aqueles a quem entrevistei, reverenciavam as mães. Familiares e amigos contaram como esses homens adoravam as mães e as tratavam com o máximo de carinho e respeito. No livro, Meyer Lansky: Mogul of the Mob (Meyer Lansky: Magnata da Máfia, 1979), Lansky contou ao jornalista israelense Uri Dan como a mãe “odiava nos ver passar fome, e estava sempre pronta para
Apesar do caráter brutal e ilegal da vida que levaram, depois de mortas, muitas dessas figuras do submundo ainda permaneceram ligadas às famílias, ao seu povo e à tradição judaica
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nos dar a sua parte porque, como toda mãe judia no bairro, ela alegremente se sacrificava pelos filhos”. Mas a relação desses mesmos homens com os pais era mais problemática, em parte porque os pais nunca se conformavam com o meio de vida criminoso dos filhos. Se as mães judias se sacrificavam pelos filhos também esperavam uma recompensa. Um dos seus pedidos era que os filhos fossem judeus e mantivessem uma ligação com a comunidade judaica. Pelo menos enquanto as mães estavam vivas, muitos desses mafiosos judeus durões lhes deviam obediência. O mafioso de Detroit Harry Kasser me disse, numa conversa 1986, que nas Grandes Festas frequentava a sinagoga somente para agradar à mãe. Todos os mafiosos judeus de antigamente a quem entrevistei falavam ídiche e praticavam alguns dos costumes judaicos. A maioria dos amigos e colaboradores mais próximos no crime e fora dele era judia; eles se casaram com judias (pelo menos as primeiras esposas) em cerimônias oficiadas por rabinos; contribuíam para causas judaicas; frequentavam a sinagoga nas Grandes Festas; circuncidavam os filhos e faziam bar-mitzvot. Outro fator que contribuiu para o paradoxo na vida desses homens era a capacidade de separar o que faziam para ganhar a vida – os “negócios” – e como se comportavam na vida privada. Os behavioristas se referem a isso como “compartimentalização”: ser capaz de agir de uma maneira no mundo privado e de outra maneira na esfera pública, ainda que o resultado fosse um comportamento descaradamente contraditório. Um paradoxo explicado por um criminoso chamado Myron, que numa prova do que se lê linhas acima, não mencionou o nome da família. Durante anos, o FBI tentou e não conseguiu obter uma condenação contra ele. Mas a Receita Federal sim, e Myron acabou na prisão por sonegação de imposto de renda. Em 1991, ao ser perguntado se queria que o filho seguisse os seus passos e todos os perigos que isso acarretava, respondeu: “Eu lhe diria: escolhi a minha vida, você vai escolher a sua. A única coisa é que independentemente do que escolher, você tem de colocar os tefilin (filactérios) todas as manhãs, comer carne kasher e manter certos princípios”. No fundo, judeus Ao longo da vida, mafiosos judeus continuaram a ser frutos dos lares e dos ambientes em que cresceram. Se acreditavam em Deus, ou não, na idade adulta mantiveram as tradições judaicas que aprenderam quando crianças. Não importa o quão vil fosse o seu comportamento posterior, em cada um desses homens lá permaneceu uma pintele yid, isto é, uma faísca de judaísmo. Em 1980, o suposto chefão judeu do crime organizado Meyer Lansky me disse que foi um não crente. No entanto, manteve a participação em uma sinagoga, contribuía regularmente com dinheiro para a sua conservação e participava dos serviços nas festas judaicas. O especialista em extorquir sindicatos Lepke Buchalter exibia semelhante comportamento paradoxal. Ele comandou
um exército de bandidos que aterrorizaram a indústria do vestuário de Nova York. As armas da sua gangue eram ácidos destrutivos, clavas, cassetetes, facas, fogo, furadores de gelo e armas de fogo. No auge, Lepke controlava empresas e sindicatos, incluindo os dos motoristas de padaria e pastelaria, modistas, trabalhadores de vestuário, mercado de aves, empresas de táxi, operadores de cinema e os transportadores de peles. Apesar da brutalidade assassina que Buchalter usava nos negócios, era um filho atencioso, marido e pai amoroso. Ele se descrevia como judeu, contribuía com dinheiro para a sinagoga da mãe, frequentava os serviços das Grandes Festas, e, de acordo com o FBI, levava uma vida caseira tranquila. O paradoxo, por vezes, durava até o fim da vida do mafioso. Harry “Gyp the Blood” Horowitz era bruto, cruel e assassino, muito forte, que achava normal quebrar as costas de um homem por diversão. Em 1914, ele e três cúmplices foram condenados pelo assassinato do jogador Herman Rosenthal e sentenciados à morte. De acordo com a edição de 18 de abril de 1914 da Forward, depois de amarrado na cadeira elétrica, na prisão de Sing Sing, Gyp recitou o Shemá. Quando terminou, um choque de eletricidade percorreu o corpo, matando-o instantaneamente. Um cúmplice dele, Louis “Lefty Louie” Rosenberg, morreu na cadeira elétrica com uma Torá nas mãos. Ao longo da vida muitos mafiosos judeus se afastaram das tradições da juventude. Mas quase todos foram sepultados de acordo com o ritual judaico. Apesar do caráter brutal e ilegal da vida que levaram, depois de mortas, muitas dessas figuras do submundo ainda permaneceram ligadas às famílias, ao seu povo e à tradição judaica. * Robert Rockaway é professor emérito da Universidade de Tel Aviv. Escreveu But He Was Good to His Mother: The Lives and Crimes of Jewish Gangsters (“Mas Ele Era Bom para a Mãe: A Vida e os Crimes de Gângsteres Judeus”)
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Talvez a maior influência do judaísmo desses homens partisse das mães. Muitos dos principais mafiosos judeus, como Meyer Lansky, Dutch Schultz, Lepke Buchalter, Longy Zwillman e Mickey Cohen reverenciavam as mães
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magazine > a palavra | Por Philologos
O ídiche, esse incompreendido... DOIS ARTIGOS PUBLICADOS RECENTEMENTE PELA REVISTA JUDAICA ON LINE TABLET
PROPORCIONAM UMA EXCELENTE INTRODUÇÃO A QUEM ESTIVER INTERESSADO NO CAMPO FASCINANTE E CHEIO DE PROBLEMAS DA LINGUÍSTICA HISTÓRICA DO ÍDICHE
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m dos artigos, de Cherie Woodworth, estudiosa da história da Europa Oriental que morreu no ano passado na tenra idade de 46 anos, apareceu pela primeira vez na revista Kritika, em 2010. O outro é da escritora da equipe da Tablet Batya Ungar-Sargon. Os dois textos são complementares e devem ser lidos em conjunto. As perguntas sobre onde e quando se originou o ídiche, quem primeiro falou a língua e como ela foi difundida foram muito pensadas pela maioria dos historiadores judeus e linguistas de ídiche para ser um assunto sem complicação. A visão padrão foi mais fortemente apresentada pelo grande linguista de ídiche Max Weinreich (1894-1969), desenvolvida exaustivamente nos quatro volumes de Geshikhte fun der Yidisher Shprakh/History of the Yiddish Language (“História da Língua Ídiche”). Resumidamente, a versão padrão defende que o ídiche surgiu como uma língua distinta por volta do ano 1000, quando os judeus que migraram do norte e do leste da França se instalaram na Renânia, na Alemanha ocidental. Esses judeus (cujos antepassados vieram do sul da França, da Espanha e da Itália) falavam um francês que tinha muitas palavras em hebraico e aramaico retiradas de textos e tradições judaicas. E quando, ajustando ao seu novo ambiente, eles mudaram para a língua alemã, mantiveram esses itens léxicos, além de um punhado de palavras e nomes provenientes do francês, espanhol e italiano. Esse novo idioma judeu-alemão, de acordo com a visão padrão, passou a acumular mais e mais vocabulário hebraico e aramaico à medida que o aprendizado judaico continuava a influenciá-lo; desenvolveu certas idiossincrasias gramaticais e sintáticas, como resultado da natureza autônoma da vida ju-
daica, sendo dividido em dois dialetos principais: o “ídiche ocidental”, da Alemanha, Holanda e Suíça, e o “ídiche oriental”, dos judeus que viviam em áreas de língua eslava da Polônia, Belarus e Ucrânia. Ao incorporar muitas palavras eslavas, o ídiche oriental gradualmente tornou-se uma língua distinta. Esta é a linguagem que a maioria de nós conhece simplesmente como “ídiche”, uma vez que o ídiche ocidental desapareceu quase completamente até o final do século 19 à medida que as barreiras sociais entre judeus e gentios caíam nos países em que era falado. Conforme descrito com precisão por Woodworth, a visão de Weinreich da história do ídiche é gradualista, com base no pressuposto da migração judaica lenta e constante, durante um período de muitas centenas de anos, a partir do sul da Europa para o norte, e do oeste para o leste do mesmo continente. Em parte, porque parece uma explicação tão natural, e em parte por causa da enorme autoridade de Weinreich, essa visão não foi contestada durante a vida dele. Quando finalmente os desafios surgiram, no entanto, eles eram graves. Basicamente, eles podem ser divididos em
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CRIANÇAS EM MIELEC, SUDESTE DA POLÔNIA, NOS ANOS 1930, DEVASTADA EM 1939
três categorias: linguísticos, demográficos e genéticos. Linguisticamente, uma análise dos dialetos alemães mostra que um certo número de características mais salientes em ídiche tem pouco em comum com o falado na Renânia e muito mais com o alemão de outras regiões, como Baviera e Áustria. Para dar um bom exemplo que não foi citado por Woodworth nem por Ungar-Sargon, o onipresente diminutivo ídiche “l” na terminação de palavras como meydl, “menina” (de moyd, “empregada” ou “jovem”); yingl, um “menino” (a partir de yung, um “jovem”) e bisl, um pouco (de bis, uma “mordida”), caracteriza dialetos bávaro-austríacos, mas não os da Alemanha ocidental, onde encontramos Mädchen, Jüngchen e bisschen. É difícil conciliar as coisas como esta com a visão padrão de Weinreich. O desafio demográfico é igualmente importante. Em primeiro lugar, sabemos agora que por volta do ano 1000 já havia comunidades judaicas de língua eslava na Europa Oriental que, aparentemente, não eram provenientes da Alemanha; por que elas teriam sido “idichizadas” quando os judeus alemães começaram a chegar entre eles? E, em segundo lugar, quando se argumenta que a “idichização” ocorreu porque os migrantes judeus da Alemanha numericamente inundaram as comunidades de língua eslava, não se leva em consideração que os estudos indicam que a população judaica da Alemanha, nos séculos 11 e 12, provavelmente não era superior a cinquenta mil pessoas, a maioria das quais teria permanecido onde estava. A população judaica da Europa Oriental em 1900, por outro lado, estava perto de dez milhões. Admitindo que, mesmo para a possibilidade de grandes famílias judias, parece que não há nenhuma maneira de explicar isso com base na migração para o leste dos judeus alemães, além de altas taxas de na-
talidade e as baixas taxas de mortalidade infantil. Finalmente, há os resultados recentes do DNA. Embora difíceis de interpretar, eles parecem indicar que certo número de judeus da Europa Oriental estão geneticamente mais próximos das populações da Ásia Central, Cáucaso e Irã do que dos judeus da Europa Ocidental. Isto levou a um renascimento da “teoria cazar”, a crença de que parte ou muitos judeus da Europa Oriental originalmente não vieram do oeste, mas sim a partir das tribos turcas que habitavam o reino sombrio de Cazária, o estado medieval entre os mares Negro e Cáspio, cujos governantes, juntamente com alguns dos seus súditos, teriam se convertido ao judaísmo. Quando Cazária foi destruída por seus inimigos no século 10, diz a teoria, muitos dos seus judeus fugiram para o oeste, multiplicando-se por muitas vezes o número de judeus na Polônia, Rússia ocidental e os Países Bálticos. E, no entanto, por que, se isso aconteceu, não há absolutamente nenhuma evidência histórica disso? E por que uma maioria judaica de língua turca se tornou “idichizada”, ao invés de ter mais influência das línguas eslavas? Fique ligado.
Quando Cazária foi destruída por seus inimigos no século 10, diz a teoria, muitos dos seus judeus fugiram para o oeste, multiplicandose por muitas vezes o número de judeus na Polônia, Rússia ocidental e os Países Bálticos
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magazine > viagem | Texto e fotos de Flávio Bitelman
Passagem para a Índia QUE TAL FAZER UMA VIAGEM À ÍNDIA E, DE QUEBRA,
REUNIR PARTE DA FAMÍLIA DEPOIS DE MESES DE SEPARAÇÃO?
FOI ESTA A PROPOSTA DO NOSSO PUBLISHER
“B
em fi zeram minha fi lha Marina e o marido, Beto, que reservaram seis meses da viagem de um ano pelo mundo somente para a Índia. Mas os quinze dias que passei lá serviram para conhecer o necessário desse país, fascinante sob todos os aspectos, e que faz parte tanto da história do Brasil como da saga da diáspora do povo judeu”, conta o publisher da revista Hebraica, Flávio Bitelman, e que as fotos a seguir ilustram parte desta viagem.
Se na Índia a arte da dança é muito importante, no estado de Kerala ela é ainda mais a ponto de os homens também se dedicarem a ela, fazendo papéis de mulher, e cuidadosamente maquiados de modo a que os movimentos dos olhos parecerem também eles dançarem
Nesses quinze dias ele esteve nas cidades de Agra; Mumbai, a grande capital de negócios da Índia; Nova Délhi; passeou pelo lago de Kuramakon, no estado de Kerala; em Jodhpur, a segunda cidade do estado de Rajastão, famosa pela coleção de palácios, fortes e templos; e em Cochim, chamada de “Rainha do Mar da Arábia”, na costa ocidental da Índia, importante centro mercantil de especiarias desde o século 14 e onde ainda existe uma sinagoga, um cemitério judeu, e vivem algumas famílias judias de origem sefaradita descendentes sempre de levas de refugiados de várias partes do mundo, mas principalmente de países onde a perseguição aos judeus era política de Estado. “Quando descobri as famílias a partir da indicação de um dos raros frequentadores da sinagoga, me receberam como a um verdadeiro irmão, posaram para as fotos e transmitiram um recado simples a quem interessar possa: “Aqui também tem judeus’”, conta Bitelman.
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Placa indicando o cemitério judaico de Cochim, no sul da Índia. As controvérsias históricas sugerem que os judeus de lá sejam ainda do tempo do rei Salomão que, de todo modo, criaram uma língua o “judaico malayalam”, mistura de hebraico com malaio
Em todas as cidades e vilas da Índia, para onde quer que se volte o olhar, há toda sorte de comércio e serviços ambulantes, como barbeiros e sapateiros, por exemplo. Mas vendedores de tecidos coloridos, de seda ou de fino algodão, se espalham pelos caminhos de todo o país
Alguns dos judeus idosos que restaram em Cochim, que também eram chamados de malabares. Eram os “paradesi judeus” (“judeus brancos”), ou malabares em contraposição aos “judeus negros” que já lá viviam. Os brancos vieram da Península Ibérica, depois de 1492, fugindo à Inquisição. Os mais jovens imigraram para Israel, Europa e Estados Unidos
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magazine > viagem >>
À medida que os marajás foram caindo em descrédito e perdendo poder em favor de formas mais democráticas de governo, os verdadeiros palácios onde viviam foram transformado em luxuosos hotéis e fantásticos jardins, como este, com o serviço de café servido no terraço de um dos apartamentos
Até os bigodes cuidadosamente arrumados e cultivados pelos indianos são um espetáculo para os turistas, como o deste porteiro de hotel que lamenta não poder cobrar pelas fotos que fazem dele. “Acho que já estaria rico, mas ainda assim é muito divertido”, diz sem poder cofiar os bastos e longos fios, porque pode desarrumá-los. E aí perde a graça...
Estima-se que existam entre sete mil a oito mil judeus de origem indiana em Israel e apenas cerca de cem na índia, principalmente em Cochim. Para atender às suas necessidades espirituais, frequentam esta sinagoga, na cidade dos tais “judeus brancos”, fundada no final do século 19
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Estes são os apetrechos para a massagem ayurvédica, um dos serviços mais requisitados dos hotéis. Profissionais desse tipo de massagem estão espalhados por todo o país em estabelecimentos especializados e nas ruas. Essa prática espalhou-se pelo mundo, em São Paulo também
Beleza típica da mulher indiana, como esta, da província de Kuramakun, que talvez se tenha sentido mais fotogênica posando com um guarda-chuva, no jardim de um dos hotéis da região
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Em todos os países do sudeste asiático e também na Índia existe a prática de recompensar as pessoas que fazem orações para os respectivos deuses. No sudeste asiático, as pessoas mais necessitadas ganham simples presentes, mas o homem da foto acaba de fazer uma doação na forma de uma porção de arroz. Está sério, mas feliz
Este barco não é um barco. É uma casa. Uma casa grande, de vários cômodos, navegando no lago de Vembanad, o maior de Kerala, no extremo sul da Índia. A região é uma as mais prósperas do país e ainda é uma das mais importantes produtoras de especiarias e razão das grandes expedições dos séculos 14 e 16, aquelas que os livros de história apresentam como motivo das descobertas portuguesas
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magazine > memória | por Meir Soloveichik *
A santidade do estômago SER JUDEU RELIGIOSO SIGNIFICA REJEITAR A AFIRMAÇÃO CRISTÃ DE QUE “MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”. É JUSTAMENTE O OPOSTO: OS JUDEUS INSISTEM EM QUE, SANTIFICANDO O FÍSICO, ELES PERMITEM QUE A PRESENÇA DE DEUS RESIDA NESTE MUNDO
G
il Marks, um rabino ortodoxo, famoso escritor a respeito de comida judaica, autor de vários livros de receitas de sucesso e da magistral Encyclopedia of Jewish Food (“Enciclopédia da Comida Judaica”, 2010) morreu no começo de dezembro em Alon Shvut (Israel). Marks foi sempre mencionado e elogiado pela sua contribuição à história da culinária embora fosse também um rigoroso intérprete da Torá e pela menção às referências culinárias existentes nos textos sagrados. E a Encyclopedia of Jewish Food é a fonte desse conhecimento. E lá se descobre, por exemplo, que somente no século 15 os judeus ashkenazim na Alemanha e Áustria começaram a usar a palavra chalá – que na Bíblia designa apenas o pouco de massa de pão oferecido ao sacerdote como dízimo – para os pães servidos nas cerimônias de Shabat. Parece que, naquelas terras, os cristãos ainda perpetuavam práticas pré-cristãs, uma das quais era preparar, em torno da época do solstício de inverno, um atraente pão trançado para apaziguar a deusa pagã Holle, uma “velha teutônica feia com cabelo longo e emaranhado”. Com o tempo, e substituindo a referência pagã por uma sagrada, os judeus de todo o mundo, asquenazitas e sefaraditas, iniciavam a ceia de Shabat abençoando dois pães artisticamente trançados de “chalá”. Entre as histórias fascinantes a respeito de outros alimentos do Shabat, a Encyclopedia apresenta um mapa do tcholent, mostrando a propagação histórica e a evolução desse guisado de Shabat, desde os hamin citados na Mishná, à adafina da Espanha, para o ensopado à base de batata e cevada dos ashkenazi, apreciado até hoje. No livro, ele trata dos feriados religiosos judaicos e aqueles que lamentam a queda de prestígio dos latkes em Chanuká vai se divertir com o fato de que aquele prato, uma vez já universal, deu lugar, em Israel, aos donuts de geleia, conhecidos como sufganiyot, e no Brasil conhecidos como “sonhos”. No entanto, a façanha de Gil Marks foi muito além das pesquisas históricas e culturais, da perícia na cozinha e das receitas indispensáveis que ensinou. Para ele, o judaísmo em si é, na frase do teólogo Michael Wyschogrod, “uma religião do corpo”, e sua visão de santidade está muito ligada ao lado físico e, principalmente, aos alimentos. Na época do Templo, o ritual do culto central consistia em reunir o povo três vezes por ano em Jerusalém, onde, a Bíblia exorta: “Comereis ali perante o Senhor, vosso Deus”. O rabino Joseph
Soloveitchik observou que essa ideia deve ter chocado os antigos gregos para os quais “um animal come, enquanto o homem pensa e reconhece o espiritual”. Mas o judaísmo, de ontem e de hoje, insiste no valor sagrado de se alimentar diante do divino: “Comer sacrifícios, comer o cordeiro pascal, comer o segundo dízimo (...) comer a matzá, comer as oferendas da alegria para os três festivais – todos estes são mandamentos bíblicos. Enquanto a oração [ao contrário] é contada entre os mandamentos apenas de acordo com Maimônides. A mitzvá do regozijo nos festivais do Templo está focada em comer a carne sacrificial e, em nosso tempo, comer carne normal e beber vinho é considerado o júbilo do homem diante do seu Criador.” Em ensaios e livros, Gil Marks lembra que não compreender a comida é não compreender a fé. Por exemplo, Pessach e suas leis, focadas no pão. De acordo com o livro do Êxodo, duas substâncias foram proibidas aos israelitas em memória à libertação do Egito: chametz, ou pão levedado, e se’or, comumente traduzido como fermento. Para Marks, essa tradução é errônea e um absurdo, pois, afinal, outro ritual fundamental do Seder é o consumo de vinho, criado pela ação do fermento. Portanto, se’or, Marks afirma, é “uma das palavras mais mal traduzidas de toda a Bíblia”. Na verdade, se’or refere-se a um elemento básico de cozimento conhecido por todos antes da idade moderna: a massa fermentada inicial. Inventada no Egito, esta mistura cuidadosamente cultivada de farinha e água continha uma cultura natural de leveduras e bactérias, ou seja, um agente de fermentação imperecível. Na maior parte da história do Ocidente, esse tipo de massa era considerado um dos bens mais preciosos de um lar, e até hoje chefs europeus utilizam massas de sé-
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culos de idade. Pedir aos israelitas para se livrar do se’or – uma das inovações mais importantes do Egito antigo – e mandar que seus descendentes reproduzam esse feito por gerações foi exigir um sacrifício anual extraordinário em sinal da fé. Mas o tratamento que o judaísmo dá à alimentação – e ao mundo material, em geral – pode ser mais bem compreendida menos por exemplos de privação, mas de afirmação. Existe uma anedota acerca do rabino Baruch Ber Leibowitz (1870-1939), dedicado aluno do rabino Chaim de Brisk e, depois, líder de uma yeshivá em Slobodka (Lituânia). Um cidadão levou ao rabino Leibowitz o estômago de uma galinha em que foi encontrada uma agulha. Como o buraco no estômago – o kurkevan, na linguagem do Talmud – dá uma condição de não kasher à galinha, esta é uma questão longamente discutida na lei judaica. Como passou toda a vida dedicado a estes estudos, o reverenciado rabino sabia muito de estômago de um frango, mas, ao contrário de qualquer dona de casa do shtetl de então, ele realmente nunca tinha visto algum. Segundo a história, ou a anedota, agarrou a massa sangrenta, e exclamou, alegre: “Então este é o estômago sagrado de que tanto se escreve na Torá!” – (“Ah, dos iz di heyligekurkevan!”, em ídiche) Ao contrário de Platão, o judaísmo nega que este mundo seja de sombra material do qual a pessoa esclarecida deve escapar. Da mesma forma, ser judeu religioso significa rejeitar a afirmação cristã de que “meu reino não é deste mundo”. É justamente o oposto: os judeus insistem em que, santificando o físico, eles permitem que a presença de Deus resida neste mundo. Ainda o rabino Soloveitchik: “O homo religiosus universal proclama: os mais baixos anseiam pelo superior. Mas o homem que segue a Halachá, com sua compreensão, declara: os mais altos anseiam pelos inferiores”. Gefilte fish, matzá, tcholent e tantas outras preparações culinárias – todas humildes – são, à sua maneira, os alimentos da fé, e comê-los, com a perspectiva correta, permite que as nossas mesas sejam a morada do divino. * Meir Soloveichik é rabino da Congregação Shearith Israel em Nova York e diretor do Centro Straus para Torá e Pensamento Ocidental na Universidade Yeshivah
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leituras magazine
por Bernardo Lerer
Três Macacos Stephan Mendel-Enk | Editora Record | 154 pp. | R$ 28,00
Eis o resumo desta novela irônica e comovente a respeito de uma comunidade judaica nada típica: Jacob vai completar 13 anos e logo depois do bar-mitzvá os pais anunciam o divórcio, porque a mãe trocou o marido por um goy, um choque para a pequena comunidade judaica de Gotemburgo, na Suécia. Enquanto os adultos falam de Israel daquele ano de 1987, invejam o estilo de vida dos judeus nos Estados Unidos e se preocupam com as tradições e os rabinos que pouco duram na cidade. Jacob, que a tudo assiste, precisa lidar com o difícil processo de amadurecimento.
Luzes da Ribalta Charles Chaplin | Companhia das Letras | 220 pp. | R$ 64,90
Mesmo que a história do filme se pareça um pouco com a vida de Chaplin, que se casou com Oona, 36 anos mais nova que ele, era uma velha ideia, desde quando conheceu o bailarino Vaslav Nijinski, quando ambos tinham 27 anos, mas Chaplin ficou mesmo perturbado com a esquizofrenia de Nijinski, evento que destruiu a carreira do russo e comoveu o cineasta que, quando criança, esteve próximo da insanidade. Vinte anos depois, no final dos anos 1940, costurou a magia e a tragédia da história do dançarino em um enredo. Um longo e evolutivo processo que levou a Luzes da Ribalta.
O Verão Perigoso Ernst Hemingway | Bertrand Brasil | 265 pp. | R$ 32,90
Hemingway voltou à Espanha em 1959 e a revista Life pediu-lhe que escrevesse um texto curto a respeito de touradas, que, na época, como o livro mostra, tinha os seus heróis e ídolos. O escritor gostava do tema que resultou na obra-prima Morte ao Entardecer. O texto curto acabou virando este livro, o último da vida do escritor. É a crônica da disputa entre Dominguin e Ordoñez, cunhados entre si, habilidosos e carismáticos, os dois matadores míticos da tauromaquia.
Surtando em Wall Street Jared Dillian | Zahar Editores | 390 pp. | R$ 44,90
O autor foi um brilhante soldado americano que, ao deixar o serviço militar, realizou o sonho da vida inteira: trabalhar em Wall Street e no Lehman Brothers, um dos bancos responsáveis pela crise de 2008. O livro é explosivo, engraçado e verdadeiro pela forma como narra um mergulho no olho do furacão e conta como foi ser operador com transtorno bipolar durante uma das piores crises da história do mercado financeiro. Um livro que trata de dinheiro, de loucura e de loucura por dinheiro.
A Autobiografia de Martin Luther King Clayborne Garson | Zahar Editores | 463 pp. | R$ 59,90
Garson tinha 19 anos em 1963 e fazia parte da multidão que lutava pelos direitos civis e se juntou em Washington diante do Memorial Lincoln para ouvir Luther King, o último orador da manifestação. Vinte anos depois, já historiador na Universidade Stanford, Coretta Scott King o procura para oferecer a oportunidade de organizar os documentos do falecido marido. Assim conheceu o homem a quem sempre ouviu e com quem nunca conversou. Para o autor “este livro é o produto do legado intelectual de King e eu o beneficiário do seu legado em termos de justiça social”.
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Malcolm X Manning Marable | Companhia das Letras | 648 pp. | R$ 73,90
O Washington Post classifica este livro, cujo subtítulo é “Uma Vida de Reinvenções”, como “uma obra de arte, um banquete que combina habilmente biografia, jornalismo investigativo e comentário político”. Trata-se da história de Malcolm X (1925-1965), o mais importante agitador negro dos Estados Unidos, e reconstitui o percurso heterodoxo de um dos ativistas políticos mais influentes do século 20 por sua luta contra o racismo e a injustiça social, símbolo trágico de uma época de profundas transformações na sociedade norte-americana.
A Família Corleone Ed Falco | Editora Record | 417 pp. | R$ 45,00
Com base no roteiro de Mario Puzzo para o filme O Poderoso Chefão, o autor monta um romance a respeito da famiglia Corleone e embora a trilogia várias vezes exibida nos canais fechados seja bastante clara, este livro ilumina um pouco mais a origem destas organizações criminosas desde 1933, quando a Lei Seca está para ser revogada e elas buscam novos negócios. Vito Corleone é um pai dedicado que quer o melhor para os filhos, mas, ainda pequenos, desconhecem as atividades do velho. Lê-se de uma sentada só.
Jacob Levy Moreno – Autobiografia Editora Ágora | 140 pp. | R$ 53,10
Jacob Levy (1889-1974) tinha 5 anos quando saiu da Romênia, onde nasceu, para viver na Áustria e lá estudou e exerceu a medicina até os 35 anos. Em 1936 abriu um pequeno hospital em Beacon (Nova York) que transformou em centro alternativo para a insulina e o eletrochoque, os tratamentos comuns na época. Moreno tratava os pacientes num palco em que as sessões de psicodrama serviam para os pacientes viverem delírios e alucinações. Como psiquiatra, cientistas e pioneiro em diversos campos, ele pode ser considerado um dos gênios do século 20.
Sócrates Tom Cardoso | Objetiva | 243 pp. | R$ 29,90
É um livro maravilhoso a respeito do jogador mais original do futebol brasileiro, autor de 331 gols, ídolo do Corinthians, capitão da seleção brasileira de 1982 e engajado até a alma na vida pública do país. O livro dá a Sócrates a dimensão de um brasileiro que, nos anos 1970-1980, ajudou a moldar a sociedade de um país saído de uma ditadura e mal sabia como lidar com a liberdade. A leitura do livro é como se fosse possível rever muitas vezes os muitos gols de Sócrates e seus passes de calcanhar. É, definitivamente, um personagem do nosso tempo e que o autor revela em todos os detalhes.
Os Bispos Católicos e a Ditadura Militar Brasileira Paulo César Goms | Editora Record | 223 pp. | R$ 32,00
Este livro joga um pouco mais de luz sobre a ditadura civil-militar da segunda metade do século passado ao revelar como, quando e por que os bispos católicos brasileiros eram espionados pela vasta teia de organismos do Estado. O autor se vale de documentos inéditos e até então secretos, despreza explicações simplistas e mostra a complexidade dos atores envolvidos como os chamados “bispos progressistas”, e lembra que a Igreja apoiou o golpe de 1964.
Araguaia – Histórias de Amor e de Guerra Carlos Amorim | Editora Record | 502 pp. | R$ 58,00
Valendo-se do que ainda existe de provas e documentos a respeito do desastre da guerrilha do Araguaia e da ação as Forças Armadas e das próprias observações no local, o autor recria a história daquele movimento, iniciado entre o golpe de 1964 e o AI-5 que o endureceu, de autoria do PC do B que pretendia liderar uma revolta camponesa, de acordo com o modelo chinês depois a Segunda Guerra. Na época, a guerrilha foi pouco conhecida em razão da censura, mas agora é possível reconstituir com os documentos disponíveis, depoimentos e testemunhos que o autor recolheu.
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músicas magazine
por Bernardo Lerer
Orquestra Harmônicas de Curitiba Intercd | R$ 15,90
Acredita-se que esta seja a única orquestra de harmônicas de boca do mundo e foi constituída em 1979, a partir de um singelo curso de iniciação harmônica de boca cromática para o qual afluíram 32 músicos, dos quais 25 decidiram se reunir em uma orquestra. O instrumento surgiu na Alemanha, em 1857, inventado por Mathias Hohner, e pode ser chamado de realejo, gaita, gaita de boca, harmônicas de beiços, gaitinha e gaita boca. Escolha qualquer um, mas ouça o cd.
Lupicínio Rodrigues Universal | R$ 24,90
O gaúcho Lupicínio (1914-1974) documentou em canções inesquecíveis os amores que viveu e os que viu acontecer ao redor, elevando à condição de arte e referência máxima, entre 1930 e 1970, o que se convencionou chamar de “dor de cotovelo”, sambas-canção em que a temática é a traição, o ciúme e as súplicas. Isso também explica porque muitos cantores e cantoras disputavam a primazia de interpretá-las.
Cheio de Dedos Guinga | Galeão | R$ 18,90
Já virou tradição: a qualquer grande músico estrangeiro a quem se pergunta se conhece algum instrumentista brasileiro, o primeiro nome que lhes vem à mente é o de Guinga, antes chamado de Gringo, porque Carlos Althier de Souza Campos Escobar tinha a pele muito clara, e morava no subúrbio do Rio de Janeiro. É considerado um dos mais inovadores compositores, além, é claro de um notável violonista.
Quatuor Ébène Erato | R$ 42,90
Bernard Lavilliers é um músico francês e espécie de sinônimo dos ritmos e aromas da América Latina. Stacey Kent é uma cantora de amor confesso pelo Brasil e voz radiante. Quando os dois se encontraram em Paris os mais próximos se convenceram de que daí deveria surgir o projeto de um álbum de músicas brasileiras e norte americanas, mas com acento brasileiro, interpretadas pelos dois, mais Marcos Valle.
Antologia Madredeus | Bluenote | R$ 99,90
Quem ouve as interpretações deste conjunto português, criado em 1985 ao qual um ano depois se juntaram mais dois músicos e logo depois Teresa Salgueiro que cantava em nightclubs de Lisboa, perguntam como é possível uma formação tão homogênea. O primeiro álbum, Os Dias de Madredeus, é de 1987, e foi gravado em uma antiga igreja de acústica perfeita. Depois disso acumularam dezenas de prêmios.
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Vivaldi & Pixinguinha Atração | R$ 19,90
Villa Lobos tinha razão quando afirmava a grande proximidade do choro com a música barroca e a tarefa do compositor e maestro Radamés Gnatalli foi escrever arranjos de três peças de Vivaldi para a formação clássica dos conjuntos de choro, a saber, bandolim solista, violão de sete cordas, dois violões de seis cordas, cavaquinho e pandeiro. E o que se tem é uma verdadeira obra-prima, gravada em 1980 e remasterizada recentemente.
Yo-Yo-Ma Plays Ennio Morricone Sony Music | R$ 91,90
Morricone compôs algumas das mais fascinantes trilhas musicas de filmes como, por exemplo, as luminosas meditações de A Missão, ou a tensão do western O Bom, O Mau e o Feio. Ambos, como toda a obra dele, possibilitam penetrar na alma dos filmes e no que trazem de subentendido. Esta colaboração com o notável violoncelista Yo-Yo-Ma dá uma nova dimensão à produção musical de Morricone para o cinema.
Chichester Psalms Leonard Bernstein | Naxos | 32,90
Em 1965, o deão da Universidade de Chichester, no sudeste da Inglaterra, encomendou estes Salmos a Bernstein, e o resultado alcançado foi muito maior que se imaginou, uma peça religiosa, mas acessível, que contrasta a austeridade espiritual com ritmos impulsivos, sugerindo uma contemplação de paz. O cd contém ainda música de balé, On The Town, que marca o primeiro sucesso do compositor neste gênero.
Trio de Poche Beethoven | Zurfluh | R$ 73,90
Este é o quarto volume dos cd’s gravados por este trio formado em 1991 que se especializou em transcrever para um trio de oboé, clarineta e fagote peças de Mozart, Schubert e Beethoven, entre outros, escritas originalmente para cordas, como a Serenata opus 8, de Beethoven, quatro árias de Don Giovanni, de Mozart, e trios (mesmo) de Schubert. São interpretações encantadoras.
Vivaldi – Pietá Philippe Jaroussky | Erato | R$ 73.90
Este fantástico contratenor, que em outros tempos poderia até ser incluído na categoria dos castrati, apresentou-se recentemente na Sala São Paulo com grande sucesso revelando imenso talento. Os críticos se espantam como Jaroussky, rapidamente, alcançou o estrelato a partir da sua “tonalidade de anjo”. E que é possível constatar neste cd com obras do “padre vermelho” Vivaldi. Vale a pena.
Gioachino Rossini Overtures Carlo Maria Giulini | EMI Classics | R$ 48,95
Dirigindo a Orquestra Philarmonia, Giulini, que morreu em 2005 com 91 anos, depois de reger durante 54, que demonstra a interpretação de uma orquestra pode ficar ainda mais fantástica quando se executa essas aberturas com um verdadeiro estilo e se pontua cada fraseado. Os entendidos dizem que as composições de Rossin, e essas aberturas de O Barbeiro de Sevilha e Guilherme Tell ajudam muito.
Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena
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magazine > curta cultural | por Bernardo Lerer
Judeus do Danúbio A Ama Waterways é uma empresa que se especializou em cruzeiros fluviais pela Europa, Sudeste Asiático e África e tem dezenove luxuosas embarcações projetadas de acordo com os rios por onde vai navegar. Por exemplo, os navios dos rios africanos e asiáticos, mais agitados, são semelhantes àqueles da Bacia Amazônica, mas luxuosíssimos. No caso, é um navio para apenas 150 passageiros em cabines externas e maior conforto, navega pelo Danúbio numa excursão com o sugestivo nome de “Herança Judaica”, dura uma semana, de 2 a 9 de junho, parte de Budapeste e para sucessivamente em Bratislava (Eslováquia), Viena, Durstein, Melk e Linz (Áustria), Passau, Regensburg e Nurembergue (Alemanha). O programa inclui mais três noites em Praga, até 12 de junho, e um tour a Terezin, onde funcionou o mais temido campo de trânsito do nazismo. Serão visitados museus judaicos como de Viena, sinagogas como o fantástico templo de Budapeste e a casa onde viveu Oscar Schindler. É possível que a viagem se estenda a Israel, por mais alguns dias. O agente de turismo Abrão Bober está cuidando disso.
Leia e saboreie “Jerusalém”
Libertários e chapeleiros
Quer ler um livro fantástico sob todos os aspectos? Compre Jerusalém, editado pela Panelinha, o selo gastronômico da Companhia das Letras. É história, geografia, religião, culinária e gastronomia. Mostra como a diversidade e a riqueza de Jerusalém no que diz respeito aos cozinheiros e à sua experiência com os ingredientes disponíveis tornam a cidade fascinante, mas o Jerusalém Yotam Ottolenghi e Sami que a faz interessante mesmo é a enerTamimi /Editora Panelinha gia emocional e espiritual em que está 320 pp./ R$ 99,90 embebida. Os jerosolemitanos têm muito em comum e convertem sua inesgotável energia em pratos de incrível criatividade. E a comida, por enquanto, é a única força que une este local tão dividido, pois é possível ver pessoas fazendo compras juntas no mercado ou comendo em restaurantes de outros grupos. É preciso uma fé gigantesca e imaginar que se nada mais for capaz, o humus poderá unificar os cidadãos de Jerusalém. O livro apresenta receitas com vegetais, sementes e grãos, de sopas, recheados, carnes, peixes, massas salgadas, doces e sobremesas e uma relação de condimentos. É tudo bom demais.
Trata-se de dois documentários a respeito do mundo do trabalho no Brasil, lançados pelo Instituto Moreira Salles, há um mês. Em Libertários, Lauro Escorel reconstrói, na década de 1970, o que foi a atuação dos sindicalistas revolucionários e dos anarquistas nos anos 1910 e 1920, formados principalmente por operários que emigraram da Espanha, Portugal e Itália, nenhum deles judeu, mas, ao contrário, que se opunham à atividade política dos judeus na forma orgânica dos partidos comunistas e socialistas da época. Além disso, a imigração teria ensinado que o internacionalismo proletário era um mito e que, por exemplo, só os italianos defenderiam os italianos; os espanhóis, os espanhóis, etc. Daí para o nacionalismo extremo, ao intervencionismo e, finalmente, ao fascismo, era um passo. E mesmo que convidados, os judeus pulariam fora. Chapeleiros, de Adrian Cooper, de 1983, conta o funcionamento de uma velha fábrica de chapéus e mostra como ela não tem mais uso e nem utilidade no moderno capitalismo que o Brasil tentava criar há mais de trinta anos, mais parecendo um fantasma que assombrava o, ainda naquele período, país do milagre econômico.
Entenda a fotografia O fotógrafo e professor Stephen Shore (Nova York, 1947) começou a fotografar muito cedo até que um dia se perguntou quais características da fotografia determinam a aparência de uma imagem. Até que ponto uma imagem é produto de uma máquina fotográfica e de processos fotográficos? O livro é, portanto, uma verdadeira aula até para os mais experientes, pois revela, por exemplo, como o fotógrafo se confronta com uma complexa teia de justaposições visuais que se realinham a cada passo: um pé adiante, e o oculto torna-se visível; outro passo, e o objeto no primeiro plano se comprime com o do fundo; mais um passo e a descrição do espaço fica mais clara; um passo para o lado, e a clareza desaparece. O livro indica, portanto, como a bidimensionalidade, enquadramento, tempo e foco transformam a imagem fotográfica e são variáveis que estimulam modelos mentais em relação aos modelos descritivos já incorporados por nossa cultura. Isso tudo está bem explicado no livro de Stephen Shore.
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magazine > unibes 100 anos | por Tania Plapler Tarandach
ORQUESTRA DE JOVENS, UMA DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA UNIBES
Instituição cuida de 14.000 pessoas e do CCJ CERCA DE CATORZE MIL PESSOAS/ANO ACORREM À UNIBES, QUE ACABA DE ASSUMIR O CENTRO DA CULTURA JUDAICA (CCJ). A UNIBES FOI FUNDADA HÁ UM SÉCULO PARA ATENDER AOS MENOS FAVORECIDOS
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impacto da Primeira Guerra Mundial repercutiu no Brasil e a comunidade dos primeiros imigrantes judeus era formada por instituições destinadas a acolher os recém-chegados, assistindo-os na organização da nova vida. Assim, em 1915, surgiu a Sociedade Beneficente das Damas Israelitas, formada por mulheres e, um ano depois, a Sociedade Amigos dos Pobres Ezra. Se naquela época expressões como “responsabilidade social” e “terceiro setor” ainda não faziam parte do vocabulário, os judeus de São Paulo se obrigavam a cumprir os preceitos de justiça social (tzedaká) aprendidos desde a infância. A motivação da responsabilidade social, hoje institucionalizada, estava nas ações humanitárias desenvolvidas para receber e encaminhar “os irmãos de navio”, imigrantes que se solidarizavam durante o trajeto da Europa até o porto de Santos. Com o tempo, os ativistas sentiram a necessidade de traba-
lhar em conjunto ao perceberem a necessidade de evitar duplicidade de ação e dispersão de esforços e recursos. Por isso, em 1976, nasceu a União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social (Unibes), resultado da união da Sociedade Beneficente Israelita Ezra com a Policlínica Linath Hatzedek e a Organização Feminina Israelita de Assistência Social, a Ofidas, que já era a reunião daquela antiga Sociedade Beneficente das Damas Israelitas com o Lar da Criança Israelita e a Gota de Leite, que funcionavam desde os anos 1930. Hoje, a Unibes é respeitada no terceiro setor como a instituição que atende crianças, jovens, adultos e idosos em diferentes situações e demandas diversas. Mas como é esse trabalho? A presidente da instituição Célia Kochen Parnes (foto na página ao lado) responde.
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ENTREVISTA Hebraica – As primeiras instituições judaicas criadas no século passado já exerciam a responsabilidade social. Como você vê essa atuação de vanguarda da comunidade no hoje chamado terceiro setor? Célia Kochen Parnes – “Vanguarda” é uma boa palavra para definir essa atuação. Os primeiros imigrantes, que iam até o porto de Santos para buscar os conterrâneos recém-chegados, eram pessoas que tinham o olhar para a responsabilidade social mesmo sem o saber. Deram o exemplo e iniciaram uma estrutura de instituições para receber essas famílias que não falavam português, e algumas nem sabiam para onde a sorte as estava levando. Assim, ensinaram a trilhar um caminho para chegar a essas sete primeiras entidades comunitárias, que se fundiram e, anos mais tarde, deram lugar à Unibes. Hebraica – A Unibes nasceu grande e com a incumbência de cuidar dos problemas sociais da comunidade. Como se desenvolveu até chegar ao comprometimento com a sociedade brasileira? Célia – Foi um caminho natural. Inserida na sociedade brasileira, a comunidade judaica incorpora também os problemas do seu entorno. Hoje, a Unibes cuida de 10% da comunidade judaica, que tem muitas fragilidades, muitas vulnerabilidades. Ao contrário do que muitos pensam, a demanda social dessa população não diminui, aumenta. Porém, a própria Lei Orgânica da Assistência Social reza a universalidade, a igualdade e a equidade. O trabalho da Unibes para fora da comunidade é coberto por convênios, recursos públicos, não vem diretamente das doações, nem do resultado dos eventos. A Creche Betty Lafer, considerada modelo pela prefeitura paulistana, abriu-se para atender filhos das mulheres costureiras que trabalhavam no Bom Retiro e não tinham onde deixar os filhos. A demanda é grande, temos fila de espera. As crianças cantam em ídiche, hebraico, espa-
nhol, inglês, além do português. Uma das reuniões recentes com os pais foi realizada na sucá. As festas judaicas são parte da formação cultural das crianças, abrindo os horizontes para a desmistificação do judaísmo. Esse trabalho na creche e com os jovens é também, no limite, uma forma de vacina contra o antissemitismo. Atualmente, temos duas unidades para atendimento familiar, uma creche, um grande centro no contraturno da escola pública (6 a 15 anos) e a capacitação para jovens (16 a 29 anos), com 72% de empregabilidade após a conclusão dos cursos. Hebraica – Como a Unibes acolhe, recupera e estimula o potencial das pessoas? Célia – Hoje as pessoas vão à Unibes sem preconceitos. Vão para receber orientação, para consultar um advogado ou à procura de uma ajuda psicológica. Vão para frequentar o Centro de Convivência, fazer ginástica, ouvir uma palestra. Famílias têm suas particularidades. A Unibes é como uma amiga bem conectada. Escuta, entende e orienta encaminhando para uma rede de instituições parceiras. Nosso trabalho é de impulsionar, transformar e dar autonomia aos indivíduos e às famílias. Seja qual for o motivo que as levou ao estado em que se encontram ao procurar apoio, a Unibes aposta nas pessoas, e acredita que, respeitado seu grau de vulnerabilidade, a evolução é sempre possível. Um dos focos atuais é o olhar para o envelhecimento saudável e conectado. Seniores têm condições de viver com autonomia, conhecer coisas novas, viajar, aproveitar o que a vida lhes oferece. Hebraica – Qual é a visão da atual diretoria da instituição?
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“Hoje, a Unibes cuida de 10% da comunidade judaica, que tem muitas fragilidades, muitas vulnerabilidades. Ao contrário do que muitos pensam, a demanda social dessa população não diminui” Célia Kochen Parnes
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magazine > unibes 100 anos
>> Célia – A atual diretoria é composta de grandes profissionais em suas áreas. Não são voluntários, mas profissionais não remunerados, já que a demanda é diária e em tempo integral. O olhar desta gestão é de gerir a Unibes de forma rígida, enxuta, de modo a torná-la o mais autossustentável possível, com mais recursos gerados internamente através do Bazar. Hebraica – A Unibes tem ampliado a rede de bazares (lojas) em diferentes bairros. Essas lojas estão dentro desse pensamento inovador, que passa por várias atividades, colocando a Unibes como instituição do segundo setor, focada em resultados? Célia – Os bazares são geridos como negócios. Têm metas de produtividade, software de varejo para controle de estoque, call center para recepção das doações e operação de logística para maximizar a capacidade de carga dos caminhões. Essa área é muito bem administrada por Daniel Machlup, que tem experiência de trinta anos em grandes redes de varejo, e o único objetivo de gerar recursos para as obras sociais. Hebraica – Quantas lojas existem hoje e qual a importância para a instituição? Célia– São seis bazares. O nosso desafio é aumentar o número de doadores e a frequência das doações. Precisamos muito de doações para os bazares. As pessoas têm a visão errônea de que não há quem queira o que elas descartam. Ao contrário, sempre há alguém que precisa do que foi doado. Os bazares são uma ótima forma de ajudar a manter nossos recursos. As doações são o que mais precisamos, a demanda é grande. O orçamento da Unibes para 2015 é de trinta milhões de reais, que
DA PRIMEIRA INFÂNCIA À TERCEIRA IDADE, A
UNIBES OLHA A PESSOA EM TODAS AS SUAS DEMANDAS
precisam ser captados e 25% desse valor é coberto pelo faturamento dos bazares. Precisamos receber saldos de produções, de fábricas, mercadorias com defeito, casas que são desmontadas, eletrônicos, móveis, roupas, até objetos como um simples vidro de conserva, tudo tem utilidade para alguém, e ajuda imensamente. Nosso site (www.unibes.org.br) mostra como é simples doar. Hebraica – Como a comunidade pode participar desse mutirão? Célia – Doando produtos para os bazares, como já disse, oferecendo-se para atuar no nosso corpo de voluntários, vendendo e comprando ingressos dos espetáculos, falando e divulgando a Unibes. Queremos que as pessoas conheçam nosso trabalho e a comunidade judaica deve ter orgulho da maior e mais antiga instituição de São Paulo. Hoje, a Unibes é respeitada e participa da formação de políticas públicas e junto às secretarias do município e do estado. Somos 210 voluntários, quase trezentos funcionários e atendemos catorze pessoas/ano, ou seja, temos de planejar, sempre voltados para as demandas futuras do nosso público.
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alto nível cultural. Espaço de alimentação com food trucks, cinema ao ar livre, salão musical, espaço com wi-fi free, encontros literários, feira de design e atividades infantis com pais nos fins de semana, programas para jovens voltados ao futuro deles. As palestras serão uma janela para o conhecimento: arte, história, filosofia, cinema, moda, música, gastronomia, literatura e turismo. Grandes concertos, canto lírico, shows semanais com nomes de alto nível, conhecidos no meio cultural. Será um local de cultura com impulsão social para o público infantil, juvenil, adulto, sênior e familiar.
Hebraica – Voltando aos jovens, esse número de 72% de empregabilidade após a conclusão dos cursos é significativo. Qual o segredo para esse sucesso nos empregos? Célia – A Unibes capacita profissionalmente por meio de cursos de rotinas de escritório, hotelaria, gastronomia, eletricidade de residências, montagem e manutenção de computadores, web designer, atendimento em restaurante/garçom e telemarketing. Além de muito bem capacitados, esses jovens têm formação da cidadania diferenciada com professores focados também com o comportamento no ambiente empresarial. Os jovens saem prontos para o mercado. Hebraica – Ao completar cem anos, a Unibes assume o Centro da Cultura Judaica (CCJ). Qual o significado para uma e outro? Célia – É uma nova etapa. A Unibes faz cem anos com planos de longo prazo. O atendimento desenvolvido hoje se divide em várias frentes: básica – necessidades prementes, saúde – apoio com rede formada por médicos, hospitais e aqui vale uma citação à importante parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein; educação – cuida da educação formal e complementar dos filhos das famílias atendidas. Faltava o topo da pirâmide: prover cultura a quem não tem acesso. A cultura é alimento para a alma e a Unibes tinha o plano de conseguir atender desde o básico até a cultura completa. A ideia é ampliar as atividades oferecidas. O Centro será aberto a toda sociedade paulistana como já é, porém agora o foco será a cidade, com um programa eclético, ampliado. Cultura como um todo: olhar de transformação, penetrar melhor na malha urbana. A ideia é criar um centro comunitário judaico, como em outros países, com programas de
Hebraica – Como se dará essa transição? Célia – Sem ruptura. A sede da Unibes continua na rua Rodolfo Miranda, no Bom Retiro. O CCJ será gerido pela diretoria da Unibes com uma gestão financeira independente e orçamento anual de sete milhões de reais. O que já acontecia vai ser ampliado com um calendário em função das festas judaicas. Os cursos continuarão e haverá outros: hebraico, cultura judaica, Cabala, filosofia e história judaicas. Seguindo o nosso foco para o envelhecimento saudável, vamos capacitar voluntários culturais seniores, como acontece em Israel, para atuar junto ao público. Para dirigir o CCJ, convidamos Bruno Assami, especialista em estratégia para o desenvolvimento do setor social com ênfase na área cultural, que já trabalhou no Masp, Instituto Tomie Ohtake, Paço das Artes e Itaú Cultural. Assami disse em uma palestra que “a mudança de hábito das pessoas em relação às artes passa pela dinamização do repertório de ofertas e pela facilitação de acesso que afaste o medo do desconhecimento da fruição”. Na reabertura do local, prevista para maio próximo, queremos reconquistar o coração da nossa comunidade para o CCJ por meio de uma agenda positiva de oferta de cultura com qualidade, mas alegre, leve, democrática. Cultura com um olhar para o futuro e para a inovação. E com um pensamento sempre na promoção do ser humano, aliás o DNA da Unibes.
“Os bazares são geridos como negócios. Têm metas de produtividade, software de varejo para controle de estoque, call center para recepção das doações e operação de logística para maximizar a capacidade de carga dos caminhões” Célia Kochen Parnes
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magazine > ensaio | por Walter Feldman
Mudando o jogo: da política para o futebol APÓS COORDENAR A CAMPANHA PRESIDENCIAL DE MARINA SILVA, UMA DAS EXPERIÊNCIAS POLÍTICAS MAIS EXTRAORDINÁRIAS DE MINHA VIDA, ASSUMO A SECRETARIA GERAL DA FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEBOL PARA, A PARTIR DE ABRIL, ACOMPANHAR O FUTURO PRESIDENTE DA CBF, MARCO POLO DEL NERO, NA GESTÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO
O
caminho pode ter parecido estranho a muitos. Questionamentos reticentes, alertas desesperançosos e cumprimentos festivos convergiam todos juntos para a mesma pergunta: “Mas por quê?”. A resposta não é simples. Passa por questões pessoais e coletivas; por aquilo que fi z e pelo que ainda posso fazer; e, é claro, pelo jogo da bola e tudo o que ele pode oferecer. Afi nal, como dizia o grande Nelson Rodrigues: “O pior cego é o que só vê a bola”. Durante minha vida pública, todos os cargos que ocupei, bandeiras que levantei e propostas que defendi, tinham por base a crença em um projeto maior que, essencialmente, buscava a felicidade coletiva. Foi assim há quarenta anos, quando trabalhava como médico da prefeitura na periferia de São Paulo. E assim me mantive no mandato de vereador, deputado estadual e federal, chefe da Casa Civil do governador Mário Covas, secretário das Subprefeituras, secretário de Esportes, Lazer e Recreação do município. Foi durante este último que, junto com uma ótima equipe, conheci o potencial da inclusão e a força mágica do esporte. Criamos e colocamos em prática o Clube Escola, cuja proposta simples, a de oferecer espaços esportivos para alunos e suas famílias em toda a cidade com equipamentos dignos e de qualidade, teve grande alcance e foi um sucesso. Descobri e me aprofundei no conhecimento do esporte como ferramenta importante para fazer parte do cotidiano e, de fato, mudar a vida das pessoas. A partir desta experiência, passei a insistir naquilo que considero uma certeza: se 1% do que se investe em saúde e segurança também fosse investido no esporte, as pessoas seriam mais saudáveis e seguras. Ou seja, é preciso olhar para além da bola. Foi também, na Secretaria de Esportes, que pude conhecer o significado da gestão de Marco Polo Del Nero como presidente
da Federação Paulista de Futebol. Juntos, organizamos o maior campeonato de várzea do mundo com a participação de mais de 1.500 times de futebol, e direito à partida final no Estádio do Pacaembu. Durante este período, construímos uma ponte de respeito e trabalho sério entre nós. E hoje podemos dizer que apesar de muita água ter passado sob essa ponte, ela continuou lá, firme, e, quando revelou sua preocupação em modernizar e tornar transparente a sua futura gestão na CBF, tive a honra de ter meu nome lembrado e convidado para ajudá-lo. Sim. O futebol. Que melhor meio, modo e oportunidade de atuar decisivamente na mudança da vida dos brasileiros? O futebol carrega um potencial extraordinário e, por isso, é o esporte mais popular do planeta, língua franca de todos os continentes e lugar cativo nas diferentes culturas. Tudo pode virar bola, mesmo que não seja redondo: meia, lata e tampinha. Qualquer muro pode virar um gol. E jogadas trágicas, cômicas ou poéticas tocam fundo as pessoas e são lembradas e relembradas ao longo das gerações. Isto é, o futebol é universal e democrático, cheio de possibilidades e de tradição. Paradoxalmente, também carrega a violência, o racismo, a desigualdade, a discriminação, a into-
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lerância e o balaio das mazelas de nosso tempo. E é neste vigor ambivalente que, apesar – e por causa – dos seus vícios e virtudes, das paixões e violências, o futebol me parece um caminho viável e à mão para continuar a construir a causa de todos e melhorar a vida dos brasileiros. Uma trilha sobre a qual, hoje, questiono os limites, fazendo ecoar Carlos Drummond de Andrade: “Futebol se joga no estádio?/Futebol se joga na praia / Futebol se joga na rua / Futebol se joga na alma”. Com isso em mente, mudo de ares, ou melhor, de campo. Além do desafio, quase hermenêutico, de tentar compreender em profundidade o ideal e as possibilidades do futebol, me imponho o desafio de estudar, debater e criar estruturas para aproveitar e aplicar as imensas oportunidades que esse esporte nos oferece de atuar no campo social. Deixo o jogo da política em Brasília, mas não deixo para trás meus ideais, interesse, preocupação e a maneira que sempre orientaram meu trabalho. E é carregando esta bagagem, respaldado pela confiança e pela visão de futuro do próximo presidente da CBF que entro no campo do futebol, mas para jogar em todas as posições. Dentro do campo Nesta mudança de ares, constato que o programa dele tem a clara preocupação e uma proposta de trabalho cujo objetivo é transformar o futebol em uma ferramenta que avance para muito além de mais um entretenimento pela televisão
WALTER FELDMAN APOSTA SUAS FICHAS O JOGO DA INCLUSÃO SOCIAL PELO FUTEBOL
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no sentido de ser mais eficiente, produtivo, criativo e representativo dos anseios, das angústias, das paixões e das dificuldades do cotidiano dos brasileiros. O futebol faz parte da nossa vida, é praticado por todos em qualquer lugar onde as pessoas conseguem se reunir em torno de algo que possa ser chutado. Pois este povo, em suas características primordiais – criativo, receptivo e interessado no esporte, em especial o jogo da bola – estaria bastante aberto e disponível para acrescentar o futebol como mais uma ferramenta em seu diaa-dia, principalmente se fosse capaz de melhorar sua qualidade de vida. Realizar políticas públicas de modo a reverter o quadro de exclusão que, apesar dos avanços, ainda atinge largas parcelas da população brasileira. Queremos ajudar a liquidar uma ruinosa dívida social, cuja contabilidade se caracteriza por lançar problemas nos débitos e sacar impunemente dos créditos. E como? O futebol pode melhorar as relações humanas, ensinar solidariedade e disciplina, se impor como alternativa às drogas para jovens em comunidades vulneráveis, promover saúde, segurança e inclusão social e disseminar a cultura de paz. Pois é justamente isso que deseja a consciência de cidadão de Marco Polo para o futebol brasileiro, para os amantes do jogo de bola e para a CBF. E é por esta razão que estou ao seu lado e de mãos dadas para, juntos, estimular boas práticas desportivas que transformem a realidade em cada município do Brasil. Estamos apenas começando e os projetos saindo do papel. Mas a principal ferramenta já está lá: a bola. O que e como faremos para alcançar nossos objetivos necessitará de muita criatividade, discussão, pesquisa e trabalho. Mas, sobretudo, de muita vontade e ação, porque somente assim as mudanças que queremos chegarão aos brasileiros. O futebol é um esporte coletivo que transmite – e exige – o sentimento de responsabilidade coletiva. Exatamente como nos ensina um dos mais caros preceitos judaicos.
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magazine > ensaio II | por Bernardo Lerer *
Em Cuba, com amor O ANO DE 2015 FOI ENCERRADO COM UM VERDADEIRO TERREMOTO NA GEOPOLÍTICA, COM O RESTABELECIMENTO DAS RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE CUBA E ESTADOS UNIDOS E A INTERRUPÇÃO DE UM LONGO PERÍODO DE TENSÕES
C
uba e Estados Unidos vão restabelecer relações diplomáticas e a partir de agora nada mais impede que os judeus do Brasil visitem Cuba e conheçam os cerca de 1.300 judeus que decidiram continuar na ilha mesmo depois de Fidel Castro, quando ainda presidente, ter facilitado a imigração para Israel, há cerca de dez anos, e os esforços deles para se manter unidos e solidários nas poucas associações e nas duas sinagogas de Havana. As negociações entre Cuba e EUA foram conduzidas em segredo e com a ajuda do papa Francisco, e os anúncios, de Barack Obama e Raúl Castro, foram simultâneos, dia 17 de dezembro, em Washington e em Havana. Pouco depois, o governo norte-americano divulgava uma extensa lista de medidas em relação a Cuba e que revelam o início do restabelecimento da normalidade das relações entre os dois Estados, rompida unilateralmente em 1962 por John Kennedy em seguida à “crise dos mísseis”. Falta revogar o embargo econômico à ilha. Esses três parágrafos e os a seguir foram escritos assim que as agências passaram a despejar as notícias nos sites dos principais
FACHADA DA SINAGOGA BET
SHALOM, DE HAVANA, E SEDE DO PATRONATO HEBREU DE CUBA
jornais do Brasil. Em todas aparece um nome: Alan Gross, empreiteiro judeu detido em Cuba em 2009 e acusado de espionagem a favor dos Estados Unidos por meio da agência de desenvolvimento e ajuda humanitária Usaid, a mesma, aliás, que participou ativamente do golpe militar que instaurou a ditadura no Brasil a partir de 1964. Em sua defesa, Gross alegou que a sua missão era junto à comunidade judaica em Havana. De todo modo, Gross desembarcou na base aérea americana de Andrews no mesmo dia 17 ao mesmo tempo em que três cubanos, presos e condenados em Miami, acusados de espionagem a favor de Cuba, chegavam ao aeroporto José Martí, em Havana. A troca fazia parte da negociação que envol-
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RAÚL CASTRO ACENDE UMA DAS VELAS DA CHANUKIÁ NA SINAGOGA DO PATRONATO
veu também um agente da CIA detido em Havana há mais de vinte anos e de identidade desconhecida. O governo cubano alega que Gross pretendia estabelecer uma ligação clandestina de internet para a comunidade judaica. Isso não procede. Os judeus de lá dispensavam esse tipo de “colaboração” que, se de fato existiu, foi à revelia deles. Desde esse dia 17 passado e até o momento em que os associados da Hebraica lerem esse texto, muito se terá falado a respeito do papel que os judeus, de Cuba e dos Estados Unidos, tiveram desde os primórdios da efetiva distensão das relações entre os dois países, na primeira eleição de Obama, até agora. Antes disso, um dos fatos mais conhecidos foi a visita do ainda presidente Fidel Castro ao acendimento das velas de Chanuká, na sinagoga de Havana, onde funciona o Patronato Hebreu de Cuba, em 1998. Outro, foi a possibilidade de os judeus imigrarem para Israel sob a alegação de que ”é a terra dos seus ancestrais e nós não podemos impedir que visitem os seus irmãos”, como disse Fidel. Mas, ao longo dos anos, Havana dava sinais cada vez mais claros e explícitos de que os judeus poderiam ter um papel muito importante na reaproximação entre os dois países. Alegando razões humanitárias e religiosas, Havana permitiu que a comunidade judaica recebesse doações de alimento kasher para as festas de Pessach principalmente e visitas de representantes e lideranças de instituições judaicas de benemerência dos Estados Unidos. Em meados de 2011, a prefeitura de Havana iniciou os trabalhos de reconstrução de Habana Vieja e o fez exatamente nas três quadras onde a maior densidade populacional era de judeus. É lá que um velho e fantástico edifício de dois pavimentos foi adaptado para hotel, uma parceria de empresários espanhóis com o governo cubano que decidiu lhe dar o nome de Raquel. Logo à entrada, no umbral direito da porta toda trabalhada, uma mezuzá. Há mezuzot pregadas nas portas de todos os apartamentos do primeiro andar com nomes de personagens bíblicos e, do segundo, com os das cidades de Israel. Quando conheci este hotel, em outubro de 2012, eu tinha visto Wesley – o barman mulato que confessou ter sido registrado assim para facilitar uma possível imigração – na véspera, no ofício de Shabat, rezando com fervor na sinagoga ortodoxa de Havana. Na época das muitas entrevistas com lideranças da comunidade judaica de Cuba, Allan Gross estava preso há cerca de três anos, mas em nenhum momento em que eu pergun-
tava a respeito do papel dos judeus norte-americanos em favor de uma distensão no relacionamento dos dois países, o nome dele foi mencionado. A presidente do Patronato Hebreu de Cuba, Adela Dworin, a quem entrevistei duas vezes, além do encontro na cerimônia de Shabat, sempre mostrou que as coisas deveriam ser conduzidas com paciência, perseverança e sem em nenhum momento estimular a animosidade dos descendentes dos quase dezoito mil judeus que fugiram de Cuba após a revolução, muitos ainda residentes na Flórida, como, aliás, todos os cubanos que deixaram a ilha. Ela, como outros membros de destaque na comunidade, sempre mantiveram relações amistosas e cordiais com os dirigentes cubanos. Nas entrevistas, Adela e o primeiro vice-presidente do Patronato, David Prinstein Señorans, sempre mudavam de assunto quando lhes perguntava a respeito da mudança de rumos nas relações dos dois países em caso da reeleição, na época, de Obama, quando Fidel morrer e Raúl deixar a presidência, seja por que razão for. “Nós não nos envolvemos com isso”, respondiam. Eles bem sabiam que a resistência à normalização das relações entre os dois países é das famílias cubanas e descendentes que atualmente se alinham na extrema direita da política norte-americana, deixaram a ilha e seus privilégios depois da revolução e, antes disso, principalmente durante a Segunda Guerra, formavam a comissão de frente de manifestações antissemitas e abrigavam espiões nazistas. A partir de agora resta esperar, mas recomendo que visitem Cuba, onde os primeiros judeus a colocarem os pés foram tripulantes ou degredados, não importa, de navios com bandeiras da França, Espanha, Inglaterra, Holanda, ou simplesmente de navios de piratas, que fizeram dos mares do Caribe rotas de atividade comercial e dos seus fantásticos portos naturais ponto de chegada. * Na época, o jornalista viajou a convite da operadora Bobertur
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Recomendo que visitem Cuba, onde os primeiros judeus a colocarem os pés foram tripulantes ou degredados, não importa, de navios com bandeiras da França, Espanha, Inglaterra, Holanda, ou simplesmente de navios de piratas
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vitrine > informe publicitário NELLO’S
Restaurante comemora quarenta anos Em um ambiente de muita alegria e descontração o tradicional Restaurante Nello’s completou quarenta anos de funcionamento. Local de encontro de intelectuais e artistas e ponto turístico da nossa capital, a casa é pitoresca e exibe relíquias da fase neorrealista do cinema
italiano e lembranças das produções de Nello, ator, diretor e produtor de cinema e criador do bordão “Bonita camisa, Fernandinho”. R. Antônio Bicudo, 97, Pinheiros – fone 3082-4365 | R. Guaipá, 880, V. Leopoldina fone 4304-2666 | Site www.nellos.com.br
PINATI
A esquina israelense em Higienópolis Está com saudades de Israel e com vontade de comer um falafel completo? Vem pro Pinati! Lá o cliente saboreia a autêntica comida israelense em ambiente descontraído para encontrar os amigos. Não deixe de experimentar o falafel, shwarma, hambúrguer, humus, sabich, o pra-
to do dia e a feijoada kasher às quartas-feiras. O Pinati funciona das 12 às 22h. Mas atenção: como não há serviço de entrega o cliente deve retirar o pedido pessoalmente. Pinati Al. Barros, 782 | Fone 3668-5424
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O que é psicoterapia? É um atendimento realizado por um psicólogo clínico com o objetivo de superar dificuldades emocionais, comportamentais ou cognitivas e ainda promover um autoconhecimento do paciente resultando em uma maior qualidade de vida. O psicoterapeuta deve ser procurado
quando sentimos que alguma questão de fundo emocional, comportamental e/ou cognitivo está nos prejudicando no dia-a-dia. Dra. Carolina Lucchesi Rua Joaquim Floriano, 101, 3º. Andar, cj. 308, Itaim Bibi | Fone 3071-3080 ou 99426-8519
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ADVOCACIA
ANGIOLOGIA
ANTROPOSOFIA
ANGIOLOGIA
APARELHOS AUDITIVOS
ARQUITETURA
CARDIOLOGIA
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indicador profissional CARDIOLOGIA
CIRURGIA PLÁSTICA
CIRURGIA PLÁSTICA
CIRURGIA PLÁSTICA
CLÍNICA HIPERBÁRICA
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indicador profissional CLÍNICA MÉDICA/GERIATRIA
CLÍNICA
DERMATOLOGIA
COLOPROCTOLOGIA
CLÍNICA
CONSULTORIA
EVENTOS
CUIDADORES
CURA RECONECTIVA
FISIOTERAPIA
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indicador profissional FISIOTERAPIA
GINECOLOGIA
MANIPULAÇÃO
MEDICINA DO ESPORTE
FONOAUDIOLOGIA
HARMONIZAÇÃO INTERIOR
ESCOLA DE MÚSICA
MANIPULAÇÃO
GERIATRIA
GINECOLOGIA
NEFROLOGIA
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indicador proямБssional NEUROCIRURGIA
NEUROLOGIA
NUTRICIONISTA
ODONTOLOGIA
90 HEBRAICA
| JAN | 2015
indicador proямБssional ODONTOLOGIA
OFTALMOLOGIA
OFTALMOLOGIA
ORTOPEDIA
ORTOPEDIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
HEBRAICA
91
| JAN | 2015
indicador profissional PAISAGISMO
PERSONAL/ REABILITAÇÃO
PERSONAL TRAINER
PNEUMOLOGIA
PSICOLOGIA
PSICOLOGIA
92 HEBRAICA
| JAN | 2015
indicador profissional PSICOPEDAGOGIA
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
PSIQUIATRIA
REPRODUÇÃO
TERAPIAS CORPORAIS
PSICANÁLISE
PSIQUIATRIA
TRATAMENTO
HEBRAICA
93
| JAN | 2015
compras e serviços
Parabéns Hebraica pelos 62 anos de fundação
94 HEBRAICA
| JAN | 2015
compras e serviรงos
HEBRAICA
95
| JAN | 2015
compras e serviรงos
96 HEBRAICA
| JAN | 2015
roteiro gastron么mico
HEBRAICA
97
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roteiro gastron么mico
98 HEBRAICA
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conselho deliberativo
CALENDÁRIO JUDAICO ANUAL 2015
Forjando líderes A quinta reunião ordinária do Conselho Deliberativo deixará marcas na história da Hebraica e ficará na memória dos personagens que, de uma forma ou de outra, influenciaram o movimento de renovação que resultou em uma Diretoria Executiva formada por jovens profissionais em sua primeira gestão em cargos de responsabilidade na instituição. Entre os muitos fatores que diferenciam esta eleição das anteriores está o grande interesse dos conselheiros pelo processo que originou as duas chapas inscritas no pleito. Como consequência, 216, de um total de 236 conselheiros, assinaram a lista de presença e utilizaram as urnas eletrônicas para escolher o presidente para a gestão 2015/2017, os vices, secretários e tesoureiros que vão complementar o trabalho. O empenho das duas chapas em formatar e divulgar uma plataforma de intenções mostra a nova mentalidade que se instala no clube, na qual o planejamento e a execução de projetos devem obedecer a conceitos prévios e à demanda dos sócios. Desse trabalho de conscientização, saíram dois grupos que partilhavam o desejo de fazer do clube uma instituição ainda melhor e de atrair a comunidade judaica por meio de programas, serviços e uma infraestrutura sempre atualizada. E as duas concepções conquistaram um grande número de conselheiros. A vitória da chapa “Hebraica para Todos”, por um pequeno número de votos, demonstra as qualidades da plataforma dos integrantes da “Sempre Hebraica”. Agora que se inicia uma nova gestão com um Executivo renovado e que inicia sua trajetória nos cargos máximos do clube, cabe a todos, conselho, ativistas experientes ou não e aos sócios auxiliar os novos dirigentes a alcançarem os objetivos propostos e irem além deles, como fizeram os presidentes anteriores. A união deve ser a palavra-chave de todas as atitudes a partir desde momento. Mauro Zaitz Presidente da Mesa do Conselho
JANEIRO 27 4
TU B’SHVAT
4ª FEIRA 5ª FEIRA 6ª FEIRA
JEJUM DE ESTER PURIM SHUSHAN PURIM
3 4 5 10 11 16 23
6ª FEIRA SÁBADO DOMINGO 6ª FEIRA SÁBADO 5ª FEIRA 5ª FEIRA
24
6ª FEIRA
EREV PESSACH- 1º SEDER PESSACH- 2º SEDER PESSACH-2º DIA PESSACH- 7º DIA PESSACH- 8º DIA IOM HASHOÁ- DIA DO HOLOCAUSTO IOM HAZIKARON- DIA DE LEMBRANÇA DO CAÍDOS NAS GUERRAS DE ISRAEL IOM HAATZMAUT- DIA DA INDEPENDÊNCIA DO ESTADO DE ISRAEL - 67 ANOS
MARÇO 4 5 6
ABRIL * * * *
Presidente Vice-presidente Vice-presidente o 1 secretário 2a secretária Assessores
Mauro Zaitz Célia Burd Fábio Ajbeszyc Fernando Rosenthal Vanessa Kogan Rosenbaum Eugen Atias Júlio K. Mandel Silvia L. S. Tabacow Hidal
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO ( ONU )
4ª FEIRA
MAIO 7 17 23 *24 *25
JULHO 5 25
5ª FEIRA DOMINGO SÁBADO DOMINGO 2ª FEIRA
LAG BAÔMER IOM IERUSHALAIM VÉSPERA DE SHAVUOT 1º DIA DE SHAVUOT 2º DIA DE SHAVUOT - IZKOR
DOMINGO JEJUM DE 17 DE TAMUZ SÁBADO INÍCIO DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO ANOITECER
26
DOMINGO FIM DO JEJUM DE TISHÁ BE AV AO
31
6ª FEIRA
SETEMBRO ** 13 ** 14 ** 15 ** 22 ** 23 27 * 28 * 29
OUTUBRO
Mesa do Conselho
3ª FEIRA
FEVEREIRO
4
*5 *6
DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA 3ª FEIRA 4ª FEIRA DOMINGO 2ª FEIRA 3ª FEIRA
VÉSPERA DE ROSH HASHANÁ 1º DIA DE ROSH HASHANÁ 2º DIA DE ROSH HASHANÁ VÉSPERA DE IOM KIPUR IOM KIPUR VÉSPERA DE SUCOT 1º DIA DE SUCOT 2º DIA DE SUCOT
DOMINGO VÉSPERA DE HOSHANA RABÁ 7º DIA DE SUCOT SHMINI ATZERET - IZKOR SIMCHAT TORÁ
2ª FEIRA 3ª FEIRA
NOVEMBRO 5
ANOITECER
TU BE AV
5ª FEIRA
DIA EM MEMÓRIA DE ITZHAK RABIN
DEZEMBRO 6 13
DOMINGO AO ANOITECER, 1ª VELA DE CHANUKÁ DOMINGO AO ANOITECER, 8ª VELA DE CHANUKÁ
* NÃO HÁ AULA NAS ESCOLAS JUDAICAS
** O CLUBE INTERROMPE SUAS ATIVIDADES, FUNCIONAM APENAS OS SERVIÇOS RELIGIOSOS