ESCREVENDO PELA NOVA ORTOGRAFIA Língua: - expressa a cultura da comunidade que a fala; - transmite essa cultura através das gerações, fazendo-a circular no meio dessa comunidade. A língua em sua representação escrita perde muito da espontaneidade característica da comunicação face a face. É natural que a escrita revele diferenças regionais, individuais ou profissionais, mas, como representação gráfica, é necessário que o leitor reconheça em cada forma escrita a mesma palavra, aquela forma que, mesmo sendo desconhecida, se encontra registrada sob a mesma grafia em um dicionário. Existe um conflito insuperável entre o ideal de uniformidade de um sistema ortográfico e a realidade oral de uma língua, caracterizada pela variação social tanto quanto pela regional. Uma mesma palavra pode ser diferentemente pronunciada: - por uma mesma pessoa, dependendo de quem são seus interlocutores e do grau de formalismo utilizado; - por indivíduos naturais de diferentes regiões; - por indivíduos pertencentes a diversos níveis socioculturais. Por esta razão, a padronização gráfica das palavras reflete uma imagem de unidade e de uniformidade artificial visto que nunca se realizou, nem se realizará na fala corrente, pois as línguas são como são em virtude do uso que seus falantes fazem dela, e não de acordos de grupos ou de decretos do governo.. A ortografia de uma língua consiste na padronização da forma gráfica de suas palavras para o fim de uma intercomunicação social universalista.
A ortografia portuguesa Desde de 1904 nossa ortografia vivencia seu terceiro ciclo, ou fase simplificada.Este ciclo surgiu com o trabalho do foneticista português Gonçalves Viana, que publicou o livro Ortografia Nacional, em 1904, com propostas de simplificações ortográficas que inspiraram as ortografias praticadas em Portugal e no Brasil ao longo do século XX(eliminação dos símbolos de etimologia grega- th,ph, rh,y, regularização da acentuação gráfica e eliminação das consoantes mudas sancto- santo, septe- sete. O Brasil adotou a ortografia simplificada em 1931, mas a norma ortográfica vigente entre nós é essencialmente a do Formulário Ortográfico, aprovado pela Academia Brasileira de Letras em 1943. Foram retomas discussões visando uma ortografia comum entre os países que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial em maio de 1986.Em outubro de 1990 elaborou-se o texto do Acordo Ortográfico, que procura atender de forma mais satisfatória às necessidades linguísticas dos diferentes países que usam o português como língua de cultura(Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe,Timor-Leste), contribuindo para que se fortaleça o sentimento de unidade do idioma em sua manifestação gráfica. É também uma forma de defender nosso idioma de processos de degradação. São 2 os objetivos básicos que o Acordo pretende atingir:
1º: fixar e restringir as diferenças de escrita atualmente existentes entre os falantes de língua, 2º: ensejar uma comunidade que se constitua num grupo lingüístico expressivo, capaz de ampliar seu prestígio junto aos organismos internacionais.
O Acordo Ortográfico 0 Novo Acordo Ortográfico está organizado em 21 bases, que abordam diferentes tópicos. Só serão discutidos os itens que foram alterados ou que passaram a constar de dupla grafia, mas todos serão elencados para conhecimento. Base I – Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros -O alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão de k,w,y; - Os nomes próprios (antropônimos) ou topônimos9nomes de lugares) hebraicos de tradição bíblica podem: - conservar os finais ch, ph e th ou somplificá-los ( Loth ou Lot); conservar-se ou não ser mantidas (David ou Davi, Madrid ou Madri); - Sempre que possível, devem-se substituir os topônimos de línguas estrangeiras por formas próprias da língua nacional( formas vernáculas), quando estas sejam antiga e ainda vivas em português – Zurique por Z Ürich. Base II- O h inicial e final Não houve alterações neste item. Base III – Da homofonia de certos grafemas consonâticos(sinais gráficos- letrasrepresentativos dos sons consonantais). Não houve alteração neste item. Base IV- Das sequências consonânticas -Nas sequências consonânticas interiores(que não se encontram nem no início nem no final da palavra) cc,cç,ct,pc,pç e pt a primeira letra ( p ou c) ora se conserva, ora se elimina. Quando não houver uniformidade nessas pronúncias, no que diz respeito aos países signários do Acordo, admite-se dupla grafia: sector, setor; concepção, conceção; - No caso das sequências anteriores mpc,mpç,mptn, se o p for eliminado, a letra m passa a n : assumpção, assunção; sumptuoso, suntuoso; - Nas seqüências consonânticas bd,bt,gd,mn,tm , a primeira letra(b,g,m,t) conserva-se ou elimina-se facultativamente, também em decorrência da não uniformidade de pronúnciasúbdito, súdito; subtil,sutil; amígdala, amídala; amnistia, anistia; aritmética, arimética.