A chucha e os peluches

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A chucha e os peluches Nos primeiros meses de vida os bebés não têm noção que são um ser diferente da mãe e sentem-na como parte de si próprios. Por volta dos 6 meses, começam a ver a mãe como um ser externo e assim, quando ela não está presente é como uma perda e podem precisar de um objecto que a represente e substitua no seu imaginário, dando conforto. Esse objecto pode ser a chucha, um peluche ou um cobertor que até podem ter um nome dado pela própria criança (cô para o cobertor). A criança agarra, mete na boca ou encosta ao nariz e não consegue adormecer sem ele, utilizando também em momentos de ansiedade ou tristeza que em idades mais precoces não é possível expressar de outra forma. A chucha ou outro objecto fazem parte do normal desenvolvimento afectivo da criança e daí ser importante que existam mas são naturalmente deixados de parte a determinada altura do desenvolvimento, quando já não se precisa mais do seu conforto. Pode acontecer que a criança deixe primeiro de o usar durante o dia e ainda precise dele para adormecer ou quando viaja. No caso da chucha, pediatras e dentistas dizem que as crianças devem deixar de usar até aos 3 anos, mas se o seu uso for esporádico não há motivo de preocupação. No caso da chucha é melhor ter uma chucha do que sugar o polegar, já que este vai estar sempre disponível para a criança e, assim a eliminação é mais difícil. Não se deve fazer desaparecer a chucha ou o “cô” de um dia para o outro mas sim explicar à criança que já não precisa deles porque já está a ficar crescida. Para as crianças mais crescidas ou para pais mais aflitos há formas de eliminar estes objectos: negociar contar histórias para adormecer em vez de ter a chucha; na altura do Natal, o Pai Natal escrever uma carta a dizer que só tem direito ao presente X se deixar a chucha na árvore; uma forma mais brusca – e à qual a criança pode reagir pior se não estiver ainda preparada para deixar a chucha – é fazer um furo na chucha porque assim deixa de ter o efeito desejado e a criança perde o interesse mas nesse caso é preciso que não haja outra disponível. O importante é que os pais encarem a utilização da chucha ou de um cobertor ou peluche sujo com naturalidade porque eles não são prejudiciais à criança, e que não forcem em excesso a sua eliminação para não impor ansiedade nesse processo.

Autora: Dra. Célia Brás - Psicologia - São João das Lampas


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