Como funciona a vinculação? Considera-se um elemento básico da natureza humana a tendência para estabelecer laços afetivos íntimos com figuras significativas. No contexto familiar, a criança estabelece uma relação privilegiada com a figura cuidadora, através dos comportamentos de proteção e cuidado. Prestando regularmente os cuidados, a figura cuidadora tenderá a tornar-se para a criança numa figura de vinculação, constituindo a sua primeira fonte de conforto e segurança psicológica. O bebé nasce com uma vasta gama de competências prestes a ser ativadas (reflexo de sucção, reflexo dos quatro pontos cardeais, seguimento ocular, apreensão, choro) e que progressivamente se orientam para uma figura cada vez mais discriminada. Com o desenvolvimento do sistema de comunicação e motor do bebé começa a tornar-se evidente a procura da proximidade de uma figura preferencial, que irá funcionar como uma “base segura” ou “como um refúgio seguro”. Quando há uma procura ou permanência junto da mãe, como um refúgio, significa que a criança está alarmada. No entanto, se posteriormente é retomada a exploração por parte da criança, a mãe deixa de constituir um refúgio para passar a ser uma base segura. A proximidade da mãe, como figura de vinculação, origina uma diminuição dos medos e ansiedades, possibilitando que a criança tenha a capacidade de explorar o meio envolvente. Esta relação de vinculação tende ser duradoura ao longo do crescimento da criança. Embora as crianças se tornem vinculadas às pessoas que delas cuidam, a qualidade da vinculação pode variar na segurança e no conforto experimentado a partir da qualidade e eficácia das respostas às necessidades da criança, essa qualidade oferece a possibilidade de essas figuras funcionarem como uma base segura a partir da qual explora o meio. É a segurança que esta relação vinculativa traz à criança que torna possível a promoção da aprendizagem e o contacto com o ambiente, inerentes à necessidade de exploração do ser humano. Autor: Tiago Cubeira – Psicólogo Clínico